bibliografia comentada acerca da censura no brasil (em andamento)

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BIBLIOGRAFIA COMENTADA ACERCA DA CENSURA NO BRASIL Esta seleção de referências da censura no Brasil é o início de um projeto coletivo de reunião de trabalhos e redação de resumos, com ênfase no período de ditadura militar. O trabalho coletivo resume-se na seguinte ideia: A partir de uma lista de referências da censura no Brasil, com inclusão permanente de novas contribuições, cada um escolhe o(s) título(s) que quer resumir, podendo ser um texto pequeno, entre 10 e 20 linhas, e assina como autor do resumo, caso não seja o próprio autor do trabalho. Disponho-me a reunir todos os resumos num arquivo à parte, com referências completas, dispostas segundo a data de publicação/defesa do trabalho, conforme as informações abaixo: * Referência completa (normas da ABNT) * Resumo da obra (entre 10 e 20 linhas) * Autoria do resumo * Dados complementares: indicações de resenhas do livro, palavras-chave do artigo, tese ou dissertação e o endereço eletrônico do trabalho, se houver Ciente dos riscos, dividi as referências em cinco categorias: * Fontes da censura em geral * Bibliografia da censura em geral e temas correlatos * Bibliografia da censura à imprensa * Bibliografia da censura de diversões públicas e a manifestações artísticas * Acesso a arquivos e fontes

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Page 1: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

BIBLIOGRAFIA COMENTADA ACERCA DA CENSURA NO BRASIL

Esta seleção de referências da censura no Brasil é o início de um projeto coletivo de

reunião de trabalhos e redação de resumos, com ênfase no período de ditadura militar.

O trabalho coletivo resume-se na seguinte ideia:

A partir de uma lista de referências da censura no Brasil, com inclusão permanente de novas

contribuições, cada um escolhe o(s) título(s) que quer resumir, podendo ser um texto pequeno,

entre 10 e 20 linhas, e assina como autor do resumo, caso não seja o próprio autor do trabalho.

Disponho-me a reunir todos os resumos num arquivo à parte, com referências completas,

dispostas segundo a data de publicação/defesa do trabalho, conforme as informações abaixo:

* Referência completa (normas da ABNT)

* Resumo da obra (entre 10 e 20 linhas)

* Autoria do resumo

* Dados complementares: indicações de resenhas do livro, palavras-chave do artigo, tese

ou dissertação e o endereço eletrônico do trabalho, se houver

Ciente dos riscos, dividi as referências em cinco categorias:

* Fontes da censura em geral

* Bibliografia da censura em geral e temas correlatos

* Bibliografia da censura à imprensa

* Bibliografia da censura de diversões públicas e a manifestações artísticas

* Acesso a arquivos e fontes

Dúvida:

Só não sei se devemos manter aquela ideia de resumos inéditos, com apreciação crítica, ou

aproveitar o resumo do autor dos artigos, teses e dissertações que é mais informativo. O que

acham?

Ressalva:

As referências da censura à imprensa certamente estão incompletas, contamos com a

colaboração de todos na indicação de trabalhos e na redação dos resumos.

Page 2: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

FONTES DA CENSURA EM GERAL

RODRIGUES, Carlos; MONTEIRO, Vicente; GARCIA, Wilson de Queiróz. Censura

federal. Brasília: C.R. Editôra Ltda., 1971.

Nota: A organização da legislação pelos técnicos de censura Carlos Rodrigues, Vicente

Alencar Monteiro e Wilson de Queiroz Garcia inspirou-se nas seguintes iniciativas:

BARRETO FILHO, João Paulo de Mello. Diversões públicas legislação e doutrina: prática

administrativa. Rio de Janeiro: A. Coelho Branco, 1941; BRASIL. Coletânea de todos os

decretos e leis sobre censura cinematográfica, cinema nacional, teatro, imprensa, direitos

autorais DSP, SCDP. Brasília: Departamento de Imprensa Nacional, 1963.

Nota escrita por Miliandre Garcia

FAGUNDES, Coriolano de Loyola Cabral. Censura & liberdade de expressão. São Paulo:

Edital, 1974.

MICHALSKI, Yan. O palco amordaçado: 15 anos de censura teatral no Brasil. Rio de

Janeiro: Avenir, 1979.

Page 3: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

BIBLIOGRAFIA DA CENSURA EM GERAL E TEMAS CORRELATOS

SOARES, Gláucio Ary Dillon. A censura durante o regime autoritário. Revista Brasileira de

Ciências Sociais, São Paulo, v. 4, n. 10, p. 21-43, jun. 1989.

Resumo: Um dos mais importantes artigos sobre a atuação da censura durante a ditadura

militar. Embora seu autor quando publicou a pesquisa não tenha tido acesso ao fundo da

DCDP que só foi aberto para consulta pública em 1996, já atenta para a existência de duas ou

mais censuras atuando separada e conjuntamente, além de oferecer uma gama de informações

que permite entender a hierarquia da censura, seus braços auxiliares bem como seus focos de

pressão. Leitura obrigatória para todo pesquisador do tema.

Palavras-chave: [não há]

Endereço eletrônico: http://historiadobrasilensinoepesquisa.blogspot.com.br/2012/09/artigo-

censura-durante-o-regime.html

Resumo escrito por Miliandre Garcia.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci Carneiro. Livros proibidos, idéias malditas: o Deops e as

minorias silenciadas. São Paulo: Estação Liberdade: Arquivo do Estado, SEC, 1997.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci (org.) Minorias silenciadas: a história da censura no Brasil.

São Paulo: EDUSP: Imprensa Oficial do Estado: FAPESP, 2002.

FICO, Carlos. “Prezada Censura”: cartas ao regime militar. Topoi, Rio de Janeiro, n. 5, p.

251-286, set. 2002.

Resumo: O artigo analisa as cartas enviadas por pessoas comuns à Divisão de Censura de

Diversões Públicas pedindo censura para programas de TV, filmes, peças de teatro e músicas.

Estabelece, também, algumas distinções entre a censura de diversões públicas e a censura da

imprensa. O acervo pesquisado para o artigo foi o Fundo “Divisão de Censura de Diversões

Públicas”, Arquivo Nacional, Coordenação Regional do Arquivo Nacional no Distrito

Federal, Série “Correspondência Oficial”, Subsérie “Manifestações da Sociedade Civil”.

Palavras-chave: [não há]

Endereço eletrônico: http://www.revistatopoi.org/numeros_anteriores/topoi05/topoi5a11.pdf

Resumo fornecido pelo autor.

Page 4: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

FICO, Carlos. A pluralidade das censuras e das propagandas da ditadura. In: 1964-2004: 40

anos do golpe: ditadura militar e resistência no Brasil. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2004. 399 p.

p. 71-79.

COSTA, Cristina. Censura em cena: teatro e censura no Brasil. São Paulo: Edusp, Fapesp,

Imprensa Oficial, 2006.

Page 5: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

BIBLIOGRAFIA DA CENSURA À IMPRENSA

MARCONI, Paolo. A censura política na imprensa brasileira (1968-1978). 2. ed. São Paulo:

Global, 1980.

KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários nos tempos da imprensa alternativa.

São Paulo: Scritta, 1991.

AQUINO, Maria Aparecida de. Censura, imprensa e Estado autoritário (1968-1978): o

exercício cotidiano da dominação e da resistência: o Estado de São Paulo e Movimento.

Bauru: EDUSC, 1999.

SMITH, Anne-Marie. Um acordo forçado: o consentimento da imprensa à censura no Brasil.

Rio de Janeiro: FGV, 2000.

KUSHNIR, Beatriz. Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988.

São Paulo: Boitempo Editorial, 2004.

SILVA, Camila Gonçalves. A censura veste farda: elites conservadoras, policiais militares e o

consentimento da imprensa escrita a censura, durante o governo militar em Montes Claros de

1964-1985. Juiz de Fora, 2011. Dissertação (Mestrado em História) – Mestrado em História,

Cultura e Poder, Universidade Federal de Juiz de Fora.

Resumo: A dissertação analisa a censura à imprensa, numa localidade distante dos grandes

centros urbanos do país, focalizando a cidade de Montes Claros, situada em região sertaneja

do Norte de Minas Gerais, entre 1964 e 1985. Inicialmente discorre-se sobre a trajetória

econômica e política da cidade, salientando o caráter politicamente orientado do

desenvolvimento, evidenciado pelo ingresso na era industrial através de ações do Estado.

Notadamente da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste/SUDENE, sem que seja

plenamente derrogada a influência das elites agrárias tradicionais, a ―elite agropecuária.

Salienta-se como o temor à reforma agrária, a presença de movimentos políticos de esquerda,

certa tradição anticomunista e o incremento das atividades reivindicatórias que acompanham

o crescimento urbano e as mazelas sociais, a ele vinculados, inclinaram as elites da cidade em

favor do golpe de 1964 e do regime militar que ele instaura. Além de contribuir para a

definição dos motivos que, ao lado das prescrições da Doutrina de Segurança Nacional, eram

utilizados para justificar a repressão política e a censura. Destaca-se, ainda, o protagonismo da

Page 6: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

Polícia Militar e de seu comandante na ação golpista e, após o golpe, na repressão política e

no exercício da censura, em Montes Claros. Contrariamente à prática comum aos grandes

centros urbanos, efetuada não por organismos especializados, mas pela polícia, num primeiro

momento e, em seguida, pelo Exército. Descreve-se, também, a trajetória da imprensa em

Montes Claros que, na década de 1950, distancia-se do jornalismo subordinado às facções

políticas locais, traço comum à imprensa da cidade em momentos anteriores. Por força da

ação de uma nova geração de jornalistas, de formação e experiência profissionais construídas

em grandes centros urbanos. Observa-se, contudo, que a autonomia revelada por tais

jornalistas não eliminava os limites próprios do exercício do jornalismo em organismos cuja

sobrevivência depende de seu corpo de anunciantes e da relação com sua clientela. Além

disto, os jornais de Montes Claros atribuíam-se o papel de instrumentos do desenvolvimento

da cidade que favorecia, pelo seu caráter politicamente orientado, a busca de relações

amistosas com atores políticos situados nas esferas estadual e federal. Analisa-se, por fim, a

prática da censura em Montes Claros, em suas diferentes dimensões, as iniciativas de

resistência e acomodação, bem como as relações verificadas entre censores e jornalistas, boa

parte das vezes cordiais, em certa medida por força das características que envolvem a

convivência social em pequenas localidades. A dissertação se vale de diversos documentos

escritos, como revistas, jornais, processos crime, além de entrevistas com jornalistas que, no

período delimitado pelo estudo, atuaram nos periódicos ‘Diário de Montes Claros‘ e ‘Jornal

de Montes Claros.’

Palavras-chave: imprensa, censura, Montes Claros/MG

Endereço eletrônico: http://www.ufjf.br/ppghistoria/files/2011/01/CAMILA-GON

%C3%87ALVES-SILVA.pdf

Resumo contido na dissertação.

Page 7: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

BIBLIOGRAFIA DA CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS E A

MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS

FERES, Sheila Maria. A censura, o censurável, o censurado. São Paulo, 1980. Tese

(Doutorado em Ciência Política) – Fundação Escola de Sociologia e Política, Universidade de

São Paulo.

Nota: Durante a pesquisa de doutorado, não encontrei esta pesquisa disponível na USP, pelo

menos no catálogo da Dedalus, apenas um resumo dela feito pela própria autora e também

censora paulista num seminário de censura realizado em Brasília em 1981. Cf. FERES, Sheila

Maria. A censura, o censurável e o censurado. Palestra proferida no Seminário Nacional

sobre a Censura de Diversões Públicas. Brasília, 11 a 13 de maio de 1981.

Nota escrita por Miliandre Garcia.

SILVA, Deonísio da. Nos bastidores da censura: sexualidade, literatura e repressão pós-64.

São Paulo, Estação Liberdade, 1989.

PINTO, Leonor Estela de Souza. Les arts de représentation et leurs rapports avec la censura

au Brésil aprè 1964: le processus de Roda Viva. Toulouse, 1997. U.F.R. Lettres, Langages e

Musique, Université Toulouse il le Mirail.

SIMÕES, Inimá. Roteiro da intolerância: a censura cinematográfica no Brasil. São Paulo:

Senac São Paulo, 1999.

SOUZA, Maurício Maia de. Henfil e a censura: o papel dos jornalistas. São Paulo, 1999.

Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Universidade de São Paulo.

Resumo: Esta pesquisa trata da censura à imprensa durante o regime militar brasileiro (1964-

1985) sob uma nova perspectiva. Como foram poucos os veículos de comunicação

submetidos à censura prévia, o estudo visa analisar a censura interna (ou autocensura)

exercida por jornalistas nas próprias redações a partir de cartuns e históricas em quadrinhos

do cartunista Henfil (1944-1988) que foram recusados. Henfil esteve presente em grande parte

dos mais importantes periódicos brasileiros (como, por exemplo, PASQUIM, JORNAL DO

BRASIL, FOLHA DE S. PAULO, ISTO É, O GLOBO, O ESTADO DE S. PAULO) e pode

ajudar a entender as ambiguidades e as contradições da imprensa naquele período. Este

levantamento possibilita lançar novas luzes sobre as restrições à liberdade de imprensa e de

expressão durante o regime militar.

Page 8: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

Palavras-chave: [não há]

Endereço eletrônico:

http://historiadobrasilensinoepesquisa.blogspot.com.br/2012/09/dissertacao-henfil-e-censura-

1999_4.html

Resumo contido na dissertação.

OLIVEIRA, Eliane Braga de; RESENDE, Maria Esperança de. A censura de diversões

públicas no Brasil durante o regime militar. Dimensões, Espírito Santo, v. 12, p. 150-161,

jan./jun. 2001.

Resumo:

Palavras-chave:

Endereço eletrônico:

Resumo escrito por Miliandre Garcia.

STEPHANOU, Alexandre Ayub. Censura no regime militar e militarização das artes. Porto

Alegre, EDIPUCRS, 2001.

Resumo: O livro, que resultou de uma dissertação de mestrado apresentada no Programa de

Pós-Graduação em História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,

defende a tese de que a censura no período de 1964 a 1968 não foi “assistemática e eventual”,

mas “constante, violenta, desmanteladora e multifacetada” (p. 14), atingindo sobretudo as

produções artístico-culturais (p. 291). Para fundamentar essa tese central, Stephanou não

recorreu à documentação produzida pelos órgãos responsáveis pela censura no regime militar,

mas elegeu, como fonte historiográfica, duas revistas de grande circulação nacional nas

décadas de 1960 e 1970: a Revista Civilização Brasileira (RCB) que editou 22 números entre

1965 e 1968 e nunca foi censurada e a Veja que publicou seu primeiro número em 11 de

setembro de 1968. O autor justifica que a “Veja foi escolhida pelo seu caráter de grande

imprensa, de pretensa neutralidade, enquanto a Revista Civilização Brasileira era claramente

posicionada contra o Regime vigente” (p. 17). Essa escolha e, posteriormente, a apreensão das

fontes por Stephanou influenciou na abordagem da censura e das produções artístico-culturais

da época, desenvolvida nas quatro partes que compõem o livro: na apresentação da história e

conceito da censura (parte I), na síntese do contexto político, econômico, social (parte II),

artístico e cultural (parte III) e na argumentação da tese central (parte IV). Ainda, para

fundamentar a tese central, o autor questiona as três fases tradicionais da censura (p. 13) bem

como distancia das pesquisas acadêmicas já realizadas que, segundo ele, “Muitos

historiadores, sociólogos e jornalistas concordam no fato de que os governos de Castello

Page 9: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

Branco e Costa e Silva ‘censuraram menos’. Porém, não se pode considerar branda e

assistemática uma censura que obstruiu ou retalhou qualquer produção mais claramente

crítica/oposicionista, não se pode considerar amena ou reduzida uma censura que combinou

supressão de obras com atos de terrorismo e pressão econômica, o que inclusive levou ao

fechamento de diversas empresas de comunicação. Essa visão foi deformada, na verdade,

porque a maioria dos estudos sobre censura se concentram na imprensa, e mais

especificamente na imprensa escrita, justamente a menos visada neste período, em que a

Censura se dedicou mais ao teatro e ao cinema, até porque a maioria dos jornais e revistas

haviam apoiado o Movimento Militar de 64” (p. 291). Considerando esse argumento, não

entendemos porque então o autor elegeu como fonte historiográfica as revistas RCB e Veja e

não os processos ou cartas do Serviço de Censura de Diversões Públicas (SCDP), por

exemplo. Abordar a censura de “forma genérica” (p. 291) – isto é, não apenas centrada no

SCDP – não justifica essa escolha, ao contrário, a documentação produzida pelo SCDP

deveria, ao menos, ser uma das fontes eleitas.

Palavras-chave: [não há]

Endereço eletrônico: [não há, somente resenha]

http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/historia/article/download/7941/5586

Resumo redigido por Miliandre Garcia.

ALBIN, Ricardo Cravo. Driblando a censura: de como o cutelo vil incidiu na cultura. Rio de

Janeiro: Gryphus, 2002.

ARAÚJO, Paulo César de. Eu não sou cachorro, não: música popular cafona e ditadura

militar. Rio de Janeiro: Record, 2002.

BERG, Creuza de Oliveira. Mecanismos do silêncio: expressões artísticas e censura no regime

militar (1964-1984). São Carlos: EdUFSCar, 2002.

Resumo: O livro é fruto de uma dissertação de mestrado com título homônimo, apresentada

ao programa de pós-graduação em Ciências, área de concentração História Econômica, da

USP (Universidade de São Paulo) e foi dividido em quatro capítulos (“O universo militar”,

“O sentido da censura: sociedade armada e sociedade civil”, “A filtragem dos censores” e

“Censura, repressão e resistência”). O argumento central de Berg é que a censura nos anos de

ditadura militar “não se dá absolutamente de forma aleatória, mas surge de um estudo, de uma

sistematização dos métodos a serem empregados de uma doutrina: a doutrina da Escola

Superior de Guerra (ESG), que tem como eixo central a segurança nacional” (p. 91). A partir

Page 10: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

desse pressuposto fundado na Doutrina de Segurança Nacional (DSN), dá-se então para Berg

a militarização da estrutura administrativa da censura (p. 114), cujo sintoma está expresso no

fato desta ser executada pelo Ministério da Justiça e pelo Departamento de Polícia Federal

(DPF) (p. 154). Assim, os dados que fundamentam essa tese situam-se na progressiva

burocratização do processo censório (p. 93), na ausência de contato pessoal entre censor e

censurado (p. 94), na impessoalidade dos técnicos de censura (p. 95) e na adoção de fichas e

formulários simplificados (p. 95). A redação dos dois primeiros capítulos apoia-se num

conjunto de literaturas que versam sobre inúmeros assuntos (mentalidade militar,

militarização da sociedade, propaganda, censura, Guerra Fria, Estado Novo, entre outros) e

em fontes secundárias como os manuais da ESG (editado nos anos de 1950), artigos da

Revista Cultura e Política (publicada nos anos de 1940) e entrevistas e depoimentos recentes

de artistas. A partir do terceiro capítulo, Berg inicia a análise dos processos e pareceres da

DCDP, aleatoriamente. Já no quarto e último capítulo, a autora apresenta uma tipologia para a

análise da censura: as categorias “censura prévia”, “coercitiva” e “punitiva” possuem suas

próprias características, apresentando entre si níveis de violência progressivos. A iniciativa de

Berg em investigar a censura de diversões públicas e trazer à tona os processos e pareceres da

censura deve ser reconhecida, afinal até bem pouco tempo atrás analisava-se a censura à

música, ao teatro e ao cinema sem ao menos citar o fundo da DCDP que, como sabemos, é o

principal órgão responsável por esse tipo de censura. No entanto, iniciativas como estas

devem adotar critérios específicos para que se evite cair em certas generalizações. Assim,

delimitar com clareza e acuidade as fontes, o foco de análise e o período de investigação são

opções necessárias, juntamente com os problemas que pretendemos investigar, que vão nos

orientar do início ao fim da pesquisa, com variações e descobertas no decorrer do processo.

Palavras-chave: [não há]

Endereço eletrônico: [não há]

Resumo redigido por Miliandre Garcia.

ALENCAR, Sandra Siebra. A censura versus o teatro de Chico Buarque de Hollanda, 1968-

1978. Acervo, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 101-114, jul./dez. 2002.

SOUZA, Silvia Cristina Martins de. Os literatos fluminenses e o Conservatório Dramático

Brasileiro. In: As noites do Ginásio: teatro e tensões culturais na corte (1832-1868).

Campinas: Editora da Unicamp, 2002. P. 138-222.

Page 11: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

STEPHANOU, Alexandre Ayub. O procedimento racional e técnico da censura federal

brasileira como órgão público: um processo de modernização burocrática e seus

impedimentos (1964-1988). Rio Grande do Sul, 2004. Tese (Doutorado em História) –

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

FIUZA, Alexandre Felipe. Entre um samba e um fado: a censura e a repressão aos músicos –

Brasil e Portugal nas décadas de 1960 e 1970. Assis, 2006. Tese (Doutorado em história) –

Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista.

MARCELINO, Douglas Attila. Salvando a pátria da pornografia e da subversão: a censura

de livros e diversões públicas nos anos 1970. Rio de Janeiro, 2006. Dissertação (Mestrado em

História) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

CAROCHA, Maika. Lois. Pelos versos das canções: um estudo sobre o funcionamento da

censura musical durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). Rio de Janeiro, 2007.

Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade

Federal do Rio de Janeiro.

GARCIA, Miliandre. Ou vocês mudam ou acabam: teatro e censura na ditadura militar (1964-

1988). Tese (Doutorado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade

Federal do Rio de Janeiro.

SETEMY, Adrianna Cristina Lopes. “Em defesa da moral e dos bons costumes”: revolução

dos costumes e a censura de periódicos no regime militar. (1964-1985). Rio de Janeiro, 2008.

Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade

Federal do Rio de Janeiro.

MARTINS, William de Souza Nunes. Produzindo no escuro: políticas para a indústria

cinematográfica brasileira e o papel da censura (1964-1988). Tese (Doutorado em História) –

Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Resumo: A década de 1960 foi certamente um dos momentos políticos mais conturbados da

história recente do Brasil: o golpe civil-militar de 1964 e o enrijecimento da repressão, em

1968, levam a uma vigilância constante e institucionalizada do Estado às artes. Contudo, foi

também naquela época que vários movimentos artísticos e culturais conseguiram mudar as

concepções estéticas vigentes. A atenção do regime esteve focada na produção fílmica

Page 12: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

nacional através de duas esperas aparentemente dicotômicas: ao mesmo tempo em que

apoiavam a realização de filmes nacionais, concedendo benefícios diretos e indiretos,

promoviam a censura das obras cinematográficas através da DCDP (Divisão de Censura de

Diversões Públicas) e do apoio de parcelas da sociedade. O objetivo desta tese é perceber

como os filmes financiados ou cofinanciados pela Embrafilme foram analisados pela DCDP.

O fato de os filmes serem financiados por uma agência governamental fez com que eles

fossem analisados com uma certa complacência pelos censores.

Palavras-chave:

Endereço eletrônico: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp092584.pdf

Resumo contido na tese.

ROSA, Seleste Michels da. Censura teatral no Brasil: uma visão histórica. Literatura e

Autoritarismo (UFSM), v. 14, p. 92-107, jul./dez. 2009.

SOUZA, Amilton Justo de. É o meu parecer: a censura política à música de protesto nos anos

de chumbo do regime militar do Brasil (1969-1974). João Pessoa, 2010. Dissertação

(Mestrado em História) – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal

da Paraíba.

Resumo: Esta Dissertação de Mestrado está vinculada à Linha de Pesquisa: “História

Regional”, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba, o

qual tem como Área de Concentração: “História e Cultura Histórica”. Nossa pesquisa teve

como objetivo analisar, sobretudo, o uso da censura política sobre a música de protesto

durante os chamados “anos de chumbo” (1969-1974) da ditadura militar no Brasil. Com esse

intuito nos detemos mais sobre os pareceres elaborados pelos próprios censores entre 1969 e

1974, quando da prática censória, para justificarem os vetos sobre as canções de protesto,

censuradas por conterem protestos políticos contra o regime político vigente implantado no

Brasil pelos militares com o golpe de 1964. Portanto, procuramos demonstrar que, além da

censura moral que vigorava no país durante a ditadura militar, o que já vinha desde meados da

década de 1940, também ocorreu, durante esse mesmo regime militar, uma censura política

sobre a música popular brasileira, a qual atuou com mais vigor durante os anos de chumbo e

principalmente sobre a música de protesto, que direcionava mais suas contestações para a

situação política do Brasil naquele momento. Além disso, não negamos que tenha ocorrido

nesse mesmo período uma censura moral sobre a música popular produzida no Brasil. Não

obstante, também procuramos mostrar que havia, em certos momentos, uma interconexão

entre as motivações políticas e morais para a censura de determinadas canções.

Page 13: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

Palavras-chave: censura política, música de protesto, Segurança Nacional, discurso

anticomunista, regime militar brasileiro.

Endereço eletrônico: http://www.cchla.ufpb.br/ppgh/2010_mest_amilton_souza.pdf

Resumo contido na dissertação.

VIEIRA, Nayara da Silva. Entre o imoral e o subversivo: a Divisão de Censura de Diversões

Públicas (DCDP) no regime militar (1968-1979). Brasília, 2010. Dissertação (Mestrado em

História) – Instituto de Ciências Humanas, Universidade de Brasília.

GARCIA, Miliandre. "Ou vocês mudam ou acabam": aspectos políticos da censura teatral

(1964-1988). Topoi, Rio de Janeiro, v. 11, n. 21, p. 235-259, jul./dez. 2010.

Resumo: No Brasil, a censura teatral foi instituída no século XIX com a fundação do

Conservatório Dramático Brasileiro. Desde então, os governos brasileiros não só

incorporaram a censura de peças teatrais como também submeteram outras manifestações

artístico-culturais à obrigatoriedade da censura prévia. O auge desse processo ocorreu na

década de 1940 com a criação do Serviço de Censura de Diversões Públicas. Até a década de

1960, a censura de diversões públicas era responsabilidade dos estados, regia-se por

legislação ostensiva e atuava na esfera da moral e dos bons costumes. Com o golpe militar, a

atividade censória passou por um processo de re-significação que consolidou a centralização

do órgão em Brasília e a prática da censura política. Ao papel de mantenedora dos princípios

éticos e dos valores morais, motivos alegados na criação do órgão na década de 1940,

agregou-se a preocupação com a manutenção da ordem política e da segurança nacional,

justificativas incorporadas na reestruturação da censura nas décadas de 1960, 1970 e 1980.

Palavras-chave: censura teatral, peças proibidas, ditadura militar.

Endereço eletrônico:

http://www.revistatopoi.org/numeros_anteriores/topoi21/Topoi21_13Artigo13.pdf

Resumo contido no artigo.

GARCIA, Miliandre. “Contra a censura, pela cultura”: a construção da unidade teatral e os

atos de resistência cultural. ArtCultura, Uberlândia, n. 23, jul.-dez. 2011.

Resumo: Na década de 1960, a ascensão militar ao poder e o recrudescimento da censura

propiciaram uma sucessão de manifestações de oposição ao regime no campo da cultura. No

aspecto institucional, destacou-se a concretização de um plano de centralização da censura no

decurso da década de 1960, a edição de novos instrumentos legais a partir de 1965 e a

reformulação administrativa das instâncias censórias durante os anos 1970. No setor artístico,

Page 14: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

projetaram-se a organização da campanha “Contra a censura, pela cultura” e a concretização

de uma greve geral dos teatros, ambos em 1968. Até 1967, as manifestações públicas de

oposição à censura restringiram-se ao eixo Rio-São Paulo e se consolidaram como ação

coletiva e, a partir desta data, ganharam projeção nacional bem como migraram para a esfera

jurídica e, depois, para o campo econômico. Analisar as formas como o meio teatral atuou na

“frente de resistência” é, portanto, o principal objetivo desse artigo.

Palavras-chave: ditadura militar, censura teatral, resistência cultural

Endereço eletrônico: (no prelo)

Resumo contido no artigo.

GARCIA, Miliandre. “Teatro agora é livre”: as contradições de Gama e Silva e as

negociações com o setor teatral (1967-1968). Literatura e Autoritarismo (UFSM), v. 20, p.

221-246, 2012.

Resumo: Com a posse do ministro Gama e Silva na pasta da Justiça em 1967, iniciou-se um

movimento de protesto de artistas e intelectuais contra a censura de diversões públicas, com

projeção do setor teatral que arcava com o ônus da recém-transferência da censura para

Brasília. Essa ampla movimentação da intelectualidade desencadeou atitudes ambíguas do

ministro que, inicialmente, apoiou a maior reivindicação do setor e prometeu por um fim à

censura teatral para, em seguida, apoiar o governo no seu projeto de politização da censura e

continuidade da prática centralizada. Essa mudança de posição de Gama e Silva é o ponto de

partida para se analisar a emergência de um acirrado debate sobre o assunto.

Palavras-chave: Ministério da Justiça; Gama e Silva; censura teatral; ditadura militar;

resistência cultural.

Endereço eletrônico: http://w3.ufsm.br/grpesqla/revista/dossie07/RevLitAut_art10.pdf

Resumo contido no artigo.

GARCIA, Miliandre. “A luta agora é na Justiça”: o processo censório de Calabar. PolHis -

Boletín Bibliográfico Electrónico del Programa Buenos Aires de Historia Política, v. 9, p. 1,

2012.

Resumo: No final dos anos 1960, uma série de acontecimentos como a centralização da

censura teatral em Brasília bem como os atos de repressão às manifestações públicas

contribuíram para transferir a luta contra a censura para o âmbito da Justiça e,

consequentemente, individualizar o processo de resistência no campo da cultura. Na nova

configuração das lutas culturais destacou-se o processo de censura da peça Calabar que, além

de transferir a luta contra a censura para o âmbito da Justiça, evidenciou contradições internas

Page 15: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

entre órgãos do governo bem como se constituiu num processo atípico na burocracia da

censura.

Palavras-chave: ditadura militar, censura teatral, Calabar, Chico Buarque, Ruy Guerra

Endereço eletrônico: (no prelo)

Resumo contido no artigo.

Page 16: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

ACESSO A ARQUIVOS E SITES:

OS DOCUMENTOS DA CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS

No Brasil, os acervos da censura encontram-se sob custódia de diferentes arquivos de

acordo com a origem das instituições. Por exemplo, um órgão submetido às atribuições

regionais encontra-se sob a guarda dos arquivos estaduais enquanto que um órgão vinculado

ao governo federal encontra-se sob o domínio de instituições nacionais.

Na Divisão de Manuscritos, da Biblioteca Nacional, podemos consultar os acervos

do Conservatório Dramático Brasileiro (CDB), do Departamento de Imprensa e Propaganda

(DIP) e do Serviço de Censura de Diversões Públicas (SCDP) quando a capital federal ainda

era o Rio de Janeiro. Sob o título Teatro-Censura, o fundo possui mais de 4.000 peças teatrais

que sofreram exame da censura. A principal desvantagem desse acervo documental é que nos

processos de censura constam apenas os textos teatrais, sem grifos, anotações, pareceres ou

comentários dos censores. Só mais tarde é que as instâncias censórias vão assumir um

discurso mais técnico e, portanto, fornecer farta documentação sobre o exame censório.

Na Superintendência Regional de Brasília, do Arquivo Nacional, podemos consultar

o acervo do SCDP, depois transformado em Divisão de Censura de Diversões Públicas

(DCDP), após ser construída a nova capital em Brasília.

Um número significativo de documentos da censura encontra-se nos sites do projeto

Memória da Censura no Cinema Brasileiro (1964-1988) (http://www.memoriacinebr.com.br/)

e do Grupo de Estudos sobre a Ditadura Militar (http://www.gedm.ifcs.ufrj.br/). O projeto

Memória da Censura no Cinema Brasileiro (1964-1988), coordenado por Leonor Souza Pinto,

disponibiliza farta documentação sobre a censura de filmes, além de matérias jornalísticas e

entrevistas com cineastas. O Grupo de Estudos sobre a Ditadura Militar, vinculado

Departamento de História e ao Programa de Pós-graduação em História Social da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenado pelo Prof. Dr. Carlos Fico, que

desenvolve pesquisas acadêmicas sobre a história do Brasil no período 1964 a 1985 e dispõe

de um banco de dados bibliográfico, uma relação dos principais acervos documentais sobre o

tema, as leis de exceção, a reprodução de documentos históricos do período, uma cronologia

dos acontecimentos da época e a íntegra de trabalhos de análise não publicados.

Na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, podemos consultar os registros da

censura fluminense e no Acervo Miroel Silveira, da Escola de Comunicação e Artes (ECA),

da Universidade de São Paulo (USP), a documentação da censura paulista, ambas do SCDP,

braços auxiliares da DCDP, durante seu período de centralização em Brasília.

Page 17: Bibliografia Comentada Acerca Da Censura No Brasil (Em Andamento)

Com o fim da censura em 1988, Miroel Silveira transferiu o arquivo do DEIP de São

Paulo para a Universidade de São Paulo (USP) que hoje tem seu nome e um site

(http://www.eca.usp.br/ams/), está sob custódia da Escola de Comunicações e Artes (ECA), é

coordenado pela Profa. Dr. Maria Cristina Castilho Costa e compõe o acervo da censura

paulista com cerca de 6.200 processos de censura prévia a peças de teatro do período de 1930

a 1970.

Em linhas gerais, as várias fases do SCDP que vão desde uma atuação autônoma nos

estados, passando por um processo de centralização em Brasília até voltar à fase de

descentralização do trabalho orientaram o armazenamento da documentação. De meados da

década de 1940 até os anos 1960, a censura encontrava-se sob o domínio dos estados, depois

foi centralizada em Brasília e contou com o auxílio dos setores regionais, até ser transferida

para os estados de novo e, finalmente, ser extinta da Constituição brasileira em 1988.

Miliandre Garcia