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ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Pedro Ivo Cavallari AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE PURIFICAÇÃO DO BIODIESEL POR VIA SECA Lorena 2012

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ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Pedro Ivo Cavallari

AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS DE PURIFICAÇÃO DO BIODIESEL POR VIA SECA

Lorena 2012

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Pedro Ivo Cavallari

Avaliação dos processos de purificação do biodiesel por via seca

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Departamento de Engenharia Química da Escola de Engenharia de Lorena-Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para conclusão do Curso de Engenharia Química.

Orientador: Profa. Dra. Heizir Ferreira de Castro

Lorena 2012

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

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RESUMO

CAVALLARI, P.I.; Avaliação dos processos de purificação do biodiesel por via seca. 2012. 46p. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Química da Escola de Engenharia de Lorena - Universidade de São Paulo.

A substituição gradual do diesel de petróleo por biodiesel está se tornando uma

opção altamente interessante para o mercado mundial. Este cenário deve-se ao fato

do biodiesel ser proveniente de fontes renováveis, ser biodegradável e não tóxico,

além de praticamente não produzir efeitos prejudiciais ao meio ambiente. Entretanto,

um dos grandes obstáculos para o uso do biodiesel como um combustível alternativo

é o processo de purificação dos ésteres. Atualmente este processo é realizado com

um grande volume de água, porém essa técnica está se tornando inviável em termos

ambientais e econômicos, uma vez que o custo da água vem aumentando

consideravelmente. Desta forma, métodos alternativos de purificação por via seca

destacam-se como técnicas promissoras para a remoção de resíduos de glicerol,

monoglicerídeos e diglicerídeos até os limites exigidos pela legislação, devido a sua

seletividade e simplicidade de operação. O objetivo deste trabalho foi avaliar os

processos de purificação do biodiesel por via seca, incluindo métodos de adsorção

em diferentes materiais e por filtração a membranas, efetuando uma análise crítica

comparativa de processos de purificação estudados e experimentados por diversos

autores, utilizando, como base, artigos e dissertações publicados recentemente. Os

resultados dessa análise mostraram que tanto a purificação por adsorção quanto a

filtração a membranas podem substituir com vantagens a lavagem com água,

resultando num biodiesel de qualidade que atende as normas internacionais e

reduzindo o volume de efluentes gerados no processo. Além disso, os processos

avaliados mostraram-se mais rápidos que o método tradicional de lavagem com

água, tendo em vista a redução das etapas requeridas.

Palavras-chave: Biodiesel; purificação; glicerol.

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

ASTM American Society for Testing and Materials

EN European Standard

ISO International Standardization Organization

R&H Rohm and Haas

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 7

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 10

2.1. Produção de biodiesel ........................................................................ 10

2.2. Etapas envolvidas no processo de obtenção de biodiesel ................. 11

2.2.1. Preparo da matéria-prima ....................................................... 11

2.2.2. Reação de transesterificação .................................................. 11

2.2.3. Purificação do biodiesel .......................................................... 15

2.3. Propriedades do biodiesel .................................................................. 19

2.4. Purificação de biodiesel por via seca (adsorção) ............................... 21

2.4.1. Carvão ativado ........................................................................ 23

2.4.2. Zeólitas .................................................................................... 23

2.4.3. Sílica gel .................................................................................. 24

2.4.4. Alumina ativada ....................................................................... 24

2.4.5. Purolite® PD 206 .................................................................... 24

2.4.6. Silicato de magnésio ............................................................... 25

2.4.7. Cinzas de casca de arroz ........................................................ 25

2.4.8. Argila bentonítica .................................................................... 25

3. DESENVOLVIMENTO ................................................................................... 26

3.1. Aquisição de informações ................................................................... 26

3.1.1. Processos de purificação por adsorção .................................. 26

3.1.1.1. Magnesol ..................................................................... 26

3.1.1.2. Lavagem com resinas de troca iônica ......................... 29

3.1.1.3. Lavagem com outros agentes de lavagem a seco ....... 30

3.1.2. Processos de purificação com membranas cerâmicas ........... 34

3.2. Tratamento das informações .............................................................. 40

4. CONCLUSÕES .............................................................................................. 42

5. REFERÊNCIAS ............................................................................................. 44

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1. INTRODUÇÃO

No final do século XIX, Rudolph Diesel desenvolveu um motor a combustão

interna capaz de operar utilizando óleos vegetais como combustível. No entanto,

devido à grande disponibilidade de petróleo na época, utilizou-se, no motor, o

produto oleoso obtido na primeira fase do refino do petróleo, designado de óleo

diesel. O motor foi, desde então, sendo adaptado ao diesel para operar com máxima

eficiência. Porém, essa evolução inviabilizou a utilização de óleos vegetais

diretamente nos motores atuais, pois a viscosidade dos óleos causava problemas no

funcionamento dos motores (KNOTHE et al., 2006).

A diminuição das reservas de petróleo proporcionou o aumento dos preços de

seus produtos, incluindo o do óleo diesel. Esse fator, aliado às questões ambientais,

motivou pesquisas voltadas para a geração de energia a partir de combustíveis

alternativos e renováveis. Para reduzir a elevada viscosidade dos óleos vegetais,

diferentes alternativas têm sido consideradas, tais como: pirólise, micro-

emulsificação e transesterificação. Entre essas, a transesterificação é considerada

como a melhor escolha, particularmente com monoálcoois (alcoólise),

especificamente metanol ou etanol, promovendo a clivagem das moléculas de

triglicerídeos, gerando uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos dos ácidos

graxos correspondentes e glicerina como subproduto. A massa molecular desses

monoésteres é próxima à do diesel. Os ésteres de ácidos graxos obtidos são

conhecidos como biodiesel e apresentam características físico-químicas

semelhantes às do óleo diesel, podendo ser utilizados em motores do ciclo diesel

sem nenhuma modificação (KNOTHE et al., 2006).

Apesar da menor viscosidade apresentada pelo biodiesel, a presença de

glicerol em sua mistura promove a corrosão do motor, além de liberar gases

poluentes, em sua combustão. O biodiesel deve, portanto, ser purificado, até que a

concentração de glicerol em sua mistura seja reduzida a valores desprezíveis.

Grande parte do glicerol pode ser facilmente removida por decantação, entretanto

outras impurezas, tais como excesso do solvente, catalisador, metanol, tri-, di- e

monogliceróis, precisam de um processo adicional de purificação. A Tabela 1.1

apresenta os efeitos negativos causados pelos possíveis contaminantes do biodiesel

em seu armazenamento, transporte ou utilização.

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Tabela1.1. Efeitos negativos de contaminantes do biodiesel.

Contaminante Efeito negativo

Metanol Deterioração de vedações de borracha e juntas; Pontos de fulgor mais baixos (problemas no transporte, armazenamento, utilização, etc.); Menores valores de viscosidade e densidade; Corrosão de peças de alumínio e zinco.

Água

Reduz o calor de combustão; Corrosão de componentes do sistema (como tubos de combustível e bombas injetoras); Hidrólise (formação de ácidos graxos livres); Formação de cristais de gelo; Crescimento bacteriológico causando entupimento de filtros; Corrosão do tipo pite nos pistões.

Catalisador/ sabão

Danifica injetores; Problemas de corrosão nos motores; Entupimento de filtros.

Ácidos graxos livres

Corrosão de componentes vitais do motor.

Glicerídeos

Cristalização; Turbidez; Maior viscosidade; Formação de depósitos em pistões, válvulas e bocais de injeção.

Glicerol

Decantação; Problemas de sedimentação; Problemas de armazenamento; Emissão mais elevada de aldeídos e acroleína (substância tóxica); Problemas na durabilidade do motor.

Fonte: Adaptado de Atadashi et al,. 2011.

No Brasil, em 1974, foi criado o Proalcool, programa que visava a produção

de etanol a partir da cana-de-açúcar, e sua introdução, em crescentes proporções,

na gasolina. Em 2005, foi lançado o Programa Nacional de Produção e Uso do

Biodiesel, que incentivou a adição do biodiesel ao diesel de petróleo em escala

crescente. Em 2008, tornou-se obrigatória a utilização do B2, ou seja, uma mistura

de 98% de diesel de petróleo com 2% de biodiesel. Finalmente, em 2010, tornou-se

vigente a utilização do B5.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)

estabeleceu que a quantidade máxima de glicerina livre no biodiesel B100 é de

0,02% em massa. Torna-se, então, de extrema importância a aplicação de um

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processo de purificação eficiente do biodiesel.

Dentre os processos utilizados, o mais barato é o de decantação, pois o

glicerol, sendo mais denso que o biodiesel, decanta facilmente e também arrasta

outras impurezas presentes na mistura. Após a decantação, é efetuada a lavagem

com água, numa proporção de 3 g de água para cada g de óleo. Porém, este

processo, apesar de barato e eficiente, é muito lento e gera um volume muito grande

de efluente, tornando necessária a busca por processos alternativos de separação.

A purificação do biodiesel pode, também, ser feita por adsorção. Neste

processo, adsorventes são usados em torres de adsorção, por onde o biodiesel

passa com vazão controlada. O glicerol fica adsorvido e o biodiesel flui com baixa

concentração de impurezas. Os resultados obtidos nesse processo são satisfatórios,

e estuda-se a possível reutilização dos adsorventes, dependendo de sua capacidade

de regeneração.

Outro processo pelo qual o biodiesel pode ser separado do glicerol é o de

microfiltração com membranas cerâmicas, pelas quais o biodiesel atravessa e o

glicerol fica retido. Deve-se, porém, fazer um estudo da utilização da temperatura do

óleo durante o processo, da pressão exercida, do diâmetro dos poros da membrana

utilizada e a dependência do álcool usado na reação de obtenção do biodiesel, para

se obter o melhor rendimento do processo. Se satisfatório quanto à qualidade da

separação, este processo poderá ser muito vantajoso, pois é de baixo custo e rápida

execução.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar os processos de

separação de biodiesel e glicerol pelos métodos de lavagem a seco, com uso de

adsorventes e membranas cerâmicas. Foram avaliadas as variações desses

métodos comparando as vantagens e possibilidades de cada tipo de aplicação.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta revisão bibliográfica será dado um breve enfoque nos principais temas

relacionados com o trabalho a ser desenvolvido, iniciando-se pela descrição das

etapas do processo de obtenção de biodiesel dando ênfase a etapa de purificação

do biodiesel.

2.1. Produção de biodiesel

A produção de biodiesel vem crescendo cada vez mais no Brasil. Como

publicado pela ANP no Boletim Mensal de Biodiesel de fevereiro de 2012, o país

possui 65 plantas produtoras de biodiesel autorizadas para operação,

correspondendo a uma capacidade total autorizada de 19.397,95m³/dia. Esse

crescente desenvolvimento da indústria no país favorece também o crescimento das

pesquisas para obtenção de biodiesel de qualidade aceitável pela legislação,

visando uma maior economia e um menor impacto ambiental (ANP, 2012).

O processo de produção de biodiesel, partindo de uma matéria-prima graxa

qualquer, envolve as etapas operacionais mostradas na Figura 2.1.

Figura 2.1. Fluxograma do processo de produção de biodiesel

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2.2. Etapas envolvidas no processo de obtenção de biodiesel

2.2.1. Preparo da matéria-prima

A qualidade da matéria-prima influencia no produto final. É necessário que a

matéria-prima tenha o mínimo de umidade e de acidez, o que é possível

submetendo-a a um processo de neutralização, por meio de uma lavagem com uma

solução alcalina de hidróxido de sódio ou de potássio, seguida de uma operação de

secagem ou desumidificação. A umidade deve ser baixa, pois promove a hidrólise

dos óleos e gorduras formando ácidos graxos livres, que, por sua vez, levam à

formação de sabões quando neutralizados. A especificidade do tratamento depende

da natureza e das condições da matéria-prima selecionada para o processo.

2.2.2. Reação de transesterificação

A produção de biodiesel mais amplamente empregada na indústria se baseia

na reação de alcoólise, também denominada transesterificação, de triglicerídeos

com um álcool de cadeia curta, frequentemente o metanol (Figura 2.2). A alcoólise

utiliza catalisadores homogêneos, ácidos ou básicos, para a cisão de moléculas de

triglicerídeos, produzindo três moléculas de monoésteres alquílicos de ácidos graxos

e uma molécula de glicerol a cada triglicerídeo consumido (KNOTHE et al., 2006).

+O

O

O

O

R

O

R

O

R

O

O R

RR OH +

OH

OH

OH3 3Catalisador

T

GlicerinaTriacilglicerol Álcool Ésteres alquílicos(Biodiesel)

R: cadeia alquila com diferentes comprimentos e/ou graus de saturação

Figura 2.2. Reação global de transesterificação de triglicerídeos

Os álcoois mais comuns para a produção de biodiesel são o metanol e o

etanol. Na maioria das vezes, o metanol é utilizado para a reação de

transesterificação, o que torna o biodiesel composto por ésteres metílicos apenas

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90% renovável, enquanto o uso de etanol, se originado por via fermentativa, confere

à mistura resultante de ésteres etílicos um caráter totalmente renovável (LAPUERTA

et al., 2008).

O metanol é amplamente utilizado, pois é mais reativo, geralmente tem menor

custo e solubiliza facilmente catalisadores alcalinos, que são mais comumente

empregados em rotas de produção de biodiesel. Todavia, seu baixo ponto de

ebulição, aliado aos vapores inodoros e incolores remete a sérios riscos de

explosão. O metanol tem toxicidade muito elevada, podendo ser absorvido através

da pele, além de ser inteiramente solúvel em água, de modo que qualquer tipo de

vazamento representa problemas à saúde e ao ambiente (BOUAID; MARTINEZ;

ARACIL, 2009).

O etanol é mais seguro de manusear, produzindo vapores muito menos

tóxicos do que os associados ao metanol, passíveis de inalação. Destaca-se que os

ésteres etílicos contêm maior número de cetano e poder calorífico (BOUAID;

MARTINEZ; ARACIL, 2009). Contudo, o etanol favorece a presença de emulsões no

meio reacional, apresenta dificuldade de ser recuperado e, em conjunto com água,

forma uma mistura azeotrópica (BRUNSCHWIG, MOUSSAVOU; BLIN, 2012).

A maior competitividade do etanol é encontrada no Brasil e na Índia, mas a

escassez de recursos fósseis para a produção de metanol futuramente pode ampliar

as vantagens relativas ao custo do etanol. O aumento de massa e volume promovido

pelos ésteres etílicos, de cadeias maiores, podem compensar gastos adicionais,

dado que há um acréscimo de massa de 5% entre os derivados metílicos e os

etílicos. Álcoois maiores também possuem maior solubilidade em óleo e produzem

um biodiesel com temperatura de cristalização menor (NIELSEN; BRASK;

FJERBAEK, 2008).

Para que ocorra a reação é importante monitorar as três etapas consecutivas

e a reversibilidade da reação (Figura 2.3). Na primeira etapa ocorre a conversão do

triglicerídeo para diglicerídeo, seguido pela conversão do diglicerídeo para

monoglicerídeo, e do monoglicerídeo para glicerol, fornecendo uma molécula de

éster de cada glicerídeo, a cada etapa (INNOCENTINI, 2007).

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Figura 2.3. Transesterificação de triglicerídeos com álcool. Três reações consecutivas e reversíveis. R’, R’’ e R’’’, representam grupos alquila.

Alguns parâmetros que se deve levar em conta em uma reação de

transesterificação, são: o efeito da razão molar, temperatura e tempo de reação e o

tipo de catalisador. Para a realização da transesterificação, é necessário utilizar um

excesso de álcool a fim de aumentar a eficiência do processo. Nessa etapa se

formam duas fases: a glicerina e o biodiesel. Após a separação entre as fases, o

biodiesel deve ser purificado antes de sua utilização em motores. A glicerina pode

ser recuperada, o que aumenta a lucratividade desse processo, pois tem um alto

valor agregado (ATADASHI et al., 2011).

Quanto maior a razão entre álcool e óleo empregada na reação de

transesterificação, maior a conversão obtida. No entanto, a razão ótima é da ordem

de 6:1, pois um grande excesso de álcool não aumenta significativamente a

conversão (que é de 98-99%) e dificulta o processo de purificação (AGARWAL,

2007). Como descrito por Gomes, Arroyo e Pereira (2011), o tipo de álcool utilizado

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é outro fator que interfere tanto na conversão da reação quanto na facilidade da

separação de glicerol e biodiesel. Tendo o metanol menor tamanho de molécula que

o etanol, ele é capaz de reagir, com maior facilidade, às três cadeias do

triacilglicerol, simultaneamente, reduzindo as concentrações dos intermediários

(mono e diacilgliceróis) formados. Como esses intermediários têm grupos hidroxila

polares e grupos apolares de longas cadeias carbônicas, eles colaboram com a

formação de emulsões, já que a reação é conduzida sob agitação mecânica para

promover a transferência de massa da mistura de reagentes (álcool e óleo). Assim,

no caso da metanólise, as emulsões se quebram rápida e facilmente, formando uma

camada inferior rica em glicerol e uma camada superior rica em ésteres metílicos.

No caso da etanólise, essas emulsões são mais estáveis, e a etapa de purificação

dos ésteres se torna mais difícil.

O emprego de catalisadores ácidos promove uma reação lenta quando

comparada às reações que empregam catalisadores básicos, além de promover

menor conversão dos triglicerídeos em ésteres. Portanto, catalisadores básicos,

como hidróxido ou metóxido de sódio ou potássio, são utilizados em maior escala.

Porém, estes catalisadores promovem a formação de sabões, que, devido à

polaridade, se dissolvem na fase polar da mistura e aumentam a solubilidade do

glicerol no biodiesel, aumentando, assim, a miscibilidade entre as duas substâncias.

Além de dificultar o processo de decantação, os sabões diminuem a conversão da

reação, uma vez que parte do combustível obtido é perdida em emulsões formadas.

Métodos alternativos desenvolvidos para efetuar a reação de transesterificação, de

modo a contornar o problema da formação de sabões, são geralmente aqueles que

utilizam catálise não alcalina (ATADASHI et al., 2011).

Um método alternativo é o uso de catalisadores heterogêneos, como

catalisadores químicos ou enzimáticos, que tem sido estudado para diminuir o custo

e consumo de energia na etapa de purificação do biodiesel. Os catalisadores

heterogêneos não são consumidos ou dissolvidos durante a transesterificação, são

recicláveis e facilmente separados do biodiesel, limitando impurezas no produto,

reduzindo a formação de sabões e, então, facilitando a etapa de purificação (ZABETI

et al., 2009). Isso resulta em menor custo global do processo, devido ao menor

consumo de água, energia, solventes e ácidos.

Outra alternativa é o método supercrítico de metanol, que consiste na

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realização da reação de transesterificação a elevadas temperaturas, pressão e razão

molar álcool/óleo, sem uso de catalisador. O método foi estudado por Kusdiana e

Saka (2001), que consideraram a temperatura de 350ºC e razão molar entre álcool e

óleo de 42:1 como as melhores condições para o processo de produção de biodiesel

livre de catalisadores. Como resultado, o método proporcionou boa conversão e o

produto foi facilmente recuperado, tendo em vista que foi eliminada a etapa

separação de catalisadores e não houve formação de sabões.

2.2.3. Purificação do biodiesel

A separação de glicerol e biodiesel, bem como a separação de outras

impurezas do produto final, é de grande importância para a produção de um

combustível que satisfaça as normas nacionais estabelecidas, garantindo maior

desempenho no seu uso, bem como protegendo os motores de possíveis danos.

O método de purificação mais simples é o processo de decantação (Figura

2.4). Sendo glicerol e biodiesel imiscíveis, a mistura apresenta duas fases, das quais

a do glicerol é a mais densa. No processo, a decantação do glicerol arrasta outras

impurezas como álcool e catalisador, por estas, de caráter polar, também serem

imiscíveis no biocombustível.

Figura 2.4. Processo de decantação e purificação do biodiesel.

Para acelerar o processo, pode ser aplicado o método da centrifugação, mas

o uso de centrífugas consome energia, tornando o processo mais caro. A etapa de

decantação pode durar entre 1 a 8 horas, porém, o biodiesel obtido ainda pode

apresentar teores elevados de impurezas quando comparado às concentrações

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estabelecidas pelas normas nacionais.

A redução de impurezas no biodiesel pode ser alcançada aplicando-se novas

etapas de purificação, posteriores à decantação. Tradicionalmente, o método mais

usado para separar álcool e glicerol do biodiesel é o método de purificação por via

úmida, que consiste na utilização de solventes para extrair impurezas da mistura.

Sendo o glicerol e o metanol altamente solúveis em água, a aplicação de água

deionizada como solvente é mais comum.

No processo de lavagem com água deionizada, água a quente é adicionada à

mistura do biodiesel bruto, com agitação lenta para evitar-se a formação de

emulsões. Em seguida, a mistura é deixada em repouso até obter-se boa separação

de fases por decantação, o que pode ocorrer em 2 horas. As duas fases obtidas são

separadas por funil de separação. O processo é repetido até obter-se água de

lavagem incolor, e os resíduos de água são removidos do biodiesel, após a última

repetição de lavagem, por destilação e evaporação. O processo é simples e barato,

mas, por ser feito em várias etapas de lavagem, é lento e gera grandes volumes de

efluentes com elevados pH e teor de sólidos (ATADASHI et al., 2011).

O excesso de álcool pode ser removido anterior ou posteriormente às etapas

de lavagem para prevenir a presença de álcool nos efluentes gerados. O álcool

residual se apresenta distribuído, tanto na fase rica em ésteres, quanto na fase rica

em glicerol, e tende a agir como solvente, o que torna o processo de separação das

fases mais difícil e demorado. Desta forma, a remoção do álcool é, geralmente, feita

antes do processo de lavagem, o que não é recomendado por alguns autores devido

à reversibilidade da reação de transesterificação (GOMES; ARROYO; PEREIRA,

2011). A quantidade de água necessária para se efetuar uma lavagem, que resulte

em boa separação, também pode ser reduzida se não formarem-se emulsões no

processo.

A utilização de matérias-primas refinadas e o emprego de quantidades

moderadas de catalisador na reação de transesterificação são cuidados geralmente

tomados a fim de evitar-se a presença de sabões na mistura do biodiesel a ser

purificado. Ácidos podem ser adicionados à lavagem com água para neutralizar o

catalisador e converter o sabão formado em ácidos graxos livres e sais solúveis em

água, reduzindo, assim, a tendência emulsificante da solução.

A agitação também influencia na formação de emulsões, e deve ser lenta ou

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até evitada. Saifuddin e Chua (2004) efetuaram o processo de lavagem colocando o

biodiesel bruto em um cilindro e adicionando água através de um spray de água

colocado no topo. A mistura foi aquecida, por um breve período de tempo, por

irradiação de micro-ondas para acelerar o processo. As gotículas de água,

adicionadas lentamente à mistura, removeram catalisador e álcool por percolação, e

se acumularam na parte inferior do cilindro, de onde foram retiradas posteriormente.

Segundo esses autores, 18% dos ésteres formados podem ser perdidos em

emulsões quando há presença de sabões na mistura.

Solventes orgânicos também podem ser utilizados na purificação por via

úmida, já que o biodiesel é solúvel em compostos apolares, diferentemente do

glicerol e do metanol. Éter de petróleo é usado para extrair o biodiesel da mistura,

após separação inicial por decantação. Elimina-se o álcool da mistura por

evaporação, e o catalisador por filtração, quando sólido, ou neutralização por adição

de ácidos, quando líquido. O solvente orgânico é adicionado ao biodiesel juntamente

com água, formando um sistema bifásico, do qual a fase polar é removida. A fase

apolar é lavada com água, e, após secagem, o biodiesel é separado do éter de

petróleo por destilação ou evaporação a vácuo.

Pelo baixo custo, simplicidade e eficiência, o método de purificação por via

úmida é largamente aplicado na produção de biodiesel. A grande desvantagem do

método é o grande volume de efluentes gerado, que pode ser contornado com a

aplicação de métodos de purificação por via seca, os quais não utilizam grandes

volumes de água para lavar o biodiesel, e estão sendo desenvolvidos e aplicados

em menores escalas.

Um dos métodos de purificação, alternativos ao método por via úmida, é o

método da lavagem a seco, que consiste no uso de adsorventes para remover

impurezas do biodiesel. Tais adsorventes possuem sítios de adsorção básica e

ácida, tendo forte afinidade a compostos polares. Após a adição destes à mistura,

efetua-se uma filtração que os retém, obtendo-se um biodiesel com baixas

concentrações de impurezas.

Resinas de troca iônica, apesar de serem vendidas como resinas, agem como

adsorventes e também são usadas no método de lavagem a seco. Elas são

compostas por uma matriz insolúvel, na forma de pérolas de 1 a 2 mm de diâmetro,

fabricadas de polímeros orgânicos. No processo, a mistura de biodiesel passa por

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uma coluna contendo resinas enquanto uma bomba controla a vazão. As resinas

extraem glicerol e água com eficiência, juntamente com sais, sabões e catalisadores,

mas não tem muito sucesso na remoção de metanol.

O outro processo alternativo de purificação de biodiesel é a microfiltração com

membranas cerâmicas, que é um processo bastante empregado em purificação de

água, separação de proteínas e separação de gases. Membranas são barreiras

semipermeáveis que separam diferentes espécies, em solução, pela passagem

restrita de alguns componentes da mistura de maneira seletiva. A separação com

membranas é essencialmente um processo baseado em exclusão por tamanho

conduzido sob pressão (ATADASHI et al., 2011). Assim, como mostrado na Figura

2.5, diferentes componentes são separados de acordo com seus tamanhos de

partícula e formatos ou pesos moleculares de componentes individuais, sendo o

modo de operação de cada componente dependente de suas interações com a

superfície da membrana e outros componentes da mistura.

Figura 2.5. Representação da separação por exclusão por tamanho Fonte: Adaptado de Gomes, Arroyo e Pereira, 2011.

O uso de membranas cerâmicas é mais adequado ao processo de

microfiltração. Membranas orgânicas e poliméricas, em solventes orgânicos (como

no caso da purificação do biodiesel) podem expandir resultando em mudanças de

tamanho de poro a curto ou longo prazo. Por isso, membranas cerâmicas têm maior

tempo de vida útil que membranas orgânicas.

A purificação de biodiesel com membranas pode ser executada após a reação

de transesterificação, ou durante o processo. As membranas podem ser adaptadas

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aos reatores, formando reatores de membrana, que separam o glicerol do biodiesel

assim que ele é formado, o que, além de purificar o biodiesel, auxilia na obtenção de

maior conversão da reação.

Taketa et al. (2009) conduziram um estudo da produção do biodiesel,

promovendo a separação de glicerol e biodiesel com membranas cerâmicas. Os

autores obtiveram resultados que demonstraram a possibilidade de utilização do

processo com membranas como uma nova rota de separação na produção do

biodiesel.

2.3. Propriedades do biodiesel

As propriedades dos ésteres graxos que constituem o biodiesel determinam

as propriedades finais do combustível. Estas propriedades são determinadas pelas

características estruturais das moléculas do ácido graxo e do álcool que geram o

éster. Algumas das características estruturais que influenciam as propriedades do

biocombustível originado a partir de uma molécula de éster são: o comprimento da

cadeia, o grau de insaturação e a presença de ramificações (KNOTHE et al., 2006).

A análise destas características são fatores determinantes para a obtenção de

um biocombustível de alta qualidade, sendo que as análises químicas e físicas são

conduzidas por metodologias variadas, como por exemplo: parâmetros de cor,

massa específica à 20ºC, teor de enxofre, resíduo de carbono, número de cetano,

índice de acidez, entre outras.

No Brasil, por meio da Portaria 255 de 15/09/03, a ANP estabeleceu as

especificações iniciais para o biodiesel puro a ser adicionado no óleo diesel

automotivo para testes em frotas cativas ou para uso em processo industrial

específico nos termos da Portaria 240 de 25/08/03. Posteriormente, a especificação

definitiva para o biodiesel foi publicada na Portaria 42 (KNOTHE et al., 2006).

Em 2010 foi promulgada a resolução ANP nº 4 que alterou o parágrafo único

do art. 1º, o item 2.1 Métodos ABNT e a tabela do Regulamento Técnico ANP n°

1/2008, todos dispositivos da Resolução ANP nº 7/08, que dispõe sobre a

especificação do biodiesel (ANP, 2012). A Tabela 2.1 apresenta o Regulamento

Técnico ANP nº 1/2008 atualizada de acordo com a nova especificação do biodiesel.

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Tabela 2.1. Especificações do biodiesel segundo Resolução ANP Nº 4

A especificação brasileira é similar à européia e americana, com alguma

flexibilização para atender às características de matérias-primas nacionais. Alguns

itens possuem a informação “anotar”, significando que a ANP não estabeleceu um

Característica Unidade Limite Norma

ABNT NBR

ASTM D EN/ISO

Aspecto - LII - - -

Massa específica a 20º C kg/m3 850-900

7148 14065

1298 4052

EN ISO 3675 EN ISO 12185

Viscosidade Cinemática a 40ºC

mm2/s 3,0-6,0 10441 445 EN ISO 3104

Teor de água, máx. mg/kg 500 - 6304 EN ISO 12937

Contaminação total, máx.

mg/kg 24 - - EN ISO 12662

Ponto de fulgor, mín. ºC 100,0 14598 93 EN ISO 3679

Teor de éster, mín. % massa 96,5 15342 - EN 14103

Resíduo de carbono % massa 0,050 - 4530 -

Cinzas sulfatadas, máx. % massa 0,020 6294 874 EN ISO 3987

Enxofre total, máx. mg/kg 50 5453 EN ISO 20846 EN ISO 20884

Sódio + Potássio, máx. mg/kg 5 15554 15555 15553 15556

- EN 14108 EN 14109 EN 14538

Cálcio + Magnésio, máx. mg/kg 5 15553 15556

- EN 14538

Fósforo, máx. mg/kg 10 15553 4951 EN 14107

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 ºC, máx.

- 1 14359 130 EN ISO 2160

Número de Cetano - Anotar - 613 6890

EN ISO 5165

Ponto de entupimento de filtro a frio, máx.

ºC 19 (9) 14747 6371 EN 116

Índice de acidez, máx. mg KOH/g

0,50 14448 664 EN 14104

Glicerol livre, máx. % massa 0,02 15341 6584

EN 14105 EN 14106

Glicerol total, máx. % massa 0,25 15344 6584

EN 14105

Mono, di, triacilglicerol % massa Anotar 15342 15344

6584 EN 14105

Metanol ou Etanol, máx. % massa 0,20 15343 - EN 14110

Índice de Iodo g/100g Anotar - - EN 14111

Estabilidade à oxidação a 110ºC, mín.

h 6 - - EN 14112

Fonte: ANP, 2012 Norma publicada em 2.2.2010

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valor máximo ou mínimo. Nas análises, esses campos devem ser anotados para

referência. Existem vários motivos para a ANP se posicionar dessa maneira, em se

tratando de viscosidade (a mistura B20 deve atender a viscosidade especificada

para diesel) e do índice de iodo (indicador de ligações duplas e, portanto do nível de

insaturação do biodiesel). Isto visa não criar obstáculos à utilização de algumas

matérias-primas, como a mamona (viscosidade elevada) ou a soja e o girassol

(elevado teor de ácido linoleico, poliinsaturado e, portanto com alto índice de iodo).

2.4. Purificação de biodiesel por via seca (adsorção)

A adsorção é caracterizada como uma operação unitária envolvendo contato

entre sólido e fluido, resultando na transferência de massa da fase compreendida

pelo fluido para a superfície da fase da porção sólida. Portanto, integra um sistema

bifásico que aproveita a tendência de alguns tipos de sólidos em acumular,

superficialmente, compostos presentes em fluidos para separar esses compostos do

fluido, já que algumas das moléculas que constituem o fluido migram para a interface

do sistema por forças de atração na superfície do adsorvente. O rendimento de

adsorção depende de diversos fatores, entre os quais, pH, área superficial,

temperatura, pressão e polaridade dos compostos envolvidos (GOMIDE, 1988).

A impregnação na superfície do adsorvente é favorecida quando há a

ocorrência de forças de atração entre o sólido e moléculas do fluido, sendo a

intensidade de tais forças ligada à configuração de átomos da superfície do sólido.

Na ocasião de posições atômicas incomuns na superfície do sólido, em relação ao

posicionamento de átomos no interior do mesmo, há um desequilíbrio de energia no

sólido que necessita ser compensado. A resultante é uma força com sentido para o

interior do sólido, que pode manter moléculas de diferente polarização. A

neutralização molecular da ação de tal força origina uma energia superficial, o que

determina o processo adsortivo (RUTHVEN, 1997).

A energia promove ligações de variadas intensidades. Havendo ligações

fortes, a retenção de moléculas na superfície se dá até a saturação de sítios ativos,

formando uma monocamada adsortiva por reações químicas, o que caracteriza a

quimissorção (adsorção química), a exemplo da interação de sólidos iônicos e

moléculas fortemente polares. Devido à dificuldade de reversão do processo, que

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aplica mudanças drásticas nas condições superficiais de pH, esta sorção é pouco

visada industrialmente. Ocorrendo ligações fracas, acontece a fisissorção (adsorção

física). A fisissorção permite a formação de camadas moleculares sobrepostas,

sendo um processo reversível, cuja modificação de temperatura ou pressão libera o

composto adsorvido (FOUST et al., 1982).

Durante a adsorção, há a liberação de calor, indicando que o processo é

exotérmico. Os materiais sólidos utilizados são porosos, cujos poros podem estar

interconectados (Figura 2.6) e atingir escalas nanométricas, com o objetivo de

expandir a área de superfície de contato por unidade de volume entre o soluto

(adsorbato) e o sólido (adsorvente). Materiais comercializados para adsorção, em

formatos variados como grânulos, esferas, cilindros e flocos contêm áreas

superficiais específicas em intervalos de 300 a 1200 m2/g (SEADER; HENLEY,

2006).

Figura 2.6. Representação gráfica de adsorção em poros do material sólido. Fonte: Adaptado de Seader; Henley (2006).

O processo de adsorção é definido pelo princípio da seletividade, que é

definida como a razão entre a capacidade de adsorção de um adsorvente a um

componente e a capacidade em relação a outro componente, para uma dada

concentração de fluido. Para efetuar um processo de adsorção eficiente e

satisfatório é necessário utilizar um adsorvente adequado, que tenha alta

seletividade e capacidade de adsorção, sendo ideal que o componente em maior

quantidade, na mistura, não seja facilmente adsorvido.

Existem vários tipos de adsorventes, como adsorventes inorgânicos,

orgânicos e poliméricos (resinas). Eles podem ser classificados, quanto ao diâmetro

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de seus poros, como adsorventes microporosos, mesoporosos e macroporosos

(VASQUES, 2010).

2.4.1. Carvão ativado

O carvão ativado é um adsorvente proveniente da decomposição térmica de

material carbonáceo, seguido por ativação com vapor ou dióxido de carbono a altas

temperaturas (700 a 1100ºC), que serve para aumentar o número de poros deste

material. A variedade das dimensões de poros é elevada, no intervalo de medida de

ångströms (Å) em microporos a micrômetros (µm) em macroporos. Diferenças entre

carvões ativados vêm das matérias-primas escolhidas e das condições de preparo,

que são as temperaturas de pirólise em atmosfera inerte e o tipo de ativação

(MCNEILL; KAKUDA; KAMEL, 1986; NAKAGAWA et al., 2003).

Visando a produção de carvões com maior capacidade de adsorção, ou para

aplicações específicas, é possível realizar modificações químicas (por oxidações

com HNO3 ou H2O2, por exemplo) ou térmicas (VASQUES, 2010).

2.4.2. Zeólitas

Zeólitas são alumino silicatos cristalinos porosos, com tamanho de poros

uniforme, cuja estrutura é composta por uma rede tridimensional de tetraedros de

SiO4 e AlO4. Existem zeólitas naturais e sintéticas, sendo que mais de 30 tipos de

cristais de zeólitas já foram encontrados em minas naturais, e muitos tipos podem

ser sintetizados industrialmente (VASQUES, 2010).

O poder de adsorção das zeólitas depende da proporção Si/Al. Zeólitas ricas

em alumínio apresentam alta afinidade por água e outras moléculas polares,

enquanto que as sílicas microporosas são essencialmente hidrofóbicas e têm mais

afinidade por n-parafinas. Zeólitas com diferentes aplicações podem ser produzidas

dependendo da razão Si/Al, sendo que a transição de propriedades hidrofílicas para

hidrofóbicas normalmente ocorre a uma razão entre 8 e 10.

As zeólitas apresentam várias propriedades que as tornam importantes, como

caráter microporoso com dimensão de poro uniforme, seletividade de adsorção pelo

tamanho molecular, propriedades de troca iônica, acidez, estabilidade térmica e

facilidade de ser regenerada (VASQUES, 2010).

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2.4.3. Sílica gel

A sílica gel é um tipo de polímero inorgânico composto por grupos siloxanos

(Si-O-Si) em seu interior e grupos silanóis (Si-OH) cobrindo toda sua superfície. A

distribuição de densidade eletrônica desigual nesses últimos grupos faz com que os

mesmos manifestem um comportamento ácido. Assim, os sítios ácidos, distribuídos

aleatoriamente, são os responsáveis pelo controle da reatividade que ocorre na

superfície da sílica (VASQUES, 2010).

2.4.4. Alumina ativada

A alumina ativada é produzida a partir da desidratação térmica do hidróxido

de alumínio, resultando em um material composto de óxido de alumínio (Al2O3)

apresentando elevada área superficial com distribuição de macro e micro poros.

As dimensões dos microporossão determinadas pelo empacotamento de

partículas primárias, sendo os microporos e alguns mesoporos resultantes das

lacunas entre elas (VASQUES, 2010).

2.4.5. Purolite® PD 206

O Purolite® PD 206 é uma resina de troca iônica insolúvel, na forma de

esferas rígidas escuras (Figura 2.7), capaz de adsorver quantidades consideráveis

de água, metanol, glicerina e catalisador a baixas temperaturas (25ºC). É adequada

para aplicações contínuas, em leito fixo, utilizando-se duas colunas de adsorção a

temperatura ambiente com volume de vazão três vezes maior que o volume de

resina utilizado, por hora.

Figura 2.7. Purolite® PD 206: Exemplo de adsorvente usado

na purificação do biodiesel.

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2.4.6. Silicato de Magnésio

Segundo Taspinar e Ozgul-Yucel (2008), o silicato de magnésio sintético é um

pó branco insolúvel e amorfo com grande área superficial. Silicato de Magnésio

hidratado, MgO.nSiO2.xH2O,é vendido no mercado por diferentes nomes, como

Magnesol®, que apresenta em sua superfície sítios ativos que adsorvem os

compostos baseados em suas polaridades químicas e propriedades ácidas e

básicas. Silicato de magnésio calcinado é usado como adsorvente em cromatografia,

sendo conhecido como Florisil. A produção de silicato de magnésio sintético tem

sido feita pela reação de soluções de silicato de sódio com sais de magnésio.

2.5.7. Cinzas de casca de arroz

A casca de arroz, resíduo do produto do grão de arroz, é utilizada na geração

de energia através de sua combustão, o que gera cinzas como resíduo. As cinzas da

casca de arroz produzidas por incineração na faixa de 500-700ºC são ricas em sílica

amorfa (contendo aproximadamente 95% de sílica) e possuem estrutura porosa com

grande área superficial, tornando-se um recurso renovável de sílica e podendo a

substituir em processos de purificação de biodiesel (FACCINI, 2008).

2.5.8. Argila Bentonítica

Compostos argilosos são formados, principalmente, por silicatos hidratados

de alumínio, ferro e magnésio. São materiais naturais, terrosos, de granulação fina e

tem a plasticidade como característica, quando umedecidos com água e tracionados.

Segundo Caldas Júnior (2007), as argilas bentoníticas são as que contêm a

maior porcentagem de montmorilonita, que é definida como sendo um silicato natural

hidratado de alumínio originado pela alteração de rochas de cinzas vulcânicas. As

argilas, do tipo bentonita, são minerais lamelares constituídos por duas camadas

tetraédricas de silicatos, com uma camada central octaédrica, e são encontradas em

dois tipos: as que expandem que têm a propriedade de aumentar em 20 vezes o seu

volume a partir de seca, e as que não expandem.

A extração da argila é manual ou mecânica, e pelo fato dela possuir baixo teor

de impurezas, como quartzo ou mica, ela pode ser seca, britada e moída, em

moinhos de bolas, até alcançar a granulometria desejada.

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3. DESENVOLVIMENTO

Diante do objetivo de avaliar os processos de purificação do biodiesel por via

seca, o desenvolvimento deste trabalho foi ordenado em três etapas: a aquisição de

informações, através de artigos e teses publicados por outros autores; o tratamento

das informações, com a construção de tabelas comparativas baseadas nas

informações obtidas e a análise crítica dos dados obtidos.

3.1. Aquisição de informações

3.1.1. Processos de purificação por adsorção

A purificação de biodiesel por lavagem a seco pode ser efetuada com o uso

de silicatos (Magnesol ou Trisyl), resinas de troca iônicas (Amberlite ou Purolite),

celulose, argila ativada, carbono ativado, fibra ativada, entre outros. Esses

adsorventes consistem em sítios de adsorção ácida e básica, tendo forte afinidade

por compostos polares como metanol, glicerina, glicerídeos, metais e sabão. Essa

técnica é seguida pelo uso de um filtro para possibilitar que o processo seja mais

efetivo e eficiente. Lavagem a seco é normalmente conduzida a 65ºC e o processo é

quase totalmente completado em 20 a 30 minutos.

Durante a etapa de lavagem, os teores de glicerídeos e glicerol total no

biodiesel bruto são reduzidos a níveis razoáveis. Além disso, o processo tem a

vantagem de não usar água, ter forte afinidade a compostos polares, facilidade de

integrar uma planta existente, apresentar tempo de purificação significativamente

menor que a lavagem com água e não gerar efluentes.O uso de Magnesol, resinas

de troca iônica e outros adsorventes como argila ativada, carvão ativado e fibra

ativada, são descritos a seguir.

3.1.1.1. Magnesol

A neutralização das impurezas do biodiesel foi efetuada por lavagem a seco

(Magnesol ou uma resina de troca iônica), conforme dados descritos por Cooke e

colaboradores (ATADASHI et al, 2011). Os autores comparam a eficiência das

técnicas de lavagem do biodiesel por via úmida e seca em escala industrial. O

tratamento do biodiesel bruto com Magnesol, um silicato de magnésio sintético,

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requereu 1,5-3,0% em massa de biodiesel sob intensa agitação. A mistura foi filtrada

usando filtro de tecido de algodão (tamanho 5μm) e filtro comum de 1μm para

conduzir o processo final de filtração. O produto final foi polido em filtro de tamanho

0,45μm ou 0,55μm antes de ser usado como combustível. Os resultados obtidos

demonstraram que processo de purificação do biodiesel com Magnesol atendeu os

padrões de qualidade das normas internacionais EN14214 e ASTM D6751.

Faccini (2008) realizou a purificação de biodiesel pelos processos por via

úmida e via seca. A autora sintetizou biodiesel a partir de óleo de soja, utilizando

razão molar de 6:1 metanol/óleo vegetal. KOH foi usado como catalisador numa

quantidade de 1,5% (m/m). Antes de realizar os processos de purificação, o

biodiesel foi aquecido a 90ºC por 10 minutos para evaporação do metanol residual.

Amostras do biodiesel obtidas foram purificadas utilizando diferentes adsorventes e

sistemas.

Pelo método de purificação por via seca, foram feitos tratamentos em

batelada, utilizando Magnesol®, Amberlite BD10 DRY®, Purolite PD206® e Sílica

como adsorventes, e purificação em leito fixo, testada apenas com Magnesol®. Nos

processos em batelada a amostra foi aquecida a 75ºC e adicionado diretamente 1%

ou 2% do adsorvente em relação à massa de biodiesel. Após 15 minutos o biodiesel

foi filtrado em funil simples com papel filtro para a retirada do adsorvente. Para o

processo em leito fixo, 1% do adsorvente foi colocado em uma coluna de vidro

encamisada, mantido a 60ºC forçando o biodiesel a passar pela mesma.

As amostras de biodiesel purificado e não purificado foram analisadas quanto

ao índice acidez, índice de iodo, teor de potássio, sabão, teor de água, teor de

metanol e teor de ésteres. Foram realizadas ainda análises para determinação de

glicerina livre e ligada para amostras de biodiesel não purificada, purificada com

lavagem ácida, purificado com 1% de Magnesol®, purificada com 2% de Sílica e

purificada com Magnesol® em leito fixo.

Os resultados das purificações efetuadas com 1% de Magnesol, 2% de Sílica

e por via úmida estão representados na Tabela 3.1.

Os dois processos de purificação por adsorção em fase sólida promoveram

bons resultados, com vantagem no tempo de análise e na redução de resíduos

aquosos. Foi ainda verificado que o Magnesol® representa uma economia

considerável porque com a utilização de apenas 1% deste material em relação à

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massa de biodiesel, obtém-se um produto com aceitação e especificado de acordo

com as normas brasileiras. Além disso, a amostra do adsorvente contaminado pode

ser utilizada como corretivo de solo (adubo), pois todos os componentes

encontrados são biodegradáveis ou úteis no enriquecimento do solo.

Tabela 3.1. Comparação entre o biodiesel não purificado, purificado com lavagem ácida, purificado com 1% de Magnesol® e purificado com 2% de Sílica

Biodiesel não

purificado

Biodiesel purificado

Lavagem ácida

1% Magnesol® 2% Sílica

Teor de metanol (%) 2,1 ± 0,1 0,01 ± 0,0 0,6 ± 0,1 0,5 ± 0,1

Glicerina total (%) 0,54 0,36 0,34 0,39

Glicerina livre (%) 0,26 0,01 0,02 0,03

Monoacilgliceróis (%) 0,14 0,15 0,15 0,16

Diacilgliceróis (%) 0,05 0,07 0,06 0,07

Triacilgliceróis (%) 0,09 0,13 0,11 0,13

n=3

Fonte: Adaptado de Faccini, 2008.

A autora concluiu que os procedimentos de purificação usados, tanto por via

úmida quanto por via seca em batelada (com 1% de Magnesol® e 2% de Sílica),

produziram um biodiesel com qualidade aceita pela especificação brasileira. Os

procedimentos utilizando Purolite PD 206® e Amberlite BD10 DRY® também

apresentaram resultados satisfatórios, exceto pelo teor de sabões e potássio. O

processo de purificação de biodiesel pelo uso de adsorventes apresenta a vantagem

da redução drástica de efluentes aquosos e menor tempo de execução, o que torna

o processo ecologicamente correto e mais rápido. A utilização de Magnesol® em

leito fixo apresenta bons resultados, mesmo quando reutilizado, exceto para os

parâmetros de teor de água. Devido à característica expansiva do Magnesol®, sua

utilização em leito fixo é recomendável somente após um pré-tratamento para

garantir que a área da superfície tenha expandido o suficiente para absorver água.

Similarmente, Berrios e Skelton (2008) testaram o uso de Magnesol em

diversas concentrações: 0,25; 0,50; 0,75 e 1,00% a 60ºC, usando um reator

batelada, com tamanho de amostra de 200 mL, combinado com um agitador de

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velocidade variável, imerso em água, para purificar biodiesel bruto. As amostras

também foram tomadas por 10 e 20 minutos, embora o padrão de lavagem seja de

30 minutos. Uma filtração a vácuo usando funil de Büchner e ejetor de água foi

empregada para separar o produto final. Também foi usada uma centrifuga para

remover o produto intermediário. No final do processo de purificação, biodiesel com

teor de metanol de 0,51% e teor de glicerol livre de 0,03% foi obtido. No entanto, a

maior limitação do uso de Magnesol é a escassez de informações do processo, e

sua eficiência e seu desempenho são complexos.

3.1.1.2. Lavagem com resinas de troca iônica

Resinas de troca iônica são matrizes insolúveis (ou estrutura de suporte), na

forma de pequenas contas (1-2 mm de diâmetro), normalmente brancas ou

amareladas, produzida de um substrato polimérico orgânico. A aplicação de resinas

de troca iônica como adsorvente em lavagem a seco tem sido promovida pelos

produtores de resinas: Purolite (PD206) e Rohm and Haas (BD10 Dry). Purolite

(PD206) é um meio de polimento especificamente formulado para remover

coprodutos remanescentes da produção de biodiesel. Embora sejam vendidas como

materiais de troca iônica, nenhum de seus fornecedores garante sua regeneração,

pois elas agem como adsorventes.

Berrios e Skelton (2008) estudaram os efeitos das resinas de troca iônica na

purificação de biodiesel bruto. Os autores relataram que a alimentação passou

através de uma coluna de resina suportada em tubos de vidro, a vazão foi

controlada por uma bomba, e a saída da coluna foi controlada para garantir que as

resinas fossem cobertas com líquido. Eles realçaram que o carregamento inicial e o

fluxo das resinas foram baseados na recomendação da literatura comercial da R&H.

Os autores analisaram amostras, em intervalos de 2 horas, quanto ao metanol e

glicerol, e demonstraram que as resinas de troca iônica têm a capacidade de reduzir

glicerol para um valor de 0,01% em massa e remover, consideravelmente, sabão,

mas não conseguiu remover, com sucesso, metanol. Eles obtiveram um teor de

metanol de 1,14%, que é muito superior à especificação EN14214, e a adsorção de

pouco sabão indica uma restrição à alimentação contendo baixo teor de sabão. Em

geral, resinas de troca iônica oferecem bom rendimento e providenciam benefícios

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de custo na remoção de glicerina e água, remoção de sais, sabão e catalisador, bem

como erradicam a lavagem com água. No entanto, têm pouca eficiência na remoção

de metanol.

3.1.1.3. Lavagem com outros agentes de lavagem a seco

Agentes de lavagem a seco, como carvão ativado, são normalmente usados

para remover o excesso de cor do biodiesel. Para uma lavagem a seco efetiva de

biodiesel bruto, o adsorvente é canalizado num tanque com misturador do tipo pá, e

completamente misturado. Hayafuji et al. (1999) experimentaram o uso de fibras

ativadas, carvão ativado, argila ativada e argila ácida para purificar biodiesel. Além

disso, glicerina também foi usada como solvente para lavar impurezas. Os autores

afirmaram que a argila, especialmente argila ácida tratada com ácido sulfúrico, é

preferível, pois é superior nos aspectos de desalcalinização, efeito desodorante e

descolorante. Afirmaram, também, que o tamanho de grão da argila variando de 0,1

mm para 1,5 mm se adapta mais a uma purificação eficiente de biodiesel. Eles

afirmaram que argilas com menor tamanho de grão promovem um processo de

purificação superior, mas a separação após a purificação é mais difícil. No entanto,

quando o tamanho de grão da argila é maior, a separação pós-tratamento é mais

fácil, mas o processo de purificação é inferior.

Manique et al. (2012) utilizaram cinzas de casca de arroz como adsorvente na

purificação de biodiesel produzido a partir de óleo utilizado em fritura, e compararam

os resultados com a purificação, do mesmo óleo, feita com Magnesol®. Os autores

sintetizaram biodiesel a partir de óleo de fritura descartado, utilizando razão de 6:1

metanol/óleo (m/m) e 1% (m/m) de hidróxido de potássio como catalisador. Após a

reação, os ésteres obtidos foram separados do excesso de glicerina por um funil de

decantação, reservando a fase menos densa (composta de ésteres) para análise e

posterior purificação por três métodos diferentes: Lavagem ácida com água,

adsorção com Magnesol® e adsorção com cinzas de casca de arroz.

No processo de lavagem, parte do biodiesel foi transferida para um funil de

separação, e lavada com uma solução de 1% de ácido fosfórico a 55ºC. Após a

separação de fases e remoção da camada aquosa, a amostra foi lavada duas vezes

com água quente. O biodiesel resultante foi aquecido a 90ºC por 30 min para

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redução do teor água e estocado para análise.

O processo de adsorção com Magnesol® foi realizado em batelada. O

biodiesel bruto foi transferido para um Erlenmeyer contendo 1% (m/m) de

adsorvente, sob agitação constante, a 65ºC por 20 min. A amostra foi, então, filtrada

para retirar o adsorvente do biodiesel e, que foi estocado para ser analisado.

Para o processo de purificação com cinzas de casca de arroz, os autores

fizeram o mesmo procedimento da purificação com Magnesol®, mas com

concentrações de adsorvente de 1%, 2%, 3%, 4% e 5%. Após filtração, o biodiesel

resultante foi estocado para ser analisado.

Todos os processos de purificação foram feitos em duplicata. As amostras de

biodiesel, purificado e não purificado, foram analisadas, em triplicata, quanto ao teor

de ácido, metanol, glicerina livre, glicerina total, água e potássio, e os resultados

obtidos são mostrados na Tabela 3.2.

Tabela 3.2. Resultados das análises das amostras de biodiesel de acordo com o método de purificação. Método de purificação

Ácido (mgKOH/g)

Metanol (%)

Glicerina livre (%)

Glicerina total (%)

Água (mg/kg)

Potássio (mg/kg)

Não purificado 0,33 ± 0,01 0,76 0,007 0,69 ± 0,02 2265,74 0,48 Lavagem ácida 0,19 ± 0,01 0,02 0,002 0,49 ± 0,01 5516,74 0,19 Magnesol® 1% 0,25 ± 0,01 <0,01 0,00 0,50 ± 0,01 2562,50 <0,1 Cinzas 1% 0,19 ± 0,01 <0,01 0,005 0,58 ± 0,04 1381,83 <0,1 Cinzas 2% 0,13 ± 0,01 <0,01 0,004 0,51 ± 0,01 1191,61 <0,1 Cinzas 3% 0,13 ± 0,01 <0,01 0,004 0,51 ± 0,01 1171,62 <0,1 Cinzas 4% 0,13 ± 0,02 <0,01 0,004 0,46 ± 0,01 1292,13 <0,1 Cinzas 5% 0,13 ± 0,01 <0,01 0,003 0,46 ± 0,01 1327,77 <0,1

Fonte: Manique et al. 2012

Os autores observaram que a adição de 4% de cinzas de casca de arroz

proporcionou bons resultados, de mesma magnitude que a lavagem ácida e a

purificação com Magnesol®. O uso das cinzas como adsorvente resultou numa

remoção eficiente de glicerina, glicerídeos, catalisador, água e metanol. A

capacidade das cinzas de removerem glicerina livre e total pode ser explicada

levando-se em consideração que a superfície das cinzas apresenta poros largos,

facilitando a adsorção de moléculas grandes.

Foi ainda verificado que a diferença na qualidade de purificação com cinzas

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de casca de arroz em proporção entre 1 e 5% não foi relevante, indicando a

possibilidade de utilização do material em porcentagem flexível.

Os autores concluíram que, apesar da área superficial das cinzas de casca de

arroz ser menor que a do Magnesol®, elas podem ser usadas, como adsorventes,

no processo de purificação de biodiesel, pois mostraram-se eficientes e podem ser

reutilizadas como corretivo de solo, devido a seu conteúdo de matéria orgânica

biodegradável (biodiesel, glicerina e óleo residual) e potássio (catalisador).

Vasques (2010) realizou um estudo cinético e do equilíbrio da adsorção de

alguns contaminantes, glicerol, mono- e diglicerídeos, presentes no biodiesel

produzido a partir de óleo de soja. Para a realização do estudo a autora fez uma

etapa de seleção do adsorvente, utilizando zeólita (Watercel AZ 0410®), alumina

ativada, carvão ativado de coco de babaçu (Tobasa) e carvão ativado orgânico,

comparando as capacidades de adsorção do glicerol de cada adsorvente. Os

carvões ativados foram utilizados também após sofrerem modificação química por

tratamento com HNO3.

O biodiesel foi produzido em laboratório utilizando óleo de soja comercial,

metanol e hidróxido de potássio como catalisador. O biodiesel bruto foi separado do

excesso de glicerol em funil de decantação.

Nos carvões ativados foi realizada uma modificação química na superfície do

adsorvente utilizando HNO3 como agente oxidante. Em cada modificação, o carvão

ativado foi colocado em um béquer com ácido nítrico 65%, mantendo-se a mistura a

60ºC sob agitação constante por 1 hora. Em seguida, o ácido nítrico foi removido e a

amostra de carvão modificado foi lavada com água destilada e secada em secador a

110ºC. O pH de cada adsorvente foi medido aquecendo-se 5g do adsorvente com

50mL de água destilada. Após o ponto de fervura, a amostra foi filtrada, em filtro

qualitativo, e a leitura do pH da solução filtrada foi feita em um peagâmetro com

eletrodo de platina.

Para avaliar a eficiência dos adsorventes na adsorção do glicerol

remanescente no biodiesel, foi colocado aproximadamente 20mL de biodiesel bruto

em Erlenmeyeres contendo cerca de 0,30g de adsorvente. As amostras foram

levadas em uma incubadora com agitação de 150 RPM e temperatura controlada de

50ºC por 24 horas. Em seguida, uma alíquota da solução foi retirada e o teor de

glicerol, monoglicerídeos e diglicerídeos remanescentes no biodiesel foram

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determinados por cromatografia de fase gasosa.

Os resultados obtidos mostraram que a alumina e os carvões ativados

comerciais, Tobasa e Calgon, apresentaram uma baixa taxa de adsorção, em torno

de 46%, 29% e 53%, respectivamente. Entretanto, após a modificação química

superficial dos carvões comerciais, a quantidade adsorvida aumentou

consideravelmente para 83% (Tobasa) e 86% (Calgon). A autora observou que esse

aumento na capacidade de adsorção é um forte indicativo que este processo é

altamente dependente do pH do adsorvente utilizado, já que o pH dos carvões

ativados foram modificados de 9,4 para 3,4 (Tobasa) e de 7,9 para 2,3 (Calgon)

após o tratamento com HNO3.

A autora realizou, então, o estudo cinético de adsorção utilizando o carvão

ativado comercial Calgon, com modificação química superficial, como adsorvente

escolhido. Concluiu que a modificação química superficial utilizando HNO3 produziu

carvões ativados com características ácidas e que o processo de adsorção do

glicerol é favorecido pelo aumento da temperatura e fortemente dependente do pH

do adsorvente em solução aquosa. Desta forma, considerou que o emprego da

adsorção na purificação do biodiesel apresentou-se como uma operação promissora,

alcançando os limites de glicerina exigidos pela legislação.

Caldas Junior (2007) utilizou argila bentonítica como adsorvente na

purificação de biodiesel obtido a partir da reação de óleo residual de fritura e sebo

bovino com metanol, tendo hidróxido de sódio (NaOH) como catalisador. Após o

processo de produção do biodiesel, o excesso de álcool foi destilado e a glicerina

separada por decantação. O processo de destilação do álcool ocorreu aumentando-

se a temperatura a 80ºC, sendo a temperatura de destilação do metanol da ordem

de 65ºC.

A purificação do biodiesel foi efetuada utilizando 5% (m/V) de bentonita

pulverizada. O sistema ésteres e bentonita foi aquecido até 120ºC sob agitação, e,

em seguida, a bentonita foi recuperada por filtração. Os ésteres foram refiltrados e

destinados para análises físicas e químicas.

Para a caracterização do produto (purificado e não purificado) foram

realizados testes de cromatografia gasosa e teste quantitativo, titulométrico, de

sabão. As substâncias encontradas foram contaminantes, como sabão e glicerina

residuais, e os ésteres.

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A amostra do biodiesel não purificado apresentou teor de sabão de, em

média, 642 ppm, um valor elevado que levou à repetição da análise, obtendo-se sua

confirmação. Nas amostras de biodiesel purificado, o teor de sabão foi reduzido a

zero.

Para o teor de água foi relatado um valor médio de 1000 ppm, que está acima

do especificado pela ANP. O autor observou que essa quantidade deve ser

proveniente da matéria-prima, tendo em vista que durante o processo não foi usado

água.

O autor concluiu que a bentonita, mesmo reutilizada, é eficiente na remoção

de sabão e do catalisador residual (NaOH), mas testes adicionais ainda são

necessários para melhor avaliar a bentonita no que diz respeito a outras impurezas

contidas no biodiesel (teor de glicerina total e livre, álcool, etc) antes e após o

processo de purificação. A fim de obter resultados consideráveis, seria necessária a

ativação da argila antes de seu uso. Seria interessante também o uso de misturas

entre a bentonita e a bauxita, visto que esta é eficaz na remoção de glicerina.

3.1.2. Processos de purificação com membranas cerâmicas

Wang et al. (2009) estudaram a purificação de biodiesel com membranas

cerâmicas. O biodiesel foi obtido por transesterificação alcalina de óleo refinado de

palma, com razão molar entre óleo e metanol de 1:6. Após a reação, o produto foi

deixado em repouso para ocorrer a decantação do glicerol, e a fase rica em ésteres

foi aquecida a vácuo para remover o metanol residual. O processo tradicional de

lavagem com água foi realizado para comparação com o método de purificação com

membranas.

Os autores analisaram os tamanhos médios das moléculas de ésteres, de

glicerol e das micelas reversas formadas por glicerol e sabão, revelando que as

micelas formadas tinham tamanhos maiores que as moléculas de biodiesel, o que

explica o princípio de funcionamento da separação de biodiesel e glicerol com

membranas cerâmicas. O tamanho médio de moléculas de biodiesel foi usado como

base na seleção dos tamanhos médios de poro das membranas empregadas.

Para selecionar a membrana mais adequada ao processo de purificação,

foram feitas microfiltrações em fluxo tangencial com membranas de tamanhos de

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poro de 0,6, 0,2 e 0,1μm, a 60ºC e com pressão através da membrana de 0,15 MPa.

Os resultados obtidos mostraram que o teor de glicerina livre nos permeados e os

fluxos iniciais de permeado diminuíram conforme foram sendo usadas membranas

com tamanhos médios de poro menores. Os teores de potássio, sódio, cálcio,

magnésio e glicerol livre no permeado da membrana com tamanho de poro de

0,1μm foram melhores que os resultados obtidos pelo processo de lavagem com

água, sendo esta membrana selecionada como a mais adequada ao processo de

purificação de biodiesel.

Após executarem diversas microfiltrações variando temperatura e pressão

através de membrana, analisando os valores de fluxo de permeado obtidos, os

autores realizaram a purificação do biodiesel com membrana cerâmica de tamanho

médio de poro de 0,1μm, temperatura de 60ºC e pressão através da membrana de

0,15 MPa. Os resultados obtidos quanto aos teores de glicerol, potássio, sódio,

cálcio e magnésio no permeado e no retido são mostrados na Tabela 3.3. Os

autores concluíram que membranas cerâmicas com tamanho médio de poro de

0,1μm são adequadas ao processo de purificação do biodiesel, e que o método de

microfiltração apresenta bons resultados não só pela qualidade do produto final, mas

como pela redução do volume de efluentes gerados no processo.

Tabela 3.3. Teores de metais e glicerol livre nos permeados e retidos pela membrana

Teor de metais (mg/kg)ª Teor de glicerol

livre (%m.)ª Potássio Sódio Cálcio Magnésio

Permeado 1,40 ± 0,24 1,78 ± 0,30 0,81 ± 0,28 0,20 ± 0,11 0,0108 ± 0,0034

Retido 592 ± 23 34,85 ± 2,16 6,63 ± 0,72 1,48 ± 0,27 0,871 ± 0,163

ª Valor ± Desvio Padrão Fonte: Adaptado de Wang et al. 2009

Gomes, Arroyo e Pereira (2011) purificaram biodiesel pelo método de

microfiltração com membranas cerâmicas, sem a mistura passar pela etapa de

decantação. Os autores produziram biodiesel a partir de óleo de soja degomado e

etanol, com hidróxido de sódio como catalisador. Purificaram o biodiesel obtido por

ensaios de microfiltração e compararam os resultados com resultados obtidos de

outro trabalho (GOMES et al., 2011), no qual foi efetuada uma purificação de uma

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mistura sintética de biodiesel, etanol e glicerina.

Para os ensaios de purificação, os autores utilizaram uma unidade piloto de

micro e ultrafiltração (Figura 3.1) com membranas cerâmicas de α-Al2O3/TiO2, com

área de filtração de 0,005m², que realiza o princípio de filtração tangencial. O fluxo

de permeado foi calculado pela massa de permeado coletada (medida numa

balança semianalítica) em função do tempo. O teor de glicerol livre nas amostras de

permeado coletadas foi analisado após evaporação a vácuo a 65ºC por 60 minutos.

Figura 3.1. Desenho esquemático da unidade experimental de micro e ultrafiltração. Fonte: Adaptado de Gomes, Arroyo e Pereira (2011)

Inicialmente Gomes et al., 2011, realizaram microfiltrações para purificar uma

mistura sintética de biodiesel, glicerina e etanol (80%, 10% e 10%, respectivamente),

estudando a influência de membranas com diferentes tamanhos médios de poro

(0,2, 0,4 e 0,8 μm) e de diferentes pressões através da membrana (1,0, 2,0 e 3,0

bar) na retenção de glicerina e no fluxo dos permeados obtidos. Os autores

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observaram que tamanhos de poro grandes ou pressões elevadas resultam em

maior concentração de glicerina no permeado, bem como uma diminuição do fluxo

de permeado em dado momento. Este fato foi creditado a facilidade de permeação

da glicerina, se juntando ao permeado ou provocando bloqueios nos poros, o que

diminui o fluxo. Os autores sugeriram que membranas com diâmetro médio de poro

de 0,2 μm deve ser utilizada para se obter permeados de melhor qualidade.

Posteriormente esses autores (GOMES; ARROYO; PEREIRA, 2011),

realizaram experimentos de microfiltração em batelada, com pressão através da

membrana de 2,0 bar e diâmetro médio de poro de 0,2 μm, para purificar amostras

de biodiesel obtido por transesterificação de óleo de soja degomado com razões

molares entre óleo e álcool de 1:7,5 e 1:9.Os valores de fluxo de permeado foram

analisados e comparados aos valores obtidos anteriormente. Os resultados

mostraram que o excesso de etanol, juntamente com sabões e catalisador, favorece

a formação de micelas e prejudica a microfiltração (pelo mesmo princípio discutido

no primeiro trabalho), já que o fluxo de permeado na purificação da mistura sintética

foi maior que os das purificações de ésteres produzidos.

Em seguida, foi avaliada a influência da adição de água acidificada no

processo de separação, objetivando a maximização da retenção de glicerol pela

membrana. Para tanto, água acidificada (0,5% HCl) foi adicionada numa proporção

de 20% em relação a massa total da mistura. O experimento foi feito para purificar

biodiesel produzido com razão molar entre óleo e álcool de 1:7,5, com diâmetro de

poro de 0,2 μm, pressão através da membrana de 2,0 bar e temperatura de 50ºC.

Os autores observaram que o aumento da retenção de glicerol na membrana, após a

adição de água, foi expressiva e que também ocorreu a retenção de água,

concluindo que a adição de água acidificada é uma metodologia eficiente, pois o

ácido neutraliza o catalisador e converte o sabão em sais solúveis em água.

Além disso, os autores estudaram a influência da pressão exercida através da

membrana na retenção de glicerol e no fluxo de permeado. Foram realizadas

microfiltrações, após a adição de água acidificada à mistura, com pressões através

da membrana de 1,0, 2,0 e 3,0 bar, a 50ºC e diâmetro médio de poro de 0,2 μm. Os

valores de fluxo de permeado obtidos (como mostrado na Tabela 3.4), após

estabilização, foram próximos, mostrando que, provavelmente, nas condições

investigadas, a microfiltração depende mais das características da mistura do que da

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pressão aplicada através da membrana. Os valores de teor de glicerol no permeado

mostraram que, em todos os processos, foram obtidos valores menores que os

limites estipulados para a comercialização, e que a pressão através de membrana

mais baixa proporcionou melhores resultados. Assim, o permeado obtido do

processo a 1,0 bar foi submetido a evaporação a vácuo (630 mmHg), a 90ºC, por 30

minutos, para garantir ausência de água ou etanol na mistura do permeado final. A

Tabela 3.5 compara as características do permeado obtido com os valores das

especificações da ANP.

Tabela 3.4. Fluxo de permeado e retenção de glicerol para diferentes pressões através da membrana (T=50ºC)

Pressão através da membrana (bar)

Fluxo de permeado estabilizado (kg/h m²)

Glicerol no permeado (% em massa)

1,0 5,7 0,005 ± 0,005

2,0 6,9 0,006 ± 0,002

3,0 10,3 0,014 ± 0,002

Fonte: Adaptado de Gomes, Arroyo e Pereira, 2011

Tabela 3.5. Características físico-químicas do permeado obtido por microfiltração (0,2μm, T=50ºC, P=1,0bar)

Parâmetro Limite (ANP)

Biodiesel produzido (permeado)

Massa específica, 20ºC (kg/m³) 850 - 900 876

Viscosidade cinemática, 40ºC (mm²/s) 3,0 - 6,0 4,4

Teor de éster (%massa) 96,5 min 97,5

Glicerol livre (%massa) 0,02 máx 0,005

Acidez (mg KOH/g) 0,80 máx 0,50

Fonte: Adaptado de Gomes, Arroyo e Pereira, 2011

Os autores concluíram que a glicerina livre pode ser removida do biodiesel

pelo processo de microfiltração com membranas cerâmicas, e que membranas com

diâmetro médio de poro de 0,2 μm foram adequadas ao processo pela qualidade do

permeado obtido. A adição de água ácida no processo tem ótimo efeito na remoção

de glicerol da fase de biodiesel, e a microfiltração mostrou ser suficiente para

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purificar biodiesel sem necessidade de anterior etapa de decantação, o que acelera

o processo de purificação pelo menor número de etapas.

Saleh, Dubé e Tremblay (2011) realizaram testes de microfiltração e

ultrafiltração do biodiesel com membranas cerâmicas. Os autores purificaram

biodiesel obtido através da transesterificação alcalina de óleo de canola, com razão

molar entre óleo e metanol de 1:6, utilizando um sistema de separação com

membranas cerâmicas em fluxo tangencial. Antes dos processos de microfiltração e

ultrafiltração, o biodiesel produzido foi deixado em repouso por 8 a 12 horas para

ocorrer a separação de fases, sendo a fase menos densa, rica em ésteres,

neutralizada com ácido sulfúrico até atingir pH 7. As membranas aplicadas tinham

diâmetro médio de poro de 0,2μm (microfiltração) e 0,05μm (ultrafiltração) e os

processos foram conduzidos, por 3 horas, a pressões específicas e diferentes

temperaturas, 0ºC, 5ºC e 25ºC, como mostrado na Tabela 3.6.

Tabela 3.6. Condições de operação

Tipo de membrana Temperatura (ºC)

Pressão (kPa)

Ultrafiltração (0,05μm) 0, 5, 25 552

Microfiltração (0,2μm) 0, 5, 25 207

Fonte: Adaptado de Saleh, Dubé e Tremblay, 2011.

Apesar de todos os processos terem, consideravelmente, removido glicerol de

biodiesel, valores de teor de glicerol abaixo do limite estipulado pelas normas

internacionais foram obtidos somente pelo processo de ultrafiltração (0,05μm) a

25ºC. No entanto, os autores salientaram que o teor de glicerol no permeado

diminuiu ao longo do tempo, e afirmaram que os padrões internacionais poderiam

ser atingidos em todos os processos se o tempo de purificação fosse estendido. A

melhoria na qualidade do permeado foi explicada pela possível aglomeração de

partículas grandes de glicerol na superfície da membrana, que adsorviam e

aglomeravam partículas menores, melhorando a retenção de glicerol pela

membrana. Os autores também afirmaram que essa camada aglomerada na

superfície da membrana tinha sua formação favorecida em temperaturas maiores, e

que membranas com diâmetros de poro maiores promoviam fluxos de permeado

maiores, mas com menor retenção de glicerol.

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40

3.2. Tratamento das informações

Levando-se em consideração os processos anteriormente descritos e seus

resultados, juntamente com as observações e conclusões dos autores, as vantagens

e desvantagens das diferentes técnicas de purificação de biodiesel encontram-se

listadas na Tabela 3.7.

Pelas vantagens listadas, observa-se que as técnicas de purificação com

adsorventes e membranas cerâmicas podem substituir a purificação por lavagem

com água, reduzindo o grande volume de efluentes gerados, assim como custo e

tempo gasto na etapa de purificação.

Ambas as técnicas de purificação a seco podem ser melhor desenvolvidas, o

que gera boas perspectivas para essas tecnologias quanto à qualidade do

combustível obtido e a aplicabilidade em escala industrial. No caso da purificação

com adsorventes, o tratamento químico destes deve ser estudado para a aquisição

de adsorventes com propriedades melhoradas, e a aplicação do método, juntamente

com a escolha dos adsorventes e combinação dos mesmos ainda podem ser melhor

exploradas. No caso das membranas cerâmicas, a escolha do tipo de material

cerâmico que compõe a membrana, a pressão, temperatura, o diâmetro médio de

poro e outras propriedades do processo ainda estão em fase desenvolvimento, mas

os resultados já apresentados demonstram a sua eficiência e seu potencial na

substituição da purificação com lavagem com água.

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Tabela 3.7. Vantagens e desvantagens das diferentes técnicas de purificação Técnica Vantagens Desvantagens

Lavagem com água

Excelente remoção de metanol; Forma emulsões, não afeta o teor de glicerídeos, necessita de posterior tratamento de efluentes e secagem do produto final; Pode reduzir os teores de metanol, sabão e glicerol livre para valores

inferiores aos limites estipulados pela ANP, com pureza do biodiesel de 99%.

Consome água e tempo necessário para as etapas de lavagem;

Pode ocorrer perda considerável de produtos pela formação de sabões e emulsão;

Gera grande volume de efluentes cujo tratamento pode ter alto custo energético, sendo um processo menos ecologicamente viável.

Lavagem a seco com adsorventes

Magnesol pode remover glicerol, metanol, catalisador, sabão e potássio com eficiência, podendo substituir a lavagem com água;

Alguns adsorventes não removem certos compostos com eficiência;

O processo e desempenho da purificação com certos adsorventes deve ser ainda melhor investigado para melhor desenvolvimento da técnica;

Pode ser facilmente empregado em plantas industriais;

Cinzas de casca de arroz removem glicerina, glicerídeos, catalisador, água e metanol com eficiência. O processo pode substituir a lavagem com água e é uma alternativa de aplicação para o resíduo agrícola;

Requer fontes consideráveis de recursos (material adsorvente);

A remoção do adsorvente, após a purificação, pode apresentar dificuldades, podendo gerar combustíveis contaminados com abrasivos.

Processo de rápida execução e alguns adsorventes podem ser aproveitados como adubo;

Tratamentos químicos dos adsorventes podem melhorar as propriedades de adsorção e devem ser melhor investigados.

Purificação com membranas cerâmicas

Promove boa purificação, gerando biodiesel de alta qualidade e pureza que atende às normas internacionais;

Ainda não é aplicado em plantas de produção em larga escala;

Restrição da aplicação de membranas cerâmicas, por sua melhor estabilidade em solventes orgânicos.

Reduz custo, volume de efluentes gerados e tempo do processo de purificação; O desenvolvimento de reatores com membrana pode aumentar a conversão da transesterificação;

A aplicabilidade do processo ainda pode ser melhor estudada, o que poderá melhorar seu desempenho.

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4. CONCLUSÕES

O refino de biodiesel bruto é basicamente feito para obter-se biodiesel de alta

qualidade e pureza que possam ser usados em motores de combustão a

compressão. Além disso, o refino do biodiesel bruto é um fator chave para sua

produção comercial e aplicação. Assim, o desenvolvimento contínuo dessas

tecnologias de refino para purificar biodiesel aumentou a expectativa pela produção

industrial de biodiesel e sua aplicação prática.

A obtenção de biodiesel de alta qualidade também promove os seguintes

benefícios: redução nas falhas de selos elastoméricos; redução de entupimentos e

corrosão em injetores de combustível devido à ausência de glicerol, catalisador e

sabões; redução na degradação do óleo lubrificante promovendo alto desempenho

do motor, melhoramento das propriedades lubrificantes e da qualidade de emissão

atmosférica. Além disso, a geração de um biodiesel de alta qualidade pode levar à

eliminação de efeitos corrosivos em tanques de combustíveis, erradicação de

crescimento bacteriano e congestão em linhas de combustível e filtros, bem como

eliminação de convulsões da bomba devido à elevada viscosidade a baixas

temperaturas.

Tomando por base as informações descritas no presente trabalho, as

seguintes conclusões e recomendações podem ser feitas:

Tecnologias de refino por via úmida atendem às normas nacionais em termos

de nível de glicerol e metanol requeridos no biodiesel, mas o processo está

associado a descargas de efluentes, que levam à poluição ambiental, assim,

aumentando as preocupações ambientais.

A separação do glicerol é crítica para se obter um biodiesel de alta qualidade.

O processo de lavagem a seco (usando Magnesol e resinas de troca iônica)

não atende às normas internacionais em termo de metanol requerido em

biodiesel.

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Com pequena adição de água, o processo com membrana pode resultar num

biodiesel contendo apenas 0,013% de glicerol, valor abaixo do nível

estipulado tanto pela EN14214 quanto pela ASTM D6751.

O refino de biodiesel com membrana provou consumir menos energia

gerando um valor quase nulo de efluentes. Essas vantagens fazem com que a

tecnologia de refino com membrana seja mais amigável ambientalmente

quando comparada com a tecnologia de lavagem por via úmida.

A eficiência da filtração à membrana na remoção de triglicerídeos e glicerol

residual apresenta-se como uma vantagem quando comparada a alguns

processos de lavagem a seco.

O desenvolvimento da tecnologia de membranas é necessário para melhor

explorar sua característica inerte de operar sob condições moderadas.

A aplicação de adsorventes para superar problemas de refino por via úmida é

limitada por resultar em gastos com adsorventes que não podem ser

regenerados ou reutilizados.

O refino por via úmida de biodiesel deve ser desencorajado por seu elevado

consumo de energia e água e descarga considerável de efluentes.

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