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CARLOS ROBERTO METZKER DE OLIVEIRA Avaliação da resistência ao fogo de tubulações de compostos vinílicos empregadas em sistemas prediais de chuveiros automáticos para extinção de incêndio SÃO PAULO 2007

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  • CARLOS ROBERTO METZKER DE OLIVEIRA

    Avaliação da resistência ao fogo de tubulações de

    compostos vinílicos empregadas em sistemas prediais de

    chuveiros automáticos para extinção de incêndio

    SÃO PAULO

    2007

  • CARLOS ROBERTO METZKER DE OLIVEIRA

    Avaliação da resistência ao fogo de tubulações de

    compostos vinílicos empregadas em sistemas prediais de

    chuveiros automáticos para extinção de incêndio

    Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para a obtenção do Título de Mestre em Engenharia

    Área de Concentração: Engenharia de Construção Civil

    Orientador: Prof. Titular Orestes Marraccini Gonçalves

    SÃO PAULO

    2007

  • Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador. São Paulo, de setembro de 2007. Assinatura do autor ____________________________ Assinatura do orientador ________________________

    FICHA CATALOGRÁFICA

    Oliveira, Carlos Roberto Metzker de

    Avaliação da resistência ao fogo de tubulações de compos- tos vinílicos empregadas em sistemas prediais de chuveiros automáticos para extinção de incêndio / C.R.M. de Oliveira. -- ed.rev. -- São Paulo, 2007.

    180 p.

    Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil.

    1.Sistemas de combate à incêndio 2.Ensaio dos materiais 3.Resistência ao fogo I.Universidade de São Paulo. Escola Poli-técnica. Departamento de Engenharia de Construção Civil II.t.

  • À minha filha Eduarda

  • AGRADECIMENTOS

    Gostaria de agradecer a todos aqueles que, de certa maneira, me auxiliaram na

    consolidação deste trabalho e, em especial:

    A minha mãe, por ser a maior responsável por minha formação.

    A minha querida Rafaela, pela compreensão e companheirismo. A minha filha

    Eduarda, razão por toda a motivação pela vida.

    Ao Professor Orestes pela atenção e apoio durante o processo de definição e

    orientação.

    Ao amigo Antonio Fernando Berto, que, nos anos de convivência muito me ensinou,

    contribuindo para meu crescimento científico e intelectual.

    A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram na execução deste trabalho, em

    especial ao amigo Írio.

    Ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), Braskem e

    Tigre que apoiaram tecnicamente este estudo.

    A Universidade de São Paulo (USP), através da Escola Politécnica, pela

    oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional.

  • A tecnologia ensinou uma lição à humanidade:

    NADA É IMPOSSÍVEL

    Lewis Mumford

  • RESUMO

    Este trabalho estabelece critérios para avaliar a resistência ao fogo de tubulações

    fabricadas com compostos vinílicos, com diferentes teores de cloro, para os

    sistemas prediais de chuveiros automáticos, verificando o relacionamento entre os

    resultados obtidos nos ensaios realizados em trechos de tubulações pressurizados e

    submetidos a uma elevação de temperatura e os resultados observados nos ensaios

    realizados em tubulações em escala real exposta diretamente às chamas, simulando

    uma situação de incêndio. Assim, nos ensaios em trechos de tubulações ocorreu um

    aumento da resistência ao fogo proporcional ao aumento do teor de cloro dos

    compostos; nos ensaios em tubulações em escala real observou-se que corpos-de-

    prova com tubos vinílicos grau a partir de 64 (grau este relacionado ao teor de cloro)

    suportam as condições de exposição ao fogo; a relação entre os ensaios mostrou

    que tubulações fabricadas com um composto vinílico com resistência a partir de 110

    segundos de exposição ao fogo, no ensaio em trechos de tubulações, suportam

    também as condições estabelecidas no ensaio em escala real. Isto indicou a

    possibilidade de se utilizar o ensaio em trechos de tubulações para avaliar,

    preliminarmente, a capacidade dos materiais em resistir ao fogo, antes de serem

    submetidos ao ensaio em escala real, pois este apresenta maiores custos envolvidos

    e maiores dificuldades na sua execução.

  • ABSTRACT

    This work establishes standards to evaluate the fire resistance of the piping

    manufactured with vinyl compounds, with different chlorine contents, for buildings

    sprinklers systems, verifying the relation amongst the results obtained with pressured

    small sections of piping and submitted to a temperature rise, and the results obtained

    from the real scale tests, simulating a fire situation with the samples in real scale

    were exposed to the flames. Therefore, in the small sections of piping tests an

    increase of the fire resistance proportional to the chlorine content of the compositions

    increases occurred; in the real scale tests observed that the piping with degree

    starting from 64 (degree related with to the chlorine contents) per cent supports the

    exposition to the flames; the relation between the tests showed that piping

    manufactured with vinyl compounds with fire resistance starting from 110 seconds of

    the small sections of piping tests, also supports the established conditions in the real

    scale tests. It was shown the possibility to employ the reduced scale test to evaluate,

    previously, the fire resistance of the materials previous to the real scale tests, which

    is more expensive and shows bigger difficulties to be done.

  • LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    Figura 1: Gráfico pareto de % de propagação de incêndio em escritórios, com relação à presença ou não de sistema de combate (Fonte: Thomas, 2004).............25

    Figura 2: Tubulação de polipropileno para sistema de chuveiros automáticos .........40

    Figura 3: Processo de junção entre tubo e conexão e ferramenta. (Fonte: Aquatherm GMBH – Catálogo Aquatherm Firestop, 2005)..........................................................40

    Figura 4: Macromoléculas do polietileno normal e do polietileno reticulado..............42

    Figura 5: Sistema de chuveiros automáticos REHAU Fire Protection System (Fonte: REHAU Incorporated) ...............................................................................................44

    Figura 6: Tubo, conexão e montagem dos sistema denominado “Aquasafe®”..........45

    Figura 7: Arranjo geral do ensaio de resistência ao fogo (Fonte: UL 1821/2003) .....51

    Figura 8: “Cribe” IMO (Fonte: FM Global - Class Number 1635 Anexo G, 2005.) .....53

    Figura 9: Conformação do foco padrão de incêndio denominado “crescimento rápido” antes da realização do ensaio (Fonte: Nam, 2005)...................................................54

    Figura 10: Configuração do ensaio de exposição ao fogo (Fonte: BRE Certification–norma LPS 1260, 2002) ............................................................................................56

    Figura 11: Uma das configurações do ensaio de exposição à chama de tubulações plásticas destinadas em sistemas de chuveiros automáticos....................................60

    Figura 12: Foto da conformação do ensaio, antes de sua realização, conforme norma Class Number 1635 da FM (Fonte: Nam (2005)). .....................................................60

    Figura 13: Fluxograma do controle de Qualidade na produção de Tubulação de CPVC (Fonte: Tomina, 1995). ...................................................................................62

    Figura 14: Fluxograma do Programa da Qualidade de Tubulação de CPVC............63

    Figura 15: Montagem dos corpos-de-prova ..............................................................67

    Figura 16: Forno de ensaio e montagem do corpo-de-prova ....................................68

    Figura 17: Foto do forno de ensaio ...........................................................................69

    Figura 18: Foto do registrador digital de 10 (dez) canais ..........................................69

    Figura 19: Foto do manômetro de pressão tipo “Bourdon”........................................70

  • Figura 20: Esquema da instrumentação para aferição do forno de ensaio ...............71

    Figura 21: Esquema da instrumentação para a realização dos ensaios ...................72

    Figura 22: Montagem de tubulação para sistemas de chuveiros automáticos. .........76

    Figura 23: Ensaio de resistência ao fogo em escala real de tubulação destinada para sistemas de chuveiros automáticos...........................................................................77

    Figura 24: Fluxograma da metodologia de avaliação da resistência ao fogo de tubulações fabricadas com compostos vinílicos para sistemas de predias de chuveiros automáticos...............................................................................................78

    Figura 25: Gráfico das temperaturas durante os ensaios em trechos de tubulações nos corpos-de-prova com o tubo vinílico Grau 64 .....................................................83

    Figura 26: Foto do modo de ruptura dos corpos-de-prova sem carbonização inferior, após a execução do ensaio.......................................................................................84

    Figura 27: Foto do modo de ruptura dos corpos-de-prova com carbonização inferior, após a execução do ensaio.......................................................................................84

    Figura 28: Gráfico boxplot software Minitab® para os ensaios em trechos de tubulações (corpos-de-prova) com os diferentes compostos vinílicos ......................86

    Figura 29: Equipamento para aferição do transdutor de pressão..............................87

    Figura 30: Gráfico da elevação de pressão registrada na aferição do transdutor .....87

    Figura 31: Gráfico de pressão durante o ensaio em escala real do corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 57.......................................................................................90

    Figura 32: Gráfico de temperaturas durante o ensaio em escala real do corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 57............................................................................90

    Figura 33: Gráfico de pressão durante o ensaio em escala real corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 64 – Ensaio 1.............................................................................92

    Figura 34: Gráfico de temperaturas durante o ensaio em escala real do corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 64 – Ensaio 1 ...........................................................92

    Figura 35: Gráfico de pressão durante o ensaio em escala real do corpo-de-prova com o tubo composto Grau 64 – Ensaio 2 ................................................................94

    Figura 36: Gráfico de temperaturas durante o ensaio em escala real do corpo-de-prova com o tubo composto Grau 64 – Ensaio 2 ......................................................94

    Figura 37: Gráfico de pressão durante o ensaio em escala real do corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 67.......................................................................................96

  • Figura 38: Gráfico de temperaturas durante o ensaio em escala real do corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 67.............................................................................96

    Figura 39: Gráfico de pressão durante o ensaio em escala real do corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 67 BMT ..............................................................................98

    Figura 40: Gráfico de temperaturas durante o ensaio em escala real do corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 67 BMT ....................................................................98

    Figura 41: Foto de um corpo-de-prova (região central) após a execução do ensaio de exposição ao fogo .....................................................................................................99

    Figura 42: Foto do corpo-de-prova com a ruptura, após a execução do ensaio de exposição ao fogo .....................................................................................................99

    Figura 43: Foto do vazamento na junção entre conexão "Tê" e tubo do corpo-de-prova com o tubo vinílico grau 64 (ensaio 2), após execução do ensaio de exposição ao fogo ....................................................................................................................100

    Figura 44: Relação entre os resultados obtidos nos ensaios em trechos de tubulações e nos ensaios em tubulações em escala real .......................................101

    Figura 45: Gráfico de incêndios ocorridos entre os anos de 1975 e 2003 (Fonte: Anuário Estatísticos 2003 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo) ........123

    Figura 46: Gráfico de ocorrências de incêndios por mês, referente ao ano de 2003 (Fonte: Anuário Estatísticos 2003 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo)................................................................................................................................124

    Figura 47: Corte dos tubos de CPVC (Fonte: catálogo de produto da Noveon, Inc. Blazemaster CPVC) ................................................................................................131

    Figura 48: Ferramenta de chanfrar o tubo e tubo após a operação (Fonte: catálogo de produto da Noveon, Inc. Blazemaster CPVC) ....................................................131

    Figura 49: Aplicação do adesivo solvente no tubo (Fonte: catálogo de produto da Noveon, Inc. Blazemaster CPVC) ...........................................................................132

    Figura 50: Aplicação do adesivo solvente na conexão (Fonte: catálogo de produto da Noveon, Inc. Blazemaster CPVC) ...........................................................................132

    Figura 51: União entre tubo e conexão (Fonte: catálogo de produto da Noveon, Inc. Blazemaster CPVC) ................................................................................................132

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Número de Ocorrências de Incêndios registradas nos Corpos de Bombeiros (Brasil - 2003)..........................................................................................22

    Tabela 2: Civis e Bombeiros mortos ou feridos (Brasil - 2003)..................................22

    Tabela 3: Resultados dos ensaios em trechos de tubulações...................................82

    Tabela 4: Temperaturas durante os ensaios em trechos de tubulações (corpos-de-prova) com o tubo vinílico Grau 64 (médias).............................................................82

    Tabela 5: Resultados da análise estatística dos ensaios em trechos de tubulações. Valores obtidos através do software Minitab® ...........................................................85

    Tabela 6: Resultados da aferição do transdutor de pressão .....................................87

    Tabela 7: Resultados dos ensaios em tubulações em escala real ............................89

    Tabela 8: Valores de pressão e temperatura durante o ensaio de exposição ao fogo em escala real do corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 57 ................................89

    Tabela 9: Valores de pressão e temperaturas durante o ensaio de exposição ao fogo em escala real do corpo-de-prova com tubo vinílico Grau 64–Ensaio 1 ...................91

    Tabela 10: Valores de pressão e das temperaturas durante o ensaio de exposição ao fogo em escala real do corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 64 – Ensaio 2.......93

    Tabela 11: Valores da pressão e das temperatura durante o ensaio de exposição ao fogo em escala real do corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 67 ........................95

    Tabela 12: Valores da pressão e das temperatura durante o ensaio de exposição ao fogo em escala real do corpo-de-prova com o tubo vinílico Grau 67 BMT................97

    Tabela 13: Avaliação conjunta dos resultados dos ensaios em trechos de tubulações e dos ensaios em tubulações em escala real..........................................................101

    Tabela 14: Estatística dos incêndios ocorridos nos Estados Unidos no período de 1990 a 2004 e suas conseqüências (NFPA 2006). .................................................115

    Tabela 15: Maiores causas de incêndios nos Estados em 2004 e suas causas (NFPA 2006). ......................................................................................................................116

    Tabela 16: Perdas econômicas, mortes e feridos em incêndios ocorridos no Canadá no período de 1992 a 2001. ....................................................................................117

    Tabela 17: Números dos incêndios ocorridos em 2001 no Canadá, pela classificação das edificações........................................................................................................117

  • Tabela 18: Incêndios por localização e alarmes falsos, 1996-2004 (Fire Statisitcs, United kingdom 2004) .............................................................................................119

    Tabela 19: Vítimas de incêndios (fatais e não fatais) pela sua localização, entre os anos de 1994 e 2004 (Fire Statisitcs, United kingdom 2004). .................................119

    Tabela 20: Custos de perdas diretas na ocorrência de incêndios em alguns países (em bilhões, exceto o Japão - milhões), relacionados com a porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) de cada um deles, entre os anos de 2000 a 2002 (“World Fire Statistics – Geneva Association Information Newsletter, 2005”). ............................121

    Tabela 21: Mortes ocorridas em incêndios ((World Fire Statistics – Geneva Association Information Newsletter, 2005) ..............................................................121

    Tabela 22: Locais de incêndios em edificações, referente ao ano 2003 .................124

    Tabela 23: Número de pessoas salvas e pessoas mortas em incêndios ocorridos em edificações no ano 2003..........................................................................................126

    Tabela 24: Tempo de cura no processo de soldagem (união) de tubos e conexões................................................................................................................................133

    Tabela 25: Distribuição F de Snedecor para nível de significância 5% (Fonte: Costa Neto (2002)) ............................................................................................................134

    Tabela 26: Espessuras de parede e diâmetros externos dos tubos........................135

    Tabela 27: Caracterização dos materiais através dos ensaios de temperatura de amolecimento “Vicat”, densidade e teor de cinzas ..................................................136

    Tabela 28: Padrões obtidos para verificação do teor de cloro nos diferentes compostos vinílicos. ................................................................................................137

    Tabela 29: Teor de cloro obtido no ensaio de Espectrometria de Fluorescência de Raios-X dos diferentes compostos vinílicos e valores teóricos ...............................137

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

    ASTM – American Society for Testing and Materials

    ANSI – American National Standards Institute

    AS – Australian Standards

    BRE – Building Research Establishment Limited

    CPVC – Poli (Cloreto de Vinila) clorado

    DCE – dicloro etano

    DN – diâmetro nominal

    DIN – Deutsches Institut für Normung

    PPFA – Plastic Pipe and Fittings Association

    ISO – International Standard Organization

    IMO – International Maritime Organization

    IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

    FM – Factory Mutual

    LPCB – Loss Prevention Certification Board

    LPS – Loss Prevention Standards

    NBR – Norma Brasileira

    NFPA – National Fire Protection Association

    NIST – National Institute of Standards and Technology

    PB – Polibutileno

    PE – Polietileno

    PEX – Polietileno Reticulado

    PP – Polipropileno

    PPI – Plastic Pipe Institute

    PPFA – Plastics Pipe and Fittings Association

    PPR – Polipropileno copolímero randômico

    PVC – Poli (cloreto de vinila)

    P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

  • MVC – mono cloreto de vinila

    NM – Norma Mercosul

    SFP – Simulated furniture package

    SENASP – Secretaria Nacional de Segurança Pública

    UL – Underwriters Laboratories

  • LISTA DE SÍMBOLOS

    °C graus Celsius

    H0 hipótese

    n tamanho da amostra

    k populações

    µ média da população

    α nível de significância

    σ² variância da população

    ijx j-ésimo valor da i-ésima amostra de n elementos.

    2Ts estimativa total 2Es estimativa entre amostras 2Rs estimativa residual

    T soma total dos valores

    iT soma dos valores i-ésima amostra

    Q soma total dos quadrados

    iQ soma dos quadrados dos valores da i-ésima amostra

    SQT soma de quadrados total correspondente ao numerador 2Ts

    SQE soma de quadrados entre amostras correspondente ao numerador 2Es

    SQR soma dos quadrados residual correspondente ao numerador 2Rs

    F teste F

    α),1(,1 −− nkkF F crítico

  • SUMÁRIO

    RESUMO

    ABSTRACT

    LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    LISTA DE TABELAS

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    LISTA DE SÍMBOLOS

    1. INTRODUÇÃO................................................................................................19

    2. OBJETIVOS ...................................................................................................29

    3. DESENVOLVIMENTO E QUALIDADE DAS TUBULAÇÕES PLÁSTICAS

    PARA SISTEMAS DE CHUVEIROS AUTOMÁTICOS...................................31

    3.1. Materiais plásticos utilizados na fabricação de tubulações para sistemas de

    chuveiros automáticos para extinção de incêndio..........................................31

    3.1.1. Sistemas de chuveiros automáticos para extinção de incêndio com tubulações

    de compostos vinílicos.................................................................33

    3.1.2. Sistema de chuveiros automáticos para extinção de incêndio com tubulações

    de outros materiais plásticos..........................................................................38

    3.2. Normas de tubos e conexões plásticas para sistema de chuveiros

    automáticos.....................................................................................................46

    3.2.1. Normas da National Fire Protection Association (NFPA) .........................46

    3.2.2. Norma do Underwriters Laboratories UL 1821...............................................49

    3.2.3. Norma da Factory Mutual Class Number 1635 ..............................................51

    3.2.4. Norma da Loss Prevention Standard LPS-1260.............................................55

    3.2.5. Norma Australiana AS 4118.2.1......................................................................56

    3.2.6. Norma Brasileira NBR 10897..........................................................................57

    3.3. Estudos recentes sobre sistemas de chuveiros automáticos para extinção de

    incêndios.........................................................................................................59

    3.3.1. Ensaios de fogo para avaliar os tubos de CPVC utilizados em sistemas de

    chuveiros automáticos sem proteções (barreiras resistentes ao fogo)...........59

    3.3.2. Programa de qualidade para as tubulações de CPVC destinadas ao emprego

    em sistemas de chuveiros automáticos..........................................................61

  • 4. METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA AO FOGO DE

    TUBULAÇÕES FABRICADAS COM COMPOSTOS VINÍLICOS..................65

    4.1. Caracterização dos materiais utilizados na avaliação.....................................65

    4.2 Ensaios em trechos de tubulações .................................................................67

    4.2.1. Equipamento de ensaio (forno).......................................................................68

    4.2.2. Equipamentos e sensores para medições ......................................................69

    4.2.3. Instrumentação para aferição do equipamento de ensaio ..............................70

    4.2.4. Instrumentação para realização dos ensaios nas tubulações.........................70

    4.2.5. Análise estatística ..........................................................................................73

    4.3. Ensaios em tubulações em escala real...........................................................75

    5. RESULTADOS E AVALIAÇÕES DOS ENSAIOS DE RESISTÊNCIA AO

    FOGO NAS TUBULAÇÕES FABRICADAS COM COMPOSTOS

    VINÍLICOS......................................................................................................79

    5.1. Resultados da caracterização dos materiais e classificação dos corpos-de-

    prova utilizado na avaliação...........................................................................79

    5.2. Resultados dos ensaios em trechos de tubulações.......................................80

    5.2.1. Resultados da aferição do equipamento (forno) de ensaio............................81

    5.2.2. Resultados dos ensaios nos strechos de tubulação......................................81

    5.2.3. Avaliação dos resultados obtidos nos ensaios em trechos de tubulações.....83

    5.3. Resultados dos ensaios em tubulações em escala real.................................86

    5.3.1. Resultados da aferição do transdutor de pressão..........................................87

    5.3.2. Resultados dos ensaios nas tubulações selecionadas..................................88

    5.3.3. Avaliação dos resultados obtidos nos ensaios em escala real.......................98

    5.4. Avaliação conjunta e relação entre os resultados obtidos nos ensaios em

    trechos de tubulações e nos ensaios em tubulações em escala

    real................................................................................................................100

    6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................103

    6.1. Sobre a pesquisa..........................................................................................103

    6.2. Proposta de temas para continuidade da pesquisa......................................105

    7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................107

    ANEXO A – Estatísticas de Incêndios.....................................................................114

    ANEXO B – Casos estudados.................................................................................127

  • ANEXO C – Informações técnicas sobre a união entre tubos e conexões de

    CPVC............................................................................................................131

    ANEXO D – Tabela de distribuição F de Snedecor para nível de significância

    5%.................................................................................................................134

    ANEXO E – Informações técnicas dos materiais utilizados fabricação dos corpos-de-

    prova.............................................................................................................135

    APÊNDICE A – Tabela e gráfico de aferição do forno para ensaios em trechos de

    tubulações....................................................................................................138

    APÊNDICE B – Tabelas e gráficos dos ensaios em trechos de tubulações...........140

    APÊNDICE C – Resultados das análises estatísticas obtidos através o software

    Minitab®.......................................................................................................166

    APÊNDICE D – Tabelas e gráficos dos ensaios de estanqueidade dos corpos-de-

    prova antes de depois da execução do ensaio de exposição ao fogo.........175

  • 19

    1. INTRODUÇÃO

    A ocorrência de um incêndio, que pode ser tanto de caráter acidental como

    intencional, pode causar tragédias irreparáveis, sendo a principal delas a perda de

    vidas humanas, que ocorrem geralmente de maneira violenta e trágica aos olhos da

    sociedade. Além das perdas de vidas humanas, os incêndios podem provocar o

    ferimento de grande número de pessoas. Outro aspecto negativo, que surge como

    conseqüência deste evento, são as perdas econômicas (danos à propriedade,

    paralisação de atividades, custo de reorganização, custo com pessoas feridas e

    mortas, etc.), as quais representam uma ameaça significativa ao potencial

    econômico de uma nação, já que o incêndio é o tipo de acidente com capacidade de

    provocar um grande volume de perdas.

    Frente à ameaça representada pelo incêndio e para reduzir seus efeitos

    devastadores faz-se necessário implementar, para todo o tipo de edificação, a

    segurança contra o incêndio, possibilitando uma maior probabilidade de evitar

    perdas de vidas humanas e econômicas. Para isso, vários aspectos devem ser

    levados em conta, tais como: a criação de regulamentações e normalizações;

    educação das pessoas em segurança contra incêndios; aplicação dos conceitos de

    sistema global de segurança contra incêndio nos projetos arquitetônicos das

    edificações ¹, um maior uso e manutenção de sistemas de combate ao incêndio,

    fiscalização e as práticas do uso de planos de escape da edificação, formação de

    brigadas, pesquisas e estatísticas, entre outros.

    Segundo Berto (1991):

    “A segurança contra incêndio é um objetivo que deve ser perseguido durante todas as etapas envolvidas no processo produtivo e no uso da edificação. Deve ser considerada desde a concepção e o desenvolvimento do anteprojeto do edifício, passando pelo projeto e construção e adentrando a fase de operação e manutenção dos edifícios. Em nenhuma destas fases o problema do incêndio deve ser menosprezado, sob o risco de serem introduzidas inconveniências funcionais, dispêndios excessivos e níveis inadequados de segurança contra incêndio”.

    ____________ 1 Os conceitos de sistema global de segurança contra incêndio está definido em Berto (1991).

  • 20

    Harmathy (1984) conceitua edifício seguro contra incêndio da seguinte maneira:

    “Um edifício seguro contra incêndio pode ser conceituado como aquele onde há alta probabilidade de que todos os ocupantes sobrevivam a um incêndio sem sofrer qualquer ferimento e, no qual, os danos à propriedade serão confinados às vizinhanças imediatas do local em que se iniciou. Esta definição pode ser ampliada para todos os ambientes onde houver concentrações de pessoas”.

    Ainda, a garantia da segurança contra incêndio depende de um conjunto de

    sistemas relacionados a diferentes momentos do desenvolvimento do incêndio.

    Assim, devem ser adotadas medidas para limitar o risco de surgimento do foco de

    incêndio, medidas para não ocorrer condições propícias para o rápido crescimento

    do incêndio, medidas para a extinção do incêndio em sua fase inicial, medidas para

    limitar a propagação do incêndio do edifício para edifícios vizinhos, medidas para

    garantir o abandono seguro do edifício, medidas para evitar o colapso estrutural e

    medidas para dar chances de sucesso para as ações do Corpo de Bombeiros.

    Naturalmente as ações do Corpo de Bombeiros podem tardar a se iniciar e o

    controle do incêndio em seu estágio inicial, que é o desejável, depende do

    funcionamento das duas categorias dos sistemas de segurança contra incêndio,

    sendo a primeira classificada como sistemas de segurança contra incêndio de

    proteção ativa e a segunda como sistemas de segurança contra incêndio de

    proteção passiva.

    A primeira categoria pode ser entendida como aquela, em que, em face da

    ocorrência do incêndio, o sistema responde aos seus estímulos de forma manual ou

    automática (como por exemplo, extintores, hidrantes, chuveiros automáticos etc.). A

    segunda categoria pode ser entendida como aquela em que o sistema não reage

    ativamente aos estímulos do incêndio, mas de forma passiva e tem como algumas

    características: evitar a rápida propagação de chama, não permitir o colapso

    estrutural, garantir de forma íntegra a evacuação da edificação, etc. (ex.

    compartimentação horizontal ², compartimentação vertical ³, controle de materiais de ____________ 2 compartimentação horizontal – definida como medida de proteção passiva, constituída de elementos construtivos resistentes ao fogo, separando ambientes, de tal modo que o incêndio fique contido no local de origem e evite a sua propagação no plano horizontal. 3 compartimentação vertical – definida como medida de proteção passiva, constituída de elementos construtivos resistentes ao fogo, separando ambientes, de tal modo que o incêndio fique contido no local de origem e evite a sua propagação no plano vertical.

  • 21

    revestimento e acabamento, etc.). Ainda, a primeira categoria pode ser dividida em

    duas subcategorias, a primeira sob comando e a segunda automática, na qual inclui

    o sistema de chuveiros automático de extinção de incêndio.

    Em suma, os propósitos específicos da segurança contra incêndio abrangem a

    obtenção de níveis adequados de segurança da vida humana, de segurança da

    propriedade atingida e da segurança das propriedades adjacentes. Estes níveis

    devem ser atingidos com a implantação de ações que visem evitar o surgimento do

    sinistro, possibilitar sua extinção e reduzir seus efeitos antes da chegada do Corpo

    de Bombeiros.

    Os propósitos da segurança contra incêndio nas edificações são alcançados pela

    implantação das seguintes atividades:

    • Controle da natureza e da quantidade de materiais combustíveis constituintes e

    contidos nos edifícios;

    • Compartimentação interna;

    • Proteção e resistência ao fogo da estrutura do edifício;

    • Separação adequada entre edificações;

    • Sistemas de detecção e alarme de incêndio;

    • Sistemas de chuveiros automáticos para extinção de incêndio;

    • Equipamentos manuais para combate (extintores, mangueiras, etc.);

    • Rotas de escape e dispositivos para controle do movimento da fumaça;

    • Controle das fontes de ignição e riscos de incêndios;

    • Acesso aos equipamentos de combate ao incêndio;

    • Treinamento de pessoal habilitado a combater um princípio de incêndio e

    coordenar o abandono seguro da população de um edifício;

    • Gerenciamento e manutenção dos sistemas de proteção contra incêndios;

    • Controle dos danos ao meio ambiente decorrentes de um incêndio.

    A importância da preocupação com a ocorrência de incêndios e das necessidades

    da implantação das ações que visem a extinção do fogo ou, pelo menos a contenção

    deste, pode ser percebido pelos dados da Tabela 1, que apresenta o número de

    ocorrências de incêndios registradas no Brasil pelos Corpos de Bombeiros no ano de

  • 22

    2003. Já a Tabela 2 indica o número de feridos e mortos, tanto bombeiros como

    civis, devido à ocorrência de incêndios. Os dados das Tabelas 1 e 2 foram obtidos

    do Relatório Descritivo da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP).

    Outros dados estatísticos de incêndios estão contidos no Anexo A, que apresenta os

    números destes incêndios e suas causas (mortes, danos às propriedades, feridos,

    etc.) em diversos países.

    Tabela 1: Número de Ocorrências de Incêndios registradas nos Corpos de Bombeiros (Brasil - 2003)

    Tipos de Ocorrências Número de ocorrências registradasTotal de Incêndios 137779Incêndio em residência 32316Incêndio em comércio 9238Incêndio em hospital 254Incêndio em creche e escola 443Incêndio em escola de ensino médio e superior 168Incêndio em boate 66Incêndio em teatro e cinema 26Incêndio em depósitos de combustíveis 78Incêndio florestal em área de preservação 14527Incêndio florestal fora de área de proteção 30233Incêndio em veículos 10629Incêndio em embarcações 30Incêndio em aeronaves 16Incêndio ferroviário 209Vazamento de GLP 6328Incêndio em outros 33218 Fonte: Tabela CB.64 do relatório Descritivo da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), pg.38

    Tabela 2: Civis e Bombeiros mortos ou feridos (Brasil - 2003)

    Civis e Bombeiros Mortos ou Feridos Número de Civis e Bombeiros mortos ou Feridos Pessoas mortas em incêndios 189Pessoas mortas em acidentes de trânsito 5675Pessoas mortas por afogamento 1222Pessoas mortas em outros tipos de acidentes 10577Bombeiros mortos em serviço 8Bombeiros feridos em serviço 115Bombeiros mortos fora do serviço 7 Fonte: Tabela CB.68. do relatório Descritivo da SENASP, pg.38

  • 23

    Os dados apresentados na Tabela 1 apontam que das 137.779 ocorrências de

    incêndios registradas em 2003 no território brasileiro, 42.589 (aproximadamente

    31%) foram em edificações. Já a Tabela 2 apresenta um total de 197 pessoas, entre

    Bombeiros e Civis, mortas. Os dados estatísticos indicados tendem a ser maiores,

    isto pelo fato destes estarem somente relacionados com as atividades realizadas

    pelos Corpos de Bombeiros, ou seja, em muitos casos os números de incêndios e

    suas conseqüências não são computados, em função da não comunicação da

    ocorrência e de muitas localidades não possuírem esta corporação.

    Os dados estatísticos mostram que a ocorrência de incêndios em edificações é mais

    comum do que se imagina, indicando a importância da aplicação de sistemas de

    segurança contra incêndios para evitar catástrofes de proporções imensuráveis,

    como, as perdas de vida humana. Um desses sistemas é o de chuveiros

    automáticos para extinção de incêndios.

    O chuveiro automático é conceituado na NBR 10897 (ABNT, 1990) como:

    “Um dispositivo para extinção ou controle de incêndios que funciona automaticamente quando seu elemento termo-sensível é aquecido à sua temperatura de operação ou acima dela, permitindo que a água seja descarregada sobre uma área específica”.

    Já o sistema de chuveiros automáticos é conceituado como:

    (...) sistema integrado de tubulações aéreas e subterrâneas alimentado por um ou mais abastecimentos automáticos de água. A parte do sistema de chuveiros automáticos acima do piso consiste de uma rede de tubulações dimensionada por tabelas ou por cálculo hidráulico, instalada em edifícios, estruturas ou áreas, normalmente junto ao teto, à qual são conectados chuveiros segundo um padrão regular. A válvula que controla cada coluna de alimentação do sistema deve ser instalada na própria coluna ou na tubulação que a abastece. Cada coluna de alimentação de um sistema de chuveiros automáticos deve contar com um dispositivo de acionamento de alarme. O sistema é normalmente ativado pelo calor do fogo e descarrega água sobre a área de incêndio.

    Diversos estudos sobre os sistemas de chuveiros automáticos para o combate ao

    incêndio nas edificações mostraram a importância de sua utilização. Pode-se citar o

    estudo de Nash e Young (1978) onde foi observada durante três anos e meio a

    ocorrência de 661 incêndios em edificações de ocupações diversas. Concluiu-se

  • 24

    que, em 654 casos, o sistema de chuveiros automáticos conseguiu extinguir o

    incêndio.

    Mais recentemente, Thomas (2002) apresenta a efetividade dos sistemas e

    componentes utilizados para a segurança contra incêndio nas edificações, sendo

    estes os sistemas de combate por proteção ativa, por exemplo, sistemas de

    chuveiros automáticos, e de proteção passiva, por exemplo, portas corta-fogo.

    Através de dados históricos de incêndios ocorridos nos Estados Unidos, o autor

    estima os níveis de efetividade 4 dos vários sistemas de segurança ao fogo em

    função da propagação de chama (até onde o incêndio avançou), do número de

    feridos e mortos (civis e bombeiros) e das perdas econômicas. É então estabelecido

    a segurança contra incêndio da edificação como objetivo e através dos dados

    estatísticos e históricos de incêndios ocorridos, propõe uma avaliação da efetividade

    dos sistemas e componentes de segurança contra incêndio. Para a avaliação são

    analisados os sistemas de chuveiros automáticos contra incêndios, os sistemas de

    detectores de incêndios e sistemas de proteção contra incêndio das estruturas das

    edificações.

    A avaliação é feita na ausência dos três sistemas, identificado pelo código NNN, até

    todos os sistemas presentes, identificado pelo código YYY. A primeira letra do

    código estabelece a presença ou ausência do sistema de chuveiros automáticos, a

    segunda de detectores e a terceira de construções com estruturas protegidas. Isto

    significa que, o código YNN é uma edificação protegida com sistema de chuveiros

    automáticos e ausência de detectores e proteção.

    ____________ 4 Segundo Thomas (2002), um sistema efetivo é obtido com a combinação de dois fatores. O primeiro é a eficácia, que é entendida como a capacidade do sistema operar para aquilo que foi projetado, ou seja, alcançar os objetivos estabelecidos. O segundo é a confiabilidade, que é entendida como a probabilidade que o sistema opera quando requerido. Assim, a efetividade, com a combinação de eficácia e confiabilidade, depende do objetivo a ser considerado.

  • 25

    A Figura 1 apresenta o resultado obtido para uma edificação de escritório. O eixo

    das abscissas corresponde à presença ou ausência dos sistemas e componentes e

    o eixo das ordenadas corresponde à porcentagem da propagação de incêndio além

    do local de origem.

    Escritórios

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    NNN NNY NYN YNN NYY YYN YNY YYY

    Códico do sistema de incêndio (SDC)

    % d

    e pr

    opag

    ação

    do

    incê

    ndio

    Figura 1: Gráfico pareto de % de propagação de incêndio em escritórios, com

    relação à presença ou não de sistema de combate (Fonte: Thomas, 2004).

    A conclusão obtida pelo autor, após todos os resultados, foi que os sistemas de

    chuveiros automáticos são, geralmente, mais efetivos em reduzir a propagação do

    incêndio e, consequentemente, propiciaram menor número de mortes, lesões em

    bombeiros e perdas de propriedades, do que sistemas de detectores e sistemas de

    proteção contra incêndio das estruturas das edificações

    Desta forma, em se tratando de proteção ativa por chuveiros automáticos em

    edificações, um projeto bem definido de combate ao incêndio e a utilização de

    materiais adequados devem ser estudados, avaliados e implementados de maneira

    a estabelecer condições adequadas de segurança à edificação. Até 2005, no Brasil,

    somente materiais metálicos (aço e cobre) eram permitidos na fabricação de tubos e

    conexões para sistemas de chuveiros automáticos. Novos materiais, em especial

    plásticos, estão no escopo da revisão de 2006 da norma brasileira NBR 10897

    (ABNT, em consulta pública) para serem utilizados em edificações classificadas

    como risco leve 5, desde que sejam avaliados através de ensaios laboratoriais e

    programas da qualidade.

  • 26

    Os materiais plásticos utilizados na fabricação de tubulações, para diversos sistemas

    prediais (água fria, água quente, esgoto sanitário, etc.), já são aceitos, devido suas

    características propiciarem vantagens sobre outros materiais (aço, ferro, cobre, etc.),

    a saber: facilidade de manipulação, resistência a substâncias químicas, resistência à

    corrosão, flexibilidade, entre outras. Assim, para que tais vantagens sejam também

    aproveitadas nos sistemas prediais de chuveiros automáticos para combate ao

    incêndio, há a necessidade do desenvolvimento dos materiais destinados na

    fabricação de tubulações, para que seja possível, cada vez mais, facilitar a execução

    destes sistemas, principalmente para edificações já existentes que necessitem da

    adequação as novas leis e regulamentações.

    Além de avaliações realizadas por ensaios laboratoriais, todos os processos

    envolvidos para aplicação de novos materiais nos sistemas prediais necessitam de

    programas da qualidade, de maneira a suprir as necessidades e dificuldades do

    mercado, principalmente, em relação às práticas comerciais de produtos que não

    atendam as especificações de desempenho. Na área de segurança contra incêndio

    esta garantia tem importância especial, pois o funcionamento correto dos sistemas

    resulta de uma probabilidade maior de se evitar perdas de vida humana e grandes

    perdas de bens materiais.

    Nos programas de garantia da qualidade para o emprego de inovações tecnológicas,

    (neste caso é a utilização de materiais plásticos nos sistemas de chuveiros

    automáticos de combate ao incêndio), são estabelecidos procedimentos de controle

    dos materiais, de controle de produção dos produtos, de instalações, de

    periodicidade de avaliações (ensaios), entre outras atividades. Não é foco de a

    pesquisa aprofundar este assunto, mas como as avaliações estão intimamente

    ligadas a programas de qualidade e a aplicação de novos materiais como inovações

    tecnológicas, este será superficialmente abordado.

    ____________ 5 Segundo a norma NBR 10897 (ABNT, 1990), edificações com risco leve compreendem as ocupações ou parte das ocupações onde a quantidade e/ou a combustibilidade do conteúdo (carga incêndio) é baixa tendendo a moderada e onde é esperada baixa a média taxa de liberação de calor. Carga Incêndio de 15Kg/m² (285MJ/m²) a 140Kg/m²(2660MJ/ m²).

  • 27

    Sabe-se que, por um lado as inovações trazem novas alternativas para melhoria na

    área, por outro lado a falta de especificações e critérios e o desconhecimento dos

    profissionais com relação à utilização de novos produtos e técnicas, frequentemente

    não resulta na obtenção dos resultados esperados, aumentando assim a incidência

    de manifestações patológicas na construção. Este fato é um alerta para a introdução

    de novos materiais na fabricação de tubos e conexões destinados aos sistemas de

    chuveiros automáticos para extinção de incêndios, pois caso este produto seja

    fabricado de forma inadequada, perde-se a possibilidade de se tirar proveito de suas

    vantagens, comprometendo a sua aplicação na área.

    Para garantir a qualidade destes novos materiais, Tomina (1995) propôs em seu

    estudo a implantação de um programa da qualidade para as tubulações de Poli

    (Cloreto de Vinila) Clorado (CPVC) empregadas em sistemas de chuveiros

    automáticos. A pesquisa foi destinada diretamente às tubulações de CPVC, porém

    pode-se extrapolar para todos os materiais plásticos e suas possíveis composições.

    Portanto, a garantia da qualidade é um elemento essencial para o emprego de novos

    materiais em projetos de sistemas de chuveiros automáticos para extinção de

    incêndios, sendo de extrema necessidade a implantação de normalização que

    estabeleça requisitos e avaliações de desempenho.

    Colocadas as considerações sobre segurança contra incêndio, sobre a importância

    dos sistemas de segurança e sobre a implantação de novos materiais para a

    fabricação de tubulações destinadas aos sistemas de chuveiros automáticos para

    extinção de incêndio (preocupações, programas da qualidade, avaliações e normas),

    avaliações de desempenho de novos materiais utilizados na fabricação de

    tubulações para sistemas prediais de proteção por chuveiros automáticos devem ser

    realizados, de maneira a comprovar a sua eficácia, para que, em uma eventual

    solicitação de seu funcionamento, opere de maneira a controlar e/ou extinguir o

    incêndio, objetivando salvaguardar as vidas humanas e evitar perdas econômicas.

    Uma destas avaliações é a capacidade dos materiais utilizados nas tubulações, que

    neste trabalho são os compostos vinílicos, resistir ao fogo.

  • 28

    Lembrar-se-á que a idéia deste estudo não é a substituição dos materiais existentes,

    mas sim possibilitar alternativa aos projetistas na execução dos sistemas de

    combate ao incêndio por chuveiros automáticos. Para que isto seja possível faz-se

    necessário demonstrar o desempenho satisfatório dos materiais frente às condições

    de uso, ou seja, durante a ocorrência de um incêndio que estes funcionem

    adequadamente sem romper, separar ou vazar e manter o(s) chuveiro(s)

    automático(s) em operação, de modo a contribuir para o controle e, possivelmente, a

    extinção do incêndio.

  • 29

    2. OBJETIVOS

    O objetivo principal deste trabalho é estabelecer critério para avaliar a resistência ao

    fogo de tubulações fabricadas com compostos vinílicos, com diferentes teores de

    cloro, empregadas em sistemas prediais de chuveiros automáticos para extinção de

    incêndios, verificando o relacionamento entre os resultados obtidos nos ensaios

    realizados em trechos de tubulações pressurizados e submetidos a uma elevação de

    temperatura e os resultados observados nos ensaios realizados em tubulações em

    escala real expostas diretamente às chamas, simulando uma situação de incêndio.

    O relacionamento entre os ensaios tem como propósito permitir a seleção dos

    compostos vinílicos, que podem ser utilizados em tubulação para sistemas de

    chuveiros automáticos, através dos resultados dos ensaios em trechos de

    tubulações, diminuindo o número de ensaios em escala real, ou seja, avaliar,

    preliminarmente, a capacidade dos materiais em resistir ao fogo nos ensaios em

    trechos de tubulações antes de serem submetidos ao ensaio em escala real, o qual

    apresenta maiores custos envolvidos e dificuldades na sua execução.

    Os objetivos específicos que se pretende alcançar neste trabalho são

    • Desenvolver o método de ensaios em trechos de tubulações, com a finalidade de

    avaliar os diferentes compostos vinílicos empregados nos corpos-de-prova,

    através do tempo de ruptura em função de uma elevação de temperatura;

    • Estabelecer a relação entre o aumento do teor de cloro dos diferentes compostos

    utilizados nos corpos-de-prova, com a capacidade de resistir à exposição de

    elevação de temperatura, através dos ensaios em trechos de tubulações;

    • Aplicar a metodologia para tubulações com diferentes compostos vinílicos no

    ensaio de escala real, levando em consideração: a vazamentos durante o

    período de 10 minutos de exposição ao fogo, operação adequada dos chuveiros

    automáticos durante o ensaio e vazamentos após o ensaio de exposição ao

    fogo.

  • 30

    Como objetivo complementar o trabalho visa obter e disponibilizar informações para

    que os materiais plásticos, em especial os compostos vinílicos, se desenvolvam no

    contexto nacional, de forma a fornecer dados para produtores e informações para as

    os consumidores, considerando ser uma aplicação inovadora no Brasil.

  • 31

    3. DESENVOLVIMENTO E QUALIDADE DAS TUBULAÇÕES PLÁSTICAS

    PARA SISTEMAS DE CHUVEIROS AUTOMÁTICOS

    Este cápitulo apresenta uma revisão bibliográfica fundamentada em normas,

    regulamentações e especificações de materiais plásticos destinados à fabricação de

    tubulações empregadas em sistemas de chuveiros automáticos para extinção de

    incêndio em edificações. Mostra o desenvolvimento dos materiais plásticos para

    estes sistemas e a necessidade da aplicação de programas da qualidade. Portanto,

    são apresentados os materiais utilizados no sistema, as principais normas que

    regem a aplicação destes, estudo para avaliar o comportamento das tubulações em

    situação de incêndio e o estudo sobre um programa da qualidade.

    3.1. Materiais plásticos utilizados na fabricação de tubulações para sistemas

    de chuveiros automáticos para extinção de incêndio

    A facilidade de manipulação (montagem e manutenção), a resistência a substâncias

    químicas, a resistência à corrosão e a flexibilidade são algumas características

    importantes a serem consideradas na adoção de tubulações de materiais plásticos 6

    para os sistemas prediais.

    De acordo com Mruk (2004), a excelente resistência a substâncias químicas é a

    principal razão do crescimento do uso de tubos plásticos em praticamente todas as

    tipologias da indústria, incluindo a farmacêutica, química, alimentação, papel,

    eletrônica, petrolífera, água, mineração, geração de energia e siderúrgica. Com o

    reconhecimento geral de suas outras características (facilidade de manipulação,

    durabilidade e economicamente vantajoso), tubos plásticos têm se tornado

    largamente aceito para uma vasta gama de aplicações, sendo o seu maior uso em

    sistemas prediais de água quente e fria, esgoto sanitário e eletrodutos.

    ____________ 6 Plásticos são definidos como os materiais cujo constituinte fundamental é um polímero, principalmente orgânico e sintético, sólido em sua condição final (como produto acabado) e que em alguma fase de sua produção foi transformado em fluído, adequado à moldagem por ação do calor e/ou pressão.

  • 32

    Tubo plástico é um termo indefinido, assim como tubo metálico. Como os produtos

    metálicos, tubos plásticos são feitos de uma variedade de materiais, possuindo uma

    larga gama de propriedades e características. As variedades nas propriedades dos

    plásticos são derivadas não somente da composição química da resina sintética

    básica, ou polímero, mas também são determinadas pelo tipo e quantidade de

    aditivos 7, da natureza dos reforços e do processo de fabricação.

    As vantagens dos tubos plásticos, segundo Willoughby (2004), são:

    • Resistência à corrosão: Materiais plásticos utilizados em tubulações

    são mais resistentes à corrosão do que os materiais metálicos, pois são

    mais resistentes às substâncias químicas;

    • Facilidade de manipulação: Materiais plásticos utilizados em

    tubulações são mais leves que muitos outros materiais e,

    consequentemente, não requerem grande ferramentário para sua

    manipulação. Cortes, junções e instalações de tubulações plásticas são

    mais simples que a de outros materiais.

    • Flexibilidade e dureza: Muitos materiais plásticos utilizados em

    tubulações são flexíveis, o que é uma característica importante para

    aplicações ocultas. O tubo pode seguir contornos e transições naturais ao

    redor de obstáculos, reduzindo o número de conexões.

    • Hidráulica excelente: Materiais plásticos utilizados em tubulações

    possuem parede lisa, a qual propicia um escoamento da água com mais

    efetividade;

    • Vida útil longa: Tubos plásticos têm excelente resistência à corrosão, a

    qual propicia um sistema com uma vida útil longa. Através das vantagens apresentadas e devido ao desenvolvimento de pesquisas

    com os materiais plásticos, principalmente relacionados com o desenvolvimento da

    capacidade de resistir às altas temperaturas, as tubulações plásticas se tornaram

    uma alternativa para a aplicação em sistemas de chuveiros automáticos para

    extinção de incêndios. Porém, estas são permitidas com as seguintes limitações:

    ____________ 7 Aditivos (em polímeros) são materiais adicionados como componentes auxiliares dos plásticos e/ou das borrachas. A inclusão de aditivos nas formulações de plásticos ou de borrachas visa uma ou mais aplicações específicas como, por exemplo, baixar custos, facilitar o processamento, colorir, etc.

  • 33

    • Sistemas de chuveiros automáticos de tubulação molhada, ou seja, tubulação

    que contém água e conectada a uma fonte de abastecimento, de maneira que

    a água seja descarregada imediatamente pelos chuveiros automáticos

    quando abertos pelo calor de um incêndio;

    • Ocupações de risco leve, ou seja, ocupações ou parte das ocupações onde a

    quantidade e/ou a combustibilidade do conteúdo (carga incêndio) é baixa

    tendendo a moderada e onde é esperada baixa a média taxa de liberação de

    calor (Ex.: residências, hotéis, escritórios, escolas, etc.);

    • Onde os tubos e conexões são completamente separados por barreiras de

    proteção resistentes ao fogo (Ex: forros), ou seja, os tubos e conexões não

    devem estar expostos diretamente às chamas. Estas barreiras de proteção

    são estabelecidas com a finalidade de evitar as deformações térmicas e,

    conseqüentemente, a não operacionalidade do sistema durante um possível

    incêndio.

    Estas limitações são estabelecidas em normas da National Fire Protection

    Association (NFPA), da Factory Mutual (FM), do Underwriters Laboratories (UL), do

    Loss Prevention Certification Board (LPCB), da Associação Brasileira de Normas

    Técnicas (ABNT), entre outras. Algumas destas normas, que especificam quais os

    requisitos para as aplicações destes materiais, são apresentadas na subseção 3.2.

    Apresentar-se-á na seqüência os materiais plásticos empregados, atualmente, em

    tubulações destinadas em sistemas de chuveiros automáticos para extinção de

    incêndios. A apresentação é iniciada com a utilização de compostos vinílicos, Poli

    (Cloreto de Vinila) (PVC) e (Poli (Cloreto de Vinila) clorado) (CPVC), para a

    fabricação de tubulações destinadas aos sistemas e, logo após, com outros

    materiais, Polipropileno Randômico (PPR) e Polietileno Reticulado (PEX).

    3.1.1. Sistemas de chuveiros automáticos para extinção de incêndio com

    tubulações de compostos vinílicos

    Esta subseção explana sobre compostos vinílicos utilizados na fabricação de

    tubulações destinadas aos sistemas de chuveiros automáticos para extinção de

  • 34

    incêndios, apresentando as características dos materiais (obtenção, classificação

    química, etc.) e características do sistema de chuveiros automáticos com estas

    tubulações (montagem, aplicação, etc.).

    Segundo o Instituto do PVC (2007), o material PVC é um plástico não 100%

    originário do petróleo, contendo, em peso, 57% de cloro (derivado do cloreto de

    sódio - sal de cozinha) e 43% de eteno (derivado do petróleo).

    A partir do sal marinho e pelo processo de eletrólise obtém-se o cloro, soda cáustica

    e hidrogênio. A eletrólise é a reação química resultante da passagem de uma

    corrente elétrica por água salgada (salmoura). Assim se dá a obtenção do cloro, que

    representa, aproximadamente, 57% da resina de PVC produzida.

    O petróleo, que representa, aproximadamente, 43% desta resina, primeiro passa por

    uma processo de destilação do óleo cru, obtendo-se aí a nafta leve, que pelo

    processo de craqueamento catalítico (quebra de moléculas grandes em moléculas

    menores com a ação de catalisadores para aceleração do processo), gera o eteno.

    Tanto o cloro como o eteno estão na fase gasosa e eles reagem produzindo o

    dicloro etano (DCE). A partir do DCE, obtém-se o mono cloreto de vinila (MVC),

    unidade básica do polímero. O polímero é formado pela repetição da estrutura

    monomérica. As moléculas de MVC são submetidas ao processo de polimerização 8,

    ou seja, elas vão se ligando formando uma molécula muito maior, conhecida como

    PVC (policloreto de vinila), que é um pó muito fino, de cor branca, e totalmente

    inerte.

    O PVC é produzido em quantidades imensas porque é muito versátil. Pode ser

    misturado a muitos aditivos de maneira que suas propriedades aderem-se a diversas

    aplicações.

    ____________ 8 Polimerização é o conjunto de reações químicas que levam monômeros a formar polímeros. Os principais processos de polimerização, do ponto de vista tecnológico, podem ser diferenciados em polimerização em cadeia e polimerização em etapas.

  • 35

    De acordo com Canevarolo (2002), o PVC é classificado como:

    Quanto à estrutura química – polímeros de cadeia carbônica (Polímeros

    Clorados);

    Quanto ao método de preparação – polímeros de adição;

    Quanto ao comportamento mecânico – plásticos (termoplásticos);

    Quanto ao desempenho mecânico – termoplásticos convencionais.

    Não se tem conhecimento da existência de sistemas de chuveiros automáticos para

    extinção de incêndio fabricado com o composto Poli (cloreto de vinila) (PVC), mas

    como este através da cloração do PVC origina a resina CPVC, que é muito utilizado

    para esta instalação em alguns países, se fez necessária esta breve explanação.

    Segundo Brighton (1971), o CPVC é um material sintético classificado como

    termoplástico (amolece quando aquecido e solidifica-se quando resfriado), que

    possui todas as propriedades inerentes ao PVC, somando-se a este a maior

    resistência a temperaturas e pressões mais elevadas. É obtido através da cloração

    da resina de PVC sob certas condições, por exemplo, em uma dispersão aquosa de

    PVC (polimerizado por suspensão) é adicionado cerca de 10% em massa de

    clorofórmio e após a exposição desta mistura a cloro gasoso por 5 horas, o conteúdo

    de cloro do polímero PVC, que comumente é de, aproximadamente, 56,8% em

    massa, passa para, aproximadamente, 67%. Há outros processos de cloração do

    PVC objetivando o CPVC, inclusive resultando em produtos com diferentes

    porcentagens de cloro, chegando à porcentagem máxima de, aproximadamente,

    73%. É por possuir maiores teores de cloro intrínseco à estrutura química, que

    confere a este material maior resistência às altas temperaturas. A partir do CPVC é

    possível produzir uma extensa variedade de produtos, incluindo tubos e conexões.

    De acordo com Canevarolo (2002), o CPVC é classificado como:

    Quanto à estrutura química – polímeros de cadeia carbônica (Polímeros

    Clorados); Quanto ao método de preparação – polímeros de adição; Quanto ao comportamento mecânico – plásticos (em especial termoplásticos); Quanto ao desempenho mecânico – termoplásticos convencionais.

    Alguns compostos de CPVC utilizado na fabricação de tubulações são designados

  • 36

    especialmente para sistemas de chuveiros automáticos para extinção de incêndio,

    por possuir características, já discutidas, de suportar altas temperaturas. Tais

    formulações não são informadas, obviamente, por se tratar de estratégia de

    mercado. Assim, fica clara a necessidade de desenvolvimento de pesquisa na área.

    Os tubos são extrudados e as conexões injetadas com o composto de CPVC

    conforme normas de especificações técnicas, que são adotadas por órgãos

    reguladores. Pode-se citar, por exemplo, a norma ASTM F442 9 – “Nonmetallic

    Piping Specification for Special Listed Chlorinated Polyvinyl Chloride (CPVC) Pipe”,

    que lista o material para a tubulação e conexão e suas dimensões.

    A adoção deste material, para o emprego na fabricação destas tubulações, propicia

    as seguintes vantagens: facilidade de união; hidráulica superior; facilidade de

    montagem; aumento no espaçamento entre suportes, quando comparado com

    outros termoplásticos; redução no custo da instalação (sistemas que utilizam o

    composto CPVC resultam em diâmetros menores e, conseqüentemente, economia

    de material e redução no custo do projeto); longevidade do sistema (maior

    resistência à corrosão e deterioração); facilidade de manutenção. Ainda, é um

    material que propicia uma ótima alternativa para instalação de sistemas de chuveiros

    automáticos para extinção de incêndios em edificações já existentes, devido à

    facilidade de manuseio, fato este verificado no Anexo B. A própria utilização deste

    material para outras finalidades, como sistema predial de água quente, já mostram

    tais características.

    Os critérios de utilização de tubulações de CPVC para sistemas de chuveiros

    automáticos são estabelecidos por regulamentações vigentes e são definidos em

    normas como: NFPA 13, NFPA 13D, NFPA 13R da National Fire Protection

    Association; UL 1821 da Underwriters Laboratories; Class Number 1635 da FM

    Global; Loss Prevention Standards (LPS) 1260 da Building Research Establishment

    Limited (BRE); Australian Standard (AS) 4118.2.1; entre outras. Há de

    ____________ 9ASTM F442 Standard Specification for Chlorinated Poly(Vinyl Chloride) (CPVC) Plastic Pipe (SDR-PR).Philadelphia,8p.1999.

  • 37

    colocar também o papel das seguradoras no processo de instalação destes

    sistemas, já que muitas delas aumentam, consideravelmente, os valores a serem

    pagos pelo seguro, caso as edificações não os possuam.

    Os sistemas de chuveiros automáticos com tubulações de CPVC, segundo o

    catálogo de produto Noveon (2004), devem ser projetados levando em consideração

    os seguintes aspectos e critérios:

    Os sistemas são empregados considerando a pressão máxima de trabalho de

    1200 kPa e temperatura ambiente de 65°C;

    Os sistemas devem empregar chuveiros tendo uma temperatura máxima de

    operação de 77°C ou menor;

    Os produtos de CPVC devem ser instalados em sistemas de tubulação molhada;

    Ocupações de risco leve;

    Ocupações residenciais até quatro pavimentos de altura, como definido na norma

    NFPA 13R (2002);

    Habitações de uma e duas famílias e casas manufaturadas (conhecida também

    como casas móveis) como definido pela NFPA 13D (2002);

    Espaços para trocas de ar, como definido pela Instalação de Condicionamento de

    Ar e Sistema de Ventilação, NFPA 90A 10;

    Tubulação enterrada como definido por NFPA 24 11.

    Ainda, a Factory Mutual (FM) coloca que o sistema fabricado com tubulação de

    CPVC deve ser protegido permanentemente por uma barreira resistente ao fogo não

    removível, para garantir as suas propriedades.

    Ainda, os catálogos detalham todas as condições a serem seguidas para a

    implantação do material nos sistemas de chuveiros automáticos, em função do local

    de instalação (oculta ou exposta), cobertura padrão ou estendida 12; risco leve e

    instalações residenciais. Através disto, é indicado o tipo de chuveiros automáticos a

    ser utilizado, distância do defletor deste ao teto e distância máxima entre eles.

    ____________ 10 NFPA 90A – Standard for the Installation of Air-Conditioning and Ventilating Systems1999 Edition 11 NFPA 24 – Standard for the Installation of Private Fire Service Mains and Their Appurtenances 1995 Edition 12 Cobertura padrão e cobertura estendida - características dos chuveiros automáticos que permitem uma distância padrão entre eles (cobertura padrão) ou aumentar esta distância (cobertura estendida)

  • 38

    Os chuveiros automáticos pendentes e laterais empregados no sistema são

    definidos com temperatura de operação de 77°C ou menores. Quando os chuveiros

    automáticos forem de resposta rápida a temperatura de operação deve ser de 68°C

    ou menores. Porém, é sabido que para edificações classificadas como risco leve,

    segundo a norma revisão 2006 da norma NBR 10897 (ABNT, em consulta pública),

    os chuveiros automáticos devem ser de resposta rápida com temperatura nominal de

    abertura de 68 °C, ficando, portanto, a instalação deste material, restrita a esta

    classe de chuveiros. Com relação à pressão de trabalho, é definido que esta deve

    ser de, no máximo, 1200 KPa (175 psi) para uma temperatura máxima de 65°C.

    Para a união entre os tubos e as conexões é utilizada a técnica de soldagem com

    adesivo solvente específico, levando em consideração desde o corte do tubo até o

    tempo de cura necessário. Maiores detalhes do procedimento de união entre os

    tubos e as conexões estão apresentados no Anexo C. Vale ressaltar que o processo

    de união é rápido e de fácil execução.

    3.1.2. Sistema de chuveiros automáticos para extinção de incêndio com

    tubulações de outros materiais plásticos

    Para complementar a visualização da crescente utilização de materiais plásticos na

    fabricação de tubulações empregadas em sistemas de chuveiros automáticos para

    extinção de incêndios, abaixo são apresentados dois materiais e as características

    dos sistemas de chuveiros automáticos (montagem, locais de utilização, limitações,

    etc.) feitos com eles. O primeiro material descrito é o polipropileno randômico (PPR)

    e logo após o polietileno reticulado (PEX).

    Segundo a Suzano Petroquímica (2006), o polipropileno é um dos plásticos de maior

    venda e que mostra a maior taxa de crescimento anual no mundo, devido às suas

    excepcionais propriedades e versatilidade de aplicação e uso. É um termoplástico

    semicristalino, produzido através da polimerização do monômero propeno (formação

    de longas cadeias de monômero de propeno). O polipropileno sai do reator na forma

    de pequenas partículas ou esferas. Elas vão para uma extrusora, onde são

    adicionados os aditivos e então granuladas. Esta é a forma que o polipropileno é

    entregue aos clientes, que o transformarão em artigos finais que vão ao mercado.

  • 39

    O Polipropileno é formado basicamente por 3 grupos de produtos:

    Homopolímeros: obtido exclusivamente da polimerização do propeno.

    Copolímeros Heterofásicos (Copolímeros de Impacto ou de Bloco): produzidos

    em dois reatores em série, onde no primeiro polimeriza somente o propeno e no

    segundo uma fase elastomérica composta de propeno e eteno.

    Copolímero randômico é obtido quando se adiciona ao propeno um segundo

    monômero (normalmente eteno) no reator, sendo as moléculas de eteno

    inseridas aleatoriamente, o que reduz a cristalinidade do material.

    De acordo com Caveranolo (2002), o polipropileno é classificado como:

    Quanto à estrutura química – polímeros de cadeia carbônica (Poliolefinas);

    Quanto ao método de preparação – polímeros de adição;

    Quanto ao comportamento mecânico – plásticos, em especial, termoplásticos;

    Quanto ao desempenho mecânico – termoplásticos convencionais.

    Para exemplificar a utilização do polipropileno no sistema de chuveiro automático

    para extinção de incêndio são descritas as características, especificações e

    limitações do sistema de chuveiro automático para extinção de incêndio denominado

    “Aquatherm Firestop – Sprinkler Pipe System” fabricado pela empresa “Fusiotherm”.

    Este é composto por tubulações fabricadas com o material polipropileno copolímero

    randômico (PPR), denominado comercialmente como “Fusiolen®PPR(80)FS”,

    reforçado com fibra de vidro (“faser composite pipe”), produzido no processo de

    extrusão de multicamadas. A Figura 2 apresenta o sistema executado, inclusive com

    o chuveiro automático inserido à conexão, bem como o detalhamento das

    multicamadas do tubo, vistas pelo corte transversal deste. A utilização deste material

    para a confecção de tubulações destinadas ao emprego neste sistema é bastante

    difundida na Europa, principalmente na Alemanha.

  • 40

    Figura 2: Tubulação de polipropileno para sistema de chuveiros automáticos

    (Fonte: Aquatherm GMBH – catálogo Aquatherm Firestop, 2005)

    A união entre o tubo e a conexão é realizada através da técnica de termofusão, que

    consiste no aquecimento da ponta do tubo e da bolsa da conexão por meios

    específicos (ferramenta) e, posteriormente, o encaixe entre eles. Após o

    resfriamento, as peças terão sua união consolidada pelo próprio comportamento do

    material polipropileno. A união entre tubo e conexão, assim como a ferramenta

    especializada podem ser vistas na Figura 3.

    Figura 3: Processo de junção entre tubo e conexão e ferramenta. (Fonte: Aquatherm

    GMBH – Catálogo Aquatherm Firestop, 2005)

    De acordo com o fabricante do sistema, as tubulações são certificadas pela LPCB

    através dos critérios estabelecidos pela norma Loss Prevention Standards (LPS)

    1260, que é discutida na subseção 3.2.4 deste trabalho.

    As vantagens apresentadas para a tubulação fabricada com este material são:

    Juntas realizadas pela técnica de termofusão, não havendo a necessidade de

    adesivos para a união entre tubos e conexões;

    Facilidade de montagem e manutenção;

    Resistência à corrosão e substâncias químicas;

  • 41

    Tubo com baixo fator de aspereza e alta resistência à abrasão;

    Alta capacidade de suportar impactos;

    Três camadas do tubo estruturadas com fibra de vidro;

    Baixa flamabilidade (Classe B1 pela norma DIN 4102-1 13).

    Com relação às limitações de aplicação desta tubulação nos sistemas de chuveiros

    automáticos para a extinção de incêndio, a LPCB estabelece o seguinte:

    Uso de conexões e tubos plásticos está sujeito aos critérios estabelecidos

    pelas autoridades locais;

    Para edificações classificadas como de risco leve, ou seja, escolas,

    escritórios, residências etc.

    Chuveiros automáticos de resposta rápida aprovados pela LPCB devem

    ser usados com a tubulação plásticas expostas;

    Tubulação plásticas devem ser usadas somente com sistema de tubo

    molhado;

    Cuidados devem ser exercidos para assegurar que juntas estão

    adequadamente curadas anteriormente à pressurização. Estas instruções

    devem ser informadas pelo fabricante;

    Tubulações plásticas não devem ser instaladas em ambientes externos;

    Não satisfatório para água potável;

    Onde tubos e conexões plásticas são expostos (exposição ao incêndio

    direta), o sistema deve ser protegido por um teto plano;

    O sistema de tubos deve ser instalado em acordo com as instruções de

    instalações do fabricante, na qual inclui as condições da LPCB;

    A máxima temperatura ambiente normal para o uso não deve exceder

    70°C, para se evitar problemas de deformações com o material.

    Os parâmetros estabelecidos para o funcionamento adequado do sistema, no que se

    refere à temperatura e pressão, são:

    ____________ 13 DIN 4102-1 – Fire Behavior of building materials and building components 32 p. 1994. Norma de testes para classificação de materiais de construção, quanto ao comportamento ao fogo.

  • 42

    Temperatura máxima de trabalho: 70°C (158°F);

    Pressão máxima de trabalho: 1200 KPa (12 bar).

    Outro material plástico utilizado para a fabricação de tubos empregados em sistema

    de chuveiros automático é o polietileno reticulado (PEX). Segundo a Plastics Pipe

    and Fittings Association (2006), o PEX é obtido através da reticulação do polietileno

    (polímero de adição produzido a partir da polimerização do etileno), ou seja, criação

    de ligações (pontes) entre macromoléculas de polietileno, tornando se mais

    resistente às altas temperaturas, ataques químicos e resistência à deformação. As

    macromoléculas do polietileno e do polietileno reticulado são apresentadas na

    Figura 4.

    Figura 4: Macromoléculas do polietileno normal e do polietileno reticulado

    (Fonte: Pex do Brasil)

    O PEX, diferentemente do polietileno, é um material termofixo 14 feito para

    densidades altas e médias, sendo suas características estabelecidas em normas,

    como por exemplo, a ASTM F 876 15 e a ASTM F 877 16.

    A Plastic Pipe and Fittings Association (2006) coloca que a tubulação de PEX tem

    sido usada para instalações de água fria e quente e para aquecimento de pisos na

    Europa por muitos anos. Ainda, foi introduzida nos EUA em 1980 e tem substituído o

    Polibutileno como tubo flexível, inclusive para sistemas prediais de proteção por

    chuveiros automáticos.

    ____________ 14 Termofixo – são materiais plásticos que quando curados, com ou sem aquecimento, não podem ser reamolecidos por um próximo aquecimento. 15 ASTM F 876 - Standard Specification for Crosslinked Polyethylene (PEX) Tubing. 7 p. 2005 16 ASTM F 877 – Standard Specification for Crosslinked Polyethylene (PEX) Plastic Hot- and Cold-Water Distribution Systems, 8 p. 2005

  • 43

    O sistema de chuveiros automáticos para a extinção de incêndio com o produto

    denominado PEX (tubos) é destinado para proteção contra incêndio em residências.

    Nos Estados Unidos, onde é crescente a utilização de sistemas de chuveiros

    automáticos para residências, nota-se que as exigências na implantação do sistema

    são feitas pelas seguradoras e, em alguns estados, por órgãos especializados, como

    o Corpo de Bombeiros. Isto pelo fato das residências serem fabricadas com

    materiais combustíveis (ex: madeira) e pela grande proporção de incêndios ocorridos

    neste tipo de edificações.

    Apresenta-se na seqüência as especificações de dois sistemas de chuveiros

    automáticos para extinção de incêndio com o tubo fabricado com o material PEX,

    bem como suas limitações de aplicação. O primeiro é denominado “REHAU Fire

    Protection System” e fabricado pela empresa “REHAU Incorporated” e o segundo

    denominado “Aquasafe®” e fabricado pela empresa “Uponor”.

    Os motivos pelo os quais levam a necessidade de aplicação de sistemas de

    proteção por chuveiros automáticos em residências são:

    Pode apagar um foco inicial de incêndio em questão de segundos, diminuindo

    os danos à propriedade;

    Oito em cada dez mortes por incêndio ocorre na residência (dados da NFPA);

    Uma casa típica, no caso dos Estados Unidos, pode ser envolvida pelas

    chamas em questão de minutos, após o início do incêndio;

    Em 90% dos incêndios residenciais, um único chuveiro automático pode

    controlar o incêndio em segundos;

    O combate ao incêndio pelo Corpo de Bombeiros (mangueiras) descarrega,

    aproximadamente, 580 litros de água por minuto. Já o sistema de chuveiros

    automáticos com os chuveiros de resposta rápida descarrega entre 45 a

    53 litros de água por minuto.

    O sistema denominado “REHAU Fire Protection System” é composto pelos tubos

    denominados “Raupex®” e pelas conexões “Everloc®”, apresentados na Figura 5.

  • 44

    Figura 5: Sistema de chuveiros automáticos REHAU Fire Protection System (Fonte:

    REHAU Incorporated)

    O sistema, normalmente, funciona integrado com o suprimento de água fria, ou seja,

    o sistema é instalado direto na rede de água fria da edificação. No evento da

    ocorrência de incêndio é esperado, significativamente, o controle deste na região de

    origem, causando menores danos quando comparado com o combate ao incêndio

    realizado pelo Corpo de Bombeiros.

    O sistema denominado “Aquasafe®”, assim como descrito no sistema anterior,

    funciona ou não como parte do sistema de instalação de água fria da residência, ou

    seja, o sistema pode ser instalado direto na rede de água fria. Uma conexão com

    quatro portas é utilizada para a inserção dos tubos e do chuveiro automático. Linhas

    de tubulação saem do “manifold” e alimentam as conexões. O restante das saídas

    na conexão é usado para alimentar outra conexão através da tubulação com o

    material PEX. Os materiais utilizados e a montagem do sistema são apresentados

    na Figura 6.

    Tubo

    conexão

  • 45

    Figura 6: Tubo, conexão e montagem dos sistema denominado “Aquasafe®”

    (Fonte: Uponor North America)

    Os benefícios apontados para a escolha deste tipo de sistema e, consequentemente,

    este tipo de material são:

    Sistema com tubulações flexíveis - Propicia fácil aplicação (manuseio), a qual

    pode ser notada através de estudos de casos apresentados no Anexo B;

    Manutenção fácil - tubulações e conexões não são soldadas;

    Durabilidade alta – Testes indicaram que a vida útil da tubulação não é menos

    que 100 anos;

    Custo efetivo – pode ser instalado rapidamente e facilmente com um custo muito

    competitivo;

    Confiança – A possibilidade de um chuveiro automático descarregar

    acidentalmente devido a um defeito de fabricação é 1 em 16 milhões;

    Efetividade – chuveiros automáticos são ativados pelo calor e não pela fumaça.

    Eles controlam o incêndio em segundos, antes de ocorrer maiores prejuízos;

    Investimento inteligente – A aplicação do sistema pode aumentar o valor de

    revenda da residência e baixar as taxas de seguro.

  • 46

    3.2. Normas de tubos e conexões plásticas para sistema de chuveiros

    automáticos

    Esta subseção apresenta os critérios de avaliação e limitações de tubos e conexões

    plásticos para sistema de chuveiros automáticos, conforme exposto em diversas

    normas técnicas e normas de produto.

    3.2.1. Normas da National Fire Protection Association (NFPA)

    A norma NFPA 13: 2002– “Installation of Sprinkler Systems” é uma norma criada

    pela NFPA e tem como objetivo estabelecer requesitos mínimos para o projeto e

    instalação de sistema de chuveiros automáticos para extinção de incêndio, sendo,

    provavelmente, a norma mais completa e mais conhecida. A norma estabelece

    diversos critérios a serem atendidos pelo sistema, porém, são analisados aqui

    aqueles que, de certa forma, indicam as relações de tubulações plásticas nos

    sistemas de chuveiros automáticos.

    O item 6.3 “Aboveground Pipe and Tube” da norma, ou seja, tubulações instaladas

    sobre o piso, indicam que tubulações de CPVC e Polibutileno devem estar de acordo

    com o item 6.3.6 “Listed Pipe and Tubing”, o qual estabelece o seguinte texto:

    “Outros tipos de tubos investigados para conformidade em instalações de chuveiros automáticos e listado para este serviço, incluem, mas não limitam, para o polibutileno, o CPVC e outros tipos de aço, diferentes daqueles especificado na norma, podendo ser permitidos, desde que instalados com suas limitações”.

    Isso significa que a norma não restringe o desenvolvimento de novos materiais para

    aplicação nestes sistemas, desde que atendam todos os critérios de projeto e de

    desempenho. Por outro lado, esta norma não especifica quais métodos de

    desempenho devem ser aplicados para os materiais, ficando esta responsabilidade e

    a certificação a critério de órgãos especializados, como o Underwriters Laboratories

    (UL) e a Factory Mutual (FM).

  • 47

    A norma também indica que os tubos de CPVC devem estar de acordo com a norma

    ASTM F442 17 e as conexões CPVC de acordo com as normas ASTM F 437 18,

    ASTM F 438 19 e ASTM F 439 20, sendo que todas tratam da especificações do

    produto (tubos e conexões).

    O item A.6.3.6 indica que outros tipos de tubulações devem ser investigados e

    listados para aplicações nestes sistemas, incluindo outros termoplásticos. Salienta

    que, enquanto estes produtos podem oferecer vantagens (facilidade de manipulação

    e instalação, custo efetivo, redução de perdas de fricção e melhora da resistência à

    corrosão) é importante reconhecer que estes materiais também têm suas limitações.

    Com relação aos tubos e conexões termoplásticos o anexo apresenta que para a

    exposição do material a temperaturas elevadas em excesso pode resultar na

    distorção ou falha do sistema. Portanto, cuidados devem ser tomados para que a

    temperatura ambiente, incluindo variações sazonais, não exceda os valores

    calculados para o material empregado no sistema. Ainda, é colocado que a

    temperatura ambiente de aplicação da tubulação de CPVC para sistem