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BEETHOVEN: FORÇA, LEVEZA E MISTÉRIO1 1

Jean Francesco Afonso Lima Gomes*

1 Introdução

Ludwig Van Beethoven (1770-1827), compositor alemão, foi considerado por

muitos como o maior compositor que já existiu. Classificado como um classicista e

romântico, mas “na realidade ele transcendeu os dois títulos; suas composições são

a expressão de uma das mais poderosas personalidades da música de todos os

tempos”.1

Nasceu em Bonn no dia 16 de dezembro de 1770. Com apenas quatro anos

de idade iniciou seu estudo musical, e ao atingir onze anos, começou a publicar

suas primeiras obras, o que fez com que pouco tempo depois fosse conhecido como

“improvisador do piano”.

Em 1792 mudou-se para Viena, estudou com Haydn e Albrechtsberger, e no

ano de 1795, fez sua primeira aparição passando a ser chamado agora de “virtuose

do piano”. “Sua fama ia tomando grandes dimensões a tal ponto que passou a ser o

favorito da aristocracia vienense”.2

Beethoven impressionou os contemporâneos, além de sua arte, pelas

manifestações rudes de sua independência pessoal. “Em torno de sua

personalidade formaram-se lendas, destinadas a salientar os sofrimentos e as

grandezas do homem titânico”.3 O ano de 1800 marca um novo período em sua vida,

que é chamado de “segundo período”, pois a certeza de que estava perdendo

gradativamente a audição o leva a uma grande tristeza, conforme registrado no

Testamento de Heiligenstadt.

O que mais impressiona em sua vida é que nem mesmo a surdez o fez

menos criativo, e mesmo com esse sério problema, que para muitos seria crucial,

Beethoven continuou a escrever suas brilhantes obras.

1 BURK, John N. Beethoven. In: Halsey, William D. (Ed.) Collier’s Encyclopedia. Crowell-Collier

Educational Corporation, 1968, v.3, p.776. 2 BORBA, Tomás; GRAÇA, Fernando Lopes; Dicionário da Música (ilustrado). Edições Cosmos-

Lisboa 1962, p. 165. Neste livro também encontramos outras informações acerca de suas viagens e outros lugares onde ele também foi reconhecido com louvor. 3 CARPEAUX, Otto Maria. Beethoven. In Houaiss, Antônio (Ed.) Enciclopédia Mirador

Internacional. São Paulo: Enciclopédia Britânica do Brasil, 1970. v. 4, p. 1248.

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Jean Francesco Afonso Lima Gomes*

Sua morte ocorre em 1827, ainda estava em Viena e seu enterro foi bastante

marcado, pois havia no local milhares de pessoas que o admiravam, um dos

maiores que o mundo já viu.

2 Gravação ouvida

Sinfonia Nº 3 em Mi Bemol Maior, OP.56 “Eroica” -1º mov., ”Alegro com Brio”.

A gravação ouvida integra o CD O melhor de Gershwin - Volume 9, que faz parte da

coleção CLASSIC CD, a faixa escolhida é de numero 6.

Nesta peça Beethoven mostra que com sua imaginação poética poderia

chegar ao mais alto nível de composição, elaborando uma escala arquitetônica

jamais vista antes, levando também grande conteúdo de dramatização e emoção, o

que faz essa peça ultrapassar todas as expectativas, de uma simples música torna-

se uma experiência humana, um idealismo. Todas essas qualidades tomam forma

em 1803-1804 e é intitulada “Eroica”, uma obra que também é considerada um

marco dentro das sinfonias que as ingressam em um mundo ainda não conhecido.

Eroica foi executada pela primeira vez no palácio do Príncipe Lobkowitz, em

Viena, no mês de dezembro de 18044. Bem se pode calcular o espanto daqueles

primeiros auditórios ao ouvir uma sinfonia como esta. “Acharam-na excessivamente

longa, enfadonha, grotesca, obscura...” 5

Esta obra a principio levou o nome de “Sinfonia Buonaparte”, com a intenção

de homenagear Napoleão Bonaparte, homem que Beethoven tanto admirava, e o

considerava o libertador de todos os oprimidos. Mais tarde a ambição de Bonaparte

fez com que Beethoven, cheio de amargura, rasgasse a dedicatória feita a

Bonaparte e também declarasse: “Então não passa de um homem comum.

3 Impressões do ouvinte

Eroica -1º mov., “Alegro com Brio”, inicia-se com força e se desenvolve com

doçura, caminhando com solos suaves. Ela vai prosseguindo com mais marcação,

4 EWEN, David. Maravilhas da Música Universal: Enciclopédia das Obras-primas da Música. Trad.

João Henrique Chaves Lodes. São Paulo: Editora Globo, 1959, v.1, p.91. 5 Ibid, p. 92.

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principalmente dos violinos, até os instrumentos de sopro lhe proporcionar a força

que ela arroga. É uma música cheia de contrastes! Como se estivéssemos em uma

guerra, e no meio do caminho, fossemos para um jardim, cheirássemos suas flores,

mas no fim da tarde voltamos para a guerra, o espanto. Quando menos esperamos

ela, Eroica, volta triunfante, com peso e repetições, mas sempre intercaladas por

momentos breves dos instrumentos de sopro.

Se eu não me engano ela repete sua melodia algumas vezes. Sempre com a

mesma cosmovisão: força, calma, calma, força, força, permanência, marcação leve

até ser Eroica e estrondosa. Um dualismo entre força e leveza; altos e baixos,

permanência e inconstância. Um dos elementos que percebo em sua melodia é o

inesperado. Nunca se sabe quem virá, a música em si se torna sempre misteriosa.

Isso foi o que percebi de Eroica.

4 Conclusão

A vida e a obra de Beethoven parecem ser uma só, se baseadas nesta

sinfonia colossal “Eroica”, força, leveza e mistério combinam perfeitamente com a

sua vida pessoal. Vale a pena conhecer mais peças, sinfonias, sonatas, quartetos de

um dos maiores compositores que o mundo já conheceu.

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Jean Francesco Afonso Lima Gomes*

REFERÊNCIAS

BORBA, Tomás; Graça. (Ed.) Dicionário de música ilustrado. Lisboa: Edições

Cosmos, 1963.

BURK, John N. Beethoven. In: Halsey, William D. (Ed.) Collier’s Encyclopedia.

Collier's Encyclopedia, Crowell-Collier Educational Co., USA, ed. 1969.

CARPEAUX, Otto Maria. Beethoven. In: Houaiss, Antônio (Ed.) Enciclopédia

Mirador Internacional. São Paulo: Enciclopédia Britânica do Brasil, 1970. v. 4.

EWEN, David. Maravilhas da Música Universal: enciclopédia das obras-primas da

música. Tradução de João Henrique Chaves Lopes. Porto Alegre: Editora Globo,

1959, v.1.