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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ROBERTA NUNES AVALIAÇÃO DO EXTRATO METANÓLICO DAS FOLHAS DE Garcinia humilis Vahl (CLUSIACEAE) NOS EFEITOS AGUDOS DA INFLAMAÇÃO Itajaí (SC) 2019

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ROBERTA NUNES

AVALIAÇÃO DO EXTRATO METANÓLICO DAS

FOLHAS DE Garcinia humilis Vahl (CLUSIACEAE) NOS

EFEITOS AGUDOS DA INFLAMAÇÃO

Itajaí (SC)

2019

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

ROBERTA NUNES

AVALIAÇÃO DO EXTRATO METANÓLICO DAS

FOLHAS DE Garcinia humilis Vahl (CLUSIACEAE) NOS

EFEITOS AGUDOS DA INFLAMAÇÃO

Dissertação submetida à Universidade do

Vale do Itajaí como parte dos requisitos

para a obtenção do grau de Mestre em

Ciências Farmacêuticas.

Orientador: Profa. Dra. Nara Lins Meira

Quintão

Co-orientador: Prof. Dr. José Roberto

Santin

Itajaí (SC)

Setembro de 2019

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Ficha Catalográfica

Bibliotecária Eugenia Berlim Buzzi CRB 14/493.

N922a Nunes, Roberta, 1995-

Avaliação do extrato metanólico das folhas de garcinia humilis vahl

(clusiaceae) nos efeitos agudos da inflamação [Manuscrito] / Roberta Nunes.

Itajaí, SC. 2019.

112 f. ; il. ; graf. ; fig.

Bibliografias f. 91-109

(Cópia de computador (Printout(s)).

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos

requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

“Orientador: Profª. Drª. Nara Lins Meira Quintão.”

“Co-orientador: Prof. Dr. José Roberto Santin.

1. Produtos Naturais. 2. Plantas medicinais. 3. Farmacologia.

4. Substâncias sintéticas bioativas. I. Universidade do Vale do Itajaí.

II. Título.

CDU: 615.32

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Dedico essa conquista a minha família,

que nunca mediu esforços para que meus

sonhos se tornassem realidade.

Obrigada por sempre estarem presentes!

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida, onde permitiu que tudo isso acontecesse.

Deu-me força em todos os momentos difíceis e sabedoria nas horas incertas.

Aos meus pais, Zildo e Zulmira, pelo apoio incondicional em todos os

momentos e escolhas. Agradeço todo o esforço para me proporcionarem uma

educação de qualidade, deixando muitas vezes de lado seus próprios sonhos

para realizar os meus.

Ao meu irmão Ricardo, por sempre estar ao meu lado e por todo

companheirismo durante essa jornada.

Ao Endriw, meu companheiro de todas as horas. Obrigada por toda

ajuda, paciência e por sempre acreditar no meu potencial. Você foi

fundamental para a concretização deste sonho!

A minha orientadora Nara, por me acompanhar nessa trajetória como

professora e amiga. Obrigada por todo conhecimento, confiança, carinho e

respeito. Quem me dera um dia ser metade da profissional excelente que você

é!

Ao meu co-orientador José Roberto, por todo conhecimento e paciência.

Obrigado pela oportunidade de trabalhar e aprender contigo.

Aos membros da banca interna, Prof. Dra. Márcia M. de Souza, Prof.

Dr. Luiz Carlos Klein por todas as correções e sugestões durante a execução

deste trabalho.

Aos meus amigos e companheiros de laboratório, Milena, Renata,

Fernanda, Fellippe e Larissa, muito obrigada! Os experimentos ficaram mais

descontraídos na companhia de vocês!

As minhas companheiras de disciplinas e seminários, Aline, Izabel,

Carla e Talita.

Ao grupo de pesquisa FARMATOX, por todo conhecimento e também

pelos momentos de descontração que passamos juntos.

Ao Prof. Dr. Rivaldo Niero por toda realização da parte fitoquimica e

aos demais professores do programa por todo conhecimento transmitido.

Aos colaboradores e à coordenação do Programa de Pós Graduação em

Ciências Farmacêuticas, Prof. Dr. Clóvis Rodrigues, Juliano dos Santos,

Helenise Heyse Moreira e Evandro Gomes.

A minha professora da graduação, Adrielli Tenfen, por me incentivar e

ajudar nesta caminhada desde o início, e pela disposição em sempre me ajudar

na parte química do trabalho.

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À CAPES, CNPq e UNIVALI pelo apoio financeiro.

A todos que participaram e acrescentaram para a obtenção desse título,

muito obrigada!

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“Suba o primeiro degrau com fé.

Não é necessário que você veja toda a escada.

Apenas dê o primeiro passo.”

(Martin Luther King)

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AVALIAÇÃO DO EXTRATO METANÓLICO DAS

FOLHAS DE Garcinia humilis Vahl (CLUSIACEAE) NOS

EFEITOS AGUDOS DA INFLAMAÇÃO

Roberta Nunes

Setembro/2019

Orientadora: Profa. Nara Lins Meira Quintão, Dra.

Co-orientador: Prof. José Roberto Santin, Dr.

Área de Concentração: Produtos naturais e substâncias sintéticas bioativas.

Número de páginas: 102

Garcinia humilis, conhecida como “achachairu” é utilizada por suas

propriedades digestivas, laxantes e anti-inflamatórias. Neste contexto, o

presente trabalho investigou os efeitos in vivo e in vitro do extrato metanólico

das folhas de G. humilis sobre a migração de neutrófilos para o tecido

inflamado, na secreção de mediadores químicos derivados de células e na

atividade antinociceptiva. A atividade anti-inflamatória foi investigada por

meio do modelo de bolsa de ar, utilizando como agente flogístico carragenina

administrada no tecido subcutâneo de camundongos Swiss machos tratados

com o extrato de G. humilis (0,1, 1,0, 10 ou 30 mg/kg v.o.). A migração de

leucócitos, a secreção de mediadores químicos (TNF, IL-1β, IL-6 e CXCL1),

e exsudação de proteínas, foram quantificados no exsudato inflamatório. In

vitro, a expressão das moléculas de adesão (CD62L e CD18), mediadores

químicos e quimiotaxia frente ao fMLP foi avaliada em neutrófilos recrutados

de camundongos e em cultura celular de macrófagos RAW 264.7

previamente tratada com extrato (1, 10 ou 100 µg/mL) e estimulada com LPS

(5 µg/mL). A atividade anti-inflamatória dos compostos isolados friedelina,

canofilol, amentoflavona e 3-desmetil-2-geranil-4-prenilbellidifolina

xantona (10 μM) foi avaliada em macrófagos RAW 264.7 por meio da

mensuração de óxido nítrico (NO) e TNF. O tratamento oral com o extrato

de G. humilis na dose de 30 mg/kg promoveu redução na migração de

neutrófilos, bem como diminuição de TNF, IL-1β e CXCL1, sem alterar a

exsudação de proteínas e níveis de IL-6. In vitro, o extrato de G. humilis

reduziu os níveis de IL-1β e IL-6, porém sem alterar TNF e CXCL1 em

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neutrófilos estimulados com LPS. Ainda, o extrato diminuiu a expressão de

L-selectina e β2-intergrina na superfície de neutrófilos e reduziu a

quimiotaxia frente ao fMLP. Os compostos friedelina, amentoflavona e 3-

desmetil-2-geranil-4-prenilbellidifoline xantona diminuíram a secreção de

NO e TNF em macrófagos estimulados com LPS. Ressalta-se ainda a

ausência de citotoxicidade para fibroblastos, neutrófilos e macrófagos. Além

do potencial anti-inflamatório o extrato de G. humilis na dose de 30 mg/kg,

via oral, também foi capaz de reduzir a hipersensibilidade mecânica induzida

por carragenina (300 μg/pata). Em conjunto, os resultados obtidos

demonstram que o extrato das folhas de G. humilis apresenta importantes

ações anti-inflamatórias in vivo e in vitro, além de atividade antinociceptiva,

bloqueando as vias de secreção e migração de neutrófilos, sugerindo sua

aplicação terapêutica em reações inflamatórias agudas.

Palavras-chave: Dor. Neutrófilo. Macrófago. Citocina. Achachairu

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EVALUATION OF THE METANOL EXTRACT FROM

Garcinia humilis Vahl (CLUSIACEAE) LEAVES ON

ACUTE EFFECTS OF INFLAMMATION

Roberta Nunes

Setembro/2019

Orientador: Nara Lins Meira Quintão, Dr.

Co-orientador: José Roberto Santin, Dr.

Area of concentration: Natural products and synthetic bioactive substances.

Number of pages: 102

Garcinia humilis, known as “achachairu”, is used in popular medicine for its

digestive, laxative and anti-inflammatory properties. We investigated the in

vivo and in vitro effects of the methanol extract of G. humilis leaves on

neutrophil migration to inflamed tissue, the secretion of chemical mediators

derived from cells, and antinociceptive activity. Anti-inflammatory activity

was investigated using carrageenan-induced inflammation in the

subcutaneous tissue of male Swiss mice treated with the extract of G. humilis

(0.1, 1.0, 10 or 30 mg/kg p.o.). Leucocyte migration, secretion of chemical

mediators (TNF, IL-1β, IL-6 and CXCL1) and protein exudation in the

inflammatory exudate were quantified. In vitro, the expression of adhesion

molecules (CD62L and CD18), chemical mediators and chemotactic power

of neutrophils against fMLP were evaluated with neutrophils recruited from

mice and RAW 264.7 macrophage cell culture previously treated with the

extract (1, 10 or 100 µg/mL) and activated with LPS (5 µg/mL). The anti-

inflammatory activity of the isolated compounds friedelin, canophyllol,

amentoflavone and 3-desmethyl-2-geranyl-4-prenylbellidypholine xanthone

(10 μM) were evaluated in RAW 264.7 macrophages by measuring nitric

oxide (NO) and TNF. Oral treatment with the extract of G. humilis at the dose

of 30 mg/kg caused a reduction in neutrophil migration, as well a decrease in

TNF, IL-1β and CXCL1 levels, but did not change the protein exudation and

did not reduce IL-6. In vitro, the treatment with the extract reduced IL-1β

and IL-6 levels, but did not alter TNF and CXCL1. It also decreased CD62L

and CD18 expressions on the surface of the neutrophils, and reduced

neutrophil chemotaxis. The compounds friedelin, amentoflavone and 3-

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demethyl-2-geranyl-4-prenylbellidypholine xanthone decreased the secretion

of NO and TNF in the macrophages. The absence of cytotoxicity for

fibroblasts, neutrophils and macrophages is also highlighted. In addition, the

anti-inflammatory extract of G. humilis at the oral dose of 30 mg/kg was also

able to reduce mechanical hypersensitivity by carrageenan (300 μg/paw).

Together, the test results demonstrate that the extract of leaves of G. humilis

presents important anti-inflammatory actions in vivo and in vitro, in addition

to antinociceptive activity, blocking the secretion and migration pathways of

neutrophils, suggesting that it has potential for therapeutic application to treat

acute inflammatory reactions.

Keywords: Pain. Neutrophil. Macrophage. Cytokine. Achachairu

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Migração de leucócitos para o tecido lesado...............................29

Figura 2. Migração do neutrófilo em direção a um gradiente de concentração

quimioatrativo..............................................................................................31

Figura 3. Classificação das fibras nervosas................................................34

Figura 4. Organização das fibras no corno dorsal da medula

espinhal.........................................................................................................35

Figura 5. Sensibilização de nociceptores por lesão tecidual e

inflamação....................................................................................................37

Figura 6. Imagens ilustrativas das folhas de G.

humilis..........................................................................................................41

Figura 7. Estruturas moleculares dos fitoconstituintes presentes no EMB de

G. humilis.....................................................................................................43

Figura 8. Fluxograma da preparação do EMB das folhas de G.

humilis..........................................................................................................50

Figura 9. Delineamento experimental do modelo de bolsa de ar................52

Figura 10. Descrição do método ELISA sanduíche....................................54

Figura 11. Delineamento experimental do modelo de recrutamento de

neutrófilos com glicogênio de ostra.............................................................55

Figura 12. Ilustração do poço para ensaio de quimiotaxia in

vitro..............................................................................................................58

Figura 13. Efeito do EMB de G. humilis no modelo de bolsa de ar induzido

por carragenina.............................................................................................64

Figura 14. Análise histológica do efeito do EMB de G. humilis no tecido de

revestimento da bolsa de ar...........................................................................65

Figura 15. Efeito do EMB de G. humilis sobre a secreção de mediadores

químicos no exsudato da bolsa de ar............................................................66

Figura 16. Avaliação do efeito citotóxico do EMB de G. humilis na

viabilidade de neutrófilos e fibroblastos estimulados com

LPS...............................................................................................................67

Figura 17. Efeito do EMB G. humilis sobre a quimiotaxia de neutrófilos e a

expressão de L-selectina (CD62L) e β2-integrina (CD18)...........................69

Figura 18. Efeito do EMB de G. humilis sobre a secreção de mediadores

químicos secretados por neutrófilos..............................................................71

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Figura 19. Efeito do EMB de G. humilis e os compostos C1, C2, C3 e C4 na

produção de NO2- e TNF em macrófagos estimulados por

LPS...............................................................................................................72

Figura 20. Avaliação do efeito citotóxico do EMB de G. humilis e dos

compostos C1, C2, C3 e C4 sobre macrófagos............................................73

Figura 21. Efeito do EMB de G. humilis na hiperalgesia mecânica induzida

por carragenina.............................................................................................75

Figura 22. Efeito do EMB de G. humilis sobre a atividade locomotora dos

animais.........................................................................................................76

Figura 23. Esquema representativo do mecanismo de ação anti-inflamatório

e antinociceptivo do EMB de G. humilis.......................................................89

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LISTA DE ABREVIATURAS

AINEs - Anti-inflamatórios não esteroidais

AMPc - Adenosina 3’, 5’ – monofosfato cíclico

APP-1 – Proteína ativadora 1

Arid5a – Domínio interativo rico em AT contendo proteína 5a

ASIC - Canais iônicos sensíveis a ácidos

ATP - Trifosfato de adenosina

C5a - Fração 5a do sistema complemento

CEUA – Comissão de Ética no Uso de Animais

COXs - Enzimas ciclooxigenases

CXCR2 - Receptor de quimiocina C-X-C tipo 2

DAMP – Padrão molecular associado a danos

DI50 – Dose inibitória de 50%

DMEN - Dulbecco's Modified Eagle Medium

DMSO – Dimetilsulfóxido

DNA - Ácido desoxirribonucleico

ELISA – Ensaio de imunoadsorção enzimático

EMB – Extrato metanólico bruto

eNOS - NOS endotelial

E.P. M. - Erro padrão da média

FCS – Soro fetal de bezerro

FITC – Isotiocianato de fluoresceína

FPR1 - Receptor de peptídeos formilados 1

fMLP - N-formilmetionina-leucil-fenilalanina

GAGs – Glicosaminoglicanos

GM-CSF - Fator estimulante de colônias de macrófagos

GPCRs – Receptores acoplado à proteína G

HBSS - Solução salina equilibrada de Hanks

HE - Hematoxilina e eosina

ICAM – Molécula de adesão intracelular

IFN - Interferon

iNOS - NOS indutiva

i. p. – Intraperitoneal

i. pl. – Intraplantar

ICAM-1- Molécula de adesão intercelular 1

IL – Interleucina

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K2P - Canais de potássio de dois poros

KC – Quimiocina derivada de queratinócitos

KV - Kolaviron

LPS - Lipopolissacarídeo de E.coli

LTB4 - Leucotrieno B4

MIP - Proteína macrofágica

MTT - Redução do Sal de Tetrazolium

nNOS - NOS neuronal

NADPH - Nicotinamida adenina dinucleótido fosfato

NETs – Armadilhas extracelulares de neutrófilos

NF-κB – Fator nuclear kappa B

NK - Natural killer

NOS - NO Sintase

PAMP – Padrão molecular associado a patógenos

PBS – Salina tampão fosfato

PECAM – Molécula de adesão celular endotelial plaquetária

PGE2 - Prostaglandina E2

PI3K – Fosfoinositídeo-3-quinase

PNs - Produtos naturais

Regnase-1 - RNase reguladora 1

ROS – Espécies reativas de oxigênio

RPMI - Meio do Roswell Park Memorial Institute

RTK - Receptor de tirosina quinase

SNC - Sistema nervoso central

TACE – Enzima conversora de fator de necrose tumoral α

TNF – Fator de necrose tumoral

TRP - Canal potencial receptor transiente

V-CAM-1 – Molécula de adesão celular vascular 1

v. o. – Via oral

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................23

2 OBJETIVOS............................................................................................25

2.1 Objetivo Geral.......................................................................................25

2.2 Objetivos Específicos............................................................................25

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................27

3.1 Inflamação.............................................................................................27

3.2 Dor............................................................................................. .............33

3.2.1 Dor inflamatória.................................................................................35

3.3 Produtos naturais e medicamentos......................................................38

3.4 Gênero Garcinia....................................................................................39

3.4.1 Garcinia humilis.................................................................................41

3.4.2 Aspectos químicos...............................................................................41

3.4.3 Aspetos biológicos...............................................................................45

4 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................49

4.1 Drogas e equipamentos.........................................................................49

4.2 Obtenção do material botânico e preparação do EMB de G.

humilis.........................................................................................................49

4.2.1 Obtenção dos compostos.....................................................................50

4.3 Animais.............................................................................................. ....50

4.4 Avaliação da atividade anti-inflamatória in vivo – Inflamação no

tecido subcutâneo dorsal (bolsa de ar).....................................................51

4.4.1 Contagem total e diferencial de leucócitos e análise histológica do

tecido da bolsa de ar.....................................................................................52

4.4.2 Quantificação de proteínas totais.......................................................53

4.4.3 Determinação de citocinas..................................................................53

4.5 Avaliação da atividade anti-inflamatória in vitro - Obtenção de

neutrófilos migrados para o peritônio.......................................................54

4.5.1 Viabilidade de neutrófilos...................................................................55

4.5.1.1 Viabilidade celular pelo método de Azul de Tripan.......................55

4.5.1.2 Viabilidade celular pela técnica de redução do Sal de Tetrazolium

(MTT).......................................................................................................... .55

4.5.2 Determinação de citocinas..................................................................56

4.5.3 Determinação do NO2-........................................................................56

4.5.4 Ensaio de quimiotaxia de neutrófilos.................................................57

4.5.5 Quantificação da expressão de moléculas de adesão.........................58

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4.5.6 Cultura celular....................................................................................59

4.5.7 Viabilidade celular pela técnica de redução do Sal de Tetrazolium

(MTT)...........................................................................................................59

4.5.8 Determinação do NO2- e TNF............................................................59

4.6 Avaliação da atividade antinociceptiva in vivo...................................59

4.6.1 Hipersensibilidade mecânica induzida por carragenina...................60

4.7 Avaliação dos possíveis efeitos adversos do tratamento com o EMB

de G. humilis................................................................................................60

4.7.1 Atividade locomotora (campo aberto).................................................60

4.8 Análise estatística..................................................................................61

5 RESULTADOS........................................................................................63

5.1 O EMB de G. humilis inibe a migração de neutrófilos para o foco de

inflamação induzida por carragenina.......................................................63

5.2 O EMB de G. humilis reduz a secreção de TNF, IL-1β e CXCL1 no

exsudato inflamatório induzido por carragenina.....................................66

5.3 O EMB de G. humilis não afeta a viabilidade dos neutrófilos

circulantes e de fibroblastos L929........................................................... ..67

5.4 O EMB de G. humilis altera a expressão das moléculas de adesão e

reduz a quimiotaxia em neutrófilos circulantes incubados com LPS in

vitro..............................................................................................................68

5.5 O EMB de G. humilis reduz a produção de citocinas e óxido nítrico

em neutrófilos estimulados com LPS in vitro...........................................70

5.6 O EMB de G. humilis e os compostos friedelina, amentoflavona e 3-

desmetil-2-geranil-4-prenilbellidifoline xantona reduzem a secreção de

óxido nítrico e TNF em macrófagos estimulados com LPS.....................71

5.7 O EMB de G. humilis reduz a hiperalgesia mecânica induzida por

carragenina.................................................................................................73

5.8 O EMB de G. humilis não altera a atividade locomotora dos

animais.........................................................................................................75

6 DISCUSSÃO........................................................................................ ....77

7 CONCLUSÃO.........................................................................................89

REFERÊNCIAS.........................................................................................91

ANEXOS...................................................................................................111

ANEXO A – Parecer comitê de ética no uso de animais.......................11

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23

1 INTRODUÇÃO

A inflamação é a resposta primária a uma infecção ou lesão no

organismo e possui importante papel de remover o material lesivo (ou o

agente) e promover a reparação tecidual. É caracterizada pela liberação de

uma série de mediadores que regulam o aumento da permeabilidade vascular

e o recrutamento de leucócitos para o local da lesão (RODRIGUEZ-VITA;

LAWRENCE, 2010). Alguns desses mediadores, incluindo citocinas e

quimiocinas, podem ativar diretamente ou modificar a atividade dos

nociceptores, contribuindo para a hiperalgesia e dor espontânea (BASBAUM

et al., 2009).

Apesar dos múltiplos recursos disponíveis atualmente para o tratamento

de processos inflamatórios e dolorosos, como acupuntura, técnicas de

neuroestimulação e bloqueios anestésicos, a terapia farmacológica ainda é o

grande suporte para o tratamento dessas condições clínicas. No entanto,

sempre há preocupações em relação aos efeitos adversos que esses fármacos

podem gerar, como danos gastrointestinais, renais e cardiovasculares

(BENFARI, 2015; RONCHETTI; MIGLIORATI; DELFINO, 2017).

Os produtos naturais (PNs) são uma fonte viável de protótipos e

possíveis fármacos e vêm contribuindo para a prevenção ou tratamento das

mais variadas patologias. A utilização de PNs é relevante, pois permite

avaliar atividades farmacológicas em extratos padronizados, visando validar

o seu uso popular e oferecer maior segurança quanto ao uso terapêutico

(CRAGG, et al., 2014; MOTA et al., 2008).

O gênero Garcinia possui uma ampla gama de propriedades biológicas

e farmacológicas, incluindo atividade anti-inflamatória, analgésica e

antiproliferativa (MARTINS et al., 2008; CAO et al., 2007; SEMWAL, et al.,

2015). A espécie Garcinia humilis é utilizada popularmente para o tratamento

de processos inflamatórios (DAL MOLIN et al., 2012; MARQUES, et al.,

2012). Contudo, ainda não há estudos que comprovem seu efeito anti-

inflamatório, nem mesmo os mecanismos pelos quais esse efeito é regulado.

Neste contexto, estudos que esclareçam o papel do extrato metanólico

bruto (EMB) das folhas da G. humilis sobre os mecanismos envolvidos nos

processos dolorosos e inflamatórios são de grande importância. Assim sendo,

o presente trabalho teve como objetivo investigar a atividade anti-

inflamatória e antinociceptiva do extrato obtido das folhas de G. humilis

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utilizando metodologias in vivo e in vitro, visando confirmar o uso

etnofarmacológico no tratamento de processos inflamatórios e dolorosos.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Investigar a atividade anti-inflamatória e antinociceptiva do extrato

metanólico das folhas de G. humilis utilizando metodologias in vivo e in vitro,

visando confirmar o uso etnofarmacológico no tratamento de processos

inflamatórios e dolorosos.

2.2 Objetivos Específicos

• Avaliar os efeitos do EMB das folhas de G. humilis sobre a migração

de células no modelo de bolsa de ar induzido por carragenina em

camundongos;

• Quantificar no exsudato da bolsa de ar proteínas totais, TNF, IL-1β,

IL-6 e CXCL1;

• Verificar a citotoxicidade do EMB de G. humilis em neutrófilos e

fibroblastos estimulados por LPS;

• Verificar os efeitos do EMB de G. humilis sobre a expressão das

moléculas de adesão celular L-selectina e β2-integrina em

neutrófilos estimulados por LPS;

• Avaliar a atividade do EMB de G. humilis sobre a quimiotaxia de

neutrófilos;

• Quantificar a secreção de TNF, IL-1β, IL-6, CXCL1 e óxido nítrico

em neutrófilos estimulados por LPS;

• Avaliar a atividade do EMB de G. humilis e dos compostos

friedelina, canofilol, amentoflavona e 3-desmetil-2-geranil-4-

prenilbellidifolina xantona sobre macrófagos.

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• Analisar o limiar mecânico de retirada da pata de animais tratados

com EMB de G. humilis submetidos ao modelo de

hipersensibilidade induzida por carragenina em camundongos;

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Inflamação

A inflamação é uma resposta fisiopatológica causada por uma infecção

ou dano tecidual, a qual consiste em eventos celulares e moleculares com

intuito de eliminar o estímulo causador e retornar a homeostasia (ORTEGA-

GÓMEZ, et al., 2013). É caracterizada por cinco sinais típicos: rubor, calor,

edema, dor e perda da função. A inflamação pode ser sistêmica (quando é

causada por um trauma, cirurgia ou infecção grave) ou local (quando é

causada por uma lesão externa) (RONCHETTI; MIGLIORATI; DELFINO,

2017).

Este processo pode ser iniciado por padrões moleculares associados a

patógenos (PAMPs), liberados por micro-organismos invasores, e padrões

moleculares associados a danos (DAMPs) derivados de células danificadas

e/ou mortas, ou em resposta a tecidos e/ou estresse celular. Além disso, o

estímulo inflamatório pode ser desencadeado também por agentes químicos

(ácidos, gases e solventes) (NOURSHARGH, et al., 2014).

As respostas inflamatórias são reguladas por vários fatores

transcricionais, incluindo o fator nuclear κB (NF-κB). A ativação de NF-κB

depende da ubiquitinação induzida pela fosforilação das proteínas IκB. A via

de sinalização do NF-κB é ativada em minutos após a exposição de sinais

pró-inflamatórios, como citocinas e patógenos, que por sua vez designa os

IκBs clássicos (IκBα, IκBβ ou IκBε) para degradação com consequente

liberação de dímeros de NF-κB para translocação nuclear, onde medeiam a

expressão de muitos genes inflamatórios (CHRISTIAN, et al., 2016; GRAY,

et al., 2014).

Em condições fisiológicas, os leucócitos circulam na parte central do

vaso sanguíneo e, na vigência de um estímulo inflamatório, são recrutados

para o foco da lesão. Nesse processo, ocorrem alterações vasculares, como

vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular que, em conjunto

resultam na diminuição do fluxo sanguíneo, no extravasamento de proteínas

plasmáticas e no recrutamento celular (CHEN; NUNES, 2010).

Em resposta à lesão, células inflamatórias locais, secretam diversas

citocinas na corrente sanguínea. O fígado responde produzindo um número

de reagentes de fase aguda, incluindo as proteínas de fase aguda (APPs). As

APPs possuem diversas funções fisiológicas no sistema imune, a grande

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maioria age destruindo ou inibindo o crescimento de patógenos (CRAY, et

al., 2009).

O recrutamento de células para o local afetado é primeiramente

composto por neutrófilos. Essas células são cruciais para a primeira linha de

defesa do sistema imune inato devido às suas funções fagocíticas e

microbicidas. No local afetado, os neutrófilos liberam mediadores pró-

inflamatórios para atrair outras células inflamatórias e montam funções

efetoras para destruir os patógenos, incluindo degranulação, fagocitose,

produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e armadilhas extracelulares

de neutrófilos (NETs). No entanto, os neutrófilos devem ser rigidamente

regulados; o recrutamento excessivo exacerba suas atividades e acentua a

inflamação causando lesão tecidual (SAVILL et al., 2002; PANTARELLI;

WELCH, 2018).

Além de neutrófilos, outras células imunes inatas e residentes produzem

mediadores que modulam o destino da inflamação. Neutrófilos, macrófagos,

mastócitos e células dendríticas produzem citocinas e quimiocinas que

controlam o início da inflamação, sua manutenção e regulam sua amplitude

e duração de resposta. A inflamação também é controlada por uma série de

mediadores e reguladores extracelulares como fatores de crescimento,

eicosanoides (prostaglandinas) e outros peptídeos (FREIRE; VAN DYKE,

2013).

O extravasamento de leucócitos para o tecido lesado requer adesão

dessas células ao endotélio capilar. Esse processo de interação leucócito-

endotélio é altamente complexo, e mediado pela expressão sequencial de

receptores glicoproteicos, denominados de moléculas de adesão, que estão

expressos em leucócitos e em células endoteliais (COTRAN; MAJNO, 1964;

DARVEAU, 2010; FREIRE; VAN DYKE, 2013) (Fig. 1).

A primeira classe de moléculas de adesão envolvida neste processo

pertence à família das selectinas (P, E e L-selectinas), responsáveis pelo

rolamento (rolling) dos leucócitos na superfície do endotélio. As células

endoteliais expressam dois tipos de selectinas, denominadas P-selectina

(CD62P) e E-selectina (CD62E). A P-selectina é encontrada em plaquetas e

estocada nos corpos de Weibel-Palade na célula endotelial e é rapidamente

redistribuída para a superfície da célula, em resposta a produtos microbianos,

citocinas, histamina e trombina gerada durante a coagulação sanguínea. Já a

expressão da E-selectina (CD62E) é dependente de síntese proteica após

estimulação por mediadores específicos como interleucina-1β ou fator de

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necrose tumoral (TNF). Uma terceira selectina, denominada L-selectina

(CD62L), é expressa na superfície de leucócitos. Essa glicoproteína serve

para a ligação de leucócitos às células endoteliais que são ativadas por

mediadores inflamatórios durante a inflamação (GENG, et al., 1990; SMITH,

2007; LEY, et al., 2007). Após a ativação, a L-selectina é clivada pela ação

de metaloproteinases de membranas, como a ADAM17, também conhecida

como TACE, resultando, portanto, em expressão passageira (UCHIMURA;

ROSEN, 2006).

A parada de leucócitos é mediada pela ativação de receptores acoplados

a proteína G (GPCRs) por quimiocinas inflamatórias, que medeiam a

ativação de integrinas, uma outra classe de moléculas de adesão. A subfamília

de maior importância em neutrófilos é a família β2-integrina. A β2-integrina

é expressa na superfície dos leucócitos e se liga a glicoproteínas expressas na

superfície endotelial, incluindo ICAM-1 ou VCAM-1. Essa ligação permite

a redução da velocidade de rolamento dos leucócitos, firme adesão dos

leucócitos ao endotélio, bem como alteração da conformidade das células,

para posteriormente transmigração para o foco da lesão (GHANDOUR et al.,

2007; WILLIAMS et al., 2011; HERTER; ZARBOCK, 2013).

Figura 1. Migração de leucócitos para o tecido lesado

Os quatro eventos principais para a migração do leucócito incluem: rolamento, que é mediado

por selectinas, ativação que é mediada por quimiocinas e adesão, que é mediada por integrinas.

Após ativação, os leucócitos migram para o tecido lesado afim de combater o agente lesivo.

Fonte: Adaptado de Karenberg et al., 2016.

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Durante o comportamento de rolling, os neutrófilos podem detectar

gradientes químicos extracelulares e avançar para concentrações mais altas

desse gradiente, esse processo é denominado quimiotaxia. Os neutrófilos

respondem a múltiplos quimiotáticos que são secretados de diferentes fontes,

estes incluem, N-formilmetionina-leucil-fenilalanina (fMLP), leucotrieno B4

(LTB4), fração 5a do sistema complemento (C5a) e/ou quimiocinas (PETRI,

SANZ, 2018).

As quimiocinas são pequenas citocinas quimiotáticas que podem

controlar o tráfego e o comportamento migratório de células imunitárias e/ou

gliais periféricas (BAJETTO, et al., 2001). A CXCL1 é uma citocina

quimiotática produzida durante a inflamação e é importante para atrair células

polimorfonucleares para o local inflamatório. Em camundongos é conhecida

como quimiocinas derivada de queratinócitos (KC). Já em humanos, atua de

forma semelhante a IL-8 (VERRI, et al., 2006; SILVA, et al., 2017).

Dentro da vasculatura, quimioatrativos como quimiocinas são

imobilizados por glicosaminoglicanos (GAGs), em particular na membrana

luminal do endotélio. Extravascularmente, quimioatratores podem ligar-se à

matriz extracelular e orientar a migração de leucócitos para o foco da lesão.

Os quimiotáticos transmitem seus sinais através da interação com receptores

acoplados à proteína G expressos nas superfícies dos neutrófilos (WANG, et

al., 2005).

A quimiotaxia de neutrófilos é caracterizada por três processos

diferentes: Detecção do gradiente, polarização e motilidade celular. Portanto,

uma vez que o quimioatrativo interage com o seu receptor na superfície dos

neutrófilos, eles se submetem ao rearranjo do citoesqueleto, a mudança da

forma da célula e a polarização, mostrando uma borda de ataque/pseudópode

na frente, que empurra a célula para frente e uma extremidade

traseira/urópode na parte traseira, o que lhes permite mover-se intra- e

extravasculamente ao longo de uma gradiente de concentração (PETRI;

SANZ, 2018) (Fig. 2).

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Figura 2. Migração do neutrófilo em direção a um gradiente de concentração

quimioatrativo

O movimento celular consiste em ciclos de cinco processos: Protusão da membrana na borda de

ataque; Adesão das protusões; Translocação do corpo celular; Desprendimento da cauda e

retração da borda da extremidade traseira. A reorganização do citoesqueleto de actina está

envolvida nestes processos, que é regulada por Rho GTPases. Cdc42, Rac e Rho são reguladores

chaves da montagem de actina e controlam a formação de pseudópodes, urópodes e fibras de

tensão. Rac e Cdc42 ativados induzem a reorganização do citoesqueleto de actina na borda de

ataque; a polimerização de actina localizada na borda dianteira empurra para frente a membrana

em estruturas conhecidas como pseudópodes. Em contrapartida, Rho regula a montagem de

filamentos de actomiosina contráteis, que induzem o descolamento da cauda. Assim, durante o

movimento das células Rac e Cdc42 estimulam a formação de protuberâncias na borda de ataque,

enquanto que Rho induz a retração na extremidade traseira. Essa reorganização coordenada

permite o movimento da célula em direção a um alvo. Fonte: Adaptado de Matsuoka et al., 2014.

O processo de migração transendotelial é um passo fundamental no

recrutamento de leucócitos e envolve a função coordenada de um grande

número de moléculas. Proteínas intracelulares localizadas adjacentes às

bordas das células ou na membrana plasmática funcionam na transdução do

sinal. Estas incluem as GTPases Rho A, Rho G, Rac e Cdc42, as quinases da

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família Src, PI3K, óxido nítrico sintase (NOS) endotelial e proteínas

adaptadoras do citoesqueleto cortactina, filamina e α-actina (ALCAIDE, et

al., 2009; ENGELHARDT, et al., 2004; VESTWEBER, 2007; WILLIAMS

et al., 2011).

No entanto, é importante ressaltar que a migração de neutrófilos precisa

ser balanceada, pois neutrófilos ativados são os principais produtores de

radicais livres. Durante a inflamação prolongada, esses agentes tóxicos

tornam-se prejudiciais ao infligir danos ao hospedeiro, o óxido nítrico (NO),

por exemplo, pode interagir com elétrons levando a formação do ânion

peroxinitrito (ONOO-), um agente oxidante extremamente potente

(TRIPATHI, et al., 2007).

O NO é sintetizado a partir da L-arginina e oxigênio molecular por um

processo enzimático que utiliza elétrons doados pelo NADPH. A NO sintase

(NOS) converte a L-arginina em NO através do intermediário N-hidroxi-L-

arginina. Existem três tipos de NOS, NOS neuronal (nNOS) expressa

constitutivamente em neurônios, NOS endotelial (eNOS) expressa

constitutivamente em células endoteliais e a NOS induzível (iNOS) que não

é expressa em células em repouso, mas somente na ativação celular

(GELLER, et al., 1993; TRIPATHI, et al., 2007).

A geração de NO é uma característica genuína de células do sistema

imune, incluindo células dendríticas, células natural killer (NK), mastócitos,

monócitos, macrófagos, neutrófilos, bem como células endoteliais,

fibroblastos, hepatócitos e células de Schwann (SAINI; SINGH, 2018). Nos

neutrófilos, o NO modula a quimiotaxia, a adesão celular, a fagocitose, o

burst respiratório e a apoptose (BOGDAN, 1997).

O NO também medeia a liberação de armadilhas extracelulares de

neutrófilos (NETs) no local da inflamação, aumentando a geração de radicais

livres. As NETs são formadas pelos neutrófilos como um mecanismo de

defesa para imobilizar microorganismos invasores. São constituídas de um

suporte de DNA decorado com proteínas granulosas, tais como proteases

enzimaticamente ativas e peptídeos antimicrobianos (BOELTZ, et al., 2019).

À medida que a lesão amadurece, os neutrófilos se acumulam no tecido

local e morrem por apoptose. A acumulação inicial de neutrófilos é seguida

de uma segunda onda de infiltração celular, de fagócitos mononucleares

(monócitos). A diferenciação de monócitos em macrófagos promove a

remoção de neutrófilos e detritos apoptóticos por fagocitose. Os macrófagos

que completaram a eliminação de neutrófilos apoptóticos são removidos do

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tecido inflamado, seja por egressão ao sistema linfático ou por apoptose,

processo denominado eferocitose. Esta regulação temporal da inflamação

requer que este fenótipo celular conservado seja altamente regulado para

limpar o insulto original, se não reconhecidas e descartadas, as células

apoptóticas sofrem necrose secundária, liberando conteúdos intracelulares

prejudiciais e ampliando a resposta inflamatória aguda para crônica. Portanto,

embora as reações inflamatórias sejam benéficas e necessárias para a defesa

do hospedeiro, essas reações precisam ser controladas para evitar sequelas e

danos nos tecidos (HERTER; ZARBOCK, 2013; MAYER; DEREK, 2015;

SAVILL et al., 2002; VAN DYKE, 2013; WARD et al., 1999).

3.2 Dor

A dor é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor

(IASP) como sendo uma experiência associada com uma lesão tecidual real

ou potencial com componentes emocionais, sensoriais, cognitivos e sociais.

A detecção de estímulos nocivos pelos nociceptores provoca dor nociceptiva,

no entanto, em várias condições patológicas, a dor pode ocorrer na ausência

de um estímulo nocivo, em resposta a estímulos normalmente inócuos

(alodinia), e com resposta exagerada a um estímulo nocivo (hiperalgesia)

(WILLIAMS; CRAIG, 2016).

O componente sensorial da dor é denominado nocicepção que inclui a

detecção pelas fibras nervosas de estímulos mecânicos, térmicos ou

químicos. Em resposta a estes estímulos, receptores celulares, incluindo

receptores acoplados a proteína G (GPCR), canal potencial receptor

transiente (TRP), canais iônicos sensíveis a ácidos (ASIC), canais de potássio

de dois poros (K2P) e receptor de tirosina quinase (RTK), sofrem mudanças

na sua conformação e, portanto, medeiam a despolarização necessária para

desencadear um potencial de ação. A sensibilidade a dor térmica depende de

populações distintas de neurônios sensoriais primários, alguns tonam-se

ativos em temperaturas frias (TRPM8), enquanto outros respondem ao calor

(TRPV1). Já as terminações nervosas excitadas por estímulos mecânicos são

mediadas pelo receptor TRPA1 ou por canais catiônicos, especialmente

canais de sódio. As terminações periféricas sensíveis a estímulos químicos,

geralmente são ativadas por ligantes químicos relacionados a lesão celular ou

inflamação, como prótons, íons potássio, ATP, aminas, citocinas e

bradicinina (BASBAUM et al., 2009; MEYER et al., 2008).

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Estes estímulos nocivos são inicialmente detectados pelas fibras

nervosas sensoriais aferentes primárias que inervam um alvo periférico e

transmitem essa informação para os neurônios dentro do corno dorsal da

medula espinhal, e daí para os centros cerebrais superiores para interpretação

pelo cérebro (LINLEY, et al., 2010; JULIUS, 2013; RONCHETTI;

MIGLIORATI; DELFINO, 2017).

Os nociceptores que conduzem esse potencial de ação são formados por

duas classes principais de fibras nervosas baseadas no calibre e na velocidade

de condução. A primeira classe inclui aferentes mielinizados de diâmetro

médio (Aδ) que medeiam a dor aguda, rápida e bem localizada. Esta mesma

classe abrange as fibras mielinizadas de diâmetro maior (Aβ) que possui

elevada velocidade de condução, sendo responsáveis pela informação

proprioceptiva (toque e pressão). A segunda classe de nociceptores (C), são

fibras não mielinizadas de pequeno diâmetro, que conduzem o impulso de

forma lenta, produzindo a dor secundária (BASBAUM et al., 2009; MEYER

et al., 2008) (Fig. 3).

Figura 3. Classificação das fibras nervosas

Representação esquemática dos diferentes tipos de fibras nervosas responsáveis pela condução

do sinal nociceptivo da periferia ao SNC.

Fonte: Adaptado de GRUNENTHAL, 2004.

Estes aferentes primários terminam com um padrão específico de

distribuição na medula que é determinado pela sua modalidade sensorial e

pela região do corpo que inervam. Em geral fibras que apresentam baixo

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limiar de ativação (Aβ) se estendem desde a lâmina III até a lâmina V. Já as

fibras nociceptivas e termoreceptoras Aδ e C inervam a lâmina I e II (TODD,

2010) (Fig. 4).

Figura 4. Organização das fibras no corno dorsal da medula espinhal

Representação esquemática demonstrando as terminações centrais dos principais aferentes

primários.

Fonte: Adaptado de GRUNENTHAL, 2004.

A projeção de neurônios dentro das lâminas I e V constituem a principal

saída do corno dorsal para o cérebro. Esses neurônios estão na origem de

múltiplos caminhos ascendentes, incluindo os traçados espinotalâmicos e

espinoreticulotalâmicos, que levam estímulos dolorosos para o tálamo e

tronco cerebral, respectivamente. A partir do tronco talâmico e encefálico as

informações chegam às estruturas corticais (BASBAUM et al., 2009).

A classificação do processo doloroso é diversificada e depende do

critério adotado. Do ponto vista fisiológico a dor pode ser classificada em

três tipos distintos: Nociceptiva, inflamatória e neuropática (BASBAUM et

al., 2009). O presente trabalho concentra-se somente na dor inflamatória,

visto que ela é um dos cinco sinais típicos da inflamação.

3.2.1 Dor inflamatória

A dor de origem inflamatória resulta basicamente da interação entre o

tecido danificado e os neurônios sensoriais nociceptivos periféricos por meio

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da participação de mediadores inflamatórios; alguns apenas sensibilizando a

resposta nociceptiva (PATAPOUTIAN; TATE; WOOLF, 2009; GRACE et

al., 2014).

Notavelmente, os nociceptores expressam um ou mais receptores de

superfície celular, capazes de reconhecer e responder a cada um desses

mediadores inflamatórios. Esses mediadores sensibilizam os nociceptores

para que seu limiar de ativação diminua e sua responsividade aumente,

contribuindo para a hipersensibilidade à dor no sítio inflamado. A

estimulação desses receptores ativa sistemas de segundos mensageiros, os

quais resultam na ativação de proteínas quinases que possuem a habilidade

de fosforilar canais iônicos e receptores. Um dos principais segundos

mensageiros implicados na dor inflamatória é a adenosina 3’, 5’ –

monofosfato cíclico (AMPc) (REICHLING; GREEN; LEVINE, 2013).

A via inflamatória é tipicamente desencadeada por um trauma ou lesão

periférica. Isto é acompanhado pela liberação de ácido araquidônico, que é

posteriormente convertido em prostanoides pelas enzimas ciclooxigenases

(COXs). A COX-2 é a isoforma predominante da COX em condições

patológicas, mas não é a fonte exclusiva de prostaglandinas, que pode ser

induzida em tecidos lesados por IL-1β, TNF, IL-6, DAMPs e PAMPs

(BURIAN; GEISSLINGER, 2005). A COX-2 transforma o ácido

araquidônico em PGE2. A PGE2 promove a vasodilatação local e a ativação

e migração de neutrófilos, macrófagos e mastócitos, e pode ativar diretamente

os nociceptores através dos receptores da prostaglandina E (EP) (AOKI;

NARUMIYA, 2012).

A migração de células para o local da inflamação leva a liberação de

mediadores pró-inflamatórios, como citocinas e quimiocinas. Certas

citocinas pró-inflamatórias como TNF, IL-1β e IL-6, desempenham um papel

direto na geração e manutenção da dor, facilitando a sensibilização central e

hiperalgesia. Os neurônios nociceptivos possuem receptores para essas

citocinas em sua superfície, e a neutralização dessas citocinas pode resultar

em redução rápida da dor até mesmo antes da atenuação da inflamação. Essas

citocinas são liberadas por neutrófilos, macrófagos, linfócitos T e mastócitos,

tanto sistemicamente quanto localmente no local da inflamação

(RONCHETTI; MIGLIORATI; DELFINO, 2017). Em relação às

quimiocinas, uma gama diferente dessas moléculas, incluindo CCL5,

CXCL12, CX3CL1 e CCL22 mostraram aumentar o Ca2+ intracelular.

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Algumas delas também mostraram induzir uma resposta excitatória, por

exemplo CXCL12 (YANG, et al., 2015).

Além dos mediadores acima mencionados, muitos outros

neuropeptídios estão envolvidos no processo doloroso durante a inflamação.

Por exemplo, a substância P é expressa em todo sistema nervoso e

imunológico e pode induzir a liberação de citocinas por vários tipos de

células, desempenhando um papel crítico na modulação de respostas imunes

em locais periféricos (O´CONNOR, et al., 2004) (Fig. 5).

Figura 5. Sensibilização de nociceptores por lesão tecidual e inflamação

Os nociceptores aferentes primários são ativados por estímulos térmicos, mecânicos ou químicos

nocivos. Uma vez ativadas, essas fibras nervosas transmitem sinais nocivos aos neurônios

secundários no corno dorsal da medula espinhal, e daí para o cérebro, provocando uma percepção

de desconforto agudo ou dor. Além desses sinais transmitidos centralmente, os nociceptores são

únicos em sua capacidade de também sinalizar antidromicamente, de tal forma que eles liberam

os transmissores não apenas dos terminais centrais da medula espinhal, mais também dos

terminais periféricos estimulados. Em particular, alguns nociceptores liberam os peptídeos

substância P e CGRP, que provocam vasodilatação, permeabilidade vascular e outras respostas

em células periféricas próximas. Essas ações produzem ou liberam múltiplas moléculas

sinalizadoras locais, um processo chamado de inflamação neurogênica. A sopa inflamatória

assim produzida inclui neutrofinas, prostanóides e outras substâncias bioativas, prótons

extracelulares, e monoaminas, cada uma das quais interage com receptores no terminal do

nociceptor para aumentar sua sensibilidade a estímulos físicos ou químicos.

Fonte: Adaptado de JULIUS, 2013.

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38

O tratamento da dor sempre foi um dos principais objetivos da clínica,

pois está relacionado a diversas condições patológicas de origem inflamatória

e procedimentos cirúrgicos. A intervenção farmacológica para reduzir a dor

pode produzir analgesia pela diminuição da excitação ou pelo aumento da

inibição no sistema nervoso (BASBAUM et al., 2009).

Os fármacos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são largamente

utilizados no tratamento da dor e inflamação. Tanto a dor aguda quanto a

crônica podem ser tratadas com eficácia com os AINEs. No entanto, sempre

há preocupações de segurança associado ao uso desses fármacos, como danos

gastrointestinais, renais e cardiovasculares clinicamente relevantes

(BENFARI, 2015; RONCHETTI; MIGLIORATI; DELFINO, 2017).

Outra opção de tratamento de processos dolorosos são os opioides.

Embora sejam muito eficazes no tratamento da dor, são incapazes de bloquear

o componente inflamatório. Portanto, compreender os mecanismos

moleculares subjacentes à associação entre mediadores inflamatórios e

percepção da dor, pode fornecer a base para o desenvolvimento de novos

tratamentos farmacológicos (RONCHETTI; MIGLIORATI; DELFINO,

2017).

3.3 Produtos naturais e medicamentos

Durante a maior parte da história, a natureza, especialmente as plantas,

fornece uma ampla fonte de medicamentos para o tratamento de várias

doenças. A partir dos anos 1800, os avanços nos conhecimentos científicos

levaram à descoberta de compostos bioativos puros, derivados de plantas

medicinais, comumente referidos como PNs (CRAGG, et al., 1997; CRAGG;

NEWMAN, 2013).

Entre os primeiros exemplos relatados encontram-se a estricnina,

atropina, quinina e colchicina. Esses isolamentos foram seguidos pelo que é

considerado o desenvolvimento do primeiro PN comercial puro, a morfina,

fármaco derivado do ópio a qual é obtido da Papaver somniferum. Em

seguida, foi desenvolvido a primeira droga semi-sintética baseada em um

produto natural, a Aspirina®, a qual foi inspirada na salicilina, derivada da

casca de salgueiro (Salix alba). Este foi o início de uma nova era na medicina

ocidental, onde as drogas podem ser isoladas a partir de plantas e

administradas em dosagens precisas (CRAGG; GROTHAUS; NEEWMAN,

2014; LISOWSKA, et al., 2018; RAFFA, et al., 2018).

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Após a comercialização da Aspirina® e da morfina, muitos produtos

derivados de PNs foram e são comercializados. A descoberta de novos

anticancerígenos de origem vegetal tem incentivado as pesquisas nessa área.

Um dos exemplos é o da Catharanthus roseus, conhecida também como

Vinca. O isolamento dos alcaloides vimblastina e vincristina é de grande

utilidade no tratamento de linfoma de Hodgkin, sarcoma de Kaposi, câncer

de ovário e testículos e leucemia linfoblástica aguda infantil. Neste campo

dos tumores, a descoberta mais importante foi o Taxol®, um agente

quimioterápico com ação antitumoral. Seu ingrediente ativo, o

paclitaxel, foi isolado da Taxus brevifolia. Este medicamento foi

aprovado pela primeira vez em 1994 pela Food and Drug

Administration (FDA) dos Estados Unidos para o câncer de

mama. Desde então, mais de um milhão de pacientes com câncer se

beneficiaram deste fármaco, que agora também é usado em tumores de

ovário e pulmão (BRANDÃO, et al., 2010; OBERLIES, KROLL,

2004).

Além destes, outros medicamentos utilizados pela população são

derivados de PNs, como por exemplo, a Digoxina®, proveniente da

Digitalis lanata, utilizada no tratamento de problemas cardíacos e a

Caspofungina, medicamento utilizado contra infecções fúngicas,

desenvolvida a partir de um fungo que posteriormente, foi

geneticamente modificado para aumentar e retardar sua eliminação no

organismo (VIEGAS JR., et al, 2006). Outro exemplo é a capsaicina, um

composto proveniente do gênero Capsicum, conhecido como pimenta,

utilizado na forma tópica para tratamento de dor neuropática e dor associada

a condições como osteoartrite, artrite reumatoide e psoríase (O’NEILL, et al.,

2012).

Segundo Cragg e Newmann (2016) cerca de 50% dos fármacos

comercializados no mundo entre 1981 e 2014 são derivados, direto ou

indiretamente, de produtos naturais. Além disso, vale ressaltar que das cerca

de 250.000 espécies existentes no mundo, apenas 1-15% já foram estudadas,

e mesmo assim não em sua integralidade. Esse número mostra a infinidade

de PNs e estruturas químicas que poderiam ajudar na descoberta de novos

compostos com poucos efeitos adversos para o tratamento de muitas doenças,

inclusive de doenças inflamatórias (JUTTE, et al., 2017).

3.4 Gênero Garcinia

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O gênero Garcinia denominado anteriormente de Rheedia, pertence à

família Clusiaceae e possui aproximadamente 1350 espécies. É distribuída

em países tropicais e subtropicais do sudeste Asiático, oeste e leste da África

e América Central e do Sul (ALMEIDA, et al., 2008; LI, et al., 2015).

Algumas espécies deste gênero têm grande relevância para a indústria

farmacêutica por apresentarem importantes atividades biológicas como anti-

inflamatória e antioxidante. Essas atividades são atribuídas a presença de

metabólitos secundários como xantonas e benzofenonas. Dentre os

compostos já descritos destacam-se garcinol e ácido gambórgico, ambos com

potencial aplicação na terapia do câncer, por atuarem inibindo o ciclo celular

(LI, et al., 2015; MARTINS, et al., 2007). A tabela 1 apresenta alguns estudos

já realizados com os extratos brutos, frações e princípios ativos derivados do

gênero Garcinia em relação a atividade anti-inflamatória e antinociceptiva.

Tabela 1. Algumas das atividades anti-inflamatória e antinociceptiva

descritas para o gênero Garcinia

Espécie Extrato/Substância

G. brasilienses

Óleo extraído das cascas dos frutos

(MARTINS, et al., 2008).

G. cambogia

Extrato etanólico das cascas dos frutos (REIS,

et al., 2009).

G. gardneriana Biflavonóides volkensiflavona, I 3-

naringenina-II8-eriodicito, fukugetina e

fukusideo (CECHINEL FILHO, et al., 2000).

G. hanburyi Extrato da resina extraída das cascas obtido

com acetato de etila (PANTHONG, et al.,

2007).

G. kola Extrato de hexano das sementes secas

(OLALEYE, et al., 2000).

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G. mangostana Extrato etanólico e de diclorometano dos frutos

(CHEN, et al., 2008).

G. morella

Extrato metanólico dos frutos (CHOUDHURY,

et al., 2018).

3.4.1 Garcinia humilis

A G. humilis, também conhecida como G. achachairu (LIM, 2012),

Mammea humilis (LIM, 2012), Rheedia lateriflora (DUARTE, 2011),

Rheedia sessiliflora e Rheedia siebere (LIM, 2012), é oriunda da região de

Santa Cruz - Bolívia, porém muito bem adaptada na região Sul do Brasil

(TERRAZAS, et al., 2013). É encontrada também no Peru, Guatemala,

Guiana, Panamá e Ilhas do Caribe (LIM, 2012).

Na medicina popular, os frutos são utilizados para saciar a fome e as

folhas são utilizadas como cicatrizantes, digestivas e laxantes e no tratamento

de reumatismo e úlcera gástrica (DAL MOLIN et al., 2012; MARQUES, et

al., 2012) (Fig. 6).

Figura 6. Imagens ilustrativas das folhas da G. humilis

Fonte: LORENZI et al., 2006; DAL MOLIN, 2009; MARIANO, 2016.

3.4.2 Aspectos químicos

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Dentre os estudos já realizados com a espécie, podemos destacar os

estudos fitoquímicos com o extrato metanólico das sementes de G. humilis

(anteriormente denominada de G. achachairu), do qual foi extraído o

composto fenólico denominado de Gutiferona A. Este composto foi ativo

contra a dor em modelos induzidos por formalina, capsaicina, glutamato e

carragenina (DAL MOLIN, et al., 2012), além de apresentar efeito

gastroprotetor em modelos de úlcera em camundongos (NIERO, et al., 2012).

O extrato obtido da casca e da polpa, levaram a obtenção de

procianidinas e ácido cítrico, os quais em estudos pré-clínicos promoveram a

diminuição da pressão arterial sistólica, a rigidez diastólica e a infiltração de

células inflamatórias no ventrículo esquerdo (JONH, et al., 2018). Além

destes, o extrato obtido da casca e do caule, levou a obtenção de um composto

denominado Gutiferona I, um agonista LXR (receptor do fígado) responsável

pela regulação do gene ABCA1, que medeia o efeito do colesterol

extracelular. Espera-se que esse agonista aumente o efluxo de colesterol,

diminuída LDL e aumente HDL (HERATH, et al., 2005).

Estudos fitoquímicos realizados por pesquisadores do Núcleo de

Investigações Químico-Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí

(UNIVALI) demonstraram a presença de compostos terpênicos e fenólicos

no EMB das folhas de G. humilis, como friedelina (1), canofilol (2),

amentoflavona (3) e 3-desmetil-2-geranil-4-prenilbellidifolina xantona (4)

astilbina (5), apigenina (6) e Gb-1a (7) (GERBER, 2014) (Fig. 7).

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Figura 7. Estruturas moleculares dos fitoconstituintes presentes no EMB das

folhas de G. humilis

H

O

[1] [2]

H

O

OH

O

O

OH

OH

OH

[6]

[5]

O

O

OH

OH

OH

OH

OH

OH CH3

OH

O

O

OH

OH

OH

OH

[4]

[3]

O

O

OH

OH

OH

O

OH

OH

O

OH

O

OH

OH

OOH

O

OH

OH

OOH

[7]

A friedelina (1) e o canofilol (2) pertencem a classe dos triterpenos. Os

triterpenos são compostos de baixa polaridade que, são constituídos por 6

unidades estruturais de isopreno. Estudos têm mostrado que os triterpenos

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pentacíclicos possuem uma ampla gama de efeitos farmacológicos,

especialmente atividade anti-inflamatória, hepatoprotetora, antitumoral, além

de atuar na regulação imunológica. (Para revisão ler XU, et al., 2018).

Estudos farmacológicos demonstraram a friedelina como potente anti-

inflamatório, analgésico e antipirético em modelos in vivo (PAULRAYER,

A. et al., 2011), além de exibir atividades antibacterianas contra S. aureus e

S. albus (ODAK; MANGURO; WONG, 2018). Já o canofilol, presente em

várias espécies do gênero Calophyllum (NOLDIN; ISAIAS; CECHINEL-

FILHO, 2006), possui atividade antibacteriana comprovada contra S. aureus,

S. albus e N. meningitides (ODAK; MANGURO; WONG, 2018).

Além de terpenos, flavonoides também já foram descritos na espécie.

Os flavonoides constituem a maior classe de compostos fenólicos vegetais.

A estrutura química dos flavonoides consiste de 15 carbonos organizados no

núcleo básico 2-fenil-benzopirona. Este núcleo pode variar quanto aos seus

padrões de hidroxilação e além disso, os compostos podem apresentar-se na

forma de O- ou C-heterosídeos, ainda sulfatados ou metilados. Em alguns

casos, podem ser encontrados na natureza na forma de dímeros, que resultam

na ligação de duas unidades de flavona, flavonona, flavonolol, além de

ocorrerem também, com menor frequência os dímeros de chalconas e

isoflavonas (FERREIRA, et al., 2012; GONTIJO; SANTOS; VIEGAS JR,

2017).

Os fenólicos isolados do EMB de G. humilis (apigenina, astilbina,

amentoflavona e Gb-1a) possuem diversas propriedades biológicas

relevantes descritas.

A amentoflavona (3) foi isolada pela primeira vez da Ginkgo biloba,

porém já foi observada também em vários outros gêneros incluindo o gênero

Garcinia. Estudos já comprovaram sua ação anti-inflamatória e

antinociceptiva (KIM, et al., 1998; SILVA, et al., 2001); antioxidante e anti-

inflamatória frente à colite ulcerativa (SAKTHIVEL;

GURUVAYOORAPPAN, 2013); além de induzir a apoptose pela via

intrínseca e extrínseca, reduzindo a sinalização anti-apoptose modulada por

NF-κB em células de glioblastoma in vitro (TSUNG-HSIEN, et al., 2018).

A astilbina (5) possui efeito hepatoprotetor, antibacteriano, além de ser

eficaz na redução da tensão muscular (MOURALARI et al., 2006;

BONIFACE; FERREIRA; KAISER, 2017).

A apigenina (6) possui atividade antioxidante em células de melanoma

(CHUANG, et al., 2018), atividade antiparasitária contra Leishmaniose

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(EMILIANO; AMARAL, 2018) e atividade anti-hiperglicêmica com efeito

protetor contra a destruição das células β pancreáticas no diabetes

(ESMAEILI; SADEGHI, 2009; RAUTER, et al., 2010).

O Gb1a (7), juntamente com outros dois biflavonoides Gb2 e

kolaflavanona, formam o kolaviron (KV), uma fração do extrato etanólico

encontrado na G. kola. O KV exibe potentes efeitos anti-inflamatórios.

Estudos mostram que o tratamento de macrófagos estimulados por LPS com

o KV inibiu a secreção de IL-6 e bloqueou a fosforilação de Akt, ERK1/2,

IκBα e NF-κB (p65), esse bloqueio interferiu na sinalização da via do LPS,

reduzindo a ativação de vários fatores de transcrição inflamatórios

(OLALEYE et al., 2000; ABARIKWU, 2014).

3.4.3 Aspectos biológicos

Pesquisas realizadas pelo grupo de pesquisa da UNIVALI com

diferentes partes da espécie G. humilis demonstraram amplas atividades

biológicas em diferentes doenças, como demonstrado na tabela 2.

Tabela 2. Atividades biológicas descritas da espécie G. humilis

Extrato e/ou

composto

Atividade comprovada

Extrato metanólico

das sementes e o

composto isolado

Gutiferona A

Ativos contra a dor em modelos induzidos por

formalina, capsaicina, glutamato e carragenina

(DAL MOLIN, et al., 2012). Efeito

gastroprotetor em modelos de úlcera induzida

por etanol/HCl em camundongos, (NIERO, et

al., 2012). Tratamento de Leishmaniose

(CECHINEL, FILHO et al., 2013).

Xantonas PJB;

THX; DGP; TDP

obtidas do extrato

metanólico dos

galhos

Efeito gastroprotetor (MARIANO, et al.,

2016).

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Xantonas 3-

Demetil-2-geranil-4-

prenilbelidifolina e

1,5,8-trihidroxi-

4’,5’-dimetil-

2Hipirano (2,3:3,2)-

4-(3-metilbut-2-enil)

obtidas do extrato

metanólico dos

galhos

Extrato obtido da

casca e polpa e

procianidinas e

ácido cítrico

Atividade antiproliferativa contra linhagens

celulares de câncer de mama, próstata e rim

(MARIANO, et al., 2016).

Cardioproteção (JOHN, et al., 2008)

Extrato obtido da

casca e caule e o

composto

Gutiferona I

Extrato metanólico

dos galhos

Hepatoproteção (HERATH, et al., 2005).

Eficaz na redução da pressão arterial

(JANUÁRIO, 2015). Atividade contra

microorganismos gram-positivos (MELIM, et

al., 2011).

PJB: 7-preniljacareubin; THX: 1,3,5,6-tetrahidroxi; DGP: dimetil-2-geranil-4-

prenilbelidifolina; TDP: 1,5,8-trihidroxi-4’, 5’dimethil-2H-pirano (2,3;3,2)-4-(3-

metilbut-2-enil).

Em relação a toxicidade, estudo realizado por Marques et al. (2012),

demonstrou que o extrato das sementes de G. humilis, numa única

administração oral nas doses de 500, 1000 e 2000 mg/kg não causou

genotoxicidade e clastogenicidade nas células do fígado, medula óssea e

testículo.

Apesar de extratos de G. humilis e alguns dos seus compostos isolados

terem sido submetidos a alguns estudos farmacológicos, não existe nenhum

relato na literatura dos efeitos do extrato metanólico (EMB) das folhas de G.

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humilis sobre a inflamação aguda e a dor inflamatória. Neste contexto, o

presente trabalho visou elucidar o efeito anti-inflamatório e o mecanismo de

ação do EMB de G. humilis, bem como seu efeito antinociceptivo.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Drogas e reagentes

Para a realização do estudo foram utilizados: Microplaca de 96 poços

(Costar ®), Indometacina, Morfina (Dimorf ®), Lipopolissacarídeo de E.coli

(LPS 026:B6 Sigma), Carragenina-λ (Sigma), Filtro (TPP Spritzen-Syringe-

Filter 0,22 μm), Salina tamponada com fosfato (PBS), Quetamina e Xilazina

(Vitrocell, Campinas, SP), Cloreto de sódio (NaCl), Corante May-Grünwald

(New Prov, Brasil), Corante Giemsa (New Prov), Formaldeído (Quemis),

DMEN (Dulbecco's Modified Eagle Medium), Glicogênio de ostra (Sigma

Aldrich), Bradford (Amresco ®), Albumina de soro bovino (AppliChem),

Brometo de tiazolil de tetrazólio (Sigma-Aldrich), Agarose (Invitrogen ™),

Anticorpos monoclonais anti-CD62L e anti-CD18 (BD Pharmingen ™), anti-

CD62L ficoeritrina (PE) e anti-CD18 fluoresceína isotiocianato (FITC),

Fibroblastos L929 murinho linhagem NCTC, anticorpo mouse TNF, IL-1β,

IL-6 e CXCL1/KC (R & D Systems – DuoSet ®).

4.2 Obtenção do material botânico e preparação do EMB de G. humilis

As folhas da G. humilis foram coletadas em Camboriú, Santa Catarina

e identificadas pelo Dr. Oscar B. Iza (Departamento de Botânica da

Universidade do Vale do Itajaí). Uma exsicata da amostra foi depositada no

Herbário Barbosa Rodrigues em Itajaí, Santa Catarina, sob número de

exsicata HBR 52637. As folhas foram secas a temperatura ambiente,

pulverizadas e extraídas por meio de maceração em metanol por sete dias.

Após filtração, o solvente foi removido por evaporação sob pressão reduzida

em rota evaporador com controle de temperatura em aproximadamente 50oC,

e posteriormente seco em estufa de ar circulante a 40ºC e acondicionado em

dessecador, sob sílica ativada. Um fluxograma das operações realizadas

encontra-se na figura 8.

O extrato foi produzido e cedido gentilmente pelo Professor Dr. Rivaldo

Niero (UNVALI).

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Figura 8. Fluxograma da preparação do EMB das folhas de G. humilis.

Fonte: A autora, 2019.

4.2.1 Obtenção dos compostos

A partir de 3 kg de folhas secas, moídas e maceradas por sete dias, o

rendimento obtido foi de 330 gramas de extrato metanólico bruto (EMB). 230

gramas deste extrato foi submetido a extração líquido-líquido com solventes

de polaridades crescentes, rendendo as seguintes frações: Fração de hexano

5,29 gramas (2,3%), clorofórmio 43,54 gramas (18,93%) e acetato de etila

24,19 gramas (10,5%). O processo de purificação das frações e obtenção dos

compostos foi realizado através de procedimentos cromatográficos

(GERBER, 2014).

Os compostos friedelina, canofilol, amentoflavona e 3-desmetil-2-

geranil-4-prenilbellidifolina xantona foram submetidos aos testes

farmacológicos. A apigenina, astilbina e o Gb-1a não foram testados por não

haver quantidades suficientes. Os compostos foram isolados e cedidos

gentilmente pelo Professor Dr. Rivaldo Niero (UNIVALI).

4.3 Animais

Para realização dos experimentos camundongos Swiss, machos, com 2

a 3 meses de idade e peso entre 25 e 35 g foram fornecidos pelo Biotério da

UNIVALI. Os animais foram mantidos em caixas de polipropileno, em salas

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com controle de temperatura (22-25ºC), umidade (40-60%) e ciclos

controlados (claro/escuro, 12 horas cada), tendo ração e água ad libitum. Os

animais foram ambientados por um período de 5 dias antes da realização dos

experimentos. O comitê de ética de pesquisa em animais da UNIVALI

aprovou todos os procedimentos experimentais (Protocolo CEUA – 061/17)

(ANEXO A).

4.4 Avaliação da atividade anti-inflamatória in vivo - Inflamação no

tecido subcutâneo dorsal (bolsa de ar)

Um compartimento estéril denominado bolsa de ar, foi desenvolvido

pela administração de 3 mL de ar estéril utilizando filtro (TPP Spritzen-

Syringe-Filter 0,22 μm) acoplado a uma seringa no tecido subcutâneo da

região dorsal de camundongos Swiss, os quais foram anestesiados

previamente a este procedimento. Três dias após a primeira injeção de ar, um

reforço foi realizado pela injeção de mais 3 mL de ar estéril, segundo o

procedimento descrito por Sedgwick (1986) e por Jain e Parmar (2011). Seis

dias após a primeira injeção, os animais foram tratados por via oral com EMB

de G. humilis (0,1, 1,0, 10 ou 30 mg/kg), indometacina (30 mg/kg, controle

positivo) ou com veículo solução tamponada de fosfato (controle negativo).

Uma hora após os tratamentos, uma solução de carragenina (1%) foi injetada

diretamente na bolsa de ar. Quatro horas mais tarde, após a injeção de

carragenina, uma pequena incisão foi realizada na bolsa de ar para obtenção

do exsudato do infiltrado inflamatório e do tecido de revestimento da bolsa

de ar. Após estas coletas os animais foram eutanasiados conforme normas do

CEUA (Fig. 9).

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Figura 9. Delineamento experimental do modelo de bolsa de ar

Fonte: A autora, 2019.

4.4.1 Contagem total e diferencial de leucócitos e análise histológica do

tecido da bolsa de ar

Com o conteúdo coletado da bolsa de ar, foram confeccionados os

esfregaços celulares para a contagem diferencial dos leucócitos. Após o

preparo dos esfregaços, estes foram corados pelo método de May-Grünwald

Giemsa. A contagem celular diferencial (polimorfonucleares e

mononucleares) foi realizada em microscópio óptico comum, com auxílio de

objetiva de imersão (aumento de 1000 vezes), contando-se 100 células por

lâmina. A contagem de leucócitos totais foi determinada em câmara de

Neubauer. Os resultados foram expressos em número total de células por mL.

O revestimento da bolsa de ar foi conservado em solução formaldeído e

encaminhada a empresa Histocell (São Paulo/Brasil) para confecção das

lâminas. A confecção das lâminas consistiu em inserção do fragmento do

tecido em um cassete. Em seguida, a amostra passou por um processo de

desidratação por 1 hora primeiramente em álcool 70%, seguido por álcool

96% e por fim álcool absoluto.

Posteriormente, a amostra foi colocada em xilol por duas horas e em

seguida em banho de parafina por no mínimo três horas. Concluído este

processo, foi feita a inclusão da amostra no próprio cassete de forma que o

fragmento estivesse na posição ideal para o corte histológico. O cassete com

a amostra foi colocado no equipamento denominado micrótomo onde foram

feitos cortes seriados entre 3 ou 4 micras e a fita produzida nesse processo foi

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colocada em banho-maria com temperatura aproximada de 56ºC. Após

esticar a fita no banho, foi retirado o número de fragmentos necessários e

estes foram colocados sobre a lâmina.

Em seguida, a lâmina foi para uma estufa com temperatura variável

entre 60ºC e 70ºC por aproximadamente 30 minutos. Na sequência, foi

realizada a coloração das lâminas. Estas passaram por um processo com três

xilóis por cinco minutos em cada cuba, depois foram imersas em 5 cubas de

álcool, lavadas em água corrente por cinco minutos e colocadas no corante

hematoxilina e “contra coradas” com eosina. Para finalizar o processo de

coloração foi realizado algumas imersões em álcool absoluto e em seguida

em xilol.

As amostras coradas receberam a cobertura de uma lamínula e a

avaliação microscópica foi realizada em microscópio óptico nas objetivas de

40, 100 e 400 x.

4.4.2 Quantificação de proteínas totais

No exsudato proveniente da bolsa de ar foi realizado a mensuração de

proteínas totais pelo método de Bradford (1976), utilizando albumina de soro

bovino como padrão e realizada de acordo com as instruções do fabricante

(Amresco ®).

4.4.3 Determinação de citocinas

No exsudato proveniente da bolsa de ar foi mensurada a concentração

de TNF, IL-1β, IL-6 e CXCL1 pelo método de ELISA sanduíche de acordo

com as instruções do fabricante (R & D Systems – DuoSet ®) e conforme as

descrições apresentadas na figura 10.

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Figura 10. Descrição do método ELISA sanduíche

No ELISA sanduíche, o anticorpo para um antígeno específico, chamado de anticorpo de captura,

foi adsorvido no poço. Em seguida, a amostra com o antígeno (exsudato inflamatório) foi

adicionada, se ligando a esse anticorpo. Logo após, foi adicionado outro anticorpo específico

para o antígeno, chamado de anticorpo de detecção. Finalmente, um terceiro anticorpo ligado a

uma enzima, chamado de estreptavidina foi adicionado. Essa enzima, reage com o substrato

adicionado (TMB), gerando cor. A intensidade da reação é proporcional à quantidade de antígeno

presente. Fonte: Adaptado de AFTER et al., 2000.

4.5 Avaliação da atividade anti-inflamatória in vitro - Obtenção de

neutrófilos migrados para o peritônio

Camundongos Swiss receberam 3 mL de solução de glicogênio de ostra

(1%, i.p.) para estimular o recrutamento de leucócitos para cavidade

peritoneal. Após 4 horas, os animais foram anestesiados e exsanguinados por

secção da artéria carótida. Em seguida, 3 mL de PBS foram injetados na

cavidade peritoneal e após suave massagem, as células foram removidas com

auxílio de pipeta Pasteur. As células obtidas foram submetidas à

centrifugação (600 g, 15 min, 4ºC) e o pellet formado foi ressuspendido em

1 mL de meio DMEM (Dulbecco's Modified Eagle Medium) suplementado

com 10% de Soro Fetal Bovino. A quantificação total de neutrófilos foi feita

em câmara de Neubauer. Um total de 1x106 neutrófilos foram adicionados

por poço em placas de cultura de 96 poços, com volume final completado

para 300 µL com meio DMEM, para obtenção da cultura celular empregada

nos ensaios descritos abaixo (Fig. 11).

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55

Figura 11. Delineamento experimental do modelo de recrutamento de

neutrófilos com glicogênio de ostra

Fonte: A autora, 2019.

4.5.1 Viabilidade celular de neutrófilos

Para excluir possíveis efeitos citotóxicos do EMB das folhas de G.

humilis sobre neutrófilos, ensaios de viabilidade celular foram realizados.

Para tanto, neutrófilos foram mantidos em cultura por 18 horas com

incubação simultânea de EMB de G. humilis (0,1, 1, 10 ou 100 µg/mL) e LPS

(5 µg/mL), em estufa de CO2 atmosfera úmida, a 37ºC com 5% de CO2.

4.5.1.1 Viabilidade celular pelo método de Azul de Tripan

Após o período de incubação, 10 µl de suspensão de neutrófilos foram

acrescidos a 10 µl de azul de tripan e a quantificação das células não viáveis

(não coradas) foi realizada em câmara de Neubauer.

4.5.1.2 Viabilidade celular pela técnica de redução do Sal de Tetrazolium

(MTT)

Utilizou-se fibroblastos murinos linhagem NCTC clono 929 [L Cell,

L929] de origem de tecido conectivo adiposo. As células foram adquiridas do

banco de células do Rio de Janeiro.

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56

As culturas celulares de L929 mantidas em estufa a 37 °C com 5% de

CO2, foram plaqueadas (50.000 células/poço) em microplacas de 96 poços

(TTP) e mantidas a 37 °C com 5% de CO2. Após 2 horas, 10 µL de EMB das

folhas de G. humilis (0,1, 1,0, 10 e 100 μg/mL) foram adicionados. Como

controle positivo e negativo de citotoxicidade foram empregados DMSO a

10% e meio DMEM, respectivamente. O crescimento celular foi revelado

pelo ensaio de redução do MTT. Neste ensaio, o MTT sofre redução pela

atividade da succinato desidrogenase mitocondrial das células vivas e é

convertido em sal formazan, formando cristais de coloração azulada que,

após dissolução com DMSO, permite a quantificação da coloração formada

em espectrofotômetro (MOSMANN, 1983). Após 21 horas de incubação a

37 °C com 5% CO2, foi adicionado 10 μL de MTT (5 mg/mL) e a placa

mantida mais 3 horas em estufa a 37 °C e com 5% CO2. Ao término desse

período, o sobrenadante foi retirado, e para a dissolução dos cristais formados

pela redução do MTT foi adicionado 100 μL de DMSO. A densidade óptica

(DO) de cada poço foi determinada em espectrofotômetro de microplacas em

570 nm.

A intensidade de cor formada é proporcional à atividade enzimática

mitocondrial e indica a viabilidade celular. Assim, a percentagem de

crescimento obtida corresponde ao número de células presentes no cultivo

celular e indica o efeito induzido pelo EMB de G. humilis adicionado ao

cultivo celular (MANOSROI; SARAPHANCHOTIWITTHAYA;

MANOSROI, 2005).

4.5.2 Determinação de citocinas

No sobrenadante da cultura de neutrófilos foi mensurado as

concentrações de TNF, IL-1β, IL-6 e CXCL1 pelo método de ELISA de

acordo com as instruções do fabricante (R & D Systems – DuoSet ®). Para

descrição do método consultar item 4.4.3.

4.5.3 Determinação do NO2-

O NO foi indiretamente quantificado pela formação de seus metabólitos

nitrato (NO3-) e nitrito (NO2

-), utilizando a reação de Griess (GREEN et al.,

1982). A concentração de NO2- foi determinada no sobrenadante da cultura

de neutrófilos utilizando a reação de Griess (1% de sulfanilamida com 0,1%

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57

de α-naftil etilenodiamida, preparado no momento do uso) em placa de 96

poços.

A reação de NO2- com esse reagente produz uma coloração rósea, que

foi quantificada por meio da leitura das densidades óticas. Após 10 minutos

de incubação em temperatura ambiente, a absorbância de cada amostra foi

determinada em espectrofotômetro com comprimento de onda de 550nm.

Curvas-padrão com concentrações previamente conhecidas de NO2- (0 – 150

μM) também tiveram as densidades óticas determinadas, permitindo a

quantificação dos valores de nitrito/nitrato, em μM, com auxílio da equação

da reta.

4.5.4 Ensaio de quimiotaxia de neutrófilos

A quimiotaxia foi avaliada pela técnica adapta de Nelson et al. (1975).

Utilizou-se placa de 6 poços, onde foram colocadas 3 mL de uma mistura de

agarose 1,2 % + 50% HBSS (solução salina equilibrada de Hanks) + 50%

RPMI + 20% FCS. As placas foram colocadas a 37ºC com 5% de CO2 por 1

hora para adquirir consistência. Em seguida, foram realizadas três

perfurações, medindo 3.5 mm de diâmetro, distantes 2.5 mm entre si, sobre a

placa de agarose. Os neutrófilos isolados de camundongos Swiss (1x107

células/mL) tratados com EMB de G. humilis (1, 10 ou 100 µg/mL) foram

colocados nas perfurações periféricas, 10 µL em cada perfuração. Na

perfuração central foram colocados 10 µL de fator quimiotático (fMLP/0,1

µM). As placas foram incubadas a 37ºC em estufa de 5% de CO2 durante 4

horas. Após a incubação, os neutrófilos foram contados em microscópio. A

quantificação foi feita a partir da margem das perfurações periféricas em

direção ao agente quimiotático (perfuração central). O experimento foi

realizado em duplicata e os resultados expressos em número de

neutrófilos/campo. Como controle positivo para a migração celular foram

utilizados neutrófilos não tratados com EMB de G. humilis nas perfurações

periféricas e o fator quimiotático (fMLP/0,1 µM) na perfuração central (Fig.

12).

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58

Figura 12. Ilustração do poço para ensaio de quimiotaxia in vitro

Fonte: A autora, 2019.

4.5.5 Quantificação da expressão de moléculas de adesão

Para a quantificação da expressão das moléculas de adesão L-selectina

(CD62L) e β2 – integrina (CD18), os neutrófilos (1x106) foram incubados na

ausência e na presença de EMB de G. humilis (1, 10 ou 30 µg/mL) e

subsequentemente estimuladas ou não com LPS (5 µg/mL) durante 60

minutos a 37ºC. Em seguida, as amostras foram ressuspendidas em 1 mL de

PBS a 4ºC e centrifugadas (5 min, 600g). O sobrenadante foi descartado e os

leucócitos foram incubados com os anticorpos monoclonais anti-CD62L (L-

selectina, 0,5 mg/mL) e anti-CD18 (β2-integrina, 0,5 mg/mL), conjugados

respectivamente ao fluoróforo ficoeritrina (PE, diluição 1:100) e

isotiocianato de fluoresceína (FITC, diluição 1:100), durante 20 minutos em

temperatura ambiente (18-25ºC). Imediatamente após as incubações, as

amostras foram centrifugadas (5 min.; 600g) e ressuspendidas em PBS para

leitura em citometria de fluxo. A população de neutrófilos foi caracterizada

pelas diferenças dos parâmetros de granulosidade e complexidade dos

diferentes tipos celulares detectados pelo citômetro de fluxo Accuri

(Immunocytometry System, BD Bioscience). Os sinais ópticos emitidos

foram convertidos em sinais eletrônicos, o que permitiu uma leitura

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59

computadorizada pelo software. Os dados de 10.000 neutrófilos foram

obtidos e os resultados foram expressos como intensidade de fluorescência

após análise pelo software FlowJo.

4.5.6 Cultura celular

A linhagem de macrófagos murinos RAW 264.7 foi adquirida do Banco

de Células do Rio de Janeiro (BCRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) e mantida

em meio DMEM suplementado 10% de SFB (Soro fetal bovino), 100 µg/L

de estreptomicina e 100 IU/mL de penicilina a 37ºC em atmosfera com 5%

de CO2.

4.5.7 Viabilidade celular pela técnica de redução do Sal de Tetrazolium

(MTT)

O método foi realizado conforme descrito no item 4.5.1.2. Contudo,

utilizou-se macrófagos RAW 264.7 para avaliação da viabilidade celular.

Após 24 horas de incubação, os macrófagos foram tratados com o EMB

de G. humilis (0,1, 1, 10 ou 100 µg/mL) e os compostos friedelina, canofilol,

amentoflavona e 3-desmetil-2-geranil-4-prenilbellidifoline xantona (10 µM)

juntamente com LPS (1 μg/mL) por 24 horas. Após esse período, o

sobrenadante da cultura de macrófagos foi coletado.

4.5.8 Determinação do NO2- e TNF

A determinação dos níveis de NO2- e TNF no sobrenadante da cultura

de macrófagos tratados com o EMB de G. humilis (0,1, 1, 10 ou 100 µg/mL)

e os compostos friedelina, canofilol, amentoflavona e 3-desmetil-2-geranil-

4-prenilbellidifoline xantona (10 µM) foi mensurado por meio do método de

Griess e ELISA, conforme descritos nos itens 4.5.3 e 4.4.3, respectivamente.

4.6 Avaliação da atividade antinociceptiva in vivo

Os animais foram colocados individualmente em compartimentos de

acrílico transparente individuais (9 X 7 X 11cm) localizados em uma

plataforma de arame elevada. Inicialmente, a frequência de resposta de

retirada da pata posterior direita foi obtida a partir de 10 aplicações

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60

sequenciais do filamento de von Frey 0,6 g (VFH, Stoelting, Chicago, USA).

Anotadas as frequências, os animais que obtiveram frequência de resposta

menor que 50% foram estimulados com filamentos com gramaturas maiores,

em escala logarítmica (1, 1,4, 2 e 4g), de forma crescente até obter-se 50%

ou mais de resposta de retirada. Caso a frequência de retirada com o filamento

de 0,6g tenha sido maior que 50%, o mesmo passou a ser estimulado com

filamentos de menor gramatura (0,07, 0,16 e 0,4g) até obter 50% de resposta.

O filamento com o qual o animal respondeu no mínimo 50%, seguindo o

método descrito acima, representou o limiar mecânico (Ex.: 50% resposta

com filamento 0,6g = limiar 0,6g) (COBOS et al., 2012).

4.6.1 Hipersensibilidade mecânica induzida por carragenina

Para a indução da dor inflamatória, os camundongos receberam uma

injeção i. pl. de 50 μL carragenina (300 µg/pata) na superfície plantar da pata

posterior direita. Inicialmente, os animais foram tratados com o EMB de G.

humilis (0,1, 1, 10, 30 ou 100 mg/kg, i.p.), indometacina (30 mg/kg, controle

positivo) ou veículo (PBS + tween 80 0,5%, 10 mL/kg), 30 minutos antes da

indução da hipersensibilidade. Em seguida, os animais receberam uma

injeção i. pl. de carragenina e então foram avaliados quanto à

hipersensibilidade mecânica por meio do monofilamento de von Frey, nos

intervalos de 1, 2, 4 e 6 horas após a injeção de carragenina (QUINTÃO, et

al., 2005; SANTODOMINGO, et al., 2006).

4.7 Avaliação dos possíveis efeitos adversos do tratamento com o EMB

de G. humilis

4.7.1 Atividade locomotora (campo aberto)

O teste de campo aberto permite uma avaliação da atividade estimulante

ou depressora de um determinado composto do SNC, conforme descrito por

Sielgel (1946). O equipamento do campo aberto consiste em uma arena

circular de acrílico transparente com 60 cm de diâmetro e 50 cm de altura,

com um piso dividido em 12 quadrantes. O número de cruzamentos realizado

com as quatro patas foi quantificado durante uma sessão de 6 minutos. Os

animais foram tratados por via oral com o EMB de G. humilis (30 mg/kg) e,

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61

por via subcutânea, receberam o controle morfina (5 mg/kg). Após 60

minutos do tratamento, a atividade locomotora dos animais foi avaliada.

4.8 Análise estatística

Os resultados obtidos nos experimentos foram expressos como média ±

erro padrão da média (E.P.M.), exceto os valores de DI50 (doses da droga

que produziram a resposta em 50% em relação ao grupo controle), que são

apresentadas como a média geométrica acompanhada de seus respectivos

limites de confiança, em nível de 95%. As porcentagens de inibição foram

citadas como a média ± o erro padrão da média da diferença (em

porcentagem) entre as áreas sob as curvas obtidas para cada experimento

individual em relação ao grupo controle correspondente.

A análise dos dados foi realizada por meio da variância com

comparações múltiplas (ANOVA) e, quando necessário, foram utilizados

como pós-teste o Teste de Tukey-Kramer ou Dunett. Os dados foram

analisados no programa GraphPad Prism 6®, admitindo como

significativamente estatístico o p <0,05. Os resultados obtidos neste estudo

foram correlacionados com dados de estudos prévios reportados pela

literatura.

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63

5 RESULTADOS

5.1 O EMB de G. humilis inibe a migração de neutrófilos para o foco de

inflamação induzida por carragenina

O efeito de diferentes doses do EMB de G. humilis sobre a migração de

leucócitos in vivo foi avaliado no tecido subcutâneo dorsal de camundongos

Swiss na vigência de ação da carragenina. Os dados apresentados na figura

13A demonstram que o EMB de G. humilis nas doses de 1, 10 e 30 mg/kg foi

capaz de reduzir a migração de leucócitos para a bolsa de ar quando

comparado ao controle, com uma porcentagem de inibição de 93,10 ± 1,78%

na maior dose usada (30 mg/kg). O valor de DI50 foi de 9,07 (6,19 - 13,29)

mg/kg. A indometacina, fármaco utilizado como controle positivo, também

reduziu a migração celular, com inibição de 89,8 ± 5,02%.

A análise diferencial das células migradas para a bolsa de ar demonstrou

que o tratamento com o EMB G. humilis nas doses de 10 e 30 mg/kg, bem

como a indometacina, reduziram a migração de leucócitos, especificamente

polimorfonucleares (Fig. 13B) para o foco da lesão.

A fim de verificar a concentração de proteínas no espaço extravascular,

foi mensurada a concentração de proteínas totais no lavado do infiltrado

inflamatório pelo método de Bradford. Conforme demonstrado na figura

13C, o EMB G. humilis não alterou a concentração de proteínas totais

presentes no exsudato da bolsa de ar.

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64

Figura 13. Efeito do EMB de G. humilis no modelo de bolsa de ar induzido

por carragenina.

Le

uc

óc

ito

s T

ota

is (

10

4)

N a iv e C o n tro le 0 .1 1 1 0 3 0 In d o

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

2 5 0#

* * *

* * *

* * ** * *

Po

lim

orfo

nu

cle

are

s T

ota

is (

10

4)

N a iv e C o n tro le 0 .1 1 1 0 3 0 In d o

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

2 5 0

# # # #

* * *

* * ** * *

Pro

teín

as

To

tais

(

g/m

L)

N a iv e C o n tro le 3 0 In d o

0 .0

0 .2

0 .4

0 .6

0 .8

#

*

N a iv e

C a rra g e n in a 1 %

+ G . h u m il is (m g /k g v .o .)

+ In d o m e ta c in a (3 0 m g /k g v .o .)

(A ) (B )

(C )

Bolsas de ar foram induzidas no tecido subcutâneo dorsal de camundongos Swiss. Os animais

receberam tratamentos por via oral uma hora antes da injeção de 2 mL de carragenina, o lavado

do infiltrado inflamatório foi coletado 4 horas após a injeção de carragenina na bolsa de ar. (A)

A determinação do número total de células do exsudato foi realizada em câmera de Neubauer e

o (B) valor diferencial foi realizado em esfregaços corados pelo método May-Grunwald Giemsa.

(C) A concentração de proteínas foi mensurada em espectrofotômetro a 590 nm utilizando o

reagente de Bradford e albumina bovina foi utilizada como padrão. Os valores expressam a

média ± e.p.m. de ensaios realizados com o exsudato inflamatório obtido de 6 animais em cada

grupo. * p < 0,05, ** p <0,01 e *** p <0,001 vs grupo controle significativamente diferente do

grupo naive # p <0,001. (One-way ANOVA seguido pelo teste post hoc de Tukey).

As análises histológicas do tecido de revestimento da bolsa de ar dos

animais tratados com EMB de G. humilis demonstraram redução de

leucócitos no tecido inflamado, bem como redução do edema no tecido

conjuntivo quando comparado ao grupo controle (Fig. 14).

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65

Figura 14. Análise histológica do efeito do EMB de G. humilis no tecido de

revestimento da bolsa de ar.

Bolsas de ar foram induzidas no tecido subcutâneo dorsal de camundongos Swiss. Os animais

receberam tratamentos por via oral uma hora antes da injeção de 2 mL de carragenina, o lavado

do infiltrado inflamatório e o tecido de revestimento da bolsa de ar foi coletado 4 horas após a

injeção de carragenina na bolsa de ar. O revestimento da bolsa de ar foi fixado em formaldeído

10% para avaliação histológica. As amostras foram incorporadas em parafina e secções em série

de 5 μm de espessura foram montadas em lâminas de vidro, desparafinado, reidratado com água

destilada e corados com HE. A avaliação microscópica foi realizada em microscópio óptico nas

objetivas de 4, 10 e 40 x. Setas pretas pontilhadas indicam a espessura do tecido conjuntivo.

Setas vermelhas indicam a presença de infiltrado inflamatório. Chaves indicam edema no tecido

conjuntivo.

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5.2 O EMB de G. humilis reduz a secreção de TNF, IL-1β e CXCL1 no

exsudato inflamatório induzido por carragenina

Durante o processo inflamatório, citocinas e quimiocinas inflamatórias

como TNF, IL-1β, IL-6 e CXCL1 contribuem para a extensão do processo.

Com o intuito de verificar a secreção desses mediadores inflamatórios,

realizou-se a dosagem de citocinas pelo método imuno-enzimático ELISA. A

figura 15 demonstra que o tratamento dos animais com o EMB G. humilis (30

mg/kg) foi capaz de diminuir as concentrações de TNF, IL-1β e CXCL1 (Fig.

15 A, B e D) em relação ao grupo controle, mas não foi capaz de reduzir IL-

6 (Fig. 15 C).

Figura 15. Efeito do EMB de G. humilis sobre a secreção de mediadores

químicos no exsudato da bolsa de ar.

TN

F (

pg

/mL

)

N a iv e C o n tro le G . h . In d o

0

5 0 0

1 0 0 0

1 5 0 0

2 0 0 0

* *

# # #

*

IL-1

(

pg

/mL

)

N a iv e C o n tro le G . h . In d o

0

5 0 0

1 0 0 0

1 5 0 0

2 0 0 0

2 5 0 0

* * * *

# # # #

* * * *

IL-6

(p

g/m

L)

N a iv e C o n tro le G . h . In d o

0

1 0 0 0

2 0 0 0

3 0 0 0

4 0 0 0

5 0 0 0

# # # #

N a iv e C a rra g e n in a 1 % + G . h u m il is (3 0 m g /k g v .o .) + In d o m e ta c in a (3 0 m g /k g v .o .)

CX

CL

1 (

pg

/mL

)

N a iv e C o n tro le G . h . In d o

0

5 0 0 0 0

1 0 0 0 0 0

1 5 0 0 0 0

2 0 0 0 0 0

*

# # # #

(A ) (B )

(C ) (D )

Bolsas de ar foram induzidas no tecido subcutâneo dorsal de camundongos Swiss. Os animais

receberam tratamentos por via oral uma hora antes da injeção de 2 mL de carragenina, o lavado

do infiltrado inflamatório foi coletado 4 horas após a injeção de carragenina na bolsa de ar. A

concentração dos níveis de (A) TNF, (B) IL-1β, (C) IL-6 e (D) CXCL1 foram determinados pelo

método de ELISA de acordo com as normas do fabricante. Os valores expressam a média ±

e.p.m. de ensaios realizados com o exsudato inflamatório obtido de 6 animais em cada grupo. *

p <0,05, ** p <0,01 e **** p <0,0001, vs grupo controle significativamente diferente do grupo

naive # p <0,001 (One-way ANOVA seguido pelo teste post hoc de Tukey).

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5.3 O EMB de G. humilis não afeta a viabilidade dos neutrófilos

circulantes e de fibroblastos L929

Para excluir possíveis efeitos citotóxicos do EMB das folhas de G.

humilis sobre neutrófilos e fibroblastos, ensaios de viabilidade celular pela

técnica de azul de Tripan e redução do MTT foram realizados (Fig. 16).

A citotoxicidade do EMB de G. humilis foi avaliada primeiramente pela

metodologia de exclusão por azul de Tripan (Fig. 16A) utilizando neutrófilos

coletados do peritônio de camundongos Swiss na presença ou ausência de

LPS e EMB de G. humilis. O grupo basal (neutrófilos + meio DMEM)

apresentou 86,8% de viabilidade. O grupo LPS (neutrófilos + meio DMEM

+ 5 µg/mL LPS) apresentou 86,3% de viabilidade. Os grupos tratados com o

EMB de G. humilis nas concentrações de 0,1, 1,0, 10 e 100 µg/mL

apresentaram viabilidade de 81,6%, 81,8%, 89,2% e 87,4%, respectivamente.

Para avaliar um possível efeito citotóxico do EMB de G. humilis sobre

fibroblastos, foi o realizado o ensaio de MTT. Os resultados obtidos

corroboraram com a técnica de exclusão com azul de Tripan, demonstrando

que todas as concentrações testadas (0,1, 1, 10 ou 100 µg/mL) do EMB de G.

humilis não apresentam citotoxicidade. A viabilidade média das

concentrações do extrato foi de 98,65%. Já as células tratadas com DMSO,

utilizado como controle positivo, apresentou uma viabilidade baixa de

18,02% (Fig. 16B).

Figura 16. Avaliação do efeito citotóxico do EMB de G. humilis na

viabilidade de neutrófilos e fibroblastos estimulados com LPS.

Via

bil

ida

de

Ce

lula

r (

%)

B a s a l L P S 0 ,1 1 ,0 1 0 1 0 0

0

5 0

1 0 0

1 5 0

V iá v e is

In v iá ve is

+ G . h u m il is (g /m L )

L P S (5 g /m L )

Via

bil

ida

de

Ce

lula

r (

%)

B a s a l D M S O 0 .1 1 1 0 1 0 0

0

5 0

1 0 0

1 5 0

# # # #

D M S O 1 0 %B a sa l G . h u m il is (g /m L )

(A ) (B )

Neutrófilos foram obtidos da cavidade peritoneal de camundongos Swiss (glicogênio de ostra

1%). Neutrófilos (1x106) foram incubados na presença ou na ausência de LPS (5µg/mL)

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68

juntamente com EMB G. humilis (0,1, 1, 10 ou 100 µg/mL). A quantificação da viabilidade

celular foi realizada pela técnica de exclusão com (A) azul de Tripan e avaliada

microscopicamente por câmara de Neubauer. (B) Fibroblastos foram incubados na presença ou

ausência de EMB G. humilis (0,1, 1, 10 ou 100 µg/mL) por um período de 21 horas. Após esse

período as células foram incubadas por 3 horas com MTT. Os valores expressam a média ±

e.p.m. de ensaios realizados com 50.000 células/poço. # Diferença entre basal vs DMSO (One-

way ANOVA seguido pelo teste post hoc de Tukey).

5.4 O EMB de G. humilis altera a expressão das moléculas de adesão e

reduz a quimiotaxia em neutrófilos incubados com LPS in vitro

Os ensaios para avaliação da atividade anti-inflamatória in vivo

evidenciaram uma diminuição na migração de células inflamatórias. Sabendo

que o processo de migração de neutrófilos do vaso sanguíneo para o tecido

lesado requer a presença de um agente quimiotático para atrair o

deslocamento do neutrófilo, avaliamos a ação direta do EMB de G. humilis

nas propriedades de locomoção do neutrófilo por meio do ensaio de

quimiotaxia in vitro induzida por fMLP.

Na figura 17A é possível observar a atuação do EMB de G. humilis

sobre neutrófilos. Os neutrófilos não tratados com o EMB de G. humilis

respondem de forma significativa ao agente quimiotático, movimentando-se

em direção ao fMLP. Já os neutrófilos tratados com o EMB de G. humilis

apresentam redução significativa na quimiotaxia frente ao fMLP, diminuindo

a migração celular.

Além da presença de um agente quimiotático para a migração celular in

vivo é necessário a atuação de moléculas de adesão, para isso, avaliamos a

expressão das moléculas de adesão L-selectina (CD62L) e β2-integrina

(CD18) na superfície de neutrófilos. Os neutrófilos foram recrutados do

peritônio de camundongos Swiss, pela metodologia do glicogênio de ostra e

posteriormente incubados, durante 1 hora com LPS (5 µg/mL) ou PBS e

tratados com 1, 10 ou 100 µg/mL de EMB de G. humilis.

Os resultados obtidos mostraram que os tratamentos com o EMB de G.

humilis aumentaram a porcentagem de neutrófilos positivos para L-selectina

(CD62L) (Fig. 17 B). Contudo, reduziram a expressão de β2-integrina

(CD18) em neutrófilos (Fig. 17 C), demonstrando que o tratamento com

EMB de G. humilis é capaz de alterar a expressão das moléculas de adesão,

especialmente da β2-integrina nos neutrófilos.

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69

Figura 17. Efeito do EMB G. humilis sobre a quimiotaxia de neutrófilos e a

expressão de L-selectina (CD62L) e β2-integrina (CD18).

N ú m e ro d e c é lu la s q u e m ig ra ra m

0 1 0 0 2 0 0 3 0 0

Ba

sa

l 1

10

10

0

* * *

* * *

* * *

MF

I

B a s a l L P S 1 1 0 3 0

0

2 0 0 0 0

4 0 0 0 0

6 0 0 0 0

8 0 0 0 0

* * * *

* * * *

L P S (5 g /m L ) + G . h u m il is (g /m L )

MF

I

B a s a l L P S 1 1 0 3 0

0

5 0 0 0

1 0 0 0 0

1 5 0 0 0

2 0 0 0 0# #

* * *

C D 6 2 L C D 1 8

(B ) (C )

(A )

Neutrófilos foram obtidos da cavidade peritoneal de camundongos Swiss (glicogênio de ostra

1%). Para o (A) ensaio de quimiotaxia in vitro uma suspensão celular de neutrófilos (1x107) foi

incubada com diferentes concentrações de G. humilis (1, 10 ou 100 µg/mL) durante 15 minutos

e colocados frente ao estímulo fMLP (1µM) sobre uma placa de agarose. As células foram

contadas utilizando microscópio invertido no aumento de 20x. A quantificação foi feita a partir

da margem das perfurações periféricas em direção ao agente quimiotático (perfuração central).

O experimento foi realizado em duplicata e os resultados expressos em número de

neutrófilos/campo. Para avaliação da expressão das moléculas de adesão, neutrófilos (1x106)

foram incubados na presença ou na ausência de LPS (5µg/mL) juntamente com EMB G. humilis

(0,1, 1, 10 ou 100 µg/mL). A quantificação da expressão das moléculas de adesão foi avaliada

através da marcação com anticorpos de detecção (B) CD62L e (C) CD18 pelo método de

citometria de fluxo. Os valores expressam a média ± e.p.m. de ensaios realizados com células

obtidas de 8 animais em cada grupo. *** p <0,001 e **** p <0,0001, vs grupo LPS

significativamente diferente do grupo basal # p <0,001 (One-way ANOVA seguido pelo teste

post hoc de Tukey).

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70

5.5 O EMB de G. humilis reduz a produção de citocinas e óxido nítrico

em neutrófilos estimulados com LPS in vitro

A interação de neutrófilos com células residentes, mediadores

inflamatórios locais, e/ou matriz extracelular pode levar à produção de vários

outros mediadores, incluindo citocinas, enzimas degradadoras e espécies

reativas de oxigênio, que podem amplificar a resposta inflamatória e lesar o

tecido circundante. Para avaliar esses efeitos, neutrófilos foram tratados ou

não com EMB G. humilis (0,1, 1, 10 ou 100 µg/mL) e mantidos em cultura

por 18 horas, na presença ou ausência de LPS (5 µg/mL). Após 18 horas, o

sobrenadante da cultura foi coletado e mensurado os mediadores

inflamatórios TNF, IL-1β, IL-6, CXCL1 e NO2- .

Na figura 19 é possível observar que o tratamento dos neutrófilos com

o EMB G. humilis foi capaz de diminuir as concentrações de IL-1β (Fig. 18B)

e IL-6 (Fig. 18C), mas não foi capaz de reduzir os níveis de TNF (Fig. 18A)

e CXCL1 (Fig. 18D). Em relação ao NO2- (Fig. 18E), todas as concentrações

utilizadas (0,1, 1,0, 10 e 100 µg/mL) no tratamento, reduziram a produção

deste mediador inflamatório em neutrófilos estimulados com LPS.

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71

Figura 18. Efeito do EMB de G. humilis sobre a secreção de mediadores

químicos secretados por neutrófilos.

TN

F (

pg

/mL

)

B a s a l L P S 0 .1 1 1 0 1 0 0

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

1 0 0 0

#

IL-1

(

pg

/mL

)

B a s a l L P S 0 .1 1 1 0 1 0 0

0

1 0 0 0 0

2 0 0 0 0

3 0 0 0 0

4 0 0 0 0

5 0 0 0 0#

* ** * * * *

IL-6

(p

g/m

L)

B a s a l L P S 0 .1 1 1 0 1 0 0

0

5 0 0 0

1 0 0 0 0

1 5 0 0 0

2 0 0 0 0

# #

* *

CX

CL

1 (

pg

/mL

)

B a s a l L P S 0 .1 1 1 0 1 0 0

0

5 0 0 0 0

1 0 0 0 0 0

1 5 0 0 0 0

* **

NO

m

ol/

mL

B a s a l L P S 0 .1 1 1 0 1 0 0

0

5

1 0

1 5

#

* ** *

* *

B a sa l L P S (5 g /m L ) + G . h u m il is (g /m L )

(A )

(D )(C )

(B )

(E )

Neutrófilos foram obtidos da cavidade peritoneal de camundongos Swiss (glicogênio de ostra

1%). Neutrófilos (1x106) foram incubados na presença ou na ausência de LPS (5µg/mL)

juntamente com EMB G. humilis (0,1, 1, 10 ou 100 µg/mL). A concentração dos níveis de (A)

TNF, (B) IL-1β, (C) IL-6 e (D) CXCL1 foram determinados pelo método de ELISA de acordo

com as normas do fabricante. (E) A quantificação de nitrito foi realizada pela reação de Griess.

Os valores expressam a média ± e.p.m. de ensaios realizados com células obtidas de 8 animais

em cada grupo. * p <0,05 ** p <0,01, *** p <0,001 e **** p <0,0001, vs grupo LPS

significativamente diferente do grupo basal # p <0,001. (One-way ANOVA seguido pelo teste

post hoc de Tukey).

5.6 O EMB de G. humilis e os compostos friedelina, amentoflavona e 3-

desmetil-2-geranil-4-prenilbellidifoline xantona reduzem a secreção de

óxido nítrico e TNF em macrófagos estimulados com LPS

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72

Adicionalmente, o efeito anti-inflamatório do EMB de G. humilis e dos

compostos isolados friedelina (C1), canofilol (C2), amentoflavona (C3) e 3-

desmetil-2-geranil-4-prenilbellidifoline xantona (C4) foi avaliado em

macrófagos. Macrófagos murinos RAW 264.7 foram tratados com extrato

(10 µg/mL) e com os compostos (10 µM/mL) na presença de LPS (1 µg/mL).

No sobrenadante da cultura de células, foi mensurada a secreção dos

mediadores inflamatórios NO2- e TNF.

Os resultados obtidos demonstram que macrófagos tratados com o EMB

de G. humilis e os compostos C1, C3 e C4 diminuem a secreção de NO2- em

relação ao grupo controle (Fig. 19 A e B). Em relação ao TNF, somente o

composto C4 foi capaz de inibir a secreção dessa citocina (Fig. 19 D)

Figura 19. Efeito do EMB de G. humilis e os compostos C1, C2, C3 e C4 na

produção de NO2- e TNF em macrófagos estimulados por LPS

NO

m

ol/

mL

B a s a l L P S 1 0

0

5

1 0

1 5

2 0

2 5

* *

# # # #

NO

m

ol/

mL

B a s a l L P S C 1 C 2 C 3 C 4

0

2

4

6

8

1 0

1 0 M /m L

# # # #

** *

* * * *

TN

F (

pg

/mL

)

B a s a l L P S 1 0

0

5 0 0

1 0 0 0

1 5 0 0

2 0 0 0

2 5 0 0 # # #

L P S (5 g /m L ) + G . h u m il is (g /m L )

TN

F (

pg

/mL

)

B a s a l L P S C 1 C 2 C 3 C 4

0

1 0 0 0

2 0 0 0

3 0 0 0

*

1 0 M /m L

# # #

(A )

(C )

(B )

(D )

A linhagem de macrófagos murinos RAW 264.7 foi adquirida do Banco de Células do Rio de

Janeiro (BCRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) e foram incubados na presença ou na ausência de LPS

(1 µg/mL) juntamente com EMB de G. humilis (1, 10 ou 100 µg/mL) e os compostos friedelina

(C1), canofilol (C2), amentoflavona (C3) e 3-desmetil-2-geranil-4-prenilbellidifoline xantona

(C4) (10 µM/mL). (A e B) A quantificação de nitrito foi realizada pela reação de Griess. (C e D)

A quantificação de TNF foi determinada pelo método de ELISA de acordo com as normas do

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73

fabricante. Os valores expressam a média ± e.p.m. de ensaios realizados com 50.000

células/poço * p <0,1 e ** p <0,01, **** p <0,0001, vs grupo LPS significativamente diferente

do grupo basal # p <0,001 (One-way ANOVA seguido pelo teste post hoc de Tukey).

Para avaliar um possível efeito citotóxico do EMB de G. humilis e os

compostos C1, C2, C3 e C4 sobre macrófagos, foi o realizado o ensaio de

MTT. Os resultados obtidos demonstram que todas as concentrações testadas

do EMB de G. humilis (Fig. 20 A) e dos compostos (Fig. 20 B) não

apresentam citotoxicidade significativa. A viabilidade média das

concentrações do extrato foi de 67,36% e a dos compostos 69,79%. Já as

células tratadas com DMSO, utilizado como controle positivo, apresentaram

5,1% de viabilidade.

Figura 20. Avaliação do efeito citotóxico do EMB de G. humilis e dos

compostos C1, C2, C3 e C4 sobre macrófagos.

Via

bil

ida

de

Ce

lula

r (

%)

B a s a l D M S O 1 1 0 1 0 0

0

5 0

1 0 0

1 5 0

# # # #

B a sa l D M S O 1 0 % G . h u m il is (g /m L )

**** ********

Via

bil

ida

de

Ce

lula

r (

%)

B a s a l D M S O C 1 C 2 C 3 C 4

0

5 0

1 0 0

1 5 0

1 0 M /m L

# # # #

F r ie d e lin a C a n o filo l

A m e n to fla vo na

3 -d e s m e til-2 -g e ra n il-4 -p re n ilb e llid ifo lin e

xan tona

B a sa l D M S O 1 0 %

****

******** ****

(A ) (B )

A linhagem de macrófagos murinos RAW 264.7 foi adquirida do Banco de Células do Rio de

Janeiro (BCRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) e foram incubados na presença ou ausência de (A)

EMB G. humilis (1, 10 ou 100 µg/mL) e (B) os compostos friedelina (C1), canofilol (C2),

amentoflavona (C3) e 3-desmetil-2-geranil-4-prenilbellidifoline xantona (C4) (10 µM/mL) por

um período de 21 horas. Após esse período as células foram incubadas por 3 horas com MTT.

Os valores expressam a média ± e.p.m. de ensaios realizados com 50.000 células/poço. #

Diferença entre basal vs DMSO (One-way ANOVA seguido pelo teste post hoc de Tukey).

5.7 O EMB de G. humilis reduz a hiperalgesia mecânica induzida por

carragenina

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74

Durante o processo inflamatório, as respostas a estímulos nocivos são

aumentadas, provocando dor inflamatória. Para estabelecer a dose mais

efetiva do EMB de G. humilis e o seu tempo de ação, foi realizado o modelo

de hiperalgesia mecânica induzida pela carragenina. Para tanto,

camundongos Swiss foram tratados com EMB de G. humilis (1, 10 ou 30

mg/kg) 30 minutos antes da injeção i. pl. de carragenina (300 µg/pata) e

posteriormente avaliados através do monofilamento de von Frey nos

intervalos de 1, 2, 4, e 6 horas.

Os dados obtidos demonstram que o EMB de G. humilis reduziu a

hiperalgesia mecânica quando comparado ao grupo controle. O resultado foi

expressivo em todas as doses, com inibições na frequência de resposta de

57,6 ± 6,82%, 66,6 ± 11,25% e 54,62 ± 5,5% para as doses de 1, 10 e 30

mg/kg respectivamente (Fig. 21 A e B). No limiar mecânico houve uma

inibição de 40,05 ± 8,77%, 49,85 ± 10,25% e 35,10 ± 3, 87% para as doses

de 1, 10 e 30 mg/kg respectivamente (Fig. 21 C e D). A indometacina,

fármaco utilizado como controle positivo, também reduziu a hiperalgesia,

com inibição de 74,78 ± 5,95% na frequência de resposta e 56,3 ± 8,23% no

limiar mecânico.

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75

Figura 21. Efeito do EMB de G. humilis na hiperalgesia mecânica induzida

por carragenina

T e m p o (h )

Fre

qu

ên

cia

de

Re

sp

os

ta (

%)

0

2 0

4 0

6 0

8 0

C a rra g e n in a (3 0 0 g /p a ta )

B 1 3 4 6

+ G . h u m il is (3 0 m g /k g v .o .)

+ In d o m e ta c in a (5 m g /k g v .o .)

+ G . h u m il is (1 m g /k g v .o .)

+ G . h u m il is (1 0 m g /k g v .o .)

AU

C

B a s a l C o n tro le 1 1 0 3 0 5

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

#

**** **** ****

****

C a rra g e n in a (3 0 0 g /p a ta )

B a sa l + G . h u m il is (m g /k g v .o .)

+ In d o m e ta c in a (5 m g /k g v .o .)

T e m p o (h )

Lim

iar d

e R

eti

ra

da

Me

nic

a (

g)

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

B 1 3 4 6

AU

C

B a s a l C o n tro le 1 1 0 3 0 5

0

2

4

6

8

1 0 #

*** ******

****

(A )

(C )

(B )

(D )

Hipersensibilidade mecânica de camundongos previamente tratados com G. humilis (1, 10 ou 30

mg/kg, v.o.), indometacina (5 mg/kg, v.o.), em diferentes intervalos de tempos, após a injeção i.

pl. de carragenina (300 µg/pata). Os resultados são apresentados qualitativamente pela

frequência de resposta (A e B) obtida com o filamento de von Frey de 0,6 g e quantitativamente

pelo limiar de retirada mecânica (C e D) (g). B e D representam a área sob a curva (AUC) do

respectivo gráfico de linhas. Os valores expressam a média ± S.E.M. de testes realizados com 6

animais em cada grupo. Significativamente diferente do grupo Controle, onde ** p <0,01, *** p

<0,001 e **** p <0,0001, # difere significativamente do limiar basal.

5.8 O EMB de G. humilis não altera a atividade locomotora dos animais

O possível efeito sedativo ou relaxante muscular do EMB de G. humilis,

foi verificado empregando o teste de campo aberto. Os resultados

apresentados na figura 22 demonstraram que a maior dose do EMB de G.

humilis (30 mg/kg), não foi capaz de afetar a atividade locomotora dos

animais (14,84 ± 10,27 número de cruzamentos), quando comparado com o

grupo controle positivo morfina.

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76

Figura 22. Efeito do EMB de G. humilis sobre a atividade locomotora dos

animais

me

ro

de

cru

za

me

nto

s

N a iv e 5 3 0

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

2 5 0

M o rf in a (m g /k g s . c .) G . h u m il is (m g /k g v . o .)N a ive

*

Camundongos Swiss foram tratados com EMB de G. humilis (30 mg/kg), após 60 minutos os

animais foram colocados no campo aberto durante 6 minutos e avaliados quanto número de

cruzamentos realizado com as quatro patas. Os valores expressam a média ± e.p.m. de ensaios

realizados com 6 animais em cada grupo, onde * p <0,1 (One-way ANOVA seguido pelo teste

post hoc de Tukey).

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77

6. DISCUSSÃO

Os resultados obtidos no presente trabalho demonstram que o

tratamento in vivo e in vitro com o EMB de G. humilis exerce efeitos sobre

as funções dos neutrófilos, diminuindo a migração de células para o foco

inflamatório.

A escolha pela utilização do EMB de G. humilis baseou-se em seu uso

popular para o tratamento de processos inflamatórios. Para os ensaios in vivo

foi utilizada a menor dose com maior efeito significativo. As doses utilizadas

in vitro foram escolhidas com base em estudos publicados utilizando técnicas

similares as desse trabalho (SILVA, et al., 2015).

O presente trabalho avaliou os efeitos do EMB de G. humilis sobre a

migração de leucócitos, utilizando primeiramente o modelo de inflamação

denominado bolsa de ar. Esse modelo é útil para avaliar produtos com

possível atividade anti-inflamatória, visto que, a fase inicial (4 horas após a

injeção de carragenina) ocorre uma importante migração de células,

principalmente de leucócitos. Esse parâmetro, permite avaliar a capacidade

do EMB de G. humilis de interferir com a mobilização de leucócitos para o

tecido lesado, além de permitir a quantificação e diferenciação das células

inflamatórias presentes no exsudato da cavidade subcutânea.

Neste modelo, a indução do processo inflamatório foi realizada por

meio da aplicação de carragenina na cavidade subcutânea de camundongos.

A carragenina é um agente flogístico derivado de algas marinhas, utilizado

para induzir inflamação não específica, a partir da ativação da resposta imune

inata. É bastante conhecida por induzir exsudação inflamatória aguda,

levando ao acúmulo de células e a liberação de mediadores inflamatórios

(ROMANO, et al., 1997).

Os resultados obtidos mostraram que o tratamento com o EMB de G.

humilis reduz de maneira dose dependente o número de leucócitos migrados

para a bolsa de ar. Estes resultados corroboram com estudos já realizados com

demais espécies do gênero Garcinia. As sementes de G. kola (OLALEYE, et

al., 2000), a casca de G. hambury (PATHONG, et al., 2007), os frutos da G.

mangostana (CHEN, et al., 2008), G. brasiliensis (MARTINS, et al., 2008)

e G. morella (CHOUDHURY, et al., 2018) demonstraram pronunciado efeito

anti-inflamatório no modelo de edema de pata induzido por carragenina.

Além disso, a literatura tem mostrado que os triterpenos e flavonoides

possuem atividade anti-inflamatória relevante (FERREIRA, et al., 2012).

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78

Dados obtidos, em colaboração, com o grupo coordenado pelo Professor Dr.

Rivaldo Niero da UNIVALI, demonstraram que o EMB das folhas de G.

humilis possui vários compostos, incluindo o triterpeno friedelina e os

flavonoides amentoflavona e Gb-1a (GERBER, 2014).

Paulrayer et al. (2011) demonstraram que a friedelina possui potente

efeito anti-inflamatório no modelo de edema de pata induzido por

carragenina. Estudos realizados por Kim e colaboradores (1998) descrevem

a atividade anti-inflamatória da amentoflavona nos modelos de edema de pata

induzido por carragenina e no edema de orelha induzido pelo ácido

araquidônico. O flavonoide Gb-1a também possui atividade anti-inflamatória

descrita, indicando sua atuação nas vias de sinalização do NF-κB e AP-1

(OLALEYE et al., 2000; ABARIKWU, 2014).

Com base na análise total de leucócitos e na análise diferencial das

células migradas para a bolsa de ar, foi evidenciado que a redução de

leucócitos é caracterizada principalmente pela diminuição de

polimorfonucleares (neutrófilos, eosinófilos e basófilos). Durante o processo

inflamatório, o número de neutrófilos na circulação aumenta

significativamente e este é um parâmetro indicativo de resposta inflamatória

(KRUGER, et al., 2015).

A partir do tecido de revestimento da bolsa de ar, foram realizadas

análises histológicas que comprovaram a redução da migração celular, bem

como a diminuição do edema no tecido conjuntivo quando comparado ao

grupo controle. Sabe-se que a formação de edema é mediada principalmente

pelo aumento da permeabilidade vascular, migração de leucócitos e

produção/exsudação de proteínas (GORDON, et al., 2005). Apesar do EMB

de G. humilis diminuir a migração celular, o extrato não foi capaz de bloquear

a exsudação de proteínas, pois o processo de vasodilatação ainda acontece,

permitindo o extravasamento de proteínas (CHEN; NUNES, 2010).

O processo inflamatório é caracterizado pela alta produção e liberação

de citocinas e quimiocinas inflamatórias, entre as quais TNF, IL-1β, IL-6 e

CXCL1 desempenham um papel proeminente. Os resultados obtidos

mostraram que os animais tratados com EMB de G. humilis tiveram uma

diminuição significativa de TNF, IL-1β e CXCL1, mas não de IL-6.

O TNF e a IL-1β induzem a produção/secreção de outras citocinas e

quimiocinas, expressão de moléculas de adesão, angiogênese e mediação de

efeitos inflamatórios sistêmicos, como a febre, a hipotensão, além de

promoverem neutrofilia (TINCANI, et al., 2007).

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Durante a inflamação do tecido periférico, a produção local de CXCL1

é mediada por células locais, incluindo macrófagos residentes. Essa

quimiocina é importante para atrair células polimorfonucleares para o foco

inflamatório (SILVA, et al., 2017). A diminuição conjunta de TNF, IL-1β e

CXCL1 implica diretamente na regressão do processo inflamatório,

resultando na diminuição da migração de células e produção/secreção de

citocinas inflamatórias, colaborando para a recuperação da homeostasia.

A IL-6 é liberada, além dos neutrófilos, por queratinócitos, fibroblastos

e células endoteliais. Essa ampla liberação por diversas células, justifica seus

níveis aumentados no modelo in vivo, já que além de células inflamatórias,

outras células residentes também liberam essa citocina (SPROSTON;

ASHWORTH, 2018). Apesar da IL-6 ser considerada uma citocina pró-

inflamatória, evidências também indicam que em certas condições, a IL-6

tem propriedades anti-inflamatórias. A IL-6 é capaz de inibir citocinas

inflamatórias como fator estimulante de colônias de macrófagos (GM-CSF),

interferon (IFN) e proteína macrofágica (MIP). A partir disso, há também

evidências experimentais indicando que a IL-6 regula negativamente a

síntese de IL-1β e TNF (BARTON, 1997; XING, et al., 1998).

Estudo realizado por Frode et al. (2002) no modelo inflamatório de

pleurisia induzido por carragenina, mostra que a injeção de IL-6 5 min antes

da injeção de carragenina resulta em uma diminuição significativa na

migração total de células, sendo que a diminuição no número de células

totais, foi à custa da diminuição de neutrófilos. Essa redução celular ocorre

tanto na fase aguda (4 horas após a injeção de carragenina), quanto na fase

tardia (48 horas após). Neste mesmo estudo, a IL-6 também se mostrou eficaz

no bloqueio do extravasamento de fluídos. Sabe-se que os fluídos que

extravasam do vaso para o tecido são compostos de, além de células

inflamatórias, também por proteínas de fase aguda. No presente trabalho, o

fato do EMB de G. humilis não ter reduzido a secreção de IL-6, justifica a

ocorrência de também não haver bloqueio da exsudação de proteínas, visto

que a IL-6 é a principal mediadora da secreção hepática da maioria das

proteínas de fase aguda (CRAY, et al., 2009).

Para complementar os ensaios in vivo, ensaios in vitro foram realizados

para a avaliação da atividade anti-inflamatória do EMB das folhas de G.

humilis diretamente sobre leucócitos. Nesse sentido, foram realizados ensaios

utilizando neutrófilos recrutados de camundongos. Os neutrófilos são células

fundamentais para a resposta inflamatória, pois, apresentam a característica

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de responder rapidamente a agente lesivos, exercendo atividades fagocíticas

e microbicidas. Desta forma, os neutrófilos são células alvo importantes para

a ação de agentes terapêuticos (PANTARELLI; WELCH, 2018).

Para os ensaios in vitro, utilizou-se o LPS como agente indutor do

processo inflamatório. O LPS é um lipopolisacarídeo encontrado na parede

celular de bactérias gram-negativas, sendo capaz de desencadear uma

importante resposta inflamatória a partir da ativação de TRLs que são

expressos na membrana celular de neutrófilos. Após ativação específica do

receptor TRL4 pelo LPS, ocorre a ativação de vias inflamatórias,

especialmente a do NF-κB. O NF- κB ativado induz a fosforilação do IκB no

citosol, causando sua rápida degradação a partir da via ubiquitina-

proteassoma. Como resultado, o NF-κB ativado entra no núcleo e a

subunidade p65 fosforilada desencadeia a expressão gênica de iNOS, TNF,

IL-1β, IL-6, além de outros mediadores inflamatórios (TUCUREANU, et al.,

2017; NAEGELEN, et al., 2015).

Para certificarmos que o EMB das folhas de G. humilis não é citotóxico

para neutrófilos e fibroblastos, ensaios de viabilidade celular foram

realizados. Os resultados obtidos pela técnica de exclusão com azul de Tripan

demonstraram que o EMB das folhas de G. humilis não afeta a viabilidade

das células. O mesmo foi observado na técnica de redução do sal de

tetrazolium, onde as células permaneceram viáveis em relação ao grupo

controle (DMSO). Esses resultados foram importantes para a continuidade

dos ensaios in vitro.

Como já enfatizado no presente trabalho, a interação dos leucócitos

circulantes com o endotélio vascular é mediada por moléculas de adesão.

Deste modo, com o propósito de verificar o possível mecanismo envolvido

com a diminuição da migração celular observado no modelo de bolsa de ar,

foi realizada a análise da expressão das moléculas de adesão envolvidas na

migração de células, L-selectina e β2-integrina.

A partir dos dados obtidos por meio de citometria de fluxo é possível

verificar que o tratamento com o EMB de G. humilis altera a expressão de

CD62L. A CD62L é exclusivamente expressa na membrana de leucócitos e

medeia o comportamento de rolamento dos neutrófilos na parede do vaso.

Esta molécula de adesão se torna altamente expressa na membrana celular

quando ocorre alterações hemodinâmicas ou ativação de mediadores

inflamatórios. Após o processo de ativação, a CD62L é clivada pela ação de

metaloproteinases de membrana, permitindo a ativação da CD18 (β2-

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integrina) (UCHIMURA; ROSEN, 2006). Os dados obtidos demonstraram

que neutrófilos tratados com o EMB de G. humilis possuem alterações na

expressão dos níveis de CD62L, essa alteração impediu que a CD62L fosse

clivada e posteriormente expressasse a CD18. Além disso, o tratamento de

neutrófilos com EMB de G. humilis reduziu a porcentagem de neutrófilos

positivos para CD18. A CD18 liga-se a diferentes componentes da membrana

celular e as moléculas de adesão da superfamília de imunoglobulinas

(ICAM1 e 2, VCAM-1 e PECAM-1) presentes no endotélio. A expressão

dessa molécula no endotélio quiescente é baixa, no entanto, durante um

processo inflamatório sua expressão torna-se aumentada, provendo a firme

adesão dos leucócitos no endotélio vascular para sua posterior migração para

o local afetado (HERTER; ZARBOCK, 2013).

Desta forma, é possível inferir que a diminuição da migração celular

pode, em parte, estar relacionado com as alterações observadas na expressão

das moléculas de adesão. Neste contexto, é possível que o EMB de G. humilis

permita que os leucócitos permaneçam em comportamento de “rolling” na

parede do vaso, mas impeça que haja a firme adesão desses leucócitos no

endotélio vascular para posterior transmigração e combate do agente lesivo

no tecido inflamado. Esse fato é bastante relevante, pois sabe-se que um

processo inflamatório exacerbado pode levar a danos teciduais (SAVILL et

al., 2002; PANTARELLI; WELCH, 2018).

Os leucócitos polimorfonucleares são dotados de mobilidade ativa,

característica que assume importância nas respostas do organismo a

infecções. Essa mobilidade ativa, quando induzida por um gradiente de

substância química, é chamada quimiotaxia (PETRI, et al., 2018). Visto que

durante o processo de transmigração, os leucócitos tornam-se hábeis à

responder a substâncias quimiotáxicas, como por exemplo o fMLP. Foi

proposto a análise da resposta quimiotática dos leucócitos frente a esse

agente.

O fMLP pode funcionar como padrões moleculares associados a danos

a partir da interação com o receptor FPR1 em neutrófilos, promovendo a

quimiotaxia dessas células em ambientes in vitro e in vivo (MCDONALD, et

al. 2010; ZHANG, et al. 2010). O ensaio de quimiotaxia foi feito pela técnica

de migração sob agarose, onde observou-se que as células tratadas com EMB

das folhas de G. humilis diminuíram a migração celular em direção ao fMLP.

O receptor de fMLP é membro da família de GPCRs, os quais

direcionam a polimerização de actina e contração da miosina, regulam

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mudanças na morfologia celular e consequentemente o tráfego de leucócitos.

A diminuição de resposta frente a esse agente, dificulta a migração celular e

impede que células inflamatórias acumulem no local da lesão (MCDONALD,

et al. 2010).

Com o intuito de verificar se a redução dos níveis de citocinas e

quimiocinas observadas nos testes in vivo foi resultado de uma menor

migração ou se o extrato também foi capaz de interferir com a liberação das

mesmas pelos neutrófilos, foi avaliada a secreção de citocinas inflamatórias

em neutrófilos recrutados de camundongos. Os resultados obtidos in vitro

evidenciam que o EMB de G. humilis diminui IL-1β e IL-6, contudo não

reduz a secreção de TNF e CXCL1.

A diminuição dos níveis de IL-1β in vitro corrobora com os dados

obtidos in vivo. Entretanto, cabe ressaltar que a redução da mesma no

exsudato ocorreu de forma mais pronunciada, possivelmente potencializada

por uma menor migração celular. Como já mencionado, a IL-1β é um dos

mais importantes marcadores de indução da resposta inflamatória, associada

à infecção aguda. A diminuição dos níveis dessa citocina é importante para a

diminuição da migração celular e de produção de mais citocinas inflamatórias

(BARTEKOVA, et al., 2018).

A IL-6 é secretada por várias células, dentre elas os neutrófilos. Os

resultados obtidos no presente estudo evidenciaram que o EMB de G. humilis

atuou na redução da migração de neutrófilos, o que poderia resultar em uma

menor concentração de IL-6 no exsudato, entretanto, observou-se ao

contrário. Quando submetido ao teste in vitro, o extrato foi capaz de interferir

de modo expressivo na liberação de IL-6. Diante desses resultados

divergentes, acredita-se que a IL-6 presente no exsudato seja presente de

outros tipos celulares, como por exemplo macrófagos e até mesmo tecido

hepático (KURYSZKO, et al., 2016).

Apesar da concentração de IL-6 não ter diminuído in vivo, o EMB de G.

humilis foi capaz de reduzir de modo expressivo a produção de IL-6 pelos

neutrófilos. Uma hipótese para essa redução significativa seria a ação do

EMB de G. humilis em modificações pós-transcricional do mRNA de IL-6,

atuando nas enzimas Regnase-1 e Arid5a. A síntese de mRNA da IL-6 é

mediada pela ativação da via de sinalização do NF-κB. A regnase-1 promove

a degradação do mRNA da IL-6, enquanto a Arid5a inibe os efeitos da

regnase-1. O equilíbrio entre Arid5a e regnase-1 é importante para a

regulação do mRNA da IL-6, o desequilíbrio de ambas pode levar ao

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desenvolvimento de processos inflamatórios. Sugere-se que o EMB de G.

humilis esteja inibindo a ação da Arid5a em neutrófilos e por isso os níveis

de IL-6 estão diminuídos in vitro (TANAKA, et al., 2017).

Em contrapartida, não foi evidenciada redução significativa nos níveis

de TNF e CXCL1 nos testes in vitro, dado este divergente dos experimentos

in vivo. O TNF é uma proteína de sinalização celular ubíqua produzida

principalmente por macrófagos, mas também por outras células, incluindo

leucócitos, células dendríticas, células musculares lisas, fibroblastos, células

endoteliais e epiteliais (BARTEKOVA, et al., 2018). A CXCL1 é uma

citocina quimiotática produzida durante a inflamação e é importante para

atrair células polimorfonucleares para o local inflamatório (SILVA, et al.,

2017). Sabendo que a secreção de TNF e CXCL1 pelos neutrófilos não foi

inibida pelo tratamento com EMB de G. humilis, é provável que esta inibição

observada in vivo seja decorrente da redução da migração celular, resultando

em uma menor concentração de TNF e CXCL1 no exsudato, sem interferir

com a produção dos mesmos pelos neutrófilos.

Durante o processo inflamatório, há uma estimulação excessiva da

atividade da NADPH oxidase por citocinas e outros agentes, que leva a

expressão da iNOS. A iNOS sintetiza o NO que tem um papel multifaceado

nas reações inflamatórias, desde o aumento da vasodilatação e a formação de

edema, por meio da regulação da atividade dos leucócitos, até a modulação

das terminações nervosas sensoriais e citotoxicidade tecidual (TRIPATHI, et

al., 2007).

O tratamento de neutrófilos com EMB de G. humilis foi capaz de reduzir

os níveis de NO. Esse dado corrobora com resultados obtidos no estudo

realizado por Chen et al. (2008) que demonstraram a atuação da G.

mangostana na diminuição dos níveis de NO por meio da redução da

expressão da iNOS. Pelo fato de o extrato poder estar interferindo com a

atividade do NF-κB, acredita-se que isso se reflita numa menor expressão de

iNOS (GELLER, et al., 1993; TRIPATHI, et al., 2007).

Para verificar a atividade da G. humilis sobre macrófagos e analisar

quais compostos específicos estão relacionados com a atividade anti-

inflamatória, foram avaliados os compostos friedelina, canofilol,

amentoflavona e 3-desmetil-2-geranil-4-prenilbellidifolina xantona em

macrófagos estimulados com LPS. Os macrófagos são células residentes que

após ativados, produzem uma ampla gama de citocinas, quimiocinas e

mediadores químicos que promovem a inflamação. O NO secretado pelos

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macrófagos é um agente citotóxico pró-inflamatório importante que protege

o hospedeiro de vários patógenos, inativando e destruindo agentes

infecciosos. Contudo, a produção exacerbada pode lesar células saudáveis

vizinhas, sendo este mecanismo responsável pela maioria dos processos

inflamatórios e autoimunes (XUE, et al., 2018). Todos os compostos, exceto

o canofilol, foram capazes de diminuir a secreção de NO.

Estudo realizado por Li, et al. (2018) utilizando macrófagos RAW 264.7

estimulados com LPS e tratados com amentoflavona (50 µM) demonstrou

que, a amentoflavona é capaz de diminuir a secreção de NO e a fração EtOAc

contendo amentoflavona, foi capaz de reduzir a secreção de IL-6 e PGE2,

contudo não diminuiu os níveis de TNF. Colaborando com esses dados, Oh,

et al. (2013) também descreve a amentoflavona (100 e 200 µM) como

importante inibidor da secreção de NO e PGE2, além de diminuir a expressão

gênica de genes pró-inflamatórios como iNOS, TNF, COX-2 e IL-1β. Ambos

estudos corroboram, em parte, com os resultados obtidos no presente estudo,

sugerindo a amentoflavona como um importante composto para o potencial

anti-inflamatório da G. humilis. Em relação ao composto friedelina, embora

tenha diminuído os níveis de óxido nítrico, a literatura demonstra apenas seu

potencial anti-inflamatório, analgésico e antipirético em modelos in vivo

(PAULRAYER, A. et al., 2011).

O composto que apresentou melhores resultados de perfil anti-

inflamatório in vitro foi o 3-desmetil-2-geranil-4-prenilbelidifolina xantona,

pois além de diminuir a secreção de óxido nítrico, foi capaz de reduzir os

níveis de TNF. As xantonas possuem diversas atividades comprovadas,

dentre elas destaca-se o caráter anti-inflamatório, principalmente a ação

inibitória sobre COX-2 e NF-κB (TIAN-YONG, et al., 2019; REN, et al.,

2019).

Dos sinais cardinais presentes no processo inflamatório, a dor é o

sintoma que mais causa desconforto e incapacidade aos indivíduos. A dor é

um problema de saúde pública que necessita da atenção dos pesquisadores

para a busca de fármacos mais eficazes e com efeitos adversos reduzidos, que

possam prover uma melhor qualidade de vida aos pacientes (WILLIAMS;

CRAIG, 2016).

Com base nos resultados previamente obtidos, também foi objetivo

deste estudo avaliar o efeito do EMB de G. humilis sobre o limiar mecânico

de retirada da pata no modelo de hipersensibilidade induzida por carragenina

em camundongos. O tratamento com o EMB de G. humilis, diminuiu a

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frequência de resposta e aumentou o limiar mecânico dos animais

estimulados com carragenina.

Estudos realizados com o EMB das sementes da G. humilis e o

composto isolado Gutiferona A demonstraram ser ativos contra a dor em

modelos induzidos por formalina, capsaicina, glutamato e carragenina (DAL

MOLIN et al., 2012). Além disso, o gênero Garcinia, além de possuir

atividade anti-inflamatória, também possui importante atividade

antinociceptiva, incluindo as espécies G. gardneriana (CECHINEL FILHO,

et al., 2000), G. hanburyi (PANTHONG et al., 2007), G. kola (OLALEYE et

al., 2000) e G. mangostana (CHEN et al., 2008).

A composição química do EMB das folhas de G. humilis também pode

ser responsável pela atividade antinociceptiva. O flavonoide Gb-1a exerce

um pronunciado efeito antinociceptivo na nocicepção causada pela injeção

i.p. de ácido acético (BITTAR, et al., 2000), além disso este composto é capaz

de aumentar o limiar de dor em camundongos submetidos ao modelo de

artrite reumatoide (BADER et al., 2014; BUBA et al., 2016). O flavonoide

amentoflavona, possui atividade antinociceptiva já descrita no modelo de

contorção induzida pelo ácido acético (KIM, et al., 1998).

A ação pronociceptiva dos neutrófilos foi sugerida pela primeira vez há

quase 30 anos. Neste primeiro estudo, observou-se que os neutrófilos

presentes nas articulações de cães aumentaram a nocicepção articular

promovida pela administração de LPS (CASTRO; FERREIRA, 1979). Em

estudos subsequentes, Levine et al. (1984) mostraram que a

hipersensibilidade induzida pelo LTB4, C5a e o fMLP dependeram da

migração de neutrófilos.

Cunha e colaboradores (2008) também demonstraram que os neutrófilos

estão envolvidos na gênese da hipersensibilidade inflamatória, especialmente

na induzida por carragenina. Além disso, demonstraram que as ações dos

neutrófilos sobre a sensibilidade dolorosa não estão associadas à produção de

citocinas por células residentes, mas sim à produção de PGE2 pelos

neutrófilos. O que nos leva a concluir que o efeito do extrato sobre a migração

celular reflete numa menor sensibilização das terminações sensoriais.

Contudo, não se pode deixar de mencionar que em nosso estudo, a redução

da migração de neutrófilos impactou na redução dos níveis de citocinas,

diferente do observado por Cunha et al. (2008).

Considerando que os neutrófilos ativados produzem e liberam citocinas

inflamatórias como TNF, IL-1β e IL-6, e estas podem agir em receptores

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presentes nos nociceptores periféricos e levar ao desencadeamento do

processo doloroso, a redução de TNF, IL-1β e CXCL1 mostrado no modelo

de bolsa de ar, exibido pelo tratamento in vivo com EMB de G. humilis, pode

contribuir para a redução da sensibilidade nociceptiva desencadeada por

estímulos mecânicos.

Ribeiro et al. (2000) sugerem que a cascata liberada pela carragenina

pode ser considerada bifásica, sendo que a primeira fase estaria sendo

desencadeada principalmente por citocinas (TNF, IL-1β e IL-8) e a segunda

fase pelo aumento de prostanóides e radicais livres. Sugere-se então, que o

EMB de G. humilis possa estar influenciando na fase aguda inflamação

gerada pela carragenina.

As quimiocinas não se restringem apenas à atividade quimiotática de

leucócitos; células gliais e neuronais também podem ser ativadas por

quimiocinas. A CXCL1 é uma das quimiocinas com papel significativo na

modulação da dor, que pode ser produzida tanto periférica quanto

centralmente. Os efeitos descritos da CXCL1 no desenvolvimento da dor

inflamatória ocorrem por meio da ativação de seu principal receptor cognato,

o receptor de quimiocina C-X-C tipo 2 (CXCR2), que é expresso pelos

neurônios do SNP e do SNC. A inflamação periférica induz a expressão de

CXCL1 e CXCR2 por esses tecidos, o que contribui para a neuroplasticidade

e sensibilização de nociceptores na dor patológica (CAO, et al., 2016;

SILVA, et al., 2017). A diminuição nos níveis de CXCL1 em camundongos

tratados com EMB de G. humilis contribui para a diminuição da

hipersensibilidade a dor no local inflamatório periférico.

Embora haja clareza na importância do neutrófilo na hipersensibilidade

inflamatória, ter somente a presença dessas células no foco inflamatório não

é suficiente para o seu surgimento. Estas células necessitam de ativação para

produzirem e liberarem mediadores químicos. Por exemplo, neutrófilos

recrutados pela metodologia do glicogênio de ostra não causaram

hipersensibilidade, mas quando os neutrófilos foram ativados com LPS e

C5a, o limiar foi reduzido (LEVINE, et al., 1985). Esses resultados reforçam

o papel do neutrófilo na dor inflamatória sugerindo que a modulação da sua

atividade possa constituir importante ferramenta para o tratamento de

doenças que envolvem processo inflamatório doloroso.

Com relação aos possíveis efeitos adversos investigados, os animais

tratados com o EMB de G. humilis não demonstraram alterações na atividade

locomotora, quando avaliados no teste do campo aberto. Esse resultado

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permite sugerir que o extrato não afetou vias funcionais importantes no SNC,

o que possibilita uma resposta fidedigna no teste de von Frey.

Embora o EMB de G. humilis tenha demonstrado pronunciado efeito

sobre a inflamação aguda, bloqueando vias importantes para a migração

celular, estudos toxicológicos subsequentes fazem-se necessários para

confirmar a segurança terapêutica deste extrato.

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7. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir que o EMB de

G. humilis possui atividades anti-inflamatórias e antinociceptiva decorrente

da redução expressiva da migração de neutrófilos. Esse efeito envolve a

diminuição da expressão da molécula de adesão β2-integrina. A redução das

citocinas parece ser consequência da menor migração celular (Fig. 23). Em

conjunto, os dados obtidos permitem validar o uso popular da G. humilis para

o tratamento da inflamação, sugerindo sua aplicação terapêutica em reações

inflamatórias agudas.

Figura 23. Esquema representativo do mecanismo de ação anti-inflamatório

e antinociceptivo do EMB de G. humilis

Durante a resposta inflamatória células - especialmente neutrófilos - são recrutados para o tecido

lesado. Para atravessar o epitélio vascular é necessário a interação entre neutrófilos e moléculas

de adesão (CD62L e CD18). O EMB de G. humilis reduziu a migração de neutrófilos no exsudato

inflamatório induzido por carragenina, mas não alterou a exsudação de proteínas. Reduziu as

citocinas pró-inflamatórias TNF, IL-1β e CXCL1 in vivo. Reduziu as citocinas IL-1β, IL-6 e NO

in vitro, além de reduzir a expressão de CD18 que impede a firme adesão dos neutrófilos no

endotélio vascular para sua posterior migração para o tecido lesado. Em macrófagos, o EMB de

G. humilis e os compostos friedelina, canofilol, amentoflavona e 3-desmetil-2-geranil-4-

prenilbellidifolina xantona foram capazes de diminuir a secreção de NO, contudo somente o

composto 3-desmetil-2-geranil-4-prenilbellidifolina xantona foi capaz de diminuir a secreção de

TNF. Ainda o EMB de G. humilis mostrou reduzir a ação quimiotática. O extrato não apresentou

citotoxicidade e manteve os valores de viabilidade celular normais, tanto para fibroblastos

quanto para neutrófilos e macrófagos. Além disso, o EMB de G. humilis atua diminuindo a dor

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inflamatória, reduzindo a frequência de resposta e aumentando o limiar mecânico de

camundongos quando estimulados por carragenina. Fonte: A autora, 2019.

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ANEXOS

ANEXO A – Parecer comitê de ética no uso de animais

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