benefÍcios previdenciÁrios: questões polêmicas e controvertidas fernando f. calazans 6 de...
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BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS:questões polêmicas e
controvertidas
Fernando F. Calazans
6 de outubro de 2011
Encontro temático-jurídico
SUMÁRIO1) Proporcionalidade dos proventos de aposentadoria por
invalidez de professor
2) Contagem recíproca de tempo de contribuição:
Desincorporação de tempo estatutário não usado
Desincorporação de tempo celetista utilizado para
concessão de Abono de Permanência
Renúncia à aposentadoria, prescrição e registro do ato
pelo Tribunal de Contas
Aposentadoria por invalidez
de professor
Aposentadoria por invalidez permanente
Fundamento constitucional: art. 40, § 1º, I
Regra: proventos proporcionais ao “tempo de contribuição”
Exceção: proventos integrais:
- acidente em serviço;
- moléstia profissional; ou
- doença grave, contagiosa ou incurável (lei).
Aposentadoria Voluntária Especial de Professor
Fundamento constitucional: art. 40, § 5º
Redução de 5 anos na idade e no tempo explicitada apenas
para a regra do art. 40, § 1º, III, a, CF/88 (aposentadoria
voluntária integral por idade e tempo)
E a aposentadoria por invalidez de professor com
proventos proporcionais...
Qual é o denominador que o seu RPPS aplica???
Qual é o denominador aplicável???
Exemplificando...
Mulher professora do ensino fundamental;
Com 15 anos de contribuição;
Invalida-se permanentemente num acidente “doméstico”.
Qual será a proporcionalidade de seus proventos?
a) 15/25 (= 60%), considerando a regra “especial”, ou
b) 15/30 (= 50%), considerando a regra “geral”.
MPS repete a norma da CF/88... (art. 60, ON 02/09)
“O professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no
ensino fundamental e médio, quando da aposentadoria
prevista no art. 58 (aposent. por idade e tempo), terá os
requisitos de idade e de tempo de contribuição reduzidos em
cinco anos.”
Todavia, a regra da aposentadoria por invalidez
não explicita o denominador aplicável...
Art. 40 [...] § 1º:
“I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais
ao “tempo de contribuição”, exceto se decorrente de acidente
em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou
incurável, na forma da lei;”
Qual é o entendimento do STF?
Numerador: tempo de efetivo exercício em
funções de magistério
Denominador: tempo exigido para aposentadoria
com proventos integrais
STF, 1ª Turma, RE 459188/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 10/03/2006.
O Min. Relator consignou ainda que...
“admitido o contrário, ter-se-ia que uma professora com 24 anos
e 11 meses de serviço teria proventos de 24/30, enquanto a que
houvesse completado os 25 anos (teria) proventos integrais,
valendo dizer que perderia nada menos que 1/5 dos proventos
por um mês de trabalho, o que seria verdadeiro absurdo.”
-Ausência constitucional de explicitação de denominador para
cálculo da proporcionalidade dos proventos de aposentadoria por
invalidez permanente
Em síntese...
-Entendimento do STF: aplicação para as aposentadorias com
proventos proporcionais por invalidez, por idade (RE 214.852/SP)
e por quê não para a compulsória?
Contagem recíproca
de tempo de contribuição:
algumas situações
Recapitulando as bases legais...
Art. 201, § 9º, da CF/88: contagem recíproca de tempo para fins
de aposentadoria
Lei nº 9.796, de 1999: compensação financeira RGPS-RPPSs nos
casos de contagem recíproca
Decreto nº 3.112, de 1999: regulamenta a Lei nº 9.796/99
Desincorporação
de tempo estatutário
não usado na aposentadoria
concedida pelo RPPS
Exemplo:
João é Professor efetivo de Foz do Iguaçu e Professor efetivo
de Santa Terezinha de Itaipu.
João se aposenta pelo RPPS de Foz, descobre que possui tempo
público não utilizado para sua aposentação pelo RPPS de Foz e
pretende averbar este tempo junto ao RPPS de Santa Terezinha
para obter outra aposentadoria.
É possível a desincorporação pretendida?
O RPPS deve analisar o pedido sob quais efeitos:
financeiros e/ou funcionais?
Efeitos financeiros sob a ótica do RPPS...
O servidor contribuiu para o “RPPS de Origem” tendo a sua aposentadoria como fim mediato
Tempo de contribuição x tempo de serviço (até 16/12/98)
O regime é contributivo e solidário
Inexiste compensação financeira entre RPPSs regulamentada
Boa parte das vezes os RPPSs não têm Fundo Capitalizado
Efeitos funcionais sob a ótica do RPPS...
Manutenção do gozo da aposentadoria pelo RPPS de Origem e
Concessão de nova aposentadoria por outro RPPS/RGPS
Resquício da ideia da relação “pro labore facto”
Emissão da CTC de acordo com a Portaria MPS 154/06
É possível utilizar qualquer período de tempo (público ou
privado, RPPS ou RGPS) de contribuição (e de serviço até
16/12/1998) não utilizado para aposentadoria concedida pelo
RPPS de origem para fins de averbação junto a outro regime
previdenciário, seja RGPS ou mesmo RPPS.
Em síntese...
Desincorporação de
tempo “celetista”
usado na concessão de
Abono de Permanência
Esclarecimentos preliminares...
Tempo “estatutário” versus Tempo “celetista”
Confusão entre vínculo “funcional” e vínculo “previdenciário”: administração pública como patrão e como gestor do RPPS
É possível existir:
-tempo estatutário em RPPS (cargo efetivo em RPPS criado);
-tempo estatutário em RPGS (comissionado recrutamento amplo e cargo efetivo em ente federado que não criou RPPS)
- tempo celetista em RPPS (serviço público no passado)
- tempo celetista em RGPS (vínculo formal na iniciativa privada)
Exemplo:
João é Professor efetivo de Foz do Iguaçu e averbou tempo da
iniciativa privada para se aposentar pelo RPPS de Foz.
Ao completar os requisitos para aposentadoria, João requereu
e passou a receber o Abono de Permanência. João pretende
desincorporar o tempo privado para averbá-lo noutro regime
para fins de outra aposentadoria.
É possível? Em caso positivo, o Abono deve ser ressarcido?
É possível desaverbar tempo do RGPS usado para concessão de Abono de Permanência?
Sim.
Fundamento legal: art. 201, § 9º, CF/88
Lembremos de que o segurado pode, inclusive, receber Abono
mediante implemento da regra da aposentadoria por idade
proporcional (art. 3º, § 1º, da EC 41/03) e se aposentar pela regra
da aposentadoria integral por idade e tempo.
Não. Enquanto a relação jurídica vigorar, o segurado fará jus ao
Abono.
Se deixar de possuir tempo para se aposentar (desaverbação), a
relação jurídica que garante o recebimento do Abono extinguir-se-
á a partir de então, não prejudicando atos jurídicos perfeitos.
Efeitos da desaverbação: “ex nunc”
“Abono” e “Tempo de Contribuição” têm natureza distinta.
Abono: natureza funcional e tempo de contribuição: previdenciária
Neste caso, o Abono deve ser ressarcido?
Possibilidade de desaverbação de tempo do RGPS utilizado
para concessão de Abono de Permanência.
Em síntese...
Irrepetibilidade dos valores recebidos a título de Abono de
Permanência (efeitos “ex nunc”)
O direito de
renúncia à
aposentadoria
1) A pessoa pode renunciar à aposentadoria (sem adentrar no
mérito da necessidade de devolução dos valores)?
2) Há prescrição do fundo do direito para o pedido de renúncia?
3) É possível exercer o direito de renúncia se a aposentadoria já
foi registrada pelo Tribunal de Contas?
1) A pessoa pode renunciar à aposentadoria?
Há Ministro do STF sinalizando que sim...
Início do julgamento de RE que questiona a constitucionalidade do
art. 18, § 2º, da Lei 8.213: (RE 381367/RS, rel. Min. Marco Aurélio,
16.9.2010.)
“além de o texto do examinado dispositivo ensejar restrição ao
que estabelecido na Constituição, abalaria a feição sinalagmática e
comutativa decorrente da contribuição obrigatória.”
1) A pessoa pode renunciar à aposentadoria?
STJ também diz que sim...
“4. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que o ato de renunciar ao
benefício tem efeitos ex nunc e não envolve a obrigação de devolução
das parcelas recebidas, pois, enquanto aposentado, o segurado fez jus
aos proventos.” (grifos nossos)
REsp 557231/RS, Rel. Min. Paulo Gallotti, DJ 16/06/2008.
1) A pessoa pode renunciar à aposentadoria?
TNU também diz que sim...
“1. A desaposentação, isto é, a desvinculação voluntária de
aposentadoria já concedida e usufruída, somente é possível mediante
devolução dos proventos já recebidos.” (grifos nossos)
Pedido 200872580022929, Rel. Juíza Jacqueline Michels Bilhalva, DJ
11/06/2010.
2) Há prescrição do fundo do direito para o pedido de renúncia?
Se houver a negativa em sede administrativa, a
prescrição atinge o próprio fundo de direito após
5 anos do indeferimento. (Súmula STJ nº 85)
3) É possível exercer o direito de renúncia se a aposentadoria já foi registrada pelo TC?
Fundamento do ato de registro do TC: art. 71, III, CF/88:
“apreciar, para fins de registro, a legalidade [...] das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato [...]”
Natureza: fiscalizatória, ratificação da legalidade do ato.
Ratificação da legalidade do ato (registro) não impede a renúncia.
Nesse caso, haveria ofensa ao art. 37, II, da CF?
4) Renúncia para reaposentar no mesmo cargo.
Neste caso, é inviável a renúncia, pois, com a aposentadoria, há a
vacância do cargo; que apenas poderá ser novamente investido
se o servidor for aprovado em concurso público.
Depende da natureza da renúncia.
Há quatro tipos de renúncia:
1) Renúncia para averbar tempo noutro cargo do mesmo RPPS;
2) Renúncia para averbar tempo noutro cargo de outro RPPS;
3) Renúncia para averbar tempo no RGPS; e
1) Aposentadoria é passível de renúncia.
Em síntese...
3) É possível exercer o direito de renúncia se a aposentadoria
já foi registrada pelo TC, exceto se o renunciante pretender se
reaposentar no mesmo cargo.
2) Haverá a prescrição do fundo de direito se a ação judicial de
pedido de renúncia for proposta há mais de 5 anos da data do
indeferimento na via administrativa.