ba modelo criatividade

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Criação, disseminação e Gestão do Conhecimento nas comunidades estratégicas Augusto de Toledo Cruz Junior, M.Sc. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Produção [email protected] Marly Monteiro de Carvalho, Ph.D. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Produção [email protected] Fernando José Barbin Laurindo, Ph.D. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Produção [email protected] Marcelo Schneck de Paula Pessoa, Ph.D. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Produção [email protected] O desenvolvimento da Tecnologia da Informação viabiliza redes de informação que permitem a criação de uma grande variedade de negócios, com o objetivo de inovar as competências essenciais, e simultaneamente criar novos valores para seus clientes através de alianças estratégicas focadas na gestão do conhecimento dos envolvidos, denominadas comunidades estratégicas. O artigo analisa a criação, disseminação e gestão do conhecimento nas comunidades estratégicas já relatado através de estudos de casos, e explora por associação elementos teóricos que ainda não se encontram claros neste mecanismo, visando permitir a aplicação prática do modelo de comunidade. Para tanto, realiza a busca dos elementos faltantes nas teorias associadas ao conceito de espiralar o conhecimento e alcança resultados que descrevem o local onde a comunidade cria o conhecimento, como as ferramentas da TI são utilizadas, e quando são aplicadas, além de um framework completo com a dinâmica da comunidade estratégica. Palavras-chave: comunidade estratégica; gestão do conhecimento; tecnologia da informação. The development of Information Technology makes possible to build up information networks that also make possible to create new businesses, with the objective of innovating the core competences, and simultaneously create new values for customers. It is created strategic alliances centered in the knowledge management of the involved ones that are named strategic communities. The article analyzes the creation, dissemination and manage- ment of the knowledge in the strategic communities divulgated through studies of cases, and explores using association theoretical elements that are not clear its mechanism, aiming to allow the practical application of the community model. The research was done in the theories associates to the concept of spiral knowledge and reaches results that describe the place where the community creates the knowledge, how the TI tools are used, and when they are applied, beyond a complete framework with the dynamics of the strategic community. Keywords: strategic community; knowledge management; information technology. Produto & Produção, vol. 8, n. 3, p. 21-34, out. 2005 1 Introdução Atualmente uma grande variedade de negócios utilizan- do a Internet e outras redes de informação tem apareci- do em função do desenvolvimento das tecnologias da TI (tecnologia da informação). Esses negócios não se limitam a utilizar apenas os próprios recursos da empresa, como conhecimento, competência, pessoal, etc., mas também criam formas de colaboração envol- vendo relacionamentos externos, incluindo clientes, com o objetivo de inovar as competências essenciais (core competences) das organizações, e simultanea- mente criar novos valores para seus clientes (PRAHALAD e HAMEL, 1990; DUHAN et al. , 2001).

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Criação, disseminação e Gestão do Conhecimentonas comunidades estratégicas

Augusto de Toledo Cruz Junior, M.Sc.Escola Politécnica da Universidade de São PauloDepartamento de Engenharia de Produçã[email protected]

Marly Monteiro de Carvalho, Ph.D.Escola Politécnica da Universidade de São PauloDepartamento de Engenharia de Produçã[email protected]

Fernando José Barbin Laurindo, Ph.D.Escola Politécnica da Universidade de São PauloDepartamento de Engenharia de Produçã[email protected]

Marcelo Schneck de Paula Pessoa, Ph.D.Escola Politécnica da Universidade de São PauloDepartamento de Engenharia de Produçã[email protected]

O desenvolvimento da Tecnologia da Informação viabiliza redes de informação que permitem a criação de umagrande variedade de negócios, com o objetivo de inovar as competências essenciais, e simultaneamente criar novosvalores para seus clientes através de alianças estratégicas focadas na gestão do conhecimento dos envolvidos,denominadas comunidades estratégicas. O artigo analisa a criação, disseminação e gestão do conhecimento nascomunidades estratégicas já relatado através de estudos de casos, e explora por associação elementos teóricos queainda não se encontram claros neste mecanismo, visando permitir a aplicação prática do modelo de comunidade.Para tanto, realiza a busca dos elementos faltantes nas teorias associadas ao conceito de espiralar o conhecimento ealcança resultados que descrevem o local onde a comunidade cria o conhecimento, como as ferramentas da TI sãoutilizadas, e quando são aplicadas, além de um framework completo com a dinâmica da comunidade estratégica.

Palavras-chave: comunidade estratégica; gestão do conhecimento; tecnologia da informação.

The development of Information Technology makes possible to build up information networks that also makepossible to create new businesses, with the objective of innovating the core competences, and simultaneouslycreate new values for customers. It is created strategic alliances centered in the knowledge management of theinvolved ones that are named strategic communities. The article analyzes the creation, dissemination and manage-ment of the knowledge in the strategic communities divulgated through studies of cases, and explores usingassociation theoretical elements that are not clear its mechanism, aiming to allow the practical application of thecommunity model. The research was done in the theories associates to the concept of spiral knowledge and reachesresults that describe the place where the community creates the knowledge, how the TI tools are used, and whenthey are applied, beyond a complete framework with the dynamics of the strategic community.

Keywords: strategic community; knowledge management; information technology.

Produto & Produção, vol. 8, n. 3, p. 21-34, out. 2005

1 Introdução

Atualmente uma grande variedade de negócios utilizan-do a Internet e outras redes de informação tem apareci-do em função do desenvolvimento das tecnologias daTI (tecnologia da informação). Esses negócios não selimitam a utilizar apenas os próprios recursos da

empresa, como conhecimento, competência, pessoal,etc., mas também criam formas de colaboração envol-vendo relacionamentos externos, incluindo clientes,com o objetivo de inovar as competências essenciais(core competences) das organizações, e simultanea-mente criar novos valores para seus clientes(PRAHALAD e HAMEL, 1990; DUHAN et al., 2001).

22 Produto & Produção, vol. 8, n. 3, p. 21-34, out. 2005

Como pano de fundo desses negócios existem aliançasestratégicas que atuam na gestão do conhecimento dosenvolvidos. Kadama (2002) e Kodama (1999a; 1999b;1999c; 2002) relatam aplicações práticas de um tipoespecífico dessas alianças, o qual denominam de comuni-dade estratégica, e que segundo Kadama (2002) pode serentendida como um grupo versátil, composto de elemen-tos de dentro e fora de uma organização, o qual através denovos produtos e novos serviços é capaz de realizarinovações. Em função da abrangência da colaboraçãoneste tipo de comunidade, normalmente se integram porsistemas da TI que suportam o seu funcionamento.

O embasamento teórico dos relatos referentes à criaçãoe a disseminação do conhecimento na comunidadeestratégica se apóia no processo de espiralar o conheci-mento (NONAKA e TAKEUCHI,1997; NONAKA eTOYAMA, 2003) para explicar a criação e amplificaçãodo conhecimento. Quanto às ferramentas da TI que dãosuporte ao processo de espiralar, são apresentadas quaissão as utilizadas e as consideradas mais apropriadas. Noentanto, os relatos não esclarecem detalhes tais como:

a) se a tipologia dessa comunidade é tipicamente deconhecimento, ou não;

b) o local da criação do conhecimento para emseguida ser espiralado;

c) a interação das ferramentas da TI com as fases doprocesso de espiralar.

A falta desses detalhes acaba inviabilizando areplicação desse modelo de comunidade em ambientessemelhantes, os quais se tornam cada vez mais presen-tes nos nossos negócios. Portanto, justifica ser estuda-do para tornar o modelo aplicável.

Em função do exposto, este artigo tem como objetivocontribuir na exploração dos detalhes não totalmenteesclarecidos, mantendo-se fiel ao embasamento teóricocentral do processo de espiralar o conhecimento, ouseja, é realizado um recorte na literatura analisando-seapenas os elementos associados a esse processo.

O artigo também pretende contribuir com a proposta deum framework, mais completo que o apresentado porKadama (2002), o qual sintetize a dinâmica da criação edisseminação do conhecimento da comunidade estraté-gica, incluindo as explorações realizadas neste artigo.

Para executar o proposto, a seção 1 trata dos levanta-mentos dos elementos que atuam na gestão do conheci-mento, associados ao recorte proposto. Inicia com osconceitos das organizações baseadas em trabalho e emconhecimento (LAWLER, 1994 apud LINDGREN et al.,2003). Em seguida, é revisto mais detalhadamente oprocesso de espiralar o conhecimento (NONAKA eTAKEUCHI,1997) através do processo do modelodenominado SECI (Socialização; Externalização;

Combinação; Internalização) (NONAKA e TOYAMA,2003), para compreender melhor o embasamento centralutilizado para a comunidade estratégica. Ainda éexplorado o conceito referente ao lugar onde o conheci-mento é criado, através do conceito do Ba (NONAKA eTOYAMA, 2003), visando esclarecer detalhes quanto aolocal da criação do conhecimento, para em seguida serespiralado. Esta seção é finalizada com a exploração dainteração das ferramentas da TI com as fases do processode espiralar (CARVALHO e FERREIRA, 2001).

Na seção 2 são sintetizadas as características dacomunidade estratégica relatadas por Kodama (1999a;1999b; 1999c; 2002) e Kadama (2002), além doframework apresentado por Kadama (2002), com afunção de permitir que na seção 3 se realize a discussãocom os elementos explorados na seção 1, e finalizarcom proposição do framework mais completo.

A seção 4 apresenta as conclusões e as pendências aserem resolvidas em uma agenda futura.

2 A disseminação do conhecimento

2.1 As organizações baseadasem trabalho e em conhecimento

A extensa literatura descreve tipologias de formasorganizações, que podem ser divididas em organizaçãobaseada em trabalho e organização baseada emconhecimento (LAWLER, 1994 apud LINDGREN etal., 2003). Uma organização baseada no trabalho podeser descrita como um conjunto de máquinas quecoordena bem um repertório fixo de rotinas, onde oquadro que se vê é a ordem, a previsibilidade e ahierarquia (LINDGREN et al., 2003).

Lindgren et al. (2003, p. 21, grifo do autor) afirma queDrucker (1988; 1993) apud Lindgren et al. (2003)“cunhou a frase ‘trabalho de conhecimento’ de maneiraa descrever o aumento de importância do conhecimen-to na sociedade emergente pós-industrial”. Essetrabalho de conhecimento desafia a rotina e requer ouso da criatividade para produzir conhecimento(BLACKLER, 1995 apud LINDGREN et al., 2003).Conforme Lindgren et al. (2003), o conceito detrabalho de conhecimento é estendido para organiza-ções baseadas em conhecimento, as quais praticam otrabalho de conhecimento e distinguem-se por convi-verem num ambiente de mudanças condições, sobexigências inesperadas e um aprendizado contínuo.Nelas há uma necessidade constante de inovação querequer o uso de sistemas de competências baseadosnuma melhor interpretação das competências que sãodesenvolvidas sobre os próprios interesses dos indiví-duos no trabalho e que possam ser utilizados pelaorganização.

23Cruz Jr., A. de T.; Carvalho, M. M. de; Laurindo, F. J. B.; Pessoa, M. S. P. – Criação, Disseminação e Gestão ...

Apesar de uma organização baseada em conhecimentose contrapor à rigidez da organização baseada notrabalho, não significa que não possam conviver e quesejam mutuamente exclusivas. “Normalmente, ambas asformas podem ser encontradas em áreas diferentes,departamentos, ou níveis dentro da mesma organização”(NONAKA, 1994 apud LINDGREN et al., 2003, p. 21).

As comunidades estratégicas podem ser entendidascomo organizações que atuam principalmente baseadasem conhecimento, mas também não deixam de atuarcomo organizações baseadas em trabalho. Desta maneira,a seguir, são revistas as teorias que podem auxiliar noentendimento da atuação das comunidades estratégicascomo organização baseada em conhecimento.

2.2 O processo de espiralar o conhecimento

Conhecimento explícito é aquele que está codificado,pode ser encontrado em documentos, projetos e materiali-zado no próprio produto, enquanto que o conhecimentotácito é aquele que reside na mente das pessoas, é ligado àexperiência, difícil de ser compartilhado e depende dahistória de vida de cada um, de seus valores e modelosmentais (NONAKA e TAKEUCHI, 1997). Apesar dedistintos, o conhecimento tácito e o explícito não sãoentidades separadas e sim mutuamente complementaresque interagem entre si e realizam trocas nas atividadescriativas dos indivíduos (NONAKA e TAKEUCHI,1997).

Para entender como é possível sintetizar o ambiente e osrecursos envolvidos, Nonaka e Toyama (2003) visitam aTeoria da Estruturação de Giddens (1984) apud Nonaka eToyama (2003), a qual afirma que o ser humano age deacordo com a imagem que faz da realidade e estuda amaneira que o sistema social é produzido e reproduzido nainteração social. Se o ambiente influencia o agente, estepor sua vez recria continuamente seu ambiente pelainteração social, ou seja, o conhecimento é criado pelainteração entre o agente humano e estruturas sociais.Também argumenta que nossas ações são conduzidas pordois principais níveis de consciência: a discursiva e aprática. A primeira assemelha-se aos conhecimentosexplícitos porque nos dá a racionalidade para as açõesconscientes e a segunda refere-se ao nível de nossas vidasque nós não pensamos ou teorizamos, ou seja, pode-sedizer que os conhecimentos tácitos são produzidos pelaconsciência prática. A criação do conhecimento começacom a socialização, que ocorre quando certa pessoacompartilha conhecimento tácito diretamente com outrapessoa pela interação social. A externalização ocorrequando a pessoa é capaz de expressar os fundamentos doconhecimento tácito por conceitos, imagens e escrevendodocumentos. As pessoas são capazes de combinar compo-nentes isolados de conhecimentos explícitos. Os conheci-mentos explícitos coletados internamente e externamenteservem para a constituição de um novo, o qual é dissemi-nado entre os membros da organização. Pode-se observar a

internalização quando o conhecimento explícito écompartilhado em toda organização, e os empregadoscomeçam a internalizá-lo, utilizando-o para ampliar,estender e reformular seus próprios conhecimentos tácitos.

Em função da argumentação da Teoria da Estruturaçãode que o conhecimento é criado por meio da interaçãoentre o conhecimento tácito e o conhecimento explíci-to, Nonaka e Takeuchi (1997) propõem quatro modosdiferentes de conversão do conhecimento:

a) socialização: de conhecimento tácito para conheci-mento tácito;

b) externalização: de conhecimento tácito paraconhecimento explícito;

c) combinação: de conhecimento explícito paraconhecimento explícito;

d) internalização: de conhecimento explícito paraconhecimento tácito.

Além disso, Nonaka e Takeuchi (1997) ilustram oprocesso de funcionamento dos quatros modos deconversão do conhecimento e suas interações com oambiente, através do modelo denominado SECI(Socialização; Externalização; Combinação;Internalização), o qual pode ser visto na Figura 1.

A dinâmica do processo do modelo SECI ocorreformando uma espiral de criação, e não um círculo(NONAKA e TOYAMA, 2003), na qual a interaçãoentre o conhecimento tácito e o explícito é amplificadapelos quatros modos de conversão do conhecimento doprocesso. A espiral torna-se ampla em escala e move-seentão para níveis ontológicos e pode disparar umanova espiral de criação de conhecimento expandindohorizontalmente e verticalmente de acordo como ela semove pelas comunidades de interação que transcende aseção, departamento, divisão e mesmo limites daorganização, ou seja, pode haver interação de entrediferentes organizações (NONAKA e TOYAMA, 2003).

2.3 Ba como o local de criação doconhecimento para o processo de espiralar

Para o processo de criação do conhecimento é necessá-rio um contexto específico em termos de tempo, espaçoe relacionamento com os outros. O conhecimento nãopode ser criado no vácuo, e precisa de um local ondesão dados significados à informação pela interpretaçãopara tornar-se conhecimento.

O conceito do ba, proposto originalmente pelo filósofojaponês Kitaro Nishida (NISHIDA, 1921; 1970 apudNONAKA e TOYAMA, 2003), e que grosso modo significalugar, é definido por Nonaka e Toyama (2003) como umcontexto compartilhado em movimento, onde o conheci-

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mento é compartilhado, criado e utilizado (NONAKA eTOYAMA, 2003). Ba fornece a energia, qualidade e localpara executar conversões de conhecimentos individuais epara mover ao longo da espiral do conhecimento. Emoutras palavras, ba é um espaço e tempo fenomenológicoonde um grupo de conhecimentos emerge. Novosconhecimentos são extraídos de conhecimentosexistentes pela mudança do significado do contexto.

Ba pode surgir em indivíduos, grupo de trabalho,equipe de projeto, reuniões temporárias, espaço virtualcom grupo de e-mails e contato direto com os clientes,etc. Ba é um local existencial onde os participantescompartilham seus contextos e criam novos significa-dos pelas interações. Participantes do ba trazem seupróprio contexto, mas pela interação com os outros e oambiente, o contexto do ba, os participantes e oambiente mudam conforme ilustrado na Figura 2.

Embora o conceito de ba seja similar ao conceito decomunidade de prática, a diferença reside no fato de queenquanto a comunidade de prática é estável, e para setornar um participante pleno leva tempo para aprendersobre a comunidade, no ba os participantes vêm e vão.Pela definição, ba envolve várias contradições. Ba requermúltiplos contextos, e ainda, um compartilhamento dosmesmos para existir. Um bom ba precisa de participantescom múltiplos pontos de vista, assim podem trazer várioscontextos para serem compartilhados. Ainda, o ba é um

local aberto onde participantes com seus próprioscontextos podem vir e ir, contanto que ba como contextocompartilhado possa continuamente ser envolvido. Paraum ba criar e manter energia, o limite do ba deveria sermantido permeável, de forma a proteger o ba de influên-cias externas e levar contextos necessários ao mesmotempo. Ba leva também participantes a terem pontos devista internos e externos, e ao mesmo tempo fornece umcontexto compartilhado em movimento. Uma maneira desintetizar o conhecimento no ba é ter diálogos dialéticosentre os participantes que trazem vários pontos de vistabaseados em várias experiências.

O ba não está limitado a uma simples organização, maspode ser criado cruzando os limites organizacionais. Bapode ser construído como um acordo com o fornecedor,uma aliança com o competidor, ou uma relação deinteração com os clientes, universidades, comunidadelocal ou governo, como mostra a Figura 3. Os membrosda organização transcendem os limites participando deum ba, e quando o ba em que participam é conectado aoutro ba, transcendem muito além destes limites.

Assim o ba dá a empresa capacidade para sintetizar.Criação de conhecimento é um processo humanodinâmico e gerente e trabalhadores crescem a cadaprocesso. No ba os gerentes tornam-se líderes e crescemas suas capacidades para sintetizar vários bas através dasua experiência de participação no ba.

Fonte: adaptado de Nonaka e Toyama (2003, p.5)

Figura 1 – Modelo SECI de criação e aumento do conhecimento

espiral

Explícito

Explícito

explícito

25Cruz Jr., A. de T.; Carvalho, M. M. de; Laurindo, F. J. B.; Pessoa, M. S. P. – Criação, Disseminação e Gestão ...

Fonte: Nonaka e Toyama (2003, p.7)

Figura 2 – Representação conceitual do ba

Fonte: Nonaka e Toyama (2003, p.8)

Figura 3 – Organização como configuração orgânica do ba

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2.4 A TI como suporte nos modosde conversão do conhecimento

Utilizando os modos de conversão do conhecimentoproposto por Nonaka e Takeuchi (1997) e Carvalho eFerreira (2001) propõem a perspectiva de suporte da TIconforme as características de cada tipo de software. Noquadro da Figura 4 são apresentadas as aplicações dossoftwares em cada quadrante do modo de conversão eas características sintéticas dos softwares.

3 As comunidades estratégicas

3.1 Valores comuns na comunidadeestratégica

De acordo com Kadama (2002), um ponto importantena criação da comunidade estratégica é o estabeleci-mento de uma plataforma de valores harmonizadosentre as várias entidades que participam da comunida-de. Também Hesselbein et al. (1998) afirma que um dospré-requisitos para a formação da comunidade estraté-gica é que todos os participantes possuam os mesmosvalores. Desta maneira, a criação da comunidadeestratégica depende da existência desses valores

comuns, os quais são apresentados resumidamente aseguir.

A comunidade estratégica não é apenas uma únicacomunidade, mas em geral é a reunião de três tipos decomunidades, conforme ilustrado na Figura 5, e queapresentam as seguintes características (KODAMA,1999a):

a) tipo 1: são comunidades existentes apenas dentroda organização, realizando tarefas diárias e rotinei-ras, compartilhando informação e conhecimentopara o desenvolvimento da estratégia e tomandodecisões do nível superior ao nível médio, e emseguida aos outros níveis, ou das matrizes para asfiliais e escritórios de vendas;

b) tipo 2: são comunidades existentes por agrupamen-to com parceiros externos à organização, comparti-lhando conhecimento e informação, criandonegócios, e realizando todo trabalho externo para aestratégia estabelecida;

c) tipo 3: são comunidades existentes entre a organi-zação e os seus consumidores através de canaisdiretos e estratégias novas de marketing (projeto deum novo produto, desenvolvimento de serviços

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Fonte: adaptado de Carvalho e Ferreira (2001)

Figura 4 – Suporte da TI nos modos de conversão do conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997).

27Cruz Jr., A. de T.; Carvalho, M. M. de; Laurindo, F. J. B.; Pessoa, M. S. P. – Criação, Disseminação e Gestão ...

que refletem as necessidades e reivindicações declientes específicos, etc.). Esses consumidoresenvolvem desde grandes clientes até usuáriosgerais.

Kodama (1999a) sugere que a estratégia de gestão dacomunidade é influenciada por dois fatores essenciais.O primeiro é o compartilhamento, criação, e desenvol-vimento criativo de diversos recursos que podem serinformações, conhecimento e competências dacomunidade. Isto se aplica tanto para as competênciaspossuídas pelos indivíduos, como para as competênci-as da comunidade toda.

O segundo fator essencial é a liderança para inovaçãoexercida por líderes da comunidade, os quais, depen-dendo do trabalho que executem, podem estar na altagerência das organizações, ou no nível médio. O que

importa é que demonstrem liderança para inovação.Mesmo uma organização que tenha o melhor dascompetências da comunidade, sozinha não garante osucesso (KODAMA, 1999a), ou seja, é necessário queessas competências sejam aproveitadas pela comunida-de sob o comando destes líderes, promovendo aressonância entre os membros para obtenção doobjetivo comum.

3.2 O suporte da TI no funcionamento dascomunidades estratégicas

Com a rápida inovação tecnológica nas redesmultimídias digitais, agora é possível para as comuni-dades desenvolverem negócios fazendo uso intensivoda TI. Especificamente são utilizadas ferramentas comosistemas de rede de informações baseados em aplica-

ções multimídias (KODAMA, 1999b; 1999c), procu-rando proporcionar a colaboração de alta qualidadenecessária para a decisão dos líderes da comunidade, epara as interações entre os participantes, sistemachamado neste artigo de rede da comunidade.

Esta rede compreende a comunicação individualbaseada em texto, por correio eletrônico e softwares degrupos de trabalho, de um nível que permite comunica-ção interativa fundindo os elementos imagem, voz etexto. Usa basicamente tecnologia da Internet e ISDN(Integrated Services Digital Network). Como aplica-ções são utilizadas tanto modelos interativos em temporeal, como sistemas de armazenamento, ou modelos emtempo não-real ilustrados no quadro da Figura 6.

Os modelos interativos em tempo real permitem a trocasimultânea de informações de diferentes localidades.

Os sistemas típicos são os de vídeo conferência,terminais de vídeo como, por exemplo, telefones comvídeo, os quais são mais pessoais e fáceis de usar. Estessistemas são interativos com imagens e vozes, mastambém permitem o compartilhamento de informaçõescom texto, sobrepondo com vantagens o correioeletrônico e softwares de trabalho em grupo, poispossibilitam a fácil comunicação dos pensamentos eintenções, permitindo um debate rico e de decisãorápida (KODAMA, 1999b; 1999c).

Os modelos de armazenamento permitem guardar ascompetências da comunidade tais como informações,conhecimento e especialidades, as quais não são detempo real por natureza, situando-se em sistemas dearmazenamento nos quais se pode buscar sob demanda.Sistemas típicos podem ser vídeos sob demanda que

Comunidades do tipo 1:Inseridas dentro daprópria organização

Comunidades do tipo 2:Existentes entre a

organização e outrasempresas

Comunidades do tipo 3:Existentes entre a

organização e seusconsumidores

Fora da Organização

Dentro da Organização Consumidores

Fonte: adaptado de Kodama (1999a, p.141)

Figura 5 – Tipos de comunidades e seus relacionamentos

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permitem o acesso e busca em bancos de dados deimagens, e também correio de voz e informações comtexto, utilizando como meio terminais de vídeo deequipamentos tais como sistemas de vídeo conferênciae telefones com vídeo (KODAMA, 1999b; 1999c).

De acordo com os resultados de pesquisa apresentadaem Kodama (1999a; 1999c), constatou-se que asferramentas utilizadas na rede da comunidade seposicionam melhor para suporte na gestão estratégicado que outras ferramentas amplamente utilizadas,conforme ilustrado na Figura 5.

3.3 A criação e disseminação doconhecimento na comunidade estratégica

De acordo com o modelo apresentado na Figura 6,a comunidade estratégica se apóia numa liderançainovadora e na formação de uma plataforma deressonância de estratégias comuns, e cria valor paraseus consumidores, decorrente do relacionamentointerativo entre o processo de espiralar o conhecimentoda comunidade, em conjunto com o processo deavanço da competência da comunidade.

Kadama (2002) sugere que a inovação do conhecimen-to da comunidade ocorre por meio do desenvolvimentode um “processo de ‘Compartilhamento para a Inspira-ção para a Criação para a Acumulação’ que espirala”(KADAMA, 2002, p.290, grifo do autor) o conhecimen-to da comunidade. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997)e Nonaka e Toyama (2003), esse processo ocorredevido ao engajamento dos seus membros no diálogo ena colaboração. Como resultado tem-se o desenvolvi-mento e venda de produtos e serviços que os consumi-dores necessitam e repetidamente têm a sua qualidademelhorada, o que também resulta na melhoria daqualidade do conhecimento da comunidade

(KADAMA, 2002). Enquanto isso, o processo deavanço da competência corresponde ao avanço dascompetências essenciais da comunidade, as quaisatingem um alto grau de sofisticação.

Conforme Kadama (2002), as competências da comuni-dade avançam em três modos (ver Figura 7):

a) compartilhamento: a competência da comunidadetroca conhecimento sobre as várias alternativas e oprocesso de espiralar se encontra na fase inicialconceituando o produto ou serviço;

b) criação: a competência da comunidade estabelecealto padrões de qualidade para o produto ouserviço e o processo de espiralar se encontra na fasede crescimento promovendo uma estratégiaintegrada;

c) renovação: a competência da comunidade cria onovo produto ou serviço e o processo de espiralarse encontra na fase de desenvolvimento iniciando ofornecimento do produto ou serviço.

Para que a inovação ocorra através da gestão dacomunidade estratégica, são relevantes pelo menosdois pontos (KADAMA, 2002):

1. o líder da comunidade deve compreender asituação em termos de cinco elementos: ambiente,tecnologia, mercado, consumidor e competição;

2. o líder deve estar capacitado para descobrir ourecrutar novos líderes, tanto dentro como fora dasua organização. Com essa capacitação serápossível formar a plataforma de valores harmoniza-dos trabalhando com os novos líderes, possibilitan-do a criação de comunidades estratégicas organiza-das e a realização de inovação.

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Fonte: adaptado de Kodama (1999b, p.189)

Figura 6 – Conceito das ferramentas de TI utilizadas pela rede da comunidade

29Cruz Jr., A. de T.; Carvalho, M. M. de; Laurindo, F. J. B.; Pessoa, M. S. P. – Criação, Disseminação e Gestão ...

Fonte: Kodama (1999a, p. 144)

Figura 7 – Posicionamento das ferramentas da rede da comunidade em relação a outras ferramentas

Fonte: Kadama (2002, p. 301)

Figura 8 – Criação e inovação organizada da comunidade estratégica

30 Produto & Produção, vol. 8, n. 3, p. 21-34, out. 2005

3.4 Algumas diferenças da comunidadeestratégica em relação a outras estruturasorganizacionais

De maneira a não confundir a comunidade estratégicacom outras estruturas organizacionais como, porexemplo, as estruturas organizacionais por projeto ecomunidade de prática, Kodama (2002) e Kadama(2002) esclarecem que as estruturas por projeto são bemformais e se baseiam em planos estratégicos muito bemdefinidos que são geridos pela alta direção, onde etapase objetivos são bem detalhados. Para executar essesplanos são apropriadas pessoas da própria organização,e algumas vezes de fora dela, por um período definido,seguindo uma estratégia deliberada até que o projetotenha sido completado. É uma das mais efetivasestruturas organizacionais. No entanto, Bresnen et al.(2003) apud Donk e Riezebos (2004) afirmam queestudos empíricos mostram que as organizações porprojeto têm dificuldade em aprender através dosprojetos, provavelmente porque o conhecimentodisponível não é fácil de ser adquirido. Além disso, nãohá literatura ou prática de gestão que indique ummétodo apropriado que ensine a adquirir esse conheci-mento neste tipo de estrutura. As ferramentas aplicáveisda TI normalmente visam mais o monitoramento documprimento da estratégia adotada, do que a promoçãode colaboração entre os participantes.

Contrariamente a estrutura formal por projeto, tem-se acomunidade de prática que age informalmente atravésde uma auto-organização com membros voluntários evirtuais da organização a que pertence. Sua estruturaorganizacional tem como objetivo promover melhoriasno processo dos negócios das operações diárias.Costuma ser difícil obter recursos para a sua sustenta-ção, e em geral, suas atividades não são distintas dasatividades da organização, e em muitos casos não sãoautorizadas, permanecendo enquanto o interesse dosmembros continua. Em função destas características, nacomunidade de prática não há uma necessidade deferramentas específicas da TI.

Kodama (2002) e Kadama (2002) sugerem que acomunidade estratégica é aplicável em casos onde asprevisões são difíceis e os responsáveis pela sua gestãosão surpreendidos por inúmeros eventos para os quaisainda não há estratégias de solução validadas. Nela seaplica o método de tentativa e erro, onde a estratégiasurge das ações que são tomadas, e não há prazodefinido para terminar, ou seja, a comunidade émantida enquanto for necessária. Alternativamente aestrutura por projetos, o centro da estratégia nacomunidade estratégica é ocupada pela gerênciaintermediária, a qual procura formar grupos virtuaistanto dentro como fora das organizações que fazem

parte da comunidade, incluindo clientes, para gerarnovas demandas e criar novos mercados. Para tanto, éfundamental o apoio de ferramentas de TI que promo-vam ampla colaboração entre seus membros.

4 Discussão

4.1 Quanto à tipologia da comunidadeestratégica em relação ao conhecimento

Pelas características da comunidade estratégica,descritas na Introdução, ela atua como organizaçãobaseada em conhecimento, pois pratica o trabalho deconhecimento (LINDGREN et al., 2003) e vive em umambiente de mudanças de condições, sob exigênciasinesperadas e um aprendizado contínuo, que são ascaracterísticas de uma organização baseada emconhecimento. No entanto, ao menos as comunidadesdentro e fora da organização (comunidades dos tipos 1e 2 da seção 2.1) convivem com organizações baseadasno trabalho pois se relacionam respectivamente comoutras empresas e consumidores como grandes clientes(também empresas). Desta maneira confirma a observa-ção de que “normalmente, ambas as formas podem serencontradas em áreas diferentes, departamentos, ouníveis dentro da mesma organização” (NONAKA, 1994apud LINDGREN et al., 2003, p. 21).

4.2 Quanto ao local da criaçãodo conhecimento para em seguidaser espiralado

Conforme exposto na seção 2.1, e também ilustrado naFigura 4, a criação de uma comunidade estratégicaocorre da reunião de comunidades que podem serassociadas ao conceito da sintetização de bas descritona seção 1.3. Assim sendo, uma outra maneira deilustrar a comunidade estratégica com o uso doconceito do ba, pode ser o proposto na Figura 9, ondeos diversos bas levam os participantes a terem pontosde vista internos e externos, e ao mesmo tempo forneceum contexto compartilhado em movimento onde ospróprios contextos estão envolvidos, similar à necessi-dade de ressonância das competências entre os mem-bros da comunidade estratégica para obtenção de umobjetivo comum descrita na seção 2.3. Conseqüente-mente, a comunidade estratégica pode então formar oespaço e tempo fenomenológico onde o conhecimentoemerge, que pode ser a plataforma de ressonância dosenso de valor dentro de uma estratégia comum dacomunidade ilustrada na Figura 8.

No ba os gerentes tornam-se líderes e crescem as suascapacidades para sintetizar vários bas através da suaexperiência de participação no ba, que também podem

31Cruz Jr., A. de T.; Carvalho, M. M. de; Laurindo, F. J. B.; Pessoa, M. S. P. – Criação, Disseminação e Gestão ...

ser os líderes da comunidade ilustrado na Figura 9.Desta maneira, o conceito do ba funde a plataforma deressonância e a liderança inovadora na plataforma deliderança e ressonância, conforme ilustrado na Figura 8.

4.3 Quanto à interação das ferramentas daTI com as fases do processo de espiralar

Na rede da comunidade se usam prioritariamenteferramentas multimídias, pois proporcionaminteratividade, fácil comunicação, debate e decisão.No entanto, não há como realizar a interatividadeprescindindo das demais ferramentas de organização,armazenamento e busca do conhecimento adquirido.Na prática as ferramentas de multimídia também sãoapoiadas pelas demais ferramentas, que tambémpodem ser acessadas através das ferramentasmultimídias. Desta maneira, na representação dasferramentas da TI no quadro da Figura 4 precisam seradicionadas as ferramentas multimídias da rede dacomunidade se relacionando com as demais ferramen-

tas, conforme ilustrado na Figura 10, onde o espiralardo conhecimento interage continuamente através dasferramentas multimídias da rede da comunidade emrelação direta com as demais ferramentas de apoio decada quadrante do processo SECI.

4.4 Quanto à proposta de um frameworkmais completo

O processo de inovação no conhecimento da comuni-dade estratégica através do espiralar, junto com aligação interativa com o avanço das competências dacomunidade, pode ser entendido de acordo com oprocesso SECI descrito na seção 2.2.

Neste processo ocorre o avanço das competênciasquando o conhecimento explícito dos elementos dacomunidade é compartilhado e internalizado, utilizan-do-o para ampliar, estender e reformular seus própriosconhecimentos tácitos. Os modos de compartilhamento,

Fora daOrganização

ConsumidoresDentro da OrganizaçãoBa entre a

organização eoutras empresas

Ba daorganização

Ba daorganização

Ba daorganização

Ba daorganização

Ba daorganização

Ba daorganização

Ba entre aorganização e

seus consumidores

Plataforma de liderança e ressonância

Figura 9 – Relacionamento dos bas da comunidade estratégica na plataforma de liderança e ressonância

Figura 10 – Relacionamento entre as ferramentas da TI da rede da comunidade e demais ferramentas

32 Produto & Produção, vol. 8, n. 3, p. 21-34, out. 2005

criação e renovação da comunidade estratégicadescritos na seção 2.3 podem ser associados às diferen-tes espirais que são disparadas conforme o conheci-mento da espiral anterior torna-se amplo e move-separa níveis ontológicos. O espiralar em um sentidopode provocar o avanço da competência da comunida-de, ao mesmo tempo em que no sentido inverso seaproveita do conhecimento adquirido para continuar oseu movimento espiral, ou seja, interagem continua-mente. As novas espirais podem se expandir horizon-talmente e verticalmente de acordo como ela se movepelos bas da comunidade. Esse mecanismo pode serilustrado conforme a Figura 11, a qual sintetiza adinâmica da criação e disseminação do conhecimentoda comunidade estratégica, incluindo as exploraçõesrealizadas neste artigo.

5 Conclusões

5.1 Resultados mais importantes

A comunidade estratégica pode ser representada porbas conectados que fundem sob o mesmo conceito o

embasamento proporcionado pelos líderes e a platafor-ma de ressonância do senso de valor de uma estratégiacomum da comunidade.

As ferramentas da TI dividem-se entre aquelas queproporcionam a interação e as que apóiam para queesta interação possa acontecer. A rede da comunidade éutilizada em todo processo de criação do conhecimen-to, enquanto que as demais ferramentas são apropriadaspara certos quadrantes do processo. A interação ocorreatravés das ferramentas multimídias da rede da comuni-dade, mas dependem também das demais ferramentas,as quais podem ser acessadas diretamente, ou atravésdas ferramentas da comunidade.

O avanço das competências resulta do espiralar doconhecimento até níveis ontológicos, quando ocorre odisparo de uma nova espiral. Os modos de avanço dascompetências podem ser associados a cada espiral.

Ao utilizar a conceituação do ba em conjunto com oprocesso de espiralar o conhecimento e com ainteração das ferramentas da TI, consegue-se apresentarum modelo mais completo da dinâmica de funciona-

Figura 11 – Dinâmica da comunidade estratégica

33Cruz Jr., A. de T.; Carvalho, M. M. de; Laurindo, F. J. B.; Pessoa, M. S. P. – Criação, Disseminação e Gestão ...

mento da comunidade estratégica.

5.2 Principais contribuições

Há avanço com o esclarecimento do local onde écriado o conhecimento através do uso do conceito doba, ou seja, como são as interações na plataforma deressonância da comunidade estratégica.

Esclarece o uso das ferramentas da TI nas fases apropria-das do espiralar do conhecimento.

Agrega às contribuições de Kadama (2002) e Kodama(1999a; 1999b; 1999c; 2002) as explorações desteartigo em um único framework.

5.3 Restrições e/ou limitações

A principal restrição e/ou limitação é referente àdinâmica do conceito do ba, que ainda parece se tratarde um conceito de caráter filosófico, pois não seencontra uma modelagem explícita. Assim sendo,como agenda de trabalhos futuros devem ser buscadosmecanismos empíricos que comprovem a sua dinâmica.

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