b i blio t e c a s p Ú bli c a s - cultura digital - plataforma...
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B I B L I O T E C A SP Ú B L I C A S
um equipamento cultural para o desenvolvimento local
guia político-pedagógico para ampliação do número de bibliotecas públicas no Brasil
O Brasil tem mais de 6 mil bibliotecas públicas municipais espalhadas
por todo o território nacional; entretanto, uma parte signi�cativa
dessas bibliotecas, especialmente aquelas localizadas nos pequenos
municípios, enfrenta o desa�o da carência de recursos e investimentos
na manutenção e atualização de seus acervos, espaços e serviços. Esse
cenário revela a pouca compreensão que os governos locais têm em
relação ao potencial transformador das bibliotecas públicas.
Com o objetivo de sensibilizar os gestores públicos e a sociedade civil,
bem como orientar os esforços para a criação, manutenção e quali�ca-
ção de bibliotecas públicas no País, o Projeto Mais Bibliotecas Públicas
apresenta este Guia Político-Pedagógico, construído a partir das escutas,
discussões e re�exões realizadas com cerca de 2 mil pessoas, com
gestores públicos, com as equipes dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas
Públicas, com lideranças comunitárias e pro�ssionais da área da cultu-
ra e educação, nas cinco regiões do Brasil, no período de 2013 a 2015.
Esperamos que este Guia colabore para a efetiva ampliação e melhoria
das bibliotecas públicas municipais brasileiras.
Que venham MAIS BIBLIOTECAS PÚBLICAS!
ISBN 978-85-92705-00-8
B I B L I O T E C A
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B I B L I O T E C A SP Ú B L I C A S
um equipamento cultural para o desenvolvimento local
(guia político-pedagógico para ampliação do
número de bibliotecas públicas no Brasil)
Cida Fernandez
Elisa Machado
Recife
Centro de Desenvolvimento e Cidadania - CDC
2016
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Fernandez, Maria Aparecida Arias,
Bibliotecas públicas : um equipamento cultural para o desenvol-vimento local / Cida Fernandez, Elisa Machado. – Recife: Centro de Desenvolvimento e Cidadania, 2016.
103 p.: il. ; 14 x 20cm.
Subtítulo: Guia político-pedagógico para ampliação do número de bibliotecas públicas no Brasil.
Incluí apendices e anexos.
ISBN 978-85-92705-00-8
1. Bibliotecas Públicas – Brasil. 2. Políticas Culturais – Bibliotecas. 3. Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (Brasil). 4. Projeto Mais Bibliotecas Públicas. I. Machado, Elisa Campos. II. Título.
F358
CDU 027(81)
Presidência da RepúblicaDilma Roussef – Presidenta
Ministro da Cultura Juca Ferreira – Ministro
Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e BibliotecasVolnei Canonica – Diretor
Sistema Nacional de Bibliotecas PúblicasVeridiana Negrini – Coordenadora geral
Projeto Mais Bibliotecas Públicas Equipe do Projeto:CDC – Centro de Desenvolvimento e CidadaniaAna Nery dos Santos Melo - Diretora PresidenteMaria Adriana dos Santos - Técnica Administrativa Cida Fernandez (Maria Aparecida Arias Fernandez) – Coordenação GeralMalena Xavier – Coordenação de Mobilização e FormaçãoCristiane Rodrigues – Assistente SêniorAna Escurra – Secretaria ExecutivaIlca Bandeira – Auxiliar do Projeto
Ficha técnica da publicação:Pesquisa e texto: Cida Fernandez e Elisa Campos MachadoRevisão: Bruno MarinhoProgramação visual: Túlio Couceiro Impressão: Gráfica SuassunaRecife, maio de 2016.
Catalogação:Tereza Marinho – CRB- 4 1544
Normatização:Gilvanedja Mendes - CRB-4 1999
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A P R E S E N T A Ç Ã O
Esta publicação é resultado do projeto Mais Bibliotecas Públicas, iniciado
em 2012, por meio de uma parceria entre o Sistema Nacional de Bibliotecas
Públicas (SNBP), da Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB),
do Ministério da Cultura (MinC), e o Centro de Desenvolvimento e Cidadania
(CDC), organização não governamental, sem fins lucrativos, com sede no Recife,
em Pernambuco.
O Projeto teve os objetivos de contribuir com a diminuição do número
de municípios sem bibliotecas e valorizar esse equipamento cultural em
seu território. As estratégias adotadas para atingir esses objetivos foram:
a mobilização e sensibilização de gestores públicos e lideranças locais; a
comunicação e a socialização de informações.
Constatou-se, como resultado desse processo, que foram instaladas no Brasil 6.102
bibliotecas públicas municipais e estaduais. Confirmados os dados divulgados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) em 2012: 98% dos municípios já
possuem, pelo menos, uma biblioteca pública. Entretanto, constatamos também
que as bibliotecas são como vagalumes, abrem e fecham com o piscar dos olhos,
indicando a fragilidade dos governos locais com sua manutenção.
Essa constatação nos motivou a construir este Guia, visando, com ele, contribuir
com gestores públicos e lideranças locais de pequenos municípios, oferecendo
informações para estimular a instalação de bibliotecas públicas, prevendo sua
manutenção e, futuramente, planejando sua modernização.
Nesse sentido, o documento foi organizado em dois capítulos, um apêndice
e alguns anexos. No primeiro capítulo, apresentamos a razão pela qual todo
município deve implantar e manter uma biblioteca pública aberta a toda a
população, e alguns caminhos para que isso se materialize. No segundo,
trazemos alguns retratos da história das bibliotecas no mundo e no Brasil, e sua
construção como direito, de modo a ilustrar a importância desse equipamento
cultural no desenvolvimento da sociedade. Como apêndice, apresentamos a
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metodologia, as estratégias e os resultados do Projeto Mais Bibliotecas Públicas
a partir de sua realização em 19 estados e no Distrito Federal, por onde
passamos fazendo provocações e reflexões conjuntas. E, finalmente, anexamos
a esta publicação dois modelos: formulários de consulta à população e de leis
de criação de bibliotecas, coletados durante esse trabalho.
Com isso, esperamos inspirar e estimular os gestores públicos e lideranças
locais a unirem forças para ampliar o número de bibliotecas públicas neste
país.
Que 2016 e os anos seguintes nos brindem com MAIS BIBLIOTECAS PÚBLICAS
como parte da ampliação e efetivação da política cultural do Estado Brasileiro!
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A G R A D E C I M E N T O S
Agradecemos...
Às coordenações e equipes dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Públicas, que
tanto nos apoiaram na mobilização de quase 2 mil pessoas, entre autoridades,
gestores públicos, lideranças locais e moradores de mais de 400 municípios
brasileiros, para o diálogo sobre esse direito.
Aos gestores que aderiram a esse movimento, abriram seus corações e conosco
dialogaram, alimentando assim nossas reflexões na busca de caminhos e
alternativas para pensar a sustentabilidade desses equipamentos nos lugares
mais longínquos deste país.
Às lideranças locais, aos gestores de bibliotecas comunitárias e aos moradores
em geral que estiveram conosco nesses encontros, por sua força e determinação
de compreender a política pública como uma construção democrática,
somando-se a nós na construção desse direito.
E a todos, que direta ou indiretamente, contribuíram para o alcance desses
resultados. Seria impossível nomear cada pessoa, mas todos, sem exceção,
fizeram a diferença.
Que a chama desses momentos continue aquecendo nossas vontades e dando-
-nos a energia suficiente para não desistir jamais!
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S U M Á R I O
CAPÍTULO 1 BIBLIOTECA PÚBLICA: um equipamento cultural
para o desenvolvimento
Biblioteca pública, conhecimento e liberdade
Por que investir em biblioteca pública quando existem outras
áreas emergentes para investir?
Mas o que é mesmo uma biblioteca pública?
A Biblioteca Pública Municipal: um passo a passo para
contribuir com os municípios.
Algumas dicas sobre estrutura, ambiente e recursos humanos
É preciso estar atento e forte.
CAPÍTULO 2 BIBLIOTECAS PÚBLICAS: alguns retratos da
história
E, no princípio, era o verbo...
As primeiras bibliotecas e suas aspirações
O Império Romano e as bibliotecas públicas
A biblioteca no mundo árabe medieval
As bibliotecas na Europa Medieval e Renascentista
A primeira biblioteca pública na América Latina
Novos tempos, novos ventos...
Políticas públicas e bibliotecas no Brasil
A participação social na luta pelas bibliotecas públicas
Manifestações sociais pela abertura de bibliotecas públicas
Biblioteca pública: a conquista de um direito
Os movimentos sociais e a construção dos planos estaduais e
municipais para o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas
Mas como os planos estaduais e municipais têm relação com a
criação e manutenção das bibliotecas públicas?
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APÊNDICE PROJETO MAIS BIBLIOTECAS PÚBLICAS:
metodologia, estratégias e resultados
ANEXOS
Questionário de consulta à população
Lei de Criação de Biblioteca Pública
REFERÊNCIAS
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A biblioteca pública vem ocupando espaço nos debates das políticas públicas
de educação e de cultura como uma demanda cada vez maior das pessoas
e suas comunidades, trata-se de um problema público reconhecido pela
coletividade. Talvez a queda dos índices de analfabetismo somada à elevação
da escolaridade tenham contribuído para ampliar a visão das pessoas a
respeito da importância desse equipamento público para o desenvolvimento
individual e coletivo.
A universalização da biblioteca pública é uma condição para a democratização
do acesso à informação, à leitura, e consequentemente, de acesso à cidadania,
sendo um dever dos estados e municípios. As bibliotecas públicas também são
ferramentas que colaboram para ampliar a transparência e minimizar a cor-
rupção na gestão local.
A Ifla1 afirma que as bibliotecas são, em sua verdadeira essência, instituições
transparentes, dedicadas a colocar à disposição de cada um e de todos as infor-
mações educacionais, científicas, técnicas e socialmente mais relevantes, mais
acuradas e imparciais. Os materiais de informação e acessos providos pelas bi-
bliotecas e os serviços de informação contribuem para o bom governo, aumen-
tando o conhecimento dos cidadãos e enriquecendo suas discussões seus debates.
As bibliotecas e os serviços de informação devem ampliar sua missão de modo
a se tornarem componentes mais ativos do bom governo e na luta contra a
corrupção. Em particular, eles podem desempenhar um papel significativo in-
formando aos cidadãos sobre seus direitos e suas garantias.
C A P Í T U L O 0 1
BIBLIOTECA PÚBLICA:um equipamento culturalpara o desenvolvimento
1. Ifla é a Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias, fundada em 1927, para
promover a cooperação internacional, o debate e a investigação em todos os campos da atividade bi-
bliotecária. Manifesto Ifla/Unesco para as Bibliotecas Públicas, 1994. Disponível em: < http://archive.
ifla.org/VII/s8/unesco/port.htm>. Acesso em: 15 mar. 2015.
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Entretanto, algumas pessoas ainda acreditam que a discussão sobre bibliote-
cas públicas é uma discussão fora de época, uma coisa ultrapassada. Para es-
sas pessoas, a tecnologia e a presença dos livros eletrônicos poderão substituir
o livro impresso. Acreditam que não há razão para “gastar dinheiro” com bi-
bliotecas públicas quando a internet está aí para suprir todas as necessidades.
Ledo engano!
Segundo alguns pesquisadores das áreas das ciências humanas e sociais, o li-
vro impresso tem se afirmado como a tecnologia mais avançada no suporte
para a escrita.
O livro é como a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Uma vez inventados,
não podem ser aprimorados. Você não pode fazer uma colher melhor que uma
colher. (...) O livro venceu seus desafios e não vemos mais como, para o mesmo
uso, poderíamos fazer algo melhor que o próprio livro. Talvez ele evolua em
seus componentes, talvez as páginas não sejam mais de papel. Mas ele perma-
necerá o que é (ECO; CARRIÈRE, 2010, p. 17).
Somadas a isso, as ferramentas eletrônicas e a própria Tecnologia de Infor-
mação e Comunicação (TIC) ainda estão longe de serem universalizadas. Isso
nos coloca diante da realidade e do desafio de fazer chegar a todas as pessoas
em qualquer lugar do país informações e conhecimentos mínimos, para que
possam escolher seus caminhos, modificar sua vida e melhorar suas condições
de acesso a direitos.
O real desafio é o da crescente desigualdade: o abismo que já separava os
não alfabetizados dos alfabetizados tem se alargado ainda mais. Alguns nem
sequer conseguiram chegar aos jornais, aos livros e às bibliotecas, enquanto
outros correm atrás de hipertextos, correio eletrônico e páginas virtuais de li-
vros inexistentes. Seremos capazes de criar uma política de acesso ao livro que
incida sobre a superação dessa crescente desigualdade? Ou nos deixaremos
levar pela voragem da competição e do lucro, mesmo que a própria ideia de
democracia participativa pereça nessa tentativa? (FERREIRO, 2002 citada por
CASTRILLON, 2011, p. 15).
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Claro que os livros eletrônicos e todas as tecnologias devem ser desenvolvidas
e democratizadas, mas eles não substituem os livros impressos e os acervos
físicos. Mesmo com todo o apelo da propaganda a favor do livro digital, é im-
portante dizer que, no Brasil, do total de livros vendidos, menos de 5% são
eletrônicos.
Por outro lado, a formação de um leitor crítico está intimamente ligada ao
desenvolvimento do seu potencial cognitivo, das oportunidades de interagir
em ambientes leitores, no tempo da leitura, no tempo do diálogo interior. A
formação do leitor prescinde do acesso que tem aos livros.
Por isso, é fundamental garantir a biblioteca pública como um direito de cida-
dania, e a leitura como um direito humano: universal, indivisível e interdepen-
dente. Também por essas razões, os gestores públicos devem se sensibilizar
a compreender como uma prioridade para o desenvolvimento a instalação e
manutenção qualificada desse equipamento público como um espaço de con-
vivência cultural, social e do fortalecimento de comunidades educativas, um
equipamento para o exercício e a promoção dos direitos humanos.
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biblioteca pública, conhecimento e liberdade
Mesmo com toda a precariedade que a falta de investimentos públicos locais
impõem, as bibliotecas públicas são hoje o equipamento cultural mais pre-
sente em todo o Brasil, superando em muito o número de museus, teatros e
centros culturais. E, por isso inclusive, é também o mais estratégico no comba-
te às desigualdades, promovendo o acesso a outros direitos. Nela se permite e
promove o acesso à cultura letrada de forma livre e libertária, desde a dispo-
nibilidade do seu acervo de literatura de ficção, romances, contos, etc. até as
informações para o exercício da cidadania ativa, por exemplo, a respeito do uso
e da aplicação do dinheiro público do município.
Embora a escola seja o lugar privilegiado e formal para o ensino e a aprendiza-
gem da leitura e da escrita, e seja, sem dúvida, o primeiro lugar de acesso ao livro
para a maioria da população brasileira, a biblioteca pública é o lugar para o seu
exercício permanente, descomprometido com a didática, autônomo da prática
leitora. É na biblioteca que se encontra o lugar para colocar em curso a curiosi-
dade, para dar asas aos interesses, para instigar a alma a se alimentar de arte e
de filosofia, para exercitar o humano que trazemos encubados em nós.
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de
toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em
todos os tipos de cultura, desde o que chamamos de folclore, lenda, chiste, até as
formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações.
(CÂNDIDO, 2004, p. 16)
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por que investir em biblioteca pública quando existem outras áreas emergentes para investir?
Muitos gestores, pais de família, lideranças comunitárias e até professores fa-
zem essa pergunta. O que poucos conseguem perceber é o papel fundamental
da biblioteca na formação das pessoas, como sujeitos de direito, o que significa
dizer cidadão consciente do seu papel na construção do espaço público, da
sociabilidade, dos rumos da comunidade, da cidade e do país. Pessoas que per-
cebam que o que está acontecendo ao redor também tem a sua participação e
esta precisa, cada vez mais, ser consciente, voluntária e propositada.
A biblioteca, por reunir conhecimentos e informações diversas, constitui um
espaço potencialmente estimulador da criação de alternativas de mudança.
Primeiro porque dá acesso a múltiplas versões de fatos reais e da ficção, segun-
do porque deve estar orientada pela escuta e participação comunitária. Não se
pode conceber uma biblioteca que desconheça sua comunidade.
A biblioteca é a roda de leitura, a
contação de histórias, o cinema,
a sala de exposições, é por vezes
escola de música ou dança, é o
ponto de encontro para pensar e
solucionar problemas oriundos
da vida cotidiana e comunitária,
é o lugar de discutir e construir o
bem comum, de conhecer coisas,
lugares, pessoas e de trocar ideias.
É o local para recriar, realimentar,
produzir e desenvolver a vida que
há na comunidade.
B I B L I O T E C A
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Para garantir a instalação, a manutenção e o desenvolvimento de bibliotecas
públicas de qualidade e que atendam às reais necessidades de informação e
leitura de uma determinada comunidade, o primeiro passo é ter a clareza de
que estamos falando de políticas públicas. Para isso, é fundamental um triplo
diálogo: a demanda da sociedade, a vontade política do gestor e o empenho e a
adesão do Legislativo. Para concretizar esse caminho, são necessárias:
Sensibilidade: gestores públicos que compreendam a importância do equipa-
mento para o município, para sua governabilidade, para o desenvolvimento
não só econômico, mas sobretudo humano, cultural e social.
Vontade política, prioridade e decisão: compreendendo a importância do
acesso à leitura e à informação, o gestor público saberá estabelecer prioridades
e tomar uma decisão a favor da manutenção de uma política para as bibliote-
cas locais.
É muito comum o gestor (prefeito ou secretários) dizer
que não há recursos para biblioteca. Mas, em nossa
experiência, verificamos que, em muitos municípios,
quase todo o investimento público da cultura é dire-
cionado para a realização de eventos, por exemplo,
os ciclos carnavalescos, juninos e natalinos. No Brasil
são gastos milhões de reais em shows e apresentações
culturais, muitas vezes provenientes da indústria da
cultura de massa. Não negamos a importância desses
eventos tanto para a cultura quanto para a economia
local. Porém, nos perguntamos se é mesmo necessário
pagar valores tão altos em tantos shows de duas horas
de duração? Vale analisar qual o impacto desses inves-
timentos para a comunidade. Será que não é necessá-
rio repensar esse uso do dinheiro público de maneira
a equilibrar o investimento em eventos e garantir a
manutenção de ações culturais estruturantes, como a
biblioteca pública municipal de qualidade?
B I B L I O T E C A
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mas o que é mesmo uma biblioteca pública?
No campo da Biblioteconomia, o tipo de uma biblioteca é determinado pelas
suas funções, seu acervo e seu público. Existem diferentes tipos de bibliote-
cas: as públicas, escolares, universitárias e especializadas, que possuem ca-
racterísticas que as diferenciam. Seu acervo, seus serviços e espaços devem
ser planejados para atender às necessidades de informação dos públicos a
que se destinam. A biblioteca escolar, por exemplo, deve trabalhar de acordo
com o projeto pedagógico da instituição de ensino que a abriga e privilegiar o
atendimento aos alunos, docentes e funcionários da escola. Do mesmo modo,
a biblioteca universitária deve apoiar o ensino, a pesquisa, a extensão univer-
sitária e, em muitos casos, se configura como uma biblioteca especializada.
Bibliotecas especializadas se caracterizam por seu alto grau de especialização
sobre o acervo e o atendimento às necessidades de informação de um deter-
minado público, a exemplo das bibliotecas jurídicas, das áreas de saúde, de
órgãos da administração pública, entre outras.
O que realmente define uma biblioteca pública é a sua condição de estar
aberta a todos, possuir acervo generalista, capaz de atender aos interesses de
diferentes públicos e oferecer serviços gratuitos para toda a comunidade, sem
privilegiar um determinado público.
Por isso, é importante compreender que a biblioteca pública é um tipo de
instituição cultural e não é caracterizada pela sua vinculação institucional
ou personalidade jurídica. Isso significa que nem todas as bibliotecas públicas
são mantidas pelo governo, assim como nem todas as bibliotecas mantidas
pelo governo são públicas. Dentro do universo das bibliotecas públicas, exis-
tem as bibliotecas públicas municipais, estaduais e federais, e as bibliotecas
públicas mantidas pela sociedade em geral, pessoa física ou pessoa jurídica,
como as comunitárias.
Embora a sociedade tenha feito esforços na instalação de bibliotecas comuni-
tárias, enquanto um direito de cidadania no Brasil, com os seus baixos índices
de leitura e grandes diferenças socioculturais, é necessário que os governos
locais se mobilizem na abertura de mais bibliotecas públicas e na manuten-
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ção das já existentes, com vistas a garantir a democratização do acesso à
leitura e à informação para as pessoas economicamente menos favorecidas.
Daí a necessidade de investir em bibliotecas públicas municipais e estaduais.
Disponibiliza acesso ao conhecimento, à informação, à aprendizagem ao longo
da vida e a obras criativas, através de um leque alargado de recursos e servi-
ços, estando disponível a todos os membros da comunidade independentemente
de raça, nacionalidade, idade, gênero, religião, língua, deficiência, condição eco-
nômica e laboral e nível de escolaridade (KOONTZ.; GUBBIN, 2013).
O direito à informação e à leitura é um direito de todo cidadão e um dever do
Estado previsto na nossa Constituição Federal:
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos cultu-
rais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valo-
rização e a difusão das manifestações culturais (BRASIL. CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, 1988).
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a biblioteca pública municipal: um passo a passo para contribuir com os municípios
A biblioteca pública é da responsabilidade das autoridades locais e nacionais. Deve ser objeto de uma legislação específica e financiada pelos governos nacio-nais e locais. Tem de ser uma componente essencial de qualquer estratégia a longo prazo para a cultura, o acesso à informação, a alfabetização e a educação. (MANIFESTO IFLA/UNESCO PARA AS BIBLIOTECAS PÚBLICAS, 1994).
Este passo a passo foi elaborado com a intenção de sensibilizar e orientar os
gestores públicos, especialmente dos municípios menores, para a implanta-
ção, a qualificação e o fortalecimento das bibliotecas públicas municipais no
Brasil, destacando alguns aspectos a respeito da qualidade e a busca e previ-
são de recursos financeiros.
Para começo de conversa, precisamos lembrar que a exigência de, pelo me-
nos, uma biblioteca por município brasileiro, é uma decisão que foi aprovada
na Conferência Nacional de Cultura e incluída entre as principais metas do
Plano Nacional de Cultura (PNC) do Ministério da Cultura (MinC):
Meta 32 – 100% dos municípios brasileiros com, ao menos, uma biblioteca pú-
blica em funcionamento.
Essa meta foi criada para garantir que até os menores municípios brasileiros
que ainda não possuem bibliotecas se esforcem para garantir esse direito aos
seus cidadãos. Segundo dados do IBGE, cerca de 70% dos municípios brasilei-
ros possuem menos de 20 mil habitantes. Muitos desses municípios nunca
instalaram bibliotecas, outros instalaram, mas não conseguiram manter o
equipamento funcionando com qualidade, ou mesmo simplesmente funcio-
nando, por isso destacamos alguns aspectos que podem ajudar a garantir o
sucesso do investimento.
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A primeira atitude que recomendamos a todos os municípios é que os gesto-
res públicos e/ou a sociedade civil entrem em contato com o Sistema Estadu-
al de Bibliotecas Públicas do seu estado, informando o interesse e solicitando
orientações e apoio para a implantação, reabertura ou qualificação de uma
biblioteca em seu município. Os sistemas estaduais têm, entre suas funções,
a de apoiar essas iniciativas.
Para bem planejar a implantação de uma biblioteca pública, algumas pergun-
tas e respostas são necessárias:
Para quem a biblioteca pública se destina e o que essa população necessita no campo da leitura e das informações?
Consulta à população: É importante a gestão pública não decidir por
si o que acha que a população da cidade precisa a respeito do acesso
à informação e à leitura. É recomendável que essas necessidades e
esses desejos sejam levantados junto à população, para que ela tenha
a oportunidade de dizer por si e que a gestão pública seja capaz de
reconhecer como direito. Para isso, deverá ser elaborado um roteiro
para a consulta com a população, identificando sua familiaridade e
necessidade em relação ao acesso à informação e à leitura. Esse ro-
teiro sistematizado será material de trabalho para a gestão pública e
para que o suporte do SEBP seja melhor aproveitado (mod. 1).
Embora pareça muito trabalhoso, o gestor público deve entender essa
consulta como uma oportunidade, inclusive para mobilizar a popula-
ção a perceber nesse investimento uma estratégia para o seu desen-
volvimento e sua mobilidade social, sempre deixando claro que nem
tudo é possível de uma só vez, que esse planejamento deve ser consi-
derado no tempo, no espaço e de acordo com as condições materiais
que deverão ser construídas para garantir seu sucesso.
Onde localizar a biblioteca?
Localização: A localização da biblioteca é outro aspecto de funda-
mental importância. A escolha de um/a edifício/casa bem locali-
zado/a, acessível à maioria das pessoas residentes no município,
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arejado/a, com uma boa acústica e um tamanho possível para um
atendimento com o mínimo de qualidade, é fundamental para o su-
cesso da empreitada. Preferencialmente recomendamos que seja um
edifício público e que tenha uma área construída útil de, pelo menos,
100m2. em que se possam instalar adequadamente os serviços e as
atividades necessárias.
Como garantir a biblioteca como política pública?
Elaboração da lei de criação da biblioteca: É importante que o mu-
nicípio tenha uma lei de criação da biblioteca que garanta a sua sus-
tentabilidade futura como política pública de Estado para o muni-
cípio, ou seja, a biblioteca não poderá simplesmente ser desativada
com a mudança de gestão.
Recursos financeiros: É muito importante que a lei garanta cami-
nhos para a dotação orçamentária e que seja contemplada nos pla-
nos plurianuais, na lei de diretrizes orçamentárias e no orçamento
anual. Além disso, deve-se identificar outras fontes potenciais para
complementação de recursos, a exemplo de fundos municipais e
estaduais de cultura e dos editais do Ministério da Cultura. Outra
possibilidade, ainda, é a realização de parcerias com pessoas e insti-
tuições privadas a fim de levantar e/ou otimizar recursos materiais,
financeiros e humanos para a realização do direito.
É fundamental que o passo a passo seja realizado a partir de um planejamen-
to, e que dele participem, além dos gestores públicos da cultura, profissionais
do setor, inclusive com o apoio do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas,
pois isso dará mais força para que seja executado.
É importante também o gestor público ter sensibilidade para compreender
que não é o tamanho nem a ostentação de uma obra que dá sentido e qua-
lidade à sua destinação. A pertinência e o sentido prático na vida da popu-
lação, bem como o atendimento às suas necessidades com a sobriedade no
uso racional das verbas disponíveis e passíveis de serem destinadas ao seu
desenvolvimento, são uma das principais chaves para o sucesso na implanta-
ção desse equipamento.
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algumas dicas sobre estrutura, ambiente e recursos humanos
Tamanho da biblioteca
Existem bibliotecas públicas de pequeno, de médio e de grande porte. Este
guia foi construído especificamente para orientar os governos locais na cons-
trução e manutenção de bibliotecas públicas municipais de pequeno porte.
Nesse espaço, deve-se garantir ambientes adequados para os serviços in-
ternos (administração, aquisição e processamento técnico), e para o público
(atendimento, estudos e leitura individual e coletiva, computadores e acervo).
Como todo prédio público, deve dispor de banheiros para os usuários e para
os funcionários, uma pequena copa-cozinha para os colaboradores e uma
área de serviço para garantir a boa limpeza e manutenção dos espaços. Nesse
sentido, sugere-se que uma biblioteca pública municipal tenha, no mínimo,
100 m2 de área útil construída.
Sabemos que, na Região Amazônica, existem municípios com vilarejos
que se situam, muitas vezes, centenas e até milhares de quilômetros de
distância da sede, com pequeníssimos grupos populacionais. Mesmo nes-
ses vilarejos, é preciso pensar em instalar um pequeno espaço de leitura
e informação. Uma pequena biblioteca/sala de leitura, ainda que menor
que 100 m2 num distrito nessa situação, faz uma imensa diferença na
vida das pessoas.
Condições ambientais da biblioteca
Controle de umidade, ventilação, iluminação e acústica são determinantes
numa biblioteca para garantir boas condições de preservação do acervo, as-
TAMANHO ESPAÇO ACERVO
Pequeno porte 100 a 2.000 m2 1.000 a 20.000 itens
Médio porte 2.001 a 5.000 m2 10.001 a 50.000 itens
Grande porte Acima de 5.000 m2 Acima de 50.000 itens
QUADRO 1 - ESPAÇO E ACERVO
Fonte: Próprias Autoras
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sim como boas condições para a permanência de usuários e de trabalho para
os funcionários:
- A iluminação não deve ficar em cima das estantes e, sim entre elas, ilumi-
nando bem os corredores.
- Um ambiente climatizado garante menor incidência de fungos e poeira.
- A acústica é um fator determinante em bibliotecas. É importante levar em
consideração que uma biblioteca deve prever espaços para uso coletivo e
espaços de leitura individual. Se o tamanho da área não permitir contem-
plar as duas necessidades no mesmo momento, poderão ser estabelecidos
horários específicos para que uma atividade não interfira na outra.
Tamanho do acervo
Segundo a Ifla (1994), como regra geral se estabelece que uma coleção conso-
lidada para uma biblioteca pública deve ter de 2 a 3 itens por habitante. Ou
seja, uma biblioteca em uma comunidade com população de 20 mil pessoas
deveria ter de 40 a 60 mil itens. E as bibliotecas para comunidades que pos-
suem acima de 100 mil habitantes de 1,5 a 2,5 itens para cada um deles, o que
daria de 150 a 250 mil itens.
Para o crescimento dos acervos, estabelecem-se alguns índices que variam
também segundo o número de habitantes. No entanto, mais do que a quanti-
dade é preciso se preocupar com a qualidade do acervo da biblioteca, ou seja,
deve ser considerada a necessidade e o interesse dos usuários em relação aos
diferentes gêneros literários.
Também nesse aspecto, sugerimos que, ainda que não seja possível o ideal, o
município deve se esforçar para implantar o que lhe é possível e planejar como
pode, passo a passo, qualificar esse equipamento para melhor atender à sua po-
pulação. Muitas bibliotecas públicas recorrem a doações de livros, esse é um ca-
minho complementar e deve ser cuidado para que a seleção seja criteriosa, não
permitindo, por exemplo, a aceitação de livros com informações desatualizadas,
riscados ou com qualquer outro dano físico. E, ainda, livros didáticos consumí-
veis, não são necessários em nenhuma biblioteca pública. Eles são distribuídos
pelo Ministério da Educação (MEC) e chegam a todas as escolas brasileiras.
24
Equipe
A Lei Federal N° 4.084, de 30 de junho de 1962, que regulamenta a profissão
de bibliotecário, estabelece que cada biblioteca, pública ou privada, só pode
funcionar com a presença de um profissional bibliotecário com formação
específica de nível superior. Porém, infelizmente no Brasil, ainda não exis-
tem escolas de biblioteconomia em todo o país, por isso, muitas vezes, essa
exigência não pode ser cumprida de imediato. Caso essa seja a situação do
seu município, busque o apoio do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas e
selecione um profissional de nível superior na área de humanidades para ser
qualificado para a coordenação dos trabalhos. E, selecione uma equipe, em
número suficiente e possível, com um perfil minimamente adequado para
o trabalho em uma biblioteca, até que se consiga contratar um profissional
formado na área de biblioteconomia para assumir essa função.
A biblioteca precisa de uma equipe composta por profissionais que:
− Sejam leitores.
− Gostem de pesquisar, conhecer, descobrir.
− Tenham satisfação em atender bem as pessoas que procuram seus serviços.
− Saibam identificar as necessidades da comunidade onde a biblioteca está inserida.
− Gostem de promover atividades de leitura.
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é preciso estar atento e forte
Algumas dicas para ampliar o conhecimento e a informação para implanta-
ção das bibliotecas públicas:
- Procure o Sistema Estadual e o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas,
pesquise a existência de bibliotecas comunitárias e se articule com essas
instituições.
- Procure a Comissão de Educação e Cultura do Legislativo Municipal, ela po-
derá ajudar com os mecanismos legais para a criação, abertura, reabertura
ou manutenção de uma biblioteca em sua cidade.
- Conheça os guias disponíveis pelo Ministério da Cultura para a implantação
de planos municipais para o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas.
- Identifique em sua cidade que outras organizações têm interesse em apoiar
a biblioteca, aproxime-se delas, mas não permita que a gestão da sua biblio-
teca seja privatizada, lembre-se de que biblioteca pública é papel do Estado e
responsabilidade dos governos.
- E, acima de tudo, lembre-se de que você sempre pode pedir ajuda, é seu direi-
to como gestor público também!
E essas são apenas algumas dicas. Como já afirmamos, os Sistemas Estaduais
e Sistema Nacionais de Bibliotecas Públicas podem contribuir mais de perto
e especificamente com a necessidade de cada município, por isso os gestores
públicos devem recorrer a eles.
No próximo capítulo, apresentaremos um pouco da história das bibliotecas
públicas, para que os leitores possam, percorrendo essa trajetória, compreen-
der a importância delas na história da humanidade, em geral, e na do Brasil,
em particular.
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Toda biblioteca é permanentemente perigosa e, embora esteja sempre atrelada
a agentes reprodutores da ideologia de Estado, é o espaço que mais pode sub-
verter a produção cultural. É uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer
momento, pois contém o elemento básico para a ação do indivíduo – a infor-
mação. Ao ordenar os registros do conhecimento humano, a biblioteca reúne
discursos contraditórios e assim se torna uma fonte de conflitos, um ninho de
desordem. Explode o dogmatismo de um conhecimento único muito próximo
à fé e à verdade absoluta. Passa a incomodar as pessoas com o demônio das
possibilidades múltiplas (MILANESI, 1986).
A biblioteca pública do jeito que a conhecemos hoje é resultado de uma
trajetória que acompanha o desenvolvimento da humanidade. Para que os
leitores tenham uma ideia desse processo, apresentamos alguns momentos
dessa história. Contudo, não pretendemos esgotar o assunto, apenas despertar
a atenção e curiosidade sobre o fantástico universo das bibliotecas públicas e
sua relação com o poder e com os poderosos.
E, no princÍpio, era o verbo...
Desde o início dos tempos, o ser humano teve necessidade de registrar sua
passagem pela Terra. Deixar sua marca, fincar sua história. Essas marcas, até
onde se tem registro, iniciaram-se com pinturas rupestres, que evoluíram até
chegar nos diferentes alfabetos dos dias atuais: romano, grego, chinês, árabe,
latino, etc. Cada qual com seu formato, sua quantidade de sinais, sua direção
da escrita, sua regras... À medida que essas marcas foram sendo agrupadas,
começaram a compor as histórias escritas da memória da humanidade.
C A P Í T U L O 0 2
BIBLIOTECAS PÚBLICASAlguns retratos da história
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Essas memórias organizadas foram registradas em livros. Os primeiros, im-
pressos em placas de argila, depois em rolos de papiro, posteriormente em
pergaminho, até chegar ao papel, em que são impressos os livros modernos e,
finalmente, em suportes eletrônicos.
O primeiro conjunto de informações (livro) encontrado mais ou menos organi-
zado data de 3000 a.C. Esse conjunto contava histórias... a história do funciona-
mento dos templos, da dinâmica do comércio, entre outras tantas escritas que
tratavam dos interesses dos governantes, dos soberanos e das elites da época.
Eram arquivos de prestações de contas dos templos, registros comerciais e ou-
tras informações gravadas em placas de argila e armazenadas num lugar pró-
prio para isso. Esse próprio lugar poderia ser chamado de biblioteca.
Biblioteca (caixa de livros, depois depósito) vem do grego biblion, o rolo de
papiro, que constituía a forma de livro mais comum da época em que co-
meçaram a existir quantidades consideráveis de textos escritos. O próprio
biblion origina-se de bublos, núcleo do caule do papiro, um produto egípcio
por excelência. Portanto, a biblioteca nasceu e foi assim denominada em
Alexandria (POLASTRON, 2013, p. 25).
Argila, papiro, pergaminho e papel foram os suportes
utilizados para a escrita durante toda a história da hu-
manidade. O papiro era feito da fibra de uma planta do
mesmo nome que era abundante no Egito, às margens
do Rio Nilo. Já o pergaminho era feito de pele de animal,
geralmente cabra, bezerro, carneiro ou ovelha, preparada
para receber a tinta da escrita,. E finalmente o papel, feito
também de fibra vegetal e que constitui o livro moderno.
Atualmente, dado o desenvolvimento tecnológico, os su-
portes eletrônicos imprimiram maior versatilidade com
os e-books, arquivos eletrônicos e todos os recursos que
cotidianamente se desenvolvem para a produção e cir-
culação desses bens culturais (SANTOS, 2010).
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As primeiras bibliotecas e suas aspirações
A Biblioteca de Nínive foi a primeira biblioteca de que se tem notícia na histó-
ria. Foi construída no século VII a.C, por Assurbanipal II, e o acervo dela tinha
cerca de 25 mil placas de argila.
Segundo o bibliotecário e pesquisador Matthew Battles, em seu livro A contur-
bada história das bibliotecas, ela tinha um diferencial em relação aos arquivos
da época:
Embora essa biblioteca fosse antes de mais nada um arquivo, Assurbanipal
tinha aspirações universais. Além de profecias, fórmulas de encantamento e
hinos sagrados, encomendou também peças literárias escritas nas diversas
línguas da Mesopotâmia – o assírio, o sumério, o acádio, o ugarítico e o ara-
maico, dentre outras. Ao que parece, a biblioteca era altamente organizada
(BATTLES, 2003, p. 31).
Assurbanipal II foi rei da Assíria e viveu entre os
anos de 690 e 627 antes de Cristo (séc. VII a.C.).
A Assíria, na época, compreendia a Babilônia e
o Egito. Era conhecido por ser muito estudioso,
gostar e valorizar a literatura e a erudição. Inves-
tiu na cópia, reunião e preservação de registros
em argila, sobre diferentes assuntos de interes-
se da época. Na antiga Babilônia, existiram mui-
tas bibliotecas em templos e palácios. Os povos
dessa região ficaram conhecidos pelo apreço
que dedicaram à escrita.
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Inspirado pela Biblioteca de Nínive, Ptolomeu Sóter constrói, no século III a.C,
a Biblioteca de Alexandria, no Egito. Essa foi uma das maiores bibliotecas do
mundo! Acredita-se que continha praticamente todo o conhecimento da An-
tiguidade em acervos de papiro e pergaminho. Seu objetivo era reunir tudo o
que estivesse disponível, em toda sua diversidade. Essa determinação con-
firmava que os ptolomeus tinham uma compreensão sobre o conhecimento
como “um bem, uma mercadoria, uma forma de capital a ser adquirido e
entesourado” (BATTLES, 2003, p. 36).
Bibliotecas como as de Nínive e Alexandria serviram para guardar e preser-
var o conhecimento e a cultura dos povos. Não eram locais para a partilha,
para trocas. Essas bibliotecas só eram acessíveis a poucos letrados, soberanos
e nobres, para exercício do seu poder. As bibliotecas lhes imprimiam ainda
mais prestígio. Por isso, durante muitos séculos e por decorrência de diferen-
tes guerras, as bibliotecas foram sucessivamente atacadas, saqueadas, e não
raro, destruídas. Um exemplo disso são essas duas importantes bibliotecas da
Antiguidade: Nínive, destruída em 612 a.C. durante um confronto com inimi-
gos; e Alexandria, atacada três vezes: por Aureliano, em 272 d.C.; Teodósio I,
em 392 d.C.; e pelo Califa Omar I, comandante dos muçulmanos, em 640 d.C.
O Império Romano e as bibliotecas públicas
A primeira biblioteca registrada como pública pelos historiadores foi ideali-
zada por Júlio César, mas só foi construída após sua morte, no ano de 39 a.C.
Instalada no Fórum Romano, reunia livros em grego e latim, distribuídos em
dois salões de leitura, um para cada idioma. Após sua fundação e com a as-
Ptolomeu Sóter foi um general macedô-
nio de Alexandre, o Grande, que gover-
nou o Egito de 323 a.C. a 283 a.C., fun-
dando a Dinastia Ptolomaica. Tornou-se
rei a partir de 305 a.C.
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censão do Império, surgiram muitas outras bibliotecas em Roma, estima-se
que chegaram a 28 (SANTOS, 2010, p. 180).
Os romanos passaram a instalar bibliotecas dentro dos banhos públicos. Su-
cessivos imperadores romanos colocaram as bibliotecas em seus planos de
construção pública. Segundo Battles, elas foram incorporadas à política do
“pão e circo” (BATTLES, 2003, p. 52-53).
Acreditamos que, à medida que a biblioteca foi incorporada aos banhos públi-
cos e possibilitado o seu acesso a um público maior, a própria política do “pão
e circo” poderia ser revista como uma ação de pura distribuição de diversão
e comida. Infelizmente, esse é um tema que ainda não foi aprofundado pelos
especialistas e pesquisadores. Fica aí a dica aos interessados pelo tema!
Com a queda do Império Romano, no ano de 1453, as bibliotecas entraram em
declínio no mundo ocidental.
Pão e circo, do latim panem et circenses,
foi como ficou conhecido o modo pelo
qual os líderes romanos lidavam com
a população para manter a ordem es-
tabelecida e conquistar o seu apoio.
Essa frase tem origem na Sátira X, do
humorista e poeta romano Juvenal
(vivo por volta do ano 100 d.C.), e, no
seu contexto original, criticava a falta
de informação do povo romano, que
não tinha qualquer interesse em as-
suntos políticos e só se preocupava
com o alimento e o divertimento.
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Mundo ocidental e mundo oriental, são determinados não apenas a partir de
sua situação geográfica, que define o mundo a partir da linha imaginária de
Greenwich, que divide a Terra ao meio, no sentido vertical. Esse conceito imagi-
nário de divisão do mundo é uma longa história que diz respeito aos movimen-
tos de controle e poder de povos sobre povos.
A parte do mundo localizada à oeste dessa linha (lado esquerdo) é conhecida
como ocidental e sofreu forte influência das culturas greco-romanas. A parte
oriental, localizada do lado direito da linha, foi fortemente influenciada pelas
culturas árabe, hindu e asiática. Essas influêcias culturais incidiram sobre a vi-
são de mundo desses povos, seu conjunto de crenças e valores, manifestadas
por suas diferentes práticas sociais.
“O Islã medieval é um
Olimpo de bibliotecas”.
(POLASTRON, 2013, p. 69).
A biblioteca no mundo árabe medieval
A Casa de Sabedoria, como ficou registrada pela
história, instalada em Bagdá (séculos IX a XIII),
era um centro de estudos de humanidades e ci-
ências no Islã medieval. Em sua biblioteca, en-
contravam-se coleções acerca de matemática,
astronomia, medicina, alquimia e química, zoologia, geografia e cartografia.
Bagdá tornou-se conhecida como centro do desenvolvimento intelectual e
como a cidade mais rica e povoada da época, contando com mais de um mi-
lhão de habitantes.
Greenwich
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A cultura árabe valorizava os livros, as bibliotecas e as artes. No ano de 976, na
Espanha Árabe, já havia 70 bibliotecas, a maior delas localizada em Córdoba e
fundada pelo Califa Hakin. Numa cidade com cerca de 200 mil casas, tinha uma
biblioteca com uma coleção que continha entre 400 e 600 mil livros – o que signifi-
cava que dispunha de 2 a 3 livros para cada casa da cidade (BATTLES, 2003, p. 70).
Infelizmente, os conquistadores mongóis, turcos e cruzados, que tomaram os
territórios árabes, não cultivavam o mesmo gosto pelas letras, ciências e artes
herdado dos gregos e persas. Assim os séculos XIII a XV marcaram o tempo de
destruição das bibliotecas e do conhecimento no mundo árabe.
As bibliotecas na Europa Medieval e Renascentista
Com a criação das primeiras universidades na Europa (século. XIII), surge a
demanda por um outro tipo de biblioteca – a biblioteca universitária. Inicial-
mente, os estudantes utilizavam as que existiam nas instituições religiosas e
os acervos privados que se abriram para esse fim. Porém, dada a necessidade,
no final desse mesmo século foram criadas as primeiras bibliotecas dentro
das próprias universidades. Na época, oportunamente, houve um aumento do
interesse de leigos ricos e instruídos em patrocinar esses empreendimentos
que, por sua vez, aumentavam seu prestígio social. Até o Renascimento (sé-
culos XIV a XVI), as bibliotecas na Europa estavam vinculadas a instituições
religiosas, à nobreza e a algumas universidades. Eram espaços de conserva-
ção da produção escrita, especialmente em língua latina. Com a invenção
da prensa por Gutemberg (século XV) e a sucessão de transformações que
começam a ocupar a cena europeia, a forma de olhar e se mover no mundo
também começa a se transformar. É o tempo das navegações, o mundo estrei-
ta distâncias. Vislumbram-se novas formas de pensar e fazer artes, ciências e
relações políticas e sociais.
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O Renascimento tentava resgatar a visão de mundo que tinha sido abando-
nada na Idade Média, momento em que a humanidade foi dominada por um
forte dogmatismo religioso. A Igreja, que até o Renascimento detinha o poder
sobre a produção do conhecimento, começa a ver esse poder enfraquecido.
Em contraposição, os reis e príncipes começam a se interessar em possuir pe-
quenas coleções pessoais e, influenciados pelos ideais humanistas, empres-
tam seus acervos, mas em círculos ainda restritos às elites. As preocupações,
os sentimentos e os comportamentos humanos passaram a ser valorizados
na literatura, pintura, escultura e até nas relações políticas.
Resultante, certamente, das transformações culturais e dos meios de produ-
ção que se operam entre os séculos XVI e XVIII, entre os quais a Revolução
Francesa com o ideário “liberdade, igualdade e fraternidade”, nesse período
começa a se visualizar o desenho de uma biblioteca laica, mais democrática,
especializada e preocupada em compartilhar o conhecimento.
A primeira biblioteca pública na América Latina
Foi no século XVII, de acordo com registros históricos, que surgiu a primei-
ra biblioteca na América Latina dominada pelos espanhóis: a Biblioteca
Palafoxiana. Ela começou a ser organizada no ano de 1646 com a doação de
5 mil livros do acervo pessoal do bispo de Puebla e vice-rei da Nova Espanha,
Juan de Palafox e Mendoza, ao Colégio de San Juan, em Puebla, México. Essa
doação teve uma única condição: que o acervo fosse disponibilizado para
qualquer pessoa alfabetizada.
No meio do caminho de Cris tinha um oceano (...)
Pau, toco, tábua, madeira?
Faz navio de navegar.
Mastro firme, vela branca, tronco agora é caravela para distância encurtar.
Com coragem, sobre as ondas, Cris atravessou o mar.
(MACHADO, Ana Maria. Abrindo Caminho. São Paulo: Ática, 2010.)
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FOTO 01 - Biblioteca PalafoxianaFonte: https://commons.wikimedia.org
FOTO 02 - Interior da Biblioteca PalafoxianaFonte: https://commons.wikimedia.org
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Atualmente, no antigo Convento de San Juan, encontra-se a Casa da Cultura
de Puebla, e, na mesma sala original, pode-se visitar a Biblioteca Palafoxiana.
Essa biblioteca está incluída na lista Memória do Mundo da Unesco.
Memória do Mundo é o programa criado pela Unesco com o objetivo de
identificar documentos ou conjuntos documentais que tenham valor
de patrimônio documental da humanidade e inseri-los no Registro
Internacional de Patrimônio Documental. (Unesco. Divisão da Sociedade
da Informação. MEMÓRIA DO MUNDO – Diretrizes para a salvaguarda do
patrimônio documental.)
União das Nações Unidas para a Educação
Ciência e Cultura (Unesco) foi criada em
novembro de 1945, após o fim da 2ª Guerra
Mundial, com o objetivo de promover a paz e os
direitos humanos com base na “solidariedade
intelectual e moral da humanidade”.
Atualmente é uma das agências do Sistema ONU (Organização das Nações
Unidas) para incentivar a cooperação técnica entre os Estados-membros
e visa contribuir para a consolidação da paz, a erradicação da pobreza, o
desenvolvimento sustentável e o diálogo intercultural através da educação,
das ciências, da cultura, da comunicação e da informação.
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Novos tempos, novos ventos...
O século XIX trouxe consigo, além dos ventos democráticos que esses va-
lores propagavam, as necessidades subjacentes à nova ordem imposta pela
mecanização dos meios de produção e as demandas de reorganização social
decorrentes. Já não era preciso só guardar e conservar o conhecimento. Era
fundamentalmente preciso disseminá-lo.
É quando a ideia de progresso aparece associada ao desenvolvimento cientí-
fico e tecnológico, à mecanização, à automação da produção. Para que esse
progresso continuasse avançando, era necessário outro tipo de trabalhador. A
leitura começava a se impor como uma necessidade para a formação das mas-
sas trabalhadoras! As bibliotecas começam a ter mais evidenciado o seu papel.
Na França, a rede de bibliotecas nasceu associada às escolas, a partir da ne-
cessidade de promover a educação do povo. Essas bibliotecas também em-
prestavam livros para os familiares dos alunos e atingiam todo o país, uma
vez que utilizavam da rede escolar pública (GALVAO, 2014, p. 214).
Já nos Estados Unidos à época, a rede de bibliotecas foi criada totalmente fora
das escolas, espalhadas por boa parte do país. Bibliotecas financiadas tanto
por verbas públicas como privadas coincidiam no objetivo comum de difun-
dir a moral protestante. As bibliotecas eram os espaços apropriados para a
seleção e disseminação de uma cultura, de uma literatura “edificante” (GAL-
VAO, 2014, p. 205).
Ao mesmo tempo, os trabalhadores organizados começavam a perceber a
importância da alfabetização e da leitura para o seu “progresso” e o de sua
família e começam a ver na biblioteca um espaço fundamental para esse
exercício. Isso acontece no mundo todo no final do século XIX e início do
século XX. Os trabalhadores passam a pressionar os governos para que assu-
mam a manutenção das bibliotecas públicas. Essa exigência estava direta e
claramente relacionada à luta pela educação de si e dos seus filhos e à conse-
quente melhoria das condições de vida que essa educação traria.
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A biblioteca torna-se um símbolo do progresso não só do país, da nação, mas
das próprias pessoas, individualmente e em seus coletivos.
Em meados do século XX, com a proclamação da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, os direitos à educação, cultura, informação e liberdade de
expressão se afirmam como direitos fundamentais de todo ser humano em
qualquer parte do planeta, como atestam os artigos 19, 26 e 27:
Artigo 19
Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o
que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de
procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informa-
ções e ideias por qualquer meio de expressão.
Artigo 26
1. Toda pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita,
pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O
ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve
ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a
todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana
e ao reforço dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e
deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvi-
mento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
3. Aos pais, pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de
educação a dar aos filhos.
Artigo 27
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cul-
tural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso
científico e dos benefícios que deste resultam.
2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais liga-
dos a qualquer produção científica, literária ou artística da sua auto-
ria. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948.)
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A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi proclamada pela Assembleia
Geral das Nações Unidas, em Paris, em dezembro de 1948, como uma norma
comum a ser alcançada por todo os povos. Ficou estabelecida, pela primeira
vez, a proteção universal dos direitos humanos, o que significa dizer um pacto
internacional para que sejam reconhecidos igualmente os direitos de todas
as pessoas independentemente de suas diferenças individuais.
Políticas públicas e bibliotecas no Brasil
Entre a invasão colonial do Brasil, no século XV, e a vinda da corte no século
XIX, as bibliotecas, também aqui, eram espaços confinados em instituições
religiosas e em casas particulares de nobres e letrados. A primeira biblioteca
instalada fora desses espaços foi a Biblioteca Real, em 1808. Na verdade, era
de propriedade da Coroa e só foi aberta ao público em 1814; mesmo assim,
era procurada especialmente por religiosos. Essa biblioteca foi adquirida pelo
Brasil num acordo com Portugal, após a Independência, em agosto de 1825.
Assim como vimos acontecer na Europa Medieval, onde leigos ricos apoiaram
a instalação de bibliotecas, no Brasil, em 1811, por iniciativa de um senhor de
engenho e de alguns homens cultos, entre eles religiosos e políticos, foi fun-
dada a Biblioteca Pública de Salvador. Inspirada nas bibliotecas americanas
e europeias, foi inaugurada com a maior pompa, teve até oração de agradeci-
mento ao príncipe regente, em que o padre destacou o papel das bibliotecas
no mundo e a enorme contribuição do príncipe e do conde para criação de
uma biblioteca para a instrução geral da população! Porém, mal acabou a
solenidade de criação, veio a primeira dificuldade, faltava lugar para instalar.
Sim, a biblioteca foi criada antes mesmo de ter sede!
Depois das devidas providências, finalmente é instalada no prédio de uma
antiga livraria. No primeiro ano, foi mantida integralmente por recursos pri-
vados, doados num modelo de associação. Passada a novidade, as doações
caíram brutalmente, e começa a luta por sua sobrevivência. Luta essa que
40
marca a trajetória de todas as bibliotecas públicas brasileiras até os dias de
hoje, como veremos.
Ainda no século XIX, entre os anos de 1829 e 1871, foram criadas bibliote-
cas públicas em vários estados; entre eles, Maranhão, Sergipe, Pernambuco,
Espirito Santo, Paraná, Paraíba, Alagoas, Ceará, Amazonas e Rio Grande do
Sul. Foram originadas a partir da pressão do novo contexto político e econô-
mico mundial e inspiradas nos modelos europeus e norte-americanos. Embo-
ra fossem iniciativas legítimas e bem-intencionadas, rapidamente entravam
em crise por falta de recursos, e de planejamento para a sua manutenção.
Falta de um projeto político de Estado!
Como em outros países, também no Brasil começam a surgir iniciativas da
sociedade civil para suprir a demanda por bibliotecas e formação leitora.
Os trabalhadores, especialmente imigrantes que chegavam sem recursos ao
país, sentiam na pele essa necessidade.
Associações culturais e filantrópicas começam a ser organizadas, na cidade
do Rio de Janeiro, por imigrantes portugueses, que detinham mais posses,
preocupados em dar assistência aos seus conterrâneos mais necessitados, a
exemplo do Real Gabinete Português de Leitura, do Retiro Literário Português,
e do Liceu Literário Português. Essas iniciativas também fizeram parte de uma
política de relacionamento da antiga metrópole com a ex-colônia, agora am-
bas como nações autônomas precisavam se aproximar, encontrar outras for-
mas de se relacionar. Assim, as bibliotecas e as iniciativas literárias e cultu-
rais eram estratégias de fortalecer a identidade cultural da população lusa no
Brasil e disseminar sua cultura para a sociedade brasileira (FERREIRA, 2007).
Real Gabinete Português de Leitura - Um grupo de 43 imigrantes
portugueses no Rio de Janeiro resolve criar uma biblioteca para ampliar os
conhecimentos de seus sócios e dar mais oportunidades aos portugueses
residentes. A biblioteca transformou-se em núcleo de iniciativas culturais
e educacionais. Passou a oferecer aulas noturnas e apoio educacional aos
imigrantes que chegavam sem muitas alternativas. Essa biblioteca foi a
41
Outro segmento importante de imigrantes que contribuiu para a implantação
de bibliotecas por iniciativa não governamental foram os operários anarcos-
sindicalistas espanhóis e italianos. Eles consideravam a biblioteca um equi-
pamento fundamental para a educação como um processo libertário e chega-
ram a promover eventos para arrecadar recursos em benefício da “biblioteca
social”, reunindo várias outras organizações nessa iniciativa. O pesquisador
José Damiro de Moraes (s.d.) informa em seu estudo Educação Anarquista no
Brasil da Primeira República, que a primeira iniciativa de grupos organizados de
imigrantes era a de constituir uma biblioteca, para isso pediam doações de
jornais e revistas para suas salas de estudos.
Até a década de 1930, os investimentos governamentais em bibliotecas públi-
cas eram pontuais, foi com a criação do Instituto Nacional do Livro (INL), no
ano de 1937, durante a ditadura de Getúlio Vargas, que teve início uma série
de ações institucionais que tinham como objetivo a ampliação do número de
bibliotecas públicas no país. O INL foi uma iniciativa do ministro da Educação,
Gustavo Capanema, para organizar e publicar a Enciclopédia Brasileira e o Dicio-
nário da Língua Nacional, editar obras de interesse para a cultura nacional, criar
bibliotecas públicas, e estimular o mercado editorial tomando providências
para aumentar, melhorar e baratear a edição de livros no país.
mais ativa e de acervo significativo no país, só rivalizando com a Biblioteca
Nacional. Possuía horário flexível – abrindo à noite e em feriados – de acordo
com as necessidades do seu público de imigrantes e trabalhadores.
Retiro Literário Português – Criado em 1859, teve uma importante biblioteca,
chegando a publicar uma revista mensal.
Liceu Literário Português – Fundado em 1868, também por um grupo de
imigrantes portugueses, instituiu cursos noturnos gratuitos de instrução
primária e secundária oferecidos para a população sem discriminação de
classe ou nacionalidade.
42
Em 1973, coincidentemente numa outra ditadura, agora militar, o INL é re-
estruturado. No lugar de editor, passa a promotor de publicações. Com isso,
embora fosse o órgão responsável pela disseminação da cultura nacional, na
prática exerceu uma política de cooptação e censura, que permitiu o controle
de toda produção impressa por parte do Estado, especialmente nesses dois
períodos ditatoriais. Contudo, não se pode negar a importância do Instituto
para a estruturação da indústria editorial no Brasil. De acordo com o profes-
sor Aníbal Bragança, o INL foi “o principal órgão governamental responsável
pela gestão das políticas para o desenvolvimento do mundo do livro e da lei-
tura no país, desde 1937 (...) até sua extinção, em 1990” (BRAGANÇA, 2009, p.
222).
Voltando a 1964, durante todo o período que perdurou o regime militar, a
censura e o controle do Estado também se estendeu sobre as bibliotecas e os
profissionais que nelas atuavam. Nesse período, começam a surgir, no Brasil e
em toda a América Latina, os centros de documentação popular. Organizados
por associação de moradores, pastorais católicas e outros grupos comunitá-
rios, com a participação ou não de bibliotecários, tinham como objetivo prin-
cipal fornecer informações para as camadas mais pobres da população num
período de exceção política. Esse foi um momento em que a sociedade se dá
conta de que a informação era o instrumento fundamental para alcançar a
transformação social e que não se podia contar com a informação produzida
pelos meios de comunicação de massa, que eram controlados pelo Serviço
Nacional de Informação (SNI).
Os centros de documentação popular eram pequenas bibliotecas que ar-
mazenavam e produziam informações organizadas a partir de matérias de
jornais, textos, ensaios, artigos de análise, livros, periódicos e todo tipo de
material que pudesse fornecer condições de ampliar a consciência política
O Serviço Nacional de Informações (SNI) foi criado em 1964 com o objetivo de
controlar todas as atividades de informações e contrainformações dentro do
Brasil e no exterior. Extinto na década de 1990, foi substituído pela Agência
Brasileira de Inteligência (Abin).
43
nas comunidades economicamente desfavorecidas. Embora houvesse uma
preocupação técnica, o centro da atuação estava focado na documentação
como um instrumento de transformação social, cujo suporte ideológico era a
teologia da libertação (ROCHA, 1994).
Nos anos 80, com a emergência da luta pelas eleições diretas e pela abertura
democrática no país, vislumbra-se pequeno impulso nas políticas de promo-
ção da leitura, com as leis de incentivo à cultura ou à produção cultural de
maneira geral.
Mas é nos anos 90 que efetivamente começam os primeiros investimentos
públicos governamentais em projetos e programas para bibliotecas. A exem-
plo do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, que já funcionava como um
setor técnico do INL e foi institucionalizado em 1992, juntamente com outra
importante iniciativa, o Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler).
Ambas as ações foram especificamente dirigidas à construção de políticas
públicas governamentais para a área das bibliotecas, do livro, da leitura e
da literatura. O Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) foi criado
para contribuir para a instalação de bibliotecas públicas mais estruturadas,
favorecendo as práticas de leitura e o desenvolvimento sociocultural do país;
e o Proler, para promover a valorização social da leitura e da escrita. Em 2015,
tanto o Proler como o SNBP passaram a ser vinculados à Diretoria do Livro,
Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB) do Ministério da Cultura (MinC).
Esse cenário interno do Brasil é também resultado de pressões do cenário
internacional. Os avanços tecnológicos, a configuração da sociedade em rede,
e o avanço da globalização agravam ainda mais as situações de exclusão no
mundo. As demandas sobre a qualificação das pessoas, as barreiras do anal-
fabetismo informacional, o crescimento voraz da produção de informações e
Teologia da libertação foi um movimento político apartidário que surgiu e
teve forte influência na América Latina e no Brasil dos anos 50 aos anos 90, e
que reunia diversas correntes cristãs em torno da interpretação do Evangelho
com uma abordagem social.
44
a multiplicação dos meios de produção e circulação são elementos que pres-
sionam os governos a tomarem medidas relacionadas ao acesso, à organiza-
ção e à disseminação da informação.
O primeiro Manifesto da Ifla/Unesco sobre Bibliotecas Públicas data do ano de
1949, sendo revisado e atualizado no ano de 1994 e revisado novamente em 2004.
Manifesto da Ifla/Unesco sobre Bibliotecas Públicas
A liberdade, a prosperidade e o desenvolvimento da sociedade e dos indivíduos
são valores humanos fundamentais. Só serão atingidos quando os cidadãos
estiverem na posse da informação que lhes permita exercer os seus direitos
democráticos e ter um papel ativo na sociedade. A participação construtiva e o
desenvolvimento da democracia dependem tanto de uma educação satisfatória
como de um acesso livre e sem limites ao conhecimento, ao pensamento, à
cultura e à informação.
A biblioteca pública — porta de acesso local ao conhecimento — fornece as con-
dições básicas para uma aprendizagem contínua, para uma tomada de decisão
independente e para o desenvolvimento cultural dos indivíduos e dos grupos
sociais.
Este Manifesto proclama a confiança que a Unesco deposita na biblioteca pú-
blica, enquanto força viva para a educação, a cultura e a informação, e como
agente essencial para a promoção da paz e do bem-estar espiritual nas mentes
dos homens e das mulheres.
Assim, a Unesco encoraja as autoridades nacionais e locais a apoiarem ati-
vamente e a comprometerem-se no desenvolvimento das bibliotecas públicas
(MANIFESTO DA IFLA/UNESCO SOBRE BIBLIOTECAS PÚBLICAS, 1994).
Em 1982, aconteceu em Caracas, na Venezuela, um encontro para discutir a
situação das bibliotecas públicas na América Latina e no Caribe e estratégias
para o seu desenvolvimento. Esse encontro foi convocado pela Unesco, em co-
laboração com o Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina
45
e Caribe (Cerlac), da Federação Internacional de Associações de Bibliotecários
e Bibliotecas (Ifla), e do Instituto Autônomo Biblioteca Nacional (IABN), da
Venezuela. Reuniu especialistas de 30 países latino-americanos e caribenhos
e organismos regionais, nacionais e internacionais de assistência técnica que
atuam na região, e que corroboraram com o Manifesto da Unesco e ainda
reforçaram a importância de definir melhor “o papel da biblioteca pública
na região, para que responda ao seu processo histórico, suas aspirações e
seus esforços de integração regional”. Assim lançam a Declaração de Caracas
sobre a Biblioteca Pública como fator de desenvolvimento e instrumento de
transformação social na América Latina e no Caribe (DECLARAÇÃO DE CARA-
CAS SOBRE A BIBLIOTECA PÚBLICA, 1982).
É também na década de 1990 que começam a se expandir sensivelmente
as iniciativas da sociedade civil para suprir sua necessidade de informação
e acesso à leitura, são as bibliotecas comunitárias. A exemplo dos antigos
centros de documentação, essas bibliotecas são criadas por associações de
moradores, ONGs, instituições comunitárias, ou mesmo por indivíduos, que
se organizam para superar os limites do poder público no oferecimento de
alternativas educacionais e culturais, especialmente em comunidades des-
favorecidas economicamente (MACHADO, 2008). O movimento de bibliotecas
comunitárias, educadores, artistas, escritores, ilustradores, designers gráficos
e leitores reforça o caldo a favor do maior comprometimento do governo para
com as políticas públicas dessa área.
Foram os anos 2000 que, sem dúvida nenhuma, registraram o aumento de in-
vestimentos e do comprometimento público governamental e da sociedade ci-
vil para a construção de uma política de Estado para o livro, a leitura, a literatu-
ra e as bibliotecas, seguindo os preceitos constitucionais da participação social.
Esse movimento se afirma em 2003 com a aprovação da Lei nº 10.753, que ins-
titui a Política Nacional do Livro. Entre outras diretrizes gerais, visa garantir
ao cidadão o pleno exercício do direito de acesso e uso do livro, inclusive com
condições de acessibilidade; capacitar a população para o uso do livro; insta-
lar e ampliar no país livrarias, bibliotecas e pontos de venda de livros. Além
disso, indica também a responsabilidade da União, dos estados, do Distrito
46
Federal e dos municípios com a consignação orçamentária para a manuten-
ção e aquisição de livros para as bibliotecas, bem como a inserção de rubrica
no Executivo para financiamento da modernização do sistema bibliotecário
e de incentivo à leitura feita por meio do Fundo Nacional de Cultura. Isso é
fundamental, pois, sem orçamento, não se garante direitos!
Em 2006, foi lançado o Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), resultado
de amplo processo de consulta à sociedade civil, realizado pela articulação
interministerial da Cultura e da Educação. O PNLL, apoiado na Lei do Livro,
tem por finalidade básica assegurar a democratização do acesso ao livro, o
fomento e a valorização da leitura e o fortalecimento da cadeia produtiva
do livro como fator relevante para o incremento da produção intelectual e o
desenvolvimento da economia nacional, através de um plano trianual articu-
lado (PNLL, 2014).
Em 2010, foi aprovado o Plano Nacional de Cultura (PNC), resultado também
de um processo de diálogo com a sociedade através das conferências de cul-
tura nos municípios, nos estados e no país.
Como podemos observar desde o Manifesto Ifla/Unesco e a Declaração de
Caracas, entre outros documentos, o movimento brasileiro pela construção
das políticas não está isolado. Ele é parte de um processo internacional,
especialmente latino-americano e caribenho, que se fortalece a partir de
outubro de 2003, durante a VII Conferência Ibero-Americana de Cultura,
em Cochabamba, na Bolívia. Ministros da cultura e chefes de delegações
assinaram a Declaração de Cochabamba, uma carta de compromisso em
que solicitaram aos chefes de estado e de governos ibero-americanos que
declarassem 2005 como o Ano Ibero-americano da Leitura. Assim, em 15 de
novembro de 2003, em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), 2005 foi proclamado
o Ano Ibero-americano da Leitura, e os governos comprometeram-se a somar
esforços para efetivar o Plano Ibero-americano de Leitura. Daí então que, no
Brasil, em outubro de 2003, como parte desse processo, foi promulgada a Lei
Federal nº 10.753, que institui a Política Nacional do Livro.
47
O PNC define que a leitura e a
escrita devem ser consideradas
na formulação e implantação de
políticas públicas de educação e
cultura em todos os níveis de mo-
dalidades de ensino e administra-
ção, e que devem ser pensadas a
curto, médio e longo prazos com
caráter permanente, por isso a importância da elaboração de planos estadu-
ais e municipais setoriais norteados pelas diretrizes dos planos nacionais.
O Plano Nacional de Cultura, instituído através da Lei Federal nº 12.343, de
02 de dezembro de 2010, trata da regulamentação do art. 215, da Seção II, Da
Cultura, na Constituição Federal:
Seção II - Da Cultura
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos cul-
turais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará
a valorização e a difusão das manifestações culturais. (EC no 48/2005)
§ 1o O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,
indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional.
§ 2o A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta sig-
nificação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
§ 3o A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plu-
rianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração
das ações do poder público que conduzem à:
I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II – produção, promoção e difusão de bens culturais;
III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em
suas múltiplas dimensões;
IV – democratização do acesso aos bens de cultura.
(BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988.)
Conferências setoriais são mecanis-
mos garantidos pela Constituição
Federal de 1988, para a participação
social na formulação e no controle
das políticas públicas.
48
O Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), aprovado em 2006 como uma
portaria interministerial, ganha força em 2011, quando é aprovado o Decreto
nº 7559 que, em seu art. 1º, estabelece que “o Plano Nacional do Livro e Leitura
consiste em estratégia permanente de planejamento, apoio, articulação e re-
ferência para a execução de ações voltadas para o fomento da leitura no País”
(BRASIL. DECRETO Nº 7.559, 2011).
Entretanto, como “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei” (BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS, 1988), é preciso que o PNLL
vire lei. Mas não basta. É necessário pensar a política para o setor como uma
política que se propõe a promover o desenvolvimento de todas as cadeias:
mediadora (bibliotecas e profissionais da promoção da leitura), produtiva e
distributiva (editoras e livrarias e toda a ramificação dessas atividades) e cria-
tiva (escritores, ilustradores, designers).
Nesse sentido, vivemos hoje um rico momento em que a sociedade participa
mais ativamente da construção das políticas públicas. Durante a organização
deste Guia, em 2015, encontram-se em tramitação na esfera federal quatro
projetos de lei, a saber:
Casa Civil
PLS nº 28 de 2015, que institui a Política Nacional de Bibliotecas.
Senado Federal
PLS nº 49 de 2015, que regulamenta o preço fixo do livro.
Câmara Federal
PL nº 1.321 de 2011, que cria o Fundo Nacional Pró-Leitura (FNPL), des-
tinado à captação de recursos para atendimento aos objetivos da Lei
nº 10.753, de 30 de outubro de 2003, que institui a Política Nacional do Livro.
PL nº 3.727 de 2012, que dispõe sobre o princípio de universalização
das bibliotecas públicas no país.
Essas proposições e leis, que, num primeiro momento, podem, por assim di-
zer, “atordoar o juízo”, nada mais são do que regulamentações que visam dar
49
condições para estruturar a política de Estado para o livro, a leitura, a litera-
tura e as bibliotecas, definindo o papel do Estado, os parâmetros que devem,
por lei, ser atendidos, o financiamento e a regulação do mercado para o forta-
lecimento e a garantia da livre concorrência com regras que possam proteger
também o pequeno e médio empresário do setor e, finalmente, democratizan-
do o acesso à informação e cultura escrita para toda a população brasileira.
Entretanto, esse conjunto de marcos legais articulados e em discussão não
basta. É preciso que esses instrumentos sejam aprovados, regulamentados,
apropriados e monitorados pela sociedade civil, para que se possa exigir a
realização do direito.
A participação social na lutapelas bibliotecas públicas
Como pudemos verificar ao longo da história das bibliotecas, sua função e
natureza foram mudando de acordo com o processo de desenvolvimento da
sociedade. À medida que a consciência das pessoas sobre os seus direitos e
os de outras pessoas avança, a informação, o conhecimento e a tecnologia
começam a contribuir para que se compreendam sujeitos de direito, diferen-
tes no fazer e agir em sociedade, corresponsáveis pelas mudanças. Por isso
acontecem as pressões sobre os legislativos. Por isso, as leis são formuladas. A
demanda por bibliotecas públicas tem crescido e, com ela, as denúncias sobre
situações de violação do direito de acesso à informação e à cultura escrita.
Isso se revela nas mobilizações, denúncias e ações realizadas pela popula-
ção reivindicando direitos que estão sendo violados: o direito à informação, à
cultura escrita, ao desenvolvimento, a uma biblioteca pública. Dentro desse
contexto, felizmente o que o professor Milanesi escreveu em 1983 já se modi-
ficou: “E na história de nossa sociedade nunca houve mobilizações populares
ou protestos públicos em defesa das bibliotecas públicas, aliás se elas fossem
fechadas, não haveria nenhuma comoção nacional” (MILANESI, 1983, p. 63).
Naquele momento, isso era verdade, felizmente os tempos mudam. São as
vozes desses movimentos que a história registra e os ventos nos trazem. É
isso que elas nos revelam: a crescente importância que as bibliotecas vêm
50
ocupando na vida das pessoas e para a sociedade, mesmo que parte dos ges-
tores públicos ainda não tenha se dado conta disso.
É isso que está acontecendo!
A consciência sobre a importância da biblioteca como um equipamento alia-
do do desenvolvimento humano e comunitário e sobretudo o direito inalie-
nável que todas as pessoas possuem de ter acesso a ela, são a condições –—
entre outras — para a transformação. Assim como os romances epistolares
que favoreceram, no século XVIII, a empatia, que, por sua vez, colaborou com
as condições propícias para germinar as primeiras ideias sobre os direitos
humanos, a partir da compreensão de que, dentro, os sentimentos são seme-
lhantes (HUNT, 2009).
A população não está mais tão passiva assim.
Manifestações sociais pela abertura de bibliotecas públicas
Seja porque o equipamento fechou para reforma, seja porque os horários não
condizem com as necessidades dos moradores de uma cidade, a sociedade
está falando, indo para as ruas e cobrando o seu direito humano à cultura
escrita. Veja alguns desses exemplos e não se intimide de segui-los. Pode acre-
ditar, eles, cedo ou tarde, dão certo!
FIGURA 01Movimento Abre Biblioteca Amazonas Fonte: www.revistadehistoria.com.br
FIGURA 02Movimentos no Recife (PE)Fonte: Jornal do Commercio, Capa, Caderno Cidades, Recife, 22 jul. 2014.
51
FIGURA 03Movimentos em Custódia (PE) Fonte: facebook.com/abrebibliotecacustodia
FOTO 03Movimentos no Rio de Janeiro (RJ)Fonte: https://abrebibliotecarj.wordpress.com
FIGURA 04Movimentos no Recife (PE)Fonte: Diario de Pernambuco, Vida Urbana, 23 nov. 2014
FIGURA 05Advocacy em BibliotecasFonte: https://bibmais.wordpress.com
FIGURA 06Campanha Nacional pelas BibliotecasFonte: http://blog.crb6.org.br
52
Biblioteca Pública: a conquista de um direito
A partir da luta e persistência dos movimentos sociais, as bibliotecas são reaber-
tas, e, claro, isso é fruto de muitas mobilizações cobrando das autoridades sua
responsabilidade, sua coerência. Uma sociedade informada é capaz de intervir,
uma sociedade informada que intervém cobra e garante seus direitos! Uma so-
ciedade que garante seus direitos melhora suas condições de desenvolvimento.
Alguns resultados das mobilizações sociais
Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar.2
Os movimentos sociais e a construção dos planos estaduais e municipais para o livro, a leitura,
a literatura e as bibliotecas
A partir do PNLL, começa a se desenhar uma estrutura possível para a constru-
ção de uma política de Estado para o setor. E, ao que tudo indica, essa construção
fortaleceu a capacidade da sociedade de intervir e compreender a importância
do seu papel nos rumos das políticas públicas. As ações em defesa das biblio-
FIGURA 07Vitória em Manaus (AM)Fonte: cazadoresdebibliotecas.com
FIGURA 08Reabertura em Alagoas (AL)Fonte: www.maceio.al.gov.br
FIGURA 09Reabre Biblioteca no RSFonte: http://arb.org.br
2. MACHADO, Antônio, poeta espanhol. (1875-1939).
53
FOTO 04Campanha pelo PMLLLB de Salvador - Rede de Bibliotecas Comunitárias de Sal-vador, com o escritor Rodrigo CiríacoFonte: http://redebcsalvador.blogspot.com.br
FOTO 05Audiência Pública em Salvador (BA)Fonte: http://redebcsalvador.blogspot.com.br
tecas, do livro, da leitura e da literatura começam a ganhar ainda mais força e
consistência temática na sociedade. Tanto é verdade que, desde 2006, tem cresci-
do a organização social pela elaboração de leis e planos municipais para o setor.
Em muitas, para não dizer na maioria das cidades o primeiro movimento
para a elaboração dos planos setoriais tem partido da sociedade civil, espe-
cialmente do movimento de bibliotecas comunitárias, mediadores de leitura,
bibliotecários, escritores, órgãos e associações de classe. Juntos, eles se orga-
nizam e começam a pressionar o estado e/ou o município para a formulação
dessas legislações. Para subsidiar esse processo, existe atualmente uma pro-
dução significativa de materiais orientadores, que vão desde o Guia do PNLL
até os registros de processos publicados impressos ou eletrônicos, como é o
caso de Porto Alegre, São Paulo, Nova Iguaçu, Salvador, São Luís do Maranhão,
Recife, Fortaleza, Belém do Pará, Mato Grosso, entre tantos outros.
Algumas fotos ilustram os diversos movimentos que estão crescendo e se
multiplicando na luta por políticas públicas para o setor...
54
FIGURA 10Mobilização em São Paulo (SP)Fonte: Google Imagens
FIGURA 12Mobilização em Belo Horizonte (MG)Fonte: Google Imagens
FIGURA 13Mobilização em Fortaleza (CE)Fonte: jangadaliteraria.com
FIGURA 14Mobilização em Fortaleza (CE)Fonte: jangadaliteraria.com
FIGURA 11Mobilização no Vale do Paraíba (SP)Fonte: Google Imagens
FOTO 06Erica Verçosa, contadora de históriaMobilização em Belo Horizonte (MG)Fonte: Google Imagens - Érica Verçosa
55
FIGURA 15 e FOTO 07Mobilização na Baixada Fluminense (RJ)Fonte: facebook.com/baixadaliteraria
FOTOS 08 e 09Mobilização em PernambucoFonte: facebook.com/ForumPEBLL
56
Mas como os planos estaduais e municipais têm relação com a criação e manutenção
das bibliotecas públicas?
O PNLL está organizado a partir de quatro eixos e norteia a construção dos
Planos Estaduais do Livro, da Leitura, da Literatura e da Biblioteca (PELLLB)
e dos Planos Municipais (PMLLLB). Dois desses eixos dizem respeito direta-
mente às bibliotecas – instalação, desenvolvimento e qualificação. Em todos
os planos, devem estar previstas ações para garantir o cumprimento da meta
do PNC, que é zerar o número de municípios sem bibliotecas. Mas também
devem garantir a qualidade das bibliotecas, tanto em estrutura física, am-
biente e equipamentos quanto na qualidade dos serviços, na formação e no
reconhecimento dos seus profissionais, e na articulação e qualidade do seu
relacionamento com a comunidade onde estão inseridas.
Para que isso aconteça e seja susten-
tável, deixando de ser aquela vista no-
turna de uma cidade de dentro de um
avião, é preciso que, nos contextos mu-
nicipais e estaduais, sejam organizados
grupos de trabalho, Inter-setoriais, inte-
grados por organizações sociais e pela
gestão pública, envolvendo os legisla-
tivos, os conselhos de direitos, quando
possível o Ministério Público, e que se
estabeleça um plano e os processos
para a elaboração da política.
É curioso que, para formular as políti-
cas de educação e saúde, por exemplo,
os governos conheçam os dados da po-
pulação, território e necessidades. No
caso da política cultural, não há esse
investimento (MILANESI, 1982).
Que biblioteca precisamos
para uma população de 5
mil habitantes? E se tiver
100 mil? E se o território ti-
ver mil quilômetros e seus
5 mil habitantes estiverem
divididos em povoados de
300 a mil pessoas? E se for
área rural? E se a maioria
dessa população for de
jovens? E se... e se... e se...
57
Por que será?
Mesmo conhecendo as necessidades da população, boa parte das vezes os
governos não as atendem a contento, imaginem se desconhecendo-as?
Por isso, será preciso realizar diagnósticos, preferencialmente participativos,
com escutas comunitárias, que estabeleçam qual o número de equipamentos
necessários para a democratização do acesso, quais são os parâmetros de
qualidade a serem alcançados a curto, médio e longo prazos, e como isso será
atingido: de onde e como virá o dinheiro, como será empregado e como será
controlado com a devida transparência para que todos sabiam com clareza
onde os recursos estão sendo investidos.
E é a isso que viemos.
Esperamos que com essas informações, vocês, gestor e cidadão, compreen-
dam como o Brasil, tornando-se um país de leitores, com acesso a esse equi-
pamento cultural, poderá se transformar num país mais justo, mais igual,
mais em paz!
Que a semente fertilize nessa terra, que as palavras brotem e semeiem a
transformação!
59
O projeto Mais Bibliotecas Públicas é resultado do convênio nº 778093/2012,
firmado entre o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas/DLLLB/MinC e o
Centro de Desenvolvimento e Cidadania, organização não governamental
sem fins lucrativos sediada em Pernambuco, e com larga experiência no
monitoramento e na qualificação de políticas públicas.
O Mais Bibliotecas Públicas foi idealizado com base em duas metas do PNC
diretamente relacionadas com a universalização e qualificação das bibliotecas
públicas. A meta 32, que prevê que 100% dos municípios brasileiros tenham,
pelo menos uma biblioteca pública em funcionamento; e a meta 34, que prevê
a modernização de 50% das bibliotecas públicas e dos museus no período de
10 anos, 2010 a 2020.
Com duração de 36 meses, o projeto contou com a equipe do CDC, formada
por cinco bibliotecários e uma antropóloga, e com a equipe de técnicos do
SNBP. Juntas, elaboraram a metodologia para o desenvolvimento do projeto,
norteada por três grandes estratégias: mapeamento das bibliotecas públicas no
país, mobilização e sensibilização de gestores e lideranças locais, e construção
de um material orientador para a instalação e o fortalecimento de bibliotecas
públicas dirigido a gestores públicos e à sociedade civil.
A P Ê N D I C E
PROJETO MAIS BIBLIOTECAS PÚBLICAS:metodologia, estratégias e resultados
60 3. Ver também Metas Plano Nacional de cultura – PNC, p. 13.
www.cultura.gov.br/documents/10883/11294/METAS_PNC_final.pdf
Abordagem multicêntrica
considera políticas públicas
não só aquelas elaboradas e
executadas pelos governos,
mas também as que são
elaboradas e executadas em
parceria ou por organizações
da sociedade civil.
Estratégias de Ação
1. Mapeamento das informações sobre bibliotecas públicas no Brasil
O motivo que levou a definição dessa estratégia foi a necessidade de conhecer
mais de perto os dados disponíveis sobre as bibliotecas públicas e criar uma
metodologia de monitoramento e atualização desses dados, de modo que o
próprio SNBP pudesse incorporar essa metodologia à sua rotina de trabalho.
O universo da pesquisa considerado foi o das bibliotecas públicas
caracterizadas por suas funções e seus serviços, pela comunidade que atende
e pelo seu vínculo institucional com os governos municipais, estaduais ou
federal, sendo definida pelas diretrizes do SNBP3, como aquelas que:
tem por objetivo atender, por meio do seu acervo e de seus serviços, os diferen-
tes interesses de leitura e informação da comunidade em que está localizada,
colaborando para ampliar o acesso à informação, à leitura e ao livro, de forma
gratuita. Atende a todos os públicos, bebês, crianças, jovens, adultos, pessoas
da melhor idade e pessoas com necessidades especiais, e segue os preceitos
estabelecidos no Manifesto da Ifla/Unesco sobre Bibliotecas Públicas.
É considerada equipamento cultural e, portanto, está no âmbito das políticas
públicas do Ministério da Cultura (MinC). Em sua maioria, é criada e mantida
pelo Estado (Município, Estado ou Federação).
(http://snbp.culturadigital.br/tipos-de-bibliotecas)
É importante registrar que, apesar do
SNBP trabalhar as políticas culturais a
partir da abordagem multicêntrica, este
projeto considerou como recorte de sua
atuação somente as bibliotecas públicas
vinculadas e mantidas pelos governos
federal, estadual ou municipal. Esse
recorte foi uma opção metodológica em
função do grande número de bibliotecas
públicas no país e da complexidade
61
Embora sejam definidas como equipamentos culturais, as bibliotecas públi-
cas brasileiras têm uma parte vinculada às Secretarias de Educação, o que
não tem impedido o acesso a recursos via editais federais do Ministério da
Cultura. Além disso, muitos municípios brasileiros reúnem os órgãos de edu-
cação e cultura num só.
que envolve o campo. Dessa forma não foram consideradas nesse universo
as bibliotecas públicas e comunitárias mantidas por instituições privadas,
organizações não governamentais, coletivos ou pessoas físicas.
A pesquisa iniciou a partir do levantamento dos dados já existentes,
consideroando-se quatro principais fontes de informação:
1. Dados do I Censo Nacional de Bibliotecas Públicas, encomendado à FGV
pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas junto com a Diretoria do
Livro, da Leitura e da Literatura do Ministério da Cultura, 2010.
2. A base de dados do SNBP, que mantinha seus próprios registros organiza-
dos e alimentados a partir de formulários em papel, enviados às bibliotecas
públicas.
3. Perfil dos municípios brasileiros, IBGE, 2012; que dá conta apenas da infor-
mação quantitativa, estatística.
4. Bases de dados dos Sistemas Estaduais e Municipais de Bibliotecas
Públicas, que registram, em sua maioria, dados padrão de cadastro geral:
nome, endereço, telefone, responsável.
Analisadas essas fontes, tomamos
como linha de base as informações
coletadas pelo SNBP. Esses dados
foram atualizados em julho de 2013,
e computaram informações sobre um
total de 5.976 bibliotecas públicas em
5.176 municípios, assim distribuídos
regionalmente:
JULHO DE 2013
Norte 522
Nordeste 1.812
Centro-Oeste 499
Sul 1.210
Sudeste 1.933
Total 5.976
QUADRO 02Dados RegionaisFonte: Projeto Mais Bibliotecas Públicas
62
A atualização desses dados foi realizada a partir de pesquisas minuciosas nos
portais dos governos, estaduais e municipais, e no Sistema de Informações
e Indicadores Culturais (SNIIC), e ainda em contatos telefônicos com as
prefeituras e secretarias de educação e/ou cultura dos municípios. Com essa
atualização com o princípio do reconhecimento e fortalecimento dos Sistemas
Estaduais de Bibliotecas Públicas (SEBPs), como instâncias fundamentais
para a consolidação de uma política pública de estado sustentável para as
bibliotecas, nos aproximamos para a validação e escuta com as equipes
desses sistemas.
Evolução do número de bibliotecas públicas de acordo com o mapeamento
realizado pelo Projeto:
É importante deixar claro que esse número se refere à quantidade de
equipamentos mapeados como instalados e confirmados em cada momento
de validação. O fato de não dispor ainda de mecanismos de regulação,
enquanto política pública de Estado,
nada obriga o município a manter os
equipamentos em funcionamento, o que
nos revela o cenário análogo à observação
de uma cidade num voo noturno, onde se
vislumbram luzes acendendo e apagando.
Assim são as bibliotecas públicas no
cenário atual: abrem e fecham ao sabor
do entendimento e comprometimento dos
gestores das cidades brasileiras.
Jul/13 Nov/14 Fev/15 Mai/15
Norte 522 498 499 503
Nordeste 1.812 1.837 1.837 1.847
Centro-Oeste 499 497 497 501
Sul 1.210 1.286 1.287 1.293
Sudeste 1.933 1.944 1.947 1.958
Total 5.976 6.062 6.067 6.102
QUADRO 03Dados regionais por período de levantamento
Fonte: Projeto Mais Bibliotecas Públicas
O professor Luís
Milanesi (1997),
inspirado em fatos
concretos, apresenta
uma série de casos
que ilustram esse
cenário no livro A
casa da invenção. Vale
a leitura!
63
2. Mobilização
Como era preciso pensar no local e no global, foram planejadas ações de
mobilização a distância e presencial, utilizando técnicas e ferramentas de
comunicação para uso interno e externo.
O primeiro movimento nessa etapa foi a construção da marca do Projeto, que
garantiu a sua identidade visual e facilitou a construção dos mecanismos de
comunicação.
2.1 Mobilização a distância
Com os dados das bibliotecas públicas validados, foi feita a sua divulgação,
num primeiro momento no próprio site do SNBP4, e, na sequência foi criada
uma fan page5 com o objetivo de ampliar a mobilização e a divulgação das
ações do Projeto.
FIGURA 16Fan page Fonte: facebook.com/maisbibliotecaspublicas
4. Ver Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, disponível em: <http://snbp.culturadigi-
tal.br/informacao/dados-das-bibliotecas-publicas/>. Acesso em: 15 mar. 2015.
5. Ver Mais Bibliotecas Públicas, disponível em: <https://www.facebook.com/maisbibliote-
caspublicas>. Acesso em: 15 mar. 2015.
64
Tanto o portal do SNBP quanto a fan page foram ferramentas eletrônicas
muito importantes para divulgar o Projeto, contribuir na coleta de informações
e impressões da população, e ainda mobilizar os territórios locais para as
escutas presenciais. Assim, antes dos encontros presenciais, foram realizados
chamamentos através de cada um desses informativos.
Entre novembro de 2013 quando foi criada até agosto de 2015, quando fechamos
esta publicação, a fan page tinha um público de 4.012 fãs, sendo 68% mulheres
e 32% homens. A faixa etária mais fiel foi entre 25 e 44 anos, sendo 37% das
mulheres e 18% dos homens seguidores. Em relação à abrangência territorial, a
fan page alcançou seguidores no Brasil e em países de todo o mundo. Listamos
os nove países mais recorrentes da África, América Latina, América do Norte
e Europa, em ordem decrescente: Brasil , Portugal, Argentina, Estados Unidos,
Espanha, Colômbia, Peru, Angola, Itália e Uruguai.
FIGURA 17Mobilização na fan pageFonte: facebook.com/maisbibliotecaspublicas
FIGURA 18Site do Sistema Nacional de Bibliotecas PúblicasFonte: http://snbp.culturadigital.br/projetos/maisbibliotecaspublicas
65
Toda ação de mobilização a distância colaborou intensamente com a construção
de uma grande mobilização local, criando sinergias para as escutas em cada um
dos 19 estados, e do Distrito Federal, que participaram da ação presencial.
2.2 Mobilização local
A mobilização local foi uma opção metodológica para garantir a aproximação
do Projeto com os Sistemas Estaduais de Bibliotecas Públicas (SEBPs), gestores
públicos e lideranças locais para a realização de escutas sobre as situações
específicas vivenciadas em cada estado, e debater sobre a importância das
bibliotecas públicas para o desenvolvimento comunitário e sua própria
sustentabilidade enquanto equipamento cultural público.
O processo local teve início em novembro de 2013 e foi planejado com base
nas seguintes condições: capacidade de mobilização local, localização dos
municípios críticos e agenda dos SEBPs. Nos 19 estados e no Distrito Federal,
aconteceram reuniões técnicas e encontros ampliados com gestores e
lideranças locais, o que se configurou em dois importantes momentos em cada
um desses territórios.
Reuniões técnicas
Foram realizadas com as equipe dos SEBPs e seus parceiros, principalmente
representantes de secretarias de cultura, conselheiros de direitos, de
departamentos de Biblioteconomia de universidades públicas, organizações
sociais, e órgãos de classe e associações profissionais. Tinham o objetivo de
apresentar e discutir os dados coletados pelo Projeto, escutar as observações,
as correções, os acréscimos, os esclarecimentos e as validações. Nesses
momentos, foram coletadas informações importantes, especialmente sobre as
situações específicas, as dificuldades e as iniciativas para monitorar e fortalecer
as bibliotecas nos estados, empreendidas pelos SEBPs e seus parceiros. Nessas
reuniões, juntamente com a equipe local, fechávamos a programação do
encontro com gestores e lideranças, que aconteceria sempre no dia seguinte à
reunião técnica. Todo esse processo era exaustivamente preparado à distância,
especialmente com a coordenação dos SEBPs, que era também quem fazia as
honras de abrir os eventos. Ao todo, foram 20 reuniões técnicas, envolvendo
aproximadamente 200 pessoas.
66
FOTO 10Reunião TécnicaMaceió (AL), mar. 2014
Da esquerda para a direita: Sr. Osvaldo Viegas, Secretário de Cultura do Estado de Alagoas; Rita Lemos, coordenadora de Governança e Informação do SNBP/FBN; Wilma Nóbrega, Coordenadora do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de Alagoas (SEBP-AL), e Cida Fernandez, coordenadora do Projeto Mais Bibliotecas Públicas – CDC/SNBPFonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 11Reunião técnicaFortaleza (CE), abr. 2014
Da esquerda para a direita: Sr. Paulo Mamede, secretário de Cultura do Estado do Ceará; Aparecida de Lavor, coordenadora do SEBP-CE;Enide Maria Vidal, diretora da Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel; Herbênia Gurgel, presidente do CRB-3; e Cida Fernandez, coordenadora do projeto Mais Bibliotecas Públicas.Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
67
FOTO 12Reunião técnicaJoão Pessoa - PB, mar.2014
Reunião com Cybelle Macedo, coordena-dora do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas; Lau Siqueira, presidente da Fun-dação Estadual de Cultura – FUNESC; e Malena Xavier, Coordenadora de Mobilização e Formação do Projeto Mais Bibliotecas Públicas.Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 13Reunião técnicaVitória (ES), mai. 2014
Reunião com o SEBP-ES. Do centro para a direita: Cristiane Rodrigues, represen-tante do Projeto Mais Bibliotecas Públicas; Nádia Campos, Coordenadora do SEBP-ES; Cida Maia (SEBP-ES); Maria Aparecida (BPE--ES); Marilzete de Almeida (BPE-ES); Karine Demuner (BPE-ES); Cleima Rabelo (BPE-ES) e Suely (BPE-ES).Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 14Reunião com gestores públicos: da esquer-da para a direita: Cybelle Macedo, coorde-nadora do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas da Paraíba (SEBP-PB), Sr. Aguifaildo Lira Dantas, Prefeito de Frei Martinho, Ma-lena Xavier, coordenadora de mobilização e formação do projeto Mais Bibliotecas Públi-cas e Lu Maia Bezerra, Diretora da Divisão de Leitura do Estado da Paraíba. Frei Martinho (PB) mar. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 15Reunião técnicaPorto Alegre (RS), abr. 2014
Da esquerda para a direita: João Pontes, dire-tor de Cidadania Cultural; Cristiane Rodrigues, do Projeto Mais Bibliotecas Públicas; Rosana Vasques, coordenadora do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do RS; e Laís Chaffe, diretora do Instituto Estadual do Livro.Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
68
Encontros com gestores e lideranças locais
Esses encontros aconteceram a partir do planejamento realizado com as
lideranças de cada estado, e, em cada um deles, a mesa de abertura teve
uma configuração. Em algumas, houve todo o trâmite formal, com a presença
dos chefes do Executivo e seus secretários, integrantes de instituições
importantes no local, lideranças de destaque. Em quase todos os locais,
também foram preparadas apresentações culturais para recepcionar os
participantes do evento. Em dois estados e no Distrito Federal, o Encontro
Mais Bibliotecas Públicas foi integrado a outros eventos. No Rio Grande do
Norte, por exemplo, foi articulado ao Encontro de Museus e no Maranhão ao
encontro do Conselho Estadual de Cultura. Em Brasília, aconteceu no âmbito
da Bienal Internacional do Livro. Essas também foram boas oportunidades de
ampliar o diálogo com outros setores na esfera local.
Foram realizados 19 encontros nos estados e um no Distrito Federal. Ao todo,
mobilizaram mais de 1.500 pessoas, entre lideranças locais, coordenadores
dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Públicas, gestores de bibliotecas
comunitárias e escolares, diretores e conselheiros de cultura, secretários de
cultura, prefeitos, funcionários das secretarias, escritores, estudantes, entre
outros interessados no debate.
FOTO 16Encontro com Gestores e LiderançasVitória (ES) mai. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
69
FOTO 17Encontro com Gestores e Lideranças Recife (PE), abr. 2014 Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 18Encontro com Gestores e Lideranças Porto Alegre (RS), abr. 2014 Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 19Mesa de Inscrições doEncontro com Gestores e Lideranças.Arapiraca (AL), mar. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 20Formalidade de Abertura doEncontro com Gestores e Lideranças, Arapiraca (AL), mar. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
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FOTO 24Encontro com Gestores e Lideranças Salvador (BA), abr. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 21Apresentação dos alunos do curso de Biblioteconomia-UFALArapiraca (AL), mar. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 22Participantes do Encontro com Gestores e LiderançasArapiraca (AL), mar. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 23Escuta de participantesNova Iguaçu (RJ), jan. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
71
FOTO 25Encontro com Gestores e Lideranças Porto Velho (RO), maio 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 26Escutas com gestores e liderançasPorto Velho (RO), maio 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 27Mesa de Abertura do Encontro com Gestores e Lideranças com autoridades locais e estaduaisCuraçá (PA), dez. 2013Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 28Escutas no Encontro com Gestores e LiderançasCuraçá (PA), dez.2013Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
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FOTO 32Apresentação da Sociedade Araruna de Danças Antigas, encerrando o Encontro com Gestores e LiderançasNatal (RN), abr. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 29Participantes do Encontro com Gestores e LiderançasTeresina (PI), jun.2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 30Participantes do Encontro com Gestores e LiderançasBelo Horizonte (MG), abr. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 31Escuta de participantes do Encontro com Gestores e LiderançasNatal (RN), abr. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
73
FOTO 33Formalidade de Abertura do Encontro com Gestores e Lideranças, no Centro Cultural Gilson Prado Barreto Nossa Senhora do Socorro (SE), mar. 2014 Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 34Inscrições para o Encontro com Gestores e Lideranças, no Centro Cultural Gilson Prado Barreto Nossa Senhora do Socorro (SE), mar. 2014 Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 35Plenária de participantes com gestores e lideranças, no Centro Cultural Gilson Prado Barreto Nossa Senhora do Socorro (SE), mar. 2014 Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
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FOTO 36Palavras de Cida Fernadez, representante do Mais Bibliotecas na cerimônia de abertura do III Fórum Estadual de Cultura do Maranhão São Luís (MA), jun. 2015Foto Thais Rodrigues
FOTO 37Plenária de Participantes do Encontro com Gestores e Lideranças, acolhido durante o III Fórum Estadual de Cultura do MaranhãoSão Luís (MA), jun. 2015 Foto Thais Rodrigues
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FOTO 38Encontro com lideranças do Projeto Expedição Vagalume, Congresso da Expedição VagalumeSesc Bertioga (SP), set. 2014 Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 39Oficina de Gestão de Bibliotecas, II Bienal do LivroBrasília (DF), abr. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 40Escutas durante a Oficina de Gestãode Bibliotecas, II Bienal do Livro Brasília (DF), abr. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
Além desses encontros, foram realizadas outras atividades paralelas bastante
importantes, entre elas: a escuta durante o Congresso da Expedição Vagalume,
em Bertioga (SP) que reuniu lideranças de 23 municípios do Norte e Nordeste
que atuam com bibliotecas em comunidades ribeirinhas; exposição dos dados
e Oficina de Gestão de Bibliotecas, durante a II Bienal do Livro e da Leitura, em
abril de 2014, em Brasília (DF); e a apresentação do Projeto em banner, durante
o Seminário Bibliotecas Vivas, em novembro de 2014; e de trabalho sobre os
resultados no XXVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação,
em São Paulo, em julho de 2015.
76
FOTO 42Exposição de banners duranteo Seminário Bibliotecas Vivas, São Paulo (SP), nov. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 43Banner Mais Bibliotecas, Seminário Bibliotecas Vivas, São Paulo (SP), nov. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 41Trabalho em grupos duranteOficina de Gestão de Bibliotecas, II Bienal do Livro, Brasília (DF), abr. de 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
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FOTO 44Leitura da Carta-compromissoelaborada durante o Encontro com Gestores e LiderançasImbituba (SC), mai. 2014 Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FIGURA 19Carta aos Prefeitos do Estado de Rondônia, Porto Velho (RO), mai. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FIGURA 21Carta-Compromissoelaborada durante o Encontro com Gestores e LiderançasImbituba (SC), mai. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FIGURA 20Carta ao Governador do Estado de Rondônia, Porto Velho (RO), mai.2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
Também foram frutos desses encontros três cartas públicas coletivas
organizadas pelos participantes nos encontros de Imbituba (SC) e de Porto
Velho (RO):
78
FOTOS 45, 46, 47 e 48Biblioteca da FlorestaRio Branco (AC), jun. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
Bibliotecas Visitadas
79
FOTO 49Biblioteca Estadual do AcreRio Branco (AC), jun. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 50Gibiteca da Biblioteca Estadual do AcreRio Branco (AC), jun. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 51Salão de Informática daBiblioteca Estadual do AcreRio Branco (AC), jun. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 52Sala de Leitura daBiblioteca Estadual do AcreRio Branco (AC), jun. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
80
FOTO 53 e 54Casa da Leitura Chico Mendes Rio Branco (AC), jun. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 55Mapinguari - Casa dos Povos da Floresta,Rio Branco (AC), jun. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 56O Boto - Casa dos Povos da Floresta,Rio Branco (AC), jun. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
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FOTO 57Salão de Leitura da Biblioteca Pública Estadual do PiauíTeresina (PI), jun. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 58Biblioteca Pública Municipal de Imbituba Imbatuba (SC), nov. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 59Biblioteca Pública Municipal de Imbituba Imbatuba (SC), nov. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 60Biblioteca Pública Municipal Oscar AraújoCuraçá (PA), dez. 2013Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
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FOTO 61Exposição de artesanato no hall da Biblioteca Pública Municipal Francisco Meirelles, Porto Velho (RO), maio 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 62Espaço de Leitura da Biblioteca Pública Municipal Francisco Meirelles, Porto Velho (RO), maio 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 63Acervo em Braille da Biblioteca Pública Municipal Francisco MeirellesPorto Velho (RO), mai. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 64Espaço infantil da Biblioteca PúblicaMunicipal Francisco MeirellesPorto Velho (RO), mai. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
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FOTO 67Biblioteca Pública Municipal Senador Lourival BatistaSão Cristovão (SE), maio 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 66Cordelteca da Biblioteca Pública Municipal Clodomir da Silva Aracaju (SE), maio 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
FOTO 65Visita às ArapiraquinhasArapiraca (AL), mar. 2014Fonte: Arquivo Mais Bibliotecas Públicas
84
Resultados Alcançados
A partir do Projeto Mais Bibliotecas Públicas foi possível ampliar o diálogo e
aproximar o SNBP aos estados, municípios e à sociedade civil. Conseguimos
também reunir e atualizar os dados sobre as bibliotecas públicas no país e
identificar a ampliação no número de municípios com bibliotecas públicas
conforme demonstrado no quadro abaixo.
Esses dados revelam os esforços realizados a partir do governo federal com
investimentos para ampliar e qualificar a rede de bibliotecas públicas do
país. Porém, o que os dados quantitativos não revelam são as condições de
funcionamento e as intermitências entre o fechar e abrir das bibliotecas, ao
gosto e ao vento dos movimentos dos governos municipais e estaduais. Uma
situação que merece cuidado e controle para que os investimentos se sustentem
e o direito à cultura escrita e à formação de uma sociedade leitora se efetive.
Evolução regional do número de bibliotecas públicas no Brasil entre os anos
de 2013 e 2015
Verifica-se que, no Norte, o número de bibliotecas diminuiu e no Centro-Oeste,
teve pequena variação. Isso decorre de que em alguns estados dessas regiões,
algumas bibliotecas computadas como públicas em levantamentos anteriores,
eram escolares, comunitárias ou privadas e, respeitando o recorte metodológico
da pesquisa, foram retiradas da base.
Jul/13 Nov/14 Maio/15
Nº de municípios com bibliotecas públicas 5.176 5.455 5.458
Nº de municípios sem bibliotecas públicas 389 115 112
Nº total de bibliotecas públicas 5.976 6.062 6.102
QUADRO 04Resultados atualizados em julho de 2013 e maio de 2015Fonte: Projeto Mais Bibliotecas Públicas
85
O projeto também constatou a diminuição do número de municípios sem
bibliotecas públicas, que caiu de 282 para 126, demonstrando uma variação
de 71% em relação ao número de municípios inicialmente identificados sem
bibliotecas públicas.
O que os encontros nos revelaram?
Os dados quantitativos e as escutas mostram que houve uma ampliação do
número de bibliotecas públicas no país nos últimos 10 anos, que, segundo os
agentes que participaram dos encontros no Projeto Mais Bibliotecas Públicas, é
resultado dos investimentos realizados pelo Ministério da Cultura. No entanto,
foi revelada também a fragilidade na manutenção dessas bibliotecas e dos
serviços oferecidos à população, ou seja, em termos qualitativos o quadro real
das bibliotecas públicas não foi alterado.
Por que isso acontece?
Constatamos que, por mais esforços e investimentos em bibliotecas públicas
feitos pelo governo federal, se não houver vontade política, compreensão da
importância dos equipamentos para as comunidades, as cidades e os estados,
e, a partir daí, um investimento local sistemático (dos estados e municípios);
se a sociedade não pressionar e monitorar, a sustentabilidade das bibliotecas
públicas estará sempre em risco.
QUADRO 05Evolução dos dadosFonte: Projeto Mais Bibliotecas Públicas
Jul/13 Nov/14 Fev/15 Mai/15 % de Variação
Norte 522 498 499 503 -4%
Nordeste 1.812 1.837 1.837 1.847 2%
Centro-Oeste 499 497 497 501 0,01%
Sul 1.210 1.286 1.287 1.293 7%
Sudeste 1.933 1.944 1.947 1.958 1,5%
Total 5.976 6.062 6.067 6.102 2%
86
Percebemos e afirmamos que é preciso mais do que distribuir materiais ou
recursos, é preciso sensibilizar e mobilizar os gestores públicos locais para
que utilizem esses recursos de maneira efetiva, levando em consideração
concepções atualizadas acerca desse tipo de equipamento cultural, a partir de
planos estaduais e municipais para as bibliotecas e para a leitura. E sensibilizar
e mobilizar a sociedade para exercer o controle social, colaborar com a
construção da política, exigindo e acompanhando sua execução. É necessário o
desenvolvimento de uma política de estado que coloque a biblioteca no centro
de um projeto político de desenvolvimento humano e social. Se não alcançarmos
essa transformação, estaremos fadados à frustração e aos gastos de recursos
sem retorno para a população brasileira.
Abaixo, destacamos alguns aspectos fundamentais para que haja mudança
nessa triste realidade, identificados a partir dos estudos e das escutas que
fizemos nos estados e municípios e, ainda, dos depoimentos e das denúncias
realizados através da nossa fan page:
Sensibilização de gestores públicos e
governos locais
Há aqueles que não entendem a biblioteca
pública como um equipamento estratégico para
o desenvolvimento da autonomia das pessoas e
de suas comunidades. Prevalece a ideia de que
o papel da biblioteca pública é simplesmente
responder à demanda escolar e, em alguns
casos, à demanda de “concurseiros”. Na
maioria dos municípios, em decorrência dessa
falta de entendimento e, consequentemente
de investimentos, as bibliotecas públicas
são espaços para armazenamento de livros,
geralmente doados e desatualizados, para o
atendimento da pesquisa escolar.
87
Sistemas Estaduais de Bibliotecas Públicas
sem condições adequadas de funcionamento
Os Sistemas Estaduais de Bibliotecas, que
deveriam ser organismos reguladores e de
qualificação dos equipamentos e serviços e, em
geral, têm, entre suas funções, a qualificação
das equipes e o acompanhamento técnicos
das bibliotecas públicas nos estados, não
possuem – em sua maioria – a mínima
estrutura organizacional, equipe, recursos
próprios, autonomia e, em alguns casos,
configuram-se em um cargo político com
pouco reconhecimento e pouca, ou nenhuma,
condição de incidir articuladamente em seu
território.
Falta de instalação e estruturação de Sistemas
Municipais de Bibliotecas Públicas (SMBPs)
O número de Sistemas Municipais de
Bibliotecas instalados é insignificante frente
aos 5.570 municípios existentes. Isso explica
porque a maioria dos municípios tem apenas
uma biblioteca pública. Alguns municípios
de maior porte, que dispõem de mais de duas
bibliotecas municipais, instalaram sistemas
municipais, entretanto enfrentam também
grandes dificuldades na estruturação das
condições para o seu funcionamento adequado.
B I B L I O T E C A
B I B L I O T E C A B I B L I O T E C A
SMBP
88
Descontinuidade política nos municípios
devido a mudanças de governos
Essa cultura política continua a exercer um
forte impacto nesses equipamentos públicos,
resultando na abertura e no fechamento de
bibliotecas com uma frequência muito grande.
Somado a isso, há a falta de condições de
monitoramento e a ausência de instrumentos
legais para cobrar a efetividade dos serviços.
Carência de recursos e infraestrutura
A fragilidade das bibliotecas públicas é
evidente: não contam com recursos financeiros
próprios, continuam com suas condições físicas
precárias, acervo desatualizado, equipe mínima
e com baixo nível de formação.
Dificuldade para o controle de dados
atualizados das bibliotecas públicas no país
Apesar do avanço das tecnologias, a gestão
de informações referentes à condição das
bibliotecas públicas é dificultada em função
da carência de tecnologia de informação e
comunicação nas diferentes esferas de governo.B I B L I O T E C AB I B L I O T E C A
89
Com base nesses aspectos, consideramos que, para implementar uma política
sustentável para as nossas bibliotecas, é necessário que o governo federal, por
meio do SNBP, atue de maneira sistemática:
− No fortalecimento dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Públicas,
garantindo a sua institucionalização dentro de um processo de gestão
participativa e com autonomia financeira para que essas instituições
possam atuar efetivamente no monitoramento e na qualificação das
bibliotecas públicas estaduais, municipais e comunitárias. Além disso,
mobilizar os Sistemas Estaduais para que participem mais ativamente
da construção dos Planos Municipais e Estaduais do Livro e da Leitura.
− Na realização de campanhas de valorização das bibliotecas públicas
como equipamentos socioculturais a favor do desenvolvimento co-
munitário, envolvendo comunidades, governos locais, organizações de
classe e universidades.
− Na criação de mecanismos para que os municípios que não possuem
bibliotecas públicas em funcionamento fiquem impedidos de receber
outros recursos do Ministério da Cultura.
A respeito desse último ponto, vale esclarecer que o Ministério da Cultura havia
publicado a Portaria MinC no. 117, de 01 de dezembro de 2010, vinculando a
liberação de recursos financeiros desse ministério às prefeituras brasileiras, à
abertura e manutenção da biblioteca pública municipal. No entanto, por meio
da Portaria nº 33/2014/MinC (MACHADO, CALIL JUNIOR, ACHILLES, 2014), a
mesma foi revogada o que, para nós, configura-se um retrocesso no que tange
aos marcos legais para a área.
Além disso, há um imenso desafio colocado para a sociedade, e que já vem sendo
assumido com garra e coragem. É a incidência nas políticas públicas, desde a
pressão para a abertura ou instalação de bibliotecas públicas até o envolvimento
e a participação nos conselhos de cultura e na elaboração dos planos setoriais
para o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas em suas cidades e seus estados.
90
3. Produção de Material Orientador: um guia e uma campanha
A experiência nos deu conteúdo e motivação suficientes para elaborar este guia
de cunho político e pedagógico, com o intuito de estimular a continuidade da
mobilização e sensibilização e subsidiar gestores públicos, lideranças locais e
população em geral, onde quer que estejam, para continuar acreditando e lu-
tando por esse direito.
O guia foi elaborado a partir dos relatórios técnicos e de diários de campo pro-
duzidos durante a execução das atividades, que registraram as impressões, su-
gestões e reflexões das equipes que participaram do projeto envolvendo o CDC
e o SNBP, assim como dos participantes dos encontros locais. Entre eles gestores
locais, lideranças comunitárias, conselheiros de cultura e educação, jovens estu-
dantes de biblioteconomia, pesquisadores da área, coordenadores dos Sistemas
Estaduais e Municipais de Bibliotecas Públicas, representantes de Conselhos Es-
taduais e Federal de Biblioteconomia.
A campanha de valorização das bibliotecas públicas, que será lançada junto
com este guia, pretende mobilizar toda a sociedade e dar visibilidade sobre a
importância desse equipamento cultural para o fortalecimento e o desenvolvi-
mento sustentável das comunidades, das cidades e dos estados brasileiros.
92
A N E X O A
ROTEIRO PARA CONSULTA À POPULAÇÃO
Este roteiro pode ser adotado tal como está ou alterado de acordo com as ne-
cessidades específicas de cada município. Nosso objetivo aqui é oferecer algum
subsídio para que os gestores públicos possam consultar a população acerca de
suas necessidades e melhor planejar o seu envolvimento no processo de instala-
ção ou melhoria do equipamento público.
Cabeçalho: nome do órgão executivo responsável pela consulta (exemplos: pre-
feitura, secretaria de cultura, secretaria de educação).
Este questionário faz parte de uma consulta pública que (nome do órgão) vem
fazer à população de (nome do município ou distrito) com o objetivo de instalar
uma biblioteca pública municipal nesta (cidade/ distrito/ região).
QUESTÕES
1. Faixa etária:
( ) 07 a 11 anos ( ) 12 a 17 anos ( ) 18 a 29 anos ( ) 30 a 45 anos
( ) 46 a 60 anos ( ) 61 a 75 anos ( ) acima de 75 anos
2. Gênero:
( ) Feminino ( ) Masculino ( ) Outro: __________________________
3. Escolaridade:
( ) Ensino Fundamental incompleto ( ) Ensino Fundamental completo
( ) Ensino Médio incompleto ( ) Ensino Médio completo
( ) Ensino Superior incompleto ( ) Ensino Superior completo
( ) Outro: __________________________________
4. Como você se informa?
( ) Televisão ( ) Rádio ( ) Jornal/Revista ( ) Internet ( ) Amigos
( ) Outro: _________________________________________________________________
93
5. Você gosta de ler?
( ) Sim ( ) Não
6. Caso você goste de ler, que tipo de leitura você prefere?
( ) Literatura - romances, poesias, contos... ( ) Outros
Quais? ____________________________________________________________________
7. Você acha que instalar uma biblioteca nesta/neste cidade/distrito é...
( ) Muito importante ( ) Mais ou menos importante
( ) Pouco importante
8. O que você acha que essa biblioteca deveria ter em seu acervo?
( ) Livros para crianças e jovens poder estudar e aprender mais
( ) Livros de histórias para crianças e jovens se divertirem e melhorar a leitura
( ) Livros para pessoas de todas as idades poderem estudar e aprender mais
( ) Livros de histórias (literatura) para pessoas de todas as idades poderem se
divertir e melhorar sua leitura
( ) DVDs de músicas
( ) DVDs de filmes e documentários
( ) Jornais e revistas
( ) Gibis e HQs
( ) Outros, como: ___________________________________________________________
9. Que tipo de atividade você gostaria que tivesse na biblioteca?
( ) Contação de histórias ( ) Música ( ) Filmes
( ) Palestras sobre temas importantes ( ) Cursos ( ) Roda de Leitura
( ) Debates para melhorar a vida da comunidade
10. Cite três temas ou assuntos de seu interesse:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Muito obrigado!
94
A N E X O B
MODELO DE LEI DE CRIAÇÃO DE BIBLIOTECA PÚBLICA 6
Lei n°___________de ____/____/ 20___- Cria a Biblioteca Pública Municipal.
A Câmara Municipal de __________________________________________________,
Estado de __________________________________, aprovou, e eu, em seu nome,
sanciono a seguinte Lei:
Artigo 1º - Fica criada, na sede do Município, a Biblioteca Pública Municipal
________________________________________________________________________ ,
subordinada à administração do__________________________________________
_______________________________________(nome do serviço ou departamento).
Artigo 2º - Fica aberto, no orçamento vigente, o crédito (especial suplementar)
de R$ ____________________________ (______________________________________
_____________________________________), destinado às despesas de instalação,
manutenção e aquisição do acervo inicial para a biblioteca.
Artigo 3º - Fica o senhor Prefeito autorizado a despender, no presente exer-
cício ______________, até R$ ____________________ ( ______________________)
para contratação (ou pagamento) de funcionários para os serviços da referida
biblioteca, propondo a inclusão nos orçamentos anuais, de verba especial-
mente destinada a esse fim.
Artigo 4º - Fica o senhor Prefeito autorizado a firmar convênio com a entidade
cultural estadual, para efeito de integração da referida biblioteca ao Sistema
Estadual de Bibliotecas Públicas e recebimento de toda a assistência prevista
às unidades conveniadas.
Artigo 5º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.
Prefeito de________________________, em _____ /_____ / 20___.
6. Este modelo pode ser alterado ou adaptado pela municipalidade local.
Disponível em:<http://tinyurl.com/jyyht2o>. Acesso em: 15 mar. 2015.
95
R E F E R Ê N C I A S
ABREU, Márcia (Org). Leitura, história e história da leitura. Campinas, SP:
Mercado das Letras; Associação de Leitura do Brasil, 1999.
AGUIAR, Maria Aparecida Lapa de. História da alfabetização: indícios para a compreensão do presente. In: CONGRESSO DE LEITURA DO BRASIL, 15, 2005,
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B I B L I O T E C A SP Ú B L I C A S
um equipamento cultural para o desenvolvimento local
guia político-pedagógico para ampliação do número de bibliotecas públicas no Brasil
O Brasil tem mais de 6 mil bibliotecas públicas municipais espalhadas
por todo o território nacional; entretanto, uma parte signi�cativa
dessas bibliotecas, especialmente aquelas localizadas nos pequenos
municípios, enfrenta o desa�o da carência de recursos e investimentos
na manutenção e atualização de seus acervos, espaços e serviços. Esse
cenário revela a pouca compreensão que os governos locais têm em
relação ao potencial transformador das bibliotecas públicas.
Com o objetivo de sensibilizar os gestores públicos e a sociedade civil,
bem como orientar os esforços para a criação, manutenção e quali�ca-
ção de bibliotecas públicas no País, o Projeto Mais Bibliotecas Públicas
apresenta este Guia Político-Pedagógico, construído a partir das escutas,
discussões e re�exões realizadas com cerca de 2 mil pessoas, com
gestores públicos, com as equipes dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas
Públicas, com lideranças comunitárias e pro�ssionais da área da cultu-
ra e educação, nas cinco regiões do Brasil, no período de 2013 a 2015.
Esperamos que este Guia colabore para a efetiva ampliação e melhoria
das bibliotecas públicas municipais brasileiras.
Que venham MAIS BIBLIOTECAS PÚBLICAS!
ISBN 978-85-92705-00-8
B I B L I O T E C A