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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA GIOVANNA MARIA CARDOSO FURLAN AVALIAÇÃO DO POTENCIAL INOVATIVO DE FERRAMENTA DE SUGESTÕES NO SETOR DE AGROQUIMICOS Lorena - SP 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

GIOVANNA MARIA CARDOSO FURLAN

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL INOVATIVO DE FERRAMENTA DE SUGESTÕES

NO SETOR DE AGROQUIMICOS

Lorena - SP 2014

GIOVANNA MARIA CARDOSO FURLAN

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL INOVATIVO DE FERRAMENTA DE SUGESTÕES

NO SETOR DE AGROQUIMICOS

Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta

para avaliação e apresentação perante a banca avaliadora.

DATA:___/___/2014

_____________________________

ASSINATURA DO ORIENTADOR

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA AFONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Furlan, Giovanna Maria Cardoso AVALIAÇÃO DO POTENCIAL INOVATIVO DE FERRAMENTA DE SUGESTÕES NO SETOR DE AGROQUÍMICOS / Giovanna Maria Cardoso Furlan; orientador Humberto Felipe Silva. -Lorena, 2014. 44 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaIndustrial Química - Escola de Engenharia de Lorenada Universidade de São Paulo. 2014Orientador: Humberto Felipe Silva

1. Inovação. 2. Tecnologia. 3. Melhoria contínua.4. Sugestão. 5. Ferramenta. I. Título. II. Silva,Humberto Felipe, orient.

GIOVANNA MARIA CARDOSO FURLAN

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL INOVATIVO DE FERRAMENTA DE SUGESTÕES

NO SETOR DE AGROQUIMICOS

Projeto de monografia apresentado à Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo como requisito legal para a obtenção do título de Engenheiro Industrial Químico.

Orientador: Prof. Dr. Humberto Felipe da Silva

Lorena - SP 2014

DEDICATÓRIA

À Giovani e Cleusa pelo amor,

esforço, dedicação e ensinamentos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente pelo conforto que sempre alcanço em minhas

orações e pensamentos positivos decorrentes de minha fé.

Aos meus pais, Giovani e Cleusa que tanto lutaram para que eu tivesse uma

educação de qualidade, sem eles eu não estaria aqui. Agradeço pelo amor

imensurável, carinho, e paciência dedicada a mim. Através desta criação sou uma

mulher de caráter e valores concretos. Vocês são o maior bem da minha vida, não

tenho como expressar em palavras. Amo vocês!

Ao meu namorado, Maurício, pelas aventuras, parceria, aprendizados, alegrias

e amor. Fez do meu último ano de graduação o mais completo e feliz. Obrigada por

aguentar minhas manias, chatices e bobeiras. Obrigada por existir, me compreender

e ser meu porto seguro neste ano e reta final.

Agradeço as minha amigas de Mogi das Cruzes, por compreenderem minha

ausência nestes anos, saibam que meu coração sempre esteve com vocês. Sempre

é muito bom quando nos encontramos e perceber que tudo está como sempre.

Obrigado pelo acolhimento, bons momentos e conselhos.

As minhas irmãs que não tive na vida real, porém conquistei nestes anos de

faculdade. Agradeço a Mariana, Naiara e Natália pela preocupação que tivemos

umas com as outras, conversas, conselhos, choros, risadas, festas, comilanças e

mojitos. Com vocês, construí uma família, tive suporte e conforto em Lorena.

Obrigada!

Aos meus amigos mais loucos, André, Radamés, Mateus, Guilherme e

Eduardo. Valeu pelas risadas, alegrias e confiança que sempre tiveram em mim.

Vocês são sensacionais!

A todos do meu estágio que contribuíram de alguma maneira em meu

desenvolvimento. O aprendizado foi imenso, obrigada pela dedicação, pelos

desafios e confiança depositadas. Vocês me deram a oportunidade de me sentir

parte de um verdadeiro time.

Por fim, agradeço a todos os alunos e funcionários da Escola de Engenharia de

Lorena. Obrigada por permitirem que parte da minha história passasse por esta

instituição.

EPÍGRAFE

“Procure ser uma pessoa de valor,

em vez de procurar ser uma

pessoa de sucesso. O sucesso é

consequência.”

(Albert Einstein)

RESUMO

FURLAN, G. M. C. Avaliação do potencial inovativo de ferramenta de sugestões

no setor de agroquímicos. 2014. 50 p. Monografia (Trabalho de Graduação) –

Escola de Engenharia de Lorena - Universidade de São Paulo, Lorena, 2014.

A Unidade de Proteção de Cultivos da Empresa Química X é uma das líderes em

defensivos agrícolas e uma forte parceira no fornecimento de fungicidas, inseticidas

e herbicidas inovadores. Comprometida globalmente com os princípios do

desenvolvimento sustentável e atuação responsável buscando o aprimoramento da

qualidade, segurança, saúde, meio ambiente e responsabilidade social. Um de seus

programas de incentivo a inovação tem por objetivo reconhecer e estimular a

participação e compromisso de todos seus colaboradores. O programa visa à

implementação de soluções por meio de ideias que promovam a melhoria continua

de seus processos de forma criativa e que contemplem, no mínimo, um dos três

pilares de sustentabilidade. Neste contexto, a ferramenta do programa de sugestões

é incentivada pelos gestores de cada área de negócio no intuito de promover a

inovação e melhorias seja nos quesitos de produtividade, segurança, qualidade ou

qualquer outro tópico levantado pelo colaborador. O presente trabalho destina-se a

avaliar o desempenho da utilização dessa ferramenta de modo que seus benefícios

e retornos trazidos a área de agroquímicos sejam avaliados e levantados, uma

tendência dos temas das sugestões também será discutida de maneira que um perfil

geral das ideias possa ser identificado. Para atingir esse objetivo será utilizada a

metodologia estudo de caso, onde uma análise será baseada no roteiro de fluxo de

avaliação, resultados de cada sugestão e retornos ao setor.

Palavras-chaves: Inovação, Melhoria continua, Sugestão.

ABSTRACT

FURLAN, G. M. C. Evaluation of the innovative potential of suggestions tool in

agrochemical industry. 2014. 29 f. Project of monograph (Undergraduate) - School

of Engineering of Lorena, University of São Paulo,

Lorena, 2014.

The Unit Crop Protection of the Chemical Company is a leader in crop protection and

a strong partner in providing fungicides, insecticides and herbicides innovative.

Globally committed to the principles of sustainable development and responsible

action, which seeks to improve the quality, safety, health, environment and social

responsibility. One of its programs is to encourage innovation, recognizing the

participation and commitment of all its employees. The program aims to implement

solutions through ideas that promote the continuous improvement of its processes

creatively and that include at least one of the three pillars of sustainability. In this

context, the tool of the suggestion program is encouraged by the managers of each

business area in order to promote innovation and improvements in different types of

categories like productivity, safety, quality, or any other topic raised by the employee.

This study intended to evaluate the performance of the use of this tool so that their

benefits and returns brought the area of agrochemicals are assessed and collected ,

a trend themes of the suggestions will also be discussed so that an overall profile of

the ideas can be identified . To achieve this goal the action research methodology

based on the flowing script of evaluation and outcome of each suggestion will be

used.

Key words: Innovation, Improvement continues, Suggestion.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fluxo do processo de avaliação da ferramenta de sugestões ...................... 24 Figura 2 - Estrutura para condução do estudo de caso. ............................................... 25 Figura 3 - Principais pilares abordados nas propostas. ................................................ 32 Figura 4 - Principais pilares abordados nas sugestões reprovadas. ............................. 35 Figura 5 - Principais pilares abordados nas sugestões aprovadas. .............................. 38

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 11

1.1 Contextualização ................................................................................................ 11

1.2 Objetivo .............................................................................................................. 12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................. 12

2.1 Tecnologia .......................................................................................................... 12

2.2 Inovação tecnológica .......................................................................................... 16

2.2.1 Tipos de inovação e suas origens ................................................................... 19

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 21

3.1 A empresa .......................................................................................................... 21

3.2 Ferramenta de inovação ..................................................................................... 21

3.3 Ferramenta no setor de agroquímicos ................................................................ 24

3.4 Método de pesquisa ........................................................................................... 25

3.5 Metodologia ........................................................................................................ 25

4. RESULTADOS ..................................................................................................... 27

4.1 Gestão da ferramenta......................................................................................... 27

4.2 Perfil dos sugestores .......................................................................................... 29

4.3 Perfil das propostas de melhoria ........................................................................ 30

5. CONCLUSÕES..................................................................................................... 40

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 41

11

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Inovação e tecnologia são as ferramentas utilizadas pela área de Agroquímicos

da Empresa Química X objeto desta monografia para desenvolver soluções

inteligentes no controle de plantas daninhas, pragas e vetores que transmitem

doenças e causam incômodos ao ser humano. Com um portfólio de produtos

divididos entre os segmentos de Controle Profissional de Pragas, Saúde Pública,

Higiene Rural, Florestas, Manejo Profissional de Vegetação e Pastagens,

disponibiliza soluções de uso profissional e doméstico com alta eficiência nesses

setores levando bem-estar e satisfação em ambientes não agrícolas, urbanos e

rurais.

Segundo dados estatísticos oficiais, há seis anos o Brasil é o maior

consumidor de agroquímicos do mundo. As empresas de grande porte como

Syngenta, Dow, Dupont, Basf, Bayer e Monsanto detêm 68% do mercado mundial

gerando uma renda de cerca de US$ 48 bilhões por ano (PEALEZ, 2011). No caso

do Brasil, pesquisa do IBGE realizada no ano de 2014 os setores de artigos

utilizados na produção agrícola tiveram um crescimento relevante, por exemplo, os

protetores agrícolas tiveram um aumento de 3,9%.

Dentre as estratégias de gestão, a inovação e sustentabilidade são pilares

procurados pela empresa, pois ela almeja ser reconhecida a indústria química mais

confiável e sustentável. Assim, a empresa química em questão tem por objetivo o

incentivo ao uso de ferramentas de melhoria continua, sendo que todos seus

colaboradores podem inserir sugestões que poderão trazer benefícios a empresa.

O conceito de melhoria continua é associado com o de Qualidade Total e está

relacionado com a capacidade de resolução de problemas por meio de pequenas

ações, com alta frequência e em curto tempo de implementação. (BESSANT et al.,

1994). Para Caffyn (1999) o conceito de melhoria continua é caracterizado como um

amplo processo concentrado na inovação de caráter simples que em quantidade

trazem bom retorno para todo o negócio.

O incentivo à geração de ideias vem sendo perseguido há mais de 100 anos e

foi utilizado pela primeira vez na Escócia, com a sugestão de como reduzir custos na

construção de um navio. Este programa se vale da motivação monetária aos

funcionários, já que quando uma ideia é aprovada e implementada há um retorno

monetário. Essa iniciativa também promove a capacitação já que estimula o

pensamento e exploração de novos horizontes da criação.

Neste contexto, a ferramenta de sugestão se torna ideal para uma empresa na

qual existe uma gama de processos e produtos. No setor agroquímico da Empresa

Química X existem 3 plantas de produção, cada uma com sua especificação e

capacidade de melhoria que pode ser explorada neste contexto.

O entendimento desta metodologia é necessário para que possa ocorrer o

incentivo do uso da ferramenta e consequente melhorias, de maneira que sua

gestão seja sempre de incentivo e com bons resultados ao negócio. Isso pode se

dar pelo aumento da participação dos funcionários, aumento do comprometimento,

busca a resolução dos problemas, benefícios em segurança, redução de custos

(BARBIERI, ÁLVARES E CAJAZEIRA, 2009).

1.2 Objetivo

Com o intuito de promover o incentivo a inovação em todas suas

perspectivas, é necessária a compreensão da ferramenta utilizada pela Empresa

Química X e também as questões de melhoria que são levantadas pelos seus

colaboradores.

O objetivo desse trabalho é o de analisar o potencial de inovação da

ferramenta de incentivo a melhoria. Com o levantamento das ideias e das rotas de

avaliação e verificação de viabilidade pretende-se avaliar o quanto foi benéfico a

participação ativa dos colaboradores em relação as inovações conquistadas no setor

de Agroquímicos nos últimos anos.

O nome da empresa, bem como sua localização, não será revelado, por

questão de acordo e confidencialidade entre a autora deste trabalho e a empresa em

questão. Doravante a empresa será chamada de Empresa Química X.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Tecnologia

A tecnologia possui várias conotações e definições. Dentre elas, segundo o

senso comum é através da produção tecnológica que existe a gama e diversidade

de equipamentos no mundo. De fato, este pode ser uma tendência, porém muitas

outras são levantadas. Em sua concepção intelectual, a tecnologia pode ser

derivada direta, ou não, do desenvolvimento do conhecimento teórico científico.

Historicamente, a tecnologia existe antes da pesquisa cientifica em si e até

mesmo, antes do conhecimento do homem pela escrita. Antes mesmo da fabricação

dos primeiros instrumentos de pedra já mostrava a capacidade de criação que dela

fez surgir uma série de ferramentas que se aperfeiçoavam a medida do tempo

(VERASZTO et al, 2003). Outros modos de organização e de evolução de nossos

ancestrais asseguram o potencial tecnológico que viríamos a ter (VERASZTO,

2004). Através do emprego de mudança das eras primitivas do homem é que se

pode estabelecer uma relação que auxiliaria a modificação do meio, a união do

pensamento com a capacidade de transformação alterava o futuro das relações

sociais estabelecidas (DUCASSÉ, 1987).

Para a definição de tecnologia buscamos em SABATO (1978, p. 61, 62) como

sendo: o "conjunto ordenado de todos os conhecimentos utilizados na produção,

distribuição e uso de bens e serviços". Ao utilizar-se da palavra todos, o autor

buscava englobar, além dos conhecimentos de origem científica, também outros

conhecimentos resultantes do empirismo, da cópia (autorizada ou não), adaptação,

ou ainda aqueles resultantes da habilidade manual, da tradição e da intuição.

LONGO (1984, p.2) insere no conceito de SABATO não apenas a distribuição, mas

o conceito de comercialização. De fato, ao pacote tecnológico pode-se incluir a

comercialização visto que esta pode ser considerada como parte integrante do

domínio tecnológico. Se uma empresa domina não somente a técnica de produção

como também o processo de comercialização (técnicas associadas à função venda)

sua capacidade competitiva será aumentada.

O conhecimento tecnológico não pressupõe necessariamente a existência do

conhecimento científico ou de alguma teoria sobre a matéria, como pode parecer. É

óbvio que o conhecimento científico sempre foi um auxiliar do conhecimento

tecnológico. Aliás, ao correr do tempo este passou a ter uma grande dependência,

ou melhor, passou a haver uma relação mais estreita entre ciência e tecnologia.

Para Garcia (2000) a ciência pura não tem relação nenhuma, a priori, com a

tecnologia. Todas as teorias antecedem as tecnologias de maneira que não existe

tecnologia sem teoria, mas o contrário ocorre: é possível a existência de teoria sem

nenhuma tecnologia.

A crença da existência de um casamento perfeito entre C&T se deve ao fato de

vivermos em um período em que o desenvolvimento de tecnologias de ponta exige

necessariamente o conhecimento científico. Ou ainda, pelo fato de as novas

tecnologias terem como condição necessária a convivência em um perfeito e

harmônico casamento entre a Ciência e a Tecnologia. Para corroborar esta

afirmativa, Teich citado por ROMAN (1983, p.47) observa que durante a Revolução

Industrial, as invenções que revolucionaram o sistema econômico precederam o

conhecimento científico.

Outro aspecto marcante da conceituação, aqui adotada, é o fato de que,

somente quando este conjunto de conhecimentos é utilizado no processo produtivo

ou amplamente difundido, ele poderá ser denominado tecnologia, ou melhor, se este

conjunto de conhecimentos ordenados tiver um uso econômico ou social, como

destaca VARGAS (1984, p.20). A tecnologia não é somente uma forma de

conhecimento, mas um conhecimento que está submetido ao critério econômico e

direcionado para a produção de mercadorias ou serviços.

De outro lado, é interessante frisar que Pesquisa e Desenvolvimento - (P&D),

são muitas vezes confundidos com tecnologia. Entretanto a P&D ultrapassa este

conceito uma vez que esta atividade não está voltada apenas à geração de

tecnologia, pois nem todo o esforço nesta atividade redundará em aplicações

comerciais ou sociais. Acrescente-se a isto, que a P&D são atividades que,

geralmente, se desenvolvem em uma etapa anterior ao desenvolvimento tecnológico

(ROMAN, 1983).

Acrescente-se ainda que, por suas características intrínsecas, a tecnologia tem

um valor comercial. Isto é, a tecnologia é uma mercadoria que pode ser vendida,

doada, transferida, ou seja, ela pode ser negociada sempre que haja uma

oportunidade econômica (BARBOSA, 1981, LONGO, 1984, MICHALET 1983).

Como observa LONGO (1984), a tecnologia sendo objeto de comercialização está

sujeito aos riscos inerentes a qualquer negócio. Isto é, a aquisição da tecnologia ou

o processo de sua transferência a terceiros pode ser realizado de forma ilegal,

podendo ser roubada, contrabandeada, falsificada, etc. É esta condição que confere

à tecnologia uma preocupação tão grande quanto a sua propriedade. Ou melhor,

sendo mercadoria, a determinação legal de sua propriedade é fundamental para que

seja negociada; desta forma a sua simples posse pode significar a possibilidade de

resultados econômicos.

O valor comercial da tecnologia é de grande significado para o mercado

mundial, mas talvez, como lembra LONGO (1984), o valor estratégico da tecnologia

é de importância crucial. Este valor tem peso de grande abrangência, determinando

o grau de dependência de um país. Este aspecto estratégico da tecnologia levou a

que, até o início da consolidação do processo de globalização da economia, as

empresas interessadas em estender sua participação em outros mercados,

principalmente em países subdesenvolvidos, se utilizassem da estratégia de

transferir tecnologias. A transferência de tecnologia, que provavelmente devesse ser

chamada, mais apropriadamente, de empréstimo ou venda de direitos, foi prática

corrente em décadas passadas, mais precisamente a partir do processo de

internacionalização da economia. Atualmente, a complexidade do mercado mundial

devido, a constante competitividade e a demanda de renovação, fez com que o

comércio de tecnologia se estancasse sob pena de perda do controle do

conhecimento por parte da empresa. Os fatores que levaram a isto são, em primeiro

lugar, o estado de mudança tão rápido que têm dificultado a amortização dos

investimentos em tecnologia realizada pelas empresas. Por outro lado o ambiente

internacional está globalizado e mais competitivo com o ingresso de empresas,

principalmente japonesas, reduzindo o domínio das empresas americanas que

praticamente dominavam o mercado. Além do mais, a complexidade do mercado

mundial, pode permitir que a empresa que recebe a tecnologia venha a se tornar

forte concorrente da empresa cedente. Este risco traz, inclusive, a possibilidade de

que a concorrente encontre melhores condições de mercado visto que geralmente

ela faz adaptações a tecnologia, e pode oferecer o produto com algum diferencial,

até mesmo de preço.

2.2 Inovação tecnológica

O termo inovação possui uma definição abrangente, já que o novo tem diversas

maneiras de entendimento, seja sucesso na solução de algum problema, uma nova

maneira de percepção ou até mesmo em uma superação do que já este

ultrapassado. Considerando essas diferentes maneiras de se perceber o que é novo,

surge o questionamento sobre quão “novo” algo deve ser para ser considerado

inovação.

Além de denotar novidade e mudança, a inovação é abordada, segundo relatório

apresentado pela Comunidade Europeia (Green Paper on Innovation), como

[...] sinônimo para produção, assimilação e exploração com sucesso de novidades nas esferas econômicas e sociais. Oferece novas soluções para problemas e assim torna possível satisfazer as necessidades tanto do indivíduo como da sociedade (EUROPEAN COMISSION, 1995, p. 2 apud MOREIRA; QUEIROZ, 2007).

Para Zaltman, Duncan e Holbek (1973 apud MOREIRA; QUEIROZ, 2007), a

inovação é “qualquer ideia, prática ou artefato material percebido como novo pela

unidade de adoção relevante, a qual pode ser uma pessoa, uma organização, um

setor industrial, uma região, etc.” Por sua vez, Motta (1997) defende que inovar

é introduzir a novidade de tal forma a deixar explícita que alguma tecnologia, habilidade ou prática organizacional se tornou obsoleta”, estando implicada numa “visão de progresso, que carrega a conotação da virtude e do mais bem realizado.

A partir dessas definições, percebe-se uma tendência em dizer que inovação é

tudo o que é novo, como também é a introdução de novidade de qualquer espécie

em determinado contexto. Nota-se, portanto que, não há de fato um conceito bem

definido quanto ao que pode ser considerado como tal.

Nos últimos anos, o tema inovação, até mesmo pela sua abrangência, vem

sendo utilizado em diferentes parâmetros e aspectos sejam em questões sociais,

históricas, econômicas, culturais ou no âmbito da tecnologia. Este é, por sua vez, o

mais usual já que sua definição é mais palpável para o entendimento. Assim a

tecnologia torna-se o tema central na questão de inovação e diferencial na conquista

de novos espaços de mercado relacionados a economia em geral. Há uma

correlação entre as duas questões. Se tiver sucesso econômico a empresa deve

incentivar a inovação. Há, pois uma tendência de gestão em relação a estes temas,

e cada vez mais tem se incentivado a inovação frente a todas as áreas do negócio.

O modelo de gestão e a competitividade relacionadas às áreas produtivas têm

cada vez mais conferido atenção as questões que possam gerar maior lucratividade

para a empresa. Sejam por novos produtos, métodos de produção, abertura de

mercado ou pela modificação das fontes de matéria prima, este novo modelo de

negócio utiliza de um conceito que vem sendo explorado, o da inovação tecnológica.

Segundo Schumpeter (1988) as inovações tendem a gerar novas concepções de

consumo onde não são provindas de revoluções ou de fenômenos naturais, mas sim

de uma necessidade de novos hábitos pela sociedade “onde a concorrência

determina uma superioridade decisiva no custo ou na qualidade e que fere não a

margem de lucros e a produção de firmas existentes, mas seus alicerces e a própria

existência.” Tal conceito foi definido pelo austríaco como uma “destruição criadora”:

o ciclo de substituição de antigos produtos ditava novos hábitos de consumo.

Para Schumpeter (1984), inovação tecnológica era o centro do dinamismo do

sistema capitalista e a força motriz do desenvolvimento econômico da época de 30

já que era o produtor com suas novas propostas que regia e ditava a nova tendência

de consumo, e por sua vez os clientes a seguiam. Em suma,

o impulso fundamental que põe e mantém em funcionamento a máquina capitalista procede dos novos bens de consumo, dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados e das novas formas de organização industrial criadas pela empresa capitalista.

Por outro lado, para Porter (1993), a importância de inovação que está

relacionada à mudança de produto é a fonte de aprimoramento de mercado e de

crescimento empresarial. Ou seja, apesar das diferentes épocas a relação de novo

produto com a abrangência e modificação de mercado ainda continuam tendo

aspectos fundamentais no desenvolvimento da economia.

Em contra ponto, Quintella (2000) considera que as empresas devem ter ciência

e reponsabilidade na gestão das inovações, de maneira que o crescimento produtivo

e eficiência estejam sempre no foco, visando sempre a lucratividade do negócio.

Este ponto de cautela é defendido por ele, poiso conceito inovação tecnológica

também é um gerador de alto risco, já que se devem ponderar, tanto o ponto de

vista da mudança do negócio quanto o do crescimento produtivo.

O conceito de inovação abrange vários temas já que está relacionada a um novo

arranjo cultural, institucional e organizacional. Esta visão procura investir em

diferentes sistemas e, por conseguinte, diminui desperdícios aumentando sua

funcionalidade e consequente produtividade de acordo com a profundidade da

mudança (CORAZZA, 2001). Desta maneira, toda modificação, seja advinda de

pesquisa ou de investimento que acarretem aumento de produção ou de um novo

conceito de produto, são fundamentais para a criação de vantagens competitivas e

de crescimento econômico. Isso gera uma nova concepção de gestão e

competitividade para a empresa, já que melhorias estão vinculadas as estratégias de

mercado.

Em 2005 foi desenvolvido pela Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico - OCDE um manual que fundamenta alguns tópicos

como o de tratamento da inovação apenas em empresas, onde uma organização

pode possuir várias ramificações e tendências de criar, seja por novos métodos de

produção, ou até organizacional. Quatro tipos de inovações são caracterizados, em

produtos, em processos, organizacionais e os de marketing. Os processos de

inovação são tão abrangentes que diferem em suas características entre diversos

setores, pois alguns podem absorvê-los de maneira instantânea mesmo sendo

radicais. Já outros levam demasiado tempo mesmo que as propostas de alteração

sejam de caráter simples. Para a Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OECD) em 2004, um produto tecnologicamente

aprimorado é um produto já existente, cujo desempenho foi otimizado. Isso pode ser

dar, por exemplo, pelo uso de novos materiais ou pelo modo de operação

diferenciado, ou um produto de caráter mais complexo que abranja vários setores

integrados, pode ser aprimorado por meio da modificação de apenas um dos

setores.

Até a década de 80 a acomodação industrial era símbolo do desenvolvimento

brasileiro. A inovação em processos produtivos não chegou a ser incentivada

gerando uma estagnação na racionalização de processos produtivos. Manobras

baseadas apenas nas transformações físicas foram foco, a questão de manufatura

sem grandes incentivos ou alterações de mercado eram símbolo do país, grupos

nacionais perderam força diante de grupos internacionais (MEIRELLES, 2008). A

partir dos anos 90, as políticas de inovação foram enfatizadas com a criação de

fundos para financiamento de pesquisa e com a criação da Lei de Inovação

Tecnológica (Lei Federal n.º 10.973/2004). Estas refletiram a preocupação em se

inserir as práticas de inovação tecnológica ao país (TRIGUEIRO, 2002). A inserção

de atividades de P&D, fortalecimento de marcas, desenvolvimento de produtos e

projetos passam a ser cenário de inovação e diferenciação produtiva. (NEGRI;

SALERNO; CASTRO, 2005).

Para Tigre (2006), não é do acaso que ocorre a introdução de uma inovação em

uma empresa, pelo contrário, é preciso que haja uma gestão operacional e

gerencial, assim como rotinas, procedimentos e cultura organizacional para a

inovação. Quando uma inovação ocorre, seja de grande ou pequeno porte, a

empresa tem a postura de assumir os riscos da mudança. Este reflexo é variável de

acordo com o peso na inovação e do ambiente em que ela está sendo incorporada.

A inovação tecnológica e sua estratégia de gerenciamento para a criação de

novos produtos ou aprimoramento dos já existentes deve ser alinhada com o

conceito global da organização com parâmetros, metas e recursos bem definidos

(BAXTER, 2000). Portanto, como retratado, o conceito de inovação tecnológica

abrange vários tópicos e pode ser validado em diversos segmentos, cada um com

sua particularidade de oportunidade de abertura a mudança. Outra questão a ser

ressaltada refere-se à globalização que tem aumentado a concorrência. Ela está

embasada cada vez mais em conhecimento e na organização dos métodos de

aprendizado. Outros fatores que adquirem importância não estão diretamente

relacionados a preço entre concorrentes, mas sim, ao aprimoramento da empresa

em si quanto às questões produtivas e de uso de conhecimento. (CASSIOLATO;

LASTRES, 2000)

2.2.1 Tipos de inovação e suas origens

Para Drucker (1985) os empreendedores se utilizam da inovação como a

principal ferramenta. É por meio delas que surge a oportunidade de um negócio

diferente. A fonte de inovação deve ser explorada buscando sempre mudanças que

apresentam indícios da oportunidade para que uma inovação seja bem sucedida.

De acordo com Freeman (1997) as inovações podem ser classificadas em

quatro aspectos de mudanças. Podem ser de característica incremental, que são

realizadas de forma continua e não derivam necessariamente das ações do setor de

pesquisa e desenvolvimento sendo fruto da capacitação interna e atividades

rotineiras por parte dos colaboradores. Geralmente estão ligadas a uma adaptação

ou extensão por parte de um produto ou serviço já existente. Apresenta baixo risco

ao negócio e também pouco retorno financeiro e são fáceis de serem aprovadas

pela gerência através de programas de inovação. Já na inovação de característica

radical, um novo ramo tecnológico é implementado acarretando geralmente quebra

de paradigma com nova trajetória tecnológica incremental levando a um salto

produtivo. Já a inovação das mudanças no sistema tecnológico ocorre quando o

setor ou grupo de setor é alterado e são necessárias tanto por uma necessidade

externa de mercado quanto interna da empresa. Elas estão ligadas tanto a decisão

estratégica da empresa quanto a entrada em novos mercados e novos negócios.

Apresenta alto risco, mas também pode gerar maior potencial de retorno, pois requer

mudança de processo e produtos que serão oferecidos ao novo mercado-alvo. Já a

inovação relacionada a um novo paradigma tecnoeconômico é a mais profunda, pois

sua concepção altera um modo de indústria ou até organizações. Estes não ocorrem

com frequência e afetam os modos econômicos em si, pois criam serviços e

produtos totalmente novos trazendo novos conceitos de mercado, com caráter

totalmente imprevisível do negócio. Podem ser incubadas por gerencias de novos

negócios da empresa até sofrer o processo de separação da empresa que a originou

e age de forma independente.

3. METODOLOGIA

3.1 A empresa

A Empresa Química X onde esse estudo foi realizado é líder mundial sendo

uma grande multinacional que está na lista das maiores do mundo. Com um grande

portfólio de produtos, oferece desde químicos, plásticos, produtos de performance e

para proteção de cultivos, até petróleo e gás. Por meio da ciência e da inovação,

possibilita aos clientes de todas as indústrias atenderem as atuais e futuras

necessidades com produtos e soluções que contribuem para a preservação dos

recursos, assegurando nutrição saudável e melhoria da qualidade de vida.

3.2 Ferramenta de inovação

O Programa de Sugestões tem por objetivo estimular e reconhecer a

participação e o compromisso de todos os colaboradores para geração e

implementação de soluções por meio de ideias que promovam a melhoria contínua

dos processos de forma criativa ou inovadora. Essas ideias ou sugestões são

propostas elaboradas por um colaborador, ou por uma equipe de até três

colaboradores, registrada no sistema eletrônico do programa com o objetivo de gerar

soluções inovadoras, corretivas, preventivas ou de melhoria contínua.

A proposta deve estar descrita de forma clara e detalhada, podendo inclusive

utilizar-se de croquis, esboços, formulários, protótipos, estudos financeiros e outros

documentos que facilitem seu entendimento e aplicação. A ferramenta eletrônica

disponibiliza um questionário, para facilitar a elaboração da sugestão ao autor e

também para melhor entendimento do avaliador.

A partir da inclusão da ideia no sistema, é iniciado o processo de avaliação.

Primeiramente, o time de melhoria responsável pela gestão da ferramenta na

localidade beneficiada avalia a sugestão cadastrada, definindo sua elegibilidade.

Este critério é definido caso a sugestão esteja de acordo com o código de conduta

da Empresa Química X. Uma ideia não é elegível quando apresenta:

• Relação com riscos de acidentes ou incidentes iminentes ao meio ambiente,

à saúde e segurança do colaborador, da empresa e/ou da sociedade.

• Temas normativos de segurança que apresentam aplicabilidade obrigatória.

• Relação com algum projeto em estudo ou desenvolvimento na planta que foi

cadastrada.

• O mesmo conteúdo ou atividade já descrita em um procedimento, diretriz,

instrução, manual, processo ou contrato na planta que foi cadastrada.

• Contradição com qualquer diretriz da Empresa Química X e dados legais.

• O mesmo conteúdo de uma sugestão cadastrada no sistema dos últimos 5

anos a partir da data de encerramento desta, seja ela classificada como

reprovada ou premiada.

Para uma sugestão avaliada como elegível, baseada nos requisitos

mencionados anteriormente, o membro de melhoria continua da localidade

responsável pela avaliação, deve identificar as potencialidades e viabilidades de

implementação da sugestão seguindo os seguintes fluxos de avaliação.

• Em implementação: Conteúdo da sugestão foi aprovado pela Área

Beneficiada e direcionada para ser implementação. Sugestão está a

caminho da aprovação, mas antes deve ser implementada e seus resultados

avaliados.

• Reprovada: Sugestão recusada por ser inviável tecnicamente ou

financeiramente. Aqui o fluxo de avaliação se encerra já que proposta não é

viável ao setor.

As sugestões aprovadas para implementação, devem ser executadas num

prazo máximo de cinco anos. Após este período, a sugestão é expirada e deve ser

reprovada para encerramento do processo de avaliação pela Área Beneficiada. A

partir do momento que uma sugestão foi aprovada e implementada com sucesso ela

entra em rota de finalização adquirindo o status de acordo com os resultados

obtidos:

• Implementação encerrada: Sugestão cuja implementação foi encerrada e

sua eficácia está sob avaliação pela área que foi beneficiada.

• Implementação aprovada: Sugestão cuja eficácia da implementação foi

aprovada pela área que recebeu o benefício.

• Implementação reprovada: Sugestão cuja eficácia da implementação foi

reprovada pela Área Beneficiada.

O autor de uma sugestão implementada com sucesso é premiado com um

bônus monetário. O cálculo das premiações e dos ganhos devem ser realizados e

registrados no sistema pela Área Beneficiada. Porém antes de ser pago o valor

adequado, a sugestão deve ser classificada em um dos quesitos:

• Sugestão Não-mensurável: É toda sugestão cujo benefício é intangível ou

não tem condições de ser expressado e evidenciado por um fator de

quantificação financeira. Para este prêmio, o processo de pagamento é

acionado imediatamente depois da aprovação e implementação pela área

beneficiada. O prêmio da sugestão é determinado com auxílio de uma

planilha de cálculos que é fundamentada de acordo com a abrangência do

benefício gerado com base nos seguintes pilares: Segurança, Saúde, Meio

Ambiente, Negócio, Público e Complexidade.

• Sugestão Mensurável: É toda sugestão cujo benefício pode ser

concretamente quantificado, expressado e evidenciado em valores

monetários, resultantes de uma análise de rentabilidade da sugestão e de

um cálculo comparativo, com o valor do investimento necessário para sua

implementação. Cabe ao avaliador elaborar, em conjunto com o Controller

da respectiva área, a memória de cálculo que represente claramente os

critérios, parâmetros e teses adotadas na validação dos ganhos previstos e

efetivamente obtidos após implementação da sugestão. O valor máximo de

um prêmio para uma sugestão que apresentou benefício mensurável é de €

50.000. Neste caso, deve ocorrer o monitoramento do benefício financeiro

por um período de 365 dias, e com base neste período efetua-se o cálculo

de ganho.

A figura 1 apresenta o esquema de funcionamento e o fluxo de avaliação das

sugestões.

Figura 1 - Fluxo do processo de avaliação da ferramenta de sugestões

Fonte: Material de treinamento da Empresa Química X.

3.3 Ferramenta no setor de agroquímicos

O Programa de Sugestões no setor de agroquímicos da Empresa Química X

apresentou um grande passivo nos últimos anos devido a sua alta demanda de

sugestões e pela complexidade das mesmas. O setor de agroquímicos realiza a

formulação e envase de seus produtos. Com uma gama extensa de tópicos

abordados não foi possível dar vazão nas avaliações de todas as ideias.

Foi encontrado um cenário com mais de 150 ideias a serem avaliadas e a partir

de então se criou uma metodologia de avaliação e gestão da ferramenta juntamente

com o auxílio e apoio de todos coordenadores e supervisores do setor. As principais

atividades exercidas foram as de:

• Levantamento de todas as ideias pendentes e criação de banco de dados.

• Separar entre áreas de formulação ou envase cada ideia.

• Vincular cada ideia do colaborador ao seu supervisor para que este possa

auxiliar no entendimento e consequente avaliação da sugestão.

• Vincular um status àquelas sugestões já implementadas.

• Aprovar ou reprovar a viabilidade técnica e financeira para implementação

de uma sugestão que não foi dado andamento.

• Analisar os impactos obtidos após a implementação da sugestão e identificar

o tipo de benefício gerado, como mensurável ou não-mensurável.

• Aprovar ou reprovar o benefício da sugestão já implementada.

• Quando aprovado o benefício, calcular o prêmio juntamente com os

engenheiros do setor de acordo com procedimento vigente.

3.4 Método de pesquisa

Para a realização desse projeto foi utilizado o método de estudo de caso. Este

é um tipo de pesquisa que tem a característica de se avaliar um todo e compreende-

lo de maneira que se estude e avalie suas tratativas e aspectos. As relações dos

fatores existentes são descritas para que por fim possam ser compreendidas.

(FACHIN, 2006).

Figura 2 - Estrutura para condução do estudo de caso.

Fonte: Adaptada de Fundamentos de Metodologia.

3.5 Metodologia

Do banco de dados utilizados para a gestão e avaliação do qual a autora deste

trabalho foi responsável durante seu período como estagiaria, utilizou-se e

averiguou-se para esta dissertação somente as propostas de melhoria finalizadas,

ou seja, as que foram implementadas, aprovadas e as não aprovadas. A partir delas

Planejar a estudo de

caso

Definição do estudo de

caso

Analisar dados e

planejar ações

Compreensão do cenário

Discussão

Metodologia

pretende-se estabelecer uma correlação de evolução do setor em relação às

propostas e melhorias obtidas.

Como primeira etapa analisou-se o perfil dos sugestores, levantando de qual

área pertenciam e por qual cargo respondiam, desta maneira se obteve qual o grupo

participativo em relação à ferramenta e que acredita em sua efetividade e potencial

de alterações dentro da organização. Em seguida, analisaram-se todas as propostas

e inseriram-se a um dois pilares estipulados pela autora como temas principais das

sugestões, pois bem, cada sugestão recebeu seus temas relacionados e a partir

deles fez-se o levantamento das características e similaridades entre as propostas.

Com este preparo, uma análise quantitativa das sugestões foi levantada, a

partir delas pretende-se retirar qual o foco de tema das sugestões e linha de

raciocínio e como os colaboradores acreditam que possam contribuir para a

otimização em algum aspecto da empresa. Na sequência deste trabalho, foi

realizado o perfil das sugestões reprovadas e aprovadas, avaliadas separadamente.

Buscou-se levantar a tendência de facilidade para implementação no setor bem

como seus obstáculos. Com estes levantamentos e a discussões se avaliou o quão

rentável em termos econômicos e de gestão a ferramenta tem a acrescentar e se

realmente a motivação e esforços em relação ao incentivo e administração são de

valia para o setor de Formulações.

4. RESULTADOS

4.1 Gestão da ferramenta

Como o programa estava em atraso, pode-se perceber a carência e

necessidade daqueles que já haviam inserido sugestões ao programa, pois

demonstravam claramente insatisfação por não terem algum feedback relativo as

propostas. O programa sempre existiu na organização, porém devido a falta de mão

de obra do setor de Agroquímicos não se pode priorizar e trabalhar a fundo com a

ferramenta. A autora deste trabalho recebeu a incumbência de instituir uma

metodologia de avaliação e determinar as responsabilidades de cada um perante o

mesmo. Criou-se um banco de dados com todas sugestões para que se

estabelecesse uma gestão e controle eficaz, conceitos a serem aplicados e fluxos de

avaliação. Com estes termos definidos replicou-se novo modo de visão e tratativa ao

programa.

O projeto de desgargalamento de sugestões pendentes de avaliação seguiu-se

da seguinte maneira, primeiramente foi levantado todo o banco de dados das

sugestões avaliando-se os tópicos de melhorias e os temas abordados em cada

uma. Procurou-se uma metodologia de prioridades, onde as ideias mais antigas

foram avaliadas a priori. Muitas propostas envolviam mudanças de layout, de

equipamentos ou melhorias na forma de produção e já tinham sido repassadas aos

superiores de maneira informal, levadas a diante tornando-se implementadas. Como

já comentado, a melhoria no setor de Agroquímicos sempre existiu, porém o

impasse em questão foi a adequação da ferramenta que visa tais mudanças ao

negócio da companhia e sua consequente gestão.

A inclusão da ferramenta ao grupo foi realizada de maneira gradual. Solicitou-

se o apoio de cada um e sua compreensão devido a grande carga de trabalho

pendente. Todos cooperaram e desta maneira deu-se um treinamento a cada

responsável pela avaliação e implementação abordando como seria o andamento do

trabalho e seu objetivo principal de se extinguir o grande passivo. Cada supervisor

recebeu as sugestões de sua equipe de turno para que pudessem se aprofundar no

tema sanando eventuais dúvidas com o próprio sugestor na tentativa de interpretá-

las adequadamente. A autora deste trabalho, responsável pelo follow-up,

acompanhou a grande maioria das averiguações e análises já que além da gestão e

inclusão na ferramenta, era também responsável por checar se os critérios de

idoneidade do programa estavam sendo cumpridos.

A sequência de avaliação, responsabilidades e modo de distribuição de uma

determinada proposta segue conforme esquema abaixo:

Figura 3 – Fluxograma da sequência da avaliação de sugestão

Fonte: autor

Assim que uma sugestão é inserida ao sistema, a priori é encaminhada ao time

de melhoria continua da Empresa Química X onde uma averiguação é realizada a

fim de se identificar para qual área a ideia é se propõe. Assim que identificado, as

sugestões relacionadas ao setor de formulações de Agroquímicos são

encaminhadas via sistema para a autora deste trabalho que se torna responsável

pela avaliação de elegibilidade, fluxo e método de avaliação. Se a sugestão é

elegível, esta é direcionada ao supervisor responsável pelo colaborador sugestor,

que recebe a incumbência de proceder a sua avaliação juntamente com sua equipe,

levando em consideração a aplicabilidade, viabilidade e retornos aos negócios.

Nesta etapa, o supervisor tem suporte de toda equipe de coordenação bem como de

engenharia para eventuais quesitos técnicos e de parâmetros do processo. Por fim,

quando todo fluxo é realizado, dados de custeamento levantados, implementação

realizada e aprovada por toda equipe, a gerência do setor tem como

responsabilidade avaliar o tipo de retorno gerado ao negócio.

Com o sequenciamento demonstrado anteriormente pode-se gerenciar de

forma mais objetiva todas as demandas de atividades, com frequente follow-up, e

suportes necessários em relação ao programa. Foi constatado que a sequência de

avaliação e tratativas dadas por cada avaliador passam, algumas vezes, por ajustes

de conceitos em relação às responsabilidades, já que pela ferramenta é possível

estabelecer uma nova cultura de melhorias em busca da inovação e qualidade. O

colaborador tem autonomia para expressar suas ideias fazendo com que cada vez

mais o sentido de responsabilidade para implementação faça parte de cada um.

Alguns tópicos enfrentam divergências em relação a implementação e são

questionados se satisfatórios ou não. Acreditas-se que pelo fato de existir pessoas

com diferentes pontos de vistas, em alguns momentos a definição fica precária e

conflituosa, cabe, assim, a todos o bom senso e união do grupo como também a

procura pelo bem maior que é a manutenção de excelência da empresa e do setor

de Formulações. A responsabilidade desta autora, além de saber ponderar os

pontos levantados e as críticas ao programa é de levar questionamentos e discutir

possíveis melhorias para que a ferramenta se torne parte da rotina do setor.

4.2 Perfil dos sugestores

Cerca de 95% das sugestões pertenciam aos próprios colaboradores do setor

de Formulações de Agroquímicos, sua grande maioria, advinda dos próprios

operadores de processo de formulação e envase. Acredita-se que por estarem

vivendo o dia a dia e vivenciando a demanda de produção, o conhecimento e,

consequente, o amadurecimento em relação as questões especificas da área foram

bem analisados e assim como consequência a inserção da sugestão de melhoria ao

programa de sugestão.

Os 5% restantes são das áreas de apoio a produção, como as de

Desenvolvimento de Embalagens, Qualidade, Manutenção e Laboratórios onde foi

notado alguma dificuldade de atuação e consequente melhoria pertinente.

4.3 Perfil das propostas de melhoria

A autora deste trabalho se deparou com vários tipos e tópicos relacionados a

sugestões. Temas relacionados à segurança do trabalhador, melhores condições do

modo de operação, preocupação com meio ambiente, traquejos de melhoria,

redução de custos, reaproveitamento de embalagens e etc. Em suma, uma gama

imensa de tópicos abordados, porém todos analisados de maneira criteriosa, com

foco nos benefícios a se gerar, sejam ao negócio, produção, meio ambiente e

funcionários. É de valia ressaltar o conhecimento relacionado a área dos sugestores,

a grande maioria das sugestões adivinham dos que trabalhavam no próprio setor e

tinham conhecimento de todos processos de produção e em sua rotina de trabalho e

podiam perceber onde estão as maiores necessidades de melhoria.

Grande parte das sugestões já havia sido implementada pela maneira informal

e não através da ferramenta, já que mesmo constando no sistema, até então não

existia verificações e seguimento de avaliação. Desta maneira, orientada pela

gerencia, considerou-se que as melhorias implementadas e que constavam na

ferramenta seriam consideradas como aprovadas, já que por questões de boas

maneiras e senso crítico do modo de gestão até então, os colaboradores não eram

responsáveis por este déficit, objetivou-se também o bom cenário que a ferramenta

teria futuramente, sendo objeto de motivação para todos envolvidos.

Das ideias trabalhadas e avaliadas como reprovadas ou aprovadas levantou-se

quais os principais pilares abordados em cada uma. Foram eles:

• Qualidade: quando se almeja a redução de refugos ou erros relacionados a

produtividade, aumentando por conseguinte a satisfação do cliente.

• Segurança: qualquer equipamento ou processo que possa gerar um ato

inseguro sendo possível razão para um incidente ou acidente durante o

processo produtivo gerando risco aos colaboradores e ao sistema de

produção.

• Sistema: quando algum processo burocrático relacionado a procedimentos

ou a sistemas de apoio não está adequado podendo ter uma otimização

levando a uma maior praticidade e rapidez.

• Sustentabilidade ambiental: consiste na manutenção e otimização da

utilização dos recursos fornecidos pelo meio ambiente.

• Economia: baseada em aspectos que visam à redução de custos no

processo de produção e gestão do setor.

• Manuseio operacional: melhoria relacionada ao manejo de matérias-primas,

intermediários e produto final quando utilizadas na formulação de

Agroquímicos.

• Melhoria de processo: sugestões relacionadas diretamente com o aumento

de produtividade.

Estes tópicos foram levantados a fim de se objetivar a profundidade e tendência

de inovação do setor bem como a discrepância e considerações entre as

implementadas e não implementadas. Em cada uma das sugestões foram

colocados dois pilares relacionados e, a partir deles, pode-se notar as tendências do

setor, verificando suas fortalezas e dificuldades na gestão das sugestões de

melhorias.

Levando em consideração todas as sugestões finalizadas, como aprovadas e

reprovadas, tem-se um total de 125 propostas. Destas, cerca de 30% foram

implementadas e o restante tidas até o momento, como sendo de caráter não viável

ao setor. Em seguida, um gráfico que relaciona todas as sugestões aprovadas e

reprovadas e seus pilares abordados. Cerca de 40% vinculam temas relacionados a

melhoria de processos que envolvem mudanças fabris, almejando a maior

produtividade, a diante se discutirão os potenciais de implementação em relação a

todos os pilares estimando-se suas abordagens em relação ao setor de

Formulações de Agroquímicos.

Existe uma tendência no setor em relação ao aumento de produtividade, pois

como o ramo de negócio em questão possui boas perspectivas de crescimento e

consistência no mercado Sul-americano e é uma necessidade tal tipo de melhoria,

como a maioria dos sugestores são os próprios operadores de formulação e envase,

cada um tem a ciência de quais procedimentos são mais deficientes e necessitam

de aprimoramento em relação a sua eficiência. Contudo, quando se expõe temas

relacionados a mudança de equipamentos e layout na área industrial, uma

complexidade em relação a confirmação de viabilidade e abertura de projeto é

observado já que uma verba deve ser destinada para tal fim especifico e também um

cronograma adequado com parada de produção e projeto concluído.

A Empresa Química X também possui uma forte tendência para se estabelecer

uma cultura de segurança e bem estar de todos seus colaboradores. Observa-se no

gráfico em um segundo plano que, dentre as 125 sugestões, estão relacionados a

zelo e prevenção de sua própria segurança e pela segurança de terceiros.

Figura 4 - Principais pilares abordados nas propostas.

Fonte: autor

De maneira geral, cerca de 5% das propostas demonstraram ser de caráter não

relacionado diretamente a área ou não tinham argumentação eficiente. Desta forma,

o entendimento da proposta foi ineficaz. Outro ponto a se ressaltar, é que no

momento em que se avaliaram todas as sugestões, uma das plantas produtivas

havia sido descontinuada e outra estava em projeto para transferência para novo

prédio afim de se aumentar a produtividade. Portanto, algumas sugestões

relacionadas a estes temas foram encerradas e reprovadas no sistema, visto que a

condição atual do negócio foi modificada. Com a ressalva destes pontos levantados,

realizou-se a verificação das sugestões reprovadas conforme se dissertará a diante.

Levando em consideração a necessidade de mudança e aprimoramento do

setor, todas as sugestões de melhoria foram averiguadas e analisadas. Algumas

delas não foram encaminhadas para o processo de implementação por diversos

motivos. Podemos destacar a questão de retorno financeiro. Quando uma sugestão

é aprovada é sinal de que todo um estudo de retorno para o negócio foi avaliado.

Estes ganhos podem ser de retorno direto, por exemplo, quando influencia

diretamente nas vendas e no nome da marca, ou de maneira indireta que consiste

num retorno de melhoria durante o gasto produtivo, ou está relacionado a outro pilar,

que gera economia dos recursos e não afeta diretamente o nome da marca e sua

eficiência perante o mercado. Neste momento evidenciamos as sugestões que

abordam temas mais relacionados a melhoria de projeto e econômicos onde

abordam questões de redução de custo e tempo porém não aplicáveis a área

produtiva, seja por dificuldades de projeto, fluxo de implementação em relação as

diretrizes da Empresa Química X ou até mesmo por inviabilidade, já que toda a

cadeia de negócios de Agroquímicos possui seus percussores e dependências

relacionadas as áreas.

Quando relacionadas com Qualidade, Segurança e Meio Ambiente existe uma

tendência de se tentar reforçar os conceitos de segurança operacional. Por exemplo

são considerados aqueles relacionados ao manejo do produto pois levam a uma

redução de exposição do colaborador as matérias primas manipuladas ou por alertar

sobre algum incidente ocorrido na área e sua respectiva prevenção. Neste caso,

quando são reprovadas é porque todos os requisitos de segurança já estão sendo

praticados de acordo com as fichas de recomendações de cada ativo e também

conforme suporte do setor de QA&HS da Empresa Química X.

Houve uma forte participação dos operadores em reuniões de discussão sobre

atos inseguros, já que é por dever também que todos documentem possíveis riscos

na área de produção para que se gere uma investigação e documentação através

dos procedimentos de análise de risco do posto de trabalho e de processo. Os

colaboradores são sempre envolvidos de um modo geral a participarem destas

reuniões nas quais tem a oportunidade de expor seus pontos de vistas de forma a

auxiliarem no levantamento de todas atividades, seus riscos e medidas preventivas.

Foram encontrados também propostas de melhorias relacionadas ao não

funcionamento de alguns equipamentos, que por algum motivo, o sugestor acreditou

que não estava instalado, porém por alguma pontualidade, naquele momento

necessitava de uma manutenção para atuar de maneira habitual. Comunicou-se o

setor de manutenção para atuar regularizar o equipamento e também se comunicou

ao sugestor em relação à condição do mesmo.

Quando uma sugestão relacionada a melhoria de processo era inserida ao

programa a ferramenta, a mesma proposta advinda de outro colaborador era

incluída junto. Desta maneira, prevaleceu a inserida primeiramente e a segunda

sobre o mesmo tema era reprovada pela duplicidade da sugestão.

Como o processo de formulação possui vários sistemas similares e o time é

bem integrado, acredita-se que antes de se inserir a proposta no programa, esta

possivelmente deve ter surgido de conversas informais. A real possibilidade de

implementação e a liberdade proporcionada pela gerencia em relação a participação

dos operadores fez com que ambos se sentissem aptos a incluir a proposta na

ferramenta já que existia a possibilidade de se tornar um projeto para aumento de

produção e consequentemente prêmio mensurável ao sugestor. Outro ponto

relacionado a reprovação das sugestões relativas a melhoria de processo foi a de

que muitas das abordagens e sugestões já estavam relacionadas nos estudo e

projeto pela equipe de engenharia e portanto ainda não havia sido divulgada aos

colaboradores.

Algumas burocracias relacionadas ao sistema de liberação de lotes ou a

rotulagem durante o envase e encaixotamento foram abordados nesta categoria de

sugestões caracterizadas com o pilar de sistema já que abordam os processos de

liberação da Empresa Química X, seus métodos, programas computacionais e

logísticos. Atuar nestes pontos envolvem uma mudança em todas as unidades de

negócio da empresa o que requer também um esforço de todas as áreas. O retorno

financeiro ou até mesmo a praticidade avaliada aqui não foi favorável a ponto de que

despertasse interessasse pela sua implementação. Não foi levado a diante a

sugestão em si, porém a cada sugestor foi esclarecido a complexidade da alteração

e sugerido a procura de uma proposta mais simples.

Relacionando os principais pilares as sugestões que não foram levadas a

implementação, elaborou-se um gráfico para avaliar as principais características e

tendência de propostas de melhoria visto que mais da metade das reprovadas

abordavam melhorias de processos relacionadas ao aumento de produtividade.

Como os colaboradores diretos possuem um conhecimento profundo das

deficiências produtivas do setor, muitas vezes uma mesma problemática

apresentava algumas propostas de melhoria e assim, uma poderia ser adotada e

levada a diante e o restante a reprovação, conforme mostra o gráfico abaixo.

Figura 5 - Principais pilares abordados nas sugestões reprovadas.

Fonte: autor

Pode-se inferir que qualquer que fosse a proposta, todas demostraram um

caráter inovador mesmo que com menor impacto sobre o negócio. A maioria das

propostas era original e nunca implementada, porém com a análise de viabilidade,

complexidade ou duplicidade das propostas estas não puderam ser levadas adiante.

Lembrando que não é por que uma sugestão foi reprovada que está descartada por

completo, neste momento é levado em conta a condição e metas do setor bem como

suas futuras possibilidades. Obviamente, em um período de 5 anos, caso o cenário

seja alterado, algumas destas propostas podem ser validadas e utilizadas com

posterior premiação ao sugestor.

Em outro patamar, temos o grupo das sugestões levadas a diante. Estas

seguiram para este caminho porque demonstraram um potencial de implementação

já que trariam benefícios tanto na qualidade de gestão da unidade quanto ao

negócio e suas futuras possibilidades de crescimento perante o mercado externo.

Para a efetivação das sugestões de todo o fluxo de avaliação, conforme discutido

anteriormente, contou-se com o maior apoio dos engenheiros, do setor de qualidade

e dos coordenadores, bem como com a dedicação e atividades conforme a carga e

complexidade de alteração proposta fossem por meio de projetos, averiguações

legais ou suporte na gestão.

Nota-se uma facilidade de absorção pelo setor em relação as sugestões de

melhoria que abordam condições de qualidade do produto, segurança e meio

ambiente. Neste seguimento, existe um suporte da área de qualidade em que todas

as sugestões pertinentes são triadas e discutidas avaliando-se todo o potencial de

insegurança, especificação do produto e condições de trabalho do operador.

Conforme relatado anteriormente, apenas quando o setor de Qualidade não detecta

a necessidade de melhoria do tema abordado as sugestões não são aprovadas.

Porém em relação as aprovadas, existe sim um ambiente de se reforçar estes temas

fazendo com que a confiabilidade e crença dos colaboradores em relação ao quesito

Segurança, Qualidade e Meio Ambiente estejam sempre presentes. Um dos pilares

da Empresa Química X é fazer com que o conceito de segurança e suas atitudes em

relação a precauções sejam cada vez mais atuantes, transformando-se em uma

cultura na qual cada um guarde e alerte pela segurança e bem estar do próximo.

Outro ponto forte foi a abordagem de temas relacionados a preocupação e

sustento do meio ambiente, muitas ideias abordavam este item conectando com

outros pilares seja visando a economia, qualidade do produto e de processo.

Encontrou-se uma preocupação com a sustentabilidade do negócio em relação ao

bom uso dos recursos naturais. Algumas levantaram a questão da economia de

água e seu reuso fazendo com que gerassem retornos financeiros a unidade bem

como ao meio ambiente e sua manutenção.

As ideias relacionas ao pilar econômico, via de regra, estão atrelados a outros

tópicos já que para se usufruir do quesito monetário devemos atacar pontos

específicos de melhoria. Aí sim, verificou-se um ganho ao negócio. Muitas das

sugestões abordam a redução de custos através da implementação de algum

material mais vantajoso seja em relação a estrutura, tamanho proporcional,

conceitos de melhoria, etc. que proporcionariam melhor utilização e redução no

custo da compra por serem mais adequados. Encontramos também a iniciativa de

procura por fornecedores mais baratos, redução de material de descarte,

reaproveitamento de embalagens e diversos aspectos que assim como estes

levaram a uma redução de gastos e melhor gestão econômica do setor.

As sugestões que proporcionaram maior ganho econômico e de abrangência

no mercador do setor de Agroquímicos da Empresa Química X foram as

relacionadas a melhoria de processo, muitas delas abordam modificação de layout,

otimização de uso das matérias primas, propostas de novos equipamentos e

redução no tempo de produção. Porém as mais significativas ao negócio e que

amplificam o nome da marca da Empresa Química X aumentando a disponibilidade

de produtos ao consumidor foram sempre as que abordam conceitos de aumento de

produtividade. Isto reforça a marca da empresa, sua garantia e disponibilidade no

mercado. Foi através destas propostas que se identificou o maior potencial inovador

em relação a economia do negócio no mercado externo com novas oportunidades.

O aumento de produtividade através da melhoria de processo gera uma eficiência na

manufatura do produto em si, consequentemente abre novas oportunidades de

inclusão de produção nas linhas de produção

No controle de sugestões e avaliações de demanda realizada pela autora,

cerca de 10% das sugestões aprovadas demonstraram o aumento de capacidade

produtiva, otimizando tanto a área de formulação como também de envase. A

implementação neste tipo de ideia ocorre de maneira mais lenta devido a abertura

de projetos, sua execução, calendarização na produção e estimativa de entrega.

Nesta etapa todas as sugestões que possibilitaram ganho de produtividade tiveram

suas premiações calculadas pela maneira mensurável, ou seja, calcula-se o retorno

financeiro em um período de um ano e com base gerasse o valor da premiação

através da ferramenta.

Abaixo segue o gráfico que demonstra a razão qualitativa de implementação

relativa às sugestões aprovadas. Conforme já mencionado existe uma preocupação

e consequente facilidade na inserção das ideias relativas ao pilar de segurança e por

este motivo sua maior porcentagem em relação as aprovadas. Por outro lado, como

já discutido também, existe uma dificuldade em se implementar todas as propostas

de melhoria de processo por necessitarem de uma abordagem e carga de trabalho

diferenciada. Todavia, é no quesito de melhoria de processo que encontramos o

maior potencial inovativo do negócio em relação a competitividade. Vale ressaltar

que não cabe a comparação em termos de retorno financeiro em relação as

melhorias abordadas nos pilares de Segurança, Meio Ambiente e Qualidade, neste

ramo de sugestões, as ideias são caracterizadas por parâmetros totalmente distintos

dos de melhoria de processo, já que abordam temas mais subjetivos vinculados a

qualidade e bem estar de todos.

Figura 6 - Principais pilares abordados nas sugestões aprovadas.

Fonte: autor

Com o índice de aprovação em 30% das sugestões finalizadas no setor e,

considerando que cada uma gerou retorno em algum aspecto ou pilar ao setor,

acredita-se que a ferramenta é uma fonte favorável de melhorias, pois além de

motivar a análise crítica, faz com que cada um se desenvolva, extrapolando ideias e

aprimorando-as. Pode-se dizer que é uma forma de capacitação já que instiga o

pensamento e construção da solução de algumas deficiências e possíveis melhorias.

Seu poder incentivador é ainda maior quando analisam-se também o fato de que as

propostas premiadas geram retorno financeiro ao sugestor. Vale ressaltar que dentre

essa porcentagem de sugestões aprovadas, 10% foram mais impactantes ao setor

de Formulação de Agroquímicos já que se obtiveram ganhos em quantias na casa

dos milhões de dólares quando validadas através da controladoria e, além disso,

possibilitaram uma solidez na marca relacionada.

Todo mês a autora deste trabalho reporta a sua gerencia o andamento e as

dificuldades encontradas. Uma delas é a dificuldade de se instituir a ferramenta

plenamente na rotina dos responsáveis pela avaliação e também a implementação

das mesmas. Uma deficiência da ferramenta refere-se a se conseguir colocar em

pratica as propostas já que em sua maioria são pequenas melhorias que geram

resultados mais vinculados a praticidade de alguma atividade e ao dia a dia, e como

o ritmo de produção e demanda são prioridade muitas vezes acabam surgindo

atividades emergenciais.

A autora teve por propósito a eliminação de todas as sugestões pendentes e

também de fazer com que cada um tenha ciência de suas responsabilidades e

deveres perante a ferramenta.

Em suma, uma gama extensa de questões que possibilitaram um

aprimoramento em como gerir pessoas, saber ouvir seus questionamentos, saber

relatar uma posição negativa sem desmotivar fazendo constante reporte da

ferramenta.

5. CONCLUSÕES

Com a utilização da ferramenta de incentivo a melhoria no setor de

Agroquímicos procurou-se avaliar todo o cenário de sugestões bem como sua

eficiência e retornos obtidos constatou-se que:

• No aspecto geral das sugestões, a maioria foi relacionada com proposta de

melhoria de processo almejando o aumento de produtividade.

• A implementação de sugestões de melhoria de processo são as mais

complexas, demandando uma carga maior de atividades e de um maior fluxo

de aprovação.

• Existe uma boa conduta da empresa em relação a implementação e gestão

de propostas relacionadas a segurança.

• As sugestões relacionadas a Qualidade e Meio Ambiente estão cada vez

mais evidentes na ferramenta e muitas trouxeram bons retornos financeiros

e de novas de tendências de reaproveitamento de recursos.

• Das propostas aprovadas, todas se demonstraram efetivas e com bom

retorno, algumas consideráveis em relação ao aspecto econômico do

negócio em relação a produtividade e conquista do mercado externo.

Conclui-se, então, que o uso da ferramenta avaliada pode levar a empresa a

obter um cenário que permita aprimorar com treinamentos e maior motivação a

criação de ideias que ultrapassem o senso comum e que impactem positivamente o

negócio da empresa seja pelo aumento de rentabilidade ou de sua competitividade

no mercado.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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