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Parlamento Assembleia Dourados Campo Grande-MS | Quarta-feira, 25 de setembro de 2019 A3 Avante! O partido Avante, sucedâneo do PT do B e que já foi chamado também em Mato Grosso do Sul de “pemedebe- zinho” nos tempos do governo de André Puccinelli, por abrigar entre outros aliados Márcio Fernandes e Mara Ca- seiro e lhes oferecer a chance de conquistar um mandato, está recebendo em seus quadros o procurador de justiça Sérgio Harfouche. Coincidência ou não, ele está entre as alternativas do MDB de André Puccinelli para a disputa da Prefeitura de Campo Grande. Atualmente consultor do go- verno federal para programas sociais, Harfouche, por mais que se movimente nos bastidores, publicamente mantém um silêncio de monge. Puxão de orelha Nem todos os vereadores sentiram suas orelhas pu- xadas pelo discurso do presidente João Rocha (PSDB) na sessão de ontem (24), mas não faltaram os que tiveram as cartilagens ardidas ao fim da fala. Rocha evitou subir o tom para além do alerta, mas também não deixou baixar para perto de algum elogio. Foi crítico e firme, como pre- cisava ser diante do perigoso precedente do vereador rasgando projeto em plenário, em sessão transmitida ao vivo pelas redes sociais. Tudo que a Câmara e seus adver- sários precisam é de oportunidades como estas para que os ataques se generalizem, beneficiando os oportunistas de plantão. Prazo curto O ex-juiz Odilon de Oliveira (FOTO), expandindo suas atividades profissionais, está abrindo nos próximos dias um escritório em Dourados. Pronto! Vão estar aquecidas as especulações em torno de sua possível candidatura a prefeito daquela cidade. Como o próprio tem evitado falar no assunto, basta a informação para que algumas certezas adormecidas sejam despertadas. Mas tudo se esclarece dentro de muito pouco tempo. Poucos dias. O domicílio elei- toral tem de ser fixado a um ano da eleição, portanto nos primeiros dias de outubro. Se mudar, fica clara a candi- datura. Se não, ele estará por Campo Grande mesmo, e as especulações passam a ser outras. Transição O progressistas finalmente começou seu processo de transição na executiva estadual. O deputado estadual Evander Vendramini assume o partido em clima de paz, contando inclusive com o ex-presidente da sigla Alcides Bernal. Além dele, também estão na diretoria o deputado Gerson Claro. É claro, na espera de um deputado federal, com convites devidamente já disparados para a tucana Rose Modesto e o bolsonarista Luiz Ovando. O partido não desiste. Aliás, a direção nacional progressista não deixa o comando estadual desistir e ela própria busca contatos para cravar uma estaca em Mato Grosso do Sul. Carona Não deixou de ser notado o pedido do deputado Capitão Contar para assinar o projeto de lei que concede o título de Cidadão Sul-Mato-Grossense para o presidente Jair Bol- sonaro. O motivo? O autor do projeto é o colega de partido Coronel David. Apesar de serem da mesma sigla, ambos não se dão bem e já trocaram farpas públicas e privadas. Além disso, ficou claro que o outro havia pensado no chefe primeiro. Mesmo sonho Aliás, Contar e David, apesar das patentes diferentes, estão no mesmo partido e têm o mesmo sonho de disputar a Prefeitura de Campo Grande. Se depender das pesquisas, David leva sobre o colega (que às vezes nem é tão colega assim) uma pequena vantagem. Nem por isso sensibiliza o comando bolsonarista que lhe nega abertamente a candi- datura. Mais tarde Nao será agora, nem este ano, que o MDB vai tentar uma definição da candidatura a prefeito de Corumbá, onde o ex- -deputado Paulo Duarte e o vereador Gabriel Silva, ambos do MDB, aparecem como favoritos nas pesquisas e empa- tados tecnicamente. Movê-los da pré-candidatura com um cedendo o lugar para o outro é costura complexa, quase um cerzimento, que exige sempre paciência e habilidade. Guilherme Filho João Rocha, vereador (PSDB) e presidente da Câmara. Este mandato não é nosso, é de quem nos escolheu Bastidores POLÍTICA Presidente critica atitude do vereador que rasgou projeto em plenário Rocha alerta vereadores para responsabilidade com mandato Títulos a Delcídio e Bolsonaro geram polêmica Pré-candidato, Renato Câmara admite aliança Izaias Medeiros Valentin Manieri Guilherme Filho “Não podemos perder de vista os homens e as mulheres que passaram por aqui e sou- beram honrar o Parlamento. Este mandato não é nosso, é de quem nos escolheu”, afirmou ontem o presidente da Câmara Municipal, vereador João Rocha (PSDB) (FOTO), na tribuna da casa. Uma sessão depois do episódio no qual o vereador André Salineiro (PSDB) rasgou a cópia de um projeto em plenário, inconfor- mado com parecer contrário de uma comissão, Rocha fez questão de alertar os colegas para as responsabilidades e para a importância do papel dos vereadores. O presidente lembrou que deve prevalecer o espírito democrático e o respeito às opiniões divergentes. Acres- centou ainda a observação de que os mandatos de vereador têm limites fixados pelas Cons- tituições. Não citou nomes, mas referia-se a Salineiro, que tentava aprovar uma proposta que era de competência da esfera federal. A certa altura, Rocha foi mais direto: “Jamais eu ras- garia um projeto. Porque esse projeto sendo acatado ou não foi fruto de um trabalho”, disse ele, acrescentando que a ati- tude representa um desres- peito aos vereadores e aos pro- fissionais que trabalham na proposição. “Mesmo que não seja um projeto que não esteja sendo discutido e votado, com a comissão entendendo que não é nossa competência, a posição tem de ser respei- tada”, disse ele aproveitando para destacar que tanto a assessoria jurídica quanto a Comissão de Constituição e Justiça têm agido com critério e competência na análise das matérias. A fala do presidente foi entendida pelos demais ve- readores como um alerta e uma crítica aos exageros de Salineiro. Ele preferiu con- tudo não personalizar para evitar aquecer ainda mais a polêmica. Rocha recebeu nos apartes o apoio de pratica- mente todos os vereadores da casa. “Aqui é o lugar onde nós devemos nos manifestar, nossa trincheira. Evoluímos muito, temos as redes sociais, temos uma TV na palma da mão, isso é muito bom. Sabendo usar, para o bem, para construir, fortalecer a democracia, é um momento importante nessa sociedade, mas é preciso responsabilidade”, alertou, O deputado estadual Re- nato Câmara (MDB) con- firmou ontem que colocou seu nome à disposição do partido para a disputa da Prefeitura de Dourados, embora não descarte, adiante, um enten- dimento com outra legenda para uma composição. “Nossa prioridade neste momento é a formação de uma chapa forte e consistente de vereadores para a eleição do ano que vem”, afirmou ele, reconhe- cendo, contudo, que no partido a ideia de uma candidatura própria a prefeito é a mais defendida. “Estou à disposição. Não nego o desejo de ser candidato a prefeito. Mas não posso ser candidato de mim mesmo”, pondera o deputado ao lem- brar que “existem muitas ou- tras condicionantes a serem levadas em conta”, como a mobilização do partido, o apoio da direção estadual e a viabilidade estrutural de uma campanha de prefeito no se- gundo maior colégio eleitoral do Estado. O MDB realiza na próxima sexta-feira (27) à noite, em Dourados, uma reunião em que pretende discutir esse assunto. No encontro devem ser feitas também algumas filiações importantes e apre- sentados os pré-candidatos a vereador. Câmara, que já foi candidato a prefeito em 2016, acredita que seu nome será lembrado principalmente pelo diretório municipal, mas entende que o partido deva esperar até o ano que vem para fixar uma posição. “Temos de esperar o ano que vem. Hoje o eleitor ainda não está voltado para a eleição. Quando a realidade eleitoral estiver mais próxima do eleitor, podemos buscar uma definição, realizar con- sultas e pesquisas”, ponderou o deputado. Ao admitir a possi- bilidade do MDB apoiar, numa aliança, candidato de outro partido, Câmara deixou claro que isso aconteceria numa hi- pótese muito impositiva, pois se depender dos candidatos a vereador ou dos membros do diretório local a preferência recai sobre o lançamento de um candidato a prefeito do partido. (GF) Julia Renó A votação de projetos de resolução que concendem ti- tulos de Cidadão Sul-Mato- -Grossense ou Medalha do Mérito Legislativo gerou surpreendente polêmica na sessão de ontem (24) da As- sembleia, principalmente as proposições de homenagens ao ex-senador Delcídio do Amaral e ao presidente da República, Jair Bolsonaro. A proposta de título ao presidente foi apresentada pelo deputado Coronel David (PSL), que se utilizou do seu período no Exército, servindo em Nioaque, para justificar a homenagem. Além disso, ele defendeu que seu mandato tem sido importante para o Estado, aproveitou o mo- mento e, em resposta às crí- ticas do colega parlamentar Pedro Kemp (PT), criticou os governos petistas. “O Jair Bolsonaro já fez muito pelo nosso país, que foi exter- minar qualquer chance do PT governar este país”, declarou. Contrário ao projeto, o de- putado Pedro Kemp relatou que jamais poderia concordar com a concessão do título a Bolsonaro. Os demais deputados uti- lizaram aparte para man- festar voto favorável e, em alguns casos, defenderem a aprovação de concessões de títulos em respeito à vontade do deputado proponente. Os parlamentares opositores à proposta foram Pedro Kemp, Cabo Almi (PT) e Jamilson Name (PDT). Outro projeto polêmico foi a concessão de Comenda do Mérito Legislativo ao ex- -senador Delcídio do Amaral. A proposta foi motivo de rejeição manifesta pelo de- putado Capitão Contar (PSL), que afirmou não se sentir representado por Delcídio e acreditar que ele não me- recia a comenda. Os demais parlamentares defenderam o ex-senador, citado como responsável pelo recebi- mento da maior quantidade de recursos já recebida pelo Estado, e lembraram seu ab- solvimento dos processos na Justiça. Os outros 12 projetos em pauta para discussão foram aprovados por unanimidade. Entre eles, no entanto, a pro- posta do Poder Executivo para alterar e criar novos cargos no Conselho de Fis- calização dos Critérios de Divisão e Creditamento das Parcelas Pertencentes aos Municípios gerou debate em razão do aspecto citado por João Henrique que retira o termo “critério” das funções do conselho. De acordo com ele, o projeto diminuiria a atuação dos integrantes. Com posicionamento con- trário, os deputados Barbo- sinha (DEM) e Gerson Claro (PP) afirmaram que haveria este impacto pois a função do grupo seria apenas fisca- lizar a divisão do ICMS entre os municípios, não havendo competência de aplicação de critérios por eles. lembrando que atitudes exa- geradas são assistidas pela população ao vivo. “O que nós aqui mani- festamos repercute rapi- damente, seja de bom ou de ruim, de certo e errado. Precisamos ter responsabi- lidade do nosso mandato. Não estou querendo ensinar ninguém, mas aqui é um co- legiado. Nesta casa preva- lece a maioria e precisamos entender o contraditório e nem sempre vamos ser con- templados porque o colegiado sabe”, defendeu. Aproveitou para apontar razões para não abrir uma nova CPI como queria o vereador Vinicius Siqueira (DEM). “Já tivemos CPI nesta casa e o final foi triste.” Sem levantar do lugar onde estava sentado, Sali- neiro se manifestou somente depois para jornalistas pre- sentes. “Eu continuo com a mesma opinião”, disse.

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Parlamento

Assembleia

Dourados

Campo Grande-MS | Quarta-feira, 25 de setembro de 2019 A3

Avante!O partido Avante, sucedâneo do PT do B e que já foi

chamado também em Mato Grosso do Sul de “pemedebe-zinho” nos tempos do governo de André Puccinelli, por abrigar entre outros aliados Márcio Fernandes e Mara Ca-seiro e lhes oferecer a chance de conquistar um mandato, está recebendo em seus quadros o procurador de justiça Sérgio Harfouche. Coincidência ou não, ele está entre as alternativas do MDB de André Puccinelli para a disputa da Prefeitura de Campo Grande. Atualmente consultor do go-verno federal para programas sociais, Harfouche, por mais que se movimente nos bastidores, publicamente mantém um silêncio de monge.

Puxão de orelhaNem todos os vereadores sentiram suas orelhas pu-

xadas pelo discurso do presidente João Rocha (PSDB) na sessão de ontem (24), mas não faltaram os que tiveram as cartilagens ardidas ao fim da fala. Rocha evitou subir o tom para além do alerta, mas também não deixou baixar para perto de algum elogio. Foi crítico e firme, como pre-cisava ser diante do perigoso precedente do vereador rasgando projeto em plenário, em sessão transmitida ao vivo pelas redes sociais. Tudo que a Câmara e seus adver-sários precisam é de oportunidades como estas para que os ataques se generalizem, beneficiando os oportunistas de plantão.

Prazo curto

O ex-juiz Odilon de Oliveira (FOTO), expandindo suas atividades profissionais, está abrindo nos próximos dias um escritório em Dourados. Pronto! Vão estar aquecidas as especulações em torno de sua possível candidatura a prefeito daquela cidade. Como o próprio tem evitado falar no assunto, basta a informação para que algumas certezas adormecidas sejam despertadas. Mas tudo se esclarece dentro de muito pouco tempo. Poucos dias. O domicílio elei-toral tem de ser fixado a um ano da eleição, portanto nos primeiros dias de outubro. Se mudar, fica clara a candi-datura. Se não, ele estará por Campo Grande mesmo, e as especulações passam a ser outras.

Transição O progressistas finalmente começou seu processo de

transição na executiva estadual. O deputado estadual Evander Vendramini assume o partido em clima de paz, contando inclusive com o ex-presidente da sigla Alcides Bernal. Além dele, também estão na diretoria o deputado Gerson Claro. É claro, na espera de um deputado federal, com convites devidamente já disparados para a tucana Rose Modesto e o bolsonarista Luiz Ovando. O partido não desiste. Aliás, a direção nacional progressista não deixa o comando estadual desistir e ela própria busca contatos para cravar uma estaca em Mato Grosso do Sul.

CaronaNão deixou de ser notado o pedido do deputado Capitão

Contar para assinar o projeto de lei que concede o título de Cidadão Sul-Mato-Grossense para o presidente Jair Bol-sonaro. O motivo? O autor do projeto é o colega de partido Coronel David. Apesar de serem da mesma sigla, ambos não se dão bem e já trocaram farpas públicas e privadas. Além disso, ficou claro que o outro havia pensado no chefe primeiro.

Mesmo sonhoAliás, Contar e David, apesar das patentes diferentes,

estão no mesmo partido e têm o mesmo sonho de disputar a Prefeitura de Campo Grande. Se depender das pesquisas, David leva sobre o colega (que às vezes nem é tão colega assim) uma pequena vantagem. Nem por isso sensibiliza o comando bolsonarista que lhe nega abertamente a candi-datura.

Mais tardeNao será agora, nem este ano, que o MDB vai tentar uma

definição da candidatura a prefeito de Corumbá, onde o ex--deputado Paulo Duarte e o vereador Gabriel Silva, ambos do MDB, aparecem como favoritos nas pesquisas e empa-tados tecnicamente. Movê-los da pré-candidatura com um cedendo o lugar para o outro é costura complexa, quase um cerzimento, que exige sempre paciência e habilidade.

Guilherme Filho

João Rocha, vereador (PSDB) e presidente da Câmara.

Este mandato não é nosso, é de quem nos escolheu

Bastidores

Política

Presidente critica atitude do vereador que rasgou projeto em plenário

Rocha alerta vereadores pararesponsabilidade com mandato

Títulos a Delcídio e Bolsonaro geram polêmica

Pré-candidato, Renato Câmara admite aliança

Izaias Medeiros

Valentin Manieri

Guilherme Filho

“Não podemos perder de vista os homens e as mulheres que passaram por aqui e sou-beram honrar o Parlamento. Este mandato não é nosso, é de quem nos escolheu”, afirmou ontem o presidente da Câmara Municipal, vereador João Rocha (PSDB) (FOTO), na tribuna da casa. Uma sessão depois do episódio no qual o vereador André Salineiro (PSDB) rasgou a cópia de um projeto em plenário, inconfor-mado com parecer contrário de uma comissão, Rocha fez questão de alertar os colegas para as responsabilidades e para a importância do papel dos vereadores.

O presidente lembrou que deve prevalecer o espírito democrático e o respeito às opiniões divergentes. Acres-centou ainda a observação de que os mandatos de vereador têm limites fixados pelas Cons-tituições. Não citou nomes, mas referia-se a Salineiro, que tentava aprovar uma proposta que era de competência da esfera federal.

A certa altura, Rocha foi mais direto: “Jamais eu ras-garia um projeto. Porque esse projeto sendo acatado ou não foi fruto de um trabalho”, disse

ele, acrescentando que a ati-tude representa um desres-peito aos vereadores e aos pro-fissionais que trabalham na proposição. “Mesmo que não seja um projeto que não esteja sendo discutido e votado, com a comissão entendendo que não é nossa competência, a posição tem de ser respei-tada”, disse ele aproveitando para destacar que tanto a assessoria jurídica quanto a Comissão de Constituição e Justiça têm agido com critério e competência na análise das matérias.

A fala do presidente foi entendida pelos demais ve-readores como um alerta e uma crítica aos exageros de Salineiro. Ele preferiu con-tudo não personalizar para evitar aquecer ainda mais a polêmica. Rocha recebeu nos apartes o apoio de pratica-mente todos os vereadores da casa.

“Aqui é o lugar onde nós devemos nos manifestar, nossa trincheira. Evoluímos muito, temos as redes sociais, temos uma TV na palma da mão, isso é muito bom. Sabendo usar, para o bem, para construir, fortalecer a democracia, é um momento importante nessa sociedade, mas é preciso responsabilidade”, alertou,

O deputado estadual Re-nato Câmara (MDB) con-firmou ontem que colocou seu nome à disposição do partido para a disputa da Prefeitura de Dourados, embora não descarte, adiante, um enten-dimento com outra legenda para uma composição. “Nossa prioridade neste momento é a formação de uma chapa forte e consistente de vereadores para a eleição do ano que vem”, afirmou ele, reconhe-cendo, contudo, que no partido a ideia de uma candidatura própria a prefeito é a mais

defendida.“Estou à disposição. Não

nego o desejo de ser candidato a prefeito. Mas não posso ser candidato de mim mesmo”, pondera o deputado ao lem-brar que “existem muitas ou-tras condicionantes a serem levadas em conta”, como a mobilização do partido, o apoio da direção estadual e a viabilidade estrutural de uma campanha de prefeito no se-gundo maior colégio eleitoral do Estado.

O MDB realiza na próxima sexta-feira (27) à noite, em

Dourados, uma reunião em que pretende discutir esse assunto. No encontro devem ser feitas também algumas filiações importantes e apre-sentados os pré-candidatos a vereador. Câmara, que já foi candidato a prefeito em 2016, acredita que seu nome será lembrado principalmente pelo diretório municipal, mas entende que o partido deva esperar até o ano que vem para fixar uma posição.

“Temos de esperar o ano que vem. Hoje o eleitor ainda não está voltado para a

eleição. Quando a realidade eleitoral estiver mais próxima do eleitor, podemos buscar uma definição, realizar con-sultas e pesquisas”, ponderou o deputado. Ao admitir a possi-bilidade do MDB apoiar, numa aliança, candidato de outro partido, Câmara deixou claro que isso aconteceria numa hi-pótese muito impositiva, pois se depender dos candidatos a vereador ou dos membros do diretório local a preferência recai sobre o lançamento de um candidato a prefeito do partido. (GF)

Julia Renó

A votação de projetos de resolução que concendem ti-tulos de Cidadão Sul-Mato--Grossense ou Medalha do Mérito Legislativo gerou surpreendente polêmica na sessão de ontem (24) da As-sembleia, principalmente as proposições de homenagens ao ex-senador Delcídio do Amaral e ao presidente da República, Jair Bolsonaro.

A proposta de título ao presidente foi apresentada pelo deputado Coronel David (PSL), que se utilizou do seu período no Exército, servindo em Nioaque, para justificar a homenagem. Além disso, ele defendeu que seu mandato tem sido importante para o Estado, aproveitou o mo-mento e, em resposta às crí-ticas do colega parlamentar Pedro Kemp (PT), criticou os governos petistas. “O Jair Bolsonaro já fez muito pelo

nosso país, que foi exter-minar qualquer chance do PT governar este país”, declarou. Contrário ao projeto, o de-putado Pedro Kemp relatou que jamais poderia concordar com a concessão do título a Bolsonaro.

Os demais deputados uti-lizaram aparte para man-festar voto favorável e, em alguns casos, defenderem a aprovação de concessões de títulos em respeito à vontade do deputado proponente. Os parlamentares opositores à proposta foram Pedro Kemp, Cabo Almi (PT) e Jamilson Name (PDT).

Outro projeto polêmico foi a concessão de Comenda do Mérito Legislativo ao ex--senador Delcídio do Amaral. A proposta foi motivo de rejeição manifesta pelo de-putado Capitão Contar (PSL), que afirmou não se sentir representado por Delcídio e acreditar que ele não me-

recia a comenda. Os demais parlamentares defenderam o ex-senador, citado como responsável pelo recebi-mento da maior quantidade de recursos já recebida pelo Estado, e lembraram seu ab-solvimento dos processos na Justiça.

Os outros 12 projetos em pauta para discussão foram aprovados por unanimidade. Entre eles, no entanto, a pro-posta do Poder Executivo para alterar e criar novos cargos no Conselho de Fis-calização dos Critérios de Divisão e Creditamento das

Parcelas Pertencentes aos Municípios gerou debate em razão do aspecto citado por João Henrique que retira o termo “critério” das funções do conselho. De acordo com ele, o projeto diminuiria a atuação dos integrantes. Com posicionamento con-trário, os deputados Barbo-sinha (DEM) e Gerson Claro (PP) afirmaram que haveria este impacto pois a função do grupo seria apenas fisca-lizar a divisão do ICMS entre os municípios, não havendo competência de aplicação de critérios por eles.

lembrando que atitudes exa-geradas são assistidas pela população ao vivo.

“O que nós aqui mani-festamos repercute rapi-damente, seja de bom ou de ruim, de certo e errado. Precisamos ter responsabi-lidade do nosso mandato. Não estou querendo ensinar ninguém, mas aqui é um co-legiado. Nesta casa preva-lece a maioria e precisamos entender o contraditório e

nem sempre vamos ser con-templados porque o colegiado sabe”, defendeu. Aproveitou para apontar razões para não abrir uma nova CPI como queria o vereador Vinicius Siqueira (DEM). “Já tivemos CPI nesta casa e o final foi triste.” Sem levantar do lugar onde estava sentado, Sali-neiro se manifestou somente depois para jornalistas pre-sentes. “Eu continuo com a mesma opinião”, disse.