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Água tem valor Ano 02 - Edição 01 - Abril de 2012 CBH Araguari e ABHA participa de reunião em Uberaba com o CODAU Em 07 de março, na cidade de Nova Ponte, na sede do sindicato rural foi realizada reunião com a associação de irrigantes da bacia do rio claro na reunião discutiram o pedido da outorga do CODAU para transposição do rio claro, nessa reunião compareceram produ- tores rurais, usina santo Ângelo, representantes do CODAU e da prefeitura de Uberaba. Estiveram acompanhando a reunião o presidente do CBH Aragua- ri, Wilson Akira Shimizu e diretor presidente da ABHA – Leocá- dio Alves Pereira. Foram colocados pelos usuários da irrigação todos os problemas que irão ocorrer com setor produtivo, em razão da redução da vazão para a irrigação na oportunidade alegaram que os estudos apontados pelo município de Uberaba, não levou em conta os impactos no setor produtivo da bacia, se a transposição for outorgada na vazão requerida, ficarão com vazão reduzida para produzir, esse foi um dos argumentos apresentados e solicitaram que o CODAU ampliasse o sistema de captação voltado para o rio grande, pensando em longo prazo, o CODAU e prefeitura de Uberaba in- formaram que o projeto atenderá uma população até 500 mil habitantes. Comitês de bacia visitam Programa “Cultivando Água Boa” da Itaipu A Diretoria de Coordenação da Itaipu recebeu, nos dias 16 e 17 deste mês, representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de comitês e agências de bacias hidrográficas de várias regiões do Brasil. Durante dois dias, 21 profissionais ligados à gestão de recursos hídricos fizeram uma série de visitas técnicas à usina e à área abrangida pelo Programa Cultivando Água Boa (CAB) – a Bacia do Paraná 3 (BP3). Reconhecidas como exemplo concreto de recuperação de passivos ambientais por meio da gestão por microbacias e do envolvimento comunitário, as ações do CAB – tidas como “boas práticas” pelo MMA – levaram o próprio ministério a intermediar o encontro. “Temos uma parceria entusiástica com o CAB, em função do sucesso do programa, e por isso chama- mos os gestores de comitês e agências de bacias hidrográficas do todo o País para conhecer in loco as suas ações”, disse o gerente de políticas e planejamento de recursos hídricos do MMA, Franklin de Paula Júnior. O objetivo, segundo Paula Júnior, é fazer com que os gestores de bacias identifiquem ações positivas na BP3 e as adaptem às suas respectivas regiões, para aprimorar e dar maior dinamismo ao emprego dos recursos da cobrança pela utilização dos recursos hídricos feita pelo governo federal. A cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio da União – dos rios que atravessam mais de um Estado da federação – é feita pela Agência Nacional de Águas (ANA). Ela é um dos instrumentos de gestão dos recur- sos hídricos instituídos pela Lei nº 9433/97, que tem como objetivo estimular o uso racional da água e gerar re- cursos para investimentos na recuperação e preservação dos mananciais das bacias no Brasil. Para o diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, “servir de campo de observação é algo muito significativo para a Itaipu. “Isso nos coloca em uma posição de vanguarda, resultado de quem tem um corpo de empregados alta- mente competentes e motivados, que constroem um universo de parcerias (mais de 2.300 em todos os 29 muni- cípios da BP3) diretamente responsáveis pelo sucesso do programa.” Boa parte dos gestores presentes no encontro teve a oportunidade de pela primeira vez ver pessoalmente algo que só conheciam na teoria: as ações do CAB. “Não tinha ainda a noção da atuação da Itaipu na bacia”, afirmou a coordenadora de gestão da Agência das Bacias Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), Kátia Piccin. Na baga- gem, todos levaram exemplos que podem inspirar ações semelhantes Brasil afora. Medalha das águas O governador Antonio Anastasia visitou a cidade de São Lourenço, no Sul de Minas, neste domingo (25), onde pre- sidiu a cerimônia de entrega da Comenda Ambiental Estância Hidromineral, a ‘Medalha das Águas’. O evento faz parte das comemorações da Semana da Água, organizada pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em parceria com instituições públicas e privadas. “Este é um evento muito importante porque dá a oportunidade de promover e divulgar uma das grandes riquezas de Minas Gerais, que é a questão ambiental. Nós temos no chamado ecoturismo, na qualidade das nossas águas, na hospitalidade em relação ao ambiente, um dos grandes trunfos de Minas Gerais e a instância hidromineral de São Lourenço tem o seu destaque”, afirmou Anastasia. A Comenda foi criada em 2010 por Lei Municipal, sendo entregue anualmente no domingo próximo ao Dia Mundi- al da Água, comemorado no último dia 22. Durante o evento, o governador também destacou a importância da pre- servação do meio ambiente para o futuro e para a melhoria constante da qualidade de vida em todo o Estado. “A nossa função estratégica é conservar e conservar crescendo. Agora em junho no Rio de Janeiro na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), nós teremos chefes de Estado do mundo inteiro, cientistas, profissionais de diversos países debatendo. E Minas Gerais estará presente mostrando que, como somos o Estado aonde brota o maior número de fontes de água para abastecer o Sul, o Sudeste e parte do Centro-Oeste de nosso país, nós estamos solidários à Federação, à República, mas da mesma forma queremos essa solidariedade invertida para que Minas Gerais tenha a proteção e as condições para proteger e proteger bem esses mananciais de água riquíssimos que fazem daqui, de fato, uma terra diferenciada, não só nossa porque não somos egoístas, mas de todos os brasileiros”, afirmou Anastasia. Agraciados Cento e sessenta pessoas foram agraciadas com a comenda, entregue pelo governador Anastasia. Na cerimônia, fo- ram condecorados cidadãos brasileiros e estrangeiros que se destacaram no incentivo, apoio e divulgação das ativi- dades relacionadas ao turismo, à preservação ecológica e ambiental, além do desenvolvimento socioeconômico e cultural de São Lourenço e de Minas Gerais, dentre eles o presidente do CBH Araguari Wilson Akira Shimizu. “Para mim foi uma honra inesperada receber esta homenagem. Na realida- de ela espelha por um lado o reconhecimento de todo um trabalho desen- volvido em equipe pela Coordenação Colegiada do Fórum Mineiro de Co- mitês de Bacias Hidrográficas que coordenei nos últimos dois anos e por outro, o protagonismo do próprio CBH Araguari, que sempre foi muito atuante – e digo isso com o peito estufado, porque não é somente a atuação da Diretoria, mas do conjunto de seus membros, que fazem desse comitê um dos destaques no Estado de Mi- nas Gerais; pode perguntar isso a qualquer membro do IGAM.” Res- saltou Shimizu O presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), Sávio Renato Bittencourt Soares Silva, ora- dor oficial do evento, lembrou a importância da água para o presente e o futuro da humanidade. Para ele, assim como o primeiro grito de indepen- dência ecoou de Minas para alcançar o Brasil, é do Estado mineiro que co- meça a sair o exemplo da união entre desenvolvimento sustentável e gera- ção de empregos. “O meio ambiente hoje é apontado como um entrave para o desenvolvimento. Isso é uma mentira. O meio ambien- te é um campo generoso de oportunidades, de novas carreiras, de novas engenharias, de novos gestores e novos ad- vogados, de novas produções jamais pensadas anteriormente que terão a oportunidade de dar à nova geração não só os empregos que precisamos, mas, sobretudo, a qualidade de vida que nós lhes devemos”, disse. A condecoração é um tributo de São Lourenço às águas que deram origem ao Município e são, até hoje, as princi- pais responsáveis pelo desenvolvimento da economia local. Há muitos anos as águas com propriedades medicinais atraíram visitantes que, em busca de tratamentos e curas, acabaram estimulando o desenvolvimento das cidades de Caxambu, Cambuquira, Lambari e São Lourenço. Juntas elas formaram o primeiro circuito turístico do País, o Cir- cuito das Águas, até hoje um dos principais destinos turísticos do país, atraindo pessoas de vários locais do mundo. Participe você também do CBH Araguari ON-LINE! Envie sua colaboração para: [email protected] Expediente: Publicação on-line desenvolvida pela ASCOM - CBH Araguari. Colaboradores: ANA e IGAM Rua Jaime Gomes: 403 - Fundos Fone: 34-03246-4269 CBH Araguari participa do VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental O CBH Araguari marcou presença, com a participação da secretária Betânia Bortolozo, Antônio Geraldo de Oliveira (membro do PN2 e Presidente do PN1) e da Assessora de Comunicação Beatriz Montes, no VII Fórum Brasi- leiro de Educação Ambiental (VII FBEA), realizado no Centro de Conven- ções de Salvador/BA, de 28 a 31 de março/12, que contou com a participa- ção de mais de dois mil profissionais e estudantes das mais variadas áreas de conhecimento. CBH Araguari participou de discussões importantes como a Oficina Temá- tica de Educação Ambiental e a Política Nacional de Recursos Hídricos, que teve como objetivo promover a reflexão de como a Educação Ambiental contribui para a implementação da Política Nacional de Recursos Hí- dricos e o fortalecimento da Gestão Integrada de Recursos Hídricos, além de participar de uma Mesa Redonda sobre Políticas Públicas de Educação Ambiental no Brasil media por Marcos Sorrentino, entre outras atividades. Esse Fórum também foi um aquecimento e preparação para a Rio +20, (Conferência da ONU sobre Desenvolvi- mento Sustentável que ocorrerá no Rio de Janeiro de 13 a 22 de junho), especialmente para a versão da socieda- de civil, chamada de Cúpula dos Povos. Nesta edição, o VII FBEA reafirmou os princípios do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Susten- táveis e Responsabilidade Global (acordado na ECO-92), sendo mais um momento de reflexão da II Jornada Internacional de EA, que deverá finalizar na Rio+20. CBH Araguari leva Circuito Lúdico de Educação Ambiental à escola rural de Ibiá No dia 24 de março de 2012 aconteceu na Escola Municipal de Tobati – zona rural do município de Ibiá o Circuito Lúdico do projeto “Recuperação Ambiental para conservação dos Recursos Hídricos na Sub -bacia do Rio Misericórdia, Ibiá – MG” que integra o Programa Mais Água do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Araguari. A iniciativa contou com a parceria dos técnicos do Dmae de Uberlândia que levaram o uma programação lúdica e divertida, tendo como foco a educação ambiental para cerca de 120 crianças. Além das brincadeiras educativas os jovens cidadãos pu- deram também participar de um teatro sobre preservação ambiental e ga- nharam camisetas. “Se o objetivo do Comitê e da Prefeitura era despertar em cada uma des- sas crianças a reflexão sobre os rumos que o meio ambiente deve seguir, acho que conseguimos com o Circuito Lúdico hoje aqui em Tobati. Basta observar o rostinho de cada criança hipnotizada pelos ensinamentos pas- sados aqui. E isso é fantástico.” Ressaltou Inês Nascimento – Secretária de Educação de Ibiá – MG. “O distrito de Tobati foi o local escolhido para se comemorar o Dia Mundial da Água através do CIR- CUITO LÚDICO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, numa parceria entre a Agência Nacional de Águas (ANA), o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari (CBH Araguari), a Associação da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari (ABHA) e o Governo de Ibiá, mais uma relevante ação en- cabeçada pelo CBH Araguari que através de sua equipe técnica, desen- volvem diariamente um importante trabalho em nosso munícipio. Temos que agradecer a todos os parceiros pela oportunidade de recuperar nossos Recursos Hídricos, o nosso querido Misericórdia.” Destacou Ivo Mendes Filho – Prefeito de Ibiá – MG. O projeto “Recuperação Ambiental para conservação dos Recursos Hídricos na Sub-bacia do Rio Misericórdia, Ibiá – MG” - aprovado na ANA tem como um de seus principais objetivos implementar ações mitigadoras e apoiar o produtor rural na preservação dos recursos hídricos, além de orientá-lo sobre a importância da adoção de ações conservacionistas para a recuperação e manutenção da qualidade da água. O projeto faz parte do Programa Mais Água visa à melhoria da quantidade e qualidade da água na Bacia Hidro- gráfica do Rio Araguari, previsto no Plano de Aplicação para utilização dos recursos da Cobrança pelo Uso da Água, desenvolvido pela Associação Multissetorial de Usuários de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari - ABHA, enquanto Entidade equiparada à Agência da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari e ente integrante do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos de Minas Gerais - SEGRH-MG, e em conformidade com o Plano Diretor e Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos da mencionada bacia hi- drográfica. Fazem parte do objeto deste Convênio o controle de qualidade da produção das mudas e o estabeleci- mento de um Plano de Ação como suporte no manejo, conservação e restauração de áreas em estágio de degra- dação. Municípios se organizam para formação de consórcio Representantes dos municípios de Nova Ponte, Per- dizes, Pedrinópolis e Santa Juliana assinarão no ini- cio do mês de maio de 2012, o protocolo de inten- ções para formação do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável - 4 Ambi- ental. Para Wilson Akira Shimizu – Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari, iniciativa como o Consórcio - 4 Ambiental “Constam nas dire- trizes gerais de ação da Lei das Águas - Lei nº 9433/97 a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental e a articulação do planeja- mento de recursos hídricos com o dos setores usuá- rios e com os planejamentos regional, estadual e na- cional. Portanto a Política das Águas preconiza des- de seu início, sua integração e articulação com a gestão e o planejamento de outros setores. A forma- ção de Consórcios de Municípios para a gestão de saneamento, iniciando neste caso com a gestão de resíduos sólidos tem, por isso, o total apoio do CBH Araguari, porque representa uma articulação que promoverá uma melhoria ambiental e particular- mente uma melhoria que terá reflexos na qualidade das águas dos Municípios participantes. O impacto causado pela disposição inadequada dos resíduos sólidos das cidades é enorme, devido aos compo- nentes produzidos no processo de sua decomposição que acabam alcançando os cursos d’água de uma maneira ou outra. Portanto estão de parabéns os Prefeitos que abraçaram esta iniciativa, que espero que possa ser replicada em outros municípios da Bacia e do Estado.” O Consórcio - 4 Ambiental constitui uma das ações de saneamento previsto no Programa Água Boa voltado ao Saneamento Básico, aprovado pelo CBH Araguari, tem como objetivo a adoção de medidas conjuntas entre os municípios de Nova Ponte, Perdizes, Pedrinópolis e Santa Juliana, tendentes à adoção de políticas integradas vol- tada para o desenvolvimento ambiental sustentável e consequente melhoria da qualidade dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica. Ressalta-se que a formação de um consórcio é uma das principais ferramentas para a gestão ambiental e baseia- se em recortes territoriais. Uma das possibilidades de consorciamento reside na importância de se adotar o con- ceito de bacia hidrográfica como o elemento básico para políticas de meio ambiente regionais, por isso o arranjo entre os quatro municípios já citados. Por meio da gestão baseada no conceito de Bacias Hidrográficas é possí- vel, entre outros, articular dentro do consórcio: Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica, Planos Ambi- entais Regionais, Agenda 21 Regional; Assistência Técnica aos Municípios da bacia hidrográfica visando elabo- rar projetos integrados de acordo com o planejamento regional, encaminhar os pleitos de solicitação de recursos, realizar a gestão dos contratos e convênios; Planos de recuperação ou preservação de determinado recurso hídri- co de grande importância para os municípios envolvidos, quer pelo manejo adequado dos resíduos sólidos ou lançamento de efluentes de sistemas de tratamento de esgotos domésticos, drenagem e tratamento de água. Uma das ações prioritárias depois da concretização do consórcio, será a instalação de um sistema único de dispo- sição final adequada dos resíduos sólidos urbanos, abrangendo coleta seletiva, compostagem, reciclagem, comer- cialização de recicláveis e educação ambiental. Visto que até agosto de 2012, todas as prefeituras do país deve- rão apresentar um plano de gestão de resíduos sólidos e colocá-lo em operação até 2014, conforme determina a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Entre seus principais pontos, a Lei nº 12.305/10 impõe a adoção da coleta seletiva, construção de aterros sanitários, eliminação de lixões, cooperativas de catadores e lo- gística reversa. Entrevista publicada na Revista IstoÉ, nº 2209/ 09 Mar. 12, e indicada pela Rede Mineira de Bacias Hidrográficas Benedito Braga " Haverá racionamento de água em São Paulo daqui a dez anos" Vice-presidente do Conselho Mundial da Água fala sobre alternativas para combater a escassez mundial e antecipa discussões que devem ge- rar polêmica na Rio+20 por Larissa Veloso RESPEITO Braga é uma das maiores autoridades mundiais sobre o recurso natural Benedito Braga, 62 anos, é o homem que mais entende de recursos hídricos no Brasil e uma das maiores autori- dades sobre o tema no mundo. E não é só seu Ph.D. na Universidade de Stanford (EUA) que lhe confere tais títulos. Atual vice-presidente do Conselho Mundial da Água (WWC, na sigla em inglês), ele foi responsável pe- los fóruns mundiais sobre o tópico nas discussões de Haia e Kyoto, além de liderar negociações a respeito do assunto diretamente na ONU. Também é membro da diretoria da Agência Nacional de Águas (ANA), entidade que procura aprimorar o uso da água no Brasil por meio de ações como a construção de cisternas no semiárido nordestino. Benedito Braga recebeu ISTOÉ em seu gabinete na Escola Politécnica da USP para falar do futuro de um recurso do qual depende toda a humanidade. Istoé - Como a questão da água será tratada na Rio+20? Benedito Braga -Na Rio+20 existem duas discussões centrais: o crescimento verde e a erradicação da pobreza. Eu e o presidente do WWC, Loïc Fauchon, visitamos o Ban Ki-moon (secretário-geral da ONU) para conversar sobre a questão da água, porque entendemos que ela desempenha um papel muito importante nesses dois temas. E, para nossa surpresa, ele estava mais interessado nesse assunto do que nós e contou uma história. Ele estava em Darfur (no oeste do Sudão) em uma época muito turbulenta. Chegou com seus seguranças e tentou falar com uma multidão que o recepcionava. Todos estavam confusos, falando ao mesmo tempo. Então ele subiu num caixotinho e só conseguiu ser ouvido quando prometeu trazer água. Quando ele falou isso, todos pararam para escutar. Moon quis nos mostrar que esse tema é muito caro para ele. Istoé -Mas e as discussões sobre a água na Rio+20? Como as autoridades vão se preparar? Benedito Braga -Entre os dias 12 e 27 deste mês realizaremos o sexto fórum do Conselho Mundial da Água em Marselha (França). Esse evento será uma forma de nos prepararmos para a Rio+20. Irão participar do encontro ministros de Estado, prefeitos, parlamentares, estudiosos e membros da sociedade civil, já que o WWC é uma plataforma de múltiplos atores. Istoé - No Brasil temos água em abundância. Isso dificulta a adoção de políticas de não desperdício? Benedito Braga -Observamos o desperdício de água no Sul e no Sudeste. Mas no Nordeste ninguém lava a calçada com mangueira porque há a noção clara do valor desse recurso, por causa da escassez. Hoje, graças ao trabalho da ANA, essa região já tem melhorias que permitem passar períodos bem extensos sem aquela situação de morte de pessoas pela seca, como no passado. Mas a importância da água já está no inconsciente da população. Agora, existe uma diferença entre a água que está no rio e a água que está na torneira. Há um longo caminho entre esses dois pontos. Em São Paulo, por exemplo, temos regiões nas quais chove muito, mas com pouquíssima água encanada à disposição. Istoé - Qual é sua avaliação sobre a disponibilidade hídrica na capital paulista? Benedito Braga -São Paulo se desenvolveu nas cabeceiras do rio Tietê, uma região com pouca água. A cidade começou a crescer de forma muito intensa depois da construção da represa Billings e da hidrelétrica Henry Borden. Havia muita disponibilidade de energia elétrica e São Paulo explodiu, virou potência industrial. Na década de 70, já foi necessário criar um sistema para trazer o recurso de outro lugar para a região metropolitana. Para isso os rios Jaguari, Jacareí e Piracicaba – do outro lado da Serra da Cantareira – foram represados e a água foi trazida para abastecer a região metropolitana. Isso representa metade do consumo da cidade. Então hoje o cidadão gasta água na rua, mas não tem ideia de que daqui a dez anos não vamos ter esse recurso em São Paulo. Istoé - E como será? Benedito Braga -Viveremos um rodízio. Um dia com, um dia sem. Vai ter o maior problema do mundo, se não começarmos hoje as obras para trazer a água de outro local, além do sistema que existe hoje. Atualmente temos 60 metros cúbicos por segundo abastecendo a cidade, mas o consumo continua crescendo. Istoé - Essa água foi tirada do outro lado da Serra da Cantareira. O que aconteceu com este local? Benedito Braga - O comitê da bacia do Piracicaba agora reivindica essa água. Mas o comitê da bacia do Alto Tietê também quer. Porque os recursos hídricos estão se tornando cada vez mais escassos. Em 2004 essa autorização de trazer a água para São Paulo venceu. Quando aconteceu a renovação, eu era diretor da ANA. Tivemos que conversar com todas as partes, uma discussão muito complicada. Conseguimos renovar a outorga por dez anos, mas em 2014 vai vencer novamente. Então teremos que fazer outra grande negociação. Precisamos falar mais de água. Quando falamos em meio ambiente, todo mundo pensa em floresta e nos animais. Mas o problema é a água. Em qualquer grande cidade do mundo, Bombaim, Pequim, Xangai, o maior problema é a poluição hídrica na zona urbana. Precisamos limpar os nossos rios, dar água potável para a população. Istoé - O que o sr. pensa sobre o reúso da água? Benedito Braga - É uma questão de percepção. Muito da água consumida no Brasil, que sai da torneira, vem da captação feita no esgoto, de rios poluídos. O governo trata a água, ela chega limpa à torneira. Mas há o que chamamos de micropoluentes, que os sistemas tradicionais de limpeza não tiram. É preciso uma tecnologia muito avançada. Cingapura, por exemplo, está usando esse processo para tornar a água do esgoto potável novamente. A Califórnia (Estado americano), por exemplo, faz o reúso. Mas eles não jogam direto na linha (no sistema de abastecimento da cidade) como Cingapura faz, como a Namíbia faz. Eles jogam no solo, ela infiltra, e aí eles retiram de um poço, bombeiam. Isso por uma questão de percepção da população. Istoé - Há quem diga que a próxima guerra mundial será pela disputa de água. Qual é a sua opinião? Benedito Braga -Ainda não temos exemplos concretos de guerras travadas pela água. O que existe é uma disputa entre Palestina e Israel, por exemplo, que é conhecida. Um general israelense dizia que é muito mais barato dessalinizar a água do que ir à guerra para usar o recurso. Então o conflito é muito mais caro do que outra solução. Mas já não é esse o caso no Egito. O país, dizem, é uma dádiva do Nilo e não existiria se não fosse esse rio. Anuar Sadat (presidente egípcio na década de 70) já dizia que o Egito só iria à guerra se tirassem a água do Nilo. Istoé - A diplomacia pode ser decisiva? Benedito Braga -É evidente que, antes de acontecer uma guerra, há um processo de cooperação. Se a Etiópia e o Sudão começarem a usar a água do Nilo para irrigação, por exemplo, você terá menos água disponível. Acredito que o rio será motivo de guerra caso os dois países construam reservatórios de água que prejudiquem o consumo no Egito. Aquilo que Anuar Sadat previu vai se tornar realidade, porque aquilo é vital. Agora, afirmar que as futuras guerras serão pela água é exagerar um pouco. Istoé - O sr. crê que o homem chegaria a ponto de invadir um país pela água, pensando em um cenário de escassez mundial? Benedito Braga -Não, não acredito nisso. O Brasil, por exemplo, tem 12% da água doce do mundo. Ninguém invadiria o País para tomar esse recurso, porque seria muito mais caro você usá-lo em outro território. Transportamos o petróleo a longas distâncias por décadas. No caso de alguém vir aqui na Amazônia para encher um navio de água, sai mais barato você retirar do mar e dessalinizar. O Brasil não corre esse risco. Istoé - A dessalinização seria uma solução para a escassez hídrica no Nordeste brasileiro? Benedito Braga -Hoje já temos dessalinizadores para pequenas comunidades. No Nordeste é preciso ter diferentes níveis de solução de problemas. Por exemplo, você não pode resolver o problema em Fortaleza da mesma maneira que trata o de um povoado de dez ou 100 pessoas no semiárido. Para essa população rural dispersa, a água encanada é muito cara, não dá para fazer. Então em 2001 a ANA lançou o programa das cisternas, de coleta de água de chuva e um sistema de armazenamento, que dá para dessedentação. Dá para beber, mas não é suficiente para irrigar. Mas pelo menos o homem não morre de sede. Em povoados um pouco maiores, você tem dessalinizadores que usam membranas. Eles operam com energia solar, é um ótimo sistema. Sobra o resíduo, o sal. Então a Embrapa descobriu que existe uma planta chamada atriplex que vive muito bem com esse sal. E o gado come o atriplex. Istoé - Qual a sua opinião sobre a polêmica em torno da construção da hidrelétrica de Belo Monte? Benedito Braga -Belo Monte não pode ser vista como uma iniciativa solta no meio da Amazônia, e sim num contexto mais amplo. O País está crescendo, está reduzindo sua pobreza, e é com o suprimento de energia que a sua economia cresce. Se nós, brasileiros, aceitarmos esse paradigma de que precisamos crescer e precisamos de energia, teremos que lidar com Belo Monte. Existem pessoas que questionam esse conceito de crescimento, que acham que temos de parar de consumir, comer menos, gastar menos e viver mais próximo dos indígenas. Bom, é uma filosofia de vida. Mas não me parece ser o pensamento da maioria da população brasileira. Istoé - A solução para a demanda de energia é investir em novas hidrelétricas? Benedito Braga - Que fontes energéticas o País tem? O Brasil tem água, urânio, um carvão que não é muito bom, porque tem muito enxofre e precisa ser bem trabalhado para ser usado. E temos o vento e o sol. O primeiro é um recurso intermitente, uma alternativa que pode entrar de forma suplementar. Já a geração solar é mais adequada para aquecimento. Então contamos mesmo é com a água e o urânio para a produção de energia elétrica. E aí, no fim das contas, a pergunta que deve ser feita é: o que devemos erguer, Angra 3 ou Belo Monte?

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Água tem valor

Ano 02 - Edição 01 - Abril de 2012

CBH Araguari e ABHA participa de reunião em Uberaba com o CODAU

Em 07 de março, na cidade de Nova Ponte, na sede do sindicato

rural foi realizada reunião com a associação de irrigantes da bacia

do rio claro na reunião discutiram o pedido da outorga do CODAU

para transposição do rio claro, nessa reunião compareceram produ-

tores rurais, usina santo Ângelo, representantes do CODAU e da

prefeitura de Uberaba.

Estiveram acompanhando a reunião o presidente do CBH Aragua-

ri, Wilson Akira Shimizu e diretor presidente da ABHA – Leocá-

dio Alves Pereira. Foram colocados pelos usuários da irrigação

todos os problemas que irão ocorrer com setor produtivo, em razão

da redução da vazão para a irrigação na oportunidade alegaram que

os estudos apontados pelo município de Uberaba, não levou em

conta os impactos no setor produtivo da bacia, se a transposição for outorgada na vazão requerida, ficarão com

vazão reduzida para produzir, esse foi um dos argumentos apresentados e solicitaram que o CODAU ampliasse o

sistema de captação voltado para o rio grande, pensando em longo prazo, o CODAU e prefeitura de Uberaba in-

formaram que o projeto atenderá uma população até 500 mil habitantes.

Comitês de bacia visitam Programa “Cultivando Água Boa” da Itaipu

A Diretoria de Coordenação da Itaipu recebeu, nos dias 16 e 17 deste mês, representantes do Ministério do Meio

Ambiente (MMA) e de comitês e agências de bacias hidrográficas de várias regiões do Brasil. Durante dois dias,

21 profissionais ligados à gestão de recursos hídricos fizeram uma série de visitas técnicas à usina e à área

abrangida pelo Programa Cultivando Água Boa (CAB) – a Bacia do Paraná 3 (BP3).

Reconhecidas como exemplo concreto de recuperação de

passivos ambientais por meio da gestão por microbacias e do

envolvimento comunitário, as ações do CAB – tidas como

“boas práticas” pelo MMA – levaram o próprio ministério a

intermediar o encontro. “Temos uma parceria entusiástica com

o CAB, em função do sucesso do programa, e por isso chama-

mos os gestores de comitês e agências de bacias hidrográficas

do todo o País para conhecer in loco as suas ações”, disse o

gerente de políticas e planejamento de recursos hídricos do

MMA, Franklin de Paula Júnior.

O objetivo, segundo Paula Júnior, é fazer com que os gestores

de bacias identifiquem ações positivas na BP3 e as adaptem às suas respectivas regiões, para aprimorar e dar

maior dinamismo ao emprego dos recursos da cobrança pela utilização dos recursos hídricos feita pelo governo

federal.

A cobrança pelo uso dos recursos hídricos de domínio da União – dos rios que atravessam mais de um Estado

da federação – é feita pela Agência Nacional de Águas (ANA). Ela é um dos instrumentos de gestão dos recur-

sos hídricos instituídos pela Lei nº 9433/97, que tem como objetivo estimular o uso racional da água e gerar re-

cursos para investimentos na recuperação e preservação dos mananciais das bacias no Brasil.

Para o diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, “servir de campo de observação é algo muito significativo para

a Itaipu. “Isso nos coloca em uma posição de vanguarda, resultado de quem tem um corpo de empregados alta-

mente competentes e motivados, que constroem um universo de parcerias (mais de 2.300 em todos os 29 muni-

cípios da BP3) diretamente responsáveis pelo sucesso do programa.”

Boa parte dos gestores presentes no encontro teve a oportunidade de pela primeira vez ver pessoalmente algo

que só conheciam na teoria: as ações do CAB. “Não tinha ainda a noção da atuação da Itaipu na bacia”, afirmou

a coordenadora de gestão da Agência das Bacias Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), Kátia Piccin. Na baga-

gem, todos levaram exemplos que podem inspirar ações semelhantes Brasil afora.

Medalha das águas

O governador Antonio Anastasia visitou a cidade de São Lourenço, no Sul de Minas, neste domingo (25), onde pre-

sidiu a cerimônia de entrega da Comenda Ambiental Estância Hidromineral, a ‘Medalha das Águas’. O evento faz

parte das comemorações da Semana da Água, organizada pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável (Semad) em parceria com instituições públicas e privadas.

“Este é um evento muito importante porque dá a oportunidade de promover e divulgar uma das grandes riquezas de

Minas Gerais, que é a questão ambiental. Nós temos no chamado ecoturismo, na qualidade das nossas águas, na

hospitalidade em relação ao ambiente, um dos grandes trunfos de Minas Gerais e a instância hidromineral de São

Lourenço tem o seu destaque”, afirmou Anastasia.

A Comenda foi criada em 2010 por Lei Municipal, sendo entregue anualmente no domingo próximo ao Dia Mundi-

al da Água, comemorado no último dia 22. Durante o evento, o governador também destacou a importância da pre-

servação do meio ambiente para o futuro e para a melhoria constante da qualidade de vida em todo o Estado.

“A nossa função estratégica é conservar e conservar crescendo. Agora em junho no Rio de Janeiro na Conferência

das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), nós teremos chefes de Estado do mundo inteiro,

cientistas, profissionais de diversos países debatendo. E Minas Gerais estará presente mostrando que, como somos

o Estado aonde brota o maior número de fontes de água para abastecer o Sul, o Sudeste e parte do Centro -Oeste de

nosso país, nós estamos solidários à Federação, à República, mas da mesma forma queremos essa solidariedade

invertida para que Minas Gerais tenha a proteção e as condições para proteger e proteger bem esses mananciais de

água riquíssimos que fazem daqui, de fato, uma terra diferenciada, não só nossa porque não somos egoístas, mas de

todos os brasileiros”, afirmou Anastasia.

Agraciados

Cento e sessenta pessoas foram agraciadas com a comenda, entregue pelo governador Anastasia. Na cerimônia, fo-

ram condecorados cidadãos brasileiros e estrangeiros que se destacaram no incentivo, apoio e divulgação das ativi-

dades relacionadas ao turismo, à preservação ecológica e ambiental, além do desenvolvimento socioeconômico e

cultural de São Lourenço e de Minas Gerais, dentre eles o presidente do CBH Araguari Wilson Akira Shimizu.

“Para mim foi uma honra inesperada receber esta homenagem. Na realida-

de ela espelha por um lado o reconhecimento de todo um trabalho desen-

volvido em equipe pela Coordenação Colegiada do Fórum Mineiro de Co-

mitês de Bacias Hidrográficas que coordenei nos últimos dois anos e por

outro, o protagonismo do próprio CBH Araguari, que sempre foi muito

atuante – e digo isso com o peito estufado, porque não é somente a atuação

da Diretoria, mas do conjunto de seus membros, que fazem desse comitê

um dos destaques no Estado de Mi-

nas Gerais; pode perguntar isso a

qualquer membro do IGAM.” Res-

saltou Shimizu

O presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público

de Meio Ambiente (Abrampa), Sávio Renato Bittencourt Soares Silva, ora-

dor oficial do evento, lembrou a importância da água para o presente e o

futuro da humanidade. Para ele, assim como o primeiro grito de indepen-

dência ecoou de Minas para alcançar o Brasil, é do Estado mineiro que co-

meça a sair o exemplo da união entre desenvolvimento sustentável e gera-

ção de empregos.

“O meio ambiente hoje é apontado como um entrave para o desenvolvimento. Isso é uma mentira. O meio ambien-

te é um campo generoso de oportunidades, de novas carreiras, de novas engenharias, de novos gestores e novos ad-

vogados, de novas produções jamais pensadas anteriormente que terão a oportunidade de dar à nova geração não só

os empregos que precisamos, mas, sobretudo, a qualidade de vida que nós lhes devemos”, disse.

A condecoração é um tributo de São Lourenço às águas que deram origem ao Município e são, até hoje, as princi-

pais responsáveis pelo desenvolvimento da economia local. Há muitos anos as águas com propriedades medicinais

atraíram visitantes que, em busca de tratamentos e curas, acabaram estimulando o desenvolvimento das cidades de

Caxambu, Cambuquira, Lambari e São Lourenço. Juntas elas formaram o primeiro circuito turístico do País, o Cir-

cuito das Águas, até hoje um dos principais destinos turísticos do país, atraindo pessoas de vários locais do mundo.

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Publicação on-line desenvolvida pela ASCOM - CBH Araguari.

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CBH Araguari participa do VII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental

O CBH Araguari marcou presença, com a participação da secretária Betânia

Bortolozo, Antônio Geraldo de Oliveira (membro do PN2 e Presidente do

PN1) e da Assessora de Comunicação Beatriz Montes, no VII Fórum Brasi-

leiro de Educação Ambiental (VII FBEA), realizado no Centro de Conven-

ções de Salvador/BA, de 28 a 31 de março/12, que contou com a participa-

ção de mais de dois mil profissionais e estudantes das mais variadas áreas

de conhecimento.

CBH Araguari participou de discussões importantes como a Oficina Temá-

tica de Educação Ambiental e a Política Nacional de Recursos Hídricos, que teve como objetivo promover a

reflexão de como a Educação Ambiental contribui para a implementação da Política Nacional de Recursos Hí-

dricos e o fortalecimento da Gestão Integrada de Recursos Hídricos, além de participar de uma Mesa Redonda

sobre Políticas Públicas de Educação Ambiental no Brasil media por Marcos Sorrentino, entre outras atividades.

Esse Fórum também foi um aquecimento e preparação para a Rio +20, (Conferência da ONU sobre Desenvolvi-

mento Sustentável que ocorrerá no Rio de Janeiro de 13 a 22 de junho), especialmente para a versão da socieda-

de civil, chamada de Cúpula dos Povos.

Nesta edição, o VII FBEA reafirmou os princípios do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Susten-

táveis e Responsabilidade Global (acordado na ECO-92), sendo mais um momento de reflexão da II Jornada

Internacional de EA, que deverá finalizar na Rio+20.

CBH Araguari leva Circuito Lúdico de Educação Ambiental à escola rural de Ibiá

No dia 24 de março de 2012 aconteceu na Escola Municipal de Tobati –

zona rural do município de Ibiá o Circuito Lúdico do projeto

“Recuperação Ambiental para conservação dos Recursos Hídricos na Sub

-bacia do Rio Misericórdia, Ibiá – MG” que integra o Programa Mais

Água do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Araguari.

A iniciativa contou com a parceria dos técnicos do Dmae de Uberlândia

que levaram o uma programação lúdica e divertida, tendo como foco a

educação ambiental para cerca de 120 crianças. Além das brincadeiras

educativas os jovens cidadãos pu-

deram também participar de um teatro sobre preservação ambiental e ga-

nharam camisetas.

“Se o objetivo do Comitê e da Prefeitura era despertar em cada uma des-

sas crianças a reflexão sobre os rumos que o meio ambiente deve seguir,

acho que conseguimos com o Circuito Lúdico hoje aqui em Tobati. Basta

observar o rostinho de cada criança hipnotizada pelos ensinamentos pas-

sados aqui. E isso é fantástico.” Ressaltou Inês Nascimento – Secretária

de Educação de Ibiá – MG.

“O distrito de Tobati foi o local

escolhido para se comemorar o Dia Mundial da Água através do CIR-

CUITO LÚDICO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, numa parceria entre

a Agência Nacional de Águas (ANA), o Comitê da Bacia Hidrográfica

do Rio Araguari (CBH Araguari), a Associação da Bacia Hidrográfica do

Rio Araguari (ABHA) e o Governo de Ibiá, mais uma relevante ação en-

cabeçada pelo CBH Araguari que através de sua equipe técnica, desen-

volvem diariamente um importante trabalho em nosso munícipio. Temos

que agradecer a todos os parceiros pela oportunidade de recuperar nossos

Recursos Hídricos, o nosso querido Misericórdia.” Destacou Ivo Mendes Filho – Prefeito de Ibiá – MG.

O projeto

“Recuperação Ambiental para conservação dos Recursos Hídricos na Sub-bacia do Rio Misericórdia, Ibiá –

MG” - aprovado na ANA tem como um de seus principais objetivos implementar ações mitigadoras e apoiar o

produtor rural na preservação dos recursos hídricos, além de orientá-lo sobre a importância da adoção de ações

conservacionistas para a recuperação e manutenção da qualidade da água.

O projeto faz parte do Programa Mais Água visa à melhoria da quantidade e qualidade da água na Bacia Hidro-

gráfica do Rio Araguari, previsto no Plano de Aplicação para utilização dos recursos da Cobrança pelo Uso da

Água, desenvolvido pela Associação Multissetorial de Usuários de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do

Rio Araguari - ABHA, enquanto Entidade equiparada à Agência da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari e ente

integrante do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos de Minas Gerais - SEGRH-MG, e em

conformidade com o Plano Diretor e Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos da mencionada bacia hi-

drográfica. Fazem parte do objeto deste Convênio o controle de qualidade da produção das mudas e o estabeleci-

mento de um Plano de Ação como suporte no manejo, conservação e restauração de áreas em estágio de degra-

dação.

Municípios se organizam para formação de consórcio

Representantes dos municípios de Nova Ponte, Per-

dizes, Pedrinópolis e Santa Juliana assinarão no ini-

cio do mês de maio de 2012, o protocolo de inten-

ções para formação do Consórcio Intermunicipal de

Desenvolvimento Ambiental Sustentável - 4 Ambi-

ental.

Para Wilson Akira Shimizu – Presidente do Comitê

da Bacia Hidrográfica do Rio Araguari, iniciativa

como o Consórcio - 4 Ambiental “Constam nas dire-

trizes gerais de ação da Lei das Águas - Lei nº

9433/97 a integração da gestão de recursos hídricos

com a gestão ambiental e a articulação do planeja-

mento de recursos hídricos com o dos setores usuá-

rios e com os planejamentos regional, estadual e na-

cional. Portanto a Política das Águas preconiza des-

de seu início, sua integração e articulação com a

gestão e o planejamento de outros setores. A forma-

ção de Consórcios de Municípios para a gestão de

saneamento, iniciando neste caso com a gestão de

resíduos sólidos tem, por isso, o total apoio do CBH

Araguari, porque representa uma articulação que

promoverá uma melhoria ambiental e particular-

mente uma melhoria que terá reflexos na qualidade

das águas dos Municípios participantes. O impacto

causado pela disposição inadequada dos resíduos

sólidos das cidades é enorme, devido aos compo-

nentes produzidos no processo de sua decomposição

que acabam alcançando os cursos d’água de uma maneira ou outra. Portanto estão de parabéns os Prefeitos que

abraçaram esta iniciativa, que espero que possa ser replicada em outros municípios da Bacia e do Estado.”

O Consórcio - 4 Ambiental constitui uma das ações de saneamento previsto no Programa Água Boa voltado ao

Saneamento Básico, aprovado pelo CBH Araguari, tem como objetivo a adoção de medidas conjuntas entre os

municípios de Nova Ponte, Perdizes, Pedrinópolis e Santa Juliana, tendentes à adoção de políticas integradas vol-

tada para o desenvolvimento ambiental sustentável e consequente melhoria da qualidade dos recursos hídricos na

Bacia Hidrográfica.

Ressalta-se que a formação de um consórcio é uma das principais ferramentas para a gestão ambiental e baseia-

se em recortes territoriais. Uma das possibilidades de consorciamento reside na importância de se adotar o con-

ceito de bacia hidrográfica como o elemento básico para políticas de meio ambiente regionais, por isso o arranjo

entre os quatro municípios já citados. Por meio da gestão baseada no conceito de Bacias Hidrográficas é possí-

vel, entre outros, articular dentro do consórcio: Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica, Planos Ambi-

entais Regionais, Agenda 21 Regional; Assistência Técnica aos Municípios da bacia hidrográfica visando elabo-

rar projetos integrados de acordo com o planejamento regional, encaminhar os pleitos de solicitação de recursos,

realizar a gestão dos contratos e convênios; Planos de recuperação ou preservação de determinado recurso hídri-

co de grande importância para os municípios envolvidos, quer pelo manejo adequado dos resíduos sólidos ou

lançamento de efluentes de sistemas de tratamento de esgotos domésticos, drenagem e tratamento de água.

Uma das ações prioritárias depois da concretização do consórcio, será a instalação de um sistema único de dispo-

sição final adequada dos resíduos sólidos urbanos, abrangendo coleta seletiva, compostagem, reciclagem, comer-

cialização de recicláveis e educação ambiental. Visto que até agosto de 2012, todas as prefeituras do país deve-

rão apresentar um plano de gestão de resíduos sólidos e colocá-lo em operação até 2014, conforme determina a

nova Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Entre seus principais pontos, a Lei nº 12.305/10 impõe a

adoção da coleta seletiva, construção de aterros sanitários, eliminação de lixões, cooperativas de catadores e lo-

gística reversa.

Entrevista publicada na Revista IstoÉ, nº 2209/ 09 Mar. 12, e indicada pela Rede Mineira de Bacias

Hidrográficas

Benedito Braga "Haverá racionamento de água em São Paulo daqui a dez anos"

Vice-presidente do Conselho Mundial da Água fala sobre alternativas

para combater a escassez mundial e antecipa discussões que devem ge-

rar polêmica na Rio+20

por Larissa Veloso

RESPEITO

Braga é uma das maiores autoridades mundiais sobre o recurso natural

Benedito Braga, 62 anos, é o homem que mais entende de recursos hídricos no Brasil e uma das maiores autori-

dades sobre o tema no mundo. E não é só seu Ph.D. na Universidade de Stanford (EUA) que lhe confere tais

títulos. Atual vice-presidente do Conselho Mundial da Água (WWC, na sigla em inglês), ele foi responsável pe-

los fóruns mundiais sobre o tópico nas discussões de Haia e Kyoto, além de liderar negociações a respeito do

assunto diretamente na ONU. Também é membro da diretoria da Agência Nacional de Águas (ANA), entidade

que procura aprimorar o uso da água no Brasil por meio de ações como a construção de cisternas no semiárido

nordestino. Benedito Braga recebeu ISTOÉ em seu gabinete na Escola Politécnica da USP para falar do futuro

de um recurso do qual depende toda a humanidade.

Istoé - Como a questão da água será tratada na Rio+20?

Benedito Braga -Na Rio+20 existem duas discussões centrais: o crescimento verde e a erradicação da pobreza.

Eu e o presidente do WWC, Loïc Fauchon, visitamos o Ban Ki-moon (secretário-geral da ONU) para conversar

sobre a questão da água, porque entendemos que ela desempenha um papel muito importante nesses dois temas.

E, para nossa surpresa, ele estava mais interessado nesse assunto do que nós e contou uma história. Ele estava

em Darfur (no oeste do Sudão) em uma época muito turbulenta. Chegou com seus seguranças e tentou falar com

uma multidão que o recepcionava. Todos estavam confusos, falando ao mesmo tempo. Então ele subiu num

caixotinho e só conseguiu ser ouvido quando prometeu trazer água. Quando ele falou isso, todos pararam para

escutar. Moon quis nos mostrar que esse tema é muito caro para ele.

Istoé -Mas e as discussões sobre a água na Rio+20? Como as autoridades vão se preparar?

Benedito Braga -Entre os dias 12 e 27 deste mês realizaremos o sexto fórum do Conselho Mundial da Água

em Marselha (França). Esse evento será uma forma de nos prepararmos para a Rio+20. Irão participar do

encontro ministros de Estado, prefeitos, parlamentares, estudiosos e membros da sociedade civil, já que o WWC

é uma plataforma de múltiplos atores.

Istoé - No Brasil temos água em abundância. Isso dificulta a adoção de políticas de não desperdício?

Benedito Braga -Observamos o desperdício de água no Sul e no Sudeste. Mas no Nordeste ninguém lava a

calçada com mangueira porque há a noção clara do valor desse recurso, por causa da escassez. Hoje, graças ao

trabalho da ANA, essa região já tem melhorias que permitem passar períodos bem extensos sem aquela situação

de morte de pessoas pela seca, como no passado. Mas a importância da água já está no inconsciente da

população. Agora, existe uma diferença entre a água que está no rio e a água que está na torneira. Há um longo

caminho entre esses dois pontos. Em São Paulo, por exemplo, temos regiões nas quais chove muito, mas com

pouquíssima água encanada à disposição.

Istoé - Qual é sua avaliação sobre a disponibilidade hídrica na capital paulista?

Benedito Braga -São Paulo se desenvolveu nas cabeceiras do rio Tietê, uma região com pouca água. A cidade

começou a crescer de forma muito intensa depois da construção da represa Billings e da hidrelétrica Henry

Borden. Havia muita disponibilidade de energia elétrica e São Paulo explodiu, virou potência industrial. Na

década de 70, já foi necessário criar um sistema para trazer o recurso de outro lugar para a região metropolitana.

Para isso os rios Jaguari, Jacareí e Piracicaba – do outro lado da Serra da Cantareira – foram represados e a água

foi trazida para abastecer a região metropolitana. Isso representa metade do consumo da cidade. Então hoje o

cidadão gasta água na rua, mas não tem ideia de que daqui a dez anos não vamos ter esse recurso em São Paulo.

Istoé - E como será?

Benedito Braga -Viveremos um rodízio. Um dia com, um dia sem. Vai ter o maior problema do mundo, se não

começarmos hoje as obras para trazer a água de outro local, além do sistema que existe hoje. Atualmente temos

60 metros cúbicos por segundo abastecendo a cidade, mas o consumo continua crescendo.

Istoé - Essa água foi tirada do outro lado da Serra da Cantareira. O que aconteceu com este local?

Benedito Braga - O comitê da bacia do Piracicaba agora reivindica essa água. Mas o comitê da bacia do Alto

Tietê também quer. Porque os recursos hídricos estão se tornando cada vez mais escassos. Em 2004 essa

autorização de trazer a água para São Paulo venceu. Quando aconteceu a renovação, eu era diretor da ANA.

Tivemos que conversar com todas as partes, uma discussão muito complicada. Conseguimos renovar a outorga

por dez anos, mas em 2014 vai vencer novamente. Então teremos que fazer outra grande negociação.

Precisamos falar mais de água. Quando falamos em meio ambiente, todo mundo pensa em floresta e nos

animais. Mas o problema é a água. Em qualquer grande cidade do mundo, Bombaim, Pequim, Xangai, o maior

problema é a poluição hídrica na zona urbana. Precisamos limpar os nossos rios, dar água potável para a

população.

Istoé - O que o sr. pensa sobre o reúso da água?

Benedito Braga - É uma questão de percepção. Muito da água consumida no Brasil, que sai da torneira, vem da

captação feita no esgoto, de rios poluídos. O governo trata a água, ela chega limpa à torneira. Mas há o que

chamamos de micropoluentes, que os sistemas tradicionais de limpeza não tiram. É preciso uma tecnologia

muito avançada. Cingapura, por exemplo, está usando esse processo para tornar a água do esgoto potável

novamente. A Califórnia (Estado americano), por exemplo, faz o reúso. Mas eles não jogam direto na linha (no

sistema de abastecimento da cidade) como Cingapura faz, como a Namíbia faz. Eles jogam no solo, ela infiltra,

e aí eles retiram de um poço, bombeiam. Isso por uma questão de percepção da população.

Istoé - Há quem diga que a próxima guerra mundial será pela disputa de água. Qual é a sua opinião?

Benedito Braga -Ainda não temos exemplos concretos de guerras travadas pela água. O que existe é uma

disputa entre Palestina e Israel, por exemplo, que é conhecida. Um general israelense dizia que é muito mais

barato dessalinizar a água do que ir à guerra para usar o recurso. Então o conflito é muito mais caro do que

outra solução. Mas já não é esse o caso no Egito. O país, dizem, é uma dádiva do Nilo e não existiria se não

fosse esse rio. Anuar Sadat (presidente egípcio na década de 70) já dizia que o Egito só iria à guerra se tirassem

a água do Nilo.

Istoé - A diplomacia pode ser decisiva?

Benedito Braga -É evidente que, antes de acontecer uma guerra, há um processo de cooperação. Se a Etiópia e

o Sudão começarem a usar a água do Nilo para irrigação, por exemplo, você terá menos água disponível.

Acredito que o rio será motivo de guerra caso os dois países construam reservatórios de água que prejudiquem o

consumo no Egito. Aquilo que Anuar Sadat previu vai se tornar realidade, porque aquilo é vital. Agora, afirmar

que as futuras guerras serão pela água é exagerar um pouco.

Istoé - O sr. crê que o homem chegaria a ponto de invadir um país pela água, pensando em um cenário de

escassez mundial?

Benedito Braga -Não, não acredito nisso. O Brasil, por exemplo, tem 12% da água doce do mundo. Ninguém

invadiria o País para tomar esse recurso, porque seria muito mais caro você usá-lo em outro território.

Transportamos o petróleo a longas distâncias por décadas. No caso de alguém vir aqui na Amazônia para encher

um navio de água, sai mais barato você retirar do mar e dessalinizar. O Brasil não corre esse risco.

Istoé - A dessalinização seria uma solução para a escassez hídrica no Nordeste brasileiro?

Benedito Braga -Hoje já temos dessalinizadores para pequenas comunidades. No Nordeste é preciso ter

diferentes níveis de solução de problemas. Por exemplo, você não pode resolver o problema em Fortaleza da

mesma maneira que trata o de um povoado de dez ou 100 pessoas no semiárido. Para essa população rural

dispersa, a água encanada é muito cara, não dá para fazer. Então em 2001 a ANA lançou o programa das

cisternas, de coleta de água de chuva e um sistema de armazenamento, que dá para dessedentação. Dá para

beber, mas não é suficiente para irrigar. Mas pelo menos o homem não morre de sede. Em povoados um pouco

maiores, você tem dessalinizadores que usam membranas. Eles operam com energia solar, é um ótimo sistema.

Sobra o resíduo, o sal. Então a Embrapa descobriu que existe uma planta chamada atriplex que vive muito bem

com esse sal. E o gado come o atriplex.

Istoé - Qual a sua opinião sobre a polêmica em torno da construção da hidrelétrica de Belo Monte?

Benedito Braga -Belo Monte não pode ser vista como uma iniciativa solta no meio da Amazônia, e sim num

contexto mais amplo. O País está crescendo, está reduzindo sua pobreza, e é com o suprimento de energia que a

sua economia cresce. Se nós, brasileiros, aceitarmos esse paradigma de que precisamos crescer e precisamos de

energia, teremos que lidar com Belo Monte. Existem pessoas que questionam esse conceito de crescimento, que

acham que temos de parar de consumir, comer menos, gastar menos e viver mais próximo dos indígenas. Bom,

é uma filosofia de vida. Mas não me parece ser o pensamento da maioria da população brasileira.

Istoé - A solução para a demanda de energia é investir em novas hidrelétricas?

Benedito Braga - Que fontes energéticas o País tem? O Brasil tem água, urânio, um carvão que não é muito

bom, porque tem muito enxofre e precisa ser bem trabalhado para ser usado. E temos o vento e o sol. O

primeiro é um recurso intermitente, uma alternativa que pode entrar de forma suplementar. Já a geração solar é

mais adequada para aquecimento. Então contamos mesmo é com a água e o urânio para a produção de energia

elétrica. E aí, no fim das contas, a pergunta que deve ser feita é: o que devemos erguer, Angra 3 ou Belo

Monte?