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Página 1 Boletim 469/14 – Ano VI – 18/02/2014 BC e Caixa vão ao Supremo para barrar troca de indexador na correção do FGTS Por Juliano Basile | De Brasília A Advocacia-Geral da União (AGU), o Banco Central e a Caixa Econômica Federal decidiram combater no Supremo Tribunal Federal (STF) a ação em o que partido Solidariedade pede o reajuste dos valores depositados nas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A avaliação é que a ação foi proposta num momento econômico adverso, às vésperas de o STF julgar os planos econômicos, e com o intuito de obter ganhos políticos em ano eleitoral, como o apoio de correntistas ao partido presidido pelo deputado federal Paulinho da Força (SP). O Solidariedade quer a substituição da Taxa Referencial na correção dos saldos do FGTS por um índice mais eficaz na reposição das perdas inflacionárias, como o INPC ou o IPCA. O Instituto FGTS Fácil, uma ONG que acompanha o fundo, estimou que o reajuste de todos os saldos, desde 2002, por um desses índices levaria ao pagamento de R$ 160 bilhões. Essa estimativa, aliada à retomada, no dia 26, do julgamento sobre a correção das poupanças nos planos econômicos das décadas de 1980 e 1990, levou a repercussões negativas no mercado financeiro. Segundo o Valor apurou, o ingresso do pedido do Solidariedade no tribunal foi um dos fatores que geraram impacto negativo sobre a taxa de câmbio. Preocupadas com o assunto, a Caixa e o BC fizeram estudos sobre todas as ações que tramitam na Justiça em que correntistas cobram correções em seus saldos. A Caixa verificou que, das 46.246 ações individuais que já sofreu sobre o assunto, foram proferidas 22.798 sentenças. Dessas, a Caixa foi vitoriosa em 22.697 (99,55%). Houve apenas 57 decisões desfavoráveis à instituição. Já o BC sofreu 203 ações contra a correção do FGTS pela TR, a imensa maioria (186 processos) no Rio Grande do Sul. Houve sentença em cem ações e o BC ganhou a causa em todas. Esses dados serão apresentados aos ministros do STF na tentativa de brecar a proliferação de ações que teve início a partir de maio de 2013, quando a maioria dos integrantes da Corte concluiu que os precatórios devem ser corrigidos por um índice que reflita melhor as perdas inflacionárias. Foi a partir dessa decisão tomada no julgamento dos precatórios que escritórios de advocacia e sindicatos começaram a ingressar com milhares de ações pedindo que os índices que repõem as perdas da inflação sejam aplicados também ao FGTS. "O que está acontecendo nada mais é do que uma tentativa de ressuscitar a cultura das ações de massa em tempos de estabilidade monetária", afirmou ao Valor uma autoridade do alto escalão da advocacia pública federal. "Estamos bem seguros que o STF manterá a TR para a remuneração do FGTS, já que a Corte é guardiã da efetividade de direitos fundamentais, como habitação e

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Boletim 469/14 – Ano VI – 18/02/2014

BC e Caixa vão ao Supremo para barrar troca de inde xador na correção do FGTS Por Juliano Basile | De Brasília A Advocacia-Geral da União (AGU), o Banco Central e a Caixa Econômica Federal decidiram combater no Supremo Tribunal Federal (STF) a ação em o que partido Solidariedade pede o reajuste dos valores depositados nas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A avaliação é que a ação foi proposta num momento econômico adverso, às vésperas de o STF julgar os planos econômicos, e com o intuito de obter ganhos políticos em ano eleitoral, como o apoio de correntistas ao partido presidido pelo deputado federal Paulinho da Força (SP). O Solidariedade quer a substituição da Taxa Referencial na correção dos saldos do FGTS por um índice mais eficaz na reposição das perdas inflacionárias, como o INPC ou o IPCA. O Instituto FGTS Fácil, uma ONG que acompanha o fundo, estimou que o reajuste de todos os saldos, desde 2002, por um desses índices levaria ao pagamento de R$ 160 bilhões. Essa estimativa, aliada à retomada, no dia 26, do julgamento sobre a correção das poupanças nos planos econômicos das décadas de 1980 e 1990, levou a repercussões negativas no mercado financeiro. Segundo o Valor apurou, o ingresso do pedido do Solidariedade no tribunal foi um dos fatores que geraram impacto negativo sobre a taxa de câmbio. Preocupadas com o assunto, a Caixa e o BC fizeram estudos sobre todas as ações que tramitam na Justiça em que correntistas cobram correções em seus saldos. A Caixa verificou que, das 46.246 ações individuais que já sofreu sobre o assunto, foram proferidas 22.798 sentenças. Dessas, a Caixa foi vitoriosa em 22.697 (99,55%). Houve apenas 57 decisões desfavoráveis à instituição. Já o BC sofreu 203 ações contra a correção do FGTS pela TR, a imensa maioria (186 processos) no Rio Grande do Sul. Houve sentença em cem ações e o BC ganhou a causa em todas. Esses dados serão apresentados aos ministros do STF na tentativa de brecar a proliferação de ações que teve início a partir de maio de 2013, quando a maioria dos integrantes da Corte concluiu que os precatórios devem ser corrigidos por um índice que reflita melhor as perdas inflacionárias. Foi a partir dessa decisão tomada no julgamento dos precatórios que escritórios de advocacia e sindicatos começaram a ingressar com milhares de ações pedindo que os índices que repõem as perdas da inflação sejam aplicados também ao FGTS. "O que está acontecendo nada mais é do que uma tentativa de ressuscitar a cultura das ações de massa em tempos de estabilidade monetária", afirmou ao Valor uma autoridade do alto escalão da advocacia pública federal. "Estamos bem seguros que o STF manterá a TR para a remuneração do FGTS, já que a Corte é guardiã da efetividade de direitos fundamentais, como habitação e

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saneamento, e compreenderá a necessária vinculação das regras jurídicas de remuneração do fundo às políticas de realização desses direitos." Nos documentos que estão sendo preparados para serem encaminhados ao STF, integrantes da cúpula da advocacia do governo alegam que o saldo do FGTS não é uma poupança e, por isso, tem sistemática de correção diversa, para a qual não pode ser aplicado o IPCA ou o INPC. Segundo eles, o FGTS não pode ter a mesma maneira de reajuste da poupança, já que é um saldo a que o trabalhador tem direito se for demitido sem justa causa. "A TR não é um índice de correção monetária, mas um índice alternativo de remuneração, concebido para viabilizar a desindexação da economia brasileira." Autoridades jurídicas do governo alegam que o uso da TR não é arbitrário, mas definido em lei. O BC define o percentual da TR de acordo com a metodologia do Conselho Monetário Nacional, mas é a Lei 8.036, de 1990, que fixou a TR como forma de reajustar os saldos do FGTS. Eles também vão argumentar que a TR é utilizada para corrigir os contratos de mutuários que adquirem imóveis com os saldos de FGTS. Logo, eles não poderiam ter os saldos corrigidos pelo INPC enquanto pagam prestações atualizadas pela TR. Por fim, em estudos prévios sobre o assunto, autoridades do alto escalão jurídico do governo identificaram uma decisão do ministro Luiz Fux a favor do uso da TR. Ela foi concedida em 2009, quando Fux atuava como ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na ocasião, o ministro foi contrário a ações de empresários que não recolhiam FGTS. A Fazenda Pública quis utilizar a Selic para corrigir os débitos, mas Fux concluiu a favor da TR. O relator do processo no STF é o ministro Luís Roberto Barroso.

TST: Cesta de benefícios não integra salário Por Valor SÃO PAULO - A cesta de benefícios paga pela Telsul Serviços S.A., com base em norma coletiva, não integra o salário do empregado e, assim, não gera repercussão financeira sobre as demais verbas salariais devidas pela empresa. Dessa maneira julgou a 1ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Os ministros, por unanimidade, consideraram que deve ser prestigiado o acordo coletivo de trabalho que define a natureza jurídica indenizatória do benefício, como é o caso. Contratado para instalar e reparar linhas telefônicas, um empregado da Telsul Serviços S.A. pediu equiparação salarial com um colega. Ele afirmou que, por dois anos, trabalhou com igual produtividade e mesma perfeição técnica, desenvolvendo as mesmas funções, mas recebendo R$ 150 a menos. Em sua defesa, a empresa sustentou que os dois empregados recebiam o mesmo salário. A diferença estaria no valor correspondente à cesta de benefícios recebida pelo colega, que preenchia os critérios estabelecidos na norma coletiva para o recebimento, e o autor não. Afirmou, ainda, que a cesta teria natureza indenizatória e não salarial. Ao julgar o caso, o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ) confirmou a sentença que condenou a empresa a pagar a equiparação. Para o TRT, a empresa não provou que um empregado cumpria as condições para o pagamento do benefício

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e o outro não. O TRT entendeu que a natureza jurídica não poderia ser modificada apenas por estar prevista em norma coletiva. Inconformada, a Telsul recorreu ao TST. Ao examinar a questão, o desembargador convocado José Maria Quadros de Alencar, considerou que a controvérsia estava em verificar a validade da cláusula no acordo coletivo. Ele destacou que o TST "vem-se pronunciando reiteradamente no sentido de prestigiar a autonomia de vontade das partes, homenageando o princípio constitucional". Os demais seguiram seu voto.

Trabalhadores de TI avaliam greve Por Gustavo Brigatto | De São Paulo O Sindicato das empresas de Processamento de Dados e Serviços de Informática do Estado de São Paulo (Seprosp) vai discutir amanhã a decisão dos trabalhadores do setor de entrar em greve a partir de sexta-feira. A paralisação foi decidida no sábado, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd). Segundo o Sindpd, 800 profissionais participaram da assembleia. A greve foi convocada porque as empresas não aceitaram a proposta de reajuste salarial para a categoria. Ao todo, foram feitas cinco rodadas de negociação. Os trabalhadores pedem reajuste nos salários de 8,8% e nos pisos de 10,3%, além de vale-refeição e participação nos lucros e resultados (PLR) para todas as empresas do setor. O Seprosp ofereceu reajuste de 6,5%, PLR para empresas com mais de 10 funcionários, vale-refeição para empresas com mais de 35 empregados e reajuste dos pisos de 7%. "A reivindicação da categoria é justa, sobretudo se levarmos em conta o crescimento do setor", disse Antônio Neto, presidente do Sindpd, em comunicado. Para Luigi Nese, presidente do Seprosp, a receita do setor tem crescido, mas as margens estão menores. Além disso, nos últimos anos, o salário dos profissionais do setor teriam subido bem acima da inflação. Para Nese, há pouca disposição dos funcionários em aderir a uma greve geral. Ele lembrou da greve realizada em 2011, na qual o Ministério Público exigiu que fossem mantidos 80% dos serviços ligados ao Estado e à Prefeitura de SP, 60% dos serviços ligados à atividade de compensação bancária e 60% do contingente necessário ao atendimento da atividade nas demais empresas, quando houvesse prestação de serviços em atividades consideradas essenciais. O Seprosp diz que o Estado de São Paulo representa 45% da mão de obra de tecnologia no país, com 192 mil trabalhadores. (Fonte: Valor Econômico dia 18/02/2014).

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Ford vai retomar produção de picapes grandes no ABC

Montadora renova aposta na região e contrata quase 200 funcionários para a fábrica de São Bernardo do Campo

Cleide Silva, de O Estado de S. Paulo - O Estado de S.Paulo A Ford do Brasil contratou quase 200 funcionários para retomar a produção das picapes de grande porte da Série F na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A produção desses veículos havia sido suspensa em 2011, quando houve a mudança do tipo de motor usado nos veículos comerciais e caminhões, que passaram a adotar a tecnologia Euro 5, mais eficiente e menos poluente. Do grupo de contratados, 100 começam a trabalhar hoje e 97 até o meio do ano, segundo confirmou a Ford. A empresa não divulgou quais versões fará. Antes, eram produzidas a F-250 e a F-4000. "Desde a suspensão da produção, vínhamos negociando a volta da Série F com a Ford", diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques. "Achamos que a paralisação foi um erro de avaliação, pois há espaço no mercado para esses veículos." A Ford emprega 4,4 mil funcionários no ABC, dos quais 1,1 mil trabalham na fábrica de caminhões e os demais na linha de montagem do novo Fiesta. "É mais uma aposta da Ford na região, que continua sendo importante polo do setor automobilístico", afirma o sindicalista. Ele lembra ainda que a Volkswagen deve concentrar em São Bernardo toda a produção do Gol G5, hoje dividida com a fábrica de Taubaté (SP), que este mês iniciou a produção do compacto up!. Com isso, serão absorvidos os cerca de 900 funcionários das extintas linhas da Kombi e do Gol G4. Outra recente conquista da região, segundo Marques, foi o anúncio da transferência da sede administrativa da Toyota de São Paulo para São Bernardo. "As seis montadoras que estão no ABC passam a ter seus presidentes aqui, o que concede maior poder à região." Nos anos 90, o ABC praticamente ficou de fora dos planos de investimentos das novas montadoras que chegaram ao País e temia-se pelo seu futuro. Lay-off. A Volkswagen vai colocar 300 funcionários da fábrica de São José dos Pinhais (PR) em lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho), sendo metade agora e outra metade daqui a três meses, quando o primeiro grupo deve retornar. Segundo Jamil Davila, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e Região, esses trabalhadores passarão por treinamento direcionado à produção do novo Golf, que entrará em linha no início de 2015. O Golf atual deixou de ser produzido no fim do ano passado e havia neste momento um excesso de capacidade na fábrica, que emprega 2,4 mil pessoas na produção. A partir do próximo ano, a unidade também voltará a produzir modelos da Audi. No sistema de lay-off, parte dos salários dos operários é bancada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e parte pela empresa. (Fonte: Estado SP dia 18/02/2014).

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Caso não haja interesse em continuar recebendo esse boletim, favor enviar e-mail para [email protected] , solicitando exclusão.