biofilmes bacterianos e sua atuação na infecção hospitalar
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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ
DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA CLÍNICA
MICROBIOLOGIA
Bruna Vitória Lopes de Freitas Ana Carolina de Souza
Maycon Roberto Bisson Jéssica Caroline Reis Spinelli
Natália Toscani Araújo
“BIOFILMES BACTERIANOS E SUA ATUAÇÃO NA
INFECÇÃO HOSPITALAR “
RIBEIRÃO PRETO
2013
CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ
DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA CLÍNICA
MICROBIOLOGIA
Bruna Vitória Lopes de Freitas Ana Carolina de Souza
Maycon Roberto Bisson Jéssica Caroline Reis Spinelli
Natália Toscani Araújo
“BIOFILMES BACTERIANOS E SUA
ATUAÇÃO NA INFECÇÃO HOSPITALAR”
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Centro Universitário Barão
de Mauá, como parte das exigências para
obtenção do Título de Bacharel em
Biomedicina.
Orientador: Profa. Me Gracie Luiza da Silva
RIBEIRÃO PRETO
2013
Bibliotecária Responsável: Vanda Lilian Lauande CRB8 3365
F936b
Freitas, Bruna Vitória Lopes de
Biofilmes bacterianos e sua atuação na infecção hospitalar /
Bruna Vitória Lopes de Freitas; Ana Carolina de Souza; Jéssica Caroline
Reis Spinelli; Natália Toscani Araújo; Maycon Roberto Bisson –
Ribeirão Preto, 2013.
51p.il.
Trabalho de conclusão do curso Biomedicina do Centro
Universitário Barão de Mauá
Orientador : Msc. Gracie Luiza da Silva
1. Biofilme 2. Infecção Hospitalar 3. Assepsia I. Souza, Ana
Carolina de II. Spinelli, Jéssica Caroline Reis III. Araújo, Natália Toscani
IV. Bisson, Maycon Roberto V. Silva, Gracie Luiza da VI. Título
CDU 614.4:614.21
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais
volta ao seu tamanho original”.
Albert Einstein.
Às nossas famílias, pelo incentivo
e apoio incondicionais, pelos
conselhos e ensinamentos passados a nós.
Agradecimentos
Ao todo criador, Deus, que está acima de todas as coisas deste mundo.
Concebendo sempre os nossos desejos e vontades, mesmo quando de forma
oculta.
Aos pais e familiares, pela confiança, amor, cuidado e apoio, nos incentivando
a sempre seguir adiante.
Aos nossos amigos, pelos momentos de alegria compartilhados durante esta
caminhada.
Aos namorados e namorada, por todo carinho, compreensão, apoio mesmo
nas horas mais difíceis.
Aos professores, pela paciência, ensino, e confiança que foram essenciais em
nossa formação.
À nossa orientadora, Gracie Luiza da Silva pelo seu empenho ao nosso
trabalho, por transmitir seus conhecimentos e por fazer do nosso TCC uma
experiência positiva e por ter confiado em nós, sempre nos orientando e nos
dedicando parte do seu tempo.
i
SUMÁRIO
Assunto Página
SUMÁRIO............................................................................................................i
LISTA DE FIGURAS...........................................................................................ii
LISTA DE QUADROS........................................................................................iii
LISTA DE TABELAS..........................................................................................iv
RESUMO............................................................................................................v
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................01
2. OBJETIVOS..................................................................................................03
3. METODOLOGIA............................................................................................04
4. HISTÓRICO..................................................................................................05
4.1. Formação do biofilme...................................................................06
4.2. Efeitos positivos e negativos do biofilme em diferentes setores da
sociedade....................................................................................08
4.2.1. Meio ambiente....................................................................10
4.2.2. Indústria..............................................................................13
4.2.3. Saúde em geral..................................................................16
5. BIOFILMES NA INFECÇÃO HOSPITALAR..................................................20
6. CONCLUSÃO................................................................................................31
7. REFERÊNCIAS.............................................................................................32
ii
LISTA DE FÍGURAS
Figura Página
1. Estágios de formação do biofilme: Adesão primária(1), Adesão irreversível (2),
Maturação(3), Estágio avançado de maturação(4) e Dispersão.............................07
2. Tubo de ferro com corrosão (a) e tubo de polietileno de alta densidade coberto
parcialmente por biofilme(b).........................................................................................09
3. Raízes de arroz colonizadas por Pseudomonas, utilizada para biorremedia
solos contaminados com agrotóxicos....................................................................12
4. Reatores de biofilme para tratamento de águas residuais..............................13
5. Pé diabético, após amputação transmetatársica dos dedos com ferida crônica
associada à formação de biofilme bacteriano........................................................16
6. Endocardite bacteriana............................................................................................18
7. Biofilme em cateter venoso central visualizado por microscopia eletrônica...21
8. Representação de Cateter vesical....................................................................22
9. Representação de uma fístula arteriovenosa..................................................24
10. Comparativo da taxa anual de morte por sepse entre a população com uso de
diálise e população em geral.........................................................................................26
11. Rolamento de cateter na técnica semi-quantitativa de Maki...........................28
12. Crescimento de colônias obtidas a partir das técnicas Quantitativa (A) e Semi-
quantitativa (B).......................................................................................................29
iii
LISTA DE QUADROS
Quadro Página
1. Principais micro-organismos transmitidos pela água, doenças que podem
provocar e a forma como são introduzidas na água..............................................11
2. Algumas infecções humanas que envolvem biofilmes.......................................17
3. Agentes mais frequentes em infecções nosocomiais........................................23
iv
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
1. Comparativo de casos de bacteremia causada por várias espécies em
pacientes com uso de Cateteres e Fístulas...........................................................25
v
RESUMO
Biofilme pode ser definido como uma estrutura comunitária de células
bacterianas protegidas por uma matriz polimérica, fabricada por essas cepas e
aderida à uma superfície sólida, quase sempre imersa em meio líquido,
desempenham um papel importante na natureza e em processos tecnológicos.
Os micro-organismos se agrupam dessa forma como estratégia para se
proteger de fatores agressivos externos. Frequentemente se acumulam em
depósitos dos rios, lagos ou ambientes marinhos, podem se desenvolver em
associação com raízes de algumas plantas, fornecendo-lhes nutrientes. São
utilizados em biotecnologia ambiental com grande sucesso no tratamento de
efluentes, removendo poluentes orgânicos e inorgânicos de águas
contaminadas. Na indústria alimentar, os biofilmes são utilizados na produção
de alimentos fermentados, como por exemplo, o vinagre. Porém, na maioria
das situações, a formação de biofilmes é indesejável, pois, de uma maneira
geral, está associado à deterioração das superfícies e/ou ambiente
circundante. Sua formação em equipamentos na indústria alimentícia pode
representar uma fonte constante de contaminação. Na área da saúde os
biofilmes microbianos se desenvolvem na superfície de diversos equipamentos
médico-hospitalares, como, próteses e implantes, podendo levar a uma
rejeição das mesmas, lentes de contato, conexões, tubos endotraqueais,
agulhas, além disso, podem aderir às superfícies de cateteres onde são causa
de infecções do trato urinário e sanguíneas principalmente em pacientes
internados em unidades de terapia intensiva (UTI) onde o tempo de
permanência desses equipamentos é maior. A matriz do biofilme funciona
como um filtro, retendo minerais ou outros componentes séricos produzidos
pelo hospedeiro. Essa ação o torna altamente resistente ao tratamento
antimicrobiano, tornando este um problema ainda mais grave. As
consequências mais importantes da formação de biofilmes nos equipamentos
hospitalares são a alta incidência de infecção local e sistêmica e o aumento da
taxa de mortalidade. Por esses motivos é de extrema importância o melhor
conhecimento sobre o assunto, além reforçar as estratégias para controlar a
formação de biofilmes nesses equipamentos, realizando uma rigorosa técnica
de assepsia durante a inserção e manuseio dos cateteres e sistemas de
infusão e redução do tempo de permanência dos cateteres e constante higiene
vi
das mãos dos profissionais de saúde. Este estudo teve como finalidade
entender a relação da formação de biofilmes no agravamento de diversas
enfermidades e a sua influência no controle da infecção hospitalar.
Palavras-chave: Biofilme; infecção hospitalar; assepsia.
1
1. INTRODUÇÃO
Os biofilmes microbianos são colônias de micro-organismos envolvidas e
associadas a uma matriz extracelular de natureza polissacarídica denominada
glicocálix, estrutura responsável pela adesão entre as células e delas às
superfícies. Os biofilmes possuem características fenotípicas que os tornam
diferentes das células no estado planctônico em relação à resistência a
agentes antimicrobianos e proteção contra as defesas do hospedeiro
(PEREDA, 2007).
A formação do biofilme se inicia com adesão de bactérias planctônicas a
uma determinada superfície celular ou inanimada, em seguida estas sofrem
proliferação, levando a um acúmulo de camadas de células bacterianas e,
finalmente, a formação da comunidade microbiana, embebida na matriz de
exopolissacarídeo (EPS) produzida por estas células. A adesão e a formação
do biofilme são limitadas por características do micro-organismo, tais como
expressão dos fatores de virulência, do material aderente e das características
do meio onde o micro-organismo está inserido, como pH, temperatura e
umidade (CAIXETA, 2008; FLACH, 2005).
Essas bactérias tem sistemas de comunicação entre si, um dos quais se
chama quorum sensing, uma capacidade de percepção da densidade
populacional através da secreção de sinais moleculares sintetizados por cada
bactéria presente na colônia.
Frequentemente os biofilmes microbianos se acumulam em depósitos
dos rios, lagos ou ambientes marinhos e podem se desenvolver em associação
com raízes de algumas plantas, fornecendo-lhes nutrientes. São muito
eficientes quando utilizados em métodos de tratamento de esgoto, removendo
poluentes da água.
Na indústria alimentícia são utilizados em biorreatores para a produção
de alimentos fermentados, como vinagre (MACEDO, 2000).
Porém os biofilmes podem ser extremamente prejudiciais em algumas
condições. O biofilme dental, por exemplo, apresenta-se como agente
determinante de cárie dentária e periodontopatias, as quais se caracterizam
como o principal problema no âmbito de odontologia sanitária.
2
Vários micro-organismos podem se aderir à superfície de lentes de
contato, um fator importante no desenvolvimento de infecções oculares,
relacionadas ao uso destes dispositivos médicos (SILVA, 2012).
Quando aderidas a dispositivos médico-hospitalares, essas comunidades
bacterianas representam uma fonte constante de contaminação, podendo levar
a infecções graves.
Para Del Pozzo et al. ba t rias em bio ilmes a resentam uma
resist n ia a antibi ti os que ode hegar a 500 a 5000 vezes maior de
ba t rias lan t ni as. ma ve im lantada uma o ula o ba teriana na sua
orma de bio ilme e tremamente di il de elimin -la.
Biofilmes podem se aderir às superfícies de próteses ortopédicas,
cardíacas e vasculares causando complicações graves, como infecções e até
rejeição das mesmas. Ocorre com frequência também a formação de biofilmes
em superfícies de cateteres, segundo Jacyr Pasternak (2008) em seu estudo,
indivíduos que fazem o uso de cateteres possui maior incidência de infecções
sistêmicas.
Dada a sua complexidade, essas comunidades são capazes de produzir
fatores inflamatórios que dificultam o processo de cicatrização de feridas,
levando uma cronicidade do quadro.
Por estas razões, os micro-organismos associados aos biofilmes são
considerados um importante problema de saúde pública.
É imprescindível, portanto conhecer os mecanismos envolvidos na sua
formação, para poder controlá-los ou erradicá-los de uma forma mais efetiva,
uma vez que, esses são agentes frequentes em quadros de infecções
hospitalares.
3
2. OBJETIVO
O presente estudo teve como finalidade demonstrar a influência que os
biofilmes bacterianos possuem no agravamento de diversas enfermidades e no
controle da infecção hospitalar.
4
3. METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho consistiu na revisão de literatura
científica sobre a ampla atuação dos biofilmes na saúde, meio ambiente e na
indústria, enfatizando a infecção hospitalar.
5
4. HISTÓRICO
A microbiologia tradicional caracterizou as células encontradas em
suspensões como planctônicas, muitas dessas bactérias planctônicas tem a
capacidade de aderir em superfícies, formando biofilmes (LUCCHESI, 2006).
Ao estudar amostras dentárias em 1684, Antonie Van Leuvenhoek
observou fragmentos celulares agregados ao material. No entanto, foi Zobell
em 1943 quem primeiro publicou um estudo sobre biofilmes onde observou
bactérias marinhas aderidas em cascos de navios e em outros materiais
submersos (MENOITA, 2012).
Em 1978, Costerton, considerado o pai da ciência dos biofilmes, verificou
que a maioria dos micro-organismos presentes no meio ambiente se
encontrava fixo às superfícies a esses micro-organismos foi atribuído o nome
de biofilme (CAPELLETTI, 2006).
Na década de 90, observou-se que as bactérias em biofilme são
diferentes das bactérias em suspensão quanto ao seu metabolismo e
morfologia, além de apresentarem maior resistência aos antibióticos e
desinfetantes (COSTERTON et al., 1999).
Atualmente, o conceito de biofilme vem avançando e pesquisas vêm
sendo realizadas para entender os mecanismos de formação e o controle das
formas microbianas, tanto a planctônica (livre), quanto a séssil (biofilme),
principalmente devido à grande importância nas atividades humanas, o qual
pode trazer tanto benefícios quanto malefícios (CAIXETA, 2008 apud
CASALINI, 2008).
6
4.1 FORMAÇÃO DO BIOFILME
Os micro-organismos são estruturas simples, que estão presentes nos
mais diversos habitat, segundo Costerton et al. (1987), é estimado que cerca
de 90% dos micro-organismos vivem sob a forma de biofilmes e
praticamente não existe nenhuma superfície que não possa ser colonizada
por bactérias. Estas estruturas estão presentes naturalmente em variados
tipos de ambientes, sejam eles bióticos ou abióticos (BOARI, 2008).
O desenvolvimento de um biofilme é considerado um mecanismo de
sobrevivência, onde se tornam mais fácil a obtenção de nutrientes e a
proteção contra agentes biocidas (DREESZEN, 2003).
A formação de biofilme realiza-se, normalmente, numa superfície sólida
imersa em água. O processo inicial da formação de biofilmes envolve a
adesão primária à uma superfície que envolve interações eletrostáticas entre
os micro-organismos envolvidos e à superfície a ser colonizada (SILVA,
2012).
A velocidade desse processo depende de fatores ambientes tais como,
pH, temperatura, concentração de oxigênio, presença de moléculas
orgânicas no meio aquoso além de características da superfície, como carga
superficial, energia livre de superfície, rugosidade. Por esse motivo, alguns
tipos de materiais predispõem a formação de biofilmes por facilitar essas
interações, como certos polímeros (MACHADO, 2005).
Após a formação inicial do biofilme, ocorre o transporte de células
microbianas do meio aquoso até à superfície sólida, esse transporte ocorre
devido a uma diferença no gradiente de concentrações entre o meio
aquático e a superfície. Quando é formada a primeira camada de micro-
organismos, a adesão de outros micro-organismos é favorecida, o
desenvolvimento e reprodução dos colonizadores causam uma alteração
nas propriedades do meio que favorece o acúmulo de biofilme (MENOITA,
2012).
A partir daí ocorre o processo de adesão secundária, considerada
irreversível, essa adesão ocorre por estruturas bacterianas, como fímbrias
ou pili e além da produção de uma matriz de exopolissacarídeo (EPS), que
age como uma barreira física que impede a penetração de agentes
antimicrobianos, conferindo-lhes uma maior resistência. O EPS constitui o
7
substrato para que os colonizadores secundários possam se agregar
diretamente aos colonizadores primários (BOARI, 2008).
Devido à carga negativa presentes na matriz do biofilme muitos
nutrientes são atraídos para a sua superfície, este processo fornece aos
micro-organismos um ambiente rico favorecendo a maturação da
comunidade (O'TOOLE et al., 2000).
A comunicação entre os micro-organismos presentes em um biofilme
se dá pela expressão de conjuntos de genes que regulam secreção de sinais
moleculares sintetizados por cada célula. Receptores específicos detectam
essas moléculas o que permite as células tenham noção do tamanho da
comunidade e assim passem a agir como um único organismo multicelular,
este mecanismo de comunicação é chamado de quorum sensing
(RUMJANEK, 2004).
Em condições favoráveis o desenvolvimento de um biofilme continua
por um período relativamente longo de tempo. Porém, em condições
desfavoráveis, o biofilme começa a sofrer o processo de desprendimento,
onde ocorre a perda contínua de porções de biofilme, como pode ser
observado na Figura 1 (SILVA, 2012).
Figura 1. Estágios de formação do biofilme: Adesão primária(1), Adesão
irreversível (2), Maturação(3), Estágio avançado de maturação(4) e
Dispersão.
Fonte: STRATUL et al. (2008).
8
4.2 EFEITOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO BIOFILME EM
DIFERENTES SETORES DA SOCIEDADE
Os biofilmes podem ter efeitos tanto prejudiciais quanto benéficos, em
diversas áreas, tais como, indústrias, meio ambientes e saúde. Essas
comunidades de micro-organismos se acumulam nos depósitos dos rios, lagos
ou no mar sendo benéficos por contribuírem com a remoção de contaminantes
da água. São muito utilizados em processos de tratamento de efluentes
domésticos e industriais, removendo poluentes orgânicos e inorgânicos e na
produção de biopolímeros como o poliactato.
Alguns tipos de vegetais interagem com bactérias fixadoras de
nitrogênio, que retiram nitrogênio do ar e o transforma em formas absorvíveis, é
o que ocorre entre várias espécies de leguminosas e bactérias da
família Rhizobiaceae. Biofilmes também podem ser utilizados em biorreatores
no processo de produção de alimentos, como fermentos, vinhos, cerveja,
iogurtes e vinagre (VIANA, 2009).
Porém, os biofilmes são extremamente prejudiciais em algumas
situações, por exemplo, quando se acumulam em encanamentos de água,
lugar extremamente favorável para o crescimento desses micro-organismos,
pois consistem em uma potencial fonte de contaminação afetando a qualidade
da água, também podem provocar corrosão de válvulas e canos, como
indicado na Figura 2, o mesmo ocorre no caso dos equipamentos de
processamento do leite e de outros alimentos.
No setor industrial, a formação de biofilmes em equipamentos pode
acarretar em grandes prejuízos econômicos, devido à redução do desempenho
de equipamentos, assim como a deterioração das superfícies, levando a uma
diminuição da qualidade dos produtos, bem como, aumento despesas com a
manutenção dos equipamentos (MACHADO, 2005).
Igualmente indesejáveis e prejudicais a saúde, são as placas bacterianas que
se desenvolvem nos dentes, podendo dar origem à cárie dentária e
periodontopatias.
A formação de biofilmes em dispositivos médico-hospitalares, como
cateteres urinários, lentes de contato e próteses, podem acarretar em infecções
graves, por exemplo, endocardite, bem como rejeições das próteses
(COSTERTON et al., 1987).
9
Figura 2. Tubo de ferro com corrosão (a) e tubo de polietileno de alta
densidade coberto parcialmente por biofilme(b).
Fonte: AZEVEDO et al (2012).
10
4.2.1 MEIO AMBIENTE
A formação de biofilmes é um mecanismo importante do ciclo celular de
muitos micro-organismos, essa capacidade é fundamental para a sobrevivência
e propagação desses micro-organismos em diversos ambientes e tem um
papel fundamental para a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas, porém a
sua formação, muitas vezes interfere de maneira prejudicial nas atividades
humanas, como por exemplo, quando ocorre a formação de biofilmes em
monumentos, induzindo alterações físicas e químicas que contribuem para sua
degradação (AZEVEDO et al., 2012).
A formação de biofilmes nas paredes de tubulações de água potável pode
acarretar na contaminação da água, podendo causar problemas de saúde aos
consumidores, pois esses biofilmes podem incorporar micro-organismos
patogênicos, os quais podem sobreviver longos períodos em condições
adversas, como indicado no Quadro 1. Esses micro-organismos são
introduzidos nos sistemas naturais de água através de despejos de esgoto nos
rios, lagos e lençóis freáticos.
Além dos prejuízos para a saúde do consumidor, a formação de biofilmes
em tubulações de água potável provoca corrosão das tubulações, além de
tornarem necessárias estratégias de controle, que acarretam em aumento nos
custos das companhias de água (AZEVEDO et al., 2012).
Por outro lado, os biofilmes tem apresentado um papel relevante, no que
diz respeito à conservação de frutas e hortaliças, na qual é criada uma película
com substâncias naturais com a finalidade de reduzir as trocas gasosas e a
perda de água para o meio, dispensando o uso de produtos químicos, que
muitas vezes são prejudiciais à saúde, mantendo as propriedades do alimento,
Além de proteger o alimento, esses biofilmes, conferem brilho ao alimento, um
atrativo visual, muito valorizado pelo produtor e alguns consumidores.
Segundo especialistas da EMBRAPA é possível aumentar o
desenvolvimento de vegetais por meio de rizobactérias, bactérias que se
aderem às raízes de plantas, que fornecem elementos essenciais ao
crescimento e sobrevivência de plantas como nitrogênio, fósforo e ferro e
compostos antibióticos que atuam na destruição de patógenos no solo.
11
Quadro 1. Principais micro-organismos transmitidos pela água, doenças que
podem provocar e a forma como são introduzidas na água.
Micro-organismo Doença Introdução na água
Vibrio cholerae Cólera Matéria fecal; Natural do ambiente
Salmonella spp. Febre Tifoide Matéria fecal; Natural do ambiente
Escherichia coli Gastroenterite, septicemia
Matéria fecal
Campylobacter spp. Gastroenterite Matéria fecal; Natural do ambiente
Helicobacter pylori Ùlcera péptica, cancro do estômago
Matéria fecal
Legionella pneumophila Doença do legionário e febre de Pontiac
Natural do ambiente
Mycocabcterium avium Infecções do esqueleto, tecidos moles, respiratórias, gastrointestinais e do trato urinário
Natural do ambiente
Pseudomonas aeruginosa
Infecções do trato respiratório e urinário, mastite e otite
Natural do ambiente
Shigella spp. Gastroenterite úlceras nódulos linfáticos
Matéria fecal
Fonte: AZEVEDO et al. (2012).
Algumas dessas bactérias possuem também a capacidade de ativar as
respostas de defesa na planta, sendo, portanto, eficazes no controle de
algumas doenças. Dentre as espécies mais estudadas pode-se
citar Pseudomonas fluorescens, Pseudomonas putida, Serratia marcescens,
Bacillus subtilis, Bacillus megaterium, Rhizobium e Bradyrhizobium
(BERNARDES, 2006).
Rizobactérias como Pseudomonas tem sido as preferidas, pois
produzem enzimas capazes de degradar agrotóxicos, como naftaleno,
fenantreno, fluoranteno e benzantraceno, como indicado na Figura 3.
12
Figura 3. Raízes de arroz colonizadas por Pseudomonas, utilizada para
biorremediar solos contaminados com agrotóxicos.
Fonte: EMBRAPA, 2013.
Os biofilmes também tem sido beneficamente utilizados para minimizar
os danos causados por desastres ambientais, como derramamentos de
petróleo e gás. Alguns micro-organismos, quando estimulados, produzem
certas substâncias que agem como detergentes naturais promovendo a
emulsão de compostos como água e óleo, o que normalmente não acontece
devido à alta tensão de superfície da água. A produção desses biodetergentes
é fundamental para o crescimento desses micro-organismos em locais
atingidos por derrames e facilita a utilização de hidrocarbonetos como fonte de
carbono e energia por essas bactérias, levando a eliminação desses poluentes
com o tempo, processo é conhecido como biorremediação (KREPSKY et al.,
2006).
13
4.2.2 INDÚSTRIA
Os biofilmes possuem várias características que podem ser úteis para o
setor industrial, como sua persistência, possibilidades de interações
simbióticas, aderência às superfícies e formação de grânulos (AZEVEDO et al.
2012).
A biorremediação é o melhor exemplo da utilização dessas
características, processo que consiste na utilização de reatores biológicos,
como apresentado na Figura 4 para a descontaminação de solos e efluentes
domésticos e industriais, bactérias presentes nesses reatores são capazes de
remover nitrogênio, carbono biodegradável e percussoras de trihalometanos,
substâncias muito tóxicas para seres humanos. Vários outros tipos de
poluentes químicos podem ser biorremediados por biofilmes, como tolueno,
alguns herbicidas e metais pesados, como Zinco, Cádmio e Níquel, atingindo
em algumas técnicas, cerca de 100% de degradação (VIANA, 2009).
Figura 4. Reatores de biofilme para tratamento de águas residuais
Fonte: AZEVEDO et al. (2012).
Outro processo biotecnológico muito utilizado atualmente é a lixiviação
bacteriana (biolixiviação), um processo no qual, bactérias, principalmente do
gênero Acidithiobacillus e principalmente a espécie Acidithiobacillus
ferroxidans, oxidam sulfetos metálicos, utilizando-os como fonte de energia,
que acarreta na solubilização desses metais. O A. ferroxidans é também capaz
de oxidar compostos reduzidos de enxofre bem como íons ferrosos. Sendo um
14
meio bastante viável para extração de cobre, requerendo baixos custos com
ácidos e agentes oxidantes. O processo da biolixiviação tem sido aplicado em
nível industrial, principalmente nos EUA e Chile, Espanha, Canadá e México,
locais de maiores reservas, com o propósito de recuperação do cobre mineral
onde se apresenta em baixa quantidade ou de seus rejeitos (RIBEIRO, 2007).
A formação de biofilmes também tem sido utilizada na produção de vários
compostos para a indústria alimentícia, são utilizados na produção de
alimentos fermentados, alguns tipos de bactérias, por exemplo, agregam se a
fragmentos de madeira e transformam substratos em ácido acético (CASALINI,
2008).
Também foi demonstrado que alguns micro-organismos são capazes de
converter energia química em energia elétrica, produção dez vezes maior
quando agrupados em biofilmes (AZEVEDO et al., 2012).
Porém, a formação de biofilmes é responsável também por grandes
perdas econômicas no setor industrial, estima-se que o prejuízo causado por
biofilmes na área industrial seja em torno de 1% do PIB de países
industrializados. Essas comunidades microbianas podem atingir equipamentos
de indústrias alimentícias, farmacêuticas, sistemas hídricos e até mesmo
superpetroleiros, exigindo manutenções periódicas. Os biofilmes microbianos
são capazes de promover a biocorrosão de tubulações, equipamentos e peças
metálicas. O termo utilizado pelas indústrias para definir camadas biológicas
indesejáveis que se formam em superfícies é biofouling (MASCARENHAS et
al., 2010).
Segundo Caixeta (2008), os biofilmes são responsáveis pela maior parte
das contaminações na indústria alimentícia, são resultantes de falhas no
processo de higienização e se aderem à superfície de equipamentos utilizados
para o processamento de alimentos resultando numa fonte crônica de
contaminação por patógenos, fato que compromete a qualidade do alimento,
podendo causar riscos à saúde do consumidor, além de acarretar prejuízos
devido à deterioração precoce desses produtos.
Na indústria petrolífera e naval a biocorrosão gerada por biofilmes
representa 20% dos casos de corrosão e resultam em um prejuízo de
aproximadamente 60 bilhões de dólares por ano. Estes custos estão
relacionados à parada de atividades para manutenções e substituições de
estruturas (VIANA, 2009).
15
Além da corrosão são responsáveis também pelo maior consumo de
combustível, uma vez que sua formação aumenta a resistência ao movimento
dos navios através da água (AZEVEDO et al., 2012).
Dentre os micro-organismos que acarretam em problemas de saúde
pública ou de ordem econômica, ressalta-se Pseudomonas fragi,
Pseudomonas fluorescens, Micrococcus sp. e Enterococcus faecium. Entre os
patogênicos pode-se citar Listeria monocytogenes, Yersinia enterocolitica,
Salmonella thyphimurium, Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Bacillus
cereus e Pseudomonas aeruginosa (KASNOWSKI et al., 2010).
A melhor maneira de controlar os biofilmes é a prática adequada de
certas condutas de higiene industrial a fim de eliminar resíduos e populações
de micro-organismos, dificultando o início da formação desses.
Para a prevenção deve-se fazer um planejamento adequado das superfícies
dos equipamentos que estão em contato com os alimentos; o material
empregado nos equipamentos deve apresentar uma elevada resistência à
corrosão, ser de fácil limpeza; fazer uso de mais de um tipo de desinfetantes
e/ou detergentes. Dado que condutas incorretas de higienização não levarão à
eliminação nem ao menos à inativação daqueles micro-organismos aderidos à
uma dada superfície (ESPER, 2011).
16
4.2.3 SAÚDE EM GERAL
Recentemente, tem se reconhecido o importante papel do biofilme
microbiano na medicina humana. Se por um lado biofilmes aderidos às
células do trato gastrointestinal representam uma barreira contra micro-
organismos patógenos, por outro podem causar inúmeras doenças, estima-
se que 65% de todas as infecções bacterianas, como apresentado no
Quadro 2, desenvolvidas em humanos envolvem esta estrutura (PEREDA,
2007).
A formação de biofilmes em feridas como representado na Figura 5,
pode causar um atraso no processo de cicatrização e está associada a sua
cronicidade, a maioria desses pacientes necessitam de extensos
tratamentos com antibióticoterapia devido ao aumento da resistência ao
sistema imune do hospedeiro aos agentes antimicrobianos (MONTEIRO,
2012).
Figura 5. Pé diabético, após amputação transmetatársica dos dedos com
ferida crônica associada à formação de biofilme bacteriano.
Fonte: SANTOS et al. (2013).
Dentre as infecções bacterianas causadas por biofilmes mais
conhecidas na atualidade estão a periodontite, cáries, otite, amigdalite
crônica e endocardite infecciosa, além das infecções hospitalares que serão
abordadas posteriormente.
17
Quadro 2. Algumas infecções humanas que envolvem biofilmes
Doença/Infecção Espécies bacterianas envolvidas
Cáries dentárias
Cocos Gram-positivos acidogênicos, Streptococcus sp.
Periodontite Bactérias orais anaeróbicas Gram-negativas
Otite média Haemophilus influenzae
Amigdalite crônica Várias espécies
Pneumonia/Fibrose cística
Pseudomonas aeruginosa, Burkholderia cepacia
Endocardite Streptococcus grupo Viridans, Staphylococcus sp
Prostatite bacteriana E. coli e outras Gram-negativas
Fonte: MONTEIRO (2012).
O biofilme oral é possivelmente o mais estudado, a cavidade oral
constitui um grande reservatório de bactérias que além de provocarem a
formação de biofilmes na superfície do dente, podem também, influenciar o
aparecimento de pneumonia. O biofilme oral se apresenta como agente
determinante para a formação da cárie dentária e periodontopatias (TOASSI
et al., 2002). O uso de próteses dentárias na substituição de dentes naturais
é considerado um fator que propicia a adesão de micro-organismos,
aumentando ainda mais as chances de formação da placa dental (PEREDA,
2007).
Outra patologia causada por biofilmes muito estudada é a endocardite
infecciosa, doença na qual bactérias orais podem cair na corrente corrente
sanguínea e se alojar nas válvulas cardíacas, danificando-as (FIGURA 6).
Entre os micro-organismos mais frequentemente isolados em pacientes com
endocardite infecciosa estão Streptococcus viridans, Staphylococcus aureus,
Enterococcus e Streptococcus gordonii, estudos comprovam que essas
bactérias tem a propriedade de ativar plaquetas, conduzindo a complicações
trombóticas (ALMEIDA, 2009).
18
Figura 6. Endocardite bacteriana
Fonte: GUIMARÃES (2012).
A endocardite infecciosa carrega um alto risco de morbidade e
mortalidade, cerca de 30% dos pacientes evoluem para o óbito, deve ser
tratada com cirurgia para substituição da válvula infectada por uma prótese ou
antibióticos (GUIMARÃES, 2012).
Uma das complicações mais severas em pacientes com fibrose cística é a
formação de biofilmes no tecido pulmonar. A fibrose cística é uma doença
crônica de origem genética que acomete por volta de 70 mil pessoas no
mundo. Ocorre uma elevação na espessura das secreções acarretando no
bloqueio das passagens das vias respiratórias, dos ductos biliares e
pancreático, aumentando a probabilidade de colonização bacteriana. As
infecções nos pulmões são bastante frequentes e possuem um importante
papel na morbidade e mortalidade dos indivíduos portadores da doença
(FRIEDRICH, 2007). Essas infecções são geralmente acompanhadas por uma
resposta inflamatória que conduz a uma lesão progressiva dos pulmões
(AZEVEDO et al., 2012).
De acordo com Marques (2011) Pseudomonas aeruginosa é o patógeno
mais encontrado em pacientes portadores de fibrose cística com infecções
pulmonares. Além deste, podem estar envolvidos também Staphylococcus
aureus e Haemophilus influenzae.
Segundo Singh et al. (2002) ao formar biofilmes, essas bactérias
colonizam de modo permanente os pulmões de pacientes com fibrose cística,
tornando-o dependente de uma antibioticoterapia severa, porém ineficaz em
19
muitos casos, pois não elimina o biofilme, somente algumas bactérias no
estado séssil.
20
5. BIOFILMES NA INFECÇÃO HOSPITALAR
A ocorrência de infecções nosocomiais representa um importante
problema no Brasil e em todo o mundo. Estima-se que aproximadamente 5%
das infecções hospitalares ocorrem frequentemente em alguns setores dos
hospitais, como UTIs e centros de hemodiálise. Este fato é justificado pela
presença de bactérias multirresistentes e potencialmente mais virulentas
combinada à condição clínica dos pacientes, acamados por tempo prolongado,
imunodeprimidos, com doenças graves que necessitam de monitoramento
invasivo e uso de antibióticos de largo espectro (PADRÃO, 2010).
Infecções hospitalares aumentam sensivelmente a frequência de
complicações e sequelas, prolongam a permanência do paciente no hospital,
reduzindo a oferta de leitos para o restante da população e aumentando os
custos de atendimento. Além disso, para controlá-la é necessária a utilização
de doses cada vez maiores de antimicrobianos que podem levar a uma
resistência bacteriana (MARQUES et al., 2011).
Embora o uso de cateteres intravenosos e de diálise, válvulas cardíacas,
próteses vasculares, marca-passos, shunts de fluido cérebro-espinhal e tubos
traqueais possibilitem uma maior sobrevida de milhares de pacientes ao redor
do mundo, esses dispositivos apresentam um risco intrínseco de
desenvolverem infecções associadas à formação de biofilmes em suas
superfícies e representam um dos principais fatores para aumento dos casos
de infecção hospitalar em pacientes críticos (AZEVEDO et al., 2012).
Entre esses procedimentos, cateteres intravasculares, principalmente os
venosos centrais (CVC), são os dispositivos invasivos mais utilizados para o
tratamento de pacientes hospitalizados para a administração de soluções,
medicamentos, sangue e derivados, bem como para a realização de
cateterismo cardíaco, monitorização de status hemodinâmico e realização de
hemodiálise, entre outros. A presença prolongada de cateteres representa uma
fonte potencial de formação de biofilmes (FIGURA 7) gerando complicações
infecciosas, tanto por infecções locais, quanto por sistêmicas (MARQUES,
2011).
O principal fator de virulência relacionado à infecção associada à
materiais médicos é a aderência bacteriana à superfície desses dispositivos
com a consequente a formação de biofilme (SAGINUR et al., 2006).
21
A produção de substância extracelular polissacarídica permite que as
células bacterianas se aglomerem em camadas, tornando-as menos acessíveis
ao sistema de defesa do organismo e aos antimicrobianos (OLIVEIRA, 2011).
Figura 7. Biofilme em cateter venoso central visualizado por microscopia eletrônica
Fonte: PINHEIRO (2006).
Em UTIs as doenças infecciosas estão entre as complicações mais
prevalentes e estão relacionadas com maiores taxas morbidade e mortalidade
além de aumento dos custos relacionados às internações e tratamentos.
Estudos realizados em oito países incluindo Canadá e Israel, mostraram
que aproximadamente um quarto dos pacientes internados em UTIs adquiriram
infecção hospitalar. A mortalidade nos pacientes infectados foi quatro vezes
maior que no grupo sem infecção (LISBOA et al., 2007).
Angus et al. (2001) analisaram em seu estudo mais de 6 milhões de
registros de altas hospitalares nos EUA e desses cerca de 751.000 (12,5%)
apresentavam sepse grave anualmente, com mortalidade estimada de 28,6%.
Não existe no Brasil um sistema para rastreamento e controle de infecção
bem organizado, que possibilite uma obtenção adequada de dados para uma
avaliação mais precisa das infecções nosocomiais em pacientes criticamente
enfermos, que permita uma estimativa real da importância deste problema
(LISBOA et al., 2007).
22
O ambiente hospitalar representa um grande reservatório de patógenos
que podem ser transmitidos ao paciente tanto pela própria microbiota do
paciente quanto por veículos, como mãos, secreção salivar, fluidos corpóreos,
ar e materiais contaminados, como equipamentos e instrumentos utilizados em
procedimentos médicos (LEVY, 2004).
As infecções do trato urinário são as infecções bacterianas mais comuns
em nível hospitalar, sendo responsável por cerca de 30 a 40% das infecções
nosocomiais, o risco de desenvolver uma ITU aumenta significativamente com
a utilização de cateteres urinários, destinados a aliviar a retenção e
incontinência urinária como indicado na Figura 8.
Infecções de feridas cirúrgicas, pneumonia bacteriana associada ou não
ao uso de ventilação mecânica e septicemia associada a cateter venoso central
também são frequentes (PADRÃO et al., 2010).
Figura 8. Representação de Cateter vesical
Fonte: ZIEVE e DUGDALE (2012).
Os principais agentes descritos como causadores de infecções
nosocomiais e potenciais formadores de biofilmes são apresentados no Quadro
3.
As bactérias gram negativas são predominantes, responsáveis por cerca
de 60% das infecções nosocomiais, seguidos pelas gram positivas (21,8 a
33,2%) e por fungos (4,5 a 15,3%). Nos casos de infecção respiratória o
23
Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) seguido por P.
aeruginosa e por Acinetobacter spp são os agentes mais frequentes, enquanto
que nos casos de infecção urinária E. coli seguido por Pseudomonas spp são
os mais comuns, já na septicemia os mais frequentes são MRSA,
Pseudomonas spp e Klebsiella pneumoniae (AZEVEDO et al., 2012).
Esses biofilmes podem ser formados por uma ou mais espécies
microbianas dependendo da superfície onde está aderido e do tempo de
permanência do artigo médico-hospitalar no paciente (PINHEIRO, 2006).
Quadro 3. Agentes mais frequentes em infecções nosocomiais
Patógeno Sítios comuns de isolamento
Bactérias Gram-negativas
Escherichia coli Trato urinário, feridas cirúrgicas, sangue
Pseudomonas sp Trato urinário, trato respiratório, queimaduras
Klebsiella sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Proteus sp Trato urinário, feridas cirúrgicas
Enterobacter sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Serratia sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Bactérias Gram positivas
Streptococcus sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Staphylococcus aureus Pele, feridas cirúrgicas, sangue
Staphylococcus epidermidis Pele, feridas cirúrgicas, sangue
Fungi
Candida albicans Trato urinário, sangue
outros Trato urinário, sangue, trato respiratório
Fonte: LEVY (2004).
24
A estratégia mais efetiva para o tratamento de infecções relacionadas a
biofilmes é a retirada do dispositivo contaminado aliada a uma longa terapia
antibiótica, porém a prevenção é sempre a melhor medida a ser tomada. As
medidas profiláticas incluem a higienização de todos os materiais de inserção
bem como a correta higienização de todos os profissionais que manipulam
esses materiais e que possuem contato com o paciente. Estratégias profiláticas
que recorram ao uso de antibióticos devem ser evitadas a fim de evitar o
agravamento da resistência microbiana (AZEVEDO et al., 2012).
A hemodiálise é um procedimento de apoio à função renal que consiste
na depuração de substâncias tóxicas do sangue por uma máquina de diálise,
um procedimento que pode durar entre 2 e 4 horas, em frequência de 2 a 4
vezes por semana dependendo da gravidade do quadro clínico (THOMAS e
ALCHIERI, 2005).
Segundo o Censo Nacional da Sociedade Brasileira de Nefrologia o
número de pacientes em tratamento de insuficiência renal no Brasil em 2007
era de 73.605, sendo 90,8% dependentes de hemodiálise.
Esses pacientes possuem um alto risco de adquirir infecções devido ao
sistema imune comprometido e à necessidade de frequentes punções de um
local de acesso vascular para retirada do sangue para hemodiálise, o qual
pode ser através de fístulas arteriovenosas, enxertos e cateteres permanentes
ou temporários (TOKARS et al., 2002). As fístulas arteriovenosas consistem em
um pequeno procedimento cirúrgico com a finalidade de ligar uma artéria à
uma veia, criando um vaso periférico, mais resistente a punções repetidas, está
representado na Figura 9.
Figura 9. Representação de uma fístula arteriovenosa
Fonte: PARK (2013).
25
O uso de cateteres vem substituindo às fístulas, apesar disso, representa
um importante avanço tecnológico, o uso deste dispositivo está associado a um
aumento no número de casos de complicações infecciosas da corrente
circulatória, além de outras doenças infecciosas, como mostra a Tabela 1.
Após a inserção, o cateter venoso entra em contato direto com o sangue, sua
superfície é então revestida por plaquetas, plasma e proteínas, formando uma
camada que facilita a colonização bacteriana e formação do biofilme (SANTOS
et al, 2009).
Por esse motivo o tratamento com antibióticos convencionais nessas
condições geralmente não funciona (BIERNAT et al., 2008). Os micro-
organismos isolados com maior frequência nas hemoculturas de cateteres
provêm da própria pele do paciente como microbiota da área de inserção do
cateter ou são veiculadas pela equipe de saúde (Staphylococcus aureus e
Staphylococcus coagulase negativa - ECN). Já as bactérias gram-negativas
são, geralmente, provenientes do ambiente hospitalar , sendo as mais
prevalentes, Acinetobacter sp, Pseudomonas sp, Enterobacter sp e Klebsiella
pneumoniae.
Tabela 1. Comparativo de casos de bacteremia causada por várias espécies
em pacientes com uso de cateteres e Fístulas
Micro-organismos Cateteres Fístula arteriovenosa
Staphylococcus aureus 32,1% 53%
Enterococcus spp 10,1% 4,7%
Streptococcus spp 1,9% 5,2%
Escherichia coli 2,9% 2,6%
Klebsiella spp 3,9% 2,2%
Pseudomonas spp 2,2% 2,2%
Fonte: Adaptado de TOKARS et al. (2002).
Segundo registros do United States Renal Data System, infecção é a
segunda maior causa de morte em pacientes com insuficiência renal crônica
(IRC) em diálise, a sepse contribui com 75% dessas mortes por infecção,
26
sendo muito mais comum nesses pacientes do que na população em geral
(JABER, 2005).
A Figura 10 demonstra a taxa anual de morte por sepse na população
submetida à diálise e na população em geral, observa-se que a população
submetida à diálise apresenta um considerável aumento do risco por sepse.
Figura 10. Comparativo da taxa anual de morte por sepse entre a população
com uso de diálise e população em geral.
Fonte: JABER (2005).
O uso de antibióticos sistêmicos nem sempre é capaz de combater a
infecção por esse motivo, o paciente continua exposto às complicações ou
infecções recorrentes. A maneira mais eficaz para eliminar o agente infeccioso
seria a remoção do cateter, porém devido à dificuldade na obtenção do acesso
venoso e os riscos envolvidos em um procedimento cirúrgico esse
procedimento não é recomendado (NEVES et al., 2010).
Tem sido proposta a utilização de um procedimento chamado lock-terapia
que consiste no preenchimento do lúmen do cateter com compostos químicos e
antibióticos, numa concentração de antibióticos 100 a 1.000 vezes superior à
concentração inibitória mínima usada habitualmente para terapia sistêmica.
27
Biernat et al. (2008), demonstraram em seu estudo que a lock-terapia com
associação de minociclina e EDTA previne de modo significativo a
contaminação de cateteres de hemodiálise constituindo-se um alternativa
efetiva para evitar sepse por cateter. Nessa associação o EDTA age de modo
direto contra bactérias gram-positivas, gram-negativas e fungos, removendo
cálcio, magnésio e ferro da membrana celular, facilitando a passagem de
agentes biocidas pela membrana celular bacteriana, além disso, o EDTA
desestrutura o biofilme, afetando a parede microbiana e altera profundamente
seu metabolismo, pois interfere diretamente na atividade de enzimas
bacterianas envolvidas com a síntese de DNA.
O diagnóstico de infecções relacionadas ao uso de cateter é muito difícil
e deve levar em conta os sinais e sintomas do paciente, como a presença de
dor, calor, edema, eritema e exsudato purulento próximo ao local de inserção
do cateter, febre acima de 38 ºC, tremores, hipotensão e taquicardia aliados
aos resultados obtidos a partir de testes microbiológicos (ROSS et al., 2006).
Durante muito tempo a remoção do cateter para a realização de cultura
foi considerada padrão-ouro para o diagnóstico desse tipo de infecção, porém
os sinais e sintomas são pouco específicos, por esse motivo em muitos casos o
diagnóstico dessas infecções é superestimado resultando na remoção
desnecessária do cateter (STORTI, 2007).
Tornou-se necessário, então o desenvolvimento de métodos para
estabelecimento deste diagnóstico em que não fosse necessária a remoção do
dispositivo, embora, ainda sejam utilizadas também técnicas em que sua
retirada é necessária (SAFDAR, 2005).
A técnica laboratorial mais amplamente utilizada é o método de Maki,
Weise e Sarafin (1977) que consiste em uma cultura semi-quantitativa, na qual
é realizado o rolamento de um segmento de aproximadamente cinco
centímetros do cateter em placa de Agar Sangue e sua posterior incubação por
48 horas a 37°C (FIGURA 11). Após a incubação é realizada a contagem do
número de colônias, o crescimento de 15 ou mais unidades formadoras de
colônia (UFC), quando acompanhado de sinais e sintomas característicos é
indicativo de infecção relacionada ao cateter. Em seguida cada colônia
morfologicamente diferenciada é submetida à coloração de Gram, depois de
identificada de maneira presuntiva, cada colônia é isolada e assim submetida
às provas de identificação (ROSS et al., 2006).
28
Figura 11. Rolamento de cateter na técnica semi-quantitativa de Maki
Fonte: REGO; MELO; LIMA (2013).
Outro método que requer a retirada do cateter é a sonificação, uma
técnica quantitativa. É realizada a imersão da ponta do cateter em caldo BHI,
seguida por sonificação ou agitação por vórtex, após isso é realizada uma
diluição seriada. É realizado então o cultivo de cada diluição em Ágar Sangue
ou Ágar Chocolate seguido por incubação a 37°C por 24 à 48 horas. É
considerada infecção relacionada ao uso de cateter um crescimento de 1000
UFC por mL ou mais. Esta técnica tem a vantagem de permitir o isolamento de
agentes de ambas as faces do cateter (GUIMARÃES, 2004).
Os resultados obtidos a partir das técnicas quantitativas e semi-
quantitativas, comparados na Figura 12, dependem do local de inserção do
cateter, da metodologia utilizada e da fonte de colonização. Para um paciente
em que o cateter foi recentemente inserido a técnica semi-quantitativa é mais
sensível, pois inicialmente a colonização ocorre por micro-organismos da pele
do paciente ao longo da superfície externa do cateter. Já pacientes que
possuem cateteres com maior tempo de permanência a colonização pode
ocorrer tanto na parte interna quanto na externa do dispositivo, sendo assim a
técnica quantitativa a mais sensível (ANVISA, 2004).
29
Figura 12. Crescimento de colônias obtidas a partir das técnicas Quantitativa
(A) e Semi-quantitativa (B).
Fonte: REGO; MELO; LIMA (2013).
Entre as técnicas conservadoras, ou seja, métodos que não envolvem a
retirada do cateter destaca-se a técnica de hemoculturas pareadas, onde duas
amostras de sangue são colhidas, sendo uma através do cateter e outra por
punção venosa, preferencialmente antes da administração de antimicrobianos
(MARGOTTO, 2010). A colheita destas amostras de sangue deve ser realizada
obedecendo a técnicas estéreis para que se reduza ao máximo a probabilidade
de contaminação (GARCEZ, 2012).
A grande maioria dos laboratórios que ainda fazem uso de metodologias
manuais, nas quais o sangue colhido é introduzido em frascos com meios de
cultura comerciais, trata-se geralmente do caldo BHI ou caldo caseína digerida
de soja (TSB) com anticoagulante polianetol sulfonato de sódio (0,025 a
0,05%). Deve-se manter a relação sangue/meio de cultura 1:10 para pacientes
adultos e 1:5 para crianças (SILVA, 2006).
O material é incubado em temperatura que varia entre 35°C e 37°C sob
agitação periódica e inoculado em meio de cultura sólido a cada 24 horas por
até sete dias, assim nos casos positivos, obtêm- se o crescimento de colônias
isoladas que deverão ser coradas pelo método de Gram e identificadas através
de provas especiais de identificação. Além dos subcultivos, deve ser realizada
a verificação dos frascos diariamente à procura de sinais de turvação até o
sétimo dia (ARAUJO, 2012).
Essa análise pode ser realizada também por métodos automatizados,
existem equipamentos capazes de realizar a detecção colorimétrica de gás
30
carbônico produzido pelo crescimento de micro-organismos, permitindo a
detecção de uma grande variedade de bactérias e fungos. Os métodos
automatizados possuem maior sensibilidade e menor possibilidade de
contaminação das amostras em relação aos métodos manuais, entretanto é
pouco utilizado atualmente pelo alto custo (MIRRETT et al., 2006).
31
6. CONCLUSÃO
Com esta revisão de literatura foi possível conhecer a importância dos
biofilmes em diversas áreas de atividade humana. Concluiu-se que biofilmes
podem ser benéficos em diversos setores da indústria e do meio ambiente,
onde desempenham papeis importantes na produção de alimentos e
descontaminação de águas, entre outras utilidades apresentadas neste
trabalho.
Porém, os biofilmes podem ser extremamente maléficos também para a
indústria onde causam contaminações e deterioração de equipamentos. Na
área da saúde a formação de biofilmes está associada às infecções
persistentes, pois ao se aderir a dispositivos médico-hospitalares, como
cateteres e próteses, as bactérias ficam menos expostas à resposta imunitária
do hospedeiro e menos suscetíveis aos antibióticos. A adesão de biofilmes
nesses dispositivos representa grandes riscos aos pacientes e está relacionada
ao aumento do número de casos de infecções nosocomiais, que levam às
complicações no quadro do paciente bem como ao aumento dos custos e
tempo de internação.
32
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