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UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE DIFERENTES CENÁRIOS PARA TRATAMENTOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM MUNICÍPIOS BRASILEIROS GESLAINE FRIMAIO DA SILVA SÃO PAULO 2017

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  • UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ENGENHARIA DE

    PRODUO

    AVALIAO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE DIFERENTES

    CENRIOS PARA TRATAMENTOS DE RESDUOS SLIDOS

    URBANOS EM MUNICPIOS BRASILEIROS

    GESLAINE FRIMAIO DA SILVA

    SO PAULO

    2017

  • UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP

    PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ENGENHARIA DE

    PRODUO

    AVALIAO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE DIFERENTES

    CENRIOS PARA TRATAMENTOS DE RESDUOS SLIDOS

    URBANOS EM MUNICPIOS BRASILEIROS

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo (Doutorado) da Universidade Paulista UNIP

    Orientadora: Profa. Dra. Ceclia M. Villas Bas de Almeida

    rea de Concentrao: Sustentabilidade em Sistemas de Produo

    Linha de Pesquisa: Avanos em Produo mais Limpa e Ecologia Industrial.

    Projeto de Pesquisa: Avaliao e aplicao de Indicadores para desenvolvimento sustentvel

    GESLAINE FRIMAIO DA SILVA

    SO PAULO

    2017

    http://www2.unip.br/ensino/pos_graduacao/strictosensu/eng_producao/download/eng_sustentabilidade_em_sistemas_de_producao.pdfhttp://www2.unip.br/ensino/pos_graduacao/strictosensu/eng_producao/download/eng_sustentabilidade_em_sistemas_de_producao.pdf

  • Frimaio, Geslaine. Avaliao do desempenho ambiental de diferentes cenrios para tratamentos de resduos slidos urbanos em municpios brasileiros. / Geslaine Frimaio. - 2017. 246 f. : il. color. + CD-ROM.

    Tese de Doutorado Apresentada ao Programa de Ps Graduao em Engenharia de Produo da Universidade Paulista, So Paulo, 2017.

    rea de Concentrao: Sustentabilidade em Sistemas de Produo.

    Orientadora: Prof. Dra. Ceclia Maria Villas Bas de Almeida. Coorientador: Prof. Dr. Biagio Fernando Giannetti.

    1. Emergia. 2. Programao por metas. 3. Tratamento de resduos. 4. RSU. I. Almeida, Ceclia Maria Villas Bas de Almeida. (orientadora). II. Giannetti, Biagio Fernando. III. Ttulo. II. Agostinho, Feni Delano Roosevelt. III. Ttulo.

  • GESLAINE FRIMAIO DA SILVA

    Data de aprovao: _____/_____/_____

    BANCA EXAMINADORA

    _________________________________________ ____/____/____ Profa. Orientadora Dra. Ceclia M. V. B. de Almeida

    Universidade Paulista UNIP

    _________________________________________ ____/____/____ Prof. Dr. Feni Dalano Roosevelt Agostinho

    Universidade Paulista UNIP

    _________________________________________ ____/____/____ Prof. Dr. Rodrigo Franco Gonalves

    Universidade Paulista UNIP

    _________________________________________ ____/____/____ Prof. Dr. Gilson Lameira de Lima

    Universidade Federal do ABC UFABC

    _________________________________________ ____/____/____

    Prof. Dr. Maurcio Waldman Cermica City

  • DEDICATRIA

    A todos aqueles que no desistem e conseguem transpor as barreiras em busca de seus objetivos,

    em especial minha famlia.

  • AGRADECIMENTOS

    A Jesus Cristo, pelo dom da vida e da sade;

    A minha querida famlia, pelo apoio, incentivo e compreenso pela ausncia;

    A minha orientadora, Profa. Dra. Ceclia M.V.B. de Almeida pela oportunidade,

    pacincia e dedicao em todas as etapas deste trabalho;

    Aos profs. Drs. Biagio Fernando Giannetti, Slvia Helena Bonilla, Feni Agostinho

    Dalano e Ceclia M. Villas Bas de Almeida, pela oportunidade da convivncia, pelas

    crticas e sugestes a este trabalho e pela formao concedida;

    Aos professores da banca, doutores Gilson Lameira, Maurcio Waldman, Feni

    Agostinho e Rodrigo Franco Gonalves, pela disponibilidade, observaes e

    sugestes valiosas que lapidaram este trabalho;

    Ao Prof. Dr. Roberto Moreno, pela ajuda significativa e indispensvel em

    Programao Linear e Programao por Metas;

    A todas as pessoas que contriburam no fornecimento de dados e informaes para

    que esta pesquisa fosse concluda, em especial aos Srs. Mrio Martins (Projeto

    Natureza Limpa), Alexandre Citvaras (Foxx Ambiental), Robson Arruda (RGT

    International), Fabrcio Fortes (Valor Ambiental) e Masa Santaela (Aterro sanitrio

    Stio So Joo).

    Ao Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Sul de Minas

    IFSULDEMINAS pelo incentivo Ps-Graduao;

    Meus agradecimentos reitora do IFAC, Profa. Dra. Rosana Cavancante e ao reitor

    do IFSULDEMINAS, Prof. Dr. Marcelo Bregagnoli pelo empenho ao meu convvio

    familiar e qualidade de vida, fatores primordias para o trmino deste trabalho.

  • A todos os funcionrios da UNIP que todos os dias nos fornecem o suporte

    necessrio para a realizao desta pesquis, em pespecial ao Luiz Guelmandi Neto,

    Mrcia Nunes e Prof. Dr. Oduvaldo Vendrametto.

    Ao Programa de Suporte Ps-Graduao de Instituies de Ensino Particulares

    (PROSUP/CAPES), pelo apoio financeiro.

  • SUMRIO

    Lista de Figuras................................................................................................

    Lista de Tabelas...............................................................................................

    RESUMO..........................................................................................................

    ABSTRACT.......................................................................................................

    1. Introduo.....................................................................................................19

    2. OBJETIVOS ................................................................................................. 23

    2.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 23

    2.2 Objetivos Especficos ............................................................................ 23

    3. Reviso Bibliogrfica ................................................................................... 24

    3.1 Definio: Resduos Slidos Urbanos ................................................... 24

    3.1.2 Classificao dos Resduos Slidos Urbanos ................................... 24

    3.2 A Poltica Nacional de Resduos Slidos, Lei 12.305 ........................... 26

    3.3 Descrio dos sistemas de tratamento de RSU avaliados ................... 27

    3.3.1 Aterro Sanitrio ................................................................................... 28

    3.3.2 Aterro Sanitrio com produo de energia eltrica ............................ 30

    3.3.3 Incinerao ......................................................................................... 32

    3.3.4 Pirlise ................................................................................................ 34

    3.3.5 Compostagem .................................................................................... 36

    3.3.6 Tocha de Plasma ................................................................................ 38

    3.4. Estado da arte da Sntese em Emergia ............................................... 41

    3.4.1 Sntese em Emergia na avaliao de tratamento de resduos: Estado

    da Arte..........................................................................................................41

    3.4.1.1 Sntese em Emergia na avaliao de tratamento de resduos:

    Estado da Arte .......................................................................................... 41

    3.5 Programao por Metas ........................................................................ 47

    3.5.1 Estado da arte de Programao por Metas ..................................... 48

    3.6 Estudos utilizados como base de dados..............................................50

    3.7 Conceito de Cenrios...........................................................................54

    4. Materiais e Mtodos .................................................................................... 56

    4.1 Sntese em Emergia .............................................................................. 56

  • 4.2 Coleta de Dados .................................................................................... 58

    4.3 Critrio de Escolha dos Municpios e RSU gerado ............................... 59

    4.4 Cenrios propostos ................................................................................ 63

    4.5 Proposio de cenrios que consideram somente o processo de

    tratamento .................................................................................................... 64

    4.6 Proposio de cenrios considerando o benefcio da energia eltrica . 65

    4.7 Programao por Metas ........................................................................ 67

    4.8 Modelo de Programao por Metas para selecionar o melhor

    sistema de tratamento de RSU .................................................................. 71

    5 Resultados .................................................................................................... 74

    5.1 Resultados da Sntese em Emergia ...................................................... 74

    5.1.1 Aterro Sanitrio ................................................................................... 74

    5.1.2 Incinerao ......................................................................................... 78

    5.1.3 Tocha de Plasma ................................................................................ 81

    5.1.4 Pirlise ................................................................................................ 85

    5.1.5 Compostagem .................................................................................... 86

    5.1.6 UEVs dos sistemas de tratamento de RSU ....................................... 88

    5.1.7 Cenrios empregando duas tecnologias de tratamento para

    megacidades, e cidades de mdio e grande porte .................................. 89

    5.1.8 Cenrios agregando trs tecnologias de tratamento ......................... 93

    5.1.9 Benefcios dos cenrios com produo de energia eltrica e

    composto .................................................................................................. 96

    5.1.10 Cenrios utilizando trs tecnologias de tratamento ........................ 98

    5.2 Anlise e Interpretao dos resultados da Programao por Metas

    comparando somente o tratamento de RSU ............................................... 99

    5.3 Anlise e Interpretao dos resultados da Programao por Metas

    considerando os benefcios gerados com a energia eltrica e o composto

    orgnico...................................................................................................101

    6. Concluses ................................................................................................ 104

    7. Sugestes para trabalhos futuros .............................................................. 107

    Referncias Bibliogrficas ............................................................................. 108

    Apndice A Smbolos da metodologia Sntese em Emergia...................... 120

    Apndice B Memorial de clculo do sistema de incinerao com gerao de

    eletricidade .................................................................................................... .121

  • Apndice C Memorial de clculo do sistema de incinerao sem a produo

    de energia ...................................................................................................... 140

    Apndice D Memorial de clculo da tocha de plasma com produo

    de energia ...................................................................................................... 142

    Apndice E Memorial de clculo da tocha de plasma sem a produo

    de energia ...................................................................................................... 155

    Apndice F Memorial de clculo do sistema de tratamento por pirlise .... 157

    Apndice G Memorial de clculo do sistema de compostagem ................ 173

    Apndice H Clculo das UEVs para cada cenrio de tratamento de RSU 191

    Apndice I Clculo dos benefcios para as cidades ................................... 210

    Apndice J Apresentao dos dados utilizados na Programao por Metas .

    .........................................................................................................................229

    Apndice K Clculo dos benefcios para as cidades ................................. 237

    Referncias Bibliogrficas dos Anexos ....................................................... ..238

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Aterro sanitrio Stio So Joo........................................................29

    Figura 2 Principais sistemas de infra-estrutura do aterro sanitrio .............. 30

    Figura 3 Biogs So Joo Energia Ambiental .............................................. 30

    Figura 4 Fluxograma de gerao de energia em aterro sanitrio ................ 31

    Figura 5 Fluxograma do processo de tratamento de incinerao ................ 33

    Figura 6 Fluxograma do processo de tratamento por pirlise ...................... 35

    Figura 7 Forno de carbonizao ................................................................... 35

    Figura 8 Organograma do sistema de compostagem .................................. 37

    Figura 9 Reator do sistema de tratamento de RSU por pirlise .................. 38

    Figura 10 Reator do do processo de tratamento de RSU por tocha de plasma

    ...........................................................................................................................39

    Figura 11 Esquema de uma planta de tocha de plasma .............................. 40

    Figura 12 Diagrama de energia com entradas de fluxos R,N e F ................ 57

    Figura 13 Diagrama de energia do aterro sanitrio Stio So Joo ............. 74

    Figura 14 Diagrama de energia do aterro sanitrio com produo de energia

    ......................................................................................................................... 76

    Figura 15 Diagrama de energia do processo de tratamento por incinerao

    ......................................................................................................................... 78

    Figura 16 Diagrama de energia do processo de tratamento por incinerao

    Com produo de energia eltrica .................................................................. 80

    Figura 17 Diagrama de emergia do tratamento por Tocha de Plasma sem

    Gerao de energia ......................................................................................... 82

    Figura 18 Diagrama de energia da Tocha de Plasma com gerao de

    energia ............................................................................................................. 83

    Figura 19 Diagrama de energia do tratamento de RSU por pirlise ............ 85

    Figura 20 Diagrama de energia do sistema de tratamento por compostagem

    ...........................................................................................................................87

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Tabela de sistemas de tratamento de RSU....................................28

    Tabela 2 Tabela de UEVs empregadas neste estudo ................................. 58

    Tabela 3 Tabela de cidades de grande porte ............................................... 59

    Tabela 4 Tabela de cidades de mdio porte ................................................ 60

    Tabela 5 Estimativa da quantidade de RSU para as cidades .................... 60

    Tabela 6 Tabela de estimativa de RSU gerado para as cidades no ano de

    2016 ................................................................................................................ 60

    Tabela 7 Tabela de massa de materiais reciclveis extrados do RSU

    das cidades....................................................................................................61

    Tabela 8 Tabela de percentual de matria orgnica presente no RSU......61

    Tabela 9 Tabela do total de massa de matria orgnica produzida

    pelas cidades...................................................................................................62

    Tabela 10 Tabela da massa de RSU a ser tratado em cada cenrio ........ 62

    Tabela 11 Tabela de proposio de cenrios F .......................................... 64

    Tabela 12 Tabela de emergia do aterro sanitrio sem produo de energia

    ......................................................................................................................... 75

    Tabela 13 Tabela de emergia do aterro sanitrio com produo de

    energia eltrica ................................................................................................76

    Tabela 14 Tabela de emergia do sistema de incinerao sem a produo

    de energia..................................................................................................... 78

    Tabela 15 Tabela de energia de incinerao com produo de energia ... 80

    Tabela 16 Tabela de emergia do sistema tocha de plasma sem produo

    de energia ........................................................................................................ 82

    Tabela 17 Tabela de energia do sistema de tocha de plasma com

    produo de energia.........................................................................................84

    Tabela 18 Tabela de energia do sistema de tratamento por pirlise ....... 86

    Tabela 19 Tabela de energia do sistema de tratamento de RSU

    por compostagem...........................................................................................87

    Tabela 20 Tabela de UEVs de cada processo de tratamento de RSU........89

    Tabela 21 Demonstrativo das UEVs dos cenrios para as cidades de

  • grande porte ..................................................................................................... 90

    Tabela 22 Tabela de UEVs dos cenrios para cidades de grande porte ... 91

    Tabela 23 Tabela de UEVs dos cenrios para cidades de mdio porte ..... 93

    Tabela 24 Tabela de UEV para os cenrios com trs tratamentos para mega

    cidades ............................................................................................................. 94

    Tabela 25 Tabela de UEV para o cenrio com trs tratamentos para cidades

    de grande porte ................................................................................................ 95

    Tabela 26 Tabela de UEV para o cenrio com trs tratamentos para cidades

    de mdio porte ................................................................................................. 96

    Tabela 27 Tabela dos cenrios com benefcios para megacidades ........... 97

    Tabela 28 Tabela dos valores de benefcios para cidades de grande porte

    ......................................................................................................................... 97

    Tabela 29 Tabela dos valores do benefcio para cidades de mdio porte . 97

    Tabela 30 Tabela dos cenrios com trs tecnologias com benefcios para

    as megacidades ............................................................................................... 98

    Tabela 31 Tabela dos cenrios com trs tecnologias com benefcios para

    cidades de grande porte .................................................................................. 98

    Tabela 32 Tabela dos cenrios com trs tecnologias com benefcios para

    Municpios de mdio porte ............................................................................... 99

    Tabela 33 Resultado da Programao por Metas para megacidades e

    Cidades de grande porte ................................................................................. 99

    Tabela 34 Resultado da Programao por Metas para megacidades e

    Cidades de mdio porte ................................................................................. 100

    Tabela 35 Resultado da Programao por Metas para megacidades e

    Cidades de grande porte ............................................................................... 101

    Tabela 36 Resultado da Programao por Metas para megacidades e

    Cidades de mdio porte ................................................................................. 102

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS

    ABRELPE Associao Brasileira das Empresas de Limpeza Pblica e

    Resduos Especiais

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    a.C antes de Cristo oC Graus Celsius

    Cd Cdmio

    CENBIO Centro Nacional de Referncia em Biomassa

    CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

    CH4 Metano

    CLP Controlador Lgico Programvel

    CNUMAD Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e

    Desenvolvimento

    CO2 Dixido de Carbono

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

    Cr Cromo

    Cu Cobre

    DCP Documento de Concepo do Projeto

    EIA Estudo de Impacto Ambiental

    EIR ndice de Investimento em Emergia

    EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    ELR ndice de Carga Ambiental

    ESI ndice de Sustentabilidade

    EYR Rendimento em emergia

    F Recurso proveniente da economia

    f(x) Funo

    i Funo do nvel desejado

    FEAM Fundao Estadual do Meio Ambiente

    FGC Flue Gas Cleaning (Limpeza de gases de combusto)

    Fig Figura

    GEE Gases de Efeito Estufa

    GLP Gs Liquefeito de Petrleo

    IBAM Instituto Brasileiro de Administrao Municipal

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IPCC Intergovernamental Panel on Climate Change

    IPEA Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada

    J Joule

    K Potssio

    kW QuiloWatt

    kWh Quilowatt-hora

    ni Variveil de desvio negativa

  • MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

    Min Minimizar

    MJ Megajoules

    MMA Ministrio do Meio Ambiente

    MME Ministrio das Minas e Energia

    MW Megawatt

    MWh Megawatt hora

    N Recursos No Renovveis

    N Nitrognio

    NBR Denominao de norma da Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    Nm3 Normal metro cbico

    Ng Nanogramo

    n Nmero

    NPK Nitrognio, fsforo e potssio

    ONU Organizao das Naes Unidas

    O2 Oxignio (gs)

    P Fsforo

    Pb Chumbo

    Pi Varivel de desvio positiva

    PMGIRS Plano Municipal de Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos

    PLS Projeto de Lei do Senado

    R Recuros Renovveis

    RIMA Relatrio de Impacto ao Meio Ambiente

    RJ Rio de Janeiro

    RSU Resduos Slidos Urbanos

    RUC Resduo Urbano CArbonizado

    Sej Joules de energia solar

    SNIS Sistema Nacional de Informaes sobre saneamento

    SGW Soil and Groundwater Services Company

    SMA Secretaria do Meio Ambiente

    SP So Paulo

    t Tonelada

    Un Unidade

    UEV Valor de emergia unitrio

    UFC Unidades Formadoras de Colnias

    URE Usina de Recuperao Energtica

    UCTL Usina Central de Tratamento de Lixo

    UFC Unidade Formadora de Colnias

    WTE Waste to energy

    Zn Zinco

    Y Emergia Total

    Maior igual

    Menor igual

    Somatrio

    http://www.sabesp.com.br/Sabesp/filesmng.nsf/25EBD99EAE07B6CF832571FF006CAAAA/$File/politica_de_negociacao.pdf

  • Qualquer que seja

  • RESUMO

    O crescimento demogrfico em grandes centros urbanos, aliada mudana

    de hbitos e melhoria da qualidade de vida, responsvel pelo aumento da

    quantidade de resduos slidos urbanos (RSU) gerados e em suas caractersticas.

    Esses fatores, somados ao gerenciamento inadequado e crescente escassez de

    reas para a disposio final em grandes centros urbanos, configuram-se como um

    dos maiores desafios enfrentados pela sociedade moderna e tem-se mostrado tema

    prioritrio desde a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o

    Desenvolvimento (CNUMAD, 1992). Nesse sentido, este estudo utiliza as

    metodologias Sntese em Emergia e Programao Linear por Metas para avaliar

    tecnologias de tratamento de resduos slidos urbanos: aterro sanitrio, incinerao,

    tocha de plasma, compostagem e pirlise. O objetivo central do trabalho consiste em

    apontar o cenrio para o manejo ambientalmente adequado para o manejo do RSU

    para megacidades, e cidades de mdio e grande porte, para cada regio do Brasil. A

    priori foi utilizada a metodologia Sntese em Emergia para avaliar os cenrios que

    integram a compostagem com diferentes tipos de tratamento. Para isso, foram

    realizadas simulaes com cenrios estipulando a massa de 50% e 100% da frao

    orgnica do RSU de cada cidade para a compostagem. Para a metodologia, o

    indicador utilizado foi o valor de emergia unitrio (UEV), capaz de indicar a

    quantidade de recursos, ou fluxos de emergia requeridos por cada tecnologia para

    tratar 1 grama de resduos anualmente. Na Programao Linear por Metas (Goal

    Programming), foram realizadas simulaes para se verificarem as opes timas

    ou favorveis de tratamentos de resduos para cada porte de municpio, nas

    funes de restries (inequaes) consideram-se os custos de operao e

    implantao, emisso de CO2 equivalente, valor de emergia unitrio, reas

    requeridas, tempo de tratamento e benefcios para cada tecnologia. Em ambas as

    metodologias os cenrios foram avaliados, considerando-se duas etapas: a primeira

    consiste em avaliar apenas a eficincia do tratamento de resduos; a segunda

    considera o tratamento e os benefcios que cada tecnologia pode fornecer,

    entendendo por benefcios a energia eltrica e o composto orgnico. Leva-se em

    considerao que a proposio de cenrios, que realizem a integrao de sistemas

    de tratamento, onde variveis de interesse possam ser consideradas e manipuladas,

    com a finalidade de verificar o cenrio ambientalmente adequado, de extrema

  • importncia. Tal proposio pode nortear as aes dos gestores municipais,

    levando-os a adotar sistemas de tratamento de resduos slidos urbanos, que sejam

    ambientalmente adequadas e capazes de extrair maiores quantidades de recursos.

    Os resultados apontam que para o tratamento de RSU, a integrao entre os

    sistemas de tratamento de incinerao e compostagem, que destinam 50% frao

    orgnica do RSU, exige menores quantidades de recursos para o tratamento da

    massa de resduos para todos os portes de municpios das regies do Brasil.

    Todavia, os sistemas aterro sanitrio, incinerao e compostagem destinando a

    maior parte da frao orgnica do RSU conseguem promover propores maiores

    de benefcios para as cidades.

    Palavras-chave: Emergia; Programao por Metas; tratamento de

    resduos; RSU; indicador ambiental.

  • ABSTRACT

    The demographic density of great urban centers, combined with the changing habits

    and with the improvement of quality of life is responsible for the increase on the

    quantity of residues and for its characteristics. These factors, combined with

    inadequate management and lack of area for final disposal in big urban centers,

    makes one of the biggest challenges faced by the modern society. This has been a

    major concern since the Conference of the United Nations about Environment and

    Development (CNUMAD, 1992).In this sense, this study aims to use the Methologies

    Emergy Synthesis and Goal Programming to assess treatment technologies for

    urban solid waste: landfill, incineration, plasma arc, composting and pyrolysis. The

    main goal of this work consists on indicating the best scenario for megacities ,

    medium and big-size cities, foe each region in Brazil. A priori it was used the Emergy

    Synthesis methodology to assess the scenarios that integrate composting with

    different types of treatment. For that, it were made simulations with scenarios

    stipulating 50% of the mass and 100% of the organic fraction of the USW of each city

    for composting. For this methodology, the chosen indicator was the Unit Emergy

    Value (UEV), capable of indicating the amount of resources or emergy flows

    demanded on each technology o treat 1 gram of waste per year. On the Goal

    Programming it were performed simulations to verify the optimum of favorable

    options for waste treatment for every size of city, taking into account operation and

    implementation costs, emission of CO2 equivalent, the unit emergy value, demanded

    areas, the treatment time and the benefits each one of the techniques may offer on

    the restriction functions. On both methodologies the scenarios were assessed

    considering two stages: the first consists of assessing only the efficiency of the waste

    treatment and the second considers the treatment and the benefits that each

    technology may provide, such as electric power and organic compound. Regarding

    that proposing scenarios that perform the integration of treatment systems where

    variables of interest might be accounted for and handled so as to verify which

    scenario has more advantages, it shows to be important as it can guide the actions of

    municipal managers to adopt USW treatment systems that are environmentally

    suitable and capable of exploring greater quantities of resources. The results point

    that in terms of USW, the integration of incineration and composting with a 50%

    share of organic fraction of USW demands the lowest amounts of resources for

  • treating the mass of waste for every size of city of the regions in Brazil. The landfill,

    incineration and composting systems that address the greatest past of organic

    fraction of USW can extract lower quantities of benefits for the cities.

    Keywords: Emergy; Goal Programming; waste treatment; MSW;

    Environmental indicator.

  • 19

    1. INTRODUO

    A Revoluo Industrial desencadeou o crescimento da produtividade de bens

    de consumo, provocando o xodo rural e o aumento significativo da densidade

    demogrfica nas cidades (PAULO, 2010). Esses fatores, aliados mudana de

    hbitos e expanso do consumo causam o aumento na quantidade de resduos

    gerados e em suas caractersticas (CETESB, 2006).

    Tudo isso, somado ao gerenciamento inadequado e falta de rea de

    disposio final em grandes centros urbanos, configura-se como um dos maiores

    desafios enfrentados pela sociedade moderna, cujo tema tem se mostrado prioritrio

    desde a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o

    Desenvolvimento (CNUMAD), ocorrida em 1992 (JACOBI & BESEN, 2011).

    De acordo com o Diagnstico Anual de Resduos Slidos (SNIS, 2014) a

    massa estimada de resduos slidos urbanos (RSU) coletada em 2014 no pas,

    atingiu o patamar de 64,4 milhes de toneladas, dos quais 52,4% foram dispostos

    em aterros sanitrios, 3,9% encaminhados para unidades de triagem ou

    compostagem e 25,4% foram dispostos de maneira inadequada em aterros

    controlados ou lixes (SNIS, 2014).

    Observa-se que os ndices de disposio se mantiveram praticamente

    inalterados no perodo entre 2010 e 2014 (ABRELPE, 20011 a 2014), justamente

    quando um cenrio mais otimista era esperado, aps a vigncia da Lei 12.305/10

    (BRASIL, 2010), que determinou o prazo de quatro anos para que os municpios

    dessem um destino ambientalmente adequado aos resduos, prazo que expirou em

    2014. Em virtude de muitos municpios no conseguirem atender s exigncias da

    lei, o senado federal prorrogou at 2018 o prazo para capitais e regies

    metropolitanas, enquanto que para outras localidades, o prazo estabelecido maior

    e varia de acordo com o porte do municpio (AGNCIA SENADO, 2015).

    Tendo em vista que 94,1% dos rgos pblicos gestores do manejo do RSU

    est subordinado administrao direta do municpio (SNIS, 2014), essa lacuna de

    tempo pode se converter numa oportunidade de reflexo para os gestores

    municipais sobre a adoo de sistemas de tratamento de RSU, que sejam

    ambientalmente adequados, seguros e capazes de gerar retornos econmicos com

    o tratamento adequado dos resduos. Isso ocorre porque o RSU, pode ser

    interpretado como um recurso e no apenas como algo sem valor, a ser eliminado.

  • 20

    No Brasil, a tcnica mais utilizada para tratamento o aterro sanitrio. Com o

    Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), os aterros sanitrios passaram a se

    constituir em uma oportunidade de negcios, por meio da comercializao da

    energia gerada pelo biogs, e pela comercializao de crditos de carbono

    (MESQUITA, 2014).

    Cada crdito de carbono, chegou a ser comercializado por 19,20 euros,

    fazendo com que a prefeitura de So Paulo arrecadasse 71 milhes de reais em

    dois leiles realizados (SO PAULO, 2008), mas atualmente cada crdito est

    valorado em alguns centavos de euros. Entretanto, em 2014, tramitavam 21 projetos

    de MDL a partir do biogs de aterro sanitrio no pas, totalizando o potencial de 254

    MWh (MESQUITA, 2014), o que justifica que o preo baixo do crdito de carbono

    no inibe a oportunidade de negcios.

    No panorama atual, a implantao de aterros sanitrios est limitada pela

    o, fazendo com que muitos municpios encaminhem

    CETESB, 2010). o que ocorre

    principalmente, com os estados da regio sul do pas, onde se intensifica o fluxo

    intermunicipal de resduos slidos, pois 103 municpios, que em sua maioria

    possuem aterros sanitrios, recebem resduos de outros 723 municpios. Isso

    significa, que para cada unidade importadora h 7,2 municpios exportadores na

    regio (SNIS, 2014).

    De acordo com Russo (2013), no pode haver solues nicas de tratamento,

    dada diversidade dos resduos existentes. Logo, a adoo de sistemas de

    tratamentos integrados uma necessidade para os municpios, cujos planos de

    gerenciamento de resduos devem contemplar

    -

    dentre outros.

    A correta integrao de sistemas de tratamentos pode se constituir em

    oportunidade de negcios, extraindo maior quantidade de beneficios , a exemplo da

    integrao entre os sistemas de incinerao e compostagem, cuja massa de

    resduos orgnicos faz diminuir a temperatura do reator. Nesse sentido, a frao

    orgnica dos resduos poder gerar um composto capaz de ser utilizado na

    agricultura como fonte de adubo orgnico (SILVA et al, 2002) e dessa forma, pode

    ser comercializado, assim como a energia eltrica gerada pelo sistema de

    incinerao.

  • 21

    De acordo com Jacobi & Besen (2011), as cidades de pases em

    desenvolvimento, com urbanizao acelerada, apresentam dficits na capacidade

    financeira e administrativa no provimento de infra-estrutura e servios essenciais. O

    mesmo ocorre com municpios de pequeno porte. Nesse sentido, a formao de

    consrcios pblicos entre municipios, conforme prev a Lei 12.305/10 (BRASIL,

    2010), pode ser uma alternativa frente s dificuldades econmicas enfrentadas, pois

    o volume dos resduos produzidos, determina a viabilidade da coleta seletiva, da

    reciclagem, da disposio final e dos custos operacionais e de manuteno, que so

    muito onerosos (MMA, 2014).

    A Poltica Nacional de Resduos Slidos Urbanos (BRASIL, 2010) determina

    aes que seguem a hierarquia de no gerao, reduo, reutilizao, reciclagem,

    tratamento trmico com recuperao energtica, e como ltima alternativa, a

    disposio no solo. Novamente se faz notar que os aterros sanitrios, como opo

    de tratamento de RSU, no podem ser mais vistos da mesma forma, em funo da

    rea que ocupam, principalmente em grandes centros urbanos. Uma das

    alternativas pode residir no aumento das aes de reduo, reutilizao e

    reciclagem.

    De acordo com o Ministrio do Meio Ambiente (MMA, 2014), o sistema de

    reciclagem e compostagem, desvinculado da coleta seletiva, tem-se mostrado

    oneroso, - -

    aproveitamento dos materiais.

    A participao da populao tambm pode se dar por meio da compostagem

    caseira, como alternativa de reduo da massa de RSU encaminhada aos aterros

    sanitrios, medida que o composto orgnico pode ser utilizado nos prprios

    cultivos domsticos, considerando-se que frao orgnica corresponde, em mdia a

    50% da massa do RSU no pas (SNIS, 2014).

    Como se pode observar, a gesto integrada e o tratamento adequado do RSU

    so desafios aos gestores municipais, medida que envolvem particularidades

    distintas de cada municpio, como costumes, cultura, hbitos alimentares, e ramos

    de atividades econmicas (industrial, comercial, turstica, dentre outros). Fatores

    polticos, ambientais, sociais e econmicos se incorporam s variveis de

  • 22

    quantidade, volume, diversidade, tipos de sistemas de tratamentos, reas

    disponveis, tempo de tratamento, porte do municpio, custos operacionais, e fatores

    ambientais e de sade pblica.

    Nesse sentido, a proposio de cenrios, que realizem a integrao de

    sistemas de tratamento, onde variveis de interesse so consideradas, com a

    finalidade de verificar qual cenrio se apresenta vantajoso, de extrema

    importncia. Reside a a ideia que motivou este estudo, uma vez que pode nortear

    as aes dos gestores municipais, no sentido de implementao de sistemas de

    tratamento de RSU, que possam extrair maiores quantidades de recursos do RSU,

    reduzir os custos, e alcanar um panorama futuro desejado.

    A priori, este estudo utiliza a sntese em emergia para avaliar o processo de

    tratamento por tocha de plasma, incinerao, aterro sanitrio, pirlise e

    compostagem, por meio de cenrios que integrem os sistemas de tratamento, a fim

    de verificar qual cenrio mais eficiente, considerando-se as caractersticas de

    megacidades e cidades de grande e mdio porte, para cada regio do pas.

    Posteriormente, em uma segunda etapa, aplicado um modelo de

    programao linear multicritrio, denominado Programao Linear por Metas (Goal

    Programing), que por meio de simulaes entre sistemas de tratamentos distintos

    apontar a alternativa tima para a implantao de sistemas de tratamento para os

    diferentes portes de municpios das regies brasileiras. Para alcanar essa meta,

    so aplicadas funes de restries que maximizam ou minimizam variveis de

    interesse, classificadas como econmicas e ambientais.

  • 23

    2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivo geral

    O objetivo geral do trabalho realizar abordagem multicriterial e ambiental

    para apontar a melhor integrao entre sistemas de tratamentos de resduos slidos

    urbanos, para diferentes tipos de municpios brasileiros.

    2.2 Objetivos especficos

    a) Articular os percentuais estipulados de matria orgnicas do sistema de

    tratamento por compostagem s demais teconologias de tratamento

    b) Avaliar propostas de tratamento de resduos slidos urbanos, com base no

    indicador UEV (valor de emergia por unidade), da metodologia Sntese em Emergia;

    c) Identificar e estimar os benefcios de cada sistema de tratamento em joules de

    emergia solar;

    d) Desen da Programao por Metas, em um

    problema real de tratamento de resduos slidos urbanos para os municpios

    brasileiros;

    e) Incluir no modelo de Programao por Metas, indicadores da sntese em emergia

    e articular sistemas de tratamento com e sem benefcios, em um nico

    multiobjectivo para os municpios brasileiros;

  • 24

    3 REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1 Definio: Resduos Slidos Urbanos

    Nas Diretrizes Nacionais para o Saneamento Bsico Lei n 11.445/2007 os

    Resduos Slidos Urbanos so definidos como lixo originrio de atividades

    comerciais, industriais e de servios cuja responsabilidade pelo manejo no seja

    atribuda ao gerador pode, por deciso do poder pblico, ser considerado resduo

    slido urbano (BRASIL, 2007).

    A Lei 12.305, da Poltica Nacional dos Resduos Slidos em seu Artigo 13,

    define Resduos Slidos Urbanos como sendo os resduos domiciliares originrios

    de atividades domsticas em residncias urbanas e os resduos de limpeza urbana:

    os originrios da varrio, limpeza de logradouros e vias pblicas e outros servios

    de limpeza urbana (BRASIL, 2010).

    A Associao Brasileira de Normas Tcnicas, NBR 8419 (ABNT, 1992)

    requerendo cuidados espec

    humana.

    3.1.2 Classificao dos Resduos Slidos Urbanos

    Os critrios de classificao e identificao dos resduos so estabelecidos

    pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas por meio da norma NBR 10.004

    (ABNT, 2004), que dimensiona a variedade e diversidade dos resduos provenientes

    de fontes geradoras distintas. De acordo com o documento, os resduos dividem-se

    em trs grupos:

    Resduos Classe I (perigosos) apresentam risco sade pblica ou ao meio

    ambiente. Caracterizam-se por possurem propriedades de inflamabilidade,

    corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.

  • 25

    Resduos Classe II A (no perigosos e no inertes) no apresentam

    caractersticas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e

    patogenicidade, no entanto, apresentam solubilidade em gua (acima dos

    padres estabelecidos pela norma da ABNT), oferecendo riscos ao meio

    ambiente.

    Classe II B (no perigoso e inerte) no possuem constituinte solubilizado

    em concentrao superior ao padro de potabilidade da gua.

    Alm da sua diviso por riscos potenciais, os resduos podem ser

    classificados tambm de acordo com sua natureza fsica (seco ou molhado),

    por composio qumica (matria inorgnica ou matria orgnica) ou em

    funo da origem.

    A classificao dos resduos quanto origem pode se dividir em:

    domiciliar; comercial; de estabelecimentos pblicos; de portos e aeroportos;

    de terminais rodovirios e ferrovirios, de indstrias; agricultura; da

    construo civil; e de fontes radioativas (resduos nucleares).

    Para alguns pesquisadores, como Bidone e Povinelli (1999), os resduos

    slidos so aqueles gerados por diversas atividades humanas em ambientes

    urbanos, cuja massa possui grande diversidade, e no apresentam qualquer

    utilidade. No entanto, para Dijkema et al. (2000), Niccolucci et al. (2001) e

    Marchetinni et al. (2007), os resduos so considerados como um recurso em

    potencial, que deve ser amplamente explorado.

    De acordo com a norma NBR 10.004, os resduos slidos apresentam

    caractersticas biolgicas, fsicas e qumicas. As caractersticas biolgicas so

    determinadas pela populao microbiana e dos agentes patognicos presentes nos

    resduos, cuja ao resulta em lquidos lixiviados (chorume), gases de efeito estufa

    (GEE) e reduo do volume.

    A composio qumica consiste na avaliao dos teores de cinzas, poder

    calorfico, pH, e relao entre Carbono e Nitrognio (IBAM, 2001). Conhecer a

    composio qumica elementar e imediata fundamental para a utilizao do RSU

    como combustvel (BRANDT, 2010).

    As caractersticas fsicas incluem a composio gravimtrica, peso espeffico

    aparente (kg/m3), umidade e compressividade dos resduos.

    A caracterizao fsica do RSU, inclui a composio gravimtrica, que

    expressa os percentuais de cada material que contitui o RSU em relao ao peso

  • 26

    total da amostra, espeffico aparente (kg/m3), umidade e compressividade dos

    resduos (MONTEIRO et al., 2001; PEREIRA NETO, 2007).

    A composio gravimtrica dos RSU influenciada por fatores como

    condies climticas e sazonais; porte do municpio; e fatores scioeconmicos e

    culturais (hbitos e atividades comerciais e industriais). As duas ltimas

    caractersticas sofrem alteraes no decorrer do tempo, muitas vezes ocasionadas

    por polticas econmicas e novas legislaes, a exemplo da Poltica Nacional de

    Resduos Slidos (FEAM, 2012).

    3.2 A Poltica Nacional de Resduos Slidos, Lei 12.305.

    A Lei 12.305 (BRASIL, 2010) foi promulgada em 2010 com o intuito de

    organizar a forma como o pas trata os resduos slidos e minimizar os impactos

    ambientais. De acordo com a lei, a responsabilidade sobre destinao final e

    tratamento recai sobre o governo, principalmente os municpios. No entanto, a lei

    no exime a responsabilidade de produtores e consumidores.

    Conceitos de logstica reversa, reduo, reutilizao e no gerao so

    contemplados e constituem os desafios a serem alcanados, a fim de se

    minimizarem os custos ambientais.

    Na perspectiva da lei, priorizada a adoo de tcnicas de gaseificao e de

    tratamento com aproveitamento energtico, e para os aterros sanitrios devem ser

    destinados apenas os rejeitos do RSU.

    Para enfrentar os desafios da gesto integrada do RSU, a lei exige que cada

    municpio elabore o Plano de Gesto Integrada de Resduos Slidos (PMGIRS),

    onde devem ser tanto explicitados os aspectos econmicos, sociais e ambientais de

    cada municpio, como detalhadas gerao, coleta, reciclagem, e beneficiamento dos

    diferentes tipos de resduos, transporte e destinao final e participao social.

    No Art.54., a lei estabelece aos municpios o prazo de quatro anos, para se

    adaptarem disposio final ambientalmente adequada dos resduos. Os municpios

    podem adotar tecnologias visando recuperao energtica dos RSU, desde que

    tenha sido comprovada sua viabilidade tcnica e ambiental. Alm disso, qualquer

    implantao de programa de monitoramento de emisso de gases txicos precisa

    ser aprovado pelo rgo ambiental (BRASIL, 2010).

    No entanto, a maioria dos municpios no conseguiu cumprir o prazo

  • 27

    determinado, expirado em agosto de 2014. O motivo pode recair sobre o fato de

    apenas 33,5% dos 5.569 municpios existentes possurem o Plano Municipal de

    Gesto Integrada de Resduos Slidos (PMGIRS). Deve-se citar que, sem o plano, o

    municpio no pode receber incentivos financeiros da Unio para a gesto de

    resduos.

    Em 2015, o Senado aprovou novos prazos, por meio do Projeto PLS

    425/2014: municpios de regio metropolitana, o prazo at 31 de julho de 2018;

    para os municpios de fronteira e os que possuem mais de 100 mil habitantes, com

    base no Censo de 2010, at 31 de julho de 2019. Para as cidades com nmero de

    habitantes entre 50 e 100 mil o prazo at 31 de julho de 2020. Para os municpios

    com nmero de habitantes inferior a 50 mil, o prazo foi prorrogado para 31 de julho

    de 2021. De acordo com a relatora da subcomisso do senado, Vanessa Grazziotin

    a maior parte dos municpios no conseguiu cumprir os prazos, por falta de quadros

    tcnicos e gerenciais qualificados e de insuficincia de recursos financeiros

    (AGNCIA SENADO, 2016). No entanto, os municpios, em suas leis orgnicas

    adotaram a taxa do lixo cobrada antecipadamente no IPTU, cuja finalidade cobrir

    as despesas da coleta, remoo e destinao final do lixo no municpio.

    A lei 12.305/10 prev o tratamento de RSU por gaseificao, porm no h

    legislao ou norma especfica para esse tipo de tratamento no pas. Em mbito

    federal existe apenas a Resoluo CONAMA no 316/2002, do Ministrio do Meio

    Ambiente que dispe sobre procedimentos e critrios para funcionamento de

    tratamento trmico de resduos, exigindo que haja o aproveitamento de 30% de

    materiais reciclveis. (MMA, 2002) e a NBR 11.175/90 que trata dos procedimentos

    e padres de desempenho da incinerao de resduos perigosos, norma que no se

    aplica incinerao de RSU (ABNT, 1990).

    Em mbito estadual, So Paulo possui a Resoluo SMA-079, de setembro

    de 2009, que estabelece as diretrizes e condies para a operao e o

    licenciamento da atividade de tratamento trmico de resduos slidos em Usinas de

    Recuperao de Energia URE (SMA, 2009).

    3.3 Descrio dos sistemas de tratamento de RSU avaliados

    Os sistemas de tratamento de RSU, so apresentados na Tabela 1, onde

  • 28

    podem ser observadas sua localizao e situao atual de operao.

    1- Tabela de sistemas de tratamento de RSU.

    Sist. De Tratamento Localizao Empreendimento Em operao

    Aterro Sanitrio So Paulo - SP Aterro sanitrio Stio So Joo No

    Tocha de Plasma Hortolndia - SP Projeto da RGT International No

    Incinerao Barueri - SP URE Barueri No

    Compostagem Ceilndia - DF Valor Ambiental Sim

    Pirlise Una - MG Projeto Natureza Limpa Sim

    3.3.1 Aterro Sanitrio

    A Associao Brasileira de Normas Tcnicas, NBR 8419/1992, apresenta a

    seguinte definio de aterro sanitrio:

    Aterro sanitrio de resduos slidos urbanos consiste na tcnica de disposio de resduos slidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos sade pblica e segurana, minimizando os impactos ambientais, mtodo este que utiliza princpios de engenharia para confinar os resduos slidos menor rea possvel e reduzi-los ao menor volume permissvel, cobrindo-os com uma camada de terra na concluso de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores, se for necessrio (ABNT,1992, p.1).

    O Aterro Sanitrio Stio So Joo (Figura 1), administrado pela Ecourbis

    Ambiental S/A, iniciou suas atividades em 1992 e ocupa uma rea de 80 hectares,

    dos quais 50 foram destinados deposio de resduos slidos urbanos.

    Mesmo tendo encerrado o recebimento de resduos, atualmente trabalham ali

    120 funcionrios, em trs turnos de oito horas dirias, 365 dias anuais, responsveis

    pelo monitoramento geotcnico e ambiental e vigilncia patrimonial. A vida til

    prevista foi estimada em 50 anos, com base no tempo para encerrar toda a emisso

    de biogs proveniente do RSU.

    O aterro conta sistemas de infraestrutura, a exemplo de lagoas para a coleta

    de lixiviados, faixa de proteo ambiental, sistemas de impermeabilizao, sistema

    de drenagem de guas superficiais, drenagem de lquidos e gases, dentre outros.

    Esses fatores visam garantir a segurana do aterro, o controle de efluentes lquidos,

  • 29

    bem como a reduo de riscos sade da populao (ECOURBIS AMBIENTAL,

    2009).

    Figura 1 Aterro Sanitrio Stio So Joo Fonte: GASNET, 2008

    O aterro encerrou suas atividades em outubro de 2009 e recebeu cerca de 29

    milhes de toneladas de resduos, enquadrados nas classes IIA e IIB, resduos

    inertes e no perigosos, conforme estabelecido na NBR 10.004 (ABNT, 2004). Tais

    resduos se caracterizam como resduos domiciliares, resduos domiciliares no-

    residenciais, resduos inertes, resduos dos servios de sade (previamente

    tratados), restos de mveis e similares, resduos provenientes de feiras livres e

    mercados, alm de lodos desidratados de estaes de tratamento de esgotos

    (ECOURBIS AMBIENTAL, 2009).

    O processo de tratamento inicia-se com pesagem em balanas do RSU, de

    onde segue para ser depositado em clula, compactado e coberto com material

    inerte, geralmente terra. A matria orgnica disposta no interior das clulas,

    decomposta por fases aerbias e anaerbias. A Figura 2 mostra o corte do aterro,

    onde possvel visualizar as clulas onde os resduos so depositados e os

    sistemas de infraestrutura.

    As emisses do aterro sanitrio variam de 0,7x106 a 2,2x106 t/CH4/ano (MME,

    2008). O biogs produzido composto principalmente de metano (CH4) e dixido de

    carbono (CO2) que, juntos, constituem aproximadamente 99% de sua composio.

    Outros componentes, como monxido de carbono, hidrognio, nitrognio, cido

    sulfdrico e amnia, representam cerca de 1% (IBAM, 2007).

  • 30

    Figura 2 Principais sistemas de infraestrutura do aterro sanitrio Fonte: Ecourbis Ambiental (2010)

    3.3.2 Aterro Sanitrio com produo de energia eltrica

    Alm de realizar o tratamento do RSU, o aterro sanitrio iniciou as atividades

    de captao do biogs para a gerao energia eltrica em 2007, operadas pela

    Biogs Energia Ambiental S/A.

    Ocupando uma rea de 2.416 m, dentro da rea do Aterro Sanitrio Stio So

    Joo (Figura 3), o empreendimento conta com 35 funcionrios (vinte para atividades

    em campo e quinze para rea administrativa). O sistema opera em trs turnos

    dirios, 365 dias por ano (BIOGS-SO JOO ENERGIA AMBIENTAL, 2009). A

    vida til foi estimada em 50 anos.

    Figura 3 Biogs-So Joo Energia Ambiental Fonte: Conora, 2008

  • 31

    De acordo com o relatrio de validao do projeto n 2005-0457, desenvolvido

    pela Det Norske Veritas (DNV, 2005), o objetivo principal evitar as emisses de

    metano pelo Aterro Sanitrio Stio So Joo e fornecer eletricidade. Para isso utiliza

    16 motogeradores modelo G3520 Caterpillar, com 1,54 MW de potncia.

    Do montante produzido, parte de energia abastece a prpria planta, e o

    excedente disponibilizado rede da Eletropaulo. A energia gerada suficiente

    para suprir a necessidade de uma cidade de 400.000 habitantes (BIOGS-SO

    JOO ENERGIA AMBIENTAL, 2009). A Figura 4 mostra as etapas de extrao do

    biogs e a gerao de energia eltrica.

    Figura 4 Fluxograma de gerao de energia em aterro sanitrio Fonte: Conora (2008) modificado

    De acordo com o Formulrio de Concepo do Projeto (DCP/MDL, 2004), a

    usina de gs responsvel por extrair o gs do aterro e transport-lo para os

    motores de gs na usina de gerao. Durante o transporte, o biogs passa por um

    processo de limpeza e secagem, com a finalidade de extrair possveis impurezas

    que possam danificar os motogeradores (DCP/MDL, 2004).

    Posteriormente, o biogs refrigerado, resultando em um condensado, que

    drenado e enviado lagoa de chorume. Trata-se de uma ao importante, uma vez

    que o condensado contm componentes de silcio que poderiam bloquear os tubos

    de gs e danificar os motogeradores (BIOGS-SO JOO ENERGIA AMBIENTAL,

    2009). Por razes de segurana, novamente o gs passa por um secador, que

    consiste em um filtro de ao inoxidvel de alta densidade, que separa as partculas

    lquidas (pequenas quantidades de condensado) do biogs.

  • 32

    Os sopradores so utilizados para o transporte de gs do aterro aos

    motogeradores, sob correta suco e pr-presso. A capacidade e a presso so

    ajustadas por eletromotores de frequncia controlada (DCP/MDL, 2004).

    Depois do tratamento, da anlise e medio descritos, o gs transportado

    como um combustvel, acionando o eixo que movimenta os motogeradores CAT

    3520 que produziro a energia eltrica.

    Nessa etapa, um eventual excedente de gs pode ser queimado pelos flares

    (DCP/MDL, 2004). Todo o processo descrito controlado por um sistema de

    controle eltrico. Os sinais medidos so processados por um CLP (Controlador

    Lgico Programvel).

    A gerao conduzida diretamente da usina para a estao de chaveamento

    da concessionria estadual (AES Eletropaulo). A energia produzida na usina

    lanada na rede da concessionria de distribuio por meio de uma estao de

    chaveamento especial construda no local.

    No esperado que a operao da unidade de gs, responsvel pela queima

    do gs (flares ou motores de gerao de energia), cause emisses de gases que

    possuem componentes orgnicos volteis e dioxinas, uma vez que o gs do aterro

    passa por um tratamento antes de ser queimado (DCP/MDL, 2004).

    3.3.3 Incinerao

    A incinerao um tratamento trmico de resduos que ocorre em alta temperatura (acima de 800

    oC) feita com uma mistura de

    ar adequada durante um determinado intervalo de tempo. Os resduos incinerados so submetidos a um ambiente fortemente oxidante, onde so decompostos em trs fases: uma slida inerte (cinzas ou escrias), uma gasosa e uma quantidade mnima lquida (JUC et al, 2013 p.55).

    A Usina de Recuperao Energtica de Barueri (URE Barueri) prev a

    instalao de um sistema de tratamento trmico dos resduos slidos urbanos na

    cidade de Barueri, que atender aos municpios de Barueri, Carapicuba e Santana

    do Parnaba (municpios da Regio Metropolitana do Estado de So Paulo),

    ocupando uma rea de 37.237m2.

    De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de So Paulo (CETESB,

  • 33

    2014), o RSU gerado por esses municpios de 696,11 t/dia. A capacidade mxima

    de tratamento do sistema de 825 toneladas por dia e a vida til prevista para o

    empreendimento de 30 anos (SGW, 2012).

    O sistema conta com 41 funcionrios para operao, divididos em trs turnos

    de aproximadamente oito horas. O setor administrativo composto por 6

    funcionrios em um nico turno de oito horas (SGW, 2012).

    A URE ser caracterizada por um Ciclo Rankine simples que utilizar a

    queima dos RSU (WTE) para a gerao de energia trmica associada a uma

    caldeira de recuperao de calor para gerao de vapor. Esta por sua vez,

    alimentar um turbogerador para gerao de energia eltrica.

    O processo utilizado pelo sistema de incinerao o de combusto em

    grelha, mais empregada para o RSU que se encontra em estado bruto (mass burn).

    A Figura 5 ilustra o fluxo do processo.

    Figura 5- Fluxograma do processo de incinerao Fonte: (SGW, 2012) - modificado

    Os resduos que chegam so pesados e, posteriormente descarregados no

    fosso de recebimento (1). Em seguida so transportados pelas gruas at uma

    tremonha de alimentao (2), com sada para uma grelha (3), composta por quatro

    partes mveis, acionadas hidraulizamente, que deslizam para frente e para trs,

    empurrando o RSU sobre a grelha de combusto, instalada em uma cmara.

    Durante o deslocamento do RSU, 60% do ar pr-aquecido so introduzidos

    na grelha internamente. O restante do ar introduzido na grelha a alta velocidade,

  • 34

    para que haja a promoo da mistura com os gases e vapores gerados no processo.

    O calor produzido pela combusto do RSU (800o C a 900o C) utilizado em

    uma caldeira para aquecimento de gua (4 e 8). O vapor gerado conduzido por

    tubulaes para um sistema de turbina a vapor e gerador, para a produo da

    energia eltrica.

    Aps a combusto do RSU, restam as cinzas e escrias que sero drenadas

    para sistemas coletores situados abaixo das grelhas, onde sero resfriados com

    gua e posteriormente seguem para separadores de metais ferrosos e no-ferrosos

    (5).

    O tratamento dos gases de combusto (8 e 7) (FGC Flue Gas Cleaning)

    ser realizado por um sistema seco de neutralizao dos gases cidos com cal

    hidratada, absoro dos metais e dos compostos poliaromticos com carvo ativado,

    seguindo a norma de emisso de poluentes (Resoluo SMA n 79/09). A filtragem

    do material particulado realizado por filtros mangas e, posteriormente lanado ao

    meio ambiente pela chamin (SGW, 2012 e FEAM, 2012).

    3.3.4 Pirlise

    Por definio, a pirlise consiste na degradao trmica de hidrocarbonetos

    na ausncia de oxignio (CONTI, 2009).

    O sistema de tratamento por pirlise, comeou a operar no incio de 2014,

    denominado S

    Minas Gerais, ocupando uma rea

    de 18.000 m2.

    O empreendimento opera em dois turnos de oito horas, com capacidade de

    tratamento de 3 t/h de RSU. O sistema prev futuramente no s a produo de

    energia eltrica, como tambm a expanso de seu funcionamento para 24 horas,

    atingindo a capacidade de tratamento para 72 toneladas por dia. A Figura 6 mostra o

    fluxograma das etapas do processo de tratamento.

    Os resduos que chegam so pesados e em seguida so descarregados em

    uma moega de recebimento (1), seguindo por correira transportadora (2), de onde

    os materiais reciclveis e os metais so retirados por eletrom.

    Em seguida os resduos seguem para uma moega de orgnicos (3) e para um

    tnel de secagem para a retirada de umidade dos resduos (4) antes de entrarem no

  • 35

    forno de carbonizao (5) (Figura 7), cuja temperatura mdia de 370o C decompe

    os resduos e o material particulado. O resultado do processo, segue para um silo de

    descarga, onde resfriado e peneirado.

    Figura 6 - Fluxograma do processo de tratamento por pirlise Fonte: Jornal do Noroeste de Minas, 2011.

    Posteriormente, os resduos urbanos carbonizados seguem para um silo de

    armazenamento e um briquetador (6) que os converte em toletes de carvo. A gua

    resultante do processo recebe tratamento adequado antes de ser lanada ao meio

    ambiente (Natureza Limpa, 2013).

    Figura 7 - Forno de Carbonizao Fonte: Natureza Limpa, 2016

  • 36

    3.3.5 Compostagem

    horando a

    estrutura dos solos (MMA, 2016, pag.1).

    A Usina Central de Tratamento de Lixo (UCTL), inaugurada em 1986, possui

    uma rea de 880.000 m2, dos quais 33.000 m2 so destinados s leiras de

    compostagem.

    A empresa conta com 129 funcionrios e 157 catadores, operando em dois

    turnos de 8 horas. O sistema recebe cerca de 400 toneladas de RSU diariamente,

    com capacidade de tratamento de 600 t/dia, caso se aumente o perodo de trabalho

    para 24 horas dirias. O tempo de vida til do empreendimento foi estimado em 50

    anos.

    O sistema opera em duas linhas de produo paralelas (Figura 8).

    Inicialmente, o RSU que chega pesado e depositado em um galpo fechado de

    aproximadamente 300 m2. Uma p carregadeira alimenta duas correias

    transportadoras (esteiras rolantes) com os resduos, at uma peneira rotativa

    primria. Os resduos maiores seguem pela esteira, de onde os materiais reciclveis

    so retirados pelos catadores. Os resduos menores prosseguem pelas duas

    esteiras, at se encontrarem no eletrom para a retirada dos metais ferrosos e no

    ferrosos.

    Novamente uma mesa vibratria seleciona os resduos: os de granulometria

    menor prosseguem no fluxo, enquanto os de maior granulometria, retirados na mesa

    vibratria, passam por um moinho, a fim de reduzir o seu tamanho e seguem para

    peneira de afinagem. Os resduos retidos na peneira denominados rejeitos, so

    enviados para aterro sanitrio, enquanto os selecionados pelo processo, so

    conduzidos para o ptio de compostagem, conforme Figura 9.

    As leiras de compostagem possuem em mdia 55 m de comprimento, 5m de

    largura e 2,5 m de altura. O tempo para maturao do composto em mdia 95

    dias. No momento em que o composto est no ptio, so realizadas anlises e,

    caso ele no esteja dentro dos padres de qualidade previstos, enviado para o

    aterro sanitrio como rejeito.

  • 37

    Figura 8 - Organograma do sistema de compostagem

    Estima-se 30% da massa de RSU seja perdida de massa no processo

    (VALOR AMBIENTAL, 2013).

    Aps o ptio a matria orgnica segue para um galpo, onde ensacada e

    distribuda para o consumidor.

  • 38

    Figura 9 Matria orgnica na sada do processo de compostagem

    Fonte: Valor Ambiental (2013).

    3.3.6 Tocha de plasma

    Consiste em um processo de

    (ENGEBIO, 2010, p.17).

    O tratamento de RSU utilizando a tecnologia de tocha de plasma desta

    pesquisa, vale-se de um projeto desenvolvido pela RGT International para a cidade

    de Hortolndia SP. O projeto foi dimensionado para tratar 250 toneladas por dia

    de RSU, perfazendo a quantidade diria de 200 toneladas de RSU e 60 toneladas

    de resduos industriais, hospitalares e lodo de esgoto em uma nica linha de

    produo.

    A rea dimensionada para o empreendimento compreende 30.000 m2, e a

    rea construda est estimada em 10.000 m2, com a finalidade de tratar 300

    toneladas dirias de RSU. A vida til foi estimada em 30 anos e o perodo de

    funcionamento corresponde a 22 horas por dia (RGT INTERNATIONAL, 2013).

    O processo de tratamento inicia-se pela pesagem do RSU, que em seguida

    depositado em um fosso de recebimento. De l, retirado por cranes (gruas) que

  • 39

    em seguida depositam o RSU em uma moega para um processo de triturao, de

    modo que nenhum resduo tenha tamanho superior a 10 polegadas.

    Os resduos seguem por esteira at a parte superior do reator. Antes da

    entrada do RSU, realizada uma cama de coque de carvo no interior do reator,

    cuja finalidade sustentar a massa de resduos, dada a integridade estrutural que o

    coque de carvo apresenta.

    O reator possui dois maaricos de jatos de plasma na parte inferior (Figura

    10). Esses jatos saem das tochas a uma velocidade correspondente a duas vezes a

    velocidade do som, com temperaturas que variam entre 1000o C a 15.000 C.

    Controlando-se os maaricos, controla-se a temperatura interna do reator.

    Figura 10 Reator do processo de tratamento de RSU por tocha de plasma

    Fonte: Willis et al. (2010)

    Para se distribuir a temperatura igualmente, necessrio que se diminua a

    velocidade do gs, e o coque de carvo possui essa propriedade, uma vez que ir

    gaseificar numa velocidade muito mais lenta do que os resduos, permanecendo no

    fundo, enquanto os resduos, sero vaporizados. medida que a massa desce no

    reator de gaseificao, convertida em escria e gs de sntese.

    Os resduos orgnicos so pulverizados e sua sada do reator ocorre pela

    parte superior, na forma de gs. Em seguida, o gs passa por um processo de

    limpeza e posteriormente enviado para uma turbina, que acionada, ir gerar

    energia eltrica.

    O coque funciona como uma espcie de filtro dentro do reator e fornece calor,

  • 40

    quando reage com o oxignio. O objetivo desse fluxo controlar a temperatura e as

    propriedades do material inerte da matria-prima, garantindo o baixo ponto de fuso.

    O gs de sntese, que deixa o reator composto por monxido de carbono,

    xido de carbono, dixido de carbono, hidrognio, hidrocarbonetos, nitrognio e

    traos de produtos qumicos.

    Os nicos materiais que vo escapar pela cama de coque sero as escrias,

    vitrificados e os metais, que, ao deixarem o reator, mergulham em um recipiente

    com gua, para serem resfriados. Os metais so retirados por eletrom e o material

    vitrificado, em forma de grnulos.

    O processo completamente controlado pela temperatura dos gases de

    sada. Esse ltimo processo deve estar compreendido entre 980 oC a 1.100oC.

    Uma tocha pode ser desligada, sem a necessidade de se desligar todo o

    processo. Uma tocha de plasma consiste na passagem do gs e no contato com

    uma fasca elctrica, mesmo princpio do motor de um carro.

    A Figura 11 apresenta o esquema de uma planta de tocha de plasma.

    Figura 11. Esquema de uma planta de tocha de plasma Fonte: Willis et al., 2010

  • 41

    3.4 Estado da arte da Sntese em Emergia

    A Sntese em Emergia um mtodo capaz de modelar eficincias de

    processos e sistemas produtivos (AMPONSAH et al, 2011). Por definio, emergia

    a quantidade de energia ,joules de energia solar) requerida, diretamente ou

    indiretamente, para produzir um bem ou servio (ODUM, 1996 e 2000).

    A emergia expressa em sej (joules de emergia solar) e o Valor Unitrio de

    Emergia (UEV) compreende a razo entre a quantidade de emergia necessria

    (entrada) e a quantidade de bem ou servio (sada) produzido por um sistema

    denominado Valor Unitrio de Emergia (UEV) (BROWN E ULGIATI, 2004). Essa

    razo pode ser interprerada como um indicador, capaz de expressar a qualidade de

    energia do sistema, pois quanto maior for a razo, maior ser sua posio na

    hierarquia de energia (ODUM, 1996).

    A Sntese em Emergia vem sendo aplicada para avaliar sistemas de

    tratamento de efluentes domsticos (SILVA, 2006), de sustentabilidade de um pas

    (Demtrio, 2011), gerao de hidroeletricidade (TASSINARI, 2013), sistemas de

    agronegcios (FRUGOLI, 2013) e em diversos trabalhos visando a anlise ambiental

    do tratamento do RSU, a exemplo de Marchetinni et al (2007) e Almeida et al (2012).

    3.4.1 Sntese em Emergia na avaliao de tratamento de resduos : Estado da

    Arte

    A Sntese em Emergia foi empregada para avaliar sistemas de tratamento de

    RSU. A seguir, alguns desses estudos so apresentados.

    Luchi e Ulgiati (1997) utilizam a Sntese em emergia para avaliar um aterro

    sanitrio com produo de energia eltrica na Itlia, aliado a um Sistema de

    Informao Geogrfica (SIG) capaz de mapear o aterro e levantar informaes

    tcnicas e ambientais, como rea, altura do macio de resduos dispostos,

    escoamento de gua, dentre outros. O artigo apresenta os custos de implantao e

    operao, com valores expressos em joules de energia solar. Os autores se utilizam

    de indicadores financeiros, e estimam o custo de implantao, que corresponde a

    5,16x105 Euros, a fase de operao do sistema possui maior custo, 3,27x106 euros,

    cerca de 64% do total. A UEV do tratamento do RSU para o sistema estimada em

  • 42

    1,15x109 sej/g. No entanto os autores no estimam a implantao do sistema

    utilizando os dados de massa e de consumo de energia para os maquinrios, nem

    mesmo a dos materiais de construo. Em vez disso, utilizam o valor monetrio

    empregado para implantar o sistema, o que pode agregar um alto valor emergia do

    sistema e consequentemente UEV.

    Enzo Tiezzi (1998) avaliou um sistema de tratamento de resduos,

    contabilizando coleta seletiva, reciclagem, compostagem e incinerao com gerao

    de energia eltrica. Concluiu que gerar energia por meio da incinerao um um

    processo eficiente. No entanto, o autor argumenta que a quantidade de emergia

    armazenada nos resduos, com o passar do tempo, muito maior do que a emergia

    dispendida para realizar a coleta dos mesmos. Por essa razo, incinerar 100% dos

    resduos um desperdcio de recursos, medida que os resduos orgnicos podem

    ser utilizado pelo sistema de compostagem, assim como os materiais reciclveis

    podem ser inseridos novamente nos processos produtivos.

    Niccolucci et al. (2001) avaliam o impacto ambiental e a eficincia da da

    energia eltrica pela UEV do produto, em um incinerador e um aterro controlado no

    centro da Itlia. O tempo de vida til da planta, bem como os insumos para trs

    fases principais de cada um dos sistemas (coleta, tratamento e eliminao), so

    considerados no estudo, destacando-se que a fase de tratamento exige mais

    emergia. Os autores apontam que a incinerao e a deposio em aterro exigem

    praticamente o mesmo investimento de emergia por tonelada de resduos, mas que

    a recuperao de energia eltrica a partir da incinerao mais eficiente quando

    comparada ao aterro sanitrio, alm de ocorrer a curto prazo, enquanto que a

    deposio em aterro requer vrios anos para gerar energia. A UEV utilizada como

    um indicador de qualidade medida que quanto maior for o valor da UEV, maior

    ser sua posio dentro de uma escala hierrquica da biosfera e de eficincia pois

    capaz de fornecer a quantidade de insumos empregados pelo meio ambiente para

    tratar uma tonelada de RSU. Portanto, a UEV um indicador capaz de ser utilizado

    para comparar processos de tratamento de RSU.

    Bjrklund et al. (2001), ao avaliarem o processo de tratamento de um sistema

    de esgoto convencional em Estocolmo, na Sucia, comparam a transformidade da

    energia eltrica gerada pelo aproveitamento do biogs produzido por um biodigestor,

    com os valores das transformidades da energia eltrica gerada por uma usina

    nuclear e de uma hidroeltrica. Os autores concluram que, caso o sistema fosse

  • 43

    utilizado somente para a gerao de energia eltrica, seria ineficiente, tendo em

    vista que a transformidade encontrada maior do que quando comparada a outras

    fontes de energia eltrica. Os autores consideram a entrada das guas residuais

    proveniente dos domiclios no diagrama de energia, embora no quantifiquem essa

    entrada na contabilidade em emergia do sistema, mesmo utilizando a energia

    contida no esgoto para produzir energia eltrica. Alegam que as guas residuais so

    um subproduto proveniente do resultado de todas as atividades que utilizam gua

    nos domiclios, o que conduz este estudo a considerar uma condio similar, tendo

    em vista que o RSU produzido por um municpio tambm um subproduto gerado a

    partir de todas as atividades dos muncipes. Isso implica diretamente no valor total

    de emergia do sistema e tambm no valor da UEV, pois, contabilizando-se as guas

    residuais como um insumo, os valores de emergia e, consequentemente, da UEV do

    sistema apresentaro maior valor. Quando o valor do insumo no contabilizado, ou

    seja, de forma gratuita, os valores dos benefcios de um sistema podem exceder o

    valor da emergia total do sistema.

    Marchettini et al. (2007) avaliam sistemas de aterro sanitrio com produo

    de energia eltrica, compostagem e incinerao com produo de energia eltrica,

    procurando identificar o quanto de investimento necessrio e o quanto de utilidade

    (produto) so extrados por meio da utilizao de dois indicadores: razo de

    rendimentos Ambiental (EYR) - que compreende a razo entre emergia recuperada

    e a emergia por grama de RSU - e emergia lquida - diferena entre a emergia

    recuperada (energia recuperada x transformidade) e a emergia para tratar um grama

    de RSU do sistema. A entrada de RSU contabilizada em todos os sistemas de

    tratamento, por meio da coleta, maquinrios, mo de obra, dentre outros. Os

    resultados o estudo apontam que o aterro sanitrio com produo de energia a

    pior alternativa, por promover alto custo em emergia e gerar poucos benefcios. A

    compostagem o sistema que promove maior recuperao de emergia (EYR),

    enquanto a incinerao obteve maior ndice de emergia lquida, ou seja, a diferena

    entre a emergia recuperada (energia recuperada x transformidade) e a emergia para

    tratar um grama de RSU do sistema. Em outras palavras, a compostagem um

    pouco mais eficiente na recuperao em emergia (maior EYR), enquanto a

    incinerao quantitativamente melhor na extrao de recursos. importante

    ressaltar que o artigo denomina como EYR, como mencionado, a razo entre a

    emergia recuperada e a emergia por grama de RSU. Dessa forma, o leitor pode

  • 44

    confundir o indicador EYR (Emergy Yield Ratio), razo entre a emergia total e os

    recursos provenientes da economia, proposto por Odum (1996). Um aspecto

    interessante do trabalho, o desconto dos benefcios, como a energia eltrica

    gerada, enquanto que para o sistema de compostagem o desconto do benefcio

    obtido pelo valor de emergia da frao do NPK produzido pelo composto orgnico do

    processo de compostagem.

    Meidiana (2012) utiliza a Sntese em emergia para avaliar trs cenrios

    hipotticos para o tratamento RSU de um novo aterro sanitrio em Yogyakarta. A

    autor utiliza os indicadores do estudo de Marchettini et al. (2006), e prope cenrios

    com percentuais diferentes de matria orgnica para a compostagem e mo de

    obra. A matria orgnica, fragmentada em componentes: nitrognio (2,1%), fsforo

    (1,6%) e potssio descontada do valor total de emergia, tendo em vista que o

    sistema consegue recuperar uma parte (matria orgnica) da emergia que emprega

    para tratar os resduos. O percentual de potssio (K) para o composto orgnico

    varia do cenrio O (K=1,1%) para o cenrio 1 e 2 ( K=1,8%). O autor comenta que a

    recuperao da matria depende do percentual dos resduos tratados. Como

    resultado, o cenrio 0 ( 25 t/dia de RSU, com 8,3 t/dia de matria orgnica para

    produo de composto orgnico com 45 catadores para a retirada de materiais

    reciclveis), possui menor invenstimento em emergia e o cenrio 1 (com aumento de

    85% de RSU, com 50% da material orgnica tratada em compostagem, utilizando 45

    catadores) possui maior valor de emergia total enrte os sistemas, em virtude da

    coleta. O cenrio 2 (aterro sanitrio com a queima do biogs com aumento de 85%

    dos resduos, destinando 50% da frao orgnica do RSU para a compostagem,

    com 200 catadores) consegue recuperar maiores quantidades de sej por grama de

    resduo tratado e possui maior EYR e menor ELR. Porm todos os cenrios

    apresentam ndices negativos de emergia lquida, tendo em vista que o investimento

    em emergia maior do que o valor de emergia obtido com os benefcios. Os

    catadores conseguiram recuperar, em mdia, 7,5% dos resduos plsticos e 12,8%

    para todos os cenrios.

    Bastianoni et al. (2002) apresentam valores diferentes do estudo de Meidiana

    (2012) para os percentuais dos componentes qumicos encontrados na

    compostagem. O nitrognio corresponde a 1,32%, o fsforo, a 0,88% e o potssio

    representa 1,15%, cujo conjunto perfaz o total de 3,35%, valor idntico ao

    encontrado no estudo de Marchettini et al. (2007). A pesquisa foi realizada na

  • 45

    provncia de Siena, utilizando a Sntese em emergia e a Avaliao do Ciclo de Vida,

    a fim de avaliar todos investimentos necessrios para gerenciar o ciclo de vida do

    processo de produo da compostagem. Os autores justificam a utilizao das duas

    metodologias, tendo em vista que a emergia considera apenas o impacto do

    consumo de recursos, em uma base comum, enquanto a Anlise do Ciclo de Vida

    avalia tambm o impacto das emisses, associado a todo o processo, separado em

    coleta, tratamento e disposio final. Os autores comparam a UEV do composto

    orgnico (1,11x108 sej/g) com as UEVs obtidas nos tratamentos por incinerao

    (1,27x108 sej/g) e em aterro sanitrio (1,48x108 sej/g), mostrando que a

    compostagem mais apropriada, pois requer menor quantidade de insumos para

    tratar 1 grama de resduos. No entanto os autores estudam os sistemas de forma

    isolada, no realizam cenrios destinando parte da frao orgnica produo a

    compostagem.

    Liu et al. (2013) realizam uma comparao entre quatro sistemas de

    tratamento de RSU na Provincia de Liaoning: aterro sanitrio, incinerao por leito

    fluidizado, incinerao tipo grelha, e aterro sanitrio para gerao de energia

    eltrica. Os autores utilizam a sntese em emergia, para avaliar a sustentabilidade e

    os servios ecolgicos para diluir os poluentes do ar. O indicador Eco 99 e o DALY

    (Disability Adjusted Life Years) so utilizados em conjunto com a Sntese em

    emergia para avaliar as perdas ecolgicas e os danos ocasionados sade.

    Atualmente na provincia, 80,5% do RSU enviado para aterros sanitrios. Cerca de

    7,5% so incinerados (destes, 45% incinerao em leito fluidizado e 55% em

    incinerao do tipo grelha) e apenas 6,9% so efetivamente reciclados (incluindo

    materiais biticos e abiticos). O valor em emergia dos servios ambientais

    necessrios, para a energia cintica do vento dissipe os poluentes gerados

    estimado. Os resultados obtidos apontam que os impactos das emisses geradas

    pelos sistemas de incinerao so maiores que o de sistemas de aterro sanitrios.

    Os prejuzos para a sade humana so estimados em 1,31x1016 sej/t de RSU e

    8,81x1015 sej/t de RSU no sistema de incinerao de leito fluidizado e no sistema de

    incinerao do tipo grelha, respectivamente. Os resultados indicam que as perdas

    para a sade humana, causadas pelas emisses nocivas, so classificadas da

    seguinte maneira: a incinerao de leito fluidizado > tipo de grelha de incinerao >

    aterros atuais > aterros sanitrios, enquanto as perdas do ecossistema so

    classificados: grelha tipo de incinerao > incinerao de leito fluidizado > aterros

  • 46

    sanitrios > aterros sanitrios atuais. As mudanas de ordenao so causados pelo

    aumento da liberao de NOx dos processos de tratamento de extras (como a

    gerao de eletricidade), que criou um dano qualidade do ecossistema causado

    pelo efeito combinado de acidificao e eutrofizao. A unidade sej/t.RSU est

    relacionada perda de emergia estimada por 6 indicadores, dentre eles: impactos

    ambientais, que incluem efeitos cancergenos; efeitos respiratrios em seres

    humanos, decorrentes de substncias inorgnicas provindas de alteraes

    climticas; danos qualidade do ecossistema, causados por emisses ecotxicas; e

    efeito combinado da acidificao e da eutrofizao. Os danos associados gerao

    de resduos slidos pode ser medido, em termos de emergia, pela ocupao de

    terras, por meio da razo entre emergia e a rea ocupada. Dessa forma, a perda de

    emergia pode ser obtida, utilizando-se a rea total de terras ocupadas multiplicada

    por um fator econmico ou ambiental. Os resultados dos prejuzos econmicos e

    ecolgicos so classificados na seguinte ordem: tipo de grelha de incinerao

    (5,19x1013 sej/t) > incinerao de leito fluidizado (4,27x1013 sej/t) > aterros atuais

    (2,92x1013 sej/t), aterros sanitrios (1,35x1013 sej/t). Depois de analisar os impactos

    das emisses, os usos totais de emergia so: aterros sanitrios (3,87x1016 sej/t) >

    aterros atuais (3,71x1016 sej/t) > tipo de grelha de incinerao (2,39x1016 sej/t) >

    incinerao de leito fluidizado (2,38x1016 sej/t). As razes de produtividade de

    electricidade (Y/U) so assim classificados: tipo de grelha de incinerao (2,96%) >

    incinerao de leito fluidizado (2,03%) > aterros sanitrios (0,01%) > aterros atuais

    (0,00%). Os resultados apontam os aterros sanitrios, como a tcnica mais

    economicamente vivel de tratamento, onde o custo deve ser considerado apenas

    em regies onde existem reas disponveis. A incinerao promove alto rendimento

    na gerao de energia eltrica e baixo impacto ambiental em comparao s

    demais. Os autores dizem que a Sntese em Emergia admite que outras

    metodologias possam ser incorporadas a ela.

    Almeida et al. (2012) utilizam os indicadores da Sntese de Emergia para

    avaliar a carga ambiental e o nvel de sustentabilidade do projeto de biogs em

    questo no aterro sanitrio Stio So Joo. Tambm foi avaliada a implementao

    de um projeto de compensao ambiental em atendimento s exigncias do Estado.

    Para a avaliao foram utilizados os indicadores de rendimento em emergia (EYR),

    o ndice de carga ambiental (ELR) e o ndice de sustentabilidade (ESI). Os

    resultados apontam que a produo de energia eltrica em termos ambientais um

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    benefcio vantajoso, tendo em vista que o ndice de carga ambiental menor que 1,

    pois a contabilizao do oxignio diminui a razo da carga ambiental. O ESI, que

    compreende a razo entre o rendimento em emergia e o ndice de carga ambiental

    (EYR/ELR), apresenta elevado ndice de sustentabilidade. A transformidade (UEV)

    da energia eltrica gerada calculada e sua ordem de grandeza indica que ela pode

    competir com as fontes tradicionais de gerao de energia. A avaliao do projeto

    de compensao ambiental, que produz entre 50 e 80 mil mudas de rvores anuais,

    e uma horta comunitria, como uma das exigncias do estado de So Paulo para

    minimizar os impactos ambientais, aponta que a produo de vegetais vantajosa

    em termos de rendimento em emergia para a comunidade local. No entanto, o

    resultado do mesmo indicador para a produo de mudas no se mostrou vantajoso.

    importante ressaltar que a maioria das mudas ser utilizada para apoiar os

    projetos de reflorestamento em dois aterros sanitrios de So Paulo, gerenciados

    pela mesma empresa (Santo Amaro e So Mateus). O excedente de mudas ser

    direcionado para programas de educao ambiental na comunidade local.

    Silva (2006) compara dois sistemas de tratamento de esgoto: Comunidade de

    Carangola (Petrpolis RJ), sistema de biodigesto; e Estao de Tratamento de

    Esgoto (ETE), por lodo ativado. O autor aplica a Sntese em Emergia e a Pegada

    Ecolgica modificada, que correponde a utilizao de recursos

    provenientes da economia por rea. O estudo contabiliza a entrada de oxignio para

    a coco de alimentos. A concluso aponta que o sistema de lodo ativado apresenta

    melhor performance ambiental pelo fato de utilizar menor quantidade de mo de

    obra, quando comparado ao sistema da Comunidade de Carangola.

    3.5 Programao por Metas

    A Programao por Metas foi desenvolvida por Charnes et al. (1955) e

    Charnes e Cooper (1961) e aplicada a problemas de regresso linear, e

    posteriormente foi adotada como umaferramenta de tomada de deciso para

    resolver os problemas multicritrio com os trabalhos publicados por Ijiri (1965), Lee

    (1972), Ignizio (1976) e Cohon (1978).

    Um dos aspectos mais importantes da Programao por Metas o aplicativo

    da lgica satisfatria de Simon (SIMON, 1955). Por tal motivo, essa tcnica se

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    desenvolve dentro do mbito do paradigma satisfatrio, no lugar de um paradigma

    otimizador.

    Esse tipo de troca de lgica de Simon, de otimizao na busca de solues

    satisfatrias, implica asumir que o o decisor em vez de maximinar ou minimizar uma

    determinada funo objetivo aplique uma srie de metas relevantes para seu

    problema, que se aproxime o mximo possvel dos nveis desejados e previamente

    fixados. Para Romero (2002), a Programao por Metas um quadro analtico

    concebido para analisar problemas complexos de anlise de deciso, em que os

    nveis de deciso so atributos relevantes para o problema especfico com essa

    abordagem.

    3.5.1 Estado da arte de Programao por Metas

    Chang; Wang (1997) utilizam a Programao por Meta (Goal Programming).

    para realizar uma anlise integrada entre a reciclagem e um sistema de tratamento

    por incinerao em nove casos de estudo em Taiwan, objetivando manter a

    temperatura de combusto do reator em torno de 982 C ou 1800 F. Os autores

    propem cenrios que destinam diferentes percentuais de residuos de plastico e/ou

    papelo para a reciclagem. Os resultados apontam que os objetivos de reciclagem

    no podem ser integralmente satisfeitas pelos sistemas 1,4,5 e 6, (que destinam

    maiores percentuais de papel e plstico para a incinerao), porque o equilbrio

    timo em termos de custos s atingido quando a reciclage