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APRENDENDO COM A CRIANÇA PARA SABER MAIS Livros Ideias em educação musical, de Esther Beyer (org.). Porto Alegre: Mediação, 1999. Tel.: (51) 3330-8105. Site: www.editoramediacao.com.br Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical, de Teca Alencar de Brito. São Paulo: Peirópolis, 2001. Tel.: (11) 3816-0699. Site: www.editorapeiropolis.com.br Música na educação infantil: propostas para a formação integral da criança, de Teca Alencar de Brito. São Paulo: Peirópolis, 2001. Tel.: (11) 3816-0699. Site: www.editorapeiropolis.com.br Teca Oficina de Música Endereço: Rua Ministro Gastão Mesquita, 141 – Perdizes. CEP: 05012-010 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3083-2294 Coordenadora: Teca Alencar de Brito E-mail: [email protected] Site: www.tecaoficinademusica.com.br FICHA TÉCNICA mas. Intuição e conhecimento específico, liberdade e domínio de regras, exploração, invenção e imi- tação, convivem em criações que enfatizam um ou mais aspectos, dependendo da vivência e da ma- turidade dos alunos, ou seja, de sua experiência. Produzindo, as crianças exercitam sua relação com o mundo e, assim, crescem, vivenciando um processo pedagógico-musical significativo. O sen- tido e o prazer que o fazer musical confere aos que experimentam, ousam, criam, e, principalmente, têm seus produtos musicais reconhecidos e valo- rizados em seu meio, sejam eles quais forem, tem importância fundamental. Quando as crianças percebem que são autoras da própria história, todo o percurso se transforma. Não há dúvidas sobre a necessidade e a impor- tância da produção musical (de qualidade!) que os adultos devem oferecer às crianças. É certo tam- bém que devemos garantir a elas o acesso à pro- dução musical, em sua diversidade e riqueza. Mas é fundamental reconhecer, respeitar e valorizar o fazer musical das crianças (superando preconcei- tos e valores preestabelecidos), com vistas à for- mação de seres humanos sensíveis, criativos e re- flexivos. “O humano como objetivo da educação musical”, como afirmou Koellreutter. 14 Revista avisa n o 50 maio de 2012 FOTO: TECA ALENCAR DE BRITO Avisa la Ed 50_completa.indd 14 27/04/12 20:47

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A P R E N D E N D O C O M A C R I A N Ç A

P A R A S A B E R M A I S

Livros Ideias em educação musical, de Esther Beyer (org.). Porto Alegre: Mediação, 1999. Tel.: (51) 3330-8105. Site: www.editoramediacao.com.br Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical, de Teca Alencar de Brito. São Paulo: Peirópolis, 2001. Tel.: (11) 3816-0699. Site: www.editorapeiropolis.com.br Música na educação infantil: propostas para a formação integral da criança, de Teca Alencar de Brito. São Paulo: Peirópolis, 2001. Tel.: (11) 3816-0699. Site: www.editorapeiropolis.com.br

Teca Oficina de MúsicaEndereço: Rua Ministro Gastão Mesquita, 141 – Perdizes. CEP: 05012-010 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3083-2294 Coordenadora: Teca Alencar de BritoE-mail: [email protected]: www.tecaoficinademusica.com.br

F I C H A T É C N I C A

mas. Intuição e conhecimento específico, liberdade

e domínio de regras, exploração, invenção e imi-

tação, convivem em criações que enfatizam um ou

mais aspectos, dependendo da vivência e da ma-

turidade dos alunos, ou seja, de sua experiência.

Produzindo, as crianças exercitam sua relação

com o mundo e, assim, crescem, vivenciando um

processo pedagógico-musical significativo. O sen-

tido e o prazer que o fazer musical confere aos que

experimentam, ousam, criam, e, principalmente,

têm seus produtos musicais reconhecidos e valo-

rizados em seu meio, sejam eles quais forem, tem

importância fundamental. Quando as crianças

percebem que são autoras da própria história,

todo o percurso se transforma.

Não há dúvidas sobre a necessidade e a impor-

tância da produção musical (de qualidade!) que os

adultos devem oferecer às crianças. É certo tam-

bém que devemos garantir a elas o acesso à pro-

dução musical, em sua diversidade e riqueza. Mas

é fundamental reconhecer, respeitar e valorizar o

fazer musical das crianças (superando preconcei-

tos e valores preestabelecidos), com vistas à for-

mação de seres humanos sensíveis, criativos e re-

flexivos. “O humano como objetivo da educação

musical”, como afirmou Koellreutter.

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SILVANA AUGUSTO1

à la carteEntrevista

UM MODO DE APRENDER COM PARCEIROS MAIS

EXPERIENTES

E m entrevista à revista Pátio, em 2003, An-

tô nio Nóvoa defendeu a valorização do

professor dentro da escola e o papel de

um parceiro mais experiente na formação de

professores. Segun do ele:

Muitas vezes, centramos a nossa energia no

primeiro tempo da formação (a formação ini-

cial) e esquecemos os outros dois tempos. Por

um lado, o tempo “curto” de transição entre a

formação e a profissão, isto é, os primeiros

anos de exercício profissional, que são, talvez, os

mais decisivos na vida de um professor. Muito

do nosso futuro como professores joga-se nesse

período de contato com a realidade escolar e

profissional. É aqui que os jovens professores

mais necessitam de apoio, de um acompa-

nhamento próximo dos colegas experientes,

de um espaço de debate e de diálogo que os

ajude a se integrarem na profissão. Por outro

lado, o tempo “longo” do nosso percurso pro-

fissional, vivido dentro de escolas que têm de

ser, elas próprias, lugares de formação. É por

isso que me parece tão importante reorgani-

1 Formadora do Instituto Avisa Lá, coordenadora do curso “O coordenador pedagógico como formador em sua unidade” e professora do Instituto Superior de Educação Vera Cruz, em São Paulo (SP).

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zar as escolas como espaços de aprendiza-

gem cooperativa, onde os professores pos-

sam ir formando-se em um diálogo e em uma

reflexão com os colegas. Ninguém é professor

sozinho, isolado. A formação exige partilha.

A atividade docente necessita de dispositivos

de acompanhamento.

(Pátio, Ano VII, no 27 – Dilemas Práticos dos

Professores – agosto a outubro 2003.)

Sem dúvida, essa é uma ideia muito interes-

sante que pode gerar várias propostas de forma-

ção no próprio ambiente da escola, espaço em que

se encontram professores mais antigos, professo-

res novos, estagiários etc. Nesse contexto, sempre

é possível aprender por meio da interação que se

estabelece entre os pares.

Mas como pensar a respeito desses mesmos

princípios na formação do coordenador pedagógi-

co, já que ele, muitas vezes, é o único a coordenar

muitos professores de uma escola? Como aplacar

o isolamento e o sentimento de estar sempre tão

solitário diante de desafios enormes, sem ter com

quem conversar sobre a realidade da escola, acer-

ca de hipóteses de trabalho etc.?

Em decorrência dessas questões, colocamos o

nosso ambiente virtual a serviço de uma real inte-

ração entre coordenadores de diferentes municí-

pios e instituições educativas. Nosso intuito era

criar um espaço para compartilhar questões co-

muns ao exercício da profissão. Esperávamos, com

isso, diminuir a sensação de isolamento experimen-

tada por vários coordenadores e, ao mesmo tem-

po, promover uma troca com parceiros mais ex-

perientes, a fim de ajudá-los a olhar os mesmos

problemas de sempre sob novos pontos de vista.

Um dos cursos mais procurados é o Módulo 1,

voltado para a reflexão sobre o papel dos coor-

denadores pedagógicos. O curso visa contribuir

com o processo de formação desse profissional,

assegurando um espaço de interlocução para aná-

lise e reflexão da própria prática; criar referenciais

para a criação de rotinas de trabalho e discutir es-

tratégias de organização do cotidiano e de atenção

às prioridades da instituição educativa.

Nesses cursos, além da interação entre os pa-

res, os coordenadores pedagógicos também se

relacionam virtualmente com um parceiro mais

experiente que, nesse contexto, é formador do gru-

po. No curso oferecido em 2011, os participantes

puderam aprender com a participação de Denise

Nalini, experiente coordenadora pedagógica que

assumiu o papel de formadora do grupo. Além de-

la, contamos também com a participação de mais

uma profissional, cuja experiência possibilitou ao

grupo saber um pouco mais sobre o que se pode

aprender a partir de uma entrevista.

Entrevista como objeto de estudo

As entrevistas são valiosas porque permitem

ao grande público, entre outras coisas, conhecer as

principais ideias de um autor, de um pesquisador.

Para muitos professores que não conseguem estar

presentes em diversos seminários e congressos

rea lizados, a entrevista é uma possibilidade de se

aproximar dos conteúdos e da própria pessoa en-

trevistada. Por esse motivo nós temos olhado com

mais atenção esse tipo de texto para uso na forma-

ção de professores.

O contexto em que a entrevista é veiculada ge-

ra diferentes aprendizagens. Quando assistimos a

uma entrevista na TV, por exemplo, ou mesmo

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quando lemos nos jornais, dificilmente tomamos a

entrevista como objeto de estudo. Mas em um cur-

so a distância uma entrevista é entendida como

um conteúdo a ser estudado. Nesse caso, vários

são os procedimentos utilizados pelos participan-

tes: ouvir mais de uma vez o mesmo trecho; pau-

sar para tomar nota de uma informação importan-

te; sintetizar as ideias mais relevantes, emitir uma

opinião sobre o que foi aprendido.

E por que não compartilhar a entrevista desde

sua origem? Foi o que propusemos às turmas sob

a coordenação de Denise Nalini. Depois de três

fóruns de discussão sobre os principais problemas

do dia a dia do coordenador pedagógico e do es-

tudo de textos especializados sobre o assunto, o

grupo formulou uma série de questões.

As questões dos

Bloco 1 – O papel do coordenador pedagógico: como garantir seu fazer cotidiano e o planejamento

1. Como o coordenador pedagógico pode garantir seu papel de mediador e formador sem entrar em conflito com

uma gestão que não tem essa compreensão do profissional de coordenação?

2. Considerando todas as atribuições que um coordenador pedagógico desenvolve ao longo do dia, como você faz

para planejar e antecipar ações e, ao mesmo tempo, manter-se sempre informado?

3. Como fazer para não nos envolvermos em tarefas que não se enquadram na nossa função e que tomam boa parte

do nosso tempo na escola?

4. Qual seria a melhor forma de planejar as atividades de uma coordenadora? Quais seriam os tópicos importantes

a serem desenvolvidos durante o ano? Como eles poderiam ser divididos?

Bloco 2 – Formação continuada: professores resistentes e a prática da formação

5. Como lidar com um grupo de professores resistentes a novas propostas de trabalho? Serão propostas inovadoras

que os obrigará a deixar a “zona de conforto” gerada por vários anos de magistério tradicional e se lançar por

caminhos pouco conhecidos por eles?

6. Como garantir momentos de formação prazerosos, objetivos e com foco? Como atuar com professores resistentes

a mudanças e ainda com práticas equivocadas?

7. Como criar espaços e propor formação de professores do nosso coletivo? Como formar um coletivo de professores?

8. Como realizar um horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) formativo que atenda às expectativas de profes-

sores com 20 anos de magistério e aos que ingressaram agora?

9. Uma vez estabelecida uma rotina de formação na escola, como garantir que os professores participem de forma

atuante nesse processo? Ou seja, que pontos devem ser observados para que se faça uma avaliação do trabalho

e um possível replanejamento do processo, caso necessário.

Bloco 3 – A observação e as estratégias formativas

10. Em nossos fóruns, discutimos a importância da observação do trabalho pedagógico do professor em sala de aula.

Como inserir esta proposta, descaracterizando o papel de fiscal? O que não pode faltar numa pauta de observação?

11. Como deve estar estruturada a formação permanente do coordenador pedagógico?

12. Quais são as estratégias formativas que não podem deixar de fazer parte da rotina do coordenador pedagógico?

13. Quais são as estratégias formativas que devem fazer parte da formação de professores?

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Propusemos então: Por que não procurar al-

guém para participar dessa discussão e responder

às questões? Os coordenadores participantes do

curso formularam suas perguntas e Denise ajudou-

-os a organizá-las em blocos temáticos. Com esse

roteiro, procuramos Débora Rana, ex-diretora de

creche pública em São Paulo e coordenadora da

Escola Projeto Vida. Ela nos concedeu uma entre-

vista que foi gravada e postada em podcasts no

ambiente do curso. Os participantes tiveram uma

semana para ouvir a entrevista à la carte, com os

pedidos que eles haviam encomendado.

Diálogo com o parceiro mais experiente

Logo depois da semana dedicada ao estudo da

entrevista, abrimos um fórum para que os parti-

cipantes pudessem avaliar a atividade e refletir

sobre os conteúdos apresentados. As respostas

publicadas revelaram que a interação com um

parceiro mais experiente contextualizou melhor

as reflexões e provocou deslocamentos necessá-

rios para se enxergar o outro lado das questões

do dia a dia.

O primeiro passo dessa interação foi marcado

pela emissão de uma nota avaliativa e uma opinião

sobre a entrevista. Esse convite fez com que cada

um apresentasse outro aspecto que tivesse sido

mais relevante para si próprio. Pudemos observar

quantas coisas diferentes foram aprendidas ao

mesmo tempo e quantos olhares diferentes sobre

o mesmo conteúdo.

R. F., por exemplo, avaliou a entrevista da se-

guinte maneira:

Boa noite!

Gostei muitíssimo da entrevista, principalmen-

te porque fiquei mais tranquila quanto às in-

quietudes diárias na minha prática. Sempre

me questiono: Será que estou no caminho

certo? Será que isso ou aquilo acontece em

todas as escolas? Será que agi corretamente?

Felizmente, com a entrevista, vi que é claro

que tenho que fazer muitas mudanças, mas

que nem tudo está errado. A entrevista aten-

deu plenamente às minhas expectativas e

contribuirá para melhorar meu desempenho

como coordenadora.

Grata.

R. F.

M. D. também pôde pensar sobre o assunto. A

entrevista a fez refletir sobre seu papel profissional

e o que é a sua prioridade:

Olá Denise, olá colegas

Gostei muito da entrevista da coordenadora

Débora Rana, mas gostei principalmente da

sua postura, colocando-se de forma tranqui-

la e clara. Muitas coisas me chamaram a

atenção nesta entrevista, principalmente

quando é colocado que a nossa demanda, o

nosso foco, é a aprendizagem dos alunos e,

para tanto, é necessário auxiliar o professor

a transformar conhecimento em didática,

fazer reflexões e saber justificar as suas

ações em sala de aula. Todas as nossas ações

deverão estar voltadas para este fim, orga-

nizando e reorganizando nossa rotina, crian-

do espaços e nos colocando como parceiros

dos professores, construindo uma relação de

confiança.

Um abraço

M. D.

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Um dos pontos que mais chamou a atenção foi

a diferenciação entre os perfis de professores, pois,

muitas vezes, adotamos as mesmas estratégias pa-

ra diferentes perfis e necessidades formativas.

Vários participantes ficaram intrigados com essa

diferenciação, sobretudo porque começaram a ver

o outro lado da questão, a tratar as resistências

como algo saudável, inerente ao trabalho, como

relatou C. G.:

Boa tarde Denise!

Achei a entrevista significativa para minhas refle-

xões e posturas.

Foi interessante ver que no meu percurso pro-

fissional encontrei algumas professoras resis-

tentes que me deixavam extremamente ansio-

sa devido às minhas constantes mudanças de

estratégias para atingir meus objetivos. Per-

cebi que estas profissionais foram o meu foco

durante toda minha estadia nesta escola, e

agora percebo que colaboraram para minha

reflexão sobre a prática.

Ao ouvir as respostas da coordenadora, ape-

sar de achar todos os questionamentos rele-

vantes para o meu papel de coordenadora,

foquei em alguns aspectos que me fizeram re-

pensar minha conduta: quando perguntou-se

sobre a descaracterização do papel de fiscal,

achei de grande valia a forma que a coordena-

dora conduz seu grupo com ênfase na parce-

ria. Outro aspecto que achei interessante foi a

observação do coordenador quanto à forma

que o professor olha para seu aluno e de pen-

sarmos sobre a aprendizagem dos alunos.

Estes e outros tópicos fizeram-me perceber

que o estabelecimento da rotina é primordial

para a organização do meu trabalho e que

muitas situações do dia a dia que se referem

ao aluno e ao professor deverão ter minha

ação direta para prosperarem dentro da ins-

tituição, elegendo prioridades para que acon-

teça a formação do professor em serviço.

Um abraço

C. G.

T. B., que foi professora antes de ser coordena-

dora pedagógica, venceu o preconceito em relação

a esse assunto. Em seu relato, é possível rever sua

própria história:

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Oi Silvana,

Como foi citado na entrevista, a professora

resistente não quer mudar, está centrada e

tem seu foco. Seguindo a linha de pensamento

da nossa coordenadora entrevistada, devemos

procurar um caminho que a ajude a ver outros

interesses, e que essa tal resistência termine.

Não só acredito nisso, como eu, professora

mais antiga, afirmo que isso já aconteceu co-

migo. Percebi que só estava atrapalhando

meu rendimento, rompi com minhas amarras

e mudei. Só melhorei em meu trabalho e estou

chegando aonde quero, aumentando meu co-

nhecimento e até subindo de cargo. O que

acho pior são professores que não evoluem e

não estão interessados em nada.

Um abraço

T. B.

Outras coordenadoras também escreveram

a respeito de pontos que mais lhes chamaram

a atenção:

Olá Denise e demais colegas,

Sobre a entrevista com Débora Rana, o que

mais me chamou a atenção foi quando tratou

do dia a dia do coordenador na escola, algo

que, às vezes, diante do que estamos estudan-

do todos esses dias, temia que estivéssemos

saindo de um extremo para outro. Embora

reconheça que a formação dos professores

deve ser tarefa primordial do coordenador,

não podemos deixar de nos envolvermos com

questões administrativas, atendimento aos

pais, alunos etc. Na escola que trabalho já es-

tamos caminhando para dedicarmos mais

tempo à formação do que a qualquer outra

atividade, pois nossa gestora se preocupa

muito com esse trabalho, nos dando abertura

para o trabalho.

R. N.

Olá pessoal,

Gostei bastante da primeira resposta quanto

à definição do papel do coordenador peran-

te a equipe gestora. Se essa equipe não en-

tender, participar e colaborar desse traba-

lho não haverá resultados positivos. Como a

palestrante colocou, o coordenador não po-

de ficar refém desta equipe, ou à espera do

que pode ou não fazer na escola, e, sim, es-

tar ciente do seu papel e ter muita clareza

dos objetivos e metas a atingir, nunca per-

der esse foco. Assim, com muita certeza, po-

derá se opor quando os movimentos forem

contrários ao que se pretende alcançar.

A. C. G.

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Síntese das aprendizagens

Depois do primeiro movimento – comentário

sobre uma opinião ou a primeira impressão –, os

participantes podem elaborar sínteses sobre os

vários pontos tratados e que muitas vezes podem

até passar despercebidos em uma primeira escuta

de uma entrevista. Com as contribuições de todos

nesse fórum, os principais pontos tratados vão se

evidenciando, atravessados pelos diferentes olha-

res dos participantes do curso. Essa é a melhor

ocasião para a organização de uma boa síntese.

V. R., V. S. e M. B., por exemplo, elaboraram

sínteses de todos os pontos abordados por Débora

Rana na entrevista. Elas postaram suas contribui-

ções no fórum, de modo que todos pudessem ter

acesso e, a partir disso, tivessem a oportunidade

de reorganizar as próprias anotações. Para M. B.,

esses pontos são fundamentais para nortear a or-

ganização e o planejamento do trabalho do coor-

denador pedagógico. Segundo o trio, Débora pos-

sibilitou a reflexão sobre os seguintes pontos:

O papel do coordenador como gerenciador

da equipe para garantir o coletivo na forma-

ção continuada.

O cuidado que se deve ter ao gerenciar o tra-

balho de forma democrática e justa.

O foco do trabalho do coordenador pedagógi-

co deve ser a aprendizagem do aluno.

O olhar que o coordenador deve ter para a

relação professor-aluno, reconhecer se o pro-

fessor olha para os alunos, conversa com

eles, respeita-os.

A diferença entre perfis de professores: o re-

sistente e o pouco comprometido.

A questão da resistência de alguns professo-

res que, em alguns casos, decorre do despre-

paro, do medo diante do desconhecido.

A necessidade de se estabelecer uma relação

de confiança com os professores, ajudando-os

a transformar conhecimento em didática.

O perfil agregador e articulador que o coorde-

nador deve desenvolver.

O enfrentamento do conflito como algo neces-

sário para provocar mudanças. Os conflitos

devem ser vistos como contexto de discussão

para esclarecimento do trabalho do coordena-

dor e avanço no processo de formação.

O equilíbrio necessário das diversas deman-

das feitas ao coordenador: fazer apenas for-

mação não é algo real, a escola tem muitas

necessidades.

A necessidade que o coordenador tem de não

ficar rendido ao grupo e, ao mesmo tempo, aju-

dar o diretor a entender sua função na escola.

A necessidade de planejar os momentos de

HTPC, considerando atividades ajustadas aos

desafios de cada professor.

R E F L E X Õ E S D O F O R M A D O R

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