bens[1]

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. INTRODUOCom o advento do "Novo Cdigo Civil Brasileiro", ainda andam os juristas entabulando novas doutrinas para brindarem os estudiosos com suas posies diante das inovaes e tambm dos antigos institutos consagrados desde a legislao pretrita.

Apesar do pouco tempo que passou, desde a entrada em vigor da nova lei, j possvel verificar o surgimento de obras de autores renomados com as devidas atualizaes. Porm ainda, no se firmaram as melhores teses quanto a temas polmicos, at porque, a fundamentao cientfica requer laboriosos trabalhos investigativos e exaustiva pesquisa, fato costumeiro no mundo do Direito.

No estudo, quanto classificao dos bens tal qual assentada no novo Cdigo Civil, no se pode perder de vista, conceitos anteriores, que permitem o entendimento das modificaes surgidas. Refora-se o pensamento de que sempre mais importante, no Direito, o entendimento de seus princpios gerais e conceitos de maiores consideraes, do que decorar os textos legais. Mudou a lei e bibliotecas inteiras precisam ser atualizadas. Todavia, os princpios sero mantidos quase que na ntegra, posto que inspiram uma mensagem ainda mais importante que a lei positiva, inspiram o prprio direito natural.

As linhas a seguir, tentam identificar o que podemos considerar bem (objeto deste trabalho) como, todas as coisas teis e de valor para os homens.

Segundo Miguel Reale (7), "valioso o que nos causa prazer, suscitando o nosso desejo"; portanto algo passvel de promover conflito de interesses entre parte.

Para juristas como, Slvio Rodrigues (8), Maria Helena Diniz (4), Silvio de Salvo Venosa (9), dentre outros pesquisados, a classificao dos bens representa uma necessria operao lgica de facilitao da compreenso da instituio jurdica, permitindo agrupamento de espcies de um gnero e separao de tudo aquilo que nada tenha em comum com este ltimo.

Com a disposio classificatria do novo Cdigo Civil, o legislador buscou, exatamente facilitar o entendimento das vrias espcies de bens, e, por conseguinte, as conseqncias sob o ponto de vista jurdico que cada uma poderia ter.

O Cdigo Civil de 2002, em sua Parte Geral, Livro II, disciplina os Bens da seguinte forma:

Ttulo nico

Das Diferentes Classes de Bens.

Captulo I Dos bens considerados em si mesmos.

Seo I Dos bens imveis.

Seo II Dos bens mveis.

Seo III Dos bens fungveis e consumveis.

Seo IV Dos bens divisveis.

Seo V Dos bens singulares e coletivos.

Captulo II Dos bens reciprocamente considerados.

Captulo III Dos bens pblicos.

Estaremos nesse trabalho, discorrendo sobre o tema, segundo os principais doutrinadores, seguindo sempre a classificao do Cdigo Civil de 2002.

2. DEFINIESOs doutrinadores divergem quanto definio de bem e coisa; a unanimidade em conceitu-los, portanto, inexiste.

Fizemos um apanhado destes conceitos e aqueles que melhor julgamos definir os termos, sero os utilizados por ns.

Os bens so objeto do Direito Subjetivo e do a seus possuidores o poder de usufru-los.

As palavras bem e coisa, muitas vezes se confundem (o prprio Cdigo Civil de 1916, utilizava os dois termos, sem muito critrio); mas quando falamos de bem, compreendemos estar inclusa a idia de utilidade e raridade; com determinado valor econmico ou ainda, sendo economicamente inestimvel. Para melhor explicar, podemos citar como exemplo de bem, um carro, uma casa, um lote e para exemplificar coisa teremos, a honra, a liberdade, a sade, o nome, (apesar de serem bens jurdicos, porque so objetos do Direito).

A palavra bem, deriva de bonum, (Latim) que significa bem estar, felicidade.

A palavra coisa tem um sentido mais extenso, pois compreende tudo aquilo que pode ser apropriado, como aquilo que no pode. , portanto, tudo que existe de forma objetiva, excluindo-se o homem (p.ex.: o ar, a lua, o sol, etc...).

H valores preciosos aos homens, que escapam do Direito privado, por no apresentarem contedo econmico e h valores no corporificados, mas por apresentarem contedo econmico, possuem regulamentao no Direito Civil.

Coisa portanto, passa a ser sinnimo de bem, mas nem todo bem coisa. No so coisas, os bens jurdicos, como a vida, a sade, a liberdade.

O fato de existir uma desproporo entre os interesses dos homens (que so ilimitados) e os bens econmicos (que so limitados), possvel de surgir conflitos de interesses, quando qualquer bem disputado. Desta forma fica possvel se estabelecer uma lide e uma relao jurdica processual.

Para que um bem possa se transformar em objeto de uma relao jurdica privada, necessrio que ele apresente algumas caractersticas:

Idoneidade para poder satisfazer um interesse econmico.

Ter gesto econmica autnoma.

Ser subordinado juridicamente ao seu titular.

Vale citar que, o Cdigo Civil de 2002, utiliza exclusivamente o termo, bem, diferentemente do Cdigo anterior.

3 CLASSIFICAO3.1 DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS.3.1.1 Dos Bens Corpreos e Incorpreos.A doutrina ao encarar os bens em relao a si mesmos distinguiu-os em corpreos e incorpreos.

I - Bens Corpreos so coisas que tm existncia material; aqueles que os sentidos podem perceber. Ex.: automvel, jia, livro etc.

II - Bens Incorpreos so aqueles que no tm existncia tangvel. So os direitos das pessoas sobre as coisas, sobre o produto de seu intelecto ou em relao outra pessoa, com valor econmico. Ex.: direitos autorais, crditos, invenes.

O novo Cdigo Civil continua no disciplinando explicitamente, a idia de bens corpreos e incorpreos, sendo uma tarefa estritamente doutrinria.

3.1.2 Dos Bens Imveis e Mveis.Ainda considerados em si mesmos e tendo em vista o fato de serem ou no suscetveis de se mover ou serem movidos, os bens sofrem a distino de mveis e imveis.

I - Bens Imveis so as coisas que se no podem remover, de um lugar para o outro, sem destruio de parte de si ou de seu todo.

O CC admite trs das quatro diferentes categorias que haviam no Cdigo de 1916:

a) Imveis por natureza (Art. 79 do CC) so bens imveis o solo e tudo quanto nele se incorporar natural ou artificialmente. A lei admite no conceito de imvel o seu subsolo e o espao areo, porm, permanecendo o direito de propriedade com limites no que concerne altura e profundidade, na medida da utilidade do seu exerccio.

b) Imveis por acesso (Art. 79 do CC) tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lanada a terra, os edifcios e construes, de modo que no possa retirar sem destruio, modificao, fratura ou dano. O atual Cdigo Civil, admitiu a idia de imveis por acesso, ao definir como imvel tudo que ao solo se incorpora natural ou artificialmente.

c) Imvel por definio da lei (fico legal Art. 80, I e II do CC) so os direitos reais sobre imveis e as aes que os asseguram e o direito sucesso aberta; tambm no perdem o carter de imveis: as edificaes que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local e os materiais provisoriamente separados de um prdio, para nele se reempregarem.

II - Bens Mveis ( Art. 82 do CC) so mveis os bens suscetveis de movimento prprio (semoventes os animais), ou de remoo por fora alheia (mveis propriamente ditos), sem alterao da substncia ou da destinao econmico-social.

Consideram-se mveis para os efeitos legais (Art. 83, I, II e III) as energias que tenham valor econmico, os direitos reais sobre objetos mveis a as aes correspondentes, os direitos pessoais de carter patrimonial e respectivas aes. Havendo, ainda, outros mveis por fico legal, conforme previso do Art. 84 do CC, a saber, os materiais destinados a alguma construo, enquanto no forem empregados e os provenientes de demolio de algum prdio.

Registre-se que da maior relevncia a distino entre bens mveis e imveis, pois oferece considervel repercusso na vida jurdica, como por exemplo: a propriedade mvel e a imvel se adquirem de maneira diferente, a primeira mediante registro do ttulo, acesso, usucapio etc, a segunda, por ocupao, caa, pesca, inveno, tradio etc. Inmeras outras situaes prticas da distino poderiam ser apontadas.

3.1.3 Dos Bens Fungveis e Consumveis.3.1.3.1 Bens Fungveis e Infungveis.Art. 85 "So fungveis os mveis que podem substituir-se por outros da mesma espcie, qualidade e quantidade".I - Bens Fungveis - so aqueles que podem ser substitudos por outros do mesmo gnero, qualidade e quantidade, tais como cereais, peas de mquinas, gado, etc.

Fungveis so as coisas avaliadas e consideradas no comrcio, em sua massa quantitativa.

Art. 86 "So consumveis os bens mveis cujo uso importa destruio imediata da prpria substncia, sendo tambm considerados tais os destinados alienao".II - Bens Infungveis - so aqueles corpos certos, que no admitem substituio por outros do mesmo gnero, quantidade e qualidade, como um quadro de Portinari, uma escultura ou qualquer outra obra de arte. So as coisas consideradas em sua massa individual.

A vontade das partes no pode tornar fungveis coisas infungveis, por faltar praticidade material, mas a infungibilidade pode resultar de acordo de vontades ou das condies especiais, da coisa, qual, sendo fungvel por natureza, se poder atribuir o carter de infungvel. Assim, uma garrafa de vinho pode ser emprestada apenas para uma exposio: por vontade da parte, o que fungvel torna-se infugvel, no emprstimo "ad pompan vel ostentationem" (para pompa ou ostentao).

A fungibilidade qualidade da prpria coisa. Haver situaes em que apenas o caso concreto poder classificar o objeto. Desse modo, uma garrafa de vinho raro, de determinado vindima, da qual restam pouqussimos exemplares, ser infungvel, enquanto o vinho, de maneira geral, fungvel.

A fungibilidade ou infungibilidade conceito prprio das coisas mveis. Os imveis, mormente aqueles que o so por sua natureza, so sempre infungveis, embora existam autores com opinies contrrias.

no Direito das obrigaes que a diferena avulta de importncia: o mtuo o emprstimo de coisas fungveis, ao contrrio do comodato, que o emprstimo de coisas infungveis.

O dinheiro bem fungvel por excelncia, o mais constante objeto das obrigaes de dar coisa incerta. Poder tornar-se infungvel se, se tratar de moeda retirada de circulao e, portanto, objeto de coleo.

Para Silvio Rodrigues (8), "as coisas fungveis, so encaradas atravs de seu gnero e especificadas por meio da quantidade e qualidade". Como so homogneas e equivalentes, a substituio de umas por outras irrelevantes. Assim,por exemplo, o dinheiro. Ao credor indiferente receber o pagamento em uma ou em outra espcie de moeda, pois elas se equivalem.

No dizer de Fiza (5), "o conceito de bens infungveis relativo por haver bens infungveis por natureza e por conveno".

Por natureza so aqueles bens infungveis que o so em sua prpria essncia, com um terreno, uma casa, um animal reprodutor, etc.

Por conveno so aqueles bens que por sua natureza so fungveis, mas foram considerados infungveis pelas partes interessadas. O exemplo prtico mais corriqueiro so as fitas de videocassete, objeto de locao por parte de empresas locadoras. Deve-se restituir aquela mesma fita que se alugou e no outra qualquer. O mesmo no se d quando se toma um saco de arroz emprestado, pode-se restituir qualquer outro arroz, desde que da mesma qualidade e na mesma quantidade, a no ser que tambm se tenha convencionado ser aquele arroz infungvel quando se dever restituir aquele mesmssimo arroz. Logicamente, este no passa de um exemplo terico, pois ningum toma arroz emprestado, convencionando-o infungvel.

3.1.3.2 Bens Consumveis e Inconsumveis.Consumveis so bens mveis cujo uso importa destruio de sua substncia, em outras palavras, desaparecem com o consumo, deixam de existir. o caso dos alimentos, cosmticos, etc. Mas no o caso de roupas e sapatos, por no deixarem de existir com o uso.

O C.C. diz serem consumveis os bens mveis cujo uso importa destruio imediata de sua substncia. A seguir, esta orientao, um sabonete no seria consumvel, uma vez que o uso no implica sua destruio imediata. A no ser que consideremos a destruio paulatina da substncia para caracterizao dos bens consumveis de qualquer maneira, teria sido mais feliz a redao do Cdigo se dissesse serem consumveis os bens mveis cujo uso importasse a destruio de sua prpria substncia. Existem bens que so consumveis por fora de lei, so os bens mveis destinados alienao. Dessa forma, uma roupa, enquanto estiver na loja para ser vendida, ser consumvel, no momento em que algum a compra, volta a ser apenas inconsumvel.

Segundo Venosa (9), no podemos confundir a noo de coisas consumveis com a de coisas fungveis: em regra, coisa fungvel sempre consumvel, mas pode acontecer que coisa infungvel seja consumvel como por exemplo, o vinho raro. O vinho essencialmente consumvel, mas pode ser infungvel. Do mesmo modo, coisa fungvel pode no ser consumvel, como, um automvel de srie de uma fbrica ou os livros de uma livraria destinados venda.

Deve-se entender como bens consumveis todos aqueles que podem desaparecer por um s ato de utilizao. Inconsumveis so aqueles que permitem uso continuado, sem acarretar sua destruio total ou parcial.

Para Silvio Rodrigues (8), a distino se funda numa considerao econmico-jurdica, pois h coisas que se destinam ao simples uso, delas tirando-se as utilidades, sem lhes obstruir a substncia so as coisas no consumveis; e h outras que se destroem imediatamente, medida que so utilizadas ou aplicadas so as consumveis.

3.1.4 Dos Bens Divisveis.3.1.4.1 Bens Divisveis.Art. 87 "Bens divisveis so os que podem fracionar sem alterao na sua substncia, diminuio considervel de valor, ou prejuzo do uso a que se destinam".Como exemplo de bens divisveis, podemos citar o modelo do doutrinador Csar Fiza (5), "nada melhor do que um terreno, ao dividi-lo ao meio, teremos dois que conservaram suas substncia e no perderam seu valor econmico".

3.1.4.2 Bens Indivisveis.Art.88 "os bens naturalmente divisveis podem tornar-se indivisveis por determinao da lei ou por vontade das partes".J os bens indivisveis, so definidos por Fiza como, "os bens que se no podem partir sem que seja alterada sua substncia ou seu valor econmico, como um automvel. Se o dividirmos ao meio, no teremos dois automveis com a mesma substncia e com a mesma relevncia econmica".

Este obtm algumas classificaes:

a) - por natureza: se no puderem ser partidos sem alteraes na sua substncia ou no seu valor. Exemplo: um automvel, um animal.

b) - por vontade das partes ou conveno: uma coisa divisvel poder transformar-se em indivisvel se assim o acordarem as partes, mas a qualquer tempo poder voltar a ser divisvel. O exemplo da saca de caf utilizado supra pode ser evocado, bastando para tal, mudar o enfoque de inconsumvel por conveno, para indivisvel por conveno.

c) por fora da lei ou determinao legal: se a lei estabelecer sua indisivibilidade. o que ocorre, por exemplo, com o Art.1.386 do Cdigo Civil, que estabelece que as servides prediais so indivisveis em relao ao prdio serviente.

3.1.5 Dos Bens Singulares e Coletivos.3.1.5.1 Bens Singulares.Art. 89 "Singular so os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais".So considerados em sua individualidade, como um livro ou um apartamento.

Ao dizer da doutrinadora Maria Helena Diniz (4), as coisas singulares podero ser simples ou compostas. Sero simples se formarem um todo homogneo, cujas partes componentes esto unidas em virtude da prpria natureza ou da ao humana, sem reclamar quaisquer regulamentaes especiais por norma jurdica. Podem ser materiais (pedra, cante-tinteiro, folha de papel, cavalo) ou materiais (crdito). As coisas compostas so aquelas cujas partes heterogneas so ligadas pelo engenho humano, hiptese em que h objetos independentes que se unem num s todo sem que desaparea a condio jurdica de cada parte. Por exemplo, materiais de construo que esto ligados edificao de uma casa.

Art. 90 "Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes mesma pessoa, tenham destinao unitria".Pargrafo nico. "Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relaes jurdicas prprias".3.1.5.2 Bens Coletivos.Coletivo so aqueles bens considerados em seu conjunto. Podem constituir universalidades de fato, quando uma pluralidade de bens, pertencentes a uma pessoa, tiver destinao unitria, como uma biblioteca ou uma coleo de selos; ou universalidades de Direito, quando um conjunto de bens recebe do ordenamento jurdico um tratamento unitrio, como uma herana.

Universalidade de fato: um conjunto de bens singulares, corpreos e homogneos, ligados entre si pela vontade humana para a consecuo de um fim (por exemplo, uma biblioteca, um rebanho). Em relao mesma pessoa tm destinao unitria, podendo ser objeto de relaes jurdicas prprias.

Art. 91 "Constitui universalidade de direito o complexo de relaes jurdicas, de uma pessoa, dotadas de valor econmico".Universalidade de direito: a constituda por bens singulares corpreos heterogneos ou incorpreos (complexo de relaes jurdicas), a que a norma jurdica, com o intuito de produzir certos efeitos, d unidade, por serem dotados de valor econmico, como por exemplo, o patrimnio, a herana, etc.

3.2 DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS.3.2.1 - Bens Principais e Acessrios.I - Bens Principais so os que tm existncia prpria, abstrata ou concreta, mas distinta de qualquer outra. Independe de um outro para existir.

II - Bens Acessrios so aqueles cuja existncia supe a do principal. Sua existncia depende de outro e complementa, de alguma maneira, o bem principal, embora em regime de subordinao e com objetivo de complementar a finalidade econmica do bem principal.

Os bens sero acessrios ou principais, uns considerados em relao aos outros, portanto, o conceito relativo, por exemplo, uma casa acessria em relao ao solo que principal em relao a ela, mas ser principal em relao a suas portas que sero acessrios dela.

Espcies de bens acessrios:

A) Imobilirios so assim chamados por serem acessrios do solo sendo:

os produtos orgnicos ou inorgnicos da superfcie;

os minerais contidos no subsolo;

as benfeitorias de aderncia permanente, feitas acima ou abaixo da superfcie.

B) Mobilirios so aqueles que no constituem partes integrantes se destinando ao uso, ao servio ou ao adorno de outro, como a portinhola de um cofre, a capa de um livro, o pavio de uma vela, os faris de um carro etc.

Frutos so as utilidades que a coisa periodicamente produz, que, embora geradas pelo bem principal, normal que venham a se erigir em coisa autnoma, com existncia em si mesma. Os frutos se classificam em naturais, industriais e civis.

a) - Naturais so os bens provenientes da fora orgnica que se renovam periodicamente, como os frutos de uma rvore e as crias de um animal.

b) - Industriais so aqueles decorrentes da interveno do homem sobre a natureza, como a produo de uma fbrica.

c) - Civis so as rendas provenientes do capital, da utilizao de uma coisa frutfera pelo homem, como juros, aluguis e dividendos.

Podem tambm ser classificado em funo da vinculao com a coisa principal, sendo:

a ) - Pendentes enquanto unidos coisa que os produziu.

b ) - Percebidos ou colhidos aqueles que j foram separados ou destacados.

c) - Percipiendos aqueles que deviam ser, mas no foram colhidos. Podemos ainda classific-los sob a tica do estado: estantes os que j foram colhidos, mas que se acham armazenados ou guardados; consumidos so os que no existem mais, porque pereceram ou lhes foi dado o destino natural.

Produtos, so bens que se extraem da coisa, diminuindo sua substncia pois no se produzem periodicamente, como os frutos. o caso do ouro extrado de mina, do petrleo, da pedra de pedreira, etc.

Rendimentos so os frutos civis, que, com j vimos, so os rendimentos tirados da utilizao de coisa frutfera. O Cdigo Civil de 1916 foi redundante, no Art. 60, que estatua que entram na classe das coisas acessrias os rendimentos.

Benfeitorias so as acessrias da coisa, qualquer que seja o seu valor excetuando-se apenas, a pintura em relao tela, a escultura em relao matria-prima e a escritura ou outro qualquer em relao matria-prima que os recebe. O fundamento para essas excees se encontra no maior valor do trabalho em relao ao da coisa principal. Benfeitorias so as despesas ou obras que se fazem para conserv-la, melhor-la ou embelez-la, resultam da atuao do homem e divide-se em: necessrias so as que visam conservar a coisa ou evitar sua deteriorao, se caso no fossem realizadas, a coisa pereceria ou se deterioraria.

teis so as que aumentam ou facilitam o uso da coisa. So obras que no so necessrias para a conservao da coisa, mas contribuem para aumentar-lhe o valor e o uso.

Volupturias so as de mero deleite ou recreio, que no aumentam o uso habitual da coisa, ainda que a tornem mais agradvel ou sejam de elevado valor.

Essa classificao no tem carter absoluto, pois uma mesma benfeitoria pode se enquadrar em uma ou outra espcie, dependendo das circunstncias. Uma piscina, por exemplo, pode ser considerada uma benfeitoria volupturia em uma casa ou condomnio, mas til ou necessria em uma escola de natao.

No se consideram benfeitorias, as acesses imobilirias, sejam fsicas ou intelectuais; dessa forma no se amoldam ao conceito as plantaes e edificaes. Tampouco se reputam benfeitorias, a pintura em relao tela, a escultura em relao matria-prima, nem os escritos ou outros trabalhos grficos em relao ao material sobre o qual sejam feitos.

O Cdigo Civil trata tambm das pertenas que, para ele, so os bens que no constituem partes de outros bens, mas que se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao servio ou ao embelezamento destes, a regra instituda pelo Art. 94 do CC de que se os negcios jurdicos que dizem respeito ao bem principal no abrangem as pertenas, se o contrrio no resultar da lei, da vontade das partes ou das circunstncias do caso.

Isso resolve problemas como, por exemplo, o do toca-fitas de um carro , no dependendo dele sua existncia, no , portanto, um bem acessrio, mas uma pertena. Sendo assim, quando se realizar a venda de um carro com toca-fitas, e nada se convencionar em sentido contrrio, a regra que o toca-fitas no segue o bem principal.

3.3 DOS BENS PBLICOS.Os bens considerados em relao ao titular do domnio, ou seja, divididos levando-se em considerao seus respectivos proprietrios, podem ser:

3.3.1 - Bens Pblicos.3.3.2 - Bens Particulares.Art. 98 "So pblicos os bens do domnio nacional pertencentes s pessoas jurdicas do direito pblico interno; todos os outros so particulares, seja qual for pessoa a que pertenceram".Esse artigo no exaure a matria, pois existem bens que a ningum pertence.

Segundo o Direito Positivo Brasileiro, so bens pblicos as coisas corpreas e incorpreas que pertencem ao Estado. Dividem-se em trs categorias, segundo o fim a que se destinam.

Art.99 "So bens pblicos:I os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praas;II os de uso especial, tais como edifcios ou terrenos destinados a servio ou estabelecimento da administrao federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;III os dominicais, que constituem o patrimnio das pessoas jurdicas de direito pblico, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades".Pargrafo nico. "No dispondo a lei em contrrio, consideram-se dominicais os bens pertencentes s pessoas jurdicas de direito pblico a que se tenha dado estrutura de direito privado".3.3.1 - Bens Pblicos Bens de uso comum ao povo.

Bens de uso especial.

Bens dominicais.

I Bens de uso comum ao povo.

So aqueles cujo uso franqueado aos particulares (ao povo), salvo restries especiais previstas em lei. So exemplos, os mares, rios pblicos, estradas, etc...

Art. 99, I do CC/2002.

A utilizao desses bens, via de regra, independe de retribuio, mas, pode ser exigido pagamento para seu uso. Um exemplo dessa exigncia, o pedgio cobrado em pontes pblicas.

Art. 103 "O uso comum dos bens pblicos pode ser gratuito ou retribudo, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administrao pertencerem".II Bens de uso especial.

So aqueles que se destinam utilizao por algum servio ou ente da Administrao Pblica. Art.99, II do CC/2002.

Conforme a pessoa jurdica de Direito Pblico a que pertencerem os bens pblicos, eles sero de :

- uso especial da Unio (Palcio do Planalto);

- uso especial do Estado (prdio da Assemblia Legislativa);

- uso especial do Municpio (Pao Municipal).

III Bens dominicais.

So tambm chamados dominiais e constituem patrimnio da pessoa jurdica de Direito pblico. Aqui o poder pblico o titular do bem.

Como exemplos, temos, as estradas de ferro, empresas de navegao e aviao de domnio pblico, terrenos da marinha e seus acrescidos. Art.99, III do CC/2002.

No importando a categoria a que pertenam, os bens pblicos so inalienveis e imprescritveis, porm a lei pode autorizar a alienao dos bens pblicos. Art 100 e Art. 101 do CC/2002.

Art. 100 "Os bens pblicos de uso comum do povo e os de uso especial so inalienveis, enquanto conservarem a sua qualificao, na forma que a lei determinar".Art.101 "Os bens pblicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigncias da lei".Art.102 "Os bens pblicos no esto sujeitos a usucapio".

4 CONCLUSOTudo o que pode proporcionar utilidade aos homens entendido por bens. No novo Cdigo Civil, s contemplado o termo bens.

Bens em uma viso no jurdica tudo que relaciona-se a nossas vontades, j no campo jurdico, deve ser considerado aquilo que tem valor, abstraindo-se da a noo pecuniria do termo. No direito, bem uma utilidade, seja ela econmica ou no.

O termo bens, que serve de ttulo ao Livro II,da Parte Geral do Cdigo Civil, tanto de 1916 quanto de 2003, tem significao extensa, englobando coisas e direitos, sob diversos aspectos.

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