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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL
AVALIAÇÃO DO RESÍDUO DE CAJU NA ALIMENTAÇÃO
DE CODORNAS DE CORTE (Coturnix coturnix coturnix):
DESEMPENHO, VIABILIDADE ECONÔMICA E
MORFOMETRIA INTESTINAL
JOELMA VASCONCELOS CELESTINO DA SILVA
MACAÍBA / RN - BRASIL
Fevereiro / 2014
JOELMA VASCONCELOS CELESTINO DA SILVA
AVALIAÇÃO DO RESÍDUO DE CAJU NA ALIMENTAÇÃO
DE CODORNAS DE CORTE (Coturnix coturnix coturnix):
DESEMPENHO, VIABILIDADE ECONÔMICA E
MORFOMETRIA INTESTINAL
Dissertação apresentada à Universidade Federal do
Rio Grande do Norte – UFRN, como parte das
exigências para a obtenção do título de Mestre em
Produção Animal.
Orientadora: Profª D.Sc. Janete Gouveia de Souza
MACAÍBA / RN - BRASIL
Fevereiro / 2014
Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte.
Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba Biblioteca Setorial Professor Rodolfo Helinski
Silva, Joelma Vasconcelos Celestino da .
Avaliação do resíduo de caju na alimentação de codornas de corte (Coturnix coturnix coturnix): desempenho, viabilidade econômica e morfometria intestinal / Joelma Vasconcelos Celestino da Silva. - Macaíba, RN, 2014.
78 f.
Orientador (a): Profª. D.Sc. Janete Gouveia de Souza
Dissertação (Mestrado em Produção Animal). Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba.
Programa de Pós- Graduação em Produção Animal.
1. Coturnicultura - Dissertação. 2. Alimento Alternativo - Dissertação. 4.Rendimento – Dissertação. 5. Nutrição - Dissertação. 6. Moformetria - Dissertação. I. Souza, Janete Gouveia de. II.Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba. IV. Título. RN/UFRN/BSPRH CDU: 636.59
JOELMA VASCONCELOS CELESTINO DA SILVA
AVALIAÇÃO DO RESÍDUO DE CAJU NA ALIMENTAÇÃO DE
CODORNAS DE CORTE (Coturnix coturnix coturnix): DESEMPENHO,
VIABILIDADE ECONÔMICA E MORFOMETRIA INTESTINAL
Dissertação apresentada à Universidade Federal do
Rio Grande do Norte – UFRN, como parte das
exigências para a obtenção do título de Mestre em
Produção Animal.
APROVADA EM ____/____/____
BANCA EXAMINADORA:
__________________________________________________
Profª D.Sc. Janete Gouveia de Souza (UFRN)
Orientador
_________________________________________________
Prof. D.Sc. Faviano Ricelli da Costa Moreira (IFRN)
Primeiro Membro (Externo)
__________________________________________________
Profª D.Sc. Elisanie Neiva Magalhães Teixeira (UFRN/EAJ)
Segundo Membro (Primeiro Tutor)
________________________________________________
Prof. D.Sc. Carlos Eduardo Bezerra de Moura (UFRN)
Terceiro Membro (Segundo Tutor)
Dedico este trabalho aos meus pais Joacy
Celestino e Fátima Vasconcelos que
estiveram, estão e sempre estarão
caminhando junto de mim, me apoiando e
amando incondicionalmente. E aos meus
irmãos Lidiane, Lígia, Joacy Júnior e meu
sobrinho Lucas por serem minha maior
motivação e meu porto seguro. Para vocês e
por vocês.
Tudo posso naquele que me
fortalece.
(Filipenses, 4:13)
AGRADECIMENTOS
A Deus por ser a minha força e o meu refúgio em todos os momento da minha vida,
permitindo que eu chegue mais próximo ao meu sonho.
Aos meus pais (Joacy e Maria de Fátima) e irmãos (Lidiane, Lígia e Joacy Jr), pela
compreensão e amor em todos os momentos de renúncia, ausência, impaciência, estresse e
mal humor. Para que hoje possam se orgulhar. Minha eterna gratidão!
Ao grande amor da minha vida, meu afilhado, Lucas Vasconcelos, que tornou essa
caminhada mais suave com seus risos, descobertas e brincadeiras.
Aos meus familiares que ajudaram direta ou indiretamente nessa trajetória, em especial a
Tia Chermont.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte pela oportunidade profissional.
Ao Programa de Pós-Graduação em Produção Animal e a todos os professores que o
compõem, pelos valiosos ensinamentos.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (CAPES), pela
concessão da bolsa de estudo, fundamental para a conclusão desse estudo.
A Profª Janete Gouveia pela confiança nesta caminhada, tornando este trabalho uma
experiência de crescimento e aprendizagem.
A Profª Elisiane Teixeira pelos ensinamentos, amizade, apoio, incentivo necessário para o
êxito desse trabalho.
Ao Prof. Faviano Moreira pela atenção desprendida e contribuição acadêmica para o
aprimoramento deste trabalho.
Ao Prof. Carlos Eduardo (Cadu) por ter acreditado neste trabalho e também em mim, pela
enorme atenção, gentileza, contribuição, amizade. Ao senhor que foi e sempre será o meu
mestre, a quem devo muito do que sou. Meus sinceros agradecimentos!
Ao Prof. José Aparecido pelo apoio, ensinamentos, exemplos, incentivo, carinho e
confiança em todas as situações e desafios.
Aos professores Gelson Difante, Márcio Dias, Lilian Giotto, Luis Henrique Borba e
Francis Tourinho pelo apoio e incentivo nas horas mais difíceis e que além de
ensinamentos acadêmicos me contemplaram com grandes lições de vida, vocês tornaram-
se para mim, exemplo de ética e profissionalismo. A vocês o meu carinho, respeito,
admiração e gratidão.
Aos funcionários Salviano, “Seu” Bira, Dão, Lúcio, Gil, Ana Cláudia e Mayara
(secretária), obrigada pelo apoio, dedicação, amizade e torcida.
A todos os meus amigos e colegas do Programa de Pós-Graduação, pelos bons momentos
compartilhados e que de alguma forma estarão sempre presentes em minha vida.
Aos amigos mestrandos Rafael Leandro, Renato Andrade e Lorena Mota pela colaboração
e parceria na execução da pesquisa, assim como, os alunos que fazem o GEPA – Carol,
Rômulo, Rafaela, Paulinho, Lucilene, Andressa, Mara e Wellington. Sem vocês este
trabalho não teria sido possível. Não tenho palavras para agradecê-los. Muito obrigada!
À técnica de laboratório de histologia do Departamento de Morfologia Socorro Medeiros,
pela atenção, apoio, dedicação e ajuda na preparação do material histológico e Alane Alves.
A Prof. Miriam Costa do laboratório de Neuroanatomia do Departamento de Morfologia -
UFRN.
Ao Prof. Emerson Aguiar, Bruna, Francisco e Luiz do Laboratório de Nutrição Animal –
UFRN, pelo auxílio na execução das análises.
A empresa GUARAVES e a Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) pela doação dos ingredientes
das rações.
Ao meu namorado, Roney Moura com quem compartilhei minhas angústias, alegrias desse
processo de formação e se fez presente nos dias e horas mais inconvenientes, obrigada pelo
carinho, ajuda, companheirismo, paciência, amor e a toda sua família pela compreensão e
incentivo nessa jornada.
Às amigas Admilda, Aldenira, Alexsandra, Adriana, Apauliana, Dinamércia, Eridiane,
Fábia, Itânia, Jani kely, Joyce e os amigos Djanilton, Flávio, Érick, Jadelson, Joacildo,
Maurício e família, Paulo Alexandre, Rafael Amorim, Rubervam e, Vicente e família que
estiveram ao meu lado, mesmo que distantes, alguns presentes por mais tempo, outros
menos, mas todos se mostrando sempre amigos e puderam entender mesmo sem
compreender “algumas vezes”, a minha ausência em muitos momentos e que sempre foram
generosos em aceitar as minhas desculpas e justificativas, e ainda assim torcem por mim.
A Marciane Maia pelo apoio, carinho e torcida, e por quem tenho eterno carinho e
gratidão.
Aos animais utilizados neste trabalho que deram as suas vidas em troca dos meus
conhecimentos.
A todos que de alguma forma contribuíram para a concretização deste trabalho.
Muito obrigada!
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1
REFERENCIAL TEÓRICO
Tabela 1 – Composição química do resíduo do caju segundo literatura revisada .... 5
Capítulo 2
DESEMPENHO, AVALIAÇÃO DE CARCAÇA E DE PARÂMETROS
ECONÔMICOS DE CODORNAS DE CORTE (Coturnix coturnix coturnix)
ALIMENTADAS COM RESÍDUO DE CAJU
Tabela 1 – Composição nutricional do resíduo do caju ......................................... 19
Tabela 2 – Composição percentual e valores nutricionais calculados das rações
experimentais na fase de crescimento (1 a 21 dias) ...............................................
20
Tabela 3 – Composição percentual e valores nutricionais calculados das rações
experimentais na fase de crescimento (22 a 42 dias) .............................................
21
Tabela 4 – Preço dos principais ingredientes utilizados na formulação das rações
experimentais e de comercialização da carne de codorna .....................................
24
Tabela 5 – Consumo de ração acumulada de codorna de corte (g/ave) em função
da idade ...................................................................................................................
25
Tabela 6 – Peso vivo médio das codornas (g/ave/dia) alimentadas com resíduo do
caju .........................................................................................................................
28
Tabela 7 – Ganho de peso acumulado de codorna de corte (g/ave) em função da
idade .......................................................................................................................
29
Tabela 8 – Conversão alimentar acumulada (g/g) em função da idade da ave e
dos níveis do resíduo de caju ..................................................................................
32
Tabela 9 – Médias do peso da carcaça, peso de cortes e peso da gordura
abdominal e pele de codornas de corte aos 42 dias de idade, relativo aos
diferentes níveis de inclusão do resíduo de caju na dieta ......................................
34
Tabela 10 – Rendimento de carcaça e cortes de codornas de corte aos 42 dias de
idade, relativo aos diferentes níveis de inclusão do resíduo de caju na dieta ........
37
Tabela 11 – Média dos pesos das vísceras comestíveis e não comestíveis (g) de
codornas de corte alimentadas com diferentes níveis do resíduo de caju na ração
.......................................................................................................................
38
Tabela 12 – Análise econômica da produção de carne de codornas de corte
submetidas às dietas com níveis crescente do resíduo do caju ..............................
40
Capítulo 3
MORFOLOGIA DA MUCOSA INTESTINAL DE CODORNAS EUROPEIAS
ALIMENTADAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE RESÍDUO DE CAJU
Tabela 1 – Composição nutricional do resíduo do caju ......................................... 56
Tabela 2 – Composição percentual e valores nutricionais calculados das rações
experimentais na fase de crescimento (1 a 21 dias) ...............................................
57
Tabela 3 – Composição percentual e valores nutricionais calculados das rações
experimentais na fase de crescimento (22 a 42 dias) .............................................
58
Tabela 4 – Comprimento do trato gastrintestinal (cm) de codornas europeias aos
42 dias de idade, alimentadas com resíduo de caju ..........................................
63
Tabela 5 – Peso do trato gastrintestinal (g) de codornas europeias aos 42 dias de
idade, alimentadas com resíduo de caju .................................................................
65
Tabela 6 – Efeitos dos diferentes níveis do resíduo de caju sobre a altura e
largura das vilosidades do intestino delgado de codornas europeias aos 42 dias de
idade .......................................................................................................................
66
Tabela 7 – Efeitos dos diferentes níveis do resíduo de caju sobre a altura da
mucosa e muscular da mucosa do intestino delgado de codornas europeias aos 42
dias de idade ...........................................................................................................
68
Tabela 8 – Efeitos dos diferentes níveis do resíduo de caju sobre o volume
parcial e densidade de superfície do intestino delgado de codornas europeias aos
42 dias de idade ...............................................................................................
69
Tabela 9 – Média de células caliciformes presentes no epitélio intestinal de
codornas europeias alimentadas com rações contendo níveis crescentes de
resíduo de caju ........................................................................................................
70
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 3
MORFOLOGIA DA MUCOSA INTESTINAL DE CODORNAS EUROPEIAS
ALIMENTADAS COM DIFERENTES NÍVEIS DO RESÍDUO DE CAJU
Figura 1 – Corte longitudinal da parede do intestino delgado (duodeno) de
codornas europeias com 0% de inclusão do resíduo do caju. (A) altura da
vilosidade, (B) largura da vilosidade, (C) altura da parede intestinal e (D) altura
da túnica muscular. 10x. Barra 100µm .............................................................
60
Figura 2 – Representação esquemática do sistema teste de arcos ciclóides e
pontos .....................................................................................................................
61
Figura 3 – Fotomicrografia do duodeno de codornas europeias aos 42 dias de
idade alimentadas com 0; 7; 14 e 21% do resíduo de caju. A – altura da
vilosidade, B – largura da vilosidade, C – altura da parede intestinal e D – altura
da túnica muscular. 10x. Barra 100µm .............................................................
77
Figura 4 – Fotomicrografia do jejuno de codornas europeias aos 42 dias de idade
alimentadas com 0; 7; 14 e 21% do resíduo de caju. A – altura da vilosidade, B –
largura da vilosidade, C – altura da parede intestinal e D – altura da túnica
muscular. 10x. Barra 100µm ..............................................................
77
Figura 5 – Fotomicrografia do íleo de codornas europeias aos 42 dias de idade
alimentadas com 0; 7; 14 e 21% do resíduo de caju. A – altura da vilosidade, B –
largura da vilosidade, C – altura da parede intestinal e D – altura da túnica
muscular. 10x. Barra 100µm ...............................................................................
78
RESUMO GERAL
AVALIAÇÃO DO RESÍDUO DE CAJU NA ALIMENTAÇÃO DE CODORNAS DE
CORTE (Coturnix coturnix coturnix): DESEMPENHO, VIABILIDADE
ECONÔMICA E MORFOMETRIA INTESTINAL
Silva, J. V. C. AVALIAÇÃO DO RESÍDUO DE CAJU NA ALIMENTAÇÃO DE
CODORNAS DE CORTE (Coturnix coturnix coturnix): DESEMPENHO, VIABILIDADE
ECONÔMICA E MORFOMETRIA INSTETINAL. 2014. 78f. Dissertação de Mestrado
em Produção Animal: Nutrição de Monogástrico. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN), Macaíba-RN, 2014.
RESUMO - O cultivo da cajucultura ocupa lugar de destaque no Rio Grande do Norte
entre as plantas frutíferas tropicais. O pseudofruto do cajueiro (Anacardium occidentale L.)
é um subproduto da indústria do suco do caju, normalmente desperdiçado e que pode ser
utilizado na alimentação animal. Objetivou-se avaliar o desempenho produtivo, a qualidade
de carcaça, os índices econômicos de rações de codornas de corte alimentadas com o
resíduo do caju nos níveis de 0, 7, 14 e 21% em substituição ao milho e a morfometria dos
órgãos do trato gastrintestinal. O experimento foi realizado no Setor de Avicultura da
Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias/EAJ. Foram utilizadas 280
codornas europeias (Coturnix coturnix coturnix) machos, alojadas em boxes
(1,00x0,50m²), distribuídas em delineamento inteiramente casualizado com quatro
tratamentos, cinco repetições de 14 aves. As rações foram formuladas para atender às
exigências nutricionais das codornas em fase de crescimento (1 a 21 dias) e terminação (22
a 42 dias). Foram avaliados: consumo de ração, peso vivo, ganho de peso e conversão
alimentar nos intervalos de 1-7; 8-21 e 22-42 dias de idade. Aos 42 dias, duas aves por
unidade experimental foram abatidas para avaliação das características de carcaça (peso e
rendimento de peito, coxa, sobrecoxa, asas e peso da gordura abdominal, coração, moela,
fígado e outras vísceras), comprimento e peso do trato gastrintestinal e segmentos do
intestino delgado, assim como a altura e largura das vilosidades; altura da túnica mucosa e
muscular da mucosa; volume parcial e densidade de superfície; células caliciformes do
intestino delgado) e, os índices econômicos (custo da ração, custo operacional efetivo,
receita bruta, margem bruta em relação ao custo operacional efetivo, lucro operacional
efetivo e índice de lucratividade. A análise estatística foi realizada através do SAEG-UFV
e as médias foram comparadas utilizando o teste de Dunnett (P<0,05) e realizado análise
de regressão em função os níveis do resíduo de caju desidratado. Na fase de crescimento
houve efeito quadrático sobre o ganho de peso e efeito linear crescente para o consumo de
ração e conversão alimentar em relação aos níveis do resíduo do caju. Na fase de
terminação, apenas o consumo de ração e ganho de peso sofreram efeito linear. Não houve
efeito dos níveis do resíduo de caju sobre o peso vivo em nenhuma fase. Os percentuais de
carcaça mostraram que os principais cortes foram influenciados quadraticamente,
entretanto ao nível de 14% foram maiores os valores de peso carcaça e gordura abdominal.
Em relação às vísceras, apenas o coração e a moela sofreram influencia do resíduo do caju
à medida que o nível de inclusão do resíduo aumentava. A análise econômica do uso do
resíduo do caju nas dietas basearam-se nos dados do peso final da carcaça dos animais
(sem vísceras, cabeça, pés e penas) ao fim do período experimental. O custo de cada dieta
experimental foi calculado de acordo com os preços dos ingredientes, no período de
novembro de 2013. Os índices econômicos apresentaram resultados satisfatórios aos níveis
de 7% e 14%, no entanto a sua utilização vai depender da relação dos preços entre os
ingredientes. O nível máximo de inclusão do resíduo do caju apresentou o pior índice de
lucratividade, margem bruta e receita bruta. Houve efeito do resíduo do caju sobre a altura
da túnica muscular do duodeno e jejuno, e mucosa muscular do jejuno, a densidade de
superfície do duodeno e jejuno, redução das células caliciformes no intestino delgado, os
demais parâmetros morfológicos não sofreram influencia da dieta. Conclui-se que o
resíduo do caju pode ser utilizado nas dietas de codornas de corte em até 14% da ração
total sem prejudicar o desempenho das codornas em na fase de 1 a 7 dias e de até 21% de 8
a 21 dias, o rendimento de carcaça e de cortes e, os índices econômicos e a morfometria
intestinal apresentam melhores resultados a 14% de inclusão do resíduo do caju.
Palavras-chave: coturnicultura, alimento alternativo, rendimento, nutrição, morfometria
EVALUATION OF RESIDUE OF CASHEW IN FEED MEAT TYPE QUAILS
(Coturnix coturnix coturnix): PERFORMANCE, ECONOMIC VIABILITY AND
INTESTINAL MORPHOMETRY
Silva, J. V. C. EVALUATION OF RESIDUE OF CASHEW IN FEED MEAT TYPE
QUAILS (Coturnix coturnix coturnix): PERFORMANCE, ECONOMIC VIABILITY
AND INTESTINAL MORPHOMETRY. 2014. 78f. Dissertation in Animal Production.
Area of Concentration: Nutrition of monogastric. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN), Macaíba-RN, 2014.
ABSTRACT - The cultivation of cashew culture occupies a prominent place in Rio
Grande do Norte among tropical plants and the fruit consumption is basically in three
ways: in nature, canned or juices. The cashew pseudofruit (Anacardium occidentale L.) is
a byproduct of the cashew juice industry, which normally is wasted and can be used in
animal feed. The objective of this work was to evaluate the productive performance,
carcass quality and economic indices the of rations for meat type quails fed with the
residue of cashew at levels of 0, 7, 14 and 21% inclusion to corn and morphometry of the
organs of the gastrintestinal tract. The experiment was conducted at the Poultry Section of
the Academic Unit Specialized in Agricultural Sciences/EAJ. Were used 280 European
quail (Coturnix coturnix coturnix) males, housed in boxes (1.00 x 0.50m²), distributed in a
completely randomized design with four treatments, five replicates of 14 birds were used.
The diets were formulated to meet the nutritional requirements of quail in the growth phase
(1 to 21 days) and finishing (22 to 42 days). Were assessed: live weight, feed intake,
weight gain and feed conversion in the ranges of 1-7, 8-21 and 22-42 days of age. At 42
days, two birds per experimental unit to be sacrificed to evaluate carcass characteristics
(weight and breast yield, thigh, drumstick, wings and weight of abdominal fat, heart,
gizzard, liver and viscera) and intestinal histomorphometry (length and weight of the
gastrintestinal tract and of the segments small intestine , as well as villus width and height,
height of the muscular tunic and muscular mucosa, partial volume and surface density;
goblet cells of the small intestine) the economic indices (feed cost, effective operational
cost, gross revenue, gross margin compared to the actual operating cost, effective operating
profit and profitability index). Statistical analysis was performed using the SAEG-UFV
and the means were compared using the Dunnett test (P <0.05) and performed regression
analysis as a function of the residue levels of dehydrated cashew. In the growth phase,
there was a quadratic effect on weight gain and increasing linear effect for feed intake and
feed conversion than those of the residue of cachew levels. In the finishing phase, only
feed intake and weight gain showed a linear effect. No significant levels residue of cashew
on the body weight at any stage. Carcass percentage showed that major cuts were
influenced quadratically, however the level of 14% was higher carcass weight values and
abdominal fat. Concerning to the viscera, only the heart and gizzard suffered influence
residue of cashew as the treatments in a level increased. The economic analysis of the use
residue of cashew in the diets were based on data from the final weight of the animal
carcass (gutted, head, feet and feathers) at the end of the trial period. The cost of each
experimental diet was calculated according to the price of ingredients, in November 2013.
The economic indices showed satisfactory results to levels of 7% and 14%, however its use
will depend on the ratio of the prices of the ingredients. The maximum level of inclusion
residue of cashew showed the worst profitability index, gross margin and gross revenue.
There was effect of the residue on cashew height of the muscular layer of the duodenum
and jejunum and muscularis mucosa of the jejunum, the surface density of the duodenum
and jejunum, the reduction of goblet cells in the small intestine, other morphological
parameters were not influenced by diet. It follows that the residue of cashew can be used in
meat type quails diets up to 14% of the total ration without degrading performance of the
quails in the phase 1-7 days and up to 21% in the phase 8-21 days, the carcass yield and
cuts and economic indices and intestinal morphology outperform the 14% inclusion of
cashew residue.
Key words: coturnix quail production, alternative food, yield, nutrition, morphometry
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
RESUMO GERAL XI
ABSTRACT XIII
CAPÍTULO 1 – REFERENCIAL TEÓRICO .............................................. 1
1.1. ASPECTOS GERAIS SOBRE A COTURNICULTURA ........................ 1
1.2. IMPORTÂNCIA DAS FONTES ALTERNATIVAS DE ALIMENTOS .. 3
1.3. USO DO RESÍDUO DO CAJU NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL ............ 5
1.4. INFLUÊNCIA DAS FIBRAS SOBRE A MORFOLOGIA DO TRATO
GASTRINTESTINAL .......................................................................................
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 9
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO, AVALIAÇÃO DE CARCAÇA E DE
PARÂMETROS ECONÔMICOS DE CODORNAS DE CORTE
(Coturnix coturnix coturnix) ALIMENTADAS COM RESÍDUO DE
CAJU ................................................................................................................
13
RESUMO ......................................................................................................... 14
ABSTRACT ...................................................................................................... 15
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 16
2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 19
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................. 25
4. CONCLUSÕES ............................................................................................. 42
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 43
CAPÍTULO 3 - MORFOLOGIA DA MUCOSA INTESTINAL DE
CODORNAS EUROPEIAS ALIMENTADAS COM DIFERENTES
NÍVEIS DO RESÍDUO DE CAJU .................................................................
50
RESUMO ......................................................................................................... 51
ABSTRACT ...................................................................................................... 52
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 53
2. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 56
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................. 63
4. CONCLUSÕES ............................................................................................. 72
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 73
6. ANEXOS ................................................................................................. 77
Capítulo 1
Referencial teórico
1
Capítulo 1
REFERÊNCIAL TEÓRICO
1.1. ASPECTOS GERAIS SOBRE A COTURNICULTURA
A coturnicultura é uma atividade explorada em todos os continentes e tem como
fatores contribuintes para sua expansão o sabor de sua carne e suas características
nutricionais que são superiores a carne de frango, sendo rica em aminoácidos essenciais
(SILVA e COSTA, 2009), alto conteúdo protéico e baixa quantidade de gordura (CUNHA,
2009); é responsável por iguarias finas e sofisticadas; e de baixo custo de implantação para
uma pequena produção (MURAKAMI e FURLAN, 2002), podendo se tornar fonte de
renda complementar dos pequenos produtores rurais.
As codornas de corte (Coturnix coturnix coturnix) também são conhecidas como
codornas francesa ou europeia (REZENDE et al., 2004), são animais originários da Ásia,
da Europa e norte da África (PASTORE et al., 2012), possuem porte pequeno e rápido
crescimento e, a criação se destaca por proporcionar ao consumidor uma fonte de proteína
animal de excelente qualidade. Entretanto, como a produção é pequena, o preço que se
paga por sua aquisição é alto (SANTOS et al., 2006). Contudo, nos últimos anos verifica-
se uma forte tendência no aumento do número de criadores, motivados pela maior
remuneração com esta criação e também pelo aumento na procura de carne de codorna. De
acordo com Bordin (2011) este aumento é observado em virtude do maior número de
pesquisas científicas em centros especializados, maior especificidade de produtos
veterinários, nutrição e equipamentos voltados para essas aves.
A comercialização da carne de codorna acabou despertando o interesse de uma
companhia brasileira (Perdigão Agroindústria) que em 1998 deu início a produção de
codornas para abate em escala industrial, chegando a produzir 80 toneladas mensais de
aves na época, utilizando uma linhagem importada da França que chega ao peso médio de
640 gramas em 60 dias, período para o abate. Toda a produção é vendida na Região Sul e
Sudeste a partir de Belo Horizonte e também em Salvador – BA. Além da comercialização
interna, pequenos volumes estão sendo embarcados para a Arábia Saudita (GESSULLI,
2002).
2
De acordo com IBGE (2011) o Brasil apresenta um efetivo de 15.567 milhões de
cabeças, sendo a região Sudeste (66,25%) é a maior produtora da ave e a região Nordeste
apareci em terceiro lugar com 8,35% do efetivo nacional, sendo os estados do Pernambuco
e Bahia, os maiores produtores dessa região, o Rio Grande do Norte surgi em sexto lugar
com 4,11% do efetivo regional. É importante ressaltar que a pesquisa não investiga a
finalidade da produção, se corte ou postura.
Segundo Leite et al. (2009) afirmam que no Brasil, são poucos os estudos
direcionados as codornas de corte e ainda são poucas as linhagens nacionais com
características produtivas adequadas à produção de carne. Devido a essa carência, as
codornas japonesas (Coturnix coturnix japonica) têm sido utilizadas também para a
produção de carne, mas a sua finalidade principal é a produção de ovos. Quando abatidas
na mesma idade, as codornas de corte apresentam maiores pesos para produção de carne do
que as codornas de postura, entretanto, alguns produtores acabam utilizando aves de
postura descartadas ao final da postura ou de machos classificados erroneamente na
sexagem destinando-os a produção de carne, gerando uma carcaça menor e de qualidade
inferior (SOUZA-SOARES e SIEWERDT, 2005; PASTORE et al., 2012). Além disso,
outra limitação que acomete a produção de codornas de corte é a falta de uma tabela com
as exigências nutricionais dessas aves, onde muitas das vezes são utilizados os dados de
frango de corte ou codornas de postura, o que não é adequado, devido às diferenças
fisiológicas entre essas espécies (SCHERER et al., 2011).
As codornas para corte especializada para abate, apesar de fenotipicamente serem
bastante semelhantes à codorna japonesa, possuem maior peso vivo (200 a 300g), possuem
coloração marrom mais viva e têm temperamento nitidamente mais calmo, característico
de animais destinados ao abate (OLIVEIRA, 2001; SCATOLINI e BOIAGO, 2006).
Apresentam crescimento mais rápido que as codornas japonesas em todas as fases e ambas
apresentam o pico máximo de taxa de crescimento aos vinte sete dias, provavelmente é o
período de maior deposição de proteína e água na carcaça, depois a taxa de crescimento
diminui e o ganho passa a ter um retorno progressivo decrescente, com aumentos da
deposição de gordura em vísceras, retenção de nutrientes no ovário-oviduto e da exigência
de energia dietética (SILVA et al., 2011) e o rendimento de carcaça é entre 75 e 78%
(MINVIELLE, 2009).
3
Oliveira et al. (2000) enfoca a viabilidade econômica da espécie, através das atuais
condições mundiais que vêm privilegiando explorações capazes de ocuparem pouco
espaço, apresentarem retorno financeiro a curto ou médio prazo e, principalmente, a
produção de dejeto ser inferior à das criações de animais convencionais e não serem
competitivas com o homem no uso de alimentos para a produção. A produção correta de
codornas para o abate, ou seja, utilizando linhagens específicas para corte, permite ao
produtor um lucro diferenciado por se tratar de uma carne de qualidade e sabor
diferenciado.
A carne de codorna é considerada um produto exótico, consumida em todas as
regiões brasileiras e com boa aceitação na região Nordeste (SANTOS et al., 2006).
Apresenta uma carne de coloração escura, altamente palatável, extraordinariamente tenra e
saborosa, de preparação gastronômica fácil e rápida (BARRETO et al., 2006; CUNHA,
2009; PASTORE et al., 2012). O mercado de codornas para carne disponibiliza carcaças
inteiras congeladas e, em casos raros oferta também codornas desossadas e defumadas.
Muito embora apresente algumas limitações, pois o hábito de consumo de codornas limita-
se a aperitivo ou petisco fato que restringe o consumo per capita (CUNHA, 2009).
Segundo Silva et al. (2011), o Brasil é o quinto produtor mundial de carne de
codorna, apesar do baixo consumo per capita ano. De acordo com Pastore et al. (2012) os
maiores produtores de carne de codorna são – China (150.000 t), Espanha (10.000 t) e a
França (8.500 t).
1.2. IMPORTÂNCIA DAS FONTES ALTERNATIVAS DE ALIMENTOS
Segundo o Sindirações (2012) a demanda de ingredientes (milho e soja) para a
produção de rações em todo o Brasil foi em torno de 50 milhões de toneladas e ao
direcionar o consumo de ração por espécie, o setor da avicultura utiliza 57% do total da
ração produzida no país. De acordo com Silva et al. (2011) a influência da alimentação
afeta os custos de produção das codornas nos mais diversos setores indo desde a base, a
indústria do melhoramento genético, até o topo da cadeia produtiva, os abatedouros e
frigoríficos. Ainda de acordo com esses autores, o custo de alimentação das codornas por
unidade de produto carne ou ovos é, supostamente, maior ao considerar que as rações de
codornas contêm mais proteína que as rações de frangos e poedeiras, entretanto, à medida
4
que o conhecimento em nutrição evolui, as dietas vão sendo formuladas com custo mínimo
e máximo retorno econômico.
A definição de alimento alternativo segundo Fialho e Barbosa (1999) é um alimento
não convencional que esteja disponível em uma determinada região por um período
mínimo de tempo e em quantidade que possa permitir a troca significativa com o alimento
convencional utilizado. O uso de alimentos alternativos visa à redução dos custos na
criação de aves em épocas do ano, ou em regiões onde exista a dificuldade de aquisição de
alguns insumos convencionais utilizados na dieta animal (CUNHA et al., 2006).
Na região Nordeste, em virtude do alto custo e da baixa produção do milho e da soja,
principais ingredientes das rações para aves, é preocupação constante por parte dos
nutricionistas avaliarem alimentos que possam ser utilizados na alimentação das aves, a
fim de reduzir os custos de produção. Por outro lado, no cenário nacional, o Nordeste
ocupa lugar de destaque na fruticultura, graças a avanços tecnológicos e a utilização da
irrigação. O crescimento desse setor acabou por gerar a instalação de agroindústrias em
toda a região que trabalha com frutas secas, frutas em conservas, geleias, sucos e doces,
sendo as frutas tropicais as mais exploradas, principalmente - abacaxi, banana, caju, coco,
mamão, manga, maracujá, uva, acerola e goiaba (LOUSADA JÚNIOR et al., 2006).
Segundo Bartholo (1994) do total de frutas processadas na produção de sucos e polpas, são
gerados 40% de resíduos agroindustriais para as frutas: manga, acerola, maracujá e caju
que são considerados custos operacionais. De acordo com Ministério do Meio Ambiente
(2009) o Brasil produz 290 milhões de toneladas dos resíduos agroindustriais sendo as
culturas da cana-de-açúcar, da soja e do milho as que mais geram resíduos apresentando
201, 41 e 29 milhões de toneladas, respectivamente. Para a cultura do caju só é
contabilizado a produção residual da castanha de caju que é de 80 mil toneladas.
Na alimentação animal o aproveitamento de subprodutos que são desperdiçados,
além de reduzir a poluição do meio ambiente, disponibiliza quantidades significativas de
milho para utilização na alimentação humana, diminuindo a competição por alimentos
entre o homem e os animais domésticos. Outra vertente de grande relevância é a
racionalização do processo produtivo, devido à possibilidade de se produzir e/ou
comercializar dietas de menor custo, com o uso de ingredientes regionais, de modo que a
eficiência animal não seja comprometida, ao mesmo tempo, disponibilizaria um produto de
qualidade e menor preço ao consumidor e, o criador teria maior lucratividade.
5
1.3. USO DO RESÍDUO DO CAJU NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL
O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma planta típica de clima tropical que
pode ser encontrada em vários países, no entanto, o local onde a planta encontrou melhores
condições de propagação foi no Nordeste do Brasil, principalmente nos Estados do Ceará,
Rio Grande do Norte e Piauí. O Rio Grande do Norte apresenta 92% do seu território
produtivo na região semi-árida e possui cerca de 126.211ha de cajueiro com mais de 38%
concentrados na região Leste Potiguar (IBGE, 2012).
O pedúnculo do caju representa cerca de 90% do peso total da fruta, porém é a
castanha que apresenta maior destaque e aproveitamento industrial e comercial, sendo este
a matéria prima para obtenção do resíduo do caju que provém a partir do bagaço (resíduo
da extração do suco de caju) ou através do pseudofruto descartado pela indústria, ou não
aproveitado durante a colheita da castanha (LOPES et al., 2005).
O pseudofruto do cajueiro é rico em açúcares (8%), cálcio, fósforo, ferro e vitamina
C, e taninos (0,35%) (SOARES, 1986). O ácido tânico pode interferir no aproveitamento
da proteína e energia dos alimentos e, os níveis de fibra bruta presentes no resíduo do caju
são considerados elevados para os não-ruminantes, sua composição química é apresentada
na (Tabela 1).
Tabela 1 – Composição química do resíduo de caju segundo literatura revisada
Nutrientes Composição Autores
Matéria Seca 88,96 ¹Moreira et al., 2012
Matéria Mineral 95,36 ¹Moreira et al., 2012
Matéria Orgânica 4,64 ¹Moreira et al., 2012
Proteína Bruta 15,98 ¹Moreira et al., 2012
Lisina 0,30 EMBRAPA, 1991
Metionina 0,20 EMBRAPA, 1991
Triptofano 0,26 EMBRAPA, 1991
Extrato Etéreo 2,42 ¹Moreira et al., 2012
Energia Bruta 5622,3 kcal ¹Moreira et al., 2012
Energia Digestível 1680 kcal/ED ¹Moreira et al., 2012
Energia Metabolizável/aves 1395 kcalEM EMBRAPA, 1991
Fibra Bruta 15,40 Araujo et al., 1983
FDN 68,15 ¹Moreira et al., 2012
FDA 41,15 ¹Moreira et al., 2012
Celulose 24,30 ¹Moreira et al., 2012
Hemicelulose 23,56 ¹Moreira et al., 2012
Lignina 24,19 ¹Moreira et al., 2012
Cálcio 0,45 Ramos et al., 2006
Fósforo Total 0,30 Ramos et al., 2006
Tanino 1,80 Ramos et al., 2006 ¹ Análise realizada no Laboratório de Nutrição Animal da UFRN.
6
De acordo com os resultados obtidos por Araújo (1983), o caju apresenta em sua
constituição, um grupamento químico (composto fenólico), que não é observado no grão
de milho. Os teores de taninos podem variar de acordo com o ano de colheita, local,
variedade do caju e método de secagem do pseudofruto. A disponibilidade dos nutrientes
nos alimentos é frequentemente limitada pela presença de fatores antinutricionais. De
acordo com Thorpe e Beal (2001), trata-se de fatores com efeitos depressivos sobre a
digestão e utilização de proteínas, carboidratos, minerais e vitaminas.
Ramos et al. (2006) trabalharam com frango de corte em crescimento com inclusão
de até 15% da polpa de caju desidratada e a análise da viabilidade econômica, concluíram
que a inclusão da polpa de caju desidratada não interferiu no consumo da ração, no ganho
de peso e nas principais características de carcaça das aves. No entanto, a conversão
alimentar, a renda bruta média e a margem bruta média de renda decresceram com o
incremento da polpa de caju desidratada na fase final. Eles ainda ressaltam que uso da
polpa de caju desidratada depende do preço da polpa em relação ao preço do milho e do
óleo vegetal.
Moreira et al. (2012) utilizando o pseudofruto do cajueiro desidratado (0, 7,5, 15,
22,5 e 30,0%) em dietas para suínos em fase de terminação, avaliaram a quantidade de
carne na carcaça, peso e rendimento de pernil, e concluíram que as variáveis estudadas não
apresentaram efeitos significativos, sendo altamente favorável, pois o uso do pseudofruto
do cajueiro desidratado apresentou dados similares aos obtidos com a dieta convencional.
Já a espessura de toucinho diminuiu à medida que se aumentou os níveis do pseudofruto do
cajueiro desidratado. Os autores afirmaram que a redução do teor de gordura nas carcaças é
desejável na produção de suínos, em função de possíveis riscos à saúde humana provocada
pela ingestão de ácidos graxos saturados, e concluíram que o pseudofruto do cajueiro
desidratado pode ser incluído na dieta de suínos em terminação em níveis de até 30% sem
comprometer o desempenho e a qualidade da carcaça.
Teixeira et al., (2012) utilizaram níveis crescentes do farelo do pseudofruto de caju
desidratado (0; 8; 12 e 16%) em codornas em fase de postura para avaliar o desempenho e
a qualidade interna dos ovos. Esses autores observaram que quanto maior a porcentagem
do farelo do pseudofruto de caju desidratado, melhor é a qualidade do ovo avaliado. E o
nível até 16% do farelo do pseudofruto de caju desidratado na ração de codornas não
prejudica o desempenho e a qualidade dos ovos.
7
1.4. INFLUÊNCIA DAS FIBRAS SOBRE A MORFOLOGIA DO TRATO
GASTRINTESTINAL
É sabido que a fibra causa influências sobre a morfologia intestinal e a taxa de
renovação das células, dessa forma, pode ser feita uma relação entre o alimento e o sistema
digestório. Estudos relatam que uma melhor utilização dos alimentos está diretamente
relacionada com a estrutura do sistema digestório, principalmente na região do intestino
delgado, pois a maior parte dos processos de digestão e absorção dos nutrientes ocorre
nessa região. De acordo com Rezende et al. (2004) o tamanho dos intestinos pode afetar a
taxa de passagem do alimento pelo trato gastrintestinal e consequentemente afetar a
eficiência da digestão e absorção do nutrientes da dieta. Além disso, não se pode deixar de
chamar a atenção para o desenvolvimento da superfície absortiva do trato gastrintestinal
das aves, que ocorre nas primeiras semanas de vida, tornando-se um ponto de grande
relevância para o máximo aproveitamento dos nutrientes e consequentemente, um
desempenho satisfatório. Essas observações são consistente com as do trabalho de Lilja et
al. (1985) que verificaram o crescimento e desenvolvimento pós-natal dos órgãos de
codornas japonesas e foi constatado que ocorreu melhora na capacidade de ingerir e digerir
os alimentos, a medida que o tamanho dos intestinos e moela das codornas aumentavam.
Quando fornecida ração fibrosa aos animais não-ruminantes, os componentes desta
ração podem afetar diretamente as características físicas do conteúdo intestinal e a própria
morfologia dos órgãos envolvidos nos processos digestórios (GOMES et al., 2006). A esse
respeito, há relatos da influência da dieta sobre o comprimento do intestino delgado
(PLANAS et al., 1992) e sobre os aspectos morfológicos como a altura dos vilosidades,
profundidade das criptas e o número de células caliciformes (SAGHER et al., 1991; JIN et
al., 1994).
De acordo com Li et al. (1991) e Nabuurs (1995) existe uma relação desejável entre
as vilosidades e as criptas intestinais (vilosidades altas:criptas baixas) que melhora a
absorção dos nutrientes e reduz as perdas energéticas com a renovação celular, pois os
processos de absorção de nutrientes são dependentes dos mecanismos que ocorrem na
mucosa intestinal. As aves são animais que sofrem influência de vários fatores (a
quantidade de alimento ingerido, a composição do alimento, o aspecto físico do alimento, o
conteúdo de umidade, a frequência e o tempo de fornecimento de alimento) que se reflete
8
sobre as características anatômicas (tamanho e comprimento dos órgãos do trato
gastrintestinal, particularidades fisiológicas e às vezes sobre hábitos alimentares) que
influenciam no aproveitamento de um determinado alimento (REZENDE et al., 2004).
9
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13
Capítulo 2
Desempenho, avaliação de carcaça e de parâmetros econômicos de codornas de corte
(Coturnix coturnix coturnix) alimentadas com resíduo de caju
Trabalho submetido à revista: Caatinga
Página eletrônica: http://periodicos.ufersa.edu.br/revistas/index.php/sistema
ISSN: 0100-316X
14
Capítulo 2
DESEMPENHO, AVALIAÇÃO DE CARCAÇA E DE PARÂMETROS
ECONÔMICOS DE CODORNAS DE CORTE (Coturnix coturnix coturnix)
ALIMENTADAS COM RESÍDUO DE CAJU
Resumo: Objetivou-se estudar o desempenho zootécnico, as características de carcaça de
codornas de corte alimentadas com rações contendo o resíduo de caju, assim como a sua
viabilidade econômica. Foram utilizadas 280 codornas europeias machos com um dia de
idade, distribuídas em delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos,
cinco repetições com 14 aves. Os níveis de inclusão do resíduo do caju foram 0, 7, 14 e
21%. Foram avaliados: o consumo de ração, peso vivo, ganho de peso e conversão
alimentar. Ao final do experimento (42º dia de idade) foram abatidas duas aves por parcela
experimental, a fim de gerar informações das características de carcaça (peso de carcaça e
rendimento de carcaça, peito total, pectoralis major, pectoralis minor, coxa e asa; e o peso
da gordura abdominal e pele) e índices econômicos (custo da ração, custo operacional
efetivo, receita bruta, margem bruta em relação ao custo operacional efetivo, lucro
operacional efetivo e índice de lucratividade). A análise estatística foi realizada através do
SAEG-UFV e as médias foram comparadas utilizando o teste de Dunnett (P<0,05) e
realizado a análise de regressão em função dos níveis do resíduo de caju desidratado. As
variáveis de desempenho foram influenciadas pela inclusão do resíduo de caju, exceto o
peso vivo. Os percentuais de carcaça não foram afetados com a inclusão de até 14% do
resíduo do caju, tanto o peso quanto o rendimento de carcaça não foram influenciadas,
assim como as vísceras e fígado, apenas o coração e a moela sofreram efeito quadrático. A
lucratividade apresentou índices satisfatórios aos níveis de 7 e 14%. De acordo com o
comportamento das variáveis estudadas conclui-se o resíduo do caju pode ser utilizado em
rações para codornas europeias, compondo as dietas até 14% no período de 1 a 42 dias.
Palavras-chave: alimento alternativo, lucro, nutrição, codorna europeia
15
Chapter 2
PERFORMANCE, CARCASS EVALUATION AND ECONOMIC PARAMETERS
OF MEAT TYPE QUAILS (Coturnix coturnix coturnix) FED WITH RESIDEU OF
CASHEW
ABSTRACT - Aimed to study the performance and carcass characteristics of quails fed
diets containing the residue of cashew, and economic viability. Were used 280 European
quail males with a day old, distributed in a completely randomized design with four
treatments, five replicates of 14 birds. Inclusion levels of the residue of cashew were 0, 7,
14 and 21%. Were evaluated: feed intake, body weight, weight gain and feed conversion.
At the end of the experiment (42 days old) were killed two birds per experimental unit in
order to generate information of the carcass characteristics (carcass weight and carcass
yield, full breast, pectoralis major, pectoralis minor, thigh and wing; and the weight of
abdominal fat and skin) and economic indicators (feed cost, effective operational cost,
gross revenue, gross margin compared to the actual operating cost, effective operating
profit and profitability index). Statistical analysis was performed using the SAEG-UFV
and the means were compared using the Dunnett test (P <0.05) and performed regression
analysis as a function of the residue levels of dehydrated cashew. The performance
variables were influenced by the inclusion of cashew residue except the live weight.
Carcass percentages were not affected by the inclusion of up to 14% the residue of cashew,
both weight and carcass yield were not affected, and the guts and liver, only the heart and
gizzard showed a quadratic effect. Profitability presented index satisfactory levels of 7 and
14%. According to the behavior of the parameters it follows the residue of cashews can be
used in diets for European quails, composing diets up to 14% in the period 1-42 days.
Keywords: alternative food, profit, nutrition, European quail
16
INTRODUÇÃO
A coturnicultura de corte tem despertado o interesse de produtores que a visualizam
como um segmento alternativo a produção avícola tradicional, podendo ser uma atividade
rentável. A criação de codornas para produção de carne é uma boa alternativa para
obtenção de proteína de origem animal e suas características nutricionais são superiores a
carne de frango (SILVA e COSTA, 2009) apresentando alto teor de proteína e baixa
quantidade de gordura, o que a torna uma fonte de proteína animal de excelente qualidade,
entretanto pouco se sabe sobre seu potencial produtivo no Brasil.
A região Sudeste é maior produtora de codornas, estando à região Nordeste em
terceiro lugar, com 8,35% do efetivo nacional e o Rio Grande do Norte (RN) é o sexto
maior produtor dessa região. No RN as microrregiões Leste e Oeste Potiguar são as
maiores produtoras dessa ave, respectivamente, sendo os municípios de Macaíba e
Mossoró os maiores produtores das respectivas regiões, onde a atividade é desenvolvida
por pequenos e medidos produtores a fim de complementar a renda familiar (IBGE, 2014).
Na produção avícola, a oscilação na oferta de grãos provoca uma grande
interferência no lucro dessa atividade. Os insumos tradicionais, especialmente o milho e a
soja, são os ingredientes que compõem a maior parcela das dietas de aves, apresentando
instabilidade devido à sazonalidade e regionalização da produção interna, resultando na
oscilação dos preços em diferentes épocas do ano e regiões do país (CUNHA et al., 2006).
Além desses problemas, o milho e a soja são produtos que são consumidos por parte da
população humana e como consequência futura haverá menor disponibilidade e maiores
custos dessas matérias primas.
A região Nordeste, onde a avicultura tem se expandido bastante, é uma das mais
prejudicadas, pois está localizada geograficamente longe dos principais pólos de produção
de grãos e sua produção interna não acompanha o crescimento de tais atividades (FARIAS
et al., 2008). Em decorrência dessa limitação a utilização de produtos alternativos na
composição das dietas de aves surge como uma opção interessante para reduzir os custos
de produção em épocas ou mesmo durante todo o ano onde há escassez de alguns
ingredientes tradicionais utilizados na alimentação animal (CUNHA et al., 2006). Vale
salientar que o alimento alternativo escolhido deve ser de fácil acesso e grande
disponibilidade na região e, que não comprometa o desempenho do animal (LOPES et al.,
2009).
17
De acordo com Mason et al. (2005), a utilização de extratos vegetais na dieta de
suínos melhorou os atributos da carne com destaque para as frutas cítricas como o caju,
acerola, laranja e limão. Do total de frutas processadas na produção de sucos e polpas, são
gerados 40% de resíduos agroindustriais pelas frutas: manga, acerola, maracujá e caju que
são considerados custos operacionais (por aumentar o custo operacional para a empresa ao
implantar o tratamento adequado e destino correto para esse resíduo) (BARTHOLO, 1994)
ou fonte de contaminação ambiental (LOUSADA JÚNIOR et al., 2006).
O pseudofruto do cajueiro (Anacardium occidentale L.), subproduto da indústria do
suco do caju, é um ingrediente normalmente desperdiçado, encontrado facilmente na
região Nordeste do Brasil, especialmente no estado do Rio Grande do Norte, podendo ser
transformado em farelo e utilizado na alimentação animal. O Nordeste brasileiro é a maior
região produtora de castanha de caju, onde se destacam os estados do Ceará (48,41%), Rio
Grande do Norte (23,51%) e Piauí (19,83%) frente à produção nacional. O Rio Grande do
Norte participa com uma produção de 18.003 toneladas de castanha de caju, em uma área
plantada de 126.211 hectares (IBGE, 2012).
No RN a cajucultura é explorada em regime sequeiro e em grande parte por
pequenos produtores e em menor escala nas grandes e médias propriedades rurais. O
cajueiro gigante ainda é a variedade predominante, mas recentemente a implantação do
cajueiro anão tem sido incentivada (GUANZIROLI et al., 2009). A cajucultura cumpre
importante função na economia rural nordestina: a de complementar a renda do agricultor
com um fluxo monetário na fase do ano em que não há produção de outro item agrícola. Os
municípios de Macaíba (28,45%), Luís Gomes (27,22%), Mossoró (25,75%) e Serra do
Mel (19,44%) são os maiores produtores do fruto no Estado, respectivamente (IBGE,
2012).
Segundo Ramos et al. (2006), o pseudofruto desidratado do cajueiro contém 88,70%
de MS, 14,00% de PB, 12,07% de FB, 4,15% de EE, 0,45% de Ca e 0,30% de P. A
utilização do resíduo de caju na fabricação de rações para codornas pode ser uma
alternativa de relevância para redução dos custos. Alguns estudos já foram realizados para
frango de corte (FREITAS et al., 2005), aves caipiras (HOLANDA, 2002), codorna de
postura (TEIXEIRA et al., 2012), suínos (FARIAS et al., 2008) e coelhos (GUERREIRO
et al., 1983), mas nenhum relato foi encontrado em literatura para codornas de corte.
18
O uso do farelo do pseudofruto do caju, enriquecido por leveduras, como ingrediente
substituto do milho, associado apenas a 10% de concentrado, no arraçoamento de uma
população de aves caipira, trouxe benefícios no ganho de peso tanto dos machos como das
fêmeas, até uma proporção, em torno de 30% de substituição milho pela polpa de caju
(HOLANDA, 2002).
Freitas et al. (2005) avaliaram o desempenho e viabilidade econômica da inclusão do
farelo do pseudofruto de caju desidratado em frangos de corte, constataram que a inclusão
em até 15% farelo do pseudofruto de caju desidratado não prejudicou o desempenho dos
frangos e o seu uso fica condicionado ao preço dos ingredientes, por ocasião da formulação
das dietas.
Farias et al. (2008) utilizaram suínos em fase de crescimento com níveis de inclusão
do farelo do pseudofruto em até 20%, verificaram que a sua inclusão não interfere no
desempenho dos animais e que o rendimento financeiro da produção melhorou.
Objetivou-se com este estudo avaliar o desempenho e rendimento da carcaça de
codornas de corte alimentadas com dietas contendo diferentes níveis do resíduo do caju
(bagaço do pseudofruto desidratado) e analisar a viabilidade econômica.
19
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Setor de Avicultura da Unidade Acadêmica
Especializada em Ciências Agrárias/EAJ/UFRN, Macaíba - RN, no período de 09 de
outubro a 21 de novembro de 2012, com duração de 42 dias divididos em duas fases –
crescimento I e II (1 a 7 dias; 8 a 21 dias) e terminação (22 a 42 dias), em galpão
convencional. Foram utilizadas 280 codornas europeias (Cortunix cortunix cortunix)
machos com idade de um dia e peso médio de 9,9g, em delineamento inteiramente
casualizado, com quatro tratamentos e cinco repetições com 14 codornas por unidade
experimental. As aves foram alojadas ao acaso, em boxes de alvenaria, totalizando 20
boxes com dimensões de 1,00 x 0,50m² (altura x largura). Os boxes eram providos de
bebedouros e comedouros tubulares e, lâmpadas incandescentes para o fornecimento de
calor nos primeiros 15 dias.
As dietas foram à base de milho e farelo de soja, com diferentes níveis de
substituição do milho pelo resíduo de caju: 0, 7, 14 e 21%. O resíduo do caju foi obtido de
uma fábrica de sucos da cidade de Jaçanã – RN, sendo o processo de desidratação
realizado pela mesma. Na elaboração das rações, retirou-se uma amostra representativa do
resíduo total para determinação da composição química do resíduo de caju, os dados são
apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Composição nutricional do resíduo do caju¹
Nutrientes Composição (%)
Umidade 11,07
Matéria Seca 88,93
Matéria Mineral (Cinzas) 7,45
Matéria Orgânica 92,55
Proteína Bruta 15,98
Extrato Etéreo (Gordura) 2,66
Fibra bruta 12,07
Fibra em Detergente Neutro (FDN) 68,15
Fibra em Detergente Ácido (FDA) 41,25
Hemicelulose 26,90
Carboidratos Totais 73,91
Carboidratos Não Fibrosos 5,76
Lignina 22,82
Celulose 18,44
Proteína Insolúvel em detergente Neutro 11,44
Proteína Insolúvel em detergente Ácido 5,01
Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) 39,15
Energia Digestível (Mcal/kg) 1,73 ¹Análises realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
20
Os níveis nutritivos utilizados atendem os valores preconizados para codornas de
corte de acordo com Silva e Costa (2009) nas fases de crescimento e terminação. A
composição percentual e química das dietas encontra-se na (Tabela 2 e 3).
Tabela 2 – Composição percentual e valores nutricionais calculados das rações
experimentais na fase de crescimento (1 a 21 dias)
Ingredientes Níveis de inclusão do resíduo do caju
0% 7% 14% 21%
Milho 51,634 43,285 34,934 26,589
Farelo de soja (45%) 43,609 42,516 41,404 40,302
Resíduo do caju 0,000 7,000 14,000 21,000
Óleo de soja 1,135 3,495 5,856 8,216
Calcário 1,126 1,029 0,932 0,835
Fosfato Bicálcico 1,058 1,106 1,153 1,201
DL-Metionina 0,419 0,465 0,510 0,555
Sal comum 0,314 0,322 0,330 0,338
L-Lisina HCL 0,279 0,318 0,357 0,396
L-Treonina 0,276 0,324 0,371 0,419
Premix mineral¹ 0,100 0,100 0,100 0,100
Premix vitaminico² 0,050 0,050 0,050 0,050
Inerte 0,000 0,000 0,000 0,000
Total 100,000 100,000 100,000 100,000
Valor nutricional calculado
Energia metab. (Kcal/kg) 2900,000 2900,000 2900,000 2900,000
Proteína Bruta (%) 25,000 25,000 25,000 25,000
Fibra Bruta (%) 3,588 4,438 5,288 6,138
FDN (%) 12,078 15,740 19,403 23,065
FDA (%) 5,163 7,679 10,195 12,711
Cálcio (%) 0,850 0,850 0,850 0,850
Fósforo disponível (%) 0,320 0,320 0,320 0,320
Sódio (%) 0,170 0,170 0,170 0,170
Potássio (%) 0,957 0,912 0,867 0,821
Lisina digestível (%) 1,424 1,409 1,395 1,380
Lisina total (%) 1,560 1,560 1,560 1,560
Met. Digestível (%) 0,752 0,777 0,802 0,827
Metionina total (%) 0,786 0,824 0,861 0,899
Met. + cist. dig. (%) 1,067 1,072 1,077 1,082
Met. + cist. total (%) 1,160 1,160 1,160 1,160
Treonina dig. (%) 1,076 1,079 1,082 1,085
Treonina total (%) 1,220 1,220 1,220 1,220 ¹Níveis de garantia por kg do produto: Vitamina A 40.000.000 UI, vitamina D3 10.000.000 UI, vitamina E 80.000 UI, vitamina K3
10.000,0 mg, vitamina B12 64.000,0 mg, vitamina B1 7.200,0 mg, vitamina B2 24.000,0 mg, vitamina B6 11.200,0 mg, Ácido Fólico
4.000,0 mg, Ácido Pantotênico 48.000,0 mg, Ácido Nicotínico 160.000,0 mg, Biotina 260,0 mg. ²Composição básica do produto: Sulfato de ferro, sulfato de cobre, óxido de zinco, monóxido de manganês, selenito de sódio, iodeto de
cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Manganês 140.000 mg, Zinco 120.000 mg, Ferro 100.000 mg, Cobre 18.000
mg, Iodo 2.000 mg, Selênio 600 mg.
21
Tabela 3 – Composição percentual e valores nutricionais calculados das rações
experimentais na fase de crescimento (22 a 42 dias)
Ingredientes Níveis de inclusão do resíduo do caju
0% 7% 14% 21%
Milho 58,273 49,916 41,568 33,262
Farelo de soja (45%) 36,949 35,857 34,754 33,602
Resíduo do caju 0,000 7,000 14,000 21,000
Óleo de soja 2,307 4,670 7,030 9,378
Calcário 0,935 0,838 0,741 0,644
Fosfato Bicálcico 0,828 0,875 0,923 0,971
DL-Metionina 0,217 0,263 0,308 0,354
Sal comum 0,270 0,278 0,286 0,294
L-Lisina HCL 0,000 0,035 0,074 0,132
L-Treonina 0,071 0,118 0,166 0,214
Premix mineral¹ 0,100 0,100 0,100 0,100
Premix vitaminico² 0,050 0,050 0,050 0,050
Inerte 0,000 0,000 0,000 0,000
Total 100,000 100,000 100,000 100,000
Valor nutricional calculado
Energia metab. (Kcal/kg) 3050,000 3050,000 3050,000 3050,000
Proteína Bruta (%) 22,000 22,000 22,000 22,000
Fibra Bruta (%) 3,325 4,174 5,024 5,871
FDN (%) 11,898 15,552 19,214 22,874
FDA (%) 4,877 7,387 9,904 12,417
Cálcio (%) 0,700 0,700 0,700 0,700
Fósforo disponível (%) 0,270 0,270 0,270 0,270
Sódio (%) 0,150 0,150 0,150 0,150
Potássio (%) 0,855 0,810 0,764 0,718
Lisina digestível (%) 1,053 1,036 1,021 1,020
Lisina total (%) 1,173 1,170 1,170 1,184
Met. Digestível (%) 0,524 0,549 0,574 0,600
Metionina total (%) 0,554 0,592 0,629 0,667
Met. + cist. dig. (%) 0,816 0,821 0,826 0,831
Met. + cist. total (%) 0,900 0,900 0,900 0,900
Treonina dig. (%) 0,804 0,807 0,810 0,813
Treonina total (%) 0,920 0,920 0,920 0,920 ¹Níveis de garantia por kg do produto: Vitamina A 40.000.000 UI, vitamina D3 10.000.000 UI, vitamina E 80.000 UI, vitamina K3
10.000,0 mg, vitamina B12 64.000,0 mg, vitamina B1 7.200,0 mg, vitamina B2 24.000,0 mg, vitamina B6 11.200,0 mg, Ácido Fólico
4.000,0 mg, Ácido Pantotênico 48.000,0 mg, Ácido Nicotínico 160.000,0 mg, Biotina 260,0 mg.
²Composição básica do produto: Sulfato de ferro, sulfato de cobre, óxido de zinco, monóxido de manganês, selenito de sódio, iodeto de
cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Manganês 140.000 mg, Zinco 120.000 mg, Ferro 100.000 mg, Cobre 18.000
mg, Iodo 2.000 mg, Selênio 600 mg.
O fornecimento de água e ração foi à vontade durante todo o período experimental.
As rações foram acondicionadas em recipientes de 10 kg com tampas, devidamente
22
identificados por tratamento e repetição para o controle de consumo de ração, que foi
avaliado aos 1, 7, 21 e 42 dias do início do experimento.
O programa de luz adotado foi o contínuo durante 24 horas do dia, sendo das 7:00 às
17:00 horas, iluminação natural, e o restante do dia com luz artificial, utilizando lâmpadas
fluorescentes.
Os dados de temperatura e umidade do galpão foram monitorados diariamente
através de duas leituras, uma pela manhã e a outra à tarde com o auxilio de um
termohigrômetro, colocado a uma altura intermediária em relação aos boxes para melhor
precisão da temperatura das aves. Foram observadas as médias de 28,77ºC e 42,22%,
respectivamente. As temperaturas mínimas e máximas foram respectivamente 23ºC e 35ºC
e a umidade relativa mínima e máxima do ar, de 26% e 66%, respectivamente.
Nos períodos de 1 a 7 dias, 8 a 21 dias e 22 a 42 dias de idade, foram avaliados: peso
vivo (g/ave/dia), ganho de peso (g/ave), consumo de ração (g/ave) e conversão alimentar
(g/g). Quanto a avaliação de carcaça foram avaliados o peso e rendimento de carcaça, peso
e rendimento de peito (maior e menor), peso e rendimento de coxa (coxa + sobrecoxa),
peso de gordura abdominal e pele, peso de vísceras comestíveis (fígado, coração e moela) e
não comestíveis (proventrículo, pâncreas e intestinos). Foi avaliada a viabilidade
econômica quanto ao custo da ração, custo operacional efetivo, receita bruta, margem bruta
com relação ao custo operacional efetivo, lucro operacional efetivo e índice de
lucratividade quando as aves atingiram os 42 dias de idade, período em que as mesmas
foram abatidas, sabendo-se a quantidade exata de carne produzida por cada tratamento,
sendo esta informação necessária para a conclusão dos valores de alguns dos índices
econômicos.
Para determinar os valores de ganho de peso, as codornas foram pesadas no início e
ao fim de cada período experimental, encontrando-se o resultado por diferença, já para o
cálculo do peso vivo, foi adotado a peso final de cada período. O consumo de ração foi
calculado também pela diferença entre a quantidade de ração fornecida e as sobras das
rações experimentais. Devido às mortalidades ocorridas durante o experimento o consumo
médio foi descontado e corrigido, obtendo-se assim o consumo verdadeiro para cada
tratamento de acordo com Sakomura e Rostagno (2007). A partir dos dados de consumo de
ração e ganho de peso, foi calculada a conversão alimentar dos animais através da relação
entre esses valores.
23
Ao final do período experimental, aos 42 dias, os animais foram submetidos a jejum
de sólidos por oito horas. Duas aves por unidade experimental, com peso vivo de mais ou
menos 10% do peso médio de cada parcela experimental, foram abatidas por deslocamento
cervical. Após a sangria e a depenação, as codornas foram evisceradas e as carcaças (sem
pés e cabeça) foram então pesadas, obtendo-se o parâmetro de carcaça. Posteriormente
procedeu-se com os cortes: peito total, pectoralis maior (peito maior), pectoralis minor
(peito menor), coxa mais sobrecoxa e asas conforme preconizado por Ramos et al. (2006).
O rendimento de carcaça foi determinado pela relação entre o peso da carcaça quente
eviscerada (sem pés, cabeça e penas) e o peso vivo das aves na plataforma de abate.
Também foi determinado o rendimento percentual dos cortes em relação ao peso da
carcaça quente eviscerada (sem pés, cabeça e penas).
Os cortes foram pesados em balança digital (precisão 0,01g) e seus rendimentos
foram calculados em relação ao peso da carcaça quente eviscerada. Foram avaliados o peso
absoluto (g) e o rendimento (%) das carcaças (sem vísceras, sem pés, sem cabeça e sem
penas) e dos cortes citados. A gordura abdominal (tecido adiposo ao redor do
proventrículo, moela e cloaca), a pele e as vísceras comestíveis foram apenas pesadas. A
moela foi devidamente esvaziada para determinação do peso.
O estudo da viabilidade econômica da inclusão do resíduo de caju foi realizado
conforme relatado por Santos et al. (2011), considerando-se as seguintes variáveis
primárias: custo operacional efetivo (COE) é o custo que o produtor desembolsa para
produzir certa quantidade de um produto. Esse custo é o somatório das despesas com os
insumos, compras de pintainhos de um dia e transporte. A receita bruta (RB) é o valor
obtido com a venda da produção. Neste caso foi calculada sendo a quantidade de carne
produzida por tratamento experimental multiplicado pelo preço de venda da carne.
Margem bruta com relação ao custo operacional efetivo (MBCOE) é o percentual de
recursos que sobram após o produtor pagar o COE, usando a fórmula: MBCOE = (RB –
COE) / COE x 100. O lucro operacional efetivo (LOE) representa a lucratividade da
atividade em curto prazo. Calcula-se sendo a RB – COE. E o índice de lucratividade (IL)
indica a taxa de receita disponível da atividade, logo após o pagamento de todos os custos
operacionais, IL = (LOE / RB) x 100. Na Tabela 4 estão apresentados os valores dos
principais itens utilizados para o cálculo dos índices econômicos. Todavia, estes preços
foram determinados através de uma pesquisa em três estabelecimentos comerciais,
24
adotando a média desses valores como o preço por quilo do referido ingrediente. Esse
procedimento se deu, devido alguns ingredientes da ração terem sido doados, não sendo
possível tomar conhecimento do valor real do ingrediente.
Tabela 4 – Preço dos principais ingredientes utilizados na formulação das rações
experimentais e de comercialização da carne de codorna
Ingredientes Preço por quilo (R$)*
Milho (grão)* 0,68
Farelo de soja* 1,56
Resíduo de caju 0,30
Óleo vegetal* 6,60
Carne de codorna 12,00
*Preços dos ingredientes foram calculados de acordo com os valores do período de Novembro de 2013.
As análises estatísticas das características avaliadas foram realizadas utilizando-se o
programa computacional Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG) – UFV –
Universidade Federal de Viçosa, (2007). Os dados obtidos nos níveis de inclusão do
resíduo de caju foram avaliados através da análise de regressão polinomial. Para a
comparação das médias das rações dos tratamentos utilizou-se o teste de Dunnett a 5 % de
significância, comparando-se o tratamento sem a inclusão do resíduo de caju (controle)
com os demais tratamentos. A avaliação da viabilidade econômica foi realizada pela média
dos seus valores por tratamento.
25
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1 - Desempenho
O consumo de ração aumentou linearmente em todos os períodos analisados
conforme os níveis do resíduo de caju cresciam nas dietas das codornas, como apresentado
na Tabela 5. De acordo com o teste de Dunnett na fase de crescimento I, os níveis de 14 e
21% promoveram consumo maior que a dieta controle, enquanto que na fase de
crescimento II e de terminação, apenas o nível de 21% apresentou significância em relação
à dieta controle. Observa-se que o aumento da inclusão do resíduo do caju proporciona a
elevação nos teores de fibra nas dietas, onde na dieta controle tem-se 3,588% enquanto que
no último tratamento esse valor chega a 6,138% de FB na fase de crescimento, o mesmo
comportamento pode ser observado na fase de terminação com 3,325% e 5,871% de FB
(Tabela 2 e 3), além do possível aumento dos conteúdos em fatores antinutricionais, como
o tanino que merece ser mencionado por estar presente no resíduo do caju.
Tabela 5 – Consumo de ração acumulada de codorna de corte (g/ave) em função da idade
Nível do resíduo de
caju (%)
Períodos (dias)
1 - 7 8-21 22-42
0 47,80 269,86 751,27
7 54,24 291,34 760,83
14 80,53** 295,79 777,93
21 106,05** 305,64** 806,67**
CV% 13,53 5,60 3,11
Regressão L1 L2 L3
R² 0,94 0,91 0,92 * Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; L = efeito de
regressão linaer. L1: Y = 41,999+2,872x; L2: Y = 273,89+1,597x; L3: Y = 746,28+2,5614x.
A utilização de ração com elevados teores de fibra para aves leva a um aumento
compulsório no consumo da ração para que atinja os níveis energéticos exigidos para o
crescimento, desenvolvimento e produção (WARPECHOWSKI, 1996). Já aves jovens
apresentam comportamento oposto, há uma redução no consumo de ração, em decorrência
do maior tempo de passagem do alimento pelo trato digestório (CHOCT, 2002), o que
pode acarretar o aumento da população de microrganismos que competem com o
hospedeiro pelos nutrientes presentes no lúmen intestinal e também produzir toxinas,
prejudicando o desempenho dos animais (NUNES et al., 2001), entretanto esses achados se
confrontam com os resultados encontrado em nossa pesquisa, as codornas na fase de
26
crescimento submetidas as rações experimentais com a inclusão do resíduo do caju
apresentaram maior consumo de ração a medida que o nível de inclusão aumentavam,
assim com as aves na fase de terminação.
De acordo com Leeson e Summers (2001), o consumo voluntário de ração pelas aves
é regulado, dentro de certos limites, pela ingestão de energia e palatabilidade da ração.
Portanto, como as rações experimentais eram isoenergéticas, esperava-se que a ingestão de
alimento pelas codornas não variasse significativamente entre os níveis avaliados. Segundo
Hetland et al. (2004) a diluição da energia metabolizável em frangos, é compensada por
um acréscimo na ingestão alimentar e provável aumento na conversão alimentar.
O fato do consumo de ração ter sido afetado pelos níveis do resíduo do caju nas
rações de codornas de corte pode ser associado ao aumento do conteúdo fibroso na dieta
que ocasionou no animal estímulos levando-o a ingerir mais alimento para compensar
possíveis deficiências nutricionais, provocada pela redução no aproveitamento dos
nutrientes das rações. Nas aves, capacidade de consumo e digestão avançam com o
aumento da idade, de acordo com Potter et al. (1990) as aves adultas têm melhor
capacidade de adaptação às rações com maior teor de fibra, devido o trato gastrintestinal
está desenvolvido o suficiente para reduzir ou neutralizar os efeitos negativos da fibra.
Sobre os efeitos do aumento da fração fibrosa das rações sobre o consumo de ração
das aves, tem sido relatado que a alta capacidade de absorção de água da fração solúvel
contribui para a redução no consumo porque limita a ingestão de alimento devido ao
volume ocupado no trato digestório (RODRÍGUEZ-PALENZUELA et al., 1998) e à
passagem mais lenta da digesta (DUNKLEY et al., 2007), enquanto que, a fração insolúvel
contribui para diluição da energia da dieta, além da diminuição no aproveitamento dos
nutrientes devido a redução da digestão e absorção dos nutrientes (HETLAND et al.,
2004).
A ausência do efeito do resíduo de caju foi encontrado por Silva Filha et al. (2004)
que utilizaram 24% de farelo do pseudofruto do caju desidratado para frango de corte com
idade de 22 a 40 dias, constataram que os efeitos adversos da fibra foram pouco evidentes,
devido ao aumento da capacidade de ingestão e digestão, com o avanço da idade.
Brandão (2011) ao estudar níveis diferentes do farelo de palma forrageira, verificou
que a inclusão de 9,2% desse farelo para codornas de corte na fase de crescimento,
apresentou resultados satisfatórios para o consumo de ração. Carvalho (2011) encontrou
27
efeito quadrático para o consumo de ração, onde à medida que em aumentava o nível de
farelo do caroço de cajarana em até 5%, o consumo de ração das codornas europeias
diminuíam. Entretanto, Cunha (2009) não encontrou efeito significativo sobre o consumo
de ração e conversão alimentar em codornas com dieta utilizando a farinha de mandioca
integral, discordando dos resultados observados nesta pesquisa. Um fator que
possivelmente contribuiu para explicar as variações encontradas nestas pesquisas é o nível
de substituição da ração referência pelo alimento teste, devido a grande diversidade das
propriedades físico-químicas da fibra entre os alimentos e de acordo com Sousa et al.
(2012) a limitada capacidade do trato digestório das aves para processar material fibroso.
Pode-se verificar no presente trabalho, que houve aumento no nível de óleo vegetal
nas rações à medida que se elevaram os níveis do resíduo de caju (Tabelas 2 e 3) e esse
aumento pode ter contribuído para os resultados obtidos ao nível de 21% apresentarem
maiores consumos da ração em todos os períodos avaliados, pois o óleo melhora a
palatabilidade das mesmas e proporciona o aumento da absorção das vitaminas
lipossolúveis e a eficiência do consumo de energia o que está de acordo com Roll (2012),
além de proporcionar a redução do incremento calórico (SAKOMURA et al., 2004), uma
vez que o incremento dos lipídeos é o mais baixo entre os nutrientes (CHURCH e POND,
1977) proporcionando até melhor bem estar animal em temperaturas mais elevadas.
Na Tabela 6 observa-se que as codornas utilizando o resíduo de caju nas dietas não
sofreram influencia sobre o peso vivo nas diferentes fases de criação.
Essa ausência de diferença no peso vivo pode ser explicada devido às rações terem
sido isoenergética e isoproteica. Isso indica que as rações experimentais com a inclusão do
resíduo de caju atenderam de forma satisfatória as exigências energéticas das codornas,
proporcionando a manutenção do seu desempenho, mesmo nos tratamentos em que houve
redução do consumo de ração.
Nas fases de crescimento I e II o maior peso vivo ocorreu nos níveis de 7 e 0% de
inclusão do resíduo de caju, respectivamente. Na fase de terminação os níveis com os
maiores valores de inclusão apresentaram os melhores pesos vivos de codorna de corte aos
42 dias de idade. Wenk (2001) verificou que um dos efeitos da fibra alimentar em não
ruminantes, são as alterações nas populações e na atividade microbiota desses animais que
segundo Guillon e Champ (2000) promovem efeitos metabólicos e fisiológicos no
organismo que refletiram sobre o desempenho do animal.
28
Segundo Araújo e Silva (2008) essa elevação no teor de fibras podem causar alguns
efeitos, como alteração na morfologia e a fisiologia entérica, modificando a taxa de trânsito
e a função hormonal, em virtude da variação na taxa de absorção de nutrientes .
Tabela 6 – Peso vivo médio das codornas (g/ave/dia) alimentadas com resíduo do caju
Nível do resíduo de
caju (%)
Períodos (dias)
7 21 42
0 40,22 172,00 306,10
7 42,25 163,86 299,01
14 39,98 162,81 320,86
21 42,19 164,24 313,22
CV% 6,41 7,95 5,25
Regressão NS NS NS
R² - - - * Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; NS = efeito não
significativo a 5% de probabilidade.
Os valores apresentados por Brandão (2011) que substituiu o milho pelo farelo de
palma forrageira (FDN: 35,35%) nas rações de codornas europeias (0, 5, 10 e 15%) foi de
249,58g de peso vivo médio aos 45 dias, enquanto que Carvalho (2011) ao utilizar o farelo
do caroço de cajarana (FDN:45,30%) na dieta de codornas de corte (0, 5, 10 e 15%),
tiveram peso vivo médio de 181,64g aos 42 dias, esses achados diferem dos valores
encontrados nesta pesquisa, sendo os mesmos bem superiores aos dos autores
anteriormente citados, provavelmente em razão do maior tempo de trânsito da digesta do
resíduo do caju pelo trato digestório, decorrente do maior teor de fibra solúvel contido
neste alimento (FDN: 68,15%), em relação aos anteriormente citados. Vale ainda ressaltar
que o peso vivo médio das codornas do presente trabalho encontra-se com o peso acima da
média aceita no mercado que é de 300 gramas de acordo com Scatolini e Boiago (2006).
Esse resultado pode ser atribuído ao fato das aves submetidas aos níveis mais
elevados de fibra na ração têm um período de trânsito mais longo (KROGDAHL et al.,
2005) o que pode aumentar a absorção dos nutrientes em função do maior tempo de
contato com as células absortivas. E também aumentar a digestibilidade da fibra por
permitir maior tempo para a fermentação microbiana (ARRUDA et al., 2003) na região
ceco (LIU e BAIDOO, 1997).
A variação no peso vivo pode ser explicada por diversos fatores como idade, sexo
(SANTOS et al., 2012), genética (MÓRI et al. 2005), exigência proteica e energética de
29
acordo com cada fase (REZENDE et al., 2004), mas possivelmente nesta pesquisa, este
evento é consequência do maior teor de hemicelulose em relação ao de lignina e celulose
(Tabela 1) e, também da maior quantidade de fibra solúvel no resíduo do caju na dieta,
onde provavelmente ocorreu maior tempo de retenção da digesta para atividade
fermentativa, contribuindo para melhor colonização e ação enzimática dos microrganismos
no ceco sobre a fração fibrosa (GUILLON e CHAMP, 2000).
Portanto, não somente a quantidade da fração fibrosa, mas também a qualidade,
visualizada a partir do fracionamento dos constituintes da parede celular vegetal, deve ser
considerada no balanceamento de dietas para codornas europeias.
Na Tabela 7 estão contidas as médias do ganho de peso das codornas de corte
alimentadas com diferentes níveis do resíduo de caju para todas as fases de criação de um a
42 dias de idade.
O uso do resíduo de caju nas dietas influenciou o ganho de peso nas fases de
crescimento I e II de forma quadrática, onde os melhores ganhos se deram ao nível de 7%
da inclusão do resíduo de caju nas rações e de forma linear na fase de terminação com o
máximo de ganho de peso das aves no nível de 21% de inclusão do resíduo de caju nas
rações. Na pesquisa desenvolvida por Furlan e Macari (2002), a melhora no desempenho
das aves na fase de terminação, em relação à fase inicial, se justifica porque nessa fase, as
aves possuem o pâncreas mais eficiente na produção de enzimas que atuam na digestão, do
que na fase inicial.
Tabela 7 – Ganho de peso acumulado de codorna corte (g/ave) em função da idade
Nível do resíduo de
caju (%)
Períodos (dias)
1 - 7 8-21 22-42
0 30,25
121,72
139,05
7 32,63
122,32
137,80
14 32,75
117,83
144,37
21 31,52
118,86
145,41
CV% 7,25 3,83 3,38
Regressão Q1 Q2 L1
R² 0,98 0,60 0,76 * Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; NS = efeito não
significativo a 5% de probabilidade; L = efeito de regressão linear; Q = efeito de regressão quadrático. Q1: Y = 30,296+0,4429x -
0,0184x2; Q2: Y = 122,25 - 0,2328x + 0,0022x2; L1: Y = 137,81+0,3664x.
Foi possível observar ainda, que no período de 8 a 21 dias de idade as codornas
apresentaram maior ganho de peso médio e o menor ganho de peso foi ao nível de 14%.
30
Essa resposta das codornas aos níveis do resíduo de caju ocorre devido à capacidade das
aves em se adaptar a diversos tipos de dietas alimentares sem que, necessariamente, o seu
peso final seja afetado, o que possibilita a utilização de programas alimentares mais
econômicos (RAMOS et al., 2006).
Segundo Araújo (1987) o alto teor de fibra bruta resultou em menor disponibilidade
da energia metabolizável para as aves, uma vez que, o baixo percentual de extrato etéreo
da polpa de caju desidratada não compensou os efeitos negativos do teor da fibra, como
por exemplo, o aumento da viscosidade intestinal. Vasconcelos Fernandes et al. (2013)
complementam as afirmações dos autor anteriormente citado, afirmando que as aves jovens
apresentam menor capacidade de digestão de fibras, tanto pela característica do sistema
digestório quanto pelas interações nutricionais do alimento. Que pela idade das aves, está
relacionado com a maturação dos órgãos do sistema digestório, incluindo a produção de
enzimas digestivas das aves (NITSAN et al., 1991).
Brandão (2011) observou na fase de crescimento houve redução linear no ganho de
peso das codornas europeias, com o aumento dos níveis de inclusão do farelo de palma
forrageira em substituição ao milho, onde a cada 1% de substituição, ocorreu uma redução
de 1,256g no ganho de peso das aves. Assim como o resíduo do caju (FDN: 68,15%; FDA:
41,25%), o teor de fibra do farelo de palma forrageira (FDN: 35,35%; FDA: 22,33%) é
maior que o do milho (FDN: 17,96%; FDA: 2,47%), interferindo dessa maneira, na
digestão e assimilação de nutrientes. Por sua vez, valores de ganho de peso do presente
trabalho são maiores do que os de Carvalho (2011) trabalhando com diferentes níveis do
farelo do caroço de cajarana (FDN: 45,30%; FDA: 31,60%) (0, 5, 10 e 15%) com codornas
europeias no período de crescimento, onde se observou efeito quadrático sobre esta
variável. Provavelmente devido à diferença no teor de fibra bruta desses alimentos, sendo o
do resíduo do caju (12,07%) menor do que o do farelo do caroço de cajarana (28,50%),
onde possivelmente, as aves tiveram mais facilidade para digerir o resíduo do caju,
apresentando maior ganho de peso para esta fase.
De acordo com Maiorka (2000) no sistema digestório das aves jovens, o intestino é o
órgão mais susceptível a variações na sua maturidade funcional, pois há o aumento da área
de superfície de digestão e absorção, e na quantidade e qualidade das secreções digestivas,
que possivelmente interferem na utilização dos nutrientes residuais. Para o ganho de peso
das codornas na fase de crescimento é provável que a sua redução tenha ocorrido pelo
31
aumento do teor de FDA do resíduo do caju nas rações, que é difícil para as aves usarem
devido o aumento da taxa de passagem e motilidade da digesta e do teor de FDN que
devido a sua capacidade em formar gel em contato com a água, atua como uma barreira
física impedindo a atuação das enzimas endógenas que associada à imaturidade do sistema
digestório das codornas apresentaram esse comportamento.
Observando os dados da literatura foi possível verificar que Brandão et al. (2010) ao
utilizar níveis do farelo de palma forrageira (0, 5, 10 e 15%) em substituição ao milho para
codornas de corte na fase de crescimento, recomendam a inclusão em até 10%. Cunha
(2009) alimentando codornas macho (Coturnix japonica) com farinha de mandioca integral
na fase de crescimento e terminação constatou que não houve efeito significativo sobre o
ganho de peso e a substituição ao milho na fase de crescimento pode ser reduzida até 67%.
Holanda (2002) não observou efeito negativo no ganho de peso de aves caipiras
alimentadas com polpa de caju desidratada em substituição ao milho em até 30% e
enriquecida com levedura. Todavia, o uso da levedura promove maior proteína bruta e
maior ganho de peso, devido ao acréscimo de microrganismos. Esses resultados estão
corroborando com os de Ramos et al. (2006) que utilizaram polpa de caju desidratada em
até 15% para frangos de corte de 22 a 42 dias. Entretanto, Gadelha et al. (1978) e Araújo
(1987), ao substituírem o milho pela polpa desidratada de caju em rações para frangos de
corte, obtiveram menor ganho de peso.
Outra possível explicação para os resultados do presente trabalho, é que o trato
gastrinstetinal depende de fatores como: apetite, motilidade, natureza química do alimento
e volume do conteúdo duodenal, de modo que a velocidade com que o alimento deixa o
estômago é diretamente proporcional à velocidade de digestão e absorção no intestino
delgado (FURLAN e MACARI, 2002).
Como demonstrado na Tabela 8 houve efeito linear crescente dos níveis do resíduo
do caju sobre a conversão alimentar nas fases de crescimento I e II, sendo que maior
conversão se deu ao nível de 21% do resíduo do caju, todavia, a fase de terminação não
houve diferença significativa do alimento em referência. Comparando os resultados
obtidos pelo teste de Dunnett, na fase de crescimento I a partir do nível de 14% de inclusão
proporcionou valores de conversão maiores, enquanto que na fase de crescimento II esse
comportamento é observado a partir do nível de inclusão de 7% do resíduo de caju.
32
Observou-se que o tratamento controle em todos os períodos apresentaram os melhores
resultados de conversão alimentar.
Tabela 8 – Conversão alimentar acumulada (g/g) em função da idade da ave e dos níveis
do resíduo de caju
Nível do resíduo de
caju (%)
Períodos (dias)
1 - 7 8-21 22-42
0 1,59 2,22 5,41
7 1,65 2,38* 5,52
14 2,46* 2,51* 5,36
21 3,37* 2,57* 5,56
CV% 12,30 3,85 4,93
Regressão L1 L2 NS
R² 0,90 0,96 - * Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; NS = efeito não
significativo a 5% de probabilidade; L = efeito de regressão linear. L1: Y = 1,345+0,0879x; L2: Y = 2,243+0,0169x.
À medida que o nível do resíduo de caju aumenta na dieta, a conversão alimentar das
codornas piorou, indicando que esse ingrediente afeta essa variável até os 21 dias de idade.
De acordo com a equação de regressão, para cada 1% de inclusão do resíduo do caju na
ração houve aumento de 0,0904 unidades na fase de crescimento I e de 0,0169 unidades na
fase de crescimento II, na conversão alimentar.
A conversão alimentar é obtida a partir do consumo de ração e ganho de peso durante
cada período. Assim, os efeitos da fibra sobre o consumo de ração pode ter influenciado
nos valores da conversão alimentar. Essa situação foi mais evidente na fase de crescimento
I e II ao nível de 21% de inclusão do resíduo do caju resultaram em piores taxas de
conversão alimentar quando comparadas a dieta sem inclusão do resíduo. Os resultados
obtidos para conversão alimentar nesta pesquisa estão de acordo com as observações de
Carvalho (2011), onde nos seus resultados a conversão alimentar das codornas europeias
piora com aumento dos níveis do farelo do caroço de cajarana, apresentando efeito linear
crescente.
Existe certa divergência de resultados em relação ao desempenho das aves
alimentadas com fontes de fibras nas dietas e isso pode ser devido às características
químicas e físicas de cada fonte, de seu grau de lignificação, além da quantidade de
inclusão na dieta (WENK, 2001). Brandão (2011) constatou que houve piora na conversão
alimentar em função do aumento dos níveis do farelo de palma forrageia nas dietas e que o
33
melhor resultado foi obtido ao nível de 4,1% do farelo para codornas de europeias, na fase
de crescimento e, de 5,9% na fase de terminação, apresentando a pior conversão alimentar
com o nível de 15% do farelo de palma forrageira. Brandão et al. (2010) trabalhando com
codornas europeias na fase de crescimento (21 a 35 dias de idade) verificaram diferença
significativa para conversão alimentar utilizando o farelo de palma forrageira em
substituição ao milho.
Silva Filha et al. (2004) e Freitas et al. (2005) avaliaram a inclusão da polpa de caju
desidratada sobre o desempenho de frangos de corte e constataram que a inclusão de até
24% e 15%, respectivamente, de polpa de caju desidratada em dietas para frangos de corte
não prejudicou o desempenho dos animais. Esses resultados estão em acordo com os
obtidos com frangos de corte, por Tavernari et al. (2009), utilizando níveis crescentes de
farelo de girassol (0, 5, 10, 15 e 20%), e Lira et al. (2009),utilizando níveis crescentes de
resíduo de goiaba (0, 3, 6, 9 e 12%) na dieta, na fase de 22 a 42 dias, que não encontraram
diferenças significativas (P<0,05) para consumo de ração, ganho de peso e conversão
alimentar, ambos os autores concluíram que a inclusão do farelo de girassol e do resíduo de
goiaba podem ser feitas ao nível máximo testado.
O resíduo do caju possui polissacarídeos não amiláceos (PNAs) e fator
antinutricional (tanino) que não são digeridos pelas aves, sendo estes, capazes de causar
transtornos digestórios, no entanto, a quantidade desses compostos no resíduo de caju não
foram mensurados neste experimento. De acordo com Cantor (1995), há uma relação direta
entre a porcentagem de PNAs da ração e a viscosidade da digesta intestinal com o
desempenho das aves, ou seja, quanto maior a viscosidade, pior o desempenho. Enquanto o
tanino tem a capacidade de se combinar com proteínas, até proteínas salivares na cavidade
oral, carboidratos e outros polímeros formandos complexos estáveis, reduzindo o
aproveitamento energético da dieta (RAMOS et al. 2006; ROCHA et al. 2011).
O efeito negativo observado nesta pesquisa pode ser justificado pelos diferentes
modos de atuação dos componentes da fibra. A principal diferença entre os efeitos das
fibras solúvel (FDN) e insolúvel (FDA) é que a FDN afeta a microbiota, por aumentar a
viscosidade da digesta, enquanto a FDA podem irritar a mucosa intestinal por abrasão
mecânica devido ao aumento na taxa de passagem (MONTAGNE et al., 2003; HETLAND
et al., 2004), sendo a FDA a porção de menor digestibilidade da parede celular.
34
2 – Características de carcaça
Na Tabela 9 são apresentados os valores médios referentes ao peso de carcaça, peso
de peito (total, maior e menor), peso de coxas (coxa mais sobrecoxa), asas, gordura
abdominal e pele, obtidos com a inclusão de níveis crescentes do resíduo do caju na ração
de codornas de corte, aos 42 dias de idade.
Tabela 9 – Médias do peso da carcaça, peso de cortes e peso da gordura abdominal e pele
de codornas de corte aos 42 dias de idade, relativo aos diferentes níveis de inclusão do
resíduo de caju na dieta
Parâmetros Nível do resíduo de caju (%)
CV% R²
Regressão 0 7 14 21
Carcaça¹ (g) 208,50
209,00
215,10
206,70
6,73 - NS
Peito total (g) 68,50
68,50
68,00
63,00
9,96 0,96 Q1
Pectoralis maior (g) 31,00
30,50
28,00
29,00
12,30 - NS
Pectoralis minor (g) 26,50
25,50
27,00
24,50
10,69 - NS
Coxa (g) 45,50
49,00
49,00
49,50
8,19 0,92 Q2
Asa (g) 19,07
19,00
18,50
18,09
10,88 0,97 Q3
Gordura abd. (g) 4,21
3,99
5,99
4,21
41,05 - NS
Pele (g) 7,65
8,81
9,59
8,33
16,39 - NS
¹ Carcaça sem cabeça, canelas e dedos, pele, penas e vísceras; * Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett
(P<0,05); CV = coeficiente de variação; NS = efeito não significativo a 5% de probabilidade; Q = efeito de regressão quadrático. Q1: Y
= -0,0255x2 + 0,2929x + 68,3; Q2: y = -0,0153x2 + 0,4929x + 45,7; Q3: y = -0,0017x2 - 0,0127x + 19,096.
Os níveis do resíduo do caju da dieta foram influenciados quadraticamente (P<0,05)
para o peso do peito total, peso da coxa e peso da asa das codornas aos 42 dias de idade, as
demais variáveis não foram influenciadas. O maior peso do peito total foi obtido com
rações contendo 0 e 7% do resíduo de caju sendo o nível de 14% do resíduo do caju
bastante semelhante aos níveis anteriormente citados.
A carne de peito é fonte de aminoácidos sendo rica em lisina (FURTADO et al.,
2011) e esse aminoácido tem importante participação na composição da proteína muscular
(BARBOZA et al., 2000). Segundo Fischer (1994), a musculatura do peito pode ser afetada
pelo déficit de aminoácidos essenciais. Assim é possível que a redução no rendimento e no
peso de peito total com níveis de inclusão acima de 14% esteja relacionada a uma menor
disponibilidade de aminoácidos para a síntese dos músculos do peito, em virtude do
aumento da fibra do resíduo do caju nas dietas promovendo uma menor digestibilidade da
35
proteína da ração, muito embora as rações tenham sido formuladas para serem
isoaminoacidícas.
Comportamento contrário foi observado em relação ao peso da coxa, onde à medida
que o resíduo do caju foi crescendo o peso da coxa foi aumentando, sendo ao nível de 21%
de inclusão do resíduo do caju o maior peso para esta variável (49,50g), onde
provavelmente ocorre uma redução da proteína disponível em virtude da presença do alto
teor de fibra podendo levar a carência de algum aminoácido prejudicando o
desenvolvimento do animal. Silva et al. (2007) observaram que o desenvolvimento dos
músculos da coxa é menos afetado pela redução do nível de proteína e da qualidade da
dieta, provavelmente pela alta proporção de ossos em relação aos músculos nesta região do
corpo da codorna em comparação com o frango de corte. De acordo com Moura et al.
(2010) o peso das pernas de codornas europeias apresentou melhor resultado com redução
proteica de 20% e suplementação de metionina+cistina e lisina.
O peso da asa apresentou o mesmo comportamento que o peito total, sendo ao nível
de 0% de inclusão do resíduo do caju o maior peso para essas variáveis (19,07 e 68,50g),
respectivamente. Esses resultados indicam que houve maior deposição de tecido muscular
quando as aves consumiram menor quantidade de fibra, portanto a maior quantidade de
proteína disponível, o qual fora convertido em carne promovendo o aumento do peso
dessas variáveis. Segundo Mahgoub et al. (2004) essa variação entre o peso dos cortes
pode ser uma consequência dos diferentes padrões de desenvolvimento do tecido muscular
associado à atividade hormonal. Possivelmente devido à preferência biológica do
organismo em direcionar os nutrientes para os músculos peitorais (controlam o movimento
descendente das asas) causando desvantagem a outras partes que apresentam velocidade de
crescimento inferior como asa, sobrecoxa e a coxa (SWATLAND, 1989).
Os valores médios de peso de peito total e peso de coxa obtidos neste trabalho foram
superiores aos obtidos por Santos et al. (2006) trabalhando com codornas de corte e
inclusão de farinha de pena até 9% (129,19g; 56,40g e 34,78g, respectivamente) e os de
Brandão (2011) que ao nível de 15% do farelo de palma forrageira encontraram 235,00g;
62,70g e 36,54g, respectivamente. Cunha (2009) incluindo até 12% da raspa de mandioca
para codornas apresentaram valores de peso de peito total (40,12g) e peso da asa (6,75g)
inferiores a este trabalho. Esses resultados demonstram que existem efeitos associados ao
nível de incorporação da fibra sobre as características de carcaça das codornas e isso
36
acontece pelos diferentes modos de atuação dos componentes da fibra na ave e pela
quantidade desses componentes em cada alimento, no entanto, a possibilidade do
fornecimento do resíduo do caju nas dietas das codornas apresenta-se como uma
alternativa nas dietas de codornas europeias, pois não prejudica os cortes citados, incluindo
o peito que é tido com corte nobre.
Ramos et al. (2006) verificou que os níveis de inclusão de polpa de caju desidratada
não interferiram nas variáveis: peso vivo, peso carcaça, asas, entreasas, peito, coxas,
sobrecoxas, dorso, pescoço, fígado e coração, indicando que a polpa de caju desidratada
pode ser incluída nas rações de frango de corte em crescimento até o nível de 15%, sem
comprometer estas variáveis. Lopes et al. (2009) também não encontraram influencia do
farelo da castanha de caju sobre os frangos de corte aos 42 dias de idade. Piano (2009)
afirma que embora a fibra seja responsável pelo decréscimo da digestibilidade da maioria
dos componentes nutritivos, pode ser incluída em rações à base de milho, permitindo
adequado ganho de peso com bom rendimento em carne magra, garantindo melhoria na
qualidade de carcaça de suínos, em consonância Van Soest (1994) a fibra dietética altera a
composição corporal e suínos alimentados com fibra são mais descarnados, têm menos
gordura, têm maior capacidade intestinal e mucosa intestinal mais larga, provavelmente
pelo aumento na produção de ácidos graxos voláteis. De acordo com Kessler e Snizek
(2001) a composição da carcaça pode sofrer influência da nutrição, sexo e condições
ambientais.
Dados sobre o rendimento de carcaça e de partes que compõem a carcaça de
codornas europeias parecem ser escassos.
Na Tabela 10 estão os dados referentes a rendimento de carcaça e rendimento de
cortes. O rendimento de peito total e coxa comportaram-se de forma quadrática,
apresentando os maiores índices de rendimento a 0 e 21% de inclusão do resíduo de caju,
receptivamente. Não foram encontradas diferenças significativas para os rendimentos de
carcaça, peito maior, peito menor e asa. Comparando os resultados obtidos pelo teste de
Dunnett, apenas o rendimento de coxa ao nível de 7% de inclusão proporcionou valores de
rendimento maiores do que a dieta controle. , enquanto que na fase de crescimento II esse
comportamento é observado a partir do nível de inclusão de 7% do resíduo de caju.
Observa-se que em ambas as variáveis influenciadas os rendimentos foram menores na
ração controle e maiores no tratamento com 21% de inclusão do resíduo de caju.
37
Tabela 10 – Rendimento de carcaça e cortes de codornas de corte aos 42 dias de idade,
relativo aos diferentes níveis de inclusão do resíduo de caju na dieta
Parâmetros Nível do resíduo de caju (%) CV% Regressão
0 7 14 21
Carcaça (%) 74,98
73,05
73,59
75,04
2,54 NS
Peito total (%) 32,87
32,77
31,59
30,47
7,80 Q1
Pectoralis maior (g) 14,85
14,59
13,01
13,99
9,08 NS
Pectoralis minor (g) 12,68
12,19
12,54
11,86
7,43 NS
Coxa (%) 21,81
23,41**
22,79
24,06
6,48 Q2
Asa (%) 9,15
9,09
8,59
8,78
9,75 NS
* Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; NS = efeito não
significativo a 5% de probabilidade; Q = efeito de regressão quadrático. Q1: y = -0,0052x2 - 0,0104x + 32,927, R² = 0,98; Q2: y = -
0,0017x2 + 0,1229x + 22,016, R² = 0,69.
Roll (2012) afirma que o rendimento de carcaça de codorna de corte é em torno de
72% do peso vivo da ave, o rendimento de carcaça deste trabalho apresenta média de
74,16%, sendo este, superior ao rendimento relatado na literatura.
Almeida et al. (2002) trabalhando com codornas da espécie italiana, obteve
rendimento de carcaça 74,1%, rendimento de peito 26,9%, pernas 18,0% e vísceras 12,3%.
Móri et al. (2005) apresentam resultados similares aos apresentados pelo autores acima
citados, sendo o rendimento de peito 35,32%. Os achados dessa pesquisa concorda com os
resultados obtidos para rendimento de carcaça e vísceras por Almeida et al. (2002) e
discorda ainda do autor, para o rendimento de peito e pernas. No entanto, os achados de
Móri et al. (2005) são superiores ao deste trabalho. A diferença entre os valores citados
pode ser explicada pela variação dos valores médios de peso corporal ao abate, pois ambos
os rendimentos foram expressos em relação ao peso corporal das aves. Além desse fator,
outros podem influenciar a carcaça da codorna podendo variar em função da idade, sexo,
linhagem e formulação da ração (YALÇIN et al., 2006).
Brandão (2011), analisando os rendimentos de carcaça, peito e pernas de codornas de
corte alimentadas com rações em que o milho foi substituído parcialmente pelo farelo de
palma forrageira, não encontraram diferenças para rendimento de peito. O farelo de palma
forrageira (valor médio de 38,55%) apresentou melhor rendimento de peito do que o
resíduo do caju (valor médio de 31,92%) para codornas europeias. De acordo com Cunha
(2009) essas diferenças podem ocorrer em virtude da escolha da metodologia adotada, pois
se considerar o rendimento em relação ao peso da carcaça os resultados tendem a
38
apresentar valores superiores em relação à metodologia que considere o peso vivo da ave.
Vale ressaltar que foram utilizadas metodologias distintas nas duas pesquisas para calcular
o rendimento de carcaça. Na presente pesquisa não foram incluídos os pés e cabeça,
retirados no momento do abate. A padronização de uma metodologia aumentaria a
confiabilidade e eficiência das comparações entre os autores.
Quanto ao rendimento de carcaça, resultados contrários foram obtidos por Freitas et
al. (2011), que não verificaram diferença nessa variável, substituindo o farelo de soja pelo
farelo de coco em rações contendo 20% de farelo de castanha de caju em rações para
frangos de corte. Lira et al. (2010) utilizando o resíduo de tomate para frango de corte,
concluíram que os rendimentos dos cortes não foram afetados pelo uso de do resíduo do
tomate, exceto os rendimentos de coração e fígado.
Em relação às vísceras comestíveis e não comestíveis, apenas o coração e a moela
apresentaram efeito significativo, como apresentado na Tabela 11.
Houve efeito quadrático sobre o coração e a moela sobre os níveis de resíduo do caju
nas rações para codornas de corte aos 42 dias de idade. Para o coração e a moela observou-
se que os níveis de 14 e 21% de resíduo de caju apresentaram valores maiores em relação à
dieta controle.
Tabela 11 – Média dos pesos das vísceras comestíveis e não comestíveis (g) de codornas
de corte alimentadas com diferentes níveis do resíduo de caju na ração
Parâmetros Nível do resíduo de caju (%)
CV% Regressão 0 7 14 21
Vísceras¹ 12,96
12,12
12,77
12,14
14,63 NS
Coração 2,81
2,75
2,96
3,17
12,13 Q1
Fígado 5,46
4,62
5,25
3,80
25,38 NS
Moela 4,50
4,72
4,66
5,31
17,76 Q2
¹Vísceras = proventrículo, intestinos (delgado e grosso), pâncreas, fígado, coração e moela. * Significativo em relação ao nível zero de
inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; NS = efeito não significativo a 5% de probabilidade; Q = efeito
de regressão quadrático. Q1: y = 0,0014x2 - 0,0105x + 2,7965, R²= 0,96; Q2: y = 0,0022x2 - 0,0122x + 4,5495, R²= 0,86.
A diferença no peso da moela, com a inclusão de níveis crescentes de fibra nos
tratamentos, pode ser explicada pelo aumento do teor de fibra da ração, consequentemente,
aumentando o tempo de retenção do alimento favorecendo a atividade mecânica da moela
e maior conteúdo do bolo alimentar no trato digestório, podendo causar o aumento no
39
músculo da moela (hipertrofia). De acordo com Gonzáles-Alvarado et al. (2007), a
influência da alimentação nas características da moela está associada à estimulação
mecânica deste órgão, que depende do nível, do tipo de ingrediente, do tamanho e das
características das partículas da ração. Assim, quanto mais estimulada for à atividade
mecânica, maior será a moela.
O peso do coração apresentou o mesmo comportamento que o peso da moela em
relação à inclusão dos níveis crescentes do resíduo do caju e isso pode ter ocorrido por
diminuição do metabolismo das aves, pois segundo Macari et al. (2002) a maior atividade
metabólica faz com que o trabalho cardíaco aumente para que o sangue passe um maior
número de vezes nos pulmões para a oxigenação e isso leva a hipertrofia e
consequentemente aumento do peso do coração.
Os resultados desse trabalho se confrontam com os de Cunha (2009) que não
observaram efeito significativo sobre o coração e a moela das codornas alimentadas com
raspa de mandioca. E corrobora com os de Ramos et al. (2006), onde os níveis de inclusão
de polpa de caju desidratada interferiram de forma significativa sobre o peso absoluto da
moela estabelecendo uma relação linear positiva com o incremento da polpa de caju
desidratada nas dietas, mas discorda em relação ao coração que não apresentou efeito
significativo para a inclusão da polpa de caju desidratada para frango de corte em até 15%
e com Furtado et al. (2011) que utilizaram feno de maniçoba em até 15% para frangos,
destacando que esta variação ocorreu, provavelmente, pelo maior consumo de fibras.
Nunes et al. (2011) trabalhou com a farinha de batata doce para frango de corte em
substituição parcial ao milho (0, 20 e 40%), com suplementação enzimática, observaram
efeito significativo sobre o peso do coração. No entanto, Lira et al. (2010) avaliando o
efeito da inclusão (0, 5, 10, 15 e 20%) do resíduo do tomate sobre o desempenho produtivo
e as características da carcaça e dos principais cortes de frangos de corte, concluíram que o
coração e fígado foram afetados.
3 – Análise econômica
Os valores dos índices econômicos (custo médio de alimentação, custo operacional
efetivo, receita bruta, margem bruta, lucro e índice de lucratividade) obtidos em codornas
europeias encontram-se apresentados na Tabela 12.
40
Tabela 12 – Análise econômica da produção de carne de codornas de corte submetidas às
dietas com níveis crescente do resíduo do caju
Parâmetros Nível do resíduo de caju (%)
0 7 14 21
Custo kg/ração (R$) 1,14 1,24 1,34 1,44
Custo operacional efetivo (R$) 10,65 10,75 10,85 10,95
Receita bruta (R$) 24,36 25,08 25,80 24,80
Margem bruta em relação ao
custo operacional efetivo (R$) 1,28 1,33 1,38 1,26
Lucro operacional efetivo (R$) 13,71 14,33 14,95 13,85
Índice de lucratividade (%) 56,28 57,14 57,95 55,85
Verificou-se que mesmo o resíduo do caju tenha um preço bem menor do que o
milho, para o balanceamento das rações, o custo médio de alimentação cresceu com a
inclusão do resíduo de caju nas dietas, apresentando a ração com 21% do resíduo do caju
um custo em torno de 26,3% superior ao da dieta controle. Esta constatação está vinculada
ao incremento de óleo vegetal na ração com a elevação dos níveis do resíduo do caju,
visando manter o balanceamento energético. Essa ocorrência tornou as rações de 14 e 21%
de inclusão do resíduo do caju mais cara que as rações de 0 e 7% do resíduo do caju. O
mesmo comportamento ocorreu com a relação custo operacional efetivo, em que a dieta
com 21% do resíduo do caju teve um incremento de 2,8% superior à dieta controle.
Com relação à receita bruta, houve um aumento para essa variável da dieta controle
em relação à dieta com 21% do resíduo do caju, de 1,8%, mas foi ao nível de 14% do
resíduo do caju que apresentou a melhor receita bruta (5,9%), o melhor lucro e maior
índice de lucratividade em relação à dieta controle. Isso se justifica pela diminuição no
desempenho das aves com o aumento acima de 14% de inclusão do resíduo do caju, tendo
em vista que a receita bruta é calculada de acordo com a produção de carne.
A melhor margem bruta com a produção de carne foi obtida pelas codornas que
consumiram as dietas com 14% (R$1,38) e 7% (R$1,33).
O menor lucro operacional efetivo foi para a dieta controle (R$13,71) e o maior foi
para a dieta ao nível de 14% de inclusão do resíduo do caju (R$14,95) confirmando que
apesar dos maiores custos com o óleo vegetal nas dietas de inclusão, as codornas geram
recursos suficientes para cobrir os custos envolvidos no processo produtivo em até 14% da
inclusão do resíduo do caju nas dietas para codornas de corte.
41
Ao nível de 14% da inclusão do resíduo do caju, as codornas apresentaram o maior
índice de lucratividade, sendo esse aumento de 1,4% maior que o índice de lucratividade
da ração com 7% do resíduo do caju. É importante ressaltar que, ao nível de 14% o custo
por quilograma da ração e o custo operacional aumentam em 8% em relação a ração com
7% de inclusão do resíduo do caju. Isso evidencia que o uso da ração com inclusão de 7 ou
14% de resíduo do caju vai depender dos recursos do produtor, podendo optar por uma
ração mais barata e com menor índice de lucratividade (7% de resíduo do caju) ou uma
ração mais cara, porém com um índice de lucratividade de 2,9% (14% de inclusão do
resíduo do caju).
A utilização do resíduo do caju em dietas de codornas de corte pode-se fazer
parcialmente, sem comprometer o desempenho das aves, sendo possível a sua substituição
pelo milho, desde que o preço por quilograma do produto não ultrapasse 44,1% do preço
do milho. Vale salientar que esta pesquisa foi realizada em época em que o preço do milho
e soja estavam em alta, devido a baixa disponibilidade dos produtos em decorrência do
período de estiagem.
42
CONCLUSÃO
Com base nos resultados de ganho de peso, peso de carcaça e viabilidade econômica,
é possível recomendar a inclusão do resíduo de caju em até 14% sem causar prejuízo ao
desempenho das codornas de corte de 1 a 42 dias e lucratividade do produtor.
43
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50
Capítulo 3
Morfologia da mucosa intestinal de codornas europeias alimentadas com diferentes níveis
do resíduo de caju
Trabalho submetido à revista: Caatinga
Página eletrônica: http://periodicos.ufersa.edu.br/revistas/index.php/sistema
ISSN: 0100-316X
51
Capítulo 3
MORFOLOGIA DA MUCOSA INTESTINAL DE CODORNAS EUROPEIAS
ALIMENTADAS COM DIFERENTES NÍVEIS DO RESÍDUO DE CAJU
Resumo: Objetivou-se com a presente pesquisa avaliar o efeito da inclusão dos níveis do
resíduo de caju (0, 7, 14 e 21%) na dieta de codornas europeias, sobre a morfologia
intestinal aos 42 dias de idade. Foram utilizadas 280 codornas europeias machos,
distribuídas em delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos, cinco
repetições com 14 aves por repetição. O período experimental foi de 42 dias, onde as aves
receberam rações formuladas para atender as exigências nutricionais na fase de
crescimento e terminação. Duas aves de cada parcela foram abatidas e as variáveis
analisadas foram o comprimento e peso do trato gastrintestinal e dos segmentos do
intestino delgado; a altura e largura das vilosidades intestinais; a altura da mucosa e da
muscular da mucosa; densidade de volume e de superfície e o número de células
caliciformes do duodeno, jejuno e íleo. As análises de variância revelam que não houve
efeito significativo dos níveis de inclusão do resíduo do caju sobre os parâmetros –
comprimento e peso do trato gastrointestinal e dos segmentos do intestino delgado, e a
altura e largura das vilosidades intestinais. A inclusão do resíduo do caju promoveu efeito
linear sobre a altura da mucosa do duodeno e jejuno, apresentando-se mais espessa no
duodeno e a mais delgada no jejuno ao nível de 21%, quando comparado ao tratamento
referência. A altura da muscular da mucosa do jejuno reduziu quadraticamente até o nível
de 21%, os demais segmentos não sofreram influencia da presença do resíduo do caju. A
densidade de volume não foi significativa e a de superfície foi influenciada
quadraticamente no duodeno e jejuno. Houve redução (P<0,05) das células caliciformes
em todos os segmentos intestinais, indicando que a menor concentração ocorreu quando as
codornas europeias foram alimentadas com a ração contendo 21% de inclusão do resíduo
do caju. Os resultados obtidos nesta pesquisa sugerem a inclusão em até 14% do resíduo do
caju não compromete a morfometria das codornas europeias aos 42 dias de idade.
Palavras-chave: alimento alternativo, Coturnix coturnix coturnix, mucosa intestinal,
absorção
52
Chapter 3
MORPHOLOGY AND HISTOLOGICAL OF THE INTESTINAL MUCOSA OF
EUROPEAN QUAILS FED WITH DIFFERENTS LEVELS OF RESIDUE
CASHEW
Abstract: The objective of the of the research was to evaluate the effect of inclusion
residue of cashew levels (0, 7, 14 and 21%) in the diet, on intestinal morphology of
European quail at 42 days of age. Were used 280 European quail (Coturnix coturnix
coturnix) males, distributed in a completely randomized design with four treatments, five
replicates of 14 birds were used. Two birds per pen were slaughtered and the variables
were the length and weight of the gastrointestinal tract and segments of the small intestine;
the height and width of the intestinal villi; the height of the mucosa and muscularis
mucosa; volume and surface density and the number of goblet cells in the duodenum,
jejunum and ileum. The analysis of variance showed that there was no significant effect of
inclusion levels of residue cashew on the parameters - length and weight of the
gastrointestinal tract and segments of the small intestine, and the height and width of the
intestinal villi. The addition residue of cashew promoted linear effect on the duodenal and
jejunum mucosal height, presenting thicker in the duodenum and jejunum thinner at the
level of 21% compared to the reference treatment. The height jejunal mucosa muscle of
reduced quadratically to the level of 21%, the other segments did not suffer influence of
the presence residue of the cashew. The bulk density was not significant and the surface
was influenced in the duodenum and jejunum quadratic. Decreased (P <0.05) of goblet
cells in all intestinal segments, indicating that the lowest concentration occurred when the
European quail were fed a diet containing 21% of inclusion of cashew residue. The results
of this research suggest the inclusion of up to 14% of the cashew residue does not
compromise the morphometry of European quails at 42 days of age.
Keywords: alternative food, Coturnix coturnix coturnix, intestinal mucosa, absorption
53
INTRODUÇÃO
No Brasil, a codorna (Coturnix sp.) é o efetivo animal com maior taxa de
crescimento (13,7%), apresentando um total de 15.567 milhões de cabeças, de acordo com
o último censo agropecuário (IBGE, 2010). As codornas europeias (Cotrunix coturnix
coturnix) são animais de pequeno porte com rápido crescimento e de fácil manejo que vem
atraindo mais criadores, em virtude da maior remuneração na venda da sua carne e pelo
baixo capital inicial necessário para desenvolvimento desta atividade. Embora as codornas
apresentem atrativas vantagens, o custo com a alimentação dessas aves equipara-se aos da
produção de frango de corte, por exemplo, podendo ser até superior, tornando elevado o
custo com a alimentação (FERREIRA, 2010).
Os ingredientes básicos na formulação de ração de codornas são o milho (ingrediente
de maior participação) e a soja, todavia, em virtude da sazonalidade desses ingredientes, os
custos na produção das codornas são mais onerosos considerando que as rações para
codornas contêm mais proteína que as rações de frango de corte e poedeiras (SILVA et al.,
2011). O uso de alimentos alternativos, sobretudo os resíduos agroindustriais, visa reduzir
os custos fazendo a substituição total ou parcial do milho por outros insumos, então à
medida que o conhecimento em nutrição evolui, as dietas vão sendo formuladas com custo
mínimo e melhor retorno econômico.
Dentre os alimentos alternativos encontrados na região Nordeste, pode-se destacar o
resíduo do caju (bagaço do caju), subproduto da indústria do beneficiamento da castanha,
sulcos, polpa e doces. No Rio Grande do Norte, a cajucultura é desenvolvida por pequenos
e médios produtores em virtude da implantação de minifábricas de processamento de
castanha, através do incentivo governamental (EMPARN – 2012). De acordo com Araújo
(1983), Embrapa (1991) e Ramos et al. (2006) o resíduo do caju apresenta 87,99%,
85,85% e 88,70% de matéria seca; 8,11%, 8,11% e 14,00% de proteína bruta; 15,40%,
6,82% e 12,07% fibra bruta; 2,86%, 3,16% e 4,15% extrato etéreo; 0,28%, 0,13% e 0,45%
de cálcio e 0,14%, 0,14% e 0,30% de fósforo, respectivamente. Apresentando composição
química favorável para a sua utilização como uma fonte de energia alternativa ao uso do
milho nas rações de aves, mas devido o seu nível de fibra e fator antinutricional (ácido
tânico ou tanino), sua utilização na dieta de não ruminantes ainda é limitada.
A proposta de se estudar a inclusão do resíduo de caju em rações para codornas
europeias, deve-se a grande quantidade desse subproduto no período da entressafra do
54
milho, no Rio Grande do Norte, buscando reduzir os custos com a alimentação, assim
como, compreender melhor as respostas de desempenho desses animais a ingestão de
alimentos fibrosos, pois problemas na mucosa intestinal significam perdas no desempenho
desses animais.
Desde o final da década de 70 que são realizados estudos sobre a possibilidade de se
utilizar fibras nas dietas de aves, principalmente com o frango de corte, tornando-se
relevante estudo voltado para outras espécies, incluindo as codornas de corte, sendo
preciso verificar o potencial dos diversos alimentos fibrosos, identificar, quantificar e
avaliar as interações entre os efeitos fisiológicos e associa-los a digestibilidade do
alimento, as mudanças morfometricas, a microbiologia do trato gastrintestinal e o
desempenho animal.
As aves apresentam capacidade limitada do trato digestório para processar material
fibroso (SOUSA et al., 2012), esse evento ocorre em virtude da relação do peso vivo com a
capacidade intestinal (VAN SOEST, 1994) desses animais. Em comparações às galinhas,
acredita-se que as codornas têm maior capacidade de digestão de alimentos fibrosos por
apresentarem maior tamanho relativo do ceco (MURAKAMI e ARIKI, 1998).
Estudos mostram que uma melhor utilização dos alimentos está diretamente
relacionada com a estrutura do sistema digestório, principalmente na região do intestino
delgado, pois a maior parte dos processos de digestão e absorção dos nutrientes ocorre
nessa região. Araújo et al. (2009) estudando frangos de corte, verificaram que o
comprimento do intestino delgado é um indicador do desenvolvimento da mucosa
intestinal. Codornas japonesas alimentadas com alto teor de fibra apresentaram aumento da
taxa de proliferação celular e no tamanho do intestino ocorrido após ingestão de dietas
fibrosas (SAVORY e GENTLE, 1976). Flauzina (2007) trabalhando com codornas
japonesas observou que o tamanho dos intestinos pode afetar a taxa de passagem pelo trato
digestório e afetar a eficiência no processo de digestão e absorção nutrientes da dieta. Lilja
et al. (1985) concluíram que houve melhora na capacidade de ingerir e digerir os alimentos
com o aumento do tamanho dos intestinos e da moela nas codornas. Dibner et al. (1996)
analisando o efeito da idade e dos ingredientes da dieta sobre o epitélio intestinal de aves,
concluíram que o funcionamento do trato gastrintestinal está relacionado com as estruturas
do epitélio intestinal, ainda foi possível observar que as aves adultas sofrem influência dos
55
ingredientes da dieta, alterando o tamanho de vilos e afetando a absorção e,
consequentemente, o desempenho das mesmas.
Assim, objetivou-se avaliar os efeitos da inclusão do resíduo do caju sobre a
morfometria do trato gastrointestinal de codornas europeias aos 42 dias de idade.
56
MATERIAL E METODOS
O estudo foi conduzido no Setor de Avicultura da Unidade Acadêmica Especializada
em Ciências Agrárias/EAJ/UFRN, Macaíba - RN, no período de 09 de outubro a 21 de
novembro de 2012, com duração de 42 dias. Utilizou-se 280 codornas europeias (Cortunix
cortunix cortunix) machos com idade de um dia e peso médio de 9,9g, em delineamento
inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e cinco repetições com 14 codornas por
unidade experimental, em galpão convencional. As aves foram alojadas ao acaso, em
boxes de alvenaria, totalizando 20 boxes com dimensões de 1,00 x 0,50m² (altura x
largura). Os boxes eram providos de bebedouros pendulares e comedouros tubulares e,
lâmpadas incandescentes para o fornecimento de calor nos primeiros 15 dias.
As dietas foram à base de milho e farelo de soja, com diferentes níveis de
substituição do resíduo de caju: 0, 7, 14 e 21%. O resíduo do caju foi obtido de uma fábrica
de sucos da cidade de Jaçanã – RN, sendo o processo de desidratação realizado pela
mesma. Na elaboração das rações, retirou-se uma amostra representativa do resíduo total
para determinação da composição química do resíduo de caju, os dados são apresentados
na Tabela 1.
Tabela 1 – Composição nutricional do resíduo do caju¹
Nutrientes Composição (%)
Umidade 11,07
Matéria Seca 88,93
Matéria Mineral (Cinzas) 7,45
Matéria Orgânica 92,55
Proteína Bruta 15,98
Extrato Etéreo (Gordura) 2,66
Fibra bruta 12,07
Fibra em Detergente Neutro (FDN) 68,15
Fibra em Detergente Ácido (FDA) 41,25
Hemicelulose 26,90
Carboidratos Totais 73,91
Carboidratos Não Fibrosos 5,76
Lignina 22,82
Celulose 18,44
Proteína Insolúvel em detergente Neutro 11,44
Proteína Insolúvel em detergente Ácido 5,01
Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) 39,15
Energia Digestível (Mcal/kg) 1,73 ¹Análises realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
57
Os níveis nutritivos utilizados atendem os valores preconizados para codornas de
corte de acordo com Silva e Costa (2009) nas fases de crescimento e terminação. A
composição porcentual e química das dietas encontra-se na (Tabela 2 e 3).
Tabela 2 – Composição percentual e valores nutricionais calculados das rações
experimentais na fase de crescimento (1 a 21 dias)
Ingredientes Níveis de inclusão do resíduo do caju
0% 7% 14% 21%
Milho 51,634 43,285 34,934 26,589
Farelo de soja (45%) 43,609 42,516 41,404 40,302
Resíduo do caju 0,000 7,000 14,000 21,000
Óleo de soja 1,135 3,495 5,856 8,216
Calcário 1,126 1,029 0,932 0,835
Fosfato Bicálcico 1,058 1,106 1,153 1,201
DL-Metionina 0,419 0,465 0,510 0,555
Sal comum 0,314 0,322 0,330 0,338
L-Lisina HCL 0,279 0,318 0,357 0,396
L-Treonina 0,276 0,324 0,371 0,419
Premix mineral¹ 0,100 0,100 0,100 0,100
Premix vitaminico² 0,050 0,050 0,050 0,050
Inerte 0,000 0,000 0,000 0,000
Total 100,000 100,000 100,000 100,000
Valor nutricional calculado
Energia metab. (Kcal/kg) 2900,000 2900,000 2900,000 2900,000
Proteína Bruta (%) 25,000 25,000 25,000 25,000
Fibra Bruta (%) 3,588 4,438 5,288 6,138
FDN (%) 12,078 15,740 19,403 23,065
FDA 5,163 7,679 10,195 12,711
Cálcio (%) 0,850 0,850 0,850 0,850
Fósforo disponível (%) 0,320 0,320 0,320 0,320
Sódio (%) 0,170 0,170 0,170 0,170
Potássio (%) 0,957 0,912 0,867 0,821
Lisina digestível (%) 1,424 1,409 1,395 1,380
Lisina total (%) 1,560 1,560 1,560 1,560
Met. Digestível (%) 0,752 0,777 0,802 0,827
Metionina total (%) 0,786 0,824 0,861 0,899
Met. + cist. dig. (%) 1,067 1,072 1,077 1,082
Met. + cist. total (%) 1,160 1,160 1,160 1,160
Treonina dig. (%) 1,076 1,079 1,082 1,085
Treonina total (%) 1,220 1,220 1,220 1,220 ¹Níveis de garantia por kg do produto: Vitamina A 40.000.000 UI, vitamina D3 10.000.000 UI, vitamina E 80.000 UI, vitamina K3
10.000,0 mg, vitamina B12 64.000,0 mg, vitamina B1 7.200,0 mg, vitamina B2 24.000,0 mg, vitamina B6 11.200,0 mg, Ácido Fólico
4.000,0 mg, Ácido Pantotênico 48.000,0 mg, Ácido Nicotínico 160.000,0 mg, Biotina 260,0 mg. ²Composição básica do produto: Sulfato de ferro, sulfato de cobre, óxido de zinco, monóxido de manganês, selenito de sódio, iodeto de
cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Manganês 140.000 mg, Zinco 120.000 mg, Ferro 100.000 mg, Cobre 18.000
mg, Iodo 2.000 mg, Selênio 600 mg.
58
Tabela 3 – Composição percentual e valores nutricionais calculados das rações
experimentais na fase de crescimento (22 a 42 dias)
Ingredientes Níveis de inclusão do resíduo do caju
0% 7% 14% 21%
Milho 58,273 49,916 41,568 33,262
Farelo de soja (45%) 36,949 35,857 34,754 33,602
Resíduo do caju 0,000 7,000 14,000 21,000
Óleo de soja 2,307 4,670 7,030 9,378
Calcário 0,935 0,838 0,741 0,644
Fosfato Bicálcico 0,828 0,875 0,923 0,971
DL-Metionina 0,217 0,263 0,308 0,354
Sal comum 0,270 0,278 0,286 0,294
L-Lisina HCL 0,000 0,035 0,074 0,132
L-Treonina 0,071 0,118 0,166 0,214
Premix mineral¹ 0,100 0,100 0,100 0,100
Premix vitaminico² 0,050 0,050 0,050 0,050
Inerte 0,000 0,000 0,000 0,000
Total 100,000 100,000 100,000 100,000
Valor nutricional calculado
Energia metab. (Kcal/kg) 3050,000 3050,000 3050,000 3050,000
Proteína Bruta (%) 22,000 22,000 22,000 22,000
Fibra Bruta (%) 3,325 4,174 5,024 5,871
FDN (%) 11,898 15,552 19,214 22,874
FDA 4,877 7,387 9,904 12,417
Cálcio (%) 0,700 0,700 0,700 0,700
Fósforo disponível (%) 0,270 0,270 0,270 0,270
Sódio (%) 0,150 0,150 0,150 0,150
Potássio (%) 0,855 0,810 0,764 0,718
Lisina digestível (%) 1,053 1,036 1,021 1,020
Lisina total (%) 1,173 1,170 1,170 1,184
Met. Digestível (%) 0,524 0,549 0,574 0,600
Metionina total (%) 0,554 0,592 0,629 0,667
Met. + cist. dig. (%) 0,816 0,821 0,826 0,831
Met. + cist. total (%) 0,900 0,900 0,900 0,900
Treonina dig. (%) 0,804 0,807 0,810 0,813
Treonina total (%) 0,920 0,920 0,920 0,920 ¹Níveis de garantia por kg do produto: Vitamina A 40.000.000 UI, vitamina D3 10.000.000 UI, vitamina E 80.000 UI, vitamina K3
10.000,0 mg, vitamina B12 64.000,0 mg, vitamina B1 7.200,0 mg, vitamina B2 24.000,0 mg, vitamina B6 11.200,0 mg, Ácido Fólico
4.000,0 mg, Ácido Pantotênico 48.000,0 mg, Ácido Nicotínico 160.000,0 mg, Biotina 260,0 mg.
²Composição básica do produto: Sulfato de ferro, sulfato de cobre, óxido de zinco, monóxido de manganês, selenito de sódio, iodeto de
cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Manganês 140.000 mg, Zinco 120.000 mg, Ferro 100.000 mg, Cobre 18.000
mg, Iodo 2.000 mg, Selênio 600 mg.
O fornecimento de água e ração foi à vontade durante todo o período experimental.
Os dados de temperatura e umidade do galpão foram monitorados diariamente através de
duas leituras, uma pela manhã e a outra à tarde com o auxílio de um termohigrômetro.
59
Foram observadas as médias de 28,77ºC e 42,22%, respectivamente. As temperaturas
mínimas e máximas foram respectivamente 23ºC e 35ºC e a umidade relativa mínima e
máxima do ar, de 26% e 66%, respectivamente.
A análise da morfologia intestinal foi feita aos 42 dias, quando duas aves por unidade
experimental foram mantidas em jejum de sólidos por oito horas abatidas por
deslocamento cervical (10 aves/tratamento). Após a sangria e a depenação, as codornas
foram evisceradas, posteriormente foi verificado o peso e comprimento do trato
gastrintestinal. O tempo de abate não ultrapassou os 16 minutos/ave com a finalidade de
garantir a integridade das vilosidades até serem acondicionadas na solução fixadora, sendo
cronometrado a partir do deslocamento cervical e finalizado quando o material coletado era
imerso na solução, obtendo em média 12 minutos/ave. As variáveis estudadas foram:
comprimento (cm) e peso (g) do trato gastrintestinal, altura e largura da vilosidade (µm),
altura da mucosa e da muscular da mucosa (µm), volume parcial (%), densidade de
superfície (mm²/mm³) e células caliciformes (%).
Para determinar peso e comprimento do trato gastrintestinal, a cavidade celomática
de cada codorna foi aberta por incisão longitudinal mediana, retirando-se todas as vísceras,
considerando o proventrículo, pâncreas, intestino delgado e intestino grosso sem a cloaca.
Para o peso do trato gastrintestinal foi considerado o intestino delgado, o intestino grosso e
o pâncreas, em seguida os segmentos do trato gastrintestinal foram divido de acordo com
as suas delimitações em: duodeno, jejuno e íleo (MACARI et al., 2002). Todos foram
pesados em balança digital de precisão 0,01g. As medidas de comprimento foram
realizadas através de régua métrica milimetrada sob o órgão distendido.
Após a mensuração do peso e comprimento, foram coletados com o auxílio de
navalhas um fragmento com cerca de 2 cm de comprimento do duodeno, jejuno e íleo. Em
seguida os tecidos foram acondicionados em recipientes plásticos, fixados por imersão em
solução de paraformaldeído 10% em solução de tampão fosfato pH 7,2 (PBS) por 24 horas,
segundo metodologia de Junqueira e Junqueira (1983).
Procedendo-se esta etapa, os tecidos foram desidratados em uma série de etanol com
concentrações crescentes (70%, 80%, 90%, álcool absoluto I, II e III, uma hora cada),
clareados em xilol (xilol PA I, II e III, uma hora cada) e incluídos em parafina (parafina I,
II e III, uma hora cada) (BERMER et al., 1976). Cortes de 5 µm foram obtidos em
micrótomo (Spencer B820-137) e corados pelos métodos de hematoxilina-eosina sendo
60
fixados entre lâmina e lamínula, sendo duas lâminas por tratamento/segmento do intestino,
totalizando vinte e quatro lâminas para estudo histomorfométrico de acordo com método
descrito por Pelicano et al. (2005).
A visualização das lâminas histológicas foi realizada utilizando-se um microscópio
óptico Olympus BX-41 (Olympus U-TV 0,5xc3) com uma objetiva de 10x, acoplado a um
sistema que captura e analisa imagens chamado Nikon ACT-1 (Nikon digital câmera DXM
1200, Ver. 2). Foram feitas 10 imagens por lâmina, sendo que cada lâmina tinha cinco
cortes dos quais se obtinham as imagens para ser utilizada no estudo das seguintes
variáveis histomorfométricas: altura e largura das vilosidades, altura da mucosa, altura da
muscular da mucosa, quantidade de células caliciformes, volume parcial e densidade da
superfície da mucosa absortiva do duodeno, jejuno e íleo.
A altura de 20 vilosidades foi medida a partir da região basal da vilosidade até o
ápice da mesma, em seguida a largura era medida, sempre no meio da altura da vilosidade
e na vilosidade mais íntegra. A altura da mucosa e muscular da mucosa de 10 cortes foi
mensurado (NORDI, 2010) de maneira aleatória. A altura e largura das vilosidades, o
comprimento da mucosa e muscular da mucosa foram realizados através do programa
Image Pro Plus (IPWIN32) (Figura 1). As lâminas foram processadas no Laboratório de
Técnicas Histológicas, no Departamento de Morfologia, no setor de Biociências, UFRN -
Campus-Natal.
Lúmen
A
B
C
D
61
Figura 1 – Corte longitudinal da parede do intestino delgado (duodeno) de codornas
europeias com 0% de inclusão do resíduo do caju. (A) altura da vilosidade, (B) largura da
vilosidade, (C) altura da parede intestinal e (D) altura da túnica muscular. 10x. Barra
100µm.
Para a determinação do volume parcial (Vv) e densidade de superfície (Sv) da
mucosa absortiva do duodeno, jejuno e íleo utilizou-se a análise estereológica, realizando-
se a sobreposição de um sistema teste do tipo ciclóide nas imagens dos cortes, com 35
arcos ciclóides e 70 pontos teste (Figura 2) (BADDELEY et al., 1986). Contabilizou-se 10
campos por lâmina para a realização da análise estereológica.
Figura 2 - Representação esquemática do sistema teste de arcos ciclóides e pontos.
Fonte: BADDELEY et al., 1986.
A obtenção do volume parcial (Vv) da mucosa absortiva, expresso em porcentagem,
foi obtido através do número de pontos teste sobre a superfície da mucosa e o número total
de pontos na grade, segundo a fórmula:
Vv = ƩP (MUCOSA)/ ƩP (VOLUME REFERENCIAL) * 100
Onde:
ƩP (MUCOSA) é o número de pontos do sistema teste sobre a camada específica em
análise; ƩP (VOLUME REFERENCIAL) é o número total de pontos na grade.
62
Já para a obtenção da densidade de superfície (Sv) da mucosa absortiva, expressa em
mm²/mm³, foi calculada através do número de intersecções dos arcos ciclóides sobre a
superfície da mucosa, comprimento do arco ciclóide presente no grid tipo ciclóide e o
número de pontos teste sobre a superfície da mucosa entérica, segundo a fórmula:
Sv = 2 * ƩI (MUCOSA)/ I(p) * ƩP (MUCOSA)
Onde:
ƩI (MUCOSA) é o número de intersecções dos arcos ciclóides sobre a camada específica
em análise; I(p) é o comprimento do arco ciclóide (mm); ƩP (MUCOSA) é o número de
pontos do sistema teste sobre a camada específica em análise.
Para a quantificação das células caliciformes foram utilizadas 15 vilosidades por
tratamento orientadas por segmentos do intestino delgado (NORDI, 2010) através do
programa Image Pro Plus (IPWIN32).
As análises estatísticas das características avaliadas foram realizadas utilizando-se o
programa computacional Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG) – UFV –
Universidade Federal de Viçosa, (2007). Os resultados foram submetidos à analise de
variância. Para a comparação das médias das rações dos tratamentos utilizou-se o teste de
Dunnett a 5 % de significância.
63
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 4 estão apresentadas as médias de comprimento total do trato
gastrointestinal e segmentos do intestino delgado de codornas europeias aos 42 dias de
idade alimentadas com diferentes níveis de inclusão do resíduo de caju.
As análises de variância revelaram que não houve efeito significativo do resíduo de
caju (P>0,05) sobre nenhuma das variáveis avaliadas. Porém, a sua inclusão ao nível de
21% apresentou ligeiramente maiores comprimento do trato gastrintestinal e segmentos do
intestino delgado das codornas europeias neste trabalho, provavelmente devido à maior
quantidade de fibra na dieta, podendo proporcionar as codornas maior capacidade de
ingerir e aproveitar os alimentos.
Tabela 4 - Comprimento do trato gastrintestinal (cm) de codornas europeias aos 42 dias de
idade, alimentadas com resíduo de caju
Nível do resíduo de
caju (%)
Parâmetro
TGI Duodeno Jejuno Íleo
0 62,35
11,20
39,70
10,80
7 60,20
10,90
37,30
10,51
14 63,70
10,70
40,70
9,96
21 66,05
11,40
42,10
11,80
CV% 4,54 12,49 5,89 13,79
Regressão NS NS NS NS
R² - - - - * Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; NS = efeito não significativo a 5% de probabilidade.
Em avaliação da morfometria do trato gastointestinal de codornas europeias, Silva et
al. (2014), não encontraram diferença significativa da inclusão de do caldo de cana
desidratado (0,0; 1,5; 3,0 e 4,5%) sobre o comprimento do intestino, assim como Furtado
et al. (2011) estudando aves caipiras alimentadas com feno de erval-sal (4,4% FB).
Flauzina (2007) trabalhando com codornas japonesas observou que o tamanho dos
intestinos pode afetar a taxa de passagem pelo trato digestivo e afetar a eficiência no
processo de digestão e absorção nutrientes da dieta.
Os resultados deste estudo evidenciam que o aumento do comprimento pode estar
relacionado com o aumento dos teores de fibra presentes nas rações (Tabela 2 e 3).
Segundo Gomes et al. (2007) o maior desenvolvimento do intestino delgado pode ser uma
forma do metabolismo animal responder a uma melhor absorção de nutrientes do alimento
64
ingerido, quanto maior o seu comprimento mais extensa a área de exposição dos nutrientes
alimentares às células absortivas intestinais, resultando em melhor utilização destes para o
desenvolvimento de músculos e deposição de gordura.
No duodeno acontece grande parte da digestão dos nutrientes da dieta, o aumento do
comprimento desse segmento é um fator positivo por promever uma expansão de área que
proporciona maior número de enterócitos em contato do alimento, consequentemente,
maior digestão e transporte do nutriente.
As rações experimentais eram isonergética sendo utilizado o óleo vegetal para atingir
esse ponto, por outro lado, os níveis de óleo aumentaram à medida que os níveis do resíduo
se elevaram (Tabelas 2 e 3), tornando as rações mais palatáveis e com menor incremento
calórico, podendo proporcionar aumento no consumo de ração que consequentemente
aumenta a quantidade de digesta e a pressão sobre a mucosa do estômago do animal,
podendo ter gerado o aumento do comprimento dos parâmetros analisados.
O maior volume do conteúdo intestinal resulta em maior expansão do material
volumoso, uma vez que o aumento do volume do conteúdo do intestino está relacionado à
capacidade de retenção de água bem como maior viscosidade da fração fibra dietética. Esta
situação leva a um esvaziamento gastrintestinal mais lento e consequente aumento do
volume dos órgãos digestórios (GOMES et al., 2006). De acordo com Schneeman (1999),
a digesta percorrendo o trato gastrintestinal continua a manter a característica de volume,
fato que possivelmente promove distensão da parede destes órgãos e subsequente aumento
do peso de alguns dos órgãos digestórios.
O comprimento do intestino delgado é um indicador do desenvolvimento da mucosa
intestinal, podendo ser considerado como determinante na saúde intestinal e na absorção de
nutrientes (ARAÚJO et al., 2009).
Os resultados de peso do trato gastrintestinal total e vazio e os segmentos do
intestino delgado vazio de codornas europeias aos 42 dias de idade, de acordo com os
níveis de inclusão do resíduo de caju, encontram-se na Tabela 5, onde observa-se que não
houve efeito dos tratamentos sobre este parâmetro.
65
Tabela 5 - Peso do trato gastrintestinal (g) de codornas europeias aos 42 dias de idade,
alimentadas com resíduo de caju
Nível do resíduo
de caju (%)
Parâmetro
TGI Duodeno Jejuno Íleo
0 7,08
1,95
2,45
2,28
7 6,70
1,86
2,37
2,10
14 7,26
1,92
2,61
2,38
21 7,04
1,92
2,56
2,57
CV% 11,83 12,56 13,30 15,29
Regressão NS NS NS NS
R² - - - - * Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; NS = efeito não
significativo a 5% de probabilidade.
De acordo com Jin et al., (1994) quando fornecida ração fibrosa aos animais não-
ruminantes, os componentes desta ração podem afetar diretamente as características físicas
do conteúdo intestinal e a própria morfologia dos órgãos envolvidos nos processos
digestórios. Portanto, quanto maior o comprimento e peso do intestino, maior é a
capacidade de digestão e absorção dos nutrientes pelas codornas (GRIESER, 2012).
Os resultados dessa pesquisa estão de acordo com Furtado et al. (2011) e Gopinge
(2013) que atribuíram ao alto teor de fibra ao aumento do peso do intestino das aves
caipiras e frango de corte, respectivamente. Gomes et al. (2006), trabalhando com feno de
Tifton na forma de FDN, observaram maior peso apenas para o trato gastrintestinal e
estômago vazio para os suínos que receberam ração com maior nível de fibra em
detergente neutro, ao final da fase de terminação. De acordo com Murakami e Furlan
(2002) as codornas apresentam maior velocidade de passagem de alimentos pelo trato
gastrintestinal podem ocorrer diferenças marcantes entre as espécies sobre a digestão e o
aproveitamento dos alimentos.
Segundo Schneeman (1999), as alterações provocadas pelo aumento do consumo de
fibra dietética são observadas diretamente sobre o trato gastrintestinal, sendo que as dietas
ricas neste componente dietético são responsáveis por modificações nos processos de
ingestão e digestão dos diversos nutrientes. Dentre as propriedades da fibra dietética,
incluem-se: capacidade de retenção de água, volume, viscosidade, adsorção e ligação com
outros compostos nutricionais.
Na Tabela 6 encontram-se as médias de altura e largura de vilosidades do intestino
delgado de codornas europeias aos 42 dias de idade alimentadas com diferentes níveis de
inclusão do resíduo de caju.
66
As análises de variância revelaram que não houve efeito significativo do resíduo de
caju (P>0,05) sobre nenhuma das variáveis avaliadas. De acordo com o teste de Dunnett,
apenas na largura das vilosidades do íleo, o nível de 14% apresentou significância em
relação à dieta controle.
Tabela 6 – Efeitos dos diferentes níveis do resíduo de caju sobre a altura e largura das
vilosidades do intestino delgado de codornas europeias aos 42 dias de idade
Nível do resíduo
de caju (%)
Altura da vilosidade (µm) Largura da vilosidade (µm)
Duodeno Jejuno Íleo Duodeno Jejuno Íleo
0 179,44 120,12 101,29 27,01 16,73 18,07
7 164,49 111,95 102,27 25,11 19,50 14,82
14 198,72 134,77 97,52 27,01 19,30 13,89*
21 177,24 126,79 97,50 22,86 15,20 16,75
CV% 5,80 7,38 4,16 8,80 6,01 5,43
Regressão NS NS NS NS NS NS
R² - - - - - - * Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; NS = efeito não
significativo a 5% de probabilidade.
Os níveis de inclusão do resíduo de caju sobre os segmentos intestinais promoveu
altura de vilosidade maior no duodeno e a menor altura de vilosidade ocorreu no íleo,
sendo ao nível de 21% de inclusão do resíduo de caju a menor altura de vilosidade para
todos os segmentos. A largura da vilosidade apresentou o mesmo comportamento da altura
da vilosidade, onde o duodeno e íleo apresentaram as maiores e menores larguras,
respectivamente, porém a níveis de inclusão diferente. O mesmo comportamento foi
observado por Oliveira et al. (2000) ao observar o desenvolvimento das vilosidades do
intestino delgado de frangos de corte aos 42 dias de idade com ração contento fibras e
tanino.
Possivelmente esse comportamento apresentado sobre as características de vilosidade
se deve a fibra presente no resíduo do caju, que durante o processo de digestão pode ter
levado ao aumento da produção de ácidos graxos. Biologicamente os ácidos graxos de
cadeia curta estão associados à proliferação celular no epitélio intestinal, aumentando a
altura e o perímetro dos vilos e também a área de absorção (OLIVEIRA et al., 2008).
Oliveira et al. (2000) encontraram aumento na altura dos vilos do jejuno de frangos
de corte, com idade de 1 a 21 dias de idade, alimentados com Leucaena cunningan em
relação àquelas alimentadas com a ração testemunha (milho e soja), não diferindo porém
das alimentadas com Leucaena leucocephala. Mesmo o resultado não sendo significativo,
67
os animais que foram alimentados com rações contendo Leucaena leucocephala e feijão
guandu ainda tiveram aumento das vilosidades. Já as aves aos 42 dias de idades não foram
observadas diferenças significativas quanto à altura dos vilos, os autores concluíram que
não houve influencia do fator antinutricional dos alimentos sobre esse parâmetro durante
esse período. O mesmo foi observado em esta pesquisa, à presença do tanino no resíduo do
caju não afetou as características das vilosidades intestinais das codornas com diferentes
níveis do resíduo do caju. Porém, percebe-se que a partir do nível de 21% de inclusão
desse alimento, a tendência desses parâmetros é diminuir. Os resultados dessas pesquisas
diferem dos resultados obtidos por Ortiz et al. (1994) que constataram atrofia e redução das
vilosidades do duodeno de aves que receberam dietas contendo tanino.
Jin et al. (1994) observaram aumento na largura das vilosidades do jejuno e íleo e
aumento na profundidade das criptas do jejuno, íleo e colo, de suínos alimentados com
ração fibrosa. Entretanto, não foi observado diferenças na altura das vilosidades do
duodeno, jejuno e íleo, entre grupos de animais alimentados com rações contendo 0 e 10 %
de palhada de trigo.
Dessa forma, o que determina o tamanho das vilosidades é a velocidade com que as
células são renovadas em seu ápice, comparada com a velocidade com que elas são
substituídas pelas células da cripta (CUNNINGHAM, 1992) o que demonstra que o nível
de 14% de inclusão do resíduo de caju possivelmente causa a velocidade de substituição
das células da cripta para o ápice mais intensa.
As vilosidades intestinais são responsáveis pela digestão e absorção dos nutrientes,
de maneira que vilosidades longas conferem maior capacidade digestiva e absortiva (LO
TIERZO et al., 2012) o que tornam essas estruturas de grande relevância. Aves que
possuem vilosidades maiores e mais largas poderão ter uma melhor absorção de nutrientes
(MACARI et al., 2002).
Na Tabela 7 estão apresentadas as médias de altura da mucosa e muscular da mucosa
de codornas europeias aos 42 dias de idade.
A altura da mucosa das codornas europeias aos 42 dias de idade comportou-se de
forma linear no duodeno e jejuno, enquanto o íleo não sofreu influencia da dieta utilizada.
A altura da muscular da mucosa não apresentou diferença significativa para o duodeno e
íleo, mas o jejuno foi influenciado quadraticamente. Comprando os resultados obtidos pelo
teste de Dunnett, apenas a altura da muscular da mucosa do jejuno e íleo apresentaram
68
significância em relação à dieta controle. No jejuno, os níveis de 7 e 14% promoveram
maiores alturas de muscular da mucosa que a dieta referência, já no íleo todos os níveis de
inclusão diferem da dieta controle, apresentado valores inferior.
Tabela 7 - Efeitos dos diferentes níveis do resíduo de caju sobre a altura da mucosa e
muscular da mucosa do intestino delgado de codornas europeias aos 42 dias de idade
Nível do resíduo
de caju (%)
Altura da mucosa (µm) Altura da muscular da mucosa (µm)
Duodeno Jejuno Íleo Duodeno Jejuno Íleo
0 268,30
216,57
198,19
30,53
24,87
38,23
7 269,29
196,66
151,56
26,40
26,32*
29,27*
14 292,94
193,56
159,48
23,67
26,99*
30,50*
21 295,00
162,51
167,96
26,22
22,87
30,40*
CV% 9,95 5,35 9,00 10,93 7,97 9,11
Regressão L1 L2 NS NS Q1 NS
R² 0,85 0,91 - - 0,92 - * Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; L = efeito de
regressão linear. Q = efeito de regressão quadrática. L1: Y = 265820 + 1482x; L2: Y = 217120 – 2361,1x; Q1: Y = 24670 + 521,47x – 28,459x².
O duodeno apresentou espessura mais larga na mucosa ao nível de 21%,
representando um crescimento de 9,9% em relação à ração sem resíduo, já a densidade da
muscular da mucosa teve o crescimento reduzido (14,11%) com o aumento dos níveis do
resíduo do caju. O jejuno e íleo tiveram uma tendência a reduzir a espessura dos
parâmetros avaliados em relação à dieta controle e o nível máximo de inclusão. As alturas
da mucosa e da muscular da mucosa do jejuno reduziram em 24,96% e 8,04%,
respectivamente e para o íleo a redução foi de 15,25% e 20,48%, respectivamente.
Esses resultados da altura da mucosa podem ser indicativos de um estímulo físico do
intestino delgado sobre o alimento (possivelmente ocorrido devido aos movimentos de
peristaltismo da digesta nas paredes intestinais decorrente da presença dos teores das fibras
solúvel e insolúvel existentes no resíduo do caju) podendo vir a alterar o metabolismo das
células da parede intestinal, deixando-as hiper ou hipotróficas, pois segundo Uni et al.
(2000) quando o organismo é desafiado ocorre um desequilíbrio no turnover de um dos
processos celular (renovação ou extrusão), proporcionando uma modificação no tamanho
desses parâmetros morfometricos.
A altura da muscular da mucosa do íleo foi superior a do duodeno e, a do jejuno,
inferior ao do duodeno neste trabalho. Em virtude da desconformidade na altura dos vilos e
espessura da túnica muscular de cada segmento, o duodeno, jejuno e íleo diferem quanto à
espessura de suas paredes (BOLELI et al., 2008). De acordo com Boleli et al. (2002) a
69
mucosa intestinal do trato gastrintestinal tem crescimento contínuo e tem sua integridade e
maturidade afetadas pela presença em si do alimento no lúmen intestinal.
A muscular da mucosa promove o movimento da túnica mucosa independentemente
de outros movimentos do trato digestório, aumentando o contato da mucosa com o
alimento (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2008).
Em relação ao volume parcial e densidade de superfície dos segmentos intestinais
das codornas europeias, apenas a densidade de superfície apresentou efeito significativo
(P>0,05) no duodeno e jejuno, apresentando redução na densidade de superfície do
duodeno e aumento na do jejuno, os demais parâmetros analisados não sofreram influencia
do resíduo do caju como apresentado na Tabela 8. O teste de Dunnett mostrou que o nível
de 21% de inclusão proporcionou menor volume parcial em relação ao tratamento
referencia.
Tabela 8 - Efeitos dos diferentes níveis do resíduo de caju sobre o volume parcial e
densidade de superfície do intestino delgado de codornas europeias aos 42 dias de idade
Nível do resíduo
de caju (%)
Volume parcial (%) Área de superfície (mm²/mm³)
Duodeno Jejuno Íleo Duodeno Jejuno Íleo
0 0,491
0,460
0,400
0,150
0,164
0,164
7 0,404
0,396
0,339
0,169
0,153
0,167
14 0,414
0,426
0,360
0,159
0,174
0,180
21 0,501
0,379*
0,344
0,151
0,184
0,163
CV% 9,31 8,76 9,42 6,61 7,83 7,55
Regressão NS NS NS Q1 Q2 NS
R² - - - 0,80 0,83 - * Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; Q = efeito de regressão quadrático. Q1: Y = 0,1516 + 0,0028x – 0,0001x²; Q2: Y = 0,1619 – 0,0011x + 0,0001x².
Esse comportamento diferenciado para densidade de superfície do duodeno e jejuno
pode esta relacionado à função prioritária dos segmentos (digestão e absorção), que acaba
conferindo características estereológicas diferentes em cada um deles como pode ser
observado nesta pesquisa. De acordo com Macari (1999) o tamanho e a quantidade das
vilosidade de cada segmento do intestino delgado, denotam a eles caractestísticas próprias.
Segundo Van Ginneken et al. (2002) o segmento com vilosidades maiores e mais
numerosas proporcionam maior densidade de superfície. No entanto, esta pesquisa mostra
densidade de superfície maior para o jejuno, apesar de o duodeno ter apresentado altura de
vilosidades superior ao jejuno, possivelmente este fato ocorreu em virtude da redução do
70
volume parcial do jejuno ter sido menor que o duodeno, proporcionando maior densidade
de superfície jejunal.
Alves (2012) avaliando a morfometria do intestino de suíno em terminação
alimentados com o bagaço de caju desidratado (0; 7,5; 15; 22,5 e 30%) não encontrou
influencia do alimento sobre a altura da vilosidade, altura da mucosa, densidade de
superfície e volume parcial.
Na Tabela 9 são apresentados os valores médios da quantidade de células
caliciformes, dos segmentos do intestino delgado de codornas europeias aos 42 dias de
idade submetidas a dietas contendo níveis de inclusão do resíduo de caju.
Houve efeito linear sobre as células caliciformes do duodeno, jejuno e íleo. Ao
comprar as médias das células caliciformes entre os segmentos intestinais, verificou-se
diferença entre os tratamentos para o duodeno e íleo, onde ao nível de 21% foram
encontradas as menores médias das células caliciformes. O teste de Dunnett mostrou que o
nível de 21% de inclusão do resíduo do caju proporcionou menor quantidade de células
caliciformes no duodeno em relação ao tratamento referência.
Tabela 9 – Média de células caliciformes presentes no epitélio intestinal de codornas
europeias alimentadas com rações contendo níveis crescentes de resíduo de caju
Nível do resíduo de caju (%) Parâmetro
Duodeno Jejuno Íleo
0 56,13
67,40
72,60
7 44,47
57,87
60,93
14 42,27
55,27
56,33
21 32,60*
47,87
53,27
CV% 10,49 14,29 9,97
Regressão L1 L2 L3
R² 0,94 0,96 0,91 * Significativo em relação ao nível zero de inclusão pelo teste de Dunnett (P<0,05); CV = coeficiente de variação; L = efeito de regressão quadrático. L1: Y = 54,786 - 1,0399x; L2: Y = 66,281 - 0,8741x; L3: Y = 70,171 - 0,8941x.
Observa-se que as aves pertencentes ao tratamento sem inclusão do resíduo de caju
apresentaram a maior quantidade de células caliciformes em todos os segmentos intestinais
avaliados e à medida que o nível de inclusão foi aumentando as quantidades de células
caliciformes foram diminuindo no duodeno (20,77; 24,69 e 41,92%), jejuno (14,14; 18,00
e 28,98%) e íleo (16,07; 22,41 e 26,62%).
Os resultados indicam que pode ter ocorrido uma redução na produção de muco
devido à degranulação das células caliciformes com o aumento dos níveis do resíduo de
71
caju, causada pela presença dos níveis de fibra solúvel do alimento, que lhe confere maior
capacidade de hidratação devido as suas características sobre os processos metabólicos e
fisiológicos. De acordo com Macari et al. (2002) as células caliciformes têm função de
produção de muco e são secretoras de glicoproteínas. Estas células são menos abundantes
no duodeno e aumentam em número na direção do íleo (JUNQUEIRA e CARNEIRO,
2008) e estão presentes em maior quantidade na região distal do intestino delgado e em
menor quantidade na região proximal, sendo a região apical mais dilatada que a basal
dando um formato de cálice (BOLELI et al., 2008).
De acordo com Fernandez et al. (2000) a composição da dieta pode afetar o número
relativo de células caliciformes e a composição química das mucinas secretadas, que por
sua vez, podem alterar a susceptibilidade ou a resistência à colonização por patógenos.
Oliveira et al. (2000) observaram que às células caliciformes presentes nas vilosidades de
frangos de avaliadas aos 21 dias de idade, encontraram aumento significativo no número
de células caliciformes no duodeno e no jejuno para as animais que receberam ração
contendo leucena e feijão guandu. E nas aves aos 42 dias, apenas no duodeno ocorreu o
aumento das células caliciformes para os animais que receberam ração contendo o feijão
guandu. Os autores atribuem a esse comportamento o aumento da produção de muco
causada pelos fatores antinutricionais desses alimentos.
Alves (2012) não observou diferença significativa no número de células caliciformes
em suínos em terminação alimentados com o bagaço de caju desidratado (0; 7,5; 15; 22,5 e
30%), concluindo que pode ser resultado de uma a adaptação dos animais à dieta fornecida.
A literatura é carente de pesquisas sobre a organização morfofuncional do trato
digestório de codornas europeias e frangos de corte na fase de terminação, talvez devido ao
fato das codornas apresentarem baixo consumo per catipa e o frango ser abatido
precocemente, no entanto, melhor atenção deve ser dada a este sistema funcional das aves.
72
CONCLUSÃO
Considerando os resultados obtidos, pode-se concluir que o resíduo de caju, pode ser
incluído em até 14% na dieta de codornas europeias machos com até 42 dias de idade,
afetando positivamente a morfometria intestinal, uma vez que aumentou o comprimento e
peso do trato gastrintestinal total e do duodeno, altura das vilosidades do intestino delgado,
consequentemente maior área de absorção.
73
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77
ANEXO
Figura 3 – Fotomicrografia do duodeno de codornas europeias aos 42 dias de idade
alimentadas com 0; 7; 14 e 21% do resíduo de caju. A – altura da vilosidade, B – largura
da vilosidade, C – altura da parede intestinal e D – altura da túnica muscular.10x. Barra
100µm.
0% 7%
14% 21%
A
A
A
A
B B
B B
C C
C
C
D
D
D
D
0% 7%
A
A
B
B
C
C
D
D
78
Figura 4 – Fotomicrografia do jejuno de codornas europeias aos 42 dias de idade
alimentadas com 0; 7; 14 e 21% do resíduo de caju. A – altura da vilosidade, B – largura
da vilosidade, C – altura da parede intestinal e D – altura da túnica muscular. 10x. Barra
100µm.
Figura 5 – Fotomicrografia do íleo de codornas europeias aos 42 dias de idade alimentadas
com 0; 7; 14 e 21% do resíduo de caju. A – altura da vilosidade, B – largura da vilosidade,
C – altura da parede intestinal e D – altura da túnica muscular. 10x. Barra 100µm.
14% 21%
A
B
C
D
D
A
B
C
D
0% 7%
14% 21%
B
A
C D
D A
B
C
D
A
B
C
A
B
C
D