baixo peso ao nascer: fatores socioeconômicos, assistência...

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54 UNISUAM | Centro Universitário Augusto Motta Revista Augustus | Rio de Janeiro | Vol. 14 | N. 29 | Fevereiro de 2010 | Semestral ARTIGOS Cássia Gualberto de PAULA 1 - Cristiano Siqueira BOCCOLINI 2 Alexandra Anastácio Monteiro SILVA 3 - Adriana Costa BACELO 4 Fabiane Toste CARDOSO 5 - Jane de Carlos Santana CAPELLI 6 RESUMO: O baixo peso ao nascer (inferior a 2500g) é um considerável fator de risco para morbimor- talidade no período neonatal, sendo um indicador geral do nível de saúde de uma população. Mesmo frente aos investimentos para melhoria da saúde materno-infantil, as taxas de mortalidade infantil no Brasil continuam elevadas. No período de 2001 a 2003, observou-se um acréscimo na proporção de recém-nascidos com baixo peso em todas as regiões brasileiras, o que representa aumentos no custo do setor de saúde. Através de revisão da literatura, o presente estudo objetiva descrever os determi- nantes do baixo peso ao nascer, como: a escolaridade materna, a assistência pré-natal, o estado civil, a renda e o estado nutricional materno. Detecta-se a real necessidade de geração de políticas de saúde que permitam maior acessibilidade aos serviços de assistência pré-natal, permitindo a identificação e acompanhamento adequado e individualizado às mães em risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal, o que pode promover redução dos casos de nascidos com baixo peso. Palavras-chave: Recém-Nascido de Baixo Peso, Cuidado Pré-Natal, Nutrição Materna, Nutrição Pré-Natal. ABSTRACT: The infant low birth weight (less then 2500g at birth) is a high risk factor for illness and mortality in neonatal period, and is a health indicator of a population. Besides the investiments to increase motherhood and childhood health, the average children mortality are still high. During the years of 2001 to 2003, was observed an increase of low birth weight taxes in all Brazilian re- gions, beside the increasing budgets of healthcare. Through the literature review, the current study aimed to describe the determinants of low birth weight, like motherhood school level, prenatal care, married status, family income and motherhood nutricional condition. The need for health policies improvements that permit a better access to the pre-natal services, the identification and adequate follow-up of women at high risk of premature deliver or slow fetal growth, should reduce occurrence of low birth weight. Keywords: Infant Low Birth Weight, Prenatal Care, Maternal Nutrition, Prenatal Nutrition. 1 Graduanda de Nutrição do Centro Universitário Augusto Motta 2 Nutricionista e Sanitarista do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro 3 Nutricionista e Sanitarista do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro Professora Doutora do Curso de Farmácia do Centro Universitário Augusto Motta 4 Professora Mestre do Curso de Nutrição do Centro Universitário Augusto Motta 5 Professora Doutora do Curso de Nutrição Centro Universitário Augusto Motta 6 Professora Doutora do Curso de Nutrição Centro Universitário Augusto Motta Baixo peso ao nascer: fatores socioeconômicos, assistência pré-natal e nutricional – uma revisão Baixo peso ao nascer: fatores socioeconômicos, assistência pré-natal e nutricional – uma revisão

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Revista Augustus | Rio de Janeiro | Vol 14 | N 29 | Fevereiro de 2010 | SemestralARTIGOS

Caacutessia Gualberto de PAULA1 - Cristiano Siqueira BOCCOLINI2 Alexandra Anastaacutecio Monteiro SILVA3 - Adriana Costa BACELO4 Fabiane Toste CARDOSO5 - Jane de Carlos Santana CAPELLI6

RESUMO O baixo peso ao nascer (inferior a 2500g) eacute um consideraacutevel fator de risco para morbimor-talidade no periacuteodo neonatal sendo um indicador geral do niacutevel de sauacutede de uma populaccedilatildeo Mesmo frente aos investimentos para melhoria da sauacutede materno-infantil as taxas de mortalidade infantil no Brasil continuam elevadas No periacuteodo de 2001 a 2003 observou-se um acreacutescimo na proporccedilatildeo de receacutem-nascidos com baixo peso em todas as regiotildees brasileiras o que representa aumentos no custo do setor de sauacutede Atraveacutes de revisatildeo da literatura o presente estudo objetiva descrever os determi-nantes do baixo peso ao nascer como a escolaridade materna a assistecircncia preacute-natal o estado civil a renda e o estado nutricional materno Detecta-se a real necessidade de geraccedilatildeo de poliacuteticas de sauacutede que permitam maior acessibilidade aos serviccedilos de assistecircncia preacute-natal permitindo a identificaccedilatildeo e acompanhamento adequado e individualizado agraves matildees em risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal o que pode promover reduccedilatildeo dos casos de nascidos com baixo peso

Palavras-chave Receacutem-Nascido de Baixo Peso Cuidado Preacute-Natal Nutriccedilatildeo Materna Nutriccedilatildeo Preacute-Natal

ABSTRACT The infant low birth weight (less then 2500g at birth) is a high risk factor for illness and mortality in neonatal period and is a health indicator of a population Besides the investiments to increase motherhood and childhood health the average children mortality are still high During the years of 2001 to 2003 was observed an increase of low birth weight taxes in all Brazilian re-gions beside the increasing budgets of healthcare Through the literature review the current study aimed to describe the determinants of low birth weight like motherhood school level prenatal care married status family income and motherhood nutricional condition The need for health policies improvements that permit a better access to the pre-natal services the identification and adequate follow-up of women at high risk of premature deliver or slow fetal growth should reduce occurrence of low birth weight

Keywords Infant Low Birth Weight Prenatal Care Maternal Nutrition Prenatal Nutrition

1 Graduanda de Nutriccedilatildeo do Centro Universitaacuterio Augusto Motta

2 Nutricionista e Sanitarista do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro

3 Nutricionista e Sanitarista do Hospital Maternidade Herculano PinheiroProfessora Doutora do Curso de Farmaacutecia do Centro Universitaacuterio Augusto Motta

4 Professora Mestre do Curso de Nutriccedilatildeo do Centro Universitaacuterio Augusto Motta

5 Professora Doutora do Curso de Nutriccedilatildeo Centro Universitaacuterio Augusto Motta

6 Professora Doutora do Curso de Nutriccedilatildeo Centro Universitaacuterio Augusto Motta

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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IntROdUccedilatildeO

O peso ao nascer eacute um importante indica-dor geral do niacutevel de sauacutede de uma populaccedilatildeo uma vez que contribui de forma importante nas taxas de mortalidade e morbidade infantis principalmente a mortalidade neonatal Eacute de-terminado por diversos fatores correlaciona-dos dentre eles condiccedilotildees sociais econocircmi-cas e ambientais agraves quais a mulher se encontra durante o periacuteodo de gestaccedilatildeo

No Brasil observam-se intensos investi-mentos por parte de poliacuteticas governamentais contribuindo para a recuperaccedilatildeo da condiccedilatildeo da sauacutede materno-infantil Essa melhoria pos-sibilitou a reduccedilatildeo das taxas de mortalidade infantil no paiacutes Poreacutem essas taxas ainda se mantecircm elevadas quando comparadas aos pa-iacuteses desenvolvidos (ACCIOLY et alli 2002)

As principais causas de mortalidade infan-til incluem as doenccedilas do periacuteodo perinatal que ocorrem essencialmente no periacuteodo ne-onatal precoce representando cerca de 36 dos oacutebitos entre os neonatos (MARANHAtildeO et alli 1999 MONTEIRO e NAZAacuteRIO 1995 SIMOtildeES e OLIVEIRA 1997 ACCIOLY et alli 2005) Dentre os fatores condicionantes do risco neonatal encontram-se o baixo peso ao nascer (lt2500g) e o peso insuficiente ao nascer (2500 a 3000g) (LIMA e SAMPAIO 2004)

Dois processos baacutesicos que isolados ou em associaccedilatildeo que predispotildeem ao nascimento de crianccedilas com peso abaixo do normal satildeo a prematuridade e o retardo de crescimento intra-uterino Tais processos satildeo determinados por um conjunto comum de fatores entre os quais se destacam condiccedilotildees socioeconocircmi-cas precaacuterias baixo peso da matildee no iniacutecio da gestaccedilatildeo doenccedilas tabagismo estresse durante a gestaccedilatildeo falta ou deficiecircncia da assistecircncia preacute-natal baixa estatura materna antecedentes

reprodutivos desfavoraacuteveis e a ocorrecircncia de gravidez muacuteltipla (BERKOWITZ e PAPIER-NICK 1993 HEDEGAARD et alli 1993 KRAMER 1987)

O prognoacutestico de uma gestaccedilatildeo eacute influen-ciado pelo estado nutricional materno antes da concepccedilatildeo e durante a gestaccedilatildeo e pelos fatores de risco aos quais a gestante estaacute ex-posta A inadequaccedilatildeo do estado nutricional materno tem repercussotildees na sauacutede da matildee e do seu filho e por isso deve ser avaliado para intervenccedilatildeo a fim de promover a sauacutede na gestaccedilatildeo e melhorar o resultado obsteacutetrico ndash iacutendices de morbi-mortalidade materna peso ao nascer e mortalidade perinatal (ACCIOLY et alli 2002)

De acordo com a Pan American Health Organization (PAHO) a sauacutede o crescimento e o desenvolvimento do receacutem-nascido estatildeo intimamente relacionados ao peso ao nascer o qual eacute diretamente dependente do estado nutricional materno O peso preacute-gestacional auxilia na detecccedilatildeo de riscos iniciais de um prognoacutestico desfavoraacutevel da gestaccedilatildeo deter-mina o ganho de peso recomendado e dire-ciona intervenccedilotildees nutricionais mais eficazes e especiacuteficas para cada gestante (BARROS et alli 1987 PAHO 1991)

Quanto aos fatores socioeconocircmicos como a idade e escolaridade materna estado civil e renda familiar relacionados ao crescimento fetal eacute descrito na literatura que o baixo niacute-vel socioeconocircmico estaacute associado ao estado nutricional e a outros fatores determinantes da velocidade de crescimento intra-uterino (ZAMBONATO et alli 2004)

De acordo com os dados publicados pelo UNICEF em 2004 a taxa mundial de baixo peso ao nascer foi de 14 sendo que nos pa-iacuteses desenvolvidos e em desenvolvimento os valores foram de 7 e 15 respectivamente

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Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo percentual de nascidos vivos com baixo peso ao nas-cer (menos de 2500g) segundo as regiotildees brasileiras no periacuteodo de 2001 a 2003 observou-se um acreacutescimo na proporccedilatildeo de receacutem-nascidos com baixo peso em todas as regiotildees A regiatildeo que apresentou a maior proporccedilatildeo de receacutem-nascidos de baixo peso em todos os anos estudados foi a regiatildeo Sudeste com 89 91 e 92 em 2001 2002 e 2003 respectivamente enquanto que as regiotildees Norte e Nordeste apresentaram os menores percentuais (SAUDE BRASIL 2005) Esse fato pode ser atribuiacutedo a melho-rias nos registros do Sistema de Informaccedilotildees de Nascidos Vivos (SINASC) na regiatildeo Su-deste

Neste contexto o presente estudo obje-tivou descrever os principais fatores socio-econocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutri-cional relacionados ao baixo peso ao nascer (BPN) a partir da revisatildeo da literatura

MeacutetOdO

Realizou-se a revisatildeo da literatura sobre os indicadores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional relacionados ao baixo peso ao nascer incluindo artigos cientiacuteficos obtidos a partir da busca nas bases de dados BIREME (LILACS MEDLINE e SCIELO) Google Scholar e CAPES considerando o periacuteodo entre 1991 e 2005 Tambeacutem foi realizada uma busca nos perioacutedicos e livros cientiacuteficos da biblioteca da UNISUAM

Nesta revisatildeo foram utilizados os seguin-tes descritores peso nascimento gravidez nutriccedilatildeo crianccedila risco peso ao nascer estado nutricional escolaridade indicado-res receacutem-nascido renda preacute-natal riscos gestacionais fatores de risco assistecircncia fatores socioeconocircmicos baixo peso estado civil gestante Trinta e nove publicaccedilotildees

foram selecionadas referentes ao baixo peso ao nascer e seus fatores determinantes

REvISatildeO da LItERatURa

Peso ao nascer

O peso ao nascer que eacute o primeiro peso obtido apoacutes o nascimento eacute o fator singular que mais exerce influecircncia sobre o estado de sauacutede e as chances de sobrevivecircncia das crianccedilas sendo este um forte fator preditivo da mortalidade e morbidade neonatal (ZAM-BONATO et alli 2004)

Menezes et alli (1996) analisando a mor-talidade infantil em duas coortes de base populacional no sul do Brasil detectaram que crianccedilas nascidas com baixo peso apresen-taram mortalidade doze vezes maior do que crianccedilas com peso adequado ao nascer Tais decorrecircncias demonstram que o baixo peso ao nascer tambeacutem representa um elevado custo ao setor da sauacutede uma vez que estas crianccedilas ne-cessitam de assistecircncia especial os aparelhos utilizados na sua recuperaccedilatildeo satildeo mais caros e precisam ficar internadas por mais tempo

Dentre os diversos fatores determinantes do peso ao nascer encontram-se descritos na literatura o estado nutricional materno antes da concepccedilatildeo e durante a gestaccedilatildeo a assistecircn-cia preacute-natal a condiccedilatildeo de sauacutede materna a maturidade fisioloacutegica a histoacuteria reprodutiva o niacutevel educacional materno e a condiccedilatildeo so-cioeconocircmica (ACIOLLY et alli 2005)

Receacutem-nascidos com baixo peso ao nascer definido como peso inferior agrave 2500g apresen-tam maior predisposiccedilatildeo para mortalidade nas primeiras semanas de vida e aleacutem disso os problemas mentais orgacircnicos e neuroloacutegicos que aparecem na idade adulta satildeo mais graves que nas crianccedilas nascidas com peso adequado (NEEL et alli 1991)

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Fatores determinantes do baixo peso ao nascer

Escolaridade Materna

Levando-se em consideraccedilatildeo os fatores determinantes do baixo peso ao nascer vale ressaltar a importacircncia da escolaridade ma-terna que tambeacutem estaacute associada a um maior risco de mortalidade materna

A literatura descreve que matildees com ateacute oito anos de estudo por serem mais desinfor-madas e provavelmente apresentarem menor interesse ou maior dificuldade de acesso a ser-viccedilos de sauacutede apresentam maiores chances de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer (NASCIMENTO 2003)

Haidar et alli (2001)correlacionando a escolaridade materna com os indicadores obsteacutetricos atraveacutes de 3843 Declaraccedilotildees de Nascidos Vivos em Guaratinguetaacute-SP durante todo o ano de 1998 detectaram que matildees com menos de oito anos de escolaridade tecircm uma chance 15 vez maior de terem receacutem-nascidos com baixo peso Isso pode ser explicado pelo fato de essas matildees terem um padratildeo socioe-conocircmico desfavoraacutevel o que possivelmente acarretaraacute em um menor ganho de peso na gestaccedilatildeo e um iniacutecio mais tardio do preacute-natal

Deve-se tambeacutem considerar que matildees com menor escolaridade na maioria das vezes tecircm mais que trecircs filhos quando comparadas com matildees com maior escolaridade tal fato pode estar associado a um menor intervalo interpartal que pode estar predispondo estas crianccedilas a riscos (HAIDAR et alli 2001) Um intervalo menor que dois anos eacute extremamente prejudicial ao organismo materno e conse-quumlentemente ao feto por dificultar o restabele-cimento das reservas nutricionais e impedir a recuperaccedilatildeo das condiccedilotildees orgacircnicas alteradas pela gestaccedilatildeo

Andrade et alli (2001) analisando as desi-gualdades socioeconocircmicas do baixo peso ao nascer e da mortalidade perinatal no municiacute-pio do Rio de Janeiro em 2001 quanto ao grau de escolaridade atraveacutes do risco atribuiacutevel populacional relativo detectou que 5105 dos oacutebitos perinatais poderiam ser evitados se todas as matildees tivessem o niacutevel superior de instruccedilatildeo

Minamisawa et alli (2004) estudando os fatores associados ao baixo peso ao nascer no estado de Goiaacutes utilizando o Sistema de Infor-maccedilotildees de Nascidos Vivos do Estado no ano de 2000 com uma amostra de 92745 receacutem-nascidos encontraram associaccedilatildeo entre matildees que natildeo sabiam ler e escrever e o baixo peso ao nascer indicando relaccedilatildeo entre o baixo peso e as camadas sociais menos privilegiadas

assistecircncia Preacute-natal

Um dos principais indicadores do prognoacutes-tico ao nascimento eacute a assistecircncia preacute-natal A assistecircncia preacute-natal permite o diagnoacutestico e tratamento de inuacutemeras complicaccedilotildees durante a gestaccedilatildeo e a reduccedilatildeo ou eliminaccedilatildeo de fa-tores e comportamentos de risco possiacuteveis de serem corrigidos (KILSZTAJN et alli 2003)

Os principais propoacutesitos da assistecircncia preacute-natal podem ser resumidos em a) aconselhar educar e apoiar a gestante e os seus familiares b) conduzir os pequenos distuacuterbios da gravi-dez c) proporcionar rastreamento contiacutenuo cliacutenico e laboratorial das intercorrecircncias que possam implicar risco para o binocircmio materno-fetal e no caso de gestaccedilotildees que satildeo consideradas de alto risco acrescenta-se um quarto propoacutesito de assistecircncia preacute-natal d) prevenccedilatildeo detecccedilatildeo e tratamento dos fatores que afetam adversamente a sauacutede materna eou fetal (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2000)

Sugerem-se como regra geral do preacute-

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natal as seguintes rotinas 1) periodicidade quinzenal das consultas ateacute 30 semanas de gestaccedilatildeo e a seguir semanal 2) acompanha-mento multidisciplinar e multiprofissional 3) na gestaccedilatildeo de alto risco natildeo-complicada sugere-se no miacutenimo uma consulta mensal com especialista indicado para o caso 4) exa-me ultra-sonograacutefico obrigatoacuterio antes de 20 semanas e apoacutes 26 semanas a cada 15 dias 5) Dopplerfluxometria eou perfil biofiacutesico fetal quinzenal apoacutes 26 semanas se possiacutevel inter-calados com a ultra-sonografia (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2000)

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede preconi-za que o nuacutemero adequado de consultas preacute-natais deve ser igual ou superior a seis Uma vez que se considera a realizaccedilatildeo de sete ou mais consultas preacute-natais como um indicador de acesso adequado ao serviccedilo de sauacutede a baixa cobertura deste poderaacute refletir a dificul-dade no acesso aos serviccedilos de sauacutede e maior probabilidade de riscos agrave sauacutede da matildee e do receacutem-nascido (MINAMISAWA et alli 2004)

Rodriguez et alli (1991) verificaram asso-ciaccedilatildeo relevante entre assistecircncia preacute-natal e peso ao nascer em Satildeo Paulo A incidecircncia de baixo peso entre filhos de mulheres que natildeo frequumlentaram o preacute-natal foi aproximadamen-te o dobro da observada entre o grupo com preacute-natal adequado

De acordo com Monteiro et alli (2000) em seu estudo sobre a tendecircncia secular do peso ao nascer na cidade de Satildeo Paulo durante os anos de 1976 e 1998 observaram que matildees com menos de cinco consultas preacute-natais na cidade de Satildeo Paulo apresentaram risco relati-vo de baixo peso ao nascer de 247 em relaccedilatildeo a matildees com cinco ou mais consultas mesmo quando controlados o niacutevel da renda familiar e de escolaridade materna

No Brasil o Ministeacuterio da Sauacutede preconiza

como adequado sete ou mais consultas de preacute-natal Nos anos de 2002 e 2003 essa proporccedilatildeo foi de 478 e 499 respectivamente (SAU-DE BRASIL 2005)

A literatura aponta que o nuacutemero de con-sultas preacute-natais estaacute fortemente relacionado agrave escolaridade materna No estudo de Haidar et alli (2004) matildees com maior niacutevel de ins-truccedilatildeo apresentaram chance duas vezes maior de efetuarem mais de seis consultas no preacute-natal indicando que este teria sido iniciado mais precocemente por conta dessas matildees provavelmente darem mais importacircncia ao preacute-natal e talvez terem um acesso mais faacutecil ao acompanhamento preacute-natal

A tabela 1 apresenta o nuacutemero e a pro-porccedilatildeo de consultas preacute-natais referidas pela matildee segundo anos de estudo Brasil 2002 e 2003 Verifica-se uma elevaccedilatildeo da proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com sete ou mais consultas de preacute-natal a medida que aumentam os anos de estudo Os nascidos vivos de matildees com oito a onze anos de estudo que apresenta-ram uma proporccedilatildeo de sete ou mais consultas de preacute-natal foi de 579 em 2002 e 593 em 2003 enquanto que para os de matildees com nenhum ano de estudo esse percentual foi de 228 em 2002 e 234 em 2003 (SAUacuteDE BRASIL 2005)

A proporccedilatildeo de matildees com nenhuma ins-truccedilatildeo e que natildeo realizaram nenhuma consulta preacute-natal foi de 178 em 2002 e 163 em 2003 enquanto que para matildees com oito a onze anos de estudo esses percentuais foram de 15 e 13 em 2002 e 2003 respectivamente (SAUacuteDE BRASIL 2005)

Relacionando o nuacutemero de consultas preacute-natais realizadas com a escolaridade materna segundo a regiatildeo de residecircncia da matildee no Brasil em 2003 as diferenccedilas regionais per-maneceram marcantes (Tabela 2) O percen-

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tual de nascidos de matildees que fizeram sete ou mais consultas de preacute-natal eacute menor no Norte e Nordeste independente da escolaridade da matildee (SAUacuteDE BRASIL 2005)

Tais dados demonstram a existecircncia de di-ferenccedilas regionais importantes no acesso e na qualidade da assistecircncia preacute-natal oferecida agrave

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populaccedilatildeo Essas diferenccedilas reforccedilam as desi-gualdades de oportunidades existentes no paiacutes

Kilsztajn et alli (2003) em seu estudo so-bre assistecircncia preacute-natal analisaram os dados de estatiacutesticas vitais da Fundaccedilatildeo Seade no estado de Satildeo Paulo e observaram a reduccedilatildeo da prevalecircncia de baixo peso eou preacute-termo com o aumento do nuacutemero de consultas preacute-natais Os autores detectaram que o risco re-lativo de baixo peso eou preacute-termo no grupo que realizou sete ou mais consultas preacute-natais foi menor quando comparado com os grupos que tiveram menos de sete consultas preacute-natais

Zambonato et alli (2004) analisando os fatores de risco para nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional em cinco maternidades de Pelotas-RS durante os me-ses de outubro a dezembro de 1996 com uma amostra de 1082 pueacuterperas encontraram que mesmo apoacutes o controle do nuacutemero de consul-tas preacute-natais ainda houve associaccedilatildeo entre baixa qualidade do preacute-natal e nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional sugerindo que o efeito da qualidade eacute inde-pendente do nuacutemero de consultas durante o preacute-natal Os autores concluiacuteram portanto que aleacutem de estimular o nuacutemero de consultas deve-se buscar um aumento na qualidade do preacute-natal

Estado Civil e Renda

Em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees socioeconocircmi-cas o estado civil eacute um importante aspecto a ser levado em consideraccedilatildeo pois a ausecircncia da figura paterna em geral pode trazer menor estabilidade financeira para a famiacutelia poden-do se constituir em fator de risco para o baixo peso ao nascer

Monteiro et alli (2000) estudando a ten-decircncia secular do peso ao nascer na cidade de

Satildeo Paulo detectaram que o risco relativo de baixo peso ao nascer aumentava para matildees que viviam sem companheiro em relaccedilatildeo agraves matildees com companheiro

Kilsztajn et alli (2003) concluiacuteram apoacutes os resultados do seu estudo em Satildeo Paulo que as gestantes natildeo casadas e as de baixa esco-laridade particularmente deveriam receber um acompanhamento preacute-natal especiacutefico capaz de amenizar as condiccedilotildees responsaacuteveis por transformaacute-las em categorias de risco

Minamisawa et alli (2004) tambeacutem en-contraram em seu estudo realizado em Goiaacutes que matildees natildeo casadas apresentaram 123 vezes mais chance de baixo peso ao nascer que as casadas Entretanto receacutem-nascidos de baixo peso natildeo foram associados a matildees sem companheiro em Campinas (CARNIEL et alli 2003)

A renda eacute outro aspecto socioeconocircmico que tem sido frequumlentemente associada com a sauacutede tanto no niacutevel individual quanto no coletivo Nas famiacutelias de menor renda espe-cialmente nos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se uma alta frequumlecircncia de desnu-triccedilatildeo de doenccedilas transmissiacuteveis e de con-diccedilotildees ambientais deficientes As pessoas de famiacutelia de menor renda tecircm em geral niacutevel baixo de instruccedilatildeo e exercem ocupaccedilotildees que podem conter riscos apreciaacuteveis para a sauacutede (PEREIRA 1995)

A esperanccedila de vida ao nascer tem relaccedilatildeo direta com o nuacutemero de salaacuterios miacutenimos da famiacutelia A vida meacutedia eacute mais curta para alguns por serem pobres mal alimentados e portan-to mais vulneraacuteveis a doenccedilas Neste grupo haacute uma proporccedilatildeo substancial de analfabetos de desempregados de subempregados e de habitantes de favelas fatores que potencia-lizam o risco de matildees gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer (PEREIRA 1995)

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Lima e Sampaio (2004) em um estudo descritivo sobre a influecircncia de fatores obs-teacutetricos socioeconocircmicos e nutricionais da gestante sobre o peso do receacutem-nascido reali-zado em uma maternidade de Teresina-Piauiacute durante o periacuteodo de janeiro a maio de 2003 numa amostra de 277 gestantes em trabalho de parto e seus receacutem-nascidos associando a renda familiar ao baixo peso observaram que matildees com renda abaixo de um salaacuterio miacutenimo per capita tinham um maior percen-tual de crianccedilas com peso menor que 3000g

Mulheres que possuem baixo niacutevel socio-econocircmico e por conseguinte baixa escola-ridade provavelmente apresentam maiores dificuldades na aquisiccedilatildeo de alimentos de boa qualidade natildeo soacute por apresentarem baixo po-der aquisitivo mas tambeacutem por conta da falta de conhecimento quanto a uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada para as necessidades de uma gestante

A pobreza eacute um dos fatores que geram os maiores iacutendices de baixo peso ao nascer ficando portanto a classe social menos privilegiada com os maiores coeficientes de mortalidade neonatal e poacutes-neonatal

Analisando o baixo peso ao nascer em duas coortes (1982 e 1993) de base popula-cional no sul do Brasil Horta et alli (1996) encontraram em 1982 a proporccedilatildeo de crianccedilas com baixo peso ao nascer quase trecircs vezes maior entre as famiacutelias de menor renda (inferior ou igual a um salaacuterio miacutenimo) em comparaccedilatildeo com as de melhor situaccedilatildeo eco-nocircmica (renda acima de dez salaacuterios miacuteni-mos) As diferenccedilas entre os grupos de renda permaneceram marcadas em 1993 com as crianccedilas mais pobres apresentando um risco 24 vezes maior de nascerem com baixo peso do que as de famiacutelias mais ricas

Estado nutricional Materno

A gestaccedilatildeo acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees fisioloacutegicas para o organismo materno assim neste periacuteodo haacute uma maior necessidade de todos os nutrientes baacutesicos para a manutenccedilatildeo da nutriccedilatildeo e sauacutede materna e garantia do ade-quado crescimento e desenvolvimento do feto jaacute que sua uacutenica fonte de nutrientes eacute constitu-iacuteda pelas reservas nutricionais e pela ingestatildeo alimentar da matildee justificando a importacircncia do estado nutricional materno durante a gesta-ccedilatildeo (YAZLLE 1998)

Diversos estudos na aacuterea de nutriccedilatildeo com gestantes tecircm mostrado uma relaccedilatildeo definitiva entre dieta e estado nutricional maternos com as condiccedilotildees do bebecirc ao nascer

Lima e Sampaio (2004) encontraram ao classificar o estado nutricional materno antes da gestaccedilatildeo segundo o IMC que mais da me-tade das gestantes era normal enquanto que as de baixo peso e com excesso de peso repre-sentaram respectivamente 177 e 144 da amostra A maioria das gestantes exibiu ganho de peso ao final da gravidez de acordo com a meacutedia recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (8 a 16kg) Observou-se uma associaccedilatildeo sig-nificante ao relacionar o ganho de peso total durante a gestaccedilatildeo com as meacutedias de peso ao nascer dos receacutem-nascidos

Rodriguez et alli (1991) avaliando 691 gestantes de uma maternidade no municiacutepio de Satildeo Paulo quanto a relaccedilatildeo entre anemia e desnutriccedilatildeo maternas com o peso ao nascer observaram associaccedilatildeo estatisticamente signi-ficativa entre desnutriccedilatildeo no final do periacuteodo graviacutedico e baixo peso ao nascer Constataram ainda em comparaccedilotildees entre diferentes evolu-ccedilotildees do estado nutricional na gestaccedilatildeo que se a desnutriccedilatildeo estiver corrigida no final do pro-cesso o risco de baixo peso ao nascer diminui tornando-se semelhante ao das mulheres que mantiveram normalidade de peso durante o decorrer de toda a gestaccedilatildeo

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Franceschini et alli (2003) que estudaram os fatores de risco para o baixo peso ao nascer em 77 gestantes no uacuteltimo trimestre da gesta-ccedilatildeo no ano de 2001 residentes em favelas da regiatildeo de Vila Mariana em Satildeo Paulo observa-ram em seu estudo que mulheres que iniciaram a gestaccedilatildeo com baixo peso geraram crianccedilas com meacutedias de peso ao nascer apresentando diferenccedilas de -60g e -300g respectivamente em relaccedilatildeo aos pesos obtidos entre as eutroacutefi-cas e as com sobrepesoobesidade Observa-ram ainda que com o aumento de peso na ges-taccedilatildeo houve incremento nas meacutedias de peso ao nascer excetuando-se o grupo cujo ganho de peso foi excessivo Neste estudo os autores encontraram maior incremento ponderal entre os receacutem-nascidos de matildees que ganharam en-tre 70 e 160Kg na gestaccedilatildeo

Halpern et alli (1996) analisando os fa-tores de risco para o baixo peso ao nascer em uma comunidade rural do sul do Brasil encon-traram que mulheres que iniciaram a gravidez com peso inferior a 50Kg apresentaram maior risco de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer

O peso preacute-gestacional tem sido utilizado para avaliar o risco inicial de um prognoacutestico desfavoraacutevel da gestaccedilatildeo para determinar o ganho de peso recomendado e direcionar inter-venccedilotildees nutricionais Um peso preacute-gestacional inadequado acompanhado por ganho de peso insuficiente aumenta o risco de baixo peso ao nascer mortalidade perinatal neonatal e infantil (KRASOVEC ANDERSON 1991)

Gestantes que apresentam uma reserva ina-dequada de nutrientes aliada a uma ingestatildeo dieteacutetica insuficiente poderatildeo ter um compro-metimento do crescimento fetal e consequumlen-temente do peso ao nascer (ROCHA et alli 2005) Tambeacutem o ganho de peso gestacional excessivo natildeo eacute beneacutefico ao receacutem-nascido pois agraves vezes esse excedente serve apenas

para deteriorar o estado nutricional materno e natildeo necessariamente eacute canalizado para o feto (LIZO et alli 1998 ABRAMS et alli 2000) Um ganho de peso insuficiente estaacute relaciona-do a um maior risco de retardo de crescimento intra-uterino e mortalidade perinatal e um ganho de peso excessivo pode estar associado a patologias maternas como o diabetes ges-tacional macrossomia fetal dificuldades no parto e risco para o receacutem-nascido no periacuteodo perinatal como hipoglicemia (ACIOLLY et alli 2005)

Estudando a relaccedilatildeo entre baixo peso materno e baixo peso ao nascer do concepto Lima e Pelaacute analisaram 15 gestantes de baixo peso que realizaram preacute-natal em um Centro Municipal de Sauacutede da periferia de Botucatu-SP no ano de 1995 comparando-as a um gru-po de 8 gestantes de peso normal que frequumlen-tavam o mesmo serviccedilo preacute-natal As autoras encontraram uma diferenccedila meacutedia de peso de 118g a mais para os filhos daquelas matildees com peso normal quando comparados com os filhos de mulheres de baixo peso Aleacutem disso constataram que as gestantes com peso normal tiveram em meacutedia duas semanas de gestaccedilatildeo a mais quando comparadas com aquelas de baixo peso

Sendo assim as recomendaccedilotildees nutricio-nais na gestaccedilatildeo devem ser adequadas a cada mulher considerando-se as variaccedilotildees indivi-duais de acordo com necessidades em cada gestaccedilatildeo incluindo vaacuterios aspectos como as dimensotildees corporais niacutevel de atividade fiacutesica a idade e as gestaccedilotildees muacuteltiplas

COnCLUSatildeO

O baixo peso ao nascer eacute um indicador das condiccedilotildees de sauacutede de grande complexidade apresentando inuacutemeros fatores de risco para sua ocorrecircncia mas ainda controversos O baixo niacutevel socioeconocircmico tem se mostrado

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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um importante fator de risco para o apareci-mento do baixo peso ao nascer A classe social menos favorecida apresentou os maiores coe-ficientes de mortalidade neonatal e poacutes-natal mostrando que os efeitos negativos desse fator estiveram e estatildeo sempre presentes desde o nascimento e ao longo da vida de milhotildees de crianccedilas

De acordo com achados da literatura pode-se afirmar que a baixa escolaridade materna eacute um fator importante que pode predispor o aparecimento de situaccedilotildees de risco para a matildee e o receacutem-nascido estando associada tanto ao baixo peso ao nascer como agrave mortalidade peri-natal neonatal e infantil Estas associa-ccedilotildees podem ocorrer natildeo soacute devido ao menor conhecimento destas matildees quanto a importacircn-cia do preacute-natal mas tambeacutem agrave dificuldade de acesso aos serviccedilos de puericulturaO estado nutricional materno preacute-gestacional e gesta-

cional tem relaccedilatildeo direta com o peso ao nascer uma vez que o feto supre suas necessidades nutricionais atraveacutes das reservas maternas Tal fato demonstra a importacircncia de um acompa-nhamento nutricional preacute-natal eficiente que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e ganho de peso adequado durante a gestaccedilatildeo

A melhoria da cobertura e acesso aos serviccedilos de assistecircncia preacute-natal permitiria identificar matildees com risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal reduzindo assim o baixo peso ao nascer e evitando ou-tros resultados indesejados As informaccedilotildees obtidas atraveacutes deste trabalho evidenciam a necessidade de estrateacutegias de inclusatildeo social da gestante e poliacuteticas de sauacutede dirigidas para um melhor acompanhamento preacute-natal aleacutem de reforccedilar o papel fundamental da nutriccedilatildeo para promoccedilatildeo de haacutebitos alimentares saudaacute-veis dessa populaccedilatildeo

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IntROdUccedilatildeO

O peso ao nascer eacute um importante indica-dor geral do niacutevel de sauacutede de uma populaccedilatildeo uma vez que contribui de forma importante nas taxas de mortalidade e morbidade infantis principalmente a mortalidade neonatal Eacute de-terminado por diversos fatores correlaciona-dos dentre eles condiccedilotildees sociais econocircmi-cas e ambientais agraves quais a mulher se encontra durante o periacuteodo de gestaccedilatildeo

No Brasil observam-se intensos investi-mentos por parte de poliacuteticas governamentais contribuindo para a recuperaccedilatildeo da condiccedilatildeo da sauacutede materno-infantil Essa melhoria pos-sibilitou a reduccedilatildeo das taxas de mortalidade infantil no paiacutes Poreacutem essas taxas ainda se mantecircm elevadas quando comparadas aos pa-iacuteses desenvolvidos (ACCIOLY et alli 2002)

As principais causas de mortalidade infan-til incluem as doenccedilas do periacuteodo perinatal que ocorrem essencialmente no periacuteodo ne-onatal precoce representando cerca de 36 dos oacutebitos entre os neonatos (MARANHAtildeO et alli 1999 MONTEIRO e NAZAacuteRIO 1995 SIMOtildeES e OLIVEIRA 1997 ACCIOLY et alli 2005) Dentre os fatores condicionantes do risco neonatal encontram-se o baixo peso ao nascer (lt2500g) e o peso insuficiente ao nascer (2500 a 3000g) (LIMA e SAMPAIO 2004)

Dois processos baacutesicos que isolados ou em associaccedilatildeo que predispotildeem ao nascimento de crianccedilas com peso abaixo do normal satildeo a prematuridade e o retardo de crescimento intra-uterino Tais processos satildeo determinados por um conjunto comum de fatores entre os quais se destacam condiccedilotildees socioeconocircmi-cas precaacuterias baixo peso da matildee no iniacutecio da gestaccedilatildeo doenccedilas tabagismo estresse durante a gestaccedilatildeo falta ou deficiecircncia da assistecircncia preacute-natal baixa estatura materna antecedentes

reprodutivos desfavoraacuteveis e a ocorrecircncia de gravidez muacuteltipla (BERKOWITZ e PAPIER-NICK 1993 HEDEGAARD et alli 1993 KRAMER 1987)

O prognoacutestico de uma gestaccedilatildeo eacute influen-ciado pelo estado nutricional materno antes da concepccedilatildeo e durante a gestaccedilatildeo e pelos fatores de risco aos quais a gestante estaacute ex-posta A inadequaccedilatildeo do estado nutricional materno tem repercussotildees na sauacutede da matildee e do seu filho e por isso deve ser avaliado para intervenccedilatildeo a fim de promover a sauacutede na gestaccedilatildeo e melhorar o resultado obsteacutetrico ndash iacutendices de morbi-mortalidade materna peso ao nascer e mortalidade perinatal (ACCIOLY et alli 2002)

De acordo com a Pan American Health Organization (PAHO) a sauacutede o crescimento e o desenvolvimento do receacutem-nascido estatildeo intimamente relacionados ao peso ao nascer o qual eacute diretamente dependente do estado nutricional materno O peso preacute-gestacional auxilia na detecccedilatildeo de riscos iniciais de um prognoacutestico desfavoraacutevel da gestaccedilatildeo deter-mina o ganho de peso recomendado e dire-ciona intervenccedilotildees nutricionais mais eficazes e especiacuteficas para cada gestante (BARROS et alli 1987 PAHO 1991)

Quanto aos fatores socioeconocircmicos como a idade e escolaridade materna estado civil e renda familiar relacionados ao crescimento fetal eacute descrito na literatura que o baixo niacute-vel socioeconocircmico estaacute associado ao estado nutricional e a outros fatores determinantes da velocidade de crescimento intra-uterino (ZAMBONATO et alli 2004)

De acordo com os dados publicados pelo UNICEF em 2004 a taxa mundial de baixo peso ao nascer foi de 14 sendo que nos pa-iacuteses desenvolvidos e em desenvolvimento os valores foram de 7 e 15 respectivamente

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Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo percentual de nascidos vivos com baixo peso ao nas-cer (menos de 2500g) segundo as regiotildees brasileiras no periacuteodo de 2001 a 2003 observou-se um acreacutescimo na proporccedilatildeo de receacutem-nascidos com baixo peso em todas as regiotildees A regiatildeo que apresentou a maior proporccedilatildeo de receacutem-nascidos de baixo peso em todos os anos estudados foi a regiatildeo Sudeste com 89 91 e 92 em 2001 2002 e 2003 respectivamente enquanto que as regiotildees Norte e Nordeste apresentaram os menores percentuais (SAUDE BRASIL 2005) Esse fato pode ser atribuiacutedo a melho-rias nos registros do Sistema de Informaccedilotildees de Nascidos Vivos (SINASC) na regiatildeo Su-deste

Neste contexto o presente estudo obje-tivou descrever os principais fatores socio-econocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutri-cional relacionados ao baixo peso ao nascer (BPN) a partir da revisatildeo da literatura

MeacutetOdO

Realizou-se a revisatildeo da literatura sobre os indicadores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional relacionados ao baixo peso ao nascer incluindo artigos cientiacuteficos obtidos a partir da busca nas bases de dados BIREME (LILACS MEDLINE e SCIELO) Google Scholar e CAPES considerando o periacuteodo entre 1991 e 2005 Tambeacutem foi realizada uma busca nos perioacutedicos e livros cientiacuteficos da biblioteca da UNISUAM

Nesta revisatildeo foram utilizados os seguin-tes descritores peso nascimento gravidez nutriccedilatildeo crianccedila risco peso ao nascer estado nutricional escolaridade indicado-res receacutem-nascido renda preacute-natal riscos gestacionais fatores de risco assistecircncia fatores socioeconocircmicos baixo peso estado civil gestante Trinta e nove publicaccedilotildees

foram selecionadas referentes ao baixo peso ao nascer e seus fatores determinantes

REvISatildeO da LItERatURa

Peso ao nascer

O peso ao nascer que eacute o primeiro peso obtido apoacutes o nascimento eacute o fator singular que mais exerce influecircncia sobre o estado de sauacutede e as chances de sobrevivecircncia das crianccedilas sendo este um forte fator preditivo da mortalidade e morbidade neonatal (ZAM-BONATO et alli 2004)

Menezes et alli (1996) analisando a mor-talidade infantil em duas coortes de base populacional no sul do Brasil detectaram que crianccedilas nascidas com baixo peso apresen-taram mortalidade doze vezes maior do que crianccedilas com peso adequado ao nascer Tais decorrecircncias demonstram que o baixo peso ao nascer tambeacutem representa um elevado custo ao setor da sauacutede uma vez que estas crianccedilas ne-cessitam de assistecircncia especial os aparelhos utilizados na sua recuperaccedilatildeo satildeo mais caros e precisam ficar internadas por mais tempo

Dentre os diversos fatores determinantes do peso ao nascer encontram-se descritos na literatura o estado nutricional materno antes da concepccedilatildeo e durante a gestaccedilatildeo a assistecircn-cia preacute-natal a condiccedilatildeo de sauacutede materna a maturidade fisioloacutegica a histoacuteria reprodutiva o niacutevel educacional materno e a condiccedilatildeo so-cioeconocircmica (ACIOLLY et alli 2005)

Receacutem-nascidos com baixo peso ao nascer definido como peso inferior agrave 2500g apresen-tam maior predisposiccedilatildeo para mortalidade nas primeiras semanas de vida e aleacutem disso os problemas mentais orgacircnicos e neuroloacutegicos que aparecem na idade adulta satildeo mais graves que nas crianccedilas nascidas com peso adequado (NEEL et alli 1991)

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Fatores determinantes do baixo peso ao nascer

Escolaridade Materna

Levando-se em consideraccedilatildeo os fatores determinantes do baixo peso ao nascer vale ressaltar a importacircncia da escolaridade ma-terna que tambeacutem estaacute associada a um maior risco de mortalidade materna

A literatura descreve que matildees com ateacute oito anos de estudo por serem mais desinfor-madas e provavelmente apresentarem menor interesse ou maior dificuldade de acesso a ser-viccedilos de sauacutede apresentam maiores chances de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer (NASCIMENTO 2003)

Haidar et alli (2001)correlacionando a escolaridade materna com os indicadores obsteacutetricos atraveacutes de 3843 Declaraccedilotildees de Nascidos Vivos em Guaratinguetaacute-SP durante todo o ano de 1998 detectaram que matildees com menos de oito anos de escolaridade tecircm uma chance 15 vez maior de terem receacutem-nascidos com baixo peso Isso pode ser explicado pelo fato de essas matildees terem um padratildeo socioe-conocircmico desfavoraacutevel o que possivelmente acarretaraacute em um menor ganho de peso na gestaccedilatildeo e um iniacutecio mais tardio do preacute-natal

Deve-se tambeacutem considerar que matildees com menor escolaridade na maioria das vezes tecircm mais que trecircs filhos quando comparadas com matildees com maior escolaridade tal fato pode estar associado a um menor intervalo interpartal que pode estar predispondo estas crianccedilas a riscos (HAIDAR et alli 2001) Um intervalo menor que dois anos eacute extremamente prejudicial ao organismo materno e conse-quumlentemente ao feto por dificultar o restabele-cimento das reservas nutricionais e impedir a recuperaccedilatildeo das condiccedilotildees orgacircnicas alteradas pela gestaccedilatildeo

Andrade et alli (2001) analisando as desi-gualdades socioeconocircmicas do baixo peso ao nascer e da mortalidade perinatal no municiacute-pio do Rio de Janeiro em 2001 quanto ao grau de escolaridade atraveacutes do risco atribuiacutevel populacional relativo detectou que 5105 dos oacutebitos perinatais poderiam ser evitados se todas as matildees tivessem o niacutevel superior de instruccedilatildeo

Minamisawa et alli (2004) estudando os fatores associados ao baixo peso ao nascer no estado de Goiaacutes utilizando o Sistema de Infor-maccedilotildees de Nascidos Vivos do Estado no ano de 2000 com uma amostra de 92745 receacutem-nascidos encontraram associaccedilatildeo entre matildees que natildeo sabiam ler e escrever e o baixo peso ao nascer indicando relaccedilatildeo entre o baixo peso e as camadas sociais menos privilegiadas

assistecircncia Preacute-natal

Um dos principais indicadores do prognoacutes-tico ao nascimento eacute a assistecircncia preacute-natal A assistecircncia preacute-natal permite o diagnoacutestico e tratamento de inuacutemeras complicaccedilotildees durante a gestaccedilatildeo e a reduccedilatildeo ou eliminaccedilatildeo de fa-tores e comportamentos de risco possiacuteveis de serem corrigidos (KILSZTAJN et alli 2003)

Os principais propoacutesitos da assistecircncia preacute-natal podem ser resumidos em a) aconselhar educar e apoiar a gestante e os seus familiares b) conduzir os pequenos distuacuterbios da gravi-dez c) proporcionar rastreamento contiacutenuo cliacutenico e laboratorial das intercorrecircncias que possam implicar risco para o binocircmio materno-fetal e no caso de gestaccedilotildees que satildeo consideradas de alto risco acrescenta-se um quarto propoacutesito de assistecircncia preacute-natal d) prevenccedilatildeo detecccedilatildeo e tratamento dos fatores que afetam adversamente a sauacutede materna eou fetal (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2000)

Sugerem-se como regra geral do preacute-

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natal as seguintes rotinas 1) periodicidade quinzenal das consultas ateacute 30 semanas de gestaccedilatildeo e a seguir semanal 2) acompanha-mento multidisciplinar e multiprofissional 3) na gestaccedilatildeo de alto risco natildeo-complicada sugere-se no miacutenimo uma consulta mensal com especialista indicado para o caso 4) exa-me ultra-sonograacutefico obrigatoacuterio antes de 20 semanas e apoacutes 26 semanas a cada 15 dias 5) Dopplerfluxometria eou perfil biofiacutesico fetal quinzenal apoacutes 26 semanas se possiacutevel inter-calados com a ultra-sonografia (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2000)

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede preconi-za que o nuacutemero adequado de consultas preacute-natais deve ser igual ou superior a seis Uma vez que se considera a realizaccedilatildeo de sete ou mais consultas preacute-natais como um indicador de acesso adequado ao serviccedilo de sauacutede a baixa cobertura deste poderaacute refletir a dificul-dade no acesso aos serviccedilos de sauacutede e maior probabilidade de riscos agrave sauacutede da matildee e do receacutem-nascido (MINAMISAWA et alli 2004)

Rodriguez et alli (1991) verificaram asso-ciaccedilatildeo relevante entre assistecircncia preacute-natal e peso ao nascer em Satildeo Paulo A incidecircncia de baixo peso entre filhos de mulheres que natildeo frequumlentaram o preacute-natal foi aproximadamen-te o dobro da observada entre o grupo com preacute-natal adequado

De acordo com Monteiro et alli (2000) em seu estudo sobre a tendecircncia secular do peso ao nascer na cidade de Satildeo Paulo durante os anos de 1976 e 1998 observaram que matildees com menos de cinco consultas preacute-natais na cidade de Satildeo Paulo apresentaram risco relati-vo de baixo peso ao nascer de 247 em relaccedilatildeo a matildees com cinco ou mais consultas mesmo quando controlados o niacutevel da renda familiar e de escolaridade materna

No Brasil o Ministeacuterio da Sauacutede preconiza

como adequado sete ou mais consultas de preacute-natal Nos anos de 2002 e 2003 essa proporccedilatildeo foi de 478 e 499 respectivamente (SAU-DE BRASIL 2005)

A literatura aponta que o nuacutemero de con-sultas preacute-natais estaacute fortemente relacionado agrave escolaridade materna No estudo de Haidar et alli (2004) matildees com maior niacutevel de ins-truccedilatildeo apresentaram chance duas vezes maior de efetuarem mais de seis consultas no preacute-natal indicando que este teria sido iniciado mais precocemente por conta dessas matildees provavelmente darem mais importacircncia ao preacute-natal e talvez terem um acesso mais faacutecil ao acompanhamento preacute-natal

A tabela 1 apresenta o nuacutemero e a pro-porccedilatildeo de consultas preacute-natais referidas pela matildee segundo anos de estudo Brasil 2002 e 2003 Verifica-se uma elevaccedilatildeo da proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com sete ou mais consultas de preacute-natal a medida que aumentam os anos de estudo Os nascidos vivos de matildees com oito a onze anos de estudo que apresenta-ram uma proporccedilatildeo de sete ou mais consultas de preacute-natal foi de 579 em 2002 e 593 em 2003 enquanto que para os de matildees com nenhum ano de estudo esse percentual foi de 228 em 2002 e 234 em 2003 (SAUacuteDE BRASIL 2005)

A proporccedilatildeo de matildees com nenhuma ins-truccedilatildeo e que natildeo realizaram nenhuma consulta preacute-natal foi de 178 em 2002 e 163 em 2003 enquanto que para matildees com oito a onze anos de estudo esses percentuais foram de 15 e 13 em 2002 e 2003 respectivamente (SAUacuteDE BRASIL 2005)

Relacionando o nuacutemero de consultas preacute-natais realizadas com a escolaridade materna segundo a regiatildeo de residecircncia da matildee no Brasil em 2003 as diferenccedilas regionais per-maneceram marcantes (Tabela 2) O percen-

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tual de nascidos de matildees que fizeram sete ou mais consultas de preacute-natal eacute menor no Norte e Nordeste independente da escolaridade da matildee (SAUacuteDE BRASIL 2005)

Tais dados demonstram a existecircncia de di-ferenccedilas regionais importantes no acesso e na qualidade da assistecircncia preacute-natal oferecida agrave

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populaccedilatildeo Essas diferenccedilas reforccedilam as desi-gualdades de oportunidades existentes no paiacutes

Kilsztajn et alli (2003) em seu estudo so-bre assistecircncia preacute-natal analisaram os dados de estatiacutesticas vitais da Fundaccedilatildeo Seade no estado de Satildeo Paulo e observaram a reduccedilatildeo da prevalecircncia de baixo peso eou preacute-termo com o aumento do nuacutemero de consultas preacute-natais Os autores detectaram que o risco re-lativo de baixo peso eou preacute-termo no grupo que realizou sete ou mais consultas preacute-natais foi menor quando comparado com os grupos que tiveram menos de sete consultas preacute-natais

Zambonato et alli (2004) analisando os fatores de risco para nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional em cinco maternidades de Pelotas-RS durante os me-ses de outubro a dezembro de 1996 com uma amostra de 1082 pueacuterperas encontraram que mesmo apoacutes o controle do nuacutemero de consul-tas preacute-natais ainda houve associaccedilatildeo entre baixa qualidade do preacute-natal e nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional sugerindo que o efeito da qualidade eacute inde-pendente do nuacutemero de consultas durante o preacute-natal Os autores concluiacuteram portanto que aleacutem de estimular o nuacutemero de consultas deve-se buscar um aumento na qualidade do preacute-natal

Estado Civil e Renda

Em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees socioeconocircmi-cas o estado civil eacute um importante aspecto a ser levado em consideraccedilatildeo pois a ausecircncia da figura paterna em geral pode trazer menor estabilidade financeira para a famiacutelia poden-do se constituir em fator de risco para o baixo peso ao nascer

Monteiro et alli (2000) estudando a ten-decircncia secular do peso ao nascer na cidade de

Satildeo Paulo detectaram que o risco relativo de baixo peso ao nascer aumentava para matildees que viviam sem companheiro em relaccedilatildeo agraves matildees com companheiro

Kilsztajn et alli (2003) concluiacuteram apoacutes os resultados do seu estudo em Satildeo Paulo que as gestantes natildeo casadas e as de baixa esco-laridade particularmente deveriam receber um acompanhamento preacute-natal especiacutefico capaz de amenizar as condiccedilotildees responsaacuteveis por transformaacute-las em categorias de risco

Minamisawa et alli (2004) tambeacutem en-contraram em seu estudo realizado em Goiaacutes que matildees natildeo casadas apresentaram 123 vezes mais chance de baixo peso ao nascer que as casadas Entretanto receacutem-nascidos de baixo peso natildeo foram associados a matildees sem companheiro em Campinas (CARNIEL et alli 2003)

A renda eacute outro aspecto socioeconocircmico que tem sido frequumlentemente associada com a sauacutede tanto no niacutevel individual quanto no coletivo Nas famiacutelias de menor renda espe-cialmente nos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se uma alta frequumlecircncia de desnu-triccedilatildeo de doenccedilas transmissiacuteveis e de con-diccedilotildees ambientais deficientes As pessoas de famiacutelia de menor renda tecircm em geral niacutevel baixo de instruccedilatildeo e exercem ocupaccedilotildees que podem conter riscos apreciaacuteveis para a sauacutede (PEREIRA 1995)

A esperanccedila de vida ao nascer tem relaccedilatildeo direta com o nuacutemero de salaacuterios miacutenimos da famiacutelia A vida meacutedia eacute mais curta para alguns por serem pobres mal alimentados e portan-to mais vulneraacuteveis a doenccedilas Neste grupo haacute uma proporccedilatildeo substancial de analfabetos de desempregados de subempregados e de habitantes de favelas fatores que potencia-lizam o risco de matildees gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer (PEREIRA 1995)

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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Lima e Sampaio (2004) em um estudo descritivo sobre a influecircncia de fatores obs-teacutetricos socioeconocircmicos e nutricionais da gestante sobre o peso do receacutem-nascido reali-zado em uma maternidade de Teresina-Piauiacute durante o periacuteodo de janeiro a maio de 2003 numa amostra de 277 gestantes em trabalho de parto e seus receacutem-nascidos associando a renda familiar ao baixo peso observaram que matildees com renda abaixo de um salaacuterio miacutenimo per capita tinham um maior percen-tual de crianccedilas com peso menor que 3000g

Mulheres que possuem baixo niacutevel socio-econocircmico e por conseguinte baixa escola-ridade provavelmente apresentam maiores dificuldades na aquisiccedilatildeo de alimentos de boa qualidade natildeo soacute por apresentarem baixo po-der aquisitivo mas tambeacutem por conta da falta de conhecimento quanto a uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada para as necessidades de uma gestante

A pobreza eacute um dos fatores que geram os maiores iacutendices de baixo peso ao nascer ficando portanto a classe social menos privilegiada com os maiores coeficientes de mortalidade neonatal e poacutes-neonatal

Analisando o baixo peso ao nascer em duas coortes (1982 e 1993) de base popula-cional no sul do Brasil Horta et alli (1996) encontraram em 1982 a proporccedilatildeo de crianccedilas com baixo peso ao nascer quase trecircs vezes maior entre as famiacutelias de menor renda (inferior ou igual a um salaacuterio miacutenimo) em comparaccedilatildeo com as de melhor situaccedilatildeo eco-nocircmica (renda acima de dez salaacuterios miacuteni-mos) As diferenccedilas entre os grupos de renda permaneceram marcadas em 1993 com as crianccedilas mais pobres apresentando um risco 24 vezes maior de nascerem com baixo peso do que as de famiacutelias mais ricas

Estado nutricional Materno

A gestaccedilatildeo acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees fisioloacutegicas para o organismo materno assim neste periacuteodo haacute uma maior necessidade de todos os nutrientes baacutesicos para a manutenccedilatildeo da nutriccedilatildeo e sauacutede materna e garantia do ade-quado crescimento e desenvolvimento do feto jaacute que sua uacutenica fonte de nutrientes eacute constitu-iacuteda pelas reservas nutricionais e pela ingestatildeo alimentar da matildee justificando a importacircncia do estado nutricional materno durante a gesta-ccedilatildeo (YAZLLE 1998)

Diversos estudos na aacuterea de nutriccedilatildeo com gestantes tecircm mostrado uma relaccedilatildeo definitiva entre dieta e estado nutricional maternos com as condiccedilotildees do bebecirc ao nascer

Lima e Sampaio (2004) encontraram ao classificar o estado nutricional materno antes da gestaccedilatildeo segundo o IMC que mais da me-tade das gestantes era normal enquanto que as de baixo peso e com excesso de peso repre-sentaram respectivamente 177 e 144 da amostra A maioria das gestantes exibiu ganho de peso ao final da gravidez de acordo com a meacutedia recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (8 a 16kg) Observou-se uma associaccedilatildeo sig-nificante ao relacionar o ganho de peso total durante a gestaccedilatildeo com as meacutedias de peso ao nascer dos receacutem-nascidos

Rodriguez et alli (1991) avaliando 691 gestantes de uma maternidade no municiacutepio de Satildeo Paulo quanto a relaccedilatildeo entre anemia e desnutriccedilatildeo maternas com o peso ao nascer observaram associaccedilatildeo estatisticamente signi-ficativa entre desnutriccedilatildeo no final do periacuteodo graviacutedico e baixo peso ao nascer Constataram ainda em comparaccedilotildees entre diferentes evolu-ccedilotildees do estado nutricional na gestaccedilatildeo que se a desnutriccedilatildeo estiver corrigida no final do pro-cesso o risco de baixo peso ao nascer diminui tornando-se semelhante ao das mulheres que mantiveram normalidade de peso durante o decorrer de toda a gestaccedilatildeo

Caacutessia Gualberto de Paula et al

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Franceschini et alli (2003) que estudaram os fatores de risco para o baixo peso ao nascer em 77 gestantes no uacuteltimo trimestre da gesta-ccedilatildeo no ano de 2001 residentes em favelas da regiatildeo de Vila Mariana em Satildeo Paulo observa-ram em seu estudo que mulheres que iniciaram a gestaccedilatildeo com baixo peso geraram crianccedilas com meacutedias de peso ao nascer apresentando diferenccedilas de -60g e -300g respectivamente em relaccedilatildeo aos pesos obtidos entre as eutroacutefi-cas e as com sobrepesoobesidade Observa-ram ainda que com o aumento de peso na ges-taccedilatildeo houve incremento nas meacutedias de peso ao nascer excetuando-se o grupo cujo ganho de peso foi excessivo Neste estudo os autores encontraram maior incremento ponderal entre os receacutem-nascidos de matildees que ganharam en-tre 70 e 160Kg na gestaccedilatildeo

Halpern et alli (1996) analisando os fa-tores de risco para o baixo peso ao nascer em uma comunidade rural do sul do Brasil encon-traram que mulheres que iniciaram a gravidez com peso inferior a 50Kg apresentaram maior risco de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer

O peso preacute-gestacional tem sido utilizado para avaliar o risco inicial de um prognoacutestico desfavoraacutevel da gestaccedilatildeo para determinar o ganho de peso recomendado e direcionar inter-venccedilotildees nutricionais Um peso preacute-gestacional inadequado acompanhado por ganho de peso insuficiente aumenta o risco de baixo peso ao nascer mortalidade perinatal neonatal e infantil (KRASOVEC ANDERSON 1991)

Gestantes que apresentam uma reserva ina-dequada de nutrientes aliada a uma ingestatildeo dieteacutetica insuficiente poderatildeo ter um compro-metimento do crescimento fetal e consequumlen-temente do peso ao nascer (ROCHA et alli 2005) Tambeacutem o ganho de peso gestacional excessivo natildeo eacute beneacutefico ao receacutem-nascido pois agraves vezes esse excedente serve apenas

para deteriorar o estado nutricional materno e natildeo necessariamente eacute canalizado para o feto (LIZO et alli 1998 ABRAMS et alli 2000) Um ganho de peso insuficiente estaacute relaciona-do a um maior risco de retardo de crescimento intra-uterino e mortalidade perinatal e um ganho de peso excessivo pode estar associado a patologias maternas como o diabetes ges-tacional macrossomia fetal dificuldades no parto e risco para o receacutem-nascido no periacuteodo perinatal como hipoglicemia (ACIOLLY et alli 2005)

Estudando a relaccedilatildeo entre baixo peso materno e baixo peso ao nascer do concepto Lima e Pelaacute analisaram 15 gestantes de baixo peso que realizaram preacute-natal em um Centro Municipal de Sauacutede da periferia de Botucatu-SP no ano de 1995 comparando-as a um gru-po de 8 gestantes de peso normal que frequumlen-tavam o mesmo serviccedilo preacute-natal As autoras encontraram uma diferenccedila meacutedia de peso de 118g a mais para os filhos daquelas matildees com peso normal quando comparados com os filhos de mulheres de baixo peso Aleacutem disso constataram que as gestantes com peso normal tiveram em meacutedia duas semanas de gestaccedilatildeo a mais quando comparadas com aquelas de baixo peso

Sendo assim as recomendaccedilotildees nutricio-nais na gestaccedilatildeo devem ser adequadas a cada mulher considerando-se as variaccedilotildees indivi-duais de acordo com necessidades em cada gestaccedilatildeo incluindo vaacuterios aspectos como as dimensotildees corporais niacutevel de atividade fiacutesica a idade e as gestaccedilotildees muacuteltiplas

COnCLUSatildeO

O baixo peso ao nascer eacute um indicador das condiccedilotildees de sauacutede de grande complexidade apresentando inuacutemeros fatores de risco para sua ocorrecircncia mas ainda controversos O baixo niacutevel socioeconocircmico tem se mostrado

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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um importante fator de risco para o apareci-mento do baixo peso ao nascer A classe social menos favorecida apresentou os maiores coe-ficientes de mortalidade neonatal e poacutes-natal mostrando que os efeitos negativos desse fator estiveram e estatildeo sempre presentes desde o nascimento e ao longo da vida de milhotildees de crianccedilas

De acordo com achados da literatura pode-se afirmar que a baixa escolaridade materna eacute um fator importante que pode predispor o aparecimento de situaccedilotildees de risco para a matildee e o receacutem-nascido estando associada tanto ao baixo peso ao nascer como agrave mortalidade peri-natal neonatal e infantil Estas associa-ccedilotildees podem ocorrer natildeo soacute devido ao menor conhecimento destas matildees quanto a importacircn-cia do preacute-natal mas tambeacutem agrave dificuldade de acesso aos serviccedilos de puericulturaO estado nutricional materno preacute-gestacional e gesta-

cional tem relaccedilatildeo direta com o peso ao nascer uma vez que o feto supre suas necessidades nutricionais atraveacutes das reservas maternas Tal fato demonstra a importacircncia de um acompa-nhamento nutricional preacute-natal eficiente que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e ganho de peso adequado durante a gestaccedilatildeo

A melhoria da cobertura e acesso aos serviccedilos de assistecircncia preacute-natal permitiria identificar matildees com risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal reduzindo assim o baixo peso ao nascer e evitando ou-tros resultados indesejados As informaccedilotildees obtidas atraveacutes deste trabalho evidenciam a necessidade de estrateacutegias de inclusatildeo social da gestante e poliacuteticas de sauacutede dirigidas para um melhor acompanhamento preacute-natal aleacutem de reforccedilar o papel fundamental da nutriccedilatildeo para promoccedilatildeo de haacutebitos alimentares saudaacute-veis dessa populaccedilatildeo

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Em relaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo percentual de nascidos vivos com baixo peso ao nas-cer (menos de 2500g) segundo as regiotildees brasileiras no periacuteodo de 2001 a 2003 observou-se um acreacutescimo na proporccedilatildeo de receacutem-nascidos com baixo peso em todas as regiotildees A regiatildeo que apresentou a maior proporccedilatildeo de receacutem-nascidos de baixo peso em todos os anos estudados foi a regiatildeo Sudeste com 89 91 e 92 em 2001 2002 e 2003 respectivamente enquanto que as regiotildees Norte e Nordeste apresentaram os menores percentuais (SAUDE BRASIL 2005) Esse fato pode ser atribuiacutedo a melho-rias nos registros do Sistema de Informaccedilotildees de Nascidos Vivos (SINASC) na regiatildeo Su-deste

Neste contexto o presente estudo obje-tivou descrever os principais fatores socio-econocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutri-cional relacionados ao baixo peso ao nascer (BPN) a partir da revisatildeo da literatura

MeacutetOdO

Realizou-se a revisatildeo da literatura sobre os indicadores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional relacionados ao baixo peso ao nascer incluindo artigos cientiacuteficos obtidos a partir da busca nas bases de dados BIREME (LILACS MEDLINE e SCIELO) Google Scholar e CAPES considerando o periacuteodo entre 1991 e 2005 Tambeacutem foi realizada uma busca nos perioacutedicos e livros cientiacuteficos da biblioteca da UNISUAM

Nesta revisatildeo foram utilizados os seguin-tes descritores peso nascimento gravidez nutriccedilatildeo crianccedila risco peso ao nascer estado nutricional escolaridade indicado-res receacutem-nascido renda preacute-natal riscos gestacionais fatores de risco assistecircncia fatores socioeconocircmicos baixo peso estado civil gestante Trinta e nove publicaccedilotildees

foram selecionadas referentes ao baixo peso ao nascer e seus fatores determinantes

REvISatildeO da LItERatURa

Peso ao nascer

O peso ao nascer que eacute o primeiro peso obtido apoacutes o nascimento eacute o fator singular que mais exerce influecircncia sobre o estado de sauacutede e as chances de sobrevivecircncia das crianccedilas sendo este um forte fator preditivo da mortalidade e morbidade neonatal (ZAM-BONATO et alli 2004)

Menezes et alli (1996) analisando a mor-talidade infantil em duas coortes de base populacional no sul do Brasil detectaram que crianccedilas nascidas com baixo peso apresen-taram mortalidade doze vezes maior do que crianccedilas com peso adequado ao nascer Tais decorrecircncias demonstram que o baixo peso ao nascer tambeacutem representa um elevado custo ao setor da sauacutede uma vez que estas crianccedilas ne-cessitam de assistecircncia especial os aparelhos utilizados na sua recuperaccedilatildeo satildeo mais caros e precisam ficar internadas por mais tempo

Dentre os diversos fatores determinantes do peso ao nascer encontram-se descritos na literatura o estado nutricional materno antes da concepccedilatildeo e durante a gestaccedilatildeo a assistecircn-cia preacute-natal a condiccedilatildeo de sauacutede materna a maturidade fisioloacutegica a histoacuteria reprodutiva o niacutevel educacional materno e a condiccedilatildeo so-cioeconocircmica (ACIOLLY et alli 2005)

Receacutem-nascidos com baixo peso ao nascer definido como peso inferior agrave 2500g apresen-tam maior predisposiccedilatildeo para mortalidade nas primeiras semanas de vida e aleacutem disso os problemas mentais orgacircnicos e neuroloacutegicos que aparecem na idade adulta satildeo mais graves que nas crianccedilas nascidas com peso adequado (NEEL et alli 1991)

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Fatores determinantes do baixo peso ao nascer

Escolaridade Materna

Levando-se em consideraccedilatildeo os fatores determinantes do baixo peso ao nascer vale ressaltar a importacircncia da escolaridade ma-terna que tambeacutem estaacute associada a um maior risco de mortalidade materna

A literatura descreve que matildees com ateacute oito anos de estudo por serem mais desinfor-madas e provavelmente apresentarem menor interesse ou maior dificuldade de acesso a ser-viccedilos de sauacutede apresentam maiores chances de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer (NASCIMENTO 2003)

Haidar et alli (2001)correlacionando a escolaridade materna com os indicadores obsteacutetricos atraveacutes de 3843 Declaraccedilotildees de Nascidos Vivos em Guaratinguetaacute-SP durante todo o ano de 1998 detectaram que matildees com menos de oito anos de escolaridade tecircm uma chance 15 vez maior de terem receacutem-nascidos com baixo peso Isso pode ser explicado pelo fato de essas matildees terem um padratildeo socioe-conocircmico desfavoraacutevel o que possivelmente acarretaraacute em um menor ganho de peso na gestaccedilatildeo e um iniacutecio mais tardio do preacute-natal

Deve-se tambeacutem considerar que matildees com menor escolaridade na maioria das vezes tecircm mais que trecircs filhos quando comparadas com matildees com maior escolaridade tal fato pode estar associado a um menor intervalo interpartal que pode estar predispondo estas crianccedilas a riscos (HAIDAR et alli 2001) Um intervalo menor que dois anos eacute extremamente prejudicial ao organismo materno e conse-quumlentemente ao feto por dificultar o restabele-cimento das reservas nutricionais e impedir a recuperaccedilatildeo das condiccedilotildees orgacircnicas alteradas pela gestaccedilatildeo

Andrade et alli (2001) analisando as desi-gualdades socioeconocircmicas do baixo peso ao nascer e da mortalidade perinatal no municiacute-pio do Rio de Janeiro em 2001 quanto ao grau de escolaridade atraveacutes do risco atribuiacutevel populacional relativo detectou que 5105 dos oacutebitos perinatais poderiam ser evitados se todas as matildees tivessem o niacutevel superior de instruccedilatildeo

Minamisawa et alli (2004) estudando os fatores associados ao baixo peso ao nascer no estado de Goiaacutes utilizando o Sistema de Infor-maccedilotildees de Nascidos Vivos do Estado no ano de 2000 com uma amostra de 92745 receacutem-nascidos encontraram associaccedilatildeo entre matildees que natildeo sabiam ler e escrever e o baixo peso ao nascer indicando relaccedilatildeo entre o baixo peso e as camadas sociais menos privilegiadas

assistecircncia Preacute-natal

Um dos principais indicadores do prognoacutes-tico ao nascimento eacute a assistecircncia preacute-natal A assistecircncia preacute-natal permite o diagnoacutestico e tratamento de inuacutemeras complicaccedilotildees durante a gestaccedilatildeo e a reduccedilatildeo ou eliminaccedilatildeo de fa-tores e comportamentos de risco possiacuteveis de serem corrigidos (KILSZTAJN et alli 2003)

Os principais propoacutesitos da assistecircncia preacute-natal podem ser resumidos em a) aconselhar educar e apoiar a gestante e os seus familiares b) conduzir os pequenos distuacuterbios da gravi-dez c) proporcionar rastreamento contiacutenuo cliacutenico e laboratorial das intercorrecircncias que possam implicar risco para o binocircmio materno-fetal e no caso de gestaccedilotildees que satildeo consideradas de alto risco acrescenta-se um quarto propoacutesito de assistecircncia preacute-natal d) prevenccedilatildeo detecccedilatildeo e tratamento dos fatores que afetam adversamente a sauacutede materna eou fetal (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2000)

Sugerem-se como regra geral do preacute-

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natal as seguintes rotinas 1) periodicidade quinzenal das consultas ateacute 30 semanas de gestaccedilatildeo e a seguir semanal 2) acompanha-mento multidisciplinar e multiprofissional 3) na gestaccedilatildeo de alto risco natildeo-complicada sugere-se no miacutenimo uma consulta mensal com especialista indicado para o caso 4) exa-me ultra-sonograacutefico obrigatoacuterio antes de 20 semanas e apoacutes 26 semanas a cada 15 dias 5) Dopplerfluxometria eou perfil biofiacutesico fetal quinzenal apoacutes 26 semanas se possiacutevel inter-calados com a ultra-sonografia (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2000)

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede preconi-za que o nuacutemero adequado de consultas preacute-natais deve ser igual ou superior a seis Uma vez que se considera a realizaccedilatildeo de sete ou mais consultas preacute-natais como um indicador de acesso adequado ao serviccedilo de sauacutede a baixa cobertura deste poderaacute refletir a dificul-dade no acesso aos serviccedilos de sauacutede e maior probabilidade de riscos agrave sauacutede da matildee e do receacutem-nascido (MINAMISAWA et alli 2004)

Rodriguez et alli (1991) verificaram asso-ciaccedilatildeo relevante entre assistecircncia preacute-natal e peso ao nascer em Satildeo Paulo A incidecircncia de baixo peso entre filhos de mulheres que natildeo frequumlentaram o preacute-natal foi aproximadamen-te o dobro da observada entre o grupo com preacute-natal adequado

De acordo com Monteiro et alli (2000) em seu estudo sobre a tendecircncia secular do peso ao nascer na cidade de Satildeo Paulo durante os anos de 1976 e 1998 observaram que matildees com menos de cinco consultas preacute-natais na cidade de Satildeo Paulo apresentaram risco relati-vo de baixo peso ao nascer de 247 em relaccedilatildeo a matildees com cinco ou mais consultas mesmo quando controlados o niacutevel da renda familiar e de escolaridade materna

No Brasil o Ministeacuterio da Sauacutede preconiza

como adequado sete ou mais consultas de preacute-natal Nos anos de 2002 e 2003 essa proporccedilatildeo foi de 478 e 499 respectivamente (SAU-DE BRASIL 2005)

A literatura aponta que o nuacutemero de con-sultas preacute-natais estaacute fortemente relacionado agrave escolaridade materna No estudo de Haidar et alli (2004) matildees com maior niacutevel de ins-truccedilatildeo apresentaram chance duas vezes maior de efetuarem mais de seis consultas no preacute-natal indicando que este teria sido iniciado mais precocemente por conta dessas matildees provavelmente darem mais importacircncia ao preacute-natal e talvez terem um acesso mais faacutecil ao acompanhamento preacute-natal

A tabela 1 apresenta o nuacutemero e a pro-porccedilatildeo de consultas preacute-natais referidas pela matildee segundo anos de estudo Brasil 2002 e 2003 Verifica-se uma elevaccedilatildeo da proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com sete ou mais consultas de preacute-natal a medida que aumentam os anos de estudo Os nascidos vivos de matildees com oito a onze anos de estudo que apresenta-ram uma proporccedilatildeo de sete ou mais consultas de preacute-natal foi de 579 em 2002 e 593 em 2003 enquanto que para os de matildees com nenhum ano de estudo esse percentual foi de 228 em 2002 e 234 em 2003 (SAUacuteDE BRASIL 2005)

A proporccedilatildeo de matildees com nenhuma ins-truccedilatildeo e que natildeo realizaram nenhuma consulta preacute-natal foi de 178 em 2002 e 163 em 2003 enquanto que para matildees com oito a onze anos de estudo esses percentuais foram de 15 e 13 em 2002 e 2003 respectivamente (SAUacuteDE BRASIL 2005)

Relacionando o nuacutemero de consultas preacute-natais realizadas com a escolaridade materna segundo a regiatildeo de residecircncia da matildee no Brasil em 2003 as diferenccedilas regionais per-maneceram marcantes (Tabela 2) O percen-

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tual de nascidos de matildees que fizeram sete ou mais consultas de preacute-natal eacute menor no Norte e Nordeste independente da escolaridade da matildee (SAUacuteDE BRASIL 2005)

Tais dados demonstram a existecircncia de di-ferenccedilas regionais importantes no acesso e na qualidade da assistecircncia preacute-natal oferecida agrave

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populaccedilatildeo Essas diferenccedilas reforccedilam as desi-gualdades de oportunidades existentes no paiacutes

Kilsztajn et alli (2003) em seu estudo so-bre assistecircncia preacute-natal analisaram os dados de estatiacutesticas vitais da Fundaccedilatildeo Seade no estado de Satildeo Paulo e observaram a reduccedilatildeo da prevalecircncia de baixo peso eou preacute-termo com o aumento do nuacutemero de consultas preacute-natais Os autores detectaram que o risco re-lativo de baixo peso eou preacute-termo no grupo que realizou sete ou mais consultas preacute-natais foi menor quando comparado com os grupos que tiveram menos de sete consultas preacute-natais

Zambonato et alli (2004) analisando os fatores de risco para nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional em cinco maternidades de Pelotas-RS durante os me-ses de outubro a dezembro de 1996 com uma amostra de 1082 pueacuterperas encontraram que mesmo apoacutes o controle do nuacutemero de consul-tas preacute-natais ainda houve associaccedilatildeo entre baixa qualidade do preacute-natal e nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional sugerindo que o efeito da qualidade eacute inde-pendente do nuacutemero de consultas durante o preacute-natal Os autores concluiacuteram portanto que aleacutem de estimular o nuacutemero de consultas deve-se buscar um aumento na qualidade do preacute-natal

Estado Civil e Renda

Em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees socioeconocircmi-cas o estado civil eacute um importante aspecto a ser levado em consideraccedilatildeo pois a ausecircncia da figura paterna em geral pode trazer menor estabilidade financeira para a famiacutelia poden-do se constituir em fator de risco para o baixo peso ao nascer

Monteiro et alli (2000) estudando a ten-decircncia secular do peso ao nascer na cidade de

Satildeo Paulo detectaram que o risco relativo de baixo peso ao nascer aumentava para matildees que viviam sem companheiro em relaccedilatildeo agraves matildees com companheiro

Kilsztajn et alli (2003) concluiacuteram apoacutes os resultados do seu estudo em Satildeo Paulo que as gestantes natildeo casadas e as de baixa esco-laridade particularmente deveriam receber um acompanhamento preacute-natal especiacutefico capaz de amenizar as condiccedilotildees responsaacuteveis por transformaacute-las em categorias de risco

Minamisawa et alli (2004) tambeacutem en-contraram em seu estudo realizado em Goiaacutes que matildees natildeo casadas apresentaram 123 vezes mais chance de baixo peso ao nascer que as casadas Entretanto receacutem-nascidos de baixo peso natildeo foram associados a matildees sem companheiro em Campinas (CARNIEL et alli 2003)

A renda eacute outro aspecto socioeconocircmico que tem sido frequumlentemente associada com a sauacutede tanto no niacutevel individual quanto no coletivo Nas famiacutelias de menor renda espe-cialmente nos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se uma alta frequumlecircncia de desnu-triccedilatildeo de doenccedilas transmissiacuteveis e de con-diccedilotildees ambientais deficientes As pessoas de famiacutelia de menor renda tecircm em geral niacutevel baixo de instruccedilatildeo e exercem ocupaccedilotildees que podem conter riscos apreciaacuteveis para a sauacutede (PEREIRA 1995)

A esperanccedila de vida ao nascer tem relaccedilatildeo direta com o nuacutemero de salaacuterios miacutenimos da famiacutelia A vida meacutedia eacute mais curta para alguns por serem pobres mal alimentados e portan-to mais vulneraacuteveis a doenccedilas Neste grupo haacute uma proporccedilatildeo substancial de analfabetos de desempregados de subempregados e de habitantes de favelas fatores que potencia-lizam o risco de matildees gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer (PEREIRA 1995)

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Lima e Sampaio (2004) em um estudo descritivo sobre a influecircncia de fatores obs-teacutetricos socioeconocircmicos e nutricionais da gestante sobre o peso do receacutem-nascido reali-zado em uma maternidade de Teresina-Piauiacute durante o periacuteodo de janeiro a maio de 2003 numa amostra de 277 gestantes em trabalho de parto e seus receacutem-nascidos associando a renda familiar ao baixo peso observaram que matildees com renda abaixo de um salaacuterio miacutenimo per capita tinham um maior percen-tual de crianccedilas com peso menor que 3000g

Mulheres que possuem baixo niacutevel socio-econocircmico e por conseguinte baixa escola-ridade provavelmente apresentam maiores dificuldades na aquisiccedilatildeo de alimentos de boa qualidade natildeo soacute por apresentarem baixo po-der aquisitivo mas tambeacutem por conta da falta de conhecimento quanto a uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada para as necessidades de uma gestante

A pobreza eacute um dos fatores que geram os maiores iacutendices de baixo peso ao nascer ficando portanto a classe social menos privilegiada com os maiores coeficientes de mortalidade neonatal e poacutes-neonatal

Analisando o baixo peso ao nascer em duas coortes (1982 e 1993) de base popula-cional no sul do Brasil Horta et alli (1996) encontraram em 1982 a proporccedilatildeo de crianccedilas com baixo peso ao nascer quase trecircs vezes maior entre as famiacutelias de menor renda (inferior ou igual a um salaacuterio miacutenimo) em comparaccedilatildeo com as de melhor situaccedilatildeo eco-nocircmica (renda acima de dez salaacuterios miacuteni-mos) As diferenccedilas entre os grupos de renda permaneceram marcadas em 1993 com as crianccedilas mais pobres apresentando um risco 24 vezes maior de nascerem com baixo peso do que as de famiacutelias mais ricas

Estado nutricional Materno

A gestaccedilatildeo acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees fisioloacutegicas para o organismo materno assim neste periacuteodo haacute uma maior necessidade de todos os nutrientes baacutesicos para a manutenccedilatildeo da nutriccedilatildeo e sauacutede materna e garantia do ade-quado crescimento e desenvolvimento do feto jaacute que sua uacutenica fonte de nutrientes eacute constitu-iacuteda pelas reservas nutricionais e pela ingestatildeo alimentar da matildee justificando a importacircncia do estado nutricional materno durante a gesta-ccedilatildeo (YAZLLE 1998)

Diversos estudos na aacuterea de nutriccedilatildeo com gestantes tecircm mostrado uma relaccedilatildeo definitiva entre dieta e estado nutricional maternos com as condiccedilotildees do bebecirc ao nascer

Lima e Sampaio (2004) encontraram ao classificar o estado nutricional materno antes da gestaccedilatildeo segundo o IMC que mais da me-tade das gestantes era normal enquanto que as de baixo peso e com excesso de peso repre-sentaram respectivamente 177 e 144 da amostra A maioria das gestantes exibiu ganho de peso ao final da gravidez de acordo com a meacutedia recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (8 a 16kg) Observou-se uma associaccedilatildeo sig-nificante ao relacionar o ganho de peso total durante a gestaccedilatildeo com as meacutedias de peso ao nascer dos receacutem-nascidos

Rodriguez et alli (1991) avaliando 691 gestantes de uma maternidade no municiacutepio de Satildeo Paulo quanto a relaccedilatildeo entre anemia e desnutriccedilatildeo maternas com o peso ao nascer observaram associaccedilatildeo estatisticamente signi-ficativa entre desnutriccedilatildeo no final do periacuteodo graviacutedico e baixo peso ao nascer Constataram ainda em comparaccedilotildees entre diferentes evolu-ccedilotildees do estado nutricional na gestaccedilatildeo que se a desnutriccedilatildeo estiver corrigida no final do pro-cesso o risco de baixo peso ao nascer diminui tornando-se semelhante ao das mulheres que mantiveram normalidade de peso durante o decorrer de toda a gestaccedilatildeo

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Franceschini et alli (2003) que estudaram os fatores de risco para o baixo peso ao nascer em 77 gestantes no uacuteltimo trimestre da gesta-ccedilatildeo no ano de 2001 residentes em favelas da regiatildeo de Vila Mariana em Satildeo Paulo observa-ram em seu estudo que mulheres que iniciaram a gestaccedilatildeo com baixo peso geraram crianccedilas com meacutedias de peso ao nascer apresentando diferenccedilas de -60g e -300g respectivamente em relaccedilatildeo aos pesos obtidos entre as eutroacutefi-cas e as com sobrepesoobesidade Observa-ram ainda que com o aumento de peso na ges-taccedilatildeo houve incremento nas meacutedias de peso ao nascer excetuando-se o grupo cujo ganho de peso foi excessivo Neste estudo os autores encontraram maior incremento ponderal entre os receacutem-nascidos de matildees que ganharam en-tre 70 e 160Kg na gestaccedilatildeo

Halpern et alli (1996) analisando os fa-tores de risco para o baixo peso ao nascer em uma comunidade rural do sul do Brasil encon-traram que mulheres que iniciaram a gravidez com peso inferior a 50Kg apresentaram maior risco de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer

O peso preacute-gestacional tem sido utilizado para avaliar o risco inicial de um prognoacutestico desfavoraacutevel da gestaccedilatildeo para determinar o ganho de peso recomendado e direcionar inter-venccedilotildees nutricionais Um peso preacute-gestacional inadequado acompanhado por ganho de peso insuficiente aumenta o risco de baixo peso ao nascer mortalidade perinatal neonatal e infantil (KRASOVEC ANDERSON 1991)

Gestantes que apresentam uma reserva ina-dequada de nutrientes aliada a uma ingestatildeo dieteacutetica insuficiente poderatildeo ter um compro-metimento do crescimento fetal e consequumlen-temente do peso ao nascer (ROCHA et alli 2005) Tambeacutem o ganho de peso gestacional excessivo natildeo eacute beneacutefico ao receacutem-nascido pois agraves vezes esse excedente serve apenas

para deteriorar o estado nutricional materno e natildeo necessariamente eacute canalizado para o feto (LIZO et alli 1998 ABRAMS et alli 2000) Um ganho de peso insuficiente estaacute relaciona-do a um maior risco de retardo de crescimento intra-uterino e mortalidade perinatal e um ganho de peso excessivo pode estar associado a patologias maternas como o diabetes ges-tacional macrossomia fetal dificuldades no parto e risco para o receacutem-nascido no periacuteodo perinatal como hipoglicemia (ACIOLLY et alli 2005)

Estudando a relaccedilatildeo entre baixo peso materno e baixo peso ao nascer do concepto Lima e Pelaacute analisaram 15 gestantes de baixo peso que realizaram preacute-natal em um Centro Municipal de Sauacutede da periferia de Botucatu-SP no ano de 1995 comparando-as a um gru-po de 8 gestantes de peso normal que frequumlen-tavam o mesmo serviccedilo preacute-natal As autoras encontraram uma diferenccedila meacutedia de peso de 118g a mais para os filhos daquelas matildees com peso normal quando comparados com os filhos de mulheres de baixo peso Aleacutem disso constataram que as gestantes com peso normal tiveram em meacutedia duas semanas de gestaccedilatildeo a mais quando comparadas com aquelas de baixo peso

Sendo assim as recomendaccedilotildees nutricio-nais na gestaccedilatildeo devem ser adequadas a cada mulher considerando-se as variaccedilotildees indivi-duais de acordo com necessidades em cada gestaccedilatildeo incluindo vaacuterios aspectos como as dimensotildees corporais niacutevel de atividade fiacutesica a idade e as gestaccedilotildees muacuteltiplas

COnCLUSatildeO

O baixo peso ao nascer eacute um indicador das condiccedilotildees de sauacutede de grande complexidade apresentando inuacutemeros fatores de risco para sua ocorrecircncia mas ainda controversos O baixo niacutevel socioeconocircmico tem se mostrado

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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um importante fator de risco para o apareci-mento do baixo peso ao nascer A classe social menos favorecida apresentou os maiores coe-ficientes de mortalidade neonatal e poacutes-natal mostrando que os efeitos negativos desse fator estiveram e estatildeo sempre presentes desde o nascimento e ao longo da vida de milhotildees de crianccedilas

De acordo com achados da literatura pode-se afirmar que a baixa escolaridade materna eacute um fator importante que pode predispor o aparecimento de situaccedilotildees de risco para a matildee e o receacutem-nascido estando associada tanto ao baixo peso ao nascer como agrave mortalidade peri-natal neonatal e infantil Estas associa-ccedilotildees podem ocorrer natildeo soacute devido ao menor conhecimento destas matildees quanto a importacircn-cia do preacute-natal mas tambeacutem agrave dificuldade de acesso aos serviccedilos de puericulturaO estado nutricional materno preacute-gestacional e gesta-

cional tem relaccedilatildeo direta com o peso ao nascer uma vez que o feto supre suas necessidades nutricionais atraveacutes das reservas maternas Tal fato demonstra a importacircncia de um acompa-nhamento nutricional preacute-natal eficiente que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e ganho de peso adequado durante a gestaccedilatildeo

A melhoria da cobertura e acesso aos serviccedilos de assistecircncia preacute-natal permitiria identificar matildees com risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal reduzindo assim o baixo peso ao nascer e evitando ou-tros resultados indesejados As informaccedilotildees obtidas atraveacutes deste trabalho evidenciam a necessidade de estrateacutegias de inclusatildeo social da gestante e poliacuteticas de sauacutede dirigidas para um melhor acompanhamento preacute-natal aleacutem de reforccedilar o papel fundamental da nutriccedilatildeo para promoccedilatildeo de haacutebitos alimentares saudaacute-veis dessa populaccedilatildeo

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Fatores determinantes do baixo peso ao nascer

Escolaridade Materna

Levando-se em consideraccedilatildeo os fatores determinantes do baixo peso ao nascer vale ressaltar a importacircncia da escolaridade ma-terna que tambeacutem estaacute associada a um maior risco de mortalidade materna

A literatura descreve que matildees com ateacute oito anos de estudo por serem mais desinfor-madas e provavelmente apresentarem menor interesse ou maior dificuldade de acesso a ser-viccedilos de sauacutede apresentam maiores chances de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer (NASCIMENTO 2003)

Haidar et alli (2001)correlacionando a escolaridade materna com os indicadores obsteacutetricos atraveacutes de 3843 Declaraccedilotildees de Nascidos Vivos em Guaratinguetaacute-SP durante todo o ano de 1998 detectaram que matildees com menos de oito anos de escolaridade tecircm uma chance 15 vez maior de terem receacutem-nascidos com baixo peso Isso pode ser explicado pelo fato de essas matildees terem um padratildeo socioe-conocircmico desfavoraacutevel o que possivelmente acarretaraacute em um menor ganho de peso na gestaccedilatildeo e um iniacutecio mais tardio do preacute-natal

Deve-se tambeacutem considerar que matildees com menor escolaridade na maioria das vezes tecircm mais que trecircs filhos quando comparadas com matildees com maior escolaridade tal fato pode estar associado a um menor intervalo interpartal que pode estar predispondo estas crianccedilas a riscos (HAIDAR et alli 2001) Um intervalo menor que dois anos eacute extremamente prejudicial ao organismo materno e conse-quumlentemente ao feto por dificultar o restabele-cimento das reservas nutricionais e impedir a recuperaccedilatildeo das condiccedilotildees orgacircnicas alteradas pela gestaccedilatildeo

Andrade et alli (2001) analisando as desi-gualdades socioeconocircmicas do baixo peso ao nascer e da mortalidade perinatal no municiacute-pio do Rio de Janeiro em 2001 quanto ao grau de escolaridade atraveacutes do risco atribuiacutevel populacional relativo detectou que 5105 dos oacutebitos perinatais poderiam ser evitados se todas as matildees tivessem o niacutevel superior de instruccedilatildeo

Minamisawa et alli (2004) estudando os fatores associados ao baixo peso ao nascer no estado de Goiaacutes utilizando o Sistema de Infor-maccedilotildees de Nascidos Vivos do Estado no ano de 2000 com uma amostra de 92745 receacutem-nascidos encontraram associaccedilatildeo entre matildees que natildeo sabiam ler e escrever e o baixo peso ao nascer indicando relaccedilatildeo entre o baixo peso e as camadas sociais menos privilegiadas

assistecircncia Preacute-natal

Um dos principais indicadores do prognoacutes-tico ao nascimento eacute a assistecircncia preacute-natal A assistecircncia preacute-natal permite o diagnoacutestico e tratamento de inuacutemeras complicaccedilotildees durante a gestaccedilatildeo e a reduccedilatildeo ou eliminaccedilatildeo de fa-tores e comportamentos de risco possiacuteveis de serem corrigidos (KILSZTAJN et alli 2003)

Os principais propoacutesitos da assistecircncia preacute-natal podem ser resumidos em a) aconselhar educar e apoiar a gestante e os seus familiares b) conduzir os pequenos distuacuterbios da gravi-dez c) proporcionar rastreamento contiacutenuo cliacutenico e laboratorial das intercorrecircncias que possam implicar risco para o binocircmio materno-fetal e no caso de gestaccedilotildees que satildeo consideradas de alto risco acrescenta-se um quarto propoacutesito de assistecircncia preacute-natal d) prevenccedilatildeo detecccedilatildeo e tratamento dos fatores que afetam adversamente a sauacutede materna eou fetal (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2000)

Sugerem-se como regra geral do preacute-

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natal as seguintes rotinas 1) periodicidade quinzenal das consultas ateacute 30 semanas de gestaccedilatildeo e a seguir semanal 2) acompanha-mento multidisciplinar e multiprofissional 3) na gestaccedilatildeo de alto risco natildeo-complicada sugere-se no miacutenimo uma consulta mensal com especialista indicado para o caso 4) exa-me ultra-sonograacutefico obrigatoacuterio antes de 20 semanas e apoacutes 26 semanas a cada 15 dias 5) Dopplerfluxometria eou perfil biofiacutesico fetal quinzenal apoacutes 26 semanas se possiacutevel inter-calados com a ultra-sonografia (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2000)

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede preconi-za que o nuacutemero adequado de consultas preacute-natais deve ser igual ou superior a seis Uma vez que se considera a realizaccedilatildeo de sete ou mais consultas preacute-natais como um indicador de acesso adequado ao serviccedilo de sauacutede a baixa cobertura deste poderaacute refletir a dificul-dade no acesso aos serviccedilos de sauacutede e maior probabilidade de riscos agrave sauacutede da matildee e do receacutem-nascido (MINAMISAWA et alli 2004)

Rodriguez et alli (1991) verificaram asso-ciaccedilatildeo relevante entre assistecircncia preacute-natal e peso ao nascer em Satildeo Paulo A incidecircncia de baixo peso entre filhos de mulheres que natildeo frequumlentaram o preacute-natal foi aproximadamen-te o dobro da observada entre o grupo com preacute-natal adequado

De acordo com Monteiro et alli (2000) em seu estudo sobre a tendecircncia secular do peso ao nascer na cidade de Satildeo Paulo durante os anos de 1976 e 1998 observaram que matildees com menos de cinco consultas preacute-natais na cidade de Satildeo Paulo apresentaram risco relati-vo de baixo peso ao nascer de 247 em relaccedilatildeo a matildees com cinco ou mais consultas mesmo quando controlados o niacutevel da renda familiar e de escolaridade materna

No Brasil o Ministeacuterio da Sauacutede preconiza

como adequado sete ou mais consultas de preacute-natal Nos anos de 2002 e 2003 essa proporccedilatildeo foi de 478 e 499 respectivamente (SAU-DE BRASIL 2005)

A literatura aponta que o nuacutemero de con-sultas preacute-natais estaacute fortemente relacionado agrave escolaridade materna No estudo de Haidar et alli (2004) matildees com maior niacutevel de ins-truccedilatildeo apresentaram chance duas vezes maior de efetuarem mais de seis consultas no preacute-natal indicando que este teria sido iniciado mais precocemente por conta dessas matildees provavelmente darem mais importacircncia ao preacute-natal e talvez terem um acesso mais faacutecil ao acompanhamento preacute-natal

A tabela 1 apresenta o nuacutemero e a pro-porccedilatildeo de consultas preacute-natais referidas pela matildee segundo anos de estudo Brasil 2002 e 2003 Verifica-se uma elevaccedilatildeo da proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com sete ou mais consultas de preacute-natal a medida que aumentam os anos de estudo Os nascidos vivos de matildees com oito a onze anos de estudo que apresenta-ram uma proporccedilatildeo de sete ou mais consultas de preacute-natal foi de 579 em 2002 e 593 em 2003 enquanto que para os de matildees com nenhum ano de estudo esse percentual foi de 228 em 2002 e 234 em 2003 (SAUacuteDE BRASIL 2005)

A proporccedilatildeo de matildees com nenhuma ins-truccedilatildeo e que natildeo realizaram nenhuma consulta preacute-natal foi de 178 em 2002 e 163 em 2003 enquanto que para matildees com oito a onze anos de estudo esses percentuais foram de 15 e 13 em 2002 e 2003 respectivamente (SAUacuteDE BRASIL 2005)

Relacionando o nuacutemero de consultas preacute-natais realizadas com a escolaridade materna segundo a regiatildeo de residecircncia da matildee no Brasil em 2003 as diferenccedilas regionais per-maneceram marcantes (Tabela 2) O percen-

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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tual de nascidos de matildees que fizeram sete ou mais consultas de preacute-natal eacute menor no Norte e Nordeste independente da escolaridade da matildee (SAUacuteDE BRASIL 2005)

Tais dados demonstram a existecircncia de di-ferenccedilas regionais importantes no acesso e na qualidade da assistecircncia preacute-natal oferecida agrave

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populaccedilatildeo Essas diferenccedilas reforccedilam as desi-gualdades de oportunidades existentes no paiacutes

Kilsztajn et alli (2003) em seu estudo so-bre assistecircncia preacute-natal analisaram os dados de estatiacutesticas vitais da Fundaccedilatildeo Seade no estado de Satildeo Paulo e observaram a reduccedilatildeo da prevalecircncia de baixo peso eou preacute-termo com o aumento do nuacutemero de consultas preacute-natais Os autores detectaram que o risco re-lativo de baixo peso eou preacute-termo no grupo que realizou sete ou mais consultas preacute-natais foi menor quando comparado com os grupos que tiveram menos de sete consultas preacute-natais

Zambonato et alli (2004) analisando os fatores de risco para nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional em cinco maternidades de Pelotas-RS durante os me-ses de outubro a dezembro de 1996 com uma amostra de 1082 pueacuterperas encontraram que mesmo apoacutes o controle do nuacutemero de consul-tas preacute-natais ainda houve associaccedilatildeo entre baixa qualidade do preacute-natal e nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional sugerindo que o efeito da qualidade eacute inde-pendente do nuacutemero de consultas durante o preacute-natal Os autores concluiacuteram portanto que aleacutem de estimular o nuacutemero de consultas deve-se buscar um aumento na qualidade do preacute-natal

Estado Civil e Renda

Em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees socioeconocircmi-cas o estado civil eacute um importante aspecto a ser levado em consideraccedilatildeo pois a ausecircncia da figura paterna em geral pode trazer menor estabilidade financeira para a famiacutelia poden-do se constituir em fator de risco para o baixo peso ao nascer

Monteiro et alli (2000) estudando a ten-decircncia secular do peso ao nascer na cidade de

Satildeo Paulo detectaram que o risco relativo de baixo peso ao nascer aumentava para matildees que viviam sem companheiro em relaccedilatildeo agraves matildees com companheiro

Kilsztajn et alli (2003) concluiacuteram apoacutes os resultados do seu estudo em Satildeo Paulo que as gestantes natildeo casadas e as de baixa esco-laridade particularmente deveriam receber um acompanhamento preacute-natal especiacutefico capaz de amenizar as condiccedilotildees responsaacuteveis por transformaacute-las em categorias de risco

Minamisawa et alli (2004) tambeacutem en-contraram em seu estudo realizado em Goiaacutes que matildees natildeo casadas apresentaram 123 vezes mais chance de baixo peso ao nascer que as casadas Entretanto receacutem-nascidos de baixo peso natildeo foram associados a matildees sem companheiro em Campinas (CARNIEL et alli 2003)

A renda eacute outro aspecto socioeconocircmico que tem sido frequumlentemente associada com a sauacutede tanto no niacutevel individual quanto no coletivo Nas famiacutelias de menor renda espe-cialmente nos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se uma alta frequumlecircncia de desnu-triccedilatildeo de doenccedilas transmissiacuteveis e de con-diccedilotildees ambientais deficientes As pessoas de famiacutelia de menor renda tecircm em geral niacutevel baixo de instruccedilatildeo e exercem ocupaccedilotildees que podem conter riscos apreciaacuteveis para a sauacutede (PEREIRA 1995)

A esperanccedila de vida ao nascer tem relaccedilatildeo direta com o nuacutemero de salaacuterios miacutenimos da famiacutelia A vida meacutedia eacute mais curta para alguns por serem pobres mal alimentados e portan-to mais vulneraacuteveis a doenccedilas Neste grupo haacute uma proporccedilatildeo substancial de analfabetos de desempregados de subempregados e de habitantes de favelas fatores que potencia-lizam o risco de matildees gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer (PEREIRA 1995)

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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Lima e Sampaio (2004) em um estudo descritivo sobre a influecircncia de fatores obs-teacutetricos socioeconocircmicos e nutricionais da gestante sobre o peso do receacutem-nascido reali-zado em uma maternidade de Teresina-Piauiacute durante o periacuteodo de janeiro a maio de 2003 numa amostra de 277 gestantes em trabalho de parto e seus receacutem-nascidos associando a renda familiar ao baixo peso observaram que matildees com renda abaixo de um salaacuterio miacutenimo per capita tinham um maior percen-tual de crianccedilas com peso menor que 3000g

Mulheres que possuem baixo niacutevel socio-econocircmico e por conseguinte baixa escola-ridade provavelmente apresentam maiores dificuldades na aquisiccedilatildeo de alimentos de boa qualidade natildeo soacute por apresentarem baixo po-der aquisitivo mas tambeacutem por conta da falta de conhecimento quanto a uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada para as necessidades de uma gestante

A pobreza eacute um dos fatores que geram os maiores iacutendices de baixo peso ao nascer ficando portanto a classe social menos privilegiada com os maiores coeficientes de mortalidade neonatal e poacutes-neonatal

Analisando o baixo peso ao nascer em duas coortes (1982 e 1993) de base popula-cional no sul do Brasil Horta et alli (1996) encontraram em 1982 a proporccedilatildeo de crianccedilas com baixo peso ao nascer quase trecircs vezes maior entre as famiacutelias de menor renda (inferior ou igual a um salaacuterio miacutenimo) em comparaccedilatildeo com as de melhor situaccedilatildeo eco-nocircmica (renda acima de dez salaacuterios miacuteni-mos) As diferenccedilas entre os grupos de renda permaneceram marcadas em 1993 com as crianccedilas mais pobres apresentando um risco 24 vezes maior de nascerem com baixo peso do que as de famiacutelias mais ricas

Estado nutricional Materno

A gestaccedilatildeo acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees fisioloacutegicas para o organismo materno assim neste periacuteodo haacute uma maior necessidade de todos os nutrientes baacutesicos para a manutenccedilatildeo da nutriccedilatildeo e sauacutede materna e garantia do ade-quado crescimento e desenvolvimento do feto jaacute que sua uacutenica fonte de nutrientes eacute constitu-iacuteda pelas reservas nutricionais e pela ingestatildeo alimentar da matildee justificando a importacircncia do estado nutricional materno durante a gesta-ccedilatildeo (YAZLLE 1998)

Diversos estudos na aacuterea de nutriccedilatildeo com gestantes tecircm mostrado uma relaccedilatildeo definitiva entre dieta e estado nutricional maternos com as condiccedilotildees do bebecirc ao nascer

Lima e Sampaio (2004) encontraram ao classificar o estado nutricional materno antes da gestaccedilatildeo segundo o IMC que mais da me-tade das gestantes era normal enquanto que as de baixo peso e com excesso de peso repre-sentaram respectivamente 177 e 144 da amostra A maioria das gestantes exibiu ganho de peso ao final da gravidez de acordo com a meacutedia recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (8 a 16kg) Observou-se uma associaccedilatildeo sig-nificante ao relacionar o ganho de peso total durante a gestaccedilatildeo com as meacutedias de peso ao nascer dos receacutem-nascidos

Rodriguez et alli (1991) avaliando 691 gestantes de uma maternidade no municiacutepio de Satildeo Paulo quanto a relaccedilatildeo entre anemia e desnutriccedilatildeo maternas com o peso ao nascer observaram associaccedilatildeo estatisticamente signi-ficativa entre desnutriccedilatildeo no final do periacuteodo graviacutedico e baixo peso ao nascer Constataram ainda em comparaccedilotildees entre diferentes evolu-ccedilotildees do estado nutricional na gestaccedilatildeo que se a desnutriccedilatildeo estiver corrigida no final do pro-cesso o risco de baixo peso ao nascer diminui tornando-se semelhante ao das mulheres que mantiveram normalidade de peso durante o decorrer de toda a gestaccedilatildeo

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Franceschini et alli (2003) que estudaram os fatores de risco para o baixo peso ao nascer em 77 gestantes no uacuteltimo trimestre da gesta-ccedilatildeo no ano de 2001 residentes em favelas da regiatildeo de Vila Mariana em Satildeo Paulo observa-ram em seu estudo que mulheres que iniciaram a gestaccedilatildeo com baixo peso geraram crianccedilas com meacutedias de peso ao nascer apresentando diferenccedilas de -60g e -300g respectivamente em relaccedilatildeo aos pesos obtidos entre as eutroacutefi-cas e as com sobrepesoobesidade Observa-ram ainda que com o aumento de peso na ges-taccedilatildeo houve incremento nas meacutedias de peso ao nascer excetuando-se o grupo cujo ganho de peso foi excessivo Neste estudo os autores encontraram maior incremento ponderal entre os receacutem-nascidos de matildees que ganharam en-tre 70 e 160Kg na gestaccedilatildeo

Halpern et alli (1996) analisando os fa-tores de risco para o baixo peso ao nascer em uma comunidade rural do sul do Brasil encon-traram que mulheres que iniciaram a gravidez com peso inferior a 50Kg apresentaram maior risco de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer

O peso preacute-gestacional tem sido utilizado para avaliar o risco inicial de um prognoacutestico desfavoraacutevel da gestaccedilatildeo para determinar o ganho de peso recomendado e direcionar inter-venccedilotildees nutricionais Um peso preacute-gestacional inadequado acompanhado por ganho de peso insuficiente aumenta o risco de baixo peso ao nascer mortalidade perinatal neonatal e infantil (KRASOVEC ANDERSON 1991)

Gestantes que apresentam uma reserva ina-dequada de nutrientes aliada a uma ingestatildeo dieteacutetica insuficiente poderatildeo ter um compro-metimento do crescimento fetal e consequumlen-temente do peso ao nascer (ROCHA et alli 2005) Tambeacutem o ganho de peso gestacional excessivo natildeo eacute beneacutefico ao receacutem-nascido pois agraves vezes esse excedente serve apenas

para deteriorar o estado nutricional materno e natildeo necessariamente eacute canalizado para o feto (LIZO et alli 1998 ABRAMS et alli 2000) Um ganho de peso insuficiente estaacute relaciona-do a um maior risco de retardo de crescimento intra-uterino e mortalidade perinatal e um ganho de peso excessivo pode estar associado a patologias maternas como o diabetes ges-tacional macrossomia fetal dificuldades no parto e risco para o receacutem-nascido no periacuteodo perinatal como hipoglicemia (ACIOLLY et alli 2005)

Estudando a relaccedilatildeo entre baixo peso materno e baixo peso ao nascer do concepto Lima e Pelaacute analisaram 15 gestantes de baixo peso que realizaram preacute-natal em um Centro Municipal de Sauacutede da periferia de Botucatu-SP no ano de 1995 comparando-as a um gru-po de 8 gestantes de peso normal que frequumlen-tavam o mesmo serviccedilo preacute-natal As autoras encontraram uma diferenccedila meacutedia de peso de 118g a mais para os filhos daquelas matildees com peso normal quando comparados com os filhos de mulheres de baixo peso Aleacutem disso constataram que as gestantes com peso normal tiveram em meacutedia duas semanas de gestaccedilatildeo a mais quando comparadas com aquelas de baixo peso

Sendo assim as recomendaccedilotildees nutricio-nais na gestaccedilatildeo devem ser adequadas a cada mulher considerando-se as variaccedilotildees indivi-duais de acordo com necessidades em cada gestaccedilatildeo incluindo vaacuterios aspectos como as dimensotildees corporais niacutevel de atividade fiacutesica a idade e as gestaccedilotildees muacuteltiplas

COnCLUSatildeO

O baixo peso ao nascer eacute um indicador das condiccedilotildees de sauacutede de grande complexidade apresentando inuacutemeros fatores de risco para sua ocorrecircncia mas ainda controversos O baixo niacutevel socioeconocircmico tem se mostrado

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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um importante fator de risco para o apareci-mento do baixo peso ao nascer A classe social menos favorecida apresentou os maiores coe-ficientes de mortalidade neonatal e poacutes-natal mostrando que os efeitos negativos desse fator estiveram e estatildeo sempre presentes desde o nascimento e ao longo da vida de milhotildees de crianccedilas

De acordo com achados da literatura pode-se afirmar que a baixa escolaridade materna eacute um fator importante que pode predispor o aparecimento de situaccedilotildees de risco para a matildee e o receacutem-nascido estando associada tanto ao baixo peso ao nascer como agrave mortalidade peri-natal neonatal e infantil Estas associa-ccedilotildees podem ocorrer natildeo soacute devido ao menor conhecimento destas matildees quanto a importacircn-cia do preacute-natal mas tambeacutem agrave dificuldade de acesso aos serviccedilos de puericulturaO estado nutricional materno preacute-gestacional e gesta-

cional tem relaccedilatildeo direta com o peso ao nascer uma vez que o feto supre suas necessidades nutricionais atraveacutes das reservas maternas Tal fato demonstra a importacircncia de um acompa-nhamento nutricional preacute-natal eficiente que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e ganho de peso adequado durante a gestaccedilatildeo

A melhoria da cobertura e acesso aos serviccedilos de assistecircncia preacute-natal permitiria identificar matildees com risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal reduzindo assim o baixo peso ao nascer e evitando ou-tros resultados indesejados As informaccedilotildees obtidas atraveacutes deste trabalho evidenciam a necessidade de estrateacutegias de inclusatildeo social da gestante e poliacuteticas de sauacutede dirigidas para um melhor acompanhamento preacute-natal aleacutem de reforccedilar o papel fundamental da nutriccedilatildeo para promoccedilatildeo de haacutebitos alimentares saudaacute-veis dessa populaccedilatildeo

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natal as seguintes rotinas 1) periodicidade quinzenal das consultas ateacute 30 semanas de gestaccedilatildeo e a seguir semanal 2) acompanha-mento multidisciplinar e multiprofissional 3) na gestaccedilatildeo de alto risco natildeo-complicada sugere-se no miacutenimo uma consulta mensal com especialista indicado para o caso 4) exa-me ultra-sonograacutefico obrigatoacuterio antes de 20 semanas e apoacutes 26 semanas a cada 15 dias 5) Dopplerfluxometria eou perfil biofiacutesico fetal quinzenal apoacutes 26 semanas se possiacutevel inter-calados com a ultra-sonografia (MINISTERIO DA SAUacuteDE 2000)

A Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede preconi-za que o nuacutemero adequado de consultas preacute-natais deve ser igual ou superior a seis Uma vez que se considera a realizaccedilatildeo de sete ou mais consultas preacute-natais como um indicador de acesso adequado ao serviccedilo de sauacutede a baixa cobertura deste poderaacute refletir a dificul-dade no acesso aos serviccedilos de sauacutede e maior probabilidade de riscos agrave sauacutede da matildee e do receacutem-nascido (MINAMISAWA et alli 2004)

Rodriguez et alli (1991) verificaram asso-ciaccedilatildeo relevante entre assistecircncia preacute-natal e peso ao nascer em Satildeo Paulo A incidecircncia de baixo peso entre filhos de mulheres que natildeo frequumlentaram o preacute-natal foi aproximadamen-te o dobro da observada entre o grupo com preacute-natal adequado

De acordo com Monteiro et alli (2000) em seu estudo sobre a tendecircncia secular do peso ao nascer na cidade de Satildeo Paulo durante os anos de 1976 e 1998 observaram que matildees com menos de cinco consultas preacute-natais na cidade de Satildeo Paulo apresentaram risco relati-vo de baixo peso ao nascer de 247 em relaccedilatildeo a matildees com cinco ou mais consultas mesmo quando controlados o niacutevel da renda familiar e de escolaridade materna

No Brasil o Ministeacuterio da Sauacutede preconiza

como adequado sete ou mais consultas de preacute-natal Nos anos de 2002 e 2003 essa proporccedilatildeo foi de 478 e 499 respectivamente (SAU-DE BRASIL 2005)

A literatura aponta que o nuacutemero de con-sultas preacute-natais estaacute fortemente relacionado agrave escolaridade materna No estudo de Haidar et alli (2004) matildees com maior niacutevel de ins-truccedilatildeo apresentaram chance duas vezes maior de efetuarem mais de seis consultas no preacute-natal indicando que este teria sido iniciado mais precocemente por conta dessas matildees provavelmente darem mais importacircncia ao preacute-natal e talvez terem um acesso mais faacutecil ao acompanhamento preacute-natal

A tabela 1 apresenta o nuacutemero e a pro-porccedilatildeo de consultas preacute-natais referidas pela matildee segundo anos de estudo Brasil 2002 e 2003 Verifica-se uma elevaccedilatildeo da proporccedilatildeo de nascidos vivos de matildees com sete ou mais consultas de preacute-natal a medida que aumentam os anos de estudo Os nascidos vivos de matildees com oito a onze anos de estudo que apresenta-ram uma proporccedilatildeo de sete ou mais consultas de preacute-natal foi de 579 em 2002 e 593 em 2003 enquanto que para os de matildees com nenhum ano de estudo esse percentual foi de 228 em 2002 e 234 em 2003 (SAUacuteDE BRASIL 2005)

A proporccedilatildeo de matildees com nenhuma ins-truccedilatildeo e que natildeo realizaram nenhuma consulta preacute-natal foi de 178 em 2002 e 163 em 2003 enquanto que para matildees com oito a onze anos de estudo esses percentuais foram de 15 e 13 em 2002 e 2003 respectivamente (SAUacuteDE BRASIL 2005)

Relacionando o nuacutemero de consultas preacute-natais realizadas com a escolaridade materna segundo a regiatildeo de residecircncia da matildee no Brasil em 2003 as diferenccedilas regionais per-maneceram marcantes (Tabela 2) O percen-

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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tual de nascidos de matildees que fizeram sete ou mais consultas de preacute-natal eacute menor no Norte e Nordeste independente da escolaridade da matildee (SAUacuteDE BRASIL 2005)

Tais dados demonstram a existecircncia de di-ferenccedilas regionais importantes no acesso e na qualidade da assistecircncia preacute-natal oferecida agrave

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populaccedilatildeo Essas diferenccedilas reforccedilam as desi-gualdades de oportunidades existentes no paiacutes

Kilsztajn et alli (2003) em seu estudo so-bre assistecircncia preacute-natal analisaram os dados de estatiacutesticas vitais da Fundaccedilatildeo Seade no estado de Satildeo Paulo e observaram a reduccedilatildeo da prevalecircncia de baixo peso eou preacute-termo com o aumento do nuacutemero de consultas preacute-natais Os autores detectaram que o risco re-lativo de baixo peso eou preacute-termo no grupo que realizou sete ou mais consultas preacute-natais foi menor quando comparado com os grupos que tiveram menos de sete consultas preacute-natais

Zambonato et alli (2004) analisando os fatores de risco para nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional em cinco maternidades de Pelotas-RS durante os me-ses de outubro a dezembro de 1996 com uma amostra de 1082 pueacuterperas encontraram que mesmo apoacutes o controle do nuacutemero de consul-tas preacute-natais ainda houve associaccedilatildeo entre baixa qualidade do preacute-natal e nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional sugerindo que o efeito da qualidade eacute inde-pendente do nuacutemero de consultas durante o preacute-natal Os autores concluiacuteram portanto que aleacutem de estimular o nuacutemero de consultas deve-se buscar um aumento na qualidade do preacute-natal

Estado Civil e Renda

Em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees socioeconocircmi-cas o estado civil eacute um importante aspecto a ser levado em consideraccedilatildeo pois a ausecircncia da figura paterna em geral pode trazer menor estabilidade financeira para a famiacutelia poden-do se constituir em fator de risco para o baixo peso ao nascer

Monteiro et alli (2000) estudando a ten-decircncia secular do peso ao nascer na cidade de

Satildeo Paulo detectaram que o risco relativo de baixo peso ao nascer aumentava para matildees que viviam sem companheiro em relaccedilatildeo agraves matildees com companheiro

Kilsztajn et alli (2003) concluiacuteram apoacutes os resultados do seu estudo em Satildeo Paulo que as gestantes natildeo casadas e as de baixa esco-laridade particularmente deveriam receber um acompanhamento preacute-natal especiacutefico capaz de amenizar as condiccedilotildees responsaacuteveis por transformaacute-las em categorias de risco

Minamisawa et alli (2004) tambeacutem en-contraram em seu estudo realizado em Goiaacutes que matildees natildeo casadas apresentaram 123 vezes mais chance de baixo peso ao nascer que as casadas Entretanto receacutem-nascidos de baixo peso natildeo foram associados a matildees sem companheiro em Campinas (CARNIEL et alli 2003)

A renda eacute outro aspecto socioeconocircmico que tem sido frequumlentemente associada com a sauacutede tanto no niacutevel individual quanto no coletivo Nas famiacutelias de menor renda espe-cialmente nos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se uma alta frequumlecircncia de desnu-triccedilatildeo de doenccedilas transmissiacuteveis e de con-diccedilotildees ambientais deficientes As pessoas de famiacutelia de menor renda tecircm em geral niacutevel baixo de instruccedilatildeo e exercem ocupaccedilotildees que podem conter riscos apreciaacuteveis para a sauacutede (PEREIRA 1995)

A esperanccedila de vida ao nascer tem relaccedilatildeo direta com o nuacutemero de salaacuterios miacutenimos da famiacutelia A vida meacutedia eacute mais curta para alguns por serem pobres mal alimentados e portan-to mais vulneraacuteveis a doenccedilas Neste grupo haacute uma proporccedilatildeo substancial de analfabetos de desempregados de subempregados e de habitantes de favelas fatores que potencia-lizam o risco de matildees gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer (PEREIRA 1995)

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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Lima e Sampaio (2004) em um estudo descritivo sobre a influecircncia de fatores obs-teacutetricos socioeconocircmicos e nutricionais da gestante sobre o peso do receacutem-nascido reali-zado em uma maternidade de Teresina-Piauiacute durante o periacuteodo de janeiro a maio de 2003 numa amostra de 277 gestantes em trabalho de parto e seus receacutem-nascidos associando a renda familiar ao baixo peso observaram que matildees com renda abaixo de um salaacuterio miacutenimo per capita tinham um maior percen-tual de crianccedilas com peso menor que 3000g

Mulheres que possuem baixo niacutevel socio-econocircmico e por conseguinte baixa escola-ridade provavelmente apresentam maiores dificuldades na aquisiccedilatildeo de alimentos de boa qualidade natildeo soacute por apresentarem baixo po-der aquisitivo mas tambeacutem por conta da falta de conhecimento quanto a uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada para as necessidades de uma gestante

A pobreza eacute um dos fatores que geram os maiores iacutendices de baixo peso ao nascer ficando portanto a classe social menos privilegiada com os maiores coeficientes de mortalidade neonatal e poacutes-neonatal

Analisando o baixo peso ao nascer em duas coortes (1982 e 1993) de base popula-cional no sul do Brasil Horta et alli (1996) encontraram em 1982 a proporccedilatildeo de crianccedilas com baixo peso ao nascer quase trecircs vezes maior entre as famiacutelias de menor renda (inferior ou igual a um salaacuterio miacutenimo) em comparaccedilatildeo com as de melhor situaccedilatildeo eco-nocircmica (renda acima de dez salaacuterios miacuteni-mos) As diferenccedilas entre os grupos de renda permaneceram marcadas em 1993 com as crianccedilas mais pobres apresentando um risco 24 vezes maior de nascerem com baixo peso do que as de famiacutelias mais ricas

Estado nutricional Materno

A gestaccedilatildeo acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees fisioloacutegicas para o organismo materno assim neste periacuteodo haacute uma maior necessidade de todos os nutrientes baacutesicos para a manutenccedilatildeo da nutriccedilatildeo e sauacutede materna e garantia do ade-quado crescimento e desenvolvimento do feto jaacute que sua uacutenica fonte de nutrientes eacute constitu-iacuteda pelas reservas nutricionais e pela ingestatildeo alimentar da matildee justificando a importacircncia do estado nutricional materno durante a gesta-ccedilatildeo (YAZLLE 1998)

Diversos estudos na aacuterea de nutriccedilatildeo com gestantes tecircm mostrado uma relaccedilatildeo definitiva entre dieta e estado nutricional maternos com as condiccedilotildees do bebecirc ao nascer

Lima e Sampaio (2004) encontraram ao classificar o estado nutricional materno antes da gestaccedilatildeo segundo o IMC que mais da me-tade das gestantes era normal enquanto que as de baixo peso e com excesso de peso repre-sentaram respectivamente 177 e 144 da amostra A maioria das gestantes exibiu ganho de peso ao final da gravidez de acordo com a meacutedia recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (8 a 16kg) Observou-se uma associaccedilatildeo sig-nificante ao relacionar o ganho de peso total durante a gestaccedilatildeo com as meacutedias de peso ao nascer dos receacutem-nascidos

Rodriguez et alli (1991) avaliando 691 gestantes de uma maternidade no municiacutepio de Satildeo Paulo quanto a relaccedilatildeo entre anemia e desnutriccedilatildeo maternas com o peso ao nascer observaram associaccedilatildeo estatisticamente signi-ficativa entre desnutriccedilatildeo no final do periacuteodo graviacutedico e baixo peso ao nascer Constataram ainda em comparaccedilotildees entre diferentes evolu-ccedilotildees do estado nutricional na gestaccedilatildeo que se a desnutriccedilatildeo estiver corrigida no final do pro-cesso o risco de baixo peso ao nascer diminui tornando-se semelhante ao das mulheres que mantiveram normalidade de peso durante o decorrer de toda a gestaccedilatildeo

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Franceschini et alli (2003) que estudaram os fatores de risco para o baixo peso ao nascer em 77 gestantes no uacuteltimo trimestre da gesta-ccedilatildeo no ano de 2001 residentes em favelas da regiatildeo de Vila Mariana em Satildeo Paulo observa-ram em seu estudo que mulheres que iniciaram a gestaccedilatildeo com baixo peso geraram crianccedilas com meacutedias de peso ao nascer apresentando diferenccedilas de -60g e -300g respectivamente em relaccedilatildeo aos pesos obtidos entre as eutroacutefi-cas e as com sobrepesoobesidade Observa-ram ainda que com o aumento de peso na ges-taccedilatildeo houve incremento nas meacutedias de peso ao nascer excetuando-se o grupo cujo ganho de peso foi excessivo Neste estudo os autores encontraram maior incremento ponderal entre os receacutem-nascidos de matildees que ganharam en-tre 70 e 160Kg na gestaccedilatildeo

Halpern et alli (1996) analisando os fa-tores de risco para o baixo peso ao nascer em uma comunidade rural do sul do Brasil encon-traram que mulheres que iniciaram a gravidez com peso inferior a 50Kg apresentaram maior risco de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer

O peso preacute-gestacional tem sido utilizado para avaliar o risco inicial de um prognoacutestico desfavoraacutevel da gestaccedilatildeo para determinar o ganho de peso recomendado e direcionar inter-venccedilotildees nutricionais Um peso preacute-gestacional inadequado acompanhado por ganho de peso insuficiente aumenta o risco de baixo peso ao nascer mortalidade perinatal neonatal e infantil (KRASOVEC ANDERSON 1991)

Gestantes que apresentam uma reserva ina-dequada de nutrientes aliada a uma ingestatildeo dieteacutetica insuficiente poderatildeo ter um compro-metimento do crescimento fetal e consequumlen-temente do peso ao nascer (ROCHA et alli 2005) Tambeacutem o ganho de peso gestacional excessivo natildeo eacute beneacutefico ao receacutem-nascido pois agraves vezes esse excedente serve apenas

para deteriorar o estado nutricional materno e natildeo necessariamente eacute canalizado para o feto (LIZO et alli 1998 ABRAMS et alli 2000) Um ganho de peso insuficiente estaacute relaciona-do a um maior risco de retardo de crescimento intra-uterino e mortalidade perinatal e um ganho de peso excessivo pode estar associado a patologias maternas como o diabetes ges-tacional macrossomia fetal dificuldades no parto e risco para o receacutem-nascido no periacuteodo perinatal como hipoglicemia (ACIOLLY et alli 2005)

Estudando a relaccedilatildeo entre baixo peso materno e baixo peso ao nascer do concepto Lima e Pelaacute analisaram 15 gestantes de baixo peso que realizaram preacute-natal em um Centro Municipal de Sauacutede da periferia de Botucatu-SP no ano de 1995 comparando-as a um gru-po de 8 gestantes de peso normal que frequumlen-tavam o mesmo serviccedilo preacute-natal As autoras encontraram uma diferenccedila meacutedia de peso de 118g a mais para os filhos daquelas matildees com peso normal quando comparados com os filhos de mulheres de baixo peso Aleacutem disso constataram que as gestantes com peso normal tiveram em meacutedia duas semanas de gestaccedilatildeo a mais quando comparadas com aquelas de baixo peso

Sendo assim as recomendaccedilotildees nutricio-nais na gestaccedilatildeo devem ser adequadas a cada mulher considerando-se as variaccedilotildees indivi-duais de acordo com necessidades em cada gestaccedilatildeo incluindo vaacuterios aspectos como as dimensotildees corporais niacutevel de atividade fiacutesica a idade e as gestaccedilotildees muacuteltiplas

COnCLUSatildeO

O baixo peso ao nascer eacute um indicador das condiccedilotildees de sauacutede de grande complexidade apresentando inuacutemeros fatores de risco para sua ocorrecircncia mas ainda controversos O baixo niacutevel socioeconocircmico tem se mostrado

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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BARROS FC VICTORA CG VAUGHAN JP ESTANISLAU HJ Bajo peso al nascer em el municipio de Pelotas Brasil factores de riesgo Bol Ofic Sanit Panam 1987 102(6) 541-54

um importante fator de risco para o apareci-mento do baixo peso ao nascer A classe social menos favorecida apresentou os maiores coe-ficientes de mortalidade neonatal e poacutes-natal mostrando que os efeitos negativos desse fator estiveram e estatildeo sempre presentes desde o nascimento e ao longo da vida de milhotildees de crianccedilas

De acordo com achados da literatura pode-se afirmar que a baixa escolaridade materna eacute um fator importante que pode predispor o aparecimento de situaccedilotildees de risco para a matildee e o receacutem-nascido estando associada tanto ao baixo peso ao nascer como agrave mortalidade peri-natal neonatal e infantil Estas associa-ccedilotildees podem ocorrer natildeo soacute devido ao menor conhecimento destas matildees quanto a importacircn-cia do preacute-natal mas tambeacutem agrave dificuldade de acesso aos serviccedilos de puericulturaO estado nutricional materno preacute-gestacional e gesta-

cional tem relaccedilatildeo direta com o peso ao nascer uma vez que o feto supre suas necessidades nutricionais atraveacutes das reservas maternas Tal fato demonstra a importacircncia de um acompa-nhamento nutricional preacute-natal eficiente que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e ganho de peso adequado durante a gestaccedilatildeo

A melhoria da cobertura e acesso aos serviccedilos de assistecircncia preacute-natal permitiria identificar matildees com risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal reduzindo assim o baixo peso ao nascer e evitando ou-tros resultados indesejados As informaccedilotildees obtidas atraveacutes deste trabalho evidenciam a necessidade de estrateacutegias de inclusatildeo social da gestante e poliacuteticas de sauacutede dirigidas para um melhor acompanhamento preacute-natal aleacutem de reforccedilar o papel fundamental da nutriccedilatildeo para promoccedilatildeo de haacutebitos alimentares saudaacute-veis dessa populaccedilatildeo

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Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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tual de nascidos de matildees que fizeram sete ou mais consultas de preacute-natal eacute menor no Norte e Nordeste independente da escolaridade da matildee (SAUacuteDE BRASIL 2005)

Tais dados demonstram a existecircncia de di-ferenccedilas regionais importantes no acesso e na qualidade da assistecircncia preacute-natal oferecida agrave

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populaccedilatildeo Essas diferenccedilas reforccedilam as desi-gualdades de oportunidades existentes no paiacutes

Kilsztajn et alli (2003) em seu estudo so-bre assistecircncia preacute-natal analisaram os dados de estatiacutesticas vitais da Fundaccedilatildeo Seade no estado de Satildeo Paulo e observaram a reduccedilatildeo da prevalecircncia de baixo peso eou preacute-termo com o aumento do nuacutemero de consultas preacute-natais Os autores detectaram que o risco re-lativo de baixo peso eou preacute-termo no grupo que realizou sete ou mais consultas preacute-natais foi menor quando comparado com os grupos que tiveram menos de sete consultas preacute-natais

Zambonato et alli (2004) analisando os fatores de risco para nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional em cinco maternidades de Pelotas-RS durante os me-ses de outubro a dezembro de 1996 com uma amostra de 1082 pueacuterperas encontraram que mesmo apoacutes o controle do nuacutemero de consul-tas preacute-natais ainda houve associaccedilatildeo entre baixa qualidade do preacute-natal e nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional sugerindo que o efeito da qualidade eacute inde-pendente do nuacutemero de consultas durante o preacute-natal Os autores concluiacuteram portanto que aleacutem de estimular o nuacutemero de consultas deve-se buscar um aumento na qualidade do preacute-natal

Estado Civil e Renda

Em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees socioeconocircmi-cas o estado civil eacute um importante aspecto a ser levado em consideraccedilatildeo pois a ausecircncia da figura paterna em geral pode trazer menor estabilidade financeira para a famiacutelia poden-do se constituir em fator de risco para o baixo peso ao nascer

Monteiro et alli (2000) estudando a ten-decircncia secular do peso ao nascer na cidade de

Satildeo Paulo detectaram que o risco relativo de baixo peso ao nascer aumentava para matildees que viviam sem companheiro em relaccedilatildeo agraves matildees com companheiro

Kilsztajn et alli (2003) concluiacuteram apoacutes os resultados do seu estudo em Satildeo Paulo que as gestantes natildeo casadas e as de baixa esco-laridade particularmente deveriam receber um acompanhamento preacute-natal especiacutefico capaz de amenizar as condiccedilotildees responsaacuteveis por transformaacute-las em categorias de risco

Minamisawa et alli (2004) tambeacutem en-contraram em seu estudo realizado em Goiaacutes que matildees natildeo casadas apresentaram 123 vezes mais chance de baixo peso ao nascer que as casadas Entretanto receacutem-nascidos de baixo peso natildeo foram associados a matildees sem companheiro em Campinas (CARNIEL et alli 2003)

A renda eacute outro aspecto socioeconocircmico que tem sido frequumlentemente associada com a sauacutede tanto no niacutevel individual quanto no coletivo Nas famiacutelias de menor renda espe-cialmente nos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se uma alta frequumlecircncia de desnu-triccedilatildeo de doenccedilas transmissiacuteveis e de con-diccedilotildees ambientais deficientes As pessoas de famiacutelia de menor renda tecircm em geral niacutevel baixo de instruccedilatildeo e exercem ocupaccedilotildees que podem conter riscos apreciaacuteveis para a sauacutede (PEREIRA 1995)

A esperanccedila de vida ao nascer tem relaccedilatildeo direta com o nuacutemero de salaacuterios miacutenimos da famiacutelia A vida meacutedia eacute mais curta para alguns por serem pobres mal alimentados e portan-to mais vulneraacuteveis a doenccedilas Neste grupo haacute uma proporccedilatildeo substancial de analfabetos de desempregados de subempregados e de habitantes de favelas fatores que potencia-lizam o risco de matildees gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer (PEREIRA 1995)

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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Lima e Sampaio (2004) em um estudo descritivo sobre a influecircncia de fatores obs-teacutetricos socioeconocircmicos e nutricionais da gestante sobre o peso do receacutem-nascido reali-zado em uma maternidade de Teresina-Piauiacute durante o periacuteodo de janeiro a maio de 2003 numa amostra de 277 gestantes em trabalho de parto e seus receacutem-nascidos associando a renda familiar ao baixo peso observaram que matildees com renda abaixo de um salaacuterio miacutenimo per capita tinham um maior percen-tual de crianccedilas com peso menor que 3000g

Mulheres que possuem baixo niacutevel socio-econocircmico e por conseguinte baixa escola-ridade provavelmente apresentam maiores dificuldades na aquisiccedilatildeo de alimentos de boa qualidade natildeo soacute por apresentarem baixo po-der aquisitivo mas tambeacutem por conta da falta de conhecimento quanto a uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada para as necessidades de uma gestante

A pobreza eacute um dos fatores que geram os maiores iacutendices de baixo peso ao nascer ficando portanto a classe social menos privilegiada com os maiores coeficientes de mortalidade neonatal e poacutes-neonatal

Analisando o baixo peso ao nascer em duas coortes (1982 e 1993) de base popula-cional no sul do Brasil Horta et alli (1996) encontraram em 1982 a proporccedilatildeo de crianccedilas com baixo peso ao nascer quase trecircs vezes maior entre as famiacutelias de menor renda (inferior ou igual a um salaacuterio miacutenimo) em comparaccedilatildeo com as de melhor situaccedilatildeo eco-nocircmica (renda acima de dez salaacuterios miacuteni-mos) As diferenccedilas entre os grupos de renda permaneceram marcadas em 1993 com as crianccedilas mais pobres apresentando um risco 24 vezes maior de nascerem com baixo peso do que as de famiacutelias mais ricas

Estado nutricional Materno

A gestaccedilatildeo acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees fisioloacutegicas para o organismo materno assim neste periacuteodo haacute uma maior necessidade de todos os nutrientes baacutesicos para a manutenccedilatildeo da nutriccedilatildeo e sauacutede materna e garantia do ade-quado crescimento e desenvolvimento do feto jaacute que sua uacutenica fonte de nutrientes eacute constitu-iacuteda pelas reservas nutricionais e pela ingestatildeo alimentar da matildee justificando a importacircncia do estado nutricional materno durante a gesta-ccedilatildeo (YAZLLE 1998)

Diversos estudos na aacuterea de nutriccedilatildeo com gestantes tecircm mostrado uma relaccedilatildeo definitiva entre dieta e estado nutricional maternos com as condiccedilotildees do bebecirc ao nascer

Lima e Sampaio (2004) encontraram ao classificar o estado nutricional materno antes da gestaccedilatildeo segundo o IMC que mais da me-tade das gestantes era normal enquanto que as de baixo peso e com excesso de peso repre-sentaram respectivamente 177 e 144 da amostra A maioria das gestantes exibiu ganho de peso ao final da gravidez de acordo com a meacutedia recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (8 a 16kg) Observou-se uma associaccedilatildeo sig-nificante ao relacionar o ganho de peso total durante a gestaccedilatildeo com as meacutedias de peso ao nascer dos receacutem-nascidos

Rodriguez et alli (1991) avaliando 691 gestantes de uma maternidade no municiacutepio de Satildeo Paulo quanto a relaccedilatildeo entre anemia e desnutriccedilatildeo maternas com o peso ao nascer observaram associaccedilatildeo estatisticamente signi-ficativa entre desnutriccedilatildeo no final do periacuteodo graviacutedico e baixo peso ao nascer Constataram ainda em comparaccedilotildees entre diferentes evolu-ccedilotildees do estado nutricional na gestaccedilatildeo que se a desnutriccedilatildeo estiver corrigida no final do pro-cesso o risco de baixo peso ao nascer diminui tornando-se semelhante ao das mulheres que mantiveram normalidade de peso durante o decorrer de toda a gestaccedilatildeo

Caacutessia Gualberto de Paula et al

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Revista Augustus | Rio de Janeiro | Vol 14 | N 29 | Fevereiro de 2010 | SemestralARTIGOS

Franceschini et alli (2003) que estudaram os fatores de risco para o baixo peso ao nascer em 77 gestantes no uacuteltimo trimestre da gesta-ccedilatildeo no ano de 2001 residentes em favelas da regiatildeo de Vila Mariana em Satildeo Paulo observa-ram em seu estudo que mulheres que iniciaram a gestaccedilatildeo com baixo peso geraram crianccedilas com meacutedias de peso ao nascer apresentando diferenccedilas de -60g e -300g respectivamente em relaccedilatildeo aos pesos obtidos entre as eutroacutefi-cas e as com sobrepesoobesidade Observa-ram ainda que com o aumento de peso na ges-taccedilatildeo houve incremento nas meacutedias de peso ao nascer excetuando-se o grupo cujo ganho de peso foi excessivo Neste estudo os autores encontraram maior incremento ponderal entre os receacutem-nascidos de matildees que ganharam en-tre 70 e 160Kg na gestaccedilatildeo

Halpern et alli (1996) analisando os fa-tores de risco para o baixo peso ao nascer em uma comunidade rural do sul do Brasil encon-traram que mulheres que iniciaram a gravidez com peso inferior a 50Kg apresentaram maior risco de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer

O peso preacute-gestacional tem sido utilizado para avaliar o risco inicial de um prognoacutestico desfavoraacutevel da gestaccedilatildeo para determinar o ganho de peso recomendado e direcionar inter-venccedilotildees nutricionais Um peso preacute-gestacional inadequado acompanhado por ganho de peso insuficiente aumenta o risco de baixo peso ao nascer mortalidade perinatal neonatal e infantil (KRASOVEC ANDERSON 1991)

Gestantes que apresentam uma reserva ina-dequada de nutrientes aliada a uma ingestatildeo dieteacutetica insuficiente poderatildeo ter um compro-metimento do crescimento fetal e consequumlen-temente do peso ao nascer (ROCHA et alli 2005) Tambeacutem o ganho de peso gestacional excessivo natildeo eacute beneacutefico ao receacutem-nascido pois agraves vezes esse excedente serve apenas

para deteriorar o estado nutricional materno e natildeo necessariamente eacute canalizado para o feto (LIZO et alli 1998 ABRAMS et alli 2000) Um ganho de peso insuficiente estaacute relaciona-do a um maior risco de retardo de crescimento intra-uterino e mortalidade perinatal e um ganho de peso excessivo pode estar associado a patologias maternas como o diabetes ges-tacional macrossomia fetal dificuldades no parto e risco para o receacutem-nascido no periacuteodo perinatal como hipoglicemia (ACIOLLY et alli 2005)

Estudando a relaccedilatildeo entre baixo peso materno e baixo peso ao nascer do concepto Lima e Pelaacute analisaram 15 gestantes de baixo peso que realizaram preacute-natal em um Centro Municipal de Sauacutede da periferia de Botucatu-SP no ano de 1995 comparando-as a um gru-po de 8 gestantes de peso normal que frequumlen-tavam o mesmo serviccedilo preacute-natal As autoras encontraram uma diferenccedila meacutedia de peso de 118g a mais para os filhos daquelas matildees com peso normal quando comparados com os filhos de mulheres de baixo peso Aleacutem disso constataram que as gestantes com peso normal tiveram em meacutedia duas semanas de gestaccedilatildeo a mais quando comparadas com aquelas de baixo peso

Sendo assim as recomendaccedilotildees nutricio-nais na gestaccedilatildeo devem ser adequadas a cada mulher considerando-se as variaccedilotildees indivi-duais de acordo com necessidades em cada gestaccedilatildeo incluindo vaacuterios aspectos como as dimensotildees corporais niacutevel de atividade fiacutesica a idade e as gestaccedilotildees muacuteltiplas

COnCLUSatildeO

O baixo peso ao nascer eacute um indicador das condiccedilotildees de sauacutede de grande complexidade apresentando inuacutemeros fatores de risco para sua ocorrecircncia mas ainda controversos O baixo niacutevel socioeconocircmico tem se mostrado

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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REfERecircnCIaS

ABRAMS B ALTMAN SL PICKETT KE Pregnancy weight gain still controversial Am J Clin Nutr 2000 71(Suppl)S1233-41

ACCIOLY E SAUNDERS C LACERDA EMA Nutriccedilatildeo em obstetriacutecia e pediatria 3 ed Rio de Janeiro Cultura medica 2005

ALMEIDA M F MELLO-JORGE M H PO uso da teacutecnica de ldquolinkagerdquo de sistemas de infor-maccedilatildeo em estudos de coorte sobre mortalidade neonatal Revista de Sauacutede Puacuteblica 1996 30141-7

ANDRADE CLT SZWARCWALD CL GAMA SGN LEAL MC Desigualdades soacutecio-econocircmicas do baixo peso ao nascer e da mortalidade perinatal no Municiacutepio do Rio de Janeiro 2001 Cadernos de Sauacutede Puacuteblica vol20 suppl1 Rio de Janeiro 2004

BARROS FC VICTORA CG VAUGHAN JP ESTANISLAU HJ Bajo peso al nascer em el municipio de Pelotas Brasil factores de riesgo Bol Ofic Sanit Panam 1987 102(6) 541-54

um importante fator de risco para o apareci-mento do baixo peso ao nascer A classe social menos favorecida apresentou os maiores coe-ficientes de mortalidade neonatal e poacutes-natal mostrando que os efeitos negativos desse fator estiveram e estatildeo sempre presentes desde o nascimento e ao longo da vida de milhotildees de crianccedilas

De acordo com achados da literatura pode-se afirmar que a baixa escolaridade materna eacute um fator importante que pode predispor o aparecimento de situaccedilotildees de risco para a matildee e o receacutem-nascido estando associada tanto ao baixo peso ao nascer como agrave mortalidade peri-natal neonatal e infantil Estas associa-ccedilotildees podem ocorrer natildeo soacute devido ao menor conhecimento destas matildees quanto a importacircn-cia do preacute-natal mas tambeacutem agrave dificuldade de acesso aos serviccedilos de puericulturaO estado nutricional materno preacute-gestacional e gesta-

cional tem relaccedilatildeo direta com o peso ao nascer uma vez que o feto supre suas necessidades nutricionais atraveacutes das reservas maternas Tal fato demonstra a importacircncia de um acompa-nhamento nutricional preacute-natal eficiente que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e ganho de peso adequado durante a gestaccedilatildeo

A melhoria da cobertura e acesso aos serviccedilos de assistecircncia preacute-natal permitiria identificar matildees com risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal reduzindo assim o baixo peso ao nascer e evitando ou-tros resultados indesejados As informaccedilotildees obtidas atraveacutes deste trabalho evidenciam a necessidade de estrateacutegias de inclusatildeo social da gestante e poliacuteticas de sauacutede dirigidas para um melhor acompanhamento preacute-natal aleacutem de reforccedilar o papel fundamental da nutriccedilatildeo para promoccedilatildeo de haacutebitos alimentares saudaacute-veis dessa populaccedilatildeo

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Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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MONTEIRO C A NAZAacuteRIO C L Decliacutenio da mortalidade infantil e equidade social o caso da cidade de Satildeo Paulo entre 1973 e 1993 In MONTEIRO CA organizador Velhos e novos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo Hucitec 1995 p 173-85

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populaccedilatildeo Essas diferenccedilas reforccedilam as desi-gualdades de oportunidades existentes no paiacutes

Kilsztajn et alli (2003) em seu estudo so-bre assistecircncia preacute-natal analisaram os dados de estatiacutesticas vitais da Fundaccedilatildeo Seade no estado de Satildeo Paulo e observaram a reduccedilatildeo da prevalecircncia de baixo peso eou preacute-termo com o aumento do nuacutemero de consultas preacute-natais Os autores detectaram que o risco re-lativo de baixo peso eou preacute-termo no grupo que realizou sete ou mais consultas preacute-natais foi menor quando comparado com os grupos que tiveram menos de sete consultas preacute-natais

Zambonato et alli (2004) analisando os fatores de risco para nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional em cinco maternidades de Pelotas-RS durante os me-ses de outubro a dezembro de 1996 com uma amostra de 1082 pueacuterperas encontraram que mesmo apoacutes o controle do nuacutemero de consul-tas preacute-natais ainda houve associaccedilatildeo entre baixa qualidade do preacute-natal e nascimento de crianccedilas pequenas para a idade gestacional sugerindo que o efeito da qualidade eacute inde-pendente do nuacutemero de consultas durante o preacute-natal Os autores concluiacuteram portanto que aleacutem de estimular o nuacutemero de consultas deve-se buscar um aumento na qualidade do preacute-natal

Estado Civil e Renda

Em relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees socioeconocircmi-cas o estado civil eacute um importante aspecto a ser levado em consideraccedilatildeo pois a ausecircncia da figura paterna em geral pode trazer menor estabilidade financeira para a famiacutelia poden-do se constituir em fator de risco para o baixo peso ao nascer

Monteiro et alli (2000) estudando a ten-decircncia secular do peso ao nascer na cidade de

Satildeo Paulo detectaram que o risco relativo de baixo peso ao nascer aumentava para matildees que viviam sem companheiro em relaccedilatildeo agraves matildees com companheiro

Kilsztajn et alli (2003) concluiacuteram apoacutes os resultados do seu estudo em Satildeo Paulo que as gestantes natildeo casadas e as de baixa esco-laridade particularmente deveriam receber um acompanhamento preacute-natal especiacutefico capaz de amenizar as condiccedilotildees responsaacuteveis por transformaacute-las em categorias de risco

Minamisawa et alli (2004) tambeacutem en-contraram em seu estudo realizado em Goiaacutes que matildees natildeo casadas apresentaram 123 vezes mais chance de baixo peso ao nascer que as casadas Entretanto receacutem-nascidos de baixo peso natildeo foram associados a matildees sem companheiro em Campinas (CARNIEL et alli 2003)

A renda eacute outro aspecto socioeconocircmico que tem sido frequumlentemente associada com a sauacutede tanto no niacutevel individual quanto no coletivo Nas famiacutelias de menor renda espe-cialmente nos paiacuteses em desenvolvimento encontra-se uma alta frequumlecircncia de desnu-triccedilatildeo de doenccedilas transmissiacuteveis e de con-diccedilotildees ambientais deficientes As pessoas de famiacutelia de menor renda tecircm em geral niacutevel baixo de instruccedilatildeo e exercem ocupaccedilotildees que podem conter riscos apreciaacuteveis para a sauacutede (PEREIRA 1995)

A esperanccedila de vida ao nascer tem relaccedilatildeo direta com o nuacutemero de salaacuterios miacutenimos da famiacutelia A vida meacutedia eacute mais curta para alguns por serem pobres mal alimentados e portan-to mais vulneraacuteveis a doenccedilas Neste grupo haacute uma proporccedilatildeo substancial de analfabetos de desempregados de subempregados e de habitantes de favelas fatores que potencia-lizam o risco de matildees gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer (PEREIRA 1995)

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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Lima e Sampaio (2004) em um estudo descritivo sobre a influecircncia de fatores obs-teacutetricos socioeconocircmicos e nutricionais da gestante sobre o peso do receacutem-nascido reali-zado em uma maternidade de Teresina-Piauiacute durante o periacuteodo de janeiro a maio de 2003 numa amostra de 277 gestantes em trabalho de parto e seus receacutem-nascidos associando a renda familiar ao baixo peso observaram que matildees com renda abaixo de um salaacuterio miacutenimo per capita tinham um maior percen-tual de crianccedilas com peso menor que 3000g

Mulheres que possuem baixo niacutevel socio-econocircmico e por conseguinte baixa escola-ridade provavelmente apresentam maiores dificuldades na aquisiccedilatildeo de alimentos de boa qualidade natildeo soacute por apresentarem baixo po-der aquisitivo mas tambeacutem por conta da falta de conhecimento quanto a uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada para as necessidades de uma gestante

A pobreza eacute um dos fatores que geram os maiores iacutendices de baixo peso ao nascer ficando portanto a classe social menos privilegiada com os maiores coeficientes de mortalidade neonatal e poacutes-neonatal

Analisando o baixo peso ao nascer em duas coortes (1982 e 1993) de base popula-cional no sul do Brasil Horta et alli (1996) encontraram em 1982 a proporccedilatildeo de crianccedilas com baixo peso ao nascer quase trecircs vezes maior entre as famiacutelias de menor renda (inferior ou igual a um salaacuterio miacutenimo) em comparaccedilatildeo com as de melhor situaccedilatildeo eco-nocircmica (renda acima de dez salaacuterios miacuteni-mos) As diferenccedilas entre os grupos de renda permaneceram marcadas em 1993 com as crianccedilas mais pobres apresentando um risco 24 vezes maior de nascerem com baixo peso do que as de famiacutelias mais ricas

Estado nutricional Materno

A gestaccedilatildeo acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees fisioloacutegicas para o organismo materno assim neste periacuteodo haacute uma maior necessidade de todos os nutrientes baacutesicos para a manutenccedilatildeo da nutriccedilatildeo e sauacutede materna e garantia do ade-quado crescimento e desenvolvimento do feto jaacute que sua uacutenica fonte de nutrientes eacute constitu-iacuteda pelas reservas nutricionais e pela ingestatildeo alimentar da matildee justificando a importacircncia do estado nutricional materno durante a gesta-ccedilatildeo (YAZLLE 1998)

Diversos estudos na aacuterea de nutriccedilatildeo com gestantes tecircm mostrado uma relaccedilatildeo definitiva entre dieta e estado nutricional maternos com as condiccedilotildees do bebecirc ao nascer

Lima e Sampaio (2004) encontraram ao classificar o estado nutricional materno antes da gestaccedilatildeo segundo o IMC que mais da me-tade das gestantes era normal enquanto que as de baixo peso e com excesso de peso repre-sentaram respectivamente 177 e 144 da amostra A maioria das gestantes exibiu ganho de peso ao final da gravidez de acordo com a meacutedia recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (8 a 16kg) Observou-se uma associaccedilatildeo sig-nificante ao relacionar o ganho de peso total durante a gestaccedilatildeo com as meacutedias de peso ao nascer dos receacutem-nascidos

Rodriguez et alli (1991) avaliando 691 gestantes de uma maternidade no municiacutepio de Satildeo Paulo quanto a relaccedilatildeo entre anemia e desnutriccedilatildeo maternas com o peso ao nascer observaram associaccedilatildeo estatisticamente signi-ficativa entre desnutriccedilatildeo no final do periacuteodo graviacutedico e baixo peso ao nascer Constataram ainda em comparaccedilotildees entre diferentes evolu-ccedilotildees do estado nutricional na gestaccedilatildeo que se a desnutriccedilatildeo estiver corrigida no final do pro-cesso o risco de baixo peso ao nascer diminui tornando-se semelhante ao das mulheres que mantiveram normalidade de peso durante o decorrer de toda a gestaccedilatildeo

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Franceschini et alli (2003) que estudaram os fatores de risco para o baixo peso ao nascer em 77 gestantes no uacuteltimo trimestre da gesta-ccedilatildeo no ano de 2001 residentes em favelas da regiatildeo de Vila Mariana em Satildeo Paulo observa-ram em seu estudo que mulheres que iniciaram a gestaccedilatildeo com baixo peso geraram crianccedilas com meacutedias de peso ao nascer apresentando diferenccedilas de -60g e -300g respectivamente em relaccedilatildeo aos pesos obtidos entre as eutroacutefi-cas e as com sobrepesoobesidade Observa-ram ainda que com o aumento de peso na ges-taccedilatildeo houve incremento nas meacutedias de peso ao nascer excetuando-se o grupo cujo ganho de peso foi excessivo Neste estudo os autores encontraram maior incremento ponderal entre os receacutem-nascidos de matildees que ganharam en-tre 70 e 160Kg na gestaccedilatildeo

Halpern et alli (1996) analisando os fa-tores de risco para o baixo peso ao nascer em uma comunidade rural do sul do Brasil encon-traram que mulheres que iniciaram a gravidez com peso inferior a 50Kg apresentaram maior risco de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer

O peso preacute-gestacional tem sido utilizado para avaliar o risco inicial de um prognoacutestico desfavoraacutevel da gestaccedilatildeo para determinar o ganho de peso recomendado e direcionar inter-venccedilotildees nutricionais Um peso preacute-gestacional inadequado acompanhado por ganho de peso insuficiente aumenta o risco de baixo peso ao nascer mortalidade perinatal neonatal e infantil (KRASOVEC ANDERSON 1991)

Gestantes que apresentam uma reserva ina-dequada de nutrientes aliada a uma ingestatildeo dieteacutetica insuficiente poderatildeo ter um compro-metimento do crescimento fetal e consequumlen-temente do peso ao nascer (ROCHA et alli 2005) Tambeacutem o ganho de peso gestacional excessivo natildeo eacute beneacutefico ao receacutem-nascido pois agraves vezes esse excedente serve apenas

para deteriorar o estado nutricional materno e natildeo necessariamente eacute canalizado para o feto (LIZO et alli 1998 ABRAMS et alli 2000) Um ganho de peso insuficiente estaacute relaciona-do a um maior risco de retardo de crescimento intra-uterino e mortalidade perinatal e um ganho de peso excessivo pode estar associado a patologias maternas como o diabetes ges-tacional macrossomia fetal dificuldades no parto e risco para o receacutem-nascido no periacuteodo perinatal como hipoglicemia (ACIOLLY et alli 2005)

Estudando a relaccedilatildeo entre baixo peso materno e baixo peso ao nascer do concepto Lima e Pelaacute analisaram 15 gestantes de baixo peso que realizaram preacute-natal em um Centro Municipal de Sauacutede da periferia de Botucatu-SP no ano de 1995 comparando-as a um gru-po de 8 gestantes de peso normal que frequumlen-tavam o mesmo serviccedilo preacute-natal As autoras encontraram uma diferenccedila meacutedia de peso de 118g a mais para os filhos daquelas matildees com peso normal quando comparados com os filhos de mulheres de baixo peso Aleacutem disso constataram que as gestantes com peso normal tiveram em meacutedia duas semanas de gestaccedilatildeo a mais quando comparadas com aquelas de baixo peso

Sendo assim as recomendaccedilotildees nutricio-nais na gestaccedilatildeo devem ser adequadas a cada mulher considerando-se as variaccedilotildees indivi-duais de acordo com necessidades em cada gestaccedilatildeo incluindo vaacuterios aspectos como as dimensotildees corporais niacutevel de atividade fiacutesica a idade e as gestaccedilotildees muacuteltiplas

COnCLUSatildeO

O baixo peso ao nascer eacute um indicador das condiccedilotildees de sauacutede de grande complexidade apresentando inuacutemeros fatores de risco para sua ocorrecircncia mas ainda controversos O baixo niacutevel socioeconocircmico tem se mostrado

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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REfERecircnCIaS

ABRAMS B ALTMAN SL PICKETT KE Pregnancy weight gain still controversial Am J Clin Nutr 2000 71(Suppl)S1233-41

ACCIOLY E SAUNDERS C LACERDA EMA Nutriccedilatildeo em obstetriacutecia e pediatria 3 ed Rio de Janeiro Cultura medica 2005

ALMEIDA M F MELLO-JORGE M H PO uso da teacutecnica de ldquolinkagerdquo de sistemas de infor-maccedilatildeo em estudos de coorte sobre mortalidade neonatal Revista de Sauacutede Puacuteblica 1996 30141-7

ANDRADE CLT SZWARCWALD CL GAMA SGN LEAL MC Desigualdades soacutecio-econocircmicas do baixo peso ao nascer e da mortalidade perinatal no Municiacutepio do Rio de Janeiro 2001 Cadernos de Sauacutede Puacuteblica vol20 suppl1 Rio de Janeiro 2004

BARROS FC VICTORA CG VAUGHAN JP ESTANISLAU HJ Bajo peso al nascer em el municipio de Pelotas Brasil factores de riesgo Bol Ofic Sanit Panam 1987 102(6) 541-54

um importante fator de risco para o apareci-mento do baixo peso ao nascer A classe social menos favorecida apresentou os maiores coe-ficientes de mortalidade neonatal e poacutes-natal mostrando que os efeitos negativos desse fator estiveram e estatildeo sempre presentes desde o nascimento e ao longo da vida de milhotildees de crianccedilas

De acordo com achados da literatura pode-se afirmar que a baixa escolaridade materna eacute um fator importante que pode predispor o aparecimento de situaccedilotildees de risco para a matildee e o receacutem-nascido estando associada tanto ao baixo peso ao nascer como agrave mortalidade peri-natal neonatal e infantil Estas associa-ccedilotildees podem ocorrer natildeo soacute devido ao menor conhecimento destas matildees quanto a importacircn-cia do preacute-natal mas tambeacutem agrave dificuldade de acesso aos serviccedilos de puericulturaO estado nutricional materno preacute-gestacional e gesta-

cional tem relaccedilatildeo direta com o peso ao nascer uma vez que o feto supre suas necessidades nutricionais atraveacutes das reservas maternas Tal fato demonstra a importacircncia de um acompa-nhamento nutricional preacute-natal eficiente que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e ganho de peso adequado durante a gestaccedilatildeo

A melhoria da cobertura e acesso aos serviccedilos de assistecircncia preacute-natal permitiria identificar matildees com risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal reduzindo assim o baixo peso ao nascer e evitando ou-tros resultados indesejados As informaccedilotildees obtidas atraveacutes deste trabalho evidenciam a necessidade de estrateacutegias de inclusatildeo social da gestante e poliacuteticas de sauacutede dirigidas para um melhor acompanhamento preacute-natal aleacutem de reforccedilar o papel fundamental da nutriccedilatildeo para promoccedilatildeo de haacutebitos alimentares saudaacute-veis dessa populaccedilatildeo

Caacutessia Gualberto de Paula et al

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Revista Augustus | Rio de Janeiro | Vol 14 | N 29 | Fevereiro de 2010 | SemestralARTIGOS

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

BERKOWITZ GS PAPIERNICK E Epidemiology of preterm birth Epimemiology Review 1993 15(2) 414-43

CARNIEL E F et al A ldquoDeclaraccedilatildeo de Nascido Vivordquo como orientadora de accedilotildees de sauacutede em niacutevel local Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil v3 n2 p165-174 Abr-Jun 2003

FRANCESCHINI S C C et alli Fatores de risco para o baixo peso ao nascer em gestantes de baixa renda Revista de Nutriccedilatildeo Campinas v 16 n 2 p 171-179 abrjun 2003

HAIDAR F H OLIVEIRA U F NASCIMENTO L F C Escolaridade materna correlaccedilatildeo com os indicadores obsteacutetricos Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Vol17 nordm 4 Rio de Janeiro julago 2001

HALPERN R SCHAEFER E S PEREIRA A S ARNT E M BEZERRA J P V PINTO L S Fatores de risco para o baixo peso ao nascer em uma comunidade rural do sul do Brasil Jour-nal of Pediatrics 1996 72(6)369-73

HEDEGAARD M HENRIKSEN T B SABROE S SECHER N J Pyschological distress in pregnancy and pretern delivery BMJ 1993 307 234-9

HORTA B L BARROS F C HALPERN R VICTORA C G Baixo peso ao nascer em duas coortes de base populacional no Sul do Brasil Cadernos de Sauacutede Puacuteblica 1996 - Perinatal and Pediatric Epidemiology 4267-82

IOM (Institute of Medicine) NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES Nutrition during preg-nancy and lactation an implementation guide Washington (DC) The Academy 1992

KILSZTAJN S et alli Assistecircncia preacute-natal baixo peso e prematuridade no Estado de Satildeo Paulo 2000 Revista de Sauacutede Puacuteblica v 37 n 3 p 303-310 2003

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MENEZES A M B VICTORA C G BARROS F C ALBERNAZ E MENEZES F S

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Revista Augustus | Rio de Janeiro | Vol 14 | N 29 | Fevereiro de 2010 | Semestral ARTIGOS

JANNKE H A ALVES C ROCHA C Mortalidade infantil em duas coortes de base popula-cional no Sul do Brasil tendecircncias e diferenciais Cadernos de Sauacutede Puacuteblica vol 12 supl 1 Rio de Janeiro 1996

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MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Sauacutede da Mulher Assistecircncia preacute-natal manual teacutecnico Brasiacutelia (DF) O Ministeacuterio 2000

MONTEIRO C A BENICIO M H DrsquoA ORTIZ L P Tendecircncia secular do peso ao nascer na cidade de Satildeo Paulo (1976-1998) Revista de Sauacutede Puacuteblica v 34 (6 Supl) p 26-40 2000

MONTEIRO C A NAZAacuteRIO C L Decliacutenio da mortalidade infantil e equidade social o caso da cidade de Satildeo Paulo entre 1973 e 1993 In MONTEIRO CA organizador Velhos e novos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo Hucitec 1995 p 173-85

NASCIMENTO L F C Estudo transversal sobre fatores associados ao baixo peso ao nascer a partir de informaccedilotildees obtidas em sala de vacinaccedilatildeo Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil [online] 2003 v 3 n 1 pp 37-42

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ROCHA D S NETTO M P PRIORE S E LIMA N M M ROSADO L E F P L FRAN-CESCHINI S C Estado nutricional e anemia ferropriva em gestantes relaccedilatildeo com o peso da crianccedila ao nascer Revista de Nutriccedilatildeo Vol18 no 4 Campinas julago 2005

ROSSO P Maternal anthropometry in prenatal care a new maternal weight gain chart Human Resources Division Washington (DC) The World Bank 1991 LATHR nordm 21

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YAZLLE M E H D Nutriccedilatildeo na gestaccedilatildeo e lactaccedilatildeo Satildeo Paulo Sarvier 1998

ZAMBONATO A M K et alli Fatores de risco para nascimento de crianccedilas pequenas para idade gestacional Revista de Sauacutede Puacuteblica v 38 n 1 p 24-29 2004

Caacutessia Gualberto de Paula et al

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Revista Augustus | Rio de Janeiro | Vol 14 | N 29 | Fevereiro de 2010 | Semestral ARTIGOS

Lima e Sampaio (2004) em um estudo descritivo sobre a influecircncia de fatores obs-teacutetricos socioeconocircmicos e nutricionais da gestante sobre o peso do receacutem-nascido reali-zado em uma maternidade de Teresina-Piauiacute durante o periacuteodo de janeiro a maio de 2003 numa amostra de 277 gestantes em trabalho de parto e seus receacutem-nascidos associando a renda familiar ao baixo peso observaram que matildees com renda abaixo de um salaacuterio miacutenimo per capita tinham um maior percen-tual de crianccedilas com peso menor que 3000g

Mulheres que possuem baixo niacutevel socio-econocircmico e por conseguinte baixa escola-ridade provavelmente apresentam maiores dificuldades na aquisiccedilatildeo de alimentos de boa qualidade natildeo soacute por apresentarem baixo po-der aquisitivo mas tambeacutem por conta da falta de conhecimento quanto a uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e adequada para as necessidades de uma gestante

A pobreza eacute um dos fatores que geram os maiores iacutendices de baixo peso ao nascer ficando portanto a classe social menos privilegiada com os maiores coeficientes de mortalidade neonatal e poacutes-neonatal

Analisando o baixo peso ao nascer em duas coortes (1982 e 1993) de base popula-cional no sul do Brasil Horta et alli (1996) encontraram em 1982 a proporccedilatildeo de crianccedilas com baixo peso ao nascer quase trecircs vezes maior entre as famiacutelias de menor renda (inferior ou igual a um salaacuterio miacutenimo) em comparaccedilatildeo com as de melhor situaccedilatildeo eco-nocircmica (renda acima de dez salaacuterios miacuteni-mos) As diferenccedilas entre os grupos de renda permaneceram marcadas em 1993 com as crianccedilas mais pobres apresentando um risco 24 vezes maior de nascerem com baixo peso do que as de famiacutelias mais ricas

Estado nutricional Materno

A gestaccedilatildeo acarreta uma seacuterie de alteraccedilotildees fisioloacutegicas para o organismo materno assim neste periacuteodo haacute uma maior necessidade de todos os nutrientes baacutesicos para a manutenccedilatildeo da nutriccedilatildeo e sauacutede materna e garantia do ade-quado crescimento e desenvolvimento do feto jaacute que sua uacutenica fonte de nutrientes eacute constitu-iacuteda pelas reservas nutricionais e pela ingestatildeo alimentar da matildee justificando a importacircncia do estado nutricional materno durante a gesta-ccedilatildeo (YAZLLE 1998)

Diversos estudos na aacuterea de nutriccedilatildeo com gestantes tecircm mostrado uma relaccedilatildeo definitiva entre dieta e estado nutricional maternos com as condiccedilotildees do bebecirc ao nascer

Lima e Sampaio (2004) encontraram ao classificar o estado nutricional materno antes da gestaccedilatildeo segundo o IMC que mais da me-tade das gestantes era normal enquanto que as de baixo peso e com excesso de peso repre-sentaram respectivamente 177 e 144 da amostra A maioria das gestantes exibiu ganho de peso ao final da gravidez de acordo com a meacutedia recomendada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (8 a 16kg) Observou-se uma associaccedilatildeo sig-nificante ao relacionar o ganho de peso total durante a gestaccedilatildeo com as meacutedias de peso ao nascer dos receacutem-nascidos

Rodriguez et alli (1991) avaliando 691 gestantes de uma maternidade no municiacutepio de Satildeo Paulo quanto a relaccedilatildeo entre anemia e desnutriccedilatildeo maternas com o peso ao nascer observaram associaccedilatildeo estatisticamente signi-ficativa entre desnutriccedilatildeo no final do periacuteodo graviacutedico e baixo peso ao nascer Constataram ainda em comparaccedilotildees entre diferentes evolu-ccedilotildees do estado nutricional na gestaccedilatildeo que se a desnutriccedilatildeo estiver corrigida no final do pro-cesso o risco de baixo peso ao nascer diminui tornando-se semelhante ao das mulheres que mantiveram normalidade de peso durante o decorrer de toda a gestaccedilatildeo

Caacutessia Gualberto de Paula et al

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Franceschini et alli (2003) que estudaram os fatores de risco para o baixo peso ao nascer em 77 gestantes no uacuteltimo trimestre da gesta-ccedilatildeo no ano de 2001 residentes em favelas da regiatildeo de Vila Mariana em Satildeo Paulo observa-ram em seu estudo que mulheres que iniciaram a gestaccedilatildeo com baixo peso geraram crianccedilas com meacutedias de peso ao nascer apresentando diferenccedilas de -60g e -300g respectivamente em relaccedilatildeo aos pesos obtidos entre as eutroacutefi-cas e as com sobrepesoobesidade Observa-ram ainda que com o aumento de peso na ges-taccedilatildeo houve incremento nas meacutedias de peso ao nascer excetuando-se o grupo cujo ganho de peso foi excessivo Neste estudo os autores encontraram maior incremento ponderal entre os receacutem-nascidos de matildees que ganharam en-tre 70 e 160Kg na gestaccedilatildeo

Halpern et alli (1996) analisando os fa-tores de risco para o baixo peso ao nascer em uma comunidade rural do sul do Brasil encon-traram que mulheres que iniciaram a gravidez com peso inferior a 50Kg apresentaram maior risco de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer

O peso preacute-gestacional tem sido utilizado para avaliar o risco inicial de um prognoacutestico desfavoraacutevel da gestaccedilatildeo para determinar o ganho de peso recomendado e direcionar inter-venccedilotildees nutricionais Um peso preacute-gestacional inadequado acompanhado por ganho de peso insuficiente aumenta o risco de baixo peso ao nascer mortalidade perinatal neonatal e infantil (KRASOVEC ANDERSON 1991)

Gestantes que apresentam uma reserva ina-dequada de nutrientes aliada a uma ingestatildeo dieteacutetica insuficiente poderatildeo ter um compro-metimento do crescimento fetal e consequumlen-temente do peso ao nascer (ROCHA et alli 2005) Tambeacutem o ganho de peso gestacional excessivo natildeo eacute beneacutefico ao receacutem-nascido pois agraves vezes esse excedente serve apenas

para deteriorar o estado nutricional materno e natildeo necessariamente eacute canalizado para o feto (LIZO et alli 1998 ABRAMS et alli 2000) Um ganho de peso insuficiente estaacute relaciona-do a um maior risco de retardo de crescimento intra-uterino e mortalidade perinatal e um ganho de peso excessivo pode estar associado a patologias maternas como o diabetes ges-tacional macrossomia fetal dificuldades no parto e risco para o receacutem-nascido no periacuteodo perinatal como hipoglicemia (ACIOLLY et alli 2005)

Estudando a relaccedilatildeo entre baixo peso materno e baixo peso ao nascer do concepto Lima e Pelaacute analisaram 15 gestantes de baixo peso que realizaram preacute-natal em um Centro Municipal de Sauacutede da periferia de Botucatu-SP no ano de 1995 comparando-as a um gru-po de 8 gestantes de peso normal que frequumlen-tavam o mesmo serviccedilo preacute-natal As autoras encontraram uma diferenccedila meacutedia de peso de 118g a mais para os filhos daquelas matildees com peso normal quando comparados com os filhos de mulheres de baixo peso Aleacutem disso constataram que as gestantes com peso normal tiveram em meacutedia duas semanas de gestaccedilatildeo a mais quando comparadas com aquelas de baixo peso

Sendo assim as recomendaccedilotildees nutricio-nais na gestaccedilatildeo devem ser adequadas a cada mulher considerando-se as variaccedilotildees indivi-duais de acordo com necessidades em cada gestaccedilatildeo incluindo vaacuterios aspectos como as dimensotildees corporais niacutevel de atividade fiacutesica a idade e as gestaccedilotildees muacuteltiplas

COnCLUSatildeO

O baixo peso ao nascer eacute um indicador das condiccedilotildees de sauacutede de grande complexidade apresentando inuacutemeros fatores de risco para sua ocorrecircncia mas ainda controversos O baixo niacutevel socioeconocircmico tem se mostrado

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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REfERecircnCIaS

ABRAMS B ALTMAN SL PICKETT KE Pregnancy weight gain still controversial Am J Clin Nutr 2000 71(Suppl)S1233-41

ACCIOLY E SAUNDERS C LACERDA EMA Nutriccedilatildeo em obstetriacutecia e pediatria 3 ed Rio de Janeiro Cultura medica 2005

ALMEIDA M F MELLO-JORGE M H PO uso da teacutecnica de ldquolinkagerdquo de sistemas de infor-maccedilatildeo em estudos de coorte sobre mortalidade neonatal Revista de Sauacutede Puacuteblica 1996 30141-7

ANDRADE CLT SZWARCWALD CL GAMA SGN LEAL MC Desigualdades soacutecio-econocircmicas do baixo peso ao nascer e da mortalidade perinatal no Municiacutepio do Rio de Janeiro 2001 Cadernos de Sauacutede Puacuteblica vol20 suppl1 Rio de Janeiro 2004

BARROS FC VICTORA CG VAUGHAN JP ESTANISLAU HJ Bajo peso al nascer em el municipio de Pelotas Brasil factores de riesgo Bol Ofic Sanit Panam 1987 102(6) 541-54

um importante fator de risco para o apareci-mento do baixo peso ao nascer A classe social menos favorecida apresentou os maiores coe-ficientes de mortalidade neonatal e poacutes-natal mostrando que os efeitos negativos desse fator estiveram e estatildeo sempre presentes desde o nascimento e ao longo da vida de milhotildees de crianccedilas

De acordo com achados da literatura pode-se afirmar que a baixa escolaridade materna eacute um fator importante que pode predispor o aparecimento de situaccedilotildees de risco para a matildee e o receacutem-nascido estando associada tanto ao baixo peso ao nascer como agrave mortalidade peri-natal neonatal e infantil Estas associa-ccedilotildees podem ocorrer natildeo soacute devido ao menor conhecimento destas matildees quanto a importacircn-cia do preacute-natal mas tambeacutem agrave dificuldade de acesso aos serviccedilos de puericulturaO estado nutricional materno preacute-gestacional e gesta-

cional tem relaccedilatildeo direta com o peso ao nascer uma vez que o feto supre suas necessidades nutricionais atraveacutes das reservas maternas Tal fato demonstra a importacircncia de um acompa-nhamento nutricional preacute-natal eficiente que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e ganho de peso adequado durante a gestaccedilatildeo

A melhoria da cobertura e acesso aos serviccedilos de assistecircncia preacute-natal permitiria identificar matildees com risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal reduzindo assim o baixo peso ao nascer e evitando ou-tros resultados indesejados As informaccedilotildees obtidas atraveacutes deste trabalho evidenciam a necessidade de estrateacutegias de inclusatildeo social da gestante e poliacuteticas de sauacutede dirigidas para um melhor acompanhamento preacute-natal aleacutem de reforccedilar o papel fundamental da nutriccedilatildeo para promoccedilatildeo de haacutebitos alimentares saudaacute-veis dessa populaccedilatildeo

Caacutessia Gualberto de Paula et al

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Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

BERKOWITZ GS PAPIERNICK E Epidemiology of preterm birth Epimemiology Review 1993 15(2) 414-43

CARNIEL E F et al A ldquoDeclaraccedilatildeo de Nascido Vivordquo como orientadora de accedilotildees de sauacutede em niacutevel local Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil v3 n2 p165-174 Abr-Jun 2003

FRANCESCHINI S C C et alli Fatores de risco para o baixo peso ao nascer em gestantes de baixa renda Revista de Nutriccedilatildeo Campinas v 16 n 2 p 171-179 abrjun 2003

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KRASOVEC K Anderson M Maternal Anthropometry for Prediction of Pregnancy Outcomes Memorandum From a USAIDWHOPAHO - BULLETIN OF THE WORLD HEALTH ORGA-NIZATION 1991 69(5) 523-32

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LIZO C L P AZEVEDO-LIZO Z ARONSON E SEGRE C A M Relaccedilatildeo entre ganho de peso materno e peso do receacutem-nascido Journal of Pediatrics 1998 74(2)114-8

MARANHAtildeO A G K JOAQUIM M M C SIU C Mortalidade perinatal e neonatal no Brasil Tema RADIS 1999 17 6-17

MENEZES A M B VICTORA C G BARROS F C ALBERNAZ E MENEZES F S

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JANNKE H A ALVES C ROCHA C Mortalidade infantil em duas coortes de base popula-cional no Sul do Brasil tendecircncias e diferenciais Cadernos de Sauacutede Puacuteblica vol 12 supl 1 Rio de Janeiro 1996

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MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE Secretaria de Poliacuteticas Puacuteblicas Sauacutede da Mulher Assistecircncia preacute-natal manual teacutecnico Brasiacutelia (DF) O Ministeacuterio 2000

MONTEIRO C A BENICIO M H DrsquoA ORTIZ L P Tendecircncia secular do peso ao nascer na cidade de Satildeo Paulo (1976-1998) Revista de Sauacutede Puacuteblica v 34 (6 Supl) p 26-40 2000

MONTEIRO C A NAZAacuteRIO C L Decliacutenio da mortalidade infantil e equidade social o caso da cidade de Satildeo Paulo entre 1973 e 1993 In MONTEIRO CA organizador Velhos e novos males da sauacutede no Brasil Satildeo Paulo Hucitec 1995 p 173-85

NASCIMENTO L F C Estudo transversal sobre fatores associados ao baixo peso ao nascer a partir de informaccedilotildees obtidas em sala de vacinaccedilatildeo Revista Brasileira de Sauacutede Materno Infantil [online] 2003 v 3 n 1 pp 37-42

NEEL N R AacuteLVAREZ J O Factores de riesgo de malnutricioacuten fetal em um grupo de madres y neonatos Guatemaltecos Bolletin Oficial San Panamericana 1991 2 93-105

PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION Maternal Nutrition and Pregnancy Outcomes anthropometric assessment Washington DC PAHO 1991 (Scientific Publication n529)

PEREIRA M G Epidemiologia Teoria e Praacutetica Rio de Janeiro Ed Guanabara Koogan 2003 p 484 342

PUFFER R R SERRANO C Patterns of birth weight Washington (DC) PAHO 1987 (Scien-tific Publication 504)

ROCHA D S NETTO M P PRIORE S E LIMA N M M ROSADO L E F P L FRAN-CESCHINI S C Estado nutricional e anemia ferropriva em gestantes relaccedilatildeo com o peso da crianccedila ao nascer Revista de Nutriccedilatildeo Vol18 no 4 Campinas julago 2005

ROSSO P Maternal anthropometry in prenatal care a new maternal weight gain chart Human Resources Division Washington (DC) The World Bank 1991 LATHR nordm 21

SIMOtildeES C C S OLIVEIRA L A P A sauacutede infantil no Brasil nos anos 90 Rio de Janeiro IBGEDPEDPIS 1997

YAZLLE M E H D Nutriccedilatildeo na gestaccedilatildeo e lactaccedilatildeo Satildeo Paulo Sarvier 1998

ZAMBONATO A M K et alli Fatores de risco para nascimento de crianccedilas pequenas para idade gestacional Revista de Sauacutede Puacuteblica v 38 n 1 p 24-29 2004

Caacutessia Gualberto de Paula et al

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Franceschini et alli (2003) que estudaram os fatores de risco para o baixo peso ao nascer em 77 gestantes no uacuteltimo trimestre da gesta-ccedilatildeo no ano de 2001 residentes em favelas da regiatildeo de Vila Mariana em Satildeo Paulo observa-ram em seu estudo que mulheres que iniciaram a gestaccedilatildeo com baixo peso geraram crianccedilas com meacutedias de peso ao nascer apresentando diferenccedilas de -60g e -300g respectivamente em relaccedilatildeo aos pesos obtidos entre as eutroacutefi-cas e as com sobrepesoobesidade Observa-ram ainda que com o aumento de peso na ges-taccedilatildeo houve incremento nas meacutedias de peso ao nascer excetuando-se o grupo cujo ganho de peso foi excessivo Neste estudo os autores encontraram maior incremento ponderal entre os receacutem-nascidos de matildees que ganharam en-tre 70 e 160Kg na gestaccedilatildeo

Halpern et alli (1996) analisando os fa-tores de risco para o baixo peso ao nascer em uma comunidade rural do sul do Brasil encon-traram que mulheres que iniciaram a gravidez com peso inferior a 50Kg apresentaram maior risco de gerarem crianccedilas com baixo peso ao nascer

O peso preacute-gestacional tem sido utilizado para avaliar o risco inicial de um prognoacutestico desfavoraacutevel da gestaccedilatildeo para determinar o ganho de peso recomendado e direcionar inter-venccedilotildees nutricionais Um peso preacute-gestacional inadequado acompanhado por ganho de peso insuficiente aumenta o risco de baixo peso ao nascer mortalidade perinatal neonatal e infantil (KRASOVEC ANDERSON 1991)

Gestantes que apresentam uma reserva ina-dequada de nutrientes aliada a uma ingestatildeo dieteacutetica insuficiente poderatildeo ter um compro-metimento do crescimento fetal e consequumlen-temente do peso ao nascer (ROCHA et alli 2005) Tambeacutem o ganho de peso gestacional excessivo natildeo eacute beneacutefico ao receacutem-nascido pois agraves vezes esse excedente serve apenas

para deteriorar o estado nutricional materno e natildeo necessariamente eacute canalizado para o feto (LIZO et alli 1998 ABRAMS et alli 2000) Um ganho de peso insuficiente estaacute relaciona-do a um maior risco de retardo de crescimento intra-uterino e mortalidade perinatal e um ganho de peso excessivo pode estar associado a patologias maternas como o diabetes ges-tacional macrossomia fetal dificuldades no parto e risco para o receacutem-nascido no periacuteodo perinatal como hipoglicemia (ACIOLLY et alli 2005)

Estudando a relaccedilatildeo entre baixo peso materno e baixo peso ao nascer do concepto Lima e Pelaacute analisaram 15 gestantes de baixo peso que realizaram preacute-natal em um Centro Municipal de Sauacutede da periferia de Botucatu-SP no ano de 1995 comparando-as a um gru-po de 8 gestantes de peso normal que frequumlen-tavam o mesmo serviccedilo preacute-natal As autoras encontraram uma diferenccedila meacutedia de peso de 118g a mais para os filhos daquelas matildees com peso normal quando comparados com os filhos de mulheres de baixo peso Aleacutem disso constataram que as gestantes com peso normal tiveram em meacutedia duas semanas de gestaccedilatildeo a mais quando comparadas com aquelas de baixo peso

Sendo assim as recomendaccedilotildees nutricio-nais na gestaccedilatildeo devem ser adequadas a cada mulher considerando-se as variaccedilotildees indivi-duais de acordo com necessidades em cada gestaccedilatildeo incluindo vaacuterios aspectos como as dimensotildees corporais niacutevel de atividade fiacutesica a idade e as gestaccedilotildees muacuteltiplas

COnCLUSatildeO

O baixo peso ao nascer eacute um indicador das condiccedilotildees de sauacutede de grande complexidade apresentando inuacutemeros fatores de risco para sua ocorrecircncia mas ainda controversos O baixo niacutevel socioeconocircmico tem se mostrado

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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REfERecircnCIaS

ABRAMS B ALTMAN SL PICKETT KE Pregnancy weight gain still controversial Am J Clin Nutr 2000 71(Suppl)S1233-41

ACCIOLY E SAUNDERS C LACERDA EMA Nutriccedilatildeo em obstetriacutecia e pediatria 3 ed Rio de Janeiro Cultura medica 2005

ALMEIDA M F MELLO-JORGE M H PO uso da teacutecnica de ldquolinkagerdquo de sistemas de infor-maccedilatildeo em estudos de coorte sobre mortalidade neonatal Revista de Sauacutede Puacuteblica 1996 30141-7

ANDRADE CLT SZWARCWALD CL GAMA SGN LEAL MC Desigualdades soacutecio-econocircmicas do baixo peso ao nascer e da mortalidade perinatal no Municiacutepio do Rio de Janeiro 2001 Cadernos de Sauacutede Puacuteblica vol20 suppl1 Rio de Janeiro 2004

BARROS FC VICTORA CG VAUGHAN JP ESTANISLAU HJ Bajo peso al nascer em el municipio de Pelotas Brasil factores de riesgo Bol Ofic Sanit Panam 1987 102(6) 541-54

um importante fator de risco para o apareci-mento do baixo peso ao nascer A classe social menos favorecida apresentou os maiores coe-ficientes de mortalidade neonatal e poacutes-natal mostrando que os efeitos negativos desse fator estiveram e estatildeo sempre presentes desde o nascimento e ao longo da vida de milhotildees de crianccedilas

De acordo com achados da literatura pode-se afirmar que a baixa escolaridade materna eacute um fator importante que pode predispor o aparecimento de situaccedilotildees de risco para a matildee e o receacutem-nascido estando associada tanto ao baixo peso ao nascer como agrave mortalidade peri-natal neonatal e infantil Estas associa-ccedilotildees podem ocorrer natildeo soacute devido ao menor conhecimento destas matildees quanto a importacircn-cia do preacute-natal mas tambeacutem agrave dificuldade de acesso aos serviccedilos de puericulturaO estado nutricional materno preacute-gestacional e gesta-

cional tem relaccedilatildeo direta com o peso ao nascer uma vez que o feto supre suas necessidades nutricionais atraveacutes das reservas maternas Tal fato demonstra a importacircncia de um acompa-nhamento nutricional preacute-natal eficiente que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e ganho de peso adequado durante a gestaccedilatildeo

A melhoria da cobertura e acesso aos serviccedilos de assistecircncia preacute-natal permitiria identificar matildees com risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal reduzindo assim o baixo peso ao nascer e evitando ou-tros resultados indesejados As informaccedilotildees obtidas atraveacutes deste trabalho evidenciam a necessidade de estrateacutegias de inclusatildeo social da gestante e poliacuteticas de sauacutede dirigidas para um melhor acompanhamento preacute-natal aleacutem de reforccedilar o papel fundamental da nutriccedilatildeo para promoccedilatildeo de haacutebitos alimentares saudaacute-veis dessa populaccedilatildeo

Caacutessia Gualberto de Paula et al

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Revista Augustus | Rio de Janeiro | Vol 14 | N 29 | Fevereiro de 2010 | SemestralARTIGOS

Baixo peso ao nascer fatores socioeconocircmicos assistecircncia preacute-natal e nutricional ndash uma revisatildeo

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um importante fator de risco para o apareci-mento do baixo peso ao nascer A classe social menos favorecida apresentou os maiores coe-ficientes de mortalidade neonatal e poacutes-natal mostrando que os efeitos negativos desse fator estiveram e estatildeo sempre presentes desde o nascimento e ao longo da vida de milhotildees de crianccedilas

De acordo com achados da literatura pode-se afirmar que a baixa escolaridade materna eacute um fator importante que pode predispor o aparecimento de situaccedilotildees de risco para a matildee e o receacutem-nascido estando associada tanto ao baixo peso ao nascer como agrave mortalidade peri-natal neonatal e infantil Estas associa-ccedilotildees podem ocorrer natildeo soacute devido ao menor conhecimento destas matildees quanto a importacircn-cia do preacute-natal mas tambeacutem agrave dificuldade de acesso aos serviccedilos de puericulturaO estado nutricional materno preacute-gestacional e gesta-

cional tem relaccedilatildeo direta com o peso ao nascer uma vez que o feto supre suas necessidades nutricionais atraveacutes das reservas maternas Tal fato demonstra a importacircncia de um acompa-nhamento nutricional preacute-natal eficiente que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e ganho de peso adequado durante a gestaccedilatildeo

A melhoria da cobertura e acesso aos serviccedilos de assistecircncia preacute-natal permitiria identificar matildees com risco de parto antecipado ou baixa taxa de crescimento fetal reduzindo assim o baixo peso ao nascer e evitando ou-tros resultados indesejados As informaccedilotildees obtidas atraveacutes deste trabalho evidenciam a necessidade de estrateacutegias de inclusatildeo social da gestante e poliacuteticas de sauacutede dirigidas para um melhor acompanhamento preacute-natal aleacutem de reforccedilar o papel fundamental da nutriccedilatildeo para promoccedilatildeo de haacutebitos alimentares saudaacute-veis dessa populaccedilatildeo

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