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27 Com. Ciências Saúde. 2013; 24(1):27-38 ARTIGO DE REVISÃO Avaliação do estado nutricional, terapia nutricional e queixas gastrointestinais em crianças com paralisia cerebral: uma revisão da literatura Assessmentofnutritionalstatus,nutritionaltherapyandgastrointestinal complaints in children with cerebral palsy: a literature review RESUMO Objetivo: Investigar os principais aspectos nutricionais relacionados à paralisia cerebral na infância. Métodos: Trata-se de uma revisão da literatura na qual foram utilizados artigos indexados nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs e Pubmed, além de documentos da UNICEF, WHO e Ministério da saúde. Dos 72 artigos e documentos reunidos, 61 foram utilizados nesta revisão, nos idiomas português, inglês ou espanhol e publicados entre 1986 e 2012. Resultados e Discussão: A paralisia cerebral é uma condição ou um distúrbio multifatorial, com surgimento antes, durante ou após o nasci- mento. Alterações sensoriais, mentais, motoras e cognitivas são achados comunserelacionam-seàperdadoemponderamentodeautoalimenta- ção, distúrbios gastrointestinais e consequentes alterações nutricionais. Os neuropatas dependem frequentemente de terapia nutricional ente- ral, cuja eficácia relaciona-se à determinação de composição corporal e avaliação nutricional específica e adequada às peculiaridades posturais das crianças com paralisia cerebral. Conclusões: Considerando o amplo espectro de comprometimentos de cunho nutricional em crianças com PC, mostra-se indispensável a determinação de um método confiável para avaliação do estado nutri- cional para esta categoria, sendo necessários mais estudos direcionados para esta área. Palavras-chave: Paralisia infantil; Avaliação nutricional; Terapia nutri- cional; Doenças gastrointestinais. Wanessa Santana Braga¹ Juliana Frossard Ribeiro Mendes 1 ¹Programa de Residência em Nutrição Clínica do Hospital de Base do Distrito Federal da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal-HBDF/SES-DF. Brasília- DF, Brasil. Correspondência Wanessa Santana Braga. SHC/N CL, Quadra 106, Bloco A, Sala 102, Asa Norte. Brasília-DF. 70742-510, Brasil. [email protected]. Recebido em 25/abril/2013 Aprovado em 01/agosto/2013

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ARTIGO DE REVISÃO

Avaliação do estado nutricional, terapia nutricional e queixas gastrointestinais em crianças com paralisia cerebral: uma revisão da literaturaAssessment of nutritional status, nutritional therapy and gastrointestinal complaints in children with cerebral palsy: a literature review

RESUMO

Objetivo: Investigar os principais aspectos nutricionais relacionados à paralisia cerebral na infância.

Métodos: Trata-se de uma revisão da literatura na qual foram utilizados artigos indexados nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs e Pubmed, além de documentos da UNICEF, WHO e Ministério da saúde. Dos 72 artigos e documentos reunidos, 61 foram utilizados nesta revisão, nos idiomas português, inglês ou espanhol e publicados entre 1986 e 2012.

Resultados e Discussão: A paralisia cerebral é uma condição ou um distúrbio multifatorial, com surgimento antes, durante ou após o nasci-mento. Alterações sensoriais, mentais, motoras e cognitivas são achados comuns e relacionam-se à perda do emponderamento de autoalimenta-ção, distúrbios gastrointestinais e consequentes alterações nutricionais. Os neuropatas dependem frequentemente de terapia nutricional ente-ral, cuja eficácia relaciona-se à determinação de composição corporal e avaliação nutricional específica e adequada às peculiaridades posturais das crianças com paralisia cerebral.

Conclusões: Considerando o amplo espectro de comprometimentos de cunho nutricional em crianças com PC, mostra-se indispensável a determinação de um método confiável para avaliação do estado nutri-cional para esta categoria, sendo necessários mais estudos direcionados para esta área.

Palavras-chave: Paralisia infantil; Avaliação nutricional; Terapia nutri-cional; Doenças gastrointestinais.

Wanessa Santana Braga¹Juliana Frossard Ribeiro Mendes1

¹Programa de Residência em Nutrição Clínica do Hospital de Base do Distrito

Federal da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal-HBDF/SES-DF. Brasília-

DF, Brasil.

Correspondência Wanessa Santana Braga.

SHC/N CL, Quadra 106, Bloco A, Sala 102, Asa Norte. Brasília-DF. 70742-510, Brasil.

[email protected].

Recebido em 25/abril/2013Aprovado em 01/agosto/2013

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INTRODUÇÃO

A paralisia cerebral (PC) consiste em compro-metimento crônico, não progressivo, do sistema nervoso central em fases de maturação estrutural e funcional, resultando em disfunções do tônus muscular, movimentação voluntária e postura1,2.

Trata-se da causa mais comum de comprome-timento motor em crianças e as lesões cerebrais podem ser congênitas, as quais são resultantes de anomalias do desenvolvimento durante o primei-ro trimestre de gestação, ou adquiridas, ocasiona-das por complicações perinatais ou traumatismo acidental durante os primeiros meses de vida3,4.

Estudos epidemiológicos indicam que a incidên-cia de paralisia cerebral pode estar em um inter-valo de 1,5 a 2,5 por 1.000 nascidos vivos, en-contrando-se maior nos países desenvolvidos5-7.Há escassez de dados epidemiológicos referentes ao Brasil4,8.

Pacientes com PC são frequentemente acometidos por distúrbios gastrointestinais, que variam en-tre independência para alimentar-se, mastigação comprometida e dismotilidades gastrointestinais, resultando em comprometimento do estado nu-tricional8,9.

Métodos de avaliação nutricional seguros para esta categoria são importantes, considerando que a terapia nutricional enteral é frequentemente uti-lizada, envolvendo riscos como a hipo e hipera-limentação, assim como deficiências nutricionais que comumente são relatadas na literatura10.

O objetivo deste trabalho foi investigar os princi-pais aspectos nutricionais associados a distúrbios gastrointestinais, terapia nutricional e métodos de avaliação nutricional, relacionados à paralisia ce-rebral na infância através de uma revisão da lite-ratura.

ABSTRACT

Objective: To investigate the main nutritional aspects related to cere-bral palsy in childhood.

Methods: This literature review used articles indexed in databases Med-line, Scielo, Lilacs and Pubmed, plus documents from UNICEF, WHO and Brazilian Ministry of Health. There were collected 66 articles and 53 of them were used in this review, in Portuguese, Spanish or English and published between 1986 and 2012.

Results and Discussion: Cerebral palsy is a condition or a multifacto-rial disorder with on set before, during or after birth. Sensory, mental, motor and cognitive findings are common and they are related to the self-feeding empowerment loss, gastrointestinal disturbances and con-sequent nutritional changes. The neuropathy often depend on enteral nutritional therapy, whose effectiveness is related to the determination of body composition and nutritional assessment and appropriate to the specific peculiarities posture of children with cerebral palsy.

Conclusions: Considering the broad spectrum of compromises nutri-tional punch in children with CP, it seems essential to determine are liable method for assessing nutritional status for this category, requiring more studies directed to this area.

Keywords: Infantile paralysis; Nutritional assessment; Nutrition the-rapy; Gastrointestinal diseases.

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Avaliação do estado nutricional em crianças com paralisia cerebral

MÉTODOS

Trata-se de uma revisão da literatura. Inicialmente, realizou-se uma busca sequencial nas bases de da-dos Medline, Lilacs, Scielo e Pubmed, compreen-dendo artigos publicados entre os anos de 2007 e 2012 e utilizando combinações entre os seguintes descritores e seus sinônimos nos idiomas inglês e espanhol: paralisia cerebral, doenças gastrointesti-nais, avaliação nutricional, crianças.

Buscou-se, ainda, documentos emitidos pela UNI-CEF, WHO e Ministério da Saúde que foram ob-tidos em seus respectivos sítios eletrônicos, utili-zando o termo de busca “paralisia cerebral”.

Foram selecionados 72 artigos e documentos pu-blicados nos idiomas português, inglês e espanhol, desses 61 referências foram utilizadas para a re-dação da presente revisão, composta por 70,49% de artigos originais, 21,31% de artigos de revisão, 4,92% de manuais técnicos e 3,28% de políticas de saúde. Após leitura minuciosa dos artigos sele-cionados, foi realizada busca das informações re-ferenciadas nos artigos originais, de modo a alte-rar o intervalo temporal das referências utilizadas, passando a compreender o período entre 1985 e 2012.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Etiologia e classificação da Paralisia Cerebral

A etiologia da PC pode estar situada durante os períodos pré, peri ou pós-natais, mas evidências sugerem que 70 a 80% sejam de origem pré-na-tal4,11.

As causas podem ser congênitas, genéticas, infla-matórias, infecciosas, anóxicas, traumáticas e me-tabólicas11-13. O baixo peso ao nascimento eleva em quatro vezes as chances de crianças desenvolverem déficits neuropsicomotores e a prematuridade pro-picia 60% mais riscos de expressarem as mesmas dificuldades, segundo Halpern e cols (2000)14.

A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) categoriza os proble-mas com o funcionamento humano em três áreas interligadas: deficiências, dificuldades de execu-ção das atividades e restrições de participação. As deficiências são determinadas como problemas nas funções corporais ou alterações na estrutura do corpo, incluindo-se neste grupo, a paralisia, além da cegueira8.

A PC tem sido tradicionalmente descrita com base no tipo de manifestação clínica (tônus muscular), por sua localização corporal (topografia), além de nível de independência3.

Partindo das alterações de tônus muscular, a PC pode ser classificada em espástica, atetoide, atáxi-ca, hipotônica e mista15-17. Em geral, há maior pre-valência do subtipo “espástico”, acometendo cer-ca de 75% das crianças paralíticas cerebrais, que caracterizam-se pela elevação do tônus muscular, exacerbação dos reflexos tendíneos e resistência à movimentação passiva rápida18.

A classificação topográfica é relevante na PC es-pástica, a qual pode ser: hemiplégica, que consiste em um comprometimento unilateral; diplégica, quando a alteração é mais relevante em membros inferiores; quadriplégica, que se refere ao acome-timento dos quatro membros15-17.

Em decorrência da complexidade das manifesta-ções clínicas, das dificuldades para classificação e buscando uniformizar as avaliações acerca do grau de comprometimento motor em indivíduo com PC, pesquisadores vinculados ao Canchild Cen-tre for Childhood Disability Research desenvolve-ram o Gross Motor Function Classification System (GMFCS) e o Manual Abilities Classification Sys-tem (MACS)18-20.

Neste contexto e conforme o nível de independên-cia funcional nas funções motoras grossas e finas, a literatura apresenta dois sistemas de classifica-ção: o GMFCS e MACS, os quais categorizam, res-pectivamente, a mobilidade e função manual esta população. Em ambos os modelos, é determina-da uma escala ordinal de I a V, conforme grau de comprometimento18.

O GMFCS classifica a função motora grossa da criança com ênfase no movimento de sentar e cami nhar, por meio de cinco níveis motores pre-sentes em cada uma das quatro faixas etárias: 0 a 2 anos, 2 a 4 anos, 4 a 6 anos e 6 a 12 anos, caracterizando o desempenho motor da criança considerando aspectos psicossociais19.

Apesar de inconsistentes, as terminologias “leve”, “moderada” e “grave” também são utilizadas19. Chagas e cols (2008) utilizam o agrupamento das escalas de GMFCS e MACS para determinação da intensidade da paralisia cerebral, de modo que para ambas as escalas, os níveis I e II são conside-rados como PC leve, III como moderada e IV e V classificados como PC grave18.

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O censo do ano 2000 registrou 24,5 milhões de pessoas com algum tipo de de ficiência (14,5% da população brasileira), dentre as quais 23% apresen-tavam deficiência motora, na qual se insere a PC4.

Entretanto, segundo o Relatório Mundial sobre Deficiência8, produzido pela Organização Mun-dial de Saúde em parceria com o Banco Mundial, não há consenso para definições para PC e são poucas as informações internacionalmente com-paráveis para incidência, distribuição e evolução da deficiência.

Aspectos nutricionais

• Emponderamento na alimentação

Crianças com encefalopatia crônica geralmente apresentam retardo no crescimento, cuja etiolo-gia é multifatorial. As causas não nutricionais de baixo peso e estatura são resultantes das malfor-mações cerebrais ou lesões que incapacitam o in-divíduo, o qual se torna isento do empoderamen-to na autoalimentação, deambulação e atividade física24. Anormalidades endócrinas, imobilidade e espasticidade são definidas como etiologias indi-retas para as peculiaridades antropométricas desta população25.

A PC está entre as condições de saúde primárias que podem levar a uma grande variedade de pre-juízos, incluindo sensoriais, mentais, motores e distúrbios de comunicação8, todos envolvidos no comprometimento do poder de autoalimentação, resultando em deficiências nutricionais e cresci-mento inadequado.

Estudo de Dahlseng e cols (2012), realizado com 132 crianças com PC, identificou dependência completa para alimentar-se ou uso de terapia de nutrição enteral em 21% da amostra, com maior prevalência em acometidos por paralisia espástica quadriplégica e subtipos discinéticos26.

Caram, Morcillo e Pinto (2010) identificaram ina-bilidade para se alimentar independentemente em 73 crianças (64% da amostra) com compro-metimento cerebral atendidas em ambulatórios de gastropediatria, ortopedia e neuropediatria de um hospital público de Campinas27.

A maioria das crianças estudadas por Karagiozo-glou-Lampoudi e cols (2012) sempre necessita-vam de auxílio enquanto alimentavam-se, o que correspondeu a 40,5% da amostra28.

Dentre as 410 crianças com disfunções neuromo-toras estudadas por Sanchez e cols (2012), 51,2% (n=210) possuíam diagnóstico de paralisia cere-bral, das quais, 32,2% (n=132) eram classifica-das em paralisia cerebral espástica quadriplégica, 8,5% (n=32) possuíam paralisia cerebral indeter-minada, 6,6% (n=27) foram diagnosticados como paralisia cerebral mista, 2,2% (n=9) como atáxica e 1,7% (n=7) como discinética20.

Gurka e cols (2010) detectaram maior prevalên-cia do GMFCS V, correspondendo a 48% (n=34) da amostra, seguida de 20% (n=14) para nível I, cujo percentual foi o mesmo para o nível IV. Deste modo, 67,6% (n=48) da população estudada pos-suía paralisia cerebral grave21.

Epidemiologia

Estudos epidemiológicos em países desenvolvi-dos, incluindo oeste da Austrália, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos, relataram incidências de PC entre 2,0 e 2,5 por 1.000 nascidos vivos. Em contrapartida, observou-se maior incidência em países subdesenvolvidos, chegando a 7 casos por 1.000 nascidos vivos6.

Paneth, Hong e Korzeniewski (2006) descreveram incidência de PC entre 1,5 e 2,5 casos para cada mil nascidos vivos, com pouca ou nenhuma dife-rença entre as nações ocidentais, apesar da escassez de dados referentes aos países latino-americanos5.

Matellano e cols (2007), em estudo internacional, apontam incidência similar, de 2 casos de paralisia cerebral para cada mil nascidos vivos7. Fonseca, Xavier e Pianeth (2002) estimaram incidência de cerca de 30 a 40 mil casos novos por ano, no Bra-sil23.

Existem poucos estudos no Brasil que apresentam um perfil mais abrangente dos agentes etiológicos envolvidos na determinação das deficiências8. Hi-ratuka, Matsukura e Pfeifer (2010) referem que, no Brasil, não são encontrados dados específicos acerca do número de casos de PC19.

Um estudo retrospectivo realizado em um perío-do de 10 anos, com 850 casos de portadores de deficiência, detectou 76,94% casos de deficiên-cia mental, 12,47% de deficiência motora (PC) e 10,58% de deficiência múltipla (mental e moto-ra), isto é, 23,05% desta população possuíam al-gum grau de paralisia cerebral4.

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Avaliação do estado nutricional em crianças com paralisia cerebral

Indivíduos desta categoria são comumente aco-metidos por osteoporose e morte prematura29,30,31 e apesar de ser de ordem primária, a paralisia ce-rebral frequentemente está associada a distúrbios de crescimento e nutrição, ambos possivelmente correlacionados32.

• Distúrbios gastrointestinais

A função motora gastrointestinal normal é contro-lada por inervação extrínseca mediada pelo cére-bro e medula espinhal, pelo complexo intrínseco do sistema nervoso gastrointestinal (o cérebro entérico), e efeitos dos neurotransmissores locais, que alteram a excitabilidade do músculo liso in-testinal. Anormalidades em algum desses níveis de controles podem conduzir a distúrbios da motili-dade gastrointestinal9.

Dismotilidade gastrointestinal repercute em gran-de variedade de sinais e sintomas, incluindo náuseas, vômitos, saciedade precoce, distensão abdominal e perda de peso. Estas alterações de motilidade são frequentemente de natureza crô-nica, afetando a qualidade de vida dos pacientes acometidos33. Sob esta percepção, crianças com severos danos no sistema nervoso central criam desafios quanto aos cuidados clínicos.

Transtornos do trato gastrointestinal, como con-traturas articulares temporomandibulares, disfa-gia com risco para aspiração e infecção pulmonar, doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e obs-tipação são achados frequentes neste grupo25,34, identificados como fatores de risco associados ao agravo do estado nutricional e crescimento preju-dicado26,34.

Estudo transversal realizado em Campinas obser-vou que 57,9% das crianças com PC atendidas em ambulatórios de um hospital público apre-sentavam dificuldades para deglutição. Destas, 37 (32,5%) acompanhantes informaram disfagia para líquidos e 63 (55,3%) referiram disfagia para só-lidos. Nesta mesma população, 67 (58,8%) crian-ças possuíam história positiva de pneumonia27.

Queiroz e cols (2011) mencionaram presença de alguma manifestação disfágica em todas as crian-ças (n=50) com PC durante avaliação por fonoau-diólogo. Não foi observada relação significativa entre os tipos de paralisia e relatos de disfagia35.

No tocante à presença de aspiração, Weir e cols (2011) avaliaram 300 crianças com PC, das quais

34%, 27,7% e 6,3% apresentaram aspiração orofa-ríngea, silenciosa e evidente, respectivamente, para quaisquer tipos de consistências de alimentos36.

A constipação intestinal consiste em presença de fezes em síbalos ou endurecidas em mais de 25% das evacuações, frequência de eliminações fecais menor que três vezes por semana, fezes grandes e palpáveis mediante exame abdominal, ou mes-mo, relato de uso de laxantes e manipulação digi-tal para retirada das fezes37. De acordo com esta definição, Veugelers e cols (2010) mencionaram prevalência de 57% (n=152) de constipação em uma população de crianças com paralisia cerebral severa37.

• Terapia nutricional

A terapia de nutrição enteral repercute em melho-ra do crescimento e saúde geral de crianças com alterações neurológicas26, podendo aumentar sua expectativa de vida por 7 anos38. Contudo, méto-dos de avaliação do crescimento linear e compo-sição corporal com baixa acurácia podem refletir em estimativa e oferta de nutrientes inadequadas, associadas ao acometimento por subnutrição ou supernutrição39.

Karagiozoglou-Lampoudi e cols (2012), em estu-do com pacientes pediátricos paralíticos cerebrais, revelaram 38% de acometimento por subnutrição, enquanto que 7,1% da amostra apresentaram su-pernutrição28.

Sanchez e cols (1997) verificaram prevalência de 49% (n=103) de desnutrição ou risco nutricional em crianças e adolescentes (0-18 anos) com parali-sia cerebral atendidas no Departamento de Nutrição do Centro de Reabilitação de Crianças do Estado do México. Trinta e quatro por cento dos pacientes (n=72) eram eutróficos e 16,6% (n=35) foram clas-sificados como sobrepeso ou obesidade22.

Estudos epidemiológicos realizados por Somer-ville e cols (2008) e Sullivan e cols (2002) em crianças com paralisia cerebral espástica tetraplé-gica, destacaram que as dificuldades de alimenta-ção e as consequências associadas são comuns e graves40,41. Neste contexto, Vernon-Roberts e cols (2010) apresentaram o advento da gastrostomia como forma de contornar os efeitos do compro-metimento motor oral, permitindo seguro e eficaz fornecimento de alimentação e medicação direta-mente no trato gastrointestinal42.

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ferro, zinco e vitaminas A, C, riboflavina e tiami-na41. A maioria destas crianças tinha restrições no tocante à auto-alimentação41, o que sugere neces-sidade de introdução precoce de terapia nutricio-nal individualizada.

Calis e cols (2010) verificaram que as médias de ingestão calórica e protéica de 138 crianças pa-ralíticas cerebrais foram, respectivamente, 1300 Kcal/dia, atingindo mediana de 62% da EAR, e 48g/dia, com mediada de 153% das RDA. Neste estudo destacou-se o baixo consumo de vitamina B6, correspondendo a 13% da Ingestão Adequada (AI), sendo em média 2,3µg diários46.

A mesma pesquisa evidenciou ausência de corre-lação entre os níveis de ingestão calórica e escores antropométricos. Idades mais avançadas, sexo fe-minino, mobilidade e, em menor grau, a ausência de alimentação por via enteral, foram fatores pre-ditores para escores antropométricos menores46.

Avaliação nutricional

Rieken e cols (2011), considerando a elevada fre-quência de escoliose e contraturas, indicam ser re-levante a estimativa da estatura de neuropatas por meio de medidas segmentares, tais como altura do joelho e comprometimento da tíbia39.

A estimativa de estatura obtida a partir da altura do joelho pode ser considerada padrão-ouro devi-do ao menor desvio padrão verificado47.

Segundo método proposto por Gibson (1993), a obtenção da altura do joelho deve ser feita com o indivíduo sentado ou em posição supina, com sua perna esquerda dobrada alcançando um ân-gulo de 90º com o joelho 48. A base da fita métri-ca deverá ser então, posicionada no calcanhar do pé esquerdo, e a fita será estendida paralelamente à tíbia até a parte superior da rótula do joelho. Posteriormente, a estatura pode ser estimada com base nos dados aplicados às fórmulas de Chumlea, Roche e Steinbaugh49.

Determinação da composição corporal é um com-ponente indispensável na avaliação nutricional, que é fundamental para o sucesso de qualquer programa nutricional. Existem poucos estudos que abordam composição corporal na avaliação do estado nutricional de crianças com PC, condi-ção associada a amostras geralmente limitadas25.

Cinquenta por cento da amostra de um estudo com 14 crianças com GMFCS IV e V foi subme-tida a TNE por gastrostomia, com a finalidade de tratar refluxo gastroesofágico grave comprovado42.

A alimentação por vias enterais otimiza o cresci-mento e estado geral de saúde de crianças com paralisia cerebral, concomitantes à melhoria da qualidade de vida dos pais ou cuidadores42. En-tretanto, apesar do benefício da evolução ponde-ral proporcionada pela terapia de nutrição enteral (TNE), tem sido documentado excesso de depósi-to de gordura corporal em comparação ao desen-volvimento típico infantil43.

Segundo Vernon-Roberts e cols (2010), a maioria das fórmulas de nutrição enteral tem elevada den-sidade energética, mas não atende às necessidades de micronutrientes de crianças com PC, sendo necessária vigilância para que ocorra oferta nutri-cional adequada e sejam mantidos crescimento e desenvolvimento dentro da normalidade42.

Deficiências de micronutrientes específicos, como vitaminas A, E, B6 e ácido fólico, podem contri-buir para a complicação do estado geral de pa-cientes hospitalizados e/ou com doenças crônicas, corroborando simultaneamente com imunode-pressão, que comumente ocorre nestas circuns-tâncias. Em contraste, excessos também podem delinear este mesmo desfecho, o que é observado em hipermitaminose A. Sujeitos com malnutrição frequentemente têm aumentada incidência de in-fecções bacterianas, virais, fúngicas e por pasasi-tas, que podem ser atribuídas à debilitada função imunológica44,45.

Crianças com PC estudadas em dois momentos por Vernon-Roberts e cols (2010), atingiram mé-dia de 43% e 48,8% de ingestão das necessidades energéticas para a idade, respectivamente, no iní-cio e fim do estudo. Não houve diferenças signifi-cativas entre ingestão de macronutrientes42. A in-gestão de fibras apresentou-se insuficiente (abaixo da idade mais 5g por dia) tanto no início quanto no fim das análises42.

Sullivan e cols (2002) avaliaram a ingestão die-tética de 100 crianças, entre 4 e 13 anos, com paralisia cerebral leve (GMFCS I-II), moderada (GMFCS III) ou grave (GMFCS IV-V), e identifi-caram que apenas 1/5 da amostra apresentaram adequado consumo das necessidades energéticas estimadas (EAR) 41. Os principais nutrientes que acusaram inadequação de ingestão foram cálcio,

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Avaliação do estado nutricional em crianças com paralisia cerebral

A Análise de Bioimpedância (BIA) constitui um método viável de avaliação nutricional. Este mé-todo utiliza a condução corporal e impedância através de um pequeno nível de corrente elétrica, para determinação da quantidade de água corpo-ral. A partir de então, são calculados os níveis de tecido adiposo corporal e tecido adiposo livre, por meio das fórmulas publicadas na literatura50. En-tretanto, a BIA é um método pouco disponível em hospitais da rede pública, devido à implantação onerosa.

Segundo Kuperminc e cols (2010), crianças com paralisia cerebral tendem a ser menores e crescer mais lentamente que crianças com desenvolvi-mento típico51. Anormalidades nutricionais são comuns em todo o espectro de gravidade da PC, isto é, crianças com quaisquer níveis de compro-metimento motor estão em risco de desnutrição52. Existem, todavia, algumas evidências de que pa-cientes com níveis mais brandos de deficiência motora apresentam maiores chances de desenvol-verem sobrepeso10.

Publicação de Arrowsmith e cols (2012) revelou que crianças com PC e idade similar ao grupo--controle apresentaram peso e altura significativa-mente menores e dispunham de menos depósitos de gordura corporal. Observou-se ainda neste estudo que o grupo de neuropatas apresentou taxa metabólica basal significativamente reduzi-da, apontando a massa de gordura livre como seu principal fator preditor53.

Soylu e cols (2008) encontraram em seu estudo, 40 a 90% de incidência de malnutrição em pacien-tes pediátricos com PC, com aumento de acordo com a severidade de comprometimento propor-cionado pela doença de base. A classificação do estado nutricional no referido estudo baseou-se nos parâmetros à seguir: peso e altura para idade, peso para estatura, circunferência braquial, pregas cutâneas e perímetro encefálico54.

A literatura demonstra relação entre desnutrição e crescimento com requerimentos nutricionais alterados, inclusão social, saúde óssea e desafios imunológicos nestas crianças55-57.

Peso simples e estatura, todavia, não são parâme-tros suficientes para identificar anormalidades nu-tricionais, tornando-se necessários conhecimentos de composição corporal, como água, tecido adi-poso, massa magra e densidade óssea, cujos mé-todos considerados “padrão-ouro” requerem equi-

pamentos especializados e são dispendiosos. Sob perspectiva clínica, a utilização de pregas cutâneas para determinação de gordura corporal parece re-levante21.

A determinação de composição corporal pode ser realizada a partir das pregas cutâneas triciptal e subescapular45, cuja soma é utilizada para o cálcu-lo do percentual de gordura corporal, com subse-quente classificação através dos percentis propos-tos por Frisancho (1990).

Estudo realizado com 71 crianças e adolescentes neuropatas evidenciou que 79% (n=56) destas apresentou somatório de pregas cutâneas subes-capular e triciptal inferior ou igual a normalidade (35mm), sendo a média 9,5 (±3,8)mm21.

Slaughter (1988) desenvolveu equações especí-ficas e corrigidas para determinar percentual de gordura corporal para crianças com paralisia ce-rebral. Este método considera a soma das dobras cutâneas subescapular e triciptal, sexo, idade, et-nia, grau da paralisia cerebral conforme GMFCS59.

A Sociedade Brasileira de Pediatria adota como parâmetros para avaliação de adequação de peso e estatura por idade em crianças com paralisia ce-rebral, as curvas de crescimento específicas desen-volvidas por Krick; Murphy-Miller e Zeger (1996). Estas curvas são apresentadas para ambos os sexos e são também comparadas, dentro dos mesmos gráficos, com o padrão determinado pelo National Center for Health Statistics60,61.

A realização de avaliação do estado nutricional com boa acurácia e sua aplicação para estimativas de necessidades energéticas de pacientes neuropa-tas mostram-se fundamentais para a garantia do crescimento e desenvolvimento adequado destes, considerando seu frequente acometimento por disfunções gastrointestinais e, consequentemente, sua maior exposição a risco nutricional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A paralisia cerebral pode ser derivada de origens variadas e em períodos pré, peri e pós natais. Ma-nifestações clínicas, topografia e grau de indepen-dência são usualmente considerados para determi-nar a classificação dos tipos e graus da patologia.

A prevalência de PC mostra-se maior em países subdesenvolvidos e existem insuficientes estudos que descrevem este dado no Brasil, tornando-se uma limitação para a presente revisão da literatura.

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tra-se essencial para o recebimento adequado das necessidades nutricionais, entretanto são escassas pesquisas mais recentes que evidenciem técni-cas padrão-ouro de estimativas de estatura nes-ta população, sendo outra limitação para o atual estudo. O manejo inadequado do fornecimento calórico-protéico pode resultar em condições de sub e supernutrição e métodos específicos e vá-lidos de estimativa de peso e altura são impres-cindíveis, tendo em vista as alterações posturais destas crianças.

Considerando o amplo espectro de comprometi-mentos de cunho nutricional em crianças com PC, mostra-se indispensável a determinação de um método confiável para avaliação do estado nutri-cional para esta categoria, sendo necessários mais estudos direcionados para esta área.

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Crianças neuropatas frequentemente apresentam restrições sensoriais, mentais, motoras e de comu-nicação, o que repercute em comprometimento da capacidade de autoalimentação, sendo um fator preditor para aumento do risco nutricional nesta população.

Transtornos de motilidade gastrointestinal são características crônicas e marcantes em pacientes com PC e trazem sérios riscos para desenvolvi-mento de doenças secundárias, somadas ao com-prometimento do estado nutricional.

A terapia de nutrição enteral exerce papel funda-mental neste contexto, propiciando melhora do estado geral de saúde, crescimento adequado e aumento da expectativa de vida.

A avaliação adequada do estado nutricional mos-

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