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Castelo Branco Científica - Ano II - Nº 04 - julho/dezembro de 2013 - www.castelobrancocientifica.com.br 1 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 AVALIAÇÃO NA SALA DE AULA RIBEIRO, DRIELLY GUEDES 1 SOARES, JULIANA DOS SANTOS 2 RESUMO O trabalho realizado aborda a avaliação em seis tópicos problematizado- res, colocando pontos sobre o avaliar das escolas e o desenvolvimento na educação. O Brasil é o país que mais reprova e esta pesquisa mostra su- jeitos que atuam na avaliação das instituições e dos alunos procurando compreender como ocorre o desenvolvimento da avaliação do aluno para exercer a cidadania. PALAVRAS-CHAVE Escola. Ensino-Aprendizagem. Educadores. 1 Graduando em Pedagogia, pela Faculdade Castelo Branco. 2 Graduando em Pedagogia, pela Faculdade Castelo Branco.

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Castelo Branco Científi ca - Ano II - Nº 04 - julho/dezembro de 2013 - www.castelobrancocientifi ca.com.br 1

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

AVALIAÇÃO NA SALA DE AULA

RIBEIRO, DRIELLY GUEDES1

SOARES, JULIANA DOS SANTOS2

RESUMO

O trabalho realizado aborda a avaliação em seis tópicos problematizado-res, colocando pontos sobre o avaliar das escolas e o desenvolvimento na educação. O Brasil é o país que mais reprova e esta pesquisa mostra su-jeitos que atuam na avaliação das instituições e dos alunos procurando compreender como ocorre o desenvolvimento da avaliação do aluno para exercer a cidadania.

PALAVRAS-CHAVEEscola. Ensino-Aprendizagem. Educadores.

1Graduando em Pedagogia, pela Faculdade Castelo Branco.2Graduando em Pedagogia, pela Faculdade Castelo Branco.

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INTRODUÇÃO

O ensino básico da educação brasileira mostra falhas e índices de alta re-provação. O país pensa em quantidade, porém sabemos que a necessidade exige qualidade de ensino dos docentes. Assim, refl etiremos sobre a avalia-ção nas escolas, o que é positivo e negativo para o educando.A educação é dever do Estado e direito de todos, sendo assim, sua forma-ção deve ser de qualidade e não passada somente para conclusão de etapas. Educadores cometem falhas em suas tomadas de decisões no sistema de avaliação. Por isso havendo falha no ensino também ocorrerão resultados fi nais não satisfatórios para o sistema educacional. As práticas de avaliação vão de acordo com o sujeito. Portanto, trabalhar com cada educando a realidade em que ele vive é uma maneira de contri-buir para o seu crescimento. A didática de ensino-aprendizagem não deve ser única, por ser um contato de professor e aluno deve haver variações para saber o que é melhor para o desenvolvimento de ambas as partes, pois os professores e as escolas estão moldando seus alunos e não os deixando ter o crescimento que deveriam. Os métodos a se usar podem e devem ser variáveis, todavia o foco não pode estar muito longe da fertilização emocional que cada aprendiz cria ao se identifi car com o conteúdo. Talvez esse seja o grande desafi o dos educa-dores dentro do processo ensino-aprendizagem: fazer com que, de alguma forma, o educando se encante pelo o que lhe é passado. Se houver essa simpatia, o resultado fi nal (que é o verdadeiro interesse do governo) será totalmente favorável para o enquadramento do país no cenário mundial.“Quando se abre uma escola, fecha-se uma prisão”, enquanto houver so-nhadores que acreditem nessa utopia, haverá esperança de uma educação melhor, não apenas para os “sem luzes” que sentam nas cadeiras de uma sala de aula, mas para uma comunidade que valoriza a educação como a

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certeza de um futuro no mínimo diferente. Este projeto é o assanho de uma educação diferente, é o desejo de uma avaliação mais justa e uma contri-buição pessoal para não cometermos os mesmos erros.

AVALIAÇÃO X VERIFICAÇÃO

Erroneamente, muitas pessoas acreditam que a aplicação de uma prova direta e escrita seja a melhor forma de se avaliar um aluno, (talvez pela comodidade ou até mesmo por uma imposição do sistema), mas, levar em conta o que o aluno pode elaborar, especialmente depois de ter estudado o assunto em ambiente favorável, deveria ser mais bem observado pelos avaliadores. Por sua ostensividade, a nota deve ser apontada apenas como indicador - desde que sempre acompanhada da devida fundamentação, em particular nos casos de notas baixas - para buscar a falha e corrigi-la.Há anos a avaliação educacional tem sido dominada por uma forte e quase exclusiva acentuação nos seus aspectos técnicos, tendo pouca ou nenhuma atenção dada aos seus fatores sociológicos. Portanto, temos aqui a perspec-tiva de uma evolução das práticas no sentido de uma avaliação formativa, de uma avaliação que ajude o aluno a aprender e o professor a ensinar.O tema sobre “Avaliação Escolar” nunca foi tão estudado e comentado como nesses últimos tempos. Há muitas coisas a serem mudadas dentro do âmbito escolar, onde tudo que é aplicado nas salas de aula seguem sempre o mesmo padrão, com perguntas fechadas não levando o aluno a pensar. Entretanto, a realidade nos mostra que essa metodologia empregada nas escolas não vai conseguir obter um bom desempenho dos seus alunos.

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[...] a avaliação legitima “valorações” úteis à indução de procedi-mentos competitivos entre escolas e sistemas para melhorar pon-tuações nos rankings, defi nido basicamente pelos desempenhos em instrumentos de avaliação em larga escala. Tal competição é garan-tida pela associação entre desempenho e fi nanciamento, podendo redundar em critérios para alocação de recursos, que incidem, até mesmo, em remunerações diferenciadas dentro de sistemas de en-sino que até há pouco trabalhavam com a noção de remunerações isonômicas... (SOUZA; OLIVEIRA, 2003, p. 876).

A escola associa a avaliação só como uma forma de obter notas, não levan-do em conta que o aluno possa vir aprender ou se ele vai ter sucesso ou fra-casso. Os professores não conseguem ter uma relação de conjunto e intera-ção com seus alunos, tudo depende defi nitivamente daquela “Avaliação”.O termo “Avaliar” é usado de forma inadequada pelas escolas, que con-centram maior importância nas provas aplicadas. O processo da avaliação deve ser algo contínuo, que traga o aluno para compreensão daquilo que está sendo feito e aplicado. Ninguém nasce pronto, mas vai mudando de acordo com o tempo. Avaliar é poder usar as necessidades, habilidades, competências e criatividades do aluno, sendo assim o progresso gradual do aluno e não apenas o resultado fi nal.De acordo com esses resultados obtidos, os professores concentram toda importância no “acerto”, tendo como objetivo a nota e não o progresso fei-to até o devido momento. Assim como será citado no tópico o que pratica a escola deve ser bem refl etida a transformação de nota para conceito, a valorização do acerto do educando. O professor deve ter sensibilidade de perceber e conseguir enxergar além, tanto o desenvolvimento individual como o coletivo desse aluno. O nosso fazer não deve ser algo mecânico, os tempos mudam e o trabalho docente tem que ser sempre ativo.

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Procura-se, portanto, romper as diferenças de professor e aluno consagra-dos pela escola tradicional. Os papéis tradicionalmente desempenhados pelo professor – ensinar, transmitir, dominar, e pelo aluno - aprender, rece-ber passivamente e obedecer – devem ser mudados. Só assim a escola po-derá efetivamente atender a sua mais elevada fi nalidade: permitir o aluno a chegar ao conhecimento.Assim, na sala de aula, enquanto ensina o professor também aprende, en-quanto aprende o aluno também ensina. O professor ouve os alunos, res-peita seus pontos de vista, os alunos relatam suas experiências, que não são únicas e que não podem ser repetidas, mas que podem trazer muitas lições ao professor e aos colegas. Dessa forma, o professor deixa de ser instrutor, para transformar-se em educador.A metodologia de ensino da escola é algo construtivista, a aprendizagem é vista como algo que não está acabada e se constitui principalmente pelo processo de interação do educando com o meio físico e social, com o sim-bolismo humano e com as relações sociais.

ERRO E PLANEJAMENTO ESCOLAR

A escola deve tentar promover um ensino de qualidade, transdiciplinar, de conhecimento sistematizado e de construção de valores democráticos e éti-cos para estimular o fortalecimento da auto estima através do respeito pró-prio e do outro para que o aluno adote uma atitude de justiça, solidariedade e respeito as diferenças, tanto no ambiente escolar como fora dele, contribuin-do para a formação de cidadãos críticos e conscientes, permitindo aos alunos o conhecimento global de seus direitos e deveres dentro da sociedade.A metodologia da avaliação deve estar a serviço de uma pedagogia dinâ-mica. É sua função contribuir para que todos os alunos assumam poder

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sobre si mesmo, tenha consciência do que já são capazes e em que devem sempre melhorar. Ela é sempre uma operação de leitura orientada da reali-dade, uma poderosa alavanca para a ampliação de êxito da escola. Para que o processo de ensino-aprendizagem se torne efi caz é imprescindível não apenas profi ssionais competentes, mais sim, uma metodologia dinâmica e adequada para que estes alunos possam desenvolver-se como cidadãos, e ter um ensino digno e de qualidade. O erro é decorrência dos nossos conceitos do passado, a escola reproduzia a fa-mília e a mesma quer mais do que a perfeição. A escola estabeleceu um padrão a ser seguido, uma criança não erra, ela aprende a conhecer o erro. Por isso, há tantas falhas no ensino brasileiro, começando pelo analfabetismo funcional.O professor tradicional não procurava os acertos e sim os erros, o mesmo era tão perverso que acabava adoecendo a criança através de várias coisas, principalmente a violência física e psicológica.

A análise qualitativa do conhecimento estende-se, assim, para além dos certos e errados, dos satisfatórios e não satisfatórios, revelan-do a fragilidade de procedimentos avaliativos classifi catórios. Uma resposta coerente de um aluno pode ainda não ser signifi cativa em termos de riqueza e aprofundamento no tema estudado. Por outro lado, uma solução criativa e original a um problema proposto pode ser expresso ainda com um vocabulário impreciso, ou revelando al-gumas incoerências a serem trabalhadas. As difi culdades em uma disciplina podem infl uenciar em outras. (HOFFMANN, 2001, p. 69)

Existem modos errados de ensinar, o erro não pode ser visto como uma incapacidade do aluno de aprender já que ele ainda não sabe. Ele pode sim vir a aprender de acordo com o processo educacional, transformando a sala de aula em um ambiente onde ele possa errar e criar neste local um

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ambiente calmo, tranquilo e feliz, tendo nessa mudança de ambientação, uma das formas de estimular a aprendizagem desses alunos sem que haja violência alguma.O erro é um momento no processo de aprendizagem, devemos corrigir, mas não punir a criança por que ela ainda não sabe e ainda não dominou o conteúdo. O ideal seria criar possibilidades de o aluno perceber o erro, assim ele se sentirá dentro desse processo e não excluso. Não basta dar acesso à educação sem condições para que o processo de ensino-aprendi-zagem possa acontecer. Nada na escola é neutro, tudo tem repercussão. O professor deve levar em conta a diferença de um aluno para o outro. As di-fi culdades aparecem na vida de todos e em um processo de avaliação é um transtorno comum e junto com o educador, família e escola é necessário tentar manobrar esta difi culdade, para em um próximo momento aquele já esteja apto a concluir aquele pensamento e avaliação de conteúdo.O erro ainda é visto como um “mal”, mas quem realmente erra é a escola que se coloca dessa forma. Esse tal “erro” tem que ser visto como uma fonte de virtude, se o aluno erra é porque ele está tentando acertar, enquanto se está trabalhando há conhecimento. É preciso ter capacidade de se trabalhar de uma forma dinâmica, além de saber comunicar e transmitir ideias. Este pro-fi ssional precisa estar preparado para enfrentar, com criatividade e compe-tência, os problemas do cotidiano, ser fl exível, tolerante e atento às questões decorrentes da diversidade cultural, que caracteriza nossa sociedade.Com isso, a escola tem como plano de ação e ponto de partida as bases políticas nacionais, em que as ações estão voltadas prioritariamente para a otimização do processo ensino-aprendizagem cujos indicadores são os índices de produtividade da unidade escolar. A escola deve estar sempre em busca de seu aprimoramento no que diz respeito as ações, inovações das práticas docentes, garantindo aos alunos o desenvolvimento das com-petências básicas para sua inserção no mercado de trabalho, contribuindo

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assim para a convivência nas relações interpessoais.A proposta da escola deve ser apresentada para cada professor a realizar análise e adaptar à realidade da sua turma. Aproveitando o conhecimento já existente no decorrer da vida dos alunos, estimular a descoberta, o aper-feiçoamento da criatividade e a troca mútua de conhecimento. Para (Haydt, 2008, p.7) o progresso alcançado pelos alunos refl ete a efi cácia do ensino. Ensinar e aprender são dois verbos indissociáveis. Assim os planejamentos e projetos devem ser baseados nas propostas da escola, buscando atender as necessidades individuais, respeitando a diversidade cultural do nosso aluno, desenvolvendo projetos visando o trabalho interdisciplinar e dife-renciado, dessa forma os professores deverão ter um grande compromisso com o desenvolvimento dos alunos e o bem-estar deles. Para que isso ocor-ra, seria de fundamental importância que as atividades relacionadas com o momento de cada educando fosse a mais fi el possível a sua realidade.Sabemos que o papel do professor vai além da simples transmissão do conhecimento. Educar signifi ca muito mais do que mera distribuição de conhecimento, o aluno deve ter lugar primordial na prática educativa. Edu-cação signifi ca superação de obstáculos, dedicação, pesquisa, conversa ,compreensão e principalmente crescimento tanto dos alunos como tam-bém dos professores.

[...] Na verdade [...] não é a educação que forma a sociedade, de certa maneira, mas a sociedade que, formando-se de uma certa ma-neira, constitui a educação de acordo com os valores que a nor-teiam. Mas, como este não é um processo mecânico, a sociedade que estrutura a educação em função dos interesses de quem tem o poder, passa a ter nela um fator fundamental para a sua preservação (FREIRE, 1981, p. 118).

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Sendo a prática espelho das teorias estudadas, um profi ssional tem por base conhecer, ler, pesquisar saberes e propostas para melhorar sua formação. É necessário que o professor construa o seu saber e o fazer pedagógico, especialmente, durante sua formação inicial. È preciso que ele se sinta ca-paz de agir e transformar a realidade em que atua. Conhecimento docente que se constrói a partir de sua refl exão e avaliação são importantes para que esse profi ssional seja qualifi cado, comprometido, tornando capaz seu desenvolvimento durante suas práticas. Por isso o professor deve progra-mar suas ações conduzindo seu currículo de formação para melhorar seu quadro profi ssional.Segundo Schulman (1986/1987) quando publicam seus trabalhos sobre a construção da profi ssionalidade, ele rotula como conhecimento prático do professor o conjunto de conhecimentos necessários a sua prática é cons-tituída por dimensões. Schulman tem o conhecimento do professor como algo construído e sua prática seguindo dimensões de conhecimento. O planejamento é algo inegociável, professor que não planeja comete um erro, se não há planejamento não existe uma forma especifi ca de se fazer a devida intervenção. Não se deve colocar toda a importância só nos conteú-dos aplicados se não há interesse por parte do outro. Não basta dar acesso a escola se não há condições para o conhecimento.

ESCOLA: O QUE PRATICA

A escola hoje pratica a realização de verifi cação. Diagnosticar a aprendi-zagem do aluno somente com exames. Essa verifi cação acontece desde o século XVII e foi se tornado um método de ensino o qual é utilizado até os dias de hoje. Os exames são para estabelecer notas e regras para a passa-gem de série de um ano para o outro. A escola alerta a função tradicional da avaliação quantitativa, no qual o Brasil hoje é o país que mais reprova

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e o atual campo de concentração que busca resultados, no qual o professor já vai para a escola com muros, paredes prontas. Já o educando vai para sua construção e formação pessoal, na busca da construção de seus conhe-cimentos dentro da instituição onde estará sendo medido e examinado e não avaliado como um todo. Assim estará sendo feito diretamente para a obtenção de notas para retenção ou não no fi nal do ano. Desse índice nega-tivo, curiosamente ou não, 80% dos alunos reprovados no país são negros. Alerta? Ou confi rmação de uma desigualdade social cada vez mais visível? Cada professor tem que avaliar e estimular o desenvolvimento de cada um na sala de aula e dentro da escola ajudá-lo a construir sua vida acadêmica, acreditando que suas ações na instituição se refl etirão na sociedade. Para avaliarmos uma prova fi nal tem que haver um contexto baseado em avaliações durante o ano. Será que duzentos dias letivos se resumirão em uma avaliação de duas folhas? “Se o aluno falha, o sistema o corrige”. O certo é que um resultado não fará diferença na qualidade de ensino. Cadê o papel do professor no desenvolvimento do todo? Da construção do aluno em sala? Identifi car as difi culdades dos alunos implica em diagnosticar seus conhecimentos prévios, essa parte está sendo esquecida por muitos deles que também poderiam ajudar a observar as falhas dos alunos e assim com novas práticas, realizar um trabalho que pode ajudá-lo em sala de aula. Com a observação em sala o professor é capaz de avaliar seu aluno e proporcionar a ele mudanças. Atitudes favoráveis vão desencadear a ele um futuro de objetivos e estudos.

[...] Seria arriscado anunciar um futuro promissor. Entre as neces-sidades de formação, inesgotáveis, e as políticas da educação, nem sempre há coerência [...] (PERRENOUD, 1999)

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Não havendo coerência na educação, os educando são prejudicados pelos conceitos pré-determinados dos profi ssionais envolvidos, mesmo sabendo que o saber de cada aluno é inesgotável os educadores não avaliam com coerência cada um. Intimidam os alunos com olhares, gestos, não aderindo ao uso de palavrões, mas com um poder de olhar demasiado. Atualmente as escolas brasileiras seguem critérios de avaliação de benefí-cio para a escola como aprovação no fi nal do ano para diminuir a reprova-ção na tentativa de uma boa visibilidade para sua escola. Efi cácia na pro-dução, mudanças no comportamento dentro da sala de aula, conclusões de avaliação em curto prazo para o fechamento do diário e semestre, prazos para entregas de trabalhos não deixam o aluno desenvolver um tipo de co-nhecimento mais avançado. Assim as escolas pensam mais nos resultados de forma quantitativa do que qualitativa, o importante é a quantidade de alunos dentro da escola e verbas recebidas do que o ensino- aprendizagem.

UTILIZAÇÃO DE RESULTADOS DA AVALIAÇÃO.

O principal objetivo da avaliação seria fornecer ao educando condições de decisão que direcionem o aprendizado e desenvolvimento de cada um. Hoje provas e trabalhos não são apenas para direcionar notas dentro de um conte-údo e sim avaliar o todo do aluno e compreender as difi culdades e avanços de cada indivíduo, visto que as utilizações de exames são para compor a realização da avaliação na escola como prática educativa, sendo que não será somente essa atividade, mas nem sempre é com o que nos deparamos.

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Se os dados obtidos revelarem que o educando se encontra numa situação negativa de aprendizagem e, por isso, possui uma nota ou um conceito de reprovação, usualmente tem-se utilizado a primeira e, no máximo, a segunda opção, neste caso, no mínimo registram-se os dados em cadernetas e, no máximo, chama-se atenção do aluno, pedindo-lhe que estude para fazer um segunda aferição, tendo em vista a melhoria da nota e, e nesta circunstância, deve-se observar que a orientação no geral, não é para que o educando estude a fi m de aprender melhor, mas para que estude tendo em vista a melhoria de nota. (LUCKESI, 2009)

Portanto, o tema estudado e pesquisado é o que o professor propõe e o teste somente recorre à nota para compor o resultado, sendo assim deixa de lado o avaliar e o progresso de cada aluno. O ensinar do professor deve ser consciente que o aluno pode acertar ou errar, que um dia após o outro se tem chances direta e indiretamente reais de aprendizagens. O elemento principal para uma mudança expressiva seria mesclar a sua didática, apren-der a conhecer cada aluno e ver o ponto de evolução de cada. O educando tem o direito de ser cobrado pelo que foi ensinado e orientado, nada deve ser jogado ao vento para que eles possam realizar sozinhos, a proposta tem que partir do professor, encontrar formas efi cazes de capacitá-los melhor.Avaliar a aprendizagem do aluno é um método que não pode ser burocrá-tico. É intervir, analisar, desenvolver e construir, é observar o desenvol-vimento e diagnosticar. O educador deve seguir pressupostos e sempre se indagar para saber o problema, o objetivo, o processo, o resultado de cada aluno, tendo por base que o desenvolvimento deste vai ser de acordo com as condições de ensino que ele mesmo realiza. Sabendo que a prova não deve ser o único e exclusivo método de avalia-ção, é que nos deparamos como questões sobre a utilização da avaliação dentro das salas de aulas, onde muitos educadores somente verifi cam a

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aprendizagem do aluno, com exames e notas predestinadas para cada ques-tão, deixando de avaliar o todo do aluno com provas, apresentações de opi-niões, correção de erros. Desenvolver as falhas para alcançar o objetivo! Com a fenomenologia da aferição dos resultados da aprendizagem escolar, que signifi ca os fenômenos da educação que também têm sua forma de medir e avaliar na prática de cada professor e instituição, pressupõe que há três procedimentos praticados: sendo medida de aproveitamento escolar, transformação da medida em nota e utilização dos resultados identifi cados.Então, em nossa prática escolar os resultados são dados assim, sendo que na medida de resultados se tem somente a nota, não avaliando o que o aluno sabe e sim a pontuação da questão, não obtendo nota qualitativa e sim quantitativa. Já na transformação da medida em nota ou conceito se tem na conduta do professor que avaliar o aprendizado por nota como dez e transfere para o papel de forma qualitativa como excelente, transferem--se os números pelos símbolos como: SS=superior, MS= médio superior, ME= médio, MI= médio inferior ou com palavras denotativas de qualidade como excelente, bom, regular, péssimo. Aspecto da avaliação é a utilização dos testes que servem de forma formativa no qual informa os objetivos atingidos pelos alunos, obstáculos enfrentados e as difi culdades pelas quais passou para chegar à obtenção da nota. Durante a realização das atividades há falhas, pois nas avaliações não se cobra observação de comportamento, recordação de matéria, rodas de conversas.Para (GADOTTI 1990) a avaliação é essencial à educação, inerente e indis-sociável enquanto concebida como problematização. Assim os educadores avaliando o aluno no dia a dia na sala de aula e trabalhando com a realidade, poderão avaliar os alunos constantemente, não obtendo somente notas, mas levando o aluno a problematizar e a pensar mais o que está sendo estudado.

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POR UMA PRÁTICA DOCENTE CRÍTICA E CONSTRUTIVA

Os desenvolvimentos individuais ou coletivos dos educandos não estão sendo efetuados da melhor maneira. Para Luckesi, há fundamentos peda-gógicos para se ter uma prática docente com princípio político e social. È preciso estar interessado o tempo todo em educar o aluno com intuito de que ele aprenda individualmente ou coletivamente.

“Pode-se-à dizer que é obvio que o objetivo da ação educativa, seja ela qual for, é ter interesse em que o educando aprenda e se de-senvolva, individual e coletivamente. Todavia, essa obviedade es-barra nas manifestações tanto do desempenho quanto da conduta individual dos professores. Os dados estatísticos educacionais do país bem como a conduta individual dos professores demonstram que, nem sempre, esse objetivo tem sido perseguido”. (LUCKESI, 2009, p.121)

Muitas expressões são usadas para a intimidação e julgamento dos edu-candos. O fazer educador em sala de aula deve ser o diferencial na vida dos alunos, deve ser o complemento da educação dos pais, não se deve repetir todos os anos as mesmas atividades. Outro aspecto importante é o desenvolvimento do educando que não é só cognitivo também é afeti-vo, psicomotor culminando com um conjunto de propostas em sala para melhor desenvolvimento. E utilizar-se das múltiplas inteligências que são lógica-matemática, linguística corporal, naturalista, interpessoal, intrapes-soal, espacial, musical que viram estímulos dentro da sala. Com a desco-berta de cada inteligência se tem o desenvolvimento em alguma área por algum aluno. Também tendo os quatro pilares do saber: aprender a conhe-

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cer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros, aprender a ser, são pontos fundamentais na sala de aula.O ensino e a aprendizagem são intencionais para que se tenha objetivo em sua carreira de trabalho, são meios de desenvolvimento dos educando para uma aprendizagem espontânea, intencional, ativa, inteligível e sistemática, pois todos os conteúdos devem estar ligados e interligados aos conteúdos socioculturais como a cultura do senso comum e a cultura elaborada. A de-manda do ensino e da aprendizagem e a assimilação perpetuam na vida dos estudantes na área de conhecimentos e metodologia. Para uma aula crítica e construtivista se devem ter métodos para ensino- aprendizagem como método expositivo, método reprodutivo e método de solução de problemas determinados, método de solução de problemas novos.

“A lógica é competir, instaurar comparações e adotar medidas de correção de resultados, justifi cando que “políticas de melhoria da escola centradas essencialmente na avaliação do rendimento dos alunos e em sua publicização para os pais [...] tendem fortemente para o lado da pressão e dos estímulos ao rendimento” (LESSARD, 2006, p.231).

Uma tarefa fácil para a prática docente é o planejamento político, científi co e técnico, a execução de atividades propostas de ensino para ter melhor qualidade em que se desenvolva a avaliação de resultados da aprendiza-gem de cada aluno, não sendo só a avaliação de exame.

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NOVO OLHAR PARA A AVALIAÇÃO

Por décadas a educação brasileira se manteve positivista. Se fi xar em fa-tos, datas e personagens caracterizaram os modos de avaliação do ensino brasileiro. O sistema “decoreba”, atuante em muitas disciplinas da grade curricular, de certa forma bitolou o alunos. Diante desse sistema, como fazer o educando perceber o contexto social e os porquê de sua realidade? Na avaliação tradicional, não é o que fez a diferença no conhecimento e na vida do avaliado, mas sim a quantidade de respostas que ele conseguiu guardar. Assim, a educação brasileira se tornou uma fábrica de robôs alfa-betizados e de tolos sociais.Mais do que se estabelecer parâmetros para uma nova ideologia de avaliação, é preciso antes de qualquer atitude abdicar do tradicionalismo que sufoca a educação. Nem sempre o aluno nota dez em matemática hoje será o eleitor consciente de amanhã. Acreditar que uma educação de qualidade é capaz de transformar o país, é sonho, mas catalogar esses desejos se torna campanha política. Quem garante que os números estatísticos garantem uma educação de qualidade? Há muito tempo que o Brasil usa a expressão “pra inglês ver”. Toda essa pressão em cima do levantamento do índice de aprovação só de-sencadeará em um problema social muito maior do que já enfrentamos. Cada vez mais os analfabetos funcionais surgirão, maquiando o analfabetismo do país, e empurrando uma nação cada vez mais para trás.Não podemos expulsar o método decorativo da educação, afi nal para se manter tanto tempo assim em perfeito uso, algum valor proativo se eviden-cia no seu emprego. Todavia, não podemos mais admitir seu monopólio que de certa forma retira o senso crítico já que não obriga o educando a re-fl etir sobre sua resposta, apenas dá-la. Mais do que querer mudar é preciso ter disposição para superar a lentidão do sistema que olha gradativamente para o crescimento pessoal e em larga escala para o resultado fi nal.

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“Entendemos que a mudança não se dá de uma vez (tudo e já), ve-mos a necessidade de passos pequenos, assumidos coletivamente, mas concretos e na direção certa, desencadeando um processo de mudança com abrangência crescente: sala de aula, escola, grupo de escolas, comunidade, sistema de ensino, sociedade civil, sistema político [...]” (Vasconcellos, 1956, p. 25)

A educação é de todos, para todos e com todos. A escola sozinha não tem a força sufi ciente para suprir as necessidades que o Brasil carece. De todo modo, a presença social – fator externo – contribui para a elevação do nível escolar. Sem o apoio da comunidade e das famílias qualquer novo método de ensino sofrerá bem mais do que se contasse com suas colaborações. O novo assusta, mas já está mais do que na hora da educação brasileira tomar um choque de 220 v.

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

GADOTTI, M. Uma escola para todos os caminhos da autonomia esco-lar. Petrópolis: Vozes, 1991.

HAYDT, Regina Célia Cazaux. Avaliação do Processo Ensino-Aprendi-zagem. 6.ed. Rio de Janeiro: Ática, 2008.

HOFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho/ Por-to Alegre, mediação 2001, p. 69.

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LESSARD, C. A universidade e a formação profi ssional dos docentes: no-vos questionamentos. Educação e Sociedade, Campinas, v.27, n 94, 231/abr.2006.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 20. Ed. São Paulo Cortez, 2009.

PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens-entre duas lógicas. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

SOUZA, S. Z. L. de; Oliveira, R. P. de. Políticas de avaliação da educação e quase mercado no Brasil. Educação & Sociedade, Campinas, v. 24, n. 84, p. 873-895, set. 2003.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: Concepção dialético-libertadora do processo de avaliação escolar. 15°ed./ São Pau-lo, Libertad 2005, p.25.