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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL BIOGÁS GERADO A PARTIR DE LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES SUPLEMENTADO COM ÓLEO VEGETAL RESIDUAL Alan Nelson Arenhart Heberle Lajeado, novembro 2013

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

BIOGÁS GERADO A PARTIR DE LODO DE ESTAÇÃO DE

TRATAMENTO DE EFLUENTES SUPLEMENTADO COM

ÓLEO VEGETAL RESIDUAL

Alan Nelson Arenhart Heberle

Lajeado, novembro 2013

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Alan Nelson Arenhardt Heberle

BIOGÁS GERADO A PARTIR DE LODO DE ESTAÇÃO DE

TRATAMENTO DE EFLUENTES SUPLEMENTADO COM

ÓLEO VEGETAL RESIDUAL

Trabalho de Conclusão de Curso II, apresentado

ao Curso de Engenharia Ambiental, do Centro

Universitário UNIVATES, como parte da

exigência para obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Odorico Konrad

Lajeado, novembro de 2013

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AGRADECIMENTOS

Agradecimento em especial à minha família, meus pais Dalor e Noêmia pelo exemplo,

incentivo, dedicação e cobrança, também pelos ensinamentos de vida e caráter. À minha

querida irmã Danusa e em especial à minha namorada Michele.

Ao meu orientador Odorico Konrad que me proporcionou muitos ensinamentos desde

o início da graduação, pelos estímulos, críticas e principalmente pela amizade.

Aos colegas de trabalho do PISR/UNIVATES, em especial à Cátia Gonçalves e ao

Guilherme Taufer.

Aos estagiários e bolsistas do Laboratório de Biorreatores da UNIVATES, pelo auxílio

na execução deste trabalho, em especial à Marluce Lumi.

Aos colegas, principalmente aos amigos de sala de aula pela ajuda mútua durante os

sete anos de graduação, sem vocês teria sido muito mais difícil.

Enfim, a todos que de alguma forma ou de outra, me estimularam e/ou contribuíram

para realização deste trabalho.

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RESUMO

Devido ao desenvolvimento da sociedade e a busca por energias renováveis, a produção de

biogás através de efluentes orgânicos gerados nas atividades humanas, juntamente com

resíduos de óleos vegetais surge como alternativa para diversificar a matriz energética. Sendo

assim, o presente trabalho de conclusão de curso avaliou em escala laboratorial a geração de

biogás através da digestão anaeróbia, utilizando lodos de estação de tratamento de efluentes

codigerido com óleo vegetal residual. O estudo foi realizado no Laboratório de Biorreatores

do Centro Universitário UNIVATES. Para o experimento, foram utilizados 24 reatores, destes

selecionados 12 que obtiveram as melhores produções de biogás, e mantidos a temperatura

constante de 37°C. Os reatores foram divididos em quatro triplicatas identificadas como

Controle (sem adição de óleo), óleo 3%, óleo 6% e óleo 9%. Os resultados apresentaram

rendimentos consideráveis em termos de geração biogás, sendo este com alto teor de metano,

viabilizando neste caso a aplicação de óleo vegetal residual em lodo de estação de tratamento

de efluentes como cosubstrato.

Palavras-chave: Biogás, Óleo vegetal residual, Biodigestão anaeróbia, Lodo e Energias

renováveis.

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ABSTRACT

Due to the development of society and the search for renewable energy, biogas production

using organic waste generated by human activities, along with waste vegetable oil is an

alternative to diversify the energy matrix. Thus, this study evaluated the conclusion of the

course in laboratory scale biogas generation through anaerobic digestion, using sludge

treatment plant effluent co-digested with vegetable oil waste. The study was conducted at the

Laboratory of Bioreactor University Center UNIVATES. For the experiment, we used 24

reactors, these selected 12 who obtained the best biogas production, and maintained at a

constant temperature of 37 ° C. The reactors were divided into four triplicate identified as

Control (without oil), oil 3% Oil 6 % and 9% oil . The results showed considerable income in

terms of generating biogas, which is with high methane content, in this case enabling the

application of vegetable oil residual sludge from sewage treatment as co-substrate.

Keywords: Biogas, Waste vegetable oil, Anaerobic digestion, Sludge and Renewables

energy.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Matriz energética: fontes de energia utilizadas no mundo ...................................... 17

Figura 2 – Oferta interna de energia elétrica por fonte – 2011 ................................................. 19

Figura 3 – Etapas da digestão anaeróbia .................................................................................. 29

Figura 4 – Estrutura química do óleo de soja ........................................................................... 33

Figura 5 – Imagem indicando o reator 1 (R1), reator 2 (R2), ponto de coleta do lodo (PC) e

balão para armazenamento do biogás (AB) .............................................................................. 37

Figura 6 - Reatores acondicionados na incubadora e conectados ao sistema automatizado de

medição de biogás .................................................................................................................... 37

Figura 7 – Tubo em forma de “U” com sensor óptico para a leitura do volume de biogás gerado

durante o experimento...............................................................................................................38

Figura 8 – Circuito eletrônico para quantificar a produção de biogás...................................... 39

Figura 9 – Sensor utilizado para determinação de metano presente no biogás ........................ 39

Figura 10 – Equipamento para medições de DBO5 da marca Oxitop® .................................... 40

Figura 11 – Reator com aplicação de 9% de óleo (1) e após três dias de digestão (2)............. 45

Figura 12 – Reator no terceiro dia após aplicação de 9% de óleo com posterior agitação ...... 45

Figura 13 – Gráfico de geração de biogás e percentual de metano da triplicata Controle (sem

adição de óleo) durante 35 dias de experimentação ................................................................. 46

Figura 14 – Gráfico de geração de biogás e percentual de metano da triplicata 3% de óleo

residual vegetal durante 72 dias de experimentação ................................................................ 47

Figura 15 - Gráfico de geração de biogás e percentual de metano da triplicata 6% de óleo

residual vegetal durante 85 dias de experimentação ................................................................ 48

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Figura 16 – Gráfico de geração de biogás e percentual de metano da triplicata 9% de óleo

residual vegetal durante 85 dias de experimentação ................................................................ 49

Figura 17 – Volume médio de biogás acumulado em cada triplicata ....................................... 51

Figura 18 – Volume médio de metano acumulado em cada triplicata ..................................... 52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Representação do percentual da produção de energia primaria no Brasil .............. 18

Tabela 2 – Representação do percentual da oferta interna de energia (OIE) no Brasil ............ 18

Tabela 3 – Composição do lodo de estação de tratamento de esgoto Chinesa ......................... 22

Tabela 4 – Composição do lodo de estação de tratamento de efluente da região .................... 23

Tabela 5 – Combustíveis utilizados nos dias de hoje, e sua equivalência ao biogás................ 23

Tabela 6 – Resultados obtidos com aplicação de glicerina em lodo ........................................ 35

Tabela 7 – – Parâmetros analisados da amostra pré tratamento (lodo) e das amostras Controle,

3%, 6% e 9% de óleo pós experimentação. .............................................................................. 42

Tabela 8 – Rendimento de biogás em porcentagem e volume (L) gerado em cada ciclo após

aplicação de óleo em relação ao volume total de cada triplicata .............................................. 50

Tabela 9 – Correlação de Pearson (r) ....................................................................................... 52

Tabela 10 – Teste de Turkey .................................................................................................... 52

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

AOAC - Association of Official Analythical Chemistry – Associação Oficial de Química

Analítica

bar – Unidade de pressão

CH4 – Metano

C/N - Proporção entre carbono e nitrogênio disponível no meio

ºC - Escala de temperatura em graus Celsius

CO2 – Dióxido de carbono

C – Carbono

DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio

g/kg - Concentração em gramas por kilogramas de determinada subtância

H2S – Sulfeto de hidrogênio

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change - Painel Intergovernamental sobre

Mudanças Climáticas

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K - Potássio

L – Litro

mL - Mililitro

MME – Ministério de Minas e Energia

mg/kg - Concentração em miligramas por kilograma de determinada substância

MCR - Coenzima M-redutase

N – Nitrogênio

NaCl – Cloreto de Sódio

OIE - Oferta Interna de Energia

PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

P - Fósforo

pH – Potencial hidrogenionico

ppm - concentração em partes por milhão

SF – Sólidos fixos

ST – Sólidos totais

SV – Sólidos voláteis

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

1.1 Objetivos gerais ................................................................................................................ 14

1.1.1 Objetivos específicos ...................................................................................................... 14

2 REFERENCIAL TEORICO .............................................................................................. 16

2.1 Matriz energética mundial ............................................................................................... 16

2.1.1 Geração energética brasileira ....................................................................................... 17

2.1.2 Geração de energia elétrica .......................................................................................... 18

2.1.3 Biomassas como fonte de energia ................................................................................. 20

2.2 Geração de lodo ................................................................................................................ 21

2.2.1 Impacto do lodo aplicado diretamente no meio ambiente ......................................... 21

2.2.2 Caracterização do lodo proveniente de estação de tratamento de efluentes ............ 22

2.3 Biogás ................................................................................................................................. 23

2.3.1 Caracterização do biogás .............................................................................................. 24

2.3.1.1 Vantagens referente à produção de biogás .............................................................. 25

2.3.1.2 Desvantagens referentes à produção de biogás ........................................................ 25

2.3.2 Metano ............................................................................................................................ 25

2.3.3 Purificação do biogás .................................................................................................... 26

2.3.4 Compressão do biogás ................................................................................................... 26

2.3.5 Conversão energética .................................................................................................... 26

2.3.6 Utilização de lodo para produção de biogás ................................................................ 27

2.4 Biodigestor ......................................................................................................................... 27

2.5 Digestão anaeróbia ........................................................................................................... 28

2.5.1 Fases da digestão anaeróbia ......................................................................................... 29

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2.5.2 Inibidores ........................................................................................................................ 30

2.5.3 Fatores que influenciam na produção do biogás ........................................................ 31

2.5.3.1 Impermeabilidade ao ar ............................................................................................. 31

2.5.3.2 Temperatura ............................................................................................................... 31

2.5.3.3 pH ................................................................................................................................. 31

2.5.3.4 Quantidade de água .................................................................................................... 32

2.5.3.5 Nutrientes .................................................................................................................... 32

2.6 Óleo vegetal ....................................................................................................................... 32

2.7 Óleo vegetal residual ........................................................................................................ 33

2.8 Codigestão anaeróbia de resíduos orgânicos ................................................................. 34

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 36

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 42

4.1 Caracterização do substrato ............................................................................................ 42

4.2 Suplementação com compostos carbônicos .................................................................... 43

4.2.1 Relação C/N do substrato ............................................................................................. 44

4.3 Aspectos comportamentais do experimento ................................................................... 44

4.4 Quantificação do biogás e metano gerado nos testes ..................................................... 46

4.5 Determinação do percentual com melhor rendimento .................................................. 50

4.5.1 Análise estatística ........................................................................................................... 52

4.6 Comparação com outros autores .................................................................................... 53

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57

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1 INTRODUÇÃO

O constante desenvolvimento tecnológico e o significativo crescimento da população

mundial, aliados ao consumo exagerado dos recursos naturais, geram consequentemente um

incremento na demanda por alimentos e produtos industrializados e principalmente energia.

Neste sentido, os rejeitos gerados por estas atividades possuem altas concentrações de matéria

orgânica, podendo facilmente conduzir a um desequilíbrio ambiental quando não gerenciados

de maneira correta (HARRIS & ROACH, 2013).

A produção de energia para abastecer o desenvolvimento da humanidade é o principal

contribuinte de gases do efeito estufa, em particular o CO2, liberado para a atmosfera com a

queima de combustíveis fósseis. Como resultado, as emissões antrópicas realizadas pelo

homem aceleram o aquecimento global, que estão fundamentalmente ligadas à produção de

energia no futuro. Projeções de como a matriz energética global será desenvolvida durante o

próximo século são importantes para a avaliação das futuras mudanças climáticas causadas

pelo homem (HOOK & TANG, 2013).

O aumento do preço da energia, a segurança do abastecimento de combustíveis, a

redução de emissões de gases estufa, e a escassez de petróleo e gás são exemplos da

necessidade de uma matriz energética provida com mais energia renovável. Uma importante

fonte de energia renovável a ser utilizado é a biomassa, que pode ser aplicada para o calor, luz

e transporte (GOMES et al., 2013).

As fontes renováveis de energia terão participação cada vez mais notória na matriz

energética global nas próximas décadas. A crescente preocupação com as questões ambientais

e aquecimento global juntamente com o consenso mundial sobre a promoção do

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desenvolvimento em bases sustentáveis vêm estimulando a realização de pesquisas de

desenvolvimento tecnológico que vislumbram a incorporação dos efeitos da aprendizagem e a

consequente redução dos custos de geração dessas tecnologias (PROINFA, 2013).

Devido à necessidade de energias renováveis a produção de biogás gerado a partir de

resíduos orgânicos, vinculado a utilização para fins energéticos é um assunto amplamente

debatido. Anteriormente, o biogás era visto apenas como um subproduto da decomposição

anaeróbia de resíduos orgânicos sejam eles gerados por aterros de resíduos, estações de

tratamento de esgotos, pela biodigestão de culturas como cana de açúcar e vinhaça ou pela

digestão anaeróbica de biomassa residual (SALOMON & LORA, 2009).

Os efluentes oriundos de atividades industriais e agrícolas possuem elevadas taxas de

matéria orgânica, que deve ser degradada previamente ao seu lançamento final. Neste sentido

a digestão anaeróbia surge como alternativa de baixo custo e fácil manejo, servindo como

substrato para a produção de energia sob forma de biogás – CH4 (CASSINI, 2003).

Na maioria das grandes estações de tratamento de águas residuais (ou seja, aqueles

com o maior potencial para o uso de energia) o lodo geralmente é estabilizado por meio de

digestão anaeróbica. Este processo produz biogás, o qual é composto por vários tipos de

gases, tais como o metano, dióxido de carbono, nitrogênio e o sulfeto de hidrogênio, estes

dois últimos aparecem apenas na forma de traços, entre outros gases. No entanto, como pode

ser observado, biogás é principalmente composto de metano, possibilitando a geração de

energia (OSORIOA & TORRES, 2009).

Os óleos e/ou gorduras possuem moléculas de triacilgliceróis constituídos de três

ácidos graxos de cadeias carbônicas longas, os quais são ligados a uma única molécula do

glicerol. Estes ácidos graxos diferem pelo comprimento da cadeia carbônica, do número, da

orientação e da posição das duplas ligações presentes na cadeia (MAPA, 2008).

As principais fontes dos óleos e gorduras residuais são: lanchonetes e cozinhas

industriais, indústrias onde ocorre a fritura de produtos alimentícios, os esgotos municipais

onde a nata sobrenadante é rica em matéria graxa e água residual de processos de indústrias

alimentícias (BIODIESELBR, 2013).

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No Brasil menos de 1%, ou seja, 6 milhões e meio de litros desse óleo usado é

coletado, mais de 200 milhões de litros por mês são destinados incorretamente, indo para rios

e lagos, comprometendo o meio ambiente de hoje e do futuro (ECÓLEO, 2013).

Os lipídios são caracterizados como gorduras ou óleos e graxas. Estes têm uma

produção de metano teoricamente superior quando comparado com os carboidratos e

proteínas. Em combinação com lodo de esgoto, lipídios aumentam geralmente a baixa relação

C/N (carbono/nitrogênio) deste resíduo, resultando em alta produção de metano (PASTOR et

al., 2013).

Segundo dados levantados por Robra (2006), Konrad et al. (2010) e Backes (2011), a

codigestão de resíduos ricos em carbono com lodos de estação de tratamento de efluentes

obtiveram incremento significativo na geração de biogás e metano. Os óleos vegetais possuem

longas cadeias carbônicas, muitas vezes ramificadas e com ligações duplas (MAPA, 2013).

Esta fonte de carbono orgânico suplementa e equilibra a relação C/N, resultando num

aumento da produção de metano.

Os testes foram conduzidos em quatro grupos identificados como controle (sem adição

de óleo residual), óleo 3%, óleo 6% e óleo 9% da quantidade total do reator em estudo, o qual

foi preenchido com 0,6L de substrato. Estas concentrações foram estipuladas em função de

experimentos realizados por Schmitz et al. (2010), Konrad et al. (2010) e Amon et al. (2006)

nos quais se empregou glicerina nos percentuais de 3% e 6% e 9%.

1.1 Objetivos gerais

Avaliar em escala laboratorial o comportamento na produção de biogás utilizando lodo

de estação de tratamento de efluentes suplementado por óleo residual vegetal.

1.1.1 Objetivos específicos

a) Determinar diferentes percentuais de utilização de óleo residual vegetal como

suplementação em lodos na produção de biogás;

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b) Caracterizar através de análises físico-químicas o substrato utilizado pré e pós-

experimento de digestão anaeróbia;

c) Quantificar o biogás e o metano gerado na digestão anaeróbia dos experimentos

avaliados.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo será apresentado o referencial teórico que embasa o trabalho, contendo

a relevância e exposição ordenada do assunto. O referencial teórico irá fundamentar,

evidenciar e debater os temas mais importantes e os relacionará com os objetivos deste

estudo.

2.1 Matriz energética mundial

Atualmente a busca por energia no mundo vem aumentando significativamente,

devido ao rápido crescimento populacional, intensa mecanização de sistemas e tecnologias

aplicadas. A maior parte dessa energia ainda é proveniente da queima de combustíveis fósseis

(81,1%), não renováveis. Biocombustíveis e biomassas representam 10% da energia utilizada

em todo o mundo, se considerar energia hidráulica como renovável, há uma parcela de 2,3%

na matriz energética mundial. A contribuição de cada tipo de energia utilizada no mundo,

como carvão mineral, óleo, gás natural, nuclear, hidráulica e biocombustíveis pode ser

observada na Figura 1 (IEA,2010).

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Figura 1 - Matriz energética mundial: fontes de energia utilizadas no mundo

Fonte: www.iea.org - IEA – International Energy Agency (2010).

2.1.1 Matriz energética brasileira

Com o intuito de ordem ambiental e social da redução da dependência de combustíveis

fósseis, aumentando a busca pela sustentabilidade através de geração de energia a partir de

fontes limpas e renováveis. O Brasil aparece em vantagem referente a outros países mais

desenvolvidos, por possuir uma matriz energética mais renovável (PROINFA, 2013).

As fontes renováveis no Brasil contribuem, atualmente, com 45,8% para a produção

de energia primária. No mundo a média é de 14%, em países desenvolvidos cai para 6% como

ilustrado na Tabela 1 (BRASIL, 2012). A diferença entre a oferta interna e o consumo final

energia é o que se gasta nos processos de transformação da energia primária (por exemplo, a

energia gasta para gerar energia elétrica ou para produzir os derivados de petróleo) (BRASIL,

2007).

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Tabela 1 – Representação percentual da produção de energia primária no Brasil Fontes 2010 2011

Não Renovável 52,6 54,2 Petróleo 42,1 42,4 Gás Natural 9,0 9,3 Carvão Vapor 0,8 0,8 Carvão metalúrgico 0,0 0,0 Urânio 0,7 1,6 Renovável 47,4 45,8 Hidráulica 13,7 14,3 Lenha 10,3 10,3 Produtos da Cana 19,3 16,9 Outros renováveis 4,1 4,4

Fonte: Balanço Energético Nacional (BRASIL, 2012).

O Balanço Energético Nacional de 2012 revela que em 2011 a matriz ou Oferta

Interna de Energia (OIE) é composta de 44,0% de fontes renováveis, com maior contribuição

os derivados da cana de açúcar (15,7%) seguido da hidráulica com 14,7%, demonstrado na

Tabela 2. A OIE é caracterizada por ser toda a energia disponibilizada para ser transformada,

distribuída e consumida nos processos produtivos do país (BRASIL, 2007; PROINFA, 2013).

Tabela 2 - Representação do percentual da oferta interna de energia (OIE) no Brasil Fontes 2010 2011

Não Renovável 54,9 55,9 Petróleo 37,8 38,6 Gás Natural 10,2 10,2 Carvão Mineral e Derivados 5,4 5,6 Urânio 1,4 1,5 Renovável 45,1 44,0 Hidráulica 14,0 14,7 Lenha 9,7 9,7 Produtos da Cana 17,5 15,7 Outros renováveis 3,9 4,1

Fonte: Balanço Energético Nacional (BRASIL, 2012).

2.1.2 Geração de energia elétrica

Neste contexto a matriz nacional possui ampla predominância com fontes renováveis,

pois mais de 81% da oferta interna de energia elétrica são de origem hidráulica, seguido de

6,6% proveniente de biomassa. Com isso o Brasil tem uma posição excelente quanto à energia

elétrica limpa, chegando em 88,5% de toda geração, de acordo com a Figura 2 (BRASIL,

2012).

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Figura 2 - Oferta interna de energia elétrica por fonte – 2011

Fonte: Balanço Energético Nacional (2012).

Devido à busca por uma matriz energética mais limpa e a falta de energia disponível

nos momentos de pico de consumo, e a ameaça de o suprimento energético instalado não

abastecer a crescente demanda nacional, a produção de energia de fontes alternativas está

sendo incentivada legalmente. As leis nº 10.438, de 26 de abril de 2002 e nº 10.762, de 11 de

novembro de 2003 resultaram no Programa de Incentivo as Fontes Alternativas de Energia

Elétrica – PROINFA, o qual busca diversificação da oferta de energia elétrica, ampliando a

participação de pequenas centrais hidrelétricas, biomassa e energia eólica (BRASIL, 2007). A

meta do programa é a implantação de 144 projetos de geração de energia elétrica (pequenas

centrais hidrelétricas, parques eólicos e termelétricas a biomassa), totalizando 3.300 MW de

potência instalada (BRASIL, 2007).

O principal dano ambiental associado à geração de energia elétrica proveniente de

combustíveis fósseis está relacionado ao aquecimento global. Estima-se que a Terra aquecerá

nos próximos séculos devido a utilização excessiva destes combustíveis (ZECCA & CHIARI,

2010). O fenômeno estufa ocorre de forma natural há muito tempo, devido a ele a temperatura

da Terra é mais estável e apropriada para a vida. Durante a queima do combustível há

liberação de gases estufa e consequentemente o aumento no mesmo provocando o

aquecimento global (HOOK & TANG, 2013).

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A vantagem em relação à energia renovável está principalmente na redução do

aquecimento global, mas a produção deste tipo de energia tem um custo elevado. No entanto,

se os danos ambientais causados na geração não renovável, somados ao desenvolvimento de

novas tecnologias, forem inseridos no custo de produção, definitivamente as formas de

geração de energias renováveis serão competitivas (IPCC, 2011).

2.1.3 Biomassa como fonte de energia

A biomassa é uma das fontes para produção de energia com maior potencial de

crescimento nos próximos anos. Tanto no mercado internacional quanto no interno, ela é

considerada uma das principais alternativas para a diversificação da matriz energética e a

consequente redução da dependência dos combustíveis fósseis. Dela é possível obter energia

elétrica e biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol, cujo consumo é crescente em

substituição a derivados de petróleo como o óleo diesel e a gasolina (ANEEL, 2008).

Combustíveis provenientes de biomassa florestal e resíduos agrícolas podem ser

usados em usinas de energia com um baixo custo e qualidade competitiva em comparação aos

combustíveis fósseis. As tecnologias recentes têm mostrado potenciais muito maiores para a

utilização da energia a partir da biomassa, como consequência, a substituição de energia fóssil

é também maior (GOMES et al., 2013).

A geração de energia elétrica no Brasil provém essencialmente de duas fontes

energéticas, o potencial hidráulico e o petróleo, com grande predominância da primeira.

Apesar da importância dessas fontes, o Brasil dispõe de várias alternativas para geração de

energia elétrica, dentre as quais aquelas derivadas da biomassa (ANEEL, 2008).

A biomassa é considerada mais limpa, pois durante a combustão da matéria orgânica o

gás carbônico liberado é de origem não fóssil, ou seja, tem um ciclo completo, considerado

neutro (GOMES et al., 2013). A principal maneira de retirar a energia contida na biomassa é

através da combustão, gerando principalmente calor, CO2 e água. A geração de energia

elétrica proveniente da biomassa vem sendo empregada principalmente em sistemas de

cogeração (PROINFA, 2013).

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As vantagens do Brasil para a produção de biomassas estão vinculadas ao clima e,

principalmente, por possuir grandes extensões de terra para o cultivo em larga escala.

Principal bioenergia utilizada é proveniente do álcool, utilizado principalmente como

combustível veicular diretamente ou misturado à gasolina (GOMES et al., 2013).

O estado do Rio Grande do Sul tem alto potencial para a produção de biomassa,

devido a grandes áreas produtivas e ao clima. Uma abundante fonte de biomassa resíduos no

estado é a casca de arroz, geralmente queimada diretamente em caldeiras ou utilizada em

coprocessamento. Outro ramo bastante difundido é a bovinocultura, suinocultura e avicultura,

produzindo dejetos animais que podem ser empregados em biodigestores para produção de

biogás (GOMES et al., 2013).

2.2 Geração de lodo

No processo de tratamento de efluentes industriais e domésticos são empregadas

tecnologias para a remoção de matéria orgânica, entre elas o sistema de lodo ativado, na qual

ocorre a insuflação de ar para o crescimento de bactérias aeróbias que degradam o material

orgânico. Durante o tratamento há proliferação e crescimento de colônias bacterianas,

formando assim flocos que se tornam mais densos que o próprio efluente e acabam

precipitando (WILÉN et al., 2003).

2.2.1 Impacto do lodo aplicado diretamente no meio ambiente

Para Wang (1997) o lodo quando lançado diretamente no solo provoca grandes

impactos ambientais, entre eles a emissão de odores e poluição do ar. Patógenos também são

potencial perigo para os seres humanos, juntamente com matéria orgânica e produtos nocivos.

O lodo é constituído de grandes cargas de nutrientes, como nitrogênio, fósforo e potássio,

podendo ser lixiviado, contaminando águas superficiais e subterrâneas.

Petersen et al. (2003) enfatiza que estes resíduos orgânicos, quando manejados e

reciclados adequadamente, deixam de ser poluentes e se tornam insumos preciosos para

produção agrícola sustentável, nutrindo plantas com fontes de nutrientes e matéria orgânica,

aumentando a produção.

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Quando há disposição direta deste tipo de material sem qualquer tipo tratamento em

solo agrícola, contamina água subterrânea, também escoando para copos hídricos, onde ocorre

baixa no oxigênio dissolvido na água, impossibilitando a manutenção da vida e contaminando

o ambiente. Devido ao incremento da matéria orgânica na água há, consequentemente, o

aumento na demanda bioquímica de oxigênio e também por conta da introdução em excesso

de nutrientes, ocorre eutrofização. Outro fator relevante é a contaminação do solo e água por

compostos orgânicos nocivos e patógenos (CONTIN et al., 2012).

2.2.2 Caracterização do lodo proveniente de estação de tratamento de efluentes

O lodo é formado principalmente por água, restos de matéria orgânica e células

microbianas. Lodos provenientes de estação de tratamento de esgoto, ou efluentes oriundos de

processos com alta carga orgânica, possuem aproximadamente 75% de água, se tratando de

matéria seca são compostos principalmente por matéria orgânica, nitrogênio, fósforo,

potássio, entre outros compostos em menores proporções (TAO, 2012).

Tao et al. (2012), realizou estudo na China de caracterização de lodo proveniente de

estação de tratamento de esgoto, revelando que o lodo seco pode conter 13,8% - 17,9% de

matéria orgânica, 16 g/kg – 31,8 g/kg de nitrogênio total, 6,8 g/kg-13,1 g/kg de fósforo total e

2,2 g/kg - 3,1 g/kg de potássio total, os três nutrientes resultam em um teor médio de 15,65%

do total em massa, 23,76 g/kg, 9,9 g/kg e 2,58 g/kg respectivamente. Concentração e

disponibilidade de N, P e K apresentado na Tabela 3.

Tabela 3 – Composição do lodo de estação de tratamento de esgoto Chinesa Parâmetro N-Total P-Total K-Total N-Disponível P-Disponível K-Disponível Conteúdo

(mg/kg) 22000 6800 2300 1100 100 310

Fonte: Tao et al., (2012).

Estudos realizados previamente constataram que o lodo é constituído de percentuais de

sólidos totais mais baixos, segundo dados levantados em lodo de estação de tratamento de

efluentes de empreendimento alimentício por Salvadori et al.(2012). Verificando-se 7,54% de

matéria seca, nitrogênio total 2.968 mg/L, fósforo total 1.107,31 mg/L e 11.439,56 mg/L de

potássio total, também apresentado o percentual de sólidos voláteis e fixos na Tabela 4.

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Tabela 4 – Composição do lodo de estação de tratamento de esgoto da região. Parâmetro N-Total

mg/L P-Total

mg/L K-Total

mg/L Sólidos Totais

% Sólidos

Voláteis% Sólidos Fixos

% Conteúdo 2968 1107,31 11439,56 7,54 76,64 23,36

Fonte: Salvadori et al. (2012).

Konrad et al. (2010) publicou resultados de suas caracterizações com lodo proveniente

de estação de tratamento de efluentes orgânicos diversos, constatando uma concentração de

sólidos totais ainda mais baixa. Coletando-se dados referentes a porcentagem de sólidos totais

0,67%, voláteis 55,79% e fixos 44,21%.

2.3 O biogás

Devido a suas características o biogás é uma promissora fonte renovável de energia,

composto principalmente por metano CH4 (55-70%), CO2 (30-45%) e traços de outros gases.

Pode ser produzido a partir de uma grande variedade de matérias-primas orgânicas e utilizado

para diferentes propósitos energéticos. Sua produção ocorre quando os microrganismos

degradam materiais orgânicos, na ausência de oxigênio, também chamado de digestão

anaeróbia (LANTZ et al., 2006; DEUBLEIN & STEINHAUSER 2008).

A utilização do biogás como fonte de energia renovável diminui a emissão não só dos

gases de efeito estufa e do metano, mas também de óxidos de nitrogênio (NOx) e

hidrocarbonetos (KOMIYAMA et al., 2006).

O potencial energético do biogás está diretamente relacionado com a quantidade de

metano presente, o que irá determinar o seu valor calórico. A biodigestão pode reduzir o

potencial poluente das emissões dos resíduos orgânicos com alto teor de demanda bioquímica

de oxigênio, e ao mesmo tempo, produzir metano e gerar como resíduo do processo, um

adubo orgânico (SALOMON & LORA, 2009). A Tabela 5 apresenta a comparação entre

combustíveis utilizados frequentemente nos dias de hoje, e sua equivalência ao biogás.

Tabela 5 – Combustíveis utilizados nos dias de hoje, e sua equivalência ao biogás Combustível Quantidade equivalente a 1 m

3 de biogás

Lenha 1,450 kg Querosene 0,342L Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) 0,396L Óleo diesel 0,358L Gasolina 0,312L

Fonte: Souza et al. (1981).

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Deublein & Steinhauser (2008), afirma que o biogás com concentração entre 55 – 70

% de metano e 30 – 45% de dióxido de carbono pode gerar até 6,5 kWh/m3. A composição do

biogás está diretamente relacionada à concentração de dióxido de carbono e metano. A adição

de compostos de hidrocarboneto de cadeia longa, materiais ricos em gordura com carbono de

fácil digestão, pode ajudar a melhorar a qualidade do gás, desde que as quantidades sejam

razoáveis para evitar a acidez do processo.

Ainda, Deublein & Steinhauser (2008), salienta que geralmente a digestão anaeróbia

da biomassa melhora com o aumento do tempo de exposição, porém o teor de metano

aumenta desproporcionalmente, especialmente logo que inicia o processo de hidrólise. O

processo de fermentação ocorre mais rápido se o material do biodigestor for uniforme e

homogêneo. O teor mais elevado de líquidos no biodigestor resulta no aumento de

concentração de CO2 dissolvido em água, reduzindo sua concentração no biogás. Quanto

maior a temperatura durante o processo de fermentação, mais baixa é a concentração de CO2

dissolvido em água.

2.3.1 Caracterização do biogás

Osorioa & Torres (2009), explica que o biogás é composto por vários tipos de gases,

tais como o metano (60-70%), CO2 (30-40%), nitrogênio (<1%), e o H2S (10-2000 ppm). No

entanto, como pode ser observado, o biogás é principalmente composto de metano.

Devido aos compostos químicos em menores proporções, o biogás tem efeito

corrosivo, sendo necessários cuidados especiais nos equipamentos. Esta característica é uma

consequência da presença de pequenas quantidades de sulfeto de hidrogênio (H2S), substância

que contêm enxofre, consideradas poluente do ar (KAPDI et al., 2005).

Cassini, (2003) alerta que biogás não é tóxico devido ao seu baixo teor de monóxido

de carbono (inferior a 0,1%), mas pequenas concentrações de sulfeto de hidrogênio tornam o

biogás corrosivo. A presença de H2S pode resultar em sérios problemas de saúde, caso houver

inalação dos gases após a combustão, pois durante a queima há ocorre a oxidação dos

compostos, consequentemente há a liberação de dióxido de enxofre (SO2) que é prejudicial

aos pulmões.

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2.3.1.1 Vantagens referente à produção de biogás

Segundo Bond & Templeton (2011), Kapdi et al. (2005), Costa (2006) e Salomon &

Lora (2009), as vantagens com relação à produção e digestão anaeróbia do lodo para a

produção de biogás são muitas, entre elas se destacam.

- Produção próxima a locais de consumo, evitando gastos com transportes e linhas de

transmissão;

- Diminuição de patógenos lançados diretamente ao solo;

- Obtenção natural de fertilizante rico em minerais;

- Redução no consumo de combustíveis de origem fóssil, evitando lançamento de

gases estufa;

- Fonte de energia com insumos renováveis;

-Significativa redução de emissões de metano na atmosfera.

2.3.1.2 Desvantagens referente à produção de biogás

- Alto custo de implantação;

- Purificação para geração de energia elétrica;

- Odor forte vinculado ao sulfeto de hidrogênio.

2.3.2 Metano

Componente majoritário do biogás, resultado da digestão anaeróbia da biomassa,

podendo ser gerado naturalmente pela natureza. Este gás possui o potencial calorífico,

determinando a qualidade do biogás em relação ao seu percentual de metano existente na

mistura de gases que compõem o biogás (CASSINI, 2003).

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Durante o processo biológico, ocorre naturalmente a formação do metano, o qual

contém energia química contida em suas ligações químicas entre hidrogênio e carbono. Ao

serem expostas ao oxigênio, são oxidadas e liberam sua energia química na forma de calor

(DEUBLEIN & STEINHAUSER, 2008).

2.3.3 Purificação do biogás

A presença de gases não combustíveis como o CO2, H2S e de vapor de água reduz o

potencial calorífico do biogás, pois estas substâncias não geram calor e acabam absorvendo

parte da energia produzida sob forma de calor, tornando-o economicamente inviável para

comprimir e transportar a longas distâncias (KAPDI et al., 2005).

2.3.4 Compressão do biogás

Para Kapdi et al. (2005) o biogás, contendo principalmente metano, não pode ser

facilmente armazenado, uma vez que não se liquefaz sob pressão, e temperatura ambiente

(temperatura crítica e pressão necessária são -82,5 ºC e 47,5 bar, respectivamente). A

compactação do biogás reduz o volume de armazenamento, concentra conteúdo energético e

aumenta a pressão para o nível requerido para vencer a resistência do fluxo de gás. A

compressão é melhor no biogás limpo.

2.3.5 Conversão energética

Segundo Costa (2006), existem diversas tecnologias para efetuar a conversão

energética do biogás. Entende-se por conversão energética o processo que transforma um tipo

de energia em outro. No caso do biogás, a energia química armazenada em suas ligações

químicas é convertida em energia mecânica por um processo de combustão controlada

(relação entre ar e combustível). Essa energia mecânica propulsiona um alternador que a

converte em energia elétrica.

Ainda é possível salientar a queima direta do biogás em caldeiras para cogeração ou

energia térmica e do surgimento de novas tecnologias, mas os mecanismos como turbinas a

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gás e os motores de combustão interna são as tecnologias mais utilizadas atualmente para esse

tipo de conversão energética (COSTA, 2006).

2.3.6 Utilização de lodo para a produção de biogás

Geralmente o tratamento de efluente gera lodo, proveniente tanto do decorrer do

processo como dos decantadores primários e secundários. Para este material ser reciclado

deve passar por um processo de degradação anaeróbio, chamado de digestão, estabilização ou

fermentação, gerando biogás (CASSINI, 2003).

A digestão anaeróbia é um processo largamente utilizado para a estabilização da

matéria orgânica proveniente de lodos, esta degradação resulta no biogás, que contém metano,

possibilitando a geração de energia. Outro subproduto deste processo é o biofertilizante que

pode ser colocado em solo agrícola, com a função de repor os nutrientes. Ainda, a digestão do

lodo reduz odor, patógenos e emissão direta de metano na atmosfera (CASSINI, 2003).

2.4 Biodigestor

O reator de biogás é um ambiente anaeróbio, fechado e um ecossistema relativamente

estável. Para melhorar a produção de metano sob fermentação anaeróbia da biomassa no

reator, o reconhecimento da real composição da comunidade microbiana e metabolismo dos

microrganismos são necessários (ZHU et al., 2011).

Reatores que operam em sistema batelada são carregados uma única vez por processo.

Iniciam com material orgânico instável e ao longo da reação ocorre a estabilização e

volatilização do resíduo. Ao término do tratamento o biodigestor e descarregado, estando

pronto para receber nova carga e inicia-se um novo processo (CASSINI, 2003).

Ao iniciar o processo de produção de biogás pode-se optar pela utilização de inóculo

nos biodigestores, fornecendo ao sistema microrganismos adaptados as condições do reator. O

inóculo é constituído de material que já passou pelo processo, capaz de fornecer ao novo

substrato uma população adicional de microrganismos típicos da biodigestão anaeróbia,

aumentando a produção de biogás (XAVIER, 2010).

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2.5 Digestão anaeróbia

A digestão anaeróbia é um processo biológico em que algumas espécies de bactérias,

que atuam na ausência de oxigênio, atacam a estrutura de materiais orgânicos complexos para

produzir compostos simples: metano, dióxido de carbono, deixando na solução aquosa

subprodutos como amônia, sulfetos e fosfatos extraindo, em simultâneo, a energia e os

compostos necessários para seu próprio crescimento (COSTA, 2006).

A digestão anaeróbia tem sido muito utilizada para estabilizar a matéria orgânica, tais

como lodos de esgoto e dejetos de animais, mas cada vez mais vem sendo ampliada o

tratamento de uma grande variedade de substratos, dentre os quais destacam-se os resíduos

sólidos orgânicos, resultando na produção do biogás (CARLSSON et al., 2012).

O processo de digestão anaeróbia é influenciado por muitos fatores, entre eles a

temperatura, carga orgânica bruta e presença de materiais inibidores. Em temperaturas mais

altas, a digestão microbiana ocorre com maior velocidade, resultando em maior eficiência do

processo. O processo anaeróbio é realizado geralmente em temperaturas mesófilas (30ºC a

45ºC) ou termófilas (45ºC a 60ºC). Em relação à carga orgânica, a digestão anaeróbia suporta

variações, principalmente se os reatores encontram-se operando em estado de equilíbrio

(CASSINI, 2003).

Para o desempenho da digestão anaeróbia ser satisfatório, deve-se considerar a relação

carbono/nitrogênio (C/N). Resíduos orgânicos com alto teor de nitrogênio devem ser

codigeridos preferencialmente com materiais que possuem um baixo teor de nitrogênio

(ALVAREZ & LIDÉN, 2007).

A matéria orgânica residual estabilizada via digestão anaeróbia resulta em benefícios,

tais como a geração local de energia sob forma de biogás, diminuição dos patógenos contidos

no material, biofertilizante pós digestão, estabilidade dos resíduos líquidos e sólidos, redução

de odores e contaminação de águas superficiais (WANG, 1997; PETERSEN, 2003;

DEUBLEIN & STEINHAUSER, 2008).

A desvantagem associada ao uso de digestores anaeróbios para o tratamento de

resíduos sólidos é o longo tempo necessário para estabilização do material. Vários estudos

têm sido realizados buscando-se aumentar o rendimento durante o processo de

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bioestabilização da matéria orgânica e, em sua maioria, lodo de esgoto sanitário tem sido

utilizado como inóculo, por já conter microrganismos adaptados (LEITE et al., 2001).

O biogás gerado como subproduto da biodigestão anaeróbia dos resíduos orgânicos

pode ser utilizado como fonte de energia, devido ao poder calorífico do metano. A fim de

maximizar produção de biogás, o qual representa uma fonte de energia renovável e versátil

que pode ser utilizado para produção de calor e eletricidade e como combustível para

transporte (CARLSSON et al., 2012).

2.5.1 Fases da digestão anaeróbia

As fases da digestão anaeróbia são apresentadas por alguns autores em três etapas,

sendo elas hidrólise, acidogênese, e metanogênese, como apresentado na Figura 3.

Figura 3 – Etapas da digestão anaeróbia

Fonte: Adaptado de Van Haandel & Lettinga (1994).

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Na primeira fase, chamada de hidrólise, ocorre a quebra dos compostos juntamente

com água. Nesta etapa substâncias complexas e insolúveis como hidratos de carbono,

gorduras e proteínas sofrem hidrólise. Geralmente os compostos são substâncias poliméricas,

grandes moléculas insolúveis compostas por pequenas unidades moleculares mantidas juntas

por ligações químicas. As pequenas moléculas são solúveis e rapidamente quebradas e

metabolizadas. Bactérias hidrolíticas, anaeróbias facultativas e anaeróbias, são capazes de

realizar a hidrólise (GERARDI, 2003).

Na segunda fase, os compostos solúveis produzidos anteriormente na hidrólise são

digeridos por grande variedade de microrganismos, anaeróbios facultativos e anaeróbios

através da fermentação. A fermentação destes compostos através da fase acidogênica resulta

na produção de dióxido de carbono, gás hidrogênio, álcoois, ácidos orgânicos, alguns

compostos orgânicos de nitrogênio e enxofre (GERARDI, 2003).

Na metanogênese, o metano é formado principalmente a partir de acetato, dióxido de

carbono e hidrogênio, podendo também partir de alguns outros compostos orgânicos. Esta

etapa é realizada por bactérias estritamente anaeróbias obrigatórias, conhecidas com Archaea

methanogens (ZHU, 2011).

Archaea methanogens (metanogênese) são um grupo de Euryarchaeota estritamente

anaeróbio que converte H2, CO2, metilamina e acetato em metano, estão largamente

distribuídas em ambientes anóxicos, tal como sedimentos de água doce, campos de arroz,

aterros sanitários e trato intestinal de ruminantes e cupins. As bactérias metanogênicas

desempenham um papel de fundamental importância na produção de biogás. Todas

metanogênicas conhecidas apresentam a metil coenzima M redutase (MCR) que catalisa o

passo final na produção de metano durante a fermentação anaeróbica da biomassa (FERRY,

1999).

2.5.2 Inibidores

Por se tratar de reações em cadeia, se a primeira fase for inibida, os substratos para as

segunda e terceira fases não estarão disponíveis no meio e a produção estará comprometida.

Caso a terceira fase seja inibida, os ácidos produzidos na acidogênese provocarão a queda no

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pH, inibindo a terceira etapa onde o metano é formado, pois a perda de alcalinidade inibe as

bactérias metanogênicas (GERARDI, 2003).

2.5.3 Fatores que influenciam na produção de biogás

A biorreação que resulta na produção do biogás é metabolizada via bactérias, cada

etapa está atrelada a anterior, o que resulta em uma reação em cadeia, uma dependendo da

outra (GERARDI, 2003). Por se tratar de um processo biológico, o qual envolve seres vivos, e

reações complexas em cadeia, as variáveis que influenciam a produção de biogás são muitas,

mas algumas condições devem ser avaliadas para minimizar os impactos sobre as colônias

bacterianas anaeróbias.

2.5.3.1 Impermeabilidade ao ar

Para a metanogênese acontecer o ambiente deve ser anóxico, sem contado com ar

atmosférico que contém oxigênio. O grupo bacteriano responsável pela formação do metano é

Archaea methanogens, estritamente anaeróbios (ZHU, 2011).

2.5.3.2 Temperatura

A digestão anaeróbica pode ser operada em várias faixas de temperatura, denomina-se

psicrofílica quando a biorreação ocorre em temperatura abaixo de 25 ºC, mesófilica com

temperaturas compreendidas entre 25 ºC e 35 ºC e termofílica, temperaturas entre 55 e 60 ºC,

e temperatura extremofilica, acima dos 65 ºC. O rendimento e taxa de volatizarão da matéria

orgânica em forma de biogás está diretamente ligado com a temperatura de digestão, quando

mais elevada for, mais intensamente será o processo biológico (SAIDU et al., 2013).

2.5.3.3 pH

As bactérias envolvidas na fermentação, principalmente as metanogênicas, sobrevivem

em faixa estreita de pH que varia entre 6,5 e 8,0. Assim, enquanto as bactérias presentes nas

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fases iniciais da digestão anaeróbia são responsáveis por produzir os ácidos, as metanogênicas

os consomem para gerar o biogás, mantendo o meio neutro (CASSINI, 2003).

2.5.3.4 Quantidade de água

A quantidade de água no biorreator deve oscilar entre 60% e 90% da massa do

conteúdo total, tanto o excesso, quanto a falta de água são prejudiciais ao rendimento. O teor

de água varia de acordo com as matérias-primas destinadas à fermentação (CASSINI, 2003).

2.5.3.5 Nutrientes

As principais fontes de nutrientes para as bactérias são carbono, nitrogênio e sais

orgânicos. A relação entre carbono e nitrogênio deve ser mantida entre 20:1 e 30:1. Os dejetos

humanos, animais e lodos são as principais fontes de nitrogênio, e os açúcares presentes no

restante das culturas de origem vegetal representam a principal fonte de carbono. A produção

de biogás é bem sucedida se os nutrientes estiverem presentes ou na relação ideal (CASSINI,

2003).

2.6 Óleo vegetal

Segundo Silveira (2011), os óleos e gorduras são substâncias de origem vegetal ou

animal, insolúveis em água, constituídas principalmente de ésteres. Os óleos diferem de

gorduras pelo estado físico que apresentam a temperatura de 20ºC. Nesta temperatura os óleos

são líquidos e as gorduras sólidas, sendo que a maioria dos óleos é de origem vegetal e as

gorduras de origem animal.

Os óleos e/ou gorduras possuem moléculas de triacilgliceróis constituídos de três

ácidos graxos de cadeias carbônicas longas, os quais são ligados a uma única molécula do

glicerol. Estes ácidos graxos diferem pelo comprimento da cadeia carbônica, do número, da

orientação e da posição das duplas ligações presentes na cadeia como apresentado na Figura 4

(MAPA, 2008).

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Figura 4 – Estrutura química do óleo de soja

Fonte: MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (2013).

2.7 Óleo vegetal residual

Os pontos nos quais há maior concentração de geração de óleos e gorduras residuais

são cozinhas industriais e lanchonetes, indústrias onde ocorre a fritura de produtos

alimentícios e água residual de processos de indústrias alimentícias (BIODIESELBR, 2013).

Para Barbosa & Pasqualetto (2007), no Brasil, parte do óleo vegetal residual oriundo

do consumo humano é destinado à fabricação de sabões e à produção de biodiesel, sendo que

maior parte deste resíduo é descartado na rede de esgotos, considerado um crime ambiental. A

pequena solubilidade dos óleos vegetais na água constitui como um fator negativo e quando

presentes em mananciais utilizados para abastecimento público causam problemas no

tratamento da água.

Segundo a Associação Brasileira para Sensibilização, Coleta e Reciclagem de

Resíduos de Óleo Comestível (ECÓLEO), o Brasil produz 9 bilhões de litros de óleos

vegetais por ano e 1/3 deste volume destinado a óleos comestíveis, e um consumo per capita

em torno de 20 litros/ano, que resulta em uma produção de 3 bilhões de litros de óleo residual

por ano no país.

No país uma quantidade muito pequena do óleo produzido é coletado e destinado de

forma correta, o restante é lançado diretamente no sistema de esgoto. O montante coletado

resulta em menos de 1%, representando 6 milhões e meio de litros óleo residual coletado,

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mais de 200 milhões de litros por mês são destinados incorretamente, indo parar em recursos

hídricos (ECÓLEO, 2013).

2.8 Codigestão anaeróbia de resíduos orgânicos

A codigestão anaeróbia apresenta muitas vantagens, entre elas a diluição de

substâncias tóxicas provenientes de qualquer um dos substratos envolvidos, um melhor

equilíbrio de nutrientes, efeitos sinérgicos sobre microorganismos, uma elevada taxa de

digestão e possível desintoxicação baseado no processo de cometabolismo (PASTOR et al.,

2013).

A digestão anaeróbia, com a adição de cosubstratos, ou seja, codigestão tem sido

considerada uma forma eficaz, de baixo custo, e comercialmente flexível para reduzir as

limitações do processo e melhorar o rendimento de geração do metano (LI & ANDERSON,

2011).

Os lipídios, caracterizados como gorduras ou óleos e graxas apresentam incremento na

produção de metano mais acentuado quando comparado com os carboidratos e proteínas. Ao

ser codigerido juntamente com lodo de esgoto, lipídios fornecem carbono, aumentam a

geralmente baixa relação C/N deste subtrato (PASTOR et al., 2013).

Lipídios como óleo vegetal são constituídos de longas cadeias carbônicas (MAPA,

2013), muito semelhante a glicerina, rica em carbono de fácil degradação, o que favorece sua

participação na codigestão anaeróbica em biodigestores (ROBRA, 2006).

O óleo vegetal residual também se mostra uma promissora fonte de energia para

codigestão devido a semelhança em relação a glicerina como fonte de carbono. Experimentos

realizados por Amon et al. (2006), que avaliaram a produção de metano codigerindo glicerina

em substratos de dejeto suíno, silagem de milho e colza, indicaram que a adição deste

composto elevou a produção de metano, principalmente quando adicionada na concentração

de 3% e 6%.

Konrad et al. (2010) constataram o incremento na produção de biogás em função da

adição de glicerina residual nos percentuais de 3% e 6% em amostra de lodo de estação de

tratamento de efluentes. A maior produção de biogás foi obtida na amostra cuja adição de

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glicerina foi de 3%. Na amostra com adição de 6% de glicerina, o aumento na geração de

biogás foi de 59,2%, quando comparado à amostra controle. A taxa de metano verificada nos

experimentos foi de 72% na amostra com adição de 3% de glicerina, permanecendo após a

adição do produto rico em carbono, como visto na tabela 6, o que não ocorreu no experimento

com adição de 6 % de glicerina, no qual os índices de metano decaíram até próximo de 10 %.

Tabela 6 - Resultados obtidos com aplicação de glicerina em lodo. Produção de biogás (mL) Percentual máximo de metano (%)

Controle 2.400 68

Glicerina 3% 12.920 72

Glicerina 6% 5.800 61

Fonte: Konrad et al. (2010).

Tendo em vista os resultados obtidos pelos autores descritos acima, procurou-se

avaliar a suplementação com composto carbônico oriundo de óleo residual vegetal. Buscou-se

repetir os dados publicados, tendo-os como referência para o desenvolvimento deste estudo

em escala laboratorial.

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3 METODOLOGIA

O experimento foi realizado no Laboratório de Biorreatores do Centro Universitário

UNIVATES, o qual está vinculado ao curso de Engenharia Ambiental entre os meses de

agosto e novembro.

A metodologia para avaliar a quantidade de biogás gerada foi desenvolvida pelo

próprio Laboratório e consiste em conectar os biodigestores com capacidade de um litro a um

sistema de medição de biogás. O sistema é composto por um coletor de biogás constituído por

um tubo de vidro em forma de U, um sensor óptico, uma esfera de isopor e um circuito

eletrônico que registra e armazena a passagem do biogás pelo sistema.

Iniciou-se o experimento com 24 reatores em batelada, contendo cada um contendo 600

mL de lodo de estação de tratamento de efluentes, acondicionados em uma incubadora

bacteriológica adaptada para este fim, capaz de manter a temperatura constante de 37°C dentro

dos reatores, digestão mesofílica (FIGURA 6). Dentre os 24 reatores, foram selecionados 12 com

melhor aproveitamento para formarem quatro triplicatas (Controle, 3%, 6% e 9% de óleo

residual). Cada grupo de três reatores foi escolhido de modo que a média de geração de biogás

fosse a mais próxima possível, ou seja, a média de cada triplicata foi praticamente a mesma no 12º

dia de incubação. Os 12 reatores restantes foram eliminados.

O substrato foi coletado em um reator anaeróbio em escala real, operando com o objetivo

de geração de biometano. Este tipo de material possui a vantagem de possuir microorganismos

adaptados à digestão anaeróbia. O ponto de coleta do material foi entre os dois reatores existentes

no local, na saída do reator 1(R1) e entrada do reator 2(R2) (FIGURA 5).

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Figura 5 – Imagem indicando o reator 1 (R1), reator 2 (R2), ponto de coleta do lodo (PC) e balão

para armazenamento do biogás (AB).

Fonte: Autor

O óleo residual vegetal foi padronizado e utilizado sob certas condições controladas para

evitar interferentes, expondo o mesmo à fritura de batatas durante 50 minutos. Aproximadamente

1 kg de batas fritas com 750 ml de óleo de soja, não havendo uso de sal de cozinha diretamente no

alimento antes de colocá-lo na gordura.

Figura 6 – Reatores acondicionados na incubadora e conectados ao sistema de medição

automatizado de biogás

Fonte: Autor

R1

R2

PC

AB

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Cada reator no interior da incubadora é conectado por uma tubulação ao tubo em U, o

princípio de funcionamento do dispositivo é o deslocamento de fluidos, sendo a quantificação do

biogás realizada quando o mesmo, à medida que enche um dos lados do tubo em forma de U

(FIGURA 7), desloca o fluido nele contido (água) e eleva o nível de fluido no lado oposto, que é

detectado por um sensor óptico o qual envia essa informação a um circuito eletrônico e o

armazena sob forma de “eventos” (FIGURA 8).

Figura 7 – Tubo em forma de “U” com sensor óptico para a leitura do volume de biogás gerado

durante o experimento

Fonte: Autor

O volume de biogás gerado é determinado através da equação combinada dos gases ideais,

que descreve que a relação entre a temperatura, a pressão e o volume de um gás é constante

(HALLIDAY et al., 2009).

No entanto cada dispositivo (tubo em U) precisa ser calibrado antes de iniciar o

experimento, com uma pressão, temperatura e volume no momento da calibração. Ao ocorrer o

evento, o sensor eletrônico além de identificar o ocorrido, ainda mensura a pressão e temperatura

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no instante, sendo assim possível completar a equação e determinar o volume de biogás que cada

evento contém.

Figura 8 – Circuito eletrônico para quantificar a produção de biogás

Fonte: Autor

Para a avaliação qualitativa do biogás, o percentual de metano presente nas amostras foi

verificado através de um sensor específico para a medição em misturas gasosas, denominado

Advanced Gasmeter (FIGURA 9), produzido pela PRONOVA Analysentechnik GmbH & Co.

Com o conhecimento do volume de biogás gerado e a porcentagem de metano, pode-se calcular o

volume deste e o montante de outros gases presente no biogás.

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Figura 9 – Sensor utilizado para determinação de metano presente no biogás

Fonte: Autor

Para atender aos objetivos propostos, dividiu-se os reatores em quatro grupos

identificados como Controle (sem adição de óleo residual), óleo 3%, óleo 6% e óleo 9%.

Estas concentrações foram estipuladas em função de experimentos realizados por Schmitz et

al. (2010), Konrad et al. (2010) e Amon et al. (2006) nos quais se empregou glicerina nos

percentuais de 3% e 6% e 9%.

Conforme Schmitz et al. (2010), os períodos para o acréscimo da glicerina foram

determinados em função da geração de biogás (monitorado diariamente), sendo que a medida

que houve decréscimo nos valores de produção, o óleo residual foi adicionado.

Para caracterização dos substratos, realizou-se análises de carbono, nitrogênio,

demanda bioquímica de oxigênio (DBO5), potencial hidrogeniônico (pH), sólidos totais (ST),

sólidos voláteis (SV) e sólidos fixos (SF) antes e após os tratamentos. Os ensaios de carbono e

nitrogênio serão realizados no Laboratório de Biorreatores, de acordo com Standard Methods

(CLESCERI et al., 2005).

Determinou-se a demanda bioquímica de oxigênio por sensores de pressão para testes

e medições de DBO5, modelo WTW OXITOP IS 6 (FIGURA 10).

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Figura 10 - Equipamento para medições de DBO5 da marca Oxitop®

Fonte: Autor

Os parâmetros de ST, SV e SF foram determinados segundo metodologia AOAC

(1995). Na análise de ST, as amostras serão pesadas em um cadinho e após permanecerão por

cerca de 24 horas em uma estufa a 105°C (estufa digital time microprocessada para

esterilização e secagem – Modelo SP 400 – SPLABOR). Para os SV, após as amostras srem

retiradas da estufa, foram submetidas à combustão em mufla à temperatura de 550°C (forno

mufla SP – 1200 – marca Splabor).

O pH pré experimento foi verificado utilizando pHmetro digital, marca Digimed DM-

20, logo depois da coleta do material. Após o término da digestão anaeróbia, o teste foi

realizado novamente em todos os percentuais de suplementação e nos reatores sem adição de

óleo.

Realizou-se a análise estatística dos resultados obtidos através da análise de variância,

pelo teste de comparação de médias de Tukey (P<0,05). Consideraram-se quatro tratamentos

e duas repetições para cada um deles, sendo feitas, portanto, oito observações. Utilizou-se

correlação não paramétrica de Pearson (p) para analisar a relação entre o volume de biogás e o

volume de metano e coeficiente de determinação (R²).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo trará os resultados coletados ao longo de 85 dias de experimentação, bem

como a caracterização do substrato pré e pós experimento. A avaliação dos dados obtidos foi

relacionada com resultados de outros autores. Os dados serão apresentados por meio de

tabelas, figuras, gráficos e texto, determinando qual percentual de aplicação de óleo residual

em lodo de estação de tratamento de efluente possui maior potencial para geração de biogás.

4.1 Caracterização do substrato

O substrato em estudo foi caracterizado pré e pós experimentação com base em

análises fisicoquímicas, conforme o exposto na Tabela 7.

Tabela 7 – Parâmetros analisados da amostra pré tratamento (lodo) e das amostras Controle,

3%, 6% e 9% de óleo pós experimentação.

Parâmetros

PRÉ PÓS

Lodo Controle 3 % oleo 6 % oleo 9 % óleo

Carbono (mg/L) 30.925,51 13.614,48 14.213,81 21.848,89 29.508,63

DBO5 (mg O2/L) 27.000 2.000 2.000 2.500 10.500

Nitrogênio (mg/L) 1.736,47 378,95 505,27 2.824,23 1.398,18

pH 7,44 8,31 7,70 7,74 7,84

Relação C/N 17,81 35,93 28,13 7,74 21,11

SF (%) 36,92 50,52 48,43 48,89 45,92

ST (%) 6,64 4,90 4,94 5,14 6,06

SV (%) 63,08 49,48 51,57 51,11 54,08

Tempo de retenção hidráulica (dias) - 37 72 85 85

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Analisando os resultados é possível constatar que o lodo possui potencial de geração

de biogás, evidenciado pelo índice de ST de 6,64% pré experimento. Desta porcentagem,

63,08% são SV e 36,92% SF. A alta concentração de SV indica a quantidade de substrato

passivo de volatilização, ou seja, podendo ser digerido e volatizado em forma de biogás por

via metabólica microbiana.

Comparando os dados pré e pós experimento em cada triplicata, observa-se a redução

na carga de SV, o qual na entrada foi 6,64% e saída Controle de 4,90%. Nos reatores que

houve aplicação de 9% de óleo o resultado indicou um acréscimo de SV, o que pode ser

explanado devido a não digestão de todos os SV aplicados na forma de óleo.

O pH da amostra inicial foi 7,44, indicando condições favoráveis para o

desenvolvimento, não inibindo a primeira e seguintes fases da digestão anaeróbia.

Observando os dados após a digestão, conclui-se que o Controle apresentou pH de 8,31,

considerado normal para este tipo de processo conforme também reforçado em outros

trabalhos publicados por Cassini (2003).

O parâmetro DBO5 pré e pós teste indica a eficácia de remoção da digestão anaeróbia

como tratamento de resíduos. O aumento no valor de DBO5 apresentado pela triplicata dosada

com 9% quando comparado a relação Controle, pode ser devido a não degradação por

completo dos compostos orgânicos durante o teste. A remoção de DBO5 nos reatores dosados

com 3% foi total quando comparado ao Controle, já o 6% obteve um leve aumento, podendo

ser este também vinculado a não remoção de toda a carga orgânica aplicada.

Sustenta-se a existência de compostos orgânicos não digeridos no reator pelo índice de

Carbono orgânico total, sendo este o mais alto apresentado pela amostra de 9% de óleo. Os

outros reatores dopados com 3% e 6% também apresentaram mais carbono que o Controle,

indicando a presença de carbono residual não digerido mesmo após o tratamento anaeróbio.

4.2 Suplementação com compostos carbônicos

De acordo com Schmitz et al. (2010), Konrad et al. (2010), Amon et al. (2006) e

Pastor et al. (2013) a adição de compostos ricos em carbono resulta basicamente no mesmo

princípio, ou seja, equilibra a relação C/N, pois esta geralmente possui mais partes de

nutriente do que carbono neste tipo de substrato em questão.

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Para o bom desenvolvimento das colônias bacterianas são necessárias certas condições

nutricionais e fisicoquímicas, possibilitando parâmetros ideais para a produção de biogás,

resultando em alto rendimento (GERARDI, 2003). Portanto, a vantagem em codigerir estes

substratos está em equilibrar a disponibilidade de recursos para o desenvolvimento

microbiano.

4.2.1 Relação C/N do substrato

Com base nos resultados analíticos, constatou-se que o lodo utilizado no estudo

continha relação C/N de 17,8/1, inferior à considerada como ideal, que seria entre 20/1 e 30/1

(CASSINI, 2003), o que maximiza a aceitação de carbono oriundo de outro substrato na sua

digestão, resultando em alta produção de biogás e metano.

Os tratamentos mostraram uma tendência, conforme observado na Tabela 7, de

redução na relação C/N conforme o aumento do percentual aplicado, o qual não seguiu esta

indicação foi o percentual 6%.

4.3 Aspectos comportamentais do experimento

Ao longo do estudo percebeu-se a importância da agitação dos reatores nos quais foi

aplicado óleo, por se tratar de um composto apolar, o qual não se dissolve diretamente no

substrato, ficando na parte superior retardando a reação. Com o passar do tempo, o óleo foi

sendo hidrolisado, ficando com coloração esbranquiçada e aglutinado em flocos como

evidenciado pela Figura 11, sendo posteriormente dissolvido no meio. Houve formação de

camada sobrenadante, principalmente no reator com 9%, mas sempre desmanchada pela

agitação, fazendo o material rico em carbono entrar em contato com o meio composto por

bactérias.

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Figura 11 – Reator com aplicação de 9 % de óleo (1) e três dias após a aplicação (2).

Fonte: Autor

O processo de agitação em reatores onde substâncias apolares estão presentes é muito

importante, pois evita o acúmulo da substância na superfície e faz com que entre em contato

com o substrato rico em bactérias. Durante a agitação o óleo se divide em pequenas bolhas

(FIGURA 12), facilitando a ação dos microrganismos, resultando em alta taxa de degradação

e consequente volatização.

Figura 12 – Reator no terceiro dia após aplicação de 9% de óleo e posterior agitação.

Fonte: Autor

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Biogás Metano presente no biogás Concentração de Metano

Observa-se nos gráficos que o pico de produção seguinte, nos testes realizados com

3%, 6% e 9% até a terceira aplicação sempre foi maior que o anterior, este comportamento

pode indicar a adaptação dos microrganismos ao meio durante as aplicações. Isto demostra

potencial de incremento no rendimento ao longo do tempo com relação à produção de biogás,

otimizando a volatização dos compostos orgânicos contidos no óleo. Ainda, observa-se que há

proximidade entre a relação do volume de óleo aplicado e o rendimento à medida que a

dosagem aumenta, tendendo a se estabilizar.

Neste caso, o cosubstrato utilizado é oriundo da fritura de batatas, no qual não foi

adicionado cloreto de sódio artificialmente (NaCl) antes do cozimento, ou seja. O sal contém

sódio, o qual para Fang et al. (2011) e Suwatsuwannoppadol & Ralf (2012) é inibidor do

processo de produção de biogás quando presente em alta concentração.

4.4 Quantificação do biogás e metano gerado nos testes

A triplicata Controle visualizada na Figura 13, demonstra intensa produção até o 9º

dia, gerando montante de 12,9 L de biogás ao longo de 37 dias de digestão. O teor de metano

presente no biogás para esta triplicata manteve-se alto até os últimos dias, resultando em 9,2 L

de metano.

Figura 13 – Gráfico da geração de biogás e percentual de metano da triplicata Controle (sem

adição de óleo) durante 35 dias de experimentação.

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Tempo (Dias)

Biogás Metano presente no biogás Concentração de Metano Adição de óleo

A representação gráfica dos reatores suplementados com 3% de óleo residual indicou

incremento de 141,87% em relação ao Controle, totalizando 30,8 L de biogás após 72 dias de

experimentação conforme pode ser observado na Figura 14.

Durante as três aplicações iniciais de óleo os picos de produção apresentados pelos

reatores foram baixos quando comparados à parte inicial, aumentando sutilmente com o

passar do teste. Desta forma, nenhum pico de produção seguinte voltou a ser de intensidade

igual ou superior ao primeiro quando ainda não havia suplementação. A concentração de

metano foi em média de 74,47 %. Resultando em 22,2 L de metano, o que representa um

incremento de 142,22% quando comparado ao Controle.

Conclui-se, observando a Figura 14 que o pico de geração de biogás entre as

aplicações (ciclo de geração) manteve-se praticamente constante, sendo este de

aproximadamente 12 dias, exceto na 3º aplicação, a qual apresentou comportamento com

aumento de produção de biogás e já em seguida diminuição na geração, na sequência

posteriormente uma tendência de aumento. Como se acrescentou novamente nesta situação

(4º aplicação) acredita-se que a geração acumulada após a 4º aplicação sofreu influencia da 3º

adição, visualizado na Figura 14.

Figura 14 – Gráfico da geração de biogás e percentual de metano da triplicata 3% de óleo

residual vegetal durante 72 dias de experimentação.

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Tempo (Dias)

Biogás Metano presente no biogás Concentração de Metano Adição de óleo

O substrato no qual foi dosado 6% de óleo permaneceu em estudo durante 85 dias,

gerando volume total de biogás de 58,5 L, o que resultou em aumento na produção de 89,9%

em relação ao 3% de óleo e 359,31% em relação ao controle. O volume gerado entre cada

ciclo pode ser determinado com base no gráfico, indicando volume praticamente constante,

variando apenas a intensidade de geração, explicado por menor tempo ao longo das

suplementações, resultando em maior taxa de geração ao longo do tempo. A mesma situação

foi apresentada pelo ensaio 3%.

Com isso, os picos apresentam-se de forma crescentes após as adições, porém com um

tempo de degradação relativamente menor, indicando possível adaptação das bactérias ao

processo de codigestão anaeróbia. Este comportamento não foi observado na última aplicação,

pois o pico não foi maior que o anterior como visto na Figura 15.

Como se acrescentou novamente nesta situação (4º aplicação) acredita-se que a

geração acumulada após a 4º aplicação também sofreu influencia da 3º adição, visualizado na

Figura 15.

O incremento na geração de metano presente no biogás também foi significativo nesta

triplicata, provocando aumento de 93,44% em relação aos reatores nos quais foram

adicionados 3% e 368,55% em relação à amostra Controle.

Figura 15 – Gráfico da geração de biogás e percentual de metano da triplicata 6% de óleo

residual vegetal durante 85 dias de experimentação.

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Tempo (Dias)

Biogás Metano presente no biogás Concentração de Metano Adição de óleo

Os reatores suplementados com 9% de óleo vegetal ficaram em experimentação

durante 85 dias, totalizando 84,1 L de biogás. O comportamento foi similar aos reatores

dopados com 3%, gerando 172,87% mais de biogás em relação ao mesmo. Comparado com a

triplicata 6% de óleo vegetal residual, o rendimento foi de 43,70%, quando analisado

juntamente com o Controle (reatores sem adição de óleo) o percentual foi de 560% maior.

Em termos de volume de metano, a triplicata gerou em média 60,1 L durante o

experimento, resultando em um incremento em relação ao 3% de 101,70%, e de 39,66%

quando comparado ao 6%. Quando relacionado com a amostra Controle os reatores dopados

com 9% obtiveram geração de 554,4% maior.

Também há equilíbrio na geração de biogás entre os ciclos de aplicação, com aumento

dos picos e estreitamento dos mesmos, indicando diminuição no tempo de geração, mas com

quantidade de biogás similar como mostrado na Figura 16. Este comportamento pode estar

relacionado com a adaptação dos microrganismos ao meio.

Figura 16 – Gráfico da geração de biogás e percentual de metano da triplicata 9% de óleo

residual vegetal durante 85 dias de experimentação.

O

O equilíbrio de geração entre cada aplicação é verificada com base na Tabela 8, na

qual está exposto o total de biogás gerado entre cada aplicação em relação ao total produzido

pelos reatores em porcentagem, comprovando a regularidade principalmente para o reatore

com 9%.

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Tabela 8 – Rendimento de biogás em porcentagem e volume (L) gerado em cada ciclo após

aplicação de óleo em relação ao volume total de cada triplicata.

Ciclos

3 % Óleo 6 % Óleo 9 % Óleo

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Volume

(L) %

Volume

(L) %

Volume

(L)

Sem adição 34,15 10,53 17,12 9,92 11,76 9,89

1ª ciclo 10,44 3,22 15,72 9,10 15,75 13,26

2ª ciclo 10,84 3,34 12,78 7,40 17,17 14,45

3ª ciclo 3,13 0,97 5,95 3,45 18,81 15,83

4ª ciclo 23,35 7,20 25,77 14,92 18,46 15,53

5ª ciclo 18,09 5,58 22,66 13,77 18,05 15,18

Total 100 30,84 100 58,56 100 84,14

Nos reatores dosados com 3% e 6% o comportamento foi anômalo na 3ª aplicação,

não apresentando pico de produção imediato após a suplementação e nem significativa

produção. O motivo para este distúrbio pode ser um processo de readequação dos

microorganismos ao substrato suplementado, indicando a instabilidade e variabilidade do

processo envolvendo bactérias metanogênicas.

Com base na Tabela 8, verifica-se que a aplicação que resultou em maior volume de

biogás nos percentuais 3% e 6% de óleo foi a 4ª, possivelmente por ainda conter material rico

em carbono não degradado na aplicação anterior, visto que esta não gerou volume

significativo. Os reatores dopados com 9% de óleo resultaram em maior equilíbrio, tanto em

intervalo de tempo entre cada aplicação como em volume de biogás gerado, tendendo a um

volume praticamente constante para cada aplicação de óleo.

4.5 Determinação do percentual com melhor rendimento

Com base nos dados pode-se sustentar, neste caso, que o percentual de óleo com a

melhor aplicabilidade em lodo de estação de tratamento de efluentes em escala laboratorial é

9% do volume total de substrato, o qual gerou média diária e desvio padrão respectivamente,

0,989 ± 0,454 L/dia de biogás e 0,707 ± 0,361 L/dia de metano, totalizando 84,1 L de biogás e

60,1 L de metano, o que corresponde a 560% a mais de biogás que o tratamento Controle .

O tratamento 6% também apresentou geração expressiva, produzindo 0,688 ± 0,479

L/dia de biogás e 0,506 ± 0,367 L/dia de metano, com total de 58,5 L de biogás e 43 L de

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metano, indicando possibilidade de suplementação, mas com incremento ligeiramente menor

se comparado ao 9%. No entanto, o 3% ao ser analisado juntamente com o Controle, também

resultou em ganho tanto na geração de biogás (FIGURA 17) bem como no volume de metano,

demonstrado na Figura 18, porém muito abaixo dos demais percentuais testados.

Figura 17 - Volume médio de biogás acumulado em cada triplicata

Na Figura 18, está representado sob forma de gráfico o volume acumulado de metano

gerado por cada triplicata, e observa-se que o tratamento dosado com 9% de óleo

proporcionou maior incremento. Apesar da diferença em volume, o material dopado com 6%

de óleo também demostrou expressiva geração de biogás, com rendimento proporcional muito

próximo a amostra 9%.

Em todos os casos estudados, o teor de metano manteve-se entre 65% e 80%, caindo

logo após a adição de óleo e retornando a concentração anterior rapidamente. Tal

comportamento também foi evidenciado por Konrad et al. (2010) com o uso de glicerina

residual, porém com intensidade e duração diferente, ou seja, depende do composto carbônico

aplicado.

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Figura 18 – Volume médio de metano acumulado em cada triplicata

4.5.1 Análise estatística

Para fins de observação e validação dos dados obtidos durante o experimento,

realizou-se análise estatística através do software Sisvar 4.6. A Tabela 9 demonstra a

Correlação de Pearson (r) entre o volume de biogás e de metano dos tratamentos Controle,

3%, 6 % e 9 % óleo residual vegetal.

Tabela 9 - Correlação de Pearson (r)

Controle 3 % óleo 6 % óleo 9 % óleo

0,993 0,987 0,996 0,981

Obteve-se forte correlação positiva entre a geração de biogás e de metano em todos os

tratamentos (TABELA 9), sendo que a amostra que recebeu a dopagem de 6 % de óleo

apresentou correlação superior aos demais tratamentos (r=99,6%), o que representa maior

correlação entre a produção de biogás e de metano, ou seja, maior rendimento.

Quanto mais próximo de 1 o número apontado pelo teste, maior será a correlação entre

duas variáveis, ou seja, quando uma se eleva a outra também esboça o mesmo

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comportamento. Em alguns casos pode haver correlação negativa, o que não foi evidenciado

nesta análise, representada por números negativos.

Tabela 10 apresenta a análise de variância da geração de biogás dos grupos Controle,

3%, 6% e 9% de óleo vegetal residual através do teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 10 – Teste de Tukey

Tratamento Média Resultado

Controle 12.957.640 a1

3% 30.835.375 a1

6% 57.911.930

a2

9% 68.632.080 a2

Na coluna “Resultado”, letras seguidas pelo mesmo número não diferem entre si.

Média harmônica do número de repetições (r): 2

Erro padrão: 3265,94472013682 C.V (%): 10,85 n:8

Conforme a Tabela 10 visualiza-se que apenas a suplementação com 3 % não

apresentou ganhos na geração de biogás em comparação a amostra controle e ainda, que não

houve significativa diferença na geração de biogás entre os percentuais 6 % e 9 %, o que

indica que neste caso mesmo aumentando-se o percentual de óleo dosado a geração de biogás

praticamente não se altera estatisticamente.

4.6 Comparação com outros autores

Lansing et al. (2010) aplicou percentuais de 2,5 %, 5 % e 10 % de óleo de cozinha

usado a dejetos suínos e obteve melhor rendimento tanto de biogás quando de metano no

tratamento com menor percentual, o qual proporcionou concentração de metano de 66,9%,

enquanto que nos demais percentuais a relação entre a geração de biogás ocorreu de maneira

inversa. A mesma situação não ocorreu no presente estudo, pois percebeu-se que maiores

percentuais de óleo geraram maior rendimento de biogás e de metano.

Os resultados obtidos corroboram os resultados de Pastor et al. (2013) em que a maior

concentração de óleo resulta em maior rendimento na geração de biogás. Porém, contradizem

o estudo realizado por Rodrigues (2012) ao adicionar óleo e lipase à mistura, o qual descreve

que menores inclusões resultam em maior potencial de geração de biogás.

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Referente a outras fontes de carbono, a partir do presente estudo constatou-se que a

suplementação de óleo vegetal é menos tóxica aos microrganismos do que a glicerina

residual. Em estudo realizado por Konrad et al. (2010), o maior incremento de biogás se deu

com 3% de glicerina, sendo que quantidades maiores geraram acentuado decréscimo no

percentual de metano.

A adição de 6% de glicerina residual também foi feita em dejetos de aves poedeiras

por Minho et al. (2012) e constatou-se que há alterações no teor de metano após o acréscimo

da mesma. Tal situação também ocorre na adição de 6% óleo residual vegetal, porém a queda

não é tão acentuada como o observado nestes estudos. Com isso, faz-se necessário analisar de

maneira mais criteriosa o momento exato das suplementações e o comportamento microbiano.

E ressalta-se ainda, que os cosubstratos podem proporcionar resultados diferentes dependendo

do tipo de substrato utilizado.

Outro aspecto interessante ao comparar os dados é a queda de produção de biogás e

concentração de metano no dia seguinte à aplicação. Este comportamento pode ser

classificado com período de adaptação ao novo substrato, pois as características do meio

foram alteradas subitamente, ocorrendo principalmente a primeira etapa do processo de

biodigestão anaeróbia (hidrólise), na qual não há volatilização do substrato.

Isto indica, neste caso, que o óleo é mais facilmente assimilado que a glicerina,

podendo gerar subprodutos menos tóxicos para os microrganismos, não havendo inibição das

fases seguintes do processo. Nos reatores alimentados com óleo a queda de geração de biogás,

bem como teor de metano, não é tão brusca quanto nos reatores com adição de glicerina.

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5 CONCLUSÃO

O presente assunto mostrou-se promissor tendo em vista a característica dos resíduos

em questão, que apresentam potencial poluidor (óleo e lodo), bem como o mecanismo de

tratamento com geração de energia sob forma de biometano. O rendimento destes materiais

codigeridos foi satisfatório neste caso, confirmando a eficácia da aplicação de óleo de cozinha

em lodos de estação de tratamento de efluentes.

A partir dos resultados obtidos é possível determinar o percentual de adição de óleo

que obteve maior geração de biogás, neste caso, consequentemente maior volume de metano.

Os reatores alimentados com 9% de óleo apresentaram maior produção de biogás, sendo que o

experimento, para estes reatores, ainda estavam gerando uma certa quantidade de biogás no

momento da análise dos dados.

Neste contexto, pesquisas mais aprofundadas podem ser realizadas para confirmar os

resultados obtidos, bem como testar novos substrato para a suplementação e percentuais

diferentes. O período entre as adições pode ser ajustado para diminuir tempo de detenção

hidráulica do reator, com isso otimizando a produção de biogás para fins energéticos.

Experimentos futuros objetivando testar óleo residual vegetal com nível de saturação e

exposição à fritura maior, provenientes de estabelecimentos comerciais como restaurantes e

lancheiras, pois o comportamento nessas condições pode mudar, devido a maior concentração

de sais e outras substâncias toxicas aos microrganismos envolvidos na geração de biogás.

Outra questão bastante interessante para futuras pesquisas seria a avaliação de

percentual limite para adição de óleo, pois os percentuais utilizados neste trabalho foram

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estipulados com base na suplementação com glicerina, sendo 9% o limite superior de adição,

em muitos casos inviabilizando a produção de biogás quando adicionada nesta proporção.

Com o óleo, o maior percentual testado obteve rendimento superior, não inibindo o processo

em nenhuma das aplicações. Sugere-se aplicações em porcentagens superiores a 9% para

verificar o quanto de óleo pode-se aplicar no reator sem prejudicar a geração.

Estudos mais aprofundados sobre equilíbrio de relação C/N com resíduos também

podem ser relevantes neste caso. Por exemplo, utilizar resíduos que separadamente não

possuem rendimento satisfatório, mas quando codigeridos produzem grande quantidade de

biogás. Geralmente, alguns tipos de resíduos são constituídos de altas cargas de nitrogênio,

mas ao combiná-los com materiais ricos em carbono pode resultar em incremento na geração

de biogás e metano.

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