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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Gustavo Fernandes Guidelli TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO AVALIAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL DE UMA MICROEMPRESA DO SETOR DE ALIMENTAÇÃO Administração Geral Itajaí (SC) 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Gustavo Fernandes Guidelli

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

AVALIAÇÃO DA RESPONSABILIDADE

SOCIAL EMPRESARIAL DE UMA

MICROEMPRESA DO SETOR DE

ALIMENTAÇÃO

Administração Geral

Itajaí (SC)

2009

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GUSTAVO FERNANDES GUIDELLI

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE

ESTÁGIO AVALIAÇÃO DA RESPONSABILIDADE

SOCIAL EMPRESARIAL DE UMA

MICROEMPRESA NO SETOR DE

ALIMENTAÇÃO

Trabalho de conclusão de estágio

desenvolvido para o Estágio

Supervisionado do Curso de

Administração do Centro de Ciências

Sociais Aplicadas da Universidade do

Vale do Itajaí.

ITAJAÍ – SC, 2009

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Rosiane (in memoriam),

Wanderley e Edna, pela educação exemplar e o

incentivo durante a faculdade;

Agradeço aos meus avôs, avós, irmão, irmã, tios,

tias, primos e primas pelo carinho e amizade;

Agradeço a minha namorada, Larissa, pelos

conselhos, colaboração e compreensão;

Agradeço aos meus amigos pelo companheirismo;

Agradeço aos amigos do trabalho e da faculdade

que em muitas oportunidades fui buscar ajuda;

Agradeço aos meus professores, pelos seus

ensinamentos;

Agradeço ao Prof. Alexandre de Avila Leripio

pelos seus ensinamentos e incentivo na busca do

conhecimento.

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4

EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário

Gustavo Fernandes Guidelli

b) Área de estágio

Organização, sistemas e métodos.

c) Supervisor de campo

Wanderley Guidelli

d) Orientador de estágio

Prof. Alexandre de Avila Leripio, Dr.

e) Responsável pelos Estágios em Administração

Prof. Eduardo Krieger da Silva, MSc.

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5

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

a) Razão Social

Edna Maria dos Santos Guidelli ME

b) Endereço

Rua México nº 493, Bairro das Nações, Balneário Camboriú, Santa Catarina

c) Setor de desenvolvimento do estágio

Administração geral

d) Duração do estágio

240 horas

e) Nome e cargo do supervisor de campo

Wanderley Guidelli, gerente.

f) Carimbo e visto da empresa

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6

AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

Balneário Camboriú, 03 de novembro de 2009.

A Empresa COZINHA DA EDNA, pelo presente instrumento, autoriza a

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a publicar, em sua biblioteca, o Trabalho de

Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Supervisionado, pelo acadêmico Gustavo

Fernandes Guidelli.

__________________________________

Edna Maria dos Santos Guidelli

Proprietária da Empresa

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7

RESUMO

Com o crescimento da necessidade de sustentabilidade das organizações, fica evidenciado que

a mudança de postura deve partir das organizações, visto que às empresas ajudam a

movimentar a economia e consequentemente a sociedade, e isto se estende as pequenas e

microempresas. Este trabalho buscou avaliar uma microempresa, de acordo com os critérios

de RSE do Método MAIS, com a finalidade de propor melhorias às práticas organizacionais.

Teve como principais objetivos a pesquisa dos métodos possíveis de aplicação para avaliação

da empresa; a identificação do nível de sustentabilidade da organização; a pesquisa com uma

das partes interessadas (clientes) sobre a expectativa em relação às práticas de RSE

desenvolvidas pela empresa; e por fim a sugestão de melhorias à organização. A metodologia

utilizada foi qualitativa, tanto na entrevista realizada na empresa com a proprietária, como na

entrevista com clientes. Dentre as conclusões possíveis, destaca-se que a empresa foi

classificada como insustentável pelo Método MAIS, e na avaliação dos clientes a maior

preocupação está relacionada à qualidade dos produtos, quando as práticas de RSE não são

consideradas como fator determinante de escolha para contratação do serviço. Através da

pesquisa realizada, o objetivo geral do trabalho foi alcançado. Concluindo, as práticas

socialmente responsáveis na empresa pesquisada, ainda não são desenvolvidas,

provavelmente pela baixa exigência dos clientes, e a organização não demonstrou nenhum

esforço efetivo para desenvolver atividades ligadas à RSE.

PALAVRAS CHAVE: sustentabilidade organizacional, indicadores de sustentabilidade,

microempresa.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 1.1 – Média mensal e anual de marmitas entregues pela Cozinha da Edna. ................ 30

Figura 2.1 – Interação dos tipos de planejamento com o planejamento estratégico. ............... 36

Figura 3.1 - Organograma da empresa objeto de estudo. ......................................................... 74

Figura 3.2 – Descrição das etapas de aplicação do Método MAIS .......................................... 77

Figura 3.3 – A representação das dimensões da sustentabilidade e a valoração que o

método prescreve. ..................................................................................................................... 80

Figura 3.4 – A visualização dos indicadores de sustentabilidade e as oportunidades

de melhoria. .............................................................................................................................. 81

Gráfico 3.1 – Localização da organização segundo as dimensões de sustentabilidade

propostas. .................................................................................................................................. 84

Gráfico 3.2 – Localização da organização a partir dos indicadores da dimensão social de

sustentabilidade. ....................................................................................................................... 86

Gráfico 3.3 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a geração de emprego e renda

pela organização. ...................................................................................................................... 87

Gráfico 3.4 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre programas de prevenção de

acidentes e doenças para os envolvidos .................................................................................... 88

Gráfico 3.5 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a capacitação e desenvolvimento

de pessoas. ................................................................................................................................ 89

Gráfico 3.6 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a interação da empresa com a

sociedade. ................................................................................................................................. 90

Gráfico 3.7 – Localização da organização a partir dos indicadores da dimensão ambiental

da sustentabilidade. ................................................................................................................... 94

Gráfico 3.8 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre ações corretivas e preventivas ....... 96

Gráfico 3.9 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a avaliação de oportunidades. ........ 97

Gráfico 3.10 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre o controle operacional da

organização. .............................................................................................................................. 98

Gráfico 3.11 – Localização da organização a partir dos indicadores da dimensão

econômica da sustentabilidade. .............................................................................................. 101

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Gráfico 3.12 – Avaliação dos entrevistados sobre a política de qualidade ............................ 102

Gráfico 3.13 – Avaliação dos entrevistados sobre a gestão de processos, produtos e

serviços ................................................................................................................................... 103

Gráfico 3.14 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a medição e monitoramento de

processos, produtos e serviços. ............................................................................................... 104

Gráfico 3.15 – Avaliação dos entrevistados sobre a auditoria e análise crítica da empresa .. 104

Gráfico 3.16 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre o gerenciamento de riscos e

crises ....................................................................................................................................... 105

Gráfico 3.17 – Avaliação dos entrevistados sobre a infraestrutura da empresa ..................... 106

Gráfico 3.18 – Avaliação dos entrevistados sobre o acesso aos registros e documentação ... 106

Gráfico 3.19 – Localização da organização a partir dos indicadores da dimensão cultural

da sustentabilidade .................................................................................................................. 110

Gráfico 3.20 – Avaliação dos entrevistados sobre a geração de cultura organizacional ........ 111

Gráfico 3.21 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a avaliação dos fornecedores e

do mercado ............................................................................................................................. 112

Gráfico 3.22 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre o processo de melhoria

continua da organização ......................................................................................................... 113

Gráfico 3.23 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a existência do código de

conduta organizacional ........................................................................................................... 114

Gráfico 3.24 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre o processo de aprendizagem

organizacional ......................................................................................................................... 114

Gráfico 3.25 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a imagem da organização .......... 115

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1.1 – Resumo das atividades do presente trabalho. ..................................................... 28

Quadro 2.1 – Características e pontos positivos das microempresas. ...................................... 40

Quadro 2.2 – Cinco preposições para a RSE desenvolvidas por Davis (1975). ....................... 44

Quadro 2.3 – As diferenças entre a filantropia e a responsabilidade social ............................. 50

Quadro 2.4 – Dimensões da sustentabilidade propostas por Sachs .......................................... 51

Quadro 2.5 – Dimensão e critérios de avaliação do DJSI. ....................................................... 54

Quadro 2.6 – Indicadores relacionados com RSE segundo o modelo de Hopkins. ................. 59

Quadro 2.7 – Caracterização dos Indicadores Ethos SEBRAE de Responsabilidade Social. .. 61

Quadro 2.8 – Fases e Atividades do Método GAIA. ................................................................ 64

Quadro 2.9 – Critérios e Indicadores do Método GAIA. ......................................................... 65

Quadro 2.10 – Quadro referencial para classificação da sustentabilidade do negócio............. 65

Quadro 2.11 – Dimensões de sustentabilidade e os indicadores para análise da

sustentabilidade. ....................................................................................................................... 69

Quadro 2.12 – As faixas de sustentabilidade propostas. .......................................................... 69

Quadro 2.13 – Comparação dos Indicadores e Métodos de avaliação da RSE. ....................... 71

Quadro 3.1 – Aplicabilidade do Indicadores/Métodos na empresa objeto de estudo............... 75

Quadro 3.2 – Pontuação e seu significado para o critério: existência ou elaboração do

indicador. .................................................................................................................................. 78

Quadro 3.3 – Pontuação e seu significado para o critério: implantação do planejado ou do

procedimento. ........................................................................................................................... 78

Quadro 3.4 – Pontuação e seu significado para o critério: verificação. ................................... 78

Quadro 3.5 – Pontuação obtida pela organização e as faixas de sustentabilidade propostas. .. 79

Quadro 3.6 – Pontuação obtida pela organização, em cada dimensão da sustentabilidade. .... 80

Quadro 3.7 – MAIS: Dimensões de sustentabilidade, indicadores para análise da

sustentabilidade, pontuação máxima para cada indicador e a pontuação obtida pela

organização objeto de estudo. ................................................................................................... 84

Quadro 3.8 – Resultados obtidos com a entrevista dos clientes relativos à dimensão social. .. 91

Quadro 3.9 – Resultados obtidos com a entrevista dos clientes relativos à dimensão

ambiental. ................................................................................................................................. 99

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Quadro 3.10 – Resultados obtidos com a entrevista dos clientes relativos à dimensão

ambiental. ............................................................................................................................... 107

Quadro 3.11 – Resultados obtidos com a entrevista dos clientes relativos à dimensão

cultural. ................................................................................................................................... 116

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 15

1.1 Problema de Pesquisa/Justificativa ............................................................................. 16

1.2 Objetivos do Trabalho .................................................................................................. 18

1.3 Aspectos Metodológicos ................................................................................................ 19

1.4 Classificação da Pesquisa ............................................................................................. 20

1.4.1 Quanto à natureza ............................................................................................................ 20

1.4.2 Quanto aos objetivos ....................................................................................................... 22

1.4.3 Quanto à forma de abordagem dos problemas ................................................................ 23

1.4.4 Quanto aos procedimentos técnicos ................................................................................ 24

1.4.5 Classificação do presente trabalho .................................................................................. 27

1.4.6 Contexto e participantes .................................................................................................. 27

1.5 Roteiro Metodológico .................................................................................................... 28

1.5.1 Pesquisa Bibliográfica – Fundamentação Teórica e Estratégia de Pesquisa .................. 28

1.5.2 Pesquisa Diagnóstico: estudo de caso ............................................................................. 29

1.5.3 Análise e interpretação dos dados ................................................................................... 31

1.6 Delimitação do Trabalho .............................................................................................. 31

1.7 Estrutura do Trabalho .................................................................................................. 32

1.8 Conclusões do Capítulo ................................................................................................ 32

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 33

2.1 Evolução da Administração ......................................................................................... 33

2.1.1 Funções da administração ............................................................................................... 34

2.1.2 Administração de serviços .............................................................................................. 39

2.1.3 Microempresas ................................................................................................................ 40

2.2 Novos Modelos de Gestão ............................................................................................. 41

2.3 Responsabilidade Social Empresarial ......................................................................... 42

2.3.1 Partes Interessadas - Stakeholders .................................................................................. 46

2.3.2 Empreendedor social e empresa cidadã .......................................................................... 48

2.3.3 Dimensões da sustentabilidade ....................................................................................... 51

2.4 Instrumentos de Avaliação – Indicadores de Sustentabilidade ................................ 52

2.4.1 Instrumentos de avaliação desenvolvidos por bolsas de valores .................................... 53

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13

2.4.2 Instrumentos de avaliação de sustentabilidade empresarial ............................................ 57

2.4.3 Métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial ................................................... 62

2.5 Conclusões do Capítulo ................................................................................................ 70

3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO ............................................. 73

3.1 Caracterização do Objeto de Estudo ........................................................................... 73

3.2 Definição do instrumento de coleta de dados e apresentação dos resultados .......... 75

3.2.1 Apresentação do Método................................................................................................. 76

3.2.2 Aplicação do Método MAIS na organização .................................................................. 77

3.2.3 Tabulação dos dados obtidos com a aplicação do Método MAIS .................................. 79

3.2.4 Comparação dos resultados obtidos com as avaliações realizadas ................................. 81

3.2.5 Aplicação do Método MAIS ........................................................................................... 82

3.2.6 Avaliação da Dimensão Social – DS .............................................................................. 85

3.2.7 Considerações sobre a sustentabilidade da organização e percepção dos clientes

relacionada à Dimensão Social. ...................................................................................... 92

3.2.8 Avaliação da Dimensão Ambiental – DA ....................................................................... 93

3.2.9 Considerações sobre a sustentabilidade da organização e percepção dos clientes

relacionada à Dimensão Ambiental ................................................................................ 99

3.2.10 Avaliação da Dimensão Econômica - DE................................................................... 100

3.2.11 Considerações sobre a sustentabilidade da organização e percepção dos clientes

relacionada à Dimensão Econômica ............................................................................. 108

3.2.12 Avaliação da Dimensão Cultural – DC ...................................................................... 109

3.2.13 Considerações sobre a sustentabilidade da organização e percepção dos clientes

relacionada à Dimensão Cultural .................................................................................. 116

3.3 Propostas de Melhoria para a Empresa .................................................................... 117

3.3.1 Atendimento às expectativas dos clientes ..................................................................... 118

3.3.2 Atendimento aos critérios de RSE ................................................................................ 119

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................. 121

4.1 Conclusões .................................................................................................................... 121

4.2 Recomendações Para Trabalhos Futuros ................................................................. 123

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 125

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14

ANEXO .................................................................................................................................. 131

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ............................................................................. 135

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos últimos anos as preocupações com os impactos resultantes dos serviços

e/ou produtos gerados pela empresa, bem como sua interferência na vida dos stakeholders da

organização, trouxeram novos aspectos contingenciais que devem ser considerados pelas

empresas no momento de seu planejamento e gerenciamento. Muitas dessas transformações

tornaram-se necessárias pela pressão dos consumidores e mercados, que passaram a exigir

uma atitude socialmente responsável dos administradores.

Essas reflexões sobre impactos gerados trouxeram para a empresa novos conceitos e

abordagens para os métodos de gestão já existentes, estes preocupados com o

desenvolvimento do ambiente social em que atua a empresa. Esses novos modelos ainda

esbarram na cultura pouco disseminada da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) entre

os tomadores de decisão das empresas e principalmente nos consumidores.

As Ciências Sociais bem como a Administração buscam trazer novos meios para

integrar e desenvolver de forma ordenada todos os setores da sociedade. Nesse sentido se faz

necessário avaliar a percepção existente dentro de uma microempresa sobre a RSE.

A empresa onde o acadêmico irá desenvolver este trabalho será a Cozinha da Edna,

sendo sua principal atividade a entrega de refeições (marmitas) a domicílio na cidade de

Balneário Camboriú.

O vínculo existente entre a empresa e os clientes pode ser facilmente rompido por

tratar-se de gostos e necessidades subjetivas a cada consumidor, aliado a estes fatores, o preço

dos produtos também pode ser considerado como decisivo na escolha da empresa.

Através da utilização dos critérios de Responsabilidade Social Empresarial para

diagnosticar os problemas de uma determinada empresa, se torna possível para a organização

rever suas práticas organizacionais comuns e consequentemente minimizar os riscos de

acidentes de trabalho, proporcionar motivação e engajamento dos funcionários, padronização

dos serviços, superação da expectativa dos consumidores e até mesmo minimizar os custos

operacionais da empresa.

Por meio de uma gestão socialmente responsável, a organização poderá aumentar a

possibilidade de permanência no mercado, uma vez que o atendimento a normas socialmente

responsáveis será cada vez mais exigido das organizações.

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16

Com a análise dos motivos apresentados nesta sessão do presente trabalho, é

proposta a realização de um trabalho de estágio dentro do tema de RSE para a empresa

Cozinha da Edna, microempresa do setor de alimentação. Será oportuno, para o bom

andamento do trabalho, buscar incorporar os conceitos de RSE para uma microempresa

familiar, ainda distante das atividades desenvolvidas pela empresa em sua rotina diária.

1.1 Problema de Pesquisa/Justificativa

A definição de um problema de pesquisa, de acordo com Richardson (1999, p.56)

pode ser caracterizada como “[...] o pesquisador formula o problema que pretende estudar

[...]”. Ao longo dos últimos anos muitas empresas se depararam com a necessidade de se

adequar a um novo modelo de gestão que contemple a Responsabilidade Social Empresarial,

incluindo todos os stakeholders do negócio (ASHLEY, 2005).

Gil (1994, p.54) salienta que “[...] o pesquisador, desde a escolha do problema,

recebe a influência de seu meio cultural, social e econômico”. Entretanto muitas organizações

podem sofrer algum tipo de dificuldade desde o momento das adequações legais existentes,

até uma completa análise de todos os setores da empresa. Este é um fato comum

principalmente em micros e/ou pequenas empresas, seja por falta de recursos financeiros, ou

falta de um planejamento que envolva esses aspectos, ou ainda falta de conhecimento sobre o

assunto (ASHLEY, 2005).

Para Marconi e Lakatos (1999, p.28) a identificação do problema de pesquisa “[...] é

tarefa complexa, pois extrapola a mera identificação [...].” Nesse sentido cabe aos

administradores e ao meio acadêmico buscar formas de acelerar a disseminação dos conceitos

RSE, com o auxílio de métodos de avaliação da sustentabilidade nas organizações e

colaboração no planejamento das ações da empresa baseado nestes conceitos. Com isso o

propósito do presente trabalho baseia-se no seguinte problema de pesquisa:

A falta de informações sobre o estágio da RSE na empresa objeto de estudo.

As dificuldades encontradas pelas microempresas na execução dos projetos de

expansão ou até mesmo estabilização no mercado, normalmente podem ser caracterizadas

pela falta de conhecimento e/ou minimização da importância do planejamento de suas ações.

Entretanto quando já se está atuando no mercado, a empresa precisa ter consciência das

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17

mudanças necessárias para colocar-se à frente de seus concorrentes, integrando as

expectativas sociais da comunidade em que está inserida, visando gerar uma vantagem

competitiva. Espera-se então que a empresa durante suas atividades comerciais, “[...] deixem

de ser problemas [para a sociedade] e façam parte das soluções.” (BARBIERI, 2007, p.113).

Como parte das etapas a serem alcançadas pelo presente trabalho, é definida a

seguinte pergunta de pesquisa:

Qual a avaliação de uma microempresa de acordo com critérios de

Responsabilidade Social Empresarial?

Baseado nesse aspecto, após o término da avaliação a empresa terá uma descrição

profunda de todos os pontos positivos e negativos nos diversos setores da organização, de

acordo com a abordagem socialmente responsável.

Dessa forma a empresa poderá reavaliar suas atitudes em determinados setores e

planejar suas ações incorporando essa nova exigência do mercado, de que as empresas

estejam preocupadas com as partes interessadas em suas atividades, ou seja, beneficiando não

somente a organização, mas sim toda a sociedade.

Para Ferro, Bonacelli e Assad (2006, p.491) as organizações têm incorporado esta

estratégia, quando afirmam que cada vez mais “muitas empresas têm procurado integrar os

princípios e práticas do desenvolvimento sustentável em seu contexto de negócio, conciliando

as dimensões econômica, social e ambiental da sustentabilidade [...] de modo a obter ganhos e

benefícios.”

Para Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002, p.90) a RSE deve ocorrer de maneira

estratégica nas organizações, onde a “[...] partir do qual, objetivos institucionais e respectivas

estratégias para atingi-los são delineados.”

Para micros e pequenas empresas este processo de transição para uma nova forma de

gestão considerando as variáveis sociais e ambientais, pode encontrar mais barreiras em

relação a organizações de maior porte. Como possíveis fatores para esta dificuldade pode-se

apontar a estrutura organizacional enxuta destas empresas. Como outro fator desta dificuldade

pode-se notar por vezes a falta de conhecimento dos gestores atuais para inclusão destas

partes interessadas no planejamento e execução das atividades diárias da empresa.

O interesse do autor no presente trabalho é colocar os conhecimentos adquiridos ao

longo do curso de Administração, integrando a prática profissional com os conceitos teóricos

aprendidos em sala de aula. Para o autor, corrigir os possíveis percalços que possam acontecer

durante a realização do trabalho, contribui para avaliar o desenvolvimento do conhecimento

aprendido em sala de aula.

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18

Para o meio acadêmico essa pesquisa tem como objetivo estreitar a relação com a

sociedade, de modo que haja uma interação entre ambas as partes, testando e colocando em

prática novos conceitos que são atualmente estudados, comprovando ou não sua eficácia.

O caráter inédito do trabalho na organização fica evidente quando se analisa que esta

foi a primeira avaliação sobre a prática da Responsabilidade Social Empresarial pela empresa,

fato este que levou a empresa a concordar com o acesso irrestrito a todos os dados disponíveis

e necessários para a realização do presente trabalho.

A viabilidade do trabalho pode ser avaliada a partir de três aspectos: os custos para

realização do trabalho são de baixo valor, a organização colaborou fornecendo todas as

informações requisitadas e livre acesso às pessoas envolvidas e a amplitude do trabalho

enquadra-se dentro do escopo definido para um Trabalho de Conclusão de Estágio do Curso

de Administração.

1.2 Objetivos do Trabalho

De acordo com Richardson (1999, p.62) definindo os objetivos gerais do trabalho

como “[...] o que se pretende alcançar com a realização da pesquisa”. Com base neste autor,

pode-se constatar que a conclusão do objetivo geral terá alcançado sua contribuição para a

empresa, para o acadêmico e para a universidade,

Entretanto para Roesch (2007, p.94) assume uma caracterização mais ampla quando

os objetivos “[...] orientam a revisão da literatura e a metodologia do projeto”. Ou seja, irão

nortear os caminhos que serão percorridos pelo autor desde o projeto até a finalização do

trabalho.

Baseado nos argumentos descritos anteriormente, o trabalho apresentado define seu

objetivo geral como:

Avaliar e propor melhorias às práticas organizacionais da empresa objeto de

estudo de acordo com critérios de Responsabilidade Social.

Este objetivo geral visa trazer um novo padrão de comportamento empresarial mais

preocupado com a sociedade, beneficiando as partes interessadas.

Para Tachizawa (2006, p.61) o mercado está tomando outros rumos que divergem da

estrutura atual de gestão:

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19

[...] menores margens de lucros combinadas com exigência de

qualidade e postura ética [...] dos consumidores [...] estão colocando

pressões insuportáveis na forma de gerenciamento das organizações e,

particularmente, na gestão ambiental e da responsabilidade social.

Contudo se faz necessário definir os objetivos específicos do trabalho, já que

segundo Roesch (2007, p.96) “[...] a formulação de um objetivo geral não é suficiente para

dar uma ideia de como o trabalho será desenvolvido”. Richardson (1999, p.63) afirma que os

objetivos específicos “definem etapas que devem ser cumpridas para alcançar o objetivo

geral”.

Através destas explicações pode-se entender que os objetivos específicos são

elementos menos complexos, que quando alcançados na sua totalidade contribuirão para o

alcance do objetivo geral. Com base neste entendimento, o presente trabalho tem definido

como seus objetivos específicos:

Pesquisar e selecionar critérios de avaliação da Responsabilidade Social

Empresarial apropriado para uma microempresa.

Identificar o nível de Responsabilidade Social da empresa de acordo com

instrumento de avaliação definido como o mais apropriado.

Questionar os clientes sobre suas expectativas a respeito da Responsabilidade

Social Empresarial da empresa avaliada.

Sugerir ações para melhoria do desempenho da Responsabilidade Social

Empresarial da organização, a partir dos resultados obtidos nas avaliações

realizadas.

1.3 Aspectos Metodológicos

O presente trabalho seguirá a metodologia científica como base para suas etapas e

procedimentos, pois de acordo com Richardson (1999, p.70) “método em pesquisa significa a

escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação de fenômenos”. Em um

sentido mais específico Marconi e Lakatos (1999, p.32) explicam que “a seleção do

instrumental metodológico está, portanto, diretamente relacionada com o problema a ser

estudado [...]”.

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A escolha da metodologia tem grande influência no resultado da pesquisa a ser

realizada, pois os resultados obtidos ao longo do projeto estarão embasados em determinados

tipos de metodologia, visando uma correta análise dos dados que serão levantados, já que

segundo Gil (1994, p.27) “a ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos

fatos”.

Nesta sessão será descrita a metodologia do presente trabalho, a partir das sessões

classificação da pesquisa, roteiro metodológico e a caracterização da organização.

1.4 Classificação da Pesquisa

Nesta sessão serão apresentadas as classificações da pesquisa científica, quanto à

natureza, aos objetivos, à forma de abordagem dos problemas e os procedimentos técnicos

adotados.

1.4.1 Quanto à natureza

Patton (1990 apud ROESCH, 2007) apresenta cinco classificações para pesquisa em

Administração: Aplicada, Avaliação de Resultados, Avaliação Formativa e Preposição de

Planos e Pesquisa Diagnóstico, conforme explicação a seguir.

1.4.1.1 Pesquisa Aplicada

Para Patton (1990 apud ROESCH, 2007, p. 60) a Pesquisa Aplicada “[...] refere-se à

discussão de problemas, utilizando um referencial teórico de determinada disciplina, e à

apresentação de soluções alternativas.”

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21

1.4.1.2 Avaliação de Resultados

Conforme Patton (1990 apud ROESCH, 2007, p. 61) a Avaliação de Resultados “[...]

propõe-se a julgar a efetividade de um programa, política ou plano. Deseja saber se a ideia em

si é ou não efetiva.”

1.4.1.3 Avaliação Formativa

Na Avaliação Formativa “a ideia é melhorar a efetividade do programa [...] os

avaliadores procuram “formar” aquilo que está sendo estudado [...], baseiam-se em estudos de

processo, avaliação de implementação e estudos de caso.” (PATTON, 1990 apud ROESCH,

2007, p. 61).

1.4.1.4 Proposição de planos

Na proposição de planos “[...] a preocupação é apresentar soluções para problemas já

diagnosticados pela organização. [...] aplicação ou adaptação de soluções.” (ROESCH, 2007,

p.66).

1.4.1.5 Pesquisa-diagnóstico

A pesquisa-diagnóstico tem como característica “[...] levantar e definir problemas,

explorar o ambiente. O diagnóstico normalmente reporta-se a uma situação, em um momento

definido.” (ROESCH, 2007, p.66).

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22

1.4.2 Quanto aos objetivos

As pesquisas podem ser classificadas de acordo com os seus objetivos gerais, a partir

dessa classificação podem ser definidas em três grupos sendo eles: exploratórias, descritivas e

explicativas, conforme será explicado a seguir. (GIL, 2007).

1.4.2.1 Pesquisa exploratória

De acordo com Gil (2007, p.41) “estas pesquisas têm como objetivos proporcionar

maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explicito ou a construir

hipóteses.” Para Triviños (1987, p.189) a pesquisa exploratória permite ao pesquisador,

“aumentar sua experiência em torno de determinado problema.”

1.4.2.2 Pesquisa descritiva

Conforme Gil (2007, p.42) a Pesquisa Descritiva “[...] têm como objetivo primordial

a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então,

estabelecimento de relações entre variáveis.” Triviños (1987) completa que neste tipo de

pesquisa, o investigador precisa ter mais informações sobre o assunto pesquisado e suas

variáveis.

1.4.2.3 Pesquisa explicativa

Para Gil (2007, p.42) a Pesquisa Explicativa “[...] têm como preocupação central

identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos.

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23

Esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a

razão, o porquê das coisas.”

1.4.3 Quanto à forma de abordagem dos problemas

Outro fator que pode influenciar nos resultados obtidos com a pesquisa é definição

do método de coleta de dados, que pode ser qualitativo, quantitativo. Segundo Richardson

(1999, p.70) “[...] esses dois métodos se diferenciam não só pela sistemática pertinente a cada

um deles, mas, sobretudo pela forma de abordagem do problema”. Estes dois métodos serão

explicados a seguir.

1.4.3.1 Pesquisa qualitativa

De acordo com Richardson (1999, p.80) o método Qualitativo pode “[...] descrever a

complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender

e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, [...] e possibilitar, em maior

nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos

indivíduos."

1.4.3.2 Pesquisa quantitativa

O método quantitativo é mais indicado segundo Roesch (2007, p.131) quando “[...] o

propósito do projeto implica medir relações entre variáveis [...].” Esta pesquisa serve também

para avaliar o resultado de algum sistema ou projeto.

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1.4.4 Quanto aos procedimentos técnicos

Os procedimentos técnicos classificam a pesquisa em: bibliográfica, documental,

experimental, ex-post facto, estudo de corte, levantamento, estudo de campo, pesquisa-ação e

pesquisa participante, conforme segue:

1.4.4.1 Pesquisa bibliográfica

Este tipo de pesquisa “[...] é desenvolvida com base em material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos

seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas

exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.” (GIL, 2007, p.44).

1.4.4.2 Pesquisa documental

A pesquisa documental “[...] vale-se de materiais que não receberam ainda um

tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da

pesquisa.” (GIL, 2007, p.45).

1.4.4.3 Pesquisa experimental

A pesquisa experimental tem como característica “[...] determinar um objeto de

estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de

controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.” (GIL, 2007, p.47).

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25

1.4.4.4 Pesquisa ex-post facto

De acordo com Triviños (1987) este tipo de pesquisa também pode ser chamado de

“estudos causais comparativos”. Conforme Gil (2007, p.49) a pesquisa ex-post facto busca

“[...] verificar a existência de relações entre as variáveis.” Estuda o fato realizado em relação à

variável.

1.4.4.5 Estudo de corte

Para Gil (2007) o estudo de corte acompanha e estuda uma determinada amostra de

pessoas com características semelhantes por um determinado período de tempo, sendo uma

pesquisa comum na área da saúde.

1.4.4.6 Levantamento

De acordo com Gil (2007, p.50) o levantamento caracteriza-se “[...] pela interrogação

direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.” Neste tipo de pesquisa se

questiona uma determinada população sobre o problema estudado e após isso se faz a análise

quantitativa, e se obtém as conclusões de acordo com o levantamento realizado.

1.4.4.7 Estudo de campo

O estudo de campo caracteriza-se pelo “[...] aprofundamento das questões propostas

do que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis. [...]

apresenta muito mais flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam

reformulados ao longo da pesquisa.” (GIL, 2007, p.53).

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26

1.4.4.8 Estudo de caso

Conforme Gil (2007, p.54) o estudo de caso “[...] consiste no estudo profundo e

exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado

conhecimento [...].”

1.4.4.9 Pesquisa-ação

Para Thiollent (1985, apud GIL, 2007, p.55) a pesquisa-ação é “um tipo de pesquisa

com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com

a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes

representativos da situação [...] estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.” Este

tipo de pesquisa é voltado “[...] para a ligação indestrutível entre teoria e prática [...].”

(DEMO, 1995, p.229).

1.4.4.10 Pesquisa participante

De acordo com Gil (2007, 56) a pesquisa participante “[...] envolve posições

valorativas, derivadas, [...] voltado, sobretudo para a investigação junto a grupos

desfavorecidos [...].” Demo (1995) apresenta três fases essenciais para a pesquisa participante:

(a) autodiagnóstico do problema, (b) estratégia de enfrentamento prático do problema

pesquisado, (c) necessidade de organização política da comunidade pesquisada.

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27

1.4.5 Classificação do presente trabalho

Com base nas definições de tipos de pesquisa, o presente trabalho pode ser

classificado como: Pesquisa-Diagnóstico, considerando que foi levantado um problema da

organização, com o objetivo de desenvolver soluções para a organização; Estudo de caso,

pois estuda profundamente a organização objeto de estudo; Pesquisa Descritiva, já que

permitirá descrever o comportamento da empresa e as expectativas dos clientes; Pesquisa

Quantitativa, onde as avaliações da empresa, colaboradores internos, fornecedores e

consumidores buscarão encontrar as variáveis que atuam sobre a empresa, quantificadas em

pontuação e a entrevistas com os clientes oferece uma avaliação com padrões de resposta;

Pesquisa Bibliográfica, pois está baseada em livros, artigos científicos e teses publicadas.

1.4.6 Contexto e participantes

A seguir serão demonstradas e contextualizadas todas as partes envolvidas durante o

levantamento de dados e consequentemente os procedimentos, que de acordo com Richardson

(1999, p.67) se faz necessário “especificar os instrumentos de coleta de informações [...].”

Seguindo esse conceito Roesch (2007, p.128) afirma que “[...] é importante especificar nessa

sessão a fonte dos dados [...].”

Estas informações se mostram importantes pelo caráter científico do projeto, em que

as fontes de dados precisam estar evidenciadas para possíveis tentativas de realização da

mesma pesquisa.

Para avaliar a empresa foi utilizado um indicador Responsabilidade Social

Empresarial, previamente estabelecido pelo referencial teórico e reconhecido pelo meio

acadêmico, em concordância com o supervisor de campo, e a empresa. O indicador de

Responsabilidade Social Empresarial buscou demonstrar com base em uma análise pelo

segmento de atuação da empresa os pontos críticos que demandam melhorias.

Após a análise da empresa, se faz necessário saber qual o nível de conhecimento e

exigência dos clientes – stakeholders – da organização em relação à Responsabilidade Social

Empresarial. O grupo consultado foi de clientes ativos – por ativos entendem-se os clientes

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que estiverem consumindo os produtos da empresa na época da pesquisa, que atualmente

totalizam 200 clientes. O banco de dados de clientes cadastrados e ativos da empresa permitiu

encontrar os dados necessários destes participantes para realização da pesquisa.

1.5 Roteiro Metodológico

Nesta sessão serão apresentadas as etapas de realização da pesquisa, através do

quadro resumo a seguir. Nos demais itens desta sessão, será feita a descrição das etapas e sub-

etapas do quadro que caracterizam as etapa do trabalho.

CLASSIFICAÇÃO DA

PESQUISA

ETAPA DO

TRABALHO

PERÍODO DE

REALIZAÇÃO SUBETAPAS/ATIVIDADES

1.5.1 PESQUISA

BIBLIOGRÁFICA

Fundamentação Teórica

Outubro/2008 a

Maio/2009

Pesquisa Bibliográfica sobre o

tema

Setembro/2008 a

Abril/2009

Definição do Problema de

Pesquisa

Estratégia de Pesquisa Setembro/2008 a

Abril/2009

Construção da pergunta de

pesquisa a partir do problema e

definição dos objetivos.

1.5.2 PESQUISA-

DIAGNÓSTICO: estudo

de caso

Pesquisa-Diagnóstico:

Coleta de dados

Junho/2009 Sessão 3.1 - Definição do

Instrumento de Coleta de Dados

Agosto/2009 Coleta de Dados

1.5.3 PESQUISA-

DIAGNÓSTICO:

Interpretação dos dados

Análise e interpretação

dos dados

Setembro/2009 Tabulação, análise e interpretação

dos dados coletados.

Setembro/2009 Elaboração dos Resultados e

Discussão

Outubro/2009 Elaboração da Conclusão e

Recomendações

Outubro/2009 Redação do Trabalho

Novembro/2009 Apresentação/Defesa

Quadro 1.1 – Resumo das atividades do presente trabalho.

Fonte: autor.

1.5.1 Pesquisa Bibliográfica – Fundamentação Teórica e Estratégia de Pesquisa

A Pesquisa Bibliográfica do presente trabalho foi divida em Revisão Bibliográfica e

Estratégia de Pesquisa.

Na primeira parte foram pesquisados três assuntos na literatura – livros, teses e

artigos publicados -, primeiramente sobre a Evolução da Administração como Ciência, onde

esta passou por diversas fases, como o estabelecimento das funções da Administração, e a

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constante busca pela incorporação das variáveis criando os novos modelos de gestão das

organizações; o segundo assunto pesquisado foi a Responsabilidade Social Empresarial, suas

origens, discordâncias sobre seu escopo de atuação, os stakeholders das empresas, as formas

indicadas para o desenvolvimento sustentável das organizações, incorporando os valores da

RSE; o terceiro assunto pesquisado foram os Indicadores de Sustentabilidade desenvolvidos

por Organizações Não Governamentais (ONGs), bolsas de valores e pelo meio acadêmico,

suas formas características de avaliação da RSE e os critérios considerados como socialmente

responsáveis por estes Indicadores.

A estratégia de pesquisa foi formada pela definição do problema de pesquisa, ou seja,

a necessidade de mensurar o nível de RSE da empresa objeto de estudo. Em função deste

problema, a pergunta de pesquisa foi desenvolvida, questionando a possibilidade de avaliar

uma microempresa de acordo com critérios de RSE e seus resultados. Os objetivos específicos

e o objetivo geral estão relacionados ao problema de pesquisa e à pergunta de pesquisa. Esta

etapa do presente trabalho constituiu-se nos elementos textuais: redação da introdução,

fundamentação teórica e metodologia.

1.5.2 Pesquisa Diagnóstico: estudo de caso

A coleta de dados do presente trabalho ocorreu a partir do desenvolvimento das

atividades propostas pelo Método de avaliação escolhido, onde este estabeleceu os critérios

avaliados pelo gestor da organização – sustentabilidade social, sustentabilidade ambiental,

sustentabilidade econômica e sustentabilidade cultural –, com base nas perguntas do

questionário proposto, o mesmo aconteceu com a pontuação obtida pela empresa.

Foi avaliada também a exigência e expectativa de uma pequena amostra dos clientes

da empresa com base em um questionário adaptado do Método de avaliação a ser utilizado

para este grupo de stakeholders – partes interessadas.

A escolha deste grupo de clientes para a avaliação da empresa utilizou o método de

amostra intencional ou proposital, conforme descrito por Bruni (2007). De acordo com este

autor na pesquisa com amostra intencional “[...] o pesquisador escolhe propositalmente os

elementos que farão parte da amostra.” (BRUNI, 2007, p.176).

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Para D’Hainaut (1997, p.24) “quando se têm razões suficientes para pensar que um

grupo é representativo de uma população, pode tomar-se este grupo como amostra ou

construir uma amostra aleatória representativa da população total, extraindo elementos ao

acaso deste grupo.”

Estabelecido o critério da amostra intencional, com base nas definições de Bruni e

D’Hainaut, para encontrar o número de clientes que foram entrevistados, verificou-se a média

mensal de clientes dos meses de julho de 2008 até junho de 2009. A média mensal pode ser

verificada na tabela 1.1.

Tabela 1.1 – Média mensal e anual de marmitas entregues pela Cozinha da Edna.

Mês Julho/08 Agosto/08 Setembro/08 Outubro/08 Novembro/08 Dezembro/08

Média

de

clientes

180 177 183 176 172 162

Mês Janeiro/09 Fevereiro/09 Março/09 Abril/09 Maio/09 Junho/09

Média

de

clientes

152 152 168 172 153 160

Média anual de clientes 167 clientes

Fonte: autor.

Esta média foi estabelecida de acordo com o número de clientes atendidos –

marmitas entregues – em cada dia de funcionamento da empresa. De acordo com o número

total de marmitas entregues em cada mês, calculou-se uma média simples do número de

clientes.

A partir da média de marmitas entregues por mês, foi estabelecido a quantidade de

entrevistas como sendo 10% dos clientes, que foi arredondado para 17 entrevistados. Estes

clientes foram escolhidos aleatoriamente para a entrevista, sendo que estas foram realizadas

por telefone, o tempo médio de duração de cada entrevista foi 35 minutos, para evitar perda

de tempo com o deslocamento entre um cliente e outro. Importante ressaltar que nenhum dos

clientes procurados para colaborar com a pesquisa se recusou a responder o questionário.

Conforme descrito no roteiro metodológico (sessão 3.2), as entrevistas ocorreram durante o

mês de agosto de 2009.

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31

1.5.3 Análise e interpretação dos dados

Nesta fase da pesquisa, foi realizada a tabulação dos dados, então a análise e

interpretação dos dados coletados nas etapas anteriores. A apresentação dos dados foi

uniformizada de acordo com as determinações do Método de avaliação utilizado, visando uma

melhor visualização dos resultados obtidos.

1.6 Delimitação do Trabalho

O presente trabalho limitou-se a avaliar uma microempresa de caráter familiar, de

acordo com as práticas de Responsabilidade Social Empresarial, e ao final propor planos para

melhoria, mas sem intervenção prática na organização.

Na literatura disponível sobre o tema pesquisado, a abrangência dos métodos de

avaliação da RSE nas organizações foi estabelecida para organizações maiores, com uma

estrutura organizacional que comporta a manutenção de setores especialmente criados para

desenvolver as atividades relacionadas à implantação dos critérios de RSE na organização.

Este fato em comparação ao porte da empresa objeto de estudo, poderá trazer diferenças aos

resultados apurados pelo presente trabalho.

Devido ao tamanho e à administração familiar da organização poderão trazer novas

barreiras ao desenvolvimento do presente projeto de estágio, como rejeição dos funcionários e

gerência para a saída da zona de conforto proporcionada pela atual cultura organizacional.

Através destas limitações apresentadas, os resultados apurados com a aplicação

prática do presente trabalho não devem ser generalizados, já que estes resultados

representarão a atual postura da empresa, em face aos critérios de RSE.

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32

1.7 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho foi desenvolvido em quatro capítulos principais (fundamentação

teórica, desenvolvimento da pesquisa de campo e conclusões e recomendações). Nesta sessão

será apresentada uma breve descrição de cada capítulo.

O capítulo 2 trata da fundamentação teórica, que aborda a evolução dos estudos

sobre a Administração de Empresas, da Administração de Serviços, das microempresas, a

necessidade de criação dos novos modelos de gestão das organizações, o surgimento da

Responsabilidade Social Empresarial, e por fim as formas encontradas para mensuração do

nível praticado de RSE através dos Indicadores e Métodos de Sustentabilidade disponíveis.

O capítulo 3 define o modelo de pesquisa adotado, o tratamento dos dados obtidos

durante a pesquisa de campo, os resultados obtidos com a aplicação do presente trabalho, a

comparação dos resultados obtidos com a pesquisa na organização com os referenciais

teóricos presentes no trabalho.

O capítulo 4 traz as conclusões obtidas através das comparações feitas entre o

capítulo 3 e o capítulo 2, juntamente com as considerações do autor sobre os resultados, e

ainda as recomendações para trabalhos futuros, observadas as limitações e oportunidades

encontradas durante o desenvolvimento do presente trabalho.

1.8 Conclusões do Capítulo

Este capítulo teve como finalidade apresentar e discutir as bases metodológicas da

pesquisa. Este item também descreveu os métodos adotados para realização do presente

trabalho, e descrição das atividades desenvolvidas no decorrer do trabalho de estágio.

Os passos metodológicos seguiram as sugestões e recomendações de cinco autores:

Augusto Nibaldo Silva Triviños, Antonio Carlos Gil, Pedro Demo, Roberto Jarry Richardson

e Sylvia Maria Azevedo Roesch, que foram citados ao longo do capítulo e ao final, nas

referências bibliográficas.

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33

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta sessão do trabalho será apresentada a fundamentação teórica, onde o autor

busca incorporar conceitos e definições de autores com mérito reconhecido na pesquisa sobre

o tema ora pesquisado. Esta sessão é de suma importância para o resultado final do presente

trabalho, já que “[...] servirá como um demonstrativo amplo e panorâmico do estágio em que

se encontra o tema a ser pesquisado [...].” (RICHARDSON, 1999, p.301).

2.1 Evolução da Administração

Na administração ao longo do tempo ocorreram várias modificações em sua forma de

definição e isso, consequentemente alterou a forma de atuação dos administradores. O estudo

desta ciência tornou difícil e complexa a tarefa de conceituar Administração. Visto que de

acordo com Montana e Charnov (2003, p.02) “com o passar do tempo, tem havido, e continua

a haver uma modificação de ênfase nas definições.”

Entretanto alguns autores consideram que para administrar é necessária a

colaboração de todas as partes interessadas nos processos gerenciais. Segundo Daft (2005,

p.05) “um aspecto importante da Administração é reconhecer o papel e a importância dos

outros [...].” Para Montana e Charnov (2003, p.02) a abordagem é semelhante ao afirmar que

a “[...] administração é realizar coisas por intermédio de outras pessoas”.

Contudo o estudo da Administração ao longo do tempo incorporou novos aspectos,

onde Drucker (1974 apud DAFT, 2005, p.05) “[...] declarou que a função dos gerentes é dar

direção às suas organizações, proporcionar liderança e decidir como usar os recursos

organizacionais para alcançar as metas.”

Para Maximiano (2000, p.27) a definição de Administração pode ser como “[...] um

processo e tomar decisões e realizar ações que compreende quatro processos principais

interligados: planejamento, organização, execução e controle.”

Para Montana e Charnov (2003, p.02) uma definição mais atual de Administração

“[...] é o trabalho com e por intermédio de outras pessoas para realizar os objetivos da

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organização, bem como de seus membros.” Considerando assim uma visão integrada com o

objetivo dos envolvidos na organização.

Em uma definição mais atual, segundo Daft (2005, p.05) “administração é o alcance

de metas organizacionais de maneira eficaz e eficiente por meio de planejamento,

organização, liderança e com controle dos recursos organizacionais.”

Com base nestes autores pode-se entender que a Administração ao longo dos anos

incorporou novos aspectos que tornaram ainda mais complexo administrar uma organização,

onde o administrador precisa compreender uma quantidade maior de variáveis para obter

melhores resultados.

Para um melhor entendimento sobre a Administração e suas funções, a seguir serão

abordadas as funções administrativas criadas por Henri Fayol – (1841 – 1925) engenheiro

francês considerado o “pai” da Teoria Administrativa.

2.1.1 Funções da administração

Nesta sessão serão apresentadas as funções administrativas, de acordo com Daft

(2005), Montana e Charnov (2003) e Reis, Ferreira e Pereira (2002). Estes autores citam as

cinco funções da Administração como sendo planejar, organizar, comandar, coordenar e

controlar. Neste trabalho será dado um maior destaque para a função planejamento,

considerando que um dos focos do mesmo será o planejamento das ações da empresa de

acordo com ações socialmente responsáveis.

2.1.1.1 Planejar

Em um modelo atual de trabalho, onde as empresas estão cada vez mais vulneráveis

as oscilações repentinas do mercado, exigências legais ou até mesmo solicitações dos clientes

da empresa, o planejamento das metas e objetivos da empresa se torna cada vez mais

necessário. Dessa forma, as ações corretivas da empresa têm um foco mais específico, onde as

decisões a serem tomadas buscarão ir ao encontro do planejamento estratégico da empresa.

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35

Planejar segundo Daft (2005, p.5) “[...] significa a definição de metas para o

desenvolvimento organizacional futuro e a decisão sobre as tarefas e o uso dos recursos

necessários para alcançá-las”.

Já segundo Reis, Ferreira e Pereira (2002, p.24) planejar significa “[...] estabelecer os

objetivos da organização especificando a forma como serão atingidos [...] e desenvolvendo

um plano de ações para atingir os objetivos traçados.”

Para Montana e Charnov (2003) o planejamento pode ser dividido em termos

específicos, sendo os mais importantes: planejamento estratégico e planejamento operacional.

A seguir serão demonstrados três tipos de planejamento – planejamento estratégico,

planejamento tático e planejamento operacional-, que se complementam, e formam um ciclo

de desenvolvimento para os objetivos da empresa.

O planejamento estratégico “[...] é o estabelecimento de metas para a organização

[...].” (MONTANA E CHARNOV, 2003, p.107). A definição de metas a serem alcançadas

em longo prazo norteia a empresa para que rumo tomar, uma vez que a empresa poderá

avaliar quais são as possibilidades e riscos inerentes a determinado objetivo, ou seja, “[...]

definem as etapas pelas quais a empresa tem a intenção de alcançar as metas estratégicas.”

(DAFT, 2005, p.156).

Segundo Montana e Charnov (2003) existem cinco itens que devem ser observados

quando é feito o planejamento estratégico para uma organização, sendo eles: o prazo, onde

normalmente é para mais de cinco anos; a necessidade do mercado, expansão ou manutenção

do crescimento da empresa; o processo, as pessoas que participarão do planejamento; a

complexidade, onde todas as variáveis devem estar inclusas no planejamento; grau de

estruturação, onde a empresa deve moldar o planejamento de acordo com o tamanho da

organização; e os resultados, resultando no planejamento.

Montana e Charnov (2003) e Oliveira (2007) citam também outros dois tipos de

planejamento, sendo eles o tático e o operacional. O planejamento tático busca melhorar uma

determinada área da organização. Este planejamento “[...] trabalha com decomposições dos

objetivos, estratégias e políticas estabelecidos no planejamento estratégico.” (OLIVEIRA,

2007, p.18).

Já o planejamento operacional trata das questões de cronograma e quantidade de

produção (MONTANA E CHARNOV, 2003). De acordo com Oliveira (2007, p.19) o

planejamento tático pode ser definido “[...] como a formalização, principalmente através de

documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidas.”

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36

A complementaridade dos vários tipos de planejamento pode ser explicada através da

figura a seguir:

Planos estratégicos

Liquidar negócios não relacionados

ao objetivo da organização; aumento

da concentração nos produtos básicos

Planos de Marketing

Visar mercados regionais com

produtos personalizados

Planos de produção

Centralizar as operações nas

fábricas mais eficientes

Planos financeiros

Reduzir custos e aumentar lucro

marginal nos produtos

Planos operacionais

Prepara

Terreno

para

Ajuda na

realização

dos

Figura 2.1 – Interação dos tipos de planejamento com o planejamento estratégico.

Fonte: Montana e Charnov (2003, p.122).

No quadro anterior consegue-se visualizar como os tipos de planejamento trabalham

em conjunto, onde o principal – planejamento estratégico – atua como fonte e modelo para os

demais. A partir do planejamento, é necessário organizar a empresa para que a mesma possa

executar o planejamento previsto. Após ser feito o planejamento, é necessário organizar as

funções e tarefas planejadas. Sendo assim a função de organizar será tratada na próxima

sessão.

2.1.1.2 Organizar

A organização consiste na maneira que a empresa divide sua estrutura e/ou

departamentalização para que possa executar de maneira excelente suas atividades. Organizar

para Reis, Ferreira e Pereira (2002, p.24) oferece uma definição ampla ao afirmar que “[...] é a

forma de coordenar todos os recursos da empresa, sejam humanos, financeiros, ou materiais,

alocando-os da melhor forma.”

Segundo Daft (2005, p.6) a função de organizar consiste em “[...] atribuição de

tarefas, o agrupamento das tarefas em departamentos, e a atribuição de autoridade e alocação

de recursos pela organização.”

Concordam essa visão Montana e Charnov (2003, p.18) que a organização é a “[...]

função que consiste em como a estrutura organizacional está estabelecida e em como a

autoridade e a responsabilidade são passadas para os gerentes (delegação).”

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37

Com isso, as empresas podem manter uma estrutura funcional onde cada cargo tenha

determinadas funções e dentro dessas funções as habilidades de cada colaborador para exercer

as atividades pertinentes à função.

Segundo Daft (2005) a organização traz para a estrutura de cargos da empresa e suas

responsabilidades relativas aos cargos que são delegadas pelos gestores, com a finalidade de

obter um ótimo rendimento. Montana e Charnov (2003, p.174) ressaltam que é importante

manter “[...] a estrutura enxuta e simples [...] da melhor maneira possível na estrutura ideal.”

Para que essa organização funcione corretamente é necessário que haja um comando

sobre os funcionários e direcionamento da empresa.

2.1.1.3 Comandar

A função de comandar pode ser entendida como a “[...] função relacionada à maneira

como os gerentes administram os funcionários [...].” (MONTANA e CHARNOV, 2003, p.19)

Segundo Reis, Ferreira e Pereira (2002, p.24) comandar “[...] significa fazer com que

os subordinados executem o que deve ser feito. Pressupõe que as relações hierárquicas

estejam claramente definidas [...].”

De acordo com os autores referenciados pode-se entender que a função de comandar

está diretamente ligada aos procedimentos realizados pelos gerentes em relação aos

colaboradores, fazendo com que elas possam estar de acordo com os objetivos da empresa.

2.1.1.4 Coordenar

Segundo Reis, Ferreira e Pereira (2002, p.24) coordenar é “a implantação de

qualquer planejamento seria inviável sem a coordenação das atitudes e esforços de toda a

organização (departamentos e pessoal), tendo em vista os objetivos traçados.”

Para Montana e Charnov (2003, p.19) coordenar “se refere às atividades destinadas a

criar uma relação entre todos os esforços da organização (tarefas individuais) para realizar um

objetivo comum.”

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Ribeiro (2003, p.47) define a função de coordenar como “[...] estabelecer a harmonia

entre todas as ações e esforços gerados para facilitar o funcionamento e alcançar o sucesso da

empresa, segura e economicamente delimitando as responsabilidades dos núcleos

administrativo, técnico e comercial.”

Segundo estes autores a coordenação deve existir para que os projetos realizados

possam ser executados, com o acompanhamento de um gestor com a função de avaliar o

andamento dos projetos realizados. Para que isso aconteça é necessário que exista um controle

dos padrões esperados pela empresa.

2.1.1.5 Controlar

Esta função está ligada ao controle das atividades realizadas pelos funcionários. Para

Reis, Ferreira e Pereira (2002, p.24) controlar significa “[...] estabelecer padrões e medidas de

desempenho que permitam assegurar que as atitudes adotadas são as mais compatíveis com o

que a organização almeja.”

Montana e Charnov (2003, p.19) concordam com essa visão ao afirmar que controlar

é o “[...] modo como os gerentes avaliam o desempenho dentro da organização com relação

aos planos e às metas dessa organização.”

Daft (2005, p.6) também oferece uma definição parecida ao afirmar que controlar

significa “[...] monitorar as atividades dos funcionários, mantendo a organização no trilho em

direção às suas metas, e fazer as correções necessárias.”

Pode-se entender então que a função de controlar está ligada ao controle e correção

das atividades realizadas pelos funcionários da organização, para que estas estejam ligadas

diretamente ao planejamento estratégico da empresa.

Como forma de auxiliar no desenvolvimento destas funções foi desenvolvida por

Walter A. Shewhart uma ferramenta conhecida como “PDCA” (Plan, Do, Check Act em

inglês ou em português Planejar, Executar, Controlar e Agir Corretivamente), que foi

anteriormente chamado de “Ciclo de Shewhart” e/ou “Ciclo de Deming”. Esta ferramenta se

baseia na possibilidade de melhoria de cada atividade de avaliação e correções necessárias em

cada etapa das funções administrativas. (DEMING, 1990).

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Com base nessas funções administrativas, as organizações começaram a se

diferenciar pelo tipo de produto/serviço oferecido, onde se destaca a administração de

serviços que será apresentado na próxima sessão.

2.1.2 Administração de serviços

Para o setor de serviços a necessidade de atender integralmente as

expectativas dos clientes, para que os mesmos possam visualizar o valor agregado ao serviço

prestado, aumentando a capacidade de prospectar novos clientes e a manutenção dos clientes

já existentes, passam pela qualidade do serviço apresentado (ZILIO, ANGELI e

BORCHARDT, 2005).

Conforme explicam Tomassini, Aquino e Carvalho (2008) a qualidade deve ser

percebida pelo cliente com um apelo subjetivo e o atendimento das expectativas dos mesmos,

ainda que o nível máximo esperado seja difícil de ser alcançado, se torna parte importante à

busca da satisfação do cliente.

Cabe então às organizações oferecer inovações que tem a finalidade de agregar valor

ao serviço oferecido, seja interna, com a avaliação da empresa, ou externa, com expectativas e

movimentações do mercado (VARGAS e ZAWISLAK, 2006). Nesta percepção as inovações

podem ser de produto/serviço, quando novos produtos ou serviços são lançados; inovação de

processos, quando os procedimentos prescritos anteriormente são revisados; inovações

organizacionais, relacionadas com novos modelos de gestão da organização; inovações de

mercado, quando novos nichos são encontrados para venda do produto ou serviço (VARGAS

e ZAWISLAK, 2006).

Nestas oportunidades de inovação procuradas pelas organizações a necessidade

maior é a manutenção dos clientes, em que a pesquisa de satisfação com os serviços

apresentados são importantes para avaliar o desempenho da empresa. Esta manutenção pode

ser explicada em dois pontos principais: (a) as reclamações recebidas que possibilitam à

empresa refazer um serviço ou produto, são oportunidades de satisfazer as expectativas de um

cliente e também a avaliação da expectativa de outros clientes que também podem estar

insatisfeitos (ZILIO, ANGELI e BORCHARDT, 2005) e (b) os custos para obtenção de

novos clientes são de 3 a 5 vezes mais caros em relação à manutenção dos clientes já

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existentes, e o relacionamento/familiaridade existente entre a empresa e seus clientes antigos

possibilita a manutenção destes negócios com a organização conforme explicam Reichheld e

Sasser (1990, apud SANTOS e FERNANDES, 2007).

A forma como uma empresa gerencia o serviço prestado ao seu cliente está

diretamente ligada ao tamanho e a estrutura da organização, desta forma a próxima sessão

descreverá as características principais das microempresas.

2.1.3 Microempresas

As microempresas tem um grande destaque na economia nacional, quando a maior

parte das organizações registradas no país, aproximadamente 92% das empresas nacionais

(SEBRAE, 2006), estão inscritas neste tipo de enquadramento tributário.

A microempresa pode ser considerada a empresa que possui uma administração

centralizada, em que o papel decisório fica a cargo do proprietário, e a distribuição de funções

para outros colaboradores é bastante reduzida. Neste tipo de empresa as oscilações do

mercado podem culminar no encerramento das atividades da organização (MORAES, 2005).

Conforme definição de Moraes (2005), o quadro 2.1 demonstrará algumas

características e fatores positivos das microempresas:

Características Pontos positivos

Normalmente utilizam o trabalho de

familiares Oferecem muitas oportunidades de empregos

Nível de administração especializado baixo Induzem inovações para pequenas e grandes empresas

Relacionamento direto dos colaboradores e

fornecedores com o proprietário Produzem bens personalizados e serviços eficientemente

Procuram oportunidades em setores

conhecidos Estimulam a competição econômica entre as empresas

Investimentos de curto prazo Minimizam a vulnerabilidade de grandes empresas,

funcionando como amortecedores do mercado

Estrutura organizacional reduzida Podem servir de suporte para grandes empresas

Baixo capital disponível para novos

investimentos

Principal respaldo aos valores socio-econômico do livre

mercado Quadro 2.1 – Características e pontos positivos das microempresas. Fonte: Adaptado de Moraes (2005)

Com base nestas características das microempresas, juntamente com as especificidades

regionais do mercado, torna-se evidente a necessidade de buscar modelos de gestão que

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estejam mais adequados às suas necessidades organizacionais. Estes novos modelos de gestão

serão tratados a seguir no presente trabalho.

2.2 Novos Modelos de Gestão

Através das evoluções e necessidades das organizações, tornou-se necessário para as

empresas a mudança em seu modelo de gestão, segundo Hamel e Breen (2007, p.142)

“infelizmente, ideias revolucionárias de gestão [...] são muito raras. As práticas de gestão que

predominam na maioria das empresas ainda se baseiam num agregado de princípios

antiquados, que remontam ao início da Revolução Industrial.”

Entretanto para os mesmos autores “não se pode reinventar a gestão para o século

XXI sem que se criem alguns novos princípios – grandes ideias com o poder de inspirar

mudanças drásticas em práticas e processos presos em tradições.” (HAMEL E BREEN, 2007,

p.139).

Dessa forma as empresas e consequentemente os administradores passaram a

incorporar uma “visão dirigida para o mundo exterior como agente orientador do mundo

interior da organização [...] e acostumar-se com a variabilidade das coisas como fato normal e

esperado [...].” (BERNARDES, 2003, p.33).

Com isso as empresas passaram a ter uma enorme quantidade de situações e

informações que interferem em sua rotina de trabalho.

Para Rossetto, Orth e Rossetto (2006, p.811) isso inclui um novo modelo de gestão

onde:

Variáveis sociais, econômicas, físico-espaciais e ambientais fazem parte

desse complexo emaranhado de relações e demandas, o que requer

habilidades de planejamento e gestão, de forma a gerar espaços [...]

socialmente justos e com adequadas condições físico-ambientais.

Por este motivo as organizações precisaram rever sua postura em relação ao meio

social onde estão inseridas, preocupadas com os demais aspectos inerentes às suas atividades.

Uma dessas mudanças ocorreu por parte dos consumidores e investidores, onde o

primeiro grupo começou a exigir certos comportamentos éticos das organizações, e o segundo

grupo passou a priorizar a alocação dos seus recursos em empresas igualmente éticas e

preocupadas com os reflexos das suas atividades na sociedade.

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De acordo com a Pesquisa Responsabilidade Social das Empresas – Percepção do

Consumidor Brasileiro – Pesquisa 2006-2007 realizada pelo Instituto Akatu com o apoio do

Instituto Ethos, 75% dos entrevistados afirmaram que como consumidores sabem que podem

interferir na maneira como uma empresa atua de forma responsável. (AKATU e ETHOS,

2008, p.17).

O mesmo se reflete em relação aos investidores, onde o ISE (2008) afirma que os

investidores preferem investir em empresas que praticam ações socialmente responsáveis,

uma vez que estas empresas geram um maior valor agregado para os acionistas além de

estarem mais preparadas para os riscos que possam interferir em suas atividades.

Por estes motivos surgiram modelos de gestão contemporâneos, em que as empresas

e seus administradores passaram a dar uma maior importância para as questões sociais e

ambientais, criando modelos de gestão socialmente responsáveis e a Responsabilidade Social

Empresarial (RSE) é parte ativa das empresas. A RSE e todas as partes envolvidas com esse

modelo de gestão serão apresentadas a seguir no presente trabalho.

2.3 Responsabilidade Social Empresarial

Através dos novos conceitos abordados pela Administração ao longo dos últimos

anos em que as empresas tiveram seu papel na sociedade reavaliado, em que precisaram se

adequar às novas exigências de consumidores e principalmente de outras empresas – por

vezes de maior porte. Formou-se então a Responsabilidade Social Empresarial (RSE),

entretanto essa ainda é uma ideia nova, onde “o movimento das organizações rumo a uma

forma de fazer negócios mais sensíveis em relação ao meio ambiente está claramente em

curso.” (KINLAW, 1997, p.22).

Antes de aprofundar a discussão sobre RSE, é importante considerar a dicotomia

entre dois conceitos. Primeiro o conceito da RSE que de acordo com Ashley (2005, p.18) está

pautado no crescimento econômico “[...] adotando um modo de produção e consumo que

inclua o desempenho ambiental e social como elementos a serem objetos [...] das estratégias

empresariais.” Por outro lado Sachs (1993) defende que para haver a Sustentabilidade as

organizações devem considerar os âmbitos social, econômico, ecológico, espacial e cultural.

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Posto isso, os termos Sustentabilidade, desempenho sustentável, Responsabilidade

Social Empresarial (RSE) e outros termos que consideram o crescimento econômico,

ambiental e social como princípios primordiais para o desenvolvimento de uma sociedade

justa e igualitária, no presente trabalho, serão considerados sinônimos.

No Brasil a RSE passou a ser incorporada há relativamente pouco tempo conforme

Coutinho, Macedo-Soares e Silva (2006, p.2) “no Brasil, a responsabilidade social corporativa

foi trazida à tona na década de 1960. A partir dos anos 1980 [...] voltou à pauta de discussões

nos meios empresarial, acadêmico e na mídia.”

Ashley (2005, p.69) apresenta datas mais recentes para o começo da discussão da

RSE “no Brasil a propagação da ideia e do conceito de responsabilidade social das empresas é

muito recente. As primeiras discussões remontam a meados da década de 1970 [...].”

Já segundo Reis (2007, p.281) a RSE é uma ideia ainda mais atual para os

empresários brasileiros em que “[...] passou a ser pauta na agenda dos empresários brasileiros,

com mais visibilidade, ao longo dos anos 1990 [...]”.

É possível constatar que as atitudes socialmente responsáveis, ainda estão

começando a ser praticadas pelas empresas brasileiras, onde muitas dessas atitudes são

exigidas das empresas de grande porte, que já tem em sua estrutura organizacional, setores

especialmente criados para tratar desses assuntos.

Uma das causas que podem ser apontadas como fator para este lento envolvimento

das organizações com a RSE, foram às correntes de pensamentos que abordaram este tema ao

longo das últimas décadas. Já que para Levitt (1958, p.44, tradução do autor) “a função do

negócio é a produção sustentada com elevado nível de lucros. A essência da liberdade é a de

buscar o lucro por qualquer caminho que seja consistente com sua própria sobrevivência em

um sistema econômico.”

Um dos ícones desta corrente de pensamento foi Friedman (1988, apud

BITTENCOURT e CARRIERI, 2005, pág.13) ao afirmar que:

Há poucas coisas capazes de minar tão profundamente as bases de nossa

sociedade livre como a aceitação por parte dos dirigentes das empresas de

uma responsabilidade social que não a de fazer tanto dinheiro quanto

possível para seus acionistas. Trata-se de uma doutrina fundamentalmente

subversiva. Se os homens de negócios têm outra responsabilidade social que

não a de obter o máximo de lucro para seus acionistas, como poderão eles

saber qual seria ela? Podem decidir sobre que carga impor a si próprios e a

seus acionistas para servir ao interesse social?

Entretanto de acordo com Mcintosh (2001, apud BITTENCOURT e CARRIERI,

2005) ao longo do tempo as empresas se viram operando em um ambiente social que exige

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uma participação maior destas organizações, que vai muito além das obrigações legais e

financeiras.

Alguns autores afirmam que a RSE está ligada a uma mudança da postura

empresarial onde segundo Frederick (1960, apud BITTENCOURT e CARRIERI, 2005, p.13)

“[...] implica uma postura em relação aos recursos humanos e econômicos da sociedade,

significando que estes recursos devem ser utilizados objetivando amplos fins sociais [...].”

Davis (1975) buscou propor cinco orientações que formassem um consenso, que

coletivamente poderão ser chamadas de um modo de responsabilidade social. Estas

orientações buscam demonstrar como as organizações devem pautar suas atividades

empresariais e sociais em relação à sociedade. Estas orientações serão apresentadas no quadro

2.2.

Preposições Orientações

Responsabilidade Social e Poder

Os negócios modernos têm um imenso poder social em áreas

como o emprego das minorias e da poluição ambiental, se as

empresas têm esse poder, também são responsáveis por suas

ações nestas áreas.

Comunicação entre sistemas abertos -

empresas e sociedade

As organizações devem funcionar como um sistema com

uma porta de entrada e saída. Na entrada deve receber as

contribuições da sociedade, e na saída à divulgação das suas

operações para a sociedade, por exemplo, o balanço social.

Cálculo dos custos sociais

Os custos sociais, bem como os benefícios de uma atividade,

produto ou serviço deve ser calculado cuidadosamente, e

considerados. Ignorar estes custos em longo prazo pode

trazer sérios custos sociais, ainda maiores.

Usuário pagador

Os custos sociais de cada atividade, produto ou serviço

devem ser repassados para o consumidor (usuário), este paga

o preço sobre os efeitos causados pela utilização dos

mesmos.

Responsabilidade Social como cidadão

Além dos custos sociais, as instituições empresariais como

cidadãos têm responsabilidades sociais com o envolvimento

das suas competências em áreas onde existem grandes

necessidades sociais. Quadro 2.2 – Cinco preposições para a RSE desenvolvidas por Davis (1975).

Fonte: adaptado de Davis (1975).

Para Gonçalves (1980, apud ASHLEY, 2005, p.70) o surgimento da RSE nas

empresas está diretamente ligado a uma mudança, na qual “[...] as técnicas e filosofias das

empresas sejam repensadas, que o fim social não seja massacrado pelo desejo de lucro.”

Nesse sentido “o que se espera de uma empresa realmente preocupada em contribuir

para a solução dos problemas de base da sociedade é que ela tenha uma política institucional

firme, ética, dinâmica e empreendedora, e que a responsabilidade social seja um processo

dentro dela [...].” (MATIAS, 1999 apud ASHLEY, 2005 p.70).

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A complexidade das reais práticas socialmente responsáveis é descrita por Melo Neto

e Fróes (2001, p.33) ao afirmarem que “a dimensão ecológica [e social] envolve muitas outras

atividades, e não apenas o uso de papel reciclado em produtos e embalagens. Por exemplo,

uso de tecnologia limpa, gestão ambiental, política ambiental e outros procedimentos.”

Serpa (2006, p.05) concorda com essa visão, ao afirmar que “[...] a empresa

socialmente responsável é aquela que, na busca por maximizar os efeitos positivos sobre a

sociedade e minimizar os negativos, considera responsabilidades legais, econômicas,

filantrópicas e éticas.”

Para Aligleri, Aligleri e Souza (2003, p.01) a RSE é um processo incorporado ao

longo da cadeia produtiva em que:

A designação de empresa e de produto socialmente responsável passa a ser

incumbência não apenas de uma organização isolada, mas de toda a cadeia

produtiva da qual ela faz parte. Em países em desenvolvimento, como é o

caso do Brasil, onde os recursos ainda são escassos para solucionar os

problemas da população e onde não se dispõe de um eficiente sistema de

controle para inibir as práticas empresariais irresponsáveis, o tema

responsabilidade social corporativa torna-se de fundamental importância.

As organizações cada vez mais precisam reavaliar seus valores e práticas, uma vez

que “o compromisso social não pode ser considerado mera carta de intenções. Toda empresa

deve zelar por seus valores morais, da mesma forma que preza sua qualidade, suas marcas e

seus produtos.” (ASHLEY, 2005, p.72).

Também concordam com esta visão Melo Neto e Fróes (2001, p.35) ao observarem

que “as empresas socialmente responsáveis destacam-se pelo seu padrão de comportamento

social, econômico, cultural e político.”

Através das correntes de pensamentos descritas anteriormente pode-se notar o quão

complexo e com lacunas encontra-se o estágio atual da RSE no meio acadêmico e

principalmente nas organizações, contudo Tachizawa (2006, p.73) tenta definir a RSE como:

A responsabilidade social e ambiental pode ser resumida no conceito de

“efetividade”, como o alcance de objetivos do desenvolvimento econômico-

social. Portanto, uma organização é efetiva quando mantém uma postura

socialmente responsável. A efetividade está relacionada à satisfação da

sociedade, ao atendimento de seus requisitos sociais, econômicos e culturais.

Bittencourt e Carrieri (2005, p.14) ressaltam que “[...] a responsabilidade social é

definida como a atitude cujas expectativas sociais ainda não foram codificadas em requisitos

legais, não implicando alterações substanciais nas atividades relacionadas com o negócio da

corporação ou no estilo de comportamento consagrado [...].”

O paradigma dos custos elevados para incorporação da RSE nas práticas da

organização deve ser revisto, pois de acordo com Aligleri, Aligleri e Souza (2003, p.04):

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“[...] o clássico paradigma da responsabilidade social percebida como um

fator negativo para a competitividade da empresa deva ser revisto uma vez

que se tem focalizado apenas na progressão dos custos decorrentes da

adoção de um posicionamento socialmente responsável, ignorando efeitos

compensadores importantes, como a melhor reputação [...].”

Em uma economia de mercado como a atual, onde as empresas precisam estar

sempre à frente dos seus concorrentes diretos, seja pela necessidade de manter-se no mercado

e principalmente como forma de atender as necessidades dos seus clientes, a questão da RSE,

e consequentemente da sustentabilidade precisa estar evidenciada nas organizações. Essas

empresas precisam então conhecer os seus stakeholders para avaliar como estes podem

contribuir para essa postura socialmente responsável da empresa.

2.3.1 Partes Interessadas - Stakeholders

Com a incorporação da RSE nas discussões e práticas organizacionais, aumentou a

responsabilidade das organizações sobre as partes interessadas nos negócios da organização,

faz-se necessário então conhecer quem são os stakeholders da organização.

Freeman e Reed (1983) explicam que existem dois sentidos para explicar o termo

stakeholder: sentido literal e não literal. Para o sentido literal stakeholders é “[...] qualquer

grupo ou individuo que possa afetar a realização dos objetivos de uma organização ou que é

afetado pela realização dos objetivos da organização.” (FREEMAN e REED, 1983, p.91,

tradução do autor).

O sentido não literal refere-se à “[...] qualquer grupo ou individuo que a organização

depende para continuar suas atividades.” (FREEMAN e REED, 1983, p.91, tradução do

autor).

Para Almeida (2007) não existe uma expressão ou palavra que dê sentido exato para

esta expressão, pode-se utilizar expressões como “parte interessada”, “grupo de interesse” e

até “público de interesse”. O autor interpreta que por não haver uma tradução exata do sentido

desta palavra, pode-se então utilizar expressão stakeholder para contemplar: “[...] qualquer

indivíduo ou instituição que afete ou possa afetar as atividades de um determinado grupo,

assim como também é ou pode ser afetado pelas atividades daquele mesmo grupo.”

(ALMEIDA, 2007, p.158).

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Para Almeida (2007) os stakeholders mais comuns são: os clientes, entidades

empresariais, ONGs, governos, autoridades locais, mídia, colaboradores, investidores,

universidades, comunidades locais, seguradoras, fornecedores e consumidores em geral.

Através destes exemplos percebe-se a quantidade de órgãos e/ou pessoas estão envolvidas nas

atividades de uma empresa, por este motivo a omissão em tratar os impactos ocasionados pela

empresa pode passar a ser considerada negligência.

Para Oliveira (1984, apud SERPA, 2006) existem cinco grupos de que receberiam

benefícios pela RSE, sendo eles: os empregados; os consumidores; os credores e

fornecedores; a comunidade; os acionistas, sócios ou proprietários. Este autor ressalta ainda

que pode haver uma divergência de interesse entre os acionistas e os demais grupos, na busca

pelo aumento do lucro.

Este conflito de interesses é explicado por Freeman e Reed (1983, p.101, tradução do

autor), onde os autores tratam da necessidade de gerenciar os interesses dos stockholders

(termo em inglês para acionistas ou proprietário da empresa) e os stakeholders:

[...] os conflitos surgem no confronto habitual das partes interessadas (em

que um grupo de indivíduos usa o poder político para pleitear mais poder, ou

uma mudança na política da empresa) e os acionistas clássicos (onde o poder

econômico ou o controle do voto é exercido por indivíduos ou grupos para

influenciar a política da empresa) exige-se técnicas desenvolvidas para lidar

com o primeiro grupo em relação ao último. A gestão das partes interessadas

não se aplica apenas à típica disputa “nós conta eles” confrontando os

trabalhadores ou ambientalistas, também nos casos onde é muito mais difícil

de ver “nós” e “eles”.

Também deve ser incorporada a questão ética relacionada à expectativa dos

stakeholders, conforme descrito por Moore (1999 apud CAMPOS, 2006, p.116) onde “[...] os

administradores têm, assim, deveres multifiduciários, baseados na crença do valor intrínseco

de cada stakeholder, fundamentada em bases éticas e devem eles alocar seu esforço e os

recursos organizacionais para atender aos interesses de todos os stakeholders.”

A forma sobre como a empresa procura diminuir seu impacto social na comunidade

deve estar diretamente ligada à área de abrangência de suas atividades bem como sua

influência na vida dos seus stakeholders.

Desta forma, para que os stakeholders sejam tratados de maneira adequada, surge

então o papel dos “empreendedores sociais” e das “empresas cidadãs”, estes por sua vez

precisam dar continuidade às suas atividades de RSE, para que todos sejam contemplados

pelas ações das empresas em relação aos seus stakeholders.

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48

2.3.2 Empreendedor social e empresa cidadã

Antes de aprofundar na discussão sobre a RSE cabe ressaltar que houve nesse

período uma evolução da cultura da sociedade sobre o tema em discussão, “[...] há um

reconhecimento de que ética cultura e valores morais são inseparáveis de qualquer noção de

responsabilidade social [...]” (ASHLEY, 2005, p.03).

Ferrel (2000, apud SERPA, 2006, p. 05) explica ética empresarial dizendo que “[...] a

ética compreende princípios e padrões que orientam o comportamento no mundo dos

negócios”.

Para Ashley (2005) a RSE vem sendo incorporada no meio acadêmico e

consequentemente nas organizações, nos últimos tempos de maneira positiva. Entretanto de

acordo com uma pesquisa realizada por Serpa (2006) no ano de 2006, com estudantes de uma

faculdade particular de Administração do Rio de Janeiro e gestores atuais de empresas,

revelou que para os estudantes da graduação a RSE não tinha maior significância em relação à

importância dada pelos atuais gestores para a Responsabilidade Social Empresarial.

Contudo para Melo Neto e Fróes (2001, p.46), o fator preponderante para o

surgimento das empresas responsáveis socialmente são os empreendedores sociais, uma vez

que eles “tem como objetivo obter resultados sociais significativos”.

Essa visão é compartilhada por Singhapakdi et. al (2001, apud FERREL, 2006, p.07)

quando afirma que “[...] é fundamental para os executivos incorporar esses aspectos em seu

dia-a-dia de trabalho”, para manter uma relação próxima com os stakeholders da organização

Para Bittencourt e Carrieri (2005, p.20) esta também é uma atitude positiva “[...] vale

destacar as manifestações que indicam a preocupação em torno da ética nos negócios como

necessária para a própria sobrevivência das organizações.”

Ainda para estes autores “[...] agir eticamente significa para as organizações estar em

conformidade com a moral socialmente predominante, porque as relações travadas entre

empresas e contrapartes são relações de forças, relações de poder.” (BITTENCOURT e

CARRIERI, 2005 p.16).

Conforme Reis (2007, p.282) as empresas precisam estar conscientes do seu papel

onde “[...] as empresas têm responsabilidade pelos problemas sociais, também têm capacidade

de utilizar ferramentas empresariais para seu enfrentamento.”

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Concordam com esta visão Jabbour e Santos (2006, p.04) ao afirmarem que “[...]

como parte de uma sociedade ecologicamente em transformação, cabe às empresas grande

parcela de responsabilidade para que se alcance o desenvolvimento sustentável.”

A empresa deve colaborar com essa mudança de atitude proposta, pois, “[...] o

despertar desta consciência (ambiental), sem dúvida, é que irá repercutir no processo de

mudança comportamental de todos os funcionários [...].” (REIS e QUEIROZ, 2002, p.56).

A RSE para Melo Neto e Fróes (2001) têm vários campos de atuação da atitude e

comportamento empresarial ético e responsável, como um conjunto de valores, como postura

estratégica empresarial, como estratégia de relacionamento, estratégia de marketing

institucional, estratégia de valorização das ações da empresa, como: estratégia de recursos

humanos; estratégia de valorização dos produtos/serviços; como estratégia social de inserção

na comunidade; como estratégia social de desenvolvimento da comunidade; como promotora

de cidadania individual e coletiva; como exercício da consciência ecológica; como exercício

da capacitação profissional; e por fim como estratégia de integração social.

No presente trabalho a postura defendida para ser adotada pela organização será a

Responsabilidade Social como estratégia para desenvolvimento da comunidade, onde “a

empresa socialmente responsável assume o papel de agente do desenvolvimento local,

juntamente com outras entidades comunitárias e o próprio governo.” (MELO NETO e

FRÓES, 2001, p. 41).

Ashley (2005, p. 69-70) amplia esta visão descrita anteriormente afirmando que:

Nessa perspectiva, as empresas iniciam um processo de envolvimento com

questões que precisam ser interpretadas com cautela e certo rigor prático

(análise de resultados). Trabalhar a dinâmica social não é o mesmo que

definir qual é a melhor estratégia para aumentar as vendas em determinado

espaço de tempo, por exemplo.

Este conceito de RSE segundo Reis (2007, p.284) contém ainda a imagem da

“empresa cidadã”:

[...] uma empresa que possa desenvolver métodos de gestão socialmente

responsáveis e capazes de atender a diferentes anseios, não só das

comunidades, mas de toda a sociedade [...] é cidadã porque preserva e

respeita os interesses das partes com as quais tem relações diretas e indiretas,

adotando uma postura proativa, que contribui para encaminhar soluções aos

diversos problemas sociais [...].

Melo Neto e Fróes (2001, p.18) sobre as empresas cidadãs ressaltam que “[...] as

empresas cidadãs têm um papel a cumprir neste contexto: através de suas ações sociais,

resgatam a solidariedade e a sociabilidade perdidas e desprezadas na sociedade e nas

comunidades.”

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A discussão sobre como as empresas devem contribuir e até que ponto é possível

essa interferência nas obrigações do Estado [deficitário em diversos pontos] ainda gera muita

controvérsia, pois as ações de filantropia e assistencialismo deveriam em tese ser fruto de

ações do governo de acordo com a política econômica vigente na maioria das economias de

mercado.

Para Melo Neto e Fróes (2001, p.08) a “[...] função do Estado continua a ter

importância, porque só este ente é capaz de formular e programar políticas sociais

abrangentes, que atingem toda a sociedade, porém não é mais [...] o fator determinante quase

exclusivo.”

Através deste conceito as empresas complementam as ações dos governos, por vezes

minimizando os pontos críticos, e gerando valor social para a sua marca.

No quadro 2.3, Melo Neto e Fróes (2001) diferenciam as ações de Responsabilidade

Social empresarial das ações filantrópicas:

Filantropia Responsabilidade social

Ação individual e voluntária Ação coletiva

Fomento da caridade Fomento da cidadania

Base assistencialista Base estratégica

Restrita a empresários filantrópicos e abnegados Extensiva a todos

Prescinde de gerenciamento Demanda gerenciamento

Decisão individual Decisão consensual Quadro 2.3 – As diferenças entre a filantropia e a responsabilidade social

Fonte – Melo Neto e Fróes, 2001, p.28.

Através do quadro apresentado nota-se a grande diferença entre as ações de

filantropia de empresa/pessoa em comparação com ações socialmente responsável praticadas

por uma empresa, a principal diferença é no gerenciamento, onde a empresa precisa gerenciar

como forma de obter bons resultados para que os objetivos sejam alcançados com base no

planejamento estratégico feito anteriormente. “A filantropia baseia-se no “assistencialismo”,

no auxilio aos pobres, aos desvalidos, desfavorecidos, miseráveis, excluídos e enfermos. A

responsabilidade social busca estimular o desenvolvimento do cidadão e fomentar a cidadania

individual e coletiva.” (MELO NETO e FRÓES, 2001, p.27).

Contudo essas “ações sociais” das empresas são de grande valor para uma sociedade

com tantas deficiências e desigualdades, de certa forma ajudam no desenvolvimento e criação

de um relacionamento [respeito] com todos os stakeholders da organização. As organizações

que incorporam os conceitos de RSE em sua rotina necessitam alterar também o seu

planejamento de acordo com esta visão de negócios. Como forma de definir o papel das

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empresas na RSE, Sachs (1993) definiu dimensões da sustentabilidade organizacional, que

serão apresentadas a seguir.

2.3.3 Dimensões da sustentabilidade

Sachs (1993) propõe que para existir uma sociedade sustentável são necessárias

cinco dimensões de sustentabilidade que integradas permeariam o desenvolvimento

sustentável. Estas dimensões têm como “[...] prioridade absoluta de promover a segurança de

meios de vida em base sustentável em diferentes contextos ambientais e culturais [...].”

(SACHS, 1993, p.27).

No quadro 2.4 serão apresentadas as cinco dimensões da sustentabilidade propostas

por Sachs e uma breve definição dos objetivos destas dimensões.

Dimensões da

Sustentabilidade Definição das dimensões

Sustentabilidade

Social

Baseada na visão do crescimento benéfico para toda a comunidade,

onde o valor do individuo seja relativo ao que ele é, e não no que ele

possui. Deve atender a todas as necessidades materiais e não materiais

dos indivíduos.

Sustentabilidade

Econômica

Busca desenvolver a gestão eficaz dos recursos financeiros,

desenvolvendo a ciência e tecnologia em todos os países. Um dos

fatores preponderantes é a quebra de barreiras protecionistas dos países

industrializados frente às outras economias nacionais. Está diretamente

ligado a fatores econômicos macrossociais.

Sustentabilidade

Ecológica

Objetiva a minimização dos danos ao meio ambiente, por meio de: a)

limitação do consumo de combustíveis fósseis e produtos de fontes

esgotáveis; b) redução do volume de resíduos e poluição; c)

autolimitação do consumo material pelos países desenvolvidos; d)

intensificação do uso de tecnologias limpas; e) definição das regras de

proteção ambiental.

Sustentabilidade

Espacial

Relativa à organização dos assentamentos humanos e atividades

econômicas, através de: a) concentração excessiva nas áreas

metropolitanas; b) minimização dos impactos ambientais pela

agricultura; c) ênfase no desenvolvimento de produtos que utilizam

energia renovável; d) estabelecimento de proteção às reservas naturais.

Sustentabilidade

Cultural

Tem como objetivo o respeito à diversidade cultural, onde os

empreendimentos respeitem as práticas comuns ao ecossistema, cultura

e localização. Quadro 2.4 – Dimensões da sustentabilidade propostas por Sachs

Fonte: adaptado de Sachs (1993).

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A proposta de Sachs baseia-se no entendimento do autor de que “[...] é necessário

encontrar novas abordagens ao desenvolvimento, capazes de evitar a degradação ambiental e

os custos sociais excessivos [...].” (SACHS, 1993, p.38).

Baseado nas dimensões da sustentabilidade propostas por Sachs como forma de

desenvolver práticas de RSE, a seguir serão apresentados alguns instrumentos de avaliação da

sustentabilidade/RSE.

2.4 Instrumentos de Avaliação – Indicadores de Sustentabilidade

Para planejar ações de Responsabilidade Social Empresarial e posteriormente haver a

possibilidade de existir a gestão dos impactos sociais causados pelas atividades da empresa é

necessário ter ferramentas que possam avaliar as organizações de acordo com esses conceitos.

Surgiram então os indicadores de sustentabilidade, que de acordo com Bellen (2006) são

formulados buscando encontrar variáveis constantes, possíveis de alteração através de novas

práticas, que de uma forma ou de outra alteram o resultado final que se estima ser o ideal.

Este ideal normalmente é baseado em comparações entre empresas do mesmo ramo

de atuação, seguindo o principio do Benchmarking, que Tachizawa (2006, p.359) define

como:

Benchmarking refere-se a um padrão ou ponto de referência relativo a

resultados e processos, que representam as melhores práticas e

desempenhos para atividades similares, dentro e fora da organização;

informações competitivas referem-se a desempenhos relativos a

concorrentes diretos, nos mercados de atuação da organização.

Para Kinlaw (1997, p.165) os indicadores trazem uma visão parecida para a

avaliação do desempenho sustentável, quando diz que:

Pode ser usada para desenvolver linhas de base para acompanhamento e

monitoramento da resposta geral da empresa ao desafio ambiental e, o

que é mais importante, pode ser usado para identificar as oportunidades

de melhoria.

Entretanto os indicadores variam de acordo com sua finalidade, segundo Ethos

(2007a, p.05) o questionário em profundidade utilizado pela maioria dos indicadores de

sustentabilidade “permite avaliar o estágio atual da empresa em relação à determinada

prática”.

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Como forma de mensurar o nível das práticas socialmente responsáveis

desempenhadas pelas empresas, criou-se indicadores que buscam analisar o grau de

comprometimento das empresas quer seja nas atividades comerciais específicas, quer seja de

forma mais ampla avaliando o envolvimento da empresa nos mais diversos campos de

atuação – social, econômico, ambiental, ético, cultural e/ou qualquer outro impacto passível

de mensuração que possa ser causado pelas atividades da empresa. Estes indicadores também

têm a função de inibir a autodenominação por parte das empresas como organizações

socialmente responsáveis, quando avaliada por uma auditoria interna sem parâmetros para

comparação.

Nas próximas sessões serão apresentados alguns tipos de indicadores que devido à

sua importância para as empresas, sociedade, meio acadêmico e aplicação prática do presente

trabalho na empresa objeto de estudo, serão caracterizados e analisados a fim de encontrar o

melhor método de avaliação para a empresa objeto de estudo.

2.4.1 Instrumentos de avaliação desenvolvidos por bolsas de valores

A seguir serão apresentados indicadores desenvolvidos por três bolsas de valores –

Dow Jones (Nova York, EUA), FTSE (Londres, Inglaterra) e Bovespa (São Paulo) – que

visam à divulgação dos resultados para investidores do mercado de ações.

Estes indicadores têm como objetivo servir de critério para participação de um grupo

selecionado de organizações que já possuem práticas de RSE e necessitam de certificação

para ter suas ações negociadas nestes grupos de índices. A participação nestes seletos índices

tem a intenção de gerar vantagem competitiva para as organizações.

2.4.1.1 Dow Jones Sustainability Index

A bolsa de valores de Nova York (Dow Jones) criou em 1999 um índice para avaliar

a sustentabilidade corporativa das empresas que tem suas ações negociadas naquela bolsa.

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Os Índices Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI, sigla em inglês para Dow Jones

Sustainability Index) “[...] foram criados para monitorar o desempenho das empresas que

lideram o mercado em termos de sustentabilidade corporativa.” (DJSI, 2008, p.05, tradução

do autor).

O DJSI foi criado em uma parceria do grupo Dow Jones como o Sustainable Asset

Management Group (SAM Group). O SAM Group “[...] foi fundado em 1995 como uma

empresa exclusivamente para o gerenciamento de ativos centrados na sustentabilidade dos

investimentos. Hoje a empresa está entre os principais grupos de investimentos mundiais

nesta área de especialização.” (SAM, 2008, p.02).

De acordo com DJSI (2008) a avaliação das empresas é feita para oferecer aos

investidores referenciais para negócios que criam valor em longo prazo, focalizando na

postura das empresas referente a práticas socialmente responsáveis.

O questionário é dividido em três dimensões principais – (a) econômica; (b) meio

ambiente; (c) social –, contando com critérios relativos às dimensões, onde um dos critérios é

realizado de acordo com o setor de atuação da empresa. Também participa da avaliação a

disponibilidade de informações (litígios, reclamações, etc.) relativas aos dois últimos anos e a

análise dos stakeholders sobre a empresa. (DJSI, 2008).

A avaliação da empresa é feita através da resposta do questionário online, entrega da

documentação específica por setor de atuação da empresa, avaliação das políticas da empresa,

e a análise feita pelo SAM Group diretamente na empresa, conforme quadro 2.5.

Dimensão Critério

Econômica

Governança corporativa

Administração de crises e riscos

Códigos de conduta - complacência - corrupção – suborno

Critérios específicos pelo setor de atuação da empresa

Meio Ambiente Relatórios ambientais

Critérios específicos pelo setor de atuação da empresa

Social

Desenvolvimento do capital humano

Atratividade e retenção de talentos

Indicadores de práticas trabalhistas

Cidadania corporativa/filantropia

Comunicação social

Critérios específicos pelo setor de atuação da empresa Quadro 2.5 – Dimensão e critérios de avaliação do DJSI.

Fonte: adaptado de DJSI (2008, p.09-10).

O monitoramento da sustentabilidade corporativa “[...] tem o objetivo de avaliar as

empresas no gerenciamento dos riscos ambientais, econômico e social que podem ter um

efeito negativo nos negócios essenciais das empresas.” (DJSI, 2008 p.14, tradução do autor)

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Empresas que produzem bebidas alcoólicas, jogos de azar (ex.: cassinos), tabaco,

armamento e armas de fogo e entretenimento adulto não podem participar deste grupo de

empresa que tem suas ações negociadas por este índice.

Contudo, este indicador de sustentabilidade foi preparado para aplicação em grandes

empresas, em nível global, já que foi desenvolvido para empresas com ações negociáveis na

Dow Jones, não considerando outro tipo de questionário voltado à micro e pequena empresa.

Dessa forma a viabilidade de aplicação torna-se conflitante com o porte da organização objeto

de estudo.

2.4.1.2 FTSE4Good – Bolsa de Londres

Em 2001 a Bolsa de Valores de Londres juntamente com grupo Financial Times,

lançou um índice para avaliar a Responsabilidade Social Empresarial das empresas que tem

suas ações negociadas naquela Bolsa de Valores.

O FTSE4Good “é um conjunto de índices negociáveis de referência para investidores

responsáveis. O índice é obtido a partir da série mundialmente reconhecida FTSE Global

Equity Index Series, uma marca da vanguarda do design e da tecnologia de cálculo.” (FTSE,

2008, p.01, tradução do autor).

Os critérios do FTSE4Good foram desenvolvidos com base no FTSE Developed

Index Series, que abrange mais de 23 mercados de ações. No Reino Unido, o universo de

componentes de custos elegíveis é traçada a partir do Índice FTSE All-Share. A série é

constituída por cinco índices de referência que abrange o Índice Global e as regiões europeias,

os EUA, Japão, e Reino Unido. Outros quatros índices foram especialmente desenvolvidos

para proporcionar aos gestores uma base barata e eficiente de investimento. Estes índices

abrangem o Reino Unido, EUA, europeu e global das regiões. (FTSE, 2008).

Para participar do FTSE4Good, precisam: (a) demonstrar boa conduta socialmente

responsável; (b) minimizar os riscos de impactos ambientais em seus negócios, (c)

capitalizam os benefícios de uma boa responsabilidade corporativa (como eco-eficiência), (d)

empresas que não investem em setores tradicionalmente excluídos (como tabaco e

armamento); (e) encorajam as outras empresas a serem socialmente responsáveis. (FTSE,

2008, tradução do autor).

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O ponto negativo deste índice é a falta de informações relativas ao método de

avaliação das empresas, já que não é divulgado pelos desenvolvedores o questionário

utilizado na avaliação da empresa e o valor de cada critério.

Seguindo o modelo das Bolsas de Valores estrangeiras, foi desenvolvido pela

Bovespa um índice para avaliar a sustentabilidade das organizações que negociam suas ações

naquela Bolsa, que será apresentado na próxima sessão.

2.4.1.3 IBOVESPA – Índice de Sustentabilidade Empresarial

A mudança de postura de alguns investidores que passaram a dar preferência aos

investimentos realizados em empresas sustentáveis, que têm preocupações sociais não

somente com o lucro, mas também com ações socialmente responsáveis, fez surgir à

necessidade de criação de um índice que pudesse avaliar o nível dessas práticas realizadas

pelas empresas no Brasil.

Criou-se então o Índice de Sustentabilidade Empresarial para avaliar quarenta

empresas com os melhores resultados obtidos. Para que fosse elaborado o índice foi

contratado o Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (CES-FGV).

De acordo com Bovespa (2008, p.04) foram estabelecidos alguns critérios básicos

para avaliar as empresas:

As dimensões ambiental, social e econômico-financeira, foram divididas em

quatro conjuntos de critérios: a) políticas (indicadores de

comprometimento); b) gestão (indicadores de programas, metas e

monitoramento); c) desempenho; e d) cumprimento legal. [...] As respostas

das companhias são analisadas por uma ferramenta estatística chamada

“análise de clusters”, que identifica grupos de empresas com desempenho

geral. As empresas desse grupo irão compor a carteira final do ISE [...] após

aprovação do Conselho [diretor].

Para participar deste grupo as empresas precisam que suas ações sejam uma das 150

mais negociadas nos pregões da BOVESPA nos últimos doze meses da data de elegibilidade

das ações, precisam ainda que suas ações tenham sido negociadas em metade dos pregões

realizados, e por fim atender aos critérios de sustentabilidade estabelecidos pelo ISE, em um

questionário disponibilizado pelo próprio ISE.

As quarenta empresas selecionadas pertencerão ao grupo pelo período de um ano.

Cabe ressaltar que as empresas que participam deste grupo agem de forma voluntária –

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obviamente buscando o reconhecimento –, todavia é de grande valia quando se busca uma

sociedade sustentável e participativa presente nas empresas. Esse grupo de empresas tem uma

vantagem competitiva em relação às demais empresas quando se trata da comparação pelo

investidor – preocupado com a sustentabilidade das organizações.

2.4.2 Instrumentos de avaliação de sustentabilidade empresarial

A seguir serão apresentados outros dois instrumentos de avaliação – Indicadores

Hopkins e Indicadores Ethos de Responsabilidade Social – que fornecem avaliações da

sustentabilidade organizacional, e oferecem as informações de acordo com os seus

indicadores para que a organizações desenvolvam os próprios métodos para melhorar a

postura em relação à RSE.

2.4.2.1 Indicadores Hopkins

Os Indicadores Hopkins foi desenvolvido em 1997, por Michael Hopkins, baseado

no modelo de Danna Wood para avaliação do Desempenho Social das Empresas. Este

Indicador foi desenvolvido para ser aplicável em todas as empresas de maneira genérica,

incluindo ONGs. (ASHLEY, 2005). Os Indicadores Hopkins oferecem uma análise baseada

no modelo qualitativo, voltada para a descrição dos dados da empresa. (OLIVEIRA et al,

2006).

De acordo com Pedreira (2007, p.26) o propósito dos Indicadores Hopkins é “[...]

fornecer subsídios para a auditoria social de uma empresa e contribuir para a constituição de

um sistema geral de ranking que permita a comparação entre empresas no que se refere a seu

grau de responsabilidade social.”

Para elaboração do Método foram definidos nove elementos que buscam permitir a

visualização do nível das práticas socialmente responsáveis em uma organização, estes

elementos ainda foram divididos em outras três categorias (níveis) de avaliação. (ASHLEY,

2005, OLIVEIRA et al, 2006).

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No quadro 2.6 serão apresentados os indicadores, elementos e as medidas sugeridas

para avaliação de acordo com Oliveira et al. (2006).

Nível I - Princípios de Responsabilidade Social

Elemento Indicador

Legitimidade Código de Ética

Responsabilidade Pública

Litígios envolvendo violação das leis pela Empresa

Penalidades em consequência das atividades ilegais

Contribuição para inovações

Criação de Empregos Diretos

Criação de Empregos Indiretos

Arbítrio dos Executivos Código de Ética

Executivos condenados por atividades ilegais

Nível II - Processos de Capacidade de Resposta Social

Percepção do Ambiente Mecanismo para examinar questões sociais relevantes para a

empresa

Stakeholders

Corpo analítico para as questões sociais, como parte integral

da elaboração de políticas

Existência de Auditoria Social

Relatório de prestação de contas sobre Ética

Nível III - Resultados/Ações de Responsabilidade Social

Efeito nos Stakeholders internos

Proprietário/Acionistas

Lucratividade/valor

Irresponsabilidade administrativa ou atividades ilegais

Filantropia corporativa

Código de Ética

Executivos

Código de Ética

Funcionários

Relações sindicato/empresa

Questões de Segurança

Pagamento, subsídios e benefícios

Demissões

Funcionários proprietários

Políticas para mulheres e minorias

(continua)

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(continuação) Nível III - Resultados/Ações de Responsabilidade Social

Elemento Indicador

Efeito nos Stakeholders externos

Clientes/Consumidores

Código de Ética

Recalls de produtos

Litígios

Controvérsia pública sobre produtos e serviços

Propaganda enganosa

Meio Ambiente

Poluição

Lixo Tóxico

Reciclagem e uso de produtos reciclados

Uso de etiquetas ecológicas nos produtos

Comunidade

Doações corporativas para programas comunitários

Envolvimento direto em programas comunitários

Controvérsias ou litígios com a comunidade

Fornecedores

Código de Ética da Empresa

Código de Ética dos Fornecedores

Litígios/Penalidades

Controvérsias públicas

Efeito Institucional Externo

Organização como uma Instituição Social

Código de Ética

Litígios genéricos

Processos por ações classistas

Melhorias nas políticas e na legislação em decorrência de

pressões da Empresa

Quadro 2.6 – Indicadores relacionados com RSE segundo o modelo de Hopkins.

Fonte: Hopkins (1997, apud Oliveira et al., 2006, p.38).

Em uma análise sobre a aplicabilidade deste Indicador, a principal crítica feita por

Ashley (2005, p.109) é relativa ao “[...] alto grau de subjetividade na análise de alguns

indicadores, o que pode distorcer os resultados da aplicação do modelo, [...] seria importante

que os critérios de avaliação fossem mais claramente determinados.” Seguindo o modelo

proposto por este Indicador, foi desenvolvido outro Indicador de RSE pelo Instituto Ethos de

Responsabilidade Social, que será apresentado na próxima sessão.

2.4.2.2 Indicadores Ethos

O Instituto Ethos foi criado por um conjunto de empresários no ano de 1998, quando

estes perceberam a RSE como algo necessário e útil para as empresas. É uma instituição sem

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fins lucrativos, que busca conscientização do empresariado como forma de promover a

responsabilidade social.

O Instituto Ethos define sua missão como “[...] mobilizar, sensibilizar e ajudar as

empresas a gerirem seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na

construção de uma sociedade mais próspera e justa.” (ETHOS, 2000, p.09)

Por contar com a participação e o patrocínio de algumas das maiores empresas do

país, o Instituto Ethos tem bastante divulgação e aceitação pelos empresários, dos meios de

comunicação e entidades setoriais.

A partir do ano 2000 o Instituto Ethos passou a disponibilizar os Indicadores Ethos

de Responsabilidade Social, onde as empresas de maneira voluntária fazem sua avaliação de

acordo com as respostas fornecidas ao questionário, e posteriormente é feita uma comparação

com outras empresas que atuam no mesmo setor como forma de benchmarking.

Os Indicadores Ethos passaram a oferecer também questionários voltados a

segmentos específicos de atuação das empresas, com a finalidade de aferir de maneira correta

o nível de RSE praticado pelas empresas, uma vez que um questionário generalizado pode

não trazer dados corretos sobre a empresa. O Instituto Ethos formulou com o apoio do

SEBRAE um questionário voltado especificamente para as microempresas. Também foram

elaborados questionários para os segmentos: franquias, jornais, financeiro, mineração, papel e

celulose, construção civil, transporte de passageiros terrestres, petróleo e gás, panificação,

restaurante e bar e varejo.

Sobre os Indicadores Ethos de Sustentabilidade, Melo Neto e Fróes (2001, p.201)

afirmam que:

O modelo de RS (Responsabilidade Social) desenvolvido pelo Instituto

Ethos baseou-se no novo conceito de cidadania empresarial estendida, pois

amplia enormemente o escopo de atuação social da empresa. De um escopo,

inicialmente estreito, com o foco nos empregados, o modelo evoluiu para

uma abrangência maior, envolvendo a relação da empresa com seus

fornecedores, parceiros, clientes/consumidores, governo e sociedade, e

demais entidades do Terceiro Setor.”

Sua característica é a intenção de sensibilizar os empresários a adotar políticas éticas

de negócios, onde através de uma cadeia de negócios, cada vez mais empresas passem a

realizar comportamentos considerados socialmente responsáveis.

Para a elaboração do questionário dos Indicadores Ethos foram convidados

especialistas no assunto do meio acadêmico e contou ainda com a colaboração de empresários

de forma consultiva para determinados aspectos relacionados das organizações. (ETHOS,

2007a).

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Para o Instituto Ethos os valores socialmente responsáveis empresariais são tratados

em sete temas (critérios) – valores, transparência e governança; público interno; meio

ambiente; fornecedores; consumidores e clientes; comunidade; governo e sociedade – que por

sua vez se divide em outros subitens (indicadores), que serão apresentados no quadro 2.7:

Critérios Indicadores

Valores, transparência e

governança

Compromissos Éticos

Práticas Antipropina

Práticas Anticorrupção

Balanço Social

Governança Corporativa

Público interno

Cuidados com Saúde, Segurança e Condições de Trabalho

Benefícios Adicionais

Critérios de Contratação

Valorização da Diversidade e Promoção da equidade

Inclusão de Pessoas com Deficiência

Relações com Sindicatos

Compromisso com o Desenvolvimento profissional e a

Empregabilidade

Acesso à Informação

Meio ambiente

Gerenciamento dos Impactos sobre o Meio Ambiente e do

Ciclo de Vida de Produtos e serviços

Comprometimento da Empresa com a melhoria da

Qualidade Ambiental

Educação e Conscientização Ambiental

Fornecedores

Critérios de Seleção e Avaliação de fornecedores

Empregados dos Fornecedores

Responsabilidade Social dos Fornecedores

Apoio ao Desenvolvimento de Fornecedores

Consumidores e clientes

Excelência do Atendimento

Dúvidas, Sugestões e Reclamações

Satisfação dos Consumidores/Clientes

Política de Comunicação Comercial

Conhecimento e Gerenciamento dos Danos potenciais dos

Produtos e Serviços

Comunidade

Gerenciamento do Impacto da Empresa na comunidade de

Entorno

Relações com a Comunidade de Entorno

Estímulo ao Trabalho Voluntário

Envolvimento da Empresa com a Ação Social

Relações com Entidades Beneficiadas

Participação Comunitária

Benefícios para o Negócio

Governo e sociedade

Participação e Influência Social

Envolvimento com Campanhas Políticas

Participação e Acompanhamento das administrações

públicas

Melhoria dos Espaços Públicos e Apoio a iniciativas sociais

governamentais Quadro 2.7 – Caracterização dos Indicadores Ethos SEBRAE de Responsabilidade Social. Fonte: adaptado de Ethos (2007b).

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Entretanto, para Colpo deverá sempre haver uma ressalva com o resultado apurado

pelos Indicadores Ethos, pois o resultado da pesquisa “[...] é somente a visão por parte dos

empregadores, dessa forma a empresa pode ser rotulada de responsável social [...] através da

opinião administrativa.” (COLPO, 2005, p.08).

Para a autora é necessário haver também a avaliação por parte dos empregados, para

saber se compartilham ou não a visão da administração da empresa. (COLPO, 2005).

A necessidade de oferecer métodos para avaliação da sustentabilidade das

organizações mereceu nos últimos anos atenção especial do meio acadêmico. Dessa forma

serão apresentados a seguir dois métodos para avaliação da sustentabilidade organizacional

desenvolvidos na Universidade Federal de Santa Catarina.

2.4.3 Métodos de avaliação da sustentabilidade empresarial

A seguir serão apresentados outros dois instrumentos de avaliação – Gerenciamentos

de Aspectos e Impactos Ambientais (GAIA), o Método para Avaliação de Indicadores de

Sustentabilidade Organizacional (M.A.I.S.) – voltado para as empresas. Estes por sua vez,

além de avaliar a empresa, podem ser utilizados de forma estratégica, visto que estes Métodos

fornecem além da avaliação da sustentabilidade da organização, ferramentas que buscam

melhorar os indicadores de RSE.

2.4.3.1 Método de Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais – GAIA

O Método de Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais (GAIA) foi

apresentado em 2001, por Alexandre de Avila Leripio, como tese para obtenção do título de

doutor em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

De acordo com Leripio (2001, p.61) o método GAIA foi desenvolvido com base na

“[...] NBR ISO 14.001 e seu modelo de Sistema de Gestão Ambiental [SGA], Avaliação do

Ciclo de Vida, o Gerenciamento de Processos, Produção mais Limpa e Emissão Zero.”

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63

A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV, ou em inglês, Life Cycle Assessment), visa

“[...] garantir a segurança de produtos e processos para o ambiente e saúde humana.”

(LERIPIO, 2001, p.23). A ACV se integrada com a política ambiental da empresa, poderá

auxiliar na diminuição da geração de resíduos, se a abordagem da organização for à prevenção

de resíduos. (LERIPIO, 2001).

O Gerenciamento de Processos baseia-se na análise do processo produtivo e demais

envolvidos, buscando formas de correção para processos críticos, dependendo das pessoas

que gerenciam estes processos para que haja a existência de melhoria. Através da análise do

processo buscam-se oportunidades de melhoria do processo, objetivando torná-lo excelente.

O conceito da Emissão Zero foi desenvolvido pela Organização das Nações Unidas

(ONU) em sua universidade (United Nations University, UNU) em 1994. Tem como

característica os princípios da qualidade total em convergência com as questões ambientais.

(PAULI, 1996; BELLO, 1998 apud LERIPIO, 2001).

De acordo com esses referenciais descritos anteriormente, para Leripio (2001, p.66)

o GAIA pode ser definido como:

[...] um conjunto de instrumentos e ferramentas gerenciais com foco no

desempenho ambiental aplicável aos processos produtivos de uma dada

organização, o qual procura integrar através de etapas sequenciais

padronizadas, abordagens relativas à sensibilização das pessoas e à melhoria

dos processos [...]

Dessa forma o Método serve como um instrumento de gestão empresarial, visando à

sensibilização das pessoas envolvidas no processo, para as etapas de avaliação e manutenção

posterior das atividades após a aplicação do método nas organizações. (LERIPIO, 2001).

O GAIA possui três fases fundamentais, sendo elas: (1) Sensibilização, (2)

Conscientização e por fim a (3) Capacitação, tendo atividades específicas dentro de cada

fase, as fases do Método e suas etapas serão apresentadas no quadro 2.8 (LERIPIO, 2001).

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64

FASES OBJETIVO ATIVIDADES RESULTADOS ESPERADOS

1. SENSIBILIZAÇÃO

Proporcionar a

adesão e o

comprometimento

da alta

administração com

a melhoria contínua

do desempenho

ambiental

1.1. AVALIAÇÃO DA

SUSTENTABILIDADE DO

NEGÓCIO

Conhecimento do nível atual do

desempenho ambiental da

organização pela alta administração

1.2. ANÁLISE ESTRATÉGICA

AMBIENTAL

Comparação do desempenho atual

com aquele apresentado por

filosofias defensivas, reativas,

indiferentes e inovativas de

gerenciamento

1.3. COMPROMETIMENTO DA

ALTA ADMINISTRAÇÃO

Definição da Missão, Visão, Política

e Objetivos Organizacionais

1.4. PROGRAMA DE

SENSIBILIZAÇÃO DE PARTES

INTERESSADAS

Sensibilização dos colaboradores,

fornecedores, comunidade, órgãos

ambientais, clientes

2. CONSCIENTIZAÇÃO

Identificar a cadeia

de produção e

consumo e os

principais aspectos

ambientais,

especialmente o

processo produtivo

da organização

alvo

2.1 MAPEAMENTO DA CADEIA

DE PRODUÇÃO E CONSUMO

Identificação da cadeia de ciclo de

vida do produto, desde a extração de

matérias primas até a destinação final

do produto pós-consumido.

2.2 MAPEAMENTO DO

MACROFLUXO DO PROCESSO

Identificação das etapas do processo

produtivo da organização alvo

2.3 ESTUDO DE ENTRADAS E

SAÍDAS DOS PROCESSOS

Identificação qualitativa das matérias

primas, insumos utilizados, produtos,

resíduos, efluentes e emissões de

cada etapa do processo

2.4 INVENTÁRIO DE

ASPECTOS E IMPACTOS

AMBIENTAIS

Identificação dos principais aspectos

e impactos ambientais do processo

produtivo

3. CAPACITAÇÃO

Capacitar os

colaboradores a

definir e

implementar as

melhorias no

desempenho

ambiental

3.1. IDENTIFICAÇÃO

CRIATIVA DE SOLUÇÕES

Propostas de soluções para os

principais aspectos e impactos,

utilizando brainstorming e teoria do

alpinista

3.2 ESTUDO DE VIABILIDADE

TÉCNICA-ECONÔMICA E

AMBIENTAL

Definir qual a solução mais viável

sob pontos de vista técnicos,

econômicos e ambientais

3.3.PLANEJAMENTO Definição de Objetivos e Metas,

Planos de Ação e Indicadores de

Desempenho (5W2H)

Quadro 2.8 – Fases e Atividades do Método GAIA.

Fonte: Leripio (2001, p.68)

a) 1ª Fase: Sensibilização

Com o objetivo de avaliar o nível de sustentabilidade da organização, elaborou-se 79

perguntas, com maior ênfase ao processo produtivo, onde um membro da alta administração

da empresa irá responder as questões do Método GAIA. As questões foram distribuídas em

quatro critérios conforme o quadro 2.9.

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65

Critérios Indicadores

Fornecedores Busca avaliar o comportamento dos fornecedores em

relação à sociedade, certificados ambientais, posição no

mercado, exploração trabalho infantil, etc.

Processo Produtivo (a) Eco-eficiência do processo produtivo

(b) Nível da tecnologia utilizada no processo

(c) Aspectos e impactos ambientais no processo

(d) Indicadores gerenciais

(e) Recursos humanos na organização

(f) Disponibilidade de capital

Utilização de produto/serviço Procura avaliar a utilização do produto, sua durabilidade,

a conscientização dos consumidores e o mercado de

concorrência do produto.

Produto pós-consumido Busca avaliar o descarte do produto, a possibilidade de

reciclar a embalagem, os resíduos que podem ser gerados

pelo produto. Quadro 2.9 – Critérios e Indicadores do Método GAIA.

Fonte: adaptado de Leripio (2001)

Para responder ao método são utilizadas três possibilidades (Sim, Não e Não se

aplica), que são classificadas em cores distintas, verde para as boas práticas da organização,

vermelho para as oportunidades de melhoria e amarelo para questões que não se aplicam à

organização. (LERIPIO, 2001).

De acordo com o GAIA, a organização poderá ser classificada dentro de cinco níveis

de sustentabilidade, que serão demonstrados no quadro 2.10:

RESULTADO SUSTENTABILIDADE

Inferior a 30% CRÍTICA – VERMELHA

Entre 30 e 50% PÉSSIMA – LARANJA

Entre 50 e 70% ADEQUADA – AMARELA

Entre 70 e 90% BOA – AZUL

Superior a 90% EXCELENTE – VERDE

Quadro 2.10 – Quadro referencial para classificação da sustentabilidade do negócio.

Fonte: Leripio (2001, p.73).

Com a classificação da empresa na tabela de sustentabilidade proposta pelo GAIA,

os gestores da empresa poderão conhecer a situação diagnosticada, e assim procurar a

adequação às outras faixas desejáveis de sustentabilidade. Esta adequação de acordo com o

Método será feita através da Análise Estratégica Ambiental, planejando para alcançar outros

níveis de sustentabilidade propostas pelo Método.

A próxima etapa é o Comprometimento da Alta Administração com os resultados

sustentáveis, alterando a Missão, Valores, Políticas e Objetivos. A última etapa desta fase é a

Sensibilização das Partes Interessadas, onde por meio de palestras e atividades estes grupos de

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66

pessoas são incentivados a participar de maneira ativa no desenvolvimento da

sustentabilidade organizacional.

Após a conclusão desta primeira fase de avaliação da empresa, pode-se partir para a

2ª fase do método a Conscientização.

De acordo com Leripio (2001, p.76) “a Fase de Conscientização é constituída por

atividades relativas ao estudo da cadeia de produção e consumo e ao estudo detalhado do

processo produtivo [...].”

A última fase do Método GAIA é a Capacitação que buscará encontrar alternativas

de melhoria para os problemas encontrados, avaliar a viabilidade técnica-econômica e

ambiental das melhorias encontradas. Posteriormente o planejamento ambiental das atividades

e por fim o monitoramento constante do processo produtivo da empresa (LERIPIO, 2001).

2.4.3.2 M.A.I.S.: Método Para Avaliação de Indicadores de Sustentabilidade Organizacional

Assim como o Método GAIA, descrito anteriormente neste capítulo, o Método de

Avaliação dos Indicadores de Sustentabilidade (M.A.I.S.) foi apresentado em 2002, por João

Hélvio Righi de Oliveira como tese para obtenção do título de doutor em Engenharia da

Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Para desenvolvimento do método de avaliação o autor utilizou as normas de

padronização da qualidade (ISO 9001), a norma sistema de gestão ambiental (SGA, ISO

14001), a norma de saúde e segurança do trabalho (BS 8000), e a norma de gestão da

responsabilidade social (SA 8000). Após a revisão destas normas o autor buscou enquadrar as

categorias e requisitos equivalentes de cada norma com as cinco dimensões de

sustentabilidade desenvolvidas por Sachs (1993) – sustentabilidade social, sustentabilidade

econômica, ecológica, sustentabilidade espacial, sustentabilidade cultural. (OLIVEIRA,

2002).

A ISO (sigla para International Organization for Standardization, ou Organização

Internacional para Normatização em português) é uma entidade não governamental, sediada

em Genebra, na Suíça, e com o auxílio de institutos nacionais de certificação, no Brasil é

atestada em conjunto com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), oferece às

empresas a certificação de aspectos do produto ou processo produtivo. As Normas ISO podem

ser definidas como úteis para “[...] especificar os requisitos para o estado da arte dos produtos,

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67

serviços, processos, materiais e sistemas, e para boa avaliação da conformidade, de gestão ou

práticas organizacionais.” (ISO, 2008, p.04, tradução do autor).

As Normas ISO buscam oferecer um referencial para as empresas, clientes e

consumidores, com a certificação da padronização – e consequente garantia da qualidade do

produto e processo – através de auditoria realizada na organização pelas entidades que fazem

a certificação destas práticas organizacionais.

De acordo com a Social Accountability International (SAI, 2008, p.04) a Norma SA

8000 foi desenvolvida para:

[...] fornecer um padrão baseado em normas internacionais de direitos

humanos e a legislação laboral nacional que irá proteger e responsabilizar

todo o pessoal da empresa dentro de um âmbito de aplicação do controle e

influência, que produzem ou fornecem produtos e serviços para essa empresa

A Norma BS 8800 foi desenvolvida para diminuir os riscos de acidentes para os

trabalhadores, melhorando o desempenho da organização. Pode ser aplicado tanto em

empresas de grande porte, quanto em empresas de pequeno porte. Como todas as outras

Normas para uma efetiva aplicação da BS 8800 em uma organização, fazem-se necessário que

todos os setores estejam engajados em aplicar as praticas que ela estabelece. (OLIVEIRA,

2002).

As dimensões da sustentabilidade propostas por Sachs são baseadas no conceito de

desenvolvimento sustentável, que não se opõe ao desenvolvimento desde que este possa

melhorar as condições vida dos stakeholders, e também não haja interferência no ecossistema,

conforme item 2.3.3.

Para elaboração do método de avaliação o autor classificou os elementos de cada

norma descrita anteriormente dentro das dimensões da sustentabilidade definidas por Sachs.

De acordo com Oliveira (2002), ao considerar que Sachs não sugere indicadores para avaliar a

postura da empresa, percebeu-se a necessidade de encontrar métodos que pudessem avaliar as

empresas e suas práticas de gestão.

Na busca por instrumentos que pudessem avaliar as empresas, o autor encontrou no

Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ), meios para definição de tal método. Uma vez que

através do PNQ podem-se encontrar vários métodos passíveis de incorporação ao modelo

proposto de avaliação. O PNQ procura aumentar a competitividade por meio da melhoria da

gestão de todas as organizações, através do modelo de excelência da gestão. (FPNQ, 2008).

Com a necessidade de ampliar a acessibilidade para todas as organizações, “[...]

independentemente da sua localização geográfica, procuraram-se subsídios nos indicadores de

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68

sustentabilidade praticados pelo grupo Dow Jones (DJSI – Dow Jones Sustainability Index).”

(Oliveira, 2002, p.89).

Para este Método foram definidas quatro dimensões de sustentabilidade, que por sua

vez são subdivididas em indicadores, que serão apresentadas no quadro 2.11.

Dimensão de

Sustentabilidade Indicadores de Sustentabilidade

Sustentabilidade

Social

Geração de emprego e renda

Ética organizacional

Participação em entidades de classe e de desenvolvimento regional

Programas de prevenção de acidentes e doenças para os envolvidos

Capacitação e desenvolvimento de pessoas

Programas para a melhoria da qualidade de vida

Projetos sociais

Sistemas de trabalho socialmente aceitos

Interação com a sociedade

Políticas de Responsabilidade social e saúde e segurança

Sustentabilidade

Ambiental

Política de gestão ambiental

Avaliação de aspectos e impactos ambientais do negócio

Preparação para emergências

Ações corretivas e preventivas

Avaliação do desempenho global

Avaliação de riscos

Avaliação de oportunidades

Estratégias para desenvolvimento de tecnologias ecologicamente equilibradas

Análise do ciclo de vida de produtos e serviços

Controle operacional

Sustentabilidade

Econômica

Política de qualidade

Definição de metas e objetivos

Gestão de processos, produtos e serviços

Controle de não conformidades

Medição e monitoramento de processos, produtos e serviços

Auditorias e análise crítica

Gerenciamento de riscos e crises

Infraestrutura adequada

Registros e documentação

Avaliação dos resultados da organização

(continua)

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69

(continuação)

Dimensão de

Sustentabilidade Indicadores de Sustentabilidade

Sustentabilidade

Cultural

Incentivo a criatividade e a liderança

Geração de cultura organizacional

Adequação das comunicações internas e externas

Comprometimento da organização

Avaliação de fornecedores e do mercado

Melhoria contínua

Prática do exercício da cidadania organizacional

Existência de código de conduta organizacional

Aprendizagem organizacional

Imagem organizacional Quadro 2.11 – Dimensões de sustentabilidade e os indicadores para análise da sustentabilidade.

Fonte: Oliveira (2002, p.97-98).

De acordo com Oliveira (2002, p.91) a correlação entre os conceitos teóricos e seus

indicadores foi feita a partir de duas premissas: “(a) a análise da sustentabilidade de uma

organização a partir de quatro dimensões: a econômica, a ecológica, a social, e a cultura; (b)

após a escolha dessas dimensões agrupou-se num primeiro momento os critérios ou

indicadores por sua afinidade e/ou objetivo.”

De acordo com a avaliação da empresa pelo Indicador MAIS, a pontuação obtida na

totalidade da avaliação irá determinar o grau de sustentabilidade da organização, sendo

classificada em três níveis: (a) Insustentável, pontuação zero até 149 pontos; (b) Em busca da

sustentabilidade, pontuação de 150 até 249 pontos; (c) Sustentável, pontuação de 250 a 360

pontos. (OLIVEIRA, 2002).

No quadro 2.12 será demonstrada a escala de pontuação, entre os níveis de

sustentabilidade da organização.

FAIXAS DE SUSTENTABILIDADE PONTUAÇÃO CORRESPONDENTE

Insustentável 0 a 29

Em busca da sustentabilidade 30 a 59

Sustentável 60 a 90

Quadro 2.12 – As faixas de sustentabilidade propostas.

Fonte: Oliveira (2002, p.105).

Posto isso, pode-se entender que a avaliação da empresa através de indicadores de

sustentabilidade deve ser feita com base em aspectos mensuráveis. De acordo com linhas

“ideais” de práticas organizacionais de outras organizações, preferencialmente do mesmo

ramo de atuação da empresa pesquisada, para avaliar as notas obtidas de acordo com a média

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70

das notas das demais organizações. E deste modo utilizar esses índices como metas a serem

alcançadas pela organização.

2.5 Conclusões do Capítulo

A discussão sobre temas ligados a RSE ainda sofrem e sofrerão com muitas barreiras

[preconceito por parte dos proprietários/acionistas, e até mesmo preocupação dos

proprietários quanto ao lucro que teoricamente deixaria de ser obtido] dentro das organizações

por muito tempo. Entretanto uma empresa onde a incorporação da Responsabilidade Social

Empresarial acontece no planejamento das ações futuras da organização, esta poderá contar

uma maior longevidade para os seus negócios.

Os instrumentos de avaliação [indicadores de RSE] se utilizados de forma correta,

possibilitarão às empresas mensurar o estágio atual de suas ações socialmente responsáveis,

agregando tais práticas ao seu planejamento organizacional, disseminando os critérios de RSE

para as outras empresas que possui relacionamento e para a sociedade de forma ampla.

Com a necessidade de comparar os Indicadores/Métodos para avaliação da RSE, será

apresentado a seguir um quadro comparando as informações obtidas de acordo com a revisão

bibliográfica apresentada neste capítulo. Para efeito de avaliação, será avaliado o método de

avaliação [questionário e questionário online], a forma de apresentação dos resultados, a

disponibilidade de benchmarking, a finalidade da avaliação, o porte da empresa indicado para

aplicação do Método e por fim os processos avaliados pelos Métodos [fornecedores, processo

produtivo, utilização do produto, descarte do produto], que será apresentado no quadro 2.13.

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71

Indicadores/Métodos Como

avalia?

Apresentação dos

resultados

Disponibiliza

Benchmarking Finalidade da Avaliação

Porte da

empresa

indicado

Processos avaliados

Fornecedores Proc. Prod. Utilização Descarte

DJSI Questionário

Pontuação

fornecida pelo

Indicador

Sim Participar de um grupo de

empresas referências

Grandes

empresas

X X

FTSE4Good

Não

informado Não informado Sim

Participar de um grupo de

empresas referências

Grandes

empresas X

BOVESPA - ISE Questionário

Pontuação

fornecida pelo

Indicador

Sim Participar de um grupo de

empresas referências

Grandes

empresas X X X

Indicadores Hopkins Observação Avaliação do

aplicador Não informado Sensibilizar os gestores

Todos os

tamanhos X

X

Indicadores Ethos Questionário

Pontuação

fornecida pelo

Indicador

Sim Sensibilizar os gestores

Micro e

pequenas

empresas

X X X X

Método GAIA Entrevista/

Questionário

Classificação de

acordo com a

tabela de

sustentabilidade do

Método

Não

Finalidade estratégica para

sensibilizar, conscientizar e

capacitar às pessoas

envolvidas

Todos os

tamanhos X X X X

Método MAIS Entrevista/

Questionário

Gráfico de acordo

com as notas

obtidas

Não

Finalidade estratégica para

servir de balizador da

sustentabilidade da empresa

Todos os

tamanhos X X X X

Quadro 2.13 – Comparação dos Indicadores e Métodos de avaliação da RSE.

Fonte: autor.

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72

Através do Quadro de comparação dos Indicadores/Métodos de avaliação da RSE,

podem-se comparar os Métodos entre si e as etapas do processo produtivo/serviço avaliado

por estas ferramentas. Todas estas ferramentas apresentadas podem servir de referencial para

as organizações que buscam a sustentabilidade dos negócios e atividades da empresa.

Cabe à organização definir os resultados que buscará obter durante e após a

realização da avaliação das suas atividades. Já que através da análise Do quadro 2.13 nota-se

que basicamente as diferenças apresentadas pelos Indicadores/Métodos partem da finalidade

definida pelos desenvolvedores para a utilização destes.

De maneira genérica a utilização dos instrumentos de avaliação da sustentabilidade,

busca minimizar a exploração da capacidade total dos recursos naturais ou qualquer outro

insumo de produção, que poderá causará impactos sociais em longo prazo. Dessa forma o

alinhamento da preocupação social, ambiental e econômica com os negócios da empresa, trará

resultados positivos economicamente, seja através da redução dos custos, ou ainda como

vantagem competitiva em relação às outras empresas do mesmo ramo da organização.

Também se deve considerar que algumas empresas procuram – ainda que

timidamente – utilizar produtos/serviços fabricados e realizados com preocupações ambientais

e sociais e sociais. E até mesmo de acordo com a revisão literária, para as grandes empresas

pode influenciar nos investidores que preferem investir nas ações das empresas sustentáveis.

Cada vez mais as empresas se deparam com consumidores e fornecedores cada vez

mais exigentes. Estes por sua vez buscam parceiros que estejam adequados ou em processo de

adequação a algumas normas de Gestão Social para firmar um vínculo de negócio onde os

dois lados da negociação sejam beneficiados, com padrões de comportamento éticos, dessa

forma ampliando as atividades da empresa.

Cabe ressaltar que a literatura disponível sobre RSE com aplicação para micro e

pequena empresa é escassa, onde a maioria das obras trata o assunto voltado principalmente

para as médias e grandes empresas.

Contudo as práticas socialmente responsáveis de maneira lenta vêm sendo

incorporadas nas micro e pequenas empresas, cabendo às empresas que já adotam estas

práticas, aos órgãos governamentais e até mesmo ao meio acadêmico buscar integrar micros e

pequenas empresas a estas novas práticas criando uma cadeia de negócios sustentáveis.

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73

3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO

Neste capitulo é apresentado o Método utilizado para avaliação da organização

objeto de estudo, e posteriormente será feita a discussão dos resultados obtidos considerando

a fundamentação teórica apresentada no capítulo 2 do presente trabalho.

3.1 Caracterização do Objeto de Estudo

A falta de tempo para preparar refeições pelos afazeres diários da população, trouxe

com isso espaço para criação de empresas que se propõem a produzir e preparar alimentos

para serem consumidos no pouco tempo disponível entre as atividades rotineiras. Dessa forma

a confiança e dependência existente entre o cliente e a empresa criaram um vínculo de

negócio que pode ser durável.

A empresa objeto de estudo do presente trabalho é a Edna Maria dos Santos Guidelli

ME, nome fantasia denominado “Cozinha da Edna”. A empresa é estabelecida na Rua México

nº 493, Bairro das Nações, Balneário Camboriú, Santa Catarina.

A organização é uma microempresa, como descrito em sua razão social, com a

administração de caráter familiar, contando com seis colaboradores. As instalações da

empresa ocupam uma área de 80 m². Para a produção das refeições a empresa tem como

fornecedores: distribuidores de carnes, legumes, hortaliças e cereais. Na figura 3.1 será

descrito o organograma e as funções dos funcionários da empresa objeto de estudo.

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74

WanderleyFunções:

Gerente Geral

Entregador de Marmitas

DaianeFunção:

Ajudante de

Cozinha

SirleneFunção:

Ajudante de

Cozinha

LilianeFunção:

Entregadora de

Marmitas

JairFunção:

Entregador de

Marmitas

EdnaFunções:

Cozinheira

Financeiro

Figura 3.1 - Organograma da empresa objeto de estudo.

As vendas da empresa são feitas principalmente por telefone, para clientes novos e

antigos que procuram a empresa. A principal forma de divulgação da empresa para novos

clientes é feita através da indicação dos clientes.

A Cozinha da Edna é uma cozinha industrial, que atua no ramo de serviços, sendo

sua principal e única atividade comercial a entrega de refeições (marmitas) a domicilio há dez

anos. Entre os clientes da empresa, a maior parte é de pessoas físicas, trabalhadores ou

estudantes, e a outra parte são pessoas jurídicas, que oferecem refeição aos seus funcionários.

A empresa não oferece o serviço de tele entrega – como pizzaria e lanchonetes –,

onde os contratos de fornecimento de refeições são mensais, mantendo um número de clientes

fixos por determinados períodos.

Como a maioria das empresas estabelecidas em Balneário Camboriú sofre também os

efeitos da sazonalidade, mas de forma contrária ao da maioria dos outros empreendimentos,

onde o maior número de clientes acontece durante o período das aulas. Este aumento se deve

ao número de universitários que moram na cidade no período das aulas e pelas famílias, em

sua grande maioria com crianças que estudam e os pais que também trabalham e não tem

tempo disponível para preparar a comida durante o horário de almoço.

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75

3.2 Definição do instrumento de coleta de dados e apresentação dos

resultados

Para a definição do instrumento de coleta de dados, faz-se necessário comparar entre

os Indicadores de Sustentabilidade pesquisados, e apresentados no capítulo 2. A partir da

comparação dos Métodos – DJSI, FTSE4Good, ISE, Indicadores Hopkins, Indicadores Ethos

SEBRAE, GAIA, MAIS – apresenta-se a aplicabilidade das ferramentas de avaliação na

empresa objeto de estudo.

No quadro 3.1 será avaliada a compatibilidade entre o porte indicado para utilização

do Método; ao atendimento das necessidades da empresa utilizar o Método como ferramenta

estratégica; e a possibilidade de realizar a avaliação da empresa pelos clientes, obedecendo a

mesma avaliação da pesquisa realizada junto ao gestor da organização avaliada.

Indicadores/Métodos

Compatível

com o porte da

empresa

Atende as

necessidades da

empresa

Pode ser

utilizado para a

avaliação da

empresa

Possibilita a

avaliação pelos

clientes da

empresa

DJSI Não Não Não Não

FTSE4Good Não Não Não Não

BOVESPA – ISE Não Não Não Não

Indicadores Hopkins Sim Sim Sim Não

Indicadores Ethos SEBRAE Sim Sim Sim Não

Método GAIA Sim Sim Sim Sim

Método MAIS Sim Sim Sim Sim

Quadro 3.1 – Aplicabilidade do Indicadores/Métodos na empresa objeto de estudo. Fonte: autor

Com base no quadro 3.1 descarta-se a utilização no presente trabalho dos Indicadores

DJSI, FTSE4Good e Bovespa ISE, uma vez que estes Indicadores foram desenvolvidos para

aplicação em grandes empresas e a finalidade do Indicador não está de acordo com as

necessidades da empresa.

Também se descarta a utilização dos Indicadores Hopkins pois este utiliza a

percepção do avaliador com principal fonte de caracterização da empresa, oferecendo uma

avaliação subjetiva aos resultados apresentados.

Com relação aos Indicadores Ethos Sebrae, considerando que esta ferramenta possui

um questionário voltado especificamente para o porte da empresa objeto de estudo, este

benefício proporcionado por esta ferramenta, de acordo com a avaliação realizada para o

presente trabalho, não oferece mais benefícios para a aplicação na empresa em relação aos

Métodos MAIS e GAIA. Já que a valoração dos resultados obtidos é realizada pela própria

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76

ferramenta, sem demonstrar os valores de cada critério avaliado, impossibilitando ainda a

visualização das oportunidades de melhoria no próprio quadro de resultados.

Ainda de acordo com o quadro 3.1, pode-se verificar que somente os Métodos GAIA

e MAIS conseguem atender às necessidades da organização e ao critério de avaliação dos

clientes, obedecendo a mesma avaliação da pesquisa realizada junto ao gestor da organização

avaliada, possibilitando uma real comparação entre a visão da empresa e dos clientes.

O Método GAIA e o Método MAIS por serem desenvolvidos utilizando como base

as normas ISO de padronização da qualidade (ISO 9001) e gestão ambiental (ISO 14001),

quando aplicados necessitam de instrumentos previamente desenvolvidos pela empresa,

como, por exemplo: folhetos explicativos sobre riscos para os funcionários, e outras cartilhas,

palestras e curso de orientação aos funcionários e alguns grupos de stakeholders.

Por a empresa objeto de estudo se tratar de uma microempresa, e não possuir nenhum

dos certificadores ISO tratados por estes Métodos, durante a aplicação de um destes

instrumentos poderá obter uma pontuação menor, em comparação as organizações que tem as

certificações ISO, em determinados aspectos gerenciais.

O Método para Avaliação de Indicadores de Sustentabilidade Organizacional

(MAIS) busca através dos seus critérios para avaliação da empresa, oferecer uma análise do

grau de sustentabilidade da organização através de critérios que incorporam também uma

análise das dimensões da sustentabilidade propostas por Sachs (1993) – social, ambiental,

econômica e cultural – avaliando o comportamento ético e social da empresa. Ademais, a

apresentação gráfica dos resultados obtidos através da aplicação do Método MAIS, consegue

retratar com maior clareza os pontos em que a empresa precisa melhorar para obter a

sustentabilidade organizacional.

O autor define então que o método que a ser utilizado no presente trabalho para a

avaliação da organização objeto de estudo é o Método MAIS.

3.2.1 Apresentação do Método

Conforme apresentado na sessão de definição do instrumento de coleta de dados

[3.1], foi definido para aplicação na organização objeto de estudo o Método MAIS. Deste

modo, serão apresentadas as etapas do processo de aplicação do Método na empresa.

Page 77: AVALIAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL DE …siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Fernandes Guidelli.pdf · 2 gustavo fernandes guidelli trabalho de conclusÃo de estÁgio

77

Para demonstrar os processos de aplicação do MAIS será utilizada a figura 3.1. Nas

próximas sessões serão descritas as etapas que compõem a aplicação do Método.

Resultados obtidos

para análise da

organização

Aplicação do Método

MAIS com o gestor

Tabulação dos dados

obtidos com a aplicação

do Método MAIS

Aplicação do MAIS

com os clientes

Comparação dos resultados

obtidos com as avaliações

realizadas

Entrevista com o gestor

Avaliação da existência do

procedimento escrito e acessível

aos colaboradores (E)

Avaliação da implantação do

procedimento planejado (I)

Avaliação da implantação

do planejado (V)

Classificação da faixa de

sustentabilidade da empresa

Classificação das dimensões

da sustentabilidade

Elaboração dos gráficos de

sustentabilidade de cada

dimensão proposta

Preparação do questionário para

aplicação

Realização das entrevistas

junto aos clientes

Tabulação dos resultados

obtidos

Classificação das dimensões

da sustentabilidade

Comparação dos

resultados

Elaboração das análises

Figura 3.2 – Descrição das etapas de aplicação do Método MAIS

Fonte: Autor

3.2.2 Aplicação do Método MAIS na organização

Como método para avaliação do M.A.I.S. pode-se avaliar a empresa em três formas:

a elaboração ou existência de política ou procedimento (E) – onde é avaliada a existência de

procedimento escrito acessível aos colaboradores; a implantação do planejado ou do

procedimento adotado (I) – onde é feita a avaliação dos processos executados de acordo com

procedimento proposto; o processo de verificação ou controle adotado na busca de

oportunidades de melhoria nos processos de gestão (V) – onde são avaliadas as ações

planejadas e executadas pela empresa. Dessa forma a pontuação em cada item de avaliação é

de três pontos, totalizando nove pontos.

A avaliação da empresa em cada indicador é feita de zero a três pontos, dessa forma

a pontuação “zero” é a inexistência total do procedimento e a pontuação máxima significa a

incorporação do procedimento nas atividades da organização. Os quadros 3.2, 3.3 e 3.4

exemplificam os modelos de avaliação da empresa:

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78

Pontuação Significado

Zero Inexistência do indicador.

Um Significando que o indicador existe na organização informalmente, isto é, não

há registros documentados sobre sua forma de aplicabilidade.

Dois Indicando que o indicador existe formalmente, está registrado, mas não é

praticado no dia-a-dia da organização.

Três Significando a existência do indicador, sendo que o mesmo faz parte formal da

política da organização sendo praticado e conhecido por todas as partes

interessadas. Há comprometimento da organização com a sua práxis. Quadro 3.2 – Pontuação e seu significado para o critério: existência ou elaboração do indicador.

Fonte: Oliveira (2002, p.100).

Pontuação Significado

Zero O indicador não está implantado.

Um O indicador está implantado em 30%.

Dois O indicador está implantado em 70%.

Três O indicador está implantado em sua plenitude. Quadro 3.3 – Pontuação e seu significado para o critério: implantação do planejado ou do procedimento.

Fonte: Oliveira (2002, p.100).

Pontuação Significado

Zero Não existe verificação e/ou controle do indicador.

Um É verificado informalmente.

Dois É verificado, mas não serve de instrumento para ações corretivas ou

preventivas.

Três Verificado e serve de base para o melhoramento continuo da organização em

busca da excelência organizacional. Quadro 3.4 – Pontuação e seu significado para o critério: verificação.

Fonte: Oliveira (2002, p.100).

Com estas avaliações básicas, o autor do método sugere ainda se necessário, pode-se

atribuir maior valor a determinado grupo de sustentabilidade, se a organização avaliada ou o

avaliador determinar que uma das dimensões propostas mereça maior importância.

(OLIVEIRA, 2002).

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79

3.2.3 Tabulação dos dados obtidos com a aplicação do Método MAIS

Cada dimensão de sustentabilidade avaliada pelo Método MAIS possui 10 perguntas,

totalizando 90 pontos por dimensão, e nas quatro dimensões, a somatória total de 360 pontos.

(OLIVEIRA, 2002).

De acordo com a avaliação da empresa pelo Indicador MAIS, a pontuação obtida na

totalidade da avaliação irá determinar o grau de sustentabilidade da organização, sendo

classificada em três níveis: (a) Insustentável, pontuação zero até 149 pontos; (b) Em busca da

sustentabilidade, pontuação de 150 até 249 pontos; (c) Sustentável, pontuação de 250 a 360

pontos. (OLIVEIRA, 2002).

Para Oliveira (2002, p.104) a intenção do método é sensibilizar os gestores,

indicando um processo de melhoria continua ao afirmar que:

[...] por ser a busca da sustentabilidade um processo de melhoria continua, se

uma organização estiver, pela pontuação obtida na aplicação do instrumento

proposto, localizada dentro da faixa “organização insustentável”, que isso

cause uma indignação dos seus gestores e que essa indignação com a

sensibilização seguida da conscientização da necessidade de uma mudança

de paradigma [...].

O quadro 3.5 demonstra a escala de pontuação, entre os níveis de sustentabilidade da

organização.

Faixas de Sustentabilidade Pontuação Correspondente

Insustentável 0 a 149

Em busca da sustentabilidade 150 a 249

Sustentável 250 a 360

Quadro 3.5 – Pontuação obtida pela organização e as faixas de sustentabilidade propostas. Fonte: Oliveira (2005, p.103).

Este quadro é utilizado para classificar a empresa em relação ao nível de

sustentabilidade alcançado com a aplicação do questionário, com os critérios de avaliação,

onde a faixa insustentável demonstra que a organização precisará alterar seus modelos de

produção/serviço; em busca da sustentabilidade são empresas que já demonstram ter uma

preocupação em integrar seus modelos de gestão buscando fortalecer a imagem com a

sociedade; sustentável as empresas que obtém pontuação neste nível podem ser consideradas

como organizações cidadãs, uma vez que as práticas de RSE estão disseminadas e

efetivamente adotadas em seus processos.

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80

Onde:

DS – Dimensão Social DE – Dimensão Econômica

DA – Dimensão Ambiental DC – Dimensão Cultural

O quadro a seguir demonstra as escalas de pontuação que a organizações podem

alcançar através da análise das Dimensões da Sustentabilidade avaliadas.

Faixas de Sustentabilidade Pontuação Correspondente

Insustentável 0 a 29

Em busca da sustentabilidade 30 a 59

Sustentável 60 a 90

Quadro 3.6 – Pontuação obtida pela organização, em cada dimensão da sustentabilidade. Fonte: Oliveira (2002, p.105).

A apresentação da dimensão global do resultado da avaliação dá-se através de

gráfico tipo radar, onde é colocada em cada ponta do gráfico uma das dimensões da

sustentabilidade e a escala da pontuação, indicada representa o resultado obtido pela empresa.

Na figura 3.3 demonstra-se o gráfico indicador da sustentabilidade da organização,

onde cada ponta representa uma das dimensões propostas de sustentabilidade, dessa forma

consegue-se visualizar qual das dimensões avaliadas está em maior ou menor da empresa

sustentabilidade na organização. (OLIVEIRA, 2002).

Figura 3.3 – A representação das dimensões da sustentabilidade e a valoração que o método prescreve.

Fonte: Oliveira (2002, p.105)

Como forma de ampliar a visualização do desempenho da empresa, dentro das

dimensões propostas, coloca-se também com gráficos em forma polar, em que cada uma das

pontas será um dos indicadores avaliados. Como forma de exemplificar será apresentado a

seguir o gráfico polar da sustentabilidade social:

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81

Legenda:

SUSTENTABILIDADE SOCIAL

ITEM INDICADOR

S 1 Geração de emprego e renda

S 2 Ética organizacional

S 3 Participação em entidades de classe e de desenvolvimento regional

S 4 Programas de prevenção de acidentes e doenças para os envolvidos

S 5 Capacitação e desenvolvimento de pessoas

S 6 Programas para a melhoria da qualidade de vida

S 7 Projetos Sociais

S 8 Sistema de trabalho socialmente aceitos

S 9 Interação com a sociedade

S 10 Políticas de Responsabilidade Social e saúde e segurança

Figura 3.4 – A visualização dos indicadores de sustentabilidade e as oportunidades de melhoria.

Fonte: Oliveira (2002, p.107).

O método proposto pode ser utilizado em diferentes indústrias e empresas,

independente do seu porte, podendo servir como benchmarking para as organizações. Como

forma de obter uma melhor aplicabilidade e verificação das questões respondidas pelo gestor,

indica-se fazer os mesmos questionamentos aos stakeholders da organização, dessa forma

será possível avaliar a imagem que a empresa possui dela mesma e a imagem que é passada

aos outros atores envolvidos nas atividades da empresa. (OLIVEIRA, 2002).

3.2.4 Comparação dos resultados obtidos com as avaliações realizadas

Na última etapa da aplicação do MAIS na organização foi realizada a comparação

dos resultados obtidos durante a aplicação do Método na empresa. Esta avaliação terá como

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

S1

S2

S3

S4

S5

S6

S7

S8

S9

S10

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82

finalidade aferir o nível de RSE da organização, baseado nos critérios de fornecidos pelo

Método MAIS e pelo referencial teórico do presente trabalho.

Em um primeiro momento foi realizada a classificação da empresa de acordo com o

nível de sustentabilidade alcançado. Para uma segunda parte da análise dos dados obtidos com

a pesquisa de campo, foi apresentado o gráfico radar de cada uma das dimensões da

sustentabilidade proposta, que permitirão priorizar os critérios a serem melhorados. Os

comentários acerca das dimensões serão seguidos da percepção dos clientes sobre os mesmos

critérios que foram utilizados durante a entrevista com a gestora da empresa e por fim uma

avaliação de cada dimensão englobando a avaliação da empresa e dos clientes, com base na

pesquisa realizada para o capítulo 2 do presente trabalho.

Nesta etapa será realizada a comparação entre a classificação da avaliação da

empresa em comparação com a avaliação dos clientes, onde poderão ser definidas as

mudanças sugeridas para a organização.

3.2.5 Aplicação do Método MAIS

A partir dos passos descritos pelo Método MAIS, para a aplicação na empresa objeto

de estudo, foi realizada uma entrevista com a proprietária da empresa. Com o propósito de

averiguar a pontuação obtida pela organização em relação aos critérios de avaliação do MAIS,

que possibilitarão a discussão e posterior comparação com os resultados apurados nas

entrevistas realizadas com os clientes.

De acordo com esta entrevista será demonstrada no quadro 3.7, a pontuação obtida

pela organização para os indicadores sugeridos pelo MAIS, classificando de acordo com as

faixas de sustentabilidade propostas pelo Método.

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83

DIMENSÃO DE

SUSTENTABILIDADE

INDICADORES DE

SUSTENTABILIDADE ITEM

Pontuação

máxima

Critérios Pontuação

obtida E I V

SU

ST

EN

TA

BIL

IDA

DE

SO

CIA

L

Geração de emprego e renda S1 9 1 1 1 3 Ética organizacional S2 9 0 0 0 0 Participação em entidades de classe e

de desenvolvimento regional S3 9 0 0 0 0

Programas de prevenção de acidentes

e doenças para os envolvidos S4 9 0 0 0 0

Capacitação e desenvolvimento de

pessoas S5 9 0 0 0 0

Programas para a melhoria da

qualidade de vida S6 9 1 1 1 3

Projetos sociais S7 9 0 0 0 0 Sistema de trabalho socialmente

aceitos S8 9 3 3 1 7

Interação com a sociedade S9 9 0 0 0 0 Políticas de Responsabilidade social

e saúde e segurança S10 9 1 0 0 1

Total 14

SU

ST

EN

TA

BIL

IDA

DE

AM

BIE

NT

AL

Política de gestão ambiental A1 9 0 0 0 0 Avaliação de aspectos e impactos

ambientais do negócio A2 9 0 0 0 0

Preparação para emergências A3 9 2 1 1 4 Ações corretivas e preventivas A4 9 1 1 1 3 Avaliação do desempenho global A5 9 1 1 1 3 Avaliação de riscos A6 9 1 1 1 3 Avaliação de oportunidades A7 9 1 1 1 3 Estratégias para desenvolvimento de

tecnologias ecologicamente

equilibradas

A8 9 0 0 0 0

Análise do ciclo de vida de produtos

e serviços A9 9 1 1 1 3

Controle operacional A10 9 1 1 1 3

Total 22

SU

ST

EN

TA

BIL

IDA

DE

EC

ON

ÔM

ICA

Política de qualidade E1 9 1 1 1 3 Definição de metas e objetivos E2 9 1 0 1 2 Gestão de processos, produtos e

serviços E3 9 1 1 1 3

Controle de não conformidades E4 9 1 1 1 3 Medição e monitoramento de

processos, produtos e serviços E5 9 1 1 1 3

Auditorias e análise crítica E6 9 1 1 1 3 Gerenciamento de riscos e crises E7 9 1 1 1 3 Infraestrutura adequada E8 9 1 1 1 3 Registros e documentação E9 9 3 3 2 8 Avaliação dos resultados da

organização E10 9 3 1 2 6

Total 37

(continua)

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84

(continuação) DIMENSÃO DE

SUSTENTABILIDADE

INDICADORES DE

SUSTENTABILIDADE ITEM

Pontuação

máxima

Critérios Pontuação

obtida E I V S

US

TE

NT

AB

ILID

AD

E

CU

LT

UR

AL

Incentivo a criatividade e a liderança C1 9 1 1 1 3 Geração de cultura organizacional C2 9 2 1 1 4 Adequação das comunicações

internas e externas C3 9 2 1 2 5

Comprometimento da organização C4 9 2 2 3 7 Avaliação de fornecedores e do

mercado C5 9 1 1 2 4

Melhoria continua C6 9 2 2 2 6 Prática do exercício da cidadania

organizacional C7 9 0 0 0 0

Existência de código de conduta

organizacional C8 9 2 2 2 6

Aprendizagem organizacional C9 9 1 1 2 4 Imagem da organização C10 9 1 1 2 4

Total 43 Quadro 3.7 – MAIS: Dimensões de sustentabilidade, indicadores para análise da sustentabilidade,

pontuação máxima para cada indicador e a pontuação obtida pela organização objeto de estudo.

Fonte: OLIVEIRA, 2002, p.135.

A primeira análise a ser realizada é a classificação da empresa de acordo com a faixa

da sustentabilidade, com a somatória da pontuação obtida em cada dimensão da

sustentabilidade. A empresa passa então a ser classificada na faixa de organização

insustentável, com o parâmetro da faixa de 0 a 149 pontos, onde a pontuação alcançada com a

somatória das dimensões foi de 116 pontos.

A segunda análise, que pode estar relacionada à política organizacional da empresa,

será demonstrada no gráfico radar proposto pelo MAIS, que contém a pontuação obtida em

cada uma das dimensões da sustentabilidade.

Gráfico 3.1 – Localização da organização segundo as dimensões de sustentabilidade propostas.

14

22

37

43

0

30

60

90Dimensão Social

Dimensão Ambiental

Dimensão Econômica

Dimensão Cultural

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85

Através de uma análise deste gráfico, tomando este como reflexo da política

organizacional, constata-se que a possibilidade de melhorar o desempenho geral da

organização trabalhando de forma eficaz em todas as dimensões da sustentabilidade,

priorizando a dimensão social e econômica, que obtiveram a menor pontuação.

Os valores obtidos pela empresa foram classificados de acordo com a análise da

documentação disponível, entrevista com a gestora e a análise do processo produtivo.

Nas sessões seguintes, serão apresentados os resultados das avaliações da empresa,

segmentado por cada dimensão da sustentabilidade proposta, com a análise dos resultados da

empresa, das entrevistas dos clientes, e por fim as considerações gerais sobre cada dimensão.

3.2.6 Avaliação da Dimensão Social – DS

A seguir será apresentado o gráfico radar indicando a pontuação da obtida pela

empresa, através da aplicação do Método MAIS relativa à Dimensão Social. Esta avaliação

procura demonstrar os pontos que podem ser priorizados nas ações corretivas da empresa.

(continua)

0123456789

S1

S2

S3

S4

S5

S6

S7

S8

S9

S10

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86

(continuação)

Legenda: DIMENSÃO DA

SUSTENTABILIDADE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ITEM

Pontuação

obtida S

US

TE

NT

AB

ILID

AD

E

SO

CIA

L

Geração de emprego e renda S1 3 Ética organizacional S2 0 Participação em entidades de classe e de desenvolvimento

regional S3 0

Programas de prevenção de acidentes e doenças para os

envolvidos S4 0

Capacitação e desenvolvimento de pessoas S5 0 Programas para a melhoria da qualidade de vida S6 3 Projetos sociais S7 0 Sistema de trabalho socialmente aceitos S8 7 Interação com a sociedade S9 0 Políticas de Responsabilidade social, saúde e segurança S10 1

Total 14 Gráfico 3.2 – Localização da organização a partir dos indicadores da dimensão social de sustentabilidade.

Através do gráfico radar, pode-se verificar que a empresa demonstra que o único

indicador utilizado, de maneira efetiva, trata sobre o sistema de trabalho socialmente aceito,

item S8, os demais critérios apresentaram pontuações baixas, devendo estes ser reavaliados e

melhorados, tornando-se parte efetiva na gestão organizacional. Considerando ainda os

indicadores que não obtiveram nenhuma pontuação. Deste modo, a necessidade de avaliação

dos outros indicadores, se torna fundamental para a melhoria do desempenho global da

organização.

3.2.6.1 Percepção dos clientes sobre a Dimensão Social – DS

A seguir serão apresentados os resultados dos questionários aplicados com os 17

clientes entrevistados da organização, sobre a Dimensão Social, seguida dos comentários

sobre as respostas de cada item avaliado.

Item S1: Geração de emprego e renda

Questão 01: Como você avalia a geração de emprego e renda para os envolvidos no

negócio da empresa?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a geração de

emprego e renda da organização.

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87

Gráfico 3.3 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a geração de emprego e renda pela organização.

Os clientes, em sua maioria, demonstraram não ter conhecimento sobre este

indicador. Entretanto, é importante ressaltar que os clientes que acreditam na geração de

emprego e renda, atribuem isso ao fato do tempo de existência da empresa no mercado de

trabalho ser um indicador positivo do desempenho, já que a geração de emprego e renda

consequentemente levaria à organização a possibilidade de se manter no mercado.

Item S2: Ética organizacional

Questão 02: Como você avalia a ética organizacional da empresa?

Todos os clientes entrevistados acreditam que seu relacionamento comercial com a

empresa foi estabelecido de forma ética. Entre os motivos citados pelos clientes, para afirmar

o entendimento sobre a posição ética da empresa, pode-se listar o controle de pagamento –

afirmaram não ter cobrança em duplicidade –, e os produtos oferecidos estarem de acordo

com o combinado na contração dos serviços.

Item S3: Participação em entidade de classe e de desenvolvimento regional

Questão 03: Como você avalia a participação da empresa em entidades de classe e de

desenvolvimento regional?

Nenhum dos clientes entrevistados tem conhecimento da participação da empresa em

entidades de classe. Esta situação reflete a postura da empresa em relação a este item,

conforme o quadro 4.1, apresentado anteriormente.

Não souberam responder

ou não tem conheci-mento

71%

Acreditam que deve

gerar emprego e

renda29%

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88

Item S4, questão 04: Programa de prevenção de acidentes e doenças para os

envolvidos

Questão 04: Em sua relação comercial com a empresa, como percebe desenvolvimento de

programas para prevenção de acidentes e doenças para os envolvidos?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a existência

de programas de prevenção de acidentes e doenças para os envolvidos.

Gráfico 3.4 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre programas de prevenção de acidentes e doenças

para os envolvidos

O percentual de clientes que afirmou já ter recebido orientações para o

armazenamento dos alimentos após o recebimento na residência, considerando este fato como

um gesto da empresa em prevenir intoxicação alimentar.

Item S5: Capacitação e desenvolvimento de pessoas

Questão 05: Você percebe a capacitação e desenvolvimento das pessoas ligadas à

empresa?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a capacitação

e desenvolvimentos das pessoas relacionadas à organização.

Não souberam

responder/ não

conhecem94%

Teve orientação

sobre prevenção

de acidentes

6%

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89

Gráfico 3.5 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a capacitação e desenvolvimento de pessoas.

Em relação aos clientes que não souberam responder sobre o desenvolvimento de

pessoas, 19% dos clientes afirmaram considerar que este assunto deve ser tratado

internamente.

Os clientes que afirmaram perceber o desenvolvimento das pessoas que trabalham na

empresa acreditam que este assunto está ligado à padronização dos produtos, onde de acordo

com os clientes, deve haver um treinamento para que os produtos possam ter a padronização.

Item S6: Programas para a melhoria da qualidade de vida

Questão 06: A empresa desenvolve programas para a melhoria da qualidade de vida?

Nenhum dos clientes entrevistados soube responder ou afirmou não ter conhecimento

sobre a empresa – alegando ser cliente há menos de dois meses da empresa –. Um dos clientes

entrevistados afirmou não considerar interessante para a empresa ter atividades relacionadas a

programas para a melhoria da qualidade de vida.

Item S7: Projetos sociais

Questão 07: Você percebe o envolvimento da empresa em projetos sociais?

Nenhum dos clientes entrevistados afirmou ter conhecimento sobre a participação da

empresa em projetos sociais, seja por iniciativa da própria empresa, ou participando de outro

projeto já existente.

Não souberam

responder/não

conhecem76%

Perceberam o

desenvolvi-mento

24%

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90

Item S8: Sistema de trabalho socialmente aceitos

Questão 08: A empresa utiliza sistema de trabalho socialmente aceitos?

Todos os clientes entrevistados afirmaram que o sistema de trabalho da organização

está de acordo com o esperado por eles, e também em concordância com o sistema de trabalho

oferecido por outras empresas do ramo na cidade. Esta aceitação, por parte dos clientes,

refere-se ao cumprimento do contrato de prestação de serviços dentro dos critérios

estabelecidos na contratação.

Item S9: Interação com a sociedade

Questão 09: A empresa mostra-se interessada em interagir com a sociedade que está

inserida?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a interação

com a sociedade sobre a empresa.

Gráfico 3.6 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a interação da empresa com a sociedade.

Todos os clientes entrevistados consideraram que esta questão está relacionada ao

desenvolvimento de produtos para atender suas necessidades. Em relação aos clientes que

afirmaram não ter conhecimento sobre a interação com a sociedade, 16% afirmam considerar

que este é um processo interno da empresa. Esta interação seria atendida ao avaliar as

necessidades dos clientes, mostrando a preocupação somente com as suas necessidades.

Importante ressaltar que a porcentagem de clientes que afirmou perceber que esta

interação com a sociedade está relacionada ao atendimento às necessidades de todos os

clientes, onde a prospecção de novos clientes pode acontecer se a empresa atender suas

necessidades e expectativas destes.

Não souberam

responder/ não

conhecem94%

Acredita que a

empresa interage

6%

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91

Item S10: Políticas de Responsabilidade Social, saúde e segurança

Questão 10: Na sua avaliação a empresa tem políticas de Responsabilidade Social e saúde

e segurança com as pessoas envolvidas nas suas atividades?

Todos os clientes entrevistados afirmaram não ter conhecimento sobre políticas de

Responsabilidade Social Empresarial, saúde e segurança desenvolvidas pela empresa. Um dos

clientes entrevistados afirmou que considera importante uma empresa ter este tipo de atitude,

mas ao comprar determinado produto ou serviço nem sempre leva em consideração a prática

deste item para decidir pela compra.

No quadro 3.8 é apresentada uma síntese dos resultados da entrevista com os clientes

relativos à dimensão social.

Item Resultado

S1 – Geração de emprego e renda 29% dos clientes entrevistados acreditam que deve gerar

emprego e renda, 71% não souberam responder.

S2 – Ética organizacional Todos os clientes entrevistados consideram ética a

atuação da empresa

S3 – Participação em entidades de

classe e desenvolvimento regional

Nenhum dos clientes entrevistados tem conhecimento da

participação da empresa.

S4 – Programas de prevenção de

acidentes e doenças para os

envolvidos

Somente 6% dos clientes entrevistados tiveram

orientação.

S5 – Capacitação e

desenvolvimento de pessoas 24% perceberam e 76% não perceberam.

S6 – Programas para a melhoria da

qualidade de vida

Nenhum dos clientes entrevistados tem conhecimento

sobre programas para melhoria da qualidade de vida.

S7 – Projetos sociais Nenhum dos clientes entrevistados tem conhecimento

sobre projetos sociais da empresa.

S8 – Sistema de trabalho

sociamente aceitos

Todos os clientes entrevistados consideram o sistema de

trabalho de acordo com o esperado.

S9 – Interação com a sociedade 6% percebem a interação e 94% não percebem.

S10 – Política de

Responsabilidade Social, saúde e

segurança

Nenhum dos clientes entrevistados tem conhecimento

sobre políticas de Responsabilidade Social, saúde e

segurança. Quadro 3.8 – Resultados obtidos com a entrevista dos clientes relativos à dimensão social.

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92

3.2.7 Considerações sobre a sustentabilidade da organização e percepção dos

clientes relacionada à Dimensão Social.

De acordo com Oliveira (2002) a sustentabilidade social está relacionada com a

preocupação da empresa em interagir com a sociedade, participar ativamente da busca pela

qualidade de vida futura para as pessoas ligadas direta ou indiretamente.

No item S1 - geração de emprego e renda -, de acordo com o quadro 3.7 percebe-se

que não existe um indicador desenvolvido pela empresa para averiguar o andamento deste

processo, trabalhado informalmente na organização. Este posicionamento da organização

reflete o desconhecimento de grande parte dos clientes sobre este item, onde eles por suas

percepções da empresa acreditam na geração de emprego e renda pelo tempo de existência da

organização.

A empresa pode implantar um indicador de desempenho para este item, com a

finalidade de acompanhar a evolução da organização a longo prazo, e desta forma

acompanhar também o desenvolvimento dos seus funcionários.

No item S2 - ética organizacional -, a empresa não obteve nenhuma pontuação, pois

não existe na organização nenhum indicador para avaliar este item. Entretanto todos os

clientes entrevistados consideraram ético seu relacionamento com a empresa. Deste modo, se

torna incoerente a empresa não dispor de um código de ética para pautar suas ações. Para

Bittencourt e Carrieri (2005), é importante destacar na organização as atitudes que

demonstram a postura ética nos negócios da empresa.

Nos itens S3 - participação em entidades de classe e de desenvolvimento regional -,

S4 - programa de prevenção de acidentes e doenças para os envolvidos -, S5 - capacitação e

desenvolvimento de pessoas -, a empresa declarou não ter nenhum indicador para controlar

estes pontos, assumindo uma postura de indiferença perante a sociedade organizada, na busca

do desenvolvimento da sociedade regional. Desta forma, os clientes entrevistados têm total

desconhecimento da participação da empresa em atividades relacionadas às entidades

classistas. Somente um dos clientes afirmou ter recebido alguma orientação sobre prevenção

de acidentes. Os clientes que afirmaram perceber o desenvolvimento de pessoas na empresa

acreditam que este indicador está relacionado à padronização dos produtos.

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93

Sobre estes itens, pode-se considerar que, de acordo com Reis (2007), que a mudança

de postura da organização passa pela necessidade de auxiliar no desenvolvimento de

ferramentas que podem contribuir na diminuição dos problemas sociais, atuando de forma

participativa no desenvolvimento da sociedade.

Com relação aos itens S6 - programas para a melhoria da qualidade de vida -, S7 -

projetos sociais -, S8 - sistemas de trabalho socialmente aceitos -, S9 - interação com a

sociedade-, S10 - política de RSE e saúde e segurança -, a empresa obteve uma baixa

pontuação, onde os indicadores utilizados pela empresa têm acompanhamento informal, e não

fazem parte do planejamento organizacional.

Na percepção dos clientes sobre estes itens, com exceção do item S8, sobre o sistema

de trabalho da organização, o conhecimento sobre a atuação social da empresa não existe. A

maior parte dos clientes entrevistados não considera o desempenho social como um motivo

para a contratação do serviço. Para estes clientes, a interação social da empresa está

relacionada ao atendimento das necessidades dos mesmos, sem considerar as necessidades de

desenvolvimento das outras áreas sociais.

De acordo com Ashley (2005) existe a necessidade de reavaliar os valores e práticas

organizacionais, comparando seu papel social com o nível de qualidade desempenhado pela

empresa.

Para dar continuidade à avaliação das dimensões da sustentabilidade, a seguir será

apresentado o resultado da avaliação da dimensão ambiental da sustentabilidade, com a

pesquisa realizada na empresa e com os clientes, seguida da comparação entre as pesquisas

realizadas.

3.2.8 Avaliação da Dimensão Ambiental – DA

A seguir será apresentado o gráfico radar indicando a pontuação da obtida pela

empresa, através da aplicação do Método MAIS relativa à Dimensão Ambiental. Esta

avaliação procura demonstrar os pontos que podem ser priorizados nas ações corretivas da

empresa.

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94

Legenda: DIMENSÃO DA

SUSTENTABILIDADE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ITEM

Pontuação

obtida

SU

ST

EN

TA

BIL

IDA

DE

AM

BIE

NT

AL

Política de gestão ambiental A1 0 Avaliação de aspectos e impactos ambientais do negócio A2 0 Preparação para emergências A3 4 Ações corretivas e preventivas A4 3 Avaliação do desempenho global A5 3 Avaliação de riscos A6 3 Avaliação de oportunidades A7 3 Estratégias para desenvolvimento de tecnologias

ecologicamente equilibradas A8 0

Análise do ciclo de vida de produtos e serviços A9 3 Controle operacional A10 3

Total 22 Gráfico 3.7 – Localização da organização a partir dos indicadores da dimensão ambiental da

sustentabilidade.

O gráfico radar apresentado demonstra que a empresa necessita complementar as

ações desenvolvidas através dos indicadores estabelecidos, e tornar estes indicadores

efetivamente utilizados no planejamento e gestão da organização. Os pontos críticos

apresentados, e por este motivo necessitam de uma gestão são os itens A1, - política de gestão

ambiental -, A2, - avaliação de aspectos e impactos ambientais do negócio -, e A3, -

estratégias para desenvolvimento de tecnologias ecologicamente equilibradas -, o que reflete o

desconhecimento e a falta de preocupação com os impactos ambientais do negócio.

0123456789

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A10

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95

3.2.8.1 Percepção dos clientes sobre a Dimensão Ambiental – DA

A seguir serão apresentados os resultados dos questionários aplicados com os 17

clientes entrevistados da organização, sobre a Dimensão Ambiental, seguida dos comentários

sobre as respostas de cada item avaliado.

Item A1: Política de gestão ambiental

Questão 11: Como você avalia a política de gestão ambiental da empresa?

Todos os clientes entrevistados afirmaram desconhecer a existência de uma política

de gestão ambiental. Estas respostas fornecidas pelos clientes vão ao encontro da posição da

empresa sobre o assunto. Torna-se importante ressaltar que nenhum dos clientes afirmou ter

procurado saber se a organização realizava alguma ação ligada a este assunto ou apresentava

política.

Item A2: Avaliação de aspectos e impactos ambientais do negócio

Questão 12: Você percebe na empresa uma avaliação de aspectos e impactos ambientais

do negócio?

Todos os clientes entrevistados afirmaram desconhecer a existência deste indicador.

Este resultado não destoa da pontuação obtida pela empresa, e se torna uma consequência

natural da inexistência de uma política ambiental.

Item A3: Preparação para emergências

Questão 13: A empresa possui um plano de preparação para emergências divulgadas para

os clientes?

Todos os clientes entrevistados afirmaram desconhecer qualquer tipo de plano de

preparação para emergências. Cabe ressaltar que quando questionados, os clientes

consideraram que esta preparação poderia estar ligada a existência de planos para algum caso

de intoxicação alimentar.

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96

Item A4: Ações corretivas e preventivas

Questão 14: É do seu conhecimento o funcionamento das ações corretivas e preventivas

da empresa?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre ações

corretivas e preventivas da organização.

Gráfico 3.8 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre ações corretivas e preventivas

Dos clientes que afirmaram não ter conhecimento ou não souberam responder, três

destes, acreditam que estas ações devem estar diretamente ligadas as reclamações dos outros

clientes sobre os produtos. Já sobre os clientes que perceberam ações corretivas, um deles,

criticou a empresa ao considerar que as ações da empresa por vezes são corretivas, onde não

existe uma prevenção destes problemas.

Item A5: Avaliação do desempenho global

Questão 15: A empresa divulga para os clientes a avaliação do desempenho global das

suas atividades?

Todos os clientes entrevistados afirmaram desconhecer a existência de uma avaliação

de desempenho global da organização. Porém, cabe ressaltar que 24% destes clientes

consideram esta avaliação como um processo interno da organização.

Item A6: Avaliação de riscos

Questão 16: A empresa possui uma avaliação de riscos dos negócios divulgados para os

clientes?

Não

souberam

responder/

não

conhecem

82%

Percebe-

ram

melhoria

nos

produtos

18%

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97

Todos os clientes entrevistados afirmaram desconhecer a existência de um indicador

com as avaliações sobre os riscos dos negócios da empresa. Quando questionados sobre este

item, nenhum deles considerou importante conhecer este indicador.

Item A7: Avaliação de oportunidades

Questão 17: A empresa possui uma avaliação de oportunidades de melhoria dos

produtos?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a avaliação

de oportunidades realizada pela organização.

Gráfico 3.9 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a avaliação de oportunidades.

Sobre este item, os clientes entrevistados consideram que a existência de uma

avaliação de oportunidades do negócio, é relativa a melhorias nos produtos oferecidos aos

clientes. Em relação aos clientes entrevistados que afirmaram não saber responder ou não ter

conhecimento sobre este item, 14% deles mencionou que a empresa poderia buscar ouvir mais

o cliente sobre as sugestões para o cardápio.

Os clientes que afirmaram acreditar na existência de uma avaliação consideram que

esta é feita em conjunto com os eles, quando questionados sobre o produto oferecido.

Item A8: Estratégias para desenvolvimento de tecnologias ecologicamente

equilibradas

Questão 18: Você percebe a preocupação da empresa em desenvolver estratégias para

desenvolvimento de tecnologias ecologicamente equilibradas?

Não souberam

responder/ não

conhecem41%

Acreditam que existe

uma avaliação

59%

Page 98: AVALIAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL DE …siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Fernandes Guidelli.pdf · 2 gustavo fernandes guidelli trabalho de conclusÃo de estÁgio

98

Todos os clientes entrevistados afirmaram desconhecer o desenvolvimento/utilização

de tecnologias ecologicamente equilibradas. Torna-se importante considerar que 12% dos

clientes afirmaram confiar no controle que a prefeitura do município exerce sobre a empresa,

com as exigências ambientais para concessão dos alvarás para o funcionamento da

organização. Outro cliente afirmou não considerar necessário saber se a empresa realiza

qualquer atividade sobre este item.

Item A9: Análise do ciclo de vida de produtos e serviços

Questão 19: A empresa já divulgou uma análise do ciclo de vida de produtos e serviços

prestados para avaliação dos clientes?

Todos os clientes entrevistados afirmaram desconhecer a existência de um indicador

sobre este item. Nenhum dos clientes entrevistados considerou importante saber se a empresa

possui uma avaliação relacionada a este item.

Item A10: Controle operacional

Questão 20: Você percebe a existência do controle nas atividades da empresa?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre o controle

operacional da organização.

Gráfico 3.10 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre o controle operacional da organização.

Quando questionados sobre a existência de um controle operacional da organização,

todos os clientes entrevistados relacionaram este item ao monitoramento dos produtos

recebidos diariamente pela organização, onde as preferências sobre os alimentos repassadas

anteriormente à empresa devem ser verificadas.

Não souberam

responder/ não

conhecem24%

Acreditam que existe controle

76%

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99

No quadro 3.9 é apresentada uma síntese dos resultados da entrevista com os clientes

relativos à dimensão ambiental.

Item Resultado

A1 – Política de Gestão Ambiental

Nenhum dos clientes entrevistados tem

conhecimento sobre a existência de uma política

de gestão ambiental.

A2 – Avaliação de aspectos e impactos

ambientais do negócio

Nenhum dos clientes entrevistados tem

conhecimento sobre a avaliação dos aspectos e

impactos ambientais.

A3 – Preparação para emergências

Nenhum dos clientes entrevistados tem

conhecimento sobre um plano de preparação para

emergências.

A4 – Ações corretivas e preventivas 18% percebem a existência; 82% não percebem

ações corretivas e preventivas.

A5 – Avaliação do desempenho global

Nenhum dos clientes entrevistados tem

conhecimento sobre uma avaliação de

desempenho global.

A6 – Avaliação de riscos

Nenhum dos clientes entrevistados tem

conhecimento sobre uma avaliação de

desempenho global.

A7 - Avaliação das oportunidades 59% acreditam que existe uma avaliação; 41%

não souberam responder.

A8 – Estratégias para desenvolvimento de

tecnologias ecologicamente equilibradas

Nenhum dos clientes entrevistados tem

conhecimento sobre estratégias relacionadas à

este item.

A9 – Análise do ciclo de vida de produtos

e serviços

Nenhum dos clientes entrevistados tem

conhecimento sobre a análise do ciclo de vida dos

produtos.

A10 – Controle Operacional 76% consideram que existe controle; 24% não

souberam responder. Quadro 3.9 – Resultados obtidos com a entrevista dos clientes relativos à dimensão ambiental.

3.2.9 Considerações sobre a sustentabilidade da organização e percepção dos

clientes relacionada à Dimensão Ambiental

Para Oliveira (2002), a política ambiental da empresa representa o seu grau de

consciência com o impacto que as suas atividades comerciais causam ao meio ambiente. Na

empresa objeto de estudo não existe um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que pode

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100

auxiliar a organização a desenvolver um projeto global para aprimorar a avaliação ambiental

da organização.

Na avaliação da empresa o item S3 - preparação para emergências -, passa somente

pelos processos obrigatórios da Prefeitura Municipal e do Corpo de Bombeiros, relacionados

aos alvarás de funcionamento da organização. Os demais itens onde a organização pontuou

seguem somente um processo de informalidade, sem a preocupação de desenvolver padrões

específicos para avaliação e padronização.

A posição da empresa reflete o desconhecimento, e possível desinteresse, dos seus

clientes. Nenhum dos clientes questionou, ou pressionou, a organização sobre a existência de

algum tipo de SGA. Como também para estes clientes a existência do tratamento ambiental

dos processos da organização não foi considerada no momento da contratação dos serviços da

organização. Para os clientes entrevistados, nesta dimensão ambiental, as únicas preocupações

aparentes estão diretamente relacionadas ao controle e qualidade dos produtos oferecidos

diariamente.

Na organização os únicos projetos que de acordo a gestora tem a preocupação

ambiental é a separação do lixo reciclável, recolhido pela empresa de coleta de lixo do

município, e a busca da conscientização dos funcionários contra o desperdício de água.

Entretanto, de acordo com Melo Neto e Fróes (2001) a preocupação ambiental vai

além das questões iniciais, como a utilização de produtos já processados que utilizam material

reciclado. Portanto, a empresa deve desenvolver outros projetos que atendam os critérios de

RSE.

Para dar continuidade à avaliação das dimensões da sustentabilidade, a seguir será

apresentado o resultado da avaliação da dimensão econômica da sustentabilidade, com a

pesquisa realizada na empresa e com os clientes, seguida da comparação entre as pesquisas

realizadas.

3.2.10 Avaliação da Dimensão Econômica - DE

A seguir será apresentado o gráfico radar indicando a pontuação da obtida pela

empresa, através da aplicação do Método MAIS relativa à Dimensão Econômica. Esta

Page 101: AVALIAÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL DE …siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Fernandes Guidelli.pdf · 2 gustavo fernandes guidelli trabalho de conclusÃo de estÁgio

101

avaliação procura demonstrar os pontos que podem ser priorizados nas ações corretivas da

empresa.

Legenda: DIMENSÃO DA

SUSTENTABILIDADE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ITEM

Pontuação

obtida

SU

ST

EN

TA

BIL

IDA

DE

EC

ON

ÔM

ICA

Política de qualidade E1 3 Definição de metas e objetivos E2 2 Gestão de processos, produtos e serviços E3 3 Controle de não conformidades E4 3 Medição e monitoramento de processos, produtos e

serviços E5 3

Auditorias e análise crítica E6 3 Gerenciamento de riscos e crises E7 3 Infraestrutura adequada E8 3 Registros e documentação E9 8 Avaliação dos resultados da organização E10 6

Total 37 Gráfico 3.11 – Localização da organização a partir dos indicadores da dimensão econômica da

sustentabilidade.

Através do gráfico radar apresentado, pode-se constatar que apesar do tempo de

existência da empresa, não existe a utilização de indicadores de sustentabilidade econômica

de maneira efetiva. Na priorização das ações para melhoria do desempenho global da

empresa, o item E2 - a definição de metas e objetivos -, deve ser considerado, visto que passa

pelo planejamento estratégico da empresa. Somente o item E9 - registros e documentação da

empresa -, alcançou uma pontuação alta, que por sua vez pode ser explicado pela necessidade

da empresa de ter controle fiscal das suas atividades.

3

2

3

3

33

3

3

8

6

0123456789

E1

E2

E3

E4

E5

E6

E7

E8

E9

E10

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102

3.2.10.1 Percepção dos clientes sobre a Dimensão Econômica da Organização

A seguir serão apresentados os resultados dos questionários aplicados com os 17

clientes entrevistados da organização, sobre a Dimensão Econômica, seguida dos comentários

sobre as respostas de cada item avaliado.

Item E1: Política de qualidade

Questão 21: Como você avalia a política de qualidade da empresa?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a política de

qualidade da empresa.

Gráfico 3.12 – Avaliação dos entrevistados sobre a política de qualidade

Quando questionados sobre este item, mesmo os clientes que responderam afirmando

que a política de qualidade da empresa é boa, mencionaram que a qualidade pode ser

melhorada, em relação a uma variedade maior dos produtos. Esta variedade está relacionada à

oferta de cardápios diferenciados para os clientes.

Item E2: Definição de metas e objetivos

Questão 22: Como a empresa divulga suas definições de metas e objetivos?

Nenhum dos clientes entrevistados afirmou ter conhecimento da existência de um

indicador com a função de verificar as metas e objetivos da empresa. Cabe ressaltar que 6%

dos clientes entrevistados, afirmou que este processo deve ser interno e por este motivo, não é

dever da empresa fazer uma ampla divulgação destes itens.

Política de qualidade

Boa88%

Política de qualidade Mediana

12%

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103

Item E3: Gestão de processos, produtos e serviços

Questão 23: Alguma reclamação feita à empresa não foi solucionada após comunicado a

mesma?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a gestão de

processos, produtos e serviços.

Gráfico 3.13 – Avaliação dos entrevistados sobre a gestão de processos, produtos e serviços

Para avaliar este item, os clientes foram questionados sobre a existência de alguma

reclamação feita e não solucionada pela empresa. A empresa foi elogiada por alguns clientes

pela facilidade de acesso para fazer as reclamações e sugestões.

Item E4: Controle de não conformidades

Questão 24: As reclamações feitas à empresa foram solucionadas dentro do prazo

estipulado?

Para avaliar este item, os clientes foram questionados se as reclamações feitas à

empresa, item E3, foram solucionadas dentro do prazo estipulado pela organização. Todos os

clientes que no item anterior afirmaram já ter feito alguma reclamação à empresa (82%),

afirmaram que a correção dos problemas aconteceu dentro do prazo estipulado.

Item E5: Medição e monitoramento de processos, produtos e serviços

Questão 25: Você percebe a medição e monitoramento de processos e produtos da

organização?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a medição e

monitoramento de processos, produtos e serviços.

Reclamação foi

solucionada82%

Nunca reclamaram

18%

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104

Gráfico 3.14 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a medição e monitoramento de processos,

produtos e serviços.

A percepção dos clientes sobre este item está mais uma vez relacionada ao

monitoramento dos produtos enviados diariamente, já que para eles a padronização e a

atenção destinada às sugestões conferem à organização um sinônimo de qualidade.

Item E6: Auditoria e análise crítica

Questão 26: Como você avalia a autoanálise da empresa em relação aos seus processos?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a auditoria e

análise crítica.

Gráfico 3.15 – Avaliação dos entrevistados sobre a auditoria e análise crítica da empresa

Um dos clientes entrevistados considera que a auditoria pode acontecer como um

processo interno da empresa, ou pela exigência de algum órgão governamental. Outro cliente

acredita que existe uma análise crítica da empresa pelos produtos apresentados, que podem

sofrer alterações.

Acreditam que existe monitora-

mento76%

Não souberam

responder/ não

conhecem24%

Acredita que existe auditoria

6%

Não souberam

responder/ não

conhecem94%

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105

Item E7: Gerenciamento de riscos e crises

Questão 27: Você percebe na empresa a preocupação em administrar os riscos das

atividades da empresa?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre o

gerenciamento de riscos e crises.

Gráfico 3.16 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre o gerenciamento de riscos e crises

Para avaliar este item, os clientes entrevistados foram questionados se a empresa

realiza uma autoanálise em relação aos seus serviços. Em relação aos clientes que afirmaram

não ter conhecimento, 18% consideram que esta autoanálise deve ser um processo interno da

organização.

Item E8: Infraestrutura adequada

Questão 28: Você considera que a empresa possui uma infraestrutura adequada para o

atendimento aos clientes?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a

infraestrutura da organização.

Existe auto-análise

29%

Não souberam

responder/ não

conhecem71%

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106

Gráfico 3.17 – Avaliação dos entrevistados sobre a infraestrutura da empresa

Um dos clientes entrevistados afirmou que a infraestrutura da empresa melhorou

muito desde que se tornou cliente, em relação ao atendimento. Outro cliente afirmou

considerar que a avaliação deste item deve ser realizada internamente pela empresa.

Item E9: Registros e documentação

Questão 29: A empresa possui registros e documentação de períodos passados

disponíveis para atendimento?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre os registros e

documentação da organização.

Gráfico 3.18 – Avaliação dos entrevistados sobre o acesso aos registros e documentação

Para avaliar este item, os clientes foram questionados se em algum momento do seu

relacionamento com a empresa precisaram de alguma documentação e tiveram acesso a esta

documentação. Quanto questionados, os clientes consideraram estar relacionado a recibos,

comprovantes de pagamento e nota fiscal.

Infraestru-tura

adequada88%

Não souberam

responder/ não

conhecem12%

Nunca utilizaram/

não souberam responder

76%

Necessita-ram e

tiveram acesso

24%

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107

Item E10: Avaliação dos resultados da organização

Questão 30: A empresa divulga uma avaliação dos resultados da organização?

Todos os clientes entrevistados afirmaram desconhecer a existência de um indicador

com a função de avaliar os resultados da organização. É importante ressaltar que 29% destes

clientes consideraram este como um processo interno da empresa, sem a obrigação de

divulgar as informações aos mesmos.

No quadro 3.10 é apresentada uma síntese dos resultados da entrevista com os

clientes relativos à dimensão econômica.

Item Resultado

E1 – Política de qualidade Política de qualidade “Boa” 88%, política de qualidade

“Mediana” 12%.

E2 – Definição de objetivos e metas

Nenhum dos clientes entrevistados tem conhecimento

sobre uma definição de objetivos e metas da

organização.

E3 – Gestão de processos, produtos

e serviços

18% dos entrevistados nunca reclamaram; 82% tiveram

a reclamação solucionada.

E4 – Controle de não

conformidades

Dos 82% que reclamaram, a solução foi dentro do

prazo estipulado.

E5 – Medição e monitoramento de

processos, produtos e serviços

24% não souberam responder; 76% acreditam que

existe monitoramento.

E6 – Auditoria e análise crítica 6% acreditam que existe auditoria; 94% não souberam

responder.

E7 – Gerenciamento de riscos e

crises

71% não souberam responder; 29% acreditam que

existe autoanálise.

E8 – Infraestrutura adequada 12% não souberam responder; 88% consideram

adequada a infraestrutura.

E9 – Registros e documentação 24% necessitaram e tiveram acesso; 76% nunca

necessitaram.

E10 – Avaliação dos resultados da

organização

Nenhum dos clientes entrevistados tem conhecimento

sobre uma avaliação dos resultados da empresa.

Quadro 3.10 – Resultados obtidos com a entrevista dos clientes relativos à dimensão ambiental.

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108

3.2.11 Considerações sobre a sustentabilidade da organização e percepção dos

clientes relacionada à Dimensão Econômica

A avaliação da dimensão econômica da organização pode ser visualizada pela

pontuação alcançada, apresentado no quadro 3.7. Através deste quadro, percebe-se que a

empresa avalia informalmente, e superficial, a maioria dos indicadores propostos pelo MAIS.

No item E2 – definição de metas e objetivos –, a empresa obteve um baixo

rendimento, o resultado dos outros indicadores não deve destoar do resultado apresentado,

visto que a organização trabalha sobre o regime do imediatismo, onde o planejamento é

deixado de lado pela organização, como uma atividade secundária.

Seguindo o referencial descrito por Daft (2005), o planejamento está relacionado

com a decisão sobre os pontos onde a empresa empregará seus esforços para sanar problemas

e definir suas metas de crescimento.

Deste modo, a empresa, ao considerar a necessidade da efetivação do planejamento

estratégico, deve incluir as novas situações e pressões que se relacionam com a mesma, como

é descrito por Rosseto, Orth e Rosseto (2006) em que as variáveis sociais, econômicas, físico-

espaciais e ambientais fazem parte da complexidade atual do mercado consumidor. Com a

incorporação destas variáveis, a empresa poderá passar de uma atitude passiva em relação aos

problemas relacionados a estes novos atores envolvidos, para uma atitude pró-ativa,

demonstrando aos stakeholders – partes interessadas – estar preocupada com a sociedade, e

por consequência tornar esta preocupação um diferencial perante seus concorrentes.

Apesar da clara preocupação dos clientes relacionadas à questão da qualidade dos

produtos, como foi demonstrado nos itens E1 - política de qualidade -, E4 - controle de não

conformidade -, E5 - medição e monitoramento de processos, produtos e serviços -, e as

respostas obtidas, a empresa não possui um indicador formalizado sobre a padronização da

qualidade dos produtos.

A definição de um padrão de atendimento e produção está diretamente ligada ao

planejamento da organização, que deve considerar as expectativas de aumento na eficiência

produtiva da organização, voltado à necessidade da formalização do planejamento descrito

anteriormente quando analisado o item E2.

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109

Para dar continuidade à avaliação das dimensões da sustentabilidade, a seguir será

apresentado o resultado da avaliação da dimensão cultural da sustentabilidade, com a pesquisa

realizada na empresa e com os clientes, seguida da comparação entre as pesquisas realizadas.

3.2.12 Avaliação da Dimensão Cultural – DC

A seguir será apresentado o gráfico radar indicando a pontuação da obtida pela

empresa, através da aplicação do Método MAIS relativa à Dimensão Cultural. Esta avaliação

procura demonstrar os pontos que podem ser priorizados nas ações corretivas da empresa.

(continua)

0123456789

C1

C2

C3

C4

C5

C6

C7

C8

C9

C10

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110

(continuação)

Legenda: DIMENSÃO DA

SUSTENTABILIDADE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ITEM

Pontuação

obtida S

US

TE

NT

AB

ILID

AD

E

CU

LT

UR

AL

Incentivo a criatividade e a liderança C1 3 Geração de cultura organizacional C2 4 Adequação das comunicações internas e externas C3 5 Comprometimento da organização C4 7 Avaliação de fornecedores e do mercado C5 4 Melhoria continua C6 6 Prática do exercício da cidadania organizacional C7 0 Existência de código de conduta organizacional C8 6 Aprendizagem organizacional C9 4 Imagem da organização C10 4

Total 43 Gráfico 3.19 – Localização da organização a partir dos indicadores da dimensão cultural da

sustentabilidade

Nesta dimensão avaliada a empresa obteve sua maior pontuação, apesar de continuar

na faixa da organização insustentável. A priorização de ações corretivas poderia iniciar pela

prática do exercício da cidadania organizacional, item C7. Nos demais indicadores avaliados,

a necessidade principal é pela utilização efetiva dos indicadores, em seus três estágios

propostos pelo MAIS, (E) existência, (I) implantação e (V) verificação.

3.2.12.1 Percepção dos clientes sobre a Dimensão Cultural – DC

A seguir serão apresentados os resultados dos questionários aplicados com os 17

clientes entrevistados da organização, sobre a Dimensão Cultural, seguida dos comentários

sobre as respostas de cada item avaliado.

Item C1: Incentivo à criatividade e à liderança

Questão 31: Você percebe na empresa o incentivo a criatividade e a liderança?

Todos os clientes entrevistados afirmaram não perceber a existência de práticas de

incentivo à criatividade e à liderança. Para 29% dos clientes entrevistados consideram que

esta avaliação deve ser um processo interno da organização.

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Item C2: Geração de cultura organizacional

Questão 32: Como você avalia a geração de cultura organizacional nos processos da

organização?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a geração de

cultura organizacional.

Gráfico 3.20 – Avaliação dos entrevistados sobre a geração de cultura organizacional

Os 6% de clientes entrevistados que afirmaram perceber a existência da cultura

organizacional na organização, acreditam estar relacionado à qualidade dos produtos e

atendimento.

Item C3: Adequação das comunicações internas e externas

Questão 33: A empresa possui comunicações externas adequadas às necessidades dos

clientes?

Todos os clientes entrevistados afirmaram que a comunicação da empresa com os

clientes é adequada, pela clareza e antecedência dos avisos enviados. Porém 12% dos clientes

consideram que a empresa poderia melhorar a comunicação, ampliando seu relacionamento

além dos comunicados padrões da empresa.

Item C4: Comprometimento da organização

Questão 34: Você percebe o comprometimento da organização na prestação do serviço

contratado?

Todos os clientes entrevistados afirmaram que a empresa mostra-se comprometida

com a prestação dos serviços contratados. Um dos clientes entrevistados considerou que pode

Não soube responder/

não conhecem

94%

Considera que existe

cultura organiza-

cional pela qualidade

6%

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112

ser melhorado o comprometimento com o horário de entrega, pois existem algumas

oscilações.

Item C5: Avaliação dos fornecedores e do mercado

Questão 35: Você percebe a avaliação de fornecedores e do mercado para a melhoria dos

produtos da empresa?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a avaliação

dos fornecedores e do mercado.

Gráfico 3.21 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a avaliação dos fornecedores e do mercado

Dos clientes entrevistados que responderam de forma positiva, 57% consideram que

a organização deve ter uma avaliação sobre os fornecedores e do mercado pela manutenção da

qualidade da empresa. Um dos clientes que não soube responder, considera que deve existir

este controle, mas que este deve ser utilizado internamente pela empresa.

Item C6: Melhoria Contínua

Questão 36: Você percebe que a empresa possui um processo de melhoria continua?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a melhoria

contínua organizacional.

Existe uma avaliação

82%

Não souberam

responder/ não

conhecem18%

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113

Gráfico 3.22 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre o processo de melhoria continua da organização

Dos clientes que perceberam a melhoria continua na organização, 33% ressaltaram a

qualidade do produto apresentado como uma demonstração das melhorias da empresa ao

longo do período em que são clientes.

Item C7: Prática do exercício da cidadania organizacional

Questão 37: A empresa possui uma prática do exercício da cidadania organizacional

divulgada pela empresa?

Todos os clientes entrevistados afirmaram desconhecer na empresa práticas do

exercício da cidadania organizacional. Um dos clientes afirmou que pode ser feito pela

empresa, mas sem necessidade de divulgação.

Item C8: Existência de código de conduta organizacional

Questão 38: A empresa divulgou a existência de código de conduta organizacional?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a existência

de código de conduta organizacional.

Percebe melhoria contínua

88%

Não souberam

responder/não

conhecem12%

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Gráfico 3.23 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a existência do código de conduta organizacional

Para os clientes entrevistados, este questionamento referia-se à explicação do método

de trabalho da organização. Todos os clientes que afirmaram ter conhecimento sobre o código

de conduta lembraram que no cardápio mensal dos alimentos, algumas das informações sobre

a conduta da empresa estão descritas, como, por exemplo, os dias de trabalho e as

possibilidades de mudança nos produtos.

Item C9: Aprendizagem organizacional

Questão 39: A empresa mostra estar envolvida em um processo de aprendizagem

organizacional constante?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a

aprendizagem organizacional.

Gráfico 3.24 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre o processo de aprendizagem organizacional

Houve divulgação

88%

Não soube responder/

não conhecem

12%

Não soube responder/

não conhecem

76%

Percepção do

aprendiza-do

24%

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Os clientes entrevistados que perceberam o aprendizado, ressaltaram considerar que

este processo está ligado às melhorias do processo produtivo, como por exemplo o

atendimento oferecido aos clientes.

Item C10: Imagem da organização

Questão 40: Como você avalia a imagem da organização?

A seguir será apresentado o gráfico com as respostas dos clientes sobre a imagem da

organização.

Gráfico 3.25 – Avaliação dos clientes entrevistados sobre a imagem da organização

Com relação aos clientes que consideraram a imagem da empresa como “boa”, 38%

destes clientes afirmam que a empresa precisa sempre melhorar para manter a qualidade do

produto, e obter uma imagem melhor ainda. Em relação aos 6% de clientes que consideraram

a imagem da organização como mediana, alegaram que a melhoria da imagem está

relacionada ao preço dos produtos, considerado alto pelo cliente.

No quadro 3.11 é apresentada uma síntese dos resultados da entrevista com os

clientes relativos à dimensão cultural.

Item Resultado

C1 – Incentivo a criatividade e a

liderança

Nenhum dos clientes entrevistados tem conhecimento

sobre a existência de incentivo à criatividade e à liderança.

C2 – Geração de cultura

organizacional 6% acredita que existe; 94% não souberam responder.

C3 – Adequação das

comunicações internas e

externas

Todos os clientes acreditam que a comunicação com a

empresa é boa e atende suas necessidades.

(continua)

Imagem da organização

: Boa94%

Imagem da organização: Mediana

6%

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116

(continuação)

Item Resultado

C4 – Comprometimento da

organização

Todos os clientes acreditam que a empresa mostra-se

comprometida.

C5 – Avaliação dos

fornecedores e do mercado

18% não souberam responder; 82% acreditam que existe

esta avaliação.

C6 – Melhoria contínua 12% não souberam responder; 88% percebem a melhoria

contínua.

C7 – Prática da cidadania

organizacional

Nenhum dos clientes entrevistados tem conhecimento

sobre a prática do exercício da cidadania organizacional.

C8 – Existência do código de

conduta organizacional

12% não souberam responder; 88% houve divulgação do

código de conduta organizacional.

C9 – Aprendizagem

organizacional

24% perceberam a aprendizagem; 76% não perceberam a

aprendizagem organizacional.

C10 – Imagem da organização Imagem “Mediana” 6%; Imagem “Boa” 94%.

Quadro 3.11 – Resultados obtidos com a entrevista dos clientes relativos à dimensão cultural.

3.2.13 Considerações sobre a sustentabilidade da organização e percepção dos

clientes relacionada à Dimensão Cultural

A mudança de postura da empresa quando passa a considerar a dimensão cultural

como um dos pontos para o desenvolvimento global da organização, demonstra a preocupação

social, conforme apresentado por Melo Neto e Fróes (2001). Porém, deve ainda existir o

monitoramento destas atividades, como forma de impulsionar o crescimento da consciência

social da empresa, como explica Oliveira (2002).

Na empresa não existe nenhum indicador para controlar as práticas de cidadania

organizacional, o que colabora para ressaltar a pouca importância destinada às questões

sociais. Entretanto, para organizações inovadoras e preocupadas em acompanhar as mudanças

no mercado consumidor, à importância destinada ao incentivo à criatividade e liderança, item

C1, se torna alta. As contribuições dos colaboradores tornam-se um importante referencial

para mudança de postura da empresa.

O comprometimento da empresa com a qualidade do serviço prestado foi

reconhecido pelos clientes entrevistados, onde para eles e para a organização, a qualidade dos

produtos é a principal métrica utilizada na comparação com outras empresas do ramo.

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Porém a criação de cultura organizacional, que poderia ser demonstrada com a

existência de um indicador que aferisse a busca pela qualidade obteve uma pontuação baixa,

ou seja, percebe-se que a empresa ao deixar de utilizar de maneira efetiva um indicador que

esteja orientado para a real necessidade da organização, está perdendo o foco das expectativas

dos clientes.

A imagem da organização, item C10, enquanto na ótica dos clientes obteve uma boa

avaliação, na avaliação da empresa obteve uma baixa avaliação, onde esta avaliação é

realizada de maneira informal, considerando somente a percepção dos clientes relatada

diariamente aos colaboradores da empresa. Entretanto, esta avaliação pode aferir melhores

resultados se os clientes que deixam de contratar os serviços da empresa fossem questionados

sobre as oportunidades de melhoria avaliadas por eles.

A avaliação da empresa sobre a dimensão cultural entende que o papel deve ser de

organização cidadã, voltada em um primeiro estágio para os clientes, fornecedores e

colaboradores diretos da organização. Esta postura poderá então ser considerando como um

dos meios para o desenvolvimento das ações sustentáveis, dentro dos campos de atuação da

RSE descritos por Melo Neto e Fróes (2001).

Com base nas análises realizadas nesta sessão do trabalho, a seguir serão

apresentadas as propostas do para o desenvolvimento da sustentabilidade organizacional e sua

consequente preocupação com a percepção e satisfação dos clientes da organização.

3.3 Propostas de Melhoria para a Empresa

Após ser realizada a análise das dimensões – social, ambiental, econômica, cultural –

propostas pelo Método MAIS, nesta sessão serão propostas melhorias às práticas

organizacionais da empresa, buscando tornar a atuação desta de acordo com os critérios de

RSE.

Na avaliação dos clientes os principais requisitos procurados são: (a) qualidade do

produto apresentado; (b) qualidade no atendimento aos clientes; (c) preço condizente com a

qualidade do produto; (d) pontualidade na entrega das refeições. Estes itens são avaliados

quando da contratação do serviço e ao longo do relacionamento com a empresa.

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Para os clientes entrevistados, a inexistência de práticas de políticas sustentáveis pela

organização não são consideradas como um fator de decisão para contratação do serviço. Este

fato pode explicar o motivo da falta de interesse da organização nas práticas de RSE. Pela

falta de preocupação dos clientes, a empresa ainda não sofre pressão do mercado para

modificar suas práticas organizacionais, pautadas por atitudes socialmente responsáveis, onde

se torna possível desenvolver um projeto de implantação das normas de RSE considerando

principalmente a questão de conscientização cultural dos colaboradores e clientes da empresa.

A apresentação das propostas de melhoria para a empresa será divida em duas partes,

primeiramente relacionadas com as expectativas dos clientes, e posteriormente com as

práticas socialmente responsáveis.

3.3.1 Atendimento às expectativas dos clientes

As empresas, de acordo com as características do setor e região de atuação, deparam-

se com determinadas especificidades relacionadas à sua atuação comercial. Estas

características determinam a priorização das ações organizacionais. Considerando este fato, a

seguir serão apresentadas as sugestões de melhoria para a organização.

Controle de qualidade dos produtos de acordo com a expectativa dos clientes

e política de qualidade da empresa.

Conforme visto anteriormente, para os clientes a qualidade dos produtos é um dos

fatores principais para escolha na contratação do serviço, bem como a manutenção do cliente

posteriormente. Este indicador auxiliará no desenvolvimento de um padrão especificado pela

empresa de acordo com as expectativas dos clientes.

Controle da qualidade de atendimento ao cliente, incluindo horário de entrega

dos produtos.

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Estes dois requisitos são fatores determinantes para a contratação e manutenção dos

clientes, conforme descrito por eles. Desta forma, a empresa poderá verificar se o nível de

serviço desejado pelos clientes é atendido.

Intensificar e desenvolver a utilização de indicadores de desempenho para as

áreas relevantes da empresa, os indicadores deverão ser utilizados no

planejamento estratégico da mesma.

A empresa declarou não utilizar efetivamente o planejamento estratégico, desta

forma a modificação alinhará o posicionamento da empresa com as práticas socialmente

responsáveis definidas, para priorização das ações, pela gerência da organização. A aplicação

dos indicadores proporcionará à empresa o conhecimento das suas fraquezas internas, e

consequente possibilidade de melhoria no atendimento aos clientes.

3.3.2 Atendimento aos critérios de RSE

Estas sugestões não estão diretamente ligadas às expectativas de atendimento das

necessidades dos clientes, entretanto apontam para processos primordiais relacionados às

práticas organizacionais socialmente responsáveis. Estas práticas procuram também

demonstrar o respeito da organização para com os seus clientes. As propostas de melhorias a

seguir são baseadas nos critérios de RSE descritos na fundamentação teórica.

Elaboração do código de conduta organizacional incorporando o

relacionamento com todos os stakeholders.

A utilização do código de conduta organizacional passa a considerar a postura ética e

a padronização dos procedimentos da empresa. A utilização deste procedimento fortalecerá o

posicionamento socialmente responsável em todas as formas de relacionamento da

organização. Esta necessidade está relacionada ao fato do cardápio fornecido pela empresa

não ter todas as informações sobre os procedimentos da organização.

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Análise do ciclo de vida total do produto com a implantação de um Sistema de

Gestão Ambiental (SGA) para a organização.

Como forma de minimizar o impacto ambiental do processo produtivo, o

conhecimento do seu ciclo de vida e posteriormente para minimização do impacto ambiental o

SGA formalizará o tratamento correto dos resíduos do processo.

Estimular o conhecimento de práticas socialmente responsáveis, e o

envolvimento dos colaboradores em projetos sociais e de desenvolvimento da

comunidade.

Para a empresa atuar de forma cidadã e preocupada com o desenvolvimento da

sociedade, precisa ser intrínseca a vontade de participar deste processo. Desta forma, o

estímulo ao conhecimento das práticas sociais, iniciará gradualmente na empresa a

conscientização dos stakeholders.

Após estas sugestões de melhoria para a empresa, no próximo item será apresentada

a conclusão do trabalho, relacionada ao comprimento das atividades propostas nos objetivos

geral e específicos, e as recomendações para trabalhos futuros relacionados ao MAIS e RSE

para micro e pequenas empresas.

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4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Após a realização da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo, a seguir serão

apresentadas as conclusões relativas aos objetivos do trabalho e posteriormente as

recomendações do autor para trabalhos futuros.

4.1 Conclusões

Para concluir o presente trabalho, se torna necessário verificar se os objetivos – geral

e específicos – foram alcançados. Esta verificação será descrita a seguir nesta sessão,

primeiramente avaliando os objetivos específicos e posteriormente o objetivo geral, já que

este deve ser alcançado após a realização das etapas descritas pelos objetivos específicos.

O primeiro objetivo específico proposto no presente trabalho foi à pesquisa e seleção

de critérios de avaliação da RSE apropriados para avaliar a empresa objeto de estudo. Este

objetivo foi alcançado através da sessão 2.4 do presente trabalho, onde foram descritos sete

métodos de avaliação, todos estes reconhecidos por empresas e/ou meio acadêmico como

instrumentos de avaliação de RSE nas organizações.

No quadro 2.13 [sessão 2.5] realizou-se uma comparação entre os métodos

pesquisados e referenciados anteriormente. Com o auxílio desta comparação foi definido o

Método MAIS para ser utilizado neste trabalho. A conclusão parcial apontava uma maior

aplicabilidade do MAIS ao estudo de caso.

A avaliação da organização com o Método MAIS, mostrou-se com alto grau de

complexidade em determinados itens avaliados. Esta complexidade existe quando considera-

se que o Método foi desenvolvido com base nas normas de padronização dos procedimentos

não realizados pela organização objeto de estudo. Para avaliação de uma organização do

mesmo porte da empresa avaliada, o autor sugere que seja realizada uma modificação no

MAIS para avaliar micro e pequenas empresas, pois a utilização do Método como forma de

avaliação da empresa mostrou seus benefícios ao trazer de forma clara a visualização dos

resultados obtidos com a avaliação.

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O segundo objetivo específico descrito foi à identificação do nível de RSE da

organização de acordo com o Método de Avaliação utilizado. A análise da organização foi

caracterizada como insustentável, onde de acordo com a tabela utilizada o desempenho da

empresa alcançou 116 pontos, dos 360 pontos possíveis pelo Método MAIS, conforme

demonstrado no quadro 3.7.

O terceiro objetivo específico descrito foi identificar os clientes, e questioná-los

sobre as suas expectativas sobre RSE da empresa objeto de estudo. Conclui-se que este

objetivo foi alcançado, primeiramente com a entrevista de 17 clientes da empresa, e

posteriormente com o relatório das entrevistas realizadas nas sessões 3.4.1.1, 3.4.3.1, 3.4.5.1 e

3.4.7.1. A percepção dos clientes obteve baixa pontuação para empresa, e completo

desconhecimento sobre indicadores de desempenho da organização e práticas de RSE

desenvolvidas pela empresa.

Cabe ressaltar que a coleta de dados através das entrevistas realizadas com os

clientes da organização foram realizadas por telefone, em que a compreensão de algumas

perguntas pode ter sido prejudicada por ter sido realizada a distância. Outro fato a ser

considerado é o baixo conhecimento dos clientes sobre a Responsabilidade Social,

diminuindo a compreensão dos clientes sobre os pontos avaliados.

O quarto objetivo específico descrito foi à sugestão de ações para melhoria do

desempenho sócio-econômico-ambiental da organização, com base nos resultados da

avaliação. O objetivo foi alcançado com as propostas para a organização descritas na sessão

3.5 do presente trabalho. A conclusão decorrente aponta para melhorias contratadas nas

quatro dimensões propostas pelo MAIS, já que a organização foi avaliada como insustentável.

Entretanto as dimensões Social e Ambiental obtiveram as menores pontuações, devendo então

ser priorizadas ações nestas áreas como forma de melhorar o desempenho global da

organização.

Com a análise dos objetivos específicos realizada, todos os objetivos foram

alcançados, acredita-se que o presente trabalho alcançou o objetivo geral, já que os objetivos

específicos são propostos com base no objetivo geral, que como descrito anteriormente

buscava avaliar e propor melhorias às práticas organizacionais da empresa de acordo com os

critérios de RSE. Na sessão 3.5 foram apresentadas propostas de melhoria às práticas

organizacionais, com base no referencial teórico descrito no capítulo 2 do presente trabalho.

Com relação ao problema de pesquisa apresentado, após a realização do trabalho a

empresa tem conhecimento do estágio das práticas de RSE na organização. E por fim a

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pergunta de pesquisa a avaliação da organização demonstra que as práticas de RSE ainda

precisam ser incorporadas pela empresa.

A seguir serão apresentadas as recomendações para trabalhos futuros em

organizações com a finalidade de avaliar a sustentabilidade organizacional.

4.2 Recomendações Para Trabalhos Futuros

Através do estudo realizado durante a realização do presente trabalho, surgiram

outros temas de pesquisa que o autor sugere como recomendações para trabalhos futuros,

serão descritos a seguir:

Avaliação da empresa com o MAIS comparando o resultado com opinião de

mais de um stakeholder (exemplo: clientes, colaboradores, fornecedores,

comunidade) da organização.

A avaliação global da empresa com a percepção dos stakeholders se torna

importante, visto que a análise completa incorpora todos os aspectos do ambiente no qual a

organização está inserida.

Avaliar a empresa considerando a avaliação da percepção de todos os clientes

da organização.

Ao entrevistar todos os clientes da organização, o resultado da pesquisa demonstrará

o perfil e a exigência destes de maneira generalizada. Poderá ser avaliado também o

conhecimento dos clientes sobre os critérios de RSE.

Avaliar uma organização com dois ou mais métodos de avaliação.

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A avaliação com mais de um método fornecerá uma análise ampla do desempenho da

organização, onde métodos de avaliação com diferentes finalidades demonstrarão qual

método tem mais utilidade e representa melhor as necessidades da empresa.

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131

ANEXO

Questionário utilizado na entrevista com os clientes

Olá Sr (a). _________________________

Meu nome é Gustavo eu estou ligando em nome da Cozinha da Edna. Estou realizando o

estágio obrigatório do curso de Administração da UNIVALI, e estou fazendo um trabalho de

campo para avaliar a sustentabilidade social da Cozinha da Edna. Nesta parte do trabalho

devo entrevistar alguns clientes, escolhidos aleatoriamente, para posteriormente confrontar

com os dados coletados da empresa. O senhor (a) poderia colaborar com pesquisa

respondendo o questionário.

Sustentabilidade Social

1. Como você avalia a geração de emprego e renda para os envolvidos no negócio da

empresa? (Geração de emprego e renda)

2. Como você avalia a ética organizacional da empresa? (Ética organizacional)

3. Como você avalia a participação da empresa em entidades de classe e de desenvolvimento

regional? (Participação em entidades de classe e de desenvolvimento regional)

4. Em sua relação comercial com a empresa, como percebe desenvolvimento de programas

para prevenção de acidentes e doenças para os envolvidos?(Programas de prevenção de

acidentes e doenças para os envolvidos)

5. Você percebe a capacitação e desenvolvimento das pessoas ligadas à empresa?

(Capacitação e desenvolvimento de pessoas)

6. A empresa desenvolve programas para a melhoria da qualidade de vida? (Programas para

a melhoria da qualidade de vida)

7. Você percebe o envolvimento da empresa em projetos sociais? (Projetos sociais)

8. A empresa utiliza sistema de trabalho socialmente aceitos? (Sistema de trabalho

socialmente aceitos)

9. A empresa mostra-se interessada em interagir com a sociedade que está inserida?

(Interação com a sociedade)

10. Na sua avaliação a empresa tem políticas de Responsabilidade Social e saúde e segurança

com as pessoas envolvidas nas suas atividades? (Políticas de Responsabilidade Social,

saúde e segurança)

Sustentabilidade Ambiental

11. Como você avalia a política de gestão ambiental da empresa? (Políticas de gestão

ambiental)

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12. Você percebe na empresa uma avaliação de aspectos e impactos ambientais do negócio?

(Avaliação de aspectos e impactos ambientais do negócio)

13. A empresa possui um plano de preparação para emergências divulgadas para os clientes?

(Preparação para emergências)

14. É do seu conhecimento o funcionamento das ações corretivas e preventivas da empresa?

(Ações corretivas e preventivas)

15. A empresa divulga para os clientes a avaliação do desempenho global das suas atividades?

(Avaliação do desempenho global)

16. A empresa possui uma avaliação de riscos dos negócios divulgados para os clientes?

(Avaliação de riscos)

17. A empresa possui uma avaliação de oportunidades de melhoria dos produtos? (Avaliação

de oportunidades)

18. Você percebe a preocupação da empresa em desenvolver estratégias para

desenvolvimento de tecnologias ecologicamente equilibradas? (Estratégias para

desenvolvimento de tecnologias ecologicamente equilibradas)

19. A empresa já divulgou uma análise do ciclo de vida de produtos e serviços prestados para

avaliação dos clientes? (Análise do ciclo de vida de produtos e serviços)

20. Você percebe a existência do controle nas atividades da empresa? (Controle operacional)

Sustentabilidade Econômica

21. Como você avalia a política de qualidade da empresa? (Política de qualidade)

22. Como a empresa divulga suas definições de metas e objetivos? (Definição de metas e

objetivos)

23. Alguma reclamação feita à empresa não foi solucionada após comunicado a mesma?

(Gestão de processos, produtos e serviços)

24. As reclamações feitas à empresa foram solucionadas dentro do prazo estipulado?

(Controle de não conformidades)

25. Você percebe a medição e monitoramento de processos e produtos da organização?

(Medição e monitoramento de processos, produtos e serviços)

26. Como você avalia a autoanálise da empresa em relação aos seus processos? (Auditorias e

análise crítica)

27. Você percebe na empresa a preocupação em administrar os riscos das atividades da

empresa? (Gerenciamento de riscos e crises)

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28. Você considera que a empresa possui uma infraestrutura adequada para o atendimento aos

clientes? (Infraestrutura adequada)

29. A empresa possui registros e documentação de períodos passados disponível para

atendimento? (Registros e documentação)

30. A empresa divulga uma avaliação dos resultados da organização? (Avaliação dos

resultados da organização)

Sustentabilidade cultural

31. Você percebe na empresa o incentivo a criatividade e a liderança? (Incentivo a

criatividade e liderança)

32. Como você avalia a geração de cultura organizacional nos processos da organização?

(Geração de cultura organizacional)

33. A empresa possui comunicações externas adequadas às necessidades dos clientes?

(Adequação das comunicações internas e externas)

34. Você percebe o comprometimento da organização na prestação do serviço contratado?

(Comprometimento da organização)

35. Você percebe a avaliação de fornecedores e do mercado para a melhoria dos produtos da

empresa? (Avaliação dos fornecedores e do mercado)

36. Você percebe que a empresa possui um processo de melhoria continua? (Melhoria

continua)

37. A empresa possui uma prática do exercício da cidadania organizacional divulgada pela

empresa? (Prática do exercício da cidadania organizacional)

38. A empresa divulgou a existência de código de conduta organizacional? (Existência de

código de conduta organizacional)

39. A empresa mostra estar envolvida em um processo de aprendizagem organizacional

constante? (Aprendizagem organizacional)

40. Como você avalia a imagem da organização? (Imagem da organização)

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134

DECLARAÇÃO DE CUMPRIMENTO DE CARGA HORÁRIA

A organização cedente de estágio Cozinha da Edna declara para os devidos fins, que

o estagiário Gustavo Fernandes Guidelli, aluno do Curso de Administração do Centro de

Ciências Sociais Aplicadas – CECIESA/Gestão da Universidade do Vale do Itajaí –

UNIVALI, de 19 de março de 2009 a 03 de novembro de 2009 cumpriu a carga horária de

estágio prevista para o período, seguiu o cronograma de trabalho estipulado no Projeto de

Estágio e respeitou as normas internas.

Balneário Camboriú, 03 de novembro de 2009.

____________________________

Wanderley Guidelli

Gerente – Supervisor de Campo

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135

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Gustavo Fernandes Guidelli

Estagiário

Wanderley Guidelli

Supervisor de campo

Prof. Alexandre de Ávila Leripio, Dr.

Orientador de estágio

Prof. Eduardo Krieger da Silva, MSc.

Responsável pelos Estágios em Administração