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AVALIAÇÃO PROBABILÍSTICA DA DETERIORAÇÃO DE ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO Rodrigo Vitali Lorensini

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AVALIAÇÃO PROBABILÍSTICA DA DETERIORAÇÃO DE

ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO

Rodrigo Vitali Lorensini

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

“AVALIAÇÃO PROBABILÍSTICA DA DETERIORAÇÃO DE

ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO”

Rodrigo Vitali Lorensini

Dissertação apresentada ao corpo docente do curso

de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas da

Universidade Federal de Minas Gerais, como parte

dos requisitos para obtenção do título de “Mestre em

Engenharia de Estruturas”.

Comissão Examinadora: _________________________________ Prof. Dra. Sofia Maria Carrato Diniz

DEES – UFMG (Orientadora) _________________________________ Prof. Dr. Roque Luiz da Silva Pitangueira

DEES – UFMG _________________________________ Prof. Dr. Turíbio José da Silva

DEC – Universidade Federal de Uberlândia

Belo Horizonte, 29 de setembro de 2006

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ii

Dedico este trabalho aos meus pais, Joel Luiz

Lorensini e Katia Raquel Vitali Lorensini, por

estarem sempre presentes em todas as etapas de

minha vida.

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iii

Agradecimentos

À Professora Sofia Maria Carrato Diniz, pelo apoio e orientação durante a elaboração

deste trabalho.

Aos professores e funcionários do Departamento de Engenharia em Estruturas, pelo

suporte dado durante o curso.

Aos amigos Heins Hackbarth Junior, Henrique Alves Tartaglia Nogueira e Leonardo

Braga Passos, pela ajuda nos momentos de dificuldade.

À FAPEMIG, pelo apoio financeiro recebido durante o período de março de 2005 à

fevereiro de 2006.

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iv

Sumário

1 - Introdução .................................................................................................................. 1

1.1 - Declaração do Problema....................................................................................... 1

1.2 - Objetivos da Pesquisa........................................................................................... 3

1.3 - Organização.......................................................................................................... 3

2 - Deterioração das Estruturas em Concreto Armado............................................... 5

2.1 - A Durabilidade das Estruturas e a NBR 6118:2003............................................. 7

2.1.1 - Mecanismos de Deterioração Relativos ao Concreto ................................... 7

2.1.2 - Mecanismos de Deterioração Relativos à Armadura ................................... 8

2.1.3 - Mecanismos de Deterioração da Estrutura Propriamente Dita ................... 9

2.1.4 - Agressividade do Ambiente ........................................................................... 9

2.1.5 - Qualidade do Concreto de Cobrimento ...................................................... 10

2.1.6 - Controle da Fissuração............................................................................... 12

2.2 - Corrosão em Armaduras do Concreto Armado .................................................. 13

2.2.1 - Corrosão da Armadura Devido a Ação dos Cloretos ................................. 15

2.3 - Sumário............................................................................................................... 20

3 - Modelagem Probabilística da Deterioração Causada pela Ação de Cloretos.... 21

3.1 - Simulação de Monte Carlo ................................................................................. 22

3.2 - Modelagem do Processo de Deterioração .......................................................... 24

3.2.1. - Penetração do Cloreto no Concreto........................................................... 26

3.2.2 - O Coeficiente de Difusão............................................................................. 27

3.2.3 - Início da Corrosão da Armadura ................................................................ 28

3.2.4 - Evolução da Corrosão da Armadura .......................................................... 28

3.2.5 - Fissuração Inicial do Concreto................................................................... 29

3.2.6 - Evolução da Fissuração e Desplacamento do Concreto ............................ 32

3.3 - Sumário............................................................................................................... 32

4 - Descrição Probabilística e Comportamento das Variáveis Envolvidas.............. 34

4.1 - Coeficiente de Difusão do Cloreto ..................................................................... 34

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v

4.2 - Tempo para o Início da Corrosão da Armadura ................................................. 44

4.3 - Quantidade de Produto da Corrosão Wporous ....................................................... 52

4.4 - Quantidade de Produto da Corrosão Wexpan ........................................................ 57

4.5 - Quantidade de Produto da Corrosão Wcrit........................................................... 64

4.6 - Período de Tempo ∆Tcrack para o Início da Fissuração ....................................... 70

4.7 - Tempo desde a Penetração do Cloreto no Concreto até o Início da Fissuração

Causada pela Corrosão Tservice............................................................................. 75

4.8 - Sumário............................................................................................................... 76

5 - Exemplos Numéricos ............................................................................................... 77

5.1 - Exemplo 1........................................................................................................... 78

5.1.1 - Simulação do Coeficiente de Difusão.......................................................... 78

5.1.2 - Simulação do Tempo para o Início da Corrosão da Armadura.................. 78

5.1.3 - Simulação do Período de Tempo ∆Tcrack ..................................................... 80

5.1.4 - Simulação da Vida Útil Tservice..................................................................... 83

5.2 - Exemplo 2........................................................................................................... 85

5.2.1 - Simulação do Coeficiente de Difusão.......................................................... 85

5.2.2 - Simulação do Tempo para o Início da Corrosão da Armadura.................. 85

5.2.3 - Simulação do Período de Tempo ∆Tcrack ..................................................... 87

5.2.4 - Simulação da Vida Útil Tservice..................................................................... 90

5.3 - Sumário............................................................................................................... 92

6 - Discussão dos Resultados, Conclusões e Sugestões............................................... 93

6.1 - Discussão dos Resultados................................................................................... 94

6.2 - Conclusões.......................................................................................................... 95

6.3 - Sugestões para Trabalhos Futuros ...................................................................... 96

7 - Referências Bibliográficas ...................................................................................... 97

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vi

Lista de Tabelas

TABELA 2.1 - Classificação dos Agentes Agressivos ao Concreto ............................... 6

TABELA 2.2 - Classes de Agressividade Ambiental Segundo a NBR 6118:2003........ 10

TABELA 2.3 - Relação Entre a Classe de Agressividade e a Qualidade do Concreto

Segundo a NBR 6118:2003 ................................................................ 11

TABELA 2.4 - Relação Entre a Classe de Agressividade e o Cobrimento Nominal para

∆c = 10mm Segundo a NBR 6118:2003............................................. 12

TABELA 2.5 - Exigências de Durabilidade Relacionadas à Fissuração Segundo a NBR

6118:2003 ........................................................................................... 13

TABELA 4.1 - Descrição Probabilística da Relação Água/Cimento ............................. 36

TABELA 4.2 - Descrição Probabilística da Temperatura .............................................. 36

TABELA 4.3 - Resultado das Simulações de D para a/c = LN(0,45 ; 0,027)................ 37

TABELA 4.4 - Resultado das Simulações de D para Φ = N(16 ; 2,40) ºC .................... 37

TABELA 4.5 - Resultado das Simulações de D para Situações Distintas ..................... 38

TABELA 4.6 - Descrição Probabilística do Cobrimento da Armadura ......................... 46

TABELA 4.7 - Descrição Probabilística do Coeficiente de Difusão ............................. 46

TABELA 4.8 - Resultado das Simulações de Tcorr para c = N(50,0 ; 7,5) mm .............. 48

TABELA 4.9 - Resultado das Simulações de Tcorr para D = LN(6,0 ; 1,5) x10-12 m2/s . 48

TABELA 4.10 - Resultado das Simulações de Tcorr para Situações Distintas................ 48

TABELA 4.11 - Influência do Cobrimento e do Coeficiente de Difusão em Tcorr......... 51

TABELA 4.12 - Descrição Probabilística do Diâmetro da Armadura ........................... 52

TABELA 4.13 - Descrição Probabilística da Espessura da Zona Porosa....................... 53

TABELA 4.14 - Resultado das Simulações de Wporous para d = N(16,0 ; 1,60) mm ..... 54

TABELA 4.15 - Resultado das Simulações de Wporous para tpor = LN(12,5 ; 2,5) x10-6 m

............................................................................................................ 54

TABELA 4.16 - Resultado das Simulações de Wporous para Situações Distintas........... 55

TABELA 4.17 - Descrição Probabilística das Tensões de Tração do Concreto ............ 58

TABELA 4.18 - Descrição Probabilística dos Coeficientes de Poisson do Concreto.... 58

TABELA 4.19 - Descrição Probabilística dos Módulos de Elasticidade do Concreto... 59

TABELA 4.20 - Resultado das Simulações de Wexpan para d = variável ........................ 60

TABELA 4.21 - Resultado das Simulações de Wexpan para c = variável ........................ 60

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vii

TABELA 4.22 - Resultado das Simulações de Wexpan para tpor = variável ..................... 60

TABELA 4.23 - Resultado das Simulações de Wexpan para ft = variável ........................ 61

TABELA 4.24 - Resultado das Simulações de Wexpan para ν = variável ........................ 61

TABELA 4.25 - Resultado das Simulações de Wexpan para Eef = variável ..................... 61

TABELA 4.26 - Resultado das Simulações de Wexpan para Situações Distintas............. 62

TABELA 4.27 - Descrição Probabilística de Wporous ...................................................... 65

TABELA 4.28 - Descrição Probabilística de Wexpan ....................................................... 65

TABELA 4.29 - Resultado das Simulações para Wexpan = LN(3,0 ; 0,75) x10-3 kg/m ... 67

TABELA 4.30 - Resultado das Simulações para Wporous = LN(2,5 ; 0,625) x10-3 kg/m 67

TABELA 4.31 - Resultado das Simulações de Wcrit para Situações Distintas ............... 68

TABELA 4.32 - Descrição Probabilística das Quantidades de Produto da Corrosão Wcrit

............................................................................................................ 70

TABELA 4.33 - Descrição Probabilística das Taxas de Corrosão das Armaduras........ 71

TABELA 4.34 - Resultado das Simulações de ∆Tcrack para Wcrit = variável................... 72

TABELA 4.35 - Resultado das Simulações de ∆Tcrack para d = variável ....................... 72

TABELA 4.36 - Resultado das Simulações de ∆Tcrack para icorr = variável.................... 72

TABELA 4.37 - Resultado das Simulações de ∆Tcrack para Situações Distintas............ 73

TABELA 4.38 - Resultado das Simulações da Vida Útil Tservice .................................... 76

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viii

Lista de Figuras

FIGURA 2.1 - Célula de Corrosão Eletroquímica.......................................................... 14

FIGURA 2.2 - O Cloreto no Concreto............................................................................ 17

FIGURA 2.3 - Teoria do Complexo Transitório ............................................................ 18

FIGURA 2.4 - Volume Relativo do Ferro e de Alguns de seus Produtos da Corrosão.. 19

FIGURA 2.5 - Conteúdo Crítico de Cloretos em Função da Qualidade do Concreto e da

Umidade do Ambiente ............................................................................ 19

FIGURA 3.1 - Histogramas das Variáveis R e S ............................................................ 23

FIGURA 3.2 - Histograma da Modelagem Probabilística de g(X)................................. 24

FIGURA 3.3 - Perfil de Confiabilidade ......................................................................... 25

FIGURA 3.4 - O Coeficiente de Difusão em Função da Temperatura e da Relação

água/cimento........................................................................................... 28

FIGURA 3.5 - Volumes Ocupados pelo Produto da Corrosão....................................... 29

FIGURA 3.6 - Idealização do Concreto ao Redor da Armadura como Cilindro de Parede

Grossa ..................................................................................................... 30

FIGURA 3.7 - Fluxograma da Modelagem da Vida Útil de Serviço ............................. 33

FIGURA 4.1 - Histograma da Modelagem do Coeficiente de Difusão.......................... 36

FIGURA 4.2 - A Influência da Relação água/cimento no Coeficiente de Difusão ........ 39

FIGURA 4.3 - A Influência da Temperatura no Coeficiente de Difusão ....................... 40

FIGURA 4.4 - Entrada de Dados do Programa do NIST ............................................... 40

FIGURA 4.5 - Apresentação dos Resultados do Programa do NIST............................. 41

FIGURA 4.6 - Histograma do Tempo para o Início da Corrosão................................... 47

FIGURA 4.7 - A Influência do Coeficiente de Difusão em Tcorr.................................... 50

FIGURA 4.8 - A Influência do Cobrimento em Tcorr ..................................................... 51

FIGURA 4.9 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wporous................... 54

FIGURA 4.10 - A Influência da Espessura tpor em Wporous ............................................. 56

FIGURA 4.11 - A Influência do Diâmetro da Armadura d em Wporous .......................... 57

FIGURA 4.12 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wexpan.................. 59

FIGURA 4.13 - Influência do Diâmetro da Armadura em Wexpan .................................. 63

FIGURA 4.14 - Influência do Cobrimento da Armadura em Wexpan .............................. 64

FIGURA 4.15 - Influência da Tensão de Tração do Concreto em Wexpan....................... 64

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ix

FIGURA 4.16 - Influência do Modulo de Elasticidade Efetivo do Concreto em Wexpan 64

FIGURA 4.17 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wcrit .................... 66

FIGURA 4.18 - A Influência da Quantidade de Produto da Corrosão Wporous em Wcrit . 69

FIGURA 4.19 - A Influência da Quantidade de Produto da Corrosão Wexpan em Wcrit .. 69

FIGURA 4.20 - Histograma do Período de Tempo ∆Tcrack............................................. 71

FIGURA 4.21 - A Influência da Quantidade de Produto da Corrosão Wcrit em ∆Tcrack.. 74

FIGURA 4.22 - A Influência do Diâmetro da Armadura d em ∆Tcrack........................... 74

FIGURA 4.23 - A Influência da Taxa de Corrosão Anual icorr em ∆Tcrack ..................... 74

FIGURA 4.24 - Histograma da Modelagem da Vida Útil Tservice ................................... 75

FIGURA 5.1 - Histograma do Coeficiente de Difusão D (x10-12 m2/s) ......................... 78

FIGURA 5.2 - Histograma do Tempo de Início da Corrosão Tcorr (anos) ...................... 79

FIGURA 5.3 - Probabilidade da Corrosão já ter Sido Iniciada ...................................... 79

FIGURA 5.4 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wporous .................. 80

FIGURA 5.5 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wexpan ................... 81

FIGURA 5.6 - Histograma da Quantidade Crítica de Produto da Corrosão Wcrit........... 82

FIGURA 5.7 - Histograma do Período de Tempo ∆Tcrack (anos).................................... 83

FIGURA 5.8 - Histograma da Vida Útil Tservice (anos) ................................................... 84

FIGURA 5.9 - Vida Útil Tservice x P (Tservice < n)............................................................. 84

FIGURA 5.10 - Histograma do Coeficiente de Difusão D (x10-12 m2/s) ....................... 85

FIGURA 5.11 - Histograma do Tempo de Início da Corrosão Tcorr (anos) .................... 86

FIGURA 5.12 - Probabilidade da Corrosão já ter sido Iniciada..................................... 87

FIGURA 5.13 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wporous ................ 87

FIGURA 5.14 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wexpan ................. 88

FIGURA 5.15 - Histograma da Quantidade Crítica de Produto da Corrosão Wcrit ........ 89

FIGURA 5.16 - Histograma do Período de Tempo ∆Tcrack (anos).................................. 90

FIGURA 5.17 - Histograma da Vida Útil Tservice (anos) ................................................. 91

FIGURA 5.18 - Vida Útil Tservice x P (Tservice < n)........................................................... 91

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x

Lista de Símbolos

a/c - Relação água/cimento.

c - Espessura do cobrimento da armadura.

Ccrit - Concentração crítica de cloreto no concreto.

Ci - Concentração inicial de cloreto no concreto.

Cs - Concentração de cloreto na superfície do concreto.

C(x,t) - Concentração de cloreto a uma determinada profundidade x da

superfície do concreto depois de um tempo de exposição t.

COV - Coeficiente de variação

d - Diâmetro da armadura.

D - Coeficiente de difusão do cloreto no concreto.

Eef - Módulo de elasticidade efetivo do concreto.

erf - Função de erro.

fck - Resistência característica do concreto à compressão.

ft - Resistência à tração do concreto.

icorr - Taxa de corrosão da armadura. krust - Fator de proporcionalidade da taxa de corrosão. Msteel - Massa de aço que sofreu corrosão.

tpor - Espessura da zona porosa ao redor da armadura.

tcrit - Espessura crítica da expansão do concreto ao redor da armadura.

Tcorr - Tempo para o início da corrosão da armadura.

Tcrack - Tempo para ocorrência da fissuração inicial causada pela corrosão.

Tservice - Tempo de vida útil de serviço de uma estrutura de concreto armado.

νc - Coeficiente de Poisson do concreto.

Wcrit - Quantidade crítica de produto da corrosão que gera a fissuração.

Wexpan - Quantidade de produto da corrosão necessária para preencher o espaço

devido à expansão do concreto em torno da armadura.

Wporous - Quantidade de produto da corrosão necessária para preencher a zona

porosa em torno da armadura.

Wrust - Quantidade de produto da corrosão.

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xi

Wsteel - Quantidade de produto da corrosão que ocupa o espaço originalmente

do aço.

wk - Abertura máxima admissível das fissuras.

∆c - Tolerância de execução no cobrimento da armadura

∆Tcrack - Tempo compreendido desde o início da corrosão da armadura até o

início da fissuração causada pela corrosão.

∆Tservice - Tempo compreendido desde o início da fissuração causada pela

corrosão até o comprometimento da vida útil de serviço.

Ф - Temperatura ambiente.

ρrust - Massa específica do produto da corrosão.

ρsteel - Massa específica do aço da armadura.

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xii

Resumo

O ataque por íons cloreto é uma das formas mais agressivas de deterioração das

estruturas em concreto armado. Diante da grande variabilidade de fatores e das

incertezas envolvidas neste processo, uma modelagem probabilística deve ser adotada

na descrição do processo de corrosão da armadura. Neste trabalho, a simulação de

Monte Carlo é utilizada na avaliação probabilística da vida útil de serviço de estruturas

em concreto armado. Para tal são apresentados: (i) os modelos matemáticos de caráter

determinístico que representam as várias etapas da deterioração de estruturas em

concreto armado causadas pelo ataque de íons cloreto, e (ii) a descrição estatística das

variáveis básicas pertinentes a este processo da corrosão. Dois exemplos numéricos são

apresentados. Os resultados obtidos incluem a modelagem estocástica do tempo para o

início da corrosão e também do tempo para o aparecimento de fissuras causadas pela

corrosão, onde a importância de cada variável na resposta dos modelos é verificada. É

enfatizado que a vida útil pode ser definida apenas em termos probabilísticos e o

conceito de vida característica é apresentado.

Palavras-Chave: concreto armado; corrosão; deterioração; simulação de Monte Carlo;

vida útil.

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xiii

Abstract

The attack by chloride ions is one in the most aggressive forms of deterioration of

reinforced concrete structures. Due to the great variability of factors and the

uncertainties involved, a probabilistic modeling shall be used in the description of the

corrosion process. In this work, Monte Carlo simulation is used in the probabilistic

assessment of the service-life of reinforced concrete structures. For such, the following

are presented: (i) the deterministic mathematical models that represent the different

stages of the deterioration process, and (ii) the statistical description of the pertinent

basic variables. Two numerical examples are presented. The results obtained are the

stochastic modeling of the time for corrosion initiation and also of the time for crack

initiation, where the importance of each variable in the response of the models is

verified. It is emphasized that service-life can be defined in probabilistic terms only and

the concept of characteristic life is introduced.

Keywords: reinforced concrete; corrosion; deterioration; Monte Carlo simulation;

service-life.

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1

1 Introdução

A durabilidade das estruturas em concreto armado é um assunto que está em evidência

neste início de século em todo o mundo, visto que muitas obras consideradas “jovens”

vêm apresentando problemas de deterioração prematura. Quando as estruturas

apresentam sinais de deterioração, seus aspectos estéticos e sua capacidade resistente

são comprometidos e os custos para correção destes problemas aumentam

significativamente em função do tempo em que a estrutura fica exposta aos agentes

agressivos.

1.1 - Declaração do Problema

Dentre as diversas manifestações patológicas existentes, o ataque por cloretos é uma das

formas mais agressivas de deterioração das estruturas em concreto armado. No Brasil,

um grande número de cidades encontra-se em zonas litorâneas, estando estas

submetidas à ação extremamente agressiva dos ambientes marinhos ricos em cloretos

(CASCUDO, 1997). Um bom conhecimento deste mecanismo de deterioração, como

também de métodos construtivos, controle de qualidade e propriedades dos materiais,

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2

são de fundamental importância para se construir estruturas duráveis e econômicas.

Assim, a previsão da vida útil para estruturas em concreto armado levando em conta a

agressividade do ambiente no qual ela está inserida e a qualidade do concreto que será

utilizado em sua construção é um assunto que vem sendo abordado de forma crescente.

O desenvolvimento de modelos matemáticos que possam representar adequadamente os

processos de deterioração tem sido o objeto de muitas pesquisas (ACI 365, 2000; LI e

MELCHERS, 2005; VAL e TRAPPER, 2006). Entretanto, a modelagem do processo de

corrosão é bastante complexa sendo dependente de vários parâmetros como a

concentração de cloretos na superfície do elemento analisado, o coeficiente de difusão

do cloreto no concreto, a espessura do cobrimento das armaduras, entre outros. Diversas

fases podem ser identificadas neste processo de deterioração, a saber: (1) penetração do

cloreto no concreto; (2) início da corrosão da armadura; (3) evolução da corrosão da

armadura; (4) fissuração inicial do concreto; (5) evolução das fissuras; (6)

desplacamento do concreto. Diante da grande variabilidade dos parâmetros e das

incertezas envolvidas neste processo, uma modelagem probabilística deve ser adotada

na descrição da corrosão da armadura causada pela ação de cloretos.

A definição da vida útil de uma estrutura torna-se, portanto, dependente do estado limite

a ser tratado, ou seja, se de serviço (utilização) ou de ruína (último). No estado limite de

utilização, o elemento de controle deve ser a abertura de fissuras causadas pela

corrosão, já no estado limite último, o elemento de controle é a redução da resistência

do componente estrutural via redução da seção transversal da armadura induzida pela

corrosão. O tempo da vida útil de serviço, Tservice, para uma estrutura em concreto

armado tem sido considerado por alguns autores como sendo o tempo para a iniciação

da corrosão da armadura Tcorr. Com o avanço dos estudos sobre a deterioração das

estruturas de concreto armado causada pela ação dos cloretos, esta definição do tempo

de vida útil vem sendo refinada. Com a inclusão do tempo do início da corrosão da

armadura até a ocorrência da fissuração inicial por corrosão, ∆Tcrack, o tempo da vida

útil Tservice passa então a ser modelado como Tservice = Tcorr + ∆Tcrack.

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3

1.2 - Objetivos da Pesquisa

O objetivo deste trabalho é avaliar probabilisticamente a deterioração de estruturas em

concreto armado causada pela ação de cloretos. A simulação de Monte Carlo é utilizada

na descrição probabilística da vida útil de serviço de estruturas em concreto armado.

Para tal são apresentados modelos matemáticos de caráter determinístico que

representam as várias etapas da deterioração via ataque por cloretos, e a descrição

estatística das variáveis básicas pertinentes ao processo. Os resultados obtidos incluem a

modelagem estocástica de Tcorr e também de Tservice = Tcorr + ∆Tcrack apresentados como

histogramas e as correspondentes distribuições de probabilidade. Uma estimativa da

vida útil de serviço característica pode então ser obtida através desta modelagem.

A influência de cada variável na resposta dos modelos é observada, facilitando a

identificação das variáveis com maior influência neste processo de corrosão. Tem-se

também como objetivo mostrar que a estimativa da vida útil de serviço de uma estrutura

pode ser estabelecida apenas em termos probabilísticos; ou seja, a vida útil especificada

pode ser definida apenas em termos de uma probabilidade de ser excedida (ou da

probabilidade complementar de não ser atingida).

É importante salientar que não há neste trabalho o objetivo de prescrever valores ou

montar um banco de dados para as diversas variáveis envolvidas no problema em

questão, mas sim demonstrar que a modelagem computacional deste processo de

deterioração dá-se de forma simples e que o tratamento e interpretação da resposta

obtida são amigáveis, mesmo com uma abordagem probabilística.

1.3 - Organização

Este trabalho está dividido em 6 capítulos. O Capítulo 1 é a introdução, onde são

apresentados a declaração do problema, os objetivos da pesquisa e a organização desta

dissertação. No Capítulo 2 é abordada a questão da deterioração das estruturas em

concreto armado, relatando os principais mecanismos de deterioração considerados pela

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NBR 6118:2003 (ABNT, 2003), bem como os fatores que podem afetar diretamente a

durabilidade destas estruturas. Uma ênfase é dada à corrosão das armaduras causada

pelo ataque por cloretos, visto que um bom entendimento deste mecanismo é importante

para sua modelagem. O Capítulo 3 apresenta a simulação de Monte Carlo, o método

probabilístico adotado neste trabalho. Neste capítulo também são mostrados os modelos

matemáticos de caráter determinístico utilizados para representar as etapas do processo

de deterioração de estruturas em concreto armado causada pela ação dos cloretos. No

Capítulo 4 é apresentada a descrição probabilística das variáveis pertinentes ao processo

de deterioração avaliado. Uma verificação da influência de cada variável na resposta

dos modelos utilizados também é feita visando identificar os fatores preponderantes

para obtenção de estruturas de concreto armado duráveis. No Capítulo 5, dois exemplos

numéricos são apresentados, onde pode ser verificada a resposta de cada modelo à

situações distintas. E por fim, o Capítulo 6 traz a discussão dos resultados e as

conclusões obtidas neste trabalho, além de sugestões para trabalhos futuros.

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2 Deterioração das Estruturas em Concreto Armado

O concreto armado é considerado um material relativamente durável. Se adequadamente

projetada para o ambiente ao qual será exposta e produzida com um bom controle de

qualidade, uma estrutura em concreto armado é capaz de apresentar-se livre de

manutenção por décadas (MINDESS e YOUNG, 1981). Entretanto o concreto é

vulnerável ao ataque de certos agentes agressivos, sendo necessárias precauções para

evitar processos de degradação gerados por tais agentes. A deterioração do concreto é

iniciada, geralmente, por processos químicos, embora agentes físicos e mecânicos

também possam estar envolvidos no processo. Existem outros tipos de deterioração,

como os causados por processos eletroquímicos ou biológicos (BRANDÃO e

PINHEIRO, 1999). A Tabela 2.1 indica os principais agentes agressivos ao concreto.

Dentre os principais fatores que reduzem a resistência do concreto à deterioração têm-se

a alta porosidade e permeabilidade, o uso de cimento impróprio, a cura insuficiente,

ciclos de molhagem e secagem, altas temperaturas, cobrimento insuficiente das

armaduras, entre outros. No concreto, a permeabilidade do material depende do sistema

de poros no interior de sua massa. Estes poros têm tamanhos diferentes, podem ou não

ser contínuos e sua quantidade na mistura depende de parâmetros como a relação

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água/cimento e o teor de ar do concreto. Quanto maiores forem estes dois fatores, maior

será a permeabilidade do material (SANTOS e SAGAVE, 2003a). O fluxo de água

dentro do concreto, entretanto, não se realiza apenas através dos poros capilares da

pasta, mas também através das microfissuras internas e das interfaces porosas entre o

agregado graúdo e a pasta de cimento. Controlar a natureza e a distribuição dos poros e

das fissuras torna-se tarefa essencial para atender aos requisitos de durabilidade das

estruturas (BRANDÃO e PINHEIRO, 1999).

TABELA 2.1 - Classificação dos Agentes Agressivos ao Concreto (BRANDÃO e

PINHEIRO, 1999)

Agentes agressivos Ação

Químicos

- Ataque por sulfetos

- Ataque por água do mar

- Ataque por ácidos

- Ataque por águas puras

- Ataque por gás carbônico

- Reações com os agregados

Físicos - Ciclos gelo-degelo

- Cristalização de sais

Mecânicos

- Cargas excessivas não previstas

- Vibrações (equipamentos ou detonações)

- Erosão (abrasão ou cavitação)

Eletroquímicos - Corrosão das armaduras

Biológicos

- Ação do ácido sulfúrico produzido por

bactérias nos esgotos

- Proliferação de parasitas de origem

animal ou vegetal nas superfícies do

concreto

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A seguir, os principais mecanismos de deterioração do concreto armado considerados

pela NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) e os fatores que podem afetar diretamente a

durabilidade destas estruturas são relatados. Uma ênfase é dada à corrosão das

armaduras causada pelo ataque por cloretos por ser o mecanismo de deterioração

modelado no presente trabalho.

2.1 - A Durabilidade das Estruturas e a NBR 6118:2003

A NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) trata de algumas das diretrizes para obtenção de

estruturas de concreto armado duráveis. Ela aborda os principais mecanismos de

envelhecimento e deterioração do concreto armado, frisa a importância de se conhecer a

influência da agressividade do ambiente na durabilidade, além de sugerir critérios de

projeto como a qualidade e a espessura do concreto de cobrimento e o controle da

fissuração, visando à durabilidade.

2.1.1 - Mecanismos de Deterioração Relativos ao Concreto

Dentre os mecanismos de deterioração do concreto, a NBR 6118:2003 (ABNT, 2003)

destaca o ataque por sulfatos, a lixiviação, a reação álcali-agregado e reações deletérias

superficiais.

Ataque de sulfatos: Expansão e reações deletérias da pasta de cimento hidratado por

ação de águas e solos contendo sulfatos. Causa expansão e fissuração do concreto, perda

de coesão na pasta de cimento e redução do pH do extrato aquoso dos poros

superficiais. O ataque ocorre somente quando a concentração de sulfatos ultrapassa um

determinado limite.

Lixiviação: Dissolução e carreamento dos compostos hidratados da pasta de cimento

por ação de águas puras, ácidas ou carbônicas agressivas. Pode ocorrer quando o

concreto for mal adensado, apresentar fissuras ou juntas mal executadas, permitindo

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assim a percolação da água através do material. Quando ocorre a lixiviação, o concreto

apresenta superfície arenosa ou com agregados expostos sem a pasta superficial,

eflorescências de carbonato e redução do pH do extrato aquoso dos poros (SANTOS e

SAGAVE, 2003b).

Reação álcali-agregado: Expansão por ação das reações entre álcalis do cimento (Na2O;

K2O) e certos agregados reativos. O produto destas reações é um gel que se forma nos

planos mais fracos ou poros do agregado ou ainda na sua superfície, destruindo a

aderência pasta/agregado. O gel é do tipo “reação ilimitada”, isto é, só pára de ocorrer

quando faltar um dos reagentes. Causa expansão geral da massa de concreto com

fissuras superficiais e profundas (NEVILLE, 1997).

Reações deletérias superficiais: Reações deletérias superficiais de certos agregados

decorrentes de produtos ferruginosos presentes na sua composição mineralógica. Em

alguns casos podem causar manchas e saliências na superfície do concreto.

2.1.2 - Mecanismos de Deterioração Relativos à Armadura

A deterioração das armaduras está ligada ao processo de corrosão, sendo que dentre os

mecanismos de deterioração da armadura, a NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) destaca a

despassivação por carbonatação e a despassivação por elevado teor de íons cloreto.

Carbonatação: Despassivação da armadura por redução do pH do concreto devido à

ação do gás carbônico da atmosfera que penetra por difusão e reage com os hidróxidos

alcalinos da solução existente nos poros do concreto. Uma característica desse processo

é a existência de uma frente de carbonatação que separa duas zonas com pH muito

diferentes. Quando a reação de carbonatação ocorre, tem-se a despassivação da

armadura pela redução do pH na zona carbonatada. Com a armadura despassivada e

com a presença de umidade e oxigênio, ocorrerá uma corrosão generalizada na

armadura.

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Ataque por cloretos: Despassivação da armadura por ação de cloretos que penetram no

concreto através de processos de difusão, de impregnação ou de absorção capilar e que

superam, na solução dos poros do concreto, uma concentração limite, causando assim a

despassivação da armadura. Os íons cloreto também podem estar presentes no próprio

concreto, originados da água de amassamento, de agregados contaminados ou ainda

provenientes de aditivos. Neste caso um controle da qualidade dos materiais

constituintes do concreto se faz necessário. Com a armadura despassivada e com a

presença de umidade e oxigênio, ocorrerá uma corrosão localizada na armadura.

2.1.3 - Mecanismos de Deterioração da Estrutura Propriamente Dita

A NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) classifica todos os mecanismos de deterioração

relacionados às ações mecânicas, movimentações de origem térmica, impactos, ações

cíclicas, retração, fluência e relaxação como sendo mecanismos de deterioração da

estrutura propriamente dita.

2.1.4 - Agressividade do Ambiente

Segundo a NBR 6118:2003 (ABNT, 2003), a classificação da agressividade do

ambiente está relacionada às ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de

concreto, independente das ações mecânicas, das variações volumétricas de origem

térmica, da retração hidráulica e outras previstas no dimensionamento das estruturas de

concreto. A definição da classe de agressividade do ambiente é fundamental para a

concepção do projeto estrutural, pois influenciará no valor mínimo de resistência

característica à compressão do concreto, no valor mínimo da espessura do cobrimento

de armadura e na máxima abertura de fissura permitida (SANTOS et al., 2003). A

Tabela 2.2 apresenta a classe de agressividade em função das condições de exposição da

estrutura ou de suas partes.

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O responsável pelo projeto estrutural deve atentar para os dados relativos ao meio

ambiente, buscando sempre fazer uma estimativa mais próxima da realidade. Porém,

isso não é uma tarefa fácil, tendo em vista a grande variabilidade e a dificuldade em

quantificar os dados referentes a uma boa classificação da agressividade do ambiente

(SANTOS et al., 2003).

TABELA 2.2 - Classes de Agressividade Ambiental Segundo a NBR 6118:2003

(ABNT, 2003)

Classe de agressividade

ambiental Agressividade

Classificação geral do tipo de ambiente para efeito de

projeto

Risco de deterioração da

estrutura Rural I Fraca

Submersa Insignificante

II Moderada Urbana1) 2) Pequeno Marinha1)

III Forte Industrial1) 2) Grande

Industrial1) 3) IV Muito Forte Respingos de maré Elevado

1) Pode-se admitir um micro-clima com classe de agressividade um nível mais brando para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura). 2) Pode-se admitir uma classe de agressividade um nível mais branda em: obras em regiões de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuvas em ambientes predominantemente secos ou regiões onde chove raramente. 3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, industrias químicas.

2.1.5 - Qualidade do Concreto de Cobrimento

A NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) estabelece critérios de durabilidade a partir do

controle da resistência característica à compressão do concreto, fck, e da relação

água/cimento, a/c, do concreto utilizado em obra, levando-se em conta as condições de

agressividade do ambiente no qual os elementos da estrutura de concreto estão expostos.

A Tabela 2.3 apresenta as relações máximas admissíveis da relação água/cimento e

mínimas exigidas do fck para o concreto, em função da agressividade do ambiente e tipo

de concreto utilizado.

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É importante ressaltar que ter um concreto com boa resistência à compressão não

garante a durabilidade da estrutura. A qualidade e a espessura do cobrimento

desempenham um papel importante com vistas à durabilidade. Daí a importância de

controlar também a execução, principalmente durante as atividades de lançamento,

adensamento e cura do concreto (SANTOS et al., 2003).

TABELA 2.3 - Relação Entre a Classe de Agressividade e a Qualidade do Concreto

Segundo a NBR 6118:2003 (ABNT, 2003)

Classe de Agressividade (Tabela 2.2) Concreto Tipo I II III IV

CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45 Relação água/cimento CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45

CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40 Classe de concreto CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40

NOTAS: 1. O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os requisitos estabelecidos na NBR 12655. 2. CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado. 3. CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto protendido.

A NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) também indica o cobrimento mínimo das armaduras

em função da agressividade do ambiente no qual a estrutura está inserida. A Tabela 2.4

apresenta as exigências com relação ao cobrimento nominal (cobrimento mínimo +

tolerância de execução ∆c) em função da classe de agressividade ambiental. Em obras

correntes o valor de ∆c deve ser maior ou igual a 10 mm. Entretanto, pode-se reduzir a

tolerância de execução para 5 mm quando houver um adequado controle de qualidade,

rígidos limites de tolerância durante a execução e estiver explícita nos desenhos do

projeto esta exigência de controle rigoroso.

A NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) ressalta ainda que, ao especificar o valor do

cobrimento nominal a ser respeitado no projeto, deve-se garantir que a dimensão

máxima do agregado graúdo utilizado no concreto não supere em 20 % a espessura

nominal do cobrimento ( nommáx cd 2,1≤ ). Deve ser garantido também que o cobrimento

nominal será sempre maior ou igual ao diâmetro da barra ( barracnom φ≥ ).

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TABELA 2.4 - Relação Entre a Classe de Agressividade e o Cobrimento Nominal para

∆c = 10mm Segundo a NBR 6118:2003 (ABNT, 2003)

Classe de agressividade (Tabela 2.2) I II III IV3) Tipo de estrutura Componente

ou elemento Cobrimento nominal (mm)

Laje2) 20 25 35 45 Concreto armado Viga/pilar 25 30 40 50

Concreto protendido1) Todos 30 35 45 55 1) Cobrimento nominal da armadura passiva que envolve a bainha ou os fios, cabos e cordoalhas, sempre superior ao especificado para o elemento de concreto armado, devido aos riscos de corrosão fragilizante sobre tensão. 2) Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento tais como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e outros tantos, as exigências desta tabela podem ser substituídas pelo item 7.4.7.5 da norma respeitando um cobrimento nominal ≥ 15mm. 3) Nas faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos, a armadura deve ter o cobrimento nominal ≥ 45mm.

2.1.6 - Controle da Fissuração

Segundo a NBR 6118:2003 (ABNT, 2003), o estado limite de serviço de abertura de

fissuras, ELS-W, deve ser analisado no controle da fissuração para peças de concreto

armado. O controle da fissuração pode ser realizado por meio da limitação da abertura

estimada de fissuras. Os valores máximos admissíveis para abertura de fissuras, wk, são

mostrados na Tabela 2.5. Para uma estrutura de concreto armado, é permitida uma

abertura máxima de 0,4 mm para casos de pequena agressividade e uma abertura

máxima de 0,2 mm em ambientes extremamente agressivos.

No caso em que as fissuras afetam a funcionalidade da estrutura, como por exemplo, no

caso de estanqueidade de reservatórios, devem ser adotados valores limites menores

para a abertura das fissuras. Também devem ser adotados valores limites menores para

a abertura das fissuras em situações onde ocorra desconforto psicológico ao usuário,

mesmo não representando perda da segurança da estrutura.

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TABELA 2.5 - Exigências de Durabilidade Relacionadas à Fissuração Segundo a NBR

6118:2003 (ABNT, 2003)

Tipo de Concreto estrutural

Classe de agressividade ambiental (CAA) e tipo

de protensão

Exigências relativas à fissuração

Combinações de ações em serviço

a utilizar

Concreto simples CAA I a CAA IV Não há --

CAA I ELS-W wk ≤ 0,4 mm

CAA II e CAA III ELS-W wk ≤ 0,3 mm Concreto armado

CAA IV ELS-W wk ≤ 0,2 mm

Comb. freqüente

Concreto protendido nível 1

(protensão parcial)

Pré-tração com CAA I ou Pós-tração com CAA I

e CAA II ELS-W wk ≤ 0,2 mm Comb. freqüente

Verificar as duas condições abaixo

ELS-F Comb. freqüente Concreto protendido

nível 2 (protensão limitada)

Pré-tração com CAA II ou Pós-tração com CAA III e CAA IV

ELS-D1) Comb. quase permanente

Verificar as duas condições abaixo

ELS-F Comb. rara Concreto protendido

nível 3 (protensão completa)

Pré-tração com CAA III e CAA IV

ELS-D1) Comb. freqüente 1) A critério do projetista, o ELS-D pode ser substituído pelo ELS-DP com ap = 25 mm (figura 3.1 da norma). NOTAS: 1. As definições de ELS-W, ELS-F e ELS-D encontram-se no item 3.2 da norma. 2. Para as classes de agressividade ambiental CAA III e CAA IV, exige-se que as cordoalhas não aderentes tenham proteção especial na região de suas ancoragens.

2.2 - Corrosão em Armaduras do Concreto Armado

Quando corretamente executado, o concreto protege a armadura de agressões físicas e

químicas. Quanto ao aspecto físico, a proteção é devida à barreira proporcionada pelo

cobrimento do concreto sobre a armadura, cuja eficiência depende da sua qualidade e

espessura. A proteção química resulta do elevado pH (em torno de 12,5) existente na

solução aquosa presente nos poros do concreto, permitindo assim a formação de uma

fina camada protetora chamada de camada de passivação. Quando o pH da solução

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aquosa diminui, pode ocorrer a destruição dessa camada de passivação, deixando a

armadura susceptível ao ataque de agentes externos, podendo ser desencadeado um

processo de corrosão (COSTA, 1999).

Segundo HELENE (1986), pode-se definir corrosão como a interação destrutiva de um

material com o ambiente, seja por reação química ou por reação eletroquímica. A

corrosão da armadura do concreto armado é de natureza eletroquímica (ocorre em meio

aquoso), sendo caracterizada pela formação de uma célula de corrosão (Figura 2.1). Esta

corrosão conduz à formação de óxidos e hidróxidos de ferro, ocorrendo somente perante

a existência de um eletrólito, uma diferença de potencial e oxigênio. Em uma célula de

corrosão há um anodo, um catodo, um condutor metálico e um eletrólito. Qualquer

diferença de potencial entre as zonas anódicas e catódicas gera o aparecimento de uma

corrente elétrica. Dependendo da magnitude dessa corrente e do acesso de oxigênio,

poderá ou não haver corrosão.

FIGURA 2.1 - Célula de Corrosão Eletroquímica (AHMAD, 2003)

Na zona anódica, há uma perda de elétrons (reação de oxidação), ocasionando a

dissolução do metal:

2Fe → 2Fe++ + 4e - (2.1)

Na zona catódica, há um ganho de elétrons (reação de redução) que, reagindo com o

oxigênio e a água existentes nos poros do concreto, formam íons de hidroxila (OH -):

2H2O + O2 + 4e - → 4OH - (2.2)

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Esses íons de hidroxila se deslocam pelo eletrólito em direção ao anodo e combinam-se

com os íons ferrosos, formando a ferrugem:

2Fe++ + 4OH - → 2Fe(OH)2 - hidróxido ferroso (2.3)

4Fe(OH)2 + 2H2O + O2 → 4Fe(OH)3 - hidróxido férrico (2.4)

Estas reações eletroquímicas são as mais simples, podendo variar devido às condições

do meio para reações mais complexas. A corrosão pode também ser acelerada por

agentes agressivos contidos ou absorvidos pelo concreto, como por exemplo, os íons de

cloreto (Cl -).

Fe+++ + 3Cl - → FeCl3 e por hidrólise, (2.5)

FeCl3 + 3OH - → 3Cl - + Fe(OH)3 (2.6)

Essa reação continua sem consumir o ânion cloreto. Portanto, pequenas quantidades de

cloretos podem ser responsáveis por grandes corrosões (HELENE, 1986).

2.2.1 - Corrosão da Armadura Devido a Ação dos Cloretos

Os íons de cloreto têm o poder de destruir de forma localizada a camada passivante

sobre a armadura, provocando a corrosão por pite. Os pontos de corrosão formam o

anodo da célula de corrosão e, devido à sua progressão em profundidade, podem

provocar a ruptura da armadura. O restante da superfície metálica torna-se o catodo,

sendo que quanto menor for a relação área anódica/área catódica, mais intensa será a

corrosão. Estes íons podem ser introduzidos no concreto por aditivos ou por agregados e

água contaminados. Podem também penetrar no concreto vindo do ambiente externo,

como por exemplo, por sais anticongelantes, maresia (muito comum no Brasil) ou

salmouras industriais (CASCUDO, 1997).

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Segundo CASCUDO (1997), os mecanismos de transporte que levam os cloretos para

dentro do concreto são: a absorção capilar, a difusão iônica, a permeabilidade e a

migração iônica.

Absorção capilar: É a absorção de soluções líquidas ricas em íons cloro. Geralmente

representa o primeiro passo para a contaminação por impregnação externa de peças de

concreto. Tal fenômeno, motivado por tensões capilares, ocorre imediatamente após o

contato superficial do líquido com o substrato. A absorção capilar depende da

quantidade de poros capilares interconectados entre si e do diâmetro destes poros,

apresentando forças de sucção capilar tão mais intensas quanto menores forem os

diâmetros dos capilares. A absorção também depende de características intrínsecas do

líquido, tais como viscosidade e tensão superficial.

Difusão iônica: Após a absorção capilar que ocorre na camada superficial, o movimento

dos cloretos no interior do concreto ocorre essencialmente por difusão em meio aquoso.

A difusibilidade iônica acontece devido à gradientes de concentração iônica, seja entre o

meio externo e o interior do concreto, seja dentro do próprio concreto. Estas diferenças

nas concentrações de cloretos geram o movimento desses íons em busca do equilíbrio.

A difusão iônica é considerada o mecanismo de transporte predominante dos cloretos

dentro do concreto, desde que haja certa interconexão dos capilares e um eletrólito.

Segundo CASCUDO (1997), valores médios de taxa de difusão para pastas de cimento

que se encontram plenamente saturadas são da ordem de 10-12 m2/s.

Permeabilidade: A permeabilidade é um dos principais fatores referentes à qualidade do

concreto. Representa a facilidade com que o cloreto percorre dado volume de concreto,

estando relacionada diretamente com a interconexão de poros capilares. Uma alta

permeabilidade é conseqüência da utilização de uma relação água/cimento

relativamente alta. À medida que se baixa essa relação, vai se obtendo estruturas cada

vez mais compactas, com poros capilares mais estreitos. De acordo com CASCUDO

(1997), apesar deste estreitamento favorecer uma maior absorção capilar, diminui a

absorção total e a permeabilidade.

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Migração iônica: No concreto, a migração iônica pode se dar pelo campo gerado pela

corrente elétrica do processo eletroquímico, como também pode ocorrer por ação de

campos elétricos externos (técnica de proteção catódica para o controle da corrosão).

Na grande maioria dos casos, os mecanismos de transporte dos cloretos presentes no

concreto são a absorção capilar e a difusão iônica. A absorção ocorre na camada

superficial do concreto (ciclos de molhagem e secagem). No interior do concreto, onde

a presença do eletrólito é mais constante, tem-se basicamente o processo de difusão.

O cloreto pode se apresentar em três formas no concreto: quimicamente ligado ao

aluminato tricálcico (C3A), adsorvido na superfície dos poros e sob a forma de íons

livres (Figura 2.2). Por maior que seja a capacidade de um dado concreto ligar-se

quimicamente ou adsorver fisicamente íons cloreto, a tendência é existir um estado de

equilíbrio entre as três formas de ocorrência, com isso, sempre haverá um determinado

teor de íons de cloreto livres na fase líquida do concreto. Esses cloretos livres são os que

causam preocupação com relação à deterioração das armaduras (CASCUDO, 1997).

FIGURA 2.2 – O Cloreto no Concreto (CASCUDO, 1997)

Segundo CASCUDO (1997), existem três teorias que explicam os efeitos dos íons

cloretos na corrosão do aço:

Teoria do Filme de Óxido: Os íons de cloreto penetram a camada passivante sobre o

aço, através de poros ou defeitos, mais facilmente do que outros íons. Os cloretos

podem dispersar-se coloidalmente no filme de óxido, tornando mais fácil a sua

penetração.

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18

Teoria da Adsorção: os íons de cloreto são adsorvidos na superfície metálica em

competição com o oxigênio dissolvido ou com íons hidroxila. O cloreto hidrata os íons

metálicos, facilitando a sua dissolução.

Teoria do Complexo Transitório: os íons de cloreto competem com os íons de hidroxila

para formar íons ferrosos pela corrosão. Forma-se então um complexo solúvel de

cloreto de ferro. Este pode difundir-se a partir das áreas anódicas destruindo a camada

passivadora, permitindo assim a continuação do processo corrosivo. A certa distância da

armadura, o complexo se rompe precipitando o hidróxido de ferro e deixando o íon

cloreto livre para transportar mais íons ferrosos da área anódica. Se a corrosão não for

estancada, mais íons de ferro migrarão dentro do concreto, a partir do ponto de

corrosão, reagindo também com o oxigênio para formar óxidos que induzem a um

aumento no volume, causando tensões internas e fissuras no concreto. A Figura 2.3

mostra este processo de corrosão.

FIGURA 2.3 - Teoria do Complexo Transitório (CASCUDO, 1997)

Fica claro que os cloretos desempenham uma ação extremamente deletéria nas

estruturas de concreto armado, indo desde a despassivação da armadura até a

participação no processo corrosivo, aumentando sensivelmente a condutividade elétrica

do eletrólito e acelerando as reações para formação dos produtos da corrosão.

Vale lembrar que os produtos da corrosão que são gerados deste processo ocupam um

volume maior que o ocupado anteriormente pelo aço, causando tensões de tração

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19

internas no concreto (Figura 2.4). Como a corrosão se dá de forma crescente, o aumento

desse volume acarretará em fissuras na superfície ou até mesmo desplacamento do

concreto.

FIGURA 2.4 - Volume Relativo do Ferro e de Alguns de seus Produtos da Corrosão

(ACI COMMITTEE 222, 2001)

O valor limite de cloretos (concentração crítica) no interior do concreto é outro assunto

polêmico, podendo depender de inúmeras variáveis, tais como tipo de cimento, relação

água/cimento, tempo de exposição, entre outras. A Figura 2.5 mostra o conteúdo crítico

de cloretos em função da qualidade do concreto e da umidade do ambiente. Cada norma

estipula um valor máximo para esta concentração.

FIGURA 2.5 - Conteúdo Crítico de Cloretos em Função da Qualidade do Concreto e da

Umidade do Ambiente (CEB, 1992)

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20

Pode ser observado também na Figura 2.5 que a carbonatação desempenha um papel

importante no processo de corrosão da armadura pela ação de íons cloreto, pois

contribui para o aumento da concentração de cloretos livres na solução dos poros do

concreto, sendo estes potencialmente prejudiciais à armadura.

2.3 - Sumário

Este capítulo tratou da questão da durabilidade das estruturas em concreto armado.

Foram vistos os principais mecanismos de deterioração do concreto armado citados pela

NBR 6118:2003 (ABNT, 2003), bem como os procedimentos recomendados pela

referida norma para obtenção de estruturas duráveis. Uma atenção especial foi dada à

deterioração causada pelo ataque por íons cloreto.

Os procedimentos recomendados pela NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) para obtenção de

concretos duráveis, apesar de representarem um importante avanço em relação a sua

predecessora, a NBR 6118:1978 (ABNT, 1978), ainda possuem limitações. Pode ser

observado que poucos parâmetros são levados em consideração para obtenção de

concretos duráveis nas recomendações da NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) e estes

parâmetros são tratados de forma determinística com base na classe de agressividade do

ambiente no qual a estrutura está inserida. Estas simplificações podem ocasionar erros

quanto à estimativa da vida útil de estruturas em concreto armado, pois generaliza a

situação analisada.

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21

3

Modelagem Probabilística da Deterioração Causada

pela Ação de Cloretos

Avaliar a deterioração em estruturas de concreto armado é um processo muito

complexo, pois existe um grande número de parâmetros envolvidos e a cada um deles

também corresponde uma grande variabilidade. Portanto, uma avaliação probabilística é

necessária para se descrever o processo de corrosão da armadura pela ação de cloretos.

Devido aos avanços computacionais ocorridos nas ultimas décadas e à facilidade de

utilização de simulações numéricas daí resultante, a simulação de Monte Carlo é

adotada no presente estudo.

No decorrer deste capítulo, os princípios da simulação de Monte Carlo são apresentados

e, logo após, são expostos os modelos matemáticos utilizados neste trabalho para

caracterizar as várias etapas do processo de deterioração de estruturas em concreto

armado causada pela ação de cloretos.

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22

3.1 - Simulação de Monte Carlo A Simulação de Monte Carlo pode ser utilizada para a resolução de problemas

envolvendo variáveis aleatórias com distribuições de probabilidades conhecidas ou

assumidas. Isto envolve a repetição de um processo de simulação, usando-se em cada

simulação um conjunto particular de valores de variáveis aleatórias geradas de acordo

com a correspondente distribuição de probabilidade. Repetindo-se este processo, uma

amostra da solução é obtida (ANG e TANG, 1990).

Uma amostra obtida pela simulação de Monte Carlo é semelhante a uma amostra obtida

experimentalmente, com isso, os resultados podem ser tratados estatisticamente. Dois

dados são necessários para a realização da Simulação de Monte Carlo: (i) modelos

matemáticos de caráter determinístico, que no caso do problema em questão,

representam as várias etapas da deterioração de estruturas de concreto armado pelo

ataque de íons cloreto, e (ii) descrição estatística das variáveis básicas pertinentes a este

processo de corrosão.

O uso da simulação de Monte Carlo na avaliação da deterioração de estruturas em

concreto armado causada pela ação de cloretos pode ser feito para: (i) calcular as

estatísticas (média, desvio padrão e tipo de distribuição) das respostas dos modelos, e

(ii) calcular a probabilidade de desempenho insatisfatório (probabilidade da vida útil ser

inferior a, por exemplo, 50 anos). No caso (i), primeiro é obtida uma amostragem da

resposta do modelo, apresentada em forma de histograma, expondo a densidade de

ocorrência de cada dado. Então um tipo de distribuição de probabilidade é ajustado aos

dados desta amostra e os parâmetros da distribuição são calculados. No caso (ii), a

probabilidade de desempenho insatisfatório pode ser calculada a partir da distribuição

de probabilidade ajustada aos dados da amostra. No caso da utilização de um grande

número de realizações, a probabilidade de desempenho insatisfatório pode ser obtida

direto do histograma representativo da variável em questão.

Para exemplificar a simulação de Monte Carlo, suponha uma função de desempenho do

tipo g(X) = R – S, onde X = {R, S}. Cada variável envolvida possui uma função de

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distribuição de probabilidade e são estatisticamente independentes. Considerando que R

segue uma distribuição normal com média 10,0 e desvio padrão 0,8, ou seja, N(10,0 ;

0,8) e que S segue uma distribuição normal com média 6,0 e desvio padrão 0,6, ou seja,

N(6,0 ; 0,6), são gerados números aleatórios (neste caso 1.000.000) para cada variável

(Figura 3.1).

FIGURA 3.1 - Histogramas das Variáveis R e S

Então, um valor para cada variável aleatória é extraído de suas respectivas amostras.

Estes valores são usados para a obtenção de g(X). Repetindo-se este processo, uma

amostra de soluções é obtida (Figura 3.2). Daí, uma distribuição de probabilidade é

ajustada a esta amostra (linha vermelha na Figura 3.2), que neste caso resulta em uma

distribuição normal com média 4,0 e desvio padrão 1,0, ou seja, N(4,0 ; 1,0). Quanto

maior o número de realizações para g(X), maior será o grau de confiabilidade dos

resultados. Não existe um limite inferior ou superior na obtenção dos dados de resposta,

podendo ser encontradas soluções negativas.

Para a geração de números aleatórios e subseqüente modelagem probabilística do

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24

FIGURA 3.2 - Histograma da Modelagem Probabilística de g(X)

3.2 - Modelagem do Processo de Deterioração

De modo geral, quase todos os mecanismos de deterioração do concreto armado se

desenvolvem em duas fases (CEB, 1993):

Fase de iniciação: Período de tempo no qual nenhum enfraquecimento do concreto ou

da função da estrutura é observado, porém ocorre a destruição das barreiras de proteção

do concreto;

Fase de propagação: Período de tempo no qual os processos de deterioração realmente

ocorrem. A deterioração evolui de forma crescente, podendo comprometer a vida útil da

estrutura.

Estas fases podem ser observadas através do perfil de confiabilidade para uma dada

estrutura. O perfil de confiabilidade para estruturas de concreto armado representa a

alteração do nível de confiabilidade decorrente do dano sofrido pela mesma, o qual é

função do tempo que a mesma fica exposta a agentes agressivos.

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25

Considerando somente a corrosão da armadura causada pela ação de cloretos, o perfil de

confiabilidade pode ser representado conforme a Figura 3.3, onde é observado que a

fase de iniciação está compreendida desde o início da penetração do cloreto no concreto

até a ocorrência do início da corrosão da armadura, período de tempo este representado

por Tcorr. A partir daí, tem-se a fase de propagação, representada pela evolução da

corrosão da armadura, início da fissuração do concreto, evolução das fissuras causadas

pela corrosão e conseqüente desplacamento do concreto.

FIGURA 3.3 - Perfil de Confiabilidade (THOFT-CHRISTENSEN, 2001).

A vida útil Tservice para uma estrutura de concreto armado tem sido considerada por

alguns autores como sendo o tempo para a iniciação da corrosão da armadura Tcorr, ou

seja:

corrservice TT = (3.1)

Com o avanço dos estudos sobre a deterioração das estruturas de concreto armado

causada pela ação dos cloretos, esta definição de vida útil vem sendo refinada através da

inclusão do tempo decorrido desde o inicio da corrosão da armadura até a fissuração

inicial causada pela corrosão, ∆Tcrack. Assim, a vida útil Tservice passa a ser modelada

como:

crackcorrcrackservice TTTT ∆+== (3.2)

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26

Outros refinamentos podem ainda ser adicionados com a incorporação do tempo

decorrido desde a fissuração inicial até o desenvolvimento da abertura crítica das

fissuras, ∆Tservice, também chamado de ∆Tcritical (THOFT-CHRISTENSEN, 2001). Com

este refinamento adicional, a vida útil Tservice é modelada como:

servicecrackcorrservice TTTT ∆+∆+= (3.3)

A seguir são apresentados os modelos matemáticos de caráter determinístico que

representam as várias etapas da deterioração de estruturas em concreto armado causada

pela ação de cloretos.

3.2.1. - Penetração do Cloreto no Concreto

O principal processo que caracteriza a penetração de cloretos no concreto é a difusão.

Existem várias técnicas para descrever este processo, porém, é consenso que a lei de

Fick de difusão é superior a outras técnicas (LOUNIS et al.,2004). A lei de Fick de

difusão fornece a taxa de penetração do cloreto no concreto, sendo expressa por:

2

2 ),(),(x

txCDt

txC∂

∂=

∂∂

(3.4)

onde C(x,t) é a concentração de cloreto (em % em relação à massa de cimento) a uma

profundidade x (em metros) da superfície do concreto depois de um tempo de exposição

t (em segundos) à fonte de cloretos. D é o coeficiente de difusão do cloreto (em m²/s).

Resolvendo a Equação 3.4, obtém-se:

−=

tDxerfCstxC

.21),(

(3.5)

onde Cs é a concentração de cloreto na superfície do concreto (em % em relação à

massa de cimento) e erf é a função de erro.

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27

3.2.2 - O Coeficiente de Difusão

O coeficiente de difusão D é um fator importante na modelagem da penetração de

cloretos no concreto. Entretanto, o coeficiente de difusão não é uma constante física

para estruturas em concreto, sendo dependente de vários fatores. De acordo com

investigações experimentais extensas realizadas por JENSEN (1998) e JENSEN et al.

(1999), os parâmetros mais importantes para o coeficiente de difusão são a relação

água/cimento, a/c, a temperatura, Ф, e a utilização de adições minerais no concreto.

Segundo JENSEN (1998), a influência da relação água/cimento e da temperatura pode

ser explicada pela imobilização dos íons de cloretos ou por adsorção no gel do hidrato

de sílica e cálcio (C-S-H) ou através de reações químicas com fases do aluminato.

Somente os íons de cloreto livres são importantes para a determinação do coeficiente de

difusão. Baseado nas experiências realizadas por JENSEN (1998) e JENSEN et al.

(1999) sobre a variação do coeficiente de difusão do cloreto no concreto, THOFT-

CHRISTENSEN (2002) sugere a expressão abaixo para descrever o coeficiente de

difusão (x10-12 m2/s) como função da relação água/cimento e da temperatura (ºC):

( ) ( ) ( ) 22 024,0/48,4/212,38941,1/025,31146,11 Φ+Φ++Φ−−= cacacaD (3.6)

A Figura 3.4 apresenta o coeficiente de difusão D a partir da Equação 3.6. Como pode

ser visto nesta figura, D aumenta significativamente com o aumento da relação

água/cimento, a/c, e da temperatura, Ф. Assim, para obtenção do coeficiente de difusão

é extremamente importante ter boas estimativas destes dois fatores. A relação

água/cimento adotada deve ser aquela utilizada na preparação do concreto. Já a

estimativa da temperatura é mais complicada devido à grande variabilidade deste

parâmetro. Como uma primeira estimativa pode-se basear na temperatura média ao

longo do ano no local da obra em questão (THOFT-CHRISTENSEN, 2002).

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FIGURA 3.4 - O Coeficiente de Difusão em Função da Temperatura e da Relação

água/cimento

3.2.3 - Início da Corrosão da Armadura

O tempo de início da corrosão Tcorr refere-se ao tempo durante o qual a camada

passivante do aço é destruída e a armadura começa a ser corroída. Segundo THOFT-

CHRISTENSEN (2001), para um elemento de concreto armado, considerando Ccrit

como a concentração crítica de cloreto no concreto ao redor da armadura (% da massa

de cimento), c como a espessura do cobrimento da armadura (m), Ci como a

concentração inicial de cloreto presente no concreto (% da massa de cimento) e D como

o coeficiente de difusão do cloreto no concreto (m2/s), pode-se expressar o período de

tempo Tcorr para o início da corrosão (anos) por:

2

12

4

−−

=si

scritcorr CC

CCerfD

cT

(3.7)

3.2.4 - Evolução da Corrosão da Armadura

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Existe uma zona porosa ao redor da interface aço/concreto causada pela transição da

pasta para o aço, pela entrada de ar nos vazios do concreto e por produtos da corrosão

difundidos dentro dos vasos capilares na pasta de cimento. Definindo tpor como sendo a

espessura de uma zona porosa equivalente ao redor da barra de aço (m), d o diâmetro da

armadura (m) e ρrust a massa específica do produto da corrosão (kg/m3), a quantidade de

produto da corrosão necessária para preencher a zona porosa, Wporous (kg/m), é dada

(THOFT-CHRISTENSEN, 2001):

dtW porrustporous ρπ= (3.8)

3.2.5 - Fissuração Inicial do Concreto

Após o início da corrosão, os produtos da corrosão irão preencher completamente a

interconectividade da zona porosa, o que resultará em uma expansão do concreto em

volta da armadura, com isso, tensões de tração são iniciadas no concreto. Depois de

algum tempo com corrosão crescente, as tensões de tração alcançarão valores críticos,

sendo então desenvolvidas fissuras causadas pela corrosão. Durante este processo, o

produto da corrosão deverá ocupar três volumes: (i) a zona porosa ao redor da

armadura, (ii) a zona de expansão do concreto devido à pressão da ferrugem e, (iii) o

espaço ocupado anteriormente pela armadura que sofreu corrosão. A Figura 3.5 mostra

os volumes ocupados pela ferrugem.

FIGURA 3.5 - Volumes Ocupados pelo Produto da Corrosão

A quantidade crítica de produto da corrosão que gera a fissuração Wcrit (kg/m) é dada

por (THOFT-CHRISTENSEN, 2001):

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30

steelanporouscrit WWWW ++= exp (3.9)

onde Wexpan é a quantidade de produto da corrosão necessária para preencher o espaço

devido à expansão do concreto em torno da armadura (kg/m) e Wsteel é a quantidade de

produto da corrosão que ocupa o espaço do aço que sofreu corrosão (kg/m). Para uma

espessura tcrit correspondente à espessura da zona de expansão do concreto ao redor da

armadura (m), Wexpan pode ser escrito como (THOFT-CHRISTENSEN, 2001):

critporrustan ttdW )2(exp += ρπ (3.10)

LIU e WEYERS (1998) estimaram tcrit assumindo que o concreto é um material elástico

homogêneo e podendo ser aproximado por um cilindro de concreto de parede grossa

com raio interno a = (d + 2 tpor) / 2 e raio externo b = c + (d + 2 tpor) / 2, onde c é a

espessura do cobrimento (Figura 3.6).

FIGURA 3.6 - Idealização do Concreto ao Redor da Armadura como Cilindro de Parede

Grossa (THOFT-CHRISTENSEN, 2000)

Então um valor aproximado de tcrit pode ser dado por:

+

−+

= cef

tcrit ab

baE

fct υ22

22

(3.11)

onde Eef é o modulo de elasticidade efetivo do concreto (MPa), ft é a resistência à tração

do concreto (Mpa), υc é o coeficiente de Poisson do concreto.

De acordo com LIU e WEYERS (1998), Wsteel pode ser escrito como:

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31

steel

steel

ruststeel MW

ρρ

=

(3.12)

onde ρsteel é a massa específica do aço (kg/m3) e Msteel é a massa de aço que sofreu

corrosão (kg). Msteel é proporcional a Wcrit, assim, LIU e WEYERS (1998) calcularam o

fator de proporcionalidade entre Msteel e Wcrit para dois tipos de produtos da corrosão.

Adotando para o presente trabalho Msteel = 0,57Wcrit (THOFT-CHRISTENSEN, 2001), a

Equação 3.12 pode ser reescrita como:

( )anporous

ruststeel

steelcrit WWW exp57,0

+−

=ρρ

ρ

(3.13)

Um modelo para a determinação do período de tempo desde o início da corrosão até o

início da fissuração causada pela corrosão é proposto por LIU e WEYERS (1998). Este

modelo leva em consideração a quantidade de produto da corrosão que causa a

fissuração Wcrit. A taxa de produto da corrosão como função do tempo t (anos) para o

início da corrosão pode ser escrita por:

)(1)(

)(tW

tkdt

tdW

rustrust

rust =

(3.14)

onde Wrust(t) é a quantidade de produto da corrosão como função do tempo e krust(t) é o

fator de proporcionalidade do produto de corrosão. Pela Equação 3.14 pode-se observar

que a taxa de corrosão é inversamente proporcional à quantidade de produto da

corrosão. O fator krust(t) (kg2/m2 t) é assumido sendo proporcional à média anual da taxa

de corrosão icorr(t) (µA/m2) e ao diâmetro d (m) da armadura. O fator de

proporcionalidade depende do tipo de produto da corrosão. Adotando um fator de

proporcionalidade de 0,383 x 10-3 (THOFT-CHRISTENSEN, 2001), tem-se:

)(10383,0)( 3 tidxtk corrrust−= (3.15)

E por integração obtém-se:

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32

dttktW rust

t

rust )(2)(0

2 ∫=

(3.16)

Se icorr for assumida como uma variável independente do tempo, então, o tempo

decorrido desde o início da corrosão até o início da fissuração causada pela corrosão,

∆Tcrack (anos), pode ser estimado pela Equação 3.16, estabelecendo que Wrust (∆Tcrack) =

Wcrit. Reescrevendo a Equação 3.16, tem-se:

corr

crit

rust

critcrack di

Wk

WT 3

22

10383,022 −××==∆

(3.17)

3.2.6 - Evolução da Fissuração e Desplacamento do Concreto

A evolução da fissuração causada pela corrosão da armadura até um valor de abertura

limite da fissura e o posterior desplacamento do concreto não são analisados no presente

trabalho.

3.3 - Sumário

Neste capítulo, foi apresentada a simulação de Monte Carlo, o método probabilístico

adotado para avaliar a deterioração do concreto armado causada pela ação dos cloretos.

Foram apresentados também os modelos determinísticos adotados para descrever as

várias etapas deste processo de deterioração, compreendendo desde a penetração do

cloreto no concreto até o aparecimento de fissuras causadas pela corrosão da armadura.

Com o intuito de facilitar a visualização e entendimento do processo de modelagem, a

Figura 3.7 apresenta, em forma de fluxograma, os modelos que são utilizados para

descrever as várias etapas deste processo de deterioração seguindo a seqüência lógica de

simulação.

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33

FIGURA 3.7 – Fluxograma da Modelagem da Vida Útil de Serviço

crackcorrcrackservice TTTT ∆+==

Estimativa da Vida Útil de Serviço

( ) ( ) ( ) 22 024,0/48,4/212,38941,1/025,31146,11 Φ+Φ++Φ−−= cacacaD

Penetração do Cloreto no Concreto

Modelagem da Vida Útil de Estruturas em Concreto Armado Sujeitas à Ação de Cloretos

Início da Corrosão da Armadura

2

12

4

−−

=si

scritcorr CC

CCerfD

cT

Evolução da Corrosão da Armadura

dtW porrustporous ρπ=

critporrustan ttdW )2(exp += ρπ

Início da Fissuração do Concreto

( )anporousruststeel

steelcrit WWW exp57,0

+−

=ρρ

ρ

corr

crit

rust

critcrack id

Wk

WT 3

22

10383,022 −××==∆

+

−+

= cef

tcrit ab

baE

fct υ22

22'

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34

4

Descrição Probabilística e Comportamento das

Variáveis Envolvidas

Definidos os modelos determinísticos que serão utilizados na avaliação da deterioração

de estruturas em concreto armado causada pela ação de cloretos, será realizada uma

descrição probabilística das variáveis envolvidas neste processo. É de fundamental

importância que seja feita uma adequada descrição destas variáveis para a obtenção de

resultados que representem corretamente o fenômeno. Entretanto, este trabalho não tem

como objetivo indicar as descrições mais adequadas para as variáveis envolvidas,

limitando-se em analisar o comportamento de cada variável, verificando sua influência

sobre a resposta dos modelos.

4.1 - Coeficiente de Difusão do Cloreto

Como visto no capítulo anterior, o coeficiente de difusão dos cloretos no concreto pode

ser modelado matematicamente pela Equação 3.6 (THOFT-CHRISTENSEN, 2002).

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35

Este modelo leva em conta a temperatura média do ambiente em que a estrutura está

exposta e a relação água/cimento utilizada na confecção do concreto da estrutura.

Vale ressaltar que a representação adequada do coeficiente de difusão é de fundamental

importância para se ter uma boa caracterização do tempo de início da corrosão da

armadura. Para isto, devem-se ter boas estimativas da temperatura média do ambiente e

da relação água/cimento. Segundo JENSEN (1998), a sílica ativa também tem forte

influência nos valores do coeficiente de difusão, quanto maior a quantidade de sílica

ativa utilizada, menor será o coeficiente de difusão. Porém, este parâmetro não foi

incorporado ao modelo utilizado.

De acordo com pesquisas realizadas por THOFT-CHRISTENSEN (2002), a relação

água/cimento pode ser descrita seguindo uma distribuição lognormal e a temperatura

pode ser descrita seguindo uma distribuição normal. Os valores considerados neste

trabalho como média da relação água/cimento buscam, de acordo com a NBR

6118:2003 (ABNT, 2003), verificar a resposta do modelo diante de ambientes com

classe de agressividade III e IV, sendo 0,55 e 0,45 respectivamente as recomendações

da referida norma. O valor de 0,35 como média da relação água/cimento também foi

avaliado, sendo que esta situação representa um concreto de alto desempenho para a

situação analisada. Foi considerado para este parâmetro um coeficiente de variação,

COV, de 6%. Quanto à temperatura média anual, foram analisadas situações variando de

10 ºC até 22 ºC, representando ambientes tanto com temperaturas médias anuais baixas,

quanto com temperaturas médias anuais altas. Um COV de 15% foi considerado para

este parâmetro.

As Tabelas 4.1 e 4.2 apresentam as descrições probabilísticas das variáveis utilizadas

nesta etapa do processo de simulação. Várias simulações foram realizadas combinando-

se as situações descritas nas Tabelas 4.1 e 4.2. A Figura 4.1 mostra o histograma do

coeficiente de difusão, utilizando para cada variável a descrição probabilística da

situação três das Tabelas 4.1 e 4.2.

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36

TABELA 4.1 - Descrição Probabilística da Relação Água/Cimento

Relação água/cimento (a/c)

Situação Descrição Probabilística

1 LN(0,35 ; 0,021) ; COV = 6%

2 LN(0,40 ; 0,024) ; COV = 6%

3 LN(0,45 ; 0,027) ; COV = 6%

4 LN(0,50 ; 0,030) ; COV = 6%

5 LN(0,55 ; 0,033) ; COV = 6%

TABELA 4.2 - Descrição Probabilística da Temperatura

Temperatura (Φ)

Situação Descrição Probabilística

1 N(10,0 ; 1,50) ºC ; COV = 15%

2 N(13,0 ; 1,95) ºC ; COV = 15%

3 N(16,0 ; 2,40) ºC ; COV = 15%

4 N(19,0 ; 2,85) ºC ; COV = 15%

5 N(22,0 ; 3,30) ºC ; COV = 15%

FIGURA 4.1 – Histograma da Modelagem do Coeficiente de Difusão

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país como o Brasil, com uma boa parte de sua faixa litorânea localizada na região

tropical, a obtenção de concretos com menores coeficientes de difusão fica, portanto,

dependente da utilização de relações água/cimento baixas.

TABELA 4.5 - Resultado das Simulações de D para Situações Distintas

Dados Coeficiente de Difusão D (x 10-12 m2/s)

Valor mínimo combinado:

Φ = N(10,0 ; 1,50) ºC ; COV = 15%

a/c = LN(0,35 ; 0,021) ; COV = 6%

LN(3,71 ; 0,90) ; COV = 24,26%

COV aumentado:

Φ = N(16,0 ; 3,20) ºC ; COV = 20%

a/c = LN(0,45 ; 0,045) ; COV = 10%

LN(12,62 ; 4,64) ; COV = 36,77%

Valor máximo combinado:

Φ = N(22,0 ; 3,30) ºC ; COV = 15%

a/c = LN(0,55 ; 0,033) ; COV = 6%

LN(29,09 ; 6,55) ; COV = 22,50%

Para as descrições estatísticas da relação água/cimento e da temperatura listadas nas

tabelas acima, observa-se que a média do coeficiente de difusão do cloreto no concreto

variou de 3,71 a 29,09 x 10-12 m2/s, uma diferença de aproximadamente 8,00 vezes,

indicando a grande influência dos parâmetros na simulação do coeficiente de difusão. O

coeficiente de variação, COV, do coeficiente de difusão apresenta valores de 19,12% a

36,77%, dependendo do cenário. Um dado interessante é que o COV do coeficiente de

difusão diminui com relações água/cimento médias maiores e aumenta com

temperaturas médias mais elevadas. É observado também que para o cenário onde o

COV das variáveis envolvidas foi aumentado, o COV do coeficiente de difusão aumenta

de 23,63% para 36,77%, ou seja, um aumento de aproximadamente 56,00%. Entretanto,

este aumento praticamente não causou alterações no valor da média do coeficiente de

difusão.

A relação água/cimento e a temperatura média anual devem ser obtidas com o maior

grau de precisão possível, pois pequenas variações nas estatísticas destes parâmetros

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resultam em variações consideráveis na obtenção das estatísticas do coeficiente de

difusão, podendo não condizer com a realidade do problema.

Para uma melhor visualização dos resultados apresentados nas Tabelas 4.3 e 4.4, as

Figuras 4.2 e 4.3 apresentam, respectivamente, a influência da relação água/cimento e

da temperatura nos resultados do coeficiente de difusão (média e coeficiente de

variação). Na Figura 4.2, a temperatura foi considerada fixa, sendo Ф = N(16,0 ; 2,40)

ºC e a relação água/cimento variou conforme os valores expostos na Tabela 4.3. Já na

Figura 4.3, a relação água/cimento foi considerada fixa, sendo a/c = LN(0,45 ; 0,027) e

a temperatura variou conforme os valores expostos na Tabela 4.4. Então o coeficiente

de difusão D obtido foi exposto em função de sua média e coeficiente de variação.

FIGURA 4.2 – A Influência da Relação água/cimento no Coeficiente de Difusão

Para comparar os resultados obtidos pela simulação probabilística do modelo

apresentado na Equação 3.6, foi utilizado o programa desenvolvido pelo National

Institute of Standards and Technology, NIST, que é disponibilizado no endereço

eletrônico http://ciks.cbt.nist.gov/~bentz/clcp0002.html.

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40

FIGURA 4.3 - A Influência da Temperatura no Coeficiente de Difusão

A Figura 4.4 apresenta a tela de entrada de dados do programa, onde são levados em

consideração a relação água/cimento empregada, a quantidade de sílica ativa adicionada

ao concreto, o volume de agregado da mistura e o grau de hidratação do concreto. Já a

Figura 4.5 mostra a tela de resultado do referido programa onde um valor determinístico

do coeficiente de difusão D é apresentado. Valores para um limite de confiança de 90%

também são expostos, representando estatisticamente 90% de probabilidade de que o

resultado esteja compreendido dentro desta faixa de valores.

FIGURA 4.4 - Entrada de Dados do Programa do NIST

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FIGURA 4.5 - Apresentação dos Resultados do Programa do NIST

Para a obtenção do coeficiente de difusão pelo programa do NIST, são consideradas

nove hipóteses distintas para representar cenários diversos. Concretos com diferentes

relações água/cimento são utilizados, sendo: (1) concretos com relação água/cimento

baixa; (2) concretos com relação água/cimento intermediária e; (3) concretos com

relação água/cimento alta. Também são utilizadas combinações diferentes para o grau

de hidratação do concreto e o volume de agregado da mistura, caracterizando: (A)

condição de melhor desempenho contra a ação dos cloretos; (B) situação intermediária

e; (C) condição de pior desempenho contra a ação dos cloretos. A quantidade de sílica

ativa foi considerada nula nas hipóteses simuladas. Os resultados obtidos são

apresentados abaixo:

Hipótese 1-A:

• Relação a/c = 0,35

• Proporção de agregado = 62 %

• Grau de hidratação = 0,80

o D estimado de 0,417 x10-12 m2/s

o Limite de confiança de 90% [0,253 ; 0,685] x 10-12 m2/s

Hipótese 1-B:

• Relação a/c = 0,35

• Proporção de agregado = 66 %

• Grau de hidratação = 0,75

o D estimado de 0,428 x10-12 m2/s

o Limite de confiança de 90% [0,299 ; 0,612] x 10-12 m2/s

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Hipótese 1-C:

• Relação a/c = 0,35

• Proporção de agregado = 70 %

• Grau de hidratação = 0,70

o D estimado de 0,440 x10-12 m2/s

o Limite de confiança de 90% [0,244 ; 0,791] x 10-12 m2/s

Hipótese 2-A:

• Relação a/c = 0,45

• Proporção de agregado = 62 %

• Grau de hidratação = 0,80

o D estimado de 2,847 x10-12 m2/s

o Limite de confiança de 90% [1,882 ; 4,306] x 10-12 m2/s

Hipótese 2-B:

• Relação a/c = 0,45

• Proporção de agregado = 66 %

• Grau de hidratação = 0,75

o D estimado de 3,728 x10-12 m2/s

o Limite de confiança de 90% [2,098 ; 6,622] x 10-12 m2/s

Hipótese 2-C:

• Relação a/c = 0,45

• Proporção de agregado = 70 %

• Grau de hidratação = 0,70

o D estimado de 4,881 x10-12 m2/s

o Limite de confiança de 90% [2,025 ; 11,763] x 10-12 m2/s

Hipótese 3-A:

• Relação a/c = 0,50

• Proporção de agregado = 62 %

• Grau de hidratação = 0,80

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o D estimado de 13,055 x10-12 m2/s

o Limite de confiança de 90% [7,384 ; 23,079] x 10-12 m2/s

Hipótese 3-B:

• Relação a/c = 0,50

• Proporção de agregado = 66 %

• Grau de hidratação = 0,75

o D estimado de 19,301 x10-12 m2/s

o Limite de confiança de 90% [8,128 ; 45,833] x 10-12 m2/s

Hipótese 3-C:

• Fator a/c = 0,50

• Proporção de agregado = 70 %

• Grau de hidratação = 0,70

o D estimado de 28,537 x10-12 m2/s

o Limite de confiança de 90% [8,150 ; 99,921] x 10-12 m2/s

Analisando os resultados, observa-se novamente que a relação água/cimento apresenta

grande influência na estimativa do coeficiente de difusão D. Já o grau de hidratação e a

quantidade de agregado possuem maior influência em concretos com relação

água/cimento elevada.

Para verificar a influência da sílica ativa no coeficiente de difusão, a hipótese 2-B foi

refeita adicionando-se 3% e 6% de sílica ativa na mistura do concreto. O coeficiente de

difusão foi reduzido de 3,728 x 10-12 m2/s para 1,507 e 0,649 x 10-12 m2/s,

respectivamente, mostrando ser um parâmetro de grande importância na obtenção de

concretos com menor difusividade.

Com o objetivo de obter concretos com coeficientes de difusão mais baixos, o NIST

recomenda aos usuários do seu programa os seguintes procedimentos:

• Reduzir a relação água/cimento do concreto;

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• Aumentar o grau de hidratação através de boas práticas de cura ou utilizar

cimentos mais finos;

• Adicionar sílica ativa ao concreto.

Comparando os valores encontrados no programa do NIST com os valores das médias

encontradas através da modelagem da Equação 3.6, observam-se valores relativamente

menores no programa do NIST que aqueles obtidos via simulação do modelo da

Equação 3.6 para concretos com relação água/cimento entre 0,35 e 0,45. Esta diferença

se dá principalmente pela forte influência que a temperatura exerce no modelo da

Equação 3.6, que não é considerada no programa do NIST.

Os resultados dos dois métodos se aproximam quando a relação água/cimento é

próxima de 0,5, porém o programa do NIST apresenta resultados inconsistentes quando

relações água/cimento maiores que 0,5 são utilizadas, encontrando valores médios

muito maiores que os valores obtidos para o coeficiente de difusão através da

modelagem da Equação 3.6. Provavelmente este comportamento é devido a uma

limitação do programa.

Pesquisas realizadas por TIKALSKY et al. (2005) relatam um coeficiente de difusão

médio de 4,91 x 10-12 m2/s para 200 amostras retiradas de 40 pontes na Pensilvânia,

Estados Unidos. É relatado também que com a utilização de concretos de alto

desempenho contra o ataque por cloretos pode-se alcançar um coeficiente de difusão

normalmente distribuído com média 1,00 x 10-12 m2/s e desvio padrão de 0,80 x 10-12

m2/s, o que aumenta consideravelmente a vida útil de uma estrutura. O ACI

COMMITTEE 365.1 (2000) apresenta uma faixa de valores para o coeficiente de

difusão, estes valores variam de 0,50 x 10-12 m2/s a 50,00 x 10-12 m2/s, onde se conclui

que concretos com menor difusividade possuem excelente resistência aos cloretos.

4.2 - Tempo para o Início da Corrosão da Armadura Neste trabalho, a modelagem do tempo de início de corrosão Tcorr é feita via Equação

3.7, que é baseada na lei de Fick de difusão e tem como variáveis o cobrimento da

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armadura, o coeficiente de difusão do cloreto no concreto, a concentração crítica de

cloretos que causa a despassivação da armadura, a concentração superficial de cloretos e

uma possível concentração inicial de cloretos, considerando a existência de cloretos

desde o preparo do concreto.

O cobrimento da armadura é um parâmetro fácil de ser verificado e o coeficiente de

difusão já foi analisado no modelo anterior, porém, as concentrações de cloretos, tanto

superficiais quanto críticas, são difíceis de ser estabelecidas. A concentração superficial,

além de variar com o tempo de exposição da peça, não é homogênea ao longo da

estrutura, então deve-se considerar um valor que represente a média da concentração

superficial existente a um determinado tempo. Já a concentração crítica de cloreto que

causa a despassivação da armadura depende das características do concreto utilizado.

Vale ressaltar que só os cloretos que estão livres na solução dos poros do concreto é que

são prejudiciais à armadura, a outra parte dos cloretos reage com produtos da hidratação

do concreto e não contribui para o processo de corrosão. A quantificação de cloretos

livres é complexa, sendo normalmente utilizada a quantidade total de cloretos. Com

isso, fica clara a existência de grandes incertezas na modelagem deste processo de

deterioração.

Para proceder a modelagem desta etapa, foi utilizado como base para as estatísticas do

cobrimento da armadura os valores recomendados pela NBR 6118:2003 (ABNT, 2003)

para ambientes com classe de agressividade III e IV, como também valores inferiores e

superiores aos recomendados. O cobrimento da armadura é descrito seguindo uma

distribuição normal (TIKALSKY et al., 2005), sendo que o coeficiente de variação

considerado é de 15%. Para o coeficiente de difusão, os dados foram retirados dos

resultados obtidos pela simulação realizada no item anterior. Foram utilizados dados

que representam concretos tanto com baixa quanto com alta difusividade.

As Tabelas 4.6 e 4.7 apresentam, respectivamente, a descrição probabilística dos

cobrimentos da armadura e dos coeficientes de difusão utilizados nesta etapa do

processo de simulação.

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TABELA 4.6 - Descrição Probabilística do Cobrimento da Armadura

Cobrimento da Armadura (c)

Situação Descrição Probabilística

1 N(30,0 ; 4,5) mm ; COV = 15%

2 N(40,0 ; 6,0) mm ; COV = 15%

3 N(50,0 ; 7,5) mm ; COV = 15%

4 N(60,0 ; 9,0) mm ; COV = 15%

5 N(70,0 ; 10,5) mm ; COV = 15%

TABELA 4.7 - Descrição Probabilística do Coeficiente de Difusão

Coeficiente de Difusão (D)

Situação Descrição Probabilística

1 LN(2,0 ; 0,5) x 10-12m2/s ; COV = 25%

2 LN(4,0 ; 1,0) x 10-12m2/s ; COV = 25%

3 LN(6,0 ; 1,5) x 10-12m2/s ; COV = 25%

4 LN(8,0 ; 2,0) x 10-12m2/s ; COV = 25%

5 LN(10,0 ; 2,5) x 10-12m2/s ; COV = 25%

Para descrever as concentrações críticas de cloretos Ccrt e concentrações superficiais de

cloretos Cs, são considerados dois cenários distintos. O primeiro e o segundo cenário

representam, respectivamente, situações de menor e maior adversidade com relação à

concentração de cloretos. Segundo THOFT-CHRISTENSEN (2001), estas

concentrações seguem uma distribuição normal. A concentração inicial de cloretos C0 é

considerada determinística, sendo zero para todas as simulações.

Primeiro Cenário (concentrações em % da massa de cimento):

Ccrt 1 = N(0,40 ; 0,08) ; COV = 20%

Cs 1 = N(1,00 ; 0,10) ; COV = 10%

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Segundo Cenário (concentrações em % da massa de cimento):

Ccrt 2 = N(0,30 ; 0,09) ; COV = 30%

Cs 2 = N(1,20 ; 0,18) ; COV = 15%

Várias simulações são realizadas combinando-se as situações descritas nas Tabelas 4.6 e

4.7. A Figura 4.6 mostra o histograma obtido através da modelagem probabilística do

tempo para o início da corrosão, utilizando para cada variável a descrição probabilística

da situação três das Tabelas 4.6 e 4.7. Foi considerado o primeiro cenário de

concentrações de cloretos para as simulações. Uma análise comparativa utilizando o

segundo cenário de concentrações é feita posteriormente com o objetivo de avaliar a

influência destas variáveis no comportamento do modelo avaliado

FIGURA 4.6 - Histograma do Tempo para o Início da Corrosão

Com o intuito de obter a função de distribuição de probabilidade que melhor representa

o histograma do tempo para o início da corrosão, duas funções de distribuição de

probabilidade foram avaliadas, uma seguindo uma distribuição de Weibull e outra

seguindo uma distribuição lognormal (linhas azul e vermelha, respectivamente, na

Figura 4.6). Analisando a Figura 4.6, fica claro que o tipo de distribuição que melhor se

ajusta aos resultados da simulação é a distribuição lognormal. Para proceder à análise

do comportamento das variáveis envolvidas na resposta do modelo, os resultados das

simulações realizadas são expostos nas Tabelas 4.8 a 4.10.

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TABELA 4.8 - Resultado das Simulações de Tcorr para c = N(50,0 ; 7,5) mm

Coeficiente de Difusão D (x10-12 m2/s) Tcorr (anos)

LN(2,0 ; 0,5) ; COV = 25% LN (33,98 ; 21,00) ; COV = 61,80%

LN(4,0 ; 1,0) ; COV = 25% LN (17,07 ; 10,55) ; COV = 61,80%

LN(6,0 ; 1,5) ; COV = 25% LN (11,33 ; 6,98) ; COV = 61,60%

LN(8,0 ; 2,0) ; COV = 25% LN (8,52 ; 5,24) ; COV = 61,50%

LN(10,0 ; 2,5) ; COV = 25% LN (6,82 ; 4,20) ; COV = 61,58%

TABELA 4.9 - Resultado das Simulações de Tcorr para D = LN(6,0 ; 1,5) x 10-12 m2/s

Cobrimento (mm) Tcorr (anos)

N(30,0 ; 4,5) ; COV = 15% LN(4,07 ; 2,52) ; COV = 61.92%

N(40,0 ; 6,0) ; COV = 15% LN(7,24 ; 4,46) ; COV = 61.60%

N(50,0 ; 7,5) ; COV = 15% LN(11,33 ; 6,98) ; COV = 61.60%

N(60,0 ; 9,0) ; COV = 15% LN(16,33 ; 10,13) ; COV = 62.03%

N(70,0 ; 10,5) ; COV = 15% LN(22,42 ; 13,90) ; COV = 62.00%

TABELA 4.10 - Resultado das Simulações de Tcorr para Situações Distintas

Dados Tcorr (anos)

Valor mínimo combinado:

c = N(30,0 ; 4,5) mm ; COV = 15%

D = LN(10,0 ; 2,5) x10-12 m2/s ; COV = 25%

LN(1,30 ; 0,79) ; COV = 61.54%

2º Cenário de concentrações

c = N(50,0 ; 7,5) mm ; COV = 15%

D = LN(6,0 ; 1,5) x10-12 m2/s ; COV = 25%

LN(6,06 ; 3,68) ; COV = 60.73%

COV aumentado:

c = N(50,0 ; 10,0) mm ; COV = 20%

D = LN(6,0 ; 1,8) x10-12 m2/s ; COV = 30%

LN(12,17 ; 9,08) ; COV = 74.61%

Valor máximo combinado:

c = N(70,0 ; 10,5) mm ; COV = 15%

D = LN(2,0 ; 0,5) x10-12 m2/s ; COV = 25%

LN(67,02 ; 41,42) ; COV = 61.80%

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Comparando os resultados encontrados, verifica-se que todas as variáveis têm influência

significativa na obtenção das estatísticas de Tcorr. Nota-se que quanto maior o

cobrimento da armadura, maior é o tempo no qual a armadura tem chances de manter-se

passivada. Esse aumento na média do tempo para o início da corrosão é diretamente

proporcional ao quadrado do cobrimento. Como dito anteriormente, o coeficiente de

difusão tem grande influência nos resultados. Vale ressaltar que as incertezas

envolvidas na obtenção do valor do coeficiente de difusão podem levar à obtenção de

estimativas discrepantes do tempo para o início da corrosão, portanto uma atenção

especial deve ser dada a este parâmetro. Quanto maior o coeficiente de difusão, menor o

tempo no qual a armadura tem chances de manter-se passivada, pois o tempo para o

início da corrosão é inversamente proporcional ao valor do coeficiente de difusão.

Observando as descrições estatísticas das variáveis listadas nas Tabelas 4.8 à 4.10, tem-

se que a média de Tcorr variou de 1,30 a 67,02 anos, uma diferença de aproximadamente

52,00 vezes. O coeficiente de variação de Tcorr ficou praticamente constante em

aproximadamente 62,00%, indicando grande variabilidade na obtenção de Tcorr.

Outra situação analisada foi a influência das concentrações de cloretos superficiais e

críticas nos resultados da modelagem da Equação 3.7. Comparando os resultados

obtidos pelos dois cenários de concentrações propostos, observa-se uma diminuição de

aproximadamente 46,50% na média do tempo de início da corrosão quando utilizado o

segundo cenário de concentrações de cloretos, passando de 11,33 para 6,06 anos a

média deste tempo, caracterizando que um ambiente mais agressivo e uma postura mais

conservadora em relação ao teor crítico de cloretos no interior do concreto diminui

consideravelmente a estimativa do tempo para início da corrosão. O COV, por sua vez,

quase não sofreu alteração nesta comparação, pois se manteve próximo aos 62,00%.

Aumentando sensivelmente o COV do coeficiente de difusão e do cobrimento da

armadura, é observado um aumento tanto na média quanto no COV de Tcorr, estes

aumentos foram de aproximadamente 7.50% e 21,00% respectivamente, isto para a

situação analisada. Portanto, fica claro que utilizar dados de entrada que não condizem

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50

com a realidade do problema é extremamente prejudicial para uma boa estimativa de

Tcorr.

Para uma melhor visualização dos resultados apresentados nas Tabelas 4.8 e 4.9, as

Figuras 4.7 e 4.8 apresentam, respectivamente, a influência do coeficiente de difusão e

do cobrimento da armadura nos resultados do tempo para o início da corrosão (média e

coeficiente de variação). Na Figura 4.7, o cobrimento foi considerado fixo, sendo c =

N(50,0 ; 7,50) mm e o coeficiente de difusão variou conforme os valores expostos na

Tabela 4.7. Já na Figura 4.8, o coeficiente de difusão foi considerado fixo, sendo D =

LN(6,00 ; 1,50) e o cobrimento da armadura variou conforme os valores expostos na

Tabela 4.6. Então o tempo para o início da corrosão Tcorr obtido foi exposto em função

de sua média e coeficiente de variação.

FIGURA 4.7 – A Influência do Coeficiente de Difusão em Tcorr

A Tabela 4.11 mostra a grande influência do cobrimento da armadura e do coeficiente

de difusão do cloreto na estimativa da média do tempo de início da corrosão da

armadura Tcorr.

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FIGURA 4.8 – A Influência do Cobrimento em Tcorr

TABELA 4.11 - Influência do Cobrimento e do Coeficiente de Difusão em Tcorr

Média do coeficiente de difusão do cloreto (m2/s)

1,00 x10-12 5,00 x 10 -12 25,00 x 10 -12 Média do

cobrimento (mm) Média do tempo de início da corrosão (anos)

25,00 17,00 3,40 0,68

50,00 68,00 13,60 2,72

75,00 153,00 30,60 6,12 OBS:

( i ) todas as variáveis seguem as distribuições de probabilidade descritas anteriormente.

( ii ) foi considerado o primeiro cenário de concentrações de cloreto para esta estimativa.

Portanto, fica demonstrado que, para se construir estruturas em concreto armado

resistentes ao ataque por cloretos, devem-se utilizar concretos com baixa difusividade e

com a armadura protegida por um cobrimento adequado.

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4.3 - Quantidade de Produto da Corrosão Wporous A modelagem da quantidade de produto da corrosão que ocupa a zona porosa Wporous é

realizada via Equação 3.8. Este modelo tem como variáveis o diâmetro da armadura, a

espessura da zona porosa ao redor da armadura e a massa específica do produto da

corrosão.

O diâmetro da armadura pode ser descrito seguindo uma distribuição normal (THOFT-

CHRISTENSEN, 2001), onde o coeficiente de variação utilizado para as simulações é

de 10%. Foram simulados diâmetros usualmente empregados nas construções do Brasil.

Já para a espessura da zona porosa, uma distribuição lognormal é indicada para

representar seu comportamento (THOFT-CHRISTENSEN, 2001), sendo que o

coeficiente de variação utilizado é de 20%.

As Tabelas 4.12 e 4.13 apresentam, respectivamente, a descrição probabilística dos

diâmetros das armaduras e das espessuras da zona porosa utilizados nesta etapa do

processo de simulação. Serão analisados também produtos da corrosão com massa

específica diferenciada, já que os mesmos podem apresentar volume até seis vezes

maior que o ocupado originalmente pelo aço. Uma distribuição normal representa o

comportamento desta variável (THOFT-CHRISTENSEN, 2001), onde o coeficiente de

variação utilizado é de 10%.

TABELA 4.12 - Descrição Probabilística do Diâmetro da Armadura

Diâmetro da Armadura (d)

Situação Descrição Probabilística

1 N(10,0 ; 1,00) mm ; COV = 10%

2 N(12,5 ; 1,25) mm ; COV = 10%

3 N(16,0 ; 1,60) mm ; COV = 10%

4 N(20,0 ; 2,00) mm ; COV = 10%

5 N(25,0 ; 2,50) mm ; COV = 10%

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TABELA 4.13 - Descrição Probabilística da Espessura da Zona Porosa

Espessura da Zona Porosa (tpor)

Situação Descrição Probabilística

1 LN (7,5 ; 1,5) x10-6 m ; COV = 20%

2 LN (10,0 ; 2,0) x10-6 m ; COV = 20%

3 LN (12,5 ; 2,5) x10-6 m ; COV = 20%

4 LN (15,0 ; 3,0) x10-6 m ; COV = 20%

5 LN (17,5 ; 3,5) x10-6 m ; COV = 20%

Massa Específica do Produto da Corrosão:

ρrust 1 = N(3600 ; 360) kg/m3 ; COV = 10%

ρrust 2 = N(2800 ; 280) kg/m3 ; COV = 10%

Várias simulações foram realizadas combinando-se as situações descritas nas Tabelas

4.12 e 4.13. A Figura 4.9 mostra o histograma obtido através da modelagem

probabilística da quantidade de produto da corrosão Wporous, utilizando para cada

variável a descrição probabilística da situação três das Tabelas 4.12 e 4.13. Foi

considerada a massa específica do produto da corrosão ρrust 1 para as simulações. Uma

análise comparativa utilizando a massa específica do produto da corrosão ρrust 2 é feita

posteriormente com o objetivo de avaliar a influência desta variável no comportamento

do modelo avaliado.

Para obter a função de distribuição de probabilidade que melhor se ajusta ao histograma

da quantidade de produto da corrosão Wporous, duas funções foram avaliadas, uma

seguindo uma distribuição normal e outra seguindo uma distribuição lognormal (linhas

azul e vermelha, respectivamente, na Figura 4.9). Analisando a Figura 4.6, fica claro

que o tipo de distribuição que melhor se ajusta aos resultados da simulação é a

distribuição lognormal. Para proceder à análise do comportamento das variáveis

envolvidas na resposta do modelo, os resultados das simulações realizadas são expostos

nas Tabelas 4.14 a 4.16.

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FIGURA 4.9 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wporous

TABELA 4.14 - Resultado das Simulações de Wporous para d = N(16,0 ; 1,60) mm

Espessura tpor (x 10-6 m) Quantidade de Wporous (x 10-3 kg/m)

LN(7,5 ; 1,5) ; COV = 20% LN(1,36 ; 0,34) ; COV = 25,00%

LN(10,0 ; 2,0) ; COV = 20% LN(1,81 ; 0,45) ; COV = 24,86%

LN(12,5 ; 2,5) ; COV = 20% LN(2,26 ; 0,57) ; COV = 25,22%

LN(15,0 ; 3,0) ; COV = 20% LN(2,71 ; 0,68) ; COV = 25,09%

LN(17,5 ; 3,5) ; COV = 20% LN(3,17 ; 0,79) ; COV = 24,92%

TABELA 4.15 - Resultado das Simulações de Wporous para tpor = LN(12,5 ; 2,5) x10-6 m

Diâmetro da armadura d (mm) Quantidade de Wporous (x 10-3 kg/m)

N(10,0 ; 1,00) ; COV = 10% LN(1,40 ; 0,35) ; COV = 24,82%

N(12,5; 1,25) ; COV = 10% LN(1,77 ; 0,44) ; COV = 24,86%

N(16,0 ; 1,60) ; COV = 10% LN(2,26 ; 0,57) ; COV = 25,22%

N(20,0 ; 2,00) ; COV = 10% LN(2,83 ; 0,71) ; COV = 25,09%

N(25,0 ; 2,50) ; COV = 10% LN(3,54 ; 0,88) ; COV = 24,86%

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TABELA 4.16 - Resultado das Simulações de Wporous para Situações Distintas

Dados Quantidade de Wporous (x10-3 kg/m)

Valor mínimo combinado:

d = N(10,0 ; 1,0) mm ; COV = 10%

tpor = LN(7,5 ; 1,5) x10-6 m ; COV = 20%

LN(0,85 ; 0,21) ;COV = 24,71 %

Produto da corrosão ρrust 2

d = N(16,0 ; 1,60) mm ; COV = 10%

tpor = LN(12,5 ; 2,5) x10-6 m ; COV = 20%

LN(1,76 ; 0,44) ; COV = 25,00%

COV aumentado:

d = N(16,0 ; 2,40) mm ; COV = 15%

tpor = LN(12,5 ; 3,75) x10-6 m ; COV = 30%

LN(2,26 ; 0,87) ; COV = 38,50%

Valor máximo combinado:

d = N(25,0 ; 2,50) mm ; COV = 10%

tpor = LN(17,5 ; 3,5) x10-6 m ; COV = 20%

LN(4,95 ; 1,24) ; COV = 25,05%

Comparando os resultados encontrados, verifica-se que tanto o diâmetro da armadura

quanto a espessura da zona porosa têm influência significativa na obtenção das

estatísticas de Wporous. Ambos os fatores, quando aumentados, aumentam o valor médio

de Wporous. Observando as descrições estatísticas das variáveis, observa-se que a média

de Wporous variou de 0,85 a 4,95 x10-3 kg/m, uma diferença de aproximadamente 6,00

vezes. O coeficiente de variação de Wporous se manteve praticamente constante em

25,00%. Foi analisada também a influência da massa específica do produto da corrosão

na modelagem da Equação 3.8.

Comparando os resultados obtidos com as duas massas específicas apresentadas, nota-se

que produtos da corrosão com massa específica menor (mais expansivos) resultam em

menor quantidade destes produtos (kg/m) ocupando o volume da zona porosa. Essa

redução foi de aproximadamente 22,00% para os valores simulados passando de 2,26

x10-3 para 1,76 x10-3 kg/m a média desta quantidade de produto da corrosão. O COV

por sua vez não sofreu alteração nesta comparação, pois se manteve próximo aos

25,00%.

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É importante observar que aumentando sensivelmente o COV das variáveis básicas

envolvidas, o COV de Wporous aumentou de 25.00% para 38.50%, um aumento de

54.00%. Este aumento não teve influência no valor da média de Wporous, evidenciando

que a qualidade dos dados de entrada é de suma importância para obtenção de

resultados que expressem a realidade do problema.

Para uma melhor visualização dos resultados indicados nas Tabelas 4.14 e 4.15, as

Figuras 4.10 e 4.11 apresentam, respectivamente, a influência da espessura da zona

porosa tpor e do diâmetro da armadura d nos resultados da quantidade de produto da

corrosão Wporous (média e coeficiente de variação). Na Figura 4.10, o diâmetro da

armadura foi considerado fixo, sendo d = N(16,0 ; 1,6) mm e a espessura da zona porosa

variou conforme os valores expostos na Tabela 4.14. Já na Figura 4.11, a espessura da

zona porosa foi considerada fixa, sendo tpor = LN(12,5 ; 2,50) x10-6 m e o diâmetro da

armadura variou conforme os valores expostos na Tabela 4.15. Então a quantidade de

produto da corrosão Wporous obtida foi exposta em função de sua média e coeficiente de

variação.

FIGURA 4.10 – A Influência da Espessura tpor em Wporous

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FIGURA 4.11 – A Influência do Diâmetro da Armadura d em Wporous

4.4 - Quantidade de Produto da Corrosão Wexpan

A modelagem da quantidade de produto da corrosão que causa a expansão do concreto

ao redor da armadura Wexpan é realizada via Equações 3.10 e 3.11. Este modelo tem

como variáveis básicas o cobrimento da armadura, o diâmetro da armadura, a espessura

da zona porosa ao redor da armadura, a massa específica do produto da corrosão, a

tensão de tração do concreto, o coeficiente de Poisson do concreto e o módulo de

elasticidade efetivo do concreto.

Os dados referentes ao cobrimento da armadura, ao diâmetro da armadura, à espessura

da zona porosa ao redor da armadura e à massa específica do produto da corrosão foram

apresentados nas etapas anteriores. A tensão de tração do concreto pode ser descrita

seguindo uma distribuição normal (THOFT-CHRISTENSEN, 2001). Foram simuladas

tensões de tração usualmente encontradas em estruturas de concreto sendo que o

coeficiente de variação considerado para este parâmetro foi 15%. O coeficiente de

Poisson foi tratado como determinístico sendo simulados valores abaixo e acima de

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0,20, que é o valor recomendado pela NBR 6118:2003 (ABNT, 2003). Para o módulo

de elasticidade efetivo do concreto, um tratamento determinístico também foi

empregado, sendo analisadas situações entre 10,0 e 22,0 GPa.

As Tabelas 4.17 a 4.19 apresentam, respectivamente, a descrição das tensões de tração

do concreto, coeficientes de Poisson e módulos de elasticidade efetivos utilizados nesta

etapa. Foi considerada a massa específica do produto da corrosão ρrust 1 para as

simulações. Uma analise comparativa utilizando ρrust 2 também é feita posteriormente

com o objetivo de avaliar a influência desta variável no comportamento deste modelo.

TABELA 4.17 - Descrição Probabilística das Tensões de Tração do Concreto

Tensões de Tração do Concreto (ft)

Situação Descrição Probabilística

1 ft = N(2,50 ; 0,375) MPa ; COV = 15%

2 ft = N(3,00 ; 0,450) MPa ; COV = 15%

3 ft = N(3,50 ; 0,525) MPa ; COV = 15%

4 ft = N(4,00 ; 0,600) MPa ; COV = 15%

5 ft = N(4,50 ; 0,675) MPa ; COV = 15%

TABELA 4.18 - Descrição Probabilística dos Coeficientes de Poisson do Concreto

Coeficiente de Poisson do Concreto (ν)

Situação Descrição Probabilística

1 ν = 0,16 (determinístico)

2 ν = 0,18 (determinístico)

3 ν = 0,20 (determinístico)

4 ν = 0,22 (determinístico)

5 ν = 0,24 (determinístico)

Várias simulações foram realizadas combinando-se as situações descritas nas Tabelas

4.17 a 4.19, além dos dados expostos em etapas anteriores a esta modelagem.

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TABELA 4.19 - Descrição Probabilística dos Módulos de Elasticidade do Concreto

Módulo de Elasticidade Efetivo do Concreto (Eef)

Situação Descrição Probabilística

1 Eef = 10,0 GPa (determinístico)

2 Eef = 13,0 GPa (determinístico)

3 Eef = 16,0 GPa (determinístico)

4 Eef = 19,0 GPa (determinístico)

5 Eef = 22,0 GPa (determinístico)

A Figura 4.12 mostra o histograma obtido através da modelagem probabilística da

quantidade de produto da corrosão Wexpan, utilizando para cada variável a descrição

probabilística descrita na situação três das Tabelas 4.17 a 4.19.

FIGURA 4.12 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wexpan

Para obter a função de distribuição de probabilidade que melhor se ajusta ao histograma

de Wexpan, duas funções foram avaliadas, uma seguindo uma distribuição normal e outra

seguindo uma distribuição lognormal (linhas azul e vermelha na Figura 4.12).

Analisando a Figura 4.12, fica claro que o tipo de distribuição que melhor se ajusta aos

resultados da simulação é a distribuição lognormal. Para realizar a análise do

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comportamento das variáveis envolvidas na resposta do modelo, os resultados das

simulações realizadas são expostos nas Tabelas 4.20 a 4.26.

Para analisar a influência de cada variável na resposta do modelo, foi adotada a situação

três das Tabelas 4.17 a 4.19 como valores padrões, variando apenas as estatísticas do

parâmetro em questão, isto devido ao grande número de parâmetros envolvidos nesta

etapa da modelagem.

TABELA 4.20 - Resultado das Simulações de Wexpan para d = variável

Diâmetro da armadura d (mm) Quantidade de Wexpan (x10-3 kg/m)

N(10,0 ; 1,00) ; COV = 10% LN(1,52 ; 0,40) ; COV = 26,32%

N(12,5 ; 1,25) ; COV = 10% LN(1,90 ; 0,50) ; COV = 26,32%

N(16,0 ; 1,60) ; COV = 10% LN(2,46 ; 0,64) ; COV = 26,02%

N(20,0 ; 2,00) ; COV = 10% LN(3,12 ; 0,82) ; COV = 26,28%

N(25,0 ; 2,50) ; COV = 10% LN(3,98 ; 1,04) ; COV = 26,13%

TABELA 4.21 - Resultado das Simulações de Wexpan para c = variável

Cobrimento da armadura c (mm) Quantidade de Wexpan (x10-3 kg/m)

N(30,0 ; 4,5) mm ; COV = 15% LN (1,54 ; 0,40) ; COV = 25,97%

N(40,0 ; 6,0) mm ; COV = 15% LN (2,00 ; 0,52) ; COV = 26,00%

N(50.0 ; 7,5) mm ; COV = 15% LN (2,46 ; 0,64) ; COV = 26,02%

N(60,0 ; 9,0) mm ; COV = 15% LN (2,94 ; 0,77) ; COV = 26,16%

N(70,0 ; 10,5) mm ; COV = 15% LN (3,40 ; 0,89) ; COV = 26,18%

TABELA 4.22 - Resultado das Simulações de Wexpan para tpor = variável

Espessura tpor (x10-6 m) Quantidade de Wexpan (x10-3 kg/m)

LN(7,5 ; 1,5) ; COV = 20% LN(2,46 ; 0,64) ; COV = 26,02%

LN(10,0 ; 2,0) ; COV = 20% LN(2,46 ; 0,64) ; COV = 26,02%

LN(12,5 ; 2,5) ; COV = 20% LN(2,46 ; 0,64) ; COV = 26,02%

LN(15,0 ; 3,0) ; COV = 20% LN(2,46 ; 0,64) ; COV = 26,02%

LN(17,5 ; 3,5) ; COV = 20% LN(2,46 ; 0,64) ; COV = 26,02%

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TABELA 4.23 - Resultado das Simulações de Wexpan para ft = variável

Tensão de tração ft (MPa) Quantidade de Wexpan (x10-3 kg/m)

N(2,50 ; 0,375) ; COV = 15% LN(1,76 ; 0,46) ; COV = 26,14%

N(3,00 ; 0,450) ; COV = 15% LN(2,11 ; 0,55) ; COV = 26,07%

N(3,50 ; 0,525) ; COV = 15% LN(2,46 ; 0,64) ; COV = 26,02%

N(4,00 ; 0,600) ; COV = 15% LN(2,81 ; 0,74) ; COV = 26,33%

N(4,50 ; 0,675) ; COV = 15% LN(3,16 ; 0,83) ; COV = 26,27%

TABELA 4.24 - Resultado das Simulações de Wexpan para ν = variável

Coeficiente de Poisson ν Quantidade de Wexpan (x10-3 kg/m)

0,16 (determinístico) LN(2,38 ; 0,62) ; COV = 26.05%

0,18 (determinístico) LN(2,42 ; 0,63) ; COV = 26.03%

0,20 (determinístico) LN(2,46 ; 0,64) ; COV = 26.02%

0,22 (determinístico) LN(2,50 ; 0,65) ; COV = 26.00%

0,24 (determinístico) LN(2,54 ; 0,66) ; COV = 25.98%

TABELA 4.25 - Resultado das Simulações de Wexpan para Eef = variável

Modulo de elasticidade Eef (GPa) Quantidade de Wexpan (x10-3 kg/m)

10,0 (determinístico) LN(3,93 , 1,03) ; COV = 26,21%

13,0 (determinístico) LN(3,03 , 0,79) ; COV = 26,07%

16,0 (determinístico) LN(2,46 , 0,64) ; COV = 26,02%

19,0 (determinístico) LN(2,07 , 0,54) ; COV = 26.09%

22,0 (determinístico) LN(1,79 , 0,47) ; COV = 26.26%

Comparando os resultados encontrados, é observado que o cobrimento da armadura, o

diâmetro da armadura, a tensão de tração do concreto e o modulo de elasticidade efetivo

do concreto têm influencia significativa sobre a quantidade de produto da corrosão

Wexpan, quanto maior são seus valores médios, maior é a quantidade de produto da

corrosão Wexpan, exceto pelo módulo de elasticidade, que tende a diminuir Wexpan com

seu aumento. Já o coeficiente de Poisson ν e a espessura da zona porosa tpor não

expressam influência na resposta do modelo.

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TABELA 4.26 - Resultado das Simulações de Wexpan para Situações Distintas

Dados Quantidade de Wexpan (x10-3 kg/m)

Valor mínimo combinado:

c = N(30,0 ; 4,5) mm ; COV = 15%

d = N(10,0 ; 1,00) mm ; COV = 10%

tpor = LN(7,5 ; 1,50) x10-6 m ; COV = 20%

ρrust = N(3600 ; 360) kg/m3 ; COV = 10%

ft = N(2,50 , 0,375) MPa ; COV = 15%

v = 0,16 (determinístico)

Eef = 22,0 GPa (determinístico)

LN(0,46 ; 0,12) ; COV = 26,09 %

Produto da corrosão ρrust 2:

c = N(50,0 ; 7,5) mm ; COV = 15%

d = N(16,0 ; 1,6) mm ; COV = 10%

tpor = LN(12,5 ; 2,50) x10-6m ; COV = 20%

ρrust = N(2800 ; 280) kg/m3 ; COV = 10%

ft = N(3,50 ; 0,525) MPa ; COV = 15%

v = 0,20 (determinístico)

Eef = 16,0 GPa (determinístico)

LN(1,91 ; 0,50) ; COV = 26,18%

COV aumentado:

c = N(50,0 ; 10,0) mm ; COV = 20%

d = N(16,0 ; 2,4) mm ; COV = 15%

tpor = LN(12,5 ; 3,75) x10-6m ; COV = 30%

ρrust = N(3600 ; 540) kg/m3 ; COV = 15%

ft = N(3,50 ; 0,70) MPa ; COV = 20%

v = 0,20 (determinístico)

Eef = 16,0 GPa (determinístico)

LN(2,47 ; 0,94) ; COV = 38,05%

Valor máximo combinado:

c = N(70,0 ; 10,5) mm ; COV = 15%

d = N(25,0 ; 2,50) mm ; COV = 10%

tpor = LN(17,5 ; 3,50) x10-6 m ; COV = 20%

ρrust = N(3600 ; 360) kg/m3 ; COV = 10%

ft = N (4,50 ; 0,675) MPa ; COV = 15%

v = 0,24 (determinístico)

Eef = 10,0 GPa (determinístico)

LN(11,31 ; 2,97) ; COV = 26,26%

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63

Observando as descrições estatísticas das variáveis listadas nas tabelas acima, observa-

se que a média de Wporous variou de 0,46 a 11,31 x10-3 kg/m, uma diferença de

aproximadamente 25,00 vezes. O coeficiente de variação de Wexpan se manteve

praticamente constante em 26,00%. Foi analisada a influência da massa específica do

produto da corrosão na modelagem das Equações 3.10 e 3.11. Comparando os

resultados obtidos com as duas massas específicas apresentadas, nota-se que produtos

da corrosão com massas específicas menores resultam em menor quantidade de Wexpan.

Essa redução foi de 22.00% para os valores simulados, passando de 2,46 x10-3 para 1,91

x 10-3 kg/m a média desta quantidade de produto da corrosão. O COV, por sua vez,

quase não sofreu alteração nesta comparação, pois se manteve próximo aos 26,00%. É

importante observar que aumentando o COV das variáveis básicas envolvidas, o COV

de Wexpan aumentou de 26.00% para 38,00 %, um aumento de aproximadamente

46,00%, porém este aumento não teve influência no valor da média de Wexpan.

Para uma melhor visualização dos resultados indicados nas Tabelas 4.20 a 4.26, as

Figuras 4.13 a 4.16 mostram, respectivamente, a influência do cobrimento da armadura,

do diâmetro da armadura, da tensão de tração do concreto e do módulo de elasticidade

do concreto na média de Wexpan. Na Figura 4.13, o diâmetro da armadura variou

conforme exposto na Tabela 4.20, permanecendo fixos os outros parâmetros. Na Figura

4.14, o cobrimento da armadura variou conforme exposto na Tabela 4.21,

permanecendo fixos os outros parâmetros. Na Figura 4.15, a tensão de tração do

concreto variou conforme exposto na Tabela 4.23, permanecendo fixos os outros

parâmetros. Na Figura 4.16, o módulo de elasticidade efetivo do concreto variou

conforme exposto na Tabela 4.25, permanecendo fixos os outros parâmetros.

FIGURA 4.13 - Influência do Diâmetro da Armadura em Wexpan

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64

FIGURA 4.14 – Influência do Cobrimento da Armadura em Wexpan

FIGURA 4.15 – Influência da Tensão de Tração do Concreto em Wexpan

FIGURA 4.16 - Influência do Modulo de Elasticidade Efetivo do Concreto em Wexpan

4.5 - Quantidade de Produto da Corrosão Wcrit

Simuladas as quantidades de produto da corrosão Wexpan e Wporous, a modelagem da

quantidade crítica de produto da corrosão que causa a fissuração Wcrit é realizada via

Equação 3.13. Este modelo tem como variáveis as quantidades de produto da corrosão

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65

Wexpan e Wporous e as massas específicas dos produtos da corrosão e do aço da armadura,

respectivamente, ρrust e ρsteel.

As estatísticas referentes às quantidades de produto da corrosão Wexpan e Wporous foram

obtidas durante as etapas anteriores. Os dados referentes à massa específica do produto

da corrosão também foram informados anteriormente. Para a massa específica do aço da

armadura, uma distribuição normal é assumida, sendo que o valor da média desta

variável é o valor recomendado pela NBR 6118:2003 (ABNT, 2003) para o aço da

armadura. Um coeficiente de variação de 10% foi considerado para esta variável.

As Tabelas 4.27 e 4.28 apresentam, respectivamente, a descrição das quantidades de

produto da corrosão Wporous e Wexpan utilizadas nesta etapa do processo de simulação.

TABELA 4.27 - Descrição Probabilística de Wporous

Quantidade de Produto da Corrosão Wporous

Situação Descrição Probabilística

1 LN(1,5 ; 0,375) x10-3 kg/m ; COV = 25%

2 LN(2,0 ; 0,500) x10-3 kg/m ; COV = 25%

3 LN(2,5 ; 0,625) x10-3 kg/m ; COV = 25%

4 LN(3,0 ; 0,750) x10-3 kg/m ; COV = 25%

5 LN(3,5 ; 0,875) x10-3 kg/m ; COV = 25%

TABELA 4.28 - Descrição Probabilística de Wexpan

Quantidade de Produto da Corrosão Wexpan

Situação Descrição Probabilística

1 LN(1,0 ; 0,25) x10-3 kg/m ; COV = 25%

2 LN(2,0 ; 0,50) x10-3 kg/m ; COV = 25%

3 LN(3,0 ; 0,75) x10-3 kg/m ; COV = 25%

4 LN(4,0 ; 1,00) x10-3 kg/m ; COV = 25%

5 LN(5,0 ; 1,25) x10-3 kg/m ; COV = 25%

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Foi considerada a massa específica do produto da corrosão ρrust 1 para as simulações.

Uma análise comparativa utilizando ρrust 2 também é feita posteriormente com o objetivo

de avaliar a influência desta variável no comportamento do modelo.

- Massa específica do produto da corrosão:

ρrust 1 = N(3600 ; 360) kg/m3 ; COV = 10%

ρrust 2 = N(2800 ; 280) kg/m3 ; COV = 10%

- Massa específica do aço da armadura:

ρsteel = N(7850 ; 785) kg/m3 ; COV = 10%

Várias simulações são realizadas combinando-se as situações descritas nas Tabelas 4.27

e 4.28. A Figura 4.17 mostra o histograma obtido através da modelagem probabilística

da quantidade de produto da corrosão Wcrit, utilizando para cada variável a descrição

probabilística da situação três das Tabelas 4.27 e 4.28.

FIGURA 4.17 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wcrit

Para obter a função de distribuição de probabilidade que melhor se ajusta ao histograma

de Wcrit, duas funções foram avaliadas, uma seguindo uma distribuição normal e outra

seguindo uma distribuição lognormal (linhas azul e vermelha na Figura 4.17).

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Analisando a Figura 4.17, fica evidente que o tipo de distribuição que melhor se ajusta

aos resultados da simulação é a distribuição lognormal. Para realizar a análise do

comportamento das variáveis envolvidas na resposta do modelo, os resultados das

simulações realizadas são expostos nas Tabelas 4.29 a 4.31.

TABELA 4.29 - Resultado das Simulações para Wexpan = LN(3,0 ; 0,75) x10-3 kg/m

Quantidade de Wporous (x10-3 kg/m) Quantidade de Wcrit (x10-3 kg/m)

LN(1,50 ; 0,375) ; COV = 25% LN(6,13 ; 1,19) ; COV = 19,41%

LN(2,00 ; 0,500) ; COV = 25% LN(6,81 ; 1,30) ; COV = 19,09%

LN(2,50 ; 0,625) ; COV = 25% LN(7,50 ; 1,41) ; COV = 18,80%

LN(3,00 ; 0,750) ; COV = 25% LN(8,18 ; 1,54) ; COV = 18,82%

LN(3,50 ; 0,875) ; COV = 25% LN(8,86 ; 1,66) ; COV = 19,17%

TABELA 4.30 - Resultado das Simulações para Wporous = LN(2,5 ; 0,625)x10-3kg/m

Quantidade de Wexpan (x10-3 kg/m) Quantidade de Wcrit (x10-3 kg/m)

LN(1,00 ; 0,25) ; COV = 25% LN(4,77 ; 0,96) ; COV = 20,13%

LN(2,00 ; 0,50) ; COV = 25% LN(6,13 ; 1,16) ; COV = 18,92%

LN(3,00 ; 0,75) ; COV = 25% LN(7,50 ; 1,41) ; COV = 18,80%

LN(4,00 ; 1,00) ; COV = 25% LN(8,86 ; 1,69) ; COV = 19,07%

LN(5,00 ; 1,25) ; COV = 25% LN(10,22 ; 2,00) ; COV = 19,57%

Comparando os resultados encontrados, é observado que as quantidades de produtos da

corrosão têm influencia direta na obtenção das estatísticas de Wcrit. Ambos os fatores,

Wporous e Wexpan, quando aumentados, aumentam o valor médio de Wcrit. Observando as

descrições estatísticas das variáveis listadas nas Tabelas 4.29 a 4.31 conclui-se que a

média de Wporous variou de 3,41 e 11,58 x10-3 kg/m, uma diferença de aproximadamente

3,50 vezes. Já o coeficiente de variação de Wcrit se manteve praticamente constante em

19,00%.

Foi analisada a influência da massa específica do produto da corrosão na modelagem da

Equação 3.13. Comparando os resultados obtidos com as duas massas específicas

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apresentadas, nota-se que produtos da corrosão com massas específicas menores (mais

expansivos) resultam em menor quantidade de Wcrit (kg/m). Essa redução foi de 8,00%

para os valores simulados, passando de 7,50 x10-3 para 6,93 x10-3 kg/m. O COV por sua

vez praticamente não sofreu alteração nesta comparação, pois se manteve próximo aos

19,00%.

TABELA 4.31 - Resultado das Simulações de Wcrit para Situações Distintas

Dados Quantidade de Wcrit (x10-3 kg/m)

Valor mínimo combinado:

Wporous = LN(1,50 ; 0,375) x10-3 kg/m ; COV = 25%

Wexpan = LN(1,00 ; 0,25) x10-3 kg/m ; COV = 25%

LN(3,41 ; 0,65) ; COV = 19,06%

Produto da corrosão ρrust 2:

Wporous = LN(2,50 ; 0,625) x10-3 kg/m ; COV = 25%

Wexpan = LN(3,00 ; 0,75) x10-3 kg/m ; COV = 25%

LN(6,93 ; 1,28) ; COV = 18,47%

COV aumentado:

Wporous = LN(2,50 ; 0,75) x10-3 kg/m ; COV = 30%

Wexpan = LN(3,00 ; 0,90) x10-3 kg/m ; COV = 30%

ρrust = N (3600 , 540) kg/m3 ; COV 15%

LN(7,50 ; 1,71) ; COV = 22,80%

Valor máximo combinado:

Wporous = LN(3,50 ; 0,875) x10-3kg/m ; COV = 25%

Wexpan = LN(5,00 ; 1,25) x10-3kg/m ; COV = 25%

LN(11,58 ; 2,20) ; COV = 19,00%

É importante observar que aumentando o COV das variáveis básicas envolvidas, o COV

de Wcrit aumentou de 18,80% para 22,80%, um aumento de 21,00%. Este aumento não

teve influência no valor da média de Wporous.

Para uma melhor visualização dos resultados indicados nas Tabelas 4.29 a 4.31, as

Figuras 4.18 e 4.19 apresentam, respectivamente, a influência da quantidade de produto

da corrosão Wporous e da quantidade de produto da corrosão Wexpan nos resultados de Wcrit

(média e coeficiente de variação), facilitando a visualização do comportamento do

modelo analisado. Na Figura 4.18, a quantidade de produto da corrosão Wexpan foi

considerada fixa, sendo Wexpan = LN(3,00 ; 0,75) x10-3 kg/m e Wporous variou conforme

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os dados expostos na Tabela 4.27. Já na Figura 4.19, a quantidade de produto da

corrosão Wporous foi considerada fixa, sendo Wporous = LN(2,50 ; 0,625) x10-3 kg/m e

Wexpan variou conforme os dados expostos na Tabela 4.28.

FIGURA 4.18 – A Influência da Quantidade de Produto da Corrosão Wporous em Wcrit

FIGURA 4.19 - A Influência da Quantidade de Produto da Corrosão Wexpan em Wcrit

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70

4.6 - Período de Tempo ∆Tcrack para o Início da Fissuração

A modelagem do período de tempo desde o início da corrosão até o início da fissuração

causada pela corrosão ∆Tcrack é realizada através da Equação 3.17. Este modelo tem

como variáveis a quantidade de produto da corrosão Wcrit, o diâmetro da armadura d e a

taxa de corrosão anual da armadura icorr.

As estatísticas referentes às quantidades de produto da corrosão Wcrit foram obtidas na

etapa anterior. Os dados dos diâmetros das armaduras foram informados anteriormente

também. Para a taxa de corrosão anual da armadura, icorr, foi assumida uma distribuição

normal com valores da média variando entre 1,0 e 5,0 µA/cm2 (THOFT-

CHRISTENSEN, 1997). Estes valores representam tanto baixas quanto altas taxas de

corrosão anual. Um coeficiente de variação de 15% foi utilizado para esta variável.

As Tabelas 4.32 e 4.33 apresentam, respectivamente, a descrição probabilística das

quantidades de produto da corrosão Wcrit e da taxa de corrosão anual da armadura icorr

utilizadas nesta etapa do processo de simulação.

Várias simulações são realizadas combinando-se as situações descritas nas Tabelas 4.32

e 4.33. A Figura 4.20 mostra o histograma obtido através da modelagem probabilística

do período de tempo desde o início da corrosão até o início da fissuração causada pela

corrosão, ∆Tcrack, utilizando para cada variável a descrição probabilística da situação três

das Tabelas 4.32 e 4.33.

TABELA 4.32 - Descrição Probabilística das Quantidades de Produto da Corrosão Wcrit

Quantidade de Produto da Corrosão (Wcrit)

Situação Descrição Probabilística

1 LN(4,0 ; 0,08) x10-3 kg/m ; COV = 20%

2 LN(6,0 ; 1,20) x10-3 kg/m ; COV = 20%

3 LN(8,0 ; 1,60) x10-3 kg/m ; COV = 20%

4 LN(10,0 ; 2,00) x10-3 kg/m ; COV = 20%

5 LN(12,0 ; 2,40) x10-3 kg/m ; COV = 20%

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71

TABELA 4.33 - Descrição Probabilística das Taxas de Corrosão das Armaduras

Taxa de Corrosão da Armadura (icorr)

Situação Descrição Probabilística

1 N(1,0 ; 0,15) µA/cm2 ; COV = 15%

2 N(2,0 ; 0,30) µA/cm2 ; COV = 15%

3 N(3,0 ; 0,45) µA/cm2 ; COV = 15%

4 N(4,0 ; 0,60) µA/cm2 ; COV = 15%

5 N(5,0 ; 0,75) µA/cm2 ; COV = 15%

FIGURA 4.20 - Histograma do Período de Tempo ∆Tcrack

Para se obter a função de probabilidade que melhor se ajusta ao histograma do período

de tempo ∆Tcrack, duas funções foram avaliadas, uma seguindo uma distribuição de

weibull e outra seguindo uma distribuição lognormal (linhas azul e vermelha na Figura

4.20). Analisando a Figura 4.20, fica claro que o tipo de distribuição que melhor se

ajusta aos resultados da simulação é a distribuição lognormal. Para proceder à análise

do comportamento das variáveis envolvidas na resposta do modelo, os resultados das

simulações realizadas são expostos nas Tabelas 4.34 a 4.37.

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72

TABELA 4.34 - Resultado das Simulações de ∆Tcrack para Wcrit = variável

Quantidade de Wcrit (x10-3 kg/m) Período de Tempo ∆Tcrack (anos)

LN(4,0 ; 0,80) ; COV = 20% LN(0,47 ; 0,22) ; COV = 46,80%

LN(6,0 ; 1,20) ; COV = 20% LN(1,05 ; 0,49) ; COV = 46,66%

LN(8,0 ; 1,60) ; COV = 20% LN(1,87 ; 0,87) ; COV = 46,52%

LN(10,0 ; 2,00) ; COV = 20% LN(2,94 ; 1,37) ; COV = 46,60%

LN(12,0 ; 2,40) ; COV = 20% LN(4,23 ; 1,95) ; COV = 46,45%

TABELA 4.35 - Resultado das Simulações de ∆Tcrack para d = variável

Diâmetro da Armadura (mm) Período de Tempo ∆Tcrack (anos)

N(10,0 ; 1,00) ; COV = 10% LN(3,00 ; 1,40) ; COV = 46,66%

N(12,5; 1,25) ; COV = 10% LN(2,40 ; 1,12) ; COV = 46,66%

N(16,0 ; 1,60) ; COV = 10% LN(1,87 ; 0,87) ; COV = 46,52%

N(20,0 ; 2,00) ; COV = 10% LN(1,50 ; 0,70) ; COV = 46,66%

N(25,0 ; 2,50) ; COV = 10% LN(1,20 ; 0,56) ; COV = 46,66%

TABELA 4.36 - Resultado das Simulações de ∆Tcrack para icorr = variável

Taxa de Corrosão (µA/cm2) Período de Tempo ∆Tcrack (anos)

N(1,0 ; 0,15) ; COV = 15% LN(5,62 ; 2,60) ; COV = 46,26%

N(2,0 ; 0,30) ; COV = 15% LN(2,81 ; 1,30) ; COV = 46,26%

N(3,0 ; 0,45) ; COV = 15% LN(1,87 ; 0,87) ; COV = 46,52%

N(4,0 ; 0,60) ; COV = 15% LN(1,40 ; 0,65) ; COV = 46,43%

N(5,0 ; 0,75) ; COV = 15% LN(1,12 ; 0,52) ; COV = 46,43%

Comparando os resultados encontrados, é observado que pequenas variações na

quantidade crítica de produto da corrosão podem causar grandes mudanças nos

resultados da simulação de ∆Tcrack. Quanto maior for a quantidade média de produto da

corrosão Wcrit suportada pelo concreto, maior será a média do período de tempo

alcançado desde o início da corrosão até o início da fissuração causada pela corrosão.

Os dados assumidos para a taxa de corrosão da armadura icorr também são importantes

para a resposta do modelo, pois existem grandes incertezas envolvidas na obtenção

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74

na Figura 4.22 o diâmetro da armadura d variou conforme tabela 4.35 e na Figura 4.15 a

taxa de corrosão anual icorr variou conforme tabela 4.33.

FIGURA 4.21 – A Influência da Quantidade de Produto da Corrosão Wcrit em ∆Tcrack

FIGURA 4.22 – A Influência do Diâmetro da Armadura d em ∆Tcrack

FIGURA 4.23 – A Influência da Taxa de Corrosão Anual icorr em ∆Tcrack

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75

4.7 - Tempo desde a Penetração do Cloreto no Concreto até o Início da

Fissuração Causada pela Corrosão Tservice

Uma estimativa de vida útil Tservice para estruturas em concreto armado sujeitas ao

ataque por cloretos pode ser obtida com base na Equação 3.2: Esta estimativa abrange,

de acordo com o perfil de confiabilidade descrito anteriormente, desde a penetração do

cloreto no concreto até a ocorrência da fissuração inicial causada pela corrosão da

armadura. Um exemplo de histograma desta simulação é mostrado na Figura 4.24.

Como visto nas simulações anteriores, Tcorr e ∆Tcrack seguem uma distribuição

lognormal, consequentemente Tservice também segue uma distribuição lognormal. Alguns

cenários simulados são apresentados na Tabela 4.38.

Observa-se uma grande diferença nos resultados da Tabela 4.38. A diferença entre a

média dos valores mínimos e máximos combinados foi de 59,00 vezes. O coeficiente de

variação, COV, ficou acima de 50%. Esta variação nos resultados está relacionada às

diversas incertezas envolvidas neste processo de deterioração, demonstrado assim que a

estimativa da vida útil de serviço Tservice de uma estrutura em concreto armado sujeita ao

ataque por cloretos só pode ser estabelecida em termos probabilísticos.

FIGURA 4.24 - Histograma da Modelagem da Vida Útil Tservice

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TABELA 4.38 - Resultado das Simulações da Vida Útil Tservice

Dados Vida Útil Tservice (anos)

Valor mínimo combinado:

Tcorr = LN (1,30 ; 0,79) anos ; COV = 61,54%

∆Tcrack = LN (0,18 ; 0,084) anos ; COV = 46,66%

LN (1,48 ; 0,83) anos ; COV = 56,00%

Valor intermediário:

Tcorr = LN (11,33 ; 6,98) anos - COV = 61,60%

∆Tcrack = LN (1,87 ; 0,87) anos - COV = 46,52%

LN (13,12 ; 7,26) anos ; COV = 55,33%

Valor máximo combinado:

Tcorr

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77

5 Exemplos Numéricos

Neste capítulo são apresentados dois exemplos numéricos da modelagem da

deterioração de estruturas em concreto armado devido à ação de cloretos. Foram

modeladas várias etapas deste processo de deterioração, desde a penetração do cloreto

no concreto até a ocorrência de fissuras causadas pela corrosão da armadura. Os

resultados são apresentados em termos dos histogramas e das estatísticas

correspondentes aos diversos parâmetros modelados em cada etapa. O primeiro

exemplo utiliza valores que caracterizam um concreto susceptível ao ataque por cloretos

para a descrição das variáveis básicas envolvidas; já o segundo exemplo utiliza valores

que caracterizam um concreto de melhor desempenho (menor relação água/cimento).

Nestes exemplos, são utilizados os modelos matemáticos apresentados no capítulo

anterior e as distribuições de probabilidade assu5 Tc0empl-empenho í somságua/cim7.63Tc0emps ís

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78

5.1 - Exemplo 1

5.1.1 - Simulação do Coeficiente de Difusão

A Figura 5.1 apresenta o histograma correspondente à simulação do coeficiente de

difusão via Equação 3.6. Foi assumido que a relação água/cimento, a/c, segue uma

distribuição lognormal com média 0,40 e desvio padrão 0,02, ou seja, LN(0,40 ; 0,02) e

que a temperatura, Ф, segue uma distribuição normal com média 15,0 ºC e desvio

padrão 1,50 ºC, N(15,0 ; 1,50) ºC. Para estes dados, o coeficiente de difusão D pode ser

descrito com boa aproximação por uma distribuição lognormal com média 8,08 x10-12

m2/s e desvio padrão 1,62 x10-12 m2/s (ver curva tracejada em vermelho na Figura. 5.1).

FIGURA 5.1 - Histograma do Coeficiente de Difusão D (x10-12 m2/s)

5.1.2 - Simulação do Tempo para o Início da Corrosão da Armadura

A Figura.5.2 apresenta o histograma correspondente à simulação do tempo para o início

da corrosão, Tcorr, via Equação 3.7. As seguintes distribuições foram assumidas neste

processo:

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79

- Concentração inicial de cloretos: Ci = 0 %

- Concentração superficial de cloretos: Cs = N(0,90 ; 0,09) %

- Concentração crítica de cloretos: Ccrit = N(0,40 ; 0,06) %

- Cobrimento da armadura: c = N(50,00 ; 7,50) x 10-3 m

- Coeficiente de difusão do cloreto: D = LN(8,08 ; 1,62) x 10-12 m2/s

FIGURA 5.2 - Histograma do Tempo de Início da Corrosão Tcorr (anos)

FIGURA 5.3 - Probabilidade da Corrosão já ter Sido Iniciada

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80

Baseado nestes dados, o tempo de início da corrosão pode ser descrito por uma

distribuição lognormal com média 9,93 e desvio padrão 5.70 anos (ver curva tracejada

em vermelho na Figura 5.2). De posse destes resultados, a probabilidade de ocorrência

do início da corrosão dentro de um período de n-anos a partir da construção desta

estrutura pode ser calculada (Figura 5.3). Por exemplo, aos 8,50 anos existe uma

probabilidade de 50% de que a corrosão já tenha se iniciado, já aos 20 anos, esta

probabilidade é de 94,5%.

5.1.3 - Simulação do Período de Tempo ∆Tcrack

A simulação do tempo decorrido desde o início da corrosão da armadura até a

ocorrência da fissuração inicial causada pela corrosão, ∆Tcrack, envolve uma série de

etapas descritas matematicamente pelas Equações. 3.8 a 3.17.

FIGURA 5.4 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wporous (x10-3 kg/m)

A Figura 5.4 apresenta o histograma correspondente à quantidade de produto da

corrosão que ocupa a zona porosa, Wporous, obtido via Equação 3.8. As seguintes

distribuições foram assumidas neste processo:

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81

- Massa específica do produto da corrosão: ρrust = N(3700 ; 370) kg/m3

- Diâmetro da armadura: d = N(16,0 ; 1,6) x 10-3 m

- Espessura de uma zona porosa: tpor = LN(12,5 ; 2,5) x10-6 m

Baseado nestes dados, Wporous pode ser descrita por uma distribuição lognormal com

média 2,32 x 10-3 kg/m e desvio padrão 0,58 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em

vermelho na Figura 5.4).

A Figura 5.5 apresenta o histograma correspondente à quantidade de produto da

corrosão que causa a expansão do concreto ao redor da armadura, Wexpan, obtido via

Equações. 3.10 e 3.11. As seguintes distribuições foram assumidas:

- Cobrimento da armadura: c = N(50,0 ; 7,50) x10-3 m

- Coeficiente de poisson: υc = 0,20 (determinístico)

- Módulo de elasticidade efetivo: Eef = 16,0 GPa (determinístico)

- Tensão de tração do concreto: ft = N(3,50 ; 0,52) MPa

FIGURA 5.5 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wexpan (x10-3 kg/m)

Baseado nestes dados, Wexpan pode ser descrita por uma distribuição lognormal com

média 2,53 x 10-3 kg/m e desvio padrão 0,66 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em

vermelho na Figura 5.5).

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82

A simulação da quantidade crítica de produto da corrosão que causa a fissuração do

concreto, Wcrit, é feita através da Equação 3.13, que por sua vez envolve os resultados já

obtidos para Wporous e Wexpan. Considerando:

- Massa específica do aço: ρsteel = N(7850 ; 785) kg/m3

- Massa específica do produto da corrosão: ρrust = N(3700 ; 370) kg/m3

- Quantidade de Wporous: Wporous=LN(2,32 ; 0,58)x10-3 kg/m

- Quantidade de Wexpan: Wexpan=LN(2,53 ; 0,66)x10-3 kg/m

Obtém-se o histograma para Wcrit apresentado na Figura 5.6. Baseado nestes dados, Wcrit

pode ser descrita por uma distribuição lognormal com média 6,69 x 10-3 kg/m e desvio

padrão 1,29 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em vermelho na Figura 5.6).

FIGURA 5.6 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wcrit (x10-3 kg/m)

Com os resultados obtidos para Wcrit, o tempo decorrido desde o inicio da corrosão da

armadura até a ocorrência da fissuração inicial por corrosão, ∆Tcrack, pode ser simulado

via Equação 3.17. Considerando a taxa de corrosão média, icorr, como uma variável

N(2,0 ; 0,2) µA/cm2, obtém-se o histograma apresentado na Figura 5.7.

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83

O tempo decorrido desde o inicio da corrosão da armadura até a ocorrência da

fissuração inicial por corrosão, ∆Tcrack, pode ser descrito como LN(1,94 ; 0,83) anos

(curva tracejada em vermelho na Figura 5.7).

FIGURA 5.7 - Histograma do Período de Tempo ∆Tcrack (anos)

5.1.4 - Simulação da Vida Útil Tservice

Com os resultados obtidos na simulação de Tcorr e de ∆Tcrack, uma estimativa da vida útil

de serviço pode ser obtida a partir da Equação 3.2. Esta estimativa abrange, de acordo

com o perfil de confiabilidade descrito no capítulo 3, desde a penetração do cloreto no

concreto até a ocorrência da fissuração inicial causada pela corrosão da armadura. O

resultado da simulação de Monte Carlo para a vida útil de serviço da estrutura analisada

neste exemplo é mostrado na Figura 5.8. Para as condições assumidas neste exemplo, a

vida útil pode ser descrita como uma variável lognormal com média 11,82 anos e desvio

padrão 5,91 anos (curva tracejada em vermelho na Figura 5.8).

De posse destes resultados, a probabilidade de que uma vida útil correspondente a n-

anos venha a não ser atendida, ou seja P (Tservice < n), pode ser calculada. Por exemplo, a

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84

probabilidade de que a vida útil da estrutura deste problema seja inferior a 10,50 anos é

de 50 %; já a probabilidade de ser inferior a 20 anos é de 90,5 % (Figura 5.9).

FIGURA 5.8 - Histograma da Vida Útil Tservice (anos)

FIGURA 5.9 - Vida Útil Tservice x P (Tservice < n)

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85

5.2 - Exemplo 2

5.2.1 - Simulação do Coeficiente de Difusão

Neste segundo exemplo foi assumido que a relação água/cimento, a/c, segue uma

distribuição lognormal com média 0,35 e desvio padrão 0,017, LN(0,35 ; 0,017), e que a

temperatura, Ф, segue uma distribuição normal com média 15.0 ºC e desvio padrão 1.5

ºC, N(15 ; 1,5) ºC. A Figura 5.10 apresenta o histograma correspondente à simulação do

coeficiente de difusão via Equação 3.6.

FIGURA 5.10 - Histograma do Coeficiente de Difusão D (x10-12 m2/s)

Para estes valores assumidos, o coeficiente de difusão D pode ser descrito com boa

aproximação por uma distribuição lognormal com média 4.84 x10-12 m2/s e desvio

padrão 1,25 x10-12 m2/s (ver curva tracejada em vermelho na Figura 5.10).

5.2.2 - Simulação do Tempo para o Início da Corrosão da Armadura

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86

A Figura 5.11 apresenta o histograma correspondente à simulação do tempo para o

início da corrosão, Tcorr, via Eq. 3.7. As seguintes distribuições foram assumidas neste

processo:

- Concentração inicial de cloretos: Ci = 0 %

- Concentração superficial de cloretos: Cs = N(0,90 ; 0.09) %

- Concentração crítica de cloretos: Ccrit = N(0,40 ; 0.06) %

- Cobrimento da armadura: c = N(60,0 ; 9,0) x 10-3 m

- Coeficiente de difusão do cloreto: D = LN(4,84 ; 1,25) x 10-12 m2/s

FIGURA 5.11 - Histograma do Tempo de Início da Corrosão Tcorr (anos)

Baseado nestes dados, o tempo de início da corrosão pode ser descrito por uma

distribuição lognormal com média 24,97 e desvio padrão 15,10 anos (ver curva

tracejada em vermelho na Figura 5.11). De posse destes resultados, a probabilidade de

ocorrência do início da corrosão dentro de um período de n-anos a partir da construção

desta estrutura pode ser calculada (Figura 5.12). Por exemplo, aos 21,00 anos existe

uma probabilidade de 50% de que a corrosão já tenha se iniciado; já aos 50 anos, esta

probabilidade é de 93,50%.

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87

FIGURA 5.12 - Probabilidade da Corrosão já ter sido Iniciada

5.2.3 - Simulação do Período de Tempo ∆Tcrack

A simulação do tempo decorrido desde o início da corrosão da armadura até a

ocorrência da fissuração inicial causada pela corrosão, ∆Tcrack, envolve uma série de

etapas descritas matematicamente pelas Equações. 3.8 a 3.17.

FIGURA 5.13 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wporous (x10-3 kg/m)

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88

A Figura 5.13 apresenta o histograma correspondente à quantidade de produto da

corrosão que ocupa a zona porosa, Wporous, obtido via Equação 3.8. As seguintes

distribuições foram assumidas neste processo:

- Massa específica do produto da corrosão: ρrust = N(3700 ; 370) kg/m3

- Diâmetro da armadura: d = N(16,0 ; 1,6) x 10-3 m

- Espessura de uma zona porosa: tpor = LN(10,0 ; 2,0) x10-6 m

Baseado nestes dados, Wporous pode ser descrita por uma distribuição lognormal com

média 2,79 x 10-3 kg/m e desvio padrão 0,70 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em

vermelho na Figura 5.13).

A Figura 5.14 apresenta o histograma correspondente à quantidade de produto da

corrosão que causa a expansão do concreto ao redor da armadura, Wexpan, obtido via

Equações 3.10 e 3.11. As seguintes distribuições foram assumidas:

- Cobrimento da armadura: c = N(60,00 ; 9,00) x10-3 m

- Coeficiente de poisson: υc = 0,20 (determinístico)

- Módulo de elasticidade efetivo: Eef = 18,00 GPa (determinístico)

- Tensão de tração do concreto: ft = N(4,00 ; 0,60) MPa

FIGURA 5.14 - Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wexpan (x10-3 kg/m)

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Baseado nestes dados, Wexpan pode ser descrita por uma distribuição lognormal com

média 3,06 x 10-3 kg/m e desvio padrão 0,85 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em

vermelho na Figura 5.14).

A simulação da quantidade crítica de produto da corrosão que causa a fissuração do

concreto, Wcrit, é feita através da Equação 3.13, que por sua vez envolve os resultados já

obtidos para Wporous e Wexpan. Considerando:

- Massa específica do aço: ρsteel = N(7850 ; 785) kg/m3

- Massa específica do produto da corrosão: ρrust = N(3700 ; 370) kg/m3

- Quantidade de Wporous: Wporous=LN(2,79 ; 0,70)x10-3 kg/m

- Quantidade de Wexpan: Wexpan=LN(3,06 ; 0,85)x10-3 kg/m

Obtém-se o histograma para Wcrit apresentado na Figura 5.15. Baseado nestes dados,

Wcrit pode ser descrita por uma distribuição lognormal com média 8,07 x 10-3 kg/m e

desvio padrão 1,61 x10-3 kg/m (ver curva tracejada em vermelho na Figura 5.15).

FIGURA 5.15-Histograma da Quantidade de Produto da Corrosão Wcrit (x10-3 kg/m)

Com os resultados obtidos para Wcrit, o tempo decorrido desde o inicio da corrosão da

armadura até a ocorrência da fissuração inicial por corrosão, ∆Tcrack, pode ser simulado

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90

via Equação 3.17. Considerando a taxa de corrosão média, icorr, como uma variável

N(1,0 ; 0,1) µA/cm2, obtém-se o histograma apresentado na Figura 5.16.

O tempo decorrido desde o inicio da corrosão da armadura até a ocorrência da

fissuração inicial por corrosão, ∆Tcrack, pode ser descrito como LN(1,94 ; 0,83) anos

(curva tracejada em vermelho na Figura 5.16).

FIGURA 5.16 - Histograma do Período de Tempo ∆Tcrack (anos)

5.2.4 - Simulação da Vida Útil Tservice

Com os resultados obtidos na simulação de Tcorr e de ∆Tcrack, uma estimativa da vida útil

de serviço pode ser obtida a partir da Equação 3.2. Esta estimativa abrange, de acordo

com o perfil de confiabilidade descrito no capítulo 3, desde a penetração do cloreto no

concreto até a ocorrência da fissuração inicial causada pela corrosão da armadura. O

resultado da simulação de Monte Carlo para a vida útil de serviço da estrutura analisada

é mostrado na Figura 5.17. Para as condições assumidas neste exemplo, a vida útil pode

ser descrita como uma variável lognormal com média 30,48 anos e desvio padrão 15,70

anos (curva tracejada em vermelho na Figura 5.17).

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FIGURA 5.17 - Histograma da Vida Útil Tservice (anos)

De posse destes resultados, a probabilidade de que uma vida útil correspondente a n-

anos venha a não ser atendida, ou seja P (Tservice < n), pode ser calculada. Por exemplo, a

probabilidade de que a vida útil da estrutura deste problema seja inferior a 26,50 anos é

de 50 %; já a probabilidade de ser inferior a 50 anos é de 89,5 % (Figura 5.18).

FIGURA 5.18 - Vida Útil Tservice x P (Tservice < n)

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92

5.3 - Sumário

Neste capítulo foram apresentados dois exemplos numéricos da modelagem da

deterioração de estruturas em concreto armado devido a ação de cloretos. Foram

modeladas várias etapas deste processo de deterioração, compreendendo desde a

penetração do cloreto no concreto até a ocorrência de fissuras causadas pela corrosão da

armadura. Os resultados obtidos em cada etapa desta modelagem foram apresentados na

forma de histogramas e as estatísticas correspondentes foram obtidas em cada um destes

exemplos. Como produto final deste processo, um histograma da vida útil é obtido em

cada caso. A partir deste histograma da vida útil, uma vida útil característica pode ser

obtida para uma determinada probabilidade de que esta vida útil não seja atingida (ou

pela probabilidade complementar de que esta vida útil seja superada).

O primeiro exemplo numérico utiliza valores que caracterizam um concreto susceptível

ao ataque por cloretos para as diversas variáveis que caracterizam o problema. Já o

segundo exemplo numérico utiliza valores que caracterizam um concreto armado com

melhor desempenho frente aos cloretos. Como esperado, os exemplos numéricos

apresentados fornecem estimativas distintas para o tempo de início da corrosão Tcorr e

para o tempo de início da fissuração causada pela corrosão Tcrack. O concreto do

segundo exemplo numérico alcança uma vida útil média (Tservice) consideravelmente

superior ao concreto do primeiro exemplo numérico, ficando claro que com a utilização

de concretos com melhor desempenho frente aos cloretos, as estruturas podem alcançar

uma vida útil de serviço desejável, ou seja, podem-se obter estruturas mais duráveis.

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93

6 Discussão dos Resultados, Conclusões e Sugestões

O território brasileiro apresenta um vasto litoral onde se concentra um grande número

de cidades de porte. Assim, o ambiente construído nesta faixa litorânea está sujeito ao

problema da corrosão de armaduras pela ação de cloretos e, por decorrência, dos

problemas de durabilidade daí advindos. Portanto, é fácil de se concluir a relevância que

o tema da estimativa de vida útil de uma estrutura tem para a engenharia e economia

nacionais.

Neste trabalho foi apresentada a modelagem matemática da deterioração de estruturas

em concreto armado causada pela ação de cloretos. Devido à grande variabilidade de

fatores e às incertezas envolvidas neste processo, a estimativa da vida útil de estruturas

em concreto armado sujeitas à ação de cloretos é um tema bastante complexo. A

simulação de Monte Carlo é empregada neste trabalho para a modelagem probabilística

da estimativa da vida útil de serviço de uma estrutura. Os resultados obtidos incluem a

modelagem estocástica do tempo de iniciação da corrosão e também do tempo de

iniciação de fissuras causadas pela corrosão.

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94

6.1 - Discussão dos Resultados

A partir dos exemplos analisados, fica claro que a estimativa da vida útil de serviço de

uma estrutura pode ser estabelecida apenas em termos probabilísticos; ou seja, a vida

útil especificada pode ser definida apenas em termos de uma probabilidade de ser

excedida (ou da probabilidade complementar, probabilidade de não ser atingida). Para

efeito de projeto, a vida útil de uma estrutura pode ser definida em termos de uma vida

útil característica, correspondente a uma determinada probabilidade de que esta vida útil

não venha a ser alcançada. Vale ressaltar que este conceito de valor característico é

amplamente aceito na definição das resistências dos materiais envolvidos na produção

do concreto armado.

No procedimento proposto, a geração de amostras contendo um grande número de

elementos (1.000.000) não apresentou dificuldades em relação ao tempo computacional

envolvido. Foi observado que a possibilidade de visualização dos resultados obtidos via

histogramas oferece uma ferramenta amigável para a interpretação destes resultados.

Em cada etapa, o ajuste de distribuições de probabilidade para cada parâmetro gerado

teve caráter apenas ilustrativo. As simulações realizadas neste trabalho utilizaram

diretamente os valores gerados em etapas subseqüentes, reduzindo assim possíveis erros

que seriam introduzidos na modelagem das diversas variáveis intervenientes a partir do

ajuste de distribuições de probabilidade.

Comparando os resultados dos dois exemplos numéricos apresentados no capítulo 5,

percebe-se que estruturas com melhor desempenho em relação ao ataque por cloretos

(menor difusividade do cloreto, maior cobrimento da armadura, entre outros fatores)

podem ter uma vida útil média bastante aumentada se comparadas às estruturas

susceptíveis a este agente deteriorante. Portanto, menos intervenções para correção de

problemas inerentes à corrosão serão realizadas, possibilitando grande economia com

custos de reparos ao longo de sua utilização.

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95

6.2 - Conclusões

Dois exemplos numéricos, demonstrando as diversas etapas envolvidas, foram

apresentados neste trabalho. Os exemplos em questão têm caráter ilustrativo, devendo-

se não estender os resultados numéricos obtidos para situações distintas daquelas

representadas pelos parâmetros assumidos. Devido às incertezas envolvidas no processo

de deterioração, ficou demonstrado que uma estimativa da vida útil pode ser feita

apenas em termos probabilísticos. Assim, o presente trabalho propõe a definição de uma

vida útil característica. Os procedimentos aqui apresentados formam um arcabouço

racional para a estimativa da vida útil característica para uma dada estrutura. Este

trabalho, entretanto, não propõe os percentuais correspondentes aos valores

característicos a serem adotados. A definição destes percentuais deve ficar a cargo de

comitês normativos, devendo ser estabelecidos em função da importância da obra,

valores culturais, custos envolvidos etc.

Os grandes avanços em anos recentes, tanto em termos de hardware quanto de software,

permitiram a utilização da simulação de Monte Carlo para a geração de amostras

contendo um grande número de elementos (1.000.000). A possibilidade de visualização

dos resultados obtidos via histogramas oferece uma ferramenta amigável para a

interpretação destes resultados. O procedimento computacional aqui apresentado

devolve ao projetista a capacidade de avaliar as implicações de diversas decisões a

serem tomadas (relação água/cimento, espessura do cobrimento, controle de qualidade

no processo construtivo) na estimativa da vida útil da estrutura para condições

específicas do ambiente no qual ela estará inserida.

Devido à diversidade das condições que regem os distintos parâmetros intervenientes no

problema em questão, não se procurou aqui a definição de estatísticas mais gerais. As

estatísticas utilizadas no modelo probabilístico apresentado neste estudo devem

descrever de forma adequada o problema específico em questão (por exemplo, relação

água/cimento da mistura, temperatura média do ambiente, espessura do cobrimento).

Nunca é demais ressaltar que a modelagem da deterioração de estruturas em concreto

armado por ataque de íons cloreto é um problema extremamente complexo. Tal

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problema envolve tanto a caracterização dos parâmetros envolvidos no transporte de

íons cloreto no concreto, quanto a agressividade do ambiente em que a estrutura está

inserida. Dada a complexidade deste problema e a importância econômica decorrente do

tratamento adequado dispensado ao tema da durabilidade, deve haver um grande

esforço da comunidade técnica nacional no sentido de se empenhar em uma extensa

pesquisa para este fim. Tal pesquisa deve visar à criação de um banco de dados que

possibilite representar o comportamento das diversas variáveis inerentes a este processo

de deterioração, bem como identificar e validar modelos matemáticos mais sofisticados

para melhor representar este processo de deterioração frente às condições ambientais e

aos concretos encontrados no Brasil.

6.3 - Sugestões para Trabalhos Futuros

As sugestões para trabalhos futuros são as seguintes:

─ Estender e consolidar as pesquisas nacionais em um banco de dados para a

caracterização estatística da agressividade do meio ambiente em regiões

litorâneas do território nacional;

─ Estender e consolidar as pesquisas nacionais em um banco de dados para a

caracterização estatística das propriedades do concreto relativa aos mecanismos

de transporte de cloretos;

─ Utilizar estes bancos de dados e o modelamento probabilístico apresentado no

presente trabalho na implementação de uma nova geração de normas técnicas

(normas eletrônicas), tais como aquelas que vêm sendo desenvolvidas em outros

setores (ver por exemplo DINIZ e SIMIU, 2005);

─ Utilizar modelos matemáticos mais sofisticados para a descrição do transporte

de cloretos no concreto (ver, por exemplo, o modelo bidimensional em VAL e

TRAPPER, 2006);

─ Modelar probabilisticamente outros mecanismos de deterioração das estruturas

de concreto armado, como por exemplo, a carbonatação.

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