avaliação preliminar de progênies de macaúba para a região do alto paranaíba, minas gerais...
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Artigo publicado nos anais do Congresso Brasileiro de Macaúba, em 2013.TRANSCRIPT
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE PROGÊNIES DE MACAÚBA PARA A REGIÃO DO 1
ALTO PARANAÍBA, MINAS GERAIS 2
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RONALDO MACHADO JUNIOR1, SYLAS CLEMENTE DE OLIVEIRA1, MAKYSLANO 4
REZENDEROCHA1, CARLOS EDUARDO MAGALHÃES DOS SANTOS2, ÉDER MATSUO1 e 5
SÉRGIO YOSHIMITSU MOTOIKE2 6
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INTRODUÇÃO 8
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A macaúba é uma palmeira nativa das florestas da América tropical e subtropical que 10
ocorre do México e Antilhas até ao Paraguai e Argentina (Henderson et al., 1995 Apud Motta et al., 11
2002). Grandes populações de macaúba, apontadas como economicamente promissoras, ocorrem no 12
Estado de Minas Gerais, e também nos Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e no Sul do 13
Brasil (Motta et al., 2002). Possui elevado potencial de uso, desde o caule até à semente, sendo esta 14
utilizada para fins alimentares, cosméticos e energéticos (Lorenzi, 1992). 15
A utilização do óleo da macaúba como fonte de matéria prima para produção de biodiesel 16
depende da domesticação da espécie (Motta et al., 2002).A domesticação inclui o pré-17
melhoramento, melhoramento genético e o desenvolvimento de tecnologias de plantio e manejo da 18
cultura (Manfio, 2010). No pré-melhoramento são realizadas as atividade de exploração, coleta, 19
implantação de bancos de germoplasma e a caracterização e conhecimento da diversidade genética 20
existente na espécie, para introdução de genótipos promissores na etapa posterior de melhoramento 21
(Manfio, 2010).Além disso, a estimação de parâmetros visando o conhecimento da variabilidade 22
genética é essencial para o planejamento das várias etapas do programa de melhoramento (Manfio 23
et al., 2012).Diante disto, objetivou-se avaliar progênies de macaúba cultivadas na região do Alto 24
Paranaíba, Minas gerais, por meios de descritores morfológicos, e estimar parâmetros visando 25
conhecimento da variabilidade genética. 26
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MATERIAL E MÉTODOS 28
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Os trabalhos foram desenvolvidos na área experimental pertencente à Universidade Federal 30
de Viçosa – Campus de Rio Paranaíba, localizado em Rio Paranaíba, Minas Gerais.Foram coletados 31
frutos de 36 indivíduosdistribuídos ao acaso nos municípios de coleta (Luz/MG e Santa Luzia/MG 32
1 Universidade Federal de Viçosa – Campus de Rio Paranaíba. E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]; e [email protected] 2Universidade Federal de Viçosa – Campus de Viçosa. E-mails: [email protected]; e [email protected]
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– 18 plantas de cada localidade), prezando pela seleção de indivíduos que apresentaram maior 33
número de cachos por planta, maior número de frutos por cacho e fruto de tamanho elevado. Os 34
dados referentes aos locais de coleta e das plantas matrizes foram anotados para constituir os dados 35
de caracterização de progênies no experimento. 36
Em laboratório, os frutos dos 36 indivíduos (plantas) frutos passaram pelo processo de 37
germinação por meio da metodologia de Motoikeet al. (2007). Após obtenção das plântulas, as 38
mudas permaneceram no viveiro por um período de 120 dias. Posteriormente, foram transplantadas 39
a campo, na Universidade Federal de Viçosa/Campus de Rio Paranaíba em espaçamento de 5 x 5 m, 40
de acordo com o delineamento em blocos casualizados com três repetições e 3 plantas por parcela 41
experimental. Foram, portanto, analisadas 36 progênies (assumidos como indivíduos meios-irmãos), 42
sendo que cada progênie foi proveniente de um indivíduo. As práticas de manejo para o bom 43
desenvolvimento das plantas foram realizadas sempre que necessárias. 44
As progênies foram caracterizadas por meio dos seguintes descritores: altura de plantas 45
(em cm), diâmetro do estipe (em mm), projeção da copa (em cm) e número de folhas definitivas. 46
Estes descritores foram avaliados ao 7º mês após o transplantio, com auxílio de trena e paquímetro 47
digital. 48
Os dados foram submetidos ao teste F na análise de variância, considerando modelo 49
aleatório. As médias das características das progênies, desconsiderando a procedência, foram 50
comparadas pelo teste de Tukey, ambos à 5% de probabilidade. Ademais, foram estimados 51
parâmetros genéticos e ambientais para os descritores que apresentaram efeito de progênie 52
significativo pelo teste F. As análisesestatísticas foram realizadas no Programa Genes (Cruz, 2013). 53
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RESULTADOS E DISCUSSÃO 55
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Foram identificadas diferenças significativas apenas para os descritores altura de plantas e 57
diâmetro do estipe (Tabela 1).A significância observada indica que as progênies de macaúba 58
apresentam diferenças entre si. 59
A análise de comparação de médias pelo teste de Tukey, considerando 5% de 60
probabilidade, não revelou diferenças significativas entre as progênies, desconsiderando a 61
procedência, para os descritores altura de plantas e diâmetro do estipe. Salienta-se que para projeção 62
da copa e número de folhas definitivas não se procedeu ao teste de Tukey em função do resultado 63
de progênie não significativo pelo teste F na análise de variância. 64
As estimativas de parâmetros genéticos e fenotípicos indicaram que existe maior 65
variabilidade genética para o diâmetro do estipe comparado à da altura de planta. Para os dois 66
descritores, os valores de herdabilidade foram de alta magnitude (Tabela 2). 67
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A variância genética encontrada entre indivíduos dentro das parcelas (progênies) foi maior 68
quando comparada com a variância genética entre parcelas (progênies); consequentemente isto 69
levou a um maior coeficiente de variação genético entre plantas dentro de progênies. Portanto, há 70
uma grande variabilidade genética dos indivíduos de cada família, com melhores possibilidades de 71
ganhos pela seleção entre e dentro do que somente entre as progênies. 72
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Tabela 1. Resumo da análise de variância para os descritores: altura de plantas (AP), diâmetro de estipe (DE), projeção da copa (PC) e número de folíolos definitivos (NFD), avaliados em progênies de macaúba conduzidos na UFV/Campus de Rio Paranaíba, Rio Paranaíba, MG, 2013
F.V. G.L. Quadrados Médios1 AP DE PC NFD
Blocos 2 489,5031 298,9616 260,2369 2,2870 Progênies 35 337,9029 ** 32,6596 ** 212,9886 ns 0,5548 ns Entre parcela 70 170,6213 19,7175 216,9599 0,4299 Dentro parcela 216 98,7361 10,0673 91,1559 0,2346 Médias 36,54 11,05 36,37 1,80 C.V.e (%) 13,40 16,20 17,80 14,13 1** e ns: Efeitos de genótipos significativos à 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F. 74
Tabela 2. Estimativas de parâmetros genéticos e fenotípicos de descritores (altura de plantas - AP; e diâmetro do estipe – DE) avaliados em progênie (famílias de meios irmãos) de macaúba conduzidos no Campus de Rio Paranaíba da UFV, Rio Paranaíba, MG, 2013
Parâmetros AP DE Mínimo (cm) 12,00 3,27 Máximo (cm) 97,00 27,40 Variância ambiental (entre blocos) 2,9526 2,5855 Variância ambiental (entre parcelas) 23,9617 3,2167 Variância genética (entre médias de progênies) 18,5868 1,4380 Variância genética (dentro de progênies) 55,7605 4,3140 Variância fenotípica (variações entre plantas dentro de parcelas) 98,7361 10,0673 Coeficiente de variação genético (entre progênies) 11,80 10,85 Coeficiente de variação genético (dentro de progênies) 20,43 18,79 Herdabilidade (US = Média de famílias) (%) 49,51 39,63 Herdabilidade (US = Dentro família) (%) 56,47 42,85
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A macaúba possui um longo período juvenil (a espécie pode demorar até sete anos para o 76
início da produção de frutos) (Teixeira, 2005). É importante salientar que as avaliações foram 77
realizadas ao 7º meses após o transplantio. Portanto, as plantas, do presente estudos, podem ainda 78
expressar seu potencial quanto aos descritores avaliados e,a variabilidade entre pode ainda ser 79
captada nas próximas avaliações. 80
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O sucesso de um programa de melhoramento de espécies perenes depende também do 81
conhecimento do germoplasma disponível para a obtenção do produto desejado, bem como, da 82
variação biológica entre espécies no gênero, entre populações, dentro de espécies e indivíduos 83
(Abreu et al., 2009). Desse modo, a estimação de parâmetros visando ao conhecimento da 84
magnitude da variabilidade genética e a avaliação genética de indivíduos são essenciais nas várias 85
etapas do programa de melhoramento, desde a fase de desenvolvimento inicial das mudas para 86
efeito de seleção ao longo do programa (Manfio et al., 2012). 87
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CONCLUSÕES 89
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Em plantas avaliadas precocemente, identificou-se diferença significativa entre progênies 91
para a altura de planta e o diâmetro de estipe; e maiores estimativas de variância genética e 92
coeficiente de variação genético entre indivíduos dentro de progênies. 93
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AGRADECIMENTOS 95
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À Petrobrás, ao CNPq, à FAPEMIG e à CAPESpelo apoio financeiro. 97
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REFERÊNCIAS 99
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ABREU, B. F.; RESENDE, M. D. V. de; ANSELMO, J. L.; SATURNINO, H. M.; BRENHA, J. A. 101 M.; FREITAS, F. B. Variabilidade Genética entre subamostras de pinhão-manso na fase juvenil. 102 Magistra, n.21, p.36-40, 2009. 103 CRUZ, C.D. GENES - a software package for analysis in experimental statistics and quantitative 104 genetics. Acta Scientiarum. Agronomy, v.35, p.271-276, 2013. 105 LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do 106 Brasil. v.1, Nova Odesa: Plantarum, 1992, 352p. 107 MANFIO, C.E.; MOTOIKE, S.Y.; RESENDE, M.D.V. de; SANTOS, C.E.M; SATO, A.Y. 108 Avaliação de progênies de macaúba na fase juvenil e estimativas de parâmetros genéticos e 109 diversidade genética. Pesquisa Florestal Brasileira, v.32, p.63-68, 2012. 110 MANFIO; C. E. Análise genética no melhoramento da macaúba. 52f. Tese (Doutorado em Genética 111 e Melhoramento de Plantas) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2010. 112 MOTOIKE, S. Y.; LOPES, F. A.; SÁ JÚNIOR, A. Q. de; CARVALHO, M.; OLIVEIRA, M. A. R. 113 de. Processo de germinação e produção de sementes pré-germinadas de palmeiras do Gênero 114 Acrocomia, 2007. Protocolo INPI 014070005335. 115 MOTTA, P. E. F.; CURI, N.; OLIVEIRA FILHO, A. T.; GOMES, J. B. V. Ocorrência da macaúba 116 em Minas Gerais: relação com tributos climáticos, pedológicos e vegetacionais. Pesquisa 117 Agropecuária Brasileira, v.37, n.7, p.1023-1031, 2002. 118 TEIXEIRA, L.C. Potencialidades de oleaginosas para produção de biodiesel. Informe 119 Agropecuário, n. 26, p.18-27, 2005. 120
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