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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ESPESSAMENTO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA: AVALIAÇÃO DA SEDIMENTAÇÃO E FLOTAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Manoel Maraschin Santa Maria, RS, Brasil 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ESPESSAMENTO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA: AVALIAÇÃO DA

SEDIMENTAÇÃO E FLOTAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Manoel Maraschin

Santa Maria, RS, Brasil 2016

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ESPESSAMENTO DO LODO DE ESTAÇÃO DE

TRATAMENTO DE ÁGUA: AVALIAÇÃO DA

SEDIMENTAÇÃO E FLOTAÇÃO

por

Manoel Maraschin

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil, Área de Concentração em Recursos Hídricos, da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil

Orientador: Prof. Dr. Elvis Carissimi

Santa Maria, RS, Brasil 2016

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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia

Curso de Engenharia Civil

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

ESPESSAMENTO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA: AVALIAÇÃO DA

SEDIMENTAÇÃO E FLOTAÇÃO

elaborado por

Manoel Maraschin

como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof. Dr. Elvis Carissimi (Presidente/Orientador)

Prof. Dr.ª Andressa de Oliveira Silveira (UFSM) (Avaliadora)

Prof. Evelyn Paniz (UFSM) (Avaliadora)

Santa Maria, 29 de Junho de 2016.

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AGRADECIMENTOS

Simplesmente agradecer não é o suficiente para demonstrar o sentimento de

gratidão que atribuo aos meus pais bem como minha avó e minha irmã que ao longo

desta caminhada pela engenharia terem me incentivado e apoiado e principalmente

estimulado a prosseguir com meus sonhos, mesmo quando das dificuldades

surgiram durante essa caminhada. Por vocês terei sempre o maior respeito e amor.

Ao professor Elvis Carissimi, pela orientação, confiança, conhecimentos e

experiências compartilhadas, sempre com paciência e dedicação aos diversos

questionamentos que surgiram, tornando possível a conclusão deste trabalho. Sou

grato pela oportunidade de aprendizado e também amadurecimento ao longo deste

período de convivência.

A minha querida amiga Keila expresso gratidão em especial a sua infinita

paciência nos ensinamentos práticos realizados bem como materiais

disponibilizados.

Aos meus colegas de graduação, muitos se tornaram verdadeiros amigos

possibilitando que esta jornada torna-se mais proveitosa, levarei vocês para toda

vida.

Ao Laboratório de Engenharia e Meio Ambiente (LEMA), representado pela

professora Débora, agradeço pela oportunidade de dispor do ambiente de pesquisa.

Por fim, quero agradecer a todos que foram envolvidos e de alguma forma

contribuíram na condução deste trabalho.

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RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Engenharia Civil

Universidade Federal de Santa Maria

ESPESSAMENTO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA: AVALIAÇÃO DA SEDIMENTAÇÃO E FLOTAÇÃO

AUTOR: MANOEL MARASCHIN

ORIENTADOR: PROF. DR. ELVIS CARISSIMI Data e Local da Defesa: 29 de Junho de 2016, Santa Maria, RS.

A geração de lodo em estações de tratamento de água (ETAs) ocorre durante as sucessivas etapas de remoção de impurezas desenvolvidas nestas unidades para conferir potabilidade à água a ser utilizada no abastecimento. Os lodos de ETAs são resíduos que apresentam grande quantidade de água além de outros constituintes orgânicos e inorgânicos. A primeira etapa de tratamento dos lodos é o espessamento, que visa à redução do volume da água no lodo aumentando a concentração de sólidos. O objetivo principal deste trabalho foi avaliar o espessamento por sedimentação e por flotação a ar dissolvido (FAD) do lodo da ETA de São Gabriel - RS. Foram utilizados três distintos polímeros em testes de jarros, a turbidez remanescente da água clarificada após os testes conduziu a utilização dos polímeros utilizados nos ensaios de espessamento. Os parâmetros envolvidos na pesquisa para avaliar os dois métodos utilizados foram a turbidez da água clarificada e a concentração de sólidos no lodo após os ensaios. Para estimativa da produção do lodo foi utilizado uma equação empírica, a produção acumulada durante doze meses de operação foi de 141,33 toneladas de lodo. Quanto aos aspectos qualitativos do lodo foi realizada a caracterização, bem como a classificação dos resíduos segundo a NBR 10.0004 de 2004, os resultados mostraram que o lodo se caracteriza como Classe II A – Não Inerte. Os estudos de espessamento resultaram em uma concentração máxima de sólidos de 7,10% para a dosagem de 1,5 mg pol/gSST do polímero catiônico no ensaio de sedimentação. Para a FAD a porcentagem máxima de sólidos totais registrada foi atingida com a dosagem de 5,0 mg pol/gSST do polímero catiônico e taxa de reciclo de 50% bem como pressão de saturação de 6 atm. Os resultados mostraram que a utilização de polímeros no tratamento dos resíduos da ETA torna-se importante, pois aumentou consideravelmente a eficiência do processo de espessamento tanto por FAD quanto pela sedimentação. Palavras-chave: ETA. Espessamento de lodo. FAD. Polímeros.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Principais tecnologias de tratamento de água para consumo. ................... 14

Figura 2 : Sistema de tratamento de água de ciclo completo. ................................... 16

Figura 3: Distribuição das frações da água em um floco de lodo de uma ETA. ........ 18

Figura 4: Ensaio de clarificação/adensamento de lodo. ............................................ 25

Figura 5: Corte de um sistema de leito de secagem. ................................................ 28

Figura 6: Alternativas de disposição dos resíduos de ETAs em percentual. ............. 34

Figura 7: Estação de tratamento de água de São Gabriel ........................................ 36

Figura 8: Cortina de distribuição da ETA. .................................................................. 37

Figura 9: Limpeza dos decantadores. ....................................................................... 38

Figura 10: Fluxograma dos procedimentos laboratoriais desenvolvidos. .................. 39

Figura 11: Fluxograma para caracterização dos resíduos sólidos. ........................... 41

Figura 12: Teste de jarros com 6 unidades e capacidade individual de 2 L. ............. 42

Figura 13: Ensaio de sedimentação. ......................................................................... 43

Figura 14: Câmara de saturação e célula de flotação. .............................................. 45

Figura 15: Produção mensal de lodo. ........................................................................ 47

Figura 16: Produção acumulada de lodo gerado na ETA de São Gabriel – RS. ....... 47

Figura 17: Valores médios da turbidez da água clarificada posterior ao ensaio de espessamento. .......................................................................................................... 52

Figura 18: Curvas de adensamento por sedimentação do lodo condicionado com polímero catiônico. .................................................................................................... 53

Figura 19: Curvas de adensamento por sedimentação do lodo condicionado com polímero aniônico. ..................................................................................................... 54

Figura 20: Valores médios da turbidez da água clarificada após ensaio de espessamento por FAD. ............................................................................................ 55

Figura 21: Curvas de espessamento por FAD, com taxa de recirculação de 40 e 50%, do lodo condicionado com polímero catiônico. ................................................. 56

Figura 22: Teor de sólidos no lodo após ensaios de espessamento por FAD e sedimentação. ........................................................................................................... 57

Figura 23: Turbidez remanescente na água clarificada após ensaios de espessamento por FAD e sedimentação com uso de polímeros. ............................. 58

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Variáveis físico-químicas para o lodo das ETAs de São Carlos, Araraquara e Rio Claro. ............................................................................................................... 17

Tabela 2: Estimativa da produção de sólidos em razão do tipo de manancial. ......... 19

Tabela 3: Faixas usuais dos parâmetros de projeto de adensadores por gravidade. 24

Tabela 4: Parâmetros usuais para projetos de adensadores por flotação. ............... 26

Tabela 5: Resultados físico-químicos dos ensaios de espessamento por flotação e por gravidade ............................................................................................................ 27

Tabela 6: Produção de lodo na ETA de São Gabriel, quantificação segundo a equação empírica da AWWA. ................................................................................... 46

Tabela 7: Caracterização do lodo do decantador. ..................................................... 48

Tabela 8: Resultados das análises químicas do ensaio de Lixiviação. ..................... 49

Tabela 9: Resultados das análises químicas do ensaio de Solubilização. ................ 49

Tabela 10: Turbidez da água clarificada após ensaios em Teste de Jarros para diferentes polímeros. ................................................................................................. 50

Tabela 11: Teor de sólidos no lodo adensado por sedimentação. ............................ 52

Tabela 12: Teor de sólidos no lodo adensado por FAD. ........................................... 55

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASCE − American Society of Civil Engineers AWWA − American Water Work Association C – Compressão DBO − Demanda bioquímica de oxigênio DQO − Demanda química de oxigênio ETA – Estação de tratamento de água ETE – Estação de tratamento de esgoto FAD – Flotação por ar dissolvido

− Parâmetro de espessamento IBGE − Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PAC − Cloreto de polialumínio pH–Potencial Hidrogeniônico PNSB − Pesquisa Nacional de Saneamento Básico SGS – São Gabriel Saneamento SI − Sedimentação impedida SS − Sólidos em suspensão ST − Sólidos totais SV − Sólidos voláteis T – Transição TAS − Taxa hidráulica de aplicação superficial TCS − Taxa de aplicação (ou de carga) de sólidos UFSM– Universidade Federal de Santa Maria

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 12

2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 12

2.2 Objetivos específicos........................................................................................ 12

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 13

3.1 Tecnologias de Tratamento .............................................................................. 13

3.1.1 Sistemas de Tratamento Convencional ou de Ciclo Completo ......................... 14

3.2 Características dos Resíduos Produzidos em ETAs de Ciclo Completo ..... 16

3.2.1 Aspectos Qualitativos do Lodo ......................................................................... 16

3.2.2 Aspectos Quantitativos do Lodo ....................................................................... 18

3.3 Metodologias de Quantificação do Lodo ........................................................ 20

3.3.1 Determinação em Campo ................................................................................. 20

3.3.2 Equações Empíricas ........................................................................................ 20

3.4 Legislação e Gestão Ambiental em uma ETA ................................................. 21

3.5.1 Espessamento do lodo de ETA ........................................................................ 23

3.5.1.2 Espessamento do lodo por flotação por ar dissolvido ................................... 25

3.5.2 Desidratação ou desaguamento do lodo .......................................................... 27

3.5.2.1 Sistemas naturais de desidratação ............................................................... 27

3.5.2.2 Sistemas mecânicos de desidratação ........................................................... 29

3.6 Descarte dos resíduos das estações de tratamento de água ....................... 30

3.6.1 Disposição em aterro........................................................................................ 31

3.6.2 Aplicação no solo ............................................................................................. 31

3.6.3 Uso na indústria cimenteira .............................................................................. 32

3.6.4 Uso na fabricação de material cerâmico .......................................................... 33

3.6.5 Disposição em estação de tratamento de esgoto (ETE) .................................. 33

3.6.6 Situação brasileira quanto à disposição dos resíduos gerados em ETAs ........ 33

4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 35

4.1 Etapa de campo .................................................................................................. 35

4.1.1 Coleta das amostras ........................................................................................ 37

4.2 Etapa laboratorial ................................................................................................ 38

4.2.1 Avaliação quantitativa do lodo .......................................................................... 39

4.2.2 Caracterização qualitativa do lodo e classificação segundo as normas da ABNT .................................................................................................................................. 39

4.2.3 Ensaios em Teste de Jarros para escolha dos polímeros ................................ 41

4.2.4 Ensaios de espessamento do lodo ................................................................... 43

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4.2.4.1 Espessamento do lodo pela sedimentação ................................................... 43

4.2.4.2 Espessamento do lodo por FAD .................................................................... 44

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 46

5.1 Avaliação quantitativa do lodo ......................................................................... 46

5.2 Caracterização qualitativa do lodo e classificação segundo as normas da ABNT ........................................................................................................................ 48

5.3 Ensaios em Teste de jarros para escolha dos polímeros .............................. 50

5.4 Ensaios de espessamento do lodo .................................................................. 51

5.4.1 Espessamento do lodo pela sedimentação ...................................................... 51

5.4.2 Espessamento do lodo por FAD ....................................................................... 54

5.5 Discussão e avaliação dos processos de espessamento do lodo pela FAD e sedimentação. ......................................................................................................... 56

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 59

6.1 Conclusão .......................................................................................................... 60

6.2 Sugestões para pesquisas futuras .................................................................. 60

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61

APÊNDICE A – TURBIDEZ DA ÁGUA CLARIFICADA EM ENSAIOS DE ADENSAMENTO POR SEDIMENTAÇÃO................................................................ 65

APÊNDICE B – ALTURA DA INTERFACE LODO/ÁGUA CLARIFICADA EM ENSAIO SEDIMENTAÇÃO COM POLIMERO CATIÕNICO. ................................... 66

APÊNDICE C – ALTURA DA INTERFACE LODO/ÁGUA CLARIFICADA EM ENSAIO POR SEDIMENTAÇÃO COM POLÍMERO ANIÔNICO. ............................. 67

APÊNDICE D – TURBIDEZ DA ÁGUA CLARIFICADA APÓS ENSAIOS DE ESPESSAMENTO. ................................................................................................... 68

APÊNDICE E – ALTURA DA INTERFACE LODO/ÁGUA CLARIFICADA POR FAD. .................................................................................................................................. 69

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1 INTRODUÇÃO

O processamento da água bruta, realizada em estações de tratamento de

água (ETAs), envolve inúmeras operações e processos para garantir que os padrões

de potabilidade da Portaria nº 2.914 (Brasil, 2011) sejam atendidos. Nestas estações

ocorre a remoção de organismos patogênicos e substâncias orgânicas e inorgânicas

prejudiciais à saúde humana.

Nesse contexto, são empregadas em larga escala as estações de ciclo

completo ou também denominadas estações convencionais, onde ocorrem às

etapas de coagulação, floculação, decantação ou flotação, filtração e

desinfecção/fluoretação. Estas operações têm como consequência a geração de

resíduos denominados lodos, principalmente nas unidades de decantação ou

flotação e durante a etapa de retro lavagem dos filtros.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da

publicação da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), em 2008 o

número de ETAs no Brasil era de 6040 unidades, onde cerca de 57.106 m3/dia de

água são tratados. Do montante de ETAs existentes, as convencionais de ciclo

completo são responsáveis pelo tratamento de 39,3.106 m3/dia. Souza Filho e Di

Bernardo (1999) afirmam que o volume de lodo produzido nestas estações de

tratamento de água está na faixa de 1 a 5% do volume da água tratada.

No Brasil, são restritas as medidas que tratam dos lodos das ETAs, sendo

que a maioria, cerca de 70% segundo a PNSB de 2008, não têm se preocupado

com destinação final para os resíduos produzidos. Desta forma, rios ainda são

usados como receptores do lodo das estações, conduzindo a uma situação

conflitante do ponto de vista legal e ambiental.

A NBR 10.004:2004 classifica o lodo gerado no processo de tratamento de

água como resíduo sólido, logo, sua disposição in natura no meio ambiente é vetada

pela Lei nº 12.305 (Brasil, 2010) que define a destinação e disposição final dos

resíduos sólidos.

Ainda, a Política Nacional dos Recursos Hídricos – Lei nº 9.433 (Brasil, 1997)

e a lei de Crimes Ambientais – Lei nº 9.605 (Brasil, 1998), exigem dos gestores das

ETAs uma forma de gerenciamento adequado quanto à destinação correta dos

resíduos produzidos e o não cumprimento de tais medidas pode resultar em

responsabilidades penais aos envolvidos.

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Para Cordeiro (2001) um dos principais problemas enfrentados para

atendimento a padrões legais quanto à disposição dos lodos de ETAs está na

redução do volume do lodo produzido ou na redução dos volumes a serem

dispostos. Ainda, segundo Cordeiro (1999), a umidade presente em uma amostra de

lodo pode ultrapassar o valor de 95%. Logo, alternativas que buscam uma redução

do volume da água resultam em melhoria no processo de disposição dos resíduos.

Neste trabalho, foi avaliada a primeira etapa envolvendo o sistema de

tratamento de lodo de ETAs convencionais, conhecido por espessamento ou

adensamento de lodo. Para Reali e Patrizzi (1999) nesta etapa ocorre a separação

de parte da água, facilmente removível do lodo, o que possibilita uma redução

volumétrica deste, objetivando também menores investimentos em etapas

posteriores de desidratação e disposição.

Os testes de adensamento, bem como as demais avaliações, foram

realizados com lodo da ETA de São Gabriel – RS, operada pela empresa São

Gabriel Saneamento.

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2. OBJETIVOS

Neste capítulo serão descritos os objetivos deste trabalho, as avaliações

realizadas com o lodo da ETA de São Gabriel – RS desenvolvidas na pesquisa.

2.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho foi avaliar o espessamento do lodo da ETA de

São Gabriel – RS, utilizando a flotação a ar dissolvido (FAD) e a sedimentação,

visando um comparativo entre os dois processos a partir de dados coletados por

meio de ensaios de bancada.

2.2 Objetivos específicos

Caracterizar qualitativa e quantitativamente os resíduos gerados na

ETA de São Gabriel;

Avaliar a eficiência de diferentes tipos de polímeros a serem

empregados no espessamento do lodo;

Avaliar o espessamento do lodo por sedimentação e por FAD, em

escala de bancada, nas condições operacionais de cada uma das técnicas de

espessamento.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A presente revisão bibliográfica encontra-se distribuída em cinco partes: a

primeira referente aos métodos empregados no tratamento de água. A segunda e

terceira parte da revisão é sobre as características quantitativas e qualitativas dos

resíduos produzidos em ETAs de ciclo completo. A quarta parte trata da legislação e

gestão dos resíduos produzidos. Finalmente, a quinta parte da revisão é sobre os

descartes dos resíduos das ETAs.

3.1 Tecnologias de Tratamento

A Lei Federal 11.445 (Brasil, 2007) estabelece diretrizes nacionais para o

saneamento básico e para a Política Federal de Saneamento Básico. Esta lei define

saneamento básico como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações

operacionais de esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos,

drenagem e manejo das águas pluviais urbanas e abastecimento de água potável.

O sistema de abastecimento de água potável compreende a captação e

adução da água bruta, o tratamento, a reservação, distribuição e as ligações

prediais.

Neste contexto as estações de tratamento de água são essenciais para o

controle da poluição da água captada em mananciais superficiais, já que em seu

estado natural podem não atender aos requisitos de potabilidade exigíveis

(RICHTER, 2001).

Diferentemente do tratamento de águas residuais, em que se utilizam

principalmente ações biológicas, o tratamento da água para abastecimento humano

é, em geral, um combinado de processos físico-químicos (LIBÂNIO, 2010). Segundo

Di Bernardo (1995) existem dois tipos de tecnologias empregadas: as que utilizam

coagulação química e outro grupo onde tal procedimento não é utilizado. Na Figura

1 encontram-se as duas tecnologias de tratamento de água citadas assim como os

seus subgrupos que compõem os principais meios utilizados na potabilização da

água.

A filtração lenta compõe o grupo que não utiliza coagulação química. Esta

técnica é indicada para uso em pequenas comunidades por ser um processo de

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purificação simples. O funcionamento é baseado na retenção de grande parte das

impurezas em uma camada de areia pela qual a água se deslocará.

Nos procedimentos que utilizam a coagulação química cita-se a filtração

direta, onde as unidades de decantação não são usadas e muitas vezes até os

floculadores são dispensados. Os coagulantes são usados em menores

concentrações, se comparado a um sistema convencional (REALI, 1999). Para

Campos, Reali e Daniel (2001), é possível adotar a filtração direta, desde que

acompanhado ao longo do ano a qualidade da água do manancial que se quer fazer

uso. Se ao longo deste período for mantida a qualidade da água sem grandes

variações é possível se utilizar desta técnica.

Figura 1: Principais tecnologias de tratamento de água para consumo.

Fonte: Di Bernardo e Dantas (2005).

3.1.1 Sistemas de Tratamento Convencional ou de Ciclo Completo

Cordeiro (1999) conclui ser o sistema de tratamento convencional o mais

difundido no mundo. Nas estações de tratamento convencionais, há uma sequência

clássica dos processos de coagulação, floculação, decantação ou flotação, filtração

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e desinfecção. Através destas operações é possível alterar a qualidade da água,

conferindo adequada condição sanitária de seu uso pela população.

Em relação aos procedimentos desenvolvidos no interior da ETA, inicia-se

pela coagulação química, onde é adicionado, junto à unidade de mistura rápida, um

determinado tipo de coagulante, geralmente sais de ferro ou sulfato de alumínio.

Para Azevedo et al. (1987), nesta etapa ocorre a formação de coágulos devido à

reação do coagulante, o que resulta em um estado de equilíbrio eletrostaticamente

instável das partículas.

O próximo estágio do tratamento é o da floculação, responsável pelo

agrupamento das partículas eletricamente desestabilizadas, formando uma massa

com peso específico maior que o da água, também chamada de floco, sendo sua

junção facilitada pela agitação do meio, criando maior contato entre as partículas.

Após a formação dos flocos é necessária sua remoção, operação esta

realizada nas unidades de sedimentação ou flotação, neste momento ocorre a

separação líquido-sólido. A sedimentação é um processo físico onde partículas

agregadas e com densidade maior que o meio liquido tendem a desenvolver um

movimento descendente atingindo o fundo do decantador, apenas pela ação da

gravidade. Já as ETAs de ciclo completo em que se substituem os decantadores por

unidades de flotação a ar dissolvido, os resíduos gerados desenvolvem um

movimento ascensional, possibilitado pela ação do ar dissolvido injetado ao tanque

de flotação.

Como nem todos os flocos sedimentam, a água decantada é enviada para as

unidades de filtração, consideradas como o processo final da remoção de impurezas

na ETA. Assim, uma grande parcela dos resíduos fica retida nos decantadores e

outra parte nos filtros. Por fim, tem-se a desinfecção, com o objetivo de eliminar

organismos patogênicos capazes de resultar em doenças aos consumidores.

A Figura 2 apresenta em leiaute um sistema de tratamento de água

convencional por sedimentação.

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Figura 2 : Sistema de tratamento de água de ciclo completo.

Fonte: http://www.samaemogiguacu.com.br/eta.htm

3.2 Características dos Resíduos Produzidos em ETAs de Ciclo Completo

Os resíduos oriundos de ETAs são compostos de uma fase sólida e outra

líquida, tendo a água da lavagem dos filtros, o lodo dos decantadores e o rejeito de

limpeza dos tanques de produtos químicos como principais fontes de sua formação

(CORDEIRO, 1999). Segundo Grandin (1992), a origem destes resíduos deve-se a

presença de impurezas na água bruta e dos insumos químicos adicionados na etapa

de coagulação.

3.2.1 Aspectos Qualitativos do Lodo

Diversos estudos mostram dados sobre as características dos lodos gerados

em ETAs, nos quais se analisa os parâmetros tradicionais de DBO (demanda

bioquímica de oxigênio), DQO (demanda química de oxigênio), pH (potencial

hidrogeniônico), ST (sólidos totais), SV (sólidos voláteis) e SS (sólidos em

suspensão), assim como concentrações dos metais presentes nos sólidos. Todas

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estas verificações resultam em grande variabilidade de dados, demonstrando a

necessidade de individualizar as diversas situações para melhor caracterização dos

resíduos, bem como avaliar impactos ambientais, técnicas de remoção da água e a

disposição final. A Tabela 1 apresenta valores característicos do lodo de

decantadores de três ETAs analisadas por CORDEIRO (2001).

Tabela 1: Variáveis físico-químicas para o lodo das ETAs de São Carlos, Araraquara e Rio Claro.

Parâmetros Araraquara Rio Claro São Carlos

Concentração de sólido em % 0,14 5,49 4,68

Ph 8,83 7,35 7,2

Cor (uC) 10605 − −

Turbidez (uT) 924 − −

DQO (mg/l 140 5450 4800

Sólidostotais (mg/l) 1620 57400 58630

Sólidos em suspensos (mg/l) 775 15330 26520

Sólidosdissolvidos (mg/l) 845 42070 32110

Alúminio (mg/l) 2,16 30 11100

Zinco (mg/l) 0,1 48,53 4,25

Chumbo (mg/l) 0 1,06 1,6

Cádmio (mg/l) 0 0,27 0,02

Níquel (mg/l) 0 1,16 1,8

Ferro (mg/l) 214 4200 5000

Manganês (mg/l) 3,33 30 60

Cobre (mg/l) 1,7 0,91 2,06

Cromo (mg/l) 0,19 0,86 1,58

Observação: Os valores de turbidez e de cor para lodos mais concentrados não têm sentido de avaliação. Fonte: Cordeiro (2001)

Outro aspecto importante refere-se ao tamanho das partículas, sendo

classificado como parâmetro não tradicional, mas necessário para caracterização

dos lodos, pois influencia significativamente na redução do volume da água. Se

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houver predomínio de partículas com dimensões reduzidas, haverá dificuldade de

remoção da água livre, implicando em aumento da resistência específica, que é o

parâmetro usado para avaliar a passagem do líquido através de uma massa sólida.

Uma maior resistência especifica resulta em menor capacidade de filtração

da água (CORDEIRO, 1999). Reali (1999) apresenta valores de resistência

especifica a filtração entre 5.10¹² e 79.10¹² m/kg para lodos de decantadores,

enquanto que os lodos da lavagem dos filtros resultam na faixa de 0,1 a 15.10¹²

m/kg.

Smollen e Kafaar (1994) apud Reali (1999) alertam para as diferentes formas

físicas da água no lodo, implicando maior ou menor dificuldade da separação da

fase liquida da sólida.

A Figura 3 apresenta um modelo fracionário de distribuição da água em um

floco de lodo. Deve-se salientar que dentre estas frações apenas a água livre é

facilmente removida do lodo (DI BERNARDO, DANTAS e VOLTAN, 2012).

Figura 3: Distribuição das frações da água em um floco de lodo de uma ETA.

Fonte: Smollen e Kafaar, (1994).

3.2.2 Aspectos Quantitativos do Lodo

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19

A quantidade e as características dos lodos gerados em ETAs variam de

acordo com a concentração de impurezas presentes na água a ser tratada, bem

como o tipo e a dosagem dos produtos químicos que se fará uso. Do mesmo modo,

o lodo obtido do decantador apresentará dados distintos se comparado ao material

obtido nos filtros. Estas diferenciações ocorrem tanto no volume dos resíduos

produzidos quanto nas concentrações de sólidos. Dessa forma, Ferreira Filho e

Sobrinho (1998), informam a necessidade de particularizar a produção das unidades

geradoras em um processo de análise.

Para o conhecimento real da produção de lodo resultante do tratamento da

água bruta é essencial saber a massa de sólidos secos presente no lodo e o volume

de água descartada no processo juntamente com os sólidos, também designado por

teor de sólidos.

O teor de sólidos presentes no lodo do decantador apresenta valores na faixa

de 0,1% a 2%. Segundo Reali (1999), a maioria das descargas resulta em valores

abaixo de 1%. Já para a água de lavagem dos filtros Richter (2001) avalia valores

entre 0, 004% a 0,1%. Doe (1990) relacionou a produção de sólidos secos ao tipo de

água que será tratada, conforme apresentado na Tabela 2.

Tabela 2: Estimativa da produção de sólidos em razão do tipo de manancial.

Tipo de Manancial Faixa de Resíduos (g de Sólidos por m³ de Água Tratada)

Água de reservatório com boa qualidade

12 – 18

Água de reservatório com média qualidade

18 – 30

Água de rios com qualidade média 24 – 36

Água de reservatório com qualidade ruim

30 – 42

Água de rios com qualidade ruim 42 – 54

. Fonte: DOE (1990).

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3.3 Metodologias de Quantificação do Lodo

Quantificar o lodo é fundamental para o planejamento e funcionamento das

unidades geradoras, e definição das operações de tratamento e disposição

adequada dos resíduos.

Com o intuito de fornecer dados mais precisos, Di Bernardo e Dantas (2005)

afirmam ser desejável, para estações em fase de projeto, realizar ensaios de teste

de jarros ou ensaios em estações piloto por período mínimo de um ano, onde serão

avaliadas as características da água bruta através da produção dos resíduos. Outra

alternativa na fase de projeto para determinação da produção de lodo refere-se à

utilização de equações empíricas. Para estações de tratamento existentes pode-se

estimar a produção do lodo havendo conhecimento da vazão das mesmas e dos

sólidos presentes na água captada ou da turbidez da água.

Segundo Cornwell (1987), os resultados para obter-se a produção global de

resíduos sólidos em uma ETA poderão ser com o uso de equações empíricas,

método de análise de balanço de massa ou pela determinação em campo.

3.3.1 Determinação em Campo

Neste estudo, os decantadores são divididos em seções longitudinais e

avalia-se a quantidade de lodo com equipamento específico. O maior número de

verificações deve ocorrer no primeiro terço do decantador, pois se considera que

neste local haverá uma maior quantidade de lodo depositado. Deverá ser adotado,

no primeiro terço, verificações de metro a metro, no segundo de 3 em 3 metros e

para o terço final de 5 em 5 metros. A análise consiste em relacionar o nível da água

no decantador com a espessura do lodo neste ponto. O próximo procedimento é

coletar uma amostra de lodo no local e encontrar a porcentagem de sólidos secos

nas diversas seções de estudo (FONTANA, 2004).

3.3.2 Equações Empíricas

Existem diversas equações empíricas para estimativa da produção global de

resíduos sólidos gerados em ETAs. No Quadro 1 estão relacionadas algumas destas

equações.

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Quadro 1: Equações para quantificação da produção de resíduos sólidos em ETAs

Equação Detalhamento

:Water Research Center - WCR (1979)

P – produção de sólidos (kg de matéria seca/m3 de água bruta tratada) SS – sólidos em suspensão na água bruta (mg/L) C – cor na água bruta (ºH) H – hidróxido coagulante (mg/L) A – outros aditivos, tal como o polímero (mg/L) W – quantidade de sólidos secos (kg/dia) Q – vazão de água bruta tratada (m3/s)

.

American Water Work Association - AWWA (1978)

P – produção de sólidos (kg de matéria seca/m3 de água bruta tratada) T – turbidez da água bruta

W – quantidade de sólidos secos (kg/dia) Q – vazão de água bruta tratada (m3/s)

Equação de CORNWELL (1987) adaptada por CORDEIRO (1993)

P – produção de sólidos (kg de matéria seca / m³ de água bruta tratada) AS – dosagem de sulfato de alumínio (mg/L) T – turbidez da água bruta W – quantidade de sólidos secos (kg/dia) Q – vazão de água bruta tratada (m³ / s) A – outros aditivos, tal como o polímero (mg/L)

3.4 Legislação e Gestão Ambiental em uma ETA

A gestão de um sistema de tratamento de água deve englobar todas as

especificidades do processo, desde a captação da água, o tipo de produtos químicos

empregados no tratamento, a geração de resíduos, sua disposição final e

consequentes ações de proteção ao manancial. Ao negligenciar alguma destas

especificidades acaba-se influenciando todo o processo.

Parsekian (1998), afirma que a visão gerencial dentro da ETA é incipiente. A

administração procura conduzir as operações e processos de tratamento de forma a

produzir água que atenda aos requisitos de qualidade requeridos pela legislação, o

que é importante, porém, a visão dos gestores precisa ser abrangente,

contemplando os demais pontos da legislação pertinentes ao assunto. No Quadro 2

são apresentados alguns itens da legislação que devem envolver o gerenciamento

das ETAs.

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O descarte dos resíduos sem tratamento prévio pode ser visto como uma

falha na gestão que envolve o sistema de tratamento. Além de a empresa

desrespeitar a legislação ambiental tem-se uma sucessão de problemas, pois os rios

como principais fornecedores de água para as estações também realizam o papel,

muitas vezes, de receptores dos resíduos gerados. Desta forma aumenta-se a

poluição e cada vez mais demandará custos para potabilização da água resultando

em maior geração de resíduos.

Quadro 2: Aspectos legais de gestão em um sistema de tratamento de água

Legislação

Descrição

Lei nº 6938, de 1981 Dispõe Sobre a Política Nacional de Meio Ambiente .

Resolução do Conama

nº 357, de 2005

Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

Resolução do Conama

nº 237, de 1997

Dispõe sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental, necessário para implantação dos sistemas de tratamento de água.

Leinº 9433, de 1997

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. “... outorga pelo poder público do direito de uso dos recursos hídricos, para fins de consumo final, insumo de processo produtivo ou lançamento de resíduos, entre outros usos”.

Lei nº 9605, de 1998 Lei dos Crimes Ambientais.

ABNT NBR 10004:2004

Dispõe sobre a definição e classificação de resíduos sólidos “..ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água .. ”

Lei nº 12305, de 2010

Define resíduos sólidos, e nesta definição se enquadram os resíduos gerados em ETAs.

3.5 Tecnologias de tratamento dos resíduos das ETAs

A preocupação com o tratamento e lançamento de resíduos de ETAs ocorreu

inicialmente nos Estados Unidos em 1930, onde uma promulgação da Water Quality

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Act (WQA) advertia para o descarte zero. Entretanto não se dispunha de técnicas e

procedimentos, requerendo estudos para formação da consciência sobre o problema

(CORDEIRO, 1993).

Assim, se passou a avaliar técnicas que objetivam reduzir a concentração da

água nos lodos de forma a viabilizar a disposição correta dos resíduos das ETAs,

levando a criação de diversas tecnologias. A escolha do método que será utilizado

deve levar em conta as características do lodo, as condições climáticas, além de

fatores propostos por Reali (1999), como o custo da área para implantação do

projeto, distâncias de transporte até o destino final, custo de equipamentos e

capacitação dos profissionais.

3.5.1 Espessamento do lodo de ETA

O espessamento do lodo é a primeira etapa de remoção da água dos

resíduos das ETAs, sendo um processo preparatório para posterior condicionamento

e desidratação. Reali (1999) comenta que nesta etapa ocorre remoção de parte da

água do lodo facilitada pelo uso de polímeros, possibilitando uma redução do volume

e, consequentemente, otimização dos processos subsequente de desidratação.

Outro aspecto importante do espessamento, proposto por Ferreira Filho (1997), trata

da recomendação dos fabricantes de equipamentos mecânicos de desidratação para

que o lodo entre nestes equipamentos com uma concentração de ST na ordem de

2%.

Para esta primeira etapa de tratamento do lodo poderá ser empregado

espessador por gravidade (sedimentação) ou por flotação. A escolha da unidade

deve pautar-se em avaliações laboratoriais ou em escala-piloto, de forma a amostrar

o lodo a ser espessado, tendo em vista a grande variabilidade das características

dos resíduos.

3.5.1.1 Espessamento do lodo por gravidade (Sedimentadores)

As unidades de espessamento de lodos por gravidade são as mais usadas

atualmente. O projeto pode ter por base a experiência de outras unidades, desde

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que em situações semelhantes, ou através dos resultados de ensaios em laboratório

ou escala-piloto. Os principais parâmetros envolvidos no projeto de unidades de

espessamento por gravidade com escoamento contínuo descritos por Reali e

Patrizzi (1999) são:

− Taxa hidráulica de aplicação superficial (TAS): valor máximo de vazão de

lodo aplicada por unidade de área útil (em planta) do adensador (m³ de lodo/m² de

área. d);

− Taxa de aplicação (ou de carga) de sólidos (TCS): define o fluxo de sólidos

aplicados por unidade de área útil (em planta) do adensador. Expressa o resultado

em termos de massa seca (kg) de sólidos suspensos totais aplicados por unidade de

tempo (dia), por unidade de área (m²) de adensador (kg de SST/m². d).

Tanto a TAS quanto a TCS variam de acordo com as características do lodo

produzido. Na Tabela 3 estão relacionados valores característicos de parâmetros de

projeto verificados em espessadores por gravidade e reunidos por Reali e Patrizzi

(1999).

Tabela 3: Faixas usuais dos parâmetros de projeto de adensadores por gravidade.

Tipo de Lodo TAS

(m³/m².d)

TCS (kg

SST/m².d)

Teor de sólidos no lodo espessado (% em massa)

Lodos gerados em estações de Abrandamento

- 146 a 292 15 a 35

Lodos que utilizam sulfato de alumínio, condicionado com cal

4,1 a 8,2

25 a 50

6 a 9

Lodos que utilizam sais de alumínio ou ferro, condicionado com polímero

7,0 a 8,8 50 2 a 5

Fonte: REALI e PATRIZZI (1999)

Outro aspecto importante para o dimensionamento do tanque de

adensamento é a realização de ensaios de clarificação/adensamento em uma

coluna ou proveta graduada, para determinação da concentração de sólidos. Dessa

forma simula-se a unidade de espessamento de lodo por gravidade, onde ocorrem

dois tipos de sedimentação de partículas, a sedimentação impedida ou por zona

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(SI), e a compressão (C) que ocorre no fundo das unidades (REALI e PATRIZZI

1999).

A SI ocorre quando as partículas encontram-se muito próximas,

sedimentando como uma massa única de partículas, ocorrendo dessa forma uma

interface bastante clara entre a massa de partículas e o liquido clarificado. Abaixo da

região de sedimentação a concentração de partículas torna-se elevada configurando

uma região de transição (T) e abaixo desta tem-se a zona de C. A figura 4 mostra as

situações encontradas em um ensaio de clarificação/adensamento de resíduos de

ETAs conjuntamente com uma curva de sedimentação da variação da interface

observada.

Figura 4: Ensaio de clarificação/adensamento de lodo.

Fonte: Adaptado de DI BERNARDO, DANTAS E VOLTAN, (2012).

3.5.1.2 Espessamento do lodo por flotação por ar dissolvido

A metodologia de concepção dos projetos de espessadores por flotação, da

mesma forma que para os espessadores por gravidade, deve ter como base a

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experiência de unidades existentes e com características semelhantes, assim como

ensaios com instalações-piloto ou levantamentos em laboratório.

Os parâmetros envolvidos no projeto dos espessadores por FAD são:

− A TAS e a TCS, ambas definidas no item 3.5.1.1;

− Relação entre o fluxo mássico de ar dissolvido fornecido para a flotação e o

fluxo mássico de sólidos suspensos totais (SST) afluentes ao flotador (A/S). Essa

relação é importante na avaliação da flotação do lodo, pois relaciona a quantia de

microbolhas de ar por unidade de massa de SST (REALI e PATRIZZI 1999).

Para Reali (1999), uma das vantagens do espessamento do lodo utilizar

flotação em relação à gravidade está na maior TCS, como apresentado na tabela 4,

traduzindo em unidades mais compactas.

Tabela 4: Parâmetros usuais para projetos de adensadores por flotação.

Resíduo/Coagulante empregado TCS (kg SST/m².d) Teor de SST (%)

ETAs que usam sulfato de alumínio ou cloreto de polialumíno (PAC)

30 a 180

3 a 6

ETAs que usam sulfato férrico ou cloreto férrico

80 a 150

2 a 4

Fonte: Adaptado de AWAA e ASCE, (1996).

Objetivando uma melhor relação entre o emprego de espessadores por

gravidade ou flotação Reali e Patrizzi (1999) avaliaram os resultados obtidos para

estes métodos dispondo de um mesmo tipo de lodo com mesmo polímero, utilizado

na melhor dosagem a depender da operação, os dados reunidos estão dispostos na

tabela 5.

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Tabela 5: Resultados físico-químicos dos ensaios de espessamento por flotação e por gravidade

Determinações Espessamento por Gravidade 10 , 26 g de N-2/kg de SST

Espessamento por Flotação 4 , 50 g de N-2/kg de SST

Turbidez (uT) 1,5 1,0 Teor de Sólidos no lodo (%) 4,6 7,1 Valor de A/S − 0,024 Parâmetro de espessamento

(cm/min) 8,5 60,6

Parâmetro de

clarificação (cm/min)

8,2 18,8

Fonte: REALI e PATRIZZI (1999)

Com base nos resultados pode-se verificar que a operação com uso da

flotação apresentou eficiência superior ao espessamento por gravidade, com sete

vezes ao obtido no sedimentador, além de melhores condições para clarificação da

amostra e dosagem significativamente menor do polímero.

3.5.2 Desidratação ou desaguamento do lodo

ASCE e AWWA (1996) apud Sabogal e Di Bernardo (2005) informam da

inviabilidade de disposição do lodo em aterro se o único tratamento realizado for o

espessamento, já que a concentração de sólidos é, em geral, ≤ 8%. Além disso,

essa quantidade de água limita sua utilização na construção civil ou demais formas

de beneficiamento desejado.

Objetivando maior remoção da água no lodo utiliza-se a desidratação,

podendo ser efetuada por meio de sistemas naturais ou mecânicos, a depender das

características que potencializam o uso de um sistema em relação ao outro. O

objetivo é resultar em um material com no mínimo 20% de sólidos para viabilizar um

meio de disposição, seja em aterros ou formas de reaproveitamento.

3.5.2.1 Sistemas naturais de desidratação

Algumas das particularidades dos sistemas naturais para desidratação dos

lodos estão em admitir menores investimentos para implantação, operação e

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manutenção, necessidade de grandes áreas e uso, apenas, dos componentes

naturais da evaporação e gravidade. Estas características potencializam a adoção

dos sistemas naturais para desaguamento do lodo nas estações brasileiras, devido à

disponibilidade de área e condições climáticas favoráveis em boa parte do território

nacional. Entre os sistemas naturais de remoção da água livre dos lodos das ETAs

estão os leitos de secagem e de drenagem e as lagoas de lodos.

Os leitos de secagem são estruturados em três camadas: camada de suporte;

meio filtrante e sistema drenante. A camada de suporte, composta por areia, tem a

finalidade de manter a espessura do lodo uniforme e facilitar a remoção manual do

lodo. O meio filtrante é composto por brita e a camada drenante integra os tubos

perfurados (CORDEIRO, 1999). Na figura 5 é apresentado um esquema do leito de

secagem com as respectivas espessuras sugeridas para as diferentes camadas.

Figura 5: Corte de um sistema de leito de secagem.

Fonte: CORDEIRO (1999).

Estudos realizados por Cordeiro (2001) levaram ao desenvolvimento de uma

adaptação aos leitos de secagem, onde é subtraída a camada de suporte e

introduzido sobre o meio filtrante uma manta geotêxtil, levando a uma redução no

tempo de drenagem da água livre. A este novo arranjo foi denominado leito de

drenagem.

Achon et al. (2008) usando o protótipo de leito de drenagem desenvolvido por

Cordeiro (2001) obtiveram reduções da ordem de 87% e 83% do volume dos lodos

que utilizavam respectivamente como coagulante cloreto de polialumínio e sulfato de

alumínio aos sete dias de operação. Em relação à porcentagem de ST os resultados

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aos sete dias foram de aproximadamente 28% para o lodo de PAC e de 31% para o

sulfato de alumínio evidenciando o potencial para aplicação dos leitos de drenagem

como sistemas naturais de desidratação dos lodos das ETAs.

As lagoas de lodo podem ser viáveis, particularmente em regiões onde a taxa

de evaporação é superior à de precipitação. A remoção de água em lagoas de lodo

pode ocorrer em três fases: evaporação, retirada da água sobrenadante e

transpiração.

O projeto de uma lagoa de lodo deve incluir revestimento do fundo e taludes,

objetivando redução de riscos com erosão e, também, a infiltração dos resíduos no

subsolo, sistema de tubulação para acesso de lodo e saída do decantado e

preferencialmente equipamento que realizem a remoção mecânica dos resíduos

desidratados (DI BERNARDO, DANTAS E VOLTAN, 2012).

Outro fator importante no projeto e operação de um sistema de desidratação

de lodo com lagoa é a profundidade. Para Richter (2009) o ideal é a adoção de um

valor entre 1,20 a 1,80m, pois dependendo da profundidade a evaporação pode

prolongar-se por longos períodos, tendo em vista a possibilidade de formação de

uma crosta na superfície da lagoa, dificultando a desidratação das camadas

inferiores.

3.5.2.2 Sistemas mecânicos de desidratação

Compõem um grupo de alternativas atraentes a serem adotadas, quando da

indisponibilidade de grandes áreas que os sistemas naturais requerem, além de

condições climáticas não favoráveis a evaporação da água, outra vantagem é a

maior rapidez no processo.

Pesquisas realizadas por Sobogal e Di Bernardo (2005) alertam que a

escolha da técnica de desaguamento mecânico deve considerar o grau de

desaguamento requerido ao lodo, que está diretamente associado ao método de

aproveitamento ou disposição do resíduo ao qual se pretende aplicar.

No Quadro 3 estão reunidos alguns sistemas de desaguamento mecânico

propostos pela literatura.

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Quadro 3 – Sistemas de desaguamento mecânico para lodos de ETAs.

Sistema Descrição Fonte

Centrifugação

O processo de separação das fases surge quando o cilindro, submetido a altas rotações possibilita as partículas mais densas serem impulsionadas na parede interna do tambor, ocorrendo à separação solido-liquido. Estudos demonstram que a eficiência da centrifugação pode resultar em uma torta com concentração de sólidos de 16% a 35%.

REALI; PATRIZZI e CORDEIRO

(1999).

Filtro Prensa de Placas

Consiste em aplicar uma pressão na massa de lodo produzindo a filtração. Pode produzir uma torta com concentração de sólidos na faixa de 30 a 40%, sua utilização é indicada para processos onde o transporte e disposição exige alta concentração de sólidos.

ASCE, (1996), apud MENDES,

(2001).

Prensa

Desaguadora

É classificada como uma tecnologia de baixo custo. Geralmente a concentração de sólidos permanece em 15 a 20% para lodos de sulfato. Sua eficiência é bastante sensível as características da suspensão.

RICHTER (2012).

Filtro Rotativo

a Vácuo

Não funciona bem com lodo leve, mais indicado para desidratar sedimentos finos, é o método menos eficaz de filtração e resulta em um custo alto na operação.

RICHTER

(2001).

3.6 Descarte dos resíduos das estações de tratamento de água

A disposição dos resíduos das ETAs é uma das tarefas mais complicadas a

ser desempenhada pelos gestores do serviço de água, por conta dos altos custos e

das restrições legais. Desta forma, são indispensáveis estudos que direcionam a

uma solução que atenda ambos os requisitos, ou seja, ser economicamente viável e

ambientalmente correto.

Entre as alternativas de disposição final dos resíduos destaca-se: aterro

sanitário; fabricação de tijolos; fabricação de cimento e artefatos de cimento;

aplicação no solo; incorporação em solos para pavimentação de estradas; descarga

na rede de esgoto entre outros (DI BERNARDO, DANTAS E VOLTAN, 2012).

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3.6.1 Disposição em aterro

É indispensável à classificação dos resíduos das ETAs quando esta

alternativa for utilizada, tendo em vista se este resíduo é perigoso (classe I) ou não

perigoso (classe II). Conforme definição pela NBR 10.004: 2004 é usual para os

resíduos de ETAs serem classificados, após análises, na classe II A ou II B (Di

Bernardo, Dantas e Voltan, 2012). Desta forma os resíduos podem seguir em

Aterros Classe II A ou Aterro Classe II B:

Aterro classe II A: destinado a resíduos não inertes, necessitam de

impermeabilização com argila e uso de geomembrana, é indispensável à existência

de sistema de drenagem e tratamento dos efluentes líquidos e gasosos, além de

monitoramento ambiental.

Aterro classe II B: dispensa a impermeabilização do solo, por conta dos

resíduos serem inertes, entretanto, requer sistema de drenagem de águas pluviais e

monitoramento.

Segundo Richter (2001) a escolha de aterros para descarte dos resíduos é a

última das alternativas a ser considerada, devido aos altos custos resultantes do

processo, seja por conta da desidratação para atingir a concentração de sólidos

requeridos, que neste caso deve estar entre 20 a 25%, ou pelos custos com o

transporte do material até o aterro.

3.6.2 Aplicação no solo

A aplicação do lodo em solo natural ou agricultável tem sido o segundo

destino mais empregado pelas estações de tratamento de água brasileiras,

alcançado apenas pelo lançamento direto nos rios (IBGE, 2008).

A aplicação do lodo diretamente no solo pode resultar em uma alternativa

econômica quanto à problemática dos resíduos, já que essa aplicação pode ser

dada com os lodos em sua forma líquida, semissólida ou sólida, a depender do tipo

de transporte que se pretende adotar.

A grande restrição a que esta alternativa impõe é quanto à toxidade dos

resíduos. O sulfato de alumínio é largamente utilizado no tratamento da água, e aos

efeitos tóxicos deste componente é atribuída à falta de produtividade de algumas

culturas (BONATO, 2000).

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Richter (2009) sugere uma aplicação anual correspondente a cerca de 2 a 4

cm do lodo diretamente no solo, entretanto, são indispensáveis pesquisas no local

que resultem no conhecimento da taxa de aplicação que pode ser assimilada por

este solo, bem como as características do lodo para que não ocorra prejuízo para o

solo utilizado como destino dos resíduos da ETA.

3.6.3 Uso na indústria cimenteira

Grande parte dos estudos utiliza os resíduos das ETAs na fabricação de

tijolos e demais produtos oriundos da argila. Já a incorporação na produção de

concretos é mais restrita, tendo em vista algumas características que inviabilizam

seu uso e a falta de pesquisas que retratam as diversas simulações dos diferentes

tipos de cimentos existentes para atingir a melhor dosagem.

Hoppen et al. (2003) avaliaram a introdução do lodo centrifugado na produção

de concreto com 3% de lodo de sulfato de alumínio em massa e compararam com

uma amostra sem adição do resíduo. Os resultados foram satisfatórios para redução

de 2% no consumo de cimento, baixa influência em aumento de fissuração no

concreto, tensão de ruptura das amostras atingindo valores próximos de 26 MPa

tanto aos 7 quanto aos 28 dias, no entanto a amostra com lodo resultou em aumento

no teor de absorção de água no concreto afetando sua durabilidade em ambientes

agressivos

O alto grau de absorção de água no concreto dosado por Hoppen et al. (2003)

impossibilita seu uso em estruturas de concreto onde é exigível maior grau de

durabilidade, mas admite a fabricação de artefatos, estruturas pré moldadas e

construção de pavimentos em concreto, desde que verificados por ensaios

específicos. Outro caminho, apontado por Sales e Cordeiro (2001), trata da mistura

dos resíduos das ETAs com os resíduos da construção civil resultando em

argamassas e blocos de concretos não estruturais.

Atualmente também vem sendo empregado à mistura dos resíduos

desidratados das ETAs na produção de solo cimento, para tanto, deve ser avaliado

um número suficiente de misturas dos componentes que resultem em um produto

economicamente viável, já que as propriedades dos resíduos gerados nas ETAs

podem interferir em maior emprego de cimento tornando muitas vezes o processo

inviável.

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33

3.6.4 Uso na fabricação de material cerâmico

Quando os resíduos apresentarem principalmente argila, silte, areia e

coagulante poderão ser empregados na fabricação de tijolos, blocos cerâmicos,

telhas entre outros produtos na proporção, geralmente, de 10% de lodo desaguado

com argila. Alguns fatores como teor de umidade máximo de 20%, baixa presença

de material orgânico e cal asseguram maior eficiência no produto final (DI

BERNARDO, DANTAS E VOLTAN, (2012).

3.6.5 Disposição em estação de tratamento de esgoto (ETE)

Vista como uma alternativa atraente, pois elimina a implantação de um

sistema de tratamento do lodo na ETA, direcionando o gerenciamento dos resíduos

para a administração da ETE. O lançamento do lodo pode ser realizado através de

caminhões ou diretamente pela rede coletora de esgotos. Se este for o caminho

seguido deverá haver um estudo da possibilidade dos resíduos das ETAs serem

lançados sem controle na vazão de descarga, caso contrário poderá demandar um

reservatório de regularização na ETA que realizará a descarga do lodo com uma

vazão de assimilação compatível pela ETE.

3.6.6 Situação brasileira quanto à disposição dos resíduos gerados em ETAs

Mesmo havendo uma legislação que exija que os resíduos das ETAs não

sejam depositados in natura nos cursos da água, a grande maioria das estações

brasileiras descumpre tais regulamentações, levando direta ou indiretamente a

alterações no quadro natural, como aumento nas concentrações de metais tóxicos e

SST (Sólidos Suspensos Totais). Estas alterações na qualidade da água são

transmitidas a jusante do lançamento dos resíduos, limitando seu uso ou impondo

maior dificuldade em tratamentos subsequentes.

Segundo a PNSB do IBGE (2008), mais de 1400 dos 2098 municípios

brasileiros com estações que produzem lodo oriundo de ETA, lançam seus resíduos

em rios, geralmente, sem qualquer tratamento. A situação ainda encontra-se

desfavorável se analisadas as unidades municipais que admitem algum tipo de

reaproveitamento dos resíduos, onde o valor atingido contempla apenas 50

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34

municípios. Na figura 6 são apresentados os resultados relativos aos municípios

brasileiros e a forma de disposição adotada. Deve ser levado em conta que um

mesmo município pode dar mais de uma forma de disposição aos resíduos.

Figura 6: Alternativas de disposição dos resíduos de ETAs em percentual.

Fonte: Adaptado IBGE, 2008.

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35

4 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa desenvolvida, assim como os procedimentos metodológicos

adotados, teve sua base na identificação do tema e do problema. Neste caso

relacionado à primeira etapa de redução do volume de água no lodo produzido em

uma ETA, denominada de espessamento do lodo, comparando as técnicas de

sedimentação e flotação a fim de produzir dados para avaliar as potencialidades dos

dois procedimentos no estudo do lodo em questão. Os dados descritos na pesquisa

também serviram de subsídio para a dissertação de Hedlund (2016).

A metodologia empregada na pesquisa divide-se em duas partes: a primeira

parte denominada Etapa de Campo e a segunda parte descrita pela Etapa

Laboratorial.

4.1 Etapa de campo

Após a pesquisa bibliográfica, foi realizada a coleta do lodo junto à estação de

tratamento de água. A coleta ocorreu no município de São Gabriel/RS, localizado

nas Bacias Hidrográficas do Rio Vacacaí/Vacacaí - Mirim e do Rio Santa Maria.

O processo de captação e tratamento da água bruta é realizado pela empresa

São Gabriel Saneamento (SGS), que assumiu a gestão dos serviços de

abastecimento de água e esgotamento sanitário na cidade em 2012, sob regime de

concessão, resultado de um processo de licitação pública.

A ETA de São Gabriel (Figura 7) atende, atualmente, cerca de 97% da

população da cidade, o que corresponde a pouco mais de 54.000 habitantes. A

estação é abastecida por um manancial superficial, o Rio Vacacaí, um dos

formadores do Rio Jacuí. No ponto de tomada foi construída uma barragem para

elevação de nível da água, sendo a condução até a ETA realizada por canalizações,

o processo de tratamento ocorre de forma convencional (estação de ciclo completo).

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Figura 7: Estação de tratamento de água de São Gabriel

Fonte: São Gabriel Saneamento

A estação possui capacidade para tratar uma vazão de aproximadamente

220 L/s, mantendo a água dentro dos padrões de potabilidade, mas usualmente

opera com vazão média de 137 L/s.

O acesso da água bruta a ETA se da, inicialmente, por uma calha tipo

Parshall, onde ocorre a medição da vazão e a mistura dos produtos químicos. Os

produtos químicos aplicados são o cloro e o PAC, no início e final da calha Parshall

respectivamente, e o processo ocorre de forma automatizada. A calha tem a largura

da garganta de 30,5 cm, com capacidade para atender as vazões máximas

afluentes.

A estrutura da estação é composta por seis floculadores mecânicos, cada um

com área correspondente a 14,52 m² e volume de 36,3 m³. A distribuição da água

floculada aos dois decantadores do tipo convencional de fluxo horizontal da ETA,

que totalizam uma área superficial de 700 m² e um volume de 1.855 m³, é feita por

meio de uma cortina de distribuição, conforme demonstrado na figura 8. A água

decantada é recolhida por calhas coletoras e encaminhada ao sistema de filtração

composto por seis filtros de fluxo descendente, com leito simples de areia. Cada

sistema de filtração possui área de 16,65 m².

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37

Figura 8: Cortina de distribuição da ETA.

Fonte: São Gabriel Saneamento.

4.1.1 Coleta das amostras

A ETA de São Gabriel não conta com processos de tratamento do lodo,

descarregando a totalidade do material diretamente no Rio Vacacaí, em uma região

a jusante do ponto de captação.

Para o estudo foram coletadas amostras de lodo de um dos decantadores, os

quais não apresentam sistema automatizado para remoção do material sedimentado

no fundo do decantador. A coleta ocorreu em duas datas, a primeira em 6 de agosto

de 2015 e a segunda em 18 de novembro de 2015.

A primeira coleta deu-se na região após a cortina de distribuição, já para a

segunda, as amostras foram obtidas após o esvaziamento dos decantadores,

durante o processo de higienização, permanecendo uma concentração maior de

sólidos no fundo do tanque (figura 9) a fim de obter maior confiabilidade da

concentração de sólidos no lodo. Os procedimentos adotados durante a coleta

seguiram recomendações da NBR 10.007:2004 (Amostragem de resíduos sólidos)

que trata desde a forma de amostrador utilizado assim como da preservação e

armazenagem de amostras.

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Figura 9: Limpeza dos decantadores.

Fonte: São Gabriel Saneamento.

4.2 Etapa laboratorial

O lodo coletado foi encaminhado a UFSM e armazenado no Laboratório de

Mecânica dos Fluídos e Hidráulica. Para o lodo da segunda campanha foi feita a

diluição da torta de lodo com um volume de água correspondente ao utilizado para

limpeza do decantador, sendo este volume proporcional ao volume de lodo

acumulado no fundo do tanque. A estimativa para se chegar ao volume de água

empregado na diluição pôde ser efetuada em virtude dos dados estimados para o

volume do lodo e a quantidade de água empregada na limpeza dos decantadores,

fornecidos pela SGS.

Efetivada a homogeneização dos resíduos com a água, seguiu-se o

armazenamento do material ainda nas dependências do Laboratório de Mecânica

dos Fluídos e Hidráulica da UFSM, ficando o lodo em um galão de polietileno com

capacidade para 200 litros a temperatura ambiente.

Inicialmente, foi feita a caracterização do lodo, avaliando-se características

quantitativas e qualitativas do material em estudo. Após, foram realizados os ensaios

de teste de jarros para em seguida iniciar os ensaios de espessamento do lodo

empregando a sedimentação e a flotação por ar dissolvido. Todos os procedimentos

laboratoriais foram realizados no Laboratório de Engenharia e Meio Ambientes

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(LEMA) da UFSM, exceto os ensaios de lixiviação e solubilização. Os procedimentos

laboratoriais, bem como as etapas seguidas podem ser vistos na Figura 10.

Figura 10: Fluxograma dos procedimentos laboratoriais desenvolvidos.

4.2.1 Avaliação quantitativa do lodo

A análise da produção de lodo em uma ETA é essencial para avaliações dos

processos de tratamento do material. Desta forma, através de uma série de dados

obtidos pela SGS referentes à turbidez da água bruta assim como os volumes

aduzidos pela estação foi estimada a produção de lodo. O período de verificações

disponibilizadas pela empresa compreende julho de 2014 a junho de 2015.

Com os dados médios da turbidez empregou-se para a quantificação da

massa de lodo a equação da American Water Work Association AWWA (1978),

apresentada no subitem 3.3.2.

4.2.2 Caracterização qualitativa do lodo e classificação segundo as normas da ABNT

A caracterização qualitativa do lodo gerado na ETA foi feita através de

amostras do material. Foram efetuadas análises físico-químicas dos principais

parâmetros: pH; ST; sólidos totais fixos (STF); sólidos totais voláteis (STV); sólidos

suspensos totais (SST); sólidos em suspensão fixos (SSF); sólidos em suspensão

voláteis (SSV).

Os métodos empregados para caracterização qualitativa do lodo do decantador seguiram os procedimentos descritos pela APHA/AWWA/WEF (2012). O

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40

Quadro 4 apresenta para cada parâmetro sua correspondente metodologia de análise.

Parâmetro Metodologia

ST Amostra é seca a uma temperatura de 103 ºC - 105ºC, até peso constante.

STF Calcinação da amostra durante 1hora a 550ºC.

STV Diferença entre ST e STF

SST Filtração em membrana, secagem em estufa a 103ºC por 1 hora

SSF Calcinação da amostra durante 1h a 550ºC

SSV Diferença entre SST e SSF

pH Método eletrométrico

A classificação dos resíduos do decantador envolve a identificação de seus

constituintes e a partir desta identificação é feita uma comparação destes

constituintes com concentrações permitidas e normatizadas.

Os procedimentos desta etapa seguiram diretrizes da norma técnica ABNT

NBR 10004 de 2004, vinculada às normas ABNT NBR 10005 de 2004, que trata dos

procedimentos para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos, e da ABNT

NBR 10006 de 2004, referente à obtenção do extrato solubilizado de resíduos

sólidos. Deste modo, os resíduos sólidos podem ser classificados e enquadrados

nas seguintes categorias: Classe I – Resíduo perigoso e Classe II – Resíduo não

perigoso, que e subdividida em Classe IIA – Não inertes e Classe IIB – Inertes.

Alguns parâmetros de caracterização passam por uma avaliação visual. Já

para as características que não podem ser prontamente avaliadas passa-se ao

emprego na NBR 10004. Para a pesquisa em questão, os dados para classificação

dos resíduos foram analisados por laboratório devidamente credenciado. O

fluxograma (Figura 11) sintetiza a metodologia para avaliação da classe de risco dos

resíduos sólidos.

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41

Figura 11: Fluxograma para caracterização dos resíduos sólidos.

Fonte: Adaptado da norma ABNT NBR 10004.

4.2.3 Ensaios em Teste de Jarros para escolha dos polímeros

O critério para seleção do melhor polímero e respectiva dosagem ótima foi

realizado a partir de ensaios de teste de jarros. Neste momento avaliou-se três

diferentes polímeros doados pela empresa Novatek: Polímero Aniônico com média

densidade de carga; Polímero Não Iônico com muita alta densidade de carga; e

Polímero Catiônico com muita baixa densidade de carga.

Os ensaios realizados nesta etapa propiciam verificar a eficiência dos

diversos polímeros citados a partir da separação da fase liquida da fase sólida,

evidenciada pela formação de flocos.

O teste de jarros utilizado na pesquisa (Figura 12), da marca PoliControl,

possui capacidade para agitação de seis amostras simultaneamente. Os jarros de

acrílico utilizados, com capacidade individual de dois litros, apresentam base

quadrada com 15,5 cm de lado sendo graduados na mesma medida. Quanto à

forma de dosagem dos polímeros, o equipamento conta com a possibilidade de duas

cubetas de vidro para cada jarro.

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Os ensaios de coagulação e floculação realizados em laboratório contaram

com dosagens dos diferentes polímeros variando de 0 a 5,0 mg pol/gSST, os

procedimentos adotados tiveram a seguinte ordem:

Passo 1: Dosagem da quantidade de polímero requerida com consequente

disposição às cubetas;

Passo 2: Enchimento dos jarros com lodo;

Passo 3: Com o equipamento programado seguiu-se a agitação rápida das

amostras durante 10 segundos a 436 rpm (rotações por minuto);

Passo 4: Passados os 10 segundos da mistura rápida, foi introduzido a

quantidade de polímero presente nas cubetas para as amostras de lodo, mantendo a

mesma velocidade de agitação das amostras durante mais 10 segundos;

Passo 5: Estando o equipamento programado, ao final dos 20 segundos da

mistura rápida, iniciou-se a mistura lenta, estendendo-se durante 1 minuto a

velocidade de 51 rpm;

Passo 6: Aparelho é desligado automaticamente, marcando o fim da

floculação.

Figura 12: Teste de jarros com 6 unidades e capacidade individual de 2 L.

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43

4.2.4 Ensaios de espessamento do lodo

Com os resultados dos ensaios de teste de jarros, foram selecionados para

realizar a floculação do lodo os polímeros: aniônico com média densidade de carga

e catiônico com muita baixa densidade de carga.

Independente se as amostras seguiriam para as colunas de sedimentação ou

para a célula de flotação, ocorreu inicialmente a agitação do lodo realizada no teste

de jarros durante 10 segundos a 436 rpm. Decorrido este período foi adicionado a

dosagem de polímero requerida. A partir deste momento procedeu-se a agitação

lenta por 1 minuto a 51 rpm.

Para possibilitar uma melhor avaliação entre as duas técnicas de

espessamento de lodo, ou seja, a flotação e a sedimentação foram plotados gráficos

dos principais parâmetros avaliados.

4.2.4.1 Espessamento do lodo pela sedimentação

O método laboratorial usado para avaliação do espessamento do lodo através

da sedimentação foi realizado com leituras, em intervalos definidos, da interface

lodo/água clarificada no decorrer dos 360 minutos que o ensaio foi realizado,

estando à mistura de lodo e polímero em uma proveta graduada com volume de 1,0

L. Na Figura 13 é possível visualizar o procedimento descrito, estando caracterizado

na imagem um dos ensaios realizados com o polímero catiônico.

Figura 13: Ensaio de sedimentação.

Finalizada as leituras foram coletadas amostras do lodo e da água clarificada

e assim procedeu-se com os ensaios de caracterização.

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44

4.2.4.2 Espessamento do lodo por FAD

Os ensaios de espessamento do lodo por flotação seguiram o método

desenvolvido por Reali, onde os parâmetros de espessamento são obtidos através

de ensaios em colunas de flotação por ar dissolvido com alimentação por batelada.

Para melhor compreensão dividiu-se os procedimentos em etapas, seguindo a

ordem de desenvolvimento da pesquisa nos seguintes itens:

Etapa 1: A câmara de saturação, da marca Aquaflot S.A, constituída por um

reservatório pressurizado em aço inox e capacidade para 2,0L, foi preenchida com

determinada quantidade de água proveniente da rede de abastecimento da UFSM;

Etapa 2: O próximo passo consistiu em conectar um compressor de ar a

câmara de saturação, e assim obter a água pressurizada e saturada por ar. Para o

estudo em questão foi avaliada a pressão de saturação de 6,0 atm, controlada por

um manômetro presente na câmara de saturação e mantido o ar borbulhando por 20

minutos. Decorrido o tempo de saturação da água, procedeu-se a fechamento das

válvulas de entrada e saída de ar comprimido mantendo-se assim a pressão

requerida;

Etapa 3: Iniciado o espessamento, as amostras obtidas no teste de jarros

foram transferidas para a célula de flotação, onde efetuou-se a abertura da válvula

da câmara de saturação ligada a célula de flotação. Avaliaram-se duas taxas de

recirculação (40 e 50%), calculadas de acordo com a equação 4.1. O tempo que a

válvula permaneceu aberta para alcançar a taxa requerida levou em conta o

acréscimo de altura na célula de flotação que esta taxa resultaria, considerando as

dimensões da célula, a equação 4.2 foi utilizada para atingir a taxa a ser usada.

(4.1)

(4.2)

= taxa de recirculação (%);

= Volume de água de recirculação introduzida à célula (mL);

= acréscimo na altura da célula (cm);

A divisão do por 2000 é devida a capacidade da câmara de saturação para

2000 ml.

O valor de 86,6 cm² refere-se a área interna da célula de flotação.

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Etapa 4: O ensaio de espessamento por FAD foi desenvolvido durante 30

minutos. O tempo reduzido decorre da velocidade ascensional elevada desenvolvida

pelos flocos de lodo juntamente com a microbolhas de ar. As leituras realizadas da

interface lodo/água clarificada foram feitas na forma inversa as realizadas nas

colunas de sedimentação, já que o ponto de referência para leitura quando da

utilização da flotação se faz pela base inferior da célula.

Através da Figura 14 é possível visualizar o arranjo de parte dos

equipamentos para o ensaio em questão, assim como uma amostra de lodo flotado.

Figura 14: Câmara de saturação e célula de flotação.

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46

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a realização dos experimentos em laboratório, através da metodologia

descrita no capítulo anterior, foi realizada a interpretação dos dados obtidos em cada

fase de análise ou teste.

5.1 Avaliação quantitativa do lodo

A Tabela 6 apresenta os resultados da produção estimada de lodo na ETA de

São Gabriel a partir da aplicação da equação desenvolvida pela AWWA (1987) e

apresentada no subitem 3.3.2.

Tabela 6: Produção de lodo na ETA de São Gabriel, quantificação segundo a equação empírica da AWWA.

Período

Turbidez da água bruta (NTU)

Sólidos (kg de matéria seca/m³ de água bruta tratada)

Volume Tratado

(m³/ mês)

Quantidade de Lodo produzida

(kg/mês) Mín. Méd. Máx.

Jul./14 31,8 64,7 276 0,0549 272.433 14.946

Ago./14 23,1 44,2 401 0,0427 276.960 11.816

Set./14 35,4 70,1 217 0,0578 253.872 14.684

Out./14 30,0 53,2 174 0,0482 292.344 14.095

Nov./14 23,3 33,1 159 0,0352 286.044 10.083

Dez./14 22,2 38,6 303 0,0390 311.300 12.145

Jan./15 23,2 39,0 161 0,0393 313.672 12.321

Fev./15 16,0 22,7 68,7 0,0275 283.752 7.798

Mar./15 13,7 25,4 110 0,0296 308.160 9.121

Abr./15 17,6 24,5 65 0,0289 287.064 8.297

Maio./15 18,0 42,9 180 0,0418 302.585 12.657

Jun./15 28,6 49,1 531,9 0,0457 292.351 13.369

Os resultados apresentados na Tabela 6 possibilitam uma avaliação

preliminar da produção de lodo obtido durante cada mês de operação do sistema,

através da quantificação da matéria seca gerada a cada m³ de água tratada e a

partir de dados do volume tratado pela estação no decorrer do período, neste caso

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47

durante 1 mês. Na figura 15 é apresentada a produção mensal de lodo produzido, já

na Figura 16 os valores acumulados do lodo gerado na estação durante o período

de julho de 2014 a junho de 2015.

Figura 15: Produção mensal de lodo.

Figura 16: Produção acumulada de lodo gerado na ETA de São Gabriel – RS.

14.946

11.816

14.684 14.095

10.083

12.145 12.321

7.798

9.121 8.297

12.657 13.369

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

Jul./1

4

Ago

./14

Set./1

4

Ou

t./14

No

v./14

De

z./14

Jan./1

5

Fev./1

5

Mar./1

5

Ab

r./15

Maio

./15

Jun

./15

Massa d

e lo

do

KG

)

14.946

26.762

41.446

55.541 65.624

77.769

90.090 97.888

107.009 115.306

127.963

141.332

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

Jul./1

4

Ago

./14

Set./1

4

Ou

t./14

No

v./14

De

z./14

Jan./1

5

Fev./1

5

Mar./1

5

Ab

r./15

Maio

./15

Jun

./15

Ma

ss

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e l

od

o (

kg

)

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48

Como condição facilitadora ao processo adotou-se para os cálculos a turbidez

média do valor máximo e mínimo registrado durante o mês. Em períodos onde

partículas naturais de rochas, silte e areia ou lançamento de resíduos industriais e

esgotos aumentam, acabam por resultar em maior produção de resíduos na

estação. Na série em estudo o mês de setembro de 2014 resultou em maior

produção de lodo na ETA.

5.2 Caracterização qualitativa do lodo e classificação segundo as normas da

ABNT

Os resultados da análise qualitativa, referentes às duas campanhas, dos

parâmetros analisados no lodo do decantador encontram-se dispostos na Tabela 7.

Com relação às análises da série de sólidos, os ST apresentaram um teor de

sólidos de 4,4% para a primeira coleta e 2,2% para a segunda, valores semelhantes

aos teores de SST, evidenciando que a maior parte dos sólidos está em suspenção,

característica geralmente verificada em lodos de ETAs.

Tabela 7: Caracterização do lodo do decantador.

Variáveis Amostra 1¹ Amostra 2²

ST (mg/L) 44.757 22.325 17.174 STF (mg/L) 33.175

STV (mg/L) 11.582 5.151

SST (mg/L) 41.408 21.700

SSF (mg/L) 31.990 16.425

SSV (mg/L) 9.418 5.275

Ph 5,7 6,6 1 – Coleta de lodo realizada em 06 de agosto de 2015; 2 – Coleta de lodo realizada em 18 de novembro de 2015.

Para a classificação dos resíduos, os resultados obtidos nos ensaios de

lixiviação e solubilização, juntamente com as concentrações máximas prescritas em

normas para sua inclusão em determinada classe, encontram-se apresentados nas

Tabelas 8 e 9.

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49

Tabela 8: Resultados das análises químicas do ensaio de Lixiviação.

Parâmetros Lixiviado Limite máximo¹

Arsênio (As) mg/L <0,005 1

Bário (Ba) mg/L 1,41 ± 0,023 70

Cádmio (Cd) mg/L <0,001 0,5

Chumbo (Pb) mg/L <0,005 1

Cromo Total (Cr) mg/L <0,025 5

Fluoreto (F-) mg/L 1,39 ± 0,075 150

Mercúrio (Hg) mg/L <0,001 0,1

Prata (Ag) mg/L <0,005 5

Selênio (Se) mg/L <0,005 1

1 – Limite máximo permissível para o ensaio de Lixiviação, NBR 10004 de 2004 (Anexo F);

A análise dos resultados dos extratos lixiviados demonstram condições

adequadas aos resíduos da ETA, pois não ultrapassaram os limites máximos

descritos no Anexo F da NBR 10.004.

Tabela 9: Resultados das análises químicas do ensaio de Solubilização.

Parâmetros Solubilizado Limite máximo¹

Alumínio (Al)mg/L 0,313 ± 0,0054 0,2

Arsênio (As) mg/L <0,005 0,01

Bário (Ba) mg/L 0,245 ± 0,0039 0,7

Cádmio (Cd) mg/L <0,001 0,005

Chumbo (Pb) mg/L <0,005 0,01

Cianeto mg/L <0,005 0,07

Cloreto mg/L 40,43 ± 0,97 250

Cobre (Cu) mg/L 0,025 ± 0,0027 2

Cromo Total (Cr) mg/L <0,025 0,05

Ferro (Fe) mg/L 0,527 ± 0,0058 0,3

Fluoreto (F-) mg/L 1,39 ± 0,075 1,5

Manganês (Mn) mg/L 2,88 ± 0,0025 0,1

Mercúrio (Hg) mg/L <0,0001 0,001

Nitrato mg/L <1,00 10

Prata (Ag) mg/L <0,005 0,05

Selênio (Se) mg/L <0,005 0,01

Sódio (Na)mg/L 2,99 ± 0,047 200

Sulfatos (SO4-) mg/L <10,0 250

Surfactantes mg/L <0,100 0,5

Zinco (Zn) mg/L <0,025 5

Fenóis Totais mg/L <0,00002 0,01

1 – Limite máximo permissível para o ensaio de Solubilização, NBR 10004 de 2004 (Anexo G).

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50

A partir dos resultados da Tabela 9 foram verificadas concentrações acima do

limite máximo aos estabelecidos pelo Anexo G da NBR 10.004 para o alumínio, ferro

e manganês. Desta forma, de acordo com a NBR 10.004 os resíduos da ETA de São

Gabriel são classificados na Classe II A.

5.3 Ensaios em Teste de jarros para escolha dos polímeros

Por meio da avaliação da turbidez da água clarificada assim como a relação

do custo-benefício, os resultados para todas as dosagens avaliadas encontram-se

apresentados na Tabela 10.

Tabela 10: Turbidez da água clarificada após ensaios em Teste de Jarros para diferentes polímeros.

Tipo de Polímero Carga Dosagens (mgpol/ g

SST)

Turbidez (NTU) Amostra 1¹

Turbidez (NTU) Amostra 2²

Novaflok P – 22 Aniônico 1 75,1 51,3

Novaflok P – 22 Aniônico 1,5 ─ 38,3

Novaflok P – 22 Aniônico 2 93,4 44,5

Novaflok P – 22 Aniônico 2,5 18,3 56,3

Novaflok P - 22 Aniônico 3 25,3 ─

Novaflok P - 22 Aniônico 3,5 23,5 ─

Novaflok P - 22 Aniônico 4 34,1 ─

Novaflok P - 2900 Catiônico 1 107 ─

Novaflok P - 2900 Catiônico 2 44,6 ─

Novaflok P - 2900 Catiônico 2,5 ─ 104

Novaflok P - 2900 Catiônico 3 27 97

Novaflok P - 2900 Catiônico 3,5 ─ 71,7

Novaflok P - 2900 Catiônico 4 15 50,3

Novaflok P - 2900 Catiônico 4,5 11,6 52,3

Novaflok P - 2900 Catiônico 5 14,8 63,7

Novaflok P - 20 Não-Iônico 1 36 66,3

Novaflok P - 20 Não-Iônico 1,5 34,6 62,3

Novaflok P - 20 Não-Iônico 2 37 64

Novaflok P - 20 Não-Iônico 2,5 ─ 63

Novaflok P - 20 Não-Iônico 3 42 ─

Novaflok P - 20 Não-Iônico 4 50 ─

Amostra Pura ─ 0 191 9.853

1 – Coleta de lodo realizada em 06 de agosto de 2015; 2 – Coleta de lodo realizada em 18 de novembro de 2015.

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51

A amostra de lodo da primeira coleta que remeteu ao menor valor de turbidez

foi através do polímero Catiônico na dosagem de 4,5 mg pol/ g SST. Porém, a

análise de custo-benefício é verificada com emprego do polímero não iônico com

dosagem de 1,5 mg pol/ g SST. Para o lodo da segunda coleta o melhor valor de

turbidez e custo-benefício ocorreu com o polímero aniônico na dosagem 1,5 mg pol/

g SST.

A partir das avaliações realizadas, foram selecionados os polímeros aniônico

e catiônico para os ensaios da segunda coleta.

5.4 Ensaios de espessamento do lodo

Os dados dos ensaios de espessamento descritos na pesquisa foram obtidos

com o lodo da segunda campanha. O material da primeira coleta foi utilizado em

ensaios preliminares para avaliação do comportamento, objetivando melhor

descrição e compreensão para os ensaios posteriores. Desta forma, os resultados

dos ensaios de espessamento com a primeira amostra não foram apresentados

neste trabalho.

5.4.1 Espessamento do lodo pela sedimentação

Os resultados da turbidez da água clarificada obtida pelo ensaio de

espessamento podem ser observados na Figura 17 e Apêndice A.

O condicionamento do lodo com polímeros resultou em níveis de turbidez

menores para todas as dosagens avaliadas, comparadas ao resultado obtido com a

amostra pura. Outro ponto analisado foi à diminuição da turbidez até determinada

dosagem, no caso do polímero Catiônico, aumentando a dosagem para 5,0 mg pol/

g SST houve aumento da turbidez em relação a dosagem anterior, condição

verificada também ao polímero aniônico, onde o aumento de 0,5 mg pol/ g SST da

dosagem de 2,0 mg pol/ g SST resultou em um aumento de 14% na turbidez média

do ensaio.

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52

Figura 17: Valores médios da turbidez da água clarificada posterior ao ensaio de espessamento.

A verificação da série de sólidos do lodo, após ensaio de sedimentação, está

apresentada na Tabela 11.

Tabela 11: Teor de sólidos no lodo adensado por sedimentação.

Polímero Dosagem (mgpol/gSST)

ST%

STV % ST

STF % ST

SST%

SSV % SST

SSF % SST

Amostra Pura 0 6,88 22,48 77,52 6,77 22,7 77,3

Catiônico - MB 1 7,05 23,28 76,72 6,98 25,45 74,55

Catiônico - MB 1,5 7,10 23,68 76,32 7,05 22,18 77,82

Catiônico - MB 2 6,93 23,42 76,58 6,63 22,29 77,71

Catiônico - MB 2,5 6,89 23,15 76,85 6,77 22,36 77,64

Catiônico - MB 3 6,84 23,4 76,60 6,57 21,39 78,61

Catiônico - MB 3,5 6,48 23,18 76,82 6,16 21,08 78,92

Catiônico - MB 4 6,28 23,33 76,67 6,11 22,88 77,12

Catiônico - MB 4,5 6,25 23,68 76,32 5,97 21,82 78,18

Catiônico - MB 5 5,87 23,56 76,44 5,59 21,74 78,26

Aniônico 1 6,40 22,14 77,86 6,23 22,24 77,76

Aniônico 1,5 6,25 22,81 77,19 6,14 23,92 76,08

Aniônico 2 6,02 22,91 77,09 5,96 22,62 77,38

Aniônico 2,5 5,85 22,89 77,11 5,49 23,73 76,27

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

600,00

700,00

800,00

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0

Turb

idez

da

águ

a cl

arif

icad

a (N

TU)

Dosagem dos Polímeros (mg pol/gSST)

Catiônico -MB

Aniônico

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53

Pela análise da série de sólidos, apresentada na Tabela 11, foi verificado para

os dois polímeros uma diminuição na concentração de sólidos a partir de

determinado aumento da dosagem. Para o polímero catiônico dosagens de 3,0 mg

pol/gSST ou superiores levaram a diminuição nas porcentagens de ST. Amostras

com polímero aniônico acima de 1,0 mg pol/gSST apresentaram valores

decrescentes das concentrações de sólidos totais.

Na Figura 18 e 19 são apresentadas as curvas de espessamento por

sedimentação associadas às diversas dosagens de polímeros catiônico e aniônico,

respectivamente por meio destas curvas é visto que dosagens superiores, como, por

exemplo, 2,5 mg pol/gSST do polímero catiônico e 1,5 mg pol/gSST do polímero

aniônico , passaram a prejudicar a eficiência do sistema, resultando em aumento na

altura da interface e lodo espessado com menor teor de sólidos. As leituras

realizadas durante o ensaio de espessamento com polímero catiônico encontram-se

no Apêndice B, para o polímero aniônico os dados estão descritos no Apêndice C.

Figura 18: Curvas de adensamento por sedimentação do lodo condicionado com polímero catiônico.

Comparando-se os resultados, verifica-se que a dosagem de 1,5 mgpol/gSST

do polímero catiônico forneceu os melhores resultados, com teor de sólidos de

7,10%. Já para o polímero aniônico a dosagem que resultou em maior concentração

de sólidos foi de 1,0 mg pol/gSST.

10

15

20

25

30

35

0

20

40

60

80

10

0

12

0

14

0

16

0

18

0

20

0

22

0

24

0

26

0

28

0

30

0

32

0

34

0

36

0

Catiônico 1,0 mg pol/g SST Catiônico 1,5 mg pol/g SST

Catiônico 2,0 mg pol/g SST Catiônico 2,5 mg pol/g SST

Catiônico 3,0 mg pol/g SST Catiônico 3,5 mg pol/g SST

Catiônico 4,0 mg pol/g SST Catiônico 4,5 mg pol/g SST

Catiônico 5,0 mg pol/g SST

Alt

ura

da

inte

rfac

e lo

do

/águ

a cl

arif

icad

a (c

m)

Tempo (minutos)

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54

Figura 19: Curvas de adensamento por sedimentação do lodo condicionado com polímero aniônico.

5.4.2 Espessamento do lodo por FAD

Nos ensaios por FAD, utilizados no espessamento do lodo, foram analisados

diferentes dosagens do polímero catiônico, realizou-se duas séries com as mesmas

dosagens submetidas às taxas de reciclo de 40 e 50%. Estas resultaram em flotação

completa do lodo floculado, e pressão de saturação de 6 atm. Na Figura 20 estão

expostos os valores da turbidez, avaliada após realização do ensaio através da

coleta da água clarificada, os dados também podem ser vistos no Apêndice D.

Os testes de espessamento com polímero aniônico não resultaram em

flotação completa seguindo as mesmas especificidades empregadas nos testes com

polímero catiônico.

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

0

20

40

60

80

10

0

12

0

14

0

16

0

18

0

20

0

22

0

24

0

26

0

28

0

30

0

32

0

34

0

36

0

Aniônico 1,0 mg pol/g SST

Aniônico 1,5 mg pol/g SST

Aniônico 2,0 mg pol/g SST

Aniônico 2,5 mg pol/g SST

Alt

ura

da

inte

rfac

e lo

do

/águ

a

Tempo (minutos)

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55

Figura 20: Valores médios da turbidez da água clarificada após ensaio de espessamento por FAD.

É possível verificar que a dosagem do polímero catiônico que conduziu a

menor turbidez foi de 5.0 mg pol/ g SST para os ensaios com taxa de reciclo de 50%

e de 4,5 mg pol/ g SST quando a taxa de reciclo utilizada passou a 40%. A utilização

de polímeros para floculação do lodo em todos os ensaios possibilitou grande

eficiência na remoção da turbidez, se comparar os valores encontrados para as

amostras puras submetidas às mesmas condições de saturação por ar dissolvido.

Quanto à análise dos sólidos, os resultados obtidos após a realização dos

ensaios podem ser vistos na Tabela 12.

Tabela 12: Teor de sólidos no lodo adensado por FAD.

Polímero/Taxa de Reciclo

Dosagem (mgpol/g

SST) ST%

STV % ST

STF % ST

SST% SSV %

SST SSF %

SST

Amostra Pura / 50% 0,0 4,13 22,57 77,43 3,97 25,73 74,27

Catiônico / 50% 3,5 5,56 21,77 78,22 5,51 24,67 75,33

Catiônico / 50% 4,0 5,73 23,14 76,86 5,86 24,52 75,48

Catiônico / 50% 4,5 5,73 25,01 74,99 5,58 22,97 77,03

Catiônico / 50% 5,0 5,75 22,78 77,22 5,66 23,30 76,70

Amostra Pura / 40% 0,0 3,62 22,54 77,46 3,46 23,15 76,86

Catiônico / 40% 3,5 4,70 23,33 76,67 4,73 23,68 76,32

Catiônico / 40% 4,0 5,02 23,40 76,60 4,72 22,74 77,26

Catiônico / 40% 4,5 5,12 22,41 77,59 4,99 21,39 78,61

Catiônico / 40% 5,0 5,56 23,69 76,31 5,31 22,38 77,62

15

20

25

30

35

40

3 3,5 4 4,5 5 5,5 6

Turb

idez

da

águ

a cl

arif

icad

a (N

TU)

Dosagem dos Polímeros (mg pol/gSST)

FAD 50%

FAD 40%

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56

A maior concentração de sólidos, de acordo com a Tabela 12, foi atingida com

a dosagem de 5,0 mg pol/gSST e taxa de reciclo de 50%, nesta configuração foi

atingido um teor de sólidos de 5,75%. Os menores teores de ST foram registrados a

partir das amostras puras.

As leituras da interface água clarificada/lodo registradas durante a execução

dos ensaios de espessamento por FAD podem ser observadas na Figura 21 e no

Apêndice E.

Figura 21: Curvas de espessamento por FAD, com taxa de recirculação de 40 e 50%, do lodo condicionado com polímero catiônico.

Os resultados apresentados na Figura 21 demonstram para todas as

dosagens avaliadas, bem como as taxas de reciclo, uma condição de equilíbrio

atingida rapidamente, em torno de 5 minutos. Da mesma forma, foi verificado melhor

eficiência, conduzindo a amostra de lodo mais densa, para a dosagem de 5,0 mg

pol/g SST e taxa de reciclo de 50%.

5.5 Discussão e avaliação dos processos de espessamento do lodo pela FAD e sedimentação.

Para possibilitar melhor avaliação entre as duas técnicas de espessamento de

lodo, foram avaliadas comparativamente os resultados dos diversos parâmetros

0

3

6

9

12

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

Tempo (minutos)

FAD 50% - 3,5 mg pol/g SST FAD 50% - 4,0 mg pol/g SST

FAD 50% - 4,5 mg pol/g SST FAD 50% - 5,0 mg pol/g SST

FAD 40% - 3,5 mg pol/gSST FAD 40% - 4,0 mg pol/g SST

FAD 40% - 4,5 mg pol/g SST FAD 40% - 5,0 mg pol/g SST

Alt

ura

da

inte

rfac

e á

gua

clar

ific

ada/

lod

o (

cm)

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57

analisados. Na figura 22 encontram-se as porcentagens de ST presentes no lodo

após ensaios de espessamento com as diversas dosagens de polímeros utilizadas

em ambas as técnicas.

Figura 22: Teor de sólidos no lodo após ensaios de espessamento por FAD e sedimentação.

Pela Figura 22 verificou-se que os menores teores de sólidos totais foram

encontrados nas amostras de lodo adensado por FAD, sendo que o menor valor

registrado foi de 3,62% de ST para a amostra pura submetida à taxa de reciclo de

40%. Já para os maiores valores de ST encontrados foram registrados nos ensaios

de sedimentação com uso do polímero catiônico.

Vale salientar que os números relativos à %ST nos ensaios por FAD variam

consideravelmente a partir das diferentes taxas de reciclo utilizadas. Estudos

realizados por Cordeiro et al. (1999) avaliaram o espessamento por sedimentação e

flotação do lodo da ETA de Capim Fino de Piracicaba, São Paulo, os resultados

mais satisfatórios foram obtidos com a técnica de flotação, porém, os ensaios que

foram realizados por estes pesquisadores utilizaram taxa de reciclo de 80%, o que

pode representar grande gasto de energia, podendo inviabilizar o processo.

A turbidez remanescente na água clarificada após ensaios de espessamento

é outro parâmetro importante a ser analisado, na Figura 23 foram plotados os

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

6,5

7

7,5

0 1 2 3 4 5 6

% S

T n

o lo

do

ad

en

sad

o

Dosagem mg pol/gSST Catiônico Sed. - 3,5 mg pol/gSST Amostra Pura Sed. Catiônico Sed. - 4,0 mg pol/gSSTCatiônico Sed. - 4,5 mg pol/gSST Catiônico Sed. - 5,0 mg pol/gSST Amostra Pura Flot. / 50%Catiônico Flot. / 50% - 3,5 mg pol/gSST Catiônico Flot. / 50% - 4,0 mg pol/gSST Catiônico Flot. / 50% - 4,5 mg pol/gSSTCatiônico Flot. / 50% - 5,0 mg pol/gSST Amostra Pura Flot. / 40% Catiônico Flot. / 40% - 3,5 mg pol/gSSTCatiônico Flot. / 40% - 4,0 mg pol/gSST Catiônico Flot. / 40% - 4,5 mg pol/gSST Catiônico Flot. / 40% - 5,0 mg pol/gSSTCatiônico Sed. - 1,0 mg pol/gSST Catiônico Sed. - 1,5 mg pol/gSST Catiônico Sed. -2,0 mg pol/gSSTCatiônico Sed. - 2,5 mg pol/gSST Catiônico Sed. - 3,0 mg pol/gSST Aniônico Sed. - 1,0 mg pol/gSST

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resultados encontrados da turbidez em todos os ensaios que foram usados

polímeros.

Figura 23: Turbidez remanescente na água clarificada após ensaios de espessamento por FAD e sedimentação com uso de polímeros.

Os menores valores de turbidez na água clarificada foram registrados após

ensaios com FAD, sendo a dosagem de 4,5 mg pol/g SST com taxa de reciclo de

40% a que resultou o menor nível, 23 NTU.

0

100

200

300

400

500

600

700

0 1 2 3 4 5 6

Tu

rbid

ez d

a á

gu

a c

lari

ficad

a (

NT

U)

Dosagem mg pol/gSST Catiônico Sed. - 3,5 mg pol/gSST Amostra Pura Sed. Catiônico Sed. - 4,0 mg pol/gSSTCatiônico Sed. - 4,5 mg pol/gSST Catiônico Sed. - 5,0 mg pol/gSST Amostra Pura Flot. / 50%Catiônico Flot. / 50% - 3,5 mg pol/gSST Catiônico Flot. / 50% - 4,0 mg pol/gSST Catiônico Flot. / 50% - 4,5 mg pol/gSSTCatiônico Flot. / 50% - 5,0 mg pol/gSST Amostra Pura Flot. / 40% Catiônico Flot. / 40% - 3,5 mg pol/gSSTCatiônico Flot. / 40% - 4,0 mg pol/gSST Catiônico Flot. / 40% - 4,5 mg pol/gSST Catiônico Flot. / 40% - 5,0 mg pol/gSSTCatiônico Sed. - 1,0 mg pol/gSST Catiônico Sed. - 1,5 mg pol/gSST Catiônico Sed. -2,0 mg pol/gSSTCatiônico Sed. - 2,5 mg pol/gSST Catiônico Sed. - 3,0 mg pol/gSST Aniônico Sed. - 1,0 mg pol/gSSTAniônico Sed. - 1,5 mg pol/gSST Aniônico Sed. - 2,0 mg pol/gSST Aniônico Sed. - 2,5 mg pol/gSST

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados da quantificação do lodo produzido durante o tratamento da

água com a utilização da equação empírica da AWWA permitiram uma avaliação

rápida dos resíduos produzidos na ETA de São Gabriel. Esta é uma etapa

indispensável para implantação de projetos de tratamento de lodos.

Em relação à avaliação qualitativa do lodo observou-se a variação das séries

de sólidos a que lodos das ETAs estão sujeitos. Fatores climáticos e condições

operacionais resultam em materiais com características diferentes. No entanto, nas

duas campanhas que os materiais coletados foram analisados houve predomínio de

sólidos em suspensão, evidenciando uma característica dos lodos de ETAs.

A classificação do lodo segundo a NBR 10.004 de 2004 possibilitou conhecer

de forma detalhada seus constituintes e respectivas concentrações, classificando-o

na Classe II A – Não Inerte. A classificação do lodo é um procedimento importante,

pois possibilita inferir uma condição adequada de disposição do material.

Os ensaios em Teste de Jarros, realizados após avaliação preliminar das

características qualitativas do lodo, possibilitaram definir os polímeros empregados

nos testes de espessamento. A escolha foi feita seguindo valores da turbidez e a

composição do custo-benefício. Neste caso usou-se o polímero catiônico nas duas

técnicas de espessamento e o polímero aniônico apenas para os ensaios de

sedimentação.

Em relação aos ensaios de espessamento por sedimentação observou-se que

o aumento na dosagem do polímero catiônico e aniônico resultou em menor turbidez

na água clarificada. No entanto, a partir de determinado aumento na dosagem a

turbidez passou a aumentar, evidenciando uma condição limite no uso dos

polímeros avaliados.

O melhor resultado no teste do espessamento por sedimentação, com relação

a concentração de sólidos no lodo adensado ao final dos experimentos, ocorreu com

a dosagem de 1,5 mg pol/gSST do polímero catiônico. Em relação à turbidez

remanescente na água clarificada o menor nível verificado ocorreu com a dosagem

de 4,5 mg pol/gSST do polímero catiônico.

Para os ensaios por FAD os menores valores da turbidez remanescente na

água clarificada foram atingidos com a dosagem de 4,5 mg pol/ g SST com polímero

catiônico quando a taxa de reciclo utilizada foi de 40% e a pressão de saturação de

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6 atm. Quanto a avaliação do teor de sólidos, a dosagem do polímero catiônico que

resultou em lodo mais adensado foi de 5,0 mg pol/gSST e taxa de reciclo de 50%

sob pressão de saturação de 6 atm.

Com os dados dos ensaios de espessamento por FAD e sedimentação

conseguiram-se menores valores de turbidez na água clarificada para os ensaios

com FAD usando polímero para floculação do lodo. Os maiores teores de sólidos no

lodo adensado foram registrados nos ensaios de sedimentação.

6.1 Conclusão

Por fim, conclui-se que a utilização da FAD mesmo resultando em lodo menos

denso que a sedimentação, apresentou resultado imediato. O ensaio se estendeu

por 30 minutos, mas verificou-se estabilidade já nos primeiros cinco minutos da

avaliação. Essa característica pode ser extremamente benéfica para estações onde

o espaço para condicionamento do lodo visando um processo de espessamento por

gravidade for limitante.

Toda implantação de um processo de tratamento dos lodos deve ocorrer com

análise crítica, visando eficiência econômica e condição operacional, assim, o

processo de adensamento a ser utilizado deve levar em conta: tipo de polímero e

dosagem utilizada, o processo de desidratação, mão de obra e outros fatores

relevantes pela ETA.

6.2 Sugestões para pesquisas futuras

Tendo em vista o que foi apresentado e discutido neste trabalho sugere-se:

Avaliar misturas de polímeros no adensamento do lodo, com vistas a

uma dosagem econômica e eficiente;

Estudar o efeito da tensão superficial no adensamento por FAD, bem

como diferentes taxas de reciclo e pressões de saturação;

Caracterizar qualitativamente a água clarificada, após os testes de

adensamento, para possível recirculação na ETA.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A – TURBIDEZ DA ÁGUA CLARIFICADA EM ENSAIOS DE ADENSAMENTO POR SEDIMENTAÇÃO. Turbidez da água clarificada, média, desvio padrão, nos ensaios de espessamento por sedimentação.

Polímero Dosagem (mgpol/ g

SST)

Tubidez1 (NTU)

Tubidez2 (NTU)

Tubidez3 (NTU)

Média (NTU)

Desvio Padrão

Amostra Pura 0,0 7.298 9556,5 8925 8.593,17 863,44

Catiônico - MB 1,0 800 658,0 579 679,00 80,67

Catiônico - MB 1,5 246 552,0 111 303,00 166,00

Catiônico - MB 2,0 313 136,0 66 171,67 94,22

Catiônico - MB 2,5 245 73,0 50 122,67 81,56

Catiônico - MB 3,0 62 83,0 60 68,33 9,78

Catiônico - MB 3,5 54 52,0 43 49,67 4,44

Catiônico - MB 4,0 45 53,0 47 48,33 3,11

Catiônico - MB 4,5 44 49,0 46 46,33 1,78

Catiônico - MB 5,0 54 53,0 43 50,00 4,67

Aniônico 1,0 53 110 64 75,67 22,89

Aniônico 1,5 52 73 49 58,00 10,00

Aniônico 2,0 49 56 58 54,33 3,56

Aniônico 2,5 69 63 54 62,00 5,33

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APÊNDICE B – ALTURA DA INTERFACE LODO/ÁGUA CLARIFICADA EM ENSAIO SEDIMENTAÇÃO COM POLIMERO CATIÕNICO. Altura da interface lodo/água clarifica durante ensaio de espessamento por sedimentação com polímero catiônico em diferentes dosagens.

Tempo (minutos)

Polímero Catiônico Dosagem (mg pol/ g SST)

1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

0 33 33 33 33 33 33 33 33 33

3 31,50 25,37 30,90 24,85 22,70 21,27 18,33 18,47 19,36

5 30,60 25,53 29,20 24,70 21,10 19,17 17,50 18,13 18,27

10 28,83 22,07 26,27 21,63 18,47 17,13 16,83 17,53 17,17

15 26,90 18,93 23,50 18,73 16,83 16,23 16,50 17,33 16,69

20 25,20 17,43 21,10 17,20 16,07 15,77 16,23 17,10 16,37

25 23,53 16,80 20,37 16,57 15,70 15,50 16,13 17,03 16,22

30 22,33 16,27 18,70 16,00 15,40 15,27 16,07 16,93 16,09

35 21,17 15,77 17,97 15,53 15,17 15,17 15,97 16,90 16,01

40 20,10 15,50 17,53 15,20 15,00 15,07 15,90 16,77 15,91

45 19,43 15,20 17,13 15,00 14,93 15,00 15,87 16,73 15,87

50 18,73 15,00 16,80 14,80 14,80 14,97 15,80 16,70 15,82

55 18,23 14,77 16,43 14,63 14,77 14,87 15,77 16,63 15,76

60 17,90 14,63 16,20 14,53 14,63 14,77 15,73 16,60 15,70

65 17,57 14,50 15,97 14,37 14,57 14,70 15,67 16,53 15,63

70 17,33 14,33 15,73 14,30 14,50 14,67 15,63 16,53 15,61

75 16,97 14,3 15,6 14,27 14,47 14,63 15,6 16,5 15,58

80 16,77 14,23 15,50 14,20 14,43 14,63 15,60 16,43 15,56

85 16,57 14,10 15,33 14,10 14,43 14,57 15,53 16,43 15,51

90 16,37 14,00 15,20 14,03 14,37 14,57 15,53 16,40 15,50

100 16,00 13,87 14,93 13,93 14,30 14,50 15,43 16,33 15,42

110 15,70 13,80 14,77 13,83 14,30 14,47 15,43 16,33 15,41

120 15,43 13,63 14,60 13,83 14,23 14,47 15,40 16,27 15,38

130 15,20 13,53 14,50 13,73 14,20 14,40 15,40 16,27 15,36

140 15,03 13,50 14,38 13,67 14,17 14,33 15,40 16,27 15,33

150 14,83 13,50 14,27 13,63 14,13 14,30 15,33 16,23 15,29

160 14,62 13,43 14,17 13,60 14,10 14,27 15,33 16,20 15,27

170 14,48 13,40 14,08 13,57 14,10 14,27 15,30 16,20 15,26

180 14,37 13,33 14,00 13,57 14,10 14,27 15,30 16,20 15,26

210 14,03 13,23 13,80 13,48 14,00 14,20 15,28 16,15 15,21

240 13,80 13,20 13,67 13,43 13,97 14,20 15,20 16,13 15,18

270 13,63 13,13 13,57 13,40 13,90 14,13 15,13 16,07 15,11

300 13,42 13,07 13,47 13,33 13,87 14,10 15,10 16,03 15,08

330 13,20 13,00 13,40 13,33 13,80 13,70 15,10 15,97 14,92

360 13,10 12,98 13,27 13,33 13,77 14,03 15,00 15,93 14,99

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APÊNDICE C – ALTURA DA INTERFACE LODO/ÁGUA CLARIFICADA EM ENSAIO POR SEDIMENTAÇÃO COM POLÍMERO ANIÔNICO. Altura da interface lodo/água clarifica durante ensaio de espessamento por sedimentação com polímero aniônico em diferentes dosagens.

Tempo (minutos)

Polímero Aniônico Dosagem (mg pol/ g SST)

1,0 1,5 2,0 2,5

0 33 33 33 33

3 31,50 25,37 30,90 24,85

5 30,60 25,53 29,20 24,70

10 28,83 22,07 26,27 21,63

15 26,90 18,93 23,50 18,73

20 25,20 17,43 21,10 17,20

25 23,53 16,80 20,37 16,57

30 22,33 16,27 18,70 16,00

35 21,17 15,77 17,97 15,53

40 20,10 15,50 17,53 15,20

45 19,43 15,20 17,13 15,00

50 18,73 15,00 16,80 14,80

55 18,23 14,77 16,43 14,63

60 17,90 14,63 16,20 14,53

65 17,57 14,50 15,97 14,37

70 17,33 14,33 15,73 14,30

75 16,97 14,3 15,6 14,27

80 16,77 14,23 15,50 14,20

85 16,57 14,10 15,33 14,10

90 16,37 14,00 15,20 14,03

100 16,00 13,87 14,93 13,93

110 15,70 13,80 14,77 13,83

120 15,43 13,63 14,60 13,83

130 15,20 13,53 14,50 13,73

140 15,03 13,50 14,38 13,67

150 14,83 13,50 14,27 13,63

160 14,62 13,43 14,17 13,60

170 14,48 13,40 14,08 13,57

180 14,37 13,33 14,00 13,57

210 14,03 13,23 13,80 13,48

240 13,80 13,20 13,67 13,43

270 13,63 13,13 13,57 13,40

300 13,42 13,07 13,47 13,33

330 13,20 13,00 13,40 13,33

360 13,10 12,98 13,27 13,33

Page 69: ESPESSAMENTO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_MANOEL MARASCHIN.pdf · estimativa da produção do lodo foi utilizado uma equação

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APÊNDICE D – TURBIDEZ DA ÁGUA CLARIFICADA APÓS ENSAIOS DE ESPESSAMENTO. Turbidez da água clarificada, média, desvio padrão, nos ensaios de espessamento por FAD.

Polímero/Taxa de Reciclo

Dosagem (mgpol/ g

SST)

Tubidez1 (NTU)

Tubidez2 (NTU)

Tubidez3 (NTU)

Média (NTU)

Desvio Padrão

Amostra Pura / 50% 0,0 12.900 12.133 7.500 10.844 2.229,6

Catiônico / 50% 3,5 36 37 32 35 2,0

Catiônico / 50% 4,0 32 30 35 32,3 1,8

Catiônico / 50% 4,5 24 27 29 27 1,8

Catiônico / 50% 5,0 25 26 29 26,7 1,6

Amostra Pura / 40% 0,0 14.150 13.600 13.350 13.700 300,0

Catiônico / 40% 3,5 25 38 36 33 5,3

Catiônico / 40% 4,0 24 26 26 25,3 0,9

Catiônico / 40% 4,5 23 23 24 23,3 0,4

Catiônico / 40% 5,0 25 26 30 27 2,0

Page 70: ESPESSAMENTO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_MANOEL MARASCHIN.pdf · estimativa da produção do lodo foi utilizado uma equação

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APÊNDICE E – ALTURA DA INTERFACE LODO/ÁGUA CLARIFICADA POR FAD.

Altura da interface lodo/água clarifica durante ensaio de espessamento por FAD com polímero catiônico em diferentes dosagens e taxa de reciclo de 40 e 50%.

Tempo (minutos)

Polímero Catiônico Dosagem

(mg pol/ g SST)

Tr = 40% Tr = 50%

3,5 4 4,5 5 3,5 4 4,5 5

0 0 0 0 0 0 0 0 0

0,5 7,50 8,85 9,10 9,27 9,70 11,10 10,83 10,90

1 9,00 9,50 9,60 9,50 10,40 11,53 11,33 11,43

2 9,37 9,77 9,83 9,87 10,97 11,77 11,50 11,77

3 9,53 9,77 10,00 9,87 11,03 11,90 11,60 11,83

4 9,57 9,80 10,03 9,87 11,10 11,93 11,70 11,90

5 9,57 9,83 10,03 9,87 11,13 11,93 11,70 11,93

6 9,57 9,83 10,03 9,87 11,20 11,93 11,70 11,93

7 9,57 9,83 10,03 9,87 11,20 11,97 11,70 11,97

8 9,57 9,83 10,03 9,87 11,23 12,00 11,70 11,97

9 9,57 9,83 10,03 9,87 11,23 12,00 11,70 12,00

10 9,57 9,83 10,03 9,87 11,23 12,00 11,70 12,03

15 9,57 9,83 10,03 9,87 11,27 12,00 11,70 12,07

20 9,57 9,83 10,03 9,87 11,27 12,00 11,70 12,07

25 9,57 9,83 10,03 9,87 11,27 12,00 11,70 12,07

30 9,57 9,83 10,03 9,87 11,27 12,00 11,70 12,07