bioexp-m ii-análise microbiológica de Água
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Aula prática de análise de coliformes.TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE QUÍMICA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE PROCESSOS QUÍMICOS
APOSTILA DE BIOTECNOLOGIA EXPERIMENTAL
Análise Microbiológica de Água
EDMAR DAS MERCÊS PENHA
MÁRCIA MONTEIRO MACHADO GONÇALVES
2011
I-Introdução
Água estéril não é encontrada na Natureza. Ela recebe sua flora microbiana das mais
variadas fontes: ar, solo, águas residuárias, resíduos orgânicos, plantas, animais mortos, etc.
Isto significa que a água pode conter micro-organismos de várias espécies, patogênicas ou
não. O número de espécies presentes depende da fonte contaminante.
A análise microbiológica consiste na pesquisa do chamado “grupo coliforme” que,
quando presente, evidencia uma possível contaminação fecal. As principais características do
grupo coliforme são: bastonetes Gram (-), não esporulados, aeróbios ou anaeróbios
facultativos, que não são inibidos por sais biliares ou pelo corante verde brilhante e são
capazes de fermentar lactose com produção de aldeído, ácido e gás dentro de 48h a 35ºC. O
grupo inclui tanto espécies de bactérias originárias do trato gastrintestinal de humanos e
outros animais de sangue quente, como também espécies não entéricas. Por esse motivo, a
presença de bactérias do grupo coliforme é menos representativa como indicação da
contaminação fecal, do que a enumeração de coliformes fecais ou Escherichia coli. Embora a
presença do grupo coliforme em amostras de água seja considerada uma indicação de
contaminação.
O grupo de coliformes fecais representa os membros do grupo coliforme capazes de
fermentar a lactose com produção de gás, em 24h a 44,5oC. Esta definição teve como objetivo
selecionar os coliformes do trato gastrintestinal. Atualmente sabe-se que o grupo de
coliformes fecais inclui pelo menos três gêneros: Escherichia, Enterobacter e Klebsiella.
Entretanto, dois desses gêneros (Enterobacter e Klebsiella) incluem cepas de origem não
fecal. Logo, a existência de coliformes fecais em uma determinada amostra de água pode não
significar uma contaminação fecal. Cabe ressaltar que a presença de coliformes fecais em uma
determinada amostra de água é muito mais representativa da contaminação por fezes do que a
de coliformes totais, dada à alta incidência de E. coli dentro do grupo fecal.
Dentre as bactérias de habitat fecal, pertencente ao grupo de coliformes fecais, a E.
coli é a mais conhecida e a mais facilmente diferenciada dos não fecais. Todos os demais
membros do grupo têm uma associação duvidosa com a contaminação fecal. Portanto, a
enumeração da E. coli é o melhor indicador de contaminação fecal conhecido.
A Contagem Padrão de Bactérias é realizada visando conhecer a densidade de
bactérias na água, tendo em vista que um aumento considerável da população bacteriana pode
comprometer a detecção de organismos coliformes. Embora a maioria dessas bactérias não
seja patogênica, pode representar riscos à saúde, como também, deteriorar a qualidade da
água, provocando odores e sabores desagradáveis.
II-Contagem de Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes (Fecais)
pelo Método do Número Mais Provável (NMP) e Contagem Padrão de
Bactérias
II.1- Coleta da amostra → quantidade representativa (± 100 mL) são coletadas em
ambientes limpos e estéreis. No caso de água clorada o frasco conterá um pouco de tiossulfato
de sódio (0,1%).
II.2- Estocagem → deve ser mantida em geladeira por no máximo 24 horas.
II.3- Técnica → a análise de coliformes é realizada em duas etapas: teste presuntivo e teste
confirmativo, quando o NMP de coliformes/mL é determinado utilizando uma tabela de NMP
apropriada. A contagem padrão de bactérias é realizada empregando a técnica de
plaqueamento pour-plate.
TABELA DE NÚMERO MAIS PROVÁVEL
Numero Mais Provável (NMP) por 100 mL e 95 % de intervalo de confiança para diversas combinações de tubos positivos em séries de 3 tubos. Quantidade inoculada da amostra: 10,0; 1,0 e 0,1 mL.
Portaria MS n.º 518/2004
§ 1º No controle da qualidade da água, quando forem detectadas amostras com resultado
positivo para coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, novas amostras devem ser
coletadas em dias imediatamente sucessivos até que as novas amostras revelem resultado
satisfatório. Nos sistemas de distribuição, a recoleta deve incluir, no mínimo, três amostras
simultâneas, sendo uma no mesmo ponto e duas outras localizadas a montante e a jusante.
§ 2º Amostras com resultados positivos para coliformes totais devem ser analisadas para
Escherichia coli e, ou, coliformes termotolerantes, devendo, neste caso, ser efetuada a
verificação e confirmação dos resultados positivos.
§ 3º O percentual de amostras com resultado positivo de coliformes totais em relação ao total
de amostras coletadas nos sistemas de distribuição deve ser calculado mensalmente, excluindo
as amostras extras (recoleta).
§ 4º O resultado negativo para coliformes totais das amostras extras (recoletas) não anula o
resultado originalmente positivo no cálculo dos percentuais de amostras com resultado
positivo.
§ 5º Na proporção de amostras com resultado positivo admitidas mensalmente para
coliformes totais no sistema de distribuição, expressa na Tabela 1, não são tolerados
resultados positivos que ocorram em recoleta, nos termos do § 1º deste artigo.
§ 6º Em 20% das amostras mensais para análise de coliformes totais nos sistemas de
distribuição, deve ser efetuada a contagem de bactérias heterotróficas e, uma vez
excedidas 500 unidades formadoras de colônia (UFC) por ml, devem ser providenciadas
imediata recoleta, inspeção local e, se constatada irregularidade, outras providências
cabíveis.
§ 7º Em complementação, recomenda-se a inclusão de pesquisa de organismos patogênicos,
com o objetivo de atingir, como meta, um padrão de ausência, dentre outros, de enterovírus,
cistos de Giardia spp e oocistos de Cryptosporidium sp.
§ 8º Em amostras individuais procedentes de poços, fontes, nascentes e outras formas de
abastecimento sem distribuição canalizada, tolera-se a presença de coliformes totais, na
ausência de Escherichia coli e, ou, coliformes termotolerantes, nesta situação devendo ser
investigada a origem da ocorrência, tomadas providências imediatas de caráter corretivo e
preventivo e realizada nova análise de coliformes.
1ª Prática:
I-Teste Presuntivo de Coliformes Totais
1-Objetivo: verificar a fermentação da lactose com produção de gás nos tubos inoculados.
2-Meio de cultura: Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST)
3-Procedimento: Inoculação de três séries de tubos
1º - Inocular 10 mL de amostra em tubos (3 ou 5) contendo 10 mL do caldo LST em
concentração dupla e tubos de Durhan.
2º - Inocular 1 mL de amostra em tubos (3 ou 5) contendo 10 mL do caldo LST em
concentração simples e tubos de Durhan.
3º - Inocular 0,1 mL de amostra em tubos (3 ou 5) contendo 10 mL do caldo LST em
concentração simples e tubos de Durhan.
4-Incubação: 35 ± 0,5º C durante 24/48 horas.
5-Contagem: verificar a produção de gás nos tubos de Durhan e anotar os tubos positivos de
cada série.
II-Contagem Padrão de Bactérias
1-Objetivo: determinar o número de bactérias heterotróficas totais.
2-Meio de cultura: Plate Count Agar (PCA).
3-Procedimento: Transferir, com pipeta estéril, 1 ml da amostra (diluída se necessário em
solução fisiológica) para uma placa de Petri previamente esterilizada; adicionar o meio de
cultura previamente fundido e homogeneizar o conteúdo da placa em movimentos circulares
moderados em forma de (∞).
4-Incubação: incubar a placa em posição invertida a 35 ± 0,5º C durante 48 ± 3 horas.
5-Contagem: Fazer a contagem das colônias com o auxílio de um contador de colônias.
Selecionar a placa contendo entre 30 e 300 colônias. Contar o número de colônias e, de
acordo com a diluição utilizada no material de origem, expressar o número de unidades
formadoras de colônia (UFC) presentes na amostra, nas condições de teste.
Exemplo de cálculo:
nº de colônias = 54
diluição = 10-1
Total: 54 ÷ 10-1 = 54 x 101 = 5,4 x 102 UFC/g de amostra
2ª Prática:
I-Teste Confirmativo de Coliformes Totais
1-Objetivo: evidenciar o crescimento dos coliformes no caldo verde-brilhante. O verde-
brilhante inibe o crescimento dos outros micro-organismos que fermentam a lactose e não são
do grupo coliforme.
2-Meio de cultura: Caldo Verde-Brilhante
3-Procedimento: Transferir uma alçada bem carregada de cada tubo de LST onde houve
produção de gás para tubos de caldo verde-brilhante contendo tubos de Durhan.
4-Incubação: 35 ± 0,5ºC durante 24/48 horas.
5-Contagem de coliformes totais: verificar a produção de gás nos tubos de Durhan e anotar os
tubos positivos, confirmativos da presença de coliformes totais. Determinar o NMP/ml
utilizando uma tabela de NMP apropriada.
II-Teste Confirmativo de Coliformes Termotolerantes (Fecais)
1-Objetivo: evidenciar o crescimento da E. coli, uma bactéria de habitat reconhecidamente
fecal dentro do grupo coliforme.
2-Meio de cultura: Caldo E. coli (EC Medium)
3-Procedimento: Transferir uma alçada bem carregada de cada tubo de LST onde houve
produção de gás e de todos os tubos negativos em que houve crescimento após 48 horas, para
tubos de caldo E. coli contendo tubos de Durhan.
4-Incubação: em banho-maria 44,5 ± 0,2º C durante 24 ± 2 horas.
5-Contagem de coliformes fecais: verificar a produção de gás nos tubos de Durhan e anotar
os tubos positivos, confirmativos da presença E. coli. Determinar o NMP/ml utilizando uma
tabela de NMP apropriada.