b-pineno línalol, ü-píneno, · citaram a presença de eugenol como constituinte ... de compr.,...

9
ÓLEO ESSENCIAL DE Pimenta pseudocaryopftyllus varo pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum (MYRTACEAE) I: CROMATOORAFIA A GAS/ESPEcrROMETRIA DE MAsSA (CG/EMi RESUMO As folhas de Pimenta pseudocaryophyllus varo pseudocaryophyllus (Go- mes) Landrum (Myrtaceae), coletadas no Parque Estadual de Campos do Jordão do Instituto Flo- restal, foram submetidas à destilação pelo método de CLEVENGER, obtendo-se rendimento em óleo essencial de 2,1% (p/v). Pela cromatografia a gás/espectrometría de massa (CG/EM), foram identificados como principais componentes: gera- nial (34,26%); neral (27,85%); linaloI (5,18%); ge- raniol (4,82%); B-cariofileno (4,40%); B-pineno (2,67%); 6-metil -5-hepteno -2-ona (1,58%); a-co- paeno (1,55%); 8 -cadineno (1,38%) e a -pineno (1,35%). Palavras-chave: Pimenta pseudocaryophyllu~ Myrtaceae, óleos essenciais, folha, geranial, neral, línalol, geraniol, B-cariofileno, ü-píneno, 6-metil -S-hepteno - 2-ona, a -copaeno, 8-cadineno, a -pineno, cromatogra- fia a gás. 1 INTRODUÇÃO Pimenta pseudocaryophyllus varo pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum (Myrta- ceae), compreende cerca de 100 gêneros e abran- ge, aproximadamente, 3500 espécies, distribuídas na América tropical e Austrália (BARROSO, 1984). Segundo CAMPOS CORRÊA et aL (1972), o Brasil encontra-se entre os maiores ex- portadores de óleos essenciais de folhas de Massako NAKAOKA SAKITA 2 Osny Tadeu de AGUIAR~ Mitsuyoshi YATAGA1 Tsukasa IGARASHl' ABSTRACf Leaves of Pimenta pseudocaryophyllus varo pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum (Myrtaceae), coUected in Parque Estadual de tampos do Jordão of Instituto Florestal, were submited by CLEVENGER rnethod distillation and was obtained in a yield of 2.1% (p/v), The gas chromathography/mass spectrometry (CG/MS) analyses were identified as main components: geranial (34.26%); neral (27.85%); linalool (5.18%); geraniol (4.82%); B-caryophyllene (4.40%); B-pinene (2.67%); 6-methyl -5-hepten-2-one (1.58%); a -copaene (1.55%); ó -cadinene (1.38%) and a -pinene (1.35%). Key words: Pimetns- pseudocaryophyllu~ Myrta- ceae, essential oils, geranial, neral, linalool, geraniol, B-caryoRyUene, B-pinene, 6-methyl-5-hepten-2~ one, a -copaene, ô-cadlnene, c-pmene, gas chromathography. Myrtaceae. Paradoxalmente, todas as espécies ex- ploradas são de origem australiana, Bucelyptus ci- uioàote Hook, Bucsiyptus smitaii Baker e Eucaly- ptus steigetuuu: F. V.M: Conforme os mesmos au- tores, não é por falta de mirtáceas na flora brasi- leira que inexiste exploração industrial. Pelo con- trário, de acordo com HOEHNE (1939), é no Brasil onde esta família encontra-se melhor repre- sentada quanto ao número de gêneros e espécies. 1 Aceito para publicação em abril de 1995. 2 Instituto Florestal, Caixa Postal 1322, 01059-970, São Paulo, SP, Brasil. 3 Forestry and Forest Products Research Institute, P.O Box 16, Tsukuba Norin Kenkyu Danchi Nai, Ibaraki, 305, Japan. 4 Harima do Paraná· Ind. Qulmica U,da. BR 151, Km 118, Caixa Postal 694, Ponta Grossa, PR. Rev. Insr. FIor., São Paulo, 6(único):53-61, 1994.

Upload: others

Post on 07-Nov-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: B-pineno línalol, ü-píneno, · citaram a presença de eugenol como constituinte ... de compr., dícásío simples ou composto, 2 a 3 flores no ápice, pedúnculos variando de 0,2

ÓLEO ESSENCIAL DE Pimenta pseudocaryopftyllus varo pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum(MYRTACEAE) I: CROMATOORAFIA A GAS/ESPEcrROMETRIA DE MAsSA (CG/EMi

RESUMO

As folhas de Pimentapseudocaryophyllus varo pseudocaryophyllus (Go-mes) Landrum (Myrtaceae), coletadas no ParqueEstadual de Campos do Jordão do Instituto Flo-restal, foram submetidas à destilação pelo métodode CLEVENGER, obtendo-se rendimento emóleo essencial de 2,1% (p/v). Pela cromatografiaa gás/espectrometría de massa (CG/EM), foramidentificados como principais componentes: gera-nial (34,26%); neral (27,85%); linaloI (5,18%); ge-raniol (4,82%); B-cariofileno (4,40%); B-pineno(2,67%); 6-metil -5-hepteno -2-ona (1,58%); a-co-paeno (1,55%); 8 -cadineno (1,38%) e a -pineno(1,35%).

Palavras-chave: Pimenta pseudocaryophyllu~Myrtaceae, óleos essenciais, folha,geranial, neral, línalol, geraniol,B-cariofileno, ü-píneno, 6-metil-S-hepteno - 2-ona, a -copaeno,8-cadineno, a -pineno, cromatogra-fia a gás.

1 INTRODUÇÃO

Pimenta pseudocaryophyllus varopseudocaryophyllus (Gomes) Landrum (Myrta-ceae), compreende cerca de 100 gêneros e abran-ge, aproximadamente, 3500 espécies, distribuídasna América tropical e Austrália (BARROSO,1984).

Segundo CAMPOS CORRÊA et aL(1972), o Brasil encontra-se entre os maiores ex-portadores de óleos essenciais de folhas de

Massako NAKAOKA SAKITA2Osny Tadeu de AGUIAR~

Mitsuyoshi YATAGA1Tsukasa IGARASHl'

ABSTRACf

Leaves of Pimenta pseudocaryophyllusvaro pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum(Myrtaceae), coUected in Parque Estadual detampos do Jordão of Instituto Florestal, weresubmited by CLEVENGER rnethod distillationand was obtained in a yield of 2.1% (p/v),The gas chromathography/mass spectrometry(CG/MS) analyses were identified as maincomponents: geranial (34.26%); neral(27.85%); linalool (5.18%); geraniol (4.82%);B-caryophyllene (4.40%); B-pinene (2.67%);6-methyl -5-hepten-2-one (1.58%); a -copaene(1.55%); ó -cadinene (1.38%) and a -pinene(1.35%).

Key words: Pimetns- pseudocaryophyllu~ Myrta-ceae, essential oils, geranial, neral,linalool, geraniol, B-caryoRyUene,B-pinene, 6-methyl-5-hepten-2~ one,a -copaene, ô-cadlnene, c-pmene,gas chromathography.

Myrtaceae. Paradoxalmente, todas as espécies ex-ploradas são de origem australiana, Bucelyptus ci-uioàote Hook, Bucsiyptus smitaii Baker e Eucaly-ptus steigetuuu: F.V.M: Conforme os mesmos au-

tores, não é por falta de mirtáceas na flora brasi-leira que inexiste exploração industrial. Pelo con-trário, de acordo com HOEHNE (1939), é noBrasil onde esta família encontra-se melhor repre-sentada quanto ao número de gêneros e espécies.

1 Aceito para publicação em abril de 1995.

2 Instituto Florestal, Caixa Postal 1322, 01059-970, São Paulo, SP, Brasil.

3 Forestry and Forest Products Research Institute, P.O Box 16, Tsukuba Norin Kenkyu Danchi Nai, Ibaraki, 305, Japan.

4 Harima do Paraná· Ind. Qulmica U,da. BR 151, Km 118, Caixa Postal 694, Ponta Grossa, PR.

Rev. Insr. FIor., São Paulo, 6(único):53-61, 1994.

Page 2: B-pineno línalol, ü-píneno, · citaram a presença de eugenol como constituinte ... de compr., dícásío simples ou composto, 2 a 3 flores no ápice, pedúnculos variando de 0,2

S4

NAKAOKA SAKITA, M. et aL Óleo essencial de Pimenta pseudocalYOPyllus varo pseudocalYOphyJ1us (Gomes) Landrum(Myrtaceae) I: Cromatografia a Gás/Espectrometria de massa (CG/EM).

Há um desconhecimento da composiçãoquímica de óleos essenciais não só das mirtáceas,como também de toda a flora brasileira, tão ricano que se refere aos metabólitos secundários.

GOTILIEB & MORS (1980) e GOT-TLIEB (1981) citam que cerca de 99,6% de nos-sa flora é quimicamente desconhecida. Os óleosessenciais contém inúmeras substâncias cuja ativi-dade biológica recentemente tem sido objeto deinvestigações.

Com relação ao papel desempenhadopelos óleos essenciais no vegetal, muito se temespeculado. Segundo alguns autores, intervêm co-mo hormônio na polínização, servem como atrati-vos dos insetos, regulam a transpíração ou sãoprodutos de dejetos metabólicos.

CAMPOS CORR~A & GOTILIEB(1970) efetuaram estudos dos componentes doóleo essencial das folhas de Pseudocaryophyl1uspabstianus Legran, de ocorrência na floresta doCorcovado, Rio de Janeiro, obtendo rendimentoque variou entre 0,8% a 1,2%. Pela análise cro-matográfica gás-líquido, detectaram como compo-nentes principais isopulegol (31%), citronelol(27,5%) e citronelal (38,5%) e, como constituintessecundários, geraniol, limoneno e -píneno,

JARDIM & JACCOUD (1965) anali-saram as folhas de Pseudocaryophyl1us pabstianusLegran, popularmente conhecida como erva-doce-do-mato, de ocorrência tanto no Estado do Riode Janeiro como no Estado de São Paulo. Osautores constataram a presença de 2% de óleoessencial, cujo componente principal foi identifica-do como anetol, por reações de cor e obtençãode um derivado cristalino. O seu teor foi estima-do em 83%, pela medida da temperatura de soli-díficação do óleo.

CAMPOS CO~A et el: (1972)efetuaram análise cromatográfica gás-líquido(COLUNA SAIB. TEMP. 180°C) e espectometriade ressonância magnética nuclear do óleo dePseudocaryophyllus jsccouâii Mattos e obtiveramcomo princípaís componentes metilchavicol(17,8%), trans-anetol (68,3%), cís-anetol (6,8%),traços de aldeido anfsico, ácido p-anísico eterpenos.

Rev. Inst. Flor., São Paulo, 6(único):S3-61, 1994.

FENIK & RETAMAR (1972) analisa-ram a composição do óleo essencial dePseudocaryophyllus guili (Speg.) Burr., vulgarmen-te conhecida como guili, de ocorrência na Repú-blica Argentina. Encontraram como constituinteprincipal, o metileugenol (50%) e ácidos graxos,fenóis, cineol, -píneno como constituintes secun-dários, além de traços de furfural, utilizando cro-matografia em fase gasosa, espectometria de ín-fra-vermelho e espectometria de ultra-violeta.

CRAVEIRO et aI (1981) estudaramos óleos voláteis de Mytcie polyantha, Lippiaalba, Cymbopogus cittetus e Pectis apodocephala,detectando e identificando geranial e neral comoprincipais componentes. Os rendimentos variaramde 0,1% a 0,6%.

CRAVEIRO & MACHADO (1986),citaram a presença de eugenol como constituinteprincipal do Pseudocaryophyllus sericeus Berg.,vulgarmente conhecida como craveiro-da-terra.

O objetivo deste trabalho é conhecera composição química do óleo essencial dePimenta pseudocaryophyllus varopseudocaryophyllus (Gomes) Landrum, através dacromatografía em fase gasosa acoplado ao espec-trõmetro de massa e seus aspectos botânicos. Es-ses componentes, uma vez identificados, constitui-rão em alternativas adicionais no desenvolvimentode processos químicos de síntese, além de auxiliarna químiosístemátíca, classificação e na identifica-ção das espécies de Myrtaceae.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O Parque Estadual de Campos doJordão, está localizado ao Norte do muncípio deCampos do Jordão (SP), em relevo muito aciden-tado, a 22°45' Lat. S. e 45°30' Long. O. deGreenwich, em altitudes que variam de 1030 m a2007 m. As unidades fitofisionõmicas foram classi-ficadas como mata latifoliada, mata baixa Iatifolía-da, mata de araucária. O clima, de acordo comKõeppen, é subtropical de altitude, mesotérmícoúmido sem estiagem, com temperatura médiaanual mínima de 14,3°C e máxima de 15,3°C.

Page 3: B-pineno línalol, ü-píneno, · citaram a presença de eugenol como constituinte ... de compr., dícásío simples ou composto, 2 a 3 flores no ápice, pedúnculos variando de 0,2

55

NAKAOKA SAKITA, M. er aL Óleo essencial de Pimenta ~UdOCBI}'OPyllUS varo pseUdOCBl}'Ophyl1us (Gomes) Landrum(Myrtaceae) I: Cromatografia a Gás/Espectrometria de massa (CGIEM).

Durante o ano de 1990, foram colhidasfolhas da espécie Pimenta pseudocaryuphyllus varopseudocaryuphyllus (Gomes) Landrum, popular-mente conhecida como louro, chá-da-terra e lou-ro-da-terra. O material foliar para estudo, foi co-letado em São José dos Alpes, Campos do Jor-dão, limites de 1800 m de altitude. Utílízou-se nacoleta, tesoura de poda alta, visando a retiradade material suficiente para extração do óleo es-sencial e montagem de exsicatas para estudo dosaspectos botânicos da espécie. Os exemplares fér-teis colhidos, foram devidamente anotados, pren-sados, classificados, registrados, montados em exsí-catas e depositados no Herbárío D. Bento Pickeldo Instituto Florestal, sob os números SPSF13083 e SPSF 13160, conforme FIGURA 1.

FIGURA 1 - Pimenta pseudocaryuphyllus varopseuâocuyopbytlus (Gomes) Lan-drum.

Rev. Inst. Flor., São Paulo, 6(únioo):S3-61, 1994.

21 Aspectos botânicos da planta

21.1 Sinonfmia cientffica

LANDRUM (1986) transferiu as espé-cies Myrtus pseudocaryuphyllus Gomes, M. iul-vescens forma glazioviana, Eugeniapseudocaryuphyllus Gomes, E. acuminata Link., E.pseudocaryuphyllus varo ocoteoiâes; E. leandreanaBerg., Pseudocaryphyllus seticeus Berg., P.costsuis Berg., P. acuminatus (Link.) Burret, P.chrysophyllus Burret, P. leandreana (Berg.) Bur-ret, para o gênero Pimenta, com exceção deP. jaccoudü e P. pabstianus. Porém, cita que, pe-10· fato de algumas espécies do gênero Pimenta,produtora de óleo essencial, apresentarem odordistinto, é esperado que o estudo químico possaprovar ser sistematicamente variável.

21.2 Sinonfmia popular

Louro-cravo, louro, craveiro-do-mato,chá-de-bugre, cravo.

21.3 Área. de dispersão

Espécie típica de áreas de florestasem terras elevadas do Sul do Brasil.

21.4 Caracterfsticas da espécie

Árvore ca. 5-12 m. de alt Folhasdiscolores, coriáceas, elípticas, 4,0-11,0 em. comproe 1,5-3,2 em. larg.; face adaxial glabra, com ousem brilho; face abaxial cinza, serícea tomentosa;ápice acuminado apiculado, base cuneada,pouco decurrente e revoluta; bordo crenado;nervura média impressa na página ventral esaliente na dorsal, coloração cinza a suavementeavermelhada nas folhas secas; nervuras laterais emarginais proeminentes na face inferior e poucosaliente na superior; pecíolo canaliculado, de 0,6a 16 mm de compro Inflorescência ca. de 9,0 emde compr., dícásío simples ou composto, 2 a 3flores no ápice, pedúnculos variando de 0,2 a 0,4mm, sendo um dos botões séssil; brácteas e

Page 4: B-pineno línalol, ü-píneno, · citaram a presença de eugenol como constituinte ... de compr., dícásío simples ou composto, 2 a 3 flores no ápice, pedúnculos variando de 0,2

S6

NAKAOKA SAKITA, M. er aI Óleo essencial de Pimenta pseudoc:aryopyflus varo pseudoCJuyophyllus (Gomes) Landrum(Myrtaceae) I: Ccomatografia a Gás/Espectrometria de massa (CGIEM).

bractéolas lineares lanceoladas. Flores tetrãmeras,pilosidade esparsa a densa externamente, cáliceovado côncavo, ca. 1,0 a 2,0 mm de compro elarg.; pétalas ovadas até sub-orbiculares,pubescentes externamente, glabras internamentecom muitas glândulas. Ovário bilocular,placentação apical, 3 óvulos em cada lóculo.Frutos subglobosos, 0,6 a 1,5 em de comproSementes de consistência óssea, brilhosas, ca. de0,4 a 0,8 em de compr., embrião espiralado compequeno cotílédone.

Fenologia: floresce durante os mesesde fevereiro a abril e frutifica de junho aoutubro.

21.5 Extração do óleo

Para proceder a extração e aidentificação dos componentes do óleo essencial,as folhas foram trituradas em um micro-moinhode faca de aço inoxidável, marca Willey.Utilizou-se 300 g de folhas pulverizadas, paradeterminar o teor de óleo essencial através doaparelho de CLEVENGER, modificado porWASICKY (1963).

21.6 Caracteres organolêptíeos

Dentre as propriedades organolépticas,testou-se a cor, o odor, o sabor, a consistência ea transparência de acordo com COSTA (1970).

2.1.7 Teste de solubilidade

Efetuaram-se testes de solubilidade,empregando 0,1 ml de óleo essencial e igualvolume dos seguintes solventes: tetracloreto decarbono, benzeno, diclorometano, acetato de etila,acetona, álcool metilico, álcool etílíco, álcoolisopropilico e água.

2.1.8 Cromatografia em fase gasosa

o óleo volátil foi submetido,inicialmente, a análise em um cromatógrafo a gásmodelo SHIMADZU nas seguintes condições:

, Rev. lnst: Flor., São Paulo, 6(único):S3-61, 1994.

- Detector: íonização de chama;- Coluna: Carbowax 20M 10%;- Temp. coluna: 110°C (ísotérmíco);- Temp. do detector: 250°C;- Temp. do injetor: 250°C- Vol, da amostra injetada: O,1I-LI;- Gás de arraste: hidrogênio;- Fiuxo do N2: 50 ml/min.;- Fluxo do H2: 50 ml/min.;- Fluxo do ar sintético: 350 ml/min.

Para obter uma melhor resolução econfirmação das identificações dos picos obtidos,o material foi submetido ~ análise cromatográfíca,em fase gasosa, no aparelho Hewlett Packard5740, acoplado ao espectrômetro de massa,Hitachi M-80, nas condições:- Detector: ionízação de chama;- Coluna capilar: Carbowax 20M 10% (Polietileno

glicol 20M);- Comprimento da coluna: 25 m;- Diâmetro 'interno da coluna: 0,2 mm;- Espessura da fase: 0,15 I-Lm;- Temp. do detector: 250°C;- Temp. do injetor: 250°C;- Vol. da amostra injetada: 0,1 I-LI;- Temp. inicial: 60°C;- Temp. fmal: 175°C;- Gás de arraste: Hélio, 0,6 ml/mín.

A programação foi feita a:

20-30 mín,

6O'C 6O·C, 17S·C, 17S'C30 mino S'C/min,

Os espectros de massas foram obtidosno aparelho Hitachi M-80, 70 e.V. Todos ospicos identificados foram confirmados porcomparação com os padrões dos espectros.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi analisado, sob o ponto de vistaqualitativo e quantitativo, o óleo essencialdas folhas de Pimenta pseudocaryophyllus varopseudocaryophyllus .

Page 5: B-pineno línalol, ü-píneno, · citaram a presença de eugenol como constituinte ... de compr., dícásío simples ou composto, 2 a 3 flores no ápice, pedúnculos variando de 0,2

57

NAKAOKA SAKITA, M. et BL Óleo essencial de Pimenta ~udocsryopyUus varo pseudocsryopbyUus (Gomes) Landrum(Myrtaceae) I: Cromatografia a Gás/Espectrometria de massa (CGIEM).

Pela destilação, de 300 g de folhas, ob-teve-se 7 ml (2,1%) de óleo essencial de colora-ção esverdeada, límpido, fluido, de aroma persis-tente muito agradável de erva-cidreira e sabor pi-cante. O óleo é solúvel em diclorometano, benze-no, pentano, acetona, clorofórmio, álcool ísopropí-

líco, álcool etflico, álcool metflico, éter etflico, he-xano, ciclo-hexano, tetracloreto de carbono e fra-camente em água.

O resultado da análise por CG/EM doóleo essencial com os teores e o tempo de reten-ção dos componentes, encontra-se na TABELA 1.

TABELA 1 - Componentes do óleo essencial das folhas de Pimenta pseudocaryophyllus varopseudocaryophyllus do Parque Estadual de Campos do Jordão.

Tempo de retenção(min.)

Componentes Teor (%)

1,001,241,271,391,461,561,611,651,851,891,982,062,372,642,823,113,333,393,423,563,673,743,873,914,074,144,254,304,344,644,86

a -pinenoB-plnenosabinenoo-felandrenomircenoM+152limoneno1,8-cineoldesconhecidoB-ocimenop-cimenoterpinoleno6-metil-5-hepten-2-onacis-3-hexenolnonanalcis-linalol-3,6-6xidoM+204desconhecidoM+204a-copaenodesconhecidodesconhecidodesconhecidolinalolM+152desconhecidoterpinen-4-01B-carioflleno2,8-p-mentadien-3,8-diolalo-aromadendrenoneral

1,3552,6700,0300,0790,2920,2000,1500,1040,0900,9990,6110,3081,5830,1230,0500,0200,1520,1240,2771,5500,1120,1150,5735,1781,1020,1590,3084,3990,0700,348

27,847

continua

Rev. Inst. Flor., São Paulo, 6(único):53-61, 1994.

Page 6: B-pineno línalol, ü-píneno, · citaram a presença de eugenol como constituinte ... de compr., dícásío simples ou composto, 2 a 3 flores no ápice, pedúnculos variando de 0,2

58

NAKAOKA SAKITA, M. et sl: Óleo essencial de Pimenta pseudocsryopyllus varo pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum(Myrtaceae) I: Cromatografia a Gás/Espectrometria de massa (CGIEM).

continuação da TABELA 1

Tempo de retenção(min.)

Componentes Teor (%)

4,944,985,025,115,245,275,305,485,505,535,715,926,006,066,746,866,917,187,287,537,597,838,248,428,478,518,648,879,12

desconhecidoa-terpineoldesconhecidogermacrene-DgeranialM+204desconhecido8-cadineno6-p-menten-3,8-dioldesconhecidonerolM+204p-címen-ê-ol

geranioldesconhecidoacetato de sesquiterpenoepoxi cariofilenosesquiterpenoacetato de sesquiterpenoglobulolviriditlololspatulenolT-cadinolM+222o-cadinolM+220M+220ácido neróicoácido gerânico

0,1690,4880,2291,158

34,2560,2280,3601,3760,4080,2020,3540,3510,1724,8210,1250,1390,7480,1940,1150,195U,1440,6900,1060,1040,3280,2140,172U,2640.895

Pela cromatografia a gás emcoluna empacotada Carbowax 20M foi possíveldetectar e identificar somente 11 (onze)componentes: o-pineno, B-pineno, metilheptenona,a.-copaeno, linalol, S -cariofileno, neral, geranial,geraniol, que foram confirmados pelos seusrespectivos padrões.

A utilização de coluna capilar emcromatógrafo gasoso acoplado a espectrôrnetro demassa possibilitou a detecção de 60 componentesdos quais 40 foram identificados. Destes, os dois

Rev. lnst. Flot., São Paulo, 6(único):53-61, 1994.

componentes com maiores porcentagens, neral(27,85%) e geranial (34,26%), são isôrnerosconhecidos como citral A e B. Com exceção feitaa o-pineno, Iimoneno e cineol que também foramencontrados nas folhas de Pseudocaryophylluspabstianus e Pseudocaryophyllus guiii estudadospor CAMPOS CORRÊA & GOTTLIEB (1970) eFENIK & RETAMAR (1972), verificou-sediferença acentuada nos outros componentes. ATABELA 2 compara os resultados desses autorescom o do presente estudo.

Page 7: B-pineno línalol, ü-píneno, · citaram a presença de eugenol como constituinte ... de compr., dícásío simples ou composto, 2 a 3 flores no ápice, pedúnculos variando de 0,2

59

NAKAOKA SAKITA, M. et aL Óleo essencial de Pimenta pseudocaryopyllus varo pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum(Myrtaceae) I: Cromatografia a Gás/Espectrometria de massa (CGIEM).

TABELA 2 - Tabela comparativa dos componentes do óleo essencial das folhas de PimentapseudocaryophyllU§, Pseudocaryophyllus pabstianUS-*, P. jeccouâit" e P. guilr *.

RendimentoEspécies/componentes

Amostra 1(1,1%)

Amostra 2(1,2%)

Pseudocaryophyllus pabstianus Legrand**cx-pinenolimonenocitronelalisopulegolcitroneloIgeraniol

0,30,2

38,531,027,5

0,40,24,0

52,041,80,5

P. jsccouâii Mattos"terpenosmetilchavicoltrans-anetoIcis-anetolaldeído anísícoácido p-anísíco

(2,0%)0,5

17,868,36,86,8

P. guili (Speg.) Burr."metileugenoIcineoIcx-pinenofenóísácidos graxostraços de furfural

50,0

Pimenta pseudoca~ophyllu!varo pseudocaryophyllus

geraniaInerallinaloIgeraniolB-cariofilenoB-píneno6-metil-5-hepteno-2-onao-copaenoô-cadinenon-píneno

34,25627,8475,1784,8214,3992,6701,5831,5501,3761,355

C) Espécie estudada.(•• ) Segundo dados de CAMPOS CO~A & GOTTLIEB (1970), JARDIM & JACCOUDI (1965),

FENIK & RET AMAR (1972).

Rev. lnst. FIor., São Paulo, 6(úriico):53-61, 1994.

Page 8: B-pineno línalol, ü-píneno, · citaram a presença de eugenol como constituinte ... de compr., dícásío simples ou composto, 2 a 3 flores no ápice, pedúnculos variando de 0,2

-60

NAKAOKA SAKlTA, M. et aL Óleo essencial de Pimenta pseudocslYOPyllus(Myrtaceae) I: Cromatografia a Gás/Espectrometria de massa (CGIEM).

varo pseudo!alYOPhyllus (Gomes) Landrum

o rendimento de 2,1%, em termos quan-titativos, (peso/Volume) de óleo essencial, podeser considerado bom em comparação com o ren-dimento de 0,8% a 1,2% obtido de folhas dePseudocaryophyllus pabstianus Legrand por CAM-POS CO~A & GOTILIEB (1970). JARDIM& JACCOUD (1965), obtiveram 2% de óleo dePseudocaryophyllus jaccoudü Mattos e, 0,17% a0,21% de Pseudocaryophyllus guili (Speg.) Burr.por FENIK & RET AMAR (1972).

O sabor picante detectado no óleo es-sencial, pode ser atribuído a presença de B-ca-riofileno (4,40%) (CRAVEIRO & MACHADO,1986).

o linalol (5,18%) detectado, é um ál-cool monoterpênico.É também um forte alomô-nio que repele o pulgão da Cevsrielle aegopodü(CRAVEIRO & MACHADO, 1986).

O a. e B-píneno são empregados ampla-mente como matéria-prima para a síntese desubstâncias de largo emprego na indústria de cos-méticos, tais como a cânfora e o terpineol sintéti-cos. O geraniol tem larga aplicação na perfumariae cosmético.

Os dois principais componentes detec-tados em maior quantidade, neral (27,85%) e ge-ranial (34,26%), são ísômeros, conhecidos comocitral A e B. Segundo CRAVEIRO et a1. (1981),esses componentes são amplamente utilizados co-mo-agente aromatizante em perfumaria e cosmé-tíco.rna preparação de colônia, _sabonetes, desodo-rantes, refrigerantes e como material de partidade importantes compostos químicos denominadosB-iononas, utilizados em perfumes finos e na pre-paração de vitamina A sintética.

Ainda, quanto ao citral, RIZZINI &MORS (1976) e COSTA (1977) mencionam quetanto em Cymbopogum citrstus (DiC) Stapf. co-mo em C. tlexuosus (D.e.) Stapf. o seu teor éda ordem de 75% a 85%. Conhecida pelo nomede erva-cídreíra e capim-limão as folhas dessasplantas, são utilizadas, sob a forma de chás, nasinflamações da bexiga, constipações, febres e co-mo sedativo do sistema neIVOSO.

Di STASI et a1. .(1989) citam que,tanto a Lippia alba (Mill.) N.E. Br. (Verbena-

Rev. Inst. Flor; São Paulo, 6(único):53-61, 1994_

ceae) como o Cymbopogum citrstus (D.C.) Stapf.(Gramineae), contém como principal componenteo citraI. Popularmente, o chá das folhas é utiliza-do como calmante, relaxante, contra intoxicaçõesgerais e problemas do estômago.

LEGRAND & KLEIN (1978) citamque Pimenta. pseudocaryophyllus varopséudocaryophyllu~ caracteriza-se geralmente pelatortuosidade do tronco, folhas discolores que exa-lam odor característico de cidreira quando friccio-nadas.

Popularmente, com as folhas são pre-parados um chá considerado como calmante, re-gulador da digestão e menstruação.

4 CONCLUSÕES

- o óleo essencial extraído das folhasde Pimenta. pseudocaryophyllus varopseudocaryophyllus contém como principais com-ponentes uma mistura de neral e geranial, conhe-cida como citral;

- a utilização de cromatografia a gásacoplado a espectrômetro de massa, em colunacapilar, possibilitou não só a confirmação dos doisprincipais picos como também a detecção e aidentificação de inúmeros outros componentes im-portantes;

- o citral, como principal compo-nente, foi encontrado não só em Gramineae(Cymbopogurn citretus (D.e.) Stapf.) e Verbena-ceae (Lippia alba (Mill.) N.E. Br.), como tam-bém em Myrtaceae (Pimenta pseudocaryophyllus(Gomes) Landrum varo pseudocaryophyllus).

Assim é possível, que a Pimetnepseudocaryophyllus varo pseudocaryophyllus , porapresentar um elevado teor de citral, além doaroma agradável que não sofre alteração após adestilação, possa vir a ser explorada como umaespécie de interesse econômico, medicinal e comosucedâneo de Cymbopogus citretus (D.C.) Stapf. eLippis alba (Mill.) N.E. Br.

Para tal, outros estudos devem ser re-alizados, como os referentes ao desenvolvimentoda planta, características fenológicas, período ideal

Page 9: B-pineno línalol, ü-píneno, · citaram a presença de eugenol como constituinte ... de compr., dícásío simples ou composto, 2 a 3 flores no ápice, pedúnculos variando de 0,2

61

NAKAOKA SAKITA, M. et aL Óleo essencial de Pimenta ~udocaryopyllus varo pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum(Mynaceae) I: Cromatografia a Gãs/Espectrometria de massa (CGIEM).

para coleta de folhas para extração de óleo e asua propagação.

AGRADECIMENTOS

Ao Técnico de Apoio à PesquisaCientffica e Tecnológica Francisco Bianco, peloapoio durante a fase de coleta do material botâ-nico e processamento para destilação e à Assis-tente Técnico de Pesquisa Cientffica e Tecnológi-ca Ivete Marcia Marcondes, pela dígítação.

REFER"ê:NCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROSO, G. M. et aL 1984. Myrtaceae. ln:Sistemática de Angiospermas do Brasil Viço-sa, Imprensa Universitária da Universidade Fe-deral de Viçosa - MG. v. 11.

CAMPOS CORRÊA, RG. et a1. 1912. Óleosessenciais de espécies do gêneroPseudocaryophyllus ln: CONGRESSO IN-TERNACIONAL DE ÓLEOS ESSENCIAIS,5. Anais da Academia Brasileira de Ciências,Rio de Janeiro, 44:307-309.

CAMPOS CORRÊA, R. G. & GOTTLIEB, O.R 1970. Óleo essencial da MirtaceaPseudocaryophyllus pabstianus. Instituto Nacio-nal de Pesquisas da Amazônia, (11):1-5.

COSTA, A F. 1970. Farmacognosia. v. III.2.ed. 1032p.

1977. Farmacognosia. v. I. 3.ed.1031p.

CRAVEIRO, A A er a1. 1981.cisis de plantas do nordeste.ções UFC. 21Op.

___ o & MACHADO, M. I. L. 1986. Dearomas, insetos e plantas. Ciência Hoje, Riode Janeiro, 4(23):54-63.

DI STASI, L. C. et aI. 1989. Plantas medicinaisna Amazônia, UNESP. 194p.

FENIK, I. J. S. & RET AMAR, J. A 1912. EIaceite esencial de Pseudocaryopyllus guili(GÜili). ln: CONGRESSO INTERNACIONALDE ÓLEOS ESSENCIAIS, 5. Anais da Aca-

Óleos essen-Fortaleza, Edi-

Rev. Inst. Flor., São Paulo, 6(único):53-61, 1994.

demia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro,44:175-180.

GOITLIEB, O. R. & MORS, W. B. 1980.Potential interligation of Brazilian woodextractives. J. Agric. Food. Chem., 2&196-215.

GOITLIEB, O. R. 1981. New and underutilizedplants on the Americas: solution to problemsof inventory through systematics. ·lnterciencia,Caracas, 6(1):22-29.

HOEHNE, F. C. 1939. Plantas e substânciasvegetais t6xicas e medicinais. 355p.

JARDIM, A S. & JACCOUD, R. J. S. 1965.Estudo farmacognóstico da "erva doce domato". Rev. Bras. Farm., Rio de Janeiro,46(3):3-17.

LANDRUM, L. R. 1986. Flora NeotrôpiceMonograph 45 - Csmpomenesis, Pimenta,Blepharocalyx Legrandia, Acca, Myrrhiniumand Luma (Myrtaceae) New York, The NewYork Botanícal Garden. 178p.

LEGRAND, C. D. & KLEIN, R. N. 1978.Myrtaceae. ln: REITZ, P. R Flora lilus-trada Csterinense Santa Catarina,CNP/lBDF/Herbário Barbosa Rodrigues. p.712-778.

1978. Flora Ilustrada Catarinensis.MYRTACEAE:712-778.

RIZZINI, C. T. & MORS, W. B. 1976.Botâni-ca Econômica Brasileira. EDUSP. 207p.

WASICKY, R. 1963. Uma modificação do apa-relho de Clevenger para extração deóleos essenciais. Rev. Fac. Farm. Bioquim.da Universidade de São Paulo, São Paulo,1(1):77-81.