b d - parte i - filhas do dragão - cavaleiros do dragão 1.5 - a curandeira de dragões

54
Bianca D’Arc Parte I - Cavaleiros do Dragão 1.5 A Curandeira de Dragões 1

Upload: barbara

Post on 13-Dec-2015

31 views

Category:

Documents


12 download

DESCRIPTION

bonnie

TRANSCRIPT

Page 1: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

Bianca D’Arc

Parte I - Cavaleiros do Dragão 1.5

A Curandeira de Dragões

1

Page 2: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

SINOPSE

O que é melhor do que um cavaleiro que te deixa sem chão? Dois cavaleiros.

Silla era uma curandeira que viajava pela fronteira ajudando os necessitados, quando ouve os gritos de dor de um dragão em perigo. Ela corre em seu auxílio utilizando a maioria de seus preciosos suprimentos.

O cavaleiro do dragão, Brodie fica fascinado pela mulher, uma curandeira, que veio para ajudar seu amigo. Ela é ao mesmo tempo bela e bondosa, e ele rapidamente percebe que está destinada a ser a sua companheira. E se ela é a companheira de Brodie, ela é também a de Geoff, bem como, o dragão de Brodie era companheiro do dragão de Geoff há muitos anos.

Geoff não acredita nos contos de amor à primeira vista entre os cavaleiros, mas sabe que quando ele ou Brodie encontrarem uma esposa, eles irão compartilhá-la.

Tomando conhecimento sobre a lesão do dragão de Brodie, Geoff e seu dragão partem para ajudá-lo, apenas para encontrar o dragão se recuperando, e Brodie na cama com a mulher mais deslumbrante que Geoff já viu.

Amor à primeira vista acaba por tornar-se real e atinge a todos quando se veem juntos e percebem que não importam os obstáculos, estão destinados a ficarem juntos. Silla é o elo perdido que irá unir suas vidas e torná-los uma verdadeira família na Guarida.

CAPÍTULO UM

2

Page 3: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

Silla era uma curandeira. Não o tipo de magia dos contos de fadas, mas uma herborista talentosa que havia treinado em um alto Templo da Senhora da Luz por muitos anos antes de ser enviada para fora, em sua jornada de aventura. Todos os curandeiros do Templo foram enviados entre os povos de várias terras, durante muito tempo, para aplicar suas habilidades no mundo real. Só depois de uma década, ou, às vezes mais, eles seriam convidados a voltar ao templo para receber o título de Mestre.

Silla teria pelo menos mais cinco anos em sua jornada, mas não se importava. Ela gostava muito de viajar pelo interior de Draconia, mesmo se tivessem lhe dado uma rota na fronteira com Skithdron. A Nação sofria com os problemas causados pelos ataques dos skiths. Silla tinha visto demasiadas vezes o veneno queimando pessoas que foram atacadas por eles. Essas criaturas do mal, nascidas na magia durante a Guerra dos Magos séculos atrás, eram caçadores que não discriminavam suas presas. Qualquer coisa que se movesse estaria em perigo perto de um skith.

Eles eram como enormes serpentes e cuspiam veneno ácido. Se o veneno não o pegasse, suas múltiplas fileiras de dentes serrilhados tiravam sua cabeça em um movimento rápido.

Felizmente, os skiths permaneciam em seu lado da fronteira, o terreno plano e rochoso em Skithdron era mais favorável para a sua espécie. No verde das montanhas arborizadas da fronteira Draconiana, raramente ocorriam incursões de um skith, a menos que fossem deliberadamente conduzidos nessa direção. Isso havia acontecido durante a Guerra dos Magos e algumas poucas vezes depois, porém Silla não estava lá naquela ocasião.

Esta nova incursão foi tão ruim que o Rei de Draconia ordenou a criação de uma nova Guarida onde viveriam dragões e cavaleiros, para treinar e proteger a fronteira. Ao que parecia, os dragões eram os únicos inimigos naturais dos skiths. Silla tinha ouvido falar que as criaturas mágicas voadoras que respiravam fogo, poderiam fritar um skith em suas trilhas, embora não fosse algo fácil.

Bayberry Heath foi uma das pequenas cidades na rota de Silla. Situada em um vale protegido, que era tão idílico quanto sereno. A cidade floresceu e além de uma bela pousada, possuía vários outros estabelecimentos e lojas. Silla sempre aguardava com expectativa a parte de seu roteiro que a levaria para Bayberry Heath, e quando ela chegava ao cume da última montanha e olhava para o vale fértil abaixo tinha uma rara sensação de alegria.

— Veja onde estamos Hero! — conversou com seu cavalo, como se ele pudesse realmente entender. — Vamos dormir bem esta noite, uma cama na estalagem para mim e uma tenda agradável cheia de feno fresco para você.

O cavalo bufou e arrastou-se lentamente. Talvez fosse só imaginação, porém ela achava que Hero intensificou seu ritmo quando viu a aldeia ao longe... ou talvez não. Ela começou a respeitar muito mais os animais e os seus instintos desde que ela estava na estrada. Os animais da floresta sempre sabiam quando o perigo estava próximo ou uma tempestade era iminente. Ao aprender a ler seus sinais, ela aprendeu também a se proteger.

3

Page 4: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

Seu cavalo, Hero, era velho, porém, resistente e fizeram uma boa parceria nos últimos anos. É claro que o Templo a enviou para o mundo de fora com pouco mais do que as roupas em seu corpo, pois fazia parte de sua jornada e estava aprendendo a ser criativa. Ela ganhara Hero curando a esposa de um homem rico depois de um parto perigoso. Tanto a criança quanto a mãe tinham florescido sob seus cuidados, o que fez com que o homem ficasse tão grato que lhe dera o cavalo em pagamento. Silla queria recusar a oferta, mas ela estava francamente cansada de toda a caminhada que lhe tinha sido atribuída, entre as aldeias e fazendas.

Poucos meses depois, outra aldeia agradecida, lhe dera a carroça, depois que ela diagnosticou a razão por trás de um surto de doença de estomago: o local estava infestado por um determinado tipo de caracol que poluía a água, que apesar de parecer estar boa para beber, passadas algumas horas após seu consumo, causavam mal estar em todos. Isso poderia acarretar a morte de jovens e velhos, felizmente foi descoberto por Silla antes que os níveis de poluição alcançassem níveis críticos.

Mais uma vez, ela tentou recusar o presente, mas com a carroça ela poderia fazer sua ronda mais rápido. Esse argumento, feito apresentado por um dos moradores fez com que Silla aceitasse finalmente a carroça. O chefe da aldeia passou alguns dias ensinando-a e a Hero como lidar com a carroça e em seguida, eles seguiram sua jornada para a aldeia mais próxima.

Silla logo descobriu que a carroça serviria como uma excelente cama para as noites quando não encontrava melhor abrigo. Ela trocou alguns tecidos na aldeia próxima e fez uma espécie de colchonete, enchendo o pano costurado com fibras vegetais e suaves ervas. As ervas mantinham longe os insetos de verão e deixavam o lugar fresco e perfumado para ela descansar depois de um longo dia na estrada.

A carroça e mais outras poucas coisas eram mais do que suficientes para ela. Pouco tempo depois, ela decidiu que tinha espaço para outras mercadorias que poderia negociar nas aldeias por melhores refeições ou por uma noite em uma pousada. Ela preparou algumas poções medicinais e cultivou algumas mudas de plantas raras para trocar por outros produtos ou dar a seus pacientes quando necessário. Ao longo dos últimos anos, construiu uma agradável botica na qual os moradores de cada aldeia poderiam obter preparados à base de ervas feitos por uma especialista ou dependendo da temporada, obter as plantas com as quais eles poderiam fazer seus próprios remédios. Porém, Silla nunca cobrava por medicamentos ou plantas quando seus pacientes realmente necessitavam deles. Essa era a regra estabelecida pelo Templo. Ainda assim, ela era capaz de conseguir algumas moedas com aqueles que não estavam doentes, negociando gêneros alimentícios e outros itens que permitiam realizar seu trabalho com mais conforto.

Seu caminho cruzaria novamente com um membro sênior do Templo que verificaria seu progresso através da comparação dos relatórios recebidos no Templo ao término de cada temporada com os dados oficiais recolhidos em campo sobre a propagação de doenças e o desempenho de outros curadores. A acumulação de riquezas não era incentivada. A ordem era viver de forma simples, mas aqueles que fossem diligentes em trazer soluções para as

4

Page 5: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

pessoas ao longo de suas rotas onde os medicamentos eram necessários, frequentemente eram recompensados ao retornarem ao Templo com cargos mais elevados.

Silla estava na metade do caminho agora e havia progredindo bem, de acordo com o curador mais velho que havia passado uma tarde sociável com ela, na quinzena anterior. Talvez em cinco anos ou um pouco mais, seria capaz de retornar ao templo com a cabeça erguida.

Ela quase lamentava o fato de que teria de voltar. Silla descobriu que gostava da liberdade de viajar por onde queria, na verdade, estar no templo era muito mais restritivo. Claro, ainda assim era melhor do que a sua vida tinha sido antes.

Enquanto o crepúsculo caia sobre o vale do Bayberry Heath, Silla superou o último pequeno monte que a levaria para dentro da vila. O estalajadeiro já estava acendendo suas lanternas para receber viajantes durante a noite. Ela podia ver o pequeno ponto de dança da chama saltar enquanto caminhava ao longo da porta. Estavam acesas duas lanternas de cada lado da entrada que queimariam através da noite dando boas vindas aos viajantes.

Era um colírio para os olhos e desta vez, ela não teria que imaginar Hero com outros cavalos num estábulo não muito longe. Somente mais alguns minutos e estariam na aldeia a tempo para um agradável jantar de forragens frescas para seu cavalo e uma boa comida quente para ela, e o melhor não teria que prepará-lo ela mesma. Silla podia saborear o delicioso ensopado da pousada e fechou os olhos por um momento, imaginando o quão bom devia estar seu gosto.

De repente, um berro inumano e inconfundível de dor quebrou a noite. Os olhos de Silla abriram-se enquanto ela procurava a fonte do som que tinha vindo de um lugar próximo mais à frente, assustando Hero, deixando-a paralisada.

Ela continuou em frente mesmo que não pudesse enxergar, devido à escuridão, quem tinha feito aquele som de pura angústia. Se houvesse alguma maneira de ajudar, ela o faria, mas não tinha ideia de que tipo de criatura poderia ter feito tanto barulho, pois não era um dos animais domesticados que ela conhecia. Ela já havia sido chamada para curar uma vaca ou cavalo mais de uma vez e não tinha em mente, que tipo de animal teria gritado. Suas habilidades eram para todos os seres vivos: pessoa, animal ou vegetal.

Hero empacou mais uma vez quando entraram no pátio da estalagem e seus motivos ficaram claros de imediato. Ao lado da pousada, no lado oposto aos estábulos, em uma área aberta cheia de areia que Silla já tinha visto antes, mas nunca questionou. Agora ela entendia porque ela estava lá. Era uma área reservada aos dragões. Havia um lá agora.

Era o dragão que uivava de dor enquanto um homem grande e forte derramava balde após balde de água sobre o que pareciam ser profundas queimaduras ácidas em torno da articulação onde se reunia asa e corpo. Silla fez uma careta de compaixão vendo a maneira como a criatura se contorcia de dor. A fumaça estufou de suas narinas, mas ele parecia estar fazendo um

5

Page 6: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

esforço para conter sua agonia enquanto o homem que parecia ser a única pessoa capaz na aldeia tentava ajudar.

O estalajadeiro a viu e veio ao seu encontro agarrando o cabestro de Hero.

— Graças a Mãe da Luz você está aqui, curandeira Silla. Seus medicamentos jamais foram tão necessários como agora. Você sabe como curar um dragão? Nós todos estamos agradecidos a ele por ter descido e nos protegido, lutando contra um skith, porém agora ele está gravemente ferido.

 Silla saltou de sua carroça e pegou sua sacola.

— Eu vou ver o que posso fazer. Você leva Hero para os estábulos? Deixe a carroça em local de fácil acesso para mim, há algumas plantas ali que talvez eu precise para o tratamento do dragão, se o seu cavaleiro permitir que eu o trate.

— Claro que sim, senhora. — O estalajadeiro tomou conta de seu cavalo e carroça enquanto Silla se aproximava do dragão e de todas as pessoas que tentavam ajudá-lo.

Senhor Broderick estava usando de toda sua sagacidade tentando ajudar seu parceiro dragão, Phelan, seu melhor amigo em todo o mundo. Eles tinham passado por vários apertos antes, mas Phelan nunca tinha ficado tão ferido assim, ou tinha sentido tanta dor.

Eles lutaram contra skiths antes e saíram ilesos. Tinha sido um golpe de sorte que ele tivesse levado Phelan para baixo naquele momento. Felizmente, o bom povo de Bayberry estava a salvo e disposto a ajudar obtendo o máximo de água que podia para banhar a ferida, diluindo o terrível ácido.

Brodie não sabia mais o que fazer, tinha derramado tanta água quanto podia nas queimaduras, banhando o dragão completamente e diluindo o ácido o suficiente para que se tornasse inofensivo, esvaindo-se na caixa de areia por baixo deles. Mas Phelan ainda estava sentindo muita dor.

A articulação do ombro em um dragão era um dos seus poucos pontos vulneráveis. O ácido tinha corroído profundamente a carne de Phelan antes que Brodie pudesse pousar e molhá-lo. Era angustiante não ser capaz de aliviar-lhe a dor.

— Senhor, eu sou uma curandeira oficial do alto Templo de Nossa Senhora da Luz. Apesar de eu nunca ter tratado um dragão antes, posso oferecer ajuda com minhas humildes habilidades para trazer alivio ao seu parceiro.

A voz suave ao seu lado havia distraído Brodie por um momento. Ele se virou e parou, ela parecia um anjo enviado do céu. Uma mulher linda com as roupas simples de uma curandeira. As marcas de seu Templo eram claramente visíveis em seu manto, Brodie pensou que nunca vira nada tão belo.

— Senhora, agradecemos qualquer ajuda que possa nos dar. — Brodie encontrou sua voz depois de um momento de puro choque. — Eu confesso que não sei mais o que fazer para aliviar a dor de Phelan. Por favor, ajude-o. —

6

Page 7: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

Essa última parte saiu em um sussurro quebrado, mas Brodie não poderia mais fazer nada. Ele olhou novamente para Phelan ao falar e percebeu mais uma vez que nunca tinha visto seu parceiro dragão tão mau. Doía ver o grande dragão tão humilhado.

Ela adiantou-se, mesmo antes que ele terminasse de falar. Havia urgência em seus passos, embora ela se aproximasse do dragão com cuidado. Brodie acompanhou-a até aproximarem-se da pior lesão de Phelan, na curva onde a asa encontrava o corpo.

A curandeira puxou um frasco de sua sacola e destampou-o. Brodie podia sentir o cheiro de ervas de cura, ele sabia que o frasco continha algo que iria aliviar a dor de Phelan. Essa pomada iria anestesiar qualquer lugar que tocasse. Ele tinha visto e sentido os seus efeitos antes. Essa mulher podia ajudar Phelan, Brodie tinha certeza disso.

Ao invés de espalhar o medicamento imediatamente, a curandeira levou um momento para examinar a lesão de Phelan. Ela se inclinou para sentir o cheiro da ferida e usou um pano limpo de sua sacola para secar a área em torno dela o melhor que pôde, pois o local estava encharcado pelos aldeões que tinham ajudado Brodie a socorrer o dragão.

No momento em que aplicou a pomada, Phelan começou a respirar mais fácil. Assim como Brodie.

— Este creme tem um anestésico nele, assim deve aliviar a dor, — disse a curandeira em uma voz suave.

— Tudo o que você pode fazer é continuar espalhando isso — veio à voz de Phelan, cheia de alívio, na mente de Brodie.

— Ele está melhorando — Brodie relatou para a curandeira — Ele disse para continuar.

Ela continuou a trabalhar, falando baixinho enquanto ministrava a pomada no dragão.

— Então, você realmente fala com seu parceiro dragão. Eu tinha ouvido contos, mas nunca vi um dragão de perto antes, e muito menos conversado com um cavaleiro. Eu queria saber como esses seres diferentes conseguiam trabalhar tão bem.

— Só os homens que podem ouvir o discurso silencioso dos dragões são elegíveis para ser escolhidos como cavaleiros —, ele respondeu sem constrangimento, observando o tratamento cuidadoso que ela ministrava ao seu melhor amigo.

— Eu vejo. — Ela examinou a ferida mais de perto agora que a dor tinha sumido. — Essa queimadura é grave, mas acredito que podemos torná-lo mais confortável enquanto se processa a cura. — Ela virou-se para olhar o estalajadeiro que havia retornado sem Brodie perceber. — Você pode pegar seis burnjelly em minha carroça, por favor? Desejo os maiores — esclareceu.

O estalajadeiro saiu correndo para atendê-la. Brodie conheceu na parte sul do país o nome de uma planta rara que era altamente valorizada pela sua capacidade de curar queimaduras. Ele sabia que muitas donas de casa e

7

Page 8: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

estalajadeiros gostariam de manter uma planta burnjelly em um vaso crescendo em uma janela ensolarada, se pudessem colocar as mãos em uma. Era uma coisa rara e uma espécie de milagre ter uma fonte dessas plantas na traseira da carroça dela.

Ela cantarolava baixinho enquanto trabalhava e o som pareceu acalmar Phelan. Acalmou Brodie também, verdade seja dita. Entre o zumbido e a forma confiante, ela trabalhou para limpar e inspecionar todas as feridas de seu parceiro dragão. Brodie sentiu que estava em boas mãos, Graças a Mãe da Luz.

Phelan havia caído em um leve cochilo e Brodie estava tranquilo agora. A batalha prolongada, a lesão e a dor tinham-no deixado lívido. A interrupção da pior das agonias, provavelmente, tinha permitido ao dragão se desligar por um tempo e recuperar um pouco de sua força. Phelan, Brodie tinha aprendido ao longo dos anos que estavam juntos, havia cultivado a capacidade de assumir o que chamou de cochilos de batalha.

Ele poderia deliberadamente dormir à vontade por curtos períodos de tempo, o que lhe permitia ficar de plantão por muito mais tempo do que a maioria dos outros dragões. Phelan tinha desenvolvido essa habilidade enquanto estava se recuperando da perda de seu primeiro cavaleiro. Phelan era um dragão no auge de sua vida, e mesmo que a parceria com um dragão estendia a vida do cavaleiro duas ou três vezes mais, eventualmente, eles ainda morriam. Quando o cavaleiro morria, o dragão geralmente entrava em um período de luto profundo.

O primeiro cavaleiro de Phelan, Senhor Anarik, havia morrido em batalha depois de mais ou menos uma centena de anos juntos. Ele havia sido um dos que defendiam o velho rei e sua esposa, quando foram assassinados. Phelan e Senhor Anarik tinham ido atrás dos assassinos, porém Anarik tinha morrido, deixando Phelan sem cavaleiro e de coração partido.

Em vez de sucumbir ao desespero mais profundo, Phelan assumiu para ele a tarefa de proteger o restante da família real, em especial, os príncipes, o mais velho dos quais tinha se tornado rei após a morte de seu pai. Roland era muito jovem quando assumiu o trono, mas ele tinha feito um trabalho de mestre. Tentativas contra a vida de seus irmãos foram feitas, mas Phelan geralmente estava lá para espetar ou fritar qualquer um que tentasse matar mais membros da família real.

É por isso que Phelan aprendeu a passar sem dormir muito durante o serviço. Ele e outro dragão sem parceiro tinham inventado o esquema e compartilharam o dever de guardar os príncipes, tudo por conta própria. Eles não contaram a ninguém, mas depois que eles convenientemente derrotaram alguns supostos assassinos, as pessoas começaram a perceber o que fizeram.

O Rei Roland havia elevado Phelan, agradecendo-lhe por seu serviço incansável, tornando-o membro do Conselho de Dragões e um dos conselheiros de maior confiança do rei em assuntos militares. Quando chegou o momento de construir a Guarida da fronteira, Phelan estava no topo da lista de guerreiros experientes que poderiam tornar o local seguro.

Brodie teve treinamento e experiência militar de engenharia para lidar

8

Page 9: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

com essa tarefa. Mesmo antes de ter sido escolhido por Phelan, Brodie iniciou uma carreira de sucesso com o grupo especializado de Guardas que avaliou a segurança de pontes e outras estruturas públicas.

Brodie estudou arquitetura e construção em alguns detalhes, quando jovem, e colocou esses conhecimentos junto com sua propensão para a guerra, para uma boa utilização como engenheiro militar.

Sua parceria com Phelan aconteceu por acaso. Um rio havia transbordado durante uma violenta tempestade, deslocando uma ponte essencial ao tráfego. Brodie foi enviado para reparar a ponte. Phelan estava lá para ajudar no resgate de pessoas e animais da torrente e voando com eles até a praia. Quando Phelan percebeu que Brodie era um dos raros homens que podiam ouvi-lo falar, eles começaram a trabalhar juntos durante a crise.

Quando a emergência acabou, Phelan não perdera muito tempo em proferir as palavras de reivindicação à Brodie e tornaram-se parceiros desde então. Brodie se mudou para a Guarida e iniciaram o treinamento de cavaleiros. Sua experiência de combate rapidamente tornou-se muito útil e sua mente lógica ajudou-o a subir as fileiras em tempo recorde. Ele era um estrategista e engenheiro altamente treinado, e isso era algo que o rei poderia usar em suas fileiras dos Cavaleiros do Dragão.

A única coisa que impedia Phelan de ser nomeado líder da nova Guarida era a falta de uma companheira para seu cavaleiro. Pares acasalados eram considerados mais estáveis para as principais Guaridas, então Phelan e por extensão Brodie, recebeu o papel de segundo no comando da nova Guarida.

O estalajadeiro voltou rolando um carrinho de mão cheio de vasos de plantas. Com certeza, Brodie reconheceu os distintos talos inchados da planta burnjelly de suas viagens ao sul, pegou uma das plantas quando a curandeira fez o mesmo e começou arrancando alguns dos talos exteriores para preparar a gelatina para uso em Phelan.

— Você já fez isso antes? — A curandeira perguntou tranquilamente

— Eu já vi fazerem — confirmou Brodie. — Eu posso ajudar, sei que você vai precisar usar um monte de seu estoque em Phelan, mas eu posso pagar.

— Quando há necessidade, não há nenhum pagamento —, disse a curandeira repetindo o lema frequentemente ouvido no Templo. Ainda assim, Brodie sabia que muitos curandeiros juntavam algum dinheiro, vendendo medicamentos nas cidades que visitavam. Nunca era muito, porém o suficiente para o conforto ocasional da criatura.

— Um nobre sentimento. No entanto, vou compensá-la pelas plantas. Sei como são raras neste clima.

—Vou lhe contar um pequeno segredo — ela sussurrou com uma expressão travessa, inclinando-se em direção a ele.

Ela cheirava a lavanda, lírios e mulher quente. Uma combinação inebriante que o fez querer se inclinar para mais perto e respirar profundamente. Era uma criatura linda e agora que Phelan estava descansando mais confortavelmente, Brodie percebeu o que ele sentiu

9

Page 10: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

quando a viu. Esta curandeira era uma beleza com um toque suave e aroma atraente. Ele queria beijá-la, mas sabia que seria totalmente inapropriado no momento. Ainda assim, se a oportunidade surgisse mais tarde, ele não se acanharia, queria provar se ela era tão doce quanto cheirava.

— Se nós usarmos somente os talos exteriores — ela continuou, ignorando seus pensamentos carnais — a planta vai sobreviver e crescer novamente depois de algum tempo. Mesmo podadas como estas ficarão, eu poderei ganhar alguns tostões com elas desde que os aldeões tenham como me pagar com hospedagem e comida. — Ela sorriu e se inclinou para trás, agarrando outro dos talos exteriores da planta. — Então você vê, eu não perderei muito por ajudar o seu amigo. Para ser honesta, sinto-me honrada em ajudar um dragão e um cavaleiro do reino.

—Você é quem nos honra com a sua habilidade e vontade de ajudar, curandeira, — Brodie respondeu educadamente. — Eu sou Senhor Broderick, mas meus amigos me chamam de Brodie. Qual é o seu nome?

— Silla — respondeu ela em voz baixa, quase timidamente.

Brodie perguntou-se como uma mulher bonita, atraente e obviamente qualificada acabou em uma ocupação tão solitária, mas ele não queria se intrometer, ainda não. Logo, porém, ele prometeu que conheceria todos os seus segredos.

—Você é linda, Silla — Brodie se perguntou onde foi parar a precaução que ele geralmente usava quando falava com alguém. Não tinha intenção de deixar escapar pensamentos como esse, mas ela parecia estar corada na penumbra do pátio com tochas acesas.

Não havia nenhuma malicia ou tímidos jogos em sua beleza. Não, ela era genuína e inexperiente em suas respostas. Ela era linda, de fala mansa e tímida. Brodie nunca teria esperado que uma curandeira viajante fosse, obviamente, tão bem sucedida. Para estar na estrada por si mesma deveria possuir um caráter forte o que geralmente significava que os curandeiros viajantes eram muito mais seguros de si e de alguma forma... frios. Mas esta mulher ainda podia corar.

Brodie viu-se encantado com o quebra-cabeça que ela parecia ser.

CAPÍTULO DOIS

Silla sentiu-se lisonjeada e um pouco desconfortável com a atenção do cavaleiro. Ela não sabia o que dizer. Poucos homens haviam elogiado sua beleza. A maioria a via em primeiro lugar, como curandeira, e depois como uma mulher.

Ela ocupou-se em preparar os talos da planta para tratar o dragão. Abrindo a mochila, pegou um dos conjuntos de pequenas tigelas utilizados para misturar ervas. Ela o utilizaria como um recipiente para colocar a seiva enquanto trabalhava. E assim, começou a raspar a seiva dos talos colocando-a

10

Page 11: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

na tigela e o cavaleiro seguiu seu exemplo.

Ele era muito alto e, segundo seu palpite, mais jovem do que ela. Seus dedos coçavam de vontade de tocar os cachos escuros de seu cabelo para ver se eram tão suaves como pareciam. Ele tinha cabelo castanho com mechas da cor do ouro, o corte era curto à moda dos guerreiros, mas encaracolados de forma muito atraente. O vento deve tê-lo trazido até aqui. A fuligem cobriu suas roupas e fez uma faixa através de um rosto.

Ele sorriu para ela com uma pergunta em seus olhos.

— Há algo no meu rosto?

Droga, ela tinha sido pega olhando-o.

— Sim. — Ela foi obrigada a explicar o seu fascínio pelas suas belas feições. — É fuligem, eu creio. — respondeu ela calmamente.

— Um dos perigos de se trabalhar com dragões. — Ele riu e surpreendeu-a, inclinando-se mais perto dela e oferecendo sua bochecha. — Poderia tirar isso de mim? — ele perguntou com aparente inocência, mas tinha um sorriso diabólico no rosto.

Silla decidiu assumir o desafio. Ousando muito, ela pegou um pano limpo de sua mochila e limpou a marca de cinza ao longo de sua bochecha. As cerdas de sua barba por fazer, causaram um estremecimento em suas entranhas e ela percebeu que se condenava mesmo com uma camada de tecido entre os dedos e sua pele. Ela queria sentir o calor de seu corpo, as cerdas sobre sua bochecha.

Era irracional. Ela sempre pensou que não iria querer outro homem em sua vida desde a dissolução do seu casamento desastroso. Pensava que era seu destino ser curandeira para sempre, e que havia se livrado dos anseios que uma vez conhecera quando era mais jovem. Anseios que foram demolidos e substituídos pela repulsa, originados pela dor que sentiu em seu leito conjugal.

Mas este cavaleiro... ele era diferente. Ele a fez sentir coisas com que já não sonhava há muitos anos. Ele despertou algo nela, e ela queria conhecer mais sobre a natureza desse sentimento. Outras mulheres pareciam gostar de se deitar com seus companheiros, muitas falaram com ela sobre as intimidades do quarto no curso de seus deveres como curandeira. Foi assim que percebeu que nem todos os maridos eram brutos, alguns eram ternos e amorosos com suas esposas. Alguns amantes também eram excessivamente brincalhões e não eram exigentes em seus serviços de cura.

Ela sabia de tudo isso como uma espécie de ponto de vista acadêmico, porém nunca tinha imaginado que iria querer saber como era o toque de um homem jovem. Não até conhecer este cavaleiro incrível, alarmante e desarmado.

A fuligem no rosto foi muito longe, mas no momento que havia realizado a limpeza, seus olhares se encontraram e ele mergulhou sua cabeça mais abaixo, mais perto dela.

Um estrondo próximo a eles a fez saltar, e o momento foi quebrado.

11

Page 12: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

Olhou ao redor e viu o estalajadeiro saudando o último dos habitantes da cidade em seu salão. Havia muitos que se juntaram à brigada para ajudar o dragão e agora estavam todos desfrutando de uma bebida. Ela tinha ouvido Brodie, Senhor Broderick, lembrou a si mesma com firmeza, oferecer uma rodada de bebidas em agradecimento, quando o último dos baldes foi esvaziado.

Silla olhou para suas mãos e viu que havia seiva suficiente na tigela para tratar as queimaduras do dragão. Quanto mais cedo aplicassem a seiva sobre a ferida, mais rápida seria a cura das queimaduras.

Ela afastou-se do perturbador cavaleiro e aproximou-se mais uma vez do dragão.

— Veja se há outra tigela como esta no primeiro bolso da minha mochila? — Ela disse, sem encontrar os olhos de Brodie. Droga! Ela tinha que se lembrar de pensar nele como Senhor Broderick. Brodie era muito familiar para tratar um cavaleiro do reino.

— Se o senhor puder, continue com a preparação da seiva, enquanto vou começar o tratamento. — Ela ouviu um suspiro e, em seguida, sentiu o movimento atrás dela como se o cavaleiro enfiasse a mão na mochila, que estava jogada no chão. Ela observou-o com o canto do olho quando ele encontrou a segunda tigela. Então, Silla pegou um punhado de seiva de sua tigela e começou a esfregar com cuidado nas feridas do dragão.

Ela começou a cantarolar um canto curador enquanto trabalhava com movimentos leves na carne crua do dragão, certificando-se de que cada centímetro da área danificada fosse coberto. Ela usou toda a seiva que estava na tigela rapidamente, mas Brodie, Senhor Broderick, provou ser um excelente assistente, entregando-lhe uma tigela cheia em substituição à primeira. Eles repetiram o procedimento algumas vezes antes até que todas as queimaduras do dragão fossem tratadas.

Ao virar-se para a área que ele estava trabalhando, verificou que todos os vasos de plantas foram podados, porém os caules principais mantinham-se intactos, logo as plantas viveriam para crescer novos talos. Ele estava realmente atento ao que ela disse sorriu com satisfação. Um homem que realmente dava atenção ao que dizia, em sua experiência, era uma coisa rara e maravilhosa.

— Isso deve ser o suficiente por agora. — Ela limpou o excesso de seiva das mãos com um pequeno quadrado de tecido. — Devemos deixar as feridas abertas ao ar hoje à noite. Você acha que ele pode dormir nesta posição? Se ele rolar e sujar com terra as feridas abertas, será ruim. — Ela olhou para a cabeça do dragão, surpresa ao encontrar os olhos abertos e sua cabeça virada para olha-la. — Bem, olá, Senhor Dragão. Eu espero que você esteja se sentindo melhor do que quando cheguei aqui.

Ela se curvou, segurando o olhar do dragão. Todos os enviados pelo Templo à Draconia recebiam instruções sobre como lidar com os dragões quando cruzassem com um. Logo, havia certa etiqueta a ser seguida.

— Eu me sinto muito melhor. Obrigado, curandeira. Vou dormir agora e

12

Page 13: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

não vou me mover desta posição. Estou confortável o suficiente.

A grande cabeça virada se estabeleceu na perna anterior do dragão, os olhos se fecharam. Silla ainda estava chocada e imóvel pelo som retumbante da voz do dragão dentro de sua cabeça. Nunca imaginara tal coisa, mas não tinha nenhuma dúvida de que o dragão havia falado com ela, em sua mente.

Silla balançou a cabeça enquanto recolhia seus potes e colocou-os no carrinho de mão com as plantas agora muito menores. Ela passou ao cavaleiro que a ajudou, sabia que tinha muitas tarefas para terminar antes que pudesse descansar esta noite.

— O seu companheiro vai exigir mais tratamentos, — Silla disse ao homem. — Eu vou preparar mais seiva e aplicá-la na primeira luz do dia, se estiver tudo bem com você, senhor. — Ela manteve-se ocupada enquanto falava com ele, fazendo um balanço mental do que ela precisaria fazer antes de ir dormir e, subsequentemente, ao amanhecer.

A mão em seu antebraço parou quando ela tentou levantar as alças do carrinho de mão. Ela olhou para cima e encontrou o olhar de Senhor Broderick. Brodie.

Silla ficou presa em seu olhar. Ele estava mais perto do que imaginava. De perto era mais bonito do que qualquer homem que tinha o direito de ser. Sentiu-se sem fôlego novamente com sua proximidade.

— Permita-me, — ele disse com uma voz calma enquanto levantava o carrinho de mão e esperava. Esse gesto a golpeou, ele estava esperando para ajudá-la.

—Você é muito gentil, senhor. — Ela sabia que estava corando quando abriu caminho para onde sua carroça estava estacionada ao lado dos estábulos. Havia uma bomba de água nas proximidades e um cocho vazio que serviria a seus propósitos. Ela tinha que limpar os instrumentos de sua profissão e prepará-los para amanhã antes de ir para a cama.

Para sua grande surpresa, Senhor Broderick não a deixou depois de entregar o carrinho de mão carregado. Ele colocou-se ao lado de seu carrinho, para que ela pudesse mover as plantas agora quase nuas para a área de armazenamento coberta com o resto de seu estoque. Ao mesmo tempo, ela removeu quatro vasos que ainda tinham todos os seus talos e colocou-os no carrinho de mão com as duas tigelas vazias que tinha usado antes, além de mais duas taças que ela havia recuperado do fundo de sua carroça.

Brodie — Senhor Broderick — ficou ao seu lado e pegou o carrinho de mão, mais uma vez, quando ela se mudou para o cocho vazio. Ela chegou lá antes e começou a bombear água para a bacia. Ela não precisava de muita água, apenas o suficiente para lavar seus utensílios e as mãos.

Ela percebeu então, que as mãos de Senhor Broderick estavam, provavelmente, ainda cobertas de seiva viscosa.

— Se você quiser lavar as mãos primeiro, eu vou bombear a água para você — ela ofereceu.

13

Page 14: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

Parecia que ele queria discutir o assunto, mas cedeu depois de um momento de reflexão.

— Eu ficaria muito grato.

Brodie — não, ela devia pensar nele como Senhor Broderick, para não escorregar e se tornar muito familiar — então, aproximou-se, lavando as mãos rapidamente. Ele era tão forte e estava tão perto. Já tinha passado por uma batalha, os ferimentos e a dor de seu dragão, e mesmo assim ainda parecia tão forte e viril. A bomba d’água era pequena e o espaço limitado, de modo que ela obrigatoriamente estava muito próxima ao seu corpo atlético. Mesmo sob a luz bruxuleante das lanternas em todo o pátio da estalagem, ela via claramente as linhas masculinas de sua mandíbula angular, o nariz reto e o queixo forte. Senhor Broderick era bonito demais para seu próprio bem.

Ela tentou desviar o olhar de seu rosto, mas isso lhe trouxe o foco para os braços musculosos, ondulando quando ele se movia. Ela baixou o olhar ainda mais e foi apanhada pela visão de suas coxas fortes, envoltas em couro preto que moldava a sua forma fielmente. Sua boca ficou seca com a visão.

Então ela notou o rasgo no tecido suave de suas calças e o sangue.

— Você está ferido. — Sussurrou chocada por ver que ele não mancava ou mesmo reclamava do desconforto que deveria estar sentindo. Ela podia facilmente ver o corte ao longo de sua coxa direita que parecia profundo e doloroso. Já tinha visto essas feridas antes e sabia o que faziam a um homem normal, mas esse bravo cavaleiro ainda estava de pé e agindo como se nada estivesse errado, o que era uma prova de sua coragem.

— É apenas um arranhão, — respondeu ele, olhando para a sua coxa e balançando a cabeça. A atitude indiferente a surpreendeu.

— Isso é mais do que um arranhão, meu senhor. — Normalmente não o teria questionado, porém, ela admitiu dentro de sua mente inquieta, talvez quisesse prolongar o encontro. Ainda não queria deixá-lo e a ferida era uma desculpa fantástica para passar apenas mais alguns minutos com ele.

— Eu vou lavá-lo quando chegar ao meu quarto. — Ele deu de ombros, como se fosse de pouca importância. — Deixe-me primeiro ajudá-la a preparar o remédio para amanhã, quero ajudar de qualquer maneira que eu puder, já que você está sendo tão gentil e generosa com Phelan.

— É minha honra e meu dever, meu senhor — respondeu ela, um pouco envergonhada por seu louvor. — Vamos ao que interessa, não vai demorar muito, e a seguir eu insistirei em tratar sua perna ferida. Não ajudará ao seu dragão se você cair doente por uma infecção que poderia ter sido facilmente evitada.

Ele sorriu e sua respiração vacilou. Ele era imponente de perto e incrivelmente bonito, por que ela não conseguia parar de pensar isso? E, aparentemente inconsciente de seu efeito sobre ela e da capacidade de impedir uma mulher de pensar com clareza em sua presença. Com rapidez e inteligência, ela mudou de lugar com ele e lhe permitiu operar a bomba de água. Silla limpou suas ferramentas e suas mãos o mais rápido possível, torcendo os pequenos panos que tinha usado e que não estavam sujos e

14

Page 15: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

colocou-os para secar durante a noite. Quanto aos demais, que estavam sujos, ela os separou em uma pequena pilha para mais tarde lhes dar atenção.

Nos próximos dez minutos, eles trabalharam juntos cortando os talos exteriores do novo lote de plantas e preparando a seiva para a manhã seguinte. Burnjelly era mais potente quando utilizado entre doze e vinte e quatro horas após o seu preparo e este lote traria mais benefícios ao dragão pela manhã, por isso deveriam cobri-lo de forma segura.

Sentados na borda da calha meio vazia, ele trabalharam em conjunto e aos poucos estabeleceram um ritmo. Brodie, Senhor Broderick, era boa companhia e não se recusava a trabalhar mesmo estando ferido e quanto mais tempo passava ao seu redor, mais impressionada ela ficava.

— Então me diga como você chegou ao Templo? — Brodie perguntou de repente depois de trabalharem por mais alguns minutos.

Ela ficou tão surpresa com a pergunta, que quase deixou cair a faca no cocho. Recuperou seu equilíbrio, esperou um pouco, e pensou em como responder a sua pergunta, para ter certeza.

CAPÍTULO TRÊS

— É uma triste e longa história. — disse ela finalmente, decidindo dar-lhe um pouco da verdade. — Eu me casei ainda jovem com um homem muito mais velho. Quando ele quis se livrar de mim, ele me bateu e me jogou na rua. Uma alma bondosa chamou um dos irmãos de nossa ordem e cuidou de mim. A recuperação foi longa e ocorreu pelo tempo que passei no jardim do Templo, isso proporcionou que eu desenvolvesse afinidade com as plantas. Então, me permitiram ficar a fim de treinar como uma boticária. Como você pode ver, eu fiz isso através da minha jornada. — Ela encolheu os ombros, apontando para o carrinho.

— Há quanto tempo você está na estrada? — Ele parecia entender mais que a maioria das pessoas sobre a forma como o Templo funcionava.

15

Page 16: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

— Cerca de cinco anos. Estou quase na metade do meu julgamento oficial.

— Isso fez muito bem para você — Ele deu um olhar de aprovação para o carrinho e seu estoque de plantas raras.

— Por suas maneiras, você parece muito mais familiarizado com o Templo do que a maioria das pessoas com as quais me deparo. Como você sabe tanto sobre isto?

— Nós, cavaleiros conhecemos muitas pessoas em nossas viagens, mas, além disso, alguém querido para mim é um membro de sua ordem.

— De verdade? Será, talvez, alguém que eu conheça?

Senhor Broderick sorriu discretamente.

— Oh, se você passou algum tempo nos jardins do Templo eu aposto que você o conhece. Conheceu o irmão Osric?

— Osric? Ele é o melhor de nós. O líder de todos os boticários em nossa ordem.

— Ele é meu irmão —, disse Brodie com voz brincalhona, como se estivesse compartilhando alguma piada particular, mas ela não entendeu muito bem. Tornava-se cada vez mais difícil pensar nele como Senhor Broderick quando estavam conversando tão abertamente. A versão abreviada do seu nome combinava com sua maneira amigável, e ela sabia que era uma batalha perdida tentar manter uma distância mais formal entre eles em sua mente.

— Isso não é possível. Provavelmente ele tem idade suficiente para ser seu pai — disse ela com uma carranca de confusão.

— Um benefício de unir a minha vida com a de um dragão — Isso fez com que Brodie olhasse para a área com areia, onde o dragão dormia. — Eu vou sobreviver ao meu irmãozinho Osric, por muitos anos, talvez uma vida ou duas. — Ele deu de ombros, mas ela viu o desconforto desse conhecimento em seus olhos, mesmo à luz bruxuleante da lanterna. — Fui escolhido por Phelan quando eu tinha a idade que você provavelmente está supondo que eu tenha. Na verdade, eu já vivi o dobro desse tempo, apesar do meu corpo permanecer tão jovem como era quando Phelan me deu uma pequena parte de sua magia.

— Eu nunca ouvi falar de tal coisa — admitiu ela, permitindo que parte da admiração que sentia fosse ouvido em seu tom.

— Ele não é muito conhecido, embora não seja exatamente um segredo. Alguns homens podem ser cavaleiros, não é algo com que pessoas normais possam preocupar-se.

— Então você é realmente mais velho que eu, apesar de você parecer mais jovem — ela pensou em voz alta. Só depois percebeu o que havia dito e o rubor coloriu suas bochechas.

Ele lhe deu um olhar especulativo.

— De fato, querida. Eu sou muito mais velho e mais sábio do que alguém jovem como você. — Ele riu, inclinando-se para colocar a planta com

16

Page 17: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

que vinha trabalhando no carrinho de mão, que estava nas proximidades. A ação o trouxe para mais perto dela e por um momento seu coração parou ao pensar que ele iria beijá-la.

A decepção ao perceber que ele não o faria, foi involuntária. O que estava acontecendo com ela? Mal acabara de conhecê-lo e já estava sonhando com seu beijo! Aliás, na verdade ela queria bem mais que isso.

— Viver tanto tempo deve ser uma bênção! — emendou rapidamente para disfarçar sua confusão. Logo em seguida arrependeu-se, afinal não devia ser gratificante assistir a família envelhecer e morrer. — Perdoe-me — ela acrescentou, olhando para seu trabalho, envergonhada mais uma vez por suas reações a este cavaleiro.

Ele tocou seu rosto com as costas dos dedos, deslizou-os por seu queixo tão suavemente como as asas de uma borboleta. Ela levantou o rosto e seus olhos se encontraram e então ela sentiu-se como uma jovenzinha novamente, tremendo com uma carícia tão inocente.

— Eu nunca me arrependerei por juntar a minha vida com a de Phelan. Ele é meu melhor amigo — ele disse simplesmente. — Mas todos os cavaleiros tem que procurar uma família própria. Sabemos que perderemos a família em que nascemos ao sermos escolhidos. Parece um preço pequeno quando se considera os benefícios incríveis de uma parceria com um dragão e ser capaz de treinar e lutar para proteger nossa terra e nosso povo. Era minha ambição me tornar um cavaleiro e eu nunca fui mais feliz do que no dia em que Phelan falou pela primeira vez as palavras de reivindicação para mim. — Ele retirou a mão de seu rosto, mas sustentou o olhar. — Mas eu devo procurar a mulher que pode completar o nosso círculo.

Isso soou muito sério. E por que, de repente, ele estava olhando para ela de modo especulativo? Ele estaria pensando que ela era a mulher que estava tão determinado a encontrar? Ela sentiu falta de ar uma vez mais, e então lembrou as coisas estranhas que tinha ouvido sobre o casamento em tocas de dragão.

Ela se levantou e sacudiu a sujeira de um dos vasos de plantas que tinha caído em sua saia. Foi tão bom como outra desculpa qualquer para colocar alguma distância entre ela e esse homem inquietante.

— E por círculo, o que exatamente você quer dizer? — Ela caminhou até o carrinho, fingindo precisar de algo da parte traseira.

Ela não estava preparada quando o sentiu tão próximo a suas costas, as mãos em seus ombros, aprisionando-a contra a roda da carroça. Então tocou seu pescoço com nada mais do que o seu calor e sua luz. Apenas um dedo acariciando lentamente a pele sensível logo abaixo da orelha.

— Phelan é um dragão mais velho — disse ele, confundindo-a mais uma vez. Apesar de, provavelmente, ter sido o seu toque que fez com que até a última célula do cérebro saltasse num misto de alegria e pânico. — Ele tem uma companheira. Ela se chama Qwila e seu cavaleiro, chama-se Geoff. Ele foi escolhido a cerca de uma década e deve ter a sua idade, talvez um pouco mais velho, se isso faz alguma diferença para você. — Esse dedo tentador

17

Page 18: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

mudou-se para traçar sua orelha e seu interior tremia, bem como seu corpo. — No momento em que um de nós encontre a mulher que completará o nosso círculo, então Phelan e Qwila serão capazes de juntar-se mais uma vez em um vôo de acasalamento. Até que tenhamos nossa própria mulher, Phelan e Qwila devem abster-se. Você não sente pena deles?

Ele riu levemente e ela sentiu o suave sussurro de seu fôlego contra seu ouvido, aumentando seu tremor.

— Acho que sim — respondeu ela, sem entender o que estava respondendo. Ela tinha perdido a capacidade de acompanhar a conversa em algum ponto, pois seu toque era muito perturbador, muito excitante, realmente inacreditável.

Ele se afastou um pouco, as duas mãos caindo sobre os ombros dela, com insistência gentil, virou seu rosto para encará-lo, as próprias costas apoiadas na lateral da carroça.

Sua cabeça desceu lentamente, tão lentamente que ela poderia ter evitado, mas sentia-se impotente. Ela queria seu beijo agora mais do que tudo e agitou-se em expectativa.

Sua boca encontrou a dela e ela deixou-se levar nas ondas do desejo. Inundada na sensação que jamais sentira antes. Nunca antes em sua vida tinha se sentido tão excitada com um beijo.

Sua opinião sobre o sexo estava passando por uma revisão surpreendente. Brodie estava lhe ensinando a paixão flamejante e brutal, apenas com um simples beijo. Suas mãos permaneceram em seus ombros, sua boca reivindicando a dela, tomando posse.

Seu gosto era divino. Quente, sensual, ele era a própria tentação, desafiando-a a ir mais longe, a segui-lo nas chamas da perdição. E Silla estava perdida. Brodie era sua âncora em um turbilhão de prazer caótico: seu guia, seu professor e sua salvação.

Quando o beijo terminou, foi Brodie que recuou. Silla ouviu o estrondo, como um balde de metal caindo dentro do estábulo, não muito longe deles. O cavalariço, sem dúvida, estava cuidando de seus deveres e o barulho lembrou a Brodie que eles não estavam totalmente sozinhos.

Silla estava grata por ele ter parado antes que alguém visse e chegasse a conclusões erradas, afinal, foi apenas um beijo. Ela tinha uma reputação a zelar. Em toda a sua caminhada, teve que ser prudente em todas as suas relações com os homens, para que não tivessem a ideia errada sobre ela. Respeito era importante para o sucesso de uma curandeira. Se as pessoas que você tratasse não tivessem respeito por você, elas raramente ouviriam o seu conselho. Levou muito tempo para provar o seu valor como curandeira ao longo de sua trajetória e ela não queria arruinar o trabalho duro com fofocas sobre sua vontade de sucumbir a um homem jovem e bonito.

— Senhor Phelan deve melhorar bastante esta noite. Ele disse que não iria sair da posição, o que vai ajudar a curar o ferimento e mantê-lo limpo.

— Espere, você pode ouvi-lo? — Brodie bloqueou seu caminho, mas ela não seria surpreendida novamente, ela queria ficar longe da tentação.

18

Page 19: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

— Bem, é claro. Foi a primeira vez para mim, com certeza, mas ele fala com você todos os dias, não é? — Ela não esperou pela resposta, e continuou a recolher suas coisas.

Movendo-se rapidamente, se afastou de Brodie movimentando-se em torno do carrinho de mão. Ela colocou o pacote de panos sujos na carroça junto com as plantas agora muito menores. Prendeu a capa impermeável que usava para manter seca a parte de trás da carroça em tempo chuvoso, passando-a por cima das plantas. As plantas delicadas deveriam ser mantidas sob a capa, se a temperatura caísse muito seria prejudicial para elas.

Ela não conseguia olhar para Brodie quando terminou seus preparativos para o dia seguinte, mas sentia sua presença silenciosa observando-a, provavelmente à espera de algum sinal ou estava tentando entendê-la. Silenciosamente desejou-lhe sorte com isso. A esta altura, ela mesma era incapaz de compreender suas próprias motivações e respostas. Senhor Broderick e seu beijo devastador a tinham deixado em uma tempestade vertiginosa de confusão.

Mas que confusão adorável.

Ela se atreveria a voltar para ele e deixar que a paixão que ele havia inspirado consumi-la? Silla vinha trilhando um caminho seguro e estreito por tanto tempo, que não tinha certeza se ainda poderia ser tão ousada.

— Eu me despeço de vocês, Senhor Broderick, — ela disse formalmente, fazendo uma pequena reverência, incapaz de encontrar seu olhar.

— Eu vou levá-la para a pousada — disse ele em voz baixa, tomando-lhe o braço e se movendo adiante em direção à grande porta da frente da sala comum e bem iluminada. — E você não acha que deveria me chamar de Brodie? Se alguém nesta aldeia tem direito a tais liberdades, é você, minha querida. — Seu tom de provocação a fez olhar para ele enquanto caminhavam em silêncio do outro lado do grande quintal da pousada.

— Brodie, então — ela emendou, sentindo aquela pequena centelha que a fazia querer pular de cabeça nos braços deste homem e não olhar para trás.

Seu sorriso brincava com ela o que fez seus passos vacilarem, mas eles continuaram seu lento progresso trilhando por todo o quintal. Ela tomou consciência então, de seu comportamento escandaloso. Havia beijado um homem como se não houvesse amanhã e eles tinham acabado de se conhecer. O pensamento a fez parar e se perguntar se ela era apenas uma de uma longa série de conquistas para o belo cavaleiro.

Brodie deve ter percebido que algo estava errado, pois, parou de caminhar e virou para encará-la.

— Só para esclarecer, minha senhora, eu não saio por aí beijando cada moça bonita que atravessa o meu caminho. Esta noite tem sido única de muitas maneiras diferentes e eu não sou orgulhoso demais para admitir que a condição de Phelan desequilibrou-me completamente. — Seus olhos castanhos profundos pediam compreensão e mostravam um pouquinho da vulnerabilidade que estava sentindo, com seu parceiro dragão ferido com uma lesão tão grave.

19

Page 20: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

O coração mole de Silla descongelou.

— Eu não desejaria ser uma das muitas, meu senhor — respondeu ela com sinceridade.

— Minha querida, você é uma em um milhão, excepcionalmente única. Jamais haverá outra igual. — Seu sorriso iluminou o mundo dela por um breve momento.

Ela chegou à pousada com o coração cheio de alegria. A luz da lanterna e a música se derramando para fora das janelas podia ser ouvida flutuando na brisa da noite. Eles não falaram mais, e quando ele abriu a grande porta para ela, descobriram que estava acontecendo uma festa improvisada. Ele não mostrou nenhum sinal de parar e ninguém os notou de pé à porta escura. O estalajadeiro e sua equipe estavam correndo para atender aos pedidos de comida e bebida.

Silla sentia cansaço em cada pedacinho de corpo. Tinha sido um longo dia na estrada e, em seguida, tratar o dragão e a proximidade com seu cavaleiro perturbava a paz em muitos níveis. Ela estava muito cansada e não queria ter que lutar no meio da multidão para chamar a atenção do estalajadeiro, muito menos ter de regatear com o homem por casa e comida.

— Está mais ocupada do que eu pensei — Brodie falou em voz baixa ao lado de sua orelha. — E o seu quarto já está reservado?

Ela balançou a cabeça negativamente, sentindo lágrimas ameaçarem. Lágrimas? Ela não sabia por que estava tão emocional. Tinha caminhado sozinha pelos últimos cinco anos. Seus pacientes deviam ser atendidos antes de suas próprias necessidades, mas esta noite ela desejava — como já tinha ocorrido algumas vezes antes, em momentos que se sentia fraca — poder ter alguém para ajudá-la: um parceiro, um amigo. Alguém para ajudar a aliviar o seu caminho na vida da mesma forma como ela tentava facilitar o caminho para os outros. Às vezes parecia que o peso do mundo havia se estabelecido em seus ombros, mas ela tinha que segurar.

Às vezes, nas horas mais escuras da noite, ela orava para que alguém viesse ajudar a segurar-se, pois o peso era demais sobre os seus ombros.

Mas Silla sabia, por amarga experiência, que ter um homem em sua vida não era garantia de companheirismo. Desejava um bom amigo, talvez um amante, até mesmo um animal de estimação que pudesse ajudar a aliviar um pouco de sua carga. Na verdade, tinha renomeado seu cavalo de Hero, porque ele era, à sua maneira, o seu herói. Ele havia entrado em sua vida no momento em que se sentia muito cansada e fraca para andar de um lugar para outro. A curandeira havia adoecido de tanto andar e seu herói chegou para levá-la onde ela precisava ir, dando-lhe tempo e energia para curar a si mesma e assim, pudesse continuar a curar os outros.

— Há uma sala especial que sempre é mantida pronta para cavaleiros que patrulham. — Brodie disse a ela. — A entrada é do lado de fora, próxima à caixa de areia para que possamos estar perto de nossos parceiros. Há duas camas no quarto. Você pode compartilhá-lo comigo — ele ofereceu.

20

Page 21: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

CAPÍTULO QUATRO

Silla se virou para olhar nos olhos dele, não viu nenhum truque em seu olhar marrom, embora a luz do fogo exibisse manchas cintilantes de ouro em sua iris.

— Estou cansada até os ossos — ela disse honestamente — Se você espera mais do que simplesmente dividir o quarto, vou procurar abrigo em outro lugar.

— Eu sou um cavaleiro, um gentil cavalheiro — ele protestou, mas com um sorriso que disse entender a sua cautela. — Você tem a minha palavra que eu não irei molestá-la no meio da noite. Pelo contrário, eu a protegerei, principalmente por você ser a fornecedora do burnjelly que irá curar meu mais querido amigo do mundo. — Ele piscou para ela, e ela percebeu seu humor. Ele realmente parecia ser um bom homem.

— Então eu vou aceitar a sua oferta, com base nesses seus critérios. Minha reputação é tudo que tenho e eu não vou perdê-la levianamente. — Ela olhou ao redor e viu que os moradores já estavam embriagados e ninguém parecia notá-la em pé ao lado da porta.

— Eu entendo milady, se depender de mim, sua honra não sofrerá dano algum — ele prometeu.

Ela seguiu Brodie até o pátio iluminado pela luz bruxuleante das lanternas. Eles voltaram pelo mesmo caminho ao lamaçal onde estava o dragão, e encontraram uma pequena porta para o quarto construído ao lado

21

Page 22: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

da pousada. O quarto era grande para os padrões da pousada e estava confortavelmente equipado. Não era muito extravagante, nem muito simples, mas era grande o suficiente para acomodar mais de dois grandes cavaleiros e seus equipamentos no seu confortável beliche.

Uma coisa que ela notou, porém, é que uma das camas era enorme e a outra era claramente uma cama de solteiro. Ela colocou a capa e o pequeno pacote que tinha tirado do carrinho de mão em uma delas, mas Brodie pareceu notar sua confusão quando ele se sentou na cama muito maior e sorriu para ela.

— Esta cama foi construída para cavaleiros casados e suas senhoras. A outra é para os cavaleiros solteiros que patrulham juntos. O mais velho da dupla recebe a maior cama e o mais novo tem que se contentar com isso. — Ele apontou para a pequena cama atrás dela.

— Será bom o suficiente para mim — ela respondeu, sentindo-se cansada de novo. Ela virou-se, tirando seu manto. Ele o pegou antes que caísse no chão e colocou-o cuidadosamente sobre a cadeira que ficava ao lado da cama menor.

Ela sentiu a carícia enervante do olhar de Brodie enquanto ela tirava seu manto, que foi o máximo que ousou tirar. Ela dormiria com o vestido. Estava acostumada, já havia feito isso antes.

Um pensamento súbito fez-lhe lembrar do ferimento dele.

— Eu sinto muito, esqueci-me de tratar a lesão na sua perna. Vamos, temos que fazer isso agora. — Ela pegou a outra sacola que continha seus suprimentos de emergência, nunca ia a lugar algum sem aquele saco.

— Eu lhe disse, não é nada.

— Por favor, permita-me ser o juiz disso. Tire suas calças e deite-se.

— Isso é o que eu gostaria de ouvir. — Os olhos de Brodie brilharam e ela teve que rir.

Ela tirou um oleado1 e toalhas para colocar sob a sua perna para que não sujasse a roupa de cama com sangue. Teria que limpar a ferida em primeiro lugar usando um jarro de água e a bacia que encontrou em uma pequena mesa perto da porta. A água era fresca e iria servir aos seus propósitos. Derramou uma pequena quantidade de água na bacia e acrescentou ervas para a limpeza, o que iria garantir a desinfecção da ferida e um pouco de entorpecimento da dor.

Quando ela voltou para a cama, ele havia atendido o seu pedido. Estava vestido com uma camisa simples que pairava logo abaixo de seus quadris, suas longas pernas estavam nuas para inspeção.

Ela usou um pequeno quadrado de pano limpo mergulhando-o na água, que agora estava com uma cor amarelo pálido, devido às propriedades curativas das ervas secas que havia misturado na bacia. Para o seu trabalho, ela havia tirado um monte de panos limpos, ataduras e toalhas que mantinha em sua mochila. Ela havia reabastecido seu suprimento na parte de trás da

1 Lona ou pano impermeabilizado

22

Page 23: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

carroça sem lembrar-se daquela ferida e estava contente com isso agora. O ferimento era profundo e tinha sangrado um pouco.

Silla tentou não pensar sobre as pernas musculosas coberta de pelos, já havia tratado de muitos pacientes do sexo masculino antes, mas nenhum tinha provocado este tipo de resposta feminina nela. Sentia-se um pouco instável quando se aproximou dele com o pano e a bacia. Sentou-se num lado da enorme cama colocando a bacia próxima a ela.

— Você pode permanecer nessa posição? — ela perguntou superficialmente, não esperando por sua resposta. Ela tocou-o um pouco, em seguida, começou imediatamente a trabalhar.

Ela tentou ser o mais suave possível, mas percebeu a forma em que seus músculos se apertavam quando o tocava.

— Eu sinto muito, mas a ferida deve ficar o mais limpa possível para evitar infecção. Estou surpresa que tenha andado sem preocupar-se com ela por tanto tempo. — Silla trabalhou com cuidado, mas com firmeza, usando uma toalha para absorver a água sangrenta. — As ervas irão desinfetar e anestesiar a área e irá aliviar a dor em um minuto, que é o tempo necessário para as ervas começarem a fazer efeito.

— Já me sinto melhor, Silla. Não se preocupe, já estive pior e vivi para contar o ocorrido.

Ela sabia a verdade só de olhar para a coleção de cicatrizes em suas pernas, alguns eram antigas, outras novas. Muitas eram maiores do que a que ele iria ganhar com esta lesão. Todas contavam a história da vida dura que levava, seu corpo havia passado por muitas lutas, trabalho duro... e guerras.

Silla fez comentários e continuou com seu trabalho, usando toda a água tratada até estar satisfeita e ver que a ferida havia ficado realmente limpa o suficiente. Ela vacilou um pouco no início, mas graças ao anestésico na água foi capaz de chegar ao fundo do corte para ver que não era tão profundo como ela temia, à primeira vista.

— Você não precisa de pontos, mas vou enfaixar isso por hoje à noite para manter a pele no lugar enquanto sela a ferida. Até amanhã, você não necessitará de curativos, desde que fique em repouso. — Ela aplicou uma pomada especial que havia preparado para tais lesões e enquanto falava, enrolou uma bandagem limpa em torno de sua perna.

Ele levantou a perna o suficiente para ela passar a bandagem por baixo. Removendo a toalha encharcada deu-lhe mais espaço para trabalhar, mas o corte foi até o alto da coxa e cada viagem em torno de sua circunferência a aproximava de seu pênis, que se endurecia a cada rotação da bandagem.

Silla tentou não notar, pois, mesmo sem querer, alguns homens respondiam ao toque de uma curandeira. Porém, ela não imaginou que Brodie era o tipo de homem capaz de responder apenas ao toque de qualquer mulher. Não, a dureza tão mal escondida pela bainha da túnica, provavelmente, havia sido causada pela proximidade dela. Especialmente depois daquele beijo incrível que tinham compartilhado no jardim. Isso o havia deixado abalado, agitado e muito excitado para seu próprio desconforto.

23

Page 24: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

— Eu poderia dizer que sinto muito, mas seria mentira. — Ele deve ter percebido a direção de seu olhar. Ela sentiu suas bochechas arderem quando levantou os olhos. Ele estava sorrindo, mas esse sorriso mostrava um oceano de conhecimento. Um mar de desejo.

— Este tipo de coisa acontece às vezes com pacientes do sexo masculino. — Ela tentou parecer indiferente, encolhendo os ombros.

— Acho que eu não gostei de ouvir isso. — Sua expressão mudou de repente do divertimento à raiva... e possessivo? Como é que ele podia sentir-se possessivo em relação a ela em tão pouco tempo?

— É um risco na minha profissão, no entanto.

Ele fez um som entre um suspiro e um gemido que não foi difícil de interpretar. Por incrível que pareça, ele estava com ciúmes.

Ela olhou para ele, confusa e estranhamente lisonjeada, não era muito orgulhoso para admitir o que havia despertado nele. Mais uma vez, ela ainda não tinha certeza do que ele sentia.

Brodie era tudo o que ela sonhou e nunca pensou que realmente existissem homens assim. Ele era um cavaleiro, um homem de honra, sem dúvida. Somente homens honrados eram escolhidos para ser cavaleiros. Dizia-se que os Dragões eram excelentes juízes de caráter.

Ele também era, de longe, o homem mais bonito de quem tinha estado perto, e ele mostrava que a sua atratividade não era apenas superficial, em cada uma de suas ações ele demonstrava o óbvio amor que ele tinha por seu amigo dragão. Além disso, ele era educado, gentil, engraçado, e também sexy, embora não de uma forma descarada... até agora. Seus olhos foram atraídos pela ereção que ele nada fez para esconder.

Realmente, a túnica cobria muito pouco. Mas a julgar pela impressão no tecido, ele não podia esconder as proporções generosas, mesmo se tivesse tentado. Sua boca encheu de água só de pensar em tocá-lo. Hã!

— O que é isso? — Ela ficou perplexa com suas próprias reações. Encontrou seu olhar, sabendo que o rosto estava corado e seus grandes olhos mostravam confusão e, provavelmente, excitação também.

— Tudo o que você quiser que ele seja milady. — Sua voz se tornou sedutora e baixa.

Por um lado, ela queria que ele a agarrasse com suas mãos e tomasse a decisão. Por outro lado, sabia que ele não era o tipo de homem que forçaria uma mulher para ter intimidade, mesmo que ela estivesse em última instância disposta a isso. Não! Silla teria que ser ousada e fazer a sua parte. Não havia nenhuma maneira fácil de resolver isto. Ela o queria, um milagre em si, e ainda assim estava com medo.

— Eu não estou acostumada a esse tipo de coisa. — Ela olhou para suas mãos, sabendo que o calor em seu rosto só aumentava.

Brodie se virou para que ambos os pés tocassem o chão ficando sentado na beira da cama ao lado dela. Levantou uma de suas grandes mãos para acariciar sua bochecha, e ela se viu inclinando-se em sua carícia.

24

Page 25: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

— Você não acha que eu sei disso? Você é uma mulher especial, Silla. Eu percebi isso no primeiro momento em que nos conhecemos. Eu sei que isso está ocorrendo muito rápido, mas essa é a maneira como acontece com os cavaleiros.

Ele deu de ombros, e ela não tinha certeza do que ele queria dizer sobre os cavaleiros serem mais rápidos do que outros. Talvez fosse o estilo de vida perigosa que eles levavam? Talvez eles fossem assim porque a cada momento estavam em perigo? O pensamento a fez estremecer por dentro. A ideia de que ele estivesse em constante perigo, tanto a assustou como fez com que sentisse orgulhosa dele.

Ele se inclinou mais perto, mas não fez nenhum movimento para reivindicar seus lábios. Ela podia sentir o calor de sua respiração contra a pele, sentir o calor dele ao seu lado. Ela sabia o que ele estava fazendo, ele estava oferecendo a tentação para ver se ela daria esse passo final, preenchendo a pequena distância entre eles e tomando o que queria. Dessa forma, ele saberia que realmente era o que ela queria, e não que ele tivesse forçado. Silla estava ao mesmo tempo feliz por seu respeito para com os seus sentimentos e perturbada com o fato de que ela teria que fazer o movimento.

Se atreveria? Ela refletiu.

Oh, sim, ela lembrou como seus lábios se juntaram aos dele. Ela definitivamente precisava ousar desta vez, poderia vir a se arrepender de sua escolha amanhã, mas por hoje à noite, ela iria viver um sonho. Iria suspender a preocupação e a dúvida, compartilharia seu corpo com um homem bom demais para ser verdade. Muito bom para ser dela por mais tempo do que o espaço de uma única noite roubada.

Ela o empurrou de volta para a cama e montou seu corpo duro. Agora que ela tinha tomado a decisão, tornou-se ativa, um papel que ela nunca tinha jogado antes, mas descobriu que gostava imensamente. Ela teve cuidado com a ferida, não seria bom fazê-lo sangrar novamente. Não agora, quando o prazer estava em oferta.

Beijou-o profundamente, saqueando e permitindo que sua boca fosse saqueada em troca. Durante todo o tempo, seus dedos se ocuparam com os laços de sua túnica, afrouxando os nós enlouquecedores que a impediam de chegar ao objetivo: sua pele. Quanto mais pudesse tocá-lo, melhor.

Depois de uma batalha com o tecido teimoso, ela finalmente foi capaz de empurrar a túnica para cima e sobre os ombros dele. Ele levantou os braços, ajudando-a. Seus olhos estavam focados nesse homem, nesta enorme cama e em seu desejo de juntar-se a ele em todos os sentidos que conhecia. Pelo menos por esta noite abençoada, para nunca mais ser repetida.

Da mesma forma que suas pernas, seu peito era musculoso e cheio de cicatrizes. Seus braços tinham tomado os piores dos cortes ao longo dos anos, mas, apesar de muitos, poucos pareciam ter sido graves. A extensão de seus ferimentos a distraiu por um momento, mas foi tempo suficiente para ele virar a mesa.

Brodie rolou, trocando de lugar, de modo que ela estava sob ele. Ele

25

Page 26: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

seguiu com a mão até a saia de seu vestido simples num processo para que ele ficasse em torno do meio da coxa dela. Num movimento rápido, plantou seus joelhos entre os dela, usando uma mão para empurrar o tecido do vestido para cima. Ela usava pouca roupa de baixo, mas ele a deixou com apenas sua camisa, então ela supôs que deveria fazer o mesmo com ele, uma vez que ele a livrasse de seu vestido ficaria com apenas a fina cobertura de suas calças.

Como desejava, todo o tecido que permaneceu foi retirado. Ela não queria nada se interponha entre eles. Agora não, pois já estava muito preparada. Muito pronta. Ela o queria dentro dela, bombeando em seu corpo receptivo.

Ela o ajudou a tirar o vestido, sentindo falta de ar, enquanto ele passeava com suas mãos em concha nos seios nus. Ela pensou que não poderia querer mais nada dele, estava errada. Enquanto ele brincava com seus mamilos sensíveis, se inclinou para lamber e chupa-los com a boca um de cada vez, ela aprendeu o verdadeiro significado do êxtase da cópula.

Um choque de êxtase a fez ofegar, rolando sobre ela trazendo uma onda de prazer que a pegou de surpresa. Ele chupou duro em um dos seios enquanto beliscava o outro suavemente em um movimento repetitivo que a fez gemer. Nenhum homem tinha provocado estas respostas nela, nunca.

Ele se afastou e sorriu, ela sabia que ele entendia o que estava acontecendo em seu corpo, seus olhos tinham conhecimento de que ela não entendia os segredos, isso o fazia feliz por algum motivo. Ela não questionava, ela só queria mais do prazer que ele ensinava ao seu corpo. Ela havia se tornado uma devassa, ao que parecia.

— Ainda há muita roupa — reclamou ele com um sorriso, beliscando a pele macia de sua barriga enquanto ele espreitava melhor o seu corpo. Suas mãos desamarraram os pequenos laços de suas calças e puxando-a para baixo, a boca seguiu seu caminho com pequenos beijos.

Ela ficou chocada quando sua boca parou no ápice de suas coxas e o tecido continuou sua trajetória descendente até que saiu de seu corpo. Ele abriu suas pernas e, em seguida, sua língua fez as coisas mais incríveis em seu clitóris. Ela havia aprendido sobre a anatomia, é claro, todo bom curandeiro sabia de todas as partes do corpo e suas funções, mas nunca havia compreendido plenamente o propósito do clitóris até agora.

Brodie ensinava-lhe coisas sobre o seu próprio corpo que a fazia querer rir, chorar e gritar de prazer, tudo ao mesmo tempo. Ela veio de novo, mais forte dessa vez, mas não teria acreditado que tal coisa fosse possível, com a boca gulosa em sua vagina. Seu corpo zumbia e inacreditavelmente, estava pronto para mais quando ele sentou-se entre as coxas dela e tirou os calções.

E lá estava ele, magnífico, grande, ereto, bem em forma e tudo para ela. Ao menos por esta noite. Esse lindo membro era o instrumento de seu prazer, e a Senhora a abençoava com mais uma nova experiência.

Silla tinha sido possuída antes, mas jamais por um amante tão habilidoso e carinhoso. Esta experiência era tudo o que ela tinha sonhado.

26

Page 27: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

Tudo o que ela jamais pensou que poderia experimentar, era o conto de fadas sobre o qual as mulheres jovens sonhavam.

Ela estendeu a mão para ele, querendo dar-lhe um gostinho do que ele já tinha dado a ela, mas ele parou e mudou de posição. Seu olhar encontrou o dele e o viu sorrindo gentilmente.

— Desta vez é para você, minha querida Silla. É minha oportunidade de mostrar-lhe o que você é capaz de sentir. O meu tempo para tentar convencê-la de que não deverá ser a nossa única vez. Talvez amanhã você tenha sua oportunidade. — Ele deu de ombros, embora seu olhar lhe dissesse que estava ansioso para deixá-la ter a sua vez com ele.

— Você quer mais do que apenas esta noite? — ela perguntou aturdida com suas palavras. Será que ele realmente queria mais do que apenas isso? Ela não ousaria esperar.

— Eu quero você, repetidamente. Tanto quanto você permita e muito mais.

Ele estaria falando a sério? Ela começou a acreditar e uma pequena centelha de esperança tomou forma no seu coração, uma pequena brasa que poderia tanto ser alimentada em chamas ou deixada para morrer na lareira. Só o tempo poderia mostrar a verdade.

— Eu quero você, Brodie. Você vai penetrar em mim agora? — Ela falou com uma voz suave, um pouco constrangida pelas palavras, mas querendo que ele soubesse como se sentia.

A ampliação do seu sorriso era a resposta e ele ficou entre as suas coxas, posicionando-se entre suas dobras lisas. Sua língua tinha preparado o caminho, ao que parecia, provocando a resposta de seu corpo, o que permitiria a passagem fácil para seu grande pênis.

Ela sabia em teoria como suas peças se encaixavam e tinha experimentado várias vezes, mas nunca com um homem tão grande e nunca quando ela estava realmente preparada. Nunca tinha respondido a qualquer homem do jeito que respondeu a Brodie.

Ele deslizou para dentro dela com um mínimo de dificuldade e, em seguida, apenas ficou lá, preenchendo-a. Seu olhar procurou o dela e uma comunicação silenciosa parecia passar entre eles. Seus olhos questionavam se ela estava bem e parecia achar a resposta em sua expressão.

Ela sentia-se mais do que bem. Estava experimentando verdadeiro desejo pela primeira vez em sua vida e desfrutava da sensação dele dentro dela, testando seus limites, esfregando contra pontos ocultos que a fariam querer contorcer-se.

Ele era delicioso e ficou mais ainda quando começou a se mover. Um ritmo lento no início que construiu e construiu enquanto a observava. A captura, em sua respiração lhe rendeu um grunhido de aprovação e um aumento no ataque agradável em todos os sentidos dela.

Seu aroma viril a seduzia, o som de seus grunhidos e rosnados faziam sua paixão subir mais alta. A visão dele erguendo-se sobre ela, seu corpo

27

Page 28: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

lutando contra o dela, era um novo sonho. A sensação dele dentro dela e contra ela provocou deliciosos arrepios em sua pele, era viciante.

Ela sentiu algo monumental dentro dela. A tensão deliciosa e gentil era muito maior do que qualquer coisa que já tivesse experimentado antes. Seu prazer aumentou junto com o ritmo dele em estocadas tão curtas que a faziam suspirar a cada curso. Ela gozou com um grito arrancado da própria alma, enquanto ele ficava tenso em cima dela e sua semente quente inundava seu ventre com seu calor.

Ela falou o nome dele como uma oração enquanto segurava sua preciosa vida, seu corpo girava em um turbilhão de felicidade que ela nunca havia conhecido. Então era isso o que tantas pessoas sentiam. Ela entendeu finalmente o que tinha este homem de especial e o que lhe havia ensinado. Brodie era muito querido para ela, e a fazia sentir-se da mesma forma.

Ela teria dito que o amava se ainda acreditasse em tais coisas. Mas o amor nunca durava e em sua experiência, significava dor. Ainda assim, sentia-se imensamente apaixonada por Brodie e estava disposta a ser sua parceira de cama a qualquer momento que ele a chamasse. Ela já estava viciada em seu toque. Viciada no prazer incrível que somente ele já havia lhe proporcionado. Talvez, pensou somente ele pudesse lhe dar isso novamente.

Este era um pensamento preocupante.

Brodie retirou-se dela depois de um longo momento e estendeu a mão ao lado da cama para sua pilha de panos limpos. Segurando seu olhar, ele passou o pano entre suas coxas, limpando-a. Foi um ato íntimo que ninguém nunca tinha feito por ela, e que tinha o estranho efeito de fazer com que ela quisesse fazer tudo de novo.

Seu corpo se movimentou novamente com excitação quando ele deslizou seus dedos dentro dela, esfregando contra um ponto que a fez gemer. Ele capturou o som com os lábios beijando-a intensamente.

E foi então que ela ouviu a risada de outro homem dentro do quarto.

28

Page 29: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

CAPÍTULO CINCO

— Nós voamos até aqui na calada da noite, porque ouvimos dizer que você foi ferido, e o que eu encontro é a sua mão na buceta de uma disposta mulher.

— Que as estrelas condenem sua pele, Geoff, você sempre chega na hora errada —, reclamou Brodie, rompendo o beijo doce de Silla.

Propositadamente, ele a manteve com as pernas abertas e os dedos em sua boceta para que todos pudessem vê-la, mesmo quando ela tentou se esquivar dele. Se ela seria a sua esposa, teria que acostumar-se com Geoff observando-a foder com ele. Era importante observar se ela estava pronta para isso agora, a fim de evitar mal-entendidos.

— Esta é Silla — continuou Brodie. — Ela é especial para mim, Geoff, sendo assim, seja educado e eu poderia até mesmo ver se ela está disposta a ir para a cama com você.

—O quê? — Os olhos de Silla se arregalaram, Brodie sabia que estava se antecipando quanto a forma em que deveriam fazer as coisas.

— Lembra quando eu disse que o casamento na Guarida envolvia dois cavaleiros e uma mulher? — Ele esperou que ela acenasse, enquanto esfregava seu clitóris em uma ação deliberadamente lenta. — Eu quero que você seja minha esposa, Silla. Minha e de Geoff, para sempre. Para ter, manter e foder, juntos ou separados. — Ele sentiu uma onda de fluido em suas mãos, e ele sabia que a ideia a agradou. — Pense nisso, Silla: dois machos para lhe dar prazer. Dois homens para cuidar de você por toda a sua vida. Dois guerreiros e seus parceiros dragões para protegê-la sempre, e dois corações para compartilhar de seu amor.

— Você está falando sério? — As palavras de Silla saíram em um sussurro tão baixo que ele mal ouviu. Mas sentiu a excitação renovada em seu corpo sob o seu e isso lhe deu esperança.

— Nunca falei mais sério em minha vida. Cavaleiros muitas vezes sabem imediatamente quando encontram a mulher que se destina a partilhar as suas vidas, o que é uma bênção em nossa espécie. Logo que a vi soube que nesta noite eu tinha encontrado o meu par. Geoff é muito honrado, porém você não o conhece ainda. Eu tenho certeza que uma vez que você o conheça um pouco, irá sentir-se do mesmo jeito que já se sente em relação a mim.

— O caminho é esse? — Sua respiração ficou presa quando ele aumentou a pressão de seus dedos dentro de seu canal. Ele abaixou a cabeça para beijar seu mamilo sugando-o com força o que a fez suspirar antes dele responder.

— Eu acredito que eu vou amá-la, Silla. — Ele expressou sua declaração cuidadosamente, adivinhando a partir da descrição de seu passado que ela não acreditava muito no amor e muito menos à primeira vista. — Agora, por favor, deixe-me fodê-la novamente antes que eu exploda, então podemos

29

Page 30: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

sentar com Geoff e você poderá conhecê-lo um pouco mais. — Ele não esperou por sua resposta, voltando-se para Geoff e sacudindo a cabeça em direção à cadeira perto da cama. — Sente-se e fique quieto. Isto não vai demorar, mas do que um momento.

— Você quer que ele assista? — Ela perguntou em um sussurro chocado com Brodie se revolvendo entre as suas pernas mais uma vez.

Ele não estava disposto a dar-lhe chance de sair debaixo dele, nem mesmo por um segundo. Ela precisava vir de novo e de novo até que estivesse acostumada ao seu toque e viciada no prazer que ele podia lhe dar. Este era também um teste das sortes. Dragões eram notórios exibicionistas, quando iam para o céu em seus voos de acasalamento, nem sempre verificavam se os seus homólogos humanos estavam em um lugar privado. A vida na Guarida era vigorosa, e os cavaleiros em muitas vezes acabavam sendo voyeurs. Isso era aceito como uma necessidade quando se vivia com dragões.

Será que Silla estaria disposta a experiência? E ela seria capaz de compartilhar seu corpo com Geoff como fizera com Brodie? Esta era a primeira coisa que necessitava descobrir.

Brodie removeu os dedos e deslizou seu pênis em sua buceta sem muito barulho. Ele tinha certeza de que ela abrira as pernas em toda a sua largura, então Geoff podia ver, tanto quanto possível. Ele brincava com seus generosos seios enquanto bombeava dentro dela, consciente da audiência, que o animado exibicionista que havia no interior todos os cavaleiros parecia transportar.

Ele notou a direção de seu olhar, pois em diversas vezes ela olhou para Geoff, corando até a raiz dos cabelos, mas animada do mesmo jeito. Pois foi nesse momento, que ela encontrou o olhar muito interessado de Geoff, e seu corpo exalou néctar ao redor de seu pênis lubrificando-o ainda mais. Ah, sim, ela estava interessada. Ela estava respondendo muito bem a esse teste tão pouco planejado.

Brodie diminuiu o ritmo querendo empurrá-la para mais perto de seus limites. Ele puxou as coxas sobre as dele e colocou as mãos nos seios dela.

—Nossa Silla tem lindas tetas redondas, não é, Geoff?

— O que nos infernos você está fazendo? — Perguntou Geoff na privacidade de suas mentes. Foi um presente de sua parceria com dragões que eles pudessem se comunicar uns com os outros em silêncio também. — Você está assustando-a. Se ela realmente é a pessoa certa para nós, temos que ter cuidado com a forma de lidar com ela.

— Oh, ela é nossa companheira, Geoff. Tenho poucas dúvidas de que não é. Ela pode ouvir Phelan.

— De verdade? — O tom de Geoff era esperançoso. — Ela pode ouvir dragões?

— Verdadeiramente, irmão. Ela pode e ela é a nossa companheira. É tempo de ensinar-lhe o que isso significa.

Geoff levantou-se, aproximando-se da cabeceira. Eles estavam no meio

30

Page 31: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

do enorme colchão, então havia espaço para o outro cavaleiro se sentar.

Geoff estendeu a mão e puxou o mamilo ereto do peito mais próximo. Brodie ainda segurava as tetas dela, mas Geoff era quem puxava os mamilos, trabalhando em conjunto mostrando com seria para o resto de suas vidas, se ela concordasse.

— Muito bem, mas na verdade — Geoff concordou. — Será que ela seguirá as ordens?

— E você disse que eu estava antecipando as coisas? Você realmente quer tentar seus jogos de disciplina com ela agora? — Brodie queixou-se ao seu companheiro de luta que ele sabia que de vez em quando gostava de algumas esquisitices na cama.

— Por que não? Se ela é a pessoa certa para nós, ela vai se animar com a ideia, não acha?

— Se alguma coisa der errado, eu nunca vou lhe perdoar.

Geoff pareceu repensar seu plano e se curvou para recuperar algumas das ataduras de Silla. Ela havia deixado sua mochila bem aberta para que pudesse acessar facilmente as coisas e Geoff foi tirando proveito.

— Será que milady me permite comandar seu prazer? — Perguntou Geoff em voz alta. — Será que ela confia em você o suficiente para deixar-me amarrá-la ao pé da cama?

O corpo de Silla saltou com ele e Brodie tentou ler sua expressão. Ele se curvou e colou os lábios junto ao seu ouvido.

— Geoff é mais brincalhão do que eu na cama, não tenha medo. Ele gosta de jogar, mas não vai prejudicá-la de qualquer maneira, meu amor. Nem eu o deixaria. Eu lhe prometo, por minha vida. Dou-lhe minha palavra como cavaleiro. Você confia em mim? Vou guiá-la e protegê-la, mas você deve confiar em mim ou não vamos poder ir mais longe.

— O que você está planejando fazer comigo? — A pergunta saiu assustada, mas Brodie podia ouvir o pequeno tremor de excitação em sua voz também. E a maneira como seu doce canal se apertou repetidamente em torno de seu pênis, lhe dizia que estava animada ao invés de verdadeiramente assustada.

Ele beijou-lhe a bochecha e mordiscou o lóbulo da orelha.

— Eu pretendo amá-la e trazer-lhe o maior prazer que você já conheceu, uma e outra vez. Mas só se você confiar em mim. Eu não vou deixar você se machucar. O que você diz? — Ele tinha que ter a resposta antes disso ir mais longe. Era muito importante para ele. Era importante para todos eles.

— Concordo, mas se eu pedir para você parar, você tem que me prometer que você vai fazê-lo.

— Eu prometo. — Ele a beijou novamente amando o jeito que ela se apertou em torno dele. — Agora, levante os braços. Vamos amarrá-los.

Geoff pegou o braço mais próximo a ele rapidamente enrolando um curativo macio em torno de seu pulso e amarrou a outra extremidade na

31

Page 32: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

cabeceira da cama. Brodie fez o mesmo do outro lado. Ele teve que deixar o calor morno de sua buceta para fazê-lo, mas não tinham tempo a perder. Ela não fugiria, pelo menos não até que ela pedisse para parar e se desprendesse dele. Ele tinha tempo para seduzi-la, explorá-la, tomá-la lentamente.

Tempo para introduzir Geoff no jogo, em pequenos incrementos. Por mais que ela pudesse lidar ou permitir, quanto mais cedo os três se acostumassem um com o outro, tanto mais cedo eles poderiam cimentar os laços para integrar a sua pequena família e os dragões poderiam se acasalar. Silla seria o elo que manteria todos juntos. Se eles fizessem isso direito e se ela concordasse em ser sua esposa.

Tudo dependeria das próximas horas.

32

Page 33: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

CAPÍTULO SEIS

Silla não sabia por que não estava correndo para as colinas. Um homem estranho estava amarrando-a nua em uma cama gigante, e ela estava deixando-o fazer isso! O que mudou sobre sua sanidade na última hora para que permitisse uma coisa dessas?

Mas o diabinho da luxúria que, finalmente, tinha sido despertado em seu corpo estava deixando que Brodie e seu parceiro de lutas fizessem de tudo com ela. Já tinha ouvido falar sobre os trios nas tocas em todo o país e sempre se perguntou como isso poderia funcionar. Esta era a sua oportunidade de ouro para descobrir. E o mais chocante de tudo, Brodie ainda dizia que queria que ela fosse sua esposa.

Ela ainda não conseguia acreditar em parte do que estava ocorrendo. Ela tinha sido uma mulher casada e nunca pensou que iria contemplar tal coisa de novo, mas nunca havia sonhado que um cavaleiro pudesse lhe pedir para que ela fizesse isso com os dois, e ainda, que gostaria que ela fosse sua companheira. Ela não sabia o que pensar sobre isso, mas definitivamente queria saber mais do prazer que Brodie havia apresentado a ela, não poderia parar agora.

Ela não podia negar que o olhar de Geoff tirava os seus sentidos. Talvez ela tivesse ocultado suas tendências exibicionistas, afinal. Ela nunca teria acreditado, mas quando Geoff olhou para sua buceta enquanto Brodie estava dentro dela, a expressão e a intenção em seu rosto a fizera perder o fôlego. E quando eles tocaram seus seios ao mesmo tempo, sentiu-se ávida por mais.

Sozinho Brodie tinha sido incrível, porém o fascínio proibido de ter dois homens a tocando ao mesmo tempo, estava rapidamente se tornando irresistível. Será que ela realmente estava contemplando permitir ao recém-chegado, não só tocá-la, mas tomá-la também? Algo que não teria sequer considerado há apenas uma hora atrás, foi facilmente transformou-se um pensamento mais tentador do que se podia imaginar.

Como funcionaria? Qual seria a sensação? Será que ela sobreviveria a tal coisa, e será que eles ainda a quereriam depois de obter o gosto e o prazer dela?

Todas essas perguntas seriam respondidas, se ela deixasse isso continuar.

Quando suas mãos estavam seguras, o que a chocou, afastaram seus pés. Um para cada lado, abrindo suas pernas e amarrando os tornozelos ao trilho na parte inferior da cama larga. Afrouxaram um pouco as longas ataduras que usavam para amarrá-la para que ela pudesse se mover um pouco. Ela poderia dobrar os cotovelos e, mais importante, seus joelhos. Imaginou todos os tipos de cenários que exigiriam seus joelhos dobrados e apenas os pensamentos carnais fizeram aumentar a temperatura em seu corpo.

33

Page 34: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

Quando ela estava de braços abertos diante deles, Brodie sentou-se nu em um lado dela, Geoff completamente vestido no outro.

Geoff sustentou seu olhar quando começou a tirar o gibão de couro. Laço por laço, ela observou-o desatar o couro que o protegia durante o vôo com seu parceiro dragão.

Geoff tinha cabelos loiros e olhos azuis brilhantes. Ele era um contraponto perfeito para os cabelos e olhos castanhos de Brodie. Geoff era mais robusto, enquanto Brodie era mais bonito, mas ambos eram feitos de músculos salientes e maciços, cheios de cicatrizes da vida guerreira. Geoff tirou o gibão de couro e puxou a túnica de pano que usava por baixo.

Ela estava um pouco sem fôlego quando conseguiu seu primeiro olhar para o peito bem formado e os braços fortes. Ele tinha menos cicatrizes que Brodie, provavelmente porque, como Brodie tinha dito a ela, ele fosse mais jovem. Claro, os dois pareciam ter a mesma idade, um pouco mais jovem do que ela, apesar de serem mais velhos em anos e quilometragem, pelo que podia ver de suas cicatrizes.

Geoff sustentou o olhar dela enquanto seus dedos percorreram a pele de seu abdômen e voltava-se novamente para provocar levemente em torno de seu peito desenhando círculos. Ele, então, transferiu sua atenção para o que a sua mão estava fazendo, observando seu corpo, como se estivesse olhando para uma escultura ou uma peça de arte. Ele brincava com o mamilo até que ele ficou ereto, como se implorasse por seu toque.

— Quando você estiver amarrada para o nosso prazer, você vai nos tratar por "Senhor", está claro?

Suas palavras pegaram-na de surpresa e ela hesitou. Geoff beliscou seu mamilo, fazendo-a estremecer, embora não doesse tanto como chocava.

— Eu disse, está claro? — Ele repetiu, à espera de uma resposta, seus dedos rolando o mamilo, calmamente o que tornava a ação emocionante ao mesmo tempo.

— Sim — ela engasgou.

Ele beliscou novamente, mais duro desta vez.

— Sim, o quê?

Levou um momento para que ela se concentrasse enquanto ele voltava a rolar o mamilo pontudo entre o polegar e o indicador.

— Sim, Senhor?

Ele soltou-a e moveu a mão de volta.

— Muito bom. Beije-o melhor, Brodie. Ela parece gostar de sua boca em seus peitos.

Brodie se mudou para sua linha de visão e sorriu para ela antes de sugar o seio em sua boca quente. Ele usou a língua sobre ela, provocando um gemido de prazer em sua garganta.

— Ah, sim, ela gosta de você, Brodie. — A voz de Geoff reivindicou sua

34

Page 35: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

atenção, assim como a mão que começou um caminho de seu umbigo até o ápice de suas coxas abertas. O leve toque de Geoff circulou ao redor de seu clitóris, deslizando através do líquido que saiu ao seu toque, e ela viu o sorriso no rosto, apesar de ele não encontrar o seu olhar. Ele estava olhando fixamente para baixo e ela percebeu que ele estava estudando sua virilha.

Seu rosto corado, ninguém nunca lhe tinha dado essa inspeção intensa nessa área. Não era conveniente, no entanto, ele despertou-lhe um prazer intenso. Mais do que ela jamais teria acreditado.

Geoff se moveu para baixo, enquanto Brodie ainda dedicava-se a seus seios e ela sentiu as mãos de Geoff dobrando suavemente seus joelhos e separando suas coxas até onde podia. Ele tinha acesso completo agora e ele não demorou a usá-lo. Ambas as mãos foram para sua buceta, espalhando os lábios separados enquanto seu rosto se aproximava o suficiente para que ela pudesse sentir seu hálito quente sobre a pele mais sensível.

Ele manteve sua posição enquanto um dedo brincou com o clitóris e então, sem aviso, ele a soltou e um longo dedo mergulhou em seu canal deslizando até o núcleo. Duro, rápido e inesperado, combinado com a maneira em que Brodie estava lambendo e chupando seus seios, sentiu a sensação lavar sobre ela em uma onda de prazer. Um pequeno orgasmo, agora ela sabia o que Brodie poderia lhe proporcionar: um orgasmo intenso, se ele realmente quisesse.

Geoff retirou o dedo e acariciou seus cachos úmidos.

— Boa menina —, disse ele em voz baixa, com o rosto voltando à vista.

Ele ainda usava suas calças de couro, e vê-lo de joelhos perto de sua cabeça a trouxe de volta a excitação total. Para ter estes dois homens bonitos focados exclusivamente em seu corpo, em seu prazer, era uma coisa verdadeiramente incrível.

— Você já chupou o pau de Brodie? — ele perguntou inesperadamente.

—Não... Senhor. — Ela se lembrou de suas regras na hora certa.

— Não? Eu pensei que com certeza ele já teria furado a sua garganta. — A expressão bruta acrescentava algo impertinente, no bom sentido, no processo, por mais incrível que fosse, aumentou a sua excitação.

Brodie se afastou de seus seios e se sentou ao lado dela chegando a manter os dedos de uma mão, como para tranquilizá-la.

— Nós não tivemos muito tempo juntos, Geoff. — A voz de Brodie soou como um aviso e ela sabia que ele estava olhando para ela com desconforto.

— Não importa. Isso será facilmente corrigido. — Geoff baixou o rosto para que seus lábios descansasse ao lado de orelha de Silla e falou em voz baixa, sua respiração soprando contra a concha de sua orelha com cada palavra. — Eu sei que você não me conhece ainda, mas se estamos destinados a ser uma família, com o tempo vamos aprendendo a conhecer uns aos outros. A questão é você vai me deixar fodê-la esta noite? Eu lhe permito decidir, Lady Silla. Vai chupar o pau de Brodie enquanto eu conheço o calor do seu núcleo? Ou você vai me chupar enquanto Brodie recupera o que ele já

35

Page 36: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

conheceu? Ou será que eu posso ficar de lado e permitir que Brodie a faça gozar? Simplesmente me diga o que você deseja, e isso é o que terá.

Deusa, que tentação! Silla não sabia de onde vinham esses homens e não se preocupou em questionar. O toque desses dois homens a levaria ao desespero, um lugar de desejo, um lugar de necessidade. Ela queria tudo, mesmo que fosse só por essa noite, ela queria os dois. Deixaria o amanhã cuidar de si mesmo, esta noite ela queria sonho e fantasia. O êxtase.

Geoff esperou, com o rosto muito perto do dela. Ele levantou um pouco seu olhar encontrando e prendendo o dela.

—O que é para ser, milady?

Pela primeira vez, ela viu a vulnerabilidade em seus olhos. Ela entendeu um pouco mais sobre esse estranho cavaleiro e sabia que não poderia lhe negar nada neste momento. Amanhã pode ser outra história, mas por agora, ela era dele, dele e de Brodie.

— A primeira opção, Senhor—, ela encontrou a coragem de responder no sussurro mais descarado. Ela viu o fogo saltar em seus olhos quando suas palavras encontraram sua marca.

Geoff baixou os lábios nos dela em seu primeiro beijo. Um beijo suave de reverência, uma saudação enquanto fundia suas línguas que duelava com a dela. Ela não sabia quanto tempo durou, mas quando ele levantou a cabeça, o quarto estava girando e ela estava tonta de desejo.

— Você nunca irá se arrepender, minha querida. Eu lhe juro!

Geoff transferiu-se para ajoelhar-se ao lado dela, seus dedos trabalhando em tempo real nas suas calças de couro. Ele puxou-as para baixo, liberando uma ereção impressionante, segurando-a com o olhar o tempo todo. Ela queria lambê-lo para saber o seu gosto, mas ele afastou-se até onde suas coxas ainda estavam separadas.

Ela ficou surpresa quando suas mãos procuraram os laços que prendiam seus tornozelos para libertá-la. Brodie libertou os pulsos e juntos, persuadiram-na a ficar em suas mãos e joelhos.

A nova posição trouxe sua cabeça em alinhamento para o pau de Brodie e de repente, ela queria aprender a sua textura e sabor contra sua língua. Ela não lhe deu aviso, simplesmente lambendo seu caminho até seu pênis enquanto ele estava distraído, observando Geoff prepará-la.

As mãos de Geoff espalharam suas coxas e seus dedos espetaram dentro dela, verificando sua umidade, enquanto ela chupava o pau de Brodie profundamente em sua boca. Ele era salgado e divino, e enquanto isso, Geoff mantinha o equilíbrio com a pressão dos dedos. Eles saíram e foram logo substituídos por seu pênis.

Ele deslizou lentamente, a curva de sua longa dureza tornando a sensação dele um pouco diferente de Brodie. Ele empurrou e ela percebeu que seu ritmo contra seu traseiro o levava mais profundamente do que Brodie, na frente.

Ela gostou. O ritmo em que ele a montou, agradou a todos e em pouco

36

Page 37: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

tempo eles estavam grunhindo, gemendo e lutando contra o outro em um ritmo cada vez maior. Quando Geoff bateu em sua nádega, ela guinchou de surpresa, sentiu-se estranhamente bem com o quanto ela o apertou, e ele repetiu o gesto, provocando a mesma resposta. Ela não poderia esperar muito com este tipo de tratamento. Era muito emocionante, muito diferente e estranho para qualquer coisa que ela tivesse experimentado antes.

Ela gozou rápido e teria gritado se não fosse o pênis em sua boca. Brodie veio um minuto depois, saindo de sua boca para jorrar suas sementes sobre os seios pendurados. Ela se levantou um pouco e pressionou os seios contra ele, prolongando o momento para os dois. Geoff ainda estava bombeando dentro dela quando Brodie se afastou caindo contra a cabeceira da cama, observando-os.

Os braços de Geoff serpenteavam em volta dela e suas mãos seguraram seus seios, deslizando o sêmen deixado por Brodie, esfregando repetidamente sobre os mamilos de uma forma que a fez querer gritar. Seu clímax foi estendido, tornando-se dois e em seguida, três orgasmos, enquanto ele continuava a bater nela por trás.

Quando ele se esticou e apertou seus mamilos mais fortemente, ela explodiu uma última vez e sentiu o calor de sua semente vindo dentro dela, deslizando, deslizando e pingando enquanto ele continuava a pulsar dentro e fora de seu núcleo. Ela gritou em seguida, um som incoerente do prazer mais incrível que ela já havia conhecido. O que a tornou ainda mais atraente no olhar marrom aquecido de Brodie, observando-a.

Droga! Talvez ela realmente fosse uma exibicionista afinal.

37

Page 38: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

CAPÍTULO SETE

Eles foderam a noite toda, como uma única tríade, e finalmente, encontraram o sono algumas horas antes do amanhecer. Silla acordou quando os primeiros raios de sol entravam pela janela. Sabendo que tinha que ver seu paciente, ela deslizou para fora da cama o mais silenciosamente possível. Os cavaleiros tinham assumido posições de cada lado dela e não se mexeram enquanto se vestia e saia para a luz da manhã.

Ela encontrou dois dragões, onde havia apenas um na noite anterior. Eles estavam muito próximos, seus pescoços entrelaçados e ela parou para observá-los por um momento, pois pareciam tão felizes...

Ela percebeu agora, na luz da manhã, que Phelan era da cor de um bronze metálico, enquanto a fêmea que estava perto dele era de um azul profundo, ela era quase roxa. Suas cores eram complementares e o brilho de suas escamas era algo que ela não esperava. Em vez de couro, parecia metal polido. No entanto, eles eram flexíveis e capazes de movimentos que ela não esperava em criaturas tão grandes.

— Bom dia, Lady Silla. — Ouviu uma voz retumbante que ela tinha ouvido na noite anterior dentro de sua mente. Phelan estava falando com ela, e ela finalmente percebeu os olhos piscando abertamente.

— Bom dia, senhor Phelan. Como se sente hoje? — Ela perguntou em voz alta, não sabia como ou mesmo se poderia responder mentalmente.

— Estou bem e feliz com minha companheira aqui e os nossos cavaleiros informaram que em breve poderemos estar juntos novamente. — O outro dragão se mexeu e abriu os olhos. Eles desenrolaram seus longos pescoços e duas cabeças gigantes subiram alguns metros no ar olhando para ela.

Quando mudaram a posição, ela notou o brilho quase iridescente de suas escamas com a luz refletindo neles. O dragão que fora impressionante pela iluminação da lanterna à noite, era quase irresistível na luz do dia. Ela pensou como ele pareceria magnífico quando os raios do sol ficassem mais fortes e refletissem na armadura viva.

— Posso me aproximar? Senhor Brodie e eu preparamos mais burnjelly ontem à noite, isso irá deixá-lo mais confortável esta manhã, eu acredito. — Ela segurou as taças em suas mãos no alto para o dragão poder ver.

— Obrigada por seu cuidado com o meu companheiro. — veio outra voz em sua mente. Esta era de alguma forma mais suave, embora não menos intensa. Era a voz do dragão fêmea falando com ela pela primeira vez. — Sou Qwila.

— Eu sou Silla, — respondeu ela, sorrindo de forma involuntária, quando percebeu que seus nomes rimavam. Ela viu os dragões rirem com gavinhas de fumaça e o cheiro de canela subiu no ar da manhã.

38

Page 39: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

— Foi uma honra. — ela continuou. — Eu sou uma curandeira em jornada pelo Alto templo de Nossa Senhora da Luz. Apesar de eu nunca ter tratado um dragão antes, sou jurada para prestar cuidados a todos os seres, humanos ou não.

— Nós sabemos de sua Ordem, — respondeu Phelan. — Osric é uma parte da nossa família através de Brodie. Osric teria sido um excelente cavaleiro, se não fosse por sua propensão para curar as coisas ao invés de demoli-las.

Mais uma vez, vieram as pequenas espirais de fumaça que indicavam diversão dragoniana. Silla encontrou-se sorrindo também. Phelan tinha resumido a natureza de Osric perfeitamente. Era o homem mais gentil que havia visto. Seria impossível para ele empunhar uma espada, mesmo em defesa dos inocentes. Ele era um pacifista.

— Suas habilidades serão um excelente complemento para a nossa nova Guarida. Nós não temos nenhum curandeiro ainda e seriamos pressionados a encontrar um com a sua habilidade disposto a viver e trabalhar com a nossa classe. — acrescentou Qwila. — Acredite ou não, muitas pessoas têm medo de nós. — O tom indicando humor irônico que Silla apreciava. Dragões realmente não eram assustadores de todo, uma vez que você fosse capaz de falar com eles um pouco.

Mas Qwila estava falando como se Silla já houvesse se juntado ao seu pequeno grupo e que isso já estava gravado na pedra. Silla ainda tinha dúvidas.

— Posso? — Ela lembrou os dragões, se referindo à taça de burnjelly novamente.

— Sim, por favor! — Phelan respondeu em sua mente. Ele moveu sua asa ligeiramente para que ela pudesse chegar tão perto quanto possível do pior de seus ferimentos. Qwila ajudou, usando sua própria asa para sustentar a dele para cima e tirar um pouco do peso do conjunto que tinha sido danificado.

Phelan abaixou a cabeça para o chão, apoiando-o em seus braços e fechando os olhos. A cabeça de Qwila subiu acima de Silla, observando atentamente enquanto ela examinava a ferida.

— Isso ficou melhor do que eu esperava. — relatou Silla enquanto inspecionava o corte vermelho escuro que tinha começado a curar a um ritmo recorde. — Se não for muito doloroso para você, vou aplicar o burnjelly diretamente. Esse procedimento deve fazer você se sentir muito mais confortável assim que o burnjelly começar a ser absorvido.

— Obrigado, curandeira. Eu direi se não puder suportar a agonia. — A voz de Phelan realizou uma nota de brincadeira e ela percebeu que estava tratando-o como faria com seus pacientes humanos. Sem dúvida a tolerância à dor do dragão, era muito diferente dos humanos.

— Perdoe-me, Senhor Phelan. Vejo que temos muito a aprender sobre a sua classe. — Ela viu a fumaça subindo de suas narinas alguns metros de distância e foi surpreendida novamente com o seu senso de humor.

39

Page 40: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

— Não se preocupe, — a voz de Qwila retumbou em sua mente. — Você vai ter muitas décadas para aperfeiçoar o seu conhecimento de como tratar a nossa espécie, uma vez que formalmente juntar a sua vida às de nossos cavaleiros, e por sua conexão, com a nossa.

As mãos de Silla fizeram uma pausa, depois continuou seu trabalho. A ferida de Phelan necessitou de todo o burnjelly que tinham preparado e provavelmente poderia ter usado mais, mas ela teria que utilizar mais de suas plantas a fim de obtê-lo.

— Eu ainda não tenho certeza sobre tudo isso. — Ela decidiu ser sincera com os dragões, pois eles pareciam ter a impressão de que ela realmente iria se casar com seus cavaleiros. — Eu não me atrevo a acreditar que é real.

— É tão real como eu sou. — Cabeça de Qwila baixou para que ela pudesse olhar nos olhos de Silla. O dragão parecia completamente sério. — Você é a mulher que a Mãe de Todos escolheu para nossos cavaleiros, para a nossa família. Você pode nos ouvir! — Ela parecia particularmente impressionada com esse fato. — Você sabe quanto isso é raro?

—Hum... não. É? — Silla sentia se insegura.

— Mais raro do que diamantes, minha cara. —, Phelan abaixou a cabeça ainda reclinada sobre as patas dianteiras e os olhos ainda fechados. — Nós sabemos que você é a única. Nossos cavaleiros também sabem disso. Só falta você entender e concordar.

— Você faz parecer tão simples. — Terminando seu trabalho, ela deu um passo para trás para que pudesse ver ambos os dragões de uma só vez, enquanto eles continuavam a conversa.

— É simples. Procure em seu coração — Qwila aconselhou. — Você sabe que, no fundo, já se juntou aos dois. É só você aceitar a conexão e permitir que se amplie para que ela nunca seja fechada. Através de seu vínculo com os nossos cavaleiros, você vai se conectar com a gente também e nossa magia vai sustentá-la por muitos e muitos anos.

— Parece incrível — Silla sussurrou, baixando o olhar. Sentia-se confusa, perdida com toda a mudança que tinha acontecido a sua vida em tão pouco tempo.

— É verdade—, a voz de Brodie veio por trás dela enquanto se movia dentro do celeiro e puxou-a de volta contra ele. Seus braços a envolveram, fazendo-a se sentir segura no mar de confusão que cercou sua vida nas últimas horas desde que chegou a Bayberry Heath.

Ele beijou sua testa, os braços ao redor da cintura dela.

— Sinto-a mais em meu coração que você, Silla, mais do que nunca senti qualquer outra mulher. Cavaleiros conhecem a sua companheira quase que imediatamente e você é minha e de Geoff. O fato de que você pode falar com os dois dragões só confirma isso. — O humor era visível em seu tom de voz quando ele se referiu aos dragões. — Se você nos der uma chance, vamos convencê-la de que realmente pertence a nós para sempre. Como você sabe, nós podemos ser muito persuasivos. — Ele virou-a nos braços e a alegria que ela encontrou em sua expressão foi encantadora.

40

Page 41: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

Geoff substituiu Brodie quando ele a deixou, e sem dizer nada, ele pegou-a em seus braços embalando-a suavemente de um lado para outro enquanto a abraçava. Envolvendo-a na sua estatura, com seu poder, sua força. Longe de ser esmagada, ela descobriu que adorava a sensação.

Quase tanto quanto ela os amava? Será que ela realmente os amava em tão pouco tempo?

O abraço de Geoff mudou quando ele recuou e baixou o rosto para encostar seus lábios nos dela em um doce e suave beijo inesperado. Quando ele se afastou, ela viu um brilho inexplicável em seus olhos, ele estava tomado pela emoção.

— Eu empurrei-lhe muito à noite passada. Eu não acreditava que amor à primeira vista fosse real, apesar de muitos contos falarem de tais coisas entre cavaleiros e suas companheiras. Perdoe-me? Estou convencido de que, sem sombra de dúvida, você é a peça que faltava para a nossa família. Com você e só com você, cara Silla, todos nós podemos ser felizes. Você ficará conosco? Você nos tornará os mais felizes dos homens e permitirá que nossos parceiros dragões estejam juntos mais uma vez?

— Mas o meu trabalho? — Ela perguntou a primeira coisa que lhe veio à mente, pois não sabia o que dizer. A parte selvagem de seu coração queria pular em seus braços e nunca olhar para trás, mas seu lado prático estava lançando dúvidas. Ela não tivera sorte no casamento antes. Ela mesma havia renunciado a viver uma vida de serviço e solidão. Por que as coisas deveriam mudar tão drasticamente para ela agora?

Geoff sorriu.

— Suas habilidades serão muito procuradas no Lair. Na verdade, vamos ter a sorte de vê-la porque uma vez que todos saibam que você é uma curandeira treinada pelo Templo, não a deixaram em paz. Essas coisas são raras nas Guaridas periféricas.

— E o que dizer do Hero? O que vai ser dele?

—Hero? Quem é esse? —, Perguntou Geoff, claramente confuso.

— O meu cavalo. — Mas o velho cavalo castrado era mais do que isso. Ele era seu amigo, confidente e tinha sido seu companheiro constante nos últimos anos. Ela não queria deixá-lo aos cuidados de estranhos.

— Você nomeou aquele velho pangaré de Hero? — Brodie riu de lado.

—Ele não é um cavalo. Ele é meu amigo, e eu não vou deixá-lo para trás.

— Você não vai ter que deixa-lo para trás, meu amor —, Geoff assegurou-lhe com um pequeno aperto. — Ele terá aveia, feno e um lugar quente para viver a sua vida. Há um estábulo construído na Toca para os animais de carga que usamos no carrinho de suprimentos. Ele vai viver lá e você poderá vê-lo diariamente.

— E meu irmão, Osric, vai fazer as coisas direito com o Templo — Brodie informou, chegando mais perto. Geoff deu um passo para a direita para permitir espaço para Brodie à sua esquerda, e tomaram cada uma de

41

Page 42: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

suas mãos. Geoff manteve o braço em torno do seu ombro, enquanto Brodie laçou-a frouxamente em torno da cintura. — A perda do Templo será o nosso ganho. E se não o disse antes, com certeza Geoff e eu nunca iremos machucá-la. Nós jamais a deixaremos. Você será o nosso talismã e nossa estrela guia. Você é a mulher que temos procurado. Só você, Silla, até que a Mãe nos chame a todos para casa, para a sua luz.

Lágrimas encheram os olhos de Silla, essas palavras acalmaram seus medos e lhe deram esperança. Poderia confiar neles? Nestes cavaleiros do reino?

Todo mundo sabia que não existiam homens melhores no reino da Draconia que os nobres cavaleiros, os quais haviam sido escolhidos pela sua honra, tanto quanto em sua habilidade com os dragões mágicos que poderiam ver em sua própria alma. Por que ela duvidaria quando ambos, Brodie e Geoff, já tinham provado o seu valor simplesmente por terem sido escolhidos cavaleiros?

Eles não a machucariam. Eles não a desprezariam. Eles nunca iriam jogá-la na rua. E todo mundo sabia que não havia tal coisa como divórcio entre os cavaleiros e suas companheiras.

Seus temores desapareceram, Silla fez a única coisa que podia fazer. Ela beijou cada um de seus cavaleiros na bochecha e sussurrou a palavra que todos os quatro seres esperavam ouvir.

—Sim.

42

Page 43: B D - Parte I - Filhas Do Dragão - Cavaleiros Do Dragão 1.5 - A Curandeira de Dragões

Livros da série Cavaleiros do Dragão

Parte I – Filhas do Dragão

1. O Vôo da Donzela

1.5 A curandeira de Dragões

2. Guarida na Fronteira

3. Dragão de Gelo

4. Príncipe dos Espiões

Parte II – Filhos de Draconia

4.5 Asas da Mudança

5. Fogo de Drake

6. Dragão da Tempestade

43