avaliaÇÃo de mudas de videira apirÊnica enxertadas sobre diferente porta-enxertos
DESCRIPTION
A viticultura é cultivada a mais de 6000 anos, sendo de origem da Asia Menor cuja região possui clima temperado mediterrâneo. A diversas regiões cultivadas atualmente possuem clima adverso a sua zona de origem, o que proporciona efeito adverso na fisiologia e consequentemente na produtividade. Sendo de fundamental importância estudos com a finalidade de minimizar esses efeitos ambientais sobre a cultura.TRANSCRIPT
FORMAÇÃO DE MUDAS DE VIDEIRA CV. CRIMSON SEEDLESS SOBRE
DIFERENTES PORTA-ENXERTOS E NÍVEIS DE LUMINOSIDADE
ALMIR ROGERIO EVANGELISTA DE SOUZA1; VALTEMIR GONÇALVES RIBEIRO2;
FLÁVIO BASTOS FERREIRA LIMA1; MARLON JOCIMAR RODRIGUES DA SILVA3;
LOANA NASCIMENTO CERQUEIRA3; DANIELA ALVES DE SOUZA3
INTRODUÇÃO
A produção de uvas fina de mesa na região semiárida do Nordeste brasileiro tem alcançado
crescimento acelerado nas últimas décadas, principalmente as variedades apirênicas, alcançando
cerca de 60% da área plantada com a cultura na região, correspondendo a 95% do total das
exportações de uvas finas de mesa, produzidas no País (LEÃO, 2003; EMBRAPA, 2012). No ano
de 2000 a área plantada com as variedades sem sementes não ultrapassavam 2000 ha e uma
produtividade média de 30 toneladas/ha/ano em duas safras, o que significa uma produtividade
baixa em relação às cultivares pirênicas (AGRIANUAL, 2001). Com a adoção de novas tecnologias
além da demanda do mercado externo, preços elevados em relação às uvas com sementes e a grande
aceitabilidade pelo mercado consumidor nacional e internacional, foram fatores que contribuíram
para a expansão das áreas plantadas com essas variedades, superando a margem dos 7000 ha em
produção, e uma produtividade média estimada de 25 ton/hectar em uma safra (REGINA, 2006).
No entanto, a adoção de novas pesquisas torna-se imprescindíveis, devido à baixa adaptabilidade
principalmente das cultivares apirênicas nas condições edafoclimáticas do semiárido brasileiro,
testes com aportes de porta-enxertos tornam-se imprescindíveis, pois além de ser considerado um
dos mais efetivos mecanismos de controle biológico em pragas da agricultura (ANDRÉS et al.,
2007). Os porta-enxertos influenciam nas características agronômicas e fisiológicas das cultivares
copa como vigor, produção, tamanho de cachos e bagas, repartição de fotoassimilados, teor de
açúcares e acidez dos frutos podem ser influenciados pelos porta-enxertos (LEÃO et al., 2011).
Tendo em vista todos esses aspectos, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar
a formação de mudas de videira cv. Crimson Seedless sobre os porta-enxertos ‘Harmony’, ‘Paulsen
1103’, IAC-313 (‘Tropical’), IAC-572 (‘Jales’), IAC-766 (‘Campinas’) e ‘Salt Creeck’, em
ambiente de casa de vegetação com diferentes níveis de interceptação luminosa (50% e 70%), pelo
método de enxertia mesa.
MATERIAL E MÉTODOS
¹ Eng, Agr., estudantes de pós-graduação, Universidade do Estado da Bahia-BA, e-mail: [email protected], [email protected]² Prof. Dr. – Universidade do Estado da Bahia -BA, e-mail:: [email protected] Eng. Agr., - estudantes de graduação, Universidade do Estado da Bahia - BA, e-mail: [email protected], [email protected], [email protected]
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O experimento foi conduzido sob ambiente protegido com sombrite perfazendo um
sombreamento de 50% e 70%, localizada no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais
(DTCS), pertencente à Universidade do Estado da Bahia – UNEB, em Juazeiro-BA. Cujas
coordenadas geográficas: 9° 25’ Sul e 40º 29’ Oeste e altitude média de 368 m. O experimento foi
realizado no período de 10/10 e 30/12/2011, período este compreendido entre a implantação e
coleta dos dados.
Os materiais vegetais utilizados foram cinco porta-enxertos: ‘Harmony’, ‘Paulsen 1103’,
IAC-313 (‘Tropical’), IAC-572 (‘Jales’), IAC-766 (‘Campinas’) e ‘Salt Creeck’ sobre os quais foi
enxertado utilizando o método de enxertia de mesa a cultivar copa Crimson Seedless. Após a
realização das enxertias, procedeu-se o plantio das mesmas, utilizando sacos plásticos de cor preta,
cujo volume interno de 1 dm3, os quais foram preenchidos com aproximadamente 0,8 dm3 de
substrato, sendo utilizada uma mistura de argila, areia e esterco de curral curtido, na proporção de
2:1:1 v/v, respectivamente. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado em
esquema fatorial 5 X 2 (5 porta-enxertos e 2 tipos de sombreamento) com quatro repetições e 10
estacas.
As características avaliadas foram: Massa seca de raiz (g) – foram separadas todas as raízes
de cada estaca/porta-enxerto, colocada em estufa com circulação forçada de ar a 65 ºC por um
período de 48 h, decorrido esse período foram pesadas em balança digital de precisão e expresso em
gramas. Formação de calo na estaca e taxa de sobrevivência foram feitas observações visuais e
expresso em porcentagem.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas
pelo teste Tukey a 5% de probabilidade, realizadas pelo programa computacional Sistema para
Análise de Variância – SISVAR (FERREIRA, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao analisar a massa seca de raiz, o porta-enxerto ‘Harmony’ apresentou maior incremento
quando submetido à sobreamento 50%, enquanto os porta-enxertos IAC 313 (‘Tropical’) e ‘Paulsen
1103’ quando sob interceptação luminosa de 70%. Os porta-enxertos IAC-313 (‘Tropical’) e ‘Salt-
Creeck’ não apresentaram diferença estatística nas ambiências estudadas. (Tabela 1).
Para a formação de calo na estaca, verificou-se pelo teste de média que os maiores índices
de compatibilidade evidenciado, foram obtidos pelos porta-enxertos ‘Harmony’ e IAC-572 (‘Jales’),
(80% e 62,5%) sob a cultivar copa Crimson Seedless (Tabela 2).
Em relação à taxa de sobrevivência não foi verificado diferença estatística entre as
coberturas analisadas, no entanto ao analisar o teste de médias para os porta-enxertos, verifica-se
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maior porcentagem de sobrevivência para o ‘Harmony’ e o ‘IAC-572’ não diferindo
estatisticamente, enquanto o ‘Salt Creeck’ apresentou menor taxa de sobrevivência (Tabela 3).
Para que ocorra o funcionamento do sistema vascular na união do enxerto, é necessário a
similaridade das peroxidases, tanto no enxerto como no porta-enxerto, para que ocorra a produção
de correlatas ligninas, quando essa similaridade enzimática não ocorre, há senescência do enxerto,
baixo índice de sobrevivência, crescimento anormal, amarelecimento das folhas, desfolhação, morte
das plantas, resultante da hipertrofia do ponto de enxertia, devido a rompimento dos tecidos no local
do enxerto (JANICK, 1966; SANTAMOUR, 1992; GONZÁLEZ, 1999). Outro fator relacionado à
sobrevivência do enxerto é a quantidade de substâncias de reservas nos tecidos do enxerto e porta-
enxerto, necessários para formação do calo e soldadura na região da enxertia, necessitando que os
tecidos sejam ricos em amido e outras substâncias de reservas (REGINA, 1998).
Tabela 1. Massa seca de raiz de mudas de videiras, enxertada sobre diferentes porta-enxertos,
conduzidas sob diferentes sombreamentos. Juazeiro, BA. 2012.
Porta-enxertos/ Sombreamentos
IAC-313 IAC-572 Paulsen 1103
Harmony Salt Creeck
Médias
50% 1,00aB 1,10bB 1,00bB 1,57aA 1,00aB 1,1370% 1,00aC 1,40aA 1,20aB 1,37bA 1,00aC 1,19
Médias 1,00 1,25 1,10 1,47 1,00C.V. (%) 4,26
*Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5%
de probabilidade.
Tabela 2. Formação de calo na estaca de mudas de videiras, enxertada sobre diferentes porta-
enxertos, conduzidas sob diferentes sombreamentos. Juazeiro, BA. 2012.
Porta-enxertos/Sombreamentos
IAC-313 IAC-572
Paulsen 1103
Harmony Salt Creeck
Médias
50% 52,5 57,5 52,5 82,5 6,66 50,370% 35,0 67,5 37,5 77,5 0,0 43,5
Médias 43,7b 62,5 ab 45,0b 80,0 a 3,33cC.V. (%) 16,93
*Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5%
de probabilidade.
Tabela 3. Sobrevivência de mudas de videiras, enxertada sobre diferentes porta-enxertos,
conduzidas sob diferentes sombreamentos. Juazeiro, BA. 2012.
Porta-enxertos/Sombreamentos
IAC-313 IAC-572 Paulsen 1103
Harmony Salt Creeck
Médias
50% 52,5 57,5 37,5 82,5 10,0 48,5 70% 35,0 67,5 52,5 77,5 10,0 50,5
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Médias 42,5b 68,7a 45,0b 81,2a 10,0cC.V. (%) 26,76
*Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste Tukey a 5%
de probabilidade.
CONCLUSÕES
O porta-enxerto ‘Harmony’ apresentou melhor desempenho entre os demais analisados,
sob enxertia de mesa com a cultivar copa Crimson Seedless.
Para as intensidades de sombreamentos utilizados, não houve interferência na taxa de
sobrevivência dos porta-enxertos, porém comportamentos diferentes foram verificados no
incremento de massa seca de raiz conforme as ambiências.
REFERÊNCIAS
AGRIANUAL – Anuário Estatístico da Agricultura Brasileira. São Paulo: Argos Comunicação,
p.1-545, 2001.
Embrapa Semiárido, http://www.cpatsa.embrapa.br/cpatsa/imprensa/noticias/embrapa-semi-arido-
realiza-seminario-para-divulgar-resultados-de-pesquisa-com-uvas-sem-sementes Acesso: 10 Jun.
2012.
FERREIRA, D. F. SISVAR. Versão 4.3. Lavras: UFLA, 2003. Software.
GONZÁLEZ, J. El injerto en hotalizas. In: VILARNAU, A.; GONZÁLEZ, J (Eds.). Planteles:
semilleros, viveros. Réus: Ediciones de Horticultura, 1999. p. 121-128.
JANICK, J. A ciência da horticultura. Rio de Janeiro: USAID, 1966. 485 p.
LEAO, P. C. S.; BRANDAO, E. O.; GONCALVES, N. P. S. Produção e qualidade de uvas de mesa
'Sugraone' sobre diferentes porta-enxertos no Submédio do Vale do São Francisco. Cienc. Rural,
Santa Maria, v. 41, n. 9, 2011.
LEÃO, P. C. S. Viticulture in the Brazil’s Semi-arid Regions. Proc. Interamer. Soc. Trop. Hort.
Fruit/Frutales p. 90-92. 2003.
REGINA, M. de A.; FRÁGUAS, J. C.; ALVARENGA, A. A.; SOUZA, C. R. de; AMORIM, D. A.
de; MOTA, R. V. da; FÁVERO, A. C. Implantação e manejo do vinhedo para produção de vinhos
de qualidade. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 27, n. 234, p. 16-31, 2006.
REGINA, M. de A.; SOUZA, C.R. de; SILVA, T. das G.; PEREIRA, A. F. A propagação da
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SANTAMOUR, F.S.Jr. Predicting graft incompatibility in woody plants. Combined Proceedings
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