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B. Indústr. anim., Nova Odessa, SP, 42(1):57-70, jan./jun. 1985 AVALIAÇÃO AGRONOMICA DE GALACTIA STRIATA (JACO.) URB. SOB DOIS NIVEIS DE ADUBAÇÃO, EM SÃO JOSe DO RIO PRETO, SP (1 ) (Evetuetion of Galactia striata (Jacq.) Urb. under two fertilization leve/si PAULO GASTÃO DA CUNHA (2), ROBERTO MOLlNARI PERE$ (2), ÚOPOLDO ANDRAPE DE FIGUEIREDO (2), ODETE MARIA APARECIDA ANGELI GHISI (3), PAULO BARDAUIL ALcANTARA (4), VANDERLEY BENEDITO DE OLIVEIRA LEITE (5) e MARIA RITA DALLALANA CAMILLOTTI (6) RESUMO: O trabalho foi realizado na Estação Experimental de Zootecnia de São José do Rio Preto(SP), de 3/2/1981 a 13/2/1984, tendo por objetivo comparar dois ec6tipos de Gatactia striata selecionados no Campo de Introdução de Instituto de Zootecnia com o cultivar comercial, quanto ao estabelecimento, produção, persistência ao corte, teores protéicos e de fibras e exigência nutricional sob dois níveis de fertilização: a) sem adubação; e b) com adubação básica de 500kg de superfôsfato simples e 120kg de cíoreto de potás- sio, por hectare, no plantio e após cada corte. O solo do local é Podzolizado de Uns e Mar[lla, variação Uns. O delineamento estatlstico adotado foi de blocos casualizados, em esquema fatorial com quatro repetições. Verificou-se que a Galactia se estabeleceu em 70 dias. A adubação não interferiu significativamente na maioria das caractertstlcas estudadas. A Galactia NO 548 teve comportamento semelhante ao cultivar comercial, apresentando, porém, maior produção de matéria seca por hectare. Enquanto esses dois ec6tipos permaneceram nos canteiros por pouco mais de um ano, o cv. larana NO 1922, ap6s três anos, ainda permanecia com ótima vegetação, cobrindo mais de 70% do solo. ~ senslvel à geada, com 6tima recuperação e bom aspecto quanto 'a sanidade. Sua produção média de matéria seca no ensaio foi de 5.421 kg, com teor protéico de 15,2%. INTRODUÇÃQ A Galactia striata (Jacq.) Urb. é uma planta A maioria das especies do gênero Ga/actia da farnflia Leguminosae, subfamília Faboidesae não apresenta nenhum potencial forrageiro; contu- (Papilionoideae), tribo Phaseoleae e subtribo do, o recente interesse por essa leguminQs8 deve-se Galactiinas, originária da América Central, citada a~ suas características agronômicas (ROCHA et pela primeira vez porDUCKE 7 , ao descrever a flora alii 24 ). da Amazônia. ~ uma planta trepadora, com raízes profundas, No Estado de São Paulo, a primeira coleta e apresentando abundante nodulação, adaptada para introdução foi realizada em 1963 pelo IBEC regiões tropicais, principalmente onde as precipita- Research Institute. Mais tarde, outras coletas e ções pluviais estão entre 800 e 1.200mm anuais introduções foram feitas por pesquisadores do Ins- e temperatura média em torno de 230C (MATTOS tituto de Zootecnia (SP), onde se iniciaram os & ALCANTARA I5 ). Desenvolve-se bem em solos primeiros estudos a respeito (MATTOS & A LcAN- arenosos, de baixa fertilidade, e pH moderadamente TA RA I 5). ácido, atingindo produções anuais em torno de 7t (I) Parte do Projeto IZ-225. Recebido para publicação em junho de 1004. (2) Da Estação Experimental de Zootecnia de São José do Rio Preto. (3) Da Embrapa, a serviço na Seção de Agronomia de Plantas Forrageiras, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens. (4) Da seção de Agronomia de Plantas Forrageiras, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens. Bolsista do CNPq. (5) Do Posto Experimental de Brotas. Bolsista do CNPq. (6) Estagiária da Seção de Agronomia de Plantas Forrageiras, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens. 57

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B. Indústr. anim., Nova Odessa, SP, 42(1):57-70, jan./jun. 1985

AVALIAÇÃO AGRONOMICA DE GALACTIA STRIATA (JACO.) URB.SOB DOIS NIVEIS DE ADUBAÇÃO, EM SÃO JOSe DO RIO PRETO, SP (1 )

(Evetuetion of Galactia striata (Jacq.) Urb. under two fertilization leve/si

PAULO GASTÃO DA CUNHA (2), ROBERTO MOLlNARI PERE$ (2), ÚOPOLDO ANDRAPE DE FIGUEIREDO (2),

ODETE MARIA APARECIDA ANGELI GHISI (3), PAULO BARDAUIL ALcANTARA (4), VANDERLEYBENEDITO DE OLIVEIRA LEITE (5) e MARIA RITA DALLALANA CAMILLOTTI (6)

RESUMO: O trabalho foi realizado na Estação Experimental de Zootecnia de São Josédo Rio Preto(SP), de 3/2/1981 a 13/2/1984, tendo por objetivo comparar dois ec6tiposde Gatactia striata selecionados no Campo de Introdução de Instituto de Zootecnia como cultivar comercial, quanto ao estabelecimento, produção, persistência ao corte, teoresprotéicos e de fibras e exigência nutricional sob dois níveis de fertilização: a) sem adubação;e b) com adubação básica de 500kg de superfôsfato simples e 120kg de cíoreto de potás-sio, por hectare, no plantio e após cada corte. O solo do local é Podzolizado de Uns eMar[lla, variação Uns. O delineamento estatlstico adotado foi de blocos casualizados,em esquema fatorial com quatro repetições. Verificou-se que a Galactia se estabeleceuem 70 dias. A adubação não interferiu significativamente na maioria das caractertstlcasestudadas. A Galactia NO 548 teve comportamento semelhante ao cultivar comercial,apresentando, porém, maior produção de matéria seca por hectare. Enquanto essesdois ec6tipos permaneceram nos canteiros por pouco mais de um ano, o cv. larana NO1922, ap6s três anos, ainda permanecia com ótima vegetação, cobrindo mais de 70%do solo. ~ senslvel à geada, com 6tima recuperação e bom aspecto quanto 'a sanidade.Sua produção média de matéria seca no ensaio foi de 5.421 kg, com teor protéico de 15,2%.

INTRODUÇÃQ

A Galactia striata (Jacq.) Urb. é uma planta A maioria das especies do gênero Ga/actiada farnflia Leguminosae, subfamília Faboidesae não apresenta nenhum potencial forrageiro; contu-(Papilionoideae), tribo Phaseoleae e subtribo do, o recente interesse por essa leguminQs8 deve-seGalactiinas, originária da América Central, citada a~ suas características agronômicas (ROCHA etpela primeira vez porDUCKE7, ao descrever a flora alii24).

da Amazônia. ~ uma planta trepadora, com raízes profundas,No Estado de São Paulo, a primeira coleta e apresentando abundante nodulação, adaptada para

introdução foi realizada em 1963 pelo IBEC regiões tropicais, principalmente onde as precipita-Research Institute. Mais tarde, outras coletas e ções pluviais estão entre 800 e 1.200mm anuaisintroduções foram feitas por pesquisadores do Ins- e temperatura média em torno de 230C (MATTOStituto de Zootecnia (SP), onde se iniciaram os & ALCANTARAI5). Desenvolve-se bem em solosprimeiros estudos a respeito (MATTOS & A LcAN- arenosos, de baixa fertilidade, e pH moderadamenteTA RA I 5). ácido, atingindo produções anuais em torno de 7t(I) Parte do Projeto IZ-225. Recebido para publicação em junho de 1004.(2) Da Estação Experimental de Zootecnia de São José do Rio Preto.(3) Da Embrapa, a serviço na Seção de Agronomia de Plantas Forrageiras, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens.(4) Da seção de Agronomia de Plantas Forrageiras, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens. Bolsista do CNPq.(5) Do Posto Experimental de Brotas. Bolsista do CNPq.(6) Estagiária da Seção de Agronomia de Plantas Forrageiras, Divisão de Nutrição Animal e Pastagens.

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de matéria seca J:)0r hectare, sendo que aproxima-damente 39%· durante o período seco do ano.

De ~ordo com vários pesqulsaderes, entre osquais ALCÂNTARA & BUFARAH2

, GHISI etalii9,10,11, PAULlNO et alii22 e PEIDR~IRA&talíi2 3, a Galactia striata reage satisfatoriamenteàs estresses, tais cerno seca, f0go, ventos frios egeadas.

SOUT025, avaliando 83 cultivares de legumi·nosas forrageiras tropicais, em solo tipo "glayhidromórfico" observou que nenhum cultivar deGelsctie striata apresentou bom cempertamentoveqetatlvo durante o período crítico do ano.

MIRANDA & NOVAESlS, trabalhando emdois tipos de solo, com o objetivo de estudar anutrição mineral da Galactia, observaram reduçãode matéria seca com a omissão de fósforo e potássiona adubacâo.

GHISI et alii10 verificaram que o teor de PBem galáxia respondeu positivamente à adubaçãoquando trabalharam com espécies de Galactia spp,e Centrosema spp.

MA TTOS1 4 observa que, apesar de bom desen-volvimento e nodulação em terrenos de baixa fertl-lidade, a Galactia striata responde positivamentequando inoculada ou adubada, produzindo maiorquantidade de massa verde e proteína por área.

A galáxia apresentou grande estabilidadecom relação ao número de plantas germinadas eestabeleci das em levantamentos semanais realizadospor ABRAMIDES et alii1 r durante 56 dias a partirda semeadura.

MATTOS& PEDREIRA16, estudando o cres-cimento estacional de oito leguminosas de climatropical, verificaram que a galáxia, com exceçãodos meses de dezembro, janeiro e abril, apresentoutaxas de crescimento m ais elevadas que as dem aisleguminosas. Verificaram, ainda, que ela teve amelhor distribuição durante o ano, com a maiorprodução de matéria seca a 650C, ou seja,5.892kg/ha/ano, dos quais 31% no inverno.

Comparando oito leguminosas forrageiras,na Zona da Mata (MG), MOZZE R et alii2 o observa-ram que as maiores produções de matéria seca eproteína por hectare foram obtidas pela galáxia,7.933 kg e 1.400kg, respectivamente.

ANDRADE3, em trabalho realizado nomunidpio de Felixlândia (MG), comparou noveleguminosas forrageiras, ficando a galáxia entreas que mais produziram.

TOSI et alii26 observaram que a Galactiastriata foi a leguminosa que mais produziu, quandocomparada com a centrosema, soja-perene e siratro,apesar de não apresentar diferença estatística come siratro.

Avaliando 249 cultivares de leguminosas forra-geiras introduzidas em solos de cerrado de CampoGrande (MS), GHISI et alii11 observaram que aGalactia striata cv. (I R I 2961) e mais quatro legu-rninosas foram comparativamente mais produtivas,nos tratamentos que não receberam adubações. AGalactia striata e os cultivares de Lablab purpureustestados apresentaram os melhores potenciais paraadaptação a solos de baixa fertilidade.

MATTOS & WERNER17, comparando cincoleguminosas forraqeiras: centrosema, soja-perene,siratro, estilosantes e galáxia, durante três anos,observaram que esta última obteve a maior produ'ção de matéria seca e proteína bruta por hectare,6.552kg e 1.405kg respectivamente, valendo a penaressaltar que 38% de sua produção ocorreu noinverno.

G H ISI et alii8, comparando a produção dedois ecótipos de Galactia striata (NO 1922 e NO548) provenientes de coletas e seleção no Campode Introdução do Instituto de Zootecnia em NovaOdessa (SPl, com um cultivar já existente nocomércio, observaram que a adubação não influiusignificativamente na produção de matéria seca (doNO 1922 e do comercial), sendo que a GalactiaNO 1922 foi melhor que as demais, em termos deprodução e desenvolvimento vegetativo. Da íestaremestudando as mesmas em associações com gram í·neas sob a ação QO pisoteio.

PAULlNO et alíi21 observaram que a Setarianandi, quando associada com a Galactia srriata,produziu, em termos de matéria seca por área, oequivalente a uma adubação de 124kg/N/ha/ano.Os mesmos AA. verificaram que esta leguminosacontribuiu para a elevação do teor de proteínabruta da setária, quando a compararam com aexclusiva e sem a adubação. O nitrogênio aparen-temente transferido da Galactia em consociaçãofoi estimado em 32kg/ha/ano.

MARTINS et aliil3 verificaram que a Galactiastriata demonstrou ser uma boa fonte alternativade alimentos para o inverno, levando-se em consi-deração que seu valor nutritivo pouco decrescecom o avanço da maturidade; assim sendo, esta

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leguminosa poderá ser vedada alguns meses antesdo seu uso, permitindo maior produção de massa.

LOURENÇO et alii12 observaram que aGalactia não suportou um pastejo intensivo comalta taxa de lotação.

WERNER et alii28, observando a velocidadede estabelecimento e produção de feno de dezleguminosas, após quatro cortes de outubro/73 adezembro/74, verificaram que a galáxia produziugrande quantidade total de feno (11.930kg/ha),com maior desenvolvimento durante o período dassecas. Observaram porém, que ao final do ensaioestava com o "stand" reduzido e grande quantida-

de de plantas invasoras.A Galactia apresentou boa relação lâmina/haste

no material original, porém má relação no feno,indicando grande perda de folhas no processo defenação (MOURA et alii19).

O objetivo deste trabalho foi comparar doisecótipos de Galactia striata, NO 1922 e NO 548,selecionados em 1979 no Campo de Introduçãodo Instituto de Zootecnia,em Nova Odessa (SP),com um cultivar comercial, quanto ao estabele-cimento, produção, persistência ao corte, qualidadee exigência nutricional, visando ao lançamento nocomércio da variedade mais promissora.

MATERIAL E M~TODOS

Este trabalho foi realizado na Estação Experi-mental de Zootecnia de São José do Rio Preto, doInstituto de Zootecnia (SP), situada no km 445 daRodovia Washington Luis, tendo como coordenadasgeográficas 20048' de latitude sul e 49023' de lon-gitude oeste.

Os solos do local classificados como do tipoPodzolizado de Uns e Marília, variação Uns, deacordo com o CENTRO NACIONAL DE ENSINOE PESQUISAS AGRONOMICASs apresentamrelevo levemente ondulado, com altitude médiade 540m; solos ácidos (pH 4,8-5,8). profundos,bem drenados e facilmente erodíveis.

Esta região foi classificada como de clima A,subclima Aw, tropical úmido com estaçãochuvosa no verão, seguida de tempo ameno e secono inverno segundo Koeppen.

Foram ensaiados os seguintes cultivares:Galactia striata NO 548 - coletada em Indaiatuba,(SP), 1971. Planta herbácea, trepadeira, perene,com florescimento em março-abril e maturaçãode sementes em junho-julho.

Galactia striata NO 1922 - coletada na FazendaSuiá-Miçu, (MT). em 1978. !"Ianta semi-arbus-tiva, trepadeira, perene, com florescimentoem abril-junho e maturação de sementes emagosto-setembro.

Galactia striata cultivar come reialEstas leguminosas foram comparadas entre si,

sem e com fertilizantes, sendo que os canteirosadubados receberam dosagem básica (100kg/ha deP20S e 75 kg/ha de K2 O) no plantio e após cadacorte. A partir da segunda adubação, foi adiciona-do à mistura sulfato de zinco, 10 kg/ha.

O plantio se realizou em 3/2/1981, em cantei-ros experimentais de 6,OOm2 (3,00 x 2,OOm), apósprévio preparo do terreno.

Foram executadas cinco amostragens de2,OOm2 por parcela durante o período experimen-tal, realizando-se o primeiro corte no dia 14/4/81 eo último em 28/12/81.

Os cortes foram feitos com cutelo, no centrodas parcelas, com auxílio de uma grade de 2,00 x1,00 x O,15m que demarcava a área e a altura docorte para a Galactia NO 548 e para o cultivarcomercial. A Galactia NO 1922 foi cortada damesma forma, porém a 20cm de altura.

Após pesagem do material verde, foi retiradauma amostra representativa para a determinaçãoda matéria seca a 650C. Posteriormente, os pesosda matéria original foram convertidos em matériaseca a 650C e transformados em quilogramas porhectare. Periodicamente, enviava-se a matéria secamoída de cada parcela experimental para a Seçãode Avaliação de Forragens, Divisão de NutriçãoAnimal e Pastagens, Instituto de Zootecnia,para análise bromatológica.

Antes de cada corte, foram feitos levantamen-tos da cobertura do solo, usando-se o método doquadrado de 0,50 x O,50m, colocando-se seusvértices sobre as diagonais do canteiro. Esseslevantamentos visuais eram sempre feitos por dois .ou mais técnicos, sendo possível avaliar tambéma persistência aos cortes e a influência do clirnasobre os cultivares testados.

O delineamento experimental adotado foide blocos casualizados, em esquema fatorial 3 x 2,com quatro repetições.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

As temperaturas médias e precipitações pluviaismensais ocorridas em 1981, na Estação Experimen·tal de Zootecnia de São José do Rio Preto, sãoapresentadas no quadro 1, onde se pode verificarque choveu 1.226mm, ocorrendo de maio a setern-bro apenas 91mm, mal distribu ídos. Considerando--se que a média da precipitação pluvial da últimadécada na Estação Experimental de Zootecniade São José do Rio Preto foi de 1.494,3mm, com216,7mm no período seco (CUN HA~), conclui-seque o ano de 1981 foi menos chuvoso que osdemais, principalmente no inverno.

A temperatura média do ano em questão foiidêntica à registrada no último decênio, ou seja,23,80C, ideal para a Ga/actia, segundo A LcANT A-RA & BUFARAH2, apesar da ocorrência de geadarigorosa, que prejudicou as pastagens e culturasperenes da região.

Observou-se que, entre os cultivares da galáxia,apenas o cv. NO 1922 foi afetado, sendo que o cv.NO 548 e o comercial se mostraram resistentes,confirmando os dados apresentados por váriosautores como ALCANTARA & BUFARAH2,

GHISI et alíi1 o, PAULlNO et alii21 e PEDREI-RA et alii2 3.

Provavelmente o local de origem (Mato Grosso)e o formato das folhas sejam responsáveis pelasensibilidade à geada do cv. NO 1922, já que suasfolhas são mais largas e compridas que as dos demaiscultivares testados, proporcionando-lhe maior áreade exposição. Deve-se salientar, entretanto, a suarápida recuperação.

Com relação à germinação, observou-se que,treze dias após o plantio, todos os canteiros tinhammais de trinta plantas por metro quadrado.

Os ecótipos foram considerados estabelecidospor ocasião do primeiro corte, 70 dias após o plan-tio, quando, com exceção do cv. NO 1922 nãoadubado, todos os outros tratamentos se apresen-tavam com mais de 70% de cobertura do solo. Ocv. NO 1922 possui hábito semiarbustivo; os cultiva-res NO 548 e comercial são do tipo herbáceo,motivo pelo qual era esperado mais tempo para oestabelecimento do cv. NO 1922.

* CUNHA, P. G. da. Dados obtidos na Estação Experi-mental de Zootecnia de São José do Rio Preto e nãopublicados.

Quadro 1. Temperaturas médias, amplitude de variação e precipitações mensais, em São José do RioPreto, em 1981

Média mensal das temperaturas 0C Amplitude Precipi-Meses Média Máxima Mlnima de variação tações

°C (oC) (rnm)

Janeiro 25,5 27,7 23,3 31,0-22,0 367,0Fevereiro 27,1 29,8 24,4 32,0-23,0 83,5Março 26,2 29,0 23,4 33,0-·21,0 97,0Abril 24,1 27,4 20,8 30,0-17,0 82,4Maio 23,0 26,6 19,5 28,0-16,0 0,0Junho 19,2 22,5 15,5 27,0- 9,0 86,5Julho 17,6 21,8 13,4 25,0- 5,0 0,0Agosto 22,3 26,6 18,2 30,0-15,0 0,0Setembro 24,7 28,9 20,5 32,0-15,0 4,5Outubro 24,1 27,6 20,7 31,0-16,0 167,0Novembro 26,5 29,3 23,8 31,0-22,0 76,0Dezembro 25,4 28,3 22,6 31,0-20,0 262,0

Ocorrência de geadas: 21 e2217 18'1 1.226,0

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\.

Este rápido estabelecimento confirma dadosdeABRAMIDESetalii1 e PAULlNOetalií21,

que consideraram esta leguminosa de bom estabe-lecimento inicial.

No quadro 2, encontra-se a produção de maté-ria seca a 650C dos três cultivares de Galactiastriata testados, na presênça e ausência de adubação.

Verifica-se que, ocv. NO 548 apresentou maiorprodução nos três primeiros cortes, diferenciando--se estatisticamente dos demais, ao nível de 5%de probabilidade. Os outros dois não diferenciaramentre si. Entretanto, a partir do quarto corte, o cv.NO 1922 foi superior aos outros (Quadro 2).

Observa-se que a adu bação básica apresentauma tendência de melhoria de produção, princi-palmente no cv. NO 1922, mas sem diferença esta-tística. Este fato confirma os resultados encontra-dos por DIAS FILHO & SERRÃ06, MATTOS14

e MIRANDA & NOVAES1H, que verificaramaumento de produção com o uso de fertilizantes.

Constata-se ainda, que as maiores produçõesde matéria seca foram alcançadas por ocasião doprimeiro corte; as menores produções do cv. NO548 e comercial foram obtidas em dezembro,enquanto a do NO 1922 foi em julho, talvez devidoàs geadas ocorridas em 21 e 22/7/81.

O quadro 3 apresenta a produção diária dematéria seca a 650C por hectare e sua distribuiçãopercentual durante o ensaio.

Estudando os dados de produção diária, cons-tata-se que os ecótipos NO 548 sem fertilizantee o Comercial com e sem adubação, apresentaramdesempenho máximo no primeiro período de cres-cimento, e os demais tratamentos, no período entreo terceiro e o quarto corte. Em contrapartida, aspiores produções dos cultivares NO 548 e NO1922 foram obtidas em junho-setembro, e docomercial, em novembro-dezembro. No caso docomercial, este fato vem de encontro ao observadopor ALCANTARA & BUFARAH2 que indicamum sofrível desempenho da Galactia striata emlocais de muita umidade e calor.

Do primeiro até o quarto corte os cultivaresNO 548 e comercial comportaram-se de maneiraidêntica, sendo que, no quinto, o NO 548 foi maisprodutivo, especialmente quando adubado. Já ocv. NO 1922 apresentou um comportamento dife-rente dos demais, pois teve uma queda de produçãono segundo e no terceiro corte, principalmenteneste último, quando não ocorreram chuvas no

período que o antecedeu. A partir daí, teve granderecuperação como se pode observar na figura 1.

Averigua-se, nos quadros 2 e 3, que quando aprecipitação pluvial foi mínima, os ecótipos NO548 e comercial apresentaram boas produções dematéria seca, confirmando dados de MARTINS etalii13, MATTOS & ALCANTARA15, MATTOS &

PEDREIRA16 e MATTOS & WERNER17.

Verifica-se também que a adubação não inter-feriu na distribuição da produção dos cultivarestestados e que o NO 1922 mostrou-se o mais esta-cional, não se descartando a hipótese que a maiordemora ao se restabelecer após os cortes e a geadatenham influ (do nessa estacionalidade.

As figuras 1 e 2 ilustram o comportamento-dos três cultivares quanto à produção de matériaseca a 650C. Observa-se que as curvas de produçãodo cv. NO 548 e comercial são semelhantes,diferindo do NO 1922, principalmente no períodoseco. Observa-se também uma inversão de produçãono quinto corte.

Os teores médios percentuais de proteínabruta na matéria seca a 1100C e a produção porhectare são mostrados no quadro 4. Quanto àprodução de proteína bruta por hectare não severificou diferença estatística entre os cultivares, re-sultado semelhante ao encontrado por GHISI etaliis, quando testaram estes mesmos ecótipos, Ocor-reu, no entanto, diferença (P < 1%) entre cortes,sendo que as quantidades encontradas no quarto equinto corte foram superiores aos demais, prova-velmente pela diferença da idade das rebrotas, oque concorda com o trabalho de CAIELLI et alii".

A influência da adubação no teor protéico daGalactia foi negativa (P < 5%), pois conseguiu-semaior teor nos canteiros não fertilizados.

A adubação influiu negativamente no teorprotéico da galáxia (P < 5%), talvez pelo maiordesenvolvimento das rebrotas adubadas, fatoque contraria os dados coletados por A LCANTARA& BUFARAH2 e GHISI et aliis, que indicamresposta positiva para adubação, e por VI LELA& NUNEs2

7, que não encontraram diferençasquando usaram cinco níveis de fósforo.

O teor médio dos tratamentos para proteínafoi 14,99%, resultado semelhante aos encontradospor ANDRADE3, CAIELLI et alii" e WERNER etalii28

, e inferior aos apresentados por A LCANTA-RA & BUFARAH2 e MATTOS & WERNER17.

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Quadro 2. Produção por hectare de matéria seca a 650C de três cultivares de Galactia striata, testados em São José do Rio Preto, em 1981\Il

5"CI.c-

Cultivares de Galactia striata ~:-••

Ordem Dias de::I

Sem adubação Com adubação Total p'd05 Datas cresci- ---- -_ ..cortes rnento NO 548 NO 1922 Comercial NO 548 NO 1922 Comercial z-_._- o

(kg) (%) (kg) (% ) ( kg) (% ) (kg) (%) ( kg) (% ) (kg) (% ) ~- OQ.

(\)

lq 14/04 70 2.018 31,6 1.433 29,6 1.928 32,0 1.819 27,6 1.693 28,2 1.821 32,5 10.710....!!'~ 2Q 22/06 69 1.203 18,9 603 12,5 1.123 18,6 1.210 18,3 841 14,0 1.036 18,5 6.015 (J)."tI

39 14/09 84 1.230 19,3 601 12,4 1.345 22,3 1.221 18,5 593 9,9 1.173 20,9 6.163 ~N

49 11/11 58 1.156 18,1 1.345 27,9 1.062 17,6 1.544 23,4 1.714 28,6 1.113 19,9 7.941 ::::59 28/12 47 773 12,1 850 17,6 572 9,5 801 12,2 1.162 19,4 461 8,2 4.619 Ü1...,

~Total 6.379 100,0 4.838 100,0 6.029 100,0 6.595 100,0 6.003 100,0 5.605 100,0 35.449 ,0

'jjj'

NO 548 = 6.487a NO 1922 = 5.421b Comercial o::; 5.817b ?Médias D.M.S.631

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F Cultivares 3,94*::I

Adu bação 1,04 ns Int. C x A 2,16 ns C.V.13,0% -O) tOI>.) Q)C11

Quadro 3. Produção diária de MS a 650C por m2 e distribuição percentual no período experimental dos cultivares ensaiados em São José do Rio Preto,em 1981

Cultivares de Galactia striata

"-Pedodo de Chuva Sem adu bação Com adubação

crescimento (mrn) NO 548 NO 1922 Comercial NO 548 NO 1922 Comercial-----( 9 ) (%) ( 9 ) (%) ( 9 ) (% ) ( 9 ) ( %) t s ) ( %) (g ) ( %)

-04/02 a 14/04 179,0 2,88 29,2 2,04 26,1 2,75 30,1 2,60 25,2 2,42 24,5 2,60 30,614/04 a 22/06 168,5 1,88 19,0 0,94 12,2 1,75 19,2 1,89 18,3 1,31 13,3 1,62 19,022/06 a 14/09 0,0 1,46 14,9 0,72 9,1 1,60 17,5 1,45 14,1 0,71 7,2 1,40 16,414/09 a 11/11 212,5 1,99 20,2 2,32 29,7 1,83 20,0 2,66 25,8 2,96 30,0 1,92 22,511/11 a 28/12 269,5 1,64 16,7 1,81 23,7 1,22 13,3 1,71 16,5 2,47 25,0 0,98 11,5

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!Quadro 4. Teores médios de protefna bruta na matéria seca a 100ue e produção por hectare de três cultivares de Galactia striata submetidos a teste em São ~

José do Rio Preto, em 1981 •.••~..•Ü1-.I~~~.?~c:?

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Tratamentos

Proteína bruta (%)

Ordem dos cortes

29 39 49 59

14,8 13,6 17,1 17,515,5 14,8 14,9 17,612,9 13,5 18,1 16,311,8 13,9 15,3 14,913,8 13,8 16,6 16,610,4 14,3 17,8 16,5

Adubação

19

cnwNO 548NO 1922ComercialNO 548NO 1922Comercial

14,115,615,314,014,114,5

AusenteAusenteAusentePresentePresentePresente

Média

Produção (kg/ha)

Ordem dos cortes Total

19 29 39 49 59

269 152 162 176 129 888211 88 86 179 141 705276 137 176 171 88 848240 135 163 210 124 872226 109 79 254 164 832249 101 160 177 73 760

..•CD00c.n

15,4

15,715,214,214,614,7

_.----.----------------------------------------------------------~------------~------------------~----F (% P.B.)Médias

Cortes 13,2**Adubados 14,51

Cultivares 1,4 n.s.Cultivares n/adubàdos 15,45%

Adubação 6,2*e.V.7,0%

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Legenda

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1800

1650

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NO 548NO 1922Comercial

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22-62!:!Corte69 d i a s

(168,5 mrn)

28-125~ Corte47 dias

(269,5mm)

14-93Q. Corte84 di as(O,Omm)

11-114 Q. Corte58dios

(212,5mm)

Fig. 1- Produção de matéria seca a 65°C, de três ecótipos de Galactiastrjata cultivadas em São José do Rio Preto

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2Q Corte22-06-81

3Q Corte14-09-81

4 Q Corte11-11-81

5QCorte28-12-81

Fig. 2 - Efeito da adubação e das épocas de corte sobre três ecótipos de Galactiaslriat.,g testados em Sao José do Rio Preto, em 1981

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o quadro 5 apresenta o teor percentual defibra bruta na matéria seca a 1050C. Não ocorreudiferença estatística entre ecótipos nem entre níveisde adubação, confirmando dados de GHISI etalii8,11. O teor médio de dos cultivares foi 30,2%,resultado semelhante aos encontrados por ABRA-MIDES et alll", ALCÂNTARA & BUFARAH2 eMATTOS & WERNERI7,masinferioraosapresen-tados por CAIELU et alii4.

O quadro 6 trata da cobertura do solo pelostrês cultivares testados, cujos dados serviram paraa avaliação da persistência dessa leguminosa, nodecorrer do ensaio.

O fator que pode ter colaborado nas pequenasproduções do cv. NO 548 e comercial foi a baixapersistência desses cultivares, que se comportaramcomo se fossem culturas anuais. Já o NO 1922,com caracter ísticas morfológicas e fisiológicasbem diferentes dos outros dois, mostrou boapersistência, comportando-se como cultura pereneque realmente a galáxia é (Figura 3).

Após o corte de dezembro, os cultivares cv.NO 548 e comercial não se recuperaram, vindo adefinhar até desaparecer dos canteiros, motivopela qual, a partir de 13/12/81, continuaram-seas observações de persistência somente do ecótipoNO 1922, que se manteve, cobrindo 70% do soloapós três anos de plantio, quando foi dado porencerrado o experimento. Acredita-se que teriasido o mais produtivo se os cortes de avaliaçãotivessem prosseguimento.

Devido à sua curta longevidade nos canteirosexperimentais, os ecótipos NO 548 e comercialsão desaconselháveis para a formação de pastagensconsorciadas onde encontrariam condições maisadversas, com a concorrência dos capins.

O NO 1922 mostrou-se resistente ao vírus domosaico amarelo e doenças fúngicas, fato nãoverificado com os demais ecótipos testados,podendo ser esta uma das causas queinfluíram na longevidade do cv. NO 548 e comer-cial. A resistência do cv. NO 1922 ao mosaicoamarelo, oídio e m íldio foi tam bém constatadapor GHISI etalii1o

.

Quadro 5. Porcentagem de fibra bruta na matéria seca a 1050C de Galactia striata cultivada em São Josédo Rio Preto, em 1981

Ordem Fibra bruta (%)

dos Sem adu bação Com adu baçãocortes NO 548 NO 1922 Comercial NO 548 NO 1922 Comercial

19 34,2 34,5 36,4 34,6 35,8 35,729 22.4 21,6 24,2 26,5 22,6 30,339 24,3 25.4 26,7 24.4 25,1 25,749 33,9 57,8 29.4 32,9 35.4 36,55q 30,6 24,0 28,2 30,3 28,8 29,2Média 29,1 32,7 29,0 29,7 29,5 31,5

Quadro 6. Persistência da Galactia striata, através da porcentagem da cobertura do solo, em São José doRio Preto

Ordem Galactia striata

do Data Sem adubo Com adubocorte NO 548 NO 1922 Comercial NO 548 NO 1922 Comercial

19 14/04/81 74 58 75 76 71 8829 22/06/81 56 41 55 66 48 6039 14/09/81 63 26 75 55 30 5449 11/11/81 64 74 50 75 84 6459 28/12/81 34 71 28 60 70 36Último 13/02/84 O 72 O O 75 O

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Fig. 3- Cobertura do solo, em porcentagem, de três ecótipos de Galactia strigta,antes dos cortes efetuados em 1981, em SOA José do Rio Preto

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CONCLUSOES

Através dos dados de cinco cortes, em 328dias contados a partir do plantio e observaçõesdurante três anos nos canteiros experimentaislocalizados em São José do Rio Preto, concluiu--se:

1. A Galactia striata estabeleceu-se em 70 dias,provavelmente devido ao bom preparo do solo econdições climáticas favoráveis.

2. A adubação não interferiu estatisticamente(P < 5%) no estabelecimento, persistência aoscortes, produção de matéria seca e quantidadede proteína bruta por unidade de área, mas atuounegativamente no teor protéico percentual dagaláxia.

3. O teor de fibra bruta médio dessa leguminosafoi 30,2%, não tendo sido influenciado pelo cultivarou adu bação.

4. A Galactia NO 1922 apresentou maior persis-tência e resistência às doenças, mas foi mais sensí-vel a geadas que as demais, recuperando-se contudo,rapidamente após esse evento.

5. Os cultivares NO 548 e comercial não devemser indicados para associações com gram íneas for-rageiras na região de São José do Rio Preto, apesarde suas boas produções no período seco do ano,por não serem longevos e por apresentarem o vírusdo mosaico-amarelo.

6. Tendo em vista que as geadas ocorrem espora-dicamente na Região Norte do Estado de São Paulo,recomenda-se ensaiar a Galactia NO 1972 emconsorciação com capins e sob pisoteio, para estudara sua compatibilidade com as gram íneas forrageiras,palatabilidade e persistência nessa situação.

SUMMARY: Presentwork was carried out at SãoJosédo Rio Preto Experimental Stationof Instituto de Zootecnia, State of São Paulo, Brazil, from February, 1981 to February,1984. The main aim of it was to compare two ecotypes of Galactia striata selected fromthe introduction garden located at Nova Odessatown. The parameters that were studiedwere: stablishment, yield, protein and fiber content, mineral nutrition under two levelsof fertility: natural and fertilized with 500kg of single superphosphate and 120kg ofpotassium chloride according to the soil analysis and applied after avery cutting. Localsoil was ciassified Podzolized soils on calcareoussandstoneLins variation. Theexperimentaldesign was the randomized complete blocks one with 4 replications. Stablishmentoccured after 70 days. Fertilizing did not interfer on the cultivars. Galactia number NO548 presented similar behaviour to the comercial type giving higher yield of dry matterand both of them persisted only for one year. Galactia cv. larana number NO 1922persisted after 3 years and showedabout 70% of soil coverture giving 5.421 kg of D.M./hawith 15.2% of protein contento

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