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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Química Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DE MOLÉCULAS ASFALTÊNICAS ORIUNDAS DE PETRÓLEOS PESADO E EXTRAPESADO Paula Gonçalves Prestes Fiorio Orientadores Maria José de Oliveira Cavalcanti Guimarães, D.Sc. Peter Rudolf Seidl, Ph.D. Março de 2015

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Page 1: AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DE MOLÉCULAS ASFALTÊNICAS ...€¦ · ii Fiorio, Paula Gonçalves Prestes. Avaliação da Estabilidade de Moléculas Asfaltênicas Oriundas de Petróleos

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Química

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de

Processos Químicos e Bioquímicos

AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DE MOLÉCULAS

ASFALTÊNICAS ORIUNDAS DE PETRÓLEOS

PESADO E EXTRAPESADO

Paula Gonçalves Prestes Fiorio

Orientadores

Maria José de Oliveira Cavalcanti Guimarães, D.Sc. Peter Rudolf Seidl, Ph.D.

Março de 2015

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Fiorio, Paula Gonçalves Prestes.

Avaliação da Estabilidade de Moléculas Asfaltênicas Oriundas de Petróleos Pesado e Extrapesado / Paula Gonçalves Prestes Fiorio. Rio de Janeiro, UFRJ/EQ, 2015.

xvi, 99f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Processos Químicos

e Bioquímicos) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Química, Rio de Janeiro, 2015.

Orientadores: Maria José de O. C. Guimarães e Peter Rudolf

Seidl. 1. Petróleo. 2. Asfaltenos. 3. Extração Seletiva. 4.

Caracterização. 5. Estabilidade – Dissertação. Guimarães, Maria José O. C. Seidl, Peter Rudolf (Orientadores). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos – TPQB/ Escola de Química. III. Título.

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Dedico esta Dissertação de Mestrado à minha família, amigos e a todas

as pessoas que estiveram presentes ao longo desta caminhada.

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“Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe provando o contrário”.

(Albert Einstein)

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Lúcia e Roberto, pelo amor, dedicação e incentivo ao longo de

todos esses anos.

Aos professores Maria José Guimarães e Peter Seidl pela orientação, atenção,

dedicação e pela oportunidade de realizar este trabalho.

À minha família e amigos pelo incentivo e apoio em cada momento dessa

caminhada.

A todos do laboratório de Materiais e Processos Químicos (LAMPEQ –

EQ/UFRJ), especialmente ao Nelson, Rafaela, Alex e Yasmin pelo auxílio na

realização deste trabalho e por todo momento de descontração. Um

agradecimento especial à Fernanda por toda a orientação dada ao longo desses

anos.

Ao CENPES pela bolsa de pesquisa concedida e pelo fornecimento das

amostras de resíduo de vácuo e petróleo utilizadas.

À professora Ana Lúcia Nazareth (IMA/UFRJ) pela realização das análises de

TG/DTG.

À professora Elizabete Lucas (IMA/UFRJ) por permitir o uso do equipamento de

Infravermelho Próximo (NIR).

À professora Kátia Zaccur (UFF) pela realização das análises de RMN 1H.

À professora Mariana Mattos (EQ/UFRJ) por permitir o uso do equipamento de

DRX.

Ao professor Osvaldo Carioca (UFC) por ter cedido as amostras de LCC.

À Dra. Sônia Cabral (CENPES) pela realização das análises de RMN 13C.

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Resumo da Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Química como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.).

AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DE MOLÉCULAS ASFALTÊNICAS ORIUNDAS DE PETRÓLEOS PESADO E EXTRAPESADO

Paula Gonçalves Prestes Fiorio

Março, 2015

Orientadores: Maria José O. C. Guimarães, D.Sc. Peter Rudolf Seidl, Ph.D.

Os asfaltenos estão entre os constituintes da fração pesada do petróleo que mais vêm despertando interesse e atenção mundialmente. Apresentam forte tendência à associação, formando complexos ou agregados capazes de dificultar o escoamento do óleo ou precipitar em equipamentos de processamento de petróleo, ocasionando perda na produtividade e aumento dos custos operacionais. A incorporação dos óleos não convencionais para os mercados de energia apresenta importantes desafios para a indústria do petróleo, exigindo crescentes investimentos em novas tecnologias. O uso de inibidores configura-se como um dos métodos mais eficazes para a prevenção da precipitação de asfaltenos, pois eles são capazes de impedir ou retardar a agregação dessas moléculas, estabilizando-as no óleo. Neste trabalho, asfaltenos provenientes de um resíduo de vácuo e de um petróleo extrapesado, foram extraídos, caracterizados e posteriormente submetidos a testes de estabilidade. A extração dos asfaltenos foi realizada pela metodologia padrão IP-143 e pela metodologia alternativa EQ/NP2. Os asfaltenos extraídos pelas diferentes técnicas foram caracterizados por Análise Elementar, RMN 1H, RMN 13C, TG/DTG, DRX e MEV, a fim de se estabelecer uma análise comparativa entre os dois métodos. Para a análise da estabilidade, um inibidor de deposição de asfaltenos sintetizado a partir de uma fonte renovável teve sua eficiência comparada frente a de dois inibidores comerciais. A eficiência de inibição foi avaliada utilizando as técnicas de Infravermelho Próximo (NIR) e Microscopia Óptica. Os asfaltenos extraídos e caracterizados pelas diferentes técnicas mostraram pequenas diferenças em composição e comportamento térmico semelhante. O inibidor sintetizado apresentou potencial para estabilização de moléculas asfaltênicas. Palavras-chave: petróleo, asfaltenos, extração seletiva, caracterização, estabilidade.

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Abstract of Master Thesis presented to Escola de Química/UFRJ as partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.).

EVALUATION OF ASPHALTENES MOLUCULES STABILITY EXTRACTED FROM HEAVY AND EXTRA-HEAVY OILS

Paula Gonçalves Prestes Fiorio

March, 2015

Research Advisors: Maria José O. C. Guimarães, D.Sc. Peter Rudolf Seidl, Ph.D.

Asphaltenes are among the constituents of the heavy oil fraction that have attracted more interest and attention worldwide. They have a strong tendency to form association complexes or aggregates that can obstruct the flow of oil or precipitate in petroleum processing equipment, resulting in lost productivity and increased operating costs. The incorporation of non-conventional oils for energy markets represents significant challenges for the oil industry, requiring increasing investments in new technologies. The use of inhibitors is one of the most effective methods of prevention of the precipitation of asphaltenes, since they are able to prevent or delay the aggregation of these compounds, stabilizing them in the oil. In this work, asphaltenes from a vacuum residue and an extra-heavy oil were extracted, characterized, and subsequently subjected to stability tests. The extraction was carried out by the IP-143 standard method and by the EQ/NP2 alternative method. The asphaltenes obtained by different techniques were characterized by Elemental Analysis, NMR 1H, NMR 13C, TG/DTG, XRD and SEM, in order to establish a comparative analysis between the two methods. For the analysis of stability, an inhibitor of asphaltene deposition, synthesized from a renewable source, had its efficiency compared against two commercial inhibitors. The inhibition efficiency was evaluated using Near Infrared (NIR) and Optical Microscopy techniques. Asphaltenes extracted and characterized by different techniques showed small differences in composition and similar thermal behavior. The inhibitor synthesized showed potential for stabilizing asphaltenic molecules. Keywords: petroleum, asphaltenes, selective extraction, characterization, stability.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANP Agência Nacional do Petróleo

ASTM American Society for Testing and Materials Standards

API American Petroleum Institute

CENPES Centro de Pesquisas da Petrobrás

Da Dalton

DRX Difração de Raios-X

EDS Espectroscopia de Energia Dispersiva

EQ/NPx Metodologia de Extração Seletiva naftênico-parafínico

GLP Gás Liquefeito do Petróleo

I-B1 Inibidor Comercial

I-N3 Inibidor Comercial

IP Institute of Petroleum of London

LCC Líquido da Casca da Castanha de Caju

LD-MS Espectrometria de Massas por Dessorção de Laser

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

NIR Espectroscopia no Infravermelho Próximo

RAT Resíduo Atmosférico

RMN C13 Ressonância Magnética Nuclear de Carbono

RMN H1 Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

RV Resíduo de Vácuo

SARA Saturados, Aromáticos, Resinas e Asfaltenos

SEC Cromatografia por Exclusão de Tamanho

TG/DTG Termogravimetria/Derivada da Termogravimetria

UV-Vis Espectroscopia de Ultravioleta Visível

VPO Osmometria de Pressão de Vapor

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ............................................................ 1

1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1

1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 3

1.2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................ 3

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................. 3

1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ................................................................. 4

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................ 5

2.1 PETRÓLEO ..................................................................................................... 5

2.1.1 DEFINIÇÃO E ORIGEM ........................................................................... 5

2.1.2 CONSTITUINTES DO PETRÓLEO ........................................................... 6

2.1.3 COMPOSIÇÃO DO PETRÓLEO ................................................................ 7

2.1.4 CLASSIFICAÇÃO DO PETRÓLEO ......................................................... 10

2.1.5 PETRÓLEOS NÃO CONVENCIONAIS ................................................... 12

2.2 ASFALTENOS ............................................................................................... 15

2.2.1 DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS ....................................................... 15

2.2.2 CARACTERIZAÇÃO DOS ASFALTENOS .............................................. 17

2.2.3 EXTRAÇÃO E OBTENÇÃO DE ASFALTENOS ................................... 22

2.2.4 AGREGAÇÃO DE ASFALTENOS ........................................................ 25

2.2.5 EVOLUÇÃO DOS MODELOS PARA ESTRUTURA MOLECULAR DE

ASFALTENOS .............................................................................................. 26

2.3 ESTABILIZAÇÃO DE ASFALTENOS ............................................................. 30

2.3.1 LÍQUIDO DA CASCA DE CASTANHA DE CAJU (LCC) ......................... 30

2.3.2 POLIMERIZAÇÃO DO LCC ................................................................... 34

2.4 DETERMINAÇÃO DO PONTO DE PRECIPITAÇÃO DE ASFALTENOS ....... 36

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA EXPERIMENTAL ................................................... 40

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS ............................................................................. 42

3.2 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS .................................................................... 43

3.3 METODOLOGIAS EMPREGADAS ................................................................ 44

3.3.1 EXTRAÇÃO DE ASFALTENOS ........................................................... 44

3.3.1.1 MÉTODO IP-143 .......................................................................... 44

3.3.1.2 MÉTODO ALTERNATIVO EQ/NPx .............................................. 47

3.3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS ASFALTENOS ........................................... 49

3.3.2.1 ANÁLISE ELEMENTAR .............................................................. 49

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3.3.2.2 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE HIDROGÊNIO E

CARBONO ............................................................................................. 50

3.3.2.3 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X ........................................................... 50

3.3.2.4 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TG/DTG) ........................... 51

3.3.2.5 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) .......... 51

3.3.3 SÍNTESE DA RESINA FENÓLICA A PARTIR DO LCC E PREPARO DA

FORMULAÇÃO DO INIBIDOR ..................................................................... 51

3.3.4 DETERMINAÇÃO DO INÍCIO DE PRECIPITAÇÃO DE ASFALTENOS 58

3.3.4.1 DETERMINAÇÃO DO INÍCIO DE PRECIPITAÇÃO DOS

ASFALTENOS POR ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO

PRÓXIMO (NIR) ..................................................................................... 54

3.3.4.2 DETERMINAÇÃO DO INÍCIO DE PRECIPITAÇÃO DOS

ASFALTENOS POR MICROSCOPIA ÓPTICA ....................................... 55

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................... 56

4.1 ANÁLISE DO TEOR DE ASFALTENO .......................................................... 56

4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS ASFALTENOS ..................................................... 58

4.2.1 ANÁLISE ELEMENTAR ....................................................................... 58

4.2.2 ESPECTROMETRIA DE RMN 1H ........................................................ 59

4.2.3 ESPECTROMETRIA DE RMN 13C ....................................................... 64

4.2.4 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (DRX) .......................................................... 68

4.2.5 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TG/DTG) ..................................... 72

4.2.6 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) .................... 76

4.3 AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DE SOLUÇÕES DE ASFALTENOS .......... 77

4.3.1 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO (NIR) ........... 77

4.3.2 MICROSCOPIA ÓPTICA ...................................................................... 82

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES ................................................................................. 85

CAPÍTULO 6 – SUGESTÕES .................................................................................... 87

CAPÍTULO 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 88

APÊNDICE ................................................................................................................. 97

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Molécula de saturados .................................................................... 8

Figura 2.2: Molécula de aromáticos .................................................................. 8

Figura 2.3: Molécula de resina .......................................................................... 8

Figura 2.4: Molécula de asfaltenos .................................................................... 9

Figura 2.5: Esquema de separação do petróleo em suas quatro frações

majoritárias ......................................................................................................... 9

Figura 2.6: (a) Estrutura representativa de uma molécula de asfalteno segundo

o modelo “Continental”; (b) Estrutura representativa de uma molécula de

asfalteno segundo o modelo “Arquipélago” ...................................................... 16

Figura 2.7: Característica molecular dos asfaltenos precipitados pela adição de

alcanos ............................................................................................................. 23

Figura 2.8: Principais modos de agregação de asfaltenos .............................. 26

Figura 2.9: Estado dos asfaltenos no petróleo de acordo com Pfeifer e Saal . 27

Figura 2.10: Estrutura hierárquica do asfalteno proposta por Yen .................. 28

Figura 2.11: Modelo modificado de Yen .......................................................... 30

Figura 2.12: Estrutura química dos principais constituintes do LCC ............... 31

Figura 2.13: Processo de descarboxilação do ácido anacárdico..................... 32

Figura 2.14: Reações de polimerização do LCC ............................................. 35

Figura 2.15: Curva típica de onset de precipitação de asfaltenos utilizando

Espectroscopia de UV-Visível .......................................................................... 37

Figura 2.16: Curva típica de onset de precipitação de asfaltenos utilizando

Espectroscopia de Infravermelho Próximo (NIR) ............................................. 38

Figura 2.17: Microscopia Óptica de: (a) Petróleo puro antes do início da

floculação; (b) Asfaltenos após o início de precipitação no petróleo ................ 39

Figura 3.1: Diagrama de blocos simplificado da metodologia empregada neste

trabalho ............................................................................................................ 41

Figura 3.2: Esquema da obtenção de asfaltenos pelo Método IP-143 ............ 42

Figura 3.3: Extração de asfaltenos pelo método IP-143 .................................. 46

Figura 3.4: Extração de asfaltenos pelo método EQ/NPx ............................... 49

Figura 3.5: Aparelhagem para síntese da resina de LCC .............................. 53

Figura 3.6: Sistema de titulação usando o NIR .............................................. 55

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xiii

Figura 4.1: Teores de asfaltenos obtidos pelas duas metodologias ............... 57

Figura 4.2: Molécula representativa de asfalteno com seus diferentes tipos de

hidrogênios ....................................................................................................... 59

Figura 4.3: Espectro de RMN 1H para os asfaltenos AA extraídos por IP-143 61

Figura 4.4: Espectro de RMN 1H para os asfaltenos AA extraídos por EQ/NP2

......................................................................................................................... 61

Figura 4.5: Espectro de RMN 1H para os asfaltenos AC extraídos por IP-143 62

Figura 4.6: Espectro de RMN 1H para os asfaltenos Ac extraídos por EQ/NP2

......................................................................................................................... 62

Figura 4.7: Percentuais dos diferentes hidrogênios obtidos para os asfaltenos

AA .................................................................................................................... 62

Figura 4.8: Percentuais dos diferentes hidrogênios obtidos para os asfaltenos

AC .................................................................................................................... 63

Figura 4.9: Espectro de RMN 13C para os asfaltenos AA extraídos por IP-143

......................................................................................................................... 65

Figura 4.10: Espectro de RMN 13C referente aos carbonos saturados para os

asfaltenos AA extraídos por IP-143 .................................................................. 66

Figura 4.11: Espectro de RMN 13C para os asfaltenos AA extraídos por

EQ/NP2 ............................................................................................................. 66

Figura 4.12: Espectro de RMN 13C referente aos carbonos saturados para os

asfaltenos AA extraídos por EQ/NP2 ................................................................ 67

Figura 4.13: Espectros de raios-X típicos de asfaltenos ................................. 68

Figura 4.14: Difratograma de raios-X para os asfaltenos AA para as técnicas

IP-143 e EQ/NP2 .............................................................................................. 69

Figura 4.15: Difratograma de raios-X para os asfaltenos AC para as técnicas

IP-143 e EQ/NP2 .............................................................................................. 70

Figura 4.16: Curva termogravimétrica dos asfaltenos AA para a técnica IP-143

......................................................................................................................... 71

Figura 4.17: Curva termogravimétrica dos asfaltenos AA para a técnica NP2 . 72

Figura 4.18: Curva termogravimétrica dos asfaltenos AC para a técnica IP-143

......................................................................................................................... 72

Figura 4.19: Curva termogravimétrica dos asfaltenos AC para a técnica NP2 73

Figura 4.20: Imagens de MEV para os asfaltenos AA: IP-143 ampliada 100x e

2000x ............................................................................................................... 75

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xiv

Figura 4.21: Imagens de MEV para os asfaltenos AA: EQ/NP2 ampliada 100x e

2000x ............................................................................................................... 75

Figura 4.22: Imagens de MEV para os asfaltenos AC: IP-143 ampliada 100x e

2000x ............................................................................................................... 76

Figura 4.23: Imagens de MEV para os asfaltenos AC: EQ/NP2 ampliada 100x e

2000x ............................................................................................................... 76

Figura 4.24: Avaliação da precipitação por NIR dos asfaltenos AA extraídos

por IP-143......................................................................................................... 78

Figura 4.25: Avaliação da precipitação por NIR dos asfaltenos AA extraídos

por EQ/NP2 ....................................................................................................... 79

Figura 4.26: Avaliação da precipitação por NIR dos asfaltenos AC extraídos

por IP-143......................................................................................................... 80

Figura 4.27: Avaliação da precipitação por NIR dos asfaltenos AC extraídos

por EQ/NP2 ....................................................................................................... 81

Figura 4.28: (a) Solução de asfaltenos AA extraídos por IP-143 antes do início

da floculação (ampliação de 100x); (b) Asfaltenos AA extraídos por IP-143 após

o início de precipitação (ampliação de 100x) ................................................... 83

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xv

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Frações típicas do petróleo ............................................................. 6

Tabela 2.2: Composição elementar de um óleo cru típico ................................. 7

Tabela 2.3: Composição química de um petróleo típico .................................. 10

Tabela 2.4: Critérios adotados para classificação do petróleo quanto ao grau

API ................................................................................................................... 11

Tabela 2.5: Classificação do petróleo .............................................................. 12

Tabela 2.6: Regiões de deslocamento químico de interesse em RMN 1H e

RMN 13C ........................................................................................................... 19

Tabela 2.7: Métodos de extração de asfaltenos .............................................. 24

Tabela 2.8: Evolução da ciência dos asfaltenos .............................................. 29

Tabela 2.9: Especificações do LCC ................................................................. 32

Tabela 2.10: Composição química do LCC natural e LCC técnico .................. 33

Tabela 2.11: Classificação do potencial de deposição de asfalteno de um

petróleo ............................................................................................................ 38

Tabela 3.1: Características das amostras RV- A e P-C ................................... 43

Tabela 3.2: Teor de asfaltenos obtidos segundo a norma ASTM 6560-00 ...... 47

Tabela 4.1: Análise elementar das frações de asfaltenos AA e AC ................. 58

Tabela 4.2: Deslocamentos químicos referentes às análises de RMN 1H ....... 59

Tabela 4.3: Deslocamentos químicos referentes às análises de RMN 13C ...... 65

Tabela 4.4: Resultados da análise de RMN 13C ............................................. 67

Tabela 4.5: Dados termogravimétricos de asfaltenos ...................................... 73

Tabela 4.6: Valores obtidos para onset dos asfaltenos AA e AC pela técnica de

Infravermelho Próximo ..................................................................................... 82

Tabela 4.7: Valores obtidos para onset dos asfaltenos AA e AC pela técnica de

Microscopia Óptica ........................................................................................... 83

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Parte deste trabalho foi apresentado nas seguintes reuniões científicas:

SILVA, F.B.; FIORIO, P.G.P.; GUIMARÃES, M.J.O.C.; SEIDL, P.R.

Análise do Desempenho de Inibidores para a Estabilização de Moléculas

Asfaltênicas. Rio Oil & Gas Expo and Conference, 2014.

FIORIO, P.G.P.; GUIMARÃES, M.J.O.C.; SEIDL, P.R. Estudo

Comparativo de Asfaltenos Oriundos de Petróleos Não Convencionais por

RMN H1. AUREMN - XIII Jornada Brasileira de Ressonância Magnética,

2014.

SILVA, F.B.; FIORIO, P.G.P.; GUIMARÃES, M.J.O.C.; SEIDL, P.R.

Análise de Asfaltenos Oriundos de Petróleos Não Convencionais. Rio Oil

& Gas Expo and Conference, 2012.

SILVA, F.B.; FIORIO, P.G.P.; GUIMARÃES, M.J.O.C; SEIDL, P.R.; LEAL,

K.Z.; YEN, A.T. Análise Estrutural de Diferentes Tipos de Asfaltenos

Utilizando RMN H1. AUREMN - XII Jornada Brasileira de Ressonância

Magnética, 2012.

SILVA, F.B.; FIORIO, P.G.P.; GUIMARÃES, M.J.O.C.; SEIDL, P.R.; LEAL,

K.Z. Comparative Study of Brazilian Heavy Oil by Proton Nuclear

Magnetic Resonance. AUREMN - 13th Nuclear Magnetic Resonance

Users Meeting, 2011.

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1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

1.1 INTRODUÇÃO

O petróleo é uma mistura complexa principalmente de compostos

orgânicos, sendo uma importante fonte não renovável de energia no mundo. A

produção de petróleo a nível mundial compreende uma proporção cada vez

maior de petróleos não convencionais, principalmente de óleos pesados e

extrapesados (SEIDL et al, 2010).

Os petróleos não convencionais são ricos em sistemas de anéis

poliaromáticos contendo heteroátomos e, frequentemente, grupos ácidos e

metais. Devido as suas propriedades composicionais, os requisitos

tecnológicos para a produção e refino desses petróleos são bem rígidos

(SANTOS, 2006).

Os óleos pesados diminuem a produção de destilados leves e favorecem

a produção de resíduos, pois apresentam uma maior quantidade de

hidrocarbonetos de elevada massa molar, heteroátomos, e uma maior

quantidade de metais contaminantes, concentrados principalmente nas frações

pesadas.

O grande desafio para a indústria de petróleo é refinar grandes

quantidades de óleos pesados, presentes em abundância nas jazidas

brasileiras, transformando-os em produtos mais leves e nobres. Dessa forma,

novas tecnologias estão sendo continuamente testadas, com o objetivo de

aumentar o fator de recuperação dos campos, melhorar a economia de

processos com vapor, minimizar a utilização de água e reduzir custos.

A incorporação dos óleos não convencionais para os mercados de

energia apresenta importantes desafios que exigem significativos

desenvolvimentos tecnológicos na cadeia produtiva. A baixa mobilidade e

capacidade de escoamento, assim como problemas associados à deposição de

compostos orgânicos e questões relacionadas à corrosão, são alguns dos

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2

fatores que limitam a viabilidade econômica do uso dos óleos não

convencionais. Contudo, com o declínio da produção dos óleos leves e médios,

tem surgido uma crescente demanda pelo uso de óleos pesados. A exploração

dessas reservas de petróleo de baixo grau API tem estimulado o interesse e o

estudo das suas frações pesadas, dentre as quais os asfaltenos.

Devido a sua forte tendência à associação, os asfaltenos são

importantes agentes formadores de depósitos. Mesmo em baixas

concentrações, essas moléculas apresentam tendência a agregar e precipitar.

A precipitação de asfaltenos pode causar diversos problemas à indústria do

petróleo, como a redução da permeabilidade da rocha reservatório e a

obstrução de linhas e tubulações de escoamento, comprometendo a eficácia

dos métodos de recuperação do óleo (ROGEL et al, 2001; GOUAL &

FIROOZABADI, 2002; SILVA et al, 2010).

Um dos métodos mais eficazes para prevenir e remediar a precipitação

de asfaltenos é o uso de inibidores, pois eles são capazes de impedir ou

retardar a agregação dessas moléculas. A função dos inibidores consiste em

peptizar os asfaltenos de forma a mantê-los em solução, estabilizando-os. A

eficiência desses inibidores depende basicamente da sua capacidade de

manter os asfaltenos estabilizados no óleo (FEUSTEL & PADILLA, 1997).

Diversos tipos de dispersantes têm sido utilizados para estabilizar e

dissolver os asfaltenos precipitados, além de limitar o seu crescimento coloidal.

A complexidade do óleo cru dificulta a solubilidade de algumas substâncias, e

isto se torna uma barreira na formulação e síntese de novos inibidores.

Os inibidores comerciais empregados atualmente são compostos de

origem fóssil, e alguns não são biodegradáveis. Com o estabelecimento da

Química Verde, tem havido uma crescente preocupação com o meio ambiente

e a busca por desenvolver produtos e tecnologias mais limpas com o propósito

de se alcançar a sustentabilidade.

Pesquisas focadas no desenvolvimento de inibidores de deposição

asfaltênica oriundos de fonte renovável apresentam grande vantagem

econômica uma vez que seu custo de produção é baixo, comparado à maioria

dos produtos comerciais mais elaborados usados como dispersantes. Outras

vantagens estão relacionadas à facilidade de manuseio e operação, não

causando prejuízos ao meio ambiente.

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3

O líquido da casca da castanha de caju (LCC) vem sendo utilizado na

indústria desde o século passado para a produção de resinas e materiais

poliméricos. Em função da natureza química de seus constituintes, rica em

componentes fenólicos aquil substituídos, o LCC revela-se com grande

potencial em integrar formulações de inibidores para estabilização de

asfaltenos.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL O trabalho teve como objetivo geral estudar o processo de extração,

caracterização e estabilização de asfaltenos oriundos de petróleo pesado e

extrapesado.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Extrair asfaltenos a partir de um resíduo de vácuo e de um petróleo

extrapesado por dois diferentes métodos de extração, o Método Padrão

IP-143 e o Método Alternativo EQ/NPx, e comparar a eficiência dos

mesmos.

Caracterizar os asfaltenos extraídos pelos diferentes métodos de

extração por Análise Elementar, Ressonância Magnética Nuclear de

Hidrogênio (RMN 1H) e de Carbono (RMN 13C), Difração de Raios-X

(DRX), Análise Termogravimétrica (TG/DTG) e Microscopia Eletrônica

de Varredura (MEV), a fim de se estabelecer uma análise comparativa

entre as diferentes técnicas.

Sintetizar uma resina fenólica a partir de uma fonte de matéria-prima

renovável para compor a formulação de um inibidor de deposição de

asfaltenos.

Avaliar a eficiência do inibidor sintetizado utilizando as técnicas de

Espectroscopia de Infravermelho Próximo (NIR) e Microscopia Óptica, e

comparar seu desempenho com inibidores comerciais.

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4

1.3 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em sete capítulos.

O capítulo 1, já apresentado, contém a introdução e os objetivos a serem

alcançados neste trabalho.

No capítulo 2 é apresentada uma revisão, abordando principalmente

conceitos sobre petróleo e seus constituintes, asfaltenos, suas características e

desafios, resinas fenólicas do tipo resol e técnicas de estabilização de

asfaltenos.

O capítulo 3 aborda a metodologia experimental empregada na extração

e caracterização dos asfaltenos, na síntese das resinas fenólicas, na

formulação do inibidor e nos ensaios de estabilidade dos asfaltenos.

O capítulo 4 apresenta e discute os resultados, enquanto que o capítulo

5 expõe as conclusões resultantes das análises dos mesmos.

As sugestões para continuação do trabalho encontram-se no capítulo 6 e

as referências bibliográficas no capítulo 7.

O Apêndice contém as Tabelas A.1 e A.2 com dados experimentais do

teor de asfaltenos para cada metodologia de extração, e a Tabela A.3 com

dados da análise de RMN 1H.

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5

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PETRÓLEO

2.1.1 DEFINIÇÃO E ORIGEM

O petróleo consiste em uma complexa mistura de ocorrência natural,

formada predominantemente por hidrocarbonetos e derivados orgânicos

compostos de nitrogênio, oxigênio, enxofre, e traços de componentes

metálicos, principalmente níquel e vanádio (SPEIGHT, 2006). É uma

substância oleosa, inflamável, menos densa que a água, com cheiro

característico e cor variando entre o negro e o castanho escuro (THOMAS,

2001).

Há diversas teorias sobre o surgimento do petróleo, porém a mais aceita

é a de que o petróleo é originado pela decomposição orgânica da matéria, em

adição da temperatura, da pressão, da oxidação e da presença de bactérias.

As formações mais antigas do óleo resultam de um lento processo de

decomposição de sedimentos e matéria orgânica marinha nas profundidades

de mares e lagos, acumuladas ao longo dos anos em rochas geradoras.

Devido às condições químicas favoráveis, essas deram origem a

hidrocarbonetos, na forma de óleo e gás.

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6

2.1.2 CONSTITUINTES DO PETRÓLEO

O petróleo é normalmente separado em frações de acordo com a faixa

de ebulição dos seus compostos. A Tabela 2.1 mostra as frações típicas que

são obtidas do petróleo.

Tabela 2.1: Frações típicas do petróleo (THOMAS, 2001)

Fração Temperatura de

Ebulição (°C)

Composição

Aproximada

Gás residual --- C1 - C2

Gás liquefeito de petróleo (GLP)

Até 40

C3 - C4

Gasolina 40 - 175 C5 - C10

Querosene 175 - 235 C11 - C12

Gasóleo leve 235 - 305 C13 - C17

Gasóleo pesado 305 - 400 C18 - C25

Lubrificantes 400 - 510 C26 - C38

Resíduo Acima de 510 C38+

As propriedades físicas e termodinâmicas do petróleo, bem como seu

comportamento, dependem principalmente de seus constituintes, das

quantidades relativas dos mesmos na mistura e das condições nas quais se

encontram.

Óleos provenientes de diferentes reservatórios de petróleo possuem

características distintas, podendo de acordo com as características geológicas

do local onde é extraído variar tanto a sua composição química quanto o seu

aspecto físico. Contudo, todos os petróleos produzem análises elementares

semelhantes à dada na Tabela 2.2.

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Tabela 2.2: Composição elementar de um óleo cru típico (THOMAS, 2001)

A alta porcentagem de carbono e hidrogênio existente no petróleo

mostra que os seus principais constituintes são os hidrocarbonetos. Os outros

constituintes aparecem sob a forma de compostos orgânicos contendo

heteroátomos, sendo os mais comuns o nitrogênio, o enxofre e o oxigênio.

Metais também podem ocorrer como sais de ácidos orgânicos (SPEIGHT,

2006).

2.1.3 COMPOSIÇÃO DO PETRÓLEO

As diferentes moléculas de hidrocarbonetos que conformam o petróleo

são agrupadas em quatro famílias: saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos.

Os saturados (Figura 2.1) compreendem os n-alcanos e seus derivados,

como o metano, etano, propano, etc. Eles são conhecidos como

hidrocarbonetos alifáticos (parafinas) e naftênicos (cicloparafinas). As parafinas

são moléculas não polares, de cadeias lineares e ramificadas, podendo ter um

ou mais anéis, principalmente de 6 átomos de carbono, ligados normalmente

por cadeias alifáticas. No óleo, a proporção dos saturados geralmente decresce

com o aumento da massa molecular das frações. Assim, os saturados são

encontrados principalmente nas frações mais leves dos óleos (SPEIGHT, 1999;

THOMAS, 2004).

Elemento % (m/m)

Carbono 83 a 87

Hidrogênio 11 a 14

Enxofre 0,06 a 8

Nitrogênio 0,11 a 1,7

Oxigênio 0,1 a 2

Metais (Fe, Ni, V, etc.) até 0,3

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Figura 2.1: Moléculas de saturados (THOMAS, 2004)

Os aromáticos (Figura 2.2) são moléculas altamente insaturadas e

polares, caracterizando-se por ter na sua estrutura pelo menos um anel

aromático. Os anéis aromáticos podem ter como substituintes cadeias

parafínicas e formar estruturas mistas. É frequente a classificação dos

aromáticos em mono, di, tri e poli aromáticos, dependendo do numero de anéis

aromáticos presentes na sua molécula (SPEIGHT, 1999; THOMAS, 2004).

Figura 2.2: Moléculas de aromáticos (THOMAS, 2004)

As resinas (Figura 2.3) são geralmente formadas por estruturas

aromáticas, naftênicas e algumas cadeias alquílicas, com presença de

heteroátomos (principalmente N, O ou S) que dão caráter polar à molécula

Segundo a definição por solubilidade, as resinas constituem a fração do óleo

solúvel em hidrocarbonetos leves, como o pentano e heptano, mas insolúvel no

propano líquido (SPEIGHT, 1999; THOMAS, 2004).

Figura 2.3: Molécula de resina (THOMAS, 2004)

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Os asfaltenos (Figura 2.4) apresentam estrutura similar a das resinas

mas com maior massa molecular. As resinas e os asfaltenos são as mais

complexas frações do petróleo bruto e concentram a maior parte do material de

alta ebulição, heteroátomos (N, O, S) e metais (SPEIGHT, 1999; THOMAS,

2004).

Figura 2.4: Molécula de asfalteno (THOMAS, 2004)

A Figura 2.5 mostra a separação do petróleo em suas quatro frações

majoritárias, análise conhecida como SARA e proposta por Aske (2001).

Figura 2.5: Esquema de separação do petróleo em suas quatro frações

majoritárias (ASKE, 2001)

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A Tabela 2.3 mostra a composição química de um petróleo típico:

Tabela 2.3: Composição química de um petróleo típico (THOMAS, 2001)

Grupos de componentes % em peso

Parafinas normais 14

Parafinas ramificadas 16

Parafinas cíclicas (naftênicas) 30

Aromáticos 30

Resinas e asfaltenos 10

2.1.4 CLASSIFICAÇÃO DO PETRÓLEO

Um dos métodos mais utilizados para classificar o petróleo é quanto à

sua densidade, segundo uma gradação que vai desde os óleos mais leves

(menos densos) até os óleos mais pesados (mais densos). Essa classificação é

convencionada de acordo com as normas do Instituto Americano de Petróleo

(API - American Institute of Petroleum), sendo por isso conhecida como grau

API. Quanto maior é o grau API de um petróleo, maior é o seu valor de

mercado, por se tratar de um óleo mais leve.

O grau API é calculado a partir da Equação 2.1, onde a gravidade

específica é a razão entre a densidade específica do material e a da água à

mesma temperatura (15,6°C) (SZKLO, 2005).

A Tabela 2.4 apresenta os critérios adotados para a classificação dos

petróleos quanto ao grau API.

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Tabela 2.4: Critérios adotados para classificação do petróleo quanto ao grau

API (ANP, 2013)

Classificação do Petróleo

°API

Extraleve > 40,0

Leve 40,0 > °API > 33,0

Médio 33,0 > °API > 27,0

Pesado 27,0 > °API > 19,0

Extrapesado 19,0 > °API > 15,0

Asfáltico < 15,0

Outro método para classificar os óleos tem por base o tipo de

hidrocarbonetos constituintes. De acordo com as frações que compõe cada

óleo, pode-se predizer sua composição bem como algumas de suas

propriedades físicas (THOMAS, 2004). A Tabela 2.5 apresenta os critérios

adotados para essa classificação e alguns exemplos de onde podem ser

encontrados.

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Tabela 2.5: Classificação do petróleo (THOMAS, 2001)

Classes Principais constituintes (% em

peso) Exemplos

Parafínica Parafinas > 75%

Asfaltenos < 10%

Incluem a maior

parte dos óleos

produzidos no

Nordeste brasileiro

Parafino-naftênica

Parafinas 50 – 70%

Naftênicos > 20%

Resinas e Asfaltenos 5 – 15%

Incluem a maior

parte dos óleos

produzidos na

Bacia de Campos

Naftênica Naftênicos > 70%

Encontrados na

Rússia e no Mar do

Norte

Aromática

intermediária

Aromáticos >50%

Asfaltenos 10 – 30%

Encontrados no

Oriente Médio e

Venezuela

Aromático-naftênica Naftênicos > 35%

Resinas e Asfaltenos > 25%

Encontrados na

África Ocidental

Aromático-asfáltica Resinas e Asfaltenos > 35%

Encontrados no

Canadá Ocidental,

Venezuela e Sul

da França

2.1.4 PETRÓLEOS NÃO CONVENCIONAIS

A redução da disponibilidade de petróleos convencionais (considerados

leves, de baixa viscosidade e de densidade baixa e média), vem provocando

um aumento contínuo na demanda por petróleos mais pesados no mercado

internacional.

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13

Os óleos chamados de não convencionais podem ser definidos como

aqueles que são comumente explorados e produzidos fora das condições

tecnológicas usuais, a custos mais elevados, de qualidade inferior, e

explorados em áreas de difícil acesso ou remotas. Podem der divididos em três

grupos:

2.1.4.1 Óleos pesados a extrapesados

Estes óleos são assim definidos por apresentarem alta densidade, baixo

grau API, em geral abaixo de 20°, e baixo fator de recuperação. Ocorrem

principalmente em profundidades rasas nas margens de bases de produção,

sob a forma de xisto betuminoso, areias betuminosas e óleos pesados.

Dentre os principais países produtores atuais estão a Venezuela, os

EUA, o Canadá, o Iraque, o México e os países da ex-União Soviética

(ROGNER, 2000).

2.1.4.2 Óleos de grandes profundidades

Inicialmente somente eram desenvolvidos projetos de exploração em

águas rasas devido às restrições impostas pelas plataformas fixas. No entanto,

os limites de lâmina d'água foram progressivamente aumentados pelo emprego

de unidades flutuantes de exploração e produção.

Ao contrário dos processos convencionais, a exploração em águas

profundas exige ao máximo as habilidades tecnológicas e operacionais nas

atividades de E&P, operam com unidades flutuantes, as técnicas de

recuperação são limitadas, além da exploração se encontrar em um estágio

menos maduro. Todos estes aspectos aumentam os riscos e as incertezas

(HENRIQUES JÚNIOR et al, 2007).

As principais prospeções em águas profundas têm ocorrido no Brasil,

Angola, Golfo do México e Nigéria.

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14

2.1.4.3 Óleos de regiões polares

As regiões polares são excluídas do domínio convencional devido às

condições climáticas hostis e à dificuldade de acesso à região. Em termos

geológicos, no entanto, estas regiões não são muito promissoras, com exceção

do campo de Prudhoe no Alaska, que está praticamente esgotado

(MALAGUETA, 2009).

A elevada viscosidade dos óleos pesados (de 100 a 10000 vezes a

viscosidade da água, na superfície), torna difícil e cara e muitas vezes

inviabiliza sua produção, etapa que consiste na movimentação do óleo desde o

reservatório até a superfície. Essa combinação de baixo valor comercial e alto

custo de produção (quando viável), explica porque a produção dos óleos

convencionais, mais leves e menos viscosos, tem predominado ao longo de

toda a história da indústria do petróleo (SILVA et al, 2012).

Além do baixo grau API, os óleos pesados podem apresentar alta acidez

naftênica, alto teor de enxofre, alto teor de naftênicos/aromáticos e ainda alto

teor de nitrogênio, características que trazem dificuldades no processamento

(HENRIQUES JÚNIOR et al, 2007).

Toda a cadeia produtiva de um óleo não convencional é geralmente

mais complexa e cara, resultado das condições de exploração e produção, e

das características físico-químicas destes óleos. Estas características afetam o

processamento em refinarias, exigindo maiores custos de capital e também

uma operação mais complexa.

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15

2.2 ASFALTENOS

2.2.1 DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS ASFALTENOS

Os asfaltenos são complexas misturas de moléculas compostas de anéis

poliaromáticos condensados, cadeias alifáticas, anéis naftênicos,

heteroátomos, como o nitrogênio, oxigênio, enxofre, e metais como o ferro e o

vanádio (MURGICH, 2002). Correspondem as frações insolúveis em

hidrocarbonetos parafínicos, como n-heptano, mas solúvel em hidrocarbonetos

aromáticos, como tolueno (MULLINS et al, 2003; SPEIGHT, 2006).

A composição química da fração de asfaltenos não é totalmente

conhecida, mas são geralmente tratados como estruturas de alta massa molar,

tipicamente entre 500 e 1500 g/mol, nas quais predominam anéis aromáticos

condensados, com substituições naftênicas e alquílicas, heteroátomos

(nitrogênio, oxigênio e enxofre) e compostos metálicos (níquel, vanádio, ferro)

que podem estar dispersos por toda a molécula (LEON, 2001; MURGICH, et al,

1999).

Speight (2006) estudou a composição elementar de 57 tipos de

asfaltenos de diferentes países e observou que normalmente as quantidades

de carbono e hidrogênio variam numa faixa estreita, 79-88% e 7,4-11%

respectivamente, com relações H/C entre 1,00 e 1,56. Para os heteroátomos, a

maior variação entre os diferentes tipos de óleos encontra-se no conteúdo de

oxigênio e enxofre, em que o oxigênio varia entre 0,3 e 4,9% e o enxofre entre

0,3 e 9,7%. O nitrogênio apresenta uma variação entre 0,6 e 3,3%.

O modelo molecular dos asfaltenos sempre foi um tópico de grande

discussão entre os pesquisadores. A maior parte dos estudos relacionados

concorda que eles são compostos de estruturas aromáticas, havendo, no

entanto, uma controvérsia no que se refere à forma como estas estruturas se

agrupam e o tamanho do sistema de anéis aromáticos. Até hoje a estrutura

química dos asfaltenos não foi completamente elucidada, existindo na literatura

dois modelos propostos para descrever a estrutura molecular dominante dos

asfaltenos, o do tipo “continental” e o do tipo “arquipélago”, ilustrados na Figura

2.6.

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16

Figura 2.6: (a) Estrutura representativa de uma molécula de asfalteno segundo

o modelo “Continental”; (b) Estrutura representativa de uma molécula de

asfalteno segundo o modelo “Arquipélago” (KELLAND, 2009)

O modelo “continental” propõe a existência de um grande núcleo

aromático condensado, com massa molecular na faixa de 500 a 1000 g/mol,

aos quais se ligam diversos grupos alifáticos e alguns anéis naftênicos

(GROENZIN & MULLINS, 2000). Já o modelo “arquipélago” propõe estruturas

baseadas em pequenos agrupamentos de aromáticos e naftênicos, unidos por

cadeias alquilas, contendo possivelmente pontes polares de heteroátomos

(MURGICH et al, 1999, SPEIGHT, 2006). Estudos recentes (MULLINS, 2010;

MULLINS et al, 2012; RAMÍREZ & MORALES, 2013) indicam que a estrutura

molecular dominante para moléculas de asfaltenos é do tipo “continental” com

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17

um sistema de anel aromático por molécula, sendo a massa molar mais

provável é de aproximadamente 750 g/mol.

Há muita controvérsia na literatura em relação à massa molar dos

asfaltenos (SPEIGHT, 2006; ROGEL & CARBOGNANI, 2006; MULLINS et al

2007; MULLINS et al 2008), não somente pelas amplas faixas obtidas, mas

também pelos métodos e os solventes empregados durante a sua medição. A

dificuldade na determinação da massa molar dos asfaltenos se dá devido à

natureza complexa do asfalteno, mas também ao fato deles apresentarem

tendência em se associar, formando agregados com outras moléculas de

asfalteno, o que gera valores de massa molecular do agregado, e não do

asfalteno isolado (RIVAS, 1995; YARRANTON et al, 2000).

Devido à forte tendência à associação, os asfaltenos são importantes

agentes formadores de depósitos. Mesmo em baixas concentrações,

apresentam tendência a agregar e precipitar, ocasionando vários danos à

indústria do petróleo, como a redução da permeabilidade da rocha reservatório

e a obstrução de linhas e tubulações de escoamento, comprometendo a

eficácia dos métodos de recuperação do óleo (ROGEL et al, 2001; GOUAL &

FIROOZABADI, 2002; SILVA et al, 2010).

Os asfaltenos também podem formar coque quando aquecidos e

concentrar heteroátomos, podendo desativar os catalisadores utilizados nos

processos de conversão (CALEMMA et al, 1998; ANCHEYTA et al, 2010).

Atualmente já se sabe que o teor total de asfaltenos no óleo não é um bom

parâmetro para avaliar a forma como irão afetar o comportamento dos

catalisadores, porém a análise de suas propriedades tornou-se essencial para

que se possa antecipar a extensão dos problemas que eles podem ocasionar

(LEYVA et al, 2013).

2.2.2 CARACTERIZAÇÃO DOS ASFALTENOS

Pesquisadores têm dado muita atenção para a determinação das

propriedades físicas, químicas e estruturais dos asfaltenos utilizando uma

grande variedade de técnicas de caracterização convencionais e avançadas

(LEYVA et al, 2013). Diversas estruturas químicas têm sido propostas para os

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18

asfaltenos baseadas em métodos físicos, como as técnicas de Infravermelho,

Ressonância Magnética Nuclear de 1H e de 13C, Raios-X, Espectroscopia de

Massa, Ultracentrifugação, Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV),

Osmometria de Pressão de Vapor, Cromatografia por Exclusão de Tamanho

(SEC), Análise Termogravimétrica (TGA/DTG), Análise Elementar, Absorção

Atômica, dentre outras.

A caracterização permite a obtenção de informações detalhadas da

composição química e estrutural, dos tipos de hidrocarbonetos presentes e dos

parâmetros estruturais médios da fração estudada. Em geral, o objetivo de

cada estudo tem uma preocupação em se revelar a massa molar das frações

asfaltênicas. Parte deste desafio deve-se ao fato dos asfaltenos serem

definidos com base numa classe de solubilidade, e não de um componente

puro.

As técnicas de caracterização utilizadas neste trabalho estão descritas a

seguir.

Análise Elementar

A análise elementar é um método analítico usado para determinação de

proporções de cada elemento - carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, etc -

presentes em uma molécula. A medição no equipamento ocorre da seguinte

forma: a amostra é oxidada à temperatura de 900 a 1200°C na presença de

excesso de oxigênio, produzindo dióxido de carbono, monóxido de carbono,

água, nitrogênio elementar e óxidos de nitrogênio. Os gases formados são

homogeneizados em uma câmara de mistura, sendo em seguida

despressurizados e arrastados por um jato de gás inerte de alta pureza (hélio

ou argônio são os mais comuns) através de uma coluna de separação, onde

são separados e analisados ao passar por três detectores de condutividade

térmica de precisão (THOMPSON, 2008). A análise elementar permite a

determinação da relação H/C ou C/H, o que conduz ao grau de insaturação da

amostra (QUINTERO, 2009; SPEIGHT, 2006).

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19

Ressonância Magnética Nuclear (RMN)

A Ressonância Magnética Nuclear (RMN) fornece importantes aspectos

da caracterização estrutural das moléculas. A técnica parte do princípio de que

os núcleos possuem momento dipolo magnético não nulo (spin ≠ 0), de forma

que a aplicação de um campo magnético afete os níveis de energia de spin,

permitindo observar, em ressonância, os espectros resultantes das transições

entre estes níveis (DONOSO, 2003).

Quando a amostra é submetida a um campo magnético intenso, os

núcleos de hidrogênio (H) e carbono (C) entram em ressonância com a

radiofrequência aplicada a esta amostra, que absorve a energia

eletromagnética em frequências características para cada núcleo da molécula

que está sendo analisada. É então registrado um espectro de radiofrequência

versus absorção.

Os espectros de RMN por si só não apresentam informações suficientes

para que um composto orgânico seja identificado, sendo necessárias outras

técnicas complementares, como infravermelho e espectrometria de massas. A

Tabela 2.6 mostra as diferentes regiões de deslocamento para RMN 1H e RMN

13C.

Tabela 2.6: Regiões de deslocamento químico de interesse em RMN 1H e

RMN 13C (HASSAN et al, 1983)

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20

A ressonância magnética nuclear é uma técnica já consolidada pela

literatura para a caracterização de moléculas de asfaltenos, fornecendo

parâmetros moleculares confiáveis sobre as características dos anéis

aromáticos e as cadeias alifáticas dessas estruturas (SPEIGHT, 1999).

Análise Termogravimétrica (TG/DTG)

A termogravimetria (TG) ou análise termogravimétrica baseia-se no

estudo da variação de massa de uma amostra, resultante de uma

transformação física ou química, em função da temperatura ou do tempo. A

amostra pode sofrer um aquecimento ou resfriamento a uma razão pré-

definida, ou pode ser mantida a uma temperatura constante.

Para uma melhor avaliação e visualização das curvas de TG, foram

desenvolvidos instrumentos capazes de registrar automaticamente a derivada

dessas curvas. A curva de DTG permite a determinação rápida da temperatura

em que a velocidade de decomposição é máxima. É possível também, com o

auxílio das curvas de DTG, determinar variações de massa em reações que se

sobrepõem, o que seria muito difícil observar apenas com as curvas de TG

(MOTHÉ & AZEVEDO, 2002).

Dentre as aplicações da termogravimetria estão a determinação do teor

de voláteis e cargas em materiais poliméricos e a determinação da umidade,

voláteis e teor de resíduos em materiais inorgânicos. A decomposição térmica

de petróleo tem recebido atenção dos pesquisadores e, por isso, vem sendo

estudada por análise térmica.

Difração de Raios-X (DRX)

A espectroscopia de raios-X baseia-se em medidas de emissão,

absorção, espalhamento, fluorescência e difração da radiação eletromagnética.

Quando a radiação X passa por uma amostra, o vetor elétrico da radiação

interage com os elétrons para produzir espalhamento. O processo de difração

resulta do espalhamento dos raios-X pelo ambiente ordenado em um cristal, e

das interferências construtivas e destrutivas entre os raios espalhados, dado

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21

que as distâncias entre os centros de espalhamento são da mesma ordem de

grandeza de comprimento de onda da radiação (SKOOG et al, 2009).

Quando um feixe de raios-X incide na superfície de um cristal a um

ângulo θ, parte dele é espalhado pela camada de átomos na superfície,

enquanto a parte não-espalhada penetra na segunda camada de átomos.

Assim, novamente uma fração é espalhada e o restante passa para a terceira

camada e assim sucessivamente. O efeito cumulativo desses centros de

espalhamento regularmente espaçados no cristal é a difração do feixe, da

mesma forma como a radiação visível é difratada por uma rede de reflexão

(SKOOG et al, 2009).

A análise por difração de raios-X de asfaltenos fornece parâmetros

estruturais importantes como a distância média intercadeia do agregado de

asfaltenos, distância interlaminar e fator de aromaticidade, etc (QUINTERO,

2009).

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

A técnica de Microscopia Eletrônica de Varredura permite observar a

morfologia da superfície dos materiais por meio de imagens, tendo se tornado

uma importante ferramenta em diversas áreas onde haja a necessidade de

observações microestruturais.

O princípio de funcionamento do MEV consiste em utilizar um feixe de

elétrons de pequeno diâmetro para explorar a superfície da amostra, ponto a

ponto, por linhas sucessivas e transmitir o sinal do detector a uma tela catódica

cuja varredura está perfeitamente sincronizada com aquela do feixe incidente.

O sinal de imagem resulta da interação do feixe incidente com a superfície da

amostra. Elétrons que elasticamente saem da superfície são chamados de

elétrons retroespalhados ou primários.

A intensidade do sinal de retroespalhamento para uma dada energia do

feixe de elétrons depende do número atômico do material (quanto maior

número atômico maior a intensidade do sinal). Este fato distingue as fases de

um material de composição química diferente. Os elétrons arrancados dos

átomos da amostra pela ação do bombardeio de elétrons do feixe primário são

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22

chamados de elétrons secundários. Estes elétrons fornecem informações sobre

a composição e topografia da superfície (VIEIRA, 2010).

Atualmente, a maioria dos equipamentos de MEV tem acoplados

detectores de raios-X, sendo que devido à confiabilidade e facilidade de

operação, a maioria faz uso dos detectores de EDS – Espectroscopia de

Energia Dispersiva (CELIS, 2011).

2.2.3 EXTRAÇÃO E OBTENÇÃO DE ASFALTENOS

Os asfaltenos podem ser extraídos do óleo cru ou de resíduos da

destilação atmosférica (RAT) ou destilação a vácuo (RV).

É conhecido que o rendimento dos asfaltenos depende de fatores como

temperatura, pressão, razão amostra/solvente, desempenho das etapas de

preparação como filtração, repetidas lavagens dos asfaltenos precipitados com

solventes e secagem. Por isso, muitos estudos ainda são dedicados à

elaboração de procedimentos padronizados para extração de asfaltenos a

partir de óleos (SHKALIKOV et al, 2010).

As subclasses de asfaltenos mais relatadas na literatura são as obtidas

por n-pentano, designada de C5, e n-heptano, designada de C7. A fração

solúvel nesses solventes é chamada de maltenos.

A Figura 2.7 mostra o diagrama hipotético que representa as

características dos asfaltenos precipitados em C5 e C7, onde pode-se observar

que a massa molar, a polaridade e aromaticidade dos precipitados de

asfaltenos geralmente aumentam com o número de carbonos do alcano

utilizado na precipitação (MAIA FILHO, 2010). Pode-se concluir que,

aumentando-se a cadeia do floculante, precipita-se uma menor quantidade de

asfaltenos, com maior polaridade e maior massa molar (LIMA et al, 2010;

PACHECO, 2009).

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23

Figura 2.7: Característica molecular dos asfaltenos precipitados pela adição de

alcanos (LONG, 1981).

Além da metodologia padrão IP-143 (ASTM 6560-00), outras técnicas

alternativas têm sido utilizadas por diferentes autores para a extração e

caracterização de frações asfaltênicas. A Tabela 2.7 apresenta alguns dos

métodos reportados na literatura para a extração de asfaltenos.

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24

Tabela 2.7: Métodos de extração de asfaltenos (CENTENO et al, 2004)

Método Agente

Precipitante Aquecimento

mL de floculante/ g de amostra

Metodologia

ASTM D893

n-pentano comercial

65±5°C. Filtrar os sólidos usando

150mL de pentano à temperatura

ambiente

10

Centrifugar a 600-700 rpm por 20 min. Decantar até que sobre somente 3 mL

de solução no tubo. Centrifugar novamente sob

as mesmas condições. Secar a ±105° por 30 min.

ASTM D2006 n-pentano comercial

Não requer tratamento

50

Deixar em repouso durante 15 hs, filtrar e lavar com 10

ml de pentano por três vezes.

Syncrude

n-pentano de grau analítico; benzeno de

grau comercial

Aquecer para dissolver se

for necessário

40mL de n-pentano; 1mL de benzeno

Dissolver em benzeno, adicionar n-pentano e

agitar por 5 min. Deixar em repouso por 2 hs. Filtrar a

vácuo. Lavar a matriz onde se fez a o teste. Secar a

105°C.

ASTM D2007 n-pentano comercial

Requer aquecimento para dissolver

10

Adicionar n-pentano e agitar bem. Aquecer por alguns segundos até a dissolução. Deixar em

repouso por 30 min. Lavar com 10-20 mL de n-

pentano.

IP-143

n-heptano;

tolueno Requer refluxo

100

Adicionar n-heptano e refluxar durante 1 h.

Resfriar durante 1,5-2,5 h. Filtrar sobre papel

Whatman nº 42. Secar o papel de filtro com n-

heptano quente durante 1 h. Refluxar com 30-60 mL de tolueno até os sólidos obtidos serem dissolvidos

completamente. Evaporar o tolueno em um banho de água. Secar a 100-110°C

por 30 min.

ASTM D3279 n-heptano com

pureza maior que 99%

Requer refluxo

100

Adicionar n-heptano e refluxar durante 1 h. esfriar durante 1 h. Filtrar a vácuo.

Lavar com 10 mL de heptano por três vezes.

Secar a 107°C durante 15 min.

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25

2.2.4 AGREGAÇÃO DE ASFALTENOS

A agregação se processa através da associação das partículas de

asfaltenos e, devido ao consequente crescimento dos agregados, leva à

precipitação. O poder solubilizante da fase líquida em relação aos asfaltenos se

torna insuficiente para mantê-los em solução e as partículas de asfaltenos

passam, então, de um estado de aglomeração, ao estado de grãos de

precipitado, cujo diâmetro médio é superior, com cerca de 3 μm.

A agregação ou não dos asfaltenos depende da interação entre os

núcleos aromáticos das moléculas de asfaltenos e/ou da presença de grupos

polares. O mecanismo mais plausível de agregação envolve interações –

entre aromáticos, pontes de hidrogênio entre grupos funcionais e outras

interações envolvendo transferência de carga. Ainda não está claro qual é o

mecanismo que leva os asfaltenos a se agregarem, mas a teoria mais aceita é

a que considera a existência de forças de atração entre os centros dos anéis

aromáticos que promovem a agregação (SPIEKER et al, 2003).

Os múltiplos modos de interação dos agregados de asfaltenos, tais

como empilhamento de anéis aromáticos, ligação hidrogênio, interação ácido-

base, interação hidrofóbica e ligação metálica são mostrados na Figura 2.8.

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26

Figura 2.8: Principais modos de agregação de asfaltenos (GRAY, 2011)

2.2.5 EVOLUÇÃO DOS MODELOS PARA ESTRUTURA MOLECULAR

DOS COMPONENTES DO PETRÓLEO

Para resolver os diversos problemas que os asfaltenos ocasionam é

necessária a compreensão da complexa estrutura destes compostos no

petróleo. Ao longo dos anos, foram estudadas as características e

propriedades dos asfaltenos como também foram propostos diversos modelos

que explicassem a forma de agregação destes compostos.

Modelo de Pfeifer e Saal (1939)

Um dos primeiros modelos propostos como uma tentativa de se elucidar

o comportamento dos asfaltenos no óleo foi desenvolvido em 1939 por Pfeifer e

Saal. De acordo com este modelo (Figura 2.9), os asfaltenos coexistem e

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27

interagem com macromoléculas presentes no petróleo formando um núcleo de

micelas estabilizadas, processo conhecido por peptização.

Esse processo se dá devido à elevada polidispersão dos asfaltenos, que

garante o início da formação de nanoagregados de asfaltenos a partir das

frações moleculares menos solúveis, enquanto que as frações mais solúveis

(resinas) garantem a finalização do crescimento do nanoagregado gerando,

portanto, uma suspensão coloidal estável (GARRETO, 2011).

O modelo de Pfeifer e Saal tem sido bastante questionado pelos

pesquisadores, uma vez que até hoje não foi comprovado o fato de que as

resinas são responsáveis pela dispersão dos asfaltenos no óleo.

Figura 2.9: Estado dos asfaltenos no petróleo de acordo com Pfeifer e Saal

(MULLINS, 2010)

Modelo YEN (1960)

Teh Fuh Yen revolucionou o campo de estudo de asfaltenos ao

apresentar um trabalho no qual foram consideradas as propriedades das

estruturas de asfaltenos em diferentes escalas e ordens de grandeza. Segundo

este modelo (Figura 2.10), as resinas proporcionariam uma espécie de

peptização dos asfaltenos, mantendo-os dispersos. Estes complexos

asfaltenos-resinas teriam por sua vez uma concentração crítica, acima da qual

formariam agregados ainda maiores (DICKIE & YEN, 1967).

Por considerar propriedades estruturais de fases distintas de asfaltenos,

o modelo de Yen foi muito utilizado nos últimos 40 anos. Contudo, no momento

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28

em que o modelo de Yen foi proposto, havia inúmeras incertezas em relação à

massa molecular dos asfaltenos. Os cientistas não só discordavam uns dos

outros quando se tratava da ordem de grandeza dessa propriedade, como

eram poucos que chegavam a um valor fixo para a mesma (MULLINS, 2010).

Figura 2.10: Estrutura hierárquica do asfalteno proposta por Yen (MULLINS,

2010)

A ciência dos asfaltenos evoluiu bastante nos últimos anos, conforme

mostra a Tabela 2.8.

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29

Tabela 2.8: Evolução da ciência dos asfaltenos (MULLINS, 2010)

Barreira Científica Faixa de valores

em ~ 1998 Valores em 2009

Determinação da

massa em 2009

Massa molecular dos

asfaltenos

Menos que 1000

a 1000000000 Da 750 Da 400-1000

Número de Hidrocarbonetos

Policíclicos Aromáticos

(PAHs) em uma molécula de

asfalteno

1-20 1 é dominante

Pequena fração molar com

0,2,3 etc sistemas de anéis

Número de anéis fundidos

por PAH de asfalteno 2-20 7 -

Número de empilhamento de

PAHs no nanoagregado de

asfalteno

Desconhecido 1 4-10

Número de agregação dos

nanoagregados 10-100 < 10 4-10

Concentração Crítica de

Nanoagregados de

asfaltenos

50 mg/L – 5 g/L 100 mg/L 50-150 mg/L

Concentração de formação

de cluster Desconhecido ~ 3g/L 2-5 g/L

Tamanho do cluster Desconhecido 6 nm para clusters

menores

Provavelmente também

clusters maiores

dependentes de

temperatura e concentração

Papel das resinas nos

nanogregados de asfalteno Nenhum

~15% dos

nanoagregados

do óleo bruto são

resinas; resinas

não surfactantes.

-

Relação de nanogregado

para cluster Desconhecido

Clusters

consistem de

nanoagregados

-

Relação de nanoagregados

em tolueno e no óleo Desconhecido

Bastante similar

em tamanho e

composição

-

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30

Modelo YEN modificado

Diante da grande evolução na ciência dos asfaltenos, um novo modelo

foi proposto por Mullins (2010), considerando diversas modificações que foram

realizadas ao longo dos anos. O modelo modificado de Yen trata das estruturas

e propriedades dos asfaltenos de forma hierárquica. São três componentes que

compreendem o modelo: a estrutura da molécula de asfalteno, os

nanoagregados de moléculas de asfaltenos e os clusters de nanoagregados de

moléculas de asfaltenos (MULLINS, 2010).

A estrutura molecular do asfalteno contém um hidrocarboneto policíclico

aromático rodeado por alcanos em sua periferia. Essas moléculas se juntam

para formar nanoagregados de asfaltenos com um número de agregação

próximo de 6. Os nanoagregados por sua vez, podem formar clusters de

nanoagregados, com um número de agregação próximo de 8. A Figura 2.11

ilustra esse modelo.

Figura 2.11: Modelo modificado de Yen (MULLINS, 2010)

2.3 ESTABILIZAÇÃO DE ASFALTENOS

2.3.1 LÍQUIDO DA CASCA DA CASTANHA DE CAJU – LCC

O líquido da casca da castanha de caju (LCC) é uma fonte natural de

compostos fenólicos de cadeia longa e insaturada (KUMAR et al, 2002). É um

líquido viscoso, castanho escuro, constituído quase que completamente por

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31

compostos fenólicos: um derivado do ácido salicílico (o ácido anacárdico), dois

derivados do resorsinol (o cardol e o 2-metil-cardol) e um monofenol (o

cardanol).

Todos estes compostos possuem uma cadeia lateral de 15 átomos de

carbono, meta substituída no anel aromático. As estruturas químicas desses

compostos podem ser vistas na Figura 2.12.

Figura 2.12: Estrutura química dos principais constituintes do LCC

(MAZZETTO et al, 2009)

Obtido durante o processo de tratamento das castanhas de caju, o LCC

é uma matéria-prima versátil para uma série de transformações químicas,

devido à natureza dualística dos seus lipídeos fenólicos constituintes: caráter

aromático, associado à existência de diversos grupos funcionais no anel

aromático e presença de múltiplas insaturações na cadeia acíclica (SANTOS,

2005).

Por estas características tem sido utilizado como matéria-prima para

fabricação de importantes produtos industriais como tintas, vernizes, esmaltes

especiais, inseticidas, fungicidas, pigmentos, plastificantes para borracha,

isolantes elétricos, antioxidantes, dentre outros (MENON et al, 1985;

PARAMSHIVAPPA et al, 2001).

Para fins de controle de qualidade, o LCC é avaliado conforme as

especificações da Tabela 2.9.

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32

Tabela 2.9: Especificações do LCC (MECOL, 2011)

Parâmetro Especificação

Gravidade específica 0,943 a 0,968

Matérias voláteis 2,0% máximo

Impurezas 1,0% máximo

pH 6 - 8

Umidade 1,0% máximo

Cinzas 1,0% máximo

Polimerização 16 minutos

Índice de Iodo 280 - 360 (wijs)

Índice de refração 1,5212 - 1,5218

Índice de saponificação 29,7 - 30,2

Diferentes processos podem ser empregados para a obtenção do LCC:

extração a frio (prensas), extração por solvente, processo térmico-mecânico,

onde o próprio LCC quente é usado como meio para aquecer as castanhas in

natura a aproximadamente 190°C, ou ainda extração supercrítica com CO2

(MAZZETTO et al, 2009).

Quando submetido a altas temperaturas (180°C), o ácido anacárdico

sofre reação de descarboxilação, convertendo-se a cardanol, produzindo o

denominado LCC técnico (Figura 2.13).

Figura 2.13: Processo de descarboxilação do ácido anacárdico (MAZZETTO et

al, 2009)

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33

O LCC pode ser classificado em dois tipos, baseados no modo de

extração: quando o líquido é extraído à quente é chamado de LCC técnico, já o

líquido obtido diretamente da castanha integral por processo de extração com

solvente é designado como LCC natural.

Segundo Gedam (1986) apud Mazzetto et al (2009), após

determinações na composição química do LCC natural e técnico, foi constatada

uma grande diferença na composição de ambos, conforme mostra a Tabela

2.10.

Tabela 2.10: Composição química do LCC natural e LCC técnico (MAZZETTO

et al, 2009)

Componentes Fenólicos * LCC Natural (%) LCC Técnico (%)

Ácido Anacárdico 71,70 - 82,00 1,09 - 1,75

Cardanol 1,60 - 9,20 67,82 - 94,60

Cardol 13,80 - 20,10 3,80 - 18,86

2-Metilcardol 1,65 - 3,90 1,20 - 4,10

Componentes Minoritários 2,20 3,05 - 3,98

Material Polimérico - 0,34 - 21,63

*Os percentuais descrevem os limites inferior e superior empregando diferentes

técnicas analíticas. Foram analisadas amostras novas, destiladas e envelhecidas.

O LCC natural contém uma grande quantidade de ácido anacárdico e

não apresenta material polimérico em sua composição, já o LCC técnico

apresenta um elevado percentual de cardanol e presença de material

polimérico (MAZZETTO et al, 2009).

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34

2.3.2 POLIMERIZAÇÃO DO LCC

O líquido da castanha de caju pode ser polimerizado por diversas vias,

sendo as mais comuns a produção de resinas alquídicas através da

polimerização por adição na cadeia lateral e a produção de resinas fenólicas

através da polimerização por condensação com aldeídos (MACEDO, 1996).

As resinas fenólicas são produtos da reação química de polimerização

entre o aldeído (geralmente o formaldeído) e o fenol ou qualquer um de seus

derivados. As estruturas obtidas dependem fundamentalmente da razão molar

entre estes dois componentes, do pH da reação, do tipo de catalisador (ácido

ou básico) e da temperatura da síntese, sendo possível considerar três

sequencias de reação: adição do aldeído ao fenol juntamente com o catalisador

ácido ou básico, crescimento da cadeia de formação do pré-polímero e a

reticulação através do mecanismo de cura (LANG & CORNICK, 2010;

BORGES, 2004).

O tipo de catalisador utilizado (ácido ou básico) e a relação molar

fenol/aldeído, determina o produto da reação e as resinas fenólicas podem ser

divididas em dois grupos: resol ou novolac. Quando o catalisador é básico e há

excesso de aldeído no meio reacional, a resina fenólica é dita resol. Caso o

catalisador seja um ácido e o reagente em excesso seja o fenol, caracteriza-se

uma novolac.

A estrutura molecular do pré-polímero formado é a principal diferença

entre estes tipos de resinas. Resinas do tipo resol apresentam massa molar

mais baixa que as novolacas e curam sob alta temperatura com ou sem a

ajuda de um ácido forte como agente de cura. Isto é possível devido à

presença de grupos hidroxi-metilados ligados ao anel. Nas resinas do tipo

novolac, a massa molar do pré-polímero é mais elevada do que as resóis, não

apresentam nenhum grupo metilol ligado ao anel aromático e são curadas

mediante a adição de um agente de cura alcalino, geralmente

hexametiltetramino (BORGES, 2004).

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35

As reações de polimerização do LCC podem ser vistas na Figura 2.14.

Figura 2.14: Reações de polimerização do LCC (MAZZETTO et al., 2009).

Neste trabalho foram utilizadas resinas do tipo resol. A etapa de cura

não foi realizada, pois para síntese do inibidor é necessário que a resina seja

solúvel, e com a reticulação, ela se tornaria insolúvel e infusível.

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36

2.4 DETERMINAÇÃO DA ESTABILIZAÇÃO E PONTO DE PRECIPITAÇÃO

DE ASFALTENOS

A determinação do início de precipitação (onset) dos asfaltenos é de

fundamental importância para entender seu mecanismo de agregação e assim

reduzir os sérios problemas operacionais causados pelo depósito de asfaltenos

na produção, refino e transporte do petróleo e suas frações residuais

(GARRETO, 2006).

A determinação do onset em óleos pesados brutos é dificultada devido à

sua elevada viscosidade. Um dos métodos utilizados para possibilitar essa

análise é por meio da diluição (GARRETO et al, 2013).

Algumas técnicas vêm sendo aplicadas para determinação da

agregação e início de precipitação dos asfaltenos, tanto em óleos, como em

solventes modelos, tais como: espectroscopia no infravermelho (FALLA et al,

2006; GARRETO, 2011; OLIVEIRA, 2006), espectroscopia de absorbância e

fluorescência (GROENZIN & MULLINS, 2000, GONÇALVES et al, 2004),

relaxometria de RMN (PRUNELET, 2004), espalhamento de nêutrons em baixo

ângulo, espalhamento de raios-X em baixo ângulo (SIROTA, 2005; FENISTEIN

& BARRÉ, 2001), medidas de tensão superficial, osmometria de pressão de

vapor (SPIECKER et al, 2003), microscopia ótica (RAMOS, 2001; GARRETO,

2006 e 2011) e viscosimetria (SIROTA, 2005; GARRETO, 2006).

As Espectrometrias de Infravermelho Próximo (NIR) e de Ultravioleta –

Visível (UV-VIS) se baseiam no espalhamento da luz das partículas

asfaltênicas que é detectado pelo equipamento como um aumento na

absorbância da solução. O espectrofotômetro compara a quantidade de luz que

atravessa a amostra com a que atravessa a referência (branco). As partículas

de asfaltenos espalham parte da luz incidente, fazendo com que uma

quantidade de luz menor, que a da referência, chegue ao detector. Dessa

forma, o equipamento interpreta o fenômeno como se a luz espalhada

estivesse sendo absorvida pela solução.

As moléculas de asfaltenos dispersas na solução apresentam

determinada absorbância. À medida que se adiciona o agente floculante,

ocorre a diluição da solução e sua absorbância diminui. Em determinada

concentração de floculante, as moléculas dos asfaltenos começam a flocular e

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37

ao aparecerem as primeiras partículas, a luz começa a ser espalhada e a

absorbância aumenta. Este ponto é o onset do sistema. A adição de mais

floculante aumenta a quantidade e o tamanho das partículas e, assim, a

absorbância também aumenta até chegar um ponto no qual todo o asfalteno

presente na amostra precipita, o que leva à redução da absorbância. Devido ao

fato dos asfaltenos serem muito escuros e absorverem a luz na maior parte da

faixa de comprimentos de onda do visível, os comprimentos de onda utilizados

são, geralmente, de 850 nm no UV-VIS e de 1600 nm no NIR (OLIVEIRA,

2006).

As curvas típicas de uma análise de UV-Visível e Infravermelho Próximo

podem ser vistas nas Figuras 2.15 e 2.16.

Figura 2.15: Curva típica de onset de precipitação de asfaltenos utilizando

Espectroscopia de UV-Visível (OLIVEIRA, 2006)

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38

Figura 2.16: Curva típica de onset de precipitação de asfaltenos utilizando

Espectroscopia de Infravermelho Próximo (NIR) (OLIVEIRA, 2006)

O início de precipitação dos asfaltenos, denominado onset, é um

importante parâmetro para determinar o potencial de precipitação de asfaltenos

no petróleo e refere-se à concentração de agente floculante necessária para

dar início a sua precipitação na solução ou no petróleo.

A técnica de microscopia óptica apresenta a vantagem da visualização

da precipitação dos asfaltenos, podendo ser utilizada para confirmação do

resultado de qualquer técnica, enquanto que a as técnicas espectroscópicas

apresentam maior sensibilidade e levam a resultados mais acurados, visto que

não dependem do operador do equipamento (GARRETO, 2011).

A Figura 2.17 mostra a microscopia óptica antes e depois do início da

floculação (GARRETO, 2006).

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39

Figura 2.17: Microscopia Óptica de: (a) Petróleo puro antes do início da

floculação; (b) Asfaltenos após o início de precipitação no petróleo (GARRETO,

2006)

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40

CAPÍTULO 3

METODOLOGIA EXPERIMENTAL

A Figura 3.1 apresenta a metodologia experimental empregada neste

trabalho. A metodologia está dividida em quatro etapas: extração e

caracterização de asfaltenos, preparo de um inibidor oriundo de fonte renovável

e testes de estabilidade.

A primeira etapa consistiu na extração e caracterização de asfaltenos

de duas amostras provenientes da Bacia de Campos, sendo um resíduo de

vácuo (RV-A) e um petróleo extrapesado (P-C). A extração dos asfaltenos foi

realizada através de duas técnicas, a metodologia padrão IP-143 e uma

metodologia alternativa que utiliza misturas de solventes naftênicos com

parafínicos (EQ/NPx).

Na segunda etapa, os asfaltenos foram caracterizados por Análise

Elementar, RMN 1H, RMN 13C, DRX, TGA/DTG e Microscopia Eletrônica de

Varredura (MEV). A partir dessas análises foi realizada a comparação

composicional e estrutural das amostras de asfaltenos obtidas.

A terceira etapa foi destinada à síntese e preparo de um inibidor de

deposição de asfaltenos, através da polimerização por condensação de uma

fonte fenólica e de um aldeído para obtenção da resina a ser utilizada como

princípio ativo na formulação do inibidor.

Na última etapa, o inibidor sintetizado teve seu desempenho avaliado e

comparado com dois inibidores comerciais (I-B1 e I-N3), utilizando as técnicas

de Infravermelho Próximo (NIR) e Microscopia Óptica.

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41

Figura 3.1: Diagrama de blocos simplificado da metodologia empregada neste

trabalho

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42

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS

A seguir estão relacionados, em ordem alfabética, os materiais e

reagentes empregados neste trabalho:

Álcool etílico: proveniente da VETEC Química Fina Ltda com grau de

pureza P.A. 99,5%.

Ciclo-hexano: proveniente da VETEC Química Fina Ltda com grau de

pureza P.A. 99,5%.

Cinamaldeído: proveniente da Sigma-Aldrich.

Clorofórmio deuterado (99.8%): proveniente da Tédia Brazil Produtos

para laboratório, com 0,05%TMS.

Hidróxido de sódio: proveniente da VETEC Química Fina Ltda com grau

de pureza P.A. 99,5%.

Inibidor comercial (I - B1): fornecido pela empresa Baker Hughes.

Inibidor comercial (I - N3): fornecido pela empresa Nalco Company.

Líquido da casca da castanha de caju (LCC): cedido pelo professor

Osvaldo Carioca (Universidade Federal do Ceará).

n-heptano: proveniente da VETEC Química Fina Ltda com grau de

pureza P.A. 99,5%.

n-pentano: proveniente da VETEC Química Fina Ltda com grau de

pureza P.A. 99,5%.

Petróleo extrapesado: proveniente da Bacia de Campos e cedido pelo

CENPES/Petrobrás. Neste trabalho foi denominado P-C e utilizado para

obtenção de asfaltenos AC.

Resíduo de vácuo: proveniente da Bacia de Campos de um poço

marítimo considerado pesado e cedido pelo CENPES/Petrobrás. A

amostra foi codificada como RV-A e foi utilizada para obtenção de

asfaltenos AA. As características das amostras podem ser vistas na

Tabela 3.1.

Tolueno: proveniente da VETEC Química Fina Ltda com grau de pureza

P.A. 99,5%.

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43

Tabela 3.1: Características das amostras RV- A e P-C

Amostra Teor de

Asfalteno (%)

Grau API dos

petróleos (c)

Código dos

asfaltenos extraídos

RV-A 9 – 11(a) 19,2 AA

P-C 23 (b) 12,3 AC

Fonte: (a) QUINTERO, 2009; (b) Análise SARA realizada no LCQ1; (c) ANP, 2013.

3.2 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

Os equipamentos utilizados neste trabalho estão listados abaixo:

Agitador mecânico IKA, modelo RN 20 DZM-n.

Analisador elementar da Thermo Electron Corporation, modelo FLASH –

EA 1112 Series1.

Analisador termogravimétrico (TGA) da TA, modelo Q5002.

Balança analítica Metler Toledo AE 163, com precisão de 0,1 mg.

Banho de resfriamento Nova Ética – N480.

Banho de ultrassom CTA do Brasil, modelo D409 A.

Bomba PU2087 da Jasco com vazão na faixa de 0,001 a 20mL/min;

Difratômetro de raios-X da Rigaku, modelo Miniflex II3.

Espectrofotômetro de infravermelho próximo (NIR) MATRIX-F, da marca

Bruker, equipado com sistema de acoplamento de sonda externa.

Acessórios de sonda externa de 2,5 e 10 mm de caminho óptico4.

Espectrômetro de RMN Varian modelo INOVA 500 MHz (11,7T),

sequência de pulsos S25.

Filtro a vácuo Vacuum Brand, com bomba acoplada tipo Diaphragm

Vacuum Pump, cuja vazão é de 1,7120 m3/h e pressão 9,0 bar.

1 LCQ: Laboratório de Caracterização Química de Métodos Especiais – EQ/UFRJ

2 Laboratório de Tecnologia – IMA/UFRJ

3 Laboratório de Tecnologia de Hidrogênio – EQ/UFRJ

4 LMCP: Laboratório de Moléculas e Coloides na Indústria do Petróleo – IMA/UFRJ

5 Laboratório de Físico-Química Orgânica – IQ/UFF

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Microscópio eletrônico de varredura Jeol, modelo JSM-6460LV, com

voltagem de aceleração de 20 Kv, ampliação de até 2000x6.

Microscópio óptico Bioval, modelo L200i, com objetivas de 4x, 10x, 40x e

100x e par de ocular de 10x e 15x, equipado com câmera digital de

10MP.

Rotaevaporador Fisatom Brasil, modelo 802.

3.3 METODOLOGIAS EMPREGADAS

A seguir são apresentadas as metodologias dos experimentos realizados

para a extração e caracterização de asfaltenos, a síntese das resinas fenólicas

e preparo da formulação para obtenção do inibidor, como também a

determinação do ponto de início de precipitação dos asfaltenos para avaliação

do desempenho do inibidor sintetizado.

3.3.1 EXTRAÇÃO DE ASFALTENOS

Os asfaltenos foram extraídos de um resíduo de vácuo (RV-A) e de um

petróleo extrapesado (P-C), amostras consideradas ricas em asfaltenos. Por

ser muito viscoso à temperatura ambiente, o resíduo de vácuo foi aquecido em

estufa a 80°C ± 5°C por cerca de 40 minutos até a fluidez e homogeneizado

antes da retirada da amostra.

3.3.1.1 Método IP-143 A extração baseada no ensaio padronizado pelo Institute of Petroleum of

London – (Standard Methods for Analysis and Testing of Petroleum and

Related Products – vol.1 IP – 143, ASTM 6560-00) está resumida no esquema

da Figura 3.2.

6 Laboratório Multiusuário de Microscopia Eletrônica e Microanálise – COPPE/UFRJ

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45

Figura 3.2: Esquema da obtenção de asfaltenos pelo Método IP-143

Para a extração de asfaltenos foram utilizados balões de fundo chato,

placas de aquecimento e um conjunto de condensadores conectados a um

banho de resfriamento Nova Ética – N480 (Figura 3.3).

Na primeira lavagem, pesou-se cerca de 2 gramas de amostra em um

balão de fundo chato e adicionou-se um volume de n-heptano na razão de

30mL para 1g de amostra. Os balões foram adaptados aos condensadores e

aquecidos até que o solvente entrasse em ebulição.

Ao início do gotejamento do solvente, a solução foi mantida sob refluxo

por 60 minutos nesta temperatura. Ao fim deste período, o aquecimento foi

interrompido e os balões desconectados do sistema e tampados. A mistura foi

mantida em repouso no escuro por uma hora e meia, contados a partir do

término do refluxo.

A amostra contida no balão foi filtrada a vácuo com um papel de filtro

Whatman nº 42, e o mesmo foi reservado para posterior utilização.

Na segunda lavagem, o papel de filtro reservado foi inserido em um

extrator e em outro balão adicionou-se 100 mL de n-heptano, que foi conectado

ao conjunto de condensadores. O sistema foi aquecido e mantido sob refluxo

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46

tempo suficiente para que o solvente gotejasse pelo papel de filtro de forma

límpida. Essa etapa tem como objetivo remover os constituintes solúveis que

permaneceram na mistura.

Em seguida, substituiu-se este balão pelo original guardado, ao qual foi

adicionado 60 mL de tolueno. O refluxo foi reiniciado até que o solvente

gotejasse incolor, indicando que os asfaltenos foram transferidos para o balão.

Após o resfriamento do sistema, o balão contendo a mistura de tolueno e

asfaltenos foi transferido para um rotoevaporador, e o tolueno foi recuperado à

vácuo utilizando banho de aquecimento a 80°C ± 5°C. O balão contendo os

asfaltenos na forma sólida foi mantido em estufa a 110°C ± 5°C, e depois em

dessecador para resfriamento pelo mesmo tempo. Esse procedimento foi

repetido até peso constante.

Os asfaltenos contidos no balão foram raspados com auxílio de uma

espátula e armazenados em um frasco de vidro em atmosfera de nitrogênio e

ao abrigo de luz. A metodologia foi realizada repetidamente até a obtenção de

quantidade suficiente de asfaltenos para as diferentes análises.

Figura 3.3: Extração de asfaltenos pelo método IP-143

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47

A relação de massa inicial e volume de n-heptano foi mantida conforme

as normas estabelecidas pela metodologia IP-143 (Tabela 3.2).

Tabela 3.2: Teor de asfaltenos obtidos segundo a norma ASTM 6560-00

Teores de Asfaltenos

(%m/m)

Peso da Amostra

(g)

Volume de n-

heptano (mL)

< 0,5 10 ± 2 300 ± 60

0,5 – 2 9 ± 2 240 ± 60

2 – 5 4 ± 1 120 ± 30

5 – 10 2 ± 0,5 60 ± 15

10 – 25 0,8 ± 0,2 25 - 30

>25 0,5 ± 0,2 25

3.3.1.2 Método Alternativo - EQ/NPx Esta técnica foi desenvolvida pelo grupo do Professor Peter R. Seidl e

colaboradores (MOURA et al, 2009; SILVA et al, 2010; SILVA et al, 2011;

SEIDL et al, 2011; SILVEIRA et al, 2011; QUINTERO et al, 2012; SILVEIRA et

al, 2013) e está sendo testada como uma metodologia alternativa ao IP-143.

A metodologia baseia-se na extração seletiva dos constituintes do

resíduo de vácuo ou petróleo, através do uso de misturas de um solvente

naftênico, o ciclo-hexano (N), com um parafínico, n-pentano (P1) ou n-heptano

(P2), na proporção de 15:85 v/v, respectivamente. Assim, busca-se extrair as

frações solúveis das amostras de resíduo de vácuo ou petróleo (como as

resinas), mantendo-as em solução e precipitar a fração sólida que seria

composta pelos asfaltenos, recuperada após a filtração.

Ensaios preliminares de solubilidade do resíduo de vácuo

Um ensaio de solubilidade foi realizado por Moura (2009) utilizando os

solventes ciclohexano e decalina, na proporção de 1:8 (resíduo de vácuo/

solvente), tanto à temperatura de 80°C quanto à temperatura ambiente.

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O balão contendo cada mistura foi acoplado a um condensador de

refluxo, para garantir que a concentração do sistema permanecesse constante,

e foi mantido sob agitação magnética por duas horas. Ao fim deste período foi

observado que as amostras estavam completamente solúveis nos dois

solventes analisados, independente da temperatura.

Experimental

Em um balão de fundo chato (Figura 3.4) pesou-se cerca de 2 gramas

de amostra, e em seguida adicionou-se a mistura de solventes (NP2) na

proporção de 1:8 m/v e 15:85 (naftênico/parafínico). A mistura foi mantida sob

agitação magnética por um período de duas horas, à temperatura ambiente

(Figura 3.4).

Ao fim deste período, foi realizada uma filtração à vácuo com papel de

filtro Whatman nº 42. Uma solução contendo a mistura de solventes na mesma

proporção parafínico-naftênico utilizada na extração foi usada para lavagem.

Ao final da filtração, levou-se o balão a peso constante para a

quantificação da fração insolúvel retida em suas paredes. O papel de filtro foi

levado à estufa e depois de seco foi raspado com auxílio de uma espátula para

remoção da fração insolúvel, que foi transferida para um frasco de vidro em

atmosfera de nitrogênio e ao abrigo de luz.

O teor de asfaltenos foi calculado através da Equação 3.1:

Onde: M1 – massa inicial da amostra; M2 – massa da fração insolúvel

retida no papel de filtro; M3 – massa da fração insolúvel retida no extrator.

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49

Figura 3.4: Extração de asfaltenos pelo método EQ/NPx

3.3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS ASFALTENOS

A caracterização permite obter informações detalhadas da composição

química e estrutural dos asfaltenos, e é de grande importância para entender o

seu comportamento, principalmente em relação a sua estabilidade no petróleo.

Os asfaltenos extraídos pelas diferentes técnicas foram caracterizados

por Análise Elementar, Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN

1H) e de Carbono (RMN 13C), Difração de Raios-X (DRX), Análise

Termogravimétrica (TGA/TG) e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). A

partir dessas análises foi realizada a comparação composicional e estrutural

das amostras obtidas, buscando identificar semelhanças entre os diferentes

tipos de asfaltenos.

3.3.2.1 Análise Elementar A análise elementar das amostras de asfaltenos foi realizada em

equipamento da Thermo Electron Corporation, modelo FLASH – EA 1112

Series, para determinação dos teores de carbono, hidrogênio e nitrogênio.

Nesta análise, a amostra é introduzida em um reator mantido a 900°C contendo

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óxido de cromo (agente oxidante), que na presença de oxigênio (gás de

queima – 300mL/min, ultrapuro 6.0) oxida a amostra, convertendo os

elementos em gases simples, como o CO2, H2O, N2 e SO2, para posterior

separação por meio de uma coluna e detecção em função de suas

condutividades térmicas. O tempo de corrida foi de 420 segundos e a

calibração realizada com acetanilida e antropina.

3.3.2.2 Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio e Carbono As amostras de asfaltenos foram pesadas e dissolvidas em 0,6 a 0,8 de

clorofórmio deuterado, sendo em seguida transferidas para tubos de

ressonância de 5 mm. O equipamento utilizado foi o Varian modelo INOVA de

500 MHz (11,7 T), operando sob as seguintes condições de análise:

Solvente: CDCl3 + C2Cl4

Temperatura: 27°C

Frequência de observação de H: 299,95 MHz

Número de varreduras: 128

Sequência de pulso: s2

Os dados obtidos foram tratados no software Mestre C utilizando a

transformada de Fourier.

3.3.2.3 Difração de Raios-X As amostras de asfaltenos foram colocadas em um porta amostras e os

perfis de difração foram obtidos num difratômetro Rigaku modelo Miniflex II. As

condições de trabalho foram fixadas no intervalo de 5 a 90°, usando a radiação

Kα do cobre (α=1,01549059 nm) a 40 kV, 20mA, com fenda de scan de 0,02° e

um tempo de 2 s/passo. O software OriginPro 8 foi utilizado para suavizar e

sobrepor os perfis de difração.

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51

3.3.2.4 Análise Termogravimétrica (TGA/DTG) As análises foram realizadas em um analisador termogravimétrico (TGA)

da TA, modelo Q500, no intervalo de 50°C a 700°C, à razão de aquecimento de

10°C/min, sob fluxo de N2 de 30 mL/min.

3.3.2.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) As análises foram realizadas utilizando um microscópio eletrônico de

varredura Jeol, modelo JSM-6460LV, com detector de energia dispersiva. As

amostras foram metalizadas com ouro e a voltagem de aceleração utilizada foi

de 20 Kv. Em cada análise foram tiradas fotografias com aumento de 100 e

2000x.

3.3.3 SÍNTESE DA RESINA FENÓLICA A PARTIR DO LCC E

PREPARO DA FORMULAÇÃO DO INIBIDOR

Uma composição inibidora obtida de uma fonte de matéria-prima fenólica

foi desenvolvida por Silva (2013) e está sendo testada como um potencial

inibidor de deposição para asfaltenos.

A síntese da resina fenólica foi realizada via polimerização por

condensação do LCC, que é uma fonte rica em compostos fenólicos. O uso de

um fenol oriundo de fonte renovável visa minimizar o impacto da atividade

química ao meio ambiente.

Para a formulação, é necessária a seleção do princípio ativo, de um

composto tensoativo e de um solvente que mantenha o meio estável na

presença dos componentes da formulação. Neste caso, o princípio ativo

utilizado foi a resina de LCC.

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52

Ensaios preliminares da síntese de resinas fenólicas

Ensaios da síntese de resinas fenólicas foram realizados por Silva

(2013), a fim de selecionar o princípio ativo mais indicado para a preparação do

inibidor para estabilização dos asfaltenos. Foram testados dois tipos de

aldeídos (cinamaldeído e formaldeído) e misturas destes e uma solução de

hidróxido de sódio como catalisador, variando-se a razão molar fenol:aldeído

(m/v) das resinas sintetizadas.

Para utilização como princípio ativo para a síntese dos inibidores foram

selecionadas as resinas R3CN e RFORCN, ambas na razão molar de 1:1,8

(fenol:aldeído), sendo R3CN a resina obtida com cinamaldeído e RFORCN a

resina obtida pela mistura de formaldeído e cinamaldeído.

Ensaios preliminares de solubilidade para o desenvolvimento de

formulações contendo resinas de LCC

Um ensaio de solubilidade foi realizado por Silva (2013) a fim de se

encontrar as melhores condições que pudessem favorecer a solubilidade da

formulação. Foram utilizados dois tipos de resinas (R3CN e RFORCN) para

atuar como princípio ativo da formulação, misturas dos solventes etanol e

tolueno e o surfactante Renex 95. Variou-se o tipo de resina, a razão de

solvente (etanol/tolueno), a concentração da resina e a adição de surfactante.

Os resultados indicaram uma formulação com concentração de 20 g/L

da resina R3CN em uma mistura de etanol e tolueno (1:1 v/v).

Experimental

A reação de polimerização foi conduzida em reator de três bocas

acoplado com um condensador de refluxo, funil de adição e agitador mecânico

(Figura 3.5). No reator foram adicionados 25 gramas do LCC bruto e no funil de

adição, a solução de hidróxido de sódio para a formação e ativação dos íons

fenóxidos. Em seguida, o cinamaldeído na razão molar de 1:1,8 (fenol:aldeído)

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53

foi adicionado ao sistema, que foi mantido sob refluxo e contínua agitação

mecânica a uma temperatura de 80°C, por duas horas.

Figura 3.5: Aparelhagem para síntese da resina de LCC

A resina sintetizada foi purificada por um processo de

dissolução/precipitação utilizando tolueno e n-hexano a uma razão volumétrica

de 1:5, respectivamente. A resina precipitada foi então filtrada a vácuo e levada

à estufa para secagem.

Para a formulação do inibidor, adicionou-se em um tubo de ensaio 100

mg da resina R3CN, 10 mL de etanol e 5 mL de tolueno. Após certo período de

tempo foi observada a completa solubilização da amostra.

3.3.4 DETERMINAÇÃO DO INÍCIO DE PRECIPITAÇÃO DE

ASFALTENOS

Para avaliar a interação dos asfaltenos extraídos pelas diferentes

técnicas com o inibidor sintetizado foram empregadas duas técnicas

experimentais. Na técnica de Espectroscopia de Infravermelho Próximo (NIR),

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54

o ponto de início de precipitação pode ser determinado pelo monitoramento da

intensidade de absorção, numa determinada faixa de comprimento de onda,

que sofre uma variação significativa no comportamento da curva quando ocorre

a precipitação dos asfaltenos. Já a técnica de Microscopia Óptica permite a

visualização da precipitação dos asfaltenos, podendo ser utilizada para

confirmação do resultado do NIR.

3.3.4.1 Determinação do Início de Precipitação dos Asfaltenos por

Espectroscopia de Infravermelho Próximo (NIR)

O início de precipitação dos asfaltenos foi determinado com auxílio de

um espectrofotômetro de Infravermelho Próximo modelo MATRIX-F, acoplado

a uma sonda externa com caminho óptico de 2 e 5 mm e a uma bomba que

titula a amostra com o floculante numa vazão de 2mL/min (Figura 3.6), sendo

monitorado pela intensidade de absorção em função do volume de floculante,

no comprimento de onda de 1600 nm. O ponto de precipitação foi medido no

ponto igual ao mínimo de intensidade de absorção na curva.

Para cada tipo de asfaltenos (AA e AC) foram preparadas soluções-

modelo em tolueno, na concentração de 0,04%p/v. Em um balão volumétrico,

adicionou-se 10 mL da solução, sendo deixada em repouso por 24 horas. Após

tal período, as soluções foram colocadas em um banho ultrassom por trinta

minutos para garantir a completa solubilização dos asfaltenos. Foram

realizados testes na ausência e na presença de inibidores (I - B1, I - N3 e I -

R3CN). Nos testes com inibidores, os mesmos foram adicionados na

concentração de 2000 ppm com o auxílio de uma micropipeta (0,5 a 10 μL).

Os 10 mL da solução de asfaltenos contidos no balão volumétrico foram

vertidos para o recipiente onde foi realizado o ensaio. Introduziu-se, em

seguida, a sonda externa no recipiente, e acionou-se o equipamento para dar

início ao bombeamento do n-heptano para o interior do recipiente. A vazão

utilizada para o bombeamento do floculante foi de 2 mL/min, sendo que a cada

seis segundos o equipamento registrou um espectro de absorbância da

solução.

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55

O ensaio foi encerrado após 20 minutos de análise, ou seja, após a

adição de 40 mL de floculante ao sistema. Os dados registrados foram tratados

de modo a se obter gráficos do valor da absorbância em 1600 nm por volume

de floculante.

Figura 3.6: Sistema de titulação usando o NIR

3.3.4.2 Determinação do Início de Precipitação dos Asfaltenos por

Microscopia Óptica

O início de precipitação dos asfaltenos foi determinado com o uso de um

microscópio óptico Bioval, modelo L200i, equipado com câmera digital de

10MP, através de sucessivas adições de floculante (n-heptano) ao sistema,

usando uma bureta de 25 mL com precisão de ± 1%. O sistema foi mantido sob

constante e moderada agitação, em placa IKA – WERKE (0 – 1500 1/min), à

temperatura de 25°C ± 1ºC, sendo inspecionado ao microscópico óptico

constantemente até a observação de sólidos precipitados.

Foram realizados testes na ausência e na presença de inibidores (I - B1,

I - N3 e I - R3CN). Nos testes com inibidores, os mesmos foram adicionados na

concentração de 2000 ppm com o auxílio de uma micropipeta (0,5 a 10 μL).

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56

CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados experimentais e a

discussão do processo de extração de asfaltenos empregando o método

padrão IP-143 e o método alternativo EQ/NP2, assim como a caracterização

das amostras obtidas. Também são mostrados os resultados encontrados para

os ensaios de estabilidade dos asfaltenos e avaliação da eficiência do inibidor

sintetizado frente a inibidores comerciais.

4.1 ANÁLISE DO TEOR DE ASFALTENOS

Diferentes autores têm estudado a precipitação de asfaltenos usando

principalmente n-pentano e n-heptano, sendo o n-heptano o solvente

padronizado como agente precipitante quando se trata de asfaltenos

(SPEIGHT, 2006). Para promover a extração desses resíduos, foram utilizados

o método padrão IP-143 e uma técnica alternativa que se baseia no uso de

uma mistura de um solvente naftênico, ciclohexano (N), e um solvente

parafínico, n-heptano (P2).

Os resultados obtidos da extração seletiva EQ/NP2 e do método IP-143

para medida do teor de asfaltenos são mostrados na Figura 4.1 e nas Tabelas

A.1 e A.2 (Apêndice), e correspondem a média de todos os ensaios realizados.

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57

Figura 4.1: Teores de asfaltenos obtidos pelas duas metodologias

A partir dos dados da Figura 4.1, nota-se que foi possível extrair uma

maior quantidade de asfaltenos da amostra de resíduo de vácuo (RV-A).

Apesar do petróleo (P-C) apresentar um maior teor de asfaltenos, os mesmos

são mais facilmente obtidos a partir do resíduo de vácuo, pois nele se

encontram concentrados, ao passo que no petróleo bruto os asfaltenos estão

estabilizados por diversos compostos contidos no óleo.

Embora a técnica EQ/NP2 tenha apresentado um menor percentual de

asfaltenos para ambas as amostras, ela possui algumas vantagens em relação

à metodologia padrão IP-143: é um método que demanda um menor tempo

para extração (2 horas), não utiliza tolueno como solvente, não utiliza

aquecimento, reduzindo os custos energéticos, além de um menor gasto com

solventes.

Os percentuais de asfaltenos obtidos pelo método IP-143 estão

próximos dos valores encontrados por outros pesquisadores 12,8%

(MURUGAN et al, 2009); 10,3% (QUINTERO, 2012); 13,9% (LUO et al, 2010).

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58

4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS DE ASFALTENOS

4.2.1 ANÁLISE ELEMENTAR

A análise elementar foi utilizada para determinação das porcentagens

mássicas de C, H e N de cada fração de asfalteno extraída. A técnica permite a

determinação da quantidade de heteroátomos, como a relação H/C em cada

fração. Os resultados de análise elementar dos asfaltenos extraídos pelas

diferentes metodologias são mostrados na Tabela 4.1.

Tabela 4.1: Análise elementar das frações de asfaltenos AA e AC

Amostra/Técnica C (%m/m) H (%m/m) N (%m/m) Relação C/H

AA / IP-143 86,16 ± 0,26 7,85 ± 0,10 1,39 ± 0,39 0,91

AA / NP2 86,54 ± 0,10 8,84 ± 0,09 1,11± 0,19 0,81

AC / IP-143 85,51 ± 0,14 7,90 ± 0,01 2,11 ± 0,17 0,9

AC / NP2 84,98 ± 0,26 8,06 ± 0,37 1,41 ± 0,48 0,88

Na Tabela 4.1, nota-se que o percentual de carbono é mais elevado que

o de hidrogênio, com média de 85,8% e 8,2%, respectivamente, o que sugere

um maior teor de insaturações e condensação dos carbonos.

Os teores de carbono, hidrogênio e nitrogênio são praticamente os

mesmos entre as frações de um mesmo resíduo, e a correlação C/H

permanece dentro da faixa indicativa para asfaltenos, como sugerido por

Speight (2006).

A razão entre a quantidade de carbono e hidrogênio (C/H) próxima de 1

indica que os asfaltenos apresentam valores característicos de frações

pesadas (SPEIGHT, 1994; THOMAS, 2001).

Os asfaltenos obtidos pela metodologia IP-143 apresentaram maior

relação C/H, o que sugere uma maior condensação dos anéis aromáticos.

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59

4.2.2 ESPECTROMETRIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR

DE HIDROGÊNIO (RMN 1H)

A análise de RMN 1H gera importantes informações sobre as estruturas

dos asfaltenos, e assim permitem verificar a influência do método de extração

nas estruturas encontradas.

A Tabela 4.2 traz os deslocamentos químicos referentes às análises de

RMN 1H e a Figura 4.2 mostra os diferentes tipos de hidrogênios presentes nas

moléculas de asfaltenos.

Tabela 4.2: Deslocamentos químicos referentes às análises de RMN 1H

(HASSAN et al, 1983)

Tipo de Hidrogênio Deslocamento Químico (ppm)

H mono aromático 7,0 – 6,0

H di aromático 9,2 – 7,0

H α 4,5 – 2,0

H β 2,0 – 1,0

H γ 1,0 – 0,2

H saturado 4,5 – 0,2

H aromático total 9,2 – 6,0

Figura 4.2: Molécula representativa de asfalteno com seus diferentes tipos de

hidrogênios (CARAUTA et al, 2005)

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60

Os hidrogênios alfa (Hα) são aqueles presentes em carbonos saturados

ligados diretamente ao carbono aromático; os hidrogênios beta (Hβ), aqueles

ligados a carbonos saturados metilênicos e naftênicos; e os hidrogênios gama

(Hγ) correspondem aos hidrogênios de metilas terminais ou em ramificações de

sua estrutura (CARAUTA et al, 2005).

A partir dos dados obtidos da análise de RMN 1H foram gerados

espectros no software Mestre C utilizando a transformada de Fourier. Os

espectros foram integrados com base nas faixas de deslocamento químico,

seguido de normalização do valor destas integrais, de forma que a totalidade

de hidrogênios correspondesse à soma de saturados e aromáticos. Assim,

calculou-se a proporção de cada tipo de hidrogênio na amostra.

As Figuras 4.3 a 4.6 representam os espectros de RMN 1H das frações

extraídas, enquanto que os teores finais já normalizados são mostrados nas

Figuras 4.7 e 4.8, através das quais é possível observar a variação

composicional dos asfaltenos obtidos pelas diferentes técnicas. Os dados

referentes à análise de RMN 1H encontram-se na Tabela A.3 (Apêndice).

Figura 4.3: Espectro de RMN 1H para os asfaltenos AA extraídos por IP-143

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61

Figura 4.4: Espectro de RMN 1H para os asfaltenos AA extraídos por EQ/NP2

Figura 4.5: Espectro de RMN 1H para os asfaltenos AC extraídos por IP-143

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Figura 4.6: Espectro de RMN 1H para os asfaltenos AC extraídos por EQ/NP2

Figura 4.7: Percentuais dos diferentes hidrogênios obtidos para os asfaltenos

AA

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63

Figura 4.8: Percentuais dos diferentes hidrogênios obtidos para os asfaltenos

AC

Para os asfaltenos AA extraídos do resíduo de vácuo RV-A, observa-se

elevado teor de Hβ para ambas as técnicas de extração, o que pode indicar

uma maior quantidade de cadeias laterais ou cadeias de maior comprimento, e

possivelmente, um maior número de anéis naftênicos.

Nota-se que o percentual total de hidrogênios saturados é maior com o

uso da técnica IP-143 (72,2%), o que resultou em constituintes com maior

quantidade de Hγ (18,8%), os quais correspondem aos hidrogênios de metilas

terminais ou de cadeia alifática ramificada. Já para os Hα, o método IP-143

apresentou maior percentual (20,3%), o que pode indicar maior substituição

dos anéis aromáticos policondensados, sugerindo uma estrutura do tipo

“continental”, o que foi previamente determinado por Carauta et al (2005).

Em relação aos hidrogênios aromáticos dos asfaltenos AA, observa-se

que a técnica EQ/NP2 possui maior teor (30,7%). Esta técnica também

apresentou maior percentual de Hβ (38%), sugerindo moléculas com maior

quantidade de cadeias laterais do que as obtidas por IP-143 ou cadeias de

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maior comprimento, como também um maior número de anéis naftênicos. A

extração de agregados moleculares pela técnica EQ/NP2 deve-se ao aumento

da sua afinidade por moléculas poliaromáticas pesadas (MOURA et al, 2009).

Para os asfaltenos AC extraídos do petróleo P-C, nota-se elevado teor

de Hγ para as duas técnicas de extração, sendo maior para o método IP-143

(43,8%), possivelmente por apresentar uma maior quantidade de hidrogênios

de metila terminais ou ramificações em sua estrutura, e também possuir uma

menor quantidade de hidrogênios aromáticos totais em relação à outra amostra

analisada. Da mesma forma, os hidrogênios de carbonos ligados diretamente

aos anéis aromáticos (Hα) e aqueles ligados a carbonos saturados metilênicos

e naftênicos (Hβ) foram menores do que para o método EQ/NP2.

Uma comparação entre as duas amostras revela que os constituintes

dos asfaltenos AA apresentam maior proporção da estrutura com maior caráter

aromático, enquanto que os asfaltenos AC apresentam maior proporção da

estrutura com maior caráter saturado.

O maior teor de Hα e menor de Hγ para os asfaltenos AA pode confirmar

uma natureza com maior concentração de asfaltenos, já que foi obtida de um

resíduo de vácuo, enquanto que AC foi obtida de um petróleo bruto.

Foi possível constatar que mesmo variando a técnica de extração, os

constituintes extraídos das duas amostras são muito semelhantes, pois as

proporções entre os diferentes tipos de hidrogênios são próximas. Para

identificação das diferenças significativas, foram assumidos os mesmos valores

padrão de erro na ordem de 5%.

4.2.3 ESPECTROMETRIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR

DE CARBONO (RMN 13C)

A Tabela 4.3 traz os deslocamentos químicos referentes às análises de

RMN 13C. Nas Figuras 4.9 a 4.12 estão representados os espectros integrados

de RMN 13C das frações extraídas.

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Tabela 4.3: Deslocamentos químicos referentes às análises de RMN 13C

(HASSAN et al, 1983)

Tipo de Carbono Deslocamento Químico (ppm)

Carbonos saturados 0 – 70

Carbonos aromáticos 110 -170

Carbonos aromáticos ligados a hidrogênio 110 - 130

Carbonos aromáticos em junção de anéis 129 - 137

Carbonos aromáticos ligados a substituintes alquilas ou heteroátomos

137 - 170

Figura 4.9: Espectro de RMN 13C para os asfaltenos AA extraídos por IP-143

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Figura 4.10: Espectro de RMN 13C referente aos carbonos saturados para os

asfaltenos AA extraídos por IP-143

Figura 4.11: Espectro de RMN 13C para os asfaltenos AA extraídos por

EQ/NP2

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Figura 4.12: Espectro de RMN 13C referente aos carbonos saturados para os

asfaltenos AA extraídos por EQ/NP2

A Tabela 4.4 explicita os tipos de carbono identificados no espectro de

RMN 13C e os seus respectivos valores de deslocamento químico.

Tabela 4.4: Resultados da análise de RMN 13C

Carbonos Totais (%)

Carbonos Saturados (%)

Técnicas

de

Extração

CAromáticos CSaturados C37ppm C32,5ppm C31/29,7ppm C26,5ppm C22,7ppm C19,7ppm C14,1ppm

IP-143 59,0 41,0 2,8 2,2 11,0 - 1,9 2,2 1,5

EQ/NP2 49,1 50,9 2,9 2,4 11,4 1,7 2,4 1,6 1,4

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68

Os dados da Figura 4.4 revelam que as amostras extraídas pela técnica

IP-143 apresentaram maior proporção de carbonos aromáticos, o que sugere

condensação de anéis aromáticos. As proporções relativas aos tipos de

carbonos alifáticos foram bastante semelhantes entre as amostras extraídas

pelas diferentes técnicas.

4.2.4 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (DRX)

A difração de raios-X foi aplicada às diferentes frações de asfaltenos

com o objetivo de entender de uma melhor forma a estrutura dos mesmos.

Os padrões de difração de asfaltenos mostram três bandas: a banda

gamma (γ), atribuída ao material parafínico ou alifático; a banda 002, atribuída

ao material aromático, e a banda 10, relacionada com o diâmetro da área basal

da molécula ou diâmetro do núcleo aromático. Uma quarta banda (a banda 11)

é geralmente muito fraca, não sendo possível visualizá-la nas amostras

(SPEIGHT, 2005). A Figura 4.13 ilustra espectros de raios-X típicos de

asfaltenos.

Figura 4.13: Espectros de raios-X típicos de asfaltenos (QUINTERO et al,

2004)

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69

Com os dados fornecidos pela análise de DRX, foram construídos

padrões de difração para as diferentes frações extraídas. Os difratogramas

foram suavizados e sobrepostos no software OriginPro 8, como mostram as

Figuras 4.14 e 4.15.

Figura 4.14: Difratograma de raios-X para os asfaltenos AA para as técnicas

IP-143 e EQ/NP2

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70

Figura 4.15: Difratograma de raios-X para os asfaltenos AC para as técnicas

IP-143 e EQ/NP2

A análise dos padrões de difração mostram perfis bastante semelhantes

entre as frações extraídas pelas duas técnicas, de maneira que as três bandas

(gamma, 002 e 10) foram praticamente constantes em relação ao ângulo 2θ

para os asfaltenos analisados. Contudo, nota-se que os asfaltenos extraídos do

resíduo de vácuo RV-A pela técnica EQ/NP2 revelam uma maior proporção na

área integrada para a banda aromática (banda 002), como também maiores

valores para o diâmetro dos agrupamentos aromáticos do que os asfaltenos

extraídos por IP-143.

Este comportamento pode ser atribuído a uma possível maior

quantidade de anéis naftênicos ou de cadeias alquílicas de maior comprimento

nesses asfaltenos, favorecendo os impedimentos estéricos e aumentando a

distância entre planos aromáticos. Este resultado corrobora o maior valor

percentual de hidrogênios aromáticos e Hβ estimados por RMN 1H para os

asfaltenos extraídos do resíduo de vácuo por EQ/NP2.

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71

Como amostras cristalinas resultam em difratogramas com picos bem

definidos, a análise de DRX evidencia o caráter predominantemente amorfo

desses asfaltenos.

4.2.5 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TG/DTG)

A termogravimetria fornece informações importantes sobre o

comportamento térmico e a perda de massa das amostras quando se tem um

aumento da temperatura. Esta técnica possibilita conhecer as alterações que o

aquecimento pode provocar na massa das substâncias, permitindo estabelecer

a faixa de temperatura em que elas começam a se decompor.

As Figuras 4.16 a 4.19 mostram as curvas termogravimétricas de

TG/DTG de asfaltenos obtidos do resíduo de vácuo RV-A e do petróleo P-C

utilizando as diferentes técnicas de extração.

Figura 4.16: Curva termogravimétrica dos asfaltenos AA para a técnica IP-143

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72

Figura 4.17: Curva termogravimétrica dos asfaltenos AA para a técnica NP2

Figura 4.18: Curva termogravimétrica dos asfaltenos AC para a técnica IP-143

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73

Figura 4.19: Curva termogravimétrica dos asfaltenos AC para a técnica NP2

A Tabela 4.5 apresenta as temperaturas de onset (Tonset), de taxa

máxima de degradação (TMáx) e final (TFinal), como também, o percentual de

resíduo carbonáceo (coque) formado no processo de degradação para as

diferentes frações de asfalteno.

Tabela 4.5: Dados termogravimétricos de asfaltenos

Amostra/Técnica Tonset (°C) TMáx (°C) TFinal (°C) Coque (%) a

700°C

AA / IP-143 406 452 480 50

AA / NP2 403 457 480 37

AC / IP-143 408 456 481 44

AC / NP2 404 453 481 37

As curvas TG/DTG das amostras de asfaltenos AA mostraram um único

estágio de decomposição referente à degradação térmica dos asfaltenos. As

amostras extraídas por IP-143 apresentaram Tonset de 406°C, temperatura

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74

máxima de degradação de 452°C e um resíduo de 50% a 700°C, já aquelas

extraídas por EQ/NP2 apresentaram Tonset de 403°C, temperatura máxima de

degradação de 457°C e um resíduo de 37% a 700°C.

Para as curvas das amostras de asfaltenos AC foram observados três

estágios de decomposição. Como reportado na literatura por Ribeiro et al

(2004), as parafinas mais pesadas co-precipitam com os asfaltenos. Acredita-

se que quanto menor a quantidade de asfaltenos presentes em uma amostra

de resíduo de petróleo maior será a co-precipitação de parafinas. Supõe-se,

então, que a perda de massa observada nas amostras de asfaltenos AC na

faixa de 200°C a 400°C seja referente à co-precipitação de parafinas. Esse

resultado está de acordo com a menor quantidade de asfaltenos precipitados

do petróleo P-C.

As amostras de asfaltenos AC extraídas por IP-143 apresentaram Tonset

referente à degradação dos asfaltenos de 408°C, temperatura máxima de

degradação de 456°C e um resíduo de 44% a 700°C, já aquelas extraídas por

EQ/NP2 apresentaram Tonset de 404°C, temperatura máxima de degradação de

453°C e um resíduo de 37% a 700°C.

O percentual de coque formado no processo de pirólise para todas as

frações estudadas está na faixa de 35% - 50%. De acordo com Murugan

(2009), a formação de coque a partir de asfaltenos ocorre preferencialmente

entre 340°C e 400°C. Tanto as temperaturas máximas de degradação quanto

os percentuais de coque formado em atmosfera de N2 estão dentro das faixas

usualmente reportadas na literatura para asfaltenos oriundos de diferentes

petróleos/resíduos (GONÇALVES et al, 2007; MURUGAN et al, 2009; TREJO

et al, 2010; KARIMI et al, 2011, JUYAL et al, 2013; SILVA et al, 2013).

A técnica IP-143 apresentou o maior percentual de coque, sendo

também aquela que revelou maior percentual de Hα obtido por RMN 1H e maior

teor de carbonos aromáticos por RMN 13C, além de ter apresentado maior

relação C/H obtida pela análise elementar e teor mais elevado de asfaltenos

precipitado, confirmando que os asfaltenos são os principais responsáveis pela

formação destes compostos (SPEIGHT, 1994; GONÇALVES et al, 2007).

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75

4.2.6 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

A técnica de MEV foi utilizada para determinar as características

morfológicas da superfície dos asfaltenos. As morfologias obtidas para as

superfícies dos asfaltenos podem ser vistas nas Figuras 4.20 - 4.23.

Figura 4.20: Micrografias de MEV para os asfaltenos AA extraídos por

IP-143 ampliadas 100x e 2000x

Figura 4.21: Micrografias de MEV para os asfaltenos AA extraídos por

EQ/NP2 ampliadas 100x e 2000x

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76

Figura 4.22: Micrografias de MEV para os asfaltenos AC extraídos por

IP-143 ampliadas 100x e 2000x

Figura 4.23: Micrografias de MEV para os asfaltenos AC extraídos por

EQ/NP2 ampliadas 100x e 2000x

As micrografias de MEV ampliadas 100x mostram grânulos de

asfaltenos bem definidos e com morfologia bastante semelhante. Contudo,

quando ampliados 2000x, é possível observar diferenças morfológicas na

superfície dos asfaltenos, como a presença de áreas com maior porosidade.

Isto pode estar relacionado à presença de resinas que podem ter co-

precipitado com os asfaltenos, tornando a superfície das amostras mais porosa

e irregular (CELIS, 2011; Yong-Jun, 2012).

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77

As amostras de asfaltenos obtidas pela técnica EQ/NP2 apresentaram

superfícies mais porosas, o que sugere que esta técnica necessita de

melhorias, evitando assim a precipitação de resinas. As alterações na

morfologia das superfícies dos asfaltenos extraídos pelas diferentes técnicas

confirmam os resultados obtidos por outros grupos de pesquisadores (TREJO

et al, 2009; LUO et al, 2010), que concluíram que a morfologia depende de

parâmetros como a mistura de solventes usada para sua extração, origem e

tipo da amostra de petróleo.

4.3. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DE SOLUÇÕES DE ASFALTENOS

A estabilidade do inibidor sintetizado com os asfaltenos foi avaliada

utilizando as técnicas de Infravermelho Próximo (NIR) e Microscopia Óptica. O

desempenho deste inibidor foi comparado ao de dois inibidores comerciais (I -

B1 e I - N3).

4.3.1 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO (NIR)

A espectroscopia de Infravermelho Próximo foi utilizada para avaliar o

ponto de início de precipitação dos asfaltenos extraídos por diferentes técnicas,

como também a estabilidade desses asfaltenos na presença de inibidores.

A técnica tem sido utilizada para estudar sistemas de petróleo não sendo

necessária a diluição da amostra, de forma que os resultados obtidos de

precipitação de petróleo puro, petróleo diluído e asfaltenos dispersos em

solventes possam ser comparados (FALLA et al, 2006).

Todos os ensaios foram conduzidos com uma solução de asfaltenos em

tolueno com concentração de 4g/L, na ausência e na presença de 2000 ppm de

inibidor. A solução modelo foi titulada com um agente precipitante, o n-heptano.

À medida que se adiciona o floculante, espera-se que os valores de

intensidade de absorção decresçam pelo efeito de diluição do sistema. Quando

a quantidade de floculante é suficiente para induzir a precipitação dos

asfaltenos, a presença desses precipitados faz com que a intensidade de

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78

absorção aumente. Assim, o ponto de início de precipitação corresponde ao

ponto de valor mínimo de intensidade de absorção da curva.

No comprimento de onda de 1600 nm é possível a análise de petróleo

puro e frações contendo moléculas aromáticas (OH et al, 2004; FOSSEN et al,

2007; GARRETO, 2011) que sofre variação significativa no comportamento da

curva quando ocorre a precipitação.

As Figuras 4.24 e 4.25 mostram os gráficos da absorbância em função

do volume de agente precipitante (n-heptano) das soluções dos asfaltenos AA

na presença de três inibidores (I - B1, I - N3 e I - R3CN). A determinação do

ponto de onset no qual ocorre o início da precipitação na ausência de inibidor

foi necessária para a avaliação do desempenho dos inibidores.

Figura 4.24: Avaliação da precipitação por NIR dos asfaltenos AA extraídos

por IP-143

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79

Figura 4.25: Avaliação da precipitação por NIR dos asfaltenos AA extraídos

por EQ/NP2

A análise das amostras sem inibidor mostra volumes de n-heptano

necessários à precipitação de asfaltenos de 11,6 mL e 15,4 mL para IP-143 e

EQ/NP2, respectivamente. Essa diferença pode estar relacionada à variação

composicional da molécula obtida em cada técnica, confirmando os resultados

de RMN 1H. Outro aspecto que pode estar relacionado a essa diferença é a

quantidade de resina residual presente nas amostras, o que poderia justificar o

onset nas amostras extraídas por EQ/NP2 estar localizado acima do

encontrado para a técnica IP- 143.

Para os asfaltenos AA extraídos por IP-143, o ponto de onset para I -

R3CN foi em 12 mL, em 9,8 mL para I - B1 e em 11 mL para I - N3. É possível

observar um deslocamento do onset de 0,4 mL para I - R3CN, enquanto que os

inibidores I - B1 e I - N3 agiram como precipitante.

Dentre os inibidores testados, o inibidor sintetizado foi aquele que

apresentou melhor desempenho para retardar o início da precipitação da

amostra.

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80

Para os asfaltenos AA extraídos por EQ/NP2, tanto o inibidor I - N3

quanto I - R3CN apresentaram resultados semelhantes (16 mL de n-heptano),

retardando o onset em 0,6 mL, enquanto que o inibidor I - B1 agiu como

precipitante, com onset em 11,8 mL. Os resultados para estabilidade das

amostras AA extraídos por EQ/NP2 mostram que o inibidor sintetizado e o

comercial I - N3 permitiram retardar a precipitação dos asfaltenos em 0,6 mL.

As Figuras 4.26 e 4.27 apresentam os resultados obtidos para os

asfaltenos AC na presença dos três inibidores.

Figura 4.26: Avaliação da precipitação por NIR dos asfaltenos AC extraídos

por IP-143

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81

Figura 4.27: Avaliação da precipitação por NIR dos asfaltenos AC extraídos

por EQ/NP2

Em relação aos dados referentes ao ponto de onset das amostras sem

inibidor, os resultados encontrados foram volumes de n-heptano de 13 mL e

14,8 mL para IP-143 e EQ/NP2, respectivamente.

Os testes de precipitação dos asfaltenos AC extraídos por IP-143 não

apresentaram efeitos de inibição na presença dos inibidores I - B1 e I - N3, que

atuaram como precipitantes. O volume de n-heptano necessário para provocar

o início da floculação dos asfaltenos na solução-modelo foi de 11,4 mL e 11,8

mL de n-heptano, respectivamente. O inibidor I - R3CN apresentou potencial na

capacidade de inibição da precipitação de asfaltenos, sendo necessária a

adição de 13,6 mL de n-heptano para provocar a floculação da amostra.

Para os asfaltenos AC extraídos por EQ/NP2, tanto o inibidor sintetizado

quanto o inibidor I - N3 apresentaram potencial na capacidade de inibição da

precipitação de asfaltenos. Foi necessária a adição de 16,2 mL de n-heptano

nos dois casos para que houvesse a precipitação, havendo um deslocamento

do onset em 1,4 mL de agente precipitante. Para I - B1, o início da precitação

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82

foi novamente antecipado, ocorrido em 13 mL, agindo como agente precipitante

da amostra.

Para uma melhor visualização dos resultados da estabilidade das

amostras por NIR, construiu-se a Tabela 4.6.

Tabela 4.6: Valores obtidos para onset dos asfaltenos AA e AC pela técnica de

Infravermelho Próximo

4.3.2 MICROSCOPIA ÓPTICA

A técnica de Microscopia Óptica foi usada para determinação do ponto

de início de precipitação dos asfaltenos por ser largamente aplicada para esta

finalidade (ANGLE et al, 2006; GARRETO; 2006 e 2011; RAMOS, 2001). Esta

técnica apresenta a vantagem da visualização dos precipitados de asfaltenos,

tendo sido utilizada para comparação com os resultados do Infravermelho

Próximo (NIR).

Todos os ensaios foram conduzidos com uma solução de asfaltenos em

tolueno com concentração de 4g/L, na ausência e presença de 2000 ppm de

inibidor. A solução modelo foi titulada com um agente precipitante, o n-heptano,

sendo inspecionada ao microscópico óptico constantemente até a observação

de sólidos precipitados. O início de precipitação dos asfaltenos, neste caso,

Asfaltenos Metodologia

de extração

Volume de n-heptano (mL) – Onset

Desvio Padrão = ± 0,1

Percentual de Inibição

(%)

Sem

Inibidor I - R3CN I - B1 I - N3 I - R3CN I - B1 I - N3

AA IP-143 11,6 12,0 9,8 11,0 3,3 - -

EQ/NP2 15,4 16,0 11,8 16,0 3,8 - 3,8

AC IP-143 13,0 13,6 11,4 11,8 4,4 - -

EQ/NP2 14,8 16,2 13,0 16,2 8,6 - 8,6

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83

representa a menor quantidade de n-heptano necessária para visualização

destas partículas. As medidas foram feitas à temperatura de 25°C ± 1°C e os

resultados são mostrados na Tabela 4.7.

A identificação dos asfaltenos foi realizada pelo seu aspecto fractal,

conforme mostrado na Figura 4.28.

Figura 4.28: (a) Solução de asfaltenos AA extraídos por IP-143 antes do início

da floculação (ampliação de 100x); (b) Asfaltenos AA extraídos por IP-143 após

o início de precipitação (ampliação de 100x)

Tabela 4.7: Valores obtidos para onset dos asfaltenos AA e AC pela técnica de

Microscopia Óptica

Asfaltenos Metodologia

de extração

Volume de n-heptano (mL) – Onset

Desvio Padrão = ± 0,1

Percentual de Inibição

(%)

Sem

Inibidor I - R3CN I - B1 I - N3 I - R3CN I - B1 I - N3

AA IP-143 11,0 11,4 9,0 10,4 3,5 - -

EQ/NP2 14,8 15,4 11,2 15,2 3,9 - 2,6

AC IP-143 12,4 13,2 10,8 11,0 6,1 - -

EQ/NP2 14,0 15,2 12,8 15,0 7,9 - 7,3

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84

A análise das amostras dos asfaltenos AA sem inibidor mostra valores

de 11 mL de n-heptano para IP-143 e 14,8 mL para EQ/NP2.

Para a técnica IP-143, o ponto de onset para I - R3CN foi em 11,4 mL,

em 9 mL para I - B1 e em 10,4 mL para I - N3. Dentre os inibidores testados, o

inibidor sintetizado foi o que apresentou melhor desempenho para retardar o

início da precitação da amostra. Os inibidores I - B1 e I - N3 agiram como

precipitante.

No caso da técnica EQ/NP2, tanto o inibidor I - N3 quanto I - R3CN foram

capazes de retardar o início de precipitação, porém como no caso anterior, o

inibidor sintetizado foi o que apresentou o melhor desempenho. O inibidor I - B1

agiu como precipitante, com onset em 11,2 mL.

Os resultados para estabilidade das amostras AC extraídos por EQ/NP2

mostram que o inibidor sintetizado e o comercial I - N3 permitiram retardar a

precipitação dos asfaltenos em 0,6 mL.

Para as amostras de asfaltenos AC, os dados referentes ao ponto de

onset das amostras sem inibidor foram 12,4 mL de n-heptano para IP-143 e 14

mL para EQ/NP2.

Os testes de precipitação dos asfaltenos AC extraídos por IP-143 não

apresentaram efeitos de inibição na presença dos inibidores I - B1 e I - N3. O

inibidor I - R3CN foi o único que apresentou potencial na capacidade de inibição

da precipitação dos asfaltenos, sendo necessária a adição de 13,2 mL de n-

heptano para provocar a floculação da amostra.

Para a técnica EQ/NP2, tanto o inibidor I - R3CN quanto I - N3

apresentaram potencial na capacidade de inibição da precipitação de

asfaltenos, sendo que o inibidor sintetizado foi o que apresentou o melhor

desempenho. O inibidor I - B1 agiu como precipitante, antecipando o início da

precipitação.

Diante dos dados apresentados nas Figuras 4.16 a 4.19 e nas Tabelas

4.4 e 4.5, percebe-se que o inibidor sintetizado apresenta potencial para se

tornar um inibidor comercial de asfaltenos, ecologicamente favorável, e com

desempenho efetivo em retardar o início da precipitação de asfaltenos,

podendo ser posteriormente otimizado.

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85

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

Embora tenha extraído um menor teor de asfaltenos, a técnica EQ/NP2

apresenta algumas vantagens tais como menor tempo necessário para

extração, menor gasto com solventes, não utiliza aquecimento reduzindo

os custos energéticos, além de não utilizar solventes aromáticos.

A análise elementar revelou que a técnica IP-143 extraiu amostras de

asfaltenos com maior relação C/H, o que sugere uma maior

condensação dos anéis aromáticos.

As análises de RMN 1H mostraram que as espécies químicas extraídas

pelas diferentes técnicas são muito semelhantes, pois as proporções

relativas dos hidrogênios foram muito próximas.

As análises de RMN 13C sugerem que os asfaltenos obtidos pelo método

alternativo IP-143 apresentam um conjunto maior de anéis aromáticos.

Os padrões de difração de raios-X para as diferentes frações de

asfaltenos foram bastante semelhantes. Contudo, a intensidade das

bandas foi levemente maior para os asfaltenos AA extraídos pela técnica

EQ/NP2, o que revela diferenças composicionais dos asfaltenos obtidos

pelas diferentes metodologias.

Os asfaltenos extraídos pelas diferentes técnicas exibiram

comportamento térmico bastante semelhante, com picos médios de

velocidade máxima de decomposição dos asfaltenos em

aproximadamente 455°C e percentuais médios de coque de 42%, em

conformidade com dados da literatura. A perda de massa na faixa de

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200°C a 400°C sugere co-precipitação de parafinas nas amostras de

asfaltenos AC.

A Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) mostrou uma maior

porosidade nos asfaltenos obtidos por EQ/NP2, o que é um indicativo da

co-precipitação de resinas e da necessidade de uma etapa de

purificação.

A técnica EQ/NP2 revelou-se com grande potencial em substituir a

metodologia padrão. Contudo, novas análises como a Espectroscopia de

Infravermelho FTIR e o uso de ferramentas de modelagem molecular

são necessárias para um melhor entendimento das estruturas

moleculares dos asfaltenos, ratificando as particularidades de cada

técnica de extração.

O inibidor sintetizado (I - R3CN) teve seu desempenho comparado frente

a dois inibidores comerciais (I - B1 e I - N3). A capacidade de inibição foi

avaliada com o uso das técnicas de Infravermelho Próximo (NIR) e

Microscopia Óptica. Os resultados mostraram que o inibidor sintetizado

tem potencial de inibição para os asfaltenos.

As técnicas de NIR e Microscopia Óptica mostraram-se eficientes para

avaliar o comportamento de dispersões asfaltênicas em presença de

inibidores, porém outras técnicas de caracterização como também o uso

de ferramentas da modelagem molecular são necessárias para o melhor

entendimento dos mecanismos de interação inibidor-asfaltenos.

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87

CAPÍTULO 6

SUGESTÕES

A seguir são apresentadas algumas sugestões de prosseguimento deste

trabalho:

Caracterizar os asfaltenos por outras técnicas como Espectrometria de

Massas por Dessorção de Laser (LD-MS) e Espectroscopia de

Infravermelho FTIR para uma determinação mais precisa da estrutura

dessas moléculas.

Otimizar a metodologia EQ/NPx de modo a evitar a precipitação de

resinas.

Quantificar o teor de resinas nos asfaltenos obtidos pelos diferentes

métodos utilizando cromatografia por absorção.

Estudar outras técnicas para determinação da estabilidade dos

asfaltenos tais como a Espectroscopia de Ultravioleta Visível e a

Microcalorimetria.

Realizar testes de estabilidade com menores concentrações de inibidor.

Estudar o mecanismo de interação inibidor-asfaltenos utilizando

ferramentas de Modelagem Molecular.

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88

CAPÍTULO 7

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97

APÊNDICE

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ANÁLISE DO TEOR DE ASFALTENOS OBTIDOS PELAS DIFERENTES

TÉCNICAS

A Tabela A.1 apresenta os teores de asfaltenos extraídos pelo Método

IP-143 e a Tabela A.2 mostra os resultados obtidos pelo Método EQ/NP2.

Tabela A.1: Percentual de constituintes extraídos pelo Método IP-143

Amostras Percentual de Asfalteno (%)

RV-A 11,9 (±0,4)

P-C 9,7 (±1,62)

Tabela A.2: Percentual de constituintes extraídos pelo Método EQ/NP2

Amostras Percentual de Asfalteno (%)

RV-A 5,4 (± 0,51)

P-C 1,9 (± 0,23)

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ANÁLISE DE RMN H1 PARA AMOSTRAS DE ASFALTENOS OBTIDOS

PELAS DIFERENTES METODOLOGIAS DE EXTRAÇÃO

Os dados referentes à análise de RMN H1 dos asfaltenos estão na

Tabela A.3.

Tabela A.3: Resultados da análise de RMN H1 das frações extraídas

Tipos de

Hidrogênio

Porcentagem* (%) Porcentagem* (%)

RV-A P-C

IP-143 NP2 IP-143 NP2

H aromático 27,8 30,7 19,0 19,0

Hα 20,3 17,2 14,1 16,5

Hβ 33,1 38 23,1 26,1

Hγ 18,8 14,1 43,8 38,4

Total de

saturados 72,2 69,3 81,0 81,0

*Equivalente à normalização da área do pico.