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nosas arbustivas frente às gram íneas, como a capa-cidade de utilizar os nutrientes das camadas maisprofundas do solo, de retirar água do subsolodurante o período de seca e a capacidade de fixarnitrogênio. Com tais qualidades, há em, outrospaíses largo uso da leucena, sabidamente ótimaforrageira, porém de difícil estabelecimento, dadoseu lento crescimento na fase inicial. HUTTON &G RAy7 citam para a leucena um teor de proteínamédio de 18,5% nas folhas velhas e de 29,8% emtecidos foliares novos.

Em experimento nas Filipinas, FARINAS3

relata que o contínuo fornecimento de leucenapara vacas leiteiras determinou uma eficiência de91,6%, muito próxima de 94,3% obtida pelasvacas que não receberam a leguminosa. O mesmoA, relata que o pastejo contínuo de leucena deter-mina um acúmulo de gordura de cor amarelada,condição essa desejável em certos países em detri-mento à gordura branca.

Contudo, essa leguminosa não é aceita porvários AA. como sendo boa forrageira. Assim, se-gundo HOLMES6

, a espécie, não-palatável, écausadora de bócio e provoca a queda de pêlos emruminantes, devido a um alcalóide (mimosina)presente em suas folhas. Todavia, esse A. conse-guiu aumentar a carga animal até 4,6 cabeças/hectare, e os animais continuaram ganhando peso.Quanto à mimosina, HUTTON & G RAy7 citampara a leucena um teor de 1,63 a 3,79% na matériaseca (M.S.), enquanto a NATIONAL ACADEMYOF SCIENCES10 relata teores de 3,0 a 5,0% doalcalóide na planta. Melhoristas já conseguiram,porém, reduzir essa taxa de 15% do original e,segundo Hutton, citado por A LcANT ARA etalii", esse nível não seria prejudicial aos animais,

Outra desvantagem decorrente da ingestãode leucena, de acordo com FARINAS3, é oaparecimento de um sabor no leite quando as vacasingerem a leguminosa. Salienta o A. que, paracontornar o problema, o fornecimento de leucenaaos animais deve ser cortado pelo menos duashoras antes da ordenha e que o leite deve ser re-frigerado imediatamente após a mesma.

Com referência à produção, JONESII

cita de 8 a 12.000kg de M.S./hectare/ano, para umambiente favorável ao seu desenvolvimento, e,segundo OAKES & SKOV11, tem-se relato deque em experimento nas Ilhas Virgens consegui-ram-se rendimentos de 18,54 t de M.S./hectare

quando se cultivou a leguminosa em uma densi-dade de 29.526 plantas/hectare (45cm entre plan-tas e 75cm nas entrelinhas).

VILELA13 estudou o efeito de três densi-dades de semeadura, 20, 40 e 60 sementes/metrolinear com linhas espaçadas de 2m no estabeleci-mento de leucena, conseguindo 6,50; 10,21 e15,14 plantas estabeleci das respectivamente àsdensidades de semeadura.

VI LELA et alii14 citam Hutton & Bonner,que trabalharam com a leucena na densidade de6.945 plantas/hectare, obtendo produções de1.495kg/ha para o cultivar Havaí e 12.584kg/hapara o 'Peru'.

Em fase posterior ao estabelecimento,VI LELA et alii14 mediram o efeito da densi-dade de semeadura na produção de matéria seca,verificando um aumento linear na produção se-gundo as densidades estudadas e para os primei-ros quinze meses de avaliação (3? corte); a partirdesse estádio, não houve diferença na produçãode M.S. entre as densidades avaliadas.

Vê-se, pelo exposto, que a leucena apresentapotencial como planta forrageira, tendo comoempecilho para sua utilização o lento crescimentoinicial.

Quanto ao teor de proteína bruta (P.B.),GUEVARRA et alii" encontraram teores de25,81 a 28,25% na M.S. observando, todavia,teor bem inferior, 8,93% na fração haste.

OAKES & SKOV11 verificaram para leuce-na colhida aos sete meses de estabelecimento emais dois cortes de rebrota espaçados de quatroa cinco meses, níveis de 14-16% de P.B. naM.S. quando a leguminosa foi cortada 5cm acimada superfície so solo.

Segundo ALCANTARA et alii". essa plantadesenvolve-se bem em altitudes que variam de150 a 1.500m e em faixa de precipitação bastanteampla (700 a 4.000mm/ano). Já OAKES &SKOV11 consideram que a leucena cresce bem emáreas com pluviosidade menor que 1.016 mm/ano.Para FAR INAS3

, essa forrrageira nas Filipinascresce melhor dentro dos limites de 635 a 1.651 mm//chuva/ano.

A maioria dos AA. concordam que o estabe-lecimento inicial da leucena é muito lento. Segun-do FARINAS3, a ocorrência de invasoras nacultura prejudica ou mesmo impede o estabele-cimento dessa leguminosa, e sugere que nos três

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primeiros meses de plantio, os cultivos sejamfreqüentes, de três a cinco capinas. Sugere aindaque a leucena seja plantada com a semente demilho ou na entrelinha dessa cultura por ocasiãodo último cultivo.

O preparo do terreno é de importância parao estabelecimento da leucena. eOOKSLEy2,estudando o estabelecimento da espécie, encon-trou bons resultados quando queimou a vegetaçãodo terreno. Quando, porém, o solo foi arado apósa queima, o mesmo resultado não se repetiu.Argumenta o A. que a queima destruiu as sementesdas invasoras e que, dessa maneira, a leucenacresceu livre de ervas daninhas nos seus primeirosmeses após o plantio.

De maneira generalizada, concorda-se queno estabelecimento de leguminosa a adubação ni-trogenada é dispensável e mesmo prejudicial aodesenvolvimento da nodulação da planta. OutrosAA. concordam que, para determinadas legumino-sas, a adubação nitrogenada em doses mínimas éuma necessidade para estimular o crescimentoinicial. Assim, a utilização de N na fase inicial dacultura de leguminosas ainda é bastante contro-vertida (MONTEIR09 e VILELA13). Segundo

HI LLs, uma dose de 30kg/ha de N é necessanapara o bom estabelecimento da leucena. Em expe-rimento na Nova Guiné, esse A. conseguiu aumen-tos contínuos na produção de forragem verde atéo nível de 67,20kg/ha de N quando as parcelas nãoforam capinadas. Para as capinadas, as aplicaçõesde 36,60 e 67,20kg/ha de N produziram umaumento na quantidade de forragem em relação aonível zero de N, mas foram iguais entre si. Segun-do o A., para a nodulação, não houve diferençaspara as dosagens de N, e todas as parcelas nodula-ram bem, sendo que os nódulos pareciam bastanteativos. eOOKSLEy2, em ensaio com leucena,encontrou bons resultados no estabelecimentoquando usou até 45kg/ha de N. Em outro expe-rimento, verificou que a aplicação de 50kg/hade N vinte dias antes da semeadura aumentou aprodução de M.S. e que a dose de N não afetoua nodulação. Todavia, contradizendo esses AA.VILELA13

, estudando a aplicação de 50kg/ha deN em leucena, concluiu que a adubação não afe-tou significativamente o número de plantas estabe-lecidas e que, portanto, parecia não justificar ouso do elemento no estabelecimento daquela plan-ta.

MATERIAL E M~TODOS

O experimento foi estabelecido em área daEstação Experimental Central do Instituto deZootecnia, em Nova Odessa, SP.

O solo do local, classificado como LatossoloVermelho-Escuro orto, apresenta a seguinte com-posição química: 3,1 de M.O.; 5,9% de pH; 0,1%de AI; 2,8% de Ca; 1,0% de Mg em mg/100mlde TFSA; 88% de K e 9,4% de P em Ji/ml deTFSA.

Sementes: As sementes de leu cena foramescarificadas pelo método térmico de imersão emágua a 600e por vinte minutos e secas à sombra,segundo OLIVEIRA et alii12. Para inoculação,usou-se inóculo próprio para o gênero. A peleti-zação foi feita utilizando-se hiperfosfato simplese goma-arábica, secando-se as sement~s tratadasà sombra. O milho cujas sementes foram usadasno experimento foi o híbrido IAC 79-74.

Plantio: Foi realizado em 10 de dezembrode 1980.

Para a semeadura, foi utilizada uma planta-deira-adubadeira de três linhas tracionada portrator, e regulada para permitir uma aplicação de360kg/ha, aproximadamente, de mistura de adubo,que corresponde à aplicação de 10-50-36kg/ha denitrogênio, fósforo e potássio respectivamente.

Os adubos utilizados na mistura foram sul-fato de amônio, superfosfato simples e cloreto depotássio.

A mistura de sementes de leucena e milhonos tratamentos foi na proporção de 6kg de !euce-na para 20kg de semente de milho.

Tratamentos: O ensaio foi em blocos com-pletos ao acaso com parcelas subdivididas, sendoos tratamentos repetidos quatro vezes. Os trata-mentos estudados nas parcelas principais foram:

1. Semente de leucena escarificada, inocula-da e peletizada misturada à semente de milho, se-meada na densidade A.

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2. Semente de leucena escarificada, inocula-da e peletizada misturada à semente de milho,semeada na densidade B.

3. Semente de leucena escarificada e inocula-da misturada à semente de milho, semeada na den-sidade A.

4. Semente de leucena escarificada' e inocu-lada misturada à semente de milho, serneada nadensidade B.

5. Semente de leucena escarificada e inocula-da, semeada na densidade de 6kg/ha.

Densidade A: foi empregada no plantio umachapa de seis furos, própria para plantio de milho eque permite a semeadura de seis a oito grãos/metro_

Densidade B: foi utilizada no plantio umachapa de quatro furos, própria para o plantio demilho e que permite a semeadura de quatro aseis grãos/metro.

Na subparcela, foi estudado o efeito daaplicação em cobertura de 40kg/ha de N, na formade sulfato de amônio, 35 dias após o plantio.

O efeito do uso de colhedeira de milho porocasião da colheita desse cereal sobre o estabele-cimento da leucena, foi estimado nas subsubpar-celas.

Cada parcela experimental com as dimen-sões de 40 x 25m, comportava o plantio de 24linhas espaçadas de 1m. As subparcelas eramformadas por doze linhas, ficando assim oitolinhas como bordadura e quatro linhas centrais,que eram amostradas.

As subsubparcelas correspondiam às mesmasdoze linhas das subparcelas, porém com 20m decomprimento.

Amostragem: Aos 35 dias de plantio, porocasião do último cultivo e da cobertura, foi esti-mada a densidade de plantas de leucena e de mi-lho. Para isso, foram contadas as plantas de leuce-

na e de milho nas subparcelas, em um espaço de10m de comprimento.

O estabelecimento da leguminosa foi esti-mado através de duas colheitas. A primeira, aosseis meses após o plantio e por ocasião da colhei-ta do' milho. Realizou-se esse levantamento nassubsubparcelas, onde o cereal foi colhido manual-mente, para evitar qualquer dano à leguminosa.A amostragem da leucena foi feita mediante umadesfolha total das plantas, incl~sive ramos novos(ponteiros) com aproximadamente O,5cm dediâmetro. Esse material foi colhido em uma áreade 5m de comprimento, nas quatro linhas (20m2

)

de amostragem da subsubparcela. A forragemcolhida foi transportada para o laboratório parapesagem e secagem. A secagem foi feita em estufade circulação forçada de ar, regulada para 650C,permanecendo o material na estufa por 48 horas.

O segundo levantamento da produção deleucena foi realizado após um ano de plantio.Nessa época, foi estimada a rebrota das plantas,que, por ocasião da colheita do milho (seis mesesapós o plantio), foram desfolhadas manualmente,e também a rebrota das plantas que, nessa mesmaépoca, foram danificadas pela colhedeira mecâ-nica do milho. A amostragem da leucena foirealizada cortando-se dez plantas da leguminosapor tratamento na subsubparcela. Esse materialera conduzido para o laboratório, onde, após serseparado em folhas mais ramos novos (O,5cmde diâmetro aproximadamente), era pesado ecolocado para secar em estufa de circulação dear forçada, regulada para 650C, por 48 horas.

Esse método de amostragem (dez plantaspor tratamento), foi preferido, uma vez que aleguminosa estava bastante desenvolvida (na maio-ria acima de 2m de altura), e devido principalmen-te à densidade de plantio desuniforme da mesma.Tal procedimento elimina os prováveis erros de-vidos à desuniformidades no plantio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Densidade de leucena + milho

Nos tratamentos onde a semeadura foirealizada através de uma mistura de sementes deleucena + milho, na proporção de 6kg de legumi-

nosa para 20kg de cereal, a densidade da culturanão diferiu dos demais. Todavia, houve superio-ridade entre os tratamentos 1, 2, 3 e 4 sobre otratamento 5, no qual a leguminosa foi plantada

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exclusivamente, utilizando-se 6kg de sementes/hectare. Verificou-se ainda que não houve dife-rença entre o tratamento 2 e o 5.

Densidade do milho

Para a densidade do milho nos tratamentos1, 2, 3 e 4, foi verificada diferença mínimasignificativa somente entre o tratamento 3 e osdemais, com superioridade para este.

Pode-se verificar, pelo método de plantio,que os tratamentos 1 e 3, e 2 e 4 foram semeadoscom densidades diferentes. Essa diferença nãofoi obtida na prática, pois apenas o tratamento 3foi superior aos demais; todavia, nesse tratamento,houve uma queda na densidade de leucena.

Nota-se ainda que a densidade conseguidapara o milho, 4,05 plantas/metro, é bem próximada recomendada para o cultura exclusiva.

Densidade da leucena

A densidade de leucena nos diferentes tra-tamentos não diferiu estatisticamente. Pode-seentão dizer que, com o plantio mecânico atravésde plantadeira-adubadeira, regulada para o plantiodo milho, chega-se a um bom stand, pois conse-gue-se uma semeadura ao redor de 6kg/hectare.

A densidade média de leucena obtida naeu Itu ra foi de 3,04 plantas/metro. Entretanto,deve-se tomar cuidado especial no momento dasemeadura, para que, ao movimentar a planta-deira, as sementes de leucena por serem menoresnão vão para o fundo do recipiente, o que podelevar a uma semeadura bastante desuniformena área.

O quadro 1 mostra as médias dos trata-mentos (plantas/metro linear) para toda a cul-tura, para o milho e para a leucena, bem comoos valores de F, DMS e S.

A densidade de 6,50 plantas por metro li-near, em linhas espaçadas de 2m (VILELA131. ébem próxima da obtida no presente trabalho,3,04 plantas por metro linear, em linhas espaçadasde 1m, que também se aproxima de 29.526 plan-tas/hectare de OAKES & SKOV11 .

Produção de matéria seca

A produção de matéria seca aos seis mesesdo plantio (corte em 10/6/81) foi baixa, o queconfirma seu lento desenvolvimento inicial.

Esse material tinha um teor de 28 a 31% dematéria seca a 650C.

O quadro 2 mostra a produção de maté-ria seca aos seis meses (forragem comestível),por tratamento, e os valores de F, DMS e S da aná-lise estatística. Verifica-se que entre os tratamen-tos 1, 2, 3 e 4, nos quais a leucena foi plantadajuntamente com o milho, não houve diferençasignificativa, embora o tratamento 3 desse umaprodução bastante inferior. Todavia, pode-seobservar (Quadro 1) que nesse tratamentohavia maior densidade de plantas de milho e menor

QUADRO 1. Média dos tratamentos para toda a cultura,para o milho e para a leu cena

Tratamentos Cultura Milho Leucena

plantas/metro linear

1

234

5

4,05

3,18

4,99

3,98

3,12

2,81

2,31

3,05

3,92

7,17

5,99

7,29

7,03

3,92

F

DMS 5% (Tukey)

S

9,93"

2,87

1,2729 1,3202

11,67**

1,35

0,6110

1,57 NS

QUADRO 2. Produção de matéria seca a 650C de Leu-caena leucocephala aos seis meses

TratamentoTratamento

com cobertura MédiaTratamento

sem cobertura

1 448,24 422,04 435,14

2 337,05 366,69 351,873 183,69 411,54 277,614 305,14 591,35 448,24

5 857,94 636,76 747,35

F 0,51 NS 3,33*DMS 418,57S 262,66 269,90

Obs.: Produção de matéria seca = gramas de matéria secaa 650C/m2 (subparcela).

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densidade de plantas de leucena. Essa situação po-de ter levado a uma maior competição pelos fato-res de crescimento. Por outro lado, embora nãohouvesse diferença mínima significativa entre ostratamentos 1, 2, 4 e 5, a produção do trata-mento 5 tendeu a ser superior aos demais. Pode-seconsiderar que, além da maior densidade de plan-tas de leucena (Quadro 1), no tratamento 5, haviaainda menor competição pelos fatores de cresci-mento, uma vez que a densidade da cultura nostratamentos 1, 2, 3 e 4 era praticamente o do-bro da verificada no tratamento 5. Assim, a dife-rença mínima significativa entre esse tratamentoe o de número 3 fica explicada, uma vez que eleapresentou a menor densidade de plantas deleucena e a maior de milho.

A produção de matéria seca aos doze mesesdo plantio (corte em 19/1/82) foi maior que averificada aos seis meses (corte em 10/6/81).

O material separado (folhas e ramos novos),a exemplo do colhido aos seis meses do plantio,também apresentava uma porcentagem de matériaseca a 650C entre 28 e 31 %.

O quadro 3 mostra as médias das produçõesde matéria seca a 650C (média de 10 plantas)por tratamento, o efeito da cobertu ra e do uso decolhedeira mecânica na colheita do milho, noestabelecimento da leucena, bem como os valoresde F e S da análise de variância. Verifica-se quenão houve diferença mínima significativa entre ostratamentos; contudo, pode-se notar maior produ-ção do tratamento 5, onde a leucena foi plantaexclusiva. Esse melhor desenvolvimento pode tersido devido à falta de competição oferecida pelomilho nos outros tratamentos, planta essa que temum crescimento bastante rápido, de ciclo anual ede grande poder de absorção dos nutri entres.

Não se observaram diferenças para o uso dacobertura e da colhedeira de milho no estabeleci-mento da leucena. A inexistência de efeito para co-bertura (40kg de N/hectare, 35 dias após o plan-tio) sugere que -a leguminosa deveria estar fixandonitrogênio, a uma proporção semelhante à aplica-ção do nutriente. A ausência do efeito da colhe-deira do milho no estabelecimento da leucena,pode ser explicada por duas hipóteses: 1~ ) houve

QUADRO 3. Produções de matéria seca a 65°C de Leucaena leucocephala (média de dez plantas), efeitoda cobertura e efeito do uso de colhedeira mecânica de milho nos cinco tratamentos estudados

Com coberturaTratamentos

Sem cobertura Média detratamentosSUC(I)

1

2

3

4

5

cl cob (3)

sI cob (4)

CUC

SUC

49,35

63,74

54,29

40,35

79,23

gramas/m2

-------------55,27 70,87

51,80 56,17

42,09 54,54

38,21 54,09

76,80 74,06

56,35

60,10

54,04

44,32

74,73

49,92

63,70

85,97

44,64

68,83

55,61

60,21

59,67

56,15

F tratamento = 1.427 NS

F cobertura = 0,667 NS

F colhedeira = 1,082 NS

S tratamento = 37,04

S cobertura = 19,04

S colhedeira = 15,12

(I) Sem uso de colhedeira. (2) Com uso de colhedeira. (3) Média dos tratamentos que receberam cobertura.

(4) Média dos tratamentos que não receberam cobertu ra.

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tempo suficiente (seis meses) para a planta rebro-tar, tanto na base do caule como nos ramos; e2? ) quando a planta foi ceifada pela colhedeira(15-20cm da superfície do solo), a brotação foida base do caule, com formação de duas a quatroplantas,. enquanto nas plantas desfolhadas manual-mente (houve a manutenção do caule),' a rebrotafoi de ramos secundários, a partir de gemas do cau-le primário. Essa diferença de rebrota pode 'terequilibrado a produção de matéria seca.

Pelos resultados, verifica-se que o estabele-cimento da leguminosa pode ser através de culturade milho, uma vez que os tratamentos com e sem ocereal não deram diferença, embora a produçãode matéria seca da leucena exclusiva fosse umpouco maior.

Por outro lado, o emprego de cobertura(40kg de Nzhectare). ainda que não desse resultadosna produção de matéria seca de leucena, pode serrecomendado tendo em vista grande resposta naprodução do milho.

O uso de colhedeira de milho por ocasiãoda colheita (seis meses após o plantio) não afetou aprodução de matéria seca da lequrninosa seis

meses após o emprego do implemento, podendo-sedessa maneira sugeri-Io em áreas extensas.

Para melhor visualização do estabelecimentoda leucena, foi realizada análise para produção dematéria seca/rn", levando-se em conta a densidadede plantas por tratamento e a produção (médiade dez plantas/tratamento).

O quadro 4 apresenta as médias dos trata-mentos para produção de matéria seca da leucena,os efeitos do uso de cobertura e colhedeira e os va-lores de F, DMS e S da análise estatística. Pode-senotar' o efeito para densidade de plantas, pois otratamento 5, o de maior densidade (Quadro 1),deu também a maior produção de matéria seca(Quadro 3). e, em conseqüência, foi estatistica-mente superior aos demais para produção porárea. Da mesma maneira, o tratamento 3, o de me-nor densidade, produziu menos que os demais,como ocorreu na avaliação feita aos seis mesesdo plantio (Quadro 2).

Assim, pode-se sugerir que a densidade daleucena, para maior produção, seja ao redor oumaior que a conseguida no tratamento 5 (3,92plantas/metro linear ou 39.200 olantas/hectare).

QUADRO 4. Produções de matéria seca a 650C de Leucaena leucocephala, efeitos da cobertura e da co-Ihedeira

Com coberturaTratamentos

Sem cobertura Média detratamentos

------- gramas/m2--------------

1

234

5

128,40

167,65

104,12110,42

331,51

140,42

139,67

94,64

101,28334,41

149,86

151,73

125,67

139,82

290,93

190,32

144,10

135,89

185,63

260,66

140,30

155,69

168,01

155,96

246,14

clcob (3)

si cob (4)

SUC

CUC

164,94

178,27

166,74176,47

F tratamento =

F cobertura

F colhedeira =

10,842**

0,679 NS

1,036 NS

DMS (5) = 115,90 S tratamento = 82,00

S cobertura = 72,33

S colhedeira = 42,75

(1) Sem uso de colhedeir~. (2) Com o uso de colhedeira mecânica. (3) Média dos tratamentos que receberam

cobertura. (4) Média dos tratamentos que não receberam cobertura. (5) DMS, 5%, Tukey.

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A produção de matéria seca do tratamento 5(2.909kg/hectare) foi semelhante à verificada porVI LELA et alii14 para o período julho-fevereiro,quando a leucena se encontrava à densidade de10,21 plantas/metro em linhas espaçadas de2m.

Para o rendimento de matéria seca por área,também não foi encontrado efeito para coberturae uso de colhedeira mecânica.

Produção de proteína brutaA porcentagem de proteína bruta na matéria

seca a 650C, foi em torno de 20,25 a 24,19%.Quando foi calculado o rendimento de pro-

teína bruta, com base na produção de matériaseoa/rn", os resultados foram semelhantes aos obti-dos para a produção de matéria seca/área.

O quadro 5 mostra as médias dos trata-men-tos para produção de proteína bruta, os efei-tos do uso da cobertura e colhedeira, os valores de

F, DMS e S da análise estatística. Assim, para pro-dução de proteína bruta por área, o tratamento 5foi superior aos demais; contudo, deve-se salientarque sua maior produção é devida ao maior rendi-mento por área.

A porcentagem de 20,25 a 24,19% de pro-teína bruta na matéria seca observada nas amostrasde leucena é menor que a verificada por GUEVAR-RA et alii4•

Contudo OAKES & SKOVII encontrarampara leucena colhida aos sete meses do estabeleci-mento e mais dois cortes de rebrota espaçados qua-tro a cinco meses, níveis bem menores do que os dopresente trabalho. Essas diferenças nos níveis deprote (na bruta encontradas pelos AA. podem serexplicadas pela amostragem do que seria forragemcomestível, uma vez que o teor de proteína brutada fração haste é bem menor (GUEVARRA etalii4 ).

QUADRO 5. Produção de proteína bruta de Leucaena leucocephala, efeitos do uso de cobertura e colhedeira

Com coberturaTratamentos SUC(I)

Sem cobertura Média detratamentosSUC(I)

_______ gramas/m2 _

1

2

34

5

20,10

40,55

20,50

25,4677.70

31,76

32,2918,45

23,99

74,21

33,33

34,07

26,34

31,39

68,11

40,33

32,95

29,38

39,56

62,22

31,13

32,99

37,06

36,55

58,31

cl cob (3)

sl cob (4)

SUC

CUC

37,25

40,05

39,8737,42

F tratamento = 13,383* *

F cobertura 0,52 NS

F colhedeira 1,271 NS

S tratamento = 18,31

S cobertura 17,20

S colhedeira = 9,71

(I) Sem o uso de colhedeira mecânica. (2) Com o uso de colhedeira mecânica. (3) Média dos tratamentos comcobertura. (4) Média dos tratamentos sem cobertura. (S) DMS, a 5%, Tukey.

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CONCLUSÕES1. ~ viável a formação de bancos de prote í-

na com Leucaena /eucocepha/a consorciada commilho destinado à produção dê grãos, barateandodesse modo a formação de área de reserva daquelaleguminosa.

2. A colheita mecânica do milho não afetoua rebrota posterior da leucena.

3. Não foram observados efeitos da cobertu-ra nitrogenada para a produção de leucena.

4. A maior produção de massa de leucenaocorreu quando esta foi cultivada exclusivamente,com densidade média de 3,92 plantas/metrolinear.

SUMMARV: Present work was carried out at Estação Experimental Central of Institutode Zootecnia in Nova OdessaCountv. State of São Paulo, Brazil. The main purpose wasto study the viability of stablish a "protein bank" of Leucaena leucocephala sowedtogether with corn in order to make the initial investiment chepear. It was used a spllt--split plot in complete blocks with four replications. The results showed that it is com-pletely viable the use of a companion crop on the formation of Leucaena areas to beused during the dry season. Mecanical harvesting did not interfer on the regrowth ofthe legume.

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