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1 Assistência ao alienado no estado do Rio de Janeiro: o Hospício do Hospital São João Batista e a Colônia de Alienados de Vargem Alegre Jeanine R. Claper [email protected] COC/Fiocruz Gisele Sanglard [email protected] COC/Fiocruz I. Introdução O objetivo deste artigo é examinar a criação do Hospício de Alienados anexo ao Hospital de São João Batista, em Niterói, e da Colônia de Alienados de Vargem Alegre, em Barra do Piraí, no contexto da assistência à saúde e da assistência ao insano no antigo estado do Rio de Janeiro, no período de 1878 a 1921; procurando responder como as instalações físicas dos asilos impactavam na assistência lá oferecida. É no final do período em análise e, após uma série de reformas no espaço asilar, que Vargem Alegre se tornará Colônia Agrícola para Alienados com produção agrícola e criação de animais. Para tal, recorreremos à análise dos discursos governamental e científico sobre a assistência e suas instituições, extraídos dos relatórios apresentados à Assembleia Legislativa Provincial do Rio de Janeiro e do Estado do Rio de Janeiro; e dos relatórios do médico do Hospício fluminense. II. A organização da assistência ao alienado na província e no estado do Rio de Janeiro A assistência ao insano na província e, posteriormente, no estado do Rio de Janeiro se organizou como um processo, que teve como fio condutor a implantação de instituições de assistência. No primeiro momento, previu acolher os loucos dos municípios da província que superavam as setenta vagas existentes no Hospício de Pedro Segundo e, desse modo eram enviados para as casas de detenção uma vez que não eram mais aceitos nos hospitais gerais. O primeiro edifício da assistência pública foi o Hospício anexo ao Hospital São João Batista, que tinha um caráter provisório e instalações adaptadas.

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Assistência ao alienado no estado do Rio de Janeiro: o Hospício do Hospital São João

Batista e a Colônia de Alienados de Vargem Alegre

Jeanine R. Claper

[email protected]

COC/Fiocruz

Gisele Sanglard

[email protected]

COC/Fiocruz

I. Introdução

O objetivo deste artigo é examinar a criação do Hospício de Alienados anexo ao Hospital

de São João Batista, em Niterói, e da Colônia de Alienados de Vargem Alegre, em Barra do

Piraí, no contexto da assistência à saúde e da assistência ao insano no antigo estado do Rio de

Janeiro, no período de 1878 a 1921; procurando responder como as instalações físicas dos asilos

impactavam na assistência lá oferecida. É no final do período em análise e, após uma série de

reformas no espaço asilar, que Vargem Alegre se tornará Colônia Agrícola para Alienados com

produção agrícola e criação de animais.

Para tal, recorreremos à análise dos discursos governamental e científico sobre a

assistência e suas instituições, extraídos dos relatórios apresentados à Assembleia Legislativa

Provincial do Rio de Janeiro e do Estado do Rio de Janeiro; e dos relatórios do médico do

Hospício fluminense.

II. A organização da assistência ao alienado na província e no estado do Rio de

Janeiro

A assistência ao insano na província e, posteriormente, no estado do Rio de Janeiro se

organizou como um processo, que teve como fio condutor a implantação de instituições de

assistência. No primeiro momento, previu acolher os loucos dos municípios da província que

superavam as setenta vagas existentes no Hospício de Pedro Segundo e, desse modo eram

enviados para as casas de detenção uma vez que não eram mais aceitos nos hospitais gerais. O

primeiro edifício da assistência pública foi o Hospício anexo ao Hospital São João Batista, que

tinha um caráter provisório e instalações adaptadas.

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O Hospício anexo ao Hospital São João Batista de Niterói

A assistência pública ao alienado, na província do Rio de Janeiro, teve como pano de

fundo a influência da nova ciência psiquiátrica e ressonâncias socioculturais causadas pela

proximidade com a capital do Império. A assistência ao louco pobre da província estabeleceu-

se, parcialmente, primeiro contratando com o Hospício de Pedro Segundo (HPII) a manutenção

de 70 vagas, com uma contribuição anual de 35:100$000 (trinta e cinco contos e cem mil réis).

Como o número de alienados indigentes era muito maior que as vagas oferecidas pelo HPII, em

05 de março de 1878 o Presidente da Província Visconde de Prados enviava mensagem

revogando o parágrafo único do artigo 1º e o parágrafo 4º do artigo 19 do regulamento de 16

de junho de 1877, que vedavam a admissão no Hospital São João Batista de Niterói (HSJB) de

“alienados, inválidos, decrépitos e doentes em estado desenganado, limitava com verdadeira

impiedade a caridade devida à pobreza enferma” (Prado, 1878). Ainda, na mesma mensagem,

Visconde de Prados relatava que por falta de vagas no Hospício de Pedro Segundo, os loucos

eram recolhidos às casas de detenção e desse modo, ordenava,

a construção de um pequeno hospício na esplanada em que está edificado o

hospital [São João Batista]. Com capacidade para acomodar 30 ou 40

alienados, este modesto, mas elegante edifico oferece toda a segurança contra

a evasão de seus hóspedes, e as condições aconselhadas pela mais adiantada

ciência da higiene. (Prado, 1878:31-32)

Em 08 de dezembro de 1878 foi inaugurado o Hospício de Alienados anexo ao Hospital

São João Batista de Niterói, para atender 40 pacientes, e cujo regulamento previa receber e

tratar os loucos indigentes da província que não pudessem ser recolhidos ao Hospício de Pedro

Segundo. No mesmo mês foi nomeado João Francisco de Souza como médico das enfermarias

de alienados anexas ao Hospital São João Batista. Três anos depois foi nomeado Domingos

Jacy Monteiro Junior1 como médico alienista do Hospício de Alienados de Niterói.

O médico alienista dirigente do pequeno Hospício procurava apresentar em seus

relatórios médicos, elaborados anualmente, desde que assumiu em 1881, a visão administrativa

1 Ainda não foram encontradas muitas informações acerca deste médico. Sabemos apenas que a partir de 1891 ele

aparece como diretor das Colônias de Alienados da Ilha do Governador e, a partir do ano seguinte, do Hospício

Nacional de Alienados (Almanak Laemmert, 1891 e 1892). Tais informações serão melhor investigadas para o

desenvolvimento da tese.

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e institucional da assistência pública ao alienado. E, também, relatava problemas com a

superlotação e a organização dos espaços asilares em relação à terapêutica e à necessidade de

trabalho dos internos. O médico fazia, ainda, naquela época, uma série de críticas ao papel

econômico e social da assistência pública ao alienado que não protegia os direitos desses

indivíduos e não garantia o adequado tratamento por ausência de uma lei geral de assistência

como a instituída na França (Cf. Monteiro Junior, 1882-1888).

Domingos Jacy Monteiro Junior via a assistência pública como dever social e imputava

à obrigação de prestar a assistência ao alienado ao Estado, numa concepção que nada tinha que

ver com crenças e religiosidade, que existisse independente dessas interferências, e que sob a

“inflorescência de novas ideias vão emergindo instituições novas” (Monteiro Junior, 1888:4)

Além das ideias sobre a assistência, o médico criticava o não respeito pelas autoridades

do critério de admissão no Hospício anexo ao HSJB de menores, libertos, inválidos, velhos

enviados pelos Juízes de Órfãos. As consequências disso, eram a superlotação e as dificuldades

no tratamento como podemos observar no despacho exarado no periódico “O Fluminense”,

Recomendou-se ao mesmo que fizesse constar aos delegados e juízes de

órfãos que não remetessem alienados para o hospital de S. João Batista de

Niterói sem que acompanhassem declarações do nome, nacionalidade,

residência, idade, condição social, estado, certidão autentica de julgamento de

demência, como também da história mais ou menos circunstanciada dos seus

sofrimentos. (O Fluminense, 1879:1)

Outra crítica de Domingos Jacy era a falta de espaços para promover o trabalho dos

internos, atividade considerada terapêutica. Segundo o médico, o maior número de internos

permanecia enclausurado nas enfermarias, e ele reivindicava uma sala para que pudesse

desenvolver um trabalho rudimentar próximo das aptidões dos internos.

Tendo como base uma análise dos dados dos relatórios do médico Domingos Jacy

Monteiro Junior, elaboramos um panorama da movimentação de internos da província do Rio

de Janeiro para o Hospício de Alienados de Niterói e de lá para o Hospício de Pedro Segundo.

Selecionamos o período de 1881-1882 para detalharmos o número de internos em tratamento,

o lugar de procedência, e os diagnósticos atribuídos. Cabe enfatizar que os números dos

relatórios não apresentam o mesmo somatório devido a fragmentação dos dados em diferentes

quadros.

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QUADRO 1 - Movimentação de alienados no Hospício de Alienados anexo do HSJB

provenientes de municípios da província do Rio de Janeiro

Fonte: Relatórios do Médico do Hospício anexo ao Hospital São João Batista de Niterói.

Elaboração própria das autoras

O quadro 1 trata do número total de pacientes, incluídos os homens e as mulheres,

internados no Hospício de Niterói. Considerando as afirmações do médico alienista de

superlotação, e o não respeito aos critérios do regulamento na admissão, como dito

anteriormente, de inválidos, velhos, menores, dentre outros, e conforme os relatórios do

médico, o número de falecimentos está em média 15%, sendo os piores índices cerca de 20%

incidentes nos anos de 1880 até 1882. Pode se observar, ainda, que o número de transferidos

do Hospício de Niterói para o Hospício de Pedro Segundo era muito pequeno frente as 70 vagas

disponíveis, o que nos leva a inferir que havia pouca mudança no estado clínico dos alienados,

provenientes da província, em tratamento no HPII.

GRÁFICO 1 – Número de homens e número de mulheres, por cor, internados no Hospício de

Alienados anexo do HSJB durante o ano de 1881-1882

1878-79 1879-80 1880-81 1881-82 1884-86 1886-87 1887-88

existiam 3 38 39 39 38

entraram 28 53 40 43 71 76 52

sairam 9 33 26 32 51 65 35

dos que sairam e foram transferidos para

Hospício de Pedro II13 9 13 29 10

faleceram 2 6 8 9 17 12 18

ficaram 20 32 38 40 42 38 37

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Fonte: Relatórios do Médico do Hospício anexo ao Hospital São João Batista de Niterói 1881-1882.

Elaboração própria das autoras

No gráfico 1, no período analisado, a maioria dos internos homens internados era de cor

branca, já as mulheres havia predomínio da cor parda. Fato percebido nos dados analisados é

que nos homens não há registro da cor preta, e esta cor só aparece no registro das mulheres

como mostrado no gráfico.

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GRÁFICO 2 – Número de homens e número de mulheres em tratamento no Hospício de

Alienados anexo do HSJB, período de 1881-1882, por município de procedência.

Fonte: Relatórios do Médico do Hospício anexo ao Hospital São João Batista de Niterói 1881-1882.

Elaboração própria das autoras

No gráfico 2 percebe-se que a distribuição média é de um alienado internado por

município de procedência, com exceção de Niterói que apresenta o maior número de internos

homens e mulheres, provavelmente, por ser a localidade onde o Hospício estava implantado.

GRÁFICO 3 – Número de homens e número de mulheres em tratamento no Hospício de

Alienados anexo do HSJB, período de 1881-1882, por tipo de diagnóstico

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Fonte: Relatórios do Médico do Hospício anexo ao Hospital São João Batista de Niterói 1881-1882.

Elaboração própria das autoras

O diagnóstico de alcoolismo apresenta um índice muito baixo no período analisado em

relação aos outros diagnósticos. Um aspecto interessante é a aplicação de diagnóstico

diferenciado, em alguns casos, para homens e para mulheres.

Podemos constatar nos relatórios analisados, com base nas frequentes demandas e

reclamações dos médicos, que as instalações do Hospício de Niterói não acolhiam,

adequadamente, aos critérios científicos da psiquiatria da época, seja pelo número elevado de

demandas de internação, seja pela falta de espaços adequados para a aplicação de tratamento

terapêutico.

Os sucessivos relatórios do médico apresentavam um tom de queixa quanto à

precariedade das instalações do Hospício frente ao número de admitidos. Para fazer frente a

isso Domingos Jacy pleiteava sucessivas reformas para adequação do edifício e argumentava

que com os recursos utilizados para manter as vagas no HPII e para construção do Hospício de

Niterói, poderia ser viabilizada a construção de uma grande colônia agrícola provincial onde

houvessem vastos terrenos para cultivo, oficinas para trabalho e permitisse a

sequestração/isolamento do alienado e a correta classificação e separação dos internos. No

Relatório de 1887, Domingos Jacy explicitava que parecia plausível que se despendesse: do

valor da loteria destinado à manutenção das vagas no HPII; do valor gasto com a manutenção

do Hospício de Niterói; e, mais algum orçamento que fosse aportado pela província poderia ser

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construída uma instituição que abrigasse 150 alienados. Esses indivíduos seriam distribuídos

em pavilhões separados, de acabamento simples, seguros, implantados em terreno espaçoso que

permitisse o cultivo de frutas e legumes e a criação de animais atendendo aos pressupostos de

uma colônia agrícola.

Em 1904, as demandas do médico alienista foram percebidas e lançadas as bases para a

criação do Asilo Colônia de Vargem Alegre constituindo-se, assim, um fato importante na

organização da assistência pública do estado do Rio de Janeiro sob a condução da Inspetoria de

Higiene e Saúde Pública.

A Colônia de Alienados de Vargem Alegre

Havendo dedicado a maior parte de minha existência à melhoria da

Assistência a Alienados, foi com prazer que vim assistir à inauguração das

reformas do Hospital-Colônia de Vargem Alegre. Muito me agrada deixar

aqui registradas minhas felicitações não só ao Governo do Estado como os

alienista que ele mandou superintender os trabalhos da reforma, sobretudo

pela benéfica orientação que vão dando a esse humanitário serviço do Estado

do Rio.

Palavras do Prof. Dr. Juliano Moreira, Diretor Geral da Assistência a Alienados do Distrito

Federal (Almeida, 1922:7)

O discurso de Juliano Moreira na inauguração, em 1921, da Colônia de Alienados de

Vargem Alegre nos revela o ápice da organização e estruturação institucional da assistência no

estado do Rio de Janeiro. A assistência estadual como já dito, se iniciou com instituições

próprias da assistência, com a fundação do Hospício de Alienados de Niterói até sua extinção

em 1904 para dar lugar ao Asilo de Alienados de Vargem Alegre com a promulgação do decreto

852 em 30 de março, assinado por Nilo Peçanha, que criava, na antiga Fazenda de Vargem

Alegre, antes núcleo colonial de propriedade do estado do Rio de Janeiro, em Barra do Piraí,

um asilo-colônia para insanos destinados a abrigar loucos das cadeias públicas, e os internados

no Hospício anexo do HSJB.

O Asilo Colônia de Alienados de Vargem Alegre, que parece ter sido adaptado a partir

das antigas instalações da Fazenda, foi sofrendo pequenas reformas para acolher a grande

demanda de pacientes de várias localidades do estado, inclusive, de outros estados que

colocavam seus loucos nas fronteiras geográficas do Rio de Janeiro.

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Instalado em 3 de dezembro de 1905 o Asilo internava homens e mulheres procedentes

dos municípios do estado do Rio de Janeiro, deste modo propomos caracterizar Vargem Alegre

sob a ótica de dois períodos. O primeiro (1904 – 1920) uma instituição adaptada a partir de

edifícios da Fazenda Vargem Alegre e o segundo (1921 – 19272) a partir da grande reforma e

construção de novos edifícios uma colônia agrícola construída com propósito específico para

assistência psiquiátrica de pobres e pensionistas.

No primeiro período proposto são explicitadas no discurso governamental diversas

reclamações sobre as instalações e a manutenção do Asilo, mas por relatos de notícias em

periódicos da época, e por medidas administrativas estaduais posteriores, podemos inferir que

parte dos problemas reclamados também foi causado pela má administração do Asilo que tinha

como diretor Epaminondas de Moraes.

Em 1911, havia sinais de degradação do edifício adaptado e no mesmo período, o diretor

da instituição acumulava as funções de médico, administrador e farmacêutico. Três anos depois,

dada a precariedade das instalações o estado do Rio de Janeiro, adquire um terreno em São

Gonçalo e resolve construir uma colônia no mesmo local. O projeto da nova colônia, em São

Gonçalo, estava em elaboração, quando em 1915 houve uma ampla reforma da administração

do estado e parece que a ideia de construir a nova colônia foi esquecida, porque em 1917 foram

iniciadas as obras de um novo pavilhão em Vargem Alegre com capacidade para 50 leitos. A

execução do pavilhão ficou a cargo do arquiteto E. Chauvière a serviço da Inspetoria de Higiene

e Saúde Pública, e segundo a mensagem de 1917 “o antigo edifício da Colônia, de construção

mais que semi-secular, já não pode abrigar o elevado número de alienados ali recolhidos, quer

pela falta de alojamento, quer pelo mau estado existente” (Collet, 1917:28). Seria o primeiro de

uma série de pavilhões previstos para a Colônia de Alienados de Vargem Alegre encomendados

pelo presidente Nilo Peçanha no plano para reforma geral do asilo. (Cf. Collet, 1917; Almeida,

1922)

Após 15 anos de sua inauguração, as terras do Asilo de Vargem Alegre, ainda, não

tinham sido preparadas para o cultivo de frutas, hortaliças e legumes, em 1911 o governo

2 Em 1927, assim como no Governo Federal a assistência pública é reorganizada e o estado do Rio de Janeiro

acompanha a reforma legislativa e nomeia a Colônia de Alienados de Vargem Alegre, Hospital de Psicopatas de

Vargem Alegre. Por esse motivo encerramos o segundo período das Colônias nesse ano.

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estadual empreendeu uma reforma administrativa no Asilo exonerando desde o zelador, o

almoxarife, o dentista até o diretor da instituição. Em agosto desse mesmo ano se iniciavam as

obras no Asilo que foram confiadas ao engenheiro do Estado Margarino Torres e dirigidas por

Jorge Lossio, Diretor de Obras Públicas do Estado. Em novembro foi exonerado o antigo diretor

de Vargem Alegre e em 03 de dezembro de 1919 foi nomeado o médico alienista, com larga

experiência na assistência a alienados na Capital Federal, Waldemar de Almeida3.

O periódico O Fluminense anunciou a remodelação da Colônia de Alienados de Vargem

Alegre e a sua festiva inauguração, em 12 de outubro de 1921, das obras executadas pelo

Governo do Estado na Fazenda de Vargem Alegre. (O Fluminense, 1921:capa). Na Figura 1,

Juliano Moreira está presente na comitiva de inauguração da Colônia de Vargem Alegre, na

primeira fileira do lado esquerdo, ao lado do presidente do estado Raul de Moraes Veiga, e ao

fundo pode se ver o edifício central remodelado.

Concluída a grande reforma, o Asilo Colônia se transformou de fato em uma colônia

agrícola atendendo aos critérios de seus pares nacionais e internacionais. Como revelado nas

palavras de Juliano Moreira, na inauguração da Colônia de Alienados de Vargem Alegre, nos

leva a crer, que no início da década de 1920, havia troca de conhecimentos científicos no campo

da psiquiatria, intercâmbio de médicos e de projetos de instituições mentais entre a Assistência

a Alienados do estado do Rio de Janeiro e a Assistência a Alienados do Governo Federal no

Rio de Janeiro.

3 O médico Waldemar de Almeida foi funcionário da Assistência a Alienados (1914-1915) do Distrito Federal,

médico assistente das Colônias da Ilha do Governador (1916-?), redator dos Arquivos Brasileiros de Neuriatria e

Psiquiatria (1919), primeiro secretário da Fundação Juliano Moreira (1926), e diretor da Colônia de Alienados de

Vargem Alegre (1919-1930) dentre outras atividades. (Cf. Veiga, 1916-1917; Duarte, 1930; Munõz, 2015;

Venancio, 2010).

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FIGURA 1 – Comitiva de inauguração da Colônia de Alienados de Vargem Alegre

Fonte: Reproduzido de ALMEIDA, 1922

A movimentação de alienados na Colônia de Vargem Alegre nos dois períodos da

instituição aqui discutidos está demonstrada no quadro 2. A maioria dos internos era

proveniente dos municípios e da Penitenciária do Estado. Importante observar, no segundo

período de funcionamento de Vargem Alegre, a assistência hetero-familiar estava sendo

aplicada terapeuticamente.

QUADRO 2 - Movimentação de internos no Colônia de Alienados de Vargem provenientes de

municípios do Rio de Janeiro e da Penitenciária do Estado

Fonte: Backer 1907; Botelho,1913; Collet,1917;1918; Veiga,1919;1921 e Almeida,1922.

Elaboração própria das autoras

1905-1906 1906-1907 1907-1908 1916-1917 1917-1918 1918-1919 1919-1920 1920-1921 1921

existiam 79 160 229 610 362 345 277 277 309

entraram 81 217 246 103 120 291 354

sairam 72 362 118 94 88 130 186

do quais sairam para

assistencia hetero-familiar6 5

faleceram 76 145 94 79 127

ficaram 160 229 365 345 354 215 359 350

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Tendo em vista o intercâmbio de ideias cientificas passamos a analisar os espaços

existentes nas instituições da assistência sua organização, estruturação frente a terapêutica

psiquiátrica do período, enfatizando que na Capital da República, em 1889, havia sido

inaugurada a primeira instituição adaptada a Colônia de Alienados da Ilha do Governador; e

que em 1921 estava em processo de quase finalização a construção da Colônia de Alienados de

Jacarepaguá, posteriormente chamada de Juliano Moreira.

III. O espaço institucional da assistência da província e do estado do Rio de Janeiro e

a terapêutica psiquiátrica

É relevante pensarmos que no fim dos oitocentos e início dos novecentos o edifício da

assistência era fruto de interações de discursos e práticas cientificas, de representações

socioculturais e do diálogo com múltiplos atores envolvidos no processo de estruturação dos

espaços do edifício. O médico era um dos protagonistas na organização e definição do espaço

asilar, uma vez que os critérios da ciência psiquiátrica preconizavam o isolamento, a

classificação e separação dos pacientes, o trabalho, e a assistência hetero-familiar, sendo o

atendimento a esses critérios condição fundamental para a construção do espaço asilar.

Com esse sentido propormos entender a organização e estruturação do espaço

arquitetônico do Hospício de Alienados anexo do Hospital São João Batista (1878-1904). O

Hospício contava com as seguintes características: estava implantado na esplanada do hospital

geral, tinha dois andares e instalações para acomodar 40 alienados. As instalações da instituição

contavam com duas enfermarias cada uma com 14 leitos e medindo 10,56 m de comprimento

por 7,15m de largura, uma para homens e outra para mulheres, dispostas nas laterais do edifício.

Além disso, nos dois corredores que comunicam a sala de entrada com as enfermarias haviam

dois quartos fortes no primeiro andar. No segundo andar, outros dois quartos fortes, e, também,

estava localizada uma sala medindo 10,56 m de comprimento por 5,39 m de largura, destinada

aos doentes com moléstias ‘intercorrentes’. Nas extremidades do edifício estavam pequenos

pavilhões onde localizavam-se as latrinas. No primeiro andar ficavam as instalações para os

funcionários, dois quartos para enfermeiros, dois refeitórios para funcionários e internos. No

andar inferior, um quarto para servente e um quarto para banho. No fundo do terreno, fora do

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edifício estava o chalet das duchas que eram usadas pelos alienados internos do hospício e

internos do hospital geral. (Cf. Monteiro Junior, 1879;1882)

Como resultado da configuração espacial do edifício o médico alienista, Domingos Jacy

Monteiro Junior, apontava dificuldades em proceder a classificação dos alienados, por exemplo,

separando os agitados, imundos e tranquilos devido à falta de espaço existente no Hospício,

sendo possível apenas acomodá-los. O médico considerava “a sequestração, a classificação e o

trabalho três imprescindíveis condições para o funcionamento normal de um hospício de

alienados” (Monteiro Junior, 1885:4).

A sequestração era considerada pelo médico o isolamento das relações externas,

ocasionando no indivíduo mudança de vida, afastando as condições ambientais que poderiam

ter colaborado para a loucura do indivíduo. A classificação era a segunda condição mais

importante porque, segundo o alienista, não bastava segregar os alienados, era preciso submetê-

los a certa ordem, de onde decorria a disciplina e uma sistemática ordem nos espaços do

hospício. E, por último, o trabalho que para ser organizado precisaria de espaços para instalação

de oficinas e para o trabalho agrícola. (Cf. Monteiro Junior, 1885).

Na organização espacial do Hospício não havia espaços que permitissem o trabalho

ocupacional dos internos. O médico reivindicava o trabalho como medida complementar, as

pequenas oficinas, imprescindíveis ao tratamento terapêutico dos alienados, que pela falta dele

permaneciam dia e noite nas enfermarias-dormitórios. Para minorar tal condição o médico

proporcionava aos alienados passeios na parte murada ao redor do Hospício. Alguns internos

trabalhavam capinando e consertando os acessos do terreno do hospital geral sob a supervisão

de um enfermeiro. Outros internos podiam ajudar na limpeza, entretanto, o maior número de

internos permanecia no interior das enfermarias do Hospício. (Cf. Monteiro Junior, 1882)

Não obstante o Hospício de Alienados anexo ao HSJB de Niterói ter sido encarado como

uma solução provisória pela província, a instituição ganhou um caráter definitivo durante os

quase 25 anos de funcionamento. E, como nos relatos médicos transpareceram os problemas

afetos à terapêutica e à administração de uma instituição adaptada com caráter provisório, não

eram muito diferentes daqueles que ocorriam em outras instituições de assistência da capital

imperial e republicana.

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As preocupações com os pressupostos científicos da psiquiatria e os atributos espaciais

ditados pela arquitetura de instituições dessa natureza parecem ter sido aplicados na

organização e estruturação da Colônia de Alienados de Vargem Alegre em seu segundo período

de funcionamento após completa remodelação. Se o Hospício de Alienados de Niterói foi um

projeto transitório e construído emergencialmente, o mesmo não se deu com a instituição

agrícola da assistência do estado do Rio de Janeiro, reformada com propósito específico para

acolher alienados indigentes e pensionistas.

A Colônia agrícola estava implantada às margens do Rio Paraíba, distando 1 km da

Estação de Vargem Alegre, em terras férteis para a produção agrícola, dispondo de uma área

de 3.318.249 m². Na remodelação foi reconstruído o edifício central, cuja parte térrea estavam

localizados: a administração, a portaria, o gabinete fotográfico, a farmácia, o almoxarifado e a

rouparia dos homens. No mesmo edifício no andar superior estavam localizados: salão de visitas

de indigentes, salão de visitas de pensionistas, com jardins anexos, quartos particulares, quartos

para agitados, laboratórios, quartos para enfermeiros, enfermarias para epilépticos, para

alienados semi-agitados, sala de clinoterapia, balneoterapia, gabinetes sanitários, pátios de

imprestáveis e banheiro dos enfermeiros. A ala esquerda do edifício central era destinada às

mulheres e a direita com a mesma estrutura e distribuição espacial era destinadas aos homens.

Os outros edifícios que compunham a Colônia de Alienados eram o refeitório com instalações

novas; a lavanderia e a dispensa; o Pavilhão Visconde de Prados que era o dormitório de insanas

com 55 leitos; o Pavilhão Álvaro Ramos para cirurgia e ginecologia; o Pavilhão João Francisco

de Souza para alienados trabalhadores com 45 leitos, na frente deste pavilhão estava a oficina

do apiário; e, finalmente no alto da colina, cercado por varandas estava o Pavilhão Juliano

Moreira com quartos de isolamento, quartos para enfermeiros, sanitários e com capacidade para

20 leitos (C.f Almeida, 1922).

A remodelação da Colônia Agrícola de Vargem Alegre espelhava-se em paradigmas

internacionais, principalmente de países da Europa, cujos modelos buscavam incorporar

características de uma vila, localizada em ambiente rural, desfrutando da paisagem natural

como pode ser observado na Figura 3. Os edifícios implantados em colinas permitiam desfrutar

a natureza exuberante ao redor evocando características românticas que provocavam a síntese

do indivíduo com a natureza. O conjunto de prédios provoca a discussão, na pesquisa de tese

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em andamento, sobre se eram esses os princípios sociais e estéticos que davam identidade à

colônia agrícola de alienados no Rio de Janeiro e de que modo esse conjunto de atributos se

conectavam com o trabalho agrícola, a assistência familiar, o isolamento e o afastamento do

indivíduo alienado.

FIGURA 2 – Vista geral do Edifício Central antes da remodelação, casa de fazenda colonial

adaptada

Fonte: Reproduzido de ALMEIDA, 1922

FIGURA 3 – Vista Geral do Edifício Central após a remodelação

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Fonte: Reproduzido de ALMEIDA, 1922

IV. Considerações Finais

As pesquisas de fontes sobre a assistência ainda não revelaram quais eram os médicos

protagonistas que estavam a frente dos projetos dos edifícios da assistência ao alienado na

capital imperial e republicana, mas podemos inferir que as ideias do médico Juliano Moreira, a

partir de 1903, influenciaram a organização e estruturação das instituições de assistência

fluminense. Entretanto, dois aspectos se destacam na organização e estruturação dos edifícios

da assistência pública. O primeiro, constatamos que os projeto das colônias agrícolas fundadas

no fim do século XIX e início do século XX, no Brasil, eram uma extensão rural do hospício

urbano e foram fruto da circulação de ideias cientificas entre os médicos e administradores. Os

edifícios agrícolas, denominados pavilhões pelos relatos da época, não guardavam semelhança

com o sistema pavilhonar dos grandes hospitais gerais da Europa e dos Estados Unidos. Os

prédios agrícolas, aqui mencionados, tinham pequenas dimensões assemelhando-se a

residências que eram implantadas separadamente no terreno, cujas aparências eram

identificadas com os chalés rurais, decorrentes do estilo romântico. Esse estilo de prédio criava

um ambiente pitoresco e bucólico rural que aliado à filosofia da colônia - trabalho e inserção

do indivíduo na sociedade – acolhia o louco indigente e afastava-o das pressões urbanas,

inserindo-o na paisagem rural como ambiente e ‘locus’ terapêutico. O segundo aspecto,

percebemos uma estreita relação entre a assistência ao alienado fluminense com a da capital

imperial e, posteriormente, a da capital republicana, seja no intercâmbio de ideias cientificas, e

na movimentação de internos e profissionais da assistência.

Diante disso, não podemos pensar a medicina psiquiátrica e a arquitetura do século XIX

e início do século XX, desenvolvidas neste artigo, como campos disciplinares distintos. Os

edifícios da assistência são fruto de interações de discursos e práticas, representações

socioculturais e diálogos com múltiplos atores envolvidos no processo de estruturação desses

espaços públicos de assistência ao alienado.

V. Referências

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