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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO ANÁLISE DA FORMAÇÃO DE PREÇO DE PRODUTOS: UM ESTUDO MULTICASOS EM SUPERMERCADOS PAULA BULAMAH SPINELLI Orientador: Prof. Dr. Flávio Torres Urdan RIBEIRÃO PRETO 2006

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UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA ADMINISTRACcedilAtildeO E CONTABILIDADE

DE RIBEIRAtildeO PRETO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRACcedilAtildeO

ANAacuteLISE DA FORMACcedilAtildeO DE PRECcedilO DE PRODUTOS UM ESTUDO MULTICASOS EM SUPERMERCADOS

PAULA BULAMAH SPINELLI

Orientador Prof Dr Flaacutevio Torres Urdan

RIBEIRAtildeO PRETO 2006

Reitora da Universidade de Satildeo Paulo Profa Dra Suely Vilela Diretor da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto Prof Dr Marcos Cortez Campomar Chefe do Departamento de Administraccedilatildeo Prof Dr Marcio Mattos Borges de Oliveira

PAULA BULAMAH SPINELLI

ANAacuteLISE DA FORMACcedilAtildeO DE PRECcedilO DE PRODUTOS UM ESTUDO MULTICASOS EM SUPERMERCADOS

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo de Organizaccedilotildees do Departamento de Administraccedilatildeo da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo Orientador Prof Dr Flaacutevio Torres Urdan

Ribeiratildeo Preto 2006

FICHA CATALOGRAacuteFICA

Spinelli Paula Bulamah

Anaacutelise da Formaccedilatildeo de Preccedilos de Produtos Um Estudo Multicasos em Supermercados Ribeiratildeo Preto 2006

170 p

Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada agrave Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo PretoUSP ndash Aacuterea de concentraccedilatildeo Marketing

Orientador Urdan Flaacutevio Torres

1 Preccedilos 2 Produto 3 Supermercado

FOLHA DE APROVACcedilAtildeO

Paula Bulamah Spinelli Anaacutelise da Formaccedilatildeo de Preccedilo de Produtos Um Estudo Multicasos em Supermercados

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo de Organizaccedilotildees do Departamento de Administraccedilatildeo da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo Aacuterea de Concentraccedilatildeo Marketing

Aprovada em

Banca Examinadora

Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura __________________________ Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura __________________________ Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura ________________________

Dedico este trabalho aos meus pais Rosi e Luiz Spinelli e meu irmatildeo Rui

Meus grandes exemplos

Para meus queridos tios Carlos Eli e Maria Tereza Piccinato e

as minhas ldquo irmatildesrdquo Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato

que estiveram sempre ao meu lado

AGRADECIMENTOS

Ao Professor e Orientador Dr Flaacutevio Torres Urdan a minha gratidatildeo pela orientaccedilatildeo valiosa

competecircncia confianccedila amizade e antes de tudo por ter representado muito mais do que seu

papel e ter me dado todo o apoio necessaacuterio nessa caminhada

Ao Diretor da FEARP Professor Dr Marcos Cortez Campomar pelas sugestotildees e discussotildees

que ajudaram a aprimorar este trabalho e por de ter compartilhado um pouco do seu

conhecimento comigo

Aos professores Dr Dirceu Tornavoi de Carvalho e Dr Marcos Fava Neves pelo apoio

durante todo o meu periacuteodo de aprendizado na poacutes graduaccedilatildeo

Aos professores Dr Maacutercio Mattos Borges de Oliveira e Dra Socircnia pela amizade pela

torcida e oportunidade de compartilhar junto a toda turma de poacutes-graduaccedilatildeo os momentos de

alegria

Ao pessoal da Secretaria de Poacutes-Graduaccedilatildeo da FEARP em especial agrave Eacuterika e ao Eduardo por

todo o apoio no curso

Agraves ldquomeninas da FUNDACErdquo pela amizade pela confianccedila e pelo apoio

Aos profissionais que aceitaram e se dispuseram a participar da pesquisa minha sincera

gratidatildeo

As minhas amigas-irmatildes de todas as horas que me apoiaram nas decisotildees que tomei e que

estatildeo do meu lado haacute anos Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato e Juliana Freitas

Aos amigos que fiz durante o mestrado da primeira e segunda turma aqui representados pela

Flaacutevia Ghisi e Janaiacutena Giraldi grandes companheiras de trabalhos artigos disciplinas e

comemoraccedilotildees e a minha turma pela convivecircncia e apoio nos momentos criacuteticos de

avaliaccedilotildees representada pelo meu amigo Marco Antonio Conejero companheiro desde as

entrevistas

ldquoO homem nasceu para aprender aprender tanto quanto a vida lhe permitardquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa)

RESUMO

O presente trabalho analisa a importacircncia da determinaccedilatildeo de preccedilos para a competitividade

do varejo supermercadista Apoacutes uma revisatildeo da literatura sobre as diversas definiccedilotildees de

preccedilos e as formas de estabelececirc-los satildeo analisadas as seis etapas propostas por especialistas

de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico de produtos Nessas seis etapas satildeo discutidas a

influecircncia da demanda e a importacircncia dos custos os meacutetodos de estabelecimento mais

utilizados descrevendo-se suas caracteriacutesticas e limitaccedilotildees as teacutecnicas de adequaccedilatildeo agrave

diversas situaccedilotildees bem como a seleccedilatildeo do preccedilo final Os passos adotados pelos varejistas

satildeo tambeacutem abordados assim como outras variaacuteveis que tecircm impacto na estrateacutegia escolhida

para se fixar os preccedilos nos supermercados aleacutem da demanda dos custos e dos concorrentes

Por fim as estrateacutegias de apreccedilamento satildeo estudadas empiricamente por meio de entrevistas

em profundidade com gerentes de trecircs redes de varejo de grande porte que atuam no mercado

nacional onde eacute verificada a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de apreccedilamento como instrumento de

auxiacutelio na tomada de decisotildees relacionadas aos programas de preccedilo da empresa Em

conclusatildeo verifica-se que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave definiccedilatildeo de poliacuteticas de

preccedilos eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos conceitos e das variaacuteveis da que

influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos que comercializam assim como o

conhecimento das diversas teacutecnicas de apreccedilamento aleacutem do mark-up

Palavras-chave preccedilo produto supermercados

ABSTRACT

The present paper analyses the importance of pricing for the competitiveness of the retail

sector (supermarkets) After a bibliographic survey on the several definitions concerning price

and how it is determinate six steps proposed by marketing experts to products strategic

pricing are analyzed In these steps the demand influence the costs importance and the most

important pricing methods are discussed describing their characteristics and limitations the

techniques to adequate it to different situations as so as the final price selection The steps

that are adopted by supermarket retail are also outlined thus as the variables that have some

influence on its chosen pricing strategy Demand and competitors costs are also analyzed

Finally pricing strategies are empirically studied through multicases study on three large

retail chains In this part the use by these companies of pricing methods as a tool to assist

decision making related to the long-run pricing programs is verified In conclusion it is seen

that while retail specialists seek more scientific and reliable bases for aiding the decisions

regarding the price strategies it is essential that they posses a clear comprehension of the

concepts and the variables that have influence on products price determination that are

commercialized by themselves as well as the technical skills to pricing besides the mark-up

method

Key-words price product supermarket retail

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing22

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos 25

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto 34

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto 34

Figura 5 Representaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticidade da Demanda36

Figura 6 Curva de Demanda de um Vendedor Individual quando independentemente muda o

preccedilo 37

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos39

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem46

Figura 9 O modelo dos 3 Cs para a determinaccedilatildeo de preccedilos 59

Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos61

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja 76

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja 77

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo 81

8

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo33

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado 54

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia 55

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees60

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos 65

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja74

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista 82

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas86

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo 91

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro 123

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro 124

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 Apresentaccedilatildeo 11

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo15

13 Objetivos15

14 Justificativa16

15 Organizaccedilatildeo do estudo18

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA 20

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo20

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo27

23 Determinaccedilatildeo da Demanda33

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente) 41

24 Estimativa de Custos 44

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos 50

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes 51

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo 58

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final 62

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo64

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista69

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados 79

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo 91

2111 Produto 92

2112 Marca 93

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo95

2114 Localizaccedilatildeo da Loja101

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista102

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas105

2117 O Preccedilo da Concorrecircncia106

10

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO 109

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo109

311 O Tipo de Pesquisa 110

312 A Natureza da Pesquisa 112

313 O Meacutetodo da Pesquisa 114

4 O ESTUDO MULTICASOS121

41 Os Supermercados no Brasil 121

42 Caso 1 Rede A 127

43 Caso 2 Rede B 133

44 Caso 3 Rede C 139

43 Anaacutelise dos Casos145

5 CONCLUSOtildeES152

51 Limitaccedilotildees 155

REFEREcircNCIAS 157

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Apresentaccedilatildeo

Boone e Kurtz (1998) afirmam que filoacutesofos antigos jaacute reconheciam a importacircncia do preccedilo

no sistema econocircmico pois alguns documentos da eacutepoca demonstram tentativas de

determinar preccedilos justos e moderados Atualmente o preccedilo ainda exerce a funccedilatildeo de regular a

atividade econocircmica e o emprego de qualquer um dos quatro fatores de produccedilatildeo (terra

capital recursos humanos e empreendedorismo) depende do preccedilo que lhe eacute atribuiacutedo Para

uma empresa os preccedilos cobrados e as quantidades adquiridas de um produto por seus

clientes representam a receita recebida portanto os preccedilos influenciam os lucros da

companhia bem como a utilizaccedilatildeo de seus fatores de produccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998)

Aleacutem disso o preccedilo eacute um dos principais determinantes para a escolha dos produtos pelos

compradores Eacute um dos elementos chave para alcanccedilar o volume de vendas desejado e por

consequumlecircncia tem grande impacto nos lucros das empresas e tem o papel fundamental na

percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos consumidores

Lopes Reis e Abukawa (1996) afirmam que o preccedilo eacute a variaacutevel do composto que pode ser

mais facilmente comparada pelo consumidor no momento da compra Os autores ainda citam

que em situaccedilotildees econocircmicas inflacionaacuterias recessivas ou ambas a determinaccedilatildeo de preccedilos

de produtos pode se tornar uma tarefa bastante confusa Mas por que o preccedilo natildeo apresentou

o mesmo destaque que as demais variaacuteveis do composto de marketing nos estudos acadecircmicos

e para os profissionais da aacuterea como afirmam Nagle e Holden (2003)

12

Jain (2000) argumenta que a estabilidade econocircmica dos anos 60 no mundo eacute que pode ser

responsabilizada particularmente pelo baixo status atribuiacutedo agrave variaacutevel preccedilo Para o autor

estrategicamente a funccedilatildeo do apreccedilamento significava apenas atribuir um retorno adequado

ao investimento realizado Segundo o autor nos anos 70 vaacuterios eventos foram responsaacuteveis

por uma reviravolta na tarefa de determinar os preccedilos dos bens e serviccedilos entre eles o

consumismo o custo alto do dinheiro o controle do comportamento dos preccedilos praticados

falta de mateacuterias-primas entre outros todos tornaram o preccedilo uma variaacutevel importante (JAIN

2000 LAMBIN 2000a)

Nagle e Holden (2003) afirmam que foi nos anos 80 que os profissionais de marketing

enfrentaram grandes desafios Empresas detentoras de marcas liacutederes viram a lealdade a suas

marcas e seu poder junto aos distribuidores diminuir As grandes empresas viram seus lucros

caiacuterem enquanto as organizaccedilotildees menores atraiacuteam seus clientes mais lucrativos Entatildeo

liacutederes corporativos mostraram que era possiacutevel aumentar o fluxo de caixa e os lucros por

meio dos preccedilos mais altos mesmo que essa estrateacutegia resultasse em uma perda de

participaccedilatildeo de mercado (NAGLE HOLDEN 2003)

O acontecimento mostrou agraves empresas que a estrateacutegia de determinaccedilatildeo de preccedilos deve ser

cuidadosamente planejada e todas as teacutecnicas de apreccedilamento devem ser dominadas pelos

profissionais de marketing principalmente no ambiente competitivo em que as companhias

atualmente encontram-se inseridas

A fixaccedilatildeo de preccedilos eacute considerada tatildeo complexa que Kotler e Keller (2005) afirmam que as

empresas lidam com o apreccedilamento de vaacuterias maneiras Nas pequenas empresas eles satildeo

determinados pelos proacuteprios dirigentes e nas grandes satildeo gerentes satildeo gerentes de divisotildees e

produtos os responsaacuteveis pela tarefa Em setores em que o preccedilo eacute o fator-chave as

organizaccedilotildees dispotildeem de um departamento especiacutefico para fixaacute-los ou auxiliar no

13

apreccedilamento dos produtos Este departamento estaacute geralmente subordinado agrave diretoria de

marketing financcedilas ou agrave alta administraccedilatildeo Outros que exercem influecircncia satildeo os gerentes de

vendas de produccedilatildeo gerentes financeiros e os contadores Nagle e Holden (2003) atribuem

essa mudanccedila na estrutura como resultado do apreccedilamento estrateacutegico ou seja as empresas

estatildeo atualmente administrando proativamente as condiccedilotildees do mercado

Engle Blackwell e Miniard (1995) afirmam ainda que o preccedilo eacute determinante para a escolha

da loja supermercadista pelo cliente A formaccedilatildeo de preccedilos de venda estaacute portanto entre as

mais importantes decisotildees da empresa Apesar de parecer faacutecil o apreccedilamento compreende

um processo complexo por depender do grande nuacutemero de variaacuteveis quantitativas e

qualitativas e estas nem sempre partem da decisatildeo interna da organizaccedilatildeo necessitando

estarem inseridas no planejamento estrateacutegico capaz de refletir os objetivos da empresa

(JAIN 2000)

O varejo brasileiro por exemplo que eacute a unidade de anaacutelise do caso apresentado nesse

estudo enfatiza o aspecto preccedilo como fator fundamental para a busca de um diferencial

competitivo e para a conquista de clientes O ambiente macro-econocircmico mundial nas uacuteltimas

deacutecadas apoacutes sucessivas mudanccedilas na economia propiciou a chegada de novos competidores

e novas tecnologias fomentando de forma mais intensiva a disputa de mercado e motivando o

setor industrial e o proacuteprio varejo a investir e a procurar entender e se ajustar melhor agraves

necessidades desejos e expectativas dos consumidores (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR

2003)

Parente (2000) defende que de todas as variaacuteveis do composto de marketing a decisatildeo de

preccedilo eacute a que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas pois podem ser mudadas rapidamente da noite para o

dia

14

A determinaccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos no varejo eacute uma decisatildeo que deve ser tomada

cuidadosamente e requer conhecimento das variaacuteveis que podem afetar o bom desempenho

dessa tarefa Dessa forma eacute pertinente descrever as estrateacutegias das redes supermercadistas

quanto ao apreccedilamento dos produtos que comercializam e identificar as variaacuteveis que

influenciam nessa estrateacutegia

No varejo supermercadista as grandes redes demonstram por comprarem grandes volumes de

produtos maior poder de barganha na negociaccedilatildeo e consequumlentemente tecircm condiccedilotildees de

vender ao consumidor produtos a um preccedilo mais competitivo (GHISI 2005) Mas soacute a

vantagem na negociaccedilatildeo pode garantir o sucesso do varejista em preccedilos competitivos Quais

seriam as outras variaacuteveis de marketing que poderiam influenciar no apreccedilamento dos

produtos pelo varejo supermercadista

O preccedilo eacute fator-chave de posicionamento e sendo assim precisa ser definido em relaccedilatildeo ao

mercado-alvo ao mix de sortimento de produtos e serviccedilos e agrave concorrecircncia (KOTLER

KELLER 2005) McGoldrick (1990) ainda defende que no varejo a determinaccedilatildeo dos

preccedilos de venda dos produtos e serviccedilos oferecidos ao consumidor final tende a ser um

processo complexo devido agrave quantidade de itens comercializados e tambeacutem da possibilidade

de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre regiotildees

Morgenstein e Strogin (1992) afirmam que a conveniecircncia tem um preccedilo para o consumidor

o que indica a disposiccedilatildeo para o pagamento de uma quantia mais elevada pelas facilidades e

serviccedilos oferecidos a esses clientes Kotler e Armstrong (1998 p 96) citam que a empresa

que realmente compreender como os consumidores respondem agraves diferentes caracteriacutesticas

preccedilos e apelos de propaganda tem uma grande vantagem sobre seus concorrentes

15

Nesse sentido o presente trabalho analisou da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em

supermercados e procurou identificar variaacuteveis que influenciam a as decisotildees de apreccedilamento

nesse tipo de organizaccedilatildeo No final do estudo tecircm-se recomendaccedilotildees focadas natildeo apenas nos

modelos de apreccedilamento mais adequados de acordo com a teoria mas tambeacutem como esses

modelos satildeo utilizados na praacutetica e como as variaacuteveis de marketing podem influenciar tais

modelos A seguir apresenta-se a justificativa da escolha do tema estudado

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo

No caso deste estudo a pergunta que originou a pesquisa fundamentada na revisatildeo

bibliograacutefica foi assim definida

Como satildeo formados os preccedilos de venda dos produtos no varejo supermercadista

O objetivo geral e os objetivos especiacuteficos satildeo apresentados a seguir

13 Objetivos

O objetivo geral desta pesquisa eacute verificar como satildeo formados os preccedilos de venda dos

produtos no varejo supermercadista

16

Os objetivos especiacuteficos para anaacutelise do setor satildeo

1 Verificar quais satildeo os procedimentos de estabelecimento de preccedilos dos produtos

comercializados

2 Verificar a importacircncia da anaacutelise da demanda dos custos e da concorrecircncia na

determinaccedilatildeo dos preccedilos desses produtos

3 Verificar quais satildeo os meacutetodos de apreccedilamento existentes e suas adaptaccedilotildees

4 Verificar quais satildeo os principais objetivos de preccedilo que os supermercados procuram

atingir

5 Verificar quais satildeo as estrateacutegias de apreccedilamento que os supermercados mais utilizam

6 Verificar qual eacute a influecircncia da demanda dos custos e da concorrecircncia no

apreccedilamento dos produtos pelos supermercados

7 Verificar quais satildeo as outras variaacuteveis que influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos de

venda dos produtos comercializados por eles

14 Justificativa

A justificativa deste estudo estaacute fundamentada em alguns dos aspectos defendidos por Barral

(2003) considerados relevantes na decisatildeo de fazer uma pesquisa cientiacutefica atualidade do

tema ou seja a sua inserccedilatildeo no contexto atual interesse do autor ou o viacutenculo do autor com o

tema a sua relevacircncia que pode ser entendida como a importacircncia social poliacutetica etc e a

pertinecircncia do tema a sua contribuiccedilatildeo

17

Nagle e Holden (2003) explicam que a literatura de marketing natildeo evoluiu na mesma

velocidade sobre questotildees que envolvem preccedilo se comparada com as demais variaacuteveis do

composto de marketing Historicamente o pouco uso de meacutetodos quantitativos em pesquisas

da aacuterea de administraccedilatildeo produziu um certo desequiliacutebrio no nuacutemero de publicaccedilotildees

envolvendo preccedilos comparativamente aos demais componentes do mix de marketing Os

mesmo autores afirmam que os acadecircmicos de marketing desprezavam a determinaccedilatildeo de

preccedilos oferecendo pouca pesquisa na aacuterea e poucos cursos sobre o tema assegurando aos seus

alunos que quando problemas decorrentes da definiccedilatildeo de preccedilos surgiam todos poderiam

ser solucionados indiretamente redobrando-se os esforccedilos de diferenciaccedilatildeo de produtos e

serviccedilos (NAGLE HOLDEN 2003)

Entretanto a estabilidade da moeda brasileira nos uacuteltimos anos tem ampliado o foco das

estrateacutegias competitivas das organizaccedilotildees para o preccedilo no paiacutes Enquanto o processo

inflacionaacuterio mantinha-se generalizado e em tendecircncia crescente a avaliaccedilatildeo dos preccedilos

relativos pelos consumidores era um exerciacutecio pouco frutiacutefero ou seja os consumidores natildeo

tinham memoacuteria de preccedilos Com a relativa estabilidade este exerciacutecio comeccedila a fazer mais

sentido tornando interessante avaliar ateacute que ponto algumas variaacuteveis como preccedilo do

concorrente conveniecircncia e serviccedilos localizaccedilatildeo da loja marca do produto poder de

barganha entre outras influenciam a formaccedilatildeo dos preccedilos finais dos produtos pelos varejistas

Aleacutem disso o estudo sobre a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos eacute uma questatildeo importante para

os profissionais de marketing por duas razotildees primeiro possibilita melhor compreensatildeo das

variaacuteveis que podem influenciar a sua determinaccedilatildeo o que ajuda a entender porque alguns

varejistas estatildeo mais bem posicionados ou satildeo mais competitivos no mercado do que outros e

segundo fornece informaccedilotildees importantes para conseguir a lealdade dos consumidores jaacute

que conforme citado anteriormente o preccedilo pode ser decisivo na escolha do consumidor por

18

uma rede supermercadista Estudo realizado por Vanhuele e Dreze (2002) demonstra que os

consumidores tecircm um forte interesse em manter o conhecimento sobre os preccedilos dos produtos

que compram e Cao e Gruca (2001) afirmam que aqueles que satildeo informados sobre os preccedilos

mais baixos vatildeo direto agrave loja sem qualquer custo de tempo ou de recurso financeiro

O interesse pelo estudo estaacute na oportunidade de participar de tal discussatildeo em uma aacuterea

importante para a economia atual e para acadecircmicos e profissionais de marketing Haacute tambeacutem

o momento competitivo e turbulento em que o varejo supermercadista brasileiro se encontra

o que torna a discussatildeo oportuna

Como contribuiccedilatildeo o estudo pretende apresentar outras variaacuteveis como influenciadoras na

formaccedilatildeo do preccedilo e das estrateacutegias de apreccedilamento que podem auxiliar os varejistas na

compreensatildeo e avaliaccedilatildeo de suas estrateacutegias e de seus concorrentes e servir de base para

futuras pesquisas sobre formaccedilatildeo de preccedilos

15 Organizaccedilatildeo do estudo

O capiacutetulo 1 descreveu apresentou o tema discutido o problema de pesquisa investigado e

definiu quais satildeo os objetivos do estudo O capiacutetulo 2 reuacutene apresenta e discute os

referenciais teoacutericos necessaacuterios para a compreensatildeo da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos e

aborda como a determinaccedilatildeo de preccedilos de venda acontece no varejo supermercadista

descrevendo tambeacutem quais variaacuteveis de marketing que possivelmente influenciam nessa

formaccedilatildeo

19

Assim no referencial teoacuterico apresentam-se as definiccedilotildees de preccedilos modelos de formaccedilatildeo de

preccedilos objetivos e estrateacutegias de apreccedilamento e as variaacuteveis utilizadas nessa formaccedilatildeo

Discutem-se tambeacutem os aspectos de gestatildeo de varejo e as escolhas de apreccedilamento para o

setor

O capiacutetulo 3 descreve o estudo empiacuterico realizado com o objetivo de complementar a revisatildeo

bibliograacutefica realizada sobre preccedilos Neste capiacutetulo o meacutetodo de pesquisa utilizado o tipo de

pesquisa os procedimentos de coleta de dados o instrumento de coleta e a discussatildeo das

anaacutelises necessaacuterias para a realizaccedilatildeo dos casos foram apresentados

No capiacutetulo 4 encontram-se os resultados obtidos na pesquisa empiacuterica e no capiacutetulo 5

apresentam-se as conclusotildees limitaccedilotildees do trabalho e sugestotildees de estudos futuros

20

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo

Embora outras variaacuteveis do composto de marketing sejam importantes o preccedilo permanece

como um dos elementos fundamentais na determinaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado e da

lucratividade das empresas As diferentes definiccedilotildees de preccedilo existentes na literatura satildeo de

alguma forma bem parecidas indicando que preccedilo eacute o que vocecirc paga pelo que recebe

As definiccedilotildees de preccedilos se complementam e nenhuma eacute considerada errada mas em algum

momento os autores deixam de citar explicitamente caracteriacutesticas importantes da variaacutevel

que natildeo podem ser esquecidas no momento de sua apresentaccedilatildeo Por essa limitaccedilatildeo o

presente toacutepico descreve vaacuterias citaccedilotildees de diferentes autores e discute tais definiccedilotildees com o

objetivo de chegar a uma siacutentese sobre a melhor forma de caracterizar a variaacutevel preccedilo

McCarthy (1982) define como preccedilo o que eacute cobrado por algo mesmo que este seja avaliado

de forma incorreta Eacute a expressatildeo monetaacuteria de algum bem ou serviccedilo Rossetti (2000)

complementa considerando que essa expressatildeo monetaacuteria resulta segundo a tradiccedilatildeo da teoria

da microeconomia da utilidade avaliada pelos que tecircm a necessidade e procuram satisfazecirc-la

aleacutem dos custos calculados pelos que produzem Estes entatildeo buscam ressarci-los pela oferta

Churchill Jr e Peter (2000) afirmam que preccedilo eacute a quantidade de dinheiro bens ou serviccedilos

que deve ser dada para adquirir a propriedade ou uso de um produto Mas o preccedilo eacute apenas

21

parte do custo total que os clientes pagam numa troca que inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos

Lambim (2000) e Stanton Walker Etzel (2001) definem o preccedilo como uma relaccedilatildeo que

indica o montante necessaacuterio para adquirir uma dada quantidade de bem ou serviccedilo e Sardinha

(1995) diz que eacute o elemento quantitativo que resume de forma numeacuterica as estrateacutegias de

marketing que a empresa tentou seguir Nesta mesma linha de raciociacutenio Monroe (1990

p05) define o preccedilo como uma equaccedilatildeo

Preccedilo = quantidade de dinheiro ou produtos e serviccedilos recebidos pelo vendedor

quantidade de produtos e serviccedilos recebidos pelo comprador

Czinkota (2001) afirma que o preccedilo eacute uma troca o que faz sentido pois em termos gerais

qualquer troca envolve preccedilo que nem sempre eacute monetaacuterio Junto com o conceito de

Churchill Jr e Peter (2000) estes podem ser considerados os mais completos na medida que

consideram tambeacutem fatores natildeo monetaacuterios O preccedilo eacute apenas uma parte do custo total que os

consumidores pagam em uma troca pois esta inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos aleacutem de desempenhar dois papeacuteis ou seja se a compra seraacute

efetuada e se ela seraacute lucrativa (CHURCHILL JR E PETER 2000) Poreacutem a definiccedilatildeo de

preccedilo que estaacute mais coerente com o trabalho eacute a de Sardinha (1995) que consegue reforccedilar a

dependecircncia do preccedilo agraves outras variaacuteveis do composto de marketing

Urdan e Urdan (2006) explicam que o marketing tem uma concepccedilatildeo mais elaborada do

preccedilo associada ao conceito de valor percebido (a soma dos benefiacutecios sobre a soma dos

custos) sob a oacutetica do cliente (URDAN URDAN 2006 p 184) Os autores afirmam que

preccedilo eacute tudo o que o consumidor percebe ter dado ou sacrificado para obter o produto O

22

preccedilo tem dois componentes O primeiro eacute o monetaacuterio que eacute a concepccedilatildeo usual do

consumidor mas que vai aleacutem do preccedilo pago pelo produto e acrescenta os custos de operaccedilatildeo

manutenccedilatildeo e depreciaccedilatildeo do bem O segundo eacute o componente natildeo monetaacuterio que consiste

nos custos de tempo de energia e psicoloacutegico para adquirir e utilizar o item (figura 1)

Fonte Urdan e Urdan (2006)

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing

Corey (1991) compara o estabelecimento de preccedilos a um jogo de pocircquer no qual a empresa

estabelece seu preccedilo na ausecircncia de informaccedilatildeo completa baseando-se em expectativas de

retornos do mercado e retaliaccedilotildees da concorrecircncia Os movimentos satildeo baseados nas forccedilas de

que a organizaccedilatildeo dispotildee e nas estimativas das forccedilas dos oponentes como tambeacutem em uma

compreensatildeo das suas accedilotildees tiacutepicas Assim qualquer negociaccedilatildeo pode ser entendida como

uma troca de algo de valor geralmente dinheiro (preccedilo) por satisfaccedilatildeo (produto) A chave

para determinar o preccedilo de um produto estaacute na compreensatildeo do valor que os consumidores

percebem E esse valor resulta de suas percepccedilotildees da satisfaccedilatildeo total proporcionada pelo

Sacrifiacutecio de Tempo

Sacrifiacutecio de Energia

Sacrifiacutecio Psicoloacutegico

Preccedilo Monetaacuterio Objetivo

Preccedilo natildeo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Percebido

(total)

23

produto do pacote total de utilidade Ainda assim o preccedilo do produto eacute muitas vezes o fator-

chave que conduz a uma troca

Ao definir o preccedilo Ferrell (2000) argumenta que existem dois pontos que devem ser

considerados (i) que para uma empresa preccedilo eacute a quantidade de dinheiro que ela estaacute disposta

a aceitar em troca de um produto e tal soma deve ser suficientemente alta para cobrir os custos

e dar algum lucro mas natildeo tanto a ponto de impedir a venda de seu produto (ii) para os

consumidores preccedilo eacute a quantia que eles estatildeo dispostos a desembolsar em troca de um

produto Portanto eacute importante que exista um equiliacutebrio na construccedilatildeo deste para que as duas

partes se satisfaccedilam em sua transaccedilatildeo comercial

Na mesma linha de raciociacutenio Rocha e Christensen (1999) afirmam que o preccedilo define as

condiccedilotildees baacutesicas pelas quais o vendedor e o comprador estatildeo dispostos a realizar a troca Os

autores ainda complementam que para a empresa o preccedilo pode ser visto como a compensaccedilatildeo

recebida pelos produtos e serviccedilos que oferece ao mercado e para o comprador o preccedilo

expressa o que ele estaacute disposto a dar para adquirir o que a empresa lhe oferece (bens ou

serviccedilos)

Lambin (2000a) tambeacutem raciocina que a questatildeo do preccedilo tem dois aspectos importantes sob

o ponto de vista das empresas a serem considerados (i) o preccedilo eacute um instrumento para

analisar demanda e ao mesmo tempo (ii) eacute um fator determinante da rentabilidade a longo

prazo Entretanto a escolha por uma estrateacutegia de apreccedilamento deve respeitar dois tipos de

coerecircncia a interna e a externa A interna diz respeito aos custos e a rentabilidade essenciais

para a sobrevivecircncia da companhia e a externa agrave forccedila do mercado (poder de compra dos

consumidores) e preccedilo da concorrecircncia Aleacutem do mais natildeo se pode esquecer a coerecircncia com

as estrateacutegias de produto e distribuiccedilatildeo a chamada consistecircncia horizontal

24

Para o consumidor o preccedilo eacute expressatildeo monetaacuteria de um valor e tem papel central na troca O

comportamento de compra pode ser visto como um sistema de troca onde a procura pela

satisfaccedilatildeo e o sacrifiacutecio monetaacuterio compensam um ao outro Esse comportamento eacute resultado

de uma necessidade e a quantia que o consumidor estaacute disposto a pagar pelo produto mede a

intensidade dessa necessidade e a qualidade e satisfaccedilatildeo que eacute esperada (LAMBIN 2000a)

As decisotildees de preccedilos satildeo importantes pois afetam o volume de vendas de uma empresa e

quanto de recursos ela recebe Mesmo com tal importacircncia muitas empresas natildeo lidam bem

com a determinaccedilatildeo de preccedilos Segundo Kotler e Keller (2005) os erros mais comuns satildeo

preccedilos demasiadamente orientados para custos os preccedilos natildeo sofrem revisatildeo com suficiente

frequumlecircncia para capturar mudanccedilas praticadas pelo mercado a determinaccedilatildeo dos preccedilos

independe do restante do composto de marketing e a natildeo variaccedilatildeo de acordo com diferentes

itens de produtos segmentos de mercado e ocasiotildees de compra

Lovelock (1996) e Kotler e Keller (2005) ainda referem-se ao preccedilo como o uacutenico elemento

do composto de marketing que produz receita enquanto todos os outros produzem custos

sendo assim consideradas de mais difiacutecil compressatildeo Eacute visto tambeacutem pelos autores como o

mais flexiacutevel pois pode ser alterado com rapidez ao contraacuterio das caracteriacutesticas de produtos

dos contratos com os canais de distribuiccedilatildeo e as promoccedilotildees planejadas Essa flexibilidade dos

preccedilos praticados pelos concorrentes eacute um dos maiores problemas com o qual as empresas se

deparam (PALMER 2000)

O preccedilo tambeacutem informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido por uma empresa

para seu produto ou marca (KOTLER KELLER 2005) Mazzon Guagliardi Fonseca (1983)

afirmam que o preccedilo eacute uma variaacutevel sensiacutevel em qualquer modelo em que eacute considerado

devido agrave caracteriacutestica de aumentar o lucro dos componentes do canal de distribuiccedilatildeo e

25

tambeacutem por permitir ao consumidor aumentar suas possibilidade de consumo do produto bem

como permitir o consumo de outros produtos

Czinkota (2001) apresenta as principais variaacuteveis envolvidas na definiccedilatildeo de preccedilos -

preocupaccedilotildees estrateacutegicas sensibilidade da demanda custos e preocupaccedilotildees eacuteticas e legais e

os fatores que influenciam na necessidade de ajuste conforme a figura 2 Lambin (2000a)

afirma que a noccedilatildeo de preccedilo eacute ampla e vai aleacutem da simples coincidecircncia dos fatos puramente

objetivos e quantitativos A quantidade de dinheiro pago mede de forma incompetente o

sacrifiacutecio realizado e da mesma maneira a quantidade de bens adquiridos mede de forma

imperfeita a satisfaccedilatildeo

Fonte Czinkota (2001)

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

26

Lepsch (1996) considera a estrateacutegia de formaccedilatildeo de preccedilos como um plano projetado e

administrado de forma eficiente que considera a fixaccedilatildeo de preccedilos como uma funccedilatildeo de

custos percepccedilatildeo do cliente e reaccedilotildees da concorrecircncia

Apesar de todas as estrateacutegias existentes para as empresas determinarem o preccedilo de seus

produtos quem iraacute decidir se esse eacute o preccedilo correto ou natildeo eacute o consumidor final De nada

adiantaraacute uma companhia decidir sobre o apreccedilamento de seus bens ou serviccedilos se o cliente

natildeo estiver disposto a pagar a quantia proposta Portanto a poliacutetica de formaccedilatildeo de preccedilo deve

ser orientada para o consumidor claro que de forma a cobrir os custos da empresa e gerar

algum lucro mas tambeacutem analisando como os produtos atribuem benefiacutecios definindo um

preccedilo justo a esse valor percebido pelo usuaacuterio Um consumidor racional somente iraacute adquirir

um produto quando o valor percebido for maior que o valor pago para a aquisiccedilatildeo deste item

O valor atribuiacutedo ao produto pode se caracterizar por diversas formas como a qualidade o

gosto a ambientaccedilatildeo o status entre outros sendo que esses atributos variam conforme os

diferentes segmentos de consumidores e as diferentes situaccedilotildees de compra

Entre tantas consideraccedilotildees e afirmaccedilotildees sobre preccedilos um ponto importante e comum entre

todos os autores diz respeito agrave complexidade da sua determinaccedilatildeo Para que o apreccedilamento

seja estabelecido de forma adequada Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker e Etzel

(2001) consideram que uma empresa deve seguir seis etapas (1) seleccedilatildeo do objetivo da

determinaccedilatildeo de preccedilos (2) determinaccedilatildeo da demanda (3) estimativa de custos (4) anaacutelise de

custos preccedilos e oferta dos concorrentes (5) seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos

e (6) seleccedilatildeo do preccedilo final Cada uma dessas etapas seraacute discutida neste trabalho

27

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo

Boone e Kurtz (1998) consideram que da mesma forma que o preccedilo eacute um dos componentes

do composto de marketing os objetivos de determinaccedilatildeo de preccedilos tambeacutem satildeo um

componente dos objetivos gerais da organizaccedilatildeo Os autores explicam que os objetivos de

marketing representam os resultados que os executivos esperam alcanccedilar que se baseiam

nesses objetivos gerais Os objetivos da empresa e da funccedilatildeo de marketing provecircem a base

para determinar os objetivos da fixaccedilatildeo de preccedilos usados para desenvolver e implementar os

procedimentos e poliacuteticas de apreccedilamento mais especiacuteficas (BOONE KURTZ 1998)

Neves (2005) explica que a decisatildeo de onde a empresa deseja posicionar sua oferta deveraacute ser

o primeiro passo que a empresa adota pois quanto mais claros os objetivos do plano de

marketing mais faacutecil seraacute a determinaccedilatildeo de preccedilos Deve-se decidir sobre os objetivos de

preccedilo antes de determinar o proacuteprio preccedilo Entretanto poucas empresas estabelecem um

objetivo de preccedilo A importacircncia de considerar esse passo fica clara quando as possiacuteveis

escolhas satildeo apresentadas e a relevacircncia e consequumlecircncia que cada uma tem sobre o

apreccedilamento de um produto

Satildeo considerados cinco objetivos para a determinaccedilatildeo de preccedilo (KOTLER KELLER 2005

CZINKOTA 2001) (1) sobrevivecircncia (2) maximizaccedilatildeo do lucro (3) maximizaccedilatildeo do

crescimento das vendas ou manutenccedilatildeo eou aumento da participaccedilatildeo de mercado (4)

lideranccedila na qualidade do produto e (5) maximizaccedilatildeo do aproveitamento do mercado ou

desnataccedilatildeo

28

Os objetivos de maximizaccedilatildeo do lucro e do volume satildeo mais comuns mesmo entre autores

que utilizam outras classificaccedilotildees O objetivo de sobrevivecircncia eacute considerado de curto prazo e

geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila

nos desejos do consumidor Quando optam por utilizar este objetivo o preccedilo estabelecido

deve cobrir os custos variaacuteveis e alguns dos custos fixos caso contraacuterio a empresa pode ir agrave

falecircncia No caso da lideranccedila na qualidade do produto as empresas tecircm seus produtos

caracterizados por altos niacuteveis de qualidade e valor percebidos com preccedilos altos poreacutem natildeo a

ponto de se tornarem quase inacessiacuteveis aos consumidores Satildeo os produtos de preccedilo-

premium

A estrateacutegia de preccedilo-premium eacute aplicada para diferentes versotildees de um mesmo produto uma

superior e outra baacutesica ou padratildeo Os compradores potenciais do modelo padratildeo satildeo muito

sensiacuteveis a preccedilos ao contraacuterio dos compradores da versatildeo superior do item Uma variaccedilatildeo do

preccedilo-premium eacute o preccedilo de imagem As duas estrateacutegias tecircm o mesmo objetivo sinalizar

para os compradores desinformados a alta qualidade do produto e utilizar o lucro realizado

com a versatildeo superior para subsidiar o preccedilo da versatildeo baacutesica ou padratildeo do produto

(LAMBIN 2000a) A caracteriacutestica que difere uma estrateacutegia da outra eacute que no segundo

caso natildeo existe uma diferenccedila real entre os produtos ou marcas apenas considera-se a

imagem passada e o posicionamento

Na desnataccedilatildeo do mercado os preccedilos comeccedilam altos e se reduzem gradualmente com o

tempo Eacute um objetivo praticado geralmente por empresas que lanccedilam tecnologias novas e faz

sentido apenas sob as seguintes condiccedilotildees (i) um nuacutemero suficiente de compradores tem uma

demanda corrente alta (ii) o custo unitaacuterio de produzir uma quantidade pequena natildeo eacute alto

suficiente para anular a vantagem de cobrar o que o mercado tem condiccedilotildees de pagar (iii) o

29

preccedilo alto inicial natildeo atrai mais concorrentes para o mercado e (iv) o preccedilo elevado comunica

a imagem de um produto de qualidade superior (KOTLER KELLER 2005)

Em outras palavras Lambin (2000a) descreve a desnataccedilatildeo como objetivo atingir alta receita

em vendas oferecendo produtos com qualidades peculiares (reais ou percebidos) a preccedilos

muito altos para alguns compradores ou segmentos especiacuteficos que estatildeo preparados e

dispostos a pagar por essa distinccedilatildeo O objetivo aqui eacute alcanccedilar o mais alto turnover possiacutevel

com preccedilo alto em vez de volume alto (LAMBIN 2000a) O autor considera esta a estrateacutegia

totalmente oposta agrave maximizaccedilatildeo de volume

Outros autores preferem agrupar os objetivos de formas diferentes Para Jain (2000) eles

podem ser orientados para o lucro e para o volume e Lambin (2000a) afirma que alguns

objetivos podem ser tambeacutem orientados para a concorrecircncia Boone e Kutz (1998)

consideram quatro os principais objetivos de apreccedilamento (1) objetivos de lucratividade (2)

objetivos de volume (3) objetivos concorrenciais e (4) objetivos de prestiacutegio

Embora as classificaccedilotildees variem de um autor para outro percebe-se nos agrupamentos que os

objetivos de lucratividade e os objetivos de volume satildeo comuns a todos os autores citados Os

objetivos concorrencias satildeo equivalentes apenas entre Lambin (2000a) e Boone e Kutz

(1998) O uacutenico grupo exclusivamente idealizado por Boone e Kutz (1998) eacute denominado

objetivos de prestiacutegio Seratildeo discutidos primeiramente os objetivos comuns a todos em

sequumlecircncia os objetivos orientados para a concorrecircncia e finalmente a quarta proposta de

agrupamento de Boone e Kutz (1998)

Jain (2000) considera que quando orientado para o lucro o objetivo pode ser definido tanto

em termos da porcentagem de lucro desejada (maximizaccedilatildeo dos lucros) quanto do retorno

almejado sobre o investimento Lambin (2000a) cita a maximizaccedilatildeo do lucro como um

30

modelo apresentado pelos economistas Para o autor o modelo eacute difiacutecil de ser aplicado na

praacutetica pois natildeo apenas assume o conhecimento preciso sobre as funccedilotildees de custo e demanda

de cada produto como tambeacutem assume a estabilidade que eacute raramente aproveitada pelos

fatores ambientais e competitivos

Boone e Kutz (1998) afirmam que os economistas identificam a maximizaccedilatildeo dos lucros

como o ponto no qual uma adiccedilatildeo agrave receita total eacute equilibrada exatamente por um aumento no

custo total e o problema estaacute em saber como atingir esse equiliacutebrio Para eles a teoria

econocircmica se baseia em pressupostos sendo um deles o de que todas as empresas teratildeo um

comportamento racional que resultaraacute em um esforccedilo para maximizar ganhos e minimizar

perdas Nicol (1985) considera que as empresas natildeo podem ter um uacutenico objetivo o da

maximizaccedilatildeo do lucro contudo ele eacute um importante objetivo de uma empresa geneacuterica

O objetivo de retorno-alvo (ROI) eacute difundido (LAMBIN 2000a) Na praacutetica calcula-se o

preccedilo-alvo que eacute aquele o qual para um niacutevel de atividade assegura um retorno justo sobre o

capital investido Para o autor essa teoria muito utilizada pelas empresas tem o meacuterito da

simplicidade mas eacute incorreta pois ignora o fato de que eacute o niacutevel do preccedilo que determina o

niacutevel da demanda Boone e Kutz (1998) consideram que os objetivos de retorno-alvo

oferecem uma seacuterie de vantagens ao profissional de marketing servindo como um meio de

avaliar desempenho Aleacutem disso satildeo projetados para gerar um lucro justo de acordo com o

julgamento dos gerentes acionistas e puacuteblico em geral (BOONE KURTZ 1998)

Por outro lado Jain (2000) argumenta que o objetivo mais utilizado pelas grandes empresas eacute

o preccedilo voltado para volume Boone e Kutz (1998) consideram que as empresas nesta

ocasiatildeo estabelecem um niacutevel miacutenimo aceitaacutevel de lucro e entatildeo procuram maximizar as

vendas (sujeitas a esta restriccedilatildeo de lucro) acreditando que no quadro de concorrecircncia de

longo prazo um grande volume de vendas eacute mais importante do que lucros elevados logo de

31

iniacutecio Assim as empresas continuam a expandir suas vendas ateacute o ponto em que os lucros

totais natildeo caiam abaixo dos retornos miacutenimos obtidos como aceitaacuteveis pela companhia

Os objetivos de volume tambeacutem podem ser estabelecidos como a participaccedilatildeo de mercado que

a companhia gostaria de atingir que pode comeccedilar como sendo a taxa de crescimento de

vendas desejada ou simplesmente assegurar um crescimento de vendas suficiente para a

empresa (LAMBIN 2000a) Para Lambin (2000a) maximizar a participaccedilatildeo de mercado

implica em adotar um preccedilo de penetraccedilatildeo que eacute uma quantia relativamente baixa menor do

que o preccedilo da concorrecircncia para aumentar o volume de vendas e consequumlentemente o

market-share o mais raacutepido possiacutevel Boone e Kutz (1998 p 467) definem como a meta

estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma determinada mercadoria ou

serviccedilo Esta meta pode ser tanto a manutenccedilatildeo da atual participaccedilatildeo quanto o aumento

dessa fatia do mercado em alguns pontos percentuais

Lambin (2000a) afirma que aleacutem das orientaccedilotildees para o lucro e para o volume a companhia

tem um terceiro objetivo desta vez orientado para a competiccedilatildeo Esta visatildeo tambeacutem eacute

compartilhada por Boone e Kutz (1998) Neste caso os preccedilos devem estar alinhados com os

concorrentes ou objetivar s estabilidade Para o autor em induacutestrias lideradas por uma

empresa o objetivo eacute criar um relacionamento estaacutevel entre produtos concorrentes para evitar

flutuaccedilotildees de preccedilos que podem abalar a confianccedila do consumidor O objetivo de se alinhar

aos preccedilos das empresas concorrentes mostra que a companhia estaacute consciente da sua

incapacidade de exercer qualquer influecircncia no mercado especialmente quando existe uma

empresa liacuteder e os produtos satildeo padronizados como um oligopoacutelio indiferenciado Neste

caso a empresa prefere concentrar seus esforccedilos outros aspectos que natildeo seja o preccedilo

(LAMBIN 2000a) Uma vez alcanccedilada a posiccedilatildeo de dominante o objetivo muda para uma

32

taxa de retorno suficiente ou satisfatoacuteria Esta eacute uma estrateacutegia frequumlentemente utilizada por

empresas com um volume alto de produccedilatildeo acumulada e que espera reduzir custos

Os objetivos de prestiacutegio compotildee a uacuteltima categoria de apreccedilamento natildeo relacionada agrave

lucratividade e ao volume Um objetivo de prestiacutegio envolve a determinaccedilatildeo de um preccedilo

relativamente alto para desenvolver e manter uma imagem de qualidade e exclusividade

direcionado para consumidores natildeo sensiacuteveis a preccedilos e sensiacuteveis a questatildeo de status

(BOONE KURTZ 1998) A utilizaccedilatildeo do objetivo de preccedilo por prestiacutegio reflete a ecircnfase

dada pelo profissional de marketing muito mais agrave imagem do produto do que ao custo dos

seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo O quadro 1 apresenta um resumo geral dos

objetivos de preccedilos e suas caracteriacutesticas

Definido o objetivo de preccedilo a empresa precisa compreender as relaccedilotildees entre a fixaccedilatildeo de

preccedilos e a curva de demanda O preccedilo eacute um fator essencial como determinante da demanda

Os quatro fatores considerados pelos economistas na determinaccedilatildeo da demanda satildeo preccedilo do

produto preccedilo dos substitutos renda dos consumidores e suas preferecircncias Caso os outros

trecircs fatores permaneccedilam constantes quanto mais alto for o preccedilo menor seraacute a demanda O

proacuteximo toacutepico discute as relaccedilotildees entre a demanda e o preccedilo de produtos e suas implicaccedilotildees

33

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo

Objetivo

Caracteriacutestica

Sobrevivecircncia

Objetivo de curto prazo geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila nos desejos do consumidor

Maximizaccedilatildeo do Lucro

Quando satildeo estimados a demanda e os custos com preccedilos alternativos e escolha do niacutevel que maximiza o lucro e se estabelece um niacutevel especiacutefico de lucro como objetivo

Maximizaccedilatildeo do Volume

Meta estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma mercadoria ou serviccedilo Pode ser para manter ou aumentar a fatia

Lideranccedila na Qualidade do Produto

Produtos com alta qualidade preccedilo relativamente alto mas benefiacutecio percebido Gera lealdade e o preccedilo natildeo dificulta o acesso apenas traduz a qualidade

Desnatamento

Quando haacute estimativa do preccedilo mais alto que se pode cobrar dados os benefiacutecios comparativos em relaccedilatildeo aos substitutos disponiacuteveis para uma posterior reduccedilatildeo do preccedilo e assim conquistar o segmento imediatamente inferior

Concorrenciais

Preccedilos equivalentes aos da concorrecircncia e diferenciaccedilatildeo por meio dos outros componentes do mix de marketing

Prestiacutegio

Preccedilo alto para consumidores sensiacuteveis agrave status ecircnfase na imagem do produto e natildeo ao custo dos seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo

Fonte Elaborado pela autora a partir de Boone e Kutz (1998) Czinkota (2001) Kotler e Keller (2005) Lambin (2000a) Lambin (2000b) e Stanton Waltker e Etzel (2001)

23 Determinaccedilatildeo da Demanda

O apreccedilamento estrateacutegico de um produto natildeo deve considerar apenas os custos eacute importante

identificar o niacutevel de demanda ao longo do tempo Preccedilos baseados apenas nas necessidades

financeiras da empresa satildeo considerados inapropriados segundo Lambin (2000a) Em uma

economia de mercado eacute o comprador quem decide que produto seraacute vendido

Consequumlentemente em uma organizaccedilatildeo bem sucedida um apreccedilamento efetivo comeccedila com

34

o preccedilo mais proacuteximo de ser aceito pelo mercado que por sua vez determina o custo-alvo da

empresa (LAMBIN 2000a)

O custo-alvo eacute um conceito que foi desenvolvido em meados da deacutecada de 90 Ao contraacuterio

da praacutetica tradicionalmente utilizada (primeiro desenvolve-se o produto e o custo eacute a base

para a determinaccedilatildeo do preccedilo figura 3) o custo-alvo leva em consideraccedilatildeo primeiramente a

necessidade do consumidor descoberta por meio de pesquisas de mercado em seguida o

valor que ele daacute ao produto o preccedilo do mercado e o quanto o cliente pagaria para adquiri-lo a

partir desse ponto avaliar os custos para o desenvolvimento do bem comparaacute-lo com o preccedilo

e desenvolver efetivamente o produto (figura 4)

A determinaccedilatildeo da demanda em alguns casos eacute clara poreacutem em outros os padrotildees soacute satildeo

revelados quando devidamente estudados e mapeados Cada preccedilo praticado pela empresa

resultaraacute em um diferente niacutevel de demanda e consequumlentemente causaraacute diferentes impactos

nos objetivos de marketing de uma empresa

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto

CONSUMIDOR

CONSUMIDOR VALORVALOR PRECcedilOPRECcedilO CUSTOCUSTO PRODUTOPRODUTO

PRODUTOPRODUTO CUSTOCUSTO VALORVALORPRECcedilOPRECcedilO CONSUMIDOR

CONSUMIDOR

35

Lambin (2000a) considera a noccedilatildeo de elasticidade um importante conceito na anaacutelise da

demanda pois mede diretamente a sensibilidade a preccedilo do consumidor Churchill Jr e Peter

(2003) definem elasticidade-preccedilo como a medida da sensibilidade da demanda agrave mudanccedilas

nos preccedilos

Simonsen (1973) explica que o economista Marshall primeiro a encontrar uma forma praacutetica

de expressar o conceito da elasticidade da demanda a definiu como o aumento percentual da

quantidade procurada quando o preccedilo abaixa 1 Se a quantidade procurada de um item

aumentar 2 porque seu preccedilo caiu em 1 significa que o seu coeficiente de elasticidade eacute

igual a 2 Deve considerar poreacutem que o conceito de elasticidade refere-se a um ponto da

curva de demanda e natildeo da curva completa

Para determinar a elasticidade em P traccedila-se uma tangente agrave curva por esse ponto a qual

intercepta os eixos do graacutefico respectivamente nos pontos M e N (figura 5) O coeficiente da

elasticidade eacute representado pela foacutermula

Kotler e Armstrong (1998) considera

relaccedilatildeo entre a variaccedilatildeo da quantidad

resultado maior eacute a relaccedilatildeo da dema

como a porcentagem de variaccedilatildeo de u

preccedilo

E= MP PN

m que a elasticidade da demanda pode ser medida pela

e vendida e a variaccedilatildeo do preccedilo Quanto mais alto o

nda e de preccedilo e Lambin (2000a) descreve a foacutermula

nidades vendidas sobre a porcentagem de variaccedilatildeo do

36

Fonte Simonsen 19

Figura 5 Represe

Besanko Dranove

independentemente

preccedilo em P0) ele m

Q1l Parte do cresc

Q1) vem dos con

2000) A figura 6

mercado

A curva de demand

produto ou serviccedilo

maior do que 1 ( sum

preccedilos a determin

coeficiente de elas

vendas natildeo eacute afeta

de custos ao consu

deve-se realizar um

Preccedilo

73

ntaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticid

e Shanley (2000) afirmam que quando u

do setor de P0 para P1 (com todos os

ove na curva de demanda de DD para d

imento (Q1 Q0) vem de seus consumido

sumidores de outras empresas (BESAN

representa a curva de demanda quando um

a pode ser elaacutestica ou inelaacutestica Quando o

eacute inferior a 1 ( sum lt 1) a demanda eacute co

lt 1) a demanda eacute considerada elaacutestica N

accedilatildeo precisa dos seus custos seraacute mais

ticidade Quando a demanda eacute inelaacutestica o

do pelas mudanccedilas de preccedilo assim a empr

midor sem maiores perdas Poreacutem quando

a anaacutelise de custos que permitiraacute a proj

E= MP PN

Quantidade

P

N

R

0

S

M

ade da Demanda

m vendedor reduz o seu preccedilo

seus concorrentes segurando o

d e suas vendas aumentam para

res leais e a outra parte (Q1l

KO DRANOVE SHANLEY

a empresa muda seu preccedilo no

coeficiente de demanda de um

nsiderada inelaacutestica e quando eacute

o que diz respeito agrave poliacutetica de

importante quanto maior for o

u pouco elaacutestica o volume de

esa pode transferir os aumentos

a demanda eacute altamente elaacutestica

eccedilatildeo de provaacuteveis margens de

37

lucro em diferentes niacuteveis de venda com base nas relaccedilotildees entre preccedilo e quantidade em cada

niacutevel (SIMONSEN 1973 KOTLER KELLER 2005 BESANKO DRANOVE SHANLEY

2000 NICOL 1983 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN1999)

Fonte Adaptado de

Figura 6 Curva

muda o preccedilo

A demanda elaacutestic

vendida o suficient

1997) No setor ali

com que ocorra um

loja ou rede varej

estabelecimento qu

A curva da deman

preccedilos (KOTLER

Preccedilo

Besanko Dranove e Shanley (2000)

de Demanda de um Vendedor Individua

a ocorre quando a reduccedilatildeo de preccedilos faz

e para compensar a receita e os resultados

mentiacutecio a demanda eacute considerada inelaacutesti

acreacutescimo substancial no volume de venda

ista eacute considerada elaacutestica pois os cons

e tiver melhores niacuteveis de preccedilos

da mostra o volume provaacutevel de compra

KELLER 2005 p 435) A curva resume a

Quantidade

D

D

d

d

P0

P1

Q0

Q1

Q1l

l quando independentemente

com que aumente a quantidade

(MCCARTHY PERREAULT

ca (a reduccedilatildeo de preccedilos natildeo faz

s) poreacutem quando analisada por

umidores passam a escolher o

do mercado ante alternativas de

s reaccedilotildees de consumidores com

38

diferentes sensibilidades a preccedilo portanto o primeiro passo para determinar a demanda eacute

compreender os fatores que afetam a sensibilidade Kotler e Keller (2005) afirmam que os

compradores satildeo menos sensiacuteveis a preccedilos de produtos comprados com pouca frequumlecircncia ou

que inspiram prestiacutegio Os consumidores que apresentam pouca sensibilidade satildeo os

preferidos das empresas Nagle e Holden (2003) Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000a)

indicam nove fatores relacionados agrave menor sensibilidade a preccedilos

1 O produto eacute exclusivo - valor uacutenico

2 Os compradores tecircm menos consciecircncia da existecircncia de substitutos

3 Os compradores natildeo conseguem comparar facilmente a qualidade de substitutos

4 A despesa eacute uma pequena parte do orccedilamento familiar

5 O benefiacutecio final do produto eacute grande ou seja a despesa eacute pequena em relaccedilatildeo ao

custo total do produto final

6 O custo do produto eacute compartilhado com terceiros

7 O produto eacute utilizado em conjunto com bens comprados anteriormente

8 O produto apresenta mais qualidade prestiacutegio ou exclusividade Preccedilo-Qualidade

9 Os compradores natildeo podem estocar o produto

As empresas precisam entender a sensibilidade a preccedilo de seus clientes atuais e potenciais

bem como as anaacutelises comparativas que as pessoas estatildeo dispostas a realizar para avaliar o

preccedilo diante das especificaccedilotildees dos produtos (figura 7) Lambin (2000a) considera todo

comprador sensiacutevel a preccedilo poreacutem essa sensibilidade pode variar tremendamente de uma

situaccedilatildeo para outra como mostram os fatores citados pelos estudiosos da aacuterea Essa variaccedilatildeo

ocorre de acordo com a importacircncia da satisfaccedilatildeo que o produto proporciona ou do sacrifiacutecio

necessaacuterio para adquirir o bem Ter somente consumidores sensiacuteveis como alvo pode

significar que a empresa estaacute deixando de ganhar dinheiro (KOTLER KELLER 2005)

39

Fonte Elaborado pela autora

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos

Para mensurar a sensibilidade vaacuterios meacutetodos podem ser aplicados Lambin (2000a) agrupa

esses meacutetodos em quatro categorias principais (i) o julgamento de especialistas (the expert

judgement) (ii) pesquisas com consumidores (iii) experimentos com preccedilo e (iv) estudos

economeacutetricos O julgamento de especialistas consiste em pedir para especialistas do mercado

trecircs estimativas ou pontos na curva de resposta ao preccedilo a menos realista a mais realista e a

associaccedilatildeo do volume de vendas mais as vendas esperadas a um preccedilo meacutedio

As pesquisas com consumidores podem ser diretas ou indiretas O meacutetodo mais utilizado eacute o

indireto por meio de anaacutelise conjunta Os experimentos com preccedilos satildeo realizados em

laboratoacuterios ou no proacuteprio campo (mercado) e os estudos economeacutetricos satildeo baseados em

anaacutelises de painel ou seacuteries temporais (LAMBIN 2000a)

Sensibilidade a Preccedilo

Valor da diferenciaccedilatildeo

Alta

Alta

Baixa

Baixa

Compradores

de Preccedilo

Compradores

de Valor

Compradores

de Conveniecircncia

Compradores

de Relacionamento

40

Mensurar a elasticidade da demanda pode ser uacutetil por diversas razotildees A elasticidade fornece

informaccedilotildees sobre a direccedilatildeo na qual os preccedilos podem mudar para simular a demanda e

aumentar o faturamento Aleacutem disso comparar a elasticidade de marcas concorrentes

identifica aquelas que podem resistir mais a um aumento de preccedilo e assim revelar seu poder

de mercado Comparar a elasticidade de produtos de mesma categoria ajuda no ajuste de

preccedilo dentro da categoria e por fim a elasticidade cruzada ajuda a prever as mudanccedilas na

demanda de uma marca para outra (LAMBIN 2000a)

Lambin (2000a) chama a atenccedilatildeo para algumas limitaccedilotildees que podem reduzir a utilidade

praacutetica dos meacutetodos de mensuraccedilatildeo A elasticidade mede o relacionamento baseando-se no

comportamento do consumidor que soacute eacute observaacutevel depois do acontecimento O seu valor

preventivo depende da estabilidade das condiccedilotildees que ocasionaram a observaccedilatildeo portanto

natildeo pode ser utilizado para determinar o preccedilo de novos produtos Outro ponto eacute que em

muitas situaccedilotildees o problema natildeo eacute tanto saber como adaptar o preccedilo a sensibilidade atual do

mercado mas sim saber de forma mudar essa sensibilidade para a direccedilatildeo procurada pela

empresa Nesse caso eacute mais interessante saber o valor percebido do produto pelo grupo-alvo

de consumidores Por fim a elasticidade mede o impacto do preccedilo na quantidade comprada

do produto mas natildeo mede o efeito do preccedilo na propensatildeo a experimentar o produto em

compras repetitivas a taxas exclusivas entre outros e essas satildeo noccedilotildees importantes para

entender o mecanismo de resposta do consumidor em relaccedilatildeo ao preccedilo dos produtos

Eacute vaacutelido destacar que os meacutetodos de mensuraccedilatildeo da demanda foram desenvolvidos para

modelos econocircmicos para auxiliar mais no entendimento do comportamento econocircmico do

que como uma ferramenta de decisatildeo Essa afirmaccedilatildeo natildeo significa poreacutem que a teoria

econocircmica natildeo tenha relevacircncia para o estudo da determinaccedilatildeo do preccedilo pois mesmo sendo

imprecisa a estimativa da elasticidade do preccedilo ajuda a determinar a direccedilatildeo da mudanccedila de

41

preccedilo e seu impacto na receita de vendas Contudo os administradores de marketing deveriam

desenvolver meacutetodos de mensuraccedilatildeo mais adequados agraves suas necessidades

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)

A fixaccedilatildeo de preccedilo baseado no cliente trabalha o preccedilo de modo mais lucrativo e com a

captura de mais valor natildeo necessariamente vendendo mais (aumento do volume de vendas)

Aleacutem disso leva em conta os preccedilos que os consumidores estatildeo dispostos a pagar e pode

chegar a um montante que natildeo reflete o verdadeiro valor do produto

Satildeo utilizados o preccedilo de valor e as estrateacutegias flexiacuteveis de apreccedilamento O preccedilo de valor

representa a fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando

comparado ao seu concorrente Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo requer uma reengenharia

de operaccedilotildees ou seja um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade (Lambin

2000a Lambin 2000 b Kotler Keller 2005)

Lambin (2000a) explica que do ponto de vista do consumidor um produto eacute o total de

benefiacutecios recebidos quando utilizado Portanto uma empresa orientada para o consumidor

precisa fixar os seus preccedilos de acordo com a percepccedilatildeo de benefiacutecios e custos do cliente Os

consumidores comparam os benefiacutecios de uma compra com o custo que ela representou

Quando o produto considerado apresenta a melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio o consumidor estaacute

inclinado a comprar o bem

42

O procedimento de preccedilo de valor pode ser implementado de duas formas diferentes A

primeira delas eacute o valor percebido A ideacuteia baacutesica por traacutes desse meacutetodo eacute o valor percebido

no produto ou marca o qual iraacute determinar o niacutevel de preccedilo O preccedilo de valor percebido

considera as percepccedilotildees de valor dos clientes e natildeo o custo do vendedor Aleacutem disso a

estrateacutegia utiliza os elementos do mix de marketing para aumentar o valor percebido pelo

cliente e a chave para a sua determinaccedilatildeo eacute a precisatildeo na percepccedilatildeo do mercado relativa ao

valor da oferta Eacute preciso determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a

percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta Nesse caso eacute fundamental pensar-se no

posicionamento do produto Deve-se ainda mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais

caro (o valor que a oferta de fato representa)

A segunda maneira eacute o preccedilo maacuteximo aceitaacutevel particularmente utilizado para determinar

preccedilos de produtos na induacutestria O principal benefiacutecio para o comprador nesse caso eacute a

reduccedilatildeo de custos O procedimento segue os seguintes passos (i) entender o uso do produto

pelo consumidor (ii) analisar os benefiacutecios gerados pelo produto (iii) analisar os custos de

aquisiccedilatildeo e de uso do produto (iv) calcular a relaccedilatildeo custo-benefiacutecio e determinar o preccedilo

maacuteximo aceitaacutevel (LAMBIN 2000a) O preccedilo mais alto que o consumidor estaraacute disposto a

pagar pelo produto eacute calculado por

Benefiacutecios Custos = Preccedilo Maacuteximo Aceitaacutevel

Algumas das limitaccedilotildees do apreccedilamento baseado no cliente referem-se agrave falha na percepccedilatildeo

que pode afetar a lucratividade da empresa a longo prazo e ao surgimento de alguns

problemas quando os preccedilos natildeo refletem o montante que os clientes estatildeo dispostos a pagar

43

pois alguns compradores sofisticados raramente satildeo honestos a respeito de quanto estatildeo

dispostos a pagar por um produto Para que a estrateacutegia tenha um bom desempenho deve-se

aumentar a disposiccedilatildeo do cliente a pagar um preccedilo que reflita o verdadeiro valor do produto

As empresas natildeo tecircm um preccedilo uacutenico mas sim uma variedade de preccedilos adaptados a

situaccedilotildees distintas de mercado Para isso satildeo utilizadas as estrateacutegias flexiacuteveis de mercado

Elas ocorrem em situaccedilotildees onde o mesmo produto eacute vendido para diferentes clientes a preccedilos

tambeacutem diferentes e podem ser obtidas por regiatildeo por periacuteodo por forma do produto ou de

um segmento para outro

Os economistas utilizam o termo descriminaccedilatildeo de preccedilos para designar as variaccedilotildees de preccedilo

que natildeo satildeo justificadas pelo custo (LAMBIN 2000b) As quatro formas de flexibilidade de

preccedilo satildeo (1) desconto para um segundo mercado que acontece quando uma empresa tem

excedente de produccedilatildeo e surge a oportunidade de vender seus produtos para um outro

mercado e nesse caso o preccedilo miacutenimo aceitaacutevel pela empresa deve ser o preccedilo piso ou

miacutenimo (2) descontos perioacutedicos ou sazonais que permitem que a empresa explore a

heterogeneidade da demanda - consumidores sensiacuteveis e natildeo sensiacuteveis a preccedilos que compram

o mesmo produto em periacuteodos diferentes vendendo com o preccedilo alto no comeccedilo da

temporada e oferecendo descontos sistemaacuteticos no fim do periacuteodo (3) os descontos

oferecidos ao acaso ou seja para situaccedilotildees onde existem empresas que vendem o mesmo

produto a um preccedilo alto e outras a um preccedilo baixo e existem consumidores informados e

desinformados quanto a essa diferenccedila A empresa estabelece um preccedilo alto para vender aos

clientes que natildeo conhecem o preccedilo inferior e ao mesmo tempo oferece descontos para atingir

os consumidores que procuram pelo preccedilo mais baixo e (4) os preccedilos promocionais

frequumlentemente utilizados por varejos supermercadistas e lojas de departamentos para

estimular as vendas (TELLIS 1986)

44

Por fim a empresa pode administrar seus preccedilos ajustando-o agraves vendas realizadas sob

diferentes condiccedilotildees diferentes quantidades diferentes tipos de intermediaacuterios em diferentes

regiotildees

Depois de realizar a anaacutelise da demanda o proacuteximo passo para o estabelecimento de uma

estrateacutegia de preccedilos eacute a estimativa de seus custos Embora existam empresas que determinem

o preccedilo de seus produtos de modo a cobrir todos os seus custos o resultado dessa conduta

nem sempre eacute a lucratividade Da mesma forma que os preccedilos baseados apenas na demanda

apresentam vaacuterias limitaccedilotildees os preccedilos baseados em custos tambeacutem satildeo passiacuteveis de erros

comuns nem sempre levados em consideraccedilatildeo pelas companhias Por outro lado natildeo existe

lucro sem que o preccedilo determinado seja capaz de cobrir as principais despesas de um bem ou

serviccedilo O proacuteximo toacutepico aborda as questotildees criacuteticas sobre anaacutelise de custos que devem ser

conhecidas pelos profissionais de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico correto de sua

oferta

24 Estimativa de Custos

O preccedilo estabelecido para um produto deve ser suficientemente alto para cobrir os custos

envolvidos em sua fabricaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998 p 471) Estes

custos satildeo conhecidos como custos fixos custos variaacuteveis custo total e custo marginal Os

custos fixos satildeo aqueles que permanecem estaacuteveis independentemente do niacutevel de produccedilatildeo

ao contraacuterio dos variaacuteveis que satildeo os custos de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra diretamente

alocados agrave produccedilatildeo O custo total eacute composto pelo somatoacuterio de todos os custos fixos e

variaacuteveis que se dividido pela quantidade de unidades produzidas resulta nos custos meacutedios

45

totais (BOONE KURTZ 1998 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN 1999) O

custo marginal eacute a mudanccedila no custo total que resulta da produccedilatildeo de uma unidade adicional

do produto (BOONE KURTZ 1998)

A divisatildeo entre custos fixos e variaacuteveis eacute o fundamento sobre o qual alicerccedila uma teacutecnica

contaacutebil-financeira usada na anaacutelise de investimentos e tambeacutem na fixaccedilatildeo de preccedilos Eacute o

estudo do ponto de breakeven Este ponto eacute aquele no qual receita e custos se equilibram

abrindo caminho para a regiatildeo dos lucros O ponto de equiliacutebrio ou de paridade e custo-

volume-lucro satildeo expressotildees empregadas com o mesmo significado de ponto de breakeven

(LEPSCH 1996) Entretanto a teacutecnica apresenta algumas deficiecircncias Ela supotildee linearidade

da receita e do custo trabalha com apenas um produto classifica os custos em fixos e

variaacuteveis apenas natildeo considera despesas com pesquisa e desenvolvimento (PampD) e promoccedilatildeo

institucional que satildeo realizadas durante vaacuterios periacuteodos para gerar aumento da receita

Jain (2000) explica que para estudar o impacto dos custos na estrateacutegia de apreccedilamento os

seguintes relacionamentos devem ser considerados (i) a proporccedilatildeo dos custos fixos para os

custos variaacuteveis (ii) a economia de escala disponiacutevel para uma empresa e (iii) a estrutura de

custos de uma empresa versus a do concorrente Se os custos fixos de uma companhia em

comparaccedilatildeo com os seus custos variaacuteveis formam uma alta proporccedilatildeo dos seus custos totais

adicionar o volume de vendas seraacute de grande ajuda para o aumento dos ganhos ou seja se os

custos fixos forem cobertos qualquer aumento no volume gera um ganho Em setores onde os

custos variaacuteveis satildeo de maior proporccedilatildeo no custo total pode-se afirmar que estes satildeo setores

sensiacuteveis a preccedilo porque mesmo um pequeno aumento no preccedilo gera um ganho enorme

Os custos variam em diferentes niacuteveis de produccedilatildeo e para o apreccedilamento ser adequado agrave

empresa deve saber como seus custos variam conforme o niacutevel em que se encontra

(KOTLER KELLER 2005) Os seus custos reduziratildeo conforme o aumento da quantidade

46

produzida pois os custos fixos iratildeo diluir A partir de certo momento a faacutebrica torna-se

ineficiente com a maior frequumlecircncia de quebra das maacutequinas e escassez de espaccedilo fiacutesico Existe

dessa forma para os dados recursos uma quantidade ideal de produccedilatildeo

O comportamento dos custos em funccedilatildeo da produccedilatildeo acumulada eacute resultante da curva de

experiecircncia ou curva de aprendizagem ou seja quando a empresa reduz o custo total meacutedio

em funccedilatildeo do aprendizado conquistado com o aumento da produccedilatildeo e a experiecircncia

adquirida Eacute tambeacutem conhecida pelos economistas como a economia de escala (figura 8) Esta

situaccedilatildeo acontece quando a empresa aprende como produzir da melhor forma seus

funcionaacuterios aprendem a reduzir os custos evitando erros e uso inadequado de materiais ou

equipamentos e melhorando o tempo de produccedilatildeo o fluxo de materiais e compras etc

(HENDERSON 1984)

Fonte Elaborado pela autora a partir de Henderson (1984) Pyindick e Rubinfeld (2002) Besanko Dranove e Shanley (2000)

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem

Produccedilatildeo

Custo($ por unidade

de produccedilatildeo)

CMe1CMe1

B

Economias de Escala

B

Economias de EscalaAA

Cme2

Aprendizagem C

47

Pyindick e Rubinfeld (2002) explicam que uma empresa apresenta economia de escala

quando eacute capaz de duplicar a sua produccedilatildeo com menos do que o dobro de seus custos

Besanko Dranove e Shanley (2000) afirmam que o processo de produccedilatildeo de um bem ou

serviccedilo especiacutefico apresenta economia de escala em uma seacuterie de itens produzidos quando o

custo meacutedio declina com esse conjunto de itens

Se a economia de escala obtida da produccedilatildeo de uma companhia for substancial a empresa

deve planejar expandir sua participaccedilatildeo de mercado e com respeito a preccedilos a longo prazo

aceitar decliacutenios esperados no faturamento Alternativamente eacute esperado que as operaccedilotildees da

empresa produzam um decliacutenio nos seus custos entatildeo os preccedilos podem ser abaixados no

longo prazo para ganhar participaccedilatildeo de mercado mais alta (JAIN 2000)

Caso o fabricante seja um produtor de custo baixo em relaccedilatildeo aos seus concorrentes ele iraacute

ganhar lucros adicionais por manter o preccedilo em um niacutevel competitivoOs lucros adicionais

podem ser utilizados para promover os produtos com mais agressividade e aumentar a

participaccedilatildeo do negoacutecio como um todo Se por acaso os custos do fabricante forem altos em

comparaccedilatildeo com seus concorrentes a empresa natildeo estaacute em posiccedilatildeo favoraacutevel agrave reduccedilatildeo de

preccedilos porque esta taacutetica pode levar a uma guerra de preccedilos que ela provavelmente iraacute

perder (JAIN 2000)

Aleacutem da economia de escala verifica-se tambeacutem a economia de escopo quando a produccedilatildeo

conjunta de dois produtos por parte de uma uacutenica empresa eacute maior do que a produccedilatildeo que

seria obtida por duas empresas diferentes cada uma produzindo um uacutenico produto Nesse

caso ambos os produtos usam capital e trabalho a fabricaccedilatildeo dos dois produtos compartilha

recursos administrativos a fabricaccedilatildeo dos dois produtos requer o mesmo tipo de equipamento

e matildeo de obra com qualificaccedilatildeo semelhante (PYINDICK RUBINFELD 2002 BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

48

O grau da economia de escopo mede a economia de custos proporcionada pela produccedilatildeo

conjunta e eacute representado pela seguinte foacutermula

Sendo que C(Q1) eacute o custo de produzir Q1 C(Q2) eacute o custo de produzir Q2 e por fim

C(Q1Q2) eacute o custo de produzir conjuntamente os dois produtos

Uma estrutura de custos eacute proposta por Lambin (2000b) que tem como base os custos

internos sem a interferecircncia do mercado Os trecircs tipos de custos considerados satildeo (i) o custo

miacutenimo custo direto que soacute permite a recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do

produto significando margem igual a zero (ii) o custo teacutecnico que corresponde ao niacutevel de

atividade em que a empresa cobre os custos diretos e os custos fixos o que permite aleacutem da

recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do produto a cobertura dos encargos de estrutura

e (iii) o custo-alvo ou preccedilo suficiente que compreende a condiccedilatildeo de lucro Entretanto ao

ignorar o mercado as empresas deixam de levar em consideraccedilatildeo a sensibilidade da demanda

e ficam dependentes da meta de vendas para atingir as margens desejadas

Jain (2000) concorda com a importacircncia dos custos fixos e variaacuteveis para o apreccedilamento mas

afirma que outros custos tambeacutem devem ser considerados Custos incrementais custos de

oportunidade custos de substituiccedilatildeo custos out-of-pocket e custos controlaacuteveis Entretanto

Nagle e Holden (2003) afirmam que compreender os custos natildeo significa simplesmente

conhecer os seus montantes Os autores argumentam que ateacute os profissionais de apreccedilamento

menos eficazes que aplicam foacutermulas de custo mais margem adicional sabem o quanto eacute

gasto com matildeo-deobra mateacuterias-primas e despesas em geral

)(

)()()C( ESC21

2121

QQCQQCQCQ minus+=

49

Os gerentes que realmente compreendem seus custos sabem como tais custos mudaratildeo com

modificaccedilotildees nas vendas resultantes da determinaccedilatildeo estrateacutegica de preccedilos Nagle e Holden

(2003) ainda complementam considerando que nem todos os custos satildeo relevantes para a

decisatildeo de apreccedilamento e o primeiro passo eacute identificar quais satildeo os custos importantes ou

seja os que de fato determinam o impacto no lucro Os autores consideram que os custos

realmente relevantes satildeo os incrementais (natildeo a meacutedia) e evitaacuteveis

Os custos incrementais satildeo aqueles associados agraves mudanccedilas no apreccedilamento e nas vendas Os

custos variaacuteveis satildeo considerados incrementais quando resultam diretamente de uma

implementaccedilatildeo de uma alteraccedilatildeo de preccedilo ou do oferecimento de uma versatildeo do produto em

outro niacutevel de preccedilo Entretanto eacute importante ressaltar que muitos custos natildeo satildeo puramente

fixos nem puramente variaacuteveis (NAGLE HOLDEN 2003) Eles satildeo fixos em uma faixa de

vendas e variam quando as vendas ultrapassam essa faixa e determinar se esses custos semi-

fixos satildeo incrementais eacute condiccedilatildeo para que a decisatildeo de apreccedilamento seja tomada

corretamente

Os custos evitaacuteveis satildeo aqueles que natildeo foram incorridos ou que ainda podem ser revertidos

ou seja os custos para vender um produto para entregaacute-lo ao consumidor e recolocar o item

vendido no estoque satildeo considerados evitaacuteveis assim como os custos de aluguel de

instalaccedilotildees e equipamentos que natildeo satildeo cobertos por arrendamento a longo-prazo A maneira

mais faacutecil de identificar se o custo eacute de fato evitaacutevel eacute reconhecendo se ele eacute o custo futuro e

natildeo o custo histoacuterico associado agrave realizaccedilatildeo de uma venda (NAGLE HOLDEN 2003

CHURCHILL 1982)

50

Lambin (2000a) explica que os preccedilos determinados a partir dos custos e que natildeo fazem

qualquer referecircncia aos fatores do mercado satildeo denominados preccedilos baseados em custos A

seguir estatildeo expostas as estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas empresas com base nos

custos

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos

A anaacutelise de custos identifica quatro tipos de preccedilos baseados em custos cada um

respondendo por um custo especiacutefico e pela necessidade de lucro O primeiro eacute o preccedilo-piso

ou seja o preccedilo miacutenimo que pode ser cobrado pois cobre somente os custos de fabricaccedilatildeo do

produto oferecendo margem zero a empresa Esse conceito de preccedilo eacute utilizado para pedidos

excepcionais descontos de mercado quando a empresa tem a oportunidade de vender para um

mercado novo ou teraacute perdas grandes em suas vendas no seu mercado principal Pode ser

tambeacutem denominado preccedilo marginal (LAMBIN 2000a)

O segundo tipo eacute o preccedilo de equiliacutebrio que cobre tanto os custos fixos quanto os custos

diretos dado o volume de vendas assumido Eacute calculado geralmente para diferentes niacuteveis de

volume Isto define uma escala de preccedilos miacutenimos

Lambin (2000a) apresenta o terceiro tipo como o preccedilo-alvo ou suficiente Ele inclui aleacutem

dos custos diretos e fixos um lucro que eacute determinado por uma referecircncia a uma taxa normal

de retorno no capital investido ou por um niacutevel de atividade assumido Como no preccedilo de

equiliacutebrio este tipo de preccedilo baseado em custo tambeacutem depende do volume de atividade que

estaacute sendo considerado

51

Por fim apresenta-se o preccedilo de mark-up que eacute calculado adicionando-se uma margem

padratildeo ao preccedilo de equiliacutebrio Assumindo que a empresa queira ganhar 20 de margem sobre

suas vendas o mark-up eacute dado por

Preccedilo de Mark-up Preccedilo de Equiliacutebrio(1 margem desejada)

Este meacutetodo de apreccedilamento popular pela sua simplicidade ignora a demanda e a

concorrecircncia Ele somente iraacute funcionar caso o volume de vendas seja atingido (LAMBIN

2000a LAMBIN 2000b KOTLER KELLER 2005)

Os meacutetodos de apreccedilamento baseados em custo conduzem a preccedilos aleacutem do devido em

mercados mais fracos e a preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute

considerado pelos estudiosos da aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma

estrateacutegia prudente O principal problema eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir

todas as despesas e permitir retorno

Depois de realizada a anaacutelise da demanda e a estimativa dos custos da empresa o proacuteximo

passo eacute conhecer as accedilotildees da concorrecircncia A seguir discute-se a importacircncia e a influecircncia

dos competidores na determinaccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico de uma empresa

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes

Uma empresa precisa comparar seus custos com os custos de seus competidores para saber

em que niacutevel opera e se estaacute em vantagem ou desvantagem em relaccedilatildeo a eles (BESANKO

52

DRANOVE SHANLEY 2001 GRANT 2002 PORTER 1980) Tambeacutem eacute necessaacuterio

conhecer o preccedilo e a qualidade das ofertas concorrentes pois esse seraacute um ponto de referecircncia

para a fixaccedilatildeo de seu preccedilo Isso porque a estrateacutegia de apreccedilamento eacute muito influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia que eacute caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento (LAMBIN 2000a PORTER 1980 PORTER 1992 JAIN 2000) e do valor

percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo produzidos pela empresa com

o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (LAMBIN 2000a)

O mercado eacute o foco da atividade econocircmica Devido a sua relevacircncia na formaccedilatildeo de preccedilos

e alocaccedilatildeo de recursos os administradores datildeo grande importacircncia agraves estruturas de mercado

dos diferentes bens e serviccedilos Tradicionalmente classificam-se os mercados em quatro

estruturas baacutesicas concorrecircncia perfeita monopoacutelio oligopoacutelio e concorrecircncia monopoliacutestica

Existe monopoacutelio quando haacute um uacutenico vendedor de uma mercadoria natildeo haacute substitutos

proacuteximos para os bens e existem obstaacuteculos quanto agrave entrada na induacutestria que podem ser de

vaacuterias naturezas tais como (MANKIW 1999)

bull O mercado eacute limitado e natildeo comporta mais do que uma firma

bull A firma existente segue uma poliacutetica de preccedilos planejada para reduzir a atraccedilatildeo de

novos concorrentes

bull A firma possui o controle sobre a mateacuteria-prima canais de distribuiccedilatildeo ou sobre o

processo de produccedilatildeo (patentes)

bull A firma opera com licenccedila do governo ou em sistema limitante da produccedilatildeo tal como

cotas

Mankiw (1999) explica que a concorrecircncia monopoliacutestica ocorre quando haacute muitos

vendedores de bens substitutos proacuteximos mas natildeo perfeitos e o cliente baseia suas decisotildees

tanto em relaccedilatildeo ao preccedilo quanto em relaccedilatildeo agraves especificidades dos produtos

53

Um mercado monopolisticamente competitivo tem duas caracteriacutesticas importantes (1) trata-

se de um ambiente comercial no qual as empresas competem vendendo produtos

diferenciados altamente substituiacuteveis uns pelos outros mas que natildeo satildeo entretanto

substitutos perfeitos e (2) trata-se de um mercado de livre entrada e saiacuteda - eacute relativamente

faacutecil a entrada de novas empresas com suas proacuteprias marcas de produto e a saiacuteda de

companhias que nele atuam caso seus produtos deixem de ser lucrativos (PINDYCK

RUBINFIELD 2002)

O oligopoacutelio eacute uma estrutura de mercado que caracterizada pela existecircncia de um pequeno

mas suficiente nuacutemero de firmas e por isso mesmo interdependentes ou seja cada uma

considera como suas accedilotildees afetariam as poliacuteticas das rivais (PINDYCK RUBINFIELD

2002) Pindyck e Rubinfeld (2002) afirmam que em um mercado oligopoliacutestico o produto

pode ou natildeo ser diferenciado O que importa eacute que apenas algumas poucas empresas satildeo

responsaacuteveis pela maior parte ou pela totalidade da produccedilatildeo Em alguns desses mercados

algumas ou todas as empresas auferem lucros substanciais a longo prazo jaacute que barreiras agrave

entrada tornam difiacutecil ou impossiacutevel que novas companhias entrem no mercado

Mankiw (1999) explica que na concorrecircncia perfeita pressupotildee-se que os vendedores e

compradores satildeo suficientemente numerosos e atomizados de tal sorte que nenhum deles

isoladamente eacute capaz de exercer influecircncia significativa sobre o preccedilo da mercadoria Existe

homogeneidade nas mercadorias isto eacute os consumidores natildeo percebem diferenccedilas em relaccedilatildeo

aos diversos produtos ofertados no mercado as mercadorias satildeo commodities natildeo haacute

interferecircncia na livre determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos e fatores de produccedilatildeo tanto

produtores quanto consumidores tem conhecimento dos preccedilos e quantidades de produtos

oferecidos no mercado

54

Este modelo trata-se de uma abstraccedilatildeo teoacuterica que eacute dificilmente encontrado no mundo real

Um exemplo proacuteximo deste tipo de mercado satildeo as feiras livres de produtos agriacutecolas nas

quais os clientes podem estar informados de todos os preccedilos praticados para cada tipo de

produto os quais satildeo homogecircneos

No que refere agrave geraccedilatildeo de preccedilos como discutido o niacutevel de preccedilos seraacute diretamente

proporcional agrave demanda do produto ou serviccedilo em questatildeo e inversamente proporcional agrave

oferta dos mesmos Cada agente econocircmico eacute incapaz de isoladamente afetar de modo

significativo o preccedilo do produto (quadro 2) Este dependeraacute das accedilotildees e reaccedilotildees do conjunto

de agentes como um todo (MANKIW 1999)

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado

Produto

No de empresas

Barreiras de

entrada

Capacidade de

influenciar o preccedilo

Concorrecircncia

Perfeita

Homogecircneo

Muitas

Sem barreiras

Natildeo

Monopoacutelio

Homogecircneo Apenas uma Com barreiras Sim

Oligopoacutelio

Homogecircneo

Poucas

Com barreiras

Sim

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Diferenciado

Muitas

Sem barreiras

Sim

Fonte elaborado pela autora com base em Mankiw (1999) e Pindyck e Rubinfield (1999)

Portanto mercados satildeo frequumlentemente descritos como sendo concentrados (com poucos

vendedores) ou desconcentrados (muitos vendedores) Essas caracterizaccedilotildees permitem uma

55

raacutepida e acurada avaliaccedilatildeo da natureza da competiccedilatildeo em um mercado (BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

Sobre o valor percebido do produto Lambin (2000a) apresenta no quadro 3 dois niacuteveis de

intensidade relacionadas com esse valor permitindo assim quatro situaccedilotildees distintas nas

decisotildees de preccedilo em face dos tipos de concorrecircncia existentes

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia

No de Competidores

Valor Percebido do

Produto

Baixo

Alto

Alto

Monopoacutelio ou Oligopoacutelio

Diferenciado

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Fraco

Oligopoacutelio

Indiferenciado

Concorrecircncia Pura ou

Perfeita

Fonte Adaptado de Lambin 2000a

Quando o nuacutemero de competidores eacute baixo e o valor percebido do produto eacute alto a estrutura

de mercado estaacute proacutexima do monopoacutelio ou oligopoacutelio diferenciado O preccedilo nesse caso eacute

uma ferramenta para a empresa a qual possui a margem para manobra que pode variar com o

valor percebido do comprador sobre os atributos de diferenciaccedilatildeo

56

No outro extremo onde o nuacutemero de concorrentes eacute alto e os produtos possuem baixo grau de

diferenciaccedilatildeo (commodities) a estrutura eacute proacutexima da competiccedilatildeo perfeita Nessa situaccedilatildeo os

preccedilos satildeo amplamente determinados pela lei da oferta e demanda A empresa natildeo tem

praticamente nenhuma autonomia sobre as estrateacutegias de apreccedilamento

Uma terceira situaccedilatildeo que apresenta baixo nuacutemero de competidores e baixo valor percebido

corresponde ao oligopoacutelio indiferenciado A interdependecircncia dos concorrentes nesse caso eacute

alta limitando a autonomia das empresas sobre os preccedilos praticados O preccedilo tende a estar

alinhado com o oferecido pelo liacuteder de mercado

Finalmente na uacuteltima alternativa tecircm-se produtos altamente diferenciados oferecidos por um

grande nuacutemero de empresas Eacute a chamada concorrecircncia monopoliacutestica onde existem alguns

graus de autonomia que podem ser limitados pela intensidade competitiva

A suposiccedilatildeo da existecircncia de um grande nuacutemero de consumidores e produtores associada agrave

informaccedilatildeo perfeita livre entrada e saiacuteda do mercado e comercializaccedilatildeo de produtos

homogecircneos conduz agrave conclusatildeo que os preccedilos devem ser iguais entre todas as empresas que

operam no mercado (condiccedilatildeo de concorrecircncia perfeita) Entretanto eacute importante destacar que

isso representa uma condiccedilatildeo ideal de mercado difiacutecil de verificar na praacutetica

Lepsch (1996) afirma que a estrutura de mercado e a estrateacutegia competitiva examinam uma

ampla gama de mercados e explicam de que forma as decisotildees de preccedilo investimento e niacutevel

de produccedilatildeo das empresas dependem da estrutura de mercado e do comportamento dos seus

concorrentes A essecircncia da formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia competitiva eacute relacionar uma

empresa ao seu meio ambiente

57

A organizaccedilatildeo se expressa agrave comunidade por meio de seus produtos e a falta de

competitividade ameaccedila sua sobrevivecircncia no longo prazo A sobrevivecircncia de um produto

no longo prazo significa que os estiacutemulos gerados pelos fatores do macroambiente tecircm de

estar coerentes com sua estrateacutegia de negoacutecios e poliacutetica de preccedilos Portanto as decisotildees da

gerecircncia sobre apreccedilamento devem estar coerentes com o ambiente ao qual estatildeo

relacionadas Lambin (2000a) complementa ao afirmar que as estruturas de mercado satildeo

muito diferentes e podem ser observadas nos vaacuterios estaacutegios do ciclo de vida dos produtos

Jain (2000) considera que aleacutem do nuacutemero de empresas que atuam no mesmo segmento e do

valor percebido do produto eacute importante analisar o tamanho da induacutestria e a facilidade de

entrada no mercado O autor apresenta treze informaccedilotildees sobre os concorrentes que satildeo

necessaacuterias para estabelecer a estrateacutegia de preccedilo de um produto por uma empresa

1 Listas de preccedilos dos concorrentes jaacute publicadas e propaganda

2 Reaccedilotildees a mudanccedilas de preccedilo no passado (dos concorrentes)

3 Tempo em que os concorrentes mudam seus preccedilos e os fatores que iniciam essa

mudanccedila

4 Informaccedilotildees sobre campanhas especiais dos concorrentes

5 Comparaccedilatildeo com a linha de produto dos concorrentes

6 Suposiccedilotildees sobre estrateacutegias de preccedilo utilizadas pelos concorrentes e seus objetivos de

marketing

7 Relatoacuterios de desempenho financeiro dos concorrentes

8 Estimativa de custos dos concorrentes (fixos e variaacuteveis)

9 Retaliaccedilotildees de preccedilo esperadas

10 Anaacutelise da capacidade de retaliaccedilatildeo da concorrecircncia

11 Viabilidade financeira de enfrentar uma guerra de preccedilos

58

12 Postura estrateacutegica dos competidores

13 Agressividade do competidor

Dada a demanda dos consumidores a funccedilatildeo custos e preccedilos dos concorrentes a empresa

estaraacute preparada para selecionar um meacutetodo de estabelecimento de preccedilo que inclua uma ou

mais dessas trecircs consideraccedilotildees

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo

A fixaccedilatildeo de preccedilos no Brasil sofreu modificaccedilotildees a partir dos anos 90 devido agraves novas

tecnologias o relacionamento com fornecedores e compradores e o aumento da concorrecircncia

Durante os anos 60 70 e 80 o apreccedilamento era de responsabilidade da aacuterea financeira e

contaacutebil das empresas Os responsaacuteveis pela maior preocupaccedilatildeo com accedilotildees destinadas a cortar

custos e a procura por criar valor para o consumidor foram o aumento da competitividade e a

busca de novas estrateacutegias de diferenciaccedilatildeo de conquista e busca da lealdade dos

consumidores Na denominada economia moderna para prosperar a empresa deve oferecer

valor para o consumidor nos seus produtos ou serviccedilos de forma competitiva cobrindo os

seus custos e gerando retorno para os seus acionistas Para que isso seja possiacutevel eacute preciso que

a empresa tenha conhecimento sobre os diferentes meacutetodos de estabelecimento de preccedilo e

assim selecionar aquele que melhor se adapte aos objetivos por ela escolhidos

Analisar os custos e demanda da empresa eacute essencial para a fixaccedilatildeo correta do preccedilo de um

produto ou serviccedilo Entretanto de nada adianta se o preccedilo estabelecido pela companhia que

utilizou os meacutetodos propostos natildeo for adequado ao que o consumidor-alvo estaacute disposto a

59

pagar para adquiri-lo Kotler e Keller (2005) exibem o modelo dos 3 Cs custos

concorrentes e clientes como as trecircs principais consideraccedilotildees para selecionar um preccedilo

(figura 9)

Os custos representam o piso ou seja o miacutenimo cobrado por um produto e eacute igual ao

montante capaz de cobrir seus custos totais Abaixo desse niacutevel qualquer lucro eacute considerado

impossiacutevel para a empresa Por outro lado o teto eacute o maacuteximo que se deve fixar pois

representa a quantia de dinheiro que o cliente estaacute disposto a desembolsar para a compra do

item

Fonte Adaptado de Kotler e Keller (2005) Figura 9 O modelo dos 3 Crsquos para a determinaccedilatildeo de preccedilos

O equiliacutebrio eacute o preccedilo oferecido pelo mercado pela a mesma mercadoria ou produto com

caracteriacutesticas semelhantes (bens substitutos) Kotler e Keller (2005) estipulam seis meacutetodos

de determinaccedilatildeo de preccedilos No quadro 4 esses meacutetodos e suas caracteriacutesticas satildeo

resumidamente apresentados jaacute que suas caracteriacutesticas foram discutidas anteriormente

Preccedilo Baixo

Lucro impossiacutevel neste preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda impossiacutevel

neste preccedilo

CustosPreccedilos dos

concorrentes e dos

substitutos

Percepccedilatildeo pelos

consumidores de oferta

uacutenica

60

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees

Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilo

Caracteriacutesticas e Limitaccedilotildees

Mark up bull Meacutetodo de simples acreacutescimo de margem padratildeo ao custo do produto para formar o preccedilo de venda

bull Popular porque os vendedores tecircm mais certeza dos custos do que da demanda o caacutelculo eacute simples quando os custos se alteram quando todas as empresas usam o meacutetodo os preccedilos tendem a ser similares

bull Os preccedilos satildeo mais altos em itens sazonais (para cobrir risco de encalhe) de especialidade de giro lento com custos altos de estocagem e movimentaccedilatildeo e tambeacutem em itens de demanda inelaacutestica e tambeacutem eacute alto com produtos de custos ocultos ou altamente variaacuteveis

Preccedilo de Retorno-Alvo bull As empresas determinam o preccedilo que assegura a sua taxa alvo de retorno sobre o investimento (ROI) o fabricante realizaraacute o ROI pretendido se seus custos e vendas estimadas forem precisos

bull Importacircncia do caacutelculo do Ponto de Equiliacutebrio para que se saiba o que pode acontecer caso a previsatildeo de vendas natildeo se concretize

bull Ignora a elasticidade de preccedilos e preccedilos dos concorrentes

Preccedilo de Valor Percebido

bull As percepccedilotildees de valor dos compradores natildeo custos satildeo fatores-chave para determinar preccedilo

bull A chave para o uso de valor percebido eacute determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta

bull Eacute fundamental o pensamento do posicionamento do produto

bull Medir o valor percebido de cada um dos benefiacutecios do produto (apreccedilamento pelos componentes de valor) durabilidade confiabilidade serviccedilo superior garantia em peccedilas entre outros

bull Deve-se mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais caro ou seja o valor que a oferta de fato representa

Preccedilo de Valor bull A fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando comparado ao seu concorrente

bull Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo mas sim um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade

Preccedilo de Seguidor do Concorrente

bull A empresa baseia seu preccedilo em funccedilatildeo dos preccedilos cobrados pelos concorrentes dedicando menor atenccedilatildeo aos custos ou agrave demanda

Preccedilo de Licitaccedilatildeo bull A fixaccedilatildeo do preccedilo eacute fortemente orientada para a concorrecircncia

bull Maior o preccedilo menor seratildeo as chances da empresa de vencer a licitaccedilatildeo sendo possiacutevel o caacutelculo do lucro esperado de cada alternativa de preccedilo com as respectivas probabilidades de vitoacuteria

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000b)

61

Urdan e Urdan (2006) afirmam que o caminho para o apreccedilamento eacute a gestatildeo integrada de

preccedilos que contempla os diversos fatores relevantes e consolida a competecircncia gerencial no

processo de fixaccedilatildeo de preccedilos A figura 10 mostra os elementos baacutesicos da gestatildeo integrada

A base do trabalho eacute a anaacutelise de custos internos concorrecircncia demanda e consumidor

Fonte Urdan e Urdan (2006) Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos

Urdan e Urdan (2006) argumentam que este conhecimento identifica as forccedilas e as fraquezas

da organizaccedilatildeo e oportunidades e ameaccedilas no ambiente com influecircncia nas decisotildees de

precificaccedilatildeo Com o contexto mapeado satildeo definidos os objetivos que apontam as estrateacutegias

viaacuteveis num binocircmio integrado

Anaacutelise de Custos

Anaacutelise da Concorrecircncia

Anaacutelise da Demanda

Anaacutelise do Consumidor

Objetivos do Apreccedilamento

Estrateacutegias de Apreccedilamento

- - - - - Preccedilos Praticados + + + + +Preccedilos Miacutenimos

Preccedilos Maacuteximos

Ambiente

62

Assim como no modelo dos 3Cs apresentado na figura 9 o custo tambeacutem representa o

miacutenimo cobrado abaixo do qual natildeo existe viabilidade financeira a longo prazo A demanda e

o cliente formam o teto aleacutem do qual natildeo se consegue vender e entre esses dois pontos a

empresa seleciona os preccedilos mais adequados de acordo com os objetivos e as estrateacutegias

adotados (URDAN URDAN 2006)

Apoacutes selecionar o meacutetodo de apreccedilamento a empresa deveraacute considerar outros fatores que

iratildeo influenciar na fixaccedilatildeo do preccedilo final de seus produtos A seguir discute-se quais satildeo os

fatores adicionais em que situaccedilotildees eles devem ser levados em conta e quais satildeo as teacutecnicas

que melhor se encaixam em cada circunstacircncia que a empresa enfrenta

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final

Agrave medida que os meacutetodos de fixaccedilatildeo de preccedilos forem se consolidando no niacutevel a partir do

qual a empresa estabeleceraacute seu preccedilo final alguns fatores adicionais devem ser considerados

(KOTLER KELLER 2005) Esses fatores satildeo (i) o preccedilo psicoloacutegico (ii) a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing (iii) a poliacutetica de determinaccedilatildeo dos preccedilos da

empresa (iv) o impacto de preccedilos sobre terceiros e (v) determinaccedilatildeo de preccedilos por

compartilhamento de ganhos e riscos

No preccedilo psicoloacutegico a associaccedilatildeo do preccedilo alto com a qualidade conduz a empresa a colocar

o seu produto com o preccedilo entre os mais caros do segmento Ao analisar a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing na formulaccedilatildeo de seu preccedilo final a empresa deve

considerar a qualidade da marca e da propaganda em relaccedilatildeo agrave concorrecircncia Existe um

63

relacionamento positivo entre preccedilo alto e orccedilamento de propaganda Os consumidores

geralmente estatildeo dispostos a pagar mais por produtos conhecidos do que por desconhecidos

(FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005)

Sobre as poliacuteticas de preccedilo da empresa eacute importante ressaltar que o preccedilo deve ser consistente

com tais poliacuteticas com a finalidade de assegurar que a forccedila de vendas trabalhe com preccedilos

atrativos para os clientes e ao mesmo tempo rentaacuteveis para a empresa Algumas empresas

satildeo a favor da cobranccedila de multas sob determinadas situaccedilotildees (FRAM McCARTHY 1999)

Com relaccedilatildeo ao impacto de preccedilos sobre terceiros a empresa deveraacute considerar a reaccedilatildeo das

outras partes envolvidas e interessadas (URBANY 2001) tais como distribuidores e os

revendedores e por fim na determinaccedilatildeo de preccedilos por compartilhamento de ganhos e riscos

os compradores podem relutar em aceitar uma oferta caso percebam muito risco no negoacutecio

assim o vendedor pode propor absorver parte desse risco ou mesmo a sua totalidade se natildeo

entregar o valor prometido ao cliente (FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a

KOTLER KELLER 2005)

A discussatildeo sobre a seleccedilatildeo do preccedilo final encerra as etapas para estabelecer o preccedilo de venda

de um produto Entretanto as empresas geralmente natildeo determinam um preccedilo uacutenico mas

elaboram uma estrutura de determinaccedilatildeo de preccedilos que reflete as variaccedilotildees geograacuteficas na

demanda e nos custos as exigecircncias de segmento de mercado as oportunidades de compra os

niacuteveis de pedidos a frequumlecircncia de entrega as garantias os contratos de serviccedilos entre outros

fatores Devido aos descontos ou ao apoio promocional raramente as companhias realizam o

mesmo lucro sobre cada unidade vendida Existem vaacuterias estrateacutegias que permitem a

adequaccedilatildeo de preccedilos a situaccedilotildees distintas (KOTLER KELLER 2005) Essas estrateacutegias satildeo

apresentadas e discutidas a seguir

64

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo

Influenciados pelas variaccedilotildees do ambiente pelas saturaccedilotildees de mercado com baixa taxa de

crescimento pela competiccedilatildeo global e pelo movimento dos consumidores muitas empresas

estatildeo aderindo a diferentes formas de adequaccedilatildeo do preccedilo Tais empresas elaboram estrateacutegias

de adequaccedilatildeo de preccedilos que refletem variaccedilotildees principalmente na demanda e nos custos

Existem vaacuterias estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos tais como preccedilo geograacutefico preccedilos com

descontos preccedilo promocional preccedilo discriminatoacuterio e preccedilo de mix de produtos O quadro 5

apresenta cada uma dessas praacuteticas e suas principais caracteriacutesticas

As empresas procuram apresentar preccedilos diferentes de seus produtos para consumidores

localizados em regiotildees distintas Esta diferenciaccedilatildeo acontece devido a diversos fatores como

(i) diferentes custos de armazenagem transporte e entrega (ii) preferecircncias de seus

consumidores naquela regiatildeo (iii) os concorrentes locais Eacute a chamada estrateacutegia de preccedilo

geograacutefico Alguns clientes por exemplo preferem a permuta como praacutetica de pagamento A

permuta pode representar de 15 a 20 do comeacutercio mundial (KOTLER KELLER 2005) e

assume as seguintes formas escambo acordo de remuneraccedilatildeo acordo de recompra e

reciprocidade

Na reciprocidade o vendedor recebe seu pagamento total em dinheiro poreacutem com a condiccedilatildeo

de despender uma quantia naquele paiacutes durante um periacuteodo de tempo preacute-estabelecido

(KOTLER KELLER 2005 LAMBIN 2000a)

65

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos

Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do

Preccedilo

Consideraccedilotildees

Preccedilo geograacutefico Considera os custos de transporte ateacute o consumidor esses custos crescem em importacircncia quando o frete se torna uma parte maior do custo variaacutevel total Existem duas estrateacutegias geograacuteficas 1 Por ponto de produccedilatildeo pois o produto eacute retirado na faacutebrica

2 Preccedilo de entrega uniforme no qual o mesmo preccedilo eacute cotado para todos os compradores independente de sua localizaccedilatildeo

Descontos e concessotildees Desconto para pagamento agrave vista desconto por quantidade descontos funcionais (oferecidos aos membros do canal de distribuiccedilatildeo) descontos sazonais e concessotildees

Preccedilo promocional Preccedilo isca preccedilo de ocasiatildeo cupons de desconto financiamento a juros baixos maior prazo garantia e contratos de serviccedilos desconto psicoloacutegico (uso de preccedilo alto artificial para depois fazer uma reduccedilatildeo draacutestica)

Preccedilo diferenciado (Discriminado)

Preccedilo por segmento de consumidores preccedilo por versatildeo diferente de produto preccedilo de imagem preccedilo por localizaccedilatildeo preccedilo por periacuteodo Deve ser possiacutevel a segmentaccedilatildeo impossiacutevel revender deve ser legalizado e em consonacircncia com os consumidores para que decirc certo Podem ocorrer problemas

Preccedilo de composto de produtos O produto faz parte de um composto a empresa procura um preccedilo que maximize este composto 1 Preccedilo de linha de Produtos cada versatildeo sucessiva do produto traz caracteriacutesticas extras permitindo preccedilos mais elevados 2 Preccedilo de caracteriacutestica opcional produtos opcionais que acompanham o principal 3 Preccedilo do produto cativo fixaccedilatildeo de preccedilo baixo para conquistar consumidor e ganho nos produtos cativos 4 Preccedilo Composto uso de preccedilo fixo mais variaacutevel 5 Preccedilo de Subproduto venda de subprodutos permite a reduccedilatildeo do preccedilo do produto principal 6 Preccedilo do Pacote reuniatildeo de vaacuterios produtos satildeo vendidos mais baratos do que separadamente

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker Etzel (2001)

66

A fixaccedilatildeo de preccedilos com descontos e abatimentos consiste em ajustar o preccedilo baacutesico para

compensar certas situaccedilotildees relacionadas com o cliente ou com o mercado o pagamento

antecipado a compra de um grande volume de produtos e as compras realizadas fora de

temporada As reduccedilotildees nos preccedilos satildeo efetuadas por meio de desconto em dinheiro de

desconto por volume ou quantidade de compra descontos funcionais descontos sazonais e

concessotildees ou abatimentos (TELLIS 1995 SPROTT MANNING MIYAZAKI 2003)

O desconto em dinheiro eacute uma deduccedilatildeo no preccedilo para os compradores que pagam as contas na

data determinada ou antecipadamente Geralmente representa uma porcentagem do total

cobrado na fatura O desconto por quantidade eacute a reduccedilatildeo do preccedilo final para os clientes que

compram grandes volumes de bens e os funcionais satildeo oferecidos para os outros membros do

canal de distribuiccedilatildeo que concordarem em realizar serviccedilos como entrega ou estoque Os

descontos sazonais satildeo concedidos agravequeles que compram fora da estaccedilatildeo e por fim as

concessotildees satildeo pagamentos efetuados para conseguir a participaccedilatildeo em campanhas

promocionais apoio agraves vendas e outros programas especiais (KOTLER KELLER 2005

MANNING MIYAZAKI 2003)

Na determinaccedilatildeo de preccedilo promocional a companhia pratica preccedilos mais baixos

temporariamente devido a diferentes circunstacircncias como atrair os clientes para adquirir

outros produtos se desfazer de produtos sazonais e minimizar o volume de venda durante o

ano (LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005) Para enfrentar todas essas situaccedilotildees as

companhias podem utilizar diferentes teacutecnicas entre elas o preccedilo isca que consiste na

reduccedilatildeo do preccedilo de marcas conhecidas para estimular um movimento maior nas lojas Eacute

muito praticado pelos supermercadistas e pelas lojas de departamento poreacutem eacute um meacutetodo

que natildeo tem a aprovaccedilatildeo dos fabricantes pois pode diluir a imagem da marca ou criar

problemas com outros clientes que cumprem o preccedilo estabelecido na tabela

67

Outra teacutecnica conhecida eacute a utilizaccedilatildeo do preccedilo de ocasiatildeo Satildeo preccedilos especiais em certas

eacutepocas do ano que servem para atrair mais clientes

Os abatimentos em dinheiro satildeo utilizados estimular a compra dos produtos dos fabricantes

dentro de um periacuteodo especiacutefico e podem ajudar a reduzir o estoque de mercadorias sem

diminuir o preccedilo estabelecido na tabela

O financiamento a juros baixos eacute uma teacutecnica de preccedilo promocional onde em vez de cortar

preccedilos a empresa oferece um financiamento com baixas taxas de juros e os prazos de

pagamento mais longos satildeo os financiamento a longo prazo oferecidos geralmente pelas

instituiccedilotildees financeiras (bancos) e concessionaacuterias de automoacuteveis Ao utilizar a teacutecnica de

garantias e contratos de serviccedilo as empresas diminuem o preccedilo em funccedilatildeo dos serviccedilos

oferecidos e finalmente com os descontos psicoloacutegicos a empresa pode aumentar o preccedilo

artificialmente e depois oferecer um desconto substancial

Para estabelecer o preccedilo diferenciado (ou discriminatoacuterio) a empresa ajusta seus preccedilos

considerando as diferenccedilas entre os clientes os produtos as localidades e o periacuteodo Portanto

os segmentos devem apresentar diferentes graus de demanda (LAMBIN 2000a KOTLER

KELLER 2005) Os diversos meacutetodos para determinar um preccedilo diferenciado satildeo (i) o preccedilo

por segmento de clientes onde tem-se preccedilos diferentes de um mesmo produto para

diferentes grupos de clientes (ii) o preccedilo pela versatildeo do produto ou seja satildeo determinados

preccedilos diferentes por versotildees diferentes do produto sem que estes sejam proporcionais aos

seus custos de produccedilatildeo (iii) o preccedilo de imagem que satildeo preccedilos diferentes para mesmo

produto com base em diferenccedilas de imagem (iv) o preccedilo por localizaccedilatildeo que consiste em ter

o mesmo produto com preccedilos diferentes em locais diferentes e (v) o preccedilo por periacuteodo que

variam de acordo com a temporada dia ou hora

68

Na estrateacutegia de preccedilo de composto de produtos o apreccedilamento de um produto eacute influenciado

pelos preccedilos de outros produtos A aplicaccedilatildeo dessas estrateacutegias apresenta algumas

dificuldades porque cada item possui custos diferentes demandas diferentes e concorrecircncia

diferente As empresas geralmente desenvolvem linhas de produtos que apresentam uma

variedade de atributos Na fixaccedilatildeo de preccedilos de linha de produtos deve-se determinar os

patamares de preccedilo estabelecidos para os vaacuterios itens do mix considerando as diferenccedilas de

custos o valor percebido pelo consumidor para cada um e os preccedilos dos concorrentes

Algumas empresas utilizam a fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos opcionais ou seja o

estabelecimento de preccedilo de acessoacuterios que satildeo vendidos com o produto principal Outras

empresas fabricam produtos que somente podem ser utilizados com o produto principal a

fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos cativos (KOTLER KELLER 2005 STANTON WALTKER

ETZEL 2001 LAMBIN 2000a)

Eacute importante observar que apoacutes desenvolver a sua estrateacutegia de apreccedilamento a organizaccedilatildeo

ainda estaacute sujeita a enfrentar situaccedilotildees em que precisaraacute mudar sua poliacutetica Uma reduccedilatildeo de

preccedilos pode ser necessaacuteria devido agrave capacidade excedente da faacutebrica ao decliacutenio da

participaccedilatildeo de mercado recessatildeo econocircmica ou outros fatores discutidos da mesma forma

que um aumento pode ser necessaacuterio devido agrave inflaccedilatildeo de custos ou ao excesso de demanda

O profissional de marketing deve sempre estar atento agraves reaccedilotildees da concorrecircncia e preparar

planos de accedilotildees com possiacuteveis respostas a qualquer movimento dos competidores

Ateacute o presente toacutepico o estudo abordou os procedimentos necessaacuterios para que uma empresa

estabeleccedila de forma correta os preccedilos de seus produtos ou serviccedilos A seguir apresenta-se

como essas etapas satildeo definidas especificamente no varejo supermercadista Alguns dos

meacutetodos utilizados possuem caracteriacutesticas distintas ou adaptaccedilotildees por se tratar da

69

comercializaccedilatildeo de itens e natildeo de sua produccedilatildeo o que justifica a atenccedilatildeo especial dada ao

setor

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista

Parente (2000) define o supermercado como o estabelecimento caracterizado pelo sistema de

auto-serviccedilo com check-outs e produtos expostos de maneira acessiacutevel que permitem aos

consumidores se auto-servirem Ampliando esta definiccedilatildeo Guimaratildees et alli (2003)

caracterizam os supermercados como estabelecimentos varejistas nos quais se revende ampla

variedade de produtos utilizando-se do sistema de auto-serviccedilo no qual os clientes escolhem

mercadorias expostas em gocircndolas displays balcotildees e balcotildees refrigerados sem a

necessidade de vendedores e realizam os pagamentos em check-outs localizados na saiacuteda das

lojas Silveira e Lepsch (1997) afirmam que os principais benefiacutecios desse sistema (auto-

serviccedilo) para o supermercadista satildeo economia com matildeo-de-obra economias de escala e

baixos custos operacionais

A empresa varejista eacute considerada por Coughlan et alli (2001) como um elo intermediaacuterio na

cadeia produtiva vendendo produtos manufaturados pelo setor industrial situado a montante

para o consumidor final situado a jusante agregando-lhes valor por intermeacutedio de serviccedilos de

distribuiccedilatildeo Lepsch (1996) acredita que portanto eacute razoaacutevel afirmar que o produto do

varejo natildeo eacute algo fiacutesico e sim os serviccedilos ou atributos de uma loja agregados a bens

produzidos por outros setores da economia e prestados no comeacutercio para o consumidor final

Entre os atributos apontados pelo autor estatildeo mix de preccedilos mix de produtos oferecidos

qualidade dos produtos arquitetura do preacutedio arquitetura ambiental e imagem da loja layout

70

atendimento raacutepido e cortecircs estacionamento tamanho da loja localizaccedilatildeo cartatildeo de creacutedito

etc Entretanto autores como Levy e Weitz (2000) McGoldrick (1990) e Bloemer e Schroder

(2002) afirmam que a imagem da loja eacute o posicionamento do supermercado formado pelas

percepccedilotildees dos consumidores que resulta do conjunto destes atributos e portanto natildeo pode

ser considerada parte deles

A imagem Uma das primeiras definiccedilotildees de imagem de loja foi oferecida por Martineau em

1958 em seu claacutessico livro The personality of the retail store (McGOLDRICK 1990) e

enfatiza a necessidade de levar em consideraccedilatildeo natildeo apenas os fatores mais visiacuteveis ou

mensuraacuteveis mas tambeacutem os fatores menos tangiacuteveis como a personalidade da loja

McGoldrick (1990) explica que a imagem da loja eacute o modo pelo qual a loja eacute definida na

mente do comprador parcialmente por suas qualidades funcionais e parcialmente por uma

atmosfera de atributos psicoloacutegicos Esta definiccedilatildeo poreacutem foi criticada por tender a atribuir

um aspecto miacutestico ao conceito em que o consumidor natildeo avalia racionalmente os atributos

da loja

Outros autores sugeriram que ao inveacutes de classificar a imagem como parte do comportamento

de compra do consumidor sem uma base loacutegica seria razoaacutevel supor que o consumidor avalie

racionalmente a loja por meio de uma funccedilatildeo de utilidade de multi-atributos (McGOLDRICK

1990) Esta definiccedilatildeo foi abordada por Bloemer e Schroder (2002) a soma de todos os

atributos da loja da forma percebida pelo consumidor por meio de sua experiecircncia com a loja

Sheth Mittal e Newman (2001) tambeacutem definem imagem de loja como sendo a soma total

das percepccedilotildees que os clientes tecircm sobre uma loja Tal percepccedilatildeo eacute determinada por fatores

como mercadorias atendimento preccedilo atmosfera publicidade e funcionaacuterios Para esses

autores a imagem da loja eacute que determina o tipo de cliente que seraacute atraiacutedo e por outro lado

esse mesmo cliente eacute quem vai realimentar essa imagem

71

Sobre aos componentes muitos estudiosos classificam os fatores que compotildeem essa imagem

de forma a relacionar aos elementos do composto de marketing do varejo A importacircncia

relativa dos vaacuterios componentes varia consideravelmente dependendo do mercado setor

situaccedilatildeo competitiva e segmentos de consumidores (McGOLDRICK 1990) Existem razotildees

loacutegicas pelas quais a importacircncia relativa dos atributos deva variar entre mercados

considerando a comparaccedilatildeo entre paiacuteses regiotildees ou mesmo localidades diferentes

Um componente ganha importacircncia eacute a atmosfera da loja ou seja seu ambiente fiacutesico

Parente (2000) define atmosfera de loja como sendo o sentimento psicoloacutegico que o varejista

desenvolve no consumidor quando este visita a loja sendo tambeacutem entendida como a

personalidade da loja Para desenvolver a atmosfera os varejistas utilizam recursos que

influenciam a visatildeo olfato e outros sentidos dos clientes A atmosfera inclui iluminaccedilatildeo

cores muacutesica ambiente limpeza aroma decoraccedilatildeo e lay-out e que pode criar estiacutemulo para o

cliente permaneccedila na loja ou a vontade de sair rapidamente do local (SHETH MITTAL

NEWMAN 2001)

Porter e Claycomb (1997) explicam que uma taacutetica que pode ser usada para favorecer a o

varejista eacute a utilizaccedilatildeo de um mix de merchandising composto por um nuacutemero significativo de

marcas que possuem alta pontuaccedilatildeo em uma pesquisa de awareness (lembranccedila de marca) e

outras com imagem tambeacutem forte Para esses autores a imagem da loja estaacute diretamente

relacionada agrave imagem de uma marca pois marcas fortes e reconhecidas satildeo sinocircnimos de

qualidade e podem trazer o cliente de volta agrave mesma loja

O sortimento das mercadorias tambeacutem tem recebido bastante atenccedilatildeo por parte dos varejistas

e uma estrateacutegia de diferenciaccedilatildeo cada vez mais utilizada eacute a inclusatildeo de marcas proacuteprias no

conjunto de bens oferecido ao consumidor (COUGHLAN et alli 2001) As marcas proacuteprias

auxiliam na construccedilatildeo da imagem da loja pois permite ao varejista se diferenciar de

72

concorrentes proacuteximos e direcionar traacutefego para dentro da loja Como estatildeo disponiacuteveis

apenas em uma cadeia especiacutefica de lojas podem ser uacutenicas em termos de valor e

desempenho e essa exclusividade pode ser considerada uma forma de se conquistar a

lealdade de um cliente (SHETH MITTAL NEWMAN 2001) Outros componentes satildeo

apresentados no quadro 6

Conforme explicado anteriormente Levy e Weitz (2000) consideram o posicionamento um

projeto e a implementaccedilatildeo de um composto de varejo para criar uma imagem do varejista na

mente do cliente em relaccedilatildeo a seus concorrentes Como ele enfatiza a imagem na mente do

cliente (e natildeo aquela na mente do gerente) devem ser feitas pesquisas para saber qual eacute a

imagem do varejista e certificar-se de que ela esteja coerente com o que os clientes desejam

nesse mercado-alvo

O posicionamento do varejista eacute provavelmente mais importante para o sucesso do seu

negoacutecio do que as suas caracteriacutesticas reais (tangiacuteveis) As redes varejistas tentam posicionar-

se de forma a criar uma imagem consistente com a auto-imagem do seu puacuteblico O projeto do

ambiente de loja eacute um importante aspecto da estrateacutegia de posicionamento de serviccedilos e

influencia fortemente as impressotildees do consumidor e o comportamento tanto do cliente

quanto do vendedor O ambiente fiacutesico eacute particularmente importante na criaccedilatildeo da impressatildeo

favoraacutevel para a loja de varejo pois existem poucos criteacuterios objetivos pelos quais os

consumidores podem julgar a qualidade dos serviccedilos que recebem (SCHIFFMAN KANUK

1997)

Estudo de Kim e Han (2000) demonstrou que as preferecircncias dos consumidores por lojas

especiacuteficas tambeacutem podem estar ligadas agraves suas formaccedilotildees culturais que estatildeo relacionadas

ao seu grupo eacutetnico Essas diferentes formaccedilotildees culturais levam os consumidores a possuiacuterem

diferentes interpretaccedilotildees das lojas e de seus produtos devido agraves diferentes percepccedilotildees dos

73

atributos das lojas e agraves diferentes associaccedilotildees que esses consumidores fazem entre elas e as

classes soacutecio-econocircmicas dos seus clientes As classes soacutecio-econocircmicas estatildeo

significativamente relacionadas agrave imagem percebida da loja o que permite aos varejistas a

implementaccedilatildeo de mensagens promocionais persuasivas direcionadas aos segmentos sociais

alvejados

Os componentes que formam a imagem da loja tecircm sido reconhecidos tambeacutem como um

importante antecedente da satisfaccedilatildeo e da lealdade (BLOEMER SCHRODER 2002) A

lealdade agrave loja eacute construiacuteda por meio da satisfaccedilatildeo e esta satisfaccedilatildeo eacute construiacuteda entre outras

coisas por meio da imagem da loja (BLOEMER RUYTER 1998) Para Levy e Weitz

(2000) a satisfaccedilatildeo com a loja eacute a avaliaccedilatildeo poacutes-consumo de quanto a loja atendeu bem ou

excedeu agraves expectativas do cliente

Influenciados pelas mudanccedilas raacutepidas no ambiente de varejo pelos consumidores cada vez

mais exigentes pela competiccedilatildeo mais acirrada e pelas baixas taxas de crescimento dos

mercados em geral os varejistas estatildeo mais do que nunca obrigados a instituiacuterem de uma

forma contiacutenua o estabelecimento da satisfaccedilatildeo com a loja e da lealdade agrave loja Levy e Weitz

(2000) afirmam que um varejista constroacutei a lealdade do cliente ao criar uma imagem clara e

distinta de mix de varejo e ao reforccedilar de forma consistente essa imagem por meio de suas

mercadorias e serviccedilos

74

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja

Componente Detalhamento Preccedilo das mercadorias Preccedilos baixos

Preccedilos competitivos ou natildeo competitivos Qualidade das mercadorias Boa ou maacute qualidade das mercadorias

Marcas em estoque

Sortimento das mercadorias Amplitude e profundidade do sortimento Possui ou natildeo a marca que o cliente deseja Possui ou natildeo marcas elegantes

Pessoal de vendas Postura do pessoal de vendas Conhecimento do pessoal de vendas Nuacutemero de empregados da loja Serviccedilo bom ou ruim

Conveniecircncia de localizaccedilatildeo Localizaccedilatildeo perto da residecircncia ou do trabalho Acesso Boa ou maacute localizaccedilatildeo

Outros itens de conveniecircncia Estacionamento Horaacuterio de funcionamento da loja Conveniecircncia em relaccedilatildeo a outras lojas Lay-out da loja com relaccedilatildeo agrave conveniecircncia Conveniecircncia em geral

Serviccedilos Creacutedito Entrega Facilidade de devoluccedilatildeo de mercadorias Auto-serviccedilo

Promoccedilotildees de vendas Vendas especiais Cupons Displays de loja Siacutembolos e cores

Propaganda Estilo e qualidade da propaganda Miacutedia utilizada Credibilidade da propaganda

Atmosfera da loja Lay-out da loja natildeo relacionado agrave conveniecircncia Decoraccedilatildeo externa e interna da loja Congestionamento dentro da loja Prestiacutegio da loja Simpatia para com a loja

Institucional Reputaccedilatildeo e credibilidade da loja Loja conservadora ou moderna

Clientela da loja Niacutevel soacutecio-econocircmico da clientela Auto-imagem da clientela

Aspectos fiacutesicos Instalaccedilotildees Arquitetura da loja Facilidade de compra

Poacutes-venda Satisfaccedilatildeo ou insatisfaccedilatildeo Fonte Adaptado de Kunkel e Berry (1968) Lindquist (1974) e Doyle e Fenwick (1974)

75

O estudo de Bloemer e Schroder (2002) considerou a satisfaccedilatildeo do consumidor como sendo

um niacutevel prazeroso de realizaccedilatildeo relacionado ao consumo Para esses autores a lealdade de

loja pode ser definida como a resposta comportamental enviesada (ou seja natildeo aleatoacuteria)

expressa atraveacutes do tempo pelo consumidor com relaccedilatildeo a uma loja sendo uma funccedilatildeo dos

processos psicoloacutegicos (tomada de decisatildeo e avaliaccedilatildeo) resultante do comprometimento

Essas respostas comportamentais foram consideradas para Bloemer e Schroder (2002) como

sendo comunicaccedilatildeo boca-a-boca intenccedilatildeo de compra e insensibilidade a preccediloBloemer e

Schroder (2002) demonstraram que um consumidor que percebe uma loja em particular com

imagem positiva estaacute mais propenso a satisfazer-se com essa loja do que um consumidor que

percebe a loja com uma imagem menos positiva Portanto seu estudo concluiu que uma

imagem de loja mais positiva levaria a um niacutevel de satisfaccedilatildeo maior Aleacutem disso uma

imagem de loja positiva tambeacutem levaria a um niacutevel de afeto maior para com a loja

aumentando tambeacutem o niacutevel de satisfaccedilatildeo Por sua vez a satisfaccedilatildeo levaria agrave lealdade se a

confianccedila e o comprometimento para com a loja estivessem presentes Portanto o modelo de

inter-relaccedilatildeo entre os conceitos acima pode ser apresentado conforme a figura 11

Engel Blackwell e Miniard (1995) explicam que as imagens formadas pelos consumidores

com base em suas percepccedilotildees dos atributos considerados importantes afetam o processo

decisoacuterio de escolha da loja A escolha da loja para esses autores seria uma funccedilatildeo de

caracteriacutesticas do consumidor e de caracteriacutesticas da loja Para tomar a decisatildeo sobre o local

de compra o consumidor busca informaccedilotildees que possam ajudaacute-lo a minimizar seu risco de

insatisfaccedilatildeo

76

Imagemde

loja

AfetoPositivo

Satisfaccedilatildeo Confianccedila ecomprometimento

Bocaa

boca

Insensibilidadea preccedilo

Intenccedilatildeo decompra

Fonte Adaptado pelas autoras de Bloemer e Schroder (2002)

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja

Mason Mayer e Ezell (1988) afirmam que estas informaccedilotildees podem ser fornecidas pelo

proacuteprio varejista por meio de propaganda e promoccedilotildees O consumidor ainda pode receber

recomendaccedilotildees de seus vizinhos parentes e amigos sobre em qual loja comprar O varejista

de posse dessas informaccedilotildees poderaacute explorar ao maacuteximo seus instrumentos de marketing para

criar o posicionamento desejado

Engel Blackwell e Miniard (1995) sugerem um modelo sobre o processo de escolha de loja

que envolve os criteacuterios de avaliaccedilatildeo usados pelos consumidores e as caracteriacutesticas

percebidas da loja ou seja a imagem da loja formada na mente do consumidor conforme

mostrado na Figura 12 Os consumidores de cada segmento formam imagens variadas de

acordo com a sua percepccedilatildeo acerca dos atributos considerados importantes Esta percepccedilatildeo e

portanto a formaccedilatildeo de imagem depende das seguintes variaacuteveis localizaccedilatildeo qualidade e

natureza do sortimento preccedilo propaganda e promoccedilatildeo empregados serviccedilos oferecidos

atributos fiacutesicos da loja tipo de clientela atmosfera da loja e satisfaccedilatildeo apoacutes a compra

77

Assim verifica-se que o varejista possui vaacuterias ferramentas para conseguir a satisfaccedilatildeo e a

fidelidade de seus clientes mas eacute preciso que ele as utilize adequadamente de modo que o

consumidor consiga perceber e formar uma imagem positiva da loja colocando-a como sua

primeira opccedilatildeo de compra

Criteacuterios Avaliatoacuterios1 Localizaccedilatildeo2 Amplitude e Profundidade de sortimento3 Preccedilo4 Propaganda e promoccedilatildeo de vendas5 Pessoal da loja6 Serviccedilos7 Outros

Caracteriacutesticas Percebidas das Lojas1 Localizaccedilatildeo2 Sortimento3 Preccedilo4 Propaganda epromoccedilatildeo de vendas1 Pessoal da loja2 Serviccedilos

Processo de Comparaccedilatildeo

Lojas aceitaacuteveis Lojas inaceitaacuteveis

Imagemda loja

Fonte Engel Blackwell e Miniard (1995)

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja

Lepsch (1996) considera o varejo tambeacutem como uma unidade decisoacuteria da economia

considerada sob o prisma de transaccedilotildees com os fornecedores na compra e com os

consumidores na venda de produtos Tal dualidade segundo o autor faz com que ele integre o

sistema de marketing dos fabricantes e ao mesmo tempo opere seu proacuteprio sistema de

marketing

78

Desde seu surgimento na deacutecada de 30 nos Estados Unidos passando pela sua implantaccedilatildeo na

deacutecada de 50 no Brasil ateacute chegar no seu estaacutegio atual o supermercado evoluiu muito

Buscou maior eficiecircncia introduziu novas tecnologias redutoras de custos e preccedilos e assim

ocupou gradativamente o lugar das lojas especializadas tradicionais no comeacutercio varejista

de alimentos e produtos de higiene e limpeza (SILVEIRA LEPSCH 1997) Com o

acirramento da competiccedilatildeo apoacutes o Plano Real e a abertura da economia a empresas e produtos

estrangeiros o consumidor tornou-se o foco das redes supermercadistas Mais exigentes e

com maior facilidade em memorizar os preccedilos o cliente fez com que o setor passasse a lutar

pela sua preferecircncia nas estrateacutegias via preccedilo e mais fortemente nas estrateacutegias extrapreccedilo

As estrateacutegias extrapreccedilos foram discutidas nesse toacutepico As estrateacutegias via preccedilo fazem parte

do objetivo principal do estudo O preccedilo como apresentado no quadro 6 eacute um dos

componentes da gestatildeo estrateacutegica do varejo supermercadista e um dos criteacuterios de maior

importacircncia na escolha da loja pelo consumidor conforme visto na figura 12

Parente (2000) afirma que de todas as variaacuteveis do marketing mix a decisatildeo de preccedilo eacute

aquela que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas A afirmaccedilatildeo volta agrave questatildeo inicial da flexibilidade da

variaacutevel preccedilo em relaccedilatildeo aos outros componentes do mix de marketing ou seja as poliacuteticas

de preccedilos dos varejistas podem ser alteradas em curtiacutessimo prazo e devido agrave facilidade na

implementaccedilatildeo dessas alteraccedilotildees muitos varejistas assumem uma postura fortemente

competitiva respondendo rapidamente agraves alteraccedilotildees de preccedilo da concorrecircncia Boone e Kurtz

(1998) argumentam que os preccedilos desempenham um papel importante na percepccedilatildeo do

varejista por parte do consumidor e satildeo sempre um componente imprescindiacutevel para uma

estrateacutegia competitiva completa

79

O preccedilo eacute um determinante da compra dos produtos pelos clientes Eacute um dos elementos chave

para alcanccedilar o volume de vendas desejado e tem grande impacto nos lucros das empresas e

tem o papel fundamental na percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos compradores Eacute tambeacutem

variaacutevel do composto que pode ser mais facilmente comparada pelo consumidor no momento

da compra

O proacuteximo toacutepico discute a fixaccedilatildeo de preccedilos para o varejo supermercadista Os passos

propostos pelos autores apresentados na revisatildeo bibliograacutefica sobre determinaccedilatildeo de preccedilos

satildeo revistos agora com foco nas estrateacutegias adotadas pelos supermercados Alguns dos

componentes que influenciam no posicionamento das lojas satildeo discutidos em seguida como

possiacuteveis influenciadores no processo de precificaccedilatildeo de produtos comercializados pelas

grandes redes

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados

Lepsch (1966) afirma que pode-se esquematizar o apreccedilamento em um supermercado da

seguinte maneira primeiro emprega-se o meacutetodo de precificaccedilatildeo do mark up sendo que o

custo sobre o qual vai incidir a margem eacute custo da colocaccedilatildeo do produto do fornecedor na

loja A seguir os produtos do sortimento da loja satildeo divididos em categorias e para cada uma

eacute atribuiacuteda uma margem-objetivo Por fim o custo mais a margem datildeo um preccedilo para cada

um dos itens de uma categoria de produtos que precisa ser comparado com o preccedilo do mesmo

item nas lojas da concorrecircncia localizadas dentro da aacuterea de influecircncia do estabelecimento

em foco

80

O autor destaca que natildeo pode haver muita diferenccedila entre os preccedilos de um mesmo item dentro

de uma mesma aacuterea de influecircncia principalmente para cima (preccedilo mais alto) Neste caso a

empresa deve rever e ajustar o seu preccedilo A variaccedilatildeo de preccedilos pode aparecer por diferenccedilas

nos custos de produccedilatildeo dos comerciantes (REINGANUN1979) na busca por preccedilos menores

por parte dos consumidores (ROB 1985) ou pela lealdade resultante das compras repetitivas

de um uacutenico produto pelos clientes (MCMILLAN MORGAN 1988)

A tarefa de ajuste de preccedilos eacute de responsabilidade do gerente da loja que precisa manter as

margens meacutedias exigidas para as diversas categorias ou seccedilotildees de sua loja e principalmente

deve alcanccedilar a margem meacutedia geral estabelecida pela rede de supermercados (LEPSCH

1996) Silveira e Lepsch (1997) reforccedilam a responsabilidade do gerente na gestatildeo do preccedilo

de sua loja ao concluiacuterem que houve descentralizaccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos pelos

supermercados adotando-se na maioria dos casos um sistema misto

Os autores realizaram um estudo que confirmou a hipoacutetese de que a autoridade da loja na

precificaccedilatildeo aumentou Consequumlentemente a responsabilidade da loja pela obtenccedilatildeo de

resultados financeiros a ela designados tambeacutem aumentou Cabe tambeacutem ao gerente da loja

ficar atento ao comportamento do consumidor em relaccedilatildeo aos preccedilos dos produtos e ao

sortimento ao atendimento aos serviccedilos prestados entre outros (SILVEIRA LEPSCH

1997)

Ao estabelecer o preccedilo de venda ao consumidor o varejista toma uma seacuterie de decisotildees

estrateacutegicas Relacionando-se o estabelecimento do preccedilo em redes supermercadistas (figura

13) com os seis passos propostos por Kotler e Keller (2005) para o apreccedilamento adequado de

um produto pela induacutestria e discutidos nos itens anteriores desta revisatildeo bibliograacuteficas pode

fazer a seguinte comparaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilos propostos McGoldrick

81

(1990) considera que os apresentados no quadro 7 satildeo os adotados com mais frequumlecircncia pelas

empresas varejistas

Preccedilo geograacutefico

Descontos e concessotildees Preccedilo promocional Preccedilo diferenciado

Preccedilo de composto de produtos

Fonte Elaborado pela autora a partir de Kotler e Keller (2005)

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo

Mark-up padratildeo sobre o custo

Retorno-alvo

Preccedilo de valor

Valor percebido pelo

cliente

Preccedilo de mercado

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Determinaccedilatildeo do Objetivo de Preccedilo

Determinaccedilatildeo da Demanda

Estimativa de Custos

Anaacutelise de Custo Preccedilo e Ofertas do Concorrente

Seleccedilatildeo do Meacutetodo de Determinaccedilatildeode Preccedilo

Seleccedilatildeo do Preccedilo Final e Ajuste

82

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Maximizaccedilatildeo do lucro Redes de tamanho meacutedio com administraccedilatildeo familiar (geralmente)

Retirada razoaacutevel

Redes pequenas com administraccedilatildeo familiar

Maximizaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado Caracteriacutestica das grandes e meacutedias redes ou ainda em cadeias que estatildeo introduzindo novos modelos ou outros novos formatos

Defesa do mercado Muitas redes varejistas procuram proteger determinada aacuterea de influecircncia criando barreiras agrave entrada de novos concorrentes no mercado

Estabilizaccedilatildeo do mercado Com esse objetivo a loja procura interromper a praacutetica de guerra de preccedilos pela concorrecircncia podendo-se utilizar tambeacutem para desviar a atenccedilatildeo do consumidor dos preccedilos praticados

Imagem da rede A praacutetica de uma poliacutetica de preccedilos baixos todo dia (EDLP every day low price) pode ser um objetivo para atrair o consumidor e mantecirc-lo fiel agraves lojas da rede Eacute possiacutevel consideraacute-la tambeacutem um objetivo que visa mostrar ao consumidor integridade nos preccedilos

Preccedilos abaixo do custo marginal Caso um item categoria de produto ou seccedilatildeo apresentar sinais de entrada no estaacutegio final do ciclo de vida (decliacutenio) um objetivo comumente adotado eacute a eliminaccedilatildeo dos estoques por intermeacutedio de preccedilos baixos de maneira a gerar espaccedilo para a entrada de novos produtos Utiliza-se tambeacutem esse recurso em uma promoccedilatildeo como forma de atrair clientes para a loja

Fonte Elaborado pela autora a partir de McGoldrick (1990) e Kotler e Keller 2005

83

Parente (2000) completa observando que o varejista pode buscar como estrateacutegias de

apreccedilamento (i) preccedilos acima do mercado o varejista natildeo concorre em preccedilo evitando que a

marcaccedilatildeo de seus preccedilos esteja baseada na concorrecircncia (ii) preccedilos meacutedios de mercado os

varejistas buscam a diferenciaccedilatildeo em outros componentes do composto de marketing como

localizaccedilatildeo serviccedilos ou linha de produtos e (iii) preccedilos abaixo do mercado varejistas que tecircm

no preccedilo sua arma competitiva mais forte geralmente associado a uma estrutura de baixos

custos com avanccedilada tecnologia e modernos meacutetodos de gestatildeo

Em termos de determinaccedilatildeo da demanda cada preccedilo levaraacute a um niacutevel de demanda e teraacute um

impacto diferente nos objetivos de marketing da empresa Como foi discutido demanda e

preccedilo satildeo inversamente relacionados ou seja quanto mais alto o preccedilo de um produto menor

a quantidade demandada por este mesmo item A mesma regra eacute valida no supermercado Por

isso a preocupaccedilatildeo com o controle de preccedilos dos produtos ofertados

Ghisi (2005) explica que a formaccedilatildeo de oligopoacutelios no setor supermercadista gera diversos

riscos como por exemplo a imposiccedilatildeo de preccedilos realizada pelas grandes redes junto aos

fornecedores que traz como consequumlecircncia a restriccedilatildeo de opccedilotildees para os consumidores De

acordo com esse boletim a implantaccedilatildeo dessas grandes lojas resulta na perda de um grande

nuacutemero de postos de trabalho A abertura dessas empresas normalmente significa o

aniquilamento dos pequenos supermercados mercadinhos que operam no bairro e

adjacecircncias Esse fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil tendo grande contribuiccedilatildeo para o

desenvolvimento social e econocircmico do paiacutes (GHISI 2005)

84

A oligopolizaccedilatildeo tambeacutem aumenta o poder de barganha dos grandes grupos que passam a

competir por preccedilo Em contrapartida os pequenos supermercadistas que natildeo tecircm escala

comparaacutevel acabam comprando produtos de atacadistas e natildeo diretamente de fornecedores

aumentando assim os seus custos Isso acarreta em produtos finais caros para o consumidor

pois a margem de lucro dos atacadistas eacute elevada inviabilizando o repasse no preccedilo das

mercadorias (GHISI 2005)

Quanto agrave estimativa dos custos sabe-se que a demanda estabelece um teto no preccedilo que uma

empresa pode cobrar por seu produto e os seus custos determinam o piso ou seja o preccedilo

miacutenimo A empresa varejista deseja cobrar um preccedilo que cubra seu custo de produccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e venda do produto incluindo um retorno justo por seu esforccedilo e pelo seu risco

Especialistas concordam que a maioria das redes varejistas ainda utiliza o mark-up para

calcular o preccedilo das mercadorias com a taxa desejada de retorno

A anaacutelise de custos preccedilos e ofertas dos concorrentes tambeacutem acontece da mesma forma

para o varejista ou seja dentro da faixa de preccedilos possiacuteveis determinados pela demanda de

mercado e pelos custos da empresa esta deveraacute levar em conta os custos preccedilos e possiacuteveis

reaccedilotildees de preccedilos dos concorrentes Vale considerar neste ponto o conceito de shopping de

preccedilos que eacute o nome dado agrave praacutetica da obtenccedilatildeo de informaccedilotildees perioacutedicas sobre preccedilos

praticados pelos concorrentes Silveira e Lepsch (1997) explicam que como a concorrecircncia eacute

determinada em cada mercado supermercadista em geral cada loja possui sua proacutepria equipe

para coletar essas informaccedilotildees

O shopping de preccedilos abrange uma cesta baacutesica ampliada com cerca de 400 produtos sendo

estes de alto giro marcas fortes e elevados gastos promocionais por parte dos fornecedores

(alguns exemplos sabatildeo em poacute Omo leite condensado Moccedila sal Cisne e Accediluacutecar Uniatildeo) A

cesta varia de acordo com o formato da loja regiatildeo do paiacutes localizaccedilatildeo (ou aacuterea de

85

influecircncia) segmentaccedilatildeo de mercado entre outros (SILVEIRA LEPSCH 1997) Mas natildeo eacute

somente o shopping de preccedilos que possui informaccedilotildees importantes sobre a concorrecircncia Os

supermercadistas recorrem tambeacutem a dados adicionais em jornais tabloacuteides e televisatildeo para

formarem os preccedilos de seus produtos (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Em relaccedilatildeo agrave seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos para os varejistas tambeacutem satildeo

considerados paracircmetros como os custos a concorrecircncia a avaliaccedilatildeo dos clientes e o preccedilo

maacuteximo a ser cobrado Os meacutetodos mais utilizados no varejo encontram-se descritos no

quadro 8

Sobre as margens Boone e Kurtz (1998) ainda ressaltam que constituem fatores importantes

na imagem do varejista perante seus atuais e possiacuteveis clientes afetando ainda a sua

capacidade de atrair clientes Margens muito altas podem assustar e afastar os consumidores e

a praacutetica de uma taxa inadequada (muito baixa) pode natildeo cobrir os custos e natildeo gerar retorno

As margens satildeo expressas como porcentagem do preccedilo final de venda de um produto ou do

seu custo (BOONE KURTZ 1998) Suas foacutermulas satildeo

Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Preccedilo de Venda

Percentual de Margem sobre o Custo = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Custo

86

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Mark-up padratildeo sobre o custo Muitos varejistas adotam esse meacutetodo por ser mais raacutepido mecacircnico e relativamente simples de ser usado Resulta sempre de dois fatores os serviccedilos oferecidos (custos que precisam ser cobertos) e taxa de giro de estoque

Retorno-alvo

Preccedilo que permite atingir a taxa-alvo de retorno - ROI (return over investment)

Preccedilo de valor Preccedilo baixo para oferta de alta qualidade - no varejo o preccedilo de valor traduz-se na poliacutetica de fixar preccedilos baixos todos os dias (EDLP) - o varejista que seguir a praacutetica cobra um preccedilo baixo constantemente todos os dias sem descontos temporaacuterios nos preccedilos eliminando assim a incerteza de preccedilos de uma semana para a outra

Valor percebido pelo cliente Considera as percepccedilotildees dos clientes e natildeo os custos do vendedor como chave para determinar preccedilo Como analogia no varejo tem-se a estrateacutegia de preccedilo alto-baixo (High Low Price - HILO) onde o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes nas quais os preccedilos caem temporariamente abaixo do niacutevel da poliacutetica EDLP As promoccedilotildees criam entusiasmo e atraem compradores Por esse motivo a EDLP natildeo constitui garantia de sucesso Muitos varejistas utilizam uma combinaccedilatildeo de estrateacutegias de determinaccedilatildeo de preccedilos alto-baixos e de preccedilos baixos todos os dias com um aumento de propaganda e de promoccedilotildees

Preccedilo de mercado Estabelecer preccedilos com base nos concorrentes Praacutetica comum entre varejistas com conhecimento entre os competidores para realizaccedilatildeo de shopping de preccedilos em suas lojas

Fonte Elaborado pela autora com base em Boone e Kurtz (1998) Levy e Weitz (2000) Parente (2000)

87

Poreacutem quando se conhece apenas o custo e o percentual de margem calculado sobre o preccedilo

de venda as seguintes foacutermulas satildeo utilizadas

Preccedilo = Custo

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Custo 100 + Percentual de Margem sobre o Custo

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Boone e Kurtz (1998) explicam que as margens baseiam-se em parte no julgamento do

comerciante com relaccedilatildeo aos preccedilos que os consumidores estariam dispostos a pagar por um

produto Quando estes se recusam a pagar o preccedilo fixado ou surgem produtos de melhor

qualidade o varejista trabalha com a estrateacutegia de desconto que tem o seu percentual

calculado pela foacutermula

Percentual de Desconto = Valor do Desconto Novo Preccedilo

88

Os descontos tambeacutem podem ser utilizados para avaliaccedilotildees (BOONE KURTZ 1998) Os

gerentes da loja ou os compradores podem ser avaliados em parte com base nos percentuais

meacutedios de descontos concedidos nas linhas de produtos pelas quais satildeo responsaacuteveis dentro de

uma rede supermercadista

Por fim a seleccedilatildeo do preccedilo final compreendida como o ajuste do preccedilo em funccedilatildeo da

percepccedilatildeo de qualidade - por parte dos consumidores - e da influecircncia de outros elementos do

composto de marketing levando em consideraccedilatildeo questotildees como serviccedilos prestados

localizaccedilatildeo e outros As taacuteticas natildeo satildeo mutuamente exclusivas e podem ser utilizadas

simultaneamente

Um problema que pode ser encontrado ao estabelecer uma estrutura de preccedilos diz respeito a

produtos que fazem parte de um mix ou linha Neste caso natildeo satildeo apenas os preccedilos que

variam mas tambeacutem os produtos considerados Desta forma a fixaccedilatildeo de preccedilos natildeo deve

seguir a mesma loacutegica determinada para um uacutenico item O varejista busca neste caso um

conjunto de preccedilos que maximize o lucro total (GRACIOSO 1997)

A determinaccedilatildeo de preccedilos eacute difiacutecil porque os produtos possuem custo e demanda

interrelacionados e estatildeo sujeitos a diferentes graus de concorrecircncia Toledo Proenccedila e Mello

Jr (2003) afirmam que esse problema abre espaccedilo para a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais modernas

de gestatildeo no varejo como o gerenciamento de categorias Os autores explicam que o

gerenciamento de categorias eacute uma das ferramentas do sistema Resposta Eficiente ao

Consumidor - ECR (Efficient Consumer Response) que tem por objetivo definir o sortimento

os preccedilos as ofertas e promoccedilotildees para atender os diferentes puacuteblicos de consumidores e obter

uma coerecircncia no modo de apresentaccedilatildeo dos produtos no ponto de venda por afinidade de

consumo o que facilita a venda o cliente e gera aumento de vendas

89

O ECR Brasil caracteriza uma estrutura de categoria como sendo um mapa da aacutervore de

decisatildeo do consumidor (ECR Brasil 1998) A questatildeo chave eacute a capacidade de refletir o

modo como o consumidor toma sua decisatildeo quando faz uma compra dentro da categoria

Nesse processo a atribuiccedilatildeo de papeacuteis para as categorias eacute uma das mais importantes

decisotildees a serem tomadas pelo varejista pois fornece a base para a diferenciaccedilatildeo competitiva

e consequumlente alocaccedilatildeo de recursos entre as unidades estrateacutegicas de negoacutecio por categoria

do varejista (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR 2003) A classificaccedilatildeo eacute a seguinte

bull Dominantes Destino satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica uma

grande variedade de produtos igual ou superior agrave meacutedia do mercado sendo que o

varejista busca uma notoriedade e reconhecimento por parte dos seus clientes no

sentido de que sua oferta de variedade de produtos seja a melhor do mercado Os

produtos dessa categoria tecircm a caracteriacutestica iacutempar de atrair os consumidores agraves lojas

Exemplo mercearia seca (accediluacutecar arroz feijatildeo etc)

bull Competitivas Traacutefego satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica

uma variedade de produtos igual agrave meacutedia do mercado sendo que o varejista posiciona-

se corretamente no que tange a oferta de variedade de produtos Essas famiacutelias satildeo

compostas de produtos que tambeacutem tecircm caracteriacutestica de atrair os consumidores agraves

lojas em razatildeo da necessidade e periodicidade de compras Exemplo leite longa vida

suco e patildeo de forma

bull Convenientes Bandeira satildeo famiacutelias que apresentam como caracteriacutestica uma

variedade de produtos limitada ou seja igual agrave oferta dos demais concorrentes do

mesmo segmento poreacutem inferior agrave variedade ofertada pelos varejistas especialistas

Exemplo tintas ferramentas automotivos

90

bull Sazonais satildeo famiacutelias que possuem como caracteriacutestica uma variedade de produtos

grande em razatildeo uacutenica e exclusiva de ocorrecircncia de um evento sazonal Exemplo

chocolates panetones perus

Toledo Proenccedila e Mello Jr (2003) consideram ainda que o papel da categoria frequumlentemente

fornece diretrizes para a alocaccedilatildeo de recursos do varejista desde estoques espaccedilo nas

prateleiras e investimentos promocionaispublicitaacuterios a gastos de capital e tempos de

gerenciamento Por exemplo categorias com papel destino podem ter preccedilos mais

competitivos com o objetivo de atrair os consumidores e tornar a loja preferida nas compras

da categoria Nas demais os preccedilos podem ser menos competitivos

Apesar de todos os seis passos estarem adequados agrave escolha da estrateacutegia de apreccedilamento dos

produtos comercializados pelo varejo supermercadista eacute importante lembrar que muitas das

suas atividades satildeo completamente distintas das atividades de uma induacutestria O supermercado

responsaacutevel pela entrega do produto ao consumidor final oferece vaacuterios serviccedilos que natildeo satildeo

comuns aos fabricantes Muitas dessas accedilotildees podem ter grande influecircncia sobre a fixaccedilatildeo de

preccedilo dos bens comercializados sejam por aumentar os custos ou mesmo por oferecer maior

valor para o cliente

A proacutexima discussatildeo refere-se a algumas variaacuteveis que possivelmente interferem na decisatildeo

de apreccedilamento dos supermercadistas sobre os itens que disponibilizam para os seus

consumidores Tais variaacuteveis vatildeo aleacutem da demanda ou custo dos produtos e representam

questotildees fundamentais para ganho de competitividade no varejo

91

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo

Beisel (1993) apud Vance e Angelo (2003) sugere que a definiccedilatildeo do niacutevel de preccedilos mais

adequado seja efetuada a partir da anaacutelise das caracteriacutesticas de diferentes dimensotildees do

composto de varejo (quadro 9) Em um primeiro momento eacute essencial que o varejista defina

quem eacute o seu puacuteblico alvo

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo

Estrateacutegias de Preccedilos Caracteriacutesticas

Abaixo do Mercado Niacutevel do Mercado Acima do Mercado

Localizaccedilatildeo Inconveniente Competitiva Privilegiada

Horaacuterio de

Funcionamento Curto Competitivo Longo

Serviccedilo Pouconenhum Meacutedio Personalizado

Prestiacutegio Pouco Meacutedio Alto

Exclusividade do

Produto Nenhuma Meacutedia Excluxivo

Merchandising

Fashionableness Baixo Meacutedia Alto

Custo da Mercadoria Baixo Meacutedio Alto

Fonte Vance e Acircngelo (2003)

A seguir eacute preciso que identifique e analise as caracteriacutesticas do seu negoacutecio Localizaccedilatildeo

horaacuterio de funcionamento serviccedilos prestiacutegio a exclusividade do produtomercadoria

merchandising fashionableness que pode ser compreendido como o grau de requinte ou

elegacircncia dos produtos comercializados e custo das mercadorias satildeo os principais aspectos

sugeridos para avaliaccedilatildeo segundo o autor

92

Enquanto as caracteriacutesticas do produto podem ser as mesmas entre os diferentes equipamentos

varejistas a variabilidade na qualidade de serviccedilo e as caracteriacutesticas do mercado podem ser

diferentes dentro de cada equipamento varejista (ANCARANI SHANKAR 2004)

Aleacutem das variaacuteveis destacadas por Vance e Acircngelo (2003) Lepsch (1996) e Ancarani e

Shankar (2004) o presente estudo observaraacute outros fatores colocados como importantes por

estudiosos de varejo como influenciadores da fixaccedilatildeo de preccedilos nos supermercados

2111 Produto

Para Czinkota (2001) os produtos satildeo o conjunto de atributos funccedilotildees e benefiacutecios que os

clientes compram O termo produto significa a oferta de uma empresa capaz de satisfazer

uma necessidade do consumidor (KOTLER KELLER 2005) Aleacutem disso os produtos de

consumo podem ser divididos nas seguintes categorias (i) produtos de conveniecircncia itens

baratos que os consumidores compram com pouco esforccedilo e satildeo amplamente distribuiacutedos (ii)

produtos de compra comparada mais caros que os de conveniecircncia e a decisatildeo de compra eacute

mais importante (iii) produtos de especialidade os consumidores desejam uma marca

particular (iv) produtos substitutos natildeo satildeo opccedilotildees sendo a distribuiccedilatildeo muito limitada e (v)

produtos natildeo procurados satildeo desconhecidos ou natildeo mas natildeo satildeo ativamente procurados ateacute

que necessite deles sendo as vendas personalizadas

Conforme observado nas diferentes classificaccedilotildees de produtos suas caracteriacutesticas

influenciam no preccedilo para o consumidor final Produtos de conveniecircncia satildeo considerados

mais baratos enquanto produtos de especialidades como satildeo procurados por marcas

especiacuteficas tendem a serem mais caros

93

Nagle e Holden (1995) consideram que a administraccedilatildeo do produto eacute a mais poderosa

ferramenta de influecircncia dos preccedilos O produto pode influenciar o preccedilo dependendo do niacutevel

de diferenciaccedilatildeo do produto do seu estaacutegio no ciclo de vida e do segmento de mercado de

atuaccedilatildeo (ZICKER 2002) Nos estaacutegios de introduccedilatildeo e crescimento o preccedilo eacute mais alto e na

maturidade a tendecircncia eacute de queda dos preccedilos (KOTLER KELLER 2005) Poreacutem eacute possiacutevel

modificar o produto ou aumentar o periacuteodo de estaacutegio analisando e percebendo as mudanccedilas

no ambiente

Stanton Walker Etzel (2001) consideram um mix de produtos como o conjunto de todos os

produtos oferecidos para venda por uma empresa Uma linha de produtos eacute um amplo grupo

de produtos destinados a usos essencialmente similares e tendo caracteriacutesticas fiacutesicas

similares O mix de produtos eacute composto por uma ou mais linhas de produtos Todos os

produtos que uma empresa comercializa podem ser considerados o seu o mix A amplitude ou

abrangecircncia do seu composto eacute a seacuterie de diferentes linhas de produtos a extensatildeo eacute o

nuacutemero de produtos (diferentes marcas) dentro de uma linha e a profundidade da linha satildeo os

tipos de produtos dentro de cada marca (STANTON WALKER e ETZEL 2001 KOTLER

KELLER 2005 PARENTE 2000)

2112 Marca

Com relaccedilatildeo agraves marcas dos produtos estudiosas afirmam que marcas e criaccedilatildeo de marcas satildeo

ingredientes vitais necessaacuterios ao sucesso no mercado (SHULTZ e BARNES 2001) Os

consumidores utilizam-se das marcas como fontes de informaccedilatildeo simplificando escolhas e

94

reduzindo riscos da aquisiccedilatildeo Elas capturam crenccedilas sobre os atributos e a imagem geral do

produto entre os clientes Os fabricantes estatildeo cada vez mais interessados em comercializar

novos produtos sob a proteccedilatildeo de nomes de marca bem estabelecidos familiares aos clientes

aumentando sua aceitabilidade (IACOBUCCI 2001)

A American Marketing Association (AMA) define marca como um nome termo

siacutembolosigno ou uma combinaccedilatildeo de todos que estaacute associado a diferentes produtos ou

serviccedilos de uma empresa em particular Essencialmente uma marca significa a promessa de

entrega de um produto ou um pacote particular de caracteriacutesticas benefiacutecios e serviccedilos para

os consumidores Iacobucci (2001) considera que as marcas possibilitam aos consumidores a

associaccedilatildeo a funcionalidades imagens e experiecircncias Com um mercado competitivo os

produtos ficam mais uniformes e com isso as marcas evoluem para oferecer um valor

diferenciado aos seus clientes A marca tornou-se base imediata para a escolha de uma

mercadoria traduzindose em lucros para a empresa

O sucesso da marca depende de associaccedilotildees A marca estaacute associada a uma rede de

pensamentos ou associaccedilotildees feitas apenas nas cabeccedilas dos consumidores O grande desafio

para uma marca eacute desenvolver um arranjo de ideacuteias associadas ao seu siacutembolo natildeo sendo

apenas um nome mas um conjunto de significados A construccedilatildeo de uma marca eacute orientada

por uma visatildeo de posicionamento desejado e implementada pelas decisotildees relacionadas ao

composto de marketing

O valor da marca apoiaacute-se na ideacuteia de que os consumidores compram e usam certos produtos

com marcas mais pelo que eles representam do que pelo que eles realmente fazem Aaker

(1991) define valor de marca como sendo o conjunto de ativos e passivos relacionados a uma

marca seu nome e siacutembolo que adicionam ou subtraem valor ao valor provido pelo produto

ou serviccedilo O autor identifica quatro principais categorias pelas quais o valor da marca pode

95

ser deduzido reconhecimento de marca associaccedilatildeo de marca qualidade percebida e

fidelidade agrave marca Essas categorias satildeo estreitamente relacionadas assim a lealdade da

marca eacute dependente do seu reconhecimento pelos consumidores do poder de estabelecimento

de associaccedilotildees bem como do niacutevel de qualidade percebida

Aaker (1996) afirma que o desafio para as marcas eacute que elas possuam uma imagem clara e

distinta que importe para o consumidor e realmente as diferencie dos outros concorrentes

Para a construccedilatildeo de grandes marcas o autor sugere que a empresa encare suas marcas natildeo

somente como um produto ou serviccedilo mas como uma organizaccedilatildeo uma pessoa e um siacutembolo

Assim tornar prioridade inovaccedilatildeo lideranccedila de mercado ou qualidade de produto como

estrateacutegia empresarial tem impacto direto na percepccedilatildeo da marca se esse tambeacutem for seu

posicionamento Esse tipo de associaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo eacute mais difiacutecil de imitar do que

atributos de produtos

As marcas satildeo selecionadas e usadas pelos consumidores para dizer alguma coisa que eles

gostariam de dizer O comprometimento com uma marca pode ser definido como um elo com

essa marca particular dentro de uma categoria de produto

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo

Neves (1999) afirma que os canais de distribuiccedilatildeo podem ser entendidos como sendo o

percurso que o produto faz ateacute o consumidor final Um conjunto de organizaccedilotildees

interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar esse produto ou serviccedilo para uso

ou consumo ou ainda como maneiras de desenhar desenvolver e manter relacionamentos

96

entre os participantes do canal de tal forma a obter vantagens competitivas sustentaacuteveis pelas

empresas tanto em niacutevel individual como coletivo (COUGHLAN et alli 2002) Para

Rosenbloom (1999) podem ser entendidos como uma organizaccedilatildeo externa que a gestatildeo

utiliza para atingir os seus objetivos de distribuiccedilatildeo A organizaccedilatildeo eacute externa porque natildeo faz

parte da estrutura interna da empresa satildeo os intermediaacuterios entre a induacutestria e o consumidor

final

Os intermediaacuterios tomam muitas formas atualmente incluindo lojas de departamentos lojas

de descontos lojas de eletrodomeacutesticos e eletrocircnicos lojas de vestuaacuterios hipermercados

supermercados lojas especializadas lojas de conveniecircncia franquias clubes de compras e

varejistas on-line Aleacutem disso os varejistas podem ocupar-se de bens com marca proacutepria

(marca de loja) e podem tambeacutem se integrar verticalmente para traacutes de forma eficaz na cadeia

de suprimento (COUGHLAN et alli 2002)

No Brasil os tipos mais importantes de varejista alimentiacutecio para distribuiccedilatildeo satildeo

hipermercados supermercados lojas de conveniecircncia lojas de especialidades (accedilougues

varejotildees padarias entre outros) mercearias e outros formatos (PARENTE 2000) Muitas

redes supermercadistas engajaram no processo de reformulaccedilatildeo do padratildeo de suas lojas para

atender a diversos segmentos de mercado passando a operar com diferentes bandeiras cada

uma focada em um nicho de mercado atrativo (GHISI 2005)

Os criteacuterios da AcNielsen (2004) classificam os canais de distribuiccedilatildeo de produtos

alimentares em 03 categorias baacutesicas Cada categoria possui um grupo de diferentes formatos

As categorias satildeo (i) consumo local formada por bares restaurantes lanchonetes e adegas

(ii) auto-serviccedilo que se refere ao formato de varejo alimentiacutecio caracterizado pela disposiccedilatildeo

dos produtos em self-service e pela existecircncia de caixas (check-outs) na saiacuteda como os

supermercado e hipermercados e (iii) tradicionais no qual pressupotildeem-se a presenccedila de

97

atendente (vendedor ou balconista) que assiste e interage no processo de compra (compra

assistida) como armazeacutens empoacuterios mercearias padarias etc

No auto serviccedilo as classificaccedilotildees da AcNielsen (2004) e da ABRAS (2005) consideram

como supermercados os estabelecimentos encontrados em bairros ou vizinhanccedila para

compras rotineiras preccedilos meacutedios que apresentam como principais seccedilotildees de vendas

mercearia bazar e pereciacuteveis Possuem cerca de 1500 a 5000 itens em exposiccedilatildeo e de 2 a 40

check-outs mais de 300 msup2 de aacutereas de vendas e faturamento anual de mais de 1 milhatildeo de

doacutelares Em termos do porte da loja satildeo considerados pequenos aqueles supermercados que

possuem ateacute 4 check-outs de pequenos agrave meacutedios os com 5 a 9 check-outs meacutedios quando

possuem de 10 a 19 check-outs e grandes os supermercados cujo nuacutemero de check-outs varia

entre 20 a 49

Os hipermercados satildeo estabelecimento localizado em aacutereas de intenso fluxo e faacutecil acesso

destinado agraves compras de maior volume preccedilos baixos e com mais descontos Possuem como

principais seccedilotildees de vendas mercearia bazar e pereciacuteveis tecircxteis e eletrodomeacutesticos Tecircm

mais de 5000 itens em exposiccedilatildeo nuacutemero de check-outs acima de 50 mais 5000 msup2 de aacutereas

de vendas e faturamento anual de mais de 12 milhotildees de doacutelares A tabela 1 apresenta a

classificaccedilatildeo do setor supermercadista de acordo com o nuacutemero de check-outs

Ghisi (2005) apresenta os principais formatos de loja existentes como

1 Loja de conveniecircncia modelo importado dos Estados Unidos na deacutecada de 80 que

pode ser caracterizado por oferecer pequena variedade de itens (cerca de 1000 itens)

principalmente de conveniecircncia e possuir aacuterea de venda de 50 msup2 a 250 msup2 Satildeo lojas

relativamente pequenas de faacutecil acesso e para compras raacutepidas que funcionam 24

horas por dia Constituem um importante canal de distribuiccedilatildeo varejista minimizando

98

esforccedilos de compra dos clientes Essas lojas estatildeo localizadas em postos de gasolina

ou em aacutereas de grande concentraccedilatildeo populacional Os preccedilos praticados geralmente

satildeo 15 maiores do que os dos supermercados convencionais

2 Loja de Sortimento Limitado ou discount conceito trazido da Alemanha que

representou na eacutepoca uma inovaccedilatildeo incremental Opera cerca de 700 itens

basicamente de mercearia e praticamente nenhum serviccedilo Na deacutecada de 80 as lojas

de sortimento limitado se tornaram muito populares impulsionadas pela rede

Minibox do Patildeo de Accediluacutecar que passou a ser seguida por concorrentes da eacutepoca Esse

formato de loja praticamente desapareceu na deacutecada de 90 e retomou sua importacircncia

a partir do ano 2000 As lojas de descontos atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Esse tipo de loja opera com sortimento

limitado e poucos funcionaacuterios o que pode resultar na oferta de preccedilos competitivos

3 Supermercado Compacto supermercado de menor porte eacute o conhecido supermercado

de vizinhanccedila Representam a maioria das unidades de auto-serviccedilos do Brasil e em

geral pertencem a operadores independentes Atualmente satildeo responsaacuteveis por cerca

de 14 da distribuiccedilatildeo de alimentos no Brasil onde estatildeo em plena ascensatildeo

4 Supermercado Convencional tradicional supermercado com aacuterea de venda de 700 msup2

a 2500 msup2 Dentre as seccedilotildees existentes opera principalmente as mais tradicionais

mercearia pereciacuteveis bazar carnes e aves frios e laticiacutenios sendo crescente o

aumento de seccedilotildees para atrair o cliente como a de padaria e de peixaria A meacutedia de

itens ofertados eacute de 9000 e os produtos satildeo alimentiacutecios na grande maioria Pode ser

definido como um mercado generalista que revende para o consumidor final ampla

variedade de produtos de forma departamentalizada no sistema de auto-serviccedilo A

maioria das redes atuantes no Brasil opera grande nuacutemero de lojas classificadas como

supermercados convencionais

99

5 Superloja tipo de loja que opera com uma completa linha de produtos alimentiacutecios

Os natildeo-alimentiacutecios comeccedilam a crescer em importacircncia podendo representar ateacute 10

das vendas A aacuterea de comercializaccedilatildeo possui 4500 msup2 em meacutedia e a ecircnfase eacute nos

serviccedilos natildeo pereciacuteveis bem como em uma ampla seccedilatildeo de alimentos A Superloja

tambeacutem oferece uma razoaacutevel gama de produtos tecircxteis e eletrocircnicos O nuacutemero de

itens pode ser ateacute 60 superior ao de um supermercado convencional e operam um

nuacutemero meacutedio de 14000 itens de produtos No Brasil existem cerca de 400 superlojas

de alimentos as que representam 13 das vendas do varejo alimentiacutecio A tendecircncia eacute

que esse tipo de formato ganhe importacircncia nos proacuteximos anos

6 Hipermercado o conhecido modelo de loja importado da Franccedila caracterizado pelo

largo espectro de produtos alimentares e bebidas A aacuterea para alimentos geralmente eacute

maior do que 50 do total da aacuterea de vendas totais da loja Os hipermercados

trabalham com completa linha de alimentaccedilatildeo e quase completa linha de natildeo-

alimentos vendendo cerca de 35000 itens Satildeo comercializados em torno de 45000

itens e as seccedilotildees tiacutepicas dessas lojas satildeo mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves

padaria frios e laticiacutenios bazar peixaria tecircxtil e eletrocircnicos No Brasil existem mais

de 100 hipermercados que representam 13 das vendas do varejo alimentar

7 Supercenter esse tipo de formato eacute considerado uma adaptaccedilatildeo norte-americana dos

hipermercados franceses e tem as caracteriacutesticas de uma loja de departamento

acrescida de um supermercado que ocupa 40 da aacuterea de venda Chega a operar em

torno de 60000 itens e tem dimensotildees de ateacute 19000 msup2 O layout de disposiccedilatildeo das

gocircndolas cria seccedilotildees isoladas dentro da loja

8 Loja-Depoacutesito no Brasil o nuacutemero de lojas-depoacutesito ainda eacute muito pequeno sendo

composto pelas redes que oferecem mais de 7000 itens com boa participaccedilatildeo dos

pereciacuteveis A aacuterea de venda geralmente eacute em torno de 4000 msup2 a 7000 msup2 Opera as

100

seguintes seccedilotildees mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves tecircxtil frios e laticiacutenios

bazar e eletrocircnicos O foco desse tipo de loja estaacute relacionado agrave imagem de preccedilo

baixo e aos poucos serviccedilos oferecidos A oferta de natildeo-alimentos comeccedila a crescer

nesse formato e as vendas desses produtos atingem 8 do total vendido

9 Clube de Atacadistas tipo de loja que opera nas linhas alimentiacutecia e natildeo-alimentiacutecia

tem aacuterea de vendas despojada e de baixo investimento expondo a mercadoria em

estruturas metaacutelicas O puacuteblico alvo desse tipo de loja pode ser definido pelos

pequenos comeacutercios bares e restaurantes bem como por famiacutelias de menor poder

aquisitivo Geralmente essas lojas operam 5000 itens de produtos e a porcentagem de

vendas dos natildeo-alimentos chega a 35 Operam nas seccedilotildees de mercearia bazar

carnes e aves vestuaacuterio frios e laticiacutenios e eletrocircnicos O nuacutemero de check-outs

existentes nessas lojas fica entre 25 a 35

Entretanto Stern El-Ansary e Coughlan (1996) consideram que as atividades varejistas

podem ser feitas por todos os membros do canal e ateacute mesmo pela induacutestria e observa-se

grande competiccedilatildeo dentro dos diferentes formatos Aleacutem disso a maneira como o produto eacute

distribuiacutedo tambeacutem eacute importante para a formaccedilatildeo do preccedilo Dependendo do canal eacute possiacutevel

definir preccedilos diferenciados por segmento Deve-se ter o cuidado de escolher corretamente o

canal de distribuiccedilatildeo porque ele pode guiar toda a poliacutetica de preccedilos dentro da cadeia de

suprimentos caso os intermediaacuterios tiverem um alto poder de negociaccedilatildeo

Nagle e Holden (1995) recomendam uma estrateacutegia de distribuiccedilatildeo coerente com a estrateacutegia

de preccedilos ou seja para um produto que atrai os compradores pelo baixo preccedilo eacute necessaacuterio

obter baixo custo de distribuiccedilatildeo jaacute para um produto que atrai os consumidores pelos seus

atributos superiores apesar do preccedilo alto eacute recomendaacutevel obter uma distribuiccedilatildeo que

complemente esses atributos e os torne visiacuteveis

101

Quando o valor da diferenciaccedilatildeo do produto se suporta por meio desta argumentaccedilatildeo eacute

arriscado confiar completamente na distribuiccedilatildeo independente A distribuiccedilatildeo pode-se

transformar em um serviccedilo de diferenciaccedilatildeo do produto diminuindo a sensibilidade a preccedilos

por parte dos clientes Portanto na medida em que for oferecido um pacote de serviccedilos

diferenciados pela distribuiccedilatildeo aumenta-se a competitividade do produto tornando-se o preccedilo

menos relevante

2114 Localizaccedilatildeo da Loja

Os supermercadistas ao fixar seus preccedilos levam em conta os preccedilos praticados pela

concorrecircncia Satildeo consideradas concorrentes as lojas que se situam numa mesma aacuterea

geograacutefica de influecircncia (SILVEIRA LEPSCH 1997) O nuacutemero de lojas concorrentes na

mesma localizaccedilatildeo determina a estrutura do mercado o que permite concluir que o poder de

monopoacutelio no setor supermercadista varia segundo o grau de concorrecircncia existente nos

diferentes mercados

Lukianocenko (2003) afirma que um dos fotos que mais chamou a atenccedilatildeo em um estudo

realizado pela LatinPanel relaciona-se aos motivos que levam o consumidor a escolher um

supermercado para realizar suas compras Entre esses motivos destaca-se a proximidade do

estabelecimento com a casa ou trabalho do consumidor que aparece em primeiro lugar em

todas as classes analisadas (A ateacute E) em 52 dos casos O estudo tambeacutem enfatiza que a

proximidade tem o mesmo peso tanto para clientes de pequenos estabelecimentos quanto para

os de grandes lojas (LUKIANOCENKO 2003) A informaccedilatildeo reforccedila o conceito de que a

conveniecircncia eacute um fator primordial na definiccedilatildeo da opccedilatildeo de compra sendo um forte

102

indicativo a favor do supermercadista de pequeno porte Se ele conhece as caracteriacutesticas de

sua vizinhanccedila pode desenvolver serviccedilos e criar novos atrativos para fidelizar o seu cliente

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista

Historicamente os varejistas eram muito dependentes do poder de algumas induacutestrias

multinacionais proprietaacuterias de marcas fortes e consagradas no mercado Entretanto o

crescimento na concentraccedilatildeo do setor varejista e na concorrecircncia entre marcas de produtos

substitutos ocasionou uma inversatildeo nesse poder Se um varejista natildeo compra uma marca de

produto e isso implica na perda de consumidores leais a essa marca significa que a induacutestria

tem o poder mas se o consumidor aceita marcas substitutas e continua a frequumlentar o ponto-

de-venda o poder estaacute nas matildeos do varejista (KUMAR 1997)

Isso acontece porque o poder de cada parte estaacute intrinsecamente relacionado com a

interdependecircncia das relaccedilotildees dos parceiros envolvidos o poder do varejista depende do niacutevel

de dependecircncia do seu fornecedor e vice-versa (HOGARTH-SCOTT 1999) Quando uma

empresa depende dos recursos de outra organizaccedilatildeo acaba ficando suscetiacutevel agraves exigecircncias

desta que usufrui do seu poder para maximizar seus interesses Mas quando existe a muacutetua

interdependecircncia os investimentos satildeo compartilhados e as partes executam suas atividades

visando o benefiacutecio do canal como um todo

103

Poirier e Reiter (1996) consideram que os membros mais poderosos do canal de distribuiccedilatildeo

exercem sua forccedila sobre os participantes mais fracos A fraqueza nessas situaccedilotildees eacute derivada

do fato de essas influecircncias servirem apenas para criar associaccedilotildees instaacuteveis entre as

organizaccedilotildees que tentam lucrar o maacuteximo possiacutevel sobre os outros em vez de trabalharem

para o benefiacutecio coletivo Nesse contexto as dinacircmicas do poder e da dependecircncia satildeo fatores

importantes a serem considerados pois eles permitem uma visatildeo de como a estrutura do canal

pode influenciar a performance do relacionamento

O poder pode ser definido como a habilidade de um ator (A) conseguir de um outro ator (B)

aquilo que ele deseja (HOGARTH-SCOTT 1999) Dentro dos limites razoaacuteveis eacute possiacutevel

conseguir tudo o que deseja se estiver ciente das opccedilotildees testar suposiccedilotildees correr riscos

calculados e basear-se em informaccedilotildees soacutelidas acreditando que se tem poder (MARTINELLI

ALMEIDA 1998)

Negociaccedilatildeo eacute um conceito em contiacutenua formaccedilatildeo que estaacute amplamente relacionado agrave

satisfaccedilatildeo de ambos os lados Nierenberg (1981 p 3) considera o conceito como um

negoacutecio que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir

benefiacutecios duradouros para todos os participantes Fisher e Ury (1985) e Hodgson (1996)

definem a negociaccedilatildeo como um processo de comunicaccedilatildeo bilateral que envolve um elemento

de permuta e barganha onde os agentes trocam recursos de valor por outro visando uma

decisatildeo conjunta e a satisfaccedilatildeo para todos os envolvidos

A efetiva utilizaccedilatildeo de poder por uma das partes conforme Coughlan (2001) tende a ocorrer

de forma mais acentuada na medida em que a distribuiccedilatildeo de poder entre os membros do

canal seja mais desequilibrada

104

Nas deacutecadas passada o ponto determinante de uma negociaccedilatildeo era basicamente o preccedilo e

cada agente da cadeia de suprimentos buscava maximizar seus ganhos mesmo que isso

implicasse na reduccedilatildeo dos lucros dos aliados comerciais (ALCAcircNTARA 1998 FLEURY et

alli 2000) Considerando o ambiente turbulento em que estatildeo inseridas as empresas neste

iniacutecio de seacuteculo o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas negociaccedilotildees entre varejistas e

fornecedores Grandes estabelecimentos negociam grandes volumes a preccedilos mais baixos do

que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis de um mesmo

produto do que a concorrecircncia

As grandes redes varejistas conseguem concessotildees especiais de fornecedores que nem

sempre satildeo justificadas por argumentos de aumento da eficiecircncia proacute-competitiva e que em

muitos casos apresentam efeitos adversos significantes sobre a competiccedilatildeo em toda a cadeia

produtiva Segundo os autores em geral as condutas adotadas pelo varejo brasileiro

apresentam grau de abuso do poder de compra ao serem unilaterais e restritivas Destacam o

fato de que o grau de interdependecircncia do fornecedor diante dos grandes varejistas acentua o

efeito negativo da adoccedilatildeo de tais praacuteticas e que qualquer argumentaccedilatildeo eacute punida com o

teacutermino da relaccedilatildeo comercial

105

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas

Os estudos realizados sobre a variaccedilatildeo de preccedilos de produtos em diferentes regiotildees tecircm obtido

menos sucesso para encontrar a relaccedilatildeo entre a diferenccedila nos preccedilos de produtos e variaacuteveis

demograacuteficas de um mercado Estudos recentes de preccedilos de mantimento alcanccedilaram

resultados misturados Hayes (2000) natildeo identificou em sua pesquisa um relacionamento

estatiacutestico significativo entre preccedilos de mantimento e o niacutevel de renda de residentes de um

mercado

Por outro lado Frankel e Gould (2001) encontraram em seus estudos que os preccedilos satildeo mais

elevados nos mercados com mais desigualdade da renda Os preccedilos satildeo mais elevados onde haacute

uma renda mais baixa ou renda mais elevada e os preccedilos mais baixos satildeo encontrados nos

mercados consumidores com renda entre estes dois grupos Entretanto o modelo dos autores

natildeo permite que determine se os resultados encontrados satildeo devido agraves diferenccedilas no

comportamento do consumidor nos custos ou nas diferenccedilas entre as caracteriacutesticas das lojas

e a qualidade dos serviccedilos fornecidos

Resultados parecidos foram encontrados por pesquisadores do setor de restaurantes Graddy

(1997) encontrou que os preccedilos satildeo mais altos em regiotildees com uma proporccedilatildeo maior de

consumidores de renda inferior Poreacutem seu modelo natildeo identificou se a diferenccedila de preccedilos

observada poderia vir das diferenccedilas de custos e condiccedilotildees de demanda ou se reflete a

estrateacutegia de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre varejistas

Kaufman et alli (1997) afirmam que os preccedilos de mantimento tendem a ser mais elevados em

centros urbanos do que em mercados suburbanos Alguns especulam que um acesso maior

aos supermercados nos subuacuterbios eacute o fator responsaacutevel por essa diferenccedila Em comparaccedilatildeo agraves

106

lojas da cidade os supermercados de subuacuterbios satildeo aptos a oferecer os preccedilos mais baixos e

uma escala maior dos tipos de produtos dos tamanhos do pacote e das escolhas por qualidade

MacDonald e Nelson (1991) encontram em seus estudos que uma cesta baacutesica de produtos

custa aproximadamente 4 menos nas lojas suburbanas do que em lojas da cidade

117 O Preccedilo da Concorrecircncia

Como foi discutido Lambin (2000) considera que a escolha de uma estrateacutegia de preccedilos

impotildee o respeito a dois tipos de coerecircncia a coerecircncia interna que contempla que o preccedilo

definido respeite as condiccedilotildees de custo e de rentabilidade da empresa e a coerecircncia externa

que exige um preccedilo compatiacutevel com a sensibilidade dos compradores ao preccedilo e com os

preccedilos praticados pela concorrecircncia Portanto a estrateacutegia de preccedilo eacute influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento e do valor percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo

produzidos pela empresa com o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (KOTLER

KELLER 2005 e STANTON WALKER ETZEL 2001)

A definiccedilatildeo do preccedilo baseada na concorrecircncia usa o balizamento dos preccedilos com os do

concorrente ou seja natildeo precisa colocar o mesmo preccedilo mas a qualquer movimento do

competidor haacute uma mudanccedila proporcional nos preccedilos da empresa Esta praacutetica eacute muito

comum no caso dos oligopoacutelios Se houver um movimento de preccedilos de um competidor os

outros fatalmente o seguiratildeo ou perderatildeo participaccedilatildeo de mercado Por isso os principais

desafios que estas empresas enfrentam satildeo o bom controle dos custos de modo a ficarem

107

mais competitivas e suportarem uma agressividade de preccedilos da concorrecircncia e a capacidade

de diferenciar os produtos agregando serviccedilos de modo a fugir da guerra de preccedilos

Normalmente o competidor que tem a maior parcela de mercado exerce a lideranccedila de preccedilos

sendo que os outros satildeo seguidores O que permite ao liacuteder direcionar preccedilos eacute o maior

conhecimento do mercado e do comportamento dos clientes sobre qualquer variaccedilatildeo no

composto de marketing Scherer (1979) argumenta que uma visatildeo mais realista do oligopoacutelio

pressupotildee que as decisotildees de preccedilo dos vendedores satildeo interdependentes

Um aspecto relevante eacute o niacutevel de confianccedila entre os executivos das empresas competidoras

Caso seja baixo esta induacutestria fica bastante susceptiacutevel a uma guerra de preccedilos Natildeo se pode

perder de vista que mesmo um bom relacionamento com a concorrecircncia natildeo impede que

novos competidores entrem no mercado e ganhem participaccedilatildeo agrave custa de preccedilo Portanto eacute

importante que o preccedilo seja alto o suficiente para dar lucros e baixo o bastante para criar

barreiras de entrada

Apoacutes a revisatildeo bibliograacutefica o estudo foi complementado com uma pesquisa empiacuterica para

verificar a aplicaccedilatildeo da teoria em trecircs redes de supermercado atuantes no mercado nacional

Aleacutem disso devido ao grande nuacutemero de variaacuteveis consideradas no momento da fixaccedilatildeo do

preccedilo eacute comum que cada empresa desenvolva o seu mecanismo apreccedilamento baseando-se

em informaccedilotildees a respeito do seu mercado consumidor o que torna o estudo do caso ainda

mais interessante

A escolha pelo varejo supermercadista eacute explicada pelo crescimento do setor e

disponibilidade de dados existente Outro ponto eacute a ecircnfase dada pelo varejo ao preccedilo como

fator fundamental para a busca de um diferencial competitivo e para fidelizar os seus clientes

Depois de muitas mudanccedilas a economia nacional propiciou a chegada de novos competidores

108

resultando no acirramento da disputa pelo mercado e na busca tanto do setor industrial

quanto do proacuteprio varejo por investimentos em pesquisas sobre o comportamento dos

consumidores com o objetivo de melhor entender suas necessidades e desejos

O meacutetodo de pesquisa escolhido bem como os resultados do estudo encontram-se descritos

nos toacutepicos a seguir

109

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo

Gay e Diehl (1992) explicam que existe uma diferenccedila baacutesica entre pesquisa em

administraccedilatildeo e pesquisa em outras aacutereas do conhecimento que eacute a natureza do fenocircmeno

estudado Nos estudos de administraccedilatildeo as situaccedilotildees estudadas satildeo mais difiacuteceis de serem

explicadas e controladas porque satildeo complexas envolvendo pessoas instituiccedilotildees ambientes

em mudanccedila e natildeo relaccedilotildees simples de causa e efeito Assim aleacutem de natildeo ser faacutecil controlar

os diferentes aspectos pesquisados eacute difiacutecil generalizar e replicar os seus resultados (GAY

DIEHL 1992)

Selltiz et alli (1974) afirma que a finalidade de uma pesquisa eacute descobrir respostas para

algumas questotildees mediante a aplicaccedilatildeo de meacutetodos cientiacuteficos que satildeo desenvolvidos para

intensificar a probabilidade de as informaccedilotildees obtidas serem utilizadas nas questotildees

apresentadas e de serem seguras e imparciais Embora uma tentativa de pesquisa natildeo resulte

necessariamente em uma informaccedilatildeo fidedigna e imparcial os meacutetodos cientiacuteficos tecircm maior

probabilidade de ecircxito do que qualquer outro sistema conhecido do homem O meacutetodo

cientiacutefico de pesquisa eacute considerado como um conjunto de passos claramente determinados

para obtenccedilatildeo de um conhecimento Satildeo passos aceitos pelas pessoas que estudaram na aacuterea

em que foi realizada a pesquisa (SELLTIZ et alli 1974)

110

O problema de pesquisa deste trabalho se enquadra na proposta sugerida por Campomar

(2005) uma pesquisa em marketing atrelada a uma revisatildeo bibliograacutefica sobre um tema

especiacutefico para avanccedilo do conhecimento Para o autor a pesquisa de campo em Marketing eacute

uacutetil para observar como o que existe em praacutetica se ajusta agrave teoria ou ainda se a praacutetica pode

dar origem a uma nova teoria modelo ou conceito a pesquisa social empiacuterica (CAMPOMAR

2005)

Para que essa proposta seja cumprida os toacutepicos a seguir apresentam e descrevem o tipo de

pesquisa que melhor se enquadra no estudo realizado a sua natureza e o meacutetodo utilizado Eacute

importante ressaltar que o entendimento dessas etapas pelo pesquisador eacute fundamental para

que a organizaccedilatildeo do estudo empiacuterico seja precisa e natildeo prejudique a anaacutelise dos dados

obtidos

311 O Tipo de Pesquisa

Existem vaacuterias classificaccedilotildees sobre os tipos de pesquisa entretanto os mais utilizados em

trabalhos da aacuterea de administraccedilatildeo satildeo os de caraacuteter exploratoacuterio e conclusivo Os conclusivos

satildeo subdivididos em estudos descritivos e causais (SELLTIZ et alli 1974 MATTAR 1999)

Satildeo descritivos quando o objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas de um fenocircmeno e causais

quando buscam explicar o relacionamento entre variaacuteveis Entretanto os tipos de pesquisa natildeo

satildeo excludentes podendo se sobrepor em algumas situaccedilotildees

111

As pesquisas de caraacuteter exploratoacuterio satildeo mais adequadas quando haacute necessidade de maiores

conhecimentos acerca de um fenocircmeno ou de conseguir uma nova compreensatildeo sobre ele

possibilitando a formulaccedilatildeo de problemas mais precisos e a criaccedilatildeo de hipoacuteteses (SELLTIZ et

alli 1974) A pesquisa conclusiva exige conhecimento das variaacuteveis do problema a ser

estudado e pode ser considerada descritiva quando seu objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas

de um fenocircmeno e causal quando busca evidenciar o relacionamento existente entre as

variaacuteveis do estudo (VERGARA 1998)

Os estudos exploratoacuterios possuem uma seacuterie de funccedilotildees aleacutem da formulaccedilatildeo do problema e

das hipoacuteteses entre eles (i) aumentar o conhecimento do pesquisador a respeito do fenocircmeno

que deseja investigar em um estudo posterior (ii) esclarecer conceitos e (iii) estabelecer

prioridades para estudos futuros (SELLTIZ et alli 1974)

Quando o objetivo da pesquisa eacute familiarizar-se com o fenocircmeno ou ainda conseguir nova

compreensatildeo deste fenocircmeno os estudos do tipo exploratoacuterios satildeo mais indicados (SELLTIZ

et alli 1974) Como no caso deste estudo o objetivo eacute entender como satildeo formados os

preccedilos dos produtos nos supermercados pode-se afirmar que a pesquisa possui natureza

exploratoacuteria Aleacutem disso possui abordagem semi-estruturada

A pesquisa tambeacutem eacute considerada descritiva pois envolveu a apresentaccedilatildeo de trecircs casos que

possibilitaram a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees sobre apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

por meio da descriccedilatildeo das teacutecnicas utilizadas pelas trecircs empresas mas natildeo de conclusotildees que

possam ser generalizadas

112

312 A Natureza da Pesquisa

A natureza da pesquisa relaciona-se com o tipo de dado trabalhado e como ele seraacute analisado

Portanto eacute o problema de investigaccedilatildeo que determina se o estudo eacute qualitativo ou

quantitativo

Este estudo eacute classificado como uma pesquisa qualitativa pois natildeo enumera nem mede os

eventos estudados Outra caracteriacutestica eacute a natildeo utilizaccedilatildeo de procedimentos estatiacutesticos na

anaacutelise dos dados coletados e o envolvimento da obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas

lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudada

visando agrave compreensatildeo dos fenocircmenos com base na perspectiva dos sujeitos do estudo

(STRAUSS CORBIN 1990 GODOY 1995) A pesquisa qualitativa possibilita a captaccedilatildeo

das opiniotildees e perspectivas dos indiviacuteduos ou seja informaccedilotildees difiacuteceis de serem obtidas por

uma pesquisa quantitativa

Os estudos qualitativos natildeo envolvem estatiacutestica o que natildeo significa que satildeo especulativos

Eles possuem objetividade e validade conceitual e contribuem para o meio cientiacutefico

(TRIVINtildeOS 1987) As criacuteticas feitas ao meacutetodo referem-se ao seu uso inadequado e natildeo nas

limitaccedilotildees Rigor e confiabilidade tambeacutem satildeo caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa

(VIEIRA 2004)

Bryman (1989) e Bogdan e Biklen (1992) destacam outras caracteriacutesticas da pesquisa

qualitativa (i) o ambiente eacute a fonte de dados - mundo empiacuterico - e o pesquisador eacute o

instrumento fundamental no contato direto e prolongado com o ambiente estudado (ii) os

dados coletados aparecem sob a forma de transcriccedilotildees de entrevistas anotaccedilotildees de campo

fotografias e desenhos entre outros documentos (iii) os pesquisadores qualitativos tentam

113

compreender os fenocircmenos que estatildeo sendo estudados a partir da perspectiva dos

participantes o que esclarece o dinamismo interno das situaccedilotildees dificilmente compreendido

pelos observadores externos e (iv) os pesquisadores tecircm proximidade do fenocircmeno que estaacute

sendo estudado possibilitando uma melhor anaacutelise dos resultados encontrados

Embora a pesquisa qualitativa demonstre subjetividade eacute possiacutevel estabelecer procedimentos

cientiacuteficos por meio da definiccedilatildeo de seu problema das hipoacuteteses das variaacuteveis e do estudo de

campo proporcionando maior objetivaccedilatildeo (VIEIRA 2004)

Rocha e Ceretta (1998) realizaram um estudo cientiacutefico sobre a importacircncia e a contribuiccedilatildeo

da pesquisa qualitativa na administraccedilatildeo concluindo que os estudos dessa natureza satildeo

capazes de descrever a complexidade de um problema compreender e classificar processos

dinacircmicos vividos por grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila de um grupo aleacutem

de possibilitar o entendimento das particularidades do comportamento dos indiviacuteduos Na

mesma linha Ghauri e Gronhaug (1995) acreditam que a pesquisa qualitativa eacute adequada em

estudos de assuntos complexos e particulares

Godoy (1995) explica que a abordagem qualitativa pode ser conduzida por diferentes

caminhos sendo trecircs deles bastante conhecidos e utilizados no campo da administraccedilatildeo a

pesquisa documental o estudo de caso e a etnografia O meacutetodo utilizado no estudo seraacute

apresentado a seguir

114

313 O Meacutetodo da Pesquisa

A pesquisa adota o meacutetodo de estudo casos que para Yin (1994) eacute um meacutetodo potencial de

pesquisa quando se deseja entender um fenocircmeno social complexo pressupotildee um maior niacutevel

de detalhamento das relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e as organizaccedilotildees bem como dos

intercacircmbios que se processam com o meio ambiente nos quais estatildeo inseridos Tull e

Hawkins (1976 p 323) afirmam que um estudo de caso refere-se a uma anaacutelise intensiva de

uma situaccedilatildeo particular e Bonoma (1985 p 203) coloca que o estudo de caso eacute uma

descriccedilatildeo de uma situaccedilatildeo gerencial

Martins (1999) descreve o estudo de caso como uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa

fenocircmenos dentro de seu contexto real (pesquisa naturaliacutestica) Aleacutem disso reuacutene o maior

nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas por meio de diferentes teacutecnicas de coleta de dados tais

como entrevistas questionaacuterio observaccedilatildeo participante entrevista em profundidade

levantamento de dados secundaacuterios entre outros O objetivo eacute de aprender a totalidade de uma

situaccedilatildeo e criativamente descrever a complexidade de um caso concreto No estudo de caso

utilizam-se enfoques exploratoacuterios e descritivos buscando identificar a multiplicidade de

dimensotildees presentes numa situaccedilatildeo

Ludke e Andreacute (1986) afirmam que os estudos de caso buscam retrair a realidade de forma

completa e profunda e o pesquisador procura revelar a multiplicidade de dimensotildees presentes

em uma situaccedilatildeo ou problema focalizando-o como um todo Bonoma (1985) explica que o

meacutetodo eacute uacutetil quando o fenocircmeno a ser estudado eacute amplo e complexo o conhecimento

existente eacute insuficiente para suportar a proposiccedilatildeo de questotildees causais e nos casos em que o

fenocircmeno natildeo pode ser estudado fora do contexto onde naturalmente ocorre O autor defende

115

o meacutetodo como uma maneira indutiva para o desenvolvimento qualitativo do marketing como

ciecircncia

O estudo de caso precisa como todos os outros meacutetodos de pesquisa cientiacutefica da elaboraccedilatildeo

de um projeto de um plano de accedilatildeo que permita a contemplaccedilatildeo do problema de pesquisa de

maneira loacutegica e otimizada (BONOMA 1985) Lazzarini (1997) afirma que este eacute um

meacutetodo qualitativo que se caracteriza mais pela compreensatildeo do fato do que pela sua

mensuraccedilatildeo e permite utilizar vaacuterias fontes em evidecircncia

Considerando o propoacutesito central da pesquisa percebe-se a importacircncia do estudo multicasos

como objetivo de analisar o varejo supermercadista na cidade de Satildeo Paulo e as variaacuteveis

presentes na formaccedilatildeo de preccedilos dos produtos alimentiacutecios por ele comercializados (YIN

1994)

Campomar (1991) reforccedila essa importacircncia ao afirmar que o estudo intensivo de um caso

permite a descoberta de relaccedilotildees que natildeo seriam encontradas de outra forma sendo as anaacutelises

e inferecircncias em estudos de casos feitas por analogias de situaccedilotildees Stake (1999) afirma que

ultimamente o interesse pela realizaccedilatildeo de estudos que envolvem casos muacuteltiplos eacute maior do

que os que envolvem casos individuais Joacuteia (2004) acredita que por meio da comparaccedilatildeo de

dados eacute possiacutevel reconhecer padrotildees e elaborar modelos que expressem a realidade

Segundo Yin (1994) para o estudo de caso os componentes de um projeto de pesquisa que

satildeo especialmente importantes satildeo as questotildees do estudo as proposiccedilotildees e as unidades de

anaacutelise Com relaccedilatildeo agraves questotildees do estudo a estrateacutegia de estudo de caso eacute mais apropriada

para responder principalmente agraves questotildees do tipo como e por que sendo assim a tarefa

inicial do investigador precisar a natureza das questotildees do estudo (YIN 1994 CAMPOMAR

1991) As proposiccedilotildees direcionam a atenccedilatildeo para algo que deveria ser examinado dentro do

116

escopo do estudo A partir do momento em que as proposiccedilotildees satildeo declaradas o estudo

comeccedila a mover-se em alguma direccedilatildeo (YIN 1994)

Lazzarini (1997) explica que em funccedilatildeo das unidades de anaacutelise do nuacutemero de casos

analisados e dos meacutetodos empregados existem algumas variaccedilatildeo no escopo da pesquisa

baseada em estudo de caso A unidade de anaacutelise eacute o objeto central da pesquisa e pode ser

caracterizada por indiviacuteduos grupos ou organizaccedilotildees bem como um processo uma atividade

ou um comportamento Aleacutem disso estaacute relacionada com o problema fundamental da

definiccedilatildeo do caso (Yin 1994) Para esse estudo de caso as unidades de anaacutelise satildeo trecircs redes

supermercadistas localizadas na cidade de Satildeo Paulo

Um ponto comum entre autores (YIN 1989 BONOMA 1985) eacute a recomendaccedilatildeo de grande

cuidado ao planejar a execuccedilatildeo do estudo de caso para fazer frente agraves criacuteticas tradicionais que

satildeo feitas ao meacutetodo Os passos a seguir recomendados por Yin (1994) demonstram a

preocupaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo do plano de pesquisa

3131 Protocolo para os Estudos de Caso

Conforme o conhecimento e o uso dos estudos de caso como meacutetodo de pesquisa aumentam

as criacuteticas em relaccedilatildeo a esta teacutecnica datildeo lugar a sua aplicaccedilatildeo nos diversos campos da ciecircncia

A relativa falta de conhecimento e da experiecircncia em relaccedilatildeo ao meacutetodo do estudo de caso

contribuiu para que falhas surgissem e alimentassem as criacuteticas feitas por aqueles que natildeo

aceitam a teacutecnica o que atualmente pode-se considerar resolvido (CAMPOMAR 1991)

117

Campomar (1991) afirma que o meacutetodo cientiacutefico eacute a maneira encontrada para legitimar o

conhecimento empiacuterico sem o quecirc os resultados das pesquisas seriam de difiacutecil aceitaccedilatildeo

Com o objetivo de aumentar a confiabilidade do meacutetodo em questatildeo Yin (1994) ressalta a

importacircncia de estabelecer um protocolo Para o autor este protocolo deve conter o

instrumento de coleta de dados os procedimentos e as regras que devem ser seguidos ao

longo do processo Aleacutem disso ainda de acordo com o autor deve apresentar o seguinte

conteuacutedo (i) uma visatildeo geral do estudo de caso (ii) os procedimentos de campo (iii) as

questotildees de pesquisa e (iv) um guia para o relatoacuterio final A seguir tem-se a explicaccedilatildeo de

cada um desses pontos

i Visatildeo Geral do Estudo de Caso

A pesquisa de campo foi realizada para complementar a revisatildeo bibliograacutefica da dissertaccedilatildeo e

proporcionar um maior entendimento sobre o apreccedilamento estrateacutegico em redes de

supermercado Optou-se por trecircs grandes grupos atuantes no Brasil localizados na cidade de

Satildeo Paulo jaacute que o projeto de pesquisa definiu a utilizaccedilatildeo do estudo de casos muacuteltiplos

A escolha das redes supermercadista foi feita por meio da classificaccedilatildeo realizada pela

Associaccedilatildeo Brasileira de Supermercados (ABRAS) das maiores redes supermercadistas

estabelecidas no paiacutes em faturamento e pelas redes que se encontram entre as cinco maiores

pois acredita-se que as primeiras colocadas possuem maior conhecimento a respeito das

variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo dos preccedilos finais de seus produtos da utilizaccedilatildeo de

estrateacutegias para diferenciar o seu posicionamento das empresas concorrentes do que as redes

118

menores A seguir foram realizados contatos com os responsaacuteveis pela formaccedilatildeo de preccedilos

dos produtos comercializados por essas redes e os principais gerentes envolvidos na escolha

do meacutetodo de precificaccedilatildeo responderam agrave entrevista

ii Procedimentos de Campo

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas pessoais orientadas por um roteiro semi-

estruturado natildeo disfarccedilado (Apecircndice 1) junto a diretores e gerentes das redes pesquisadas

Todas as entrevistas foram realizadas na cidade de Satildeo Paulo pela proacutepria pesquisadora do

estudo possibilitando a obtenccedilatildeo de dados qualitativos primaacuterios

O roteiro semi-estruturado parte de alguns questionamentos baacutesicos que satildeo elaborados por

meio dos conceitos expostos na teoria e na experiecircncia do pesquisador A partir dos pontos

abordados e dos dados fornecidos pelo entrevistado surgem novas questotildees Essa sequumlecircncia

permite que o respondente participe ateacute certo grau da conduccedilatildeo da pesquisa (TREVINtildeOS

1987)

Embora tenha-se solicitado que as respostas fossem baseadas em fatos fontes de dados

secundaacuterios como jornais revistas e informaccedilotildees nos sites das empresas tambeacutem foram

utilizadas para complementar as informaccedilotildees obtidas e reduzir a possibilidade de declaraccedilotildees

tendenciosas considerada uma das limitaccedilotildees do meacutetodo escolhido

Os dados foram coletados em janeiro de 2006 Buscou-se analisar e comparar os casos

estudados verificando as semelhanccedilas as diferenccedilas e as particularidades de forma a retratar

um cenaacuterio condizente com a realidade presenciada O objetivo natildeo foi generalizar os

119

resultados obtidos jaacute que a pesquisa eacute de natureza exploratoacuteria e tal generalizaccedilatildeo somente

poderia ser feita por meio de uma maior representatividade da amostra

iii Questotildees de Pesquisa

Para direcionar as entrevistas o roteiro semi-estruturado e natildeo disfarccedilado foi elaborado Esse

roteiro foi dividido em duas partes A primeira parte teve como objetivo coletar informaccedilotildees a

respeito da empresa como nuacutemero de funcionaacuterios faturamento participaccedilatildeo de mercado

entre outras importantes para a caracterizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

A segunda parte abordou o problema de investigaccedilatildeo do estudo As questotildees relacionadas a

definiccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico da empresa encontram-se descritas nesse ponto Foram

considerados os seguintes toacutepicos o objetivo da determinaccedilatildeo de preccedilos a anaacutelise dos preccedilos

dos concorrentes o meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos a estrateacutegia de seleccedilatildeo do preccedilo final

a estrateacutegia de adequaccedilatildeo do preccedilo e as variaacuteveis que influenciam na fixaccedilatildeo do preccedilo dos

produtos comercializados pelas redes

Como se tratou de uma pesquisa qualitativa o roteiro caracterizado pela flexibilidade natildeo foi

previamente testado As questotildees de pesquisa foram averiguadas em cada rede

supermercadista e os resultados e discussotildees realizados para cada caso

120

iv Guia para o Relatoacuterio Final

Apoacutes a coleta dos dados os casos foram apresentados por meio de relatoacuterios Esses relatoacuterios

obedecem ao roteiro de entrevistas empregado e explica cada uma das questotildees formuladas

para responder agrave pergunta de pesquisa de acordo com as informaccedilotildees dadas pelos

profissionais e das coletadas em fontes secundaacuterias

Os casos foram denominados como Caso 1 Rede A Caso 2 - Rede B e Caso 3 - Rede C

devido agrave confidencialidade das informaccedilotildees coletadas Por tratar de um setor competitivo e

porque o estudo aborda questotildees estrateacutegicas as redes natildeo autorizaram a divulgaccedilatildeo dos seus

nomes

As anaacutelises e consideraccedilotildees foram tratadas na conclusatildeo do estudo a partir da comparaccedilatildeo

dos casos com a teoria apresentada A seguir estatildeo descritos os estudos de casos realizados

121

4 O ESTUDO MULTICASOS

41 Os Supermercados no Brasil

Silveira e Lepsch (1997) explicam que a exemplo do que aconteceu nas economias mais

desenvolvidas o setor de serviccedilos no Brasil cresceu com maior rapidez do que os outros dois

macro-setores passando a ocupar a partir da deacutecada de 90 o primeiro lugar no produto

econocircmico com cerca de 50 do total Dentro do setor de serviccedilos encontra-se o varejo onde

o supermercado ocupa um lugar de destaque Este por sua vez eacute o preferido de 85 dos

consumidores urbanos em termos de volume total de vendas de bens de consumo (alimentos

e produtos de higiene e limpeza) Os outros 15 realizam suas compras em equipamentos

tradicionais (armazeacutens bares e mercearias empoacuterios e padarias) nos quais o auto-serviccedilo eacute

inexistente (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Os supermercados surgiram na deacutecada de 30 nos Estados Unidos jaacute mostrando a sua forccedila e

a sua importacircncia para o sistema de distribuiccedilatildeo de alimentos em todo o mundo Mas foi

depois de 20 anos na deacutecada de 50 quando os primeiros estabelecimentos desse tipo

surgiram no surgiram no Brasil O incentivo agrave proliferaccedilatildeo dessa forma de comeacutercio foi

incentivada pelas grandes induacutestrias estabelecidas no paiacutes A partir daiacute o crescimento foi

inevitaacutevel

Nos anos 50 o conceito de auto-serviccedilo foi consolidado mas foi somente no final da deacutecada

de 60 que os supermercados aumentaram sua participaccedilatildeo no faturamento do varejo se

firmando como o principal estabelecimento de distribuiccedilatildeo de alimentos existente no mercado

122

(SESSO FILHO 2003) Segundo Lima (2001) e Senhoras (2003) os supermercados

tornaram-se indispensaacuteveis agrave estrutura de vida dos consumidores brasileiros e desde entatildeo

observou-se uma tendecircncia de crescimento contiacutenuo do setor e a substituiccedilatildeo ao modelo

tradicional de distribuiccedilatildeo de alimentos

Atualmente o varejo atravessa um processo de transformaccedilatildeo intenso Com o acelerado ritmo

de consolidaccedilatildeo um nuacutemero crescente de varejistas aparece na relaccedilatildeo das maiores empresas

do Brasil No varejo supermercadista o Carrefour e o Grupo Patildeo de Accediluacutecar situam-se entre as

cinco maiores empresas privadas brasileiras com vendas anuais acima de quatro bilhotildees de

doacutelares (CEV 2005)

O ranking da ABRAS 2004 (LUKIANOCENKO 2004) traz informaccedilotildees sobre o faturamento

das redes que atuam no paiacutes e o grupo Patildeo de Accediluacutecar registrou a primeira posiccedilatildeo em 2004

com R$ 127 bilhotildees responsaacutevel por 147 do mercado seguido pela rede Carrefour com

vendas brutas de R$ 11 bilhotildees e 126 de participaccedilatildeo Em terceiro lugar aparece o grupo

Sonae com R$ 37 bilhotildees seguido pelo BomPreccedilo (ainda independente do grupo Wal Mart

pelo qual foi adquirido) com R$ 34 bilhotildees e pelo Sendas com R$ 22 bilhotildees Juntos os

cinco maiores grupos supermercadistas detecircm uma participaccedilatildeo 38 aproximadamente A

tabela 1 apresenta dados sobre as dez redes com maior faturamento do setor supermercadista

brasileiro e o quadro 11 traz algumas informaccedilotildees relevantes sobre as dez redes com maior

faturamento no setor supermercadista brasileiro

Ghisi (2005) cita que do total de lojas existentes no setor supermercadista composto por

quase 19 mil empresas 456 se encontram na regiatildeo sudeste seguida pelas regiotildees sul

norte-nordeste e centro-oeste com 272 230 e 42 respectivamente A regiatildeo sudeste

permanece na primeira posiccedilatildeo em 2002 a mesma obtida no ano anterior embora tenha

registrado uma queda na participaccedilatildeo sobre o faturamento do setor que em 2002 era de

123

593 A regiatildeo Sul se destaca no crescimento da participaccedilatildeo no setor de 183 em 2002

para 191 em 2003

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro Classificaccedilatildeo no

Ranking Empresa SedeFaturamento Bruto

em 2003 (R$)Participaccedilatildeo sobre o Setor

No de Lojas

No de Funcionaacuterios

No de Check-Outs por Loja

1Companhia Brasileira de Distribuiccedilatildeo SP 12788363000 15 497 55557 16

2Carrefour Comeacutercio e Induacutestria Ltda SP 11028288954 13 329 45899 22

3Sonae Distribuiccedilatildeo Brasil SA RS 3732240000 4 148 20923 23

4

BomPreccedilo SA Supermercado do Nordeste PE 3442710562 4 118 16342 20

5 Sendas SA RJ 2273353718 3 76 12057 21Total 5 Maiores 33264956234 39 1168 150778

6 Wall-Mart Brasil SA SP 1940103602 210 25 7032 28

7Cia Zaffari Comeacutercio e Induacutestria RS 1182206802 130 26 7552 33

8COOP - Cooperativa de Consumo SE 940161517 1 21 3837 19

9G Barbosa Comercial Ltda SP 923612000 090 32 5649 19

10Irmatildeos Bretas Filhos e Cia MG 811210627 080 40 5942 17

Total 10 Maiores 39062250782 45 1312 180790 Fonte Lukianocenko (2004)

Silveira e Lepsch (1997) argumentam que a importacircncia do supermercado tambeacutem pode ser

medida pelo fato desse formato varejista ser um dos primeiros a estudar a disposiccedilatildeo das

mercadorias e o movimento dos consumidores no interior da loja Os autores complementam

explicando que o supermercado procura atrair a preferecircncia dos clientes por meio de maior

velocidade nos check-outs e layouts bem estruturados

124

As grandes empresas do setor no Brasil em sua maioria com bandeiras diferenciadas jaacute

atuam tanto no segmento de hipermercados quanto no de supermercados No segmento de

supermercados algumas trabalham com bandeiras diferentes visando atingir puacuteblicos

especiacuteficos (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro

SETOR SUPERMERCADISTA BRASILEIRO O setor supermercadista brasileiro eacute composto por quase 19 mil empresas 80 dos supermercados do territoacuterio brasileiro satildeo de pequeno porte e faturam menos que R$ 100 mil mensais 611 do total das lojas do setor supermercadista tecircm um nuacutemero meacutedio de ateacute 7 check-outs 303 das lojas supermercadistas do Brasil satildeo jovens (tecircm no maacuteximo cinco anos) e apenas 159 tecircm mais de 20 anos 27 dos supermercados do Brasil concentram-se no Estado de Satildeo Paulo (maior concentraccedilatildeo por Estado brasileiro) Apenas 21 dos supermercados do Brasil tecircm aacuterea superior a 2500 msup2 e satildeo considerados lojas grandes Apenas 03 das lojas supermercadistas do Estado de Satildeo Paulo faturam acima de R$ 5 milhotildees mensais Em 1999 foi vendido em meacutedia um supermercado por dia (concentraccedilatildeo do setor) Entre os anos de 2001 e 2002 foram investidos no setor mais de R$ 1 bilhatildeo As 5 principais redes supermercadistas atuantes no Brasil detecircm 381 do faturamento anual de R$ 60 bilhotildees de reais do setor supermercadista brasileiro Fonte Ghisi 2005

Ghisi (2005) explica que embora o supermercado seja um estabelecimento presente em todos

os paiacuteses e ateacute mesmo em quase todas as cidades de grande meacutedio e pequeno porte e ser

considerado um dos setores da economia brasileira que mais se modernizaram nas uacuteltimas

deacutecadas sua criaccedilatildeo e seu desenvolvimento podem ser considerados recentes Algumas das

tendecircncias do setor satildeo resultantes desse processo de modernizaccedilatildeo investimentos em

expansatildeo internacionalizaccedilatildeo do capital segmentaccedilatildeo de formatos expansatildeo das aacutereas

geograacuteficas de atuaccedilatildeo e concentraccedilatildeo (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

125

As empresas liacutederes do setor supermercadista instaladas no territoacuterio nacional visando

ampliar ou ateacute mesmo manter suas participaccedilotildees de mercado podem adotar duas formas

estrateacutegicas de expansatildeo construccedilatildeo de novos pontos de venda (expansatildeo proacutepria) ou compra

de outras redes supermercadistas existentes (GHISI 2005) A primeira embora natildeo seja o

foco principal das redes eacute adotada por algumas empresas como o supermercado Wal-Mart

Por outro lado a compra de outras redes supermercadistas consiste na estrateacutegia de maior

difusatildeo no Brasil Ghisi (2005) afirma que no ano de 1999 um supermercado foi comprado

por dia no paiacutes retratando a adoccedilatildeo em larga escala dessa estrateacutegia Senhoras (2003) explica

que comparada agrave expansatildeo proacutepria a aquisiccedilatildeo ou fusatildeo eacute mais vantajosa a medida que

acelera o conhecimento do mercado e dos haacutebitos dos consumidores da regiatildeo

Quanto agrave internacionalizaccedilatildeo do setor supermercadista brasileiro eacute correto afirmar que a

estrateacutegia se desenvolveu principalmente na deacutecada de 90 periacuteodo no qual o setor atravessou

uma fase de grandes mudanccedilas provocadas por fatores como a maior abertura da economia

(acircmbito externo) e estabilizaccedilatildeo econocircmica (acircmbito interno) resultando em um cenaacuterio

marcado pelo aumento de competidores internacionais (GHISI 2005)

Senhoras (2003) explica que essa internacionalizaccedilatildeo levou ao aumento da concorrecircncia em

todo o mundo resultando em um novo ambiente institucional proporcionado pelo processo de

globalizaccedilatildeo O autor cita como consequumlecircncia do processo o surgimento de megacorporaccedilotildees

com capacidade de concentraccedilatildeo e dominaccedilatildeo econocircmica

No setor supermercadista nacional esse processo ocorre por meio de aquisiccedilotildees e fusotildees em

que as redes estrangeiras visam obter maior conhecimento da operacionalizaccedilatildeo do mercado

brasileiro como por exemplo o Grupo Casino

126

Com relaccedilatildeo aos formatos Ghisi (2005) afirma que o consumidor brasileiro estaacute migrando

dos hipermercados para os supermercados de vizinhanccedila Isso acontece porque embora o

atrativo dos hipermercados seja o preccedilo se os estabelecimentos de bairro conseguirem preccedilos

mais competitivos como acontece hoje junto com a vantagem de conveniecircncia maior oferta

de serviccedilos e localizaccedilatildeo proacutexima ao cliente conquistaratildeo muitos consumidores

A estrateacutegia de expansatildeo das aacutereas geograacuteficas de atuaccedilatildeo eacute compreendida como o esforccedilo

dos supermercadistas em expandirem-se para outras regiotildees natildeo atendidas no mercado

domeacutestico por meio de aquisiccedilotildees e ampliar sua participaccedilatildeo de mercado Sato e Bessa Jr

(2000) destacam que a preferecircncia de aquisiccedilatildeo eacute por supermercados regionais que jaacute

conhecem o perfil do consumidor local Saab Gimenez e Ribeiro (2000) citam como

exemplo o Grupo Patildeo de Accediluacutecar que investe na atuaccedilatildeo no Nordeste mesmo tendo que

enfrentar redes com lideranccedila jaacute consolidada na regiatildeo

A concentraccedilatildeo de mercado eacute resultante da adoccedilatildeo das estrateacutegias descritas anteriormente As

redes maiores adquirem redes de menores surgindo um mercado concentrado em poder dos

hiper e supermercados Em 2003 as dez maiores redes foram responsaacuteveis por um

faturamento bruto igual a R$ 39 bilhotildees o que corresponde a 45 do faturamento do setor

(LUKIANOCENKO 2004)

A concentraccedilatildeo prejudica o desenvolvimento dos supermercados menores o que eacute

considerado um fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil e tecircm grande contribuiccedilatildeo para a

economia do paiacutes (DIEESE 2003)

Dados da ABRAS (2005) mostram que no Brasil o processo de concentraccedilatildeo se desenvolve

gradativamente A concentraccedilatildeo se intensificou na segunda metade da deacutecada de 90 mas o

127

paiacutes ainda natildeo atingiu grau elevado como a Alemanha Franccedila e Inglaterra onde as cinco

maiores empresas detecircm 76 67 e 60 do mercado respectivamente

Dada as principais caracteriacutesticas do setor supermercadista no Brasil eacute preciso apresentar as

informaccedilotildees mais relevantes sobre as unidades de anaacutelise da pesquisa Os proacuteximos toacutepicos

descrevem cada um dos grupos analisados de acordo com o protocolo do estudo de casos

42 Caso 1 ndash Rede A

A primeira rede foi fundada em 1948 Esse grupo foi o pioneiro no setor varejista de

alimentos no Brasil e opera sob quatro diferentes formatos de supermercados hipermercados

e eletroeletrocircnicos sendo essa uma das suas principais vantagens competitivas Seu

faturamento bruto foi de aproximadamente R$15 bilhotildees em 2004 e R$ 116 bilhotildees nos nove

primeiros meses de 2005 possui cerca de 58 mil funcionaacuterios e 550 lojas distribuiacutedas em 13

estados brasileiros totalizando uma aacuterea de vendas de aproximadamente 980 mil metros

quadrados

O grupo opera com cinco unidades de negoacutecios diferentes com estrateacutegias de venda e foco de

atuaccedilatildeo especiacuteficos e direcionados para consumidores de diferentes perfis As participaccedilotildees

em faturamento de cada uma das unidades satildeo estatildeo divididas aproximadamente em 48

para a maior 25 a segunda colocada 16 a terceira 9 a quarta e por fim apenas 2 a

menor divisatildeo que natildeo foca a distribuiccedilatildeo de alimento nem higiene pessoal

128

Quanto a decisatildeo de preccedilos primeiramente tem-se a definiccedilatildeo dos objetivos para cada uma

das unidades de negoacutecio em que opera a seguir satildeo analisados a demanda e os custos de cada

bandeira satildeo coletadas informaccedilotildees sobre os concorrentes os meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos satildeo definidos e posteriormente adequados agrave realidade de cada formato

Com relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilo os entrevistados da Rede A explicaram que embora a

empresa tenha como objetivo maior aumentar a sua participaccedilatildeo no mercado se analisarem

cada unidade percebe-se diferentes caminhos Os hipermercados trabalham para aumentar o

volume de vendas os supermercados tem como foco o valor percebido pelo consumidor (dos

produtos e dos serviccedilos) e o objetivo eacute a lideranccedila na qualidade dos produtos e as lojas de

desconto tambeacutem trabalham para aumentar o volume das vendas Os gerentes enfatizaram

que os objetivos particulares satildeo diferentes mas todos foram definidos para que a empresa

conquiste maior participaccedilatildeo

A anaacutelise da demanda eacute realizada separadamente jaacute que os consumidores dos diferentes

formatos possuem caracteriacutesticas diferentes como o grau de sensibilidade ao preccedilo Os

entrevistados explicaram que no hipermercado o puacuteblico-alvo procura pela melhor relaccedilatildeo

custo-benefiacutecio Como as compras satildeo mensais principalmente e a mercadoria adquirida eacute a

cesta baacutesica de produtos os clientes satildeo informados sobre os preccedilos dos produtos e jaacute estatildeo

acostumados a desembolsar uma certa quantia Eles buscam marcas liacutederes ou segunda marca

a preccedilos compatiacuteveis com os oferecidos no mercado geralmente optam pela rede que oferecer

os bens a um preccedilo melhor

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra desse cliente Ele tambeacutem busca

segundo os respondentes locais de faacutecil acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento

um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos

129

organizados nas gocircndolas corredores amplos para a passagem dos carrinhos nuacutemero

suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Nos supermercados existe uma classificaccedilatildeo entre as lojas Elas satildeo divididas em categorias

top de linha intermediaacuteria e popular As consideradas top estatildeo localizadas em bairros nobres

onde a renda dos consumidores eacute mais alta Nesses locais os produtos comercializados satildeo

mais caros porque de acordo com os entrevistados os custos de manutenccedilatildeo satildeo mais altos

os serviccedilos oferecidos satildeo mais amplos o nuacutemero de funcionaacuterios eacute maior e a sensibilidade

do comprador eacute muito baixa Os consumidores que buscam status satildeo poucos sensiacuteveis a

preccedilos elevados pois estes produtos (nesse caso o proacuteprio estabelecimento) inspiram prestiacutegio

e exclusividade Aleacutem disso os compradores desse supermercado acreditam que os bens

comercializados apresentam qualidade superior

Nas lojas intermediaacuterias a sensibilidade do consumidor tambeacutem eacute baixa (caracteriacutestica do

puacuteblico-alvo da empresa para esse formato) mas alguns itens de maior valor natildeo entram da

lista de produtos comercializados no local assim como acontece nas lojas populares Elas

estatildeo localizadas em regiotildees onde a renda dos clientes eacute um pouco mais baixa e embora a

busca por comodidade e serviccedilos seja uma realidade os compradores natildeo estatildeo dispostos a

pagar um preccedilo muito elevado por mercadoria de prestiacutegio Isso acontece porque a quantia

pode significar uma boa parcela do seu orccedilamento financeiro

As lojas de descontos atendem o puacuteblico muito sensiacutevel ao preccedilo A rede natildeo conseguia

vender bem itens como frutas e legumes Depois de analisar os haacutebitos das classes mais de

renda mais baixa os executivos da empresa descobriram que o consumidor C D e E preferia

comprar na feira por quatro motivos (i) o local eacute um ponto de encontro (ii) a pechincha eacute

permitida (iii) haacute um contato proacuteximo com o vendedor e o mais importante (iv) haacute fartura

130

Com esses conceitos em mente a rede reestruturou a aacuterea de hortifrutigranjeiros e colocou ateacute

uma banca de pastel na loja As vendas subiram 25

A estrutura de mercado eacute definida pelos poucos concorrentes que dominam o mercado No

varejo de alimentos as cinco primeiras redes satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 do

faturamento total O dado demonstra a forte competiccedilatildeo entre as empresas e segundo os

entrevistados tambeacutem a importacircncia da anaacutelise da concorrecircncia

A estimativa de custos satildeo considerados os fixos e os variaacuteveis O preccedilo estabelecido deve

cobrir o custo total e permitir uma margem de lucro Como cada formato se posiciona de

forma diferenciada os custos e as margens de cada um satildeo calculados separadamente Nos

custos variaacuteveis a Rede A considera os serviccedilos oferecidos aos clientes e os gastos com

publicidade e propaganda institucional

A margem para os hipermercados segue a proposta pelos seus concorrentes assim como nas

lojas de desconto No supermercado utiliza-se a margem que se mostra mais adequada ao seu

objetivo Os gerentes explicaram que a rede de um modo geral foca a eficiecircncia e a reduccedilatildeo

de despesas operacionais o que traz maior competitividade agrave companhia uma vez que os

ganhos satildeo repassados aos preccedilos mesmo para os supermercados

Os supermercados da rede trabalham com alta margem jaacute que se posiciona como prestadores

de serviccedilos qualificados O puacuteblico que frequumlenta o estabelecimento procura comodidade

variedade de produtos alta qualidade marcas conhecidas facilidade de entrega excelecircncia no

atendimento localizaccedilatildeo privilegiada e proacutexima a sua casa horaacuterios flexiacuteveis e status Os

gerentes entrevistados afirmam que esse consumidor estaacute disposto a pagar para encontrar tais

facilidades na hora da compra Por tanto os preccedilos dos produtos oferecidos satildeo compatiacuteveis

131

com o preccedilo de mercado (preccedilo cheio) Pode-se concluir que nos supermercados a

estrateacutegia utilizada eacute de preccedilo acima do mercado

Os gerentes da unidade estudada afirmam que o posicionamento do supermercado eacute

supermercado de vizinhanccedila forte em produtos pereciacuteveis que oferece grande variedade de

produtos alta qualidade a preccedilos competitivos aleacutem do excelente atendimento aos clientes

Portanto o preccedilo natildeo eacute o mais alto nem o mais baixo que os preccedilos do mercado poreacutem eacute

percebido pelos clientes como mais alto do que o da concorrecircncia direta resultado da imagem

sofisticada que o supermercado passa Uma pesquisa realizada apontou que os preccedilos

percebidos natildeo correspondiam com os preccedilos reais oferecidos por suas lojas

A anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente pela empresa O controle das accedilotildees dos

competidores eacute segundo os entrevistados uma praacutetica diaacuteria na empresa (shopping de

preccedilos) As informaccedilotildees sobre a concorrecircncia satildeo coletadas por funcionaacuterios das lojas assim

como acontece nos hipermercados uma equipe preparada que visita os competidores

localizados na aacuterea de influecircncia de cada regiatildeo dos supermercados Os dados coletados

ajudam a monitorar as accedilotildees da concorrecircncia

Embora o supermercado pratique preccedilos acima do mercado eacute preciso que saiba o niacutevel

praticado pois se o valor estiver alto demais eacute provaacutevel que as vendas diminuam em algumas

regiotildees As vendas satildeo analisadas diariamente e qualquer indiacutecio de queda no volume eacute

rapidamente detectado e accedilotildees para reverter a situaccedilatildeo satildeo colocadas em praacutetica

Para os hipermercados o shopping de preccedilos eacute importante se manter dentro do preccedilo meacutedio

Cada gerente de loja tem autonomia suficiente para adequar seu preccedilo ao da loja vizinha Os

preccedilos satildeo adequados conforme a localizaccedilatildeo da loja por isso a responsabilidade e autonomia

descentralizada

132

A Rede A determina os preccedilos de seus produtos por meio do meacutetodo de mark-up que consiste

em atribuir uma margem ao custo total da unidade de produto e tambeacutem utiliza o valor

percebido pelo cliente Nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento praticada eacute HILO onde

o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes

A taacutetica do preccedilo isca eacute bastante utilizada pela empresa por meio de promoccedilotildees em um dia

fixo da semana como por exemplo as quartas-feiras FLV (frutas verduras e legumes) e para

venda de produtos pereciacuteveis Os volumes de venda triplicam nesses dias pois os descontos

chegam a 50 do preccedilo e haacute forte comunicaccedilatildeo na miacutedia de massa como jornais e televisatildeo

Descontos sazonais tambeacutem satildeo oferecidos para compras realizadas fora da temporada Eacute

mais utilizada pelas Divisotildees de hipermercado e lojas de desconto

Os supermercados trabalham com o preccedilo por segmento de consumidores e preccedilo por

localizaccedilatildeo Como explicado anteriormente pelos gerentes o puacuteblico dessa unidade de

negoacutecio eacute pouco sensiacutevel a preccedilo mas dependendo da regiatildeo da loja e da renda de seus

habitantes a sensibilidade pode apresentar maior grau Assim em regiotildees onde o poder de

compra eacute mais alto os preccedilos dos produtos satildeo mais elevados do que em regiotildees habitadas por

classes sociais que apresentam renda mais baixa Para aumentar o valor percebido descontos

satildeo utilizados apenas para produtos sazonais vendidos fora da temporada nesse formato

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo aleacutem dos custos demanda e

concorrecircncia os entrevistados afirmaram que satildeo considerados para o formato hipermercado

os preccedilos dos seus concorrentes principalmente A localizaccedilatildeo da loja e renda dos moradores

da regiatildeo satildeo fatores importantes e exercem certa influecircncia entretanto satildeo mais relevantes

para a fixaccedilatildeo dos preccedilos nos supermercados da rede Os descontos obtidos em negociaccedilotildees

de preccedilos com os fornecedores satildeo repassados para os clientes da loja de desconto e

hipermercados mas natildeo para os compradores de status e de conveniecircncia do supermercado

133

Nos supermercados tambeacutem satildeo consideradas as marcas dos produtos Por oferecerem grande

variedade e sortimento produtos liacutederes e outros inovadores marcas diferenciadas de preccedilo-

premium e qualidade superior os preccedilos cobrados satildeo considerados competitivos e preccedilos de

mercado sem descontos Os serviccedilos oferecidos estatildeo dentro do caacutelculo de custos

Nas lojas de desconto o eacute sortimento limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados As mercadorias satildeo expostas sem a utilizaccedilatildeo de material de ponto

de venda da forma mais simples e faacutecil possiacutevel Natildeo existem muitos serviccedilos oferecidos e haacute

poucos funcionaacuterios Tais medidas satildeo consideradas para que os custos sejam baixos e assim

no caacutelculo do mark-up o preccedilo se torne bem acessiacutevel ao puacuteblico desse formato

Nessas lojas os poucos itens comercializados representam produtos da cesta baacutesica da marca

liacuteder uma marca inferior e muitos bens de marca proacutepria O objetivo nesse caso eacute o mesmo

reter mais da margem bruta gerada pela venda resultante do baixo investimento em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais

43 Caso 2 ndash Rede B

A Rede B foi pioneira no Brasil no conceito de hipermercados Chegou ao paiacutes em 1975 com

a sua primeira unidade na cidade do Rio de Janeiro A empresa possui mais de 11000 lojas

por todo mundo e estaacute presente em 31 paiacuteses Ela emprega mais de 430000 pessoas sendo

que 69 trabalham na Europa 20 na Ameacuterica Latina e 11 na Aacutesia Conta com mais de 2

bilhotildees de clientes

134

Atualmente opera com cerca de 80 hipermercados 110 supermercados e 60 lojas de

descontos As lojas no paiacutes estatildeo espalhadas por 11 estados e no Distrito Federal Sua

participaccedilatildeo no mercado eacute de 12 do faturamento total do setor No Brasil satildeo 46000

funcionaacuterios em todas as unidades de negoacutecio de rede Seu faturamento bruto foi de

aproximadamente R$12 bilhotildees em 2004

O apreccedilamento estrateacutegico do grupo tambeacutem obedece a ordem de definiccedilatildeo dos objetivos da

empresa seguidos pela anaacutelise da demanda e os seus custos Em terceiro lugar estaacute a coleta de

informaccedilotildees sobre os concorrentes em quarto a definiccedilatildeo dos meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos e por fim eacute feita a adequaccedilatildeo

Como objetivo de preccedilo a rede B afirma ter bem claro que o foco estaacute no aumento de sua

participaccedilatildeo no mercado Embora cada formato tenha um posicionamento distinto esse

objetivo eacute comum para todas as unidades de negoacutecio do grupo Os respondentes explicam que

o foco maior estaacute na estrateacutegia geral da empresa e com todos buscando o mesmo resultado eacute

mais faacutecil conseguir atingi-lo

A anaacutelise da demanda eacute tambeacutem eacute realizada da mesma forma para todas as bandeiras pois a

sensibilidade a preccedilo encontra-se no mesmo niacutevel para todos os compradores-alvo desse

grupo Os entrevistados classificam o puacuteblico da empresa como consumidores sensiacuteveis O

que diferencia o cliente de uma Divisatildeo para outra eacute a ocasiatildeo de compra No hipermercado

satildeo realizadas as compras mensais dos produtos da sexta baacutesica e mercadorias para a casa

No supermercado a procura eacute por produtos que terminaram antes da proacutexima compra mensal

ou de alguns produtos mais elaborados para situaccedilotildees natildeo programadas Nas lojas de

descontos os clientes satildeo muito sensiacuteveis aos preccedilos pois buscam o mais baixo e natildeo

procuram qualquer tipo de conveniecircncia ou comodidade Os gerentes explicaram ainda que o

135

puacuteblico-alvo dos hipermercados e supermercados procura pela melhor relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio Os supermercados da rede focam na venda de alimentos e produtos pereciacuteveis

enquanto os hipermercados oferecem itens de vestuaacuterios higiene e limpeza alimentos entre

outros

Algumas reformulaccedilotildees estatildeo sendo realizadas nos supermercados do grupo segundo os

respondentes A mudanccedila eacute para aumentar a rentabilidade do formato A nova estrateacutegia da

rede eacute baseada em quatro pilares preccedilo justo variedade qualidade e atendimento

No que se refere a variedade haveraacute a ampliaccedilatildeo do sortimento relanccedilamento de produtos

marca proacutepria e maior crescimento do nuacutemero de alimentos pereciacuteveis comercializados

Os gerentes complementam explicando que todas essas accedilotildees visam melhorar a rentabilidade

mas sem aumentar os preccedilos As negociaccedilotildees de produtos das lojas continuam sendo feitas

dentro do grupo O nosso serviccedilo seraacute de supermercado mas com preccedilos de hiper afirmam

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra dos clientes dos hipermercados e

supermercados da empresa Ele tambeacutem busca segundo os respondentes locais de faacutecil

acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara

muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos organizados nas gocircndolas corredores amplos

para a passagem dos carrinhos nuacutemero suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Ao estimar seus custos a Rede B calcula os classifica assim como a Rede A em custos fixos e

custos variaacuteveis No caso o objetivo eacute que o preccedilo fixado cubra o custo total e tambeacutem

permita margem de lucro Os custos satildeo estimados de forma conjunta para toda a empresa e

apenas os problemas com perdas (mercadorias vencidas danificadas ou perdidas) eacute que satildeo

calculados para cada loja de cada formato e a tarefa eacute de responsabilidade dos gerentes do

estabelecimento

136

Todo o orccedilamento para campanhas de miacutedia eacute realizado com uma porcentagem do lucro

obtido pela empresa no ano anterior e satildeo utilizados para a fortalecer a imagem institucional

do grupo As demais accedilotildees de miacutedia satildeo divididas entre a rede e os fornecedores que entram

com verba para colocar produtos em promoccedilotildees ou lanccedilar novos itens Os serviccedilos oferecidos

aos clientes satildeo considerados nos custos da empresa no momento do caacutelculo de preccedilo das

mercadorias comercializadas

Assim como nas outras empresas do setor a anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente

pela empresa A praacutetica do conhecido shopping de preccedilos eacute utilizada constantemente O

conceito eacute conhecido por todos e natildeo requer nenhum tipo de estrateacutegia especiacutefica aleacutem do

treinamento da equipe de funcionaacuterios responsaacuteveis pela tarefa As visitas satildeo programadas

para os competidores localizados na aacuterea de influecircncia de cada loja das diferentes Divisotildees

Os entrevistados explicam que embora a decisatildeo sobre a estrateacutegia de apreccedilamento seja

realizada em conjunto com a matriz os gerentes da loja possuem autonomia suficiente para

fazer mudanccedilas de preccedilos para se proteger das accedilotildees concorrenciais Satildeo analisados

promoccedilotildees atuais e passadas os preccedilos praticados em dias de praacutetica do preccedilo isca

descontos sazonais entre outras taacuteticas utilizadas pelos competidores

A importacircncia da anaacutelise dos concorrentes para empresa segundo os respondentes estaacute na

manutenccedilatildeo do preccedilo meacutedio (hipermercados e supermercados) Os produtos comercializados

devem estar dentro do patamar de preccedilos oferecidos no mercado e para isso eacute fundamental

acompanhar as estrateacutegias das demais empresas do setor Qualquer item que esteja acima do

preccedilo praticado pelo mercado resulta em queda de vendas

As lojas de desconto localizam-se em bairros mais afastados e de populaccedilatildeo com renda mais

limitada O formato concentra-se na periferia Seu diferencial em relaccedilatildeo aos hipermercados

137

estaacute na localizaccedilatildeo proacutexima da casa dos clientes como o mercadinho de bairro O gerente

da rede diz que a marca oferece um nuacutemero reduzido de itens nas prateleiras em comparaccedilatildeo

com os hipermercados

Existem produtos de marca proacutepria que possibilitam aumento da margem de lucro Ao

desenvolver marcas proacuteprias e aumentar a participaccedilatildeo desses produtos dentro do conjunto

ofertado aos consumidores os varejistas podem reter mais da margem bruta gerada pela

venda Isso acontece porque as marcas proacuteprias natildeo precisam de grandes investimentos em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais Os outros produtos satildeo de marcas liacutederes e

marcas inferiores

O formato oferece pouco ou nenhum tipo de serviccedilo para o cliente final As mercadorias satildeo

expostas nas gocircndolas sem muita preocupaccedilatildeo com a disposiccedilatildeo A estrateacutegia nesse caso eacute de

preccedilo abaixo do mercado e para conseguir manter o posicionamento a reduccedilatildeo dos custos eacute

uma das principais preocupaccedilotildees O objetivo eacute a maximizaccedilatildeo do volume de vendas e toda

vantagem nas negociaccedilotildees com os fornecedores eacute repassada diretamente para o comprador

para oferecer preccedilos baixos ao mercado

O meacutetodo de mark-up eacute o mais utilizado e nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento

praticada como na Rede A eacute HILO onde o varejista cobra preccedilos mais altos e realiza

promoccedilotildees frequumlentes Para qualquer tipo e variedade de produtos comercializados pela Rede

B existe um trabalho de gerenciamento de categoria onde satildeo definidos quais seratildeo as famiacutelias

de produtos marcas e embalagens e suas respectivas margens objetivas bem como a

periodicidade das pesquisas de preccedilos na concorrecircncia Os gerentes explicam que o grau de

importacircncia atribuiacutedo para cada uma das famiacutelias de produtos estaacute associado a sua definiccedilatildeo

(dominantes destino competitivos traacutefego convenientes bandeira e sazonais)

138

Outra estrateacutegia em comum entre as duas redes pesquisadas eacute o preccedilo isca tambeacutem por meio

de promoccedilotildees em um dia fixo da semana Os volumes de venda aumentam significadamente

nesses dias mas os gerentes natildeo se dispuseram a comentar os nuacutemeros A praacutetica de

descontos sazonais para compras realizadas fora da temporada pode ser observada entre

outras promoccedilotildees de preccedilos para combater o concorrente

Com relaccedilatildeo agraves variaacuteveis que exercem influecircncia no apreccedilamento dos produtos os gerentes

citaram principalmente os preccedilos praticados pelos concorrentes A localizaccedilatildeo e a renda dos

consumidores influenciam de maneira indireta jaacute que cada loja busca estar compatiacutevel com o

preccedilo aceito pela populaccedilatildeo que habita determinada regiatildeo onde o estabelecimento se

encontra Segundo os profissionais da Rede B na hora de definir o preccedilo as duas variaacuteveis satildeo

estudadas mas ainda eacute o preccedilo dos competidores que guiam os niacuteveis praticados

Os gerentes chamam a atenccedilatildeo para um novo formato que a rede vem desenvolvendo Satildeo

hipermercados dirigidos agraves classes mais altas Como operam com apenas uma loja natildeo a

estrutura de preccedilos ainda obedece agraves regras da matriz A diferenccedila afirmam os entrevistados

estaacute no sortimento de produtos e os serviccedilos oferecidos mas acreditam que a localizaccedilatildeo e a

rede nesse caso teratildeo mais peso para o apreccedilamento estrateacutegico

O poder de compra sobre os fornecedores que permite negociaccedilotildees de preccedilos menores jaacute eacute

utilizado para conseguir oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis Os entrevistados

natildeo consideram como influenciador argumentado que tais negociaccedilotildees fazem parte da rotina

do grupo assim como dos seus principais concorrentes

Nas lojas de desconto o sortimento eacute limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

139

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados

44 Caso 3 ndash Rede C

A terceira rede tem lojas no Reino Unido Alemanha Argentina China Coreacuteia do Sul Porto

Rico e Brasil Iniciou as suas atividades no paiacutes em 1994 e hoje opera com 152 unidades

localizadas em 14 estados brasileiros Seu faturamento bruto foi de aproximadamente US$

700 milhotildees em 2004 O grupo possui mais de 7000 empregados e trabalha atualmente com

hipermercados supermercados e atacados que atendem a pequenos comerciantes Os formatos

estatildeo divididos em quatro bandeiras diferentes A poliacutetica do grupo eacute prosseguir com a

abertura de novas lojas consolidar sua presenccedila na Internet e entrar no ramo de serviccedilos

bancaacuterios como financiadoras dos seus consumidores

Haacute pouco tempo decidiu inaugurar lojas compactas Satildeo unidades pequenas instalaccedilotildees

simples com menor sortimento de mercadorias e custos reduzidos Eacute uma tendecircncia do varejo

e o grupo decidiu apostar Os entrevistados explicaram que seus consumidores querem preccedilo

e agilidade exatamente o que este tipo de supermercado se propotildee a oferecer A poliacutetica de

preccedilos do supermercado eacute a mesma que a rede aplica a todas as suas bandeiras

Assim como as demais empresas pesquisadas a Rede C estabelece seu preccedilo considerando os

custos a demanda e os concorrentes Possui o objetivo de ganhar maior participaccedilatildeo de

mercado e tambeacutem utiliza o meacutetodo de mark-up para fixar o preccedilo de seus produtos

140

O objetivo principal de preccedilo eacute como nos outros competidores a maximizaccedilatildeo da

participaccedilatildeo de mercado e defesa do mercado Os entrevistados argumentam que a razatildeo eacute a

proteccedilatildeo da aacuterea de influecircncia e a criaccedilatildeo de barreiras agrave entrada de novos concorrentes Uma

das estrateacutegias eacute exatamente cobrir a oferta de preccedilo baixo dos concorrentes conforme

explicado anteriormente A estrateacutegia adotada eacute a de preccedilo abaixo do mercado para os

hipermercados com forte monitoramento dos preccedilos dos competidores

A estrateacutegia utilizada pela Rede C eacute o EDPL em todas as unidades de negoacutecios da empresa

hipermercados supermercados e atacados para pequenos comerciantes Ela eacute reconhecida no

mundo todo pelos consumidores como a pioneira na implementaccedilatildeo dos preccedilos baixos todo

dia Os entrevistados explicam que utilizam o EDLP para atrair o consumidor e conquistar sua

lealdade mostrando integridade na praacutetica de seus preccedilos

Poucos artigos satildeo colocados em oferta a cada mecircs Os varejistas adotam o esquema EDLP

por vaacuterias razotildees a mais importante delas eacute que descontos e promoccedilotildees constantes satildeo

dispendiosos e tecircm diminuiacutedo a confianccedila do consumidor em encontrar bons preccedilos No

EDLP o cliente sabe o que encontraraacute Os gerentes afirmam que devido a essa estrateacutegia seus

preccedilos chegam a se igualar aos das lojas de desconto dos seus concorrentes nos preccedilos de

produtos de higiene e limpeza

Os hipermercados satildeo considerados estabelecimentos para venda de grande quantidade de

itens e compras mensais e eacute concorrente direto das redes A e B O puacuteblico-alvo eacute o mesmo

das outras empresas ou seja clientes que realizam compras mensais e buscam um bom

equiliacutebrio da relaccedilatildeo custo-benefiacutecio Satildeo clientes que reconhecem a estrateacutegia praticada pelo

varejista

141

Um dos meacutetodos usados para combater e anular accedilotildees concorrenciais eacute garantir o preccedilo mais

baixo e cobrir qualquer oferta A empresa tem tradiccedilatildeo nessas atividades Como opera com as

margens semelhantes ao do competidor e os preccedilos 15 mais baixos que da meacutedia do varejo

satildeo conseguidos repassando-se as negociaccedilotildees com fornecedores Soacute as promoccedilotildees de preccedilos

resultantes da estrateacutegia HILO utilizada pelas outras duas organizaccedilotildees eacute que ocasionam o uso

de medidas de defesa

Os consumidores satildeo considerados pelos respondentes como altamente sensiacuteveis a preccedilo pois

buscam a oferta mais barata e fazem pesquisas de preccedilo antes de decidir pelo local O mesmo

eacute valido para todos os formatos do grupo Os compradores do atacado satildeo comerciantes

pequenos que buscam melhores condiccedilotildees de pagamento do que os oferecidos pela induacutestria

Como os clubes atacadistas iratildeo praticar uma margem proacutepria para cobrir seus custos e natildeo

podem comercializar mercadorias com preccedilos aleacutem do mercado procuram as empresas que

permitirem a compra de um bom volume a um preccedilo relativamente baixo Esse formato eacute um

tipo de clube ou rede de compra e os clientes satildeo associados O sortimento do clube de

compras estaacute dividido em produtos para escritoacuterios pizzarias restaurantes hoteacuteis lojas de

conveniecircncia entre outros

A estimativa de custos tambeacutem considera os custos fixos e custos variaacuteveis e o preccedilo proposto

deve cobrir o custo total da comercializaccedilatildeo do item aleacutem de garantir uma margem de lucro

para a empresa Existem tambeacutem os problemas com perdas de mercadoria e estas satildeo

calculadas para cada loja de cada formato sob responsabilidade dos gerentes de cada

estabelecimento e os custos tambeacutem satildeo analisados separadamente para cada negoacutecio da rede

Poreacutem vaacuterias accedilotildees satildeo praticadas pelo grupo visando a reduccedilatildeo de seus gastos

142

Devido a essa poliacutetica de gestatildeo de custos a empresa eacute conhecida mundialmente por

contribuir com a economia Essa contribuiccedilatildeo ao ciclo econocircmico consiste em trecircs itens

pressionar os fornecedores para reduzir preccedilos usar tecnologia digital de primeira linha para

baratear a gestatildeo de seus estoques e pagar aos seus funcionaacuterios o menor salaacuterio possiacutevel

encolhendo os custos da empresa

A empresa eacute referecircncia em processos de gestatildeo no varejo e no uso de tecnologia a serviccedilo do

negoacutecio Um exemplo eacute o sistema eletrocircnico de reposiccedilatildeo de estoque Por meio dele rede e

fornecedores ficam conectados 24 horas e tecircm informaccedilatildeo do giro de cada produto na gocircndola

em tempo real Assim o varejista consegue agilizar o processo de reposiccedilatildeo e os fornecedores

tecircm acesso a detalhes como resultado de vendas dos produto por loja ou regiatildeo

Alguns fornecedores promovem accedilotildees de marketing no ponto de venda ou fazem eventuais

mudanccedilas nos produtos com os dados que satildeo disponibilizados Outro resultado dessa parceria

eacute a reduccedilatildeo de custos (cerca de 10 ao longo de toda a cadeia de suprimentos) Tais fatos

possibilitam agrave rede colocar em praacutetica a poliacutetica EDLP

Um fator que deve ser considerado na gestatildeo de reduccedilatildeo de custos da empresa eacute a natildeo

existecircncia de estoque na loja os produtos satildeo alojados na parte superior da gocircndola

Os hipermercados da Rede C buscam oferecer o melhor sortimento pelo melhor preccedilo sempre

A poliacutetica de EDLP direciona todas as negociaccedilotildees realizadas com fornecedores e garante ao

consumidor o menor custo da cesta de compras Para honrar com esse compromisso as lojas

realizam semanalmente uma pesquisa de preccedilos de produtos junto agrave concorrecircncia local

(shopping de preccedilos)

143

Os hipermercados ainda contam com um sortimento de 65 mil itens Dentre elas encontram-

se alimentos hortifrutis confecccedilatildeo brinquedos eletroeletrocircnicos papelaria perfumaria

artigos para casa mesa e banho limpeza praacutetica de esportes jardinagem pet shop entre

outros Todas as lojas possuem uma mini-galeria de serviccedilos de conveniecircncia No local satildeo

encontradas lanchonetes cafeacute restaurantes lavanderia salatildeo de beleza oacutetica banca de jornal

e revistas entre outros serviccedilos alternativos A ideacuteia eacute trabalhar o conceito de one stop shop

lugar onde o cliente encontra de tudo em um mesmo local

A taacutetica do preccedilo isca eacute novamente utilizada nesse caso Satildeo realizadas promoccedilotildees em um dia

fixo da semana (terccedila feira da carne quarta-feira da verdura entre outras) mas os gerentes

afirmam que a poliacutetica de descontos eacute menos frequumlente que nos concorrentes jaacute que optaram

por oferecer preccedilo baixo todos os dias

Os volumes de venda tambeacutem crescem consideravelmente e vaacuterias accedilotildees de comunicaccedilatildeo satildeo

realizadas Descontos sazonais satildeo praticados constantemente para as compras realizadas fora

da temporada assim como em seus concorrentes Os hipermercados realizam saldotildees

depois das festas de final de ano para reduzir o estoque de mercadorias comercializadas soacute

para essa eacutepoca do ano como por exemplo o Panetone

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo os respondentes consideram os

preccedilos dos seus concorrentes a localizaccedilatildeo e renda dos moradores da regiatildeo de influecircncia de

cada loja Para isso os gerentes tambeacutem tecircm autonomia para modificar os preccedilos das lojas

que estatildeo sob sua responsabilidade Um exemplo dessa descentralizaccedilatildeo eacute a facilidade do

cliente que apresenta um anuacutencio promocional impresso da concorrecircncia dentro da validade

com um preccedilo inferior ao da rede em conseguir a mesma oferta na loja na hora e no caixa

sem burocracia

144

Os serviccedilos prestados e os gastos com material promocional satildeo considerados pela empresa

como custos entretanto normalmente os gastos satildeo compartilhados com os fornecedores Os

entrevistados explicaram que os anuacutencios de produtos na miacutedia de massa (Televisatildeo Jornal e

Revistas) satildeo realizados em conjunto com os fabricantes e a empresa soacute arca com os custos de

publicidade institucional Para isso eacute reservada uma porcentagem das vendas anuais da

empresa

Os serviccedilos oferecidos estatildeo embutidos na margem e o poder de negociaccedilatildeo com a induacutestria

permite a compra de grandes volumes a preccedilos mais baixos descontos de pagamento agrave vista e

bonificaccedilotildees As bonificaccedilotildees satildeo acordos realizados entre varejistas e fornecedores que

permitem a entrega de mais mercadorias no lugar de descontos em dinheiro A empresa

repassa aos consumidores as reduccedilotildees de preccedilo que consegue na condiccedilatildeo de uns dos maiores

compradores

O grupo tambeacutem estaacute investindo em novos projetos arquitetocircnicos Com layout diferenciado e

um conceito inovador um novo hipermercado foi inaugurado A unidade tem dois andares

teacuterreo e mezanino e estabeleceu um novo modelo funcional com excelente aceitaccedilatildeo dos

clientes de regiotildees urbanas centrais e de alto iacutendice populacional

Novas accedilotildees promocionais satildeo vinculadas ao novo modelo de loja O objetivo da rede de

acordo com os entrevistados eacute disponibilizar para os consumidores um sortimento de mais de

mil itens a preccedilos super negociados reduzidos em ateacute 10 Eacute importante ressaltar que estaacute

natildeo eacute uma accedilatildeo promocional tradicional pois a rede garante os preccedilos por pelo menos

noventa dias diferente das accedilotildees da concorrecircncia que em alguns casos tecircm curta duraccedilatildeo

145

43 Anaacutelise dos Casos

Por meio da apresentaccedilatildeo dos casos foi possiacutevel identificar como as redes de varejo formulam

os preccedilos de seus produtos Todas as trecircs empresas seguem os seis passos apresentados no

referencial teoacuterico Poreacutem eacute importante ressaltar que nenhum dos gerentes entrevistados

demonstrou realizar a tarefa de apreccedilamento de forma estruturada ou seja apesar das etapas

serem seguidas conforme o proposto por Kotler e Keller (2005) a determinaccedilatildeo do valor

cobrado por cada produto acontece intuitivamente e as anaacutelises necessaacuterias satildeo oacutebvias

segundo os gerentes entrevistados Determinar o preccedilo dos produtos portanto natildeo representa

um problema

A falta de conhecimentos teacutecnicos mais aprofundados tambeacutem fica clara quando percebe-se

que as trecircs empresas utilizam o mesmo meacutetodo de apreccedilamento o mark-up Embora ele seja o

mais utilizado pelas redes varejistas por sua simplicidade e facilidade de aplicaccedilatildeo (LAMBIN

2000a) natildeo eacute necessariamente a maneira mais adequada pois apresenta vaacuterias limitaccedilotildees

Uma delas diz respeito a definiccedilatildeo de preccedilos aleacutem do devido em mercados mais fracos e a

preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute considerado pelos estudiosos da

aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma estrateacutegia prudente Um outro problema

eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir todas as despesas e permitir retorno Aleacutem

dos dois pontos o meacutetodo tambeacutem natildeo leva em consideraccedilatildeo aspectos da demanda e dos

concorrentes focando apenas os custos

Entretanto a Rede A demonstrou que apesar de utilizar o mark-up tambeacutem considera o valor

percebido pelo consumidor para a Divisatildeo de Supermercados Isso acontece porque o negoacutecio

foi desenvolvido para atender as necessidades da populaccedilatildeo de renda alta (classes A e B) que

146

possuem pouca sensibilidade agrave preccedilos e busca comodidade variedade bom atendimento

excelecircncia em serviccedilos e mercadorias de alta qualidade e prestiacutegio Dessa forma algumas

outras variaacuteveis fora o custo satildeo consideradas na estrateacutegia de apreccedilamento A decisatildeo de

agregar outros fatores (a renda dos clientes o estilo de vida etc) foi resultado de vaacuterias accedilotildees

e testes nas lojas Esses experimentos satildeo de responsabilidade de um consultor especializado

em varejo que atende grandes redes varejistas ao redor do mundo traz constantemente novas

ideacuteias e sugere diferentes conceitos para serem aplicados

As ideacuteias que satildeo aceitas para teste satildeo aplicadas em certas lojas da rede (preferencialmente

lojas em reforma) A avaliaccedilatildeo dessas ideacuteias e dos novos conceitos aplicados eacute feita de acordo

com o resultado de vendas da loja modificada ou dos produtos pertencentes agraves sessotildees

reestruturadas O aumento nas vendas eacute utilizado como indicador de sucesso do novo modelo

Dessa forma se as mudanccedilas forem bem sucedidas outras lojas seratildeo igualmente

remodeladas Seguindo esse raciociacutenio um niacutevel baixo de vendas significa que o novo

conceito natildeo funcionou e portanto novas alternativas satildeo avaliadas

Tais accedilotildees demonstram que a estrateacutegia de preccedilo discriminatoacuterio eacute praticada pela Rede A A

empresa conhece os diferentes segmentos em que atua e para cada um determina um valor

condizente com a possibilidade de compra do cliente A compreensatildeo dos diferentes graus de

sensibilidade agrave preccedilos eacute clara para a Rede A que consegue diferenciar os segmentos de

consumidores que atinge e adequar a sua estrateacutegia para cada diferentes formato Entretanto

para as demais empresas o conceito eacute difundido mas natildeo foi observada a utilizaccedilatildeo de

meacutetodos para adequar suas decisotildees baseadas nas diferentes caracteriacutesticas dos grupos de

compradores

147

Os diferentes formatos das Redes B (hipermercados supermercados e lojas de desconto)

seguem o meacutetodo de mark-up sem a influecircncia de outro meacutetodo A mesma poliacutetica HILO eacute

trabalhada por todos Mas cada um dos formatos possui seu proacuteprio posicionamento e

portanto atendem a puacuteblicos diferentes Essa diferenccedila eacute trabalhada no apreccedilamento apenas

pela gestatildeo de custos Nas lojas de desconto o sortimento eacute menor natildeo haacute muitos funcionaacuterios

para prestar serviccedilos e os estoques satildeo baixos Todas as accedilotildees satildeo para reduzir os gastos e

praticar preccedilos mais baixos Essa atitude demonstra a possiacutevel falta de conhecimento a

respeito das estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos que podem ser empregadas para operar com

preccedilos de acordo com as possibilidades das classes C e D

Entre as estrateacutegias a serem aplicadas estaacute a praacutetica de preccedilos geograacuteficos preccedilos

discriminatoacuterios preccedilos com descontos ou concessotildees A uacutenica forma que as empresas

varejistas estudadas demonstraram conhecer foi o preccedilo isca O preccedilo geograacutefico tambeacutem

pode ajudar a reduzir custos pois considera a regiatildeo e os gastos com logiacutestica para entregar a

mercadoria em locais diferentes O preccedilo discriminatoacuterio pode levar a rede a vender produtos

com margem maior onde os consumidores satildeo pouco sensiacuteveis aos preccedilos e os descontos e

promoccedilotildees favorecem as compras a vista ou em maior quantidade

O shopping de preccedilos eacute praticado por todos devido agrave alta concorrecircncia existente no setor

(oligopoacutelio) Todos conhecem a importacircncia de monitorar as accedilotildees de seus competidores seja

para manter os preccedilos dentro do mercado ou mesmo para se proteger As empresas possuem

equipes com funcionaacuterios preparados e treinados para a funccedilatildeo que coletam as informaccedilotildees

periodicamente como apresentado na teoria

Ao analisar a terceira rede (Rede C) fica clara a agressividade de suas accedilotildees para conquistar

maior espaccedilo no mercado As suas accedilotildees estatildeo sempre voltadas para reduccedilatildeo de custos e

focadas em praacutetica de preccedilos baixos A estrateacutegia EDLP eacute sinocircnimo da marca da empresa

148

Nos mais diferentes formatos os preccedilos com os fornecedores satildeo fortemente negociados e

todos os descontos conseguidos repassados para o consumidor As escolhas quanto ao meacutetodo

de apreccedilamento (mark-up) preocupaccedilatildeo com inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e reduccedilatildeo dos custos

demonstram bastante coerecircncia com o objetivo do varejista (oferecer preccedilo baixo todo dia)

As variaacuteveis que influenciam no apreccedilamento de cada unidade de negoacutecio das redes natildeo

foram muito exploradas pelos gerentes nas entrevistas realizadas mas eacute e evidente a

importacircncia do formato de canal na escolha das estrateacutegias Ao se posicionarem de formas

diferentes e escolherem puacuteblicos diferentes para cada divisatildeo a influecircncia do tipo de loja fica

clara

Os supermercados ao se posicionarem como de vizinhanccedila jaacute consideram

automaticamente a localizaccedilatildeo e a renda dos consumidores como fatores determinantes do

preccedilo Conforme explicado na revisatildeo teoacuterica os preccedilos devem obedecer ao niacutevel do mercado

em que encontram-se caso contraacuterio perdem venda por estarem ou muito acima da

concorrecircncia ou comprometem os ganhos se praticarem preccedilos muito abaixo

Os produtos comercializados tambeacutem tecircm influecircncia Nos formatos que possuem sortimentos

limitados (lojas de desconto) a presenccedila de marcas-proacuteprias eacute grande pois natildeo precisam de

investimentos em miacutedia de massa e podem ser comercializados agrave preccedilos adequados ao

orccedilamento das classes C e D Os formatos que operam com sortimento maior (em variedade e

profundidade) precisam trabalhar com o conceito de preccedilo psicoloacutegico associando o valor

monetaacuterio alto com alta qualidade do produto Nenhuma das redes afirmou utilizar a

estrateacutegia poreacutem a praacutetica de preccedilos psicoloacutegicos eacute tradicional jaacute na induacutestria e eacute repassada

para o ponto de venda

149

As marcas liacutederes geralmente apresentam preccedilo superior para traduzir ao cliente a qualidade

de seu produto e esse preccedilo eacute repassado pelas redes para o consumidor final As redes

supermercadistas trabalham com marcas liacutederes para melhorar a imagem que constroem na

mente do comprador A marca que o cliente deseja precisa estar disponibilizada nas gocircndolas

ou o consumidor natildeo se sentiraacute satisfeito com a experiecircncia de compra (KUNKEL BERRY

1968 LINDQUIST 1974 DOYLE FENWICK 1974 ENGEL BLACKWELL 1995)

Assim tambeacutem eacute possiacutevel afirmar que as marcas tecircm influecircncia na determinaccedilatildeo dos produtos

comercializados pelos supermercadistas

As informaccedilotildees das redes que confirmam essa observaccedilatildeo eacute a comercializaccedilatildeo dos mesmos

produtos de mesma marca e caracteriacutesticas a preccedilos mais altos em lojas localizadas em

regiotildees nobres e a preccedilos mais baixos em lojas localizadas na periferia da cidade

As negociaccedilotildees fazem parte do cotidiano de todas as empresas Como as redes estatildeo entre as

dez maiores em faturamento (ABRAS 2005) a compra em volume eacute consideraacutevel e o poder

sobre os fornecedores tambeacutem Haacute anos uma negociaccedilatildeo era determinada principalmente

pelo preccedilo Com a concorrecircncia acirrada o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas

negociaccedilotildees entre varejistas e fornecedores As maiores empresas negociam grandes volumes

a preccedilos mais baixos do que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais

acessiacuteveis de um mesmo produto do que a concorrecircncia

Entretanto conforme jaacute citado a variaacutevel que claramente exerce maior influecircncia na

formaccedilatildeo dos preccedilos das mercadorias comercializadas pelas redes eacute o formato do canal

Mesmo utilizando o mesmo meacutetodo de apreccedilamento as lojas de diferentes formatos praticam

poliacuteticas diferentes Como o posicionamento e o puacuteblico-alvo satildeo distintos as ferramentas

para adequar os preccedilos dos produtos natildeo satildeo as mesmas Cada puacuteblico tem suas

caracteriacutesticas poder de compra rendas distintas e ocasiotildees de compra diferentes

150

Aleacutem disso os supermercados de vizinhanccedila oferecem mais serviccedilos para o cliente final

Como localizam-se proacuteximo agrave residecircncia do consumidor geralmente oferecem serviccedilos de

entrega por exemplo Serviccedilos adicionais aumentam o custo interno do varejista e portanto

para conseguir cobrir todos os gastos as margens consideradas no caacutelculo do mark-up natildeo

podem ser tatildeo baixas Por mais que o foco seja a reduccedilatildeo de custos mesmo por meio de

melhores negociaccedilotildees com os fornecedores (como no caso da Rede C) os produtos natildeo tecircm

os mesmos preccedilos que as lojas de hipermercado

Nas lojas de desconto como os serviccedilos satildeo poucos e a estrutura disponiacutevel eacute mais simples

(natildeo tecircm estoque as mercadorias satildeo guardadas por cima da gocircndola) o nuacutemero de

funcionaacuterios restrito e poucos investimentos em comunicaccedilatildeo e merchandising os custos

abaixam e eacute possiacutevel praticar preccedilos abaixo da meacutedia do mercado Haacute tambeacutem a

comercializaccedilatildeo de marcas proacuteprias que ajudam no ganho maior

Para facilitar a visualizaccedilatildeo das estrateacutegias utilizadas pelas redes supermercadistas no

apreccedilamento dos produtos que comercializam o quadro 11 foi elaborado

A seguir apresenta-se a conclusatildeo da dissertaccedilatildeo bem como as limitaccedilotildees encontradas e as

sugestotildees de estudos futuros

151

Quadro 11 Resumo das estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas redes varejistas

pesquisadas

Estrateacutegias

Redes

Rede A Rede B Rede C

Objetivo de Preccedilo

- Participaccedilatildeo de mercado - Valor percebido pelos consumidores (supermercado)

- Participaccedilatildeo do mercado

- Participaccedilatildeo do mercado

Anaacutelise da Demanda

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos nos hipermercados e lojas de desconto Consumidores pouco sensiacuteveis nos supermercados

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos - Busca da melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos

Estimativa de Custos

- Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Controle sobre gastos e

Anaacutelise da Concorrecircncia

- Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos

Seleccedilatildeo do Meacutetodo

- Mark-up - Mark-up - Mark-up

Adequaccedilatildeo do Preccedilo

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - Preccedilo psicoloacutegico (supermercados) - Preccedilos por segmento (supermercados) - HILO (hipermercados)

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - HILO (todos os formatos)

- Poliacutetica EDLP para todos os formatos - Preccedilo isca

Variaacuteveis que influenciam

- Localizaccedilatildeo da loja - Renda do consumidor - Formato do canal - Marcas do produtos

- Formato do canal - Marcas do produtos - Poder sobre os fornecedores

- Poder sobre os fornecedores - Renda dos consumidores - Formato do canal - Marcas do produtos

Fonte Elaborado pela autora A seguir apresenta-se as conclusotildees do estudo suas limitaccedilotildees e sugestotildees de estudos futuros

152

5 CONCLUSOtildeES

Este estudo teve como objetivo analisar a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em supermercados

Para que o objetivo fosse cumprido uma revisatildeo bibliograacutefica foi desenvolvida e abordou

conceitos sobre demanda custos meacutetodos de apreccedilamento teacutecnicas de adequaccedilatildeo de preccedilos e

variaacuteveis que influenciam nessa decisatildeo

Um estudo multicaso em trecircs redes supermercadistas foi elaborado para analisar como os

temas abordados na revisatildeo satildeo utilizados na praacutetica por algumas empresas do setor Para isso

desenvolveu-se um protocolo com os passos necessaacuterios para o desenvolvimento da pesquisa

empiacuterica Apresentou-se tambeacutem o histoacuterico a situaccedilatildeo atual e as principais tendecircncias do

varejo para o entendimento das circunstacircncias atuais de concorrecircncia e crescimento das

redes

Apoacutes essa apresentaccedilatildeo os casos foram descritos e analisados pela autora Baseando-se

nessas anaacutelises foi constatado que atualmente com o mercado cada vez mais competitivo e

com o faacutecil acesso dos consumidores agrave comparaccedilatildeo de preccedilos a decisatildeo sobre as estrateacutegias

de apreccedilamento tornou-se fundamental para o bom desempenho das redes supermercadistas

que visam ganho de vantagem competitiva

O estudo de multicasos demonstrou que os meacutetodos de apreccedilamento e de adequaccedilatildeo de preccedilos

satildeo ainda pouco utilizados pelas redes estudadas no que se refere agrave variedade de teacutecnicas

existentes para serem aplicadas a situaccedilotildees diferentes As empresas demonstraram o uso

adequado do mark-up e de estrateacutegias de descontos (peccedilo isca e descontos sazonais) poreacutem

de acordo com a teoria proposta tais meacutetodos apresentam limitaccedilotildees que podem alongo

prazo prejudicar o alcance dos objetivos de rentabilidade e participaccedilatildeo de mercado dos

grupos supermercadistas analisados

153

Cabe ressaltar que ateacute hoje as empresas estudadas tecircm conseguido atingir seus objetivos de

preccedilo por meio da utilizaccedilatildeo do meacutetodo de mark-up em conjunto com as anaacutelises de demanda

e concorrecircncia segundo os resultados de vendas e a colocaccedilatildeo no ranking da ABRAS

Entretanto o setor busca novas tecnologias para reduccedilatildeo de custos e tambeacutem apresenta outras

estrateacutegias para fidelizar os seus clientes que consideram outras variaacuteveis aleacutem dos custos

O acompanhamento das accedilotildees dos competidores por meio do shopping de preccedilos de cada

loja em diferentes regiotildees tem permitido agraves redes a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia sobre

suas estrateacutegias e a praacutetica de teacutecnicas de defesa como cobrir ofertas ou melhores negociaccedilotildees

com seus fornecedores para operar com preccedilos dentro do mercado Poreacutem as empresas focam

nas estrateacutegias dos concorrentes e acabam por desenvolver accedilotildees muito proacuteximas e parecidas

com as dos competidores enquanto poderiam analisar com maior profundidades os seus

puacuteblicos e oferecer vantagens de acordo com o estilo de vida a renda e as necessidades de

cada segmento de mercado que atende

A Rede C por exemplo considera que todos os seus consumidores tecircm o mesmo niacutevel de

sensibilidade agrave preccedilos Mas eles possuem haacutebitos de compra diferentes e frequumlentam formatos

de loja distintos o que demonstra que nem todas as caracteriacutesticas satildeo as mesmas Caso

utilizasse o preccedilo discriminatoacuterio poderia diferenciar as suas bandeiras e atingir talvez de

forma mais eficaz o objetivo de maior participaccedilatildeo de mercado A Rede A embora natildeo

demonstre conhecimento suficiente sobre o conceito de preccedilo discriminatoacuterio eacute a uacutenica entre

as organizaccedilotildees estudadas que opera com estrateacutegias diferentes para cada puacuteblico que

frequumlenta suas diferentes divisotildees

O foco para a reduccedilatildeo dos custos e praacutetica de maiores margens eacute nas negociaccedilotildees com

fornecedores Apenas uma das empresas admitiu o uso de ferramentas tecnoloacutegicas para

diminuir custos A aplicaccedilatildeo de teacutecnicas de apreccedilamento para alcanccedilar esse objetivo natildeo foi

154

verificada o que demonstra a existecircncia de espaccedilo para o desenvolvimento da gestatildeo de

preccedilos nas empresas pesquisadas

Eacute importante ressaltar que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave formaccedilatildeo de preccedilos de

dos produtos que comercializam eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos

conceitos e ferramentas disponiacuteveis assim como o conhecimento das demais teacutecnicas de

adequaccedilatildeo como preccedilos geograacuteficos que permitem tambeacutem a tatildeo desejada reduccedilatildeo de custos

Os estudos cientiacuteficos sobre preccedilos tecircm demonstrado novos modelos como o custo-alvo que

permitem que as decisotildees sobre apreccedilamento sejam mais confiaacuteveis de proacuteximas agraves

necessidades e possibilidades financeiras dos clientes finais Conforme os meacutetodos vatildeo sendo

aprimorados menor a chance das estrateacutegias e dos planejamentos de precificaccedilatildeo falharem

Poreacutem eacute preciso que as redes supermercadistas deixem de analisar somente seus competidores

e de desenvolverem accedilotildees para se proteger dos ataques e observem mais de perto as atitudes

caracteriacutesticas e diferentes estilos dos seguimento de compradores que atingem ou pretendem

conquistar

155

51 Limitaccedilotildees

Campomar (1991) explica que tanto os meacutetodos quantitativos quanto os meacutetodos qualitativos

possuem suas limitaccedilotildees e estas devem ser claramente mencionadas nos trabalhos cientiacuteficos

As limitaccedilotildees do presente trabalho referem-se primeiramente a natureza do meacutetodo Embora

as escolhas tenham permitido o alcance dos objetivos propostos no estudo existem algumas

consideraccedilotildees importantes a serem feitas

A primeira delas refere-se agrave amostra pesquisada Por se tratar de uma amostra natildeo

representativa os dados coletados e analisados bem como as conclusotildees apresentadas natildeo

podem ser generalizados para todo o setor supermercadista As observaccedilotildees soacute devem ser

consideradas para as trecircs empresas que participaram do estudo mesmo que as companhias

estejam entre as maiores em faturamento Outro fator que impede a generalizaccedilatildeo eacute o seu

objetivo exploratoacuterio A dissertaccedilatildeo foi baseada em revisatildeo de literatura e estudos de caso

Um ponto importante refere-se ao proacuteprio setor supermercadista Como trata-se de um

mercado competitivo as empresas natildeo aceitaram a divulgaccedilatildeo de alguns dados e se

restringiram apenas a comentar quais satildeo as estrateacutegias gerais utilizadas para o apreccedilamento

dos produtos que comercializam Estrateacutegias especiacuteficas quanto ao posicionamento futuras

mudanccedilas desenvolvimento de novas tecnologias e praacuteticas e variaacuteveis utilizadas natildeo foram

expostas por nenhuma das redes As conclusotildees sobre esses aspectos forma baseadas em

alguns comentaacuterios e pesquisa de dados secundaacuterios

156

52 Sugestotildees para futuros estudos

Estudos futuros podem comparar a pesquisa realizada com os resultados obtido em outras

redes supermercadistas atuantes no paiacutes Nessa dissertaccedilatildeo foram analisadas trecircs das dez

maiores empresas em faturamento O estudo poderia identificar se as os passos seguidos para

a determinaccedilatildeo de preccedilo e as variaacuteveis influenciadoras satildeo as mesmas identificadas nessa

pesquisa Com uma amostra maior os resultados poderiam trazer informaccedilotildees mais precisas a

respeito do apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

Um outro estudo pode coletar dados primaacuterios de preccedilos de produtos em diferentes formatos e

verificar a influecircncia de das variaacuteveis propostas de forma estatiacutestica O grau de influecircncia de

cada uma pode ser medido e os seguintes objetivos verificados

bull A influecircncia da marca no apreccedilamento estrateacutegico supermercadista

bull A influecircncia da faixa de renda dos consumidores que habitam as regiotildees de cada loja

A influecircncia do formato do canal de distribuiccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos dos produtos

comercializados pelos varejistas

A influecircncia da regiatildeo onde cada loja se localiza na precificaccedilatildeo de produtos

comercializados pelos supermercados

A influecircncia do poder do canal de distribuiccedilatildeo sobre os seus fornecedores e

A influecircncia do preccedilo do concorrente na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos de uma

rede

Outras possibilidades dizem respeito ao estudo da formaccedilatildeo de preccedilos em tipos diferentes de

varejo comparando o setor supermercadista com os outras empresas de serviccedilos

157

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  • 11 Apresentaccedilatildeo
  • 12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo
  • 13 Objetivos
  • 14 Justificativa
  • 15 Organizaccedilatildeo do estudo
  • 21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo
  • 22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo
  • 23 Determinaccedilatildeo da Demanda
    • 231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)
      • 24 Estimativa de Custos
        • 241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos
          • 25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes
          • 26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo
          • 27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final
          • 28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo
          • 29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista
          • 210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados
          • 211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo
            • 2111 Produto
            • 2112 Marca
            • 2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo
            • 2114 Localizaccedilatildeo da Loja
            • 2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista
            • 2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas
            • 117 O Preccedilo da Concorrecircncia
              • 31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo
                • 311 O Tipo de Pesquisa
                • 312 A Natureza da Pesquisa
                • 313 O Meacutetodo da Pesquisa
                  • 3131 Protocolo para os Estudos de Caso
                      • 41 Os Supermercados no Brasil
                      • 42 Caso 1 ndash Rede A
                      • 43 Caso 2 ndash Rede B
                      • 44 Caso 3 ndash Rede C
                      • 43 Anaacutelise dos Casos
                      • 51 Limitaccedilotildees
                      • 52 Sugestotildees para futuros estudos

Reitora da Universidade de Satildeo Paulo Profa Dra Suely Vilela Diretor da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto Prof Dr Marcos Cortez Campomar Chefe do Departamento de Administraccedilatildeo Prof Dr Marcio Mattos Borges de Oliveira

PAULA BULAMAH SPINELLI

ANAacuteLISE DA FORMACcedilAtildeO DE PRECcedilO DE PRODUTOS UM ESTUDO MULTICASOS EM SUPERMERCADOS

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo de Organizaccedilotildees do Departamento de Administraccedilatildeo da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo Orientador Prof Dr Flaacutevio Torres Urdan

Ribeiratildeo Preto 2006

FICHA CATALOGRAacuteFICA

Spinelli Paula Bulamah

Anaacutelise da Formaccedilatildeo de Preccedilos de Produtos Um Estudo Multicasos em Supermercados Ribeiratildeo Preto 2006

170 p

Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada agrave Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo PretoUSP ndash Aacuterea de concentraccedilatildeo Marketing

Orientador Urdan Flaacutevio Torres

1 Preccedilos 2 Produto 3 Supermercado

FOLHA DE APROVACcedilAtildeO

Paula Bulamah Spinelli Anaacutelise da Formaccedilatildeo de Preccedilo de Produtos Um Estudo Multicasos em Supermercados

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo de Organizaccedilotildees do Departamento de Administraccedilatildeo da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo Aacuterea de Concentraccedilatildeo Marketing

Aprovada em

Banca Examinadora

Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura __________________________ Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura __________________________ Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura ________________________

Dedico este trabalho aos meus pais Rosi e Luiz Spinelli e meu irmatildeo Rui

Meus grandes exemplos

Para meus queridos tios Carlos Eli e Maria Tereza Piccinato e

as minhas ldquo irmatildesrdquo Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato

que estiveram sempre ao meu lado

AGRADECIMENTOS

Ao Professor e Orientador Dr Flaacutevio Torres Urdan a minha gratidatildeo pela orientaccedilatildeo valiosa

competecircncia confianccedila amizade e antes de tudo por ter representado muito mais do que seu

papel e ter me dado todo o apoio necessaacuterio nessa caminhada

Ao Diretor da FEARP Professor Dr Marcos Cortez Campomar pelas sugestotildees e discussotildees

que ajudaram a aprimorar este trabalho e por de ter compartilhado um pouco do seu

conhecimento comigo

Aos professores Dr Dirceu Tornavoi de Carvalho e Dr Marcos Fava Neves pelo apoio

durante todo o meu periacuteodo de aprendizado na poacutes graduaccedilatildeo

Aos professores Dr Maacutercio Mattos Borges de Oliveira e Dra Socircnia pela amizade pela

torcida e oportunidade de compartilhar junto a toda turma de poacutes-graduaccedilatildeo os momentos de

alegria

Ao pessoal da Secretaria de Poacutes-Graduaccedilatildeo da FEARP em especial agrave Eacuterika e ao Eduardo por

todo o apoio no curso

Agraves ldquomeninas da FUNDACErdquo pela amizade pela confianccedila e pelo apoio

Aos profissionais que aceitaram e se dispuseram a participar da pesquisa minha sincera

gratidatildeo

As minhas amigas-irmatildes de todas as horas que me apoiaram nas decisotildees que tomei e que

estatildeo do meu lado haacute anos Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato e Juliana Freitas

Aos amigos que fiz durante o mestrado da primeira e segunda turma aqui representados pela

Flaacutevia Ghisi e Janaiacutena Giraldi grandes companheiras de trabalhos artigos disciplinas e

comemoraccedilotildees e a minha turma pela convivecircncia e apoio nos momentos criacuteticos de

avaliaccedilotildees representada pelo meu amigo Marco Antonio Conejero companheiro desde as

entrevistas

ldquoO homem nasceu para aprender aprender tanto quanto a vida lhe permitardquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa)

RESUMO

O presente trabalho analisa a importacircncia da determinaccedilatildeo de preccedilos para a competitividade

do varejo supermercadista Apoacutes uma revisatildeo da literatura sobre as diversas definiccedilotildees de

preccedilos e as formas de estabelececirc-los satildeo analisadas as seis etapas propostas por especialistas

de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico de produtos Nessas seis etapas satildeo discutidas a

influecircncia da demanda e a importacircncia dos custos os meacutetodos de estabelecimento mais

utilizados descrevendo-se suas caracteriacutesticas e limitaccedilotildees as teacutecnicas de adequaccedilatildeo agrave

diversas situaccedilotildees bem como a seleccedilatildeo do preccedilo final Os passos adotados pelos varejistas

satildeo tambeacutem abordados assim como outras variaacuteveis que tecircm impacto na estrateacutegia escolhida

para se fixar os preccedilos nos supermercados aleacutem da demanda dos custos e dos concorrentes

Por fim as estrateacutegias de apreccedilamento satildeo estudadas empiricamente por meio de entrevistas

em profundidade com gerentes de trecircs redes de varejo de grande porte que atuam no mercado

nacional onde eacute verificada a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de apreccedilamento como instrumento de

auxiacutelio na tomada de decisotildees relacionadas aos programas de preccedilo da empresa Em

conclusatildeo verifica-se que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave definiccedilatildeo de poliacuteticas de

preccedilos eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos conceitos e das variaacuteveis da que

influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos que comercializam assim como o

conhecimento das diversas teacutecnicas de apreccedilamento aleacutem do mark-up

Palavras-chave preccedilo produto supermercados

ABSTRACT

The present paper analyses the importance of pricing for the competitiveness of the retail

sector (supermarkets) After a bibliographic survey on the several definitions concerning price

and how it is determinate six steps proposed by marketing experts to products strategic

pricing are analyzed In these steps the demand influence the costs importance and the most

important pricing methods are discussed describing their characteristics and limitations the

techniques to adequate it to different situations as so as the final price selection The steps

that are adopted by supermarket retail are also outlined thus as the variables that have some

influence on its chosen pricing strategy Demand and competitors costs are also analyzed

Finally pricing strategies are empirically studied through multicases study on three large

retail chains In this part the use by these companies of pricing methods as a tool to assist

decision making related to the long-run pricing programs is verified In conclusion it is seen

that while retail specialists seek more scientific and reliable bases for aiding the decisions

regarding the price strategies it is essential that they posses a clear comprehension of the

concepts and the variables that have influence on products price determination that are

commercialized by themselves as well as the technical skills to pricing besides the mark-up

method

Key-words price product supermarket retail

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing22

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos 25

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto 34

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto 34

Figura 5 Representaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticidade da Demanda36

Figura 6 Curva de Demanda de um Vendedor Individual quando independentemente muda o

preccedilo 37

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos39

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem46

Figura 9 O modelo dos 3 Cs para a determinaccedilatildeo de preccedilos 59

Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos61

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja 76

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja 77

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo 81

8

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo33

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado 54

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia 55

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees60

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos 65

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja74

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista 82

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas86

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo 91

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro 123

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro 124

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 Apresentaccedilatildeo 11

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo15

13 Objetivos15

14 Justificativa16

15 Organizaccedilatildeo do estudo18

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA 20

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo20

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo27

23 Determinaccedilatildeo da Demanda33

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente) 41

24 Estimativa de Custos 44

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos 50

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes 51

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo 58

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final 62

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo64

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista69

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados 79

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo 91

2111 Produto 92

2112 Marca 93

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo95

2114 Localizaccedilatildeo da Loja101

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista102

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas105

2117 O Preccedilo da Concorrecircncia106

10

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO 109

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo109

311 O Tipo de Pesquisa 110

312 A Natureza da Pesquisa 112

313 O Meacutetodo da Pesquisa 114

4 O ESTUDO MULTICASOS121

41 Os Supermercados no Brasil 121

42 Caso 1 Rede A 127

43 Caso 2 Rede B 133

44 Caso 3 Rede C 139

43 Anaacutelise dos Casos145

5 CONCLUSOtildeES152

51 Limitaccedilotildees 155

REFEREcircNCIAS 157

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Apresentaccedilatildeo

Boone e Kurtz (1998) afirmam que filoacutesofos antigos jaacute reconheciam a importacircncia do preccedilo

no sistema econocircmico pois alguns documentos da eacutepoca demonstram tentativas de

determinar preccedilos justos e moderados Atualmente o preccedilo ainda exerce a funccedilatildeo de regular a

atividade econocircmica e o emprego de qualquer um dos quatro fatores de produccedilatildeo (terra

capital recursos humanos e empreendedorismo) depende do preccedilo que lhe eacute atribuiacutedo Para

uma empresa os preccedilos cobrados e as quantidades adquiridas de um produto por seus

clientes representam a receita recebida portanto os preccedilos influenciam os lucros da

companhia bem como a utilizaccedilatildeo de seus fatores de produccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998)

Aleacutem disso o preccedilo eacute um dos principais determinantes para a escolha dos produtos pelos

compradores Eacute um dos elementos chave para alcanccedilar o volume de vendas desejado e por

consequumlecircncia tem grande impacto nos lucros das empresas e tem o papel fundamental na

percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos consumidores

Lopes Reis e Abukawa (1996) afirmam que o preccedilo eacute a variaacutevel do composto que pode ser

mais facilmente comparada pelo consumidor no momento da compra Os autores ainda citam

que em situaccedilotildees econocircmicas inflacionaacuterias recessivas ou ambas a determinaccedilatildeo de preccedilos

de produtos pode se tornar uma tarefa bastante confusa Mas por que o preccedilo natildeo apresentou

o mesmo destaque que as demais variaacuteveis do composto de marketing nos estudos acadecircmicos

e para os profissionais da aacuterea como afirmam Nagle e Holden (2003)

12

Jain (2000) argumenta que a estabilidade econocircmica dos anos 60 no mundo eacute que pode ser

responsabilizada particularmente pelo baixo status atribuiacutedo agrave variaacutevel preccedilo Para o autor

estrategicamente a funccedilatildeo do apreccedilamento significava apenas atribuir um retorno adequado

ao investimento realizado Segundo o autor nos anos 70 vaacuterios eventos foram responsaacuteveis

por uma reviravolta na tarefa de determinar os preccedilos dos bens e serviccedilos entre eles o

consumismo o custo alto do dinheiro o controle do comportamento dos preccedilos praticados

falta de mateacuterias-primas entre outros todos tornaram o preccedilo uma variaacutevel importante (JAIN

2000 LAMBIN 2000a)

Nagle e Holden (2003) afirmam que foi nos anos 80 que os profissionais de marketing

enfrentaram grandes desafios Empresas detentoras de marcas liacutederes viram a lealdade a suas

marcas e seu poder junto aos distribuidores diminuir As grandes empresas viram seus lucros

caiacuterem enquanto as organizaccedilotildees menores atraiacuteam seus clientes mais lucrativos Entatildeo

liacutederes corporativos mostraram que era possiacutevel aumentar o fluxo de caixa e os lucros por

meio dos preccedilos mais altos mesmo que essa estrateacutegia resultasse em uma perda de

participaccedilatildeo de mercado (NAGLE HOLDEN 2003)

O acontecimento mostrou agraves empresas que a estrateacutegia de determinaccedilatildeo de preccedilos deve ser

cuidadosamente planejada e todas as teacutecnicas de apreccedilamento devem ser dominadas pelos

profissionais de marketing principalmente no ambiente competitivo em que as companhias

atualmente encontram-se inseridas

A fixaccedilatildeo de preccedilos eacute considerada tatildeo complexa que Kotler e Keller (2005) afirmam que as

empresas lidam com o apreccedilamento de vaacuterias maneiras Nas pequenas empresas eles satildeo

determinados pelos proacuteprios dirigentes e nas grandes satildeo gerentes satildeo gerentes de divisotildees e

produtos os responsaacuteveis pela tarefa Em setores em que o preccedilo eacute o fator-chave as

organizaccedilotildees dispotildeem de um departamento especiacutefico para fixaacute-los ou auxiliar no

13

apreccedilamento dos produtos Este departamento estaacute geralmente subordinado agrave diretoria de

marketing financcedilas ou agrave alta administraccedilatildeo Outros que exercem influecircncia satildeo os gerentes de

vendas de produccedilatildeo gerentes financeiros e os contadores Nagle e Holden (2003) atribuem

essa mudanccedila na estrutura como resultado do apreccedilamento estrateacutegico ou seja as empresas

estatildeo atualmente administrando proativamente as condiccedilotildees do mercado

Engle Blackwell e Miniard (1995) afirmam ainda que o preccedilo eacute determinante para a escolha

da loja supermercadista pelo cliente A formaccedilatildeo de preccedilos de venda estaacute portanto entre as

mais importantes decisotildees da empresa Apesar de parecer faacutecil o apreccedilamento compreende

um processo complexo por depender do grande nuacutemero de variaacuteveis quantitativas e

qualitativas e estas nem sempre partem da decisatildeo interna da organizaccedilatildeo necessitando

estarem inseridas no planejamento estrateacutegico capaz de refletir os objetivos da empresa

(JAIN 2000)

O varejo brasileiro por exemplo que eacute a unidade de anaacutelise do caso apresentado nesse

estudo enfatiza o aspecto preccedilo como fator fundamental para a busca de um diferencial

competitivo e para a conquista de clientes O ambiente macro-econocircmico mundial nas uacuteltimas

deacutecadas apoacutes sucessivas mudanccedilas na economia propiciou a chegada de novos competidores

e novas tecnologias fomentando de forma mais intensiva a disputa de mercado e motivando o

setor industrial e o proacuteprio varejo a investir e a procurar entender e se ajustar melhor agraves

necessidades desejos e expectativas dos consumidores (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR

2003)

Parente (2000) defende que de todas as variaacuteveis do composto de marketing a decisatildeo de

preccedilo eacute a que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas pois podem ser mudadas rapidamente da noite para o

dia

14

A determinaccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos no varejo eacute uma decisatildeo que deve ser tomada

cuidadosamente e requer conhecimento das variaacuteveis que podem afetar o bom desempenho

dessa tarefa Dessa forma eacute pertinente descrever as estrateacutegias das redes supermercadistas

quanto ao apreccedilamento dos produtos que comercializam e identificar as variaacuteveis que

influenciam nessa estrateacutegia

No varejo supermercadista as grandes redes demonstram por comprarem grandes volumes de

produtos maior poder de barganha na negociaccedilatildeo e consequumlentemente tecircm condiccedilotildees de

vender ao consumidor produtos a um preccedilo mais competitivo (GHISI 2005) Mas soacute a

vantagem na negociaccedilatildeo pode garantir o sucesso do varejista em preccedilos competitivos Quais

seriam as outras variaacuteveis de marketing que poderiam influenciar no apreccedilamento dos

produtos pelo varejo supermercadista

O preccedilo eacute fator-chave de posicionamento e sendo assim precisa ser definido em relaccedilatildeo ao

mercado-alvo ao mix de sortimento de produtos e serviccedilos e agrave concorrecircncia (KOTLER

KELLER 2005) McGoldrick (1990) ainda defende que no varejo a determinaccedilatildeo dos

preccedilos de venda dos produtos e serviccedilos oferecidos ao consumidor final tende a ser um

processo complexo devido agrave quantidade de itens comercializados e tambeacutem da possibilidade

de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre regiotildees

Morgenstein e Strogin (1992) afirmam que a conveniecircncia tem um preccedilo para o consumidor

o que indica a disposiccedilatildeo para o pagamento de uma quantia mais elevada pelas facilidades e

serviccedilos oferecidos a esses clientes Kotler e Armstrong (1998 p 96) citam que a empresa

que realmente compreender como os consumidores respondem agraves diferentes caracteriacutesticas

preccedilos e apelos de propaganda tem uma grande vantagem sobre seus concorrentes

15

Nesse sentido o presente trabalho analisou da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em

supermercados e procurou identificar variaacuteveis que influenciam a as decisotildees de apreccedilamento

nesse tipo de organizaccedilatildeo No final do estudo tecircm-se recomendaccedilotildees focadas natildeo apenas nos

modelos de apreccedilamento mais adequados de acordo com a teoria mas tambeacutem como esses

modelos satildeo utilizados na praacutetica e como as variaacuteveis de marketing podem influenciar tais

modelos A seguir apresenta-se a justificativa da escolha do tema estudado

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo

No caso deste estudo a pergunta que originou a pesquisa fundamentada na revisatildeo

bibliograacutefica foi assim definida

Como satildeo formados os preccedilos de venda dos produtos no varejo supermercadista

O objetivo geral e os objetivos especiacuteficos satildeo apresentados a seguir

13 Objetivos

O objetivo geral desta pesquisa eacute verificar como satildeo formados os preccedilos de venda dos

produtos no varejo supermercadista

16

Os objetivos especiacuteficos para anaacutelise do setor satildeo

1 Verificar quais satildeo os procedimentos de estabelecimento de preccedilos dos produtos

comercializados

2 Verificar a importacircncia da anaacutelise da demanda dos custos e da concorrecircncia na

determinaccedilatildeo dos preccedilos desses produtos

3 Verificar quais satildeo os meacutetodos de apreccedilamento existentes e suas adaptaccedilotildees

4 Verificar quais satildeo os principais objetivos de preccedilo que os supermercados procuram

atingir

5 Verificar quais satildeo as estrateacutegias de apreccedilamento que os supermercados mais utilizam

6 Verificar qual eacute a influecircncia da demanda dos custos e da concorrecircncia no

apreccedilamento dos produtos pelos supermercados

7 Verificar quais satildeo as outras variaacuteveis que influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos de

venda dos produtos comercializados por eles

14 Justificativa

A justificativa deste estudo estaacute fundamentada em alguns dos aspectos defendidos por Barral

(2003) considerados relevantes na decisatildeo de fazer uma pesquisa cientiacutefica atualidade do

tema ou seja a sua inserccedilatildeo no contexto atual interesse do autor ou o viacutenculo do autor com o

tema a sua relevacircncia que pode ser entendida como a importacircncia social poliacutetica etc e a

pertinecircncia do tema a sua contribuiccedilatildeo

17

Nagle e Holden (2003) explicam que a literatura de marketing natildeo evoluiu na mesma

velocidade sobre questotildees que envolvem preccedilo se comparada com as demais variaacuteveis do

composto de marketing Historicamente o pouco uso de meacutetodos quantitativos em pesquisas

da aacuterea de administraccedilatildeo produziu um certo desequiliacutebrio no nuacutemero de publicaccedilotildees

envolvendo preccedilos comparativamente aos demais componentes do mix de marketing Os

mesmo autores afirmam que os acadecircmicos de marketing desprezavam a determinaccedilatildeo de

preccedilos oferecendo pouca pesquisa na aacuterea e poucos cursos sobre o tema assegurando aos seus

alunos que quando problemas decorrentes da definiccedilatildeo de preccedilos surgiam todos poderiam

ser solucionados indiretamente redobrando-se os esforccedilos de diferenciaccedilatildeo de produtos e

serviccedilos (NAGLE HOLDEN 2003)

Entretanto a estabilidade da moeda brasileira nos uacuteltimos anos tem ampliado o foco das

estrateacutegias competitivas das organizaccedilotildees para o preccedilo no paiacutes Enquanto o processo

inflacionaacuterio mantinha-se generalizado e em tendecircncia crescente a avaliaccedilatildeo dos preccedilos

relativos pelos consumidores era um exerciacutecio pouco frutiacutefero ou seja os consumidores natildeo

tinham memoacuteria de preccedilos Com a relativa estabilidade este exerciacutecio comeccedila a fazer mais

sentido tornando interessante avaliar ateacute que ponto algumas variaacuteveis como preccedilo do

concorrente conveniecircncia e serviccedilos localizaccedilatildeo da loja marca do produto poder de

barganha entre outras influenciam a formaccedilatildeo dos preccedilos finais dos produtos pelos varejistas

Aleacutem disso o estudo sobre a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos eacute uma questatildeo importante para

os profissionais de marketing por duas razotildees primeiro possibilita melhor compreensatildeo das

variaacuteveis que podem influenciar a sua determinaccedilatildeo o que ajuda a entender porque alguns

varejistas estatildeo mais bem posicionados ou satildeo mais competitivos no mercado do que outros e

segundo fornece informaccedilotildees importantes para conseguir a lealdade dos consumidores jaacute

que conforme citado anteriormente o preccedilo pode ser decisivo na escolha do consumidor por

18

uma rede supermercadista Estudo realizado por Vanhuele e Dreze (2002) demonstra que os

consumidores tecircm um forte interesse em manter o conhecimento sobre os preccedilos dos produtos

que compram e Cao e Gruca (2001) afirmam que aqueles que satildeo informados sobre os preccedilos

mais baixos vatildeo direto agrave loja sem qualquer custo de tempo ou de recurso financeiro

O interesse pelo estudo estaacute na oportunidade de participar de tal discussatildeo em uma aacuterea

importante para a economia atual e para acadecircmicos e profissionais de marketing Haacute tambeacutem

o momento competitivo e turbulento em que o varejo supermercadista brasileiro se encontra

o que torna a discussatildeo oportuna

Como contribuiccedilatildeo o estudo pretende apresentar outras variaacuteveis como influenciadoras na

formaccedilatildeo do preccedilo e das estrateacutegias de apreccedilamento que podem auxiliar os varejistas na

compreensatildeo e avaliaccedilatildeo de suas estrateacutegias e de seus concorrentes e servir de base para

futuras pesquisas sobre formaccedilatildeo de preccedilos

15 Organizaccedilatildeo do estudo

O capiacutetulo 1 descreveu apresentou o tema discutido o problema de pesquisa investigado e

definiu quais satildeo os objetivos do estudo O capiacutetulo 2 reuacutene apresenta e discute os

referenciais teoacutericos necessaacuterios para a compreensatildeo da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos e

aborda como a determinaccedilatildeo de preccedilos de venda acontece no varejo supermercadista

descrevendo tambeacutem quais variaacuteveis de marketing que possivelmente influenciam nessa

formaccedilatildeo

19

Assim no referencial teoacuterico apresentam-se as definiccedilotildees de preccedilos modelos de formaccedilatildeo de

preccedilos objetivos e estrateacutegias de apreccedilamento e as variaacuteveis utilizadas nessa formaccedilatildeo

Discutem-se tambeacutem os aspectos de gestatildeo de varejo e as escolhas de apreccedilamento para o

setor

O capiacutetulo 3 descreve o estudo empiacuterico realizado com o objetivo de complementar a revisatildeo

bibliograacutefica realizada sobre preccedilos Neste capiacutetulo o meacutetodo de pesquisa utilizado o tipo de

pesquisa os procedimentos de coleta de dados o instrumento de coleta e a discussatildeo das

anaacutelises necessaacuterias para a realizaccedilatildeo dos casos foram apresentados

No capiacutetulo 4 encontram-se os resultados obtidos na pesquisa empiacuterica e no capiacutetulo 5

apresentam-se as conclusotildees limitaccedilotildees do trabalho e sugestotildees de estudos futuros

20

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo

Embora outras variaacuteveis do composto de marketing sejam importantes o preccedilo permanece

como um dos elementos fundamentais na determinaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado e da

lucratividade das empresas As diferentes definiccedilotildees de preccedilo existentes na literatura satildeo de

alguma forma bem parecidas indicando que preccedilo eacute o que vocecirc paga pelo que recebe

As definiccedilotildees de preccedilos se complementam e nenhuma eacute considerada errada mas em algum

momento os autores deixam de citar explicitamente caracteriacutesticas importantes da variaacutevel

que natildeo podem ser esquecidas no momento de sua apresentaccedilatildeo Por essa limitaccedilatildeo o

presente toacutepico descreve vaacuterias citaccedilotildees de diferentes autores e discute tais definiccedilotildees com o

objetivo de chegar a uma siacutentese sobre a melhor forma de caracterizar a variaacutevel preccedilo

McCarthy (1982) define como preccedilo o que eacute cobrado por algo mesmo que este seja avaliado

de forma incorreta Eacute a expressatildeo monetaacuteria de algum bem ou serviccedilo Rossetti (2000)

complementa considerando que essa expressatildeo monetaacuteria resulta segundo a tradiccedilatildeo da teoria

da microeconomia da utilidade avaliada pelos que tecircm a necessidade e procuram satisfazecirc-la

aleacutem dos custos calculados pelos que produzem Estes entatildeo buscam ressarci-los pela oferta

Churchill Jr e Peter (2000) afirmam que preccedilo eacute a quantidade de dinheiro bens ou serviccedilos

que deve ser dada para adquirir a propriedade ou uso de um produto Mas o preccedilo eacute apenas

21

parte do custo total que os clientes pagam numa troca que inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos

Lambim (2000) e Stanton Walker Etzel (2001) definem o preccedilo como uma relaccedilatildeo que

indica o montante necessaacuterio para adquirir uma dada quantidade de bem ou serviccedilo e Sardinha

(1995) diz que eacute o elemento quantitativo que resume de forma numeacuterica as estrateacutegias de

marketing que a empresa tentou seguir Nesta mesma linha de raciociacutenio Monroe (1990

p05) define o preccedilo como uma equaccedilatildeo

Preccedilo = quantidade de dinheiro ou produtos e serviccedilos recebidos pelo vendedor

quantidade de produtos e serviccedilos recebidos pelo comprador

Czinkota (2001) afirma que o preccedilo eacute uma troca o que faz sentido pois em termos gerais

qualquer troca envolve preccedilo que nem sempre eacute monetaacuterio Junto com o conceito de

Churchill Jr e Peter (2000) estes podem ser considerados os mais completos na medida que

consideram tambeacutem fatores natildeo monetaacuterios O preccedilo eacute apenas uma parte do custo total que os

consumidores pagam em uma troca pois esta inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos aleacutem de desempenhar dois papeacuteis ou seja se a compra seraacute

efetuada e se ela seraacute lucrativa (CHURCHILL JR E PETER 2000) Poreacutem a definiccedilatildeo de

preccedilo que estaacute mais coerente com o trabalho eacute a de Sardinha (1995) que consegue reforccedilar a

dependecircncia do preccedilo agraves outras variaacuteveis do composto de marketing

Urdan e Urdan (2006) explicam que o marketing tem uma concepccedilatildeo mais elaborada do

preccedilo associada ao conceito de valor percebido (a soma dos benefiacutecios sobre a soma dos

custos) sob a oacutetica do cliente (URDAN URDAN 2006 p 184) Os autores afirmam que

preccedilo eacute tudo o que o consumidor percebe ter dado ou sacrificado para obter o produto O

22

preccedilo tem dois componentes O primeiro eacute o monetaacuterio que eacute a concepccedilatildeo usual do

consumidor mas que vai aleacutem do preccedilo pago pelo produto e acrescenta os custos de operaccedilatildeo

manutenccedilatildeo e depreciaccedilatildeo do bem O segundo eacute o componente natildeo monetaacuterio que consiste

nos custos de tempo de energia e psicoloacutegico para adquirir e utilizar o item (figura 1)

Fonte Urdan e Urdan (2006)

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing

Corey (1991) compara o estabelecimento de preccedilos a um jogo de pocircquer no qual a empresa

estabelece seu preccedilo na ausecircncia de informaccedilatildeo completa baseando-se em expectativas de

retornos do mercado e retaliaccedilotildees da concorrecircncia Os movimentos satildeo baseados nas forccedilas de

que a organizaccedilatildeo dispotildee e nas estimativas das forccedilas dos oponentes como tambeacutem em uma

compreensatildeo das suas accedilotildees tiacutepicas Assim qualquer negociaccedilatildeo pode ser entendida como

uma troca de algo de valor geralmente dinheiro (preccedilo) por satisfaccedilatildeo (produto) A chave

para determinar o preccedilo de um produto estaacute na compreensatildeo do valor que os consumidores

percebem E esse valor resulta de suas percepccedilotildees da satisfaccedilatildeo total proporcionada pelo

Sacrifiacutecio de Tempo

Sacrifiacutecio de Energia

Sacrifiacutecio Psicoloacutegico

Preccedilo Monetaacuterio Objetivo

Preccedilo natildeo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Percebido

(total)

23

produto do pacote total de utilidade Ainda assim o preccedilo do produto eacute muitas vezes o fator-

chave que conduz a uma troca

Ao definir o preccedilo Ferrell (2000) argumenta que existem dois pontos que devem ser

considerados (i) que para uma empresa preccedilo eacute a quantidade de dinheiro que ela estaacute disposta

a aceitar em troca de um produto e tal soma deve ser suficientemente alta para cobrir os custos

e dar algum lucro mas natildeo tanto a ponto de impedir a venda de seu produto (ii) para os

consumidores preccedilo eacute a quantia que eles estatildeo dispostos a desembolsar em troca de um

produto Portanto eacute importante que exista um equiliacutebrio na construccedilatildeo deste para que as duas

partes se satisfaccedilam em sua transaccedilatildeo comercial

Na mesma linha de raciociacutenio Rocha e Christensen (1999) afirmam que o preccedilo define as

condiccedilotildees baacutesicas pelas quais o vendedor e o comprador estatildeo dispostos a realizar a troca Os

autores ainda complementam que para a empresa o preccedilo pode ser visto como a compensaccedilatildeo

recebida pelos produtos e serviccedilos que oferece ao mercado e para o comprador o preccedilo

expressa o que ele estaacute disposto a dar para adquirir o que a empresa lhe oferece (bens ou

serviccedilos)

Lambin (2000a) tambeacutem raciocina que a questatildeo do preccedilo tem dois aspectos importantes sob

o ponto de vista das empresas a serem considerados (i) o preccedilo eacute um instrumento para

analisar demanda e ao mesmo tempo (ii) eacute um fator determinante da rentabilidade a longo

prazo Entretanto a escolha por uma estrateacutegia de apreccedilamento deve respeitar dois tipos de

coerecircncia a interna e a externa A interna diz respeito aos custos e a rentabilidade essenciais

para a sobrevivecircncia da companhia e a externa agrave forccedila do mercado (poder de compra dos

consumidores) e preccedilo da concorrecircncia Aleacutem do mais natildeo se pode esquecer a coerecircncia com

as estrateacutegias de produto e distribuiccedilatildeo a chamada consistecircncia horizontal

24

Para o consumidor o preccedilo eacute expressatildeo monetaacuteria de um valor e tem papel central na troca O

comportamento de compra pode ser visto como um sistema de troca onde a procura pela

satisfaccedilatildeo e o sacrifiacutecio monetaacuterio compensam um ao outro Esse comportamento eacute resultado

de uma necessidade e a quantia que o consumidor estaacute disposto a pagar pelo produto mede a

intensidade dessa necessidade e a qualidade e satisfaccedilatildeo que eacute esperada (LAMBIN 2000a)

As decisotildees de preccedilos satildeo importantes pois afetam o volume de vendas de uma empresa e

quanto de recursos ela recebe Mesmo com tal importacircncia muitas empresas natildeo lidam bem

com a determinaccedilatildeo de preccedilos Segundo Kotler e Keller (2005) os erros mais comuns satildeo

preccedilos demasiadamente orientados para custos os preccedilos natildeo sofrem revisatildeo com suficiente

frequumlecircncia para capturar mudanccedilas praticadas pelo mercado a determinaccedilatildeo dos preccedilos

independe do restante do composto de marketing e a natildeo variaccedilatildeo de acordo com diferentes

itens de produtos segmentos de mercado e ocasiotildees de compra

Lovelock (1996) e Kotler e Keller (2005) ainda referem-se ao preccedilo como o uacutenico elemento

do composto de marketing que produz receita enquanto todos os outros produzem custos

sendo assim consideradas de mais difiacutecil compressatildeo Eacute visto tambeacutem pelos autores como o

mais flexiacutevel pois pode ser alterado com rapidez ao contraacuterio das caracteriacutesticas de produtos

dos contratos com os canais de distribuiccedilatildeo e as promoccedilotildees planejadas Essa flexibilidade dos

preccedilos praticados pelos concorrentes eacute um dos maiores problemas com o qual as empresas se

deparam (PALMER 2000)

O preccedilo tambeacutem informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido por uma empresa

para seu produto ou marca (KOTLER KELLER 2005) Mazzon Guagliardi Fonseca (1983)

afirmam que o preccedilo eacute uma variaacutevel sensiacutevel em qualquer modelo em que eacute considerado

devido agrave caracteriacutestica de aumentar o lucro dos componentes do canal de distribuiccedilatildeo e

25

tambeacutem por permitir ao consumidor aumentar suas possibilidade de consumo do produto bem

como permitir o consumo de outros produtos

Czinkota (2001) apresenta as principais variaacuteveis envolvidas na definiccedilatildeo de preccedilos -

preocupaccedilotildees estrateacutegicas sensibilidade da demanda custos e preocupaccedilotildees eacuteticas e legais e

os fatores que influenciam na necessidade de ajuste conforme a figura 2 Lambin (2000a)

afirma que a noccedilatildeo de preccedilo eacute ampla e vai aleacutem da simples coincidecircncia dos fatos puramente

objetivos e quantitativos A quantidade de dinheiro pago mede de forma incompetente o

sacrifiacutecio realizado e da mesma maneira a quantidade de bens adquiridos mede de forma

imperfeita a satisfaccedilatildeo

Fonte Czinkota (2001)

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

26

Lepsch (1996) considera a estrateacutegia de formaccedilatildeo de preccedilos como um plano projetado e

administrado de forma eficiente que considera a fixaccedilatildeo de preccedilos como uma funccedilatildeo de

custos percepccedilatildeo do cliente e reaccedilotildees da concorrecircncia

Apesar de todas as estrateacutegias existentes para as empresas determinarem o preccedilo de seus

produtos quem iraacute decidir se esse eacute o preccedilo correto ou natildeo eacute o consumidor final De nada

adiantaraacute uma companhia decidir sobre o apreccedilamento de seus bens ou serviccedilos se o cliente

natildeo estiver disposto a pagar a quantia proposta Portanto a poliacutetica de formaccedilatildeo de preccedilo deve

ser orientada para o consumidor claro que de forma a cobrir os custos da empresa e gerar

algum lucro mas tambeacutem analisando como os produtos atribuem benefiacutecios definindo um

preccedilo justo a esse valor percebido pelo usuaacuterio Um consumidor racional somente iraacute adquirir

um produto quando o valor percebido for maior que o valor pago para a aquisiccedilatildeo deste item

O valor atribuiacutedo ao produto pode se caracterizar por diversas formas como a qualidade o

gosto a ambientaccedilatildeo o status entre outros sendo que esses atributos variam conforme os

diferentes segmentos de consumidores e as diferentes situaccedilotildees de compra

Entre tantas consideraccedilotildees e afirmaccedilotildees sobre preccedilos um ponto importante e comum entre

todos os autores diz respeito agrave complexidade da sua determinaccedilatildeo Para que o apreccedilamento

seja estabelecido de forma adequada Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker e Etzel

(2001) consideram que uma empresa deve seguir seis etapas (1) seleccedilatildeo do objetivo da

determinaccedilatildeo de preccedilos (2) determinaccedilatildeo da demanda (3) estimativa de custos (4) anaacutelise de

custos preccedilos e oferta dos concorrentes (5) seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos

e (6) seleccedilatildeo do preccedilo final Cada uma dessas etapas seraacute discutida neste trabalho

27

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo

Boone e Kurtz (1998) consideram que da mesma forma que o preccedilo eacute um dos componentes

do composto de marketing os objetivos de determinaccedilatildeo de preccedilos tambeacutem satildeo um

componente dos objetivos gerais da organizaccedilatildeo Os autores explicam que os objetivos de

marketing representam os resultados que os executivos esperam alcanccedilar que se baseiam

nesses objetivos gerais Os objetivos da empresa e da funccedilatildeo de marketing provecircem a base

para determinar os objetivos da fixaccedilatildeo de preccedilos usados para desenvolver e implementar os

procedimentos e poliacuteticas de apreccedilamento mais especiacuteficas (BOONE KURTZ 1998)

Neves (2005) explica que a decisatildeo de onde a empresa deseja posicionar sua oferta deveraacute ser

o primeiro passo que a empresa adota pois quanto mais claros os objetivos do plano de

marketing mais faacutecil seraacute a determinaccedilatildeo de preccedilos Deve-se decidir sobre os objetivos de

preccedilo antes de determinar o proacuteprio preccedilo Entretanto poucas empresas estabelecem um

objetivo de preccedilo A importacircncia de considerar esse passo fica clara quando as possiacuteveis

escolhas satildeo apresentadas e a relevacircncia e consequumlecircncia que cada uma tem sobre o

apreccedilamento de um produto

Satildeo considerados cinco objetivos para a determinaccedilatildeo de preccedilo (KOTLER KELLER 2005

CZINKOTA 2001) (1) sobrevivecircncia (2) maximizaccedilatildeo do lucro (3) maximizaccedilatildeo do

crescimento das vendas ou manutenccedilatildeo eou aumento da participaccedilatildeo de mercado (4)

lideranccedila na qualidade do produto e (5) maximizaccedilatildeo do aproveitamento do mercado ou

desnataccedilatildeo

28

Os objetivos de maximizaccedilatildeo do lucro e do volume satildeo mais comuns mesmo entre autores

que utilizam outras classificaccedilotildees O objetivo de sobrevivecircncia eacute considerado de curto prazo e

geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila

nos desejos do consumidor Quando optam por utilizar este objetivo o preccedilo estabelecido

deve cobrir os custos variaacuteveis e alguns dos custos fixos caso contraacuterio a empresa pode ir agrave

falecircncia No caso da lideranccedila na qualidade do produto as empresas tecircm seus produtos

caracterizados por altos niacuteveis de qualidade e valor percebidos com preccedilos altos poreacutem natildeo a

ponto de se tornarem quase inacessiacuteveis aos consumidores Satildeo os produtos de preccedilo-

premium

A estrateacutegia de preccedilo-premium eacute aplicada para diferentes versotildees de um mesmo produto uma

superior e outra baacutesica ou padratildeo Os compradores potenciais do modelo padratildeo satildeo muito

sensiacuteveis a preccedilos ao contraacuterio dos compradores da versatildeo superior do item Uma variaccedilatildeo do

preccedilo-premium eacute o preccedilo de imagem As duas estrateacutegias tecircm o mesmo objetivo sinalizar

para os compradores desinformados a alta qualidade do produto e utilizar o lucro realizado

com a versatildeo superior para subsidiar o preccedilo da versatildeo baacutesica ou padratildeo do produto

(LAMBIN 2000a) A caracteriacutestica que difere uma estrateacutegia da outra eacute que no segundo

caso natildeo existe uma diferenccedila real entre os produtos ou marcas apenas considera-se a

imagem passada e o posicionamento

Na desnataccedilatildeo do mercado os preccedilos comeccedilam altos e se reduzem gradualmente com o

tempo Eacute um objetivo praticado geralmente por empresas que lanccedilam tecnologias novas e faz

sentido apenas sob as seguintes condiccedilotildees (i) um nuacutemero suficiente de compradores tem uma

demanda corrente alta (ii) o custo unitaacuterio de produzir uma quantidade pequena natildeo eacute alto

suficiente para anular a vantagem de cobrar o que o mercado tem condiccedilotildees de pagar (iii) o

29

preccedilo alto inicial natildeo atrai mais concorrentes para o mercado e (iv) o preccedilo elevado comunica

a imagem de um produto de qualidade superior (KOTLER KELLER 2005)

Em outras palavras Lambin (2000a) descreve a desnataccedilatildeo como objetivo atingir alta receita

em vendas oferecendo produtos com qualidades peculiares (reais ou percebidos) a preccedilos

muito altos para alguns compradores ou segmentos especiacuteficos que estatildeo preparados e

dispostos a pagar por essa distinccedilatildeo O objetivo aqui eacute alcanccedilar o mais alto turnover possiacutevel

com preccedilo alto em vez de volume alto (LAMBIN 2000a) O autor considera esta a estrateacutegia

totalmente oposta agrave maximizaccedilatildeo de volume

Outros autores preferem agrupar os objetivos de formas diferentes Para Jain (2000) eles

podem ser orientados para o lucro e para o volume e Lambin (2000a) afirma que alguns

objetivos podem ser tambeacutem orientados para a concorrecircncia Boone e Kutz (1998)

consideram quatro os principais objetivos de apreccedilamento (1) objetivos de lucratividade (2)

objetivos de volume (3) objetivos concorrenciais e (4) objetivos de prestiacutegio

Embora as classificaccedilotildees variem de um autor para outro percebe-se nos agrupamentos que os

objetivos de lucratividade e os objetivos de volume satildeo comuns a todos os autores citados Os

objetivos concorrencias satildeo equivalentes apenas entre Lambin (2000a) e Boone e Kutz

(1998) O uacutenico grupo exclusivamente idealizado por Boone e Kutz (1998) eacute denominado

objetivos de prestiacutegio Seratildeo discutidos primeiramente os objetivos comuns a todos em

sequumlecircncia os objetivos orientados para a concorrecircncia e finalmente a quarta proposta de

agrupamento de Boone e Kutz (1998)

Jain (2000) considera que quando orientado para o lucro o objetivo pode ser definido tanto

em termos da porcentagem de lucro desejada (maximizaccedilatildeo dos lucros) quanto do retorno

almejado sobre o investimento Lambin (2000a) cita a maximizaccedilatildeo do lucro como um

30

modelo apresentado pelos economistas Para o autor o modelo eacute difiacutecil de ser aplicado na

praacutetica pois natildeo apenas assume o conhecimento preciso sobre as funccedilotildees de custo e demanda

de cada produto como tambeacutem assume a estabilidade que eacute raramente aproveitada pelos

fatores ambientais e competitivos

Boone e Kutz (1998) afirmam que os economistas identificam a maximizaccedilatildeo dos lucros

como o ponto no qual uma adiccedilatildeo agrave receita total eacute equilibrada exatamente por um aumento no

custo total e o problema estaacute em saber como atingir esse equiliacutebrio Para eles a teoria

econocircmica se baseia em pressupostos sendo um deles o de que todas as empresas teratildeo um

comportamento racional que resultaraacute em um esforccedilo para maximizar ganhos e minimizar

perdas Nicol (1985) considera que as empresas natildeo podem ter um uacutenico objetivo o da

maximizaccedilatildeo do lucro contudo ele eacute um importante objetivo de uma empresa geneacuterica

O objetivo de retorno-alvo (ROI) eacute difundido (LAMBIN 2000a) Na praacutetica calcula-se o

preccedilo-alvo que eacute aquele o qual para um niacutevel de atividade assegura um retorno justo sobre o

capital investido Para o autor essa teoria muito utilizada pelas empresas tem o meacuterito da

simplicidade mas eacute incorreta pois ignora o fato de que eacute o niacutevel do preccedilo que determina o

niacutevel da demanda Boone e Kutz (1998) consideram que os objetivos de retorno-alvo

oferecem uma seacuterie de vantagens ao profissional de marketing servindo como um meio de

avaliar desempenho Aleacutem disso satildeo projetados para gerar um lucro justo de acordo com o

julgamento dos gerentes acionistas e puacuteblico em geral (BOONE KURTZ 1998)

Por outro lado Jain (2000) argumenta que o objetivo mais utilizado pelas grandes empresas eacute

o preccedilo voltado para volume Boone e Kutz (1998) consideram que as empresas nesta

ocasiatildeo estabelecem um niacutevel miacutenimo aceitaacutevel de lucro e entatildeo procuram maximizar as

vendas (sujeitas a esta restriccedilatildeo de lucro) acreditando que no quadro de concorrecircncia de

longo prazo um grande volume de vendas eacute mais importante do que lucros elevados logo de

31

iniacutecio Assim as empresas continuam a expandir suas vendas ateacute o ponto em que os lucros

totais natildeo caiam abaixo dos retornos miacutenimos obtidos como aceitaacuteveis pela companhia

Os objetivos de volume tambeacutem podem ser estabelecidos como a participaccedilatildeo de mercado que

a companhia gostaria de atingir que pode comeccedilar como sendo a taxa de crescimento de

vendas desejada ou simplesmente assegurar um crescimento de vendas suficiente para a

empresa (LAMBIN 2000a) Para Lambin (2000a) maximizar a participaccedilatildeo de mercado

implica em adotar um preccedilo de penetraccedilatildeo que eacute uma quantia relativamente baixa menor do

que o preccedilo da concorrecircncia para aumentar o volume de vendas e consequumlentemente o

market-share o mais raacutepido possiacutevel Boone e Kutz (1998 p 467) definem como a meta

estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma determinada mercadoria ou

serviccedilo Esta meta pode ser tanto a manutenccedilatildeo da atual participaccedilatildeo quanto o aumento

dessa fatia do mercado em alguns pontos percentuais

Lambin (2000a) afirma que aleacutem das orientaccedilotildees para o lucro e para o volume a companhia

tem um terceiro objetivo desta vez orientado para a competiccedilatildeo Esta visatildeo tambeacutem eacute

compartilhada por Boone e Kutz (1998) Neste caso os preccedilos devem estar alinhados com os

concorrentes ou objetivar s estabilidade Para o autor em induacutestrias lideradas por uma

empresa o objetivo eacute criar um relacionamento estaacutevel entre produtos concorrentes para evitar

flutuaccedilotildees de preccedilos que podem abalar a confianccedila do consumidor O objetivo de se alinhar

aos preccedilos das empresas concorrentes mostra que a companhia estaacute consciente da sua

incapacidade de exercer qualquer influecircncia no mercado especialmente quando existe uma

empresa liacuteder e os produtos satildeo padronizados como um oligopoacutelio indiferenciado Neste

caso a empresa prefere concentrar seus esforccedilos outros aspectos que natildeo seja o preccedilo

(LAMBIN 2000a) Uma vez alcanccedilada a posiccedilatildeo de dominante o objetivo muda para uma

32

taxa de retorno suficiente ou satisfatoacuteria Esta eacute uma estrateacutegia frequumlentemente utilizada por

empresas com um volume alto de produccedilatildeo acumulada e que espera reduzir custos

Os objetivos de prestiacutegio compotildee a uacuteltima categoria de apreccedilamento natildeo relacionada agrave

lucratividade e ao volume Um objetivo de prestiacutegio envolve a determinaccedilatildeo de um preccedilo

relativamente alto para desenvolver e manter uma imagem de qualidade e exclusividade

direcionado para consumidores natildeo sensiacuteveis a preccedilos e sensiacuteveis a questatildeo de status

(BOONE KURTZ 1998) A utilizaccedilatildeo do objetivo de preccedilo por prestiacutegio reflete a ecircnfase

dada pelo profissional de marketing muito mais agrave imagem do produto do que ao custo dos

seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo O quadro 1 apresenta um resumo geral dos

objetivos de preccedilos e suas caracteriacutesticas

Definido o objetivo de preccedilo a empresa precisa compreender as relaccedilotildees entre a fixaccedilatildeo de

preccedilos e a curva de demanda O preccedilo eacute um fator essencial como determinante da demanda

Os quatro fatores considerados pelos economistas na determinaccedilatildeo da demanda satildeo preccedilo do

produto preccedilo dos substitutos renda dos consumidores e suas preferecircncias Caso os outros

trecircs fatores permaneccedilam constantes quanto mais alto for o preccedilo menor seraacute a demanda O

proacuteximo toacutepico discute as relaccedilotildees entre a demanda e o preccedilo de produtos e suas implicaccedilotildees

33

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo

Objetivo

Caracteriacutestica

Sobrevivecircncia

Objetivo de curto prazo geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila nos desejos do consumidor

Maximizaccedilatildeo do Lucro

Quando satildeo estimados a demanda e os custos com preccedilos alternativos e escolha do niacutevel que maximiza o lucro e se estabelece um niacutevel especiacutefico de lucro como objetivo

Maximizaccedilatildeo do Volume

Meta estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma mercadoria ou serviccedilo Pode ser para manter ou aumentar a fatia

Lideranccedila na Qualidade do Produto

Produtos com alta qualidade preccedilo relativamente alto mas benefiacutecio percebido Gera lealdade e o preccedilo natildeo dificulta o acesso apenas traduz a qualidade

Desnatamento

Quando haacute estimativa do preccedilo mais alto que se pode cobrar dados os benefiacutecios comparativos em relaccedilatildeo aos substitutos disponiacuteveis para uma posterior reduccedilatildeo do preccedilo e assim conquistar o segmento imediatamente inferior

Concorrenciais

Preccedilos equivalentes aos da concorrecircncia e diferenciaccedilatildeo por meio dos outros componentes do mix de marketing

Prestiacutegio

Preccedilo alto para consumidores sensiacuteveis agrave status ecircnfase na imagem do produto e natildeo ao custo dos seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo

Fonte Elaborado pela autora a partir de Boone e Kutz (1998) Czinkota (2001) Kotler e Keller (2005) Lambin (2000a) Lambin (2000b) e Stanton Waltker e Etzel (2001)

23 Determinaccedilatildeo da Demanda

O apreccedilamento estrateacutegico de um produto natildeo deve considerar apenas os custos eacute importante

identificar o niacutevel de demanda ao longo do tempo Preccedilos baseados apenas nas necessidades

financeiras da empresa satildeo considerados inapropriados segundo Lambin (2000a) Em uma

economia de mercado eacute o comprador quem decide que produto seraacute vendido

Consequumlentemente em uma organizaccedilatildeo bem sucedida um apreccedilamento efetivo comeccedila com

34

o preccedilo mais proacuteximo de ser aceito pelo mercado que por sua vez determina o custo-alvo da

empresa (LAMBIN 2000a)

O custo-alvo eacute um conceito que foi desenvolvido em meados da deacutecada de 90 Ao contraacuterio

da praacutetica tradicionalmente utilizada (primeiro desenvolve-se o produto e o custo eacute a base

para a determinaccedilatildeo do preccedilo figura 3) o custo-alvo leva em consideraccedilatildeo primeiramente a

necessidade do consumidor descoberta por meio de pesquisas de mercado em seguida o

valor que ele daacute ao produto o preccedilo do mercado e o quanto o cliente pagaria para adquiri-lo a

partir desse ponto avaliar os custos para o desenvolvimento do bem comparaacute-lo com o preccedilo

e desenvolver efetivamente o produto (figura 4)

A determinaccedilatildeo da demanda em alguns casos eacute clara poreacutem em outros os padrotildees soacute satildeo

revelados quando devidamente estudados e mapeados Cada preccedilo praticado pela empresa

resultaraacute em um diferente niacutevel de demanda e consequumlentemente causaraacute diferentes impactos

nos objetivos de marketing de uma empresa

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto

CONSUMIDOR

CONSUMIDOR VALORVALOR PRECcedilOPRECcedilO CUSTOCUSTO PRODUTOPRODUTO

PRODUTOPRODUTO CUSTOCUSTO VALORVALORPRECcedilOPRECcedilO CONSUMIDOR

CONSUMIDOR

35

Lambin (2000a) considera a noccedilatildeo de elasticidade um importante conceito na anaacutelise da

demanda pois mede diretamente a sensibilidade a preccedilo do consumidor Churchill Jr e Peter

(2003) definem elasticidade-preccedilo como a medida da sensibilidade da demanda agrave mudanccedilas

nos preccedilos

Simonsen (1973) explica que o economista Marshall primeiro a encontrar uma forma praacutetica

de expressar o conceito da elasticidade da demanda a definiu como o aumento percentual da

quantidade procurada quando o preccedilo abaixa 1 Se a quantidade procurada de um item

aumentar 2 porque seu preccedilo caiu em 1 significa que o seu coeficiente de elasticidade eacute

igual a 2 Deve considerar poreacutem que o conceito de elasticidade refere-se a um ponto da

curva de demanda e natildeo da curva completa

Para determinar a elasticidade em P traccedila-se uma tangente agrave curva por esse ponto a qual

intercepta os eixos do graacutefico respectivamente nos pontos M e N (figura 5) O coeficiente da

elasticidade eacute representado pela foacutermula

Kotler e Armstrong (1998) considera

relaccedilatildeo entre a variaccedilatildeo da quantidad

resultado maior eacute a relaccedilatildeo da dema

como a porcentagem de variaccedilatildeo de u

preccedilo

E= MP PN

m que a elasticidade da demanda pode ser medida pela

e vendida e a variaccedilatildeo do preccedilo Quanto mais alto o

nda e de preccedilo e Lambin (2000a) descreve a foacutermula

nidades vendidas sobre a porcentagem de variaccedilatildeo do

36

Fonte Simonsen 19

Figura 5 Represe

Besanko Dranove

independentemente

preccedilo em P0) ele m

Q1l Parte do cresc

Q1) vem dos con

2000) A figura 6

mercado

A curva de demand

produto ou serviccedilo

maior do que 1 ( sum

preccedilos a determin

coeficiente de elas

vendas natildeo eacute afeta

de custos ao consu

deve-se realizar um

Preccedilo

73

ntaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticid

e Shanley (2000) afirmam que quando u

do setor de P0 para P1 (com todos os

ove na curva de demanda de DD para d

imento (Q1 Q0) vem de seus consumido

sumidores de outras empresas (BESAN

representa a curva de demanda quando um

a pode ser elaacutestica ou inelaacutestica Quando o

eacute inferior a 1 ( sum lt 1) a demanda eacute co

lt 1) a demanda eacute considerada elaacutestica N

accedilatildeo precisa dos seus custos seraacute mais

ticidade Quando a demanda eacute inelaacutestica o

do pelas mudanccedilas de preccedilo assim a empr

midor sem maiores perdas Poreacutem quando

a anaacutelise de custos que permitiraacute a proj

E= MP PN

Quantidade

P

N

R

0

S

M

ade da Demanda

m vendedor reduz o seu preccedilo

seus concorrentes segurando o

d e suas vendas aumentam para

res leais e a outra parte (Q1l

KO DRANOVE SHANLEY

a empresa muda seu preccedilo no

coeficiente de demanda de um

nsiderada inelaacutestica e quando eacute

o que diz respeito agrave poliacutetica de

importante quanto maior for o

u pouco elaacutestica o volume de

esa pode transferir os aumentos

a demanda eacute altamente elaacutestica

eccedilatildeo de provaacuteveis margens de

37

lucro em diferentes niacuteveis de venda com base nas relaccedilotildees entre preccedilo e quantidade em cada

niacutevel (SIMONSEN 1973 KOTLER KELLER 2005 BESANKO DRANOVE SHANLEY

2000 NICOL 1983 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN1999)

Fonte Adaptado de

Figura 6 Curva

muda o preccedilo

A demanda elaacutestic

vendida o suficient

1997) No setor ali

com que ocorra um

loja ou rede varej

estabelecimento qu

A curva da deman

preccedilos (KOTLER

Preccedilo

Besanko Dranove e Shanley (2000)

de Demanda de um Vendedor Individua

a ocorre quando a reduccedilatildeo de preccedilos faz

e para compensar a receita e os resultados

mentiacutecio a demanda eacute considerada inelaacutesti

acreacutescimo substancial no volume de venda

ista eacute considerada elaacutestica pois os cons

e tiver melhores niacuteveis de preccedilos

da mostra o volume provaacutevel de compra

KELLER 2005 p 435) A curva resume a

Quantidade

D

D

d

d

P0

P1

Q0

Q1

Q1l

l quando independentemente

com que aumente a quantidade

(MCCARTHY PERREAULT

ca (a reduccedilatildeo de preccedilos natildeo faz

s) poreacutem quando analisada por

umidores passam a escolher o

do mercado ante alternativas de

s reaccedilotildees de consumidores com

38

diferentes sensibilidades a preccedilo portanto o primeiro passo para determinar a demanda eacute

compreender os fatores que afetam a sensibilidade Kotler e Keller (2005) afirmam que os

compradores satildeo menos sensiacuteveis a preccedilos de produtos comprados com pouca frequumlecircncia ou

que inspiram prestiacutegio Os consumidores que apresentam pouca sensibilidade satildeo os

preferidos das empresas Nagle e Holden (2003) Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000a)

indicam nove fatores relacionados agrave menor sensibilidade a preccedilos

1 O produto eacute exclusivo - valor uacutenico

2 Os compradores tecircm menos consciecircncia da existecircncia de substitutos

3 Os compradores natildeo conseguem comparar facilmente a qualidade de substitutos

4 A despesa eacute uma pequena parte do orccedilamento familiar

5 O benefiacutecio final do produto eacute grande ou seja a despesa eacute pequena em relaccedilatildeo ao

custo total do produto final

6 O custo do produto eacute compartilhado com terceiros

7 O produto eacute utilizado em conjunto com bens comprados anteriormente

8 O produto apresenta mais qualidade prestiacutegio ou exclusividade Preccedilo-Qualidade

9 Os compradores natildeo podem estocar o produto

As empresas precisam entender a sensibilidade a preccedilo de seus clientes atuais e potenciais

bem como as anaacutelises comparativas que as pessoas estatildeo dispostas a realizar para avaliar o

preccedilo diante das especificaccedilotildees dos produtos (figura 7) Lambin (2000a) considera todo

comprador sensiacutevel a preccedilo poreacutem essa sensibilidade pode variar tremendamente de uma

situaccedilatildeo para outra como mostram os fatores citados pelos estudiosos da aacuterea Essa variaccedilatildeo

ocorre de acordo com a importacircncia da satisfaccedilatildeo que o produto proporciona ou do sacrifiacutecio

necessaacuterio para adquirir o bem Ter somente consumidores sensiacuteveis como alvo pode

significar que a empresa estaacute deixando de ganhar dinheiro (KOTLER KELLER 2005)

39

Fonte Elaborado pela autora

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos

Para mensurar a sensibilidade vaacuterios meacutetodos podem ser aplicados Lambin (2000a) agrupa

esses meacutetodos em quatro categorias principais (i) o julgamento de especialistas (the expert

judgement) (ii) pesquisas com consumidores (iii) experimentos com preccedilo e (iv) estudos

economeacutetricos O julgamento de especialistas consiste em pedir para especialistas do mercado

trecircs estimativas ou pontos na curva de resposta ao preccedilo a menos realista a mais realista e a

associaccedilatildeo do volume de vendas mais as vendas esperadas a um preccedilo meacutedio

As pesquisas com consumidores podem ser diretas ou indiretas O meacutetodo mais utilizado eacute o

indireto por meio de anaacutelise conjunta Os experimentos com preccedilos satildeo realizados em

laboratoacuterios ou no proacuteprio campo (mercado) e os estudos economeacutetricos satildeo baseados em

anaacutelises de painel ou seacuteries temporais (LAMBIN 2000a)

Sensibilidade a Preccedilo

Valor da diferenciaccedilatildeo

Alta

Alta

Baixa

Baixa

Compradores

de Preccedilo

Compradores

de Valor

Compradores

de Conveniecircncia

Compradores

de Relacionamento

40

Mensurar a elasticidade da demanda pode ser uacutetil por diversas razotildees A elasticidade fornece

informaccedilotildees sobre a direccedilatildeo na qual os preccedilos podem mudar para simular a demanda e

aumentar o faturamento Aleacutem disso comparar a elasticidade de marcas concorrentes

identifica aquelas que podem resistir mais a um aumento de preccedilo e assim revelar seu poder

de mercado Comparar a elasticidade de produtos de mesma categoria ajuda no ajuste de

preccedilo dentro da categoria e por fim a elasticidade cruzada ajuda a prever as mudanccedilas na

demanda de uma marca para outra (LAMBIN 2000a)

Lambin (2000a) chama a atenccedilatildeo para algumas limitaccedilotildees que podem reduzir a utilidade

praacutetica dos meacutetodos de mensuraccedilatildeo A elasticidade mede o relacionamento baseando-se no

comportamento do consumidor que soacute eacute observaacutevel depois do acontecimento O seu valor

preventivo depende da estabilidade das condiccedilotildees que ocasionaram a observaccedilatildeo portanto

natildeo pode ser utilizado para determinar o preccedilo de novos produtos Outro ponto eacute que em

muitas situaccedilotildees o problema natildeo eacute tanto saber como adaptar o preccedilo a sensibilidade atual do

mercado mas sim saber de forma mudar essa sensibilidade para a direccedilatildeo procurada pela

empresa Nesse caso eacute mais interessante saber o valor percebido do produto pelo grupo-alvo

de consumidores Por fim a elasticidade mede o impacto do preccedilo na quantidade comprada

do produto mas natildeo mede o efeito do preccedilo na propensatildeo a experimentar o produto em

compras repetitivas a taxas exclusivas entre outros e essas satildeo noccedilotildees importantes para

entender o mecanismo de resposta do consumidor em relaccedilatildeo ao preccedilo dos produtos

Eacute vaacutelido destacar que os meacutetodos de mensuraccedilatildeo da demanda foram desenvolvidos para

modelos econocircmicos para auxiliar mais no entendimento do comportamento econocircmico do

que como uma ferramenta de decisatildeo Essa afirmaccedilatildeo natildeo significa poreacutem que a teoria

econocircmica natildeo tenha relevacircncia para o estudo da determinaccedilatildeo do preccedilo pois mesmo sendo

imprecisa a estimativa da elasticidade do preccedilo ajuda a determinar a direccedilatildeo da mudanccedila de

41

preccedilo e seu impacto na receita de vendas Contudo os administradores de marketing deveriam

desenvolver meacutetodos de mensuraccedilatildeo mais adequados agraves suas necessidades

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)

A fixaccedilatildeo de preccedilo baseado no cliente trabalha o preccedilo de modo mais lucrativo e com a

captura de mais valor natildeo necessariamente vendendo mais (aumento do volume de vendas)

Aleacutem disso leva em conta os preccedilos que os consumidores estatildeo dispostos a pagar e pode

chegar a um montante que natildeo reflete o verdadeiro valor do produto

Satildeo utilizados o preccedilo de valor e as estrateacutegias flexiacuteveis de apreccedilamento O preccedilo de valor

representa a fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando

comparado ao seu concorrente Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo requer uma reengenharia

de operaccedilotildees ou seja um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade (Lambin

2000a Lambin 2000 b Kotler Keller 2005)

Lambin (2000a) explica que do ponto de vista do consumidor um produto eacute o total de

benefiacutecios recebidos quando utilizado Portanto uma empresa orientada para o consumidor

precisa fixar os seus preccedilos de acordo com a percepccedilatildeo de benefiacutecios e custos do cliente Os

consumidores comparam os benefiacutecios de uma compra com o custo que ela representou

Quando o produto considerado apresenta a melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio o consumidor estaacute

inclinado a comprar o bem

42

O procedimento de preccedilo de valor pode ser implementado de duas formas diferentes A

primeira delas eacute o valor percebido A ideacuteia baacutesica por traacutes desse meacutetodo eacute o valor percebido

no produto ou marca o qual iraacute determinar o niacutevel de preccedilo O preccedilo de valor percebido

considera as percepccedilotildees de valor dos clientes e natildeo o custo do vendedor Aleacutem disso a

estrateacutegia utiliza os elementos do mix de marketing para aumentar o valor percebido pelo

cliente e a chave para a sua determinaccedilatildeo eacute a precisatildeo na percepccedilatildeo do mercado relativa ao

valor da oferta Eacute preciso determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a

percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta Nesse caso eacute fundamental pensar-se no

posicionamento do produto Deve-se ainda mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais

caro (o valor que a oferta de fato representa)

A segunda maneira eacute o preccedilo maacuteximo aceitaacutevel particularmente utilizado para determinar

preccedilos de produtos na induacutestria O principal benefiacutecio para o comprador nesse caso eacute a

reduccedilatildeo de custos O procedimento segue os seguintes passos (i) entender o uso do produto

pelo consumidor (ii) analisar os benefiacutecios gerados pelo produto (iii) analisar os custos de

aquisiccedilatildeo e de uso do produto (iv) calcular a relaccedilatildeo custo-benefiacutecio e determinar o preccedilo

maacuteximo aceitaacutevel (LAMBIN 2000a) O preccedilo mais alto que o consumidor estaraacute disposto a

pagar pelo produto eacute calculado por

Benefiacutecios Custos = Preccedilo Maacuteximo Aceitaacutevel

Algumas das limitaccedilotildees do apreccedilamento baseado no cliente referem-se agrave falha na percepccedilatildeo

que pode afetar a lucratividade da empresa a longo prazo e ao surgimento de alguns

problemas quando os preccedilos natildeo refletem o montante que os clientes estatildeo dispostos a pagar

43

pois alguns compradores sofisticados raramente satildeo honestos a respeito de quanto estatildeo

dispostos a pagar por um produto Para que a estrateacutegia tenha um bom desempenho deve-se

aumentar a disposiccedilatildeo do cliente a pagar um preccedilo que reflita o verdadeiro valor do produto

As empresas natildeo tecircm um preccedilo uacutenico mas sim uma variedade de preccedilos adaptados a

situaccedilotildees distintas de mercado Para isso satildeo utilizadas as estrateacutegias flexiacuteveis de mercado

Elas ocorrem em situaccedilotildees onde o mesmo produto eacute vendido para diferentes clientes a preccedilos

tambeacutem diferentes e podem ser obtidas por regiatildeo por periacuteodo por forma do produto ou de

um segmento para outro

Os economistas utilizam o termo descriminaccedilatildeo de preccedilos para designar as variaccedilotildees de preccedilo

que natildeo satildeo justificadas pelo custo (LAMBIN 2000b) As quatro formas de flexibilidade de

preccedilo satildeo (1) desconto para um segundo mercado que acontece quando uma empresa tem

excedente de produccedilatildeo e surge a oportunidade de vender seus produtos para um outro

mercado e nesse caso o preccedilo miacutenimo aceitaacutevel pela empresa deve ser o preccedilo piso ou

miacutenimo (2) descontos perioacutedicos ou sazonais que permitem que a empresa explore a

heterogeneidade da demanda - consumidores sensiacuteveis e natildeo sensiacuteveis a preccedilos que compram

o mesmo produto em periacuteodos diferentes vendendo com o preccedilo alto no comeccedilo da

temporada e oferecendo descontos sistemaacuteticos no fim do periacuteodo (3) os descontos

oferecidos ao acaso ou seja para situaccedilotildees onde existem empresas que vendem o mesmo

produto a um preccedilo alto e outras a um preccedilo baixo e existem consumidores informados e

desinformados quanto a essa diferenccedila A empresa estabelece um preccedilo alto para vender aos

clientes que natildeo conhecem o preccedilo inferior e ao mesmo tempo oferece descontos para atingir

os consumidores que procuram pelo preccedilo mais baixo e (4) os preccedilos promocionais

frequumlentemente utilizados por varejos supermercadistas e lojas de departamentos para

estimular as vendas (TELLIS 1986)

44

Por fim a empresa pode administrar seus preccedilos ajustando-o agraves vendas realizadas sob

diferentes condiccedilotildees diferentes quantidades diferentes tipos de intermediaacuterios em diferentes

regiotildees

Depois de realizar a anaacutelise da demanda o proacuteximo passo para o estabelecimento de uma

estrateacutegia de preccedilos eacute a estimativa de seus custos Embora existam empresas que determinem

o preccedilo de seus produtos de modo a cobrir todos os seus custos o resultado dessa conduta

nem sempre eacute a lucratividade Da mesma forma que os preccedilos baseados apenas na demanda

apresentam vaacuterias limitaccedilotildees os preccedilos baseados em custos tambeacutem satildeo passiacuteveis de erros

comuns nem sempre levados em consideraccedilatildeo pelas companhias Por outro lado natildeo existe

lucro sem que o preccedilo determinado seja capaz de cobrir as principais despesas de um bem ou

serviccedilo O proacuteximo toacutepico aborda as questotildees criacuteticas sobre anaacutelise de custos que devem ser

conhecidas pelos profissionais de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico correto de sua

oferta

24 Estimativa de Custos

O preccedilo estabelecido para um produto deve ser suficientemente alto para cobrir os custos

envolvidos em sua fabricaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998 p 471) Estes

custos satildeo conhecidos como custos fixos custos variaacuteveis custo total e custo marginal Os

custos fixos satildeo aqueles que permanecem estaacuteveis independentemente do niacutevel de produccedilatildeo

ao contraacuterio dos variaacuteveis que satildeo os custos de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra diretamente

alocados agrave produccedilatildeo O custo total eacute composto pelo somatoacuterio de todos os custos fixos e

variaacuteveis que se dividido pela quantidade de unidades produzidas resulta nos custos meacutedios

45

totais (BOONE KURTZ 1998 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN 1999) O

custo marginal eacute a mudanccedila no custo total que resulta da produccedilatildeo de uma unidade adicional

do produto (BOONE KURTZ 1998)

A divisatildeo entre custos fixos e variaacuteveis eacute o fundamento sobre o qual alicerccedila uma teacutecnica

contaacutebil-financeira usada na anaacutelise de investimentos e tambeacutem na fixaccedilatildeo de preccedilos Eacute o

estudo do ponto de breakeven Este ponto eacute aquele no qual receita e custos se equilibram

abrindo caminho para a regiatildeo dos lucros O ponto de equiliacutebrio ou de paridade e custo-

volume-lucro satildeo expressotildees empregadas com o mesmo significado de ponto de breakeven

(LEPSCH 1996) Entretanto a teacutecnica apresenta algumas deficiecircncias Ela supotildee linearidade

da receita e do custo trabalha com apenas um produto classifica os custos em fixos e

variaacuteveis apenas natildeo considera despesas com pesquisa e desenvolvimento (PampD) e promoccedilatildeo

institucional que satildeo realizadas durante vaacuterios periacuteodos para gerar aumento da receita

Jain (2000) explica que para estudar o impacto dos custos na estrateacutegia de apreccedilamento os

seguintes relacionamentos devem ser considerados (i) a proporccedilatildeo dos custos fixos para os

custos variaacuteveis (ii) a economia de escala disponiacutevel para uma empresa e (iii) a estrutura de

custos de uma empresa versus a do concorrente Se os custos fixos de uma companhia em

comparaccedilatildeo com os seus custos variaacuteveis formam uma alta proporccedilatildeo dos seus custos totais

adicionar o volume de vendas seraacute de grande ajuda para o aumento dos ganhos ou seja se os

custos fixos forem cobertos qualquer aumento no volume gera um ganho Em setores onde os

custos variaacuteveis satildeo de maior proporccedilatildeo no custo total pode-se afirmar que estes satildeo setores

sensiacuteveis a preccedilo porque mesmo um pequeno aumento no preccedilo gera um ganho enorme

Os custos variam em diferentes niacuteveis de produccedilatildeo e para o apreccedilamento ser adequado agrave

empresa deve saber como seus custos variam conforme o niacutevel em que se encontra

(KOTLER KELLER 2005) Os seus custos reduziratildeo conforme o aumento da quantidade

46

produzida pois os custos fixos iratildeo diluir A partir de certo momento a faacutebrica torna-se

ineficiente com a maior frequumlecircncia de quebra das maacutequinas e escassez de espaccedilo fiacutesico Existe

dessa forma para os dados recursos uma quantidade ideal de produccedilatildeo

O comportamento dos custos em funccedilatildeo da produccedilatildeo acumulada eacute resultante da curva de

experiecircncia ou curva de aprendizagem ou seja quando a empresa reduz o custo total meacutedio

em funccedilatildeo do aprendizado conquistado com o aumento da produccedilatildeo e a experiecircncia

adquirida Eacute tambeacutem conhecida pelos economistas como a economia de escala (figura 8) Esta

situaccedilatildeo acontece quando a empresa aprende como produzir da melhor forma seus

funcionaacuterios aprendem a reduzir os custos evitando erros e uso inadequado de materiais ou

equipamentos e melhorando o tempo de produccedilatildeo o fluxo de materiais e compras etc

(HENDERSON 1984)

Fonte Elaborado pela autora a partir de Henderson (1984) Pyindick e Rubinfeld (2002) Besanko Dranove e Shanley (2000)

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem

Produccedilatildeo

Custo($ por unidade

de produccedilatildeo)

CMe1CMe1

B

Economias de Escala

B

Economias de EscalaAA

Cme2

Aprendizagem C

47

Pyindick e Rubinfeld (2002) explicam que uma empresa apresenta economia de escala

quando eacute capaz de duplicar a sua produccedilatildeo com menos do que o dobro de seus custos

Besanko Dranove e Shanley (2000) afirmam que o processo de produccedilatildeo de um bem ou

serviccedilo especiacutefico apresenta economia de escala em uma seacuterie de itens produzidos quando o

custo meacutedio declina com esse conjunto de itens

Se a economia de escala obtida da produccedilatildeo de uma companhia for substancial a empresa

deve planejar expandir sua participaccedilatildeo de mercado e com respeito a preccedilos a longo prazo

aceitar decliacutenios esperados no faturamento Alternativamente eacute esperado que as operaccedilotildees da

empresa produzam um decliacutenio nos seus custos entatildeo os preccedilos podem ser abaixados no

longo prazo para ganhar participaccedilatildeo de mercado mais alta (JAIN 2000)

Caso o fabricante seja um produtor de custo baixo em relaccedilatildeo aos seus concorrentes ele iraacute

ganhar lucros adicionais por manter o preccedilo em um niacutevel competitivoOs lucros adicionais

podem ser utilizados para promover os produtos com mais agressividade e aumentar a

participaccedilatildeo do negoacutecio como um todo Se por acaso os custos do fabricante forem altos em

comparaccedilatildeo com seus concorrentes a empresa natildeo estaacute em posiccedilatildeo favoraacutevel agrave reduccedilatildeo de

preccedilos porque esta taacutetica pode levar a uma guerra de preccedilos que ela provavelmente iraacute

perder (JAIN 2000)

Aleacutem da economia de escala verifica-se tambeacutem a economia de escopo quando a produccedilatildeo

conjunta de dois produtos por parte de uma uacutenica empresa eacute maior do que a produccedilatildeo que

seria obtida por duas empresas diferentes cada uma produzindo um uacutenico produto Nesse

caso ambos os produtos usam capital e trabalho a fabricaccedilatildeo dos dois produtos compartilha

recursos administrativos a fabricaccedilatildeo dos dois produtos requer o mesmo tipo de equipamento

e matildeo de obra com qualificaccedilatildeo semelhante (PYINDICK RUBINFELD 2002 BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

48

O grau da economia de escopo mede a economia de custos proporcionada pela produccedilatildeo

conjunta e eacute representado pela seguinte foacutermula

Sendo que C(Q1) eacute o custo de produzir Q1 C(Q2) eacute o custo de produzir Q2 e por fim

C(Q1Q2) eacute o custo de produzir conjuntamente os dois produtos

Uma estrutura de custos eacute proposta por Lambin (2000b) que tem como base os custos

internos sem a interferecircncia do mercado Os trecircs tipos de custos considerados satildeo (i) o custo

miacutenimo custo direto que soacute permite a recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do

produto significando margem igual a zero (ii) o custo teacutecnico que corresponde ao niacutevel de

atividade em que a empresa cobre os custos diretos e os custos fixos o que permite aleacutem da

recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do produto a cobertura dos encargos de estrutura

e (iii) o custo-alvo ou preccedilo suficiente que compreende a condiccedilatildeo de lucro Entretanto ao

ignorar o mercado as empresas deixam de levar em consideraccedilatildeo a sensibilidade da demanda

e ficam dependentes da meta de vendas para atingir as margens desejadas

Jain (2000) concorda com a importacircncia dos custos fixos e variaacuteveis para o apreccedilamento mas

afirma que outros custos tambeacutem devem ser considerados Custos incrementais custos de

oportunidade custos de substituiccedilatildeo custos out-of-pocket e custos controlaacuteveis Entretanto

Nagle e Holden (2003) afirmam que compreender os custos natildeo significa simplesmente

conhecer os seus montantes Os autores argumentam que ateacute os profissionais de apreccedilamento

menos eficazes que aplicam foacutermulas de custo mais margem adicional sabem o quanto eacute

gasto com matildeo-deobra mateacuterias-primas e despesas em geral

)(

)()()C( ESC21

2121

QQCQQCQCQ minus+=

49

Os gerentes que realmente compreendem seus custos sabem como tais custos mudaratildeo com

modificaccedilotildees nas vendas resultantes da determinaccedilatildeo estrateacutegica de preccedilos Nagle e Holden

(2003) ainda complementam considerando que nem todos os custos satildeo relevantes para a

decisatildeo de apreccedilamento e o primeiro passo eacute identificar quais satildeo os custos importantes ou

seja os que de fato determinam o impacto no lucro Os autores consideram que os custos

realmente relevantes satildeo os incrementais (natildeo a meacutedia) e evitaacuteveis

Os custos incrementais satildeo aqueles associados agraves mudanccedilas no apreccedilamento e nas vendas Os

custos variaacuteveis satildeo considerados incrementais quando resultam diretamente de uma

implementaccedilatildeo de uma alteraccedilatildeo de preccedilo ou do oferecimento de uma versatildeo do produto em

outro niacutevel de preccedilo Entretanto eacute importante ressaltar que muitos custos natildeo satildeo puramente

fixos nem puramente variaacuteveis (NAGLE HOLDEN 2003) Eles satildeo fixos em uma faixa de

vendas e variam quando as vendas ultrapassam essa faixa e determinar se esses custos semi-

fixos satildeo incrementais eacute condiccedilatildeo para que a decisatildeo de apreccedilamento seja tomada

corretamente

Os custos evitaacuteveis satildeo aqueles que natildeo foram incorridos ou que ainda podem ser revertidos

ou seja os custos para vender um produto para entregaacute-lo ao consumidor e recolocar o item

vendido no estoque satildeo considerados evitaacuteveis assim como os custos de aluguel de

instalaccedilotildees e equipamentos que natildeo satildeo cobertos por arrendamento a longo-prazo A maneira

mais faacutecil de identificar se o custo eacute de fato evitaacutevel eacute reconhecendo se ele eacute o custo futuro e

natildeo o custo histoacuterico associado agrave realizaccedilatildeo de uma venda (NAGLE HOLDEN 2003

CHURCHILL 1982)

50

Lambin (2000a) explica que os preccedilos determinados a partir dos custos e que natildeo fazem

qualquer referecircncia aos fatores do mercado satildeo denominados preccedilos baseados em custos A

seguir estatildeo expostas as estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas empresas com base nos

custos

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos

A anaacutelise de custos identifica quatro tipos de preccedilos baseados em custos cada um

respondendo por um custo especiacutefico e pela necessidade de lucro O primeiro eacute o preccedilo-piso

ou seja o preccedilo miacutenimo que pode ser cobrado pois cobre somente os custos de fabricaccedilatildeo do

produto oferecendo margem zero a empresa Esse conceito de preccedilo eacute utilizado para pedidos

excepcionais descontos de mercado quando a empresa tem a oportunidade de vender para um

mercado novo ou teraacute perdas grandes em suas vendas no seu mercado principal Pode ser

tambeacutem denominado preccedilo marginal (LAMBIN 2000a)

O segundo tipo eacute o preccedilo de equiliacutebrio que cobre tanto os custos fixos quanto os custos

diretos dado o volume de vendas assumido Eacute calculado geralmente para diferentes niacuteveis de

volume Isto define uma escala de preccedilos miacutenimos

Lambin (2000a) apresenta o terceiro tipo como o preccedilo-alvo ou suficiente Ele inclui aleacutem

dos custos diretos e fixos um lucro que eacute determinado por uma referecircncia a uma taxa normal

de retorno no capital investido ou por um niacutevel de atividade assumido Como no preccedilo de

equiliacutebrio este tipo de preccedilo baseado em custo tambeacutem depende do volume de atividade que

estaacute sendo considerado

51

Por fim apresenta-se o preccedilo de mark-up que eacute calculado adicionando-se uma margem

padratildeo ao preccedilo de equiliacutebrio Assumindo que a empresa queira ganhar 20 de margem sobre

suas vendas o mark-up eacute dado por

Preccedilo de Mark-up Preccedilo de Equiliacutebrio(1 margem desejada)

Este meacutetodo de apreccedilamento popular pela sua simplicidade ignora a demanda e a

concorrecircncia Ele somente iraacute funcionar caso o volume de vendas seja atingido (LAMBIN

2000a LAMBIN 2000b KOTLER KELLER 2005)

Os meacutetodos de apreccedilamento baseados em custo conduzem a preccedilos aleacutem do devido em

mercados mais fracos e a preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute

considerado pelos estudiosos da aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma

estrateacutegia prudente O principal problema eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir

todas as despesas e permitir retorno

Depois de realizada a anaacutelise da demanda e a estimativa dos custos da empresa o proacuteximo

passo eacute conhecer as accedilotildees da concorrecircncia A seguir discute-se a importacircncia e a influecircncia

dos competidores na determinaccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico de uma empresa

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes

Uma empresa precisa comparar seus custos com os custos de seus competidores para saber

em que niacutevel opera e se estaacute em vantagem ou desvantagem em relaccedilatildeo a eles (BESANKO

52

DRANOVE SHANLEY 2001 GRANT 2002 PORTER 1980) Tambeacutem eacute necessaacuterio

conhecer o preccedilo e a qualidade das ofertas concorrentes pois esse seraacute um ponto de referecircncia

para a fixaccedilatildeo de seu preccedilo Isso porque a estrateacutegia de apreccedilamento eacute muito influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia que eacute caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento (LAMBIN 2000a PORTER 1980 PORTER 1992 JAIN 2000) e do valor

percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo produzidos pela empresa com

o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (LAMBIN 2000a)

O mercado eacute o foco da atividade econocircmica Devido a sua relevacircncia na formaccedilatildeo de preccedilos

e alocaccedilatildeo de recursos os administradores datildeo grande importacircncia agraves estruturas de mercado

dos diferentes bens e serviccedilos Tradicionalmente classificam-se os mercados em quatro

estruturas baacutesicas concorrecircncia perfeita monopoacutelio oligopoacutelio e concorrecircncia monopoliacutestica

Existe monopoacutelio quando haacute um uacutenico vendedor de uma mercadoria natildeo haacute substitutos

proacuteximos para os bens e existem obstaacuteculos quanto agrave entrada na induacutestria que podem ser de

vaacuterias naturezas tais como (MANKIW 1999)

bull O mercado eacute limitado e natildeo comporta mais do que uma firma

bull A firma existente segue uma poliacutetica de preccedilos planejada para reduzir a atraccedilatildeo de

novos concorrentes

bull A firma possui o controle sobre a mateacuteria-prima canais de distribuiccedilatildeo ou sobre o

processo de produccedilatildeo (patentes)

bull A firma opera com licenccedila do governo ou em sistema limitante da produccedilatildeo tal como

cotas

Mankiw (1999) explica que a concorrecircncia monopoliacutestica ocorre quando haacute muitos

vendedores de bens substitutos proacuteximos mas natildeo perfeitos e o cliente baseia suas decisotildees

tanto em relaccedilatildeo ao preccedilo quanto em relaccedilatildeo agraves especificidades dos produtos

53

Um mercado monopolisticamente competitivo tem duas caracteriacutesticas importantes (1) trata-

se de um ambiente comercial no qual as empresas competem vendendo produtos

diferenciados altamente substituiacuteveis uns pelos outros mas que natildeo satildeo entretanto

substitutos perfeitos e (2) trata-se de um mercado de livre entrada e saiacuteda - eacute relativamente

faacutecil a entrada de novas empresas com suas proacuteprias marcas de produto e a saiacuteda de

companhias que nele atuam caso seus produtos deixem de ser lucrativos (PINDYCK

RUBINFIELD 2002)

O oligopoacutelio eacute uma estrutura de mercado que caracterizada pela existecircncia de um pequeno

mas suficiente nuacutemero de firmas e por isso mesmo interdependentes ou seja cada uma

considera como suas accedilotildees afetariam as poliacuteticas das rivais (PINDYCK RUBINFIELD

2002) Pindyck e Rubinfeld (2002) afirmam que em um mercado oligopoliacutestico o produto

pode ou natildeo ser diferenciado O que importa eacute que apenas algumas poucas empresas satildeo

responsaacuteveis pela maior parte ou pela totalidade da produccedilatildeo Em alguns desses mercados

algumas ou todas as empresas auferem lucros substanciais a longo prazo jaacute que barreiras agrave

entrada tornam difiacutecil ou impossiacutevel que novas companhias entrem no mercado

Mankiw (1999) explica que na concorrecircncia perfeita pressupotildee-se que os vendedores e

compradores satildeo suficientemente numerosos e atomizados de tal sorte que nenhum deles

isoladamente eacute capaz de exercer influecircncia significativa sobre o preccedilo da mercadoria Existe

homogeneidade nas mercadorias isto eacute os consumidores natildeo percebem diferenccedilas em relaccedilatildeo

aos diversos produtos ofertados no mercado as mercadorias satildeo commodities natildeo haacute

interferecircncia na livre determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos e fatores de produccedilatildeo tanto

produtores quanto consumidores tem conhecimento dos preccedilos e quantidades de produtos

oferecidos no mercado

54

Este modelo trata-se de uma abstraccedilatildeo teoacuterica que eacute dificilmente encontrado no mundo real

Um exemplo proacuteximo deste tipo de mercado satildeo as feiras livres de produtos agriacutecolas nas

quais os clientes podem estar informados de todos os preccedilos praticados para cada tipo de

produto os quais satildeo homogecircneos

No que refere agrave geraccedilatildeo de preccedilos como discutido o niacutevel de preccedilos seraacute diretamente

proporcional agrave demanda do produto ou serviccedilo em questatildeo e inversamente proporcional agrave

oferta dos mesmos Cada agente econocircmico eacute incapaz de isoladamente afetar de modo

significativo o preccedilo do produto (quadro 2) Este dependeraacute das accedilotildees e reaccedilotildees do conjunto

de agentes como um todo (MANKIW 1999)

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado

Produto

No de empresas

Barreiras de

entrada

Capacidade de

influenciar o preccedilo

Concorrecircncia

Perfeita

Homogecircneo

Muitas

Sem barreiras

Natildeo

Monopoacutelio

Homogecircneo Apenas uma Com barreiras Sim

Oligopoacutelio

Homogecircneo

Poucas

Com barreiras

Sim

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Diferenciado

Muitas

Sem barreiras

Sim

Fonte elaborado pela autora com base em Mankiw (1999) e Pindyck e Rubinfield (1999)

Portanto mercados satildeo frequumlentemente descritos como sendo concentrados (com poucos

vendedores) ou desconcentrados (muitos vendedores) Essas caracterizaccedilotildees permitem uma

55

raacutepida e acurada avaliaccedilatildeo da natureza da competiccedilatildeo em um mercado (BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

Sobre o valor percebido do produto Lambin (2000a) apresenta no quadro 3 dois niacuteveis de

intensidade relacionadas com esse valor permitindo assim quatro situaccedilotildees distintas nas

decisotildees de preccedilo em face dos tipos de concorrecircncia existentes

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia

No de Competidores

Valor Percebido do

Produto

Baixo

Alto

Alto

Monopoacutelio ou Oligopoacutelio

Diferenciado

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Fraco

Oligopoacutelio

Indiferenciado

Concorrecircncia Pura ou

Perfeita

Fonte Adaptado de Lambin 2000a

Quando o nuacutemero de competidores eacute baixo e o valor percebido do produto eacute alto a estrutura

de mercado estaacute proacutexima do monopoacutelio ou oligopoacutelio diferenciado O preccedilo nesse caso eacute

uma ferramenta para a empresa a qual possui a margem para manobra que pode variar com o

valor percebido do comprador sobre os atributos de diferenciaccedilatildeo

56

No outro extremo onde o nuacutemero de concorrentes eacute alto e os produtos possuem baixo grau de

diferenciaccedilatildeo (commodities) a estrutura eacute proacutexima da competiccedilatildeo perfeita Nessa situaccedilatildeo os

preccedilos satildeo amplamente determinados pela lei da oferta e demanda A empresa natildeo tem

praticamente nenhuma autonomia sobre as estrateacutegias de apreccedilamento

Uma terceira situaccedilatildeo que apresenta baixo nuacutemero de competidores e baixo valor percebido

corresponde ao oligopoacutelio indiferenciado A interdependecircncia dos concorrentes nesse caso eacute

alta limitando a autonomia das empresas sobre os preccedilos praticados O preccedilo tende a estar

alinhado com o oferecido pelo liacuteder de mercado

Finalmente na uacuteltima alternativa tecircm-se produtos altamente diferenciados oferecidos por um

grande nuacutemero de empresas Eacute a chamada concorrecircncia monopoliacutestica onde existem alguns

graus de autonomia que podem ser limitados pela intensidade competitiva

A suposiccedilatildeo da existecircncia de um grande nuacutemero de consumidores e produtores associada agrave

informaccedilatildeo perfeita livre entrada e saiacuteda do mercado e comercializaccedilatildeo de produtos

homogecircneos conduz agrave conclusatildeo que os preccedilos devem ser iguais entre todas as empresas que

operam no mercado (condiccedilatildeo de concorrecircncia perfeita) Entretanto eacute importante destacar que

isso representa uma condiccedilatildeo ideal de mercado difiacutecil de verificar na praacutetica

Lepsch (1996) afirma que a estrutura de mercado e a estrateacutegia competitiva examinam uma

ampla gama de mercados e explicam de que forma as decisotildees de preccedilo investimento e niacutevel

de produccedilatildeo das empresas dependem da estrutura de mercado e do comportamento dos seus

concorrentes A essecircncia da formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia competitiva eacute relacionar uma

empresa ao seu meio ambiente

57

A organizaccedilatildeo se expressa agrave comunidade por meio de seus produtos e a falta de

competitividade ameaccedila sua sobrevivecircncia no longo prazo A sobrevivecircncia de um produto

no longo prazo significa que os estiacutemulos gerados pelos fatores do macroambiente tecircm de

estar coerentes com sua estrateacutegia de negoacutecios e poliacutetica de preccedilos Portanto as decisotildees da

gerecircncia sobre apreccedilamento devem estar coerentes com o ambiente ao qual estatildeo

relacionadas Lambin (2000a) complementa ao afirmar que as estruturas de mercado satildeo

muito diferentes e podem ser observadas nos vaacuterios estaacutegios do ciclo de vida dos produtos

Jain (2000) considera que aleacutem do nuacutemero de empresas que atuam no mesmo segmento e do

valor percebido do produto eacute importante analisar o tamanho da induacutestria e a facilidade de

entrada no mercado O autor apresenta treze informaccedilotildees sobre os concorrentes que satildeo

necessaacuterias para estabelecer a estrateacutegia de preccedilo de um produto por uma empresa

1 Listas de preccedilos dos concorrentes jaacute publicadas e propaganda

2 Reaccedilotildees a mudanccedilas de preccedilo no passado (dos concorrentes)

3 Tempo em que os concorrentes mudam seus preccedilos e os fatores que iniciam essa

mudanccedila

4 Informaccedilotildees sobre campanhas especiais dos concorrentes

5 Comparaccedilatildeo com a linha de produto dos concorrentes

6 Suposiccedilotildees sobre estrateacutegias de preccedilo utilizadas pelos concorrentes e seus objetivos de

marketing

7 Relatoacuterios de desempenho financeiro dos concorrentes

8 Estimativa de custos dos concorrentes (fixos e variaacuteveis)

9 Retaliaccedilotildees de preccedilo esperadas

10 Anaacutelise da capacidade de retaliaccedilatildeo da concorrecircncia

11 Viabilidade financeira de enfrentar uma guerra de preccedilos

58

12 Postura estrateacutegica dos competidores

13 Agressividade do competidor

Dada a demanda dos consumidores a funccedilatildeo custos e preccedilos dos concorrentes a empresa

estaraacute preparada para selecionar um meacutetodo de estabelecimento de preccedilo que inclua uma ou

mais dessas trecircs consideraccedilotildees

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo

A fixaccedilatildeo de preccedilos no Brasil sofreu modificaccedilotildees a partir dos anos 90 devido agraves novas

tecnologias o relacionamento com fornecedores e compradores e o aumento da concorrecircncia

Durante os anos 60 70 e 80 o apreccedilamento era de responsabilidade da aacuterea financeira e

contaacutebil das empresas Os responsaacuteveis pela maior preocupaccedilatildeo com accedilotildees destinadas a cortar

custos e a procura por criar valor para o consumidor foram o aumento da competitividade e a

busca de novas estrateacutegias de diferenciaccedilatildeo de conquista e busca da lealdade dos

consumidores Na denominada economia moderna para prosperar a empresa deve oferecer

valor para o consumidor nos seus produtos ou serviccedilos de forma competitiva cobrindo os

seus custos e gerando retorno para os seus acionistas Para que isso seja possiacutevel eacute preciso que

a empresa tenha conhecimento sobre os diferentes meacutetodos de estabelecimento de preccedilo e

assim selecionar aquele que melhor se adapte aos objetivos por ela escolhidos

Analisar os custos e demanda da empresa eacute essencial para a fixaccedilatildeo correta do preccedilo de um

produto ou serviccedilo Entretanto de nada adianta se o preccedilo estabelecido pela companhia que

utilizou os meacutetodos propostos natildeo for adequado ao que o consumidor-alvo estaacute disposto a

59

pagar para adquiri-lo Kotler e Keller (2005) exibem o modelo dos 3 Cs custos

concorrentes e clientes como as trecircs principais consideraccedilotildees para selecionar um preccedilo

(figura 9)

Os custos representam o piso ou seja o miacutenimo cobrado por um produto e eacute igual ao

montante capaz de cobrir seus custos totais Abaixo desse niacutevel qualquer lucro eacute considerado

impossiacutevel para a empresa Por outro lado o teto eacute o maacuteximo que se deve fixar pois

representa a quantia de dinheiro que o cliente estaacute disposto a desembolsar para a compra do

item

Fonte Adaptado de Kotler e Keller (2005) Figura 9 O modelo dos 3 Crsquos para a determinaccedilatildeo de preccedilos

O equiliacutebrio eacute o preccedilo oferecido pelo mercado pela a mesma mercadoria ou produto com

caracteriacutesticas semelhantes (bens substitutos) Kotler e Keller (2005) estipulam seis meacutetodos

de determinaccedilatildeo de preccedilos No quadro 4 esses meacutetodos e suas caracteriacutesticas satildeo

resumidamente apresentados jaacute que suas caracteriacutesticas foram discutidas anteriormente

Preccedilo Baixo

Lucro impossiacutevel neste preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda impossiacutevel

neste preccedilo

CustosPreccedilos dos

concorrentes e dos

substitutos

Percepccedilatildeo pelos

consumidores de oferta

uacutenica

60

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees

Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilo

Caracteriacutesticas e Limitaccedilotildees

Mark up bull Meacutetodo de simples acreacutescimo de margem padratildeo ao custo do produto para formar o preccedilo de venda

bull Popular porque os vendedores tecircm mais certeza dos custos do que da demanda o caacutelculo eacute simples quando os custos se alteram quando todas as empresas usam o meacutetodo os preccedilos tendem a ser similares

bull Os preccedilos satildeo mais altos em itens sazonais (para cobrir risco de encalhe) de especialidade de giro lento com custos altos de estocagem e movimentaccedilatildeo e tambeacutem em itens de demanda inelaacutestica e tambeacutem eacute alto com produtos de custos ocultos ou altamente variaacuteveis

Preccedilo de Retorno-Alvo bull As empresas determinam o preccedilo que assegura a sua taxa alvo de retorno sobre o investimento (ROI) o fabricante realizaraacute o ROI pretendido se seus custos e vendas estimadas forem precisos

bull Importacircncia do caacutelculo do Ponto de Equiliacutebrio para que se saiba o que pode acontecer caso a previsatildeo de vendas natildeo se concretize

bull Ignora a elasticidade de preccedilos e preccedilos dos concorrentes

Preccedilo de Valor Percebido

bull As percepccedilotildees de valor dos compradores natildeo custos satildeo fatores-chave para determinar preccedilo

bull A chave para o uso de valor percebido eacute determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta

bull Eacute fundamental o pensamento do posicionamento do produto

bull Medir o valor percebido de cada um dos benefiacutecios do produto (apreccedilamento pelos componentes de valor) durabilidade confiabilidade serviccedilo superior garantia em peccedilas entre outros

bull Deve-se mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais caro ou seja o valor que a oferta de fato representa

Preccedilo de Valor bull A fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando comparado ao seu concorrente

bull Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo mas sim um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade

Preccedilo de Seguidor do Concorrente

bull A empresa baseia seu preccedilo em funccedilatildeo dos preccedilos cobrados pelos concorrentes dedicando menor atenccedilatildeo aos custos ou agrave demanda

Preccedilo de Licitaccedilatildeo bull A fixaccedilatildeo do preccedilo eacute fortemente orientada para a concorrecircncia

bull Maior o preccedilo menor seratildeo as chances da empresa de vencer a licitaccedilatildeo sendo possiacutevel o caacutelculo do lucro esperado de cada alternativa de preccedilo com as respectivas probabilidades de vitoacuteria

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000b)

61

Urdan e Urdan (2006) afirmam que o caminho para o apreccedilamento eacute a gestatildeo integrada de

preccedilos que contempla os diversos fatores relevantes e consolida a competecircncia gerencial no

processo de fixaccedilatildeo de preccedilos A figura 10 mostra os elementos baacutesicos da gestatildeo integrada

A base do trabalho eacute a anaacutelise de custos internos concorrecircncia demanda e consumidor

Fonte Urdan e Urdan (2006) Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos

Urdan e Urdan (2006) argumentam que este conhecimento identifica as forccedilas e as fraquezas

da organizaccedilatildeo e oportunidades e ameaccedilas no ambiente com influecircncia nas decisotildees de

precificaccedilatildeo Com o contexto mapeado satildeo definidos os objetivos que apontam as estrateacutegias

viaacuteveis num binocircmio integrado

Anaacutelise de Custos

Anaacutelise da Concorrecircncia

Anaacutelise da Demanda

Anaacutelise do Consumidor

Objetivos do Apreccedilamento

Estrateacutegias de Apreccedilamento

- - - - - Preccedilos Praticados + + + + +Preccedilos Miacutenimos

Preccedilos Maacuteximos

Ambiente

62

Assim como no modelo dos 3Cs apresentado na figura 9 o custo tambeacutem representa o

miacutenimo cobrado abaixo do qual natildeo existe viabilidade financeira a longo prazo A demanda e

o cliente formam o teto aleacutem do qual natildeo se consegue vender e entre esses dois pontos a

empresa seleciona os preccedilos mais adequados de acordo com os objetivos e as estrateacutegias

adotados (URDAN URDAN 2006)

Apoacutes selecionar o meacutetodo de apreccedilamento a empresa deveraacute considerar outros fatores que

iratildeo influenciar na fixaccedilatildeo do preccedilo final de seus produtos A seguir discute-se quais satildeo os

fatores adicionais em que situaccedilotildees eles devem ser levados em conta e quais satildeo as teacutecnicas

que melhor se encaixam em cada circunstacircncia que a empresa enfrenta

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final

Agrave medida que os meacutetodos de fixaccedilatildeo de preccedilos forem se consolidando no niacutevel a partir do

qual a empresa estabeleceraacute seu preccedilo final alguns fatores adicionais devem ser considerados

(KOTLER KELLER 2005) Esses fatores satildeo (i) o preccedilo psicoloacutegico (ii) a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing (iii) a poliacutetica de determinaccedilatildeo dos preccedilos da

empresa (iv) o impacto de preccedilos sobre terceiros e (v) determinaccedilatildeo de preccedilos por

compartilhamento de ganhos e riscos

No preccedilo psicoloacutegico a associaccedilatildeo do preccedilo alto com a qualidade conduz a empresa a colocar

o seu produto com o preccedilo entre os mais caros do segmento Ao analisar a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing na formulaccedilatildeo de seu preccedilo final a empresa deve

considerar a qualidade da marca e da propaganda em relaccedilatildeo agrave concorrecircncia Existe um

63

relacionamento positivo entre preccedilo alto e orccedilamento de propaganda Os consumidores

geralmente estatildeo dispostos a pagar mais por produtos conhecidos do que por desconhecidos

(FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005)

Sobre as poliacuteticas de preccedilo da empresa eacute importante ressaltar que o preccedilo deve ser consistente

com tais poliacuteticas com a finalidade de assegurar que a forccedila de vendas trabalhe com preccedilos

atrativos para os clientes e ao mesmo tempo rentaacuteveis para a empresa Algumas empresas

satildeo a favor da cobranccedila de multas sob determinadas situaccedilotildees (FRAM McCARTHY 1999)

Com relaccedilatildeo ao impacto de preccedilos sobre terceiros a empresa deveraacute considerar a reaccedilatildeo das

outras partes envolvidas e interessadas (URBANY 2001) tais como distribuidores e os

revendedores e por fim na determinaccedilatildeo de preccedilos por compartilhamento de ganhos e riscos

os compradores podem relutar em aceitar uma oferta caso percebam muito risco no negoacutecio

assim o vendedor pode propor absorver parte desse risco ou mesmo a sua totalidade se natildeo

entregar o valor prometido ao cliente (FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a

KOTLER KELLER 2005)

A discussatildeo sobre a seleccedilatildeo do preccedilo final encerra as etapas para estabelecer o preccedilo de venda

de um produto Entretanto as empresas geralmente natildeo determinam um preccedilo uacutenico mas

elaboram uma estrutura de determinaccedilatildeo de preccedilos que reflete as variaccedilotildees geograacuteficas na

demanda e nos custos as exigecircncias de segmento de mercado as oportunidades de compra os

niacuteveis de pedidos a frequumlecircncia de entrega as garantias os contratos de serviccedilos entre outros

fatores Devido aos descontos ou ao apoio promocional raramente as companhias realizam o

mesmo lucro sobre cada unidade vendida Existem vaacuterias estrateacutegias que permitem a

adequaccedilatildeo de preccedilos a situaccedilotildees distintas (KOTLER KELLER 2005) Essas estrateacutegias satildeo

apresentadas e discutidas a seguir

64

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo

Influenciados pelas variaccedilotildees do ambiente pelas saturaccedilotildees de mercado com baixa taxa de

crescimento pela competiccedilatildeo global e pelo movimento dos consumidores muitas empresas

estatildeo aderindo a diferentes formas de adequaccedilatildeo do preccedilo Tais empresas elaboram estrateacutegias

de adequaccedilatildeo de preccedilos que refletem variaccedilotildees principalmente na demanda e nos custos

Existem vaacuterias estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos tais como preccedilo geograacutefico preccedilos com

descontos preccedilo promocional preccedilo discriminatoacuterio e preccedilo de mix de produtos O quadro 5

apresenta cada uma dessas praacuteticas e suas principais caracteriacutesticas

As empresas procuram apresentar preccedilos diferentes de seus produtos para consumidores

localizados em regiotildees distintas Esta diferenciaccedilatildeo acontece devido a diversos fatores como

(i) diferentes custos de armazenagem transporte e entrega (ii) preferecircncias de seus

consumidores naquela regiatildeo (iii) os concorrentes locais Eacute a chamada estrateacutegia de preccedilo

geograacutefico Alguns clientes por exemplo preferem a permuta como praacutetica de pagamento A

permuta pode representar de 15 a 20 do comeacutercio mundial (KOTLER KELLER 2005) e

assume as seguintes formas escambo acordo de remuneraccedilatildeo acordo de recompra e

reciprocidade

Na reciprocidade o vendedor recebe seu pagamento total em dinheiro poreacutem com a condiccedilatildeo

de despender uma quantia naquele paiacutes durante um periacuteodo de tempo preacute-estabelecido

(KOTLER KELLER 2005 LAMBIN 2000a)

65

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos

Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do

Preccedilo

Consideraccedilotildees

Preccedilo geograacutefico Considera os custos de transporte ateacute o consumidor esses custos crescem em importacircncia quando o frete se torna uma parte maior do custo variaacutevel total Existem duas estrateacutegias geograacuteficas 1 Por ponto de produccedilatildeo pois o produto eacute retirado na faacutebrica

2 Preccedilo de entrega uniforme no qual o mesmo preccedilo eacute cotado para todos os compradores independente de sua localizaccedilatildeo

Descontos e concessotildees Desconto para pagamento agrave vista desconto por quantidade descontos funcionais (oferecidos aos membros do canal de distribuiccedilatildeo) descontos sazonais e concessotildees

Preccedilo promocional Preccedilo isca preccedilo de ocasiatildeo cupons de desconto financiamento a juros baixos maior prazo garantia e contratos de serviccedilos desconto psicoloacutegico (uso de preccedilo alto artificial para depois fazer uma reduccedilatildeo draacutestica)

Preccedilo diferenciado (Discriminado)

Preccedilo por segmento de consumidores preccedilo por versatildeo diferente de produto preccedilo de imagem preccedilo por localizaccedilatildeo preccedilo por periacuteodo Deve ser possiacutevel a segmentaccedilatildeo impossiacutevel revender deve ser legalizado e em consonacircncia com os consumidores para que decirc certo Podem ocorrer problemas

Preccedilo de composto de produtos O produto faz parte de um composto a empresa procura um preccedilo que maximize este composto 1 Preccedilo de linha de Produtos cada versatildeo sucessiva do produto traz caracteriacutesticas extras permitindo preccedilos mais elevados 2 Preccedilo de caracteriacutestica opcional produtos opcionais que acompanham o principal 3 Preccedilo do produto cativo fixaccedilatildeo de preccedilo baixo para conquistar consumidor e ganho nos produtos cativos 4 Preccedilo Composto uso de preccedilo fixo mais variaacutevel 5 Preccedilo de Subproduto venda de subprodutos permite a reduccedilatildeo do preccedilo do produto principal 6 Preccedilo do Pacote reuniatildeo de vaacuterios produtos satildeo vendidos mais baratos do que separadamente

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker Etzel (2001)

66

A fixaccedilatildeo de preccedilos com descontos e abatimentos consiste em ajustar o preccedilo baacutesico para

compensar certas situaccedilotildees relacionadas com o cliente ou com o mercado o pagamento

antecipado a compra de um grande volume de produtos e as compras realizadas fora de

temporada As reduccedilotildees nos preccedilos satildeo efetuadas por meio de desconto em dinheiro de

desconto por volume ou quantidade de compra descontos funcionais descontos sazonais e

concessotildees ou abatimentos (TELLIS 1995 SPROTT MANNING MIYAZAKI 2003)

O desconto em dinheiro eacute uma deduccedilatildeo no preccedilo para os compradores que pagam as contas na

data determinada ou antecipadamente Geralmente representa uma porcentagem do total

cobrado na fatura O desconto por quantidade eacute a reduccedilatildeo do preccedilo final para os clientes que

compram grandes volumes de bens e os funcionais satildeo oferecidos para os outros membros do

canal de distribuiccedilatildeo que concordarem em realizar serviccedilos como entrega ou estoque Os

descontos sazonais satildeo concedidos agravequeles que compram fora da estaccedilatildeo e por fim as

concessotildees satildeo pagamentos efetuados para conseguir a participaccedilatildeo em campanhas

promocionais apoio agraves vendas e outros programas especiais (KOTLER KELLER 2005

MANNING MIYAZAKI 2003)

Na determinaccedilatildeo de preccedilo promocional a companhia pratica preccedilos mais baixos

temporariamente devido a diferentes circunstacircncias como atrair os clientes para adquirir

outros produtos se desfazer de produtos sazonais e minimizar o volume de venda durante o

ano (LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005) Para enfrentar todas essas situaccedilotildees as

companhias podem utilizar diferentes teacutecnicas entre elas o preccedilo isca que consiste na

reduccedilatildeo do preccedilo de marcas conhecidas para estimular um movimento maior nas lojas Eacute

muito praticado pelos supermercadistas e pelas lojas de departamento poreacutem eacute um meacutetodo

que natildeo tem a aprovaccedilatildeo dos fabricantes pois pode diluir a imagem da marca ou criar

problemas com outros clientes que cumprem o preccedilo estabelecido na tabela

67

Outra teacutecnica conhecida eacute a utilizaccedilatildeo do preccedilo de ocasiatildeo Satildeo preccedilos especiais em certas

eacutepocas do ano que servem para atrair mais clientes

Os abatimentos em dinheiro satildeo utilizados estimular a compra dos produtos dos fabricantes

dentro de um periacuteodo especiacutefico e podem ajudar a reduzir o estoque de mercadorias sem

diminuir o preccedilo estabelecido na tabela

O financiamento a juros baixos eacute uma teacutecnica de preccedilo promocional onde em vez de cortar

preccedilos a empresa oferece um financiamento com baixas taxas de juros e os prazos de

pagamento mais longos satildeo os financiamento a longo prazo oferecidos geralmente pelas

instituiccedilotildees financeiras (bancos) e concessionaacuterias de automoacuteveis Ao utilizar a teacutecnica de

garantias e contratos de serviccedilo as empresas diminuem o preccedilo em funccedilatildeo dos serviccedilos

oferecidos e finalmente com os descontos psicoloacutegicos a empresa pode aumentar o preccedilo

artificialmente e depois oferecer um desconto substancial

Para estabelecer o preccedilo diferenciado (ou discriminatoacuterio) a empresa ajusta seus preccedilos

considerando as diferenccedilas entre os clientes os produtos as localidades e o periacuteodo Portanto

os segmentos devem apresentar diferentes graus de demanda (LAMBIN 2000a KOTLER

KELLER 2005) Os diversos meacutetodos para determinar um preccedilo diferenciado satildeo (i) o preccedilo

por segmento de clientes onde tem-se preccedilos diferentes de um mesmo produto para

diferentes grupos de clientes (ii) o preccedilo pela versatildeo do produto ou seja satildeo determinados

preccedilos diferentes por versotildees diferentes do produto sem que estes sejam proporcionais aos

seus custos de produccedilatildeo (iii) o preccedilo de imagem que satildeo preccedilos diferentes para mesmo

produto com base em diferenccedilas de imagem (iv) o preccedilo por localizaccedilatildeo que consiste em ter

o mesmo produto com preccedilos diferentes em locais diferentes e (v) o preccedilo por periacuteodo que

variam de acordo com a temporada dia ou hora

68

Na estrateacutegia de preccedilo de composto de produtos o apreccedilamento de um produto eacute influenciado

pelos preccedilos de outros produtos A aplicaccedilatildeo dessas estrateacutegias apresenta algumas

dificuldades porque cada item possui custos diferentes demandas diferentes e concorrecircncia

diferente As empresas geralmente desenvolvem linhas de produtos que apresentam uma

variedade de atributos Na fixaccedilatildeo de preccedilos de linha de produtos deve-se determinar os

patamares de preccedilo estabelecidos para os vaacuterios itens do mix considerando as diferenccedilas de

custos o valor percebido pelo consumidor para cada um e os preccedilos dos concorrentes

Algumas empresas utilizam a fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos opcionais ou seja o

estabelecimento de preccedilo de acessoacuterios que satildeo vendidos com o produto principal Outras

empresas fabricam produtos que somente podem ser utilizados com o produto principal a

fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos cativos (KOTLER KELLER 2005 STANTON WALTKER

ETZEL 2001 LAMBIN 2000a)

Eacute importante observar que apoacutes desenvolver a sua estrateacutegia de apreccedilamento a organizaccedilatildeo

ainda estaacute sujeita a enfrentar situaccedilotildees em que precisaraacute mudar sua poliacutetica Uma reduccedilatildeo de

preccedilos pode ser necessaacuteria devido agrave capacidade excedente da faacutebrica ao decliacutenio da

participaccedilatildeo de mercado recessatildeo econocircmica ou outros fatores discutidos da mesma forma

que um aumento pode ser necessaacuterio devido agrave inflaccedilatildeo de custos ou ao excesso de demanda

O profissional de marketing deve sempre estar atento agraves reaccedilotildees da concorrecircncia e preparar

planos de accedilotildees com possiacuteveis respostas a qualquer movimento dos competidores

Ateacute o presente toacutepico o estudo abordou os procedimentos necessaacuterios para que uma empresa

estabeleccedila de forma correta os preccedilos de seus produtos ou serviccedilos A seguir apresenta-se

como essas etapas satildeo definidas especificamente no varejo supermercadista Alguns dos

meacutetodos utilizados possuem caracteriacutesticas distintas ou adaptaccedilotildees por se tratar da

69

comercializaccedilatildeo de itens e natildeo de sua produccedilatildeo o que justifica a atenccedilatildeo especial dada ao

setor

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista

Parente (2000) define o supermercado como o estabelecimento caracterizado pelo sistema de

auto-serviccedilo com check-outs e produtos expostos de maneira acessiacutevel que permitem aos

consumidores se auto-servirem Ampliando esta definiccedilatildeo Guimaratildees et alli (2003)

caracterizam os supermercados como estabelecimentos varejistas nos quais se revende ampla

variedade de produtos utilizando-se do sistema de auto-serviccedilo no qual os clientes escolhem

mercadorias expostas em gocircndolas displays balcotildees e balcotildees refrigerados sem a

necessidade de vendedores e realizam os pagamentos em check-outs localizados na saiacuteda das

lojas Silveira e Lepsch (1997) afirmam que os principais benefiacutecios desse sistema (auto-

serviccedilo) para o supermercadista satildeo economia com matildeo-de-obra economias de escala e

baixos custos operacionais

A empresa varejista eacute considerada por Coughlan et alli (2001) como um elo intermediaacuterio na

cadeia produtiva vendendo produtos manufaturados pelo setor industrial situado a montante

para o consumidor final situado a jusante agregando-lhes valor por intermeacutedio de serviccedilos de

distribuiccedilatildeo Lepsch (1996) acredita que portanto eacute razoaacutevel afirmar que o produto do

varejo natildeo eacute algo fiacutesico e sim os serviccedilos ou atributos de uma loja agregados a bens

produzidos por outros setores da economia e prestados no comeacutercio para o consumidor final

Entre os atributos apontados pelo autor estatildeo mix de preccedilos mix de produtos oferecidos

qualidade dos produtos arquitetura do preacutedio arquitetura ambiental e imagem da loja layout

70

atendimento raacutepido e cortecircs estacionamento tamanho da loja localizaccedilatildeo cartatildeo de creacutedito

etc Entretanto autores como Levy e Weitz (2000) McGoldrick (1990) e Bloemer e Schroder

(2002) afirmam que a imagem da loja eacute o posicionamento do supermercado formado pelas

percepccedilotildees dos consumidores que resulta do conjunto destes atributos e portanto natildeo pode

ser considerada parte deles

A imagem Uma das primeiras definiccedilotildees de imagem de loja foi oferecida por Martineau em

1958 em seu claacutessico livro The personality of the retail store (McGOLDRICK 1990) e

enfatiza a necessidade de levar em consideraccedilatildeo natildeo apenas os fatores mais visiacuteveis ou

mensuraacuteveis mas tambeacutem os fatores menos tangiacuteveis como a personalidade da loja

McGoldrick (1990) explica que a imagem da loja eacute o modo pelo qual a loja eacute definida na

mente do comprador parcialmente por suas qualidades funcionais e parcialmente por uma

atmosfera de atributos psicoloacutegicos Esta definiccedilatildeo poreacutem foi criticada por tender a atribuir

um aspecto miacutestico ao conceito em que o consumidor natildeo avalia racionalmente os atributos

da loja

Outros autores sugeriram que ao inveacutes de classificar a imagem como parte do comportamento

de compra do consumidor sem uma base loacutegica seria razoaacutevel supor que o consumidor avalie

racionalmente a loja por meio de uma funccedilatildeo de utilidade de multi-atributos (McGOLDRICK

1990) Esta definiccedilatildeo foi abordada por Bloemer e Schroder (2002) a soma de todos os

atributos da loja da forma percebida pelo consumidor por meio de sua experiecircncia com a loja

Sheth Mittal e Newman (2001) tambeacutem definem imagem de loja como sendo a soma total

das percepccedilotildees que os clientes tecircm sobre uma loja Tal percepccedilatildeo eacute determinada por fatores

como mercadorias atendimento preccedilo atmosfera publicidade e funcionaacuterios Para esses

autores a imagem da loja eacute que determina o tipo de cliente que seraacute atraiacutedo e por outro lado

esse mesmo cliente eacute quem vai realimentar essa imagem

71

Sobre aos componentes muitos estudiosos classificam os fatores que compotildeem essa imagem

de forma a relacionar aos elementos do composto de marketing do varejo A importacircncia

relativa dos vaacuterios componentes varia consideravelmente dependendo do mercado setor

situaccedilatildeo competitiva e segmentos de consumidores (McGOLDRICK 1990) Existem razotildees

loacutegicas pelas quais a importacircncia relativa dos atributos deva variar entre mercados

considerando a comparaccedilatildeo entre paiacuteses regiotildees ou mesmo localidades diferentes

Um componente ganha importacircncia eacute a atmosfera da loja ou seja seu ambiente fiacutesico

Parente (2000) define atmosfera de loja como sendo o sentimento psicoloacutegico que o varejista

desenvolve no consumidor quando este visita a loja sendo tambeacutem entendida como a

personalidade da loja Para desenvolver a atmosfera os varejistas utilizam recursos que

influenciam a visatildeo olfato e outros sentidos dos clientes A atmosfera inclui iluminaccedilatildeo

cores muacutesica ambiente limpeza aroma decoraccedilatildeo e lay-out e que pode criar estiacutemulo para o

cliente permaneccedila na loja ou a vontade de sair rapidamente do local (SHETH MITTAL

NEWMAN 2001)

Porter e Claycomb (1997) explicam que uma taacutetica que pode ser usada para favorecer a o

varejista eacute a utilizaccedilatildeo de um mix de merchandising composto por um nuacutemero significativo de

marcas que possuem alta pontuaccedilatildeo em uma pesquisa de awareness (lembranccedila de marca) e

outras com imagem tambeacutem forte Para esses autores a imagem da loja estaacute diretamente

relacionada agrave imagem de uma marca pois marcas fortes e reconhecidas satildeo sinocircnimos de

qualidade e podem trazer o cliente de volta agrave mesma loja

O sortimento das mercadorias tambeacutem tem recebido bastante atenccedilatildeo por parte dos varejistas

e uma estrateacutegia de diferenciaccedilatildeo cada vez mais utilizada eacute a inclusatildeo de marcas proacuteprias no

conjunto de bens oferecido ao consumidor (COUGHLAN et alli 2001) As marcas proacuteprias

auxiliam na construccedilatildeo da imagem da loja pois permite ao varejista se diferenciar de

72

concorrentes proacuteximos e direcionar traacutefego para dentro da loja Como estatildeo disponiacuteveis

apenas em uma cadeia especiacutefica de lojas podem ser uacutenicas em termos de valor e

desempenho e essa exclusividade pode ser considerada uma forma de se conquistar a

lealdade de um cliente (SHETH MITTAL NEWMAN 2001) Outros componentes satildeo

apresentados no quadro 6

Conforme explicado anteriormente Levy e Weitz (2000) consideram o posicionamento um

projeto e a implementaccedilatildeo de um composto de varejo para criar uma imagem do varejista na

mente do cliente em relaccedilatildeo a seus concorrentes Como ele enfatiza a imagem na mente do

cliente (e natildeo aquela na mente do gerente) devem ser feitas pesquisas para saber qual eacute a

imagem do varejista e certificar-se de que ela esteja coerente com o que os clientes desejam

nesse mercado-alvo

O posicionamento do varejista eacute provavelmente mais importante para o sucesso do seu

negoacutecio do que as suas caracteriacutesticas reais (tangiacuteveis) As redes varejistas tentam posicionar-

se de forma a criar uma imagem consistente com a auto-imagem do seu puacuteblico O projeto do

ambiente de loja eacute um importante aspecto da estrateacutegia de posicionamento de serviccedilos e

influencia fortemente as impressotildees do consumidor e o comportamento tanto do cliente

quanto do vendedor O ambiente fiacutesico eacute particularmente importante na criaccedilatildeo da impressatildeo

favoraacutevel para a loja de varejo pois existem poucos criteacuterios objetivos pelos quais os

consumidores podem julgar a qualidade dos serviccedilos que recebem (SCHIFFMAN KANUK

1997)

Estudo de Kim e Han (2000) demonstrou que as preferecircncias dos consumidores por lojas

especiacuteficas tambeacutem podem estar ligadas agraves suas formaccedilotildees culturais que estatildeo relacionadas

ao seu grupo eacutetnico Essas diferentes formaccedilotildees culturais levam os consumidores a possuiacuterem

diferentes interpretaccedilotildees das lojas e de seus produtos devido agraves diferentes percepccedilotildees dos

73

atributos das lojas e agraves diferentes associaccedilotildees que esses consumidores fazem entre elas e as

classes soacutecio-econocircmicas dos seus clientes As classes soacutecio-econocircmicas estatildeo

significativamente relacionadas agrave imagem percebida da loja o que permite aos varejistas a

implementaccedilatildeo de mensagens promocionais persuasivas direcionadas aos segmentos sociais

alvejados

Os componentes que formam a imagem da loja tecircm sido reconhecidos tambeacutem como um

importante antecedente da satisfaccedilatildeo e da lealdade (BLOEMER SCHRODER 2002) A

lealdade agrave loja eacute construiacuteda por meio da satisfaccedilatildeo e esta satisfaccedilatildeo eacute construiacuteda entre outras

coisas por meio da imagem da loja (BLOEMER RUYTER 1998) Para Levy e Weitz

(2000) a satisfaccedilatildeo com a loja eacute a avaliaccedilatildeo poacutes-consumo de quanto a loja atendeu bem ou

excedeu agraves expectativas do cliente

Influenciados pelas mudanccedilas raacutepidas no ambiente de varejo pelos consumidores cada vez

mais exigentes pela competiccedilatildeo mais acirrada e pelas baixas taxas de crescimento dos

mercados em geral os varejistas estatildeo mais do que nunca obrigados a instituiacuterem de uma

forma contiacutenua o estabelecimento da satisfaccedilatildeo com a loja e da lealdade agrave loja Levy e Weitz

(2000) afirmam que um varejista constroacutei a lealdade do cliente ao criar uma imagem clara e

distinta de mix de varejo e ao reforccedilar de forma consistente essa imagem por meio de suas

mercadorias e serviccedilos

74

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja

Componente Detalhamento Preccedilo das mercadorias Preccedilos baixos

Preccedilos competitivos ou natildeo competitivos Qualidade das mercadorias Boa ou maacute qualidade das mercadorias

Marcas em estoque

Sortimento das mercadorias Amplitude e profundidade do sortimento Possui ou natildeo a marca que o cliente deseja Possui ou natildeo marcas elegantes

Pessoal de vendas Postura do pessoal de vendas Conhecimento do pessoal de vendas Nuacutemero de empregados da loja Serviccedilo bom ou ruim

Conveniecircncia de localizaccedilatildeo Localizaccedilatildeo perto da residecircncia ou do trabalho Acesso Boa ou maacute localizaccedilatildeo

Outros itens de conveniecircncia Estacionamento Horaacuterio de funcionamento da loja Conveniecircncia em relaccedilatildeo a outras lojas Lay-out da loja com relaccedilatildeo agrave conveniecircncia Conveniecircncia em geral

Serviccedilos Creacutedito Entrega Facilidade de devoluccedilatildeo de mercadorias Auto-serviccedilo

Promoccedilotildees de vendas Vendas especiais Cupons Displays de loja Siacutembolos e cores

Propaganda Estilo e qualidade da propaganda Miacutedia utilizada Credibilidade da propaganda

Atmosfera da loja Lay-out da loja natildeo relacionado agrave conveniecircncia Decoraccedilatildeo externa e interna da loja Congestionamento dentro da loja Prestiacutegio da loja Simpatia para com a loja

Institucional Reputaccedilatildeo e credibilidade da loja Loja conservadora ou moderna

Clientela da loja Niacutevel soacutecio-econocircmico da clientela Auto-imagem da clientela

Aspectos fiacutesicos Instalaccedilotildees Arquitetura da loja Facilidade de compra

Poacutes-venda Satisfaccedilatildeo ou insatisfaccedilatildeo Fonte Adaptado de Kunkel e Berry (1968) Lindquist (1974) e Doyle e Fenwick (1974)

75

O estudo de Bloemer e Schroder (2002) considerou a satisfaccedilatildeo do consumidor como sendo

um niacutevel prazeroso de realizaccedilatildeo relacionado ao consumo Para esses autores a lealdade de

loja pode ser definida como a resposta comportamental enviesada (ou seja natildeo aleatoacuteria)

expressa atraveacutes do tempo pelo consumidor com relaccedilatildeo a uma loja sendo uma funccedilatildeo dos

processos psicoloacutegicos (tomada de decisatildeo e avaliaccedilatildeo) resultante do comprometimento

Essas respostas comportamentais foram consideradas para Bloemer e Schroder (2002) como

sendo comunicaccedilatildeo boca-a-boca intenccedilatildeo de compra e insensibilidade a preccediloBloemer e

Schroder (2002) demonstraram que um consumidor que percebe uma loja em particular com

imagem positiva estaacute mais propenso a satisfazer-se com essa loja do que um consumidor que

percebe a loja com uma imagem menos positiva Portanto seu estudo concluiu que uma

imagem de loja mais positiva levaria a um niacutevel de satisfaccedilatildeo maior Aleacutem disso uma

imagem de loja positiva tambeacutem levaria a um niacutevel de afeto maior para com a loja

aumentando tambeacutem o niacutevel de satisfaccedilatildeo Por sua vez a satisfaccedilatildeo levaria agrave lealdade se a

confianccedila e o comprometimento para com a loja estivessem presentes Portanto o modelo de

inter-relaccedilatildeo entre os conceitos acima pode ser apresentado conforme a figura 11

Engel Blackwell e Miniard (1995) explicam que as imagens formadas pelos consumidores

com base em suas percepccedilotildees dos atributos considerados importantes afetam o processo

decisoacuterio de escolha da loja A escolha da loja para esses autores seria uma funccedilatildeo de

caracteriacutesticas do consumidor e de caracteriacutesticas da loja Para tomar a decisatildeo sobre o local

de compra o consumidor busca informaccedilotildees que possam ajudaacute-lo a minimizar seu risco de

insatisfaccedilatildeo

76

Imagemde

loja

AfetoPositivo

Satisfaccedilatildeo Confianccedila ecomprometimento

Bocaa

boca

Insensibilidadea preccedilo

Intenccedilatildeo decompra

Fonte Adaptado pelas autoras de Bloemer e Schroder (2002)

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja

Mason Mayer e Ezell (1988) afirmam que estas informaccedilotildees podem ser fornecidas pelo

proacuteprio varejista por meio de propaganda e promoccedilotildees O consumidor ainda pode receber

recomendaccedilotildees de seus vizinhos parentes e amigos sobre em qual loja comprar O varejista

de posse dessas informaccedilotildees poderaacute explorar ao maacuteximo seus instrumentos de marketing para

criar o posicionamento desejado

Engel Blackwell e Miniard (1995) sugerem um modelo sobre o processo de escolha de loja

que envolve os criteacuterios de avaliaccedilatildeo usados pelos consumidores e as caracteriacutesticas

percebidas da loja ou seja a imagem da loja formada na mente do consumidor conforme

mostrado na Figura 12 Os consumidores de cada segmento formam imagens variadas de

acordo com a sua percepccedilatildeo acerca dos atributos considerados importantes Esta percepccedilatildeo e

portanto a formaccedilatildeo de imagem depende das seguintes variaacuteveis localizaccedilatildeo qualidade e

natureza do sortimento preccedilo propaganda e promoccedilatildeo empregados serviccedilos oferecidos

atributos fiacutesicos da loja tipo de clientela atmosfera da loja e satisfaccedilatildeo apoacutes a compra

77

Assim verifica-se que o varejista possui vaacuterias ferramentas para conseguir a satisfaccedilatildeo e a

fidelidade de seus clientes mas eacute preciso que ele as utilize adequadamente de modo que o

consumidor consiga perceber e formar uma imagem positiva da loja colocando-a como sua

primeira opccedilatildeo de compra

Criteacuterios Avaliatoacuterios1 Localizaccedilatildeo2 Amplitude e Profundidade de sortimento3 Preccedilo4 Propaganda e promoccedilatildeo de vendas5 Pessoal da loja6 Serviccedilos7 Outros

Caracteriacutesticas Percebidas das Lojas1 Localizaccedilatildeo2 Sortimento3 Preccedilo4 Propaganda epromoccedilatildeo de vendas1 Pessoal da loja2 Serviccedilos

Processo de Comparaccedilatildeo

Lojas aceitaacuteveis Lojas inaceitaacuteveis

Imagemda loja

Fonte Engel Blackwell e Miniard (1995)

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja

Lepsch (1996) considera o varejo tambeacutem como uma unidade decisoacuteria da economia

considerada sob o prisma de transaccedilotildees com os fornecedores na compra e com os

consumidores na venda de produtos Tal dualidade segundo o autor faz com que ele integre o

sistema de marketing dos fabricantes e ao mesmo tempo opere seu proacuteprio sistema de

marketing

78

Desde seu surgimento na deacutecada de 30 nos Estados Unidos passando pela sua implantaccedilatildeo na

deacutecada de 50 no Brasil ateacute chegar no seu estaacutegio atual o supermercado evoluiu muito

Buscou maior eficiecircncia introduziu novas tecnologias redutoras de custos e preccedilos e assim

ocupou gradativamente o lugar das lojas especializadas tradicionais no comeacutercio varejista

de alimentos e produtos de higiene e limpeza (SILVEIRA LEPSCH 1997) Com o

acirramento da competiccedilatildeo apoacutes o Plano Real e a abertura da economia a empresas e produtos

estrangeiros o consumidor tornou-se o foco das redes supermercadistas Mais exigentes e

com maior facilidade em memorizar os preccedilos o cliente fez com que o setor passasse a lutar

pela sua preferecircncia nas estrateacutegias via preccedilo e mais fortemente nas estrateacutegias extrapreccedilo

As estrateacutegias extrapreccedilos foram discutidas nesse toacutepico As estrateacutegias via preccedilo fazem parte

do objetivo principal do estudo O preccedilo como apresentado no quadro 6 eacute um dos

componentes da gestatildeo estrateacutegica do varejo supermercadista e um dos criteacuterios de maior

importacircncia na escolha da loja pelo consumidor conforme visto na figura 12

Parente (2000) afirma que de todas as variaacuteveis do marketing mix a decisatildeo de preccedilo eacute

aquela que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas A afirmaccedilatildeo volta agrave questatildeo inicial da flexibilidade da

variaacutevel preccedilo em relaccedilatildeo aos outros componentes do mix de marketing ou seja as poliacuteticas

de preccedilos dos varejistas podem ser alteradas em curtiacutessimo prazo e devido agrave facilidade na

implementaccedilatildeo dessas alteraccedilotildees muitos varejistas assumem uma postura fortemente

competitiva respondendo rapidamente agraves alteraccedilotildees de preccedilo da concorrecircncia Boone e Kurtz

(1998) argumentam que os preccedilos desempenham um papel importante na percepccedilatildeo do

varejista por parte do consumidor e satildeo sempre um componente imprescindiacutevel para uma

estrateacutegia competitiva completa

79

O preccedilo eacute um determinante da compra dos produtos pelos clientes Eacute um dos elementos chave

para alcanccedilar o volume de vendas desejado e tem grande impacto nos lucros das empresas e

tem o papel fundamental na percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos compradores Eacute tambeacutem

variaacutevel do composto que pode ser mais facilmente comparada pelo consumidor no momento

da compra

O proacuteximo toacutepico discute a fixaccedilatildeo de preccedilos para o varejo supermercadista Os passos

propostos pelos autores apresentados na revisatildeo bibliograacutefica sobre determinaccedilatildeo de preccedilos

satildeo revistos agora com foco nas estrateacutegias adotadas pelos supermercados Alguns dos

componentes que influenciam no posicionamento das lojas satildeo discutidos em seguida como

possiacuteveis influenciadores no processo de precificaccedilatildeo de produtos comercializados pelas

grandes redes

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados

Lepsch (1966) afirma que pode-se esquematizar o apreccedilamento em um supermercado da

seguinte maneira primeiro emprega-se o meacutetodo de precificaccedilatildeo do mark up sendo que o

custo sobre o qual vai incidir a margem eacute custo da colocaccedilatildeo do produto do fornecedor na

loja A seguir os produtos do sortimento da loja satildeo divididos em categorias e para cada uma

eacute atribuiacuteda uma margem-objetivo Por fim o custo mais a margem datildeo um preccedilo para cada

um dos itens de uma categoria de produtos que precisa ser comparado com o preccedilo do mesmo

item nas lojas da concorrecircncia localizadas dentro da aacuterea de influecircncia do estabelecimento

em foco

80

O autor destaca que natildeo pode haver muita diferenccedila entre os preccedilos de um mesmo item dentro

de uma mesma aacuterea de influecircncia principalmente para cima (preccedilo mais alto) Neste caso a

empresa deve rever e ajustar o seu preccedilo A variaccedilatildeo de preccedilos pode aparecer por diferenccedilas

nos custos de produccedilatildeo dos comerciantes (REINGANUN1979) na busca por preccedilos menores

por parte dos consumidores (ROB 1985) ou pela lealdade resultante das compras repetitivas

de um uacutenico produto pelos clientes (MCMILLAN MORGAN 1988)

A tarefa de ajuste de preccedilos eacute de responsabilidade do gerente da loja que precisa manter as

margens meacutedias exigidas para as diversas categorias ou seccedilotildees de sua loja e principalmente

deve alcanccedilar a margem meacutedia geral estabelecida pela rede de supermercados (LEPSCH

1996) Silveira e Lepsch (1997) reforccedilam a responsabilidade do gerente na gestatildeo do preccedilo

de sua loja ao concluiacuterem que houve descentralizaccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos pelos

supermercados adotando-se na maioria dos casos um sistema misto

Os autores realizaram um estudo que confirmou a hipoacutetese de que a autoridade da loja na

precificaccedilatildeo aumentou Consequumlentemente a responsabilidade da loja pela obtenccedilatildeo de

resultados financeiros a ela designados tambeacutem aumentou Cabe tambeacutem ao gerente da loja

ficar atento ao comportamento do consumidor em relaccedilatildeo aos preccedilos dos produtos e ao

sortimento ao atendimento aos serviccedilos prestados entre outros (SILVEIRA LEPSCH

1997)

Ao estabelecer o preccedilo de venda ao consumidor o varejista toma uma seacuterie de decisotildees

estrateacutegicas Relacionando-se o estabelecimento do preccedilo em redes supermercadistas (figura

13) com os seis passos propostos por Kotler e Keller (2005) para o apreccedilamento adequado de

um produto pela induacutestria e discutidos nos itens anteriores desta revisatildeo bibliograacuteficas pode

fazer a seguinte comparaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilos propostos McGoldrick

81

(1990) considera que os apresentados no quadro 7 satildeo os adotados com mais frequumlecircncia pelas

empresas varejistas

Preccedilo geograacutefico

Descontos e concessotildees Preccedilo promocional Preccedilo diferenciado

Preccedilo de composto de produtos

Fonte Elaborado pela autora a partir de Kotler e Keller (2005)

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo

Mark-up padratildeo sobre o custo

Retorno-alvo

Preccedilo de valor

Valor percebido pelo

cliente

Preccedilo de mercado

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Determinaccedilatildeo do Objetivo de Preccedilo

Determinaccedilatildeo da Demanda

Estimativa de Custos

Anaacutelise de Custo Preccedilo e Ofertas do Concorrente

Seleccedilatildeo do Meacutetodo de Determinaccedilatildeode Preccedilo

Seleccedilatildeo do Preccedilo Final e Ajuste

82

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Maximizaccedilatildeo do lucro Redes de tamanho meacutedio com administraccedilatildeo familiar (geralmente)

Retirada razoaacutevel

Redes pequenas com administraccedilatildeo familiar

Maximizaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado Caracteriacutestica das grandes e meacutedias redes ou ainda em cadeias que estatildeo introduzindo novos modelos ou outros novos formatos

Defesa do mercado Muitas redes varejistas procuram proteger determinada aacuterea de influecircncia criando barreiras agrave entrada de novos concorrentes no mercado

Estabilizaccedilatildeo do mercado Com esse objetivo a loja procura interromper a praacutetica de guerra de preccedilos pela concorrecircncia podendo-se utilizar tambeacutem para desviar a atenccedilatildeo do consumidor dos preccedilos praticados

Imagem da rede A praacutetica de uma poliacutetica de preccedilos baixos todo dia (EDLP every day low price) pode ser um objetivo para atrair o consumidor e mantecirc-lo fiel agraves lojas da rede Eacute possiacutevel consideraacute-la tambeacutem um objetivo que visa mostrar ao consumidor integridade nos preccedilos

Preccedilos abaixo do custo marginal Caso um item categoria de produto ou seccedilatildeo apresentar sinais de entrada no estaacutegio final do ciclo de vida (decliacutenio) um objetivo comumente adotado eacute a eliminaccedilatildeo dos estoques por intermeacutedio de preccedilos baixos de maneira a gerar espaccedilo para a entrada de novos produtos Utiliza-se tambeacutem esse recurso em uma promoccedilatildeo como forma de atrair clientes para a loja

Fonte Elaborado pela autora a partir de McGoldrick (1990) e Kotler e Keller 2005

83

Parente (2000) completa observando que o varejista pode buscar como estrateacutegias de

apreccedilamento (i) preccedilos acima do mercado o varejista natildeo concorre em preccedilo evitando que a

marcaccedilatildeo de seus preccedilos esteja baseada na concorrecircncia (ii) preccedilos meacutedios de mercado os

varejistas buscam a diferenciaccedilatildeo em outros componentes do composto de marketing como

localizaccedilatildeo serviccedilos ou linha de produtos e (iii) preccedilos abaixo do mercado varejistas que tecircm

no preccedilo sua arma competitiva mais forte geralmente associado a uma estrutura de baixos

custos com avanccedilada tecnologia e modernos meacutetodos de gestatildeo

Em termos de determinaccedilatildeo da demanda cada preccedilo levaraacute a um niacutevel de demanda e teraacute um

impacto diferente nos objetivos de marketing da empresa Como foi discutido demanda e

preccedilo satildeo inversamente relacionados ou seja quanto mais alto o preccedilo de um produto menor

a quantidade demandada por este mesmo item A mesma regra eacute valida no supermercado Por

isso a preocupaccedilatildeo com o controle de preccedilos dos produtos ofertados

Ghisi (2005) explica que a formaccedilatildeo de oligopoacutelios no setor supermercadista gera diversos

riscos como por exemplo a imposiccedilatildeo de preccedilos realizada pelas grandes redes junto aos

fornecedores que traz como consequumlecircncia a restriccedilatildeo de opccedilotildees para os consumidores De

acordo com esse boletim a implantaccedilatildeo dessas grandes lojas resulta na perda de um grande

nuacutemero de postos de trabalho A abertura dessas empresas normalmente significa o

aniquilamento dos pequenos supermercados mercadinhos que operam no bairro e

adjacecircncias Esse fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil tendo grande contribuiccedilatildeo para o

desenvolvimento social e econocircmico do paiacutes (GHISI 2005)

84

A oligopolizaccedilatildeo tambeacutem aumenta o poder de barganha dos grandes grupos que passam a

competir por preccedilo Em contrapartida os pequenos supermercadistas que natildeo tecircm escala

comparaacutevel acabam comprando produtos de atacadistas e natildeo diretamente de fornecedores

aumentando assim os seus custos Isso acarreta em produtos finais caros para o consumidor

pois a margem de lucro dos atacadistas eacute elevada inviabilizando o repasse no preccedilo das

mercadorias (GHISI 2005)

Quanto agrave estimativa dos custos sabe-se que a demanda estabelece um teto no preccedilo que uma

empresa pode cobrar por seu produto e os seus custos determinam o piso ou seja o preccedilo

miacutenimo A empresa varejista deseja cobrar um preccedilo que cubra seu custo de produccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e venda do produto incluindo um retorno justo por seu esforccedilo e pelo seu risco

Especialistas concordam que a maioria das redes varejistas ainda utiliza o mark-up para

calcular o preccedilo das mercadorias com a taxa desejada de retorno

A anaacutelise de custos preccedilos e ofertas dos concorrentes tambeacutem acontece da mesma forma

para o varejista ou seja dentro da faixa de preccedilos possiacuteveis determinados pela demanda de

mercado e pelos custos da empresa esta deveraacute levar em conta os custos preccedilos e possiacuteveis

reaccedilotildees de preccedilos dos concorrentes Vale considerar neste ponto o conceito de shopping de

preccedilos que eacute o nome dado agrave praacutetica da obtenccedilatildeo de informaccedilotildees perioacutedicas sobre preccedilos

praticados pelos concorrentes Silveira e Lepsch (1997) explicam que como a concorrecircncia eacute

determinada em cada mercado supermercadista em geral cada loja possui sua proacutepria equipe

para coletar essas informaccedilotildees

O shopping de preccedilos abrange uma cesta baacutesica ampliada com cerca de 400 produtos sendo

estes de alto giro marcas fortes e elevados gastos promocionais por parte dos fornecedores

(alguns exemplos sabatildeo em poacute Omo leite condensado Moccedila sal Cisne e Accediluacutecar Uniatildeo) A

cesta varia de acordo com o formato da loja regiatildeo do paiacutes localizaccedilatildeo (ou aacuterea de

85

influecircncia) segmentaccedilatildeo de mercado entre outros (SILVEIRA LEPSCH 1997) Mas natildeo eacute

somente o shopping de preccedilos que possui informaccedilotildees importantes sobre a concorrecircncia Os

supermercadistas recorrem tambeacutem a dados adicionais em jornais tabloacuteides e televisatildeo para

formarem os preccedilos de seus produtos (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Em relaccedilatildeo agrave seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos para os varejistas tambeacutem satildeo

considerados paracircmetros como os custos a concorrecircncia a avaliaccedilatildeo dos clientes e o preccedilo

maacuteximo a ser cobrado Os meacutetodos mais utilizados no varejo encontram-se descritos no

quadro 8

Sobre as margens Boone e Kurtz (1998) ainda ressaltam que constituem fatores importantes

na imagem do varejista perante seus atuais e possiacuteveis clientes afetando ainda a sua

capacidade de atrair clientes Margens muito altas podem assustar e afastar os consumidores e

a praacutetica de uma taxa inadequada (muito baixa) pode natildeo cobrir os custos e natildeo gerar retorno

As margens satildeo expressas como porcentagem do preccedilo final de venda de um produto ou do

seu custo (BOONE KURTZ 1998) Suas foacutermulas satildeo

Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Preccedilo de Venda

Percentual de Margem sobre o Custo = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Custo

86

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Mark-up padratildeo sobre o custo Muitos varejistas adotam esse meacutetodo por ser mais raacutepido mecacircnico e relativamente simples de ser usado Resulta sempre de dois fatores os serviccedilos oferecidos (custos que precisam ser cobertos) e taxa de giro de estoque

Retorno-alvo

Preccedilo que permite atingir a taxa-alvo de retorno - ROI (return over investment)

Preccedilo de valor Preccedilo baixo para oferta de alta qualidade - no varejo o preccedilo de valor traduz-se na poliacutetica de fixar preccedilos baixos todos os dias (EDLP) - o varejista que seguir a praacutetica cobra um preccedilo baixo constantemente todos os dias sem descontos temporaacuterios nos preccedilos eliminando assim a incerteza de preccedilos de uma semana para a outra

Valor percebido pelo cliente Considera as percepccedilotildees dos clientes e natildeo os custos do vendedor como chave para determinar preccedilo Como analogia no varejo tem-se a estrateacutegia de preccedilo alto-baixo (High Low Price - HILO) onde o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes nas quais os preccedilos caem temporariamente abaixo do niacutevel da poliacutetica EDLP As promoccedilotildees criam entusiasmo e atraem compradores Por esse motivo a EDLP natildeo constitui garantia de sucesso Muitos varejistas utilizam uma combinaccedilatildeo de estrateacutegias de determinaccedilatildeo de preccedilos alto-baixos e de preccedilos baixos todos os dias com um aumento de propaganda e de promoccedilotildees

Preccedilo de mercado Estabelecer preccedilos com base nos concorrentes Praacutetica comum entre varejistas com conhecimento entre os competidores para realizaccedilatildeo de shopping de preccedilos em suas lojas

Fonte Elaborado pela autora com base em Boone e Kurtz (1998) Levy e Weitz (2000) Parente (2000)

87

Poreacutem quando se conhece apenas o custo e o percentual de margem calculado sobre o preccedilo

de venda as seguintes foacutermulas satildeo utilizadas

Preccedilo = Custo

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Custo 100 + Percentual de Margem sobre o Custo

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Boone e Kurtz (1998) explicam que as margens baseiam-se em parte no julgamento do

comerciante com relaccedilatildeo aos preccedilos que os consumidores estariam dispostos a pagar por um

produto Quando estes se recusam a pagar o preccedilo fixado ou surgem produtos de melhor

qualidade o varejista trabalha com a estrateacutegia de desconto que tem o seu percentual

calculado pela foacutermula

Percentual de Desconto = Valor do Desconto Novo Preccedilo

88

Os descontos tambeacutem podem ser utilizados para avaliaccedilotildees (BOONE KURTZ 1998) Os

gerentes da loja ou os compradores podem ser avaliados em parte com base nos percentuais

meacutedios de descontos concedidos nas linhas de produtos pelas quais satildeo responsaacuteveis dentro de

uma rede supermercadista

Por fim a seleccedilatildeo do preccedilo final compreendida como o ajuste do preccedilo em funccedilatildeo da

percepccedilatildeo de qualidade - por parte dos consumidores - e da influecircncia de outros elementos do

composto de marketing levando em consideraccedilatildeo questotildees como serviccedilos prestados

localizaccedilatildeo e outros As taacuteticas natildeo satildeo mutuamente exclusivas e podem ser utilizadas

simultaneamente

Um problema que pode ser encontrado ao estabelecer uma estrutura de preccedilos diz respeito a

produtos que fazem parte de um mix ou linha Neste caso natildeo satildeo apenas os preccedilos que

variam mas tambeacutem os produtos considerados Desta forma a fixaccedilatildeo de preccedilos natildeo deve

seguir a mesma loacutegica determinada para um uacutenico item O varejista busca neste caso um

conjunto de preccedilos que maximize o lucro total (GRACIOSO 1997)

A determinaccedilatildeo de preccedilos eacute difiacutecil porque os produtos possuem custo e demanda

interrelacionados e estatildeo sujeitos a diferentes graus de concorrecircncia Toledo Proenccedila e Mello

Jr (2003) afirmam que esse problema abre espaccedilo para a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais modernas

de gestatildeo no varejo como o gerenciamento de categorias Os autores explicam que o

gerenciamento de categorias eacute uma das ferramentas do sistema Resposta Eficiente ao

Consumidor - ECR (Efficient Consumer Response) que tem por objetivo definir o sortimento

os preccedilos as ofertas e promoccedilotildees para atender os diferentes puacuteblicos de consumidores e obter

uma coerecircncia no modo de apresentaccedilatildeo dos produtos no ponto de venda por afinidade de

consumo o que facilita a venda o cliente e gera aumento de vendas

89

O ECR Brasil caracteriza uma estrutura de categoria como sendo um mapa da aacutervore de

decisatildeo do consumidor (ECR Brasil 1998) A questatildeo chave eacute a capacidade de refletir o

modo como o consumidor toma sua decisatildeo quando faz uma compra dentro da categoria

Nesse processo a atribuiccedilatildeo de papeacuteis para as categorias eacute uma das mais importantes

decisotildees a serem tomadas pelo varejista pois fornece a base para a diferenciaccedilatildeo competitiva

e consequumlente alocaccedilatildeo de recursos entre as unidades estrateacutegicas de negoacutecio por categoria

do varejista (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR 2003) A classificaccedilatildeo eacute a seguinte

bull Dominantes Destino satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica uma

grande variedade de produtos igual ou superior agrave meacutedia do mercado sendo que o

varejista busca uma notoriedade e reconhecimento por parte dos seus clientes no

sentido de que sua oferta de variedade de produtos seja a melhor do mercado Os

produtos dessa categoria tecircm a caracteriacutestica iacutempar de atrair os consumidores agraves lojas

Exemplo mercearia seca (accediluacutecar arroz feijatildeo etc)

bull Competitivas Traacutefego satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica

uma variedade de produtos igual agrave meacutedia do mercado sendo que o varejista posiciona-

se corretamente no que tange a oferta de variedade de produtos Essas famiacutelias satildeo

compostas de produtos que tambeacutem tecircm caracteriacutestica de atrair os consumidores agraves

lojas em razatildeo da necessidade e periodicidade de compras Exemplo leite longa vida

suco e patildeo de forma

bull Convenientes Bandeira satildeo famiacutelias que apresentam como caracteriacutestica uma

variedade de produtos limitada ou seja igual agrave oferta dos demais concorrentes do

mesmo segmento poreacutem inferior agrave variedade ofertada pelos varejistas especialistas

Exemplo tintas ferramentas automotivos

90

bull Sazonais satildeo famiacutelias que possuem como caracteriacutestica uma variedade de produtos

grande em razatildeo uacutenica e exclusiva de ocorrecircncia de um evento sazonal Exemplo

chocolates panetones perus

Toledo Proenccedila e Mello Jr (2003) consideram ainda que o papel da categoria frequumlentemente

fornece diretrizes para a alocaccedilatildeo de recursos do varejista desde estoques espaccedilo nas

prateleiras e investimentos promocionaispublicitaacuterios a gastos de capital e tempos de

gerenciamento Por exemplo categorias com papel destino podem ter preccedilos mais

competitivos com o objetivo de atrair os consumidores e tornar a loja preferida nas compras

da categoria Nas demais os preccedilos podem ser menos competitivos

Apesar de todos os seis passos estarem adequados agrave escolha da estrateacutegia de apreccedilamento dos

produtos comercializados pelo varejo supermercadista eacute importante lembrar que muitas das

suas atividades satildeo completamente distintas das atividades de uma induacutestria O supermercado

responsaacutevel pela entrega do produto ao consumidor final oferece vaacuterios serviccedilos que natildeo satildeo

comuns aos fabricantes Muitas dessas accedilotildees podem ter grande influecircncia sobre a fixaccedilatildeo de

preccedilo dos bens comercializados sejam por aumentar os custos ou mesmo por oferecer maior

valor para o cliente

A proacutexima discussatildeo refere-se a algumas variaacuteveis que possivelmente interferem na decisatildeo

de apreccedilamento dos supermercadistas sobre os itens que disponibilizam para os seus

consumidores Tais variaacuteveis vatildeo aleacutem da demanda ou custo dos produtos e representam

questotildees fundamentais para ganho de competitividade no varejo

91

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo

Beisel (1993) apud Vance e Angelo (2003) sugere que a definiccedilatildeo do niacutevel de preccedilos mais

adequado seja efetuada a partir da anaacutelise das caracteriacutesticas de diferentes dimensotildees do

composto de varejo (quadro 9) Em um primeiro momento eacute essencial que o varejista defina

quem eacute o seu puacuteblico alvo

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo

Estrateacutegias de Preccedilos Caracteriacutesticas

Abaixo do Mercado Niacutevel do Mercado Acima do Mercado

Localizaccedilatildeo Inconveniente Competitiva Privilegiada

Horaacuterio de

Funcionamento Curto Competitivo Longo

Serviccedilo Pouconenhum Meacutedio Personalizado

Prestiacutegio Pouco Meacutedio Alto

Exclusividade do

Produto Nenhuma Meacutedia Excluxivo

Merchandising

Fashionableness Baixo Meacutedia Alto

Custo da Mercadoria Baixo Meacutedio Alto

Fonte Vance e Acircngelo (2003)

A seguir eacute preciso que identifique e analise as caracteriacutesticas do seu negoacutecio Localizaccedilatildeo

horaacuterio de funcionamento serviccedilos prestiacutegio a exclusividade do produtomercadoria

merchandising fashionableness que pode ser compreendido como o grau de requinte ou

elegacircncia dos produtos comercializados e custo das mercadorias satildeo os principais aspectos

sugeridos para avaliaccedilatildeo segundo o autor

92

Enquanto as caracteriacutesticas do produto podem ser as mesmas entre os diferentes equipamentos

varejistas a variabilidade na qualidade de serviccedilo e as caracteriacutesticas do mercado podem ser

diferentes dentro de cada equipamento varejista (ANCARANI SHANKAR 2004)

Aleacutem das variaacuteveis destacadas por Vance e Acircngelo (2003) Lepsch (1996) e Ancarani e

Shankar (2004) o presente estudo observaraacute outros fatores colocados como importantes por

estudiosos de varejo como influenciadores da fixaccedilatildeo de preccedilos nos supermercados

2111 Produto

Para Czinkota (2001) os produtos satildeo o conjunto de atributos funccedilotildees e benefiacutecios que os

clientes compram O termo produto significa a oferta de uma empresa capaz de satisfazer

uma necessidade do consumidor (KOTLER KELLER 2005) Aleacutem disso os produtos de

consumo podem ser divididos nas seguintes categorias (i) produtos de conveniecircncia itens

baratos que os consumidores compram com pouco esforccedilo e satildeo amplamente distribuiacutedos (ii)

produtos de compra comparada mais caros que os de conveniecircncia e a decisatildeo de compra eacute

mais importante (iii) produtos de especialidade os consumidores desejam uma marca

particular (iv) produtos substitutos natildeo satildeo opccedilotildees sendo a distribuiccedilatildeo muito limitada e (v)

produtos natildeo procurados satildeo desconhecidos ou natildeo mas natildeo satildeo ativamente procurados ateacute

que necessite deles sendo as vendas personalizadas

Conforme observado nas diferentes classificaccedilotildees de produtos suas caracteriacutesticas

influenciam no preccedilo para o consumidor final Produtos de conveniecircncia satildeo considerados

mais baratos enquanto produtos de especialidades como satildeo procurados por marcas

especiacuteficas tendem a serem mais caros

93

Nagle e Holden (1995) consideram que a administraccedilatildeo do produto eacute a mais poderosa

ferramenta de influecircncia dos preccedilos O produto pode influenciar o preccedilo dependendo do niacutevel

de diferenciaccedilatildeo do produto do seu estaacutegio no ciclo de vida e do segmento de mercado de

atuaccedilatildeo (ZICKER 2002) Nos estaacutegios de introduccedilatildeo e crescimento o preccedilo eacute mais alto e na

maturidade a tendecircncia eacute de queda dos preccedilos (KOTLER KELLER 2005) Poreacutem eacute possiacutevel

modificar o produto ou aumentar o periacuteodo de estaacutegio analisando e percebendo as mudanccedilas

no ambiente

Stanton Walker Etzel (2001) consideram um mix de produtos como o conjunto de todos os

produtos oferecidos para venda por uma empresa Uma linha de produtos eacute um amplo grupo

de produtos destinados a usos essencialmente similares e tendo caracteriacutesticas fiacutesicas

similares O mix de produtos eacute composto por uma ou mais linhas de produtos Todos os

produtos que uma empresa comercializa podem ser considerados o seu o mix A amplitude ou

abrangecircncia do seu composto eacute a seacuterie de diferentes linhas de produtos a extensatildeo eacute o

nuacutemero de produtos (diferentes marcas) dentro de uma linha e a profundidade da linha satildeo os

tipos de produtos dentro de cada marca (STANTON WALKER e ETZEL 2001 KOTLER

KELLER 2005 PARENTE 2000)

2112 Marca

Com relaccedilatildeo agraves marcas dos produtos estudiosas afirmam que marcas e criaccedilatildeo de marcas satildeo

ingredientes vitais necessaacuterios ao sucesso no mercado (SHULTZ e BARNES 2001) Os

consumidores utilizam-se das marcas como fontes de informaccedilatildeo simplificando escolhas e

94

reduzindo riscos da aquisiccedilatildeo Elas capturam crenccedilas sobre os atributos e a imagem geral do

produto entre os clientes Os fabricantes estatildeo cada vez mais interessados em comercializar

novos produtos sob a proteccedilatildeo de nomes de marca bem estabelecidos familiares aos clientes

aumentando sua aceitabilidade (IACOBUCCI 2001)

A American Marketing Association (AMA) define marca como um nome termo

siacutembolosigno ou uma combinaccedilatildeo de todos que estaacute associado a diferentes produtos ou

serviccedilos de uma empresa em particular Essencialmente uma marca significa a promessa de

entrega de um produto ou um pacote particular de caracteriacutesticas benefiacutecios e serviccedilos para

os consumidores Iacobucci (2001) considera que as marcas possibilitam aos consumidores a

associaccedilatildeo a funcionalidades imagens e experiecircncias Com um mercado competitivo os

produtos ficam mais uniformes e com isso as marcas evoluem para oferecer um valor

diferenciado aos seus clientes A marca tornou-se base imediata para a escolha de uma

mercadoria traduzindose em lucros para a empresa

O sucesso da marca depende de associaccedilotildees A marca estaacute associada a uma rede de

pensamentos ou associaccedilotildees feitas apenas nas cabeccedilas dos consumidores O grande desafio

para uma marca eacute desenvolver um arranjo de ideacuteias associadas ao seu siacutembolo natildeo sendo

apenas um nome mas um conjunto de significados A construccedilatildeo de uma marca eacute orientada

por uma visatildeo de posicionamento desejado e implementada pelas decisotildees relacionadas ao

composto de marketing

O valor da marca apoiaacute-se na ideacuteia de que os consumidores compram e usam certos produtos

com marcas mais pelo que eles representam do que pelo que eles realmente fazem Aaker

(1991) define valor de marca como sendo o conjunto de ativos e passivos relacionados a uma

marca seu nome e siacutembolo que adicionam ou subtraem valor ao valor provido pelo produto

ou serviccedilo O autor identifica quatro principais categorias pelas quais o valor da marca pode

95

ser deduzido reconhecimento de marca associaccedilatildeo de marca qualidade percebida e

fidelidade agrave marca Essas categorias satildeo estreitamente relacionadas assim a lealdade da

marca eacute dependente do seu reconhecimento pelos consumidores do poder de estabelecimento

de associaccedilotildees bem como do niacutevel de qualidade percebida

Aaker (1996) afirma que o desafio para as marcas eacute que elas possuam uma imagem clara e

distinta que importe para o consumidor e realmente as diferencie dos outros concorrentes

Para a construccedilatildeo de grandes marcas o autor sugere que a empresa encare suas marcas natildeo

somente como um produto ou serviccedilo mas como uma organizaccedilatildeo uma pessoa e um siacutembolo

Assim tornar prioridade inovaccedilatildeo lideranccedila de mercado ou qualidade de produto como

estrateacutegia empresarial tem impacto direto na percepccedilatildeo da marca se esse tambeacutem for seu

posicionamento Esse tipo de associaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo eacute mais difiacutecil de imitar do que

atributos de produtos

As marcas satildeo selecionadas e usadas pelos consumidores para dizer alguma coisa que eles

gostariam de dizer O comprometimento com uma marca pode ser definido como um elo com

essa marca particular dentro de uma categoria de produto

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo

Neves (1999) afirma que os canais de distribuiccedilatildeo podem ser entendidos como sendo o

percurso que o produto faz ateacute o consumidor final Um conjunto de organizaccedilotildees

interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar esse produto ou serviccedilo para uso

ou consumo ou ainda como maneiras de desenhar desenvolver e manter relacionamentos

96

entre os participantes do canal de tal forma a obter vantagens competitivas sustentaacuteveis pelas

empresas tanto em niacutevel individual como coletivo (COUGHLAN et alli 2002) Para

Rosenbloom (1999) podem ser entendidos como uma organizaccedilatildeo externa que a gestatildeo

utiliza para atingir os seus objetivos de distribuiccedilatildeo A organizaccedilatildeo eacute externa porque natildeo faz

parte da estrutura interna da empresa satildeo os intermediaacuterios entre a induacutestria e o consumidor

final

Os intermediaacuterios tomam muitas formas atualmente incluindo lojas de departamentos lojas

de descontos lojas de eletrodomeacutesticos e eletrocircnicos lojas de vestuaacuterios hipermercados

supermercados lojas especializadas lojas de conveniecircncia franquias clubes de compras e

varejistas on-line Aleacutem disso os varejistas podem ocupar-se de bens com marca proacutepria

(marca de loja) e podem tambeacutem se integrar verticalmente para traacutes de forma eficaz na cadeia

de suprimento (COUGHLAN et alli 2002)

No Brasil os tipos mais importantes de varejista alimentiacutecio para distribuiccedilatildeo satildeo

hipermercados supermercados lojas de conveniecircncia lojas de especialidades (accedilougues

varejotildees padarias entre outros) mercearias e outros formatos (PARENTE 2000) Muitas

redes supermercadistas engajaram no processo de reformulaccedilatildeo do padratildeo de suas lojas para

atender a diversos segmentos de mercado passando a operar com diferentes bandeiras cada

uma focada em um nicho de mercado atrativo (GHISI 2005)

Os criteacuterios da AcNielsen (2004) classificam os canais de distribuiccedilatildeo de produtos

alimentares em 03 categorias baacutesicas Cada categoria possui um grupo de diferentes formatos

As categorias satildeo (i) consumo local formada por bares restaurantes lanchonetes e adegas

(ii) auto-serviccedilo que se refere ao formato de varejo alimentiacutecio caracterizado pela disposiccedilatildeo

dos produtos em self-service e pela existecircncia de caixas (check-outs) na saiacuteda como os

supermercado e hipermercados e (iii) tradicionais no qual pressupotildeem-se a presenccedila de

97

atendente (vendedor ou balconista) que assiste e interage no processo de compra (compra

assistida) como armazeacutens empoacuterios mercearias padarias etc

No auto serviccedilo as classificaccedilotildees da AcNielsen (2004) e da ABRAS (2005) consideram

como supermercados os estabelecimentos encontrados em bairros ou vizinhanccedila para

compras rotineiras preccedilos meacutedios que apresentam como principais seccedilotildees de vendas

mercearia bazar e pereciacuteveis Possuem cerca de 1500 a 5000 itens em exposiccedilatildeo e de 2 a 40

check-outs mais de 300 msup2 de aacutereas de vendas e faturamento anual de mais de 1 milhatildeo de

doacutelares Em termos do porte da loja satildeo considerados pequenos aqueles supermercados que

possuem ateacute 4 check-outs de pequenos agrave meacutedios os com 5 a 9 check-outs meacutedios quando

possuem de 10 a 19 check-outs e grandes os supermercados cujo nuacutemero de check-outs varia

entre 20 a 49

Os hipermercados satildeo estabelecimento localizado em aacutereas de intenso fluxo e faacutecil acesso

destinado agraves compras de maior volume preccedilos baixos e com mais descontos Possuem como

principais seccedilotildees de vendas mercearia bazar e pereciacuteveis tecircxteis e eletrodomeacutesticos Tecircm

mais de 5000 itens em exposiccedilatildeo nuacutemero de check-outs acima de 50 mais 5000 msup2 de aacutereas

de vendas e faturamento anual de mais de 12 milhotildees de doacutelares A tabela 1 apresenta a

classificaccedilatildeo do setor supermercadista de acordo com o nuacutemero de check-outs

Ghisi (2005) apresenta os principais formatos de loja existentes como

1 Loja de conveniecircncia modelo importado dos Estados Unidos na deacutecada de 80 que

pode ser caracterizado por oferecer pequena variedade de itens (cerca de 1000 itens)

principalmente de conveniecircncia e possuir aacuterea de venda de 50 msup2 a 250 msup2 Satildeo lojas

relativamente pequenas de faacutecil acesso e para compras raacutepidas que funcionam 24

horas por dia Constituem um importante canal de distribuiccedilatildeo varejista minimizando

98

esforccedilos de compra dos clientes Essas lojas estatildeo localizadas em postos de gasolina

ou em aacutereas de grande concentraccedilatildeo populacional Os preccedilos praticados geralmente

satildeo 15 maiores do que os dos supermercados convencionais

2 Loja de Sortimento Limitado ou discount conceito trazido da Alemanha que

representou na eacutepoca uma inovaccedilatildeo incremental Opera cerca de 700 itens

basicamente de mercearia e praticamente nenhum serviccedilo Na deacutecada de 80 as lojas

de sortimento limitado se tornaram muito populares impulsionadas pela rede

Minibox do Patildeo de Accediluacutecar que passou a ser seguida por concorrentes da eacutepoca Esse

formato de loja praticamente desapareceu na deacutecada de 90 e retomou sua importacircncia

a partir do ano 2000 As lojas de descontos atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Esse tipo de loja opera com sortimento

limitado e poucos funcionaacuterios o que pode resultar na oferta de preccedilos competitivos

3 Supermercado Compacto supermercado de menor porte eacute o conhecido supermercado

de vizinhanccedila Representam a maioria das unidades de auto-serviccedilos do Brasil e em

geral pertencem a operadores independentes Atualmente satildeo responsaacuteveis por cerca

de 14 da distribuiccedilatildeo de alimentos no Brasil onde estatildeo em plena ascensatildeo

4 Supermercado Convencional tradicional supermercado com aacuterea de venda de 700 msup2

a 2500 msup2 Dentre as seccedilotildees existentes opera principalmente as mais tradicionais

mercearia pereciacuteveis bazar carnes e aves frios e laticiacutenios sendo crescente o

aumento de seccedilotildees para atrair o cliente como a de padaria e de peixaria A meacutedia de

itens ofertados eacute de 9000 e os produtos satildeo alimentiacutecios na grande maioria Pode ser

definido como um mercado generalista que revende para o consumidor final ampla

variedade de produtos de forma departamentalizada no sistema de auto-serviccedilo A

maioria das redes atuantes no Brasil opera grande nuacutemero de lojas classificadas como

supermercados convencionais

99

5 Superloja tipo de loja que opera com uma completa linha de produtos alimentiacutecios

Os natildeo-alimentiacutecios comeccedilam a crescer em importacircncia podendo representar ateacute 10

das vendas A aacuterea de comercializaccedilatildeo possui 4500 msup2 em meacutedia e a ecircnfase eacute nos

serviccedilos natildeo pereciacuteveis bem como em uma ampla seccedilatildeo de alimentos A Superloja

tambeacutem oferece uma razoaacutevel gama de produtos tecircxteis e eletrocircnicos O nuacutemero de

itens pode ser ateacute 60 superior ao de um supermercado convencional e operam um

nuacutemero meacutedio de 14000 itens de produtos No Brasil existem cerca de 400 superlojas

de alimentos as que representam 13 das vendas do varejo alimentiacutecio A tendecircncia eacute

que esse tipo de formato ganhe importacircncia nos proacuteximos anos

6 Hipermercado o conhecido modelo de loja importado da Franccedila caracterizado pelo

largo espectro de produtos alimentares e bebidas A aacuterea para alimentos geralmente eacute

maior do que 50 do total da aacuterea de vendas totais da loja Os hipermercados

trabalham com completa linha de alimentaccedilatildeo e quase completa linha de natildeo-

alimentos vendendo cerca de 35000 itens Satildeo comercializados em torno de 45000

itens e as seccedilotildees tiacutepicas dessas lojas satildeo mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves

padaria frios e laticiacutenios bazar peixaria tecircxtil e eletrocircnicos No Brasil existem mais

de 100 hipermercados que representam 13 das vendas do varejo alimentar

7 Supercenter esse tipo de formato eacute considerado uma adaptaccedilatildeo norte-americana dos

hipermercados franceses e tem as caracteriacutesticas de uma loja de departamento

acrescida de um supermercado que ocupa 40 da aacuterea de venda Chega a operar em

torno de 60000 itens e tem dimensotildees de ateacute 19000 msup2 O layout de disposiccedilatildeo das

gocircndolas cria seccedilotildees isoladas dentro da loja

8 Loja-Depoacutesito no Brasil o nuacutemero de lojas-depoacutesito ainda eacute muito pequeno sendo

composto pelas redes que oferecem mais de 7000 itens com boa participaccedilatildeo dos

pereciacuteveis A aacuterea de venda geralmente eacute em torno de 4000 msup2 a 7000 msup2 Opera as

100

seguintes seccedilotildees mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves tecircxtil frios e laticiacutenios

bazar e eletrocircnicos O foco desse tipo de loja estaacute relacionado agrave imagem de preccedilo

baixo e aos poucos serviccedilos oferecidos A oferta de natildeo-alimentos comeccedila a crescer

nesse formato e as vendas desses produtos atingem 8 do total vendido

9 Clube de Atacadistas tipo de loja que opera nas linhas alimentiacutecia e natildeo-alimentiacutecia

tem aacuterea de vendas despojada e de baixo investimento expondo a mercadoria em

estruturas metaacutelicas O puacuteblico alvo desse tipo de loja pode ser definido pelos

pequenos comeacutercios bares e restaurantes bem como por famiacutelias de menor poder

aquisitivo Geralmente essas lojas operam 5000 itens de produtos e a porcentagem de

vendas dos natildeo-alimentos chega a 35 Operam nas seccedilotildees de mercearia bazar

carnes e aves vestuaacuterio frios e laticiacutenios e eletrocircnicos O nuacutemero de check-outs

existentes nessas lojas fica entre 25 a 35

Entretanto Stern El-Ansary e Coughlan (1996) consideram que as atividades varejistas

podem ser feitas por todos os membros do canal e ateacute mesmo pela induacutestria e observa-se

grande competiccedilatildeo dentro dos diferentes formatos Aleacutem disso a maneira como o produto eacute

distribuiacutedo tambeacutem eacute importante para a formaccedilatildeo do preccedilo Dependendo do canal eacute possiacutevel

definir preccedilos diferenciados por segmento Deve-se ter o cuidado de escolher corretamente o

canal de distribuiccedilatildeo porque ele pode guiar toda a poliacutetica de preccedilos dentro da cadeia de

suprimentos caso os intermediaacuterios tiverem um alto poder de negociaccedilatildeo

Nagle e Holden (1995) recomendam uma estrateacutegia de distribuiccedilatildeo coerente com a estrateacutegia

de preccedilos ou seja para um produto que atrai os compradores pelo baixo preccedilo eacute necessaacuterio

obter baixo custo de distribuiccedilatildeo jaacute para um produto que atrai os consumidores pelos seus

atributos superiores apesar do preccedilo alto eacute recomendaacutevel obter uma distribuiccedilatildeo que

complemente esses atributos e os torne visiacuteveis

101

Quando o valor da diferenciaccedilatildeo do produto se suporta por meio desta argumentaccedilatildeo eacute

arriscado confiar completamente na distribuiccedilatildeo independente A distribuiccedilatildeo pode-se

transformar em um serviccedilo de diferenciaccedilatildeo do produto diminuindo a sensibilidade a preccedilos

por parte dos clientes Portanto na medida em que for oferecido um pacote de serviccedilos

diferenciados pela distribuiccedilatildeo aumenta-se a competitividade do produto tornando-se o preccedilo

menos relevante

2114 Localizaccedilatildeo da Loja

Os supermercadistas ao fixar seus preccedilos levam em conta os preccedilos praticados pela

concorrecircncia Satildeo consideradas concorrentes as lojas que se situam numa mesma aacuterea

geograacutefica de influecircncia (SILVEIRA LEPSCH 1997) O nuacutemero de lojas concorrentes na

mesma localizaccedilatildeo determina a estrutura do mercado o que permite concluir que o poder de

monopoacutelio no setor supermercadista varia segundo o grau de concorrecircncia existente nos

diferentes mercados

Lukianocenko (2003) afirma que um dos fotos que mais chamou a atenccedilatildeo em um estudo

realizado pela LatinPanel relaciona-se aos motivos que levam o consumidor a escolher um

supermercado para realizar suas compras Entre esses motivos destaca-se a proximidade do

estabelecimento com a casa ou trabalho do consumidor que aparece em primeiro lugar em

todas as classes analisadas (A ateacute E) em 52 dos casos O estudo tambeacutem enfatiza que a

proximidade tem o mesmo peso tanto para clientes de pequenos estabelecimentos quanto para

os de grandes lojas (LUKIANOCENKO 2003) A informaccedilatildeo reforccedila o conceito de que a

conveniecircncia eacute um fator primordial na definiccedilatildeo da opccedilatildeo de compra sendo um forte

102

indicativo a favor do supermercadista de pequeno porte Se ele conhece as caracteriacutesticas de

sua vizinhanccedila pode desenvolver serviccedilos e criar novos atrativos para fidelizar o seu cliente

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista

Historicamente os varejistas eram muito dependentes do poder de algumas induacutestrias

multinacionais proprietaacuterias de marcas fortes e consagradas no mercado Entretanto o

crescimento na concentraccedilatildeo do setor varejista e na concorrecircncia entre marcas de produtos

substitutos ocasionou uma inversatildeo nesse poder Se um varejista natildeo compra uma marca de

produto e isso implica na perda de consumidores leais a essa marca significa que a induacutestria

tem o poder mas se o consumidor aceita marcas substitutas e continua a frequumlentar o ponto-

de-venda o poder estaacute nas matildeos do varejista (KUMAR 1997)

Isso acontece porque o poder de cada parte estaacute intrinsecamente relacionado com a

interdependecircncia das relaccedilotildees dos parceiros envolvidos o poder do varejista depende do niacutevel

de dependecircncia do seu fornecedor e vice-versa (HOGARTH-SCOTT 1999) Quando uma

empresa depende dos recursos de outra organizaccedilatildeo acaba ficando suscetiacutevel agraves exigecircncias

desta que usufrui do seu poder para maximizar seus interesses Mas quando existe a muacutetua

interdependecircncia os investimentos satildeo compartilhados e as partes executam suas atividades

visando o benefiacutecio do canal como um todo

103

Poirier e Reiter (1996) consideram que os membros mais poderosos do canal de distribuiccedilatildeo

exercem sua forccedila sobre os participantes mais fracos A fraqueza nessas situaccedilotildees eacute derivada

do fato de essas influecircncias servirem apenas para criar associaccedilotildees instaacuteveis entre as

organizaccedilotildees que tentam lucrar o maacuteximo possiacutevel sobre os outros em vez de trabalharem

para o benefiacutecio coletivo Nesse contexto as dinacircmicas do poder e da dependecircncia satildeo fatores

importantes a serem considerados pois eles permitem uma visatildeo de como a estrutura do canal

pode influenciar a performance do relacionamento

O poder pode ser definido como a habilidade de um ator (A) conseguir de um outro ator (B)

aquilo que ele deseja (HOGARTH-SCOTT 1999) Dentro dos limites razoaacuteveis eacute possiacutevel

conseguir tudo o que deseja se estiver ciente das opccedilotildees testar suposiccedilotildees correr riscos

calculados e basear-se em informaccedilotildees soacutelidas acreditando que se tem poder (MARTINELLI

ALMEIDA 1998)

Negociaccedilatildeo eacute um conceito em contiacutenua formaccedilatildeo que estaacute amplamente relacionado agrave

satisfaccedilatildeo de ambos os lados Nierenberg (1981 p 3) considera o conceito como um

negoacutecio que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir

benefiacutecios duradouros para todos os participantes Fisher e Ury (1985) e Hodgson (1996)

definem a negociaccedilatildeo como um processo de comunicaccedilatildeo bilateral que envolve um elemento

de permuta e barganha onde os agentes trocam recursos de valor por outro visando uma

decisatildeo conjunta e a satisfaccedilatildeo para todos os envolvidos

A efetiva utilizaccedilatildeo de poder por uma das partes conforme Coughlan (2001) tende a ocorrer

de forma mais acentuada na medida em que a distribuiccedilatildeo de poder entre os membros do

canal seja mais desequilibrada

104

Nas deacutecadas passada o ponto determinante de uma negociaccedilatildeo era basicamente o preccedilo e

cada agente da cadeia de suprimentos buscava maximizar seus ganhos mesmo que isso

implicasse na reduccedilatildeo dos lucros dos aliados comerciais (ALCAcircNTARA 1998 FLEURY et

alli 2000) Considerando o ambiente turbulento em que estatildeo inseridas as empresas neste

iniacutecio de seacuteculo o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas negociaccedilotildees entre varejistas e

fornecedores Grandes estabelecimentos negociam grandes volumes a preccedilos mais baixos do

que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis de um mesmo

produto do que a concorrecircncia

As grandes redes varejistas conseguem concessotildees especiais de fornecedores que nem

sempre satildeo justificadas por argumentos de aumento da eficiecircncia proacute-competitiva e que em

muitos casos apresentam efeitos adversos significantes sobre a competiccedilatildeo em toda a cadeia

produtiva Segundo os autores em geral as condutas adotadas pelo varejo brasileiro

apresentam grau de abuso do poder de compra ao serem unilaterais e restritivas Destacam o

fato de que o grau de interdependecircncia do fornecedor diante dos grandes varejistas acentua o

efeito negativo da adoccedilatildeo de tais praacuteticas e que qualquer argumentaccedilatildeo eacute punida com o

teacutermino da relaccedilatildeo comercial

105

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas

Os estudos realizados sobre a variaccedilatildeo de preccedilos de produtos em diferentes regiotildees tecircm obtido

menos sucesso para encontrar a relaccedilatildeo entre a diferenccedila nos preccedilos de produtos e variaacuteveis

demograacuteficas de um mercado Estudos recentes de preccedilos de mantimento alcanccedilaram

resultados misturados Hayes (2000) natildeo identificou em sua pesquisa um relacionamento

estatiacutestico significativo entre preccedilos de mantimento e o niacutevel de renda de residentes de um

mercado

Por outro lado Frankel e Gould (2001) encontraram em seus estudos que os preccedilos satildeo mais

elevados nos mercados com mais desigualdade da renda Os preccedilos satildeo mais elevados onde haacute

uma renda mais baixa ou renda mais elevada e os preccedilos mais baixos satildeo encontrados nos

mercados consumidores com renda entre estes dois grupos Entretanto o modelo dos autores

natildeo permite que determine se os resultados encontrados satildeo devido agraves diferenccedilas no

comportamento do consumidor nos custos ou nas diferenccedilas entre as caracteriacutesticas das lojas

e a qualidade dos serviccedilos fornecidos

Resultados parecidos foram encontrados por pesquisadores do setor de restaurantes Graddy

(1997) encontrou que os preccedilos satildeo mais altos em regiotildees com uma proporccedilatildeo maior de

consumidores de renda inferior Poreacutem seu modelo natildeo identificou se a diferenccedila de preccedilos

observada poderia vir das diferenccedilas de custos e condiccedilotildees de demanda ou se reflete a

estrateacutegia de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre varejistas

Kaufman et alli (1997) afirmam que os preccedilos de mantimento tendem a ser mais elevados em

centros urbanos do que em mercados suburbanos Alguns especulam que um acesso maior

aos supermercados nos subuacuterbios eacute o fator responsaacutevel por essa diferenccedila Em comparaccedilatildeo agraves

106

lojas da cidade os supermercados de subuacuterbios satildeo aptos a oferecer os preccedilos mais baixos e

uma escala maior dos tipos de produtos dos tamanhos do pacote e das escolhas por qualidade

MacDonald e Nelson (1991) encontram em seus estudos que uma cesta baacutesica de produtos

custa aproximadamente 4 menos nas lojas suburbanas do que em lojas da cidade

117 O Preccedilo da Concorrecircncia

Como foi discutido Lambin (2000) considera que a escolha de uma estrateacutegia de preccedilos

impotildee o respeito a dois tipos de coerecircncia a coerecircncia interna que contempla que o preccedilo

definido respeite as condiccedilotildees de custo e de rentabilidade da empresa e a coerecircncia externa

que exige um preccedilo compatiacutevel com a sensibilidade dos compradores ao preccedilo e com os

preccedilos praticados pela concorrecircncia Portanto a estrateacutegia de preccedilo eacute influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento e do valor percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo

produzidos pela empresa com o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (KOTLER

KELLER 2005 e STANTON WALKER ETZEL 2001)

A definiccedilatildeo do preccedilo baseada na concorrecircncia usa o balizamento dos preccedilos com os do

concorrente ou seja natildeo precisa colocar o mesmo preccedilo mas a qualquer movimento do

competidor haacute uma mudanccedila proporcional nos preccedilos da empresa Esta praacutetica eacute muito

comum no caso dos oligopoacutelios Se houver um movimento de preccedilos de um competidor os

outros fatalmente o seguiratildeo ou perderatildeo participaccedilatildeo de mercado Por isso os principais

desafios que estas empresas enfrentam satildeo o bom controle dos custos de modo a ficarem

107

mais competitivas e suportarem uma agressividade de preccedilos da concorrecircncia e a capacidade

de diferenciar os produtos agregando serviccedilos de modo a fugir da guerra de preccedilos

Normalmente o competidor que tem a maior parcela de mercado exerce a lideranccedila de preccedilos

sendo que os outros satildeo seguidores O que permite ao liacuteder direcionar preccedilos eacute o maior

conhecimento do mercado e do comportamento dos clientes sobre qualquer variaccedilatildeo no

composto de marketing Scherer (1979) argumenta que uma visatildeo mais realista do oligopoacutelio

pressupotildee que as decisotildees de preccedilo dos vendedores satildeo interdependentes

Um aspecto relevante eacute o niacutevel de confianccedila entre os executivos das empresas competidoras

Caso seja baixo esta induacutestria fica bastante susceptiacutevel a uma guerra de preccedilos Natildeo se pode

perder de vista que mesmo um bom relacionamento com a concorrecircncia natildeo impede que

novos competidores entrem no mercado e ganhem participaccedilatildeo agrave custa de preccedilo Portanto eacute

importante que o preccedilo seja alto o suficiente para dar lucros e baixo o bastante para criar

barreiras de entrada

Apoacutes a revisatildeo bibliograacutefica o estudo foi complementado com uma pesquisa empiacuterica para

verificar a aplicaccedilatildeo da teoria em trecircs redes de supermercado atuantes no mercado nacional

Aleacutem disso devido ao grande nuacutemero de variaacuteveis consideradas no momento da fixaccedilatildeo do

preccedilo eacute comum que cada empresa desenvolva o seu mecanismo apreccedilamento baseando-se

em informaccedilotildees a respeito do seu mercado consumidor o que torna o estudo do caso ainda

mais interessante

A escolha pelo varejo supermercadista eacute explicada pelo crescimento do setor e

disponibilidade de dados existente Outro ponto eacute a ecircnfase dada pelo varejo ao preccedilo como

fator fundamental para a busca de um diferencial competitivo e para fidelizar os seus clientes

Depois de muitas mudanccedilas a economia nacional propiciou a chegada de novos competidores

108

resultando no acirramento da disputa pelo mercado e na busca tanto do setor industrial

quanto do proacuteprio varejo por investimentos em pesquisas sobre o comportamento dos

consumidores com o objetivo de melhor entender suas necessidades e desejos

O meacutetodo de pesquisa escolhido bem como os resultados do estudo encontram-se descritos

nos toacutepicos a seguir

109

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo

Gay e Diehl (1992) explicam que existe uma diferenccedila baacutesica entre pesquisa em

administraccedilatildeo e pesquisa em outras aacutereas do conhecimento que eacute a natureza do fenocircmeno

estudado Nos estudos de administraccedilatildeo as situaccedilotildees estudadas satildeo mais difiacuteceis de serem

explicadas e controladas porque satildeo complexas envolvendo pessoas instituiccedilotildees ambientes

em mudanccedila e natildeo relaccedilotildees simples de causa e efeito Assim aleacutem de natildeo ser faacutecil controlar

os diferentes aspectos pesquisados eacute difiacutecil generalizar e replicar os seus resultados (GAY

DIEHL 1992)

Selltiz et alli (1974) afirma que a finalidade de uma pesquisa eacute descobrir respostas para

algumas questotildees mediante a aplicaccedilatildeo de meacutetodos cientiacuteficos que satildeo desenvolvidos para

intensificar a probabilidade de as informaccedilotildees obtidas serem utilizadas nas questotildees

apresentadas e de serem seguras e imparciais Embora uma tentativa de pesquisa natildeo resulte

necessariamente em uma informaccedilatildeo fidedigna e imparcial os meacutetodos cientiacuteficos tecircm maior

probabilidade de ecircxito do que qualquer outro sistema conhecido do homem O meacutetodo

cientiacutefico de pesquisa eacute considerado como um conjunto de passos claramente determinados

para obtenccedilatildeo de um conhecimento Satildeo passos aceitos pelas pessoas que estudaram na aacuterea

em que foi realizada a pesquisa (SELLTIZ et alli 1974)

110

O problema de pesquisa deste trabalho se enquadra na proposta sugerida por Campomar

(2005) uma pesquisa em marketing atrelada a uma revisatildeo bibliograacutefica sobre um tema

especiacutefico para avanccedilo do conhecimento Para o autor a pesquisa de campo em Marketing eacute

uacutetil para observar como o que existe em praacutetica se ajusta agrave teoria ou ainda se a praacutetica pode

dar origem a uma nova teoria modelo ou conceito a pesquisa social empiacuterica (CAMPOMAR

2005)

Para que essa proposta seja cumprida os toacutepicos a seguir apresentam e descrevem o tipo de

pesquisa que melhor se enquadra no estudo realizado a sua natureza e o meacutetodo utilizado Eacute

importante ressaltar que o entendimento dessas etapas pelo pesquisador eacute fundamental para

que a organizaccedilatildeo do estudo empiacuterico seja precisa e natildeo prejudique a anaacutelise dos dados

obtidos

311 O Tipo de Pesquisa

Existem vaacuterias classificaccedilotildees sobre os tipos de pesquisa entretanto os mais utilizados em

trabalhos da aacuterea de administraccedilatildeo satildeo os de caraacuteter exploratoacuterio e conclusivo Os conclusivos

satildeo subdivididos em estudos descritivos e causais (SELLTIZ et alli 1974 MATTAR 1999)

Satildeo descritivos quando o objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas de um fenocircmeno e causais

quando buscam explicar o relacionamento entre variaacuteveis Entretanto os tipos de pesquisa natildeo

satildeo excludentes podendo se sobrepor em algumas situaccedilotildees

111

As pesquisas de caraacuteter exploratoacuterio satildeo mais adequadas quando haacute necessidade de maiores

conhecimentos acerca de um fenocircmeno ou de conseguir uma nova compreensatildeo sobre ele

possibilitando a formulaccedilatildeo de problemas mais precisos e a criaccedilatildeo de hipoacuteteses (SELLTIZ et

alli 1974) A pesquisa conclusiva exige conhecimento das variaacuteveis do problema a ser

estudado e pode ser considerada descritiva quando seu objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas

de um fenocircmeno e causal quando busca evidenciar o relacionamento existente entre as

variaacuteveis do estudo (VERGARA 1998)

Os estudos exploratoacuterios possuem uma seacuterie de funccedilotildees aleacutem da formulaccedilatildeo do problema e

das hipoacuteteses entre eles (i) aumentar o conhecimento do pesquisador a respeito do fenocircmeno

que deseja investigar em um estudo posterior (ii) esclarecer conceitos e (iii) estabelecer

prioridades para estudos futuros (SELLTIZ et alli 1974)

Quando o objetivo da pesquisa eacute familiarizar-se com o fenocircmeno ou ainda conseguir nova

compreensatildeo deste fenocircmeno os estudos do tipo exploratoacuterios satildeo mais indicados (SELLTIZ

et alli 1974) Como no caso deste estudo o objetivo eacute entender como satildeo formados os

preccedilos dos produtos nos supermercados pode-se afirmar que a pesquisa possui natureza

exploratoacuteria Aleacutem disso possui abordagem semi-estruturada

A pesquisa tambeacutem eacute considerada descritiva pois envolveu a apresentaccedilatildeo de trecircs casos que

possibilitaram a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees sobre apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

por meio da descriccedilatildeo das teacutecnicas utilizadas pelas trecircs empresas mas natildeo de conclusotildees que

possam ser generalizadas

112

312 A Natureza da Pesquisa

A natureza da pesquisa relaciona-se com o tipo de dado trabalhado e como ele seraacute analisado

Portanto eacute o problema de investigaccedilatildeo que determina se o estudo eacute qualitativo ou

quantitativo

Este estudo eacute classificado como uma pesquisa qualitativa pois natildeo enumera nem mede os

eventos estudados Outra caracteriacutestica eacute a natildeo utilizaccedilatildeo de procedimentos estatiacutesticos na

anaacutelise dos dados coletados e o envolvimento da obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas

lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudada

visando agrave compreensatildeo dos fenocircmenos com base na perspectiva dos sujeitos do estudo

(STRAUSS CORBIN 1990 GODOY 1995) A pesquisa qualitativa possibilita a captaccedilatildeo

das opiniotildees e perspectivas dos indiviacuteduos ou seja informaccedilotildees difiacuteceis de serem obtidas por

uma pesquisa quantitativa

Os estudos qualitativos natildeo envolvem estatiacutestica o que natildeo significa que satildeo especulativos

Eles possuem objetividade e validade conceitual e contribuem para o meio cientiacutefico

(TRIVINtildeOS 1987) As criacuteticas feitas ao meacutetodo referem-se ao seu uso inadequado e natildeo nas

limitaccedilotildees Rigor e confiabilidade tambeacutem satildeo caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa

(VIEIRA 2004)

Bryman (1989) e Bogdan e Biklen (1992) destacam outras caracteriacutesticas da pesquisa

qualitativa (i) o ambiente eacute a fonte de dados - mundo empiacuterico - e o pesquisador eacute o

instrumento fundamental no contato direto e prolongado com o ambiente estudado (ii) os

dados coletados aparecem sob a forma de transcriccedilotildees de entrevistas anotaccedilotildees de campo

fotografias e desenhos entre outros documentos (iii) os pesquisadores qualitativos tentam

113

compreender os fenocircmenos que estatildeo sendo estudados a partir da perspectiva dos

participantes o que esclarece o dinamismo interno das situaccedilotildees dificilmente compreendido

pelos observadores externos e (iv) os pesquisadores tecircm proximidade do fenocircmeno que estaacute

sendo estudado possibilitando uma melhor anaacutelise dos resultados encontrados

Embora a pesquisa qualitativa demonstre subjetividade eacute possiacutevel estabelecer procedimentos

cientiacuteficos por meio da definiccedilatildeo de seu problema das hipoacuteteses das variaacuteveis e do estudo de

campo proporcionando maior objetivaccedilatildeo (VIEIRA 2004)

Rocha e Ceretta (1998) realizaram um estudo cientiacutefico sobre a importacircncia e a contribuiccedilatildeo

da pesquisa qualitativa na administraccedilatildeo concluindo que os estudos dessa natureza satildeo

capazes de descrever a complexidade de um problema compreender e classificar processos

dinacircmicos vividos por grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila de um grupo aleacutem

de possibilitar o entendimento das particularidades do comportamento dos indiviacuteduos Na

mesma linha Ghauri e Gronhaug (1995) acreditam que a pesquisa qualitativa eacute adequada em

estudos de assuntos complexos e particulares

Godoy (1995) explica que a abordagem qualitativa pode ser conduzida por diferentes

caminhos sendo trecircs deles bastante conhecidos e utilizados no campo da administraccedilatildeo a

pesquisa documental o estudo de caso e a etnografia O meacutetodo utilizado no estudo seraacute

apresentado a seguir

114

313 O Meacutetodo da Pesquisa

A pesquisa adota o meacutetodo de estudo casos que para Yin (1994) eacute um meacutetodo potencial de

pesquisa quando se deseja entender um fenocircmeno social complexo pressupotildee um maior niacutevel

de detalhamento das relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e as organizaccedilotildees bem como dos

intercacircmbios que se processam com o meio ambiente nos quais estatildeo inseridos Tull e

Hawkins (1976 p 323) afirmam que um estudo de caso refere-se a uma anaacutelise intensiva de

uma situaccedilatildeo particular e Bonoma (1985 p 203) coloca que o estudo de caso eacute uma

descriccedilatildeo de uma situaccedilatildeo gerencial

Martins (1999) descreve o estudo de caso como uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa

fenocircmenos dentro de seu contexto real (pesquisa naturaliacutestica) Aleacutem disso reuacutene o maior

nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas por meio de diferentes teacutecnicas de coleta de dados tais

como entrevistas questionaacuterio observaccedilatildeo participante entrevista em profundidade

levantamento de dados secundaacuterios entre outros O objetivo eacute de aprender a totalidade de uma

situaccedilatildeo e criativamente descrever a complexidade de um caso concreto No estudo de caso

utilizam-se enfoques exploratoacuterios e descritivos buscando identificar a multiplicidade de

dimensotildees presentes numa situaccedilatildeo

Ludke e Andreacute (1986) afirmam que os estudos de caso buscam retrair a realidade de forma

completa e profunda e o pesquisador procura revelar a multiplicidade de dimensotildees presentes

em uma situaccedilatildeo ou problema focalizando-o como um todo Bonoma (1985) explica que o

meacutetodo eacute uacutetil quando o fenocircmeno a ser estudado eacute amplo e complexo o conhecimento

existente eacute insuficiente para suportar a proposiccedilatildeo de questotildees causais e nos casos em que o

fenocircmeno natildeo pode ser estudado fora do contexto onde naturalmente ocorre O autor defende

115

o meacutetodo como uma maneira indutiva para o desenvolvimento qualitativo do marketing como

ciecircncia

O estudo de caso precisa como todos os outros meacutetodos de pesquisa cientiacutefica da elaboraccedilatildeo

de um projeto de um plano de accedilatildeo que permita a contemplaccedilatildeo do problema de pesquisa de

maneira loacutegica e otimizada (BONOMA 1985) Lazzarini (1997) afirma que este eacute um

meacutetodo qualitativo que se caracteriza mais pela compreensatildeo do fato do que pela sua

mensuraccedilatildeo e permite utilizar vaacuterias fontes em evidecircncia

Considerando o propoacutesito central da pesquisa percebe-se a importacircncia do estudo multicasos

como objetivo de analisar o varejo supermercadista na cidade de Satildeo Paulo e as variaacuteveis

presentes na formaccedilatildeo de preccedilos dos produtos alimentiacutecios por ele comercializados (YIN

1994)

Campomar (1991) reforccedila essa importacircncia ao afirmar que o estudo intensivo de um caso

permite a descoberta de relaccedilotildees que natildeo seriam encontradas de outra forma sendo as anaacutelises

e inferecircncias em estudos de casos feitas por analogias de situaccedilotildees Stake (1999) afirma que

ultimamente o interesse pela realizaccedilatildeo de estudos que envolvem casos muacuteltiplos eacute maior do

que os que envolvem casos individuais Joacuteia (2004) acredita que por meio da comparaccedilatildeo de

dados eacute possiacutevel reconhecer padrotildees e elaborar modelos que expressem a realidade

Segundo Yin (1994) para o estudo de caso os componentes de um projeto de pesquisa que

satildeo especialmente importantes satildeo as questotildees do estudo as proposiccedilotildees e as unidades de

anaacutelise Com relaccedilatildeo agraves questotildees do estudo a estrateacutegia de estudo de caso eacute mais apropriada

para responder principalmente agraves questotildees do tipo como e por que sendo assim a tarefa

inicial do investigador precisar a natureza das questotildees do estudo (YIN 1994 CAMPOMAR

1991) As proposiccedilotildees direcionam a atenccedilatildeo para algo que deveria ser examinado dentro do

116

escopo do estudo A partir do momento em que as proposiccedilotildees satildeo declaradas o estudo

comeccedila a mover-se em alguma direccedilatildeo (YIN 1994)

Lazzarini (1997) explica que em funccedilatildeo das unidades de anaacutelise do nuacutemero de casos

analisados e dos meacutetodos empregados existem algumas variaccedilatildeo no escopo da pesquisa

baseada em estudo de caso A unidade de anaacutelise eacute o objeto central da pesquisa e pode ser

caracterizada por indiviacuteduos grupos ou organizaccedilotildees bem como um processo uma atividade

ou um comportamento Aleacutem disso estaacute relacionada com o problema fundamental da

definiccedilatildeo do caso (Yin 1994) Para esse estudo de caso as unidades de anaacutelise satildeo trecircs redes

supermercadistas localizadas na cidade de Satildeo Paulo

Um ponto comum entre autores (YIN 1989 BONOMA 1985) eacute a recomendaccedilatildeo de grande

cuidado ao planejar a execuccedilatildeo do estudo de caso para fazer frente agraves criacuteticas tradicionais que

satildeo feitas ao meacutetodo Os passos a seguir recomendados por Yin (1994) demonstram a

preocupaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo do plano de pesquisa

3131 Protocolo para os Estudos de Caso

Conforme o conhecimento e o uso dos estudos de caso como meacutetodo de pesquisa aumentam

as criacuteticas em relaccedilatildeo a esta teacutecnica datildeo lugar a sua aplicaccedilatildeo nos diversos campos da ciecircncia

A relativa falta de conhecimento e da experiecircncia em relaccedilatildeo ao meacutetodo do estudo de caso

contribuiu para que falhas surgissem e alimentassem as criacuteticas feitas por aqueles que natildeo

aceitam a teacutecnica o que atualmente pode-se considerar resolvido (CAMPOMAR 1991)

117

Campomar (1991) afirma que o meacutetodo cientiacutefico eacute a maneira encontrada para legitimar o

conhecimento empiacuterico sem o quecirc os resultados das pesquisas seriam de difiacutecil aceitaccedilatildeo

Com o objetivo de aumentar a confiabilidade do meacutetodo em questatildeo Yin (1994) ressalta a

importacircncia de estabelecer um protocolo Para o autor este protocolo deve conter o

instrumento de coleta de dados os procedimentos e as regras que devem ser seguidos ao

longo do processo Aleacutem disso ainda de acordo com o autor deve apresentar o seguinte

conteuacutedo (i) uma visatildeo geral do estudo de caso (ii) os procedimentos de campo (iii) as

questotildees de pesquisa e (iv) um guia para o relatoacuterio final A seguir tem-se a explicaccedilatildeo de

cada um desses pontos

i Visatildeo Geral do Estudo de Caso

A pesquisa de campo foi realizada para complementar a revisatildeo bibliograacutefica da dissertaccedilatildeo e

proporcionar um maior entendimento sobre o apreccedilamento estrateacutegico em redes de

supermercado Optou-se por trecircs grandes grupos atuantes no Brasil localizados na cidade de

Satildeo Paulo jaacute que o projeto de pesquisa definiu a utilizaccedilatildeo do estudo de casos muacuteltiplos

A escolha das redes supermercadista foi feita por meio da classificaccedilatildeo realizada pela

Associaccedilatildeo Brasileira de Supermercados (ABRAS) das maiores redes supermercadistas

estabelecidas no paiacutes em faturamento e pelas redes que se encontram entre as cinco maiores

pois acredita-se que as primeiras colocadas possuem maior conhecimento a respeito das

variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo dos preccedilos finais de seus produtos da utilizaccedilatildeo de

estrateacutegias para diferenciar o seu posicionamento das empresas concorrentes do que as redes

118

menores A seguir foram realizados contatos com os responsaacuteveis pela formaccedilatildeo de preccedilos

dos produtos comercializados por essas redes e os principais gerentes envolvidos na escolha

do meacutetodo de precificaccedilatildeo responderam agrave entrevista

ii Procedimentos de Campo

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas pessoais orientadas por um roteiro semi-

estruturado natildeo disfarccedilado (Apecircndice 1) junto a diretores e gerentes das redes pesquisadas

Todas as entrevistas foram realizadas na cidade de Satildeo Paulo pela proacutepria pesquisadora do

estudo possibilitando a obtenccedilatildeo de dados qualitativos primaacuterios

O roteiro semi-estruturado parte de alguns questionamentos baacutesicos que satildeo elaborados por

meio dos conceitos expostos na teoria e na experiecircncia do pesquisador A partir dos pontos

abordados e dos dados fornecidos pelo entrevistado surgem novas questotildees Essa sequumlecircncia

permite que o respondente participe ateacute certo grau da conduccedilatildeo da pesquisa (TREVINtildeOS

1987)

Embora tenha-se solicitado que as respostas fossem baseadas em fatos fontes de dados

secundaacuterios como jornais revistas e informaccedilotildees nos sites das empresas tambeacutem foram

utilizadas para complementar as informaccedilotildees obtidas e reduzir a possibilidade de declaraccedilotildees

tendenciosas considerada uma das limitaccedilotildees do meacutetodo escolhido

Os dados foram coletados em janeiro de 2006 Buscou-se analisar e comparar os casos

estudados verificando as semelhanccedilas as diferenccedilas e as particularidades de forma a retratar

um cenaacuterio condizente com a realidade presenciada O objetivo natildeo foi generalizar os

119

resultados obtidos jaacute que a pesquisa eacute de natureza exploratoacuteria e tal generalizaccedilatildeo somente

poderia ser feita por meio de uma maior representatividade da amostra

iii Questotildees de Pesquisa

Para direcionar as entrevistas o roteiro semi-estruturado e natildeo disfarccedilado foi elaborado Esse

roteiro foi dividido em duas partes A primeira parte teve como objetivo coletar informaccedilotildees a

respeito da empresa como nuacutemero de funcionaacuterios faturamento participaccedilatildeo de mercado

entre outras importantes para a caracterizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

A segunda parte abordou o problema de investigaccedilatildeo do estudo As questotildees relacionadas a

definiccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico da empresa encontram-se descritas nesse ponto Foram

considerados os seguintes toacutepicos o objetivo da determinaccedilatildeo de preccedilos a anaacutelise dos preccedilos

dos concorrentes o meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos a estrateacutegia de seleccedilatildeo do preccedilo final

a estrateacutegia de adequaccedilatildeo do preccedilo e as variaacuteveis que influenciam na fixaccedilatildeo do preccedilo dos

produtos comercializados pelas redes

Como se tratou de uma pesquisa qualitativa o roteiro caracterizado pela flexibilidade natildeo foi

previamente testado As questotildees de pesquisa foram averiguadas em cada rede

supermercadista e os resultados e discussotildees realizados para cada caso

120

iv Guia para o Relatoacuterio Final

Apoacutes a coleta dos dados os casos foram apresentados por meio de relatoacuterios Esses relatoacuterios

obedecem ao roteiro de entrevistas empregado e explica cada uma das questotildees formuladas

para responder agrave pergunta de pesquisa de acordo com as informaccedilotildees dadas pelos

profissionais e das coletadas em fontes secundaacuterias

Os casos foram denominados como Caso 1 Rede A Caso 2 - Rede B e Caso 3 - Rede C

devido agrave confidencialidade das informaccedilotildees coletadas Por tratar de um setor competitivo e

porque o estudo aborda questotildees estrateacutegicas as redes natildeo autorizaram a divulgaccedilatildeo dos seus

nomes

As anaacutelises e consideraccedilotildees foram tratadas na conclusatildeo do estudo a partir da comparaccedilatildeo

dos casos com a teoria apresentada A seguir estatildeo descritos os estudos de casos realizados

121

4 O ESTUDO MULTICASOS

41 Os Supermercados no Brasil

Silveira e Lepsch (1997) explicam que a exemplo do que aconteceu nas economias mais

desenvolvidas o setor de serviccedilos no Brasil cresceu com maior rapidez do que os outros dois

macro-setores passando a ocupar a partir da deacutecada de 90 o primeiro lugar no produto

econocircmico com cerca de 50 do total Dentro do setor de serviccedilos encontra-se o varejo onde

o supermercado ocupa um lugar de destaque Este por sua vez eacute o preferido de 85 dos

consumidores urbanos em termos de volume total de vendas de bens de consumo (alimentos

e produtos de higiene e limpeza) Os outros 15 realizam suas compras em equipamentos

tradicionais (armazeacutens bares e mercearias empoacuterios e padarias) nos quais o auto-serviccedilo eacute

inexistente (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Os supermercados surgiram na deacutecada de 30 nos Estados Unidos jaacute mostrando a sua forccedila e

a sua importacircncia para o sistema de distribuiccedilatildeo de alimentos em todo o mundo Mas foi

depois de 20 anos na deacutecada de 50 quando os primeiros estabelecimentos desse tipo

surgiram no surgiram no Brasil O incentivo agrave proliferaccedilatildeo dessa forma de comeacutercio foi

incentivada pelas grandes induacutestrias estabelecidas no paiacutes A partir daiacute o crescimento foi

inevitaacutevel

Nos anos 50 o conceito de auto-serviccedilo foi consolidado mas foi somente no final da deacutecada

de 60 que os supermercados aumentaram sua participaccedilatildeo no faturamento do varejo se

firmando como o principal estabelecimento de distribuiccedilatildeo de alimentos existente no mercado

122

(SESSO FILHO 2003) Segundo Lima (2001) e Senhoras (2003) os supermercados

tornaram-se indispensaacuteveis agrave estrutura de vida dos consumidores brasileiros e desde entatildeo

observou-se uma tendecircncia de crescimento contiacutenuo do setor e a substituiccedilatildeo ao modelo

tradicional de distribuiccedilatildeo de alimentos

Atualmente o varejo atravessa um processo de transformaccedilatildeo intenso Com o acelerado ritmo

de consolidaccedilatildeo um nuacutemero crescente de varejistas aparece na relaccedilatildeo das maiores empresas

do Brasil No varejo supermercadista o Carrefour e o Grupo Patildeo de Accediluacutecar situam-se entre as

cinco maiores empresas privadas brasileiras com vendas anuais acima de quatro bilhotildees de

doacutelares (CEV 2005)

O ranking da ABRAS 2004 (LUKIANOCENKO 2004) traz informaccedilotildees sobre o faturamento

das redes que atuam no paiacutes e o grupo Patildeo de Accediluacutecar registrou a primeira posiccedilatildeo em 2004

com R$ 127 bilhotildees responsaacutevel por 147 do mercado seguido pela rede Carrefour com

vendas brutas de R$ 11 bilhotildees e 126 de participaccedilatildeo Em terceiro lugar aparece o grupo

Sonae com R$ 37 bilhotildees seguido pelo BomPreccedilo (ainda independente do grupo Wal Mart

pelo qual foi adquirido) com R$ 34 bilhotildees e pelo Sendas com R$ 22 bilhotildees Juntos os

cinco maiores grupos supermercadistas detecircm uma participaccedilatildeo 38 aproximadamente A

tabela 1 apresenta dados sobre as dez redes com maior faturamento do setor supermercadista

brasileiro e o quadro 11 traz algumas informaccedilotildees relevantes sobre as dez redes com maior

faturamento no setor supermercadista brasileiro

Ghisi (2005) cita que do total de lojas existentes no setor supermercadista composto por

quase 19 mil empresas 456 se encontram na regiatildeo sudeste seguida pelas regiotildees sul

norte-nordeste e centro-oeste com 272 230 e 42 respectivamente A regiatildeo sudeste

permanece na primeira posiccedilatildeo em 2002 a mesma obtida no ano anterior embora tenha

registrado uma queda na participaccedilatildeo sobre o faturamento do setor que em 2002 era de

123

593 A regiatildeo Sul se destaca no crescimento da participaccedilatildeo no setor de 183 em 2002

para 191 em 2003

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro Classificaccedilatildeo no

Ranking Empresa SedeFaturamento Bruto

em 2003 (R$)Participaccedilatildeo sobre o Setor

No de Lojas

No de Funcionaacuterios

No de Check-Outs por Loja

1Companhia Brasileira de Distribuiccedilatildeo SP 12788363000 15 497 55557 16

2Carrefour Comeacutercio e Induacutestria Ltda SP 11028288954 13 329 45899 22

3Sonae Distribuiccedilatildeo Brasil SA RS 3732240000 4 148 20923 23

4

BomPreccedilo SA Supermercado do Nordeste PE 3442710562 4 118 16342 20

5 Sendas SA RJ 2273353718 3 76 12057 21Total 5 Maiores 33264956234 39 1168 150778

6 Wall-Mart Brasil SA SP 1940103602 210 25 7032 28

7Cia Zaffari Comeacutercio e Induacutestria RS 1182206802 130 26 7552 33

8COOP - Cooperativa de Consumo SE 940161517 1 21 3837 19

9G Barbosa Comercial Ltda SP 923612000 090 32 5649 19

10Irmatildeos Bretas Filhos e Cia MG 811210627 080 40 5942 17

Total 10 Maiores 39062250782 45 1312 180790 Fonte Lukianocenko (2004)

Silveira e Lepsch (1997) argumentam que a importacircncia do supermercado tambeacutem pode ser

medida pelo fato desse formato varejista ser um dos primeiros a estudar a disposiccedilatildeo das

mercadorias e o movimento dos consumidores no interior da loja Os autores complementam

explicando que o supermercado procura atrair a preferecircncia dos clientes por meio de maior

velocidade nos check-outs e layouts bem estruturados

124

As grandes empresas do setor no Brasil em sua maioria com bandeiras diferenciadas jaacute

atuam tanto no segmento de hipermercados quanto no de supermercados No segmento de

supermercados algumas trabalham com bandeiras diferentes visando atingir puacuteblicos

especiacuteficos (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro

SETOR SUPERMERCADISTA BRASILEIRO O setor supermercadista brasileiro eacute composto por quase 19 mil empresas 80 dos supermercados do territoacuterio brasileiro satildeo de pequeno porte e faturam menos que R$ 100 mil mensais 611 do total das lojas do setor supermercadista tecircm um nuacutemero meacutedio de ateacute 7 check-outs 303 das lojas supermercadistas do Brasil satildeo jovens (tecircm no maacuteximo cinco anos) e apenas 159 tecircm mais de 20 anos 27 dos supermercados do Brasil concentram-se no Estado de Satildeo Paulo (maior concentraccedilatildeo por Estado brasileiro) Apenas 21 dos supermercados do Brasil tecircm aacuterea superior a 2500 msup2 e satildeo considerados lojas grandes Apenas 03 das lojas supermercadistas do Estado de Satildeo Paulo faturam acima de R$ 5 milhotildees mensais Em 1999 foi vendido em meacutedia um supermercado por dia (concentraccedilatildeo do setor) Entre os anos de 2001 e 2002 foram investidos no setor mais de R$ 1 bilhatildeo As 5 principais redes supermercadistas atuantes no Brasil detecircm 381 do faturamento anual de R$ 60 bilhotildees de reais do setor supermercadista brasileiro Fonte Ghisi 2005

Ghisi (2005) explica que embora o supermercado seja um estabelecimento presente em todos

os paiacuteses e ateacute mesmo em quase todas as cidades de grande meacutedio e pequeno porte e ser

considerado um dos setores da economia brasileira que mais se modernizaram nas uacuteltimas

deacutecadas sua criaccedilatildeo e seu desenvolvimento podem ser considerados recentes Algumas das

tendecircncias do setor satildeo resultantes desse processo de modernizaccedilatildeo investimentos em

expansatildeo internacionalizaccedilatildeo do capital segmentaccedilatildeo de formatos expansatildeo das aacutereas

geograacuteficas de atuaccedilatildeo e concentraccedilatildeo (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

125

As empresas liacutederes do setor supermercadista instaladas no territoacuterio nacional visando

ampliar ou ateacute mesmo manter suas participaccedilotildees de mercado podem adotar duas formas

estrateacutegicas de expansatildeo construccedilatildeo de novos pontos de venda (expansatildeo proacutepria) ou compra

de outras redes supermercadistas existentes (GHISI 2005) A primeira embora natildeo seja o

foco principal das redes eacute adotada por algumas empresas como o supermercado Wal-Mart

Por outro lado a compra de outras redes supermercadistas consiste na estrateacutegia de maior

difusatildeo no Brasil Ghisi (2005) afirma que no ano de 1999 um supermercado foi comprado

por dia no paiacutes retratando a adoccedilatildeo em larga escala dessa estrateacutegia Senhoras (2003) explica

que comparada agrave expansatildeo proacutepria a aquisiccedilatildeo ou fusatildeo eacute mais vantajosa a medida que

acelera o conhecimento do mercado e dos haacutebitos dos consumidores da regiatildeo

Quanto agrave internacionalizaccedilatildeo do setor supermercadista brasileiro eacute correto afirmar que a

estrateacutegia se desenvolveu principalmente na deacutecada de 90 periacuteodo no qual o setor atravessou

uma fase de grandes mudanccedilas provocadas por fatores como a maior abertura da economia

(acircmbito externo) e estabilizaccedilatildeo econocircmica (acircmbito interno) resultando em um cenaacuterio

marcado pelo aumento de competidores internacionais (GHISI 2005)

Senhoras (2003) explica que essa internacionalizaccedilatildeo levou ao aumento da concorrecircncia em

todo o mundo resultando em um novo ambiente institucional proporcionado pelo processo de

globalizaccedilatildeo O autor cita como consequumlecircncia do processo o surgimento de megacorporaccedilotildees

com capacidade de concentraccedilatildeo e dominaccedilatildeo econocircmica

No setor supermercadista nacional esse processo ocorre por meio de aquisiccedilotildees e fusotildees em

que as redes estrangeiras visam obter maior conhecimento da operacionalizaccedilatildeo do mercado

brasileiro como por exemplo o Grupo Casino

126

Com relaccedilatildeo aos formatos Ghisi (2005) afirma que o consumidor brasileiro estaacute migrando

dos hipermercados para os supermercados de vizinhanccedila Isso acontece porque embora o

atrativo dos hipermercados seja o preccedilo se os estabelecimentos de bairro conseguirem preccedilos

mais competitivos como acontece hoje junto com a vantagem de conveniecircncia maior oferta

de serviccedilos e localizaccedilatildeo proacutexima ao cliente conquistaratildeo muitos consumidores

A estrateacutegia de expansatildeo das aacutereas geograacuteficas de atuaccedilatildeo eacute compreendida como o esforccedilo

dos supermercadistas em expandirem-se para outras regiotildees natildeo atendidas no mercado

domeacutestico por meio de aquisiccedilotildees e ampliar sua participaccedilatildeo de mercado Sato e Bessa Jr

(2000) destacam que a preferecircncia de aquisiccedilatildeo eacute por supermercados regionais que jaacute

conhecem o perfil do consumidor local Saab Gimenez e Ribeiro (2000) citam como

exemplo o Grupo Patildeo de Accediluacutecar que investe na atuaccedilatildeo no Nordeste mesmo tendo que

enfrentar redes com lideranccedila jaacute consolidada na regiatildeo

A concentraccedilatildeo de mercado eacute resultante da adoccedilatildeo das estrateacutegias descritas anteriormente As

redes maiores adquirem redes de menores surgindo um mercado concentrado em poder dos

hiper e supermercados Em 2003 as dez maiores redes foram responsaacuteveis por um

faturamento bruto igual a R$ 39 bilhotildees o que corresponde a 45 do faturamento do setor

(LUKIANOCENKO 2004)

A concentraccedilatildeo prejudica o desenvolvimento dos supermercados menores o que eacute

considerado um fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil e tecircm grande contribuiccedilatildeo para a

economia do paiacutes (DIEESE 2003)

Dados da ABRAS (2005) mostram que no Brasil o processo de concentraccedilatildeo se desenvolve

gradativamente A concentraccedilatildeo se intensificou na segunda metade da deacutecada de 90 mas o

127

paiacutes ainda natildeo atingiu grau elevado como a Alemanha Franccedila e Inglaterra onde as cinco

maiores empresas detecircm 76 67 e 60 do mercado respectivamente

Dada as principais caracteriacutesticas do setor supermercadista no Brasil eacute preciso apresentar as

informaccedilotildees mais relevantes sobre as unidades de anaacutelise da pesquisa Os proacuteximos toacutepicos

descrevem cada um dos grupos analisados de acordo com o protocolo do estudo de casos

42 Caso 1 ndash Rede A

A primeira rede foi fundada em 1948 Esse grupo foi o pioneiro no setor varejista de

alimentos no Brasil e opera sob quatro diferentes formatos de supermercados hipermercados

e eletroeletrocircnicos sendo essa uma das suas principais vantagens competitivas Seu

faturamento bruto foi de aproximadamente R$15 bilhotildees em 2004 e R$ 116 bilhotildees nos nove

primeiros meses de 2005 possui cerca de 58 mil funcionaacuterios e 550 lojas distribuiacutedas em 13

estados brasileiros totalizando uma aacuterea de vendas de aproximadamente 980 mil metros

quadrados

O grupo opera com cinco unidades de negoacutecios diferentes com estrateacutegias de venda e foco de

atuaccedilatildeo especiacuteficos e direcionados para consumidores de diferentes perfis As participaccedilotildees

em faturamento de cada uma das unidades satildeo estatildeo divididas aproximadamente em 48

para a maior 25 a segunda colocada 16 a terceira 9 a quarta e por fim apenas 2 a

menor divisatildeo que natildeo foca a distribuiccedilatildeo de alimento nem higiene pessoal

128

Quanto a decisatildeo de preccedilos primeiramente tem-se a definiccedilatildeo dos objetivos para cada uma

das unidades de negoacutecio em que opera a seguir satildeo analisados a demanda e os custos de cada

bandeira satildeo coletadas informaccedilotildees sobre os concorrentes os meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos satildeo definidos e posteriormente adequados agrave realidade de cada formato

Com relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilo os entrevistados da Rede A explicaram que embora a

empresa tenha como objetivo maior aumentar a sua participaccedilatildeo no mercado se analisarem

cada unidade percebe-se diferentes caminhos Os hipermercados trabalham para aumentar o

volume de vendas os supermercados tem como foco o valor percebido pelo consumidor (dos

produtos e dos serviccedilos) e o objetivo eacute a lideranccedila na qualidade dos produtos e as lojas de

desconto tambeacutem trabalham para aumentar o volume das vendas Os gerentes enfatizaram

que os objetivos particulares satildeo diferentes mas todos foram definidos para que a empresa

conquiste maior participaccedilatildeo

A anaacutelise da demanda eacute realizada separadamente jaacute que os consumidores dos diferentes

formatos possuem caracteriacutesticas diferentes como o grau de sensibilidade ao preccedilo Os

entrevistados explicaram que no hipermercado o puacuteblico-alvo procura pela melhor relaccedilatildeo

custo-benefiacutecio Como as compras satildeo mensais principalmente e a mercadoria adquirida eacute a

cesta baacutesica de produtos os clientes satildeo informados sobre os preccedilos dos produtos e jaacute estatildeo

acostumados a desembolsar uma certa quantia Eles buscam marcas liacutederes ou segunda marca

a preccedilos compatiacuteveis com os oferecidos no mercado geralmente optam pela rede que oferecer

os bens a um preccedilo melhor

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra desse cliente Ele tambeacutem busca

segundo os respondentes locais de faacutecil acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento

um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos

129

organizados nas gocircndolas corredores amplos para a passagem dos carrinhos nuacutemero

suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Nos supermercados existe uma classificaccedilatildeo entre as lojas Elas satildeo divididas em categorias

top de linha intermediaacuteria e popular As consideradas top estatildeo localizadas em bairros nobres

onde a renda dos consumidores eacute mais alta Nesses locais os produtos comercializados satildeo

mais caros porque de acordo com os entrevistados os custos de manutenccedilatildeo satildeo mais altos

os serviccedilos oferecidos satildeo mais amplos o nuacutemero de funcionaacuterios eacute maior e a sensibilidade

do comprador eacute muito baixa Os consumidores que buscam status satildeo poucos sensiacuteveis a

preccedilos elevados pois estes produtos (nesse caso o proacuteprio estabelecimento) inspiram prestiacutegio

e exclusividade Aleacutem disso os compradores desse supermercado acreditam que os bens

comercializados apresentam qualidade superior

Nas lojas intermediaacuterias a sensibilidade do consumidor tambeacutem eacute baixa (caracteriacutestica do

puacuteblico-alvo da empresa para esse formato) mas alguns itens de maior valor natildeo entram da

lista de produtos comercializados no local assim como acontece nas lojas populares Elas

estatildeo localizadas em regiotildees onde a renda dos clientes eacute um pouco mais baixa e embora a

busca por comodidade e serviccedilos seja uma realidade os compradores natildeo estatildeo dispostos a

pagar um preccedilo muito elevado por mercadoria de prestiacutegio Isso acontece porque a quantia

pode significar uma boa parcela do seu orccedilamento financeiro

As lojas de descontos atendem o puacuteblico muito sensiacutevel ao preccedilo A rede natildeo conseguia

vender bem itens como frutas e legumes Depois de analisar os haacutebitos das classes mais de

renda mais baixa os executivos da empresa descobriram que o consumidor C D e E preferia

comprar na feira por quatro motivos (i) o local eacute um ponto de encontro (ii) a pechincha eacute

permitida (iii) haacute um contato proacuteximo com o vendedor e o mais importante (iv) haacute fartura

130

Com esses conceitos em mente a rede reestruturou a aacuterea de hortifrutigranjeiros e colocou ateacute

uma banca de pastel na loja As vendas subiram 25

A estrutura de mercado eacute definida pelos poucos concorrentes que dominam o mercado No

varejo de alimentos as cinco primeiras redes satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 do

faturamento total O dado demonstra a forte competiccedilatildeo entre as empresas e segundo os

entrevistados tambeacutem a importacircncia da anaacutelise da concorrecircncia

A estimativa de custos satildeo considerados os fixos e os variaacuteveis O preccedilo estabelecido deve

cobrir o custo total e permitir uma margem de lucro Como cada formato se posiciona de

forma diferenciada os custos e as margens de cada um satildeo calculados separadamente Nos

custos variaacuteveis a Rede A considera os serviccedilos oferecidos aos clientes e os gastos com

publicidade e propaganda institucional

A margem para os hipermercados segue a proposta pelos seus concorrentes assim como nas

lojas de desconto No supermercado utiliza-se a margem que se mostra mais adequada ao seu

objetivo Os gerentes explicaram que a rede de um modo geral foca a eficiecircncia e a reduccedilatildeo

de despesas operacionais o que traz maior competitividade agrave companhia uma vez que os

ganhos satildeo repassados aos preccedilos mesmo para os supermercados

Os supermercados da rede trabalham com alta margem jaacute que se posiciona como prestadores

de serviccedilos qualificados O puacuteblico que frequumlenta o estabelecimento procura comodidade

variedade de produtos alta qualidade marcas conhecidas facilidade de entrega excelecircncia no

atendimento localizaccedilatildeo privilegiada e proacutexima a sua casa horaacuterios flexiacuteveis e status Os

gerentes entrevistados afirmam que esse consumidor estaacute disposto a pagar para encontrar tais

facilidades na hora da compra Por tanto os preccedilos dos produtos oferecidos satildeo compatiacuteveis

131

com o preccedilo de mercado (preccedilo cheio) Pode-se concluir que nos supermercados a

estrateacutegia utilizada eacute de preccedilo acima do mercado

Os gerentes da unidade estudada afirmam que o posicionamento do supermercado eacute

supermercado de vizinhanccedila forte em produtos pereciacuteveis que oferece grande variedade de

produtos alta qualidade a preccedilos competitivos aleacutem do excelente atendimento aos clientes

Portanto o preccedilo natildeo eacute o mais alto nem o mais baixo que os preccedilos do mercado poreacutem eacute

percebido pelos clientes como mais alto do que o da concorrecircncia direta resultado da imagem

sofisticada que o supermercado passa Uma pesquisa realizada apontou que os preccedilos

percebidos natildeo correspondiam com os preccedilos reais oferecidos por suas lojas

A anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente pela empresa O controle das accedilotildees dos

competidores eacute segundo os entrevistados uma praacutetica diaacuteria na empresa (shopping de

preccedilos) As informaccedilotildees sobre a concorrecircncia satildeo coletadas por funcionaacuterios das lojas assim

como acontece nos hipermercados uma equipe preparada que visita os competidores

localizados na aacuterea de influecircncia de cada regiatildeo dos supermercados Os dados coletados

ajudam a monitorar as accedilotildees da concorrecircncia

Embora o supermercado pratique preccedilos acima do mercado eacute preciso que saiba o niacutevel

praticado pois se o valor estiver alto demais eacute provaacutevel que as vendas diminuam em algumas

regiotildees As vendas satildeo analisadas diariamente e qualquer indiacutecio de queda no volume eacute

rapidamente detectado e accedilotildees para reverter a situaccedilatildeo satildeo colocadas em praacutetica

Para os hipermercados o shopping de preccedilos eacute importante se manter dentro do preccedilo meacutedio

Cada gerente de loja tem autonomia suficiente para adequar seu preccedilo ao da loja vizinha Os

preccedilos satildeo adequados conforme a localizaccedilatildeo da loja por isso a responsabilidade e autonomia

descentralizada

132

A Rede A determina os preccedilos de seus produtos por meio do meacutetodo de mark-up que consiste

em atribuir uma margem ao custo total da unidade de produto e tambeacutem utiliza o valor

percebido pelo cliente Nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento praticada eacute HILO onde

o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes

A taacutetica do preccedilo isca eacute bastante utilizada pela empresa por meio de promoccedilotildees em um dia

fixo da semana como por exemplo as quartas-feiras FLV (frutas verduras e legumes) e para

venda de produtos pereciacuteveis Os volumes de venda triplicam nesses dias pois os descontos

chegam a 50 do preccedilo e haacute forte comunicaccedilatildeo na miacutedia de massa como jornais e televisatildeo

Descontos sazonais tambeacutem satildeo oferecidos para compras realizadas fora da temporada Eacute

mais utilizada pelas Divisotildees de hipermercado e lojas de desconto

Os supermercados trabalham com o preccedilo por segmento de consumidores e preccedilo por

localizaccedilatildeo Como explicado anteriormente pelos gerentes o puacuteblico dessa unidade de

negoacutecio eacute pouco sensiacutevel a preccedilo mas dependendo da regiatildeo da loja e da renda de seus

habitantes a sensibilidade pode apresentar maior grau Assim em regiotildees onde o poder de

compra eacute mais alto os preccedilos dos produtos satildeo mais elevados do que em regiotildees habitadas por

classes sociais que apresentam renda mais baixa Para aumentar o valor percebido descontos

satildeo utilizados apenas para produtos sazonais vendidos fora da temporada nesse formato

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo aleacutem dos custos demanda e

concorrecircncia os entrevistados afirmaram que satildeo considerados para o formato hipermercado

os preccedilos dos seus concorrentes principalmente A localizaccedilatildeo da loja e renda dos moradores

da regiatildeo satildeo fatores importantes e exercem certa influecircncia entretanto satildeo mais relevantes

para a fixaccedilatildeo dos preccedilos nos supermercados da rede Os descontos obtidos em negociaccedilotildees

de preccedilos com os fornecedores satildeo repassados para os clientes da loja de desconto e

hipermercados mas natildeo para os compradores de status e de conveniecircncia do supermercado

133

Nos supermercados tambeacutem satildeo consideradas as marcas dos produtos Por oferecerem grande

variedade e sortimento produtos liacutederes e outros inovadores marcas diferenciadas de preccedilo-

premium e qualidade superior os preccedilos cobrados satildeo considerados competitivos e preccedilos de

mercado sem descontos Os serviccedilos oferecidos estatildeo dentro do caacutelculo de custos

Nas lojas de desconto o eacute sortimento limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados As mercadorias satildeo expostas sem a utilizaccedilatildeo de material de ponto

de venda da forma mais simples e faacutecil possiacutevel Natildeo existem muitos serviccedilos oferecidos e haacute

poucos funcionaacuterios Tais medidas satildeo consideradas para que os custos sejam baixos e assim

no caacutelculo do mark-up o preccedilo se torne bem acessiacutevel ao puacuteblico desse formato

Nessas lojas os poucos itens comercializados representam produtos da cesta baacutesica da marca

liacuteder uma marca inferior e muitos bens de marca proacutepria O objetivo nesse caso eacute o mesmo

reter mais da margem bruta gerada pela venda resultante do baixo investimento em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais

43 Caso 2 ndash Rede B

A Rede B foi pioneira no Brasil no conceito de hipermercados Chegou ao paiacutes em 1975 com

a sua primeira unidade na cidade do Rio de Janeiro A empresa possui mais de 11000 lojas

por todo mundo e estaacute presente em 31 paiacuteses Ela emprega mais de 430000 pessoas sendo

que 69 trabalham na Europa 20 na Ameacuterica Latina e 11 na Aacutesia Conta com mais de 2

bilhotildees de clientes

134

Atualmente opera com cerca de 80 hipermercados 110 supermercados e 60 lojas de

descontos As lojas no paiacutes estatildeo espalhadas por 11 estados e no Distrito Federal Sua

participaccedilatildeo no mercado eacute de 12 do faturamento total do setor No Brasil satildeo 46000

funcionaacuterios em todas as unidades de negoacutecio de rede Seu faturamento bruto foi de

aproximadamente R$12 bilhotildees em 2004

O apreccedilamento estrateacutegico do grupo tambeacutem obedece a ordem de definiccedilatildeo dos objetivos da

empresa seguidos pela anaacutelise da demanda e os seus custos Em terceiro lugar estaacute a coleta de

informaccedilotildees sobre os concorrentes em quarto a definiccedilatildeo dos meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos e por fim eacute feita a adequaccedilatildeo

Como objetivo de preccedilo a rede B afirma ter bem claro que o foco estaacute no aumento de sua

participaccedilatildeo no mercado Embora cada formato tenha um posicionamento distinto esse

objetivo eacute comum para todas as unidades de negoacutecio do grupo Os respondentes explicam que

o foco maior estaacute na estrateacutegia geral da empresa e com todos buscando o mesmo resultado eacute

mais faacutecil conseguir atingi-lo

A anaacutelise da demanda eacute tambeacutem eacute realizada da mesma forma para todas as bandeiras pois a

sensibilidade a preccedilo encontra-se no mesmo niacutevel para todos os compradores-alvo desse

grupo Os entrevistados classificam o puacuteblico da empresa como consumidores sensiacuteveis O

que diferencia o cliente de uma Divisatildeo para outra eacute a ocasiatildeo de compra No hipermercado

satildeo realizadas as compras mensais dos produtos da sexta baacutesica e mercadorias para a casa

No supermercado a procura eacute por produtos que terminaram antes da proacutexima compra mensal

ou de alguns produtos mais elaborados para situaccedilotildees natildeo programadas Nas lojas de

descontos os clientes satildeo muito sensiacuteveis aos preccedilos pois buscam o mais baixo e natildeo

procuram qualquer tipo de conveniecircncia ou comodidade Os gerentes explicaram ainda que o

135

puacuteblico-alvo dos hipermercados e supermercados procura pela melhor relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio Os supermercados da rede focam na venda de alimentos e produtos pereciacuteveis

enquanto os hipermercados oferecem itens de vestuaacuterios higiene e limpeza alimentos entre

outros

Algumas reformulaccedilotildees estatildeo sendo realizadas nos supermercados do grupo segundo os

respondentes A mudanccedila eacute para aumentar a rentabilidade do formato A nova estrateacutegia da

rede eacute baseada em quatro pilares preccedilo justo variedade qualidade e atendimento

No que se refere a variedade haveraacute a ampliaccedilatildeo do sortimento relanccedilamento de produtos

marca proacutepria e maior crescimento do nuacutemero de alimentos pereciacuteveis comercializados

Os gerentes complementam explicando que todas essas accedilotildees visam melhorar a rentabilidade

mas sem aumentar os preccedilos As negociaccedilotildees de produtos das lojas continuam sendo feitas

dentro do grupo O nosso serviccedilo seraacute de supermercado mas com preccedilos de hiper afirmam

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra dos clientes dos hipermercados e

supermercados da empresa Ele tambeacutem busca segundo os respondentes locais de faacutecil

acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara

muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos organizados nas gocircndolas corredores amplos

para a passagem dos carrinhos nuacutemero suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Ao estimar seus custos a Rede B calcula os classifica assim como a Rede A em custos fixos e

custos variaacuteveis No caso o objetivo eacute que o preccedilo fixado cubra o custo total e tambeacutem

permita margem de lucro Os custos satildeo estimados de forma conjunta para toda a empresa e

apenas os problemas com perdas (mercadorias vencidas danificadas ou perdidas) eacute que satildeo

calculados para cada loja de cada formato e a tarefa eacute de responsabilidade dos gerentes do

estabelecimento

136

Todo o orccedilamento para campanhas de miacutedia eacute realizado com uma porcentagem do lucro

obtido pela empresa no ano anterior e satildeo utilizados para a fortalecer a imagem institucional

do grupo As demais accedilotildees de miacutedia satildeo divididas entre a rede e os fornecedores que entram

com verba para colocar produtos em promoccedilotildees ou lanccedilar novos itens Os serviccedilos oferecidos

aos clientes satildeo considerados nos custos da empresa no momento do caacutelculo de preccedilo das

mercadorias comercializadas

Assim como nas outras empresas do setor a anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente

pela empresa A praacutetica do conhecido shopping de preccedilos eacute utilizada constantemente O

conceito eacute conhecido por todos e natildeo requer nenhum tipo de estrateacutegia especiacutefica aleacutem do

treinamento da equipe de funcionaacuterios responsaacuteveis pela tarefa As visitas satildeo programadas

para os competidores localizados na aacuterea de influecircncia de cada loja das diferentes Divisotildees

Os entrevistados explicam que embora a decisatildeo sobre a estrateacutegia de apreccedilamento seja

realizada em conjunto com a matriz os gerentes da loja possuem autonomia suficiente para

fazer mudanccedilas de preccedilos para se proteger das accedilotildees concorrenciais Satildeo analisados

promoccedilotildees atuais e passadas os preccedilos praticados em dias de praacutetica do preccedilo isca

descontos sazonais entre outras taacuteticas utilizadas pelos competidores

A importacircncia da anaacutelise dos concorrentes para empresa segundo os respondentes estaacute na

manutenccedilatildeo do preccedilo meacutedio (hipermercados e supermercados) Os produtos comercializados

devem estar dentro do patamar de preccedilos oferecidos no mercado e para isso eacute fundamental

acompanhar as estrateacutegias das demais empresas do setor Qualquer item que esteja acima do

preccedilo praticado pelo mercado resulta em queda de vendas

As lojas de desconto localizam-se em bairros mais afastados e de populaccedilatildeo com renda mais

limitada O formato concentra-se na periferia Seu diferencial em relaccedilatildeo aos hipermercados

137

estaacute na localizaccedilatildeo proacutexima da casa dos clientes como o mercadinho de bairro O gerente

da rede diz que a marca oferece um nuacutemero reduzido de itens nas prateleiras em comparaccedilatildeo

com os hipermercados

Existem produtos de marca proacutepria que possibilitam aumento da margem de lucro Ao

desenvolver marcas proacuteprias e aumentar a participaccedilatildeo desses produtos dentro do conjunto

ofertado aos consumidores os varejistas podem reter mais da margem bruta gerada pela

venda Isso acontece porque as marcas proacuteprias natildeo precisam de grandes investimentos em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais Os outros produtos satildeo de marcas liacutederes e

marcas inferiores

O formato oferece pouco ou nenhum tipo de serviccedilo para o cliente final As mercadorias satildeo

expostas nas gocircndolas sem muita preocupaccedilatildeo com a disposiccedilatildeo A estrateacutegia nesse caso eacute de

preccedilo abaixo do mercado e para conseguir manter o posicionamento a reduccedilatildeo dos custos eacute

uma das principais preocupaccedilotildees O objetivo eacute a maximizaccedilatildeo do volume de vendas e toda

vantagem nas negociaccedilotildees com os fornecedores eacute repassada diretamente para o comprador

para oferecer preccedilos baixos ao mercado

O meacutetodo de mark-up eacute o mais utilizado e nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento

praticada como na Rede A eacute HILO onde o varejista cobra preccedilos mais altos e realiza

promoccedilotildees frequumlentes Para qualquer tipo e variedade de produtos comercializados pela Rede

B existe um trabalho de gerenciamento de categoria onde satildeo definidos quais seratildeo as famiacutelias

de produtos marcas e embalagens e suas respectivas margens objetivas bem como a

periodicidade das pesquisas de preccedilos na concorrecircncia Os gerentes explicam que o grau de

importacircncia atribuiacutedo para cada uma das famiacutelias de produtos estaacute associado a sua definiccedilatildeo

(dominantes destino competitivos traacutefego convenientes bandeira e sazonais)

138

Outra estrateacutegia em comum entre as duas redes pesquisadas eacute o preccedilo isca tambeacutem por meio

de promoccedilotildees em um dia fixo da semana Os volumes de venda aumentam significadamente

nesses dias mas os gerentes natildeo se dispuseram a comentar os nuacutemeros A praacutetica de

descontos sazonais para compras realizadas fora da temporada pode ser observada entre

outras promoccedilotildees de preccedilos para combater o concorrente

Com relaccedilatildeo agraves variaacuteveis que exercem influecircncia no apreccedilamento dos produtos os gerentes

citaram principalmente os preccedilos praticados pelos concorrentes A localizaccedilatildeo e a renda dos

consumidores influenciam de maneira indireta jaacute que cada loja busca estar compatiacutevel com o

preccedilo aceito pela populaccedilatildeo que habita determinada regiatildeo onde o estabelecimento se

encontra Segundo os profissionais da Rede B na hora de definir o preccedilo as duas variaacuteveis satildeo

estudadas mas ainda eacute o preccedilo dos competidores que guiam os niacuteveis praticados

Os gerentes chamam a atenccedilatildeo para um novo formato que a rede vem desenvolvendo Satildeo

hipermercados dirigidos agraves classes mais altas Como operam com apenas uma loja natildeo a

estrutura de preccedilos ainda obedece agraves regras da matriz A diferenccedila afirmam os entrevistados

estaacute no sortimento de produtos e os serviccedilos oferecidos mas acreditam que a localizaccedilatildeo e a

rede nesse caso teratildeo mais peso para o apreccedilamento estrateacutegico

O poder de compra sobre os fornecedores que permite negociaccedilotildees de preccedilos menores jaacute eacute

utilizado para conseguir oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis Os entrevistados

natildeo consideram como influenciador argumentado que tais negociaccedilotildees fazem parte da rotina

do grupo assim como dos seus principais concorrentes

Nas lojas de desconto o sortimento eacute limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

139

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados

44 Caso 3 ndash Rede C

A terceira rede tem lojas no Reino Unido Alemanha Argentina China Coreacuteia do Sul Porto

Rico e Brasil Iniciou as suas atividades no paiacutes em 1994 e hoje opera com 152 unidades

localizadas em 14 estados brasileiros Seu faturamento bruto foi de aproximadamente US$

700 milhotildees em 2004 O grupo possui mais de 7000 empregados e trabalha atualmente com

hipermercados supermercados e atacados que atendem a pequenos comerciantes Os formatos

estatildeo divididos em quatro bandeiras diferentes A poliacutetica do grupo eacute prosseguir com a

abertura de novas lojas consolidar sua presenccedila na Internet e entrar no ramo de serviccedilos

bancaacuterios como financiadoras dos seus consumidores

Haacute pouco tempo decidiu inaugurar lojas compactas Satildeo unidades pequenas instalaccedilotildees

simples com menor sortimento de mercadorias e custos reduzidos Eacute uma tendecircncia do varejo

e o grupo decidiu apostar Os entrevistados explicaram que seus consumidores querem preccedilo

e agilidade exatamente o que este tipo de supermercado se propotildee a oferecer A poliacutetica de

preccedilos do supermercado eacute a mesma que a rede aplica a todas as suas bandeiras

Assim como as demais empresas pesquisadas a Rede C estabelece seu preccedilo considerando os

custos a demanda e os concorrentes Possui o objetivo de ganhar maior participaccedilatildeo de

mercado e tambeacutem utiliza o meacutetodo de mark-up para fixar o preccedilo de seus produtos

140

O objetivo principal de preccedilo eacute como nos outros competidores a maximizaccedilatildeo da

participaccedilatildeo de mercado e defesa do mercado Os entrevistados argumentam que a razatildeo eacute a

proteccedilatildeo da aacuterea de influecircncia e a criaccedilatildeo de barreiras agrave entrada de novos concorrentes Uma

das estrateacutegias eacute exatamente cobrir a oferta de preccedilo baixo dos concorrentes conforme

explicado anteriormente A estrateacutegia adotada eacute a de preccedilo abaixo do mercado para os

hipermercados com forte monitoramento dos preccedilos dos competidores

A estrateacutegia utilizada pela Rede C eacute o EDPL em todas as unidades de negoacutecios da empresa

hipermercados supermercados e atacados para pequenos comerciantes Ela eacute reconhecida no

mundo todo pelos consumidores como a pioneira na implementaccedilatildeo dos preccedilos baixos todo

dia Os entrevistados explicam que utilizam o EDLP para atrair o consumidor e conquistar sua

lealdade mostrando integridade na praacutetica de seus preccedilos

Poucos artigos satildeo colocados em oferta a cada mecircs Os varejistas adotam o esquema EDLP

por vaacuterias razotildees a mais importante delas eacute que descontos e promoccedilotildees constantes satildeo

dispendiosos e tecircm diminuiacutedo a confianccedila do consumidor em encontrar bons preccedilos No

EDLP o cliente sabe o que encontraraacute Os gerentes afirmam que devido a essa estrateacutegia seus

preccedilos chegam a se igualar aos das lojas de desconto dos seus concorrentes nos preccedilos de

produtos de higiene e limpeza

Os hipermercados satildeo considerados estabelecimentos para venda de grande quantidade de

itens e compras mensais e eacute concorrente direto das redes A e B O puacuteblico-alvo eacute o mesmo

das outras empresas ou seja clientes que realizam compras mensais e buscam um bom

equiliacutebrio da relaccedilatildeo custo-benefiacutecio Satildeo clientes que reconhecem a estrateacutegia praticada pelo

varejista

141

Um dos meacutetodos usados para combater e anular accedilotildees concorrenciais eacute garantir o preccedilo mais

baixo e cobrir qualquer oferta A empresa tem tradiccedilatildeo nessas atividades Como opera com as

margens semelhantes ao do competidor e os preccedilos 15 mais baixos que da meacutedia do varejo

satildeo conseguidos repassando-se as negociaccedilotildees com fornecedores Soacute as promoccedilotildees de preccedilos

resultantes da estrateacutegia HILO utilizada pelas outras duas organizaccedilotildees eacute que ocasionam o uso

de medidas de defesa

Os consumidores satildeo considerados pelos respondentes como altamente sensiacuteveis a preccedilo pois

buscam a oferta mais barata e fazem pesquisas de preccedilo antes de decidir pelo local O mesmo

eacute valido para todos os formatos do grupo Os compradores do atacado satildeo comerciantes

pequenos que buscam melhores condiccedilotildees de pagamento do que os oferecidos pela induacutestria

Como os clubes atacadistas iratildeo praticar uma margem proacutepria para cobrir seus custos e natildeo

podem comercializar mercadorias com preccedilos aleacutem do mercado procuram as empresas que

permitirem a compra de um bom volume a um preccedilo relativamente baixo Esse formato eacute um

tipo de clube ou rede de compra e os clientes satildeo associados O sortimento do clube de

compras estaacute dividido em produtos para escritoacuterios pizzarias restaurantes hoteacuteis lojas de

conveniecircncia entre outros

A estimativa de custos tambeacutem considera os custos fixos e custos variaacuteveis e o preccedilo proposto

deve cobrir o custo total da comercializaccedilatildeo do item aleacutem de garantir uma margem de lucro

para a empresa Existem tambeacutem os problemas com perdas de mercadoria e estas satildeo

calculadas para cada loja de cada formato sob responsabilidade dos gerentes de cada

estabelecimento e os custos tambeacutem satildeo analisados separadamente para cada negoacutecio da rede

Poreacutem vaacuterias accedilotildees satildeo praticadas pelo grupo visando a reduccedilatildeo de seus gastos

142

Devido a essa poliacutetica de gestatildeo de custos a empresa eacute conhecida mundialmente por

contribuir com a economia Essa contribuiccedilatildeo ao ciclo econocircmico consiste em trecircs itens

pressionar os fornecedores para reduzir preccedilos usar tecnologia digital de primeira linha para

baratear a gestatildeo de seus estoques e pagar aos seus funcionaacuterios o menor salaacuterio possiacutevel

encolhendo os custos da empresa

A empresa eacute referecircncia em processos de gestatildeo no varejo e no uso de tecnologia a serviccedilo do

negoacutecio Um exemplo eacute o sistema eletrocircnico de reposiccedilatildeo de estoque Por meio dele rede e

fornecedores ficam conectados 24 horas e tecircm informaccedilatildeo do giro de cada produto na gocircndola

em tempo real Assim o varejista consegue agilizar o processo de reposiccedilatildeo e os fornecedores

tecircm acesso a detalhes como resultado de vendas dos produto por loja ou regiatildeo

Alguns fornecedores promovem accedilotildees de marketing no ponto de venda ou fazem eventuais

mudanccedilas nos produtos com os dados que satildeo disponibilizados Outro resultado dessa parceria

eacute a reduccedilatildeo de custos (cerca de 10 ao longo de toda a cadeia de suprimentos) Tais fatos

possibilitam agrave rede colocar em praacutetica a poliacutetica EDLP

Um fator que deve ser considerado na gestatildeo de reduccedilatildeo de custos da empresa eacute a natildeo

existecircncia de estoque na loja os produtos satildeo alojados na parte superior da gocircndola

Os hipermercados da Rede C buscam oferecer o melhor sortimento pelo melhor preccedilo sempre

A poliacutetica de EDLP direciona todas as negociaccedilotildees realizadas com fornecedores e garante ao

consumidor o menor custo da cesta de compras Para honrar com esse compromisso as lojas

realizam semanalmente uma pesquisa de preccedilos de produtos junto agrave concorrecircncia local

(shopping de preccedilos)

143

Os hipermercados ainda contam com um sortimento de 65 mil itens Dentre elas encontram-

se alimentos hortifrutis confecccedilatildeo brinquedos eletroeletrocircnicos papelaria perfumaria

artigos para casa mesa e banho limpeza praacutetica de esportes jardinagem pet shop entre

outros Todas as lojas possuem uma mini-galeria de serviccedilos de conveniecircncia No local satildeo

encontradas lanchonetes cafeacute restaurantes lavanderia salatildeo de beleza oacutetica banca de jornal

e revistas entre outros serviccedilos alternativos A ideacuteia eacute trabalhar o conceito de one stop shop

lugar onde o cliente encontra de tudo em um mesmo local

A taacutetica do preccedilo isca eacute novamente utilizada nesse caso Satildeo realizadas promoccedilotildees em um dia

fixo da semana (terccedila feira da carne quarta-feira da verdura entre outras) mas os gerentes

afirmam que a poliacutetica de descontos eacute menos frequumlente que nos concorrentes jaacute que optaram

por oferecer preccedilo baixo todos os dias

Os volumes de venda tambeacutem crescem consideravelmente e vaacuterias accedilotildees de comunicaccedilatildeo satildeo

realizadas Descontos sazonais satildeo praticados constantemente para as compras realizadas fora

da temporada assim como em seus concorrentes Os hipermercados realizam saldotildees

depois das festas de final de ano para reduzir o estoque de mercadorias comercializadas soacute

para essa eacutepoca do ano como por exemplo o Panetone

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo os respondentes consideram os

preccedilos dos seus concorrentes a localizaccedilatildeo e renda dos moradores da regiatildeo de influecircncia de

cada loja Para isso os gerentes tambeacutem tecircm autonomia para modificar os preccedilos das lojas

que estatildeo sob sua responsabilidade Um exemplo dessa descentralizaccedilatildeo eacute a facilidade do

cliente que apresenta um anuacutencio promocional impresso da concorrecircncia dentro da validade

com um preccedilo inferior ao da rede em conseguir a mesma oferta na loja na hora e no caixa

sem burocracia

144

Os serviccedilos prestados e os gastos com material promocional satildeo considerados pela empresa

como custos entretanto normalmente os gastos satildeo compartilhados com os fornecedores Os

entrevistados explicaram que os anuacutencios de produtos na miacutedia de massa (Televisatildeo Jornal e

Revistas) satildeo realizados em conjunto com os fabricantes e a empresa soacute arca com os custos de

publicidade institucional Para isso eacute reservada uma porcentagem das vendas anuais da

empresa

Os serviccedilos oferecidos estatildeo embutidos na margem e o poder de negociaccedilatildeo com a induacutestria

permite a compra de grandes volumes a preccedilos mais baixos descontos de pagamento agrave vista e

bonificaccedilotildees As bonificaccedilotildees satildeo acordos realizados entre varejistas e fornecedores que

permitem a entrega de mais mercadorias no lugar de descontos em dinheiro A empresa

repassa aos consumidores as reduccedilotildees de preccedilo que consegue na condiccedilatildeo de uns dos maiores

compradores

O grupo tambeacutem estaacute investindo em novos projetos arquitetocircnicos Com layout diferenciado e

um conceito inovador um novo hipermercado foi inaugurado A unidade tem dois andares

teacuterreo e mezanino e estabeleceu um novo modelo funcional com excelente aceitaccedilatildeo dos

clientes de regiotildees urbanas centrais e de alto iacutendice populacional

Novas accedilotildees promocionais satildeo vinculadas ao novo modelo de loja O objetivo da rede de

acordo com os entrevistados eacute disponibilizar para os consumidores um sortimento de mais de

mil itens a preccedilos super negociados reduzidos em ateacute 10 Eacute importante ressaltar que estaacute

natildeo eacute uma accedilatildeo promocional tradicional pois a rede garante os preccedilos por pelo menos

noventa dias diferente das accedilotildees da concorrecircncia que em alguns casos tecircm curta duraccedilatildeo

145

43 Anaacutelise dos Casos

Por meio da apresentaccedilatildeo dos casos foi possiacutevel identificar como as redes de varejo formulam

os preccedilos de seus produtos Todas as trecircs empresas seguem os seis passos apresentados no

referencial teoacuterico Poreacutem eacute importante ressaltar que nenhum dos gerentes entrevistados

demonstrou realizar a tarefa de apreccedilamento de forma estruturada ou seja apesar das etapas

serem seguidas conforme o proposto por Kotler e Keller (2005) a determinaccedilatildeo do valor

cobrado por cada produto acontece intuitivamente e as anaacutelises necessaacuterias satildeo oacutebvias

segundo os gerentes entrevistados Determinar o preccedilo dos produtos portanto natildeo representa

um problema

A falta de conhecimentos teacutecnicos mais aprofundados tambeacutem fica clara quando percebe-se

que as trecircs empresas utilizam o mesmo meacutetodo de apreccedilamento o mark-up Embora ele seja o

mais utilizado pelas redes varejistas por sua simplicidade e facilidade de aplicaccedilatildeo (LAMBIN

2000a) natildeo eacute necessariamente a maneira mais adequada pois apresenta vaacuterias limitaccedilotildees

Uma delas diz respeito a definiccedilatildeo de preccedilos aleacutem do devido em mercados mais fracos e a

preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute considerado pelos estudiosos da

aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma estrateacutegia prudente Um outro problema

eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir todas as despesas e permitir retorno Aleacutem

dos dois pontos o meacutetodo tambeacutem natildeo leva em consideraccedilatildeo aspectos da demanda e dos

concorrentes focando apenas os custos

Entretanto a Rede A demonstrou que apesar de utilizar o mark-up tambeacutem considera o valor

percebido pelo consumidor para a Divisatildeo de Supermercados Isso acontece porque o negoacutecio

foi desenvolvido para atender as necessidades da populaccedilatildeo de renda alta (classes A e B) que

146

possuem pouca sensibilidade agrave preccedilos e busca comodidade variedade bom atendimento

excelecircncia em serviccedilos e mercadorias de alta qualidade e prestiacutegio Dessa forma algumas

outras variaacuteveis fora o custo satildeo consideradas na estrateacutegia de apreccedilamento A decisatildeo de

agregar outros fatores (a renda dos clientes o estilo de vida etc) foi resultado de vaacuterias accedilotildees

e testes nas lojas Esses experimentos satildeo de responsabilidade de um consultor especializado

em varejo que atende grandes redes varejistas ao redor do mundo traz constantemente novas

ideacuteias e sugere diferentes conceitos para serem aplicados

As ideacuteias que satildeo aceitas para teste satildeo aplicadas em certas lojas da rede (preferencialmente

lojas em reforma) A avaliaccedilatildeo dessas ideacuteias e dos novos conceitos aplicados eacute feita de acordo

com o resultado de vendas da loja modificada ou dos produtos pertencentes agraves sessotildees

reestruturadas O aumento nas vendas eacute utilizado como indicador de sucesso do novo modelo

Dessa forma se as mudanccedilas forem bem sucedidas outras lojas seratildeo igualmente

remodeladas Seguindo esse raciociacutenio um niacutevel baixo de vendas significa que o novo

conceito natildeo funcionou e portanto novas alternativas satildeo avaliadas

Tais accedilotildees demonstram que a estrateacutegia de preccedilo discriminatoacuterio eacute praticada pela Rede A A

empresa conhece os diferentes segmentos em que atua e para cada um determina um valor

condizente com a possibilidade de compra do cliente A compreensatildeo dos diferentes graus de

sensibilidade agrave preccedilos eacute clara para a Rede A que consegue diferenciar os segmentos de

consumidores que atinge e adequar a sua estrateacutegia para cada diferentes formato Entretanto

para as demais empresas o conceito eacute difundido mas natildeo foi observada a utilizaccedilatildeo de

meacutetodos para adequar suas decisotildees baseadas nas diferentes caracteriacutesticas dos grupos de

compradores

147

Os diferentes formatos das Redes B (hipermercados supermercados e lojas de desconto)

seguem o meacutetodo de mark-up sem a influecircncia de outro meacutetodo A mesma poliacutetica HILO eacute

trabalhada por todos Mas cada um dos formatos possui seu proacuteprio posicionamento e

portanto atendem a puacuteblicos diferentes Essa diferenccedila eacute trabalhada no apreccedilamento apenas

pela gestatildeo de custos Nas lojas de desconto o sortimento eacute menor natildeo haacute muitos funcionaacuterios

para prestar serviccedilos e os estoques satildeo baixos Todas as accedilotildees satildeo para reduzir os gastos e

praticar preccedilos mais baixos Essa atitude demonstra a possiacutevel falta de conhecimento a

respeito das estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos que podem ser empregadas para operar com

preccedilos de acordo com as possibilidades das classes C e D

Entre as estrateacutegias a serem aplicadas estaacute a praacutetica de preccedilos geograacuteficos preccedilos

discriminatoacuterios preccedilos com descontos ou concessotildees A uacutenica forma que as empresas

varejistas estudadas demonstraram conhecer foi o preccedilo isca O preccedilo geograacutefico tambeacutem

pode ajudar a reduzir custos pois considera a regiatildeo e os gastos com logiacutestica para entregar a

mercadoria em locais diferentes O preccedilo discriminatoacuterio pode levar a rede a vender produtos

com margem maior onde os consumidores satildeo pouco sensiacuteveis aos preccedilos e os descontos e

promoccedilotildees favorecem as compras a vista ou em maior quantidade

O shopping de preccedilos eacute praticado por todos devido agrave alta concorrecircncia existente no setor

(oligopoacutelio) Todos conhecem a importacircncia de monitorar as accedilotildees de seus competidores seja

para manter os preccedilos dentro do mercado ou mesmo para se proteger As empresas possuem

equipes com funcionaacuterios preparados e treinados para a funccedilatildeo que coletam as informaccedilotildees

periodicamente como apresentado na teoria

Ao analisar a terceira rede (Rede C) fica clara a agressividade de suas accedilotildees para conquistar

maior espaccedilo no mercado As suas accedilotildees estatildeo sempre voltadas para reduccedilatildeo de custos e

focadas em praacutetica de preccedilos baixos A estrateacutegia EDLP eacute sinocircnimo da marca da empresa

148

Nos mais diferentes formatos os preccedilos com os fornecedores satildeo fortemente negociados e

todos os descontos conseguidos repassados para o consumidor As escolhas quanto ao meacutetodo

de apreccedilamento (mark-up) preocupaccedilatildeo com inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e reduccedilatildeo dos custos

demonstram bastante coerecircncia com o objetivo do varejista (oferecer preccedilo baixo todo dia)

As variaacuteveis que influenciam no apreccedilamento de cada unidade de negoacutecio das redes natildeo

foram muito exploradas pelos gerentes nas entrevistas realizadas mas eacute e evidente a

importacircncia do formato de canal na escolha das estrateacutegias Ao se posicionarem de formas

diferentes e escolherem puacuteblicos diferentes para cada divisatildeo a influecircncia do tipo de loja fica

clara

Os supermercados ao se posicionarem como de vizinhanccedila jaacute consideram

automaticamente a localizaccedilatildeo e a renda dos consumidores como fatores determinantes do

preccedilo Conforme explicado na revisatildeo teoacuterica os preccedilos devem obedecer ao niacutevel do mercado

em que encontram-se caso contraacuterio perdem venda por estarem ou muito acima da

concorrecircncia ou comprometem os ganhos se praticarem preccedilos muito abaixo

Os produtos comercializados tambeacutem tecircm influecircncia Nos formatos que possuem sortimentos

limitados (lojas de desconto) a presenccedila de marcas-proacuteprias eacute grande pois natildeo precisam de

investimentos em miacutedia de massa e podem ser comercializados agrave preccedilos adequados ao

orccedilamento das classes C e D Os formatos que operam com sortimento maior (em variedade e

profundidade) precisam trabalhar com o conceito de preccedilo psicoloacutegico associando o valor

monetaacuterio alto com alta qualidade do produto Nenhuma das redes afirmou utilizar a

estrateacutegia poreacutem a praacutetica de preccedilos psicoloacutegicos eacute tradicional jaacute na induacutestria e eacute repassada

para o ponto de venda

149

As marcas liacutederes geralmente apresentam preccedilo superior para traduzir ao cliente a qualidade

de seu produto e esse preccedilo eacute repassado pelas redes para o consumidor final As redes

supermercadistas trabalham com marcas liacutederes para melhorar a imagem que constroem na

mente do comprador A marca que o cliente deseja precisa estar disponibilizada nas gocircndolas

ou o consumidor natildeo se sentiraacute satisfeito com a experiecircncia de compra (KUNKEL BERRY

1968 LINDQUIST 1974 DOYLE FENWICK 1974 ENGEL BLACKWELL 1995)

Assim tambeacutem eacute possiacutevel afirmar que as marcas tecircm influecircncia na determinaccedilatildeo dos produtos

comercializados pelos supermercadistas

As informaccedilotildees das redes que confirmam essa observaccedilatildeo eacute a comercializaccedilatildeo dos mesmos

produtos de mesma marca e caracteriacutesticas a preccedilos mais altos em lojas localizadas em

regiotildees nobres e a preccedilos mais baixos em lojas localizadas na periferia da cidade

As negociaccedilotildees fazem parte do cotidiano de todas as empresas Como as redes estatildeo entre as

dez maiores em faturamento (ABRAS 2005) a compra em volume eacute consideraacutevel e o poder

sobre os fornecedores tambeacutem Haacute anos uma negociaccedilatildeo era determinada principalmente

pelo preccedilo Com a concorrecircncia acirrada o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas

negociaccedilotildees entre varejistas e fornecedores As maiores empresas negociam grandes volumes

a preccedilos mais baixos do que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais

acessiacuteveis de um mesmo produto do que a concorrecircncia

Entretanto conforme jaacute citado a variaacutevel que claramente exerce maior influecircncia na

formaccedilatildeo dos preccedilos das mercadorias comercializadas pelas redes eacute o formato do canal

Mesmo utilizando o mesmo meacutetodo de apreccedilamento as lojas de diferentes formatos praticam

poliacuteticas diferentes Como o posicionamento e o puacuteblico-alvo satildeo distintos as ferramentas

para adequar os preccedilos dos produtos natildeo satildeo as mesmas Cada puacuteblico tem suas

caracteriacutesticas poder de compra rendas distintas e ocasiotildees de compra diferentes

150

Aleacutem disso os supermercados de vizinhanccedila oferecem mais serviccedilos para o cliente final

Como localizam-se proacuteximo agrave residecircncia do consumidor geralmente oferecem serviccedilos de

entrega por exemplo Serviccedilos adicionais aumentam o custo interno do varejista e portanto

para conseguir cobrir todos os gastos as margens consideradas no caacutelculo do mark-up natildeo

podem ser tatildeo baixas Por mais que o foco seja a reduccedilatildeo de custos mesmo por meio de

melhores negociaccedilotildees com os fornecedores (como no caso da Rede C) os produtos natildeo tecircm

os mesmos preccedilos que as lojas de hipermercado

Nas lojas de desconto como os serviccedilos satildeo poucos e a estrutura disponiacutevel eacute mais simples

(natildeo tecircm estoque as mercadorias satildeo guardadas por cima da gocircndola) o nuacutemero de

funcionaacuterios restrito e poucos investimentos em comunicaccedilatildeo e merchandising os custos

abaixam e eacute possiacutevel praticar preccedilos abaixo da meacutedia do mercado Haacute tambeacutem a

comercializaccedilatildeo de marcas proacuteprias que ajudam no ganho maior

Para facilitar a visualizaccedilatildeo das estrateacutegias utilizadas pelas redes supermercadistas no

apreccedilamento dos produtos que comercializam o quadro 11 foi elaborado

A seguir apresenta-se a conclusatildeo da dissertaccedilatildeo bem como as limitaccedilotildees encontradas e as

sugestotildees de estudos futuros

151

Quadro 11 Resumo das estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas redes varejistas

pesquisadas

Estrateacutegias

Redes

Rede A Rede B Rede C

Objetivo de Preccedilo

- Participaccedilatildeo de mercado - Valor percebido pelos consumidores (supermercado)

- Participaccedilatildeo do mercado

- Participaccedilatildeo do mercado

Anaacutelise da Demanda

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos nos hipermercados e lojas de desconto Consumidores pouco sensiacuteveis nos supermercados

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos - Busca da melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos

Estimativa de Custos

- Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Controle sobre gastos e

Anaacutelise da Concorrecircncia

- Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos

Seleccedilatildeo do Meacutetodo

- Mark-up - Mark-up - Mark-up

Adequaccedilatildeo do Preccedilo

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - Preccedilo psicoloacutegico (supermercados) - Preccedilos por segmento (supermercados) - HILO (hipermercados)

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - HILO (todos os formatos)

- Poliacutetica EDLP para todos os formatos - Preccedilo isca

Variaacuteveis que influenciam

- Localizaccedilatildeo da loja - Renda do consumidor - Formato do canal - Marcas do produtos

- Formato do canal - Marcas do produtos - Poder sobre os fornecedores

- Poder sobre os fornecedores - Renda dos consumidores - Formato do canal - Marcas do produtos

Fonte Elaborado pela autora A seguir apresenta-se as conclusotildees do estudo suas limitaccedilotildees e sugestotildees de estudos futuros

152

5 CONCLUSOtildeES

Este estudo teve como objetivo analisar a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em supermercados

Para que o objetivo fosse cumprido uma revisatildeo bibliograacutefica foi desenvolvida e abordou

conceitos sobre demanda custos meacutetodos de apreccedilamento teacutecnicas de adequaccedilatildeo de preccedilos e

variaacuteveis que influenciam nessa decisatildeo

Um estudo multicaso em trecircs redes supermercadistas foi elaborado para analisar como os

temas abordados na revisatildeo satildeo utilizados na praacutetica por algumas empresas do setor Para isso

desenvolveu-se um protocolo com os passos necessaacuterios para o desenvolvimento da pesquisa

empiacuterica Apresentou-se tambeacutem o histoacuterico a situaccedilatildeo atual e as principais tendecircncias do

varejo para o entendimento das circunstacircncias atuais de concorrecircncia e crescimento das

redes

Apoacutes essa apresentaccedilatildeo os casos foram descritos e analisados pela autora Baseando-se

nessas anaacutelises foi constatado que atualmente com o mercado cada vez mais competitivo e

com o faacutecil acesso dos consumidores agrave comparaccedilatildeo de preccedilos a decisatildeo sobre as estrateacutegias

de apreccedilamento tornou-se fundamental para o bom desempenho das redes supermercadistas

que visam ganho de vantagem competitiva

O estudo de multicasos demonstrou que os meacutetodos de apreccedilamento e de adequaccedilatildeo de preccedilos

satildeo ainda pouco utilizados pelas redes estudadas no que se refere agrave variedade de teacutecnicas

existentes para serem aplicadas a situaccedilotildees diferentes As empresas demonstraram o uso

adequado do mark-up e de estrateacutegias de descontos (peccedilo isca e descontos sazonais) poreacutem

de acordo com a teoria proposta tais meacutetodos apresentam limitaccedilotildees que podem alongo

prazo prejudicar o alcance dos objetivos de rentabilidade e participaccedilatildeo de mercado dos

grupos supermercadistas analisados

153

Cabe ressaltar que ateacute hoje as empresas estudadas tecircm conseguido atingir seus objetivos de

preccedilo por meio da utilizaccedilatildeo do meacutetodo de mark-up em conjunto com as anaacutelises de demanda

e concorrecircncia segundo os resultados de vendas e a colocaccedilatildeo no ranking da ABRAS

Entretanto o setor busca novas tecnologias para reduccedilatildeo de custos e tambeacutem apresenta outras

estrateacutegias para fidelizar os seus clientes que consideram outras variaacuteveis aleacutem dos custos

O acompanhamento das accedilotildees dos competidores por meio do shopping de preccedilos de cada

loja em diferentes regiotildees tem permitido agraves redes a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia sobre

suas estrateacutegias e a praacutetica de teacutecnicas de defesa como cobrir ofertas ou melhores negociaccedilotildees

com seus fornecedores para operar com preccedilos dentro do mercado Poreacutem as empresas focam

nas estrateacutegias dos concorrentes e acabam por desenvolver accedilotildees muito proacuteximas e parecidas

com as dos competidores enquanto poderiam analisar com maior profundidades os seus

puacuteblicos e oferecer vantagens de acordo com o estilo de vida a renda e as necessidades de

cada segmento de mercado que atende

A Rede C por exemplo considera que todos os seus consumidores tecircm o mesmo niacutevel de

sensibilidade agrave preccedilos Mas eles possuem haacutebitos de compra diferentes e frequumlentam formatos

de loja distintos o que demonstra que nem todas as caracteriacutesticas satildeo as mesmas Caso

utilizasse o preccedilo discriminatoacuterio poderia diferenciar as suas bandeiras e atingir talvez de

forma mais eficaz o objetivo de maior participaccedilatildeo de mercado A Rede A embora natildeo

demonstre conhecimento suficiente sobre o conceito de preccedilo discriminatoacuterio eacute a uacutenica entre

as organizaccedilotildees estudadas que opera com estrateacutegias diferentes para cada puacuteblico que

frequumlenta suas diferentes divisotildees

O foco para a reduccedilatildeo dos custos e praacutetica de maiores margens eacute nas negociaccedilotildees com

fornecedores Apenas uma das empresas admitiu o uso de ferramentas tecnoloacutegicas para

diminuir custos A aplicaccedilatildeo de teacutecnicas de apreccedilamento para alcanccedilar esse objetivo natildeo foi

154

verificada o que demonstra a existecircncia de espaccedilo para o desenvolvimento da gestatildeo de

preccedilos nas empresas pesquisadas

Eacute importante ressaltar que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave formaccedilatildeo de preccedilos de

dos produtos que comercializam eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos

conceitos e ferramentas disponiacuteveis assim como o conhecimento das demais teacutecnicas de

adequaccedilatildeo como preccedilos geograacuteficos que permitem tambeacutem a tatildeo desejada reduccedilatildeo de custos

Os estudos cientiacuteficos sobre preccedilos tecircm demonstrado novos modelos como o custo-alvo que

permitem que as decisotildees sobre apreccedilamento sejam mais confiaacuteveis de proacuteximas agraves

necessidades e possibilidades financeiras dos clientes finais Conforme os meacutetodos vatildeo sendo

aprimorados menor a chance das estrateacutegias e dos planejamentos de precificaccedilatildeo falharem

Poreacutem eacute preciso que as redes supermercadistas deixem de analisar somente seus competidores

e de desenvolverem accedilotildees para se proteger dos ataques e observem mais de perto as atitudes

caracteriacutesticas e diferentes estilos dos seguimento de compradores que atingem ou pretendem

conquistar

155

51 Limitaccedilotildees

Campomar (1991) explica que tanto os meacutetodos quantitativos quanto os meacutetodos qualitativos

possuem suas limitaccedilotildees e estas devem ser claramente mencionadas nos trabalhos cientiacuteficos

As limitaccedilotildees do presente trabalho referem-se primeiramente a natureza do meacutetodo Embora

as escolhas tenham permitido o alcance dos objetivos propostos no estudo existem algumas

consideraccedilotildees importantes a serem feitas

A primeira delas refere-se agrave amostra pesquisada Por se tratar de uma amostra natildeo

representativa os dados coletados e analisados bem como as conclusotildees apresentadas natildeo

podem ser generalizados para todo o setor supermercadista As observaccedilotildees soacute devem ser

consideradas para as trecircs empresas que participaram do estudo mesmo que as companhias

estejam entre as maiores em faturamento Outro fator que impede a generalizaccedilatildeo eacute o seu

objetivo exploratoacuterio A dissertaccedilatildeo foi baseada em revisatildeo de literatura e estudos de caso

Um ponto importante refere-se ao proacuteprio setor supermercadista Como trata-se de um

mercado competitivo as empresas natildeo aceitaram a divulgaccedilatildeo de alguns dados e se

restringiram apenas a comentar quais satildeo as estrateacutegias gerais utilizadas para o apreccedilamento

dos produtos que comercializam Estrateacutegias especiacuteficas quanto ao posicionamento futuras

mudanccedilas desenvolvimento de novas tecnologias e praacuteticas e variaacuteveis utilizadas natildeo foram

expostas por nenhuma das redes As conclusotildees sobre esses aspectos forma baseadas em

alguns comentaacuterios e pesquisa de dados secundaacuterios

156

52 Sugestotildees para futuros estudos

Estudos futuros podem comparar a pesquisa realizada com os resultados obtido em outras

redes supermercadistas atuantes no paiacutes Nessa dissertaccedilatildeo foram analisadas trecircs das dez

maiores empresas em faturamento O estudo poderia identificar se as os passos seguidos para

a determinaccedilatildeo de preccedilo e as variaacuteveis influenciadoras satildeo as mesmas identificadas nessa

pesquisa Com uma amostra maior os resultados poderiam trazer informaccedilotildees mais precisas a

respeito do apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

Um outro estudo pode coletar dados primaacuterios de preccedilos de produtos em diferentes formatos e

verificar a influecircncia de das variaacuteveis propostas de forma estatiacutestica O grau de influecircncia de

cada uma pode ser medido e os seguintes objetivos verificados

bull A influecircncia da marca no apreccedilamento estrateacutegico supermercadista

bull A influecircncia da faixa de renda dos consumidores que habitam as regiotildees de cada loja

A influecircncia do formato do canal de distribuiccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos dos produtos

comercializados pelos varejistas

A influecircncia da regiatildeo onde cada loja se localiza na precificaccedilatildeo de produtos

comercializados pelos supermercados

A influecircncia do poder do canal de distribuiccedilatildeo sobre os seus fornecedores e

A influecircncia do preccedilo do concorrente na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos de uma

rede

Outras possibilidades dizem respeito ao estudo da formaccedilatildeo de preccedilos em tipos diferentes de

varejo comparando o setor supermercadista com os outras empresas de serviccedilos

157

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  • 11 Apresentaccedilatildeo
  • 12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo
  • 13 Objetivos
  • 14 Justificativa
  • 15 Organizaccedilatildeo do estudo
  • 21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo
  • 22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo
  • 23 Determinaccedilatildeo da Demanda
    • 231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)
      • 24 Estimativa de Custos
        • 241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos
          • 25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes
          • 26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo
          • 27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final
          • 28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo
          • 29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista
          • 210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados
          • 211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo
            • 2111 Produto
            • 2112 Marca
            • 2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo
            • 2114 Localizaccedilatildeo da Loja
            • 2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista
            • 2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas
            • 117 O Preccedilo da Concorrecircncia
              • 31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo
                • 311 O Tipo de Pesquisa
                • 312 A Natureza da Pesquisa
                • 313 O Meacutetodo da Pesquisa
                  • 3131 Protocolo para os Estudos de Caso
                      • 41 Os Supermercados no Brasil
                      • 42 Caso 1 ndash Rede A
                      • 43 Caso 2 ndash Rede B
                      • 44 Caso 3 ndash Rede C
                      • 43 Anaacutelise dos Casos
                      • 51 Limitaccedilotildees
                      • 52 Sugestotildees para futuros estudos

PAULA BULAMAH SPINELLI

ANAacuteLISE DA FORMACcedilAtildeO DE PRECcedilO DE PRODUTOS UM ESTUDO MULTICASOS EM SUPERMERCADOS

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo de Organizaccedilotildees do Departamento de Administraccedilatildeo da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo Orientador Prof Dr Flaacutevio Torres Urdan

Ribeiratildeo Preto 2006

FICHA CATALOGRAacuteFICA

Spinelli Paula Bulamah

Anaacutelise da Formaccedilatildeo de Preccedilos de Produtos Um Estudo Multicasos em Supermercados Ribeiratildeo Preto 2006

170 p

Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada agrave Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo PretoUSP ndash Aacuterea de concentraccedilatildeo Marketing

Orientador Urdan Flaacutevio Torres

1 Preccedilos 2 Produto 3 Supermercado

FOLHA DE APROVACcedilAtildeO

Paula Bulamah Spinelli Anaacutelise da Formaccedilatildeo de Preccedilo de Produtos Um Estudo Multicasos em Supermercados

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo de Organizaccedilotildees do Departamento de Administraccedilatildeo da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo Aacuterea de Concentraccedilatildeo Marketing

Aprovada em

Banca Examinadora

Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura __________________________ Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura __________________________ Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura ________________________

Dedico este trabalho aos meus pais Rosi e Luiz Spinelli e meu irmatildeo Rui

Meus grandes exemplos

Para meus queridos tios Carlos Eli e Maria Tereza Piccinato e

as minhas ldquo irmatildesrdquo Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato

que estiveram sempre ao meu lado

AGRADECIMENTOS

Ao Professor e Orientador Dr Flaacutevio Torres Urdan a minha gratidatildeo pela orientaccedilatildeo valiosa

competecircncia confianccedila amizade e antes de tudo por ter representado muito mais do que seu

papel e ter me dado todo o apoio necessaacuterio nessa caminhada

Ao Diretor da FEARP Professor Dr Marcos Cortez Campomar pelas sugestotildees e discussotildees

que ajudaram a aprimorar este trabalho e por de ter compartilhado um pouco do seu

conhecimento comigo

Aos professores Dr Dirceu Tornavoi de Carvalho e Dr Marcos Fava Neves pelo apoio

durante todo o meu periacuteodo de aprendizado na poacutes graduaccedilatildeo

Aos professores Dr Maacutercio Mattos Borges de Oliveira e Dra Socircnia pela amizade pela

torcida e oportunidade de compartilhar junto a toda turma de poacutes-graduaccedilatildeo os momentos de

alegria

Ao pessoal da Secretaria de Poacutes-Graduaccedilatildeo da FEARP em especial agrave Eacuterika e ao Eduardo por

todo o apoio no curso

Agraves ldquomeninas da FUNDACErdquo pela amizade pela confianccedila e pelo apoio

Aos profissionais que aceitaram e se dispuseram a participar da pesquisa minha sincera

gratidatildeo

As minhas amigas-irmatildes de todas as horas que me apoiaram nas decisotildees que tomei e que

estatildeo do meu lado haacute anos Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato e Juliana Freitas

Aos amigos que fiz durante o mestrado da primeira e segunda turma aqui representados pela

Flaacutevia Ghisi e Janaiacutena Giraldi grandes companheiras de trabalhos artigos disciplinas e

comemoraccedilotildees e a minha turma pela convivecircncia e apoio nos momentos criacuteticos de

avaliaccedilotildees representada pelo meu amigo Marco Antonio Conejero companheiro desde as

entrevistas

ldquoO homem nasceu para aprender aprender tanto quanto a vida lhe permitardquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa)

RESUMO

O presente trabalho analisa a importacircncia da determinaccedilatildeo de preccedilos para a competitividade

do varejo supermercadista Apoacutes uma revisatildeo da literatura sobre as diversas definiccedilotildees de

preccedilos e as formas de estabelececirc-los satildeo analisadas as seis etapas propostas por especialistas

de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico de produtos Nessas seis etapas satildeo discutidas a

influecircncia da demanda e a importacircncia dos custos os meacutetodos de estabelecimento mais

utilizados descrevendo-se suas caracteriacutesticas e limitaccedilotildees as teacutecnicas de adequaccedilatildeo agrave

diversas situaccedilotildees bem como a seleccedilatildeo do preccedilo final Os passos adotados pelos varejistas

satildeo tambeacutem abordados assim como outras variaacuteveis que tecircm impacto na estrateacutegia escolhida

para se fixar os preccedilos nos supermercados aleacutem da demanda dos custos e dos concorrentes

Por fim as estrateacutegias de apreccedilamento satildeo estudadas empiricamente por meio de entrevistas

em profundidade com gerentes de trecircs redes de varejo de grande porte que atuam no mercado

nacional onde eacute verificada a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de apreccedilamento como instrumento de

auxiacutelio na tomada de decisotildees relacionadas aos programas de preccedilo da empresa Em

conclusatildeo verifica-se que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave definiccedilatildeo de poliacuteticas de

preccedilos eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos conceitos e das variaacuteveis da que

influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos que comercializam assim como o

conhecimento das diversas teacutecnicas de apreccedilamento aleacutem do mark-up

Palavras-chave preccedilo produto supermercados

ABSTRACT

The present paper analyses the importance of pricing for the competitiveness of the retail

sector (supermarkets) After a bibliographic survey on the several definitions concerning price

and how it is determinate six steps proposed by marketing experts to products strategic

pricing are analyzed In these steps the demand influence the costs importance and the most

important pricing methods are discussed describing their characteristics and limitations the

techniques to adequate it to different situations as so as the final price selection The steps

that are adopted by supermarket retail are also outlined thus as the variables that have some

influence on its chosen pricing strategy Demand and competitors costs are also analyzed

Finally pricing strategies are empirically studied through multicases study on three large

retail chains In this part the use by these companies of pricing methods as a tool to assist

decision making related to the long-run pricing programs is verified In conclusion it is seen

that while retail specialists seek more scientific and reliable bases for aiding the decisions

regarding the price strategies it is essential that they posses a clear comprehension of the

concepts and the variables that have influence on products price determination that are

commercialized by themselves as well as the technical skills to pricing besides the mark-up

method

Key-words price product supermarket retail

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing22

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos 25

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto 34

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto 34

Figura 5 Representaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticidade da Demanda36

Figura 6 Curva de Demanda de um Vendedor Individual quando independentemente muda o

preccedilo 37

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos39

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem46

Figura 9 O modelo dos 3 Cs para a determinaccedilatildeo de preccedilos 59

Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos61

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja 76

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja 77

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo 81

8

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo33

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado 54

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia 55

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees60

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos 65

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja74

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista 82

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas86

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo 91

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro 123

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro 124

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 Apresentaccedilatildeo 11

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo15

13 Objetivos15

14 Justificativa16

15 Organizaccedilatildeo do estudo18

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA 20

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo20

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo27

23 Determinaccedilatildeo da Demanda33

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente) 41

24 Estimativa de Custos 44

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos 50

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes 51

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo 58

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final 62

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo64

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista69

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados 79

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo 91

2111 Produto 92

2112 Marca 93

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo95

2114 Localizaccedilatildeo da Loja101

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista102

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas105

2117 O Preccedilo da Concorrecircncia106

10

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO 109

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo109

311 O Tipo de Pesquisa 110

312 A Natureza da Pesquisa 112

313 O Meacutetodo da Pesquisa 114

4 O ESTUDO MULTICASOS121

41 Os Supermercados no Brasil 121

42 Caso 1 Rede A 127

43 Caso 2 Rede B 133

44 Caso 3 Rede C 139

43 Anaacutelise dos Casos145

5 CONCLUSOtildeES152

51 Limitaccedilotildees 155

REFEREcircNCIAS 157

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Apresentaccedilatildeo

Boone e Kurtz (1998) afirmam que filoacutesofos antigos jaacute reconheciam a importacircncia do preccedilo

no sistema econocircmico pois alguns documentos da eacutepoca demonstram tentativas de

determinar preccedilos justos e moderados Atualmente o preccedilo ainda exerce a funccedilatildeo de regular a

atividade econocircmica e o emprego de qualquer um dos quatro fatores de produccedilatildeo (terra

capital recursos humanos e empreendedorismo) depende do preccedilo que lhe eacute atribuiacutedo Para

uma empresa os preccedilos cobrados e as quantidades adquiridas de um produto por seus

clientes representam a receita recebida portanto os preccedilos influenciam os lucros da

companhia bem como a utilizaccedilatildeo de seus fatores de produccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998)

Aleacutem disso o preccedilo eacute um dos principais determinantes para a escolha dos produtos pelos

compradores Eacute um dos elementos chave para alcanccedilar o volume de vendas desejado e por

consequumlecircncia tem grande impacto nos lucros das empresas e tem o papel fundamental na

percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos consumidores

Lopes Reis e Abukawa (1996) afirmam que o preccedilo eacute a variaacutevel do composto que pode ser

mais facilmente comparada pelo consumidor no momento da compra Os autores ainda citam

que em situaccedilotildees econocircmicas inflacionaacuterias recessivas ou ambas a determinaccedilatildeo de preccedilos

de produtos pode se tornar uma tarefa bastante confusa Mas por que o preccedilo natildeo apresentou

o mesmo destaque que as demais variaacuteveis do composto de marketing nos estudos acadecircmicos

e para os profissionais da aacuterea como afirmam Nagle e Holden (2003)

12

Jain (2000) argumenta que a estabilidade econocircmica dos anos 60 no mundo eacute que pode ser

responsabilizada particularmente pelo baixo status atribuiacutedo agrave variaacutevel preccedilo Para o autor

estrategicamente a funccedilatildeo do apreccedilamento significava apenas atribuir um retorno adequado

ao investimento realizado Segundo o autor nos anos 70 vaacuterios eventos foram responsaacuteveis

por uma reviravolta na tarefa de determinar os preccedilos dos bens e serviccedilos entre eles o

consumismo o custo alto do dinheiro o controle do comportamento dos preccedilos praticados

falta de mateacuterias-primas entre outros todos tornaram o preccedilo uma variaacutevel importante (JAIN

2000 LAMBIN 2000a)

Nagle e Holden (2003) afirmam que foi nos anos 80 que os profissionais de marketing

enfrentaram grandes desafios Empresas detentoras de marcas liacutederes viram a lealdade a suas

marcas e seu poder junto aos distribuidores diminuir As grandes empresas viram seus lucros

caiacuterem enquanto as organizaccedilotildees menores atraiacuteam seus clientes mais lucrativos Entatildeo

liacutederes corporativos mostraram que era possiacutevel aumentar o fluxo de caixa e os lucros por

meio dos preccedilos mais altos mesmo que essa estrateacutegia resultasse em uma perda de

participaccedilatildeo de mercado (NAGLE HOLDEN 2003)

O acontecimento mostrou agraves empresas que a estrateacutegia de determinaccedilatildeo de preccedilos deve ser

cuidadosamente planejada e todas as teacutecnicas de apreccedilamento devem ser dominadas pelos

profissionais de marketing principalmente no ambiente competitivo em que as companhias

atualmente encontram-se inseridas

A fixaccedilatildeo de preccedilos eacute considerada tatildeo complexa que Kotler e Keller (2005) afirmam que as

empresas lidam com o apreccedilamento de vaacuterias maneiras Nas pequenas empresas eles satildeo

determinados pelos proacuteprios dirigentes e nas grandes satildeo gerentes satildeo gerentes de divisotildees e

produtos os responsaacuteveis pela tarefa Em setores em que o preccedilo eacute o fator-chave as

organizaccedilotildees dispotildeem de um departamento especiacutefico para fixaacute-los ou auxiliar no

13

apreccedilamento dos produtos Este departamento estaacute geralmente subordinado agrave diretoria de

marketing financcedilas ou agrave alta administraccedilatildeo Outros que exercem influecircncia satildeo os gerentes de

vendas de produccedilatildeo gerentes financeiros e os contadores Nagle e Holden (2003) atribuem

essa mudanccedila na estrutura como resultado do apreccedilamento estrateacutegico ou seja as empresas

estatildeo atualmente administrando proativamente as condiccedilotildees do mercado

Engle Blackwell e Miniard (1995) afirmam ainda que o preccedilo eacute determinante para a escolha

da loja supermercadista pelo cliente A formaccedilatildeo de preccedilos de venda estaacute portanto entre as

mais importantes decisotildees da empresa Apesar de parecer faacutecil o apreccedilamento compreende

um processo complexo por depender do grande nuacutemero de variaacuteveis quantitativas e

qualitativas e estas nem sempre partem da decisatildeo interna da organizaccedilatildeo necessitando

estarem inseridas no planejamento estrateacutegico capaz de refletir os objetivos da empresa

(JAIN 2000)

O varejo brasileiro por exemplo que eacute a unidade de anaacutelise do caso apresentado nesse

estudo enfatiza o aspecto preccedilo como fator fundamental para a busca de um diferencial

competitivo e para a conquista de clientes O ambiente macro-econocircmico mundial nas uacuteltimas

deacutecadas apoacutes sucessivas mudanccedilas na economia propiciou a chegada de novos competidores

e novas tecnologias fomentando de forma mais intensiva a disputa de mercado e motivando o

setor industrial e o proacuteprio varejo a investir e a procurar entender e se ajustar melhor agraves

necessidades desejos e expectativas dos consumidores (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR

2003)

Parente (2000) defende que de todas as variaacuteveis do composto de marketing a decisatildeo de

preccedilo eacute a que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas pois podem ser mudadas rapidamente da noite para o

dia

14

A determinaccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos no varejo eacute uma decisatildeo que deve ser tomada

cuidadosamente e requer conhecimento das variaacuteveis que podem afetar o bom desempenho

dessa tarefa Dessa forma eacute pertinente descrever as estrateacutegias das redes supermercadistas

quanto ao apreccedilamento dos produtos que comercializam e identificar as variaacuteveis que

influenciam nessa estrateacutegia

No varejo supermercadista as grandes redes demonstram por comprarem grandes volumes de

produtos maior poder de barganha na negociaccedilatildeo e consequumlentemente tecircm condiccedilotildees de

vender ao consumidor produtos a um preccedilo mais competitivo (GHISI 2005) Mas soacute a

vantagem na negociaccedilatildeo pode garantir o sucesso do varejista em preccedilos competitivos Quais

seriam as outras variaacuteveis de marketing que poderiam influenciar no apreccedilamento dos

produtos pelo varejo supermercadista

O preccedilo eacute fator-chave de posicionamento e sendo assim precisa ser definido em relaccedilatildeo ao

mercado-alvo ao mix de sortimento de produtos e serviccedilos e agrave concorrecircncia (KOTLER

KELLER 2005) McGoldrick (1990) ainda defende que no varejo a determinaccedilatildeo dos

preccedilos de venda dos produtos e serviccedilos oferecidos ao consumidor final tende a ser um

processo complexo devido agrave quantidade de itens comercializados e tambeacutem da possibilidade

de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre regiotildees

Morgenstein e Strogin (1992) afirmam que a conveniecircncia tem um preccedilo para o consumidor

o que indica a disposiccedilatildeo para o pagamento de uma quantia mais elevada pelas facilidades e

serviccedilos oferecidos a esses clientes Kotler e Armstrong (1998 p 96) citam que a empresa

que realmente compreender como os consumidores respondem agraves diferentes caracteriacutesticas

preccedilos e apelos de propaganda tem uma grande vantagem sobre seus concorrentes

15

Nesse sentido o presente trabalho analisou da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em

supermercados e procurou identificar variaacuteveis que influenciam a as decisotildees de apreccedilamento

nesse tipo de organizaccedilatildeo No final do estudo tecircm-se recomendaccedilotildees focadas natildeo apenas nos

modelos de apreccedilamento mais adequados de acordo com a teoria mas tambeacutem como esses

modelos satildeo utilizados na praacutetica e como as variaacuteveis de marketing podem influenciar tais

modelos A seguir apresenta-se a justificativa da escolha do tema estudado

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo

No caso deste estudo a pergunta que originou a pesquisa fundamentada na revisatildeo

bibliograacutefica foi assim definida

Como satildeo formados os preccedilos de venda dos produtos no varejo supermercadista

O objetivo geral e os objetivos especiacuteficos satildeo apresentados a seguir

13 Objetivos

O objetivo geral desta pesquisa eacute verificar como satildeo formados os preccedilos de venda dos

produtos no varejo supermercadista

16

Os objetivos especiacuteficos para anaacutelise do setor satildeo

1 Verificar quais satildeo os procedimentos de estabelecimento de preccedilos dos produtos

comercializados

2 Verificar a importacircncia da anaacutelise da demanda dos custos e da concorrecircncia na

determinaccedilatildeo dos preccedilos desses produtos

3 Verificar quais satildeo os meacutetodos de apreccedilamento existentes e suas adaptaccedilotildees

4 Verificar quais satildeo os principais objetivos de preccedilo que os supermercados procuram

atingir

5 Verificar quais satildeo as estrateacutegias de apreccedilamento que os supermercados mais utilizam

6 Verificar qual eacute a influecircncia da demanda dos custos e da concorrecircncia no

apreccedilamento dos produtos pelos supermercados

7 Verificar quais satildeo as outras variaacuteveis que influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos de

venda dos produtos comercializados por eles

14 Justificativa

A justificativa deste estudo estaacute fundamentada em alguns dos aspectos defendidos por Barral

(2003) considerados relevantes na decisatildeo de fazer uma pesquisa cientiacutefica atualidade do

tema ou seja a sua inserccedilatildeo no contexto atual interesse do autor ou o viacutenculo do autor com o

tema a sua relevacircncia que pode ser entendida como a importacircncia social poliacutetica etc e a

pertinecircncia do tema a sua contribuiccedilatildeo

17

Nagle e Holden (2003) explicam que a literatura de marketing natildeo evoluiu na mesma

velocidade sobre questotildees que envolvem preccedilo se comparada com as demais variaacuteveis do

composto de marketing Historicamente o pouco uso de meacutetodos quantitativos em pesquisas

da aacuterea de administraccedilatildeo produziu um certo desequiliacutebrio no nuacutemero de publicaccedilotildees

envolvendo preccedilos comparativamente aos demais componentes do mix de marketing Os

mesmo autores afirmam que os acadecircmicos de marketing desprezavam a determinaccedilatildeo de

preccedilos oferecendo pouca pesquisa na aacuterea e poucos cursos sobre o tema assegurando aos seus

alunos que quando problemas decorrentes da definiccedilatildeo de preccedilos surgiam todos poderiam

ser solucionados indiretamente redobrando-se os esforccedilos de diferenciaccedilatildeo de produtos e

serviccedilos (NAGLE HOLDEN 2003)

Entretanto a estabilidade da moeda brasileira nos uacuteltimos anos tem ampliado o foco das

estrateacutegias competitivas das organizaccedilotildees para o preccedilo no paiacutes Enquanto o processo

inflacionaacuterio mantinha-se generalizado e em tendecircncia crescente a avaliaccedilatildeo dos preccedilos

relativos pelos consumidores era um exerciacutecio pouco frutiacutefero ou seja os consumidores natildeo

tinham memoacuteria de preccedilos Com a relativa estabilidade este exerciacutecio comeccedila a fazer mais

sentido tornando interessante avaliar ateacute que ponto algumas variaacuteveis como preccedilo do

concorrente conveniecircncia e serviccedilos localizaccedilatildeo da loja marca do produto poder de

barganha entre outras influenciam a formaccedilatildeo dos preccedilos finais dos produtos pelos varejistas

Aleacutem disso o estudo sobre a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos eacute uma questatildeo importante para

os profissionais de marketing por duas razotildees primeiro possibilita melhor compreensatildeo das

variaacuteveis que podem influenciar a sua determinaccedilatildeo o que ajuda a entender porque alguns

varejistas estatildeo mais bem posicionados ou satildeo mais competitivos no mercado do que outros e

segundo fornece informaccedilotildees importantes para conseguir a lealdade dos consumidores jaacute

que conforme citado anteriormente o preccedilo pode ser decisivo na escolha do consumidor por

18

uma rede supermercadista Estudo realizado por Vanhuele e Dreze (2002) demonstra que os

consumidores tecircm um forte interesse em manter o conhecimento sobre os preccedilos dos produtos

que compram e Cao e Gruca (2001) afirmam que aqueles que satildeo informados sobre os preccedilos

mais baixos vatildeo direto agrave loja sem qualquer custo de tempo ou de recurso financeiro

O interesse pelo estudo estaacute na oportunidade de participar de tal discussatildeo em uma aacuterea

importante para a economia atual e para acadecircmicos e profissionais de marketing Haacute tambeacutem

o momento competitivo e turbulento em que o varejo supermercadista brasileiro se encontra

o que torna a discussatildeo oportuna

Como contribuiccedilatildeo o estudo pretende apresentar outras variaacuteveis como influenciadoras na

formaccedilatildeo do preccedilo e das estrateacutegias de apreccedilamento que podem auxiliar os varejistas na

compreensatildeo e avaliaccedilatildeo de suas estrateacutegias e de seus concorrentes e servir de base para

futuras pesquisas sobre formaccedilatildeo de preccedilos

15 Organizaccedilatildeo do estudo

O capiacutetulo 1 descreveu apresentou o tema discutido o problema de pesquisa investigado e

definiu quais satildeo os objetivos do estudo O capiacutetulo 2 reuacutene apresenta e discute os

referenciais teoacutericos necessaacuterios para a compreensatildeo da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos e

aborda como a determinaccedilatildeo de preccedilos de venda acontece no varejo supermercadista

descrevendo tambeacutem quais variaacuteveis de marketing que possivelmente influenciam nessa

formaccedilatildeo

19

Assim no referencial teoacuterico apresentam-se as definiccedilotildees de preccedilos modelos de formaccedilatildeo de

preccedilos objetivos e estrateacutegias de apreccedilamento e as variaacuteveis utilizadas nessa formaccedilatildeo

Discutem-se tambeacutem os aspectos de gestatildeo de varejo e as escolhas de apreccedilamento para o

setor

O capiacutetulo 3 descreve o estudo empiacuterico realizado com o objetivo de complementar a revisatildeo

bibliograacutefica realizada sobre preccedilos Neste capiacutetulo o meacutetodo de pesquisa utilizado o tipo de

pesquisa os procedimentos de coleta de dados o instrumento de coleta e a discussatildeo das

anaacutelises necessaacuterias para a realizaccedilatildeo dos casos foram apresentados

No capiacutetulo 4 encontram-se os resultados obtidos na pesquisa empiacuterica e no capiacutetulo 5

apresentam-se as conclusotildees limitaccedilotildees do trabalho e sugestotildees de estudos futuros

20

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo

Embora outras variaacuteveis do composto de marketing sejam importantes o preccedilo permanece

como um dos elementos fundamentais na determinaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado e da

lucratividade das empresas As diferentes definiccedilotildees de preccedilo existentes na literatura satildeo de

alguma forma bem parecidas indicando que preccedilo eacute o que vocecirc paga pelo que recebe

As definiccedilotildees de preccedilos se complementam e nenhuma eacute considerada errada mas em algum

momento os autores deixam de citar explicitamente caracteriacutesticas importantes da variaacutevel

que natildeo podem ser esquecidas no momento de sua apresentaccedilatildeo Por essa limitaccedilatildeo o

presente toacutepico descreve vaacuterias citaccedilotildees de diferentes autores e discute tais definiccedilotildees com o

objetivo de chegar a uma siacutentese sobre a melhor forma de caracterizar a variaacutevel preccedilo

McCarthy (1982) define como preccedilo o que eacute cobrado por algo mesmo que este seja avaliado

de forma incorreta Eacute a expressatildeo monetaacuteria de algum bem ou serviccedilo Rossetti (2000)

complementa considerando que essa expressatildeo monetaacuteria resulta segundo a tradiccedilatildeo da teoria

da microeconomia da utilidade avaliada pelos que tecircm a necessidade e procuram satisfazecirc-la

aleacutem dos custos calculados pelos que produzem Estes entatildeo buscam ressarci-los pela oferta

Churchill Jr e Peter (2000) afirmam que preccedilo eacute a quantidade de dinheiro bens ou serviccedilos

que deve ser dada para adquirir a propriedade ou uso de um produto Mas o preccedilo eacute apenas

21

parte do custo total que os clientes pagam numa troca que inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos

Lambim (2000) e Stanton Walker Etzel (2001) definem o preccedilo como uma relaccedilatildeo que

indica o montante necessaacuterio para adquirir uma dada quantidade de bem ou serviccedilo e Sardinha

(1995) diz que eacute o elemento quantitativo que resume de forma numeacuterica as estrateacutegias de

marketing que a empresa tentou seguir Nesta mesma linha de raciociacutenio Monroe (1990

p05) define o preccedilo como uma equaccedilatildeo

Preccedilo = quantidade de dinheiro ou produtos e serviccedilos recebidos pelo vendedor

quantidade de produtos e serviccedilos recebidos pelo comprador

Czinkota (2001) afirma que o preccedilo eacute uma troca o que faz sentido pois em termos gerais

qualquer troca envolve preccedilo que nem sempre eacute monetaacuterio Junto com o conceito de

Churchill Jr e Peter (2000) estes podem ser considerados os mais completos na medida que

consideram tambeacutem fatores natildeo monetaacuterios O preccedilo eacute apenas uma parte do custo total que os

consumidores pagam em uma troca pois esta inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos aleacutem de desempenhar dois papeacuteis ou seja se a compra seraacute

efetuada e se ela seraacute lucrativa (CHURCHILL JR E PETER 2000) Poreacutem a definiccedilatildeo de

preccedilo que estaacute mais coerente com o trabalho eacute a de Sardinha (1995) que consegue reforccedilar a

dependecircncia do preccedilo agraves outras variaacuteveis do composto de marketing

Urdan e Urdan (2006) explicam que o marketing tem uma concepccedilatildeo mais elaborada do

preccedilo associada ao conceito de valor percebido (a soma dos benefiacutecios sobre a soma dos

custos) sob a oacutetica do cliente (URDAN URDAN 2006 p 184) Os autores afirmam que

preccedilo eacute tudo o que o consumidor percebe ter dado ou sacrificado para obter o produto O

22

preccedilo tem dois componentes O primeiro eacute o monetaacuterio que eacute a concepccedilatildeo usual do

consumidor mas que vai aleacutem do preccedilo pago pelo produto e acrescenta os custos de operaccedilatildeo

manutenccedilatildeo e depreciaccedilatildeo do bem O segundo eacute o componente natildeo monetaacuterio que consiste

nos custos de tempo de energia e psicoloacutegico para adquirir e utilizar o item (figura 1)

Fonte Urdan e Urdan (2006)

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing

Corey (1991) compara o estabelecimento de preccedilos a um jogo de pocircquer no qual a empresa

estabelece seu preccedilo na ausecircncia de informaccedilatildeo completa baseando-se em expectativas de

retornos do mercado e retaliaccedilotildees da concorrecircncia Os movimentos satildeo baseados nas forccedilas de

que a organizaccedilatildeo dispotildee e nas estimativas das forccedilas dos oponentes como tambeacutem em uma

compreensatildeo das suas accedilotildees tiacutepicas Assim qualquer negociaccedilatildeo pode ser entendida como

uma troca de algo de valor geralmente dinheiro (preccedilo) por satisfaccedilatildeo (produto) A chave

para determinar o preccedilo de um produto estaacute na compreensatildeo do valor que os consumidores

percebem E esse valor resulta de suas percepccedilotildees da satisfaccedilatildeo total proporcionada pelo

Sacrifiacutecio de Tempo

Sacrifiacutecio de Energia

Sacrifiacutecio Psicoloacutegico

Preccedilo Monetaacuterio Objetivo

Preccedilo natildeo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Percebido

(total)

23

produto do pacote total de utilidade Ainda assim o preccedilo do produto eacute muitas vezes o fator-

chave que conduz a uma troca

Ao definir o preccedilo Ferrell (2000) argumenta que existem dois pontos que devem ser

considerados (i) que para uma empresa preccedilo eacute a quantidade de dinheiro que ela estaacute disposta

a aceitar em troca de um produto e tal soma deve ser suficientemente alta para cobrir os custos

e dar algum lucro mas natildeo tanto a ponto de impedir a venda de seu produto (ii) para os

consumidores preccedilo eacute a quantia que eles estatildeo dispostos a desembolsar em troca de um

produto Portanto eacute importante que exista um equiliacutebrio na construccedilatildeo deste para que as duas

partes se satisfaccedilam em sua transaccedilatildeo comercial

Na mesma linha de raciociacutenio Rocha e Christensen (1999) afirmam que o preccedilo define as

condiccedilotildees baacutesicas pelas quais o vendedor e o comprador estatildeo dispostos a realizar a troca Os

autores ainda complementam que para a empresa o preccedilo pode ser visto como a compensaccedilatildeo

recebida pelos produtos e serviccedilos que oferece ao mercado e para o comprador o preccedilo

expressa o que ele estaacute disposto a dar para adquirir o que a empresa lhe oferece (bens ou

serviccedilos)

Lambin (2000a) tambeacutem raciocina que a questatildeo do preccedilo tem dois aspectos importantes sob

o ponto de vista das empresas a serem considerados (i) o preccedilo eacute um instrumento para

analisar demanda e ao mesmo tempo (ii) eacute um fator determinante da rentabilidade a longo

prazo Entretanto a escolha por uma estrateacutegia de apreccedilamento deve respeitar dois tipos de

coerecircncia a interna e a externa A interna diz respeito aos custos e a rentabilidade essenciais

para a sobrevivecircncia da companhia e a externa agrave forccedila do mercado (poder de compra dos

consumidores) e preccedilo da concorrecircncia Aleacutem do mais natildeo se pode esquecer a coerecircncia com

as estrateacutegias de produto e distribuiccedilatildeo a chamada consistecircncia horizontal

24

Para o consumidor o preccedilo eacute expressatildeo monetaacuteria de um valor e tem papel central na troca O

comportamento de compra pode ser visto como um sistema de troca onde a procura pela

satisfaccedilatildeo e o sacrifiacutecio monetaacuterio compensam um ao outro Esse comportamento eacute resultado

de uma necessidade e a quantia que o consumidor estaacute disposto a pagar pelo produto mede a

intensidade dessa necessidade e a qualidade e satisfaccedilatildeo que eacute esperada (LAMBIN 2000a)

As decisotildees de preccedilos satildeo importantes pois afetam o volume de vendas de uma empresa e

quanto de recursos ela recebe Mesmo com tal importacircncia muitas empresas natildeo lidam bem

com a determinaccedilatildeo de preccedilos Segundo Kotler e Keller (2005) os erros mais comuns satildeo

preccedilos demasiadamente orientados para custos os preccedilos natildeo sofrem revisatildeo com suficiente

frequumlecircncia para capturar mudanccedilas praticadas pelo mercado a determinaccedilatildeo dos preccedilos

independe do restante do composto de marketing e a natildeo variaccedilatildeo de acordo com diferentes

itens de produtos segmentos de mercado e ocasiotildees de compra

Lovelock (1996) e Kotler e Keller (2005) ainda referem-se ao preccedilo como o uacutenico elemento

do composto de marketing que produz receita enquanto todos os outros produzem custos

sendo assim consideradas de mais difiacutecil compressatildeo Eacute visto tambeacutem pelos autores como o

mais flexiacutevel pois pode ser alterado com rapidez ao contraacuterio das caracteriacutesticas de produtos

dos contratos com os canais de distribuiccedilatildeo e as promoccedilotildees planejadas Essa flexibilidade dos

preccedilos praticados pelos concorrentes eacute um dos maiores problemas com o qual as empresas se

deparam (PALMER 2000)

O preccedilo tambeacutem informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido por uma empresa

para seu produto ou marca (KOTLER KELLER 2005) Mazzon Guagliardi Fonseca (1983)

afirmam que o preccedilo eacute uma variaacutevel sensiacutevel em qualquer modelo em que eacute considerado

devido agrave caracteriacutestica de aumentar o lucro dos componentes do canal de distribuiccedilatildeo e

25

tambeacutem por permitir ao consumidor aumentar suas possibilidade de consumo do produto bem

como permitir o consumo de outros produtos

Czinkota (2001) apresenta as principais variaacuteveis envolvidas na definiccedilatildeo de preccedilos -

preocupaccedilotildees estrateacutegicas sensibilidade da demanda custos e preocupaccedilotildees eacuteticas e legais e

os fatores que influenciam na necessidade de ajuste conforme a figura 2 Lambin (2000a)

afirma que a noccedilatildeo de preccedilo eacute ampla e vai aleacutem da simples coincidecircncia dos fatos puramente

objetivos e quantitativos A quantidade de dinheiro pago mede de forma incompetente o

sacrifiacutecio realizado e da mesma maneira a quantidade de bens adquiridos mede de forma

imperfeita a satisfaccedilatildeo

Fonte Czinkota (2001)

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

26

Lepsch (1996) considera a estrateacutegia de formaccedilatildeo de preccedilos como um plano projetado e

administrado de forma eficiente que considera a fixaccedilatildeo de preccedilos como uma funccedilatildeo de

custos percepccedilatildeo do cliente e reaccedilotildees da concorrecircncia

Apesar de todas as estrateacutegias existentes para as empresas determinarem o preccedilo de seus

produtos quem iraacute decidir se esse eacute o preccedilo correto ou natildeo eacute o consumidor final De nada

adiantaraacute uma companhia decidir sobre o apreccedilamento de seus bens ou serviccedilos se o cliente

natildeo estiver disposto a pagar a quantia proposta Portanto a poliacutetica de formaccedilatildeo de preccedilo deve

ser orientada para o consumidor claro que de forma a cobrir os custos da empresa e gerar

algum lucro mas tambeacutem analisando como os produtos atribuem benefiacutecios definindo um

preccedilo justo a esse valor percebido pelo usuaacuterio Um consumidor racional somente iraacute adquirir

um produto quando o valor percebido for maior que o valor pago para a aquisiccedilatildeo deste item

O valor atribuiacutedo ao produto pode se caracterizar por diversas formas como a qualidade o

gosto a ambientaccedilatildeo o status entre outros sendo que esses atributos variam conforme os

diferentes segmentos de consumidores e as diferentes situaccedilotildees de compra

Entre tantas consideraccedilotildees e afirmaccedilotildees sobre preccedilos um ponto importante e comum entre

todos os autores diz respeito agrave complexidade da sua determinaccedilatildeo Para que o apreccedilamento

seja estabelecido de forma adequada Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker e Etzel

(2001) consideram que uma empresa deve seguir seis etapas (1) seleccedilatildeo do objetivo da

determinaccedilatildeo de preccedilos (2) determinaccedilatildeo da demanda (3) estimativa de custos (4) anaacutelise de

custos preccedilos e oferta dos concorrentes (5) seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos

e (6) seleccedilatildeo do preccedilo final Cada uma dessas etapas seraacute discutida neste trabalho

27

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo

Boone e Kurtz (1998) consideram que da mesma forma que o preccedilo eacute um dos componentes

do composto de marketing os objetivos de determinaccedilatildeo de preccedilos tambeacutem satildeo um

componente dos objetivos gerais da organizaccedilatildeo Os autores explicam que os objetivos de

marketing representam os resultados que os executivos esperam alcanccedilar que se baseiam

nesses objetivos gerais Os objetivos da empresa e da funccedilatildeo de marketing provecircem a base

para determinar os objetivos da fixaccedilatildeo de preccedilos usados para desenvolver e implementar os

procedimentos e poliacuteticas de apreccedilamento mais especiacuteficas (BOONE KURTZ 1998)

Neves (2005) explica que a decisatildeo de onde a empresa deseja posicionar sua oferta deveraacute ser

o primeiro passo que a empresa adota pois quanto mais claros os objetivos do plano de

marketing mais faacutecil seraacute a determinaccedilatildeo de preccedilos Deve-se decidir sobre os objetivos de

preccedilo antes de determinar o proacuteprio preccedilo Entretanto poucas empresas estabelecem um

objetivo de preccedilo A importacircncia de considerar esse passo fica clara quando as possiacuteveis

escolhas satildeo apresentadas e a relevacircncia e consequumlecircncia que cada uma tem sobre o

apreccedilamento de um produto

Satildeo considerados cinco objetivos para a determinaccedilatildeo de preccedilo (KOTLER KELLER 2005

CZINKOTA 2001) (1) sobrevivecircncia (2) maximizaccedilatildeo do lucro (3) maximizaccedilatildeo do

crescimento das vendas ou manutenccedilatildeo eou aumento da participaccedilatildeo de mercado (4)

lideranccedila na qualidade do produto e (5) maximizaccedilatildeo do aproveitamento do mercado ou

desnataccedilatildeo

28

Os objetivos de maximizaccedilatildeo do lucro e do volume satildeo mais comuns mesmo entre autores

que utilizam outras classificaccedilotildees O objetivo de sobrevivecircncia eacute considerado de curto prazo e

geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila

nos desejos do consumidor Quando optam por utilizar este objetivo o preccedilo estabelecido

deve cobrir os custos variaacuteveis e alguns dos custos fixos caso contraacuterio a empresa pode ir agrave

falecircncia No caso da lideranccedila na qualidade do produto as empresas tecircm seus produtos

caracterizados por altos niacuteveis de qualidade e valor percebidos com preccedilos altos poreacutem natildeo a

ponto de se tornarem quase inacessiacuteveis aos consumidores Satildeo os produtos de preccedilo-

premium

A estrateacutegia de preccedilo-premium eacute aplicada para diferentes versotildees de um mesmo produto uma

superior e outra baacutesica ou padratildeo Os compradores potenciais do modelo padratildeo satildeo muito

sensiacuteveis a preccedilos ao contraacuterio dos compradores da versatildeo superior do item Uma variaccedilatildeo do

preccedilo-premium eacute o preccedilo de imagem As duas estrateacutegias tecircm o mesmo objetivo sinalizar

para os compradores desinformados a alta qualidade do produto e utilizar o lucro realizado

com a versatildeo superior para subsidiar o preccedilo da versatildeo baacutesica ou padratildeo do produto

(LAMBIN 2000a) A caracteriacutestica que difere uma estrateacutegia da outra eacute que no segundo

caso natildeo existe uma diferenccedila real entre os produtos ou marcas apenas considera-se a

imagem passada e o posicionamento

Na desnataccedilatildeo do mercado os preccedilos comeccedilam altos e se reduzem gradualmente com o

tempo Eacute um objetivo praticado geralmente por empresas que lanccedilam tecnologias novas e faz

sentido apenas sob as seguintes condiccedilotildees (i) um nuacutemero suficiente de compradores tem uma

demanda corrente alta (ii) o custo unitaacuterio de produzir uma quantidade pequena natildeo eacute alto

suficiente para anular a vantagem de cobrar o que o mercado tem condiccedilotildees de pagar (iii) o

29

preccedilo alto inicial natildeo atrai mais concorrentes para o mercado e (iv) o preccedilo elevado comunica

a imagem de um produto de qualidade superior (KOTLER KELLER 2005)

Em outras palavras Lambin (2000a) descreve a desnataccedilatildeo como objetivo atingir alta receita

em vendas oferecendo produtos com qualidades peculiares (reais ou percebidos) a preccedilos

muito altos para alguns compradores ou segmentos especiacuteficos que estatildeo preparados e

dispostos a pagar por essa distinccedilatildeo O objetivo aqui eacute alcanccedilar o mais alto turnover possiacutevel

com preccedilo alto em vez de volume alto (LAMBIN 2000a) O autor considera esta a estrateacutegia

totalmente oposta agrave maximizaccedilatildeo de volume

Outros autores preferem agrupar os objetivos de formas diferentes Para Jain (2000) eles

podem ser orientados para o lucro e para o volume e Lambin (2000a) afirma que alguns

objetivos podem ser tambeacutem orientados para a concorrecircncia Boone e Kutz (1998)

consideram quatro os principais objetivos de apreccedilamento (1) objetivos de lucratividade (2)

objetivos de volume (3) objetivos concorrenciais e (4) objetivos de prestiacutegio

Embora as classificaccedilotildees variem de um autor para outro percebe-se nos agrupamentos que os

objetivos de lucratividade e os objetivos de volume satildeo comuns a todos os autores citados Os

objetivos concorrencias satildeo equivalentes apenas entre Lambin (2000a) e Boone e Kutz

(1998) O uacutenico grupo exclusivamente idealizado por Boone e Kutz (1998) eacute denominado

objetivos de prestiacutegio Seratildeo discutidos primeiramente os objetivos comuns a todos em

sequumlecircncia os objetivos orientados para a concorrecircncia e finalmente a quarta proposta de

agrupamento de Boone e Kutz (1998)

Jain (2000) considera que quando orientado para o lucro o objetivo pode ser definido tanto

em termos da porcentagem de lucro desejada (maximizaccedilatildeo dos lucros) quanto do retorno

almejado sobre o investimento Lambin (2000a) cita a maximizaccedilatildeo do lucro como um

30

modelo apresentado pelos economistas Para o autor o modelo eacute difiacutecil de ser aplicado na

praacutetica pois natildeo apenas assume o conhecimento preciso sobre as funccedilotildees de custo e demanda

de cada produto como tambeacutem assume a estabilidade que eacute raramente aproveitada pelos

fatores ambientais e competitivos

Boone e Kutz (1998) afirmam que os economistas identificam a maximizaccedilatildeo dos lucros

como o ponto no qual uma adiccedilatildeo agrave receita total eacute equilibrada exatamente por um aumento no

custo total e o problema estaacute em saber como atingir esse equiliacutebrio Para eles a teoria

econocircmica se baseia em pressupostos sendo um deles o de que todas as empresas teratildeo um

comportamento racional que resultaraacute em um esforccedilo para maximizar ganhos e minimizar

perdas Nicol (1985) considera que as empresas natildeo podem ter um uacutenico objetivo o da

maximizaccedilatildeo do lucro contudo ele eacute um importante objetivo de uma empresa geneacuterica

O objetivo de retorno-alvo (ROI) eacute difundido (LAMBIN 2000a) Na praacutetica calcula-se o

preccedilo-alvo que eacute aquele o qual para um niacutevel de atividade assegura um retorno justo sobre o

capital investido Para o autor essa teoria muito utilizada pelas empresas tem o meacuterito da

simplicidade mas eacute incorreta pois ignora o fato de que eacute o niacutevel do preccedilo que determina o

niacutevel da demanda Boone e Kutz (1998) consideram que os objetivos de retorno-alvo

oferecem uma seacuterie de vantagens ao profissional de marketing servindo como um meio de

avaliar desempenho Aleacutem disso satildeo projetados para gerar um lucro justo de acordo com o

julgamento dos gerentes acionistas e puacuteblico em geral (BOONE KURTZ 1998)

Por outro lado Jain (2000) argumenta que o objetivo mais utilizado pelas grandes empresas eacute

o preccedilo voltado para volume Boone e Kutz (1998) consideram que as empresas nesta

ocasiatildeo estabelecem um niacutevel miacutenimo aceitaacutevel de lucro e entatildeo procuram maximizar as

vendas (sujeitas a esta restriccedilatildeo de lucro) acreditando que no quadro de concorrecircncia de

longo prazo um grande volume de vendas eacute mais importante do que lucros elevados logo de

31

iniacutecio Assim as empresas continuam a expandir suas vendas ateacute o ponto em que os lucros

totais natildeo caiam abaixo dos retornos miacutenimos obtidos como aceitaacuteveis pela companhia

Os objetivos de volume tambeacutem podem ser estabelecidos como a participaccedilatildeo de mercado que

a companhia gostaria de atingir que pode comeccedilar como sendo a taxa de crescimento de

vendas desejada ou simplesmente assegurar um crescimento de vendas suficiente para a

empresa (LAMBIN 2000a) Para Lambin (2000a) maximizar a participaccedilatildeo de mercado

implica em adotar um preccedilo de penetraccedilatildeo que eacute uma quantia relativamente baixa menor do

que o preccedilo da concorrecircncia para aumentar o volume de vendas e consequumlentemente o

market-share o mais raacutepido possiacutevel Boone e Kutz (1998 p 467) definem como a meta

estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma determinada mercadoria ou

serviccedilo Esta meta pode ser tanto a manutenccedilatildeo da atual participaccedilatildeo quanto o aumento

dessa fatia do mercado em alguns pontos percentuais

Lambin (2000a) afirma que aleacutem das orientaccedilotildees para o lucro e para o volume a companhia

tem um terceiro objetivo desta vez orientado para a competiccedilatildeo Esta visatildeo tambeacutem eacute

compartilhada por Boone e Kutz (1998) Neste caso os preccedilos devem estar alinhados com os

concorrentes ou objetivar s estabilidade Para o autor em induacutestrias lideradas por uma

empresa o objetivo eacute criar um relacionamento estaacutevel entre produtos concorrentes para evitar

flutuaccedilotildees de preccedilos que podem abalar a confianccedila do consumidor O objetivo de se alinhar

aos preccedilos das empresas concorrentes mostra que a companhia estaacute consciente da sua

incapacidade de exercer qualquer influecircncia no mercado especialmente quando existe uma

empresa liacuteder e os produtos satildeo padronizados como um oligopoacutelio indiferenciado Neste

caso a empresa prefere concentrar seus esforccedilos outros aspectos que natildeo seja o preccedilo

(LAMBIN 2000a) Uma vez alcanccedilada a posiccedilatildeo de dominante o objetivo muda para uma

32

taxa de retorno suficiente ou satisfatoacuteria Esta eacute uma estrateacutegia frequumlentemente utilizada por

empresas com um volume alto de produccedilatildeo acumulada e que espera reduzir custos

Os objetivos de prestiacutegio compotildee a uacuteltima categoria de apreccedilamento natildeo relacionada agrave

lucratividade e ao volume Um objetivo de prestiacutegio envolve a determinaccedilatildeo de um preccedilo

relativamente alto para desenvolver e manter uma imagem de qualidade e exclusividade

direcionado para consumidores natildeo sensiacuteveis a preccedilos e sensiacuteveis a questatildeo de status

(BOONE KURTZ 1998) A utilizaccedilatildeo do objetivo de preccedilo por prestiacutegio reflete a ecircnfase

dada pelo profissional de marketing muito mais agrave imagem do produto do que ao custo dos

seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo O quadro 1 apresenta um resumo geral dos

objetivos de preccedilos e suas caracteriacutesticas

Definido o objetivo de preccedilo a empresa precisa compreender as relaccedilotildees entre a fixaccedilatildeo de

preccedilos e a curva de demanda O preccedilo eacute um fator essencial como determinante da demanda

Os quatro fatores considerados pelos economistas na determinaccedilatildeo da demanda satildeo preccedilo do

produto preccedilo dos substitutos renda dos consumidores e suas preferecircncias Caso os outros

trecircs fatores permaneccedilam constantes quanto mais alto for o preccedilo menor seraacute a demanda O

proacuteximo toacutepico discute as relaccedilotildees entre a demanda e o preccedilo de produtos e suas implicaccedilotildees

33

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo

Objetivo

Caracteriacutestica

Sobrevivecircncia

Objetivo de curto prazo geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila nos desejos do consumidor

Maximizaccedilatildeo do Lucro

Quando satildeo estimados a demanda e os custos com preccedilos alternativos e escolha do niacutevel que maximiza o lucro e se estabelece um niacutevel especiacutefico de lucro como objetivo

Maximizaccedilatildeo do Volume

Meta estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma mercadoria ou serviccedilo Pode ser para manter ou aumentar a fatia

Lideranccedila na Qualidade do Produto

Produtos com alta qualidade preccedilo relativamente alto mas benefiacutecio percebido Gera lealdade e o preccedilo natildeo dificulta o acesso apenas traduz a qualidade

Desnatamento

Quando haacute estimativa do preccedilo mais alto que se pode cobrar dados os benefiacutecios comparativos em relaccedilatildeo aos substitutos disponiacuteveis para uma posterior reduccedilatildeo do preccedilo e assim conquistar o segmento imediatamente inferior

Concorrenciais

Preccedilos equivalentes aos da concorrecircncia e diferenciaccedilatildeo por meio dos outros componentes do mix de marketing

Prestiacutegio

Preccedilo alto para consumidores sensiacuteveis agrave status ecircnfase na imagem do produto e natildeo ao custo dos seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo

Fonte Elaborado pela autora a partir de Boone e Kutz (1998) Czinkota (2001) Kotler e Keller (2005) Lambin (2000a) Lambin (2000b) e Stanton Waltker e Etzel (2001)

23 Determinaccedilatildeo da Demanda

O apreccedilamento estrateacutegico de um produto natildeo deve considerar apenas os custos eacute importante

identificar o niacutevel de demanda ao longo do tempo Preccedilos baseados apenas nas necessidades

financeiras da empresa satildeo considerados inapropriados segundo Lambin (2000a) Em uma

economia de mercado eacute o comprador quem decide que produto seraacute vendido

Consequumlentemente em uma organizaccedilatildeo bem sucedida um apreccedilamento efetivo comeccedila com

34

o preccedilo mais proacuteximo de ser aceito pelo mercado que por sua vez determina o custo-alvo da

empresa (LAMBIN 2000a)

O custo-alvo eacute um conceito que foi desenvolvido em meados da deacutecada de 90 Ao contraacuterio

da praacutetica tradicionalmente utilizada (primeiro desenvolve-se o produto e o custo eacute a base

para a determinaccedilatildeo do preccedilo figura 3) o custo-alvo leva em consideraccedilatildeo primeiramente a

necessidade do consumidor descoberta por meio de pesquisas de mercado em seguida o

valor que ele daacute ao produto o preccedilo do mercado e o quanto o cliente pagaria para adquiri-lo a

partir desse ponto avaliar os custos para o desenvolvimento do bem comparaacute-lo com o preccedilo

e desenvolver efetivamente o produto (figura 4)

A determinaccedilatildeo da demanda em alguns casos eacute clara poreacutem em outros os padrotildees soacute satildeo

revelados quando devidamente estudados e mapeados Cada preccedilo praticado pela empresa

resultaraacute em um diferente niacutevel de demanda e consequumlentemente causaraacute diferentes impactos

nos objetivos de marketing de uma empresa

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto

CONSUMIDOR

CONSUMIDOR VALORVALOR PRECcedilOPRECcedilO CUSTOCUSTO PRODUTOPRODUTO

PRODUTOPRODUTO CUSTOCUSTO VALORVALORPRECcedilOPRECcedilO CONSUMIDOR

CONSUMIDOR

35

Lambin (2000a) considera a noccedilatildeo de elasticidade um importante conceito na anaacutelise da

demanda pois mede diretamente a sensibilidade a preccedilo do consumidor Churchill Jr e Peter

(2003) definem elasticidade-preccedilo como a medida da sensibilidade da demanda agrave mudanccedilas

nos preccedilos

Simonsen (1973) explica que o economista Marshall primeiro a encontrar uma forma praacutetica

de expressar o conceito da elasticidade da demanda a definiu como o aumento percentual da

quantidade procurada quando o preccedilo abaixa 1 Se a quantidade procurada de um item

aumentar 2 porque seu preccedilo caiu em 1 significa que o seu coeficiente de elasticidade eacute

igual a 2 Deve considerar poreacutem que o conceito de elasticidade refere-se a um ponto da

curva de demanda e natildeo da curva completa

Para determinar a elasticidade em P traccedila-se uma tangente agrave curva por esse ponto a qual

intercepta os eixos do graacutefico respectivamente nos pontos M e N (figura 5) O coeficiente da

elasticidade eacute representado pela foacutermula

Kotler e Armstrong (1998) considera

relaccedilatildeo entre a variaccedilatildeo da quantidad

resultado maior eacute a relaccedilatildeo da dema

como a porcentagem de variaccedilatildeo de u

preccedilo

E= MP PN

m que a elasticidade da demanda pode ser medida pela

e vendida e a variaccedilatildeo do preccedilo Quanto mais alto o

nda e de preccedilo e Lambin (2000a) descreve a foacutermula

nidades vendidas sobre a porcentagem de variaccedilatildeo do

36

Fonte Simonsen 19

Figura 5 Represe

Besanko Dranove

independentemente

preccedilo em P0) ele m

Q1l Parte do cresc

Q1) vem dos con

2000) A figura 6

mercado

A curva de demand

produto ou serviccedilo

maior do que 1 ( sum

preccedilos a determin

coeficiente de elas

vendas natildeo eacute afeta

de custos ao consu

deve-se realizar um

Preccedilo

73

ntaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticid

e Shanley (2000) afirmam que quando u

do setor de P0 para P1 (com todos os

ove na curva de demanda de DD para d

imento (Q1 Q0) vem de seus consumido

sumidores de outras empresas (BESAN

representa a curva de demanda quando um

a pode ser elaacutestica ou inelaacutestica Quando o

eacute inferior a 1 ( sum lt 1) a demanda eacute co

lt 1) a demanda eacute considerada elaacutestica N

accedilatildeo precisa dos seus custos seraacute mais

ticidade Quando a demanda eacute inelaacutestica o

do pelas mudanccedilas de preccedilo assim a empr

midor sem maiores perdas Poreacutem quando

a anaacutelise de custos que permitiraacute a proj

E= MP PN

Quantidade

P

N

R

0

S

M

ade da Demanda

m vendedor reduz o seu preccedilo

seus concorrentes segurando o

d e suas vendas aumentam para

res leais e a outra parte (Q1l

KO DRANOVE SHANLEY

a empresa muda seu preccedilo no

coeficiente de demanda de um

nsiderada inelaacutestica e quando eacute

o que diz respeito agrave poliacutetica de

importante quanto maior for o

u pouco elaacutestica o volume de

esa pode transferir os aumentos

a demanda eacute altamente elaacutestica

eccedilatildeo de provaacuteveis margens de

37

lucro em diferentes niacuteveis de venda com base nas relaccedilotildees entre preccedilo e quantidade em cada

niacutevel (SIMONSEN 1973 KOTLER KELLER 2005 BESANKO DRANOVE SHANLEY

2000 NICOL 1983 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN1999)

Fonte Adaptado de

Figura 6 Curva

muda o preccedilo

A demanda elaacutestic

vendida o suficient

1997) No setor ali

com que ocorra um

loja ou rede varej

estabelecimento qu

A curva da deman

preccedilos (KOTLER

Preccedilo

Besanko Dranove e Shanley (2000)

de Demanda de um Vendedor Individua

a ocorre quando a reduccedilatildeo de preccedilos faz

e para compensar a receita e os resultados

mentiacutecio a demanda eacute considerada inelaacutesti

acreacutescimo substancial no volume de venda

ista eacute considerada elaacutestica pois os cons

e tiver melhores niacuteveis de preccedilos

da mostra o volume provaacutevel de compra

KELLER 2005 p 435) A curva resume a

Quantidade

D

D

d

d

P0

P1

Q0

Q1

Q1l

l quando independentemente

com que aumente a quantidade

(MCCARTHY PERREAULT

ca (a reduccedilatildeo de preccedilos natildeo faz

s) poreacutem quando analisada por

umidores passam a escolher o

do mercado ante alternativas de

s reaccedilotildees de consumidores com

38

diferentes sensibilidades a preccedilo portanto o primeiro passo para determinar a demanda eacute

compreender os fatores que afetam a sensibilidade Kotler e Keller (2005) afirmam que os

compradores satildeo menos sensiacuteveis a preccedilos de produtos comprados com pouca frequumlecircncia ou

que inspiram prestiacutegio Os consumidores que apresentam pouca sensibilidade satildeo os

preferidos das empresas Nagle e Holden (2003) Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000a)

indicam nove fatores relacionados agrave menor sensibilidade a preccedilos

1 O produto eacute exclusivo - valor uacutenico

2 Os compradores tecircm menos consciecircncia da existecircncia de substitutos

3 Os compradores natildeo conseguem comparar facilmente a qualidade de substitutos

4 A despesa eacute uma pequena parte do orccedilamento familiar

5 O benefiacutecio final do produto eacute grande ou seja a despesa eacute pequena em relaccedilatildeo ao

custo total do produto final

6 O custo do produto eacute compartilhado com terceiros

7 O produto eacute utilizado em conjunto com bens comprados anteriormente

8 O produto apresenta mais qualidade prestiacutegio ou exclusividade Preccedilo-Qualidade

9 Os compradores natildeo podem estocar o produto

As empresas precisam entender a sensibilidade a preccedilo de seus clientes atuais e potenciais

bem como as anaacutelises comparativas que as pessoas estatildeo dispostas a realizar para avaliar o

preccedilo diante das especificaccedilotildees dos produtos (figura 7) Lambin (2000a) considera todo

comprador sensiacutevel a preccedilo poreacutem essa sensibilidade pode variar tremendamente de uma

situaccedilatildeo para outra como mostram os fatores citados pelos estudiosos da aacuterea Essa variaccedilatildeo

ocorre de acordo com a importacircncia da satisfaccedilatildeo que o produto proporciona ou do sacrifiacutecio

necessaacuterio para adquirir o bem Ter somente consumidores sensiacuteveis como alvo pode

significar que a empresa estaacute deixando de ganhar dinheiro (KOTLER KELLER 2005)

39

Fonte Elaborado pela autora

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos

Para mensurar a sensibilidade vaacuterios meacutetodos podem ser aplicados Lambin (2000a) agrupa

esses meacutetodos em quatro categorias principais (i) o julgamento de especialistas (the expert

judgement) (ii) pesquisas com consumidores (iii) experimentos com preccedilo e (iv) estudos

economeacutetricos O julgamento de especialistas consiste em pedir para especialistas do mercado

trecircs estimativas ou pontos na curva de resposta ao preccedilo a menos realista a mais realista e a

associaccedilatildeo do volume de vendas mais as vendas esperadas a um preccedilo meacutedio

As pesquisas com consumidores podem ser diretas ou indiretas O meacutetodo mais utilizado eacute o

indireto por meio de anaacutelise conjunta Os experimentos com preccedilos satildeo realizados em

laboratoacuterios ou no proacuteprio campo (mercado) e os estudos economeacutetricos satildeo baseados em

anaacutelises de painel ou seacuteries temporais (LAMBIN 2000a)

Sensibilidade a Preccedilo

Valor da diferenciaccedilatildeo

Alta

Alta

Baixa

Baixa

Compradores

de Preccedilo

Compradores

de Valor

Compradores

de Conveniecircncia

Compradores

de Relacionamento

40

Mensurar a elasticidade da demanda pode ser uacutetil por diversas razotildees A elasticidade fornece

informaccedilotildees sobre a direccedilatildeo na qual os preccedilos podem mudar para simular a demanda e

aumentar o faturamento Aleacutem disso comparar a elasticidade de marcas concorrentes

identifica aquelas que podem resistir mais a um aumento de preccedilo e assim revelar seu poder

de mercado Comparar a elasticidade de produtos de mesma categoria ajuda no ajuste de

preccedilo dentro da categoria e por fim a elasticidade cruzada ajuda a prever as mudanccedilas na

demanda de uma marca para outra (LAMBIN 2000a)

Lambin (2000a) chama a atenccedilatildeo para algumas limitaccedilotildees que podem reduzir a utilidade

praacutetica dos meacutetodos de mensuraccedilatildeo A elasticidade mede o relacionamento baseando-se no

comportamento do consumidor que soacute eacute observaacutevel depois do acontecimento O seu valor

preventivo depende da estabilidade das condiccedilotildees que ocasionaram a observaccedilatildeo portanto

natildeo pode ser utilizado para determinar o preccedilo de novos produtos Outro ponto eacute que em

muitas situaccedilotildees o problema natildeo eacute tanto saber como adaptar o preccedilo a sensibilidade atual do

mercado mas sim saber de forma mudar essa sensibilidade para a direccedilatildeo procurada pela

empresa Nesse caso eacute mais interessante saber o valor percebido do produto pelo grupo-alvo

de consumidores Por fim a elasticidade mede o impacto do preccedilo na quantidade comprada

do produto mas natildeo mede o efeito do preccedilo na propensatildeo a experimentar o produto em

compras repetitivas a taxas exclusivas entre outros e essas satildeo noccedilotildees importantes para

entender o mecanismo de resposta do consumidor em relaccedilatildeo ao preccedilo dos produtos

Eacute vaacutelido destacar que os meacutetodos de mensuraccedilatildeo da demanda foram desenvolvidos para

modelos econocircmicos para auxiliar mais no entendimento do comportamento econocircmico do

que como uma ferramenta de decisatildeo Essa afirmaccedilatildeo natildeo significa poreacutem que a teoria

econocircmica natildeo tenha relevacircncia para o estudo da determinaccedilatildeo do preccedilo pois mesmo sendo

imprecisa a estimativa da elasticidade do preccedilo ajuda a determinar a direccedilatildeo da mudanccedila de

41

preccedilo e seu impacto na receita de vendas Contudo os administradores de marketing deveriam

desenvolver meacutetodos de mensuraccedilatildeo mais adequados agraves suas necessidades

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)

A fixaccedilatildeo de preccedilo baseado no cliente trabalha o preccedilo de modo mais lucrativo e com a

captura de mais valor natildeo necessariamente vendendo mais (aumento do volume de vendas)

Aleacutem disso leva em conta os preccedilos que os consumidores estatildeo dispostos a pagar e pode

chegar a um montante que natildeo reflete o verdadeiro valor do produto

Satildeo utilizados o preccedilo de valor e as estrateacutegias flexiacuteveis de apreccedilamento O preccedilo de valor

representa a fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando

comparado ao seu concorrente Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo requer uma reengenharia

de operaccedilotildees ou seja um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade (Lambin

2000a Lambin 2000 b Kotler Keller 2005)

Lambin (2000a) explica que do ponto de vista do consumidor um produto eacute o total de

benefiacutecios recebidos quando utilizado Portanto uma empresa orientada para o consumidor

precisa fixar os seus preccedilos de acordo com a percepccedilatildeo de benefiacutecios e custos do cliente Os

consumidores comparam os benefiacutecios de uma compra com o custo que ela representou

Quando o produto considerado apresenta a melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio o consumidor estaacute

inclinado a comprar o bem

42

O procedimento de preccedilo de valor pode ser implementado de duas formas diferentes A

primeira delas eacute o valor percebido A ideacuteia baacutesica por traacutes desse meacutetodo eacute o valor percebido

no produto ou marca o qual iraacute determinar o niacutevel de preccedilo O preccedilo de valor percebido

considera as percepccedilotildees de valor dos clientes e natildeo o custo do vendedor Aleacutem disso a

estrateacutegia utiliza os elementos do mix de marketing para aumentar o valor percebido pelo

cliente e a chave para a sua determinaccedilatildeo eacute a precisatildeo na percepccedilatildeo do mercado relativa ao

valor da oferta Eacute preciso determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a

percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta Nesse caso eacute fundamental pensar-se no

posicionamento do produto Deve-se ainda mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais

caro (o valor que a oferta de fato representa)

A segunda maneira eacute o preccedilo maacuteximo aceitaacutevel particularmente utilizado para determinar

preccedilos de produtos na induacutestria O principal benefiacutecio para o comprador nesse caso eacute a

reduccedilatildeo de custos O procedimento segue os seguintes passos (i) entender o uso do produto

pelo consumidor (ii) analisar os benefiacutecios gerados pelo produto (iii) analisar os custos de

aquisiccedilatildeo e de uso do produto (iv) calcular a relaccedilatildeo custo-benefiacutecio e determinar o preccedilo

maacuteximo aceitaacutevel (LAMBIN 2000a) O preccedilo mais alto que o consumidor estaraacute disposto a

pagar pelo produto eacute calculado por

Benefiacutecios Custos = Preccedilo Maacuteximo Aceitaacutevel

Algumas das limitaccedilotildees do apreccedilamento baseado no cliente referem-se agrave falha na percepccedilatildeo

que pode afetar a lucratividade da empresa a longo prazo e ao surgimento de alguns

problemas quando os preccedilos natildeo refletem o montante que os clientes estatildeo dispostos a pagar

43

pois alguns compradores sofisticados raramente satildeo honestos a respeito de quanto estatildeo

dispostos a pagar por um produto Para que a estrateacutegia tenha um bom desempenho deve-se

aumentar a disposiccedilatildeo do cliente a pagar um preccedilo que reflita o verdadeiro valor do produto

As empresas natildeo tecircm um preccedilo uacutenico mas sim uma variedade de preccedilos adaptados a

situaccedilotildees distintas de mercado Para isso satildeo utilizadas as estrateacutegias flexiacuteveis de mercado

Elas ocorrem em situaccedilotildees onde o mesmo produto eacute vendido para diferentes clientes a preccedilos

tambeacutem diferentes e podem ser obtidas por regiatildeo por periacuteodo por forma do produto ou de

um segmento para outro

Os economistas utilizam o termo descriminaccedilatildeo de preccedilos para designar as variaccedilotildees de preccedilo

que natildeo satildeo justificadas pelo custo (LAMBIN 2000b) As quatro formas de flexibilidade de

preccedilo satildeo (1) desconto para um segundo mercado que acontece quando uma empresa tem

excedente de produccedilatildeo e surge a oportunidade de vender seus produtos para um outro

mercado e nesse caso o preccedilo miacutenimo aceitaacutevel pela empresa deve ser o preccedilo piso ou

miacutenimo (2) descontos perioacutedicos ou sazonais que permitem que a empresa explore a

heterogeneidade da demanda - consumidores sensiacuteveis e natildeo sensiacuteveis a preccedilos que compram

o mesmo produto em periacuteodos diferentes vendendo com o preccedilo alto no comeccedilo da

temporada e oferecendo descontos sistemaacuteticos no fim do periacuteodo (3) os descontos

oferecidos ao acaso ou seja para situaccedilotildees onde existem empresas que vendem o mesmo

produto a um preccedilo alto e outras a um preccedilo baixo e existem consumidores informados e

desinformados quanto a essa diferenccedila A empresa estabelece um preccedilo alto para vender aos

clientes que natildeo conhecem o preccedilo inferior e ao mesmo tempo oferece descontos para atingir

os consumidores que procuram pelo preccedilo mais baixo e (4) os preccedilos promocionais

frequumlentemente utilizados por varejos supermercadistas e lojas de departamentos para

estimular as vendas (TELLIS 1986)

44

Por fim a empresa pode administrar seus preccedilos ajustando-o agraves vendas realizadas sob

diferentes condiccedilotildees diferentes quantidades diferentes tipos de intermediaacuterios em diferentes

regiotildees

Depois de realizar a anaacutelise da demanda o proacuteximo passo para o estabelecimento de uma

estrateacutegia de preccedilos eacute a estimativa de seus custos Embora existam empresas que determinem

o preccedilo de seus produtos de modo a cobrir todos os seus custos o resultado dessa conduta

nem sempre eacute a lucratividade Da mesma forma que os preccedilos baseados apenas na demanda

apresentam vaacuterias limitaccedilotildees os preccedilos baseados em custos tambeacutem satildeo passiacuteveis de erros

comuns nem sempre levados em consideraccedilatildeo pelas companhias Por outro lado natildeo existe

lucro sem que o preccedilo determinado seja capaz de cobrir as principais despesas de um bem ou

serviccedilo O proacuteximo toacutepico aborda as questotildees criacuteticas sobre anaacutelise de custos que devem ser

conhecidas pelos profissionais de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico correto de sua

oferta

24 Estimativa de Custos

O preccedilo estabelecido para um produto deve ser suficientemente alto para cobrir os custos

envolvidos em sua fabricaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998 p 471) Estes

custos satildeo conhecidos como custos fixos custos variaacuteveis custo total e custo marginal Os

custos fixos satildeo aqueles que permanecem estaacuteveis independentemente do niacutevel de produccedilatildeo

ao contraacuterio dos variaacuteveis que satildeo os custos de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra diretamente

alocados agrave produccedilatildeo O custo total eacute composto pelo somatoacuterio de todos os custos fixos e

variaacuteveis que se dividido pela quantidade de unidades produzidas resulta nos custos meacutedios

45

totais (BOONE KURTZ 1998 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN 1999) O

custo marginal eacute a mudanccedila no custo total que resulta da produccedilatildeo de uma unidade adicional

do produto (BOONE KURTZ 1998)

A divisatildeo entre custos fixos e variaacuteveis eacute o fundamento sobre o qual alicerccedila uma teacutecnica

contaacutebil-financeira usada na anaacutelise de investimentos e tambeacutem na fixaccedilatildeo de preccedilos Eacute o

estudo do ponto de breakeven Este ponto eacute aquele no qual receita e custos se equilibram

abrindo caminho para a regiatildeo dos lucros O ponto de equiliacutebrio ou de paridade e custo-

volume-lucro satildeo expressotildees empregadas com o mesmo significado de ponto de breakeven

(LEPSCH 1996) Entretanto a teacutecnica apresenta algumas deficiecircncias Ela supotildee linearidade

da receita e do custo trabalha com apenas um produto classifica os custos em fixos e

variaacuteveis apenas natildeo considera despesas com pesquisa e desenvolvimento (PampD) e promoccedilatildeo

institucional que satildeo realizadas durante vaacuterios periacuteodos para gerar aumento da receita

Jain (2000) explica que para estudar o impacto dos custos na estrateacutegia de apreccedilamento os

seguintes relacionamentos devem ser considerados (i) a proporccedilatildeo dos custos fixos para os

custos variaacuteveis (ii) a economia de escala disponiacutevel para uma empresa e (iii) a estrutura de

custos de uma empresa versus a do concorrente Se os custos fixos de uma companhia em

comparaccedilatildeo com os seus custos variaacuteveis formam uma alta proporccedilatildeo dos seus custos totais

adicionar o volume de vendas seraacute de grande ajuda para o aumento dos ganhos ou seja se os

custos fixos forem cobertos qualquer aumento no volume gera um ganho Em setores onde os

custos variaacuteveis satildeo de maior proporccedilatildeo no custo total pode-se afirmar que estes satildeo setores

sensiacuteveis a preccedilo porque mesmo um pequeno aumento no preccedilo gera um ganho enorme

Os custos variam em diferentes niacuteveis de produccedilatildeo e para o apreccedilamento ser adequado agrave

empresa deve saber como seus custos variam conforme o niacutevel em que se encontra

(KOTLER KELLER 2005) Os seus custos reduziratildeo conforme o aumento da quantidade

46

produzida pois os custos fixos iratildeo diluir A partir de certo momento a faacutebrica torna-se

ineficiente com a maior frequumlecircncia de quebra das maacutequinas e escassez de espaccedilo fiacutesico Existe

dessa forma para os dados recursos uma quantidade ideal de produccedilatildeo

O comportamento dos custos em funccedilatildeo da produccedilatildeo acumulada eacute resultante da curva de

experiecircncia ou curva de aprendizagem ou seja quando a empresa reduz o custo total meacutedio

em funccedilatildeo do aprendizado conquistado com o aumento da produccedilatildeo e a experiecircncia

adquirida Eacute tambeacutem conhecida pelos economistas como a economia de escala (figura 8) Esta

situaccedilatildeo acontece quando a empresa aprende como produzir da melhor forma seus

funcionaacuterios aprendem a reduzir os custos evitando erros e uso inadequado de materiais ou

equipamentos e melhorando o tempo de produccedilatildeo o fluxo de materiais e compras etc

(HENDERSON 1984)

Fonte Elaborado pela autora a partir de Henderson (1984) Pyindick e Rubinfeld (2002) Besanko Dranove e Shanley (2000)

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem

Produccedilatildeo

Custo($ por unidade

de produccedilatildeo)

CMe1CMe1

B

Economias de Escala

B

Economias de EscalaAA

Cme2

Aprendizagem C

47

Pyindick e Rubinfeld (2002) explicam que uma empresa apresenta economia de escala

quando eacute capaz de duplicar a sua produccedilatildeo com menos do que o dobro de seus custos

Besanko Dranove e Shanley (2000) afirmam que o processo de produccedilatildeo de um bem ou

serviccedilo especiacutefico apresenta economia de escala em uma seacuterie de itens produzidos quando o

custo meacutedio declina com esse conjunto de itens

Se a economia de escala obtida da produccedilatildeo de uma companhia for substancial a empresa

deve planejar expandir sua participaccedilatildeo de mercado e com respeito a preccedilos a longo prazo

aceitar decliacutenios esperados no faturamento Alternativamente eacute esperado que as operaccedilotildees da

empresa produzam um decliacutenio nos seus custos entatildeo os preccedilos podem ser abaixados no

longo prazo para ganhar participaccedilatildeo de mercado mais alta (JAIN 2000)

Caso o fabricante seja um produtor de custo baixo em relaccedilatildeo aos seus concorrentes ele iraacute

ganhar lucros adicionais por manter o preccedilo em um niacutevel competitivoOs lucros adicionais

podem ser utilizados para promover os produtos com mais agressividade e aumentar a

participaccedilatildeo do negoacutecio como um todo Se por acaso os custos do fabricante forem altos em

comparaccedilatildeo com seus concorrentes a empresa natildeo estaacute em posiccedilatildeo favoraacutevel agrave reduccedilatildeo de

preccedilos porque esta taacutetica pode levar a uma guerra de preccedilos que ela provavelmente iraacute

perder (JAIN 2000)

Aleacutem da economia de escala verifica-se tambeacutem a economia de escopo quando a produccedilatildeo

conjunta de dois produtos por parte de uma uacutenica empresa eacute maior do que a produccedilatildeo que

seria obtida por duas empresas diferentes cada uma produzindo um uacutenico produto Nesse

caso ambos os produtos usam capital e trabalho a fabricaccedilatildeo dos dois produtos compartilha

recursos administrativos a fabricaccedilatildeo dos dois produtos requer o mesmo tipo de equipamento

e matildeo de obra com qualificaccedilatildeo semelhante (PYINDICK RUBINFELD 2002 BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

48

O grau da economia de escopo mede a economia de custos proporcionada pela produccedilatildeo

conjunta e eacute representado pela seguinte foacutermula

Sendo que C(Q1) eacute o custo de produzir Q1 C(Q2) eacute o custo de produzir Q2 e por fim

C(Q1Q2) eacute o custo de produzir conjuntamente os dois produtos

Uma estrutura de custos eacute proposta por Lambin (2000b) que tem como base os custos

internos sem a interferecircncia do mercado Os trecircs tipos de custos considerados satildeo (i) o custo

miacutenimo custo direto que soacute permite a recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do

produto significando margem igual a zero (ii) o custo teacutecnico que corresponde ao niacutevel de

atividade em que a empresa cobre os custos diretos e os custos fixos o que permite aleacutem da

recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do produto a cobertura dos encargos de estrutura

e (iii) o custo-alvo ou preccedilo suficiente que compreende a condiccedilatildeo de lucro Entretanto ao

ignorar o mercado as empresas deixam de levar em consideraccedilatildeo a sensibilidade da demanda

e ficam dependentes da meta de vendas para atingir as margens desejadas

Jain (2000) concorda com a importacircncia dos custos fixos e variaacuteveis para o apreccedilamento mas

afirma que outros custos tambeacutem devem ser considerados Custos incrementais custos de

oportunidade custos de substituiccedilatildeo custos out-of-pocket e custos controlaacuteveis Entretanto

Nagle e Holden (2003) afirmam que compreender os custos natildeo significa simplesmente

conhecer os seus montantes Os autores argumentam que ateacute os profissionais de apreccedilamento

menos eficazes que aplicam foacutermulas de custo mais margem adicional sabem o quanto eacute

gasto com matildeo-deobra mateacuterias-primas e despesas em geral

)(

)()()C( ESC21

2121

QQCQQCQCQ minus+=

49

Os gerentes que realmente compreendem seus custos sabem como tais custos mudaratildeo com

modificaccedilotildees nas vendas resultantes da determinaccedilatildeo estrateacutegica de preccedilos Nagle e Holden

(2003) ainda complementam considerando que nem todos os custos satildeo relevantes para a

decisatildeo de apreccedilamento e o primeiro passo eacute identificar quais satildeo os custos importantes ou

seja os que de fato determinam o impacto no lucro Os autores consideram que os custos

realmente relevantes satildeo os incrementais (natildeo a meacutedia) e evitaacuteveis

Os custos incrementais satildeo aqueles associados agraves mudanccedilas no apreccedilamento e nas vendas Os

custos variaacuteveis satildeo considerados incrementais quando resultam diretamente de uma

implementaccedilatildeo de uma alteraccedilatildeo de preccedilo ou do oferecimento de uma versatildeo do produto em

outro niacutevel de preccedilo Entretanto eacute importante ressaltar que muitos custos natildeo satildeo puramente

fixos nem puramente variaacuteveis (NAGLE HOLDEN 2003) Eles satildeo fixos em uma faixa de

vendas e variam quando as vendas ultrapassam essa faixa e determinar se esses custos semi-

fixos satildeo incrementais eacute condiccedilatildeo para que a decisatildeo de apreccedilamento seja tomada

corretamente

Os custos evitaacuteveis satildeo aqueles que natildeo foram incorridos ou que ainda podem ser revertidos

ou seja os custos para vender um produto para entregaacute-lo ao consumidor e recolocar o item

vendido no estoque satildeo considerados evitaacuteveis assim como os custos de aluguel de

instalaccedilotildees e equipamentos que natildeo satildeo cobertos por arrendamento a longo-prazo A maneira

mais faacutecil de identificar se o custo eacute de fato evitaacutevel eacute reconhecendo se ele eacute o custo futuro e

natildeo o custo histoacuterico associado agrave realizaccedilatildeo de uma venda (NAGLE HOLDEN 2003

CHURCHILL 1982)

50

Lambin (2000a) explica que os preccedilos determinados a partir dos custos e que natildeo fazem

qualquer referecircncia aos fatores do mercado satildeo denominados preccedilos baseados em custos A

seguir estatildeo expostas as estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas empresas com base nos

custos

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos

A anaacutelise de custos identifica quatro tipos de preccedilos baseados em custos cada um

respondendo por um custo especiacutefico e pela necessidade de lucro O primeiro eacute o preccedilo-piso

ou seja o preccedilo miacutenimo que pode ser cobrado pois cobre somente os custos de fabricaccedilatildeo do

produto oferecendo margem zero a empresa Esse conceito de preccedilo eacute utilizado para pedidos

excepcionais descontos de mercado quando a empresa tem a oportunidade de vender para um

mercado novo ou teraacute perdas grandes em suas vendas no seu mercado principal Pode ser

tambeacutem denominado preccedilo marginal (LAMBIN 2000a)

O segundo tipo eacute o preccedilo de equiliacutebrio que cobre tanto os custos fixos quanto os custos

diretos dado o volume de vendas assumido Eacute calculado geralmente para diferentes niacuteveis de

volume Isto define uma escala de preccedilos miacutenimos

Lambin (2000a) apresenta o terceiro tipo como o preccedilo-alvo ou suficiente Ele inclui aleacutem

dos custos diretos e fixos um lucro que eacute determinado por uma referecircncia a uma taxa normal

de retorno no capital investido ou por um niacutevel de atividade assumido Como no preccedilo de

equiliacutebrio este tipo de preccedilo baseado em custo tambeacutem depende do volume de atividade que

estaacute sendo considerado

51

Por fim apresenta-se o preccedilo de mark-up que eacute calculado adicionando-se uma margem

padratildeo ao preccedilo de equiliacutebrio Assumindo que a empresa queira ganhar 20 de margem sobre

suas vendas o mark-up eacute dado por

Preccedilo de Mark-up Preccedilo de Equiliacutebrio(1 margem desejada)

Este meacutetodo de apreccedilamento popular pela sua simplicidade ignora a demanda e a

concorrecircncia Ele somente iraacute funcionar caso o volume de vendas seja atingido (LAMBIN

2000a LAMBIN 2000b KOTLER KELLER 2005)

Os meacutetodos de apreccedilamento baseados em custo conduzem a preccedilos aleacutem do devido em

mercados mais fracos e a preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute

considerado pelos estudiosos da aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma

estrateacutegia prudente O principal problema eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir

todas as despesas e permitir retorno

Depois de realizada a anaacutelise da demanda e a estimativa dos custos da empresa o proacuteximo

passo eacute conhecer as accedilotildees da concorrecircncia A seguir discute-se a importacircncia e a influecircncia

dos competidores na determinaccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico de uma empresa

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes

Uma empresa precisa comparar seus custos com os custos de seus competidores para saber

em que niacutevel opera e se estaacute em vantagem ou desvantagem em relaccedilatildeo a eles (BESANKO

52

DRANOVE SHANLEY 2001 GRANT 2002 PORTER 1980) Tambeacutem eacute necessaacuterio

conhecer o preccedilo e a qualidade das ofertas concorrentes pois esse seraacute um ponto de referecircncia

para a fixaccedilatildeo de seu preccedilo Isso porque a estrateacutegia de apreccedilamento eacute muito influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia que eacute caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento (LAMBIN 2000a PORTER 1980 PORTER 1992 JAIN 2000) e do valor

percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo produzidos pela empresa com

o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (LAMBIN 2000a)

O mercado eacute o foco da atividade econocircmica Devido a sua relevacircncia na formaccedilatildeo de preccedilos

e alocaccedilatildeo de recursos os administradores datildeo grande importacircncia agraves estruturas de mercado

dos diferentes bens e serviccedilos Tradicionalmente classificam-se os mercados em quatro

estruturas baacutesicas concorrecircncia perfeita monopoacutelio oligopoacutelio e concorrecircncia monopoliacutestica

Existe monopoacutelio quando haacute um uacutenico vendedor de uma mercadoria natildeo haacute substitutos

proacuteximos para os bens e existem obstaacuteculos quanto agrave entrada na induacutestria que podem ser de

vaacuterias naturezas tais como (MANKIW 1999)

bull O mercado eacute limitado e natildeo comporta mais do que uma firma

bull A firma existente segue uma poliacutetica de preccedilos planejada para reduzir a atraccedilatildeo de

novos concorrentes

bull A firma possui o controle sobre a mateacuteria-prima canais de distribuiccedilatildeo ou sobre o

processo de produccedilatildeo (patentes)

bull A firma opera com licenccedila do governo ou em sistema limitante da produccedilatildeo tal como

cotas

Mankiw (1999) explica que a concorrecircncia monopoliacutestica ocorre quando haacute muitos

vendedores de bens substitutos proacuteximos mas natildeo perfeitos e o cliente baseia suas decisotildees

tanto em relaccedilatildeo ao preccedilo quanto em relaccedilatildeo agraves especificidades dos produtos

53

Um mercado monopolisticamente competitivo tem duas caracteriacutesticas importantes (1) trata-

se de um ambiente comercial no qual as empresas competem vendendo produtos

diferenciados altamente substituiacuteveis uns pelos outros mas que natildeo satildeo entretanto

substitutos perfeitos e (2) trata-se de um mercado de livre entrada e saiacuteda - eacute relativamente

faacutecil a entrada de novas empresas com suas proacuteprias marcas de produto e a saiacuteda de

companhias que nele atuam caso seus produtos deixem de ser lucrativos (PINDYCK

RUBINFIELD 2002)

O oligopoacutelio eacute uma estrutura de mercado que caracterizada pela existecircncia de um pequeno

mas suficiente nuacutemero de firmas e por isso mesmo interdependentes ou seja cada uma

considera como suas accedilotildees afetariam as poliacuteticas das rivais (PINDYCK RUBINFIELD

2002) Pindyck e Rubinfeld (2002) afirmam que em um mercado oligopoliacutestico o produto

pode ou natildeo ser diferenciado O que importa eacute que apenas algumas poucas empresas satildeo

responsaacuteveis pela maior parte ou pela totalidade da produccedilatildeo Em alguns desses mercados

algumas ou todas as empresas auferem lucros substanciais a longo prazo jaacute que barreiras agrave

entrada tornam difiacutecil ou impossiacutevel que novas companhias entrem no mercado

Mankiw (1999) explica que na concorrecircncia perfeita pressupotildee-se que os vendedores e

compradores satildeo suficientemente numerosos e atomizados de tal sorte que nenhum deles

isoladamente eacute capaz de exercer influecircncia significativa sobre o preccedilo da mercadoria Existe

homogeneidade nas mercadorias isto eacute os consumidores natildeo percebem diferenccedilas em relaccedilatildeo

aos diversos produtos ofertados no mercado as mercadorias satildeo commodities natildeo haacute

interferecircncia na livre determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos e fatores de produccedilatildeo tanto

produtores quanto consumidores tem conhecimento dos preccedilos e quantidades de produtos

oferecidos no mercado

54

Este modelo trata-se de uma abstraccedilatildeo teoacuterica que eacute dificilmente encontrado no mundo real

Um exemplo proacuteximo deste tipo de mercado satildeo as feiras livres de produtos agriacutecolas nas

quais os clientes podem estar informados de todos os preccedilos praticados para cada tipo de

produto os quais satildeo homogecircneos

No que refere agrave geraccedilatildeo de preccedilos como discutido o niacutevel de preccedilos seraacute diretamente

proporcional agrave demanda do produto ou serviccedilo em questatildeo e inversamente proporcional agrave

oferta dos mesmos Cada agente econocircmico eacute incapaz de isoladamente afetar de modo

significativo o preccedilo do produto (quadro 2) Este dependeraacute das accedilotildees e reaccedilotildees do conjunto

de agentes como um todo (MANKIW 1999)

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado

Produto

No de empresas

Barreiras de

entrada

Capacidade de

influenciar o preccedilo

Concorrecircncia

Perfeita

Homogecircneo

Muitas

Sem barreiras

Natildeo

Monopoacutelio

Homogecircneo Apenas uma Com barreiras Sim

Oligopoacutelio

Homogecircneo

Poucas

Com barreiras

Sim

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Diferenciado

Muitas

Sem barreiras

Sim

Fonte elaborado pela autora com base em Mankiw (1999) e Pindyck e Rubinfield (1999)

Portanto mercados satildeo frequumlentemente descritos como sendo concentrados (com poucos

vendedores) ou desconcentrados (muitos vendedores) Essas caracterizaccedilotildees permitem uma

55

raacutepida e acurada avaliaccedilatildeo da natureza da competiccedilatildeo em um mercado (BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

Sobre o valor percebido do produto Lambin (2000a) apresenta no quadro 3 dois niacuteveis de

intensidade relacionadas com esse valor permitindo assim quatro situaccedilotildees distintas nas

decisotildees de preccedilo em face dos tipos de concorrecircncia existentes

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia

No de Competidores

Valor Percebido do

Produto

Baixo

Alto

Alto

Monopoacutelio ou Oligopoacutelio

Diferenciado

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Fraco

Oligopoacutelio

Indiferenciado

Concorrecircncia Pura ou

Perfeita

Fonte Adaptado de Lambin 2000a

Quando o nuacutemero de competidores eacute baixo e o valor percebido do produto eacute alto a estrutura

de mercado estaacute proacutexima do monopoacutelio ou oligopoacutelio diferenciado O preccedilo nesse caso eacute

uma ferramenta para a empresa a qual possui a margem para manobra que pode variar com o

valor percebido do comprador sobre os atributos de diferenciaccedilatildeo

56

No outro extremo onde o nuacutemero de concorrentes eacute alto e os produtos possuem baixo grau de

diferenciaccedilatildeo (commodities) a estrutura eacute proacutexima da competiccedilatildeo perfeita Nessa situaccedilatildeo os

preccedilos satildeo amplamente determinados pela lei da oferta e demanda A empresa natildeo tem

praticamente nenhuma autonomia sobre as estrateacutegias de apreccedilamento

Uma terceira situaccedilatildeo que apresenta baixo nuacutemero de competidores e baixo valor percebido

corresponde ao oligopoacutelio indiferenciado A interdependecircncia dos concorrentes nesse caso eacute

alta limitando a autonomia das empresas sobre os preccedilos praticados O preccedilo tende a estar

alinhado com o oferecido pelo liacuteder de mercado

Finalmente na uacuteltima alternativa tecircm-se produtos altamente diferenciados oferecidos por um

grande nuacutemero de empresas Eacute a chamada concorrecircncia monopoliacutestica onde existem alguns

graus de autonomia que podem ser limitados pela intensidade competitiva

A suposiccedilatildeo da existecircncia de um grande nuacutemero de consumidores e produtores associada agrave

informaccedilatildeo perfeita livre entrada e saiacuteda do mercado e comercializaccedilatildeo de produtos

homogecircneos conduz agrave conclusatildeo que os preccedilos devem ser iguais entre todas as empresas que

operam no mercado (condiccedilatildeo de concorrecircncia perfeita) Entretanto eacute importante destacar que

isso representa uma condiccedilatildeo ideal de mercado difiacutecil de verificar na praacutetica

Lepsch (1996) afirma que a estrutura de mercado e a estrateacutegia competitiva examinam uma

ampla gama de mercados e explicam de que forma as decisotildees de preccedilo investimento e niacutevel

de produccedilatildeo das empresas dependem da estrutura de mercado e do comportamento dos seus

concorrentes A essecircncia da formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia competitiva eacute relacionar uma

empresa ao seu meio ambiente

57

A organizaccedilatildeo se expressa agrave comunidade por meio de seus produtos e a falta de

competitividade ameaccedila sua sobrevivecircncia no longo prazo A sobrevivecircncia de um produto

no longo prazo significa que os estiacutemulos gerados pelos fatores do macroambiente tecircm de

estar coerentes com sua estrateacutegia de negoacutecios e poliacutetica de preccedilos Portanto as decisotildees da

gerecircncia sobre apreccedilamento devem estar coerentes com o ambiente ao qual estatildeo

relacionadas Lambin (2000a) complementa ao afirmar que as estruturas de mercado satildeo

muito diferentes e podem ser observadas nos vaacuterios estaacutegios do ciclo de vida dos produtos

Jain (2000) considera que aleacutem do nuacutemero de empresas que atuam no mesmo segmento e do

valor percebido do produto eacute importante analisar o tamanho da induacutestria e a facilidade de

entrada no mercado O autor apresenta treze informaccedilotildees sobre os concorrentes que satildeo

necessaacuterias para estabelecer a estrateacutegia de preccedilo de um produto por uma empresa

1 Listas de preccedilos dos concorrentes jaacute publicadas e propaganda

2 Reaccedilotildees a mudanccedilas de preccedilo no passado (dos concorrentes)

3 Tempo em que os concorrentes mudam seus preccedilos e os fatores que iniciam essa

mudanccedila

4 Informaccedilotildees sobre campanhas especiais dos concorrentes

5 Comparaccedilatildeo com a linha de produto dos concorrentes

6 Suposiccedilotildees sobre estrateacutegias de preccedilo utilizadas pelos concorrentes e seus objetivos de

marketing

7 Relatoacuterios de desempenho financeiro dos concorrentes

8 Estimativa de custos dos concorrentes (fixos e variaacuteveis)

9 Retaliaccedilotildees de preccedilo esperadas

10 Anaacutelise da capacidade de retaliaccedilatildeo da concorrecircncia

11 Viabilidade financeira de enfrentar uma guerra de preccedilos

58

12 Postura estrateacutegica dos competidores

13 Agressividade do competidor

Dada a demanda dos consumidores a funccedilatildeo custos e preccedilos dos concorrentes a empresa

estaraacute preparada para selecionar um meacutetodo de estabelecimento de preccedilo que inclua uma ou

mais dessas trecircs consideraccedilotildees

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo

A fixaccedilatildeo de preccedilos no Brasil sofreu modificaccedilotildees a partir dos anos 90 devido agraves novas

tecnologias o relacionamento com fornecedores e compradores e o aumento da concorrecircncia

Durante os anos 60 70 e 80 o apreccedilamento era de responsabilidade da aacuterea financeira e

contaacutebil das empresas Os responsaacuteveis pela maior preocupaccedilatildeo com accedilotildees destinadas a cortar

custos e a procura por criar valor para o consumidor foram o aumento da competitividade e a

busca de novas estrateacutegias de diferenciaccedilatildeo de conquista e busca da lealdade dos

consumidores Na denominada economia moderna para prosperar a empresa deve oferecer

valor para o consumidor nos seus produtos ou serviccedilos de forma competitiva cobrindo os

seus custos e gerando retorno para os seus acionistas Para que isso seja possiacutevel eacute preciso que

a empresa tenha conhecimento sobre os diferentes meacutetodos de estabelecimento de preccedilo e

assim selecionar aquele que melhor se adapte aos objetivos por ela escolhidos

Analisar os custos e demanda da empresa eacute essencial para a fixaccedilatildeo correta do preccedilo de um

produto ou serviccedilo Entretanto de nada adianta se o preccedilo estabelecido pela companhia que

utilizou os meacutetodos propostos natildeo for adequado ao que o consumidor-alvo estaacute disposto a

59

pagar para adquiri-lo Kotler e Keller (2005) exibem o modelo dos 3 Cs custos

concorrentes e clientes como as trecircs principais consideraccedilotildees para selecionar um preccedilo

(figura 9)

Os custos representam o piso ou seja o miacutenimo cobrado por um produto e eacute igual ao

montante capaz de cobrir seus custos totais Abaixo desse niacutevel qualquer lucro eacute considerado

impossiacutevel para a empresa Por outro lado o teto eacute o maacuteximo que se deve fixar pois

representa a quantia de dinheiro que o cliente estaacute disposto a desembolsar para a compra do

item

Fonte Adaptado de Kotler e Keller (2005) Figura 9 O modelo dos 3 Crsquos para a determinaccedilatildeo de preccedilos

O equiliacutebrio eacute o preccedilo oferecido pelo mercado pela a mesma mercadoria ou produto com

caracteriacutesticas semelhantes (bens substitutos) Kotler e Keller (2005) estipulam seis meacutetodos

de determinaccedilatildeo de preccedilos No quadro 4 esses meacutetodos e suas caracteriacutesticas satildeo

resumidamente apresentados jaacute que suas caracteriacutesticas foram discutidas anteriormente

Preccedilo Baixo

Lucro impossiacutevel neste preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda impossiacutevel

neste preccedilo

CustosPreccedilos dos

concorrentes e dos

substitutos

Percepccedilatildeo pelos

consumidores de oferta

uacutenica

60

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees

Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilo

Caracteriacutesticas e Limitaccedilotildees

Mark up bull Meacutetodo de simples acreacutescimo de margem padratildeo ao custo do produto para formar o preccedilo de venda

bull Popular porque os vendedores tecircm mais certeza dos custos do que da demanda o caacutelculo eacute simples quando os custos se alteram quando todas as empresas usam o meacutetodo os preccedilos tendem a ser similares

bull Os preccedilos satildeo mais altos em itens sazonais (para cobrir risco de encalhe) de especialidade de giro lento com custos altos de estocagem e movimentaccedilatildeo e tambeacutem em itens de demanda inelaacutestica e tambeacutem eacute alto com produtos de custos ocultos ou altamente variaacuteveis

Preccedilo de Retorno-Alvo bull As empresas determinam o preccedilo que assegura a sua taxa alvo de retorno sobre o investimento (ROI) o fabricante realizaraacute o ROI pretendido se seus custos e vendas estimadas forem precisos

bull Importacircncia do caacutelculo do Ponto de Equiliacutebrio para que se saiba o que pode acontecer caso a previsatildeo de vendas natildeo se concretize

bull Ignora a elasticidade de preccedilos e preccedilos dos concorrentes

Preccedilo de Valor Percebido

bull As percepccedilotildees de valor dos compradores natildeo custos satildeo fatores-chave para determinar preccedilo

bull A chave para o uso de valor percebido eacute determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta

bull Eacute fundamental o pensamento do posicionamento do produto

bull Medir o valor percebido de cada um dos benefiacutecios do produto (apreccedilamento pelos componentes de valor) durabilidade confiabilidade serviccedilo superior garantia em peccedilas entre outros

bull Deve-se mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais caro ou seja o valor que a oferta de fato representa

Preccedilo de Valor bull A fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando comparado ao seu concorrente

bull Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo mas sim um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade

Preccedilo de Seguidor do Concorrente

bull A empresa baseia seu preccedilo em funccedilatildeo dos preccedilos cobrados pelos concorrentes dedicando menor atenccedilatildeo aos custos ou agrave demanda

Preccedilo de Licitaccedilatildeo bull A fixaccedilatildeo do preccedilo eacute fortemente orientada para a concorrecircncia

bull Maior o preccedilo menor seratildeo as chances da empresa de vencer a licitaccedilatildeo sendo possiacutevel o caacutelculo do lucro esperado de cada alternativa de preccedilo com as respectivas probabilidades de vitoacuteria

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000b)

61

Urdan e Urdan (2006) afirmam que o caminho para o apreccedilamento eacute a gestatildeo integrada de

preccedilos que contempla os diversos fatores relevantes e consolida a competecircncia gerencial no

processo de fixaccedilatildeo de preccedilos A figura 10 mostra os elementos baacutesicos da gestatildeo integrada

A base do trabalho eacute a anaacutelise de custos internos concorrecircncia demanda e consumidor

Fonte Urdan e Urdan (2006) Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos

Urdan e Urdan (2006) argumentam que este conhecimento identifica as forccedilas e as fraquezas

da organizaccedilatildeo e oportunidades e ameaccedilas no ambiente com influecircncia nas decisotildees de

precificaccedilatildeo Com o contexto mapeado satildeo definidos os objetivos que apontam as estrateacutegias

viaacuteveis num binocircmio integrado

Anaacutelise de Custos

Anaacutelise da Concorrecircncia

Anaacutelise da Demanda

Anaacutelise do Consumidor

Objetivos do Apreccedilamento

Estrateacutegias de Apreccedilamento

- - - - - Preccedilos Praticados + + + + +Preccedilos Miacutenimos

Preccedilos Maacuteximos

Ambiente

62

Assim como no modelo dos 3Cs apresentado na figura 9 o custo tambeacutem representa o

miacutenimo cobrado abaixo do qual natildeo existe viabilidade financeira a longo prazo A demanda e

o cliente formam o teto aleacutem do qual natildeo se consegue vender e entre esses dois pontos a

empresa seleciona os preccedilos mais adequados de acordo com os objetivos e as estrateacutegias

adotados (URDAN URDAN 2006)

Apoacutes selecionar o meacutetodo de apreccedilamento a empresa deveraacute considerar outros fatores que

iratildeo influenciar na fixaccedilatildeo do preccedilo final de seus produtos A seguir discute-se quais satildeo os

fatores adicionais em que situaccedilotildees eles devem ser levados em conta e quais satildeo as teacutecnicas

que melhor se encaixam em cada circunstacircncia que a empresa enfrenta

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final

Agrave medida que os meacutetodos de fixaccedilatildeo de preccedilos forem se consolidando no niacutevel a partir do

qual a empresa estabeleceraacute seu preccedilo final alguns fatores adicionais devem ser considerados

(KOTLER KELLER 2005) Esses fatores satildeo (i) o preccedilo psicoloacutegico (ii) a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing (iii) a poliacutetica de determinaccedilatildeo dos preccedilos da

empresa (iv) o impacto de preccedilos sobre terceiros e (v) determinaccedilatildeo de preccedilos por

compartilhamento de ganhos e riscos

No preccedilo psicoloacutegico a associaccedilatildeo do preccedilo alto com a qualidade conduz a empresa a colocar

o seu produto com o preccedilo entre os mais caros do segmento Ao analisar a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing na formulaccedilatildeo de seu preccedilo final a empresa deve

considerar a qualidade da marca e da propaganda em relaccedilatildeo agrave concorrecircncia Existe um

63

relacionamento positivo entre preccedilo alto e orccedilamento de propaganda Os consumidores

geralmente estatildeo dispostos a pagar mais por produtos conhecidos do que por desconhecidos

(FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005)

Sobre as poliacuteticas de preccedilo da empresa eacute importante ressaltar que o preccedilo deve ser consistente

com tais poliacuteticas com a finalidade de assegurar que a forccedila de vendas trabalhe com preccedilos

atrativos para os clientes e ao mesmo tempo rentaacuteveis para a empresa Algumas empresas

satildeo a favor da cobranccedila de multas sob determinadas situaccedilotildees (FRAM McCARTHY 1999)

Com relaccedilatildeo ao impacto de preccedilos sobre terceiros a empresa deveraacute considerar a reaccedilatildeo das

outras partes envolvidas e interessadas (URBANY 2001) tais como distribuidores e os

revendedores e por fim na determinaccedilatildeo de preccedilos por compartilhamento de ganhos e riscos

os compradores podem relutar em aceitar uma oferta caso percebam muito risco no negoacutecio

assim o vendedor pode propor absorver parte desse risco ou mesmo a sua totalidade se natildeo

entregar o valor prometido ao cliente (FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a

KOTLER KELLER 2005)

A discussatildeo sobre a seleccedilatildeo do preccedilo final encerra as etapas para estabelecer o preccedilo de venda

de um produto Entretanto as empresas geralmente natildeo determinam um preccedilo uacutenico mas

elaboram uma estrutura de determinaccedilatildeo de preccedilos que reflete as variaccedilotildees geograacuteficas na

demanda e nos custos as exigecircncias de segmento de mercado as oportunidades de compra os

niacuteveis de pedidos a frequumlecircncia de entrega as garantias os contratos de serviccedilos entre outros

fatores Devido aos descontos ou ao apoio promocional raramente as companhias realizam o

mesmo lucro sobre cada unidade vendida Existem vaacuterias estrateacutegias que permitem a

adequaccedilatildeo de preccedilos a situaccedilotildees distintas (KOTLER KELLER 2005) Essas estrateacutegias satildeo

apresentadas e discutidas a seguir

64

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo

Influenciados pelas variaccedilotildees do ambiente pelas saturaccedilotildees de mercado com baixa taxa de

crescimento pela competiccedilatildeo global e pelo movimento dos consumidores muitas empresas

estatildeo aderindo a diferentes formas de adequaccedilatildeo do preccedilo Tais empresas elaboram estrateacutegias

de adequaccedilatildeo de preccedilos que refletem variaccedilotildees principalmente na demanda e nos custos

Existem vaacuterias estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos tais como preccedilo geograacutefico preccedilos com

descontos preccedilo promocional preccedilo discriminatoacuterio e preccedilo de mix de produtos O quadro 5

apresenta cada uma dessas praacuteticas e suas principais caracteriacutesticas

As empresas procuram apresentar preccedilos diferentes de seus produtos para consumidores

localizados em regiotildees distintas Esta diferenciaccedilatildeo acontece devido a diversos fatores como

(i) diferentes custos de armazenagem transporte e entrega (ii) preferecircncias de seus

consumidores naquela regiatildeo (iii) os concorrentes locais Eacute a chamada estrateacutegia de preccedilo

geograacutefico Alguns clientes por exemplo preferem a permuta como praacutetica de pagamento A

permuta pode representar de 15 a 20 do comeacutercio mundial (KOTLER KELLER 2005) e

assume as seguintes formas escambo acordo de remuneraccedilatildeo acordo de recompra e

reciprocidade

Na reciprocidade o vendedor recebe seu pagamento total em dinheiro poreacutem com a condiccedilatildeo

de despender uma quantia naquele paiacutes durante um periacuteodo de tempo preacute-estabelecido

(KOTLER KELLER 2005 LAMBIN 2000a)

65

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos

Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do

Preccedilo

Consideraccedilotildees

Preccedilo geograacutefico Considera os custos de transporte ateacute o consumidor esses custos crescem em importacircncia quando o frete se torna uma parte maior do custo variaacutevel total Existem duas estrateacutegias geograacuteficas 1 Por ponto de produccedilatildeo pois o produto eacute retirado na faacutebrica

2 Preccedilo de entrega uniforme no qual o mesmo preccedilo eacute cotado para todos os compradores independente de sua localizaccedilatildeo

Descontos e concessotildees Desconto para pagamento agrave vista desconto por quantidade descontos funcionais (oferecidos aos membros do canal de distribuiccedilatildeo) descontos sazonais e concessotildees

Preccedilo promocional Preccedilo isca preccedilo de ocasiatildeo cupons de desconto financiamento a juros baixos maior prazo garantia e contratos de serviccedilos desconto psicoloacutegico (uso de preccedilo alto artificial para depois fazer uma reduccedilatildeo draacutestica)

Preccedilo diferenciado (Discriminado)

Preccedilo por segmento de consumidores preccedilo por versatildeo diferente de produto preccedilo de imagem preccedilo por localizaccedilatildeo preccedilo por periacuteodo Deve ser possiacutevel a segmentaccedilatildeo impossiacutevel revender deve ser legalizado e em consonacircncia com os consumidores para que decirc certo Podem ocorrer problemas

Preccedilo de composto de produtos O produto faz parte de um composto a empresa procura um preccedilo que maximize este composto 1 Preccedilo de linha de Produtos cada versatildeo sucessiva do produto traz caracteriacutesticas extras permitindo preccedilos mais elevados 2 Preccedilo de caracteriacutestica opcional produtos opcionais que acompanham o principal 3 Preccedilo do produto cativo fixaccedilatildeo de preccedilo baixo para conquistar consumidor e ganho nos produtos cativos 4 Preccedilo Composto uso de preccedilo fixo mais variaacutevel 5 Preccedilo de Subproduto venda de subprodutos permite a reduccedilatildeo do preccedilo do produto principal 6 Preccedilo do Pacote reuniatildeo de vaacuterios produtos satildeo vendidos mais baratos do que separadamente

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker Etzel (2001)

66

A fixaccedilatildeo de preccedilos com descontos e abatimentos consiste em ajustar o preccedilo baacutesico para

compensar certas situaccedilotildees relacionadas com o cliente ou com o mercado o pagamento

antecipado a compra de um grande volume de produtos e as compras realizadas fora de

temporada As reduccedilotildees nos preccedilos satildeo efetuadas por meio de desconto em dinheiro de

desconto por volume ou quantidade de compra descontos funcionais descontos sazonais e

concessotildees ou abatimentos (TELLIS 1995 SPROTT MANNING MIYAZAKI 2003)

O desconto em dinheiro eacute uma deduccedilatildeo no preccedilo para os compradores que pagam as contas na

data determinada ou antecipadamente Geralmente representa uma porcentagem do total

cobrado na fatura O desconto por quantidade eacute a reduccedilatildeo do preccedilo final para os clientes que

compram grandes volumes de bens e os funcionais satildeo oferecidos para os outros membros do

canal de distribuiccedilatildeo que concordarem em realizar serviccedilos como entrega ou estoque Os

descontos sazonais satildeo concedidos agravequeles que compram fora da estaccedilatildeo e por fim as

concessotildees satildeo pagamentos efetuados para conseguir a participaccedilatildeo em campanhas

promocionais apoio agraves vendas e outros programas especiais (KOTLER KELLER 2005

MANNING MIYAZAKI 2003)

Na determinaccedilatildeo de preccedilo promocional a companhia pratica preccedilos mais baixos

temporariamente devido a diferentes circunstacircncias como atrair os clientes para adquirir

outros produtos se desfazer de produtos sazonais e minimizar o volume de venda durante o

ano (LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005) Para enfrentar todas essas situaccedilotildees as

companhias podem utilizar diferentes teacutecnicas entre elas o preccedilo isca que consiste na

reduccedilatildeo do preccedilo de marcas conhecidas para estimular um movimento maior nas lojas Eacute

muito praticado pelos supermercadistas e pelas lojas de departamento poreacutem eacute um meacutetodo

que natildeo tem a aprovaccedilatildeo dos fabricantes pois pode diluir a imagem da marca ou criar

problemas com outros clientes que cumprem o preccedilo estabelecido na tabela

67

Outra teacutecnica conhecida eacute a utilizaccedilatildeo do preccedilo de ocasiatildeo Satildeo preccedilos especiais em certas

eacutepocas do ano que servem para atrair mais clientes

Os abatimentos em dinheiro satildeo utilizados estimular a compra dos produtos dos fabricantes

dentro de um periacuteodo especiacutefico e podem ajudar a reduzir o estoque de mercadorias sem

diminuir o preccedilo estabelecido na tabela

O financiamento a juros baixos eacute uma teacutecnica de preccedilo promocional onde em vez de cortar

preccedilos a empresa oferece um financiamento com baixas taxas de juros e os prazos de

pagamento mais longos satildeo os financiamento a longo prazo oferecidos geralmente pelas

instituiccedilotildees financeiras (bancos) e concessionaacuterias de automoacuteveis Ao utilizar a teacutecnica de

garantias e contratos de serviccedilo as empresas diminuem o preccedilo em funccedilatildeo dos serviccedilos

oferecidos e finalmente com os descontos psicoloacutegicos a empresa pode aumentar o preccedilo

artificialmente e depois oferecer um desconto substancial

Para estabelecer o preccedilo diferenciado (ou discriminatoacuterio) a empresa ajusta seus preccedilos

considerando as diferenccedilas entre os clientes os produtos as localidades e o periacuteodo Portanto

os segmentos devem apresentar diferentes graus de demanda (LAMBIN 2000a KOTLER

KELLER 2005) Os diversos meacutetodos para determinar um preccedilo diferenciado satildeo (i) o preccedilo

por segmento de clientes onde tem-se preccedilos diferentes de um mesmo produto para

diferentes grupos de clientes (ii) o preccedilo pela versatildeo do produto ou seja satildeo determinados

preccedilos diferentes por versotildees diferentes do produto sem que estes sejam proporcionais aos

seus custos de produccedilatildeo (iii) o preccedilo de imagem que satildeo preccedilos diferentes para mesmo

produto com base em diferenccedilas de imagem (iv) o preccedilo por localizaccedilatildeo que consiste em ter

o mesmo produto com preccedilos diferentes em locais diferentes e (v) o preccedilo por periacuteodo que

variam de acordo com a temporada dia ou hora

68

Na estrateacutegia de preccedilo de composto de produtos o apreccedilamento de um produto eacute influenciado

pelos preccedilos de outros produtos A aplicaccedilatildeo dessas estrateacutegias apresenta algumas

dificuldades porque cada item possui custos diferentes demandas diferentes e concorrecircncia

diferente As empresas geralmente desenvolvem linhas de produtos que apresentam uma

variedade de atributos Na fixaccedilatildeo de preccedilos de linha de produtos deve-se determinar os

patamares de preccedilo estabelecidos para os vaacuterios itens do mix considerando as diferenccedilas de

custos o valor percebido pelo consumidor para cada um e os preccedilos dos concorrentes

Algumas empresas utilizam a fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos opcionais ou seja o

estabelecimento de preccedilo de acessoacuterios que satildeo vendidos com o produto principal Outras

empresas fabricam produtos que somente podem ser utilizados com o produto principal a

fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos cativos (KOTLER KELLER 2005 STANTON WALTKER

ETZEL 2001 LAMBIN 2000a)

Eacute importante observar que apoacutes desenvolver a sua estrateacutegia de apreccedilamento a organizaccedilatildeo

ainda estaacute sujeita a enfrentar situaccedilotildees em que precisaraacute mudar sua poliacutetica Uma reduccedilatildeo de

preccedilos pode ser necessaacuteria devido agrave capacidade excedente da faacutebrica ao decliacutenio da

participaccedilatildeo de mercado recessatildeo econocircmica ou outros fatores discutidos da mesma forma

que um aumento pode ser necessaacuterio devido agrave inflaccedilatildeo de custos ou ao excesso de demanda

O profissional de marketing deve sempre estar atento agraves reaccedilotildees da concorrecircncia e preparar

planos de accedilotildees com possiacuteveis respostas a qualquer movimento dos competidores

Ateacute o presente toacutepico o estudo abordou os procedimentos necessaacuterios para que uma empresa

estabeleccedila de forma correta os preccedilos de seus produtos ou serviccedilos A seguir apresenta-se

como essas etapas satildeo definidas especificamente no varejo supermercadista Alguns dos

meacutetodos utilizados possuem caracteriacutesticas distintas ou adaptaccedilotildees por se tratar da

69

comercializaccedilatildeo de itens e natildeo de sua produccedilatildeo o que justifica a atenccedilatildeo especial dada ao

setor

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista

Parente (2000) define o supermercado como o estabelecimento caracterizado pelo sistema de

auto-serviccedilo com check-outs e produtos expostos de maneira acessiacutevel que permitem aos

consumidores se auto-servirem Ampliando esta definiccedilatildeo Guimaratildees et alli (2003)

caracterizam os supermercados como estabelecimentos varejistas nos quais se revende ampla

variedade de produtos utilizando-se do sistema de auto-serviccedilo no qual os clientes escolhem

mercadorias expostas em gocircndolas displays balcotildees e balcotildees refrigerados sem a

necessidade de vendedores e realizam os pagamentos em check-outs localizados na saiacuteda das

lojas Silveira e Lepsch (1997) afirmam que os principais benefiacutecios desse sistema (auto-

serviccedilo) para o supermercadista satildeo economia com matildeo-de-obra economias de escala e

baixos custos operacionais

A empresa varejista eacute considerada por Coughlan et alli (2001) como um elo intermediaacuterio na

cadeia produtiva vendendo produtos manufaturados pelo setor industrial situado a montante

para o consumidor final situado a jusante agregando-lhes valor por intermeacutedio de serviccedilos de

distribuiccedilatildeo Lepsch (1996) acredita que portanto eacute razoaacutevel afirmar que o produto do

varejo natildeo eacute algo fiacutesico e sim os serviccedilos ou atributos de uma loja agregados a bens

produzidos por outros setores da economia e prestados no comeacutercio para o consumidor final

Entre os atributos apontados pelo autor estatildeo mix de preccedilos mix de produtos oferecidos

qualidade dos produtos arquitetura do preacutedio arquitetura ambiental e imagem da loja layout

70

atendimento raacutepido e cortecircs estacionamento tamanho da loja localizaccedilatildeo cartatildeo de creacutedito

etc Entretanto autores como Levy e Weitz (2000) McGoldrick (1990) e Bloemer e Schroder

(2002) afirmam que a imagem da loja eacute o posicionamento do supermercado formado pelas

percepccedilotildees dos consumidores que resulta do conjunto destes atributos e portanto natildeo pode

ser considerada parte deles

A imagem Uma das primeiras definiccedilotildees de imagem de loja foi oferecida por Martineau em

1958 em seu claacutessico livro The personality of the retail store (McGOLDRICK 1990) e

enfatiza a necessidade de levar em consideraccedilatildeo natildeo apenas os fatores mais visiacuteveis ou

mensuraacuteveis mas tambeacutem os fatores menos tangiacuteveis como a personalidade da loja

McGoldrick (1990) explica que a imagem da loja eacute o modo pelo qual a loja eacute definida na

mente do comprador parcialmente por suas qualidades funcionais e parcialmente por uma

atmosfera de atributos psicoloacutegicos Esta definiccedilatildeo poreacutem foi criticada por tender a atribuir

um aspecto miacutestico ao conceito em que o consumidor natildeo avalia racionalmente os atributos

da loja

Outros autores sugeriram que ao inveacutes de classificar a imagem como parte do comportamento

de compra do consumidor sem uma base loacutegica seria razoaacutevel supor que o consumidor avalie

racionalmente a loja por meio de uma funccedilatildeo de utilidade de multi-atributos (McGOLDRICK

1990) Esta definiccedilatildeo foi abordada por Bloemer e Schroder (2002) a soma de todos os

atributos da loja da forma percebida pelo consumidor por meio de sua experiecircncia com a loja

Sheth Mittal e Newman (2001) tambeacutem definem imagem de loja como sendo a soma total

das percepccedilotildees que os clientes tecircm sobre uma loja Tal percepccedilatildeo eacute determinada por fatores

como mercadorias atendimento preccedilo atmosfera publicidade e funcionaacuterios Para esses

autores a imagem da loja eacute que determina o tipo de cliente que seraacute atraiacutedo e por outro lado

esse mesmo cliente eacute quem vai realimentar essa imagem

71

Sobre aos componentes muitos estudiosos classificam os fatores que compotildeem essa imagem

de forma a relacionar aos elementos do composto de marketing do varejo A importacircncia

relativa dos vaacuterios componentes varia consideravelmente dependendo do mercado setor

situaccedilatildeo competitiva e segmentos de consumidores (McGOLDRICK 1990) Existem razotildees

loacutegicas pelas quais a importacircncia relativa dos atributos deva variar entre mercados

considerando a comparaccedilatildeo entre paiacuteses regiotildees ou mesmo localidades diferentes

Um componente ganha importacircncia eacute a atmosfera da loja ou seja seu ambiente fiacutesico

Parente (2000) define atmosfera de loja como sendo o sentimento psicoloacutegico que o varejista

desenvolve no consumidor quando este visita a loja sendo tambeacutem entendida como a

personalidade da loja Para desenvolver a atmosfera os varejistas utilizam recursos que

influenciam a visatildeo olfato e outros sentidos dos clientes A atmosfera inclui iluminaccedilatildeo

cores muacutesica ambiente limpeza aroma decoraccedilatildeo e lay-out e que pode criar estiacutemulo para o

cliente permaneccedila na loja ou a vontade de sair rapidamente do local (SHETH MITTAL

NEWMAN 2001)

Porter e Claycomb (1997) explicam que uma taacutetica que pode ser usada para favorecer a o

varejista eacute a utilizaccedilatildeo de um mix de merchandising composto por um nuacutemero significativo de

marcas que possuem alta pontuaccedilatildeo em uma pesquisa de awareness (lembranccedila de marca) e

outras com imagem tambeacutem forte Para esses autores a imagem da loja estaacute diretamente

relacionada agrave imagem de uma marca pois marcas fortes e reconhecidas satildeo sinocircnimos de

qualidade e podem trazer o cliente de volta agrave mesma loja

O sortimento das mercadorias tambeacutem tem recebido bastante atenccedilatildeo por parte dos varejistas

e uma estrateacutegia de diferenciaccedilatildeo cada vez mais utilizada eacute a inclusatildeo de marcas proacuteprias no

conjunto de bens oferecido ao consumidor (COUGHLAN et alli 2001) As marcas proacuteprias

auxiliam na construccedilatildeo da imagem da loja pois permite ao varejista se diferenciar de

72

concorrentes proacuteximos e direcionar traacutefego para dentro da loja Como estatildeo disponiacuteveis

apenas em uma cadeia especiacutefica de lojas podem ser uacutenicas em termos de valor e

desempenho e essa exclusividade pode ser considerada uma forma de se conquistar a

lealdade de um cliente (SHETH MITTAL NEWMAN 2001) Outros componentes satildeo

apresentados no quadro 6

Conforme explicado anteriormente Levy e Weitz (2000) consideram o posicionamento um

projeto e a implementaccedilatildeo de um composto de varejo para criar uma imagem do varejista na

mente do cliente em relaccedilatildeo a seus concorrentes Como ele enfatiza a imagem na mente do

cliente (e natildeo aquela na mente do gerente) devem ser feitas pesquisas para saber qual eacute a

imagem do varejista e certificar-se de que ela esteja coerente com o que os clientes desejam

nesse mercado-alvo

O posicionamento do varejista eacute provavelmente mais importante para o sucesso do seu

negoacutecio do que as suas caracteriacutesticas reais (tangiacuteveis) As redes varejistas tentam posicionar-

se de forma a criar uma imagem consistente com a auto-imagem do seu puacuteblico O projeto do

ambiente de loja eacute um importante aspecto da estrateacutegia de posicionamento de serviccedilos e

influencia fortemente as impressotildees do consumidor e o comportamento tanto do cliente

quanto do vendedor O ambiente fiacutesico eacute particularmente importante na criaccedilatildeo da impressatildeo

favoraacutevel para a loja de varejo pois existem poucos criteacuterios objetivos pelos quais os

consumidores podem julgar a qualidade dos serviccedilos que recebem (SCHIFFMAN KANUK

1997)

Estudo de Kim e Han (2000) demonstrou que as preferecircncias dos consumidores por lojas

especiacuteficas tambeacutem podem estar ligadas agraves suas formaccedilotildees culturais que estatildeo relacionadas

ao seu grupo eacutetnico Essas diferentes formaccedilotildees culturais levam os consumidores a possuiacuterem

diferentes interpretaccedilotildees das lojas e de seus produtos devido agraves diferentes percepccedilotildees dos

73

atributos das lojas e agraves diferentes associaccedilotildees que esses consumidores fazem entre elas e as

classes soacutecio-econocircmicas dos seus clientes As classes soacutecio-econocircmicas estatildeo

significativamente relacionadas agrave imagem percebida da loja o que permite aos varejistas a

implementaccedilatildeo de mensagens promocionais persuasivas direcionadas aos segmentos sociais

alvejados

Os componentes que formam a imagem da loja tecircm sido reconhecidos tambeacutem como um

importante antecedente da satisfaccedilatildeo e da lealdade (BLOEMER SCHRODER 2002) A

lealdade agrave loja eacute construiacuteda por meio da satisfaccedilatildeo e esta satisfaccedilatildeo eacute construiacuteda entre outras

coisas por meio da imagem da loja (BLOEMER RUYTER 1998) Para Levy e Weitz

(2000) a satisfaccedilatildeo com a loja eacute a avaliaccedilatildeo poacutes-consumo de quanto a loja atendeu bem ou

excedeu agraves expectativas do cliente

Influenciados pelas mudanccedilas raacutepidas no ambiente de varejo pelos consumidores cada vez

mais exigentes pela competiccedilatildeo mais acirrada e pelas baixas taxas de crescimento dos

mercados em geral os varejistas estatildeo mais do que nunca obrigados a instituiacuterem de uma

forma contiacutenua o estabelecimento da satisfaccedilatildeo com a loja e da lealdade agrave loja Levy e Weitz

(2000) afirmam que um varejista constroacutei a lealdade do cliente ao criar uma imagem clara e

distinta de mix de varejo e ao reforccedilar de forma consistente essa imagem por meio de suas

mercadorias e serviccedilos

74

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja

Componente Detalhamento Preccedilo das mercadorias Preccedilos baixos

Preccedilos competitivos ou natildeo competitivos Qualidade das mercadorias Boa ou maacute qualidade das mercadorias

Marcas em estoque

Sortimento das mercadorias Amplitude e profundidade do sortimento Possui ou natildeo a marca que o cliente deseja Possui ou natildeo marcas elegantes

Pessoal de vendas Postura do pessoal de vendas Conhecimento do pessoal de vendas Nuacutemero de empregados da loja Serviccedilo bom ou ruim

Conveniecircncia de localizaccedilatildeo Localizaccedilatildeo perto da residecircncia ou do trabalho Acesso Boa ou maacute localizaccedilatildeo

Outros itens de conveniecircncia Estacionamento Horaacuterio de funcionamento da loja Conveniecircncia em relaccedilatildeo a outras lojas Lay-out da loja com relaccedilatildeo agrave conveniecircncia Conveniecircncia em geral

Serviccedilos Creacutedito Entrega Facilidade de devoluccedilatildeo de mercadorias Auto-serviccedilo

Promoccedilotildees de vendas Vendas especiais Cupons Displays de loja Siacutembolos e cores

Propaganda Estilo e qualidade da propaganda Miacutedia utilizada Credibilidade da propaganda

Atmosfera da loja Lay-out da loja natildeo relacionado agrave conveniecircncia Decoraccedilatildeo externa e interna da loja Congestionamento dentro da loja Prestiacutegio da loja Simpatia para com a loja

Institucional Reputaccedilatildeo e credibilidade da loja Loja conservadora ou moderna

Clientela da loja Niacutevel soacutecio-econocircmico da clientela Auto-imagem da clientela

Aspectos fiacutesicos Instalaccedilotildees Arquitetura da loja Facilidade de compra

Poacutes-venda Satisfaccedilatildeo ou insatisfaccedilatildeo Fonte Adaptado de Kunkel e Berry (1968) Lindquist (1974) e Doyle e Fenwick (1974)

75

O estudo de Bloemer e Schroder (2002) considerou a satisfaccedilatildeo do consumidor como sendo

um niacutevel prazeroso de realizaccedilatildeo relacionado ao consumo Para esses autores a lealdade de

loja pode ser definida como a resposta comportamental enviesada (ou seja natildeo aleatoacuteria)

expressa atraveacutes do tempo pelo consumidor com relaccedilatildeo a uma loja sendo uma funccedilatildeo dos

processos psicoloacutegicos (tomada de decisatildeo e avaliaccedilatildeo) resultante do comprometimento

Essas respostas comportamentais foram consideradas para Bloemer e Schroder (2002) como

sendo comunicaccedilatildeo boca-a-boca intenccedilatildeo de compra e insensibilidade a preccediloBloemer e

Schroder (2002) demonstraram que um consumidor que percebe uma loja em particular com

imagem positiva estaacute mais propenso a satisfazer-se com essa loja do que um consumidor que

percebe a loja com uma imagem menos positiva Portanto seu estudo concluiu que uma

imagem de loja mais positiva levaria a um niacutevel de satisfaccedilatildeo maior Aleacutem disso uma

imagem de loja positiva tambeacutem levaria a um niacutevel de afeto maior para com a loja

aumentando tambeacutem o niacutevel de satisfaccedilatildeo Por sua vez a satisfaccedilatildeo levaria agrave lealdade se a

confianccedila e o comprometimento para com a loja estivessem presentes Portanto o modelo de

inter-relaccedilatildeo entre os conceitos acima pode ser apresentado conforme a figura 11

Engel Blackwell e Miniard (1995) explicam que as imagens formadas pelos consumidores

com base em suas percepccedilotildees dos atributos considerados importantes afetam o processo

decisoacuterio de escolha da loja A escolha da loja para esses autores seria uma funccedilatildeo de

caracteriacutesticas do consumidor e de caracteriacutesticas da loja Para tomar a decisatildeo sobre o local

de compra o consumidor busca informaccedilotildees que possam ajudaacute-lo a minimizar seu risco de

insatisfaccedilatildeo

76

Imagemde

loja

AfetoPositivo

Satisfaccedilatildeo Confianccedila ecomprometimento

Bocaa

boca

Insensibilidadea preccedilo

Intenccedilatildeo decompra

Fonte Adaptado pelas autoras de Bloemer e Schroder (2002)

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja

Mason Mayer e Ezell (1988) afirmam que estas informaccedilotildees podem ser fornecidas pelo

proacuteprio varejista por meio de propaganda e promoccedilotildees O consumidor ainda pode receber

recomendaccedilotildees de seus vizinhos parentes e amigos sobre em qual loja comprar O varejista

de posse dessas informaccedilotildees poderaacute explorar ao maacuteximo seus instrumentos de marketing para

criar o posicionamento desejado

Engel Blackwell e Miniard (1995) sugerem um modelo sobre o processo de escolha de loja

que envolve os criteacuterios de avaliaccedilatildeo usados pelos consumidores e as caracteriacutesticas

percebidas da loja ou seja a imagem da loja formada na mente do consumidor conforme

mostrado na Figura 12 Os consumidores de cada segmento formam imagens variadas de

acordo com a sua percepccedilatildeo acerca dos atributos considerados importantes Esta percepccedilatildeo e

portanto a formaccedilatildeo de imagem depende das seguintes variaacuteveis localizaccedilatildeo qualidade e

natureza do sortimento preccedilo propaganda e promoccedilatildeo empregados serviccedilos oferecidos

atributos fiacutesicos da loja tipo de clientela atmosfera da loja e satisfaccedilatildeo apoacutes a compra

77

Assim verifica-se que o varejista possui vaacuterias ferramentas para conseguir a satisfaccedilatildeo e a

fidelidade de seus clientes mas eacute preciso que ele as utilize adequadamente de modo que o

consumidor consiga perceber e formar uma imagem positiva da loja colocando-a como sua

primeira opccedilatildeo de compra

Criteacuterios Avaliatoacuterios1 Localizaccedilatildeo2 Amplitude e Profundidade de sortimento3 Preccedilo4 Propaganda e promoccedilatildeo de vendas5 Pessoal da loja6 Serviccedilos7 Outros

Caracteriacutesticas Percebidas das Lojas1 Localizaccedilatildeo2 Sortimento3 Preccedilo4 Propaganda epromoccedilatildeo de vendas1 Pessoal da loja2 Serviccedilos

Processo de Comparaccedilatildeo

Lojas aceitaacuteveis Lojas inaceitaacuteveis

Imagemda loja

Fonte Engel Blackwell e Miniard (1995)

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja

Lepsch (1996) considera o varejo tambeacutem como uma unidade decisoacuteria da economia

considerada sob o prisma de transaccedilotildees com os fornecedores na compra e com os

consumidores na venda de produtos Tal dualidade segundo o autor faz com que ele integre o

sistema de marketing dos fabricantes e ao mesmo tempo opere seu proacuteprio sistema de

marketing

78

Desde seu surgimento na deacutecada de 30 nos Estados Unidos passando pela sua implantaccedilatildeo na

deacutecada de 50 no Brasil ateacute chegar no seu estaacutegio atual o supermercado evoluiu muito

Buscou maior eficiecircncia introduziu novas tecnologias redutoras de custos e preccedilos e assim

ocupou gradativamente o lugar das lojas especializadas tradicionais no comeacutercio varejista

de alimentos e produtos de higiene e limpeza (SILVEIRA LEPSCH 1997) Com o

acirramento da competiccedilatildeo apoacutes o Plano Real e a abertura da economia a empresas e produtos

estrangeiros o consumidor tornou-se o foco das redes supermercadistas Mais exigentes e

com maior facilidade em memorizar os preccedilos o cliente fez com que o setor passasse a lutar

pela sua preferecircncia nas estrateacutegias via preccedilo e mais fortemente nas estrateacutegias extrapreccedilo

As estrateacutegias extrapreccedilos foram discutidas nesse toacutepico As estrateacutegias via preccedilo fazem parte

do objetivo principal do estudo O preccedilo como apresentado no quadro 6 eacute um dos

componentes da gestatildeo estrateacutegica do varejo supermercadista e um dos criteacuterios de maior

importacircncia na escolha da loja pelo consumidor conforme visto na figura 12

Parente (2000) afirma que de todas as variaacuteveis do marketing mix a decisatildeo de preccedilo eacute

aquela que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas A afirmaccedilatildeo volta agrave questatildeo inicial da flexibilidade da

variaacutevel preccedilo em relaccedilatildeo aos outros componentes do mix de marketing ou seja as poliacuteticas

de preccedilos dos varejistas podem ser alteradas em curtiacutessimo prazo e devido agrave facilidade na

implementaccedilatildeo dessas alteraccedilotildees muitos varejistas assumem uma postura fortemente

competitiva respondendo rapidamente agraves alteraccedilotildees de preccedilo da concorrecircncia Boone e Kurtz

(1998) argumentam que os preccedilos desempenham um papel importante na percepccedilatildeo do

varejista por parte do consumidor e satildeo sempre um componente imprescindiacutevel para uma

estrateacutegia competitiva completa

79

O preccedilo eacute um determinante da compra dos produtos pelos clientes Eacute um dos elementos chave

para alcanccedilar o volume de vendas desejado e tem grande impacto nos lucros das empresas e

tem o papel fundamental na percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos compradores Eacute tambeacutem

variaacutevel do composto que pode ser mais facilmente comparada pelo consumidor no momento

da compra

O proacuteximo toacutepico discute a fixaccedilatildeo de preccedilos para o varejo supermercadista Os passos

propostos pelos autores apresentados na revisatildeo bibliograacutefica sobre determinaccedilatildeo de preccedilos

satildeo revistos agora com foco nas estrateacutegias adotadas pelos supermercados Alguns dos

componentes que influenciam no posicionamento das lojas satildeo discutidos em seguida como

possiacuteveis influenciadores no processo de precificaccedilatildeo de produtos comercializados pelas

grandes redes

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados

Lepsch (1966) afirma que pode-se esquematizar o apreccedilamento em um supermercado da

seguinte maneira primeiro emprega-se o meacutetodo de precificaccedilatildeo do mark up sendo que o

custo sobre o qual vai incidir a margem eacute custo da colocaccedilatildeo do produto do fornecedor na

loja A seguir os produtos do sortimento da loja satildeo divididos em categorias e para cada uma

eacute atribuiacuteda uma margem-objetivo Por fim o custo mais a margem datildeo um preccedilo para cada

um dos itens de uma categoria de produtos que precisa ser comparado com o preccedilo do mesmo

item nas lojas da concorrecircncia localizadas dentro da aacuterea de influecircncia do estabelecimento

em foco

80

O autor destaca que natildeo pode haver muita diferenccedila entre os preccedilos de um mesmo item dentro

de uma mesma aacuterea de influecircncia principalmente para cima (preccedilo mais alto) Neste caso a

empresa deve rever e ajustar o seu preccedilo A variaccedilatildeo de preccedilos pode aparecer por diferenccedilas

nos custos de produccedilatildeo dos comerciantes (REINGANUN1979) na busca por preccedilos menores

por parte dos consumidores (ROB 1985) ou pela lealdade resultante das compras repetitivas

de um uacutenico produto pelos clientes (MCMILLAN MORGAN 1988)

A tarefa de ajuste de preccedilos eacute de responsabilidade do gerente da loja que precisa manter as

margens meacutedias exigidas para as diversas categorias ou seccedilotildees de sua loja e principalmente

deve alcanccedilar a margem meacutedia geral estabelecida pela rede de supermercados (LEPSCH

1996) Silveira e Lepsch (1997) reforccedilam a responsabilidade do gerente na gestatildeo do preccedilo

de sua loja ao concluiacuterem que houve descentralizaccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos pelos

supermercados adotando-se na maioria dos casos um sistema misto

Os autores realizaram um estudo que confirmou a hipoacutetese de que a autoridade da loja na

precificaccedilatildeo aumentou Consequumlentemente a responsabilidade da loja pela obtenccedilatildeo de

resultados financeiros a ela designados tambeacutem aumentou Cabe tambeacutem ao gerente da loja

ficar atento ao comportamento do consumidor em relaccedilatildeo aos preccedilos dos produtos e ao

sortimento ao atendimento aos serviccedilos prestados entre outros (SILVEIRA LEPSCH

1997)

Ao estabelecer o preccedilo de venda ao consumidor o varejista toma uma seacuterie de decisotildees

estrateacutegicas Relacionando-se o estabelecimento do preccedilo em redes supermercadistas (figura

13) com os seis passos propostos por Kotler e Keller (2005) para o apreccedilamento adequado de

um produto pela induacutestria e discutidos nos itens anteriores desta revisatildeo bibliograacuteficas pode

fazer a seguinte comparaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilos propostos McGoldrick

81

(1990) considera que os apresentados no quadro 7 satildeo os adotados com mais frequumlecircncia pelas

empresas varejistas

Preccedilo geograacutefico

Descontos e concessotildees Preccedilo promocional Preccedilo diferenciado

Preccedilo de composto de produtos

Fonte Elaborado pela autora a partir de Kotler e Keller (2005)

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo

Mark-up padratildeo sobre o custo

Retorno-alvo

Preccedilo de valor

Valor percebido pelo

cliente

Preccedilo de mercado

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Determinaccedilatildeo do Objetivo de Preccedilo

Determinaccedilatildeo da Demanda

Estimativa de Custos

Anaacutelise de Custo Preccedilo e Ofertas do Concorrente

Seleccedilatildeo do Meacutetodo de Determinaccedilatildeode Preccedilo

Seleccedilatildeo do Preccedilo Final e Ajuste

82

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Maximizaccedilatildeo do lucro Redes de tamanho meacutedio com administraccedilatildeo familiar (geralmente)

Retirada razoaacutevel

Redes pequenas com administraccedilatildeo familiar

Maximizaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado Caracteriacutestica das grandes e meacutedias redes ou ainda em cadeias que estatildeo introduzindo novos modelos ou outros novos formatos

Defesa do mercado Muitas redes varejistas procuram proteger determinada aacuterea de influecircncia criando barreiras agrave entrada de novos concorrentes no mercado

Estabilizaccedilatildeo do mercado Com esse objetivo a loja procura interromper a praacutetica de guerra de preccedilos pela concorrecircncia podendo-se utilizar tambeacutem para desviar a atenccedilatildeo do consumidor dos preccedilos praticados

Imagem da rede A praacutetica de uma poliacutetica de preccedilos baixos todo dia (EDLP every day low price) pode ser um objetivo para atrair o consumidor e mantecirc-lo fiel agraves lojas da rede Eacute possiacutevel consideraacute-la tambeacutem um objetivo que visa mostrar ao consumidor integridade nos preccedilos

Preccedilos abaixo do custo marginal Caso um item categoria de produto ou seccedilatildeo apresentar sinais de entrada no estaacutegio final do ciclo de vida (decliacutenio) um objetivo comumente adotado eacute a eliminaccedilatildeo dos estoques por intermeacutedio de preccedilos baixos de maneira a gerar espaccedilo para a entrada de novos produtos Utiliza-se tambeacutem esse recurso em uma promoccedilatildeo como forma de atrair clientes para a loja

Fonte Elaborado pela autora a partir de McGoldrick (1990) e Kotler e Keller 2005

83

Parente (2000) completa observando que o varejista pode buscar como estrateacutegias de

apreccedilamento (i) preccedilos acima do mercado o varejista natildeo concorre em preccedilo evitando que a

marcaccedilatildeo de seus preccedilos esteja baseada na concorrecircncia (ii) preccedilos meacutedios de mercado os

varejistas buscam a diferenciaccedilatildeo em outros componentes do composto de marketing como

localizaccedilatildeo serviccedilos ou linha de produtos e (iii) preccedilos abaixo do mercado varejistas que tecircm

no preccedilo sua arma competitiva mais forte geralmente associado a uma estrutura de baixos

custos com avanccedilada tecnologia e modernos meacutetodos de gestatildeo

Em termos de determinaccedilatildeo da demanda cada preccedilo levaraacute a um niacutevel de demanda e teraacute um

impacto diferente nos objetivos de marketing da empresa Como foi discutido demanda e

preccedilo satildeo inversamente relacionados ou seja quanto mais alto o preccedilo de um produto menor

a quantidade demandada por este mesmo item A mesma regra eacute valida no supermercado Por

isso a preocupaccedilatildeo com o controle de preccedilos dos produtos ofertados

Ghisi (2005) explica que a formaccedilatildeo de oligopoacutelios no setor supermercadista gera diversos

riscos como por exemplo a imposiccedilatildeo de preccedilos realizada pelas grandes redes junto aos

fornecedores que traz como consequumlecircncia a restriccedilatildeo de opccedilotildees para os consumidores De

acordo com esse boletim a implantaccedilatildeo dessas grandes lojas resulta na perda de um grande

nuacutemero de postos de trabalho A abertura dessas empresas normalmente significa o

aniquilamento dos pequenos supermercados mercadinhos que operam no bairro e

adjacecircncias Esse fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil tendo grande contribuiccedilatildeo para o

desenvolvimento social e econocircmico do paiacutes (GHISI 2005)

84

A oligopolizaccedilatildeo tambeacutem aumenta o poder de barganha dos grandes grupos que passam a

competir por preccedilo Em contrapartida os pequenos supermercadistas que natildeo tecircm escala

comparaacutevel acabam comprando produtos de atacadistas e natildeo diretamente de fornecedores

aumentando assim os seus custos Isso acarreta em produtos finais caros para o consumidor

pois a margem de lucro dos atacadistas eacute elevada inviabilizando o repasse no preccedilo das

mercadorias (GHISI 2005)

Quanto agrave estimativa dos custos sabe-se que a demanda estabelece um teto no preccedilo que uma

empresa pode cobrar por seu produto e os seus custos determinam o piso ou seja o preccedilo

miacutenimo A empresa varejista deseja cobrar um preccedilo que cubra seu custo de produccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e venda do produto incluindo um retorno justo por seu esforccedilo e pelo seu risco

Especialistas concordam que a maioria das redes varejistas ainda utiliza o mark-up para

calcular o preccedilo das mercadorias com a taxa desejada de retorno

A anaacutelise de custos preccedilos e ofertas dos concorrentes tambeacutem acontece da mesma forma

para o varejista ou seja dentro da faixa de preccedilos possiacuteveis determinados pela demanda de

mercado e pelos custos da empresa esta deveraacute levar em conta os custos preccedilos e possiacuteveis

reaccedilotildees de preccedilos dos concorrentes Vale considerar neste ponto o conceito de shopping de

preccedilos que eacute o nome dado agrave praacutetica da obtenccedilatildeo de informaccedilotildees perioacutedicas sobre preccedilos

praticados pelos concorrentes Silveira e Lepsch (1997) explicam que como a concorrecircncia eacute

determinada em cada mercado supermercadista em geral cada loja possui sua proacutepria equipe

para coletar essas informaccedilotildees

O shopping de preccedilos abrange uma cesta baacutesica ampliada com cerca de 400 produtos sendo

estes de alto giro marcas fortes e elevados gastos promocionais por parte dos fornecedores

(alguns exemplos sabatildeo em poacute Omo leite condensado Moccedila sal Cisne e Accediluacutecar Uniatildeo) A

cesta varia de acordo com o formato da loja regiatildeo do paiacutes localizaccedilatildeo (ou aacuterea de

85

influecircncia) segmentaccedilatildeo de mercado entre outros (SILVEIRA LEPSCH 1997) Mas natildeo eacute

somente o shopping de preccedilos que possui informaccedilotildees importantes sobre a concorrecircncia Os

supermercadistas recorrem tambeacutem a dados adicionais em jornais tabloacuteides e televisatildeo para

formarem os preccedilos de seus produtos (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Em relaccedilatildeo agrave seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos para os varejistas tambeacutem satildeo

considerados paracircmetros como os custos a concorrecircncia a avaliaccedilatildeo dos clientes e o preccedilo

maacuteximo a ser cobrado Os meacutetodos mais utilizados no varejo encontram-se descritos no

quadro 8

Sobre as margens Boone e Kurtz (1998) ainda ressaltam que constituem fatores importantes

na imagem do varejista perante seus atuais e possiacuteveis clientes afetando ainda a sua

capacidade de atrair clientes Margens muito altas podem assustar e afastar os consumidores e

a praacutetica de uma taxa inadequada (muito baixa) pode natildeo cobrir os custos e natildeo gerar retorno

As margens satildeo expressas como porcentagem do preccedilo final de venda de um produto ou do

seu custo (BOONE KURTZ 1998) Suas foacutermulas satildeo

Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Preccedilo de Venda

Percentual de Margem sobre o Custo = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Custo

86

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Mark-up padratildeo sobre o custo Muitos varejistas adotam esse meacutetodo por ser mais raacutepido mecacircnico e relativamente simples de ser usado Resulta sempre de dois fatores os serviccedilos oferecidos (custos que precisam ser cobertos) e taxa de giro de estoque

Retorno-alvo

Preccedilo que permite atingir a taxa-alvo de retorno - ROI (return over investment)

Preccedilo de valor Preccedilo baixo para oferta de alta qualidade - no varejo o preccedilo de valor traduz-se na poliacutetica de fixar preccedilos baixos todos os dias (EDLP) - o varejista que seguir a praacutetica cobra um preccedilo baixo constantemente todos os dias sem descontos temporaacuterios nos preccedilos eliminando assim a incerteza de preccedilos de uma semana para a outra

Valor percebido pelo cliente Considera as percepccedilotildees dos clientes e natildeo os custos do vendedor como chave para determinar preccedilo Como analogia no varejo tem-se a estrateacutegia de preccedilo alto-baixo (High Low Price - HILO) onde o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes nas quais os preccedilos caem temporariamente abaixo do niacutevel da poliacutetica EDLP As promoccedilotildees criam entusiasmo e atraem compradores Por esse motivo a EDLP natildeo constitui garantia de sucesso Muitos varejistas utilizam uma combinaccedilatildeo de estrateacutegias de determinaccedilatildeo de preccedilos alto-baixos e de preccedilos baixos todos os dias com um aumento de propaganda e de promoccedilotildees

Preccedilo de mercado Estabelecer preccedilos com base nos concorrentes Praacutetica comum entre varejistas com conhecimento entre os competidores para realizaccedilatildeo de shopping de preccedilos em suas lojas

Fonte Elaborado pela autora com base em Boone e Kurtz (1998) Levy e Weitz (2000) Parente (2000)

87

Poreacutem quando se conhece apenas o custo e o percentual de margem calculado sobre o preccedilo

de venda as seguintes foacutermulas satildeo utilizadas

Preccedilo = Custo

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Custo 100 + Percentual de Margem sobre o Custo

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Boone e Kurtz (1998) explicam que as margens baseiam-se em parte no julgamento do

comerciante com relaccedilatildeo aos preccedilos que os consumidores estariam dispostos a pagar por um

produto Quando estes se recusam a pagar o preccedilo fixado ou surgem produtos de melhor

qualidade o varejista trabalha com a estrateacutegia de desconto que tem o seu percentual

calculado pela foacutermula

Percentual de Desconto = Valor do Desconto Novo Preccedilo

88

Os descontos tambeacutem podem ser utilizados para avaliaccedilotildees (BOONE KURTZ 1998) Os

gerentes da loja ou os compradores podem ser avaliados em parte com base nos percentuais

meacutedios de descontos concedidos nas linhas de produtos pelas quais satildeo responsaacuteveis dentro de

uma rede supermercadista

Por fim a seleccedilatildeo do preccedilo final compreendida como o ajuste do preccedilo em funccedilatildeo da

percepccedilatildeo de qualidade - por parte dos consumidores - e da influecircncia de outros elementos do

composto de marketing levando em consideraccedilatildeo questotildees como serviccedilos prestados

localizaccedilatildeo e outros As taacuteticas natildeo satildeo mutuamente exclusivas e podem ser utilizadas

simultaneamente

Um problema que pode ser encontrado ao estabelecer uma estrutura de preccedilos diz respeito a

produtos que fazem parte de um mix ou linha Neste caso natildeo satildeo apenas os preccedilos que

variam mas tambeacutem os produtos considerados Desta forma a fixaccedilatildeo de preccedilos natildeo deve

seguir a mesma loacutegica determinada para um uacutenico item O varejista busca neste caso um

conjunto de preccedilos que maximize o lucro total (GRACIOSO 1997)

A determinaccedilatildeo de preccedilos eacute difiacutecil porque os produtos possuem custo e demanda

interrelacionados e estatildeo sujeitos a diferentes graus de concorrecircncia Toledo Proenccedila e Mello

Jr (2003) afirmam que esse problema abre espaccedilo para a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais modernas

de gestatildeo no varejo como o gerenciamento de categorias Os autores explicam que o

gerenciamento de categorias eacute uma das ferramentas do sistema Resposta Eficiente ao

Consumidor - ECR (Efficient Consumer Response) que tem por objetivo definir o sortimento

os preccedilos as ofertas e promoccedilotildees para atender os diferentes puacuteblicos de consumidores e obter

uma coerecircncia no modo de apresentaccedilatildeo dos produtos no ponto de venda por afinidade de

consumo o que facilita a venda o cliente e gera aumento de vendas

89

O ECR Brasil caracteriza uma estrutura de categoria como sendo um mapa da aacutervore de

decisatildeo do consumidor (ECR Brasil 1998) A questatildeo chave eacute a capacidade de refletir o

modo como o consumidor toma sua decisatildeo quando faz uma compra dentro da categoria

Nesse processo a atribuiccedilatildeo de papeacuteis para as categorias eacute uma das mais importantes

decisotildees a serem tomadas pelo varejista pois fornece a base para a diferenciaccedilatildeo competitiva

e consequumlente alocaccedilatildeo de recursos entre as unidades estrateacutegicas de negoacutecio por categoria

do varejista (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR 2003) A classificaccedilatildeo eacute a seguinte

bull Dominantes Destino satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica uma

grande variedade de produtos igual ou superior agrave meacutedia do mercado sendo que o

varejista busca uma notoriedade e reconhecimento por parte dos seus clientes no

sentido de que sua oferta de variedade de produtos seja a melhor do mercado Os

produtos dessa categoria tecircm a caracteriacutestica iacutempar de atrair os consumidores agraves lojas

Exemplo mercearia seca (accediluacutecar arroz feijatildeo etc)

bull Competitivas Traacutefego satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica

uma variedade de produtos igual agrave meacutedia do mercado sendo que o varejista posiciona-

se corretamente no que tange a oferta de variedade de produtos Essas famiacutelias satildeo

compostas de produtos que tambeacutem tecircm caracteriacutestica de atrair os consumidores agraves

lojas em razatildeo da necessidade e periodicidade de compras Exemplo leite longa vida

suco e patildeo de forma

bull Convenientes Bandeira satildeo famiacutelias que apresentam como caracteriacutestica uma

variedade de produtos limitada ou seja igual agrave oferta dos demais concorrentes do

mesmo segmento poreacutem inferior agrave variedade ofertada pelos varejistas especialistas

Exemplo tintas ferramentas automotivos

90

bull Sazonais satildeo famiacutelias que possuem como caracteriacutestica uma variedade de produtos

grande em razatildeo uacutenica e exclusiva de ocorrecircncia de um evento sazonal Exemplo

chocolates panetones perus

Toledo Proenccedila e Mello Jr (2003) consideram ainda que o papel da categoria frequumlentemente

fornece diretrizes para a alocaccedilatildeo de recursos do varejista desde estoques espaccedilo nas

prateleiras e investimentos promocionaispublicitaacuterios a gastos de capital e tempos de

gerenciamento Por exemplo categorias com papel destino podem ter preccedilos mais

competitivos com o objetivo de atrair os consumidores e tornar a loja preferida nas compras

da categoria Nas demais os preccedilos podem ser menos competitivos

Apesar de todos os seis passos estarem adequados agrave escolha da estrateacutegia de apreccedilamento dos

produtos comercializados pelo varejo supermercadista eacute importante lembrar que muitas das

suas atividades satildeo completamente distintas das atividades de uma induacutestria O supermercado

responsaacutevel pela entrega do produto ao consumidor final oferece vaacuterios serviccedilos que natildeo satildeo

comuns aos fabricantes Muitas dessas accedilotildees podem ter grande influecircncia sobre a fixaccedilatildeo de

preccedilo dos bens comercializados sejam por aumentar os custos ou mesmo por oferecer maior

valor para o cliente

A proacutexima discussatildeo refere-se a algumas variaacuteveis que possivelmente interferem na decisatildeo

de apreccedilamento dos supermercadistas sobre os itens que disponibilizam para os seus

consumidores Tais variaacuteveis vatildeo aleacutem da demanda ou custo dos produtos e representam

questotildees fundamentais para ganho de competitividade no varejo

91

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo

Beisel (1993) apud Vance e Angelo (2003) sugere que a definiccedilatildeo do niacutevel de preccedilos mais

adequado seja efetuada a partir da anaacutelise das caracteriacutesticas de diferentes dimensotildees do

composto de varejo (quadro 9) Em um primeiro momento eacute essencial que o varejista defina

quem eacute o seu puacuteblico alvo

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo

Estrateacutegias de Preccedilos Caracteriacutesticas

Abaixo do Mercado Niacutevel do Mercado Acima do Mercado

Localizaccedilatildeo Inconveniente Competitiva Privilegiada

Horaacuterio de

Funcionamento Curto Competitivo Longo

Serviccedilo Pouconenhum Meacutedio Personalizado

Prestiacutegio Pouco Meacutedio Alto

Exclusividade do

Produto Nenhuma Meacutedia Excluxivo

Merchandising

Fashionableness Baixo Meacutedia Alto

Custo da Mercadoria Baixo Meacutedio Alto

Fonte Vance e Acircngelo (2003)

A seguir eacute preciso que identifique e analise as caracteriacutesticas do seu negoacutecio Localizaccedilatildeo

horaacuterio de funcionamento serviccedilos prestiacutegio a exclusividade do produtomercadoria

merchandising fashionableness que pode ser compreendido como o grau de requinte ou

elegacircncia dos produtos comercializados e custo das mercadorias satildeo os principais aspectos

sugeridos para avaliaccedilatildeo segundo o autor

92

Enquanto as caracteriacutesticas do produto podem ser as mesmas entre os diferentes equipamentos

varejistas a variabilidade na qualidade de serviccedilo e as caracteriacutesticas do mercado podem ser

diferentes dentro de cada equipamento varejista (ANCARANI SHANKAR 2004)

Aleacutem das variaacuteveis destacadas por Vance e Acircngelo (2003) Lepsch (1996) e Ancarani e

Shankar (2004) o presente estudo observaraacute outros fatores colocados como importantes por

estudiosos de varejo como influenciadores da fixaccedilatildeo de preccedilos nos supermercados

2111 Produto

Para Czinkota (2001) os produtos satildeo o conjunto de atributos funccedilotildees e benefiacutecios que os

clientes compram O termo produto significa a oferta de uma empresa capaz de satisfazer

uma necessidade do consumidor (KOTLER KELLER 2005) Aleacutem disso os produtos de

consumo podem ser divididos nas seguintes categorias (i) produtos de conveniecircncia itens

baratos que os consumidores compram com pouco esforccedilo e satildeo amplamente distribuiacutedos (ii)

produtos de compra comparada mais caros que os de conveniecircncia e a decisatildeo de compra eacute

mais importante (iii) produtos de especialidade os consumidores desejam uma marca

particular (iv) produtos substitutos natildeo satildeo opccedilotildees sendo a distribuiccedilatildeo muito limitada e (v)

produtos natildeo procurados satildeo desconhecidos ou natildeo mas natildeo satildeo ativamente procurados ateacute

que necessite deles sendo as vendas personalizadas

Conforme observado nas diferentes classificaccedilotildees de produtos suas caracteriacutesticas

influenciam no preccedilo para o consumidor final Produtos de conveniecircncia satildeo considerados

mais baratos enquanto produtos de especialidades como satildeo procurados por marcas

especiacuteficas tendem a serem mais caros

93

Nagle e Holden (1995) consideram que a administraccedilatildeo do produto eacute a mais poderosa

ferramenta de influecircncia dos preccedilos O produto pode influenciar o preccedilo dependendo do niacutevel

de diferenciaccedilatildeo do produto do seu estaacutegio no ciclo de vida e do segmento de mercado de

atuaccedilatildeo (ZICKER 2002) Nos estaacutegios de introduccedilatildeo e crescimento o preccedilo eacute mais alto e na

maturidade a tendecircncia eacute de queda dos preccedilos (KOTLER KELLER 2005) Poreacutem eacute possiacutevel

modificar o produto ou aumentar o periacuteodo de estaacutegio analisando e percebendo as mudanccedilas

no ambiente

Stanton Walker Etzel (2001) consideram um mix de produtos como o conjunto de todos os

produtos oferecidos para venda por uma empresa Uma linha de produtos eacute um amplo grupo

de produtos destinados a usos essencialmente similares e tendo caracteriacutesticas fiacutesicas

similares O mix de produtos eacute composto por uma ou mais linhas de produtos Todos os

produtos que uma empresa comercializa podem ser considerados o seu o mix A amplitude ou

abrangecircncia do seu composto eacute a seacuterie de diferentes linhas de produtos a extensatildeo eacute o

nuacutemero de produtos (diferentes marcas) dentro de uma linha e a profundidade da linha satildeo os

tipos de produtos dentro de cada marca (STANTON WALKER e ETZEL 2001 KOTLER

KELLER 2005 PARENTE 2000)

2112 Marca

Com relaccedilatildeo agraves marcas dos produtos estudiosas afirmam que marcas e criaccedilatildeo de marcas satildeo

ingredientes vitais necessaacuterios ao sucesso no mercado (SHULTZ e BARNES 2001) Os

consumidores utilizam-se das marcas como fontes de informaccedilatildeo simplificando escolhas e

94

reduzindo riscos da aquisiccedilatildeo Elas capturam crenccedilas sobre os atributos e a imagem geral do

produto entre os clientes Os fabricantes estatildeo cada vez mais interessados em comercializar

novos produtos sob a proteccedilatildeo de nomes de marca bem estabelecidos familiares aos clientes

aumentando sua aceitabilidade (IACOBUCCI 2001)

A American Marketing Association (AMA) define marca como um nome termo

siacutembolosigno ou uma combinaccedilatildeo de todos que estaacute associado a diferentes produtos ou

serviccedilos de uma empresa em particular Essencialmente uma marca significa a promessa de

entrega de um produto ou um pacote particular de caracteriacutesticas benefiacutecios e serviccedilos para

os consumidores Iacobucci (2001) considera que as marcas possibilitam aos consumidores a

associaccedilatildeo a funcionalidades imagens e experiecircncias Com um mercado competitivo os

produtos ficam mais uniformes e com isso as marcas evoluem para oferecer um valor

diferenciado aos seus clientes A marca tornou-se base imediata para a escolha de uma

mercadoria traduzindose em lucros para a empresa

O sucesso da marca depende de associaccedilotildees A marca estaacute associada a uma rede de

pensamentos ou associaccedilotildees feitas apenas nas cabeccedilas dos consumidores O grande desafio

para uma marca eacute desenvolver um arranjo de ideacuteias associadas ao seu siacutembolo natildeo sendo

apenas um nome mas um conjunto de significados A construccedilatildeo de uma marca eacute orientada

por uma visatildeo de posicionamento desejado e implementada pelas decisotildees relacionadas ao

composto de marketing

O valor da marca apoiaacute-se na ideacuteia de que os consumidores compram e usam certos produtos

com marcas mais pelo que eles representam do que pelo que eles realmente fazem Aaker

(1991) define valor de marca como sendo o conjunto de ativos e passivos relacionados a uma

marca seu nome e siacutembolo que adicionam ou subtraem valor ao valor provido pelo produto

ou serviccedilo O autor identifica quatro principais categorias pelas quais o valor da marca pode

95

ser deduzido reconhecimento de marca associaccedilatildeo de marca qualidade percebida e

fidelidade agrave marca Essas categorias satildeo estreitamente relacionadas assim a lealdade da

marca eacute dependente do seu reconhecimento pelos consumidores do poder de estabelecimento

de associaccedilotildees bem como do niacutevel de qualidade percebida

Aaker (1996) afirma que o desafio para as marcas eacute que elas possuam uma imagem clara e

distinta que importe para o consumidor e realmente as diferencie dos outros concorrentes

Para a construccedilatildeo de grandes marcas o autor sugere que a empresa encare suas marcas natildeo

somente como um produto ou serviccedilo mas como uma organizaccedilatildeo uma pessoa e um siacutembolo

Assim tornar prioridade inovaccedilatildeo lideranccedila de mercado ou qualidade de produto como

estrateacutegia empresarial tem impacto direto na percepccedilatildeo da marca se esse tambeacutem for seu

posicionamento Esse tipo de associaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo eacute mais difiacutecil de imitar do que

atributos de produtos

As marcas satildeo selecionadas e usadas pelos consumidores para dizer alguma coisa que eles

gostariam de dizer O comprometimento com uma marca pode ser definido como um elo com

essa marca particular dentro de uma categoria de produto

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo

Neves (1999) afirma que os canais de distribuiccedilatildeo podem ser entendidos como sendo o

percurso que o produto faz ateacute o consumidor final Um conjunto de organizaccedilotildees

interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar esse produto ou serviccedilo para uso

ou consumo ou ainda como maneiras de desenhar desenvolver e manter relacionamentos

96

entre os participantes do canal de tal forma a obter vantagens competitivas sustentaacuteveis pelas

empresas tanto em niacutevel individual como coletivo (COUGHLAN et alli 2002) Para

Rosenbloom (1999) podem ser entendidos como uma organizaccedilatildeo externa que a gestatildeo

utiliza para atingir os seus objetivos de distribuiccedilatildeo A organizaccedilatildeo eacute externa porque natildeo faz

parte da estrutura interna da empresa satildeo os intermediaacuterios entre a induacutestria e o consumidor

final

Os intermediaacuterios tomam muitas formas atualmente incluindo lojas de departamentos lojas

de descontos lojas de eletrodomeacutesticos e eletrocircnicos lojas de vestuaacuterios hipermercados

supermercados lojas especializadas lojas de conveniecircncia franquias clubes de compras e

varejistas on-line Aleacutem disso os varejistas podem ocupar-se de bens com marca proacutepria

(marca de loja) e podem tambeacutem se integrar verticalmente para traacutes de forma eficaz na cadeia

de suprimento (COUGHLAN et alli 2002)

No Brasil os tipos mais importantes de varejista alimentiacutecio para distribuiccedilatildeo satildeo

hipermercados supermercados lojas de conveniecircncia lojas de especialidades (accedilougues

varejotildees padarias entre outros) mercearias e outros formatos (PARENTE 2000) Muitas

redes supermercadistas engajaram no processo de reformulaccedilatildeo do padratildeo de suas lojas para

atender a diversos segmentos de mercado passando a operar com diferentes bandeiras cada

uma focada em um nicho de mercado atrativo (GHISI 2005)

Os criteacuterios da AcNielsen (2004) classificam os canais de distribuiccedilatildeo de produtos

alimentares em 03 categorias baacutesicas Cada categoria possui um grupo de diferentes formatos

As categorias satildeo (i) consumo local formada por bares restaurantes lanchonetes e adegas

(ii) auto-serviccedilo que se refere ao formato de varejo alimentiacutecio caracterizado pela disposiccedilatildeo

dos produtos em self-service e pela existecircncia de caixas (check-outs) na saiacuteda como os

supermercado e hipermercados e (iii) tradicionais no qual pressupotildeem-se a presenccedila de

97

atendente (vendedor ou balconista) que assiste e interage no processo de compra (compra

assistida) como armazeacutens empoacuterios mercearias padarias etc

No auto serviccedilo as classificaccedilotildees da AcNielsen (2004) e da ABRAS (2005) consideram

como supermercados os estabelecimentos encontrados em bairros ou vizinhanccedila para

compras rotineiras preccedilos meacutedios que apresentam como principais seccedilotildees de vendas

mercearia bazar e pereciacuteveis Possuem cerca de 1500 a 5000 itens em exposiccedilatildeo e de 2 a 40

check-outs mais de 300 msup2 de aacutereas de vendas e faturamento anual de mais de 1 milhatildeo de

doacutelares Em termos do porte da loja satildeo considerados pequenos aqueles supermercados que

possuem ateacute 4 check-outs de pequenos agrave meacutedios os com 5 a 9 check-outs meacutedios quando

possuem de 10 a 19 check-outs e grandes os supermercados cujo nuacutemero de check-outs varia

entre 20 a 49

Os hipermercados satildeo estabelecimento localizado em aacutereas de intenso fluxo e faacutecil acesso

destinado agraves compras de maior volume preccedilos baixos e com mais descontos Possuem como

principais seccedilotildees de vendas mercearia bazar e pereciacuteveis tecircxteis e eletrodomeacutesticos Tecircm

mais de 5000 itens em exposiccedilatildeo nuacutemero de check-outs acima de 50 mais 5000 msup2 de aacutereas

de vendas e faturamento anual de mais de 12 milhotildees de doacutelares A tabela 1 apresenta a

classificaccedilatildeo do setor supermercadista de acordo com o nuacutemero de check-outs

Ghisi (2005) apresenta os principais formatos de loja existentes como

1 Loja de conveniecircncia modelo importado dos Estados Unidos na deacutecada de 80 que

pode ser caracterizado por oferecer pequena variedade de itens (cerca de 1000 itens)

principalmente de conveniecircncia e possuir aacuterea de venda de 50 msup2 a 250 msup2 Satildeo lojas

relativamente pequenas de faacutecil acesso e para compras raacutepidas que funcionam 24

horas por dia Constituem um importante canal de distribuiccedilatildeo varejista minimizando

98

esforccedilos de compra dos clientes Essas lojas estatildeo localizadas em postos de gasolina

ou em aacutereas de grande concentraccedilatildeo populacional Os preccedilos praticados geralmente

satildeo 15 maiores do que os dos supermercados convencionais

2 Loja de Sortimento Limitado ou discount conceito trazido da Alemanha que

representou na eacutepoca uma inovaccedilatildeo incremental Opera cerca de 700 itens

basicamente de mercearia e praticamente nenhum serviccedilo Na deacutecada de 80 as lojas

de sortimento limitado se tornaram muito populares impulsionadas pela rede

Minibox do Patildeo de Accediluacutecar que passou a ser seguida por concorrentes da eacutepoca Esse

formato de loja praticamente desapareceu na deacutecada de 90 e retomou sua importacircncia

a partir do ano 2000 As lojas de descontos atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Esse tipo de loja opera com sortimento

limitado e poucos funcionaacuterios o que pode resultar na oferta de preccedilos competitivos

3 Supermercado Compacto supermercado de menor porte eacute o conhecido supermercado

de vizinhanccedila Representam a maioria das unidades de auto-serviccedilos do Brasil e em

geral pertencem a operadores independentes Atualmente satildeo responsaacuteveis por cerca

de 14 da distribuiccedilatildeo de alimentos no Brasil onde estatildeo em plena ascensatildeo

4 Supermercado Convencional tradicional supermercado com aacuterea de venda de 700 msup2

a 2500 msup2 Dentre as seccedilotildees existentes opera principalmente as mais tradicionais

mercearia pereciacuteveis bazar carnes e aves frios e laticiacutenios sendo crescente o

aumento de seccedilotildees para atrair o cliente como a de padaria e de peixaria A meacutedia de

itens ofertados eacute de 9000 e os produtos satildeo alimentiacutecios na grande maioria Pode ser

definido como um mercado generalista que revende para o consumidor final ampla

variedade de produtos de forma departamentalizada no sistema de auto-serviccedilo A

maioria das redes atuantes no Brasil opera grande nuacutemero de lojas classificadas como

supermercados convencionais

99

5 Superloja tipo de loja que opera com uma completa linha de produtos alimentiacutecios

Os natildeo-alimentiacutecios comeccedilam a crescer em importacircncia podendo representar ateacute 10

das vendas A aacuterea de comercializaccedilatildeo possui 4500 msup2 em meacutedia e a ecircnfase eacute nos

serviccedilos natildeo pereciacuteveis bem como em uma ampla seccedilatildeo de alimentos A Superloja

tambeacutem oferece uma razoaacutevel gama de produtos tecircxteis e eletrocircnicos O nuacutemero de

itens pode ser ateacute 60 superior ao de um supermercado convencional e operam um

nuacutemero meacutedio de 14000 itens de produtos No Brasil existem cerca de 400 superlojas

de alimentos as que representam 13 das vendas do varejo alimentiacutecio A tendecircncia eacute

que esse tipo de formato ganhe importacircncia nos proacuteximos anos

6 Hipermercado o conhecido modelo de loja importado da Franccedila caracterizado pelo

largo espectro de produtos alimentares e bebidas A aacuterea para alimentos geralmente eacute

maior do que 50 do total da aacuterea de vendas totais da loja Os hipermercados

trabalham com completa linha de alimentaccedilatildeo e quase completa linha de natildeo-

alimentos vendendo cerca de 35000 itens Satildeo comercializados em torno de 45000

itens e as seccedilotildees tiacutepicas dessas lojas satildeo mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves

padaria frios e laticiacutenios bazar peixaria tecircxtil e eletrocircnicos No Brasil existem mais

de 100 hipermercados que representam 13 das vendas do varejo alimentar

7 Supercenter esse tipo de formato eacute considerado uma adaptaccedilatildeo norte-americana dos

hipermercados franceses e tem as caracteriacutesticas de uma loja de departamento

acrescida de um supermercado que ocupa 40 da aacuterea de venda Chega a operar em

torno de 60000 itens e tem dimensotildees de ateacute 19000 msup2 O layout de disposiccedilatildeo das

gocircndolas cria seccedilotildees isoladas dentro da loja

8 Loja-Depoacutesito no Brasil o nuacutemero de lojas-depoacutesito ainda eacute muito pequeno sendo

composto pelas redes que oferecem mais de 7000 itens com boa participaccedilatildeo dos

pereciacuteveis A aacuterea de venda geralmente eacute em torno de 4000 msup2 a 7000 msup2 Opera as

100

seguintes seccedilotildees mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves tecircxtil frios e laticiacutenios

bazar e eletrocircnicos O foco desse tipo de loja estaacute relacionado agrave imagem de preccedilo

baixo e aos poucos serviccedilos oferecidos A oferta de natildeo-alimentos comeccedila a crescer

nesse formato e as vendas desses produtos atingem 8 do total vendido

9 Clube de Atacadistas tipo de loja que opera nas linhas alimentiacutecia e natildeo-alimentiacutecia

tem aacuterea de vendas despojada e de baixo investimento expondo a mercadoria em

estruturas metaacutelicas O puacuteblico alvo desse tipo de loja pode ser definido pelos

pequenos comeacutercios bares e restaurantes bem como por famiacutelias de menor poder

aquisitivo Geralmente essas lojas operam 5000 itens de produtos e a porcentagem de

vendas dos natildeo-alimentos chega a 35 Operam nas seccedilotildees de mercearia bazar

carnes e aves vestuaacuterio frios e laticiacutenios e eletrocircnicos O nuacutemero de check-outs

existentes nessas lojas fica entre 25 a 35

Entretanto Stern El-Ansary e Coughlan (1996) consideram que as atividades varejistas

podem ser feitas por todos os membros do canal e ateacute mesmo pela induacutestria e observa-se

grande competiccedilatildeo dentro dos diferentes formatos Aleacutem disso a maneira como o produto eacute

distribuiacutedo tambeacutem eacute importante para a formaccedilatildeo do preccedilo Dependendo do canal eacute possiacutevel

definir preccedilos diferenciados por segmento Deve-se ter o cuidado de escolher corretamente o

canal de distribuiccedilatildeo porque ele pode guiar toda a poliacutetica de preccedilos dentro da cadeia de

suprimentos caso os intermediaacuterios tiverem um alto poder de negociaccedilatildeo

Nagle e Holden (1995) recomendam uma estrateacutegia de distribuiccedilatildeo coerente com a estrateacutegia

de preccedilos ou seja para um produto que atrai os compradores pelo baixo preccedilo eacute necessaacuterio

obter baixo custo de distribuiccedilatildeo jaacute para um produto que atrai os consumidores pelos seus

atributos superiores apesar do preccedilo alto eacute recomendaacutevel obter uma distribuiccedilatildeo que

complemente esses atributos e os torne visiacuteveis

101

Quando o valor da diferenciaccedilatildeo do produto se suporta por meio desta argumentaccedilatildeo eacute

arriscado confiar completamente na distribuiccedilatildeo independente A distribuiccedilatildeo pode-se

transformar em um serviccedilo de diferenciaccedilatildeo do produto diminuindo a sensibilidade a preccedilos

por parte dos clientes Portanto na medida em que for oferecido um pacote de serviccedilos

diferenciados pela distribuiccedilatildeo aumenta-se a competitividade do produto tornando-se o preccedilo

menos relevante

2114 Localizaccedilatildeo da Loja

Os supermercadistas ao fixar seus preccedilos levam em conta os preccedilos praticados pela

concorrecircncia Satildeo consideradas concorrentes as lojas que se situam numa mesma aacuterea

geograacutefica de influecircncia (SILVEIRA LEPSCH 1997) O nuacutemero de lojas concorrentes na

mesma localizaccedilatildeo determina a estrutura do mercado o que permite concluir que o poder de

monopoacutelio no setor supermercadista varia segundo o grau de concorrecircncia existente nos

diferentes mercados

Lukianocenko (2003) afirma que um dos fotos que mais chamou a atenccedilatildeo em um estudo

realizado pela LatinPanel relaciona-se aos motivos que levam o consumidor a escolher um

supermercado para realizar suas compras Entre esses motivos destaca-se a proximidade do

estabelecimento com a casa ou trabalho do consumidor que aparece em primeiro lugar em

todas as classes analisadas (A ateacute E) em 52 dos casos O estudo tambeacutem enfatiza que a

proximidade tem o mesmo peso tanto para clientes de pequenos estabelecimentos quanto para

os de grandes lojas (LUKIANOCENKO 2003) A informaccedilatildeo reforccedila o conceito de que a

conveniecircncia eacute um fator primordial na definiccedilatildeo da opccedilatildeo de compra sendo um forte

102

indicativo a favor do supermercadista de pequeno porte Se ele conhece as caracteriacutesticas de

sua vizinhanccedila pode desenvolver serviccedilos e criar novos atrativos para fidelizar o seu cliente

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista

Historicamente os varejistas eram muito dependentes do poder de algumas induacutestrias

multinacionais proprietaacuterias de marcas fortes e consagradas no mercado Entretanto o

crescimento na concentraccedilatildeo do setor varejista e na concorrecircncia entre marcas de produtos

substitutos ocasionou uma inversatildeo nesse poder Se um varejista natildeo compra uma marca de

produto e isso implica na perda de consumidores leais a essa marca significa que a induacutestria

tem o poder mas se o consumidor aceita marcas substitutas e continua a frequumlentar o ponto-

de-venda o poder estaacute nas matildeos do varejista (KUMAR 1997)

Isso acontece porque o poder de cada parte estaacute intrinsecamente relacionado com a

interdependecircncia das relaccedilotildees dos parceiros envolvidos o poder do varejista depende do niacutevel

de dependecircncia do seu fornecedor e vice-versa (HOGARTH-SCOTT 1999) Quando uma

empresa depende dos recursos de outra organizaccedilatildeo acaba ficando suscetiacutevel agraves exigecircncias

desta que usufrui do seu poder para maximizar seus interesses Mas quando existe a muacutetua

interdependecircncia os investimentos satildeo compartilhados e as partes executam suas atividades

visando o benefiacutecio do canal como um todo

103

Poirier e Reiter (1996) consideram que os membros mais poderosos do canal de distribuiccedilatildeo

exercem sua forccedila sobre os participantes mais fracos A fraqueza nessas situaccedilotildees eacute derivada

do fato de essas influecircncias servirem apenas para criar associaccedilotildees instaacuteveis entre as

organizaccedilotildees que tentam lucrar o maacuteximo possiacutevel sobre os outros em vez de trabalharem

para o benefiacutecio coletivo Nesse contexto as dinacircmicas do poder e da dependecircncia satildeo fatores

importantes a serem considerados pois eles permitem uma visatildeo de como a estrutura do canal

pode influenciar a performance do relacionamento

O poder pode ser definido como a habilidade de um ator (A) conseguir de um outro ator (B)

aquilo que ele deseja (HOGARTH-SCOTT 1999) Dentro dos limites razoaacuteveis eacute possiacutevel

conseguir tudo o que deseja se estiver ciente das opccedilotildees testar suposiccedilotildees correr riscos

calculados e basear-se em informaccedilotildees soacutelidas acreditando que se tem poder (MARTINELLI

ALMEIDA 1998)

Negociaccedilatildeo eacute um conceito em contiacutenua formaccedilatildeo que estaacute amplamente relacionado agrave

satisfaccedilatildeo de ambos os lados Nierenberg (1981 p 3) considera o conceito como um

negoacutecio que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir

benefiacutecios duradouros para todos os participantes Fisher e Ury (1985) e Hodgson (1996)

definem a negociaccedilatildeo como um processo de comunicaccedilatildeo bilateral que envolve um elemento

de permuta e barganha onde os agentes trocam recursos de valor por outro visando uma

decisatildeo conjunta e a satisfaccedilatildeo para todos os envolvidos

A efetiva utilizaccedilatildeo de poder por uma das partes conforme Coughlan (2001) tende a ocorrer

de forma mais acentuada na medida em que a distribuiccedilatildeo de poder entre os membros do

canal seja mais desequilibrada

104

Nas deacutecadas passada o ponto determinante de uma negociaccedilatildeo era basicamente o preccedilo e

cada agente da cadeia de suprimentos buscava maximizar seus ganhos mesmo que isso

implicasse na reduccedilatildeo dos lucros dos aliados comerciais (ALCAcircNTARA 1998 FLEURY et

alli 2000) Considerando o ambiente turbulento em que estatildeo inseridas as empresas neste

iniacutecio de seacuteculo o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas negociaccedilotildees entre varejistas e

fornecedores Grandes estabelecimentos negociam grandes volumes a preccedilos mais baixos do

que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis de um mesmo

produto do que a concorrecircncia

As grandes redes varejistas conseguem concessotildees especiais de fornecedores que nem

sempre satildeo justificadas por argumentos de aumento da eficiecircncia proacute-competitiva e que em

muitos casos apresentam efeitos adversos significantes sobre a competiccedilatildeo em toda a cadeia

produtiva Segundo os autores em geral as condutas adotadas pelo varejo brasileiro

apresentam grau de abuso do poder de compra ao serem unilaterais e restritivas Destacam o

fato de que o grau de interdependecircncia do fornecedor diante dos grandes varejistas acentua o

efeito negativo da adoccedilatildeo de tais praacuteticas e que qualquer argumentaccedilatildeo eacute punida com o

teacutermino da relaccedilatildeo comercial

105

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas

Os estudos realizados sobre a variaccedilatildeo de preccedilos de produtos em diferentes regiotildees tecircm obtido

menos sucesso para encontrar a relaccedilatildeo entre a diferenccedila nos preccedilos de produtos e variaacuteveis

demograacuteficas de um mercado Estudos recentes de preccedilos de mantimento alcanccedilaram

resultados misturados Hayes (2000) natildeo identificou em sua pesquisa um relacionamento

estatiacutestico significativo entre preccedilos de mantimento e o niacutevel de renda de residentes de um

mercado

Por outro lado Frankel e Gould (2001) encontraram em seus estudos que os preccedilos satildeo mais

elevados nos mercados com mais desigualdade da renda Os preccedilos satildeo mais elevados onde haacute

uma renda mais baixa ou renda mais elevada e os preccedilos mais baixos satildeo encontrados nos

mercados consumidores com renda entre estes dois grupos Entretanto o modelo dos autores

natildeo permite que determine se os resultados encontrados satildeo devido agraves diferenccedilas no

comportamento do consumidor nos custos ou nas diferenccedilas entre as caracteriacutesticas das lojas

e a qualidade dos serviccedilos fornecidos

Resultados parecidos foram encontrados por pesquisadores do setor de restaurantes Graddy

(1997) encontrou que os preccedilos satildeo mais altos em regiotildees com uma proporccedilatildeo maior de

consumidores de renda inferior Poreacutem seu modelo natildeo identificou se a diferenccedila de preccedilos

observada poderia vir das diferenccedilas de custos e condiccedilotildees de demanda ou se reflete a

estrateacutegia de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre varejistas

Kaufman et alli (1997) afirmam que os preccedilos de mantimento tendem a ser mais elevados em

centros urbanos do que em mercados suburbanos Alguns especulam que um acesso maior

aos supermercados nos subuacuterbios eacute o fator responsaacutevel por essa diferenccedila Em comparaccedilatildeo agraves

106

lojas da cidade os supermercados de subuacuterbios satildeo aptos a oferecer os preccedilos mais baixos e

uma escala maior dos tipos de produtos dos tamanhos do pacote e das escolhas por qualidade

MacDonald e Nelson (1991) encontram em seus estudos que uma cesta baacutesica de produtos

custa aproximadamente 4 menos nas lojas suburbanas do que em lojas da cidade

117 O Preccedilo da Concorrecircncia

Como foi discutido Lambin (2000) considera que a escolha de uma estrateacutegia de preccedilos

impotildee o respeito a dois tipos de coerecircncia a coerecircncia interna que contempla que o preccedilo

definido respeite as condiccedilotildees de custo e de rentabilidade da empresa e a coerecircncia externa

que exige um preccedilo compatiacutevel com a sensibilidade dos compradores ao preccedilo e com os

preccedilos praticados pela concorrecircncia Portanto a estrateacutegia de preccedilo eacute influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento e do valor percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo

produzidos pela empresa com o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (KOTLER

KELLER 2005 e STANTON WALKER ETZEL 2001)

A definiccedilatildeo do preccedilo baseada na concorrecircncia usa o balizamento dos preccedilos com os do

concorrente ou seja natildeo precisa colocar o mesmo preccedilo mas a qualquer movimento do

competidor haacute uma mudanccedila proporcional nos preccedilos da empresa Esta praacutetica eacute muito

comum no caso dos oligopoacutelios Se houver um movimento de preccedilos de um competidor os

outros fatalmente o seguiratildeo ou perderatildeo participaccedilatildeo de mercado Por isso os principais

desafios que estas empresas enfrentam satildeo o bom controle dos custos de modo a ficarem

107

mais competitivas e suportarem uma agressividade de preccedilos da concorrecircncia e a capacidade

de diferenciar os produtos agregando serviccedilos de modo a fugir da guerra de preccedilos

Normalmente o competidor que tem a maior parcela de mercado exerce a lideranccedila de preccedilos

sendo que os outros satildeo seguidores O que permite ao liacuteder direcionar preccedilos eacute o maior

conhecimento do mercado e do comportamento dos clientes sobre qualquer variaccedilatildeo no

composto de marketing Scherer (1979) argumenta que uma visatildeo mais realista do oligopoacutelio

pressupotildee que as decisotildees de preccedilo dos vendedores satildeo interdependentes

Um aspecto relevante eacute o niacutevel de confianccedila entre os executivos das empresas competidoras

Caso seja baixo esta induacutestria fica bastante susceptiacutevel a uma guerra de preccedilos Natildeo se pode

perder de vista que mesmo um bom relacionamento com a concorrecircncia natildeo impede que

novos competidores entrem no mercado e ganhem participaccedilatildeo agrave custa de preccedilo Portanto eacute

importante que o preccedilo seja alto o suficiente para dar lucros e baixo o bastante para criar

barreiras de entrada

Apoacutes a revisatildeo bibliograacutefica o estudo foi complementado com uma pesquisa empiacuterica para

verificar a aplicaccedilatildeo da teoria em trecircs redes de supermercado atuantes no mercado nacional

Aleacutem disso devido ao grande nuacutemero de variaacuteveis consideradas no momento da fixaccedilatildeo do

preccedilo eacute comum que cada empresa desenvolva o seu mecanismo apreccedilamento baseando-se

em informaccedilotildees a respeito do seu mercado consumidor o que torna o estudo do caso ainda

mais interessante

A escolha pelo varejo supermercadista eacute explicada pelo crescimento do setor e

disponibilidade de dados existente Outro ponto eacute a ecircnfase dada pelo varejo ao preccedilo como

fator fundamental para a busca de um diferencial competitivo e para fidelizar os seus clientes

Depois de muitas mudanccedilas a economia nacional propiciou a chegada de novos competidores

108

resultando no acirramento da disputa pelo mercado e na busca tanto do setor industrial

quanto do proacuteprio varejo por investimentos em pesquisas sobre o comportamento dos

consumidores com o objetivo de melhor entender suas necessidades e desejos

O meacutetodo de pesquisa escolhido bem como os resultados do estudo encontram-se descritos

nos toacutepicos a seguir

109

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo

Gay e Diehl (1992) explicam que existe uma diferenccedila baacutesica entre pesquisa em

administraccedilatildeo e pesquisa em outras aacutereas do conhecimento que eacute a natureza do fenocircmeno

estudado Nos estudos de administraccedilatildeo as situaccedilotildees estudadas satildeo mais difiacuteceis de serem

explicadas e controladas porque satildeo complexas envolvendo pessoas instituiccedilotildees ambientes

em mudanccedila e natildeo relaccedilotildees simples de causa e efeito Assim aleacutem de natildeo ser faacutecil controlar

os diferentes aspectos pesquisados eacute difiacutecil generalizar e replicar os seus resultados (GAY

DIEHL 1992)

Selltiz et alli (1974) afirma que a finalidade de uma pesquisa eacute descobrir respostas para

algumas questotildees mediante a aplicaccedilatildeo de meacutetodos cientiacuteficos que satildeo desenvolvidos para

intensificar a probabilidade de as informaccedilotildees obtidas serem utilizadas nas questotildees

apresentadas e de serem seguras e imparciais Embora uma tentativa de pesquisa natildeo resulte

necessariamente em uma informaccedilatildeo fidedigna e imparcial os meacutetodos cientiacuteficos tecircm maior

probabilidade de ecircxito do que qualquer outro sistema conhecido do homem O meacutetodo

cientiacutefico de pesquisa eacute considerado como um conjunto de passos claramente determinados

para obtenccedilatildeo de um conhecimento Satildeo passos aceitos pelas pessoas que estudaram na aacuterea

em que foi realizada a pesquisa (SELLTIZ et alli 1974)

110

O problema de pesquisa deste trabalho se enquadra na proposta sugerida por Campomar

(2005) uma pesquisa em marketing atrelada a uma revisatildeo bibliograacutefica sobre um tema

especiacutefico para avanccedilo do conhecimento Para o autor a pesquisa de campo em Marketing eacute

uacutetil para observar como o que existe em praacutetica se ajusta agrave teoria ou ainda se a praacutetica pode

dar origem a uma nova teoria modelo ou conceito a pesquisa social empiacuterica (CAMPOMAR

2005)

Para que essa proposta seja cumprida os toacutepicos a seguir apresentam e descrevem o tipo de

pesquisa que melhor se enquadra no estudo realizado a sua natureza e o meacutetodo utilizado Eacute

importante ressaltar que o entendimento dessas etapas pelo pesquisador eacute fundamental para

que a organizaccedilatildeo do estudo empiacuterico seja precisa e natildeo prejudique a anaacutelise dos dados

obtidos

311 O Tipo de Pesquisa

Existem vaacuterias classificaccedilotildees sobre os tipos de pesquisa entretanto os mais utilizados em

trabalhos da aacuterea de administraccedilatildeo satildeo os de caraacuteter exploratoacuterio e conclusivo Os conclusivos

satildeo subdivididos em estudos descritivos e causais (SELLTIZ et alli 1974 MATTAR 1999)

Satildeo descritivos quando o objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas de um fenocircmeno e causais

quando buscam explicar o relacionamento entre variaacuteveis Entretanto os tipos de pesquisa natildeo

satildeo excludentes podendo se sobrepor em algumas situaccedilotildees

111

As pesquisas de caraacuteter exploratoacuterio satildeo mais adequadas quando haacute necessidade de maiores

conhecimentos acerca de um fenocircmeno ou de conseguir uma nova compreensatildeo sobre ele

possibilitando a formulaccedilatildeo de problemas mais precisos e a criaccedilatildeo de hipoacuteteses (SELLTIZ et

alli 1974) A pesquisa conclusiva exige conhecimento das variaacuteveis do problema a ser

estudado e pode ser considerada descritiva quando seu objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas

de um fenocircmeno e causal quando busca evidenciar o relacionamento existente entre as

variaacuteveis do estudo (VERGARA 1998)

Os estudos exploratoacuterios possuem uma seacuterie de funccedilotildees aleacutem da formulaccedilatildeo do problema e

das hipoacuteteses entre eles (i) aumentar o conhecimento do pesquisador a respeito do fenocircmeno

que deseja investigar em um estudo posterior (ii) esclarecer conceitos e (iii) estabelecer

prioridades para estudos futuros (SELLTIZ et alli 1974)

Quando o objetivo da pesquisa eacute familiarizar-se com o fenocircmeno ou ainda conseguir nova

compreensatildeo deste fenocircmeno os estudos do tipo exploratoacuterios satildeo mais indicados (SELLTIZ

et alli 1974) Como no caso deste estudo o objetivo eacute entender como satildeo formados os

preccedilos dos produtos nos supermercados pode-se afirmar que a pesquisa possui natureza

exploratoacuteria Aleacutem disso possui abordagem semi-estruturada

A pesquisa tambeacutem eacute considerada descritiva pois envolveu a apresentaccedilatildeo de trecircs casos que

possibilitaram a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees sobre apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

por meio da descriccedilatildeo das teacutecnicas utilizadas pelas trecircs empresas mas natildeo de conclusotildees que

possam ser generalizadas

112

312 A Natureza da Pesquisa

A natureza da pesquisa relaciona-se com o tipo de dado trabalhado e como ele seraacute analisado

Portanto eacute o problema de investigaccedilatildeo que determina se o estudo eacute qualitativo ou

quantitativo

Este estudo eacute classificado como uma pesquisa qualitativa pois natildeo enumera nem mede os

eventos estudados Outra caracteriacutestica eacute a natildeo utilizaccedilatildeo de procedimentos estatiacutesticos na

anaacutelise dos dados coletados e o envolvimento da obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas

lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudada

visando agrave compreensatildeo dos fenocircmenos com base na perspectiva dos sujeitos do estudo

(STRAUSS CORBIN 1990 GODOY 1995) A pesquisa qualitativa possibilita a captaccedilatildeo

das opiniotildees e perspectivas dos indiviacuteduos ou seja informaccedilotildees difiacuteceis de serem obtidas por

uma pesquisa quantitativa

Os estudos qualitativos natildeo envolvem estatiacutestica o que natildeo significa que satildeo especulativos

Eles possuem objetividade e validade conceitual e contribuem para o meio cientiacutefico

(TRIVINtildeOS 1987) As criacuteticas feitas ao meacutetodo referem-se ao seu uso inadequado e natildeo nas

limitaccedilotildees Rigor e confiabilidade tambeacutem satildeo caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa

(VIEIRA 2004)

Bryman (1989) e Bogdan e Biklen (1992) destacam outras caracteriacutesticas da pesquisa

qualitativa (i) o ambiente eacute a fonte de dados - mundo empiacuterico - e o pesquisador eacute o

instrumento fundamental no contato direto e prolongado com o ambiente estudado (ii) os

dados coletados aparecem sob a forma de transcriccedilotildees de entrevistas anotaccedilotildees de campo

fotografias e desenhos entre outros documentos (iii) os pesquisadores qualitativos tentam

113

compreender os fenocircmenos que estatildeo sendo estudados a partir da perspectiva dos

participantes o que esclarece o dinamismo interno das situaccedilotildees dificilmente compreendido

pelos observadores externos e (iv) os pesquisadores tecircm proximidade do fenocircmeno que estaacute

sendo estudado possibilitando uma melhor anaacutelise dos resultados encontrados

Embora a pesquisa qualitativa demonstre subjetividade eacute possiacutevel estabelecer procedimentos

cientiacuteficos por meio da definiccedilatildeo de seu problema das hipoacuteteses das variaacuteveis e do estudo de

campo proporcionando maior objetivaccedilatildeo (VIEIRA 2004)

Rocha e Ceretta (1998) realizaram um estudo cientiacutefico sobre a importacircncia e a contribuiccedilatildeo

da pesquisa qualitativa na administraccedilatildeo concluindo que os estudos dessa natureza satildeo

capazes de descrever a complexidade de um problema compreender e classificar processos

dinacircmicos vividos por grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila de um grupo aleacutem

de possibilitar o entendimento das particularidades do comportamento dos indiviacuteduos Na

mesma linha Ghauri e Gronhaug (1995) acreditam que a pesquisa qualitativa eacute adequada em

estudos de assuntos complexos e particulares

Godoy (1995) explica que a abordagem qualitativa pode ser conduzida por diferentes

caminhos sendo trecircs deles bastante conhecidos e utilizados no campo da administraccedilatildeo a

pesquisa documental o estudo de caso e a etnografia O meacutetodo utilizado no estudo seraacute

apresentado a seguir

114

313 O Meacutetodo da Pesquisa

A pesquisa adota o meacutetodo de estudo casos que para Yin (1994) eacute um meacutetodo potencial de

pesquisa quando se deseja entender um fenocircmeno social complexo pressupotildee um maior niacutevel

de detalhamento das relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e as organizaccedilotildees bem como dos

intercacircmbios que se processam com o meio ambiente nos quais estatildeo inseridos Tull e

Hawkins (1976 p 323) afirmam que um estudo de caso refere-se a uma anaacutelise intensiva de

uma situaccedilatildeo particular e Bonoma (1985 p 203) coloca que o estudo de caso eacute uma

descriccedilatildeo de uma situaccedilatildeo gerencial

Martins (1999) descreve o estudo de caso como uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa

fenocircmenos dentro de seu contexto real (pesquisa naturaliacutestica) Aleacutem disso reuacutene o maior

nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas por meio de diferentes teacutecnicas de coleta de dados tais

como entrevistas questionaacuterio observaccedilatildeo participante entrevista em profundidade

levantamento de dados secundaacuterios entre outros O objetivo eacute de aprender a totalidade de uma

situaccedilatildeo e criativamente descrever a complexidade de um caso concreto No estudo de caso

utilizam-se enfoques exploratoacuterios e descritivos buscando identificar a multiplicidade de

dimensotildees presentes numa situaccedilatildeo

Ludke e Andreacute (1986) afirmam que os estudos de caso buscam retrair a realidade de forma

completa e profunda e o pesquisador procura revelar a multiplicidade de dimensotildees presentes

em uma situaccedilatildeo ou problema focalizando-o como um todo Bonoma (1985) explica que o

meacutetodo eacute uacutetil quando o fenocircmeno a ser estudado eacute amplo e complexo o conhecimento

existente eacute insuficiente para suportar a proposiccedilatildeo de questotildees causais e nos casos em que o

fenocircmeno natildeo pode ser estudado fora do contexto onde naturalmente ocorre O autor defende

115

o meacutetodo como uma maneira indutiva para o desenvolvimento qualitativo do marketing como

ciecircncia

O estudo de caso precisa como todos os outros meacutetodos de pesquisa cientiacutefica da elaboraccedilatildeo

de um projeto de um plano de accedilatildeo que permita a contemplaccedilatildeo do problema de pesquisa de

maneira loacutegica e otimizada (BONOMA 1985) Lazzarini (1997) afirma que este eacute um

meacutetodo qualitativo que se caracteriza mais pela compreensatildeo do fato do que pela sua

mensuraccedilatildeo e permite utilizar vaacuterias fontes em evidecircncia

Considerando o propoacutesito central da pesquisa percebe-se a importacircncia do estudo multicasos

como objetivo de analisar o varejo supermercadista na cidade de Satildeo Paulo e as variaacuteveis

presentes na formaccedilatildeo de preccedilos dos produtos alimentiacutecios por ele comercializados (YIN

1994)

Campomar (1991) reforccedila essa importacircncia ao afirmar que o estudo intensivo de um caso

permite a descoberta de relaccedilotildees que natildeo seriam encontradas de outra forma sendo as anaacutelises

e inferecircncias em estudos de casos feitas por analogias de situaccedilotildees Stake (1999) afirma que

ultimamente o interesse pela realizaccedilatildeo de estudos que envolvem casos muacuteltiplos eacute maior do

que os que envolvem casos individuais Joacuteia (2004) acredita que por meio da comparaccedilatildeo de

dados eacute possiacutevel reconhecer padrotildees e elaborar modelos que expressem a realidade

Segundo Yin (1994) para o estudo de caso os componentes de um projeto de pesquisa que

satildeo especialmente importantes satildeo as questotildees do estudo as proposiccedilotildees e as unidades de

anaacutelise Com relaccedilatildeo agraves questotildees do estudo a estrateacutegia de estudo de caso eacute mais apropriada

para responder principalmente agraves questotildees do tipo como e por que sendo assim a tarefa

inicial do investigador precisar a natureza das questotildees do estudo (YIN 1994 CAMPOMAR

1991) As proposiccedilotildees direcionam a atenccedilatildeo para algo que deveria ser examinado dentro do

116

escopo do estudo A partir do momento em que as proposiccedilotildees satildeo declaradas o estudo

comeccedila a mover-se em alguma direccedilatildeo (YIN 1994)

Lazzarini (1997) explica que em funccedilatildeo das unidades de anaacutelise do nuacutemero de casos

analisados e dos meacutetodos empregados existem algumas variaccedilatildeo no escopo da pesquisa

baseada em estudo de caso A unidade de anaacutelise eacute o objeto central da pesquisa e pode ser

caracterizada por indiviacuteduos grupos ou organizaccedilotildees bem como um processo uma atividade

ou um comportamento Aleacutem disso estaacute relacionada com o problema fundamental da

definiccedilatildeo do caso (Yin 1994) Para esse estudo de caso as unidades de anaacutelise satildeo trecircs redes

supermercadistas localizadas na cidade de Satildeo Paulo

Um ponto comum entre autores (YIN 1989 BONOMA 1985) eacute a recomendaccedilatildeo de grande

cuidado ao planejar a execuccedilatildeo do estudo de caso para fazer frente agraves criacuteticas tradicionais que

satildeo feitas ao meacutetodo Os passos a seguir recomendados por Yin (1994) demonstram a

preocupaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo do plano de pesquisa

3131 Protocolo para os Estudos de Caso

Conforme o conhecimento e o uso dos estudos de caso como meacutetodo de pesquisa aumentam

as criacuteticas em relaccedilatildeo a esta teacutecnica datildeo lugar a sua aplicaccedilatildeo nos diversos campos da ciecircncia

A relativa falta de conhecimento e da experiecircncia em relaccedilatildeo ao meacutetodo do estudo de caso

contribuiu para que falhas surgissem e alimentassem as criacuteticas feitas por aqueles que natildeo

aceitam a teacutecnica o que atualmente pode-se considerar resolvido (CAMPOMAR 1991)

117

Campomar (1991) afirma que o meacutetodo cientiacutefico eacute a maneira encontrada para legitimar o

conhecimento empiacuterico sem o quecirc os resultados das pesquisas seriam de difiacutecil aceitaccedilatildeo

Com o objetivo de aumentar a confiabilidade do meacutetodo em questatildeo Yin (1994) ressalta a

importacircncia de estabelecer um protocolo Para o autor este protocolo deve conter o

instrumento de coleta de dados os procedimentos e as regras que devem ser seguidos ao

longo do processo Aleacutem disso ainda de acordo com o autor deve apresentar o seguinte

conteuacutedo (i) uma visatildeo geral do estudo de caso (ii) os procedimentos de campo (iii) as

questotildees de pesquisa e (iv) um guia para o relatoacuterio final A seguir tem-se a explicaccedilatildeo de

cada um desses pontos

i Visatildeo Geral do Estudo de Caso

A pesquisa de campo foi realizada para complementar a revisatildeo bibliograacutefica da dissertaccedilatildeo e

proporcionar um maior entendimento sobre o apreccedilamento estrateacutegico em redes de

supermercado Optou-se por trecircs grandes grupos atuantes no Brasil localizados na cidade de

Satildeo Paulo jaacute que o projeto de pesquisa definiu a utilizaccedilatildeo do estudo de casos muacuteltiplos

A escolha das redes supermercadista foi feita por meio da classificaccedilatildeo realizada pela

Associaccedilatildeo Brasileira de Supermercados (ABRAS) das maiores redes supermercadistas

estabelecidas no paiacutes em faturamento e pelas redes que se encontram entre as cinco maiores

pois acredita-se que as primeiras colocadas possuem maior conhecimento a respeito das

variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo dos preccedilos finais de seus produtos da utilizaccedilatildeo de

estrateacutegias para diferenciar o seu posicionamento das empresas concorrentes do que as redes

118

menores A seguir foram realizados contatos com os responsaacuteveis pela formaccedilatildeo de preccedilos

dos produtos comercializados por essas redes e os principais gerentes envolvidos na escolha

do meacutetodo de precificaccedilatildeo responderam agrave entrevista

ii Procedimentos de Campo

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas pessoais orientadas por um roteiro semi-

estruturado natildeo disfarccedilado (Apecircndice 1) junto a diretores e gerentes das redes pesquisadas

Todas as entrevistas foram realizadas na cidade de Satildeo Paulo pela proacutepria pesquisadora do

estudo possibilitando a obtenccedilatildeo de dados qualitativos primaacuterios

O roteiro semi-estruturado parte de alguns questionamentos baacutesicos que satildeo elaborados por

meio dos conceitos expostos na teoria e na experiecircncia do pesquisador A partir dos pontos

abordados e dos dados fornecidos pelo entrevistado surgem novas questotildees Essa sequumlecircncia

permite que o respondente participe ateacute certo grau da conduccedilatildeo da pesquisa (TREVINtildeOS

1987)

Embora tenha-se solicitado que as respostas fossem baseadas em fatos fontes de dados

secundaacuterios como jornais revistas e informaccedilotildees nos sites das empresas tambeacutem foram

utilizadas para complementar as informaccedilotildees obtidas e reduzir a possibilidade de declaraccedilotildees

tendenciosas considerada uma das limitaccedilotildees do meacutetodo escolhido

Os dados foram coletados em janeiro de 2006 Buscou-se analisar e comparar os casos

estudados verificando as semelhanccedilas as diferenccedilas e as particularidades de forma a retratar

um cenaacuterio condizente com a realidade presenciada O objetivo natildeo foi generalizar os

119

resultados obtidos jaacute que a pesquisa eacute de natureza exploratoacuteria e tal generalizaccedilatildeo somente

poderia ser feita por meio de uma maior representatividade da amostra

iii Questotildees de Pesquisa

Para direcionar as entrevistas o roteiro semi-estruturado e natildeo disfarccedilado foi elaborado Esse

roteiro foi dividido em duas partes A primeira parte teve como objetivo coletar informaccedilotildees a

respeito da empresa como nuacutemero de funcionaacuterios faturamento participaccedilatildeo de mercado

entre outras importantes para a caracterizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

A segunda parte abordou o problema de investigaccedilatildeo do estudo As questotildees relacionadas a

definiccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico da empresa encontram-se descritas nesse ponto Foram

considerados os seguintes toacutepicos o objetivo da determinaccedilatildeo de preccedilos a anaacutelise dos preccedilos

dos concorrentes o meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos a estrateacutegia de seleccedilatildeo do preccedilo final

a estrateacutegia de adequaccedilatildeo do preccedilo e as variaacuteveis que influenciam na fixaccedilatildeo do preccedilo dos

produtos comercializados pelas redes

Como se tratou de uma pesquisa qualitativa o roteiro caracterizado pela flexibilidade natildeo foi

previamente testado As questotildees de pesquisa foram averiguadas em cada rede

supermercadista e os resultados e discussotildees realizados para cada caso

120

iv Guia para o Relatoacuterio Final

Apoacutes a coleta dos dados os casos foram apresentados por meio de relatoacuterios Esses relatoacuterios

obedecem ao roteiro de entrevistas empregado e explica cada uma das questotildees formuladas

para responder agrave pergunta de pesquisa de acordo com as informaccedilotildees dadas pelos

profissionais e das coletadas em fontes secundaacuterias

Os casos foram denominados como Caso 1 Rede A Caso 2 - Rede B e Caso 3 - Rede C

devido agrave confidencialidade das informaccedilotildees coletadas Por tratar de um setor competitivo e

porque o estudo aborda questotildees estrateacutegicas as redes natildeo autorizaram a divulgaccedilatildeo dos seus

nomes

As anaacutelises e consideraccedilotildees foram tratadas na conclusatildeo do estudo a partir da comparaccedilatildeo

dos casos com a teoria apresentada A seguir estatildeo descritos os estudos de casos realizados

121

4 O ESTUDO MULTICASOS

41 Os Supermercados no Brasil

Silveira e Lepsch (1997) explicam que a exemplo do que aconteceu nas economias mais

desenvolvidas o setor de serviccedilos no Brasil cresceu com maior rapidez do que os outros dois

macro-setores passando a ocupar a partir da deacutecada de 90 o primeiro lugar no produto

econocircmico com cerca de 50 do total Dentro do setor de serviccedilos encontra-se o varejo onde

o supermercado ocupa um lugar de destaque Este por sua vez eacute o preferido de 85 dos

consumidores urbanos em termos de volume total de vendas de bens de consumo (alimentos

e produtos de higiene e limpeza) Os outros 15 realizam suas compras em equipamentos

tradicionais (armazeacutens bares e mercearias empoacuterios e padarias) nos quais o auto-serviccedilo eacute

inexistente (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Os supermercados surgiram na deacutecada de 30 nos Estados Unidos jaacute mostrando a sua forccedila e

a sua importacircncia para o sistema de distribuiccedilatildeo de alimentos em todo o mundo Mas foi

depois de 20 anos na deacutecada de 50 quando os primeiros estabelecimentos desse tipo

surgiram no surgiram no Brasil O incentivo agrave proliferaccedilatildeo dessa forma de comeacutercio foi

incentivada pelas grandes induacutestrias estabelecidas no paiacutes A partir daiacute o crescimento foi

inevitaacutevel

Nos anos 50 o conceito de auto-serviccedilo foi consolidado mas foi somente no final da deacutecada

de 60 que os supermercados aumentaram sua participaccedilatildeo no faturamento do varejo se

firmando como o principal estabelecimento de distribuiccedilatildeo de alimentos existente no mercado

122

(SESSO FILHO 2003) Segundo Lima (2001) e Senhoras (2003) os supermercados

tornaram-se indispensaacuteveis agrave estrutura de vida dos consumidores brasileiros e desde entatildeo

observou-se uma tendecircncia de crescimento contiacutenuo do setor e a substituiccedilatildeo ao modelo

tradicional de distribuiccedilatildeo de alimentos

Atualmente o varejo atravessa um processo de transformaccedilatildeo intenso Com o acelerado ritmo

de consolidaccedilatildeo um nuacutemero crescente de varejistas aparece na relaccedilatildeo das maiores empresas

do Brasil No varejo supermercadista o Carrefour e o Grupo Patildeo de Accediluacutecar situam-se entre as

cinco maiores empresas privadas brasileiras com vendas anuais acima de quatro bilhotildees de

doacutelares (CEV 2005)

O ranking da ABRAS 2004 (LUKIANOCENKO 2004) traz informaccedilotildees sobre o faturamento

das redes que atuam no paiacutes e o grupo Patildeo de Accediluacutecar registrou a primeira posiccedilatildeo em 2004

com R$ 127 bilhotildees responsaacutevel por 147 do mercado seguido pela rede Carrefour com

vendas brutas de R$ 11 bilhotildees e 126 de participaccedilatildeo Em terceiro lugar aparece o grupo

Sonae com R$ 37 bilhotildees seguido pelo BomPreccedilo (ainda independente do grupo Wal Mart

pelo qual foi adquirido) com R$ 34 bilhotildees e pelo Sendas com R$ 22 bilhotildees Juntos os

cinco maiores grupos supermercadistas detecircm uma participaccedilatildeo 38 aproximadamente A

tabela 1 apresenta dados sobre as dez redes com maior faturamento do setor supermercadista

brasileiro e o quadro 11 traz algumas informaccedilotildees relevantes sobre as dez redes com maior

faturamento no setor supermercadista brasileiro

Ghisi (2005) cita que do total de lojas existentes no setor supermercadista composto por

quase 19 mil empresas 456 se encontram na regiatildeo sudeste seguida pelas regiotildees sul

norte-nordeste e centro-oeste com 272 230 e 42 respectivamente A regiatildeo sudeste

permanece na primeira posiccedilatildeo em 2002 a mesma obtida no ano anterior embora tenha

registrado uma queda na participaccedilatildeo sobre o faturamento do setor que em 2002 era de

123

593 A regiatildeo Sul se destaca no crescimento da participaccedilatildeo no setor de 183 em 2002

para 191 em 2003

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro Classificaccedilatildeo no

Ranking Empresa SedeFaturamento Bruto

em 2003 (R$)Participaccedilatildeo sobre o Setor

No de Lojas

No de Funcionaacuterios

No de Check-Outs por Loja

1Companhia Brasileira de Distribuiccedilatildeo SP 12788363000 15 497 55557 16

2Carrefour Comeacutercio e Induacutestria Ltda SP 11028288954 13 329 45899 22

3Sonae Distribuiccedilatildeo Brasil SA RS 3732240000 4 148 20923 23

4

BomPreccedilo SA Supermercado do Nordeste PE 3442710562 4 118 16342 20

5 Sendas SA RJ 2273353718 3 76 12057 21Total 5 Maiores 33264956234 39 1168 150778

6 Wall-Mart Brasil SA SP 1940103602 210 25 7032 28

7Cia Zaffari Comeacutercio e Induacutestria RS 1182206802 130 26 7552 33

8COOP - Cooperativa de Consumo SE 940161517 1 21 3837 19

9G Barbosa Comercial Ltda SP 923612000 090 32 5649 19

10Irmatildeos Bretas Filhos e Cia MG 811210627 080 40 5942 17

Total 10 Maiores 39062250782 45 1312 180790 Fonte Lukianocenko (2004)

Silveira e Lepsch (1997) argumentam que a importacircncia do supermercado tambeacutem pode ser

medida pelo fato desse formato varejista ser um dos primeiros a estudar a disposiccedilatildeo das

mercadorias e o movimento dos consumidores no interior da loja Os autores complementam

explicando que o supermercado procura atrair a preferecircncia dos clientes por meio de maior

velocidade nos check-outs e layouts bem estruturados

124

As grandes empresas do setor no Brasil em sua maioria com bandeiras diferenciadas jaacute

atuam tanto no segmento de hipermercados quanto no de supermercados No segmento de

supermercados algumas trabalham com bandeiras diferentes visando atingir puacuteblicos

especiacuteficos (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro

SETOR SUPERMERCADISTA BRASILEIRO O setor supermercadista brasileiro eacute composto por quase 19 mil empresas 80 dos supermercados do territoacuterio brasileiro satildeo de pequeno porte e faturam menos que R$ 100 mil mensais 611 do total das lojas do setor supermercadista tecircm um nuacutemero meacutedio de ateacute 7 check-outs 303 das lojas supermercadistas do Brasil satildeo jovens (tecircm no maacuteximo cinco anos) e apenas 159 tecircm mais de 20 anos 27 dos supermercados do Brasil concentram-se no Estado de Satildeo Paulo (maior concentraccedilatildeo por Estado brasileiro) Apenas 21 dos supermercados do Brasil tecircm aacuterea superior a 2500 msup2 e satildeo considerados lojas grandes Apenas 03 das lojas supermercadistas do Estado de Satildeo Paulo faturam acima de R$ 5 milhotildees mensais Em 1999 foi vendido em meacutedia um supermercado por dia (concentraccedilatildeo do setor) Entre os anos de 2001 e 2002 foram investidos no setor mais de R$ 1 bilhatildeo As 5 principais redes supermercadistas atuantes no Brasil detecircm 381 do faturamento anual de R$ 60 bilhotildees de reais do setor supermercadista brasileiro Fonte Ghisi 2005

Ghisi (2005) explica que embora o supermercado seja um estabelecimento presente em todos

os paiacuteses e ateacute mesmo em quase todas as cidades de grande meacutedio e pequeno porte e ser

considerado um dos setores da economia brasileira que mais se modernizaram nas uacuteltimas

deacutecadas sua criaccedilatildeo e seu desenvolvimento podem ser considerados recentes Algumas das

tendecircncias do setor satildeo resultantes desse processo de modernizaccedilatildeo investimentos em

expansatildeo internacionalizaccedilatildeo do capital segmentaccedilatildeo de formatos expansatildeo das aacutereas

geograacuteficas de atuaccedilatildeo e concentraccedilatildeo (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

125

As empresas liacutederes do setor supermercadista instaladas no territoacuterio nacional visando

ampliar ou ateacute mesmo manter suas participaccedilotildees de mercado podem adotar duas formas

estrateacutegicas de expansatildeo construccedilatildeo de novos pontos de venda (expansatildeo proacutepria) ou compra

de outras redes supermercadistas existentes (GHISI 2005) A primeira embora natildeo seja o

foco principal das redes eacute adotada por algumas empresas como o supermercado Wal-Mart

Por outro lado a compra de outras redes supermercadistas consiste na estrateacutegia de maior

difusatildeo no Brasil Ghisi (2005) afirma que no ano de 1999 um supermercado foi comprado

por dia no paiacutes retratando a adoccedilatildeo em larga escala dessa estrateacutegia Senhoras (2003) explica

que comparada agrave expansatildeo proacutepria a aquisiccedilatildeo ou fusatildeo eacute mais vantajosa a medida que

acelera o conhecimento do mercado e dos haacutebitos dos consumidores da regiatildeo

Quanto agrave internacionalizaccedilatildeo do setor supermercadista brasileiro eacute correto afirmar que a

estrateacutegia se desenvolveu principalmente na deacutecada de 90 periacuteodo no qual o setor atravessou

uma fase de grandes mudanccedilas provocadas por fatores como a maior abertura da economia

(acircmbito externo) e estabilizaccedilatildeo econocircmica (acircmbito interno) resultando em um cenaacuterio

marcado pelo aumento de competidores internacionais (GHISI 2005)

Senhoras (2003) explica que essa internacionalizaccedilatildeo levou ao aumento da concorrecircncia em

todo o mundo resultando em um novo ambiente institucional proporcionado pelo processo de

globalizaccedilatildeo O autor cita como consequumlecircncia do processo o surgimento de megacorporaccedilotildees

com capacidade de concentraccedilatildeo e dominaccedilatildeo econocircmica

No setor supermercadista nacional esse processo ocorre por meio de aquisiccedilotildees e fusotildees em

que as redes estrangeiras visam obter maior conhecimento da operacionalizaccedilatildeo do mercado

brasileiro como por exemplo o Grupo Casino

126

Com relaccedilatildeo aos formatos Ghisi (2005) afirma que o consumidor brasileiro estaacute migrando

dos hipermercados para os supermercados de vizinhanccedila Isso acontece porque embora o

atrativo dos hipermercados seja o preccedilo se os estabelecimentos de bairro conseguirem preccedilos

mais competitivos como acontece hoje junto com a vantagem de conveniecircncia maior oferta

de serviccedilos e localizaccedilatildeo proacutexima ao cliente conquistaratildeo muitos consumidores

A estrateacutegia de expansatildeo das aacutereas geograacuteficas de atuaccedilatildeo eacute compreendida como o esforccedilo

dos supermercadistas em expandirem-se para outras regiotildees natildeo atendidas no mercado

domeacutestico por meio de aquisiccedilotildees e ampliar sua participaccedilatildeo de mercado Sato e Bessa Jr

(2000) destacam que a preferecircncia de aquisiccedilatildeo eacute por supermercados regionais que jaacute

conhecem o perfil do consumidor local Saab Gimenez e Ribeiro (2000) citam como

exemplo o Grupo Patildeo de Accediluacutecar que investe na atuaccedilatildeo no Nordeste mesmo tendo que

enfrentar redes com lideranccedila jaacute consolidada na regiatildeo

A concentraccedilatildeo de mercado eacute resultante da adoccedilatildeo das estrateacutegias descritas anteriormente As

redes maiores adquirem redes de menores surgindo um mercado concentrado em poder dos

hiper e supermercados Em 2003 as dez maiores redes foram responsaacuteveis por um

faturamento bruto igual a R$ 39 bilhotildees o que corresponde a 45 do faturamento do setor

(LUKIANOCENKO 2004)

A concentraccedilatildeo prejudica o desenvolvimento dos supermercados menores o que eacute

considerado um fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil e tecircm grande contribuiccedilatildeo para a

economia do paiacutes (DIEESE 2003)

Dados da ABRAS (2005) mostram que no Brasil o processo de concentraccedilatildeo se desenvolve

gradativamente A concentraccedilatildeo se intensificou na segunda metade da deacutecada de 90 mas o

127

paiacutes ainda natildeo atingiu grau elevado como a Alemanha Franccedila e Inglaterra onde as cinco

maiores empresas detecircm 76 67 e 60 do mercado respectivamente

Dada as principais caracteriacutesticas do setor supermercadista no Brasil eacute preciso apresentar as

informaccedilotildees mais relevantes sobre as unidades de anaacutelise da pesquisa Os proacuteximos toacutepicos

descrevem cada um dos grupos analisados de acordo com o protocolo do estudo de casos

42 Caso 1 ndash Rede A

A primeira rede foi fundada em 1948 Esse grupo foi o pioneiro no setor varejista de

alimentos no Brasil e opera sob quatro diferentes formatos de supermercados hipermercados

e eletroeletrocircnicos sendo essa uma das suas principais vantagens competitivas Seu

faturamento bruto foi de aproximadamente R$15 bilhotildees em 2004 e R$ 116 bilhotildees nos nove

primeiros meses de 2005 possui cerca de 58 mil funcionaacuterios e 550 lojas distribuiacutedas em 13

estados brasileiros totalizando uma aacuterea de vendas de aproximadamente 980 mil metros

quadrados

O grupo opera com cinco unidades de negoacutecios diferentes com estrateacutegias de venda e foco de

atuaccedilatildeo especiacuteficos e direcionados para consumidores de diferentes perfis As participaccedilotildees

em faturamento de cada uma das unidades satildeo estatildeo divididas aproximadamente em 48

para a maior 25 a segunda colocada 16 a terceira 9 a quarta e por fim apenas 2 a

menor divisatildeo que natildeo foca a distribuiccedilatildeo de alimento nem higiene pessoal

128

Quanto a decisatildeo de preccedilos primeiramente tem-se a definiccedilatildeo dos objetivos para cada uma

das unidades de negoacutecio em que opera a seguir satildeo analisados a demanda e os custos de cada

bandeira satildeo coletadas informaccedilotildees sobre os concorrentes os meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos satildeo definidos e posteriormente adequados agrave realidade de cada formato

Com relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilo os entrevistados da Rede A explicaram que embora a

empresa tenha como objetivo maior aumentar a sua participaccedilatildeo no mercado se analisarem

cada unidade percebe-se diferentes caminhos Os hipermercados trabalham para aumentar o

volume de vendas os supermercados tem como foco o valor percebido pelo consumidor (dos

produtos e dos serviccedilos) e o objetivo eacute a lideranccedila na qualidade dos produtos e as lojas de

desconto tambeacutem trabalham para aumentar o volume das vendas Os gerentes enfatizaram

que os objetivos particulares satildeo diferentes mas todos foram definidos para que a empresa

conquiste maior participaccedilatildeo

A anaacutelise da demanda eacute realizada separadamente jaacute que os consumidores dos diferentes

formatos possuem caracteriacutesticas diferentes como o grau de sensibilidade ao preccedilo Os

entrevistados explicaram que no hipermercado o puacuteblico-alvo procura pela melhor relaccedilatildeo

custo-benefiacutecio Como as compras satildeo mensais principalmente e a mercadoria adquirida eacute a

cesta baacutesica de produtos os clientes satildeo informados sobre os preccedilos dos produtos e jaacute estatildeo

acostumados a desembolsar uma certa quantia Eles buscam marcas liacutederes ou segunda marca

a preccedilos compatiacuteveis com os oferecidos no mercado geralmente optam pela rede que oferecer

os bens a um preccedilo melhor

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra desse cliente Ele tambeacutem busca

segundo os respondentes locais de faacutecil acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento

um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos

129

organizados nas gocircndolas corredores amplos para a passagem dos carrinhos nuacutemero

suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Nos supermercados existe uma classificaccedilatildeo entre as lojas Elas satildeo divididas em categorias

top de linha intermediaacuteria e popular As consideradas top estatildeo localizadas em bairros nobres

onde a renda dos consumidores eacute mais alta Nesses locais os produtos comercializados satildeo

mais caros porque de acordo com os entrevistados os custos de manutenccedilatildeo satildeo mais altos

os serviccedilos oferecidos satildeo mais amplos o nuacutemero de funcionaacuterios eacute maior e a sensibilidade

do comprador eacute muito baixa Os consumidores que buscam status satildeo poucos sensiacuteveis a

preccedilos elevados pois estes produtos (nesse caso o proacuteprio estabelecimento) inspiram prestiacutegio

e exclusividade Aleacutem disso os compradores desse supermercado acreditam que os bens

comercializados apresentam qualidade superior

Nas lojas intermediaacuterias a sensibilidade do consumidor tambeacutem eacute baixa (caracteriacutestica do

puacuteblico-alvo da empresa para esse formato) mas alguns itens de maior valor natildeo entram da

lista de produtos comercializados no local assim como acontece nas lojas populares Elas

estatildeo localizadas em regiotildees onde a renda dos clientes eacute um pouco mais baixa e embora a

busca por comodidade e serviccedilos seja uma realidade os compradores natildeo estatildeo dispostos a

pagar um preccedilo muito elevado por mercadoria de prestiacutegio Isso acontece porque a quantia

pode significar uma boa parcela do seu orccedilamento financeiro

As lojas de descontos atendem o puacuteblico muito sensiacutevel ao preccedilo A rede natildeo conseguia

vender bem itens como frutas e legumes Depois de analisar os haacutebitos das classes mais de

renda mais baixa os executivos da empresa descobriram que o consumidor C D e E preferia

comprar na feira por quatro motivos (i) o local eacute um ponto de encontro (ii) a pechincha eacute

permitida (iii) haacute um contato proacuteximo com o vendedor e o mais importante (iv) haacute fartura

130

Com esses conceitos em mente a rede reestruturou a aacuterea de hortifrutigranjeiros e colocou ateacute

uma banca de pastel na loja As vendas subiram 25

A estrutura de mercado eacute definida pelos poucos concorrentes que dominam o mercado No

varejo de alimentos as cinco primeiras redes satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 do

faturamento total O dado demonstra a forte competiccedilatildeo entre as empresas e segundo os

entrevistados tambeacutem a importacircncia da anaacutelise da concorrecircncia

A estimativa de custos satildeo considerados os fixos e os variaacuteveis O preccedilo estabelecido deve

cobrir o custo total e permitir uma margem de lucro Como cada formato se posiciona de

forma diferenciada os custos e as margens de cada um satildeo calculados separadamente Nos

custos variaacuteveis a Rede A considera os serviccedilos oferecidos aos clientes e os gastos com

publicidade e propaganda institucional

A margem para os hipermercados segue a proposta pelos seus concorrentes assim como nas

lojas de desconto No supermercado utiliza-se a margem que se mostra mais adequada ao seu

objetivo Os gerentes explicaram que a rede de um modo geral foca a eficiecircncia e a reduccedilatildeo

de despesas operacionais o que traz maior competitividade agrave companhia uma vez que os

ganhos satildeo repassados aos preccedilos mesmo para os supermercados

Os supermercados da rede trabalham com alta margem jaacute que se posiciona como prestadores

de serviccedilos qualificados O puacuteblico que frequumlenta o estabelecimento procura comodidade

variedade de produtos alta qualidade marcas conhecidas facilidade de entrega excelecircncia no

atendimento localizaccedilatildeo privilegiada e proacutexima a sua casa horaacuterios flexiacuteveis e status Os

gerentes entrevistados afirmam que esse consumidor estaacute disposto a pagar para encontrar tais

facilidades na hora da compra Por tanto os preccedilos dos produtos oferecidos satildeo compatiacuteveis

131

com o preccedilo de mercado (preccedilo cheio) Pode-se concluir que nos supermercados a

estrateacutegia utilizada eacute de preccedilo acima do mercado

Os gerentes da unidade estudada afirmam que o posicionamento do supermercado eacute

supermercado de vizinhanccedila forte em produtos pereciacuteveis que oferece grande variedade de

produtos alta qualidade a preccedilos competitivos aleacutem do excelente atendimento aos clientes

Portanto o preccedilo natildeo eacute o mais alto nem o mais baixo que os preccedilos do mercado poreacutem eacute

percebido pelos clientes como mais alto do que o da concorrecircncia direta resultado da imagem

sofisticada que o supermercado passa Uma pesquisa realizada apontou que os preccedilos

percebidos natildeo correspondiam com os preccedilos reais oferecidos por suas lojas

A anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente pela empresa O controle das accedilotildees dos

competidores eacute segundo os entrevistados uma praacutetica diaacuteria na empresa (shopping de

preccedilos) As informaccedilotildees sobre a concorrecircncia satildeo coletadas por funcionaacuterios das lojas assim

como acontece nos hipermercados uma equipe preparada que visita os competidores

localizados na aacuterea de influecircncia de cada regiatildeo dos supermercados Os dados coletados

ajudam a monitorar as accedilotildees da concorrecircncia

Embora o supermercado pratique preccedilos acima do mercado eacute preciso que saiba o niacutevel

praticado pois se o valor estiver alto demais eacute provaacutevel que as vendas diminuam em algumas

regiotildees As vendas satildeo analisadas diariamente e qualquer indiacutecio de queda no volume eacute

rapidamente detectado e accedilotildees para reverter a situaccedilatildeo satildeo colocadas em praacutetica

Para os hipermercados o shopping de preccedilos eacute importante se manter dentro do preccedilo meacutedio

Cada gerente de loja tem autonomia suficiente para adequar seu preccedilo ao da loja vizinha Os

preccedilos satildeo adequados conforme a localizaccedilatildeo da loja por isso a responsabilidade e autonomia

descentralizada

132

A Rede A determina os preccedilos de seus produtos por meio do meacutetodo de mark-up que consiste

em atribuir uma margem ao custo total da unidade de produto e tambeacutem utiliza o valor

percebido pelo cliente Nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento praticada eacute HILO onde

o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes

A taacutetica do preccedilo isca eacute bastante utilizada pela empresa por meio de promoccedilotildees em um dia

fixo da semana como por exemplo as quartas-feiras FLV (frutas verduras e legumes) e para

venda de produtos pereciacuteveis Os volumes de venda triplicam nesses dias pois os descontos

chegam a 50 do preccedilo e haacute forte comunicaccedilatildeo na miacutedia de massa como jornais e televisatildeo

Descontos sazonais tambeacutem satildeo oferecidos para compras realizadas fora da temporada Eacute

mais utilizada pelas Divisotildees de hipermercado e lojas de desconto

Os supermercados trabalham com o preccedilo por segmento de consumidores e preccedilo por

localizaccedilatildeo Como explicado anteriormente pelos gerentes o puacuteblico dessa unidade de

negoacutecio eacute pouco sensiacutevel a preccedilo mas dependendo da regiatildeo da loja e da renda de seus

habitantes a sensibilidade pode apresentar maior grau Assim em regiotildees onde o poder de

compra eacute mais alto os preccedilos dos produtos satildeo mais elevados do que em regiotildees habitadas por

classes sociais que apresentam renda mais baixa Para aumentar o valor percebido descontos

satildeo utilizados apenas para produtos sazonais vendidos fora da temporada nesse formato

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo aleacutem dos custos demanda e

concorrecircncia os entrevistados afirmaram que satildeo considerados para o formato hipermercado

os preccedilos dos seus concorrentes principalmente A localizaccedilatildeo da loja e renda dos moradores

da regiatildeo satildeo fatores importantes e exercem certa influecircncia entretanto satildeo mais relevantes

para a fixaccedilatildeo dos preccedilos nos supermercados da rede Os descontos obtidos em negociaccedilotildees

de preccedilos com os fornecedores satildeo repassados para os clientes da loja de desconto e

hipermercados mas natildeo para os compradores de status e de conveniecircncia do supermercado

133

Nos supermercados tambeacutem satildeo consideradas as marcas dos produtos Por oferecerem grande

variedade e sortimento produtos liacutederes e outros inovadores marcas diferenciadas de preccedilo-

premium e qualidade superior os preccedilos cobrados satildeo considerados competitivos e preccedilos de

mercado sem descontos Os serviccedilos oferecidos estatildeo dentro do caacutelculo de custos

Nas lojas de desconto o eacute sortimento limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados As mercadorias satildeo expostas sem a utilizaccedilatildeo de material de ponto

de venda da forma mais simples e faacutecil possiacutevel Natildeo existem muitos serviccedilos oferecidos e haacute

poucos funcionaacuterios Tais medidas satildeo consideradas para que os custos sejam baixos e assim

no caacutelculo do mark-up o preccedilo se torne bem acessiacutevel ao puacuteblico desse formato

Nessas lojas os poucos itens comercializados representam produtos da cesta baacutesica da marca

liacuteder uma marca inferior e muitos bens de marca proacutepria O objetivo nesse caso eacute o mesmo

reter mais da margem bruta gerada pela venda resultante do baixo investimento em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais

43 Caso 2 ndash Rede B

A Rede B foi pioneira no Brasil no conceito de hipermercados Chegou ao paiacutes em 1975 com

a sua primeira unidade na cidade do Rio de Janeiro A empresa possui mais de 11000 lojas

por todo mundo e estaacute presente em 31 paiacuteses Ela emprega mais de 430000 pessoas sendo

que 69 trabalham na Europa 20 na Ameacuterica Latina e 11 na Aacutesia Conta com mais de 2

bilhotildees de clientes

134

Atualmente opera com cerca de 80 hipermercados 110 supermercados e 60 lojas de

descontos As lojas no paiacutes estatildeo espalhadas por 11 estados e no Distrito Federal Sua

participaccedilatildeo no mercado eacute de 12 do faturamento total do setor No Brasil satildeo 46000

funcionaacuterios em todas as unidades de negoacutecio de rede Seu faturamento bruto foi de

aproximadamente R$12 bilhotildees em 2004

O apreccedilamento estrateacutegico do grupo tambeacutem obedece a ordem de definiccedilatildeo dos objetivos da

empresa seguidos pela anaacutelise da demanda e os seus custos Em terceiro lugar estaacute a coleta de

informaccedilotildees sobre os concorrentes em quarto a definiccedilatildeo dos meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos e por fim eacute feita a adequaccedilatildeo

Como objetivo de preccedilo a rede B afirma ter bem claro que o foco estaacute no aumento de sua

participaccedilatildeo no mercado Embora cada formato tenha um posicionamento distinto esse

objetivo eacute comum para todas as unidades de negoacutecio do grupo Os respondentes explicam que

o foco maior estaacute na estrateacutegia geral da empresa e com todos buscando o mesmo resultado eacute

mais faacutecil conseguir atingi-lo

A anaacutelise da demanda eacute tambeacutem eacute realizada da mesma forma para todas as bandeiras pois a

sensibilidade a preccedilo encontra-se no mesmo niacutevel para todos os compradores-alvo desse

grupo Os entrevistados classificam o puacuteblico da empresa como consumidores sensiacuteveis O

que diferencia o cliente de uma Divisatildeo para outra eacute a ocasiatildeo de compra No hipermercado

satildeo realizadas as compras mensais dos produtos da sexta baacutesica e mercadorias para a casa

No supermercado a procura eacute por produtos que terminaram antes da proacutexima compra mensal

ou de alguns produtos mais elaborados para situaccedilotildees natildeo programadas Nas lojas de

descontos os clientes satildeo muito sensiacuteveis aos preccedilos pois buscam o mais baixo e natildeo

procuram qualquer tipo de conveniecircncia ou comodidade Os gerentes explicaram ainda que o

135

puacuteblico-alvo dos hipermercados e supermercados procura pela melhor relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio Os supermercados da rede focam na venda de alimentos e produtos pereciacuteveis

enquanto os hipermercados oferecem itens de vestuaacuterios higiene e limpeza alimentos entre

outros

Algumas reformulaccedilotildees estatildeo sendo realizadas nos supermercados do grupo segundo os

respondentes A mudanccedila eacute para aumentar a rentabilidade do formato A nova estrateacutegia da

rede eacute baseada em quatro pilares preccedilo justo variedade qualidade e atendimento

No que se refere a variedade haveraacute a ampliaccedilatildeo do sortimento relanccedilamento de produtos

marca proacutepria e maior crescimento do nuacutemero de alimentos pereciacuteveis comercializados

Os gerentes complementam explicando que todas essas accedilotildees visam melhorar a rentabilidade

mas sem aumentar os preccedilos As negociaccedilotildees de produtos das lojas continuam sendo feitas

dentro do grupo O nosso serviccedilo seraacute de supermercado mas com preccedilos de hiper afirmam

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra dos clientes dos hipermercados e

supermercados da empresa Ele tambeacutem busca segundo os respondentes locais de faacutecil

acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara

muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos organizados nas gocircndolas corredores amplos

para a passagem dos carrinhos nuacutemero suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Ao estimar seus custos a Rede B calcula os classifica assim como a Rede A em custos fixos e

custos variaacuteveis No caso o objetivo eacute que o preccedilo fixado cubra o custo total e tambeacutem

permita margem de lucro Os custos satildeo estimados de forma conjunta para toda a empresa e

apenas os problemas com perdas (mercadorias vencidas danificadas ou perdidas) eacute que satildeo

calculados para cada loja de cada formato e a tarefa eacute de responsabilidade dos gerentes do

estabelecimento

136

Todo o orccedilamento para campanhas de miacutedia eacute realizado com uma porcentagem do lucro

obtido pela empresa no ano anterior e satildeo utilizados para a fortalecer a imagem institucional

do grupo As demais accedilotildees de miacutedia satildeo divididas entre a rede e os fornecedores que entram

com verba para colocar produtos em promoccedilotildees ou lanccedilar novos itens Os serviccedilos oferecidos

aos clientes satildeo considerados nos custos da empresa no momento do caacutelculo de preccedilo das

mercadorias comercializadas

Assim como nas outras empresas do setor a anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente

pela empresa A praacutetica do conhecido shopping de preccedilos eacute utilizada constantemente O

conceito eacute conhecido por todos e natildeo requer nenhum tipo de estrateacutegia especiacutefica aleacutem do

treinamento da equipe de funcionaacuterios responsaacuteveis pela tarefa As visitas satildeo programadas

para os competidores localizados na aacuterea de influecircncia de cada loja das diferentes Divisotildees

Os entrevistados explicam que embora a decisatildeo sobre a estrateacutegia de apreccedilamento seja

realizada em conjunto com a matriz os gerentes da loja possuem autonomia suficiente para

fazer mudanccedilas de preccedilos para se proteger das accedilotildees concorrenciais Satildeo analisados

promoccedilotildees atuais e passadas os preccedilos praticados em dias de praacutetica do preccedilo isca

descontos sazonais entre outras taacuteticas utilizadas pelos competidores

A importacircncia da anaacutelise dos concorrentes para empresa segundo os respondentes estaacute na

manutenccedilatildeo do preccedilo meacutedio (hipermercados e supermercados) Os produtos comercializados

devem estar dentro do patamar de preccedilos oferecidos no mercado e para isso eacute fundamental

acompanhar as estrateacutegias das demais empresas do setor Qualquer item que esteja acima do

preccedilo praticado pelo mercado resulta em queda de vendas

As lojas de desconto localizam-se em bairros mais afastados e de populaccedilatildeo com renda mais

limitada O formato concentra-se na periferia Seu diferencial em relaccedilatildeo aos hipermercados

137

estaacute na localizaccedilatildeo proacutexima da casa dos clientes como o mercadinho de bairro O gerente

da rede diz que a marca oferece um nuacutemero reduzido de itens nas prateleiras em comparaccedilatildeo

com os hipermercados

Existem produtos de marca proacutepria que possibilitam aumento da margem de lucro Ao

desenvolver marcas proacuteprias e aumentar a participaccedilatildeo desses produtos dentro do conjunto

ofertado aos consumidores os varejistas podem reter mais da margem bruta gerada pela

venda Isso acontece porque as marcas proacuteprias natildeo precisam de grandes investimentos em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais Os outros produtos satildeo de marcas liacutederes e

marcas inferiores

O formato oferece pouco ou nenhum tipo de serviccedilo para o cliente final As mercadorias satildeo

expostas nas gocircndolas sem muita preocupaccedilatildeo com a disposiccedilatildeo A estrateacutegia nesse caso eacute de

preccedilo abaixo do mercado e para conseguir manter o posicionamento a reduccedilatildeo dos custos eacute

uma das principais preocupaccedilotildees O objetivo eacute a maximizaccedilatildeo do volume de vendas e toda

vantagem nas negociaccedilotildees com os fornecedores eacute repassada diretamente para o comprador

para oferecer preccedilos baixos ao mercado

O meacutetodo de mark-up eacute o mais utilizado e nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento

praticada como na Rede A eacute HILO onde o varejista cobra preccedilos mais altos e realiza

promoccedilotildees frequumlentes Para qualquer tipo e variedade de produtos comercializados pela Rede

B existe um trabalho de gerenciamento de categoria onde satildeo definidos quais seratildeo as famiacutelias

de produtos marcas e embalagens e suas respectivas margens objetivas bem como a

periodicidade das pesquisas de preccedilos na concorrecircncia Os gerentes explicam que o grau de

importacircncia atribuiacutedo para cada uma das famiacutelias de produtos estaacute associado a sua definiccedilatildeo

(dominantes destino competitivos traacutefego convenientes bandeira e sazonais)

138

Outra estrateacutegia em comum entre as duas redes pesquisadas eacute o preccedilo isca tambeacutem por meio

de promoccedilotildees em um dia fixo da semana Os volumes de venda aumentam significadamente

nesses dias mas os gerentes natildeo se dispuseram a comentar os nuacutemeros A praacutetica de

descontos sazonais para compras realizadas fora da temporada pode ser observada entre

outras promoccedilotildees de preccedilos para combater o concorrente

Com relaccedilatildeo agraves variaacuteveis que exercem influecircncia no apreccedilamento dos produtos os gerentes

citaram principalmente os preccedilos praticados pelos concorrentes A localizaccedilatildeo e a renda dos

consumidores influenciam de maneira indireta jaacute que cada loja busca estar compatiacutevel com o

preccedilo aceito pela populaccedilatildeo que habita determinada regiatildeo onde o estabelecimento se

encontra Segundo os profissionais da Rede B na hora de definir o preccedilo as duas variaacuteveis satildeo

estudadas mas ainda eacute o preccedilo dos competidores que guiam os niacuteveis praticados

Os gerentes chamam a atenccedilatildeo para um novo formato que a rede vem desenvolvendo Satildeo

hipermercados dirigidos agraves classes mais altas Como operam com apenas uma loja natildeo a

estrutura de preccedilos ainda obedece agraves regras da matriz A diferenccedila afirmam os entrevistados

estaacute no sortimento de produtos e os serviccedilos oferecidos mas acreditam que a localizaccedilatildeo e a

rede nesse caso teratildeo mais peso para o apreccedilamento estrateacutegico

O poder de compra sobre os fornecedores que permite negociaccedilotildees de preccedilos menores jaacute eacute

utilizado para conseguir oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis Os entrevistados

natildeo consideram como influenciador argumentado que tais negociaccedilotildees fazem parte da rotina

do grupo assim como dos seus principais concorrentes

Nas lojas de desconto o sortimento eacute limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

139

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados

44 Caso 3 ndash Rede C

A terceira rede tem lojas no Reino Unido Alemanha Argentina China Coreacuteia do Sul Porto

Rico e Brasil Iniciou as suas atividades no paiacutes em 1994 e hoje opera com 152 unidades

localizadas em 14 estados brasileiros Seu faturamento bruto foi de aproximadamente US$

700 milhotildees em 2004 O grupo possui mais de 7000 empregados e trabalha atualmente com

hipermercados supermercados e atacados que atendem a pequenos comerciantes Os formatos

estatildeo divididos em quatro bandeiras diferentes A poliacutetica do grupo eacute prosseguir com a

abertura de novas lojas consolidar sua presenccedila na Internet e entrar no ramo de serviccedilos

bancaacuterios como financiadoras dos seus consumidores

Haacute pouco tempo decidiu inaugurar lojas compactas Satildeo unidades pequenas instalaccedilotildees

simples com menor sortimento de mercadorias e custos reduzidos Eacute uma tendecircncia do varejo

e o grupo decidiu apostar Os entrevistados explicaram que seus consumidores querem preccedilo

e agilidade exatamente o que este tipo de supermercado se propotildee a oferecer A poliacutetica de

preccedilos do supermercado eacute a mesma que a rede aplica a todas as suas bandeiras

Assim como as demais empresas pesquisadas a Rede C estabelece seu preccedilo considerando os

custos a demanda e os concorrentes Possui o objetivo de ganhar maior participaccedilatildeo de

mercado e tambeacutem utiliza o meacutetodo de mark-up para fixar o preccedilo de seus produtos

140

O objetivo principal de preccedilo eacute como nos outros competidores a maximizaccedilatildeo da

participaccedilatildeo de mercado e defesa do mercado Os entrevistados argumentam que a razatildeo eacute a

proteccedilatildeo da aacuterea de influecircncia e a criaccedilatildeo de barreiras agrave entrada de novos concorrentes Uma

das estrateacutegias eacute exatamente cobrir a oferta de preccedilo baixo dos concorrentes conforme

explicado anteriormente A estrateacutegia adotada eacute a de preccedilo abaixo do mercado para os

hipermercados com forte monitoramento dos preccedilos dos competidores

A estrateacutegia utilizada pela Rede C eacute o EDPL em todas as unidades de negoacutecios da empresa

hipermercados supermercados e atacados para pequenos comerciantes Ela eacute reconhecida no

mundo todo pelos consumidores como a pioneira na implementaccedilatildeo dos preccedilos baixos todo

dia Os entrevistados explicam que utilizam o EDLP para atrair o consumidor e conquistar sua

lealdade mostrando integridade na praacutetica de seus preccedilos

Poucos artigos satildeo colocados em oferta a cada mecircs Os varejistas adotam o esquema EDLP

por vaacuterias razotildees a mais importante delas eacute que descontos e promoccedilotildees constantes satildeo

dispendiosos e tecircm diminuiacutedo a confianccedila do consumidor em encontrar bons preccedilos No

EDLP o cliente sabe o que encontraraacute Os gerentes afirmam que devido a essa estrateacutegia seus

preccedilos chegam a se igualar aos das lojas de desconto dos seus concorrentes nos preccedilos de

produtos de higiene e limpeza

Os hipermercados satildeo considerados estabelecimentos para venda de grande quantidade de

itens e compras mensais e eacute concorrente direto das redes A e B O puacuteblico-alvo eacute o mesmo

das outras empresas ou seja clientes que realizam compras mensais e buscam um bom

equiliacutebrio da relaccedilatildeo custo-benefiacutecio Satildeo clientes que reconhecem a estrateacutegia praticada pelo

varejista

141

Um dos meacutetodos usados para combater e anular accedilotildees concorrenciais eacute garantir o preccedilo mais

baixo e cobrir qualquer oferta A empresa tem tradiccedilatildeo nessas atividades Como opera com as

margens semelhantes ao do competidor e os preccedilos 15 mais baixos que da meacutedia do varejo

satildeo conseguidos repassando-se as negociaccedilotildees com fornecedores Soacute as promoccedilotildees de preccedilos

resultantes da estrateacutegia HILO utilizada pelas outras duas organizaccedilotildees eacute que ocasionam o uso

de medidas de defesa

Os consumidores satildeo considerados pelos respondentes como altamente sensiacuteveis a preccedilo pois

buscam a oferta mais barata e fazem pesquisas de preccedilo antes de decidir pelo local O mesmo

eacute valido para todos os formatos do grupo Os compradores do atacado satildeo comerciantes

pequenos que buscam melhores condiccedilotildees de pagamento do que os oferecidos pela induacutestria

Como os clubes atacadistas iratildeo praticar uma margem proacutepria para cobrir seus custos e natildeo

podem comercializar mercadorias com preccedilos aleacutem do mercado procuram as empresas que

permitirem a compra de um bom volume a um preccedilo relativamente baixo Esse formato eacute um

tipo de clube ou rede de compra e os clientes satildeo associados O sortimento do clube de

compras estaacute dividido em produtos para escritoacuterios pizzarias restaurantes hoteacuteis lojas de

conveniecircncia entre outros

A estimativa de custos tambeacutem considera os custos fixos e custos variaacuteveis e o preccedilo proposto

deve cobrir o custo total da comercializaccedilatildeo do item aleacutem de garantir uma margem de lucro

para a empresa Existem tambeacutem os problemas com perdas de mercadoria e estas satildeo

calculadas para cada loja de cada formato sob responsabilidade dos gerentes de cada

estabelecimento e os custos tambeacutem satildeo analisados separadamente para cada negoacutecio da rede

Poreacutem vaacuterias accedilotildees satildeo praticadas pelo grupo visando a reduccedilatildeo de seus gastos

142

Devido a essa poliacutetica de gestatildeo de custos a empresa eacute conhecida mundialmente por

contribuir com a economia Essa contribuiccedilatildeo ao ciclo econocircmico consiste em trecircs itens

pressionar os fornecedores para reduzir preccedilos usar tecnologia digital de primeira linha para

baratear a gestatildeo de seus estoques e pagar aos seus funcionaacuterios o menor salaacuterio possiacutevel

encolhendo os custos da empresa

A empresa eacute referecircncia em processos de gestatildeo no varejo e no uso de tecnologia a serviccedilo do

negoacutecio Um exemplo eacute o sistema eletrocircnico de reposiccedilatildeo de estoque Por meio dele rede e

fornecedores ficam conectados 24 horas e tecircm informaccedilatildeo do giro de cada produto na gocircndola

em tempo real Assim o varejista consegue agilizar o processo de reposiccedilatildeo e os fornecedores

tecircm acesso a detalhes como resultado de vendas dos produto por loja ou regiatildeo

Alguns fornecedores promovem accedilotildees de marketing no ponto de venda ou fazem eventuais

mudanccedilas nos produtos com os dados que satildeo disponibilizados Outro resultado dessa parceria

eacute a reduccedilatildeo de custos (cerca de 10 ao longo de toda a cadeia de suprimentos) Tais fatos

possibilitam agrave rede colocar em praacutetica a poliacutetica EDLP

Um fator que deve ser considerado na gestatildeo de reduccedilatildeo de custos da empresa eacute a natildeo

existecircncia de estoque na loja os produtos satildeo alojados na parte superior da gocircndola

Os hipermercados da Rede C buscam oferecer o melhor sortimento pelo melhor preccedilo sempre

A poliacutetica de EDLP direciona todas as negociaccedilotildees realizadas com fornecedores e garante ao

consumidor o menor custo da cesta de compras Para honrar com esse compromisso as lojas

realizam semanalmente uma pesquisa de preccedilos de produtos junto agrave concorrecircncia local

(shopping de preccedilos)

143

Os hipermercados ainda contam com um sortimento de 65 mil itens Dentre elas encontram-

se alimentos hortifrutis confecccedilatildeo brinquedos eletroeletrocircnicos papelaria perfumaria

artigos para casa mesa e banho limpeza praacutetica de esportes jardinagem pet shop entre

outros Todas as lojas possuem uma mini-galeria de serviccedilos de conveniecircncia No local satildeo

encontradas lanchonetes cafeacute restaurantes lavanderia salatildeo de beleza oacutetica banca de jornal

e revistas entre outros serviccedilos alternativos A ideacuteia eacute trabalhar o conceito de one stop shop

lugar onde o cliente encontra de tudo em um mesmo local

A taacutetica do preccedilo isca eacute novamente utilizada nesse caso Satildeo realizadas promoccedilotildees em um dia

fixo da semana (terccedila feira da carne quarta-feira da verdura entre outras) mas os gerentes

afirmam que a poliacutetica de descontos eacute menos frequumlente que nos concorrentes jaacute que optaram

por oferecer preccedilo baixo todos os dias

Os volumes de venda tambeacutem crescem consideravelmente e vaacuterias accedilotildees de comunicaccedilatildeo satildeo

realizadas Descontos sazonais satildeo praticados constantemente para as compras realizadas fora

da temporada assim como em seus concorrentes Os hipermercados realizam saldotildees

depois das festas de final de ano para reduzir o estoque de mercadorias comercializadas soacute

para essa eacutepoca do ano como por exemplo o Panetone

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo os respondentes consideram os

preccedilos dos seus concorrentes a localizaccedilatildeo e renda dos moradores da regiatildeo de influecircncia de

cada loja Para isso os gerentes tambeacutem tecircm autonomia para modificar os preccedilos das lojas

que estatildeo sob sua responsabilidade Um exemplo dessa descentralizaccedilatildeo eacute a facilidade do

cliente que apresenta um anuacutencio promocional impresso da concorrecircncia dentro da validade

com um preccedilo inferior ao da rede em conseguir a mesma oferta na loja na hora e no caixa

sem burocracia

144

Os serviccedilos prestados e os gastos com material promocional satildeo considerados pela empresa

como custos entretanto normalmente os gastos satildeo compartilhados com os fornecedores Os

entrevistados explicaram que os anuacutencios de produtos na miacutedia de massa (Televisatildeo Jornal e

Revistas) satildeo realizados em conjunto com os fabricantes e a empresa soacute arca com os custos de

publicidade institucional Para isso eacute reservada uma porcentagem das vendas anuais da

empresa

Os serviccedilos oferecidos estatildeo embutidos na margem e o poder de negociaccedilatildeo com a induacutestria

permite a compra de grandes volumes a preccedilos mais baixos descontos de pagamento agrave vista e

bonificaccedilotildees As bonificaccedilotildees satildeo acordos realizados entre varejistas e fornecedores que

permitem a entrega de mais mercadorias no lugar de descontos em dinheiro A empresa

repassa aos consumidores as reduccedilotildees de preccedilo que consegue na condiccedilatildeo de uns dos maiores

compradores

O grupo tambeacutem estaacute investindo em novos projetos arquitetocircnicos Com layout diferenciado e

um conceito inovador um novo hipermercado foi inaugurado A unidade tem dois andares

teacuterreo e mezanino e estabeleceu um novo modelo funcional com excelente aceitaccedilatildeo dos

clientes de regiotildees urbanas centrais e de alto iacutendice populacional

Novas accedilotildees promocionais satildeo vinculadas ao novo modelo de loja O objetivo da rede de

acordo com os entrevistados eacute disponibilizar para os consumidores um sortimento de mais de

mil itens a preccedilos super negociados reduzidos em ateacute 10 Eacute importante ressaltar que estaacute

natildeo eacute uma accedilatildeo promocional tradicional pois a rede garante os preccedilos por pelo menos

noventa dias diferente das accedilotildees da concorrecircncia que em alguns casos tecircm curta duraccedilatildeo

145

43 Anaacutelise dos Casos

Por meio da apresentaccedilatildeo dos casos foi possiacutevel identificar como as redes de varejo formulam

os preccedilos de seus produtos Todas as trecircs empresas seguem os seis passos apresentados no

referencial teoacuterico Poreacutem eacute importante ressaltar que nenhum dos gerentes entrevistados

demonstrou realizar a tarefa de apreccedilamento de forma estruturada ou seja apesar das etapas

serem seguidas conforme o proposto por Kotler e Keller (2005) a determinaccedilatildeo do valor

cobrado por cada produto acontece intuitivamente e as anaacutelises necessaacuterias satildeo oacutebvias

segundo os gerentes entrevistados Determinar o preccedilo dos produtos portanto natildeo representa

um problema

A falta de conhecimentos teacutecnicos mais aprofundados tambeacutem fica clara quando percebe-se

que as trecircs empresas utilizam o mesmo meacutetodo de apreccedilamento o mark-up Embora ele seja o

mais utilizado pelas redes varejistas por sua simplicidade e facilidade de aplicaccedilatildeo (LAMBIN

2000a) natildeo eacute necessariamente a maneira mais adequada pois apresenta vaacuterias limitaccedilotildees

Uma delas diz respeito a definiccedilatildeo de preccedilos aleacutem do devido em mercados mais fracos e a

preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute considerado pelos estudiosos da

aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma estrateacutegia prudente Um outro problema

eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir todas as despesas e permitir retorno Aleacutem

dos dois pontos o meacutetodo tambeacutem natildeo leva em consideraccedilatildeo aspectos da demanda e dos

concorrentes focando apenas os custos

Entretanto a Rede A demonstrou que apesar de utilizar o mark-up tambeacutem considera o valor

percebido pelo consumidor para a Divisatildeo de Supermercados Isso acontece porque o negoacutecio

foi desenvolvido para atender as necessidades da populaccedilatildeo de renda alta (classes A e B) que

146

possuem pouca sensibilidade agrave preccedilos e busca comodidade variedade bom atendimento

excelecircncia em serviccedilos e mercadorias de alta qualidade e prestiacutegio Dessa forma algumas

outras variaacuteveis fora o custo satildeo consideradas na estrateacutegia de apreccedilamento A decisatildeo de

agregar outros fatores (a renda dos clientes o estilo de vida etc) foi resultado de vaacuterias accedilotildees

e testes nas lojas Esses experimentos satildeo de responsabilidade de um consultor especializado

em varejo que atende grandes redes varejistas ao redor do mundo traz constantemente novas

ideacuteias e sugere diferentes conceitos para serem aplicados

As ideacuteias que satildeo aceitas para teste satildeo aplicadas em certas lojas da rede (preferencialmente

lojas em reforma) A avaliaccedilatildeo dessas ideacuteias e dos novos conceitos aplicados eacute feita de acordo

com o resultado de vendas da loja modificada ou dos produtos pertencentes agraves sessotildees

reestruturadas O aumento nas vendas eacute utilizado como indicador de sucesso do novo modelo

Dessa forma se as mudanccedilas forem bem sucedidas outras lojas seratildeo igualmente

remodeladas Seguindo esse raciociacutenio um niacutevel baixo de vendas significa que o novo

conceito natildeo funcionou e portanto novas alternativas satildeo avaliadas

Tais accedilotildees demonstram que a estrateacutegia de preccedilo discriminatoacuterio eacute praticada pela Rede A A

empresa conhece os diferentes segmentos em que atua e para cada um determina um valor

condizente com a possibilidade de compra do cliente A compreensatildeo dos diferentes graus de

sensibilidade agrave preccedilos eacute clara para a Rede A que consegue diferenciar os segmentos de

consumidores que atinge e adequar a sua estrateacutegia para cada diferentes formato Entretanto

para as demais empresas o conceito eacute difundido mas natildeo foi observada a utilizaccedilatildeo de

meacutetodos para adequar suas decisotildees baseadas nas diferentes caracteriacutesticas dos grupos de

compradores

147

Os diferentes formatos das Redes B (hipermercados supermercados e lojas de desconto)

seguem o meacutetodo de mark-up sem a influecircncia de outro meacutetodo A mesma poliacutetica HILO eacute

trabalhada por todos Mas cada um dos formatos possui seu proacuteprio posicionamento e

portanto atendem a puacuteblicos diferentes Essa diferenccedila eacute trabalhada no apreccedilamento apenas

pela gestatildeo de custos Nas lojas de desconto o sortimento eacute menor natildeo haacute muitos funcionaacuterios

para prestar serviccedilos e os estoques satildeo baixos Todas as accedilotildees satildeo para reduzir os gastos e

praticar preccedilos mais baixos Essa atitude demonstra a possiacutevel falta de conhecimento a

respeito das estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos que podem ser empregadas para operar com

preccedilos de acordo com as possibilidades das classes C e D

Entre as estrateacutegias a serem aplicadas estaacute a praacutetica de preccedilos geograacuteficos preccedilos

discriminatoacuterios preccedilos com descontos ou concessotildees A uacutenica forma que as empresas

varejistas estudadas demonstraram conhecer foi o preccedilo isca O preccedilo geograacutefico tambeacutem

pode ajudar a reduzir custos pois considera a regiatildeo e os gastos com logiacutestica para entregar a

mercadoria em locais diferentes O preccedilo discriminatoacuterio pode levar a rede a vender produtos

com margem maior onde os consumidores satildeo pouco sensiacuteveis aos preccedilos e os descontos e

promoccedilotildees favorecem as compras a vista ou em maior quantidade

O shopping de preccedilos eacute praticado por todos devido agrave alta concorrecircncia existente no setor

(oligopoacutelio) Todos conhecem a importacircncia de monitorar as accedilotildees de seus competidores seja

para manter os preccedilos dentro do mercado ou mesmo para se proteger As empresas possuem

equipes com funcionaacuterios preparados e treinados para a funccedilatildeo que coletam as informaccedilotildees

periodicamente como apresentado na teoria

Ao analisar a terceira rede (Rede C) fica clara a agressividade de suas accedilotildees para conquistar

maior espaccedilo no mercado As suas accedilotildees estatildeo sempre voltadas para reduccedilatildeo de custos e

focadas em praacutetica de preccedilos baixos A estrateacutegia EDLP eacute sinocircnimo da marca da empresa

148

Nos mais diferentes formatos os preccedilos com os fornecedores satildeo fortemente negociados e

todos os descontos conseguidos repassados para o consumidor As escolhas quanto ao meacutetodo

de apreccedilamento (mark-up) preocupaccedilatildeo com inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e reduccedilatildeo dos custos

demonstram bastante coerecircncia com o objetivo do varejista (oferecer preccedilo baixo todo dia)

As variaacuteveis que influenciam no apreccedilamento de cada unidade de negoacutecio das redes natildeo

foram muito exploradas pelos gerentes nas entrevistas realizadas mas eacute e evidente a

importacircncia do formato de canal na escolha das estrateacutegias Ao se posicionarem de formas

diferentes e escolherem puacuteblicos diferentes para cada divisatildeo a influecircncia do tipo de loja fica

clara

Os supermercados ao se posicionarem como de vizinhanccedila jaacute consideram

automaticamente a localizaccedilatildeo e a renda dos consumidores como fatores determinantes do

preccedilo Conforme explicado na revisatildeo teoacuterica os preccedilos devem obedecer ao niacutevel do mercado

em que encontram-se caso contraacuterio perdem venda por estarem ou muito acima da

concorrecircncia ou comprometem os ganhos se praticarem preccedilos muito abaixo

Os produtos comercializados tambeacutem tecircm influecircncia Nos formatos que possuem sortimentos

limitados (lojas de desconto) a presenccedila de marcas-proacuteprias eacute grande pois natildeo precisam de

investimentos em miacutedia de massa e podem ser comercializados agrave preccedilos adequados ao

orccedilamento das classes C e D Os formatos que operam com sortimento maior (em variedade e

profundidade) precisam trabalhar com o conceito de preccedilo psicoloacutegico associando o valor

monetaacuterio alto com alta qualidade do produto Nenhuma das redes afirmou utilizar a

estrateacutegia poreacutem a praacutetica de preccedilos psicoloacutegicos eacute tradicional jaacute na induacutestria e eacute repassada

para o ponto de venda

149

As marcas liacutederes geralmente apresentam preccedilo superior para traduzir ao cliente a qualidade

de seu produto e esse preccedilo eacute repassado pelas redes para o consumidor final As redes

supermercadistas trabalham com marcas liacutederes para melhorar a imagem que constroem na

mente do comprador A marca que o cliente deseja precisa estar disponibilizada nas gocircndolas

ou o consumidor natildeo se sentiraacute satisfeito com a experiecircncia de compra (KUNKEL BERRY

1968 LINDQUIST 1974 DOYLE FENWICK 1974 ENGEL BLACKWELL 1995)

Assim tambeacutem eacute possiacutevel afirmar que as marcas tecircm influecircncia na determinaccedilatildeo dos produtos

comercializados pelos supermercadistas

As informaccedilotildees das redes que confirmam essa observaccedilatildeo eacute a comercializaccedilatildeo dos mesmos

produtos de mesma marca e caracteriacutesticas a preccedilos mais altos em lojas localizadas em

regiotildees nobres e a preccedilos mais baixos em lojas localizadas na periferia da cidade

As negociaccedilotildees fazem parte do cotidiano de todas as empresas Como as redes estatildeo entre as

dez maiores em faturamento (ABRAS 2005) a compra em volume eacute consideraacutevel e o poder

sobre os fornecedores tambeacutem Haacute anos uma negociaccedilatildeo era determinada principalmente

pelo preccedilo Com a concorrecircncia acirrada o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas

negociaccedilotildees entre varejistas e fornecedores As maiores empresas negociam grandes volumes

a preccedilos mais baixos do que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais

acessiacuteveis de um mesmo produto do que a concorrecircncia

Entretanto conforme jaacute citado a variaacutevel que claramente exerce maior influecircncia na

formaccedilatildeo dos preccedilos das mercadorias comercializadas pelas redes eacute o formato do canal

Mesmo utilizando o mesmo meacutetodo de apreccedilamento as lojas de diferentes formatos praticam

poliacuteticas diferentes Como o posicionamento e o puacuteblico-alvo satildeo distintos as ferramentas

para adequar os preccedilos dos produtos natildeo satildeo as mesmas Cada puacuteblico tem suas

caracteriacutesticas poder de compra rendas distintas e ocasiotildees de compra diferentes

150

Aleacutem disso os supermercados de vizinhanccedila oferecem mais serviccedilos para o cliente final

Como localizam-se proacuteximo agrave residecircncia do consumidor geralmente oferecem serviccedilos de

entrega por exemplo Serviccedilos adicionais aumentam o custo interno do varejista e portanto

para conseguir cobrir todos os gastos as margens consideradas no caacutelculo do mark-up natildeo

podem ser tatildeo baixas Por mais que o foco seja a reduccedilatildeo de custos mesmo por meio de

melhores negociaccedilotildees com os fornecedores (como no caso da Rede C) os produtos natildeo tecircm

os mesmos preccedilos que as lojas de hipermercado

Nas lojas de desconto como os serviccedilos satildeo poucos e a estrutura disponiacutevel eacute mais simples

(natildeo tecircm estoque as mercadorias satildeo guardadas por cima da gocircndola) o nuacutemero de

funcionaacuterios restrito e poucos investimentos em comunicaccedilatildeo e merchandising os custos

abaixam e eacute possiacutevel praticar preccedilos abaixo da meacutedia do mercado Haacute tambeacutem a

comercializaccedilatildeo de marcas proacuteprias que ajudam no ganho maior

Para facilitar a visualizaccedilatildeo das estrateacutegias utilizadas pelas redes supermercadistas no

apreccedilamento dos produtos que comercializam o quadro 11 foi elaborado

A seguir apresenta-se a conclusatildeo da dissertaccedilatildeo bem como as limitaccedilotildees encontradas e as

sugestotildees de estudos futuros

151

Quadro 11 Resumo das estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas redes varejistas

pesquisadas

Estrateacutegias

Redes

Rede A Rede B Rede C

Objetivo de Preccedilo

- Participaccedilatildeo de mercado - Valor percebido pelos consumidores (supermercado)

- Participaccedilatildeo do mercado

- Participaccedilatildeo do mercado

Anaacutelise da Demanda

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos nos hipermercados e lojas de desconto Consumidores pouco sensiacuteveis nos supermercados

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos - Busca da melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos

Estimativa de Custos

- Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Controle sobre gastos e

Anaacutelise da Concorrecircncia

- Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos

Seleccedilatildeo do Meacutetodo

- Mark-up - Mark-up - Mark-up

Adequaccedilatildeo do Preccedilo

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - Preccedilo psicoloacutegico (supermercados) - Preccedilos por segmento (supermercados) - HILO (hipermercados)

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - HILO (todos os formatos)

- Poliacutetica EDLP para todos os formatos - Preccedilo isca

Variaacuteveis que influenciam

- Localizaccedilatildeo da loja - Renda do consumidor - Formato do canal - Marcas do produtos

- Formato do canal - Marcas do produtos - Poder sobre os fornecedores

- Poder sobre os fornecedores - Renda dos consumidores - Formato do canal - Marcas do produtos

Fonte Elaborado pela autora A seguir apresenta-se as conclusotildees do estudo suas limitaccedilotildees e sugestotildees de estudos futuros

152

5 CONCLUSOtildeES

Este estudo teve como objetivo analisar a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em supermercados

Para que o objetivo fosse cumprido uma revisatildeo bibliograacutefica foi desenvolvida e abordou

conceitos sobre demanda custos meacutetodos de apreccedilamento teacutecnicas de adequaccedilatildeo de preccedilos e

variaacuteveis que influenciam nessa decisatildeo

Um estudo multicaso em trecircs redes supermercadistas foi elaborado para analisar como os

temas abordados na revisatildeo satildeo utilizados na praacutetica por algumas empresas do setor Para isso

desenvolveu-se um protocolo com os passos necessaacuterios para o desenvolvimento da pesquisa

empiacuterica Apresentou-se tambeacutem o histoacuterico a situaccedilatildeo atual e as principais tendecircncias do

varejo para o entendimento das circunstacircncias atuais de concorrecircncia e crescimento das

redes

Apoacutes essa apresentaccedilatildeo os casos foram descritos e analisados pela autora Baseando-se

nessas anaacutelises foi constatado que atualmente com o mercado cada vez mais competitivo e

com o faacutecil acesso dos consumidores agrave comparaccedilatildeo de preccedilos a decisatildeo sobre as estrateacutegias

de apreccedilamento tornou-se fundamental para o bom desempenho das redes supermercadistas

que visam ganho de vantagem competitiva

O estudo de multicasos demonstrou que os meacutetodos de apreccedilamento e de adequaccedilatildeo de preccedilos

satildeo ainda pouco utilizados pelas redes estudadas no que se refere agrave variedade de teacutecnicas

existentes para serem aplicadas a situaccedilotildees diferentes As empresas demonstraram o uso

adequado do mark-up e de estrateacutegias de descontos (peccedilo isca e descontos sazonais) poreacutem

de acordo com a teoria proposta tais meacutetodos apresentam limitaccedilotildees que podem alongo

prazo prejudicar o alcance dos objetivos de rentabilidade e participaccedilatildeo de mercado dos

grupos supermercadistas analisados

153

Cabe ressaltar que ateacute hoje as empresas estudadas tecircm conseguido atingir seus objetivos de

preccedilo por meio da utilizaccedilatildeo do meacutetodo de mark-up em conjunto com as anaacutelises de demanda

e concorrecircncia segundo os resultados de vendas e a colocaccedilatildeo no ranking da ABRAS

Entretanto o setor busca novas tecnologias para reduccedilatildeo de custos e tambeacutem apresenta outras

estrateacutegias para fidelizar os seus clientes que consideram outras variaacuteveis aleacutem dos custos

O acompanhamento das accedilotildees dos competidores por meio do shopping de preccedilos de cada

loja em diferentes regiotildees tem permitido agraves redes a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia sobre

suas estrateacutegias e a praacutetica de teacutecnicas de defesa como cobrir ofertas ou melhores negociaccedilotildees

com seus fornecedores para operar com preccedilos dentro do mercado Poreacutem as empresas focam

nas estrateacutegias dos concorrentes e acabam por desenvolver accedilotildees muito proacuteximas e parecidas

com as dos competidores enquanto poderiam analisar com maior profundidades os seus

puacuteblicos e oferecer vantagens de acordo com o estilo de vida a renda e as necessidades de

cada segmento de mercado que atende

A Rede C por exemplo considera que todos os seus consumidores tecircm o mesmo niacutevel de

sensibilidade agrave preccedilos Mas eles possuem haacutebitos de compra diferentes e frequumlentam formatos

de loja distintos o que demonstra que nem todas as caracteriacutesticas satildeo as mesmas Caso

utilizasse o preccedilo discriminatoacuterio poderia diferenciar as suas bandeiras e atingir talvez de

forma mais eficaz o objetivo de maior participaccedilatildeo de mercado A Rede A embora natildeo

demonstre conhecimento suficiente sobre o conceito de preccedilo discriminatoacuterio eacute a uacutenica entre

as organizaccedilotildees estudadas que opera com estrateacutegias diferentes para cada puacuteblico que

frequumlenta suas diferentes divisotildees

O foco para a reduccedilatildeo dos custos e praacutetica de maiores margens eacute nas negociaccedilotildees com

fornecedores Apenas uma das empresas admitiu o uso de ferramentas tecnoloacutegicas para

diminuir custos A aplicaccedilatildeo de teacutecnicas de apreccedilamento para alcanccedilar esse objetivo natildeo foi

154

verificada o que demonstra a existecircncia de espaccedilo para o desenvolvimento da gestatildeo de

preccedilos nas empresas pesquisadas

Eacute importante ressaltar que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave formaccedilatildeo de preccedilos de

dos produtos que comercializam eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos

conceitos e ferramentas disponiacuteveis assim como o conhecimento das demais teacutecnicas de

adequaccedilatildeo como preccedilos geograacuteficos que permitem tambeacutem a tatildeo desejada reduccedilatildeo de custos

Os estudos cientiacuteficos sobre preccedilos tecircm demonstrado novos modelos como o custo-alvo que

permitem que as decisotildees sobre apreccedilamento sejam mais confiaacuteveis de proacuteximas agraves

necessidades e possibilidades financeiras dos clientes finais Conforme os meacutetodos vatildeo sendo

aprimorados menor a chance das estrateacutegias e dos planejamentos de precificaccedilatildeo falharem

Poreacutem eacute preciso que as redes supermercadistas deixem de analisar somente seus competidores

e de desenvolverem accedilotildees para se proteger dos ataques e observem mais de perto as atitudes

caracteriacutesticas e diferentes estilos dos seguimento de compradores que atingem ou pretendem

conquistar

155

51 Limitaccedilotildees

Campomar (1991) explica que tanto os meacutetodos quantitativos quanto os meacutetodos qualitativos

possuem suas limitaccedilotildees e estas devem ser claramente mencionadas nos trabalhos cientiacuteficos

As limitaccedilotildees do presente trabalho referem-se primeiramente a natureza do meacutetodo Embora

as escolhas tenham permitido o alcance dos objetivos propostos no estudo existem algumas

consideraccedilotildees importantes a serem feitas

A primeira delas refere-se agrave amostra pesquisada Por se tratar de uma amostra natildeo

representativa os dados coletados e analisados bem como as conclusotildees apresentadas natildeo

podem ser generalizados para todo o setor supermercadista As observaccedilotildees soacute devem ser

consideradas para as trecircs empresas que participaram do estudo mesmo que as companhias

estejam entre as maiores em faturamento Outro fator que impede a generalizaccedilatildeo eacute o seu

objetivo exploratoacuterio A dissertaccedilatildeo foi baseada em revisatildeo de literatura e estudos de caso

Um ponto importante refere-se ao proacuteprio setor supermercadista Como trata-se de um

mercado competitivo as empresas natildeo aceitaram a divulgaccedilatildeo de alguns dados e se

restringiram apenas a comentar quais satildeo as estrateacutegias gerais utilizadas para o apreccedilamento

dos produtos que comercializam Estrateacutegias especiacuteficas quanto ao posicionamento futuras

mudanccedilas desenvolvimento de novas tecnologias e praacuteticas e variaacuteveis utilizadas natildeo foram

expostas por nenhuma das redes As conclusotildees sobre esses aspectos forma baseadas em

alguns comentaacuterios e pesquisa de dados secundaacuterios

156

52 Sugestotildees para futuros estudos

Estudos futuros podem comparar a pesquisa realizada com os resultados obtido em outras

redes supermercadistas atuantes no paiacutes Nessa dissertaccedilatildeo foram analisadas trecircs das dez

maiores empresas em faturamento O estudo poderia identificar se as os passos seguidos para

a determinaccedilatildeo de preccedilo e as variaacuteveis influenciadoras satildeo as mesmas identificadas nessa

pesquisa Com uma amostra maior os resultados poderiam trazer informaccedilotildees mais precisas a

respeito do apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

Um outro estudo pode coletar dados primaacuterios de preccedilos de produtos em diferentes formatos e

verificar a influecircncia de das variaacuteveis propostas de forma estatiacutestica O grau de influecircncia de

cada uma pode ser medido e os seguintes objetivos verificados

bull A influecircncia da marca no apreccedilamento estrateacutegico supermercadista

bull A influecircncia da faixa de renda dos consumidores que habitam as regiotildees de cada loja

A influecircncia do formato do canal de distribuiccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos dos produtos

comercializados pelos varejistas

A influecircncia da regiatildeo onde cada loja se localiza na precificaccedilatildeo de produtos

comercializados pelos supermercados

A influecircncia do poder do canal de distribuiccedilatildeo sobre os seus fornecedores e

A influecircncia do preccedilo do concorrente na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos de uma

rede

Outras possibilidades dizem respeito ao estudo da formaccedilatildeo de preccedilos em tipos diferentes de

varejo comparando o setor supermercadista com os outras empresas de serviccedilos

157

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  • 11 Apresentaccedilatildeo
  • 12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo
  • 13 Objetivos
  • 14 Justificativa
  • 15 Organizaccedilatildeo do estudo
  • 21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo
  • 22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo
  • 23 Determinaccedilatildeo da Demanda
    • 231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)
      • 24 Estimativa de Custos
        • 241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos
          • 25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes
          • 26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo
          • 27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final
          • 28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo
          • 29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista
          • 210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados
          • 211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo
            • 2111 Produto
            • 2112 Marca
            • 2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo
            • 2114 Localizaccedilatildeo da Loja
            • 2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista
            • 2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas
            • 117 O Preccedilo da Concorrecircncia
              • 31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo
                • 311 O Tipo de Pesquisa
                • 312 A Natureza da Pesquisa
                • 313 O Meacutetodo da Pesquisa
                  • 3131 Protocolo para os Estudos de Caso
                      • 41 Os Supermercados no Brasil
                      • 42 Caso 1 ndash Rede A
                      • 43 Caso 2 ndash Rede B
                      • 44 Caso 3 ndash Rede C
                      • 43 Anaacutelise dos Casos
                      • 51 Limitaccedilotildees
                      • 52 Sugestotildees para futuros estudos

FICHA CATALOGRAacuteFICA

Spinelli Paula Bulamah

Anaacutelise da Formaccedilatildeo de Preccedilos de Produtos Um Estudo Multicasos em Supermercados Ribeiratildeo Preto 2006

170 p

Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada agrave Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo PretoUSP ndash Aacuterea de concentraccedilatildeo Marketing

Orientador Urdan Flaacutevio Torres

1 Preccedilos 2 Produto 3 Supermercado

FOLHA DE APROVACcedilAtildeO

Paula Bulamah Spinelli Anaacutelise da Formaccedilatildeo de Preccedilo de Produtos Um Estudo Multicasos em Supermercados

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo de Organizaccedilotildees do Departamento de Administraccedilatildeo da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo Aacuterea de Concentraccedilatildeo Marketing

Aprovada em

Banca Examinadora

Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura __________________________ Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura __________________________ Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura ________________________

Dedico este trabalho aos meus pais Rosi e Luiz Spinelli e meu irmatildeo Rui

Meus grandes exemplos

Para meus queridos tios Carlos Eli e Maria Tereza Piccinato e

as minhas ldquo irmatildesrdquo Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato

que estiveram sempre ao meu lado

AGRADECIMENTOS

Ao Professor e Orientador Dr Flaacutevio Torres Urdan a minha gratidatildeo pela orientaccedilatildeo valiosa

competecircncia confianccedila amizade e antes de tudo por ter representado muito mais do que seu

papel e ter me dado todo o apoio necessaacuterio nessa caminhada

Ao Diretor da FEARP Professor Dr Marcos Cortez Campomar pelas sugestotildees e discussotildees

que ajudaram a aprimorar este trabalho e por de ter compartilhado um pouco do seu

conhecimento comigo

Aos professores Dr Dirceu Tornavoi de Carvalho e Dr Marcos Fava Neves pelo apoio

durante todo o meu periacuteodo de aprendizado na poacutes graduaccedilatildeo

Aos professores Dr Maacutercio Mattos Borges de Oliveira e Dra Socircnia pela amizade pela

torcida e oportunidade de compartilhar junto a toda turma de poacutes-graduaccedilatildeo os momentos de

alegria

Ao pessoal da Secretaria de Poacutes-Graduaccedilatildeo da FEARP em especial agrave Eacuterika e ao Eduardo por

todo o apoio no curso

Agraves ldquomeninas da FUNDACErdquo pela amizade pela confianccedila e pelo apoio

Aos profissionais que aceitaram e se dispuseram a participar da pesquisa minha sincera

gratidatildeo

As minhas amigas-irmatildes de todas as horas que me apoiaram nas decisotildees que tomei e que

estatildeo do meu lado haacute anos Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato e Juliana Freitas

Aos amigos que fiz durante o mestrado da primeira e segunda turma aqui representados pela

Flaacutevia Ghisi e Janaiacutena Giraldi grandes companheiras de trabalhos artigos disciplinas e

comemoraccedilotildees e a minha turma pela convivecircncia e apoio nos momentos criacuteticos de

avaliaccedilotildees representada pelo meu amigo Marco Antonio Conejero companheiro desde as

entrevistas

ldquoO homem nasceu para aprender aprender tanto quanto a vida lhe permitardquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa)

RESUMO

O presente trabalho analisa a importacircncia da determinaccedilatildeo de preccedilos para a competitividade

do varejo supermercadista Apoacutes uma revisatildeo da literatura sobre as diversas definiccedilotildees de

preccedilos e as formas de estabelececirc-los satildeo analisadas as seis etapas propostas por especialistas

de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico de produtos Nessas seis etapas satildeo discutidas a

influecircncia da demanda e a importacircncia dos custos os meacutetodos de estabelecimento mais

utilizados descrevendo-se suas caracteriacutesticas e limitaccedilotildees as teacutecnicas de adequaccedilatildeo agrave

diversas situaccedilotildees bem como a seleccedilatildeo do preccedilo final Os passos adotados pelos varejistas

satildeo tambeacutem abordados assim como outras variaacuteveis que tecircm impacto na estrateacutegia escolhida

para se fixar os preccedilos nos supermercados aleacutem da demanda dos custos e dos concorrentes

Por fim as estrateacutegias de apreccedilamento satildeo estudadas empiricamente por meio de entrevistas

em profundidade com gerentes de trecircs redes de varejo de grande porte que atuam no mercado

nacional onde eacute verificada a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de apreccedilamento como instrumento de

auxiacutelio na tomada de decisotildees relacionadas aos programas de preccedilo da empresa Em

conclusatildeo verifica-se que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave definiccedilatildeo de poliacuteticas de

preccedilos eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos conceitos e das variaacuteveis da que

influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos que comercializam assim como o

conhecimento das diversas teacutecnicas de apreccedilamento aleacutem do mark-up

Palavras-chave preccedilo produto supermercados

ABSTRACT

The present paper analyses the importance of pricing for the competitiveness of the retail

sector (supermarkets) After a bibliographic survey on the several definitions concerning price

and how it is determinate six steps proposed by marketing experts to products strategic

pricing are analyzed In these steps the demand influence the costs importance and the most

important pricing methods are discussed describing their characteristics and limitations the

techniques to adequate it to different situations as so as the final price selection The steps

that are adopted by supermarket retail are also outlined thus as the variables that have some

influence on its chosen pricing strategy Demand and competitors costs are also analyzed

Finally pricing strategies are empirically studied through multicases study on three large

retail chains In this part the use by these companies of pricing methods as a tool to assist

decision making related to the long-run pricing programs is verified In conclusion it is seen

that while retail specialists seek more scientific and reliable bases for aiding the decisions

regarding the price strategies it is essential that they posses a clear comprehension of the

concepts and the variables that have influence on products price determination that are

commercialized by themselves as well as the technical skills to pricing besides the mark-up

method

Key-words price product supermarket retail

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing22

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos 25

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto 34

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto 34

Figura 5 Representaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticidade da Demanda36

Figura 6 Curva de Demanda de um Vendedor Individual quando independentemente muda o

preccedilo 37

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos39

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem46

Figura 9 O modelo dos 3 Cs para a determinaccedilatildeo de preccedilos 59

Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos61

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja 76

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja 77

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo 81

8

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo33

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado 54

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia 55

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees60

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos 65

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja74

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista 82

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas86

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo 91

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro 123

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro 124

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 Apresentaccedilatildeo 11

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo15

13 Objetivos15

14 Justificativa16

15 Organizaccedilatildeo do estudo18

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA 20

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo20

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo27

23 Determinaccedilatildeo da Demanda33

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente) 41

24 Estimativa de Custos 44

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos 50

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes 51

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo 58

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final 62

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo64

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista69

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados 79

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo 91

2111 Produto 92

2112 Marca 93

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo95

2114 Localizaccedilatildeo da Loja101

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista102

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas105

2117 O Preccedilo da Concorrecircncia106

10

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO 109

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo109

311 O Tipo de Pesquisa 110

312 A Natureza da Pesquisa 112

313 O Meacutetodo da Pesquisa 114

4 O ESTUDO MULTICASOS121

41 Os Supermercados no Brasil 121

42 Caso 1 Rede A 127

43 Caso 2 Rede B 133

44 Caso 3 Rede C 139

43 Anaacutelise dos Casos145

5 CONCLUSOtildeES152

51 Limitaccedilotildees 155

REFEREcircNCIAS 157

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Apresentaccedilatildeo

Boone e Kurtz (1998) afirmam que filoacutesofos antigos jaacute reconheciam a importacircncia do preccedilo

no sistema econocircmico pois alguns documentos da eacutepoca demonstram tentativas de

determinar preccedilos justos e moderados Atualmente o preccedilo ainda exerce a funccedilatildeo de regular a

atividade econocircmica e o emprego de qualquer um dos quatro fatores de produccedilatildeo (terra

capital recursos humanos e empreendedorismo) depende do preccedilo que lhe eacute atribuiacutedo Para

uma empresa os preccedilos cobrados e as quantidades adquiridas de um produto por seus

clientes representam a receita recebida portanto os preccedilos influenciam os lucros da

companhia bem como a utilizaccedilatildeo de seus fatores de produccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998)

Aleacutem disso o preccedilo eacute um dos principais determinantes para a escolha dos produtos pelos

compradores Eacute um dos elementos chave para alcanccedilar o volume de vendas desejado e por

consequumlecircncia tem grande impacto nos lucros das empresas e tem o papel fundamental na

percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos consumidores

Lopes Reis e Abukawa (1996) afirmam que o preccedilo eacute a variaacutevel do composto que pode ser

mais facilmente comparada pelo consumidor no momento da compra Os autores ainda citam

que em situaccedilotildees econocircmicas inflacionaacuterias recessivas ou ambas a determinaccedilatildeo de preccedilos

de produtos pode se tornar uma tarefa bastante confusa Mas por que o preccedilo natildeo apresentou

o mesmo destaque que as demais variaacuteveis do composto de marketing nos estudos acadecircmicos

e para os profissionais da aacuterea como afirmam Nagle e Holden (2003)

12

Jain (2000) argumenta que a estabilidade econocircmica dos anos 60 no mundo eacute que pode ser

responsabilizada particularmente pelo baixo status atribuiacutedo agrave variaacutevel preccedilo Para o autor

estrategicamente a funccedilatildeo do apreccedilamento significava apenas atribuir um retorno adequado

ao investimento realizado Segundo o autor nos anos 70 vaacuterios eventos foram responsaacuteveis

por uma reviravolta na tarefa de determinar os preccedilos dos bens e serviccedilos entre eles o

consumismo o custo alto do dinheiro o controle do comportamento dos preccedilos praticados

falta de mateacuterias-primas entre outros todos tornaram o preccedilo uma variaacutevel importante (JAIN

2000 LAMBIN 2000a)

Nagle e Holden (2003) afirmam que foi nos anos 80 que os profissionais de marketing

enfrentaram grandes desafios Empresas detentoras de marcas liacutederes viram a lealdade a suas

marcas e seu poder junto aos distribuidores diminuir As grandes empresas viram seus lucros

caiacuterem enquanto as organizaccedilotildees menores atraiacuteam seus clientes mais lucrativos Entatildeo

liacutederes corporativos mostraram que era possiacutevel aumentar o fluxo de caixa e os lucros por

meio dos preccedilos mais altos mesmo que essa estrateacutegia resultasse em uma perda de

participaccedilatildeo de mercado (NAGLE HOLDEN 2003)

O acontecimento mostrou agraves empresas que a estrateacutegia de determinaccedilatildeo de preccedilos deve ser

cuidadosamente planejada e todas as teacutecnicas de apreccedilamento devem ser dominadas pelos

profissionais de marketing principalmente no ambiente competitivo em que as companhias

atualmente encontram-se inseridas

A fixaccedilatildeo de preccedilos eacute considerada tatildeo complexa que Kotler e Keller (2005) afirmam que as

empresas lidam com o apreccedilamento de vaacuterias maneiras Nas pequenas empresas eles satildeo

determinados pelos proacuteprios dirigentes e nas grandes satildeo gerentes satildeo gerentes de divisotildees e

produtos os responsaacuteveis pela tarefa Em setores em que o preccedilo eacute o fator-chave as

organizaccedilotildees dispotildeem de um departamento especiacutefico para fixaacute-los ou auxiliar no

13

apreccedilamento dos produtos Este departamento estaacute geralmente subordinado agrave diretoria de

marketing financcedilas ou agrave alta administraccedilatildeo Outros que exercem influecircncia satildeo os gerentes de

vendas de produccedilatildeo gerentes financeiros e os contadores Nagle e Holden (2003) atribuem

essa mudanccedila na estrutura como resultado do apreccedilamento estrateacutegico ou seja as empresas

estatildeo atualmente administrando proativamente as condiccedilotildees do mercado

Engle Blackwell e Miniard (1995) afirmam ainda que o preccedilo eacute determinante para a escolha

da loja supermercadista pelo cliente A formaccedilatildeo de preccedilos de venda estaacute portanto entre as

mais importantes decisotildees da empresa Apesar de parecer faacutecil o apreccedilamento compreende

um processo complexo por depender do grande nuacutemero de variaacuteveis quantitativas e

qualitativas e estas nem sempre partem da decisatildeo interna da organizaccedilatildeo necessitando

estarem inseridas no planejamento estrateacutegico capaz de refletir os objetivos da empresa

(JAIN 2000)

O varejo brasileiro por exemplo que eacute a unidade de anaacutelise do caso apresentado nesse

estudo enfatiza o aspecto preccedilo como fator fundamental para a busca de um diferencial

competitivo e para a conquista de clientes O ambiente macro-econocircmico mundial nas uacuteltimas

deacutecadas apoacutes sucessivas mudanccedilas na economia propiciou a chegada de novos competidores

e novas tecnologias fomentando de forma mais intensiva a disputa de mercado e motivando o

setor industrial e o proacuteprio varejo a investir e a procurar entender e se ajustar melhor agraves

necessidades desejos e expectativas dos consumidores (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR

2003)

Parente (2000) defende que de todas as variaacuteveis do composto de marketing a decisatildeo de

preccedilo eacute a que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas pois podem ser mudadas rapidamente da noite para o

dia

14

A determinaccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos no varejo eacute uma decisatildeo que deve ser tomada

cuidadosamente e requer conhecimento das variaacuteveis que podem afetar o bom desempenho

dessa tarefa Dessa forma eacute pertinente descrever as estrateacutegias das redes supermercadistas

quanto ao apreccedilamento dos produtos que comercializam e identificar as variaacuteveis que

influenciam nessa estrateacutegia

No varejo supermercadista as grandes redes demonstram por comprarem grandes volumes de

produtos maior poder de barganha na negociaccedilatildeo e consequumlentemente tecircm condiccedilotildees de

vender ao consumidor produtos a um preccedilo mais competitivo (GHISI 2005) Mas soacute a

vantagem na negociaccedilatildeo pode garantir o sucesso do varejista em preccedilos competitivos Quais

seriam as outras variaacuteveis de marketing que poderiam influenciar no apreccedilamento dos

produtos pelo varejo supermercadista

O preccedilo eacute fator-chave de posicionamento e sendo assim precisa ser definido em relaccedilatildeo ao

mercado-alvo ao mix de sortimento de produtos e serviccedilos e agrave concorrecircncia (KOTLER

KELLER 2005) McGoldrick (1990) ainda defende que no varejo a determinaccedilatildeo dos

preccedilos de venda dos produtos e serviccedilos oferecidos ao consumidor final tende a ser um

processo complexo devido agrave quantidade de itens comercializados e tambeacutem da possibilidade

de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre regiotildees

Morgenstein e Strogin (1992) afirmam que a conveniecircncia tem um preccedilo para o consumidor

o que indica a disposiccedilatildeo para o pagamento de uma quantia mais elevada pelas facilidades e

serviccedilos oferecidos a esses clientes Kotler e Armstrong (1998 p 96) citam que a empresa

que realmente compreender como os consumidores respondem agraves diferentes caracteriacutesticas

preccedilos e apelos de propaganda tem uma grande vantagem sobre seus concorrentes

15

Nesse sentido o presente trabalho analisou da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em

supermercados e procurou identificar variaacuteveis que influenciam a as decisotildees de apreccedilamento

nesse tipo de organizaccedilatildeo No final do estudo tecircm-se recomendaccedilotildees focadas natildeo apenas nos

modelos de apreccedilamento mais adequados de acordo com a teoria mas tambeacutem como esses

modelos satildeo utilizados na praacutetica e como as variaacuteveis de marketing podem influenciar tais

modelos A seguir apresenta-se a justificativa da escolha do tema estudado

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo

No caso deste estudo a pergunta que originou a pesquisa fundamentada na revisatildeo

bibliograacutefica foi assim definida

Como satildeo formados os preccedilos de venda dos produtos no varejo supermercadista

O objetivo geral e os objetivos especiacuteficos satildeo apresentados a seguir

13 Objetivos

O objetivo geral desta pesquisa eacute verificar como satildeo formados os preccedilos de venda dos

produtos no varejo supermercadista

16

Os objetivos especiacuteficos para anaacutelise do setor satildeo

1 Verificar quais satildeo os procedimentos de estabelecimento de preccedilos dos produtos

comercializados

2 Verificar a importacircncia da anaacutelise da demanda dos custos e da concorrecircncia na

determinaccedilatildeo dos preccedilos desses produtos

3 Verificar quais satildeo os meacutetodos de apreccedilamento existentes e suas adaptaccedilotildees

4 Verificar quais satildeo os principais objetivos de preccedilo que os supermercados procuram

atingir

5 Verificar quais satildeo as estrateacutegias de apreccedilamento que os supermercados mais utilizam

6 Verificar qual eacute a influecircncia da demanda dos custos e da concorrecircncia no

apreccedilamento dos produtos pelos supermercados

7 Verificar quais satildeo as outras variaacuteveis que influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos de

venda dos produtos comercializados por eles

14 Justificativa

A justificativa deste estudo estaacute fundamentada em alguns dos aspectos defendidos por Barral

(2003) considerados relevantes na decisatildeo de fazer uma pesquisa cientiacutefica atualidade do

tema ou seja a sua inserccedilatildeo no contexto atual interesse do autor ou o viacutenculo do autor com o

tema a sua relevacircncia que pode ser entendida como a importacircncia social poliacutetica etc e a

pertinecircncia do tema a sua contribuiccedilatildeo

17

Nagle e Holden (2003) explicam que a literatura de marketing natildeo evoluiu na mesma

velocidade sobre questotildees que envolvem preccedilo se comparada com as demais variaacuteveis do

composto de marketing Historicamente o pouco uso de meacutetodos quantitativos em pesquisas

da aacuterea de administraccedilatildeo produziu um certo desequiliacutebrio no nuacutemero de publicaccedilotildees

envolvendo preccedilos comparativamente aos demais componentes do mix de marketing Os

mesmo autores afirmam que os acadecircmicos de marketing desprezavam a determinaccedilatildeo de

preccedilos oferecendo pouca pesquisa na aacuterea e poucos cursos sobre o tema assegurando aos seus

alunos que quando problemas decorrentes da definiccedilatildeo de preccedilos surgiam todos poderiam

ser solucionados indiretamente redobrando-se os esforccedilos de diferenciaccedilatildeo de produtos e

serviccedilos (NAGLE HOLDEN 2003)

Entretanto a estabilidade da moeda brasileira nos uacuteltimos anos tem ampliado o foco das

estrateacutegias competitivas das organizaccedilotildees para o preccedilo no paiacutes Enquanto o processo

inflacionaacuterio mantinha-se generalizado e em tendecircncia crescente a avaliaccedilatildeo dos preccedilos

relativos pelos consumidores era um exerciacutecio pouco frutiacutefero ou seja os consumidores natildeo

tinham memoacuteria de preccedilos Com a relativa estabilidade este exerciacutecio comeccedila a fazer mais

sentido tornando interessante avaliar ateacute que ponto algumas variaacuteveis como preccedilo do

concorrente conveniecircncia e serviccedilos localizaccedilatildeo da loja marca do produto poder de

barganha entre outras influenciam a formaccedilatildeo dos preccedilos finais dos produtos pelos varejistas

Aleacutem disso o estudo sobre a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos eacute uma questatildeo importante para

os profissionais de marketing por duas razotildees primeiro possibilita melhor compreensatildeo das

variaacuteveis que podem influenciar a sua determinaccedilatildeo o que ajuda a entender porque alguns

varejistas estatildeo mais bem posicionados ou satildeo mais competitivos no mercado do que outros e

segundo fornece informaccedilotildees importantes para conseguir a lealdade dos consumidores jaacute

que conforme citado anteriormente o preccedilo pode ser decisivo na escolha do consumidor por

18

uma rede supermercadista Estudo realizado por Vanhuele e Dreze (2002) demonstra que os

consumidores tecircm um forte interesse em manter o conhecimento sobre os preccedilos dos produtos

que compram e Cao e Gruca (2001) afirmam que aqueles que satildeo informados sobre os preccedilos

mais baixos vatildeo direto agrave loja sem qualquer custo de tempo ou de recurso financeiro

O interesse pelo estudo estaacute na oportunidade de participar de tal discussatildeo em uma aacuterea

importante para a economia atual e para acadecircmicos e profissionais de marketing Haacute tambeacutem

o momento competitivo e turbulento em que o varejo supermercadista brasileiro se encontra

o que torna a discussatildeo oportuna

Como contribuiccedilatildeo o estudo pretende apresentar outras variaacuteveis como influenciadoras na

formaccedilatildeo do preccedilo e das estrateacutegias de apreccedilamento que podem auxiliar os varejistas na

compreensatildeo e avaliaccedilatildeo de suas estrateacutegias e de seus concorrentes e servir de base para

futuras pesquisas sobre formaccedilatildeo de preccedilos

15 Organizaccedilatildeo do estudo

O capiacutetulo 1 descreveu apresentou o tema discutido o problema de pesquisa investigado e

definiu quais satildeo os objetivos do estudo O capiacutetulo 2 reuacutene apresenta e discute os

referenciais teoacutericos necessaacuterios para a compreensatildeo da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos e

aborda como a determinaccedilatildeo de preccedilos de venda acontece no varejo supermercadista

descrevendo tambeacutem quais variaacuteveis de marketing que possivelmente influenciam nessa

formaccedilatildeo

19

Assim no referencial teoacuterico apresentam-se as definiccedilotildees de preccedilos modelos de formaccedilatildeo de

preccedilos objetivos e estrateacutegias de apreccedilamento e as variaacuteveis utilizadas nessa formaccedilatildeo

Discutem-se tambeacutem os aspectos de gestatildeo de varejo e as escolhas de apreccedilamento para o

setor

O capiacutetulo 3 descreve o estudo empiacuterico realizado com o objetivo de complementar a revisatildeo

bibliograacutefica realizada sobre preccedilos Neste capiacutetulo o meacutetodo de pesquisa utilizado o tipo de

pesquisa os procedimentos de coleta de dados o instrumento de coleta e a discussatildeo das

anaacutelises necessaacuterias para a realizaccedilatildeo dos casos foram apresentados

No capiacutetulo 4 encontram-se os resultados obtidos na pesquisa empiacuterica e no capiacutetulo 5

apresentam-se as conclusotildees limitaccedilotildees do trabalho e sugestotildees de estudos futuros

20

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo

Embora outras variaacuteveis do composto de marketing sejam importantes o preccedilo permanece

como um dos elementos fundamentais na determinaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado e da

lucratividade das empresas As diferentes definiccedilotildees de preccedilo existentes na literatura satildeo de

alguma forma bem parecidas indicando que preccedilo eacute o que vocecirc paga pelo que recebe

As definiccedilotildees de preccedilos se complementam e nenhuma eacute considerada errada mas em algum

momento os autores deixam de citar explicitamente caracteriacutesticas importantes da variaacutevel

que natildeo podem ser esquecidas no momento de sua apresentaccedilatildeo Por essa limitaccedilatildeo o

presente toacutepico descreve vaacuterias citaccedilotildees de diferentes autores e discute tais definiccedilotildees com o

objetivo de chegar a uma siacutentese sobre a melhor forma de caracterizar a variaacutevel preccedilo

McCarthy (1982) define como preccedilo o que eacute cobrado por algo mesmo que este seja avaliado

de forma incorreta Eacute a expressatildeo monetaacuteria de algum bem ou serviccedilo Rossetti (2000)

complementa considerando que essa expressatildeo monetaacuteria resulta segundo a tradiccedilatildeo da teoria

da microeconomia da utilidade avaliada pelos que tecircm a necessidade e procuram satisfazecirc-la

aleacutem dos custos calculados pelos que produzem Estes entatildeo buscam ressarci-los pela oferta

Churchill Jr e Peter (2000) afirmam que preccedilo eacute a quantidade de dinheiro bens ou serviccedilos

que deve ser dada para adquirir a propriedade ou uso de um produto Mas o preccedilo eacute apenas

21

parte do custo total que os clientes pagam numa troca que inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos

Lambim (2000) e Stanton Walker Etzel (2001) definem o preccedilo como uma relaccedilatildeo que

indica o montante necessaacuterio para adquirir uma dada quantidade de bem ou serviccedilo e Sardinha

(1995) diz que eacute o elemento quantitativo que resume de forma numeacuterica as estrateacutegias de

marketing que a empresa tentou seguir Nesta mesma linha de raciociacutenio Monroe (1990

p05) define o preccedilo como uma equaccedilatildeo

Preccedilo = quantidade de dinheiro ou produtos e serviccedilos recebidos pelo vendedor

quantidade de produtos e serviccedilos recebidos pelo comprador

Czinkota (2001) afirma que o preccedilo eacute uma troca o que faz sentido pois em termos gerais

qualquer troca envolve preccedilo que nem sempre eacute monetaacuterio Junto com o conceito de

Churchill Jr e Peter (2000) estes podem ser considerados os mais completos na medida que

consideram tambeacutem fatores natildeo monetaacuterios O preccedilo eacute apenas uma parte do custo total que os

consumidores pagam em uma troca pois esta inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos aleacutem de desempenhar dois papeacuteis ou seja se a compra seraacute

efetuada e se ela seraacute lucrativa (CHURCHILL JR E PETER 2000) Poreacutem a definiccedilatildeo de

preccedilo que estaacute mais coerente com o trabalho eacute a de Sardinha (1995) que consegue reforccedilar a

dependecircncia do preccedilo agraves outras variaacuteveis do composto de marketing

Urdan e Urdan (2006) explicam que o marketing tem uma concepccedilatildeo mais elaborada do

preccedilo associada ao conceito de valor percebido (a soma dos benefiacutecios sobre a soma dos

custos) sob a oacutetica do cliente (URDAN URDAN 2006 p 184) Os autores afirmam que

preccedilo eacute tudo o que o consumidor percebe ter dado ou sacrificado para obter o produto O

22

preccedilo tem dois componentes O primeiro eacute o monetaacuterio que eacute a concepccedilatildeo usual do

consumidor mas que vai aleacutem do preccedilo pago pelo produto e acrescenta os custos de operaccedilatildeo

manutenccedilatildeo e depreciaccedilatildeo do bem O segundo eacute o componente natildeo monetaacuterio que consiste

nos custos de tempo de energia e psicoloacutegico para adquirir e utilizar o item (figura 1)

Fonte Urdan e Urdan (2006)

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing

Corey (1991) compara o estabelecimento de preccedilos a um jogo de pocircquer no qual a empresa

estabelece seu preccedilo na ausecircncia de informaccedilatildeo completa baseando-se em expectativas de

retornos do mercado e retaliaccedilotildees da concorrecircncia Os movimentos satildeo baseados nas forccedilas de

que a organizaccedilatildeo dispotildee e nas estimativas das forccedilas dos oponentes como tambeacutem em uma

compreensatildeo das suas accedilotildees tiacutepicas Assim qualquer negociaccedilatildeo pode ser entendida como

uma troca de algo de valor geralmente dinheiro (preccedilo) por satisfaccedilatildeo (produto) A chave

para determinar o preccedilo de um produto estaacute na compreensatildeo do valor que os consumidores

percebem E esse valor resulta de suas percepccedilotildees da satisfaccedilatildeo total proporcionada pelo

Sacrifiacutecio de Tempo

Sacrifiacutecio de Energia

Sacrifiacutecio Psicoloacutegico

Preccedilo Monetaacuterio Objetivo

Preccedilo natildeo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Percebido

(total)

23

produto do pacote total de utilidade Ainda assim o preccedilo do produto eacute muitas vezes o fator-

chave que conduz a uma troca

Ao definir o preccedilo Ferrell (2000) argumenta que existem dois pontos que devem ser

considerados (i) que para uma empresa preccedilo eacute a quantidade de dinheiro que ela estaacute disposta

a aceitar em troca de um produto e tal soma deve ser suficientemente alta para cobrir os custos

e dar algum lucro mas natildeo tanto a ponto de impedir a venda de seu produto (ii) para os

consumidores preccedilo eacute a quantia que eles estatildeo dispostos a desembolsar em troca de um

produto Portanto eacute importante que exista um equiliacutebrio na construccedilatildeo deste para que as duas

partes se satisfaccedilam em sua transaccedilatildeo comercial

Na mesma linha de raciociacutenio Rocha e Christensen (1999) afirmam que o preccedilo define as

condiccedilotildees baacutesicas pelas quais o vendedor e o comprador estatildeo dispostos a realizar a troca Os

autores ainda complementam que para a empresa o preccedilo pode ser visto como a compensaccedilatildeo

recebida pelos produtos e serviccedilos que oferece ao mercado e para o comprador o preccedilo

expressa o que ele estaacute disposto a dar para adquirir o que a empresa lhe oferece (bens ou

serviccedilos)

Lambin (2000a) tambeacutem raciocina que a questatildeo do preccedilo tem dois aspectos importantes sob

o ponto de vista das empresas a serem considerados (i) o preccedilo eacute um instrumento para

analisar demanda e ao mesmo tempo (ii) eacute um fator determinante da rentabilidade a longo

prazo Entretanto a escolha por uma estrateacutegia de apreccedilamento deve respeitar dois tipos de

coerecircncia a interna e a externa A interna diz respeito aos custos e a rentabilidade essenciais

para a sobrevivecircncia da companhia e a externa agrave forccedila do mercado (poder de compra dos

consumidores) e preccedilo da concorrecircncia Aleacutem do mais natildeo se pode esquecer a coerecircncia com

as estrateacutegias de produto e distribuiccedilatildeo a chamada consistecircncia horizontal

24

Para o consumidor o preccedilo eacute expressatildeo monetaacuteria de um valor e tem papel central na troca O

comportamento de compra pode ser visto como um sistema de troca onde a procura pela

satisfaccedilatildeo e o sacrifiacutecio monetaacuterio compensam um ao outro Esse comportamento eacute resultado

de uma necessidade e a quantia que o consumidor estaacute disposto a pagar pelo produto mede a

intensidade dessa necessidade e a qualidade e satisfaccedilatildeo que eacute esperada (LAMBIN 2000a)

As decisotildees de preccedilos satildeo importantes pois afetam o volume de vendas de uma empresa e

quanto de recursos ela recebe Mesmo com tal importacircncia muitas empresas natildeo lidam bem

com a determinaccedilatildeo de preccedilos Segundo Kotler e Keller (2005) os erros mais comuns satildeo

preccedilos demasiadamente orientados para custos os preccedilos natildeo sofrem revisatildeo com suficiente

frequumlecircncia para capturar mudanccedilas praticadas pelo mercado a determinaccedilatildeo dos preccedilos

independe do restante do composto de marketing e a natildeo variaccedilatildeo de acordo com diferentes

itens de produtos segmentos de mercado e ocasiotildees de compra

Lovelock (1996) e Kotler e Keller (2005) ainda referem-se ao preccedilo como o uacutenico elemento

do composto de marketing que produz receita enquanto todos os outros produzem custos

sendo assim consideradas de mais difiacutecil compressatildeo Eacute visto tambeacutem pelos autores como o

mais flexiacutevel pois pode ser alterado com rapidez ao contraacuterio das caracteriacutesticas de produtos

dos contratos com os canais de distribuiccedilatildeo e as promoccedilotildees planejadas Essa flexibilidade dos

preccedilos praticados pelos concorrentes eacute um dos maiores problemas com o qual as empresas se

deparam (PALMER 2000)

O preccedilo tambeacutem informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido por uma empresa

para seu produto ou marca (KOTLER KELLER 2005) Mazzon Guagliardi Fonseca (1983)

afirmam que o preccedilo eacute uma variaacutevel sensiacutevel em qualquer modelo em que eacute considerado

devido agrave caracteriacutestica de aumentar o lucro dos componentes do canal de distribuiccedilatildeo e

25

tambeacutem por permitir ao consumidor aumentar suas possibilidade de consumo do produto bem

como permitir o consumo de outros produtos

Czinkota (2001) apresenta as principais variaacuteveis envolvidas na definiccedilatildeo de preccedilos -

preocupaccedilotildees estrateacutegicas sensibilidade da demanda custos e preocupaccedilotildees eacuteticas e legais e

os fatores que influenciam na necessidade de ajuste conforme a figura 2 Lambin (2000a)

afirma que a noccedilatildeo de preccedilo eacute ampla e vai aleacutem da simples coincidecircncia dos fatos puramente

objetivos e quantitativos A quantidade de dinheiro pago mede de forma incompetente o

sacrifiacutecio realizado e da mesma maneira a quantidade de bens adquiridos mede de forma

imperfeita a satisfaccedilatildeo

Fonte Czinkota (2001)

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

26

Lepsch (1996) considera a estrateacutegia de formaccedilatildeo de preccedilos como um plano projetado e

administrado de forma eficiente que considera a fixaccedilatildeo de preccedilos como uma funccedilatildeo de

custos percepccedilatildeo do cliente e reaccedilotildees da concorrecircncia

Apesar de todas as estrateacutegias existentes para as empresas determinarem o preccedilo de seus

produtos quem iraacute decidir se esse eacute o preccedilo correto ou natildeo eacute o consumidor final De nada

adiantaraacute uma companhia decidir sobre o apreccedilamento de seus bens ou serviccedilos se o cliente

natildeo estiver disposto a pagar a quantia proposta Portanto a poliacutetica de formaccedilatildeo de preccedilo deve

ser orientada para o consumidor claro que de forma a cobrir os custos da empresa e gerar

algum lucro mas tambeacutem analisando como os produtos atribuem benefiacutecios definindo um

preccedilo justo a esse valor percebido pelo usuaacuterio Um consumidor racional somente iraacute adquirir

um produto quando o valor percebido for maior que o valor pago para a aquisiccedilatildeo deste item

O valor atribuiacutedo ao produto pode se caracterizar por diversas formas como a qualidade o

gosto a ambientaccedilatildeo o status entre outros sendo que esses atributos variam conforme os

diferentes segmentos de consumidores e as diferentes situaccedilotildees de compra

Entre tantas consideraccedilotildees e afirmaccedilotildees sobre preccedilos um ponto importante e comum entre

todos os autores diz respeito agrave complexidade da sua determinaccedilatildeo Para que o apreccedilamento

seja estabelecido de forma adequada Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker e Etzel

(2001) consideram que uma empresa deve seguir seis etapas (1) seleccedilatildeo do objetivo da

determinaccedilatildeo de preccedilos (2) determinaccedilatildeo da demanda (3) estimativa de custos (4) anaacutelise de

custos preccedilos e oferta dos concorrentes (5) seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos

e (6) seleccedilatildeo do preccedilo final Cada uma dessas etapas seraacute discutida neste trabalho

27

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo

Boone e Kurtz (1998) consideram que da mesma forma que o preccedilo eacute um dos componentes

do composto de marketing os objetivos de determinaccedilatildeo de preccedilos tambeacutem satildeo um

componente dos objetivos gerais da organizaccedilatildeo Os autores explicam que os objetivos de

marketing representam os resultados que os executivos esperam alcanccedilar que se baseiam

nesses objetivos gerais Os objetivos da empresa e da funccedilatildeo de marketing provecircem a base

para determinar os objetivos da fixaccedilatildeo de preccedilos usados para desenvolver e implementar os

procedimentos e poliacuteticas de apreccedilamento mais especiacuteficas (BOONE KURTZ 1998)

Neves (2005) explica que a decisatildeo de onde a empresa deseja posicionar sua oferta deveraacute ser

o primeiro passo que a empresa adota pois quanto mais claros os objetivos do plano de

marketing mais faacutecil seraacute a determinaccedilatildeo de preccedilos Deve-se decidir sobre os objetivos de

preccedilo antes de determinar o proacuteprio preccedilo Entretanto poucas empresas estabelecem um

objetivo de preccedilo A importacircncia de considerar esse passo fica clara quando as possiacuteveis

escolhas satildeo apresentadas e a relevacircncia e consequumlecircncia que cada uma tem sobre o

apreccedilamento de um produto

Satildeo considerados cinco objetivos para a determinaccedilatildeo de preccedilo (KOTLER KELLER 2005

CZINKOTA 2001) (1) sobrevivecircncia (2) maximizaccedilatildeo do lucro (3) maximizaccedilatildeo do

crescimento das vendas ou manutenccedilatildeo eou aumento da participaccedilatildeo de mercado (4)

lideranccedila na qualidade do produto e (5) maximizaccedilatildeo do aproveitamento do mercado ou

desnataccedilatildeo

28

Os objetivos de maximizaccedilatildeo do lucro e do volume satildeo mais comuns mesmo entre autores

que utilizam outras classificaccedilotildees O objetivo de sobrevivecircncia eacute considerado de curto prazo e

geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila

nos desejos do consumidor Quando optam por utilizar este objetivo o preccedilo estabelecido

deve cobrir os custos variaacuteveis e alguns dos custos fixos caso contraacuterio a empresa pode ir agrave

falecircncia No caso da lideranccedila na qualidade do produto as empresas tecircm seus produtos

caracterizados por altos niacuteveis de qualidade e valor percebidos com preccedilos altos poreacutem natildeo a

ponto de se tornarem quase inacessiacuteveis aos consumidores Satildeo os produtos de preccedilo-

premium

A estrateacutegia de preccedilo-premium eacute aplicada para diferentes versotildees de um mesmo produto uma

superior e outra baacutesica ou padratildeo Os compradores potenciais do modelo padratildeo satildeo muito

sensiacuteveis a preccedilos ao contraacuterio dos compradores da versatildeo superior do item Uma variaccedilatildeo do

preccedilo-premium eacute o preccedilo de imagem As duas estrateacutegias tecircm o mesmo objetivo sinalizar

para os compradores desinformados a alta qualidade do produto e utilizar o lucro realizado

com a versatildeo superior para subsidiar o preccedilo da versatildeo baacutesica ou padratildeo do produto

(LAMBIN 2000a) A caracteriacutestica que difere uma estrateacutegia da outra eacute que no segundo

caso natildeo existe uma diferenccedila real entre os produtos ou marcas apenas considera-se a

imagem passada e o posicionamento

Na desnataccedilatildeo do mercado os preccedilos comeccedilam altos e se reduzem gradualmente com o

tempo Eacute um objetivo praticado geralmente por empresas que lanccedilam tecnologias novas e faz

sentido apenas sob as seguintes condiccedilotildees (i) um nuacutemero suficiente de compradores tem uma

demanda corrente alta (ii) o custo unitaacuterio de produzir uma quantidade pequena natildeo eacute alto

suficiente para anular a vantagem de cobrar o que o mercado tem condiccedilotildees de pagar (iii) o

29

preccedilo alto inicial natildeo atrai mais concorrentes para o mercado e (iv) o preccedilo elevado comunica

a imagem de um produto de qualidade superior (KOTLER KELLER 2005)

Em outras palavras Lambin (2000a) descreve a desnataccedilatildeo como objetivo atingir alta receita

em vendas oferecendo produtos com qualidades peculiares (reais ou percebidos) a preccedilos

muito altos para alguns compradores ou segmentos especiacuteficos que estatildeo preparados e

dispostos a pagar por essa distinccedilatildeo O objetivo aqui eacute alcanccedilar o mais alto turnover possiacutevel

com preccedilo alto em vez de volume alto (LAMBIN 2000a) O autor considera esta a estrateacutegia

totalmente oposta agrave maximizaccedilatildeo de volume

Outros autores preferem agrupar os objetivos de formas diferentes Para Jain (2000) eles

podem ser orientados para o lucro e para o volume e Lambin (2000a) afirma que alguns

objetivos podem ser tambeacutem orientados para a concorrecircncia Boone e Kutz (1998)

consideram quatro os principais objetivos de apreccedilamento (1) objetivos de lucratividade (2)

objetivos de volume (3) objetivos concorrenciais e (4) objetivos de prestiacutegio

Embora as classificaccedilotildees variem de um autor para outro percebe-se nos agrupamentos que os

objetivos de lucratividade e os objetivos de volume satildeo comuns a todos os autores citados Os

objetivos concorrencias satildeo equivalentes apenas entre Lambin (2000a) e Boone e Kutz

(1998) O uacutenico grupo exclusivamente idealizado por Boone e Kutz (1998) eacute denominado

objetivos de prestiacutegio Seratildeo discutidos primeiramente os objetivos comuns a todos em

sequumlecircncia os objetivos orientados para a concorrecircncia e finalmente a quarta proposta de

agrupamento de Boone e Kutz (1998)

Jain (2000) considera que quando orientado para o lucro o objetivo pode ser definido tanto

em termos da porcentagem de lucro desejada (maximizaccedilatildeo dos lucros) quanto do retorno

almejado sobre o investimento Lambin (2000a) cita a maximizaccedilatildeo do lucro como um

30

modelo apresentado pelos economistas Para o autor o modelo eacute difiacutecil de ser aplicado na

praacutetica pois natildeo apenas assume o conhecimento preciso sobre as funccedilotildees de custo e demanda

de cada produto como tambeacutem assume a estabilidade que eacute raramente aproveitada pelos

fatores ambientais e competitivos

Boone e Kutz (1998) afirmam que os economistas identificam a maximizaccedilatildeo dos lucros

como o ponto no qual uma adiccedilatildeo agrave receita total eacute equilibrada exatamente por um aumento no

custo total e o problema estaacute em saber como atingir esse equiliacutebrio Para eles a teoria

econocircmica se baseia em pressupostos sendo um deles o de que todas as empresas teratildeo um

comportamento racional que resultaraacute em um esforccedilo para maximizar ganhos e minimizar

perdas Nicol (1985) considera que as empresas natildeo podem ter um uacutenico objetivo o da

maximizaccedilatildeo do lucro contudo ele eacute um importante objetivo de uma empresa geneacuterica

O objetivo de retorno-alvo (ROI) eacute difundido (LAMBIN 2000a) Na praacutetica calcula-se o

preccedilo-alvo que eacute aquele o qual para um niacutevel de atividade assegura um retorno justo sobre o

capital investido Para o autor essa teoria muito utilizada pelas empresas tem o meacuterito da

simplicidade mas eacute incorreta pois ignora o fato de que eacute o niacutevel do preccedilo que determina o

niacutevel da demanda Boone e Kutz (1998) consideram que os objetivos de retorno-alvo

oferecem uma seacuterie de vantagens ao profissional de marketing servindo como um meio de

avaliar desempenho Aleacutem disso satildeo projetados para gerar um lucro justo de acordo com o

julgamento dos gerentes acionistas e puacuteblico em geral (BOONE KURTZ 1998)

Por outro lado Jain (2000) argumenta que o objetivo mais utilizado pelas grandes empresas eacute

o preccedilo voltado para volume Boone e Kutz (1998) consideram que as empresas nesta

ocasiatildeo estabelecem um niacutevel miacutenimo aceitaacutevel de lucro e entatildeo procuram maximizar as

vendas (sujeitas a esta restriccedilatildeo de lucro) acreditando que no quadro de concorrecircncia de

longo prazo um grande volume de vendas eacute mais importante do que lucros elevados logo de

31

iniacutecio Assim as empresas continuam a expandir suas vendas ateacute o ponto em que os lucros

totais natildeo caiam abaixo dos retornos miacutenimos obtidos como aceitaacuteveis pela companhia

Os objetivos de volume tambeacutem podem ser estabelecidos como a participaccedilatildeo de mercado que

a companhia gostaria de atingir que pode comeccedilar como sendo a taxa de crescimento de

vendas desejada ou simplesmente assegurar um crescimento de vendas suficiente para a

empresa (LAMBIN 2000a) Para Lambin (2000a) maximizar a participaccedilatildeo de mercado

implica em adotar um preccedilo de penetraccedilatildeo que eacute uma quantia relativamente baixa menor do

que o preccedilo da concorrecircncia para aumentar o volume de vendas e consequumlentemente o

market-share o mais raacutepido possiacutevel Boone e Kutz (1998 p 467) definem como a meta

estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma determinada mercadoria ou

serviccedilo Esta meta pode ser tanto a manutenccedilatildeo da atual participaccedilatildeo quanto o aumento

dessa fatia do mercado em alguns pontos percentuais

Lambin (2000a) afirma que aleacutem das orientaccedilotildees para o lucro e para o volume a companhia

tem um terceiro objetivo desta vez orientado para a competiccedilatildeo Esta visatildeo tambeacutem eacute

compartilhada por Boone e Kutz (1998) Neste caso os preccedilos devem estar alinhados com os

concorrentes ou objetivar s estabilidade Para o autor em induacutestrias lideradas por uma

empresa o objetivo eacute criar um relacionamento estaacutevel entre produtos concorrentes para evitar

flutuaccedilotildees de preccedilos que podem abalar a confianccedila do consumidor O objetivo de se alinhar

aos preccedilos das empresas concorrentes mostra que a companhia estaacute consciente da sua

incapacidade de exercer qualquer influecircncia no mercado especialmente quando existe uma

empresa liacuteder e os produtos satildeo padronizados como um oligopoacutelio indiferenciado Neste

caso a empresa prefere concentrar seus esforccedilos outros aspectos que natildeo seja o preccedilo

(LAMBIN 2000a) Uma vez alcanccedilada a posiccedilatildeo de dominante o objetivo muda para uma

32

taxa de retorno suficiente ou satisfatoacuteria Esta eacute uma estrateacutegia frequumlentemente utilizada por

empresas com um volume alto de produccedilatildeo acumulada e que espera reduzir custos

Os objetivos de prestiacutegio compotildee a uacuteltima categoria de apreccedilamento natildeo relacionada agrave

lucratividade e ao volume Um objetivo de prestiacutegio envolve a determinaccedilatildeo de um preccedilo

relativamente alto para desenvolver e manter uma imagem de qualidade e exclusividade

direcionado para consumidores natildeo sensiacuteveis a preccedilos e sensiacuteveis a questatildeo de status

(BOONE KURTZ 1998) A utilizaccedilatildeo do objetivo de preccedilo por prestiacutegio reflete a ecircnfase

dada pelo profissional de marketing muito mais agrave imagem do produto do que ao custo dos

seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo O quadro 1 apresenta um resumo geral dos

objetivos de preccedilos e suas caracteriacutesticas

Definido o objetivo de preccedilo a empresa precisa compreender as relaccedilotildees entre a fixaccedilatildeo de

preccedilos e a curva de demanda O preccedilo eacute um fator essencial como determinante da demanda

Os quatro fatores considerados pelos economistas na determinaccedilatildeo da demanda satildeo preccedilo do

produto preccedilo dos substitutos renda dos consumidores e suas preferecircncias Caso os outros

trecircs fatores permaneccedilam constantes quanto mais alto for o preccedilo menor seraacute a demanda O

proacuteximo toacutepico discute as relaccedilotildees entre a demanda e o preccedilo de produtos e suas implicaccedilotildees

33

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo

Objetivo

Caracteriacutestica

Sobrevivecircncia

Objetivo de curto prazo geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila nos desejos do consumidor

Maximizaccedilatildeo do Lucro

Quando satildeo estimados a demanda e os custos com preccedilos alternativos e escolha do niacutevel que maximiza o lucro e se estabelece um niacutevel especiacutefico de lucro como objetivo

Maximizaccedilatildeo do Volume

Meta estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma mercadoria ou serviccedilo Pode ser para manter ou aumentar a fatia

Lideranccedila na Qualidade do Produto

Produtos com alta qualidade preccedilo relativamente alto mas benefiacutecio percebido Gera lealdade e o preccedilo natildeo dificulta o acesso apenas traduz a qualidade

Desnatamento

Quando haacute estimativa do preccedilo mais alto que se pode cobrar dados os benefiacutecios comparativos em relaccedilatildeo aos substitutos disponiacuteveis para uma posterior reduccedilatildeo do preccedilo e assim conquistar o segmento imediatamente inferior

Concorrenciais

Preccedilos equivalentes aos da concorrecircncia e diferenciaccedilatildeo por meio dos outros componentes do mix de marketing

Prestiacutegio

Preccedilo alto para consumidores sensiacuteveis agrave status ecircnfase na imagem do produto e natildeo ao custo dos seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo

Fonte Elaborado pela autora a partir de Boone e Kutz (1998) Czinkota (2001) Kotler e Keller (2005) Lambin (2000a) Lambin (2000b) e Stanton Waltker e Etzel (2001)

23 Determinaccedilatildeo da Demanda

O apreccedilamento estrateacutegico de um produto natildeo deve considerar apenas os custos eacute importante

identificar o niacutevel de demanda ao longo do tempo Preccedilos baseados apenas nas necessidades

financeiras da empresa satildeo considerados inapropriados segundo Lambin (2000a) Em uma

economia de mercado eacute o comprador quem decide que produto seraacute vendido

Consequumlentemente em uma organizaccedilatildeo bem sucedida um apreccedilamento efetivo comeccedila com

34

o preccedilo mais proacuteximo de ser aceito pelo mercado que por sua vez determina o custo-alvo da

empresa (LAMBIN 2000a)

O custo-alvo eacute um conceito que foi desenvolvido em meados da deacutecada de 90 Ao contraacuterio

da praacutetica tradicionalmente utilizada (primeiro desenvolve-se o produto e o custo eacute a base

para a determinaccedilatildeo do preccedilo figura 3) o custo-alvo leva em consideraccedilatildeo primeiramente a

necessidade do consumidor descoberta por meio de pesquisas de mercado em seguida o

valor que ele daacute ao produto o preccedilo do mercado e o quanto o cliente pagaria para adquiri-lo a

partir desse ponto avaliar os custos para o desenvolvimento do bem comparaacute-lo com o preccedilo

e desenvolver efetivamente o produto (figura 4)

A determinaccedilatildeo da demanda em alguns casos eacute clara poreacutem em outros os padrotildees soacute satildeo

revelados quando devidamente estudados e mapeados Cada preccedilo praticado pela empresa

resultaraacute em um diferente niacutevel de demanda e consequumlentemente causaraacute diferentes impactos

nos objetivos de marketing de uma empresa

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto

CONSUMIDOR

CONSUMIDOR VALORVALOR PRECcedilOPRECcedilO CUSTOCUSTO PRODUTOPRODUTO

PRODUTOPRODUTO CUSTOCUSTO VALORVALORPRECcedilOPRECcedilO CONSUMIDOR

CONSUMIDOR

35

Lambin (2000a) considera a noccedilatildeo de elasticidade um importante conceito na anaacutelise da

demanda pois mede diretamente a sensibilidade a preccedilo do consumidor Churchill Jr e Peter

(2003) definem elasticidade-preccedilo como a medida da sensibilidade da demanda agrave mudanccedilas

nos preccedilos

Simonsen (1973) explica que o economista Marshall primeiro a encontrar uma forma praacutetica

de expressar o conceito da elasticidade da demanda a definiu como o aumento percentual da

quantidade procurada quando o preccedilo abaixa 1 Se a quantidade procurada de um item

aumentar 2 porque seu preccedilo caiu em 1 significa que o seu coeficiente de elasticidade eacute

igual a 2 Deve considerar poreacutem que o conceito de elasticidade refere-se a um ponto da

curva de demanda e natildeo da curva completa

Para determinar a elasticidade em P traccedila-se uma tangente agrave curva por esse ponto a qual

intercepta os eixos do graacutefico respectivamente nos pontos M e N (figura 5) O coeficiente da

elasticidade eacute representado pela foacutermula

Kotler e Armstrong (1998) considera

relaccedilatildeo entre a variaccedilatildeo da quantidad

resultado maior eacute a relaccedilatildeo da dema

como a porcentagem de variaccedilatildeo de u

preccedilo

E= MP PN

m que a elasticidade da demanda pode ser medida pela

e vendida e a variaccedilatildeo do preccedilo Quanto mais alto o

nda e de preccedilo e Lambin (2000a) descreve a foacutermula

nidades vendidas sobre a porcentagem de variaccedilatildeo do

36

Fonte Simonsen 19

Figura 5 Represe

Besanko Dranove

independentemente

preccedilo em P0) ele m

Q1l Parte do cresc

Q1) vem dos con

2000) A figura 6

mercado

A curva de demand

produto ou serviccedilo

maior do que 1 ( sum

preccedilos a determin

coeficiente de elas

vendas natildeo eacute afeta

de custos ao consu

deve-se realizar um

Preccedilo

73

ntaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticid

e Shanley (2000) afirmam que quando u

do setor de P0 para P1 (com todos os

ove na curva de demanda de DD para d

imento (Q1 Q0) vem de seus consumido

sumidores de outras empresas (BESAN

representa a curva de demanda quando um

a pode ser elaacutestica ou inelaacutestica Quando o

eacute inferior a 1 ( sum lt 1) a demanda eacute co

lt 1) a demanda eacute considerada elaacutestica N

accedilatildeo precisa dos seus custos seraacute mais

ticidade Quando a demanda eacute inelaacutestica o

do pelas mudanccedilas de preccedilo assim a empr

midor sem maiores perdas Poreacutem quando

a anaacutelise de custos que permitiraacute a proj

E= MP PN

Quantidade

P

N

R

0

S

M

ade da Demanda

m vendedor reduz o seu preccedilo

seus concorrentes segurando o

d e suas vendas aumentam para

res leais e a outra parte (Q1l

KO DRANOVE SHANLEY

a empresa muda seu preccedilo no

coeficiente de demanda de um

nsiderada inelaacutestica e quando eacute

o que diz respeito agrave poliacutetica de

importante quanto maior for o

u pouco elaacutestica o volume de

esa pode transferir os aumentos

a demanda eacute altamente elaacutestica

eccedilatildeo de provaacuteveis margens de

37

lucro em diferentes niacuteveis de venda com base nas relaccedilotildees entre preccedilo e quantidade em cada

niacutevel (SIMONSEN 1973 KOTLER KELLER 2005 BESANKO DRANOVE SHANLEY

2000 NICOL 1983 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN1999)

Fonte Adaptado de

Figura 6 Curva

muda o preccedilo

A demanda elaacutestic

vendida o suficient

1997) No setor ali

com que ocorra um

loja ou rede varej

estabelecimento qu

A curva da deman

preccedilos (KOTLER

Preccedilo

Besanko Dranove e Shanley (2000)

de Demanda de um Vendedor Individua

a ocorre quando a reduccedilatildeo de preccedilos faz

e para compensar a receita e os resultados

mentiacutecio a demanda eacute considerada inelaacutesti

acreacutescimo substancial no volume de venda

ista eacute considerada elaacutestica pois os cons

e tiver melhores niacuteveis de preccedilos

da mostra o volume provaacutevel de compra

KELLER 2005 p 435) A curva resume a

Quantidade

D

D

d

d

P0

P1

Q0

Q1

Q1l

l quando independentemente

com que aumente a quantidade

(MCCARTHY PERREAULT

ca (a reduccedilatildeo de preccedilos natildeo faz

s) poreacutem quando analisada por

umidores passam a escolher o

do mercado ante alternativas de

s reaccedilotildees de consumidores com

38

diferentes sensibilidades a preccedilo portanto o primeiro passo para determinar a demanda eacute

compreender os fatores que afetam a sensibilidade Kotler e Keller (2005) afirmam que os

compradores satildeo menos sensiacuteveis a preccedilos de produtos comprados com pouca frequumlecircncia ou

que inspiram prestiacutegio Os consumidores que apresentam pouca sensibilidade satildeo os

preferidos das empresas Nagle e Holden (2003) Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000a)

indicam nove fatores relacionados agrave menor sensibilidade a preccedilos

1 O produto eacute exclusivo - valor uacutenico

2 Os compradores tecircm menos consciecircncia da existecircncia de substitutos

3 Os compradores natildeo conseguem comparar facilmente a qualidade de substitutos

4 A despesa eacute uma pequena parte do orccedilamento familiar

5 O benefiacutecio final do produto eacute grande ou seja a despesa eacute pequena em relaccedilatildeo ao

custo total do produto final

6 O custo do produto eacute compartilhado com terceiros

7 O produto eacute utilizado em conjunto com bens comprados anteriormente

8 O produto apresenta mais qualidade prestiacutegio ou exclusividade Preccedilo-Qualidade

9 Os compradores natildeo podem estocar o produto

As empresas precisam entender a sensibilidade a preccedilo de seus clientes atuais e potenciais

bem como as anaacutelises comparativas que as pessoas estatildeo dispostas a realizar para avaliar o

preccedilo diante das especificaccedilotildees dos produtos (figura 7) Lambin (2000a) considera todo

comprador sensiacutevel a preccedilo poreacutem essa sensibilidade pode variar tremendamente de uma

situaccedilatildeo para outra como mostram os fatores citados pelos estudiosos da aacuterea Essa variaccedilatildeo

ocorre de acordo com a importacircncia da satisfaccedilatildeo que o produto proporciona ou do sacrifiacutecio

necessaacuterio para adquirir o bem Ter somente consumidores sensiacuteveis como alvo pode

significar que a empresa estaacute deixando de ganhar dinheiro (KOTLER KELLER 2005)

39

Fonte Elaborado pela autora

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos

Para mensurar a sensibilidade vaacuterios meacutetodos podem ser aplicados Lambin (2000a) agrupa

esses meacutetodos em quatro categorias principais (i) o julgamento de especialistas (the expert

judgement) (ii) pesquisas com consumidores (iii) experimentos com preccedilo e (iv) estudos

economeacutetricos O julgamento de especialistas consiste em pedir para especialistas do mercado

trecircs estimativas ou pontos na curva de resposta ao preccedilo a menos realista a mais realista e a

associaccedilatildeo do volume de vendas mais as vendas esperadas a um preccedilo meacutedio

As pesquisas com consumidores podem ser diretas ou indiretas O meacutetodo mais utilizado eacute o

indireto por meio de anaacutelise conjunta Os experimentos com preccedilos satildeo realizados em

laboratoacuterios ou no proacuteprio campo (mercado) e os estudos economeacutetricos satildeo baseados em

anaacutelises de painel ou seacuteries temporais (LAMBIN 2000a)

Sensibilidade a Preccedilo

Valor da diferenciaccedilatildeo

Alta

Alta

Baixa

Baixa

Compradores

de Preccedilo

Compradores

de Valor

Compradores

de Conveniecircncia

Compradores

de Relacionamento

40

Mensurar a elasticidade da demanda pode ser uacutetil por diversas razotildees A elasticidade fornece

informaccedilotildees sobre a direccedilatildeo na qual os preccedilos podem mudar para simular a demanda e

aumentar o faturamento Aleacutem disso comparar a elasticidade de marcas concorrentes

identifica aquelas que podem resistir mais a um aumento de preccedilo e assim revelar seu poder

de mercado Comparar a elasticidade de produtos de mesma categoria ajuda no ajuste de

preccedilo dentro da categoria e por fim a elasticidade cruzada ajuda a prever as mudanccedilas na

demanda de uma marca para outra (LAMBIN 2000a)

Lambin (2000a) chama a atenccedilatildeo para algumas limitaccedilotildees que podem reduzir a utilidade

praacutetica dos meacutetodos de mensuraccedilatildeo A elasticidade mede o relacionamento baseando-se no

comportamento do consumidor que soacute eacute observaacutevel depois do acontecimento O seu valor

preventivo depende da estabilidade das condiccedilotildees que ocasionaram a observaccedilatildeo portanto

natildeo pode ser utilizado para determinar o preccedilo de novos produtos Outro ponto eacute que em

muitas situaccedilotildees o problema natildeo eacute tanto saber como adaptar o preccedilo a sensibilidade atual do

mercado mas sim saber de forma mudar essa sensibilidade para a direccedilatildeo procurada pela

empresa Nesse caso eacute mais interessante saber o valor percebido do produto pelo grupo-alvo

de consumidores Por fim a elasticidade mede o impacto do preccedilo na quantidade comprada

do produto mas natildeo mede o efeito do preccedilo na propensatildeo a experimentar o produto em

compras repetitivas a taxas exclusivas entre outros e essas satildeo noccedilotildees importantes para

entender o mecanismo de resposta do consumidor em relaccedilatildeo ao preccedilo dos produtos

Eacute vaacutelido destacar que os meacutetodos de mensuraccedilatildeo da demanda foram desenvolvidos para

modelos econocircmicos para auxiliar mais no entendimento do comportamento econocircmico do

que como uma ferramenta de decisatildeo Essa afirmaccedilatildeo natildeo significa poreacutem que a teoria

econocircmica natildeo tenha relevacircncia para o estudo da determinaccedilatildeo do preccedilo pois mesmo sendo

imprecisa a estimativa da elasticidade do preccedilo ajuda a determinar a direccedilatildeo da mudanccedila de

41

preccedilo e seu impacto na receita de vendas Contudo os administradores de marketing deveriam

desenvolver meacutetodos de mensuraccedilatildeo mais adequados agraves suas necessidades

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)

A fixaccedilatildeo de preccedilo baseado no cliente trabalha o preccedilo de modo mais lucrativo e com a

captura de mais valor natildeo necessariamente vendendo mais (aumento do volume de vendas)

Aleacutem disso leva em conta os preccedilos que os consumidores estatildeo dispostos a pagar e pode

chegar a um montante que natildeo reflete o verdadeiro valor do produto

Satildeo utilizados o preccedilo de valor e as estrateacutegias flexiacuteveis de apreccedilamento O preccedilo de valor

representa a fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando

comparado ao seu concorrente Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo requer uma reengenharia

de operaccedilotildees ou seja um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade (Lambin

2000a Lambin 2000 b Kotler Keller 2005)

Lambin (2000a) explica que do ponto de vista do consumidor um produto eacute o total de

benefiacutecios recebidos quando utilizado Portanto uma empresa orientada para o consumidor

precisa fixar os seus preccedilos de acordo com a percepccedilatildeo de benefiacutecios e custos do cliente Os

consumidores comparam os benefiacutecios de uma compra com o custo que ela representou

Quando o produto considerado apresenta a melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio o consumidor estaacute

inclinado a comprar o bem

42

O procedimento de preccedilo de valor pode ser implementado de duas formas diferentes A

primeira delas eacute o valor percebido A ideacuteia baacutesica por traacutes desse meacutetodo eacute o valor percebido

no produto ou marca o qual iraacute determinar o niacutevel de preccedilo O preccedilo de valor percebido

considera as percepccedilotildees de valor dos clientes e natildeo o custo do vendedor Aleacutem disso a

estrateacutegia utiliza os elementos do mix de marketing para aumentar o valor percebido pelo

cliente e a chave para a sua determinaccedilatildeo eacute a precisatildeo na percepccedilatildeo do mercado relativa ao

valor da oferta Eacute preciso determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a

percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta Nesse caso eacute fundamental pensar-se no

posicionamento do produto Deve-se ainda mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais

caro (o valor que a oferta de fato representa)

A segunda maneira eacute o preccedilo maacuteximo aceitaacutevel particularmente utilizado para determinar

preccedilos de produtos na induacutestria O principal benefiacutecio para o comprador nesse caso eacute a

reduccedilatildeo de custos O procedimento segue os seguintes passos (i) entender o uso do produto

pelo consumidor (ii) analisar os benefiacutecios gerados pelo produto (iii) analisar os custos de

aquisiccedilatildeo e de uso do produto (iv) calcular a relaccedilatildeo custo-benefiacutecio e determinar o preccedilo

maacuteximo aceitaacutevel (LAMBIN 2000a) O preccedilo mais alto que o consumidor estaraacute disposto a

pagar pelo produto eacute calculado por

Benefiacutecios Custos = Preccedilo Maacuteximo Aceitaacutevel

Algumas das limitaccedilotildees do apreccedilamento baseado no cliente referem-se agrave falha na percepccedilatildeo

que pode afetar a lucratividade da empresa a longo prazo e ao surgimento de alguns

problemas quando os preccedilos natildeo refletem o montante que os clientes estatildeo dispostos a pagar

43

pois alguns compradores sofisticados raramente satildeo honestos a respeito de quanto estatildeo

dispostos a pagar por um produto Para que a estrateacutegia tenha um bom desempenho deve-se

aumentar a disposiccedilatildeo do cliente a pagar um preccedilo que reflita o verdadeiro valor do produto

As empresas natildeo tecircm um preccedilo uacutenico mas sim uma variedade de preccedilos adaptados a

situaccedilotildees distintas de mercado Para isso satildeo utilizadas as estrateacutegias flexiacuteveis de mercado

Elas ocorrem em situaccedilotildees onde o mesmo produto eacute vendido para diferentes clientes a preccedilos

tambeacutem diferentes e podem ser obtidas por regiatildeo por periacuteodo por forma do produto ou de

um segmento para outro

Os economistas utilizam o termo descriminaccedilatildeo de preccedilos para designar as variaccedilotildees de preccedilo

que natildeo satildeo justificadas pelo custo (LAMBIN 2000b) As quatro formas de flexibilidade de

preccedilo satildeo (1) desconto para um segundo mercado que acontece quando uma empresa tem

excedente de produccedilatildeo e surge a oportunidade de vender seus produtos para um outro

mercado e nesse caso o preccedilo miacutenimo aceitaacutevel pela empresa deve ser o preccedilo piso ou

miacutenimo (2) descontos perioacutedicos ou sazonais que permitem que a empresa explore a

heterogeneidade da demanda - consumidores sensiacuteveis e natildeo sensiacuteveis a preccedilos que compram

o mesmo produto em periacuteodos diferentes vendendo com o preccedilo alto no comeccedilo da

temporada e oferecendo descontos sistemaacuteticos no fim do periacuteodo (3) os descontos

oferecidos ao acaso ou seja para situaccedilotildees onde existem empresas que vendem o mesmo

produto a um preccedilo alto e outras a um preccedilo baixo e existem consumidores informados e

desinformados quanto a essa diferenccedila A empresa estabelece um preccedilo alto para vender aos

clientes que natildeo conhecem o preccedilo inferior e ao mesmo tempo oferece descontos para atingir

os consumidores que procuram pelo preccedilo mais baixo e (4) os preccedilos promocionais

frequumlentemente utilizados por varejos supermercadistas e lojas de departamentos para

estimular as vendas (TELLIS 1986)

44

Por fim a empresa pode administrar seus preccedilos ajustando-o agraves vendas realizadas sob

diferentes condiccedilotildees diferentes quantidades diferentes tipos de intermediaacuterios em diferentes

regiotildees

Depois de realizar a anaacutelise da demanda o proacuteximo passo para o estabelecimento de uma

estrateacutegia de preccedilos eacute a estimativa de seus custos Embora existam empresas que determinem

o preccedilo de seus produtos de modo a cobrir todos os seus custos o resultado dessa conduta

nem sempre eacute a lucratividade Da mesma forma que os preccedilos baseados apenas na demanda

apresentam vaacuterias limitaccedilotildees os preccedilos baseados em custos tambeacutem satildeo passiacuteveis de erros

comuns nem sempre levados em consideraccedilatildeo pelas companhias Por outro lado natildeo existe

lucro sem que o preccedilo determinado seja capaz de cobrir as principais despesas de um bem ou

serviccedilo O proacuteximo toacutepico aborda as questotildees criacuteticas sobre anaacutelise de custos que devem ser

conhecidas pelos profissionais de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico correto de sua

oferta

24 Estimativa de Custos

O preccedilo estabelecido para um produto deve ser suficientemente alto para cobrir os custos

envolvidos em sua fabricaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998 p 471) Estes

custos satildeo conhecidos como custos fixos custos variaacuteveis custo total e custo marginal Os

custos fixos satildeo aqueles que permanecem estaacuteveis independentemente do niacutevel de produccedilatildeo

ao contraacuterio dos variaacuteveis que satildeo os custos de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra diretamente

alocados agrave produccedilatildeo O custo total eacute composto pelo somatoacuterio de todos os custos fixos e

variaacuteveis que se dividido pela quantidade de unidades produzidas resulta nos custos meacutedios

45

totais (BOONE KURTZ 1998 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN 1999) O

custo marginal eacute a mudanccedila no custo total que resulta da produccedilatildeo de uma unidade adicional

do produto (BOONE KURTZ 1998)

A divisatildeo entre custos fixos e variaacuteveis eacute o fundamento sobre o qual alicerccedila uma teacutecnica

contaacutebil-financeira usada na anaacutelise de investimentos e tambeacutem na fixaccedilatildeo de preccedilos Eacute o

estudo do ponto de breakeven Este ponto eacute aquele no qual receita e custos se equilibram

abrindo caminho para a regiatildeo dos lucros O ponto de equiliacutebrio ou de paridade e custo-

volume-lucro satildeo expressotildees empregadas com o mesmo significado de ponto de breakeven

(LEPSCH 1996) Entretanto a teacutecnica apresenta algumas deficiecircncias Ela supotildee linearidade

da receita e do custo trabalha com apenas um produto classifica os custos em fixos e

variaacuteveis apenas natildeo considera despesas com pesquisa e desenvolvimento (PampD) e promoccedilatildeo

institucional que satildeo realizadas durante vaacuterios periacuteodos para gerar aumento da receita

Jain (2000) explica que para estudar o impacto dos custos na estrateacutegia de apreccedilamento os

seguintes relacionamentos devem ser considerados (i) a proporccedilatildeo dos custos fixos para os

custos variaacuteveis (ii) a economia de escala disponiacutevel para uma empresa e (iii) a estrutura de

custos de uma empresa versus a do concorrente Se os custos fixos de uma companhia em

comparaccedilatildeo com os seus custos variaacuteveis formam uma alta proporccedilatildeo dos seus custos totais

adicionar o volume de vendas seraacute de grande ajuda para o aumento dos ganhos ou seja se os

custos fixos forem cobertos qualquer aumento no volume gera um ganho Em setores onde os

custos variaacuteveis satildeo de maior proporccedilatildeo no custo total pode-se afirmar que estes satildeo setores

sensiacuteveis a preccedilo porque mesmo um pequeno aumento no preccedilo gera um ganho enorme

Os custos variam em diferentes niacuteveis de produccedilatildeo e para o apreccedilamento ser adequado agrave

empresa deve saber como seus custos variam conforme o niacutevel em que se encontra

(KOTLER KELLER 2005) Os seus custos reduziratildeo conforme o aumento da quantidade

46

produzida pois os custos fixos iratildeo diluir A partir de certo momento a faacutebrica torna-se

ineficiente com a maior frequumlecircncia de quebra das maacutequinas e escassez de espaccedilo fiacutesico Existe

dessa forma para os dados recursos uma quantidade ideal de produccedilatildeo

O comportamento dos custos em funccedilatildeo da produccedilatildeo acumulada eacute resultante da curva de

experiecircncia ou curva de aprendizagem ou seja quando a empresa reduz o custo total meacutedio

em funccedilatildeo do aprendizado conquistado com o aumento da produccedilatildeo e a experiecircncia

adquirida Eacute tambeacutem conhecida pelos economistas como a economia de escala (figura 8) Esta

situaccedilatildeo acontece quando a empresa aprende como produzir da melhor forma seus

funcionaacuterios aprendem a reduzir os custos evitando erros e uso inadequado de materiais ou

equipamentos e melhorando o tempo de produccedilatildeo o fluxo de materiais e compras etc

(HENDERSON 1984)

Fonte Elaborado pela autora a partir de Henderson (1984) Pyindick e Rubinfeld (2002) Besanko Dranove e Shanley (2000)

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem

Produccedilatildeo

Custo($ por unidade

de produccedilatildeo)

CMe1CMe1

B

Economias de Escala

B

Economias de EscalaAA

Cme2

Aprendizagem C

47

Pyindick e Rubinfeld (2002) explicam que uma empresa apresenta economia de escala

quando eacute capaz de duplicar a sua produccedilatildeo com menos do que o dobro de seus custos

Besanko Dranove e Shanley (2000) afirmam que o processo de produccedilatildeo de um bem ou

serviccedilo especiacutefico apresenta economia de escala em uma seacuterie de itens produzidos quando o

custo meacutedio declina com esse conjunto de itens

Se a economia de escala obtida da produccedilatildeo de uma companhia for substancial a empresa

deve planejar expandir sua participaccedilatildeo de mercado e com respeito a preccedilos a longo prazo

aceitar decliacutenios esperados no faturamento Alternativamente eacute esperado que as operaccedilotildees da

empresa produzam um decliacutenio nos seus custos entatildeo os preccedilos podem ser abaixados no

longo prazo para ganhar participaccedilatildeo de mercado mais alta (JAIN 2000)

Caso o fabricante seja um produtor de custo baixo em relaccedilatildeo aos seus concorrentes ele iraacute

ganhar lucros adicionais por manter o preccedilo em um niacutevel competitivoOs lucros adicionais

podem ser utilizados para promover os produtos com mais agressividade e aumentar a

participaccedilatildeo do negoacutecio como um todo Se por acaso os custos do fabricante forem altos em

comparaccedilatildeo com seus concorrentes a empresa natildeo estaacute em posiccedilatildeo favoraacutevel agrave reduccedilatildeo de

preccedilos porque esta taacutetica pode levar a uma guerra de preccedilos que ela provavelmente iraacute

perder (JAIN 2000)

Aleacutem da economia de escala verifica-se tambeacutem a economia de escopo quando a produccedilatildeo

conjunta de dois produtos por parte de uma uacutenica empresa eacute maior do que a produccedilatildeo que

seria obtida por duas empresas diferentes cada uma produzindo um uacutenico produto Nesse

caso ambos os produtos usam capital e trabalho a fabricaccedilatildeo dos dois produtos compartilha

recursos administrativos a fabricaccedilatildeo dos dois produtos requer o mesmo tipo de equipamento

e matildeo de obra com qualificaccedilatildeo semelhante (PYINDICK RUBINFELD 2002 BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

48

O grau da economia de escopo mede a economia de custos proporcionada pela produccedilatildeo

conjunta e eacute representado pela seguinte foacutermula

Sendo que C(Q1) eacute o custo de produzir Q1 C(Q2) eacute o custo de produzir Q2 e por fim

C(Q1Q2) eacute o custo de produzir conjuntamente os dois produtos

Uma estrutura de custos eacute proposta por Lambin (2000b) que tem como base os custos

internos sem a interferecircncia do mercado Os trecircs tipos de custos considerados satildeo (i) o custo

miacutenimo custo direto que soacute permite a recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do

produto significando margem igual a zero (ii) o custo teacutecnico que corresponde ao niacutevel de

atividade em que a empresa cobre os custos diretos e os custos fixos o que permite aleacutem da

recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do produto a cobertura dos encargos de estrutura

e (iii) o custo-alvo ou preccedilo suficiente que compreende a condiccedilatildeo de lucro Entretanto ao

ignorar o mercado as empresas deixam de levar em consideraccedilatildeo a sensibilidade da demanda

e ficam dependentes da meta de vendas para atingir as margens desejadas

Jain (2000) concorda com a importacircncia dos custos fixos e variaacuteveis para o apreccedilamento mas

afirma que outros custos tambeacutem devem ser considerados Custos incrementais custos de

oportunidade custos de substituiccedilatildeo custos out-of-pocket e custos controlaacuteveis Entretanto

Nagle e Holden (2003) afirmam que compreender os custos natildeo significa simplesmente

conhecer os seus montantes Os autores argumentam que ateacute os profissionais de apreccedilamento

menos eficazes que aplicam foacutermulas de custo mais margem adicional sabem o quanto eacute

gasto com matildeo-deobra mateacuterias-primas e despesas em geral

)(

)()()C( ESC21

2121

QQCQQCQCQ minus+=

49

Os gerentes que realmente compreendem seus custos sabem como tais custos mudaratildeo com

modificaccedilotildees nas vendas resultantes da determinaccedilatildeo estrateacutegica de preccedilos Nagle e Holden

(2003) ainda complementam considerando que nem todos os custos satildeo relevantes para a

decisatildeo de apreccedilamento e o primeiro passo eacute identificar quais satildeo os custos importantes ou

seja os que de fato determinam o impacto no lucro Os autores consideram que os custos

realmente relevantes satildeo os incrementais (natildeo a meacutedia) e evitaacuteveis

Os custos incrementais satildeo aqueles associados agraves mudanccedilas no apreccedilamento e nas vendas Os

custos variaacuteveis satildeo considerados incrementais quando resultam diretamente de uma

implementaccedilatildeo de uma alteraccedilatildeo de preccedilo ou do oferecimento de uma versatildeo do produto em

outro niacutevel de preccedilo Entretanto eacute importante ressaltar que muitos custos natildeo satildeo puramente

fixos nem puramente variaacuteveis (NAGLE HOLDEN 2003) Eles satildeo fixos em uma faixa de

vendas e variam quando as vendas ultrapassam essa faixa e determinar se esses custos semi-

fixos satildeo incrementais eacute condiccedilatildeo para que a decisatildeo de apreccedilamento seja tomada

corretamente

Os custos evitaacuteveis satildeo aqueles que natildeo foram incorridos ou que ainda podem ser revertidos

ou seja os custos para vender um produto para entregaacute-lo ao consumidor e recolocar o item

vendido no estoque satildeo considerados evitaacuteveis assim como os custos de aluguel de

instalaccedilotildees e equipamentos que natildeo satildeo cobertos por arrendamento a longo-prazo A maneira

mais faacutecil de identificar se o custo eacute de fato evitaacutevel eacute reconhecendo se ele eacute o custo futuro e

natildeo o custo histoacuterico associado agrave realizaccedilatildeo de uma venda (NAGLE HOLDEN 2003

CHURCHILL 1982)

50

Lambin (2000a) explica que os preccedilos determinados a partir dos custos e que natildeo fazem

qualquer referecircncia aos fatores do mercado satildeo denominados preccedilos baseados em custos A

seguir estatildeo expostas as estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas empresas com base nos

custos

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos

A anaacutelise de custos identifica quatro tipos de preccedilos baseados em custos cada um

respondendo por um custo especiacutefico e pela necessidade de lucro O primeiro eacute o preccedilo-piso

ou seja o preccedilo miacutenimo que pode ser cobrado pois cobre somente os custos de fabricaccedilatildeo do

produto oferecendo margem zero a empresa Esse conceito de preccedilo eacute utilizado para pedidos

excepcionais descontos de mercado quando a empresa tem a oportunidade de vender para um

mercado novo ou teraacute perdas grandes em suas vendas no seu mercado principal Pode ser

tambeacutem denominado preccedilo marginal (LAMBIN 2000a)

O segundo tipo eacute o preccedilo de equiliacutebrio que cobre tanto os custos fixos quanto os custos

diretos dado o volume de vendas assumido Eacute calculado geralmente para diferentes niacuteveis de

volume Isto define uma escala de preccedilos miacutenimos

Lambin (2000a) apresenta o terceiro tipo como o preccedilo-alvo ou suficiente Ele inclui aleacutem

dos custos diretos e fixos um lucro que eacute determinado por uma referecircncia a uma taxa normal

de retorno no capital investido ou por um niacutevel de atividade assumido Como no preccedilo de

equiliacutebrio este tipo de preccedilo baseado em custo tambeacutem depende do volume de atividade que

estaacute sendo considerado

51

Por fim apresenta-se o preccedilo de mark-up que eacute calculado adicionando-se uma margem

padratildeo ao preccedilo de equiliacutebrio Assumindo que a empresa queira ganhar 20 de margem sobre

suas vendas o mark-up eacute dado por

Preccedilo de Mark-up Preccedilo de Equiliacutebrio(1 margem desejada)

Este meacutetodo de apreccedilamento popular pela sua simplicidade ignora a demanda e a

concorrecircncia Ele somente iraacute funcionar caso o volume de vendas seja atingido (LAMBIN

2000a LAMBIN 2000b KOTLER KELLER 2005)

Os meacutetodos de apreccedilamento baseados em custo conduzem a preccedilos aleacutem do devido em

mercados mais fracos e a preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute

considerado pelos estudiosos da aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma

estrateacutegia prudente O principal problema eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir

todas as despesas e permitir retorno

Depois de realizada a anaacutelise da demanda e a estimativa dos custos da empresa o proacuteximo

passo eacute conhecer as accedilotildees da concorrecircncia A seguir discute-se a importacircncia e a influecircncia

dos competidores na determinaccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico de uma empresa

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes

Uma empresa precisa comparar seus custos com os custos de seus competidores para saber

em que niacutevel opera e se estaacute em vantagem ou desvantagem em relaccedilatildeo a eles (BESANKO

52

DRANOVE SHANLEY 2001 GRANT 2002 PORTER 1980) Tambeacutem eacute necessaacuterio

conhecer o preccedilo e a qualidade das ofertas concorrentes pois esse seraacute um ponto de referecircncia

para a fixaccedilatildeo de seu preccedilo Isso porque a estrateacutegia de apreccedilamento eacute muito influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia que eacute caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento (LAMBIN 2000a PORTER 1980 PORTER 1992 JAIN 2000) e do valor

percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo produzidos pela empresa com

o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (LAMBIN 2000a)

O mercado eacute o foco da atividade econocircmica Devido a sua relevacircncia na formaccedilatildeo de preccedilos

e alocaccedilatildeo de recursos os administradores datildeo grande importacircncia agraves estruturas de mercado

dos diferentes bens e serviccedilos Tradicionalmente classificam-se os mercados em quatro

estruturas baacutesicas concorrecircncia perfeita monopoacutelio oligopoacutelio e concorrecircncia monopoliacutestica

Existe monopoacutelio quando haacute um uacutenico vendedor de uma mercadoria natildeo haacute substitutos

proacuteximos para os bens e existem obstaacuteculos quanto agrave entrada na induacutestria que podem ser de

vaacuterias naturezas tais como (MANKIW 1999)

bull O mercado eacute limitado e natildeo comporta mais do que uma firma

bull A firma existente segue uma poliacutetica de preccedilos planejada para reduzir a atraccedilatildeo de

novos concorrentes

bull A firma possui o controle sobre a mateacuteria-prima canais de distribuiccedilatildeo ou sobre o

processo de produccedilatildeo (patentes)

bull A firma opera com licenccedila do governo ou em sistema limitante da produccedilatildeo tal como

cotas

Mankiw (1999) explica que a concorrecircncia monopoliacutestica ocorre quando haacute muitos

vendedores de bens substitutos proacuteximos mas natildeo perfeitos e o cliente baseia suas decisotildees

tanto em relaccedilatildeo ao preccedilo quanto em relaccedilatildeo agraves especificidades dos produtos

53

Um mercado monopolisticamente competitivo tem duas caracteriacutesticas importantes (1) trata-

se de um ambiente comercial no qual as empresas competem vendendo produtos

diferenciados altamente substituiacuteveis uns pelos outros mas que natildeo satildeo entretanto

substitutos perfeitos e (2) trata-se de um mercado de livre entrada e saiacuteda - eacute relativamente

faacutecil a entrada de novas empresas com suas proacuteprias marcas de produto e a saiacuteda de

companhias que nele atuam caso seus produtos deixem de ser lucrativos (PINDYCK

RUBINFIELD 2002)

O oligopoacutelio eacute uma estrutura de mercado que caracterizada pela existecircncia de um pequeno

mas suficiente nuacutemero de firmas e por isso mesmo interdependentes ou seja cada uma

considera como suas accedilotildees afetariam as poliacuteticas das rivais (PINDYCK RUBINFIELD

2002) Pindyck e Rubinfeld (2002) afirmam que em um mercado oligopoliacutestico o produto

pode ou natildeo ser diferenciado O que importa eacute que apenas algumas poucas empresas satildeo

responsaacuteveis pela maior parte ou pela totalidade da produccedilatildeo Em alguns desses mercados

algumas ou todas as empresas auferem lucros substanciais a longo prazo jaacute que barreiras agrave

entrada tornam difiacutecil ou impossiacutevel que novas companhias entrem no mercado

Mankiw (1999) explica que na concorrecircncia perfeita pressupotildee-se que os vendedores e

compradores satildeo suficientemente numerosos e atomizados de tal sorte que nenhum deles

isoladamente eacute capaz de exercer influecircncia significativa sobre o preccedilo da mercadoria Existe

homogeneidade nas mercadorias isto eacute os consumidores natildeo percebem diferenccedilas em relaccedilatildeo

aos diversos produtos ofertados no mercado as mercadorias satildeo commodities natildeo haacute

interferecircncia na livre determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos e fatores de produccedilatildeo tanto

produtores quanto consumidores tem conhecimento dos preccedilos e quantidades de produtos

oferecidos no mercado

54

Este modelo trata-se de uma abstraccedilatildeo teoacuterica que eacute dificilmente encontrado no mundo real

Um exemplo proacuteximo deste tipo de mercado satildeo as feiras livres de produtos agriacutecolas nas

quais os clientes podem estar informados de todos os preccedilos praticados para cada tipo de

produto os quais satildeo homogecircneos

No que refere agrave geraccedilatildeo de preccedilos como discutido o niacutevel de preccedilos seraacute diretamente

proporcional agrave demanda do produto ou serviccedilo em questatildeo e inversamente proporcional agrave

oferta dos mesmos Cada agente econocircmico eacute incapaz de isoladamente afetar de modo

significativo o preccedilo do produto (quadro 2) Este dependeraacute das accedilotildees e reaccedilotildees do conjunto

de agentes como um todo (MANKIW 1999)

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado

Produto

No de empresas

Barreiras de

entrada

Capacidade de

influenciar o preccedilo

Concorrecircncia

Perfeita

Homogecircneo

Muitas

Sem barreiras

Natildeo

Monopoacutelio

Homogecircneo Apenas uma Com barreiras Sim

Oligopoacutelio

Homogecircneo

Poucas

Com barreiras

Sim

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Diferenciado

Muitas

Sem barreiras

Sim

Fonte elaborado pela autora com base em Mankiw (1999) e Pindyck e Rubinfield (1999)

Portanto mercados satildeo frequumlentemente descritos como sendo concentrados (com poucos

vendedores) ou desconcentrados (muitos vendedores) Essas caracterizaccedilotildees permitem uma

55

raacutepida e acurada avaliaccedilatildeo da natureza da competiccedilatildeo em um mercado (BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

Sobre o valor percebido do produto Lambin (2000a) apresenta no quadro 3 dois niacuteveis de

intensidade relacionadas com esse valor permitindo assim quatro situaccedilotildees distintas nas

decisotildees de preccedilo em face dos tipos de concorrecircncia existentes

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia

No de Competidores

Valor Percebido do

Produto

Baixo

Alto

Alto

Monopoacutelio ou Oligopoacutelio

Diferenciado

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Fraco

Oligopoacutelio

Indiferenciado

Concorrecircncia Pura ou

Perfeita

Fonte Adaptado de Lambin 2000a

Quando o nuacutemero de competidores eacute baixo e o valor percebido do produto eacute alto a estrutura

de mercado estaacute proacutexima do monopoacutelio ou oligopoacutelio diferenciado O preccedilo nesse caso eacute

uma ferramenta para a empresa a qual possui a margem para manobra que pode variar com o

valor percebido do comprador sobre os atributos de diferenciaccedilatildeo

56

No outro extremo onde o nuacutemero de concorrentes eacute alto e os produtos possuem baixo grau de

diferenciaccedilatildeo (commodities) a estrutura eacute proacutexima da competiccedilatildeo perfeita Nessa situaccedilatildeo os

preccedilos satildeo amplamente determinados pela lei da oferta e demanda A empresa natildeo tem

praticamente nenhuma autonomia sobre as estrateacutegias de apreccedilamento

Uma terceira situaccedilatildeo que apresenta baixo nuacutemero de competidores e baixo valor percebido

corresponde ao oligopoacutelio indiferenciado A interdependecircncia dos concorrentes nesse caso eacute

alta limitando a autonomia das empresas sobre os preccedilos praticados O preccedilo tende a estar

alinhado com o oferecido pelo liacuteder de mercado

Finalmente na uacuteltima alternativa tecircm-se produtos altamente diferenciados oferecidos por um

grande nuacutemero de empresas Eacute a chamada concorrecircncia monopoliacutestica onde existem alguns

graus de autonomia que podem ser limitados pela intensidade competitiva

A suposiccedilatildeo da existecircncia de um grande nuacutemero de consumidores e produtores associada agrave

informaccedilatildeo perfeita livre entrada e saiacuteda do mercado e comercializaccedilatildeo de produtos

homogecircneos conduz agrave conclusatildeo que os preccedilos devem ser iguais entre todas as empresas que

operam no mercado (condiccedilatildeo de concorrecircncia perfeita) Entretanto eacute importante destacar que

isso representa uma condiccedilatildeo ideal de mercado difiacutecil de verificar na praacutetica

Lepsch (1996) afirma que a estrutura de mercado e a estrateacutegia competitiva examinam uma

ampla gama de mercados e explicam de que forma as decisotildees de preccedilo investimento e niacutevel

de produccedilatildeo das empresas dependem da estrutura de mercado e do comportamento dos seus

concorrentes A essecircncia da formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia competitiva eacute relacionar uma

empresa ao seu meio ambiente

57

A organizaccedilatildeo se expressa agrave comunidade por meio de seus produtos e a falta de

competitividade ameaccedila sua sobrevivecircncia no longo prazo A sobrevivecircncia de um produto

no longo prazo significa que os estiacutemulos gerados pelos fatores do macroambiente tecircm de

estar coerentes com sua estrateacutegia de negoacutecios e poliacutetica de preccedilos Portanto as decisotildees da

gerecircncia sobre apreccedilamento devem estar coerentes com o ambiente ao qual estatildeo

relacionadas Lambin (2000a) complementa ao afirmar que as estruturas de mercado satildeo

muito diferentes e podem ser observadas nos vaacuterios estaacutegios do ciclo de vida dos produtos

Jain (2000) considera que aleacutem do nuacutemero de empresas que atuam no mesmo segmento e do

valor percebido do produto eacute importante analisar o tamanho da induacutestria e a facilidade de

entrada no mercado O autor apresenta treze informaccedilotildees sobre os concorrentes que satildeo

necessaacuterias para estabelecer a estrateacutegia de preccedilo de um produto por uma empresa

1 Listas de preccedilos dos concorrentes jaacute publicadas e propaganda

2 Reaccedilotildees a mudanccedilas de preccedilo no passado (dos concorrentes)

3 Tempo em que os concorrentes mudam seus preccedilos e os fatores que iniciam essa

mudanccedila

4 Informaccedilotildees sobre campanhas especiais dos concorrentes

5 Comparaccedilatildeo com a linha de produto dos concorrentes

6 Suposiccedilotildees sobre estrateacutegias de preccedilo utilizadas pelos concorrentes e seus objetivos de

marketing

7 Relatoacuterios de desempenho financeiro dos concorrentes

8 Estimativa de custos dos concorrentes (fixos e variaacuteveis)

9 Retaliaccedilotildees de preccedilo esperadas

10 Anaacutelise da capacidade de retaliaccedilatildeo da concorrecircncia

11 Viabilidade financeira de enfrentar uma guerra de preccedilos

58

12 Postura estrateacutegica dos competidores

13 Agressividade do competidor

Dada a demanda dos consumidores a funccedilatildeo custos e preccedilos dos concorrentes a empresa

estaraacute preparada para selecionar um meacutetodo de estabelecimento de preccedilo que inclua uma ou

mais dessas trecircs consideraccedilotildees

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo

A fixaccedilatildeo de preccedilos no Brasil sofreu modificaccedilotildees a partir dos anos 90 devido agraves novas

tecnologias o relacionamento com fornecedores e compradores e o aumento da concorrecircncia

Durante os anos 60 70 e 80 o apreccedilamento era de responsabilidade da aacuterea financeira e

contaacutebil das empresas Os responsaacuteveis pela maior preocupaccedilatildeo com accedilotildees destinadas a cortar

custos e a procura por criar valor para o consumidor foram o aumento da competitividade e a

busca de novas estrateacutegias de diferenciaccedilatildeo de conquista e busca da lealdade dos

consumidores Na denominada economia moderna para prosperar a empresa deve oferecer

valor para o consumidor nos seus produtos ou serviccedilos de forma competitiva cobrindo os

seus custos e gerando retorno para os seus acionistas Para que isso seja possiacutevel eacute preciso que

a empresa tenha conhecimento sobre os diferentes meacutetodos de estabelecimento de preccedilo e

assim selecionar aquele que melhor se adapte aos objetivos por ela escolhidos

Analisar os custos e demanda da empresa eacute essencial para a fixaccedilatildeo correta do preccedilo de um

produto ou serviccedilo Entretanto de nada adianta se o preccedilo estabelecido pela companhia que

utilizou os meacutetodos propostos natildeo for adequado ao que o consumidor-alvo estaacute disposto a

59

pagar para adquiri-lo Kotler e Keller (2005) exibem o modelo dos 3 Cs custos

concorrentes e clientes como as trecircs principais consideraccedilotildees para selecionar um preccedilo

(figura 9)

Os custos representam o piso ou seja o miacutenimo cobrado por um produto e eacute igual ao

montante capaz de cobrir seus custos totais Abaixo desse niacutevel qualquer lucro eacute considerado

impossiacutevel para a empresa Por outro lado o teto eacute o maacuteximo que se deve fixar pois

representa a quantia de dinheiro que o cliente estaacute disposto a desembolsar para a compra do

item

Fonte Adaptado de Kotler e Keller (2005) Figura 9 O modelo dos 3 Crsquos para a determinaccedilatildeo de preccedilos

O equiliacutebrio eacute o preccedilo oferecido pelo mercado pela a mesma mercadoria ou produto com

caracteriacutesticas semelhantes (bens substitutos) Kotler e Keller (2005) estipulam seis meacutetodos

de determinaccedilatildeo de preccedilos No quadro 4 esses meacutetodos e suas caracteriacutesticas satildeo

resumidamente apresentados jaacute que suas caracteriacutesticas foram discutidas anteriormente

Preccedilo Baixo

Lucro impossiacutevel neste preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda impossiacutevel

neste preccedilo

CustosPreccedilos dos

concorrentes e dos

substitutos

Percepccedilatildeo pelos

consumidores de oferta

uacutenica

60

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees

Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilo

Caracteriacutesticas e Limitaccedilotildees

Mark up bull Meacutetodo de simples acreacutescimo de margem padratildeo ao custo do produto para formar o preccedilo de venda

bull Popular porque os vendedores tecircm mais certeza dos custos do que da demanda o caacutelculo eacute simples quando os custos se alteram quando todas as empresas usam o meacutetodo os preccedilos tendem a ser similares

bull Os preccedilos satildeo mais altos em itens sazonais (para cobrir risco de encalhe) de especialidade de giro lento com custos altos de estocagem e movimentaccedilatildeo e tambeacutem em itens de demanda inelaacutestica e tambeacutem eacute alto com produtos de custos ocultos ou altamente variaacuteveis

Preccedilo de Retorno-Alvo bull As empresas determinam o preccedilo que assegura a sua taxa alvo de retorno sobre o investimento (ROI) o fabricante realizaraacute o ROI pretendido se seus custos e vendas estimadas forem precisos

bull Importacircncia do caacutelculo do Ponto de Equiliacutebrio para que se saiba o que pode acontecer caso a previsatildeo de vendas natildeo se concretize

bull Ignora a elasticidade de preccedilos e preccedilos dos concorrentes

Preccedilo de Valor Percebido

bull As percepccedilotildees de valor dos compradores natildeo custos satildeo fatores-chave para determinar preccedilo

bull A chave para o uso de valor percebido eacute determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta

bull Eacute fundamental o pensamento do posicionamento do produto

bull Medir o valor percebido de cada um dos benefiacutecios do produto (apreccedilamento pelos componentes de valor) durabilidade confiabilidade serviccedilo superior garantia em peccedilas entre outros

bull Deve-se mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais caro ou seja o valor que a oferta de fato representa

Preccedilo de Valor bull A fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando comparado ao seu concorrente

bull Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo mas sim um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade

Preccedilo de Seguidor do Concorrente

bull A empresa baseia seu preccedilo em funccedilatildeo dos preccedilos cobrados pelos concorrentes dedicando menor atenccedilatildeo aos custos ou agrave demanda

Preccedilo de Licitaccedilatildeo bull A fixaccedilatildeo do preccedilo eacute fortemente orientada para a concorrecircncia

bull Maior o preccedilo menor seratildeo as chances da empresa de vencer a licitaccedilatildeo sendo possiacutevel o caacutelculo do lucro esperado de cada alternativa de preccedilo com as respectivas probabilidades de vitoacuteria

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000b)

61

Urdan e Urdan (2006) afirmam que o caminho para o apreccedilamento eacute a gestatildeo integrada de

preccedilos que contempla os diversos fatores relevantes e consolida a competecircncia gerencial no

processo de fixaccedilatildeo de preccedilos A figura 10 mostra os elementos baacutesicos da gestatildeo integrada

A base do trabalho eacute a anaacutelise de custos internos concorrecircncia demanda e consumidor

Fonte Urdan e Urdan (2006) Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos

Urdan e Urdan (2006) argumentam que este conhecimento identifica as forccedilas e as fraquezas

da organizaccedilatildeo e oportunidades e ameaccedilas no ambiente com influecircncia nas decisotildees de

precificaccedilatildeo Com o contexto mapeado satildeo definidos os objetivos que apontam as estrateacutegias

viaacuteveis num binocircmio integrado

Anaacutelise de Custos

Anaacutelise da Concorrecircncia

Anaacutelise da Demanda

Anaacutelise do Consumidor

Objetivos do Apreccedilamento

Estrateacutegias de Apreccedilamento

- - - - - Preccedilos Praticados + + + + +Preccedilos Miacutenimos

Preccedilos Maacuteximos

Ambiente

62

Assim como no modelo dos 3Cs apresentado na figura 9 o custo tambeacutem representa o

miacutenimo cobrado abaixo do qual natildeo existe viabilidade financeira a longo prazo A demanda e

o cliente formam o teto aleacutem do qual natildeo se consegue vender e entre esses dois pontos a

empresa seleciona os preccedilos mais adequados de acordo com os objetivos e as estrateacutegias

adotados (URDAN URDAN 2006)

Apoacutes selecionar o meacutetodo de apreccedilamento a empresa deveraacute considerar outros fatores que

iratildeo influenciar na fixaccedilatildeo do preccedilo final de seus produtos A seguir discute-se quais satildeo os

fatores adicionais em que situaccedilotildees eles devem ser levados em conta e quais satildeo as teacutecnicas

que melhor se encaixam em cada circunstacircncia que a empresa enfrenta

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final

Agrave medida que os meacutetodos de fixaccedilatildeo de preccedilos forem se consolidando no niacutevel a partir do

qual a empresa estabeleceraacute seu preccedilo final alguns fatores adicionais devem ser considerados

(KOTLER KELLER 2005) Esses fatores satildeo (i) o preccedilo psicoloacutegico (ii) a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing (iii) a poliacutetica de determinaccedilatildeo dos preccedilos da

empresa (iv) o impacto de preccedilos sobre terceiros e (v) determinaccedilatildeo de preccedilos por

compartilhamento de ganhos e riscos

No preccedilo psicoloacutegico a associaccedilatildeo do preccedilo alto com a qualidade conduz a empresa a colocar

o seu produto com o preccedilo entre os mais caros do segmento Ao analisar a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing na formulaccedilatildeo de seu preccedilo final a empresa deve

considerar a qualidade da marca e da propaganda em relaccedilatildeo agrave concorrecircncia Existe um

63

relacionamento positivo entre preccedilo alto e orccedilamento de propaganda Os consumidores

geralmente estatildeo dispostos a pagar mais por produtos conhecidos do que por desconhecidos

(FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005)

Sobre as poliacuteticas de preccedilo da empresa eacute importante ressaltar que o preccedilo deve ser consistente

com tais poliacuteticas com a finalidade de assegurar que a forccedila de vendas trabalhe com preccedilos

atrativos para os clientes e ao mesmo tempo rentaacuteveis para a empresa Algumas empresas

satildeo a favor da cobranccedila de multas sob determinadas situaccedilotildees (FRAM McCARTHY 1999)

Com relaccedilatildeo ao impacto de preccedilos sobre terceiros a empresa deveraacute considerar a reaccedilatildeo das

outras partes envolvidas e interessadas (URBANY 2001) tais como distribuidores e os

revendedores e por fim na determinaccedilatildeo de preccedilos por compartilhamento de ganhos e riscos

os compradores podem relutar em aceitar uma oferta caso percebam muito risco no negoacutecio

assim o vendedor pode propor absorver parte desse risco ou mesmo a sua totalidade se natildeo

entregar o valor prometido ao cliente (FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a

KOTLER KELLER 2005)

A discussatildeo sobre a seleccedilatildeo do preccedilo final encerra as etapas para estabelecer o preccedilo de venda

de um produto Entretanto as empresas geralmente natildeo determinam um preccedilo uacutenico mas

elaboram uma estrutura de determinaccedilatildeo de preccedilos que reflete as variaccedilotildees geograacuteficas na

demanda e nos custos as exigecircncias de segmento de mercado as oportunidades de compra os

niacuteveis de pedidos a frequumlecircncia de entrega as garantias os contratos de serviccedilos entre outros

fatores Devido aos descontos ou ao apoio promocional raramente as companhias realizam o

mesmo lucro sobre cada unidade vendida Existem vaacuterias estrateacutegias que permitem a

adequaccedilatildeo de preccedilos a situaccedilotildees distintas (KOTLER KELLER 2005) Essas estrateacutegias satildeo

apresentadas e discutidas a seguir

64

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo

Influenciados pelas variaccedilotildees do ambiente pelas saturaccedilotildees de mercado com baixa taxa de

crescimento pela competiccedilatildeo global e pelo movimento dos consumidores muitas empresas

estatildeo aderindo a diferentes formas de adequaccedilatildeo do preccedilo Tais empresas elaboram estrateacutegias

de adequaccedilatildeo de preccedilos que refletem variaccedilotildees principalmente na demanda e nos custos

Existem vaacuterias estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos tais como preccedilo geograacutefico preccedilos com

descontos preccedilo promocional preccedilo discriminatoacuterio e preccedilo de mix de produtos O quadro 5

apresenta cada uma dessas praacuteticas e suas principais caracteriacutesticas

As empresas procuram apresentar preccedilos diferentes de seus produtos para consumidores

localizados em regiotildees distintas Esta diferenciaccedilatildeo acontece devido a diversos fatores como

(i) diferentes custos de armazenagem transporte e entrega (ii) preferecircncias de seus

consumidores naquela regiatildeo (iii) os concorrentes locais Eacute a chamada estrateacutegia de preccedilo

geograacutefico Alguns clientes por exemplo preferem a permuta como praacutetica de pagamento A

permuta pode representar de 15 a 20 do comeacutercio mundial (KOTLER KELLER 2005) e

assume as seguintes formas escambo acordo de remuneraccedilatildeo acordo de recompra e

reciprocidade

Na reciprocidade o vendedor recebe seu pagamento total em dinheiro poreacutem com a condiccedilatildeo

de despender uma quantia naquele paiacutes durante um periacuteodo de tempo preacute-estabelecido

(KOTLER KELLER 2005 LAMBIN 2000a)

65

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos

Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do

Preccedilo

Consideraccedilotildees

Preccedilo geograacutefico Considera os custos de transporte ateacute o consumidor esses custos crescem em importacircncia quando o frete se torna uma parte maior do custo variaacutevel total Existem duas estrateacutegias geograacuteficas 1 Por ponto de produccedilatildeo pois o produto eacute retirado na faacutebrica

2 Preccedilo de entrega uniforme no qual o mesmo preccedilo eacute cotado para todos os compradores independente de sua localizaccedilatildeo

Descontos e concessotildees Desconto para pagamento agrave vista desconto por quantidade descontos funcionais (oferecidos aos membros do canal de distribuiccedilatildeo) descontos sazonais e concessotildees

Preccedilo promocional Preccedilo isca preccedilo de ocasiatildeo cupons de desconto financiamento a juros baixos maior prazo garantia e contratos de serviccedilos desconto psicoloacutegico (uso de preccedilo alto artificial para depois fazer uma reduccedilatildeo draacutestica)

Preccedilo diferenciado (Discriminado)

Preccedilo por segmento de consumidores preccedilo por versatildeo diferente de produto preccedilo de imagem preccedilo por localizaccedilatildeo preccedilo por periacuteodo Deve ser possiacutevel a segmentaccedilatildeo impossiacutevel revender deve ser legalizado e em consonacircncia com os consumidores para que decirc certo Podem ocorrer problemas

Preccedilo de composto de produtos O produto faz parte de um composto a empresa procura um preccedilo que maximize este composto 1 Preccedilo de linha de Produtos cada versatildeo sucessiva do produto traz caracteriacutesticas extras permitindo preccedilos mais elevados 2 Preccedilo de caracteriacutestica opcional produtos opcionais que acompanham o principal 3 Preccedilo do produto cativo fixaccedilatildeo de preccedilo baixo para conquistar consumidor e ganho nos produtos cativos 4 Preccedilo Composto uso de preccedilo fixo mais variaacutevel 5 Preccedilo de Subproduto venda de subprodutos permite a reduccedilatildeo do preccedilo do produto principal 6 Preccedilo do Pacote reuniatildeo de vaacuterios produtos satildeo vendidos mais baratos do que separadamente

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker Etzel (2001)

66

A fixaccedilatildeo de preccedilos com descontos e abatimentos consiste em ajustar o preccedilo baacutesico para

compensar certas situaccedilotildees relacionadas com o cliente ou com o mercado o pagamento

antecipado a compra de um grande volume de produtos e as compras realizadas fora de

temporada As reduccedilotildees nos preccedilos satildeo efetuadas por meio de desconto em dinheiro de

desconto por volume ou quantidade de compra descontos funcionais descontos sazonais e

concessotildees ou abatimentos (TELLIS 1995 SPROTT MANNING MIYAZAKI 2003)

O desconto em dinheiro eacute uma deduccedilatildeo no preccedilo para os compradores que pagam as contas na

data determinada ou antecipadamente Geralmente representa uma porcentagem do total

cobrado na fatura O desconto por quantidade eacute a reduccedilatildeo do preccedilo final para os clientes que

compram grandes volumes de bens e os funcionais satildeo oferecidos para os outros membros do

canal de distribuiccedilatildeo que concordarem em realizar serviccedilos como entrega ou estoque Os

descontos sazonais satildeo concedidos agravequeles que compram fora da estaccedilatildeo e por fim as

concessotildees satildeo pagamentos efetuados para conseguir a participaccedilatildeo em campanhas

promocionais apoio agraves vendas e outros programas especiais (KOTLER KELLER 2005

MANNING MIYAZAKI 2003)

Na determinaccedilatildeo de preccedilo promocional a companhia pratica preccedilos mais baixos

temporariamente devido a diferentes circunstacircncias como atrair os clientes para adquirir

outros produtos se desfazer de produtos sazonais e minimizar o volume de venda durante o

ano (LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005) Para enfrentar todas essas situaccedilotildees as

companhias podem utilizar diferentes teacutecnicas entre elas o preccedilo isca que consiste na

reduccedilatildeo do preccedilo de marcas conhecidas para estimular um movimento maior nas lojas Eacute

muito praticado pelos supermercadistas e pelas lojas de departamento poreacutem eacute um meacutetodo

que natildeo tem a aprovaccedilatildeo dos fabricantes pois pode diluir a imagem da marca ou criar

problemas com outros clientes que cumprem o preccedilo estabelecido na tabela

67

Outra teacutecnica conhecida eacute a utilizaccedilatildeo do preccedilo de ocasiatildeo Satildeo preccedilos especiais em certas

eacutepocas do ano que servem para atrair mais clientes

Os abatimentos em dinheiro satildeo utilizados estimular a compra dos produtos dos fabricantes

dentro de um periacuteodo especiacutefico e podem ajudar a reduzir o estoque de mercadorias sem

diminuir o preccedilo estabelecido na tabela

O financiamento a juros baixos eacute uma teacutecnica de preccedilo promocional onde em vez de cortar

preccedilos a empresa oferece um financiamento com baixas taxas de juros e os prazos de

pagamento mais longos satildeo os financiamento a longo prazo oferecidos geralmente pelas

instituiccedilotildees financeiras (bancos) e concessionaacuterias de automoacuteveis Ao utilizar a teacutecnica de

garantias e contratos de serviccedilo as empresas diminuem o preccedilo em funccedilatildeo dos serviccedilos

oferecidos e finalmente com os descontos psicoloacutegicos a empresa pode aumentar o preccedilo

artificialmente e depois oferecer um desconto substancial

Para estabelecer o preccedilo diferenciado (ou discriminatoacuterio) a empresa ajusta seus preccedilos

considerando as diferenccedilas entre os clientes os produtos as localidades e o periacuteodo Portanto

os segmentos devem apresentar diferentes graus de demanda (LAMBIN 2000a KOTLER

KELLER 2005) Os diversos meacutetodos para determinar um preccedilo diferenciado satildeo (i) o preccedilo

por segmento de clientes onde tem-se preccedilos diferentes de um mesmo produto para

diferentes grupos de clientes (ii) o preccedilo pela versatildeo do produto ou seja satildeo determinados

preccedilos diferentes por versotildees diferentes do produto sem que estes sejam proporcionais aos

seus custos de produccedilatildeo (iii) o preccedilo de imagem que satildeo preccedilos diferentes para mesmo

produto com base em diferenccedilas de imagem (iv) o preccedilo por localizaccedilatildeo que consiste em ter

o mesmo produto com preccedilos diferentes em locais diferentes e (v) o preccedilo por periacuteodo que

variam de acordo com a temporada dia ou hora

68

Na estrateacutegia de preccedilo de composto de produtos o apreccedilamento de um produto eacute influenciado

pelos preccedilos de outros produtos A aplicaccedilatildeo dessas estrateacutegias apresenta algumas

dificuldades porque cada item possui custos diferentes demandas diferentes e concorrecircncia

diferente As empresas geralmente desenvolvem linhas de produtos que apresentam uma

variedade de atributos Na fixaccedilatildeo de preccedilos de linha de produtos deve-se determinar os

patamares de preccedilo estabelecidos para os vaacuterios itens do mix considerando as diferenccedilas de

custos o valor percebido pelo consumidor para cada um e os preccedilos dos concorrentes

Algumas empresas utilizam a fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos opcionais ou seja o

estabelecimento de preccedilo de acessoacuterios que satildeo vendidos com o produto principal Outras

empresas fabricam produtos que somente podem ser utilizados com o produto principal a

fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos cativos (KOTLER KELLER 2005 STANTON WALTKER

ETZEL 2001 LAMBIN 2000a)

Eacute importante observar que apoacutes desenvolver a sua estrateacutegia de apreccedilamento a organizaccedilatildeo

ainda estaacute sujeita a enfrentar situaccedilotildees em que precisaraacute mudar sua poliacutetica Uma reduccedilatildeo de

preccedilos pode ser necessaacuteria devido agrave capacidade excedente da faacutebrica ao decliacutenio da

participaccedilatildeo de mercado recessatildeo econocircmica ou outros fatores discutidos da mesma forma

que um aumento pode ser necessaacuterio devido agrave inflaccedilatildeo de custos ou ao excesso de demanda

O profissional de marketing deve sempre estar atento agraves reaccedilotildees da concorrecircncia e preparar

planos de accedilotildees com possiacuteveis respostas a qualquer movimento dos competidores

Ateacute o presente toacutepico o estudo abordou os procedimentos necessaacuterios para que uma empresa

estabeleccedila de forma correta os preccedilos de seus produtos ou serviccedilos A seguir apresenta-se

como essas etapas satildeo definidas especificamente no varejo supermercadista Alguns dos

meacutetodos utilizados possuem caracteriacutesticas distintas ou adaptaccedilotildees por se tratar da

69

comercializaccedilatildeo de itens e natildeo de sua produccedilatildeo o que justifica a atenccedilatildeo especial dada ao

setor

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista

Parente (2000) define o supermercado como o estabelecimento caracterizado pelo sistema de

auto-serviccedilo com check-outs e produtos expostos de maneira acessiacutevel que permitem aos

consumidores se auto-servirem Ampliando esta definiccedilatildeo Guimaratildees et alli (2003)

caracterizam os supermercados como estabelecimentos varejistas nos quais se revende ampla

variedade de produtos utilizando-se do sistema de auto-serviccedilo no qual os clientes escolhem

mercadorias expostas em gocircndolas displays balcotildees e balcotildees refrigerados sem a

necessidade de vendedores e realizam os pagamentos em check-outs localizados na saiacuteda das

lojas Silveira e Lepsch (1997) afirmam que os principais benefiacutecios desse sistema (auto-

serviccedilo) para o supermercadista satildeo economia com matildeo-de-obra economias de escala e

baixos custos operacionais

A empresa varejista eacute considerada por Coughlan et alli (2001) como um elo intermediaacuterio na

cadeia produtiva vendendo produtos manufaturados pelo setor industrial situado a montante

para o consumidor final situado a jusante agregando-lhes valor por intermeacutedio de serviccedilos de

distribuiccedilatildeo Lepsch (1996) acredita que portanto eacute razoaacutevel afirmar que o produto do

varejo natildeo eacute algo fiacutesico e sim os serviccedilos ou atributos de uma loja agregados a bens

produzidos por outros setores da economia e prestados no comeacutercio para o consumidor final

Entre os atributos apontados pelo autor estatildeo mix de preccedilos mix de produtos oferecidos

qualidade dos produtos arquitetura do preacutedio arquitetura ambiental e imagem da loja layout

70

atendimento raacutepido e cortecircs estacionamento tamanho da loja localizaccedilatildeo cartatildeo de creacutedito

etc Entretanto autores como Levy e Weitz (2000) McGoldrick (1990) e Bloemer e Schroder

(2002) afirmam que a imagem da loja eacute o posicionamento do supermercado formado pelas

percepccedilotildees dos consumidores que resulta do conjunto destes atributos e portanto natildeo pode

ser considerada parte deles

A imagem Uma das primeiras definiccedilotildees de imagem de loja foi oferecida por Martineau em

1958 em seu claacutessico livro The personality of the retail store (McGOLDRICK 1990) e

enfatiza a necessidade de levar em consideraccedilatildeo natildeo apenas os fatores mais visiacuteveis ou

mensuraacuteveis mas tambeacutem os fatores menos tangiacuteveis como a personalidade da loja

McGoldrick (1990) explica que a imagem da loja eacute o modo pelo qual a loja eacute definida na

mente do comprador parcialmente por suas qualidades funcionais e parcialmente por uma

atmosfera de atributos psicoloacutegicos Esta definiccedilatildeo poreacutem foi criticada por tender a atribuir

um aspecto miacutestico ao conceito em que o consumidor natildeo avalia racionalmente os atributos

da loja

Outros autores sugeriram que ao inveacutes de classificar a imagem como parte do comportamento

de compra do consumidor sem uma base loacutegica seria razoaacutevel supor que o consumidor avalie

racionalmente a loja por meio de uma funccedilatildeo de utilidade de multi-atributos (McGOLDRICK

1990) Esta definiccedilatildeo foi abordada por Bloemer e Schroder (2002) a soma de todos os

atributos da loja da forma percebida pelo consumidor por meio de sua experiecircncia com a loja

Sheth Mittal e Newman (2001) tambeacutem definem imagem de loja como sendo a soma total

das percepccedilotildees que os clientes tecircm sobre uma loja Tal percepccedilatildeo eacute determinada por fatores

como mercadorias atendimento preccedilo atmosfera publicidade e funcionaacuterios Para esses

autores a imagem da loja eacute que determina o tipo de cliente que seraacute atraiacutedo e por outro lado

esse mesmo cliente eacute quem vai realimentar essa imagem

71

Sobre aos componentes muitos estudiosos classificam os fatores que compotildeem essa imagem

de forma a relacionar aos elementos do composto de marketing do varejo A importacircncia

relativa dos vaacuterios componentes varia consideravelmente dependendo do mercado setor

situaccedilatildeo competitiva e segmentos de consumidores (McGOLDRICK 1990) Existem razotildees

loacutegicas pelas quais a importacircncia relativa dos atributos deva variar entre mercados

considerando a comparaccedilatildeo entre paiacuteses regiotildees ou mesmo localidades diferentes

Um componente ganha importacircncia eacute a atmosfera da loja ou seja seu ambiente fiacutesico

Parente (2000) define atmosfera de loja como sendo o sentimento psicoloacutegico que o varejista

desenvolve no consumidor quando este visita a loja sendo tambeacutem entendida como a

personalidade da loja Para desenvolver a atmosfera os varejistas utilizam recursos que

influenciam a visatildeo olfato e outros sentidos dos clientes A atmosfera inclui iluminaccedilatildeo

cores muacutesica ambiente limpeza aroma decoraccedilatildeo e lay-out e que pode criar estiacutemulo para o

cliente permaneccedila na loja ou a vontade de sair rapidamente do local (SHETH MITTAL

NEWMAN 2001)

Porter e Claycomb (1997) explicam que uma taacutetica que pode ser usada para favorecer a o

varejista eacute a utilizaccedilatildeo de um mix de merchandising composto por um nuacutemero significativo de

marcas que possuem alta pontuaccedilatildeo em uma pesquisa de awareness (lembranccedila de marca) e

outras com imagem tambeacutem forte Para esses autores a imagem da loja estaacute diretamente

relacionada agrave imagem de uma marca pois marcas fortes e reconhecidas satildeo sinocircnimos de

qualidade e podem trazer o cliente de volta agrave mesma loja

O sortimento das mercadorias tambeacutem tem recebido bastante atenccedilatildeo por parte dos varejistas

e uma estrateacutegia de diferenciaccedilatildeo cada vez mais utilizada eacute a inclusatildeo de marcas proacuteprias no

conjunto de bens oferecido ao consumidor (COUGHLAN et alli 2001) As marcas proacuteprias

auxiliam na construccedilatildeo da imagem da loja pois permite ao varejista se diferenciar de

72

concorrentes proacuteximos e direcionar traacutefego para dentro da loja Como estatildeo disponiacuteveis

apenas em uma cadeia especiacutefica de lojas podem ser uacutenicas em termos de valor e

desempenho e essa exclusividade pode ser considerada uma forma de se conquistar a

lealdade de um cliente (SHETH MITTAL NEWMAN 2001) Outros componentes satildeo

apresentados no quadro 6

Conforme explicado anteriormente Levy e Weitz (2000) consideram o posicionamento um

projeto e a implementaccedilatildeo de um composto de varejo para criar uma imagem do varejista na

mente do cliente em relaccedilatildeo a seus concorrentes Como ele enfatiza a imagem na mente do

cliente (e natildeo aquela na mente do gerente) devem ser feitas pesquisas para saber qual eacute a

imagem do varejista e certificar-se de que ela esteja coerente com o que os clientes desejam

nesse mercado-alvo

O posicionamento do varejista eacute provavelmente mais importante para o sucesso do seu

negoacutecio do que as suas caracteriacutesticas reais (tangiacuteveis) As redes varejistas tentam posicionar-

se de forma a criar uma imagem consistente com a auto-imagem do seu puacuteblico O projeto do

ambiente de loja eacute um importante aspecto da estrateacutegia de posicionamento de serviccedilos e

influencia fortemente as impressotildees do consumidor e o comportamento tanto do cliente

quanto do vendedor O ambiente fiacutesico eacute particularmente importante na criaccedilatildeo da impressatildeo

favoraacutevel para a loja de varejo pois existem poucos criteacuterios objetivos pelos quais os

consumidores podem julgar a qualidade dos serviccedilos que recebem (SCHIFFMAN KANUK

1997)

Estudo de Kim e Han (2000) demonstrou que as preferecircncias dos consumidores por lojas

especiacuteficas tambeacutem podem estar ligadas agraves suas formaccedilotildees culturais que estatildeo relacionadas

ao seu grupo eacutetnico Essas diferentes formaccedilotildees culturais levam os consumidores a possuiacuterem

diferentes interpretaccedilotildees das lojas e de seus produtos devido agraves diferentes percepccedilotildees dos

73

atributos das lojas e agraves diferentes associaccedilotildees que esses consumidores fazem entre elas e as

classes soacutecio-econocircmicas dos seus clientes As classes soacutecio-econocircmicas estatildeo

significativamente relacionadas agrave imagem percebida da loja o que permite aos varejistas a

implementaccedilatildeo de mensagens promocionais persuasivas direcionadas aos segmentos sociais

alvejados

Os componentes que formam a imagem da loja tecircm sido reconhecidos tambeacutem como um

importante antecedente da satisfaccedilatildeo e da lealdade (BLOEMER SCHRODER 2002) A

lealdade agrave loja eacute construiacuteda por meio da satisfaccedilatildeo e esta satisfaccedilatildeo eacute construiacuteda entre outras

coisas por meio da imagem da loja (BLOEMER RUYTER 1998) Para Levy e Weitz

(2000) a satisfaccedilatildeo com a loja eacute a avaliaccedilatildeo poacutes-consumo de quanto a loja atendeu bem ou

excedeu agraves expectativas do cliente

Influenciados pelas mudanccedilas raacutepidas no ambiente de varejo pelos consumidores cada vez

mais exigentes pela competiccedilatildeo mais acirrada e pelas baixas taxas de crescimento dos

mercados em geral os varejistas estatildeo mais do que nunca obrigados a instituiacuterem de uma

forma contiacutenua o estabelecimento da satisfaccedilatildeo com a loja e da lealdade agrave loja Levy e Weitz

(2000) afirmam que um varejista constroacutei a lealdade do cliente ao criar uma imagem clara e

distinta de mix de varejo e ao reforccedilar de forma consistente essa imagem por meio de suas

mercadorias e serviccedilos

74

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja

Componente Detalhamento Preccedilo das mercadorias Preccedilos baixos

Preccedilos competitivos ou natildeo competitivos Qualidade das mercadorias Boa ou maacute qualidade das mercadorias

Marcas em estoque

Sortimento das mercadorias Amplitude e profundidade do sortimento Possui ou natildeo a marca que o cliente deseja Possui ou natildeo marcas elegantes

Pessoal de vendas Postura do pessoal de vendas Conhecimento do pessoal de vendas Nuacutemero de empregados da loja Serviccedilo bom ou ruim

Conveniecircncia de localizaccedilatildeo Localizaccedilatildeo perto da residecircncia ou do trabalho Acesso Boa ou maacute localizaccedilatildeo

Outros itens de conveniecircncia Estacionamento Horaacuterio de funcionamento da loja Conveniecircncia em relaccedilatildeo a outras lojas Lay-out da loja com relaccedilatildeo agrave conveniecircncia Conveniecircncia em geral

Serviccedilos Creacutedito Entrega Facilidade de devoluccedilatildeo de mercadorias Auto-serviccedilo

Promoccedilotildees de vendas Vendas especiais Cupons Displays de loja Siacutembolos e cores

Propaganda Estilo e qualidade da propaganda Miacutedia utilizada Credibilidade da propaganda

Atmosfera da loja Lay-out da loja natildeo relacionado agrave conveniecircncia Decoraccedilatildeo externa e interna da loja Congestionamento dentro da loja Prestiacutegio da loja Simpatia para com a loja

Institucional Reputaccedilatildeo e credibilidade da loja Loja conservadora ou moderna

Clientela da loja Niacutevel soacutecio-econocircmico da clientela Auto-imagem da clientela

Aspectos fiacutesicos Instalaccedilotildees Arquitetura da loja Facilidade de compra

Poacutes-venda Satisfaccedilatildeo ou insatisfaccedilatildeo Fonte Adaptado de Kunkel e Berry (1968) Lindquist (1974) e Doyle e Fenwick (1974)

75

O estudo de Bloemer e Schroder (2002) considerou a satisfaccedilatildeo do consumidor como sendo

um niacutevel prazeroso de realizaccedilatildeo relacionado ao consumo Para esses autores a lealdade de

loja pode ser definida como a resposta comportamental enviesada (ou seja natildeo aleatoacuteria)

expressa atraveacutes do tempo pelo consumidor com relaccedilatildeo a uma loja sendo uma funccedilatildeo dos

processos psicoloacutegicos (tomada de decisatildeo e avaliaccedilatildeo) resultante do comprometimento

Essas respostas comportamentais foram consideradas para Bloemer e Schroder (2002) como

sendo comunicaccedilatildeo boca-a-boca intenccedilatildeo de compra e insensibilidade a preccediloBloemer e

Schroder (2002) demonstraram que um consumidor que percebe uma loja em particular com

imagem positiva estaacute mais propenso a satisfazer-se com essa loja do que um consumidor que

percebe a loja com uma imagem menos positiva Portanto seu estudo concluiu que uma

imagem de loja mais positiva levaria a um niacutevel de satisfaccedilatildeo maior Aleacutem disso uma

imagem de loja positiva tambeacutem levaria a um niacutevel de afeto maior para com a loja

aumentando tambeacutem o niacutevel de satisfaccedilatildeo Por sua vez a satisfaccedilatildeo levaria agrave lealdade se a

confianccedila e o comprometimento para com a loja estivessem presentes Portanto o modelo de

inter-relaccedilatildeo entre os conceitos acima pode ser apresentado conforme a figura 11

Engel Blackwell e Miniard (1995) explicam que as imagens formadas pelos consumidores

com base em suas percepccedilotildees dos atributos considerados importantes afetam o processo

decisoacuterio de escolha da loja A escolha da loja para esses autores seria uma funccedilatildeo de

caracteriacutesticas do consumidor e de caracteriacutesticas da loja Para tomar a decisatildeo sobre o local

de compra o consumidor busca informaccedilotildees que possam ajudaacute-lo a minimizar seu risco de

insatisfaccedilatildeo

76

Imagemde

loja

AfetoPositivo

Satisfaccedilatildeo Confianccedila ecomprometimento

Bocaa

boca

Insensibilidadea preccedilo

Intenccedilatildeo decompra

Fonte Adaptado pelas autoras de Bloemer e Schroder (2002)

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja

Mason Mayer e Ezell (1988) afirmam que estas informaccedilotildees podem ser fornecidas pelo

proacuteprio varejista por meio de propaganda e promoccedilotildees O consumidor ainda pode receber

recomendaccedilotildees de seus vizinhos parentes e amigos sobre em qual loja comprar O varejista

de posse dessas informaccedilotildees poderaacute explorar ao maacuteximo seus instrumentos de marketing para

criar o posicionamento desejado

Engel Blackwell e Miniard (1995) sugerem um modelo sobre o processo de escolha de loja

que envolve os criteacuterios de avaliaccedilatildeo usados pelos consumidores e as caracteriacutesticas

percebidas da loja ou seja a imagem da loja formada na mente do consumidor conforme

mostrado na Figura 12 Os consumidores de cada segmento formam imagens variadas de

acordo com a sua percepccedilatildeo acerca dos atributos considerados importantes Esta percepccedilatildeo e

portanto a formaccedilatildeo de imagem depende das seguintes variaacuteveis localizaccedilatildeo qualidade e

natureza do sortimento preccedilo propaganda e promoccedilatildeo empregados serviccedilos oferecidos

atributos fiacutesicos da loja tipo de clientela atmosfera da loja e satisfaccedilatildeo apoacutes a compra

77

Assim verifica-se que o varejista possui vaacuterias ferramentas para conseguir a satisfaccedilatildeo e a

fidelidade de seus clientes mas eacute preciso que ele as utilize adequadamente de modo que o

consumidor consiga perceber e formar uma imagem positiva da loja colocando-a como sua

primeira opccedilatildeo de compra

Criteacuterios Avaliatoacuterios1 Localizaccedilatildeo2 Amplitude e Profundidade de sortimento3 Preccedilo4 Propaganda e promoccedilatildeo de vendas5 Pessoal da loja6 Serviccedilos7 Outros

Caracteriacutesticas Percebidas das Lojas1 Localizaccedilatildeo2 Sortimento3 Preccedilo4 Propaganda epromoccedilatildeo de vendas1 Pessoal da loja2 Serviccedilos

Processo de Comparaccedilatildeo

Lojas aceitaacuteveis Lojas inaceitaacuteveis

Imagemda loja

Fonte Engel Blackwell e Miniard (1995)

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja

Lepsch (1996) considera o varejo tambeacutem como uma unidade decisoacuteria da economia

considerada sob o prisma de transaccedilotildees com os fornecedores na compra e com os

consumidores na venda de produtos Tal dualidade segundo o autor faz com que ele integre o

sistema de marketing dos fabricantes e ao mesmo tempo opere seu proacuteprio sistema de

marketing

78

Desde seu surgimento na deacutecada de 30 nos Estados Unidos passando pela sua implantaccedilatildeo na

deacutecada de 50 no Brasil ateacute chegar no seu estaacutegio atual o supermercado evoluiu muito

Buscou maior eficiecircncia introduziu novas tecnologias redutoras de custos e preccedilos e assim

ocupou gradativamente o lugar das lojas especializadas tradicionais no comeacutercio varejista

de alimentos e produtos de higiene e limpeza (SILVEIRA LEPSCH 1997) Com o

acirramento da competiccedilatildeo apoacutes o Plano Real e a abertura da economia a empresas e produtos

estrangeiros o consumidor tornou-se o foco das redes supermercadistas Mais exigentes e

com maior facilidade em memorizar os preccedilos o cliente fez com que o setor passasse a lutar

pela sua preferecircncia nas estrateacutegias via preccedilo e mais fortemente nas estrateacutegias extrapreccedilo

As estrateacutegias extrapreccedilos foram discutidas nesse toacutepico As estrateacutegias via preccedilo fazem parte

do objetivo principal do estudo O preccedilo como apresentado no quadro 6 eacute um dos

componentes da gestatildeo estrateacutegica do varejo supermercadista e um dos criteacuterios de maior

importacircncia na escolha da loja pelo consumidor conforme visto na figura 12

Parente (2000) afirma que de todas as variaacuteveis do marketing mix a decisatildeo de preccedilo eacute

aquela que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas A afirmaccedilatildeo volta agrave questatildeo inicial da flexibilidade da

variaacutevel preccedilo em relaccedilatildeo aos outros componentes do mix de marketing ou seja as poliacuteticas

de preccedilos dos varejistas podem ser alteradas em curtiacutessimo prazo e devido agrave facilidade na

implementaccedilatildeo dessas alteraccedilotildees muitos varejistas assumem uma postura fortemente

competitiva respondendo rapidamente agraves alteraccedilotildees de preccedilo da concorrecircncia Boone e Kurtz

(1998) argumentam que os preccedilos desempenham um papel importante na percepccedilatildeo do

varejista por parte do consumidor e satildeo sempre um componente imprescindiacutevel para uma

estrateacutegia competitiva completa

79

O preccedilo eacute um determinante da compra dos produtos pelos clientes Eacute um dos elementos chave

para alcanccedilar o volume de vendas desejado e tem grande impacto nos lucros das empresas e

tem o papel fundamental na percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos compradores Eacute tambeacutem

variaacutevel do composto que pode ser mais facilmente comparada pelo consumidor no momento

da compra

O proacuteximo toacutepico discute a fixaccedilatildeo de preccedilos para o varejo supermercadista Os passos

propostos pelos autores apresentados na revisatildeo bibliograacutefica sobre determinaccedilatildeo de preccedilos

satildeo revistos agora com foco nas estrateacutegias adotadas pelos supermercados Alguns dos

componentes que influenciam no posicionamento das lojas satildeo discutidos em seguida como

possiacuteveis influenciadores no processo de precificaccedilatildeo de produtos comercializados pelas

grandes redes

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados

Lepsch (1966) afirma que pode-se esquematizar o apreccedilamento em um supermercado da

seguinte maneira primeiro emprega-se o meacutetodo de precificaccedilatildeo do mark up sendo que o

custo sobre o qual vai incidir a margem eacute custo da colocaccedilatildeo do produto do fornecedor na

loja A seguir os produtos do sortimento da loja satildeo divididos em categorias e para cada uma

eacute atribuiacuteda uma margem-objetivo Por fim o custo mais a margem datildeo um preccedilo para cada

um dos itens de uma categoria de produtos que precisa ser comparado com o preccedilo do mesmo

item nas lojas da concorrecircncia localizadas dentro da aacuterea de influecircncia do estabelecimento

em foco

80

O autor destaca que natildeo pode haver muita diferenccedila entre os preccedilos de um mesmo item dentro

de uma mesma aacuterea de influecircncia principalmente para cima (preccedilo mais alto) Neste caso a

empresa deve rever e ajustar o seu preccedilo A variaccedilatildeo de preccedilos pode aparecer por diferenccedilas

nos custos de produccedilatildeo dos comerciantes (REINGANUN1979) na busca por preccedilos menores

por parte dos consumidores (ROB 1985) ou pela lealdade resultante das compras repetitivas

de um uacutenico produto pelos clientes (MCMILLAN MORGAN 1988)

A tarefa de ajuste de preccedilos eacute de responsabilidade do gerente da loja que precisa manter as

margens meacutedias exigidas para as diversas categorias ou seccedilotildees de sua loja e principalmente

deve alcanccedilar a margem meacutedia geral estabelecida pela rede de supermercados (LEPSCH

1996) Silveira e Lepsch (1997) reforccedilam a responsabilidade do gerente na gestatildeo do preccedilo

de sua loja ao concluiacuterem que houve descentralizaccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos pelos

supermercados adotando-se na maioria dos casos um sistema misto

Os autores realizaram um estudo que confirmou a hipoacutetese de que a autoridade da loja na

precificaccedilatildeo aumentou Consequumlentemente a responsabilidade da loja pela obtenccedilatildeo de

resultados financeiros a ela designados tambeacutem aumentou Cabe tambeacutem ao gerente da loja

ficar atento ao comportamento do consumidor em relaccedilatildeo aos preccedilos dos produtos e ao

sortimento ao atendimento aos serviccedilos prestados entre outros (SILVEIRA LEPSCH

1997)

Ao estabelecer o preccedilo de venda ao consumidor o varejista toma uma seacuterie de decisotildees

estrateacutegicas Relacionando-se o estabelecimento do preccedilo em redes supermercadistas (figura

13) com os seis passos propostos por Kotler e Keller (2005) para o apreccedilamento adequado de

um produto pela induacutestria e discutidos nos itens anteriores desta revisatildeo bibliograacuteficas pode

fazer a seguinte comparaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilos propostos McGoldrick

81

(1990) considera que os apresentados no quadro 7 satildeo os adotados com mais frequumlecircncia pelas

empresas varejistas

Preccedilo geograacutefico

Descontos e concessotildees Preccedilo promocional Preccedilo diferenciado

Preccedilo de composto de produtos

Fonte Elaborado pela autora a partir de Kotler e Keller (2005)

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo

Mark-up padratildeo sobre o custo

Retorno-alvo

Preccedilo de valor

Valor percebido pelo

cliente

Preccedilo de mercado

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Determinaccedilatildeo do Objetivo de Preccedilo

Determinaccedilatildeo da Demanda

Estimativa de Custos

Anaacutelise de Custo Preccedilo e Ofertas do Concorrente

Seleccedilatildeo do Meacutetodo de Determinaccedilatildeode Preccedilo

Seleccedilatildeo do Preccedilo Final e Ajuste

82

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Maximizaccedilatildeo do lucro Redes de tamanho meacutedio com administraccedilatildeo familiar (geralmente)

Retirada razoaacutevel

Redes pequenas com administraccedilatildeo familiar

Maximizaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado Caracteriacutestica das grandes e meacutedias redes ou ainda em cadeias que estatildeo introduzindo novos modelos ou outros novos formatos

Defesa do mercado Muitas redes varejistas procuram proteger determinada aacuterea de influecircncia criando barreiras agrave entrada de novos concorrentes no mercado

Estabilizaccedilatildeo do mercado Com esse objetivo a loja procura interromper a praacutetica de guerra de preccedilos pela concorrecircncia podendo-se utilizar tambeacutem para desviar a atenccedilatildeo do consumidor dos preccedilos praticados

Imagem da rede A praacutetica de uma poliacutetica de preccedilos baixos todo dia (EDLP every day low price) pode ser um objetivo para atrair o consumidor e mantecirc-lo fiel agraves lojas da rede Eacute possiacutevel consideraacute-la tambeacutem um objetivo que visa mostrar ao consumidor integridade nos preccedilos

Preccedilos abaixo do custo marginal Caso um item categoria de produto ou seccedilatildeo apresentar sinais de entrada no estaacutegio final do ciclo de vida (decliacutenio) um objetivo comumente adotado eacute a eliminaccedilatildeo dos estoques por intermeacutedio de preccedilos baixos de maneira a gerar espaccedilo para a entrada de novos produtos Utiliza-se tambeacutem esse recurso em uma promoccedilatildeo como forma de atrair clientes para a loja

Fonte Elaborado pela autora a partir de McGoldrick (1990) e Kotler e Keller 2005

83

Parente (2000) completa observando que o varejista pode buscar como estrateacutegias de

apreccedilamento (i) preccedilos acima do mercado o varejista natildeo concorre em preccedilo evitando que a

marcaccedilatildeo de seus preccedilos esteja baseada na concorrecircncia (ii) preccedilos meacutedios de mercado os

varejistas buscam a diferenciaccedilatildeo em outros componentes do composto de marketing como

localizaccedilatildeo serviccedilos ou linha de produtos e (iii) preccedilos abaixo do mercado varejistas que tecircm

no preccedilo sua arma competitiva mais forte geralmente associado a uma estrutura de baixos

custos com avanccedilada tecnologia e modernos meacutetodos de gestatildeo

Em termos de determinaccedilatildeo da demanda cada preccedilo levaraacute a um niacutevel de demanda e teraacute um

impacto diferente nos objetivos de marketing da empresa Como foi discutido demanda e

preccedilo satildeo inversamente relacionados ou seja quanto mais alto o preccedilo de um produto menor

a quantidade demandada por este mesmo item A mesma regra eacute valida no supermercado Por

isso a preocupaccedilatildeo com o controle de preccedilos dos produtos ofertados

Ghisi (2005) explica que a formaccedilatildeo de oligopoacutelios no setor supermercadista gera diversos

riscos como por exemplo a imposiccedilatildeo de preccedilos realizada pelas grandes redes junto aos

fornecedores que traz como consequumlecircncia a restriccedilatildeo de opccedilotildees para os consumidores De

acordo com esse boletim a implantaccedilatildeo dessas grandes lojas resulta na perda de um grande

nuacutemero de postos de trabalho A abertura dessas empresas normalmente significa o

aniquilamento dos pequenos supermercados mercadinhos que operam no bairro e

adjacecircncias Esse fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil tendo grande contribuiccedilatildeo para o

desenvolvimento social e econocircmico do paiacutes (GHISI 2005)

84

A oligopolizaccedilatildeo tambeacutem aumenta o poder de barganha dos grandes grupos que passam a

competir por preccedilo Em contrapartida os pequenos supermercadistas que natildeo tecircm escala

comparaacutevel acabam comprando produtos de atacadistas e natildeo diretamente de fornecedores

aumentando assim os seus custos Isso acarreta em produtos finais caros para o consumidor

pois a margem de lucro dos atacadistas eacute elevada inviabilizando o repasse no preccedilo das

mercadorias (GHISI 2005)

Quanto agrave estimativa dos custos sabe-se que a demanda estabelece um teto no preccedilo que uma

empresa pode cobrar por seu produto e os seus custos determinam o piso ou seja o preccedilo

miacutenimo A empresa varejista deseja cobrar um preccedilo que cubra seu custo de produccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e venda do produto incluindo um retorno justo por seu esforccedilo e pelo seu risco

Especialistas concordam que a maioria das redes varejistas ainda utiliza o mark-up para

calcular o preccedilo das mercadorias com a taxa desejada de retorno

A anaacutelise de custos preccedilos e ofertas dos concorrentes tambeacutem acontece da mesma forma

para o varejista ou seja dentro da faixa de preccedilos possiacuteveis determinados pela demanda de

mercado e pelos custos da empresa esta deveraacute levar em conta os custos preccedilos e possiacuteveis

reaccedilotildees de preccedilos dos concorrentes Vale considerar neste ponto o conceito de shopping de

preccedilos que eacute o nome dado agrave praacutetica da obtenccedilatildeo de informaccedilotildees perioacutedicas sobre preccedilos

praticados pelos concorrentes Silveira e Lepsch (1997) explicam que como a concorrecircncia eacute

determinada em cada mercado supermercadista em geral cada loja possui sua proacutepria equipe

para coletar essas informaccedilotildees

O shopping de preccedilos abrange uma cesta baacutesica ampliada com cerca de 400 produtos sendo

estes de alto giro marcas fortes e elevados gastos promocionais por parte dos fornecedores

(alguns exemplos sabatildeo em poacute Omo leite condensado Moccedila sal Cisne e Accediluacutecar Uniatildeo) A

cesta varia de acordo com o formato da loja regiatildeo do paiacutes localizaccedilatildeo (ou aacuterea de

85

influecircncia) segmentaccedilatildeo de mercado entre outros (SILVEIRA LEPSCH 1997) Mas natildeo eacute

somente o shopping de preccedilos que possui informaccedilotildees importantes sobre a concorrecircncia Os

supermercadistas recorrem tambeacutem a dados adicionais em jornais tabloacuteides e televisatildeo para

formarem os preccedilos de seus produtos (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Em relaccedilatildeo agrave seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos para os varejistas tambeacutem satildeo

considerados paracircmetros como os custos a concorrecircncia a avaliaccedilatildeo dos clientes e o preccedilo

maacuteximo a ser cobrado Os meacutetodos mais utilizados no varejo encontram-se descritos no

quadro 8

Sobre as margens Boone e Kurtz (1998) ainda ressaltam que constituem fatores importantes

na imagem do varejista perante seus atuais e possiacuteveis clientes afetando ainda a sua

capacidade de atrair clientes Margens muito altas podem assustar e afastar os consumidores e

a praacutetica de uma taxa inadequada (muito baixa) pode natildeo cobrir os custos e natildeo gerar retorno

As margens satildeo expressas como porcentagem do preccedilo final de venda de um produto ou do

seu custo (BOONE KURTZ 1998) Suas foacutermulas satildeo

Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Preccedilo de Venda

Percentual de Margem sobre o Custo = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Custo

86

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Mark-up padratildeo sobre o custo Muitos varejistas adotam esse meacutetodo por ser mais raacutepido mecacircnico e relativamente simples de ser usado Resulta sempre de dois fatores os serviccedilos oferecidos (custos que precisam ser cobertos) e taxa de giro de estoque

Retorno-alvo

Preccedilo que permite atingir a taxa-alvo de retorno - ROI (return over investment)

Preccedilo de valor Preccedilo baixo para oferta de alta qualidade - no varejo o preccedilo de valor traduz-se na poliacutetica de fixar preccedilos baixos todos os dias (EDLP) - o varejista que seguir a praacutetica cobra um preccedilo baixo constantemente todos os dias sem descontos temporaacuterios nos preccedilos eliminando assim a incerteza de preccedilos de uma semana para a outra

Valor percebido pelo cliente Considera as percepccedilotildees dos clientes e natildeo os custos do vendedor como chave para determinar preccedilo Como analogia no varejo tem-se a estrateacutegia de preccedilo alto-baixo (High Low Price - HILO) onde o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes nas quais os preccedilos caem temporariamente abaixo do niacutevel da poliacutetica EDLP As promoccedilotildees criam entusiasmo e atraem compradores Por esse motivo a EDLP natildeo constitui garantia de sucesso Muitos varejistas utilizam uma combinaccedilatildeo de estrateacutegias de determinaccedilatildeo de preccedilos alto-baixos e de preccedilos baixos todos os dias com um aumento de propaganda e de promoccedilotildees

Preccedilo de mercado Estabelecer preccedilos com base nos concorrentes Praacutetica comum entre varejistas com conhecimento entre os competidores para realizaccedilatildeo de shopping de preccedilos em suas lojas

Fonte Elaborado pela autora com base em Boone e Kurtz (1998) Levy e Weitz (2000) Parente (2000)

87

Poreacutem quando se conhece apenas o custo e o percentual de margem calculado sobre o preccedilo

de venda as seguintes foacutermulas satildeo utilizadas

Preccedilo = Custo

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Custo 100 + Percentual de Margem sobre o Custo

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Boone e Kurtz (1998) explicam que as margens baseiam-se em parte no julgamento do

comerciante com relaccedilatildeo aos preccedilos que os consumidores estariam dispostos a pagar por um

produto Quando estes se recusam a pagar o preccedilo fixado ou surgem produtos de melhor

qualidade o varejista trabalha com a estrateacutegia de desconto que tem o seu percentual

calculado pela foacutermula

Percentual de Desconto = Valor do Desconto Novo Preccedilo

88

Os descontos tambeacutem podem ser utilizados para avaliaccedilotildees (BOONE KURTZ 1998) Os

gerentes da loja ou os compradores podem ser avaliados em parte com base nos percentuais

meacutedios de descontos concedidos nas linhas de produtos pelas quais satildeo responsaacuteveis dentro de

uma rede supermercadista

Por fim a seleccedilatildeo do preccedilo final compreendida como o ajuste do preccedilo em funccedilatildeo da

percepccedilatildeo de qualidade - por parte dos consumidores - e da influecircncia de outros elementos do

composto de marketing levando em consideraccedilatildeo questotildees como serviccedilos prestados

localizaccedilatildeo e outros As taacuteticas natildeo satildeo mutuamente exclusivas e podem ser utilizadas

simultaneamente

Um problema que pode ser encontrado ao estabelecer uma estrutura de preccedilos diz respeito a

produtos que fazem parte de um mix ou linha Neste caso natildeo satildeo apenas os preccedilos que

variam mas tambeacutem os produtos considerados Desta forma a fixaccedilatildeo de preccedilos natildeo deve

seguir a mesma loacutegica determinada para um uacutenico item O varejista busca neste caso um

conjunto de preccedilos que maximize o lucro total (GRACIOSO 1997)

A determinaccedilatildeo de preccedilos eacute difiacutecil porque os produtos possuem custo e demanda

interrelacionados e estatildeo sujeitos a diferentes graus de concorrecircncia Toledo Proenccedila e Mello

Jr (2003) afirmam que esse problema abre espaccedilo para a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais modernas

de gestatildeo no varejo como o gerenciamento de categorias Os autores explicam que o

gerenciamento de categorias eacute uma das ferramentas do sistema Resposta Eficiente ao

Consumidor - ECR (Efficient Consumer Response) que tem por objetivo definir o sortimento

os preccedilos as ofertas e promoccedilotildees para atender os diferentes puacuteblicos de consumidores e obter

uma coerecircncia no modo de apresentaccedilatildeo dos produtos no ponto de venda por afinidade de

consumo o que facilita a venda o cliente e gera aumento de vendas

89

O ECR Brasil caracteriza uma estrutura de categoria como sendo um mapa da aacutervore de

decisatildeo do consumidor (ECR Brasil 1998) A questatildeo chave eacute a capacidade de refletir o

modo como o consumidor toma sua decisatildeo quando faz uma compra dentro da categoria

Nesse processo a atribuiccedilatildeo de papeacuteis para as categorias eacute uma das mais importantes

decisotildees a serem tomadas pelo varejista pois fornece a base para a diferenciaccedilatildeo competitiva

e consequumlente alocaccedilatildeo de recursos entre as unidades estrateacutegicas de negoacutecio por categoria

do varejista (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR 2003) A classificaccedilatildeo eacute a seguinte

bull Dominantes Destino satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica uma

grande variedade de produtos igual ou superior agrave meacutedia do mercado sendo que o

varejista busca uma notoriedade e reconhecimento por parte dos seus clientes no

sentido de que sua oferta de variedade de produtos seja a melhor do mercado Os

produtos dessa categoria tecircm a caracteriacutestica iacutempar de atrair os consumidores agraves lojas

Exemplo mercearia seca (accediluacutecar arroz feijatildeo etc)

bull Competitivas Traacutefego satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica

uma variedade de produtos igual agrave meacutedia do mercado sendo que o varejista posiciona-

se corretamente no que tange a oferta de variedade de produtos Essas famiacutelias satildeo

compostas de produtos que tambeacutem tecircm caracteriacutestica de atrair os consumidores agraves

lojas em razatildeo da necessidade e periodicidade de compras Exemplo leite longa vida

suco e patildeo de forma

bull Convenientes Bandeira satildeo famiacutelias que apresentam como caracteriacutestica uma

variedade de produtos limitada ou seja igual agrave oferta dos demais concorrentes do

mesmo segmento poreacutem inferior agrave variedade ofertada pelos varejistas especialistas

Exemplo tintas ferramentas automotivos

90

bull Sazonais satildeo famiacutelias que possuem como caracteriacutestica uma variedade de produtos

grande em razatildeo uacutenica e exclusiva de ocorrecircncia de um evento sazonal Exemplo

chocolates panetones perus

Toledo Proenccedila e Mello Jr (2003) consideram ainda que o papel da categoria frequumlentemente

fornece diretrizes para a alocaccedilatildeo de recursos do varejista desde estoques espaccedilo nas

prateleiras e investimentos promocionaispublicitaacuterios a gastos de capital e tempos de

gerenciamento Por exemplo categorias com papel destino podem ter preccedilos mais

competitivos com o objetivo de atrair os consumidores e tornar a loja preferida nas compras

da categoria Nas demais os preccedilos podem ser menos competitivos

Apesar de todos os seis passos estarem adequados agrave escolha da estrateacutegia de apreccedilamento dos

produtos comercializados pelo varejo supermercadista eacute importante lembrar que muitas das

suas atividades satildeo completamente distintas das atividades de uma induacutestria O supermercado

responsaacutevel pela entrega do produto ao consumidor final oferece vaacuterios serviccedilos que natildeo satildeo

comuns aos fabricantes Muitas dessas accedilotildees podem ter grande influecircncia sobre a fixaccedilatildeo de

preccedilo dos bens comercializados sejam por aumentar os custos ou mesmo por oferecer maior

valor para o cliente

A proacutexima discussatildeo refere-se a algumas variaacuteveis que possivelmente interferem na decisatildeo

de apreccedilamento dos supermercadistas sobre os itens que disponibilizam para os seus

consumidores Tais variaacuteveis vatildeo aleacutem da demanda ou custo dos produtos e representam

questotildees fundamentais para ganho de competitividade no varejo

91

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo

Beisel (1993) apud Vance e Angelo (2003) sugere que a definiccedilatildeo do niacutevel de preccedilos mais

adequado seja efetuada a partir da anaacutelise das caracteriacutesticas de diferentes dimensotildees do

composto de varejo (quadro 9) Em um primeiro momento eacute essencial que o varejista defina

quem eacute o seu puacuteblico alvo

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo

Estrateacutegias de Preccedilos Caracteriacutesticas

Abaixo do Mercado Niacutevel do Mercado Acima do Mercado

Localizaccedilatildeo Inconveniente Competitiva Privilegiada

Horaacuterio de

Funcionamento Curto Competitivo Longo

Serviccedilo Pouconenhum Meacutedio Personalizado

Prestiacutegio Pouco Meacutedio Alto

Exclusividade do

Produto Nenhuma Meacutedia Excluxivo

Merchandising

Fashionableness Baixo Meacutedia Alto

Custo da Mercadoria Baixo Meacutedio Alto

Fonte Vance e Acircngelo (2003)

A seguir eacute preciso que identifique e analise as caracteriacutesticas do seu negoacutecio Localizaccedilatildeo

horaacuterio de funcionamento serviccedilos prestiacutegio a exclusividade do produtomercadoria

merchandising fashionableness que pode ser compreendido como o grau de requinte ou

elegacircncia dos produtos comercializados e custo das mercadorias satildeo os principais aspectos

sugeridos para avaliaccedilatildeo segundo o autor

92

Enquanto as caracteriacutesticas do produto podem ser as mesmas entre os diferentes equipamentos

varejistas a variabilidade na qualidade de serviccedilo e as caracteriacutesticas do mercado podem ser

diferentes dentro de cada equipamento varejista (ANCARANI SHANKAR 2004)

Aleacutem das variaacuteveis destacadas por Vance e Acircngelo (2003) Lepsch (1996) e Ancarani e

Shankar (2004) o presente estudo observaraacute outros fatores colocados como importantes por

estudiosos de varejo como influenciadores da fixaccedilatildeo de preccedilos nos supermercados

2111 Produto

Para Czinkota (2001) os produtos satildeo o conjunto de atributos funccedilotildees e benefiacutecios que os

clientes compram O termo produto significa a oferta de uma empresa capaz de satisfazer

uma necessidade do consumidor (KOTLER KELLER 2005) Aleacutem disso os produtos de

consumo podem ser divididos nas seguintes categorias (i) produtos de conveniecircncia itens

baratos que os consumidores compram com pouco esforccedilo e satildeo amplamente distribuiacutedos (ii)

produtos de compra comparada mais caros que os de conveniecircncia e a decisatildeo de compra eacute

mais importante (iii) produtos de especialidade os consumidores desejam uma marca

particular (iv) produtos substitutos natildeo satildeo opccedilotildees sendo a distribuiccedilatildeo muito limitada e (v)

produtos natildeo procurados satildeo desconhecidos ou natildeo mas natildeo satildeo ativamente procurados ateacute

que necessite deles sendo as vendas personalizadas

Conforme observado nas diferentes classificaccedilotildees de produtos suas caracteriacutesticas

influenciam no preccedilo para o consumidor final Produtos de conveniecircncia satildeo considerados

mais baratos enquanto produtos de especialidades como satildeo procurados por marcas

especiacuteficas tendem a serem mais caros

93

Nagle e Holden (1995) consideram que a administraccedilatildeo do produto eacute a mais poderosa

ferramenta de influecircncia dos preccedilos O produto pode influenciar o preccedilo dependendo do niacutevel

de diferenciaccedilatildeo do produto do seu estaacutegio no ciclo de vida e do segmento de mercado de

atuaccedilatildeo (ZICKER 2002) Nos estaacutegios de introduccedilatildeo e crescimento o preccedilo eacute mais alto e na

maturidade a tendecircncia eacute de queda dos preccedilos (KOTLER KELLER 2005) Poreacutem eacute possiacutevel

modificar o produto ou aumentar o periacuteodo de estaacutegio analisando e percebendo as mudanccedilas

no ambiente

Stanton Walker Etzel (2001) consideram um mix de produtos como o conjunto de todos os

produtos oferecidos para venda por uma empresa Uma linha de produtos eacute um amplo grupo

de produtos destinados a usos essencialmente similares e tendo caracteriacutesticas fiacutesicas

similares O mix de produtos eacute composto por uma ou mais linhas de produtos Todos os

produtos que uma empresa comercializa podem ser considerados o seu o mix A amplitude ou

abrangecircncia do seu composto eacute a seacuterie de diferentes linhas de produtos a extensatildeo eacute o

nuacutemero de produtos (diferentes marcas) dentro de uma linha e a profundidade da linha satildeo os

tipos de produtos dentro de cada marca (STANTON WALKER e ETZEL 2001 KOTLER

KELLER 2005 PARENTE 2000)

2112 Marca

Com relaccedilatildeo agraves marcas dos produtos estudiosas afirmam que marcas e criaccedilatildeo de marcas satildeo

ingredientes vitais necessaacuterios ao sucesso no mercado (SHULTZ e BARNES 2001) Os

consumidores utilizam-se das marcas como fontes de informaccedilatildeo simplificando escolhas e

94

reduzindo riscos da aquisiccedilatildeo Elas capturam crenccedilas sobre os atributos e a imagem geral do

produto entre os clientes Os fabricantes estatildeo cada vez mais interessados em comercializar

novos produtos sob a proteccedilatildeo de nomes de marca bem estabelecidos familiares aos clientes

aumentando sua aceitabilidade (IACOBUCCI 2001)

A American Marketing Association (AMA) define marca como um nome termo

siacutembolosigno ou uma combinaccedilatildeo de todos que estaacute associado a diferentes produtos ou

serviccedilos de uma empresa em particular Essencialmente uma marca significa a promessa de

entrega de um produto ou um pacote particular de caracteriacutesticas benefiacutecios e serviccedilos para

os consumidores Iacobucci (2001) considera que as marcas possibilitam aos consumidores a

associaccedilatildeo a funcionalidades imagens e experiecircncias Com um mercado competitivo os

produtos ficam mais uniformes e com isso as marcas evoluem para oferecer um valor

diferenciado aos seus clientes A marca tornou-se base imediata para a escolha de uma

mercadoria traduzindose em lucros para a empresa

O sucesso da marca depende de associaccedilotildees A marca estaacute associada a uma rede de

pensamentos ou associaccedilotildees feitas apenas nas cabeccedilas dos consumidores O grande desafio

para uma marca eacute desenvolver um arranjo de ideacuteias associadas ao seu siacutembolo natildeo sendo

apenas um nome mas um conjunto de significados A construccedilatildeo de uma marca eacute orientada

por uma visatildeo de posicionamento desejado e implementada pelas decisotildees relacionadas ao

composto de marketing

O valor da marca apoiaacute-se na ideacuteia de que os consumidores compram e usam certos produtos

com marcas mais pelo que eles representam do que pelo que eles realmente fazem Aaker

(1991) define valor de marca como sendo o conjunto de ativos e passivos relacionados a uma

marca seu nome e siacutembolo que adicionam ou subtraem valor ao valor provido pelo produto

ou serviccedilo O autor identifica quatro principais categorias pelas quais o valor da marca pode

95

ser deduzido reconhecimento de marca associaccedilatildeo de marca qualidade percebida e

fidelidade agrave marca Essas categorias satildeo estreitamente relacionadas assim a lealdade da

marca eacute dependente do seu reconhecimento pelos consumidores do poder de estabelecimento

de associaccedilotildees bem como do niacutevel de qualidade percebida

Aaker (1996) afirma que o desafio para as marcas eacute que elas possuam uma imagem clara e

distinta que importe para o consumidor e realmente as diferencie dos outros concorrentes

Para a construccedilatildeo de grandes marcas o autor sugere que a empresa encare suas marcas natildeo

somente como um produto ou serviccedilo mas como uma organizaccedilatildeo uma pessoa e um siacutembolo

Assim tornar prioridade inovaccedilatildeo lideranccedila de mercado ou qualidade de produto como

estrateacutegia empresarial tem impacto direto na percepccedilatildeo da marca se esse tambeacutem for seu

posicionamento Esse tipo de associaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo eacute mais difiacutecil de imitar do que

atributos de produtos

As marcas satildeo selecionadas e usadas pelos consumidores para dizer alguma coisa que eles

gostariam de dizer O comprometimento com uma marca pode ser definido como um elo com

essa marca particular dentro de uma categoria de produto

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo

Neves (1999) afirma que os canais de distribuiccedilatildeo podem ser entendidos como sendo o

percurso que o produto faz ateacute o consumidor final Um conjunto de organizaccedilotildees

interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar esse produto ou serviccedilo para uso

ou consumo ou ainda como maneiras de desenhar desenvolver e manter relacionamentos

96

entre os participantes do canal de tal forma a obter vantagens competitivas sustentaacuteveis pelas

empresas tanto em niacutevel individual como coletivo (COUGHLAN et alli 2002) Para

Rosenbloom (1999) podem ser entendidos como uma organizaccedilatildeo externa que a gestatildeo

utiliza para atingir os seus objetivos de distribuiccedilatildeo A organizaccedilatildeo eacute externa porque natildeo faz

parte da estrutura interna da empresa satildeo os intermediaacuterios entre a induacutestria e o consumidor

final

Os intermediaacuterios tomam muitas formas atualmente incluindo lojas de departamentos lojas

de descontos lojas de eletrodomeacutesticos e eletrocircnicos lojas de vestuaacuterios hipermercados

supermercados lojas especializadas lojas de conveniecircncia franquias clubes de compras e

varejistas on-line Aleacutem disso os varejistas podem ocupar-se de bens com marca proacutepria

(marca de loja) e podem tambeacutem se integrar verticalmente para traacutes de forma eficaz na cadeia

de suprimento (COUGHLAN et alli 2002)

No Brasil os tipos mais importantes de varejista alimentiacutecio para distribuiccedilatildeo satildeo

hipermercados supermercados lojas de conveniecircncia lojas de especialidades (accedilougues

varejotildees padarias entre outros) mercearias e outros formatos (PARENTE 2000) Muitas

redes supermercadistas engajaram no processo de reformulaccedilatildeo do padratildeo de suas lojas para

atender a diversos segmentos de mercado passando a operar com diferentes bandeiras cada

uma focada em um nicho de mercado atrativo (GHISI 2005)

Os criteacuterios da AcNielsen (2004) classificam os canais de distribuiccedilatildeo de produtos

alimentares em 03 categorias baacutesicas Cada categoria possui um grupo de diferentes formatos

As categorias satildeo (i) consumo local formada por bares restaurantes lanchonetes e adegas

(ii) auto-serviccedilo que se refere ao formato de varejo alimentiacutecio caracterizado pela disposiccedilatildeo

dos produtos em self-service e pela existecircncia de caixas (check-outs) na saiacuteda como os

supermercado e hipermercados e (iii) tradicionais no qual pressupotildeem-se a presenccedila de

97

atendente (vendedor ou balconista) que assiste e interage no processo de compra (compra

assistida) como armazeacutens empoacuterios mercearias padarias etc

No auto serviccedilo as classificaccedilotildees da AcNielsen (2004) e da ABRAS (2005) consideram

como supermercados os estabelecimentos encontrados em bairros ou vizinhanccedila para

compras rotineiras preccedilos meacutedios que apresentam como principais seccedilotildees de vendas

mercearia bazar e pereciacuteveis Possuem cerca de 1500 a 5000 itens em exposiccedilatildeo e de 2 a 40

check-outs mais de 300 msup2 de aacutereas de vendas e faturamento anual de mais de 1 milhatildeo de

doacutelares Em termos do porte da loja satildeo considerados pequenos aqueles supermercados que

possuem ateacute 4 check-outs de pequenos agrave meacutedios os com 5 a 9 check-outs meacutedios quando

possuem de 10 a 19 check-outs e grandes os supermercados cujo nuacutemero de check-outs varia

entre 20 a 49

Os hipermercados satildeo estabelecimento localizado em aacutereas de intenso fluxo e faacutecil acesso

destinado agraves compras de maior volume preccedilos baixos e com mais descontos Possuem como

principais seccedilotildees de vendas mercearia bazar e pereciacuteveis tecircxteis e eletrodomeacutesticos Tecircm

mais de 5000 itens em exposiccedilatildeo nuacutemero de check-outs acima de 50 mais 5000 msup2 de aacutereas

de vendas e faturamento anual de mais de 12 milhotildees de doacutelares A tabela 1 apresenta a

classificaccedilatildeo do setor supermercadista de acordo com o nuacutemero de check-outs

Ghisi (2005) apresenta os principais formatos de loja existentes como

1 Loja de conveniecircncia modelo importado dos Estados Unidos na deacutecada de 80 que

pode ser caracterizado por oferecer pequena variedade de itens (cerca de 1000 itens)

principalmente de conveniecircncia e possuir aacuterea de venda de 50 msup2 a 250 msup2 Satildeo lojas

relativamente pequenas de faacutecil acesso e para compras raacutepidas que funcionam 24

horas por dia Constituem um importante canal de distribuiccedilatildeo varejista minimizando

98

esforccedilos de compra dos clientes Essas lojas estatildeo localizadas em postos de gasolina

ou em aacutereas de grande concentraccedilatildeo populacional Os preccedilos praticados geralmente

satildeo 15 maiores do que os dos supermercados convencionais

2 Loja de Sortimento Limitado ou discount conceito trazido da Alemanha que

representou na eacutepoca uma inovaccedilatildeo incremental Opera cerca de 700 itens

basicamente de mercearia e praticamente nenhum serviccedilo Na deacutecada de 80 as lojas

de sortimento limitado se tornaram muito populares impulsionadas pela rede

Minibox do Patildeo de Accediluacutecar que passou a ser seguida por concorrentes da eacutepoca Esse

formato de loja praticamente desapareceu na deacutecada de 90 e retomou sua importacircncia

a partir do ano 2000 As lojas de descontos atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Esse tipo de loja opera com sortimento

limitado e poucos funcionaacuterios o que pode resultar na oferta de preccedilos competitivos

3 Supermercado Compacto supermercado de menor porte eacute o conhecido supermercado

de vizinhanccedila Representam a maioria das unidades de auto-serviccedilos do Brasil e em

geral pertencem a operadores independentes Atualmente satildeo responsaacuteveis por cerca

de 14 da distribuiccedilatildeo de alimentos no Brasil onde estatildeo em plena ascensatildeo

4 Supermercado Convencional tradicional supermercado com aacuterea de venda de 700 msup2

a 2500 msup2 Dentre as seccedilotildees existentes opera principalmente as mais tradicionais

mercearia pereciacuteveis bazar carnes e aves frios e laticiacutenios sendo crescente o

aumento de seccedilotildees para atrair o cliente como a de padaria e de peixaria A meacutedia de

itens ofertados eacute de 9000 e os produtos satildeo alimentiacutecios na grande maioria Pode ser

definido como um mercado generalista que revende para o consumidor final ampla

variedade de produtos de forma departamentalizada no sistema de auto-serviccedilo A

maioria das redes atuantes no Brasil opera grande nuacutemero de lojas classificadas como

supermercados convencionais

99

5 Superloja tipo de loja que opera com uma completa linha de produtos alimentiacutecios

Os natildeo-alimentiacutecios comeccedilam a crescer em importacircncia podendo representar ateacute 10

das vendas A aacuterea de comercializaccedilatildeo possui 4500 msup2 em meacutedia e a ecircnfase eacute nos

serviccedilos natildeo pereciacuteveis bem como em uma ampla seccedilatildeo de alimentos A Superloja

tambeacutem oferece uma razoaacutevel gama de produtos tecircxteis e eletrocircnicos O nuacutemero de

itens pode ser ateacute 60 superior ao de um supermercado convencional e operam um

nuacutemero meacutedio de 14000 itens de produtos No Brasil existem cerca de 400 superlojas

de alimentos as que representam 13 das vendas do varejo alimentiacutecio A tendecircncia eacute

que esse tipo de formato ganhe importacircncia nos proacuteximos anos

6 Hipermercado o conhecido modelo de loja importado da Franccedila caracterizado pelo

largo espectro de produtos alimentares e bebidas A aacuterea para alimentos geralmente eacute

maior do que 50 do total da aacuterea de vendas totais da loja Os hipermercados

trabalham com completa linha de alimentaccedilatildeo e quase completa linha de natildeo-

alimentos vendendo cerca de 35000 itens Satildeo comercializados em torno de 45000

itens e as seccedilotildees tiacutepicas dessas lojas satildeo mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves

padaria frios e laticiacutenios bazar peixaria tecircxtil e eletrocircnicos No Brasil existem mais

de 100 hipermercados que representam 13 das vendas do varejo alimentar

7 Supercenter esse tipo de formato eacute considerado uma adaptaccedilatildeo norte-americana dos

hipermercados franceses e tem as caracteriacutesticas de uma loja de departamento

acrescida de um supermercado que ocupa 40 da aacuterea de venda Chega a operar em

torno de 60000 itens e tem dimensotildees de ateacute 19000 msup2 O layout de disposiccedilatildeo das

gocircndolas cria seccedilotildees isoladas dentro da loja

8 Loja-Depoacutesito no Brasil o nuacutemero de lojas-depoacutesito ainda eacute muito pequeno sendo

composto pelas redes que oferecem mais de 7000 itens com boa participaccedilatildeo dos

pereciacuteveis A aacuterea de venda geralmente eacute em torno de 4000 msup2 a 7000 msup2 Opera as

100

seguintes seccedilotildees mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves tecircxtil frios e laticiacutenios

bazar e eletrocircnicos O foco desse tipo de loja estaacute relacionado agrave imagem de preccedilo

baixo e aos poucos serviccedilos oferecidos A oferta de natildeo-alimentos comeccedila a crescer

nesse formato e as vendas desses produtos atingem 8 do total vendido

9 Clube de Atacadistas tipo de loja que opera nas linhas alimentiacutecia e natildeo-alimentiacutecia

tem aacuterea de vendas despojada e de baixo investimento expondo a mercadoria em

estruturas metaacutelicas O puacuteblico alvo desse tipo de loja pode ser definido pelos

pequenos comeacutercios bares e restaurantes bem como por famiacutelias de menor poder

aquisitivo Geralmente essas lojas operam 5000 itens de produtos e a porcentagem de

vendas dos natildeo-alimentos chega a 35 Operam nas seccedilotildees de mercearia bazar

carnes e aves vestuaacuterio frios e laticiacutenios e eletrocircnicos O nuacutemero de check-outs

existentes nessas lojas fica entre 25 a 35

Entretanto Stern El-Ansary e Coughlan (1996) consideram que as atividades varejistas

podem ser feitas por todos os membros do canal e ateacute mesmo pela induacutestria e observa-se

grande competiccedilatildeo dentro dos diferentes formatos Aleacutem disso a maneira como o produto eacute

distribuiacutedo tambeacutem eacute importante para a formaccedilatildeo do preccedilo Dependendo do canal eacute possiacutevel

definir preccedilos diferenciados por segmento Deve-se ter o cuidado de escolher corretamente o

canal de distribuiccedilatildeo porque ele pode guiar toda a poliacutetica de preccedilos dentro da cadeia de

suprimentos caso os intermediaacuterios tiverem um alto poder de negociaccedilatildeo

Nagle e Holden (1995) recomendam uma estrateacutegia de distribuiccedilatildeo coerente com a estrateacutegia

de preccedilos ou seja para um produto que atrai os compradores pelo baixo preccedilo eacute necessaacuterio

obter baixo custo de distribuiccedilatildeo jaacute para um produto que atrai os consumidores pelos seus

atributos superiores apesar do preccedilo alto eacute recomendaacutevel obter uma distribuiccedilatildeo que

complemente esses atributos e os torne visiacuteveis

101

Quando o valor da diferenciaccedilatildeo do produto se suporta por meio desta argumentaccedilatildeo eacute

arriscado confiar completamente na distribuiccedilatildeo independente A distribuiccedilatildeo pode-se

transformar em um serviccedilo de diferenciaccedilatildeo do produto diminuindo a sensibilidade a preccedilos

por parte dos clientes Portanto na medida em que for oferecido um pacote de serviccedilos

diferenciados pela distribuiccedilatildeo aumenta-se a competitividade do produto tornando-se o preccedilo

menos relevante

2114 Localizaccedilatildeo da Loja

Os supermercadistas ao fixar seus preccedilos levam em conta os preccedilos praticados pela

concorrecircncia Satildeo consideradas concorrentes as lojas que se situam numa mesma aacuterea

geograacutefica de influecircncia (SILVEIRA LEPSCH 1997) O nuacutemero de lojas concorrentes na

mesma localizaccedilatildeo determina a estrutura do mercado o que permite concluir que o poder de

monopoacutelio no setor supermercadista varia segundo o grau de concorrecircncia existente nos

diferentes mercados

Lukianocenko (2003) afirma que um dos fotos que mais chamou a atenccedilatildeo em um estudo

realizado pela LatinPanel relaciona-se aos motivos que levam o consumidor a escolher um

supermercado para realizar suas compras Entre esses motivos destaca-se a proximidade do

estabelecimento com a casa ou trabalho do consumidor que aparece em primeiro lugar em

todas as classes analisadas (A ateacute E) em 52 dos casos O estudo tambeacutem enfatiza que a

proximidade tem o mesmo peso tanto para clientes de pequenos estabelecimentos quanto para

os de grandes lojas (LUKIANOCENKO 2003) A informaccedilatildeo reforccedila o conceito de que a

conveniecircncia eacute um fator primordial na definiccedilatildeo da opccedilatildeo de compra sendo um forte

102

indicativo a favor do supermercadista de pequeno porte Se ele conhece as caracteriacutesticas de

sua vizinhanccedila pode desenvolver serviccedilos e criar novos atrativos para fidelizar o seu cliente

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista

Historicamente os varejistas eram muito dependentes do poder de algumas induacutestrias

multinacionais proprietaacuterias de marcas fortes e consagradas no mercado Entretanto o

crescimento na concentraccedilatildeo do setor varejista e na concorrecircncia entre marcas de produtos

substitutos ocasionou uma inversatildeo nesse poder Se um varejista natildeo compra uma marca de

produto e isso implica na perda de consumidores leais a essa marca significa que a induacutestria

tem o poder mas se o consumidor aceita marcas substitutas e continua a frequumlentar o ponto-

de-venda o poder estaacute nas matildeos do varejista (KUMAR 1997)

Isso acontece porque o poder de cada parte estaacute intrinsecamente relacionado com a

interdependecircncia das relaccedilotildees dos parceiros envolvidos o poder do varejista depende do niacutevel

de dependecircncia do seu fornecedor e vice-versa (HOGARTH-SCOTT 1999) Quando uma

empresa depende dos recursos de outra organizaccedilatildeo acaba ficando suscetiacutevel agraves exigecircncias

desta que usufrui do seu poder para maximizar seus interesses Mas quando existe a muacutetua

interdependecircncia os investimentos satildeo compartilhados e as partes executam suas atividades

visando o benefiacutecio do canal como um todo

103

Poirier e Reiter (1996) consideram que os membros mais poderosos do canal de distribuiccedilatildeo

exercem sua forccedila sobre os participantes mais fracos A fraqueza nessas situaccedilotildees eacute derivada

do fato de essas influecircncias servirem apenas para criar associaccedilotildees instaacuteveis entre as

organizaccedilotildees que tentam lucrar o maacuteximo possiacutevel sobre os outros em vez de trabalharem

para o benefiacutecio coletivo Nesse contexto as dinacircmicas do poder e da dependecircncia satildeo fatores

importantes a serem considerados pois eles permitem uma visatildeo de como a estrutura do canal

pode influenciar a performance do relacionamento

O poder pode ser definido como a habilidade de um ator (A) conseguir de um outro ator (B)

aquilo que ele deseja (HOGARTH-SCOTT 1999) Dentro dos limites razoaacuteveis eacute possiacutevel

conseguir tudo o que deseja se estiver ciente das opccedilotildees testar suposiccedilotildees correr riscos

calculados e basear-se em informaccedilotildees soacutelidas acreditando que se tem poder (MARTINELLI

ALMEIDA 1998)

Negociaccedilatildeo eacute um conceito em contiacutenua formaccedilatildeo que estaacute amplamente relacionado agrave

satisfaccedilatildeo de ambos os lados Nierenberg (1981 p 3) considera o conceito como um

negoacutecio que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir

benefiacutecios duradouros para todos os participantes Fisher e Ury (1985) e Hodgson (1996)

definem a negociaccedilatildeo como um processo de comunicaccedilatildeo bilateral que envolve um elemento

de permuta e barganha onde os agentes trocam recursos de valor por outro visando uma

decisatildeo conjunta e a satisfaccedilatildeo para todos os envolvidos

A efetiva utilizaccedilatildeo de poder por uma das partes conforme Coughlan (2001) tende a ocorrer

de forma mais acentuada na medida em que a distribuiccedilatildeo de poder entre os membros do

canal seja mais desequilibrada

104

Nas deacutecadas passada o ponto determinante de uma negociaccedilatildeo era basicamente o preccedilo e

cada agente da cadeia de suprimentos buscava maximizar seus ganhos mesmo que isso

implicasse na reduccedilatildeo dos lucros dos aliados comerciais (ALCAcircNTARA 1998 FLEURY et

alli 2000) Considerando o ambiente turbulento em que estatildeo inseridas as empresas neste

iniacutecio de seacuteculo o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas negociaccedilotildees entre varejistas e

fornecedores Grandes estabelecimentos negociam grandes volumes a preccedilos mais baixos do

que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis de um mesmo

produto do que a concorrecircncia

As grandes redes varejistas conseguem concessotildees especiais de fornecedores que nem

sempre satildeo justificadas por argumentos de aumento da eficiecircncia proacute-competitiva e que em

muitos casos apresentam efeitos adversos significantes sobre a competiccedilatildeo em toda a cadeia

produtiva Segundo os autores em geral as condutas adotadas pelo varejo brasileiro

apresentam grau de abuso do poder de compra ao serem unilaterais e restritivas Destacam o

fato de que o grau de interdependecircncia do fornecedor diante dos grandes varejistas acentua o

efeito negativo da adoccedilatildeo de tais praacuteticas e que qualquer argumentaccedilatildeo eacute punida com o

teacutermino da relaccedilatildeo comercial

105

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas

Os estudos realizados sobre a variaccedilatildeo de preccedilos de produtos em diferentes regiotildees tecircm obtido

menos sucesso para encontrar a relaccedilatildeo entre a diferenccedila nos preccedilos de produtos e variaacuteveis

demograacuteficas de um mercado Estudos recentes de preccedilos de mantimento alcanccedilaram

resultados misturados Hayes (2000) natildeo identificou em sua pesquisa um relacionamento

estatiacutestico significativo entre preccedilos de mantimento e o niacutevel de renda de residentes de um

mercado

Por outro lado Frankel e Gould (2001) encontraram em seus estudos que os preccedilos satildeo mais

elevados nos mercados com mais desigualdade da renda Os preccedilos satildeo mais elevados onde haacute

uma renda mais baixa ou renda mais elevada e os preccedilos mais baixos satildeo encontrados nos

mercados consumidores com renda entre estes dois grupos Entretanto o modelo dos autores

natildeo permite que determine se os resultados encontrados satildeo devido agraves diferenccedilas no

comportamento do consumidor nos custos ou nas diferenccedilas entre as caracteriacutesticas das lojas

e a qualidade dos serviccedilos fornecidos

Resultados parecidos foram encontrados por pesquisadores do setor de restaurantes Graddy

(1997) encontrou que os preccedilos satildeo mais altos em regiotildees com uma proporccedilatildeo maior de

consumidores de renda inferior Poreacutem seu modelo natildeo identificou se a diferenccedila de preccedilos

observada poderia vir das diferenccedilas de custos e condiccedilotildees de demanda ou se reflete a

estrateacutegia de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre varejistas

Kaufman et alli (1997) afirmam que os preccedilos de mantimento tendem a ser mais elevados em

centros urbanos do que em mercados suburbanos Alguns especulam que um acesso maior

aos supermercados nos subuacuterbios eacute o fator responsaacutevel por essa diferenccedila Em comparaccedilatildeo agraves

106

lojas da cidade os supermercados de subuacuterbios satildeo aptos a oferecer os preccedilos mais baixos e

uma escala maior dos tipos de produtos dos tamanhos do pacote e das escolhas por qualidade

MacDonald e Nelson (1991) encontram em seus estudos que uma cesta baacutesica de produtos

custa aproximadamente 4 menos nas lojas suburbanas do que em lojas da cidade

117 O Preccedilo da Concorrecircncia

Como foi discutido Lambin (2000) considera que a escolha de uma estrateacutegia de preccedilos

impotildee o respeito a dois tipos de coerecircncia a coerecircncia interna que contempla que o preccedilo

definido respeite as condiccedilotildees de custo e de rentabilidade da empresa e a coerecircncia externa

que exige um preccedilo compatiacutevel com a sensibilidade dos compradores ao preccedilo e com os

preccedilos praticados pela concorrecircncia Portanto a estrateacutegia de preccedilo eacute influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento e do valor percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo

produzidos pela empresa com o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (KOTLER

KELLER 2005 e STANTON WALKER ETZEL 2001)

A definiccedilatildeo do preccedilo baseada na concorrecircncia usa o balizamento dos preccedilos com os do

concorrente ou seja natildeo precisa colocar o mesmo preccedilo mas a qualquer movimento do

competidor haacute uma mudanccedila proporcional nos preccedilos da empresa Esta praacutetica eacute muito

comum no caso dos oligopoacutelios Se houver um movimento de preccedilos de um competidor os

outros fatalmente o seguiratildeo ou perderatildeo participaccedilatildeo de mercado Por isso os principais

desafios que estas empresas enfrentam satildeo o bom controle dos custos de modo a ficarem

107

mais competitivas e suportarem uma agressividade de preccedilos da concorrecircncia e a capacidade

de diferenciar os produtos agregando serviccedilos de modo a fugir da guerra de preccedilos

Normalmente o competidor que tem a maior parcela de mercado exerce a lideranccedila de preccedilos

sendo que os outros satildeo seguidores O que permite ao liacuteder direcionar preccedilos eacute o maior

conhecimento do mercado e do comportamento dos clientes sobre qualquer variaccedilatildeo no

composto de marketing Scherer (1979) argumenta que uma visatildeo mais realista do oligopoacutelio

pressupotildee que as decisotildees de preccedilo dos vendedores satildeo interdependentes

Um aspecto relevante eacute o niacutevel de confianccedila entre os executivos das empresas competidoras

Caso seja baixo esta induacutestria fica bastante susceptiacutevel a uma guerra de preccedilos Natildeo se pode

perder de vista que mesmo um bom relacionamento com a concorrecircncia natildeo impede que

novos competidores entrem no mercado e ganhem participaccedilatildeo agrave custa de preccedilo Portanto eacute

importante que o preccedilo seja alto o suficiente para dar lucros e baixo o bastante para criar

barreiras de entrada

Apoacutes a revisatildeo bibliograacutefica o estudo foi complementado com uma pesquisa empiacuterica para

verificar a aplicaccedilatildeo da teoria em trecircs redes de supermercado atuantes no mercado nacional

Aleacutem disso devido ao grande nuacutemero de variaacuteveis consideradas no momento da fixaccedilatildeo do

preccedilo eacute comum que cada empresa desenvolva o seu mecanismo apreccedilamento baseando-se

em informaccedilotildees a respeito do seu mercado consumidor o que torna o estudo do caso ainda

mais interessante

A escolha pelo varejo supermercadista eacute explicada pelo crescimento do setor e

disponibilidade de dados existente Outro ponto eacute a ecircnfase dada pelo varejo ao preccedilo como

fator fundamental para a busca de um diferencial competitivo e para fidelizar os seus clientes

Depois de muitas mudanccedilas a economia nacional propiciou a chegada de novos competidores

108

resultando no acirramento da disputa pelo mercado e na busca tanto do setor industrial

quanto do proacuteprio varejo por investimentos em pesquisas sobre o comportamento dos

consumidores com o objetivo de melhor entender suas necessidades e desejos

O meacutetodo de pesquisa escolhido bem como os resultados do estudo encontram-se descritos

nos toacutepicos a seguir

109

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo

Gay e Diehl (1992) explicam que existe uma diferenccedila baacutesica entre pesquisa em

administraccedilatildeo e pesquisa em outras aacutereas do conhecimento que eacute a natureza do fenocircmeno

estudado Nos estudos de administraccedilatildeo as situaccedilotildees estudadas satildeo mais difiacuteceis de serem

explicadas e controladas porque satildeo complexas envolvendo pessoas instituiccedilotildees ambientes

em mudanccedila e natildeo relaccedilotildees simples de causa e efeito Assim aleacutem de natildeo ser faacutecil controlar

os diferentes aspectos pesquisados eacute difiacutecil generalizar e replicar os seus resultados (GAY

DIEHL 1992)

Selltiz et alli (1974) afirma que a finalidade de uma pesquisa eacute descobrir respostas para

algumas questotildees mediante a aplicaccedilatildeo de meacutetodos cientiacuteficos que satildeo desenvolvidos para

intensificar a probabilidade de as informaccedilotildees obtidas serem utilizadas nas questotildees

apresentadas e de serem seguras e imparciais Embora uma tentativa de pesquisa natildeo resulte

necessariamente em uma informaccedilatildeo fidedigna e imparcial os meacutetodos cientiacuteficos tecircm maior

probabilidade de ecircxito do que qualquer outro sistema conhecido do homem O meacutetodo

cientiacutefico de pesquisa eacute considerado como um conjunto de passos claramente determinados

para obtenccedilatildeo de um conhecimento Satildeo passos aceitos pelas pessoas que estudaram na aacuterea

em que foi realizada a pesquisa (SELLTIZ et alli 1974)

110

O problema de pesquisa deste trabalho se enquadra na proposta sugerida por Campomar

(2005) uma pesquisa em marketing atrelada a uma revisatildeo bibliograacutefica sobre um tema

especiacutefico para avanccedilo do conhecimento Para o autor a pesquisa de campo em Marketing eacute

uacutetil para observar como o que existe em praacutetica se ajusta agrave teoria ou ainda se a praacutetica pode

dar origem a uma nova teoria modelo ou conceito a pesquisa social empiacuterica (CAMPOMAR

2005)

Para que essa proposta seja cumprida os toacutepicos a seguir apresentam e descrevem o tipo de

pesquisa que melhor se enquadra no estudo realizado a sua natureza e o meacutetodo utilizado Eacute

importante ressaltar que o entendimento dessas etapas pelo pesquisador eacute fundamental para

que a organizaccedilatildeo do estudo empiacuterico seja precisa e natildeo prejudique a anaacutelise dos dados

obtidos

311 O Tipo de Pesquisa

Existem vaacuterias classificaccedilotildees sobre os tipos de pesquisa entretanto os mais utilizados em

trabalhos da aacuterea de administraccedilatildeo satildeo os de caraacuteter exploratoacuterio e conclusivo Os conclusivos

satildeo subdivididos em estudos descritivos e causais (SELLTIZ et alli 1974 MATTAR 1999)

Satildeo descritivos quando o objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas de um fenocircmeno e causais

quando buscam explicar o relacionamento entre variaacuteveis Entretanto os tipos de pesquisa natildeo

satildeo excludentes podendo se sobrepor em algumas situaccedilotildees

111

As pesquisas de caraacuteter exploratoacuterio satildeo mais adequadas quando haacute necessidade de maiores

conhecimentos acerca de um fenocircmeno ou de conseguir uma nova compreensatildeo sobre ele

possibilitando a formulaccedilatildeo de problemas mais precisos e a criaccedilatildeo de hipoacuteteses (SELLTIZ et

alli 1974) A pesquisa conclusiva exige conhecimento das variaacuteveis do problema a ser

estudado e pode ser considerada descritiva quando seu objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas

de um fenocircmeno e causal quando busca evidenciar o relacionamento existente entre as

variaacuteveis do estudo (VERGARA 1998)

Os estudos exploratoacuterios possuem uma seacuterie de funccedilotildees aleacutem da formulaccedilatildeo do problema e

das hipoacuteteses entre eles (i) aumentar o conhecimento do pesquisador a respeito do fenocircmeno

que deseja investigar em um estudo posterior (ii) esclarecer conceitos e (iii) estabelecer

prioridades para estudos futuros (SELLTIZ et alli 1974)

Quando o objetivo da pesquisa eacute familiarizar-se com o fenocircmeno ou ainda conseguir nova

compreensatildeo deste fenocircmeno os estudos do tipo exploratoacuterios satildeo mais indicados (SELLTIZ

et alli 1974) Como no caso deste estudo o objetivo eacute entender como satildeo formados os

preccedilos dos produtos nos supermercados pode-se afirmar que a pesquisa possui natureza

exploratoacuteria Aleacutem disso possui abordagem semi-estruturada

A pesquisa tambeacutem eacute considerada descritiva pois envolveu a apresentaccedilatildeo de trecircs casos que

possibilitaram a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees sobre apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

por meio da descriccedilatildeo das teacutecnicas utilizadas pelas trecircs empresas mas natildeo de conclusotildees que

possam ser generalizadas

112

312 A Natureza da Pesquisa

A natureza da pesquisa relaciona-se com o tipo de dado trabalhado e como ele seraacute analisado

Portanto eacute o problema de investigaccedilatildeo que determina se o estudo eacute qualitativo ou

quantitativo

Este estudo eacute classificado como uma pesquisa qualitativa pois natildeo enumera nem mede os

eventos estudados Outra caracteriacutestica eacute a natildeo utilizaccedilatildeo de procedimentos estatiacutesticos na

anaacutelise dos dados coletados e o envolvimento da obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas

lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudada

visando agrave compreensatildeo dos fenocircmenos com base na perspectiva dos sujeitos do estudo

(STRAUSS CORBIN 1990 GODOY 1995) A pesquisa qualitativa possibilita a captaccedilatildeo

das opiniotildees e perspectivas dos indiviacuteduos ou seja informaccedilotildees difiacuteceis de serem obtidas por

uma pesquisa quantitativa

Os estudos qualitativos natildeo envolvem estatiacutestica o que natildeo significa que satildeo especulativos

Eles possuem objetividade e validade conceitual e contribuem para o meio cientiacutefico

(TRIVINtildeOS 1987) As criacuteticas feitas ao meacutetodo referem-se ao seu uso inadequado e natildeo nas

limitaccedilotildees Rigor e confiabilidade tambeacutem satildeo caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa

(VIEIRA 2004)

Bryman (1989) e Bogdan e Biklen (1992) destacam outras caracteriacutesticas da pesquisa

qualitativa (i) o ambiente eacute a fonte de dados - mundo empiacuterico - e o pesquisador eacute o

instrumento fundamental no contato direto e prolongado com o ambiente estudado (ii) os

dados coletados aparecem sob a forma de transcriccedilotildees de entrevistas anotaccedilotildees de campo

fotografias e desenhos entre outros documentos (iii) os pesquisadores qualitativos tentam

113

compreender os fenocircmenos que estatildeo sendo estudados a partir da perspectiva dos

participantes o que esclarece o dinamismo interno das situaccedilotildees dificilmente compreendido

pelos observadores externos e (iv) os pesquisadores tecircm proximidade do fenocircmeno que estaacute

sendo estudado possibilitando uma melhor anaacutelise dos resultados encontrados

Embora a pesquisa qualitativa demonstre subjetividade eacute possiacutevel estabelecer procedimentos

cientiacuteficos por meio da definiccedilatildeo de seu problema das hipoacuteteses das variaacuteveis e do estudo de

campo proporcionando maior objetivaccedilatildeo (VIEIRA 2004)

Rocha e Ceretta (1998) realizaram um estudo cientiacutefico sobre a importacircncia e a contribuiccedilatildeo

da pesquisa qualitativa na administraccedilatildeo concluindo que os estudos dessa natureza satildeo

capazes de descrever a complexidade de um problema compreender e classificar processos

dinacircmicos vividos por grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila de um grupo aleacutem

de possibilitar o entendimento das particularidades do comportamento dos indiviacuteduos Na

mesma linha Ghauri e Gronhaug (1995) acreditam que a pesquisa qualitativa eacute adequada em

estudos de assuntos complexos e particulares

Godoy (1995) explica que a abordagem qualitativa pode ser conduzida por diferentes

caminhos sendo trecircs deles bastante conhecidos e utilizados no campo da administraccedilatildeo a

pesquisa documental o estudo de caso e a etnografia O meacutetodo utilizado no estudo seraacute

apresentado a seguir

114

313 O Meacutetodo da Pesquisa

A pesquisa adota o meacutetodo de estudo casos que para Yin (1994) eacute um meacutetodo potencial de

pesquisa quando se deseja entender um fenocircmeno social complexo pressupotildee um maior niacutevel

de detalhamento das relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e as organizaccedilotildees bem como dos

intercacircmbios que se processam com o meio ambiente nos quais estatildeo inseridos Tull e

Hawkins (1976 p 323) afirmam que um estudo de caso refere-se a uma anaacutelise intensiva de

uma situaccedilatildeo particular e Bonoma (1985 p 203) coloca que o estudo de caso eacute uma

descriccedilatildeo de uma situaccedilatildeo gerencial

Martins (1999) descreve o estudo de caso como uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa

fenocircmenos dentro de seu contexto real (pesquisa naturaliacutestica) Aleacutem disso reuacutene o maior

nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas por meio de diferentes teacutecnicas de coleta de dados tais

como entrevistas questionaacuterio observaccedilatildeo participante entrevista em profundidade

levantamento de dados secundaacuterios entre outros O objetivo eacute de aprender a totalidade de uma

situaccedilatildeo e criativamente descrever a complexidade de um caso concreto No estudo de caso

utilizam-se enfoques exploratoacuterios e descritivos buscando identificar a multiplicidade de

dimensotildees presentes numa situaccedilatildeo

Ludke e Andreacute (1986) afirmam que os estudos de caso buscam retrair a realidade de forma

completa e profunda e o pesquisador procura revelar a multiplicidade de dimensotildees presentes

em uma situaccedilatildeo ou problema focalizando-o como um todo Bonoma (1985) explica que o

meacutetodo eacute uacutetil quando o fenocircmeno a ser estudado eacute amplo e complexo o conhecimento

existente eacute insuficiente para suportar a proposiccedilatildeo de questotildees causais e nos casos em que o

fenocircmeno natildeo pode ser estudado fora do contexto onde naturalmente ocorre O autor defende

115

o meacutetodo como uma maneira indutiva para o desenvolvimento qualitativo do marketing como

ciecircncia

O estudo de caso precisa como todos os outros meacutetodos de pesquisa cientiacutefica da elaboraccedilatildeo

de um projeto de um plano de accedilatildeo que permita a contemplaccedilatildeo do problema de pesquisa de

maneira loacutegica e otimizada (BONOMA 1985) Lazzarini (1997) afirma que este eacute um

meacutetodo qualitativo que se caracteriza mais pela compreensatildeo do fato do que pela sua

mensuraccedilatildeo e permite utilizar vaacuterias fontes em evidecircncia

Considerando o propoacutesito central da pesquisa percebe-se a importacircncia do estudo multicasos

como objetivo de analisar o varejo supermercadista na cidade de Satildeo Paulo e as variaacuteveis

presentes na formaccedilatildeo de preccedilos dos produtos alimentiacutecios por ele comercializados (YIN

1994)

Campomar (1991) reforccedila essa importacircncia ao afirmar que o estudo intensivo de um caso

permite a descoberta de relaccedilotildees que natildeo seriam encontradas de outra forma sendo as anaacutelises

e inferecircncias em estudos de casos feitas por analogias de situaccedilotildees Stake (1999) afirma que

ultimamente o interesse pela realizaccedilatildeo de estudos que envolvem casos muacuteltiplos eacute maior do

que os que envolvem casos individuais Joacuteia (2004) acredita que por meio da comparaccedilatildeo de

dados eacute possiacutevel reconhecer padrotildees e elaborar modelos que expressem a realidade

Segundo Yin (1994) para o estudo de caso os componentes de um projeto de pesquisa que

satildeo especialmente importantes satildeo as questotildees do estudo as proposiccedilotildees e as unidades de

anaacutelise Com relaccedilatildeo agraves questotildees do estudo a estrateacutegia de estudo de caso eacute mais apropriada

para responder principalmente agraves questotildees do tipo como e por que sendo assim a tarefa

inicial do investigador precisar a natureza das questotildees do estudo (YIN 1994 CAMPOMAR

1991) As proposiccedilotildees direcionam a atenccedilatildeo para algo que deveria ser examinado dentro do

116

escopo do estudo A partir do momento em que as proposiccedilotildees satildeo declaradas o estudo

comeccedila a mover-se em alguma direccedilatildeo (YIN 1994)

Lazzarini (1997) explica que em funccedilatildeo das unidades de anaacutelise do nuacutemero de casos

analisados e dos meacutetodos empregados existem algumas variaccedilatildeo no escopo da pesquisa

baseada em estudo de caso A unidade de anaacutelise eacute o objeto central da pesquisa e pode ser

caracterizada por indiviacuteduos grupos ou organizaccedilotildees bem como um processo uma atividade

ou um comportamento Aleacutem disso estaacute relacionada com o problema fundamental da

definiccedilatildeo do caso (Yin 1994) Para esse estudo de caso as unidades de anaacutelise satildeo trecircs redes

supermercadistas localizadas na cidade de Satildeo Paulo

Um ponto comum entre autores (YIN 1989 BONOMA 1985) eacute a recomendaccedilatildeo de grande

cuidado ao planejar a execuccedilatildeo do estudo de caso para fazer frente agraves criacuteticas tradicionais que

satildeo feitas ao meacutetodo Os passos a seguir recomendados por Yin (1994) demonstram a

preocupaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo do plano de pesquisa

3131 Protocolo para os Estudos de Caso

Conforme o conhecimento e o uso dos estudos de caso como meacutetodo de pesquisa aumentam

as criacuteticas em relaccedilatildeo a esta teacutecnica datildeo lugar a sua aplicaccedilatildeo nos diversos campos da ciecircncia

A relativa falta de conhecimento e da experiecircncia em relaccedilatildeo ao meacutetodo do estudo de caso

contribuiu para que falhas surgissem e alimentassem as criacuteticas feitas por aqueles que natildeo

aceitam a teacutecnica o que atualmente pode-se considerar resolvido (CAMPOMAR 1991)

117

Campomar (1991) afirma que o meacutetodo cientiacutefico eacute a maneira encontrada para legitimar o

conhecimento empiacuterico sem o quecirc os resultados das pesquisas seriam de difiacutecil aceitaccedilatildeo

Com o objetivo de aumentar a confiabilidade do meacutetodo em questatildeo Yin (1994) ressalta a

importacircncia de estabelecer um protocolo Para o autor este protocolo deve conter o

instrumento de coleta de dados os procedimentos e as regras que devem ser seguidos ao

longo do processo Aleacutem disso ainda de acordo com o autor deve apresentar o seguinte

conteuacutedo (i) uma visatildeo geral do estudo de caso (ii) os procedimentos de campo (iii) as

questotildees de pesquisa e (iv) um guia para o relatoacuterio final A seguir tem-se a explicaccedilatildeo de

cada um desses pontos

i Visatildeo Geral do Estudo de Caso

A pesquisa de campo foi realizada para complementar a revisatildeo bibliograacutefica da dissertaccedilatildeo e

proporcionar um maior entendimento sobre o apreccedilamento estrateacutegico em redes de

supermercado Optou-se por trecircs grandes grupos atuantes no Brasil localizados na cidade de

Satildeo Paulo jaacute que o projeto de pesquisa definiu a utilizaccedilatildeo do estudo de casos muacuteltiplos

A escolha das redes supermercadista foi feita por meio da classificaccedilatildeo realizada pela

Associaccedilatildeo Brasileira de Supermercados (ABRAS) das maiores redes supermercadistas

estabelecidas no paiacutes em faturamento e pelas redes que se encontram entre as cinco maiores

pois acredita-se que as primeiras colocadas possuem maior conhecimento a respeito das

variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo dos preccedilos finais de seus produtos da utilizaccedilatildeo de

estrateacutegias para diferenciar o seu posicionamento das empresas concorrentes do que as redes

118

menores A seguir foram realizados contatos com os responsaacuteveis pela formaccedilatildeo de preccedilos

dos produtos comercializados por essas redes e os principais gerentes envolvidos na escolha

do meacutetodo de precificaccedilatildeo responderam agrave entrevista

ii Procedimentos de Campo

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas pessoais orientadas por um roteiro semi-

estruturado natildeo disfarccedilado (Apecircndice 1) junto a diretores e gerentes das redes pesquisadas

Todas as entrevistas foram realizadas na cidade de Satildeo Paulo pela proacutepria pesquisadora do

estudo possibilitando a obtenccedilatildeo de dados qualitativos primaacuterios

O roteiro semi-estruturado parte de alguns questionamentos baacutesicos que satildeo elaborados por

meio dos conceitos expostos na teoria e na experiecircncia do pesquisador A partir dos pontos

abordados e dos dados fornecidos pelo entrevistado surgem novas questotildees Essa sequumlecircncia

permite que o respondente participe ateacute certo grau da conduccedilatildeo da pesquisa (TREVINtildeOS

1987)

Embora tenha-se solicitado que as respostas fossem baseadas em fatos fontes de dados

secundaacuterios como jornais revistas e informaccedilotildees nos sites das empresas tambeacutem foram

utilizadas para complementar as informaccedilotildees obtidas e reduzir a possibilidade de declaraccedilotildees

tendenciosas considerada uma das limitaccedilotildees do meacutetodo escolhido

Os dados foram coletados em janeiro de 2006 Buscou-se analisar e comparar os casos

estudados verificando as semelhanccedilas as diferenccedilas e as particularidades de forma a retratar

um cenaacuterio condizente com a realidade presenciada O objetivo natildeo foi generalizar os

119

resultados obtidos jaacute que a pesquisa eacute de natureza exploratoacuteria e tal generalizaccedilatildeo somente

poderia ser feita por meio de uma maior representatividade da amostra

iii Questotildees de Pesquisa

Para direcionar as entrevistas o roteiro semi-estruturado e natildeo disfarccedilado foi elaborado Esse

roteiro foi dividido em duas partes A primeira parte teve como objetivo coletar informaccedilotildees a

respeito da empresa como nuacutemero de funcionaacuterios faturamento participaccedilatildeo de mercado

entre outras importantes para a caracterizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

A segunda parte abordou o problema de investigaccedilatildeo do estudo As questotildees relacionadas a

definiccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico da empresa encontram-se descritas nesse ponto Foram

considerados os seguintes toacutepicos o objetivo da determinaccedilatildeo de preccedilos a anaacutelise dos preccedilos

dos concorrentes o meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos a estrateacutegia de seleccedilatildeo do preccedilo final

a estrateacutegia de adequaccedilatildeo do preccedilo e as variaacuteveis que influenciam na fixaccedilatildeo do preccedilo dos

produtos comercializados pelas redes

Como se tratou de uma pesquisa qualitativa o roteiro caracterizado pela flexibilidade natildeo foi

previamente testado As questotildees de pesquisa foram averiguadas em cada rede

supermercadista e os resultados e discussotildees realizados para cada caso

120

iv Guia para o Relatoacuterio Final

Apoacutes a coleta dos dados os casos foram apresentados por meio de relatoacuterios Esses relatoacuterios

obedecem ao roteiro de entrevistas empregado e explica cada uma das questotildees formuladas

para responder agrave pergunta de pesquisa de acordo com as informaccedilotildees dadas pelos

profissionais e das coletadas em fontes secundaacuterias

Os casos foram denominados como Caso 1 Rede A Caso 2 - Rede B e Caso 3 - Rede C

devido agrave confidencialidade das informaccedilotildees coletadas Por tratar de um setor competitivo e

porque o estudo aborda questotildees estrateacutegicas as redes natildeo autorizaram a divulgaccedilatildeo dos seus

nomes

As anaacutelises e consideraccedilotildees foram tratadas na conclusatildeo do estudo a partir da comparaccedilatildeo

dos casos com a teoria apresentada A seguir estatildeo descritos os estudos de casos realizados

121

4 O ESTUDO MULTICASOS

41 Os Supermercados no Brasil

Silveira e Lepsch (1997) explicam que a exemplo do que aconteceu nas economias mais

desenvolvidas o setor de serviccedilos no Brasil cresceu com maior rapidez do que os outros dois

macro-setores passando a ocupar a partir da deacutecada de 90 o primeiro lugar no produto

econocircmico com cerca de 50 do total Dentro do setor de serviccedilos encontra-se o varejo onde

o supermercado ocupa um lugar de destaque Este por sua vez eacute o preferido de 85 dos

consumidores urbanos em termos de volume total de vendas de bens de consumo (alimentos

e produtos de higiene e limpeza) Os outros 15 realizam suas compras em equipamentos

tradicionais (armazeacutens bares e mercearias empoacuterios e padarias) nos quais o auto-serviccedilo eacute

inexistente (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Os supermercados surgiram na deacutecada de 30 nos Estados Unidos jaacute mostrando a sua forccedila e

a sua importacircncia para o sistema de distribuiccedilatildeo de alimentos em todo o mundo Mas foi

depois de 20 anos na deacutecada de 50 quando os primeiros estabelecimentos desse tipo

surgiram no surgiram no Brasil O incentivo agrave proliferaccedilatildeo dessa forma de comeacutercio foi

incentivada pelas grandes induacutestrias estabelecidas no paiacutes A partir daiacute o crescimento foi

inevitaacutevel

Nos anos 50 o conceito de auto-serviccedilo foi consolidado mas foi somente no final da deacutecada

de 60 que os supermercados aumentaram sua participaccedilatildeo no faturamento do varejo se

firmando como o principal estabelecimento de distribuiccedilatildeo de alimentos existente no mercado

122

(SESSO FILHO 2003) Segundo Lima (2001) e Senhoras (2003) os supermercados

tornaram-se indispensaacuteveis agrave estrutura de vida dos consumidores brasileiros e desde entatildeo

observou-se uma tendecircncia de crescimento contiacutenuo do setor e a substituiccedilatildeo ao modelo

tradicional de distribuiccedilatildeo de alimentos

Atualmente o varejo atravessa um processo de transformaccedilatildeo intenso Com o acelerado ritmo

de consolidaccedilatildeo um nuacutemero crescente de varejistas aparece na relaccedilatildeo das maiores empresas

do Brasil No varejo supermercadista o Carrefour e o Grupo Patildeo de Accediluacutecar situam-se entre as

cinco maiores empresas privadas brasileiras com vendas anuais acima de quatro bilhotildees de

doacutelares (CEV 2005)

O ranking da ABRAS 2004 (LUKIANOCENKO 2004) traz informaccedilotildees sobre o faturamento

das redes que atuam no paiacutes e o grupo Patildeo de Accediluacutecar registrou a primeira posiccedilatildeo em 2004

com R$ 127 bilhotildees responsaacutevel por 147 do mercado seguido pela rede Carrefour com

vendas brutas de R$ 11 bilhotildees e 126 de participaccedilatildeo Em terceiro lugar aparece o grupo

Sonae com R$ 37 bilhotildees seguido pelo BomPreccedilo (ainda independente do grupo Wal Mart

pelo qual foi adquirido) com R$ 34 bilhotildees e pelo Sendas com R$ 22 bilhotildees Juntos os

cinco maiores grupos supermercadistas detecircm uma participaccedilatildeo 38 aproximadamente A

tabela 1 apresenta dados sobre as dez redes com maior faturamento do setor supermercadista

brasileiro e o quadro 11 traz algumas informaccedilotildees relevantes sobre as dez redes com maior

faturamento no setor supermercadista brasileiro

Ghisi (2005) cita que do total de lojas existentes no setor supermercadista composto por

quase 19 mil empresas 456 se encontram na regiatildeo sudeste seguida pelas regiotildees sul

norte-nordeste e centro-oeste com 272 230 e 42 respectivamente A regiatildeo sudeste

permanece na primeira posiccedilatildeo em 2002 a mesma obtida no ano anterior embora tenha

registrado uma queda na participaccedilatildeo sobre o faturamento do setor que em 2002 era de

123

593 A regiatildeo Sul se destaca no crescimento da participaccedilatildeo no setor de 183 em 2002

para 191 em 2003

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro Classificaccedilatildeo no

Ranking Empresa SedeFaturamento Bruto

em 2003 (R$)Participaccedilatildeo sobre o Setor

No de Lojas

No de Funcionaacuterios

No de Check-Outs por Loja

1Companhia Brasileira de Distribuiccedilatildeo SP 12788363000 15 497 55557 16

2Carrefour Comeacutercio e Induacutestria Ltda SP 11028288954 13 329 45899 22

3Sonae Distribuiccedilatildeo Brasil SA RS 3732240000 4 148 20923 23

4

BomPreccedilo SA Supermercado do Nordeste PE 3442710562 4 118 16342 20

5 Sendas SA RJ 2273353718 3 76 12057 21Total 5 Maiores 33264956234 39 1168 150778

6 Wall-Mart Brasil SA SP 1940103602 210 25 7032 28

7Cia Zaffari Comeacutercio e Induacutestria RS 1182206802 130 26 7552 33

8COOP - Cooperativa de Consumo SE 940161517 1 21 3837 19

9G Barbosa Comercial Ltda SP 923612000 090 32 5649 19

10Irmatildeos Bretas Filhos e Cia MG 811210627 080 40 5942 17

Total 10 Maiores 39062250782 45 1312 180790 Fonte Lukianocenko (2004)

Silveira e Lepsch (1997) argumentam que a importacircncia do supermercado tambeacutem pode ser

medida pelo fato desse formato varejista ser um dos primeiros a estudar a disposiccedilatildeo das

mercadorias e o movimento dos consumidores no interior da loja Os autores complementam

explicando que o supermercado procura atrair a preferecircncia dos clientes por meio de maior

velocidade nos check-outs e layouts bem estruturados

124

As grandes empresas do setor no Brasil em sua maioria com bandeiras diferenciadas jaacute

atuam tanto no segmento de hipermercados quanto no de supermercados No segmento de

supermercados algumas trabalham com bandeiras diferentes visando atingir puacuteblicos

especiacuteficos (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro

SETOR SUPERMERCADISTA BRASILEIRO O setor supermercadista brasileiro eacute composto por quase 19 mil empresas 80 dos supermercados do territoacuterio brasileiro satildeo de pequeno porte e faturam menos que R$ 100 mil mensais 611 do total das lojas do setor supermercadista tecircm um nuacutemero meacutedio de ateacute 7 check-outs 303 das lojas supermercadistas do Brasil satildeo jovens (tecircm no maacuteximo cinco anos) e apenas 159 tecircm mais de 20 anos 27 dos supermercados do Brasil concentram-se no Estado de Satildeo Paulo (maior concentraccedilatildeo por Estado brasileiro) Apenas 21 dos supermercados do Brasil tecircm aacuterea superior a 2500 msup2 e satildeo considerados lojas grandes Apenas 03 das lojas supermercadistas do Estado de Satildeo Paulo faturam acima de R$ 5 milhotildees mensais Em 1999 foi vendido em meacutedia um supermercado por dia (concentraccedilatildeo do setor) Entre os anos de 2001 e 2002 foram investidos no setor mais de R$ 1 bilhatildeo As 5 principais redes supermercadistas atuantes no Brasil detecircm 381 do faturamento anual de R$ 60 bilhotildees de reais do setor supermercadista brasileiro Fonte Ghisi 2005

Ghisi (2005) explica que embora o supermercado seja um estabelecimento presente em todos

os paiacuteses e ateacute mesmo em quase todas as cidades de grande meacutedio e pequeno porte e ser

considerado um dos setores da economia brasileira que mais se modernizaram nas uacuteltimas

deacutecadas sua criaccedilatildeo e seu desenvolvimento podem ser considerados recentes Algumas das

tendecircncias do setor satildeo resultantes desse processo de modernizaccedilatildeo investimentos em

expansatildeo internacionalizaccedilatildeo do capital segmentaccedilatildeo de formatos expansatildeo das aacutereas

geograacuteficas de atuaccedilatildeo e concentraccedilatildeo (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

125

As empresas liacutederes do setor supermercadista instaladas no territoacuterio nacional visando

ampliar ou ateacute mesmo manter suas participaccedilotildees de mercado podem adotar duas formas

estrateacutegicas de expansatildeo construccedilatildeo de novos pontos de venda (expansatildeo proacutepria) ou compra

de outras redes supermercadistas existentes (GHISI 2005) A primeira embora natildeo seja o

foco principal das redes eacute adotada por algumas empresas como o supermercado Wal-Mart

Por outro lado a compra de outras redes supermercadistas consiste na estrateacutegia de maior

difusatildeo no Brasil Ghisi (2005) afirma que no ano de 1999 um supermercado foi comprado

por dia no paiacutes retratando a adoccedilatildeo em larga escala dessa estrateacutegia Senhoras (2003) explica

que comparada agrave expansatildeo proacutepria a aquisiccedilatildeo ou fusatildeo eacute mais vantajosa a medida que

acelera o conhecimento do mercado e dos haacutebitos dos consumidores da regiatildeo

Quanto agrave internacionalizaccedilatildeo do setor supermercadista brasileiro eacute correto afirmar que a

estrateacutegia se desenvolveu principalmente na deacutecada de 90 periacuteodo no qual o setor atravessou

uma fase de grandes mudanccedilas provocadas por fatores como a maior abertura da economia

(acircmbito externo) e estabilizaccedilatildeo econocircmica (acircmbito interno) resultando em um cenaacuterio

marcado pelo aumento de competidores internacionais (GHISI 2005)

Senhoras (2003) explica que essa internacionalizaccedilatildeo levou ao aumento da concorrecircncia em

todo o mundo resultando em um novo ambiente institucional proporcionado pelo processo de

globalizaccedilatildeo O autor cita como consequumlecircncia do processo o surgimento de megacorporaccedilotildees

com capacidade de concentraccedilatildeo e dominaccedilatildeo econocircmica

No setor supermercadista nacional esse processo ocorre por meio de aquisiccedilotildees e fusotildees em

que as redes estrangeiras visam obter maior conhecimento da operacionalizaccedilatildeo do mercado

brasileiro como por exemplo o Grupo Casino

126

Com relaccedilatildeo aos formatos Ghisi (2005) afirma que o consumidor brasileiro estaacute migrando

dos hipermercados para os supermercados de vizinhanccedila Isso acontece porque embora o

atrativo dos hipermercados seja o preccedilo se os estabelecimentos de bairro conseguirem preccedilos

mais competitivos como acontece hoje junto com a vantagem de conveniecircncia maior oferta

de serviccedilos e localizaccedilatildeo proacutexima ao cliente conquistaratildeo muitos consumidores

A estrateacutegia de expansatildeo das aacutereas geograacuteficas de atuaccedilatildeo eacute compreendida como o esforccedilo

dos supermercadistas em expandirem-se para outras regiotildees natildeo atendidas no mercado

domeacutestico por meio de aquisiccedilotildees e ampliar sua participaccedilatildeo de mercado Sato e Bessa Jr

(2000) destacam que a preferecircncia de aquisiccedilatildeo eacute por supermercados regionais que jaacute

conhecem o perfil do consumidor local Saab Gimenez e Ribeiro (2000) citam como

exemplo o Grupo Patildeo de Accediluacutecar que investe na atuaccedilatildeo no Nordeste mesmo tendo que

enfrentar redes com lideranccedila jaacute consolidada na regiatildeo

A concentraccedilatildeo de mercado eacute resultante da adoccedilatildeo das estrateacutegias descritas anteriormente As

redes maiores adquirem redes de menores surgindo um mercado concentrado em poder dos

hiper e supermercados Em 2003 as dez maiores redes foram responsaacuteveis por um

faturamento bruto igual a R$ 39 bilhotildees o que corresponde a 45 do faturamento do setor

(LUKIANOCENKO 2004)

A concentraccedilatildeo prejudica o desenvolvimento dos supermercados menores o que eacute

considerado um fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil e tecircm grande contribuiccedilatildeo para a

economia do paiacutes (DIEESE 2003)

Dados da ABRAS (2005) mostram que no Brasil o processo de concentraccedilatildeo se desenvolve

gradativamente A concentraccedilatildeo se intensificou na segunda metade da deacutecada de 90 mas o

127

paiacutes ainda natildeo atingiu grau elevado como a Alemanha Franccedila e Inglaterra onde as cinco

maiores empresas detecircm 76 67 e 60 do mercado respectivamente

Dada as principais caracteriacutesticas do setor supermercadista no Brasil eacute preciso apresentar as

informaccedilotildees mais relevantes sobre as unidades de anaacutelise da pesquisa Os proacuteximos toacutepicos

descrevem cada um dos grupos analisados de acordo com o protocolo do estudo de casos

42 Caso 1 ndash Rede A

A primeira rede foi fundada em 1948 Esse grupo foi o pioneiro no setor varejista de

alimentos no Brasil e opera sob quatro diferentes formatos de supermercados hipermercados

e eletroeletrocircnicos sendo essa uma das suas principais vantagens competitivas Seu

faturamento bruto foi de aproximadamente R$15 bilhotildees em 2004 e R$ 116 bilhotildees nos nove

primeiros meses de 2005 possui cerca de 58 mil funcionaacuterios e 550 lojas distribuiacutedas em 13

estados brasileiros totalizando uma aacuterea de vendas de aproximadamente 980 mil metros

quadrados

O grupo opera com cinco unidades de negoacutecios diferentes com estrateacutegias de venda e foco de

atuaccedilatildeo especiacuteficos e direcionados para consumidores de diferentes perfis As participaccedilotildees

em faturamento de cada uma das unidades satildeo estatildeo divididas aproximadamente em 48

para a maior 25 a segunda colocada 16 a terceira 9 a quarta e por fim apenas 2 a

menor divisatildeo que natildeo foca a distribuiccedilatildeo de alimento nem higiene pessoal

128

Quanto a decisatildeo de preccedilos primeiramente tem-se a definiccedilatildeo dos objetivos para cada uma

das unidades de negoacutecio em que opera a seguir satildeo analisados a demanda e os custos de cada

bandeira satildeo coletadas informaccedilotildees sobre os concorrentes os meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos satildeo definidos e posteriormente adequados agrave realidade de cada formato

Com relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilo os entrevistados da Rede A explicaram que embora a

empresa tenha como objetivo maior aumentar a sua participaccedilatildeo no mercado se analisarem

cada unidade percebe-se diferentes caminhos Os hipermercados trabalham para aumentar o

volume de vendas os supermercados tem como foco o valor percebido pelo consumidor (dos

produtos e dos serviccedilos) e o objetivo eacute a lideranccedila na qualidade dos produtos e as lojas de

desconto tambeacutem trabalham para aumentar o volume das vendas Os gerentes enfatizaram

que os objetivos particulares satildeo diferentes mas todos foram definidos para que a empresa

conquiste maior participaccedilatildeo

A anaacutelise da demanda eacute realizada separadamente jaacute que os consumidores dos diferentes

formatos possuem caracteriacutesticas diferentes como o grau de sensibilidade ao preccedilo Os

entrevistados explicaram que no hipermercado o puacuteblico-alvo procura pela melhor relaccedilatildeo

custo-benefiacutecio Como as compras satildeo mensais principalmente e a mercadoria adquirida eacute a

cesta baacutesica de produtos os clientes satildeo informados sobre os preccedilos dos produtos e jaacute estatildeo

acostumados a desembolsar uma certa quantia Eles buscam marcas liacutederes ou segunda marca

a preccedilos compatiacuteveis com os oferecidos no mercado geralmente optam pela rede que oferecer

os bens a um preccedilo melhor

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra desse cliente Ele tambeacutem busca

segundo os respondentes locais de faacutecil acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento

um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos

129

organizados nas gocircndolas corredores amplos para a passagem dos carrinhos nuacutemero

suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Nos supermercados existe uma classificaccedilatildeo entre as lojas Elas satildeo divididas em categorias

top de linha intermediaacuteria e popular As consideradas top estatildeo localizadas em bairros nobres

onde a renda dos consumidores eacute mais alta Nesses locais os produtos comercializados satildeo

mais caros porque de acordo com os entrevistados os custos de manutenccedilatildeo satildeo mais altos

os serviccedilos oferecidos satildeo mais amplos o nuacutemero de funcionaacuterios eacute maior e a sensibilidade

do comprador eacute muito baixa Os consumidores que buscam status satildeo poucos sensiacuteveis a

preccedilos elevados pois estes produtos (nesse caso o proacuteprio estabelecimento) inspiram prestiacutegio

e exclusividade Aleacutem disso os compradores desse supermercado acreditam que os bens

comercializados apresentam qualidade superior

Nas lojas intermediaacuterias a sensibilidade do consumidor tambeacutem eacute baixa (caracteriacutestica do

puacuteblico-alvo da empresa para esse formato) mas alguns itens de maior valor natildeo entram da

lista de produtos comercializados no local assim como acontece nas lojas populares Elas

estatildeo localizadas em regiotildees onde a renda dos clientes eacute um pouco mais baixa e embora a

busca por comodidade e serviccedilos seja uma realidade os compradores natildeo estatildeo dispostos a

pagar um preccedilo muito elevado por mercadoria de prestiacutegio Isso acontece porque a quantia

pode significar uma boa parcela do seu orccedilamento financeiro

As lojas de descontos atendem o puacuteblico muito sensiacutevel ao preccedilo A rede natildeo conseguia

vender bem itens como frutas e legumes Depois de analisar os haacutebitos das classes mais de

renda mais baixa os executivos da empresa descobriram que o consumidor C D e E preferia

comprar na feira por quatro motivos (i) o local eacute um ponto de encontro (ii) a pechincha eacute

permitida (iii) haacute um contato proacuteximo com o vendedor e o mais importante (iv) haacute fartura

130

Com esses conceitos em mente a rede reestruturou a aacuterea de hortifrutigranjeiros e colocou ateacute

uma banca de pastel na loja As vendas subiram 25

A estrutura de mercado eacute definida pelos poucos concorrentes que dominam o mercado No

varejo de alimentos as cinco primeiras redes satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 do

faturamento total O dado demonstra a forte competiccedilatildeo entre as empresas e segundo os

entrevistados tambeacutem a importacircncia da anaacutelise da concorrecircncia

A estimativa de custos satildeo considerados os fixos e os variaacuteveis O preccedilo estabelecido deve

cobrir o custo total e permitir uma margem de lucro Como cada formato se posiciona de

forma diferenciada os custos e as margens de cada um satildeo calculados separadamente Nos

custos variaacuteveis a Rede A considera os serviccedilos oferecidos aos clientes e os gastos com

publicidade e propaganda institucional

A margem para os hipermercados segue a proposta pelos seus concorrentes assim como nas

lojas de desconto No supermercado utiliza-se a margem que se mostra mais adequada ao seu

objetivo Os gerentes explicaram que a rede de um modo geral foca a eficiecircncia e a reduccedilatildeo

de despesas operacionais o que traz maior competitividade agrave companhia uma vez que os

ganhos satildeo repassados aos preccedilos mesmo para os supermercados

Os supermercados da rede trabalham com alta margem jaacute que se posiciona como prestadores

de serviccedilos qualificados O puacuteblico que frequumlenta o estabelecimento procura comodidade

variedade de produtos alta qualidade marcas conhecidas facilidade de entrega excelecircncia no

atendimento localizaccedilatildeo privilegiada e proacutexima a sua casa horaacuterios flexiacuteveis e status Os

gerentes entrevistados afirmam que esse consumidor estaacute disposto a pagar para encontrar tais

facilidades na hora da compra Por tanto os preccedilos dos produtos oferecidos satildeo compatiacuteveis

131

com o preccedilo de mercado (preccedilo cheio) Pode-se concluir que nos supermercados a

estrateacutegia utilizada eacute de preccedilo acima do mercado

Os gerentes da unidade estudada afirmam que o posicionamento do supermercado eacute

supermercado de vizinhanccedila forte em produtos pereciacuteveis que oferece grande variedade de

produtos alta qualidade a preccedilos competitivos aleacutem do excelente atendimento aos clientes

Portanto o preccedilo natildeo eacute o mais alto nem o mais baixo que os preccedilos do mercado poreacutem eacute

percebido pelos clientes como mais alto do que o da concorrecircncia direta resultado da imagem

sofisticada que o supermercado passa Uma pesquisa realizada apontou que os preccedilos

percebidos natildeo correspondiam com os preccedilos reais oferecidos por suas lojas

A anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente pela empresa O controle das accedilotildees dos

competidores eacute segundo os entrevistados uma praacutetica diaacuteria na empresa (shopping de

preccedilos) As informaccedilotildees sobre a concorrecircncia satildeo coletadas por funcionaacuterios das lojas assim

como acontece nos hipermercados uma equipe preparada que visita os competidores

localizados na aacuterea de influecircncia de cada regiatildeo dos supermercados Os dados coletados

ajudam a monitorar as accedilotildees da concorrecircncia

Embora o supermercado pratique preccedilos acima do mercado eacute preciso que saiba o niacutevel

praticado pois se o valor estiver alto demais eacute provaacutevel que as vendas diminuam em algumas

regiotildees As vendas satildeo analisadas diariamente e qualquer indiacutecio de queda no volume eacute

rapidamente detectado e accedilotildees para reverter a situaccedilatildeo satildeo colocadas em praacutetica

Para os hipermercados o shopping de preccedilos eacute importante se manter dentro do preccedilo meacutedio

Cada gerente de loja tem autonomia suficiente para adequar seu preccedilo ao da loja vizinha Os

preccedilos satildeo adequados conforme a localizaccedilatildeo da loja por isso a responsabilidade e autonomia

descentralizada

132

A Rede A determina os preccedilos de seus produtos por meio do meacutetodo de mark-up que consiste

em atribuir uma margem ao custo total da unidade de produto e tambeacutem utiliza o valor

percebido pelo cliente Nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento praticada eacute HILO onde

o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes

A taacutetica do preccedilo isca eacute bastante utilizada pela empresa por meio de promoccedilotildees em um dia

fixo da semana como por exemplo as quartas-feiras FLV (frutas verduras e legumes) e para

venda de produtos pereciacuteveis Os volumes de venda triplicam nesses dias pois os descontos

chegam a 50 do preccedilo e haacute forte comunicaccedilatildeo na miacutedia de massa como jornais e televisatildeo

Descontos sazonais tambeacutem satildeo oferecidos para compras realizadas fora da temporada Eacute

mais utilizada pelas Divisotildees de hipermercado e lojas de desconto

Os supermercados trabalham com o preccedilo por segmento de consumidores e preccedilo por

localizaccedilatildeo Como explicado anteriormente pelos gerentes o puacuteblico dessa unidade de

negoacutecio eacute pouco sensiacutevel a preccedilo mas dependendo da regiatildeo da loja e da renda de seus

habitantes a sensibilidade pode apresentar maior grau Assim em regiotildees onde o poder de

compra eacute mais alto os preccedilos dos produtos satildeo mais elevados do que em regiotildees habitadas por

classes sociais que apresentam renda mais baixa Para aumentar o valor percebido descontos

satildeo utilizados apenas para produtos sazonais vendidos fora da temporada nesse formato

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo aleacutem dos custos demanda e

concorrecircncia os entrevistados afirmaram que satildeo considerados para o formato hipermercado

os preccedilos dos seus concorrentes principalmente A localizaccedilatildeo da loja e renda dos moradores

da regiatildeo satildeo fatores importantes e exercem certa influecircncia entretanto satildeo mais relevantes

para a fixaccedilatildeo dos preccedilos nos supermercados da rede Os descontos obtidos em negociaccedilotildees

de preccedilos com os fornecedores satildeo repassados para os clientes da loja de desconto e

hipermercados mas natildeo para os compradores de status e de conveniecircncia do supermercado

133

Nos supermercados tambeacutem satildeo consideradas as marcas dos produtos Por oferecerem grande

variedade e sortimento produtos liacutederes e outros inovadores marcas diferenciadas de preccedilo-

premium e qualidade superior os preccedilos cobrados satildeo considerados competitivos e preccedilos de

mercado sem descontos Os serviccedilos oferecidos estatildeo dentro do caacutelculo de custos

Nas lojas de desconto o eacute sortimento limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados As mercadorias satildeo expostas sem a utilizaccedilatildeo de material de ponto

de venda da forma mais simples e faacutecil possiacutevel Natildeo existem muitos serviccedilos oferecidos e haacute

poucos funcionaacuterios Tais medidas satildeo consideradas para que os custos sejam baixos e assim

no caacutelculo do mark-up o preccedilo se torne bem acessiacutevel ao puacuteblico desse formato

Nessas lojas os poucos itens comercializados representam produtos da cesta baacutesica da marca

liacuteder uma marca inferior e muitos bens de marca proacutepria O objetivo nesse caso eacute o mesmo

reter mais da margem bruta gerada pela venda resultante do baixo investimento em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais

43 Caso 2 ndash Rede B

A Rede B foi pioneira no Brasil no conceito de hipermercados Chegou ao paiacutes em 1975 com

a sua primeira unidade na cidade do Rio de Janeiro A empresa possui mais de 11000 lojas

por todo mundo e estaacute presente em 31 paiacuteses Ela emprega mais de 430000 pessoas sendo

que 69 trabalham na Europa 20 na Ameacuterica Latina e 11 na Aacutesia Conta com mais de 2

bilhotildees de clientes

134

Atualmente opera com cerca de 80 hipermercados 110 supermercados e 60 lojas de

descontos As lojas no paiacutes estatildeo espalhadas por 11 estados e no Distrito Federal Sua

participaccedilatildeo no mercado eacute de 12 do faturamento total do setor No Brasil satildeo 46000

funcionaacuterios em todas as unidades de negoacutecio de rede Seu faturamento bruto foi de

aproximadamente R$12 bilhotildees em 2004

O apreccedilamento estrateacutegico do grupo tambeacutem obedece a ordem de definiccedilatildeo dos objetivos da

empresa seguidos pela anaacutelise da demanda e os seus custos Em terceiro lugar estaacute a coleta de

informaccedilotildees sobre os concorrentes em quarto a definiccedilatildeo dos meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos e por fim eacute feita a adequaccedilatildeo

Como objetivo de preccedilo a rede B afirma ter bem claro que o foco estaacute no aumento de sua

participaccedilatildeo no mercado Embora cada formato tenha um posicionamento distinto esse

objetivo eacute comum para todas as unidades de negoacutecio do grupo Os respondentes explicam que

o foco maior estaacute na estrateacutegia geral da empresa e com todos buscando o mesmo resultado eacute

mais faacutecil conseguir atingi-lo

A anaacutelise da demanda eacute tambeacutem eacute realizada da mesma forma para todas as bandeiras pois a

sensibilidade a preccedilo encontra-se no mesmo niacutevel para todos os compradores-alvo desse

grupo Os entrevistados classificam o puacuteblico da empresa como consumidores sensiacuteveis O

que diferencia o cliente de uma Divisatildeo para outra eacute a ocasiatildeo de compra No hipermercado

satildeo realizadas as compras mensais dos produtos da sexta baacutesica e mercadorias para a casa

No supermercado a procura eacute por produtos que terminaram antes da proacutexima compra mensal

ou de alguns produtos mais elaborados para situaccedilotildees natildeo programadas Nas lojas de

descontos os clientes satildeo muito sensiacuteveis aos preccedilos pois buscam o mais baixo e natildeo

procuram qualquer tipo de conveniecircncia ou comodidade Os gerentes explicaram ainda que o

135

puacuteblico-alvo dos hipermercados e supermercados procura pela melhor relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio Os supermercados da rede focam na venda de alimentos e produtos pereciacuteveis

enquanto os hipermercados oferecem itens de vestuaacuterios higiene e limpeza alimentos entre

outros

Algumas reformulaccedilotildees estatildeo sendo realizadas nos supermercados do grupo segundo os

respondentes A mudanccedila eacute para aumentar a rentabilidade do formato A nova estrateacutegia da

rede eacute baseada em quatro pilares preccedilo justo variedade qualidade e atendimento

No que se refere a variedade haveraacute a ampliaccedilatildeo do sortimento relanccedilamento de produtos

marca proacutepria e maior crescimento do nuacutemero de alimentos pereciacuteveis comercializados

Os gerentes complementam explicando que todas essas accedilotildees visam melhorar a rentabilidade

mas sem aumentar os preccedilos As negociaccedilotildees de produtos das lojas continuam sendo feitas

dentro do grupo O nosso serviccedilo seraacute de supermercado mas com preccedilos de hiper afirmam

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra dos clientes dos hipermercados e

supermercados da empresa Ele tambeacutem busca segundo os respondentes locais de faacutecil

acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara

muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos organizados nas gocircndolas corredores amplos

para a passagem dos carrinhos nuacutemero suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Ao estimar seus custos a Rede B calcula os classifica assim como a Rede A em custos fixos e

custos variaacuteveis No caso o objetivo eacute que o preccedilo fixado cubra o custo total e tambeacutem

permita margem de lucro Os custos satildeo estimados de forma conjunta para toda a empresa e

apenas os problemas com perdas (mercadorias vencidas danificadas ou perdidas) eacute que satildeo

calculados para cada loja de cada formato e a tarefa eacute de responsabilidade dos gerentes do

estabelecimento

136

Todo o orccedilamento para campanhas de miacutedia eacute realizado com uma porcentagem do lucro

obtido pela empresa no ano anterior e satildeo utilizados para a fortalecer a imagem institucional

do grupo As demais accedilotildees de miacutedia satildeo divididas entre a rede e os fornecedores que entram

com verba para colocar produtos em promoccedilotildees ou lanccedilar novos itens Os serviccedilos oferecidos

aos clientes satildeo considerados nos custos da empresa no momento do caacutelculo de preccedilo das

mercadorias comercializadas

Assim como nas outras empresas do setor a anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente

pela empresa A praacutetica do conhecido shopping de preccedilos eacute utilizada constantemente O

conceito eacute conhecido por todos e natildeo requer nenhum tipo de estrateacutegia especiacutefica aleacutem do

treinamento da equipe de funcionaacuterios responsaacuteveis pela tarefa As visitas satildeo programadas

para os competidores localizados na aacuterea de influecircncia de cada loja das diferentes Divisotildees

Os entrevistados explicam que embora a decisatildeo sobre a estrateacutegia de apreccedilamento seja

realizada em conjunto com a matriz os gerentes da loja possuem autonomia suficiente para

fazer mudanccedilas de preccedilos para se proteger das accedilotildees concorrenciais Satildeo analisados

promoccedilotildees atuais e passadas os preccedilos praticados em dias de praacutetica do preccedilo isca

descontos sazonais entre outras taacuteticas utilizadas pelos competidores

A importacircncia da anaacutelise dos concorrentes para empresa segundo os respondentes estaacute na

manutenccedilatildeo do preccedilo meacutedio (hipermercados e supermercados) Os produtos comercializados

devem estar dentro do patamar de preccedilos oferecidos no mercado e para isso eacute fundamental

acompanhar as estrateacutegias das demais empresas do setor Qualquer item que esteja acima do

preccedilo praticado pelo mercado resulta em queda de vendas

As lojas de desconto localizam-se em bairros mais afastados e de populaccedilatildeo com renda mais

limitada O formato concentra-se na periferia Seu diferencial em relaccedilatildeo aos hipermercados

137

estaacute na localizaccedilatildeo proacutexima da casa dos clientes como o mercadinho de bairro O gerente

da rede diz que a marca oferece um nuacutemero reduzido de itens nas prateleiras em comparaccedilatildeo

com os hipermercados

Existem produtos de marca proacutepria que possibilitam aumento da margem de lucro Ao

desenvolver marcas proacuteprias e aumentar a participaccedilatildeo desses produtos dentro do conjunto

ofertado aos consumidores os varejistas podem reter mais da margem bruta gerada pela

venda Isso acontece porque as marcas proacuteprias natildeo precisam de grandes investimentos em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais Os outros produtos satildeo de marcas liacutederes e

marcas inferiores

O formato oferece pouco ou nenhum tipo de serviccedilo para o cliente final As mercadorias satildeo

expostas nas gocircndolas sem muita preocupaccedilatildeo com a disposiccedilatildeo A estrateacutegia nesse caso eacute de

preccedilo abaixo do mercado e para conseguir manter o posicionamento a reduccedilatildeo dos custos eacute

uma das principais preocupaccedilotildees O objetivo eacute a maximizaccedilatildeo do volume de vendas e toda

vantagem nas negociaccedilotildees com os fornecedores eacute repassada diretamente para o comprador

para oferecer preccedilos baixos ao mercado

O meacutetodo de mark-up eacute o mais utilizado e nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento

praticada como na Rede A eacute HILO onde o varejista cobra preccedilos mais altos e realiza

promoccedilotildees frequumlentes Para qualquer tipo e variedade de produtos comercializados pela Rede

B existe um trabalho de gerenciamento de categoria onde satildeo definidos quais seratildeo as famiacutelias

de produtos marcas e embalagens e suas respectivas margens objetivas bem como a

periodicidade das pesquisas de preccedilos na concorrecircncia Os gerentes explicam que o grau de

importacircncia atribuiacutedo para cada uma das famiacutelias de produtos estaacute associado a sua definiccedilatildeo

(dominantes destino competitivos traacutefego convenientes bandeira e sazonais)

138

Outra estrateacutegia em comum entre as duas redes pesquisadas eacute o preccedilo isca tambeacutem por meio

de promoccedilotildees em um dia fixo da semana Os volumes de venda aumentam significadamente

nesses dias mas os gerentes natildeo se dispuseram a comentar os nuacutemeros A praacutetica de

descontos sazonais para compras realizadas fora da temporada pode ser observada entre

outras promoccedilotildees de preccedilos para combater o concorrente

Com relaccedilatildeo agraves variaacuteveis que exercem influecircncia no apreccedilamento dos produtos os gerentes

citaram principalmente os preccedilos praticados pelos concorrentes A localizaccedilatildeo e a renda dos

consumidores influenciam de maneira indireta jaacute que cada loja busca estar compatiacutevel com o

preccedilo aceito pela populaccedilatildeo que habita determinada regiatildeo onde o estabelecimento se

encontra Segundo os profissionais da Rede B na hora de definir o preccedilo as duas variaacuteveis satildeo

estudadas mas ainda eacute o preccedilo dos competidores que guiam os niacuteveis praticados

Os gerentes chamam a atenccedilatildeo para um novo formato que a rede vem desenvolvendo Satildeo

hipermercados dirigidos agraves classes mais altas Como operam com apenas uma loja natildeo a

estrutura de preccedilos ainda obedece agraves regras da matriz A diferenccedila afirmam os entrevistados

estaacute no sortimento de produtos e os serviccedilos oferecidos mas acreditam que a localizaccedilatildeo e a

rede nesse caso teratildeo mais peso para o apreccedilamento estrateacutegico

O poder de compra sobre os fornecedores que permite negociaccedilotildees de preccedilos menores jaacute eacute

utilizado para conseguir oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis Os entrevistados

natildeo consideram como influenciador argumentado que tais negociaccedilotildees fazem parte da rotina

do grupo assim como dos seus principais concorrentes

Nas lojas de desconto o sortimento eacute limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

139

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados

44 Caso 3 ndash Rede C

A terceira rede tem lojas no Reino Unido Alemanha Argentina China Coreacuteia do Sul Porto

Rico e Brasil Iniciou as suas atividades no paiacutes em 1994 e hoje opera com 152 unidades

localizadas em 14 estados brasileiros Seu faturamento bruto foi de aproximadamente US$

700 milhotildees em 2004 O grupo possui mais de 7000 empregados e trabalha atualmente com

hipermercados supermercados e atacados que atendem a pequenos comerciantes Os formatos

estatildeo divididos em quatro bandeiras diferentes A poliacutetica do grupo eacute prosseguir com a

abertura de novas lojas consolidar sua presenccedila na Internet e entrar no ramo de serviccedilos

bancaacuterios como financiadoras dos seus consumidores

Haacute pouco tempo decidiu inaugurar lojas compactas Satildeo unidades pequenas instalaccedilotildees

simples com menor sortimento de mercadorias e custos reduzidos Eacute uma tendecircncia do varejo

e o grupo decidiu apostar Os entrevistados explicaram que seus consumidores querem preccedilo

e agilidade exatamente o que este tipo de supermercado se propotildee a oferecer A poliacutetica de

preccedilos do supermercado eacute a mesma que a rede aplica a todas as suas bandeiras

Assim como as demais empresas pesquisadas a Rede C estabelece seu preccedilo considerando os

custos a demanda e os concorrentes Possui o objetivo de ganhar maior participaccedilatildeo de

mercado e tambeacutem utiliza o meacutetodo de mark-up para fixar o preccedilo de seus produtos

140

O objetivo principal de preccedilo eacute como nos outros competidores a maximizaccedilatildeo da

participaccedilatildeo de mercado e defesa do mercado Os entrevistados argumentam que a razatildeo eacute a

proteccedilatildeo da aacuterea de influecircncia e a criaccedilatildeo de barreiras agrave entrada de novos concorrentes Uma

das estrateacutegias eacute exatamente cobrir a oferta de preccedilo baixo dos concorrentes conforme

explicado anteriormente A estrateacutegia adotada eacute a de preccedilo abaixo do mercado para os

hipermercados com forte monitoramento dos preccedilos dos competidores

A estrateacutegia utilizada pela Rede C eacute o EDPL em todas as unidades de negoacutecios da empresa

hipermercados supermercados e atacados para pequenos comerciantes Ela eacute reconhecida no

mundo todo pelos consumidores como a pioneira na implementaccedilatildeo dos preccedilos baixos todo

dia Os entrevistados explicam que utilizam o EDLP para atrair o consumidor e conquistar sua

lealdade mostrando integridade na praacutetica de seus preccedilos

Poucos artigos satildeo colocados em oferta a cada mecircs Os varejistas adotam o esquema EDLP

por vaacuterias razotildees a mais importante delas eacute que descontos e promoccedilotildees constantes satildeo

dispendiosos e tecircm diminuiacutedo a confianccedila do consumidor em encontrar bons preccedilos No

EDLP o cliente sabe o que encontraraacute Os gerentes afirmam que devido a essa estrateacutegia seus

preccedilos chegam a se igualar aos das lojas de desconto dos seus concorrentes nos preccedilos de

produtos de higiene e limpeza

Os hipermercados satildeo considerados estabelecimentos para venda de grande quantidade de

itens e compras mensais e eacute concorrente direto das redes A e B O puacuteblico-alvo eacute o mesmo

das outras empresas ou seja clientes que realizam compras mensais e buscam um bom

equiliacutebrio da relaccedilatildeo custo-benefiacutecio Satildeo clientes que reconhecem a estrateacutegia praticada pelo

varejista

141

Um dos meacutetodos usados para combater e anular accedilotildees concorrenciais eacute garantir o preccedilo mais

baixo e cobrir qualquer oferta A empresa tem tradiccedilatildeo nessas atividades Como opera com as

margens semelhantes ao do competidor e os preccedilos 15 mais baixos que da meacutedia do varejo

satildeo conseguidos repassando-se as negociaccedilotildees com fornecedores Soacute as promoccedilotildees de preccedilos

resultantes da estrateacutegia HILO utilizada pelas outras duas organizaccedilotildees eacute que ocasionam o uso

de medidas de defesa

Os consumidores satildeo considerados pelos respondentes como altamente sensiacuteveis a preccedilo pois

buscam a oferta mais barata e fazem pesquisas de preccedilo antes de decidir pelo local O mesmo

eacute valido para todos os formatos do grupo Os compradores do atacado satildeo comerciantes

pequenos que buscam melhores condiccedilotildees de pagamento do que os oferecidos pela induacutestria

Como os clubes atacadistas iratildeo praticar uma margem proacutepria para cobrir seus custos e natildeo

podem comercializar mercadorias com preccedilos aleacutem do mercado procuram as empresas que

permitirem a compra de um bom volume a um preccedilo relativamente baixo Esse formato eacute um

tipo de clube ou rede de compra e os clientes satildeo associados O sortimento do clube de

compras estaacute dividido em produtos para escritoacuterios pizzarias restaurantes hoteacuteis lojas de

conveniecircncia entre outros

A estimativa de custos tambeacutem considera os custos fixos e custos variaacuteveis e o preccedilo proposto

deve cobrir o custo total da comercializaccedilatildeo do item aleacutem de garantir uma margem de lucro

para a empresa Existem tambeacutem os problemas com perdas de mercadoria e estas satildeo

calculadas para cada loja de cada formato sob responsabilidade dos gerentes de cada

estabelecimento e os custos tambeacutem satildeo analisados separadamente para cada negoacutecio da rede

Poreacutem vaacuterias accedilotildees satildeo praticadas pelo grupo visando a reduccedilatildeo de seus gastos

142

Devido a essa poliacutetica de gestatildeo de custos a empresa eacute conhecida mundialmente por

contribuir com a economia Essa contribuiccedilatildeo ao ciclo econocircmico consiste em trecircs itens

pressionar os fornecedores para reduzir preccedilos usar tecnologia digital de primeira linha para

baratear a gestatildeo de seus estoques e pagar aos seus funcionaacuterios o menor salaacuterio possiacutevel

encolhendo os custos da empresa

A empresa eacute referecircncia em processos de gestatildeo no varejo e no uso de tecnologia a serviccedilo do

negoacutecio Um exemplo eacute o sistema eletrocircnico de reposiccedilatildeo de estoque Por meio dele rede e

fornecedores ficam conectados 24 horas e tecircm informaccedilatildeo do giro de cada produto na gocircndola

em tempo real Assim o varejista consegue agilizar o processo de reposiccedilatildeo e os fornecedores

tecircm acesso a detalhes como resultado de vendas dos produto por loja ou regiatildeo

Alguns fornecedores promovem accedilotildees de marketing no ponto de venda ou fazem eventuais

mudanccedilas nos produtos com os dados que satildeo disponibilizados Outro resultado dessa parceria

eacute a reduccedilatildeo de custos (cerca de 10 ao longo de toda a cadeia de suprimentos) Tais fatos

possibilitam agrave rede colocar em praacutetica a poliacutetica EDLP

Um fator que deve ser considerado na gestatildeo de reduccedilatildeo de custos da empresa eacute a natildeo

existecircncia de estoque na loja os produtos satildeo alojados na parte superior da gocircndola

Os hipermercados da Rede C buscam oferecer o melhor sortimento pelo melhor preccedilo sempre

A poliacutetica de EDLP direciona todas as negociaccedilotildees realizadas com fornecedores e garante ao

consumidor o menor custo da cesta de compras Para honrar com esse compromisso as lojas

realizam semanalmente uma pesquisa de preccedilos de produtos junto agrave concorrecircncia local

(shopping de preccedilos)

143

Os hipermercados ainda contam com um sortimento de 65 mil itens Dentre elas encontram-

se alimentos hortifrutis confecccedilatildeo brinquedos eletroeletrocircnicos papelaria perfumaria

artigos para casa mesa e banho limpeza praacutetica de esportes jardinagem pet shop entre

outros Todas as lojas possuem uma mini-galeria de serviccedilos de conveniecircncia No local satildeo

encontradas lanchonetes cafeacute restaurantes lavanderia salatildeo de beleza oacutetica banca de jornal

e revistas entre outros serviccedilos alternativos A ideacuteia eacute trabalhar o conceito de one stop shop

lugar onde o cliente encontra de tudo em um mesmo local

A taacutetica do preccedilo isca eacute novamente utilizada nesse caso Satildeo realizadas promoccedilotildees em um dia

fixo da semana (terccedila feira da carne quarta-feira da verdura entre outras) mas os gerentes

afirmam que a poliacutetica de descontos eacute menos frequumlente que nos concorrentes jaacute que optaram

por oferecer preccedilo baixo todos os dias

Os volumes de venda tambeacutem crescem consideravelmente e vaacuterias accedilotildees de comunicaccedilatildeo satildeo

realizadas Descontos sazonais satildeo praticados constantemente para as compras realizadas fora

da temporada assim como em seus concorrentes Os hipermercados realizam saldotildees

depois das festas de final de ano para reduzir o estoque de mercadorias comercializadas soacute

para essa eacutepoca do ano como por exemplo o Panetone

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo os respondentes consideram os

preccedilos dos seus concorrentes a localizaccedilatildeo e renda dos moradores da regiatildeo de influecircncia de

cada loja Para isso os gerentes tambeacutem tecircm autonomia para modificar os preccedilos das lojas

que estatildeo sob sua responsabilidade Um exemplo dessa descentralizaccedilatildeo eacute a facilidade do

cliente que apresenta um anuacutencio promocional impresso da concorrecircncia dentro da validade

com um preccedilo inferior ao da rede em conseguir a mesma oferta na loja na hora e no caixa

sem burocracia

144

Os serviccedilos prestados e os gastos com material promocional satildeo considerados pela empresa

como custos entretanto normalmente os gastos satildeo compartilhados com os fornecedores Os

entrevistados explicaram que os anuacutencios de produtos na miacutedia de massa (Televisatildeo Jornal e

Revistas) satildeo realizados em conjunto com os fabricantes e a empresa soacute arca com os custos de

publicidade institucional Para isso eacute reservada uma porcentagem das vendas anuais da

empresa

Os serviccedilos oferecidos estatildeo embutidos na margem e o poder de negociaccedilatildeo com a induacutestria

permite a compra de grandes volumes a preccedilos mais baixos descontos de pagamento agrave vista e

bonificaccedilotildees As bonificaccedilotildees satildeo acordos realizados entre varejistas e fornecedores que

permitem a entrega de mais mercadorias no lugar de descontos em dinheiro A empresa

repassa aos consumidores as reduccedilotildees de preccedilo que consegue na condiccedilatildeo de uns dos maiores

compradores

O grupo tambeacutem estaacute investindo em novos projetos arquitetocircnicos Com layout diferenciado e

um conceito inovador um novo hipermercado foi inaugurado A unidade tem dois andares

teacuterreo e mezanino e estabeleceu um novo modelo funcional com excelente aceitaccedilatildeo dos

clientes de regiotildees urbanas centrais e de alto iacutendice populacional

Novas accedilotildees promocionais satildeo vinculadas ao novo modelo de loja O objetivo da rede de

acordo com os entrevistados eacute disponibilizar para os consumidores um sortimento de mais de

mil itens a preccedilos super negociados reduzidos em ateacute 10 Eacute importante ressaltar que estaacute

natildeo eacute uma accedilatildeo promocional tradicional pois a rede garante os preccedilos por pelo menos

noventa dias diferente das accedilotildees da concorrecircncia que em alguns casos tecircm curta duraccedilatildeo

145

43 Anaacutelise dos Casos

Por meio da apresentaccedilatildeo dos casos foi possiacutevel identificar como as redes de varejo formulam

os preccedilos de seus produtos Todas as trecircs empresas seguem os seis passos apresentados no

referencial teoacuterico Poreacutem eacute importante ressaltar que nenhum dos gerentes entrevistados

demonstrou realizar a tarefa de apreccedilamento de forma estruturada ou seja apesar das etapas

serem seguidas conforme o proposto por Kotler e Keller (2005) a determinaccedilatildeo do valor

cobrado por cada produto acontece intuitivamente e as anaacutelises necessaacuterias satildeo oacutebvias

segundo os gerentes entrevistados Determinar o preccedilo dos produtos portanto natildeo representa

um problema

A falta de conhecimentos teacutecnicos mais aprofundados tambeacutem fica clara quando percebe-se

que as trecircs empresas utilizam o mesmo meacutetodo de apreccedilamento o mark-up Embora ele seja o

mais utilizado pelas redes varejistas por sua simplicidade e facilidade de aplicaccedilatildeo (LAMBIN

2000a) natildeo eacute necessariamente a maneira mais adequada pois apresenta vaacuterias limitaccedilotildees

Uma delas diz respeito a definiccedilatildeo de preccedilos aleacutem do devido em mercados mais fracos e a

preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute considerado pelos estudiosos da

aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma estrateacutegia prudente Um outro problema

eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir todas as despesas e permitir retorno Aleacutem

dos dois pontos o meacutetodo tambeacutem natildeo leva em consideraccedilatildeo aspectos da demanda e dos

concorrentes focando apenas os custos

Entretanto a Rede A demonstrou que apesar de utilizar o mark-up tambeacutem considera o valor

percebido pelo consumidor para a Divisatildeo de Supermercados Isso acontece porque o negoacutecio

foi desenvolvido para atender as necessidades da populaccedilatildeo de renda alta (classes A e B) que

146

possuem pouca sensibilidade agrave preccedilos e busca comodidade variedade bom atendimento

excelecircncia em serviccedilos e mercadorias de alta qualidade e prestiacutegio Dessa forma algumas

outras variaacuteveis fora o custo satildeo consideradas na estrateacutegia de apreccedilamento A decisatildeo de

agregar outros fatores (a renda dos clientes o estilo de vida etc) foi resultado de vaacuterias accedilotildees

e testes nas lojas Esses experimentos satildeo de responsabilidade de um consultor especializado

em varejo que atende grandes redes varejistas ao redor do mundo traz constantemente novas

ideacuteias e sugere diferentes conceitos para serem aplicados

As ideacuteias que satildeo aceitas para teste satildeo aplicadas em certas lojas da rede (preferencialmente

lojas em reforma) A avaliaccedilatildeo dessas ideacuteias e dos novos conceitos aplicados eacute feita de acordo

com o resultado de vendas da loja modificada ou dos produtos pertencentes agraves sessotildees

reestruturadas O aumento nas vendas eacute utilizado como indicador de sucesso do novo modelo

Dessa forma se as mudanccedilas forem bem sucedidas outras lojas seratildeo igualmente

remodeladas Seguindo esse raciociacutenio um niacutevel baixo de vendas significa que o novo

conceito natildeo funcionou e portanto novas alternativas satildeo avaliadas

Tais accedilotildees demonstram que a estrateacutegia de preccedilo discriminatoacuterio eacute praticada pela Rede A A

empresa conhece os diferentes segmentos em que atua e para cada um determina um valor

condizente com a possibilidade de compra do cliente A compreensatildeo dos diferentes graus de

sensibilidade agrave preccedilos eacute clara para a Rede A que consegue diferenciar os segmentos de

consumidores que atinge e adequar a sua estrateacutegia para cada diferentes formato Entretanto

para as demais empresas o conceito eacute difundido mas natildeo foi observada a utilizaccedilatildeo de

meacutetodos para adequar suas decisotildees baseadas nas diferentes caracteriacutesticas dos grupos de

compradores

147

Os diferentes formatos das Redes B (hipermercados supermercados e lojas de desconto)

seguem o meacutetodo de mark-up sem a influecircncia de outro meacutetodo A mesma poliacutetica HILO eacute

trabalhada por todos Mas cada um dos formatos possui seu proacuteprio posicionamento e

portanto atendem a puacuteblicos diferentes Essa diferenccedila eacute trabalhada no apreccedilamento apenas

pela gestatildeo de custos Nas lojas de desconto o sortimento eacute menor natildeo haacute muitos funcionaacuterios

para prestar serviccedilos e os estoques satildeo baixos Todas as accedilotildees satildeo para reduzir os gastos e

praticar preccedilos mais baixos Essa atitude demonstra a possiacutevel falta de conhecimento a

respeito das estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos que podem ser empregadas para operar com

preccedilos de acordo com as possibilidades das classes C e D

Entre as estrateacutegias a serem aplicadas estaacute a praacutetica de preccedilos geograacuteficos preccedilos

discriminatoacuterios preccedilos com descontos ou concessotildees A uacutenica forma que as empresas

varejistas estudadas demonstraram conhecer foi o preccedilo isca O preccedilo geograacutefico tambeacutem

pode ajudar a reduzir custos pois considera a regiatildeo e os gastos com logiacutestica para entregar a

mercadoria em locais diferentes O preccedilo discriminatoacuterio pode levar a rede a vender produtos

com margem maior onde os consumidores satildeo pouco sensiacuteveis aos preccedilos e os descontos e

promoccedilotildees favorecem as compras a vista ou em maior quantidade

O shopping de preccedilos eacute praticado por todos devido agrave alta concorrecircncia existente no setor

(oligopoacutelio) Todos conhecem a importacircncia de monitorar as accedilotildees de seus competidores seja

para manter os preccedilos dentro do mercado ou mesmo para se proteger As empresas possuem

equipes com funcionaacuterios preparados e treinados para a funccedilatildeo que coletam as informaccedilotildees

periodicamente como apresentado na teoria

Ao analisar a terceira rede (Rede C) fica clara a agressividade de suas accedilotildees para conquistar

maior espaccedilo no mercado As suas accedilotildees estatildeo sempre voltadas para reduccedilatildeo de custos e

focadas em praacutetica de preccedilos baixos A estrateacutegia EDLP eacute sinocircnimo da marca da empresa

148

Nos mais diferentes formatos os preccedilos com os fornecedores satildeo fortemente negociados e

todos os descontos conseguidos repassados para o consumidor As escolhas quanto ao meacutetodo

de apreccedilamento (mark-up) preocupaccedilatildeo com inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e reduccedilatildeo dos custos

demonstram bastante coerecircncia com o objetivo do varejista (oferecer preccedilo baixo todo dia)

As variaacuteveis que influenciam no apreccedilamento de cada unidade de negoacutecio das redes natildeo

foram muito exploradas pelos gerentes nas entrevistas realizadas mas eacute e evidente a

importacircncia do formato de canal na escolha das estrateacutegias Ao se posicionarem de formas

diferentes e escolherem puacuteblicos diferentes para cada divisatildeo a influecircncia do tipo de loja fica

clara

Os supermercados ao se posicionarem como de vizinhanccedila jaacute consideram

automaticamente a localizaccedilatildeo e a renda dos consumidores como fatores determinantes do

preccedilo Conforme explicado na revisatildeo teoacuterica os preccedilos devem obedecer ao niacutevel do mercado

em que encontram-se caso contraacuterio perdem venda por estarem ou muito acima da

concorrecircncia ou comprometem os ganhos se praticarem preccedilos muito abaixo

Os produtos comercializados tambeacutem tecircm influecircncia Nos formatos que possuem sortimentos

limitados (lojas de desconto) a presenccedila de marcas-proacuteprias eacute grande pois natildeo precisam de

investimentos em miacutedia de massa e podem ser comercializados agrave preccedilos adequados ao

orccedilamento das classes C e D Os formatos que operam com sortimento maior (em variedade e

profundidade) precisam trabalhar com o conceito de preccedilo psicoloacutegico associando o valor

monetaacuterio alto com alta qualidade do produto Nenhuma das redes afirmou utilizar a

estrateacutegia poreacutem a praacutetica de preccedilos psicoloacutegicos eacute tradicional jaacute na induacutestria e eacute repassada

para o ponto de venda

149

As marcas liacutederes geralmente apresentam preccedilo superior para traduzir ao cliente a qualidade

de seu produto e esse preccedilo eacute repassado pelas redes para o consumidor final As redes

supermercadistas trabalham com marcas liacutederes para melhorar a imagem que constroem na

mente do comprador A marca que o cliente deseja precisa estar disponibilizada nas gocircndolas

ou o consumidor natildeo se sentiraacute satisfeito com a experiecircncia de compra (KUNKEL BERRY

1968 LINDQUIST 1974 DOYLE FENWICK 1974 ENGEL BLACKWELL 1995)

Assim tambeacutem eacute possiacutevel afirmar que as marcas tecircm influecircncia na determinaccedilatildeo dos produtos

comercializados pelos supermercadistas

As informaccedilotildees das redes que confirmam essa observaccedilatildeo eacute a comercializaccedilatildeo dos mesmos

produtos de mesma marca e caracteriacutesticas a preccedilos mais altos em lojas localizadas em

regiotildees nobres e a preccedilos mais baixos em lojas localizadas na periferia da cidade

As negociaccedilotildees fazem parte do cotidiano de todas as empresas Como as redes estatildeo entre as

dez maiores em faturamento (ABRAS 2005) a compra em volume eacute consideraacutevel e o poder

sobre os fornecedores tambeacutem Haacute anos uma negociaccedilatildeo era determinada principalmente

pelo preccedilo Com a concorrecircncia acirrada o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas

negociaccedilotildees entre varejistas e fornecedores As maiores empresas negociam grandes volumes

a preccedilos mais baixos do que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais

acessiacuteveis de um mesmo produto do que a concorrecircncia

Entretanto conforme jaacute citado a variaacutevel que claramente exerce maior influecircncia na

formaccedilatildeo dos preccedilos das mercadorias comercializadas pelas redes eacute o formato do canal

Mesmo utilizando o mesmo meacutetodo de apreccedilamento as lojas de diferentes formatos praticam

poliacuteticas diferentes Como o posicionamento e o puacuteblico-alvo satildeo distintos as ferramentas

para adequar os preccedilos dos produtos natildeo satildeo as mesmas Cada puacuteblico tem suas

caracteriacutesticas poder de compra rendas distintas e ocasiotildees de compra diferentes

150

Aleacutem disso os supermercados de vizinhanccedila oferecem mais serviccedilos para o cliente final

Como localizam-se proacuteximo agrave residecircncia do consumidor geralmente oferecem serviccedilos de

entrega por exemplo Serviccedilos adicionais aumentam o custo interno do varejista e portanto

para conseguir cobrir todos os gastos as margens consideradas no caacutelculo do mark-up natildeo

podem ser tatildeo baixas Por mais que o foco seja a reduccedilatildeo de custos mesmo por meio de

melhores negociaccedilotildees com os fornecedores (como no caso da Rede C) os produtos natildeo tecircm

os mesmos preccedilos que as lojas de hipermercado

Nas lojas de desconto como os serviccedilos satildeo poucos e a estrutura disponiacutevel eacute mais simples

(natildeo tecircm estoque as mercadorias satildeo guardadas por cima da gocircndola) o nuacutemero de

funcionaacuterios restrito e poucos investimentos em comunicaccedilatildeo e merchandising os custos

abaixam e eacute possiacutevel praticar preccedilos abaixo da meacutedia do mercado Haacute tambeacutem a

comercializaccedilatildeo de marcas proacuteprias que ajudam no ganho maior

Para facilitar a visualizaccedilatildeo das estrateacutegias utilizadas pelas redes supermercadistas no

apreccedilamento dos produtos que comercializam o quadro 11 foi elaborado

A seguir apresenta-se a conclusatildeo da dissertaccedilatildeo bem como as limitaccedilotildees encontradas e as

sugestotildees de estudos futuros

151

Quadro 11 Resumo das estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas redes varejistas

pesquisadas

Estrateacutegias

Redes

Rede A Rede B Rede C

Objetivo de Preccedilo

- Participaccedilatildeo de mercado - Valor percebido pelos consumidores (supermercado)

- Participaccedilatildeo do mercado

- Participaccedilatildeo do mercado

Anaacutelise da Demanda

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos nos hipermercados e lojas de desconto Consumidores pouco sensiacuteveis nos supermercados

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos - Busca da melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos

Estimativa de Custos

- Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Controle sobre gastos e

Anaacutelise da Concorrecircncia

- Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos

Seleccedilatildeo do Meacutetodo

- Mark-up - Mark-up - Mark-up

Adequaccedilatildeo do Preccedilo

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - Preccedilo psicoloacutegico (supermercados) - Preccedilos por segmento (supermercados) - HILO (hipermercados)

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - HILO (todos os formatos)

- Poliacutetica EDLP para todos os formatos - Preccedilo isca

Variaacuteveis que influenciam

- Localizaccedilatildeo da loja - Renda do consumidor - Formato do canal - Marcas do produtos

- Formato do canal - Marcas do produtos - Poder sobre os fornecedores

- Poder sobre os fornecedores - Renda dos consumidores - Formato do canal - Marcas do produtos

Fonte Elaborado pela autora A seguir apresenta-se as conclusotildees do estudo suas limitaccedilotildees e sugestotildees de estudos futuros

152

5 CONCLUSOtildeES

Este estudo teve como objetivo analisar a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em supermercados

Para que o objetivo fosse cumprido uma revisatildeo bibliograacutefica foi desenvolvida e abordou

conceitos sobre demanda custos meacutetodos de apreccedilamento teacutecnicas de adequaccedilatildeo de preccedilos e

variaacuteveis que influenciam nessa decisatildeo

Um estudo multicaso em trecircs redes supermercadistas foi elaborado para analisar como os

temas abordados na revisatildeo satildeo utilizados na praacutetica por algumas empresas do setor Para isso

desenvolveu-se um protocolo com os passos necessaacuterios para o desenvolvimento da pesquisa

empiacuterica Apresentou-se tambeacutem o histoacuterico a situaccedilatildeo atual e as principais tendecircncias do

varejo para o entendimento das circunstacircncias atuais de concorrecircncia e crescimento das

redes

Apoacutes essa apresentaccedilatildeo os casos foram descritos e analisados pela autora Baseando-se

nessas anaacutelises foi constatado que atualmente com o mercado cada vez mais competitivo e

com o faacutecil acesso dos consumidores agrave comparaccedilatildeo de preccedilos a decisatildeo sobre as estrateacutegias

de apreccedilamento tornou-se fundamental para o bom desempenho das redes supermercadistas

que visam ganho de vantagem competitiva

O estudo de multicasos demonstrou que os meacutetodos de apreccedilamento e de adequaccedilatildeo de preccedilos

satildeo ainda pouco utilizados pelas redes estudadas no que se refere agrave variedade de teacutecnicas

existentes para serem aplicadas a situaccedilotildees diferentes As empresas demonstraram o uso

adequado do mark-up e de estrateacutegias de descontos (peccedilo isca e descontos sazonais) poreacutem

de acordo com a teoria proposta tais meacutetodos apresentam limitaccedilotildees que podem alongo

prazo prejudicar o alcance dos objetivos de rentabilidade e participaccedilatildeo de mercado dos

grupos supermercadistas analisados

153

Cabe ressaltar que ateacute hoje as empresas estudadas tecircm conseguido atingir seus objetivos de

preccedilo por meio da utilizaccedilatildeo do meacutetodo de mark-up em conjunto com as anaacutelises de demanda

e concorrecircncia segundo os resultados de vendas e a colocaccedilatildeo no ranking da ABRAS

Entretanto o setor busca novas tecnologias para reduccedilatildeo de custos e tambeacutem apresenta outras

estrateacutegias para fidelizar os seus clientes que consideram outras variaacuteveis aleacutem dos custos

O acompanhamento das accedilotildees dos competidores por meio do shopping de preccedilos de cada

loja em diferentes regiotildees tem permitido agraves redes a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia sobre

suas estrateacutegias e a praacutetica de teacutecnicas de defesa como cobrir ofertas ou melhores negociaccedilotildees

com seus fornecedores para operar com preccedilos dentro do mercado Poreacutem as empresas focam

nas estrateacutegias dos concorrentes e acabam por desenvolver accedilotildees muito proacuteximas e parecidas

com as dos competidores enquanto poderiam analisar com maior profundidades os seus

puacuteblicos e oferecer vantagens de acordo com o estilo de vida a renda e as necessidades de

cada segmento de mercado que atende

A Rede C por exemplo considera que todos os seus consumidores tecircm o mesmo niacutevel de

sensibilidade agrave preccedilos Mas eles possuem haacutebitos de compra diferentes e frequumlentam formatos

de loja distintos o que demonstra que nem todas as caracteriacutesticas satildeo as mesmas Caso

utilizasse o preccedilo discriminatoacuterio poderia diferenciar as suas bandeiras e atingir talvez de

forma mais eficaz o objetivo de maior participaccedilatildeo de mercado A Rede A embora natildeo

demonstre conhecimento suficiente sobre o conceito de preccedilo discriminatoacuterio eacute a uacutenica entre

as organizaccedilotildees estudadas que opera com estrateacutegias diferentes para cada puacuteblico que

frequumlenta suas diferentes divisotildees

O foco para a reduccedilatildeo dos custos e praacutetica de maiores margens eacute nas negociaccedilotildees com

fornecedores Apenas uma das empresas admitiu o uso de ferramentas tecnoloacutegicas para

diminuir custos A aplicaccedilatildeo de teacutecnicas de apreccedilamento para alcanccedilar esse objetivo natildeo foi

154

verificada o que demonstra a existecircncia de espaccedilo para o desenvolvimento da gestatildeo de

preccedilos nas empresas pesquisadas

Eacute importante ressaltar que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave formaccedilatildeo de preccedilos de

dos produtos que comercializam eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos

conceitos e ferramentas disponiacuteveis assim como o conhecimento das demais teacutecnicas de

adequaccedilatildeo como preccedilos geograacuteficos que permitem tambeacutem a tatildeo desejada reduccedilatildeo de custos

Os estudos cientiacuteficos sobre preccedilos tecircm demonstrado novos modelos como o custo-alvo que

permitem que as decisotildees sobre apreccedilamento sejam mais confiaacuteveis de proacuteximas agraves

necessidades e possibilidades financeiras dos clientes finais Conforme os meacutetodos vatildeo sendo

aprimorados menor a chance das estrateacutegias e dos planejamentos de precificaccedilatildeo falharem

Poreacutem eacute preciso que as redes supermercadistas deixem de analisar somente seus competidores

e de desenvolverem accedilotildees para se proteger dos ataques e observem mais de perto as atitudes

caracteriacutesticas e diferentes estilos dos seguimento de compradores que atingem ou pretendem

conquistar

155

51 Limitaccedilotildees

Campomar (1991) explica que tanto os meacutetodos quantitativos quanto os meacutetodos qualitativos

possuem suas limitaccedilotildees e estas devem ser claramente mencionadas nos trabalhos cientiacuteficos

As limitaccedilotildees do presente trabalho referem-se primeiramente a natureza do meacutetodo Embora

as escolhas tenham permitido o alcance dos objetivos propostos no estudo existem algumas

consideraccedilotildees importantes a serem feitas

A primeira delas refere-se agrave amostra pesquisada Por se tratar de uma amostra natildeo

representativa os dados coletados e analisados bem como as conclusotildees apresentadas natildeo

podem ser generalizados para todo o setor supermercadista As observaccedilotildees soacute devem ser

consideradas para as trecircs empresas que participaram do estudo mesmo que as companhias

estejam entre as maiores em faturamento Outro fator que impede a generalizaccedilatildeo eacute o seu

objetivo exploratoacuterio A dissertaccedilatildeo foi baseada em revisatildeo de literatura e estudos de caso

Um ponto importante refere-se ao proacuteprio setor supermercadista Como trata-se de um

mercado competitivo as empresas natildeo aceitaram a divulgaccedilatildeo de alguns dados e se

restringiram apenas a comentar quais satildeo as estrateacutegias gerais utilizadas para o apreccedilamento

dos produtos que comercializam Estrateacutegias especiacuteficas quanto ao posicionamento futuras

mudanccedilas desenvolvimento de novas tecnologias e praacuteticas e variaacuteveis utilizadas natildeo foram

expostas por nenhuma das redes As conclusotildees sobre esses aspectos forma baseadas em

alguns comentaacuterios e pesquisa de dados secundaacuterios

156

52 Sugestotildees para futuros estudos

Estudos futuros podem comparar a pesquisa realizada com os resultados obtido em outras

redes supermercadistas atuantes no paiacutes Nessa dissertaccedilatildeo foram analisadas trecircs das dez

maiores empresas em faturamento O estudo poderia identificar se as os passos seguidos para

a determinaccedilatildeo de preccedilo e as variaacuteveis influenciadoras satildeo as mesmas identificadas nessa

pesquisa Com uma amostra maior os resultados poderiam trazer informaccedilotildees mais precisas a

respeito do apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

Um outro estudo pode coletar dados primaacuterios de preccedilos de produtos em diferentes formatos e

verificar a influecircncia de das variaacuteveis propostas de forma estatiacutestica O grau de influecircncia de

cada uma pode ser medido e os seguintes objetivos verificados

bull A influecircncia da marca no apreccedilamento estrateacutegico supermercadista

bull A influecircncia da faixa de renda dos consumidores que habitam as regiotildees de cada loja

A influecircncia do formato do canal de distribuiccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos dos produtos

comercializados pelos varejistas

A influecircncia da regiatildeo onde cada loja se localiza na precificaccedilatildeo de produtos

comercializados pelos supermercados

A influecircncia do poder do canal de distribuiccedilatildeo sobre os seus fornecedores e

A influecircncia do preccedilo do concorrente na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos de uma

rede

Outras possibilidades dizem respeito ao estudo da formaccedilatildeo de preccedilos em tipos diferentes de

varejo comparando o setor supermercadista com os outras empresas de serviccedilos

157

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  • 11 Apresentaccedilatildeo
  • 12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo
  • 13 Objetivos
  • 14 Justificativa
  • 15 Organizaccedilatildeo do estudo
  • 21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo
  • 22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo
  • 23 Determinaccedilatildeo da Demanda
    • 231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)
      • 24 Estimativa de Custos
        • 241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos
          • 25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes
          • 26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo
          • 27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final
          • 28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo
          • 29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista
          • 210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados
          • 211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo
            • 2111 Produto
            • 2112 Marca
            • 2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo
            • 2114 Localizaccedilatildeo da Loja
            • 2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista
            • 2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas
            • 117 O Preccedilo da Concorrecircncia
              • 31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo
                • 311 O Tipo de Pesquisa
                • 312 A Natureza da Pesquisa
                • 313 O Meacutetodo da Pesquisa
                  • 3131 Protocolo para os Estudos de Caso
                      • 41 Os Supermercados no Brasil
                      • 42 Caso 1 ndash Rede A
                      • 43 Caso 2 ndash Rede B
                      • 44 Caso 3 ndash Rede C
                      • 43 Anaacutelise dos Casos
                      • 51 Limitaccedilotildees
                      • 52 Sugestotildees para futuros estudos

FOLHA DE APROVACcedilAtildeO

Paula Bulamah Spinelli Anaacutelise da Formaccedilatildeo de Preccedilo de Produtos Um Estudo Multicasos em Supermercados

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Mestrado do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo de Organizaccedilotildees do Departamento de Administraccedilatildeo da Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto da Universidade de Satildeo Paulo Aacuterea de Concentraccedilatildeo Marketing

Aprovada em

Banca Examinadora

Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura __________________________ Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura __________________________ Prof Dr ___________________________________________________________________ Instituiccedilatildeo _____________________________ Assinatura ________________________

Dedico este trabalho aos meus pais Rosi e Luiz Spinelli e meu irmatildeo Rui

Meus grandes exemplos

Para meus queridos tios Carlos Eli e Maria Tereza Piccinato e

as minhas ldquo irmatildesrdquo Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato

que estiveram sempre ao meu lado

AGRADECIMENTOS

Ao Professor e Orientador Dr Flaacutevio Torres Urdan a minha gratidatildeo pela orientaccedilatildeo valiosa

competecircncia confianccedila amizade e antes de tudo por ter representado muito mais do que seu

papel e ter me dado todo o apoio necessaacuterio nessa caminhada

Ao Diretor da FEARP Professor Dr Marcos Cortez Campomar pelas sugestotildees e discussotildees

que ajudaram a aprimorar este trabalho e por de ter compartilhado um pouco do seu

conhecimento comigo

Aos professores Dr Dirceu Tornavoi de Carvalho e Dr Marcos Fava Neves pelo apoio

durante todo o meu periacuteodo de aprendizado na poacutes graduaccedilatildeo

Aos professores Dr Maacutercio Mattos Borges de Oliveira e Dra Socircnia pela amizade pela

torcida e oportunidade de compartilhar junto a toda turma de poacutes-graduaccedilatildeo os momentos de

alegria

Ao pessoal da Secretaria de Poacutes-Graduaccedilatildeo da FEARP em especial agrave Eacuterika e ao Eduardo por

todo o apoio no curso

Agraves ldquomeninas da FUNDACErdquo pela amizade pela confianccedila e pelo apoio

Aos profissionais que aceitaram e se dispuseram a participar da pesquisa minha sincera

gratidatildeo

As minhas amigas-irmatildes de todas as horas que me apoiaram nas decisotildees que tomei e que

estatildeo do meu lado haacute anos Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato e Juliana Freitas

Aos amigos que fiz durante o mestrado da primeira e segunda turma aqui representados pela

Flaacutevia Ghisi e Janaiacutena Giraldi grandes companheiras de trabalhos artigos disciplinas e

comemoraccedilotildees e a minha turma pela convivecircncia e apoio nos momentos criacuteticos de

avaliaccedilotildees representada pelo meu amigo Marco Antonio Conejero companheiro desde as

entrevistas

ldquoO homem nasceu para aprender aprender tanto quanto a vida lhe permitardquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa)

RESUMO

O presente trabalho analisa a importacircncia da determinaccedilatildeo de preccedilos para a competitividade

do varejo supermercadista Apoacutes uma revisatildeo da literatura sobre as diversas definiccedilotildees de

preccedilos e as formas de estabelececirc-los satildeo analisadas as seis etapas propostas por especialistas

de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico de produtos Nessas seis etapas satildeo discutidas a

influecircncia da demanda e a importacircncia dos custos os meacutetodos de estabelecimento mais

utilizados descrevendo-se suas caracteriacutesticas e limitaccedilotildees as teacutecnicas de adequaccedilatildeo agrave

diversas situaccedilotildees bem como a seleccedilatildeo do preccedilo final Os passos adotados pelos varejistas

satildeo tambeacutem abordados assim como outras variaacuteveis que tecircm impacto na estrateacutegia escolhida

para se fixar os preccedilos nos supermercados aleacutem da demanda dos custos e dos concorrentes

Por fim as estrateacutegias de apreccedilamento satildeo estudadas empiricamente por meio de entrevistas

em profundidade com gerentes de trecircs redes de varejo de grande porte que atuam no mercado

nacional onde eacute verificada a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de apreccedilamento como instrumento de

auxiacutelio na tomada de decisotildees relacionadas aos programas de preccedilo da empresa Em

conclusatildeo verifica-se que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave definiccedilatildeo de poliacuteticas de

preccedilos eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos conceitos e das variaacuteveis da que

influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos que comercializam assim como o

conhecimento das diversas teacutecnicas de apreccedilamento aleacutem do mark-up

Palavras-chave preccedilo produto supermercados

ABSTRACT

The present paper analyses the importance of pricing for the competitiveness of the retail

sector (supermarkets) After a bibliographic survey on the several definitions concerning price

and how it is determinate six steps proposed by marketing experts to products strategic

pricing are analyzed In these steps the demand influence the costs importance and the most

important pricing methods are discussed describing their characteristics and limitations the

techniques to adequate it to different situations as so as the final price selection The steps

that are adopted by supermarket retail are also outlined thus as the variables that have some

influence on its chosen pricing strategy Demand and competitors costs are also analyzed

Finally pricing strategies are empirically studied through multicases study on three large

retail chains In this part the use by these companies of pricing methods as a tool to assist

decision making related to the long-run pricing programs is verified In conclusion it is seen

that while retail specialists seek more scientific and reliable bases for aiding the decisions

regarding the price strategies it is essential that they posses a clear comprehension of the

concepts and the variables that have influence on products price determination that are

commercialized by themselves as well as the technical skills to pricing besides the mark-up

method

Key-words price product supermarket retail

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing22

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos 25

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto 34

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto 34

Figura 5 Representaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticidade da Demanda36

Figura 6 Curva de Demanda de um Vendedor Individual quando independentemente muda o

preccedilo 37

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos39

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem46

Figura 9 O modelo dos 3 Cs para a determinaccedilatildeo de preccedilos 59

Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos61

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja 76

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja 77

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo 81

8

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo33

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado 54

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia 55

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees60

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos 65

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja74

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista 82

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas86

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo 91

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro 123

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro 124

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 Apresentaccedilatildeo 11

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo15

13 Objetivos15

14 Justificativa16

15 Organizaccedilatildeo do estudo18

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA 20

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo20

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo27

23 Determinaccedilatildeo da Demanda33

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente) 41

24 Estimativa de Custos 44

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos 50

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes 51

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo 58

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final 62

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo64

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista69

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados 79

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo 91

2111 Produto 92

2112 Marca 93

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo95

2114 Localizaccedilatildeo da Loja101

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista102

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas105

2117 O Preccedilo da Concorrecircncia106

10

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO 109

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo109

311 O Tipo de Pesquisa 110

312 A Natureza da Pesquisa 112

313 O Meacutetodo da Pesquisa 114

4 O ESTUDO MULTICASOS121

41 Os Supermercados no Brasil 121

42 Caso 1 Rede A 127

43 Caso 2 Rede B 133

44 Caso 3 Rede C 139

43 Anaacutelise dos Casos145

5 CONCLUSOtildeES152

51 Limitaccedilotildees 155

REFEREcircNCIAS 157

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Apresentaccedilatildeo

Boone e Kurtz (1998) afirmam que filoacutesofos antigos jaacute reconheciam a importacircncia do preccedilo

no sistema econocircmico pois alguns documentos da eacutepoca demonstram tentativas de

determinar preccedilos justos e moderados Atualmente o preccedilo ainda exerce a funccedilatildeo de regular a

atividade econocircmica e o emprego de qualquer um dos quatro fatores de produccedilatildeo (terra

capital recursos humanos e empreendedorismo) depende do preccedilo que lhe eacute atribuiacutedo Para

uma empresa os preccedilos cobrados e as quantidades adquiridas de um produto por seus

clientes representam a receita recebida portanto os preccedilos influenciam os lucros da

companhia bem como a utilizaccedilatildeo de seus fatores de produccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998)

Aleacutem disso o preccedilo eacute um dos principais determinantes para a escolha dos produtos pelos

compradores Eacute um dos elementos chave para alcanccedilar o volume de vendas desejado e por

consequumlecircncia tem grande impacto nos lucros das empresas e tem o papel fundamental na

percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos consumidores

Lopes Reis e Abukawa (1996) afirmam que o preccedilo eacute a variaacutevel do composto que pode ser

mais facilmente comparada pelo consumidor no momento da compra Os autores ainda citam

que em situaccedilotildees econocircmicas inflacionaacuterias recessivas ou ambas a determinaccedilatildeo de preccedilos

de produtos pode se tornar uma tarefa bastante confusa Mas por que o preccedilo natildeo apresentou

o mesmo destaque que as demais variaacuteveis do composto de marketing nos estudos acadecircmicos

e para os profissionais da aacuterea como afirmam Nagle e Holden (2003)

12

Jain (2000) argumenta que a estabilidade econocircmica dos anos 60 no mundo eacute que pode ser

responsabilizada particularmente pelo baixo status atribuiacutedo agrave variaacutevel preccedilo Para o autor

estrategicamente a funccedilatildeo do apreccedilamento significava apenas atribuir um retorno adequado

ao investimento realizado Segundo o autor nos anos 70 vaacuterios eventos foram responsaacuteveis

por uma reviravolta na tarefa de determinar os preccedilos dos bens e serviccedilos entre eles o

consumismo o custo alto do dinheiro o controle do comportamento dos preccedilos praticados

falta de mateacuterias-primas entre outros todos tornaram o preccedilo uma variaacutevel importante (JAIN

2000 LAMBIN 2000a)

Nagle e Holden (2003) afirmam que foi nos anos 80 que os profissionais de marketing

enfrentaram grandes desafios Empresas detentoras de marcas liacutederes viram a lealdade a suas

marcas e seu poder junto aos distribuidores diminuir As grandes empresas viram seus lucros

caiacuterem enquanto as organizaccedilotildees menores atraiacuteam seus clientes mais lucrativos Entatildeo

liacutederes corporativos mostraram que era possiacutevel aumentar o fluxo de caixa e os lucros por

meio dos preccedilos mais altos mesmo que essa estrateacutegia resultasse em uma perda de

participaccedilatildeo de mercado (NAGLE HOLDEN 2003)

O acontecimento mostrou agraves empresas que a estrateacutegia de determinaccedilatildeo de preccedilos deve ser

cuidadosamente planejada e todas as teacutecnicas de apreccedilamento devem ser dominadas pelos

profissionais de marketing principalmente no ambiente competitivo em que as companhias

atualmente encontram-se inseridas

A fixaccedilatildeo de preccedilos eacute considerada tatildeo complexa que Kotler e Keller (2005) afirmam que as

empresas lidam com o apreccedilamento de vaacuterias maneiras Nas pequenas empresas eles satildeo

determinados pelos proacuteprios dirigentes e nas grandes satildeo gerentes satildeo gerentes de divisotildees e

produtos os responsaacuteveis pela tarefa Em setores em que o preccedilo eacute o fator-chave as

organizaccedilotildees dispotildeem de um departamento especiacutefico para fixaacute-los ou auxiliar no

13

apreccedilamento dos produtos Este departamento estaacute geralmente subordinado agrave diretoria de

marketing financcedilas ou agrave alta administraccedilatildeo Outros que exercem influecircncia satildeo os gerentes de

vendas de produccedilatildeo gerentes financeiros e os contadores Nagle e Holden (2003) atribuem

essa mudanccedila na estrutura como resultado do apreccedilamento estrateacutegico ou seja as empresas

estatildeo atualmente administrando proativamente as condiccedilotildees do mercado

Engle Blackwell e Miniard (1995) afirmam ainda que o preccedilo eacute determinante para a escolha

da loja supermercadista pelo cliente A formaccedilatildeo de preccedilos de venda estaacute portanto entre as

mais importantes decisotildees da empresa Apesar de parecer faacutecil o apreccedilamento compreende

um processo complexo por depender do grande nuacutemero de variaacuteveis quantitativas e

qualitativas e estas nem sempre partem da decisatildeo interna da organizaccedilatildeo necessitando

estarem inseridas no planejamento estrateacutegico capaz de refletir os objetivos da empresa

(JAIN 2000)

O varejo brasileiro por exemplo que eacute a unidade de anaacutelise do caso apresentado nesse

estudo enfatiza o aspecto preccedilo como fator fundamental para a busca de um diferencial

competitivo e para a conquista de clientes O ambiente macro-econocircmico mundial nas uacuteltimas

deacutecadas apoacutes sucessivas mudanccedilas na economia propiciou a chegada de novos competidores

e novas tecnologias fomentando de forma mais intensiva a disputa de mercado e motivando o

setor industrial e o proacuteprio varejo a investir e a procurar entender e se ajustar melhor agraves

necessidades desejos e expectativas dos consumidores (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR

2003)

Parente (2000) defende que de todas as variaacuteveis do composto de marketing a decisatildeo de

preccedilo eacute a que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas pois podem ser mudadas rapidamente da noite para o

dia

14

A determinaccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos no varejo eacute uma decisatildeo que deve ser tomada

cuidadosamente e requer conhecimento das variaacuteveis que podem afetar o bom desempenho

dessa tarefa Dessa forma eacute pertinente descrever as estrateacutegias das redes supermercadistas

quanto ao apreccedilamento dos produtos que comercializam e identificar as variaacuteveis que

influenciam nessa estrateacutegia

No varejo supermercadista as grandes redes demonstram por comprarem grandes volumes de

produtos maior poder de barganha na negociaccedilatildeo e consequumlentemente tecircm condiccedilotildees de

vender ao consumidor produtos a um preccedilo mais competitivo (GHISI 2005) Mas soacute a

vantagem na negociaccedilatildeo pode garantir o sucesso do varejista em preccedilos competitivos Quais

seriam as outras variaacuteveis de marketing que poderiam influenciar no apreccedilamento dos

produtos pelo varejo supermercadista

O preccedilo eacute fator-chave de posicionamento e sendo assim precisa ser definido em relaccedilatildeo ao

mercado-alvo ao mix de sortimento de produtos e serviccedilos e agrave concorrecircncia (KOTLER

KELLER 2005) McGoldrick (1990) ainda defende que no varejo a determinaccedilatildeo dos

preccedilos de venda dos produtos e serviccedilos oferecidos ao consumidor final tende a ser um

processo complexo devido agrave quantidade de itens comercializados e tambeacutem da possibilidade

de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre regiotildees

Morgenstein e Strogin (1992) afirmam que a conveniecircncia tem um preccedilo para o consumidor

o que indica a disposiccedilatildeo para o pagamento de uma quantia mais elevada pelas facilidades e

serviccedilos oferecidos a esses clientes Kotler e Armstrong (1998 p 96) citam que a empresa

que realmente compreender como os consumidores respondem agraves diferentes caracteriacutesticas

preccedilos e apelos de propaganda tem uma grande vantagem sobre seus concorrentes

15

Nesse sentido o presente trabalho analisou da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em

supermercados e procurou identificar variaacuteveis que influenciam a as decisotildees de apreccedilamento

nesse tipo de organizaccedilatildeo No final do estudo tecircm-se recomendaccedilotildees focadas natildeo apenas nos

modelos de apreccedilamento mais adequados de acordo com a teoria mas tambeacutem como esses

modelos satildeo utilizados na praacutetica e como as variaacuteveis de marketing podem influenciar tais

modelos A seguir apresenta-se a justificativa da escolha do tema estudado

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo

No caso deste estudo a pergunta que originou a pesquisa fundamentada na revisatildeo

bibliograacutefica foi assim definida

Como satildeo formados os preccedilos de venda dos produtos no varejo supermercadista

O objetivo geral e os objetivos especiacuteficos satildeo apresentados a seguir

13 Objetivos

O objetivo geral desta pesquisa eacute verificar como satildeo formados os preccedilos de venda dos

produtos no varejo supermercadista

16

Os objetivos especiacuteficos para anaacutelise do setor satildeo

1 Verificar quais satildeo os procedimentos de estabelecimento de preccedilos dos produtos

comercializados

2 Verificar a importacircncia da anaacutelise da demanda dos custos e da concorrecircncia na

determinaccedilatildeo dos preccedilos desses produtos

3 Verificar quais satildeo os meacutetodos de apreccedilamento existentes e suas adaptaccedilotildees

4 Verificar quais satildeo os principais objetivos de preccedilo que os supermercados procuram

atingir

5 Verificar quais satildeo as estrateacutegias de apreccedilamento que os supermercados mais utilizam

6 Verificar qual eacute a influecircncia da demanda dos custos e da concorrecircncia no

apreccedilamento dos produtos pelos supermercados

7 Verificar quais satildeo as outras variaacuteveis que influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos de

venda dos produtos comercializados por eles

14 Justificativa

A justificativa deste estudo estaacute fundamentada em alguns dos aspectos defendidos por Barral

(2003) considerados relevantes na decisatildeo de fazer uma pesquisa cientiacutefica atualidade do

tema ou seja a sua inserccedilatildeo no contexto atual interesse do autor ou o viacutenculo do autor com o

tema a sua relevacircncia que pode ser entendida como a importacircncia social poliacutetica etc e a

pertinecircncia do tema a sua contribuiccedilatildeo

17

Nagle e Holden (2003) explicam que a literatura de marketing natildeo evoluiu na mesma

velocidade sobre questotildees que envolvem preccedilo se comparada com as demais variaacuteveis do

composto de marketing Historicamente o pouco uso de meacutetodos quantitativos em pesquisas

da aacuterea de administraccedilatildeo produziu um certo desequiliacutebrio no nuacutemero de publicaccedilotildees

envolvendo preccedilos comparativamente aos demais componentes do mix de marketing Os

mesmo autores afirmam que os acadecircmicos de marketing desprezavam a determinaccedilatildeo de

preccedilos oferecendo pouca pesquisa na aacuterea e poucos cursos sobre o tema assegurando aos seus

alunos que quando problemas decorrentes da definiccedilatildeo de preccedilos surgiam todos poderiam

ser solucionados indiretamente redobrando-se os esforccedilos de diferenciaccedilatildeo de produtos e

serviccedilos (NAGLE HOLDEN 2003)

Entretanto a estabilidade da moeda brasileira nos uacuteltimos anos tem ampliado o foco das

estrateacutegias competitivas das organizaccedilotildees para o preccedilo no paiacutes Enquanto o processo

inflacionaacuterio mantinha-se generalizado e em tendecircncia crescente a avaliaccedilatildeo dos preccedilos

relativos pelos consumidores era um exerciacutecio pouco frutiacutefero ou seja os consumidores natildeo

tinham memoacuteria de preccedilos Com a relativa estabilidade este exerciacutecio comeccedila a fazer mais

sentido tornando interessante avaliar ateacute que ponto algumas variaacuteveis como preccedilo do

concorrente conveniecircncia e serviccedilos localizaccedilatildeo da loja marca do produto poder de

barganha entre outras influenciam a formaccedilatildeo dos preccedilos finais dos produtos pelos varejistas

Aleacutem disso o estudo sobre a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos eacute uma questatildeo importante para

os profissionais de marketing por duas razotildees primeiro possibilita melhor compreensatildeo das

variaacuteveis que podem influenciar a sua determinaccedilatildeo o que ajuda a entender porque alguns

varejistas estatildeo mais bem posicionados ou satildeo mais competitivos no mercado do que outros e

segundo fornece informaccedilotildees importantes para conseguir a lealdade dos consumidores jaacute

que conforme citado anteriormente o preccedilo pode ser decisivo na escolha do consumidor por

18

uma rede supermercadista Estudo realizado por Vanhuele e Dreze (2002) demonstra que os

consumidores tecircm um forte interesse em manter o conhecimento sobre os preccedilos dos produtos

que compram e Cao e Gruca (2001) afirmam que aqueles que satildeo informados sobre os preccedilos

mais baixos vatildeo direto agrave loja sem qualquer custo de tempo ou de recurso financeiro

O interesse pelo estudo estaacute na oportunidade de participar de tal discussatildeo em uma aacuterea

importante para a economia atual e para acadecircmicos e profissionais de marketing Haacute tambeacutem

o momento competitivo e turbulento em que o varejo supermercadista brasileiro se encontra

o que torna a discussatildeo oportuna

Como contribuiccedilatildeo o estudo pretende apresentar outras variaacuteveis como influenciadoras na

formaccedilatildeo do preccedilo e das estrateacutegias de apreccedilamento que podem auxiliar os varejistas na

compreensatildeo e avaliaccedilatildeo de suas estrateacutegias e de seus concorrentes e servir de base para

futuras pesquisas sobre formaccedilatildeo de preccedilos

15 Organizaccedilatildeo do estudo

O capiacutetulo 1 descreveu apresentou o tema discutido o problema de pesquisa investigado e

definiu quais satildeo os objetivos do estudo O capiacutetulo 2 reuacutene apresenta e discute os

referenciais teoacutericos necessaacuterios para a compreensatildeo da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos e

aborda como a determinaccedilatildeo de preccedilos de venda acontece no varejo supermercadista

descrevendo tambeacutem quais variaacuteveis de marketing que possivelmente influenciam nessa

formaccedilatildeo

19

Assim no referencial teoacuterico apresentam-se as definiccedilotildees de preccedilos modelos de formaccedilatildeo de

preccedilos objetivos e estrateacutegias de apreccedilamento e as variaacuteveis utilizadas nessa formaccedilatildeo

Discutem-se tambeacutem os aspectos de gestatildeo de varejo e as escolhas de apreccedilamento para o

setor

O capiacutetulo 3 descreve o estudo empiacuterico realizado com o objetivo de complementar a revisatildeo

bibliograacutefica realizada sobre preccedilos Neste capiacutetulo o meacutetodo de pesquisa utilizado o tipo de

pesquisa os procedimentos de coleta de dados o instrumento de coleta e a discussatildeo das

anaacutelises necessaacuterias para a realizaccedilatildeo dos casos foram apresentados

No capiacutetulo 4 encontram-se os resultados obtidos na pesquisa empiacuterica e no capiacutetulo 5

apresentam-se as conclusotildees limitaccedilotildees do trabalho e sugestotildees de estudos futuros

20

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo

Embora outras variaacuteveis do composto de marketing sejam importantes o preccedilo permanece

como um dos elementos fundamentais na determinaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado e da

lucratividade das empresas As diferentes definiccedilotildees de preccedilo existentes na literatura satildeo de

alguma forma bem parecidas indicando que preccedilo eacute o que vocecirc paga pelo que recebe

As definiccedilotildees de preccedilos se complementam e nenhuma eacute considerada errada mas em algum

momento os autores deixam de citar explicitamente caracteriacutesticas importantes da variaacutevel

que natildeo podem ser esquecidas no momento de sua apresentaccedilatildeo Por essa limitaccedilatildeo o

presente toacutepico descreve vaacuterias citaccedilotildees de diferentes autores e discute tais definiccedilotildees com o

objetivo de chegar a uma siacutentese sobre a melhor forma de caracterizar a variaacutevel preccedilo

McCarthy (1982) define como preccedilo o que eacute cobrado por algo mesmo que este seja avaliado

de forma incorreta Eacute a expressatildeo monetaacuteria de algum bem ou serviccedilo Rossetti (2000)

complementa considerando que essa expressatildeo monetaacuteria resulta segundo a tradiccedilatildeo da teoria

da microeconomia da utilidade avaliada pelos que tecircm a necessidade e procuram satisfazecirc-la

aleacutem dos custos calculados pelos que produzem Estes entatildeo buscam ressarci-los pela oferta

Churchill Jr e Peter (2000) afirmam que preccedilo eacute a quantidade de dinheiro bens ou serviccedilos

que deve ser dada para adquirir a propriedade ou uso de um produto Mas o preccedilo eacute apenas

21

parte do custo total que os clientes pagam numa troca que inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos

Lambim (2000) e Stanton Walker Etzel (2001) definem o preccedilo como uma relaccedilatildeo que

indica o montante necessaacuterio para adquirir uma dada quantidade de bem ou serviccedilo e Sardinha

(1995) diz que eacute o elemento quantitativo que resume de forma numeacuterica as estrateacutegias de

marketing que a empresa tentou seguir Nesta mesma linha de raciociacutenio Monroe (1990

p05) define o preccedilo como uma equaccedilatildeo

Preccedilo = quantidade de dinheiro ou produtos e serviccedilos recebidos pelo vendedor

quantidade de produtos e serviccedilos recebidos pelo comprador

Czinkota (2001) afirma que o preccedilo eacute uma troca o que faz sentido pois em termos gerais

qualquer troca envolve preccedilo que nem sempre eacute monetaacuterio Junto com o conceito de

Churchill Jr e Peter (2000) estes podem ser considerados os mais completos na medida que

consideram tambeacutem fatores natildeo monetaacuterios O preccedilo eacute apenas uma parte do custo total que os

consumidores pagam em uma troca pois esta inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos aleacutem de desempenhar dois papeacuteis ou seja se a compra seraacute

efetuada e se ela seraacute lucrativa (CHURCHILL JR E PETER 2000) Poreacutem a definiccedilatildeo de

preccedilo que estaacute mais coerente com o trabalho eacute a de Sardinha (1995) que consegue reforccedilar a

dependecircncia do preccedilo agraves outras variaacuteveis do composto de marketing

Urdan e Urdan (2006) explicam que o marketing tem uma concepccedilatildeo mais elaborada do

preccedilo associada ao conceito de valor percebido (a soma dos benefiacutecios sobre a soma dos

custos) sob a oacutetica do cliente (URDAN URDAN 2006 p 184) Os autores afirmam que

preccedilo eacute tudo o que o consumidor percebe ter dado ou sacrificado para obter o produto O

22

preccedilo tem dois componentes O primeiro eacute o monetaacuterio que eacute a concepccedilatildeo usual do

consumidor mas que vai aleacutem do preccedilo pago pelo produto e acrescenta os custos de operaccedilatildeo

manutenccedilatildeo e depreciaccedilatildeo do bem O segundo eacute o componente natildeo monetaacuterio que consiste

nos custos de tempo de energia e psicoloacutegico para adquirir e utilizar o item (figura 1)

Fonte Urdan e Urdan (2006)

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing

Corey (1991) compara o estabelecimento de preccedilos a um jogo de pocircquer no qual a empresa

estabelece seu preccedilo na ausecircncia de informaccedilatildeo completa baseando-se em expectativas de

retornos do mercado e retaliaccedilotildees da concorrecircncia Os movimentos satildeo baseados nas forccedilas de

que a organizaccedilatildeo dispotildee e nas estimativas das forccedilas dos oponentes como tambeacutem em uma

compreensatildeo das suas accedilotildees tiacutepicas Assim qualquer negociaccedilatildeo pode ser entendida como

uma troca de algo de valor geralmente dinheiro (preccedilo) por satisfaccedilatildeo (produto) A chave

para determinar o preccedilo de um produto estaacute na compreensatildeo do valor que os consumidores

percebem E esse valor resulta de suas percepccedilotildees da satisfaccedilatildeo total proporcionada pelo

Sacrifiacutecio de Tempo

Sacrifiacutecio de Energia

Sacrifiacutecio Psicoloacutegico

Preccedilo Monetaacuterio Objetivo

Preccedilo natildeo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Percebido

(total)

23

produto do pacote total de utilidade Ainda assim o preccedilo do produto eacute muitas vezes o fator-

chave que conduz a uma troca

Ao definir o preccedilo Ferrell (2000) argumenta que existem dois pontos que devem ser

considerados (i) que para uma empresa preccedilo eacute a quantidade de dinheiro que ela estaacute disposta

a aceitar em troca de um produto e tal soma deve ser suficientemente alta para cobrir os custos

e dar algum lucro mas natildeo tanto a ponto de impedir a venda de seu produto (ii) para os

consumidores preccedilo eacute a quantia que eles estatildeo dispostos a desembolsar em troca de um

produto Portanto eacute importante que exista um equiliacutebrio na construccedilatildeo deste para que as duas

partes se satisfaccedilam em sua transaccedilatildeo comercial

Na mesma linha de raciociacutenio Rocha e Christensen (1999) afirmam que o preccedilo define as

condiccedilotildees baacutesicas pelas quais o vendedor e o comprador estatildeo dispostos a realizar a troca Os

autores ainda complementam que para a empresa o preccedilo pode ser visto como a compensaccedilatildeo

recebida pelos produtos e serviccedilos que oferece ao mercado e para o comprador o preccedilo

expressa o que ele estaacute disposto a dar para adquirir o que a empresa lhe oferece (bens ou

serviccedilos)

Lambin (2000a) tambeacutem raciocina que a questatildeo do preccedilo tem dois aspectos importantes sob

o ponto de vista das empresas a serem considerados (i) o preccedilo eacute um instrumento para

analisar demanda e ao mesmo tempo (ii) eacute um fator determinante da rentabilidade a longo

prazo Entretanto a escolha por uma estrateacutegia de apreccedilamento deve respeitar dois tipos de

coerecircncia a interna e a externa A interna diz respeito aos custos e a rentabilidade essenciais

para a sobrevivecircncia da companhia e a externa agrave forccedila do mercado (poder de compra dos

consumidores) e preccedilo da concorrecircncia Aleacutem do mais natildeo se pode esquecer a coerecircncia com

as estrateacutegias de produto e distribuiccedilatildeo a chamada consistecircncia horizontal

24

Para o consumidor o preccedilo eacute expressatildeo monetaacuteria de um valor e tem papel central na troca O

comportamento de compra pode ser visto como um sistema de troca onde a procura pela

satisfaccedilatildeo e o sacrifiacutecio monetaacuterio compensam um ao outro Esse comportamento eacute resultado

de uma necessidade e a quantia que o consumidor estaacute disposto a pagar pelo produto mede a

intensidade dessa necessidade e a qualidade e satisfaccedilatildeo que eacute esperada (LAMBIN 2000a)

As decisotildees de preccedilos satildeo importantes pois afetam o volume de vendas de uma empresa e

quanto de recursos ela recebe Mesmo com tal importacircncia muitas empresas natildeo lidam bem

com a determinaccedilatildeo de preccedilos Segundo Kotler e Keller (2005) os erros mais comuns satildeo

preccedilos demasiadamente orientados para custos os preccedilos natildeo sofrem revisatildeo com suficiente

frequumlecircncia para capturar mudanccedilas praticadas pelo mercado a determinaccedilatildeo dos preccedilos

independe do restante do composto de marketing e a natildeo variaccedilatildeo de acordo com diferentes

itens de produtos segmentos de mercado e ocasiotildees de compra

Lovelock (1996) e Kotler e Keller (2005) ainda referem-se ao preccedilo como o uacutenico elemento

do composto de marketing que produz receita enquanto todos os outros produzem custos

sendo assim consideradas de mais difiacutecil compressatildeo Eacute visto tambeacutem pelos autores como o

mais flexiacutevel pois pode ser alterado com rapidez ao contraacuterio das caracteriacutesticas de produtos

dos contratos com os canais de distribuiccedilatildeo e as promoccedilotildees planejadas Essa flexibilidade dos

preccedilos praticados pelos concorrentes eacute um dos maiores problemas com o qual as empresas se

deparam (PALMER 2000)

O preccedilo tambeacutem informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido por uma empresa

para seu produto ou marca (KOTLER KELLER 2005) Mazzon Guagliardi Fonseca (1983)

afirmam que o preccedilo eacute uma variaacutevel sensiacutevel em qualquer modelo em que eacute considerado

devido agrave caracteriacutestica de aumentar o lucro dos componentes do canal de distribuiccedilatildeo e

25

tambeacutem por permitir ao consumidor aumentar suas possibilidade de consumo do produto bem

como permitir o consumo de outros produtos

Czinkota (2001) apresenta as principais variaacuteveis envolvidas na definiccedilatildeo de preccedilos -

preocupaccedilotildees estrateacutegicas sensibilidade da demanda custos e preocupaccedilotildees eacuteticas e legais e

os fatores que influenciam na necessidade de ajuste conforme a figura 2 Lambin (2000a)

afirma que a noccedilatildeo de preccedilo eacute ampla e vai aleacutem da simples coincidecircncia dos fatos puramente

objetivos e quantitativos A quantidade de dinheiro pago mede de forma incompetente o

sacrifiacutecio realizado e da mesma maneira a quantidade de bens adquiridos mede de forma

imperfeita a satisfaccedilatildeo

Fonte Czinkota (2001)

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

26

Lepsch (1996) considera a estrateacutegia de formaccedilatildeo de preccedilos como um plano projetado e

administrado de forma eficiente que considera a fixaccedilatildeo de preccedilos como uma funccedilatildeo de

custos percepccedilatildeo do cliente e reaccedilotildees da concorrecircncia

Apesar de todas as estrateacutegias existentes para as empresas determinarem o preccedilo de seus

produtos quem iraacute decidir se esse eacute o preccedilo correto ou natildeo eacute o consumidor final De nada

adiantaraacute uma companhia decidir sobre o apreccedilamento de seus bens ou serviccedilos se o cliente

natildeo estiver disposto a pagar a quantia proposta Portanto a poliacutetica de formaccedilatildeo de preccedilo deve

ser orientada para o consumidor claro que de forma a cobrir os custos da empresa e gerar

algum lucro mas tambeacutem analisando como os produtos atribuem benefiacutecios definindo um

preccedilo justo a esse valor percebido pelo usuaacuterio Um consumidor racional somente iraacute adquirir

um produto quando o valor percebido for maior que o valor pago para a aquisiccedilatildeo deste item

O valor atribuiacutedo ao produto pode se caracterizar por diversas formas como a qualidade o

gosto a ambientaccedilatildeo o status entre outros sendo que esses atributos variam conforme os

diferentes segmentos de consumidores e as diferentes situaccedilotildees de compra

Entre tantas consideraccedilotildees e afirmaccedilotildees sobre preccedilos um ponto importante e comum entre

todos os autores diz respeito agrave complexidade da sua determinaccedilatildeo Para que o apreccedilamento

seja estabelecido de forma adequada Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker e Etzel

(2001) consideram que uma empresa deve seguir seis etapas (1) seleccedilatildeo do objetivo da

determinaccedilatildeo de preccedilos (2) determinaccedilatildeo da demanda (3) estimativa de custos (4) anaacutelise de

custos preccedilos e oferta dos concorrentes (5) seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos

e (6) seleccedilatildeo do preccedilo final Cada uma dessas etapas seraacute discutida neste trabalho

27

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo

Boone e Kurtz (1998) consideram que da mesma forma que o preccedilo eacute um dos componentes

do composto de marketing os objetivos de determinaccedilatildeo de preccedilos tambeacutem satildeo um

componente dos objetivos gerais da organizaccedilatildeo Os autores explicam que os objetivos de

marketing representam os resultados que os executivos esperam alcanccedilar que se baseiam

nesses objetivos gerais Os objetivos da empresa e da funccedilatildeo de marketing provecircem a base

para determinar os objetivos da fixaccedilatildeo de preccedilos usados para desenvolver e implementar os

procedimentos e poliacuteticas de apreccedilamento mais especiacuteficas (BOONE KURTZ 1998)

Neves (2005) explica que a decisatildeo de onde a empresa deseja posicionar sua oferta deveraacute ser

o primeiro passo que a empresa adota pois quanto mais claros os objetivos do plano de

marketing mais faacutecil seraacute a determinaccedilatildeo de preccedilos Deve-se decidir sobre os objetivos de

preccedilo antes de determinar o proacuteprio preccedilo Entretanto poucas empresas estabelecem um

objetivo de preccedilo A importacircncia de considerar esse passo fica clara quando as possiacuteveis

escolhas satildeo apresentadas e a relevacircncia e consequumlecircncia que cada uma tem sobre o

apreccedilamento de um produto

Satildeo considerados cinco objetivos para a determinaccedilatildeo de preccedilo (KOTLER KELLER 2005

CZINKOTA 2001) (1) sobrevivecircncia (2) maximizaccedilatildeo do lucro (3) maximizaccedilatildeo do

crescimento das vendas ou manutenccedilatildeo eou aumento da participaccedilatildeo de mercado (4)

lideranccedila na qualidade do produto e (5) maximizaccedilatildeo do aproveitamento do mercado ou

desnataccedilatildeo

28

Os objetivos de maximizaccedilatildeo do lucro e do volume satildeo mais comuns mesmo entre autores

que utilizam outras classificaccedilotildees O objetivo de sobrevivecircncia eacute considerado de curto prazo e

geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila

nos desejos do consumidor Quando optam por utilizar este objetivo o preccedilo estabelecido

deve cobrir os custos variaacuteveis e alguns dos custos fixos caso contraacuterio a empresa pode ir agrave

falecircncia No caso da lideranccedila na qualidade do produto as empresas tecircm seus produtos

caracterizados por altos niacuteveis de qualidade e valor percebidos com preccedilos altos poreacutem natildeo a

ponto de se tornarem quase inacessiacuteveis aos consumidores Satildeo os produtos de preccedilo-

premium

A estrateacutegia de preccedilo-premium eacute aplicada para diferentes versotildees de um mesmo produto uma

superior e outra baacutesica ou padratildeo Os compradores potenciais do modelo padratildeo satildeo muito

sensiacuteveis a preccedilos ao contraacuterio dos compradores da versatildeo superior do item Uma variaccedilatildeo do

preccedilo-premium eacute o preccedilo de imagem As duas estrateacutegias tecircm o mesmo objetivo sinalizar

para os compradores desinformados a alta qualidade do produto e utilizar o lucro realizado

com a versatildeo superior para subsidiar o preccedilo da versatildeo baacutesica ou padratildeo do produto

(LAMBIN 2000a) A caracteriacutestica que difere uma estrateacutegia da outra eacute que no segundo

caso natildeo existe uma diferenccedila real entre os produtos ou marcas apenas considera-se a

imagem passada e o posicionamento

Na desnataccedilatildeo do mercado os preccedilos comeccedilam altos e se reduzem gradualmente com o

tempo Eacute um objetivo praticado geralmente por empresas que lanccedilam tecnologias novas e faz

sentido apenas sob as seguintes condiccedilotildees (i) um nuacutemero suficiente de compradores tem uma

demanda corrente alta (ii) o custo unitaacuterio de produzir uma quantidade pequena natildeo eacute alto

suficiente para anular a vantagem de cobrar o que o mercado tem condiccedilotildees de pagar (iii) o

29

preccedilo alto inicial natildeo atrai mais concorrentes para o mercado e (iv) o preccedilo elevado comunica

a imagem de um produto de qualidade superior (KOTLER KELLER 2005)

Em outras palavras Lambin (2000a) descreve a desnataccedilatildeo como objetivo atingir alta receita

em vendas oferecendo produtos com qualidades peculiares (reais ou percebidos) a preccedilos

muito altos para alguns compradores ou segmentos especiacuteficos que estatildeo preparados e

dispostos a pagar por essa distinccedilatildeo O objetivo aqui eacute alcanccedilar o mais alto turnover possiacutevel

com preccedilo alto em vez de volume alto (LAMBIN 2000a) O autor considera esta a estrateacutegia

totalmente oposta agrave maximizaccedilatildeo de volume

Outros autores preferem agrupar os objetivos de formas diferentes Para Jain (2000) eles

podem ser orientados para o lucro e para o volume e Lambin (2000a) afirma que alguns

objetivos podem ser tambeacutem orientados para a concorrecircncia Boone e Kutz (1998)

consideram quatro os principais objetivos de apreccedilamento (1) objetivos de lucratividade (2)

objetivos de volume (3) objetivos concorrenciais e (4) objetivos de prestiacutegio

Embora as classificaccedilotildees variem de um autor para outro percebe-se nos agrupamentos que os

objetivos de lucratividade e os objetivos de volume satildeo comuns a todos os autores citados Os

objetivos concorrencias satildeo equivalentes apenas entre Lambin (2000a) e Boone e Kutz

(1998) O uacutenico grupo exclusivamente idealizado por Boone e Kutz (1998) eacute denominado

objetivos de prestiacutegio Seratildeo discutidos primeiramente os objetivos comuns a todos em

sequumlecircncia os objetivos orientados para a concorrecircncia e finalmente a quarta proposta de

agrupamento de Boone e Kutz (1998)

Jain (2000) considera que quando orientado para o lucro o objetivo pode ser definido tanto

em termos da porcentagem de lucro desejada (maximizaccedilatildeo dos lucros) quanto do retorno

almejado sobre o investimento Lambin (2000a) cita a maximizaccedilatildeo do lucro como um

30

modelo apresentado pelos economistas Para o autor o modelo eacute difiacutecil de ser aplicado na

praacutetica pois natildeo apenas assume o conhecimento preciso sobre as funccedilotildees de custo e demanda

de cada produto como tambeacutem assume a estabilidade que eacute raramente aproveitada pelos

fatores ambientais e competitivos

Boone e Kutz (1998) afirmam que os economistas identificam a maximizaccedilatildeo dos lucros

como o ponto no qual uma adiccedilatildeo agrave receita total eacute equilibrada exatamente por um aumento no

custo total e o problema estaacute em saber como atingir esse equiliacutebrio Para eles a teoria

econocircmica se baseia em pressupostos sendo um deles o de que todas as empresas teratildeo um

comportamento racional que resultaraacute em um esforccedilo para maximizar ganhos e minimizar

perdas Nicol (1985) considera que as empresas natildeo podem ter um uacutenico objetivo o da

maximizaccedilatildeo do lucro contudo ele eacute um importante objetivo de uma empresa geneacuterica

O objetivo de retorno-alvo (ROI) eacute difundido (LAMBIN 2000a) Na praacutetica calcula-se o

preccedilo-alvo que eacute aquele o qual para um niacutevel de atividade assegura um retorno justo sobre o

capital investido Para o autor essa teoria muito utilizada pelas empresas tem o meacuterito da

simplicidade mas eacute incorreta pois ignora o fato de que eacute o niacutevel do preccedilo que determina o

niacutevel da demanda Boone e Kutz (1998) consideram que os objetivos de retorno-alvo

oferecem uma seacuterie de vantagens ao profissional de marketing servindo como um meio de

avaliar desempenho Aleacutem disso satildeo projetados para gerar um lucro justo de acordo com o

julgamento dos gerentes acionistas e puacuteblico em geral (BOONE KURTZ 1998)

Por outro lado Jain (2000) argumenta que o objetivo mais utilizado pelas grandes empresas eacute

o preccedilo voltado para volume Boone e Kutz (1998) consideram que as empresas nesta

ocasiatildeo estabelecem um niacutevel miacutenimo aceitaacutevel de lucro e entatildeo procuram maximizar as

vendas (sujeitas a esta restriccedilatildeo de lucro) acreditando que no quadro de concorrecircncia de

longo prazo um grande volume de vendas eacute mais importante do que lucros elevados logo de

31

iniacutecio Assim as empresas continuam a expandir suas vendas ateacute o ponto em que os lucros

totais natildeo caiam abaixo dos retornos miacutenimos obtidos como aceitaacuteveis pela companhia

Os objetivos de volume tambeacutem podem ser estabelecidos como a participaccedilatildeo de mercado que

a companhia gostaria de atingir que pode comeccedilar como sendo a taxa de crescimento de

vendas desejada ou simplesmente assegurar um crescimento de vendas suficiente para a

empresa (LAMBIN 2000a) Para Lambin (2000a) maximizar a participaccedilatildeo de mercado

implica em adotar um preccedilo de penetraccedilatildeo que eacute uma quantia relativamente baixa menor do

que o preccedilo da concorrecircncia para aumentar o volume de vendas e consequumlentemente o

market-share o mais raacutepido possiacutevel Boone e Kutz (1998 p 467) definem como a meta

estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma determinada mercadoria ou

serviccedilo Esta meta pode ser tanto a manutenccedilatildeo da atual participaccedilatildeo quanto o aumento

dessa fatia do mercado em alguns pontos percentuais

Lambin (2000a) afirma que aleacutem das orientaccedilotildees para o lucro e para o volume a companhia

tem um terceiro objetivo desta vez orientado para a competiccedilatildeo Esta visatildeo tambeacutem eacute

compartilhada por Boone e Kutz (1998) Neste caso os preccedilos devem estar alinhados com os

concorrentes ou objetivar s estabilidade Para o autor em induacutestrias lideradas por uma

empresa o objetivo eacute criar um relacionamento estaacutevel entre produtos concorrentes para evitar

flutuaccedilotildees de preccedilos que podem abalar a confianccedila do consumidor O objetivo de se alinhar

aos preccedilos das empresas concorrentes mostra que a companhia estaacute consciente da sua

incapacidade de exercer qualquer influecircncia no mercado especialmente quando existe uma

empresa liacuteder e os produtos satildeo padronizados como um oligopoacutelio indiferenciado Neste

caso a empresa prefere concentrar seus esforccedilos outros aspectos que natildeo seja o preccedilo

(LAMBIN 2000a) Uma vez alcanccedilada a posiccedilatildeo de dominante o objetivo muda para uma

32

taxa de retorno suficiente ou satisfatoacuteria Esta eacute uma estrateacutegia frequumlentemente utilizada por

empresas com um volume alto de produccedilatildeo acumulada e que espera reduzir custos

Os objetivos de prestiacutegio compotildee a uacuteltima categoria de apreccedilamento natildeo relacionada agrave

lucratividade e ao volume Um objetivo de prestiacutegio envolve a determinaccedilatildeo de um preccedilo

relativamente alto para desenvolver e manter uma imagem de qualidade e exclusividade

direcionado para consumidores natildeo sensiacuteveis a preccedilos e sensiacuteveis a questatildeo de status

(BOONE KURTZ 1998) A utilizaccedilatildeo do objetivo de preccedilo por prestiacutegio reflete a ecircnfase

dada pelo profissional de marketing muito mais agrave imagem do produto do que ao custo dos

seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo O quadro 1 apresenta um resumo geral dos

objetivos de preccedilos e suas caracteriacutesticas

Definido o objetivo de preccedilo a empresa precisa compreender as relaccedilotildees entre a fixaccedilatildeo de

preccedilos e a curva de demanda O preccedilo eacute um fator essencial como determinante da demanda

Os quatro fatores considerados pelos economistas na determinaccedilatildeo da demanda satildeo preccedilo do

produto preccedilo dos substitutos renda dos consumidores e suas preferecircncias Caso os outros

trecircs fatores permaneccedilam constantes quanto mais alto for o preccedilo menor seraacute a demanda O

proacuteximo toacutepico discute as relaccedilotildees entre a demanda e o preccedilo de produtos e suas implicaccedilotildees

33

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo

Objetivo

Caracteriacutestica

Sobrevivecircncia

Objetivo de curto prazo geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila nos desejos do consumidor

Maximizaccedilatildeo do Lucro

Quando satildeo estimados a demanda e os custos com preccedilos alternativos e escolha do niacutevel que maximiza o lucro e se estabelece um niacutevel especiacutefico de lucro como objetivo

Maximizaccedilatildeo do Volume

Meta estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma mercadoria ou serviccedilo Pode ser para manter ou aumentar a fatia

Lideranccedila na Qualidade do Produto

Produtos com alta qualidade preccedilo relativamente alto mas benefiacutecio percebido Gera lealdade e o preccedilo natildeo dificulta o acesso apenas traduz a qualidade

Desnatamento

Quando haacute estimativa do preccedilo mais alto que se pode cobrar dados os benefiacutecios comparativos em relaccedilatildeo aos substitutos disponiacuteveis para uma posterior reduccedilatildeo do preccedilo e assim conquistar o segmento imediatamente inferior

Concorrenciais

Preccedilos equivalentes aos da concorrecircncia e diferenciaccedilatildeo por meio dos outros componentes do mix de marketing

Prestiacutegio

Preccedilo alto para consumidores sensiacuteveis agrave status ecircnfase na imagem do produto e natildeo ao custo dos seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo

Fonte Elaborado pela autora a partir de Boone e Kutz (1998) Czinkota (2001) Kotler e Keller (2005) Lambin (2000a) Lambin (2000b) e Stanton Waltker e Etzel (2001)

23 Determinaccedilatildeo da Demanda

O apreccedilamento estrateacutegico de um produto natildeo deve considerar apenas os custos eacute importante

identificar o niacutevel de demanda ao longo do tempo Preccedilos baseados apenas nas necessidades

financeiras da empresa satildeo considerados inapropriados segundo Lambin (2000a) Em uma

economia de mercado eacute o comprador quem decide que produto seraacute vendido

Consequumlentemente em uma organizaccedilatildeo bem sucedida um apreccedilamento efetivo comeccedila com

34

o preccedilo mais proacuteximo de ser aceito pelo mercado que por sua vez determina o custo-alvo da

empresa (LAMBIN 2000a)

O custo-alvo eacute um conceito que foi desenvolvido em meados da deacutecada de 90 Ao contraacuterio

da praacutetica tradicionalmente utilizada (primeiro desenvolve-se o produto e o custo eacute a base

para a determinaccedilatildeo do preccedilo figura 3) o custo-alvo leva em consideraccedilatildeo primeiramente a

necessidade do consumidor descoberta por meio de pesquisas de mercado em seguida o

valor que ele daacute ao produto o preccedilo do mercado e o quanto o cliente pagaria para adquiri-lo a

partir desse ponto avaliar os custos para o desenvolvimento do bem comparaacute-lo com o preccedilo

e desenvolver efetivamente o produto (figura 4)

A determinaccedilatildeo da demanda em alguns casos eacute clara poreacutem em outros os padrotildees soacute satildeo

revelados quando devidamente estudados e mapeados Cada preccedilo praticado pela empresa

resultaraacute em um diferente niacutevel de demanda e consequumlentemente causaraacute diferentes impactos

nos objetivos de marketing de uma empresa

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto

CONSUMIDOR

CONSUMIDOR VALORVALOR PRECcedilOPRECcedilO CUSTOCUSTO PRODUTOPRODUTO

PRODUTOPRODUTO CUSTOCUSTO VALORVALORPRECcedilOPRECcedilO CONSUMIDOR

CONSUMIDOR

35

Lambin (2000a) considera a noccedilatildeo de elasticidade um importante conceito na anaacutelise da

demanda pois mede diretamente a sensibilidade a preccedilo do consumidor Churchill Jr e Peter

(2003) definem elasticidade-preccedilo como a medida da sensibilidade da demanda agrave mudanccedilas

nos preccedilos

Simonsen (1973) explica que o economista Marshall primeiro a encontrar uma forma praacutetica

de expressar o conceito da elasticidade da demanda a definiu como o aumento percentual da

quantidade procurada quando o preccedilo abaixa 1 Se a quantidade procurada de um item

aumentar 2 porque seu preccedilo caiu em 1 significa que o seu coeficiente de elasticidade eacute

igual a 2 Deve considerar poreacutem que o conceito de elasticidade refere-se a um ponto da

curva de demanda e natildeo da curva completa

Para determinar a elasticidade em P traccedila-se uma tangente agrave curva por esse ponto a qual

intercepta os eixos do graacutefico respectivamente nos pontos M e N (figura 5) O coeficiente da

elasticidade eacute representado pela foacutermula

Kotler e Armstrong (1998) considera

relaccedilatildeo entre a variaccedilatildeo da quantidad

resultado maior eacute a relaccedilatildeo da dema

como a porcentagem de variaccedilatildeo de u

preccedilo

E= MP PN

m que a elasticidade da demanda pode ser medida pela

e vendida e a variaccedilatildeo do preccedilo Quanto mais alto o

nda e de preccedilo e Lambin (2000a) descreve a foacutermula

nidades vendidas sobre a porcentagem de variaccedilatildeo do

36

Fonte Simonsen 19

Figura 5 Represe

Besanko Dranove

independentemente

preccedilo em P0) ele m

Q1l Parte do cresc

Q1) vem dos con

2000) A figura 6

mercado

A curva de demand

produto ou serviccedilo

maior do que 1 ( sum

preccedilos a determin

coeficiente de elas

vendas natildeo eacute afeta

de custos ao consu

deve-se realizar um

Preccedilo

73

ntaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticid

e Shanley (2000) afirmam que quando u

do setor de P0 para P1 (com todos os

ove na curva de demanda de DD para d

imento (Q1 Q0) vem de seus consumido

sumidores de outras empresas (BESAN

representa a curva de demanda quando um

a pode ser elaacutestica ou inelaacutestica Quando o

eacute inferior a 1 ( sum lt 1) a demanda eacute co

lt 1) a demanda eacute considerada elaacutestica N

accedilatildeo precisa dos seus custos seraacute mais

ticidade Quando a demanda eacute inelaacutestica o

do pelas mudanccedilas de preccedilo assim a empr

midor sem maiores perdas Poreacutem quando

a anaacutelise de custos que permitiraacute a proj

E= MP PN

Quantidade

P

N

R

0

S

M

ade da Demanda

m vendedor reduz o seu preccedilo

seus concorrentes segurando o

d e suas vendas aumentam para

res leais e a outra parte (Q1l

KO DRANOVE SHANLEY

a empresa muda seu preccedilo no

coeficiente de demanda de um

nsiderada inelaacutestica e quando eacute

o que diz respeito agrave poliacutetica de

importante quanto maior for o

u pouco elaacutestica o volume de

esa pode transferir os aumentos

a demanda eacute altamente elaacutestica

eccedilatildeo de provaacuteveis margens de

37

lucro em diferentes niacuteveis de venda com base nas relaccedilotildees entre preccedilo e quantidade em cada

niacutevel (SIMONSEN 1973 KOTLER KELLER 2005 BESANKO DRANOVE SHANLEY

2000 NICOL 1983 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN1999)

Fonte Adaptado de

Figura 6 Curva

muda o preccedilo

A demanda elaacutestic

vendida o suficient

1997) No setor ali

com que ocorra um

loja ou rede varej

estabelecimento qu

A curva da deman

preccedilos (KOTLER

Preccedilo

Besanko Dranove e Shanley (2000)

de Demanda de um Vendedor Individua

a ocorre quando a reduccedilatildeo de preccedilos faz

e para compensar a receita e os resultados

mentiacutecio a demanda eacute considerada inelaacutesti

acreacutescimo substancial no volume de venda

ista eacute considerada elaacutestica pois os cons

e tiver melhores niacuteveis de preccedilos

da mostra o volume provaacutevel de compra

KELLER 2005 p 435) A curva resume a

Quantidade

D

D

d

d

P0

P1

Q0

Q1

Q1l

l quando independentemente

com que aumente a quantidade

(MCCARTHY PERREAULT

ca (a reduccedilatildeo de preccedilos natildeo faz

s) poreacutem quando analisada por

umidores passam a escolher o

do mercado ante alternativas de

s reaccedilotildees de consumidores com

38

diferentes sensibilidades a preccedilo portanto o primeiro passo para determinar a demanda eacute

compreender os fatores que afetam a sensibilidade Kotler e Keller (2005) afirmam que os

compradores satildeo menos sensiacuteveis a preccedilos de produtos comprados com pouca frequumlecircncia ou

que inspiram prestiacutegio Os consumidores que apresentam pouca sensibilidade satildeo os

preferidos das empresas Nagle e Holden (2003) Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000a)

indicam nove fatores relacionados agrave menor sensibilidade a preccedilos

1 O produto eacute exclusivo - valor uacutenico

2 Os compradores tecircm menos consciecircncia da existecircncia de substitutos

3 Os compradores natildeo conseguem comparar facilmente a qualidade de substitutos

4 A despesa eacute uma pequena parte do orccedilamento familiar

5 O benefiacutecio final do produto eacute grande ou seja a despesa eacute pequena em relaccedilatildeo ao

custo total do produto final

6 O custo do produto eacute compartilhado com terceiros

7 O produto eacute utilizado em conjunto com bens comprados anteriormente

8 O produto apresenta mais qualidade prestiacutegio ou exclusividade Preccedilo-Qualidade

9 Os compradores natildeo podem estocar o produto

As empresas precisam entender a sensibilidade a preccedilo de seus clientes atuais e potenciais

bem como as anaacutelises comparativas que as pessoas estatildeo dispostas a realizar para avaliar o

preccedilo diante das especificaccedilotildees dos produtos (figura 7) Lambin (2000a) considera todo

comprador sensiacutevel a preccedilo poreacutem essa sensibilidade pode variar tremendamente de uma

situaccedilatildeo para outra como mostram os fatores citados pelos estudiosos da aacuterea Essa variaccedilatildeo

ocorre de acordo com a importacircncia da satisfaccedilatildeo que o produto proporciona ou do sacrifiacutecio

necessaacuterio para adquirir o bem Ter somente consumidores sensiacuteveis como alvo pode

significar que a empresa estaacute deixando de ganhar dinheiro (KOTLER KELLER 2005)

39

Fonte Elaborado pela autora

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos

Para mensurar a sensibilidade vaacuterios meacutetodos podem ser aplicados Lambin (2000a) agrupa

esses meacutetodos em quatro categorias principais (i) o julgamento de especialistas (the expert

judgement) (ii) pesquisas com consumidores (iii) experimentos com preccedilo e (iv) estudos

economeacutetricos O julgamento de especialistas consiste em pedir para especialistas do mercado

trecircs estimativas ou pontos na curva de resposta ao preccedilo a menos realista a mais realista e a

associaccedilatildeo do volume de vendas mais as vendas esperadas a um preccedilo meacutedio

As pesquisas com consumidores podem ser diretas ou indiretas O meacutetodo mais utilizado eacute o

indireto por meio de anaacutelise conjunta Os experimentos com preccedilos satildeo realizados em

laboratoacuterios ou no proacuteprio campo (mercado) e os estudos economeacutetricos satildeo baseados em

anaacutelises de painel ou seacuteries temporais (LAMBIN 2000a)

Sensibilidade a Preccedilo

Valor da diferenciaccedilatildeo

Alta

Alta

Baixa

Baixa

Compradores

de Preccedilo

Compradores

de Valor

Compradores

de Conveniecircncia

Compradores

de Relacionamento

40

Mensurar a elasticidade da demanda pode ser uacutetil por diversas razotildees A elasticidade fornece

informaccedilotildees sobre a direccedilatildeo na qual os preccedilos podem mudar para simular a demanda e

aumentar o faturamento Aleacutem disso comparar a elasticidade de marcas concorrentes

identifica aquelas que podem resistir mais a um aumento de preccedilo e assim revelar seu poder

de mercado Comparar a elasticidade de produtos de mesma categoria ajuda no ajuste de

preccedilo dentro da categoria e por fim a elasticidade cruzada ajuda a prever as mudanccedilas na

demanda de uma marca para outra (LAMBIN 2000a)

Lambin (2000a) chama a atenccedilatildeo para algumas limitaccedilotildees que podem reduzir a utilidade

praacutetica dos meacutetodos de mensuraccedilatildeo A elasticidade mede o relacionamento baseando-se no

comportamento do consumidor que soacute eacute observaacutevel depois do acontecimento O seu valor

preventivo depende da estabilidade das condiccedilotildees que ocasionaram a observaccedilatildeo portanto

natildeo pode ser utilizado para determinar o preccedilo de novos produtos Outro ponto eacute que em

muitas situaccedilotildees o problema natildeo eacute tanto saber como adaptar o preccedilo a sensibilidade atual do

mercado mas sim saber de forma mudar essa sensibilidade para a direccedilatildeo procurada pela

empresa Nesse caso eacute mais interessante saber o valor percebido do produto pelo grupo-alvo

de consumidores Por fim a elasticidade mede o impacto do preccedilo na quantidade comprada

do produto mas natildeo mede o efeito do preccedilo na propensatildeo a experimentar o produto em

compras repetitivas a taxas exclusivas entre outros e essas satildeo noccedilotildees importantes para

entender o mecanismo de resposta do consumidor em relaccedilatildeo ao preccedilo dos produtos

Eacute vaacutelido destacar que os meacutetodos de mensuraccedilatildeo da demanda foram desenvolvidos para

modelos econocircmicos para auxiliar mais no entendimento do comportamento econocircmico do

que como uma ferramenta de decisatildeo Essa afirmaccedilatildeo natildeo significa poreacutem que a teoria

econocircmica natildeo tenha relevacircncia para o estudo da determinaccedilatildeo do preccedilo pois mesmo sendo

imprecisa a estimativa da elasticidade do preccedilo ajuda a determinar a direccedilatildeo da mudanccedila de

41

preccedilo e seu impacto na receita de vendas Contudo os administradores de marketing deveriam

desenvolver meacutetodos de mensuraccedilatildeo mais adequados agraves suas necessidades

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)

A fixaccedilatildeo de preccedilo baseado no cliente trabalha o preccedilo de modo mais lucrativo e com a

captura de mais valor natildeo necessariamente vendendo mais (aumento do volume de vendas)

Aleacutem disso leva em conta os preccedilos que os consumidores estatildeo dispostos a pagar e pode

chegar a um montante que natildeo reflete o verdadeiro valor do produto

Satildeo utilizados o preccedilo de valor e as estrateacutegias flexiacuteveis de apreccedilamento O preccedilo de valor

representa a fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando

comparado ao seu concorrente Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo requer uma reengenharia

de operaccedilotildees ou seja um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade (Lambin

2000a Lambin 2000 b Kotler Keller 2005)

Lambin (2000a) explica que do ponto de vista do consumidor um produto eacute o total de

benefiacutecios recebidos quando utilizado Portanto uma empresa orientada para o consumidor

precisa fixar os seus preccedilos de acordo com a percepccedilatildeo de benefiacutecios e custos do cliente Os

consumidores comparam os benefiacutecios de uma compra com o custo que ela representou

Quando o produto considerado apresenta a melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio o consumidor estaacute

inclinado a comprar o bem

42

O procedimento de preccedilo de valor pode ser implementado de duas formas diferentes A

primeira delas eacute o valor percebido A ideacuteia baacutesica por traacutes desse meacutetodo eacute o valor percebido

no produto ou marca o qual iraacute determinar o niacutevel de preccedilo O preccedilo de valor percebido

considera as percepccedilotildees de valor dos clientes e natildeo o custo do vendedor Aleacutem disso a

estrateacutegia utiliza os elementos do mix de marketing para aumentar o valor percebido pelo

cliente e a chave para a sua determinaccedilatildeo eacute a precisatildeo na percepccedilatildeo do mercado relativa ao

valor da oferta Eacute preciso determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a

percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta Nesse caso eacute fundamental pensar-se no

posicionamento do produto Deve-se ainda mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais

caro (o valor que a oferta de fato representa)

A segunda maneira eacute o preccedilo maacuteximo aceitaacutevel particularmente utilizado para determinar

preccedilos de produtos na induacutestria O principal benefiacutecio para o comprador nesse caso eacute a

reduccedilatildeo de custos O procedimento segue os seguintes passos (i) entender o uso do produto

pelo consumidor (ii) analisar os benefiacutecios gerados pelo produto (iii) analisar os custos de

aquisiccedilatildeo e de uso do produto (iv) calcular a relaccedilatildeo custo-benefiacutecio e determinar o preccedilo

maacuteximo aceitaacutevel (LAMBIN 2000a) O preccedilo mais alto que o consumidor estaraacute disposto a

pagar pelo produto eacute calculado por

Benefiacutecios Custos = Preccedilo Maacuteximo Aceitaacutevel

Algumas das limitaccedilotildees do apreccedilamento baseado no cliente referem-se agrave falha na percepccedilatildeo

que pode afetar a lucratividade da empresa a longo prazo e ao surgimento de alguns

problemas quando os preccedilos natildeo refletem o montante que os clientes estatildeo dispostos a pagar

43

pois alguns compradores sofisticados raramente satildeo honestos a respeito de quanto estatildeo

dispostos a pagar por um produto Para que a estrateacutegia tenha um bom desempenho deve-se

aumentar a disposiccedilatildeo do cliente a pagar um preccedilo que reflita o verdadeiro valor do produto

As empresas natildeo tecircm um preccedilo uacutenico mas sim uma variedade de preccedilos adaptados a

situaccedilotildees distintas de mercado Para isso satildeo utilizadas as estrateacutegias flexiacuteveis de mercado

Elas ocorrem em situaccedilotildees onde o mesmo produto eacute vendido para diferentes clientes a preccedilos

tambeacutem diferentes e podem ser obtidas por regiatildeo por periacuteodo por forma do produto ou de

um segmento para outro

Os economistas utilizam o termo descriminaccedilatildeo de preccedilos para designar as variaccedilotildees de preccedilo

que natildeo satildeo justificadas pelo custo (LAMBIN 2000b) As quatro formas de flexibilidade de

preccedilo satildeo (1) desconto para um segundo mercado que acontece quando uma empresa tem

excedente de produccedilatildeo e surge a oportunidade de vender seus produtos para um outro

mercado e nesse caso o preccedilo miacutenimo aceitaacutevel pela empresa deve ser o preccedilo piso ou

miacutenimo (2) descontos perioacutedicos ou sazonais que permitem que a empresa explore a

heterogeneidade da demanda - consumidores sensiacuteveis e natildeo sensiacuteveis a preccedilos que compram

o mesmo produto em periacuteodos diferentes vendendo com o preccedilo alto no comeccedilo da

temporada e oferecendo descontos sistemaacuteticos no fim do periacuteodo (3) os descontos

oferecidos ao acaso ou seja para situaccedilotildees onde existem empresas que vendem o mesmo

produto a um preccedilo alto e outras a um preccedilo baixo e existem consumidores informados e

desinformados quanto a essa diferenccedila A empresa estabelece um preccedilo alto para vender aos

clientes que natildeo conhecem o preccedilo inferior e ao mesmo tempo oferece descontos para atingir

os consumidores que procuram pelo preccedilo mais baixo e (4) os preccedilos promocionais

frequumlentemente utilizados por varejos supermercadistas e lojas de departamentos para

estimular as vendas (TELLIS 1986)

44

Por fim a empresa pode administrar seus preccedilos ajustando-o agraves vendas realizadas sob

diferentes condiccedilotildees diferentes quantidades diferentes tipos de intermediaacuterios em diferentes

regiotildees

Depois de realizar a anaacutelise da demanda o proacuteximo passo para o estabelecimento de uma

estrateacutegia de preccedilos eacute a estimativa de seus custos Embora existam empresas que determinem

o preccedilo de seus produtos de modo a cobrir todos os seus custos o resultado dessa conduta

nem sempre eacute a lucratividade Da mesma forma que os preccedilos baseados apenas na demanda

apresentam vaacuterias limitaccedilotildees os preccedilos baseados em custos tambeacutem satildeo passiacuteveis de erros

comuns nem sempre levados em consideraccedilatildeo pelas companhias Por outro lado natildeo existe

lucro sem que o preccedilo determinado seja capaz de cobrir as principais despesas de um bem ou

serviccedilo O proacuteximo toacutepico aborda as questotildees criacuteticas sobre anaacutelise de custos que devem ser

conhecidas pelos profissionais de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico correto de sua

oferta

24 Estimativa de Custos

O preccedilo estabelecido para um produto deve ser suficientemente alto para cobrir os custos

envolvidos em sua fabricaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998 p 471) Estes

custos satildeo conhecidos como custos fixos custos variaacuteveis custo total e custo marginal Os

custos fixos satildeo aqueles que permanecem estaacuteveis independentemente do niacutevel de produccedilatildeo

ao contraacuterio dos variaacuteveis que satildeo os custos de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra diretamente

alocados agrave produccedilatildeo O custo total eacute composto pelo somatoacuterio de todos os custos fixos e

variaacuteveis que se dividido pela quantidade de unidades produzidas resulta nos custos meacutedios

45

totais (BOONE KURTZ 1998 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN 1999) O

custo marginal eacute a mudanccedila no custo total que resulta da produccedilatildeo de uma unidade adicional

do produto (BOONE KURTZ 1998)

A divisatildeo entre custos fixos e variaacuteveis eacute o fundamento sobre o qual alicerccedila uma teacutecnica

contaacutebil-financeira usada na anaacutelise de investimentos e tambeacutem na fixaccedilatildeo de preccedilos Eacute o

estudo do ponto de breakeven Este ponto eacute aquele no qual receita e custos se equilibram

abrindo caminho para a regiatildeo dos lucros O ponto de equiliacutebrio ou de paridade e custo-

volume-lucro satildeo expressotildees empregadas com o mesmo significado de ponto de breakeven

(LEPSCH 1996) Entretanto a teacutecnica apresenta algumas deficiecircncias Ela supotildee linearidade

da receita e do custo trabalha com apenas um produto classifica os custos em fixos e

variaacuteveis apenas natildeo considera despesas com pesquisa e desenvolvimento (PampD) e promoccedilatildeo

institucional que satildeo realizadas durante vaacuterios periacuteodos para gerar aumento da receita

Jain (2000) explica que para estudar o impacto dos custos na estrateacutegia de apreccedilamento os

seguintes relacionamentos devem ser considerados (i) a proporccedilatildeo dos custos fixos para os

custos variaacuteveis (ii) a economia de escala disponiacutevel para uma empresa e (iii) a estrutura de

custos de uma empresa versus a do concorrente Se os custos fixos de uma companhia em

comparaccedilatildeo com os seus custos variaacuteveis formam uma alta proporccedilatildeo dos seus custos totais

adicionar o volume de vendas seraacute de grande ajuda para o aumento dos ganhos ou seja se os

custos fixos forem cobertos qualquer aumento no volume gera um ganho Em setores onde os

custos variaacuteveis satildeo de maior proporccedilatildeo no custo total pode-se afirmar que estes satildeo setores

sensiacuteveis a preccedilo porque mesmo um pequeno aumento no preccedilo gera um ganho enorme

Os custos variam em diferentes niacuteveis de produccedilatildeo e para o apreccedilamento ser adequado agrave

empresa deve saber como seus custos variam conforme o niacutevel em que se encontra

(KOTLER KELLER 2005) Os seus custos reduziratildeo conforme o aumento da quantidade

46

produzida pois os custos fixos iratildeo diluir A partir de certo momento a faacutebrica torna-se

ineficiente com a maior frequumlecircncia de quebra das maacutequinas e escassez de espaccedilo fiacutesico Existe

dessa forma para os dados recursos uma quantidade ideal de produccedilatildeo

O comportamento dos custos em funccedilatildeo da produccedilatildeo acumulada eacute resultante da curva de

experiecircncia ou curva de aprendizagem ou seja quando a empresa reduz o custo total meacutedio

em funccedilatildeo do aprendizado conquistado com o aumento da produccedilatildeo e a experiecircncia

adquirida Eacute tambeacutem conhecida pelos economistas como a economia de escala (figura 8) Esta

situaccedilatildeo acontece quando a empresa aprende como produzir da melhor forma seus

funcionaacuterios aprendem a reduzir os custos evitando erros e uso inadequado de materiais ou

equipamentos e melhorando o tempo de produccedilatildeo o fluxo de materiais e compras etc

(HENDERSON 1984)

Fonte Elaborado pela autora a partir de Henderson (1984) Pyindick e Rubinfeld (2002) Besanko Dranove e Shanley (2000)

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem

Produccedilatildeo

Custo($ por unidade

de produccedilatildeo)

CMe1CMe1

B

Economias de Escala

B

Economias de EscalaAA

Cme2

Aprendizagem C

47

Pyindick e Rubinfeld (2002) explicam que uma empresa apresenta economia de escala

quando eacute capaz de duplicar a sua produccedilatildeo com menos do que o dobro de seus custos

Besanko Dranove e Shanley (2000) afirmam que o processo de produccedilatildeo de um bem ou

serviccedilo especiacutefico apresenta economia de escala em uma seacuterie de itens produzidos quando o

custo meacutedio declina com esse conjunto de itens

Se a economia de escala obtida da produccedilatildeo de uma companhia for substancial a empresa

deve planejar expandir sua participaccedilatildeo de mercado e com respeito a preccedilos a longo prazo

aceitar decliacutenios esperados no faturamento Alternativamente eacute esperado que as operaccedilotildees da

empresa produzam um decliacutenio nos seus custos entatildeo os preccedilos podem ser abaixados no

longo prazo para ganhar participaccedilatildeo de mercado mais alta (JAIN 2000)

Caso o fabricante seja um produtor de custo baixo em relaccedilatildeo aos seus concorrentes ele iraacute

ganhar lucros adicionais por manter o preccedilo em um niacutevel competitivoOs lucros adicionais

podem ser utilizados para promover os produtos com mais agressividade e aumentar a

participaccedilatildeo do negoacutecio como um todo Se por acaso os custos do fabricante forem altos em

comparaccedilatildeo com seus concorrentes a empresa natildeo estaacute em posiccedilatildeo favoraacutevel agrave reduccedilatildeo de

preccedilos porque esta taacutetica pode levar a uma guerra de preccedilos que ela provavelmente iraacute

perder (JAIN 2000)

Aleacutem da economia de escala verifica-se tambeacutem a economia de escopo quando a produccedilatildeo

conjunta de dois produtos por parte de uma uacutenica empresa eacute maior do que a produccedilatildeo que

seria obtida por duas empresas diferentes cada uma produzindo um uacutenico produto Nesse

caso ambos os produtos usam capital e trabalho a fabricaccedilatildeo dos dois produtos compartilha

recursos administrativos a fabricaccedilatildeo dos dois produtos requer o mesmo tipo de equipamento

e matildeo de obra com qualificaccedilatildeo semelhante (PYINDICK RUBINFELD 2002 BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

48

O grau da economia de escopo mede a economia de custos proporcionada pela produccedilatildeo

conjunta e eacute representado pela seguinte foacutermula

Sendo que C(Q1) eacute o custo de produzir Q1 C(Q2) eacute o custo de produzir Q2 e por fim

C(Q1Q2) eacute o custo de produzir conjuntamente os dois produtos

Uma estrutura de custos eacute proposta por Lambin (2000b) que tem como base os custos

internos sem a interferecircncia do mercado Os trecircs tipos de custos considerados satildeo (i) o custo

miacutenimo custo direto que soacute permite a recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do

produto significando margem igual a zero (ii) o custo teacutecnico que corresponde ao niacutevel de

atividade em que a empresa cobre os custos diretos e os custos fixos o que permite aleacutem da

recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do produto a cobertura dos encargos de estrutura

e (iii) o custo-alvo ou preccedilo suficiente que compreende a condiccedilatildeo de lucro Entretanto ao

ignorar o mercado as empresas deixam de levar em consideraccedilatildeo a sensibilidade da demanda

e ficam dependentes da meta de vendas para atingir as margens desejadas

Jain (2000) concorda com a importacircncia dos custos fixos e variaacuteveis para o apreccedilamento mas

afirma que outros custos tambeacutem devem ser considerados Custos incrementais custos de

oportunidade custos de substituiccedilatildeo custos out-of-pocket e custos controlaacuteveis Entretanto

Nagle e Holden (2003) afirmam que compreender os custos natildeo significa simplesmente

conhecer os seus montantes Os autores argumentam que ateacute os profissionais de apreccedilamento

menos eficazes que aplicam foacutermulas de custo mais margem adicional sabem o quanto eacute

gasto com matildeo-deobra mateacuterias-primas e despesas em geral

)(

)()()C( ESC21

2121

QQCQQCQCQ minus+=

49

Os gerentes que realmente compreendem seus custos sabem como tais custos mudaratildeo com

modificaccedilotildees nas vendas resultantes da determinaccedilatildeo estrateacutegica de preccedilos Nagle e Holden

(2003) ainda complementam considerando que nem todos os custos satildeo relevantes para a

decisatildeo de apreccedilamento e o primeiro passo eacute identificar quais satildeo os custos importantes ou

seja os que de fato determinam o impacto no lucro Os autores consideram que os custos

realmente relevantes satildeo os incrementais (natildeo a meacutedia) e evitaacuteveis

Os custos incrementais satildeo aqueles associados agraves mudanccedilas no apreccedilamento e nas vendas Os

custos variaacuteveis satildeo considerados incrementais quando resultam diretamente de uma

implementaccedilatildeo de uma alteraccedilatildeo de preccedilo ou do oferecimento de uma versatildeo do produto em

outro niacutevel de preccedilo Entretanto eacute importante ressaltar que muitos custos natildeo satildeo puramente

fixos nem puramente variaacuteveis (NAGLE HOLDEN 2003) Eles satildeo fixos em uma faixa de

vendas e variam quando as vendas ultrapassam essa faixa e determinar se esses custos semi-

fixos satildeo incrementais eacute condiccedilatildeo para que a decisatildeo de apreccedilamento seja tomada

corretamente

Os custos evitaacuteveis satildeo aqueles que natildeo foram incorridos ou que ainda podem ser revertidos

ou seja os custos para vender um produto para entregaacute-lo ao consumidor e recolocar o item

vendido no estoque satildeo considerados evitaacuteveis assim como os custos de aluguel de

instalaccedilotildees e equipamentos que natildeo satildeo cobertos por arrendamento a longo-prazo A maneira

mais faacutecil de identificar se o custo eacute de fato evitaacutevel eacute reconhecendo se ele eacute o custo futuro e

natildeo o custo histoacuterico associado agrave realizaccedilatildeo de uma venda (NAGLE HOLDEN 2003

CHURCHILL 1982)

50

Lambin (2000a) explica que os preccedilos determinados a partir dos custos e que natildeo fazem

qualquer referecircncia aos fatores do mercado satildeo denominados preccedilos baseados em custos A

seguir estatildeo expostas as estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas empresas com base nos

custos

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos

A anaacutelise de custos identifica quatro tipos de preccedilos baseados em custos cada um

respondendo por um custo especiacutefico e pela necessidade de lucro O primeiro eacute o preccedilo-piso

ou seja o preccedilo miacutenimo que pode ser cobrado pois cobre somente os custos de fabricaccedilatildeo do

produto oferecendo margem zero a empresa Esse conceito de preccedilo eacute utilizado para pedidos

excepcionais descontos de mercado quando a empresa tem a oportunidade de vender para um

mercado novo ou teraacute perdas grandes em suas vendas no seu mercado principal Pode ser

tambeacutem denominado preccedilo marginal (LAMBIN 2000a)

O segundo tipo eacute o preccedilo de equiliacutebrio que cobre tanto os custos fixos quanto os custos

diretos dado o volume de vendas assumido Eacute calculado geralmente para diferentes niacuteveis de

volume Isto define uma escala de preccedilos miacutenimos

Lambin (2000a) apresenta o terceiro tipo como o preccedilo-alvo ou suficiente Ele inclui aleacutem

dos custos diretos e fixos um lucro que eacute determinado por uma referecircncia a uma taxa normal

de retorno no capital investido ou por um niacutevel de atividade assumido Como no preccedilo de

equiliacutebrio este tipo de preccedilo baseado em custo tambeacutem depende do volume de atividade que

estaacute sendo considerado

51

Por fim apresenta-se o preccedilo de mark-up que eacute calculado adicionando-se uma margem

padratildeo ao preccedilo de equiliacutebrio Assumindo que a empresa queira ganhar 20 de margem sobre

suas vendas o mark-up eacute dado por

Preccedilo de Mark-up Preccedilo de Equiliacutebrio(1 margem desejada)

Este meacutetodo de apreccedilamento popular pela sua simplicidade ignora a demanda e a

concorrecircncia Ele somente iraacute funcionar caso o volume de vendas seja atingido (LAMBIN

2000a LAMBIN 2000b KOTLER KELLER 2005)

Os meacutetodos de apreccedilamento baseados em custo conduzem a preccedilos aleacutem do devido em

mercados mais fracos e a preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute

considerado pelos estudiosos da aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma

estrateacutegia prudente O principal problema eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir

todas as despesas e permitir retorno

Depois de realizada a anaacutelise da demanda e a estimativa dos custos da empresa o proacuteximo

passo eacute conhecer as accedilotildees da concorrecircncia A seguir discute-se a importacircncia e a influecircncia

dos competidores na determinaccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico de uma empresa

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes

Uma empresa precisa comparar seus custos com os custos de seus competidores para saber

em que niacutevel opera e se estaacute em vantagem ou desvantagem em relaccedilatildeo a eles (BESANKO

52

DRANOVE SHANLEY 2001 GRANT 2002 PORTER 1980) Tambeacutem eacute necessaacuterio

conhecer o preccedilo e a qualidade das ofertas concorrentes pois esse seraacute um ponto de referecircncia

para a fixaccedilatildeo de seu preccedilo Isso porque a estrateacutegia de apreccedilamento eacute muito influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia que eacute caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento (LAMBIN 2000a PORTER 1980 PORTER 1992 JAIN 2000) e do valor

percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo produzidos pela empresa com

o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (LAMBIN 2000a)

O mercado eacute o foco da atividade econocircmica Devido a sua relevacircncia na formaccedilatildeo de preccedilos

e alocaccedilatildeo de recursos os administradores datildeo grande importacircncia agraves estruturas de mercado

dos diferentes bens e serviccedilos Tradicionalmente classificam-se os mercados em quatro

estruturas baacutesicas concorrecircncia perfeita monopoacutelio oligopoacutelio e concorrecircncia monopoliacutestica

Existe monopoacutelio quando haacute um uacutenico vendedor de uma mercadoria natildeo haacute substitutos

proacuteximos para os bens e existem obstaacuteculos quanto agrave entrada na induacutestria que podem ser de

vaacuterias naturezas tais como (MANKIW 1999)

bull O mercado eacute limitado e natildeo comporta mais do que uma firma

bull A firma existente segue uma poliacutetica de preccedilos planejada para reduzir a atraccedilatildeo de

novos concorrentes

bull A firma possui o controle sobre a mateacuteria-prima canais de distribuiccedilatildeo ou sobre o

processo de produccedilatildeo (patentes)

bull A firma opera com licenccedila do governo ou em sistema limitante da produccedilatildeo tal como

cotas

Mankiw (1999) explica que a concorrecircncia monopoliacutestica ocorre quando haacute muitos

vendedores de bens substitutos proacuteximos mas natildeo perfeitos e o cliente baseia suas decisotildees

tanto em relaccedilatildeo ao preccedilo quanto em relaccedilatildeo agraves especificidades dos produtos

53

Um mercado monopolisticamente competitivo tem duas caracteriacutesticas importantes (1) trata-

se de um ambiente comercial no qual as empresas competem vendendo produtos

diferenciados altamente substituiacuteveis uns pelos outros mas que natildeo satildeo entretanto

substitutos perfeitos e (2) trata-se de um mercado de livre entrada e saiacuteda - eacute relativamente

faacutecil a entrada de novas empresas com suas proacuteprias marcas de produto e a saiacuteda de

companhias que nele atuam caso seus produtos deixem de ser lucrativos (PINDYCK

RUBINFIELD 2002)

O oligopoacutelio eacute uma estrutura de mercado que caracterizada pela existecircncia de um pequeno

mas suficiente nuacutemero de firmas e por isso mesmo interdependentes ou seja cada uma

considera como suas accedilotildees afetariam as poliacuteticas das rivais (PINDYCK RUBINFIELD

2002) Pindyck e Rubinfeld (2002) afirmam que em um mercado oligopoliacutestico o produto

pode ou natildeo ser diferenciado O que importa eacute que apenas algumas poucas empresas satildeo

responsaacuteveis pela maior parte ou pela totalidade da produccedilatildeo Em alguns desses mercados

algumas ou todas as empresas auferem lucros substanciais a longo prazo jaacute que barreiras agrave

entrada tornam difiacutecil ou impossiacutevel que novas companhias entrem no mercado

Mankiw (1999) explica que na concorrecircncia perfeita pressupotildee-se que os vendedores e

compradores satildeo suficientemente numerosos e atomizados de tal sorte que nenhum deles

isoladamente eacute capaz de exercer influecircncia significativa sobre o preccedilo da mercadoria Existe

homogeneidade nas mercadorias isto eacute os consumidores natildeo percebem diferenccedilas em relaccedilatildeo

aos diversos produtos ofertados no mercado as mercadorias satildeo commodities natildeo haacute

interferecircncia na livre determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos e fatores de produccedilatildeo tanto

produtores quanto consumidores tem conhecimento dos preccedilos e quantidades de produtos

oferecidos no mercado

54

Este modelo trata-se de uma abstraccedilatildeo teoacuterica que eacute dificilmente encontrado no mundo real

Um exemplo proacuteximo deste tipo de mercado satildeo as feiras livres de produtos agriacutecolas nas

quais os clientes podem estar informados de todos os preccedilos praticados para cada tipo de

produto os quais satildeo homogecircneos

No que refere agrave geraccedilatildeo de preccedilos como discutido o niacutevel de preccedilos seraacute diretamente

proporcional agrave demanda do produto ou serviccedilo em questatildeo e inversamente proporcional agrave

oferta dos mesmos Cada agente econocircmico eacute incapaz de isoladamente afetar de modo

significativo o preccedilo do produto (quadro 2) Este dependeraacute das accedilotildees e reaccedilotildees do conjunto

de agentes como um todo (MANKIW 1999)

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado

Produto

No de empresas

Barreiras de

entrada

Capacidade de

influenciar o preccedilo

Concorrecircncia

Perfeita

Homogecircneo

Muitas

Sem barreiras

Natildeo

Monopoacutelio

Homogecircneo Apenas uma Com barreiras Sim

Oligopoacutelio

Homogecircneo

Poucas

Com barreiras

Sim

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Diferenciado

Muitas

Sem barreiras

Sim

Fonte elaborado pela autora com base em Mankiw (1999) e Pindyck e Rubinfield (1999)

Portanto mercados satildeo frequumlentemente descritos como sendo concentrados (com poucos

vendedores) ou desconcentrados (muitos vendedores) Essas caracterizaccedilotildees permitem uma

55

raacutepida e acurada avaliaccedilatildeo da natureza da competiccedilatildeo em um mercado (BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

Sobre o valor percebido do produto Lambin (2000a) apresenta no quadro 3 dois niacuteveis de

intensidade relacionadas com esse valor permitindo assim quatro situaccedilotildees distintas nas

decisotildees de preccedilo em face dos tipos de concorrecircncia existentes

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia

No de Competidores

Valor Percebido do

Produto

Baixo

Alto

Alto

Monopoacutelio ou Oligopoacutelio

Diferenciado

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Fraco

Oligopoacutelio

Indiferenciado

Concorrecircncia Pura ou

Perfeita

Fonte Adaptado de Lambin 2000a

Quando o nuacutemero de competidores eacute baixo e o valor percebido do produto eacute alto a estrutura

de mercado estaacute proacutexima do monopoacutelio ou oligopoacutelio diferenciado O preccedilo nesse caso eacute

uma ferramenta para a empresa a qual possui a margem para manobra que pode variar com o

valor percebido do comprador sobre os atributos de diferenciaccedilatildeo

56

No outro extremo onde o nuacutemero de concorrentes eacute alto e os produtos possuem baixo grau de

diferenciaccedilatildeo (commodities) a estrutura eacute proacutexima da competiccedilatildeo perfeita Nessa situaccedilatildeo os

preccedilos satildeo amplamente determinados pela lei da oferta e demanda A empresa natildeo tem

praticamente nenhuma autonomia sobre as estrateacutegias de apreccedilamento

Uma terceira situaccedilatildeo que apresenta baixo nuacutemero de competidores e baixo valor percebido

corresponde ao oligopoacutelio indiferenciado A interdependecircncia dos concorrentes nesse caso eacute

alta limitando a autonomia das empresas sobre os preccedilos praticados O preccedilo tende a estar

alinhado com o oferecido pelo liacuteder de mercado

Finalmente na uacuteltima alternativa tecircm-se produtos altamente diferenciados oferecidos por um

grande nuacutemero de empresas Eacute a chamada concorrecircncia monopoliacutestica onde existem alguns

graus de autonomia que podem ser limitados pela intensidade competitiva

A suposiccedilatildeo da existecircncia de um grande nuacutemero de consumidores e produtores associada agrave

informaccedilatildeo perfeita livre entrada e saiacuteda do mercado e comercializaccedilatildeo de produtos

homogecircneos conduz agrave conclusatildeo que os preccedilos devem ser iguais entre todas as empresas que

operam no mercado (condiccedilatildeo de concorrecircncia perfeita) Entretanto eacute importante destacar que

isso representa uma condiccedilatildeo ideal de mercado difiacutecil de verificar na praacutetica

Lepsch (1996) afirma que a estrutura de mercado e a estrateacutegia competitiva examinam uma

ampla gama de mercados e explicam de que forma as decisotildees de preccedilo investimento e niacutevel

de produccedilatildeo das empresas dependem da estrutura de mercado e do comportamento dos seus

concorrentes A essecircncia da formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia competitiva eacute relacionar uma

empresa ao seu meio ambiente

57

A organizaccedilatildeo se expressa agrave comunidade por meio de seus produtos e a falta de

competitividade ameaccedila sua sobrevivecircncia no longo prazo A sobrevivecircncia de um produto

no longo prazo significa que os estiacutemulos gerados pelos fatores do macroambiente tecircm de

estar coerentes com sua estrateacutegia de negoacutecios e poliacutetica de preccedilos Portanto as decisotildees da

gerecircncia sobre apreccedilamento devem estar coerentes com o ambiente ao qual estatildeo

relacionadas Lambin (2000a) complementa ao afirmar que as estruturas de mercado satildeo

muito diferentes e podem ser observadas nos vaacuterios estaacutegios do ciclo de vida dos produtos

Jain (2000) considera que aleacutem do nuacutemero de empresas que atuam no mesmo segmento e do

valor percebido do produto eacute importante analisar o tamanho da induacutestria e a facilidade de

entrada no mercado O autor apresenta treze informaccedilotildees sobre os concorrentes que satildeo

necessaacuterias para estabelecer a estrateacutegia de preccedilo de um produto por uma empresa

1 Listas de preccedilos dos concorrentes jaacute publicadas e propaganda

2 Reaccedilotildees a mudanccedilas de preccedilo no passado (dos concorrentes)

3 Tempo em que os concorrentes mudam seus preccedilos e os fatores que iniciam essa

mudanccedila

4 Informaccedilotildees sobre campanhas especiais dos concorrentes

5 Comparaccedilatildeo com a linha de produto dos concorrentes

6 Suposiccedilotildees sobre estrateacutegias de preccedilo utilizadas pelos concorrentes e seus objetivos de

marketing

7 Relatoacuterios de desempenho financeiro dos concorrentes

8 Estimativa de custos dos concorrentes (fixos e variaacuteveis)

9 Retaliaccedilotildees de preccedilo esperadas

10 Anaacutelise da capacidade de retaliaccedilatildeo da concorrecircncia

11 Viabilidade financeira de enfrentar uma guerra de preccedilos

58

12 Postura estrateacutegica dos competidores

13 Agressividade do competidor

Dada a demanda dos consumidores a funccedilatildeo custos e preccedilos dos concorrentes a empresa

estaraacute preparada para selecionar um meacutetodo de estabelecimento de preccedilo que inclua uma ou

mais dessas trecircs consideraccedilotildees

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo

A fixaccedilatildeo de preccedilos no Brasil sofreu modificaccedilotildees a partir dos anos 90 devido agraves novas

tecnologias o relacionamento com fornecedores e compradores e o aumento da concorrecircncia

Durante os anos 60 70 e 80 o apreccedilamento era de responsabilidade da aacuterea financeira e

contaacutebil das empresas Os responsaacuteveis pela maior preocupaccedilatildeo com accedilotildees destinadas a cortar

custos e a procura por criar valor para o consumidor foram o aumento da competitividade e a

busca de novas estrateacutegias de diferenciaccedilatildeo de conquista e busca da lealdade dos

consumidores Na denominada economia moderna para prosperar a empresa deve oferecer

valor para o consumidor nos seus produtos ou serviccedilos de forma competitiva cobrindo os

seus custos e gerando retorno para os seus acionistas Para que isso seja possiacutevel eacute preciso que

a empresa tenha conhecimento sobre os diferentes meacutetodos de estabelecimento de preccedilo e

assim selecionar aquele que melhor se adapte aos objetivos por ela escolhidos

Analisar os custos e demanda da empresa eacute essencial para a fixaccedilatildeo correta do preccedilo de um

produto ou serviccedilo Entretanto de nada adianta se o preccedilo estabelecido pela companhia que

utilizou os meacutetodos propostos natildeo for adequado ao que o consumidor-alvo estaacute disposto a

59

pagar para adquiri-lo Kotler e Keller (2005) exibem o modelo dos 3 Cs custos

concorrentes e clientes como as trecircs principais consideraccedilotildees para selecionar um preccedilo

(figura 9)

Os custos representam o piso ou seja o miacutenimo cobrado por um produto e eacute igual ao

montante capaz de cobrir seus custos totais Abaixo desse niacutevel qualquer lucro eacute considerado

impossiacutevel para a empresa Por outro lado o teto eacute o maacuteximo que se deve fixar pois

representa a quantia de dinheiro que o cliente estaacute disposto a desembolsar para a compra do

item

Fonte Adaptado de Kotler e Keller (2005) Figura 9 O modelo dos 3 Crsquos para a determinaccedilatildeo de preccedilos

O equiliacutebrio eacute o preccedilo oferecido pelo mercado pela a mesma mercadoria ou produto com

caracteriacutesticas semelhantes (bens substitutos) Kotler e Keller (2005) estipulam seis meacutetodos

de determinaccedilatildeo de preccedilos No quadro 4 esses meacutetodos e suas caracteriacutesticas satildeo

resumidamente apresentados jaacute que suas caracteriacutesticas foram discutidas anteriormente

Preccedilo Baixo

Lucro impossiacutevel neste preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda impossiacutevel

neste preccedilo

CustosPreccedilos dos

concorrentes e dos

substitutos

Percepccedilatildeo pelos

consumidores de oferta

uacutenica

60

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees

Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilo

Caracteriacutesticas e Limitaccedilotildees

Mark up bull Meacutetodo de simples acreacutescimo de margem padratildeo ao custo do produto para formar o preccedilo de venda

bull Popular porque os vendedores tecircm mais certeza dos custos do que da demanda o caacutelculo eacute simples quando os custos se alteram quando todas as empresas usam o meacutetodo os preccedilos tendem a ser similares

bull Os preccedilos satildeo mais altos em itens sazonais (para cobrir risco de encalhe) de especialidade de giro lento com custos altos de estocagem e movimentaccedilatildeo e tambeacutem em itens de demanda inelaacutestica e tambeacutem eacute alto com produtos de custos ocultos ou altamente variaacuteveis

Preccedilo de Retorno-Alvo bull As empresas determinam o preccedilo que assegura a sua taxa alvo de retorno sobre o investimento (ROI) o fabricante realizaraacute o ROI pretendido se seus custos e vendas estimadas forem precisos

bull Importacircncia do caacutelculo do Ponto de Equiliacutebrio para que se saiba o que pode acontecer caso a previsatildeo de vendas natildeo se concretize

bull Ignora a elasticidade de preccedilos e preccedilos dos concorrentes

Preccedilo de Valor Percebido

bull As percepccedilotildees de valor dos compradores natildeo custos satildeo fatores-chave para determinar preccedilo

bull A chave para o uso de valor percebido eacute determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta

bull Eacute fundamental o pensamento do posicionamento do produto

bull Medir o valor percebido de cada um dos benefiacutecios do produto (apreccedilamento pelos componentes de valor) durabilidade confiabilidade serviccedilo superior garantia em peccedilas entre outros

bull Deve-se mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais caro ou seja o valor que a oferta de fato representa

Preccedilo de Valor bull A fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando comparado ao seu concorrente

bull Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo mas sim um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade

Preccedilo de Seguidor do Concorrente

bull A empresa baseia seu preccedilo em funccedilatildeo dos preccedilos cobrados pelos concorrentes dedicando menor atenccedilatildeo aos custos ou agrave demanda

Preccedilo de Licitaccedilatildeo bull A fixaccedilatildeo do preccedilo eacute fortemente orientada para a concorrecircncia

bull Maior o preccedilo menor seratildeo as chances da empresa de vencer a licitaccedilatildeo sendo possiacutevel o caacutelculo do lucro esperado de cada alternativa de preccedilo com as respectivas probabilidades de vitoacuteria

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000b)

61

Urdan e Urdan (2006) afirmam que o caminho para o apreccedilamento eacute a gestatildeo integrada de

preccedilos que contempla os diversos fatores relevantes e consolida a competecircncia gerencial no

processo de fixaccedilatildeo de preccedilos A figura 10 mostra os elementos baacutesicos da gestatildeo integrada

A base do trabalho eacute a anaacutelise de custos internos concorrecircncia demanda e consumidor

Fonte Urdan e Urdan (2006) Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos

Urdan e Urdan (2006) argumentam que este conhecimento identifica as forccedilas e as fraquezas

da organizaccedilatildeo e oportunidades e ameaccedilas no ambiente com influecircncia nas decisotildees de

precificaccedilatildeo Com o contexto mapeado satildeo definidos os objetivos que apontam as estrateacutegias

viaacuteveis num binocircmio integrado

Anaacutelise de Custos

Anaacutelise da Concorrecircncia

Anaacutelise da Demanda

Anaacutelise do Consumidor

Objetivos do Apreccedilamento

Estrateacutegias de Apreccedilamento

- - - - - Preccedilos Praticados + + + + +Preccedilos Miacutenimos

Preccedilos Maacuteximos

Ambiente

62

Assim como no modelo dos 3Cs apresentado na figura 9 o custo tambeacutem representa o

miacutenimo cobrado abaixo do qual natildeo existe viabilidade financeira a longo prazo A demanda e

o cliente formam o teto aleacutem do qual natildeo se consegue vender e entre esses dois pontos a

empresa seleciona os preccedilos mais adequados de acordo com os objetivos e as estrateacutegias

adotados (URDAN URDAN 2006)

Apoacutes selecionar o meacutetodo de apreccedilamento a empresa deveraacute considerar outros fatores que

iratildeo influenciar na fixaccedilatildeo do preccedilo final de seus produtos A seguir discute-se quais satildeo os

fatores adicionais em que situaccedilotildees eles devem ser levados em conta e quais satildeo as teacutecnicas

que melhor se encaixam em cada circunstacircncia que a empresa enfrenta

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final

Agrave medida que os meacutetodos de fixaccedilatildeo de preccedilos forem se consolidando no niacutevel a partir do

qual a empresa estabeleceraacute seu preccedilo final alguns fatores adicionais devem ser considerados

(KOTLER KELLER 2005) Esses fatores satildeo (i) o preccedilo psicoloacutegico (ii) a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing (iii) a poliacutetica de determinaccedilatildeo dos preccedilos da

empresa (iv) o impacto de preccedilos sobre terceiros e (v) determinaccedilatildeo de preccedilos por

compartilhamento de ganhos e riscos

No preccedilo psicoloacutegico a associaccedilatildeo do preccedilo alto com a qualidade conduz a empresa a colocar

o seu produto com o preccedilo entre os mais caros do segmento Ao analisar a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing na formulaccedilatildeo de seu preccedilo final a empresa deve

considerar a qualidade da marca e da propaganda em relaccedilatildeo agrave concorrecircncia Existe um

63

relacionamento positivo entre preccedilo alto e orccedilamento de propaganda Os consumidores

geralmente estatildeo dispostos a pagar mais por produtos conhecidos do que por desconhecidos

(FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005)

Sobre as poliacuteticas de preccedilo da empresa eacute importante ressaltar que o preccedilo deve ser consistente

com tais poliacuteticas com a finalidade de assegurar que a forccedila de vendas trabalhe com preccedilos

atrativos para os clientes e ao mesmo tempo rentaacuteveis para a empresa Algumas empresas

satildeo a favor da cobranccedila de multas sob determinadas situaccedilotildees (FRAM McCARTHY 1999)

Com relaccedilatildeo ao impacto de preccedilos sobre terceiros a empresa deveraacute considerar a reaccedilatildeo das

outras partes envolvidas e interessadas (URBANY 2001) tais como distribuidores e os

revendedores e por fim na determinaccedilatildeo de preccedilos por compartilhamento de ganhos e riscos

os compradores podem relutar em aceitar uma oferta caso percebam muito risco no negoacutecio

assim o vendedor pode propor absorver parte desse risco ou mesmo a sua totalidade se natildeo

entregar o valor prometido ao cliente (FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a

KOTLER KELLER 2005)

A discussatildeo sobre a seleccedilatildeo do preccedilo final encerra as etapas para estabelecer o preccedilo de venda

de um produto Entretanto as empresas geralmente natildeo determinam um preccedilo uacutenico mas

elaboram uma estrutura de determinaccedilatildeo de preccedilos que reflete as variaccedilotildees geograacuteficas na

demanda e nos custos as exigecircncias de segmento de mercado as oportunidades de compra os

niacuteveis de pedidos a frequumlecircncia de entrega as garantias os contratos de serviccedilos entre outros

fatores Devido aos descontos ou ao apoio promocional raramente as companhias realizam o

mesmo lucro sobre cada unidade vendida Existem vaacuterias estrateacutegias que permitem a

adequaccedilatildeo de preccedilos a situaccedilotildees distintas (KOTLER KELLER 2005) Essas estrateacutegias satildeo

apresentadas e discutidas a seguir

64

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo

Influenciados pelas variaccedilotildees do ambiente pelas saturaccedilotildees de mercado com baixa taxa de

crescimento pela competiccedilatildeo global e pelo movimento dos consumidores muitas empresas

estatildeo aderindo a diferentes formas de adequaccedilatildeo do preccedilo Tais empresas elaboram estrateacutegias

de adequaccedilatildeo de preccedilos que refletem variaccedilotildees principalmente na demanda e nos custos

Existem vaacuterias estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos tais como preccedilo geograacutefico preccedilos com

descontos preccedilo promocional preccedilo discriminatoacuterio e preccedilo de mix de produtos O quadro 5

apresenta cada uma dessas praacuteticas e suas principais caracteriacutesticas

As empresas procuram apresentar preccedilos diferentes de seus produtos para consumidores

localizados em regiotildees distintas Esta diferenciaccedilatildeo acontece devido a diversos fatores como

(i) diferentes custos de armazenagem transporte e entrega (ii) preferecircncias de seus

consumidores naquela regiatildeo (iii) os concorrentes locais Eacute a chamada estrateacutegia de preccedilo

geograacutefico Alguns clientes por exemplo preferem a permuta como praacutetica de pagamento A

permuta pode representar de 15 a 20 do comeacutercio mundial (KOTLER KELLER 2005) e

assume as seguintes formas escambo acordo de remuneraccedilatildeo acordo de recompra e

reciprocidade

Na reciprocidade o vendedor recebe seu pagamento total em dinheiro poreacutem com a condiccedilatildeo

de despender uma quantia naquele paiacutes durante um periacuteodo de tempo preacute-estabelecido

(KOTLER KELLER 2005 LAMBIN 2000a)

65

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos

Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do

Preccedilo

Consideraccedilotildees

Preccedilo geograacutefico Considera os custos de transporte ateacute o consumidor esses custos crescem em importacircncia quando o frete se torna uma parte maior do custo variaacutevel total Existem duas estrateacutegias geograacuteficas 1 Por ponto de produccedilatildeo pois o produto eacute retirado na faacutebrica

2 Preccedilo de entrega uniforme no qual o mesmo preccedilo eacute cotado para todos os compradores independente de sua localizaccedilatildeo

Descontos e concessotildees Desconto para pagamento agrave vista desconto por quantidade descontos funcionais (oferecidos aos membros do canal de distribuiccedilatildeo) descontos sazonais e concessotildees

Preccedilo promocional Preccedilo isca preccedilo de ocasiatildeo cupons de desconto financiamento a juros baixos maior prazo garantia e contratos de serviccedilos desconto psicoloacutegico (uso de preccedilo alto artificial para depois fazer uma reduccedilatildeo draacutestica)

Preccedilo diferenciado (Discriminado)

Preccedilo por segmento de consumidores preccedilo por versatildeo diferente de produto preccedilo de imagem preccedilo por localizaccedilatildeo preccedilo por periacuteodo Deve ser possiacutevel a segmentaccedilatildeo impossiacutevel revender deve ser legalizado e em consonacircncia com os consumidores para que decirc certo Podem ocorrer problemas

Preccedilo de composto de produtos O produto faz parte de um composto a empresa procura um preccedilo que maximize este composto 1 Preccedilo de linha de Produtos cada versatildeo sucessiva do produto traz caracteriacutesticas extras permitindo preccedilos mais elevados 2 Preccedilo de caracteriacutestica opcional produtos opcionais que acompanham o principal 3 Preccedilo do produto cativo fixaccedilatildeo de preccedilo baixo para conquistar consumidor e ganho nos produtos cativos 4 Preccedilo Composto uso de preccedilo fixo mais variaacutevel 5 Preccedilo de Subproduto venda de subprodutos permite a reduccedilatildeo do preccedilo do produto principal 6 Preccedilo do Pacote reuniatildeo de vaacuterios produtos satildeo vendidos mais baratos do que separadamente

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker Etzel (2001)

66

A fixaccedilatildeo de preccedilos com descontos e abatimentos consiste em ajustar o preccedilo baacutesico para

compensar certas situaccedilotildees relacionadas com o cliente ou com o mercado o pagamento

antecipado a compra de um grande volume de produtos e as compras realizadas fora de

temporada As reduccedilotildees nos preccedilos satildeo efetuadas por meio de desconto em dinheiro de

desconto por volume ou quantidade de compra descontos funcionais descontos sazonais e

concessotildees ou abatimentos (TELLIS 1995 SPROTT MANNING MIYAZAKI 2003)

O desconto em dinheiro eacute uma deduccedilatildeo no preccedilo para os compradores que pagam as contas na

data determinada ou antecipadamente Geralmente representa uma porcentagem do total

cobrado na fatura O desconto por quantidade eacute a reduccedilatildeo do preccedilo final para os clientes que

compram grandes volumes de bens e os funcionais satildeo oferecidos para os outros membros do

canal de distribuiccedilatildeo que concordarem em realizar serviccedilos como entrega ou estoque Os

descontos sazonais satildeo concedidos agravequeles que compram fora da estaccedilatildeo e por fim as

concessotildees satildeo pagamentos efetuados para conseguir a participaccedilatildeo em campanhas

promocionais apoio agraves vendas e outros programas especiais (KOTLER KELLER 2005

MANNING MIYAZAKI 2003)

Na determinaccedilatildeo de preccedilo promocional a companhia pratica preccedilos mais baixos

temporariamente devido a diferentes circunstacircncias como atrair os clientes para adquirir

outros produtos se desfazer de produtos sazonais e minimizar o volume de venda durante o

ano (LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005) Para enfrentar todas essas situaccedilotildees as

companhias podem utilizar diferentes teacutecnicas entre elas o preccedilo isca que consiste na

reduccedilatildeo do preccedilo de marcas conhecidas para estimular um movimento maior nas lojas Eacute

muito praticado pelos supermercadistas e pelas lojas de departamento poreacutem eacute um meacutetodo

que natildeo tem a aprovaccedilatildeo dos fabricantes pois pode diluir a imagem da marca ou criar

problemas com outros clientes que cumprem o preccedilo estabelecido na tabela

67

Outra teacutecnica conhecida eacute a utilizaccedilatildeo do preccedilo de ocasiatildeo Satildeo preccedilos especiais em certas

eacutepocas do ano que servem para atrair mais clientes

Os abatimentos em dinheiro satildeo utilizados estimular a compra dos produtos dos fabricantes

dentro de um periacuteodo especiacutefico e podem ajudar a reduzir o estoque de mercadorias sem

diminuir o preccedilo estabelecido na tabela

O financiamento a juros baixos eacute uma teacutecnica de preccedilo promocional onde em vez de cortar

preccedilos a empresa oferece um financiamento com baixas taxas de juros e os prazos de

pagamento mais longos satildeo os financiamento a longo prazo oferecidos geralmente pelas

instituiccedilotildees financeiras (bancos) e concessionaacuterias de automoacuteveis Ao utilizar a teacutecnica de

garantias e contratos de serviccedilo as empresas diminuem o preccedilo em funccedilatildeo dos serviccedilos

oferecidos e finalmente com os descontos psicoloacutegicos a empresa pode aumentar o preccedilo

artificialmente e depois oferecer um desconto substancial

Para estabelecer o preccedilo diferenciado (ou discriminatoacuterio) a empresa ajusta seus preccedilos

considerando as diferenccedilas entre os clientes os produtos as localidades e o periacuteodo Portanto

os segmentos devem apresentar diferentes graus de demanda (LAMBIN 2000a KOTLER

KELLER 2005) Os diversos meacutetodos para determinar um preccedilo diferenciado satildeo (i) o preccedilo

por segmento de clientes onde tem-se preccedilos diferentes de um mesmo produto para

diferentes grupos de clientes (ii) o preccedilo pela versatildeo do produto ou seja satildeo determinados

preccedilos diferentes por versotildees diferentes do produto sem que estes sejam proporcionais aos

seus custos de produccedilatildeo (iii) o preccedilo de imagem que satildeo preccedilos diferentes para mesmo

produto com base em diferenccedilas de imagem (iv) o preccedilo por localizaccedilatildeo que consiste em ter

o mesmo produto com preccedilos diferentes em locais diferentes e (v) o preccedilo por periacuteodo que

variam de acordo com a temporada dia ou hora

68

Na estrateacutegia de preccedilo de composto de produtos o apreccedilamento de um produto eacute influenciado

pelos preccedilos de outros produtos A aplicaccedilatildeo dessas estrateacutegias apresenta algumas

dificuldades porque cada item possui custos diferentes demandas diferentes e concorrecircncia

diferente As empresas geralmente desenvolvem linhas de produtos que apresentam uma

variedade de atributos Na fixaccedilatildeo de preccedilos de linha de produtos deve-se determinar os

patamares de preccedilo estabelecidos para os vaacuterios itens do mix considerando as diferenccedilas de

custos o valor percebido pelo consumidor para cada um e os preccedilos dos concorrentes

Algumas empresas utilizam a fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos opcionais ou seja o

estabelecimento de preccedilo de acessoacuterios que satildeo vendidos com o produto principal Outras

empresas fabricam produtos que somente podem ser utilizados com o produto principal a

fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos cativos (KOTLER KELLER 2005 STANTON WALTKER

ETZEL 2001 LAMBIN 2000a)

Eacute importante observar que apoacutes desenvolver a sua estrateacutegia de apreccedilamento a organizaccedilatildeo

ainda estaacute sujeita a enfrentar situaccedilotildees em que precisaraacute mudar sua poliacutetica Uma reduccedilatildeo de

preccedilos pode ser necessaacuteria devido agrave capacidade excedente da faacutebrica ao decliacutenio da

participaccedilatildeo de mercado recessatildeo econocircmica ou outros fatores discutidos da mesma forma

que um aumento pode ser necessaacuterio devido agrave inflaccedilatildeo de custos ou ao excesso de demanda

O profissional de marketing deve sempre estar atento agraves reaccedilotildees da concorrecircncia e preparar

planos de accedilotildees com possiacuteveis respostas a qualquer movimento dos competidores

Ateacute o presente toacutepico o estudo abordou os procedimentos necessaacuterios para que uma empresa

estabeleccedila de forma correta os preccedilos de seus produtos ou serviccedilos A seguir apresenta-se

como essas etapas satildeo definidas especificamente no varejo supermercadista Alguns dos

meacutetodos utilizados possuem caracteriacutesticas distintas ou adaptaccedilotildees por se tratar da

69

comercializaccedilatildeo de itens e natildeo de sua produccedilatildeo o que justifica a atenccedilatildeo especial dada ao

setor

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista

Parente (2000) define o supermercado como o estabelecimento caracterizado pelo sistema de

auto-serviccedilo com check-outs e produtos expostos de maneira acessiacutevel que permitem aos

consumidores se auto-servirem Ampliando esta definiccedilatildeo Guimaratildees et alli (2003)

caracterizam os supermercados como estabelecimentos varejistas nos quais se revende ampla

variedade de produtos utilizando-se do sistema de auto-serviccedilo no qual os clientes escolhem

mercadorias expostas em gocircndolas displays balcotildees e balcotildees refrigerados sem a

necessidade de vendedores e realizam os pagamentos em check-outs localizados na saiacuteda das

lojas Silveira e Lepsch (1997) afirmam que os principais benefiacutecios desse sistema (auto-

serviccedilo) para o supermercadista satildeo economia com matildeo-de-obra economias de escala e

baixos custos operacionais

A empresa varejista eacute considerada por Coughlan et alli (2001) como um elo intermediaacuterio na

cadeia produtiva vendendo produtos manufaturados pelo setor industrial situado a montante

para o consumidor final situado a jusante agregando-lhes valor por intermeacutedio de serviccedilos de

distribuiccedilatildeo Lepsch (1996) acredita que portanto eacute razoaacutevel afirmar que o produto do

varejo natildeo eacute algo fiacutesico e sim os serviccedilos ou atributos de uma loja agregados a bens

produzidos por outros setores da economia e prestados no comeacutercio para o consumidor final

Entre os atributos apontados pelo autor estatildeo mix de preccedilos mix de produtos oferecidos

qualidade dos produtos arquitetura do preacutedio arquitetura ambiental e imagem da loja layout

70

atendimento raacutepido e cortecircs estacionamento tamanho da loja localizaccedilatildeo cartatildeo de creacutedito

etc Entretanto autores como Levy e Weitz (2000) McGoldrick (1990) e Bloemer e Schroder

(2002) afirmam que a imagem da loja eacute o posicionamento do supermercado formado pelas

percepccedilotildees dos consumidores que resulta do conjunto destes atributos e portanto natildeo pode

ser considerada parte deles

A imagem Uma das primeiras definiccedilotildees de imagem de loja foi oferecida por Martineau em

1958 em seu claacutessico livro The personality of the retail store (McGOLDRICK 1990) e

enfatiza a necessidade de levar em consideraccedilatildeo natildeo apenas os fatores mais visiacuteveis ou

mensuraacuteveis mas tambeacutem os fatores menos tangiacuteveis como a personalidade da loja

McGoldrick (1990) explica que a imagem da loja eacute o modo pelo qual a loja eacute definida na

mente do comprador parcialmente por suas qualidades funcionais e parcialmente por uma

atmosfera de atributos psicoloacutegicos Esta definiccedilatildeo poreacutem foi criticada por tender a atribuir

um aspecto miacutestico ao conceito em que o consumidor natildeo avalia racionalmente os atributos

da loja

Outros autores sugeriram que ao inveacutes de classificar a imagem como parte do comportamento

de compra do consumidor sem uma base loacutegica seria razoaacutevel supor que o consumidor avalie

racionalmente a loja por meio de uma funccedilatildeo de utilidade de multi-atributos (McGOLDRICK

1990) Esta definiccedilatildeo foi abordada por Bloemer e Schroder (2002) a soma de todos os

atributos da loja da forma percebida pelo consumidor por meio de sua experiecircncia com a loja

Sheth Mittal e Newman (2001) tambeacutem definem imagem de loja como sendo a soma total

das percepccedilotildees que os clientes tecircm sobre uma loja Tal percepccedilatildeo eacute determinada por fatores

como mercadorias atendimento preccedilo atmosfera publicidade e funcionaacuterios Para esses

autores a imagem da loja eacute que determina o tipo de cliente que seraacute atraiacutedo e por outro lado

esse mesmo cliente eacute quem vai realimentar essa imagem

71

Sobre aos componentes muitos estudiosos classificam os fatores que compotildeem essa imagem

de forma a relacionar aos elementos do composto de marketing do varejo A importacircncia

relativa dos vaacuterios componentes varia consideravelmente dependendo do mercado setor

situaccedilatildeo competitiva e segmentos de consumidores (McGOLDRICK 1990) Existem razotildees

loacutegicas pelas quais a importacircncia relativa dos atributos deva variar entre mercados

considerando a comparaccedilatildeo entre paiacuteses regiotildees ou mesmo localidades diferentes

Um componente ganha importacircncia eacute a atmosfera da loja ou seja seu ambiente fiacutesico

Parente (2000) define atmosfera de loja como sendo o sentimento psicoloacutegico que o varejista

desenvolve no consumidor quando este visita a loja sendo tambeacutem entendida como a

personalidade da loja Para desenvolver a atmosfera os varejistas utilizam recursos que

influenciam a visatildeo olfato e outros sentidos dos clientes A atmosfera inclui iluminaccedilatildeo

cores muacutesica ambiente limpeza aroma decoraccedilatildeo e lay-out e que pode criar estiacutemulo para o

cliente permaneccedila na loja ou a vontade de sair rapidamente do local (SHETH MITTAL

NEWMAN 2001)

Porter e Claycomb (1997) explicam que uma taacutetica que pode ser usada para favorecer a o

varejista eacute a utilizaccedilatildeo de um mix de merchandising composto por um nuacutemero significativo de

marcas que possuem alta pontuaccedilatildeo em uma pesquisa de awareness (lembranccedila de marca) e

outras com imagem tambeacutem forte Para esses autores a imagem da loja estaacute diretamente

relacionada agrave imagem de uma marca pois marcas fortes e reconhecidas satildeo sinocircnimos de

qualidade e podem trazer o cliente de volta agrave mesma loja

O sortimento das mercadorias tambeacutem tem recebido bastante atenccedilatildeo por parte dos varejistas

e uma estrateacutegia de diferenciaccedilatildeo cada vez mais utilizada eacute a inclusatildeo de marcas proacuteprias no

conjunto de bens oferecido ao consumidor (COUGHLAN et alli 2001) As marcas proacuteprias

auxiliam na construccedilatildeo da imagem da loja pois permite ao varejista se diferenciar de

72

concorrentes proacuteximos e direcionar traacutefego para dentro da loja Como estatildeo disponiacuteveis

apenas em uma cadeia especiacutefica de lojas podem ser uacutenicas em termos de valor e

desempenho e essa exclusividade pode ser considerada uma forma de se conquistar a

lealdade de um cliente (SHETH MITTAL NEWMAN 2001) Outros componentes satildeo

apresentados no quadro 6

Conforme explicado anteriormente Levy e Weitz (2000) consideram o posicionamento um

projeto e a implementaccedilatildeo de um composto de varejo para criar uma imagem do varejista na

mente do cliente em relaccedilatildeo a seus concorrentes Como ele enfatiza a imagem na mente do

cliente (e natildeo aquela na mente do gerente) devem ser feitas pesquisas para saber qual eacute a

imagem do varejista e certificar-se de que ela esteja coerente com o que os clientes desejam

nesse mercado-alvo

O posicionamento do varejista eacute provavelmente mais importante para o sucesso do seu

negoacutecio do que as suas caracteriacutesticas reais (tangiacuteveis) As redes varejistas tentam posicionar-

se de forma a criar uma imagem consistente com a auto-imagem do seu puacuteblico O projeto do

ambiente de loja eacute um importante aspecto da estrateacutegia de posicionamento de serviccedilos e

influencia fortemente as impressotildees do consumidor e o comportamento tanto do cliente

quanto do vendedor O ambiente fiacutesico eacute particularmente importante na criaccedilatildeo da impressatildeo

favoraacutevel para a loja de varejo pois existem poucos criteacuterios objetivos pelos quais os

consumidores podem julgar a qualidade dos serviccedilos que recebem (SCHIFFMAN KANUK

1997)

Estudo de Kim e Han (2000) demonstrou que as preferecircncias dos consumidores por lojas

especiacuteficas tambeacutem podem estar ligadas agraves suas formaccedilotildees culturais que estatildeo relacionadas

ao seu grupo eacutetnico Essas diferentes formaccedilotildees culturais levam os consumidores a possuiacuterem

diferentes interpretaccedilotildees das lojas e de seus produtos devido agraves diferentes percepccedilotildees dos

73

atributos das lojas e agraves diferentes associaccedilotildees que esses consumidores fazem entre elas e as

classes soacutecio-econocircmicas dos seus clientes As classes soacutecio-econocircmicas estatildeo

significativamente relacionadas agrave imagem percebida da loja o que permite aos varejistas a

implementaccedilatildeo de mensagens promocionais persuasivas direcionadas aos segmentos sociais

alvejados

Os componentes que formam a imagem da loja tecircm sido reconhecidos tambeacutem como um

importante antecedente da satisfaccedilatildeo e da lealdade (BLOEMER SCHRODER 2002) A

lealdade agrave loja eacute construiacuteda por meio da satisfaccedilatildeo e esta satisfaccedilatildeo eacute construiacuteda entre outras

coisas por meio da imagem da loja (BLOEMER RUYTER 1998) Para Levy e Weitz

(2000) a satisfaccedilatildeo com a loja eacute a avaliaccedilatildeo poacutes-consumo de quanto a loja atendeu bem ou

excedeu agraves expectativas do cliente

Influenciados pelas mudanccedilas raacutepidas no ambiente de varejo pelos consumidores cada vez

mais exigentes pela competiccedilatildeo mais acirrada e pelas baixas taxas de crescimento dos

mercados em geral os varejistas estatildeo mais do que nunca obrigados a instituiacuterem de uma

forma contiacutenua o estabelecimento da satisfaccedilatildeo com a loja e da lealdade agrave loja Levy e Weitz

(2000) afirmam que um varejista constroacutei a lealdade do cliente ao criar uma imagem clara e

distinta de mix de varejo e ao reforccedilar de forma consistente essa imagem por meio de suas

mercadorias e serviccedilos

74

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja

Componente Detalhamento Preccedilo das mercadorias Preccedilos baixos

Preccedilos competitivos ou natildeo competitivos Qualidade das mercadorias Boa ou maacute qualidade das mercadorias

Marcas em estoque

Sortimento das mercadorias Amplitude e profundidade do sortimento Possui ou natildeo a marca que o cliente deseja Possui ou natildeo marcas elegantes

Pessoal de vendas Postura do pessoal de vendas Conhecimento do pessoal de vendas Nuacutemero de empregados da loja Serviccedilo bom ou ruim

Conveniecircncia de localizaccedilatildeo Localizaccedilatildeo perto da residecircncia ou do trabalho Acesso Boa ou maacute localizaccedilatildeo

Outros itens de conveniecircncia Estacionamento Horaacuterio de funcionamento da loja Conveniecircncia em relaccedilatildeo a outras lojas Lay-out da loja com relaccedilatildeo agrave conveniecircncia Conveniecircncia em geral

Serviccedilos Creacutedito Entrega Facilidade de devoluccedilatildeo de mercadorias Auto-serviccedilo

Promoccedilotildees de vendas Vendas especiais Cupons Displays de loja Siacutembolos e cores

Propaganda Estilo e qualidade da propaganda Miacutedia utilizada Credibilidade da propaganda

Atmosfera da loja Lay-out da loja natildeo relacionado agrave conveniecircncia Decoraccedilatildeo externa e interna da loja Congestionamento dentro da loja Prestiacutegio da loja Simpatia para com a loja

Institucional Reputaccedilatildeo e credibilidade da loja Loja conservadora ou moderna

Clientela da loja Niacutevel soacutecio-econocircmico da clientela Auto-imagem da clientela

Aspectos fiacutesicos Instalaccedilotildees Arquitetura da loja Facilidade de compra

Poacutes-venda Satisfaccedilatildeo ou insatisfaccedilatildeo Fonte Adaptado de Kunkel e Berry (1968) Lindquist (1974) e Doyle e Fenwick (1974)

75

O estudo de Bloemer e Schroder (2002) considerou a satisfaccedilatildeo do consumidor como sendo

um niacutevel prazeroso de realizaccedilatildeo relacionado ao consumo Para esses autores a lealdade de

loja pode ser definida como a resposta comportamental enviesada (ou seja natildeo aleatoacuteria)

expressa atraveacutes do tempo pelo consumidor com relaccedilatildeo a uma loja sendo uma funccedilatildeo dos

processos psicoloacutegicos (tomada de decisatildeo e avaliaccedilatildeo) resultante do comprometimento

Essas respostas comportamentais foram consideradas para Bloemer e Schroder (2002) como

sendo comunicaccedilatildeo boca-a-boca intenccedilatildeo de compra e insensibilidade a preccediloBloemer e

Schroder (2002) demonstraram que um consumidor que percebe uma loja em particular com

imagem positiva estaacute mais propenso a satisfazer-se com essa loja do que um consumidor que

percebe a loja com uma imagem menos positiva Portanto seu estudo concluiu que uma

imagem de loja mais positiva levaria a um niacutevel de satisfaccedilatildeo maior Aleacutem disso uma

imagem de loja positiva tambeacutem levaria a um niacutevel de afeto maior para com a loja

aumentando tambeacutem o niacutevel de satisfaccedilatildeo Por sua vez a satisfaccedilatildeo levaria agrave lealdade se a

confianccedila e o comprometimento para com a loja estivessem presentes Portanto o modelo de

inter-relaccedilatildeo entre os conceitos acima pode ser apresentado conforme a figura 11

Engel Blackwell e Miniard (1995) explicam que as imagens formadas pelos consumidores

com base em suas percepccedilotildees dos atributos considerados importantes afetam o processo

decisoacuterio de escolha da loja A escolha da loja para esses autores seria uma funccedilatildeo de

caracteriacutesticas do consumidor e de caracteriacutesticas da loja Para tomar a decisatildeo sobre o local

de compra o consumidor busca informaccedilotildees que possam ajudaacute-lo a minimizar seu risco de

insatisfaccedilatildeo

76

Imagemde

loja

AfetoPositivo

Satisfaccedilatildeo Confianccedila ecomprometimento

Bocaa

boca

Insensibilidadea preccedilo

Intenccedilatildeo decompra

Fonte Adaptado pelas autoras de Bloemer e Schroder (2002)

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja

Mason Mayer e Ezell (1988) afirmam que estas informaccedilotildees podem ser fornecidas pelo

proacuteprio varejista por meio de propaganda e promoccedilotildees O consumidor ainda pode receber

recomendaccedilotildees de seus vizinhos parentes e amigos sobre em qual loja comprar O varejista

de posse dessas informaccedilotildees poderaacute explorar ao maacuteximo seus instrumentos de marketing para

criar o posicionamento desejado

Engel Blackwell e Miniard (1995) sugerem um modelo sobre o processo de escolha de loja

que envolve os criteacuterios de avaliaccedilatildeo usados pelos consumidores e as caracteriacutesticas

percebidas da loja ou seja a imagem da loja formada na mente do consumidor conforme

mostrado na Figura 12 Os consumidores de cada segmento formam imagens variadas de

acordo com a sua percepccedilatildeo acerca dos atributos considerados importantes Esta percepccedilatildeo e

portanto a formaccedilatildeo de imagem depende das seguintes variaacuteveis localizaccedilatildeo qualidade e

natureza do sortimento preccedilo propaganda e promoccedilatildeo empregados serviccedilos oferecidos

atributos fiacutesicos da loja tipo de clientela atmosfera da loja e satisfaccedilatildeo apoacutes a compra

77

Assim verifica-se que o varejista possui vaacuterias ferramentas para conseguir a satisfaccedilatildeo e a

fidelidade de seus clientes mas eacute preciso que ele as utilize adequadamente de modo que o

consumidor consiga perceber e formar uma imagem positiva da loja colocando-a como sua

primeira opccedilatildeo de compra

Criteacuterios Avaliatoacuterios1 Localizaccedilatildeo2 Amplitude e Profundidade de sortimento3 Preccedilo4 Propaganda e promoccedilatildeo de vendas5 Pessoal da loja6 Serviccedilos7 Outros

Caracteriacutesticas Percebidas das Lojas1 Localizaccedilatildeo2 Sortimento3 Preccedilo4 Propaganda epromoccedilatildeo de vendas1 Pessoal da loja2 Serviccedilos

Processo de Comparaccedilatildeo

Lojas aceitaacuteveis Lojas inaceitaacuteveis

Imagemda loja

Fonte Engel Blackwell e Miniard (1995)

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja

Lepsch (1996) considera o varejo tambeacutem como uma unidade decisoacuteria da economia

considerada sob o prisma de transaccedilotildees com os fornecedores na compra e com os

consumidores na venda de produtos Tal dualidade segundo o autor faz com que ele integre o

sistema de marketing dos fabricantes e ao mesmo tempo opere seu proacuteprio sistema de

marketing

78

Desde seu surgimento na deacutecada de 30 nos Estados Unidos passando pela sua implantaccedilatildeo na

deacutecada de 50 no Brasil ateacute chegar no seu estaacutegio atual o supermercado evoluiu muito

Buscou maior eficiecircncia introduziu novas tecnologias redutoras de custos e preccedilos e assim

ocupou gradativamente o lugar das lojas especializadas tradicionais no comeacutercio varejista

de alimentos e produtos de higiene e limpeza (SILVEIRA LEPSCH 1997) Com o

acirramento da competiccedilatildeo apoacutes o Plano Real e a abertura da economia a empresas e produtos

estrangeiros o consumidor tornou-se o foco das redes supermercadistas Mais exigentes e

com maior facilidade em memorizar os preccedilos o cliente fez com que o setor passasse a lutar

pela sua preferecircncia nas estrateacutegias via preccedilo e mais fortemente nas estrateacutegias extrapreccedilo

As estrateacutegias extrapreccedilos foram discutidas nesse toacutepico As estrateacutegias via preccedilo fazem parte

do objetivo principal do estudo O preccedilo como apresentado no quadro 6 eacute um dos

componentes da gestatildeo estrateacutegica do varejo supermercadista e um dos criteacuterios de maior

importacircncia na escolha da loja pelo consumidor conforme visto na figura 12

Parente (2000) afirma que de todas as variaacuteveis do marketing mix a decisatildeo de preccedilo eacute

aquela que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas A afirmaccedilatildeo volta agrave questatildeo inicial da flexibilidade da

variaacutevel preccedilo em relaccedilatildeo aos outros componentes do mix de marketing ou seja as poliacuteticas

de preccedilos dos varejistas podem ser alteradas em curtiacutessimo prazo e devido agrave facilidade na

implementaccedilatildeo dessas alteraccedilotildees muitos varejistas assumem uma postura fortemente

competitiva respondendo rapidamente agraves alteraccedilotildees de preccedilo da concorrecircncia Boone e Kurtz

(1998) argumentam que os preccedilos desempenham um papel importante na percepccedilatildeo do

varejista por parte do consumidor e satildeo sempre um componente imprescindiacutevel para uma

estrateacutegia competitiva completa

79

O preccedilo eacute um determinante da compra dos produtos pelos clientes Eacute um dos elementos chave

para alcanccedilar o volume de vendas desejado e tem grande impacto nos lucros das empresas e

tem o papel fundamental na percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos compradores Eacute tambeacutem

variaacutevel do composto que pode ser mais facilmente comparada pelo consumidor no momento

da compra

O proacuteximo toacutepico discute a fixaccedilatildeo de preccedilos para o varejo supermercadista Os passos

propostos pelos autores apresentados na revisatildeo bibliograacutefica sobre determinaccedilatildeo de preccedilos

satildeo revistos agora com foco nas estrateacutegias adotadas pelos supermercados Alguns dos

componentes que influenciam no posicionamento das lojas satildeo discutidos em seguida como

possiacuteveis influenciadores no processo de precificaccedilatildeo de produtos comercializados pelas

grandes redes

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados

Lepsch (1966) afirma que pode-se esquematizar o apreccedilamento em um supermercado da

seguinte maneira primeiro emprega-se o meacutetodo de precificaccedilatildeo do mark up sendo que o

custo sobre o qual vai incidir a margem eacute custo da colocaccedilatildeo do produto do fornecedor na

loja A seguir os produtos do sortimento da loja satildeo divididos em categorias e para cada uma

eacute atribuiacuteda uma margem-objetivo Por fim o custo mais a margem datildeo um preccedilo para cada

um dos itens de uma categoria de produtos que precisa ser comparado com o preccedilo do mesmo

item nas lojas da concorrecircncia localizadas dentro da aacuterea de influecircncia do estabelecimento

em foco

80

O autor destaca que natildeo pode haver muita diferenccedila entre os preccedilos de um mesmo item dentro

de uma mesma aacuterea de influecircncia principalmente para cima (preccedilo mais alto) Neste caso a

empresa deve rever e ajustar o seu preccedilo A variaccedilatildeo de preccedilos pode aparecer por diferenccedilas

nos custos de produccedilatildeo dos comerciantes (REINGANUN1979) na busca por preccedilos menores

por parte dos consumidores (ROB 1985) ou pela lealdade resultante das compras repetitivas

de um uacutenico produto pelos clientes (MCMILLAN MORGAN 1988)

A tarefa de ajuste de preccedilos eacute de responsabilidade do gerente da loja que precisa manter as

margens meacutedias exigidas para as diversas categorias ou seccedilotildees de sua loja e principalmente

deve alcanccedilar a margem meacutedia geral estabelecida pela rede de supermercados (LEPSCH

1996) Silveira e Lepsch (1997) reforccedilam a responsabilidade do gerente na gestatildeo do preccedilo

de sua loja ao concluiacuterem que houve descentralizaccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos pelos

supermercados adotando-se na maioria dos casos um sistema misto

Os autores realizaram um estudo que confirmou a hipoacutetese de que a autoridade da loja na

precificaccedilatildeo aumentou Consequumlentemente a responsabilidade da loja pela obtenccedilatildeo de

resultados financeiros a ela designados tambeacutem aumentou Cabe tambeacutem ao gerente da loja

ficar atento ao comportamento do consumidor em relaccedilatildeo aos preccedilos dos produtos e ao

sortimento ao atendimento aos serviccedilos prestados entre outros (SILVEIRA LEPSCH

1997)

Ao estabelecer o preccedilo de venda ao consumidor o varejista toma uma seacuterie de decisotildees

estrateacutegicas Relacionando-se o estabelecimento do preccedilo em redes supermercadistas (figura

13) com os seis passos propostos por Kotler e Keller (2005) para o apreccedilamento adequado de

um produto pela induacutestria e discutidos nos itens anteriores desta revisatildeo bibliograacuteficas pode

fazer a seguinte comparaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilos propostos McGoldrick

81

(1990) considera que os apresentados no quadro 7 satildeo os adotados com mais frequumlecircncia pelas

empresas varejistas

Preccedilo geograacutefico

Descontos e concessotildees Preccedilo promocional Preccedilo diferenciado

Preccedilo de composto de produtos

Fonte Elaborado pela autora a partir de Kotler e Keller (2005)

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo

Mark-up padratildeo sobre o custo

Retorno-alvo

Preccedilo de valor

Valor percebido pelo

cliente

Preccedilo de mercado

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Determinaccedilatildeo do Objetivo de Preccedilo

Determinaccedilatildeo da Demanda

Estimativa de Custos

Anaacutelise de Custo Preccedilo e Ofertas do Concorrente

Seleccedilatildeo do Meacutetodo de Determinaccedilatildeode Preccedilo

Seleccedilatildeo do Preccedilo Final e Ajuste

82

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Maximizaccedilatildeo do lucro Redes de tamanho meacutedio com administraccedilatildeo familiar (geralmente)

Retirada razoaacutevel

Redes pequenas com administraccedilatildeo familiar

Maximizaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado Caracteriacutestica das grandes e meacutedias redes ou ainda em cadeias que estatildeo introduzindo novos modelos ou outros novos formatos

Defesa do mercado Muitas redes varejistas procuram proteger determinada aacuterea de influecircncia criando barreiras agrave entrada de novos concorrentes no mercado

Estabilizaccedilatildeo do mercado Com esse objetivo a loja procura interromper a praacutetica de guerra de preccedilos pela concorrecircncia podendo-se utilizar tambeacutem para desviar a atenccedilatildeo do consumidor dos preccedilos praticados

Imagem da rede A praacutetica de uma poliacutetica de preccedilos baixos todo dia (EDLP every day low price) pode ser um objetivo para atrair o consumidor e mantecirc-lo fiel agraves lojas da rede Eacute possiacutevel consideraacute-la tambeacutem um objetivo que visa mostrar ao consumidor integridade nos preccedilos

Preccedilos abaixo do custo marginal Caso um item categoria de produto ou seccedilatildeo apresentar sinais de entrada no estaacutegio final do ciclo de vida (decliacutenio) um objetivo comumente adotado eacute a eliminaccedilatildeo dos estoques por intermeacutedio de preccedilos baixos de maneira a gerar espaccedilo para a entrada de novos produtos Utiliza-se tambeacutem esse recurso em uma promoccedilatildeo como forma de atrair clientes para a loja

Fonte Elaborado pela autora a partir de McGoldrick (1990) e Kotler e Keller 2005

83

Parente (2000) completa observando que o varejista pode buscar como estrateacutegias de

apreccedilamento (i) preccedilos acima do mercado o varejista natildeo concorre em preccedilo evitando que a

marcaccedilatildeo de seus preccedilos esteja baseada na concorrecircncia (ii) preccedilos meacutedios de mercado os

varejistas buscam a diferenciaccedilatildeo em outros componentes do composto de marketing como

localizaccedilatildeo serviccedilos ou linha de produtos e (iii) preccedilos abaixo do mercado varejistas que tecircm

no preccedilo sua arma competitiva mais forte geralmente associado a uma estrutura de baixos

custos com avanccedilada tecnologia e modernos meacutetodos de gestatildeo

Em termos de determinaccedilatildeo da demanda cada preccedilo levaraacute a um niacutevel de demanda e teraacute um

impacto diferente nos objetivos de marketing da empresa Como foi discutido demanda e

preccedilo satildeo inversamente relacionados ou seja quanto mais alto o preccedilo de um produto menor

a quantidade demandada por este mesmo item A mesma regra eacute valida no supermercado Por

isso a preocupaccedilatildeo com o controle de preccedilos dos produtos ofertados

Ghisi (2005) explica que a formaccedilatildeo de oligopoacutelios no setor supermercadista gera diversos

riscos como por exemplo a imposiccedilatildeo de preccedilos realizada pelas grandes redes junto aos

fornecedores que traz como consequumlecircncia a restriccedilatildeo de opccedilotildees para os consumidores De

acordo com esse boletim a implantaccedilatildeo dessas grandes lojas resulta na perda de um grande

nuacutemero de postos de trabalho A abertura dessas empresas normalmente significa o

aniquilamento dos pequenos supermercados mercadinhos que operam no bairro e

adjacecircncias Esse fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil tendo grande contribuiccedilatildeo para o

desenvolvimento social e econocircmico do paiacutes (GHISI 2005)

84

A oligopolizaccedilatildeo tambeacutem aumenta o poder de barganha dos grandes grupos que passam a

competir por preccedilo Em contrapartida os pequenos supermercadistas que natildeo tecircm escala

comparaacutevel acabam comprando produtos de atacadistas e natildeo diretamente de fornecedores

aumentando assim os seus custos Isso acarreta em produtos finais caros para o consumidor

pois a margem de lucro dos atacadistas eacute elevada inviabilizando o repasse no preccedilo das

mercadorias (GHISI 2005)

Quanto agrave estimativa dos custos sabe-se que a demanda estabelece um teto no preccedilo que uma

empresa pode cobrar por seu produto e os seus custos determinam o piso ou seja o preccedilo

miacutenimo A empresa varejista deseja cobrar um preccedilo que cubra seu custo de produccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e venda do produto incluindo um retorno justo por seu esforccedilo e pelo seu risco

Especialistas concordam que a maioria das redes varejistas ainda utiliza o mark-up para

calcular o preccedilo das mercadorias com a taxa desejada de retorno

A anaacutelise de custos preccedilos e ofertas dos concorrentes tambeacutem acontece da mesma forma

para o varejista ou seja dentro da faixa de preccedilos possiacuteveis determinados pela demanda de

mercado e pelos custos da empresa esta deveraacute levar em conta os custos preccedilos e possiacuteveis

reaccedilotildees de preccedilos dos concorrentes Vale considerar neste ponto o conceito de shopping de

preccedilos que eacute o nome dado agrave praacutetica da obtenccedilatildeo de informaccedilotildees perioacutedicas sobre preccedilos

praticados pelos concorrentes Silveira e Lepsch (1997) explicam que como a concorrecircncia eacute

determinada em cada mercado supermercadista em geral cada loja possui sua proacutepria equipe

para coletar essas informaccedilotildees

O shopping de preccedilos abrange uma cesta baacutesica ampliada com cerca de 400 produtos sendo

estes de alto giro marcas fortes e elevados gastos promocionais por parte dos fornecedores

(alguns exemplos sabatildeo em poacute Omo leite condensado Moccedila sal Cisne e Accediluacutecar Uniatildeo) A

cesta varia de acordo com o formato da loja regiatildeo do paiacutes localizaccedilatildeo (ou aacuterea de

85

influecircncia) segmentaccedilatildeo de mercado entre outros (SILVEIRA LEPSCH 1997) Mas natildeo eacute

somente o shopping de preccedilos que possui informaccedilotildees importantes sobre a concorrecircncia Os

supermercadistas recorrem tambeacutem a dados adicionais em jornais tabloacuteides e televisatildeo para

formarem os preccedilos de seus produtos (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Em relaccedilatildeo agrave seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos para os varejistas tambeacutem satildeo

considerados paracircmetros como os custos a concorrecircncia a avaliaccedilatildeo dos clientes e o preccedilo

maacuteximo a ser cobrado Os meacutetodos mais utilizados no varejo encontram-se descritos no

quadro 8

Sobre as margens Boone e Kurtz (1998) ainda ressaltam que constituem fatores importantes

na imagem do varejista perante seus atuais e possiacuteveis clientes afetando ainda a sua

capacidade de atrair clientes Margens muito altas podem assustar e afastar os consumidores e

a praacutetica de uma taxa inadequada (muito baixa) pode natildeo cobrir os custos e natildeo gerar retorno

As margens satildeo expressas como porcentagem do preccedilo final de venda de um produto ou do

seu custo (BOONE KURTZ 1998) Suas foacutermulas satildeo

Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Preccedilo de Venda

Percentual de Margem sobre o Custo = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Custo

86

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Mark-up padratildeo sobre o custo Muitos varejistas adotam esse meacutetodo por ser mais raacutepido mecacircnico e relativamente simples de ser usado Resulta sempre de dois fatores os serviccedilos oferecidos (custos que precisam ser cobertos) e taxa de giro de estoque

Retorno-alvo

Preccedilo que permite atingir a taxa-alvo de retorno - ROI (return over investment)

Preccedilo de valor Preccedilo baixo para oferta de alta qualidade - no varejo o preccedilo de valor traduz-se na poliacutetica de fixar preccedilos baixos todos os dias (EDLP) - o varejista que seguir a praacutetica cobra um preccedilo baixo constantemente todos os dias sem descontos temporaacuterios nos preccedilos eliminando assim a incerteza de preccedilos de uma semana para a outra

Valor percebido pelo cliente Considera as percepccedilotildees dos clientes e natildeo os custos do vendedor como chave para determinar preccedilo Como analogia no varejo tem-se a estrateacutegia de preccedilo alto-baixo (High Low Price - HILO) onde o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes nas quais os preccedilos caem temporariamente abaixo do niacutevel da poliacutetica EDLP As promoccedilotildees criam entusiasmo e atraem compradores Por esse motivo a EDLP natildeo constitui garantia de sucesso Muitos varejistas utilizam uma combinaccedilatildeo de estrateacutegias de determinaccedilatildeo de preccedilos alto-baixos e de preccedilos baixos todos os dias com um aumento de propaganda e de promoccedilotildees

Preccedilo de mercado Estabelecer preccedilos com base nos concorrentes Praacutetica comum entre varejistas com conhecimento entre os competidores para realizaccedilatildeo de shopping de preccedilos em suas lojas

Fonte Elaborado pela autora com base em Boone e Kurtz (1998) Levy e Weitz (2000) Parente (2000)

87

Poreacutem quando se conhece apenas o custo e o percentual de margem calculado sobre o preccedilo

de venda as seguintes foacutermulas satildeo utilizadas

Preccedilo = Custo

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Custo 100 + Percentual de Margem sobre o Custo

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Boone e Kurtz (1998) explicam que as margens baseiam-se em parte no julgamento do

comerciante com relaccedilatildeo aos preccedilos que os consumidores estariam dispostos a pagar por um

produto Quando estes se recusam a pagar o preccedilo fixado ou surgem produtos de melhor

qualidade o varejista trabalha com a estrateacutegia de desconto que tem o seu percentual

calculado pela foacutermula

Percentual de Desconto = Valor do Desconto Novo Preccedilo

88

Os descontos tambeacutem podem ser utilizados para avaliaccedilotildees (BOONE KURTZ 1998) Os

gerentes da loja ou os compradores podem ser avaliados em parte com base nos percentuais

meacutedios de descontos concedidos nas linhas de produtos pelas quais satildeo responsaacuteveis dentro de

uma rede supermercadista

Por fim a seleccedilatildeo do preccedilo final compreendida como o ajuste do preccedilo em funccedilatildeo da

percepccedilatildeo de qualidade - por parte dos consumidores - e da influecircncia de outros elementos do

composto de marketing levando em consideraccedilatildeo questotildees como serviccedilos prestados

localizaccedilatildeo e outros As taacuteticas natildeo satildeo mutuamente exclusivas e podem ser utilizadas

simultaneamente

Um problema que pode ser encontrado ao estabelecer uma estrutura de preccedilos diz respeito a

produtos que fazem parte de um mix ou linha Neste caso natildeo satildeo apenas os preccedilos que

variam mas tambeacutem os produtos considerados Desta forma a fixaccedilatildeo de preccedilos natildeo deve

seguir a mesma loacutegica determinada para um uacutenico item O varejista busca neste caso um

conjunto de preccedilos que maximize o lucro total (GRACIOSO 1997)

A determinaccedilatildeo de preccedilos eacute difiacutecil porque os produtos possuem custo e demanda

interrelacionados e estatildeo sujeitos a diferentes graus de concorrecircncia Toledo Proenccedila e Mello

Jr (2003) afirmam que esse problema abre espaccedilo para a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais modernas

de gestatildeo no varejo como o gerenciamento de categorias Os autores explicam que o

gerenciamento de categorias eacute uma das ferramentas do sistema Resposta Eficiente ao

Consumidor - ECR (Efficient Consumer Response) que tem por objetivo definir o sortimento

os preccedilos as ofertas e promoccedilotildees para atender os diferentes puacuteblicos de consumidores e obter

uma coerecircncia no modo de apresentaccedilatildeo dos produtos no ponto de venda por afinidade de

consumo o que facilita a venda o cliente e gera aumento de vendas

89

O ECR Brasil caracteriza uma estrutura de categoria como sendo um mapa da aacutervore de

decisatildeo do consumidor (ECR Brasil 1998) A questatildeo chave eacute a capacidade de refletir o

modo como o consumidor toma sua decisatildeo quando faz uma compra dentro da categoria

Nesse processo a atribuiccedilatildeo de papeacuteis para as categorias eacute uma das mais importantes

decisotildees a serem tomadas pelo varejista pois fornece a base para a diferenciaccedilatildeo competitiva

e consequumlente alocaccedilatildeo de recursos entre as unidades estrateacutegicas de negoacutecio por categoria

do varejista (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR 2003) A classificaccedilatildeo eacute a seguinte

bull Dominantes Destino satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica uma

grande variedade de produtos igual ou superior agrave meacutedia do mercado sendo que o

varejista busca uma notoriedade e reconhecimento por parte dos seus clientes no

sentido de que sua oferta de variedade de produtos seja a melhor do mercado Os

produtos dessa categoria tecircm a caracteriacutestica iacutempar de atrair os consumidores agraves lojas

Exemplo mercearia seca (accediluacutecar arroz feijatildeo etc)

bull Competitivas Traacutefego satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica

uma variedade de produtos igual agrave meacutedia do mercado sendo que o varejista posiciona-

se corretamente no que tange a oferta de variedade de produtos Essas famiacutelias satildeo

compostas de produtos que tambeacutem tecircm caracteriacutestica de atrair os consumidores agraves

lojas em razatildeo da necessidade e periodicidade de compras Exemplo leite longa vida

suco e patildeo de forma

bull Convenientes Bandeira satildeo famiacutelias que apresentam como caracteriacutestica uma

variedade de produtos limitada ou seja igual agrave oferta dos demais concorrentes do

mesmo segmento poreacutem inferior agrave variedade ofertada pelos varejistas especialistas

Exemplo tintas ferramentas automotivos

90

bull Sazonais satildeo famiacutelias que possuem como caracteriacutestica uma variedade de produtos

grande em razatildeo uacutenica e exclusiva de ocorrecircncia de um evento sazonal Exemplo

chocolates panetones perus

Toledo Proenccedila e Mello Jr (2003) consideram ainda que o papel da categoria frequumlentemente

fornece diretrizes para a alocaccedilatildeo de recursos do varejista desde estoques espaccedilo nas

prateleiras e investimentos promocionaispublicitaacuterios a gastos de capital e tempos de

gerenciamento Por exemplo categorias com papel destino podem ter preccedilos mais

competitivos com o objetivo de atrair os consumidores e tornar a loja preferida nas compras

da categoria Nas demais os preccedilos podem ser menos competitivos

Apesar de todos os seis passos estarem adequados agrave escolha da estrateacutegia de apreccedilamento dos

produtos comercializados pelo varejo supermercadista eacute importante lembrar que muitas das

suas atividades satildeo completamente distintas das atividades de uma induacutestria O supermercado

responsaacutevel pela entrega do produto ao consumidor final oferece vaacuterios serviccedilos que natildeo satildeo

comuns aos fabricantes Muitas dessas accedilotildees podem ter grande influecircncia sobre a fixaccedilatildeo de

preccedilo dos bens comercializados sejam por aumentar os custos ou mesmo por oferecer maior

valor para o cliente

A proacutexima discussatildeo refere-se a algumas variaacuteveis que possivelmente interferem na decisatildeo

de apreccedilamento dos supermercadistas sobre os itens que disponibilizam para os seus

consumidores Tais variaacuteveis vatildeo aleacutem da demanda ou custo dos produtos e representam

questotildees fundamentais para ganho de competitividade no varejo

91

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo

Beisel (1993) apud Vance e Angelo (2003) sugere que a definiccedilatildeo do niacutevel de preccedilos mais

adequado seja efetuada a partir da anaacutelise das caracteriacutesticas de diferentes dimensotildees do

composto de varejo (quadro 9) Em um primeiro momento eacute essencial que o varejista defina

quem eacute o seu puacuteblico alvo

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo

Estrateacutegias de Preccedilos Caracteriacutesticas

Abaixo do Mercado Niacutevel do Mercado Acima do Mercado

Localizaccedilatildeo Inconveniente Competitiva Privilegiada

Horaacuterio de

Funcionamento Curto Competitivo Longo

Serviccedilo Pouconenhum Meacutedio Personalizado

Prestiacutegio Pouco Meacutedio Alto

Exclusividade do

Produto Nenhuma Meacutedia Excluxivo

Merchandising

Fashionableness Baixo Meacutedia Alto

Custo da Mercadoria Baixo Meacutedio Alto

Fonte Vance e Acircngelo (2003)

A seguir eacute preciso que identifique e analise as caracteriacutesticas do seu negoacutecio Localizaccedilatildeo

horaacuterio de funcionamento serviccedilos prestiacutegio a exclusividade do produtomercadoria

merchandising fashionableness que pode ser compreendido como o grau de requinte ou

elegacircncia dos produtos comercializados e custo das mercadorias satildeo os principais aspectos

sugeridos para avaliaccedilatildeo segundo o autor

92

Enquanto as caracteriacutesticas do produto podem ser as mesmas entre os diferentes equipamentos

varejistas a variabilidade na qualidade de serviccedilo e as caracteriacutesticas do mercado podem ser

diferentes dentro de cada equipamento varejista (ANCARANI SHANKAR 2004)

Aleacutem das variaacuteveis destacadas por Vance e Acircngelo (2003) Lepsch (1996) e Ancarani e

Shankar (2004) o presente estudo observaraacute outros fatores colocados como importantes por

estudiosos de varejo como influenciadores da fixaccedilatildeo de preccedilos nos supermercados

2111 Produto

Para Czinkota (2001) os produtos satildeo o conjunto de atributos funccedilotildees e benefiacutecios que os

clientes compram O termo produto significa a oferta de uma empresa capaz de satisfazer

uma necessidade do consumidor (KOTLER KELLER 2005) Aleacutem disso os produtos de

consumo podem ser divididos nas seguintes categorias (i) produtos de conveniecircncia itens

baratos que os consumidores compram com pouco esforccedilo e satildeo amplamente distribuiacutedos (ii)

produtos de compra comparada mais caros que os de conveniecircncia e a decisatildeo de compra eacute

mais importante (iii) produtos de especialidade os consumidores desejam uma marca

particular (iv) produtos substitutos natildeo satildeo opccedilotildees sendo a distribuiccedilatildeo muito limitada e (v)

produtos natildeo procurados satildeo desconhecidos ou natildeo mas natildeo satildeo ativamente procurados ateacute

que necessite deles sendo as vendas personalizadas

Conforme observado nas diferentes classificaccedilotildees de produtos suas caracteriacutesticas

influenciam no preccedilo para o consumidor final Produtos de conveniecircncia satildeo considerados

mais baratos enquanto produtos de especialidades como satildeo procurados por marcas

especiacuteficas tendem a serem mais caros

93

Nagle e Holden (1995) consideram que a administraccedilatildeo do produto eacute a mais poderosa

ferramenta de influecircncia dos preccedilos O produto pode influenciar o preccedilo dependendo do niacutevel

de diferenciaccedilatildeo do produto do seu estaacutegio no ciclo de vida e do segmento de mercado de

atuaccedilatildeo (ZICKER 2002) Nos estaacutegios de introduccedilatildeo e crescimento o preccedilo eacute mais alto e na

maturidade a tendecircncia eacute de queda dos preccedilos (KOTLER KELLER 2005) Poreacutem eacute possiacutevel

modificar o produto ou aumentar o periacuteodo de estaacutegio analisando e percebendo as mudanccedilas

no ambiente

Stanton Walker Etzel (2001) consideram um mix de produtos como o conjunto de todos os

produtos oferecidos para venda por uma empresa Uma linha de produtos eacute um amplo grupo

de produtos destinados a usos essencialmente similares e tendo caracteriacutesticas fiacutesicas

similares O mix de produtos eacute composto por uma ou mais linhas de produtos Todos os

produtos que uma empresa comercializa podem ser considerados o seu o mix A amplitude ou

abrangecircncia do seu composto eacute a seacuterie de diferentes linhas de produtos a extensatildeo eacute o

nuacutemero de produtos (diferentes marcas) dentro de uma linha e a profundidade da linha satildeo os

tipos de produtos dentro de cada marca (STANTON WALKER e ETZEL 2001 KOTLER

KELLER 2005 PARENTE 2000)

2112 Marca

Com relaccedilatildeo agraves marcas dos produtos estudiosas afirmam que marcas e criaccedilatildeo de marcas satildeo

ingredientes vitais necessaacuterios ao sucesso no mercado (SHULTZ e BARNES 2001) Os

consumidores utilizam-se das marcas como fontes de informaccedilatildeo simplificando escolhas e

94

reduzindo riscos da aquisiccedilatildeo Elas capturam crenccedilas sobre os atributos e a imagem geral do

produto entre os clientes Os fabricantes estatildeo cada vez mais interessados em comercializar

novos produtos sob a proteccedilatildeo de nomes de marca bem estabelecidos familiares aos clientes

aumentando sua aceitabilidade (IACOBUCCI 2001)

A American Marketing Association (AMA) define marca como um nome termo

siacutembolosigno ou uma combinaccedilatildeo de todos que estaacute associado a diferentes produtos ou

serviccedilos de uma empresa em particular Essencialmente uma marca significa a promessa de

entrega de um produto ou um pacote particular de caracteriacutesticas benefiacutecios e serviccedilos para

os consumidores Iacobucci (2001) considera que as marcas possibilitam aos consumidores a

associaccedilatildeo a funcionalidades imagens e experiecircncias Com um mercado competitivo os

produtos ficam mais uniformes e com isso as marcas evoluem para oferecer um valor

diferenciado aos seus clientes A marca tornou-se base imediata para a escolha de uma

mercadoria traduzindose em lucros para a empresa

O sucesso da marca depende de associaccedilotildees A marca estaacute associada a uma rede de

pensamentos ou associaccedilotildees feitas apenas nas cabeccedilas dos consumidores O grande desafio

para uma marca eacute desenvolver um arranjo de ideacuteias associadas ao seu siacutembolo natildeo sendo

apenas um nome mas um conjunto de significados A construccedilatildeo de uma marca eacute orientada

por uma visatildeo de posicionamento desejado e implementada pelas decisotildees relacionadas ao

composto de marketing

O valor da marca apoiaacute-se na ideacuteia de que os consumidores compram e usam certos produtos

com marcas mais pelo que eles representam do que pelo que eles realmente fazem Aaker

(1991) define valor de marca como sendo o conjunto de ativos e passivos relacionados a uma

marca seu nome e siacutembolo que adicionam ou subtraem valor ao valor provido pelo produto

ou serviccedilo O autor identifica quatro principais categorias pelas quais o valor da marca pode

95

ser deduzido reconhecimento de marca associaccedilatildeo de marca qualidade percebida e

fidelidade agrave marca Essas categorias satildeo estreitamente relacionadas assim a lealdade da

marca eacute dependente do seu reconhecimento pelos consumidores do poder de estabelecimento

de associaccedilotildees bem como do niacutevel de qualidade percebida

Aaker (1996) afirma que o desafio para as marcas eacute que elas possuam uma imagem clara e

distinta que importe para o consumidor e realmente as diferencie dos outros concorrentes

Para a construccedilatildeo de grandes marcas o autor sugere que a empresa encare suas marcas natildeo

somente como um produto ou serviccedilo mas como uma organizaccedilatildeo uma pessoa e um siacutembolo

Assim tornar prioridade inovaccedilatildeo lideranccedila de mercado ou qualidade de produto como

estrateacutegia empresarial tem impacto direto na percepccedilatildeo da marca se esse tambeacutem for seu

posicionamento Esse tipo de associaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo eacute mais difiacutecil de imitar do que

atributos de produtos

As marcas satildeo selecionadas e usadas pelos consumidores para dizer alguma coisa que eles

gostariam de dizer O comprometimento com uma marca pode ser definido como um elo com

essa marca particular dentro de uma categoria de produto

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo

Neves (1999) afirma que os canais de distribuiccedilatildeo podem ser entendidos como sendo o

percurso que o produto faz ateacute o consumidor final Um conjunto de organizaccedilotildees

interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar esse produto ou serviccedilo para uso

ou consumo ou ainda como maneiras de desenhar desenvolver e manter relacionamentos

96

entre os participantes do canal de tal forma a obter vantagens competitivas sustentaacuteveis pelas

empresas tanto em niacutevel individual como coletivo (COUGHLAN et alli 2002) Para

Rosenbloom (1999) podem ser entendidos como uma organizaccedilatildeo externa que a gestatildeo

utiliza para atingir os seus objetivos de distribuiccedilatildeo A organizaccedilatildeo eacute externa porque natildeo faz

parte da estrutura interna da empresa satildeo os intermediaacuterios entre a induacutestria e o consumidor

final

Os intermediaacuterios tomam muitas formas atualmente incluindo lojas de departamentos lojas

de descontos lojas de eletrodomeacutesticos e eletrocircnicos lojas de vestuaacuterios hipermercados

supermercados lojas especializadas lojas de conveniecircncia franquias clubes de compras e

varejistas on-line Aleacutem disso os varejistas podem ocupar-se de bens com marca proacutepria

(marca de loja) e podem tambeacutem se integrar verticalmente para traacutes de forma eficaz na cadeia

de suprimento (COUGHLAN et alli 2002)

No Brasil os tipos mais importantes de varejista alimentiacutecio para distribuiccedilatildeo satildeo

hipermercados supermercados lojas de conveniecircncia lojas de especialidades (accedilougues

varejotildees padarias entre outros) mercearias e outros formatos (PARENTE 2000) Muitas

redes supermercadistas engajaram no processo de reformulaccedilatildeo do padratildeo de suas lojas para

atender a diversos segmentos de mercado passando a operar com diferentes bandeiras cada

uma focada em um nicho de mercado atrativo (GHISI 2005)

Os criteacuterios da AcNielsen (2004) classificam os canais de distribuiccedilatildeo de produtos

alimentares em 03 categorias baacutesicas Cada categoria possui um grupo de diferentes formatos

As categorias satildeo (i) consumo local formada por bares restaurantes lanchonetes e adegas

(ii) auto-serviccedilo que se refere ao formato de varejo alimentiacutecio caracterizado pela disposiccedilatildeo

dos produtos em self-service e pela existecircncia de caixas (check-outs) na saiacuteda como os

supermercado e hipermercados e (iii) tradicionais no qual pressupotildeem-se a presenccedila de

97

atendente (vendedor ou balconista) que assiste e interage no processo de compra (compra

assistida) como armazeacutens empoacuterios mercearias padarias etc

No auto serviccedilo as classificaccedilotildees da AcNielsen (2004) e da ABRAS (2005) consideram

como supermercados os estabelecimentos encontrados em bairros ou vizinhanccedila para

compras rotineiras preccedilos meacutedios que apresentam como principais seccedilotildees de vendas

mercearia bazar e pereciacuteveis Possuem cerca de 1500 a 5000 itens em exposiccedilatildeo e de 2 a 40

check-outs mais de 300 msup2 de aacutereas de vendas e faturamento anual de mais de 1 milhatildeo de

doacutelares Em termos do porte da loja satildeo considerados pequenos aqueles supermercados que

possuem ateacute 4 check-outs de pequenos agrave meacutedios os com 5 a 9 check-outs meacutedios quando

possuem de 10 a 19 check-outs e grandes os supermercados cujo nuacutemero de check-outs varia

entre 20 a 49

Os hipermercados satildeo estabelecimento localizado em aacutereas de intenso fluxo e faacutecil acesso

destinado agraves compras de maior volume preccedilos baixos e com mais descontos Possuem como

principais seccedilotildees de vendas mercearia bazar e pereciacuteveis tecircxteis e eletrodomeacutesticos Tecircm

mais de 5000 itens em exposiccedilatildeo nuacutemero de check-outs acima de 50 mais 5000 msup2 de aacutereas

de vendas e faturamento anual de mais de 12 milhotildees de doacutelares A tabela 1 apresenta a

classificaccedilatildeo do setor supermercadista de acordo com o nuacutemero de check-outs

Ghisi (2005) apresenta os principais formatos de loja existentes como

1 Loja de conveniecircncia modelo importado dos Estados Unidos na deacutecada de 80 que

pode ser caracterizado por oferecer pequena variedade de itens (cerca de 1000 itens)

principalmente de conveniecircncia e possuir aacuterea de venda de 50 msup2 a 250 msup2 Satildeo lojas

relativamente pequenas de faacutecil acesso e para compras raacutepidas que funcionam 24

horas por dia Constituem um importante canal de distribuiccedilatildeo varejista minimizando

98

esforccedilos de compra dos clientes Essas lojas estatildeo localizadas em postos de gasolina

ou em aacutereas de grande concentraccedilatildeo populacional Os preccedilos praticados geralmente

satildeo 15 maiores do que os dos supermercados convencionais

2 Loja de Sortimento Limitado ou discount conceito trazido da Alemanha que

representou na eacutepoca uma inovaccedilatildeo incremental Opera cerca de 700 itens

basicamente de mercearia e praticamente nenhum serviccedilo Na deacutecada de 80 as lojas

de sortimento limitado se tornaram muito populares impulsionadas pela rede

Minibox do Patildeo de Accediluacutecar que passou a ser seguida por concorrentes da eacutepoca Esse

formato de loja praticamente desapareceu na deacutecada de 90 e retomou sua importacircncia

a partir do ano 2000 As lojas de descontos atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Esse tipo de loja opera com sortimento

limitado e poucos funcionaacuterios o que pode resultar na oferta de preccedilos competitivos

3 Supermercado Compacto supermercado de menor porte eacute o conhecido supermercado

de vizinhanccedila Representam a maioria das unidades de auto-serviccedilos do Brasil e em

geral pertencem a operadores independentes Atualmente satildeo responsaacuteveis por cerca

de 14 da distribuiccedilatildeo de alimentos no Brasil onde estatildeo em plena ascensatildeo

4 Supermercado Convencional tradicional supermercado com aacuterea de venda de 700 msup2

a 2500 msup2 Dentre as seccedilotildees existentes opera principalmente as mais tradicionais

mercearia pereciacuteveis bazar carnes e aves frios e laticiacutenios sendo crescente o

aumento de seccedilotildees para atrair o cliente como a de padaria e de peixaria A meacutedia de

itens ofertados eacute de 9000 e os produtos satildeo alimentiacutecios na grande maioria Pode ser

definido como um mercado generalista que revende para o consumidor final ampla

variedade de produtos de forma departamentalizada no sistema de auto-serviccedilo A

maioria das redes atuantes no Brasil opera grande nuacutemero de lojas classificadas como

supermercados convencionais

99

5 Superloja tipo de loja que opera com uma completa linha de produtos alimentiacutecios

Os natildeo-alimentiacutecios comeccedilam a crescer em importacircncia podendo representar ateacute 10

das vendas A aacuterea de comercializaccedilatildeo possui 4500 msup2 em meacutedia e a ecircnfase eacute nos

serviccedilos natildeo pereciacuteveis bem como em uma ampla seccedilatildeo de alimentos A Superloja

tambeacutem oferece uma razoaacutevel gama de produtos tecircxteis e eletrocircnicos O nuacutemero de

itens pode ser ateacute 60 superior ao de um supermercado convencional e operam um

nuacutemero meacutedio de 14000 itens de produtos No Brasil existem cerca de 400 superlojas

de alimentos as que representam 13 das vendas do varejo alimentiacutecio A tendecircncia eacute

que esse tipo de formato ganhe importacircncia nos proacuteximos anos

6 Hipermercado o conhecido modelo de loja importado da Franccedila caracterizado pelo

largo espectro de produtos alimentares e bebidas A aacuterea para alimentos geralmente eacute

maior do que 50 do total da aacuterea de vendas totais da loja Os hipermercados

trabalham com completa linha de alimentaccedilatildeo e quase completa linha de natildeo-

alimentos vendendo cerca de 35000 itens Satildeo comercializados em torno de 45000

itens e as seccedilotildees tiacutepicas dessas lojas satildeo mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves

padaria frios e laticiacutenios bazar peixaria tecircxtil e eletrocircnicos No Brasil existem mais

de 100 hipermercados que representam 13 das vendas do varejo alimentar

7 Supercenter esse tipo de formato eacute considerado uma adaptaccedilatildeo norte-americana dos

hipermercados franceses e tem as caracteriacutesticas de uma loja de departamento

acrescida de um supermercado que ocupa 40 da aacuterea de venda Chega a operar em

torno de 60000 itens e tem dimensotildees de ateacute 19000 msup2 O layout de disposiccedilatildeo das

gocircndolas cria seccedilotildees isoladas dentro da loja

8 Loja-Depoacutesito no Brasil o nuacutemero de lojas-depoacutesito ainda eacute muito pequeno sendo

composto pelas redes que oferecem mais de 7000 itens com boa participaccedilatildeo dos

pereciacuteveis A aacuterea de venda geralmente eacute em torno de 4000 msup2 a 7000 msup2 Opera as

100

seguintes seccedilotildees mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves tecircxtil frios e laticiacutenios

bazar e eletrocircnicos O foco desse tipo de loja estaacute relacionado agrave imagem de preccedilo

baixo e aos poucos serviccedilos oferecidos A oferta de natildeo-alimentos comeccedila a crescer

nesse formato e as vendas desses produtos atingem 8 do total vendido

9 Clube de Atacadistas tipo de loja que opera nas linhas alimentiacutecia e natildeo-alimentiacutecia

tem aacuterea de vendas despojada e de baixo investimento expondo a mercadoria em

estruturas metaacutelicas O puacuteblico alvo desse tipo de loja pode ser definido pelos

pequenos comeacutercios bares e restaurantes bem como por famiacutelias de menor poder

aquisitivo Geralmente essas lojas operam 5000 itens de produtos e a porcentagem de

vendas dos natildeo-alimentos chega a 35 Operam nas seccedilotildees de mercearia bazar

carnes e aves vestuaacuterio frios e laticiacutenios e eletrocircnicos O nuacutemero de check-outs

existentes nessas lojas fica entre 25 a 35

Entretanto Stern El-Ansary e Coughlan (1996) consideram que as atividades varejistas

podem ser feitas por todos os membros do canal e ateacute mesmo pela induacutestria e observa-se

grande competiccedilatildeo dentro dos diferentes formatos Aleacutem disso a maneira como o produto eacute

distribuiacutedo tambeacutem eacute importante para a formaccedilatildeo do preccedilo Dependendo do canal eacute possiacutevel

definir preccedilos diferenciados por segmento Deve-se ter o cuidado de escolher corretamente o

canal de distribuiccedilatildeo porque ele pode guiar toda a poliacutetica de preccedilos dentro da cadeia de

suprimentos caso os intermediaacuterios tiverem um alto poder de negociaccedilatildeo

Nagle e Holden (1995) recomendam uma estrateacutegia de distribuiccedilatildeo coerente com a estrateacutegia

de preccedilos ou seja para um produto que atrai os compradores pelo baixo preccedilo eacute necessaacuterio

obter baixo custo de distribuiccedilatildeo jaacute para um produto que atrai os consumidores pelos seus

atributos superiores apesar do preccedilo alto eacute recomendaacutevel obter uma distribuiccedilatildeo que

complemente esses atributos e os torne visiacuteveis

101

Quando o valor da diferenciaccedilatildeo do produto se suporta por meio desta argumentaccedilatildeo eacute

arriscado confiar completamente na distribuiccedilatildeo independente A distribuiccedilatildeo pode-se

transformar em um serviccedilo de diferenciaccedilatildeo do produto diminuindo a sensibilidade a preccedilos

por parte dos clientes Portanto na medida em que for oferecido um pacote de serviccedilos

diferenciados pela distribuiccedilatildeo aumenta-se a competitividade do produto tornando-se o preccedilo

menos relevante

2114 Localizaccedilatildeo da Loja

Os supermercadistas ao fixar seus preccedilos levam em conta os preccedilos praticados pela

concorrecircncia Satildeo consideradas concorrentes as lojas que se situam numa mesma aacuterea

geograacutefica de influecircncia (SILVEIRA LEPSCH 1997) O nuacutemero de lojas concorrentes na

mesma localizaccedilatildeo determina a estrutura do mercado o que permite concluir que o poder de

monopoacutelio no setor supermercadista varia segundo o grau de concorrecircncia existente nos

diferentes mercados

Lukianocenko (2003) afirma que um dos fotos que mais chamou a atenccedilatildeo em um estudo

realizado pela LatinPanel relaciona-se aos motivos que levam o consumidor a escolher um

supermercado para realizar suas compras Entre esses motivos destaca-se a proximidade do

estabelecimento com a casa ou trabalho do consumidor que aparece em primeiro lugar em

todas as classes analisadas (A ateacute E) em 52 dos casos O estudo tambeacutem enfatiza que a

proximidade tem o mesmo peso tanto para clientes de pequenos estabelecimentos quanto para

os de grandes lojas (LUKIANOCENKO 2003) A informaccedilatildeo reforccedila o conceito de que a

conveniecircncia eacute um fator primordial na definiccedilatildeo da opccedilatildeo de compra sendo um forte

102

indicativo a favor do supermercadista de pequeno porte Se ele conhece as caracteriacutesticas de

sua vizinhanccedila pode desenvolver serviccedilos e criar novos atrativos para fidelizar o seu cliente

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista

Historicamente os varejistas eram muito dependentes do poder de algumas induacutestrias

multinacionais proprietaacuterias de marcas fortes e consagradas no mercado Entretanto o

crescimento na concentraccedilatildeo do setor varejista e na concorrecircncia entre marcas de produtos

substitutos ocasionou uma inversatildeo nesse poder Se um varejista natildeo compra uma marca de

produto e isso implica na perda de consumidores leais a essa marca significa que a induacutestria

tem o poder mas se o consumidor aceita marcas substitutas e continua a frequumlentar o ponto-

de-venda o poder estaacute nas matildeos do varejista (KUMAR 1997)

Isso acontece porque o poder de cada parte estaacute intrinsecamente relacionado com a

interdependecircncia das relaccedilotildees dos parceiros envolvidos o poder do varejista depende do niacutevel

de dependecircncia do seu fornecedor e vice-versa (HOGARTH-SCOTT 1999) Quando uma

empresa depende dos recursos de outra organizaccedilatildeo acaba ficando suscetiacutevel agraves exigecircncias

desta que usufrui do seu poder para maximizar seus interesses Mas quando existe a muacutetua

interdependecircncia os investimentos satildeo compartilhados e as partes executam suas atividades

visando o benefiacutecio do canal como um todo

103

Poirier e Reiter (1996) consideram que os membros mais poderosos do canal de distribuiccedilatildeo

exercem sua forccedila sobre os participantes mais fracos A fraqueza nessas situaccedilotildees eacute derivada

do fato de essas influecircncias servirem apenas para criar associaccedilotildees instaacuteveis entre as

organizaccedilotildees que tentam lucrar o maacuteximo possiacutevel sobre os outros em vez de trabalharem

para o benefiacutecio coletivo Nesse contexto as dinacircmicas do poder e da dependecircncia satildeo fatores

importantes a serem considerados pois eles permitem uma visatildeo de como a estrutura do canal

pode influenciar a performance do relacionamento

O poder pode ser definido como a habilidade de um ator (A) conseguir de um outro ator (B)

aquilo que ele deseja (HOGARTH-SCOTT 1999) Dentro dos limites razoaacuteveis eacute possiacutevel

conseguir tudo o que deseja se estiver ciente das opccedilotildees testar suposiccedilotildees correr riscos

calculados e basear-se em informaccedilotildees soacutelidas acreditando que se tem poder (MARTINELLI

ALMEIDA 1998)

Negociaccedilatildeo eacute um conceito em contiacutenua formaccedilatildeo que estaacute amplamente relacionado agrave

satisfaccedilatildeo de ambos os lados Nierenberg (1981 p 3) considera o conceito como um

negoacutecio que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir

benefiacutecios duradouros para todos os participantes Fisher e Ury (1985) e Hodgson (1996)

definem a negociaccedilatildeo como um processo de comunicaccedilatildeo bilateral que envolve um elemento

de permuta e barganha onde os agentes trocam recursos de valor por outro visando uma

decisatildeo conjunta e a satisfaccedilatildeo para todos os envolvidos

A efetiva utilizaccedilatildeo de poder por uma das partes conforme Coughlan (2001) tende a ocorrer

de forma mais acentuada na medida em que a distribuiccedilatildeo de poder entre os membros do

canal seja mais desequilibrada

104

Nas deacutecadas passada o ponto determinante de uma negociaccedilatildeo era basicamente o preccedilo e

cada agente da cadeia de suprimentos buscava maximizar seus ganhos mesmo que isso

implicasse na reduccedilatildeo dos lucros dos aliados comerciais (ALCAcircNTARA 1998 FLEURY et

alli 2000) Considerando o ambiente turbulento em que estatildeo inseridas as empresas neste

iniacutecio de seacuteculo o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas negociaccedilotildees entre varejistas e

fornecedores Grandes estabelecimentos negociam grandes volumes a preccedilos mais baixos do

que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis de um mesmo

produto do que a concorrecircncia

As grandes redes varejistas conseguem concessotildees especiais de fornecedores que nem

sempre satildeo justificadas por argumentos de aumento da eficiecircncia proacute-competitiva e que em

muitos casos apresentam efeitos adversos significantes sobre a competiccedilatildeo em toda a cadeia

produtiva Segundo os autores em geral as condutas adotadas pelo varejo brasileiro

apresentam grau de abuso do poder de compra ao serem unilaterais e restritivas Destacam o

fato de que o grau de interdependecircncia do fornecedor diante dos grandes varejistas acentua o

efeito negativo da adoccedilatildeo de tais praacuteticas e que qualquer argumentaccedilatildeo eacute punida com o

teacutermino da relaccedilatildeo comercial

105

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas

Os estudos realizados sobre a variaccedilatildeo de preccedilos de produtos em diferentes regiotildees tecircm obtido

menos sucesso para encontrar a relaccedilatildeo entre a diferenccedila nos preccedilos de produtos e variaacuteveis

demograacuteficas de um mercado Estudos recentes de preccedilos de mantimento alcanccedilaram

resultados misturados Hayes (2000) natildeo identificou em sua pesquisa um relacionamento

estatiacutestico significativo entre preccedilos de mantimento e o niacutevel de renda de residentes de um

mercado

Por outro lado Frankel e Gould (2001) encontraram em seus estudos que os preccedilos satildeo mais

elevados nos mercados com mais desigualdade da renda Os preccedilos satildeo mais elevados onde haacute

uma renda mais baixa ou renda mais elevada e os preccedilos mais baixos satildeo encontrados nos

mercados consumidores com renda entre estes dois grupos Entretanto o modelo dos autores

natildeo permite que determine se os resultados encontrados satildeo devido agraves diferenccedilas no

comportamento do consumidor nos custos ou nas diferenccedilas entre as caracteriacutesticas das lojas

e a qualidade dos serviccedilos fornecidos

Resultados parecidos foram encontrados por pesquisadores do setor de restaurantes Graddy

(1997) encontrou que os preccedilos satildeo mais altos em regiotildees com uma proporccedilatildeo maior de

consumidores de renda inferior Poreacutem seu modelo natildeo identificou se a diferenccedila de preccedilos

observada poderia vir das diferenccedilas de custos e condiccedilotildees de demanda ou se reflete a

estrateacutegia de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre varejistas

Kaufman et alli (1997) afirmam que os preccedilos de mantimento tendem a ser mais elevados em

centros urbanos do que em mercados suburbanos Alguns especulam que um acesso maior

aos supermercados nos subuacuterbios eacute o fator responsaacutevel por essa diferenccedila Em comparaccedilatildeo agraves

106

lojas da cidade os supermercados de subuacuterbios satildeo aptos a oferecer os preccedilos mais baixos e

uma escala maior dos tipos de produtos dos tamanhos do pacote e das escolhas por qualidade

MacDonald e Nelson (1991) encontram em seus estudos que uma cesta baacutesica de produtos

custa aproximadamente 4 menos nas lojas suburbanas do que em lojas da cidade

117 O Preccedilo da Concorrecircncia

Como foi discutido Lambin (2000) considera que a escolha de uma estrateacutegia de preccedilos

impotildee o respeito a dois tipos de coerecircncia a coerecircncia interna que contempla que o preccedilo

definido respeite as condiccedilotildees de custo e de rentabilidade da empresa e a coerecircncia externa

que exige um preccedilo compatiacutevel com a sensibilidade dos compradores ao preccedilo e com os

preccedilos praticados pela concorrecircncia Portanto a estrateacutegia de preccedilo eacute influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento e do valor percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo

produzidos pela empresa com o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (KOTLER

KELLER 2005 e STANTON WALKER ETZEL 2001)

A definiccedilatildeo do preccedilo baseada na concorrecircncia usa o balizamento dos preccedilos com os do

concorrente ou seja natildeo precisa colocar o mesmo preccedilo mas a qualquer movimento do

competidor haacute uma mudanccedila proporcional nos preccedilos da empresa Esta praacutetica eacute muito

comum no caso dos oligopoacutelios Se houver um movimento de preccedilos de um competidor os

outros fatalmente o seguiratildeo ou perderatildeo participaccedilatildeo de mercado Por isso os principais

desafios que estas empresas enfrentam satildeo o bom controle dos custos de modo a ficarem

107

mais competitivas e suportarem uma agressividade de preccedilos da concorrecircncia e a capacidade

de diferenciar os produtos agregando serviccedilos de modo a fugir da guerra de preccedilos

Normalmente o competidor que tem a maior parcela de mercado exerce a lideranccedila de preccedilos

sendo que os outros satildeo seguidores O que permite ao liacuteder direcionar preccedilos eacute o maior

conhecimento do mercado e do comportamento dos clientes sobre qualquer variaccedilatildeo no

composto de marketing Scherer (1979) argumenta que uma visatildeo mais realista do oligopoacutelio

pressupotildee que as decisotildees de preccedilo dos vendedores satildeo interdependentes

Um aspecto relevante eacute o niacutevel de confianccedila entre os executivos das empresas competidoras

Caso seja baixo esta induacutestria fica bastante susceptiacutevel a uma guerra de preccedilos Natildeo se pode

perder de vista que mesmo um bom relacionamento com a concorrecircncia natildeo impede que

novos competidores entrem no mercado e ganhem participaccedilatildeo agrave custa de preccedilo Portanto eacute

importante que o preccedilo seja alto o suficiente para dar lucros e baixo o bastante para criar

barreiras de entrada

Apoacutes a revisatildeo bibliograacutefica o estudo foi complementado com uma pesquisa empiacuterica para

verificar a aplicaccedilatildeo da teoria em trecircs redes de supermercado atuantes no mercado nacional

Aleacutem disso devido ao grande nuacutemero de variaacuteveis consideradas no momento da fixaccedilatildeo do

preccedilo eacute comum que cada empresa desenvolva o seu mecanismo apreccedilamento baseando-se

em informaccedilotildees a respeito do seu mercado consumidor o que torna o estudo do caso ainda

mais interessante

A escolha pelo varejo supermercadista eacute explicada pelo crescimento do setor e

disponibilidade de dados existente Outro ponto eacute a ecircnfase dada pelo varejo ao preccedilo como

fator fundamental para a busca de um diferencial competitivo e para fidelizar os seus clientes

Depois de muitas mudanccedilas a economia nacional propiciou a chegada de novos competidores

108

resultando no acirramento da disputa pelo mercado e na busca tanto do setor industrial

quanto do proacuteprio varejo por investimentos em pesquisas sobre o comportamento dos

consumidores com o objetivo de melhor entender suas necessidades e desejos

O meacutetodo de pesquisa escolhido bem como os resultados do estudo encontram-se descritos

nos toacutepicos a seguir

109

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo

Gay e Diehl (1992) explicam que existe uma diferenccedila baacutesica entre pesquisa em

administraccedilatildeo e pesquisa em outras aacutereas do conhecimento que eacute a natureza do fenocircmeno

estudado Nos estudos de administraccedilatildeo as situaccedilotildees estudadas satildeo mais difiacuteceis de serem

explicadas e controladas porque satildeo complexas envolvendo pessoas instituiccedilotildees ambientes

em mudanccedila e natildeo relaccedilotildees simples de causa e efeito Assim aleacutem de natildeo ser faacutecil controlar

os diferentes aspectos pesquisados eacute difiacutecil generalizar e replicar os seus resultados (GAY

DIEHL 1992)

Selltiz et alli (1974) afirma que a finalidade de uma pesquisa eacute descobrir respostas para

algumas questotildees mediante a aplicaccedilatildeo de meacutetodos cientiacuteficos que satildeo desenvolvidos para

intensificar a probabilidade de as informaccedilotildees obtidas serem utilizadas nas questotildees

apresentadas e de serem seguras e imparciais Embora uma tentativa de pesquisa natildeo resulte

necessariamente em uma informaccedilatildeo fidedigna e imparcial os meacutetodos cientiacuteficos tecircm maior

probabilidade de ecircxito do que qualquer outro sistema conhecido do homem O meacutetodo

cientiacutefico de pesquisa eacute considerado como um conjunto de passos claramente determinados

para obtenccedilatildeo de um conhecimento Satildeo passos aceitos pelas pessoas que estudaram na aacuterea

em que foi realizada a pesquisa (SELLTIZ et alli 1974)

110

O problema de pesquisa deste trabalho se enquadra na proposta sugerida por Campomar

(2005) uma pesquisa em marketing atrelada a uma revisatildeo bibliograacutefica sobre um tema

especiacutefico para avanccedilo do conhecimento Para o autor a pesquisa de campo em Marketing eacute

uacutetil para observar como o que existe em praacutetica se ajusta agrave teoria ou ainda se a praacutetica pode

dar origem a uma nova teoria modelo ou conceito a pesquisa social empiacuterica (CAMPOMAR

2005)

Para que essa proposta seja cumprida os toacutepicos a seguir apresentam e descrevem o tipo de

pesquisa que melhor se enquadra no estudo realizado a sua natureza e o meacutetodo utilizado Eacute

importante ressaltar que o entendimento dessas etapas pelo pesquisador eacute fundamental para

que a organizaccedilatildeo do estudo empiacuterico seja precisa e natildeo prejudique a anaacutelise dos dados

obtidos

311 O Tipo de Pesquisa

Existem vaacuterias classificaccedilotildees sobre os tipos de pesquisa entretanto os mais utilizados em

trabalhos da aacuterea de administraccedilatildeo satildeo os de caraacuteter exploratoacuterio e conclusivo Os conclusivos

satildeo subdivididos em estudos descritivos e causais (SELLTIZ et alli 1974 MATTAR 1999)

Satildeo descritivos quando o objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas de um fenocircmeno e causais

quando buscam explicar o relacionamento entre variaacuteveis Entretanto os tipos de pesquisa natildeo

satildeo excludentes podendo se sobrepor em algumas situaccedilotildees

111

As pesquisas de caraacuteter exploratoacuterio satildeo mais adequadas quando haacute necessidade de maiores

conhecimentos acerca de um fenocircmeno ou de conseguir uma nova compreensatildeo sobre ele

possibilitando a formulaccedilatildeo de problemas mais precisos e a criaccedilatildeo de hipoacuteteses (SELLTIZ et

alli 1974) A pesquisa conclusiva exige conhecimento das variaacuteveis do problema a ser

estudado e pode ser considerada descritiva quando seu objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas

de um fenocircmeno e causal quando busca evidenciar o relacionamento existente entre as

variaacuteveis do estudo (VERGARA 1998)

Os estudos exploratoacuterios possuem uma seacuterie de funccedilotildees aleacutem da formulaccedilatildeo do problema e

das hipoacuteteses entre eles (i) aumentar o conhecimento do pesquisador a respeito do fenocircmeno

que deseja investigar em um estudo posterior (ii) esclarecer conceitos e (iii) estabelecer

prioridades para estudos futuros (SELLTIZ et alli 1974)

Quando o objetivo da pesquisa eacute familiarizar-se com o fenocircmeno ou ainda conseguir nova

compreensatildeo deste fenocircmeno os estudos do tipo exploratoacuterios satildeo mais indicados (SELLTIZ

et alli 1974) Como no caso deste estudo o objetivo eacute entender como satildeo formados os

preccedilos dos produtos nos supermercados pode-se afirmar que a pesquisa possui natureza

exploratoacuteria Aleacutem disso possui abordagem semi-estruturada

A pesquisa tambeacutem eacute considerada descritiva pois envolveu a apresentaccedilatildeo de trecircs casos que

possibilitaram a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees sobre apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

por meio da descriccedilatildeo das teacutecnicas utilizadas pelas trecircs empresas mas natildeo de conclusotildees que

possam ser generalizadas

112

312 A Natureza da Pesquisa

A natureza da pesquisa relaciona-se com o tipo de dado trabalhado e como ele seraacute analisado

Portanto eacute o problema de investigaccedilatildeo que determina se o estudo eacute qualitativo ou

quantitativo

Este estudo eacute classificado como uma pesquisa qualitativa pois natildeo enumera nem mede os

eventos estudados Outra caracteriacutestica eacute a natildeo utilizaccedilatildeo de procedimentos estatiacutesticos na

anaacutelise dos dados coletados e o envolvimento da obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas

lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudada

visando agrave compreensatildeo dos fenocircmenos com base na perspectiva dos sujeitos do estudo

(STRAUSS CORBIN 1990 GODOY 1995) A pesquisa qualitativa possibilita a captaccedilatildeo

das opiniotildees e perspectivas dos indiviacuteduos ou seja informaccedilotildees difiacuteceis de serem obtidas por

uma pesquisa quantitativa

Os estudos qualitativos natildeo envolvem estatiacutestica o que natildeo significa que satildeo especulativos

Eles possuem objetividade e validade conceitual e contribuem para o meio cientiacutefico

(TRIVINtildeOS 1987) As criacuteticas feitas ao meacutetodo referem-se ao seu uso inadequado e natildeo nas

limitaccedilotildees Rigor e confiabilidade tambeacutem satildeo caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa

(VIEIRA 2004)

Bryman (1989) e Bogdan e Biklen (1992) destacam outras caracteriacutesticas da pesquisa

qualitativa (i) o ambiente eacute a fonte de dados - mundo empiacuterico - e o pesquisador eacute o

instrumento fundamental no contato direto e prolongado com o ambiente estudado (ii) os

dados coletados aparecem sob a forma de transcriccedilotildees de entrevistas anotaccedilotildees de campo

fotografias e desenhos entre outros documentos (iii) os pesquisadores qualitativos tentam

113

compreender os fenocircmenos que estatildeo sendo estudados a partir da perspectiva dos

participantes o que esclarece o dinamismo interno das situaccedilotildees dificilmente compreendido

pelos observadores externos e (iv) os pesquisadores tecircm proximidade do fenocircmeno que estaacute

sendo estudado possibilitando uma melhor anaacutelise dos resultados encontrados

Embora a pesquisa qualitativa demonstre subjetividade eacute possiacutevel estabelecer procedimentos

cientiacuteficos por meio da definiccedilatildeo de seu problema das hipoacuteteses das variaacuteveis e do estudo de

campo proporcionando maior objetivaccedilatildeo (VIEIRA 2004)

Rocha e Ceretta (1998) realizaram um estudo cientiacutefico sobre a importacircncia e a contribuiccedilatildeo

da pesquisa qualitativa na administraccedilatildeo concluindo que os estudos dessa natureza satildeo

capazes de descrever a complexidade de um problema compreender e classificar processos

dinacircmicos vividos por grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila de um grupo aleacutem

de possibilitar o entendimento das particularidades do comportamento dos indiviacuteduos Na

mesma linha Ghauri e Gronhaug (1995) acreditam que a pesquisa qualitativa eacute adequada em

estudos de assuntos complexos e particulares

Godoy (1995) explica que a abordagem qualitativa pode ser conduzida por diferentes

caminhos sendo trecircs deles bastante conhecidos e utilizados no campo da administraccedilatildeo a

pesquisa documental o estudo de caso e a etnografia O meacutetodo utilizado no estudo seraacute

apresentado a seguir

114

313 O Meacutetodo da Pesquisa

A pesquisa adota o meacutetodo de estudo casos que para Yin (1994) eacute um meacutetodo potencial de

pesquisa quando se deseja entender um fenocircmeno social complexo pressupotildee um maior niacutevel

de detalhamento das relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e as organizaccedilotildees bem como dos

intercacircmbios que se processam com o meio ambiente nos quais estatildeo inseridos Tull e

Hawkins (1976 p 323) afirmam que um estudo de caso refere-se a uma anaacutelise intensiva de

uma situaccedilatildeo particular e Bonoma (1985 p 203) coloca que o estudo de caso eacute uma

descriccedilatildeo de uma situaccedilatildeo gerencial

Martins (1999) descreve o estudo de caso como uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa

fenocircmenos dentro de seu contexto real (pesquisa naturaliacutestica) Aleacutem disso reuacutene o maior

nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas por meio de diferentes teacutecnicas de coleta de dados tais

como entrevistas questionaacuterio observaccedilatildeo participante entrevista em profundidade

levantamento de dados secundaacuterios entre outros O objetivo eacute de aprender a totalidade de uma

situaccedilatildeo e criativamente descrever a complexidade de um caso concreto No estudo de caso

utilizam-se enfoques exploratoacuterios e descritivos buscando identificar a multiplicidade de

dimensotildees presentes numa situaccedilatildeo

Ludke e Andreacute (1986) afirmam que os estudos de caso buscam retrair a realidade de forma

completa e profunda e o pesquisador procura revelar a multiplicidade de dimensotildees presentes

em uma situaccedilatildeo ou problema focalizando-o como um todo Bonoma (1985) explica que o

meacutetodo eacute uacutetil quando o fenocircmeno a ser estudado eacute amplo e complexo o conhecimento

existente eacute insuficiente para suportar a proposiccedilatildeo de questotildees causais e nos casos em que o

fenocircmeno natildeo pode ser estudado fora do contexto onde naturalmente ocorre O autor defende

115

o meacutetodo como uma maneira indutiva para o desenvolvimento qualitativo do marketing como

ciecircncia

O estudo de caso precisa como todos os outros meacutetodos de pesquisa cientiacutefica da elaboraccedilatildeo

de um projeto de um plano de accedilatildeo que permita a contemplaccedilatildeo do problema de pesquisa de

maneira loacutegica e otimizada (BONOMA 1985) Lazzarini (1997) afirma que este eacute um

meacutetodo qualitativo que se caracteriza mais pela compreensatildeo do fato do que pela sua

mensuraccedilatildeo e permite utilizar vaacuterias fontes em evidecircncia

Considerando o propoacutesito central da pesquisa percebe-se a importacircncia do estudo multicasos

como objetivo de analisar o varejo supermercadista na cidade de Satildeo Paulo e as variaacuteveis

presentes na formaccedilatildeo de preccedilos dos produtos alimentiacutecios por ele comercializados (YIN

1994)

Campomar (1991) reforccedila essa importacircncia ao afirmar que o estudo intensivo de um caso

permite a descoberta de relaccedilotildees que natildeo seriam encontradas de outra forma sendo as anaacutelises

e inferecircncias em estudos de casos feitas por analogias de situaccedilotildees Stake (1999) afirma que

ultimamente o interesse pela realizaccedilatildeo de estudos que envolvem casos muacuteltiplos eacute maior do

que os que envolvem casos individuais Joacuteia (2004) acredita que por meio da comparaccedilatildeo de

dados eacute possiacutevel reconhecer padrotildees e elaborar modelos que expressem a realidade

Segundo Yin (1994) para o estudo de caso os componentes de um projeto de pesquisa que

satildeo especialmente importantes satildeo as questotildees do estudo as proposiccedilotildees e as unidades de

anaacutelise Com relaccedilatildeo agraves questotildees do estudo a estrateacutegia de estudo de caso eacute mais apropriada

para responder principalmente agraves questotildees do tipo como e por que sendo assim a tarefa

inicial do investigador precisar a natureza das questotildees do estudo (YIN 1994 CAMPOMAR

1991) As proposiccedilotildees direcionam a atenccedilatildeo para algo que deveria ser examinado dentro do

116

escopo do estudo A partir do momento em que as proposiccedilotildees satildeo declaradas o estudo

comeccedila a mover-se em alguma direccedilatildeo (YIN 1994)

Lazzarini (1997) explica que em funccedilatildeo das unidades de anaacutelise do nuacutemero de casos

analisados e dos meacutetodos empregados existem algumas variaccedilatildeo no escopo da pesquisa

baseada em estudo de caso A unidade de anaacutelise eacute o objeto central da pesquisa e pode ser

caracterizada por indiviacuteduos grupos ou organizaccedilotildees bem como um processo uma atividade

ou um comportamento Aleacutem disso estaacute relacionada com o problema fundamental da

definiccedilatildeo do caso (Yin 1994) Para esse estudo de caso as unidades de anaacutelise satildeo trecircs redes

supermercadistas localizadas na cidade de Satildeo Paulo

Um ponto comum entre autores (YIN 1989 BONOMA 1985) eacute a recomendaccedilatildeo de grande

cuidado ao planejar a execuccedilatildeo do estudo de caso para fazer frente agraves criacuteticas tradicionais que

satildeo feitas ao meacutetodo Os passos a seguir recomendados por Yin (1994) demonstram a

preocupaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo do plano de pesquisa

3131 Protocolo para os Estudos de Caso

Conforme o conhecimento e o uso dos estudos de caso como meacutetodo de pesquisa aumentam

as criacuteticas em relaccedilatildeo a esta teacutecnica datildeo lugar a sua aplicaccedilatildeo nos diversos campos da ciecircncia

A relativa falta de conhecimento e da experiecircncia em relaccedilatildeo ao meacutetodo do estudo de caso

contribuiu para que falhas surgissem e alimentassem as criacuteticas feitas por aqueles que natildeo

aceitam a teacutecnica o que atualmente pode-se considerar resolvido (CAMPOMAR 1991)

117

Campomar (1991) afirma que o meacutetodo cientiacutefico eacute a maneira encontrada para legitimar o

conhecimento empiacuterico sem o quecirc os resultados das pesquisas seriam de difiacutecil aceitaccedilatildeo

Com o objetivo de aumentar a confiabilidade do meacutetodo em questatildeo Yin (1994) ressalta a

importacircncia de estabelecer um protocolo Para o autor este protocolo deve conter o

instrumento de coleta de dados os procedimentos e as regras que devem ser seguidos ao

longo do processo Aleacutem disso ainda de acordo com o autor deve apresentar o seguinte

conteuacutedo (i) uma visatildeo geral do estudo de caso (ii) os procedimentos de campo (iii) as

questotildees de pesquisa e (iv) um guia para o relatoacuterio final A seguir tem-se a explicaccedilatildeo de

cada um desses pontos

i Visatildeo Geral do Estudo de Caso

A pesquisa de campo foi realizada para complementar a revisatildeo bibliograacutefica da dissertaccedilatildeo e

proporcionar um maior entendimento sobre o apreccedilamento estrateacutegico em redes de

supermercado Optou-se por trecircs grandes grupos atuantes no Brasil localizados na cidade de

Satildeo Paulo jaacute que o projeto de pesquisa definiu a utilizaccedilatildeo do estudo de casos muacuteltiplos

A escolha das redes supermercadista foi feita por meio da classificaccedilatildeo realizada pela

Associaccedilatildeo Brasileira de Supermercados (ABRAS) das maiores redes supermercadistas

estabelecidas no paiacutes em faturamento e pelas redes que se encontram entre as cinco maiores

pois acredita-se que as primeiras colocadas possuem maior conhecimento a respeito das

variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo dos preccedilos finais de seus produtos da utilizaccedilatildeo de

estrateacutegias para diferenciar o seu posicionamento das empresas concorrentes do que as redes

118

menores A seguir foram realizados contatos com os responsaacuteveis pela formaccedilatildeo de preccedilos

dos produtos comercializados por essas redes e os principais gerentes envolvidos na escolha

do meacutetodo de precificaccedilatildeo responderam agrave entrevista

ii Procedimentos de Campo

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas pessoais orientadas por um roteiro semi-

estruturado natildeo disfarccedilado (Apecircndice 1) junto a diretores e gerentes das redes pesquisadas

Todas as entrevistas foram realizadas na cidade de Satildeo Paulo pela proacutepria pesquisadora do

estudo possibilitando a obtenccedilatildeo de dados qualitativos primaacuterios

O roteiro semi-estruturado parte de alguns questionamentos baacutesicos que satildeo elaborados por

meio dos conceitos expostos na teoria e na experiecircncia do pesquisador A partir dos pontos

abordados e dos dados fornecidos pelo entrevistado surgem novas questotildees Essa sequumlecircncia

permite que o respondente participe ateacute certo grau da conduccedilatildeo da pesquisa (TREVINtildeOS

1987)

Embora tenha-se solicitado que as respostas fossem baseadas em fatos fontes de dados

secundaacuterios como jornais revistas e informaccedilotildees nos sites das empresas tambeacutem foram

utilizadas para complementar as informaccedilotildees obtidas e reduzir a possibilidade de declaraccedilotildees

tendenciosas considerada uma das limitaccedilotildees do meacutetodo escolhido

Os dados foram coletados em janeiro de 2006 Buscou-se analisar e comparar os casos

estudados verificando as semelhanccedilas as diferenccedilas e as particularidades de forma a retratar

um cenaacuterio condizente com a realidade presenciada O objetivo natildeo foi generalizar os

119

resultados obtidos jaacute que a pesquisa eacute de natureza exploratoacuteria e tal generalizaccedilatildeo somente

poderia ser feita por meio de uma maior representatividade da amostra

iii Questotildees de Pesquisa

Para direcionar as entrevistas o roteiro semi-estruturado e natildeo disfarccedilado foi elaborado Esse

roteiro foi dividido em duas partes A primeira parte teve como objetivo coletar informaccedilotildees a

respeito da empresa como nuacutemero de funcionaacuterios faturamento participaccedilatildeo de mercado

entre outras importantes para a caracterizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

A segunda parte abordou o problema de investigaccedilatildeo do estudo As questotildees relacionadas a

definiccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico da empresa encontram-se descritas nesse ponto Foram

considerados os seguintes toacutepicos o objetivo da determinaccedilatildeo de preccedilos a anaacutelise dos preccedilos

dos concorrentes o meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos a estrateacutegia de seleccedilatildeo do preccedilo final

a estrateacutegia de adequaccedilatildeo do preccedilo e as variaacuteveis que influenciam na fixaccedilatildeo do preccedilo dos

produtos comercializados pelas redes

Como se tratou de uma pesquisa qualitativa o roteiro caracterizado pela flexibilidade natildeo foi

previamente testado As questotildees de pesquisa foram averiguadas em cada rede

supermercadista e os resultados e discussotildees realizados para cada caso

120

iv Guia para o Relatoacuterio Final

Apoacutes a coleta dos dados os casos foram apresentados por meio de relatoacuterios Esses relatoacuterios

obedecem ao roteiro de entrevistas empregado e explica cada uma das questotildees formuladas

para responder agrave pergunta de pesquisa de acordo com as informaccedilotildees dadas pelos

profissionais e das coletadas em fontes secundaacuterias

Os casos foram denominados como Caso 1 Rede A Caso 2 - Rede B e Caso 3 - Rede C

devido agrave confidencialidade das informaccedilotildees coletadas Por tratar de um setor competitivo e

porque o estudo aborda questotildees estrateacutegicas as redes natildeo autorizaram a divulgaccedilatildeo dos seus

nomes

As anaacutelises e consideraccedilotildees foram tratadas na conclusatildeo do estudo a partir da comparaccedilatildeo

dos casos com a teoria apresentada A seguir estatildeo descritos os estudos de casos realizados

121

4 O ESTUDO MULTICASOS

41 Os Supermercados no Brasil

Silveira e Lepsch (1997) explicam que a exemplo do que aconteceu nas economias mais

desenvolvidas o setor de serviccedilos no Brasil cresceu com maior rapidez do que os outros dois

macro-setores passando a ocupar a partir da deacutecada de 90 o primeiro lugar no produto

econocircmico com cerca de 50 do total Dentro do setor de serviccedilos encontra-se o varejo onde

o supermercado ocupa um lugar de destaque Este por sua vez eacute o preferido de 85 dos

consumidores urbanos em termos de volume total de vendas de bens de consumo (alimentos

e produtos de higiene e limpeza) Os outros 15 realizam suas compras em equipamentos

tradicionais (armazeacutens bares e mercearias empoacuterios e padarias) nos quais o auto-serviccedilo eacute

inexistente (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Os supermercados surgiram na deacutecada de 30 nos Estados Unidos jaacute mostrando a sua forccedila e

a sua importacircncia para o sistema de distribuiccedilatildeo de alimentos em todo o mundo Mas foi

depois de 20 anos na deacutecada de 50 quando os primeiros estabelecimentos desse tipo

surgiram no surgiram no Brasil O incentivo agrave proliferaccedilatildeo dessa forma de comeacutercio foi

incentivada pelas grandes induacutestrias estabelecidas no paiacutes A partir daiacute o crescimento foi

inevitaacutevel

Nos anos 50 o conceito de auto-serviccedilo foi consolidado mas foi somente no final da deacutecada

de 60 que os supermercados aumentaram sua participaccedilatildeo no faturamento do varejo se

firmando como o principal estabelecimento de distribuiccedilatildeo de alimentos existente no mercado

122

(SESSO FILHO 2003) Segundo Lima (2001) e Senhoras (2003) os supermercados

tornaram-se indispensaacuteveis agrave estrutura de vida dos consumidores brasileiros e desde entatildeo

observou-se uma tendecircncia de crescimento contiacutenuo do setor e a substituiccedilatildeo ao modelo

tradicional de distribuiccedilatildeo de alimentos

Atualmente o varejo atravessa um processo de transformaccedilatildeo intenso Com o acelerado ritmo

de consolidaccedilatildeo um nuacutemero crescente de varejistas aparece na relaccedilatildeo das maiores empresas

do Brasil No varejo supermercadista o Carrefour e o Grupo Patildeo de Accediluacutecar situam-se entre as

cinco maiores empresas privadas brasileiras com vendas anuais acima de quatro bilhotildees de

doacutelares (CEV 2005)

O ranking da ABRAS 2004 (LUKIANOCENKO 2004) traz informaccedilotildees sobre o faturamento

das redes que atuam no paiacutes e o grupo Patildeo de Accediluacutecar registrou a primeira posiccedilatildeo em 2004

com R$ 127 bilhotildees responsaacutevel por 147 do mercado seguido pela rede Carrefour com

vendas brutas de R$ 11 bilhotildees e 126 de participaccedilatildeo Em terceiro lugar aparece o grupo

Sonae com R$ 37 bilhotildees seguido pelo BomPreccedilo (ainda independente do grupo Wal Mart

pelo qual foi adquirido) com R$ 34 bilhotildees e pelo Sendas com R$ 22 bilhotildees Juntos os

cinco maiores grupos supermercadistas detecircm uma participaccedilatildeo 38 aproximadamente A

tabela 1 apresenta dados sobre as dez redes com maior faturamento do setor supermercadista

brasileiro e o quadro 11 traz algumas informaccedilotildees relevantes sobre as dez redes com maior

faturamento no setor supermercadista brasileiro

Ghisi (2005) cita que do total de lojas existentes no setor supermercadista composto por

quase 19 mil empresas 456 se encontram na regiatildeo sudeste seguida pelas regiotildees sul

norte-nordeste e centro-oeste com 272 230 e 42 respectivamente A regiatildeo sudeste

permanece na primeira posiccedilatildeo em 2002 a mesma obtida no ano anterior embora tenha

registrado uma queda na participaccedilatildeo sobre o faturamento do setor que em 2002 era de

123

593 A regiatildeo Sul se destaca no crescimento da participaccedilatildeo no setor de 183 em 2002

para 191 em 2003

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro Classificaccedilatildeo no

Ranking Empresa SedeFaturamento Bruto

em 2003 (R$)Participaccedilatildeo sobre o Setor

No de Lojas

No de Funcionaacuterios

No de Check-Outs por Loja

1Companhia Brasileira de Distribuiccedilatildeo SP 12788363000 15 497 55557 16

2Carrefour Comeacutercio e Induacutestria Ltda SP 11028288954 13 329 45899 22

3Sonae Distribuiccedilatildeo Brasil SA RS 3732240000 4 148 20923 23

4

BomPreccedilo SA Supermercado do Nordeste PE 3442710562 4 118 16342 20

5 Sendas SA RJ 2273353718 3 76 12057 21Total 5 Maiores 33264956234 39 1168 150778

6 Wall-Mart Brasil SA SP 1940103602 210 25 7032 28

7Cia Zaffari Comeacutercio e Induacutestria RS 1182206802 130 26 7552 33

8COOP - Cooperativa de Consumo SE 940161517 1 21 3837 19

9G Barbosa Comercial Ltda SP 923612000 090 32 5649 19

10Irmatildeos Bretas Filhos e Cia MG 811210627 080 40 5942 17

Total 10 Maiores 39062250782 45 1312 180790 Fonte Lukianocenko (2004)

Silveira e Lepsch (1997) argumentam que a importacircncia do supermercado tambeacutem pode ser

medida pelo fato desse formato varejista ser um dos primeiros a estudar a disposiccedilatildeo das

mercadorias e o movimento dos consumidores no interior da loja Os autores complementam

explicando que o supermercado procura atrair a preferecircncia dos clientes por meio de maior

velocidade nos check-outs e layouts bem estruturados

124

As grandes empresas do setor no Brasil em sua maioria com bandeiras diferenciadas jaacute

atuam tanto no segmento de hipermercados quanto no de supermercados No segmento de

supermercados algumas trabalham com bandeiras diferentes visando atingir puacuteblicos

especiacuteficos (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro

SETOR SUPERMERCADISTA BRASILEIRO O setor supermercadista brasileiro eacute composto por quase 19 mil empresas 80 dos supermercados do territoacuterio brasileiro satildeo de pequeno porte e faturam menos que R$ 100 mil mensais 611 do total das lojas do setor supermercadista tecircm um nuacutemero meacutedio de ateacute 7 check-outs 303 das lojas supermercadistas do Brasil satildeo jovens (tecircm no maacuteximo cinco anos) e apenas 159 tecircm mais de 20 anos 27 dos supermercados do Brasil concentram-se no Estado de Satildeo Paulo (maior concentraccedilatildeo por Estado brasileiro) Apenas 21 dos supermercados do Brasil tecircm aacuterea superior a 2500 msup2 e satildeo considerados lojas grandes Apenas 03 das lojas supermercadistas do Estado de Satildeo Paulo faturam acima de R$ 5 milhotildees mensais Em 1999 foi vendido em meacutedia um supermercado por dia (concentraccedilatildeo do setor) Entre os anos de 2001 e 2002 foram investidos no setor mais de R$ 1 bilhatildeo As 5 principais redes supermercadistas atuantes no Brasil detecircm 381 do faturamento anual de R$ 60 bilhotildees de reais do setor supermercadista brasileiro Fonte Ghisi 2005

Ghisi (2005) explica que embora o supermercado seja um estabelecimento presente em todos

os paiacuteses e ateacute mesmo em quase todas as cidades de grande meacutedio e pequeno porte e ser

considerado um dos setores da economia brasileira que mais se modernizaram nas uacuteltimas

deacutecadas sua criaccedilatildeo e seu desenvolvimento podem ser considerados recentes Algumas das

tendecircncias do setor satildeo resultantes desse processo de modernizaccedilatildeo investimentos em

expansatildeo internacionalizaccedilatildeo do capital segmentaccedilatildeo de formatos expansatildeo das aacutereas

geograacuteficas de atuaccedilatildeo e concentraccedilatildeo (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

125

As empresas liacutederes do setor supermercadista instaladas no territoacuterio nacional visando

ampliar ou ateacute mesmo manter suas participaccedilotildees de mercado podem adotar duas formas

estrateacutegicas de expansatildeo construccedilatildeo de novos pontos de venda (expansatildeo proacutepria) ou compra

de outras redes supermercadistas existentes (GHISI 2005) A primeira embora natildeo seja o

foco principal das redes eacute adotada por algumas empresas como o supermercado Wal-Mart

Por outro lado a compra de outras redes supermercadistas consiste na estrateacutegia de maior

difusatildeo no Brasil Ghisi (2005) afirma que no ano de 1999 um supermercado foi comprado

por dia no paiacutes retratando a adoccedilatildeo em larga escala dessa estrateacutegia Senhoras (2003) explica

que comparada agrave expansatildeo proacutepria a aquisiccedilatildeo ou fusatildeo eacute mais vantajosa a medida que

acelera o conhecimento do mercado e dos haacutebitos dos consumidores da regiatildeo

Quanto agrave internacionalizaccedilatildeo do setor supermercadista brasileiro eacute correto afirmar que a

estrateacutegia se desenvolveu principalmente na deacutecada de 90 periacuteodo no qual o setor atravessou

uma fase de grandes mudanccedilas provocadas por fatores como a maior abertura da economia

(acircmbito externo) e estabilizaccedilatildeo econocircmica (acircmbito interno) resultando em um cenaacuterio

marcado pelo aumento de competidores internacionais (GHISI 2005)

Senhoras (2003) explica que essa internacionalizaccedilatildeo levou ao aumento da concorrecircncia em

todo o mundo resultando em um novo ambiente institucional proporcionado pelo processo de

globalizaccedilatildeo O autor cita como consequumlecircncia do processo o surgimento de megacorporaccedilotildees

com capacidade de concentraccedilatildeo e dominaccedilatildeo econocircmica

No setor supermercadista nacional esse processo ocorre por meio de aquisiccedilotildees e fusotildees em

que as redes estrangeiras visam obter maior conhecimento da operacionalizaccedilatildeo do mercado

brasileiro como por exemplo o Grupo Casino

126

Com relaccedilatildeo aos formatos Ghisi (2005) afirma que o consumidor brasileiro estaacute migrando

dos hipermercados para os supermercados de vizinhanccedila Isso acontece porque embora o

atrativo dos hipermercados seja o preccedilo se os estabelecimentos de bairro conseguirem preccedilos

mais competitivos como acontece hoje junto com a vantagem de conveniecircncia maior oferta

de serviccedilos e localizaccedilatildeo proacutexima ao cliente conquistaratildeo muitos consumidores

A estrateacutegia de expansatildeo das aacutereas geograacuteficas de atuaccedilatildeo eacute compreendida como o esforccedilo

dos supermercadistas em expandirem-se para outras regiotildees natildeo atendidas no mercado

domeacutestico por meio de aquisiccedilotildees e ampliar sua participaccedilatildeo de mercado Sato e Bessa Jr

(2000) destacam que a preferecircncia de aquisiccedilatildeo eacute por supermercados regionais que jaacute

conhecem o perfil do consumidor local Saab Gimenez e Ribeiro (2000) citam como

exemplo o Grupo Patildeo de Accediluacutecar que investe na atuaccedilatildeo no Nordeste mesmo tendo que

enfrentar redes com lideranccedila jaacute consolidada na regiatildeo

A concentraccedilatildeo de mercado eacute resultante da adoccedilatildeo das estrateacutegias descritas anteriormente As

redes maiores adquirem redes de menores surgindo um mercado concentrado em poder dos

hiper e supermercados Em 2003 as dez maiores redes foram responsaacuteveis por um

faturamento bruto igual a R$ 39 bilhotildees o que corresponde a 45 do faturamento do setor

(LUKIANOCENKO 2004)

A concentraccedilatildeo prejudica o desenvolvimento dos supermercados menores o que eacute

considerado um fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil e tecircm grande contribuiccedilatildeo para a

economia do paiacutes (DIEESE 2003)

Dados da ABRAS (2005) mostram que no Brasil o processo de concentraccedilatildeo se desenvolve

gradativamente A concentraccedilatildeo se intensificou na segunda metade da deacutecada de 90 mas o

127

paiacutes ainda natildeo atingiu grau elevado como a Alemanha Franccedila e Inglaterra onde as cinco

maiores empresas detecircm 76 67 e 60 do mercado respectivamente

Dada as principais caracteriacutesticas do setor supermercadista no Brasil eacute preciso apresentar as

informaccedilotildees mais relevantes sobre as unidades de anaacutelise da pesquisa Os proacuteximos toacutepicos

descrevem cada um dos grupos analisados de acordo com o protocolo do estudo de casos

42 Caso 1 ndash Rede A

A primeira rede foi fundada em 1948 Esse grupo foi o pioneiro no setor varejista de

alimentos no Brasil e opera sob quatro diferentes formatos de supermercados hipermercados

e eletroeletrocircnicos sendo essa uma das suas principais vantagens competitivas Seu

faturamento bruto foi de aproximadamente R$15 bilhotildees em 2004 e R$ 116 bilhotildees nos nove

primeiros meses de 2005 possui cerca de 58 mil funcionaacuterios e 550 lojas distribuiacutedas em 13

estados brasileiros totalizando uma aacuterea de vendas de aproximadamente 980 mil metros

quadrados

O grupo opera com cinco unidades de negoacutecios diferentes com estrateacutegias de venda e foco de

atuaccedilatildeo especiacuteficos e direcionados para consumidores de diferentes perfis As participaccedilotildees

em faturamento de cada uma das unidades satildeo estatildeo divididas aproximadamente em 48

para a maior 25 a segunda colocada 16 a terceira 9 a quarta e por fim apenas 2 a

menor divisatildeo que natildeo foca a distribuiccedilatildeo de alimento nem higiene pessoal

128

Quanto a decisatildeo de preccedilos primeiramente tem-se a definiccedilatildeo dos objetivos para cada uma

das unidades de negoacutecio em que opera a seguir satildeo analisados a demanda e os custos de cada

bandeira satildeo coletadas informaccedilotildees sobre os concorrentes os meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos satildeo definidos e posteriormente adequados agrave realidade de cada formato

Com relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilo os entrevistados da Rede A explicaram que embora a

empresa tenha como objetivo maior aumentar a sua participaccedilatildeo no mercado se analisarem

cada unidade percebe-se diferentes caminhos Os hipermercados trabalham para aumentar o

volume de vendas os supermercados tem como foco o valor percebido pelo consumidor (dos

produtos e dos serviccedilos) e o objetivo eacute a lideranccedila na qualidade dos produtos e as lojas de

desconto tambeacutem trabalham para aumentar o volume das vendas Os gerentes enfatizaram

que os objetivos particulares satildeo diferentes mas todos foram definidos para que a empresa

conquiste maior participaccedilatildeo

A anaacutelise da demanda eacute realizada separadamente jaacute que os consumidores dos diferentes

formatos possuem caracteriacutesticas diferentes como o grau de sensibilidade ao preccedilo Os

entrevistados explicaram que no hipermercado o puacuteblico-alvo procura pela melhor relaccedilatildeo

custo-benefiacutecio Como as compras satildeo mensais principalmente e a mercadoria adquirida eacute a

cesta baacutesica de produtos os clientes satildeo informados sobre os preccedilos dos produtos e jaacute estatildeo

acostumados a desembolsar uma certa quantia Eles buscam marcas liacutederes ou segunda marca

a preccedilos compatiacuteveis com os oferecidos no mercado geralmente optam pela rede que oferecer

os bens a um preccedilo melhor

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra desse cliente Ele tambeacutem busca

segundo os respondentes locais de faacutecil acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento

um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos

129

organizados nas gocircndolas corredores amplos para a passagem dos carrinhos nuacutemero

suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Nos supermercados existe uma classificaccedilatildeo entre as lojas Elas satildeo divididas em categorias

top de linha intermediaacuteria e popular As consideradas top estatildeo localizadas em bairros nobres

onde a renda dos consumidores eacute mais alta Nesses locais os produtos comercializados satildeo

mais caros porque de acordo com os entrevistados os custos de manutenccedilatildeo satildeo mais altos

os serviccedilos oferecidos satildeo mais amplos o nuacutemero de funcionaacuterios eacute maior e a sensibilidade

do comprador eacute muito baixa Os consumidores que buscam status satildeo poucos sensiacuteveis a

preccedilos elevados pois estes produtos (nesse caso o proacuteprio estabelecimento) inspiram prestiacutegio

e exclusividade Aleacutem disso os compradores desse supermercado acreditam que os bens

comercializados apresentam qualidade superior

Nas lojas intermediaacuterias a sensibilidade do consumidor tambeacutem eacute baixa (caracteriacutestica do

puacuteblico-alvo da empresa para esse formato) mas alguns itens de maior valor natildeo entram da

lista de produtos comercializados no local assim como acontece nas lojas populares Elas

estatildeo localizadas em regiotildees onde a renda dos clientes eacute um pouco mais baixa e embora a

busca por comodidade e serviccedilos seja uma realidade os compradores natildeo estatildeo dispostos a

pagar um preccedilo muito elevado por mercadoria de prestiacutegio Isso acontece porque a quantia

pode significar uma boa parcela do seu orccedilamento financeiro

As lojas de descontos atendem o puacuteblico muito sensiacutevel ao preccedilo A rede natildeo conseguia

vender bem itens como frutas e legumes Depois de analisar os haacutebitos das classes mais de

renda mais baixa os executivos da empresa descobriram que o consumidor C D e E preferia

comprar na feira por quatro motivos (i) o local eacute um ponto de encontro (ii) a pechincha eacute

permitida (iii) haacute um contato proacuteximo com o vendedor e o mais importante (iv) haacute fartura

130

Com esses conceitos em mente a rede reestruturou a aacuterea de hortifrutigranjeiros e colocou ateacute

uma banca de pastel na loja As vendas subiram 25

A estrutura de mercado eacute definida pelos poucos concorrentes que dominam o mercado No

varejo de alimentos as cinco primeiras redes satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 do

faturamento total O dado demonstra a forte competiccedilatildeo entre as empresas e segundo os

entrevistados tambeacutem a importacircncia da anaacutelise da concorrecircncia

A estimativa de custos satildeo considerados os fixos e os variaacuteveis O preccedilo estabelecido deve

cobrir o custo total e permitir uma margem de lucro Como cada formato se posiciona de

forma diferenciada os custos e as margens de cada um satildeo calculados separadamente Nos

custos variaacuteveis a Rede A considera os serviccedilos oferecidos aos clientes e os gastos com

publicidade e propaganda institucional

A margem para os hipermercados segue a proposta pelos seus concorrentes assim como nas

lojas de desconto No supermercado utiliza-se a margem que se mostra mais adequada ao seu

objetivo Os gerentes explicaram que a rede de um modo geral foca a eficiecircncia e a reduccedilatildeo

de despesas operacionais o que traz maior competitividade agrave companhia uma vez que os

ganhos satildeo repassados aos preccedilos mesmo para os supermercados

Os supermercados da rede trabalham com alta margem jaacute que se posiciona como prestadores

de serviccedilos qualificados O puacuteblico que frequumlenta o estabelecimento procura comodidade

variedade de produtos alta qualidade marcas conhecidas facilidade de entrega excelecircncia no

atendimento localizaccedilatildeo privilegiada e proacutexima a sua casa horaacuterios flexiacuteveis e status Os

gerentes entrevistados afirmam que esse consumidor estaacute disposto a pagar para encontrar tais

facilidades na hora da compra Por tanto os preccedilos dos produtos oferecidos satildeo compatiacuteveis

131

com o preccedilo de mercado (preccedilo cheio) Pode-se concluir que nos supermercados a

estrateacutegia utilizada eacute de preccedilo acima do mercado

Os gerentes da unidade estudada afirmam que o posicionamento do supermercado eacute

supermercado de vizinhanccedila forte em produtos pereciacuteveis que oferece grande variedade de

produtos alta qualidade a preccedilos competitivos aleacutem do excelente atendimento aos clientes

Portanto o preccedilo natildeo eacute o mais alto nem o mais baixo que os preccedilos do mercado poreacutem eacute

percebido pelos clientes como mais alto do que o da concorrecircncia direta resultado da imagem

sofisticada que o supermercado passa Uma pesquisa realizada apontou que os preccedilos

percebidos natildeo correspondiam com os preccedilos reais oferecidos por suas lojas

A anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente pela empresa O controle das accedilotildees dos

competidores eacute segundo os entrevistados uma praacutetica diaacuteria na empresa (shopping de

preccedilos) As informaccedilotildees sobre a concorrecircncia satildeo coletadas por funcionaacuterios das lojas assim

como acontece nos hipermercados uma equipe preparada que visita os competidores

localizados na aacuterea de influecircncia de cada regiatildeo dos supermercados Os dados coletados

ajudam a monitorar as accedilotildees da concorrecircncia

Embora o supermercado pratique preccedilos acima do mercado eacute preciso que saiba o niacutevel

praticado pois se o valor estiver alto demais eacute provaacutevel que as vendas diminuam em algumas

regiotildees As vendas satildeo analisadas diariamente e qualquer indiacutecio de queda no volume eacute

rapidamente detectado e accedilotildees para reverter a situaccedilatildeo satildeo colocadas em praacutetica

Para os hipermercados o shopping de preccedilos eacute importante se manter dentro do preccedilo meacutedio

Cada gerente de loja tem autonomia suficiente para adequar seu preccedilo ao da loja vizinha Os

preccedilos satildeo adequados conforme a localizaccedilatildeo da loja por isso a responsabilidade e autonomia

descentralizada

132

A Rede A determina os preccedilos de seus produtos por meio do meacutetodo de mark-up que consiste

em atribuir uma margem ao custo total da unidade de produto e tambeacutem utiliza o valor

percebido pelo cliente Nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento praticada eacute HILO onde

o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes

A taacutetica do preccedilo isca eacute bastante utilizada pela empresa por meio de promoccedilotildees em um dia

fixo da semana como por exemplo as quartas-feiras FLV (frutas verduras e legumes) e para

venda de produtos pereciacuteveis Os volumes de venda triplicam nesses dias pois os descontos

chegam a 50 do preccedilo e haacute forte comunicaccedilatildeo na miacutedia de massa como jornais e televisatildeo

Descontos sazonais tambeacutem satildeo oferecidos para compras realizadas fora da temporada Eacute

mais utilizada pelas Divisotildees de hipermercado e lojas de desconto

Os supermercados trabalham com o preccedilo por segmento de consumidores e preccedilo por

localizaccedilatildeo Como explicado anteriormente pelos gerentes o puacuteblico dessa unidade de

negoacutecio eacute pouco sensiacutevel a preccedilo mas dependendo da regiatildeo da loja e da renda de seus

habitantes a sensibilidade pode apresentar maior grau Assim em regiotildees onde o poder de

compra eacute mais alto os preccedilos dos produtos satildeo mais elevados do que em regiotildees habitadas por

classes sociais que apresentam renda mais baixa Para aumentar o valor percebido descontos

satildeo utilizados apenas para produtos sazonais vendidos fora da temporada nesse formato

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo aleacutem dos custos demanda e

concorrecircncia os entrevistados afirmaram que satildeo considerados para o formato hipermercado

os preccedilos dos seus concorrentes principalmente A localizaccedilatildeo da loja e renda dos moradores

da regiatildeo satildeo fatores importantes e exercem certa influecircncia entretanto satildeo mais relevantes

para a fixaccedilatildeo dos preccedilos nos supermercados da rede Os descontos obtidos em negociaccedilotildees

de preccedilos com os fornecedores satildeo repassados para os clientes da loja de desconto e

hipermercados mas natildeo para os compradores de status e de conveniecircncia do supermercado

133

Nos supermercados tambeacutem satildeo consideradas as marcas dos produtos Por oferecerem grande

variedade e sortimento produtos liacutederes e outros inovadores marcas diferenciadas de preccedilo-

premium e qualidade superior os preccedilos cobrados satildeo considerados competitivos e preccedilos de

mercado sem descontos Os serviccedilos oferecidos estatildeo dentro do caacutelculo de custos

Nas lojas de desconto o eacute sortimento limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados As mercadorias satildeo expostas sem a utilizaccedilatildeo de material de ponto

de venda da forma mais simples e faacutecil possiacutevel Natildeo existem muitos serviccedilos oferecidos e haacute

poucos funcionaacuterios Tais medidas satildeo consideradas para que os custos sejam baixos e assim

no caacutelculo do mark-up o preccedilo se torne bem acessiacutevel ao puacuteblico desse formato

Nessas lojas os poucos itens comercializados representam produtos da cesta baacutesica da marca

liacuteder uma marca inferior e muitos bens de marca proacutepria O objetivo nesse caso eacute o mesmo

reter mais da margem bruta gerada pela venda resultante do baixo investimento em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais

43 Caso 2 ndash Rede B

A Rede B foi pioneira no Brasil no conceito de hipermercados Chegou ao paiacutes em 1975 com

a sua primeira unidade na cidade do Rio de Janeiro A empresa possui mais de 11000 lojas

por todo mundo e estaacute presente em 31 paiacuteses Ela emprega mais de 430000 pessoas sendo

que 69 trabalham na Europa 20 na Ameacuterica Latina e 11 na Aacutesia Conta com mais de 2

bilhotildees de clientes

134

Atualmente opera com cerca de 80 hipermercados 110 supermercados e 60 lojas de

descontos As lojas no paiacutes estatildeo espalhadas por 11 estados e no Distrito Federal Sua

participaccedilatildeo no mercado eacute de 12 do faturamento total do setor No Brasil satildeo 46000

funcionaacuterios em todas as unidades de negoacutecio de rede Seu faturamento bruto foi de

aproximadamente R$12 bilhotildees em 2004

O apreccedilamento estrateacutegico do grupo tambeacutem obedece a ordem de definiccedilatildeo dos objetivos da

empresa seguidos pela anaacutelise da demanda e os seus custos Em terceiro lugar estaacute a coleta de

informaccedilotildees sobre os concorrentes em quarto a definiccedilatildeo dos meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos e por fim eacute feita a adequaccedilatildeo

Como objetivo de preccedilo a rede B afirma ter bem claro que o foco estaacute no aumento de sua

participaccedilatildeo no mercado Embora cada formato tenha um posicionamento distinto esse

objetivo eacute comum para todas as unidades de negoacutecio do grupo Os respondentes explicam que

o foco maior estaacute na estrateacutegia geral da empresa e com todos buscando o mesmo resultado eacute

mais faacutecil conseguir atingi-lo

A anaacutelise da demanda eacute tambeacutem eacute realizada da mesma forma para todas as bandeiras pois a

sensibilidade a preccedilo encontra-se no mesmo niacutevel para todos os compradores-alvo desse

grupo Os entrevistados classificam o puacuteblico da empresa como consumidores sensiacuteveis O

que diferencia o cliente de uma Divisatildeo para outra eacute a ocasiatildeo de compra No hipermercado

satildeo realizadas as compras mensais dos produtos da sexta baacutesica e mercadorias para a casa

No supermercado a procura eacute por produtos que terminaram antes da proacutexima compra mensal

ou de alguns produtos mais elaborados para situaccedilotildees natildeo programadas Nas lojas de

descontos os clientes satildeo muito sensiacuteveis aos preccedilos pois buscam o mais baixo e natildeo

procuram qualquer tipo de conveniecircncia ou comodidade Os gerentes explicaram ainda que o

135

puacuteblico-alvo dos hipermercados e supermercados procura pela melhor relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio Os supermercados da rede focam na venda de alimentos e produtos pereciacuteveis

enquanto os hipermercados oferecem itens de vestuaacuterios higiene e limpeza alimentos entre

outros

Algumas reformulaccedilotildees estatildeo sendo realizadas nos supermercados do grupo segundo os

respondentes A mudanccedila eacute para aumentar a rentabilidade do formato A nova estrateacutegia da

rede eacute baseada em quatro pilares preccedilo justo variedade qualidade e atendimento

No que se refere a variedade haveraacute a ampliaccedilatildeo do sortimento relanccedilamento de produtos

marca proacutepria e maior crescimento do nuacutemero de alimentos pereciacuteveis comercializados

Os gerentes complementam explicando que todas essas accedilotildees visam melhorar a rentabilidade

mas sem aumentar os preccedilos As negociaccedilotildees de produtos das lojas continuam sendo feitas

dentro do grupo O nosso serviccedilo seraacute de supermercado mas com preccedilos de hiper afirmam

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra dos clientes dos hipermercados e

supermercados da empresa Ele tambeacutem busca segundo os respondentes locais de faacutecil

acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara

muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos organizados nas gocircndolas corredores amplos

para a passagem dos carrinhos nuacutemero suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Ao estimar seus custos a Rede B calcula os classifica assim como a Rede A em custos fixos e

custos variaacuteveis No caso o objetivo eacute que o preccedilo fixado cubra o custo total e tambeacutem

permita margem de lucro Os custos satildeo estimados de forma conjunta para toda a empresa e

apenas os problemas com perdas (mercadorias vencidas danificadas ou perdidas) eacute que satildeo

calculados para cada loja de cada formato e a tarefa eacute de responsabilidade dos gerentes do

estabelecimento

136

Todo o orccedilamento para campanhas de miacutedia eacute realizado com uma porcentagem do lucro

obtido pela empresa no ano anterior e satildeo utilizados para a fortalecer a imagem institucional

do grupo As demais accedilotildees de miacutedia satildeo divididas entre a rede e os fornecedores que entram

com verba para colocar produtos em promoccedilotildees ou lanccedilar novos itens Os serviccedilos oferecidos

aos clientes satildeo considerados nos custos da empresa no momento do caacutelculo de preccedilo das

mercadorias comercializadas

Assim como nas outras empresas do setor a anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente

pela empresa A praacutetica do conhecido shopping de preccedilos eacute utilizada constantemente O

conceito eacute conhecido por todos e natildeo requer nenhum tipo de estrateacutegia especiacutefica aleacutem do

treinamento da equipe de funcionaacuterios responsaacuteveis pela tarefa As visitas satildeo programadas

para os competidores localizados na aacuterea de influecircncia de cada loja das diferentes Divisotildees

Os entrevistados explicam que embora a decisatildeo sobre a estrateacutegia de apreccedilamento seja

realizada em conjunto com a matriz os gerentes da loja possuem autonomia suficiente para

fazer mudanccedilas de preccedilos para se proteger das accedilotildees concorrenciais Satildeo analisados

promoccedilotildees atuais e passadas os preccedilos praticados em dias de praacutetica do preccedilo isca

descontos sazonais entre outras taacuteticas utilizadas pelos competidores

A importacircncia da anaacutelise dos concorrentes para empresa segundo os respondentes estaacute na

manutenccedilatildeo do preccedilo meacutedio (hipermercados e supermercados) Os produtos comercializados

devem estar dentro do patamar de preccedilos oferecidos no mercado e para isso eacute fundamental

acompanhar as estrateacutegias das demais empresas do setor Qualquer item que esteja acima do

preccedilo praticado pelo mercado resulta em queda de vendas

As lojas de desconto localizam-se em bairros mais afastados e de populaccedilatildeo com renda mais

limitada O formato concentra-se na periferia Seu diferencial em relaccedilatildeo aos hipermercados

137

estaacute na localizaccedilatildeo proacutexima da casa dos clientes como o mercadinho de bairro O gerente

da rede diz que a marca oferece um nuacutemero reduzido de itens nas prateleiras em comparaccedilatildeo

com os hipermercados

Existem produtos de marca proacutepria que possibilitam aumento da margem de lucro Ao

desenvolver marcas proacuteprias e aumentar a participaccedilatildeo desses produtos dentro do conjunto

ofertado aos consumidores os varejistas podem reter mais da margem bruta gerada pela

venda Isso acontece porque as marcas proacuteprias natildeo precisam de grandes investimentos em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais Os outros produtos satildeo de marcas liacutederes e

marcas inferiores

O formato oferece pouco ou nenhum tipo de serviccedilo para o cliente final As mercadorias satildeo

expostas nas gocircndolas sem muita preocupaccedilatildeo com a disposiccedilatildeo A estrateacutegia nesse caso eacute de

preccedilo abaixo do mercado e para conseguir manter o posicionamento a reduccedilatildeo dos custos eacute

uma das principais preocupaccedilotildees O objetivo eacute a maximizaccedilatildeo do volume de vendas e toda

vantagem nas negociaccedilotildees com os fornecedores eacute repassada diretamente para o comprador

para oferecer preccedilos baixos ao mercado

O meacutetodo de mark-up eacute o mais utilizado e nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento

praticada como na Rede A eacute HILO onde o varejista cobra preccedilos mais altos e realiza

promoccedilotildees frequumlentes Para qualquer tipo e variedade de produtos comercializados pela Rede

B existe um trabalho de gerenciamento de categoria onde satildeo definidos quais seratildeo as famiacutelias

de produtos marcas e embalagens e suas respectivas margens objetivas bem como a

periodicidade das pesquisas de preccedilos na concorrecircncia Os gerentes explicam que o grau de

importacircncia atribuiacutedo para cada uma das famiacutelias de produtos estaacute associado a sua definiccedilatildeo

(dominantes destino competitivos traacutefego convenientes bandeira e sazonais)

138

Outra estrateacutegia em comum entre as duas redes pesquisadas eacute o preccedilo isca tambeacutem por meio

de promoccedilotildees em um dia fixo da semana Os volumes de venda aumentam significadamente

nesses dias mas os gerentes natildeo se dispuseram a comentar os nuacutemeros A praacutetica de

descontos sazonais para compras realizadas fora da temporada pode ser observada entre

outras promoccedilotildees de preccedilos para combater o concorrente

Com relaccedilatildeo agraves variaacuteveis que exercem influecircncia no apreccedilamento dos produtos os gerentes

citaram principalmente os preccedilos praticados pelos concorrentes A localizaccedilatildeo e a renda dos

consumidores influenciam de maneira indireta jaacute que cada loja busca estar compatiacutevel com o

preccedilo aceito pela populaccedilatildeo que habita determinada regiatildeo onde o estabelecimento se

encontra Segundo os profissionais da Rede B na hora de definir o preccedilo as duas variaacuteveis satildeo

estudadas mas ainda eacute o preccedilo dos competidores que guiam os niacuteveis praticados

Os gerentes chamam a atenccedilatildeo para um novo formato que a rede vem desenvolvendo Satildeo

hipermercados dirigidos agraves classes mais altas Como operam com apenas uma loja natildeo a

estrutura de preccedilos ainda obedece agraves regras da matriz A diferenccedila afirmam os entrevistados

estaacute no sortimento de produtos e os serviccedilos oferecidos mas acreditam que a localizaccedilatildeo e a

rede nesse caso teratildeo mais peso para o apreccedilamento estrateacutegico

O poder de compra sobre os fornecedores que permite negociaccedilotildees de preccedilos menores jaacute eacute

utilizado para conseguir oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis Os entrevistados

natildeo consideram como influenciador argumentado que tais negociaccedilotildees fazem parte da rotina

do grupo assim como dos seus principais concorrentes

Nas lojas de desconto o sortimento eacute limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

139

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados

44 Caso 3 ndash Rede C

A terceira rede tem lojas no Reino Unido Alemanha Argentina China Coreacuteia do Sul Porto

Rico e Brasil Iniciou as suas atividades no paiacutes em 1994 e hoje opera com 152 unidades

localizadas em 14 estados brasileiros Seu faturamento bruto foi de aproximadamente US$

700 milhotildees em 2004 O grupo possui mais de 7000 empregados e trabalha atualmente com

hipermercados supermercados e atacados que atendem a pequenos comerciantes Os formatos

estatildeo divididos em quatro bandeiras diferentes A poliacutetica do grupo eacute prosseguir com a

abertura de novas lojas consolidar sua presenccedila na Internet e entrar no ramo de serviccedilos

bancaacuterios como financiadoras dos seus consumidores

Haacute pouco tempo decidiu inaugurar lojas compactas Satildeo unidades pequenas instalaccedilotildees

simples com menor sortimento de mercadorias e custos reduzidos Eacute uma tendecircncia do varejo

e o grupo decidiu apostar Os entrevistados explicaram que seus consumidores querem preccedilo

e agilidade exatamente o que este tipo de supermercado se propotildee a oferecer A poliacutetica de

preccedilos do supermercado eacute a mesma que a rede aplica a todas as suas bandeiras

Assim como as demais empresas pesquisadas a Rede C estabelece seu preccedilo considerando os

custos a demanda e os concorrentes Possui o objetivo de ganhar maior participaccedilatildeo de

mercado e tambeacutem utiliza o meacutetodo de mark-up para fixar o preccedilo de seus produtos

140

O objetivo principal de preccedilo eacute como nos outros competidores a maximizaccedilatildeo da

participaccedilatildeo de mercado e defesa do mercado Os entrevistados argumentam que a razatildeo eacute a

proteccedilatildeo da aacuterea de influecircncia e a criaccedilatildeo de barreiras agrave entrada de novos concorrentes Uma

das estrateacutegias eacute exatamente cobrir a oferta de preccedilo baixo dos concorrentes conforme

explicado anteriormente A estrateacutegia adotada eacute a de preccedilo abaixo do mercado para os

hipermercados com forte monitoramento dos preccedilos dos competidores

A estrateacutegia utilizada pela Rede C eacute o EDPL em todas as unidades de negoacutecios da empresa

hipermercados supermercados e atacados para pequenos comerciantes Ela eacute reconhecida no

mundo todo pelos consumidores como a pioneira na implementaccedilatildeo dos preccedilos baixos todo

dia Os entrevistados explicam que utilizam o EDLP para atrair o consumidor e conquistar sua

lealdade mostrando integridade na praacutetica de seus preccedilos

Poucos artigos satildeo colocados em oferta a cada mecircs Os varejistas adotam o esquema EDLP

por vaacuterias razotildees a mais importante delas eacute que descontos e promoccedilotildees constantes satildeo

dispendiosos e tecircm diminuiacutedo a confianccedila do consumidor em encontrar bons preccedilos No

EDLP o cliente sabe o que encontraraacute Os gerentes afirmam que devido a essa estrateacutegia seus

preccedilos chegam a se igualar aos das lojas de desconto dos seus concorrentes nos preccedilos de

produtos de higiene e limpeza

Os hipermercados satildeo considerados estabelecimentos para venda de grande quantidade de

itens e compras mensais e eacute concorrente direto das redes A e B O puacuteblico-alvo eacute o mesmo

das outras empresas ou seja clientes que realizam compras mensais e buscam um bom

equiliacutebrio da relaccedilatildeo custo-benefiacutecio Satildeo clientes que reconhecem a estrateacutegia praticada pelo

varejista

141

Um dos meacutetodos usados para combater e anular accedilotildees concorrenciais eacute garantir o preccedilo mais

baixo e cobrir qualquer oferta A empresa tem tradiccedilatildeo nessas atividades Como opera com as

margens semelhantes ao do competidor e os preccedilos 15 mais baixos que da meacutedia do varejo

satildeo conseguidos repassando-se as negociaccedilotildees com fornecedores Soacute as promoccedilotildees de preccedilos

resultantes da estrateacutegia HILO utilizada pelas outras duas organizaccedilotildees eacute que ocasionam o uso

de medidas de defesa

Os consumidores satildeo considerados pelos respondentes como altamente sensiacuteveis a preccedilo pois

buscam a oferta mais barata e fazem pesquisas de preccedilo antes de decidir pelo local O mesmo

eacute valido para todos os formatos do grupo Os compradores do atacado satildeo comerciantes

pequenos que buscam melhores condiccedilotildees de pagamento do que os oferecidos pela induacutestria

Como os clubes atacadistas iratildeo praticar uma margem proacutepria para cobrir seus custos e natildeo

podem comercializar mercadorias com preccedilos aleacutem do mercado procuram as empresas que

permitirem a compra de um bom volume a um preccedilo relativamente baixo Esse formato eacute um

tipo de clube ou rede de compra e os clientes satildeo associados O sortimento do clube de

compras estaacute dividido em produtos para escritoacuterios pizzarias restaurantes hoteacuteis lojas de

conveniecircncia entre outros

A estimativa de custos tambeacutem considera os custos fixos e custos variaacuteveis e o preccedilo proposto

deve cobrir o custo total da comercializaccedilatildeo do item aleacutem de garantir uma margem de lucro

para a empresa Existem tambeacutem os problemas com perdas de mercadoria e estas satildeo

calculadas para cada loja de cada formato sob responsabilidade dos gerentes de cada

estabelecimento e os custos tambeacutem satildeo analisados separadamente para cada negoacutecio da rede

Poreacutem vaacuterias accedilotildees satildeo praticadas pelo grupo visando a reduccedilatildeo de seus gastos

142

Devido a essa poliacutetica de gestatildeo de custos a empresa eacute conhecida mundialmente por

contribuir com a economia Essa contribuiccedilatildeo ao ciclo econocircmico consiste em trecircs itens

pressionar os fornecedores para reduzir preccedilos usar tecnologia digital de primeira linha para

baratear a gestatildeo de seus estoques e pagar aos seus funcionaacuterios o menor salaacuterio possiacutevel

encolhendo os custos da empresa

A empresa eacute referecircncia em processos de gestatildeo no varejo e no uso de tecnologia a serviccedilo do

negoacutecio Um exemplo eacute o sistema eletrocircnico de reposiccedilatildeo de estoque Por meio dele rede e

fornecedores ficam conectados 24 horas e tecircm informaccedilatildeo do giro de cada produto na gocircndola

em tempo real Assim o varejista consegue agilizar o processo de reposiccedilatildeo e os fornecedores

tecircm acesso a detalhes como resultado de vendas dos produto por loja ou regiatildeo

Alguns fornecedores promovem accedilotildees de marketing no ponto de venda ou fazem eventuais

mudanccedilas nos produtos com os dados que satildeo disponibilizados Outro resultado dessa parceria

eacute a reduccedilatildeo de custos (cerca de 10 ao longo de toda a cadeia de suprimentos) Tais fatos

possibilitam agrave rede colocar em praacutetica a poliacutetica EDLP

Um fator que deve ser considerado na gestatildeo de reduccedilatildeo de custos da empresa eacute a natildeo

existecircncia de estoque na loja os produtos satildeo alojados na parte superior da gocircndola

Os hipermercados da Rede C buscam oferecer o melhor sortimento pelo melhor preccedilo sempre

A poliacutetica de EDLP direciona todas as negociaccedilotildees realizadas com fornecedores e garante ao

consumidor o menor custo da cesta de compras Para honrar com esse compromisso as lojas

realizam semanalmente uma pesquisa de preccedilos de produtos junto agrave concorrecircncia local

(shopping de preccedilos)

143

Os hipermercados ainda contam com um sortimento de 65 mil itens Dentre elas encontram-

se alimentos hortifrutis confecccedilatildeo brinquedos eletroeletrocircnicos papelaria perfumaria

artigos para casa mesa e banho limpeza praacutetica de esportes jardinagem pet shop entre

outros Todas as lojas possuem uma mini-galeria de serviccedilos de conveniecircncia No local satildeo

encontradas lanchonetes cafeacute restaurantes lavanderia salatildeo de beleza oacutetica banca de jornal

e revistas entre outros serviccedilos alternativos A ideacuteia eacute trabalhar o conceito de one stop shop

lugar onde o cliente encontra de tudo em um mesmo local

A taacutetica do preccedilo isca eacute novamente utilizada nesse caso Satildeo realizadas promoccedilotildees em um dia

fixo da semana (terccedila feira da carne quarta-feira da verdura entre outras) mas os gerentes

afirmam que a poliacutetica de descontos eacute menos frequumlente que nos concorrentes jaacute que optaram

por oferecer preccedilo baixo todos os dias

Os volumes de venda tambeacutem crescem consideravelmente e vaacuterias accedilotildees de comunicaccedilatildeo satildeo

realizadas Descontos sazonais satildeo praticados constantemente para as compras realizadas fora

da temporada assim como em seus concorrentes Os hipermercados realizam saldotildees

depois das festas de final de ano para reduzir o estoque de mercadorias comercializadas soacute

para essa eacutepoca do ano como por exemplo o Panetone

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo os respondentes consideram os

preccedilos dos seus concorrentes a localizaccedilatildeo e renda dos moradores da regiatildeo de influecircncia de

cada loja Para isso os gerentes tambeacutem tecircm autonomia para modificar os preccedilos das lojas

que estatildeo sob sua responsabilidade Um exemplo dessa descentralizaccedilatildeo eacute a facilidade do

cliente que apresenta um anuacutencio promocional impresso da concorrecircncia dentro da validade

com um preccedilo inferior ao da rede em conseguir a mesma oferta na loja na hora e no caixa

sem burocracia

144

Os serviccedilos prestados e os gastos com material promocional satildeo considerados pela empresa

como custos entretanto normalmente os gastos satildeo compartilhados com os fornecedores Os

entrevistados explicaram que os anuacutencios de produtos na miacutedia de massa (Televisatildeo Jornal e

Revistas) satildeo realizados em conjunto com os fabricantes e a empresa soacute arca com os custos de

publicidade institucional Para isso eacute reservada uma porcentagem das vendas anuais da

empresa

Os serviccedilos oferecidos estatildeo embutidos na margem e o poder de negociaccedilatildeo com a induacutestria

permite a compra de grandes volumes a preccedilos mais baixos descontos de pagamento agrave vista e

bonificaccedilotildees As bonificaccedilotildees satildeo acordos realizados entre varejistas e fornecedores que

permitem a entrega de mais mercadorias no lugar de descontos em dinheiro A empresa

repassa aos consumidores as reduccedilotildees de preccedilo que consegue na condiccedilatildeo de uns dos maiores

compradores

O grupo tambeacutem estaacute investindo em novos projetos arquitetocircnicos Com layout diferenciado e

um conceito inovador um novo hipermercado foi inaugurado A unidade tem dois andares

teacuterreo e mezanino e estabeleceu um novo modelo funcional com excelente aceitaccedilatildeo dos

clientes de regiotildees urbanas centrais e de alto iacutendice populacional

Novas accedilotildees promocionais satildeo vinculadas ao novo modelo de loja O objetivo da rede de

acordo com os entrevistados eacute disponibilizar para os consumidores um sortimento de mais de

mil itens a preccedilos super negociados reduzidos em ateacute 10 Eacute importante ressaltar que estaacute

natildeo eacute uma accedilatildeo promocional tradicional pois a rede garante os preccedilos por pelo menos

noventa dias diferente das accedilotildees da concorrecircncia que em alguns casos tecircm curta duraccedilatildeo

145

43 Anaacutelise dos Casos

Por meio da apresentaccedilatildeo dos casos foi possiacutevel identificar como as redes de varejo formulam

os preccedilos de seus produtos Todas as trecircs empresas seguem os seis passos apresentados no

referencial teoacuterico Poreacutem eacute importante ressaltar que nenhum dos gerentes entrevistados

demonstrou realizar a tarefa de apreccedilamento de forma estruturada ou seja apesar das etapas

serem seguidas conforme o proposto por Kotler e Keller (2005) a determinaccedilatildeo do valor

cobrado por cada produto acontece intuitivamente e as anaacutelises necessaacuterias satildeo oacutebvias

segundo os gerentes entrevistados Determinar o preccedilo dos produtos portanto natildeo representa

um problema

A falta de conhecimentos teacutecnicos mais aprofundados tambeacutem fica clara quando percebe-se

que as trecircs empresas utilizam o mesmo meacutetodo de apreccedilamento o mark-up Embora ele seja o

mais utilizado pelas redes varejistas por sua simplicidade e facilidade de aplicaccedilatildeo (LAMBIN

2000a) natildeo eacute necessariamente a maneira mais adequada pois apresenta vaacuterias limitaccedilotildees

Uma delas diz respeito a definiccedilatildeo de preccedilos aleacutem do devido em mercados mais fracos e a

preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute considerado pelos estudiosos da

aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma estrateacutegia prudente Um outro problema

eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir todas as despesas e permitir retorno Aleacutem

dos dois pontos o meacutetodo tambeacutem natildeo leva em consideraccedilatildeo aspectos da demanda e dos

concorrentes focando apenas os custos

Entretanto a Rede A demonstrou que apesar de utilizar o mark-up tambeacutem considera o valor

percebido pelo consumidor para a Divisatildeo de Supermercados Isso acontece porque o negoacutecio

foi desenvolvido para atender as necessidades da populaccedilatildeo de renda alta (classes A e B) que

146

possuem pouca sensibilidade agrave preccedilos e busca comodidade variedade bom atendimento

excelecircncia em serviccedilos e mercadorias de alta qualidade e prestiacutegio Dessa forma algumas

outras variaacuteveis fora o custo satildeo consideradas na estrateacutegia de apreccedilamento A decisatildeo de

agregar outros fatores (a renda dos clientes o estilo de vida etc) foi resultado de vaacuterias accedilotildees

e testes nas lojas Esses experimentos satildeo de responsabilidade de um consultor especializado

em varejo que atende grandes redes varejistas ao redor do mundo traz constantemente novas

ideacuteias e sugere diferentes conceitos para serem aplicados

As ideacuteias que satildeo aceitas para teste satildeo aplicadas em certas lojas da rede (preferencialmente

lojas em reforma) A avaliaccedilatildeo dessas ideacuteias e dos novos conceitos aplicados eacute feita de acordo

com o resultado de vendas da loja modificada ou dos produtos pertencentes agraves sessotildees

reestruturadas O aumento nas vendas eacute utilizado como indicador de sucesso do novo modelo

Dessa forma se as mudanccedilas forem bem sucedidas outras lojas seratildeo igualmente

remodeladas Seguindo esse raciociacutenio um niacutevel baixo de vendas significa que o novo

conceito natildeo funcionou e portanto novas alternativas satildeo avaliadas

Tais accedilotildees demonstram que a estrateacutegia de preccedilo discriminatoacuterio eacute praticada pela Rede A A

empresa conhece os diferentes segmentos em que atua e para cada um determina um valor

condizente com a possibilidade de compra do cliente A compreensatildeo dos diferentes graus de

sensibilidade agrave preccedilos eacute clara para a Rede A que consegue diferenciar os segmentos de

consumidores que atinge e adequar a sua estrateacutegia para cada diferentes formato Entretanto

para as demais empresas o conceito eacute difundido mas natildeo foi observada a utilizaccedilatildeo de

meacutetodos para adequar suas decisotildees baseadas nas diferentes caracteriacutesticas dos grupos de

compradores

147

Os diferentes formatos das Redes B (hipermercados supermercados e lojas de desconto)

seguem o meacutetodo de mark-up sem a influecircncia de outro meacutetodo A mesma poliacutetica HILO eacute

trabalhada por todos Mas cada um dos formatos possui seu proacuteprio posicionamento e

portanto atendem a puacuteblicos diferentes Essa diferenccedila eacute trabalhada no apreccedilamento apenas

pela gestatildeo de custos Nas lojas de desconto o sortimento eacute menor natildeo haacute muitos funcionaacuterios

para prestar serviccedilos e os estoques satildeo baixos Todas as accedilotildees satildeo para reduzir os gastos e

praticar preccedilos mais baixos Essa atitude demonstra a possiacutevel falta de conhecimento a

respeito das estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos que podem ser empregadas para operar com

preccedilos de acordo com as possibilidades das classes C e D

Entre as estrateacutegias a serem aplicadas estaacute a praacutetica de preccedilos geograacuteficos preccedilos

discriminatoacuterios preccedilos com descontos ou concessotildees A uacutenica forma que as empresas

varejistas estudadas demonstraram conhecer foi o preccedilo isca O preccedilo geograacutefico tambeacutem

pode ajudar a reduzir custos pois considera a regiatildeo e os gastos com logiacutestica para entregar a

mercadoria em locais diferentes O preccedilo discriminatoacuterio pode levar a rede a vender produtos

com margem maior onde os consumidores satildeo pouco sensiacuteveis aos preccedilos e os descontos e

promoccedilotildees favorecem as compras a vista ou em maior quantidade

O shopping de preccedilos eacute praticado por todos devido agrave alta concorrecircncia existente no setor

(oligopoacutelio) Todos conhecem a importacircncia de monitorar as accedilotildees de seus competidores seja

para manter os preccedilos dentro do mercado ou mesmo para se proteger As empresas possuem

equipes com funcionaacuterios preparados e treinados para a funccedilatildeo que coletam as informaccedilotildees

periodicamente como apresentado na teoria

Ao analisar a terceira rede (Rede C) fica clara a agressividade de suas accedilotildees para conquistar

maior espaccedilo no mercado As suas accedilotildees estatildeo sempre voltadas para reduccedilatildeo de custos e

focadas em praacutetica de preccedilos baixos A estrateacutegia EDLP eacute sinocircnimo da marca da empresa

148

Nos mais diferentes formatos os preccedilos com os fornecedores satildeo fortemente negociados e

todos os descontos conseguidos repassados para o consumidor As escolhas quanto ao meacutetodo

de apreccedilamento (mark-up) preocupaccedilatildeo com inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e reduccedilatildeo dos custos

demonstram bastante coerecircncia com o objetivo do varejista (oferecer preccedilo baixo todo dia)

As variaacuteveis que influenciam no apreccedilamento de cada unidade de negoacutecio das redes natildeo

foram muito exploradas pelos gerentes nas entrevistas realizadas mas eacute e evidente a

importacircncia do formato de canal na escolha das estrateacutegias Ao se posicionarem de formas

diferentes e escolherem puacuteblicos diferentes para cada divisatildeo a influecircncia do tipo de loja fica

clara

Os supermercados ao se posicionarem como de vizinhanccedila jaacute consideram

automaticamente a localizaccedilatildeo e a renda dos consumidores como fatores determinantes do

preccedilo Conforme explicado na revisatildeo teoacuterica os preccedilos devem obedecer ao niacutevel do mercado

em que encontram-se caso contraacuterio perdem venda por estarem ou muito acima da

concorrecircncia ou comprometem os ganhos se praticarem preccedilos muito abaixo

Os produtos comercializados tambeacutem tecircm influecircncia Nos formatos que possuem sortimentos

limitados (lojas de desconto) a presenccedila de marcas-proacuteprias eacute grande pois natildeo precisam de

investimentos em miacutedia de massa e podem ser comercializados agrave preccedilos adequados ao

orccedilamento das classes C e D Os formatos que operam com sortimento maior (em variedade e

profundidade) precisam trabalhar com o conceito de preccedilo psicoloacutegico associando o valor

monetaacuterio alto com alta qualidade do produto Nenhuma das redes afirmou utilizar a

estrateacutegia poreacutem a praacutetica de preccedilos psicoloacutegicos eacute tradicional jaacute na induacutestria e eacute repassada

para o ponto de venda

149

As marcas liacutederes geralmente apresentam preccedilo superior para traduzir ao cliente a qualidade

de seu produto e esse preccedilo eacute repassado pelas redes para o consumidor final As redes

supermercadistas trabalham com marcas liacutederes para melhorar a imagem que constroem na

mente do comprador A marca que o cliente deseja precisa estar disponibilizada nas gocircndolas

ou o consumidor natildeo se sentiraacute satisfeito com a experiecircncia de compra (KUNKEL BERRY

1968 LINDQUIST 1974 DOYLE FENWICK 1974 ENGEL BLACKWELL 1995)

Assim tambeacutem eacute possiacutevel afirmar que as marcas tecircm influecircncia na determinaccedilatildeo dos produtos

comercializados pelos supermercadistas

As informaccedilotildees das redes que confirmam essa observaccedilatildeo eacute a comercializaccedilatildeo dos mesmos

produtos de mesma marca e caracteriacutesticas a preccedilos mais altos em lojas localizadas em

regiotildees nobres e a preccedilos mais baixos em lojas localizadas na periferia da cidade

As negociaccedilotildees fazem parte do cotidiano de todas as empresas Como as redes estatildeo entre as

dez maiores em faturamento (ABRAS 2005) a compra em volume eacute consideraacutevel e o poder

sobre os fornecedores tambeacutem Haacute anos uma negociaccedilatildeo era determinada principalmente

pelo preccedilo Com a concorrecircncia acirrada o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas

negociaccedilotildees entre varejistas e fornecedores As maiores empresas negociam grandes volumes

a preccedilos mais baixos do que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais

acessiacuteveis de um mesmo produto do que a concorrecircncia

Entretanto conforme jaacute citado a variaacutevel que claramente exerce maior influecircncia na

formaccedilatildeo dos preccedilos das mercadorias comercializadas pelas redes eacute o formato do canal

Mesmo utilizando o mesmo meacutetodo de apreccedilamento as lojas de diferentes formatos praticam

poliacuteticas diferentes Como o posicionamento e o puacuteblico-alvo satildeo distintos as ferramentas

para adequar os preccedilos dos produtos natildeo satildeo as mesmas Cada puacuteblico tem suas

caracteriacutesticas poder de compra rendas distintas e ocasiotildees de compra diferentes

150

Aleacutem disso os supermercados de vizinhanccedila oferecem mais serviccedilos para o cliente final

Como localizam-se proacuteximo agrave residecircncia do consumidor geralmente oferecem serviccedilos de

entrega por exemplo Serviccedilos adicionais aumentam o custo interno do varejista e portanto

para conseguir cobrir todos os gastos as margens consideradas no caacutelculo do mark-up natildeo

podem ser tatildeo baixas Por mais que o foco seja a reduccedilatildeo de custos mesmo por meio de

melhores negociaccedilotildees com os fornecedores (como no caso da Rede C) os produtos natildeo tecircm

os mesmos preccedilos que as lojas de hipermercado

Nas lojas de desconto como os serviccedilos satildeo poucos e a estrutura disponiacutevel eacute mais simples

(natildeo tecircm estoque as mercadorias satildeo guardadas por cima da gocircndola) o nuacutemero de

funcionaacuterios restrito e poucos investimentos em comunicaccedilatildeo e merchandising os custos

abaixam e eacute possiacutevel praticar preccedilos abaixo da meacutedia do mercado Haacute tambeacutem a

comercializaccedilatildeo de marcas proacuteprias que ajudam no ganho maior

Para facilitar a visualizaccedilatildeo das estrateacutegias utilizadas pelas redes supermercadistas no

apreccedilamento dos produtos que comercializam o quadro 11 foi elaborado

A seguir apresenta-se a conclusatildeo da dissertaccedilatildeo bem como as limitaccedilotildees encontradas e as

sugestotildees de estudos futuros

151

Quadro 11 Resumo das estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas redes varejistas

pesquisadas

Estrateacutegias

Redes

Rede A Rede B Rede C

Objetivo de Preccedilo

- Participaccedilatildeo de mercado - Valor percebido pelos consumidores (supermercado)

- Participaccedilatildeo do mercado

- Participaccedilatildeo do mercado

Anaacutelise da Demanda

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos nos hipermercados e lojas de desconto Consumidores pouco sensiacuteveis nos supermercados

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos - Busca da melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos

Estimativa de Custos

- Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Controle sobre gastos e

Anaacutelise da Concorrecircncia

- Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos

Seleccedilatildeo do Meacutetodo

- Mark-up - Mark-up - Mark-up

Adequaccedilatildeo do Preccedilo

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - Preccedilo psicoloacutegico (supermercados) - Preccedilos por segmento (supermercados) - HILO (hipermercados)

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - HILO (todos os formatos)

- Poliacutetica EDLP para todos os formatos - Preccedilo isca

Variaacuteveis que influenciam

- Localizaccedilatildeo da loja - Renda do consumidor - Formato do canal - Marcas do produtos

- Formato do canal - Marcas do produtos - Poder sobre os fornecedores

- Poder sobre os fornecedores - Renda dos consumidores - Formato do canal - Marcas do produtos

Fonte Elaborado pela autora A seguir apresenta-se as conclusotildees do estudo suas limitaccedilotildees e sugestotildees de estudos futuros

152

5 CONCLUSOtildeES

Este estudo teve como objetivo analisar a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em supermercados

Para que o objetivo fosse cumprido uma revisatildeo bibliograacutefica foi desenvolvida e abordou

conceitos sobre demanda custos meacutetodos de apreccedilamento teacutecnicas de adequaccedilatildeo de preccedilos e

variaacuteveis que influenciam nessa decisatildeo

Um estudo multicaso em trecircs redes supermercadistas foi elaborado para analisar como os

temas abordados na revisatildeo satildeo utilizados na praacutetica por algumas empresas do setor Para isso

desenvolveu-se um protocolo com os passos necessaacuterios para o desenvolvimento da pesquisa

empiacuterica Apresentou-se tambeacutem o histoacuterico a situaccedilatildeo atual e as principais tendecircncias do

varejo para o entendimento das circunstacircncias atuais de concorrecircncia e crescimento das

redes

Apoacutes essa apresentaccedilatildeo os casos foram descritos e analisados pela autora Baseando-se

nessas anaacutelises foi constatado que atualmente com o mercado cada vez mais competitivo e

com o faacutecil acesso dos consumidores agrave comparaccedilatildeo de preccedilos a decisatildeo sobre as estrateacutegias

de apreccedilamento tornou-se fundamental para o bom desempenho das redes supermercadistas

que visam ganho de vantagem competitiva

O estudo de multicasos demonstrou que os meacutetodos de apreccedilamento e de adequaccedilatildeo de preccedilos

satildeo ainda pouco utilizados pelas redes estudadas no que se refere agrave variedade de teacutecnicas

existentes para serem aplicadas a situaccedilotildees diferentes As empresas demonstraram o uso

adequado do mark-up e de estrateacutegias de descontos (peccedilo isca e descontos sazonais) poreacutem

de acordo com a teoria proposta tais meacutetodos apresentam limitaccedilotildees que podem alongo

prazo prejudicar o alcance dos objetivos de rentabilidade e participaccedilatildeo de mercado dos

grupos supermercadistas analisados

153

Cabe ressaltar que ateacute hoje as empresas estudadas tecircm conseguido atingir seus objetivos de

preccedilo por meio da utilizaccedilatildeo do meacutetodo de mark-up em conjunto com as anaacutelises de demanda

e concorrecircncia segundo os resultados de vendas e a colocaccedilatildeo no ranking da ABRAS

Entretanto o setor busca novas tecnologias para reduccedilatildeo de custos e tambeacutem apresenta outras

estrateacutegias para fidelizar os seus clientes que consideram outras variaacuteveis aleacutem dos custos

O acompanhamento das accedilotildees dos competidores por meio do shopping de preccedilos de cada

loja em diferentes regiotildees tem permitido agraves redes a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia sobre

suas estrateacutegias e a praacutetica de teacutecnicas de defesa como cobrir ofertas ou melhores negociaccedilotildees

com seus fornecedores para operar com preccedilos dentro do mercado Poreacutem as empresas focam

nas estrateacutegias dos concorrentes e acabam por desenvolver accedilotildees muito proacuteximas e parecidas

com as dos competidores enquanto poderiam analisar com maior profundidades os seus

puacuteblicos e oferecer vantagens de acordo com o estilo de vida a renda e as necessidades de

cada segmento de mercado que atende

A Rede C por exemplo considera que todos os seus consumidores tecircm o mesmo niacutevel de

sensibilidade agrave preccedilos Mas eles possuem haacutebitos de compra diferentes e frequumlentam formatos

de loja distintos o que demonstra que nem todas as caracteriacutesticas satildeo as mesmas Caso

utilizasse o preccedilo discriminatoacuterio poderia diferenciar as suas bandeiras e atingir talvez de

forma mais eficaz o objetivo de maior participaccedilatildeo de mercado A Rede A embora natildeo

demonstre conhecimento suficiente sobre o conceito de preccedilo discriminatoacuterio eacute a uacutenica entre

as organizaccedilotildees estudadas que opera com estrateacutegias diferentes para cada puacuteblico que

frequumlenta suas diferentes divisotildees

O foco para a reduccedilatildeo dos custos e praacutetica de maiores margens eacute nas negociaccedilotildees com

fornecedores Apenas uma das empresas admitiu o uso de ferramentas tecnoloacutegicas para

diminuir custos A aplicaccedilatildeo de teacutecnicas de apreccedilamento para alcanccedilar esse objetivo natildeo foi

154

verificada o que demonstra a existecircncia de espaccedilo para o desenvolvimento da gestatildeo de

preccedilos nas empresas pesquisadas

Eacute importante ressaltar que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave formaccedilatildeo de preccedilos de

dos produtos que comercializam eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos

conceitos e ferramentas disponiacuteveis assim como o conhecimento das demais teacutecnicas de

adequaccedilatildeo como preccedilos geograacuteficos que permitem tambeacutem a tatildeo desejada reduccedilatildeo de custos

Os estudos cientiacuteficos sobre preccedilos tecircm demonstrado novos modelos como o custo-alvo que

permitem que as decisotildees sobre apreccedilamento sejam mais confiaacuteveis de proacuteximas agraves

necessidades e possibilidades financeiras dos clientes finais Conforme os meacutetodos vatildeo sendo

aprimorados menor a chance das estrateacutegias e dos planejamentos de precificaccedilatildeo falharem

Poreacutem eacute preciso que as redes supermercadistas deixem de analisar somente seus competidores

e de desenvolverem accedilotildees para se proteger dos ataques e observem mais de perto as atitudes

caracteriacutesticas e diferentes estilos dos seguimento de compradores que atingem ou pretendem

conquistar

155

51 Limitaccedilotildees

Campomar (1991) explica que tanto os meacutetodos quantitativos quanto os meacutetodos qualitativos

possuem suas limitaccedilotildees e estas devem ser claramente mencionadas nos trabalhos cientiacuteficos

As limitaccedilotildees do presente trabalho referem-se primeiramente a natureza do meacutetodo Embora

as escolhas tenham permitido o alcance dos objetivos propostos no estudo existem algumas

consideraccedilotildees importantes a serem feitas

A primeira delas refere-se agrave amostra pesquisada Por se tratar de uma amostra natildeo

representativa os dados coletados e analisados bem como as conclusotildees apresentadas natildeo

podem ser generalizados para todo o setor supermercadista As observaccedilotildees soacute devem ser

consideradas para as trecircs empresas que participaram do estudo mesmo que as companhias

estejam entre as maiores em faturamento Outro fator que impede a generalizaccedilatildeo eacute o seu

objetivo exploratoacuterio A dissertaccedilatildeo foi baseada em revisatildeo de literatura e estudos de caso

Um ponto importante refere-se ao proacuteprio setor supermercadista Como trata-se de um

mercado competitivo as empresas natildeo aceitaram a divulgaccedilatildeo de alguns dados e se

restringiram apenas a comentar quais satildeo as estrateacutegias gerais utilizadas para o apreccedilamento

dos produtos que comercializam Estrateacutegias especiacuteficas quanto ao posicionamento futuras

mudanccedilas desenvolvimento de novas tecnologias e praacuteticas e variaacuteveis utilizadas natildeo foram

expostas por nenhuma das redes As conclusotildees sobre esses aspectos forma baseadas em

alguns comentaacuterios e pesquisa de dados secundaacuterios

156

52 Sugestotildees para futuros estudos

Estudos futuros podem comparar a pesquisa realizada com os resultados obtido em outras

redes supermercadistas atuantes no paiacutes Nessa dissertaccedilatildeo foram analisadas trecircs das dez

maiores empresas em faturamento O estudo poderia identificar se as os passos seguidos para

a determinaccedilatildeo de preccedilo e as variaacuteveis influenciadoras satildeo as mesmas identificadas nessa

pesquisa Com uma amostra maior os resultados poderiam trazer informaccedilotildees mais precisas a

respeito do apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

Um outro estudo pode coletar dados primaacuterios de preccedilos de produtos em diferentes formatos e

verificar a influecircncia de das variaacuteveis propostas de forma estatiacutestica O grau de influecircncia de

cada uma pode ser medido e os seguintes objetivos verificados

bull A influecircncia da marca no apreccedilamento estrateacutegico supermercadista

bull A influecircncia da faixa de renda dos consumidores que habitam as regiotildees de cada loja

A influecircncia do formato do canal de distribuiccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos dos produtos

comercializados pelos varejistas

A influecircncia da regiatildeo onde cada loja se localiza na precificaccedilatildeo de produtos

comercializados pelos supermercados

A influecircncia do poder do canal de distribuiccedilatildeo sobre os seus fornecedores e

A influecircncia do preccedilo do concorrente na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos de uma

rede

Outras possibilidades dizem respeito ao estudo da formaccedilatildeo de preccedilos em tipos diferentes de

varejo comparando o setor supermercadista com os outras empresas de serviccedilos

157

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  • 11 Apresentaccedilatildeo
  • 12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo
  • 13 Objetivos
  • 14 Justificativa
  • 15 Organizaccedilatildeo do estudo
  • 21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo
  • 22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo
  • 23 Determinaccedilatildeo da Demanda
    • 231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)
      • 24 Estimativa de Custos
        • 241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos
          • 25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes
          • 26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo
          • 27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final
          • 28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo
          • 29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista
          • 210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados
          • 211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo
            • 2111 Produto
            • 2112 Marca
            • 2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo
            • 2114 Localizaccedilatildeo da Loja
            • 2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista
            • 2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas
            • 117 O Preccedilo da Concorrecircncia
              • 31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo
                • 311 O Tipo de Pesquisa
                • 312 A Natureza da Pesquisa
                • 313 O Meacutetodo da Pesquisa
                  • 3131 Protocolo para os Estudos de Caso
                      • 41 Os Supermercados no Brasil
                      • 42 Caso 1 ndash Rede A
                      • 43 Caso 2 ndash Rede B
                      • 44 Caso 3 ndash Rede C
                      • 43 Anaacutelise dos Casos
                      • 51 Limitaccedilotildees
                      • 52 Sugestotildees para futuros estudos

Dedico este trabalho aos meus pais Rosi e Luiz Spinelli e meu irmatildeo Rui

Meus grandes exemplos

Para meus queridos tios Carlos Eli e Maria Tereza Piccinato e

as minhas ldquo irmatildesrdquo Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato

que estiveram sempre ao meu lado

AGRADECIMENTOS

Ao Professor e Orientador Dr Flaacutevio Torres Urdan a minha gratidatildeo pela orientaccedilatildeo valiosa

competecircncia confianccedila amizade e antes de tudo por ter representado muito mais do que seu

papel e ter me dado todo o apoio necessaacuterio nessa caminhada

Ao Diretor da FEARP Professor Dr Marcos Cortez Campomar pelas sugestotildees e discussotildees

que ajudaram a aprimorar este trabalho e por de ter compartilhado um pouco do seu

conhecimento comigo

Aos professores Dr Dirceu Tornavoi de Carvalho e Dr Marcos Fava Neves pelo apoio

durante todo o meu periacuteodo de aprendizado na poacutes graduaccedilatildeo

Aos professores Dr Maacutercio Mattos Borges de Oliveira e Dra Socircnia pela amizade pela

torcida e oportunidade de compartilhar junto a toda turma de poacutes-graduaccedilatildeo os momentos de

alegria

Ao pessoal da Secretaria de Poacutes-Graduaccedilatildeo da FEARP em especial agrave Eacuterika e ao Eduardo por

todo o apoio no curso

Agraves ldquomeninas da FUNDACErdquo pela amizade pela confianccedila e pelo apoio

Aos profissionais que aceitaram e se dispuseram a participar da pesquisa minha sincera

gratidatildeo

As minhas amigas-irmatildes de todas as horas que me apoiaram nas decisotildees que tomei e que

estatildeo do meu lado haacute anos Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato e Juliana Freitas

Aos amigos que fiz durante o mestrado da primeira e segunda turma aqui representados pela

Flaacutevia Ghisi e Janaiacutena Giraldi grandes companheiras de trabalhos artigos disciplinas e

comemoraccedilotildees e a minha turma pela convivecircncia e apoio nos momentos criacuteticos de

avaliaccedilotildees representada pelo meu amigo Marco Antonio Conejero companheiro desde as

entrevistas

ldquoO homem nasceu para aprender aprender tanto quanto a vida lhe permitardquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa)

RESUMO

O presente trabalho analisa a importacircncia da determinaccedilatildeo de preccedilos para a competitividade

do varejo supermercadista Apoacutes uma revisatildeo da literatura sobre as diversas definiccedilotildees de

preccedilos e as formas de estabelececirc-los satildeo analisadas as seis etapas propostas por especialistas

de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico de produtos Nessas seis etapas satildeo discutidas a

influecircncia da demanda e a importacircncia dos custos os meacutetodos de estabelecimento mais

utilizados descrevendo-se suas caracteriacutesticas e limitaccedilotildees as teacutecnicas de adequaccedilatildeo agrave

diversas situaccedilotildees bem como a seleccedilatildeo do preccedilo final Os passos adotados pelos varejistas

satildeo tambeacutem abordados assim como outras variaacuteveis que tecircm impacto na estrateacutegia escolhida

para se fixar os preccedilos nos supermercados aleacutem da demanda dos custos e dos concorrentes

Por fim as estrateacutegias de apreccedilamento satildeo estudadas empiricamente por meio de entrevistas

em profundidade com gerentes de trecircs redes de varejo de grande porte que atuam no mercado

nacional onde eacute verificada a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de apreccedilamento como instrumento de

auxiacutelio na tomada de decisotildees relacionadas aos programas de preccedilo da empresa Em

conclusatildeo verifica-se que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave definiccedilatildeo de poliacuteticas de

preccedilos eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos conceitos e das variaacuteveis da que

influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos que comercializam assim como o

conhecimento das diversas teacutecnicas de apreccedilamento aleacutem do mark-up

Palavras-chave preccedilo produto supermercados

ABSTRACT

The present paper analyses the importance of pricing for the competitiveness of the retail

sector (supermarkets) After a bibliographic survey on the several definitions concerning price

and how it is determinate six steps proposed by marketing experts to products strategic

pricing are analyzed In these steps the demand influence the costs importance and the most

important pricing methods are discussed describing their characteristics and limitations the

techniques to adequate it to different situations as so as the final price selection The steps

that are adopted by supermarket retail are also outlined thus as the variables that have some

influence on its chosen pricing strategy Demand and competitors costs are also analyzed

Finally pricing strategies are empirically studied through multicases study on three large

retail chains In this part the use by these companies of pricing methods as a tool to assist

decision making related to the long-run pricing programs is verified In conclusion it is seen

that while retail specialists seek more scientific and reliable bases for aiding the decisions

regarding the price strategies it is essential that they posses a clear comprehension of the

concepts and the variables that have influence on products price determination that are

commercialized by themselves as well as the technical skills to pricing besides the mark-up

method

Key-words price product supermarket retail

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing22

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos 25

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto 34

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto 34

Figura 5 Representaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticidade da Demanda36

Figura 6 Curva de Demanda de um Vendedor Individual quando independentemente muda o

preccedilo 37

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos39

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem46

Figura 9 O modelo dos 3 Cs para a determinaccedilatildeo de preccedilos 59

Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos61

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja 76

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja 77

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo 81

8

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo33

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado 54

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia 55

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees60

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos 65

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja74

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista 82

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas86

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo 91

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro 123

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro 124

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 Apresentaccedilatildeo 11

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo15

13 Objetivos15

14 Justificativa16

15 Organizaccedilatildeo do estudo18

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA 20

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo20

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo27

23 Determinaccedilatildeo da Demanda33

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente) 41

24 Estimativa de Custos 44

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos 50

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes 51

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo 58

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final 62

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo64

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista69

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados 79

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo 91

2111 Produto 92

2112 Marca 93

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo95

2114 Localizaccedilatildeo da Loja101

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista102

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas105

2117 O Preccedilo da Concorrecircncia106

10

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO 109

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo109

311 O Tipo de Pesquisa 110

312 A Natureza da Pesquisa 112

313 O Meacutetodo da Pesquisa 114

4 O ESTUDO MULTICASOS121

41 Os Supermercados no Brasil 121

42 Caso 1 Rede A 127

43 Caso 2 Rede B 133

44 Caso 3 Rede C 139

43 Anaacutelise dos Casos145

5 CONCLUSOtildeES152

51 Limitaccedilotildees 155

REFEREcircNCIAS 157

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Apresentaccedilatildeo

Boone e Kurtz (1998) afirmam que filoacutesofos antigos jaacute reconheciam a importacircncia do preccedilo

no sistema econocircmico pois alguns documentos da eacutepoca demonstram tentativas de

determinar preccedilos justos e moderados Atualmente o preccedilo ainda exerce a funccedilatildeo de regular a

atividade econocircmica e o emprego de qualquer um dos quatro fatores de produccedilatildeo (terra

capital recursos humanos e empreendedorismo) depende do preccedilo que lhe eacute atribuiacutedo Para

uma empresa os preccedilos cobrados e as quantidades adquiridas de um produto por seus

clientes representam a receita recebida portanto os preccedilos influenciam os lucros da

companhia bem como a utilizaccedilatildeo de seus fatores de produccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998)

Aleacutem disso o preccedilo eacute um dos principais determinantes para a escolha dos produtos pelos

compradores Eacute um dos elementos chave para alcanccedilar o volume de vendas desejado e por

consequumlecircncia tem grande impacto nos lucros das empresas e tem o papel fundamental na

percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos consumidores

Lopes Reis e Abukawa (1996) afirmam que o preccedilo eacute a variaacutevel do composto que pode ser

mais facilmente comparada pelo consumidor no momento da compra Os autores ainda citam

que em situaccedilotildees econocircmicas inflacionaacuterias recessivas ou ambas a determinaccedilatildeo de preccedilos

de produtos pode se tornar uma tarefa bastante confusa Mas por que o preccedilo natildeo apresentou

o mesmo destaque que as demais variaacuteveis do composto de marketing nos estudos acadecircmicos

e para os profissionais da aacuterea como afirmam Nagle e Holden (2003)

12

Jain (2000) argumenta que a estabilidade econocircmica dos anos 60 no mundo eacute que pode ser

responsabilizada particularmente pelo baixo status atribuiacutedo agrave variaacutevel preccedilo Para o autor

estrategicamente a funccedilatildeo do apreccedilamento significava apenas atribuir um retorno adequado

ao investimento realizado Segundo o autor nos anos 70 vaacuterios eventos foram responsaacuteveis

por uma reviravolta na tarefa de determinar os preccedilos dos bens e serviccedilos entre eles o

consumismo o custo alto do dinheiro o controle do comportamento dos preccedilos praticados

falta de mateacuterias-primas entre outros todos tornaram o preccedilo uma variaacutevel importante (JAIN

2000 LAMBIN 2000a)

Nagle e Holden (2003) afirmam que foi nos anos 80 que os profissionais de marketing

enfrentaram grandes desafios Empresas detentoras de marcas liacutederes viram a lealdade a suas

marcas e seu poder junto aos distribuidores diminuir As grandes empresas viram seus lucros

caiacuterem enquanto as organizaccedilotildees menores atraiacuteam seus clientes mais lucrativos Entatildeo

liacutederes corporativos mostraram que era possiacutevel aumentar o fluxo de caixa e os lucros por

meio dos preccedilos mais altos mesmo que essa estrateacutegia resultasse em uma perda de

participaccedilatildeo de mercado (NAGLE HOLDEN 2003)

O acontecimento mostrou agraves empresas que a estrateacutegia de determinaccedilatildeo de preccedilos deve ser

cuidadosamente planejada e todas as teacutecnicas de apreccedilamento devem ser dominadas pelos

profissionais de marketing principalmente no ambiente competitivo em que as companhias

atualmente encontram-se inseridas

A fixaccedilatildeo de preccedilos eacute considerada tatildeo complexa que Kotler e Keller (2005) afirmam que as

empresas lidam com o apreccedilamento de vaacuterias maneiras Nas pequenas empresas eles satildeo

determinados pelos proacuteprios dirigentes e nas grandes satildeo gerentes satildeo gerentes de divisotildees e

produtos os responsaacuteveis pela tarefa Em setores em que o preccedilo eacute o fator-chave as

organizaccedilotildees dispotildeem de um departamento especiacutefico para fixaacute-los ou auxiliar no

13

apreccedilamento dos produtos Este departamento estaacute geralmente subordinado agrave diretoria de

marketing financcedilas ou agrave alta administraccedilatildeo Outros que exercem influecircncia satildeo os gerentes de

vendas de produccedilatildeo gerentes financeiros e os contadores Nagle e Holden (2003) atribuem

essa mudanccedila na estrutura como resultado do apreccedilamento estrateacutegico ou seja as empresas

estatildeo atualmente administrando proativamente as condiccedilotildees do mercado

Engle Blackwell e Miniard (1995) afirmam ainda que o preccedilo eacute determinante para a escolha

da loja supermercadista pelo cliente A formaccedilatildeo de preccedilos de venda estaacute portanto entre as

mais importantes decisotildees da empresa Apesar de parecer faacutecil o apreccedilamento compreende

um processo complexo por depender do grande nuacutemero de variaacuteveis quantitativas e

qualitativas e estas nem sempre partem da decisatildeo interna da organizaccedilatildeo necessitando

estarem inseridas no planejamento estrateacutegico capaz de refletir os objetivos da empresa

(JAIN 2000)

O varejo brasileiro por exemplo que eacute a unidade de anaacutelise do caso apresentado nesse

estudo enfatiza o aspecto preccedilo como fator fundamental para a busca de um diferencial

competitivo e para a conquista de clientes O ambiente macro-econocircmico mundial nas uacuteltimas

deacutecadas apoacutes sucessivas mudanccedilas na economia propiciou a chegada de novos competidores

e novas tecnologias fomentando de forma mais intensiva a disputa de mercado e motivando o

setor industrial e o proacuteprio varejo a investir e a procurar entender e se ajustar melhor agraves

necessidades desejos e expectativas dos consumidores (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR

2003)

Parente (2000) defende que de todas as variaacuteveis do composto de marketing a decisatildeo de

preccedilo eacute a que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas pois podem ser mudadas rapidamente da noite para o

dia

14

A determinaccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos no varejo eacute uma decisatildeo que deve ser tomada

cuidadosamente e requer conhecimento das variaacuteveis que podem afetar o bom desempenho

dessa tarefa Dessa forma eacute pertinente descrever as estrateacutegias das redes supermercadistas

quanto ao apreccedilamento dos produtos que comercializam e identificar as variaacuteveis que

influenciam nessa estrateacutegia

No varejo supermercadista as grandes redes demonstram por comprarem grandes volumes de

produtos maior poder de barganha na negociaccedilatildeo e consequumlentemente tecircm condiccedilotildees de

vender ao consumidor produtos a um preccedilo mais competitivo (GHISI 2005) Mas soacute a

vantagem na negociaccedilatildeo pode garantir o sucesso do varejista em preccedilos competitivos Quais

seriam as outras variaacuteveis de marketing que poderiam influenciar no apreccedilamento dos

produtos pelo varejo supermercadista

O preccedilo eacute fator-chave de posicionamento e sendo assim precisa ser definido em relaccedilatildeo ao

mercado-alvo ao mix de sortimento de produtos e serviccedilos e agrave concorrecircncia (KOTLER

KELLER 2005) McGoldrick (1990) ainda defende que no varejo a determinaccedilatildeo dos

preccedilos de venda dos produtos e serviccedilos oferecidos ao consumidor final tende a ser um

processo complexo devido agrave quantidade de itens comercializados e tambeacutem da possibilidade

de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre regiotildees

Morgenstein e Strogin (1992) afirmam que a conveniecircncia tem um preccedilo para o consumidor

o que indica a disposiccedilatildeo para o pagamento de uma quantia mais elevada pelas facilidades e

serviccedilos oferecidos a esses clientes Kotler e Armstrong (1998 p 96) citam que a empresa

que realmente compreender como os consumidores respondem agraves diferentes caracteriacutesticas

preccedilos e apelos de propaganda tem uma grande vantagem sobre seus concorrentes

15

Nesse sentido o presente trabalho analisou da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em

supermercados e procurou identificar variaacuteveis que influenciam a as decisotildees de apreccedilamento

nesse tipo de organizaccedilatildeo No final do estudo tecircm-se recomendaccedilotildees focadas natildeo apenas nos

modelos de apreccedilamento mais adequados de acordo com a teoria mas tambeacutem como esses

modelos satildeo utilizados na praacutetica e como as variaacuteveis de marketing podem influenciar tais

modelos A seguir apresenta-se a justificativa da escolha do tema estudado

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo

No caso deste estudo a pergunta que originou a pesquisa fundamentada na revisatildeo

bibliograacutefica foi assim definida

Como satildeo formados os preccedilos de venda dos produtos no varejo supermercadista

O objetivo geral e os objetivos especiacuteficos satildeo apresentados a seguir

13 Objetivos

O objetivo geral desta pesquisa eacute verificar como satildeo formados os preccedilos de venda dos

produtos no varejo supermercadista

16

Os objetivos especiacuteficos para anaacutelise do setor satildeo

1 Verificar quais satildeo os procedimentos de estabelecimento de preccedilos dos produtos

comercializados

2 Verificar a importacircncia da anaacutelise da demanda dos custos e da concorrecircncia na

determinaccedilatildeo dos preccedilos desses produtos

3 Verificar quais satildeo os meacutetodos de apreccedilamento existentes e suas adaptaccedilotildees

4 Verificar quais satildeo os principais objetivos de preccedilo que os supermercados procuram

atingir

5 Verificar quais satildeo as estrateacutegias de apreccedilamento que os supermercados mais utilizam

6 Verificar qual eacute a influecircncia da demanda dos custos e da concorrecircncia no

apreccedilamento dos produtos pelos supermercados

7 Verificar quais satildeo as outras variaacuteveis que influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos de

venda dos produtos comercializados por eles

14 Justificativa

A justificativa deste estudo estaacute fundamentada em alguns dos aspectos defendidos por Barral

(2003) considerados relevantes na decisatildeo de fazer uma pesquisa cientiacutefica atualidade do

tema ou seja a sua inserccedilatildeo no contexto atual interesse do autor ou o viacutenculo do autor com o

tema a sua relevacircncia que pode ser entendida como a importacircncia social poliacutetica etc e a

pertinecircncia do tema a sua contribuiccedilatildeo

17

Nagle e Holden (2003) explicam que a literatura de marketing natildeo evoluiu na mesma

velocidade sobre questotildees que envolvem preccedilo se comparada com as demais variaacuteveis do

composto de marketing Historicamente o pouco uso de meacutetodos quantitativos em pesquisas

da aacuterea de administraccedilatildeo produziu um certo desequiliacutebrio no nuacutemero de publicaccedilotildees

envolvendo preccedilos comparativamente aos demais componentes do mix de marketing Os

mesmo autores afirmam que os acadecircmicos de marketing desprezavam a determinaccedilatildeo de

preccedilos oferecendo pouca pesquisa na aacuterea e poucos cursos sobre o tema assegurando aos seus

alunos que quando problemas decorrentes da definiccedilatildeo de preccedilos surgiam todos poderiam

ser solucionados indiretamente redobrando-se os esforccedilos de diferenciaccedilatildeo de produtos e

serviccedilos (NAGLE HOLDEN 2003)

Entretanto a estabilidade da moeda brasileira nos uacuteltimos anos tem ampliado o foco das

estrateacutegias competitivas das organizaccedilotildees para o preccedilo no paiacutes Enquanto o processo

inflacionaacuterio mantinha-se generalizado e em tendecircncia crescente a avaliaccedilatildeo dos preccedilos

relativos pelos consumidores era um exerciacutecio pouco frutiacutefero ou seja os consumidores natildeo

tinham memoacuteria de preccedilos Com a relativa estabilidade este exerciacutecio comeccedila a fazer mais

sentido tornando interessante avaliar ateacute que ponto algumas variaacuteveis como preccedilo do

concorrente conveniecircncia e serviccedilos localizaccedilatildeo da loja marca do produto poder de

barganha entre outras influenciam a formaccedilatildeo dos preccedilos finais dos produtos pelos varejistas

Aleacutem disso o estudo sobre a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos eacute uma questatildeo importante para

os profissionais de marketing por duas razotildees primeiro possibilita melhor compreensatildeo das

variaacuteveis que podem influenciar a sua determinaccedilatildeo o que ajuda a entender porque alguns

varejistas estatildeo mais bem posicionados ou satildeo mais competitivos no mercado do que outros e

segundo fornece informaccedilotildees importantes para conseguir a lealdade dos consumidores jaacute

que conforme citado anteriormente o preccedilo pode ser decisivo na escolha do consumidor por

18

uma rede supermercadista Estudo realizado por Vanhuele e Dreze (2002) demonstra que os

consumidores tecircm um forte interesse em manter o conhecimento sobre os preccedilos dos produtos

que compram e Cao e Gruca (2001) afirmam que aqueles que satildeo informados sobre os preccedilos

mais baixos vatildeo direto agrave loja sem qualquer custo de tempo ou de recurso financeiro

O interesse pelo estudo estaacute na oportunidade de participar de tal discussatildeo em uma aacuterea

importante para a economia atual e para acadecircmicos e profissionais de marketing Haacute tambeacutem

o momento competitivo e turbulento em que o varejo supermercadista brasileiro se encontra

o que torna a discussatildeo oportuna

Como contribuiccedilatildeo o estudo pretende apresentar outras variaacuteveis como influenciadoras na

formaccedilatildeo do preccedilo e das estrateacutegias de apreccedilamento que podem auxiliar os varejistas na

compreensatildeo e avaliaccedilatildeo de suas estrateacutegias e de seus concorrentes e servir de base para

futuras pesquisas sobre formaccedilatildeo de preccedilos

15 Organizaccedilatildeo do estudo

O capiacutetulo 1 descreveu apresentou o tema discutido o problema de pesquisa investigado e

definiu quais satildeo os objetivos do estudo O capiacutetulo 2 reuacutene apresenta e discute os

referenciais teoacutericos necessaacuterios para a compreensatildeo da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos e

aborda como a determinaccedilatildeo de preccedilos de venda acontece no varejo supermercadista

descrevendo tambeacutem quais variaacuteveis de marketing que possivelmente influenciam nessa

formaccedilatildeo

19

Assim no referencial teoacuterico apresentam-se as definiccedilotildees de preccedilos modelos de formaccedilatildeo de

preccedilos objetivos e estrateacutegias de apreccedilamento e as variaacuteveis utilizadas nessa formaccedilatildeo

Discutem-se tambeacutem os aspectos de gestatildeo de varejo e as escolhas de apreccedilamento para o

setor

O capiacutetulo 3 descreve o estudo empiacuterico realizado com o objetivo de complementar a revisatildeo

bibliograacutefica realizada sobre preccedilos Neste capiacutetulo o meacutetodo de pesquisa utilizado o tipo de

pesquisa os procedimentos de coleta de dados o instrumento de coleta e a discussatildeo das

anaacutelises necessaacuterias para a realizaccedilatildeo dos casos foram apresentados

No capiacutetulo 4 encontram-se os resultados obtidos na pesquisa empiacuterica e no capiacutetulo 5

apresentam-se as conclusotildees limitaccedilotildees do trabalho e sugestotildees de estudos futuros

20

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo

Embora outras variaacuteveis do composto de marketing sejam importantes o preccedilo permanece

como um dos elementos fundamentais na determinaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado e da

lucratividade das empresas As diferentes definiccedilotildees de preccedilo existentes na literatura satildeo de

alguma forma bem parecidas indicando que preccedilo eacute o que vocecirc paga pelo que recebe

As definiccedilotildees de preccedilos se complementam e nenhuma eacute considerada errada mas em algum

momento os autores deixam de citar explicitamente caracteriacutesticas importantes da variaacutevel

que natildeo podem ser esquecidas no momento de sua apresentaccedilatildeo Por essa limitaccedilatildeo o

presente toacutepico descreve vaacuterias citaccedilotildees de diferentes autores e discute tais definiccedilotildees com o

objetivo de chegar a uma siacutentese sobre a melhor forma de caracterizar a variaacutevel preccedilo

McCarthy (1982) define como preccedilo o que eacute cobrado por algo mesmo que este seja avaliado

de forma incorreta Eacute a expressatildeo monetaacuteria de algum bem ou serviccedilo Rossetti (2000)

complementa considerando que essa expressatildeo monetaacuteria resulta segundo a tradiccedilatildeo da teoria

da microeconomia da utilidade avaliada pelos que tecircm a necessidade e procuram satisfazecirc-la

aleacutem dos custos calculados pelos que produzem Estes entatildeo buscam ressarci-los pela oferta

Churchill Jr e Peter (2000) afirmam que preccedilo eacute a quantidade de dinheiro bens ou serviccedilos

que deve ser dada para adquirir a propriedade ou uso de um produto Mas o preccedilo eacute apenas

21

parte do custo total que os clientes pagam numa troca que inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos

Lambim (2000) e Stanton Walker Etzel (2001) definem o preccedilo como uma relaccedilatildeo que

indica o montante necessaacuterio para adquirir uma dada quantidade de bem ou serviccedilo e Sardinha

(1995) diz que eacute o elemento quantitativo que resume de forma numeacuterica as estrateacutegias de

marketing que a empresa tentou seguir Nesta mesma linha de raciociacutenio Monroe (1990

p05) define o preccedilo como uma equaccedilatildeo

Preccedilo = quantidade de dinheiro ou produtos e serviccedilos recebidos pelo vendedor

quantidade de produtos e serviccedilos recebidos pelo comprador

Czinkota (2001) afirma que o preccedilo eacute uma troca o que faz sentido pois em termos gerais

qualquer troca envolve preccedilo que nem sempre eacute monetaacuterio Junto com o conceito de

Churchill Jr e Peter (2000) estes podem ser considerados os mais completos na medida que

consideram tambeacutem fatores natildeo monetaacuterios O preccedilo eacute apenas uma parte do custo total que os

consumidores pagam em uma troca pois esta inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos aleacutem de desempenhar dois papeacuteis ou seja se a compra seraacute

efetuada e se ela seraacute lucrativa (CHURCHILL JR E PETER 2000) Poreacutem a definiccedilatildeo de

preccedilo que estaacute mais coerente com o trabalho eacute a de Sardinha (1995) que consegue reforccedilar a

dependecircncia do preccedilo agraves outras variaacuteveis do composto de marketing

Urdan e Urdan (2006) explicam que o marketing tem uma concepccedilatildeo mais elaborada do

preccedilo associada ao conceito de valor percebido (a soma dos benefiacutecios sobre a soma dos

custos) sob a oacutetica do cliente (URDAN URDAN 2006 p 184) Os autores afirmam que

preccedilo eacute tudo o que o consumidor percebe ter dado ou sacrificado para obter o produto O

22

preccedilo tem dois componentes O primeiro eacute o monetaacuterio que eacute a concepccedilatildeo usual do

consumidor mas que vai aleacutem do preccedilo pago pelo produto e acrescenta os custos de operaccedilatildeo

manutenccedilatildeo e depreciaccedilatildeo do bem O segundo eacute o componente natildeo monetaacuterio que consiste

nos custos de tempo de energia e psicoloacutegico para adquirir e utilizar o item (figura 1)

Fonte Urdan e Urdan (2006)

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing

Corey (1991) compara o estabelecimento de preccedilos a um jogo de pocircquer no qual a empresa

estabelece seu preccedilo na ausecircncia de informaccedilatildeo completa baseando-se em expectativas de

retornos do mercado e retaliaccedilotildees da concorrecircncia Os movimentos satildeo baseados nas forccedilas de

que a organizaccedilatildeo dispotildee e nas estimativas das forccedilas dos oponentes como tambeacutem em uma

compreensatildeo das suas accedilotildees tiacutepicas Assim qualquer negociaccedilatildeo pode ser entendida como

uma troca de algo de valor geralmente dinheiro (preccedilo) por satisfaccedilatildeo (produto) A chave

para determinar o preccedilo de um produto estaacute na compreensatildeo do valor que os consumidores

percebem E esse valor resulta de suas percepccedilotildees da satisfaccedilatildeo total proporcionada pelo

Sacrifiacutecio de Tempo

Sacrifiacutecio de Energia

Sacrifiacutecio Psicoloacutegico

Preccedilo Monetaacuterio Objetivo

Preccedilo natildeo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Percebido

(total)

23

produto do pacote total de utilidade Ainda assim o preccedilo do produto eacute muitas vezes o fator-

chave que conduz a uma troca

Ao definir o preccedilo Ferrell (2000) argumenta que existem dois pontos que devem ser

considerados (i) que para uma empresa preccedilo eacute a quantidade de dinheiro que ela estaacute disposta

a aceitar em troca de um produto e tal soma deve ser suficientemente alta para cobrir os custos

e dar algum lucro mas natildeo tanto a ponto de impedir a venda de seu produto (ii) para os

consumidores preccedilo eacute a quantia que eles estatildeo dispostos a desembolsar em troca de um

produto Portanto eacute importante que exista um equiliacutebrio na construccedilatildeo deste para que as duas

partes se satisfaccedilam em sua transaccedilatildeo comercial

Na mesma linha de raciociacutenio Rocha e Christensen (1999) afirmam que o preccedilo define as

condiccedilotildees baacutesicas pelas quais o vendedor e o comprador estatildeo dispostos a realizar a troca Os

autores ainda complementam que para a empresa o preccedilo pode ser visto como a compensaccedilatildeo

recebida pelos produtos e serviccedilos que oferece ao mercado e para o comprador o preccedilo

expressa o que ele estaacute disposto a dar para adquirir o que a empresa lhe oferece (bens ou

serviccedilos)

Lambin (2000a) tambeacutem raciocina que a questatildeo do preccedilo tem dois aspectos importantes sob

o ponto de vista das empresas a serem considerados (i) o preccedilo eacute um instrumento para

analisar demanda e ao mesmo tempo (ii) eacute um fator determinante da rentabilidade a longo

prazo Entretanto a escolha por uma estrateacutegia de apreccedilamento deve respeitar dois tipos de

coerecircncia a interna e a externa A interna diz respeito aos custos e a rentabilidade essenciais

para a sobrevivecircncia da companhia e a externa agrave forccedila do mercado (poder de compra dos

consumidores) e preccedilo da concorrecircncia Aleacutem do mais natildeo se pode esquecer a coerecircncia com

as estrateacutegias de produto e distribuiccedilatildeo a chamada consistecircncia horizontal

24

Para o consumidor o preccedilo eacute expressatildeo monetaacuteria de um valor e tem papel central na troca O

comportamento de compra pode ser visto como um sistema de troca onde a procura pela

satisfaccedilatildeo e o sacrifiacutecio monetaacuterio compensam um ao outro Esse comportamento eacute resultado

de uma necessidade e a quantia que o consumidor estaacute disposto a pagar pelo produto mede a

intensidade dessa necessidade e a qualidade e satisfaccedilatildeo que eacute esperada (LAMBIN 2000a)

As decisotildees de preccedilos satildeo importantes pois afetam o volume de vendas de uma empresa e

quanto de recursos ela recebe Mesmo com tal importacircncia muitas empresas natildeo lidam bem

com a determinaccedilatildeo de preccedilos Segundo Kotler e Keller (2005) os erros mais comuns satildeo

preccedilos demasiadamente orientados para custos os preccedilos natildeo sofrem revisatildeo com suficiente

frequumlecircncia para capturar mudanccedilas praticadas pelo mercado a determinaccedilatildeo dos preccedilos

independe do restante do composto de marketing e a natildeo variaccedilatildeo de acordo com diferentes

itens de produtos segmentos de mercado e ocasiotildees de compra

Lovelock (1996) e Kotler e Keller (2005) ainda referem-se ao preccedilo como o uacutenico elemento

do composto de marketing que produz receita enquanto todos os outros produzem custos

sendo assim consideradas de mais difiacutecil compressatildeo Eacute visto tambeacutem pelos autores como o

mais flexiacutevel pois pode ser alterado com rapidez ao contraacuterio das caracteriacutesticas de produtos

dos contratos com os canais de distribuiccedilatildeo e as promoccedilotildees planejadas Essa flexibilidade dos

preccedilos praticados pelos concorrentes eacute um dos maiores problemas com o qual as empresas se

deparam (PALMER 2000)

O preccedilo tambeacutem informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido por uma empresa

para seu produto ou marca (KOTLER KELLER 2005) Mazzon Guagliardi Fonseca (1983)

afirmam que o preccedilo eacute uma variaacutevel sensiacutevel em qualquer modelo em que eacute considerado

devido agrave caracteriacutestica de aumentar o lucro dos componentes do canal de distribuiccedilatildeo e

25

tambeacutem por permitir ao consumidor aumentar suas possibilidade de consumo do produto bem

como permitir o consumo de outros produtos

Czinkota (2001) apresenta as principais variaacuteveis envolvidas na definiccedilatildeo de preccedilos -

preocupaccedilotildees estrateacutegicas sensibilidade da demanda custos e preocupaccedilotildees eacuteticas e legais e

os fatores que influenciam na necessidade de ajuste conforme a figura 2 Lambin (2000a)

afirma que a noccedilatildeo de preccedilo eacute ampla e vai aleacutem da simples coincidecircncia dos fatos puramente

objetivos e quantitativos A quantidade de dinheiro pago mede de forma incompetente o

sacrifiacutecio realizado e da mesma maneira a quantidade de bens adquiridos mede de forma

imperfeita a satisfaccedilatildeo

Fonte Czinkota (2001)

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

26

Lepsch (1996) considera a estrateacutegia de formaccedilatildeo de preccedilos como um plano projetado e

administrado de forma eficiente que considera a fixaccedilatildeo de preccedilos como uma funccedilatildeo de

custos percepccedilatildeo do cliente e reaccedilotildees da concorrecircncia

Apesar de todas as estrateacutegias existentes para as empresas determinarem o preccedilo de seus

produtos quem iraacute decidir se esse eacute o preccedilo correto ou natildeo eacute o consumidor final De nada

adiantaraacute uma companhia decidir sobre o apreccedilamento de seus bens ou serviccedilos se o cliente

natildeo estiver disposto a pagar a quantia proposta Portanto a poliacutetica de formaccedilatildeo de preccedilo deve

ser orientada para o consumidor claro que de forma a cobrir os custos da empresa e gerar

algum lucro mas tambeacutem analisando como os produtos atribuem benefiacutecios definindo um

preccedilo justo a esse valor percebido pelo usuaacuterio Um consumidor racional somente iraacute adquirir

um produto quando o valor percebido for maior que o valor pago para a aquisiccedilatildeo deste item

O valor atribuiacutedo ao produto pode se caracterizar por diversas formas como a qualidade o

gosto a ambientaccedilatildeo o status entre outros sendo que esses atributos variam conforme os

diferentes segmentos de consumidores e as diferentes situaccedilotildees de compra

Entre tantas consideraccedilotildees e afirmaccedilotildees sobre preccedilos um ponto importante e comum entre

todos os autores diz respeito agrave complexidade da sua determinaccedilatildeo Para que o apreccedilamento

seja estabelecido de forma adequada Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker e Etzel

(2001) consideram que uma empresa deve seguir seis etapas (1) seleccedilatildeo do objetivo da

determinaccedilatildeo de preccedilos (2) determinaccedilatildeo da demanda (3) estimativa de custos (4) anaacutelise de

custos preccedilos e oferta dos concorrentes (5) seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos

e (6) seleccedilatildeo do preccedilo final Cada uma dessas etapas seraacute discutida neste trabalho

27

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo

Boone e Kurtz (1998) consideram que da mesma forma que o preccedilo eacute um dos componentes

do composto de marketing os objetivos de determinaccedilatildeo de preccedilos tambeacutem satildeo um

componente dos objetivos gerais da organizaccedilatildeo Os autores explicam que os objetivos de

marketing representam os resultados que os executivos esperam alcanccedilar que se baseiam

nesses objetivos gerais Os objetivos da empresa e da funccedilatildeo de marketing provecircem a base

para determinar os objetivos da fixaccedilatildeo de preccedilos usados para desenvolver e implementar os

procedimentos e poliacuteticas de apreccedilamento mais especiacuteficas (BOONE KURTZ 1998)

Neves (2005) explica que a decisatildeo de onde a empresa deseja posicionar sua oferta deveraacute ser

o primeiro passo que a empresa adota pois quanto mais claros os objetivos do plano de

marketing mais faacutecil seraacute a determinaccedilatildeo de preccedilos Deve-se decidir sobre os objetivos de

preccedilo antes de determinar o proacuteprio preccedilo Entretanto poucas empresas estabelecem um

objetivo de preccedilo A importacircncia de considerar esse passo fica clara quando as possiacuteveis

escolhas satildeo apresentadas e a relevacircncia e consequumlecircncia que cada uma tem sobre o

apreccedilamento de um produto

Satildeo considerados cinco objetivos para a determinaccedilatildeo de preccedilo (KOTLER KELLER 2005

CZINKOTA 2001) (1) sobrevivecircncia (2) maximizaccedilatildeo do lucro (3) maximizaccedilatildeo do

crescimento das vendas ou manutenccedilatildeo eou aumento da participaccedilatildeo de mercado (4)

lideranccedila na qualidade do produto e (5) maximizaccedilatildeo do aproveitamento do mercado ou

desnataccedilatildeo

28

Os objetivos de maximizaccedilatildeo do lucro e do volume satildeo mais comuns mesmo entre autores

que utilizam outras classificaccedilotildees O objetivo de sobrevivecircncia eacute considerado de curto prazo e

geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila

nos desejos do consumidor Quando optam por utilizar este objetivo o preccedilo estabelecido

deve cobrir os custos variaacuteveis e alguns dos custos fixos caso contraacuterio a empresa pode ir agrave

falecircncia No caso da lideranccedila na qualidade do produto as empresas tecircm seus produtos

caracterizados por altos niacuteveis de qualidade e valor percebidos com preccedilos altos poreacutem natildeo a

ponto de se tornarem quase inacessiacuteveis aos consumidores Satildeo os produtos de preccedilo-

premium

A estrateacutegia de preccedilo-premium eacute aplicada para diferentes versotildees de um mesmo produto uma

superior e outra baacutesica ou padratildeo Os compradores potenciais do modelo padratildeo satildeo muito

sensiacuteveis a preccedilos ao contraacuterio dos compradores da versatildeo superior do item Uma variaccedilatildeo do

preccedilo-premium eacute o preccedilo de imagem As duas estrateacutegias tecircm o mesmo objetivo sinalizar

para os compradores desinformados a alta qualidade do produto e utilizar o lucro realizado

com a versatildeo superior para subsidiar o preccedilo da versatildeo baacutesica ou padratildeo do produto

(LAMBIN 2000a) A caracteriacutestica que difere uma estrateacutegia da outra eacute que no segundo

caso natildeo existe uma diferenccedila real entre os produtos ou marcas apenas considera-se a

imagem passada e o posicionamento

Na desnataccedilatildeo do mercado os preccedilos comeccedilam altos e se reduzem gradualmente com o

tempo Eacute um objetivo praticado geralmente por empresas que lanccedilam tecnologias novas e faz

sentido apenas sob as seguintes condiccedilotildees (i) um nuacutemero suficiente de compradores tem uma

demanda corrente alta (ii) o custo unitaacuterio de produzir uma quantidade pequena natildeo eacute alto

suficiente para anular a vantagem de cobrar o que o mercado tem condiccedilotildees de pagar (iii) o

29

preccedilo alto inicial natildeo atrai mais concorrentes para o mercado e (iv) o preccedilo elevado comunica

a imagem de um produto de qualidade superior (KOTLER KELLER 2005)

Em outras palavras Lambin (2000a) descreve a desnataccedilatildeo como objetivo atingir alta receita

em vendas oferecendo produtos com qualidades peculiares (reais ou percebidos) a preccedilos

muito altos para alguns compradores ou segmentos especiacuteficos que estatildeo preparados e

dispostos a pagar por essa distinccedilatildeo O objetivo aqui eacute alcanccedilar o mais alto turnover possiacutevel

com preccedilo alto em vez de volume alto (LAMBIN 2000a) O autor considera esta a estrateacutegia

totalmente oposta agrave maximizaccedilatildeo de volume

Outros autores preferem agrupar os objetivos de formas diferentes Para Jain (2000) eles

podem ser orientados para o lucro e para o volume e Lambin (2000a) afirma que alguns

objetivos podem ser tambeacutem orientados para a concorrecircncia Boone e Kutz (1998)

consideram quatro os principais objetivos de apreccedilamento (1) objetivos de lucratividade (2)

objetivos de volume (3) objetivos concorrenciais e (4) objetivos de prestiacutegio

Embora as classificaccedilotildees variem de um autor para outro percebe-se nos agrupamentos que os

objetivos de lucratividade e os objetivos de volume satildeo comuns a todos os autores citados Os

objetivos concorrencias satildeo equivalentes apenas entre Lambin (2000a) e Boone e Kutz

(1998) O uacutenico grupo exclusivamente idealizado por Boone e Kutz (1998) eacute denominado

objetivos de prestiacutegio Seratildeo discutidos primeiramente os objetivos comuns a todos em

sequumlecircncia os objetivos orientados para a concorrecircncia e finalmente a quarta proposta de

agrupamento de Boone e Kutz (1998)

Jain (2000) considera que quando orientado para o lucro o objetivo pode ser definido tanto

em termos da porcentagem de lucro desejada (maximizaccedilatildeo dos lucros) quanto do retorno

almejado sobre o investimento Lambin (2000a) cita a maximizaccedilatildeo do lucro como um

30

modelo apresentado pelos economistas Para o autor o modelo eacute difiacutecil de ser aplicado na

praacutetica pois natildeo apenas assume o conhecimento preciso sobre as funccedilotildees de custo e demanda

de cada produto como tambeacutem assume a estabilidade que eacute raramente aproveitada pelos

fatores ambientais e competitivos

Boone e Kutz (1998) afirmam que os economistas identificam a maximizaccedilatildeo dos lucros

como o ponto no qual uma adiccedilatildeo agrave receita total eacute equilibrada exatamente por um aumento no

custo total e o problema estaacute em saber como atingir esse equiliacutebrio Para eles a teoria

econocircmica se baseia em pressupostos sendo um deles o de que todas as empresas teratildeo um

comportamento racional que resultaraacute em um esforccedilo para maximizar ganhos e minimizar

perdas Nicol (1985) considera que as empresas natildeo podem ter um uacutenico objetivo o da

maximizaccedilatildeo do lucro contudo ele eacute um importante objetivo de uma empresa geneacuterica

O objetivo de retorno-alvo (ROI) eacute difundido (LAMBIN 2000a) Na praacutetica calcula-se o

preccedilo-alvo que eacute aquele o qual para um niacutevel de atividade assegura um retorno justo sobre o

capital investido Para o autor essa teoria muito utilizada pelas empresas tem o meacuterito da

simplicidade mas eacute incorreta pois ignora o fato de que eacute o niacutevel do preccedilo que determina o

niacutevel da demanda Boone e Kutz (1998) consideram que os objetivos de retorno-alvo

oferecem uma seacuterie de vantagens ao profissional de marketing servindo como um meio de

avaliar desempenho Aleacutem disso satildeo projetados para gerar um lucro justo de acordo com o

julgamento dos gerentes acionistas e puacuteblico em geral (BOONE KURTZ 1998)

Por outro lado Jain (2000) argumenta que o objetivo mais utilizado pelas grandes empresas eacute

o preccedilo voltado para volume Boone e Kutz (1998) consideram que as empresas nesta

ocasiatildeo estabelecem um niacutevel miacutenimo aceitaacutevel de lucro e entatildeo procuram maximizar as

vendas (sujeitas a esta restriccedilatildeo de lucro) acreditando que no quadro de concorrecircncia de

longo prazo um grande volume de vendas eacute mais importante do que lucros elevados logo de

31

iniacutecio Assim as empresas continuam a expandir suas vendas ateacute o ponto em que os lucros

totais natildeo caiam abaixo dos retornos miacutenimos obtidos como aceitaacuteveis pela companhia

Os objetivos de volume tambeacutem podem ser estabelecidos como a participaccedilatildeo de mercado que

a companhia gostaria de atingir que pode comeccedilar como sendo a taxa de crescimento de

vendas desejada ou simplesmente assegurar um crescimento de vendas suficiente para a

empresa (LAMBIN 2000a) Para Lambin (2000a) maximizar a participaccedilatildeo de mercado

implica em adotar um preccedilo de penetraccedilatildeo que eacute uma quantia relativamente baixa menor do

que o preccedilo da concorrecircncia para aumentar o volume de vendas e consequumlentemente o

market-share o mais raacutepido possiacutevel Boone e Kutz (1998 p 467) definem como a meta

estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma determinada mercadoria ou

serviccedilo Esta meta pode ser tanto a manutenccedilatildeo da atual participaccedilatildeo quanto o aumento

dessa fatia do mercado em alguns pontos percentuais

Lambin (2000a) afirma que aleacutem das orientaccedilotildees para o lucro e para o volume a companhia

tem um terceiro objetivo desta vez orientado para a competiccedilatildeo Esta visatildeo tambeacutem eacute

compartilhada por Boone e Kutz (1998) Neste caso os preccedilos devem estar alinhados com os

concorrentes ou objetivar s estabilidade Para o autor em induacutestrias lideradas por uma

empresa o objetivo eacute criar um relacionamento estaacutevel entre produtos concorrentes para evitar

flutuaccedilotildees de preccedilos que podem abalar a confianccedila do consumidor O objetivo de se alinhar

aos preccedilos das empresas concorrentes mostra que a companhia estaacute consciente da sua

incapacidade de exercer qualquer influecircncia no mercado especialmente quando existe uma

empresa liacuteder e os produtos satildeo padronizados como um oligopoacutelio indiferenciado Neste

caso a empresa prefere concentrar seus esforccedilos outros aspectos que natildeo seja o preccedilo

(LAMBIN 2000a) Uma vez alcanccedilada a posiccedilatildeo de dominante o objetivo muda para uma

32

taxa de retorno suficiente ou satisfatoacuteria Esta eacute uma estrateacutegia frequumlentemente utilizada por

empresas com um volume alto de produccedilatildeo acumulada e que espera reduzir custos

Os objetivos de prestiacutegio compotildee a uacuteltima categoria de apreccedilamento natildeo relacionada agrave

lucratividade e ao volume Um objetivo de prestiacutegio envolve a determinaccedilatildeo de um preccedilo

relativamente alto para desenvolver e manter uma imagem de qualidade e exclusividade

direcionado para consumidores natildeo sensiacuteveis a preccedilos e sensiacuteveis a questatildeo de status

(BOONE KURTZ 1998) A utilizaccedilatildeo do objetivo de preccedilo por prestiacutegio reflete a ecircnfase

dada pelo profissional de marketing muito mais agrave imagem do produto do que ao custo dos

seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo O quadro 1 apresenta um resumo geral dos

objetivos de preccedilos e suas caracteriacutesticas

Definido o objetivo de preccedilo a empresa precisa compreender as relaccedilotildees entre a fixaccedilatildeo de

preccedilos e a curva de demanda O preccedilo eacute um fator essencial como determinante da demanda

Os quatro fatores considerados pelos economistas na determinaccedilatildeo da demanda satildeo preccedilo do

produto preccedilo dos substitutos renda dos consumidores e suas preferecircncias Caso os outros

trecircs fatores permaneccedilam constantes quanto mais alto for o preccedilo menor seraacute a demanda O

proacuteximo toacutepico discute as relaccedilotildees entre a demanda e o preccedilo de produtos e suas implicaccedilotildees

33

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo

Objetivo

Caracteriacutestica

Sobrevivecircncia

Objetivo de curto prazo geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila nos desejos do consumidor

Maximizaccedilatildeo do Lucro

Quando satildeo estimados a demanda e os custos com preccedilos alternativos e escolha do niacutevel que maximiza o lucro e se estabelece um niacutevel especiacutefico de lucro como objetivo

Maximizaccedilatildeo do Volume

Meta estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma mercadoria ou serviccedilo Pode ser para manter ou aumentar a fatia

Lideranccedila na Qualidade do Produto

Produtos com alta qualidade preccedilo relativamente alto mas benefiacutecio percebido Gera lealdade e o preccedilo natildeo dificulta o acesso apenas traduz a qualidade

Desnatamento

Quando haacute estimativa do preccedilo mais alto que se pode cobrar dados os benefiacutecios comparativos em relaccedilatildeo aos substitutos disponiacuteveis para uma posterior reduccedilatildeo do preccedilo e assim conquistar o segmento imediatamente inferior

Concorrenciais

Preccedilos equivalentes aos da concorrecircncia e diferenciaccedilatildeo por meio dos outros componentes do mix de marketing

Prestiacutegio

Preccedilo alto para consumidores sensiacuteveis agrave status ecircnfase na imagem do produto e natildeo ao custo dos seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo

Fonte Elaborado pela autora a partir de Boone e Kutz (1998) Czinkota (2001) Kotler e Keller (2005) Lambin (2000a) Lambin (2000b) e Stanton Waltker e Etzel (2001)

23 Determinaccedilatildeo da Demanda

O apreccedilamento estrateacutegico de um produto natildeo deve considerar apenas os custos eacute importante

identificar o niacutevel de demanda ao longo do tempo Preccedilos baseados apenas nas necessidades

financeiras da empresa satildeo considerados inapropriados segundo Lambin (2000a) Em uma

economia de mercado eacute o comprador quem decide que produto seraacute vendido

Consequumlentemente em uma organizaccedilatildeo bem sucedida um apreccedilamento efetivo comeccedila com

34

o preccedilo mais proacuteximo de ser aceito pelo mercado que por sua vez determina o custo-alvo da

empresa (LAMBIN 2000a)

O custo-alvo eacute um conceito que foi desenvolvido em meados da deacutecada de 90 Ao contraacuterio

da praacutetica tradicionalmente utilizada (primeiro desenvolve-se o produto e o custo eacute a base

para a determinaccedilatildeo do preccedilo figura 3) o custo-alvo leva em consideraccedilatildeo primeiramente a

necessidade do consumidor descoberta por meio de pesquisas de mercado em seguida o

valor que ele daacute ao produto o preccedilo do mercado e o quanto o cliente pagaria para adquiri-lo a

partir desse ponto avaliar os custos para o desenvolvimento do bem comparaacute-lo com o preccedilo

e desenvolver efetivamente o produto (figura 4)

A determinaccedilatildeo da demanda em alguns casos eacute clara poreacutem em outros os padrotildees soacute satildeo

revelados quando devidamente estudados e mapeados Cada preccedilo praticado pela empresa

resultaraacute em um diferente niacutevel de demanda e consequumlentemente causaraacute diferentes impactos

nos objetivos de marketing de uma empresa

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto

CONSUMIDOR

CONSUMIDOR VALORVALOR PRECcedilOPRECcedilO CUSTOCUSTO PRODUTOPRODUTO

PRODUTOPRODUTO CUSTOCUSTO VALORVALORPRECcedilOPRECcedilO CONSUMIDOR

CONSUMIDOR

35

Lambin (2000a) considera a noccedilatildeo de elasticidade um importante conceito na anaacutelise da

demanda pois mede diretamente a sensibilidade a preccedilo do consumidor Churchill Jr e Peter

(2003) definem elasticidade-preccedilo como a medida da sensibilidade da demanda agrave mudanccedilas

nos preccedilos

Simonsen (1973) explica que o economista Marshall primeiro a encontrar uma forma praacutetica

de expressar o conceito da elasticidade da demanda a definiu como o aumento percentual da

quantidade procurada quando o preccedilo abaixa 1 Se a quantidade procurada de um item

aumentar 2 porque seu preccedilo caiu em 1 significa que o seu coeficiente de elasticidade eacute

igual a 2 Deve considerar poreacutem que o conceito de elasticidade refere-se a um ponto da

curva de demanda e natildeo da curva completa

Para determinar a elasticidade em P traccedila-se uma tangente agrave curva por esse ponto a qual

intercepta os eixos do graacutefico respectivamente nos pontos M e N (figura 5) O coeficiente da

elasticidade eacute representado pela foacutermula

Kotler e Armstrong (1998) considera

relaccedilatildeo entre a variaccedilatildeo da quantidad

resultado maior eacute a relaccedilatildeo da dema

como a porcentagem de variaccedilatildeo de u

preccedilo

E= MP PN

m que a elasticidade da demanda pode ser medida pela

e vendida e a variaccedilatildeo do preccedilo Quanto mais alto o

nda e de preccedilo e Lambin (2000a) descreve a foacutermula

nidades vendidas sobre a porcentagem de variaccedilatildeo do

36

Fonte Simonsen 19

Figura 5 Represe

Besanko Dranove

independentemente

preccedilo em P0) ele m

Q1l Parte do cresc

Q1) vem dos con

2000) A figura 6

mercado

A curva de demand

produto ou serviccedilo

maior do que 1 ( sum

preccedilos a determin

coeficiente de elas

vendas natildeo eacute afeta

de custos ao consu

deve-se realizar um

Preccedilo

73

ntaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticid

e Shanley (2000) afirmam que quando u

do setor de P0 para P1 (com todos os

ove na curva de demanda de DD para d

imento (Q1 Q0) vem de seus consumido

sumidores de outras empresas (BESAN

representa a curva de demanda quando um

a pode ser elaacutestica ou inelaacutestica Quando o

eacute inferior a 1 ( sum lt 1) a demanda eacute co

lt 1) a demanda eacute considerada elaacutestica N

accedilatildeo precisa dos seus custos seraacute mais

ticidade Quando a demanda eacute inelaacutestica o

do pelas mudanccedilas de preccedilo assim a empr

midor sem maiores perdas Poreacutem quando

a anaacutelise de custos que permitiraacute a proj

E= MP PN

Quantidade

P

N

R

0

S

M

ade da Demanda

m vendedor reduz o seu preccedilo

seus concorrentes segurando o

d e suas vendas aumentam para

res leais e a outra parte (Q1l

KO DRANOVE SHANLEY

a empresa muda seu preccedilo no

coeficiente de demanda de um

nsiderada inelaacutestica e quando eacute

o que diz respeito agrave poliacutetica de

importante quanto maior for o

u pouco elaacutestica o volume de

esa pode transferir os aumentos

a demanda eacute altamente elaacutestica

eccedilatildeo de provaacuteveis margens de

37

lucro em diferentes niacuteveis de venda com base nas relaccedilotildees entre preccedilo e quantidade em cada

niacutevel (SIMONSEN 1973 KOTLER KELLER 2005 BESANKO DRANOVE SHANLEY

2000 NICOL 1983 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN1999)

Fonte Adaptado de

Figura 6 Curva

muda o preccedilo

A demanda elaacutestic

vendida o suficient

1997) No setor ali

com que ocorra um

loja ou rede varej

estabelecimento qu

A curva da deman

preccedilos (KOTLER

Preccedilo

Besanko Dranove e Shanley (2000)

de Demanda de um Vendedor Individua

a ocorre quando a reduccedilatildeo de preccedilos faz

e para compensar a receita e os resultados

mentiacutecio a demanda eacute considerada inelaacutesti

acreacutescimo substancial no volume de venda

ista eacute considerada elaacutestica pois os cons

e tiver melhores niacuteveis de preccedilos

da mostra o volume provaacutevel de compra

KELLER 2005 p 435) A curva resume a

Quantidade

D

D

d

d

P0

P1

Q0

Q1

Q1l

l quando independentemente

com que aumente a quantidade

(MCCARTHY PERREAULT

ca (a reduccedilatildeo de preccedilos natildeo faz

s) poreacutem quando analisada por

umidores passam a escolher o

do mercado ante alternativas de

s reaccedilotildees de consumidores com

38

diferentes sensibilidades a preccedilo portanto o primeiro passo para determinar a demanda eacute

compreender os fatores que afetam a sensibilidade Kotler e Keller (2005) afirmam que os

compradores satildeo menos sensiacuteveis a preccedilos de produtos comprados com pouca frequumlecircncia ou

que inspiram prestiacutegio Os consumidores que apresentam pouca sensibilidade satildeo os

preferidos das empresas Nagle e Holden (2003) Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000a)

indicam nove fatores relacionados agrave menor sensibilidade a preccedilos

1 O produto eacute exclusivo - valor uacutenico

2 Os compradores tecircm menos consciecircncia da existecircncia de substitutos

3 Os compradores natildeo conseguem comparar facilmente a qualidade de substitutos

4 A despesa eacute uma pequena parte do orccedilamento familiar

5 O benefiacutecio final do produto eacute grande ou seja a despesa eacute pequena em relaccedilatildeo ao

custo total do produto final

6 O custo do produto eacute compartilhado com terceiros

7 O produto eacute utilizado em conjunto com bens comprados anteriormente

8 O produto apresenta mais qualidade prestiacutegio ou exclusividade Preccedilo-Qualidade

9 Os compradores natildeo podem estocar o produto

As empresas precisam entender a sensibilidade a preccedilo de seus clientes atuais e potenciais

bem como as anaacutelises comparativas que as pessoas estatildeo dispostas a realizar para avaliar o

preccedilo diante das especificaccedilotildees dos produtos (figura 7) Lambin (2000a) considera todo

comprador sensiacutevel a preccedilo poreacutem essa sensibilidade pode variar tremendamente de uma

situaccedilatildeo para outra como mostram os fatores citados pelos estudiosos da aacuterea Essa variaccedilatildeo

ocorre de acordo com a importacircncia da satisfaccedilatildeo que o produto proporciona ou do sacrifiacutecio

necessaacuterio para adquirir o bem Ter somente consumidores sensiacuteveis como alvo pode

significar que a empresa estaacute deixando de ganhar dinheiro (KOTLER KELLER 2005)

39

Fonte Elaborado pela autora

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos

Para mensurar a sensibilidade vaacuterios meacutetodos podem ser aplicados Lambin (2000a) agrupa

esses meacutetodos em quatro categorias principais (i) o julgamento de especialistas (the expert

judgement) (ii) pesquisas com consumidores (iii) experimentos com preccedilo e (iv) estudos

economeacutetricos O julgamento de especialistas consiste em pedir para especialistas do mercado

trecircs estimativas ou pontos na curva de resposta ao preccedilo a menos realista a mais realista e a

associaccedilatildeo do volume de vendas mais as vendas esperadas a um preccedilo meacutedio

As pesquisas com consumidores podem ser diretas ou indiretas O meacutetodo mais utilizado eacute o

indireto por meio de anaacutelise conjunta Os experimentos com preccedilos satildeo realizados em

laboratoacuterios ou no proacuteprio campo (mercado) e os estudos economeacutetricos satildeo baseados em

anaacutelises de painel ou seacuteries temporais (LAMBIN 2000a)

Sensibilidade a Preccedilo

Valor da diferenciaccedilatildeo

Alta

Alta

Baixa

Baixa

Compradores

de Preccedilo

Compradores

de Valor

Compradores

de Conveniecircncia

Compradores

de Relacionamento

40

Mensurar a elasticidade da demanda pode ser uacutetil por diversas razotildees A elasticidade fornece

informaccedilotildees sobre a direccedilatildeo na qual os preccedilos podem mudar para simular a demanda e

aumentar o faturamento Aleacutem disso comparar a elasticidade de marcas concorrentes

identifica aquelas que podem resistir mais a um aumento de preccedilo e assim revelar seu poder

de mercado Comparar a elasticidade de produtos de mesma categoria ajuda no ajuste de

preccedilo dentro da categoria e por fim a elasticidade cruzada ajuda a prever as mudanccedilas na

demanda de uma marca para outra (LAMBIN 2000a)

Lambin (2000a) chama a atenccedilatildeo para algumas limitaccedilotildees que podem reduzir a utilidade

praacutetica dos meacutetodos de mensuraccedilatildeo A elasticidade mede o relacionamento baseando-se no

comportamento do consumidor que soacute eacute observaacutevel depois do acontecimento O seu valor

preventivo depende da estabilidade das condiccedilotildees que ocasionaram a observaccedilatildeo portanto

natildeo pode ser utilizado para determinar o preccedilo de novos produtos Outro ponto eacute que em

muitas situaccedilotildees o problema natildeo eacute tanto saber como adaptar o preccedilo a sensibilidade atual do

mercado mas sim saber de forma mudar essa sensibilidade para a direccedilatildeo procurada pela

empresa Nesse caso eacute mais interessante saber o valor percebido do produto pelo grupo-alvo

de consumidores Por fim a elasticidade mede o impacto do preccedilo na quantidade comprada

do produto mas natildeo mede o efeito do preccedilo na propensatildeo a experimentar o produto em

compras repetitivas a taxas exclusivas entre outros e essas satildeo noccedilotildees importantes para

entender o mecanismo de resposta do consumidor em relaccedilatildeo ao preccedilo dos produtos

Eacute vaacutelido destacar que os meacutetodos de mensuraccedilatildeo da demanda foram desenvolvidos para

modelos econocircmicos para auxiliar mais no entendimento do comportamento econocircmico do

que como uma ferramenta de decisatildeo Essa afirmaccedilatildeo natildeo significa poreacutem que a teoria

econocircmica natildeo tenha relevacircncia para o estudo da determinaccedilatildeo do preccedilo pois mesmo sendo

imprecisa a estimativa da elasticidade do preccedilo ajuda a determinar a direccedilatildeo da mudanccedila de

41

preccedilo e seu impacto na receita de vendas Contudo os administradores de marketing deveriam

desenvolver meacutetodos de mensuraccedilatildeo mais adequados agraves suas necessidades

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)

A fixaccedilatildeo de preccedilo baseado no cliente trabalha o preccedilo de modo mais lucrativo e com a

captura de mais valor natildeo necessariamente vendendo mais (aumento do volume de vendas)

Aleacutem disso leva em conta os preccedilos que os consumidores estatildeo dispostos a pagar e pode

chegar a um montante que natildeo reflete o verdadeiro valor do produto

Satildeo utilizados o preccedilo de valor e as estrateacutegias flexiacuteveis de apreccedilamento O preccedilo de valor

representa a fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando

comparado ao seu concorrente Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo requer uma reengenharia

de operaccedilotildees ou seja um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade (Lambin

2000a Lambin 2000 b Kotler Keller 2005)

Lambin (2000a) explica que do ponto de vista do consumidor um produto eacute o total de

benefiacutecios recebidos quando utilizado Portanto uma empresa orientada para o consumidor

precisa fixar os seus preccedilos de acordo com a percepccedilatildeo de benefiacutecios e custos do cliente Os

consumidores comparam os benefiacutecios de uma compra com o custo que ela representou

Quando o produto considerado apresenta a melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio o consumidor estaacute

inclinado a comprar o bem

42

O procedimento de preccedilo de valor pode ser implementado de duas formas diferentes A

primeira delas eacute o valor percebido A ideacuteia baacutesica por traacutes desse meacutetodo eacute o valor percebido

no produto ou marca o qual iraacute determinar o niacutevel de preccedilo O preccedilo de valor percebido

considera as percepccedilotildees de valor dos clientes e natildeo o custo do vendedor Aleacutem disso a

estrateacutegia utiliza os elementos do mix de marketing para aumentar o valor percebido pelo

cliente e a chave para a sua determinaccedilatildeo eacute a precisatildeo na percepccedilatildeo do mercado relativa ao

valor da oferta Eacute preciso determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a

percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta Nesse caso eacute fundamental pensar-se no

posicionamento do produto Deve-se ainda mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais

caro (o valor que a oferta de fato representa)

A segunda maneira eacute o preccedilo maacuteximo aceitaacutevel particularmente utilizado para determinar

preccedilos de produtos na induacutestria O principal benefiacutecio para o comprador nesse caso eacute a

reduccedilatildeo de custos O procedimento segue os seguintes passos (i) entender o uso do produto

pelo consumidor (ii) analisar os benefiacutecios gerados pelo produto (iii) analisar os custos de

aquisiccedilatildeo e de uso do produto (iv) calcular a relaccedilatildeo custo-benefiacutecio e determinar o preccedilo

maacuteximo aceitaacutevel (LAMBIN 2000a) O preccedilo mais alto que o consumidor estaraacute disposto a

pagar pelo produto eacute calculado por

Benefiacutecios Custos = Preccedilo Maacuteximo Aceitaacutevel

Algumas das limitaccedilotildees do apreccedilamento baseado no cliente referem-se agrave falha na percepccedilatildeo

que pode afetar a lucratividade da empresa a longo prazo e ao surgimento de alguns

problemas quando os preccedilos natildeo refletem o montante que os clientes estatildeo dispostos a pagar

43

pois alguns compradores sofisticados raramente satildeo honestos a respeito de quanto estatildeo

dispostos a pagar por um produto Para que a estrateacutegia tenha um bom desempenho deve-se

aumentar a disposiccedilatildeo do cliente a pagar um preccedilo que reflita o verdadeiro valor do produto

As empresas natildeo tecircm um preccedilo uacutenico mas sim uma variedade de preccedilos adaptados a

situaccedilotildees distintas de mercado Para isso satildeo utilizadas as estrateacutegias flexiacuteveis de mercado

Elas ocorrem em situaccedilotildees onde o mesmo produto eacute vendido para diferentes clientes a preccedilos

tambeacutem diferentes e podem ser obtidas por regiatildeo por periacuteodo por forma do produto ou de

um segmento para outro

Os economistas utilizam o termo descriminaccedilatildeo de preccedilos para designar as variaccedilotildees de preccedilo

que natildeo satildeo justificadas pelo custo (LAMBIN 2000b) As quatro formas de flexibilidade de

preccedilo satildeo (1) desconto para um segundo mercado que acontece quando uma empresa tem

excedente de produccedilatildeo e surge a oportunidade de vender seus produtos para um outro

mercado e nesse caso o preccedilo miacutenimo aceitaacutevel pela empresa deve ser o preccedilo piso ou

miacutenimo (2) descontos perioacutedicos ou sazonais que permitem que a empresa explore a

heterogeneidade da demanda - consumidores sensiacuteveis e natildeo sensiacuteveis a preccedilos que compram

o mesmo produto em periacuteodos diferentes vendendo com o preccedilo alto no comeccedilo da

temporada e oferecendo descontos sistemaacuteticos no fim do periacuteodo (3) os descontos

oferecidos ao acaso ou seja para situaccedilotildees onde existem empresas que vendem o mesmo

produto a um preccedilo alto e outras a um preccedilo baixo e existem consumidores informados e

desinformados quanto a essa diferenccedila A empresa estabelece um preccedilo alto para vender aos

clientes que natildeo conhecem o preccedilo inferior e ao mesmo tempo oferece descontos para atingir

os consumidores que procuram pelo preccedilo mais baixo e (4) os preccedilos promocionais

frequumlentemente utilizados por varejos supermercadistas e lojas de departamentos para

estimular as vendas (TELLIS 1986)

44

Por fim a empresa pode administrar seus preccedilos ajustando-o agraves vendas realizadas sob

diferentes condiccedilotildees diferentes quantidades diferentes tipos de intermediaacuterios em diferentes

regiotildees

Depois de realizar a anaacutelise da demanda o proacuteximo passo para o estabelecimento de uma

estrateacutegia de preccedilos eacute a estimativa de seus custos Embora existam empresas que determinem

o preccedilo de seus produtos de modo a cobrir todos os seus custos o resultado dessa conduta

nem sempre eacute a lucratividade Da mesma forma que os preccedilos baseados apenas na demanda

apresentam vaacuterias limitaccedilotildees os preccedilos baseados em custos tambeacutem satildeo passiacuteveis de erros

comuns nem sempre levados em consideraccedilatildeo pelas companhias Por outro lado natildeo existe

lucro sem que o preccedilo determinado seja capaz de cobrir as principais despesas de um bem ou

serviccedilo O proacuteximo toacutepico aborda as questotildees criacuteticas sobre anaacutelise de custos que devem ser

conhecidas pelos profissionais de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico correto de sua

oferta

24 Estimativa de Custos

O preccedilo estabelecido para um produto deve ser suficientemente alto para cobrir os custos

envolvidos em sua fabricaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998 p 471) Estes

custos satildeo conhecidos como custos fixos custos variaacuteveis custo total e custo marginal Os

custos fixos satildeo aqueles que permanecem estaacuteveis independentemente do niacutevel de produccedilatildeo

ao contraacuterio dos variaacuteveis que satildeo os custos de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra diretamente

alocados agrave produccedilatildeo O custo total eacute composto pelo somatoacuterio de todos os custos fixos e

variaacuteveis que se dividido pela quantidade de unidades produzidas resulta nos custos meacutedios

45

totais (BOONE KURTZ 1998 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN 1999) O

custo marginal eacute a mudanccedila no custo total que resulta da produccedilatildeo de uma unidade adicional

do produto (BOONE KURTZ 1998)

A divisatildeo entre custos fixos e variaacuteveis eacute o fundamento sobre o qual alicerccedila uma teacutecnica

contaacutebil-financeira usada na anaacutelise de investimentos e tambeacutem na fixaccedilatildeo de preccedilos Eacute o

estudo do ponto de breakeven Este ponto eacute aquele no qual receita e custos se equilibram

abrindo caminho para a regiatildeo dos lucros O ponto de equiliacutebrio ou de paridade e custo-

volume-lucro satildeo expressotildees empregadas com o mesmo significado de ponto de breakeven

(LEPSCH 1996) Entretanto a teacutecnica apresenta algumas deficiecircncias Ela supotildee linearidade

da receita e do custo trabalha com apenas um produto classifica os custos em fixos e

variaacuteveis apenas natildeo considera despesas com pesquisa e desenvolvimento (PampD) e promoccedilatildeo

institucional que satildeo realizadas durante vaacuterios periacuteodos para gerar aumento da receita

Jain (2000) explica que para estudar o impacto dos custos na estrateacutegia de apreccedilamento os

seguintes relacionamentos devem ser considerados (i) a proporccedilatildeo dos custos fixos para os

custos variaacuteveis (ii) a economia de escala disponiacutevel para uma empresa e (iii) a estrutura de

custos de uma empresa versus a do concorrente Se os custos fixos de uma companhia em

comparaccedilatildeo com os seus custos variaacuteveis formam uma alta proporccedilatildeo dos seus custos totais

adicionar o volume de vendas seraacute de grande ajuda para o aumento dos ganhos ou seja se os

custos fixos forem cobertos qualquer aumento no volume gera um ganho Em setores onde os

custos variaacuteveis satildeo de maior proporccedilatildeo no custo total pode-se afirmar que estes satildeo setores

sensiacuteveis a preccedilo porque mesmo um pequeno aumento no preccedilo gera um ganho enorme

Os custos variam em diferentes niacuteveis de produccedilatildeo e para o apreccedilamento ser adequado agrave

empresa deve saber como seus custos variam conforme o niacutevel em que se encontra

(KOTLER KELLER 2005) Os seus custos reduziratildeo conforme o aumento da quantidade

46

produzida pois os custos fixos iratildeo diluir A partir de certo momento a faacutebrica torna-se

ineficiente com a maior frequumlecircncia de quebra das maacutequinas e escassez de espaccedilo fiacutesico Existe

dessa forma para os dados recursos uma quantidade ideal de produccedilatildeo

O comportamento dos custos em funccedilatildeo da produccedilatildeo acumulada eacute resultante da curva de

experiecircncia ou curva de aprendizagem ou seja quando a empresa reduz o custo total meacutedio

em funccedilatildeo do aprendizado conquistado com o aumento da produccedilatildeo e a experiecircncia

adquirida Eacute tambeacutem conhecida pelos economistas como a economia de escala (figura 8) Esta

situaccedilatildeo acontece quando a empresa aprende como produzir da melhor forma seus

funcionaacuterios aprendem a reduzir os custos evitando erros e uso inadequado de materiais ou

equipamentos e melhorando o tempo de produccedilatildeo o fluxo de materiais e compras etc

(HENDERSON 1984)

Fonte Elaborado pela autora a partir de Henderson (1984) Pyindick e Rubinfeld (2002) Besanko Dranove e Shanley (2000)

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem

Produccedilatildeo

Custo($ por unidade

de produccedilatildeo)

CMe1CMe1

B

Economias de Escala

B

Economias de EscalaAA

Cme2

Aprendizagem C

47

Pyindick e Rubinfeld (2002) explicam que uma empresa apresenta economia de escala

quando eacute capaz de duplicar a sua produccedilatildeo com menos do que o dobro de seus custos

Besanko Dranove e Shanley (2000) afirmam que o processo de produccedilatildeo de um bem ou

serviccedilo especiacutefico apresenta economia de escala em uma seacuterie de itens produzidos quando o

custo meacutedio declina com esse conjunto de itens

Se a economia de escala obtida da produccedilatildeo de uma companhia for substancial a empresa

deve planejar expandir sua participaccedilatildeo de mercado e com respeito a preccedilos a longo prazo

aceitar decliacutenios esperados no faturamento Alternativamente eacute esperado que as operaccedilotildees da

empresa produzam um decliacutenio nos seus custos entatildeo os preccedilos podem ser abaixados no

longo prazo para ganhar participaccedilatildeo de mercado mais alta (JAIN 2000)

Caso o fabricante seja um produtor de custo baixo em relaccedilatildeo aos seus concorrentes ele iraacute

ganhar lucros adicionais por manter o preccedilo em um niacutevel competitivoOs lucros adicionais

podem ser utilizados para promover os produtos com mais agressividade e aumentar a

participaccedilatildeo do negoacutecio como um todo Se por acaso os custos do fabricante forem altos em

comparaccedilatildeo com seus concorrentes a empresa natildeo estaacute em posiccedilatildeo favoraacutevel agrave reduccedilatildeo de

preccedilos porque esta taacutetica pode levar a uma guerra de preccedilos que ela provavelmente iraacute

perder (JAIN 2000)

Aleacutem da economia de escala verifica-se tambeacutem a economia de escopo quando a produccedilatildeo

conjunta de dois produtos por parte de uma uacutenica empresa eacute maior do que a produccedilatildeo que

seria obtida por duas empresas diferentes cada uma produzindo um uacutenico produto Nesse

caso ambos os produtos usam capital e trabalho a fabricaccedilatildeo dos dois produtos compartilha

recursos administrativos a fabricaccedilatildeo dos dois produtos requer o mesmo tipo de equipamento

e matildeo de obra com qualificaccedilatildeo semelhante (PYINDICK RUBINFELD 2002 BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

48

O grau da economia de escopo mede a economia de custos proporcionada pela produccedilatildeo

conjunta e eacute representado pela seguinte foacutermula

Sendo que C(Q1) eacute o custo de produzir Q1 C(Q2) eacute o custo de produzir Q2 e por fim

C(Q1Q2) eacute o custo de produzir conjuntamente os dois produtos

Uma estrutura de custos eacute proposta por Lambin (2000b) que tem como base os custos

internos sem a interferecircncia do mercado Os trecircs tipos de custos considerados satildeo (i) o custo

miacutenimo custo direto que soacute permite a recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do

produto significando margem igual a zero (ii) o custo teacutecnico que corresponde ao niacutevel de

atividade em que a empresa cobre os custos diretos e os custos fixos o que permite aleacutem da

recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do produto a cobertura dos encargos de estrutura

e (iii) o custo-alvo ou preccedilo suficiente que compreende a condiccedilatildeo de lucro Entretanto ao

ignorar o mercado as empresas deixam de levar em consideraccedilatildeo a sensibilidade da demanda

e ficam dependentes da meta de vendas para atingir as margens desejadas

Jain (2000) concorda com a importacircncia dos custos fixos e variaacuteveis para o apreccedilamento mas

afirma que outros custos tambeacutem devem ser considerados Custos incrementais custos de

oportunidade custos de substituiccedilatildeo custos out-of-pocket e custos controlaacuteveis Entretanto

Nagle e Holden (2003) afirmam que compreender os custos natildeo significa simplesmente

conhecer os seus montantes Os autores argumentam que ateacute os profissionais de apreccedilamento

menos eficazes que aplicam foacutermulas de custo mais margem adicional sabem o quanto eacute

gasto com matildeo-deobra mateacuterias-primas e despesas em geral

)(

)()()C( ESC21

2121

QQCQQCQCQ minus+=

49

Os gerentes que realmente compreendem seus custos sabem como tais custos mudaratildeo com

modificaccedilotildees nas vendas resultantes da determinaccedilatildeo estrateacutegica de preccedilos Nagle e Holden

(2003) ainda complementam considerando que nem todos os custos satildeo relevantes para a

decisatildeo de apreccedilamento e o primeiro passo eacute identificar quais satildeo os custos importantes ou

seja os que de fato determinam o impacto no lucro Os autores consideram que os custos

realmente relevantes satildeo os incrementais (natildeo a meacutedia) e evitaacuteveis

Os custos incrementais satildeo aqueles associados agraves mudanccedilas no apreccedilamento e nas vendas Os

custos variaacuteveis satildeo considerados incrementais quando resultam diretamente de uma

implementaccedilatildeo de uma alteraccedilatildeo de preccedilo ou do oferecimento de uma versatildeo do produto em

outro niacutevel de preccedilo Entretanto eacute importante ressaltar que muitos custos natildeo satildeo puramente

fixos nem puramente variaacuteveis (NAGLE HOLDEN 2003) Eles satildeo fixos em uma faixa de

vendas e variam quando as vendas ultrapassam essa faixa e determinar se esses custos semi-

fixos satildeo incrementais eacute condiccedilatildeo para que a decisatildeo de apreccedilamento seja tomada

corretamente

Os custos evitaacuteveis satildeo aqueles que natildeo foram incorridos ou que ainda podem ser revertidos

ou seja os custos para vender um produto para entregaacute-lo ao consumidor e recolocar o item

vendido no estoque satildeo considerados evitaacuteveis assim como os custos de aluguel de

instalaccedilotildees e equipamentos que natildeo satildeo cobertos por arrendamento a longo-prazo A maneira

mais faacutecil de identificar se o custo eacute de fato evitaacutevel eacute reconhecendo se ele eacute o custo futuro e

natildeo o custo histoacuterico associado agrave realizaccedilatildeo de uma venda (NAGLE HOLDEN 2003

CHURCHILL 1982)

50

Lambin (2000a) explica que os preccedilos determinados a partir dos custos e que natildeo fazem

qualquer referecircncia aos fatores do mercado satildeo denominados preccedilos baseados em custos A

seguir estatildeo expostas as estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas empresas com base nos

custos

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos

A anaacutelise de custos identifica quatro tipos de preccedilos baseados em custos cada um

respondendo por um custo especiacutefico e pela necessidade de lucro O primeiro eacute o preccedilo-piso

ou seja o preccedilo miacutenimo que pode ser cobrado pois cobre somente os custos de fabricaccedilatildeo do

produto oferecendo margem zero a empresa Esse conceito de preccedilo eacute utilizado para pedidos

excepcionais descontos de mercado quando a empresa tem a oportunidade de vender para um

mercado novo ou teraacute perdas grandes em suas vendas no seu mercado principal Pode ser

tambeacutem denominado preccedilo marginal (LAMBIN 2000a)

O segundo tipo eacute o preccedilo de equiliacutebrio que cobre tanto os custos fixos quanto os custos

diretos dado o volume de vendas assumido Eacute calculado geralmente para diferentes niacuteveis de

volume Isto define uma escala de preccedilos miacutenimos

Lambin (2000a) apresenta o terceiro tipo como o preccedilo-alvo ou suficiente Ele inclui aleacutem

dos custos diretos e fixos um lucro que eacute determinado por uma referecircncia a uma taxa normal

de retorno no capital investido ou por um niacutevel de atividade assumido Como no preccedilo de

equiliacutebrio este tipo de preccedilo baseado em custo tambeacutem depende do volume de atividade que

estaacute sendo considerado

51

Por fim apresenta-se o preccedilo de mark-up que eacute calculado adicionando-se uma margem

padratildeo ao preccedilo de equiliacutebrio Assumindo que a empresa queira ganhar 20 de margem sobre

suas vendas o mark-up eacute dado por

Preccedilo de Mark-up Preccedilo de Equiliacutebrio(1 margem desejada)

Este meacutetodo de apreccedilamento popular pela sua simplicidade ignora a demanda e a

concorrecircncia Ele somente iraacute funcionar caso o volume de vendas seja atingido (LAMBIN

2000a LAMBIN 2000b KOTLER KELLER 2005)

Os meacutetodos de apreccedilamento baseados em custo conduzem a preccedilos aleacutem do devido em

mercados mais fracos e a preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute

considerado pelos estudiosos da aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma

estrateacutegia prudente O principal problema eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir

todas as despesas e permitir retorno

Depois de realizada a anaacutelise da demanda e a estimativa dos custos da empresa o proacuteximo

passo eacute conhecer as accedilotildees da concorrecircncia A seguir discute-se a importacircncia e a influecircncia

dos competidores na determinaccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico de uma empresa

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes

Uma empresa precisa comparar seus custos com os custos de seus competidores para saber

em que niacutevel opera e se estaacute em vantagem ou desvantagem em relaccedilatildeo a eles (BESANKO

52

DRANOVE SHANLEY 2001 GRANT 2002 PORTER 1980) Tambeacutem eacute necessaacuterio

conhecer o preccedilo e a qualidade das ofertas concorrentes pois esse seraacute um ponto de referecircncia

para a fixaccedilatildeo de seu preccedilo Isso porque a estrateacutegia de apreccedilamento eacute muito influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia que eacute caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento (LAMBIN 2000a PORTER 1980 PORTER 1992 JAIN 2000) e do valor

percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo produzidos pela empresa com

o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (LAMBIN 2000a)

O mercado eacute o foco da atividade econocircmica Devido a sua relevacircncia na formaccedilatildeo de preccedilos

e alocaccedilatildeo de recursos os administradores datildeo grande importacircncia agraves estruturas de mercado

dos diferentes bens e serviccedilos Tradicionalmente classificam-se os mercados em quatro

estruturas baacutesicas concorrecircncia perfeita monopoacutelio oligopoacutelio e concorrecircncia monopoliacutestica

Existe monopoacutelio quando haacute um uacutenico vendedor de uma mercadoria natildeo haacute substitutos

proacuteximos para os bens e existem obstaacuteculos quanto agrave entrada na induacutestria que podem ser de

vaacuterias naturezas tais como (MANKIW 1999)

bull O mercado eacute limitado e natildeo comporta mais do que uma firma

bull A firma existente segue uma poliacutetica de preccedilos planejada para reduzir a atraccedilatildeo de

novos concorrentes

bull A firma possui o controle sobre a mateacuteria-prima canais de distribuiccedilatildeo ou sobre o

processo de produccedilatildeo (patentes)

bull A firma opera com licenccedila do governo ou em sistema limitante da produccedilatildeo tal como

cotas

Mankiw (1999) explica que a concorrecircncia monopoliacutestica ocorre quando haacute muitos

vendedores de bens substitutos proacuteximos mas natildeo perfeitos e o cliente baseia suas decisotildees

tanto em relaccedilatildeo ao preccedilo quanto em relaccedilatildeo agraves especificidades dos produtos

53

Um mercado monopolisticamente competitivo tem duas caracteriacutesticas importantes (1) trata-

se de um ambiente comercial no qual as empresas competem vendendo produtos

diferenciados altamente substituiacuteveis uns pelos outros mas que natildeo satildeo entretanto

substitutos perfeitos e (2) trata-se de um mercado de livre entrada e saiacuteda - eacute relativamente

faacutecil a entrada de novas empresas com suas proacuteprias marcas de produto e a saiacuteda de

companhias que nele atuam caso seus produtos deixem de ser lucrativos (PINDYCK

RUBINFIELD 2002)

O oligopoacutelio eacute uma estrutura de mercado que caracterizada pela existecircncia de um pequeno

mas suficiente nuacutemero de firmas e por isso mesmo interdependentes ou seja cada uma

considera como suas accedilotildees afetariam as poliacuteticas das rivais (PINDYCK RUBINFIELD

2002) Pindyck e Rubinfeld (2002) afirmam que em um mercado oligopoliacutestico o produto

pode ou natildeo ser diferenciado O que importa eacute que apenas algumas poucas empresas satildeo

responsaacuteveis pela maior parte ou pela totalidade da produccedilatildeo Em alguns desses mercados

algumas ou todas as empresas auferem lucros substanciais a longo prazo jaacute que barreiras agrave

entrada tornam difiacutecil ou impossiacutevel que novas companhias entrem no mercado

Mankiw (1999) explica que na concorrecircncia perfeita pressupotildee-se que os vendedores e

compradores satildeo suficientemente numerosos e atomizados de tal sorte que nenhum deles

isoladamente eacute capaz de exercer influecircncia significativa sobre o preccedilo da mercadoria Existe

homogeneidade nas mercadorias isto eacute os consumidores natildeo percebem diferenccedilas em relaccedilatildeo

aos diversos produtos ofertados no mercado as mercadorias satildeo commodities natildeo haacute

interferecircncia na livre determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos e fatores de produccedilatildeo tanto

produtores quanto consumidores tem conhecimento dos preccedilos e quantidades de produtos

oferecidos no mercado

54

Este modelo trata-se de uma abstraccedilatildeo teoacuterica que eacute dificilmente encontrado no mundo real

Um exemplo proacuteximo deste tipo de mercado satildeo as feiras livres de produtos agriacutecolas nas

quais os clientes podem estar informados de todos os preccedilos praticados para cada tipo de

produto os quais satildeo homogecircneos

No que refere agrave geraccedilatildeo de preccedilos como discutido o niacutevel de preccedilos seraacute diretamente

proporcional agrave demanda do produto ou serviccedilo em questatildeo e inversamente proporcional agrave

oferta dos mesmos Cada agente econocircmico eacute incapaz de isoladamente afetar de modo

significativo o preccedilo do produto (quadro 2) Este dependeraacute das accedilotildees e reaccedilotildees do conjunto

de agentes como um todo (MANKIW 1999)

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado

Produto

No de empresas

Barreiras de

entrada

Capacidade de

influenciar o preccedilo

Concorrecircncia

Perfeita

Homogecircneo

Muitas

Sem barreiras

Natildeo

Monopoacutelio

Homogecircneo Apenas uma Com barreiras Sim

Oligopoacutelio

Homogecircneo

Poucas

Com barreiras

Sim

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Diferenciado

Muitas

Sem barreiras

Sim

Fonte elaborado pela autora com base em Mankiw (1999) e Pindyck e Rubinfield (1999)

Portanto mercados satildeo frequumlentemente descritos como sendo concentrados (com poucos

vendedores) ou desconcentrados (muitos vendedores) Essas caracterizaccedilotildees permitem uma

55

raacutepida e acurada avaliaccedilatildeo da natureza da competiccedilatildeo em um mercado (BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

Sobre o valor percebido do produto Lambin (2000a) apresenta no quadro 3 dois niacuteveis de

intensidade relacionadas com esse valor permitindo assim quatro situaccedilotildees distintas nas

decisotildees de preccedilo em face dos tipos de concorrecircncia existentes

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia

No de Competidores

Valor Percebido do

Produto

Baixo

Alto

Alto

Monopoacutelio ou Oligopoacutelio

Diferenciado

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Fraco

Oligopoacutelio

Indiferenciado

Concorrecircncia Pura ou

Perfeita

Fonte Adaptado de Lambin 2000a

Quando o nuacutemero de competidores eacute baixo e o valor percebido do produto eacute alto a estrutura

de mercado estaacute proacutexima do monopoacutelio ou oligopoacutelio diferenciado O preccedilo nesse caso eacute

uma ferramenta para a empresa a qual possui a margem para manobra que pode variar com o

valor percebido do comprador sobre os atributos de diferenciaccedilatildeo

56

No outro extremo onde o nuacutemero de concorrentes eacute alto e os produtos possuem baixo grau de

diferenciaccedilatildeo (commodities) a estrutura eacute proacutexima da competiccedilatildeo perfeita Nessa situaccedilatildeo os

preccedilos satildeo amplamente determinados pela lei da oferta e demanda A empresa natildeo tem

praticamente nenhuma autonomia sobre as estrateacutegias de apreccedilamento

Uma terceira situaccedilatildeo que apresenta baixo nuacutemero de competidores e baixo valor percebido

corresponde ao oligopoacutelio indiferenciado A interdependecircncia dos concorrentes nesse caso eacute

alta limitando a autonomia das empresas sobre os preccedilos praticados O preccedilo tende a estar

alinhado com o oferecido pelo liacuteder de mercado

Finalmente na uacuteltima alternativa tecircm-se produtos altamente diferenciados oferecidos por um

grande nuacutemero de empresas Eacute a chamada concorrecircncia monopoliacutestica onde existem alguns

graus de autonomia que podem ser limitados pela intensidade competitiva

A suposiccedilatildeo da existecircncia de um grande nuacutemero de consumidores e produtores associada agrave

informaccedilatildeo perfeita livre entrada e saiacuteda do mercado e comercializaccedilatildeo de produtos

homogecircneos conduz agrave conclusatildeo que os preccedilos devem ser iguais entre todas as empresas que

operam no mercado (condiccedilatildeo de concorrecircncia perfeita) Entretanto eacute importante destacar que

isso representa uma condiccedilatildeo ideal de mercado difiacutecil de verificar na praacutetica

Lepsch (1996) afirma que a estrutura de mercado e a estrateacutegia competitiva examinam uma

ampla gama de mercados e explicam de que forma as decisotildees de preccedilo investimento e niacutevel

de produccedilatildeo das empresas dependem da estrutura de mercado e do comportamento dos seus

concorrentes A essecircncia da formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia competitiva eacute relacionar uma

empresa ao seu meio ambiente

57

A organizaccedilatildeo se expressa agrave comunidade por meio de seus produtos e a falta de

competitividade ameaccedila sua sobrevivecircncia no longo prazo A sobrevivecircncia de um produto

no longo prazo significa que os estiacutemulos gerados pelos fatores do macroambiente tecircm de

estar coerentes com sua estrateacutegia de negoacutecios e poliacutetica de preccedilos Portanto as decisotildees da

gerecircncia sobre apreccedilamento devem estar coerentes com o ambiente ao qual estatildeo

relacionadas Lambin (2000a) complementa ao afirmar que as estruturas de mercado satildeo

muito diferentes e podem ser observadas nos vaacuterios estaacutegios do ciclo de vida dos produtos

Jain (2000) considera que aleacutem do nuacutemero de empresas que atuam no mesmo segmento e do

valor percebido do produto eacute importante analisar o tamanho da induacutestria e a facilidade de

entrada no mercado O autor apresenta treze informaccedilotildees sobre os concorrentes que satildeo

necessaacuterias para estabelecer a estrateacutegia de preccedilo de um produto por uma empresa

1 Listas de preccedilos dos concorrentes jaacute publicadas e propaganda

2 Reaccedilotildees a mudanccedilas de preccedilo no passado (dos concorrentes)

3 Tempo em que os concorrentes mudam seus preccedilos e os fatores que iniciam essa

mudanccedila

4 Informaccedilotildees sobre campanhas especiais dos concorrentes

5 Comparaccedilatildeo com a linha de produto dos concorrentes

6 Suposiccedilotildees sobre estrateacutegias de preccedilo utilizadas pelos concorrentes e seus objetivos de

marketing

7 Relatoacuterios de desempenho financeiro dos concorrentes

8 Estimativa de custos dos concorrentes (fixos e variaacuteveis)

9 Retaliaccedilotildees de preccedilo esperadas

10 Anaacutelise da capacidade de retaliaccedilatildeo da concorrecircncia

11 Viabilidade financeira de enfrentar uma guerra de preccedilos

58

12 Postura estrateacutegica dos competidores

13 Agressividade do competidor

Dada a demanda dos consumidores a funccedilatildeo custos e preccedilos dos concorrentes a empresa

estaraacute preparada para selecionar um meacutetodo de estabelecimento de preccedilo que inclua uma ou

mais dessas trecircs consideraccedilotildees

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo

A fixaccedilatildeo de preccedilos no Brasil sofreu modificaccedilotildees a partir dos anos 90 devido agraves novas

tecnologias o relacionamento com fornecedores e compradores e o aumento da concorrecircncia

Durante os anos 60 70 e 80 o apreccedilamento era de responsabilidade da aacuterea financeira e

contaacutebil das empresas Os responsaacuteveis pela maior preocupaccedilatildeo com accedilotildees destinadas a cortar

custos e a procura por criar valor para o consumidor foram o aumento da competitividade e a

busca de novas estrateacutegias de diferenciaccedilatildeo de conquista e busca da lealdade dos

consumidores Na denominada economia moderna para prosperar a empresa deve oferecer

valor para o consumidor nos seus produtos ou serviccedilos de forma competitiva cobrindo os

seus custos e gerando retorno para os seus acionistas Para que isso seja possiacutevel eacute preciso que

a empresa tenha conhecimento sobre os diferentes meacutetodos de estabelecimento de preccedilo e

assim selecionar aquele que melhor se adapte aos objetivos por ela escolhidos

Analisar os custos e demanda da empresa eacute essencial para a fixaccedilatildeo correta do preccedilo de um

produto ou serviccedilo Entretanto de nada adianta se o preccedilo estabelecido pela companhia que

utilizou os meacutetodos propostos natildeo for adequado ao que o consumidor-alvo estaacute disposto a

59

pagar para adquiri-lo Kotler e Keller (2005) exibem o modelo dos 3 Cs custos

concorrentes e clientes como as trecircs principais consideraccedilotildees para selecionar um preccedilo

(figura 9)

Os custos representam o piso ou seja o miacutenimo cobrado por um produto e eacute igual ao

montante capaz de cobrir seus custos totais Abaixo desse niacutevel qualquer lucro eacute considerado

impossiacutevel para a empresa Por outro lado o teto eacute o maacuteximo que se deve fixar pois

representa a quantia de dinheiro que o cliente estaacute disposto a desembolsar para a compra do

item

Fonte Adaptado de Kotler e Keller (2005) Figura 9 O modelo dos 3 Crsquos para a determinaccedilatildeo de preccedilos

O equiliacutebrio eacute o preccedilo oferecido pelo mercado pela a mesma mercadoria ou produto com

caracteriacutesticas semelhantes (bens substitutos) Kotler e Keller (2005) estipulam seis meacutetodos

de determinaccedilatildeo de preccedilos No quadro 4 esses meacutetodos e suas caracteriacutesticas satildeo

resumidamente apresentados jaacute que suas caracteriacutesticas foram discutidas anteriormente

Preccedilo Baixo

Lucro impossiacutevel neste preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda impossiacutevel

neste preccedilo

CustosPreccedilos dos

concorrentes e dos

substitutos

Percepccedilatildeo pelos

consumidores de oferta

uacutenica

60

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees

Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilo

Caracteriacutesticas e Limitaccedilotildees

Mark up bull Meacutetodo de simples acreacutescimo de margem padratildeo ao custo do produto para formar o preccedilo de venda

bull Popular porque os vendedores tecircm mais certeza dos custos do que da demanda o caacutelculo eacute simples quando os custos se alteram quando todas as empresas usam o meacutetodo os preccedilos tendem a ser similares

bull Os preccedilos satildeo mais altos em itens sazonais (para cobrir risco de encalhe) de especialidade de giro lento com custos altos de estocagem e movimentaccedilatildeo e tambeacutem em itens de demanda inelaacutestica e tambeacutem eacute alto com produtos de custos ocultos ou altamente variaacuteveis

Preccedilo de Retorno-Alvo bull As empresas determinam o preccedilo que assegura a sua taxa alvo de retorno sobre o investimento (ROI) o fabricante realizaraacute o ROI pretendido se seus custos e vendas estimadas forem precisos

bull Importacircncia do caacutelculo do Ponto de Equiliacutebrio para que se saiba o que pode acontecer caso a previsatildeo de vendas natildeo se concretize

bull Ignora a elasticidade de preccedilos e preccedilos dos concorrentes

Preccedilo de Valor Percebido

bull As percepccedilotildees de valor dos compradores natildeo custos satildeo fatores-chave para determinar preccedilo

bull A chave para o uso de valor percebido eacute determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta

bull Eacute fundamental o pensamento do posicionamento do produto

bull Medir o valor percebido de cada um dos benefiacutecios do produto (apreccedilamento pelos componentes de valor) durabilidade confiabilidade serviccedilo superior garantia em peccedilas entre outros

bull Deve-se mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais caro ou seja o valor que a oferta de fato representa

Preccedilo de Valor bull A fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando comparado ao seu concorrente

bull Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo mas sim um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade

Preccedilo de Seguidor do Concorrente

bull A empresa baseia seu preccedilo em funccedilatildeo dos preccedilos cobrados pelos concorrentes dedicando menor atenccedilatildeo aos custos ou agrave demanda

Preccedilo de Licitaccedilatildeo bull A fixaccedilatildeo do preccedilo eacute fortemente orientada para a concorrecircncia

bull Maior o preccedilo menor seratildeo as chances da empresa de vencer a licitaccedilatildeo sendo possiacutevel o caacutelculo do lucro esperado de cada alternativa de preccedilo com as respectivas probabilidades de vitoacuteria

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000b)

61

Urdan e Urdan (2006) afirmam que o caminho para o apreccedilamento eacute a gestatildeo integrada de

preccedilos que contempla os diversos fatores relevantes e consolida a competecircncia gerencial no

processo de fixaccedilatildeo de preccedilos A figura 10 mostra os elementos baacutesicos da gestatildeo integrada

A base do trabalho eacute a anaacutelise de custos internos concorrecircncia demanda e consumidor

Fonte Urdan e Urdan (2006) Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos

Urdan e Urdan (2006) argumentam que este conhecimento identifica as forccedilas e as fraquezas

da organizaccedilatildeo e oportunidades e ameaccedilas no ambiente com influecircncia nas decisotildees de

precificaccedilatildeo Com o contexto mapeado satildeo definidos os objetivos que apontam as estrateacutegias

viaacuteveis num binocircmio integrado

Anaacutelise de Custos

Anaacutelise da Concorrecircncia

Anaacutelise da Demanda

Anaacutelise do Consumidor

Objetivos do Apreccedilamento

Estrateacutegias de Apreccedilamento

- - - - - Preccedilos Praticados + + + + +Preccedilos Miacutenimos

Preccedilos Maacuteximos

Ambiente

62

Assim como no modelo dos 3Cs apresentado na figura 9 o custo tambeacutem representa o

miacutenimo cobrado abaixo do qual natildeo existe viabilidade financeira a longo prazo A demanda e

o cliente formam o teto aleacutem do qual natildeo se consegue vender e entre esses dois pontos a

empresa seleciona os preccedilos mais adequados de acordo com os objetivos e as estrateacutegias

adotados (URDAN URDAN 2006)

Apoacutes selecionar o meacutetodo de apreccedilamento a empresa deveraacute considerar outros fatores que

iratildeo influenciar na fixaccedilatildeo do preccedilo final de seus produtos A seguir discute-se quais satildeo os

fatores adicionais em que situaccedilotildees eles devem ser levados em conta e quais satildeo as teacutecnicas

que melhor se encaixam em cada circunstacircncia que a empresa enfrenta

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final

Agrave medida que os meacutetodos de fixaccedilatildeo de preccedilos forem se consolidando no niacutevel a partir do

qual a empresa estabeleceraacute seu preccedilo final alguns fatores adicionais devem ser considerados

(KOTLER KELLER 2005) Esses fatores satildeo (i) o preccedilo psicoloacutegico (ii) a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing (iii) a poliacutetica de determinaccedilatildeo dos preccedilos da

empresa (iv) o impacto de preccedilos sobre terceiros e (v) determinaccedilatildeo de preccedilos por

compartilhamento de ganhos e riscos

No preccedilo psicoloacutegico a associaccedilatildeo do preccedilo alto com a qualidade conduz a empresa a colocar

o seu produto com o preccedilo entre os mais caros do segmento Ao analisar a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing na formulaccedilatildeo de seu preccedilo final a empresa deve

considerar a qualidade da marca e da propaganda em relaccedilatildeo agrave concorrecircncia Existe um

63

relacionamento positivo entre preccedilo alto e orccedilamento de propaganda Os consumidores

geralmente estatildeo dispostos a pagar mais por produtos conhecidos do que por desconhecidos

(FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005)

Sobre as poliacuteticas de preccedilo da empresa eacute importante ressaltar que o preccedilo deve ser consistente

com tais poliacuteticas com a finalidade de assegurar que a forccedila de vendas trabalhe com preccedilos

atrativos para os clientes e ao mesmo tempo rentaacuteveis para a empresa Algumas empresas

satildeo a favor da cobranccedila de multas sob determinadas situaccedilotildees (FRAM McCARTHY 1999)

Com relaccedilatildeo ao impacto de preccedilos sobre terceiros a empresa deveraacute considerar a reaccedilatildeo das

outras partes envolvidas e interessadas (URBANY 2001) tais como distribuidores e os

revendedores e por fim na determinaccedilatildeo de preccedilos por compartilhamento de ganhos e riscos

os compradores podem relutar em aceitar uma oferta caso percebam muito risco no negoacutecio

assim o vendedor pode propor absorver parte desse risco ou mesmo a sua totalidade se natildeo

entregar o valor prometido ao cliente (FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a

KOTLER KELLER 2005)

A discussatildeo sobre a seleccedilatildeo do preccedilo final encerra as etapas para estabelecer o preccedilo de venda

de um produto Entretanto as empresas geralmente natildeo determinam um preccedilo uacutenico mas

elaboram uma estrutura de determinaccedilatildeo de preccedilos que reflete as variaccedilotildees geograacuteficas na

demanda e nos custos as exigecircncias de segmento de mercado as oportunidades de compra os

niacuteveis de pedidos a frequumlecircncia de entrega as garantias os contratos de serviccedilos entre outros

fatores Devido aos descontos ou ao apoio promocional raramente as companhias realizam o

mesmo lucro sobre cada unidade vendida Existem vaacuterias estrateacutegias que permitem a

adequaccedilatildeo de preccedilos a situaccedilotildees distintas (KOTLER KELLER 2005) Essas estrateacutegias satildeo

apresentadas e discutidas a seguir

64

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo

Influenciados pelas variaccedilotildees do ambiente pelas saturaccedilotildees de mercado com baixa taxa de

crescimento pela competiccedilatildeo global e pelo movimento dos consumidores muitas empresas

estatildeo aderindo a diferentes formas de adequaccedilatildeo do preccedilo Tais empresas elaboram estrateacutegias

de adequaccedilatildeo de preccedilos que refletem variaccedilotildees principalmente na demanda e nos custos

Existem vaacuterias estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos tais como preccedilo geograacutefico preccedilos com

descontos preccedilo promocional preccedilo discriminatoacuterio e preccedilo de mix de produtos O quadro 5

apresenta cada uma dessas praacuteticas e suas principais caracteriacutesticas

As empresas procuram apresentar preccedilos diferentes de seus produtos para consumidores

localizados em regiotildees distintas Esta diferenciaccedilatildeo acontece devido a diversos fatores como

(i) diferentes custos de armazenagem transporte e entrega (ii) preferecircncias de seus

consumidores naquela regiatildeo (iii) os concorrentes locais Eacute a chamada estrateacutegia de preccedilo

geograacutefico Alguns clientes por exemplo preferem a permuta como praacutetica de pagamento A

permuta pode representar de 15 a 20 do comeacutercio mundial (KOTLER KELLER 2005) e

assume as seguintes formas escambo acordo de remuneraccedilatildeo acordo de recompra e

reciprocidade

Na reciprocidade o vendedor recebe seu pagamento total em dinheiro poreacutem com a condiccedilatildeo

de despender uma quantia naquele paiacutes durante um periacuteodo de tempo preacute-estabelecido

(KOTLER KELLER 2005 LAMBIN 2000a)

65

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos

Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do

Preccedilo

Consideraccedilotildees

Preccedilo geograacutefico Considera os custos de transporte ateacute o consumidor esses custos crescem em importacircncia quando o frete se torna uma parte maior do custo variaacutevel total Existem duas estrateacutegias geograacuteficas 1 Por ponto de produccedilatildeo pois o produto eacute retirado na faacutebrica

2 Preccedilo de entrega uniforme no qual o mesmo preccedilo eacute cotado para todos os compradores independente de sua localizaccedilatildeo

Descontos e concessotildees Desconto para pagamento agrave vista desconto por quantidade descontos funcionais (oferecidos aos membros do canal de distribuiccedilatildeo) descontos sazonais e concessotildees

Preccedilo promocional Preccedilo isca preccedilo de ocasiatildeo cupons de desconto financiamento a juros baixos maior prazo garantia e contratos de serviccedilos desconto psicoloacutegico (uso de preccedilo alto artificial para depois fazer uma reduccedilatildeo draacutestica)

Preccedilo diferenciado (Discriminado)

Preccedilo por segmento de consumidores preccedilo por versatildeo diferente de produto preccedilo de imagem preccedilo por localizaccedilatildeo preccedilo por periacuteodo Deve ser possiacutevel a segmentaccedilatildeo impossiacutevel revender deve ser legalizado e em consonacircncia com os consumidores para que decirc certo Podem ocorrer problemas

Preccedilo de composto de produtos O produto faz parte de um composto a empresa procura um preccedilo que maximize este composto 1 Preccedilo de linha de Produtos cada versatildeo sucessiva do produto traz caracteriacutesticas extras permitindo preccedilos mais elevados 2 Preccedilo de caracteriacutestica opcional produtos opcionais que acompanham o principal 3 Preccedilo do produto cativo fixaccedilatildeo de preccedilo baixo para conquistar consumidor e ganho nos produtos cativos 4 Preccedilo Composto uso de preccedilo fixo mais variaacutevel 5 Preccedilo de Subproduto venda de subprodutos permite a reduccedilatildeo do preccedilo do produto principal 6 Preccedilo do Pacote reuniatildeo de vaacuterios produtos satildeo vendidos mais baratos do que separadamente

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker Etzel (2001)

66

A fixaccedilatildeo de preccedilos com descontos e abatimentos consiste em ajustar o preccedilo baacutesico para

compensar certas situaccedilotildees relacionadas com o cliente ou com o mercado o pagamento

antecipado a compra de um grande volume de produtos e as compras realizadas fora de

temporada As reduccedilotildees nos preccedilos satildeo efetuadas por meio de desconto em dinheiro de

desconto por volume ou quantidade de compra descontos funcionais descontos sazonais e

concessotildees ou abatimentos (TELLIS 1995 SPROTT MANNING MIYAZAKI 2003)

O desconto em dinheiro eacute uma deduccedilatildeo no preccedilo para os compradores que pagam as contas na

data determinada ou antecipadamente Geralmente representa uma porcentagem do total

cobrado na fatura O desconto por quantidade eacute a reduccedilatildeo do preccedilo final para os clientes que

compram grandes volumes de bens e os funcionais satildeo oferecidos para os outros membros do

canal de distribuiccedilatildeo que concordarem em realizar serviccedilos como entrega ou estoque Os

descontos sazonais satildeo concedidos agravequeles que compram fora da estaccedilatildeo e por fim as

concessotildees satildeo pagamentos efetuados para conseguir a participaccedilatildeo em campanhas

promocionais apoio agraves vendas e outros programas especiais (KOTLER KELLER 2005

MANNING MIYAZAKI 2003)

Na determinaccedilatildeo de preccedilo promocional a companhia pratica preccedilos mais baixos

temporariamente devido a diferentes circunstacircncias como atrair os clientes para adquirir

outros produtos se desfazer de produtos sazonais e minimizar o volume de venda durante o

ano (LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005) Para enfrentar todas essas situaccedilotildees as

companhias podem utilizar diferentes teacutecnicas entre elas o preccedilo isca que consiste na

reduccedilatildeo do preccedilo de marcas conhecidas para estimular um movimento maior nas lojas Eacute

muito praticado pelos supermercadistas e pelas lojas de departamento poreacutem eacute um meacutetodo

que natildeo tem a aprovaccedilatildeo dos fabricantes pois pode diluir a imagem da marca ou criar

problemas com outros clientes que cumprem o preccedilo estabelecido na tabela

67

Outra teacutecnica conhecida eacute a utilizaccedilatildeo do preccedilo de ocasiatildeo Satildeo preccedilos especiais em certas

eacutepocas do ano que servem para atrair mais clientes

Os abatimentos em dinheiro satildeo utilizados estimular a compra dos produtos dos fabricantes

dentro de um periacuteodo especiacutefico e podem ajudar a reduzir o estoque de mercadorias sem

diminuir o preccedilo estabelecido na tabela

O financiamento a juros baixos eacute uma teacutecnica de preccedilo promocional onde em vez de cortar

preccedilos a empresa oferece um financiamento com baixas taxas de juros e os prazos de

pagamento mais longos satildeo os financiamento a longo prazo oferecidos geralmente pelas

instituiccedilotildees financeiras (bancos) e concessionaacuterias de automoacuteveis Ao utilizar a teacutecnica de

garantias e contratos de serviccedilo as empresas diminuem o preccedilo em funccedilatildeo dos serviccedilos

oferecidos e finalmente com os descontos psicoloacutegicos a empresa pode aumentar o preccedilo

artificialmente e depois oferecer um desconto substancial

Para estabelecer o preccedilo diferenciado (ou discriminatoacuterio) a empresa ajusta seus preccedilos

considerando as diferenccedilas entre os clientes os produtos as localidades e o periacuteodo Portanto

os segmentos devem apresentar diferentes graus de demanda (LAMBIN 2000a KOTLER

KELLER 2005) Os diversos meacutetodos para determinar um preccedilo diferenciado satildeo (i) o preccedilo

por segmento de clientes onde tem-se preccedilos diferentes de um mesmo produto para

diferentes grupos de clientes (ii) o preccedilo pela versatildeo do produto ou seja satildeo determinados

preccedilos diferentes por versotildees diferentes do produto sem que estes sejam proporcionais aos

seus custos de produccedilatildeo (iii) o preccedilo de imagem que satildeo preccedilos diferentes para mesmo

produto com base em diferenccedilas de imagem (iv) o preccedilo por localizaccedilatildeo que consiste em ter

o mesmo produto com preccedilos diferentes em locais diferentes e (v) o preccedilo por periacuteodo que

variam de acordo com a temporada dia ou hora

68

Na estrateacutegia de preccedilo de composto de produtos o apreccedilamento de um produto eacute influenciado

pelos preccedilos de outros produtos A aplicaccedilatildeo dessas estrateacutegias apresenta algumas

dificuldades porque cada item possui custos diferentes demandas diferentes e concorrecircncia

diferente As empresas geralmente desenvolvem linhas de produtos que apresentam uma

variedade de atributos Na fixaccedilatildeo de preccedilos de linha de produtos deve-se determinar os

patamares de preccedilo estabelecidos para os vaacuterios itens do mix considerando as diferenccedilas de

custos o valor percebido pelo consumidor para cada um e os preccedilos dos concorrentes

Algumas empresas utilizam a fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos opcionais ou seja o

estabelecimento de preccedilo de acessoacuterios que satildeo vendidos com o produto principal Outras

empresas fabricam produtos que somente podem ser utilizados com o produto principal a

fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos cativos (KOTLER KELLER 2005 STANTON WALTKER

ETZEL 2001 LAMBIN 2000a)

Eacute importante observar que apoacutes desenvolver a sua estrateacutegia de apreccedilamento a organizaccedilatildeo

ainda estaacute sujeita a enfrentar situaccedilotildees em que precisaraacute mudar sua poliacutetica Uma reduccedilatildeo de

preccedilos pode ser necessaacuteria devido agrave capacidade excedente da faacutebrica ao decliacutenio da

participaccedilatildeo de mercado recessatildeo econocircmica ou outros fatores discutidos da mesma forma

que um aumento pode ser necessaacuterio devido agrave inflaccedilatildeo de custos ou ao excesso de demanda

O profissional de marketing deve sempre estar atento agraves reaccedilotildees da concorrecircncia e preparar

planos de accedilotildees com possiacuteveis respostas a qualquer movimento dos competidores

Ateacute o presente toacutepico o estudo abordou os procedimentos necessaacuterios para que uma empresa

estabeleccedila de forma correta os preccedilos de seus produtos ou serviccedilos A seguir apresenta-se

como essas etapas satildeo definidas especificamente no varejo supermercadista Alguns dos

meacutetodos utilizados possuem caracteriacutesticas distintas ou adaptaccedilotildees por se tratar da

69

comercializaccedilatildeo de itens e natildeo de sua produccedilatildeo o que justifica a atenccedilatildeo especial dada ao

setor

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista

Parente (2000) define o supermercado como o estabelecimento caracterizado pelo sistema de

auto-serviccedilo com check-outs e produtos expostos de maneira acessiacutevel que permitem aos

consumidores se auto-servirem Ampliando esta definiccedilatildeo Guimaratildees et alli (2003)

caracterizam os supermercados como estabelecimentos varejistas nos quais se revende ampla

variedade de produtos utilizando-se do sistema de auto-serviccedilo no qual os clientes escolhem

mercadorias expostas em gocircndolas displays balcotildees e balcotildees refrigerados sem a

necessidade de vendedores e realizam os pagamentos em check-outs localizados na saiacuteda das

lojas Silveira e Lepsch (1997) afirmam que os principais benefiacutecios desse sistema (auto-

serviccedilo) para o supermercadista satildeo economia com matildeo-de-obra economias de escala e

baixos custos operacionais

A empresa varejista eacute considerada por Coughlan et alli (2001) como um elo intermediaacuterio na

cadeia produtiva vendendo produtos manufaturados pelo setor industrial situado a montante

para o consumidor final situado a jusante agregando-lhes valor por intermeacutedio de serviccedilos de

distribuiccedilatildeo Lepsch (1996) acredita que portanto eacute razoaacutevel afirmar que o produto do

varejo natildeo eacute algo fiacutesico e sim os serviccedilos ou atributos de uma loja agregados a bens

produzidos por outros setores da economia e prestados no comeacutercio para o consumidor final

Entre os atributos apontados pelo autor estatildeo mix de preccedilos mix de produtos oferecidos

qualidade dos produtos arquitetura do preacutedio arquitetura ambiental e imagem da loja layout

70

atendimento raacutepido e cortecircs estacionamento tamanho da loja localizaccedilatildeo cartatildeo de creacutedito

etc Entretanto autores como Levy e Weitz (2000) McGoldrick (1990) e Bloemer e Schroder

(2002) afirmam que a imagem da loja eacute o posicionamento do supermercado formado pelas

percepccedilotildees dos consumidores que resulta do conjunto destes atributos e portanto natildeo pode

ser considerada parte deles

A imagem Uma das primeiras definiccedilotildees de imagem de loja foi oferecida por Martineau em

1958 em seu claacutessico livro The personality of the retail store (McGOLDRICK 1990) e

enfatiza a necessidade de levar em consideraccedilatildeo natildeo apenas os fatores mais visiacuteveis ou

mensuraacuteveis mas tambeacutem os fatores menos tangiacuteveis como a personalidade da loja

McGoldrick (1990) explica que a imagem da loja eacute o modo pelo qual a loja eacute definida na

mente do comprador parcialmente por suas qualidades funcionais e parcialmente por uma

atmosfera de atributos psicoloacutegicos Esta definiccedilatildeo poreacutem foi criticada por tender a atribuir

um aspecto miacutestico ao conceito em que o consumidor natildeo avalia racionalmente os atributos

da loja

Outros autores sugeriram que ao inveacutes de classificar a imagem como parte do comportamento

de compra do consumidor sem uma base loacutegica seria razoaacutevel supor que o consumidor avalie

racionalmente a loja por meio de uma funccedilatildeo de utilidade de multi-atributos (McGOLDRICK

1990) Esta definiccedilatildeo foi abordada por Bloemer e Schroder (2002) a soma de todos os

atributos da loja da forma percebida pelo consumidor por meio de sua experiecircncia com a loja

Sheth Mittal e Newman (2001) tambeacutem definem imagem de loja como sendo a soma total

das percepccedilotildees que os clientes tecircm sobre uma loja Tal percepccedilatildeo eacute determinada por fatores

como mercadorias atendimento preccedilo atmosfera publicidade e funcionaacuterios Para esses

autores a imagem da loja eacute que determina o tipo de cliente que seraacute atraiacutedo e por outro lado

esse mesmo cliente eacute quem vai realimentar essa imagem

71

Sobre aos componentes muitos estudiosos classificam os fatores que compotildeem essa imagem

de forma a relacionar aos elementos do composto de marketing do varejo A importacircncia

relativa dos vaacuterios componentes varia consideravelmente dependendo do mercado setor

situaccedilatildeo competitiva e segmentos de consumidores (McGOLDRICK 1990) Existem razotildees

loacutegicas pelas quais a importacircncia relativa dos atributos deva variar entre mercados

considerando a comparaccedilatildeo entre paiacuteses regiotildees ou mesmo localidades diferentes

Um componente ganha importacircncia eacute a atmosfera da loja ou seja seu ambiente fiacutesico

Parente (2000) define atmosfera de loja como sendo o sentimento psicoloacutegico que o varejista

desenvolve no consumidor quando este visita a loja sendo tambeacutem entendida como a

personalidade da loja Para desenvolver a atmosfera os varejistas utilizam recursos que

influenciam a visatildeo olfato e outros sentidos dos clientes A atmosfera inclui iluminaccedilatildeo

cores muacutesica ambiente limpeza aroma decoraccedilatildeo e lay-out e que pode criar estiacutemulo para o

cliente permaneccedila na loja ou a vontade de sair rapidamente do local (SHETH MITTAL

NEWMAN 2001)

Porter e Claycomb (1997) explicam que uma taacutetica que pode ser usada para favorecer a o

varejista eacute a utilizaccedilatildeo de um mix de merchandising composto por um nuacutemero significativo de

marcas que possuem alta pontuaccedilatildeo em uma pesquisa de awareness (lembranccedila de marca) e

outras com imagem tambeacutem forte Para esses autores a imagem da loja estaacute diretamente

relacionada agrave imagem de uma marca pois marcas fortes e reconhecidas satildeo sinocircnimos de

qualidade e podem trazer o cliente de volta agrave mesma loja

O sortimento das mercadorias tambeacutem tem recebido bastante atenccedilatildeo por parte dos varejistas

e uma estrateacutegia de diferenciaccedilatildeo cada vez mais utilizada eacute a inclusatildeo de marcas proacuteprias no

conjunto de bens oferecido ao consumidor (COUGHLAN et alli 2001) As marcas proacuteprias

auxiliam na construccedilatildeo da imagem da loja pois permite ao varejista se diferenciar de

72

concorrentes proacuteximos e direcionar traacutefego para dentro da loja Como estatildeo disponiacuteveis

apenas em uma cadeia especiacutefica de lojas podem ser uacutenicas em termos de valor e

desempenho e essa exclusividade pode ser considerada uma forma de se conquistar a

lealdade de um cliente (SHETH MITTAL NEWMAN 2001) Outros componentes satildeo

apresentados no quadro 6

Conforme explicado anteriormente Levy e Weitz (2000) consideram o posicionamento um

projeto e a implementaccedilatildeo de um composto de varejo para criar uma imagem do varejista na

mente do cliente em relaccedilatildeo a seus concorrentes Como ele enfatiza a imagem na mente do

cliente (e natildeo aquela na mente do gerente) devem ser feitas pesquisas para saber qual eacute a

imagem do varejista e certificar-se de que ela esteja coerente com o que os clientes desejam

nesse mercado-alvo

O posicionamento do varejista eacute provavelmente mais importante para o sucesso do seu

negoacutecio do que as suas caracteriacutesticas reais (tangiacuteveis) As redes varejistas tentam posicionar-

se de forma a criar uma imagem consistente com a auto-imagem do seu puacuteblico O projeto do

ambiente de loja eacute um importante aspecto da estrateacutegia de posicionamento de serviccedilos e

influencia fortemente as impressotildees do consumidor e o comportamento tanto do cliente

quanto do vendedor O ambiente fiacutesico eacute particularmente importante na criaccedilatildeo da impressatildeo

favoraacutevel para a loja de varejo pois existem poucos criteacuterios objetivos pelos quais os

consumidores podem julgar a qualidade dos serviccedilos que recebem (SCHIFFMAN KANUK

1997)

Estudo de Kim e Han (2000) demonstrou que as preferecircncias dos consumidores por lojas

especiacuteficas tambeacutem podem estar ligadas agraves suas formaccedilotildees culturais que estatildeo relacionadas

ao seu grupo eacutetnico Essas diferentes formaccedilotildees culturais levam os consumidores a possuiacuterem

diferentes interpretaccedilotildees das lojas e de seus produtos devido agraves diferentes percepccedilotildees dos

73

atributos das lojas e agraves diferentes associaccedilotildees que esses consumidores fazem entre elas e as

classes soacutecio-econocircmicas dos seus clientes As classes soacutecio-econocircmicas estatildeo

significativamente relacionadas agrave imagem percebida da loja o que permite aos varejistas a

implementaccedilatildeo de mensagens promocionais persuasivas direcionadas aos segmentos sociais

alvejados

Os componentes que formam a imagem da loja tecircm sido reconhecidos tambeacutem como um

importante antecedente da satisfaccedilatildeo e da lealdade (BLOEMER SCHRODER 2002) A

lealdade agrave loja eacute construiacuteda por meio da satisfaccedilatildeo e esta satisfaccedilatildeo eacute construiacuteda entre outras

coisas por meio da imagem da loja (BLOEMER RUYTER 1998) Para Levy e Weitz

(2000) a satisfaccedilatildeo com a loja eacute a avaliaccedilatildeo poacutes-consumo de quanto a loja atendeu bem ou

excedeu agraves expectativas do cliente

Influenciados pelas mudanccedilas raacutepidas no ambiente de varejo pelos consumidores cada vez

mais exigentes pela competiccedilatildeo mais acirrada e pelas baixas taxas de crescimento dos

mercados em geral os varejistas estatildeo mais do que nunca obrigados a instituiacuterem de uma

forma contiacutenua o estabelecimento da satisfaccedilatildeo com a loja e da lealdade agrave loja Levy e Weitz

(2000) afirmam que um varejista constroacutei a lealdade do cliente ao criar uma imagem clara e

distinta de mix de varejo e ao reforccedilar de forma consistente essa imagem por meio de suas

mercadorias e serviccedilos

74

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja

Componente Detalhamento Preccedilo das mercadorias Preccedilos baixos

Preccedilos competitivos ou natildeo competitivos Qualidade das mercadorias Boa ou maacute qualidade das mercadorias

Marcas em estoque

Sortimento das mercadorias Amplitude e profundidade do sortimento Possui ou natildeo a marca que o cliente deseja Possui ou natildeo marcas elegantes

Pessoal de vendas Postura do pessoal de vendas Conhecimento do pessoal de vendas Nuacutemero de empregados da loja Serviccedilo bom ou ruim

Conveniecircncia de localizaccedilatildeo Localizaccedilatildeo perto da residecircncia ou do trabalho Acesso Boa ou maacute localizaccedilatildeo

Outros itens de conveniecircncia Estacionamento Horaacuterio de funcionamento da loja Conveniecircncia em relaccedilatildeo a outras lojas Lay-out da loja com relaccedilatildeo agrave conveniecircncia Conveniecircncia em geral

Serviccedilos Creacutedito Entrega Facilidade de devoluccedilatildeo de mercadorias Auto-serviccedilo

Promoccedilotildees de vendas Vendas especiais Cupons Displays de loja Siacutembolos e cores

Propaganda Estilo e qualidade da propaganda Miacutedia utilizada Credibilidade da propaganda

Atmosfera da loja Lay-out da loja natildeo relacionado agrave conveniecircncia Decoraccedilatildeo externa e interna da loja Congestionamento dentro da loja Prestiacutegio da loja Simpatia para com a loja

Institucional Reputaccedilatildeo e credibilidade da loja Loja conservadora ou moderna

Clientela da loja Niacutevel soacutecio-econocircmico da clientela Auto-imagem da clientela

Aspectos fiacutesicos Instalaccedilotildees Arquitetura da loja Facilidade de compra

Poacutes-venda Satisfaccedilatildeo ou insatisfaccedilatildeo Fonte Adaptado de Kunkel e Berry (1968) Lindquist (1974) e Doyle e Fenwick (1974)

75

O estudo de Bloemer e Schroder (2002) considerou a satisfaccedilatildeo do consumidor como sendo

um niacutevel prazeroso de realizaccedilatildeo relacionado ao consumo Para esses autores a lealdade de

loja pode ser definida como a resposta comportamental enviesada (ou seja natildeo aleatoacuteria)

expressa atraveacutes do tempo pelo consumidor com relaccedilatildeo a uma loja sendo uma funccedilatildeo dos

processos psicoloacutegicos (tomada de decisatildeo e avaliaccedilatildeo) resultante do comprometimento

Essas respostas comportamentais foram consideradas para Bloemer e Schroder (2002) como

sendo comunicaccedilatildeo boca-a-boca intenccedilatildeo de compra e insensibilidade a preccediloBloemer e

Schroder (2002) demonstraram que um consumidor que percebe uma loja em particular com

imagem positiva estaacute mais propenso a satisfazer-se com essa loja do que um consumidor que

percebe a loja com uma imagem menos positiva Portanto seu estudo concluiu que uma

imagem de loja mais positiva levaria a um niacutevel de satisfaccedilatildeo maior Aleacutem disso uma

imagem de loja positiva tambeacutem levaria a um niacutevel de afeto maior para com a loja

aumentando tambeacutem o niacutevel de satisfaccedilatildeo Por sua vez a satisfaccedilatildeo levaria agrave lealdade se a

confianccedila e o comprometimento para com a loja estivessem presentes Portanto o modelo de

inter-relaccedilatildeo entre os conceitos acima pode ser apresentado conforme a figura 11

Engel Blackwell e Miniard (1995) explicam que as imagens formadas pelos consumidores

com base em suas percepccedilotildees dos atributos considerados importantes afetam o processo

decisoacuterio de escolha da loja A escolha da loja para esses autores seria uma funccedilatildeo de

caracteriacutesticas do consumidor e de caracteriacutesticas da loja Para tomar a decisatildeo sobre o local

de compra o consumidor busca informaccedilotildees que possam ajudaacute-lo a minimizar seu risco de

insatisfaccedilatildeo

76

Imagemde

loja

AfetoPositivo

Satisfaccedilatildeo Confianccedila ecomprometimento

Bocaa

boca

Insensibilidadea preccedilo

Intenccedilatildeo decompra

Fonte Adaptado pelas autoras de Bloemer e Schroder (2002)

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja

Mason Mayer e Ezell (1988) afirmam que estas informaccedilotildees podem ser fornecidas pelo

proacuteprio varejista por meio de propaganda e promoccedilotildees O consumidor ainda pode receber

recomendaccedilotildees de seus vizinhos parentes e amigos sobre em qual loja comprar O varejista

de posse dessas informaccedilotildees poderaacute explorar ao maacuteximo seus instrumentos de marketing para

criar o posicionamento desejado

Engel Blackwell e Miniard (1995) sugerem um modelo sobre o processo de escolha de loja

que envolve os criteacuterios de avaliaccedilatildeo usados pelos consumidores e as caracteriacutesticas

percebidas da loja ou seja a imagem da loja formada na mente do consumidor conforme

mostrado na Figura 12 Os consumidores de cada segmento formam imagens variadas de

acordo com a sua percepccedilatildeo acerca dos atributos considerados importantes Esta percepccedilatildeo e

portanto a formaccedilatildeo de imagem depende das seguintes variaacuteveis localizaccedilatildeo qualidade e

natureza do sortimento preccedilo propaganda e promoccedilatildeo empregados serviccedilos oferecidos

atributos fiacutesicos da loja tipo de clientela atmosfera da loja e satisfaccedilatildeo apoacutes a compra

77

Assim verifica-se que o varejista possui vaacuterias ferramentas para conseguir a satisfaccedilatildeo e a

fidelidade de seus clientes mas eacute preciso que ele as utilize adequadamente de modo que o

consumidor consiga perceber e formar uma imagem positiva da loja colocando-a como sua

primeira opccedilatildeo de compra

Criteacuterios Avaliatoacuterios1 Localizaccedilatildeo2 Amplitude e Profundidade de sortimento3 Preccedilo4 Propaganda e promoccedilatildeo de vendas5 Pessoal da loja6 Serviccedilos7 Outros

Caracteriacutesticas Percebidas das Lojas1 Localizaccedilatildeo2 Sortimento3 Preccedilo4 Propaganda epromoccedilatildeo de vendas1 Pessoal da loja2 Serviccedilos

Processo de Comparaccedilatildeo

Lojas aceitaacuteveis Lojas inaceitaacuteveis

Imagemda loja

Fonte Engel Blackwell e Miniard (1995)

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja

Lepsch (1996) considera o varejo tambeacutem como uma unidade decisoacuteria da economia

considerada sob o prisma de transaccedilotildees com os fornecedores na compra e com os

consumidores na venda de produtos Tal dualidade segundo o autor faz com que ele integre o

sistema de marketing dos fabricantes e ao mesmo tempo opere seu proacuteprio sistema de

marketing

78

Desde seu surgimento na deacutecada de 30 nos Estados Unidos passando pela sua implantaccedilatildeo na

deacutecada de 50 no Brasil ateacute chegar no seu estaacutegio atual o supermercado evoluiu muito

Buscou maior eficiecircncia introduziu novas tecnologias redutoras de custos e preccedilos e assim

ocupou gradativamente o lugar das lojas especializadas tradicionais no comeacutercio varejista

de alimentos e produtos de higiene e limpeza (SILVEIRA LEPSCH 1997) Com o

acirramento da competiccedilatildeo apoacutes o Plano Real e a abertura da economia a empresas e produtos

estrangeiros o consumidor tornou-se o foco das redes supermercadistas Mais exigentes e

com maior facilidade em memorizar os preccedilos o cliente fez com que o setor passasse a lutar

pela sua preferecircncia nas estrateacutegias via preccedilo e mais fortemente nas estrateacutegias extrapreccedilo

As estrateacutegias extrapreccedilos foram discutidas nesse toacutepico As estrateacutegias via preccedilo fazem parte

do objetivo principal do estudo O preccedilo como apresentado no quadro 6 eacute um dos

componentes da gestatildeo estrateacutegica do varejo supermercadista e um dos criteacuterios de maior

importacircncia na escolha da loja pelo consumidor conforme visto na figura 12

Parente (2000) afirma que de todas as variaacuteveis do marketing mix a decisatildeo de preccedilo eacute

aquela que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas A afirmaccedilatildeo volta agrave questatildeo inicial da flexibilidade da

variaacutevel preccedilo em relaccedilatildeo aos outros componentes do mix de marketing ou seja as poliacuteticas

de preccedilos dos varejistas podem ser alteradas em curtiacutessimo prazo e devido agrave facilidade na

implementaccedilatildeo dessas alteraccedilotildees muitos varejistas assumem uma postura fortemente

competitiva respondendo rapidamente agraves alteraccedilotildees de preccedilo da concorrecircncia Boone e Kurtz

(1998) argumentam que os preccedilos desempenham um papel importante na percepccedilatildeo do

varejista por parte do consumidor e satildeo sempre um componente imprescindiacutevel para uma

estrateacutegia competitiva completa

79

O preccedilo eacute um determinante da compra dos produtos pelos clientes Eacute um dos elementos chave

para alcanccedilar o volume de vendas desejado e tem grande impacto nos lucros das empresas e

tem o papel fundamental na percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos compradores Eacute tambeacutem

variaacutevel do composto que pode ser mais facilmente comparada pelo consumidor no momento

da compra

O proacuteximo toacutepico discute a fixaccedilatildeo de preccedilos para o varejo supermercadista Os passos

propostos pelos autores apresentados na revisatildeo bibliograacutefica sobre determinaccedilatildeo de preccedilos

satildeo revistos agora com foco nas estrateacutegias adotadas pelos supermercados Alguns dos

componentes que influenciam no posicionamento das lojas satildeo discutidos em seguida como

possiacuteveis influenciadores no processo de precificaccedilatildeo de produtos comercializados pelas

grandes redes

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados

Lepsch (1966) afirma que pode-se esquematizar o apreccedilamento em um supermercado da

seguinte maneira primeiro emprega-se o meacutetodo de precificaccedilatildeo do mark up sendo que o

custo sobre o qual vai incidir a margem eacute custo da colocaccedilatildeo do produto do fornecedor na

loja A seguir os produtos do sortimento da loja satildeo divididos em categorias e para cada uma

eacute atribuiacuteda uma margem-objetivo Por fim o custo mais a margem datildeo um preccedilo para cada

um dos itens de uma categoria de produtos que precisa ser comparado com o preccedilo do mesmo

item nas lojas da concorrecircncia localizadas dentro da aacuterea de influecircncia do estabelecimento

em foco

80

O autor destaca que natildeo pode haver muita diferenccedila entre os preccedilos de um mesmo item dentro

de uma mesma aacuterea de influecircncia principalmente para cima (preccedilo mais alto) Neste caso a

empresa deve rever e ajustar o seu preccedilo A variaccedilatildeo de preccedilos pode aparecer por diferenccedilas

nos custos de produccedilatildeo dos comerciantes (REINGANUN1979) na busca por preccedilos menores

por parte dos consumidores (ROB 1985) ou pela lealdade resultante das compras repetitivas

de um uacutenico produto pelos clientes (MCMILLAN MORGAN 1988)

A tarefa de ajuste de preccedilos eacute de responsabilidade do gerente da loja que precisa manter as

margens meacutedias exigidas para as diversas categorias ou seccedilotildees de sua loja e principalmente

deve alcanccedilar a margem meacutedia geral estabelecida pela rede de supermercados (LEPSCH

1996) Silveira e Lepsch (1997) reforccedilam a responsabilidade do gerente na gestatildeo do preccedilo

de sua loja ao concluiacuterem que houve descentralizaccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos pelos

supermercados adotando-se na maioria dos casos um sistema misto

Os autores realizaram um estudo que confirmou a hipoacutetese de que a autoridade da loja na

precificaccedilatildeo aumentou Consequumlentemente a responsabilidade da loja pela obtenccedilatildeo de

resultados financeiros a ela designados tambeacutem aumentou Cabe tambeacutem ao gerente da loja

ficar atento ao comportamento do consumidor em relaccedilatildeo aos preccedilos dos produtos e ao

sortimento ao atendimento aos serviccedilos prestados entre outros (SILVEIRA LEPSCH

1997)

Ao estabelecer o preccedilo de venda ao consumidor o varejista toma uma seacuterie de decisotildees

estrateacutegicas Relacionando-se o estabelecimento do preccedilo em redes supermercadistas (figura

13) com os seis passos propostos por Kotler e Keller (2005) para o apreccedilamento adequado de

um produto pela induacutestria e discutidos nos itens anteriores desta revisatildeo bibliograacuteficas pode

fazer a seguinte comparaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilos propostos McGoldrick

81

(1990) considera que os apresentados no quadro 7 satildeo os adotados com mais frequumlecircncia pelas

empresas varejistas

Preccedilo geograacutefico

Descontos e concessotildees Preccedilo promocional Preccedilo diferenciado

Preccedilo de composto de produtos

Fonte Elaborado pela autora a partir de Kotler e Keller (2005)

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo

Mark-up padratildeo sobre o custo

Retorno-alvo

Preccedilo de valor

Valor percebido pelo

cliente

Preccedilo de mercado

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Determinaccedilatildeo do Objetivo de Preccedilo

Determinaccedilatildeo da Demanda

Estimativa de Custos

Anaacutelise de Custo Preccedilo e Ofertas do Concorrente

Seleccedilatildeo do Meacutetodo de Determinaccedilatildeode Preccedilo

Seleccedilatildeo do Preccedilo Final e Ajuste

82

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Maximizaccedilatildeo do lucro Redes de tamanho meacutedio com administraccedilatildeo familiar (geralmente)

Retirada razoaacutevel

Redes pequenas com administraccedilatildeo familiar

Maximizaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado Caracteriacutestica das grandes e meacutedias redes ou ainda em cadeias que estatildeo introduzindo novos modelos ou outros novos formatos

Defesa do mercado Muitas redes varejistas procuram proteger determinada aacuterea de influecircncia criando barreiras agrave entrada de novos concorrentes no mercado

Estabilizaccedilatildeo do mercado Com esse objetivo a loja procura interromper a praacutetica de guerra de preccedilos pela concorrecircncia podendo-se utilizar tambeacutem para desviar a atenccedilatildeo do consumidor dos preccedilos praticados

Imagem da rede A praacutetica de uma poliacutetica de preccedilos baixos todo dia (EDLP every day low price) pode ser um objetivo para atrair o consumidor e mantecirc-lo fiel agraves lojas da rede Eacute possiacutevel consideraacute-la tambeacutem um objetivo que visa mostrar ao consumidor integridade nos preccedilos

Preccedilos abaixo do custo marginal Caso um item categoria de produto ou seccedilatildeo apresentar sinais de entrada no estaacutegio final do ciclo de vida (decliacutenio) um objetivo comumente adotado eacute a eliminaccedilatildeo dos estoques por intermeacutedio de preccedilos baixos de maneira a gerar espaccedilo para a entrada de novos produtos Utiliza-se tambeacutem esse recurso em uma promoccedilatildeo como forma de atrair clientes para a loja

Fonte Elaborado pela autora a partir de McGoldrick (1990) e Kotler e Keller 2005

83

Parente (2000) completa observando que o varejista pode buscar como estrateacutegias de

apreccedilamento (i) preccedilos acima do mercado o varejista natildeo concorre em preccedilo evitando que a

marcaccedilatildeo de seus preccedilos esteja baseada na concorrecircncia (ii) preccedilos meacutedios de mercado os

varejistas buscam a diferenciaccedilatildeo em outros componentes do composto de marketing como

localizaccedilatildeo serviccedilos ou linha de produtos e (iii) preccedilos abaixo do mercado varejistas que tecircm

no preccedilo sua arma competitiva mais forte geralmente associado a uma estrutura de baixos

custos com avanccedilada tecnologia e modernos meacutetodos de gestatildeo

Em termos de determinaccedilatildeo da demanda cada preccedilo levaraacute a um niacutevel de demanda e teraacute um

impacto diferente nos objetivos de marketing da empresa Como foi discutido demanda e

preccedilo satildeo inversamente relacionados ou seja quanto mais alto o preccedilo de um produto menor

a quantidade demandada por este mesmo item A mesma regra eacute valida no supermercado Por

isso a preocupaccedilatildeo com o controle de preccedilos dos produtos ofertados

Ghisi (2005) explica que a formaccedilatildeo de oligopoacutelios no setor supermercadista gera diversos

riscos como por exemplo a imposiccedilatildeo de preccedilos realizada pelas grandes redes junto aos

fornecedores que traz como consequumlecircncia a restriccedilatildeo de opccedilotildees para os consumidores De

acordo com esse boletim a implantaccedilatildeo dessas grandes lojas resulta na perda de um grande

nuacutemero de postos de trabalho A abertura dessas empresas normalmente significa o

aniquilamento dos pequenos supermercados mercadinhos que operam no bairro e

adjacecircncias Esse fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil tendo grande contribuiccedilatildeo para o

desenvolvimento social e econocircmico do paiacutes (GHISI 2005)

84

A oligopolizaccedilatildeo tambeacutem aumenta o poder de barganha dos grandes grupos que passam a

competir por preccedilo Em contrapartida os pequenos supermercadistas que natildeo tecircm escala

comparaacutevel acabam comprando produtos de atacadistas e natildeo diretamente de fornecedores

aumentando assim os seus custos Isso acarreta em produtos finais caros para o consumidor

pois a margem de lucro dos atacadistas eacute elevada inviabilizando o repasse no preccedilo das

mercadorias (GHISI 2005)

Quanto agrave estimativa dos custos sabe-se que a demanda estabelece um teto no preccedilo que uma

empresa pode cobrar por seu produto e os seus custos determinam o piso ou seja o preccedilo

miacutenimo A empresa varejista deseja cobrar um preccedilo que cubra seu custo de produccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e venda do produto incluindo um retorno justo por seu esforccedilo e pelo seu risco

Especialistas concordam que a maioria das redes varejistas ainda utiliza o mark-up para

calcular o preccedilo das mercadorias com a taxa desejada de retorno

A anaacutelise de custos preccedilos e ofertas dos concorrentes tambeacutem acontece da mesma forma

para o varejista ou seja dentro da faixa de preccedilos possiacuteveis determinados pela demanda de

mercado e pelos custos da empresa esta deveraacute levar em conta os custos preccedilos e possiacuteveis

reaccedilotildees de preccedilos dos concorrentes Vale considerar neste ponto o conceito de shopping de

preccedilos que eacute o nome dado agrave praacutetica da obtenccedilatildeo de informaccedilotildees perioacutedicas sobre preccedilos

praticados pelos concorrentes Silveira e Lepsch (1997) explicam que como a concorrecircncia eacute

determinada em cada mercado supermercadista em geral cada loja possui sua proacutepria equipe

para coletar essas informaccedilotildees

O shopping de preccedilos abrange uma cesta baacutesica ampliada com cerca de 400 produtos sendo

estes de alto giro marcas fortes e elevados gastos promocionais por parte dos fornecedores

(alguns exemplos sabatildeo em poacute Omo leite condensado Moccedila sal Cisne e Accediluacutecar Uniatildeo) A

cesta varia de acordo com o formato da loja regiatildeo do paiacutes localizaccedilatildeo (ou aacuterea de

85

influecircncia) segmentaccedilatildeo de mercado entre outros (SILVEIRA LEPSCH 1997) Mas natildeo eacute

somente o shopping de preccedilos que possui informaccedilotildees importantes sobre a concorrecircncia Os

supermercadistas recorrem tambeacutem a dados adicionais em jornais tabloacuteides e televisatildeo para

formarem os preccedilos de seus produtos (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Em relaccedilatildeo agrave seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos para os varejistas tambeacutem satildeo

considerados paracircmetros como os custos a concorrecircncia a avaliaccedilatildeo dos clientes e o preccedilo

maacuteximo a ser cobrado Os meacutetodos mais utilizados no varejo encontram-se descritos no

quadro 8

Sobre as margens Boone e Kurtz (1998) ainda ressaltam que constituem fatores importantes

na imagem do varejista perante seus atuais e possiacuteveis clientes afetando ainda a sua

capacidade de atrair clientes Margens muito altas podem assustar e afastar os consumidores e

a praacutetica de uma taxa inadequada (muito baixa) pode natildeo cobrir os custos e natildeo gerar retorno

As margens satildeo expressas como porcentagem do preccedilo final de venda de um produto ou do

seu custo (BOONE KURTZ 1998) Suas foacutermulas satildeo

Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Preccedilo de Venda

Percentual de Margem sobre o Custo = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Custo

86

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Mark-up padratildeo sobre o custo Muitos varejistas adotam esse meacutetodo por ser mais raacutepido mecacircnico e relativamente simples de ser usado Resulta sempre de dois fatores os serviccedilos oferecidos (custos que precisam ser cobertos) e taxa de giro de estoque

Retorno-alvo

Preccedilo que permite atingir a taxa-alvo de retorno - ROI (return over investment)

Preccedilo de valor Preccedilo baixo para oferta de alta qualidade - no varejo o preccedilo de valor traduz-se na poliacutetica de fixar preccedilos baixos todos os dias (EDLP) - o varejista que seguir a praacutetica cobra um preccedilo baixo constantemente todos os dias sem descontos temporaacuterios nos preccedilos eliminando assim a incerteza de preccedilos de uma semana para a outra

Valor percebido pelo cliente Considera as percepccedilotildees dos clientes e natildeo os custos do vendedor como chave para determinar preccedilo Como analogia no varejo tem-se a estrateacutegia de preccedilo alto-baixo (High Low Price - HILO) onde o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes nas quais os preccedilos caem temporariamente abaixo do niacutevel da poliacutetica EDLP As promoccedilotildees criam entusiasmo e atraem compradores Por esse motivo a EDLP natildeo constitui garantia de sucesso Muitos varejistas utilizam uma combinaccedilatildeo de estrateacutegias de determinaccedilatildeo de preccedilos alto-baixos e de preccedilos baixos todos os dias com um aumento de propaganda e de promoccedilotildees

Preccedilo de mercado Estabelecer preccedilos com base nos concorrentes Praacutetica comum entre varejistas com conhecimento entre os competidores para realizaccedilatildeo de shopping de preccedilos em suas lojas

Fonte Elaborado pela autora com base em Boone e Kurtz (1998) Levy e Weitz (2000) Parente (2000)

87

Poreacutem quando se conhece apenas o custo e o percentual de margem calculado sobre o preccedilo

de venda as seguintes foacutermulas satildeo utilizadas

Preccedilo = Custo

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Custo 100 + Percentual de Margem sobre o Custo

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Boone e Kurtz (1998) explicam que as margens baseiam-se em parte no julgamento do

comerciante com relaccedilatildeo aos preccedilos que os consumidores estariam dispostos a pagar por um

produto Quando estes se recusam a pagar o preccedilo fixado ou surgem produtos de melhor

qualidade o varejista trabalha com a estrateacutegia de desconto que tem o seu percentual

calculado pela foacutermula

Percentual de Desconto = Valor do Desconto Novo Preccedilo

88

Os descontos tambeacutem podem ser utilizados para avaliaccedilotildees (BOONE KURTZ 1998) Os

gerentes da loja ou os compradores podem ser avaliados em parte com base nos percentuais

meacutedios de descontos concedidos nas linhas de produtos pelas quais satildeo responsaacuteveis dentro de

uma rede supermercadista

Por fim a seleccedilatildeo do preccedilo final compreendida como o ajuste do preccedilo em funccedilatildeo da

percepccedilatildeo de qualidade - por parte dos consumidores - e da influecircncia de outros elementos do

composto de marketing levando em consideraccedilatildeo questotildees como serviccedilos prestados

localizaccedilatildeo e outros As taacuteticas natildeo satildeo mutuamente exclusivas e podem ser utilizadas

simultaneamente

Um problema que pode ser encontrado ao estabelecer uma estrutura de preccedilos diz respeito a

produtos que fazem parte de um mix ou linha Neste caso natildeo satildeo apenas os preccedilos que

variam mas tambeacutem os produtos considerados Desta forma a fixaccedilatildeo de preccedilos natildeo deve

seguir a mesma loacutegica determinada para um uacutenico item O varejista busca neste caso um

conjunto de preccedilos que maximize o lucro total (GRACIOSO 1997)

A determinaccedilatildeo de preccedilos eacute difiacutecil porque os produtos possuem custo e demanda

interrelacionados e estatildeo sujeitos a diferentes graus de concorrecircncia Toledo Proenccedila e Mello

Jr (2003) afirmam que esse problema abre espaccedilo para a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais modernas

de gestatildeo no varejo como o gerenciamento de categorias Os autores explicam que o

gerenciamento de categorias eacute uma das ferramentas do sistema Resposta Eficiente ao

Consumidor - ECR (Efficient Consumer Response) que tem por objetivo definir o sortimento

os preccedilos as ofertas e promoccedilotildees para atender os diferentes puacuteblicos de consumidores e obter

uma coerecircncia no modo de apresentaccedilatildeo dos produtos no ponto de venda por afinidade de

consumo o que facilita a venda o cliente e gera aumento de vendas

89

O ECR Brasil caracteriza uma estrutura de categoria como sendo um mapa da aacutervore de

decisatildeo do consumidor (ECR Brasil 1998) A questatildeo chave eacute a capacidade de refletir o

modo como o consumidor toma sua decisatildeo quando faz uma compra dentro da categoria

Nesse processo a atribuiccedilatildeo de papeacuteis para as categorias eacute uma das mais importantes

decisotildees a serem tomadas pelo varejista pois fornece a base para a diferenciaccedilatildeo competitiva

e consequumlente alocaccedilatildeo de recursos entre as unidades estrateacutegicas de negoacutecio por categoria

do varejista (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR 2003) A classificaccedilatildeo eacute a seguinte

bull Dominantes Destino satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica uma

grande variedade de produtos igual ou superior agrave meacutedia do mercado sendo que o

varejista busca uma notoriedade e reconhecimento por parte dos seus clientes no

sentido de que sua oferta de variedade de produtos seja a melhor do mercado Os

produtos dessa categoria tecircm a caracteriacutestica iacutempar de atrair os consumidores agraves lojas

Exemplo mercearia seca (accediluacutecar arroz feijatildeo etc)

bull Competitivas Traacutefego satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica

uma variedade de produtos igual agrave meacutedia do mercado sendo que o varejista posiciona-

se corretamente no que tange a oferta de variedade de produtos Essas famiacutelias satildeo

compostas de produtos que tambeacutem tecircm caracteriacutestica de atrair os consumidores agraves

lojas em razatildeo da necessidade e periodicidade de compras Exemplo leite longa vida

suco e patildeo de forma

bull Convenientes Bandeira satildeo famiacutelias que apresentam como caracteriacutestica uma

variedade de produtos limitada ou seja igual agrave oferta dos demais concorrentes do

mesmo segmento poreacutem inferior agrave variedade ofertada pelos varejistas especialistas

Exemplo tintas ferramentas automotivos

90

bull Sazonais satildeo famiacutelias que possuem como caracteriacutestica uma variedade de produtos

grande em razatildeo uacutenica e exclusiva de ocorrecircncia de um evento sazonal Exemplo

chocolates panetones perus

Toledo Proenccedila e Mello Jr (2003) consideram ainda que o papel da categoria frequumlentemente

fornece diretrizes para a alocaccedilatildeo de recursos do varejista desde estoques espaccedilo nas

prateleiras e investimentos promocionaispublicitaacuterios a gastos de capital e tempos de

gerenciamento Por exemplo categorias com papel destino podem ter preccedilos mais

competitivos com o objetivo de atrair os consumidores e tornar a loja preferida nas compras

da categoria Nas demais os preccedilos podem ser menos competitivos

Apesar de todos os seis passos estarem adequados agrave escolha da estrateacutegia de apreccedilamento dos

produtos comercializados pelo varejo supermercadista eacute importante lembrar que muitas das

suas atividades satildeo completamente distintas das atividades de uma induacutestria O supermercado

responsaacutevel pela entrega do produto ao consumidor final oferece vaacuterios serviccedilos que natildeo satildeo

comuns aos fabricantes Muitas dessas accedilotildees podem ter grande influecircncia sobre a fixaccedilatildeo de

preccedilo dos bens comercializados sejam por aumentar os custos ou mesmo por oferecer maior

valor para o cliente

A proacutexima discussatildeo refere-se a algumas variaacuteveis que possivelmente interferem na decisatildeo

de apreccedilamento dos supermercadistas sobre os itens que disponibilizam para os seus

consumidores Tais variaacuteveis vatildeo aleacutem da demanda ou custo dos produtos e representam

questotildees fundamentais para ganho de competitividade no varejo

91

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo

Beisel (1993) apud Vance e Angelo (2003) sugere que a definiccedilatildeo do niacutevel de preccedilos mais

adequado seja efetuada a partir da anaacutelise das caracteriacutesticas de diferentes dimensotildees do

composto de varejo (quadro 9) Em um primeiro momento eacute essencial que o varejista defina

quem eacute o seu puacuteblico alvo

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo

Estrateacutegias de Preccedilos Caracteriacutesticas

Abaixo do Mercado Niacutevel do Mercado Acima do Mercado

Localizaccedilatildeo Inconveniente Competitiva Privilegiada

Horaacuterio de

Funcionamento Curto Competitivo Longo

Serviccedilo Pouconenhum Meacutedio Personalizado

Prestiacutegio Pouco Meacutedio Alto

Exclusividade do

Produto Nenhuma Meacutedia Excluxivo

Merchandising

Fashionableness Baixo Meacutedia Alto

Custo da Mercadoria Baixo Meacutedio Alto

Fonte Vance e Acircngelo (2003)

A seguir eacute preciso que identifique e analise as caracteriacutesticas do seu negoacutecio Localizaccedilatildeo

horaacuterio de funcionamento serviccedilos prestiacutegio a exclusividade do produtomercadoria

merchandising fashionableness que pode ser compreendido como o grau de requinte ou

elegacircncia dos produtos comercializados e custo das mercadorias satildeo os principais aspectos

sugeridos para avaliaccedilatildeo segundo o autor

92

Enquanto as caracteriacutesticas do produto podem ser as mesmas entre os diferentes equipamentos

varejistas a variabilidade na qualidade de serviccedilo e as caracteriacutesticas do mercado podem ser

diferentes dentro de cada equipamento varejista (ANCARANI SHANKAR 2004)

Aleacutem das variaacuteveis destacadas por Vance e Acircngelo (2003) Lepsch (1996) e Ancarani e

Shankar (2004) o presente estudo observaraacute outros fatores colocados como importantes por

estudiosos de varejo como influenciadores da fixaccedilatildeo de preccedilos nos supermercados

2111 Produto

Para Czinkota (2001) os produtos satildeo o conjunto de atributos funccedilotildees e benefiacutecios que os

clientes compram O termo produto significa a oferta de uma empresa capaz de satisfazer

uma necessidade do consumidor (KOTLER KELLER 2005) Aleacutem disso os produtos de

consumo podem ser divididos nas seguintes categorias (i) produtos de conveniecircncia itens

baratos que os consumidores compram com pouco esforccedilo e satildeo amplamente distribuiacutedos (ii)

produtos de compra comparada mais caros que os de conveniecircncia e a decisatildeo de compra eacute

mais importante (iii) produtos de especialidade os consumidores desejam uma marca

particular (iv) produtos substitutos natildeo satildeo opccedilotildees sendo a distribuiccedilatildeo muito limitada e (v)

produtos natildeo procurados satildeo desconhecidos ou natildeo mas natildeo satildeo ativamente procurados ateacute

que necessite deles sendo as vendas personalizadas

Conforme observado nas diferentes classificaccedilotildees de produtos suas caracteriacutesticas

influenciam no preccedilo para o consumidor final Produtos de conveniecircncia satildeo considerados

mais baratos enquanto produtos de especialidades como satildeo procurados por marcas

especiacuteficas tendem a serem mais caros

93

Nagle e Holden (1995) consideram que a administraccedilatildeo do produto eacute a mais poderosa

ferramenta de influecircncia dos preccedilos O produto pode influenciar o preccedilo dependendo do niacutevel

de diferenciaccedilatildeo do produto do seu estaacutegio no ciclo de vida e do segmento de mercado de

atuaccedilatildeo (ZICKER 2002) Nos estaacutegios de introduccedilatildeo e crescimento o preccedilo eacute mais alto e na

maturidade a tendecircncia eacute de queda dos preccedilos (KOTLER KELLER 2005) Poreacutem eacute possiacutevel

modificar o produto ou aumentar o periacuteodo de estaacutegio analisando e percebendo as mudanccedilas

no ambiente

Stanton Walker Etzel (2001) consideram um mix de produtos como o conjunto de todos os

produtos oferecidos para venda por uma empresa Uma linha de produtos eacute um amplo grupo

de produtos destinados a usos essencialmente similares e tendo caracteriacutesticas fiacutesicas

similares O mix de produtos eacute composto por uma ou mais linhas de produtos Todos os

produtos que uma empresa comercializa podem ser considerados o seu o mix A amplitude ou

abrangecircncia do seu composto eacute a seacuterie de diferentes linhas de produtos a extensatildeo eacute o

nuacutemero de produtos (diferentes marcas) dentro de uma linha e a profundidade da linha satildeo os

tipos de produtos dentro de cada marca (STANTON WALKER e ETZEL 2001 KOTLER

KELLER 2005 PARENTE 2000)

2112 Marca

Com relaccedilatildeo agraves marcas dos produtos estudiosas afirmam que marcas e criaccedilatildeo de marcas satildeo

ingredientes vitais necessaacuterios ao sucesso no mercado (SHULTZ e BARNES 2001) Os

consumidores utilizam-se das marcas como fontes de informaccedilatildeo simplificando escolhas e

94

reduzindo riscos da aquisiccedilatildeo Elas capturam crenccedilas sobre os atributos e a imagem geral do

produto entre os clientes Os fabricantes estatildeo cada vez mais interessados em comercializar

novos produtos sob a proteccedilatildeo de nomes de marca bem estabelecidos familiares aos clientes

aumentando sua aceitabilidade (IACOBUCCI 2001)

A American Marketing Association (AMA) define marca como um nome termo

siacutembolosigno ou uma combinaccedilatildeo de todos que estaacute associado a diferentes produtos ou

serviccedilos de uma empresa em particular Essencialmente uma marca significa a promessa de

entrega de um produto ou um pacote particular de caracteriacutesticas benefiacutecios e serviccedilos para

os consumidores Iacobucci (2001) considera que as marcas possibilitam aos consumidores a

associaccedilatildeo a funcionalidades imagens e experiecircncias Com um mercado competitivo os

produtos ficam mais uniformes e com isso as marcas evoluem para oferecer um valor

diferenciado aos seus clientes A marca tornou-se base imediata para a escolha de uma

mercadoria traduzindose em lucros para a empresa

O sucesso da marca depende de associaccedilotildees A marca estaacute associada a uma rede de

pensamentos ou associaccedilotildees feitas apenas nas cabeccedilas dos consumidores O grande desafio

para uma marca eacute desenvolver um arranjo de ideacuteias associadas ao seu siacutembolo natildeo sendo

apenas um nome mas um conjunto de significados A construccedilatildeo de uma marca eacute orientada

por uma visatildeo de posicionamento desejado e implementada pelas decisotildees relacionadas ao

composto de marketing

O valor da marca apoiaacute-se na ideacuteia de que os consumidores compram e usam certos produtos

com marcas mais pelo que eles representam do que pelo que eles realmente fazem Aaker

(1991) define valor de marca como sendo o conjunto de ativos e passivos relacionados a uma

marca seu nome e siacutembolo que adicionam ou subtraem valor ao valor provido pelo produto

ou serviccedilo O autor identifica quatro principais categorias pelas quais o valor da marca pode

95

ser deduzido reconhecimento de marca associaccedilatildeo de marca qualidade percebida e

fidelidade agrave marca Essas categorias satildeo estreitamente relacionadas assim a lealdade da

marca eacute dependente do seu reconhecimento pelos consumidores do poder de estabelecimento

de associaccedilotildees bem como do niacutevel de qualidade percebida

Aaker (1996) afirma que o desafio para as marcas eacute que elas possuam uma imagem clara e

distinta que importe para o consumidor e realmente as diferencie dos outros concorrentes

Para a construccedilatildeo de grandes marcas o autor sugere que a empresa encare suas marcas natildeo

somente como um produto ou serviccedilo mas como uma organizaccedilatildeo uma pessoa e um siacutembolo

Assim tornar prioridade inovaccedilatildeo lideranccedila de mercado ou qualidade de produto como

estrateacutegia empresarial tem impacto direto na percepccedilatildeo da marca se esse tambeacutem for seu

posicionamento Esse tipo de associaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo eacute mais difiacutecil de imitar do que

atributos de produtos

As marcas satildeo selecionadas e usadas pelos consumidores para dizer alguma coisa que eles

gostariam de dizer O comprometimento com uma marca pode ser definido como um elo com

essa marca particular dentro de uma categoria de produto

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo

Neves (1999) afirma que os canais de distribuiccedilatildeo podem ser entendidos como sendo o

percurso que o produto faz ateacute o consumidor final Um conjunto de organizaccedilotildees

interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar esse produto ou serviccedilo para uso

ou consumo ou ainda como maneiras de desenhar desenvolver e manter relacionamentos

96

entre os participantes do canal de tal forma a obter vantagens competitivas sustentaacuteveis pelas

empresas tanto em niacutevel individual como coletivo (COUGHLAN et alli 2002) Para

Rosenbloom (1999) podem ser entendidos como uma organizaccedilatildeo externa que a gestatildeo

utiliza para atingir os seus objetivos de distribuiccedilatildeo A organizaccedilatildeo eacute externa porque natildeo faz

parte da estrutura interna da empresa satildeo os intermediaacuterios entre a induacutestria e o consumidor

final

Os intermediaacuterios tomam muitas formas atualmente incluindo lojas de departamentos lojas

de descontos lojas de eletrodomeacutesticos e eletrocircnicos lojas de vestuaacuterios hipermercados

supermercados lojas especializadas lojas de conveniecircncia franquias clubes de compras e

varejistas on-line Aleacutem disso os varejistas podem ocupar-se de bens com marca proacutepria

(marca de loja) e podem tambeacutem se integrar verticalmente para traacutes de forma eficaz na cadeia

de suprimento (COUGHLAN et alli 2002)

No Brasil os tipos mais importantes de varejista alimentiacutecio para distribuiccedilatildeo satildeo

hipermercados supermercados lojas de conveniecircncia lojas de especialidades (accedilougues

varejotildees padarias entre outros) mercearias e outros formatos (PARENTE 2000) Muitas

redes supermercadistas engajaram no processo de reformulaccedilatildeo do padratildeo de suas lojas para

atender a diversos segmentos de mercado passando a operar com diferentes bandeiras cada

uma focada em um nicho de mercado atrativo (GHISI 2005)

Os criteacuterios da AcNielsen (2004) classificam os canais de distribuiccedilatildeo de produtos

alimentares em 03 categorias baacutesicas Cada categoria possui um grupo de diferentes formatos

As categorias satildeo (i) consumo local formada por bares restaurantes lanchonetes e adegas

(ii) auto-serviccedilo que se refere ao formato de varejo alimentiacutecio caracterizado pela disposiccedilatildeo

dos produtos em self-service e pela existecircncia de caixas (check-outs) na saiacuteda como os

supermercado e hipermercados e (iii) tradicionais no qual pressupotildeem-se a presenccedila de

97

atendente (vendedor ou balconista) que assiste e interage no processo de compra (compra

assistida) como armazeacutens empoacuterios mercearias padarias etc

No auto serviccedilo as classificaccedilotildees da AcNielsen (2004) e da ABRAS (2005) consideram

como supermercados os estabelecimentos encontrados em bairros ou vizinhanccedila para

compras rotineiras preccedilos meacutedios que apresentam como principais seccedilotildees de vendas

mercearia bazar e pereciacuteveis Possuem cerca de 1500 a 5000 itens em exposiccedilatildeo e de 2 a 40

check-outs mais de 300 msup2 de aacutereas de vendas e faturamento anual de mais de 1 milhatildeo de

doacutelares Em termos do porte da loja satildeo considerados pequenos aqueles supermercados que

possuem ateacute 4 check-outs de pequenos agrave meacutedios os com 5 a 9 check-outs meacutedios quando

possuem de 10 a 19 check-outs e grandes os supermercados cujo nuacutemero de check-outs varia

entre 20 a 49

Os hipermercados satildeo estabelecimento localizado em aacutereas de intenso fluxo e faacutecil acesso

destinado agraves compras de maior volume preccedilos baixos e com mais descontos Possuem como

principais seccedilotildees de vendas mercearia bazar e pereciacuteveis tecircxteis e eletrodomeacutesticos Tecircm

mais de 5000 itens em exposiccedilatildeo nuacutemero de check-outs acima de 50 mais 5000 msup2 de aacutereas

de vendas e faturamento anual de mais de 12 milhotildees de doacutelares A tabela 1 apresenta a

classificaccedilatildeo do setor supermercadista de acordo com o nuacutemero de check-outs

Ghisi (2005) apresenta os principais formatos de loja existentes como

1 Loja de conveniecircncia modelo importado dos Estados Unidos na deacutecada de 80 que

pode ser caracterizado por oferecer pequena variedade de itens (cerca de 1000 itens)

principalmente de conveniecircncia e possuir aacuterea de venda de 50 msup2 a 250 msup2 Satildeo lojas

relativamente pequenas de faacutecil acesso e para compras raacutepidas que funcionam 24

horas por dia Constituem um importante canal de distribuiccedilatildeo varejista minimizando

98

esforccedilos de compra dos clientes Essas lojas estatildeo localizadas em postos de gasolina

ou em aacutereas de grande concentraccedilatildeo populacional Os preccedilos praticados geralmente

satildeo 15 maiores do que os dos supermercados convencionais

2 Loja de Sortimento Limitado ou discount conceito trazido da Alemanha que

representou na eacutepoca uma inovaccedilatildeo incremental Opera cerca de 700 itens

basicamente de mercearia e praticamente nenhum serviccedilo Na deacutecada de 80 as lojas

de sortimento limitado se tornaram muito populares impulsionadas pela rede

Minibox do Patildeo de Accediluacutecar que passou a ser seguida por concorrentes da eacutepoca Esse

formato de loja praticamente desapareceu na deacutecada de 90 e retomou sua importacircncia

a partir do ano 2000 As lojas de descontos atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Esse tipo de loja opera com sortimento

limitado e poucos funcionaacuterios o que pode resultar na oferta de preccedilos competitivos

3 Supermercado Compacto supermercado de menor porte eacute o conhecido supermercado

de vizinhanccedila Representam a maioria das unidades de auto-serviccedilos do Brasil e em

geral pertencem a operadores independentes Atualmente satildeo responsaacuteveis por cerca

de 14 da distribuiccedilatildeo de alimentos no Brasil onde estatildeo em plena ascensatildeo

4 Supermercado Convencional tradicional supermercado com aacuterea de venda de 700 msup2

a 2500 msup2 Dentre as seccedilotildees existentes opera principalmente as mais tradicionais

mercearia pereciacuteveis bazar carnes e aves frios e laticiacutenios sendo crescente o

aumento de seccedilotildees para atrair o cliente como a de padaria e de peixaria A meacutedia de

itens ofertados eacute de 9000 e os produtos satildeo alimentiacutecios na grande maioria Pode ser

definido como um mercado generalista que revende para o consumidor final ampla

variedade de produtos de forma departamentalizada no sistema de auto-serviccedilo A

maioria das redes atuantes no Brasil opera grande nuacutemero de lojas classificadas como

supermercados convencionais

99

5 Superloja tipo de loja que opera com uma completa linha de produtos alimentiacutecios

Os natildeo-alimentiacutecios comeccedilam a crescer em importacircncia podendo representar ateacute 10

das vendas A aacuterea de comercializaccedilatildeo possui 4500 msup2 em meacutedia e a ecircnfase eacute nos

serviccedilos natildeo pereciacuteveis bem como em uma ampla seccedilatildeo de alimentos A Superloja

tambeacutem oferece uma razoaacutevel gama de produtos tecircxteis e eletrocircnicos O nuacutemero de

itens pode ser ateacute 60 superior ao de um supermercado convencional e operam um

nuacutemero meacutedio de 14000 itens de produtos No Brasil existem cerca de 400 superlojas

de alimentos as que representam 13 das vendas do varejo alimentiacutecio A tendecircncia eacute

que esse tipo de formato ganhe importacircncia nos proacuteximos anos

6 Hipermercado o conhecido modelo de loja importado da Franccedila caracterizado pelo

largo espectro de produtos alimentares e bebidas A aacuterea para alimentos geralmente eacute

maior do que 50 do total da aacuterea de vendas totais da loja Os hipermercados

trabalham com completa linha de alimentaccedilatildeo e quase completa linha de natildeo-

alimentos vendendo cerca de 35000 itens Satildeo comercializados em torno de 45000

itens e as seccedilotildees tiacutepicas dessas lojas satildeo mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves

padaria frios e laticiacutenios bazar peixaria tecircxtil e eletrocircnicos No Brasil existem mais

de 100 hipermercados que representam 13 das vendas do varejo alimentar

7 Supercenter esse tipo de formato eacute considerado uma adaptaccedilatildeo norte-americana dos

hipermercados franceses e tem as caracteriacutesticas de uma loja de departamento

acrescida de um supermercado que ocupa 40 da aacuterea de venda Chega a operar em

torno de 60000 itens e tem dimensotildees de ateacute 19000 msup2 O layout de disposiccedilatildeo das

gocircndolas cria seccedilotildees isoladas dentro da loja

8 Loja-Depoacutesito no Brasil o nuacutemero de lojas-depoacutesito ainda eacute muito pequeno sendo

composto pelas redes que oferecem mais de 7000 itens com boa participaccedilatildeo dos

pereciacuteveis A aacuterea de venda geralmente eacute em torno de 4000 msup2 a 7000 msup2 Opera as

100

seguintes seccedilotildees mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves tecircxtil frios e laticiacutenios

bazar e eletrocircnicos O foco desse tipo de loja estaacute relacionado agrave imagem de preccedilo

baixo e aos poucos serviccedilos oferecidos A oferta de natildeo-alimentos comeccedila a crescer

nesse formato e as vendas desses produtos atingem 8 do total vendido

9 Clube de Atacadistas tipo de loja que opera nas linhas alimentiacutecia e natildeo-alimentiacutecia

tem aacuterea de vendas despojada e de baixo investimento expondo a mercadoria em

estruturas metaacutelicas O puacuteblico alvo desse tipo de loja pode ser definido pelos

pequenos comeacutercios bares e restaurantes bem como por famiacutelias de menor poder

aquisitivo Geralmente essas lojas operam 5000 itens de produtos e a porcentagem de

vendas dos natildeo-alimentos chega a 35 Operam nas seccedilotildees de mercearia bazar

carnes e aves vestuaacuterio frios e laticiacutenios e eletrocircnicos O nuacutemero de check-outs

existentes nessas lojas fica entre 25 a 35

Entretanto Stern El-Ansary e Coughlan (1996) consideram que as atividades varejistas

podem ser feitas por todos os membros do canal e ateacute mesmo pela induacutestria e observa-se

grande competiccedilatildeo dentro dos diferentes formatos Aleacutem disso a maneira como o produto eacute

distribuiacutedo tambeacutem eacute importante para a formaccedilatildeo do preccedilo Dependendo do canal eacute possiacutevel

definir preccedilos diferenciados por segmento Deve-se ter o cuidado de escolher corretamente o

canal de distribuiccedilatildeo porque ele pode guiar toda a poliacutetica de preccedilos dentro da cadeia de

suprimentos caso os intermediaacuterios tiverem um alto poder de negociaccedilatildeo

Nagle e Holden (1995) recomendam uma estrateacutegia de distribuiccedilatildeo coerente com a estrateacutegia

de preccedilos ou seja para um produto que atrai os compradores pelo baixo preccedilo eacute necessaacuterio

obter baixo custo de distribuiccedilatildeo jaacute para um produto que atrai os consumidores pelos seus

atributos superiores apesar do preccedilo alto eacute recomendaacutevel obter uma distribuiccedilatildeo que

complemente esses atributos e os torne visiacuteveis

101

Quando o valor da diferenciaccedilatildeo do produto se suporta por meio desta argumentaccedilatildeo eacute

arriscado confiar completamente na distribuiccedilatildeo independente A distribuiccedilatildeo pode-se

transformar em um serviccedilo de diferenciaccedilatildeo do produto diminuindo a sensibilidade a preccedilos

por parte dos clientes Portanto na medida em que for oferecido um pacote de serviccedilos

diferenciados pela distribuiccedilatildeo aumenta-se a competitividade do produto tornando-se o preccedilo

menos relevante

2114 Localizaccedilatildeo da Loja

Os supermercadistas ao fixar seus preccedilos levam em conta os preccedilos praticados pela

concorrecircncia Satildeo consideradas concorrentes as lojas que se situam numa mesma aacuterea

geograacutefica de influecircncia (SILVEIRA LEPSCH 1997) O nuacutemero de lojas concorrentes na

mesma localizaccedilatildeo determina a estrutura do mercado o que permite concluir que o poder de

monopoacutelio no setor supermercadista varia segundo o grau de concorrecircncia existente nos

diferentes mercados

Lukianocenko (2003) afirma que um dos fotos que mais chamou a atenccedilatildeo em um estudo

realizado pela LatinPanel relaciona-se aos motivos que levam o consumidor a escolher um

supermercado para realizar suas compras Entre esses motivos destaca-se a proximidade do

estabelecimento com a casa ou trabalho do consumidor que aparece em primeiro lugar em

todas as classes analisadas (A ateacute E) em 52 dos casos O estudo tambeacutem enfatiza que a

proximidade tem o mesmo peso tanto para clientes de pequenos estabelecimentos quanto para

os de grandes lojas (LUKIANOCENKO 2003) A informaccedilatildeo reforccedila o conceito de que a

conveniecircncia eacute um fator primordial na definiccedilatildeo da opccedilatildeo de compra sendo um forte

102

indicativo a favor do supermercadista de pequeno porte Se ele conhece as caracteriacutesticas de

sua vizinhanccedila pode desenvolver serviccedilos e criar novos atrativos para fidelizar o seu cliente

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista

Historicamente os varejistas eram muito dependentes do poder de algumas induacutestrias

multinacionais proprietaacuterias de marcas fortes e consagradas no mercado Entretanto o

crescimento na concentraccedilatildeo do setor varejista e na concorrecircncia entre marcas de produtos

substitutos ocasionou uma inversatildeo nesse poder Se um varejista natildeo compra uma marca de

produto e isso implica na perda de consumidores leais a essa marca significa que a induacutestria

tem o poder mas se o consumidor aceita marcas substitutas e continua a frequumlentar o ponto-

de-venda o poder estaacute nas matildeos do varejista (KUMAR 1997)

Isso acontece porque o poder de cada parte estaacute intrinsecamente relacionado com a

interdependecircncia das relaccedilotildees dos parceiros envolvidos o poder do varejista depende do niacutevel

de dependecircncia do seu fornecedor e vice-versa (HOGARTH-SCOTT 1999) Quando uma

empresa depende dos recursos de outra organizaccedilatildeo acaba ficando suscetiacutevel agraves exigecircncias

desta que usufrui do seu poder para maximizar seus interesses Mas quando existe a muacutetua

interdependecircncia os investimentos satildeo compartilhados e as partes executam suas atividades

visando o benefiacutecio do canal como um todo

103

Poirier e Reiter (1996) consideram que os membros mais poderosos do canal de distribuiccedilatildeo

exercem sua forccedila sobre os participantes mais fracos A fraqueza nessas situaccedilotildees eacute derivada

do fato de essas influecircncias servirem apenas para criar associaccedilotildees instaacuteveis entre as

organizaccedilotildees que tentam lucrar o maacuteximo possiacutevel sobre os outros em vez de trabalharem

para o benefiacutecio coletivo Nesse contexto as dinacircmicas do poder e da dependecircncia satildeo fatores

importantes a serem considerados pois eles permitem uma visatildeo de como a estrutura do canal

pode influenciar a performance do relacionamento

O poder pode ser definido como a habilidade de um ator (A) conseguir de um outro ator (B)

aquilo que ele deseja (HOGARTH-SCOTT 1999) Dentro dos limites razoaacuteveis eacute possiacutevel

conseguir tudo o que deseja se estiver ciente das opccedilotildees testar suposiccedilotildees correr riscos

calculados e basear-se em informaccedilotildees soacutelidas acreditando que se tem poder (MARTINELLI

ALMEIDA 1998)

Negociaccedilatildeo eacute um conceito em contiacutenua formaccedilatildeo que estaacute amplamente relacionado agrave

satisfaccedilatildeo de ambos os lados Nierenberg (1981 p 3) considera o conceito como um

negoacutecio que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir

benefiacutecios duradouros para todos os participantes Fisher e Ury (1985) e Hodgson (1996)

definem a negociaccedilatildeo como um processo de comunicaccedilatildeo bilateral que envolve um elemento

de permuta e barganha onde os agentes trocam recursos de valor por outro visando uma

decisatildeo conjunta e a satisfaccedilatildeo para todos os envolvidos

A efetiva utilizaccedilatildeo de poder por uma das partes conforme Coughlan (2001) tende a ocorrer

de forma mais acentuada na medida em que a distribuiccedilatildeo de poder entre os membros do

canal seja mais desequilibrada

104

Nas deacutecadas passada o ponto determinante de uma negociaccedilatildeo era basicamente o preccedilo e

cada agente da cadeia de suprimentos buscava maximizar seus ganhos mesmo que isso

implicasse na reduccedilatildeo dos lucros dos aliados comerciais (ALCAcircNTARA 1998 FLEURY et

alli 2000) Considerando o ambiente turbulento em que estatildeo inseridas as empresas neste

iniacutecio de seacuteculo o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas negociaccedilotildees entre varejistas e

fornecedores Grandes estabelecimentos negociam grandes volumes a preccedilos mais baixos do

que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis de um mesmo

produto do que a concorrecircncia

As grandes redes varejistas conseguem concessotildees especiais de fornecedores que nem

sempre satildeo justificadas por argumentos de aumento da eficiecircncia proacute-competitiva e que em

muitos casos apresentam efeitos adversos significantes sobre a competiccedilatildeo em toda a cadeia

produtiva Segundo os autores em geral as condutas adotadas pelo varejo brasileiro

apresentam grau de abuso do poder de compra ao serem unilaterais e restritivas Destacam o

fato de que o grau de interdependecircncia do fornecedor diante dos grandes varejistas acentua o

efeito negativo da adoccedilatildeo de tais praacuteticas e que qualquer argumentaccedilatildeo eacute punida com o

teacutermino da relaccedilatildeo comercial

105

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas

Os estudos realizados sobre a variaccedilatildeo de preccedilos de produtos em diferentes regiotildees tecircm obtido

menos sucesso para encontrar a relaccedilatildeo entre a diferenccedila nos preccedilos de produtos e variaacuteveis

demograacuteficas de um mercado Estudos recentes de preccedilos de mantimento alcanccedilaram

resultados misturados Hayes (2000) natildeo identificou em sua pesquisa um relacionamento

estatiacutestico significativo entre preccedilos de mantimento e o niacutevel de renda de residentes de um

mercado

Por outro lado Frankel e Gould (2001) encontraram em seus estudos que os preccedilos satildeo mais

elevados nos mercados com mais desigualdade da renda Os preccedilos satildeo mais elevados onde haacute

uma renda mais baixa ou renda mais elevada e os preccedilos mais baixos satildeo encontrados nos

mercados consumidores com renda entre estes dois grupos Entretanto o modelo dos autores

natildeo permite que determine se os resultados encontrados satildeo devido agraves diferenccedilas no

comportamento do consumidor nos custos ou nas diferenccedilas entre as caracteriacutesticas das lojas

e a qualidade dos serviccedilos fornecidos

Resultados parecidos foram encontrados por pesquisadores do setor de restaurantes Graddy

(1997) encontrou que os preccedilos satildeo mais altos em regiotildees com uma proporccedilatildeo maior de

consumidores de renda inferior Poreacutem seu modelo natildeo identificou se a diferenccedila de preccedilos

observada poderia vir das diferenccedilas de custos e condiccedilotildees de demanda ou se reflete a

estrateacutegia de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre varejistas

Kaufman et alli (1997) afirmam que os preccedilos de mantimento tendem a ser mais elevados em

centros urbanos do que em mercados suburbanos Alguns especulam que um acesso maior

aos supermercados nos subuacuterbios eacute o fator responsaacutevel por essa diferenccedila Em comparaccedilatildeo agraves

106

lojas da cidade os supermercados de subuacuterbios satildeo aptos a oferecer os preccedilos mais baixos e

uma escala maior dos tipos de produtos dos tamanhos do pacote e das escolhas por qualidade

MacDonald e Nelson (1991) encontram em seus estudos que uma cesta baacutesica de produtos

custa aproximadamente 4 menos nas lojas suburbanas do que em lojas da cidade

117 O Preccedilo da Concorrecircncia

Como foi discutido Lambin (2000) considera que a escolha de uma estrateacutegia de preccedilos

impotildee o respeito a dois tipos de coerecircncia a coerecircncia interna que contempla que o preccedilo

definido respeite as condiccedilotildees de custo e de rentabilidade da empresa e a coerecircncia externa

que exige um preccedilo compatiacutevel com a sensibilidade dos compradores ao preccedilo e com os

preccedilos praticados pela concorrecircncia Portanto a estrateacutegia de preccedilo eacute influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento e do valor percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo

produzidos pela empresa com o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (KOTLER

KELLER 2005 e STANTON WALKER ETZEL 2001)

A definiccedilatildeo do preccedilo baseada na concorrecircncia usa o balizamento dos preccedilos com os do

concorrente ou seja natildeo precisa colocar o mesmo preccedilo mas a qualquer movimento do

competidor haacute uma mudanccedila proporcional nos preccedilos da empresa Esta praacutetica eacute muito

comum no caso dos oligopoacutelios Se houver um movimento de preccedilos de um competidor os

outros fatalmente o seguiratildeo ou perderatildeo participaccedilatildeo de mercado Por isso os principais

desafios que estas empresas enfrentam satildeo o bom controle dos custos de modo a ficarem

107

mais competitivas e suportarem uma agressividade de preccedilos da concorrecircncia e a capacidade

de diferenciar os produtos agregando serviccedilos de modo a fugir da guerra de preccedilos

Normalmente o competidor que tem a maior parcela de mercado exerce a lideranccedila de preccedilos

sendo que os outros satildeo seguidores O que permite ao liacuteder direcionar preccedilos eacute o maior

conhecimento do mercado e do comportamento dos clientes sobre qualquer variaccedilatildeo no

composto de marketing Scherer (1979) argumenta que uma visatildeo mais realista do oligopoacutelio

pressupotildee que as decisotildees de preccedilo dos vendedores satildeo interdependentes

Um aspecto relevante eacute o niacutevel de confianccedila entre os executivos das empresas competidoras

Caso seja baixo esta induacutestria fica bastante susceptiacutevel a uma guerra de preccedilos Natildeo se pode

perder de vista que mesmo um bom relacionamento com a concorrecircncia natildeo impede que

novos competidores entrem no mercado e ganhem participaccedilatildeo agrave custa de preccedilo Portanto eacute

importante que o preccedilo seja alto o suficiente para dar lucros e baixo o bastante para criar

barreiras de entrada

Apoacutes a revisatildeo bibliograacutefica o estudo foi complementado com uma pesquisa empiacuterica para

verificar a aplicaccedilatildeo da teoria em trecircs redes de supermercado atuantes no mercado nacional

Aleacutem disso devido ao grande nuacutemero de variaacuteveis consideradas no momento da fixaccedilatildeo do

preccedilo eacute comum que cada empresa desenvolva o seu mecanismo apreccedilamento baseando-se

em informaccedilotildees a respeito do seu mercado consumidor o que torna o estudo do caso ainda

mais interessante

A escolha pelo varejo supermercadista eacute explicada pelo crescimento do setor e

disponibilidade de dados existente Outro ponto eacute a ecircnfase dada pelo varejo ao preccedilo como

fator fundamental para a busca de um diferencial competitivo e para fidelizar os seus clientes

Depois de muitas mudanccedilas a economia nacional propiciou a chegada de novos competidores

108

resultando no acirramento da disputa pelo mercado e na busca tanto do setor industrial

quanto do proacuteprio varejo por investimentos em pesquisas sobre o comportamento dos

consumidores com o objetivo de melhor entender suas necessidades e desejos

O meacutetodo de pesquisa escolhido bem como os resultados do estudo encontram-se descritos

nos toacutepicos a seguir

109

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo

Gay e Diehl (1992) explicam que existe uma diferenccedila baacutesica entre pesquisa em

administraccedilatildeo e pesquisa em outras aacutereas do conhecimento que eacute a natureza do fenocircmeno

estudado Nos estudos de administraccedilatildeo as situaccedilotildees estudadas satildeo mais difiacuteceis de serem

explicadas e controladas porque satildeo complexas envolvendo pessoas instituiccedilotildees ambientes

em mudanccedila e natildeo relaccedilotildees simples de causa e efeito Assim aleacutem de natildeo ser faacutecil controlar

os diferentes aspectos pesquisados eacute difiacutecil generalizar e replicar os seus resultados (GAY

DIEHL 1992)

Selltiz et alli (1974) afirma que a finalidade de uma pesquisa eacute descobrir respostas para

algumas questotildees mediante a aplicaccedilatildeo de meacutetodos cientiacuteficos que satildeo desenvolvidos para

intensificar a probabilidade de as informaccedilotildees obtidas serem utilizadas nas questotildees

apresentadas e de serem seguras e imparciais Embora uma tentativa de pesquisa natildeo resulte

necessariamente em uma informaccedilatildeo fidedigna e imparcial os meacutetodos cientiacuteficos tecircm maior

probabilidade de ecircxito do que qualquer outro sistema conhecido do homem O meacutetodo

cientiacutefico de pesquisa eacute considerado como um conjunto de passos claramente determinados

para obtenccedilatildeo de um conhecimento Satildeo passos aceitos pelas pessoas que estudaram na aacuterea

em que foi realizada a pesquisa (SELLTIZ et alli 1974)

110

O problema de pesquisa deste trabalho se enquadra na proposta sugerida por Campomar

(2005) uma pesquisa em marketing atrelada a uma revisatildeo bibliograacutefica sobre um tema

especiacutefico para avanccedilo do conhecimento Para o autor a pesquisa de campo em Marketing eacute

uacutetil para observar como o que existe em praacutetica se ajusta agrave teoria ou ainda se a praacutetica pode

dar origem a uma nova teoria modelo ou conceito a pesquisa social empiacuterica (CAMPOMAR

2005)

Para que essa proposta seja cumprida os toacutepicos a seguir apresentam e descrevem o tipo de

pesquisa que melhor se enquadra no estudo realizado a sua natureza e o meacutetodo utilizado Eacute

importante ressaltar que o entendimento dessas etapas pelo pesquisador eacute fundamental para

que a organizaccedilatildeo do estudo empiacuterico seja precisa e natildeo prejudique a anaacutelise dos dados

obtidos

311 O Tipo de Pesquisa

Existem vaacuterias classificaccedilotildees sobre os tipos de pesquisa entretanto os mais utilizados em

trabalhos da aacuterea de administraccedilatildeo satildeo os de caraacuteter exploratoacuterio e conclusivo Os conclusivos

satildeo subdivididos em estudos descritivos e causais (SELLTIZ et alli 1974 MATTAR 1999)

Satildeo descritivos quando o objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas de um fenocircmeno e causais

quando buscam explicar o relacionamento entre variaacuteveis Entretanto os tipos de pesquisa natildeo

satildeo excludentes podendo se sobrepor em algumas situaccedilotildees

111

As pesquisas de caraacuteter exploratoacuterio satildeo mais adequadas quando haacute necessidade de maiores

conhecimentos acerca de um fenocircmeno ou de conseguir uma nova compreensatildeo sobre ele

possibilitando a formulaccedilatildeo de problemas mais precisos e a criaccedilatildeo de hipoacuteteses (SELLTIZ et

alli 1974) A pesquisa conclusiva exige conhecimento das variaacuteveis do problema a ser

estudado e pode ser considerada descritiva quando seu objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas

de um fenocircmeno e causal quando busca evidenciar o relacionamento existente entre as

variaacuteveis do estudo (VERGARA 1998)

Os estudos exploratoacuterios possuem uma seacuterie de funccedilotildees aleacutem da formulaccedilatildeo do problema e

das hipoacuteteses entre eles (i) aumentar o conhecimento do pesquisador a respeito do fenocircmeno

que deseja investigar em um estudo posterior (ii) esclarecer conceitos e (iii) estabelecer

prioridades para estudos futuros (SELLTIZ et alli 1974)

Quando o objetivo da pesquisa eacute familiarizar-se com o fenocircmeno ou ainda conseguir nova

compreensatildeo deste fenocircmeno os estudos do tipo exploratoacuterios satildeo mais indicados (SELLTIZ

et alli 1974) Como no caso deste estudo o objetivo eacute entender como satildeo formados os

preccedilos dos produtos nos supermercados pode-se afirmar que a pesquisa possui natureza

exploratoacuteria Aleacutem disso possui abordagem semi-estruturada

A pesquisa tambeacutem eacute considerada descritiva pois envolveu a apresentaccedilatildeo de trecircs casos que

possibilitaram a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees sobre apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

por meio da descriccedilatildeo das teacutecnicas utilizadas pelas trecircs empresas mas natildeo de conclusotildees que

possam ser generalizadas

112

312 A Natureza da Pesquisa

A natureza da pesquisa relaciona-se com o tipo de dado trabalhado e como ele seraacute analisado

Portanto eacute o problema de investigaccedilatildeo que determina se o estudo eacute qualitativo ou

quantitativo

Este estudo eacute classificado como uma pesquisa qualitativa pois natildeo enumera nem mede os

eventos estudados Outra caracteriacutestica eacute a natildeo utilizaccedilatildeo de procedimentos estatiacutesticos na

anaacutelise dos dados coletados e o envolvimento da obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas

lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudada

visando agrave compreensatildeo dos fenocircmenos com base na perspectiva dos sujeitos do estudo

(STRAUSS CORBIN 1990 GODOY 1995) A pesquisa qualitativa possibilita a captaccedilatildeo

das opiniotildees e perspectivas dos indiviacuteduos ou seja informaccedilotildees difiacuteceis de serem obtidas por

uma pesquisa quantitativa

Os estudos qualitativos natildeo envolvem estatiacutestica o que natildeo significa que satildeo especulativos

Eles possuem objetividade e validade conceitual e contribuem para o meio cientiacutefico

(TRIVINtildeOS 1987) As criacuteticas feitas ao meacutetodo referem-se ao seu uso inadequado e natildeo nas

limitaccedilotildees Rigor e confiabilidade tambeacutem satildeo caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa

(VIEIRA 2004)

Bryman (1989) e Bogdan e Biklen (1992) destacam outras caracteriacutesticas da pesquisa

qualitativa (i) o ambiente eacute a fonte de dados - mundo empiacuterico - e o pesquisador eacute o

instrumento fundamental no contato direto e prolongado com o ambiente estudado (ii) os

dados coletados aparecem sob a forma de transcriccedilotildees de entrevistas anotaccedilotildees de campo

fotografias e desenhos entre outros documentos (iii) os pesquisadores qualitativos tentam

113

compreender os fenocircmenos que estatildeo sendo estudados a partir da perspectiva dos

participantes o que esclarece o dinamismo interno das situaccedilotildees dificilmente compreendido

pelos observadores externos e (iv) os pesquisadores tecircm proximidade do fenocircmeno que estaacute

sendo estudado possibilitando uma melhor anaacutelise dos resultados encontrados

Embora a pesquisa qualitativa demonstre subjetividade eacute possiacutevel estabelecer procedimentos

cientiacuteficos por meio da definiccedilatildeo de seu problema das hipoacuteteses das variaacuteveis e do estudo de

campo proporcionando maior objetivaccedilatildeo (VIEIRA 2004)

Rocha e Ceretta (1998) realizaram um estudo cientiacutefico sobre a importacircncia e a contribuiccedilatildeo

da pesquisa qualitativa na administraccedilatildeo concluindo que os estudos dessa natureza satildeo

capazes de descrever a complexidade de um problema compreender e classificar processos

dinacircmicos vividos por grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila de um grupo aleacutem

de possibilitar o entendimento das particularidades do comportamento dos indiviacuteduos Na

mesma linha Ghauri e Gronhaug (1995) acreditam que a pesquisa qualitativa eacute adequada em

estudos de assuntos complexos e particulares

Godoy (1995) explica que a abordagem qualitativa pode ser conduzida por diferentes

caminhos sendo trecircs deles bastante conhecidos e utilizados no campo da administraccedilatildeo a

pesquisa documental o estudo de caso e a etnografia O meacutetodo utilizado no estudo seraacute

apresentado a seguir

114

313 O Meacutetodo da Pesquisa

A pesquisa adota o meacutetodo de estudo casos que para Yin (1994) eacute um meacutetodo potencial de

pesquisa quando se deseja entender um fenocircmeno social complexo pressupotildee um maior niacutevel

de detalhamento das relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e as organizaccedilotildees bem como dos

intercacircmbios que se processam com o meio ambiente nos quais estatildeo inseridos Tull e

Hawkins (1976 p 323) afirmam que um estudo de caso refere-se a uma anaacutelise intensiva de

uma situaccedilatildeo particular e Bonoma (1985 p 203) coloca que o estudo de caso eacute uma

descriccedilatildeo de uma situaccedilatildeo gerencial

Martins (1999) descreve o estudo de caso como uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa

fenocircmenos dentro de seu contexto real (pesquisa naturaliacutestica) Aleacutem disso reuacutene o maior

nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas por meio de diferentes teacutecnicas de coleta de dados tais

como entrevistas questionaacuterio observaccedilatildeo participante entrevista em profundidade

levantamento de dados secundaacuterios entre outros O objetivo eacute de aprender a totalidade de uma

situaccedilatildeo e criativamente descrever a complexidade de um caso concreto No estudo de caso

utilizam-se enfoques exploratoacuterios e descritivos buscando identificar a multiplicidade de

dimensotildees presentes numa situaccedilatildeo

Ludke e Andreacute (1986) afirmam que os estudos de caso buscam retrair a realidade de forma

completa e profunda e o pesquisador procura revelar a multiplicidade de dimensotildees presentes

em uma situaccedilatildeo ou problema focalizando-o como um todo Bonoma (1985) explica que o

meacutetodo eacute uacutetil quando o fenocircmeno a ser estudado eacute amplo e complexo o conhecimento

existente eacute insuficiente para suportar a proposiccedilatildeo de questotildees causais e nos casos em que o

fenocircmeno natildeo pode ser estudado fora do contexto onde naturalmente ocorre O autor defende

115

o meacutetodo como uma maneira indutiva para o desenvolvimento qualitativo do marketing como

ciecircncia

O estudo de caso precisa como todos os outros meacutetodos de pesquisa cientiacutefica da elaboraccedilatildeo

de um projeto de um plano de accedilatildeo que permita a contemplaccedilatildeo do problema de pesquisa de

maneira loacutegica e otimizada (BONOMA 1985) Lazzarini (1997) afirma que este eacute um

meacutetodo qualitativo que se caracteriza mais pela compreensatildeo do fato do que pela sua

mensuraccedilatildeo e permite utilizar vaacuterias fontes em evidecircncia

Considerando o propoacutesito central da pesquisa percebe-se a importacircncia do estudo multicasos

como objetivo de analisar o varejo supermercadista na cidade de Satildeo Paulo e as variaacuteveis

presentes na formaccedilatildeo de preccedilos dos produtos alimentiacutecios por ele comercializados (YIN

1994)

Campomar (1991) reforccedila essa importacircncia ao afirmar que o estudo intensivo de um caso

permite a descoberta de relaccedilotildees que natildeo seriam encontradas de outra forma sendo as anaacutelises

e inferecircncias em estudos de casos feitas por analogias de situaccedilotildees Stake (1999) afirma que

ultimamente o interesse pela realizaccedilatildeo de estudos que envolvem casos muacuteltiplos eacute maior do

que os que envolvem casos individuais Joacuteia (2004) acredita que por meio da comparaccedilatildeo de

dados eacute possiacutevel reconhecer padrotildees e elaborar modelos que expressem a realidade

Segundo Yin (1994) para o estudo de caso os componentes de um projeto de pesquisa que

satildeo especialmente importantes satildeo as questotildees do estudo as proposiccedilotildees e as unidades de

anaacutelise Com relaccedilatildeo agraves questotildees do estudo a estrateacutegia de estudo de caso eacute mais apropriada

para responder principalmente agraves questotildees do tipo como e por que sendo assim a tarefa

inicial do investigador precisar a natureza das questotildees do estudo (YIN 1994 CAMPOMAR

1991) As proposiccedilotildees direcionam a atenccedilatildeo para algo que deveria ser examinado dentro do

116

escopo do estudo A partir do momento em que as proposiccedilotildees satildeo declaradas o estudo

comeccedila a mover-se em alguma direccedilatildeo (YIN 1994)

Lazzarini (1997) explica que em funccedilatildeo das unidades de anaacutelise do nuacutemero de casos

analisados e dos meacutetodos empregados existem algumas variaccedilatildeo no escopo da pesquisa

baseada em estudo de caso A unidade de anaacutelise eacute o objeto central da pesquisa e pode ser

caracterizada por indiviacuteduos grupos ou organizaccedilotildees bem como um processo uma atividade

ou um comportamento Aleacutem disso estaacute relacionada com o problema fundamental da

definiccedilatildeo do caso (Yin 1994) Para esse estudo de caso as unidades de anaacutelise satildeo trecircs redes

supermercadistas localizadas na cidade de Satildeo Paulo

Um ponto comum entre autores (YIN 1989 BONOMA 1985) eacute a recomendaccedilatildeo de grande

cuidado ao planejar a execuccedilatildeo do estudo de caso para fazer frente agraves criacuteticas tradicionais que

satildeo feitas ao meacutetodo Os passos a seguir recomendados por Yin (1994) demonstram a

preocupaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo do plano de pesquisa

3131 Protocolo para os Estudos de Caso

Conforme o conhecimento e o uso dos estudos de caso como meacutetodo de pesquisa aumentam

as criacuteticas em relaccedilatildeo a esta teacutecnica datildeo lugar a sua aplicaccedilatildeo nos diversos campos da ciecircncia

A relativa falta de conhecimento e da experiecircncia em relaccedilatildeo ao meacutetodo do estudo de caso

contribuiu para que falhas surgissem e alimentassem as criacuteticas feitas por aqueles que natildeo

aceitam a teacutecnica o que atualmente pode-se considerar resolvido (CAMPOMAR 1991)

117

Campomar (1991) afirma que o meacutetodo cientiacutefico eacute a maneira encontrada para legitimar o

conhecimento empiacuterico sem o quecirc os resultados das pesquisas seriam de difiacutecil aceitaccedilatildeo

Com o objetivo de aumentar a confiabilidade do meacutetodo em questatildeo Yin (1994) ressalta a

importacircncia de estabelecer um protocolo Para o autor este protocolo deve conter o

instrumento de coleta de dados os procedimentos e as regras que devem ser seguidos ao

longo do processo Aleacutem disso ainda de acordo com o autor deve apresentar o seguinte

conteuacutedo (i) uma visatildeo geral do estudo de caso (ii) os procedimentos de campo (iii) as

questotildees de pesquisa e (iv) um guia para o relatoacuterio final A seguir tem-se a explicaccedilatildeo de

cada um desses pontos

i Visatildeo Geral do Estudo de Caso

A pesquisa de campo foi realizada para complementar a revisatildeo bibliograacutefica da dissertaccedilatildeo e

proporcionar um maior entendimento sobre o apreccedilamento estrateacutegico em redes de

supermercado Optou-se por trecircs grandes grupos atuantes no Brasil localizados na cidade de

Satildeo Paulo jaacute que o projeto de pesquisa definiu a utilizaccedilatildeo do estudo de casos muacuteltiplos

A escolha das redes supermercadista foi feita por meio da classificaccedilatildeo realizada pela

Associaccedilatildeo Brasileira de Supermercados (ABRAS) das maiores redes supermercadistas

estabelecidas no paiacutes em faturamento e pelas redes que se encontram entre as cinco maiores

pois acredita-se que as primeiras colocadas possuem maior conhecimento a respeito das

variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo dos preccedilos finais de seus produtos da utilizaccedilatildeo de

estrateacutegias para diferenciar o seu posicionamento das empresas concorrentes do que as redes

118

menores A seguir foram realizados contatos com os responsaacuteveis pela formaccedilatildeo de preccedilos

dos produtos comercializados por essas redes e os principais gerentes envolvidos na escolha

do meacutetodo de precificaccedilatildeo responderam agrave entrevista

ii Procedimentos de Campo

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas pessoais orientadas por um roteiro semi-

estruturado natildeo disfarccedilado (Apecircndice 1) junto a diretores e gerentes das redes pesquisadas

Todas as entrevistas foram realizadas na cidade de Satildeo Paulo pela proacutepria pesquisadora do

estudo possibilitando a obtenccedilatildeo de dados qualitativos primaacuterios

O roteiro semi-estruturado parte de alguns questionamentos baacutesicos que satildeo elaborados por

meio dos conceitos expostos na teoria e na experiecircncia do pesquisador A partir dos pontos

abordados e dos dados fornecidos pelo entrevistado surgem novas questotildees Essa sequumlecircncia

permite que o respondente participe ateacute certo grau da conduccedilatildeo da pesquisa (TREVINtildeOS

1987)

Embora tenha-se solicitado que as respostas fossem baseadas em fatos fontes de dados

secundaacuterios como jornais revistas e informaccedilotildees nos sites das empresas tambeacutem foram

utilizadas para complementar as informaccedilotildees obtidas e reduzir a possibilidade de declaraccedilotildees

tendenciosas considerada uma das limitaccedilotildees do meacutetodo escolhido

Os dados foram coletados em janeiro de 2006 Buscou-se analisar e comparar os casos

estudados verificando as semelhanccedilas as diferenccedilas e as particularidades de forma a retratar

um cenaacuterio condizente com a realidade presenciada O objetivo natildeo foi generalizar os

119

resultados obtidos jaacute que a pesquisa eacute de natureza exploratoacuteria e tal generalizaccedilatildeo somente

poderia ser feita por meio de uma maior representatividade da amostra

iii Questotildees de Pesquisa

Para direcionar as entrevistas o roteiro semi-estruturado e natildeo disfarccedilado foi elaborado Esse

roteiro foi dividido em duas partes A primeira parte teve como objetivo coletar informaccedilotildees a

respeito da empresa como nuacutemero de funcionaacuterios faturamento participaccedilatildeo de mercado

entre outras importantes para a caracterizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

A segunda parte abordou o problema de investigaccedilatildeo do estudo As questotildees relacionadas a

definiccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico da empresa encontram-se descritas nesse ponto Foram

considerados os seguintes toacutepicos o objetivo da determinaccedilatildeo de preccedilos a anaacutelise dos preccedilos

dos concorrentes o meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos a estrateacutegia de seleccedilatildeo do preccedilo final

a estrateacutegia de adequaccedilatildeo do preccedilo e as variaacuteveis que influenciam na fixaccedilatildeo do preccedilo dos

produtos comercializados pelas redes

Como se tratou de uma pesquisa qualitativa o roteiro caracterizado pela flexibilidade natildeo foi

previamente testado As questotildees de pesquisa foram averiguadas em cada rede

supermercadista e os resultados e discussotildees realizados para cada caso

120

iv Guia para o Relatoacuterio Final

Apoacutes a coleta dos dados os casos foram apresentados por meio de relatoacuterios Esses relatoacuterios

obedecem ao roteiro de entrevistas empregado e explica cada uma das questotildees formuladas

para responder agrave pergunta de pesquisa de acordo com as informaccedilotildees dadas pelos

profissionais e das coletadas em fontes secundaacuterias

Os casos foram denominados como Caso 1 Rede A Caso 2 - Rede B e Caso 3 - Rede C

devido agrave confidencialidade das informaccedilotildees coletadas Por tratar de um setor competitivo e

porque o estudo aborda questotildees estrateacutegicas as redes natildeo autorizaram a divulgaccedilatildeo dos seus

nomes

As anaacutelises e consideraccedilotildees foram tratadas na conclusatildeo do estudo a partir da comparaccedilatildeo

dos casos com a teoria apresentada A seguir estatildeo descritos os estudos de casos realizados

121

4 O ESTUDO MULTICASOS

41 Os Supermercados no Brasil

Silveira e Lepsch (1997) explicam que a exemplo do que aconteceu nas economias mais

desenvolvidas o setor de serviccedilos no Brasil cresceu com maior rapidez do que os outros dois

macro-setores passando a ocupar a partir da deacutecada de 90 o primeiro lugar no produto

econocircmico com cerca de 50 do total Dentro do setor de serviccedilos encontra-se o varejo onde

o supermercado ocupa um lugar de destaque Este por sua vez eacute o preferido de 85 dos

consumidores urbanos em termos de volume total de vendas de bens de consumo (alimentos

e produtos de higiene e limpeza) Os outros 15 realizam suas compras em equipamentos

tradicionais (armazeacutens bares e mercearias empoacuterios e padarias) nos quais o auto-serviccedilo eacute

inexistente (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Os supermercados surgiram na deacutecada de 30 nos Estados Unidos jaacute mostrando a sua forccedila e

a sua importacircncia para o sistema de distribuiccedilatildeo de alimentos em todo o mundo Mas foi

depois de 20 anos na deacutecada de 50 quando os primeiros estabelecimentos desse tipo

surgiram no surgiram no Brasil O incentivo agrave proliferaccedilatildeo dessa forma de comeacutercio foi

incentivada pelas grandes induacutestrias estabelecidas no paiacutes A partir daiacute o crescimento foi

inevitaacutevel

Nos anos 50 o conceito de auto-serviccedilo foi consolidado mas foi somente no final da deacutecada

de 60 que os supermercados aumentaram sua participaccedilatildeo no faturamento do varejo se

firmando como o principal estabelecimento de distribuiccedilatildeo de alimentos existente no mercado

122

(SESSO FILHO 2003) Segundo Lima (2001) e Senhoras (2003) os supermercados

tornaram-se indispensaacuteveis agrave estrutura de vida dos consumidores brasileiros e desde entatildeo

observou-se uma tendecircncia de crescimento contiacutenuo do setor e a substituiccedilatildeo ao modelo

tradicional de distribuiccedilatildeo de alimentos

Atualmente o varejo atravessa um processo de transformaccedilatildeo intenso Com o acelerado ritmo

de consolidaccedilatildeo um nuacutemero crescente de varejistas aparece na relaccedilatildeo das maiores empresas

do Brasil No varejo supermercadista o Carrefour e o Grupo Patildeo de Accediluacutecar situam-se entre as

cinco maiores empresas privadas brasileiras com vendas anuais acima de quatro bilhotildees de

doacutelares (CEV 2005)

O ranking da ABRAS 2004 (LUKIANOCENKO 2004) traz informaccedilotildees sobre o faturamento

das redes que atuam no paiacutes e o grupo Patildeo de Accediluacutecar registrou a primeira posiccedilatildeo em 2004

com R$ 127 bilhotildees responsaacutevel por 147 do mercado seguido pela rede Carrefour com

vendas brutas de R$ 11 bilhotildees e 126 de participaccedilatildeo Em terceiro lugar aparece o grupo

Sonae com R$ 37 bilhotildees seguido pelo BomPreccedilo (ainda independente do grupo Wal Mart

pelo qual foi adquirido) com R$ 34 bilhotildees e pelo Sendas com R$ 22 bilhotildees Juntos os

cinco maiores grupos supermercadistas detecircm uma participaccedilatildeo 38 aproximadamente A

tabela 1 apresenta dados sobre as dez redes com maior faturamento do setor supermercadista

brasileiro e o quadro 11 traz algumas informaccedilotildees relevantes sobre as dez redes com maior

faturamento no setor supermercadista brasileiro

Ghisi (2005) cita que do total de lojas existentes no setor supermercadista composto por

quase 19 mil empresas 456 se encontram na regiatildeo sudeste seguida pelas regiotildees sul

norte-nordeste e centro-oeste com 272 230 e 42 respectivamente A regiatildeo sudeste

permanece na primeira posiccedilatildeo em 2002 a mesma obtida no ano anterior embora tenha

registrado uma queda na participaccedilatildeo sobre o faturamento do setor que em 2002 era de

123

593 A regiatildeo Sul se destaca no crescimento da participaccedilatildeo no setor de 183 em 2002

para 191 em 2003

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro Classificaccedilatildeo no

Ranking Empresa SedeFaturamento Bruto

em 2003 (R$)Participaccedilatildeo sobre o Setor

No de Lojas

No de Funcionaacuterios

No de Check-Outs por Loja

1Companhia Brasileira de Distribuiccedilatildeo SP 12788363000 15 497 55557 16

2Carrefour Comeacutercio e Induacutestria Ltda SP 11028288954 13 329 45899 22

3Sonae Distribuiccedilatildeo Brasil SA RS 3732240000 4 148 20923 23

4

BomPreccedilo SA Supermercado do Nordeste PE 3442710562 4 118 16342 20

5 Sendas SA RJ 2273353718 3 76 12057 21Total 5 Maiores 33264956234 39 1168 150778

6 Wall-Mart Brasil SA SP 1940103602 210 25 7032 28

7Cia Zaffari Comeacutercio e Induacutestria RS 1182206802 130 26 7552 33

8COOP - Cooperativa de Consumo SE 940161517 1 21 3837 19

9G Barbosa Comercial Ltda SP 923612000 090 32 5649 19

10Irmatildeos Bretas Filhos e Cia MG 811210627 080 40 5942 17

Total 10 Maiores 39062250782 45 1312 180790 Fonte Lukianocenko (2004)

Silveira e Lepsch (1997) argumentam que a importacircncia do supermercado tambeacutem pode ser

medida pelo fato desse formato varejista ser um dos primeiros a estudar a disposiccedilatildeo das

mercadorias e o movimento dos consumidores no interior da loja Os autores complementam

explicando que o supermercado procura atrair a preferecircncia dos clientes por meio de maior

velocidade nos check-outs e layouts bem estruturados

124

As grandes empresas do setor no Brasil em sua maioria com bandeiras diferenciadas jaacute

atuam tanto no segmento de hipermercados quanto no de supermercados No segmento de

supermercados algumas trabalham com bandeiras diferentes visando atingir puacuteblicos

especiacuteficos (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro

SETOR SUPERMERCADISTA BRASILEIRO O setor supermercadista brasileiro eacute composto por quase 19 mil empresas 80 dos supermercados do territoacuterio brasileiro satildeo de pequeno porte e faturam menos que R$ 100 mil mensais 611 do total das lojas do setor supermercadista tecircm um nuacutemero meacutedio de ateacute 7 check-outs 303 das lojas supermercadistas do Brasil satildeo jovens (tecircm no maacuteximo cinco anos) e apenas 159 tecircm mais de 20 anos 27 dos supermercados do Brasil concentram-se no Estado de Satildeo Paulo (maior concentraccedilatildeo por Estado brasileiro) Apenas 21 dos supermercados do Brasil tecircm aacuterea superior a 2500 msup2 e satildeo considerados lojas grandes Apenas 03 das lojas supermercadistas do Estado de Satildeo Paulo faturam acima de R$ 5 milhotildees mensais Em 1999 foi vendido em meacutedia um supermercado por dia (concentraccedilatildeo do setor) Entre os anos de 2001 e 2002 foram investidos no setor mais de R$ 1 bilhatildeo As 5 principais redes supermercadistas atuantes no Brasil detecircm 381 do faturamento anual de R$ 60 bilhotildees de reais do setor supermercadista brasileiro Fonte Ghisi 2005

Ghisi (2005) explica que embora o supermercado seja um estabelecimento presente em todos

os paiacuteses e ateacute mesmo em quase todas as cidades de grande meacutedio e pequeno porte e ser

considerado um dos setores da economia brasileira que mais se modernizaram nas uacuteltimas

deacutecadas sua criaccedilatildeo e seu desenvolvimento podem ser considerados recentes Algumas das

tendecircncias do setor satildeo resultantes desse processo de modernizaccedilatildeo investimentos em

expansatildeo internacionalizaccedilatildeo do capital segmentaccedilatildeo de formatos expansatildeo das aacutereas

geograacuteficas de atuaccedilatildeo e concentraccedilatildeo (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

125

As empresas liacutederes do setor supermercadista instaladas no territoacuterio nacional visando

ampliar ou ateacute mesmo manter suas participaccedilotildees de mercado podem adotar duas formas

estrateacutegicas de expansatildeo construccedilatildeo de novos pontos de venda (expansatildeo proacutepria) ou compra

de outras redes supermercadistas existentes (GHISI 2005) A primeira embora natildeo seja o

foco principal das redes eacute adotada por algumas empresas como o supermercado Wal-Mart

Por outro lado a compra de outras redes supermercadistas consiste na estrateacutegia de maior

difusatildeo no Brasil Ghisi (2005) afirma que no ano de 1999 um supermercado foi comprado

por dia no paiacutes retratando a adoccedilatildeo em larga escala dessa estrateacutegia Senhoras (2003) explica

que comparada agrave expansatildeo proacutepria a aquisiccedilatildeo ou fusatildeo eacute mais vantajosa a medida que

acelera o conhecimento do mercado e dos haacutebitos dos consumidores da regiatildeo

Quanto agrave internacionalizaccedilatildeo do setor supermercadista brasileiro eacute correto afirmar que a

estrateacutegia se desenvolveu principalmente na deacutecada de 90 periacuteodo no qual o setor atravessou

uma fase de grandes mudanccedilas provocadas por fatores como a maior abertura da economia

(acircmbito externo) e estabilizaccedilatildeo econocircmica (acircmbito interno) resultando em um cenaacuterio

marcado pelo aumento de competidores internacionais (GHISI 2005)

Senhoras (2003) explica que essa internacionalizaccedilatildeo levou ao aumento da concorrecircncia em

todo o mundo resultando em um novo ambiente institucional proporcionado pelo processo de

globalizaccedilatildeo O autor cita como consequumlecircncia do processo o surgimento de megacorporaccedilotildees

com capacidade de concentraccedilatildeo e dominaccedilatildeo econocircmica

No setor supermercadista nacional esse processo ocorre por meio de aquisiccedilotildees e fusotildees em

que as redes estrangeiras visam obter maior conhecimento da operacionalizaccedilatildeo do mercado

brasileiro como por exemplo o Grupo Casino

126

Com relaccedilatildeo aos formatos Ghisi (2005) afirma que o consumidor brasileiro estaacute migrando

dos hipermercados para os supermercados de vizinhanccedila Isso acontece porque embora o

atrativo dos hipermercados seja o preccedilo se os estabelecimentos de bairro conseguirem preccedilos

mais competitivos como acontece hoje junto com a vantagem de conveniecircncia maior oferta

de serviccedilos e localizaccedilatildeo proacutexima ao cliente conquistaratildeo muitos consumidores

A estrateacutegia de expansatildeo das aacutereas geograacuteficas de atuaccedilatildeo eacute compreendida como o esforccedilo

dos supermercadistas em expandirem-se para outras regiotildees natildeo atendidas no mercado

domeacutestico por meio de aquisiccedilotildees e ampliar sua participaccedilatildeo de mercado Sato e Bessa Jr

(2000) destacam que a preferecircncia de aquisiccedilatildeo eacute por supermercados regionais que jaacute

conhecem o perfil do consumidor local Saab Gimenez e Ribeiro (2000) citam como

exemplo o Grupo Patildeo de Accediluacutecar que investe na atuaccedilatildeo no Nordeste mesmo tendo que

enfrentar redes com lideranccedila jaacute consolidada na regiatildeo

A concentraccedilatildeo de mercado eacute resultante da adoccedilatildeo das estrateacutegias descritas anteriormente As

redes maiores adquirem redes de menores surgindo um mercado concentrado em poder dos

hiper e supermercados Em 2003 as dez maiores redes foram responsaacuteveis por um

faturamento bruto igual a R$ 39 bilhotildees o que corresponde a 45 do faturamento do setor

(LUKIANOCENKO 2004)

A concentraccedilatildeo prejudica o desenvolvimento dos supermercados menores o que eacute

considerado um fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil e tecircm grande contribuiccedilatildeo para a

economia do paiacutes (DIEESE 2003)

Dados da ABRAS (2005) mostram que no Brasil o processo de concentraccedilatildeo se desenvolve

gradativamente A concentraccedilatildeo se intensificou na segunda metade da deacutecada de 90 mas o

127

paiacutes ainda natildeo atingiu grau elevado como a Alemanha Franccedila e Inglaterra onde as cinco

maiores empresas detecircm 76 67 e 60 do mercado respectivamente

Dada as principais caracteriacutesticas do setor supermercadista no Brasil eacute preciso apresentar as

informaccedilotildees mais relevantes sobre as unidades de anaacutelise da pesquisa Os proacuteximos toacutepicos

descrevem cada um dos grupos analisados de acordo com o protocolo do estudo de casos

42 Caso 1 ndash Rede A

A primeira rede foi fundada em 1948 Esse grupo foi o pioneiro no setor varejista de

alimentos no Brasil e opera sob quatro diferentes formatos de supermercados hipermercados

e eletroeletrocircnicos sendo essa uma das suas principais vantagens competitivas Seu

faturamento bruto foi de aproximadamente R$15 bilhotildees em 2004 e R$ 116 bilhotildees nos nove

primeiros meses de 2005 possui cerca de 58 mil funcionaacuterios e 550 lojas distribuiacutedas em 13

estados brasileiros totalizando uma aacuterea de vendas de aproximadamente 980 mil metros

quadrados

O grupo opera com cinco unidades de negoacutecios diferentes com estrateacutegias de venda e foco de

atuaccedilatildeo especiacuteficos e direcionados para consumidores de diferentes perfis As participaccedilotildees

em faturamento de cada uma das unidades satildeo estatildeo divididas aproximadamente em 48

para a maior 25 a segunda colocada 16 a terceira 9 a quarta e por fim apenas 2 a

menor divisatildeo que natildeo foca a distribuiccedilatildeo de alimento nem higiene pessoal

128

Quanto a decisatildeo de preccedilos primeiramente tem-se a definiccedilatildeo dos objetivos para cada uma

das unidades de negoacutecio em que opera a seguir satildeo analisados a demanda e os custos de cada

bandeira satildeo coletadas informaccedilotildees sobre os concorrentes os meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos satildeo definidos e posteriormente adequados agrave realidade de cada formato

Com relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilo os entrevistados da Rede A explicaram que embora a

empresa tenha como objetivo maior aumentar a sua participaccedilatildeo no mercado se analisarem

cada unidade percebe-se diferentes caminhos Os hipermercados trabalham para aumentar o

volume de vendas os supermercados tem como foco o valor percebido pelo consumidor (dos

produtos e dos serviccedilos) e o objetivo eacute a lideranccedila na qualidade dos produtos e as lojas de

desconto tambeacutem trabalham para aumentar o volume das vendas Os gerentes enfatizaram

que os objetivos particulares satildeo diferentes mas todos foram definidos para que a empresa

conquiste maior participaccedilatildeo

A anaacutelise da demanda eacute realizada separadamente jaacute que os consumidores dos diferentes

formatos possuem caracteriacutesticas diferentes como o grau de sensibilidade ao preccedilo Os

entrevistados explicaram que no hipermercado o puacuteblico-alvo procura pela melhor relaccedilatildeo

custo-benefiacutecio Como as compras satildeo mensais principalmente e a mercadoria adquirida eacute a

cesta baacutesica de produtos os clientes satildeo informados sobre os preccedilos dos produtos e jaacute estatildeo

acostumados a desembolsar uma certa quantia Eles buscam marcas liacutederes ou segunda marca

a preccedilos compatiacuteveis com os oferecidos no mercado geralmente optam pela rede que oferecer

os bens a um preccedilo melhor

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra desse cliente Ele tambeacutem busca

segundo os respondentes locais de faacutecil acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento

um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos

129

organizados nas gocircndolas corredores amplos para a passagem dos carrinhos nuacutemero

suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Nos supermercados existe uma classificaccedilatildeo entre as lojas Elas satildeo divididas em categorias

top de linha intermediaacuteria e popular As consideradas top estatildeo localizadas em bairros nobres

onde a renda dos consumidores eacute mais alta Nesses locais os produtos comercializados satildeo

mais caros porque de acordo com os entrevistados os custos de manutenccedilatildeo satildeo mais altos

os serviccedilos oferecidos satildeo mais amplos o nuacutemero de funcionaacuterios eacute maior e a sensibilidade

do comprador eacute muito baixa Os consumidores que buscam status satildeo poucos sensiacuteveis a

preccedilos elevados pois estes produtos (nesse caso o proacuteprio estabelecimento) inspiram prestiacutegio

e exclusividade Aleacutem disso os compradores desse supermercado acreditam que os bens

comercializados apresentam qualidade superior

Nas lojas intermediaacuterias a sensibilidade do consumidor tambeacutem eacute baixa (caracteriacutestica do

puacuteblico-alvo da empresa para esse formato) mas alguns itens de maior valor natildeo entram da

lista de produtos comercializados no local assim como acontece nas lojas populares Elas

estatildeo localizadas em regiotildees onde a renda dos clientes eacute um pouco mais baixa e embora a

busca por comodidade e serviccedilos seja uma realidade os compradores natildeo estatildeo dispostos a

pagar um preccedilo muito elevado por mercadoria de prestiacutegio Isso acontece porque a quantia

pode significar uma boa parcela do seu orccedilamento financeiro

As lojas de descontos atendem o puacuteblico muito sensiacutevel ao preccedilo A rede natildeo conseguia

vender bem itens como frutas e legumes Depois de analisar os haacutebitos das classes mais de

renda mais baixa os executivos da empresa descobriram que o consumidor C D e E preferia

comprar na feira por quatro motivos (i) o local eacute um ponto de encontro (ii) a pechincha eacute

permitida (iii) haacute um contato proacuteximo com o vendedor e o mais importante (iv) haacute fartura

130

Com esses conceitos em mente a rede reestruturou a aacuterea de hortifrutigranjeiros e colocou ateacute

uma banca de pastel na loja As vendas subiram 25

A estrutura de mercado eacute definida pelos poucos concorrentes que dominam o mercado No

varejo de alimentos as cinco primeiras redes satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 do

faturamento total O dado demonstra a forte competiccedilatildeo entre as empresas e segundo os

entrevistados tambeacutem a importacircncia da anaacutelise da concorrecircncia

A estimativa de custos satildeo considerados os fixos e os variaacuteveis O preccedilo estabelecido deve

cobrir o custo total e permitir uma margem de lucro Como cada formato se posiciona de

forma diferenciada os custos e as margens de cada um satildeo calculados separadamente Nos

custos variaacuteveis a Rede A considera os serviccedilos oferecidos aos clientes e os gastos com

publicidade e propaganda institucional

A margem para os hipermercados segue a proposta pelos seus concorrentes assim como nas

lojas de desconto No supermercado utiliza-se a margem que se mostra mais adequada ao seu

objetivo Os gerentes explicaram que a rede de um modo geral foca a eficiecircncia e a reduccedilatildeo

de despesas operacionais o que traz maior competitividade agrave companhia uma vez que os

ganhos satildeo repassados aos preccedilos mesmo para os supermercados

Os supermercados da rede trabalham com alta margem jaacute que se posiciona como prestadores

de serviccedilos qualificados O puacuteblico que frequumlenta o estabelecimento procura comodidade

variedade de produtos alta qualidade marcas conhecidas facilidade de entrega excelecircncia no

atendimento localizaccedilatildeo privilegiada e proacutexima a sua casa horaacuterios flexiacuteveis e status Os

gerentes entrevistados afirmam que esse consumidor estaacute disposto a pagar para encontrar tais

facilidades na hora da compra Por tanto os preccedilos dos produtos oferecidos satildeo compatiacuteveis

131

com o preccedilo de mercado (preccedilo cheio) Pode-se concluir que nos supermercados a

estrateacutegia utilizada eacute de preccedilo acima do mercado

Os gerentes da unidade estudada afirmam que o posicionamento do supermercado eacute

supermercado de vizinhanccedila forte em produtos pereciacuteveis que oferece grande variedade de

produtos alta qualidade a preccedilos competitivos aleacutem do excelente atendimento aos clientes

Portanto o preccedilo natildeo eacute o mais alto nem o mais baixo que os preccedilos do mercado poreacutem eacute

percebido pelos clientes como mais alto do que o da concorrecircncia direta resultado da imagem

sofisticada que o supermercado passa Uma pesquisa realizada apontou que os preccedilos

percebidos natildeo correspondiam com os preccedilos reais oferecidos por suas lojas

A anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente pela empresa O controle das accedilotildees dos

competidores eacute segundo os entrevistados uma praacutetica diaacuteria na empresa (shopping de

preccedilos) As informaccedilotildees sobre a concorrecircncia satildeo coletadas por funcionaacuterios das lojas assim

como acontece nos hipermercados uma equipe preparada que visita os competidores

localizados na aacuterea de influecircncia de cada regiatildeo dos supermercados Os dados coletados

ajudam a monitorar as accedilotildees da concorrecircncia

Embora o supermercado pratique preccedilos acima do mercado eacute preciso que saiba o niacutevel

praticado pois se o valor estiver alto demais eacute provaacutevel que as vendas diminuam em algumas

regiotildees As vendas satildeo analisadas diariamente e qualquer indiacutecio de queda no volume eacute

rapidamente detectado e accedilotildees para reverter a situaccedilatildeo satildeo colocadas em praacutetica

Para os hipermercados o shopping de preccedilos eacute importante se manter dentro do preccedilo meacutedio

Cada gerente de loja tem autonomia suficiente para adequar seu preccedilo ao da loja vizinha Os

preccedilos satildeo adequados conforme a localizaccedilatildeo da loja por isso a responsabilidade e autonomia

descentralizada

132

A Rede A determina os preccedilos de seus produtos por meio do meacutetodo de mark-up que consiste

em atribuir uma margem ao custo total da unidade de produto e tambeacutem utiliza o valor

percebido pelo cliente Nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento praticada eacute HILO onde

o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes

A taacutetica do preccedilo isca eacute bastante utilizada pela empresa por meio de promoccedilotildees em um dia

fixo da semana como por exemplo as quartas-feiras FLV (frutas verduras e legumes) e para

venda de produtos pereciacuteveis Os volumes de venda triplicam nesses dias pois os descontos

chegam a 50 do preccedilo e haacute forte comunicaccedilatildeo na miacutedia de massa como jornais e televisatildeo

Descontos sazonais tambeacutem satildeo oferecidos para compras realizadas fora da temporada Eacute

mais utilizada pelas Divisotildees de hipermercado e lojas de desconto

Os supermercados trabalham com o preccedilo por segmento de consumidores e preccedilo por

localizaccedilatildeo Como explicado anteriormente pelos gerentes o puacuteblico dessa unidade de

negoacutecio eacute pouco sensiacutevel a preccedilo mas dependendo da regiatildeo da loja e da renda de seus

habitantes a sensibilidade pode apresentar maior grau Assim em regiotildees onde o poder de

compra eacute mais alto os preccedilos dos produtos satildeo mais elevados do que em regiotildees habitadas por

classes sociais que apresentam renda mais baixa Para aumentar o valor percebido descontos

satildeo utilizados apenas para produtos sazonais vendidos fora da temporada nesse formato

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo aleacutem dos custos demanda e

concorrecircncia os entrevistados afirmaram que satildeo considerados para o formato hipermercado

os preccedilos dos seus concorrentes principalmente A localizaccedilatildeo da loja e renda dos moradores

da regiatildeo satildeo fatores importantes e exercem certa influecircncia entretanto satildeo mais relevantes

para a fixaccedilatildeo dos preccedilos nos supermercados da rede Os descontos obtidos em negociaccedilotildees

de preccedilos com os fornecedores satildeo repassados para os clientes da loja de desconto e

hipermercados mas natildeo para os compradores de status e de conveniecircncia do supermercado

133

Nos supermercados tambeacutem satildeo consideradas as marcas dos produtos Por oferecerem grande

variedade e sortimento produtos liacutederes e outros inovadores marcas diferenciadas de preccedilo-

premium e qualidade superior os preccedilos cobrados satildeo considerados competitivos e preccedilos de

mercado sem descontos Os serviccedilos oferecidos estatildeo dentro do caacutelculo de custos

Nas lojas de desconto o eacute sortimento limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados As mercadorias satildeo expostas sem a utilizaccedilatildeo de material de ponto

de venda da forma mais simples e faacutecil possiacutevel Natildeo existem muitos serviccedilos oferecidos e haacute

poucos funcionaacuterios Tais medidas satildeo consideradas para que os custos sejam baixos e assim

no caacutelculo do mark-up o preccedilo se torne bem acessiacutevel ao puacuteblico desse formato

Nessas lojas os poucos itens comercializados representam produtos da cesta baacutesica da marca

liacuteder uma marca inferior e muitos bens de marca proacutepria O objetivo nesse caso eacute o mesmo

reter mais da margem bruta gerada pela venda resultante do baixo investimento em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais

43 Caso 2 ndash Rede B

A Rede B foi pioneira no Brasil no conceito de hipermercados Chegou ao paiacutes em 1975 com

a sua primeira unidade na cidade do Rio de Janeiro A empresa possui mais de 11000 lojas

por todo mundo e estaacute presente em 31 paiacuteses Ela emprega mais de 430000 pessoas sendo

que 69 trabalham na Europa 20 na Ameacuterica Latina e 11 na Aacutesia Conta com mais de 2

bilhotildees de clientes

134

Atualmente opera com cerca de 80 hipermercados 110 supermercados e 60 lojas de

descontos As lojas no paiacutes estatildeo espalhadas por 11 estados e no Distrito Federal Sua

participaccedilatildeo no mercado eacute de 12 do faturamento total do setor No Brasil satildeo 46000

funcionaacuterios em todas as unidades de negoacutecio de rede Seu faturamento bruto foi de

aproximadamente R$12 bilhotildees em 2004

O apreccedilamento estrateacutegico do grupo tambeacutem obedece a ordem de definiccedilatildeo dos objetivos da

empresa seguidos pela anaacutelise da demanda e os seus custos Em terceiro lugar estaacute a coleta de

informaccedilotildees sobre os concorrentes em quarto a definiccedilatildeo dos meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos e por fim eacute feita a adequaccedilatildeo

Como objetivo de preccedilo a rede B afirma ter bem claro que o foco estaacute no aumento de sua

participaccedilatildeo no mercado Embora cada formato tenha um posicionamento distinto esse

objetivo eacute comum para todas as unidades de negoacutecio do grupo Os respondentes explicam que

o foco maior estaacute na estrateacutegia geral da empresa e com todos buscando o mesmo resultado eacute

mais faacutecil conseguir atingi-lo

A anaacutelise da demanda eacute tambeacutem eacute realizada da mesma forma para todas as bandeiras pois a

sensibilidade a preccedilo encontra-se no mesmo niacutevel para todos os compradores-alvo desse

grupo Os entrevistados classificam o puacuteblico da empresa como consumidores sensiacuteveis O

que diferencia o cliente de uma Divisatildeo para outra eacute a ocasiatildeo de compra No hipermercado

satildeo realizadas as compras mensais dos produtos da sexta baacutesica e mercadorias para a casa

No supermercado a procura eacute por produtos que terminaram antes da proacutexima compra mensal

ou de alguns produtos mais elaborados para situaccedilotildees natildeo programadas Nas lojas de

descontos os clientes satildeo muito sensiacuteveis aos preccedilos pois buscam o mais baixo e natildeo

procuram qualquer tipo de conveniecircncia ou comodidade Os gerentes explicaram ainda que o

135

puacuteblico-alvo dos hipermercados e supermercados procura pela melhor relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio Os supermercados da rede focam na venda de alimentos e produtos pereciacuteveis

enquanto os hipermercados oferecem itens de vestuaacuterios higiene e limpeza alimentos entre

outros

Algumas reformulaccedilotildees estatildeo sendo realizadas nos supermercados do grupo segundo os

respondentes A mudanccedila eacute para aumentar a rentabilidade do formato A nova estrateacutegia da

rede eacute baseada em quatro pilares preccedilo justo variedade qualidade e atendimento

No que se refere a variedade haveraacute a ampliaccedilatildeo do sortimento relanccedilamento de produtos

marca proacutepria e maior crescimento do nuacutemero de alimentos pereciacuteveis comercializados

Os gerentes complementam explicando que todas essas accedilotildees visam melhorar a rentabilidade

mas sem aumentar os preccedilos As negociaccedilotildees de produtos das lojas continuam sendo feitas

dentro do grupo O nosso serviccedilo seraacute de supermercado mas com preccedilos de hiper afirmam

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra dos clientes dos hipermercados e

supermercados da empresa Ele tambeacutem busca segundo os respondentes locais de faacutecil

acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara

muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos organizados nas gocircndolas corredores amplos

para a passagem dos carrinhos nuacutemero suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Ao estimar seus custos a Rede B calcula os classifica assim como a Rede A em custos fixos e

custos variaacuteveis No caso o objetivo eacute que o preccedilo fixado cubra o custo total e tambeacutem

permita margem de lucro Os custos satildeo estimados de forma conjunta para toda a empresa e

apenas os problemas com perdas (mercadorias vencidas danificadas ou perdidas) eacute que satildeo

calculados para cada loja de cada formato e a tarefa eacute de responsabilidade dos gerentes do

estabelecimento

136

Todo o orccedilamento para campanhas de miacutedia eacute realizado com uma porcentagem do lucro

obtido pela empresa no ano anterior e satildeo utilizados para a fortalecer a imagem institucional

do grupo As demais accedilotildees de miacutedia satildeo divididas entre a rede e os fornecedores que entram

com verba para colocar produtos em promoccedilotildees ou lanccedilar novos itens Os serviccedilos oferecidos

aos clientes satildeo considerados nos custos da empresa no momento do caacutelculo de preccedilo das

mercadorias comercializadas

Assim como nas outras empresas do setor a anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente

pela empresa A praacutetica do conhecido shopping de preccedilos eacute utilizada constantemente O

conceito eacute conhecido por todos e natildeo requer nenhum tipo de estrateacutegia especiacutefica aleacutem do

treinamento da equipe de funcionaacuterios responsaacuteveis pela tarefa As visitas satildeo programadas

para os competidores localizados na aacuterea de influecircncia de cada loja das diferentes Divisotildees

Os entrevistados explicam que embora a decisatildeo sobre a estrateacutegia de apreccedilamento seja

realizada em conjunto com a matriz os gerentes da loja possuem autonomia suficiente para

fazer mudanccedilas de preccedilos para se proteger das accedilotildees concorrenciais Satildeo analisados

promoccedilotildees atuais e passadas os preccedilos praticados em dias de praacutetica do preccedilo isca

descontos sazonais entre outras taacuteticas utilizadas pelos competidores

A importacircncia da anaacutelise dos concorrentes para empresa segundo os respondentes estaacute na

manutenccedilatildeo do preccedilo meacutedio (hipermercados e supermercados) Os produtos comercializados

devem estar dentro do patamar de preccedilos oferecidos no mercado e para isso eacute fundamental

acompanhar as estrateacutegias das demais empresas do setor Qualquer item que esteja acima do

preccedilo praticado pelo mercado resulta em queda de vendas

As lojas de desconto localizam-se em bairros mais afastados e de populaccedilatildeo com renda mais

limitada O formato concentra-se na periferia Seu diferencial em relaccedilatildeo aos hipermercados

137

estaacute na localizaccedilatildeo proacutexima da casa dos clientes como o mercadinho de bairro O gerente

da rede diz que a marca oferece um nuacutemero reduzido de itens nas prateleiras em comparaccedilatildeo

com os hipermercados

Existem produtos de marca proacutepria que possibilitam aumento da margem de lucro Ao

desenvolver marcas proacuteprias e aumentar a participaccedilatildeo desses produtos dentro do conjunto

ofertado aos consumidores os varejistas podem reter mais da margem bruta gerada pela

venda Isso acontece porque as marcas proacuteprias natildeo precisam de grandes investimentos em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais Os outros produtos satildeo de marcas liacutederes e

marcas inferiores

O formato oferece pouco ou nenhum tipo de serviccedilo para o cliente final As mercadorias satildeo

expostas nas gocircndolas sem muita preocupaccedilatildeo com a disposiccedilatildeo A estrateacutegia nesse caso eacute de

preccedilo abaixo do mercado e para conseguir manter o posicionamento a reduccedilatildeo dos custos eacute

uma das principais preocupaccedilotildees O objetivo eacute a maximizaccedilatildeo do volume de vendas e toda

vantagem nas negociaccedilotildees com os fornecedores eacute repassada diretamente para o comprador

para oferecer preccedilos baixos ao mercado

O meacutetodo de mark-up eacute o mais utilizado e nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento

praticada como na Rede A eacute HILO onde o varejista cobra preccedilos mais altos e realiza

promoccedilotildees frequumlentes Para qualquer tipo e variedade de produtos comercializados pela Rede

B existe um trabalho de gerenciamento de categoria onde satildeo definidos quais seratildeo as famiacutelias

de produtos marcas e embalagens e suas respectivas margens objetivas bem como a

periodicidade das pesquisas de preccedilos na concorrecircncia Os gerentes explicam que o grau de

importacircncia atribuiacutedo para cada uma das famiacutelias de produtos estaacute associado a sua definiccedilatildeo

(dominantes destino competitivos traacutefego convenientes bandeira e sazonais)

138

Outra estrateacutegia em comum entre as duas redes pesquisadas eacute o preccedilo isca tambeacutem por meio

de promoccedilotildees em um dia fixo da semana Os volumes de venda aumentam significadamente

nesses dias mas os gerentes natildeo se dispuseram a comentar os nuacutemeros A praacutetica de

descontos sazonais para compras realizadas fora da temporada pode ser observada entre

outras promoccedilotildees de preccedilos para combater o concorrente

Com relaccedilatildeo agraves variaacuteveis que exercem influecircncia no apreccedilamento dos produtos os gerentes

citaram principalmente os preccedilos praticados pelos concorrentes A localizaccedilatildeo e a renda dos

consumidores influenciam de maneira indireta jaacute que cada loja busca estar compatiacutevel com o

preccedilo aceito pela populaccedilatildeo que habita determinada regiatildeo onde o estabelecimento se

encontra Segundo os profissionais da Rede B na hora de definir o preccedilo as duas variaacuteveis satildeo

estudadas mas ainda eacute o preccedilo dos competidores que guiam os niacuteveis praticados

Os gerentes chamam a atenccedilatildeo para um novo formato que a rede vem desenvolvendo Satildeo

hipermercados dirigidos agraves classes mais altas Como operam com apenas uma loja natildeo a

estrutura de preccedilos ainda obedece agraves regras da matriz A diferenccedila afirmam os entrevistados

estaacute no sortimento de produtos e os serviccedilos oferecidos mas acreditam que a localizaccedilatildeo e a

rede nesse caso teratildeo mais peso para o apreccedilamento estrateacutegico

O poder de compra sobre os fornecedores que permite negociaccedilotildees de preccedilos menores jaacute eacute

utilizado para conseguir oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis Os entrevistados

natildeo consideram como influenciador argumentado que tais negociaccedilotildees fazem parte da rotina

do grupo assim como dos seus principais concorrentes

Nas lojas de desconto o sortimento eacute limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

139

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados

44 Caso 3 ndash Rede C

A terceira rede tem lojas no Reino Unido Alemanha Argentina China Coreacuteia do Sul Porto

Rico e Brasil Iniciou as suas atividades no paiacutes em 1994 e hoje opera com 152 unidades

localizadas em 14 estados brasileiros Seu faturamento bruto foi de aproximadamente US$

700 milhotildees em 2004 O grupo possui mais de 7000 empregados e trabalha atualmente com

hipermercados supermercados e atacados que atendem a pequenos comerciantes Os formatos

estatildeo divididos em quatro bandeiras diferentes A poliacutetica do grupo eacute prosseguir com a

abertura de novas lojas consolidar sua presenccedila na Internet e entrar no ramo de serviccedilos

bancaacuterios como financiadoras dos seus consumidores

Haacute pouco tempo decidiu inaugurar lojas compactas Satildeo unidades pequenas instalaccedilotildees

simples com menor sortimento de mercadorias e custos reduzidos Eacute uma tendecircncia do varejo

e o grupo decidiu apostar Os entrevistados explicaram que seus consumidores querem preccedilo

e agilidade exatamente o que este tipo de supermercado se propotildee a oferecer A poliacutetica de

preccedilos do supermercado eacute a mesma que a rede aplica a todas as suas bandeiras

Assim como as demais empresas pesquisadas a Rede C estabelece seu preccedilo considerando os

custos a demanda e os concorrentes Possui o objetivo de ganhar maior participaccedilatildeo de

mercado e tambeacutem utiliza o meacutetodo de mark-up para fixar o preccedilo de seus produtos

140

O objetivo principal de preccedilo eacute como nos outros competidores a maximizaccedilatildeo da

participaccedilatildeo de mercado e defesa do mercado Os entrevistados argumentam que a razatildeo eacute a

proteccedilatildeo da aacuterea de influecircncia e a criaccedilatildeo de barreiras agrave entrada de novos concorrentes Uma

das estrateacutegias eacute exatamente cobrir a oferta de preccedilo baixo dos concorrentes conforme

explicado anteriormente A estrateacutegia adotada eacute a de preccedilo abaixo do mercado para os

hipermercados com forte monitoramento dos preccedilos dos competidores

A estrateacutegia utilizada pela Rede C eacute o EDPL em todas as unidades de negoacutecios da empresa

hipermercados supermercados e atacados para pequenos comerciantes Ela eacute reconhecida no

mundo todo pelos consumidores como a pioneira na implementaccedilatildeo dos preccedilos baixos todo

dia Os entrevistados explicam que utilizam o EDLP para atrair o consumidor e conquistar sua

lealdade mostrando integridade na praacutetica de seus preccedilos

Poucos artigos satildeo colocados em oferta a cada mecircs Os varejistas adotam o esquema EDLP

por vaacuterias razotildees a mais importante delas eacute que descontos e promoccedilotildees constantes satildeo

dispendiosos e tecircm diminuiacutedo a confianccedila do consumidor em encontrar bons preccedilos No

EDLP o cliente sabe o que encontraraacute Os gerentes afirmam que devido a essa estrateacutegia seus

preccedilos chegam a se igualar aos das lojas de desconto dos seus concorrentes nos preccedilos de

produtos de higiene e limpeza

Os hipermercados satildeo considerados estabelecimentos para venda de grande quantidade de

itens e compras mensais e eacute concorrente direto das redes A e B O puacuteblico-alvo eacute o mesmo

das outras empresas ou seja clientes que realizam compras mensais e buscam um bom

equiliacutebrio da relaccedilatildeo custo-benefiacutecio Satildeo clientes que reconhecem a estrateacutegia praticada pelo

varejista

141

Um dos meacutetodos usados para combater e anular accedilotildees concorrenciais eacute garantir o preccedilo mais

baixo e cobrir qualquer oferta A empresa tem tradiccedilatildeo nessas atividades Como opera com as

margens semelhantes ao do competidor e os preccedilos 15 mais baixos que da meacutedia do varejo

satildeo conseguidos repassando-se as negociaccedilotildees com fornecedores Soacute as promoccedilotildees de preccedilos

resultantes da estrateacutegia HILO utilizada pelas outras duas organizaccedilotildees eacute que ocasionam o uso

de medidas de defesa

Os consumidores satildeo considerados pelos respondentes como altamente sensiacuteveis a preccedilo pois

buscam a oferta mais barata e fazem pesquisas de preccedilo antes de decidir pelo local O mesmo

eacute valido para todos os formatos do grupo Os compradores do atacado satildeo comerciantes

pequenos que buscam melhores condiccedilotildees de pagamento do que os oferecidos pela induacutestria

Como os clubes atacadistas iratildeo praticar uma margem proacutepria para cobrir seus custos e natildeo

podem comercializar mercadorias com preccedilos aleacutem do mercado procuram as empresas que

permitirem a compra de um bom volume a um preccedilo relativamente baixo Esse formato eacute um

tipo de clube ou rede de compra e os clientes satildeo associados O sortimento do clube de

compras estaacute dividido em produtos para escritoacuterios pizzarias restaurantes hoteacuteis lojas de

conveniecircncia entre outros

A estimativa de custos tambeacutem considera os custos fixos e custos variaacuteveis e o preccedilo proposto

deve cobrir o custo total da comercializaccedilatildeo do item aleacutem de garantir uma margem de lucro

para a empresa Existem tambeacutem os problemas com perdas de mercadoria e estas satildeo

calculadas para cada loja de cada formato sob responsabilidade dos gerentes de cada

estabelecimento e os custos tambeacutem satildeo analisados separadamente para cada negoacutecio da rede

Poreacutem vaacuterias accedilotildees satildeo praticadas pelo grupo visando a reduccedilatildeo de seus gastos

142

Devido a essa poliacutetica de gestatildeo de custos a empresa eacute conhecida mundialmente por

contribuir com a economia Essa contribuiccedilatildeo ao ciclo econocircmico consiste em trecircs itens

pressionar os fornecedores para reduzir preccedilos usar tecnologia digital de primeira linha para

baratear a gestatildeo de seus estoques e pagar aos seus funcionaacuterios o menor salaacuterio possiacutevel

encolhendo os custos da empresa

A empresa eacute referecircncia em processos de gestatildeo no varejo e no uso de tecnologia a serviccedilo do

negoacutecio Um exemplo eacute o sistema eletrocircnico de reposiccedilatildeo de estoque Por meio dele rede e

fornecedores ficam conectados 24 horas e tecircm informaccedilatildeo do giro de cada produto na gocircndola

em tempo real Assim o varejista consegue agilizar o processo de reposiccedilatildeo e os fornecedores

tecircm acesso a detalhes como resultado de vendas dos produto por loja ou regiatildeo

Alguns fornecedores promovem accedilotildees de marketing no ponto de venda ou fazem eventuais

mudanccedilas nos produtos com os dados que satildeo disponibilizados Outro resultado dessa parceria

eacute a reduccedilatildeo de custos (cerca de 10 ao longo de toda a cadeia de suprimentos) Tais fatos

possibilitam agrave rede colocar em praacutetica a poliacutetica EDLP

Um fator que deve ser considerado na gestatildeo de reduccedilatildeo de custos da empresa eacute a natildeo

existecircncia de estoque na loja os produtos satildeo alojados na parte superior da gocircndola

Os hipermercados da Rede C buscam oferecer o melhor sortimento pelo melhor preccedilo sempre

A poliacutetica de EDLP direciona todas as negociaccedilotildees realizadas com fornecedores e garante ao

consumidor o menor custo da cesta de compras Para honrar com esse compromisso as lojas

realizam semanalmente uma pesquisa de preccedilos de produtos junto agrave concorrecircncia local

(shopping de preccedilos)

143

Os hipermercados ainda contam com um sortimento de 65 mil itens Dentre elas encontram-

se alimentos hortifrutis confecccedilatildeo brinquedos eletroeletrocircnicos papelaria perfumaria

artigos para casa mesa e banho limpeza praacutetica de esportes jardinagem pet shop entre

outros Todas as lojas possuem uma mini-galeria de serviccedilos de conveniecircncia No local satildeo

encontradas lanchonetes cafeacute restaurantes lavanderia salatildeo de beleza oacutetica banca de jornal

e revistas entre outros serviccedilos alternativos A ideacuteia eacute trabalhar o conceito de one stop shop

lugar onde o cliente encontra de tudo em um mesmo local

A taacutetica do preccedilo isca eacute novamente utilizada nesse caso Satildeo realizadas promoccedilotildees em um dia

fixo da semana (terccedila feira da carne quarta-feira da verdura entre outras) mas os gerentes

afirmam que a poliacutetica de descontos eacute menos frequumlente que nos concorrentes jaacute que optaram

por oferecer preccedilo baixo todos os dias

Os volumes de venda tambeacutem crescem consideravelmente e vaacuterias accedilotildees de comunicaccedilatildeo satildeo

realizadas Descontos sazonais satildeo praticados constantemente para as compras realizadas fora

da temporada assim como em seus concorrentes Os hipermercados realizam saldotildees

depois das festas de final de ano para reduzir o estoque de mercadorias comercializadas soacute

para essa eacutepoca do ano como por exemplo o Panetone

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo os respondentes consideram os

preccedilos dos seus concorrentes a localizaccedilatildeo e renda dos moradores da regiatildeo de influecircncia de

cada loja Para isso os gerentes tambeacutem tecircm autonomia para modificar os preccedilos das lojas

que estatildeo sob sua responsabilidade Um exemplo dessa descentralizaccedilatildeo eacute a facilidade do

cliente que apresenta um anuacutencio promocional impresso da concorrecircncia dentro da validade

com um preccedilo inferior ao da rede em conseguir a mesma oferta na loja na hora e no caixa

sem burocracia

144

Os serviccedilos prestados e os gastos com material promocional satildeo considerados pela empresa

como custos entretanto normalmente os gastos satildeo compartilhados com os fornecedores Os

entrevistados explicaram que os anuacutencios de produtos na miacutedia de massa (Televisatildeo Jornal e

Revistas) satildeo realizados em conjunto com os fabricantes e a empresa soacute arca com os custos de

publicidade institucional Para isso eacute reservada uma porcentagem das vendas anuais da

empresa

Os serviccedilos oferecidos estatildeo embutidos na margem e o poder de negociaccedilatildeo com a induacutestria

permite a compra de grandes volumes a preccedilos mais baixos descontos de pagamento agrave vista e

bonificaccedilotildees As bonificaccedilotildees satildeo acordos realizados entre varejistas e fornecedores que

permitem a entrega de mais mercadorias no lugar de descontos em dinheiro A empresa

repassa aos consumidores as reduccedilotildees de preccedilo que consegue na condiccedilatildeo de uns dos maiores

compradores

O grupo tambeacutem estaacute investindo em novos projetos arquitetocircnicos Com layout diferenciado e

um conceito inovador um novo hipermercado foi inaugurado A unidade tem dois andares

teacuterreo e mezanino e estabeleceu um novo modelo funcional com excelente aceitaccedilatildeo dos

clientes de regiotildees urbanas centrais e de alto iacutendice populacional

Novas accedilotildees promocionais satildeo vinculadas ao novo modelo de loja O objetivo da rede de

acordo com os entrevistados eacute disponibilizar para os consumidores um sortimento de mais de

mil itens a preccedilos super negociados reduzidos em ateacute 10 Eacute importante ressaltar que estaacute

natildeo eacute uma accedilatildeo promocional tradicional pois a rede garante os preccedilos por pelo menos

noventa dias diferente das accedilotildees da concorrecircncia que em alguns casos tecircm curta duraccedilatildeo

145

43 Anaacutelise dos Casos

Por meio da apresentaccedilatildeo dos casos foi possiacutevel identificar como as redes de varejo formulam

os preccedilos de seus produtos Todas as trecircs empresas seguem os seis passos apresentados no

referencial teoacuterico Poreacutem eacute importante ressaltar que nenhum dos gerentes entrevistados

demonstrou realizar a tarefa de apreccedilamento de forma estruturada ou seja apesar das etapas

serem seguidas conforme o proposto por Kotler e Keller (2005) a determinaccedilatildeo do valor

cobrado por cada produto acontece intuitivamente e as anaacutelises necessaacuterias satildeo oacutebvias

segundo os gerentes entrevistados Determinar o preccedilo dos produtos portanto natildeo representa

um problema

A falta de conhecimentos teacutecnicos mais aprofundados tambeacutem fica clara quando percebe-se

que as trecircs empresas utilizam o mesmo meacutetodo de apreccedilamento o mark-up Embora ele seja o

mais utilizado pelas redes varejistas por sua simplicidade e facilidade de aplicaccedilatildeo (LAMBIN

2000a) natildeo eacute necessariamente a maneira mais adequada pois apresenta vaacuterias limitaccedilotildees

Uma delas diz respeito a definiccedilatildeo de preccedilos aleacutem do devido em mercados mais fracos e a

preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute considerado pelos estudiosos da

aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma estrateacutegia prudente Um outro problema

eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir todas as despesas e permitir retorno Aleacutem

dos dois pontos o meacutetodo tambeacutem natildeo leva em consideraccedilatildeo aspectos da demanda e dos

concorrentes focando apenas os custos

Entretanto a Rede A demonstrou que apesar de utilizar o mark-up tambeacutem considera o valor

percebido pelo consumidor para a Divisatildeo de Supermercados Isso acontece porque o negoacutecio

foi desenvolvido para atender as necessidades da populaccedilatildeo de renda alta (classes A e B) que

146

possuem pouca sensibilidade agrave preccedilos e busca comodidade variedade bom atendimento

excelecircncia em serviccedilos e mercadorias de alta qualidade e prestiacutegio Dessa forma algumas

outras variaacuteveis fora o custo satildeo consideradas na estrateacutegia de apreccedilamento A decisatildeo de

agregar outros fatores (a renda dos clientes o estilo de vida etc) foi resultado de vaacuterias accedilotildees

e testes nas lojas Esses experimentos satildeo de responsabilidade de um consultor especializado

em varejo que atende grandes redes varejistas ao redor do mundo traz constantemente novas

ideacuteias e sugere diferentes conceitos para serem aplicados

As ideacuteias que satildeo aceitas para teste satildeo aplicadas em certas lojas da rede (preferencialmente

lojas em reforma) A avaliaccedilatildeo dessas ideacuteias e dos novos conceitos aplicados eacute feita de acordo

com o resultado de vendas da loja modificada ou dos produtos pertencentes agraves sessotildees

reestruturadas O aumento nas vendas eacute utilizado como indicador de sucesso do novo modelo

Dessa forma se as mudanccedilas forem bem sucedidas outras lojas seratildeo igualmente

remodeladas Seguindo esse raciociacutenio um niacutevel baixo de vendas significa que o novo

conceito natildeo funcionou e portanto novas alternativas satildeo avaliadas

Tais accedilotildees demonstram que a estrateacutegia de preccedilo discriminatoacuterio eacute praticada pela Rede A A

empresa conhece os diferentes segmentos em que atua e para cada um determina um valor

condizente com a possibilidade de compra do cliente A compreensatildeo dos diferentes graus de

sensibilidade agrave preccedilos eacute clara para a Rede A que consegue diferenciar os segmentos de

consumidores que atinge e adequar a sua estrateacutegia para cada diferentes formato Entretanto

para as demais empresas o conceito eacute difundido mas natildeo foi observada a utilizaccedilatildeo de

meacutetodos para adequar suas decisotildees baseadas nas diferentes caracteriacutesticas dos grupos de

compradores

147

Os diferentes formatos das Redes B (hipermercados supermercados e lojas de desconto)

seguem o meacutetodo de mark-up sem a influecircncia de outro meacutetodo A mesma poliacutetica HILO eacute

trabalhada por todos Mas cada um dos formatos possui seu proacuteprio posicionamento e

portanto atendem a puacuteblicos diferentes Essa diferenccedila eacute trabalhada no apreccedilamento apenas

pela gestatildeo de custos Nas lojas de desconto o sortimento eacute menor natildeo haacute muitos funcionaacuterios

para prestar serviccedilos e os estoques satildeo baixos Todas as accedilotildees satildeo para reduzir os gastos e

praticar preccedilos mais baixos Essa atitude demonstra a possiacutevel falta de conhecimento a

respeito das estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos que podem ser empregadas para operar com

preccedilos de acordo com as possibilidades das classes C e D

Entre as estrateacutegias a serem aplicadas estaacute a praacutetica de preccedilos geograacuteficos preccedilos

discriminatoacuterios preccedilos com descontos ou concessotildees A uacutenica forma que as empresas

varejistas estudadas demonstraram conhecer foi o preccedilo isca O preccedilo geograacutefico tambeacutem

pode ajudar a reduzir custos pois considera a regiatildeo e os gastos com logiacutestica para entregar a

mercadoria em locais diferentes O preccedilo discriminatoacuterio pode levar a rede a vender produtos

com margem maior onde os consumidores satildeo pouco sensiacuteveis aos preccedilos e os descontos e

promoccedilotildees favorecem as compras a vista ou em maior quantidade

O shopping de preccedilos eacute praticado por todos devido agrave alta concorrecircncia existente no setor

(oligopoacutelio) Todos conhecem a importacircncia de monitorar as accedilotildees de seus competidores seja

para manter os preccedilos dentro do mercado ou mesmo para se proteger As empresas possuem

equipes com funcionaacuterios preparados e treinados para a funccedilatildeo que coletam as informaccedilotildees

periodicamente como apresentado na teoria

Ao analisar a terceira rede (Rede C) fica clara a agressividade de suas accedilotildees para conquistar

maior espaccedilo no mercado As suas accedilotildees estatildeo sempre voltadas para reduccedilatildeo de custos e

focadas em praacutetica de preccedilos baixos A estrateacutegia EDLP eacute sinocircnimo da marca da empresa

148

Nos mais diferentes formatos os preccedilos com os fornecedores satildeo fortemente negociados e

todos os descontos conseguidos repassados para o consumidor As escolhas quanto ao meacutetodo

de apreccedilamento (mark-up) preocupaccedilatildeo com inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e reduccedilatildeo dos custos

demonstram bastante coerecircncia com o objetivo do varejista (oferecer preccedilo baixo todo dia)

As variaacuteveis que influenciam no apreccedilamento de cada unidade de negoacutecio das redes natildeo

foram muito exploradas pelos gerentes nas entrevistas realizadas mas eacute e evidente a

importacircncia do formato de canal na escolha das estrateacutegias Ao se posicionarem de formas

diferentes e escolherem puacuteblicos diferentes para cada divisatildeo a influecircncia do tipo de loja fica

clara

Os supermercados ao se posicionarem como de vizinhanccedila jaacute consideram

automaticamente a localizaccedilatildeo e a renda dos consumidores como fatores determinantes do

preccedilo Conforme explicado na revisatildeo teoacuterica os preccedilos devem obedecer ao niacutevel do mercado

em que encontram-se caso contraacuterio perdem venda por estarem ou muito acima da

concorrecircncia ou comprometem os ganhos se praticarem preccedilos muito abaixo

Os produtos comercializados tambeacutem tecircm influecircncia Nos formatos que possuem sortimentos

limitados (lojas de desconto) a presenccedila de marcas-proacuteprias eacute grande pois natildeo precisam de

investimentos em miacutedia de massa e podem ser comercializados agrave preccedilos adequados ao

orccedilamento das classes C e D Os formatos que operam com sortimento maior (em variedade e

profundidade) precisam trabalhar com o conceito de preccedilo psicoloacutegico associando o valor

monetaacuterio alto com alta qualidade do produto Nenhuma das redes afirmou utilizar a

estrateacutegia poreacutem a praacutetica de preccedilos psicoloacutegicos eacute tradicional jaacute na induacutestria e eacute repassada

para o ponto de venda

149

As marcas liacutederes geralmente apresentam preccedilo superior para traduzir ao cliente a qualidade

de seu produto e esse preccedilo eacute repassado pelas redes para o consumidor final As redes

supermercadistas trabalham com marcas liacutederes para melhorar a imagem que constroem na

mente do comprador A marca que o cliente deseja precisa estar disponibilizada nas gocircndolas

ou o consumidor natildeo se sentiraacute satisfeito com a experiecircncia de compra (KUNKEL BERRY

1968 LINDQUIST 1974 DOYLE FENWICK 1974 ENGEL BLACKWELL 1995)

Assim tambeacutem eacute possiacutevel afirmar que as marcas tecircm influecircncia na determinaccedilatildeo dos produtos

comercializados pelos supermercadistas

As informaccedilotildees das redes que confirmam essa observaccedilatildeo eacute a comercializaccedilatildeo dos mesmos

produtos de mesma marca e caracteriacutesticas a preccedilos mais altos em lojas localizadas em

regiotildees nobres e a preccedilos mais baixos em lojas localizadas na periferia da cidade

As negociaccedilotildees fazem parte do cotidiano de todas as empresas Como as redes estatildeo entre as

dez maiores em faturamento (ABRAS 2005) a compra em volume eacute consideraacutevel e o poder

sobre os fornecedores tambeacutem Haacute anos uma negociaccedilatildeo era determinada principalmente

pelo preccedilo Com a concorrecircncia acirrada o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas

negociaccedilotildees entre varejistas e fornecedores As maiores empresas negociam grandes volumes

a preccedilos mais baixos do que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais

acessiacuteveis de um mesmo produto do que a concorrecircncia

Entretanto conforme jaacute citado a variaacutevel que claramente exerce maior influecircncia na

formaccedilatildeo dos preccedilos das mercadorias comercializadas pelas redes eacute o formato do canal

Mesmo utilizando o mesmo meacutetodo de apreccedilamento as lojas de diferentes formatos praticam

poliacuteticas diferentes Como o posicionamento e o puacuteblico-alvo satildeo distintos as ferramentas

para adequar os preccedilos dos produtos natildeo satildeo as mesmas Cada puacuteblico tem suas

caracteriacutesticas poder de compra rendas distintas e ocasiotildees de compra diferentes

150

Aleacutem disso os supermercados de vizinhanccedila oferecem mais serviccedilos para o cliente final

Como localizam-se proacuteximo agrave residecircncia do consumidor geralmente oferecem serviccedilos de

entrega por exemplo Serviccedilos adicionais aumentam o custo interno do varejista e portanto

para conseguir cobrir todos os gastos as margens consideradas no caacutelculo do mark-up natildeo

podem ser tatildeo baixas Por mais que o foco seja a reduccedilatildeo de custos mesmo por meio de

melhores negociaccedilotildees com os fornecedores (como no caso da Rede C) os produtos natildeo tecircm

os mesmos preccedilos que as lojas de hipermercado

Nas lojas de desconto como os serviccedilos satildeo poucos e a estrutura disponiacutevel eacute mais simples

(natildeo tecircm estoque as mercadorias satildeo guardadas por cima da gocircndola) o nuacutemero de

funcionaacuterios restrito e poucos investimentos em comunicaccedilatildeo e merchandising os custos

abaixam e eacute possiacutevel praticar preccedilos abaixo da meacutedia do mercado Haacute tambeacutem a

comercializaccedilatildeo de marcas proacuteprias que ajudam no ganho maior

Para facilitar a visualizaccedilatildeo das estrateacutegias utilizadas pelas redes supermercadistas no

apreccedilamento dos produtos que comercializam o quadro 11 foi elaborado

A seguir apresenta-se a conclusatildeo da dissertaccedilatildeo bem como as limitaccedilotildees encontradas e as

sugestotildees de estudos futuros

151

Quadro 11 Resumo das estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas redes varejistas

pesquisadas

Estrateacutegias

Redes

Rede A Rede B Rede C

Objetivo de Preccedilo

- Participaccedilatildeo de mercado - Valor percebido pelos consumidores (supermercado)

- Participaccedilatildeo do mercado

- Participaccedilatildeo do mercado

Anaacutelise da Demanda

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos nos hipermercados e lojas de desconto Consumidores pouco sensiacuteveis nos supermercados

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos - Busca da melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos

Estimativa de Custos

- Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Controle sobre gastos e

Anaacutelise da Concorrecircncia

- Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos

Seleccedilatildeo do Meacutetodo

- Mark-up - Mark-up - Mark-up

Adequaccedilatildeo do Preccedilo

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - Preccedilo psicoloacutegico (supermercados) - Preccedilos por segmento (supermercados) - HILO (hipermercados)

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - HILO (todos os formatos)

- Poliacutetica EDLP para todos os formatos - Preccedilo isca

Variaacuteveis que influenciam

- Localizaccedilatildeo da loja - Renda do consumidor - Formato do canal - Marcas do produtos

- Formato do canal - Marcas do produtos - Poder sobre os fornecedores

- Poder sobre os fornecedores - Renda dos consumidores - Formato do canal - Marcas do produtos

Fonte Elaborado pela autora A seguir apresenta-se as conclusotildees do estudo suas limitaccedilotildees e sugestotildees de estudos futuros

152

5 CONCLUSOtildeES

Este estudo teve como objetivo analisar a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em supermercados

Para que o objetivo fosse cumprido uma revisatildeo bibliograacutefica foi desenvolvida e abordou

conceitos sobre demanda custos meacutetodos de apreccedilamento teacutecnicas de adequaccedilatildeo de preccedilos e

variaacuteveis que influenciam nessa decisatildeo

Um estudo multicaso em trecircs redes supermercadistas foi elaborado para analisar como os

temas abordados na revisatildeo satildeo utilizados na praacutetica por algumas empresas do setor Para isso

desenvolveu-se um protocolo com os passos necessaacuterios para o desenvolvimento da pesquisa

empiacuterica Apresentou-se tambeacutem o histoacuterico a situaccedilatildeo atual e as principais tendecircncias do

varejo para o entendimento das circunstacircncias atuais de concorrecircncia e crescimento das

redes

Apoacutes essa apresentaccedilatildeo os casos foram descritos e analisados pela autora Baseando-se

nessas anaacutelises foi constatado que atualmente com o mercado cada vez mais competitivo e

com o faacutecil acesso dos consumidores agrave comparaccedilatildeo de preccedilos a decisatildeo sobre as estrateacutegias

de apreccedilamento tornou-se fundamental para o bom desempenho das redes supermercadistas

que visam ganho de vantagem competitiva

O estudo de multicasos demonstrou que os meacutetodos de apreccedilamento e de adequaccedilatildeo de preccedilos

satildeo ainda pouco utilizados pelas redes estudadas no que se refere agrave variedade de teacutecnicas

existentes para serem aplicadas a situaccedilotildees diferentes As empresas demonstraram o uso

adequado do mark-up e de estrateacutegias de descontos (peccedilo isca e descontos sazonais) poreacutem

de acordo com a teoria proposta tais meacutetodos apresentam limitaccedilotildees que podem alongo

prazo prejudicar o alcance dos objetivos de rentabilidade e participaccedilatildeo de mercado dos

grupos supermercadistas analisados

153

Cabe ressaltar que ateacute hoje as empresas estudadas tecircm conseguido atingir seus objetivos de

preccedilo por meio da utilizaccedilatildeo do meacutetodo de mark-up em conjunto com as anaacutelises de demanda

e concorrecircncia segundo os resultados de vendas e a colocaccedilatildeo no ranking da ABRAS

Entretanto o setor busca novas tecnologias para reduccedilatildeo de custos e tambeacutem apresenta outras

estrateacutegias para fidelizar os seus clientes que consideram outras variaacuteveis aleacutem dos custos

O acompanhamento das accedilotildees dos competidores por meio do shopping de preccedilos de cada

loja em diferentes regiotildees tem permitido agraves redes a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia sobre

suas estrateacutegias e a praacutetica de teacutecnicas de defesa como cobrir ofertas ou melhores negociaccedilotildees

com seus fornecedores para operar com preccedilos dentro do mercado Poreacutem as empresas focam

nas estrateacutegias dos concorrentes e acabam por desenvolver accedilotildees muito proacuteximas e parecidas

com as dos competidores enquanto poderiam analisar com maior profundidades os seus

puacuteblicos e oferecer vantagens de acordo com o estilo de vida a renda e as necessidades de

cada segmento de mercado que atende

A Rede C por exemplo considera que todos os seus consumidores tecircm o mesmo niacutevel de

sensibilidade agrave preccedilos Mas eles possuem haacutebitos de compra diferentes e frequumlentam formatos

de loja distintos o que demonstra que nem todas as caracteriacutesticas satildeo as mesmas Caso

utilizasse o preccedilo discriminatoacuterio poderia diferenciar as suas bandeiras e atingir talvez de

forma mais eficaz o objetivo de maior participaccedilatildeo de mercado A Rede A embora natildeo

demonstre conhecimento suficiente sobre o conceito de preccedilo discriminatoacuterio eacute a uacutenica entre

as organizaccedilotildees estudadas que opera com estrateacutegias diferentes para cada puacuteblico que

frequumlenta suas diferentes divisotildees

O foco para a reduccedilatildeo dos custos e praacutetica de maiores margens eacute nas negociaccedilotildees com

fornecedores Apenas uma das empresas admitiu o uso de ferramentas tecnoloacutegicas para

diminuir custos A aplicaccedilatildeo de teacutecnicas de apreccedilamento para alcanccedilar esse objetivo natildeo foi

154

verificada o que demonstra a existecircncia de espaccedilo para o desenvolvimento da gestatildeo de

preccedilos nas empresas pesquisadas

Eacute importante ressaltar que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave formaccedilatildeo de preccedilos de

dos produtos que comercializam eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos

conceitos e ferramentas disponiacuteveis assim como o conhecimento das demais teacutecnicas de

adequaccedilatildeo como preccedilos geograacuteficos que permitem tambeacutem a tatildeo desejada reduccedilatildeo de custos

Os estudos cientiacuteficos sobre preccedilos tecircm demonstrado novos modelos como o custo-alvo que

permitem que as decisotildees sobre apreccedilamento sejam mais confiaacuteveis de proacuteximas agraves

necessidades e possibilidades financeiras dos clientes finais Conforme os meacutetodos vatildeo sendo

aprimorados menor a chance das estrateacutegias e dos planejamentos de precificaccedilatildeo falharem

Poreacutem eacute preciso que as redes supermercadistas deixem de analisar somente seus competidores

e de desenvolverem accedilotildees para se proteger dos ataques e observem mais de perto as atitudes

caracteriacutesticas e diferentes estilos dos seguimento de compradores que atingem ou pretendem

conquistar

155

51 Limitaccedilotildees

Campomar (1991) explica que tanto os meacutetodos quantitativos quanto os meacutetodos qualitativos

possuem suas limitaccedilotildees e estas devem ser claramente mencionadas nos trabalhos cientiacuteficos

As limitaccedilotildees do presente trabalho referem-se primeiramente a natureza do meacutetodo Embora

as escolhas tenham permitido o alcance dos objetivos propostos no estudo existem algumas

consideraccedilotildees importantes a serem feitas

A primeira delas refere-se agrave amostra pesquisada Por se tratar de uma amostra natildeo

representativa os dados coletados e analisados bem como as conclusotildees apresentadas natildeo

podem ser generalizados para todo o setor supermercadista As observaccedilotildees soacute devem ser

consideradas para as trecircs empresas que participaram do estudo mesmo que as companhias

estejam entre as maiores em faturamento Outro fator que impede a generalizaccedilatildeo eacute o seu

objetivo exploratoacuterio A dissertaccedilatildeo foi baseada em revisatildeo de literatura e estudos de caso

Um ponto importante refere-se ao proacuteprio setor supermercadista Como trata-se de um

mercado competitivo as empresas natildeo aceitaram a divulgaccedilatildeo de alguns dados e se

restringiram apenas a comentar quais satildeo as estrateacutegias gerais utilizadas para o apreccedilamento

dos produtos que comercializam Estrateacutegias especiacuteficas quanto ao posicionamento futuras

mudanccedilas desenvolvimento de novas tecnologias e praacuteticas e variaacuteveis utilizadas natildeo foram

expostas por nenhuma das redes As conclusotildees sobre esses aspectos forma baseadas em

alguns comentaacuterios e pesquisa de dados secundaacuterios

156

52 Sugestotildees para futuros estudos

Estudos futuros podem comparar a pesquisa realizada com os resultados obtido em outras

redes supermercadistas atuantes no paiacutes Nessa dissertaccedilatildeo foram analisadas trecircs das dez

maiores empresas em faturamento O estudo poderia identificar se as os passos seguidos para

a determinaccedilatildeo de preccedilo e as variaacuteveis influenciadoras satildeo as mesmas identificadas nessa

pesquisa Com uma amostra maior os resultados poderiam trazer informaccedilotildees mais precisas a

respeito do apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

Um outro estudo pode coletar dados primaacuterios de preccedilos de produtos em diferentes formatos e

verificar a influecircncia de das variaacuteveis propostas de forma estatiacutestica O grau de influecircncia de

cada uma pode ser medido e os seguintes objetivos verificados

bull A influecircncia da marca no apreccedilamento estrateacutegico supermercadista

bull A influecircncia da faixa de renda dos consumidores que habitam as regiotildees de cada loja

A influecircncia do formato do canal de distribuiccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos dos produtos

comercializados pelos varejistas

A influecircncia da regiatildeo onde cada loja se localiza na precificaccedilatildeo de produtos

comercializados pelos supermercados

A influecircncia do poder do canal de distribuiccedilatildeo sobre os seus fornecedores e

A influecircncia do preccedilo do concorrente na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos de uma

rede

Outras possibilidades dizem respeito ao estudo da formaccedilatildeo de preccedilos em tipos diferentes de

varejo comparando o setor supermercadista com os outras empresas de serviccedilos

157

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  • 11 Apresentaccedilatildeo
  • 12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo
  • 13 Objetivos
  • 14 Justificativa
  • 15 Organizaccedilatildeo do estudo
  • 21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo
  • 22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo
  • 23 Determinaccedilatildeo da Demanda
    • 231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)
      • 24 Estimativa de Custos
        • 241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos
          • 25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes
          • 26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo
          • 27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final
          • 28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo
          • 29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista
          • 210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados
          • 211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo
            • 2111 Produto
            • 2112 Marca
            • 2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo
            • 2114 Localizaccedilatildeo da Loja
            • 2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista
            • 2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas
            • 117 O Preccedilo da Concorrecircncia
              • 31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo
                • 311 O Tipo de Pesquisa
                • 312 A Natureza da Pesquisa
                • 313 O Meacutetodo da Pesquisa
                  • 3131 Protocolo para os Estudos de Caso
                      • 41 Os Supermercados no Brasil
                      • 42 Caso 1 ndash Rede A
                      • 43 Caso 2 ndash Rede B
                      • 44 Caso 3 ndash Rede C
                      • 43 Anaacutelise dos Casos
                      • 51 Limitaccedilotildees
                      • 52 Sugestotildees para futuros estudos

AGRADECIMENTOS

Ao Professor e Orientador Dr Flaacutevio Torres Urdan a minha gratidatildeo pela orientaccedilatildeo valiosa

competecircncia confianccedila amizade e antes de tudo por ter representado muito mais do que seu

papel e ter me dado todo o apoio necessaacuterio nessa caminhada

Ao Diretor da FEARP Professor Dr Marcos Cortez Campomar pelas sugestotildees e discussotildees

que ajudaram a aprimorar este trabalho e por de ter compartilhado um pouco do seu

conhecimento comigo

Aos professores Dr Dirceu Tornavoi de Carvalho e Dr Marcos Fava Neves pelo apoio

durante todo o meu periacuteodo de aprendizado na poacutes graduaccedilatildeo

Aos professores Dr Maacutercio Mattos Borges de Oliveira e Dra Socircnia pela amizade pela

torcida e oportunidade de compartilhar junto a toda turma de poacutes-graduaccedilatildeo os momentos de

alegria

Ao pessoal da Secretaria de Poacutes-Graduaccedilatildeo da FEARP em especial agrave Eacuterika e ao Eduardo por

todo o apoio no curso

Agraves ldquomeninas da FUNDACErdquo pela amizade pela confianccedila e pelo apoio

Aos profissionais que aceitaram e se dispuseram a participar da pesquisa minha sincera

gratidatildeo

As minhas amigas-irmatildes de todas as horas que me apoiaram nas decisotildees que tomei e que

estatildeo do meu lado haacute anos Carla Ciacutenthia e Sabrina Piccinato e Juliana Freitas

Aos amigos que fiz durante o mestrado da primeira e segunda turma aqui representados pela

Flaacutevia Ghisi e Janaiacutena Giraldi grandes companheiras de trabalhos artigos disciplinas e

comemoraccedilotildees e a minha turma pela convivecircncia e apoio nos momentos criacuteticos de

avaliaccedilotildees representada pelo meu amigo Marco Antonio Conejero companheiro desde as

entrevistas

ldquoO homem nasceu para aprender aprender tanto quanto a vida lhe permitardquo (Joatildeo Guimaratildees Rosa)

RESUMO

O presente trabalho analisa a importacircncia da determinaccedilatildeo de preccedilos para a competitividade

do varejo supermercadista Apoacutes uma revisatildeo da literatura sobre as diversas definiccedilotildees de

preccedilos e as formas de estabelececirc-los satildeo analisadas as seis etapas propostas por especialistas

de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico de produtos Nessas seis etapas satildeo discutidas a

influecircncia da demanda e a importacircncia dos custos os meacutetodos de estabelecimento mais

utilizados descrevendo-se suas caracteriacutesticas e limitaccedilotildees as teacutecnicas de adequaccedilatildeo agrave

diversas situaccedilotildees bem como a seleccedilatildeo do preccedilo final Os passos adotados pelos varejistas

satildeo tambeacutem abordados assim como outras variaacuteveis que tecircm impacto na estrateacutegia escolhida

para se fixar os preccedilos nos supermercados aleacutem da demanda dos custos e dos concorrentes

Por fim as estrateacutegias de apreccedilamento satildeo estudadas empiricamente por meio de entrevistas

em profundidade com gerentes de trecircs redes de varejo de grande porte que atuam no mercado

nacional onde eacute verificada a utilizaccedilatildeo das teacutecnicas de apreccedilamento como instrumento de

auxiacutelio na tomada de decisotildees relacionadas aos programas de preccedilo da empresa Em

conclusatildeo verifica-se que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave definiccedilatildeo de poliacuteticas de

preccedilos eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos conceitos e das variaacuteveis da que

influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos que comercializam assim como o

conhecimento das diversas teacutecnicas de apreccedilamento aleacutem do mark-up

Palavras-chave preccedilo produto supermercados

ABSTRACT

The present paper analyses the importance of pricing for the competitiveness of the retail

sector (supermarkets) After a bibliographic survey on the several definitions concerning price

and how it is determinate six steps proposed by marketing experts to products strategic

pricing are analyzed In these steps the demand influence the costs importance and the most

important pricing methods are discussed describing their characteristics and limitations the

techniques to adequate it to different situations as so as the final price selection The steps

that are adopted by supermarket retail are also outlined thus as the variables that have some

influence on its chosen pricing strategy Demand and competitors costs are also analyzed

Finally pricing strategies are empirically studied through multicases study on three large

retail chains In this part the use by these companies of pricing methods as a tool to assist

decision making related to the long-run pricing programs is verified In conclusion it is seen

that while retail specialists seek more scientific and reliable bases for aiding the decisions

regarding the price strategies it is essential that they posses a clear comprehension of the

concepts and the variables that have influence on products price determination that are

commercialized by themselves as well as the technical skills to pricing besides the mark-up

method

Key-words price product supermarket retail

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing22

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos 25

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto 34

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto 34

Figura 5 Representaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticidade da Demanda36

Figura 6 Curva de Demanda de um Vendedor Individual quando independentemente muda o

preccedilo 37

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos39

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem46

Figura 9 O modelo dos 3 Cs para a determinaccedilatildeo de preccedilos 59

Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos61

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja 76

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja 77

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo 81

8

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo33

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado 54

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia 55

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees60

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos 65

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja74

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista 82

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas86

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo 91

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro 123

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro 124

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 Apresentaccedilatildeo 11

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo15

13 Objetivos15

14 Justificativa16

15 Organizaccedilatildeo do estudo18

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA 20

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo20

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo27

23 Determinaccedilatildeo da Demanda33

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente) 41

24 Estimativa de Custos 44

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos 50

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes 51

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo 58

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final 62

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo64

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista69

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados 79

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo 91

2111 Produto 92

2112 Marca 93

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo95

2114 Localizaccedilatildeo da Loja101

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista102

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas105

2117 O Preccedilo da Concorrecircncia106

10

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO 109

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo109

311 O Tipo de Pesquisa 110

312 A Natureza da Pesquisa 112

313 O Meacutetodo da Pesquisa 114

4 O ESTUDO MULTICASOS121

41 Os Supermercados no Brasil 121

42 Caso 1 Rede A 127

43 Caso 2 Rede B 133

44 Caso 3 Rede C 139

43 Anaacutelise dos Casos145

5 CONCLUSOtildeES152

51 Limitaccedilotildees 155

REFEREcircNCIAS 157

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Apresentaccedilatildeo

Boone e Kurtz (1998) afirmam que filoacutesofos antigos jaacute reconheciam a importacircncia do preccedilo

no sistema econocircmico pois alguns documentos da eacutepoca demonstram tentativas de

determinar preccedilos justos e moderados Atualmente o preccedilo ainda exerce a funccedilatildeo de regular a

atividade econocircmica e o emprego de qualquer um dos quatro fatores de produccedilatildeo (terra

capital recursos humanos e empreendedorismo) depende do preccedilo que lhe eacute atribuiacutedo Para

uma empresa os preccedilos cobrados e as quantidades adquiridas de um produto por seus

clientes representam a receita recebida portanto os preccedilos influenciam os lucros da

companhia bem como a utilizaccedilatildeo de seus fatores de produccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998)

Aleacutem disso o preccedilo eacute um dos principais determinantes para a escolha dos produtos pelos

compradores Eacute um dos elementos chave para alcanccedilar o volume de vendas desejado e por

consequumlecircncia tem grande impacto nos lucros das empresas e tem o papel fundamental na

percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos consumidores

Lopes Reis e Abukawa (1996) afirmam que o preccedilo eacute a variaacutevel do composto que pode ser

mais facilmente comparada pelo consumidor no momento da compra Os autores ainda citam

que em situaccedilotildees econocircmicas inflacionaacuterias recessivas ou ambas a determinaccedilatildeo de preccedilos

de produtos pode se tornar uma tarefa bastante confusa Mas por que o preccedilo natildeo apresentou

o mesmo destaque que as demais variaacuteveis do composto de marketing nos estudos acadecircmicos

e para os profissionais da aacuterea como afirmam Nagle e Holden (2003)

12

Jain (2000) argumenta que a estabilidade econocircmica dos anos 60 no mundo eacute que pode ser

responsabilizada particularmente pelo baixo status atribuiacutedo agrave variaacutevel preccedilo Para o autor

estrategicamente a funccedilatildeo do apreccedilamento significava apenas atribuir um retorno adequado

ao investimento realizado Segundo o autor nos anos 70 vaacuterios eventos foram responsaacuteveis

por uma reviravolta na tarefa de determinar os preccedilos dos bens e serviccedilos entre eles o

consumismo o custo alto do dinheiro o controle do comportamento dos preccedilos praticados

falta de mateacuterias-primas entre outros todos tornaram o preccedilo uma variaacutevel importante (JAIN

2000 LAMBIN 2000a)

Nagle e Holden (2003) afirmam que foi nos anos 80 que os profissionais de marketing

enfrentaram grandes desafios Empresas detentoras de marcas liacutederes viram a lealdade a suas

marcas e seu poder junto aos distribuidores diminuir As grandes empresas viram seus lucros

caiacuterem enquanto as organizaccedilotildees menores atraiacuteam seus clientes mais lucrativos Entatildeo

liacutederes corporativos mostraram que era possiacutevel aumentar o fluxo de caixa e os lucros por

meio dos preccedilos mais altos mesmo que essa estrateacutegia resultasse em uma perda de

participaccedilatildeo de mercado (NAGLE HOLDEN 2003)

O acontecimento mostrou agraves empresas que a estrateacutegia de determinaccedilatildeo de preccedilos deve ser

cuidadosamente planejada e todas as teacutecnicas de apreccedilamento devem ser dominadas pelos

profissionais de marketing principalmente no ambiente competitivo em que as companhias

atualmente encontram-se inseridas

A fixaccedilatildeo de preccedilos eacute considerada tatildeo complexa que Kotler e Keller (2005) afirmam que as

empresas lidam com o apreccedilamento de vaacuterias maneiras Nas pequenas empresas eles satildeo

determinados pelos proacuteprios dirigentes e nas grandes satildeo gerentes satildeo gerentes de divisotildees e

produtos os responsaacuteveis pela tarefa Em setores em que o preccedilo eacute o fator-chave as

organizaccedilotildees dispotildeem de um departamento especiacutefico para fixaacute-los ou auxiliar no

13

apreccedilamento dos produtos Este departamento estaacute geralmente subordinado agrave diretoria de

marketing financcedilas ou agrave alta administraccedilatildeo Outros que exercem influecircncia satildeo os gerentes de

vendas de produccedilatildeo gerentes financeiros e os contadores Nagle e Holden (2003) atribuem

essa mudanccedila na estrutura como resultado do apreccedilamento estrateacutegico ou seja as empresas

estatildeo atualmente administrando proativamente as condiccedilotildees do mercado

Engle Blackwell e Miniard (1995) afirmam ainda que o preccedilo eacute determinante para a escolha

da loja supermercadista pelo cliente A formaccedilatildeo de preccedilos de venda estaacute portanto entre as

mais importantes decisotildees da empresa Apesar de parecer faacutecil o apreccedilamento compreende

um processo complexo por depender do grande nuacutemero de variaacuteveis quantitativas e

qualitativas e estas nem sempre partem da decisatildeo interna da organizaccedilatildeo necessitando

estarem inseridas no planejamento estrateacutegico capaz de refletir os objetivos da empresa

(JAIN 2000)

O varejo brasileiro por exemplo que eacute a unidade de anaacutelise do caso apresentado nesse

estudo enfatiza o aspecto preccedilo como fator fundamental para a busca de um diferencial

competitivo e para a conquista de clientes O ambiente macro-econocircmico mundial nas uacuteltimas

deacutecadas apoacutes sucessivas mudanccedilas na economia propiciou a chegada de novos competidores

e novas tecnologias fomentando de forma mais intensiva a disputa de mercado e motivando o

setor industrial e o proacuteprio varejo a investir e a procurar entender e se ajustar melhor agraves

necessidades desejos e expectativas dos consumidores (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR

2003)

Parente (2000) defende que de todas as variaacuteveis do composto de marketing a decisatildeo de

preccedilo eacute a que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas pois podem ser mudadas rapidamente da noite para o

dia

14

A determinaccedilatildeo do preccedilo de venda dos produtos no varejo eacute uma decisatildeo que deve ser tomada

cuidadosamente e requer conhecimento das variaacuteveis que podem afetar o bom desempenho

dessa tarefa Dessa forma eacute pertinente descrever as estrateacutegias das redes supermercadistas

quanto ao apreccedilamento dos produtos que comercializam e identificar as variaacuteveis que

influenciam nessa estrateacutegia

No varejo supermercadista as grandes redes demonstram por comprarem grandes volumes de

produtos maior poder de barganha na negociaccedilatildeo e consequumlentemente tecircm condiccedilotildees de

vender ao consumidor produtos a um preccedilo mais competitivo (GHISI 2005) Mas soacute a

vantagem na negociaccedilatildeo pode garantir o sucesso do varejista em preccedilos competitivos Quais

seriam as outras variaacuteveis de marketing que poderiam influenciar no apreccedilamento dos

produtos pelo varejo supermercadista

O preccedilo eacute fator-chave de posicionamento e sendo assim precisa ser definido em relaccedilatildeo ao

mercado-alvo ao mix de sortimento de produtos e serviccedilos e agrave concorrecircncia (KOTLER

KELLER 2005) McGoldrick (1990) ainda defende que no varejo a determinaccedilatildeo dos

preccedilos de venda dos produtos e serviccedilos oferecidos ao consumidor final tende a ser um

processo complexo devido agrave quantidade de itens comercializados e tambeacutem da possibilidade

de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre regiotildees

Morgenstein e Strogin (1992) afirmam que a conveniecircncia tem um preccedilo para o consumidor

o que indica a disposiccedilatildeo para o pagamento de uma quantia mais elevada pelas facilidades e

serviccedilos oferecidos a esses clientes Kotler e Armstrong (1998 p 96) citam que a empresa

que realmente compreender como os consumidores respondem agraves diferentes caracteriacutesticas

preccedilos e apelos de propaganda tem uma grande vantagem sobre seus concorrentes

15

Nesse sentido o presente trabalho analisou da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em

supermercados e procurou identificar variaacuteveis que influenciam a as decisotildees de apreccedilamento

nesse tipo de organizaccedilatildeo No final do estudo tecircm-se recomendaccedilotildees focadas natildeo apenas nos

modelos de apreccedilamento mais adequados de acordo com a teoria mas tambeacutem como esses

modelos satildeo utilizados na praacutetica e como as variaacuteveis de marketing podem influenciar tais

modelos A seguir apresenta-se a justificativa da escolha do tema estudado

12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo

No caso deste estudo a pergunta que originou a pesquisa fundamentada na revisatildeo

bibliograacutefica foi assim definida

Como satildeo formados os preccedilos de venda dos produtos no varejo supermercadista

O objetivo geral e os objetivos especiacuteficos satildeo apresentados a seguir

13 Objetivos

O objetivo geral desta pesquisa eacute verificar como satildeo formados os preccedilos de venda dos

produtos no varejo supermercadista

16

Os objetivos especiacuteficos para anaacutelise do setor satildeo

1 Verificar quais satildeo os procedimentos de estabelecimento de preccedilos dos produtos

comercializados

2 Verificar a importacircncia da anaacutelise da demanda dos custos e da concorrecircncia na

determinaccedilatildeo dos preccedilos desses produtos

3 Verificar quais satildeo os meacutetodos de apreccedilamento existentes e suas adaptaccedilotildees

4 Verificar quais satildeo os principais objetivos de preccedilo que os supermercados procuram

atingir

5 Verificar quais satildeo as estrateacutegias de apreccedilamento que os supermercados mais utilizam

6 Verificar qual eacute a influecircncia da demanda dos custos e da concorrecircncia no

apreccedilamento dos produtos pelos supermercados

7 Verificar quais satildeo as outras variaacuteveis que influenciam na determinaccedilatildeo dos preccedilos de

venda dos produtos comercializados por eles

14 Justificativa

A justificativa deste estudo estaacute fundamentada em alguns dos aspectos defendidos por Barral

(2003) considerados relevantes na decisatildeo de fazer uma pesquisa cientiacutefica atualidade do

tema ou seja a sua inserccedilatildeo no contexto atual interesse do autor ou o viacutenculo do autor com o

tema a sua relevacircncia que pode ser entendida como a importacircncia social poliacutetica etc e a

pertinecircncia do tema a sua contribuiccedilatildeo

17

Nagle e Holden (2003) explicam que a literatura de marketing natildeo evoluiu na mesma

velocidade sobre questotildees que envolvem preccedilo se comparada com as demais variaacuteveis do

composto de marketing Historicamente o pouco uso de meacutetodos quantitativos em pesquisas

da aacuterea de administraccedilatildeo produziu um certo desequiliacutebrio no nuacutemero de publicaccedilotildees

envolvendo preccedilos comparativamente aos demais componentes do mix de marketing Os

mesmo autores afirmam que os acadecircmicos de marketing desprezavam a determinaccedilatildeo de

preccedilos oferecendo pouca pesquisa na aacuterea e poucos cursos sobre o tema assegurando aos seus

alunos que quando problemas decorrentes da definiccedilatildeo de preccedilos surgiam todos poderiam

ser solucionados indiretamente redobrando-se os esforccedilos de diferenciaccedilatildeo de produtos e

serviccedilos (NAGLE HOLDEN 2003)

Entretanto a estabilidade da moeda brasileira nos uacuteltimos anos tem ampliado o foco das

estrateacutegias competitivas das organizaccedilotildees para o preccedilo no paiacutes Enquanto o processo

inflacionaacuterio mantinha-se generalizado e em tendecircncia crescente a avaliaccedilatildeo dos preccedilos

relativos pelos consumidores era um exerciacutecio pouco frutiacutefero ou seja os consumidores natildeo

tinham memoacuteria de preccedilos Com a relativa estabilidade este exerciacutecio comeccedila a fazer mais

sentido tornando interessante avaliar ateacute que ponto algumas variaacuteveis como preccedilo do

concorrente conveniecircncia e serviccedilos localizaccedilatildeo da loja marca do produto poder de

barganha entre outras influenciam a formaccedilatildeo dos preccedilos finais dos produtos pelos varejistas

Aleacutem disso o estudo sobre a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos eacute uma questatildeo importante para

os profissionais de marketing por duas razotildees primeiro possibilita melhor compreensatildeo das

variaacuteveis que podem influenciar a sua determinaccedilatildeo o que ajuda a entender porque alguns

varejistas estatildeo mais bem posicionados ou satildeo mais competitivos no mercado do que outros e

segundo fornece informaccedilotildees importantes para conseguir a lealdade dos consumidores jaacute

que conforme citado anteriormente o preccedilo pode ser decisivo na escolha do consumidor por

18

uma rede supermercadista Estudo realizado por Vanhuele e Dreze (2002) demonstra que os

consumidores tecircm um forte interesse em manter o conhecimento sobre os preccedilos dos produtos

que compram e Cao e Gruca (2001) afirmam que aqueles que satildeo informados sobre os preccedilos

mais baixos vatildeo direto agrave loja sem qualquer custo de tempo ou de recurso financeiro

O interesse pelo estudo estaacute na oportunidade de participar de tal discussatildeo em uma aacuterea

importante para a economia atual e para acadecircmicos e profissionais de marketing Haacute tambeacutem

o momento competitivo e turbulento em que o varejo supermercadista brasileiro se encontra

o que torna a discussatildeo oportuna

Como contribuiccedilatildeo o estudo pretende apresentar outras variaacuteveis como influenciadoras na

formaccedilatildeo do preccedilo e das estrateacutegias de apreccedilamento que podem auxiliar os varejistas na

compreensatildeo e avaliaccedilatildeo de suas estrateacutegias e de seus concorrentes e servir de base para

futuras pesquisas sobre formaccedilatildeo de preccedilos

15 Organizaccedilatildeo do estudo

O capiacutetulo 1 descreveu apresentou o tema discutido o problema de pesquisa investigado e

definiu quais satildeo os objetivos do estudo O capiacutetulo 2 reuacutene apresenta e discute os

referenciais teoacutericos necessaacuterios para a compreensatildeo da formaccedilatildeo de preccedilos de produtos e

aborda como a determinaccedilatildeo de preccedilos de venda acontece no varejo supermercadista

descrevendo tambeacutem quais variaacuteveis de marketing que possivelmente influenciam nessa

formaccedilatildeo

19

Assim no referencial teoacuterico apresentam-se as definiccedilotildees de preccedilos modelos de formaccedilatildeo de

preccedilos objetivos e estrateacutegias de apreccedilamento e as variaacuteveis utilizadas nessa formaccedilatildeo

Discutem-se tambeacutem os aspectos de gestatildeo de varejo e as escolhas de apreccedilamento para o

setor

O capiacutetulo 3 descreve o estudo empiacuterico realizado com o objetivo de complementar a revisatildeo

bibliograacutefica realizada sobre preccedilos Neste capiacutetulo o meacutetodo de pesquisa utilizado o tipo de

pesquisa os procedimentos de coleta de dados o instrumento de coleta e a discussatildeo das

anaacutelises necessaacuterias para a realizaccedilatildeo dos casos foram apresentados

No capiacutetulo 4 encontram-se os resultados obtidos na pesquisa empiacuterica e no capiacutetulo 5

apresentam-se as conclusotildees limitaccedilotildees do trabalho e sugestotildees de estudos futuros

20

2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteGICA

21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo

Embora outras variaacuteveis do composto de marketing sejam importantes o preccedilo permanece

como um dos elementos fundamentais na determinaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado e da

lucratividade das empresas As diferentes definiccedilotildees de preccedilo existentes na literatura satildeo de

alguma forma bem parecidas indicando que preccedilo eacute o que vocecirc paga pelo que recebe

As definiccedilotildees de preccedilos se complementam e nenhuma eacute considerada errada mas em algum

momento os autores deixam de citar explicitamente caracteriacutesticas importantes da variaacutevel

que natildeo podem ser esquecidas no momento de sua apresentaccedilatildeo Por essa limitaccedilatildeo o

presente toacutepico descreve vaacuterias citaccedilotildees de diferentes autores e discute tais definiccedilotildees com o

objetivo de chegar a uma siacutentese sobre a melhor forma de caracterizar a variaacutevel preccedilo

McCarthy (1982) define como preccedilo o que eacute cobrado por algo mesmo que este seja avaliado

de forma incorreta Eacute a expressatildeo monetaacuteria de algum bem ou serviccedilo Rossetti (2000)

complementa considerando que essa expressatildeo monetaacuteria resulta segundo a tradiccedilatildeo da teoria

da microeconomia da utilidade avaliada pelos que tecircm a necessidade e procuram satisfazecirc-la

aleacutem dos custos calculados pelos que produzem Estes entatildeo buscam ressarci-los pela oferta

Churchill Jr e Peter (2000) afirmam que preccedilo eacute a quantidade de dinheiro bens ou serviccedilos

que deve ser dada para adquirir a propriedade ou uso de um produto Mas o preccedilo eacute apenas

21

parte do custo total que os clientes pagam numa troca que inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos

Lambim (2000) e Stanton Walker Etzel (2001) definem o preccedilo como uma relaccedilatildeo que

indica o montante necessaacuterio para adquirir uma dada quantidade de bem ou serviccedilo e Sardinha

(1995) diz que eacute o elemento quantitativo que resume de forma numeacuterica as estrateacutegias de

marketing que a empresa tentou seguir Nesta mesma linha de raciociacutenio Monroe (1990

p05) define o preccedilo como uma equaccedilatildeo

Preccedilo = quantidade de dinheiro ou produtos e serviccedilos recebidos pelo vendedor

quantidade de produtos e serviccedilos recebidos pelo comprador

Czinkota (2001) afirma que o preccedilo eacute uma troca o que faz sentido pois em termos gerais

qualquer troca envolve preccedilo que nem sempre eacute monetaacuterio Junto com o conceito de

Churchill Jr e Peter (2000) estes podem ser considerados os mais completos na medida que

consideram tambeacutem fatores natildeo monetaacuterios O preccedilo eacute apenas uma parte do custo total que os

consumidores pagam em uma troca pois esta inclui tambeacutem o esforccedilo mental e

comportamental despendidos aleacutem de desempenhar dois papeacuteis ou seja se a compra seraacute

efetuada e se ela seraacute lucrativa (CHURCHILL JR E PETER 2000) Poreacutem a definiccedilatildeo de

preccedilo que estaacute mais coerente com o trabalho eacute a de Sardinha (1995) que consegue reforccedilar a

dependecircncia do preccedilo agraves outras variaacuteveis do composto de marketing

Urdan e Urdan (2006) explicam que o marketing tem uma concepccedilatildeo mais elaborada do

preccedilo associada ao conceito de valor percebido (a soma dos benefiacutecios sobre a soma dos

custos) sob a oacutetica do cliente (URDAN URDAN 2006 p 184) Os autores afirmam que

preccedilo eacute tudo o que o consumidor percebe ter dado ou sacrificado para obter o produto O

22

preccedilo tem dois componentes O primeiro eacute o monetaacuterio que eacute a concepccedilatildeo usual do

consumidor mas que vai aleacutem do preccedilo pago pelo produto e acrescenta os custos de operaccedilatildeo

manutenccedilatildeo e depreciaccedilatildeo do bem O segundo eacute o componente natildeo monetaacuterio que consiste

nos custos de tempo de energia e psicoloacutegico para adquirir e utilizar o item (figura 1)

Fonte Urdan e Urdan (2006)

Figura 1 Componentes do preccedilo na concepccedilatildeo do marketing

Corey (1991) compara o estabelecimento de preccedilos a um jogo de pocircquer no qual a empresa

estabelece seu preccedilo na ausecircncia de informaccedilatildeo completa baseando-se em expectativas de

retornos do mercado e retaliaccedilotildees da concorrecircncia Os movimentos satildeo baseados nas forccedilas de

que a organizaccedilatildeo dispotildee e nas estimativas das forccedilas dos oponentes como tambeacutem em uma

compreensatildeo das suas accedilotildees tiacutepicas Assim qualquer negociaccedilatildeo pode ser entendida como

uma troca de algo de valor geralmente dinheiro (preccedilo) por satisfaccedilatildeo (produto) A chave

para determinar o preccedilo de um produto estaacute na compreensatildeo do valor que os consumidores

percebem E esse valor resulta de suas percepccedilotildees da satisfaccedilatildeo total proporcionada pelo

Sacrifiacutecio de Tempo

Sacrifiacutecio de Energia

Sacrifiacutecio Psicoloacutegico

Preccedilo Monetaacuterio Objetivo

Preccedilo natildeo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Monetaacuterio Percebido

Preccedilo Percebido

(total)

23

produto do pacote total de utilidade Ainda assim o preccedilo do produto eacute muitas vezes o fator-

chave que conduz a uma troca

Ao definir o preccedilo Ferrell (2000) argumenta que existem dois pontos que devem ser

considerados (i) que para uma empresa preccedilo eacute a quantidade de dinheiro que ela estaacute disposta

a aceitar em troca de um produto e tal soma deve ser suficientemente alta para cobrir os custos

e dar algum lucro mas natildeo tanto a ponto de impedir a venda de seu produto (ii) para os

consumidores preccedilo eacute a quantia que eles estatildeo dispostos a desembolsar em troca de um

produto Portanto eacute importante que exista um equiliacutebrio na construccedilatildeo deste para que as duas

partes se satisfaccedilam em sua transaccedilatildeo comercial

Na mesma linha de raciociacutenio Rocha e Christensen (1999) afirmam que o preccedilo define as

condiccedilotildees baacutesicas pelas quais o vendedor e o comprador estatildeo dispostos a realizar a troca Os

autores ainda complementam que para a empresa o preccedilo pode ser visto como a compensaccedilatildeo

recebida pelos produtos e serviccedilos que oferece ao mercado e para o comprador o preccedilo

expressa o que ele estaacute disposto a dar para adquirir o que a empresa lhe oferece (bens ou

serviccedilos)

Lambin (2000a) tambeacutem raciocina que a questatildeo do preccedilo tem dois aspectos importantes sob

o ponto de vista das empresas a serem considerados (i) o preccedilo eacute um instrumento para

analisar demanda e ao mesmo tempo (ii) eacute um fator determinante da rentabilidade a longo

prazo Entretanto a escolha por uma estrateacutegia de apreccedilamento deve respeitar dois tipos de

coerecircncia a interna e a externa A interna diz respeito aos custos e a rentabilidade essenciais

para a sobrevivecircncia da companhia e a externa agrave forccedila do mercado (poder de compra dos

consumidores) e preccedilo da concorrecircncia Aleacutem do mais natildeo se pode esquecer a coerecircncia com

as estrateacutegias de produto e distribuiccedilatildeo a chamada consistecircncia horizontal

24

Para o consumidor o preccedilo eacute expressatildeo monetaacuteria de um valor e tem papel central na troca O

comportamento de compra pode ser visto como um sistema de troca onde a procura pela

satisfaccedilatildeo e o sacrifiacutecio monetaacuterio compensam um ao outro Esse comportamento eacute resultado

de uma necessidade e a quantia que o consumidor estaacute disposto a pagar pelo produto mede a

intensidade dessa necessidade e a qualidade e satisfaccedilatildeo que eacute esperada (LAMBIN 2000a)

As decisotildees de preccedilos satildeo importantes pois afetam o volume de vendas de uma empresa e

quanto de recursos ela recebe Mesmo com tal importacircncia muitas empresas natildeo lidam bem

com a determinaccedilatildeo de preccedilos Segundo Kotler e Keller (2005) os erros mais comuns satildeo

preccedilos demasiadamente orientados para custos os preccedilos natildeo sofrem revisatildeo com suficiente

frequumlecircncia para capturar mudanccedilas praticadas pelo mercado a determinaccedilatildeo dos preccedilos

independe do restante do composto de marketing e a natildeo variaccedilatildeo de acordo com diferentes

itens de produtos segmentos de mercado e ocasiotildees de compra

Lovelock (1996) e Kotler e Keller (2005) ainda referem-se ao preccedilo como o uacutenico elemento

do composto de marketing que produz receita enquanto todos os outros produzem custos

sendo assim consideradas de mais difiacutecil compressatildeo Eacute visto tambeacutem pelos autores como o

mais flexiacutevel pois pode ser alterado com rapidez ao contraacuterio das caracteriacutesticas de produtos

dos contratos com os canais de distribuiccedilatildeo e as promoccedilotildees planejadas Essa flexibilidade dos

preccedilos praticados pelos concorrentes eacute um dos maiores problemas com o qual as empresas se

deparam (PALMER 2000)

O preccedilo tambeacutem informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido por uma empresa

para seu produto ou marca (KOTLER KELLER 2005) Mazzon Guagliardi Fonseca (1983)

afirmam que o preccedilo eacute uma variaacutevel sensiacutevel em qualquer modelo em que eacute considerado

devido agrave caracteriacutestica de aumentar o lucro dos componentes do canal de distribuiccedilatildeo e

25

tambeacutem por permitir ao consumidor aumentar suas possibilidade de consumo do produto bem

como permitir o consumo de outros produtos

Czinkota (2001) apresenta as principais variaacuteveis envolvidas na definiccedilatildeo de preccedilos -

preocupaccedilotildees estrateacutegicas sensibilidade da demanda custos e preocupaccedilotildees eacuteticas e legais e

os fatores que influenciam na necessidade de ajuste conforme a figura 2 Lambin (2000a)

afirma que a noccedilatildeo de preccedilo eacute ampla e vai aleacutem da simples coincidecircncia dos fatos puramente

objetivos e quantitativos A quantidade de dinheiro pago mede de forma incompetente o

sacrifiacutecio realizado e da mesma maneira a quantidade de bens adquiridos mede de forma

imperfeita a satisfaccedilatildeo

Fonte Czinkota (2001)

Figura 2 Fatores determinantes e influenciadores das definiccedilotildees de preccedilos

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

Preocupaccedilotildees Estrateacutegicas

Posicionamentoconcorrecircncia

Objetivos

Definiccedilatildeo de preccedilos para novos produtos (penetraccedilatildeo ou desnatamento)

Preccedilo x qualidade

Estaacutegio do Ciclo de Vida do Produto

Movimentos Competitivos

Sensibilidade

da Demanda

DEFINICcedilAtildeO

DE PRECcedilO

Necessidade de

Ajustes

Mercado Consumidor

Promoccedilatildeo de preccedilos

Emissatildeo de cupons

Preccedilos por segmento

Customizaccedilatildeo

Mercado Industrial

Graduaccedilatildeo de preccedilos

Descontos a vista

Descontos por antecipaccedilatildeo

Descontos por volume

Definiccedilatildeo geograacutefica de preccedilos

Promoccedilotildees

Customizaccedilatildeo

CUSTO

Preocupaccedilotildees Legais

e Eacuteticas

26

Lepsch (1996) considera a estrateacutegia de formaccedilatildeo de preccedilos como um plano projetado e

administrado de forma eficiente que considera a fixaccedilatildeo de preccedilos como uma funccedilatildeo de

custos percepccedilatildeo do cliente e reaccedilotildees da concorrecircncia

Apesar de todas as estrateacutegias existentes para as empresas determinarem o preccedilo de seus

produtos quem iraacute decidir se esse eacute o preccedilo correto ou natildeo eacute o consumidor final De nada

adiantaraacute uma companhia decidir sobre o apreccedilamento de seus bens ou serviccedilos se o cliente

natildeo estiver disposto a pagar a quantia proposta Portanto a poliacutetica de formaccedilatildeo de preccedilo deve

ser orientada para o consumidor claro que de forma a cobrir os custos da empresa e gerar

algum lucro mas tambeacutem analisando como os produtos atribuem benefiacutecios definindo um

preccedilo justo a esse valor percebido pelo usuaacuterio Um consumidor racional somente iraacute adquirir

um produto quando o valor percebido for maior que o valor pago para a aquisiccedilatildeo deste item

O valor atribuiacutedo ao produto pode se caracterizar por diversas formas como a qualidade o

gosto a ambientaccedilatildeo o status entre outros sendo que esses atributos variam conforme os

diferentes segmentos de consumidores e as diferentes situaccedilotildees de compra

Entre tantas consideraccedilotildees e afirmaccedilotildees sobre preccedilos um ponto importante e comum entre

todos os autores diz respeito agrave complexidade da sua determinaccedilatildeo Para que o apreccedilamento

seja estabelecido de forma adequada Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker e Etzel

(2001) consideram que uma empresa deve seguir seis etapas (1) seleccedilatildeo do objetivo da

determinaccedilatildeo de preccedilos (2) determinaccedilatildeo da demanda (3) estimativa de custos (4) anaacutelise de

custos preccedilos e oferta dos concorrentes (5) seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos

e (6) seleccedilatildeo do preccedilo final Cada uma dessas etapas seraacute discutida neste trabalho

27

22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo

Boone e Kurtz (1998) consideram que da mesma forma que o preccedilo eacute um dos componentes

do composto de marketing os objetivos de determinaccedilatildeo de preccedilos tambeacutem satildeo um

componente dos objetivos gerais da organizaccedilatildeo Os autores explicam que os objetivos de

marketing representam os resultados que os executivos esperam alcanccedilar que se baseiam

nesses objetivos gerais Os objetivos da empresa e da funccedilatildeo de marketing provecircem a base

para determinar os objetivos da fixaccedilatildeo de preccedilos usados para desenvolver e implementar os

procedimentos e poliacuteticas de apreccedilamento mais especiacuteficas (BOONE KURTZ 1998)

Neves (2005) explica que a decisatildeo de onde a empresa deseja posicionar sua oferta deveraacute ser

o primeiro passo que a empresa adota pois quanto mais claros os objetivos do plano de

marketing mais faacutecil seraacute a determinaccedilatildeo de preccedilos Deve-se decidir sobre os objetivos de

preccedilo antes de determinar o proacuteprio preccedilo Entretanto poucas empresas estabelecem um

objetivo de preccedilo A importacircncia de considerar esse passo fica clara quando as possiacuteveis

escolhas satildeo apresentadas e a relevacircncia e consequumlecircncia que cada uma tem sobre o

apreccedilamento de um produto

Satildeo considerados cinco objetivos para a determinaccedilatildeo de preccedilo (KOTLER KELLER 2005

CZINKOTA 2001) (1) sobrevivecircncia (2) maximizaccedilatildeo do lucro (3) maximizaccedilatildeo do

crescimento das vendas ou manutenccedilatildeo eou aumento da participaccedilatildeo de mercado (4)

lideranccedila na qualidade do produto e (5) maximizaccedilatildeo do aproveitamento do mercado ou

desnataccedilatildeo

28

Os objetivos de maximizaccedilatildeo do lucro e do volume satildeo mais comuns mesmo entre autores

que utilizam outras classificaccedilotildees O objetivo de sobrevivecircncia eacute considerado de curto prazo e

geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila

nos desejos do consumidor Quando optam por utilizar este objetivo o preccedilo estabelecido

deve cobrir os custos variaacuteveis e alguns dos custos fixos caso contraacuterio a empresa pode ir agrave

falecircncia No caso da lideranccedila na qualidade do produto as empresas tecircm seus produtos

caracterizados por altos niacuteveis de qualidade e valor percebidos com preccedilos altos poreacutem natildeo a

ponto de se tornarem quase inacessiacuteveis aos consumidores Satildeo os produtos de preccedilo-

premium

A estrateacutegia de preccedilo-premium eacute aplicada para diferentes versotildees de um mesmo produto uma

superior e outra baacutesica ou padratildeo Os compradores potenciais do modelo padratildeo satildeo muito

sensiacuteveis a preccedilos ao contraacuterio dos compradores da versatildeo superior do item Uma variaccedilatildeo do

preccedilo-premium eacute o preccedilo de imagem As duas estrateacutegias tecircm o mesmo objetivo sinalizar

para os compradores desinformados a alta qualidade do produto e utilizar o lucro realizado

com a versatildeo superior para subsidiar o preccedilo da versatildeo baacutesica ou padratildeo do produto

(LAMBIN 2000a) A caracteriacutestica que difere uma estrateacutegia da outra eacute que no segundo

caso natildeo existe uma diferenccedila real entre os produtos ou marcas apenas considera-se a

imagem passada e o posicionamento

Na desnataccedilatildeo do mercado os preccedilos comeccedilam altos e se reduzem gradualmente com o

tempo Eacute um objetivo praticado geralmente por empresas que lanccedilam tecnologias novas e faz

sentido apenas sob as seguintes condiccedilotildees (i) um nuacutemero suficiente de compradores tem uma

demanda corrente alta (ii) o custo unitaacuterio de produzir uma quantidade pequena natildeo eacute alto

suficiente para anular a vantagem de cobrar o que o mercado tem condiccedilotildees de pagar (iii) o

29

preccedilo alto inicial natildeo atrai mais concorrentes para o mercado e (iv) o preccedilo elevado comunica

a imagem de um produto de qualidade superior (KOTLER KELLER 2005)

Em outras palavras Lambin (2000a) descreve a desnataccedilatildeo como objetivo atingir alta receita

em vendas oferecendo produtos com qualidades peculiares (reais ou percebidos) a preccedilos

muito altos para alguns compradores ou segmentos especiacuteficos que estatildeo preparados e

dispostos a pagar por essa distinccedilatildeo O objetivo aqui eacute alcanccedilar o mais alto turnover possiacutevel

com preccedilo alto em vez de volume alto (LAMBIN 2000a) O autor considera esta a estrateacutegia

totalmente oposta agrave maximizaccedilatildeo de volume

Outros autores preferem agrupar os objetivos de formas diferentes Para Jain (2000) eles

podem ser orientados para o lucro e para o volume e Lambin (2000a) afirma que alguns

objetivos podem ser tambeacutem orientados para a concorrecircncia Boone e Kutz (1998)

consideram quatro os principais objetivos de apreccedilamento (1) objetivos de lucratividade (2)

objetivos de volume (3) objetivos concorrenciais e (4) objetivos de prestiacutegio

Embora as classificaccedilotildees variem de um autor para outro percebe-se nos agrupamentos que os

objetivos de lucratividade e os objetivos de volume satildeo comuns a todos os autores citados Os

objetivos concorrencias satildeo equivalentes apenas entre Lambin (2000a) e Boone e Kutz

(1998) O uacutenico grupo exclusivamente idealizado por Boone e Kutz (1998) eacute denominado

objetivos de prestiacutegio Seratildeo discutidos primeiramente os objetivos comuns a todos em

sequumlecircncia os objetivos orientados para a concorrecircncia e finalmente a quarta proposta de

agrupamento de Boone e Kutz (1998)

Jain (2000) considera que quando orientado para o lucro o objetivo pode ser definido tanto

em termos da porcentagem de lucro desejada (maximizaccedilatildeo dos lucros) quanto do retorno

almejado sobre o investimento Lambin (2000a) cita a maximizaccedilatildeo do lucro como um

30

modelo apresentado pelos economistas Para o autor o modelo eacute difiacutecil de ser aplicado na

praacutetica pois natildeo apenas assume o conhecimento preciso sobre as funccedilotildees de custo e demanda

de cada produto como tambeacutem assume a estabilidade que eacute raramente aproveitada pelos

fatores ambientais e competitivos

Boone e Kutz (1998) afirmam que os economistas identificam a maximizaccedilatildeo dos lucros

como o ponto no qual uma adiccedilatildeo agrave receita total eacute equilibrada exatamente por um aumento no

custo total e o problema estaacute em saber como atingir esse equiliacutebrio Para eles a teoria

econocircmica se baseia em pressupostos sendo um deles o de que todas as empresas teratildeo um

comportamento racional que resultaraacute em um esforccedilo para maximizar ganhos e minimizar

perdas Nicol (1985) considera que as empresas natildeo podem ter um uacutenico objetivo o da

maximizaccedilatildeo do lucro contudo ele eacute um importante objetivo de uma empresa geneacuterica

O objetivo de retorno-alvo (ROI) eacute difundido (LAMBIN 2000a) Na praacutetica calcula-se o

preccedilo-alvo que eacute aquele o qual para um niacutevel de atividade assegura um retorno justo sobre o

capital investido Para o autor essa teoria muito utilizada pelas empresas tem o meacuterito da

simplicidade mas eacute incorreta pois ignora o fato de que eacute o niacutevel do preccedilo que determina o

niacutevel da demanda Boone e Kutz (1998) consideram que os objetivos de retorno-alvo

oferecem uma seacuterie de vantagens ao profissional de marketing servindo como um meio de

avaliar desempenho Aleacutem disso satildeo projetados para gerar um lucro justo de acordo com o

julgamento dos gerentes acionistas e puacuteblico em geral (BOONE KURTZ 1998)

Por outro lado Jain (2000) argumenta que o objetivo mais utilizado pelas grandes empresas eacute

o preccedilo voltado para volume Boone e Kutz (1998) consideram que as empresas nesta

ocasiatildeo estabelecem um niacutevel miacutenimo aceitaacutevel de lucro e entatildeo procuram maximizar as

vendas (sujeitas a esta restriccedilatildeo de lucro) acreditando que no quadro de concorrecircncia de

longo prazo um grande volume de vendas eacute mais importante do que lucros elevados logo de

31

iniacutecio Assim as empresas continuam a expandir suas vendas ateacute o ponto em que os lucros

totais natildeo caiam abaixo dos retornos miacutenimos obtidos como aceitaacuteveis pela companhia

Os objetivos de volume tambeacutem podem ser estabelecidos como a participaccedilatildeo de mercado que

a companhia gostaria de atingir que pode comeccedilar como sendo a taxa de crescimento de

vendas desejada ou simplesmente assegurar um crescimento de vendas suficiente para a

empresa (LAMBIN 2000a) Para Lambin (2000a) maximizar a participaccedilatildeo de mercado

implica em adotar um preccedilo de penetraccedilatildeo que eacute uma quantia relativamente baixa menor do

que o preccedilo da concorrecircncia para aumentar o volume de vendas e consequumlentemente o

market-share o mais raacutepido possiacutevel Boone e Kutz (1998 p 467) definem como a meta

estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma determinada mercadoria ou

serviccedilo Esta meta pode ser tanto a manutenccedilatildeo da atual participaccedilatildeo quanto o aumento

dessa fatia do mercado em alguns pontos percentuais

Lambin (2000a) afirma que aleacutem das orientaccedilotildees para o lucro e para o volume a companhia

tem um terceiro objetivo desta vez orientado para a competiccedilatildeo Esta visatildeo tambeacutem eacute

compartilhada por Boone e Kutz (1998) Neste caso os preccedilos devem estar alinhados com os

concorrentes ou objetivar s estabilidade Para o autor em induacutestrias lideradas por uma

empresa o objetivo eacute criar um relacionamento estaacutevel entre produtos concorrentes para evitar

flutuaccedilotildees de preccedilos que podem abalar a confianccedila do consumidor O objetivo de se alinhar

aos preccedilos das empresas concorrentes mostra que a companhia estaacute consciente da sua

incapacidade de exercer qualquer influecircncia no mercado especialmente quando existe uma

empresa liacuteder e os produtos satildeo padronizados como um oligopoacutelio indiferenciado Neste

caso a empresa prefere concentrar seus esforccedilos outros aspectos que natildeo seja o preccedilo

(LAMBIN 2000a) Uma vez alcanccedilada a posiccedilatildeo de dominante o objetivo muda para uma

32

taxa de retorno suficiente ou satisfatoacuteria Esta eacute uma estrateacutegia frequumlentemente utilizada por

empresas com um volume alto de produccedilatildeo acumulada e que espera reduzir custos

Os objetivos de prestiacutegio compotildee a uacuteltima categoria de apreccedilamento natildeo relacionada agrave

lucratividade e ao volume Um objetivo de prestiacutegio envolve a determinaccedilatildeo de um preccedilo

relativamente alto para desenvolver e manter uma imagem de qualidade e exclusividade

direcionado para consumidores natildeo sensiacuteveis a preccedilos e sensiacuteveis a questatildeo de status

(BOONE KURTZ 1998) A utilizaccedilatildeo do objetivo de preccedilo por prestiacutegio reflete a ecircnfase

dada pelo profissional de marketing muito mais agrave imagem do produto do que ao custo dos

seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo O quadro 1 apresenta um resumo geral dos

objetivos de preccedilos e suas caracteriacutesticas

Definido o objetivo de preccedilo a empresa precisa compreender as relaccedilotildees entre a fixaccedilatildeo de

preccedilos e a curva de demanda O preccedilo eacute um fator essencial como determinante da demanda

Os quatro fatores considerados pelos economistas na determinaccedilatildeo da demanda satildeo preccedilo do

produto preccedilo dos substitutos renda dos consumidores e suas preferecircncias Caso os outros

trecircs fatores permaneccedilam constantes quanto mais alto for o preccedilo menor seraacute a demanda O

proacuteximo toacutepico discute as relaccedilotildees entre a demanda e o preccedilo de produtos e suas implicaccedilotildees

33

Quadro 1 Objetivos de Preccedilo

Objetivo

Caracteriacutestica

Sobrevivecircncia

Objetivo de curto prazo geralmente praticado quando existe excesso de produccedilatildeo concorrecircncia intensa ou mudanccedila nos desejos do consumidor

Maximizaccedilatildeo do Lucro

Quando satildeo estimados a demanda e os custos com preccedilos alternativos e escolha do niacutevel que maximiza o lucro e se estabelece um niacutevel especiacutefico de lucro como objetivo

Maximizaccedilatildeo do Volume

Meta estabelecida para controlar uma parcela do mercado com uma mercadoria ou serviccedilo Pode ser para manter ou aumentar a fatia

Lideranccedila na Qualidade do Produto

Produtos com alta qualidade preccedilo relativamente alto mas benefiacutecio percebido Gera lealdade e o preccedilo natildeo dificulta o acesso apenas traduz a qualidade

Desnatamento

Quando haacute estimativa do preccedilo mais alto que se pode cobrar dados os benefiacutecios comparativos em relaccedilatildeo aos substitutos disponiacuteveis para uma posterior reduccedilatildeo do preccedilo e assim conquistar o segmento imediatamente inferior

Concorrenciais

Preccedilos equivalentes aos da concorrecircncia e diferenciaccedilatildeo por meio dos outros componentes do mix de marketing

Prestiacutegio

Preccedilo alto para consumidores sensiacuteveis agrave status ecircnfase na imagem do produto e natildeo ao custo dos seus ingredientes ou materiais de fabricaccedilatildeo

Fonte Elaborado pela autora a partir de Boone e Kutz (1998) Czinkota (2001) Kotler e Keller (2005) Lambin (2000a) Lambin (2000b) e Stanton Waltker e Etzel (2001)

23 Determinaccedilatildeo da Demanda

O apreccedilamento estrateacutegico de um produto natildeo deve considerar apenas os custos eacute importante

identificar o niacutevel de demanda ao longo do tempo Preccedilos baseados apenas nas necessidades

financeiras da empresa satildeo considerados inapropriados segundo Lambin (2000a) Em uma

economia de mercado eacute o comprador quem decide que produto seraacute vendido

Consequumlentemente em uma organizaccedilatildeo bem sucedida um apreccedilamento efetivo comeccedila com

34

o preccedilo mais proacuteximo de ser aceito pelo mercado que por sua vez determina o custo-alvo da

empresa (LAMBIN 2000a)

O custo-alvo eacute um conceito que foi desenvolvido em meados da deacutecada de 90 Ao contraacuterio

da praacutetica tradicionalmente utilizada (primeiro desenvolve-se o produto e o custo eacute a base

para a determinaccedilatildeo do preccedilo figura 3) o custo-alvo leva em consideraccedilatildeo primeiramente a

necessidade do consumidor descoberta por meio de pesquisas de mercado em seguida o

valor que ele daacute ao produto o preccedilo do mercado e o quanto o cliente pagaria para adquiri-lo a

partir desse ponto avaliar os custos para o desenvolvimento do bem comparaacute-lo com o preccedilo

e desenvolver efetivamente o produto (figura 4)

A determinaccedilatildeo da demanda em alguns casos eacute clara poreacutem em outros os padrotildees soacute satildeo

revelados quando devidamente estudados e mapeados Cada preccedilo praticado pela empresa

resultaraacute em um diferente niacutevel de demanda e consequumlentemente causaraacute diferentes impactos

nos objetivos de marketing de uma empresa

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 3 Procedimento tradicional para determinar o preccedilo de um produto

Fonte Elaborado pela autora a partir de Lambin (2000a)

Figura 4 Procedimento para determinar o custo-alvo de um produto

CONSUMIDOR

CONSUMIDOR VALORVALOR PRECcedilOPRECcedilO CUSTOCUSTO PRODUTOPRODUTO

PRODUTOPRODUTO CUSTOCUSTO VALORVALORPRECcedilOPRECcedilO CONSUMIDOR

CONSUMIDOR

35

Lambin (2000a) considera a noccedilatildeo de elasticidade um importante conceito na anaacutelise da

demanda pois mede diretamente a sensibilidade a preccedilo do consumidor Churchill Jr e Peter

(2003) definem elasticidade-preccedilo como a medida da sensibilidade da demanda agrave mudanccedilas

nos preccedilos

Simonsen (1973) explica que o economista Marshall primeiro a encontrar uma forma praacutetica

de expressar o conceito da elasticidade da demanda a definiu como o aumento percentual da

quantidade procurada quando o preccedilo abaixa 1 Se a quantidade procurada de um item

aumentar 2 porque seu preccedilo caiu em 1 significa que o seu coeficiente de elasticidade eacute

igual a 2 Deve considerar poreacutem que o conceito de elasticidade refere-se a um ponto da

curva de demanda e natildeo da curva completa

Para determinar a elasticidade em P traccedila-se uma tangente agrave curva por esse ponto a qual

intercepta os eixos do graacutefico respectivamente nos pontos M e N (figura 5) O coeficiente da

elasticidade eacute representado pela foacutermula

Kotler e Armstrong (1998) considera

relaccedilatildeo entre a variaccedilatildeo da quantidad

resultado maior eacute a relaccedilatildeo da dema

como a porcentagem de variaccedilatildeo de u

preccedilo

E= MP PN

m que a elasticidade da demanda pode ser medida pela

e vendida e a variaccedilatildeo do preccedilo Quanto mais alto o

nda e de preccedilo e Lambin (2000a) descreve a foacutermula

nidades vendidas sobre a porcentagem de variaccedilatildeo do

36

Fonte Simonsen 19

Figura 5 Represe

Besanko Dranove

independentemente

preccedilo em P0) ele m

Q1l Parte do cresc

Q1) vem dos con

2000) A figura 6

mercado

A curva de demand

produto ou serviccedilo

maior do que 1 ( sum

preccedilos a determin

coeficiente de elas

vendas natildeo eacute afeta

de custos ao consu

deve-se realizar um

Preccedilo

73

ntaccedilatildeo Graacutefica para Caacutelculo da Elasticid

e Shanley (2000) afirmam que quando u

do setor de P0 para P1 (com todos os

ove na curva de demanda de DD para d

imento (Q1 Q0) vem de seus consumido

sumidores de outras empresas (BESAN

representa a curva de demanda quando um

a pode ser elaacutestica ou inelaacutestica Quando o

eacute inferior a 1 ( sum lt 1) a demanda eacute co

lt 1) a demanda eacute considerada elaacutestica N

accedilatildeo precisa dos seus custos seraacute mais

ticidade Quando a demanda eacute inelaacutestica o

do pelas mudanccedilas de preccedilo assim a empr

midor sem maiores perdas Poreacutem quando

a anaacutelise de custos que permitiraacute a proj

E= MP PN

Quantidade

P

N

R

0

S

M

ade da Demanda

m vendedor reduz o seu preccedilo

seus concorrentes segurando o

d e suas vendas aumentam para

res leais e a outra parte (Q1l

KO DRANOVE SHANLEY

a empresa muda seu preccedilo no

coeficiente de demanda de um

nsiderada inelaacutestica e quando eacute

o que diz respeito agrave poliacutetica de

importante quanto maior for o

u pouco elaacutestica o volume de

esa pode transferir os aumentos

a demanda eacute altamente elaacutestica

eccedilatildeo de provaacuteveis margens de

37

lucro em diferentes niacuteveis de venda com base nas relaccedilotildees entre preccedilo e quantidade em cada

niacutevel (SIMONSEN 1973 KOTLER KELLER 2005 BESANKO DRANOVE SHANLEY

2000 NICOL 1983 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN1999)

Fonte Adaptado de

Figura 6 Curva

muda o preccedilo

A demanda elaacutestic

vendida o suficient

1997) No setor ali

com que ocorra um

loja ou rede varej

estabelecimento qu

A curva da deman

preccedilos (KOTLER

Preccedilo

Besanko Dranove e Shanley (2000)

de Demanda de um Vendedor Individua

a ocorre quando a reduccedilatildeo de preccedilos faz

e para compensar a receita e os resultados

mentiacutecio a demanda eacute considerada inelaacutesti

acreacutescimo substancial no volume de venda

ista eacute considerada elaacutestica pois os cons

e tiver melhores niacuteveis de preccedilos

da mostra o volume provaacutevel de compra

KELLER 2005 p 435) A curva resume a

Quantidade

D

D

d

d

P0

P1

Q0

Q1

Q1l

l quando independentemente

com que aumente a quantidade

(MCCARTHY PERREAULT

ca (a reduccedilatildeo de preccedilos natildeo faz

s) poreacutem quando analisada por

umidores passam a escolher o

do mercado ante alternativas de

s reaccedilotildees de consumidores com

38

diferentes sensibilidades a preccedilo portanto o primeiro passo para determinar a demanda eacute

compreender os fatores que afetam a sensibilidade Kotler e Keller (2005) afirmam que os

compradores satildeo menos sensiacuteveis a preccedilos de produtos comprados com pouca frequumlecircncia ou

que inspiram prestiacutegio Os consumidores que apresentam pouca sensibilidade satildeo os

preferidos das empresas Nagle e Holden (2003) Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000a)

indicam nove fatores relacionados agrave menor sensibilidade a preccedilos

1 O produto eacute exclusivo - valor uacutenico

2 Os compradores tecircm menos consciecircncia da existecircncia de substitutos

3 Os compradores natildeo conseguem comparar facilmente a qualidade de substitutos

4 A despesa eacute uma pequena parte do orccedilamento familiar

5 O benefiacutecio final do produto eacute grande ou seja a despesa eacute pequena em relaccedilatildeo ao

custo total do produto final

6 O custo do produto eacute compartilhado com terceiros

7 O produto eacute utilizado em conjunto com bens comprados anteriormente

8 O produto apresenta mais qualidade prestiacutegio ou exclusividade Preccedilo-Qualidade

9 Os compradores natildeo podem estocar o produto

As empresas precisam entender a sensibilidade a preccedilo de seus clientes atuais e potenciais

bem como as anaacutelises comparativas que as pessoas estatildeo dispostas a realizar para avaliar o

preccedilo diante das especificaccedilotildees dos produtos (figura 7) Lambin (2000a) considera todo

comprador sensiacutevel a preccedilo poreacutem essa sensibilidade pode variar tremendamente de uma

situaccedilatildeo para outra como mostram os fatores citados pelos estudiosos da aacuterea Essa variaccedilatildeo

ocorre de acordo com a importacircncia da satisfaccedilatildeo que o produto proporciona ou do sacrifiacutecio

necessaacuterio para adquirir o bem Ter somente consumidores sensiacuteveis como alvo pode

significar que a empresa estaacute deixando de ganhar dinheiro (KOTLER KELLER 2005)

39

Fonte Elaborado pela autora

Figura 7 Sensibilidade a preccedilos

Para mensurar a sensibilidade vaacuterios meacutetodos podem ser aplicados Lambin (2000a) agrupa

esses meacutetodos em quatro categorias principais (i) o julgamento de especialistas (the expert

judgement) (ii) pesquisas com consumidores (iii) experimentos com preccedilo e (iv) estudos

economeacutetricos O julgamento de especialistas consiste em pedir para especialistas do mercado

trecircs estimativas ou pontos na curva de resposta ao preccedilo a menos realista a mais realista e a

associaccedilatildeo do volume de vendas mais as vendas esperadas a um preccedilo meacutedio

As pesquisas com consumidores podem ser diretas ou indiretas O meacutetodo mais utilizado eacute o

indireto por meio de anaacutelise conjunta Os experimentos com preccedilos satildeo realizados em

laboratoacuterios ou no proacuteprio campo (mercado) e os estudos economeacutetricos satildeo baseados em

anaacutelises de painel ou seacuteries temporais (LAMBIN 2000a)

Sensibilidade a Preccedilo

Valor da diferenciaccedilatildeo

Alta

Alta

Baixa

Baixa

Compradores

de Preccedilo

Compradores

de Valor

Compradores

de Conveniecircncia

Compradores

de Relacionamento

40

Mensurar a elasticidade da demanda pode ser uacutetil por diversas razotildees A elasticidade fornece

informaccedilotildees sobre a direccedilatildeo na qual os preccedilos podem mudar para simular a demanda e

aumentar o faturamento Aleacutem disso comparar a elasticidade de marcas concorrentes

identifica aquelas que podem resistir mais a um aumento de preccedilo e assim revelar seu poder

de mercado Comparar a elasticidade de produtos de mesma categoria ajuda no ajuste de

preccedilo dentro da categoria e por fim a elasticidade cruzada ajuda a prever as mudanccedilas na

demanda de uma marca para outra (LAMBIN 2000a)

Lambin (2000a) chama a atenccedilatildeo para algumas limitaccedilotildees que podem reduzir a utilidade

praacutetica dos meacutetodos de mensuraccedilatildeo A elasticidade mede o relacionamento baseando-se no

comportamento do consumidor que soacute eacute observaacutevel depois do acontecimento O seu valor

preventivo depende da estabilidade das condiccedilotildees que ocasionaram a observaccedilatildeo portanto

natildeo pode ser utilizado para determinar o preccedilo de novos produtos Outro ponto eacute que em

muitas situaccedilotildees o problema natildeo eacute tanto saber como adaptar o preccedilo a sensibilidade atual do

mercado mas sim saber de forma mudar essa sensibilidade para a direccedilatildeo procurada pela

empresa Nesse caso eacute mais interessante saber o valor percebido do produto pelo grupo-alvo

de consumidores Por fim a elasticidade mede o impacto do preccedilo na quantidade comprada

do produto mas natildeo mede o efeito do preccedilo na propensatildeo a experimentar o produto em

compras repetitivas a taxas exclusivas entre outros e essas satildeo noccedilotildees importantes para

entender o mecanismo de resposta do consumidor em relaccedilatildeo ao preccedilo dos produtos

Eacute vaacutelido destacar que os meacutetodos de mensuraccedilatildeo da demanda foram desenvolvidos para

modelos econocircmicos para auxiliar mais no entendimento do comportamento econocircmico do

que como uma ferramenta de decisatildeo Essa afirmaccedilatildeo natildeo significa poreacutem que a teoria

econocircmica natildeo tenha relevacircncia para o estudo da determinaccedilatildeo do preccedilo pois mesmo sendo

imprecisa a estimativa da elasticidade do preccedilo ajuda a determinar a direccedilatildeo da mudanccedila de

41

preccedilo e seu impacto na receita de vendas Contudo os administradores de marketing deveriam

desenvolver meacutetodos de mensuraccedilatildeo mais adequados agraves suas necessidades

231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)

A fixaccedilatildeo de preccedilo baseado no cliente trabalha o preccedilo de modo mais lucrativo e com a

captura de mais valor natildeo necessariamente vendendo mais (aumento do volume de vendas)

Aleacutem disso leva em conta os preccedilos que os consumidores estatildeo dispostos a pagar e pode

chegar a um montante que natildeo reflete o verdadeiro valor do produto

Satildeo utilizados o preccedilo de valor e as estrateacutegias flexiacuteveis de apreccedilamento O preccedilo de valor

representa a fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando

comparado ao seu concorrente Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo requer uma reengenharia

de operaccedilotildees ou seja um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade (Lambin

2000a Lambin 2000 b Kotler Keller 2005)

Lambin (2000a) explica que do ponto de vista do consumidor um produto eacute o total de

benefiacutecios recebidos quando utilizado Portanto uma empresa orientada para o consumidor

precisa fixar os seus preccedilos de acordo com a percepccedilatildeo de benefiacutecios e custos do cliente Os

consumidores comparam os benefiacutecios de uma compra com o custo que ela representou

Quando o produto considerado apresenta a melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio o consumidor estaacute

inclinado a comprar o bem

42

O procedimento de preccedilo de valor pode ser implementado de duas formas diferentes A

primeira delas eacute o valor percebido A ideacuteia baacutesica por traacutes desse meacutetodo eacute o valor percebido

no produto ou marca o qual iraacute determinar o niacutevel de preccedilo O preccedilo de valor percebido

considera as percepccedilotildees de valor dos clientes e natildeo o custo do vendedor Aleacutem disso a

estrateacutegia utiliza os elementos do mix de marketing para aumentar o valor percebido pelo

cliente e a chave para a sua determinaccedilatildeo eacute a precisatildeo na percepccedilatildeo do mercado relativa ao

valor da oferta Eacute preciso determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a

percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta Nesse caso eacute fundamental pensar-se no

posicionamento do produto Deve-se ainda mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais

caro (o valor que a oferta de fato representa)

A segunda maneira eacute o preccedilo maacuteximo aceitaacutevel particularmente utilizado para determinar

preccedilos de produtos na induacutestria O principal benefiacutecio para o comprador nesse caso eacute a

reduccedilatildeo de custos O procedimento segue os seguintes passos (i) entender o uso do produto

pelo consumidor (ii) analisar os benefiacutecios gerados pelo produto (iii) analisar os custos de

aquisiccedilatildeo e de uso do produto (iv) calcular a relaccedilatildeo custo-benefiacutecio e determinar o preccedilo

maacuteximo aceitaacutevel (LAMBIN 2000a) O preccedilo mais alto que o consumidor estaraacute disposto a

pagar pelo produto eacute calculado por

Benefiacutecios Custos = Preccedilo Maacuteximo Aceitaacutevel

Algumas das limitaccedilotildees do apreccedilamento baseado no cliente referem-se agrave falha na percepccedilatildeo

que pode afetar a lucratividade da empresa a longo prazo e ao surgimento de alguns

problemas quando os preccedilos natildeo refletem o montante que os clientes estatildeo dispostos a pagar

43

pois alguns compradores sofisticados raramente satildeo honestos a respeito de quanto estatildeo

dispostos a pagar por um produto Para que a estrateacutegia tenha um bom desempenho deve-se

aumentar a disposiccedilatildeo do cliente a pagar um preccedilo que reflita o verdadeiro valor do produto

As empresas natildeo tecircm um preccedilo uacutenico mas sim uma variedade de preccedilos adaptados a

situaccedilotildees distintas de mercado Para isso satildeo utilizadas as estrateacutegias flexiacuteveis de mercado

Elas ocorrem em situaccedilotildees onde o mesmo produto eacute vendido para diferentes clientes a preccedilos

tambeacutem diferentes e podem ser obtidas por regiatildeo por periacuteodo por forma do produto ou de

um segmento para outro

Os economistas utilizam o termo descriminaccedilatildeo de preccedilos para designar as variaccedilotildees de preccedilo

que natildeo satildeo justificadas pelo custo (LAMBIN 2000b) As quatro formas de flexibilidade de

preccedilo satildeo (1) desconto para um segundo mercado que acontece quando uma empresa tem

excedente de produccedilatildeo e surge a oportunidade de vender seus produtos para um outro

mercado e nesse caso o preccedilo miacutenimo aceitaacutevel pela empresa deve ser o preccedilo piso ou

miacutenimo (2) descontos perioacutedicos ou sazonais que permitem que a empresa explore a

heterogeneidade da demanda - consumidores sensiacuteveis e natildeo sensiacuteveis a preccedilos que compram

o mesmo produto em periacuteodos diferentes vendendo com o preccedilo alto no comeccedilo da

temporada e oferecendo descontos sistemaacuteticos no fim do periacuteodo (3) os descontos

oferecidos ao acaso ou seja para situaccedilotildees onde existem empresas que vendem o mesmo

produto a um preccedilo alto e outras a um preccedilo baixo e existem consumidores informados e

desinformados quanto a essa diferenccedila A empresa estabelece um preccedilo alto para vender aos

clientes que natildeo conhecem o preccedilo inferior e ao mesmo tempo oferece descontos para atingir

os consumidores que procuram pelo preccedilo mais baixo e (4) os preccedilos promocionais

frequumlentemente utilizados por varejos supermercadistas e lojas de departamentos para

estimular as vendas (TELLIS 1986)

44

Por fim a empresa pode administrar seus preccedilos ajustando-o agraves vendas realizadas sob

diferentes condiccedilotildees diferentes quantidades diferentes tipos de intermediaacuterios em diferentes

regiotildees

Depois de realizar a anaacutelise da demanda o proacuteximo passo para o estabelecimento de uma

estrateacutegia de preccedilos eacute a estimativa de seus custos Embora existam empresas que determinem

o preccedilo de seus produtos de modo a cobrir todos os seus custos o resultado dessa conduta

nem sempre eacute a lucratividade Da mesma forma que os preccedilos baseados apenas na demanda

apresentam vaacuterias limitaccedilotildees os preccedilos baseados em custos tambeacutem satildeo passiacuteveis de erros

comuns nem sempre levados em consideraccedilatildeo pelas companhias Por outro lado natildeo existe

lucro sem que o preccedilo determinado seja capaz de cobrir as principais despesas de um bem ou

serviccedilo O proacuteximo toacutepico aborda as questotildees criacuteticas sobre anaacutelise de custos que devem ser

conhecidas pelos profissionais de marketing para o apreccedilamento estrateacutegico correto de sua

oferta

24 Estimativa de Custos

O preccedilo estabelecido para um produto deve ser suficientemente alto para cobrir os custos

envolvidos em sua fabricaccedilatildeo e comercializaccedilatildeo (BOONE KURTZ 1998 p 471) Estes

custos satildeo conhecidos como custos fixos custos variaacuteveis custo total e custo marginal Os

custos fixos satildeo aqueles que permanecem estaacuteveis independentemente do niacutevel de produccedilatildeo

ao contraacuterio dos variaacuteveis que satildeo os custos de mateacuteria-prima e matildeo-de-obra diretamente

alocados agrave produccedilatildeo O custo total eacute composto pelo somatoacuterio de todos os custos fixos e

variaacuteveis que se dividido pela quantidade de unidades produzidas resulta nos custos meacutedios

45

totais (BOONE KURTZ 1998 MCCARTHY PERREAULT 1997 MCGUIGAN 1999) O

custo marginal eacute a mudanccedila no custo total que resulta da produccedilatildeo de uma unidade adicional

do produto (BOONE KURTZ 1998)

A divisatildeo entre custos fixos e variaacuteveis eacute o fundamento sobre o qual alicerccedila uma teacutecnica

contaacutebil-financeira usada na anaacutelise de investimentos e tambeacutem na fixaccedilatildeo de preccedilos Eacute o

estudo do ponto de breakeven Este ponto eacute aquele no qual receita e custos se equilibram

abrindo caminho para a regiatildeo dos lucros O ponto de equiliacutebrio ou de paridade e custo-

volume-lucro satildeo expressotildees empregadas com o mesmo significado de ponto de breakeven

(LEPSCH 1996) Entretanto a teacutecnica apresenta algumas deficiecircncias Ela supotildee linearidade

da receita e do custo trabalha com apenas um produto classifica os custos em fixos e

variaacuteveis apenas natildeo considera despesas com pesquisa e desenvolvimento (PampD) e promoccedilatildeo

institucional que satildeo realizadas durante vaacuterios periacuteodos para gerar aumento da receita

Jain (2000) explica que para estudar o impacto dos custos na estrateacutegia de apreccedilamento os

seguintes relacionamentos devem ser considerados (i) a proporccedilatildeo dos custos fixos para os

custos variaacuteveis (ii) a economia de escala disponiacutevel para uma empresa e (iii) a estrutura de

custos de uma empresa versus a do concorrente Se os custos fixos de uma companhia em

comparaccedilatildeo com os seus custos variaacuteveis formam uma alta proporccedilatildeo dos seus custos totais

adicionar o volume de vendas seraacute de grande ajuda para o aumento dos ganhos ou seja se os

custos fixos forem cobertos qualquer aumento no volume gera um ganho Em setores onde os

custos variaacuteveis satildeo de maior proporccedilatildeo no custo total pode-se afirmar que estes satildeo setores

sensiacuteveis a preccedilo porque mesmo um pequeno aumento no preccedilo gera um ganho enorme

Os custos variam em diferentes niacuteveis de produccedilatildeo e para o apreccedilamento ser adequado agrave

empresa deve saber como seus custos variam conforme o niacutevel em que se encontra

(KOTLER KELLER 2005) Os seus custos reduziratildeo conforme o aumento da quantidade

46

produzida pois os custos fixos iratildeo diluir A partir de certo momento a faacutebrica torna-se

ineficiente com a maior frequumlecircncia de quebra das maacutequinas e escassez de espaccedilo fiacutesico Existe

dessa forma para os dados recursos uma quantidade ideal de produccedilatildeo

O comportamento dos custos em funccedilatildeo da produccedilatildeo acumulada eacute resultante da curva de

experiecircncia ou curva de aprendizagem ou seja quando a empresa reduz o custo total meacutedio

em funccedilatildeo do aprendizado conquistado com o aumento da produccedilatildeo e a experiecircncia

adquirida Eacute tambeacutem conhecida pelos economistas como a economia de escala (figura 8) Esta

situaccedilatildeo acontece quando a empresa aprende como produzir da melhor forma seus

funcionaacuterios aprendem a reduzir os custos evitando erros e uso inadequado de materiais ou

equipamentos e melhorando o tempo de produccedilatildeo o fluxo de materiais e compras etc

(HENDERSON 1984)

Fonte Elaborado pela autora a partir de Henderson (1984) Pyindick e Rubinfeld (2002) Besanko Dranove e Shanley (2000)

Figura 8 Economia de Escala X Aprendizagem

Produccedilatildeo

Custo($ por unidade

de produccedilatildeo)

CMe1CMe1

B

Economias de Escala

B

Economias de EscalaAA

Cme2

Aprendizagem C

47

Pyindick e Rubinfeld (2002) explicam que uma empresa apresenta economia de escala

quando eacute capaz de duplicar a sua produccedilatildeo com menos do que o dobro de seus custos

Besanko Dranove e Shanley (2000) afirmam que o processo de produccedilatildeo de um bem ou

serviccedilo especiacutefico apresenta economia de escala em uma seacuterie de itens produzidos quando o

custo meacutedio declina com esse conjunto de itens

Se a economia de escala obtida da produccedilatildeo de uma companhia for substancial a empresa

deve planejar expandir sua participaccedilatildeo de mercado e com respeito a preccedilos a longo prazo

aceitar decliacutenios esperados no faturamento Alternativamente eacute esperado que as operaccedilotildees da

empresa produzam um decliacutenio nos seus custos entatildeo os preccedilos podem ser abaixados no

longo prazo para ganhar participaccedilatildeo de mercado mais alta (JAIN 2000)

Caso o fabricante seja um produtor de custo baixo em relaccedilatildeo aos seus concorrentes ele iraacute

ganhar lucros adicionais por manter o preccedilo em um niacutevel competitivoOs lucros adicionais

podem ser utilizados para promover os produtos com mais agressividade e aumentar a

participaccedilatildeo do negoacutecio como um todo Se por acaso os custos do fabricante forem altos em

comparaccedilatildeo com seus concorrentes a empresa natildeo estaacute em posiccedilatildeo favoraacutevel agrave reduccedilatildeo de

preccedilos porque esta taacutetica pode levar a uma guerra de preccedilos que ela provavelmente iraacute

perder (JAIN 2000)

Aleacutem da economia de escala verifica-se tambeacutem a economia de escopo quando a produccedilatildeo

conjunta de dois produtos por parte de uma uacutenica empresa eacute maior do que a produccedilatildeo que

seria obtida por duas empresas diferentes cada uma produzindo um uacutenico produto Nesse

caso ambos os produtos usam capital e trabalho a fabricaccedilatildeo dos dois produtos compartilha

recursos administrativos a fabricaccedilatildeo dos dois produtos requer o mesmo tipo de equipamento

e matildeo de obra com qualificaccedilatildeo semelhante (PYINDICK RUBINFELD 2002 BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

48

O grau da economia de escopo mede a economia de custos proporcionada pela produccedilatildeo

conjunta e eacute representado pela seguinte foacutermula

Sendo que C(Q1) eacute o custo de produzir Q1 C(Q2) eacute o custo de produzir Q2 e por fim

C(Q1Q2) eacute o custo de produzir conjuntamente os dois produtos

Uma estrutura de custos eacute proposta por Lambin (2000b) que tem como base os custos

internos sem a interferecircncia do mercado Os trecircs tipos de custos considerados satildeo (i) o custo

miacutenimo custo direto que soacute permite a recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do

produto significando margem igual a zero (ii) o custo teacutecnico que corresponde ao niacutevel de

atividade em que a empresa cobre os custos diretos e os custos fixos o que permite aleacutem da

recuperaccedilatildeo do valor de gasto na fabricaccedilatildeo do produto a cobertura dos encargos de estrutura

e (iii) o custo-alvo ou preccedilo suficiente que compreende a condiccedilatildeo de lucro Entretanto ao

ignorar o mercado as empresas deixam de levar em consideraccedilatildeo a sensibilidade da demanda

e ficam dependentes da meta de vendas para atingir as margens desejadas

Jain (2000) concorda com a importacircncia dos custos fixos e variaacuteveis para o apreccedilamento mas

afirma que outros custos tambeacutem devem ser considerados Custos incrementais custos de

oportunidade custos de substituiccedilatildeo custos out-of-pocket e custos controlaacuteveis Entretanto

Nagle e Holden (2003) afirmam que compreender os custos natildeo significa simplesmente

conhecer os seus montantes Os autores argumentam que ateacute os profissionais de apreccedilamento

menos eficazes que aplicam foacutermulas de custo mais margem adicional sabem o quanto eacute

gasto com matildeo-deobra mateacuterias-primas e despesas em geral

)(

)()()C( ESC21

2121

QQCQQCQCQ minus+=

49

Os gerentes que realmente compreendem seus custos sabem como tais custos mudaratildeo com

modificaccedilotildees nas vendas resultantes da determinaccedilatildeo estrateacutegica de preccedilos Nagle e Holden

(2003) ainda complementam considerando que nem todos os custos satildeo relevantes para a

decisatildeo de apreccedilamento e o primeiro passo eacute identificar quais satildeo os custos importantes ou

seja os que de fato determinam o impacto no lucro Os autores consideram que os custos

realmente relevantes satildeo os incrementais (natildeo a meacutedia) e evitaacuteveis

Os custos incrementais satildeo aqueles associados agraves mudanccedilas no apreccedilamento e nas vendas Os

custos variaacuteveis satildeo considerados incrementais quando resultam diretamente de uma

implementaccedilatildeo de uma alteraccedilatildeo de preccedilo ou do oferecimento de uma versatildeo do produto em

outro niacutevel de preccedilo Entretanto eacute importante ressaltar que muitos custos natildeo satildeo puramente

fixos nem puramente variaacuteveis (NAGLE HOLDEN 2003) Eles satildeo fixos em uma faixa de

vendas e variam quando as vendas ultrapassam essa faixa e determinar se esses custos semi-

fixos satildeo incrementais eacute condiccedilatildeo para que a decisatildeo de apreccedilamento seja tomada

corretamente

Os custos evitaacuteveis satildeo aqueles que natildeo foram incorridos ou que ainda podem ser revertidos

ou seja os custos para vender um produto para entregaacute-lo ao consumidor e recolocar o item

vendido no estoque satildeo considerados evitaacuteveis assim como os custos de aluguel de

instalaccedilotildees e equipamentos que natildeo satildeo cobertos por arrendamento a longo-prazo A maneira

mais faacutecil de identificar se o custo eacute de fato evitaacutevel eacute reconhecendo se ele eacute o custo futuro e

natildeo o custo histoacuterico associado agrave realizaccedilatildeo de uma venda (NAGLE HOLDEN 2003

CHURCHILL 1982)

50

Lambin (2000a) explica que os preccedilos determinados a partir dos custos e que natildeo fazem

qualquer referecircncia aos fatores do mercado satildeo denominados preccedilos baseados em custos A

seguir estatildeo expostas as estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas empresas com base nos

custos

241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos

A anaacutelise de custos identifica quatro tipos de preccedilos baseados em custos cada um

respondendo por um custo especiacutefico e pela necessidade de lucro O primeiro eacute o preccedilo-piso

ou seja o preccedilo miacutenimo que pode ser cobrado pois cobre somente os custos de fabricaccedilatildeo do

produto oferecendo margem zero a empresa Esse conceito de preccedilo eacute utilizado para pedidos

excepcionais descontos de mercado quando a empresa tem a oportunidade de vender para um

mercado novo ou teraacute perdas grandes em suas vendas no seu mercado principal Pode ser

tambeacutem denominado preccedilo marginal (LAMBIN 2000a)

O segundo tipo eacute o preccedilo de equiliacutebrio que cobre tanto os custos fixos quanto os custos

diretos dado o volume de vendas assumido Eacute calculado geralmente para diferentes niacuteveis de

volume Isto define uma escala de preccedilos miacutenimos

Lambin (2000a) apresenta o terceiro tipo como o preccedilo-alvo ou suficiente Ele inclui aleacutem

dos custos diretos e fixos um lucro que eacute determinado por uma referecircncia a uma taxa normal

de retorno no capital investido ou por um niacutevel de atividade assumido Como no preccedilo de

equiliacutebrio este tipo de preccedilo baseado em custo tambeacutem depende do volume de atividade que

estaacute sendo considerado

51

Por fim apresenta-se o preccedilo de mark-up que eacute calculado adicionando-se uma margem

padratildeo ao preccedilo de equiliacutebrio Assumindo que a empresa queira ganhar 20 de margem sobre

suas vendas o mark-up eacute dado por

Preccedilo de Mark-up Preccedilo de Equiliacutebrio(1 margem desejada)

Este meacutetodo de apreccedilamento popular pela sua simplicidade ignora a demanda e a

concorrecircncia Ele somente iraacute funcionar caso o volume de vendas seja atingido (LAMBIN

2000a LAMBIN 2000b KOTLER KELLER 2005)

Os meacutetodos de apreccedilamento baseados em custo conduzem a preccedilos aleacutem do devido em

mercados mais fracos e a preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute

considerado pelos estudiosos da aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma

estrateacutegia prudente O principal problema eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir

todas as despesas e permitir retorno

Depois de realizada a anaacutelise da demanda e a estimativa dos custos da empresa o proacuteximo

passo eacute conhecer as accedilotildees da concorrecircncia A seguir discute-se a importacircncia e a influecircncia

dos competidores na determinaccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico de uma empresa

25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes

Uma empresa precisa comparar seus custos com os custos de seus competidores para saber

em que niacutevel opera e se estaacute em vantagem ou desvantagem em relaccedilatildeo a eles (BESANKO

52

DRANOVE SHANLEY 2001 GRANT 2002 PORTER 1980) Tambeacutem eacute necessaacuterio

conhecer o preccedilo e a qualidade das ofertas concorrentes pois esse seraacute um ponto de referecircncia

para a fixaccedilatildeo de seu preccedilo Isso porque a estrateacutegia de apreccedilamento eacute muito influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia que eacute caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento (LAMBIN 2000a PORTER 1980 PORTER 1992 JAIN 2000) e do valor

percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo produzidos pela empresa com

o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (LAMBIN 2000a)

O mercado eacute o foco da atividade econocircmica Devido a sua relevacircncia na formaccedilatildeo de preccedilos

e alocaccedilatildeo de recursos os administradores datildeo grande importacircncia agraves estruturas de mercado

dos diferentes bens e serviccedilos Tradicionalmente classificam-se os mercados em quatro

estruturas baacutesicas concorrecircncia perfeita monopoacutelio oligopoacutelio e concorrecircncia monopoliacutestica

Existe monopoacutelio quando haacute um uacutenico vendedor de uma mercadoria natildeo haacute substitutos

proacuteximos para os bens e existem obstaacuteculos quanto agrave entrada na induacutestria que podem ser de

vaacuterias naturezas tais como (MANKIW 1999)

bull O mercado eacute limitado e natildeo comporta mais do que uma firma

bull A firma existente segue uma poliacutetica de preccedilos planejada para reduzir a atraccedilatildeo de

novos concorrentes

bull A firma possui o controle sobre a mateacuteria-prima canais de distribuiccedilatildeo ou sobre o

processo de produccedilatildeo (patentes)

bull A firma opera com licenccedila do governo ou em sistema limitante da produccedilatildeo tal como

cotas

Mankiw (1999) explica que a concorrecircncia monopoliacutestica ocorre quando haacute muitos

vendedores de bens substitutos proacuteximos mas natildeo perfeitos e o cliente baseia suas decisotildees

tanto em relaccedilatildeo ao preccedilo quanto em relaccedilatildeo agraves especificidades dos produtos

53

Um mercado monopolisticamente competitivo tem duas caracteriacutesticas importantes (1) trata-

se de um ambiente comercial no qual as empresas competem vendendo produtos

diferenciados altamente substituiacuteveis uns pelos outros mas que natildeo satildeo entretanto

substitutos perfeitos e (2) trata-se de um mercado de livre entrada e saiacuteda - eacute relativamente

faacutecil a entrada de novas empresas com suas proacuteprias marcas de produto e a saiacuteda de

companhias que nele atuam caso seus produtos deixem de ser lucrativos (PINDYCK

RUBINFIELD 2002)

O oligopoacutelio eacute uma estrutura de mercado que caracterizada pela existecircncia de um pequeno

mas suficiente nuacutemero de firmas e por isso mesmo interdependentes ou seja cada uma

considera como suas accedilotildees afetariam as poliacuteticas das rivais (PINDYCK RUBINFIELD

2002) Pindyck e Rubinfeld (2002) afirmam que em um mercado oligopoliacutestico o produto

pode ou natildeo ser diferenciado O que importa eacute que apenas algumas poucas empresas satildeo

responsaacuteveis pela maior parte ou pela totalidade da produccedilatildeo Em alguns desses mercados

algumas ou todas as empresas auferem lucros substanciais a longo prazo jaacute que barreiras agrave

entrada tornam difiacutecil ou impossiacutevel que novas companhias entrem no mercado

Mankiw (1999) explica que na concorrecircncia perfeita pressupotildee-se que os vendedores e

compradores satildeo suficientemente numerosos e atomizados de tal sorte que nenhum deles

isoladamente eacute capaz de exercer influecircncia significativa sobre o preccedilo da mercadoria Existe

homogeneidade nas mercadorias isto eacute os consumidores natildeo percebem diferenccedilas em relaccedilatildeo

aos diversos produtos ofertados no mercado as mercadorias satildeo commodities natildeo haacute

interferecircncia na livre determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos e fatores de produccedilatildeo tanto

produtores quanto consumidores tem conhecimento dos preccedilos e quantidades de produtos

oferecidos no mercado

54

Este modelo trata-se de uma abstraccedilatildeo teoacuterica que eacute dificilmente encontrado no mundo real

Um exemplo proacuteximo deste tipo de mercado satildeo as feiras livres de produtos agriacutecolas nas

quais os clientes podem estar informados de todos os preccedilos praticados para cada tipo de

produto os quais satildeo homogecircneos

No que refere agrave geraccedilatildeo de preccedilos como discutido o niacutevel de preccedilos seraacute diretamente

proporcional agrave demanda do produto ou serviccedilo em questatildeo e inversamente proporcional agrave

oferta dos mesmos Cada agente econocircmico eacute incapaz de isoladamente afetar de modo

significativo o preccedilo do produto (quadro 2) Este dependeraacute das accedilotildees e reaccedilotildees do conjunto

de agentes como um todo (MANKIW 1999)

Quadro 2 Caracteriacutesticas determinantes de cada estrutura de Mercado

Produto

No de empresas

Barreiras de

entrada

Capacidade de

influenciar o preccedilo

Concorrecircncia

Perfeita

Homogecircneo

Muitas

Sem barreiras

Natildeo

Monopoacutelio

Homogecircneo Apenas uma Com barreiras Sim

Oligopoacutelio

Homogecircneo

Poucas

Com barreiras

Sim

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Diferenciado

Muitas

Sem barreiras

Sim

Fonte elaborado pela autora com base em Mankiw (1999) e Pindyck e Rubinfield (1999)

Portanto mercados satildeo frequumlentemente descritos como sendo concentrados (com poucos

vendedores) ou desconcentrados (muitos vendedores) Essas caracterizaccedilotildees permitem uma

55

raacutepida e acurada avaliaccedilatildeo da natureza da competiccedilatildeo em um mercado (BESANKO

DRANOVE SHANLEY 2000)

Sobre o valor percebido do produto Lambin (2000a) apresenta no quadro 3 dois niacuteveis de

intensidade relacionadas com esse valor permitindo assim quatro situaccedilotildees distintas nas

decisotildees de preccedilo em face dos tipos de concorrecircncia existentes

Quadro 3 As decisotildees de preccedilo em funccedilatildeo da concorrecircncia

No de Competidores

Valor Percebido do

Produto

Baixo

Alto

Alto

Monopoacutelio ou Oligopoacutelio

Diferenciado

Concorrecircncia Monopoliacutestica

Fraco

Oligopoacutelio

Indiferenciado

Concorrecircncia Pura ou

Perfeita

Fonte Adaptado de Lambin 2000a

Quando o nuacutemero de competidores eacute baixo e o valor percebido do produto eacute alto a estrutura

de mercado estaacute proacutexima do monopoacutelio ou oligopoacutelio diferenciado O preccedilo nesse caso eacute

uma ferramenta para a empresa a qual possui a margem para manobra que pode variar com o

valor percebido do comprador sobre os atributos de diferenciaccedilatildeo

56

No outro extremo onde o nuacutemero de concorrentes eacute alto e os produtos possuem baixo grau de

diferenciaccedilatildeo (commodities) a estrutura eacute proacutexima da competiccedilatildeo perfeita Nessa situaccedilatildeo os

preccedilos satildeo amplamente determinados pela lei da oferta e demanda A empresa natildeo tem

praticamente nenhuma autonomia sobre as estrateacutegias de apreccedilamento

Uma terceira situaccedilatildeo que apresenta baixo nuacutemero de competidores e baixo valor percebido

corresponde ao oligopoacutelio indiferenciado A interdependecircncia dos concorrentes nesse caso eacute

alta limitando a autonomia das empresas sobre os preccedilos praticados O preccedilo tende a estar

alinhado com o oferecido pelo liacuteder de mercado

Finalmente na uacuteltima alternativa tecircm-se produtos altamente diferenciados oferecidos por um

grande nuacutemero de empresas Eacute a chamada concorrecircncia monopoliacutestica onde existem alguns

graus de autonomia que podem ser limitados pela intensidade competitiva

A suposiccedilatildeo da existecircncia de um grande nuacutemero de consumidores e produtores associada agrave

informaccedilatildeo perfeita livre entrada e saiacuteda do mercado e comercializaccedilatildeo de produtos

homogecircneos conduz agrave conclusatildeo que os preccedilos devem ser iguais entre todas as empresas que

operam no mercado (condiccedilatildeo de concorrecircncia perfeita) Entretanto eacute importante destacar que

isso representa uma condiccedilatildeo ideal de mercado difiacutecil de verificar na praacutetica

Lepsch (1996) afirma que a estrutura de mercado e a estrateacutegia competitiva examinam uma

ampla gama de mercados e explicam de que forma as decisotildees de preccedilo investimento e niacutevel

de produccedilatildeo das empresas dependem da estrutura de mercado e do comportamento dos seus

concorrentes A essecircncia da formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia competitiva eacute relacionar uma

empresa ao seu meio ambiente

57

A organizaccedilatildeo se expressa agrave comunidade por meio de seus produtos e a falta de

competitividade ameaccedila sua sobrevivecircncia no longo prazo A sobrevivecircncia de um produto

no longo prazo significa que os estiacutemulos gerados pelos fatores do macroambiente tecircm de

estar coerentes com sua estrateacutegia de negoacutecios e poliacutetica de preccedilos Portanto as decisotildees da

gerecircncia sobre apreccedilamento devem estar coerentes com o ambiente ao qual estatildeo

relacionadas Lambin (2000a) complementa ao afirmar que as estruturas de mercado satildeo

muito diferentes e podem ser observadas nos vaacuterios estaacutegios do ciclo de vida dos produtos

Jain (2000) considera que aleacutem do nuacutemero de empresas que atuam no mesmo segmento e do

valor percebido do produto eacute importante analisar o tamanho da induacutestria e a facilidade de

entrada no mercado O autor apresenta treze informaccedilotildees sobre os concorrentes que satildeo

necessaacuterias para estabelecer a estrateacutegia de preccedilo de um produto por uma empresa

1 Listas de preccedilos dos concorrentes jaacute publicadas e propaganda

2 Reaccedilotildees a mudanccedilas de preccedilo no passado (dos concorrentes)

3 Tempo em que os concorrentes mudam seus preccedilos e os fatores que iniciam essa

mudanccedila

4 Informaccedilotildees sobre campanhas especiais dos concorrentes

5 Comparaccedilatildeo com a linha de produto dos concorrentes

6 Suposiccedilotildees sobre estrateacutegias de preccedilo utilizadas pelos concorrentes e seus objetivos de

marketing

7 Relatoacuterios de desempenho financeiro dos concorrentes

8 Estimativa de custos dos concorrentes (fixos e variaacuteveis)

9 Retaliaccedilotildees de preccedilo esperadas

10 Anaacutelise da capacidade de retaliaccedilatildeo da concorrecircncia

11 Viabilidade financeira de enfrentar uma guerra de preccedilos

58

12 Postura estrateacutegica dos competidores

13 Agressividade do competidor

Dada a demanda dos consumidores a funccedilatildeo custos e preccedilos dos concorrentes a empresa

estaraacute preparada para selecionar um meacutetodo de estabelecimento de preccedilo que inclua uma ou

mais dessas trecircs consideraccedilotildees

26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo

A fixaccedilatildeo de preccedilos no Brasil sofreu modificaccedilotildees a partir dos anos 90 devido agraves novas

tecnologias o relacionamento com fornecedores e compradores e o aumento da concorrecircncia

Durante os anos 60 70 e 80 o apreccedilamento era de responsabilidade da aacuterea financeira e

contaacutebil das empresas Os responsaacuteveis pela maior preocupaccedilatildeo com accedilotildees destinadas a cortar

custos e a procura por criar valor para o consumidor foram o aumento da competitividade e a

busca de novas estrateacutegias de diferenciaccedilatildeo de conquista e busca da lealdade dos

consumidores Na denominada economia moderna para prosperar a empresa deve oferecer

valor para o consumidor nos seus produtos ou serviccedilos de forma competitiva cobrindo os

seus custos e gerando retorno para os seus acionistas Para que isso seja possiacutevel eacute preciso que

a empresa tenha conhecimento sobre os diferentes meacutetodos de estabelecimento de preccedilo e

assim selecionar aquele que melhor se adapte aos objetivos por ela escolhidos

Analisar os custos e demanda da empresa eacute essencial para a fixaccedilatildeo correta do preccedilo de um

produto ou serviccedilo Entretanto de nada adianta se o preccedilo estabelecido pela companhia que

utilizou os meacutetodos propostos natildeo for adequado ao que o consumidor-alvo estaacute disposto a

59

pagar para adquiri-lo Kotler e Keller (2005) exibem o modelo dos 3 Cs custos

concorrentes e clientes como as trecircs principais consideraccedilotildees para selecionar um preccedilo

(figura 9)

Os custos representam o piso ou seja o miacutenimo cobrado por um produto e eacute igual ao

montante capaz de cobrir seus custos totais Abaixo desse niacutevel qualquer lucro eacute considerado

impossiacutevel para a empresa Por outro lado o teto eacute o maacuteximo que se deve fixar pois

representa a quantia de dinheiro que o cliente estaacute disposto a desembolsar para a compra do

item

Fonte Adaptado de Kotler e Keller (2005) Figura 9 O modelo dos 3 Crsquos para a determinaccedilatildeo de preccedilos

O equiliacutebrio eacute o preccedilo oferecido pelo mercado pela a mesma mercadoria ou produto com

caracteriacutesticas semelhantes (bens substitutos) Kotler e Keller (2005) estipulam seis meacutetodos

de determinaccedilatildeo de preccedilos No quadro 4 esses meacutetodos e suas caracteriacutesticas satildeo

resumidamente apresentados jaacute que suas caracteriacutesticas foram discutidas anteriormente

Preccedilo Baixo

Lucro impossiacutevel neste preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda impossiacutevel

neste preccedilo

CustosPreccedilos dos

concorrentes e dos

substitutos

Percepccedilatildeo pelos

consumidores de oferta

uacutenica

60

Quadro 4 Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilos - caracteriacutesticas e limitaccedilotildees

Meacutetodo de Determinaccedilatildeo de Preccedilo

Caracteriacutesticas e Limitaccedilotildees

Mark up bull Meacutetodo de simples acreacutescimo de margem padratildeo ao custo do produto para formar o preccedilo de venda

bull Popular porque os vendedores tecircm mais certeza dos custos do que da demanda o caacutelculo eacute simples quando os custos se alteram quando todas as empresas usam o meacutetodo os preccedilos tendem a ser similares

bull Os preccedilos satildeo mais altos em itens sazonais (para cobrir risco de encalhe) de especialidade de giro lento com custos altos de estocagem e movimentaccedilatildeo e tambeacutem em itens de demanda inelaacutestica e tambeacutem eacute alto com produtos de custos ocultos ou altamente variaacuteveis

Preccedilo de Retorno-Alvo bull As empresas determinam o preccedilo que assegura a sua taxa alvo de retorno sobre o investimento (ROI) o fabricante realizaraacute o ROI pretendido se seus custos e vendas estimadas forem precisos

bull Importacircncia do caacutelculo do Ponto de Equiliacutebrio para que se saiba o que pode acontecer caso a previsatildeo de vendas natildeo se concretize

bull Ignora a elasticidade de preccedilos e preccedilos dos concorrentes

Preccedilo de Valor Percebido

bull As percepccedilotildees de valor dos compradores natildeo custos satildeo fatores-chave para determinar preccedilo

bull A chave para o uso de valor percebido eacute determinar corretamente por meio da pesquisa de marketing a percepccedilatildeo do mercado em relaccedilatildeo ao valor da oferta

bull Eacute fundamental o pensamento do posicionamento do produto

bull Medir o valor percebido de cada um dos benefiacutecios do produto (apreccedilamento pelos componentes de valor) durabilidade confiabilidade serviccedilo superior garantia em peccedilas entre outros

bull Deve-se mostrar ao consumidor porque o produto eacute mais caro ou seja o valor que a oferta de fato representa

Preccedilo de Valor bull A fixaccedilatildeo de um preccedilo baixo em relaccedilatildeo agrave alta qualidade do produto quando comparado ao seu concorrente

bull Natildeo eacute a simples reduccedilatildeo do preccedilo mas sim um esforccedilo de reduccedilatildeo dos custos sem perder a qualidade

Preccedilo de Seguidor do Concorrente

bull A empresa baseia seu preccedilo em funccedilatildeo dos preccedilos cobrados pelos concorrentes dedicando menor atenccedilatildeo aos custos ou agrave demanda

Preccedilo de Licitaccedilatildeo bull A fixaccedilatildeo do preccedilo eacute fortemente orientada para a concorrecircncia

bull Maior o preccedilo menor seratildeo as chances da empresa de vencer a licitaccedilatildeo sendo possiacutevel o caacutelculo do lucro esperado de cada alternativa de preccedilo com as respectivas probabilidades de vitoacuteria

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Lambin (2000b)

61

Urdan e Urdan (2006) afirmam que o caminho para o apreccedilamento eacute a gestatildeo integrada de

preccedilos que contempla os diversos fatores relevantes e consolida a competecircncia gerencial no

processo de fixaccedilatildeo de preccedilos A figura 10 mostra os elementos baacutesicos da gestatildeo integrada

A base do trabalho eacute a anaacutelise de custos internos concorrecircncia demanda e consumidor

Fonte Urdan e Urdan (2006) Figura 10 Elementos baacutesicos da gestatildeo de preccedilos

Urdan e Urdan (2006) argumentam que este conhecimento identifica as forccedilas e as fraquezas

da organizaccedilatildeo e oportunidades e ameaccedilas no ambiente com influecircncia nas decisotildees de

precificaccedilatildeo Com o contexto mapeado satildeo definidos os objetivos que apontam as estrateacutegias

viaacuteveis num binocircmio integrado

Anaacutelise de Custos

Anaacutelise da Concorrecircncia

Anaacutelise da Demanda

Anaacutelise do Consumidor

Objetivos do Apreccedilamento

Estrateacutegias de Apreccedilamento

- - - - - Preccedilos Praticados + + + + +Preccedilos Miacutenimos

Preccedilos Maacuteximos

Ambiente

62

Assim como no modelo dos 3Cs apresentado na figura 9 o custo tambeacutem representa o

miacutenimo cobrado abaixo do qual natildeo existe viabilidade financeira a longo prazo A demanda e

o cliente formam o teto aleacutem do qual natildeo se consegue vender e entre esses dois pontos a

empresa seleciona os preccedilos mais adequados de acordo com os objetivos e as estrateacutegias

adotados (URDAN URDAN 2006)

Apoacutes selecionar o meacutetodo de apreccedilamento a empresa deveraacute considerar outros fatores que

iratildeo influenciar na fixaccedilatildeo do preccedilo final de seus produtos A seguir discute-se quais satildeo os

fatores adicionais em que situaccedilotildees eles devem ser levados em conta e quais satildeo as teacutecnicas

que melhor se encaixam em cada circunstacircncia que a empresa enfrenta

27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final

Agrave medida que os meacutetodos de fixaccedilatildeo de preccedilos forem se consolidando no niacutevel a partir do

qual a empresa estabeleceraacute seu preccedilo final alguns fatores adicionais devem ser considerados

(KOTLER KELLER 2005) Esses fatores satildeo (i) o preccedilo psicoloacutegico (ii) a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing (iii) a poliacutetica de determinaccedilatildeo dos preccedilos da

empresa (iv) o impacto de preccedilos sobre terceiros e (v) determinaccedilatildeo de preccedilos por

compartilhamento de ganhos e riscos

No preccedilo psicoloacutegico a associaccedilatildeo do preccedilo alto com a qualidade conduz a empresa a colocar

o seu produto com o preccedilo entre os mais caros do segmento Ao analisar a influecircncia de

outros elementos do composto de marketing na formulaccedilatildeo de seu preccedilo final a empresa deve

considerar a qualidade da marca e da propaganda em relaccedilatildeo agrave concorrecircncia Existe um

63

relacionamento positivo entre preccedilo alto e orccedilamento de propaganda Os consumidores

geralmente estatildeo dispostos a pagar mais por produtos conhecidos do que por desconhecidos

(FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005)

Sobre as poliacuteticas de preccedilo da empresa eacute importante ressaltar que o preccedilo deve ser consistente

com tais poliacuteticas com a finalidade de assegurar que a forccedila de vendas trabalhe com preccedilos

atrativos para os clientes e ao mesmo tempo rentaacuteveis para a empresa Algumas empresas

satildeo a favor da cobranccedila de multas sob determinadas situaccedilotildees (FRAM McCARTHY 1999)

Com relaccedilatildeo ao impacto de preccedilos sobre terceiros a empresa deveraacute considerar a reaccedilatildeo das

outras partes envolvidas e interessadas (URBANY 2001) tais como distribuidores e os

revendedores e por fim na determinaccedilatildeo de preccedilos por compartilhamento de ganhos e riscos

os compradores podem relutar em aceitar uma oferta caso percebam muito risco no negoacutecio

assim o vendedor pode propor absorver parte desse risco ou mesmo a sua totalidade se natildeo

entregar o valor prometido ao cliente (FRAM McCARTHY 1999 LAMBIN 2000a

KOTLER KELLER 2005)

A discussatildeo sobre a seleccedilatildeo do preccedilo final encerra as etapas para estabelecer o preccedilo de venda

de um produto Entretanto as empresas geralmente natildeo determinam um preccedilo uacutenico mas

elaboram uma estrutura de determinaccedilatildeo de preccedilos que reflete as variaccedilotildees geograacuteficas na

demanda e nos custos as exigecircncias de segmento de mercado as oportunidades de compra os

niacuteveis de pedidos a frequumlecircncia de entrega as garantias os contratos de serviccedilos entre outros

fatores Devido aos descontos ou ao apoio promocional raramente as companhias realizam o

mesmo lucro sobre cada unidade vendida Existem vaacuterias estrateacutegias que permitem a

adequaccedilatildeo de preccedilos a situaccedilotildees distintas (KOTLER KELLER 2005) Essas estrateacutegias satildeo

apresentadas e discutidas a seguir

64

28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo

Influenciados pelas variaccedilotildees do ambiente pelas saturaccedilotildees de mercado com baixa taxa de

crescimento pela competiccedilatildeo global e pelo movimento dos consumidores muitas empresas

estatildeo aderindo a diferentes formas de adequaccedilatildeo do preccedilo Tais empresas elaboram estrateacutegias

de adequaccedilatildeo de preccedilos que refletem variaccedilotildees principalmente na demanda e nos custos

Existem vaacuterias estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos tais como preccedilo geograacutefico preccedilos com

descontos preccedilo promocional preccedilo discriminatoacuterio e preccedilo de mix de produtos O quadro 5

apresenta cada uma dessas praacuteticas e suas principais caracteriacutesticas

As empresas procuram apresentar preccedilos diferentes de seus produtos para consumidores

localizados em regiotildees distintas Esta diferenciaccedilatildeo acontece devido a diversos fatores como

(i) diferentes custos de armazenagem transporte e entrega (ii) preferecircncias de seus

consumidores naquela regiatildeo (iii) os concorrentes locais Eacute a chamada estrateacutegia de preccedilo

geograacutefico Alguns clientes por exemplo preferem a permuta como praacutetica de pagamento A

permuta pode representar de 15 a 20 do comeacutercio mundial (KOTLER KELLER 2005) e

assume as seguintes formas escambo acordo de remuneraccedilatildeo acordo de recompra e

reciprocidade

Na reciprocidade o vendedor recebe seu pagamento total em dinheiro poreacutem com a condiccedilatildeo

de despender uma quantia naquele paiacutes durante um periacuteodo de tempo preacute-estabelecido

(KOTLER KELLER 2005 LAMBIN 2000a)

65

Quadro 5 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo de Preccedilos

Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do

Preccedilo

Consideraccedilotildees

Preccedilo geograacutefico Considera os custos de transporte ateacute o consumidor esses custos crescem em importacircncia quando o frete se torna uma parte maior do custo variaacutevel total Existem duas estrateacutegias geograacuteficas 1 Por ponto de produccedilatildeo pois o produto eacute retirado na faacutebrica

2 Preccedilo de entrega uniforme no qual o mesmo preccedilo eacute cotado para todos os compradores independente de sua localizaccedilatildeo

Descontos e concessotildees Desconto para pagamento agrave vista desconto por quantidade descontos funcionais (oferecidos aos membros do canal de distribuiccedilatildeo) descontos sazonais e concessotildees

Preccedilo promocional Preccedilo isca preccedilo de ocasiatildeo cupons de desconto financiamento a juros baixos maior prazo garantia e contratos de serviccedilos desconto psicoloacutegico (uso de preccedilo alto artificial para depois fazer uma reduccedilatildeo draacutestica)

Preccedilo diferenciado (Discriminado)

Preccedilo por segmento de consumidores preccedilo por versatildeo diferente de produto preccedilo de imagem preccedilo por localizaccedilatildeo preccedilo por periacuteodo Deve ser possiacutevel a segmentaccedilatildeo impossiacutevel revender deve ser legalizado e em consonacircncia com os consumidores para que decirc certo Podem ocorrer problemas

Preccedilo de composto de produtos O produto faz parte de um composto a empresa procura um preccedilo que maximize este composto 1 Preccedilo de linha de Produtos cada versatildeo sucessiva do produto traz caracteriacutesticas extras permitindo preccedilos mais elevados 2 Preccedilo de caracteriacutestica opcional produtos opcionais que acompanham o principal 3 Preccedilo do produto cativo fixaccedilatildeo de preccedilo baixo para conquistar consumidor e ganho nos produtos cativos 4 Preccedilo Composto uso de preccedilo fixo mais variaacutevel 5 Preccedilo de Subproduto venda de subprodutos permite a reduccedilatildeo do preccedilo do produto principal 6 Preccedilo do Pacote reuniatildeo de vaacuterios produtos satildeo vendidos mais baratos do que separadamente

Fonte Elaborado a partir de Kotler e Keller (2005) e Stanton Waltker Etzel (2001)

66

A fixaccedilatildeo de preccedilos com descontos e abatimentos consiste em ajustar o preccedilo baacutesico para

compensar certas situaccedilotildees relacionadas com o cliente ou com o mercado o pagamento

antecipado a compra de um grande volume de produtos e as compras realizadas fora de

temporada As reduccedilotildees nos preccedilos satildeo efetuadas por meio de desconto em dinheiro de

desconto por volume ou quantidade de compra descontos funcionais descontos sazonais e

concessotildees ou abatimentos (TELLIS 1995 SPROTT MANNING MIYAZAKI 2003)

O desconto em dinheiro eacute uma deduccedilatildeo no preccedilo para os compradores que pagam as contas na

data determinada ou antecipadamente Geralmente representa uma porcentagem do total

cobrado na fatura O desconto por quantidade eacute a reduccedilatildeo do preccedilo final para os clientes que

compram grandes volumes de bens e os funcionais satildeo oferecidos para os outros membros do

canal de distribuiccedilatildeo que concordarem em realizar serviccedilos como entrega ou estoque Os

descontos sazonais satildeo concedidos agravequeles que compram fora da estaccedilatildeo e por fim as

concessotildees satildeo pagamentos efetuados para conseguir a participaccedilatildeo em campanhas

promocionais apoio agraves vendas e outros programas especiais (KOTLER KELLER 2005

MANNING MIYAZAKI 2003)

Na determinaccedilatildeo de preccedilo promocional a companhia pratica preccedilos mais baixos

temporariamente devido a diferentes circunstacircncias como atrair os clientes para adquirir

outros produtos se desfazer de produtos sazonais e minimizar o volume de venda durante o

ano (LAMBIN 2000a KOTLER KELLER 2005) Para enfrentar todas essas situaccedilotildees as

companhias podem utilizar diferentes teacutecnicas entre elas o preccedilo isca que consiste na

reduccedilatildeo do preccedilo de marcas conhecidas para estimular um movimento maior nas lojas Eacute

muito praticado pelos supermercadistas e pelas lojas de departamento poreacutem eacute um meacutetodo

que natildeo tem a aprovaccedilatildeo dos fabricantes pois pode diluir a imagem da marca ou criar

problemas com outros clientes que cumprem o preccedilo estabelecido na tabela

67

Outra teacutecnica conhecida eacute a utilizaccedilatildeo do preccedilo de ocasiatildeo Satildeo preccedilos especiais em certas

eacutepocas do ano que servem para atrair mais clientes

Os abatimentos em dinheiro satildeo utilizados estimular a compra dos produtos dos fabricantes

dentro de um periacuteodo especiacutefico e podem ajudar a reduzir o estoque de mercadorias sem

diminuir o preccedilo estabelecido na tabela

O financiamento a juros baixos eacute uma teacutecnica de preccedilo promocional onde em vez de cortar

preccedilos a empresa oferece um financiamento com baixas taxas de juros e os prazos de

pagamento mais longos satildeo os financiamento a longo prazo oferecidos geralmente pelas

instituiccedilotildees financeiras (bancos) e concessionaacuterias de automoacuteveis Ao utilizar a teacutecnica de

garantias e contratos de serviccedilo as empresas diminuem o preccedilo em funccedilatildeo dos serviccedilos

oferecidos e finalmente com os descontos psicoloacutegicos a empresa pode aumentar o preccedilo

artificialmente e depois oferecer um desconto substancial

Para estabelecer o preccedilo diferenciado (ou discriminatoacuterio) a empresa ajusta seus preccedilos

considerando as diferenccedilas entre os clientes os produtos as localidades e o periacuteodo Portanto

os segmentos devem apresentar diferentes graus de demanda (LAMBIN 2000a KOTLER

KELLER 2005) Os diversos meacutetodos para determinar um preccedilo diferenciado satildeo (i) o preccedilo

por segmento de clientes onde tem-se preccedilos diferentes de um mesmo produto para

diferentes grupos de clientes (ii) o preccedilo pela versatildeo do produto ou seja satildeo determinados

preccedilos diferentes por versotildees diferentes do produto sem que estes sejam proporcionais aos

seus custos de produccedilatildeo (iii) o preccedilo de imagem que satildeo preccedilos diferentes para mesmo

produto com base em diferenccedilas de imagem (iv) o preccedilo por localizaccedilatildeo que consiste em ter

o mesmo produto com preccedilos diferentes em locais diferentes e (v) o preccedilo por periacuteodo que

variam de acordo com a temporada dia ou hora

68

Na estrateacutegia de preccedilo de composto de produtos o apreccedilamento de um produto eacute influenciado

pelos preccedilos de outros produtos A aplicaccedilatildeo dessas estrateacutegias apresenta algumas

dificuldades porque cada item possui custos diferentes demandas diferentes e concorrecircncia

diferente As empresas geralmente desenvolvem linhas de produtos que apresentam uma

variedade de atributos Na fixaccedilatildeo de preccedilos de linha de produtos deve-se determinar os

patamares de preccedilo estabelecidos para os vaacuterios itens do mix considerando as diferenccedilas de

custos o valor percebido pelo consumidor para cada um e os preccedilos dos concorrentes

Algumas empresas utilizam a fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos opcionais ou seja o

estabelecimento de preccedilo de acessoacuterios que satildeo vendidos com o produto principal Outras

empresas fabricam produtos que somente podem ser utilizados com o produto principal a

fixaccedilatildeo de preccedilos de produtos cativos (KOTLER KELLER 2005 STANTON WALTKER

ETZEL 2001 LAMBIN 2000a)

Eacute importante observar que apoacutes desenvolver a sua estrateacutegia de apreccedilamento a organizaccedilatildeo

ainda estaacute sujeita a enfrentar situaccedilotildees em que precisaraacute mudar sua poliacutetica Uma reduccedilatildeo de

preccedilos pode ser necessaacuteria devido agrave capacidade excedente da faacutebrica ao decliacutenio da

participaccedilatildeo de mercado recessatildeo econocircmica ou outros fatores discutidos da mesma forma

que um aumento pode ser necessaacuterio devido agrave inflaccedilatildeo de custos ou ao excesso de demanda

O profissional de marketing deve sempre estar atento agraves reaccedilotildees da concorrecircncia e preparar

planos de accedilotildees com possiacuteveis respostas a qualquer movimento dos competidores

Ateacute o presente toacutepico o estudo abordou os procedimentos necessaacuterios para que uma empresa

estabeleccedila de forma correta os preccedilos de seus produtos ou serviccedilos A seguir apresenta-se

como essas etapas satildeo definidas especificamente no varejo supermercadista Alguns dos

meacutetodos utilizados possuem caracteriacutesticas distintas ou adaptaccedilotildees por se tratar da

69

comercializaccedilatildeo de itens e natildeo de sua produccedilatildeo o que justifica a atenccedilatildeo especial dada ao

setor

29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista

Parente (2000) define o supermercado como o estabelecimento caracterizado pelo sistema de

auto-serviccedilo com check-outs e produtos expostos de maneira acessiacutevel que permitem aos

consumidores se auto-servirem Ampliando esta definiccedilatildeo Guimaratildees et alli (2003)

caracterizam os supermercados como estabelecimentos varejistas nos quais se revende ampla

variedade de produtos utilizando-se do sistema de auto-serviccedilo no qual os clientes escolhem

mercadorias expostas em gocircndolas displays balcotildees e balcotildees refrigerados sem a

necessidade de vendedores e realizam os pagamentos em check-outs localizados na saiacuteda das

lojas Silveira e Lepsch (1997) afirmam que os principais benefiacutecios desse sistema (auto-

serviccedilo) para o supermercadista satildeo economia com matildeo-de-obra economias de escala e

baixos custos operacionais

A empresa varejista eacute considerada por Coughlan et alli (2001) como um elo intermediaacuterio na

cadeia produtiva vendendo produtos manufaturados pelo setor industrial situado a montante

para o consumidor final situado a jusante agregando-lhes valor por intermeacutedio de serviccedilos de

distribuiccedilatildeo Lepsch (1996) acredita que portanto eacute razoaacutevel afirmar que o produto do

varejo natildeo eacute algo fiacutesico e sim os serviccedilos ou atributos de uma loja agregados a bens

produzidos por outros setores da economia e prestados no comeacutercio para o consumidor final

Entre os atributos apontados pelo autor estatildeo mix de preccedilos mix de produtos oferecidos

qualidade dos produtos arquitetura do preacutedio arquitetura ambiental e imagem da loja layout

70

atendimento raacutepido e cortecircs estacionamento tamanho da loja localizaccedilatildeo cartatildeo de creacutedito

etc Entretanto autores como Levy e Weitz (2000) McGoldrick (1990) e Bloemer e Schroder

(2002) afirmam que a imagem da loja eacute o posicionamento do supermercado formado pelas

percepccedilotildees dos consumidores que resulta do conjunto destes atributos e portanto natildeo pode

ser considerada parte deles

A imagem Uma das primeiras definiccedilotildees de imagem de loja foi oferecida por Martineau em

1958 em seu claacutessico livro The personality of the retail store (McGOLDRICK 1990) e

enfatiza a necessidade de levar em consideraccedilatildeo natildeo apenas os fatores mais visiacuteveis ou

mensuraacuteveis mas tambeacutem os fatores menos tangiacuteveis como a personalidade da loja

McGoldrick (1990) explica que a imagem da loja eacute o modo pelo qual a loja eacute definida na

mente do comprador parcialmente por suas qualidades funcionais e parcialmente por uma

atmosfera de atributos psicoloacutegicos Esta definiccedilatildeo poreacutem foi criticada por tender a atribuir

um aspecto miacutestico ao conceito em que o consumidor natildeo avalia racionalmente os atributos

da loja

Outros autores sugeriram que ao inveacutes de classificar a imagem como parte do comportamento

de compra do consumidor sem uma base loacutegica seria razoaacutevel supor que o consumidor avalie

racionalmente a loja por meio de uma funccedilatildeo de utilidade de multi-atributos (McGOLDRICK

1990) Esta definiccedilatildeo foi abordada por Bloemer e Schroder (2002) a soma de todos os

atributos da loja da forma percebida pelo consumidor por meio de sua experiecircncia com a loja

Sheth Mittal e Newman (2001) tambeacutem definem imagem de loja como sendo a soma total

das percepccedilotildees que os clientes tecircm sobre uma loja Tal percepccedilatildeo eacute determinada por fatores

como mercadorias atendimento preccedilo atmosfera publicidade e funcionaacuterios Para esses

autores a imagem da loja eacute que determina o tipo de cliente que seraacute atraiacutedo e por outro lado

esse mesmo cliente eacute quem vai realimentar essa imagem

71

Sobre aos componentes muitos estudiosos classificam os fatores que compotildeem essa imagem

de forma a relacionar aos elementos do composto de marketing do varejo A importacircncia

relativa dos vaacuterios componentes varia consideravelmente dependendo do mercado setor

situaccedilatildeo competitiva e segmentos de consumidores (McGOLDRICK 1990) Existem razotildees

loacutegicas pelas quais a importacircncia relativa dos atributos deva variar entre mercados

considerando a comparaccedilatildeo entre paiacuteses regiotildees ou mesmo localidades diferentes

Um componente ganha importacircncia eacute a atmosfera da loja ou seja seu ambiente fiacutesico

Parente (2000) define atmosfera de loja como sendo o sentimento psicoloacutegico que o varejista

desenvolve no consumidor quando este visita a loja sendo tambeacutem entendida como a

personalidade da loja Para desenvolver a atmosfera os varejistas utilizam recursos que

influenciam a visatildeo olfato e outros sentidos dos clientes A atmosfera inclui iluminaccedilatildeo

cores muacutesica ambiente limpeza aroma decoraccedilatildeo e lay-out e que pode criar estiacutemulo para o

cliente permaneccedila na loja ou a vontade de sair rapidamente do local (SHETH MITTAL

NEWMAN 2001)

Porter e Claycomb (1997) explicam que uma taacutetica que pode ser usada para favorecer a o

varejista eacute a utilizaccedilatildeo de um mix de merchandising composto por um nuacutemero significativo de

marcas que possuem alta pontuaccedilatildeo em uma pesquisa de awareness (lembranccedila de marca) e

outras com imagem tambeacutem forte Para esses autores a imagem da loja estaacute diretamente

relacionada agrave imagem de uma marca pois marcas fortes e reconhecidas satildeo sinocircnimos de

qualidade e podem trazer o cliente de volta agrave mesma loja

O sortimento das mercadorias tambeacutem tem recebido bastante atenccedilatildeo por parte dos varejistas

e uma estrateacutegia de diferenciaccedilatildeo cada vez mais utilizada eacute a inclusatildeo de marcas proacuteprias no

conjunto de bens oferecido ao consumidor (COUGHLAN et alli 2001) As marcas proacuteprias

auxiliam na construccedilatildeo da imagem da loja pois permite ao varejista se diferenciar de

72

concorrentes proacuteximos e direcionar traacutefego para dentro da loja Como estatildeo disponiacuteveis

apenas em uma cadeia especiacutefica de lojas podem ser uacutenicas em termos de valor e

desempenho e essa exclusividade pode ser considerada uma forma de se conquistar a

lealdade de um cliente (SHETH MITTAL NEWMAN 2001) Outros componentes satildeo

apresentados no quadro 6

Conforme explicado anteriormente Levy e Weitz (2000) consideram o posicionamento um

projeto e a implementaccedilatildeo de um composto de varejo para criar uma imagem do varejista na

mente do cliente em relaccedilatildeo a seus concorrentes Como ele enfatiza a imagem na mente do

cliente (e natildeo aquela na mente do gerente) devem ser feitas pesquisas para saber qual eacute a

imagem do varejista e certificar-se de que ela esteja coerente com o que os clientes desejam

nesse mercado-alvo

O posicionamento do varejista eacute provavelmente mais importante para o sucesso do seu

negoacutecio do que as suas caracteriacutesticas reais (tangiacuteveis) As redes varejistas tentam posicionar-

se de forma a criar uma imagem consistente com a auto-imagem do seu puacuteblico O projeto do

ambiente de loja eacute um importante aspecto da estrateacutegia de posicionamento de serviccedilos e

influencia fortemente as impressotildees do consumidor e o comportamento tanto do cliente

quanto do vendedor O ambiente fiacutesico eacute particularmente importante na criaccedilatildeo da impressatildeo

favoraacutevel para a loja de varejo pois existem poucos criteacuterios objetivos pelos quais os

consumidores podem julgar a qualidade dos serviccedilos que recebem (SCHIFFMAN KANUK

1997)

Estudo de Kim e Han (2000) demonstrou que as preferecircncias dos consumidores por lojas

especiacuteficas tambeacutem podem estar ligadas agraves suas formaccedilotildees culturais que estatildeo relacionadas

ao seu grupo eacutetnico Essas diferentes formaccedilotildees culturais levam os consumidores a possuiacuterem

diferentes interpretaccedilotildees das lojas e de seus produtos devido agraves diferentes percepccedilotildees dos

73

atributos das lojas e agraves diferentes associaccedilotildees que esses consumidores fazem entre elas e as

classes soacutecio-econocircmicas dos seus clientes As classes soacutecio-econocircmicas estatildeo

significativamente relacionadas agrave imagem percebida da loja o que permite aos varejistas a

implementaccedilatildeo de mensagens promocionais persuasivas direcionadas aos segmentos sociais

alvejados

Os componentes que formam a imagem da loja tecircm sido reconhecidos tambeacutem como um

importante antecedente da satisfaccedilatildeo e da lealdade (BLOEMER SCHRODER 2002) A

lealdade agrave loja eacute construiacuteda por meio da satisfaccedilatildeo e esta satisfaccedilatildeo eacute construiacuteda entre outras

coisas por meio da imagem da loja (BLOEMER RUYTER 1998) Para Levy e Weitz

(2000) a satisfaccedilatildeo com a loja eacute a avaliaccedilatildeo poacutes-consumo de quanto a loja atendeu bem ou

excedeu agraves expectativas do cliente

Influenciados pelas mudanccedilas raacutepidas no ambiente de varejo pelos consumidores cada vez

mais exigentes pela competiccedilatildeo mais acirrada e pelas baixas taxas de crescimento dos

mercados em geral os varejistas estatildeo mais do que nunca obrigados a instituiacuterem de uma

forma contiacutenua o estabelecimento da satisfaccedilatildeo com a loja e da lealdade agrave loja Levy e Weitz

(2000) afirmam que um varejista constroacutei a lealdade do cliente ao criar uma imagem clara e

distinta de mix de varejo e ao reforccedilar de forma consistente essa imagem por meio de suas

mercadorias e serviccedilos

74

Quadro 6 Uma classificaccedilatildeo dos componentes da imagem de loja

Componente Detalhamento Preccedilo das mercadorias Preccedilos baixos

Preccedilos competitivos ou natildeo competitivos Qualidade das mercadorias Boa ou maacute qualidade das mercadorias

Marcas em estoque

Sortimento das mercadorias Amplitude e profundidade do sortimento Possui ou natildeo a marca que o cliente deseja Possui ou natildeo marcas elegantes

Pessoal de vendas Postura do pessoal de vendas Conhecimento do pessoal de vendas Nuacutemero de empregados da loja Serviccedilo bom ou ruim

Conveniecircncia de localizaccedilatildeo Localizaccedilatildeo perto da residecircncia ou do trabalho Acesso Boa ou maacute localizaccedilatildeo

Outros itens de conveniecircncia Estacionamento Horaacuterio de funcionamento da loja Conveniecircncia em relaccedilatildeo a outras lojas Lay-out da loja com relaccedilatildeo agrave conveniecircncia Conveniecircncia em geral

Serviccedilos Creacutedito Entrega Facilidade de devoluccedilatildeo de mercadorias Auto-serviccedilo

Promoccedilotildees de vendas Vendas especiais Cupons Displays de loja Siacutembolos e cores

Propaganda Estilo e qualidade da propaganda Miacutedia utilizada Credibilidade da propaganda

Atmosfera da loja Lay-out da loja natildeo relacionado agrave conveniecircncia Decoraccedilatildeo externa e interna da loja Congestionamento dentro da loja Prestiacutegio da loja Simpatia para com a loja

Institucional Reputaccedilatildeo e credibilidade da loja Loja conservadora ou moderna

Clientela da loja Niacutevel soacutecio-econocircmico da clientela Auto-imagem da clientela

Aspectos fiacutesicos Instalaccedilotildees Arquitetura da loja Facilidade de compra

Poacutes-venda Satisfaccedilatildeo ou insatisfaccedilatildeo Fonte Adaptado de Kunkel e Berry (1968) Lindquist (1974) e Doyle e Fenwick (1974)

75

O estudo de Bloemer e Schroder (2002) considerou a satisfaccedilatildeo do consumidor como sendo

um niacutevel prazeroso de realizaccedilatildeo relacionado ao consumo Para esses autores a lealdade de

loja pode ser definida como a resposta comportamental enviesada (ou seja natildeo aleatoacuteria)

expressa atraveacutes do tempo pelo consumidor com relaccedilatildeo a uma loja sendo uma funccedilatildeo dos

processos psicoloacutegicos (tomada de decisatildeo e avaliaccedilatildeo) resultante do comprometimento

Essas respostas comportamentais foram consideradas para Bloemer e Schroder (2002) como

sendo comunicaccedilatildeo boca-a-boca intenccedilatildeo de compra e insensibilidade a preccediloBloemer e

Schroder (2002) demonstraram que um consumidor que percebe uma loja em particular com

imagem positiva estaacute mais propenso a satisfazer-se com essa loja do que um consumidor que

percebe a loja com uma imagem menos positiva Portanto seu estudo concluiu que uma

imagem de loja mais positiva levaria a um niacutevel de satisfaccedilatildeo maior Aleacutem disso uma

imagem de loja positiva tambeacutem levaria a um niacutevel de afeto maior para com a loja

aumentando tambeacutem o niacutevel de satisfaccedilatildeo Por sua vez a satisfaccedilatildeo levaria agrave lealdade se a

confianccedila e o comprometimento para com a loja estivessem presentes Portanto o modelo de

inter-relaccedilatildeo entre os conceitos acima pode ser apresentado conforme a figura 11

Engel Blackwell e Miniard (1995) explicam que as imagens formadas pelos consumidores

com base em suas percepccedilotildees dos atributos considerados importantes afetam o processo

decisoacuterio de escolha da loja A escolha da loja para esses autores seria uma funccedilatildeo de

caracteriacutesticas do consumidor e de caracteriacutesticas da loja Para tomar a decisatildeo sobre o local

de compra o consumidor busca informaccedilotildees que possam ajudaacute-lo a minimizar seu risco de

insatisfaccedilatildeo

76

Imagemde

loja

AfetoPositivo

Satisfaccedilatildeo Confianccedila ecomprometimento

Bocaa

boca

Insensibilidadea preccedilo

Intenccedilatildeo decompra

Fonte Adaptado pelas autoras de Bloemer e Schroder (2002)

Figura 11 Modelo de satisfaccedilatildeo e lealdade agrave loja

Mason Mayer e Ezell (1988) afirmam que estas informaccedilotildees podem ser fornecidas pelo

proacuteprio varejista por meio de propaganda e promoccedilotildees O consumidor ainda pode receber

recomendaccedilotildees de seus vizinhos parentes e amigos sobre em qual loja comprar O varejista

de posse dessas informaccedilotildees poderaacute explorar ao maacuteximo seus instrumentos de marketing para

criar o posicionamento desejado

Engel Blackwell e Miniard (1995) sugerem um modelo sobre o processo de escolha de loja

que envolve os criteacuterios de avaliaccedilatildeo usados pelos consumidores e as caracteriacutesticas

percebidas da loja ou seja a imagem da loja formada na mente do consumidor conforme

mostrado na Figura 12 Os consumidores de cada segmento formam imagens variadas de

acordo com a sua percepccedilatildeo acerca dos atributos considerados importantes Esta percepccedilatildeo e

portanto a formaccedilatildeo de imagem depende das seguintes variaacuteveis localizaccedilatildeo qualidade e

natureza do sortimento preccedilo propaganda e promoccedilatildeo empregados serviccedilos oferecidos

atributos fiacutesicos da loja tipo de clientela atmosfera da loja e satisfaccedilatildeo apoacutes a compra

77

Assim verifica-se que o varejista possui vaacuterias ferramentas para conseguir a satisfaccedilatildeo e a

fidelidade de seus clientes mas eacute preciso que ele as utilize adequadamente de modo que o

consumidor consiga perceber e formar uma imagem positiva da loja colocando-a como sua

primeira opccedilatildeo de compra

Criteacuterios Avaliatoacuterios1 Localizaccedilatildeo2 Amplitude e Profundidade de sortimento3 Preccedilo4 Propaganda e promoccedilatildeo de vendas5 Pessoal da loja6 Serviccedilos7 Outros

Caracteriacutesticas Percebidas das Lojas1 Localizaccedilatildeo2 Sortimento3 Preccedilo4 Propaganda epromoccedilatildeo de vendas1 Pessoal da loja2 Serviccedilos

Processo de Comparaccedilatildeo

Lojas aceitaacuteveis Lojas inaceitaacuteveis

Imagemda loja

Fonte Engel Blackwell e Miniard (1995)

Figura 12 Processo de seleccedilatildeo de loja

Lepsch (1996) considera o varejo tambeacutem como uma unidade decisoacuteria da economia

considerada sob o prisma de transaccedilotildees com os fornecedores na compra e com os

consumidores na venda de produtos Tal dualidade segundo o autor faz com que ele integre o

sistema de marketing dos fabricantes e ao mesmo tempo opere seu proacuteprio sistema de

marketing

78

Desde seu surgimento na deacutecada de 30 nos Estados Unidos passando pela sua implantaccedilatildeo na

deacutecada de 50 no Brasil ateacute chegar no seu estaacutegio atual o supermercado evoluiu muito

Buscou maior eficiecircncia introduziu novas tecnologias redutoras de custos e preccedilos e assim

ocupou gradativamente o lugar das lojas especializadas tradicionais no comeacutercio varejista

de alimentos e produtos de higiene e limpeza (SILVEIRA LEPSCH 1997) Com o

acirramento da competiccedilatildeo apoacutes o Plano Real e a abertura da economia a empresas e produtos

estrangeiros o consumidor tornou-se o foco das redes supermercadistas Mais exigentes e

com maior facilidade em memorizar os preccedilos o cliente fez com que o setor passasse a lutar

pela sua preferecircncia nas estrateacutegias via preccedilo e mais fortemente nas estrateacutegias extrapreccedilo

As estrateacutegias extrapreccedilos foram discutidas nesse toacutepico As estrateacutegias via preccedilo fazem parte

do objetivo principal do estudo O preccedilo como apresentado no quadro 6 eacute um dos

componentes da gestatildeo estrateacutegica do varejo supermercadista e um dos criteacuterios de maior

importacircncia na escolha da loja pelo consumidor conforme visto na figura 12

Parente (2000) afirma que de todas as variaacuteveis do marketing mix a decisatildeo de preccedilo eacute

aquela que mais rapidamente afeta a competitividade o volume de vendas as margens e a

lucratividade das empresas varejistas A afirmaccedilatildeo volta agrave questatildeo inicial da flexibilidade da

variaacutevel preccedilo em relaccedilatildeo aos outros componentes do mix de marketing ou seja as poliacuteticas

de preccedilos dos varejistas podem ser alteradas em curtiacutessimo prazo e devido agrave facilidade na

implementaccedilatildeo dessas alteraccedilotildees muitos varejistas assumem uma postura fortemente

competitiva respondendo rapidamente agraves alteraccedilotildees de preccedilo da concorrecircncia Boone e Kurtz

(1998) argumentam que os preccedilos desempenham um papel importante na percepccedilatildeo do

varejista por parte do consumidor e satildeo sempre um componente imprescindiacutevel para uma

estrateacutegia competitiva completa

79

O preccedilo eacute um determinante da compra dos produtos pelos clientes Eacute um dos elementos chave

para alcanccedilar o volume de vendas desejado e tem grande impacto nos lucros das empresas e

tem o papel fundamental na percepccedilatildeo da qualidade do produto pelos compradores Eacute tambeacutem

variaacutevel do composto que pode ser mais facilmente comparada pelo consumidor no momento

da compra

O proacuteximo toacutepico discute a fixaccedilatildeo de preccedilos para o varejo supermercadista Os passos

propostos pelos autores apresentados na revisatildeo bibliograacutefica sobre determinaccedilatildeo de preccedilos

satildeo revistos agora com foco nas estrateacutegias adotadas pelos supermercados Alguns dos

componentes que influenciam no posicionamento das lojas satildeo discutidos em seguida como

possiacuteveis influenciadores no processo de precificaccedilatildeo de produtos comercializados pelas

grandes redes

210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados

Lepsch (1966) afirma que pode-se esquematizar o apreccedilamento em um supermercado da

seguinte maneira primeiro emprega-se o meacutetodo de precificaccedilatildeo do mark up sendo que o

custo sobre o qual vai incidir a margem eacute custo da colocaccedilatildeo do produto do fornecedor na

loja A seguir os produtos do sortimento da loja satildeo divididos em categorias e para cada uma

eacute atribuiacuteda uma margem-objetivo Por fim o custo mais a margem datildeo um preccedilo para cada

um dos itens de uma categoria de produtos que precisa ser comparado com o preccedilo do mesmo

item nas lojas da concorrecircncia localizadas dentro da aacuterea de influecircncia do estabelecimento

em foco

80

O autor destaca que natildeo pode haver muita diferenccedila entre os preccedilos de um mesmo item dentro

de uma mesma aacuterea de influecircncia principalmente para cima (preccedilo mais alto) Neste caso a

empresa deve rever e ajustar o seu preccedilo A variaccedilatildeo de preccedilos pode aparecer por diferenccedilas

nos custos de produccedilatildeo dos comerciantes (REINGANUN1979) na busca por preccedilos menores

por parte dos consumidores (ROB 1985) ou pela lealdade resultante das compras repetitivas

de um uacutenico produto pelos clientes (MCMILLAN MORGAN 1988)

A tarefa de ajuste de preccedilos eacute de responsabilidade do gerente da loja que precisa manter as

margens meacutedias exigidas para as diversas categorias ou seccedilotildees de sua loja e principalmente

deve alcanccedilar a margem meacutedia geral estabelecida pela rede de supermercados (LEPSCH

1996) Silveira e Lepsch (1997) reforccedilam a responsabilidade do gerente na gestatildeo do preccedilo

de sua loja ao concluiacuterem que houve descentralizaccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos pelos

supermercados adotando-se na maioria dos casos um sistema misto

Os autores realizaram um estudo que confirmou a hipoacutetese de que a autoridade da loja na

precificaccedilatildeo aumentou Consequumlentemente a responsabilidade da loja pela obtenccedilatildeo de

resultados financeiros a ela designados tambeacutem aumentou Cabe tambeacutem ao gerente da loja

ficar atento ao comportamento do consumidor em relaccedilatildeo aos preccedilos dos produtos e ao

sortimento ao atendimento aos serviccedilos prestados entre outros (SILVEIRA LEPSCH

1997)

Ao estabelecer o preccedilo de venda ao consumidor o varejista toma uma seacuterie de decisotildees

estrateacutegicas Relacionando-se o estabelecimento do preccedilo em redes supermercadistas (figura

13) com os seis passos propostos por Kotler e Keller (2005) para o apreccedilamento adequado de

um produto pela induacutestria e discutidos nos itens anteriores desta revisatildeo bibliograacuteficas pode

fazer a seguinte comparaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilos propostos McGoldrick

81

(1990) considera que os apresentados no quadro 7 satildeo os adotados com mais frequumlecircncia pelas

empresas varejistas

Preccedilo geograacutefico

Descontos e concessotildees Preccedilo promocional Preccedilo diferenciado

Preccedilo de composto de produtos

Fonte Elaborado pela autora a partir de Kotler e Keller (2005)

Figura 13 Estabelecimento de Preccedilo no Varejo

Mark-up padratildeo sobre o custo

Retorno-alvo

Preccedilo de valor

Valor percebido pelo

cliente

Preccedilo de mercado

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Preccedilo Baixo

Lucro Impossiacutevel Neste Preccedilo

Preccedilo Alto

Demanda Impossiacutevel

neste Preccedilo

Custos Preccedilos dos Concorrentes

e dos Substitutos

Percepccedilatildeo pelos

Consumidores de Oferta

Uacutenica

Determinaccedilatildeo do Objetivo de Preccedilo

Determinaccedilatildeo da Demanda

Estimativa de Custos

Anaacutelise de Custo Preccedilo e Ofertas do Concorrente

Seleccedilatildeo do Meacutetodo de Determinaccedilatildeode Preccedilo

Seleccedilatildeo do Preccedilo Final e Ajuste

82

Quadro 7 Objetivos de Preccedilo Varejista

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Maximizaccedilatildeo do lucro Redes de tamanho meacutedio com administraccedilatildeo familiar (geralmente)

Retirada razoaacutevel

Redes pequenas com administraccedilatildeo familiar

Maximizaccedilatildeo da participaccedilatildeo de mercado Caracteriacutestica das grandes e meacutedias redes ou ainda em cadeias que estatildeo introduzindo novos modelos ou outros novos formatos

Defesa do mercado Muitas redes varejistas procuram proteger determinada aacuterea de influecircncia criando barreiras agrave entrada de novos concorrentes no mercado

Estabilizaccedilatildeo do mercado Com esse objetivo a loja procura interromper a praacutetica de guerra de preccedilos pela concorrecircncia podendo-se utilizar tambeacutem para desviar a atenccedilatildeo do consumidor dos preccedilos praticados

Imagem da rede A praacutetica de uma poliacutetica de preccedilos baixos todo dia (EDLP every day low price) pode ser um objetivo para atrair o consumidor e mantecirc-lo fiel agraves lojas da rede Eacute possiacutevel consideraacute-la tambeacutem um objetivo que visa mostrar ao consumidor integridade nos preccedilos

Preccedilos abaixo do custo marginal Caso um item categoria de produto ou seccedilatildeo apresentar sinais de entrada no estaacutegio final do ciclo de vida (decliacutenio) um objetivo comumente adotado eacute a eliminaccedilatildeo dos estoques por intermeacutedio de preccedilos baixos de maneira a gerar espaccedilo para a entrada de novos produtos Utiliza-se tambeacutem esse recurso em uma promoccedilatildeo como forma de atrair clientes para a loja

Fonte Elaborado pela autora a partir de McGoldrick (1990) e Kotler e Keller 2005

83

Parente (2000) completa observando que o varejista pode buscar como estrateacutegias de

apreccedilamento (i) preccedilos acima do mercado o varejista natildeo concorre em preccedilo evitando que a

marcaccedilatildeo de seus preccedilos esteja baseada na concorrecircncia (ii) preccedilos meacutedios de mercado os

varejistas buscam a diferenciaccedilatildeo em outros componentes do composto de marketing como

localizaccedilatildeo serviccedilos ou linha de produtos e (iii) preccedilos abaixo do mercado varejistas que tecircm

no preccedilo sua arma competitiva mais forte geralmente associado a uma estrutura de baixos

custos com avanccedilada tecnologia e modernos meacutetodos de gestatildeo

Em termos de determinaccedilatildeo da demanda cada preccedilo levaraacute a um niacutevel de demanda e teraacute um

impacto diferente nos objetivos de marketing da empresa Como foi discutido demanda e

preccedilo satildeo inversamente relacionados ou seja quanto mais alto o preccedilo de um produto menor

a quantidade demandada por este mesmo item A mesma regra eacute valida no supermercado Por

isso a preocupaccedilatildeo com o controle de preccedilos dos produtos ofertados

Ghisi (2005) explica que a formaccedilatildeo de oligopoacutelios no setor supermercadista gera diversos

riscos como por exemplo a imposiccedilatildeo de preccedilos realizada pelas grandes redes junto aos

fornecedores que traz como consequumlecircncia a restriccedilatildeo de opccedilotildees para os consumidores De

acordo com esse boletim a implantaccedilatildeo dessas grandes lojas resulta na perda de um grande

nuacutemero de postos de trabalho A abertura dessas empresas normalmente significa o

aniquilamento dos pequenos supermercados mercadinhos que operam no bairro e

adjacecircncias Esse fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil tendo grande contribuiccedilatildeo para o

desenvolvimento social e econocircmico do paiacutes (GHISI 2005)

84

A oligopolizaccedilatildeo tambeacutem aumenta o poder de barganha dos grandes grupos que passam a

competir por preccedilo Em contrapartida os pequenos supermercadistas que natildeo tecircm escala

comparaacutevel acabam comprando produtos de atacadistas e natildeo diretamente de fornecedores

aumentando assim os seus custos Isso acarreta em produtos finais caros para o consumidor

pois a margem de lucro dos atacadistas eacute elevada inviabilizando o repasse no preccedilo das

mercadorias (GHISI 2005)

Quanto agrave estimativa dos custos sabe-se que a demanda estabelece um teto no preccedilo que uma

empresa pode cobrar por seu produto e os seus custos determinam o piso ou seja o preccedilo

miacutenimo A empresa varejista deseja cobrar um preccedilo que cubra seu custo de produccedilatildeo

distribuiccedilatildeo e venda do produto incluindo um retorno justo por seu esforccedilo e pelo seu risco

Especialistas concordam que a maioria das redes varejistas ainda utiliza o mark-up para

calcular o preccedilo das mercadorias com a taxa desejada de retorno

A anaacutelise de custos preccedilos e ofertas dos concorrentes tambeacutem acontece da mesma forma

para o varejista ou seja dentro da faixa de preccedilos possiacuteveis determinados pela demanda de

mercado e pelos custos da empresa esta deveraacute levar em conta os custos preccedilos e possiacuteveis

reaccedilotildees de preccedilos dos concorrentes Vale considerar neste ponto o conceito de shopping de

preccedilos que eacute o nome dado agrave praacutetica da obtenccedilatildeo de informaccedilotildees perioacutedicas sobre preccedilos

praticados pelos concorrentes Silveira e Lepsch (1997) explicam que como a concorrecircncia eacute

determinada em cada mercado supermercadista em geral cada loja possui sua proacutepria equipe

para coletar essas informaccedilotildees

O shopping de preccedilos abrange uma cesta baacutesica ampliada com cerca de 400 produtos sendo

estes de alto giro marcas fortes e elevados gastos promocionais por parte dos fornecedores

(alguns exemplos sabatildeo em poacute Omo leite condensado Moccedila sal Cisne e Accediluacutecar Uniatildeo) A

cesta varia de acordo com o formato da loja regiatildeo do paiacutes localizaccedilatildeo (ou aacuterea de

85

influecircncia) segmentaccedilatildeo de mercado entre outros (SILVEIRA LEPSCH 1997) Mas natildeo eacute

somente o shopping de preccedilos que possui informaccedilotildees importantes sobre a concorrecircncia Os

supermercadistas recorrem tambeacutem a dados adicionais em jornais tabloacuteides e televisatildeo para

formarem os preccedilos de seus produtos (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Em relaccedilatildeo agrave seleccedilatildeo de um meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos para os varejistas tambeacutem satildeo

considerados paracircmetros como os custos a concorrecircncia a avaliaccedilatildeo dos clientes e o preccedilo

maacuteximo a ser cobrado Os meacutetodos mais utilizados no varejo encontram-se descritos no

quadro 8

Sobre as margens Boone e Kurtz (1998) ainda ressaltam que constituem fatores importantes

na imagem do varejista perante seus atuais e possiacuteveis clientes afetando ainda a sua

capacidade de atrair clientes Margens muito altas podem assustar e afastar os consumidores e

a praacutetica de uma taxa inadequada (muito baixa) pode natildeo cobrir os custos e natildeo gerar retorno

As margens satildeo expressas como porcentagem do preccedilo final de venda de um produto ou do

seu custo (BOONE KURTZ 1998) Suas foacutermulas satildeo

Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Preccedilo de Venda

Percentual de Margem sobre o Custo = Valor Acrescido ao Custo (Margem)

Custo

86

Quadro 8 Meacutetodos de Determinaccedilatildeo de Preccedilos utilizados por Varejistas

Objetivo de Preccedilo Varejista

Caracteriacutestica

Mark-up padratildeo sobre o custo Muitos varejistas adotam esse meacutetodo por ser mais raacutepido mecacircnico e relativamente simples de ser usado Resulta sempre de dois fatores os serviccedilos oferecidos (custos que precisam ser cobertos) e taxa de giro de estoque

Retorno-alvo

Preccedilo que permite atingir a taxa-alvo de retorno - ROI (return over investment)

Preccedilo de valor Preccedilo baixo para oferta de alta qualidade - no varejo o preccedilo de valor traduz-se na poliacutetica de fixar preccedilos baixos todos os dias (EDLP) - o varejista que seguir a praacutetica cobra um preccedilo baixo constantemente todos os dias sem descontos temporaacuterios nos preccedilos eliminando assim a incerteza de preccedilos de uma semana para a outra

Valor percebido pelo cliente Considera as percepccedilotildees dos clientes e natildeo os custos do vendedor como chave para determinar preccedilo Como analogia no varejo tem-se a estrateacutegia de preccedilo alto-baixo (High Low Price - HILO) onde o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes nas quais os preccedilos caem temporariamente abaixo do niacutevel da poliacutetica EDLP As promoccedilotildees criam entusiasmo e atraem compradores Por esse motivo a EDLP natildeo constitui garantia de sucesso Muitos varejistas utilizam uma combinaccedilatildeo de estrateacutegias de determinaccedilatildeo de preccedilos alto-baixos e de preccedilos baixos todos os dias com um aumento de propaganda e de promoccedilotildees

Preccedilo de mercado Estabelecer preccedilos com base nos concorrentes Praacutetica comum entre varejistas com conhecimento entre os competidores para realizaccedilatildeo de shopping de preccedilos em suas lojas

Fonte Elaborado pela autora com base em Boone e Kurtz (1998) Levy e Weitz (2000) Parente (2000)

87

Poreacutem quando se conhece apenas o custo e o percentual de margem calculado sobre o preccedilo

de venda as seguintes foacutermulas satildeo utilizadas

Preccedilo = Custo

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Custo 100 + Percentual de Margem sobre o Custo

Preccedilo = Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

100 - Percentual de Margem sobre o Preccedilo de Venda

Boone e Kurtz (1998) explicam que as margens baseiam-se em parte no julgamento do

comerciante com relaccedilatildeo aos preccedilos que os consumidores estariam dispostos a pagar por um

produto Quando estes se recusam a pagar o preccedilo fixado ou surgem produtos de melhor

qualidade o varejista trabalha com a estrateacutegia de desconto que tem o seu percentual

calculado pela foacutermula

Percentual de Desconto = Valor do Desconto Novo Preccedilo

88

Os descontos tambeacutem podem ser utilizados para avaliaccedilotildees (BOONE KURTZ 1998) Os

gerentes da loja ou os compradores podem ser avaliados em parte com base nos percentuais

meacutedios de descontos concedidos nas linhas de produtos pelas quais satildeo responsaacuteveis dentro de

uma rede supermercadista

Por fim a seleccedilatildeo do preccedilo final compreendida como o ajuste do preccedilo em funccedilatildeo da

percepccedilatildeo de qualidade - por parte dos consumidores - e da influecircncia de outros elementos do

composto de marketing levando em consideraccedilatildeo questotildees como serviccedilos prestados

localizaccedilatildeo e outros As taacuteticas natildeo satildeo mutuamente exclusivas e podem ser utilizadas

simultaneamente

Um problema que pode ser encontrado ao estabelecer uma estrutura de preccedilos diz respeito a

produtos que fazem parte de um mix ou linha Neste caso natildeo satildeo apenas os preccedilos que

variam mas tambeacutem os produtos considerados Desta forma a fixaccedilatildeo de preccedilos natildeo deve

seguir a mesma loacutegica determinada para um uacutenico item O varejista busca neste caso um

conjunto de preccedilos que maximize o lucro total (GRACIOSO 1997)

A determinaccedilatildeo de preccedilos eacute difiacutecil porque os produtos possuem custo e demanda

interrelacionados e estatildeo sujeitos a diferentes graus de concorrecircncia Toledo Proenccedila e Mello

Jr (2003) afirmam que esse problema abre espaccedilo para a aplicaccedilatildeo de teacutecnicas mais modernas

de gestatildeo no varejo como o gerenciamento de categorias Os autores explicam que o

gerenciamento de categorias eacute uma das ferramentas do sistema Resposta Eficiente ao

Consumidor - ECR (Efficient Consumer Response) que tem por objetivo definir o sortimento

os preccedilos as ofertas e promoccedilotildees para atender os diferentes puacuteblicos de consumidores e obter

uma coerecircncia no modo de apresentaccedilatildeo dos produtos no ponto de venda por afinidade de

consumo o que facilita a venda o cliente e gera aumento de vendas

89

O ECR Brasil caracteriza uma estrutura de categoria como sendo um mapa da aacutervore de

decisatildeo do consumidor (ECR Brasil 1998) A questatildeo chave eacute a capacidade de refletir o

modo como o consumidor toma sua decisatildeo quando faz uma compra dentro da categoria

Nesse processo a atribuiccedilatildeo de papeacuteis para as categorias eacute uma das mais importantes

decisotildees a serem tomadas pelo varejista pois fornece a base para a diferenciaccedilatildeo competitiva

e consequumlente alocaccedilatildeo de recursos entre as unidades estrateacutegicas de negoacutecio por categoria

do varejista (TOLEDO PROENCcedilA MELLO JR 2003) A classificaccedilatildeo eacute a seguinte

bull Dominantes Destino satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica uma

grande variedade de produtos igual ou superior agrave meacutedia do mercado sendo que o

varejista busca uma notoriedade e reconhecimento por parte dos seus clientes no

sentido de que sua oferta de variedade de produtos seja a melhor do mercado Os

produtos dessa categoria tecircm a caracteriacutestica iacutempar de atrair os consumidores agraves lojas

Exemplo mercearia seca (accediluacutecar arroz feijatildeo etc)

bull Competitivas Traacutefego satildeo famiacutelias de produtos que possuem como caracteriacutestica

uma variedade de produtos igual agrave meacutedia do mercado sendo que o varejista posiciona-

se corretamente no que tange a oferta de variedade de produtos Essas famiacutelias satildeo

compostas de produtos que tambeacutem tecircm caracteriacutestica de atrair os consumidores agraves

lojas em razatildeo da necessidade e periodicidade de compras Exemplo leite longa vida

suco e patildeo de forma

bull Convenientes Bandeira satildeo famiacutelias que apresentam como caracteriacutestica uma

variedade de produtos limitada ou seja igual agrave oferta dos demais concorrentes do

mesmo segmento poreacutem inferior agrave variedade ofertada pelos varejistas especialistas

Exemplo tintas ferramentas automotivos

90

bull Sazonais satildeo famiacutelias que possuem como caracteriacutestica uma variedade de produtos

grande em razatildeo uacutenica e exclusiva de ocorrecircncia de um evento sazonal Exemplo

chocolates panetones perus

Toledo Proenccedila e Mello Jr (2003) consideram ainda que o papel da categoria frequumlentemente

fornece diretrizes para a alocaccedilatildeo de recursos do varejista desde estoques espaccedilo nas

prateleiras e investimentos promocionaispublicitaacuterios a gastos de capital e tempos de

gerenciamento Por exemplo categorias com papel destino podem ter preccedilos mais

competitivos com o objetivo de atrair os consumidores e tornar a loja preferida nas compras

da categoria Nas demais os preccedilos podem ser menos competitivos

Apesar de todos os seis passos estarem adequados agrave escolha da estrateacutegia de apreccedilamento dos

produtos comercializados pelo varejo supermercadista eacute importante lembrar que muitas das

suas atividades satildeo completamente distintas das atividades de uma induacutestria O supermercado

responsaacutevel pela entrega do produto ao consumidor final oferece vaacuterios serviccedilos que natildeo satildeo

comuns aos fabricantes Muitas dessas accedilotildees podem ter grande influecircncia sobre a fixaccedilatildeo de

preccedilo dos bens comercializados sejam por aumentar os custos ou mesmo por oferecer maior

valor para o cliente

A proacutexima discussatildeo refere-se a algumas variaacuteveis que possivelmente interferem na decisatildeo

de apreccedilamento dos supermercadistas sobre os itens que disponibilizam para os seus

consumidores Tais variaacuteveis vatildeo aleacutem da demanda ou custo dos produtos e representam

questotildees fundamentais para ganho de competitividade no varejo

91

211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo

Beisel (1993) apud Vance e Angelo (2003) sugere que a definiccedilatildeo do niacutevel de preccedilos mais

adequado seja efetuada a partir da anaacutelise das caracteriacutesticas de diferentes dimensotildees do

composto de varejo (quadro 9) Em um primeiro momento eacute essencial que o varejista defina

quem eacute o seu puacuteblico alvo

Quadro 9 Caracteriacutesticas que influenciam os niacuteveis de preccedilos no varejo

Estrateacutegias de Preccedilos Caracteriacutesticas

Abaixo do Mercado Niacutevel do Mercado Acima do Mercado

Localizaccedilatildeo Inconveniente Competitiva Privilegiada

Horaacuterio de

Funcionamento Curto Competitivo Longo

Serviccedilo Pouconenhum Meacutedio Personalizado

Prestiacutegio Pouco Meacutedio Alto

Exclusividade do

Produto Nenhuma Meacutedia Excluxivo

Merchandising

Fashionableness Baixo Meacutedia Alto

Custo da Mercadoria Baixo Meacutedio Alto

Fonte Vance e Acircngelo (2003)

A seguir eacute preciso que identifique e analise as caracteriacutesticas do seu negoacutecio Localizaccedilatildeo

horaacuterio de funcionamento serviccedilos prestiacutegio a exclusividade do produtomercadoria

merchandising fashionableness que pode ser compreendido como o grau de requinte ou

elegacircncia dos produtos comercializados e custo das mercadorias satildeo os principais aspectos

sugeridos para avaliaccedilatildeo segundo o autor

92

Enquanto as caracteriacutesticas do produto podem ser as mesmas entre os diferentes equipamentos

varejistas a variabilidade na qualidade de serviccedilo e as caracteriacutesticas do mercado podem ser

diferentes dentro de cada equipamento varejista (ANCARANI SHANKAR 2004)

Aleacutem das variaacuteveis destacadas por Vance e Acircngelo (2003) Lepsch (1996) e Ancarani e

Shankar (2004) o presente estudo observaraacute outros fatores colocados como importantes por

estudiosos de varejo como influenciadores da fixaccedilatildeo de preccedilos nos supermercados

2111 Produto

Para Czinkota (2001) os produtos satildeo o conjunto de atributos funccedilotildees e benefiacutecios que os

clientes compram O termo produto significa a oferta de uma empresa capaz de satisfazer

uma necessidade do consumidor (KOTLER KELLER 2005) Aleacutem disso os produtos de

consumo podem ser divididos nas seguintes categorias (i) produtos de conveniecircncia itens

baratos que os consumidores compram com pouco esforccedilo e satildeo amplamente distribuiacutedos (ii)

produtos de compra comparada mais caros que os de conveniecircncia e a decisatildeo de compra eacute

mais importante (iii) produtos de especialidade os consumidores desejam uma marca

particular (iv) produtos substitutos natildeo satildeo opccedilotildees sendo a distribuiccedilatildeo muito limitada e (v)

produtos natildeo procurados satildeo desconhecidos ou natildeo mas natildeo satildeo ativamente procurados ateacute

que necessite deles sendo as vendas personalizadas

Conforme observado nas diferentes classificaccedilotildees de produtos suas caracteriacutesticas

influenciam no preccedilo para o consumidor final Produtos de conveniecircncia satildeo considerados

mais baratos enquanto produtos de especialidades como satildeo procurados por marcas

especiacuteficas tendem a serem mais caros

93

Nagle e Holden (1995) consideram que a administraccedilatildeo do produto eacute a mais poderosa

ferramenta de influecircncia dos preccedilos O produto pode influenciar o preccedilo dependendo do niacutevel

de diferenciaccedilatildeo do produto do seu estaacutegio no ciclo de vida e do segmento de mercado de

atuaccedilatildeo (ZICKER 2002) Nos estaacutegios de introduccedilatildeo e crescimento o preccedilo eacute mais alto e na

maturidade a tendecircncia eacute de queda dos preccedilos (KOTLER KELLER 2005) Poreacutem eacute possiacutevel

modificar o produto ou aumentar o periacuteodo de estaacutegio analisando e percebendo as mudanccedilas

no ambiente

Stanton Walker Etzel (2001) consideram um mix de produtos como o conjunto de todos os

produtos oferecidos para venda por uma empresa Uma linha de produtos eacute um amplo grupo

de produtos destinados a usos essencialmente similares e tendo caracteriacutesticas fiacutesicas

similares O mix de produtos eacute composto por uma ou mais linhas de produtos Todos os

produtos que uma empresa comercializa podem ser considerados o seu o mix A amplitude ou

abrangecircncia do seu composto eacute a seacuterie de diferentes linhas de produtos a extensatildeo eacute o

nuacutemero de produtos (diferentes marcas) dentro de uma linha e a profundidade da linha satildeo os

tipos de produtos dentro de cada marca (STANTON WALKER e ETZEL 2001 KOTLER

KELLER 2005 PARENTE 2000)

2112 Marca

Com relaccedilatildeo agraves marcas dos produtos estudiosas afirmam que marcas e criaccedilatildeo de marcas satildeo

ingredientes vitais necessaacuterios ao sucesso no mercado (SHULTZ e BARNES 2001) Os

consumidores utilizam-se das marcas como fontes de informaccedilatildeo simplificando escolhas e

94

reduzindo riscos da aquisiccedilatildeo Elas capturam crenccedilas sobre os atributos e a imagem geral do

produto entre os clientes Os fabricantes estatildeo cada vez mais interessados em comercializar

novos produtos sob a proteccedilatildeo de nomes de marca bem estabelecidos familiares aos clientes

aumentando sua aceitabilidade (IACOBUCCI 2001)

A American Marketing Association (AMA) define marca como um nome termo

siacutembolosigno ou uma combinaccedilatildeo de todos que estaacute associado a diferentes produtos ou

serviccedilos de uma empresa em particular Essencialmente uma marca significa a promessa de

entrega de um produto ou um pacote particular de caracteriacutesticas benefiacutecios e serviccedilos para

os consumidores Iacobucci (2001) considera que as marcas possibilitam aos consumidores a

associaccedilatildeo a funcionalidades imagens e experiecircncias Com um mercado competitivo os

produtos ficam mais uniformes e com isso as marcas evoluem para oferecer um valor

diferenciado aos seus clientes A marca tornou-se base imediata para a escolha de uma

mercadoria traduzindose em lucros para a empresa

O sucesso da marca depende de associaccedilotildees A marca estaacute associada a uma rede de

pensamentos ou associaccedilotildees feitas apenas nas cabeccedilas dos consumidores O grande desafio

para uma marca eacute desenvolver um arranjo de ideacuteias associadas ao seu siacutembolo natildeo sendo

apenas um nome mas um conjunto de significados A construccedilatildeo de uma marca eacute orientada

por uma visatildeo de posicionamento desejado e implementada pelas decisotildees relacionadas ao

composto de marketing

O valor da marca apoiaacute-se na ideacuteia de que os consumidores compram e usam certos produtos

com marcas mais pelo que eles representam do que pelo que eles realmente fazem Aaker

(1991) define valor de marca como sendo o conjunto de ativos e passivos relacionados a uma

marca seu nome e siacutembolo que adicionam ou subtraem valor ao valor provido pelo produto

ou serviccedilo O autor identifica quatro principais categorias pelas quais o valor da marca pode

95

ser deduzido reconhecimento de marca associaccedilatildeo de marca qualidade percebida e

fidelidade agrave marca Essas categorias satildeo estreitamente relacionadas assim a lealdade da

marca eacute dependente do seu reconhecimento pelos consumidores do poder de estabelecimento

de associaccedilotildees bem como do niacutevel de qualidade percebida

Aaker (1996) afirma que o desafio para as marcas eacute que elas possuam uma imagem clara e

distinta que importe para o consumidor e realmente as diferencie dos outros concorrentes

Para a construccedilatildeo de grandes marcas o autor sugere que a empresa encare suas marcas natildeo

somente como um produto ou serviccedilo mas como uma organizaccedilatildeo uma pessoa e um siacutembolo

Assim tornar prioridade inovaccedilatildeo lideranccedila de mercado ou qualidade de produto como

estrateacutegia empresarial tem impacto direto na percepccedilatildeo da marca se esse tambeacutem for seu

posicionamento Esse tipo de associaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo eacute mais difiacutecil de imitar do que

atributos de produtos

As marcas satildeo selecionadas e usadas pelos consumidores para dizer alguma coisa que eles

gostariam de dizer O comprometimento com uma marca pode ser definido como um elo com

essa marca particular dentro de uma categoria de produto

2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo

Neves (1999) afirma que os canais de distribuiccedilatildeo podem ser entendidos como sendo o

percurso que o produto faz ateacute o consumidor final Um conjunto de organizaccedilotildees

interdependentes envolvidas no processo de disponibilizar esse produto ou serviccedilo para uso

ou consumo ou ainda como maneiras de desenhar desenvolver e manter relacionamentos

96

entre os participantes do canal de tal forma a obter vantagens competitivas sustentaacuteveis pelas

empresas tanto em niacutevel individual como coletivo (COUGHLAN et alli 2002) Para

Rosenbloom (1999) podem ser entendidos como uma organizaccedilatildeo externa que a gestatildeo

utiliza para atingir os seus objetivos de distribuiccedilatildeo A organizaccedilatildeo eacute externa porque natildeo faz

parte da estrutura interna da empresa satildeo os intermediaacuterios entre a induacutestria e o consumidor

final

Os intermediaacuterios tomam muitas formas atualmente incluindo lojas de departamentos lojas

de descontos lojas de eletrodomeacutesticos e eletrocircnicos lojas de vestuaacuterios hipermercados

supermercados lojas especializadas lojas de conveniecircncia franquias clubes de compras e

varejistas on-line Aleacutem disso os varejistas podem ocupar-se de bens com marca proacutepria

(marca de loja) e podem tambeacutem se integrar verticalmente para traacutes de forma eficaz na cadeia

de suprimento (COUGHLAN et alli 2002)

No Brasil os tipos mais importantes de varejista alimentiacutecio para distribuiccedilatildeo satildeo

hipermercados supermercados lojas de conveniecircncia lojas de especialidades (accedilougues

varejotildees padarias entre outros) mercearias e outros formatos (PARENTE 2000) Muitas

redes supermercadistas engajaram no processo de reformulaccedilatildeo do padratildeo de suas lojas para

atender a diversos segmentos de mercado passando a operar com diferentes bandeiras cada

uma focada em um nicho de mercado atrativo (GHISI 2005)

Os criteacuterios da AcNielsen (2004) classificam os canais de distribuiccedilatildeo de produtos

alimentares em 03 categorias baacutesicas Cada categoria possui um grupo de diferentes formatos

As categorias satildeo (i) consumo local formada por bares restaurantes lanchonetes e adegas

(ii) auto-serviccedilo que se refere ao formato de varejo alimentiacutecio caracterizado pela disposiccedilatildeo

dos produtos em self-service e pela existecircncia de caixas (check-outs) na saiacuteda como os

supermercado e hipermercados e (iii) tradicionais no qual pressupotildeem-se a presenccedila de

97

atendente (vendedor ou balconista) que assiste e interage no processo de compra (compra

assistida) como armazeacutens empoacuterios mercearias padarias etc

No auto serviccedilo as classificaccedilotildees da AcNielsen (2004) e da ABRAS (2005) consideram

como supermercados os estabelecimentos encontrados em bairros ou vizinhanccedila para

compras rotineiras preccedilos meacutedios que apresentam como principais seccedilotildees de vendas

mercearia bazar e pereciacuteveis Possuem cerca de 1500 a 5000 itens em exposiccedilatildeo e de 2 a 40

check-outs mais de 300 msup2 de aacutereas de vendas e faturamento anual de mais de 1 milhatildeo de

doacutelares Em termos do porte da loja satildeo considerados pequenos aqueles supermercados que

possuem ateacute 4 check-outs de pequenos agrave meacutedios os com 5 a 9 check-outs meacutedios quando

possuem de 10 a 19 check-outs e grandes os supermercados cujo nuacutemero de check-outs varia

entre 20 a 49

Os hipermercados satildeo estabelecimento localizado em aacutereas de intenso fluxo e faacutecil acesso

destinado agraves compras de maior volume preccedilos baixos e com mais descontos Possuem como

principais seccedilotildees de vendas mercearia bazar e pereciacuteveis tecircxteis e eletrodomeacutesticos Tecircm

mais de 5000 itens em exposiccedilatildeo nuacutemero de check-outs acima de 50 mais 5000 msup2 de aacutereas

de vendas e faturamento anual de mais de 12 milhotildees de doacutelares A tabela 1 apresenta a

classificaccedilatildeo do setor supermercadista de acordo com o nuacutemero de check-outs

Ghisi (2005) apresenta os principais formatos de loja existentes como

1 Loja de conveniecircncia modelo importado dos Estados Unidos na deacutecada de 80 que

pode ser caracterizado por oferecer pequena variedade de itens (cerca de 1000 itens)

principalmente de conveniecircncia e possuir aacuterea de venda de 50 msup2 a 250 msup2 Satildeo lojas

relativamente pequenas de faacutecil acesso e para compras raacutepidas que funcionam 24

horas por dia Constituem um importante canal de distribuiccedilatildeo varejista minimizando

98

esforccedilos de compra dos clientes Essas lojas estatildeo localizadas em postos de gasolina

ou em aacutereas de grande concentraccedilatildeo populacional Os preccedilos praticados geralmente

satildeo 15 maiores do que os dos supermercados convencionais

2 Loja de Sortimento Limitado ou discount conceito trazido da Alemanha que

representou na eacutepoca uma inovaccedilatildeo incremental Opera cerca de 700 itens

basicamente de mercearia e praticamente nenhum serviccedilo Na deacutecada de 80 as lojas

de sortimento limitado se tornaram muito populares impulsionadas pela rede

Minibox do Patildeo de Accediluacutecar que passou a ser seguida por concorrentes da eacutepoca Esse

formato de loja praticamente desapareceu na deacutecada de 90 e retomou sua importacircncia

a partir do ano 2000 As lojas de descontos atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Esse tipo de loja opera com sortimento

limitado e poucos funcionaacuterios o que pode resultar na oferta de preccedilos competitivos

3 Supermercado Compacto supermercado de menor porte eacute o conhecido supermercado

de vizinhanccedila Representam a maioria das unidades de auto-serviccedilos do Brasil e em

geral pertencem a operadores independentes Atualmente satildeo responsaacuteveis por cerca

de 14 da distribuiccedilatildeo de alimentos no Brasil onde estatildeo em plena ascensatildeo

4 Supermercado Convencional tradicional supermercado com aacuterea de venda de 700 msup2

a 2500 msup2 Dentre as seccedilotildees existentes opera principalmente as mais tradicionais

mercearia pereciacuteveis bazar carnes e aves frios e laticiacutenios sendo crescente o

aumento de seccedilotildees para atrair o cliente como a de padaria e de peixaria A meacutedia de

itens ofertados eacute de 9000 e os produtos satildeo alimentiacutecios na grande maioria Pode ser

definido como um mercado generalista que revende para o consumidor final ampla

variedade de produtos de forma departamentalizada no sistema de auto-serviccedilo A

maioria das redes atuantes no Brasil opera grande nuacutemero de lojas classificadas como

supermercados convencionais

99

5 Superloja tipo de loja que opera com uma completa linha de produtos alimentiacutecios

Os natildeo-alimentiacutecios comeccedilam a crescer em importacircncia podendo representar ateacute 10

das vendas A aacuterea de comercializaccedilatildeo possui 4500 msup2 em meacutedia e a ecircnfase eacute nos

serviccedilos natildeo pereciacuteveis bem como em uma ampla seccedilatildeo de alimentos A Superloja

tambeacutem oferece uma razoaacutevel gama de produtos tecircxteis e eletrocircnicos O nuacutemero de

itens pode ser ateacute 60 superior ao de um supermercado convencional e operam um

nuacutemero meacutedio de 14000 itens de produtos No Brasil existem cerca de 400 superlojas

de alimentos as que representam 13 das vendas do varejo alimentiacutecio A tendecircncia eacute

que esse tipo de formato ganhe importacircncia nos proacuteximos anos

6 Hipermercado o conhecido modelo de loja importado da Franccedila caracterizado pelo

largo espectro de produtos alimentares e bebidas A aacuterea para alimentos geralmente eacute

maior do que 50 do total da aacuterea de vendas totais da loja Os hipermercados

trabalham com completa linha de alimentaccedilatildeo e quase completa linha de natildeo-

alimentos vendendo cerca de 35000 itens Satildeo comercializados em torno de 45000

itens e as seccedilotildees tiacutepicas dessas lojas satildeo mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves

padaria frios e laticiacutenios bazar peixaria tecircxtil e eletrocircnicos No Brasil existem mais

de 100 hipermercados que representam 13 das vendas do varejo alimentar

7 Supercenter esse tipo de formato eacute considerado uma adaptaccedilatildeo norte-americana dos

hipermercados franceses e tem as caracteriacutesticas de uma loja de departamento

acrescida de um supermercado que ocupa 40 da aacuterea de venda Chega a operar em

torno de 60000 itens e tem dimensotildees de ateacute 19000 msup2 O layout de disposiccedilatildeo das

gocircndolas cria seccedilotildees isoladas dentro da loja

8 Loja-Depoacutesito no Brasil o nuacutemero de lojas-depoacutesito ainda eacute muito pequeno sendo

composto pelas redes que oferecem mais de 7000 itens com boa participaccedilatildeo dos

pereciacuteveis A aacuterea de venda geralmente eacute em torno de 4000 msup2 a 7000 msup2 Opera as

100

seguintes seccedilotildees mercearia hortifrutigranjeiros carnes e aves tecircxtil frios e laticiacutenios

bazar e eletrocircnicos O foco desse tipo de loja estaacute relacionado agrave imagem de preccedilo

baixo e aos poucos serviccedilos oferecidos A oferta de natildeo-alimentos comeccedila a crescer

nesse formato e as vendas desses produtos atingem 8 do total vendido

9 Clube de Atacadistas tipo de loja que opera nas linhas alimentiacutecia e natildeo-alimentiacutecia

tem aacuterea de vendas despojada e de baixo investimento expondo a mercadoria em

estruturas metaacutelicas O puacuteblico alvo desse tipo de loja pode ser definido pelos

pequenos comeacutercios bares e restaurantes bem como por famiacutelias de menor poder

aquisitivo Geralmente essas lojas operam 5000 itens de produtos e a porcentagem de

vendas dos natildeo-alimentos chega a 35 Operam nas seccedilotildees de mercearia bazar

carnes e aves vestuaacuterio frios e laticiacutenios e eletrocircnicos O nuacutemero de check-outs

existentes nessas lojas fica entre 25 a 35

Entretanto Stern El-Ansary e Coughlan (1996) consideram que as atividades varejistas

podem ser feitas por todos os membros do canal e ateacute mesmo pela induacutestria e observa-se

grande competiccedilatildeo dentro dos diferentes formatos Aleacutem disso a maneira como o produto eacute

distribuiacutedo tambeacutem eacute importante para a formaccedilatildeo do preccedilo Dependendo do canal eacute possiacutevel

definir preccedilos diferenciados por segmento Deve-se ter o cuidado de escolher corretamente o

canal de distribuiccedilatildeo porque ele pode guiar toda a poliacutetica de preccedilos dentro da cadeia de

suprimentos caso os intermediaacuterios tiverem um alto poder de negociaccedilatildeo

Nagle e Holden (1995) recomendam uma estrateacutegia de distribuiccedilatildeo coerente com a estrateacutegia

de preccedilos ou seja para um produto que atrai os compradores pelo baixo preccedilo eacute necessaacuterio

obter baixo custo de distribuiccedilatildeo jaacute para um produto que atrai os consumidores pelos seus

atributos superiores apesar do preccedilo alto eacute recomendaacutevel obter uma distribuiccedilatildeo que

complemente esses atributos e os torne visiacuteveis

101

Quando o valor da diferenciaccedilatildeo do produto se suporta por meio desta argumentaccedilatildeo eacute

arriscado confiar completamente na distribuiccedilatildeo independente A distribuiccedilatildeo pode-se

transformar em um serviccedilo de diferenciaccedilatildeo do produto diminuindo a sensibilidade a preccedilos

por parte dos clientes Portanto na medida em que for oferecido um pacote de serviccedilos

diferenciados pela distribuiccedilatildeo aumenta-se a competitividade do produto tornando-se o preccedilo

menos relevante

2114 Localizaccedilatildeo da Loja

Os supermercadistas ao fixar seus preccedilos levam em conta os preccedilos praticados pela

concorrecircncia Satildeo consideradas concorrentes as lojas que se situam numa mesma aacuterea

geograacutefica de influecircncia (SILVEIRA LEPSCH 1997) O nuacutemero de lojas concorrentes na

mesma localizaccedilatildeo determina a estrutura do mercado o que permite concluir que o poder de

monopoacutelio no setor supermercadista varia segundo o grau de concorrecircncia existente nos

diferentes mercados

Lukianocenko (2003) afirma que um dos fotos que mais chamou a atenccedilatildeo em um estudo

realizado pela LatinPanel relaciona-se aos motivos que levam o consumidor a escolher um

supermercado para realizar suas compras Entre esses motivos destaca-se a proximidade do

estabelecimento com a casa ou trabalho do consumidor que aparece em primeiro lugar em

todas as classes analisadas (A ateacute E) em 52 dos casos O estudo tambeacutem enfatiza que a

proximidade tem o mesmo peso tanto para clientes de pequenos estabelecimentos quanto para

os de grandes lojas (LUKIANOCENKO 2003) A informaccedilatildeo reforccedila o conceito de que a

conveniecircncia eacute um fator primordial na definiccedilatildeo da opccedilatildeo de compra sendo um forte

102

indicativo a favor do supermercadista de pequeno porte Se ele conhece as caracteriacutesticas de

sua vizinhanccedila pode desenvolver serviccedilos e criar novos atrativos para fidelizar o seu cliente

2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista

Historicamente os varejistas eram muito dependentes do poder de algumas induacutestrias

multinacionais proprietaacuterias de marcas fortes e consagradas no mercado Entretanto o

crescimento na concentraccedilatildeo do setor varejista e na concorrecircncia entre marcas de produtos

substitutos ocasionou uma inversatildeo nesse poder Se um varejista natildeo compra uma marca de

produto e isso implica na perda de consumidores leais a essa marca significa que a induacutestria

tem o poder mas se o consumidor aceita marcas substitutas e continua a frequumlentar o ponto-

de-venda o poder estaacute nas matildeos do varejista (KUMAR 1997)

Isso acontece porque o poder de cada parte estaacute intrinsecamente relacionado com a

interdependecircncia das relaccedilotildees dos parceiros envolvidos o poder do varejista depende do niacutevel

de dependecircncia do seu fornecedor e vice-versa (HOGARTH-SCOTT 1999) Quando uma

empresa depende dos recursos de outra organizaccedilatildeo acaba ficando suscetiacutevel agraves exigecircncias

desta que usufrui do seu poder para maximizar seus interesses Mas quando existe a muacutetua

interdependecircncia os investimentos satildeo compartilhados e as partes executam suas atividades

visando o benefiacutecio do canal como um todo

103

Poirier e Reiter (1996) consideram que os membros mais poderosos do canal de distribuiccedilatildeo

exercem sua forccedila sobre os participantes mais fracos A fraqueza nessas situaccedilotildees eacute derivada

do fato de essas influecircncias servirem apenas para criar associaccedilotildees instaacuteveis entre as

organizaccedilotildees que tentam lucrar o maacuteximo possiacutevel sobre os outros em vez de trabalharem

para o benefiacutecio coletivo Nesse contexto as dinacircmicas do poder e da dependecircncia satildeo fatores

importantes a serem considerados pois eles permitem uma visatildeo de como a estrutura do canal

pode influenciar a performance do relacionamento

O poder pode ser definido como a habilidade de um ator (A) conseguir de um outro ator (B)

aquilo que ele deseja (HOGARTH-SCOTT 1999) Dentro dos limites razoaacuteveis eacute possiacutevel

conseguir tudo o que deseja se estiver ciente das opccedilotildees testar suposiccedilotildees correr riscos

calculados e basear-se em informaccedilotildees soacutelidas acreditando que se tem poder (MARTINELLI

ALMEIDA 1998)

Negociaccedilatildeo eacute um conceito em contiacutenua formaccedilatildeo que estaacute amplamente relacionado agrave

satisfaccedilatildeo de ambos os lados Nierenberg (1981 p 3) considera o conceito como um

negoacutecio que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir

benefiacutecios duradouros para todos os participantes Fisher e Ury (1985) e Hodgson (1996)

definem a negociaccedilatildeo como um processo de comunicaccedilatildeo bilateral que envolve um elemento

de permuta e barganha onde os agentes trocam recursos de valor por outro visando uma

decisatildeo conjunta e a satisfaccedilatildeo para todos os envolvidos

A efetiva utilizaccedilatildeo de poder por uma das partes conforme Coughlan (2001) tende a ocorrer

de forma mais acentuada na medida em que a distribuiccedilatildeo de poder entre os membros do

canal seja mais desequilibrada

104

Nas deacutecadas passada o ponto determinante de uma negociaccedilatildeo era basicamente o preccedilo e

cada agente da cadeia de suprimentos buscava maximizar seus ganhos mesmo que isso

implicasse na reduccedilatildeo dos lucros dos aliados comerciais (ALCAcircNTARA 1998 FLEURY et

alli 2000) Considerando o ambiente turbulento em que estatildeo inseridas as empresas neste

iniacutecio de seacuteculo o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas negociaccedilotildees entre varejistas e

fornecedores Grandes estabelecimentos negociam grandes volumes a preccedilos mais baixos do

que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis de um mesmo

produto do que a concorrecircncia

As grandes redes varejistas conseguem concessotildees especiais de fornecedores que nem

sempre satildeo justificadas por argumentos de aumento da eficiecircncia proacute-competitiva e que em

muitos casos apresentam efeitos adversos significantes sobre a competiccedilatildeo em toda a cadeia

produtiva Segundo os autores em geral as condutas adotadas pelo varejo brasileiro

apresentam grau de abuso do poder de compra ao serem unilaterais e restritivas Destacam o

fato de que o grau de interdependecircncia do fornecedor diante dos grandes varejistas acentua o

efeito negativo da adoccedilatildeo de tais praacuteticas e que qualquer argumentaccedilatildeo eacute punida com o

teacutermino da relaccedilatildeo comercial

105

2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas

Os estudos realizados sobre a variaccedilatildeo de preccedilos de produtos em diferentes regiotildees tecircm obtido

menos sucesso para encontrar a relaccedilatildeo entre a diferenccedila nos preccedilos de produtos e variaacuteveis

demograacuteficas de um mercado Estudos recentes de preccedilos de mantimento alcanccedilaram

resultados misturados Hayes (2000) natildeo identificou em sua pesquisa um relacionamento

estatiacutestico significativo entre preccedilos de mantimento e o niacutevel de renda de residentes de um

mercado

Por outro lado Frankel e Gould (2001) encontraram em seus estudos que os preccedilos satildeo mais

elevados nos mercados com mais desigualdade da renda Os preccedilos satildeo mais elevados onde haacute

uma renda mais baixa ou renda mais elevada e os preccedilos mais baixos satildeo encontrados nos

mercados consumidores com renda entre estes dois grupos Entretanto o modelo dos autores

natildeo permite que determine se os resultados encontrados satildeo devido agraves diferenccedilas no

comportamento do consumidor nos custos ou nas diferenccedilas entre as caracteriacutesticas das lojas

e a qualidade dos serviccedilos fornecidos

Resultados parecidos foram encontrados por pesquisadores do setor de restaurantes Graddy

(1997) encontrou que os preccedilos satildeo mais altos em regiotildees com uma proporccedilatildeo maior de

consumidores de renda inferior Poreacutem seu modelo natildeo identificou se a diferenccedila de preccedilos

observada poderia vir das diferenccedilas de custos e condiccedilotildees de demanda ou se reflete a

estrateacutegia de discriminaccedilatildeo de preccedilos entre varejistas

Kaufman et alli (1997) afirmam que os preccedilos de mantimento tendem a ser mais elevados em

centros urbanos do que em mercados suburbanos Alguns especulam que um acesso maior

aos supermercados nos subuacuterbios eacute o fator responsaacutevel por essa diferenccedila Em comparaccedilatildeo agraves

106

lojas da cidade os supermercados de subuacuterbios satildeo aptos a oferecer os preccedilos mais baixos e

uma escala maior dos tipos de produtos dos tamanhos do pacote e das escolhas por qualidade

MacDonald e Nelson (1991) encontram em seus estudos que uma cesta baacutesica de produtos

custa aproximadamente 4 menos nas lojas suburbanas do que em lojas da cidade

117 O Preccedilo da Concorrecircncia

Como foi discutido Lambin (2000) considera que a escolha de uma estrateacutegia de preccedilos

impotildee o respeito a dois tipos de coerecircncia a coerecircncia interna que contempla que o preccedilo

definido respeite as condiccedilotildees de custo e de rentabilidade da empresa e a coerecircncia externa

que exige um preccedilo compatiacutevel com a sensibilidade dos compradores ao preccedilo e com os

preccedilos praticados pela concorrecircncia Portanto a estrateacutegia de preccedilo eacute influenciada pela

situaccedilatildeo da concorrecircncia caracterizada pelo nuacutemero de empresas que atuam no mesmo

segmento e do valor percebido do produto resultante dos esforccedilos de diferenciaccedilatildeo

produzidos pela empresa com o objetivo de alcanccedilar uma vantagem concorrencial (KOTLER

KELLER 2005 e STANTON WALKER ETZEL 2001)

A definiccedilatildeo do preccedilo baseada na concorrecircncia usa o balizamento dos preccedilos com os do

concorrente ou seja natildeo precisa colocar o mesmo preccedilo mas a qualquer movimento do

competidor haacute uma mudanccedila proporcional nos preccedilos da empresa Esta praacutetica eacute muito

comum no caso dos oligopoacutelios Se houver um movimento de preccedilos de um competidor os

outros fatalmente o seguiratildeo ou perderatildeo participaccedilatildeo de mercado Por isso os principais

desafios que estas empresas enfrentam satildeo o bom controle dos custos de modo a ficarem

107

mais competitivas e suportarem uma agressividade de preccedilos da concorrecircncia e a capacidade

de diferenciar os produtos agregando serviccedilos de modo a fugir da guerra de preccedilos

Normalmente o competidor que tem a maior parcela de mercado exerce a lideranccedila de preccedilos

sendo que os outros satildeo seguidores O que permite ao liacuteder direcionar preccedilos eacute o maior

conhecimento do mercado e do comportamento dos clientes sobre qualquer variaccedilatildeo no

composto de marketing Scherer (1979) argumenta que uma visatildeo mais realista do oligopoacutelio

pressupotildee que as decisotildees de preccedilo dos vendedores satildeo interdependentes

Um aspecto relevante eacute o niacutevel de confianccedila entre os executivos das empresas competidoras

Caso seja baixo esta induacutestria fica bastante susceptiacutevel a uma guerra de preccedilos Natildeo se pode

perder de vista que mesmo um bom relacionamento com a concorrecircncia natildeo impede que

novos competidores entrem no mercado e ganhem participaccedilatildeo agrave custa de preccedilo Portanto eacute

importante que o preccedilo seja alto o suficiente para dar lucros e baixo o bastante para criar

barreiras de entrada

Apoacutes a revisatildeo bibliograacutefica o estudo foi complementado com uma pesquisa empiacuterica para

verificar a aplicaccedilatildeo da teoria em trecircs redes de supermercado atuantes no mercado nacional

Aleacutem disso devido ao grande nuacutemero de variaacuteveis consideradas no momento da fixaccedilatildeo do

preccedilo eacute comum que cada empresa desenvolva o seu mecanismo apreccedilamento baseando-se

em informaccedilotildees a respeito do seu mercado consumidor o que torna o estudo do caso ainda

mais interessante

A escolha pelo varejo supermercadista eacute explicada pelo crescimento do setor e

disponibilidade de dados existente Outro ponto eacute a ecircnfase dada pelo varejo ao preccedilo como

fator fundamental para a busca de um diferencial competitivo e para fidelizar os seus clientes

Depois de muitas mudanccedilas a economia nacional propiciou a chegada de novos competidores

108

resultando no acirramento da disputa pelo mercado e na busca tanto do setor industrial

quanto do proacuteprio varejo por investimentos em pesquisas sobre o comportamento dos

consumidores com o objetivo de melhor entender suas necessidades e desejos

O meacutetodo de pesquisa escolhido bem como os resultados do estudo encontram-se descritos

nos toacutepicos a seguir

109

3 MEacuteTODO DA PESQUISA DE CAMPO

31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo

Gay e Diehl (1992) explicam que existe uma diferenccedila baacutesica entre pesquisa em

administraccedilatildeo e pesquisa em outras aacutereas do conhecimento que eacute a natureza do fenocircmeno

estudado Nos estudos de administraccedilatildeo as situaccedilotildees estudadas satildeo mais difiacuteceis de serem

explicadas e controladas porque satildeo complexas envolvendo pessoas instituiccedilotildees ambientes

em mudanccedila e natildeo relaccedilotildees simples de causa e efeito Assim aleacutem de natildeo ser faacutecil controlar

os diferentes aspectos pesquisados eacute difiacutecil generalizar e replicar os seus resultados (GAY

DIEHL 1992)

Selltiz et alli (1974) afirma que a finalidade de uma pesquisa eacute descobrir respostas para

algumas questotildees mediante a aplicaccedilatildeo de meacutetodos cientiacuteficos que satildeo desenvolvidos para

intensificar a probabilidade de as informaccedilotildees obtidas serem utilizadas nas questotildees

apresentadas e de serem seguras e imparciais Embora uma tentativa de pesquisa natildeo resulte

necessariamente em uma informaccedilatildeo fidedigna e imparcial os meacutetodos cientiacuteficos tecircm maior

probabilidade de ecircxito do que qualquer outro sistema conhecido do homem O meacutetodo

cientiacutefico de pesquisa eacute considerado como um conjunto de passos claramente determinados

para obtenccedilatildeo de um conhecimento Satildeo passos aceitos pelas pessoas que estudaram na aacuterea

em que foi realizada a pesquisa (SELLTIZ et alli 1974)

110

O problema de pesquisa deste trabalho se enquadra na proposta sugerida por Campomar

(2005) uma pesquisa em marketing atrelada a uma revisatildeo bibliograacutefica sobre um tema

especiacutefico para avanccedilo do conhecimento Para o autor a pesquisa de campo em Marketing eacute

uacutetil para observar como o que existe em praacutetica se ajusta agrave teoria ou ainda se a praacutetica pode

dar origem a uma nova teoria modelo ou conceito a pesquisa social empiacuterica (CAMPOMAR

2005)

Para que essa proposta seja cumprida os toacutepicos a seguir apresentam e descrevem o tipo de

pesquisa que melhor se enquadra no estudo realizado a sua natureza e o meacutetodo utilizado Eacute

importante ressaltar que o entendimento dessas etapas pelo pesquisador eacute fundamental para

que a organizaccedilatildeo do estudo empiacuterico seja precisa e natildeo prejudique a anaacutelise dos dados

obtidos

311 O Tipo de Pesquisa

Existem vaacuterias classificaccedilotildees sobre os tipos de pesquisa entretanto os mais utilizados em

trabalhos da aacuterea de administraccedilatildeo satildeo os de caraacuteter exploratoacuterio e conclusivo Os conclusivos

satildeo subdivididos em estudos descritivos e causais (SELLTIZ et alli 1974 MATTAR 1999)

Satildeo descritivos quando o objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas de um fenocircmeno e causais

quando buscam explicar o relacionamento entre variaacuteveis Entretanto os tipos de pesquisa natildeo

satildeo excludentes podendo se sobrepor em algumas situaccedilotildees

111

As pesquisas de caraacuteter exploratoacuterio satildeo mais adequadas quando haacute necessidade de maiores

conhecimentos acerca de um fenocircmeno ou de conseguir uma nova compreensatildeo sobre ele

possibilitando a formulaccedilatildeo de problemas mais precisos e a criaccedilatildeo de hipoacuteteses (SELLTIZ et

alli 1974) A pesquisa conclusiva exige conhecimento das variaacuteveis do problema a ser

estudado e pode ser considerada descritiva quando seu objetivo eacute apresentar as caracteriacutesticas

de um fenocircmeno e causal quando busca evidenciar o relacionamento existente entre as

variaacuteveis do estudo (VERGARA 1998)

Os estudos exploratoacuterios possuem uma seacuterie de funccedilotildees aleacutem da formulaccedilatildeo do problema e

das hipoacuteteses entre eles (i) aumentar o conhecimento do pesquisador a respeito do fenocircmeno

que deseja investigar em um estudo posterior (ii) esclarecer conceitos e (iii) estabelecer

prioridades para estudos futuros (SELLTIZ et alli 1974)

Quando o objetivo da pesquisa eacute familiarizar-se com o fenocircmeno ou ainda conseguir nova

compreensatildeo deste fenocircmeno os estudos do tipo exploratoacuterios satildeo mais indicados (SELLTIZ

et alli 1974) Como no caso deste estudo o objetivo eacute entender como satildeo formados os

preccedilos dos produtos nos supermercados pode-se afirmar que a pesquisa possui natureza

exploratoacuteria Aleacutem disso possui abordagem semi-estruturada

A pesquisa tambeacutem eacute considerada descritiva pois envolveu a apresentaccedilatildeo de trecircs casos que

possibilitaram a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees sobre apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

por meio da descriccedilatildeo das teacutecnicas utilizadas pelas trecircs empresas mas natildeo de conclusotildees que

possam ser generalizadas

112

312 A Natureza da Pesquisa

A natureza da pesquisa relaciona-se com o tipo de dado trabalhado e como ele seraacute analisado

Portanto eacute o problema de investigaccedilatildeo que determina se o estudo eacute qualitativo ou

quantitativo

Este estudo eacute classificado como uma pesquisa qualitativa pois natildeo enumera nem mede os

eventos estudados Outra caracteriacutestica eacute a natildeo utilizaccedilatildeo de procedimentos estatiacutesticos na

anaacutelise dos dados coletados e o envolvimento da obtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas

lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudada

visando agrave compreensatildeo dos fenocircmenos com base na perspectiva dos sujeitos do estudo

(STRAUSS CORBIN 1990 GODOY 1995) A pesquisa qualitativa possibilita a captaccedilatildeo

das opiniotildees e perspectivas dos indiviacuteduos ou seja informaccedilotildees difiacuteceis de serem obtidas por

uma pesquisa quantitativa

Os estudos qualitativos natildeo envolvem estatiacutestica o que natildeo significa que satildeo especulativos

Eles possuem objetividade e validade conceitual e contribuem para o meio cientiacutefico

(TRIVINtildeOS 1987) As criacuteticas feitas ao meacutetodo referem-se ao seu uso inadequado e natildeo nas

limitaccedilotildees Rigor e confiabilidade tambeacutem satildeo caracteriacutesticas da pesquisa qualitativa

(VIEIRA 2004)

Bryman (1989) e Bogdan e Biklen (1992) destacam outras caracteriacutesticas da pesquisa

qualitativa (i) o ambiente eacute a fonte de dados - mundo empiacuterico - e o pesquisador eacute o

instrumento fundamental no contato direto e prolongado com o ambiente estudado (ii) os

dados coletados aparecem sob a forma de transcriccedilotildees de entrevistas anotaccedilotildees de campo

fotografias e desenhos entre outros documentos (iii) os pesquisadores qualitativos tentam

113

compreender os fenocircmenos que estatildeo sendo estudados a partir da perspectiva dos

participantes o que esclarece o dinamismo interno das situaccedilotildees dificilmente compreendido

pelos observadores externos e (iv) os pesquisadores tecircm proximidade do fenocircmeno que estaacute

sendo estudado possibilitando uma melhor anaacutelise dos resultados encontrados

Embora a pesquisa qualitativa demonstre subjetividade eacute possiacutevel estabelecer procedimentos

cientiacuteficos por meio da definiccedilatildeo de seu problema das hipoacuteteses das variaacuteveis e do estudo de

campo proporcionando maior objetivaccedilatildeo (VIEIRA 2004)

Rocha e Ceretta (1998) realizaram um estudo cientiacutefico sobre a importacircncia e a contribuiccedilatildeo

da pesquisa qualitativa na administraccedilatildeo concluindo que os estudos dessa natureza satildeo

capazes de descrever a complexidade de um problema compreender e classificar processos

dinacircmicos vividos por grupos sociais contribuir no processo de mudanccedila de um grupo aleacutem

de possibilitar o entendimento das particularidades do comportamento dos indiviacuteduos Na

mesma linha Ghauri e Gronhaug (1995) acreditam que a pesquisa qualitativa eacute adequada em

estudos de assuntos complexos e particulares

Godoy (1995) explica que a abordagem qualitativa pode ser conduzida por diferentes

caminhos sendo trecircs deles bastante conhecidos e utilizados no campo da administraccedilatildeo a

pesquisa documental o estudo de caso e a etnografia O meacutetodo utilizado no estudo seraacute

apresentado a seguir

114

313 O Meacutetodo da Pesquisa

A pesquisa adota o meacutetodo de estudo casos que para Yin (1994) eacute um meacutetodo potencial de

pesquisa quando se deseja entender um fenocircmeno social complexo pressupotildee um maior niacutevel

de detalhamento das relaccedilotildees entre os indiviacuteduos e as organizaccedilotildees bem como dos

intercacircmbios que se processam com o meio ambiente nos quais estatildeo inseridos Tull e

Hawkins (1976 p 323) afirmam que um estudo de caso refere-se a uma anaacutelise intensiva de

uma situaccedilatildeo particular e Bonoma (1985 p 203) coloca que o estudo de caso eacute uma

descriccedilatildeo de uma situaccedilatildeo gerencial

Martins (1999) descreve o estudo de caso como uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa

fenocircmenos dentro de seu contexto real (pesquisa naturaliacutestica) Aleacutem disso reuacutene o maior

nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas por meio de diferentes teacutecnicas de coleta de dados tais

como entrevistas questionaacuterio observaccedilatildeo participante entrevista em profundidade

levantamento de dados secundaacuterios entre outros O objetivo eacute de aprender a totalidade de uma

situaccedilatildeo e criativamente descrever a complexidade de um caso concreto No estudo de caso

utilizam-se enfoques exploratoacuterios e descritivos buscando identificar a multiplicidade de

dimensotildees presentes numa situaccedilatildeo

Ludke e Andreacute (1986) afirmam que os estudos de caso buscam retrair a realidade de forma

completa e profunda e o pesquisador procura revelar a multiplicidade de dimensotildees presentes

em uma situaccedilatildeo ou problema focalizando-o como um todo Bonoma (1985) explica que o

meacutetodo eacute uacutetil quando o fenocircmeno a ser estudado eacute amplo e complexo o conhecimento

existente eacute insuficiente para suportar a proposiccedilatildeo de questotildees causais e nos casos em que o

fenocircmeno natildeo pode ser estudado fora do contexto onde naturalmente ocorre O autor defende

115

o meacutetodo como uma maneira indutiva para o desenvolvimento qualitativo do marketing como

ciecircncia

O estudo de caso precisa como todos os outros meacutetodos de pesquisa cientiacutefica da elaboraccedilatildeo

de um projeto de um plano de accedilatildeo que permita a contemplaccedilatildeo do problema de pesquisa de

maneira loacutegica e otimizada (BONOMA 1985) Lazzarini (1997) afirma que este eacute um

meacutetodo qualitativo que se caracteriza mais pela compreensatildeo do fato do que pela sua

mensuraccedilatildeo e permite utilizar vaacuterias fontes em evidecircncia

Considerando o propoacutesito central da pesquisa percebe-se a importacircncia do estudo multicasos

como objetivo de analisar o varejo supermercadista na cidade de Satildeo Paulo e as variaacuteveis

presentes na formaccedilatildeo de preccedilos dos produtos alimentiacutecios por ele comercializados (YIN

1994)

Campomar (1991) reforccedila essa importacircncia ao afirmar que o estudo intensivo de um caso

permite a descoberta de relaccedilotildees que natildeo seriam encontradas de outra forma sendo as anaacutelises

e inferecircncias em estudos de casos feitas por analogias de situaccedilotildees Stake (1999) afirma que

ultimamente o interesse pela realizaccedilatildeo de estudos que envolvem casos muacuteltiplos eacute maior do

que os que envolvem casos individuais Joacuteia (2004) acredita que por meio da comparaccedilatildeo de

dados eacute possiacutevel reconhecer padrotildees e elaborar modelos que expressem a realidade

Segundo Yin (1994) para o estudo de caso os componentes de um projeto de pesquisa que

satildeo especialmente importantes satildeo as questotildees do estudo as proposiccedilotildees e as unidades de

anaacutelise Com relaccedilatildeo agraves questotildees do estudo a estrateacutegia de estudo de caso eacute mais apropriada

para responder principalmente agraves questotildees do tipo como e por que sendo assim a tarefa

inicial do investigador precisar a natureza das questotildees do estudo (YIN 1994 CAMPOMAR

1991) As proposiccedilotildees direcionam a atenccedilatildeo para algo que deveria ser examinado dentro do

116

escopo do estudo A partir do momento em que as proposiccedilotildees satildeo declaradas o estudo

comeccedila a mover-se em alguma direccedilatildeo (YIN 1994)

Lazzarini (1997) explica que em funccedilatildeo das unidades de anaacutelise do nuacutemero de casos

analisados e dos meacutetodos empregados existem algumas variaccedilatildeo no escopo da pesquisa

baseada em estudo de caso A unidade de anaacutelise eacute o objeto central da pesquisa e pode ser

caracterizada por indiviacuteduos grupos ou organizaccedilotildees bem como um processo uma atividade

ou um comportamento Aleacutem disso estaacute relacionada com o problema fundamental da

definiccedilatildeo do caso (Yin 1994) Para esse estudo de caso as unidades de anaacutelise satildeo trecircs redes

supermercadistas localizadas na cidade de Satildeo Paulo

Um ponto comum entre autores (YIN 1989 BONOMA 1985) eacute a recomendaccedilatildeo de grande

cuidado ao planejar a execuccedilatildeo do estudo de caso para fazer frente agraves criacuteticas tradicionais que

satildeo feitas ao meacutetodo Os passos a seguir recomendados por Yin (1994) demonstram a

preocupaccedilatildeo com a organizaccedilatildeo do plano de pesquisa

3131 Protocolo para os Estudos de Caso

Conforme o conhecimento e o uso dos estudos de caso como meacutetodo de pesquisa aumentam

as criacuteticas em relaccedilatildeo a esta teacutecnica datildeo lugar a sua aplicaccedilatildeo nos diversos campos da ciecircncia

A relativa falta de conhecimento e da experiecircncia em relaccedilatildeo ao meacutetodo do estudo de caso

contribuiu para que falhas surgissem e alimentassem as criacuteticas feitas por aqueles que natildeo

aceitam a teacutecnica o que atualmente pode-se considerar resolvido (CAMPOMAR 1991)

117

Campomar (1991) afirma que o meacutetodo cientiacutefico eacute a maneira encontrada para legitimar o

conhecimento empiacuterico sem o quecirc os resultados das pesquisas seriam de difiacutecil aceitaccedilatildeo

Com o objetivo de aumentar a confiabilidade do meacutetodo em questatildeo Yin (1994) ressalta a

importacircncia de estabelecer um protocolo Para o autor este protocolo deve conter o

instrumento de coleta de dados os procedimentos e as regras que devem ser seguidos ao

longo do processo Aleacutem disso ainda de acordo com o autor deve apresentar o seguinte

conteuacutedo (i) uma visatildeo geral do estudo de caso (ii) os procedimentos de campo (iii) as

questotildees de pesquisa e (iv) um guia para o relatoacuterio final A seguir tem-se a explicaccedilatildeo de

cada um desses pontos

i Visatildeo Geral do Estudo de Caso

A pesquisa de campo foi realizada para complementar a revisatildeo bibliograacutefica da dissertaccedilatildeo e

proporcionar um maior entendimento sobre o apreccedilamento estrateacutegico em redes de

supermercado Optou-se por trecircs grandes grupos atuantes no Brasil localizados na cidade de

Satildeo Paulo jaacute que o projeto de pesquisa definiu a utilizaccedilatildeo do estudo de casos muacuteltiplos

A escolha das redes supermercadista foi feita por meio da classificaccedilatildeo realizada pela

Associaccedilatildeo Brasileira de Supermercados (ABRAS) das maiores redes supermercadistas

estabelecidas no paiacutes em faturamento e pelas redes que se encontram entre as cinco maiores

pois acredita-se que as primeiras colocadas possuem maior conhecimento a respeito das

variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo dos preccedilos finais de seus produtos da utilizaccedilatildeo de

estrateacutegias para diferenciar o seu posicionamento das empresas concorrentes do que as redes

118

menores A seguir foram realizados contatos com os responsaacuteveis pela formaccedilatildeo de preccedilos

dos produtos comercializados por essas redes e os principais gerentes envolvidos na escolha

do meacutetodo de precificaccedilatildeo responderam agrave entrevista

ii Procedimentos de Campo

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas pessoais orientadas por um roteiro semi-

estruturado natildeo disfarccedilado (Apecircndice 1) junto a diretores e gerentes das redes pesquisadas

Todas as entrevistas foram realizadas na cidade de Satildeo Paulo pela proacutepria pesquisadora do

estudo possibilitando a obtenccedilatildeo de dados qualitativos primaacuterios

O roteiro semi-estruturado parte de alguns questionamentos baacutesicos que satildeo elaborados por

meio dos conceitos expostos na teoria e na experiecircncia do pesquisador A partir dos pontos

abordados e dos dados fornecidos pelo entrevistado surgem novas questotildees Essa sequumlecircncia

permite que o respondente participe ateacute certo grau da conduccedilatildeo da pesquisa (TREVINtildeOS

1987)

Embora tenha-se solicitado que as respostas fossem baseadas em fatos fontes de dados

secundaacuterios como jornais revistas e informaccedilotildees nos sites das empresas tambeacutem foram

utilizadas para complementar as informaccedilotildees obtidas e reduzir a possibilidade de declaraccedilotildees

tendenciosas considerada uma das limitaccedilotildees do meacutetodo escolhido

Os dados foram coletados em janeiro de 2006 Buscou-se analisar e comparar os casos

estudados verificando as semelhanccedilas as diferenccedilas e as particularidades de forma a retratar

um cenaacuterio condizente com a realidade presenciada O objetivo natildeo foi generalizar os

119

resultados obtidos jaacute que a pesquisa eacute de natureza exploratoacuteria e tal generalizaccedilatildeo somente

poderia ser feita por meio de uma maior representatividade da amostra

iii Questotildees de Pesquisa

Para direcionar as entrevistas o roteiro semi-estruturado e natildeo disfarccedilado foi elaborado Esse

roteiro foi dividido em duas partes A primeira parte teve como objetivo coletar informaccedilotildees a

respeito da empresa como nuacutemero de funcionaacuterios faturamento participaccedilatildeo de mercado

entre outras importantes para a caracterizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo

A segunda parte abordou o problema de investigaccedilatildeo do estudo As questotildees relacionadas a

definiccedilatildeo do apreccedilamento estrateacutegico da empresa encontram-se descritas nesse ponto Foram

considerados os seguintes toacutepicos o objetivo da determinaccedilatildeo de preccedilos a anaacutelise dos preccedilos

dos concorrentes o meacutetodo de determinaccedilatildeo de preccedilos a estrateacutegia de seleccedilatildeo do preccedilo final

a estrateacutegia de adequaccedilatildeo do preccedilo e as variaacuteveis que influenciam na fixaccedilatildeo do preccedilo dos

produtos comercializados pelas redes

Como se tratou de uma pesquisa qualitativa o roteiro caracterizado pela flexibilidade natildeo foi

previamente testado As questotildees de pesquisa foram averiguadas em cada rede

supermercadista e os resultados e discussotildees realizados para cada caso

120

iv Guia para o Relatoacuterio Final

Apoacutes a coleta dos dados os casos foram apresentados por meio de relatoacuterios Esses relatoacuterios

obedecem ao roteiro de entrevistas empregado e explica cada uma das questotildees formuladas

para responder agrave pergunta de pesquisa de acordo com as informaccedilotildees dadas pelos

profissionais e das coletadas em fontes secundaacuterias

Os casos foram denominados como Caso 1 Rede A Caso 2 - Rede B e Caso 3 - Rede C

devido agrave confidencialidade das informaccedilotildees coletadas Por tratar de um setor competitivo e

porque o estudo aborda questotildees estrateacutegicas as redes natildeo autorizaram a divulgaccedilatildeo dos seus

nomes

As anaacutelises e consideraccedilotildees foram tratadas na conclusatildeo do estudo a partir da comparaccedilatildeo

dos casos com a teoria apresentada A seguir estatildeo descritos os estudos de casos realizados

121

4 O ESTUDO MULTICASOS

41 Os Supermercados no Brasil

Silveira e Lepsch (1997) explicam que a exemplo do que aconteceu nas economias mais

desenvolvidas o setor de serviccedilos no Brasil cresceu com maior rapidez do que os outros dois

macro-setores passando a ocupar a partir da deacutecada de 90 o primeiro lugar no produto

econocircmico com cerca de 50 do total Dentro do setor de serviccedilos encontra-se o varejo onde

o supermercado ocupa um lugar de destaque Este por sua vez eacute o preferido de 85 dos

consumidores urbanos em termos de volume total de vendas de bens de consumo (alimentos

e produtos de higiene e limpeza) Os outros 15 realizam suas compras em equipamentos

tradicionais (armazeacutens bares e mercearias empoacuterios e padarias) nos quais o auto-serviccedilo eacute

inexistente (SILVEIRA LEPSCH 1997)

Os supermercados surgiram na deacutecada de 30 nos Estados Unidos jaacute mostrando a sua forccedila e

a sua importacircncia para o sistema de distribuiccedilatildeo de alimentos em todo o mundo Mas foi

depois de 20 anos na deacutecada de 50 quando os primeiros estabelecimentos desse tipo

surgiram no surgiram no Brasil O incentivo agrave proliferaccedilatildeo dessa forma de comeacutercio foi

incentivada pelas grandes induacutestrias estabelecidas no paiacutes A partir daiacute o crescimento foi

inevitaacutevel

Nos anos 50 o conceito de auto-serviccedilo foi consolidado mas foi somente no final da deacutecada

de 60 que os supermercados aumentaram sua participaccedilatildeo no faturamento do varejo se

firmando como o principal estabelecimento de distribuiccedilatildeo de alimentos existente no mercado

122

(SESSO FILHO 2003) Segundo Lima (2001) e Senhoras (2003) os supermercados

tornaram-se indispensaacuteveis agrave estrutura de vida dos consumidores brasileiros e desde entatildeo

observou-se uma tendecircncia de crescimento contiacutenuo do setor e a substituiccedilatildeo ao modelo

tradicional de distribuiccedilatildeo de alimentos

Atualmente o varejo atravessa um processo de transformaccedilatildeo intenso Com o acelerado ritmo

de consolidaccedilatildeo um nuacutemero crescente de varejistas aparece na relaccedilatildeo das maiores empresas

do Brasil No varejo supermercadista o Carrefour e o Grupo Patildeo de Accediluacutecar situam-se entre as

cinco maiores empresas privadas brasileiras com vendas anuais acima de quatro bilhotildees de

doacutelares (CEV 2005)

O ranking da ABRAS 2004 (LUKIANOCENKO 2004) traz informaccedilotildees sobre o faturamento

das redes que atuam no paiacutes e o grupo Patildeo de Accediluacutecar registrou a primeira posiccedilatildeo em 2004

com R$ 127 bilhotildees responsaacutevel por 147 do mercado seguido pela rede Carrefour com

vendas brutas de R$ 11 bilhotildees e 126 de participaccedilatildeo Em terceiro lugar aparece o grupo

Sonae com R$ 37 bilhotildees seguido pelo BomPreccedilo (ainda independente do grupo Wal Mart

pelo qual foi adquirido) com R$ 34 bilhotildees e pelo Sendas com R$ 22 bilhotildees Juntos os

cinco maiores grupos supermercadistas detecircm uma participaccedilatildeo 38 aproximadamente A

tabela 1 apresenta dados sobre as dez redes com maior faturamento do setor supermercadista

brasileiro e o quadro 11 traz algumas informaccedilotildees relevantes sobre as dez redes com maior

faturamento no setor supermercadista brasileiro

Ghisi (2005) cita que do total de lojas existentes no setor supermercadista composto por

quase 19 mil empresas 456 se encontram na regiatildeo sudeste seguida pelas regiotildees sul

norte-nordeste e centro-oeste com 272 230 e 42 respectivamente A regiatildeo sudeste

permanece na primeira posiccedilatildeo em 2002 a mesma obtida no ano anterior embora tenha

registrado uma queda na participaccedilatildeo sobre o faturamento do setor que em 2002 era de

123

593 A regiatildeo Sul se destaca no crescimento da participaccedilatildeo no setor de 183 em 2002

para 191 em 2003

Tabela 1 - As dez redes com maior faturamento do setor supermercadista brasileiro Classificaccedilatildeo no

Ranking Empresa SedeFaturamento Bruto

em 2003 (R$)Participaccedilatildeo sobre o Setor

No de Lojas

No de Funcionaacuterios

No de Check-Outs por Loja

1Companhia Brasileira de Distribuiccedilatildeo SP 12788363000 15 497 55557 16

2Carrefour Comeacutercio e Induacutestria Ltda SP 11028288954 13 329 45899 22

3Sonae Distribuiccedilatildeo Brasil SA RS 3732240000 4 148 20923 23

4

BomPreccedilo SA Supermercado do Nordeste PE 3442710562 4 118 16342 20

5 Sendas SA RJ 2273353718 3 76 12057 21Total 5 Maiores 33264956234 39 1168 150778

6 Wall-Mart Brasil SA SP 1940103602 210 25 7032 28

7Cia Zaffari Comeacutercio e Induacutestria RS 1182206802 130 26 7552 33

8COOP - Cooperativa de Consumo SE 940161517 1 21 3837 19

9G Barbosa Comercial Ltda SP 923612000 090 32 5649 19

10Irmatildeos Bretas Filhos e Cia MG 811210627 080 40 5942 17

Total 10 Maiores 39062250782 45 1312 180790 Fonte Lukianocenko (2004)

Silveira e Lepsch (1997) argumentam que a importacircncia do supermercado tambeacutem pode ser

medida pelo fato desse formato varejista ser um dos primeiros a estudar a disposiccedilatildeo das

mercadorias e o movimento dos consumidores no interior da loja Os autores complementam

explicando que o supermercado procura atrair a preferecircncia dos clientes por meio de maior

velocidade nos check-outs e layouts bem estruturados

124

As grandes empresas do setor no Brasil em sua maioria com bandeiras diferenciadas jaacute

atuam tanto no segmento de hipermercados quanto no de supermercados No segmento de

supermercados algumas trabalham com bandeiras diferentes visando atingir puacuteblicos

especiacuteficos (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

Quadro 10 Dados sobre o setor supermercadista brasileiro

SETOR SUPERMERCADISTA BRASILEIRO O setor supermercadista brasileiro eacute composto por quase 19 mil empresas 80 dos supermercados do territoacuterio brasileiro satildeo de pequeno porte e faturam menos que R$ 100 mil mensais 611 do total das lojas do setor supermercadista tecircm um nuacutemero meacutedio de ateacute 7 check-outs 303 das lojas supermercadistas do Brasil satildeo jovens (tecircm no maacuteximo cinco anos) e apenas 159 tecircm mais de 20 anos 27 dos supermercados do Brasil concentram-se no Estado de Satildeo Paulo (maior concentraccedilatildeo por Estado brasileiro) Apenas 21 dos supermercados do Brasil tecircm aacuterea superior a 2500 msup2 e satildeo considerados lojas grandes Apenas 03 das lojas supermercadistas do Estado de Satildeo Paulo faturam acima de R$ 5 milhotildees mensais Em 1999 foi vendido em meacutedia um supermercado por dia (concentraccedilatildeo do setor) Entre os anos de 2001 e 2002 foram investidos no setor mais de R$ 1 bilhatildeo As 5 principais redes supermercadistas atuantes no Brasil detecircm 381 do faturamento anual de R$ 60 bilhotildees de reais do setor supermercadista brasileiro Fonte Ghisi 2005

Ghisi (2005) explica que embora o supermercado seja um estabelecimento presente em todos

os paiacuteses e ateacute mesmo em quase todas as cidades de grande meacutedio e pequeno porte e ser

considerado um dos setores da economia brasileira que mais se modernizaram nas uacuteltimas

deacutecadas sua criaccedilatildeo e seu desenvolvimento podem ser considerados recentes Algumas das

tendecircncias do setor satildeo resultantes desse processo de modernizaccedilatildeo investimentos em

expansatildeo internacionalizaccedilatildeo do capital segmentaccedilatildeo de formatos expansatildeo das aacutereas

geograacuteficas de atuaccedilatildeo e concentraccedilatildeo (SAAB GIMENEZ RIBEIRO 2000)

125

As empresas liacutederes do setor supermercadista instaladas no territoacuterio nacional visando

ampliar ou ateacute mesmo manter suas participaccedilotildees de mercado podem adotar duas formas

estrateacutegicas de expansatildeo construccedilatildeo de novos pontos de venda (expansatildeo proacutepria) ou compra

de outras redes supermercadistas existentes (GHISI 2005) A primeira embora natildeo seja o

foco principal das redes eacute adotada por algumas empresas como o supermercado Wal-Mart

Por outro lado a compra de outras redes supermercadistas consiste na estrateacutegia de maior

difusatildeo no Brasil Ghisi (2005) afirma que no ano de 1999 um supermercado foi comprado

por dia no paiacutes retratando a adoccedilatildeo em larga escala dessa estrateacutegia Senhoras (2003) explica

que comparada agrave expansatildeo proacutepria a aquisiccedilatildeo ou fusatildeo eacute mais vantajosa a medida que

acelera o conhecimento do mercado e dos haacutebitos dos consumidores da regiatildeo

Quanto agrave internacionalizaccedilatildeo do setor supermercadista brasileiro eacute correto afirmar que a

estrateacutegia se desenvolveu principalmente na deacutecada de 90 periacuteodo no qual o setor atravessou

uma fase de grandes mudanccedilas provocadas por fatores como a maior abertura da economia

(acircmbito externo) e estabilizaccedilatildeo econocircmica (acircmbito interno) resultando em um cenaacuterio

marcado pelo aumento de competidores internacionais (GHISI 2005)

Senhoras (2003) explica que essa internacionalizaccedilatildeo levou ao aumento da concorrecircncia em

todo o mundo resultando em um novo ambiente institucional proporcionado pelo processo de

globalizaccedilatildeo O autor cita como consequumlecircncia do processo o surgimento de megacorporaccedilotildees

com capacidade de concentraccedilatildeo e dominaccedilatildeo econocircmica

No setor supermercadista nacional esse processo ocorre por meio de aquisiccedilotildees e fusotildees em

que as redes estrangeiras visam obter maior conhecimento da operacionalizaccedilatildeo do mercado

brasileiro como por exemplo o Grupo Casino

126

Com relaccedilatildeo aos formatos Ghisi (2005) afirma que o consumidor brasileiro estaacute migrando

dos hipermercados para os supermercados de vizinhanccedila Isso acontece porque embora o

atrativo dos hipermercados seja o preccedilo se os estabelecimentos de bairro conseguirem preccedilos

mais competitivos como acontece hoje junto com a vantagem de conveniecircncia maior oferta

de serviccedilos e localizaccedilatildeo proacutexima ao cliente conquistaratildeo muitos consumidores

A estrateacutegia de expansatildeo das aacutereas geograacuteficas de atuaccedilatildeo eacute compreendida como o esforccedilo

dos supermercadistas em expandirem-se para outras regiotildees natildeo atendidas no mercado

domeacutestico por meio de aquisiccedilotildees e ampliar sua participaccedilatildeo de mercado Sato e Bessa Jr

(2000) destacam que a preferecircncia de aquisiccedilatildeo eacute por supermercados regionais que jaacute

conhecem o perfil do consumidor local Saab Gimenez e Ribeiro (2000) citam como

exemplo o Grupo Patildeo de Accediluacutecar que investe na atuaccedilatildeo no Nordeste mesmo tendo que

enfrentar redes com lideranccedila jaacute consolidada na regiatildeo

A concentraccedilatildeo de mercado eacute resultante da adoccedilatildeo das estrateacutegias descritas anteriormente As

redes maiores adquirem redes de menores surgindo um mercado concentrado em poder dos

hiper e supermercados Em 2003 as dez maiores redes foram responsaacuteveis por um

faturamento bruto igual a R$ 39 bilhotildees o que corresponde a 45 do faturamento do setor

(LUKIANOCENKO 2004)

A concentraccedilatildeo prejudica o desenvolvimento dos supermercados menores o que eacute

considerado um fato eacute criacutetico pois os pequenos estabelecimentos satildeo os responsaacuteveis pela

empregabilidade de boa parte da matildeo-de-obra no Brasil e tecircm grande contribuiccedilatildeo para a

economia do paiacutes (DIEESE 2003)

Dados da ABRAS (2005) mostram que no Brasil o processo de concentraccedilatildeo se desenvolve

gradativamente A concentraccedilatildeo se intensificou na segunda metade da deacutecada de 90 mas o

127

paiacutes ainda natildeo atingiu grau elevado como a Alemanha Franccedila e Inglaterra onde as cinco

maiores empresas detecircm 76 67 e 60 do mercado respectivamente

Dada as principais caracteriacutesticas do setor supermercadista no Brasil eacute preciso apresentar as

informaccedilotildees mais relevantes sobre as unidades de anaacutelise da pesquisa Os proacuteximos toacutepicos

descrevem cada um dos grupos analisados de acordo com o protocolo do estudo de casos

42 Caso 1 ndash Rede A

A primeira rede foi fundada em 1948 Esse grupo foi o pioneiro no setor varejista de

alimentos no Brasil e opera sob quatro diferentes formatos de supermercados hipermercados

e eletroeletrocircnicos sendo essa uma das suas principais vantagens competitivas Seu

faturamento bruto foi de aproximadamente R$15 bilhotildees em 2004 e R$ 116 bilhotildees nos nove

primeiros meses de 2005 possui cerca de 58 mil funcionaacuterios e 550 lojas distribuiacutedas em 13

estados brasileiros totalizando uma aacuterea de vendas de aproximadamente 980 mil metros

quadrados

O grupo opera com cinco unidades de negoacutecios diferentes com estrateacutegias de venda e foco de

atuaccedilatildeo especiacuteficos e direcionados para consumidores de diferentes perfis As participaccedilotildees

em faturamento de cada uma das unidades satildeo estatildeo divididas aproximadamente em 48

para a maior 25 a segunda colocada 16 a terceira 9 a quarta e por fim apenas 2 a

menor divisatildeo que natildeo foca a distribuiccedilatildeo de alimento nem higiene pessoal

128

Quanto a decisatildeo de preccedilos primeiramente tem-se a definiccedilatildeo dos objetivos para cada uma

das unidades de negoacutecio em que opera a seguir satildeo analisados a demanda e os custos de cada

bandeira satildeo coletadas informaccedilotildees sobre os concorrentes os meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos satildeo definidos e posteriormente adequados agrave realidade de cada formato

Com relaccedilatildeo aos objetivos de preccedilo os entrevistados da Rede A explicaram que embora a

empresa tenha como objetivo maior aumentar a sua participaccedilatildeo no mercado se analisarem

cada unidade percebe-se diferentes caminhos Os hipermercados trabalham para aumentar o

volume de vendas os supermercados tem como foco o valor percebido pelo consumidor (dos

produtos e dos serviccedilos) e o objetivo eacute a lideranccedila na qualidade dos produtos e as lojas de

desconto tambeacutem trabalham para aumentar o volume das vendas Os gerentes enfatizaram

que os objetivos particulares satildeo diferentes mas todos foram definidos para que a empresa

conquiste maior participaccedilatildeo

A anaacutelise da demanda eacute realizada separadamente jaacute que os consumidores dos diferentes

formatos possuem caracteriacutesticas diferentes como o grau de sensibilidade ao preccedilo Os

entrevistados explicaram que no hipermercado o puacuteblico-alvo procura pela melhor relaccedilatildeo

custo-benefiacutecio Como as compras satildeo mensais principalmente e a mercadoria adquirida eacute a

cesta baacutesica de produtos os clientes satildeo informados sobre os preccedilos dos produtos e jaacute estatildeo

acostumados a desembolsar uma certa quantia Eles buscam marcas liacutederes ou segunda marca

a preccedilos compatiacuteveis com os oferecidos no mercado geralmente optam pela rede que oferecer

os bens a um preccedilo melhor

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra desse cliente Ele tambeacutem busca

segundo os respondentes locais de faacutecil acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento

um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos

129

organizados nas gocircndolas corredores amplos para a passagem dos carrinhos nuacutemero

suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Nos supermercados existe uma classificaccedilatildeo entre as lojas Elas satildeo divididas em categorias

top de linha intermediaacuteria e popular As consideradas top estatildeo localizadas em bairros nobres

onde a renda dos consumidores eacute mais alta Nesses locais os produtos comercializados satildeo

mais caros porque de acordo com os entrevistados os custos de manutenccedilatildeo satildeo mais altos

os serviccedilos oferecidos satildeo mais amplos o nuacutemero de funcionaacuterios eacute maior e a sensibilidade

do comprador eacute muito baixa Os consumidores que buscam status satildeo poucos sensiacuteveis a

preccedilos elevados pois estes produtos (nesse caso o proacuteprio estabelecimento) inspiram prestiacutegio

e exclusividade Aleacutem disso os compradores desse supermercado acreditam que os bens

comercializados apresentam qualidade superior

Nas lojas intermediaacuterias a sensibilidade do consumidor tambeacutem eacute baixa (caracteriacutestica do

puacuteblico-alvo da empresa para esse formato) mas alguns itens de maior valor natildeo entram da

lista de produtos comercializados no local assim como acontece nas lojas populares Elas

estatildeo localizadas em regiotildees onde a renda dos clientes eacute um pouco mais baixa e embora a

busca por comodidade e serviccedilos seja uma realidade os compradores natildeo estatildeo dispostos a

pagar um preccedilo muito elevado por mercadoria de prestiacutegio Isso acontece porque a quantia

pode significar uma boa parcela do seu orccedilamento financeiro

As lojas de descontos atendem o puacuteblico muito sensiacutevel ao preccedilo A rede natildeo conseguia

vender bem itens como frutas e legumes Depois de analisar os haacutebitos das classes mais de

renda mais baixa os executivos da empresa descobriram que o consumidor C D e E preferia

comprar na feira por quatro motivos (i) o local eacute um ponto de encontro (ii) a pechincha eacute

permitida (iii) haacute um contato proacuteximo com o vendedor e o mais importante (iv) haacute fartura

130

Com esses conceitos em mente a rede reestruturou a aacuterea de hortifrutigranjeiros e colocou ateacute

uma banca de pastel na loja As vendas subiram 25

A estrutura de mercado eacute definida pelos poucos concorrentes que dominam o mercado No

varejo de alimentos as cinco primeiras redes satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 do

faturamento total O dado demonstra a forte competiccedilatildeo entre as empresas e segundo os

entrevistados tambeacutem a importacircncia da anaacutelise da concorrecircncia

A estimativa de custos satildeo considerados os fixos e os variaacuteveis O preccedilo estabelecido deve

cobrir o custo total e permitir uma margem de lucro Como cada formato se posiciona de

forma diferenciada os custos e as margens de cada um satildeo calculados separadamente Nos

custos variaacuteveis a Rede A considera os serviccedilos oferecidos aos clientes e os gastos com

publicidade e propaganda institucional

A margem para os hipermercados segue a proposta pelos seus concorrentes assim como nas

lojas de desconto No supermercado utiliza-se a margem que se mostra mais adequada ao seu

objetivo Os gerentes explicaram que a rede de um modo geral foca a eficiecircncia e a reduccedilatildeo

de despesas operacionais o que traz maior competitividade agrave companhia uma vez que os

ganhos satildeo repassados aos preccedilos mesmo para os supermercados

Os supermercados da rede trabalham com alta margem jaacute que se posiciona como prestadores

de serviccedilos qualificados O puacuteblico que frequumlenta o estabelecimento procura comodidade

variedade de produtos alta qualidade marcas conhecidas facilidade de entrega excelecircncia no

atendimento localizaccedilatildeo privilegiada e proacutexima a sua casa horaacuterios flexiacuteveis e status Os

gerentes entrevistados afirmam que esse consumidor estaacute disposto a pagar para encontrar tais

facilidades na hora da compra Por tanto os preccedilos dos produtos oferecidos satildeo compatiacuteveis

131

com o preccedilo de mercado (preccedilo cheio) Pode-se concluir que nos supermercados a

estrateacutegia utilizada eacute de preccedilo acima do mercado

Os gerentes da unidade estudada afirmam que o posicionamento do supermercado eacute

supermercado de vizinhanccedila forte em produtos pereciacuteveis que oferece grande variedade de

produtos alta qualidade a preccedilos competitivos aleacutem do excelente atendimento aos clientes

Portanto o preccedilo natildeo eacute o mais alto nem o mais baixo que os preccedilos do mercado poreacutem eacute

percebido pelos clientes como mais alto do que o da concorrecircncia direta resultado da imagem

sofisticada que o supermercado passa Uma pesquisa realizada apontou que os preccedilos

percebidos natildeo correspondiam com os preccedilos reais oferecidos por suas lojas

A anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente pela empresa O controle das accedilotildees dos

competidores eacute segundo os entrevistados uma praacutetica diaacuteria na empresa (shopping de

preccedilos) As informaccedilotildees sobre a concorrecircncia satildeo coletadas por funcionaacuterios das lojas assim

como acontece nos hipermercados uma equipe preparada que visita os competidores

localizados na aacuterea de influecircncia de cada regiatildeo dos supermercados Os dados coletados

ajudam a monitorar as accedilotildees da concorrecircncia

Embora o supermercado pratique preccedilos acima do mercado eacute preciso que saiba o niacutevel

praticado pois se o valor estiver alto demais eacute provaacutevel que as vendas diminuam em algumas

regiotildees As vendas satildeo analisadas diariamente e qualquer indiacutecio de queda no volume eacute

rapidamente detectado e accedilotildees para reverter a situaccedilatildeo satildeo colocadas em praacutetica

Para os hipermercados o shopping de preccedilos eacute importante se manter dentro do preccedilo meacutedio

Cada gerente de loja tem autonomia suficiente para adequar seu preccedilo ao da loja vizinha Os

preccedilos satildeo adequados conforme a localizaccedilatildeo da loja por isso a responsabilidade e autonomia

descentralizada

132

A Rede A determina os preccedilos de seus produtos por meio do meacutetodo de mark-up que consiste

em atribuir uma margem ao custo total da unidade de produto e tambeacutem utiliza o valor

percebido pelo cliente Nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento praticada eacute HILO onde

o varejista cobra preccedilos mais altos mas realiza promoccedilotildees frequumlentes

A taacutetica do preccedilo isca eacute bastante utilizada pela empresa por meio de promoccedilotildees em um dia

fixo da semana como por exemplo as quartas-feiras FLV (frutas verduras e legumes) e para

venda de produtos pereciacuteveis Os volumes de venda triplicam nesses dias pois os descontos

chegam a 50 do preccedilo e haacute forte comunicaccedilatildeo na miacutedia de massa como jornais e televisatildeo

Descontos sazonais tambeacutem satildeo oferecidos para compras realizadas fora da temporada Eacute

mais utilizada pelas Divisotildees de hipermercado e lojas de desconto

Os supermercados trabalham com o preccedilo por segmento de consumidores e preccedilo por

localizaccedilatildeo Como explicado anteriormente pelos gerentes o puacuteblico dessa unidade de

negoacutecio eacute pouco sensiacutevel a preccedilo mas dependendo da regiatildeo da loja e da renda de seus

habitantes a sensibilidade pode apresentar maior grau Assim em regiotildees onde o poder de

compra eacute mais alto os preccedilos dos produtos satildeo mais elevados do que em regiotildees habitadas por

classes sociais que apresentam renda mais baixa Para aumentar o valor percebido descontos

satildeo utilizados apenas para produtos sazonais vendidos fora da temporada nesse formato

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo aleacutem dos custos demanda e

concorrecircncia os entrevistados afirmaram que satildeo considerados para o formato hipermercado

os preccedilos dos seus concorrentes principalmente A localizaccedilatildeo da loja e renda dos moradores

da regiatildeo satildeo fatores importantes e exercem certa influecircncia entretanto satildeo mais relevantes

para a fixaccedilatildeo dos preccedilos nos supermercados da rede Os descontos obtidos em negociaccedilotildees

de preccedilos com os fornecedores satildeo repassados para os clientes da loja de desconto e

hipermercados mas natildeo para os compradores de status e de conveniecircncia do supermercado

133

Nos supermercados tambeacutem satildeo consideradas as marcas dos produtos Por oferecerem grande

variedade e sortimento produtos liacutederes e outros inovadores marcas diferenciadas de preccedilo-

premium e qualidade superior os preccedilos cobrados satildeo considerados competitivos e preccedilos de

mercado sem descontos Os serviccedilos oferecidos estatildeo dentro do caacutelculo de custos

Nas lojas de desconto o eacute sortimento limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados As mercadorias satildeo expostas sem a utilizaccedilatildeo de material de ponto

de venda da forma mais simples e faacutecil possiacutevel Natildeo existem muitos serviccedilos oferecidos e haacute

poucos funcionaacuterios Tais medidas satildeo consideradas para que os custos sejam baixos e assim

no caacutelculo do mark-up o preccedilo se torne bem acessiacutevel ao puacuteblico desse formato

Nessas lojas os poucos itens comercializados representam produtos da cesta baacutesica da marca

liacuteder uma marca inferior e muitos bens de marca proacutepria O objetivo nesse caso eacute o mesmo

reter mais da margem bruta gerada pela venda resultante do baixo investimento em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais

43 Caso 2 ndash Rede B

A Rede B foi pioneira no Brasil no conceito de hipermercados Chegou ao paiacutes em 1975 com

a sua primeira unidade na cidade do Rio de Janeiro A empresa possui mais de 11000 lojas

por todo mundo e estaacute presente em 31 paiacuteses Ela emprega mais de 430000 pessoas sendo

que 69 trabalham na Europa 20 na Ameacuterica Latina e 11 na Aacutesia Conta com mais de 2

bilhotildees de clientes

134

Atualmente opera com cerca de 80 hipermercados 110 supermercados e 60 lojas de

descontos As lojas no paiacutes estatildeo espalhadas por 11 estados e no Distrito Federal Sua

participaccedilatildeo no mercado eacute de 12 do faturamento total do setor No Brasil satildeo 46000

funcionaacuterios em todas as unidades de negoacutecio de rede Seu faturamento bruto foi de

aproximadamente R$12 bilhotildees em 2004

O apreccedilamento estrateacutegico do grupo tambeacutem obedece a ordem de definiccedilatildeo dos objetivos da

empresa seguidos pela anaacutelise da demanda e os seus custos Em terceiro lugar estaacute a coleta de

informaccedilotildees sobre os concorrentes em quarto a definiccedilatildeo dos meacutetodos de estabelecimento

dos preccedilos e por fim eacute feita a adequaccedilatildeo

Como objetivo de preccedilo a rede B afirma ter bem claro que o foco estaacute no aumento de sua

participaccedilatildeo no mercado Embora cada formato tenha um posicionamento distinto esse

objetivo eacute comum para todas as unidades de negoacutecio do grupo Os respondentes explicam que

o foco maior estaacute na estrateacutegia geral da empresa e com todos buscando o mesmo resultado eacute

mais faacutecil conseguir atingi-lo

A anaacutelise da demanda eacute tambeacutem eacute realizada da mesma forma para todas as bandeiras pois a

sensibilidade a preccedilo encontra-se no mesmo niacutevel para todos os compradores-alvo desse

grupo Os entrevistados classificam o puacuteblico da empresa como consumidores sensiacuteveis O

que diferencia o cliente de uma Divisatildeo para outra eacute a ocasiatildeo de compra No hipermercado

satildeo realizadas as compras mensais dos produtos da sexta baacutesica e mercadorias para a casa

No supermercado a procura eacute por produtos que terminaram antes da proacutexima compra mensal

ou de alguns produtos mais elaborados para situaccedilotildees natildeo programadas Nas lojas de

descontos os clientes satildeo muito sensiacuteveis aos preccedilos pois buscam o mais baixo e natildeo

procuram qualquer tipo de conveniecircncia ou comodidade Os gerentes explicaram ainda que o

135

puacuteblico-alvo dos hipermercados e supermercados procura pela melhor relaccedilatildeo custo-

benefiacutecio Os supermercados da rede focam na venda de alimentos e produtos pereciacuteveis

enquanto os hipermercados oferecem itens de vestuaacuterios higiene e limpeza alimentos entre

outros

Algumas reformulaccedilotildees estatildeo sendo realizadas nos supermercados do grupo segundo os

respondentes A mudanccedila eacute para aumentar a rentabilidade do formato A nova estrateacutegia da

rede eacute baseada em quatro pilares preccedilo justo variedade qualidade e atendimento

No que se refere a variedade haveraacute a ampliaccedilatildeo do sortimento relanccedilamento de produtos

marca proacutepria e maior crescimento do nuacutemero de alimentos pereciacuteveis comercializados

Os gerentes complementam explicando que todas essas accedilotildees visam melhorar a rentabilidade

mas sem aumentar os preccedilos As negociaccedilotildees de produtos das lojas continuam sendo feitas

dentro do grupo O nosso serviccedilo seraacute de supermercado mas com preccedilos de hiper afirmam

Natildeo eacute soacute o preccedilo que interfere na decisatildeo de compra dos clientes dos hipermercados e

supermercados da empresa Ele tambeacutem busca segundo os respondentes locais de faacutecil

acesso opccedilotildees de produtos facilidade de pagamento um layout adequado (iluminaccedilatildeo clara

muacutesica ambiente agradaacutevel higiene produtos organizados nas gocircndolas corredores amplos

para a passagem dos carrinhos nuacutemero suficiente de check-outs) e preccedilos baixos

Ao estimar seus custos a Rede B calcula os classifica assim como a Rede A em custos fixos e

custos variaacuteveis No caso o objetivo eacute que o preccedilo fixado cubra o custo total e tambeacutem

permita margem de lucro Os custos satildeo estimados de forma conjunta para toda a empresa e

apenas os problemas com perdas (mercadorias vencidas danificadas ou perdidas) eacute que satildeo

calculados para cada loja de cada formato e a tarefa eacute de responsabilidade dos gerentes do

estabelecimento

136

Todo o orccedilamento para campanhas de miacutedia eacute realizado com uma porcentagem do lucro

obtido pela empresa no ano anterior e satildeo utilizados para a fortalecer a imagem institucional

do grupo As demais accedilotildees de miacutedia satildeo divididas entre a rede e os fornecedores que entram

com verba para colocar produtos em promoccedilotildees ou lanccedilar novos itens Os serviccedilos oferecidos

aos clientes satildeo considerados nos custos da empresa no momento do caacutelculo de preccedilo das

mercadorias comercializadas

Assim como nas outras empresas do setor a anaacutelise da concorrecircncia eacute feita constantemente

pela empresa A praacutetica do conhecido shopping de preccedilos eacute utilizada constantemente O

conceito eacute conhecido por todos e natildeo requer nenhum tipo de estrateacutegia especiacutefica aleacutem do

treinamento da equipe de funcionaacuterios responsaacuteveis pela tarefa As visitas satildeo programadas

para os competidores localizados na aacuterea de influecircncia de cada loja das diferentes Divisotildees

Os entrevistados explicam que embora a decisatildeo sobre a estrateacutegia de apreccedilamento seja

realizada em conjunto com a matriz os gerentes da loja possuem autonomia suficiente para

fazer mudanccedilas de preccedilos para se proteger das accedilotildees concorrenciais Satildeo analisados

promoccedilotildees atuais e passadas os preccedilos praticados em dias de praacutetica do preccedilo isca

descontos sazonais entre outras taacuteticas utilizadas pelos competidores

A importacircncia da anaacutelise dos concorrentes para empresa segundo os respondentes estaacute na

manutenccedilatildeo do preccedilo meacutedio (hipermercados e supermercados) Os produtos comercializados

devem estar dentro do patamar de preccedilos oferecidos no mercado e para isso eacute fundamental

acompanhar as estrateacutegias das demais empresas do setor Qualquer item que esteja acima do

preccedilo praticado pelo mercado resulta em queda de vendas

As lojas de desconto localizam-se em bairros mais afastados e de populaccedilatildeo com renda mais

limitada O formato concentra-se na periferia Seu diferencial em relaccedilatildeo aos hipermercados

137

estaacute na localizaccedilatildeo proacutexima da casa dos clientes como o mercadinho de bairro O gerente

da rede diz que a marca oferece um nuacutemero reduzido de itens nas prateleiras em comparaccedilatildeo

com os hipermercados

Existem produtos de marca proacutepria que possibilitam aumento da margem de lucro Ao

desenvolver marcas proacuteprias e aumentar a participaccedilatildeo desses produtos dentro do conjunto

ofertado aos consumidores os varejistas podem reter mais da margem bruta gerada pela

venda Isso acontece porque as marcas proacuteprias natildeo precisam de grandes investimentos em

propaganda em oposiccedilatildeo agraves marcas nacionais Os outros produtos satildeo de marcas liacutederes e

marcas inferiores

O formato oferece pouco ou nenhum tipo de serviccedilo para o cliente final As mercadorias satildeo

expostas nas gocircndolas sem muita preocupaccedilatildeo com a disposiccedilatildeo A estrateacutegia nesse caso eacute de

preccedilo abaixo do mercado e para conseguir manter o posicionamento a reduccedilatildeo dos custos eacute

uma das principais preocupaccedilotildees O objetivo eacute a maximizaccedilatildeo do volume de vendas e toda

vantagem nas negociaccedilotildees com os fornecedores eacute repassada diretamente para o comprador

para oferecer preccedilos baixos ao mercado

O meacutetodo de mark-up eacute o mais utilizado e nos hipermercados a poliacutetica de apreccedilamento

praticada como na Rede A eacute HILO onde o varejista cobra preccedilos mais altos e realiza

promoccedilotildees frequumlentes Para qualquer tipo e variedade de produtos comercializados pela Rede

B existe um trabalho de gerenciamento de categoria onde satildeo definidos quais seratildeo as famiacutelias

de produtos marcas e embalagens e suas respectivas margens objetivas bem como a

periodicidade das pesquisas de preccedilos na concorrecircncia Os gerentes explicam que o grau de

importacircncia atribuiacutedo para cada uma das famiacutelias de produtos estaacute associado a sua definiccedilatildeo

(dominantes destino competitivos traacutefego convenientes bandeira e sazonais)

138

Outra estrateacutegia em comum entre as duas redes pesquisadas eacute o preccedilo isca tambeacutem por meio

de promoccedilotildees em um dia fixo da semana Os volumes de venda aumentam significadamente

nesses dias mas os gerentes natildeo se dispuseram a comentar os nuacutemeros A praacutetica de

descontos sazonais para compras realizadas fora da temporada pode ser observada entre

outras promoccedilotildees de preccedilos para combater o concorrente

Com relaccedilatildeo agraves variaacuteveis que exercem influecircncia no apreccedilamento dos produtos os gerentes

citaram principalmente os preccedilos praticados pelos concorrentes A localizaccedilatildeo e a renda dos

consumidores influenciam de maneira indireta jaacute que cada loja busca estar compatiacutevel com o

preccedilo aceito pela populaccedilatildeo que habita determinada regiatildeo onde o estabelecimento se

encontra Segundo os profissionais da Rede B na hora de definir o preccedilo as duas variaacuteveis satildeo

estudadas mas ainda eacute o preccedilo dos competidores que guiam os niacuteveis praticados

Os gerentes chamam a atenccedilatildeo para um novo formato que a rede vem desenvolvendo Satildeo

hipermercados dirigidos agraves classes mais altas Como operam com apenas uma loja natildeo a

estrutura de preccedilos ainda obedece agraves regras da matriz A diferenccedila afirmam os entrevistados

estaacute no sortimento de produtos e os serviccedilos oferecidos mas acreditam que a localizaccedilatildeo e a

rede nesse caso teratildeo mais peso para o apreccedilamento estrateacutegico

O poder de compra sobre os fornecedores que permite negociaccedilotildees de preccedilos menores jaacute eacute

utilizado para conseguir oferecer aos consumidores preccedilos mais acessiacuteveis Os entrevistados

natildeo consideram como influenciador argumentado que tais negociaccedilotildees fazem parte da rotina

do grupo assim como dos seus principais concorrentes

Nas lojas de desconto o sortimento eacute limitado Elas atingem puacuteblicos mais especiacuteficos de

baixa renda e tecircm raio de cobertura reduzido Ela opera com poucos funcionaacuterios e poucos

139

serviccedilos para o cliente o que resulta na oferta de preccedilos mais competitivos de acordo com os

profissionais entrevistados

44 Caso 3 ndash Rede C

A terceira rede tem lojas no Reino Unido Alemanha Argentina China Coreacuteia do Sul Porto

Rico e Brasil Iniciou as suas atividades no paiacutes em 1994 e hoje opera com 152 unidades

localizadas em 14 estados brasileiros Seu faturamento bruto foi de aproximadamente US$

700 milhotildees em 2004 O grupo possui mais de 7000 empregados e trabalha atualmente com

hipermercados supermercados e atacados que atendem a pequenos comerciantes Os formatos

estatildeo divididos em quatro bandeiras diferentes A poliacutetica do grupo eacute prosseguir com a

abertura de novas lojas consolidar sua presenccedila na Internet e entrar no ramo de serviccedilos

bancaacuterios como financiadoras dos seus consumidores

Haacute pouco tempo decidiu inaugurar lojas compactas Satildeo unidades pequenas instalaccedilotildees

simples com menor sortimento de mercadorias e custos reduzidos Eacute uma tendecircncia do varejo

e o grupo decidiu apostar Os entrevistados explicaram que seus consumidores querem preccedilo

e agilidade exatamente o que este tipo de supermercado se propotildee a oferecer A poliacutetica de

preccedilos do supermercado eacute a mesma que a rede aplica a todas as suas bandeiras

Assim como as demais empresas pesquisadas a Rede C estabelece seu preccedilo considerando os

custos a demanda e os concorrentes Possui o objetivo de ganhar maior participaccedilatildeo de

mercado e tambeacutem utiliza o meacutetodo de mark-up para fixar o preccedilo de seus produtos

140

O objetivo principal de preccedilo eacute como nos outros competidores a maximizaccedilatildeo da

participaccedilatildeo de mercado e defesa do mercado Os entrevistados argumentam que a razatildeo eacute a

proteccedilatildeo da aacuterea de influecircncia e a criaccedilatildeo de barreiras agrave entrada de novos concorrentes Uma

das estrateacutegias eacute exatamente cobrir a oferta de preccedilo baixo dos concorrentes conforme

explicado anteriormente A estrateacutegia adotada eacute a de preccedilo abaixo do mercado para os

hipermercados com forte monitoramento dos preccedilos dos competidores

A estrateacutegia utilizada pela Rede C eacute o EDPL em todas as unidades de negoacutecios da empresa

hipermercados supermercados e atacados para pequenos comerciantes Ela eacute reconhecida no

mundo todo pelos consumidores como a pioneira na implementaccedilatildeo dos preccedilos baixos todo

dia Os entrevistados explicam que utilizam o EDLP para atrair o consumidor e conquistar sua

lealdade mostrando integridade na praacutetica de seus preccedilos

Poucos artigos satildeo colocados em oferta a cada mecircs Os varejistas adotam o esquema EDLP

por vaacuterias razotildees a mais importante delas eacute que descontos e promoccedilotildees constantes satildeo

dispendiosos e tecircm diminuiacutedo a confianccedila do consumidor em encontrar bons preccedilos No

EDLP o cliente sabe o que encontraraacute Os gerentes afirmam que devido a essa estrateacutegia seus

preccedilos chegam a se igualar aos das lojas de desconto dos seus concorrentes nos preccedilos de

produtos de higiene e limpeza

Os hipermercados satildeo considerados estabelecimentos para venda de grande quantidade de

itens e compras mensais e eacute concorrente direto das redes A e B O puacuteblico-alvo eacute o mesmo

das outras empresas ou seja clientes que realizam compras mensais e buscam um bom

equiliacutebrio da relaccedilatildeo custo-benefiacutecio Satildeo clientes que reconhecem a estrateacutegia praticada pelo

varejista

141

Um dos meacutetodos usados para combater e anular accedilotildees concorrenciais eacute garantir o preccedilo mais

baixo e cobrir qualquer oferta A empresa tem tradiccedilatildeo nessas atividades Como opera com as

margens semelhantes ao do competidor e os preccedilos 15 mais baixos que da meacutedia do varejo

satildeo conseguidos repassando-se as negociaccedilotildees com fornecedores Soacute as promoccedilotildees de preccedilos

resultantes da estrateacutegia HILO utilizada pelas outras duas organizaccedilotildees eacute que ocasionam o uso

de medidas de defesa

Os consumidores satildeo considerados pelos respondentes como altamente sensiacuteveis a preccedilo pois

buscam a oferta mais barata e fazem pesquisas de preccedilo antes de decidir pelo local O mesmo

eacute valido para todos os formatos do grupo Os compradores do atacado satildeo comerciantes

pequenos que buscam melhores condiccedilotildees de pagamento do que os oferecidos pela induacutestria

Como os clubes atacadistas iratildeo praticar uma margem proacutepria para cobrir seus custos e natildeo

podem comercializar mercadorias com preccedilos aleacutem do mercado procuram as empresas que

permitirem a compra de um bom volume a um preccedilo relativamente baixo Esse formato eacute um

tipo de clube ou rede de compra e os clientes satildeo associados O sortimento do clube de

compras estaacute dividido em produtos para escritoacuterios pizzarias restaurantes hoteacuteis lojas de

conveniecircncia entre outros

A estimativa de custos tambeacutem considera os custos fixos e custos variaacuteveis e o preccedilo proposto

deve cobrir o custo total da comercializaccedilatildeo do item aleacutem de garantir uma margem de lucro

para a empresa Existem tambeacutem os problemas com perdas de mercadoria e estas satildeo

calculadas para cada loja de cada formato sob responsabilidade dos gerentes de cada

estabelecimento e os custos tambeacutem satildeo analisados separadamente para cada negoacutecio da rede

Poreacutem vaacuterias accedilotildees satildeo praticadas pelo grupo visando a reduccedilatildeo de seus gastos

142

Devido a essa poliacutetica de gestatildeo de custos a empresa eacute conhecida mundialmente por

contribuir com a economia Essa contribuiccedilatildeo ao ciclo econocircmico consiste em trecircs itens

pressionar os fornecedores para reduzir preccedilos usar tecnologia digital de primeira linha para

baratear a gestatildeo de seus estoques e pagar aos seus funcionaacuterios o menor salaacuterio possiacutevel

encolhendo os custos da empresa

A empresa eacute referecircncia em processos de gestatildeo no varejo e no uso de tecnologia a serviccedilo do

negoacutecio Um exemplo eacute o sistema eletrocircnico de reposiccedilatildeo de estoque Por meio dele rede e

fornecedores ficam conectados 24 horas e tecircm informaccedilatildeo do giro de cada produto na gocircndola

em tempo real Assim o varejista consegue agilizar o processo de reposiccedilatildeo e os fornecedores

tecircm acesso a detalhes como resultado de vendas dos produto por loja ou regiatildeo

Alguns fornecedores promovem accedilotildees de marketing no ponto de venda ou fazem eventuais

mudanccedilas nos produtos com os dados que satildeo disponibilizados Outro resultado dessa parceria

eacute a reduccedilatildeo de custos (cerca de 10 ao longo de toda a cadeia de suprimentos) Tais fatos

possibilitam agrave rede colocar em praacutetica a poliacutetica EDLP

Um fator que deve ser considerado na gestatildeo de reduccedilatildeo de custos da empresa eacute a natildeo

existecircncia de estoque na loja os produtos satildeo alojados na parte superior da gocircndola

Os hipermercados da Rede C buscam oferecer o melhor sortimento pelo melhor preccedilo sempre

A poliacutetica de EDLP direciona todas as negociaccedilotildees realizadas com fornecedores e garante ao

consumidor o menor custo da cesta de compras Para honrar com esse compromisso as lojas

realizam semanalmente uma pesquisa de preccedilos de produtos junto agrave concorrecircncia local

(shopping de preccedilos)

143

Os hipermercados ainda contam com um sortimento de 65 mil itens Dentre elas encontram-

se alimentos hortifrutis confecccedilatildeo brinquedos eletroeletrocircnicos papelaria perfumaria

artigos para casa mesa e banho limpeza praacutetica de esportes jardinagem pet shop entre

outros Todas as lojas possuem uma mini-galeria de serviccedilos de conveniecircncia No local satildeo

encontradas lanchonetes cafeacute restaurantes lavanderia salatildeo de beleza oacutetica banca de jornal

e revistas entre outros serviccedilos alternativos A ideacuteia eacute trabalhar o conceito de one stop shop

lugar onde o cliente encontra de tudo em um mesmo local

A taacutetica do preccedilo isca eacute novamente utilizada nesse caso Satildeo realizadas promoccedilotildees em um dia

fixo da semana (terccedila feira da carne quarta-feira da verdura entre outras) mas os gerentes

afirmam que a poliacutetica de descontos eacute menos frequumlente que nos concorrentes jaacute que optaram

por oferecer preccedilo baixo todos os dias

Os volumes de venda tambeacutem crescem consideravelmente e vaacuterias accedilotildees de comunicaccedilatildeo satildeo

realizadas Descontos sazonais satildeo praticados constantemente para as compras realizadas fora

da temporada assim como em seus concorrentes Os hipermercados realizam saldotildees

depois das festas de final de ano para reduzir o estoque de mercadorias comercializadas soacute

para essa eacutepoca do ano como por exemplo o Panetone

Quanto agraves variaacuteveis que influenciam na formaccedilatildeo do preccedilo os respondentes consideram os

preccedilos dos seus concorrentes a localizaccedilatildeo e renda dos moradores da regiatildeo de influecircncia de

cada loja Para isso os gerentes tambeacutem tecircm autonomia para modificar os preccedilos das lojas

que estatildeo sob sua responsabilidade Um exemplo dessa descentralizaccedilatildeo eacute a facilidade do

cliente que apresenta um anuacutencio promocional impresso da concorrecircncia dentro da validade

com um preccedilo inferior ao da rede em conseguir a mesma oferta na loja na hora e no caixa

sem burocracia

144

Os serviccedilos prestados e os gastos com material promocional satildeo considerados pela empresa

como custos entretanto normalmente os gastos satildeo compartilhados com os fornecedores Os

entrevistados explicaram que os anuacutencios de produtos na miacutedia de massa (Televisatildeo Jornal e

Revistas) satildeo realizados em conjunto com os fabricantes e a empresa soacute arca com os custos de

publicidade institucional Para isso eacute reservada uma porcentagem das vendas anuais da

empresa

Os serviccedilos oferecidos estatildeo embutidos na margem e o poder de negociaccedilatildeo com a induacutestria

permite a compra de grandes volumes a preccedilos mais baixos descontos de pagamento agrave vista e

bonificaccedilotildees As bonificaccedilotildees satildeo acordos realizados entre varejistas e fornecedores que

permitem a entrega de mais mercadorias no lugar de descontos em dinheiro A empresa

repassa aos consumidores as reduccedilotildees de preccedilo que consegue na condiccedilatildeo de uns dos maiores

compradores

O grupo tambeacutem estaacute investindo em novos projetos arquitetocircnicos Com layout diferenciado e

um conceito inovador um novo hipermercado foi inaugurado A unidade tem dois andares

teacuterreo e mezanino e estabeleceu um novo modelo funcional com excelente aceitaccedilatildeo dos

clientes de regiotildees urbanas centrais e de alto iacutendice populacional

Novas accedilotildees promocionais satildeo vinculadas ao novo modelo de loja O objetivo da rede de

acordo com os entrevistados eacute disponibilizar para os consumidores um sortimento de mais de

mil itens a preccedilos super negociados reduzidos em ateacute 10 Eacute importante ressaltar que estaacute

natildeo eacute uma accedilatildeo promocional tradicional pois a rede garante os preccedilos por pelo menos

noventa dias diferente das accedilotildees da concorrecircncia que em alguns casos tecircm curta duraccedilatildeo

145

43 Anaacutelise dos Casos

Por meio da apresentaccedilatildeo dos casos foi possiacutevel identificar como as redes de varejo formulam

os preccedilos de seus produtos Todas as trecircs empresas seguem os seis passos apresentados no

referencial teoacuterico Poreacutem eacute importante ressaltar que nenhum dos gerentes entrevistados

demonstrou realizar a tarefa de apreccedilamento de forma estruturada ou seja apesar das etapas

serem seguidas conforme o proposto por Kotler e Keller (2005) a determinaccedilatildeo do valor

cobrado por cada produto acontece intuitivamente e as anaacutelises necessaacuterias satildeo oacutebvias

segundo os gerentes entrevistados Determinar o preccedilo dos produtos portanto natildeo representa

um problema

A falta de conhecimentos teacutecnicos mais aprofundados tambeacutem fica clara quando percebe-se

que as trecircs empresas utilizam o mesmo meacutetodo de apreccedilamento o mark-up Embora ele seja o

mais utilizado pelas redes varejistas por sua simplicidade e facilidade de aplicaccedilatildeo (LAMBIN

2000a) natildeo eacute necessariamente a maneira mais adequada pois apresenta vaacuterias limitaccedilotildees

Uma delas diz respeito a definiccedilatildeo de preccedilos aleacutem do devido em mercados mais fracos e a

preccedilos abaixo do devido em mercados mais fortes o que eacute considerado pelos estudiosos da

aacuterea como sendo exatamente a direccedilatildeo oposta de uma estrateacutegia prudente Um outro problema

eacute definir a grandeza da margem que deveraacute cobrir todas as despesas e permitir retorno Aleacutem

dos dois pontos o meacutetodo tambeacutem natildeo leva em consideraccedilatildeo aspectos da demanda e dos

concorrentes focando apenas os custos

Entretanto a Rede A demonstrou que apesar de utilizar o mark-up tambeacutem considera o valor

percebido pelo consumidor para a Divisatildeo de Supermercados Isso acontece porque o negoacutecio

foi desenvolvido para atender as necessidades da populaccedilatildeo de renda alta (classes A e B) que

146

possuem pouca sensibilidade agrave preccedilos e busca comodidade variedade bom atendimento

excelecircncia em serviccedilos e mercadorias de alta qualidade e prestiacutegio Dessa forma algumas

outras variaacuteveis fora o custo satildeo consideradas na estrateacutegia de apreccedilamento A decisatildeo de

agregar outros fatores (a renda dos clientes o estilo de vida etc) foi resultado de vaacuterias accedilotildees

e testes nas lojas Esses experimentos satildeo de responsabilidade de um consultor especializado

em varejo que atende grandes redes varejistas ao redor do mundo traz constantemente novas

ideacuteias e sugere diferentes conceitos para serem aplicados

As ideacuteias que satildeo aceitas para teste satildeo aplicadas em certas lojas da rede (preferencialmente

lojas em reforma) A avaliaccedilatildeo dessas ideacuteias e dos novos conceitos aplicados eacute feita de acordo

com o resultado de vendas da loja modificada ou dos produtos pertencentes agraves sessotildees

reestruturadas O aumento nas vendas eacute utilizado como indicador de sucesso do novo modelo

Dessa forma se as mudanccedilas forem bem sucedidas outras lojas seratildeo igualmente

remodeladas Seguindo esse raciociacutenio um niacutevel baixo de vendas significa que o novo

conceito natildeo funcionou e portanto novas alternativas satildeo avaliadas

Tais accedilotildees demonstram que a estrateacutegia de preccedilo discriminatoacuterio eacute praticada pela Rede A A

empresa conhece os diferentes segmentos em que atua e para cada um determina um valor

condizente com a possibilidade de compra do cliente A compreensatildeo dos diferentes graus de

sensibilidade agrave preccedilos eacute clara para a Rede A que consegue diferenciar os segmentos de

consumidores que atinge e adequar a sua estrateacutegia para cada diferentes formato Entretanto

para as demais empresas o conceito eacute difundido mas natildeo foi observada a utilizaccedilatildeo de

meacutetodos para adequar suas decisotildees baseadas nas diferentes caracteriacutesticas dos grupos de

compradores

147

Os diferentes formatos das Redes B (hipermercados supermercados e lojas de desconto)

seguem o meacutetodo de mark-up sem a influecircncia de outro meacutetodo A mesma poliacutetica HILO eacute

trabalhada por todos Mas cada um dos formatos possui seu proacuteprio posicionamento e

portanto atendem a puacuteblicos diferentes Essa diferenccedila eacute trabalhada no apreccedilamento apenas

pela gestatildeo de custos Nas lojas de desconto o sortimento eacute menor natildeo haacute muitos funcionaacuterios

para prestar serviccedilos e os estoques satildeo baixos Todas as accedilotildees satildeo para reduzir os gastos e

praticar preccedilos mais baixos Essa atitude demonstra a possiacutevel falta de conhecimento a

respeito das estrateacutegias de adequaccedilatildeo de preccedilos que podem ser empregadas para operar com

preccedilos de acordo com as possibilidades das classes C e D

Entre as estrateacutegias a serem aplicadas estaacute a praacutetica de preccedilos geograacuteficos preccedilos

discriminatoacuterios preccedilos com descontos ou concessotildees A uacutenica forma que as empresas

varejistas estudadas demonstraram conhecer foi o preccedilo isca O preccedilo geograacutefico tambeacutem

pode ajudar a reduzir custos pois considera a regiatildeo e os gastos com logiacutestica para entregar a

mercadoria em locais diferentes O preccedilo discriminatoacuterio pode levar a rede a vender produtos

com margem maior onde os consumidores satildeo pouco sensiacuteveis aos preccedilos e os descontos e

promoccedilotildees favorecem as compras a vista ou em maior quantidade

O shopping de preccedilos eacute praticado por todos devido agrave alta concorrecircncia existente no setor

(oligopoacutelio) Todos conhecem a importacircncia de monitorar as accedilotildees de seus competidores seja

para manter os preccedilos dentro do mercado ou mesmo para se proteger As empresas possuem

equipes com funcionaacuterios preparados e treinados para a funccedilatildeo que coletam as informaccedilotildees

periodicamente como apresentado na teoria

Ao analisar a terceira rede (Rede C) fica clara a agressividade de suas accedilotildees para conquistar

maior espaccedilo no mercado As suas accedilotildees estatildeo sempre voltadas para reduccedilatildeo de custos e

focadas em praacutetica de preccedilos baixos A estrateacutegia EDLP eacute sinocircnimo da marca da empresa

148

Nos mais diferentes formatos os preccedilos com os fornecedores satildeo fortemente negociados e

todos os descontos conseguidos repassados para o consumidor As escolhas quanto ao meacutetodo

de apreccedilamento (mark-up) preocupaccedilatildeo com inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e reduccedilatildeo dos custos

demonstram bastante coerecircncia com o objetivo do varejista (oferecer preccedilo baixo todo dia)

As variaacuteveis que influenciam no apreccedilamento de cada unidade de negoacutecio das redes natildeo

foram muito exploradas pelos gerentes nas entrevistas realizadas mas eacute e evidente a

importacircncia do formato de canal na escolha das estrateacutegias Ao se posicionarem de formas

diferentes e escolherem puacuteblicos diferentes para cada divisatildeo a influecircncia do tipo de loja fica

clara

Os supermercados ao se posicionarem como de vizinhanccedila jaacute consideram

automaticamente a localizaccedilatildeo e a renda dos consumidores como fatores determinantes do

preccedilo Conforme explicado na revisatildeo teoacuterica os preccedilos devem obedecer ao niacutevel do mercado

em que encontram-se caso contraacuterio perdem venda por estarem ou muito acima da

concorrecircncia ou comprometem os ganhos se praticarem preccedilos muito abaixo

Os produtos comercializados tambeacutem tecircm influecircncia Nos formatos que possuem sortimentos

limitados (lojas de desconto) a presenccedila de marcas-proacuteprias eacute grande pois natildeo precisam de

investimentos em miacutedia de massa e podem ser comercializados agrave preccedilos adequados ao

orccedilamento das classes C e D Os formatos que operam com sortimento maior (em variedade e

profundidade) precisam trabalhar com o conceito de preccedilo psicoloacutegico associando o valor

monetaacuterio alto com alta qualidade do produto Nenhuma das redes afirmou utilizar a

estrateacutegia poreacutem a praacutetica de preccedilos psicoloacutegicos eacute tradicional jaacute na induacutestria e eacute repassada

para o ponto de venda

149

As marcas liacutederes geralmente apresentam preccedilo superior para traduzir ao cliente a qualidade

de seu produto e esse preccedilo eacute repassado pelas redes para o consumidor final As redes

supermercadistas trabalham com marcas liacutederes para melhorar a imagem que constroem na

mente do comprador A marca que o cliente deseja precisa estar disponibilizada nas gocircndolas

ou o consumidor natildeo se sentiraacute satisfeito com a experiecircncia de compra (KUNKEL BERRY

1968 LINDQUIST 1974 DOYLE FENWICK 1974 ENGEL BLACKWELL 1995)

Assim tambeacutem eacute possiacutevel afirmar que as marcas tecircm influecircncia na determinaccedilatildeo dos produtos

comercializados pelos supermercadistas

As informaccedilotildees das redes que confirmam essa observaccedilatildeo eacute a comercializaccedilatildeo dos mesmos

produtos de mesma marca e caracteriacutesticas a preccedilos mais altos em lojas localizadas em

regiotildees nobres e a preccedilos mais baixos em lojas localizadas na periferia da cidade

As negociaccedilotildees fazem parte do cotidiano de todas as empresas Como as redes estatildeo entre as

dez maiores em faturamento (ABRAS 2005) a compra em volume eacute consideraacutevel e o poder

sobre os fornecedores tambeacutem Haacute anos uma negociaccedilatildeo era determinada principalmente

pelo preccedilo Com a concorrecircncia acirrada o preccedilo voltou a ser a principal variaacutevel nas

negociaccedilotildees entre varejistas e fornecedores As maiores empresas negociam grandes volumes

a preccedilos mais baixos do que os menores conseguindo oferecer aos consumidores preccedilos mais

acessiacuteveis de um mesmo produto do que a concorrecircncia

Entretanto conforme jaacute citado a variaacutevel que claramente exerce maior influecircncia na

formaccedilatildeo dos preccedilos das mercadorias comercializadas pelas redes eacute o formato do canal

Mesmo utilizando o mesmo meacutetodo de apreccedilamento as lojas de diferentes formatos praticam

poliacuteticas diferentes Como o posicionamento e o puacuteblico-alvo satildeo distintos as ferramentas

para adequar os preccedilos dos produtos natildeo satildeo as mesmas Cada puacuteblico tem suas

caracteriacutesticas poder de compra rendas distintas e ocasiotildees de compra diferentes

150

Aleacutem disso os supermercados de vizinhanccedila oferecem mais serviccedilos para o cliente final

Como localizam-se proacuteximo agrave residecircncia do consumidor geralmente oferecem serviccedilos de

entrega por exemplo Serviccedilos adicionais aumentam o custo interno do varejista e portanto

para conseguir cobrir todos os gastos as margens consideradas no caacutelculo do mark-up natildeo

podem ser tatildeo baixas Por mais que o foco seja a reduccedilatildeo de custos mesmo por meio de

melhores negociaccedilotildees com os fornecedores (como no caso da Rede C) os produtos natildeo tecircm

os mesmos preccedilos que as lojas de hipermercado

Nas lojas de desconto como os serviccedilos satildeo poucos e a estrutura disponiacutevel eacute mais simples

(natildeo tecircm estoque as mercadorias satildeo guardadas por cima da gocircndola) o nuacutemero de

funcionaacuterios restrito e poucos investimentos em comunicaccedilatildeo e merchandising os custos

abaixam e eacute possiacutevel praticar preccedilos abaixo da meacutedia do mercado Haacute tambeacutem a

comercializaccedilatildeo de marcas proacuteprias que ajudam no ganho maior

Para facilitar a visualizaccedilatildeo das estrateacutegias utilizadas pelas redes supermercadistas no

apreccedilamento dos produtos que comercializam o quadro 11 foi elaborado

A seguir apresenta-se a conclusatildeo da dissertaccedilatildeo bem como as limitaccedilotildees encontradas e as

sugestotildees de estudos futuros

151

Quadro 11 Resumo das estrateacutegias de apreccedilamento utilizadas pelas redes varejistas

pesquisadas

Estrateacutegias

Redes

Rede A Rede B Rede C

Objetivo de Preccedilo

- Participaccedilatildeo de mercado - Valor percebido pelos consumidores (supermercado)

- Participaccedilatildeo do mercado

- Participaccedilatildeo do mercado

Anaacutelise da Demanda

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos nos hipermercados e lojas de desconto Consumidores pouco sensiacuteveis nos supermercados

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos - Busca da melhor relaccedilatildeo custo-benefiacutecio

- Consumidores sensiacuteveis a preccedilos em todos os formatos

Estimativa de Custos

- Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Fixos e variaacuteveis - Controle sobre gastos e

Anaacutelise da Concorrecircncia

- Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos - Shopping de preccedilos

Seleccedilatildeo do Meacutetodo

- Mark-up - Mark-up - Mark-up

Adequaccedilatildeo do Preccedilo

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - Preccedilo psicoloacutegico (supermercados) - Preccedilos por segmento (supermercados) - HILO (hipermercados)

- Descontos sazonais - Preccedilo isca - HILO (todos os formatos)

- Poliacutetica EDLP para todos os formatos - Preccedilo isca

Variaacuteveis que influenciam

- Localizaccedilatildeo da loja - Renda do consumidor - Formato do canal - Marcas do produtos

- Formato do canal - Marcas do produtos - Poder sobre os fornecedores

- Poder sobre os fornecedores - Renda dos consumidores - Formato do canal - Marcas do produtos

Fonte Elaborado pela autora A seguir apresenta-se as conclusotildees do estudo suas limitaccedilotildees e sugestotildees de estudos futuros

152

5 CONCLUSOtildeES

Este estudo teve como objetivo analisar a formaccedilatildeo de preccedilos de produtos em supermercados

Para que o objetivo fosse cumprido uma revisatildeo bibliograacutefica foi desenvolvida e abordou

conceitos sobre demanda custos meacutetodos de apreccedilamento teacutecnicas de adequaccedilatildeo de preccedilos e

variaacuteveis que influenciam nessa decisatildeo

Um estudo multicaso em trecircs redes supermercadistas foi elaborado para analisar como os

temas abordados na revisatildeo satildeo utilizados na praacutetica por algumas empresas do setor Para isso

desenvolveu-se um protocolo com os passos necessaacuterios para o desenvolvimento da pesquisa

empiacuterica Apresentou-se tambeacutem o histoacuterico a situaccedilatildeo atual e as principais tendecircncias do

varejo para o entendimento das circunstacircncias atuais de concorrecircncia e crescimento das

redes

Apoacutes essa apresentaccedilatildeo os casos foram descritos e analisados pela autora Baseando-se

nessas anaacutelises foi constatado que atualmente com o mercado cada vez mais competitivo e

com o faacutecil acesso dos consumidores agrave comparaccedilatildeo de preccedilos a decisatildeo sobre as estrateacutegias

de apreccedilamento tornou-se fundamental para o bom desempenho das redes supermercadistas

que visam ganho de vantagem competitiva

O estudo de multicasos demonstrou que os meacutetodos de apreccedilamento e de adequaccedilatildeo de preccedilos

satildeo ainda pouco utilizados pelas redes estudadas no que se refere agrave variedade de teacutecnicas

existentes para serem aplicadas a situaccedilotildees diferentes As empresas demonstraram o uso

adequado do mark-up e de estrateacutegias de descontos (peccedilo isca e descontos sazonais) poreacutem

de acordo com a teoria proposta tais meacutetodos apresentam limitaccedilotildees que podem alongo

prazo prejudicar o alcance dos objetivos de rentabilidade e participaccedilatildeo de mercado dos

grupos supermercadistas analisados

153

Cabe ressaltar que ateacute hoje as empresas estudadas tecircm conseguido atingir seus objetivos de

preccedilo por meio da utilizaccedilatildeo do meacutetodo de mark-up em conjunto com as anaacutelises de demanda

e concorrecircncia segundo os resultados de vendas e a colocaccedilatildeo no ranking da ABRAS

Entretanto o setor busca novas tecnologias para reduccedilatildeo de custos e tambeacutem apresenta outras

estrateacutegias para fidelizar os seus clientes que consideram outras variaacuteveis aleacutem dos custos

O acompanhamento das accedilotildees dos competidores por meio do shopping de preccedilos de cada

loja em diferentes regiotildees tem permitido agraves redes a manutenccedilatildeo de uma consistecircncia sobre

suas estrateacutegias e a praacutetica de teacutecnicas de defesa como cobrir ofertas ou melhores negociaccedilotildees

com seus fornecedores para operar com preccedilos dentro do mercado Poreacutem as empresas focam

nas estrateacutegias dos concorrentes e acabam por desenvolver accedilotildees muito proacuteximas e parecidas

com as dos competidores enquanto poderiam analisar com maior profundidades os seus

puacuteblicos e oferecer vantagens de acordo com o estilo de vida a renda e as necessidades de

cada segmento de mercado que atende

A Rede C por exemplo considera que todos os seus consumidores tecircm o mesmo niacutevel de

sensibilidade agrave preccedilos Mas eles possuem haacutebitos de compra diferentes e frequumlentam formatos

de loja distintos o que demonstra que nem todas as caracteriacutesticas satildeo as mesmas Caso

utilizasse o preccedilo discriminatoacuterio poderia diferenciar as suas bandeiras e atingir talvez de

forma mais eficaz o objetivo de maior participaccedilatildeo de mercado A Rede A embora natildeo

demonstre conhecimento suficiente sobre o conceito de preccedilo discriminatoacuterio eacute a uacutenica entre

as organizaccedilotildees estudadas que opera com estrateacutegias diferentes para cada puacuteblico que

frequumlenta suas diferentes divisotildees

O foco para a reduccedilatildeo dos custos e praacutetica de maiores margens eacute nas negociaccedilotildees com

fornecedores Apenas uma das empresas admitiu o uso de ferramentas tecnoloacutegicas para

diminuir custos A aplicaccedilatildeo de teacutecnicas de apreccedilamento para alcanccedilar esse objetivo natildeo foi

154

verificada o que demonstra a existecircncia de espaccedilo para o desenvolvimento da gestatildeo de

preccedilos nas empresas pesquisadas

Eacute importante ressaltar que agrave medida que os especialistas em varejo buscam mais bases

cientiacuteficas e confiaacuteveis para auxiliar na tomada de decisotildees quanto agrave formaccedilatildeo de preccedilos de

dos produtos que comercializam eacute essencial que possuam uma compreensatildeo clara dos

conceitos e ferramentas disponiacuteveis assim como o conhecimento das demais teacutecnicas de

adequaccedilatildeo como preccedilos geograacuteficos que permitem tambeacutem a tatildeo desejada reduccedilatildeo de custos

Os estudos cientiacuteficos sobre preccedilos tecircm demonstrado novos modelos como o custo-alvo que

permitem que as decisotildees sobre apreccedilamento sejam mais confiaacuteveis de proacuteximas agraves

necessidades e possibilidades financeiras dos clientes finais Conforme os meacutetodos vatildeo sendo

aprimorados menor a chance das estrateacutegias e dos planejamentos de precificaccedilatildeo falharem

Poreacutem eacute preciso que as redes supermercadistas deixem de analisar somente seus competidores

e de desenvolverem accedilotildees para se proteger dos ataques e observem mais de perto as atitudes

caracteriacutesticas e diferentes estilos dos seguimento de compradores que atingem ou pretendem

conquistar

155

51 Limitaccedilotildees

Campomar (1991) explica que tanto os meacutetodos quantitativos quanto os meacutetodos qualitativos

possuem suas limitaccedilotildees e estas devem ser claramente mencionadas nos trabalhos cientiacuteficos

As limitaccedilotildees do presente trabalho referem-se primeiramente a natureza do meacutetodo Embora

as escolhas tenham permitido o alcance dos objetivos propostos no estudo existem algumas

consideraccedilotildees importantes a serem feitas

A primeira delas refere-se agrave amostra pesquisada Por se tratar de uma amostra natildeo

representativa os dados coletados e analisados bem como as conclusotildees apresentadas natildeo

podem ser generalizados para todo o setor supermercadista As observaccedilotildees soacute devem ser

consideradas para as trecircs empresas que participaram do estudo mesmo que as companhias

estejam entre as maiores em faturamento Outro fator que impede a generalizaccedilatildeo eacute o seu

objetivo exploratoacuterio A dissertaccedilatildeo foi baseada em revisatildeo de literatura e estudos de caso

Um ponto importante refere-se ao proacuteprio setor supermercadista Como trata-se de um

mercado competitivo as empresas natildeo aceitaram a divulgaccedilatildeo de alguns dados e se

restringiram apenas a comentar quais satildeo as estrateacutegias gerais utilizadas para o apreccedilamento

dos produtos que comercializam Estrateacutegias especiacuteficas quanto ao posicionamento futuras

mudanccedilas desenvolvimento de novas tecnologias e praacuteticas e variaacuteveis utilizadas natildeo foram

expostas por nenhuma das redes As conclusotildees sobre esses aspectos forma baseadas em

alguns comentaacuterios e pesquisa de dados secundaacuterios

156

52 Sugestotildees para futuros estudos

Estudos futuros podem comparar a pesquisa realizada com os resultados obtido em outras

redes supermercadistas atuantes no paiacutes Nessa dissertaccedilatildeo foram analisadas trecircs das dez

maiores empresas em faturamento O estudo poderia identificar se as os passos seguidos para

a determinaccedilatildeo de preccedilo e as variaacuteveis influenciadoras satildeo as mesmas identificadas nessa

pesquisa Com uma amostra maior os resultados poderiam trazer informaccedilotildees mais precisas a

respeito do apreccedilamento estrateacutegico em supermercados

Um outro estudo pode coletar dados primaacuterios de preccedilos de produtos em diferentes formatos e

verificar a influecircncia de das variaacuteveis propostas de forma estatiacutestica O grau de influecircncia de

cada uma pode ser medido e os seguintes objetivos verificados

bull A influecircncia da marca no apreccedilamento estrateacutegico supermercadista

bull A influecircncia da faixa de renda dos consumidores que habitam as regiotildees de cada loja

A influecircncia do formato do canal de distribuiccedilatildeo na fixaccedilatildeo de preccedilos dos produtos

comercializados pelos varejistas

A influecircncia da regiatildeo onde cada loja se localiza na precificaccedilatildeo de produtos

comercializados pelos supermercados

A influecircncia do poder do canal de distribuiccedilatildeo sobre os seus fornecedores e

A influecircncia do preccedilo do concorrente na determinaccedilatildeo dos preccedilos dos produtos de uma

rede

Outras possibilidades dizem respeito ao estudo da formaccedilatildeo de preccedilos em tipos diferentes de

varejo comparando o setor supermercadista com os outras empresas de serviccedilos

157

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  • 11 Apresentaccedilatildeo
  • 12 Problema Estudado na Dissertaccedilatildeo
  • 13 Objetivos
  • 14 Justificativa
  • 15 Organizaccedilatildeo do estudo
  • 21 Definiccedilotildees e Estabelecimento de Preccedilo
  • 22 Seleccedilatildeo do Objetivo do Preccedilo
  • 23 Determinaccedilatildeo da Demanda
    • 231 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseado na Demanda (Cliente)
      • 24 Estimativa de Custos
        • 241 Determinaccedilatildeo de Preccedilos Baseados em Custos
          • 25 Anaacutelise dos Custos Preccedilos e Ofertas dos Concorrentes
          • 26 Seleccedilatildeo de um Meacutetodo de Estabelecimento de Preccedilo
          • 27 Seleccedilatildeo do Preccedilo Final
          • 28 Estrateacutegias de Adequaccedilatildeo do Preccedilo
          • 29 Gestatildeo de Varejo Supermercadista
          • 210 Estrateacutegias de Apreccedilamento nos Supermercados
          • 211 Variaacuteveis Qualitativas que Influenciam no Apreccedilamento dos Produtos no Varejo
            • 2111 Produto
            • 2112 Marca
            • 2113 Formato dos Canais de Distribuiccedilatildeo
            • 2114 Localizaccedilatildeo da Loja
            • 2115 O Poder de Negociaccedilatildeo do Varejista
            • 2116 A Faixa de Renda dos Consumidores que Habitam a Regiatildeo das Lojas
            • 117 O Preccedilo da Concorrecircncia
              • 31 Escolha do Meacutetodo da Pesquisa de Campo
                • 311 O Tipo de Pesquisa
                • 312 A Natureza da Pesquisa
                • 313 O Meacutetodo da Pesquisa
                  • 3131 Protocolo para os Estudos de Caso
                      • 41 Os Supermercados no Brasil
                      • 42 Caso 1 ndash Rede A
                      • 43 Caso 2 ndash Rede B
                      • 44 Caso 3 ndash Rede C
                      • 43 Anaacutelise dos Casos
                      • 51 Limitaccedilotildees
                      • 52 Sugestotildees para futuros estudos