avaliação das tendências de transformação da indústria de...

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PROGRAMA EQ-ANP Processamento, Gestão e Meio Ambiente na Indústria do Petróleo e Gás Proposição de Análise Comparativa no Parque de Refino Brasileiro Márcio do Nascimento Magalhães Tese de Mestrado Orientadores Prof. Peter Rudolf Seidl, Ph.D. Prof. José Vitor Bomtempo Martins, D.Sc. Novembro de 2002

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PROGRAMA EQ-ANP

Processamento, Gestão e Meio Ambiente na

Indústria do Petróleo e Gás

Proposição de Análise Comparativa no

Parque de Refino Brasileiro

Márcio do Nascimento Magalhães

Tese de Mestrado

Orientadores

Prof. Peter Rudolf Seidl, Ph.D.

Prof. José Vitor Bomtempo Martins, D.Sc.

Novembro de 2002

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PROPOSIÇÃO DE ANÁLISE COMPARATIVA NO PARQUE DE

REFINO BRASILEIRO

MÁRCIO DO NASCIMENTO MAGALHÃES

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA DE PROCESSOS QUÍMICOS E BIOQUÍMICOS DA ESCOLA DE QUÍMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DE GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA QUÍMICA. Aprovada por:

Prof. Peter Rudolf Seidl, Ph.D. (DPO/EQ – U.F.R.J)

Presidente da Banca (Orientador)

Prof. José Vitor Bomtempo Martins, D.Sc. (DEQ/EQ – U.F.R.J)

(Co-Orientador)

Profª. Adelaide Maria de Souza Antunes, D.Sc. (DPO/EQ – U.F.R.J)

Prof°. Edmar Luiz Fagundes de Almeida, D.Sc. (IE – U.F.R.J)

Dr. Ernani Teixeira Torres Filho, D.Sc. (ANP/IE – U.F.R.J)

RIO DE JANEIRO, RJ — BRASIL

NOVEMBRO DE 2002

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FICHA CATALOGRÁFICA

Magalhães, Márcio do Nascimento

Proposição de Análise Comparativa no Parque de

Refino Brasileiro/ Márcio do Nascimento Magalhães.

Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola de Química, 2002.

xviii, 141p.; il., graf., tab.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Escola de Química, 2002.

1. Indústria de Petróleo – Tese. 2. Refino. 3.

Análise da Indústria – Tese. I. Titulo. II. Tese (Mestr. –

UFRJ/Escola de Química)

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Aos meus pais

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“Nunca andes apenas pelos caminhos traçados, pois

eles conduzem somente até onde os outros foram”.

Alexander Graham Bell

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AGRADECIMENTOS

À AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, ANP

– pela bolsa de estudos, oportunidade de participar do programa PRH 13

(EQ–ANP), custeio da participação em congressos nacionais e patrocínio da

viagem de campo (University of Oklahoma, Norman, OK, U.S.A);

À ESCOLA DE QUIMICA da U.F.R.J., seu Corpo Docente e Diretorias

(Adelaide M. Antunes, D.Sc., Carlos Augusto G. Perlingeiro, D.Sc. e Belkis

Valdman, Ph.D.)

– pelo convívio enquanto aluno desta instituição (1996 – 2002);

AO PROF. PETER RUDOLF SEIDL, Ph.D. (EQ – U.F.R.J)

– pela oportunidade de desenvolver este trabalho, assim como pelo incentivo,

apoio, amizade e reconhecimento durante minha vida acadêmica;

AO PROF. JOSÉ VITOR BOMTEMPO, D.Sc. (EQ – U.F.R.J)

– pela amizade, incentivo e oportunidade de desenvolver um trabalho na área

de Gestão e Inovação Tecnológica;

AO PROF. ARIKERNE RODRIGUES SUCUPIRA, D.Sc. (EQ – U.F.R.J) †

– pelo incentivo e amizade durante nosso convívio na EQ. Que Deus o tenha.

AO PROF. GORDON ATKINSON, Ph.D. (Chemistry Department, University of

Oklahoma, Norman, OK, U.S.A)

– pela cordialidade, hospitalidade, apoio, amizade e interesse no

desenvolvimento da etapa do estudo nos E.U.A.;

AO PROF. MIGUEL J. BAGAJEWICZ, Ph.D. (Sarkeys Energy Center,

University of Oklahoma, Norman, OK, U.S.A)

– pela possibilidade de poder discutir as novas tendências da atividade de

refino nos E.U.A e no mundo;

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À COORDENAÇÃO E SECRETARIA DO PRH 13 EQ – ANP:

PROF. EDUARDO MACH QUEIROZ, D.Sc. (Coordenador do Programa);

Sr. ANDRÉ LUIZ HEMERLY COSTA, D.Sc. (Pesquisador Visitante);

Sr.ª ALZIRENE RODRIGUES (Secretária)

– pelo convívio, apoio e amizade durante a realização deste trabalho;

À PROF. VERÔNICA M. CALADO, D.Sc. (EQ – U.F.R.J)

– pelas idéias durante a etapa de análise estatística;

AO Sr. HILDO HENZ (Diretor – Presidente da REFAP S.A., PETROBRAS)

– pelas idéias, interesse e cordialidade quando estive em visita às instalações

da refinaria em Canoas, RS;

AOS PESQUISADORES E PROFISSIONAIS DO SETOR:

PROF. MAURÍCIO TOLMASQUIM, D.Sc. (PPE – U.F.R.J);

Sr. ADRIANO PIRES, D.Sc. (Centro Brasileiro de Infraestrutura – CBIE);

Sr. ANTÔNIO R. PIMENTEL DE OLIVEIRA, M.Sc. (PETROBRAS);

Sr.ª ELIZABETH TELLECHEA (Superintendente da Refinaria de Petróleo

Ipiranga, RS);

Sr. ERNANI CARVALHO (Superintendente de Refino da ANP);

Sr. JEAN-PAUL TERRA PRATES, M.Sc. (Diretor Executivo do Grupo

EXPETRO Consultoria em Petróleo e Gás Ltda.);

Sr. PAULO MAURÍCIO CAVALCANTI GONÇALVES (Gerente Geral de

Planejamento e Gestão da PETROBRAS)

– por poder discutir assuntos de interesse acadêmico com as pessoas certas;

A LEONARDO G. CARDOSO E RAFAEL C. RIBEIRO (EQ – U F.R.J)

– pela ajuda nas tarefas de edição, impressão e entrega da tese; AOS DEMAIS AMIGOS E COLEGAS

– pelo convívio e amizade durante a realização deste trabalho;

AOS MEUS FAMILIARES

– por me incentivarem em galgar um novo degrau na minha vida acadêmico-

profissional e pela crença no potencial que julgam que tenho.

MUITO OBRIGADO!

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RESUMO

MAGALHÃES, Márcio do Nascimento. Proposição de Análise Comparativa

no Parque de Refino Brasileiro; Orientadores: Peter Rudolf Seidl, Ph.D. e José Vitor Bomtempo, D.Sc. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Química).

A Indústria do Refino representa um segmento de importância

estratégica para o desenvolvimento econômico e industrial do país. Com

vistas ao entendimento da missão da referida atividade dentro de um novo

contexto regulatório, torna-se necessário conhecer as atuações

desempenhadas pelos agentes participantes, visando analisar tendências

relevantes, associadas à competitividade num mercado (recentemente) aberto.

Dentro desse contexto, procedeu-se uma caracterização das atividades desses

indivíduos, seguida de análise da estrutura da indústria investigada, buscando

quantificar o poder de atuação dos atores envolvidos. Tendo sido

caracterizado como potencial o movimento de integração por parte de

empresas concessionárias de atividades de E&P no país, identificou-se como

tendência a estruturação de possíveis acordos entre estas empresas e aquelas

atuantes no segmento de refino. Nesse sentido, desenvolveu-se uma

metodologia relacionando-se fatores técnicos e gerenciais, com vistas à

proposição de uma tipologia de refinarias, mediante análise da sua

competitividade. Identificaram-se, assim, quatro grupos (clusters) de unidades

com propensões distintas em relação à concretização de um eventual

movimento de integração.

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ABSTRACT

MAGALHÃES, Márcio do Nascimento. Proposição de Análise Comparativa

no Parque de Refino Brasileiro; Orientadores: Peter Rudolf Seidl, Ph.D. e José Vitor Bomtempo, D.Sc. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Química).

The oil refining industry represents a segment which plays a strategic

role concerning the economic and industrial development of the country.

Considering the understanding of the mission of this activity in a new legal

context, it is necessary to be aware of the attributions of the involved agents in

order to analyze relevant trends concerning competitiveness in a (recent) open

market. In this context, a characterization of the activities developed by these

individuals was developed, followed by the analysis of the structure of the

investigated industry, concerning the weight of each participant group.

Regarding the potential of forward integration involving E&P concessionaries,

eventual agreements between these agents and the refinery owners in Brazil

might come true. Hence, in order to measure the exposure of each one of the

analysed plants, concerning the interests of the upstream potential partners, a

comparative methodology, including a refinery tipology proposition based on

competitiveness differentials was proposed. The results showed possible to

identify four clusters with distinct perspectives, considering the possibility of the

referenced movement.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANP – Agência Nacional do Petróleo;

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica;

API – American Petroleum Institute;

API – Grau API;

ASFOR – Fábrica de Asfalto de Fortaleza;

BCG – Boston Consulting Group;

bpd – Barris de petróleo por dia;

bpe – Barris de petróleo equivalente;

CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica;

CBIE – Centro Brasileiro de Infraestrutura;

CENPES – Centro de Pesquisa da PETROBRAS;

CIDE – Contribuição de intervenção no domínio econômico;

CDE – Capacidade de Destilação Equivalente;

CNP – Conselho Nacional do Petróleo;

CO – Capacidade ociosa;

COPENE – Companhia Petroquímica do Nordeste (atual Braskem S.A.);

COPESUL – Companhia Petroquímica do Sul;

CMP – Central de matéria prima;

CNPE – Conselho Nacional de Política Energética;

DOI – Dependência de óleo importado;

E&P – Exploração e Produção;

EIA – Energy Information Administration;

EPA – Environmental Protection Agency;

FCC – Fluid catalitic cracking;

FRONAP – Frota Nacional de Petroleiros;

GAV – Gasolina de aviação;

LUBNOR – Lubrificantes e Derivados do Nordeste;

MACRE – Metodologia de Análise e Comparação de Refinarias;

MIPE – Modelo integrado de planejamento energético;

Mbpd – Milhares de barris de petróleo por dia;

MMA – Ministério do Meio Ambiente;

MME – Ministério das Minas e Energia;

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS (CONTINUAÇÃO)

MTBE – Metil-terc-butil éter;

NBS – National Bureau of Standards;

NPC – National Petroleum Council;

OC – Óleo combustível;

OD – Óleo diesel;

PCN – Produção de Cortes Nobres;

PPE – Parcela de preço específico;

ppm – Partes por milhão

PMPC – Programa de monitoramento de preços dos combustíveis;

PQU – Companhia Petroquímica União;

PROCAP – Programa de inovação tecnológica e desenvolvimento avançado;

PROTER – Programa estratégico de tecnologia de refinação

QAV – Querosene de aviação;

RECAP – Refinaria de Capuava (SP);

REDUC – Refinaria Duque de Caxias (RJ);

REFAP – Refinaria Alberto Pasqualini (RS)

REGAP – Refinaria Gabriel Passos (MG)

REMAM – Refinaria de Manaus (AM)

RENOR – Refinaria do Nordeste;

REPAR – Refinaria Presidente Getúlio Vargas (PR);

REPLAM – Refinaria de Paulínea (SP);

REVAP – Refinaria Henrique Lage (SP);

RLAM – Refinaria Landulpho Alves (BA);

RPBC – Refinaria Presidente Bernardes (SP);

RPI – Refinaria de Petróleo Ipiranga (RS);

SEI – Stockholm Environment Institute;

SDE – Secretaria de Direito Econômico;

SiBI – Sistema de Bibliotecas de Informação;

toe – Toneladas de óleo equivalente;

UEN – Unidade Estratégica de Negócios.

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LISTA DE EQUAÇÕES

EQUAÇÃO 4.1 – COMPLEXIDADE NELSON ________________________________________________ 79 EQUAÇÃO 4.2 – ICN PARA UM PARQUE DE REFINO P _______________________________________ 79 EQUAÇÃO 4.3 – CAPACIDADE DE DESTILAÇÃO EQUIVALENTE ________________________________ 82 EQUAÇÃO 4.4 – COMPETITIVIDADE _____________________________________________________ 83

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1 TENDÊNCIA FUTURA DO MERCADO DE ENERGIA ________________________________ 22 FIGURA 1.2 VISÃO SIMPLIFICADA DE UMA REFINARIA DE PETRÓLEO __________________________ 30 FIGURA 1.3 CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO _______________________________ 30 FIGURA 1.4 ESTRUTURA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PETRÓLEO ___________________________ 31 FIGURA 1.5 – MOVIMENTO DE INTEGRAÇÃO PARA FRENTE ___________________________________ 33 FIGURA 3.2 MODELO DE ABERTURA DO MERCADO _______________________________________ 64 FIGURA 4.1 FORÇAS COMPETITIVAS ___________________________________________________ 72 FIGURA 4.2 – ESTRATÉGIAS DE TERCEIRIZAÇÃO ___________________________________________ 76 FIGURA 4.3 CÁLCULO DE COMPLEXIDADES DE UNIDADES DE PROCESSAMENTO __________________ 81 FIGURA 5.1 – PARQUE DE REFINO BRASILEIRO _____________________________________________ 87 FIGURA 6.1 DESENHO DAS FORÇAS COMPETITIVAS APLICADAS À ATIVIDADE DE REFINO NO PAÍS ___ 110 FIGURA 6.2 – MOVIMENTO DE INTEGRAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA DE PRODUTOS ENERGÉTICOS ____ 118 FIGURA 6.3 – FLUXOS REGIONAIS TOTAIS DE DERIVADOS ___________________________________ 122 FIGURA 8.1 – TIPOLOGIA ____________________________________________________________ 142

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 2.1 – FASES DO DESENVOLVIMENTO DO REFINO NO BRASIL ___________________________ 41 GRÁFICO 5.1 – GASTOS COM IMPORTAÇÃO DE PETRÓLEO E EVOLUÇÃO DO PREÇO DO BRENT _________ 91 GRÁFICO 5.2 – IMPORTAÇÃO DE ÓLEO SEGUNDO A ORIGEM EM 2000 ___________________________ 92 GRÁFICO 5.4 DEPENDÊNCIA DE ÓLEO IMPORTADO NAS REFINARIAS NACIONAIS _________________ 95 GRÁFICO 5.5 GASTOS COM IMPORTAÇÃO DE ÓLEO NAS REFINARIAS NACIONAIS _________________ 96 GRÁFICO 5.6 PROCESSAMENTO DE ÓLEO NO PARQUE BRASILEIRO (SÉRIE HISTÓRICA) _____________ 97 GRÁFICO 5.7 – CAPACIDADES INSTALADA E UTILIZADA NO PARQUE DE REFINO NACIONAL __________ 98 GRÁFICO 8.1 – GRÁFICO DE ÁRVORE (DENDROGRAMA) DO PARQUE DE REFINO BRASILEIRO _________ 134 GRÁFICO 8.2 – COMPARAÇÃO ENTRE AS CLASSES PROPOSTAS _______________________________ 135

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1.1 MAIORES REFINADORES DO MUNDO _________________________________________ 28 TABELA 1.2 CONTROLE ACIONÁRIO (CAPITAL VOTANTE) DA BRASKEM S.A. ____________________ 33 TABELA 2.1 ÓLEOS NACIONAIS E IMPORTADOS ___________________________________________ 53 TABELA 2.2 CARTEIRA DE PROJETOS PROTER __________________________________________ 55 TABELA 2.3 QUADRO COMPARATIVO DE ÓLEOS NACIONAL E IMPORTADO TÍPICOS ________________ 55 TABELA 3.1 ATRIBUIÇÕES DA ANP PREVISTAS NA LEI N.º 9.478 DE 06/08/1997 _________________ 60 TABELA 3.2 RELAÇÃO DAS PORTARIAS SUBMETIDAS À CONSULTA PÚBLICA ____________________ 62 TABELA 4.1 ABORDAGENS EM GESTÃO ESTRATÉGICA _____________________________________ 77 TABELA 4.2 COMPLEXIDADE NELSON _________________________________________________ 80 TABELA 5.1 REFINARIAS DO PARQUE BRASILEIRO ________________________________________ 88 TABELA 5.2 PRODUÇÃO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO ENERGÉTICOS E NÃO ENERGÉTICOS (2001) ___ 90 TABELA 5.3 DEPENDÊNCIA EXTERNA DE PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS: SÉRIE HISTÓRICA _________ 93 TABELA 5.4 CARGA PROCESSADA E CAPACIDADE OCIOSA DAS REFINARIAS BRASILEIRAS (2001) _____ 99 TABELA 5.5 DIRECIONAMENTO DOS INVESTIMENTOS ANUNCIADOS EM REFINO _________________ 102 TABELA 8.1 REFINARIAS CLASSE IV _________________________________________________ 135 TABELA 8.2 REFINARIAS CLASSE III _________________________________________________ 137 TABELA 8.3 REFINARIAS CLASSE II __________________________________________________ 138 TABELA 8.4 REFINARIAS CLASSE I ___________________________________________________ 139 TABELA 8.5 DIMENSÕES INVESTIGADAS PELA TIPOLOGIA PROPOSTA _________________________ 141

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I ______________________________________________________________________ 19

INTRODUÇÃO _____________________________________________________________________ 19

1.1 – PROJEÇÕES INTERNACIONAIS PARA O CONSUMO DE ENERGIA/PETRÓLEO __ 20

1.2 – TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS DOS MERCADOS ENERGÉTICOS _________________ 21 1.2.1 – UM FUTURO MAIS LIMPO ________________________________________________ 21 1.2.2 – CONVÍVIO COM OS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS ______________________________ 23

1.3 – A POSICÃO DA ATIVIDADE DE REFINO FRENTE ÀS TENDÊNCIAS DO MERCADO

DE ENERGIA ___________________________________________________________________ 25 1.3.1 – TENDÊNCIAS E DESAFIOS DA ATIVIDADE _________________________________ 25 1.3.2 – MODIFICAÇÕES NECESSÁRIAS Á ADEQUAÇÃO DE TENDÊNCIAS ____________ 26 1.3.3 – CONSEQÜÊNCIAS DAS MODIFICAÇÕES ___________________________________ 27 1.3.4 – SITUAÇÃO ATUAL DAS PRINCIPAIS EMPRESAS ATUANTES EM REFINO NO

MUNDO ______________________________________________________________________ 27

1.4 – ASPECTOS GERAIS DA INDÚSTRIA DE REFINO NO PAÍS ______________________ 28 1.4.1 – MODIFICAÇÃO DA ESTRUTURA DA INDÚSTRIA DE REFINO _________________ 32

1.5 – O CARÁTER OPORTUNO DE UMA ANÁLISE NO SEGMENTO DE REFINO ______ 33 1.5.1 – OBJETIVOS _____________________________________________________________ 35 1.5.2 – DIMENSÃO TEMPORAL __________________________________________________ 35 1.5.3 – MOTIVAÇÃO ____________________________________________________________ 35 1.5.4 – JUSTIFICATIVA _________________________________________________________ 36

1.6 – ASPECTOS SOBRE A ESTRUTURA DO TRABALHO DESENVOLVIDO ___________ 36 1.6.1 – CONTEÚDO _____________________________________________________________ 36

CAPÍTULO II ______________________________________________________________________ 39

O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA NACIONAL DE PETRÓLEO E SUAS IMPLICAÇÕES

PARA A ATIVIDADE DE REFINO ____________________________________________________ 39

2.1 – OBJETIVO DO CAPÍTULO___________________________________________________ 39

2.2 – REGISTROS DA OCORRÊNCIA DE OLEO NO PAÍS E OS ASPECTOS LEGAIS

ENVOLVIDOS __________________________________________________________________ 39

2.3 – HISTÓRICO DA INDÚSTRIA NACIONAL DE PETRÓLEO _______________________ 40 2.3.1 – DO INÍCIO DAS ATIVIDADES ATÉ 1966 ____________________________________ 41 2.3.3 – A AUTO-SUFICIÊNCIA (1967 – 1979) _______________________________________ 46 2.3.4 – SOBRE-CAPACIDADE (1980 – 1989) ________________________________________ 48 2.3.5 – A RETOMADA (DO INÍCIO DOS ANOS 1990 ATÉ HOJE) _______________________ 50

2.4 – ASPECTOS EVOLUTIVOS DA ATIVIDADE DE REFINO NO BRASIL _____________ 52 2.4.1 – NECESSIDADE DO PROCESSAMENTO DO ÓLEO NACIONAL _________________ 52 2.4.2 – PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO ______________________ 53

2.5 – CONCLUSÕES SOBRE A EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA NACIONAL DE

PETRÓLEO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O SEGMENTO DE REFINO _______________ 56

CAPÍTULO III _____________________________________________________________________ 57

REGULAÇÃO: A NOVA REALIDADE DO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS NO PAÍS __________ 57

3.1 – OBJETIVOS DO CAPÍTULO _________________________________________________ 57

3.2 – AS ORIGENS DA POLÍTICA REGULATÓRIA __________________________________ 57

3.3 – MOTIVAÇÃO DA ATIVIDADE REGULATÓRIA ________________________________ 58

3.4 – O PAPEL DO ÓRGÃO REGULADOR __________________________________________ 59

3.5 – OS ASPECTOS PRÁTICOS DA REGULAÇÃO DO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS __ 61

3.5.1 – OBJETIVOS _____________________________________________________________ 61

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3.5.2 – PORTARIAS _____________________________________________________________ 62 3.5.3 – ABERTURA DO MERCADO DE COMBUSTÍVEIS (NOVO MODELO) ____________ 64 3.5.4 – ATORES ________________________________________________________________ 65

3.6 – A ESTRUTURA DE FORMAÇÃO DE PREÇOS NO REGIME DE LIVRE MERCADO 68

3.7 – CONCLUSÕES SOBRE A REGULAÇÃO NO SETOR ____________________________ 69

CAPÍTULO IV _____________________________________________________________________ 70

REFERENCIAL TEÓRICO __________________________________________________________ 70

4.1 – OBJETIVOS DO CAPÍTULO _________________________________________________ 70

4.2 – GESTÃO ESTRATÉGICA ____________________________________________________ 70 4.2.1 – ABORDAGENS RECENTES ________________________________________________ 71

4.4.1.1 – FORÇAS COMPETITIVAS _____________________________________________ 71 4.4.1.2 – CONFLITO ESTRATÉGICO ____________________________________________ 72 4.4.1.3 – VISÃO BASEADA EM RECURSOS (RBV) ________________________________ 73 4.4.1.4 – CAPACIDADES DINÂMICAS ___________________________________________ 76

4.3 – ABORDAGENS EM GESTÃO DA ATIVIDADE DE REFINO ______________________ 77 4.3.1 – COMPLEXIDADE NOS PROCESSOS DE REFINO _____________________________ 78 4.3.2 – CONSIDERAÇÃO TEÓRICA SOBRE COMPETITIVIDADE NO REFINO ___________ 83 4.3.3 – GESTÃO DA ATIVIDADE DE REFINO NO BRASIL ___________________________ 84

CAPÍTULO V ______________________________________________________________________ 86

SITUAÇÃO ATUAL DA INDÚSTRIA DE REFINO NO PAÍS _______________________________ 86

5.1 – OBJETIVOS DO CAPÍTULO _________________________________________________ 86

5.2 – O PARQUE DE REFINO BRASILEIRO ________________________________________ 86 5.2.1 – DEFINIÇÃO _____________________________________________________________ 86 5.2.2 – DERIVADOS PRODUZIDOS _______________________________________________ 88 5.2.3 – DEPENDÊNCIA EXTERNA DE ÓLEO E DERIVADOS __________________________ 91

5.2.3.1 – DISPÊNDIOS COM IMPORTAÇÃO DE PETRÓLEO ________________________ 91 5.2.3.2 – HISTÓRICO ESTATÍSTICO_____________________________________________ 92 5.2.3.2 – PERSPECTIVAS ______________________________________________________ 93 5.2.3.4 – DEPENDÊNCIA EXTERNA DAS REFINARIAS NACIONAIS _________________ 94

5.2.4 – CAPACIDADE OCIOSA E CARGA PROCESSADA _____________________________ 97

5.3 – A ATIVIDADE DAS CMPs ____________________________________________________ 99

5.4 – INVESTIMENTOS _________________________________________________________ 102 5.4.1 – AMPLIAÇÕES OU INSTALAÇÃO DE NOVAS UNIDADES _____________________ 102 5.4.2 – AQUISIÇÕES ___________________________________________________________ 103

5.5 – POSSIBILIDADE DA INSTALAÇÃO DE NOVAS REFINARIAS __________________ 104 5.5.1 – PROJETOS EM DISCUSSÃO ______________________________________________ 105 5.5.2 – RISCOS ENVOLVIDOS___________________________________________________ 106

5.6 – CONCLUSÕES SOBRE A SITUAÇÃO ATUAL DO REFINO NO PAÍS _____________ 106

CAPÍTULO VI ____________________________________________________________________ 108

ANÁLISE DA ESTRUTURA DA INDÚSTRIA DE REFINO FRENTE À NOVA REALIDADE

REGULATÓRIA ___________________________________________________________________ 108

6.1 – OBJETIVO DO CAPÍTULO__________________________________________________ 108

6.2 – ABORDAGEM TEÓRICA UTILIZADA _______________________________________ 108 6.2.1 – POSSÍVEIS CRÍTICAS ___________________________________________________ 108 6.2.2 – A ESTRUTURA DA INDÚSTRIA DO REFINO ________________________________ 109

6.2.2.1 - CONCORRENTES ____________________________________________________ 111 6.2.2.2 – ENTRANTES EM POTENCIAL _________________________________________ 112 6.2.2.3 – FORNECEDORES ____________________________________________________ 114 6.2.2.4 – COMPRADORES ____________________________________________________ 114 6.2.2.5 – PRODUTOS SUBSTITUTOS ___________________________________________ 115 6.2.2.6 – COMPLEMENTADORES ______________________________________________ 116

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6.3 – ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS________________________________________________ 118 6.3.1 – SUPORTE TEÓRICO _____________________________________________________ 119 6.3.2 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA PETROBRAS 120

6.4 – CONSISTËNCIA DE UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE REFINARIAS ____ 121

6.5 – CONCLUSÕES SOBRE A ESTRUTURA DA INDÚSTRIA DE REFINO NO PAÍS ____ 123

CAPÍTULO VII ___________________________________________________________________ 124

METODOLOGIA DE ANÁLISE ______________________________________________________ 124

7.1 – OBJETIVOS DO CAPÍTULO ________________________________________________ 124

7.2 – MOTIVAÇÃO E ASPECTOS GERAIS _________________________________________ 124 7.2.1 – NECESSIDADE DE UMA PROPOSIÇÃO ____________________________________ 125 7.2.2 – ETAPAS NA CONSTRUÇÃO DA METODOLOGIA____________________________ 125 7.2.3 – OBJETIVO DA METODOLOGIA ___________________________________________ 125

7.3 – ESCOLHA DAS VARIÁVEIS ________________________________________________ 126 7.3.1 – BASE TEÓRICA _________________________________________________________ 126 7.3.2 – OPINIÃO DE PESQUISADORES/PROFISSIONAIS DO SEGMENTO _____________ 126 7.3.3 – VARIÁVEIS COMPONENTES DA ANÁLISE _________________________________ 127

7.3.3.1 – Dimensão 1 (Posicionamento Tecnológico) _________________________________ 128 7.3.3.2 – Dimensão 2 (Aspecto Humano/Organizacional)______________________________ 129 7.3.3.3 – Dimensão 3 (Localização Geográfica) _____________________________________ 129

7.3.4 – NECESSIDADE DE NORMALIZAÇÃO ______________________________________ 129

7.4 – AGRUPAMENTO DAS REFINARIAS POR SIMILARIDADE _____________________ 130 7.4.1 – TRATAMENTO ESTATÍSTICO ____________________________________________ 130

7.5 – PROPOSIÇÃO DE TIPOLOGIA ______________________________________________ 130 7.5.1 – GRUPOS _______________________________________________________________ 131 7.5.2 – TRATAMENTO ESTATÍSTICO ____________________________________________ 131

7.6 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A MACRE ________________________________________ 131

CAPÍTULO VIII ___________________________________________________________________ 133

ANÁLISE DOS RESULTADOS ______________________________________________________ 133 8.1 – REFINARIAS CLASSE IV __________________________________________________ 135 8.2 – REFINARIAS CLASSE III __________________________________________________ 137 8.3 – REFINARIAS CLASSE II ___________________________________________________ 138 8.4 – REFINARIAS CLASSE I ____________________________________________________ 139

CAPÍTULO IX ____________________________________________________________________ 143

CONCLUSÕES ____________________________________________________________________ 143

SUGESTÕES _____________________________________________________________________ 145

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________________ 147

ANEXOS _________________________________________________________________________ 154

ANEXO I – CONCESSÕES DA ANP NA TERCEIRA RODADA DE LICITAÇÕES (2001) _ 155

ANEXO Ii – LEGISLAÇÃO DE PREÇO PARA GASOLINA COMUM __________________ 156

ANEXO III – ESTIMATIVA DE DESPESA COM IMPORTAÇÃO DE ÓLEO ____________ 157

ANEXO IV – UNIDADES INSTALADAS NO PARQUE DE REFINO NACIONAL ________ 159

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

Sem dúvida alguma, o Século XX poderia ser tratado como o século

da energia, já que, dentre uma série de transformações geopolíticas,

tecnológicas e sociais, vivenciou-se a emergência de uma economia global,

baseada na demanda crescente de óleo e, posteriormente, de gás

(TOWNSED, 1999).

Certamente, o setor de energia continuará a deter crucial

importância no cenário mundial, com vistas ao seu caráter estratégico, dado

que se apresenta fundamental para as cadeias produtivas da indústria, muito

embora modificações cada vez mais iminentes (sejam de cunho ambiental e/ou

regulatório) se proponham a alterar seu panorama.

Dentro dessa premissa, segundo TOWNSEND (1999), surge,

naturalmente, a pergunta que tenderá a nortear as preocupações e as buscas

de organizações relevantes, direta ou indiretamente relacionadas ao setor: O

que esperar do futuro em relação ao negócio de óleo e gás e como se preparar

(estrategicamente) para não ser surpreendido por horizontes que ainda estão

por vir?

É bem provável que trabalhar numa resposta convincente seja a

chave para obter uma vantagem competitiva no longo prazo, sem a qual,

alguns dos atuais players tenderão a ser engolidos pelos naturais movimentos

do mercado (sobretudo aquisições) daqui a alguns anos.

Torna-se cada vez mais claro que as companhias internacionais

atuantes principalmente no segmento de petróleo têm sido forçadas a re-

alinhar suas operações (tornando-se mais integradas) e repensar suas

estratégias, tendo em vista as tendências de um mercado no qual, cada vez

mais, o interesse por parceiros que venham a conferir sinergia em diversas

áreas de atuação (E&P, Refino e Distribuição, etc.) torna-se relevante

(TOWNSEND, 2000).

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Dessa maneira, parece natural que as organizações busquem novos

modelos que as direcionem pelo caminho menos tortuoso no intuito de atingir

as metas de produtividade almejadas nas próximas décadas. Dentro dessa

nova realidade de economia globalizada, firma-se cada vez mais (como uma

resposta geral) a tendência de alianças entre organizações que utilizam os

mecanismos de fusão e aquisição, no intuito de promover esta sinergia. Nesse

sentido, as empresas perseguirão soluções (à questão proposta) no sentido de

promover integração, mitigar riscos, custos e passivos ambientais, além de

buscar maior remuneração para os seus acionistas, na incansável busca pela

liderança.

1.1 – PROJEÇÕES INTERNACIONAIS PARA O CONSUMO DE

ENERGIA/PETRÓLEO

De acordo com um estudo recente do Instituto Ambiental de

Estocolmo (SEI, 1998 apud TOWNSEND, 1999), em 2050 a população

mundial terá dobrado em relação aos números de 1990 e atingindo um valor,

segundo FAVENNEC (2001), entre 10 e 12 bilhões de habitantes; o Produto

Interno Bruto (PIB) per capita terá sido incrementado por um fator maior que

dois e a produção industrial terá mais do que quadruplicado. Entretanto, o SEI

espera que a demanda por energia1 cresça a uma taxa menor do que a do

crescimento da economia, tendo-se em vista um iminente aumento na

eficiência das atividades de geração/transmissão, principalmente nos países

desenvolvidos, bem como graduais modificações do panorama atual, no

sentido de promover atividades econômicas cada vez mais diversificadas e

menos intensivas em energia. O instituto sueco prevê, também, que os

combustíveis fósseis continuarão a dominar os mercados nos quais são

negociados (principalmente automotivo), apesar de uma expansão bastante

significativa em suprimentos relacionados a fontes alternativas renováveis.

Assim, espera-se que a demanda global de carvão cresça por um fator de 4,1

entre 1990 e 2050 e que a de eletricidade cresça por um fator de 3,7.

1 Torna-se possível falar em energia de uma maneira geral dado que suas diferentes formas se

apresentam interconversíveis, com fatores de equivalência podendo ser expressos na forma de coeficientes. Nesse sentido, segundo FAVENNEC (2001), 1t (7,3 barris) de petróleo (equivalente) ou seja, 1toe = 7,3 bpe (barris de petróleo equivalente) = 1t carvão (0,67toe) = 1t lignita (0,33toe) = 1000m

3 gás natural (0,9toe) = 1000kWh energia elétrica (0,086toe) = 1000

kWh energia nuclear (0,26toe).

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É também esperado que o consumo de energia seja particularmente

intensivo em países/regiões em desenvolvimento (notoriamente energívoros),

como China, África, Oriente Médio, Sudeste Asiático (nessas localidades,

projeta-se aumento no consumo entre 400 e 500%) e América Latina.

Observam-se tendências na redução de geração por via nuclear,

tendo-se em vista diversos aspectos negativos (custo, segurança,

armazenamento de lixo radioativo, encargos com seguros, apelos ambientais,

etc.) que conspiram para o desvio de recursos privados ou governamentais

para opções mais ―limpas‖ como a geração termelétrica a partir de gás natural.

A geração por via hídrica, particularmente importante em países

com bacias hidrográficas de grandes dimensões, como o Brasil, décadas atrás

incentivada e subsidiada, tende a ser vista como potencial causadora de

impactos ambientais irreversíveis, uma vez que modifica o panorama natural

da flora e da fauna nas regiões eleitas.

1.2 – TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS DOS MERCADOS

ENERGÉTICOS

Em paralelo ao cenário previsto pelo instituto sueco, em meados de

1999, o então presidente do Royal Dutch/Shell Group, Mark Moody-Stuart

apontava duas tendências que, provavelmente, continuariam a se apresentar

relevantes no século XXI: O aumento da complexidade e competitividade nos

mercados de energia e o crescimento das expectativas da sociedade em

relação aos mesmos (TOWNSEND, 1999). Nessa visão, a solução de

problemas ambientais, a redução das emissões de poluentes e o compromisso

com o desenvolvimento sustentável apresentar-se-iam como alguns objetivos

perseguidos pela indústria de energia num futuro próximo (PETROLEUM

ECONOMIST, 2000).

1.2.1 – UM FUTURO MAIS LIMPO

Em meio a esse conjunto de tendências que deverão nortear a nova

lógica energética que governará o planeta neste século, caberia talvez se fazer

outra pergunta não menos ousada: Como atender (futuramente) as crescentes

necessidades energéticas da sociedade de forma menos prejudicial à saúde e

ao meio ambiente (THE ECONOMIST, 10/02/2001)?

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À primeira vista, esta pode parecer uma pergunta difícil de ser

respondida e embora tendências naturais apontem para fontes alternativas de

energia, potencialmente menos prejudiciais, provavelmente, a resposta estaria

condicionada à concepção particular de futuro.

Nesse raciocínio, certamente o gás natural, cuja demanda deverá

apresentar um crescimento da ordem de 76% entre 1993 e 2015, tenderá a

ocupar um lugar de destaque na matriz energética mundial, assim como

células de hidrogênio, sobretudo para uso automotor2, figurarão como

alternativa às pressões ambientais cada vez mais intensas. Os combustíveis

fósseis, entretanto, continuariam a deter a posição principal, pelo menos até

2030, dada a sua inegável vantagem-custo (THE ECONOMIST, 10/02/2001).

Na visão relativa de futuro dos executivos da GHK Company (uma

firma americana de engenharia atuante em mercados energéticos), em 2050, o

consumo de gás natural e hidrogênio terá ultrapassado o de óleo e carvão,

representando, no final do século XXI (FIGURA 1.1), cerca de 75% do

mercado global de energia (Id., 2001).

FIGURA 1.1 Tendência futura do mercado de energia Fonte: THE ECONOMIST (10/02/2001).

2 Dispositivos que utilizam a energia da reação de queima do H2 para fins mecânicos. Segundo

HART (2001), apesar dos consideráveis avanços nesse campo, a escolha de um processo padrão, simultaneamente atraente com relação aos custos e pouco prejudicial ao meio ambiente, para a geração do combustível ainda se apresenta um tanto quanto distante.

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Nesse sentido, assumindo como ―futuro‖, os próximos trinta anos, o

petróleo continuará sendo a base desse mercado e, a menos da questão

particular de uma concepção de distância (do futuro), a pergunta está

respondida.

Relata-se ainda que, segundo TOWNSEND (1999), tanto a Shell

como o SEI também predizem que o crescimento econômico, especialmente

em países em desenvolvimento, será baseado no consumo de combustíveis

fósseis (principalmente petróleo) apesar da tendência natural da redução (em

nível mundial) do consumo de combustíveis que contenham carbono.

Haveria, portanto, uma linha natural: carvão, óleo, gás e renováveis,

dado que o avanço tecnológico tenderá a minimizar os elevados custos

inerentes ao desenvolvimento destes últimos, ao passo que a escassez natural

propiciará sensível aumento nos custos (fundamentalmente ligados a

atividades como E&P) nos combustíveis fósseis como o petróleo.

1.2.2 – CONVÍVIO COM OS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

De acordo com estudos do órgão norte-americano ligado à

administração de informações em energia (EIA, 1999), a demanda

internacional de petróleo crescerá de 75 milhões de bpd (base do consumo em

1998) para 114,7 milhões bpd em 2020. Como descrito, apesar de todas as

pressões de cunho sócio-ambiental com relação à diminuição da produção dos

combustíveis com base no carbono, o baixo custo de produção dos seus

derivados e a dificuldade, pelo menos atual, de substituição servirão de

subsídio para a manutenção de uma baixa sensibilidade da demanda em

relação ao preço (elasticidade preço da demanda3, Ep)(SHEPHERD, 1990),

caracterizando os derivados do petróleo (ex. gasolina) como inelásticos (0 <

Ep< 1; Ep 0,4) nas próximas décadas.

3 A elasticidade-preço da demanda (Ep) mede o negativo da variação (percentual) da

quantidade demandada de um determinado bem, em relação à variação (percentual) do preço

(de oferta), sendo menor (bem inelástico) quando 0 < Ep 1, quanto menor for sua

possibilidade de substituição (―bem de primeira necessidade‖) e maior, Ep 1, em caso contrário (bem supérfluo).

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Nesse sentido, o potencial produtivo crescerá a partir do aumento

das produções individuais de países membros ou não da Organização dos

Países Produtores e Exportadores de Petróleo OPEP4 (detentora de cerca de

80% das reservas mundiais, cerca de 1,03 trilhões de barris, segundo

TOWNSEND, 1999), com vistas às cotações do óleo no mercado internacional

e a situação político-econômica internacional: questões militares, diplomáticas,

aquecimento e desaquecimento (recessão) da economia norte-americana.

É esperado também, um significativo crescimento em regiões de

produção offshore na Argélia, Nigéria, Venezuela, sobretudo como

conseqüência da busca de vantagens competitivas por parte da Petroleos de

Venezuela S.A. PDVSA e Brasil, neste último, pela notória tecnologia em

produção em águas profundas, desenvolvida pela PETROBRAS, ao longo de

cerca de duas décadas de operação na Bacia de Campos, RJ.

Os estudos suecos (SEI, 1998 apud TOWNSEND, 1999) atentam

ainda para a tendência no crescimento da produção referente ao Mar Cáspio,

que deve atingir a marca de 6 milhões bpd em 2020, retratando ainda contínua

expansão da produção referente ao Mar do Norte e regiões offshore do oeste

da África.

Cenários avaliados pela Shell levam a empresa a acreditar que o

consumo mundial de energia possa crescer cerca de 80% nas próximas duas

décadas. Dentro desse raciocínio, os países em desenvolvimento

consumiriam mais do que a metade de toda a energia do planeta, em

comparação com menos de um quinto desse montante há uma geração atrás.

Assim, é de se esperar que haverá uma modificação gradual, da

matriz energética mundial, na direção do consumo de combustíveis

provenientes de fontes renováveis. Entretanto, devido às vantagens-custo

associadas aos combustíveis fósseis, espera-se que nos próximos 20 a 30

anos, estes ainda ocupem lugar de destaque.

4 Países membros: Arábia Saudita, Kwait, Iraque, Irã, Venezuela, Quatar, Indonésia, Líbia,

Emirados Árabes Unidos, Argélia e Nigéria num total de 11 (onze). Os ex-membros Equador e Gabão deixaram a organização em 1992 e 1996, respectivamente (FAVENNEC, 2001, p. 10).

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1.3 – A POSICÃO DA ATIVIDADE DE REFINO FRENTE ÀS

TENDÊNCIAS DO MERCADO DE ENERGIA

Dado que o refino ou atividade de refinação se constitui na

transformação de óleo cru nos seus derivados5 (Anuário Estatístico da ANP,

2001) e que, pelo menos a princípio, esta fonte não renovável (e acessível) de

energia não será substituída no curto prazo (FAVENNEC, 2001, p. 22; THE

ECONOMIST, 10/02/2001), é de se esperar uma relativa longevidade na sua

relevância como elo de ligação da cadeia produtiva (desta indústria), numa

posição fundamental entre as atividades de E&P e distribuição de

combustíveis, não energéticos ou petroquímicos (FIGURA 1.2).

1.3.1 – TENDÊNCIAS E DESAFIOS DA ATIVIDADE

Partindo-se desta premissa, segundo PENNING (2001), relatam-se

três importantes tendências desta atividade a nível internacional:

1. Necessidade de processamento crescente de óleos cada vez

mais pesados (em função da escassez dos leves);

2. Contínua necessidade de processos de tratamento

(principalmente a base de hidrogênio (hidrotratamentos) como

dessulfurização6, desnitrificação, etc.), dado o caráter cada vez

mais restritivo das regulamentações ambientais;

3. Busca da competitividade (vantagens-custo) das empresas,

aliada à qualidade dos seus produtos (OIL & GAS JOURNAL,

01/01/2001).

5 Segundo o Anuário Estatístico da ANP (2001), produtos decorrentes da separação física ou transformação química do petróleo. Dividem-se em energéticos (utilizados, predominantemente, como combustíveis, com a finalidade de liberar energia, luz ou ambos a partir de sua queima: GLP, gasolina, gasolina da aviação, querosene de aviação (QAV), óleo diesel e óleo combustível) e não-energéticos (derivados que embora tenham significativo conteúdo energético, não são utilizados para este fim: graxas, lubrificantes, parafinas, asfaltos, solventes, coque, nafta, extrato aromático, gasóleo de vácuo, resíduo atmosférico, diluentes e outro óleos de petróleo). 6 Eliminação de compostos sulfurados presentes em cortes (frações) do petróleo (GOMES,

2001). Como cerca de 80% do enxofre presente no pool de gasolina (OIL & GAS JOURNAL, 01/01/2001) provêm do Craqueamento Catalítico (processo químico que consiste na quebra de frações pesadas em leves, visando maximizar a produção dessas ultimas, conforme GOMES, 2001), as opções se constituem em: Tratar a carga desta unidade (maior quantidade de hidrogênio e condições mais severas); tratar o seu efluente (menor quantidade de hidrogênio e condições mais brandas) (OIL & GAS JOURNAL, 01/01/2001).

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1.3.2 – MODIFICAÇÕES NECESSÁRIAS Á ADEQUAÇÃO DE TENDÊNCIAS

Para ilustrar este cenário futuro, salienta-se que as refinarias

americanas, nos seis últimos anos, têm concentrado esforços (e investimentos)

no sentido de processar, a baixo custo, petróleos mais pesados (oriundos

principalmente do Canadá, Venezuela e México) ou leves com elevados teores

de enxofre (principalmente árabes).

Dentre outras, as empresas BP Amoco (refinaria Toledo, em Ohio,

1999), Mobil Corp. (hoje Exxon-Mobil Corp., 1999), Phillips Petroleum (refinaria

Sweeny, Texas, no mesmo ano), Both Coastal Corp. (numa refinaria em Aruba,

2000), Premcor Inc. (refinaria Port Arthur, Texas, 2000), Shell Oil Co. (refinaria

Deer Park, Texas, 2001) ou Valero Corp. (refinaria Benicia, na Califórnia, 2001)

investiram pesado em unidades de destilação ou coqueamento no intuito de

adaptar suas plantas ao processamento de crus pesados (Orinoco, Venezuela;

Maya, México ou North Slope, Alaska) ou ácidos com elevados teores de

enxofre principalmente oriundos do Canadá) (Id., 2001). Investimentos no

desenvolvimento de catalisadores para unidades de FCC7 também fazem parte

desta tendência, uma vez que a necessidade deste tipo de processo de

conversão torna-se particularmente mais presente no processamento de óleos

mais pesados (BHASCAR et. al., 2002).

Com relação à especificação dos combustíveis (qualidade) e

qualidade do ar, pode-se dizer que o caso americano se apresenta como

crítico (REGULATION, 2001). Estimativas de alocação de recursos (da ordem

de dezenas de US$ bilhões) para a adequação de especificação de derivados

de petróleo (diesel e gasolina), particularmente no que diz respeito aos teores

de enxofre (Tier 2 Rule)8 e Metil-Terc-Butil Éter (MTBE) almejados pela

Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana (EPA) têm se tornado

assunto em pauta de diversas discussões e estudos promovidos por

respeitadas instituições daquele país. Análises e previsões têm sido

desenvolvidas, com o objetivo de avaliar os potenciais impactos aos quais os

7 Do Inglês Fluid Catalytic Cracking – craqueamento catalítico em leito fluidizado (operação que visa obter cortes mais leves e nobres a partir, principalmente, dos resíduos da destilação atmosférica).

8 Decreto regulatório expedido pela Agência Americana de Proteção Ambiental – Environmetal

Protection Agency (EPA) em 21/11/1999 requerendo, dentre outras coisas, a proibição da utilização do MTBE (cujo prazo limite, para o Estado da Califórnia, é 31/12/2002) a redução dos teores de enxofre da maioria das gasolinas comercializadas nos E.U.A para um máximo de 15 ppm (partes por milhão) no início de 2006 (NAKAMURA, 2002).

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consumidores estariam sujeitos, quando as tendências futuras da atividade de

refino, seja sob o ponto de vista regulatório-ambiental, seja sob o ponto de

vista tecnológico, se tornarem realidade.

1.3.3 – CONSEQÜÊNCIAS DAS MODIFICAÇÕES

De uma maneira geral, o Conselho Nacional de Petróleo Norte-

Americano – NPC pôde concluir que os maiores problemas estariam

relacionados a possíveis lapsos locais na oferta de derivados (por parte dos

agentes refinadores e importadores, assim como operadores do sistema de

distribuição) uma vez que, certamente, nem todas as empresas e/ou

concessionárias estariam preparadas para despender recursos que tornassem

viáveis as adaptações9 necessárias em todas as áreas do país, sendo esta

decisão de cunho estratégico e função do mercado de interesse a ser atendido

(NPC, 2000).

Nesse sentido, certamente, o aparecimento de regulamentações

ambientais mais restritivas (redução do teor de enxofre, diminuição da parcela

de MTBE na gasolina, controle mais rígido da volatilidade, etc.) de certo

tenderão a promover maior competitividade (com relação ao custo e à

qualidade) entre os atores interessados apesar de poderem causar problemas

(locais) de abastecimento no médio prazo nos E.U.A e em outras regiões do

mundo.

1.3.4 – SITUAÇÃO ATUAL DAS PRINCIPAIS EMPRESAS ATUANTES EM REFINO NO MUNDO

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Com relação à capacidade de processamento de óleo cru das

principais companhias de petróleo do mundo, é possível observar, a partir dos

números de 2001, que os movimentos de fusão e aquisição seja de empresas,

seja de ativos no segmento de refino, representaram algumas modificações no

ranking (TABELA 1.1) dos maiores refinadores do mundo (NAKAMURA, 2001),

com relação às posições de janeiro de 2000. Alterações significativas

envolveram, principalmente, as norte-americanas Chevron, Texaco, Phillips

Petroleum Co. e Tosco Corp.

Ranking

(01/01/2001)

Ranking

(01/01/2000)

Empresa Capacidade (bpd)

1 1 Exxon Mobil Corp. 5.308.000 2 2 Royal Dutch/Shell Corp. 3.889.000 3 3 BP PLC 3.163.000 4 12, 13

10 Chevron-Texaco Corp. 2.950.000

5 4 Sinopec 2.665.000 6 5 Petroleos de Venezuela S.A.

(PDVSA) 2.656.000

7 6 Total Fina Elf S.A. 2.498.000 8 7 Saudi Aramco 1.991.000 9 9 Petroleo Brasileiro S.A.

(PETROBRAS) 1.832.000

10 8 China National Petroleum Corp. 1.763.000 11 43, 14

11 Phillips Petroleum Co. 1.728.000

12 10 Petroleos Mexicanos (PEMEX)

1.632.000

13 11 National Iranian Oil Co. 1.484.000 14 16 Nippon Mitsubishi Petroleum

Refining Co. ltd. 1.223.000

15 15 Repsol-YPF 1.150.000 16 17 Agip Petroli SpA. 1.043.000 17 18 Pertamina 993.000 18 19 Kwait National Petroleum Co. 966.000 19 20 Marathon Ashland Petroleum 935.000 20 22 Conoco Inc. 852.000

Empresa de país membro da OPEP

TABELA 1.1 Maiores refinadores do mundo Fonte: Adaptado de NAKAMURA (2001).

1.4 – ASPECTOS GERAIS DA INDÚSTRIA DE REFINO NO PAÍS

9 Avaliações técnicas, projetos de engenharia, financiamento, terceirização de atividades,

desenvolvimento de produtos (ex. catalisadores para dessulfurização, FRANZ, 2001). 10

As posições 12 e 13 estão associadas às companhias Chevron e Texaco, respectivamente, quando atuavam de maneira independente. 11

As posições 43 e 14 estão associadas as empresas Phillips Petroleum Co. e Tosco Corp. antes da operação de fusão anunciada no final do ano 2000.

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A Indústria do Refino12

representa um segmento de importância

estratégica para o desenvolvimento econômico e industrial do país

(BRANDÃO, 1999), na medida em que os produtos dela provenientes se

tornam responsáveis por grande parte do suprimento de energia da malha

viária (diesel e gasolina), bem como pela base das centrais de matérias primas

petroquímicas13

(CMPs) (nafta) e indústrias de segunda geração. Nesse

sentido, torna-se possível, a partir do entendimento do funcionamento dessa

atividade (FIGURA 1.2) e do conceito de cadeia produtiva (FIGURA 1.3), fazer

uma projeção das dificuldades relacionadas ao desenvolvimento nacional,

caso lacunas ou insuficiências nessa competência tecnológica venham a se

sedimentar (MILANI, 2001).

Visando uma melhor compreensão dos principais aspectos

estratégicos relacionados, uma série de projetos foi desenvolvida (mediante,

em particular, grande subsídio da Agência Nacional do Petróleo ANP, dentre

outras instituições) em universidades e centros de pesquisa de renome.

Entretanto, apesar do contexto de transformações relacionado à

vigoração da lei n.º 9.478, no que diz respeito ao setor nacional de óleo e gás

(e sua cadeia produtiva como um todo: exploração e produção E&P, refino,

distribuição, revenda) ser bastante atual, discussões a respeito do segmento

de upstream (principalmente exploração, em função das margens envolvidas –

FIGURA 1.4) e da questão da liberação da importação de derivados (ou da sua

adulteração) têm sido preferidas por diversos autores, em detrimento de uma

análise detalhada (a que me proponho) da atividade de refinação de petróleo

no país, dentro do novo arcabouço legal relacionado.

12

Segundo o inciso V do art. 6º, da seção II, capítulo III da lei n.º 9.478 de 06/08/1997, a atividade de refino consiste no conjunto de processos destinados a transformar o petróleo em seus derivados, estando, dessa forma, a indústria de refino inserida na indústria do petróleo que, pela definição do inciso XIX, consiste no conjunto de atividades econômicas relacionadas com a exploração, desenvolvimento, produção, refino, transporte, importação e exportação de petróleo, gás natural, outros hidrocarbonetos fluidos e seus derivados.

13 A ANP define CMP como uma unidade de processamento de condensado, gás natural, nafta e outros, que possua craqueamento térmico, com uso de vapor de água, e/ou unidade de reforma catalítica para produzir, prioritariamente, matérias primas para a indústria química, tais como: eteno, propeno, butenos, butadienos e suas misturas; benzeno, tolueno, xilenos (BTX) e suas misturas (Anuário Estatístico da ANP 2001).

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30

FIGURA 1.2 Visão simplificada de uma refinaria de petróleo Fonte: Elaboração própria.

FIGURA 1.3 Cadeia produtiva da indústria de petróleo Fonte:MILANI (2001).

Exploração

Desenvolvimento

Produção

Refino

Petroquímica Distribuição

Sondagem

Transporte

Combustíveis

Base p/ Petroquímicos

Energia

Efluentes

REFINO

Fronteira da atividade

Lo

gís

tica

Óleo Cru

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31

Neste sentido, apesar de haver alguma literatura recente

relacionada à gestão da atividade de processamento de cru para refinarias

genéricas (FAVANNEC, 2001), ou que aborde algumas particularidades sobre

a realidade nacional do tema (TOLMASQUIM E SZKLO, 2000), aspectos

relacionados à análise de desempenho das refinarias, apesar de abordados

em contribuições recentes como TOLMASQUIM et. al. (2000) ou SEIDL e

MAGALHÃES (2001) não fazem menção à possibilidade de movimentos de

integração (para frente e para trás) ou re-organização desta atividade.

Assim, estudos relacionados à compreensão das diversas

transformações políticas e econômicas, que procurem integrar os componentes

técnicos e gerenciais dentro da realidade atual no segmento, embora não

esgotem o assunto, servem de subsídio ao desenvolvimento de proposições a

cerca de tendências na modificação da indústria de refino nacional. Assim,

preocupações que procurem considerar interações entre atores do segmento,

dentro de um novo panorama estratégico e legal, deixam uma lacuna propícia

ao escopo deste trabalho.

FIGURA 1.4 Estrutura da Indústria Brasileira de Petróleo Fonte: ANP (2002a).

Produção Exploração Refino Transporte Distribuição Revenda

Upstream Downstream

Baixa Elevada

Perspectiva de ganho

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32

1.4.1 – MODIFICAÇÃO DA ESTRUTURA DA INDÚSTRIA DE REFINO

Tendo em vista o caráter estratégico da atividade, esforços

relacionados à compreensão das possíveis tendências estruturais que essa

indústria venha assumir, a partir da configuração singular em que se

encontrava há pouco (monopólio legal14 da PETROBRAS), apresentam-se, de

fato, convenientes.

Haja vista a modificação da legislação para o setor de óleo e gás (lei

n.º 9.478), alguns fatores se apresentam como contribuintes para tais

modificações:

1. Alteração do regime de importação de derivados, amparada

pela lei do petróleo que permitiu a importação de diesel e

gasolina (dentre outros derivados) a partir de 1º de janeiro de

2002, findo o período de transição15 previsto.

2. Aumento do poder de negociação das centrais de matéria

prima (CMPs), sobretudo após o leilão da Companhia

Petroquímica do Nordeste (COPENE, atual Braskem S.A.)

que atualmente divide16 com o Grupo Ipiranga o controle

acionário da Companhia Petroquímica do Sul (COPESUL)

hoje de propriedade do grupo Odebrecht (TABELA 1.2), que

poderão vir a buscar, estrategicamente, um posicionamento

de integração para trás a partir da instalação de refinarias

próprias, ou troca de ativos em refinarias existentes.

EMPRESA PARTICIPAÇÃO (%)

14

Muito embora a nova lei do petróleo atue como dispositivo regulatório que objetiva promover maior competição no setor de óleo e gás, via legalização da concorrência, a estatal ainda é responsável por cerca de 99% da atividade de refino no país, em termos de petróleo processado (ANP, 2002c). Dessa maneira, apesar da flexibilização legal, existe ainda monopólio de fato.

15 O período de transição correspondia ao intervalo de tempo entre a promulgação da lei n.º 9.478 (06/08/1997) e 01/01/2002, quando os monopólios de exploração, produção, refino e distribuição estriam totalmente flexibilizados, os subsídios extintos, havendo ainda a liberação das importações de óleo cru e derivados energéticos ou não.

16 Ambos detêm 29,46% do capital votante.

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33

Petroquisa (PETROBRAS Química S.A.) 8,10

Previ (Fundo de previdência do Banco do Brasil) 3,10

Grupo Odebrecht 44,6

Norquisa1 (Nordeste Química S.A.) 30,8

Grupo Mariani 3,60

Petros (Fundo de previdência da PETROBRAS) 3,10

Mercado de Capitais2 6,80

TABELA 1.2 Controle acionário (capital votante) da Braskem S.A. 1Controlada pelos Grupos Odebrecht e Mariani (39,80% e 16,10% do capital votante,

respectivamente) 2Ações negociadas na bolsa de São Paulo (Bovespa) e ADRs na bolsa de New York (NYSE).

Fonte: COPENE (2002).

3. Possibilidade de participação ativa de multinacionais da

indústria do petróleo tais como: El Paso, Total Fina Elf,

Enterprise Oil, Esso, Phillips Petroleum, Petroserv ou Statoil17,

(recentes concessionárias de blocos nas bacias brasileiras,

vide ANEXO I, p. 155), no âmbito da indústria do refino,

considerando a possibilidade de Integração para frente –

movimento a jusante das atividades de E&P (FIGURA 1.5)18.

FIGURA 1.5 – Movimento de integração para frente Fonte: Elaboração própria

1.5 – O CARÁTER OPORTUNO DE UMA ANÁLISE NO

SEGMENTO DE REFINO

17

Foram indicadas no exemplo empresas integradas ao longo da cadeia produtiva do petróleo.

Atividades da concessionária (Momento 2) Atividades da concessionária (Momento 1)

Exploração

Desenvolvimento

Produção

Exploração

Desenvolvimento

Produção

Refino Refino

t

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34

Haja vista o teor (complexidade) e a diversidade dos fatores

mencionados, somados a recente preocupação de cunho ambiental (CHENG

et. al., 1998), elementos para sustentar a hipótese da modificação na estrutura

dessa indústria, certamente não faltam. Resta saber, ou pelo menos fornecer,

ferramentas de como buscar as possíveis configurações (tendências) futuras a

serem assumidas, quando da vigoração dessas transformações.

Assumindo como válidas tais considerações, provavelmente, o

desenho das forças competitivas (PORTER, 1980) atuantes no refino de

petróleo no país irá se modificar. Assim, traçar um panorama das possíveis

configurações que este poderá assumir, valendo-se de variáveis que busquem

integrar os componentes técnicos (relacionados à atividade de produção) e

gerenciais (relacionados à performance) para a construção de uma tipologia de

refinarias poderia ser muito útil na compreensão das transformações

associadas.

Dessa forma, tornar-se-ia possível construir argumentos

sustentáveis que dariam subsídios para entender e justificar mudanças de

interesse dos principais atores envolvidos: governo (enquanto regulador, sob a

figura da ANP), PETROBRAS, possíveis entrantes internacionais como players

globais da indústria do petróleo e grupos industriais nacionais da iniciativa

privada.

Nesse sentido, mostra-se pertinente o desenvolvimento de uma

ferramenta de comparação de performance entre refinarias, na tentativa de

apontar perspectivas no que tange à intenção de alocação de

recursos/propensão a investimentos futuros levando em consideração

aspectos relacionados à competitividade destas unidades.

18

Esquema hipotético da consolidação de um movimento de integração para frente, por parte de uma concessionária.

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35

1.5.1 – OBJETIVOS

1. Identificar os agentes atuantes no segmento de refino no

país, no contexto da nova realidade regulatória vigente;

2. Apresentar um modelo da estrutura da indústria de refino

brasileira buscando quantificar o poder de atuação dos atores

nela inseridos;

3. Traçar um panorama, à luz das possíveis transformações que

venham a ocorrer a médio ou longo prazos no âmbito da

referida indústria, atentando para eventuais alterações no

ambiente competitivo em que esta se insere;

4. Construir uma tipologia de refinarias, baseada em indicadores

gerenciais e técnicos que venha a retratar as tendências de

organização e diferenças de performance dentro da referida

indústria, servido de ferramenta na avaliação da direção de

investimentos futuros por parte dos grupos interessados.

1.5.2 – DIMENSÃO TEMPORAL

Com relação ao intervalo de tempo investigado para a análise

desenvolvida neste trabalho, tomou-se por base o ano de 2001 como

representativo da situação da atividade de refino no país, imediatamente antes

da abertura do mercado de derivados, representada pelo final do período

transitório estipulado pela lei n.° 9.478.

Cabe ressaltar que, muito embora possíveis críticas relativas à

pequena dimensão do período analisado venham a ser pertinentes, tendo a

metodologia proposta sido desenvolvida a partir de um modelo estático de

estrutura da indústria (PORTER, 1980), uma fotografia da situação da

atividade de refino nacional que antecede à nova realidade de mercado aberto

(ano de 2001) se apresenta como o subsídio mais condizente com a análise

proposta.

1.5.3 – MOTIVAÇÃO

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36

Modificações atuais no contexto político (regulação) econômico (livre

mercado) que apresentam implicações diretas na lógica de organização da

indústria a ser analisada representam um desafio para uma proposta de estudo

que venha a ser útil, como ferramenta de análise por parte dos diferentes

atores (academia, governo, empresas estatais – PETROBRAS e privadas) que

desempenham papéis importantes e distintos, dentro do ambiente em questão,

de acordo com seus interesses.

1.5.4 – JUSTIFICATIVA

Face à situação singular do segmento de refino no país e o

particular caráter estratégico a ele associado, mostra-se pertinente

desenvolver um trabalho de pesquisa que vise buscar elementos para analisar

as conseqüências da modificação na estrutura dessa indústria devido, às

implicações relacionadas à nova lei do petróleo (Lei n.º 9.478, de 06/08/1997)

como a possibilidade de integrações para trás, por parte das centrais

petroquímicas (sobretudo após o leilão da COPENE S.A.) ou para frente, por

parte de empresas atuantes nos segmentos de exploração e produção,

licitantes de blocos em bacias como Campos (RJ) e Santos (SP), assim como

a participação de novos atores do setor (importadores e formuladores), após a

flexibilização do monopólio.

1.6 – ASPECTOS SOBRE A ESTRUTURA DO TRABALHO

DESENVOLVIDO

Com vistas à forma, a dissertação foi dividida em nove capítulos,

enunciados a partir deste que discorrem sobre assuntos relacionados ao setor

de petróleo e gás, numa tentativa de integrar elementos que traduzam sua

lógica, bem como esclarecer as particularidades da atividade de refino,

valendo-se de bibliografia de suporte à discussão da dimensão estratégica,

num âmbito gerencial, sem deixar de contextualizar a análise com o novo

arcabouço legal vigente no país após 1997.

1.6.1 – CONTEÚDO

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37

Tendo sido sugerido o caráter oportuno do desenvolvimento de uma

análise sobre a atividade de refino no país, num novo contexto pós-

flexibilização do monopólio e apresentados os objetivos e a motivação que

nortearão a seqüência deste trabalho, sua estrutura foi dividida da seguinte

forma:

O Capítulo II (O desenvolvimento da indústria nacional de petróleo

e suas implicações para a atividade de refino) fornece uma seqüência histórica

dos acontecimentos relacionados à indústria de petróleo no país, desde o

descobrimento das primeiras reservas, apresentando alguns elementos sobre

os aspectos legais nos primórdios da atividade exploratória. Discutem-se

ainda a estruturação do setor, a criação do Conselho Nacional do Petróleo

(CNP) e da PETROBRAS, o desenvolvimento da atividade de refino no país,

características do óleo nacional, além de programas tecnológicos e fatos

relevantes de 1950 até o presente, facilitando o entendimento da situação atual

da atividade de refino no pais.

O capítulo seguinte (Regulação: A nova realidade do setor de óleo e

gás no país) comenta de maneira sucinta os fundamentos teóricos da

regulação econômica, atendo-se às suas implicações práticas para a atividade

de refino no país, a partir da vigência da lei n.º 9.478 e da criação da ANP.

Enumera, ainda, as principais portarias de regulamentação de derivados

relacionadas à atividade-alvo da análise, além de definir os objetivos da

abertura do mercado de combustíveis, os novos atores do segmento, bem

como suas atribuições legais.

O Capítulo IV (Referencial teórico) tem como objetivo fazer uma

revisão bibliográfica a respeito dos fundamentos em gestão estratégica,

apresentando uma seqüência de abordagens relacionadas, assim como um

levantamento trabalhos clássicos e recentes a cerca da atividade de refino.

O capítulo subseqüente (Situação atual da indústria de refino no

país) fornece características e dados relevantes, como localização,

propriedade, produção, gastos com importação, utilização da capacidade

instalada e investimentos planejados relativos ao parque brasileiro.

Mencionam-se ainda estatísticas consolidadas e estimativas a respeito da

dependência externa de óleo e derivados, além da discussão da atuação das

centrais petroquímicas no novo cenário do setor desregulamentado.

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O Capítulo VI (Análise da estrutura da indústria de refino frente à

nova realidade regulatória) apresenta a justificativa da utilização da abordagem

de Forças Competitivas com agente complementador (desenvolvida por

PORTER, 1980 e estendida por BRANDENBURGER e NALEBUFF, 1996)

para modelar a estrutura da indústria de refino num novo ambiente

contextualizado pela lógica de mercado pós-flexibilização. Explora-se ainda

uma teoria sobre estratégia de terceirização (ARNOLD, 2000), que utilizada

sob a ótica de potenciais investidores estrangeiros, apresentar-se

particularmente interessante no que condiz ao desenvolvimento de acordos

para uma eventual expansão da capacidade de refino nacional, motivando,

dessa maneira, uma análise comparativa no parque nacional.

O Capítulo VII (Metodologia de análise) preconiza a descrição das

etapas de desenvolvimento de uma análise comparativa das refinarias

brasileiras, com base na sua competitividade, mediante subsídio de suporte

teórico aliado à experiência de pesquisadores e profissionais atuantes no

segmento. Propõe ainda uma divisão das referidas unidades em quatro

grupos (clusters), a partir de uma análise do comportamento das variáveis

estudadas.

O Capítulo VIII (Discussão dos Resultados) fornece a comparação

das refinarias brasileiras, segundo os critérios pré-estabelecidos na

metodologia, discutindo os resultados obtidos com relação à tipologia empírica

proposta, tendo em vista a propensão diferencial dessas unidades ao interesse

de concessionárias de atividades de E&P no país.

O Capítulo IX (Conclusões) tem por objetivo comentar os

resultados obtidos fornecendo perspectivas a respeito de uma eventual

reorganização do parque de refino brasileiro, considerando a possibilidade do

movimento de integração para frente por parte de concessionárias atuantes

nas atividades de E&P no país, num novo ambiente de mercado aberto.

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39

CAPÍTULO II

O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA NACIONAL DE

PETRÓLEO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A ATIVIDADE

DE REFINO

2.1 – OBJETIVO DO CAPÍTULO

Tendo sido sugerida uma motivação com relação ao entendimento

do novo ambiente legal das atividades relacionadas ao setor de óleo e gás,

mostra-se importante compreender os aspectos responsáveis pela evolução

que o tornou possível. Nesse sentido, o capítulo procura apresentar

acontecimentos relevantes ao desenvolvimento da indústria de petróleo

nacional e, particularmente, do segmento de refino, desde os primórdios da

atividade exploratória no país, até a realidade atual do setor

desregulamentado.

2.2 – REGISTROS DA OCORRÊNCIA DE OLEO NO PAÍS E OS

ASPECTOS LEGAIS ENVOLVIDOS

Segundo MENEZELLO (2000, p. 30), os primeiros documentos

sobre petróleo no Brasil datam da segunda metade do século XIX, ainda

durante o governo do segundo reinado, iniciando-se em 1864, na Bahia,

estudos sobre a possibilidade da ocorrência do mineral em território nacional.

A autora destaca ainda que a legislação atribuída à atividade de lavra de

minerais em geral passou por modificações que oscilavam entre a propriedade

e a concessão do subsolo (naquela época apenas com ênfase em bacias

continentais), fato particularmente interessante, sobretudo se considerarmos

as disposições legais atuais (Cap. III).

Dentro desse raciocínio, no que se refere às riquezas minerais do

subsolo, a primeira Constituição da República (1891) estabelece, na Seção II –

Declaração de Direito, art. 72, § 17, que:

―As minas pertencem aos proprietários do solo, salvas as

limitações que forem estabelecidas em lei a bem da exploração deste

ramo de indústria.‖

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No entanto, segundo MARINHO JR (1989, p. 216) apud

MENEZELLO (2000 p. 30), nesta mesma Carta Republicana

―substituiu-se o regime da dominialidade das minas pelo

sistema fundiário ou direito de acessão, atribuindo-se a propriedade do

subsolo e de suas riquezas ao proprietário do respectivo subsolo, a título

de propriedade acessória, como na legislação americana.‖

adotando-se, assim, o regime de propriedade plena.

Nos anos que se seguiram, destacam-se variadas buscas por

petróleo com a participação de técnicos estrangeiros, sendo criado em 1907 o

Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil (SGMB), como uma entidade

vinculada ao Ministério da Agricultura. Como principais dificuldades da

atividade de lavra, sobressaíam-se as carências tecnológicas e a dimensão

continental do território brasileiro (MENEZELLO, 2000 p. 31).

Ainda segundo MARINHO JR, (1989, p. 223) apud MENEZELLO

(2000, p. 31):

―em 1928, o SGMB fixou nova doutrina em matéria de

produção de petróleo. Substituiu a ‗orientação preferencialmente inicial‘

por uma base marcadamente científica, pela qual ‗todas as sondagens

deverão ser feitas onde houver estrutura geológica apropriada para a

concentração de petróleo em quantidades expropriatórias‘. Dentro da

nova orientação, prosseguiram em 1929 as perfurações nos Estados do

Pará, São Paulo e Paraná.‖

Tais aspectos representaram um passo importante caracterizado na

Constituição de 1934, que

―trouxe modificações importantes ao regime de exploração

dos recursos minerais. Por outro lado, adotou o regime da concessão, ou

seja, a exploração do bem mineral dependia de autorização federal19

, e

instituiu, pela primeira vez, em uma Carta Constitucional a dicotomia

entre a propriedade do solo e do subsolo‖ (ALMEIDA, 1999, p.36 apud

MENEZELLO, 2000, p.31).

2.3 – HISTÓRICO DA INDÚSTRIA NACIONAL DE PETRÓLEO

19

Tal qual como acontece hoje, após a promulgação da Lei N.º 9.478 de 06/08/1997, conforme

abordado em detalhe no Cap. III.

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41

Numa tentativa de resumir os caminhos traçados pela indústria de

refino nacional, a ANP, em apresentação na Rio Oil & Gas Conference (ANP,

2002a), propôs uma divisão histórica da atividade em quatro fases (GRÁFICO

2.1), com base na comparação entre as capacidades instaladas, capacidades

processadas e o consumo de derivados no país. São elas:

1. Aprendizado (até 1966);

2. Auto-suficiência (1967 – 1979);

3. Sobre-capacidade (1980 – 1989);

4. Retomada (após 1990).

Com o intuito de facilitar a ilustração dos fatos marcantes com

relação às atividades da indústria de petróleo no Brasil e, em particular, do

segmento de refino, adotou-se a proposta para o desenvolvimento da série

histórica do presente capítulo.

GRÁFICO 2.1 – Fases do desenvolvimento do refino no Brasil Fonte: ANP (2002a). Obs.: Assinalou-se, em amarelo, a fase atual que será tratada, em maior detalhe, ao final do capítulo.

2.3.1 – DO INÍCIO DAS ATIVIDADES ATÉ 1966

Ano

Barr

is/d

ia

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42

De acordo com estudo realizado pela GAZETA MERCANTIL –

Análise Setorial (1999), a atividade de refino de petróleo no Brasil teve início

em 1932, antes mesmo de que se encontrasse a primeira gota de óleo em

território nacional (que só viria acontecer em 1934), com a Destilaria Sul-

Riograndense, construída da cidade de Uruguaiana (RS), na fronteira com a

Argentina e pioneira na refinação de petróleo no país. Operando em processo

descontínuo, com capacidade inicial de 25 m3/dia (157 bpd), era abastecida

por óleo bruto proveniente do Equador e importado via Argentina.

Em 1935, aquele país proibiu o tráfego de petróleo em trânsito para

outros países, sendo a solução encontrada importar óleo pelo porto do Rio

Grande (RS) o que resultou no projeto da Refinaria de Petróleo Ipiranga

(RPI) (159 m3/dia ou 1.000 bpd), construída próxima a este e inaugurada em

1936. Também em 193620

, foi inaugurada, em São Caetano (SP), a Refinaria

Matarazzo, com capacidade de processar 80 m3 (500 bpd) que, por sua vez,

fazia parte das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, o maior

conglomerado industrial brasileiro da época.

Durante a Segunda Guerra Mundial, as refinarias brasileiras tiveram

sérios problemas de abastecimento em função da dificuldade de obtenção de

petróleo importado, devido às operações de submarinos alemães em diversas

regiões do Atlântico-Sul. Dentro desse contexto, após a guerra, em meados de

1950, o então Conselho Nacional de Petróleo – CNP , órgão estatal que havia

sido criado em 1938, inaugurou a Refinaria de Mataripe (BA), para processar o

petróleo extraído do Recôncavo Baiano, com capacidade de 400 m3/dia (2.512

bpd), sendo maior do que as três outras unidades precursoras.

Em 1953, com a promulgação da Lei n.º 2.00421

, o refino passou ao

monopólio estatal, exercido pela recém-criada Petróleo Brasileiro S.A.

(PETROBRAS), que incorporou ao seu patrimônio os campos de petróleo no

Recôncavo Baiano, a Frota Nacional de Petroleiros – FRONAP (com 22

navios), os bens da Comissão de Industrialização do Xisto Betuminoso

(PETROBRAS, 2002c), além das refinarias de Mataripe (futuramente RLAM,

BA) e a Refinaria Presidente Bernardes (futuramente RPBC), em Cubatão

(SP), ambas em fase de construção (as obras foram iniciadas pelo CNP e

concluídas pela empresa em 1955).

20

Neste mesmo ano, a capacidade de refino (no país) atingiu 265 m3/dia (1.650 bpd).

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43

Com relação à indústria nacional de petróleo, os anos 1950 (e mais

da metade da década de 1960) foram marcados pelo learning by doing.

Naquela ocasião (e em outras) o governo foi responsável por uma série de

benefícios, meios e facilidades concedidas à sua recém-criada estatal, visando

aumentar a produção e o processamento de óleo cru, melhorar a infra-

estrutura de abastecimento (desenvolvimento da rede de transporte) e

incrementar a pesquisa no país.

A partir da metade da década, a produção de petróleo somava cerca

de 2.700 bpd, sendo associada aos campos de Candeias, Dom João, Água

Grande e Itaparica, todos na Bahia (e em fase inicial de desenvolvimento),

representando, aproximadamente, 27% do consumo brasileiro. Ao final da

década, o parque de refino atendia a uma pequena fração do consumo

nacional de derivados, neste momento, cerca de 137 mil bpd, sendo a maior

parte destes, importada (Id., 2002).

Segundo a GAZETA MERCANTIL – Análise Setorial (1999), pela

legislação vigente na época, as refinarias privadas existentes foram mantidas

com seus proprietários sendo, embora, impedidas de serem ampliadas22

.

Naquela ocasião, três refinarias privadas estavam em construção –

Manguinhos no Rio de Janeiro (RJ), União, em Santo André (SP) e Isaac

Sabbá, em Manaus (AM) – sendo concluídas entre 1954 e 1956.

Amparada pela lei n.º 2.004 e detentora do monopólio de refinação

de petróleo em território nacional, a PETROBRAS expandiu seu parque de

refino com a construção de sete novas refinarias entre as décadas de 1960 e

1970, além da constante preocupação com a ampliação de suas capacidades.

Em 1961, a estatal havia alcançado um dos seus principais

objetivos: a auto-suficiência na produção dos derivados principais (gasolina,

diesel e GLP), com o início do funcionamento da Refinaria Duque de Caxias

(REDUC), situada no Estado do Rio de Janeiro e primeira construída pela

empresa (naquela década) sendo a REVAP, em São José dos Campos (SP) a

última. Durante aqueles anos, outras unidades entraram em operação: As

Refinarias Gabriel Passos (REGAP, em 1968), em Betim, MG e Alberto

Pasqualini (REFAP, no mesmo ano), em Canoas, RS.

21

Lei que regulamentou a criação da Petróleo Brasileiro S.A.(PETROBRAS) e instituiu o monopólio em relação às atividades relacionadas à cadeia produtiva da commodity. 22

Um mês antes da promulgação da lei n.º 2.004, a RPI havia aumentado a sua capacidade para 1.500 m

3/dia (9.420 bpd).

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A PETROBRAS acabou também absorvendo diversas refinarias

privadas, como a pioneira Destilaria Sul-Riograndense e a Refinaria Matarazzo

– ambas desativadas em seguida – a Refinaria União Santo André (atual

Refinaria de Capuava, RECAP) e a Refinaria Isaac Sabbá (futuramente

conhecida como REMAM), restando apenas as Refinarias Ipiranga (RPI, de

propriedade da Petróleo Ipiranga S.A.) e Manguinhos (naquela época apenas

de grupo Peixoto de Castro) sob propriedade privada (GAZETA MERCANTIL –

Análise Setorial, 1999).

No que concerne à importação de petróleo e derivados, pode-se

observar uma evolução na vocação da produção desses últimos em território

nacional: Enquanto em 1953, quando da criação da estatal, 98% das compras

(do setor) no exterior correspondiam à demanda por derivados e apenas 2% a

óleo cru (uma proporção de 49:1), em 1967 a relação era de 1:11,5, ou seja,

8% de derivados para 92% de petróleo bruto, numa tendência invertida.

Com relação à produção de óleo, registrou-se ainda um outro

importante marco alcançado nesta fase de aprendizado: O patamar de

100.000 bpd, em 1962.

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De acordo com PETROBRAS (2002c), destacam-se como

marcantes, nesta primeira fase, os seguintes fatos:

1. A partida da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em

Cubatão (SP), em 1955;

2. A descoberta (no mesmo ano) de petróleo em Nova Olinda, AM,

sendo considerado mais tarde campo de aproveitamento

subcomercial;

3. O início da operação do Terminal de Madre de Deus (BA), que

tornou possível enviar para São Paulo o excesso de óleo

produzido no Estado (1956);

4. O esforço para conseguir, no mercado interno, quantidades

cada vez maiores de materiais e equipamentos. Em 1956, a

RPBC adquiriu 78% dos seus suprimentos no país;

5. A intensificação das pesquisas geológicas e geofísicas em todas

as bacias sedimentares conhecidas.

6. O início da exploração da plataforma continental, na faixa que se

estendia do Maranhão ao Espírito Santo (1961);

7. A inauguração do primeiro posto de abastecimento

PETROBRAS (BR Distribuidora) em Brasília, DF (1961);

8. A diversificação das fontes de suprimento da estatal, até então

restritas à Arábia Saudita e Venezuela (1965);

9. A inauguração da Fábrica de Asfalto de Fortaleza (antiga

ASFOR), hoje conhecida como Lubrificantes e Derivados de

Petróleo do Nordeste – LUBNOR (1966);

10. A Criação (no mesmo ano) do Centro de Pesquisa e

Desenvolvimento da PETROBRAS – CENPES, atualmente o

maior centro de pesquisas da América Latina.

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2.3.3 – A AUTO-SUFICIÊNCIA (1967 – 1979)

Data dessa fase a primeira descoberta de petróleo no mar, em

1968. O campo de Guarirema no litoral de Sergipe representaria um passo

importante para que o país mergulhasse em direção ao futuro sucesso

exploratório na atividade offshore.

No inicio dos anos 1970, o consumo de derivados de petróleo

duplicou, impulsionado, principalmente, pelo crescimento médio anual do PIB a

taxas superiores a 10% a.a. (milagre econômico).

Como responsável pelo abastecimento nacional de óleo e derivados,

a estatal brasileira viu-se diante da necessidade de reformular sua estrutura de

investimentos, na tentativa de atender uma demanda crescente. Datam desse

período o início da construção da Refinaria de Paulínea (REPLAN), SP, a

modernização da RPBC, além da construção da unidade de lubrificantes da

REDUC (Id., 2002b).

A década de 1970 seria marcada ainda por duas crises. Os

membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)

elevaram substancialmente os preços internacionais da commodity,

provocando os chamados choques de 1973 e 1979. O mercado tornou-se,

então, conturbado e repleto de incertezas relacionadas a dois fatores

fundamentais de interesse nacional: O preço do barril cotado

internacionalmente e a garantia de suprimento. Entretanto, como importante

cliente das companhias (estatais) dos países membros da OPEP, a

PETROBRAS conseguiu manter o abastecimento nacional, como resultado de

anos de bons relacionamentos com as mesmas, diminuindo o impacto, para o

mercado brasileiro, da conjuntura político-econômica internacional.

Na busca da superação das dificuldades cambiais, (com a

importação de quantidades crescentes de óleo a elevados valores em dólar), o

governo adotou medidas econômicas de contingência, algumas destas,

ligadas, diretamente, à estatal: Redução do consumo de derivados e aumento

da oferta interna de petróleo. Datam dessa época a adoção de contratos de

risco assinados entre a PETROBRAS e companhias privadas, para intensificar

a pesquisa de novas jazidas, bem como o desenvolvimento de fontes

alternativas de energia. O exemplo clássico foi o incentivo na utilização do

álcool como combustível automotivo, com a criação do Programa Nacional do

Álcool – Proálcool. Passou a ser dada prioridade aos investimentos nas áreas

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de E&P, ocasionando aumento da produção de óleo brasileiro, sendo utilizado,

cada vez mais, na carga das refinarias do país23

. Destacam-se de acordo com

PETROBRAS (2002c) como marcos da fase de auto-suficiência:

1. A constituição da PETROBRAS Química S.A. (Petroquisa),

buscando articular a ação dos setores estatal e privado na

implantação da indústria petroquímica no país (1967);

2. O inicio dos levantamentos geofísicos na Bacia de Campos (RJ),

sendo o primeiro poço submarino perfurado em 1968.

3. A criação de 5 (cinco) outras subsidiárias: PETROBRAS

Distribuidora (1971), PETROBRAS Internacional – Braspetro

(1972), PETROBRAS Fertilizantes – Petrorfértil e PETROBRAS

Comércio Internacional – Interbrás (1976), além da

PETROBRAS Mineração S.A. – Petromisa (1977);

4. A Partida do Complexo Petroquímico de São Paulo (1972), em

Cubatão (I pólo petroquímico brasileiro), com a operação da

Petroquímica União (PQU), sua CMP; realização (no mesmo

ano) da primeira extração de óleo de xisto com a partida da

Usina Protótipo do Irati, em São Mateus do Sul, PR.

5. O Início da operação das Refinarias de Paulínea – REPLAN

(SP), ainda hoje a maior do país e Presidente Getúlio Vargas

(REPAR), em Araucária, PR (1977), além do início da produção

de petróleo na Bacia de Campos, no mesmo ano, no campo de

Enchova.

6. A Compra das Refinarias de Capuava, SP (hoje RECAP) e

Manaus (Isaac Sabbá, hoje REMAM) pela PETROBRAS (1974);

7. A Primeira descoberta de acumulo de gás com possibilidades

comerciais na região amazônica em Juruá, AM (1978);

8. A Inauguração da Copene (atual Braskem) Companhia

Petroquímica do Nordeste S.A. (CMP do II pólo petroquímico do

país), subsidiária da Petroquisa, em Camaçari, BA (1978).

23

Ao final da década o país produzia 165.000 bpd, 34% dos quais devido a atividades offshore, atingindo a produção média de gás natural o patamar de 5.200 m

3/dia (Id., 2002).

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2.3.4 – SOBRE-CAPACIDADE (1980 – 1989)

Segundo PETROBRAS (2002c), a chamada ―década perdida‖

levou a indústria nacional de óleo a superar grandes desafios. Com as bruscas

elevações dos preços no exterior (reflexo, principalmente da crise de 1979), o

dispêndio de divisas com petróleo e derivados aumentava cada vez mais,

chegando a alcançar a casa dos US$ 10 bilhões em 1981. Dentro deste

contexto, investimentos em atividades de E&P, junto ao esforço desenvolvido

na área de comercialização, contribuíram para minimizar a dependência

energética nacional, reduzindo, em 70% (em meados de 1989), os gastos do

setor com produtos importados.

Com relação à atividade offshore, a estatal brasileira importou

tecnologia disponível no exterior para produção em lamina d'água de 120 m,

consolidando a primeira fase de operação comercial da Bacia de Campos, RJ.

A utilização de sistemas antecipados trouxe a possibilidade de antever receitas

e o domínio gradual da tecnologia de produção submarina, fundamental para a

atual posição de destaque da companhia, no que tange à produção em águas

profundas. Sucessivos recordes foram alcançados, atingindo a marca dos

675.135 bpd em dezembro de 1981.

Bons resultados foram relatados no que concerne à atividade de

produção em bacia continental. A operação comercial do campo de Urucu, no

Alto Amazonas (1988), descoberto dois anos antes, foi um marco histórico nas

operações da companhia naquela região, onde a procura de óleo antecedia à

criação da empresa.

A respeito do segmento de refino, as instalações industriais da

PETROBRAS foram adaptadas, em todo o país, na tentativa de atender o

consumo crescente de derivados. Data dessa década a implantação do

Projeto Fundo de Barril, com o objetivo de transformar os excedentes de óleo

combustível (produto de baixo valor agregado) em derivados (nobres) como

óleo diesel (de maior demanda), gasolina automotiva e GLP.

Os anos 1980 foram marcados ainda pelo germinar da

preocupação ambiental (por parte da empresa) a exemplo da alocação de

recursos no treinamento e educação ambientais, no desenvolvimento de

tecnologias específicas de proteção do meio ambiente, além da adoção de um

programa de melhoria da qualidade de combustíveis.

Segundo PETROBRAS (2002c), destacaram-se ainda:

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49

1. A Entrada em operação da Refinaria Henrique Lage (REVAP), em

São José dos Campos, SP (1980);

2. A Partida do III pólo petroquímico brasileiro, instalado em Triunfo,

RS (1982);

3. A Construção do Centro de Combate à Poluição por óleo

(primeiro do país), em São Sebastião, SP (1984);

4. A Realização das únicas descobertas comerciais efetuadas pelas

contratantes de risco: Gás natural pela Pecten, na Bacia de

Santos (SP) e óleo, pela brasileira Azevedo Travassos, na parte

terrestre da Bacia Potiguar, RN (1985);

5. A Descoberta dos primeiros campos gigantes em águas

profundas da Bacia de Campos (RJ) – Albacora (1984) e Marlim

(1985);

6. A Criação do Programa de Inovação Tecnológica e

Desenvolvimento Avançado – PROCAP, para viabilizar a

produção de óleo e gás primeiramente em profundidades

superiores a 1.000 m e, posteriormente, a 3.000 m (1986);

7. A Consolidação do pioneirismo na exploração em águas

profundas, com perfuração de poços de lâminas d'água

superiores a 1.200 m e produção a profundidades de cerca de

400 m (recorde mundial em 1986);

8. O Novo recorde mundial de produção em águas profundas (492

m), no campo de Marimbá, RJ (1988).

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2.3.5 – A RETOMADA (DO INÍCIO DOS ANOS 1990 ATÉ HOJE)

Os últimos dez anos representaram o início da vanguarda

tecnológica: sensoriamento remoto, poços perfurados horizontalmente,

robótica submarina, produção de petróleo em águas ultraprofundas. A estatal

brasileira iniciou a década sendo indicada pela Offshore Technology

Conference para receber o OTC Distinguished Achievement Award, o maior

prêmio do setor petrolífero mundial, em reconhecimento à sua notável

contribuição para o avanço da tecnologia de produção em águas profundas.

O início dos anos 1990 foi marcado pelo desafio de produzir

petróleo em águas abaixo de 500 metros, feito não conseguido então por

nenhuma companhia no mundo. A partir de notório esforço e concentração de

competências principalmente nacionais, desenvolveu-se a tecnologia

necessária para produzir em águas até mil metros, sendo o sucesso tamanho

que, menos de uma década depois, o país seria indicado como referência na

produção em águas ultraprofundas24

.

Além da capacitação brasileira na produção de petróleo em águas

profundas e ultraprofundas, outros desafios foram enfrentados pelo setor

nacional de óleo e gás. Entre eles estão o aumento do fator de recuperação do

petróleo das jazidas, o desenvolvimento de novas tecnologias para adequação

do parque de refino ao perfil da demanda nacional (principalmente diesel,

gasolina automotiva e GLP) de derivados e a formulação de novos produtos e

aditivos que garantam o atendimento à crescente exigência da sociedade

brasileira por combustíveis e lubrificantes de melhor qualidade.

A partir de agosto de 1997, o setor passou a atuar em um novo

cenário de competição instituído pela lei n. 9.478, que regulamentou a

emenda constitucional de flexibilização do monopólio estatal do petróleo.

Abririam-se, então, perspectivas de ampliação das atividades produtivas para

empresas estrangeiras interessadas (E&P, refino, distribuição), vislumbrando a

situação de mercado aberto (que se consolidaria no início de 2002).

24

Dentre os últimos recordes registrados, destaca-se o obtido em janeiro de 1999 no campo do Roncador, na Bacia de Campos (RJ), produzindo a 1.853 metros de profundidade.

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Segundo Id. (2002b), entre o início da década de 1990 e os dias

atuais, destacam-se:

1. O Decreto Presidencial n. 99.226, de abril de 1990, determina a

extinção da Interbrás e da Petromisa;

2. A Assinatura do acordo Bolívia Brasil, para importação de gás

natural, prevendo a construção de um gasoduto (GasBol) de

2.233Km (1993);

3. O Desenvolvimento do projeto Centros de Excelência que

associa o governo, universidades e empresas privadas e a

estatal na implantação de núcleos de notório saber com

ascendência tecnológica de nível internacional (1997);

4. A Superação da marca de produção de 1 milhão bpd (1997);

5. A Criação (por força do decreto presidencial n. 2.455, de 14 de

janeiro de 1998) da ANP com a missão de promover a regulação

e estimular a competição no setor nacional de petróleo e gás;

6. A Modificação do estatuto da Petrofértil (1996), a tal sorte que a

empresa pudesse operar no segmento de gás natural. Mais

tarde, a subsidiária teria sua razão social alterada para

PETROBRAS Gás S.A. Gaspetro (1998);

7. A Criação da PETROBRAS Transporte S.A. Transpetro com o

objetivo de construir e operar dutos e terminais, embarcação e

instalações para o transporte e armazenagem de petróleo, gás e

derivados (1998);

8. A Assinatura dos primeiros acordos de parcerias entre empresas

nacionais e estrangeiras para a cooperação em atividades de

exploração e desenvolvimento (1998);

9. A Inauguração da primeira etapa do gasoduto Bolívia Brasil

(trecho Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia e Campinas, SP)

(1999) e o lançamento (no mesmo ano) da primeira rodada de

concessões (Brazil round 1) de áreas exploratórias nas bacias

sedimentares nacionais;

10. A Segunda (2000), terceira (2001) e quarta (2002) rodadas de

concessões de áreas para atividades exploratórias.

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2.4 – ASPECTOS EVOLUTIVOS DA ATIVIDADE DE REFINO NO

BRASIL Especificamente com relação ao desenvolvimento da atividade de

refino, optou-se pelo aprofundamento da discussão de dois aspectos

particularmente importantes nas fases de Sobre-capacidade e Retomada,

abordadas no histórico da indústria nacional de petróleo.

2.4.1 – NECESSIDADE DO PROCESSAMENTO DO ÓLEO NACIONAL

De acordo com TOLMASQUIM et. al. (2000), o aumento do preço

do óleo cru, devido ao segundo choque do petróleo, ocorrido no final de

década de 1970, afetou sensivelmente a balança comercial brasileira, a ponto

de, em 1981, os gastos com sua importação representarem cerca de 44% das

compras nacionais.

Nesse sentido, a necessidade de reduzir as importações motivou o

aumento da participação do petróleo nacional no consumo brasileiro. A

plataforma continental passou a merecer atenção especial e, depois de

Guaricema, SE, foram realizadas mais de 20 descobertas de pequeno e médio

portes no litoral de vários Estados (PETROBRAS, 2002c).

Ressalta-se ainda que a adoção de técnicas pioneiras colocou em

operação áreas produtoras recém-descobertas na Bacia de Campos, RJ e

disparou investimentos por parte da estatal na capacitação de produção em

águas profundas25

, no intuito de reduzir as importações nacionais de petróleo.

Como resultado desse esforço, a produção nacional cresceu de 97,4

milhões de barris, em 1982 (MME, 1998 apud TOLMASQUIM et. al., 2000)

para 501,2 milhões de barris em 2001 (Dados Estatísticos mensais – ANP,

2002), o que representou uma taxa média anual de 19,96%. No mesmo

período, o volume de importações caiu de 298,9 para 153,3 milhões de barris

(uma variação total de -94,97% nestes nove anos), explicitando um gradativo

aumento da participação do óleo nacional na carga das refinarias brasileiras.

Como conseqüência, a participação do óleo bruto nas importações nacionais

caiu para 9,3% em 1997. Neste mesmo ano a estatal atingiu o patamar de

25

Implantação do Programa de capacitação tecnológica de produção em águas profundas (PROCAP) em 1986.

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produção de 1 milhão de bpd, devendo-se esta marca, principalmente, aos 734

Mbpd produzidos na Bacia de Campos.

2.4.2 – PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO Os crescentes incrementos nas atividades offshore da PETROBRAS

fomentadas, inclusive, pela competição por blocos exploratórios nas quatro

rodadas (1999, 2000, 2001 e 2002) de licitações promovidas pela ANP

sinalizam para uma produção de cerca de 1,7 milhão de bpd em 2002, com

destaque para o Estado do Rio de Janeiro26

, que deverá ser o responsável por

mais de 80% do óleo nacional. Vale ressaltar, entretanto, que os petróleos

oriundos do Norte Fluminense, ainda que tenham baixo teor de Enxofre (óleos

doces27

), apresentam baixo grau API28

(TABELA 2.1), exigindo um maior

número de unidades de conversão para a obtenção de produtos de maior valor

agregado.

Bacia de Campos Oriente Médio e África América Latina

Petróleo ºAPI Petróleo ºAPI Petróleo ºAPI

Albacora 26 Arabe leve 35 Mescla Venezuelana 23

Cabiunas 25 Bonny leve 36 Maya29

22

Corvina 29 Dubai 32

Marimba 28 Iraniano leve 34

Marlim 19

Marlim Sul 27

TABELA 2.1 Óleos nacionais e importados Fonte: TOLMASQUIM et. al. (2000).

O programa Fundo de Barril (criado em 1981) e o Programa

Estratégico da Tecnologia de Refinação (PROTER) mais recente (1997)

objetivaram, diante desse quadro, promover modificações tecnológicas

pertinentes nas refinarias (estatais) para torná-las aptas a aproveitar esses

26

O Estado do Rio de Janeiro foi responsável por 79,4% da produção nacional de óleo bruto no ano passado, com base no Anuário Estatístico da ANP (2002).

27 No jargão da indústria do petróleo, consideram-se como doces óleos que tenham baixos teores de enxofre, sendo ácidos aqueles que apresentam quantidades elevadas de compostos que apresentam elemento.

28 Escala idealizada pelo American Petroleum Institute – API, juntamente com o National Bureau

of Standards – NBS, utilizada para medir a densidade relativa de líquidos. A escala API varia inversamente com a densidade relativa (quanto maior a densidade relativa, menor o grau API): º API = (141,5/g) – 131,5; onde g é a densidade do petróleo, em relação à água, a 15ºC.

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óleos pesados, na busca da otimização da produção de derivados que

maximizassem frações leves (GLP, nafta e gasolina) e médias (diesel).

Com relação ao PROTER, as preocupações com a estimulação da

busca pela competitividade na indústria do refino (tendência mundial), em

função da globalização dos mercados e do estreitamento da margem

associada, foram decisivas com relação à necessidade de se implementar

inovações tecnológicas e ferramentas de gerenciamento modernas, na busca

da excelência em gestão (LEITE, 2000).

Nesse sentido, o aumento da oferta do petróleo fluminense implicou

na necessidade de investimentos nas refinarias para operar com essa matéria

prima de forma rentável, assim, o fundamento do programa se baseia no fato

de que um óleo de baixo grau API (pesado) gera grande quantidade de

frações pesadas (escuros), de menor valor agregado, em detrimento dos

derivados leves (claros), como gasolina, nafta ou querosene de aviação (QAV)

(TOLMASQUIM et. al., 2000).

No que concerne às características da atividade, o parque de refino

atual difere bastante daquele em operação na década de 1980, seja em

relação à qualidade do óleo processado (hoje pior) ou ao mix de derivados

produzidos. De uma maneira geral, as unidades foram se adaptando à

necessidade de produzir cortes de maior valor agregado (a partir de crus mais

pesados), atentando para especificações de qualidade cada vez mais severas

(principalmente no que tange a questão ambiental30

), em detrimento de

produtos menos nobres (ex. óleo combustível), cuja demanda tem se mostrado

decrescente.

Dentro desse panorama, observa-se uma tendência de

concentração de investimentos em processos que otimizem a produção de

derivados leves e no tratamento de produtos acabados31

, visando o aumento

de qualidade e atendimento a especificações de produto cada vez mais

restritivas. A título de exemplificação dessa problemática, a PETROBRAS tem

se mostrado bastante interessada no desenvolvimento de tecnologias que

29

Petróleo oriundo do México. 30

Portarias recentes da ANP atentam para a produção de derivados com menor teor de enxofre, como é o caso do diesel. 31

Destacam-se as unidades de hidrotratamento (HDT) da Refinaria de Cubatão (RPBC), Paulínia (REPLAN) e Gabriel Passos (REGAP), assim como o conjunto de hidrorefino da Refinaria de Duque de Caxias (REDUC), cuja finalidade é produzir diesel de alta qualidade, além da unidade de hidrodessulfurização da Refinaria do Paraná (REPAR).

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viabilizem o processamento desses crus, de maneira cada vez mais rentável,

conforme pode ser observado na TABELA 2.2.

N.º PROJETO

1 Craqueamento catalítico fluido para conversão de resíduos

2 Processos alternativos para conversão de resíduos

3 Maximização de efluentes líquidos no coqueamento retardado32

4 Consolidação da tecnologia de craqueamento térmico brando

5 Redução nos custos de produção de H2

6 Hidroconversão33

de resíduos em leito expandido

7 Redução nos custos das unidades de hidroconversão de gasóleo34

8 Derivados de petróleo Marlim

9 Integração de processos

10 Alternativas de uso de produtos pesados

11 Rotas biotecnológicas

TABELA 2.2 Carteira de Projetos PROTER Fonte: PETROBRAS (2002a).

Um bom exemplo de capacitação tecnológica alcançada pelo

PROTER foi o desenvolvimento de catalisadores para a remoção de

compostos nitrogenados tolerantes a elevados teores de metais

(principalmente níquel e vanádio, vide TABELA 2.3), que resultou numa

considerável economia nas operações de regeneração, necessárias aos

processos de FCC.

Óleo Nacional Importado

Características MARLIM CABIÚNAS ÁRABE LEVE

ºAPI 19,70 24,70 33,30 S (%p/p) 0,75 0,47 1,63 N (%p/p) 0,45 0,27 0,09 Acidez (mg KOH/g) 1,01 0,83 0,08 Asfaltenos (%p/p) 2,60 2,80 1,10 Ni (ppm) 19 9 3,50 V (ppm) 24 12 14

TABELA 2.3 Quadro comparativo de óleos nacional e importado típicos Fonte: LEITE (2000).

32

Operação de obtenção de cortes leves a partir do processamento de coque (C). 33

Processo que visa obter produtos mais leves (e nobres) a partir de resíduos de fundo da unidade de destilação à vácuo.

34 Unidade de conversão de gasóleo (derivado médio) associada à produção de diesel.

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2.5 – CONCLUSÕES SOBRE A EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA

NACIONAL DE PETRÓLEO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA

O SEGMENTO DE REFINO

Dentro do âmbito do desenvolvimento da indústria de petróleo no

Brasil, pôde-se observar que aspectos de cunho estrutural se mostraram

representativos no que concerne na adequação da atividade de refino.

Primeiramente, já estabelecido um mínimo de infra-estrutura

relacionada ao processamento de óleo no país (construção das primeiras

refinarias e sistemas de dutos), as crises internacionais de 1973 e,

principalmente, de 1979 motivaram o fomento da atividade exploratória em

bacias oceânicas, com o intuito de minimizar o ônus causado à balança

comercial, por conta da sua importação. A mudança de mentalidade quanto a

origem do óleo a ser processado tornara-se vigente.

Posteriormente, a percepção da necessidade de adequação das

unidades de refino às características do óleo nacional se mostrou fundamental

na criação dos programas de capacitação tecnológica que norteariam sua

reestruturação, numa tentativa de promover melhor apropriação do valor

gerado pela atividade de processamento.

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CAPÍTULO III

REGULAÇÃO: A NOVA REALIDADE DO SETOR DE

PETRÓLEO E GÁS NO PAÍS

3.1 – OBJETIVOS DO CAPÍTULO

Com o intuito de analisar as perspectivas da atividade de refino no

país, torna-se de grande importância o conhecimento da legislação do setor de

petróleo e gás, assim como uma revisão associada aos fundamentos nos

quais se apóia a estrutura da regulamentação.

Acredita-se ainda que, provavelmente, as modificações iminentes na

atividade com relação a eventuais movimentos estratégicos tenderiam a ser

impulsionadas pela recente modificação da legislação, levando-se em

consideração o regime de livre mercado adotado a partir do início de 2002.

Nesse sentido, mostra-se pertinente comentar a atuação dos novos

atores do segmento mediante suas atribuições específicas, numa tentativa de

esclarecer suas participações num ambiente de setor desregulamentado.

3.2 – AS ORIGENS DA POLÍTICA REGULATÓRIA

Na opinião de PEREIRA (2001), o crescimento do setor público

brasileiro é resultado de uma contínua expansão da interferência do governo

em atividades não tradicionais, decorrente da necessidade de intervenção do

Estado em setores de natureza social e da busca de crescimento rápido após

a década de 1950.

Dentro desse raciocínio, observa-se que a natureza contínua dessa

atividade começou a mostrar sinais de deficiência. Durante a década de 1970,

surgiram os primeiros sinais de esgotamento do padrão de intervenção estatal

e, devido a uma série de fatores sociais, econômicos, tecnológicos e

institucionais, iniciou-se durante os anos 1980, um processo de deterioração

dos serviços e do desempenho econômico das empresas estatais, gerando

fortes críticas dos consumidores e pressões pela sua privatização, inicialmente

nos países desenvolvidos e, posteriormente, nos países ditos em

desenvolvimento ou emergentes.

Assumindo como válidas tais considerações, a queda acentuada de

investimento público brasileiro provocou a deterioração da qualidade dos

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serviços e um crescimento de demanda insatisfeita. Nesse sentido, a forma

tradicional de organização de oferta de produtos e serviços dos setores elétrico

e de petróleo e gás, seja em termos da estrutura, da propriedade, da gestão de

patrimônio ou do estabelecimento de preços, tornou-se obsoleta. Com a crise

fiscal do Estado, que se abateu não somente sobre os países em

desenvolvimento, tornou-se não só desejável, como imperativa, a busca de um

modelo alternativo de prestação desses serviços.

A questão estrutural a ser resolvida no escopo da reformulação

desses setores diz respeito à introdução da competição (onde possível), de

modo que o mercado assumisse o papel de agente regulador dos níveis ou

tarifas, assim como da freqüência de entradas ou saídas do setor, sendo que

as demais atividades (de caráter não competitivo) necessitariam ser reguladas

de modo consistente com o interesse público.

Com relação a esse novo panorama, PEREIRA (2001) afirma que a

montagem e operação dos órgãos reguladores que induzam à eficiência do

modelo (regulatório) escolhido são primordiais para a sociedade, devendo a

regulação ser encarada como um instrumento de política econômica.

3.3 – MOTIVAÇÃO DA ATIVIDADE REGULATÓRIA

Segundo PINTO (2001), as experiências recentes de reestruturação

da indústria de infra-estrutura de uma maneira geral e, das indústrias

energéticas, em particular, alimentam de forma permanente e salutar o debate

sobre os problemas relacionados à regulação econômica. Em uma análise

mais específica, a literatura sobre esse assunto não é propriamente nova,

sendo que os trabalhos afins se concentram, fundamentalmente, em dois

temas: a regulação da concorrência, escorada na base jurídico-institucional da

legislação anti-truste e a regulação de monopólios naturais.

Nesse sentido, as questões no que concerne à regulamentação

econômica vêm sendo alvo de maiores investigações, sobretudo em países

com histórico recente de reestruturação de setores produtivos como Brasil,

Argentina, Índia e sudoeste da Ásia (LANE e GHEMAWAT, 2000), onde o

processo de redução progressiva de barreiras institucionais (governamentais) à

entrada de novos operadores ou concessionários numa determinada indústria,

acentuou ou acentuará a introdução benéfica de pressões competitivas,

culminando numa revisão dos dispositivos regulatórios existentes

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(desregulamentação) e estabelecendo, a reboque, uma agenda complexa de

tarefas de regulação a serem executadas.

Os princípios básicos desses dispositivos envolvem um amplo leque

de objetivos, dentre os quais, tal qual sugere abordagem recente (PINTO,

2001), cabe destacar:

1. Promoção da competição;

2. Correções das imperfeições (falhas) de mercado;

3. Garantia do livre acesso às redes;

4. Incentivo à eficiência;

5. Garantia da qualidade adequada do serviço e

6. Manutenção do equilíbrio econômico-financeiro da concessão.

Dessa maneira, serão apresentadas a caracterização e as

prerrogativas específicas do organismo competente (ANP) em se tratando da

regulação do setor de petróleo e gás no Brasil, para que, posteriormente,

torne-se possível discorrer a respeito das implicações práticas associadas ao

marco-regulatório vigente (lei n.º 9.478), considerando ainda o término do

período de transição, previsto neste instrumento.

3.4 – O PAPEL DO ÓRGÃO REGULADOR

Tendo sido mencionados os objetivos básicos dos dispositivos de

regulação, abordando-se ainda, de uma maneira geral, a prerrogativa principal

de um órgão regulador, torna-se necessário discutir os aspectos relacionados

ao caso específico da regulação do setor de petróleo e gás no Brasil,

procurando ressaltar as atribuições da ANP.

Instituída pelo decreto presidencial n.º 2.455, de 14/01/1998 como

uma entidade integrante da Administração Publica Federal, submetida ao

regime autárquico especial com o status de órgão regulador da indústria de

petróleo a ANP apresenta-se vinculada ao Ministério das Minas e Energia

(MME), conforme disposto no art. 7º da lei n.º 9.478, que discorre sobre a

política energética nacional35

, as atividades relativas ao monopólio do petróleo

e o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

35

A política energética nacional (que discorre sobre o aproveitamento nacional das fontes de energia) tem como principais objetivos: preservar o interesse nacional, promover o desenvolvimento (aumentar a competitividade do país no mercado internacional) ampliar o

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Nesse sentido, de acordo com o art. 8º e os incisos I a XV

(TABELA 3.1) da mesma lei, a ANP tem como finalidade promover a

regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas

integrantes da industria do petróleo, cabendo-lhe as seguintes atribuições:

Inciso Atribuição

I Implementar, em sua esfera das atribuições, a política nacional de petróleo e gás natural, contida na política energética nacional (em acordança com os termos do capítulo I da lei em questão);

II Promover estudos visando a delimitação de blocos36

, para efeito de concessão das atividades de exploração, desenvolvimento e produção

III Regular a execução de serviços de geologia e geofísica aplicados à produção petrolífera, visando o levantamento de dados técnicos, destinados à comercialização, em bases não exclusivas;

IV Elaborar os editais e promover as licitações para a concessão de exploração, desenvolvimento e produção, celebrando os contratos delas decorrentes e fiscalizando sua execução;

V Autorizar a prática das atividades de refinação, processamento, transporte e importação e exportação, na forma estabelecida (na lei n.º 9.478) e sua regulamentação;

VI Estabelecer critérios para calculo de tarifas de transporte dutoviário e arbitrar seus valores nos casos e da forma prevista (na referida lei);

VII Fiscalizar diretamente, ou mediante a convênios com órgãos dos Estados, e do Distrito Federal, as atividades integrantes da industria do petróleo, bem como aplicar as sanções administrativas e pecuniárias previstas em lei, regulamentação ou contrato;

VIII Instituir processo, com vistas a declaração de utilidade publica, para fins de desapropriação e instituição de servidão administrativa, das áreas necessárias à exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural, construção de refinarias e dutos terminais;

IX Fazer cumprir as boas práticas do uso nacional do petróleo, dos derivados, do gás natural e da preservação do meio ambiente.

X Estimular a pesquisa e a adoção de novas tecnologias na exploração, produção transporte, refino e processamento;

XI Organizar e manter o acervo das informações e dados técnicos relativos a atividade da indústria do petróleo.

XII Consolidar anualmente as informações sobre as reservas nacionais de petróleo e gás natural transmitidas pelas empresas, responsabilizando-se por sua divulgação.

XIII Fiscalizar o funcionamento do Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis e o cumprimento do plano anual de Estoques Estratégicos de Combustíveis, de que trata o art. 4º da lei n.º 8.176, de 08 de fevereiro de 1991.

XIV Articular-se com outros órgãos reguladores do setor energético sobre as matérias de interesse comum, inclusive para efeito de apoio técnico ao CNPE.

XV Regular e autorizar as atividades relacionadas com o abastecimento nacional de combustíveis, fiscalizando-as diretamente ou mediante a convênios com órgãos da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios.

Atribuições associadas, dentre outras atividades ao refino

TABELA 3.1 Atribuições da ANP previstas na lei n.º 9.478 de 06/08/1997 Fonte: Conforme Art. 8º, Lei 9.478, de 06/08/1997.

A partir do descrito, cabe a ANP zelar pelo cumprimento da política

energética nacional com vistas à competitividade do país no mercado

internacional, no que tange ao setor de petróleo e gás. Assim, segundo PINTO

(2001), a agência deve consolidar suas fronteiras de competência, a fim de

firmar seu espaço institucional num novo contexto (flexibilização do

mercado de trabalho, valorizar os recursos energéticos, proteger os interesses do consumidor e garantir o fornecimento de derivados de petróleo em todo o território nacional, nos termos do § 2º do art. 177 da Constituição Federal. Este, por sua vez, ressalta os aspectos relacionados aos Monopólios da União (flexibilizados pela lei n.º 9.478).

36 De acordo com as definições técnicas (inciso XIII, art. 6º, seção II do capitulo III) previstas na

lei n.º 9.478, bloco se constitui na parte da bacia sedimentar, formada por um prisma vertical de profundidade indeterminada, com superfície poligonal definida pelas coordenadas geográficas de seus vértices, onde são desenvolvidas atividades de exploração ou produção de petróleo e gás natural.

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monopólio), buscando cumprir uma complexa agenda de relações com o Poder

Executivo Federal, o CNPE, outras entidades reguladoras (Agência Nacional

de Energia Elétrica ANEEL, no caso do gás natural para geração de energia),

Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE, assim como outros

ministérios ou instâncias governamentais (Ministério do Meio Ambiente,

Ministério da Fazenda, etc.) no caminho da aprendizagem institucional e

regulatória no país.

Tendo sido discutidas as prerrogativas-chave da agência, cabe

salientar o conjunto de modificações que se tornaram vigentes na esfera

jurídica do setor, a partir da promulgação da lei do petróleo e do fim do período

de transição. Tomando por base o teor da lei n.º 9.478, esta implantou um

novo marco regulatório para o setor petrolífero brasileiro, objetivando dotá-lo

de regime de livre mercado, com maior nível de eficiência/competição entre os

agentes econômicos interessados (empresas estatais e privadas atuantes nos

elos da cadeia produtiva) e benefícios para o consumidor (ANP, 2001).

3.5 – OS ASPECTOS PRÁTICOS DA REGULAÇÃO DO SETOR

DE PETRÓLEO E GÁS

Em síntese, findo o período de transição (a partir de 01/01/2002), o

petróleo, o gás natural e todos os seus derivados básicos estão com seus

preços livres, do produtor ao consumidor final; as importações liberadas e os

subsídios extintos, exceto quando justificáveis e previamente aprovados pelo

Congresso Nacional, em concordância com a lei n. 9.478, de 06/08/1997. Em

meados de dezembro de 2001, após aprovação em primeiro turno do Senado

Federal (requisito indispensável para a abertura do mercado de importações) a

ANP submeteu à consulta pública um conjunto de portarias (TABELA 3.2) que

versavam sobre o abastecimento de combustíveis, alinhadas aos preceitos da

referida lei. Essas regras, que passaram a vigir a partir do início do corrente

ano, tinham como objetivos principais, tal qual sugere o informativo Modelo de

abertura do abastecimento de combustíveis, ANP (2001):

3.5.1 – OBJETIVOS

1. Assegurar um aumento das alternativas de oferta de derivados ao

mercado interno;

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2. Ampliar as opções de acesso dos consumidores a novas fontes

de suprimento, tanto internas (CMP´s, no caso de gasolina, por

exemplo) quanto externas ao país (como traders de derivados).

3.5.2 – PORTARIAS

37

N.º COMPETÊNCIA

309 Estabelece as especificações para a comercialização de gasolinas automotivas

38 em todo o território nacional e define obrigações dos agentes

econômicos sobre o controle de qualidade do produto

310 Estabelece as especificações para a comercialização de óleo diesel automotivo em todo o território nacional e define obrigações dos agentes econômicos sobre o controle de qualidade do produto

311 Estabelece procedimentos de controle de qualidade na importação de petróleo, seus derivados e álcool etílico combustível

312 Estabelece a regulamentação para a atividade de importação de solventes

313 Estabelece a regulamentação para a importação de óleo diesel

314 Estabelece a regulamentação para a importação de gasolinas automotivas

315 Estabelece a regulamentação para a exportação de derivados de petróleo

316 Regulamenta o exercício da atividade de formulação da gasolina ―A‖, comum, premium

39 e óleo diesel a partir de misturas de correntes de

hidrocarbonetos

317 Regulamenta o exercício da atividade de produção, armazenamento e comercialização de gasolina ―A‖, comum, premium nas centrais de matérias-primas petroquímicas

318 Regulamenta o exercício da atividade de produção de solventes TABELA 3.2 Relação das portarias submetidas à consulta pública Fonte: ANP (2002d).

Quanto à produção de derivados, as principais alterações referem-

se à introdução de dois novos agentes: ―Formulador‖ e ―Importador‖ e à

autorização para produção de gasolina ―A‖40

por parte das CMP‘s.

Em relação aos novos agentes mencionados, ambos se apresentam como

pessoas jurídicas distintas dos demais agentes existentes no mercado

(refinarias, CMP‘s, distribuidoras, TRR‘s41

e revendedores), devendo atender a

requisitos próprios e específicos (portaria ANP n.º 317/2001 para o primeiro e

37

Portarias expedidas em 27/12/2001, (DOU de 28/12/2001). 38

Combustível apropriado para motores de combustão interna com ignição por centelha, em motores que usam o ciclo Otto, em automóveis de passageiros, utilitários, veículos leves, lanchas e equipamentos agrícolas. Inclui as gasolinas classificadas como gasolina comum (―A‖ ou ―C‖) e gasolina premium (―A‖ ou ―C‖).

39 Gasolina automotiva de alta octanagem, com índice anti-detonante maior ou igual a 91, conforme estabelece a portaria ANP N.º 197/1999.

40 Gasolina produzida no país ou importada pelos agentes econômicos autorizados, isenta de componentes oxigenados e comercializada com o distribuidor de derivados de petróleo.

41 Transportadores e Revendedores Retalhistas – pessoas jurídicas, devidamente registradas e

autorizadas pela ANP a desempenhar as funções de aquisição (de produtos à granel), armazenamento, transporte, comercialização e controle da qualidade de combustíveis.

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n.º 311/2001, 312/2001, 313/2001 e 314/2001 para o segundo) para o

exercício das respectivas atividades, previamente autorizadas pela ANP.

Com o intuito de proceder com o processo de regulamentação, a

ANP tornou pública (DOU, 20/12/2001) a portaria n.º 297/2001, obrigando

todos os produtores e importadores de combustíveis autorizados a operar no

país a partir de 1º de janeiro de 2002, a informarem, semanalmente, à agência

seus preços de venda máximo, mínimo e médio, assim como os respectivos

volumes comercializados. Começou a vigorar nesta data o novo modelo de

abertura do mercado de combustíveis no Brasil, com liberação total dos preços

e importações de produtos (FIGURA 3.2).

As informações serão destinadas ao acompanhamento pela ANP

das políticas de preços praticadas no mercado interno pelos produtores locais

de combustíveis (refinarias da PETROBRAS, Manguinhos e RPI, centrais

petroquímicas Braskem, PQU e Copesul e novos formuladores a serem

autorizados pela agência) e pelos importadores. A ANP estará comparando os

preços internos com as cotações internacionais dos produtos, incorporando os

custos de internação42

no país.

Nesse sentido, ressalta-se que o acompanhamento dos preços dos

produtores e importadores complementará o Programa de Monitoramento de

Preços dos Combustíveis (PMPC) da ANP, que investiga os valores cobrados

por distribuidoras e revendedores. Este permite à agência verificar a

ocorrência de infrações a ordem econômica e instruir processos junto à

Secretaria de Direito Econômico (SDE) bem como, se for o caso, à agência

anti-truste de regulação da concorrência (CADE) (ANP, 2002b).

42

Utilização de dutos e terminais, dentre outros.

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3.5.3 – ABERTURA DO MERCADO DE COMBUSTÍVEIS (NOVO MODELO)

FIGURA 3.2 Modelo de abertura do mercado Fonte: ANP (2001).

Consumidores Finais

Distribuidores

TRR Revendedores

Refinarias CMP Formulador Importador

Mercado Externo

Exceto Gasolina

Exceto Gasolina e Diesel

Aumento das opções de oferta no mercado interno

Maiores opções de acesso a fontes de suprimento

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3.5.4 – ATORES

Seguem listados, os agentes previstos na legislação e suas

atribuições, em consonância com a lei n.º 9.478.

Formuladores

Estes novos atores do segmento podem exercer a atividade de

formulação de gasolina ―A‖, sendo autorizados a adquirir no mercado interno

correntes de hidrocarbonetos líquidos, de refinarias, CMP´s, produtores de

solventes, importadores e outros formuladores. Podem ainda comercializar, no

mercado interno:

1. Gasolina ―A‖, exclusivamente com distribuidores de combustíveis,

refinarias, CMP´s, exportadores e outros formuladores;

2. Diesel, exclusivamente com distribuidores, refinarias, CMP´s,

exportadores, outros formuladores e consumidores finais;

3. Sobras de correntes de hidrocarbonetos líquidos,

exclusivamente com refinarias, CMP´s, exportadores e outros

formuladores.

além de poderem exportar gasolina, diesel e sobras de hidrocarbonetos

líquidos.

Importadores

As atividades de importação de petróleo, gás natural e derivados43

estão sujeitas à prévia aprovação da ANP. De uma maneira geral, os pontos

que merecem destaque se referem à importação de solventes passíveis de

promover adulteração em combustíveis44

, à marcação de solventes importados

que não se destinarem à produção de combustíveis e ao fato de que, em

respeito às portarias ANP n.º 313/2001 e 314/2001, empresas cujo objeto

43

Como exemplo da atividade, chegou ao Brasil (no porto de Suape, PE), em 05/03/2002, o

primeiro carregamento de óleo diesel importado por uma empresa privada. A empresa de trading PETRO ENERGIA comprou no mercado norte-americano 19,5 milhões de litros do combustível, pretendendo atender, principalmente, o mercado nordestino através de sua ligação com as distribuidoras Dislub e Total (O GLOBO online, 06/03/2002). 44

Neste caso há necessidade de aprovação da transação pela ANP.

Formatados: Marcadores e numeração

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social contemple a atividade de importação (traders) não podem exercer outras

atividades.

Vale a pena salientar que foi autorizada somente a importação de

gasolina isenta de componentes oxigenados (portaria ANP n.º 313/2001), tais

como MTBE45

, metanol, etanol anidro ou quaisquer álcoois.

Dessa maneira, em consonância com o órgão regulador, as

empresas não produtoras, autorizadas ao exercício da atividade exclusiva de

importação de gasolina e diesel (novos agentes previstos na legislação)

podem, observando as regras de internação, fixadas pela portaria ANP n.º

311/2001, comercializar tais produtos no mercado interno, exclusivamente

com: distribuidores de combustíveis, produtores de gasolina e diesel

(refinarias, CMP´s e formuladores), empresas exportadoras autorizadas pela

ANP (portaria ANP n.º 315/2001) e consumidores finais, no caso do diesel.

Agentes de Produção de Derivados

No que diz respeito ao escopo de atuação dos agentes de produção

de derivados, à exceção dos formuladores (portanto, refinarias e CMP‘s), estes

têm o privilégio de importar e exportar correntes de hidrocarbonetos líquidos e

produtos derivados do petróleo e do gás natural, em conformidade com a

legislação vigente, podendo ainda comercializar, no mercado interno:

1. Correntes de hidrocarbonetos líquidos destinados à formulação

de combustíveis, exclusivamente com formuladores,

importadores, exportadores ou outras refinarias e CMP‘s;

2. Correntes de hidrocarbonetos líquidos destinadas a uso não

combustível, atendendo ao disposto na portaria ANP n.º 274/2001

(estabelece obrigatoriedade de adição de marcador a derivados

de petróleo indicados pela agência), exclusivamente com

distribuidores de solventes, importadores, exportadores, outras

refinarias e CMP‘s (portaria ANP n.º 212/2001);

45

Éter metil-terc-butílico, produto que confere aumento de octanagem misturado à gasolina ―A‖ para a obtenção da gasolina ―B‖ até o mês de abril de 1999, apenas no Estado do Rio Grande do Sul (Anuário Estatístico da ANP, 2001).

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3. Produtos especificados (exceto gasolina ―C‖46

), exclusivamente

com distribuidores de combustíveis automotivos, formuladores,

importadores e exportadores, outras refinarias, CMP‘s e

consumidores finais.

Nesse sentido, as refinarias e CMPs passaram a dispor de maior

flexibilidade no que concerne à sua carteira de clientes (podendo vender

inclusive para consumidores finais) e tenderão, conforme objetivado pela

legislação, a ampliar a preocupação no que diz respeito a qualidade dos

derivados produzidos (em função da concorrência), buscando melhorar as

condições de processamento, provavelmente, via investimentos que otimizem

seus processos de produção.

Outros Agentes de Mercado

Com relação aos players não citados (exportadores, distribuidores,

revendedores e TRR‘s) informa-se que a atividade de exportação de petróleo,

gás natural e seus derivados continua sujeita à autorização prévia da ANP (nos

moldes da portaria ANP n.º 315/2001), sendo que será somente concedida a

empresas produtoras (refinarias, CMP‘s ou formuladoras), para gasolinas,

diesel, nafta, querosene de aviação, GLP e solventes apropriados à

formulação de combustíveis. Ressalta-se ainda que estas devem ter, como

objeto social, a atividade de exportação, não exercendo assim, outras

atividades reguladas pela agência, a menos das de importação.

Com relação às atividades de distribuição e revenda, foram

mantidas as regras vigentes com relação a requisitos de habilitação,

autorização, escopo de atuação, qualidade dos produtos comercializados, e

relacionamentos com consumidores e demais agentes do setor. As alterações

pertinentes que foram introduzidas na regulamentação atual, a partir da

portaria ANP n.º 310/2001 que discorre sobre a autorização concedida aos

TRR´s para adquirirem produtos que estão autorizados a comercializar das

refinarias e CMPs.

Consumidores Finais

46

Gasolina constituída de uma mistura de gasolina ―A‖ e álcool etílico anidro combustível. A proporção obrigatória de álcool na mistura é fixada por decreto presidencial, podendo variar de 20 a 24%, conforme determinou a lei N.º 10.203/01. Para o ano 2000, o percentual adotado era de 24% até 20/08, sendo reduzido para 20% após esta data (Anuário Estatístico da ANP, 2001).

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Sendo os principais beneficiados com o novo conjunto de leis,

decretos e portarias que regulamentam a atividade do setor de petróleo e gás,

os consumidores finais passam a contar com a possibilidade do acesso direto

a fontes primárias de suprimento, tanto no mercado interno (refinarias, CMP´s,

formuladores e importadores), quanto externas ao país (importação direta).

Além desses aspectos, tais agentes foram ainda beneficiados pela

preocupação por parte do órgão regulador a respeito da qualidade dos

produtos, no que concerne às especificações47

(portaria ANP n.º 301/2001) e à

adição de marcadores (portaria ANP n.º 274/2001). Com relação a esta última,

torna-se obrigatória, para derivados de petróleo ou gás natural indicados pela

agência, solventes e correntes efluentes da indústria petroquímica

(comercializadas no mercado interno ou, quando for o caso, exportadas) a

adição de marcadores por parte dos produtos ou importadores definidos

anteriormente.

3.6 – A ESTRUTURA DE FORMAÇÃO DE PREÇOS NO REGIME

DE LIVRE MERCADO

Dentro da lógica do processo de desregulamentação do setor de

óleo e gás, o governo vem adotando providências (desde 1997, com a lei n.º

9.478) no sentido de construir um regime de livre mercado, dentre as quais se

destaca a liberação, ao consumidor, de preços, fretes e margens de

comercialização de combustíveis em todo o território nacional (ANP, 2002b).

A partir de 1º de janeiro do ano corrente, completou-se importante

etapa desse processo, mediante a introdução de modificações estruturais no

downstream, inserindo-o, praticamente, em regime de livre mercado.

Nesse sentido, várias medidas foram implementadas tais como:

eliminação do controle de preços de faturamento de refinaria para gasolinas

automotivas, óleo diesel e GLP, extinção de subsídios e edição de

regulamentação sobre novos agentes concorrentes dos produtores de

derivados de petróleo previamente instalados no país.

47

Com relação, fundamentalmente, aos teores máximos de enxofre para o diesel automotivo metropolitano (0,20% em peso), a ser comercializado nos municípios estabelecidos pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e para o diesel automotivo interior (0,35% em peso), sendo este último comercializado nos demais municípios brasileiros por refinarias, CMP´s, formuladores e importadores, depois da adição de corante especificado pela ANP.

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As modificações alcançaram, também, a formação de preços de

combustíveis, com destaque especial para sua componente tributária, haja

vista a instituição, pela Emenda Constitucional n.º 33 de 11/12/2001, da

Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) para os

combustíveis.

Com a CIDE, cuja criação foi regulamentada pela lei n.º 10.336, de

19/12/2001, extinguiu-se a Parcela de Preço Específica (PPE) que integrava os

preços de faturamento de refinaria de óleo diesel, gasolinas automotivas e

GLP, dando condições para que se promovesse a abertura do mercado à

importação.

Dessa maneira, em conformidade com o novo contexto regulatório,

é apresentada, no Anexo II (p.156) a estrutura de formação dos preços ao

consumidor final da gasolina comum.

3.7 – CONCLUSÕES SOBRE A REGULAÇÃO NO SETOR Com relação à nova realidade legal do setor de petróleo e gás no

país, constatam-se, para o segmento de refino, modificações na composição e

nas atribuições dos atores envolvidos. Torna-se particularmente importante

destacar a nova possibilidade de relacionamentos entre mercado externo,

agentes produtores (refinarias, CMPs, formuladores e importadores) e

consumidor final.

Espera-se, dentro dos objetivos da lei n.° 9.478, que a presença de

alternativas de escolha no fornecimento de derivados permita ao consumidor

uma exposição maior a um mercado mais dinâmico e competitivo.

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70

CAPÍTULO IV

REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 – OBJETIVOS DO CAPÍTULO

Devido à importância da atividade de refino para o desenvolvimento

econômico e industrial do país (BRANDÃO 1999), ao seu caráter longevo (THE

ECONOMIST, 10/02/2001) e à recém-desregulamentação do setor de óleo e

gás (MENEZZELO, 2000; Lei n.° 9.478, 06/08/1997), uma revisão da literatura

que relacione ferramentas associadas à sua gestão torna-se necessária.

Nesse sentido, serão abordadas teorias relacionadas à estratégia competitiva

em geral e na atividade de refino.

4.2 – GESTÃO ESTRATÉGICA

Sob o ponto de vista conceitual, a gestão estratégica se tornou

objeto de estudo, pesquisa e ensino em meados da década de 1960 (MILANI,

2001), sobretudo, a partir dos esforços despendidos por consultorias de

negócios que se dedicavam ao desenvolvimento de práticas gerenciais ou ao

esclarecimento de relações quantitativas entre companhias e seus mercados.

Nessa época, O Boston Consulting Group – BCG foi responsável,

pela idealização de uma ferramenta chamada ―Curva de Experiência‖,

desenvolvida para explicar políticas de preço e comportamento competitivo de

segmentos de crescimento acelerado como eletroeletrônicos. Postulava-se

que os custos de produção decairiam de 20 a 30% para cada vez que a

quantidade produzida dobrasse, devido a economias de escala e à

aprendizagem organizacional (GHEMAWAT, 1997).

A década de 1970 foi marcada pelo surgimento de ferramentas

como a ―Análise de Portfólio‖, apresentada pelo BCG numa tentativa de

proceder à classificação dos negócios de uma determinada empresa,

baseando-se no seu potencial de crescimento versus necessidade de alocação

de recursos. Posteriormente, a abordagem foi estendida, dando origem a

matriz de Atratividade da Indústria – Força do Negócio, idealizada pela

McKinsey & Company (HAX e MAJLUF, 1984 apud GHEMAWAT, 1997).

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Esta, por sua vez, também foi responsável pelo desenvolvimento da

abordagem de Unidades Estratégicas de Negócios (UEN) que sugeria uma

organização departamental orientada em linhas estratégicas, mais preocupada

com as condições do ambiente e orientada por medidas de performance

financeira passada. Naquela época, acreditava-se que, de alguma forma, a

teoria econômica levaria a regras universais em relação à estratégia (Id.,

1997).

Segundo TEECE, PISANO e SHUEN (1997), na área de gestão

estratégica, apesar das variadas alternativas desenvolvidas, a questão

fundamental continuou sendo como as firmas alcançariam e seriam capazes

de manter uma determinada vantagem competitiva.

4.2.1 – ABORDAGENS RECENTES

4.4.1.1 – FORÇAS COMPETITIVAS

Durante os anos 1980, a abordagem dominante se intitulava Forças

Competitivas. Atribuída ao trabalho de PORTER (1980), teve como raiz

intelectual o paradigma Estrutura – Conduta – Desempenho, da organização

industrial (MASON, 1949; BAIN, 1959 apud TEECE, PISANO e SHUEN, 1997)

que preconiza que dada uma certa estrutura de indústria, a rentabilidade das

empresas que nela se inserem se torna sua conseqüência direta. Nesse

sentido, esta se apresentaria função de uma posição privilegiada em relação

aos demais atores.

Vale ressaltar que, diferentemente das ferramentas comentadas até

então, neste caso, a unidade analisada é a indústria, que toma para o autor

uma conotação particular, definida, por ele próprio, como o

“conjunto de empresas fabricantes de produtos que

são substitutos bastante aproximados entre si” (PORTER, 1980, p.

24).

Dentro dessa premissa, são apresentadas cinco forças (FIGURA

4.1) que tenderiam a competir pela apropriação do valor gerado pela atividade

industrial.

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72

FIGURA 4.1 Forças Competitivas Fonte: PORTER (1980).

Numa abordagem mais recente (PORTER, 1998) o autor sugere que

o conceito de estratégia estaria relacionado à criação de uma ―posição

exclusiva e valiosa‖, envolvendo um conjunto de diferentes atividades.

Para PROENÇA (1999), é possível identificar, a partir da

contribuição de PORTER (1980), o surgimento de uma ―terceira onda‖48

em

Estratégia Empresarial, com o deslanchar da ―Escola do Posicionamento‖,

onde o conceito de estratégia se apresenta relacionado à posição a partir da

qual o empreendimento resiste às forças de competição e atende a demandas

particulares da sociedade.

Ainda com relação à análise da estrutura da indústria,

BRANDENBURGER e NALEBUFF (1996), propõem, no seu livro Coopetition,

uma extensão do modelo de Forças Competitivas, caracterizando os

chamados Agentes Complementadores49

como uma sexta força dentro da

concepção cunhada por PORTER (1980). Segundo os autores, apesar desses

novos atores não se apresentarem diretamente relacionados à competição

pela apropriação dos valores gerados pela produção ou pela prestação de

serviços numa determinada indústria, poderiam alterar as relações entre as

outras forças competitivas e, conseqüentemente, melhorar ou piorar o

posicionamento dos seus constituintes.

4.4.1.2 – CONFLITO ESTRATÉGICO

48

Para PROENÇA (1999), A segunda onda representaria as matrizes para análise de portfólio de negócios (BCG e McKinsey). A primeira remonta à estratégia militar (MINTZBERG, 1990). 49

Com relação à natureza complementar de agentes na indústria, pode-se citar a atribuição do governo (por exemplo, via Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA) no segmento farmacêutico. Sua autonomia para modificar seus padrões de concorrência (via proibição de comercialização de determinados fármacos), representa a possibilidade de beneficiar ou penalizar o posicionamento dos atores desta indústria com relação ao conceito de forças competitivas.

FORNECEDORES CONCORRENTES COMPRADORES

SUBSTITUTOS

ENTRANTES

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73

Segundo TEECE, PISANO e SHUEN (1997), uma outra abordagem

recente é atribuída a SHAPIRO (1989). O Conflito Estratégico se assemelha

às Forças Competitivas no que diz respeito ao tratamento da interação entre

atores, entretanto, utiliza ferramentas da teoria dos jogos e,

conseqüentemente, visões implícitas de resultados como uma função da

eficácia com a qual as firmas mantêm seus rivais afastados através de

investimentos, estratégias de preços e controle de informação. .

Sob o ponto de vista conceitual da teoria dos jogos, para

GHEMAWAT (1997), são utilizados estudos matemáticos relacionados às

interações entre tais atores, para orientá-los nos seus investimentos

dependendo das decisões dos concorrentes. Nesta linha, cita-se como raízes

intelectuais da abordagem John von Neumann e Oskar Morgenstern, pela sua

contribuição no livro The Theory of the games and Economic behavior

(NEUMANN e MORGENSTERN, 1944).

Assim como a alternativa anterior, a rentabilidade estaria

relacionada ao posicionamento.

4.4.1.3 – VISÃO BASEADA EM RECURSOS (RBV)

Para GHEMAWAT (1997), uma terceira abordagem estaria baseada

na construção de vantagens competitivas através da apropriação de

rentabilidade de eficiências no nível da firma. Esta corrente, originária no

trabalho de WERNERFELT (1984) teria, posteriormente, diversos seguidores

preocupados com as questões de identificação e propensão à imitação dessas

vantagens competitivas classificadas como recursos. A RBV apresenta raízes

em discussões mais antigas a respeito de forças e fraquezas corporativas,

como a teoria de crescimento da firma (PENROSE, 1959 apud GHEMAWAT,

1997) e sugere que a construção de vantagens competitivas sustentáveis é

conquistada apenas a partir da exclusividade (isolamento da firma quanto à

imitabilidade) dos seus recursos.

Assim, os defensores desta alternativa procuram atribuir a

possibilidade de obtenção de resultados superiores num ambiente de

concorrência pela capacidade de obtenção ou manutenção de recursos

dificilmente imitáveis.

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74

Dentro dessa linha, HAMEL e PRAHALAD (1994) defendem a idéia

de que a identificação dos recursos-chave da empresa, seguida do

desenvolvimento de atividades a eles relacionadas tende a protegê-la de

eventuais modificações nos padrões de produto ou serviço, garantindo uma

apropriação eficaz da exploração de mercados ainda indefinidos. Dessa

maneira, a abordagem em torno das Competências Essenciais questiona o

sistema de gerenciamento apoiado no conceito de UENs, dado que este tende

a colocar em foco basicamente produtos ou serviços e a apuração dos

resultados (consolidados) relacionados à sua comercialização, em detrimento

da compreensão da vocação da firma para competir num momento futuro sob

condições incertas.

HAMEL E PRAHALAD (1990) sugerem que

―No curto prazo, a competitividade de uma companhia

deriva dos atributos de preço e performance dos produtos por ela

produzidos (...) no longo prazo, a competitividade está atribuída de

competências essenciais que a permitem produzir novos

produtos‖.

Num trabalho mais recente (HAMEL e PRAHALAD, 1994, p. 227),

os autores sugerem que

―Qualquer empresa que queira capturar uma fatia

desproporcional dos lucros do mercado de amanhã precisa

desenvolver as competências que contribuirão de forma

desproporcional para o valor futuro percebido pelo cliente (...)

Usamos repetidamente a expressão Competência Essencial para

subscrever as capacidades subjacentes à liderança em uma gama

de produtos ou serviços.‖

Segundo TEECE, PISANO e SHUEN (1997), entretanto, a

abordagem não se atém a explicação de como proceder àquele isolamento, no

intuito de garantir que as vantagens competitivas sejam mantidas.

Num trabalho mais recente, ARNOLD (2000) propõe uma

combinação entre os conceitos de Competências Essenciais (HAMEL e

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PRAHALAD, 1990; 1994) e Custo de Transação Econômico50

, que associa o

custo relativo a uma determinada transação (COASE, 1937 apud ARNOLD,

2000) à especificidade da atividade contratada (WILLIAMSON, 1989 apud

ARNOLD, 2000) para desenvolver um modelo integrado (com dimensões

gerenciais e econômicas) sobre estratégia de terceirização (dilema de fazer ou

comprar) (FIGURA 4.2).

Dentro dessa perspectiva, segundo ARNOLD (2000), o design da

estratégia de terceirização (fazer com recursos próprios – Insourcing,

Terceirização Interna ou Terceirização Externa) baseia-se, fundamentalmente,

na classificação dos recursos disponíveis (multi-propósito, duradouros,

relevantes para os clientes ou irrelevantes) numa esfera de know-how

(relacionada ao conceito de Competências Essenciais), bem como na sua

especificidade (esfera que reflete seus custos de transação).

50

Custo na realização de contratos, por exemplo, negociação, avaliação de fornecedores, funções de controle

Alt

ern

ati

va

s d

e d

es

ign

Ati

vid

ad

e

Terceirização Externa

Terceirização Interna Fazer com recursos próprios

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76

FIGURA 4.2 – Estratégias de terceirização Fonte: ARNOLD (2000).

Nesse sentido, as atividades tidas como estratégicas estariam

relacionadas a recursos-multipropósito (Competências Essenciais) e seriam

altamente específicas (o que envolveria elevado custo de transação em caso

de subcontratação), não devendo, desta forma, ser terceirizadas. Ocorreria o

contrário para atividades de baixa especificidade e pouca importância

estratégica para a empresa.

4.4.1.4 – CAPACIDADES DINÂMICAS

Para GHEMAWAT (1997), durante os anos 1990, diversos autores

procuraram estender a teoria RBV. O sentido era procurar explicar, com

alguma clareza, como capacidades específicas associadas à firma e dirigidas a

Parc

eria

info

rmal

Multi-propósito Duradouros R

ele

va

nte

pa

ra

Clie

nte

s

Baseado em hierarquia

Orientação híbrida

Baseado no

mercado

Especificidade e Custo de Transação

Importância Estratégica

Cla

ss

ific

ão

do

s r

ec

urs

os

Tra

nsa

çã

o

sp

ot

Jo

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en

to

de

ca

pita

l

Irre

leva

nte

s

Competências Essenciais

Vantagem competitiva

Competitividade

Desvanta

gem

com

petitiva

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77

possibilitar a promoção de atividades mais eficientes que àquelas dos

concorrentes poderiam ser construídas e mantidas de maneira sustentável no

tempo.

A abordagem de Capacidades Dinâmicas se diferencia da anterior

dado que a capacidade precisa ser desenvolvida e não é tomada como dada

(recurso), como na RBV, tal qual sugerem TEECE, PISANO e SHUEN (1992):

―Se o controle sobre recursos escassos é a fonte do lucro,

conseqüentemente, aspectos como aquisição de habilidades e aprendizado se

apresentam estratégicos. Nessa segunda dimensão, cercar aquisição de

habilidades, aprendizado e capacidade de acumulação se refere a uma

abordagem de capacidades dinâmicas (...) ganhos são vistos não só como

resultado da incerteza (...) mas também como o produto de atividades dirigidas

pelas firmas que criaram estas capacidades diferenciadas e por seus esforços

gerenciais para dispor desses ativos de uma maneira coordenada.‖

TEECE, PISANO e SHUEN (1997) resumem, na TABELA 4.1, as

principais características relacionadas às principais abordagens apresentadas:

Raízes

Intelectuais

Referências

em Gestão

Estratégica

Racionalidade

Gerencial

Análise

Fundamental

Re-orientação

a Curto Prazo

Papel da

Estrutura

Industrial

Preocupação

Focal

1 Mason, Bain Porter Racional Indústrias, firmas e produto

Alta Exógeno Condições estruturais e

posicionamento

2 Machiavell, Schelling,

Cournot, Nash, Shapiro e Harsany

Ghenmawat, Shapiro,

Brandenburger, Nalebuff

Hiper-racional Firmas e Produtos

Freqüentemente Infinita

Endógeno Interações Estratégicas

3 Penrose, Selznick,

Christensen e Andrews

Rumelt, Chandler,

Wernerfelt e Teece

Racional Recursos Baixa Endógeno Conversibilidade de ativos

4 Schumpeter, Nelson, Winter e

Teece

Dosi, Teece, Winter,

Prahalad, Hamel, Hayes, Whellwright,

Dierickx, Cool e Porter

Racional Posições, Processos e Trajetórias

Baixa Endógeno Acumulação, replicabilidade e proteção contra

imitações de ativos

TABELA 4.1 Abordagens em Gestão Estratégica Abordagens: 1 – Forças Competitivas; 2 – Conflito Estratégico; 3 – RBV; 4 – Capacidades Dinâmicas. Fonte: TEECE, PISANO e SHUEN (1997).

4.3 – ABORDAGENS EM GESTÃO DA ATIVIDADE DE REFINO

Haja vista a importância de cunho estratégico associada à atividade

de refino, observa-se o desenvolvimento de um razoável número de trabalhos

a ela relacionadas. Entretanto, devido à sua dimensão técnica inerente, a

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78

grande maioria se atém a estudos da engenharia51

e/ou química dos seus

processos componentes52

. Nesse sentido, abordagens associadas à esfera da

gestão ou que preconizem o tratamento de questões que transcendam o

elemento técnico (sem deixar, todavia, de levá-lo em consideração) se

apresentam, de uma maneira geral escassas.

Registra-se dentro desta perspectiva a iniciativa pioneira de COPP

(1976) em analisar aspectos relacionados à competição no segmento de

refino no período de 1948 a 1975. Comenta-se, entretanto, que muito embora

o trabalho esteja, ainda que indiretamente, associado à esfera mencionada,

sua preocupação está mais ligada à discussão da evolução da sua regulação

dentro da indústria do petróleo norte-americana.

Assim, devido à particular carência de contribuições afins,

descrevem-se cinco abordagens afins, sendo duas de caráter geral e três

dentro do âmbito da indústria de refino nacional.

4.3.1 – COMPLEXIDADE NOS PROCESSOS DE REFINO

Segundo NELSON (1976), é possível se fazer distinção entre os

processos componentes de uma refinaria, tomando por base uma comparação

que forneça informações do quão mais complexos são esses processos, em

relação à unidade de destilação atmosférica (unidade de referência, de

complexidade 1,0). A partir desse raciocínio, pode-se entender, por exemplo,

por que o custo de produção de uma corrente proveniente da unidade de

craqueamento catalítico é maior do que o correspondente ao cru destilado.

Existe uma série de processos, de diferentes complexidades ao longo do

caminho físico percorrido pelo petróleo entre a alimentação da coluna de

destilação atmosférica e a saída da unidade de craqueamento, que tendem a

agregar valor à carga – transformando-a num produto intermediário – e, em

função disso, associa-se um custo de capital embutido em cada um deles.

Nesse sentido, tratando uma refinaria hipotética j como um conjunto

de i processos de capacidade fi, torna-se simples computar, para cada

51

Projetos ou desgargalamento de unidades, compreensão dos fenômenos de transporte associados, cinética/termodinâmica das reações químicas envolvidas dentre outros campos correlatos. 52

Listam-se como exemplos: CAMPOS e LEONTSINIS (1990); MATAR e HATCH (1994); BAGAJEWICZ (1997) e PINTO, JOLY e MORO (2000).

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79

processo, seu fator de complexidade, Ci (TABELA 4.2). Ponderando-se tais

fatores pelo percentual da carga total de refino (Fj, recebida pela unidade de

destilação atmosférica da refinaria j) e procedendo-se um somatório é possível

calcular a complexidade total da refinaria ou seu Índice de Complexidade

Nelson – ICN (EQUAÇÃO 4.1).

A complexidade de uma refinaria j depende, dessa maneira, das

propriedades físicas do óleo cru (ou do mix de crus) a ser processado e das

características (especificações quanto à qualidade ou em atendimento às

restrições de cunho regulatório – ambiental) dos produtos produzidos, uma vez

que o binômio matéria prima – produto é o fator determinante da necessidade

de uma dada configuração de equipamentos adequados para a operação. Um

exemplo ilustrativo pode ser observado na FIGURA 4.3.

i

i j

iij

F

fCICN

1

.

EQUAÇÃO 4.1 – COMPLEXIDADE NELSON

Adaptando-se este mesmo raciocínio para um parque de refino P,

com j refinarias, conclui-se que o ICN deste conjunto (ICNP) de unidades de

processamento é dado pela EQUAÇÃO 4.2

j

j

jj

j

j

i

i j

ii

P F

F

F

fC

ICN

1

1

1

EQUAÇÃO 4.2 – ICN PARA UM PARQUE DE REFINO P

UNIDADE DE REFINO (i) COMPLEXIDADE (Ci)

Destilação atmosférica 1,00

Destilação a vácuo 2,00

Processos Térmicos 5,00a

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Craqueamento Térmico 2,75

Viscorredução 2,75

Coqueamento retardado 6,00

Craqueamento catalítico 6,00

Reforma catalítica 5,00

Hidrocraqueamento catalítico 6,00

Hidrorefino catalítico 3,00

Hidrotratamento catalítico 2,00

Alquilação/Polimerização 10,0

Aromáticos/Isomerização 15,0

Lubrificantes 10,0

Asfalto 1,50

Geração de hidrogênio (Mft3b

) 1,00

Oxigenados (MTBE/TAME) 10,0

TABELA 4.2 Complexidade Nelson Fontes: JOHNSTON (1996) e NELSON (1976). aMédia ponderada de diversos processos térmicos;

bpor Milhares de pés cúbicos dia (Mft

3/dia).

Aplicações dos conceitos de relacionados ao ICNj (para as

refinarias brasileiras) e ao ICNP (para a indústria de refino nacional) podem

observadas no ANEXO IV, p. 159.

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Complexidades de Unidades de Processamento53 (Exemplo)

FIGURA 4.3 Cálculo de complexidades de unidades de processamento

53

No exemplo, calcula-se a complexidade para o par de unidades i = 1, i = 2. Fonte: PETROBRAS (2002b).

i = 2, C2 = 2,0

f2

(...)

(...)

i = 1, C1 = 1,0

F

F

fICN

,

2

21

21

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82

Estendendo-se a análise, torna-se possível comparar refinarias a partir

dos seus valores de complexidade (comparação superficial54

) ou, de uma

forma mais homogênea, a partir das suas Capacidades de Destilação

Equivalentes (CDE) (EQUAÇÃO 4.3), excluindo assim, o problema de justapor

escalas (capacidade de processamento, Fj) demasiadamente diferentes.

jjj FICNCDE

EQUAÇÃO 4.3 – CAPACIDADE DE DESTILAÇÃO EQUIVALENTE

A CDE é, segundo NELSON (1976), uma grandeza representada

pelo produto entre o Índice de Complexidade Nelson (ICNj) de uma refinaria j e

a capacidade de processamento, Fj, com o objetivo de reduzir (normalizar) as

diversas unidades de processo (destilação a vácuo, coqueamento, FCC,

reforma catalítica, etc.) a uma única unidade de destilação atmosférica (com

uma capacidade equivalente), possibilitando, assim, uma comparação direta

entre refinarias de escalas e processos variados.

Nesse raciocínio, toda a refinaria se comportaria como uma torre de

destilação de x Mbpd e, se o custo da unidade de destilação no mercado

representasse y$/Mbpd, um valor (absoluto) aproximado da refinaria55

seria

dado pelo produto xy. Entretanto, como para os fins comparativos a que se

propõe a análise do autor não há necessidade da obtenção dos valores

absolutos das plantas, a CDE mostra-se como uma ferramenta capaz de

medir, de forma indireta, o capital (imobilizado) associado a cada uma delas,

estando associada ainda à descrição da planta como um todo.

54

A comparação é superficial dado que refinarias de pequena escala (baixa capacidade de processamento, ex. Fj < 30.000bpd) podem apresentar valores de ICNj distorcidos (elevados), quando apresentam unidades instaladas de complexidade mediana (ex. 5) responsáveis pelo processamento de percentuais consideráveis da carga total, o que pode vir a mascarar uma análise para um conjunto de refinarias (especialmente, se as suas escalas são muito variadas) se esta for a única ferramenta de análise. 55

A metodologia proposta por NELSON (1976) não leva em consideração os aspectos logísticos envolvidos, por exemplo, como extensão da rede dutoviária.

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83

4.3.2 – CONSIDERAÇÃO TEÓRICA SOBRE COMPETITIVIDADE NO REFINO

Na ótica de POMPÉI (2001), a competitividade de uma refinaria

depende, fundamentalmente de três fatores: Localização Geográfica

(proximidade dos seus mercados), i.e. acesso ao óleo cru por meio de portos,

dutos, bem como facilidade na distribuição de derivados, Posição

Tecnológica (relacionada à configuração e performance das suas unidades),

além do Aspecto Humano e Organizacional (caracterizado pela eficiência de

organização e gerenciamento, resultante da produtividade do seu pessoal).

Dentro desta descrição, pode-se assumir, ainda que qualitativamente,

Competitividade (C) como uma função objetivo, dependente dos três fatores

(ou variáveis) descritos acima. Tem-se, assim, conforme a EQUAÇÃO 4.4:

C = C (LG, PT, AHO)

EQUAÇÃO 4.4 – COMPETITIVIDADE

Assumindo o primeiro como fixo (a menos da construção de dutos e

terminais, aproximar uma unidade de processamento dos seus mercados é

uma atividade limitada à posição da planta) e resultante das decisões tomadas

quando da construção da planta, pode-se perceber que a maximização da

competitividade como um objetivo associado à sinergia de Posição

Tecnológica (PT) e Aspecto Humano e Organizacional (AHO). Pensando em

PT e AHO como recursos de propriedade da refinaria (suas unidade,

tecnologia comprada e/ou licenciada, seus empregados, etc.), pode-se

classificar os mesmos, segundo BARNEY (1996), quanto sua propensão à

imitação. O autor, numa tentativa de fazer uma análise mais abrangente da

chamada Visão Baseada em Recursos (RBV), procura mostrar que os recursos

identificados contribuirão em maior ou menor grau para a obtenção de uma

vantagem competitiva quanto forem menos sujeitos à imitação.

Dentro desta abordagem, segundo POMPÉI (2001), apesar da Posição

Tecnológica poder ser melhorada no médio prazo (desenvolvimento de novos

processos oriundos de inovações ou transferência de tecnologia), torna-se

normalmente difícil que atenção despedida apenas à essa variável seja

suficiente para o alcance de uma vantagem competitiva sustentável.

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84

A facilidade de imitação (BARNEY, 1996) do progresso tecnológico é

normalmente associada à dificuldade de proteção da propriedade intelectual.

Na visão de POMPÉI (2001), o oposto tenderia a ocorrer no que

concerne o estabelecimento de um sistema de gerenciamento (específico) que

contribua para a obtenção de altos níveis de performance, dificilmente

imitáveis. Nesse sentido, a possibilidade da maximização da função objetivo

Competitividade passa por uma solução de compromisso entre Posição

Tecnológica (associada à inovação) e Aspecto Humano e Organizacional

(associado à manutenção desta posição), que busca o caráter sinérgico da sua

associação.

4.3.3 – GESTÃO DA ATIVIDADE DE REFINO NO BRASIL

Com relação à preocupação de analisar a atividade de refino no

país, dentro de uma perspectiva técnico-gerencial, registram-se as iniciativas

de TOLMASQUIM e SZKLO (2000), TOLMASQUIM et. al. (2000) e SEIDL e

MAGALHÃES (2001).

Em seu livro ―A matriz energética brasileira na virada do milênio‖,

TOLMASQUIM e SZKLO (2000) procuram apresentar diversos estudos

setoriais (que abarcam, dentre outros aspectos, a questão da produção de

derivados no país) e resultados de simulações da evolução da demanda e

oferta de energia no país, realizados em 1997, tomando por base dados de

1995 e o ano de 2010 como horizonte de análise. Desenvolveu-se, para tal

uma ferramenta analítica computacional – Modelo Integrado de Planejamento

Energético (MIPE) – dividida em módulos interativos (macroeconômico, oferta,

demanda e consumo final de energia) que, no caso do segmento de refino,

leva em consideração elementos associados à disponibilidade de óleo

(nacional e/ou importado), a configuração (ainda que simplificada) do parque

brasileiro, além de estimativas de demanda baseadas em cenários.

Numa outra contribuição, TOLMASQUIM et. al. (2000) buscam

avaliar a indústria de refino brasileira frente ao anúncio da abertura do

mercado nacional de derivados às importações. Dentro dessa perspectiva, os

autores apresentam o desenvolvimento de uma análise comparativa baseada

no conceito de complexidade, fator de utilização de capacidade e margem.

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85

Vale ressaltar, entretanto, que muito embora a preocupação a cerca

do desempenho das refinarias nacionais e sua conseqüente discussão quanto

à adaptabilidade das mesmas a um novo cenário regulatório seja deveras

pertinente, a análise dos elementos (variáveis) eleitos se apresenta um tanto

quanto discutível: Em primeiro lugar pela desconsideração dos pesos

atribuídos às unidades na análise de complexidade56

e finalmente pelo

tratamento conjunto57

do parque com relação à avaliação da margem.

Também interessados na investigação da competitividade das

refinarias brasileiras, SEIDL e MAGALHÃES (2001) propuseram uma

metodologia comparativa, com o objetivo de analisar similaridades entre estas

unidades. Vale ressaltar, entretanto, que o caráter puramente empírico

associado à avaliação dos processos instalados (via escala de importância

elaborada pelos autores), o modo pelo qual a questão ambiental foi avaliada

(número de decretos e leis ligadas à disposição de resíduos por Estado58

) e a

justaposição de refinarias com escalas e unidades variadas (essas dimensões

foram consideradas estanques) apresentam-se discutíveis.

56

Considerou-se, na referida abordagem, a mesma ponderação para unidades diferentes (ex. craqueamento, reforma, destilação a vácuo), computando-se apenas os percentuais entre as cargas das mesmas e o processado pela coluna de destilação atmosférica (abordagem mais simples e diferente daquela proposta por NELSON, 1976). 57

Como não foi proposto nenhum modelo ou estimativa da margem por refinaria, a comparação dessas unidades levando-se em conta dados que exprimam a condição do parque como um todo, fica um pouco prejudicada. 58

Procurou-se associar o fato de que uma refinaria competitiva deveria apresentar bons resultados mesmo em ambientes onde a legislação ambiental fosse mais restritiva.

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86

CAPÍTULO V

SITUAÇÃO ATUAL DA INDÚSTRIA DE REFINO NO PAÍS

5.1 – OBJETIVOS DO CAPÍTULO

No intuito de avaliar as possíveis tendências na transformação da

indústria analisada frente a uma nova realidade de mercado aberto, torna-se

necessário conhecer alguns fatores relevantes à atividade de processamento

de óleo nas unidades de refino instaladas no país.

Este capítulo se dedica à apresentação e comentário de dados

estatísticos atuais e eventuais projetos em discussão no âmbito da indústria do

refino nacional.

5.2 – O PARQUE DE REFINO BRASILEIRO

Segundo a GAZETA MERCANTIL (Análise Setorial, 1999), o parque

de refino brasileiro atualmente é composto por doze refinarias de petróleo

(FIGURA 5.1), sendo duas privadas (MANGUINHOS, RJ e RPI, RS, Grupo

Peixoto de Castro/Repsol-YPF e Petróleo Ipiranga S.A., respectivamente) e

dez de propriedade da PETROBRAS (REMAM, RLAM, REGAP, RPBC,

RECAP, REPLAN, REVAP, REDUC, REPAR e REFAP) sendo que, 30% dos

ativos da Refinaria Alberto Pasqualini (atualmente, REFAP S.A.), localizada em

Canoas, RS, são de propriedade da Repsol-YPF S.A. (TABELA 5.1).

Existem ainda mais duas unidades de propriedade da estatal: uma

de processamento de lubrificantes (LUBNOR) em Fortaleza, CE e a PetroSIX,

que processa xisto betuminoso em Araucária, PR.

5.2.1 – DEFINIÇÃO

Assume-se como Parque de Refino Brasileiro o conjunto formado

pelas unidades de processamento que disponham de destilação atmosférica

(processo básico do refino), excluindo-se, nesse sentido, as plantas de

lubrificantes e xisto.

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87

`

FIGURA 5.1 – Parque de refino brasileiro Fonte: Elaboração própria com base nos dados de GAZETA MERCANTIL – Análise Setorial (1999) e Oil & Gas Journal Survey (2002).

REPAR (1977)

175.491 bpd

RLAM (1950)

283.710 bpd

REFAP (1968)

175.491 bpd

REDUC (1961)

222.289 bpd

MANGUINHOS

(1954) 14.500 bpd

RPBC (1955)

157.942 bpd

RECAP (1954)

42.118 bpd

RPI (1937)

12.581 bpd

REPLAN (1972)

304.184 bpd

REVAP (1980)

210.589 bpd

REMAM (1956)

42.703 bpd

Legenda:

REFINARIA (Partida) Carga

Processada (2001)

REGAP (1968)

140.393 bpd

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88

N.º REFINARIA CIDADE UF REGIÃO CONTROLE EMPREGADOS

1 REMAM MANAUS AM N ESTATAL 220 2 RLAM MATARIPE BA NE ESTATAL 1.241 3 REGAP BETIM MG SE ESTATAL 653 4 RPBC CUBATÃO SP SE ESTATAL 941 5 RECAP CAPUAVA SP SE ESTATAL 285 6 REPLAN PAULÍNEA SP SE ESTATAL 666 7 REVAP S. J. DOS CAMPOS SP SE ESTATAL 651 8 REDUC RIO DE JANEIRO RJ SE ESTATAL 1.433 9 MANGUINHOS RIO DE JANEIRO RJ SE PRIVADO 426 10 REPAR ARAUCÁRIA PR S ESTATAL 509 11 REFAP CANOAS RS S MISTO 551 12 RPI RIO GRANDE RS S PRIVADO 373

TABELA 5.1 Refinarias do parque brasileiro Fontes: GAZETA MERCANTIL – Análise Setorial (1999); GAZETA MERCANTIL – Balanço Setorial (2002); HENZ (2001)

59

Obs.: Os dados de empregados por refinaria (posição em 31/12/2001) incluem mão-de-obra contratada.

A carga processada pelo parque brasileiro somou 1.782.863 bpd60

(OGJ Survey, 2001) em 2001, colocando o país em posição de destaque com

relação aos dados internacionais de empresas que atuam neste segmento

(vide Cap. I, TABELA 1.1).

5.2.2 – DERIVADOS PRODUZIDOS

Com relação à destinação, o petróleo processado nas refinarias

brasileiras (TABELA 5.2) foi transformado em 2001, principalmente, em óleo

diesel (34,45%), gasolina ―A‖ (19,80%), óleo combustível (18,38%), nafta

petroquímica (10,12%) e GLP (7,57%) (ANP, 2002c), sendo o perfil de refino

resultado das características dos diferentes tipos de crus utilizados (leves ou

pesados), das características (unidades instaladas61

) das refinarias do parque

e do consumo de derivados.

Segundo TOLMASQUIM et. al. (2000), tal destinação foi alterada

consideravelmente nas últimas duas décadas, a tal sorte que o óleo diesel

(OD) tornou-se o derivado produzido em maior quantidade, para atender o

consumo crescente (grande aumento da frota rodoviária); para tal, observaram-

59

Os dados referentes ao número de empregados por refinaria da PETROBRAS foram oriundos de informações fornecidas pela REFAP S.A., após entrevista com seu diretor-presidente em 26/09/2001. 60

Os dados divulgados em ANP (2002c) apontam para 1.671 Mbpd, ou seja, uma capacidade efetiva 6,7% menor. 61

A maximização da produção em derivados nobres (maior valor agregado) e leves está diretamente ligada ao conjunto de equipamentos e unidades de processamento instaladas na refinaria, bem como à qualidade da matéria prima. Quanto maior o número de unidades ditas de fundo de barril (conversão de frações pesadas em leves) como desasfaltação a solvente, coqueamento retardado, hidroconversão de resíduos, etc., mais fácil produzir cortes nobres.

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89

se alterações das características do OD nacional, incorporando-se um mix de

parcelas pesadas e leves. A proporção de gasolina proveniente do refino

cresceu na década de 1990, invertendo a queda que vinha sendo registrada,

como conseqüência dos altos e baixos do uso do álcool como combustível

automotivo (Pró-Álcool).

Com relação ao óleo combustível (OC), observa-se que sua

participação foi reduzida até o início da década de 1990, como resultado dos

incentivos de substituição do seu uso por outras fontes de energia mais limpas,

como é o caso da geração por via térmica62

, utilizando o gás natural como

combustível. O crescimento recente da produção reflete, entretanto, o

aumento da necessidade de se processar quantidades maiores de óleos cada

vez mais pesados, oriundos, principalmente, dos blocos de produção offshore

da Bacia de Campos.

62

Atividade cada vez mais comum no que diz respeito à geração de vapor como utilidade quente em sites industriais diversos.

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90

Valores expressos em m3

REFINARIA GLP Gasolina "A" Diesel Lubrificante QAV GAV Nafta OC Outros D/G"A" Ñ Energéticosa

Energéticosb

OC(%) Nobresc

Total REMAM 147.290 195.676 721.192 65.301 860.396 334.617 66.928 3,69 1.057.246 58,07% 13,27% 84,07% 2.391.400 RLAM 1.047.190 1.572.085 2.815.587 71.874 246.719 2.086.221 3.325.767 419.655 1,79 2.575.356 77,77% 28,71% 67,67% 11.585.098 REGAP 746.956 1.732.177 2.812.691 362.337 307.343 927.862 702.610 1,62 990.992 86,97% 12,20% 78,55% 7.591.976 RPBC 641.670 2.278.542 3.729.083 93.357 51.237 650.083 1.078.104 1,64 1.128.917 86,75% 7,63% 79,72% 8.522.076 RECAP 392.332 890.649 1.084.695 7.820 145.641 166.780 1,22 174.599 93,50% 5,42% 88,38% 2.687.917 REPLAN 1.344.662 4.135.925 9.197.560 484.853 1.729.971 3.596.704 1.113.887 2,22 2.731.214 87,36% 16,65% 78,20% 21.603.562 REVAP 966.113 2.511.547 2.861.828 1.528.620 1.892.391 3.180.399 427.386 1,14 2.292.799 82,85% 23,79% 73,01% 13.368.284 REDUC 745.395 2.032.740 2.537.056 643.799 697.532 994.245 2.771.909 446.037 1,25 2.041.067 81,22% 25,50% 70,39% 10.868.713 MANGUINHOS 45.906 535.840 18.668 3.416 329.252 49.761 0,03 53.176 94,59% 33,50% 61,44% 982.843 REPAR 907.991 2.115.552 5.068.507 190.686 529.313 1.909.512 299.729 2,40 813.916 92,62% 17,33% 79,95% 11.021.290 REFAP 361.600 854.807 2.591.675 124.247 1.416.407 681.319 117.146 3,03 1.533.553 75,05% 11,08% 87,01% 6.147.201 RPI 44.694 468.581 182.525 80.583 40.266 0,39 41.538 94,96% 9,78% 85,34% 816.649

Total (%) 7,57% 19,80% 34,45% 0,73% 3,79% 0,10% 10,12% 18,38% 5,05% 18,82% 100,00%

TOTAL 7.391.799 19.324.121 33.621.067 715.673 3.700.295 93.357 9.878.760 17.933.648 4.928.289 1,74 15.434.373 84,21% 18,35% 76,61% 97.587.009

OC: Óleo combustível

GAV: Gasolina de aviação.

QAV: Querosene de aviação.

D/G"A": Relação entre as produções de Diesel e Gasolina "A", respectivamente.

a Ñ Energéticos = Asfalto, coque, nafta, lubrificantes, parafinas, solventes e outros não energéticos

d.

b Energéticos = GLP, gasolina "A", diesel, GAV, QAV, querosene iluminante e óleo combustível.

c Nobres = GLP, Gasolina "A", Diesel, Lubrificante, QAV, GAV e Nafta.

d Inclui diluentes, gasóleos para fins não-energéticos, GLP não-energético, intermediários não-energéticos e resíduos não-energéticos.

Assinalados os maiores valores para cada categoria.

TABELA 5.2 Produção de derivados de petróleo energéticos e não energéticos (2001) Fonte: Elaboração própria com base em Dados Estatísticos Mensais (ANP, 2002c). Obs.: Foram desconsideradas as operações que envolviam acabamento de lubrificantes na REMAM, REGAP, REVAP e RPI por não se tratarem de atividades de produção.

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91

5.2.3 – DEPENDÊNCIA EXTERNA DE ÓLEO E DERIVADOS

A combinação, no Brasil, de produção de óleo pesado e elevado

consumo de diesel (um derivado médio), sem a adequação do parque de refino

levou a excedentes exportáveis de óleo combustível (um derivado pesado, de

baixo valor agregado, vendido por cerca da metade do valor do preço do óleo

cru original) e à necessidade constante de importação do diesel.

Desde então, as Revamps (ampliações) das unidades de destilação

das refinarias da PETROBRAS63

foram aproveitadas no processo de

adaptação aos óleos mais pesados. O atual parque de refino da estatal é

significativamente diferente do existente antes do programa Fundo de Barril

(1981), estando algumas refinarias em condições de processar quantidades

signifiacativas de óleos pesados da Bacia de Campos, como Cabiúnas (19º

API) e Marlim (19ºAPI).

5.2.3.1 – DISPÊNDIOS COM IMPORTAÇÃO DE PETRÓLEO

Com relação à importação de óleo, o país tem caminhado rumo a

auto-suficiência, diminuindo os dispêndios econômicos com a commodity a

cada ano, tal qual pode ser observado no GRÁFICO 5.1.

GRÁFICO 5.1 – Gastos com importação de petróleo e evolução do preço do Brent Fontes: Anuário Estatístico da ANP (2001); Dados Estatísticos Mensais, ANP (2002c).

63

As refinarias privadas (Manguinhos e RPI) se encontravam (até 1997) impedidas de promover aumento de capacidade de processamento de cru antes da lei n.º 9.478.

-

500.0001.000.000

1.500.0002.000.000

2.500.0003.000.000

3.500.0004.000.000

4.500.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

Ano

US

$ M

ilh

are

s

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

US

$/b

arr

il

Dispêndio (milhares US$) Preço médio (US$/b)

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Conforme o GRÁFICO 5.2, atualmente, importa-se mais óleo da

América do Sul (principalmente Argentina) e da África, diferentemente do que

ocorria no passado (antes de 1997), quando os maiores parceiros comerciais,

com relação ao fornecimento de cru, se localizavam no Oriente Médio.

Possivelmente, a troca dos fornecedores representou uma diminuição no custo

do frete e, dessa maneira, economia nos dispêndios com a compra de óleo

estrangeiro.

Com relação aos dispêndios nas operações de importação de cru, o

país gastou, em 2000, pouco mais de US$ 4 bilhões64

(o maior valor desde

1991), ou seja, 7,73% do total (US$ 55,7 bilhões65

) importado naquele ano,

considerando-se os elevados preços do petróleo no mercado internacional

(cerca de US$29,56/barril66

).

GRÁFICO 5.2 – Importação de óleo segundo a origem em 2000 Fontes: Anuário Estatístico da ANP (2001);

5.2.3.2 – HISTÓRICO ESTATÍSTICO

Apesar do reconhecido empenho nas atividades de exploração e

processamento de óleo terem reduzido consideravelmente a dependência

externa de petróleo e seus derivados ao longo dos últimos onze anos,

64

Conforme dados do Anuário Estatístico da ANP (2001). 65

Conforme dados publicados em PICCININI e PUGA (2001). 66

Conforme Dados Estatísticos Mensais, ANP (2002c).

Arg

en

tin

a

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Am. (Central e Sul) Oriente Médio África Ásia-Pacífico

Origem

Part

icip

ação

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93

conforme pode ser observado na TABELA 5.3, o país ainda necessita de cerca

de 23% do que consome.

Especificação Dependência externa de petróleo e seus derivados (Mbpd)

Ano 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Óleo e derivados

Produção de Petróleo¹ (a) 646,9 653,4 668,3 692,8 716,2 809 869,2 1.004,30 1.131,90 1.270,90 1.373,20

Importação líquida de petróleo (b) 525,8 552,1 503,4 554,4 495,1 550,7 551 523,1 464,4 377,8 299,9

Importação líquida de derivados (c) 9,7 30,3 138,9 86,4 147,8 173 182 143,5 148,8 136,7 107,4

Consumo aparente (d)=(a)+(b)+(c) 1.182,30 1.235,70 1.310,60 1.333,60 1.359,00 1.532,80 1.602,20 1.670,80 1.745,10 1.785,50 1780,5

Dependência externa (e)=(d)-(a) 535,4 582,3 642,3 640,8 642,9 723,7 733 666,5 613,2 514,6 407,3

Dependência externa (e)/(d) 45,30% 47,10% 49,00% 48,10% 47,30% 47,20% 45,70% 39,90% 35,10% 28,80% 22,90%

Petróleo

Produção de Petróleo¹ (a) 646,9 653,4 668,3 692,8 716,2 809 869,2 1.004,30 1.131,90 1.270,90 1.373,20

Importação líquida de petróleo (b) 525,8 552,1 503,4 554,4 495,1 550,7 551 523,1 464,4 377,8 299,9

Consumo aparente (f)=(a)+(b) 1172,7 1205,5 1171,7 1247,2 1211,3 1359,7 1420,2 1527,4 1596,3 1648,7 1673,1

Dependência externa (g)=(f)-(a) 525,8 552,1 503,4 554,4 495,1 550,7 551 523,1 464,4 377,8 299,9

Dependência externa (g)/(f) 44,84% 45,80% 42,96% 44,45% 40,87% 40,50% 38,80% 34,25% 29,09% 22,92% 17,92%

TABELA 5.3 Dependência externa de petróleo e seus derivados: série histórica Fontes: Anuário Estatístico da ANP (2001); Dados Estatísticos Mensais, ANP (2002c). 1Inclui condensado, óleo de xisto e LGN.

5.2.3.2 – PERSPECTIVAS

Falando-se exclusivamente de óleo, a situação do país se apresenta

bastante promissora, com uma dependência externa da ordem de 18%, que,

provavelmente, resultará no alcance da auto-suficiência no médio prazo. Uma

previsão das perspectivas de dependência de óleo e seus derivados é

apresentada no GRÁFICO 5.3, podendo-se observar (pelas linhas de

tendência) que, mantido o crescimento das taxas de produção e

processamento, o país alcançaria uma posição de independência em relação

às fontes externas em meados de 2003.

Entretanto, com relação à auto-suficiência (exclusivamente) em

derivados, as perspectivas não se apresentam tão promissoras. Apesar da

tendência de queda da dependência (conjunta) desses produtos e do óleo

(linha tracejada vermelha) apontarem para resultados satisfatórios num curto

intervalo de tempo, isso carrega em grande parte, a influência do contínuo

aumento da atividade de produção que tem crescido a uma taxa superior à

capacidade de processamento nas refinarias brasileiras.

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Dentro deste panorama, segundo CARVALHO (2002), previsões

recentes da ANP indicam que apesar de o país ter possibilidade de se tornar

auto-suficiente na produção de petróleo em meados de 2005 (ou mesmo

antes, como mostra o GRÁFICO 5.3), provavelmente, mantidas as

capacidades atuais das unidades instaladas no parque, precisará importar

derivados (algo em torno de US$ 5 bilhões), devido à falta de investimentos na

construção de novas refinarias ou na ampliação radical de suas capacidades.

17,92%

22,90%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005

Ano

Dep

en

dên

cia

Exte

rna

Petróleo Petróleo e deriv.

Tendência petróleo Tendência petróleo e deriv.

GRÁFICO 5.3 – Dependência de óleo e derivados: série histórica e projeções

Fonte: Elaboração própria a partir da TABELA 5.3.

5.2.3.4 – DEPENDÊNCIA EXTERNA DAS REFINARIAS NACIONAIS

Em maior detalhe, é possível observar, a partir do GRÁFICO 5.4, um

comparativo da dependência de óleo importado entre as refinarias brasileiras

(2001), atentando para o fato que as privadas, de uma maneira geral, se

apresentam entre as mais vulneráveis a variações no câmbio ou na cotação da

commodity no mercado internacional, dado que importam a maior parte do óleo

que processam.

Petróleo

Petróleo e derivados

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0 20 40 60 80 100

REMAM

RLAM

REGAP

RPBC

RECAP

REPLAN

REVAP

REDUC

MANGUINHOS

REPAR

REFAP

RPI

Re

fin

ari

as

%

GRÁFICO 5.4 Dependência de óleo importado nas refinarias nacionais Fonte: Dados Estatísticos Mensais, ANP (2002c). Obs.: Foram destacadas as refinarias privadas.

Nesse sentido, os gastos, particularmente durante o ano de 2000,

foram expressivos, dado que, num comparativo entre os anos de 1999 e 2001,

o petróleo (Brent) atingiu sua maior cotação naquele ano, fazendo as unidades

nacionais despenderam mais recursos, tal qual pode ser observado no

GRÁFICO 5.5.

Uma estimativa de gastos com importação (para cada um desses

anos), abertos por refinaria do parque, pode ser observada no Anexo III (p.

157 e 158), tendo sido feitas as devidas considerações67

.

67

Como principal consideração, assumiu-se que os gastos com importação (por refinaria) eram proporcionais à quantidade de óleo importada e ao preço médio (FOB – free on board) do petróleo do tipo Brent do referido ano.

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0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

1999 2000 2001

Ano

US

$ m

ilh

ões

0

5

10

15

20

25

30

35

US

$

PETROBRAS Privadas Brent

GRÁFICO 5.5 Gastos com importação de óleo nas refinarias nacionais Fontes: Elaboração própria a partir de Dados Estatísticos Mensais, ANP (2002c); Obs. 1 – O preço do petróleo do tipo Brent é FOB (free on board) em dólares no valor corrente; Obs. 2 – Os gastos com importação por refinaria são aproximados, dado que os petróleos importados, na grande maioria das vezes não são do tipo Brent, mas mixes de tipos distintos e as variações de cotação dos diferentes tipos no mercado internacional podem causar diferenças nos valores totais. Nesse sentido, tais valores representam uma estimativa.

Ainda em relação aos gastos com matéria prima para a atividade de

refino, como, nos anos mencionados, as refinarias privadas processaram

grandes quantidades de óleo importado (GRÁFICO 5.6) e têm uma

desvantagem (se comparadas às refinarias do Sistema PETROBRAS) com

relação à escala (por serem bem menores em capacidade), pode-se afirmar

que seus custos de produção de derivados foram maiores.

Certamente, investimentos relacionados ao aumento da capacidade

de processamento das unidades estatais e privadas mostrar-se-ão necessários

para atender a escalada da demanda por derivados a médio e longo prazos,

sejam estes patrocinados pelos agentes atuais ou por consórcios formados

pelos mesmos, juntamente com interessados estrangeiros, possivelmente

empresas integradas ao logo da cadeia produtiva (nos seus países de origem),

atuantes na área de E&P no Brasil, com perspectivas de produção.

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0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

PETROBRAS Privadas PETROBRAS Privadas PETROBRAS Privadas

1999 1999 2000 2000 2001 2001

Ano

bep

(m

ilh

ões)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

%

Barris Carga Importada

GRÁFICO 5.6 Processamento de óleo no parque brasileiro (série histórica) Fonte: Dados Estatísticos Mensais, ANP (2002c).

5.2.4 – CAPACIDADE OCIOSA E CARGA PROCESSADA

Com relação ao processamento de cru nas refinarias nacionais

(GRÁFICO 5.7), observa-se uma redução média na capacidade ociosa das

plantas (entre os anos de 1997 e 2001) de cerca de 58%, numa tentativa de

atender uma demanda cada vez maior de derivados. Durante os mesmos

anos, a capacidade de processamento instalada do parque cresceu apenas

6,7%, o que demonstra a necessidade de investimentos no setor (devidamente

anunciados, conforme a TABELA 5.5), dado que a demanda (de derivados em

geral) cresceu a números consideráveis.

Com relação ao ano de 2001, o parque operou, em média, a 90% da

sua capacidade instalada (vide GRÁFICO 5.7 e TABELA 5.4), havendo ainda

possibilidade de absorver parte da escalada da demanda, ainda que, por

pouco tempo.

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1783

169

0

200

400

600

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1000

1200

1400

1600

1800

2000

1997 1998 1999 2000 2001

Ano

Cap

acid

ad

e (

Mb

pd

)

Capacidade Utilizada Capacidade Ociosa

GRÁFICO 5.7 – Capacidades instalada e utilizada no Parque de Refino Nacional Fonte: PETROBRAS (2002b)10/06/2002; para refinarias privadas: Dados Estatísticos Mensais, ANP (2002c)

68; OGJ Survey 2002.

Tendo sido observado panorama geral de processamento de

petróleo no parque de refino brasileiro, a TABELA 5.4 apresenta, em detalhe,

a situação da utilização da capacidade em cada uma das refinarias instaladas

no país no ano de 200169

, assim como dados relacionados às cargas

processadas. Pôde-se observar que, de uma maneira geral, registram-se

baixos valores de capacidade ociosa (a menos da RECAP, SP e da REPLAN,

SP). Observa-se ainda a existência de refinarias que operaram no limite das

suas instalações (REPAR, MANGUINHOS e RPI), o que indica a possibilidade

futura de investimentos na sua ampliação e pode ser facilmente justificado

para o caso das refinarias privadas, tendo em vista tentativa de buscar o

máximo em economia de escala (devido ao seu porte reduzido e menos

competitivo em matéria de custo).

REFINARIA CAPACIDADE CARGA CAPACIDADE

68

Considerou-se (a título de aproximação) que as refinarias Manguinhos e Ipiranga operaram a 100% da sua capacidade instalada, de 1997 até 2001 e que para os anos de 1997 e 1998, as capacidades instaladas, das duas refinarias eram, respectivamente, 11 e 12 Mbpd. 69

As considerações pertinentes encontram-se discriminadas após o registro da fonte dos dados

para a TABELA 5.4.

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INSTALADA (bpd) PROCESSADA (bpd) OCIOSA (%)

REMAM 46.000 42.703 7,17

RLAM 306.000 283.710 7,28

REGAP 151.000 140.393 7,02

RPBC 170.000 157.942 7,10

RECAP 53.000 42.118 20,53

REPLAN 352.000 304.184 13,58

REVAP 226.000 210.589 6,82

REDUC 242.000 222.289 8,15

MANGUINHOS 15.372 15.372 -

REPAR 189.000 175.491 7,15

REFAP 189.000 175.491 7,15

RPI 12.581 12.581 -

TOTAL 1.951.953 1.782.863 9,13

TABELA 5.4 Carga processada e capacidade ociosa das refinarias brasileiras (2001) Fontes: PETROBRAS (2002b) para os dados de capacidade instalada das refinarias da estatal; ANP (2002c) para capacidade instalada das refinarias privadas; OGJ Survey (2002) para carga processada. Obs. – Assumiu-se a utilização de 100% da capacidade para as refinarias de Manguinhos e RPI numa extrapolação dados passados, quando ambas operaram no limite de suas capacidades – o que é particularmente natural em unidades de pequena capacidade na tentativa de atingir algum tipo de vantagem-custo oriunda da escala.

5.3 – A ATIVIDADE DAS CMPS

As centrais de matérias primas representam os atores da cadeia

produtiva no elo subseqüente à atividade de refino (vide Capítulo I, FIGURA

1.3), sendo, nesse sentido, importantes clientes, produzindo, petroquímicos

básicos como eteno e propeno, fundamentais para a indústria de polímeros.

Segundo dados da GAZETA MERCANTIL (13/12/2001), as CMPs

têm investido no aumento de escala e na organização das suas empresas de

distribuição de combustíveis, além de se preocuparem ainda com qualidade e

comunicação, com o objetivo de diferenciar seus produtos da PETROBRAS ou

dos demais refinadores privados. A COPENE (atual Braskem S.A.) já produz

35 milhões de litros de gasolina por mês70

, visando ampliar essa produção

para cerca de 50 milhões de litros ainda este ano, tendo por meta abastecer

30% do mercado nordestino num período de dois anos (quando sua produção

de gasolina chegaria a 100 milhões de litros/mês – vide GRÁFICO 5.8).

Em meados de outubro de 2001, a empresa recebeu uma

autorização da ANP para produzir GLP (previsão de 5.000 toneladas mês para

o ano de 2002), visando ainda, futuramente, a produção de óleo diesel via

70

A autorização concedida pela ANP para a produção de gasolina ―A‖ pelas CMP´s data de agosto de 2000, conforme GAZETA MERCANTIL (30/10/2001).

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importação de condensado71

, GAZETA MERCANTIL (14/01/2002a). Tais

cortes são produzidos normalmente pelas CMP´s ao processarem nafta e, até

a flexibilização do monopólio do setor de óleo e gás do país (lei n. 9.478),

deveriam ser devolvidos à PETROBRAS, uma vez que a estatal, até então, era

a única organização legalmente habilitada a comercializá-los. A empresa

registra ainda interesse numa diversificação de suas atividades, pretendendo

alocar investimentos no ramo de distribuição, com o intuito de atuar como

atacadista, fornecendo gasolina misturada ao álcool72

no mercado nordestino,

sendo que os devidos pedidos de autorização já tramitam na sede da ANP

(GAZETA MERCANTIL, 30/10/2001).

0

20

40

60

80

100

120

Out/2000 Out/2001 Jan/2002 2003

Tempo

Mil

es

de l

itro

s

GRÁFICO 5.8 – Braskem (COPENE): Perspectivas na produção de gasolina Fonte: GAZETA MERCANTIL (30/10/2001).

Já a COPESUL, CMP do pólo petroquímico de Triunfo, RS segue

um caminho semelhante, pretendendo dobrar sua produção de gasolina

automotiva ao longo de 2002, no intuito de alcançar um patamar de produção

de 23 milhões de litros mensais, também almejado pela Companhia

Petroquímica União (PQU), SP. A companhia gaúcha pretende ainda iniciar a

produção de GLP ainda este ano (prevendo produção de 20 mil toneladas) e já

estuda a possibilidade de produzir óleo combustível, uma vez que, além da

71

O condensado é uma matéria-prima (petroquímica) semelhante à nafta e tem vantagens em relação à sua cotação no mercado internacional. Além disso, permite que se produza óleo diesel via processamento prévio. 72

O que ainda não é possível, dado que as CMP´s só têm autorização para comercializar gasolina ―A‖, isto é, isenta de etanol.

(Previsão)

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possibilidade de atuar em outro mercado, o processamento desses produtos

contribui para a redução dos custos do eteno e do propeno, uma vez que as

matérias-primas tornam-se totalmente aproveitadas (GAZETA MERCANTIL,

05/03/2002). Ressalta-se ainda que a companhia não depende apenas da

PETROBRAS para o fornecimento de nafta73

, chegando a importar (a partir do

início deste ano) 30% da matéria-prima de empresas como a Sonatrach74

(Argélia) e Repsol-YPF (Argentina) (GAZETA MERCANTIL, 14/01/2002b).

A possibilidade de importação de matérias-primas petroquímicas

pelas CMP´s tende a pressionar os preços da nafta da PETROBRAS para

patamares mais competitivos, beneficiando assim os segmentos a jusante da

primeira geração petroquímica, representando a possibilidade de ganhos em

cascata ao longo da cadeia produtiva. Observa-se ainda, uma tendência de

maior segmentação do mercado nacional de derivados nos próximos anos,

com consumidores dispostos a pagar mais por uma gasolina especial, de teor

de enxofre75

reduzido, por exemplo.

Findo o período de transição, previsto na lei n.º 9.478, o limite de

produção de gasolina para as CMP‘s deixou de existir. Dessa maneira, as

empresas estão procurando se organizar visando reunir elementos

(investimentos, autorizações, etc.) que as permitam participar mais ativamente

do mercado brasileiro de gasolina (que movimenta cerca de 1,4 bilhão de litros

do combustível por mês).

Estima-se que as centrais teriam condições de produzir de 5 a 10%

desse volume a curto prazo (quantidade significativamente pequena) sendo,

num primeiro momento, sua participação de alta concentração regional. No

entanto, políticas de investimento num produto diferenciado acoplado a

veiculação adequada poderiam representar o início de um processo de

fidelização dos clientes.

Levando-se em consideração que a gasolina recém-processada

tende a se apresentar como um produto com características de coommodity,

investimentos no desenvolvimento de aditivos/marketing (para o caso das

distribuidoras) e na otimização de processos e assistência pós-venda (para o

73

Gastos com matéria-prima (ex. Nafta) chegam a 80% dos custos variáveis de uma CMP (Gazeta Mercantil, 30/10/2001). 74

O contrato com a empresa argelina Sonatrach prevê a compra de condensado. 75

Enquanto o padrão da ANP é de 1,2 mil PPM (partes por milhão) de enxofre na gasolina, o teor desse contaminante no combustível da central baiana é de cerca de 10 PPM.

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caso das CMP‘s) poderia representar um importante diferencial no momento

do cliente escolher a procedência do combustível quando abastecer.

5.4 – INVESTIMENTOS Atentando para as unidades de processamento instaladas nas

refinarias do parque nacional, salienta-se que investimentos foram conduzidos

com o objetivo de aumentar a capacidade de recuperação de cortes leves (de

maior valor agregado) em frações pesadas como resíduos da destilação

atmosférica ou de vácuo (GAZETA MERCANTIL – Análise Setorial, 1999).

5.4.1 – AMPLIAÇÕES OU INSTALAÇÃO DE NOVAS UNIDADES

Pode-se observar ainda uma perspectiva de novos investimentos, tal

qual sugere Petro & Química (2001a) numa entrevista com o diretor gerente de

refino da PETROBRAS: ―A empresa deverá investir cerca de US$ 6,2 bilhões

em suas refinarias até 2009‖. Metade dessa pretensão foi relatada pela

mesma fonte, onde se pode visualizar (TABELA 5.5) a distribuição de

investimentos por unidade de processamento. Informa-se que foram incluídos

nesta tabela dados76

relacionados à Refinaria de Manguinhos, RJ, a partir de

uma referência subseqüente (Petro & Química, 2001b).

REFINARIA UNIDADES PREVISTAS INVESTIMENTO

Alquilação Coqueamento Reforma Frac. de nafta HCC HDT HDS RFCC UGH Outros (Milhões de R$)

REMAM

RLAM 270

REGAP 304

RPBC 93

RECAP

REPLAN 528

REVAP 370

REDUC 727

MANGUINHOS 20

REPAR 285

REFAP 464

RPI

TOTAL 3.061

HCC – hidroconversão de resíduos; HDT – hidrotratamento; HDS – hidrodessulfurização; RFCC – craqueamento catalítico de resíduos; UGH – unidade de geração de hidrogênio.

TABELA 5.5 Direcionamento dos investimentos anunciados em refino Fonte: Petro & Química (2001a; 2001b).

Entretanto, ainda assim, questiona-se se o segmento está

recebendo uma injeção suficiente de capital para suportar os possíveis saltos

76

Petro & Química (2001a) não divulga de maneira clara a direção dos investimentos como quais unidades seriam beneficiadas (revamps ou reformas) ou construídas, entretanto, em artigo subseqüente (Petro & Química, agosto de 2001b), é demonstrado o interesse por parte

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de produção de óleo, associados ao descobrimento de novos campos, após

sucessivas rodadas (1999, 2000, 2001 e 2002) de contratos de concessão de

blocos realizadas pela ANP.

Dentro das características atuais (2001) de utilização de capacidade

e preocupação com o atendimento da demanda por combustíveis ou derivados

não energéticos, de uma maneira geral, a indústria de refino procura, a partir

dos investimentos citados, alcançar alguns objetivos centrais que visam

maximizar os benefícios da atividade de processamento de petróleo nas suas

unidades, tais como:

1. Valorização e maior absorção do petróleo nacional nas refinarias;

2. Aumento da rentabilidade da companhia pela integração das áreas

de Abastecimento e E&P77

;

3. Adequação do perfil de oferta à demanda de derivados;

4. Maior competitividade no mercado;

5. Melhoria da qualidade de derivados;

6. Atendimento dos requisitos ambientais.

Uma descrição detalhada do conjunto de unidades instalado nas

refinarias nacionais pode ser observada no Anexo IV.

5.4.2 – AQUISIÇÕES

Com relação a movimentos estratégicos (fusões e aquisições), o

ano de 2001 foi marcado por uma importante iniciativa por parte da

PETROBRAS na tentativa de se consolidar como uma empresa de atuação

global. A estatal brasileira adquiriu duas refinarias da Empresa Boliviana de

Refinación (EBR), nas localidades de Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra,

com capacidade de processamento (conjunto) de 63.000 bpd (Oil & Gas

Journal Survey, 2002). A operação reflete os interesses da empresa em

proteger (e internacionalizar) seus negócios de downstream.

Segundo WETUSKI (2002), a empresa brasileira demonstra ainda

interesse na aquisição de unidades de processamento nos E.U.A, numa

da direção da refinaria em alocar recursos em unidades que propiciem o desenvolvimento de produtos especiais ou de alta qualidade (ex. tratamentos). 77

Válido apenas para a PETROBRAS.

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tentativa de promover alguma integração (à jusante) das suas atividades (de

exploração e produção) em território norte-americano, devido suas recentes

descobertas (com perspectivas de aproveitamento comercial) de óleo no Golfo

do México (Garden Banks Block 244, a 700m de lâmina d´água).

Em matéria recente, O GLOBO (06/07/2002) apresenta o

desinteresse da PETROBRAS com relação a investimentos em novas

unidades no país, principalmente devido aos vultosos custos envolvidos – da

ordem de US$ 10.000/bpd, segundo FACINA (2000) – e a esperança que parte

da demanda crescente seja atendida pelas iniciativas privadas nacional e

estrangeira (GAZETA MERCANTIL, 11/07/2002). Assim, os esforços da

estatal com relação à instalação de novas plantas visariam o desenvolvimento

do segmento de downstream no exterior (Planejamento Estratégico

PETROBRAS, 2001), aproveitando oportunidades em regiões onde atua nas

atividades de E&P (GONÇALVES, 2002).

Dentro desta perspectiva, a empresa pretende adquirir uma refinaria

com capacidade de 150.000 bpd78

nas proximidades de suas atividades

offshore em território americano79

(uma transação de cerca de US$ 500

milhões), despendendo um terço do investimento necessário para construir

uma planta com capacidade equivalente em território nacional (O GLOBO,

06/07/2002).

5.5 – POSSIBILIDADE DA INSTALAÇÃO DE NOVAS

REFINARIAS

Com a flexibilização do monopólio do refino (e de outras atividades

da cadeia produtiva), concedida pelo novo arcabouço legal do setor petróleo, a

instalação de novas refinarias (e o aumento de capacidade das unidades

privadas existentes) passou a depender apenas de autorização da ANP.

Devido à escalada da demanda por derivados em regiões de maior

crescimento econômico (como o Sudeste) ou onde a infra-estrutura da

atividade de refino não se apresenta suficiente para satisfazer o consumo de

78

dado e ao fato de o processamento de cerca de 300.000 bpd no exterior ser uma das metas (para 2005) da companhia (Planejamento Estratégico PETROBRAS, 2001). 79

Golfo do México.

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cortes como diesel e GLP (como é o caso do Nordeste80

), motivação para

investir em novas unidades certamente não falta. Neste sentido, estariam em

discussão estudos a cerca da viabilidade de projetos de refinarias em Estados

como o Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará.

5.5.1 – PROJETOS EM DISCUSSÃO

No Caso do Rio de Janeiro, o Governo do Estado, Interessado em

aumentar a arrecadação de impostos, já que o petróleo bruto é isento de

tributação, conseguiu que a Assembléia Legislativa aprovasse uma lei,

estabelecendo um fundo para a construção de uma refinaria na região norte do

estado, capitalizado com 50% dos recursos excedentes das receitas dos

royalties e das participações especiais, descontadas as parcelas

comprometidas com o pagamento da dívida com a União e aquelas destinadas

ao Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano. Os

recursos, contudo, só começariam a fluir a partir de março de 2003, quando a

lei entra em vigor. Relata-se, entretanto, que apesar do interesse de algumas

empresas estrangeiras na participação do projeto, a posição da PETROBRAS

(que não tem se mostrado favorável a investimentos na construção de novas

plantas) com relação a eventuais parcerias seria fundamental.

Segundo FACINA (2000), com relação aos investimentos previstos

para o Estado de Pernambuco (possível instalação de uma refinaria no

complexo industrial e portuário de Pacém, na área metropolitana do Recife), os

elevados riscos envolvidos e o particular desinteresse da PETROBRAS no

desenvolvimento de uma parceria com a empresa portuguesa Petrogal S.A.81

(naquela época, principal interessada no projeto) foram decisivos para sua

inviabilização. Salienta-se ainda que, muito embora o Grupo Vibrapar tenha

anunciado uma retomada dessa iniciativa, com previsão de iniciar a construção

da planta em 2003 (BRASIL ENERGIA, setembro de 2002), não existem

evidências que suportem a realização efetiva do projeto.

Com relação à instalação da Refinaria do Nordeste (RENOR),

originalmente em Caucaia (a 11 km de Fortaleza), CE, salienta-se que a queda

80

Para FACINA (2000), a elevada demanda por derivados associada à produção insuficiente fazem da Região Nordeste uma grande importadora (ano base: 1999) de diesel (48,3% dos 5.117.513 m

3 consumidos) e de gás liquefeito de petróleo 71,9% das 1.355.485 t consumidas.

81 Empresa atuante no setor de petróleo e derivados com faturamento da ordem de US$ 12

bilhões em 1999 (FACINA, 2000).

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106

no preço dos derivados, em conseqüência da política tributária do governo,

findo o período de transição, acabou por reduzir a taxa de retorno estimada do

projeto, aumentado o desinteresse de possíveis parceiros como a

PETROBRAS e a Repsol-YPF. Salienta-se ainda que a indefinição da questão

dos incentivos governamentais (que poderiam inclusive mudar a localização da

planta) geraram incertezas que têm levado o grupo alemão Ferrosstaal

(majoritário no projeto) a protelar uma eventual construção (BRASIL ENERGIA,

setembro 2002).

5.5.2 – RISCOS ENVOLVIDOS

Ressalta-se, em matéria da GAZETA MERCANTIL (28/10/2001),

que devido ao desaquecimento da economia e aos elevados custos envolvidos

na atividade de refino (cerca de US$ 2 bilhões no caso da refinaria de 200.000

bpd a ser instalada no Nordeste), mesmo empresas integradas,

tradicionalmente atuantes no setor petróleo como a Agip têm-se apresentado

relutantes com relação à disposição a investir sem uma maciça participação do

Estado. Nessa linha, para a PDVSA, um eventual projeto deveria contar,

necessariamente, com uma participação do Estado da ordem de 50% (BRASIL

ENERGIA, setembro 2002).

Segundo PIRES (2002), a captação de recursos externos para

custear o desenvolvimento de projetos de instalação de novas refinarias seria

ainda prejudicada pelo ônus associado à conjuntura de elevação do risco-país.

Dentro dessa perspectiva, incertezas relacionadas ao futuro político-econômico

do Brasil inflariam as taxas de juros praticadas por bancos estrangeiros, o que

dificultaria a contratação de financiamentos e aumentaria a necessidade da

participação do BNDES.

Some-se a isso o eventual, mas não menos importante risco

regulatório (BRASIL ENERGIA, setembro de 2000; novembro 2001; maio

2002) associado à intervenção do Estado na política de preços dos derivados,

o que tenderia a invalidar projeções futuras da estimativa de receita em

empreendimentos em discussão.

5.6 – CONCLUSÕES SOBRE A SITUAÇÃO ATUAL DO REFINO

NO PAÍS

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107

Sejam quais foram as perspectivas de crescimento do parque

brasileiro, o processamento de crus cada vez mais pesados aliada à

necessidade de um suprimento crescente de combustíveis de maior valor

agregado como GLP, gasolina automotiva e diesel, tendo em vista a escalada

da demanda, tenderão por dirigir os investimentos de grupos nacionais e

estrangeiros, privados ou não, na busca pela manutenção ou inserção no

mercado nacional no que concerne a atividade de refino.

Vale ressaltar, entretanto, que, com relação às dimensões político-

econômico e estratégica, a possibilidade de instalação de novas refinarias

torna-se discutível tendo-se em vista, principalmente, as implicações

associadas ao risco regulatório, a atual situação (econômica) do país, além do

desinteresse da PETROBRAS na participação deste tipo de empreendimento.

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108

CAPÍTULO VI

ANÁLISE DA ESTRUTURA DA INDÚSTRIA DE REFINO

FRENTE À NOVA REALIDADE REGULATÓRIA

6.1 – OBJETIVO DO CAPÍTULO

Tendo em vista a necessidade de identificação dos agentes do

segmento de refino no Brasil, assim como a discussão do seu poder de

atuação num novo cenário regulatório, (conforme registrado nos objetivos

deste estudo), mostrou-se necessário organizar um raciocínio com respaldo

em abordagens teóricas e opiniões de especialistas para que se pudesse

apontar suas possíveis tendências.

Nesse sentido, este capítulo tem como objetivo apresentar o

referencial teórico selecionado para a justificativa da proposição de uma

análise comparativa no parque de refino brasileiro.

6.2 – ABORDAGEM TEÓRICA UTILIZADA

Dentro da perspectiva de desenvolver um entendimento da questão

do refino com bases em elementos técnicos e gerenciais, buscou-se analisar,

num primeiro momento, sua estrutura (agentes/poder de atuação) ao nível

estratégico da indústria, utilizando-se para tal a abordagem de PORTER (1980)

Forças Competitivas, FIGURA 4.1 modificada dentro dos conceitos

BRANDENBURGER e NALEBUFF (1996), no que diz respeito aos agentes

complementadores.

6.2.1 – POSSÍVEIS CRÍTICAS

Apesar desta teoria (PORTER, 1980) se apresentar, ainda nos dias

de hoje, em muitos casos, satisfatoriamente pertinente para analisar questões

associadas ao posicionamento estratégico, seu caráter exógeno apoiado no

paradigma Estrutura – Conduta – Desempenho (BAIN, 1956) esvazia a

compreensão (na dimensão da firma) de aspectos relativos a obtenção e

manutenção de vantagens competitivas. Provavelmente, a associação deste

tipo de tratamento (relacionado apenas às oportunidades e ameaças) à

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conotação estática comentada por diversos autores tenha sido suficiente para

motivar as diversas críticas atribuídas à referente abordagem, apesar do seu

caráter seminal.

Mesmo assim, a alternativa torna-se deveras conveniente quando a

indagação não está relacionada ao entendimento completo (posicionamento,

competências, processo) da gestão estratégica associada à indústria ou de

seus pré-requisitos de competitividade (ao nível da empresa), mas à sua

estrutura (no que tange ao refino) num dado momento (o atual), para depois se

construir (ou adaptar) elementos numa metodologia para inferir suas

tendências de transformação a curto e médio prazos.

6.2.2 – A ESTRUTURA DA INDÚSTRIA DO REFINO

Dentro dessa perspectiva, o universo de análise se ateve às doze

refinarias do parque brasileiro, identificando as empresas proprietárias de suas

refinarias como entidades concorrentes dentro da lógica da definição em

questão (conjunto de empresas que processam óleo cru, produzindo

derivados) e posicionando empresas com atividades à montante e à jusante da

atividade de refino (Fornecedores e Compradores, respectivamente), Entrantes

em Potencial ou produtos substitutos (levando-se em consideração a dimensão

do corte no refino de petróleo) de acordo com suas características,

entendendo ainda o governo (sob a égide da ANP) como agente

Complementador.

Sob essa ótica, a competição se apresenta como algo que

transcende o limite da rivalidade entre concorrentes diretos se estendendo a

outros players dentro da estrutura da indústria, que competiriam,

simultaneamente, para a divisão de valor gerado pela produção de derivados

de petróleo, no sentido de minimizar as margens em maior ou menor grau, de

acordo com sua importância de participação nesse tipo de ambiente.

Procurou-se aplicar o modelo à realidade da atividade de refino no

país, com base em dados estatísticos de domínio público referentes ao ano de

2001, identificando e analisando cada um dos participantes (discriminados na

FIGURA 6.1) da estrutura da indústria considerada.

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110

FIGURA 6.1 Desenho das Forças Competitivas aplicadas à atividade de refino no país Fonte: Elaboração própria com base em PORTER (1980) e BRANDENBURGER e NALEBUFF (1996). aCombustíveis como gasolina e diesel a partir da tecnologia gas-to-liquids (GTL

82), renováveis como

energia solar, eólica, etc.; Obs. 1 – MIPs: Multinacionais da indústria do petróleo. Obs. 2 – Com relação à participação na produção de derivados (Concorrentes), tem-se (1) + (4): 98,2%; (2): 1,2% e (3): 0,8, conforme Dados Estatísticos Mensais, ANP (2002c).

82

A tecnologia em GTL está relacionada a obtenção de combustíveis líquidos a partir do gás natural, mediante à utilização de diversos processos como, por exemplo, Fischer-Tropsch.

ENTRANTES

1. MIPs

(pp. Concessionárias)

2. Importadores

3. Formuladores

4. Refinadores independentes

FORNECEDORES

1. PETROBRAS

2. Fornecedores

internacionais (ex.

membros da OPEP)

3. Fornecedores de

equipamentos

CONCORRENTES

1. Ref. PETROBRAS

2. Ref. Manguinhos

3. RPI

4. REFAP S.A.

COMPRADORES

1. CMPs

2. Distribuidoras

SUBSTITUTOS

1. Gás natural

2. GNV

3. Carvão

4. Renováveis 5. Outros

a

3

1

5

2 4

AGENTE

Listagem

#

COMPLEMENTADO

R 1. ANP

?

Legenda:

Magnitude da força: 1 – muito fraca; 2 – fraca ; 3 – moderada; 4 – potencialmente forte; 5 – forte.

REFINO

NACIONAL

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111

6.2.2.1 - CONCORRENTES

Dentro das premissas salientadas, pode-se classificar as empresas

atuantes no segmento de refino nacional, PETROBRAS (98,2% da capacidade

processada, incluindo a REFAP S.A.), Refinaria de Manguinhos (1,0%) e

Refinaria de Petróleo Ipiranga (RPI, 0,8%) como concorrentes.

Sob essa ótica, percebe-se uma posição dominante associada à

atuação da estatal com relação aos demais agentes, apesar da participação da

REPSOL-YPF (proprietária de 30% dos ativos da REFAP S.A.), haja vista seu

porte e a situação de monopólio de fato existente. Ressalta-se, dessa maneira

que, muito embora a intenção do aumento da competição na atividade de

refino seja um dos objetivos do novo modelo regulatório vigente, pelo menos

no que tange à atual situação das empresas concorrentes, o desequilíbrio das

suas capacidades produtivas reflete uma forte concentração em torno das

refinarias do Sistema PETROBRAS.

Com relação à intensidade da concorrência, pode-se classificar,

nesse sentido a magnitude do poder de atuação como 2 – fraco (FIGURA 6.1),

comentando que, apesar do regime de produção se aproximar do monopólio, a

atuação do governo tem sido intensificada no sentido da sua flexibilização.

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112

6.2.2.2 – ENTRANTES EM POTENCIAL

Levando-se em consideração a flexibilização do monopólio, assim

como os aspectos afins relacionados que conferem os artigos 4º e 5º, seção I,

capítulo III da lei n.º 9.478, promulgada em 06 de agosto de 1997:

As atividades econômicas de pesquisa e lavra de

jazidas de petróleo e gás natural, refinação, importação

e exportação (de derivados), assim como o transporte,

serão reguladas e fiscalizadas pela União e poderão ser

exercidas, mediante concessão ou autorização, por

empresas constituídas sob as leis brasileiras, com sede e

administração no País;

além das portarias 309, 310, 311, 312, 313, 314, 315, 316 e 318, apresentadas

na TABELA 3.2, podem ser classificados como entrantes em potencial dessa

indústria:

1. Multinacionais da indústria do petróleo – empresas integradas ao

longo da cadeia produtiva – conforme artigo 5º, seção I, capítulo III

da referida lei, sendo concessionárias ou não da atividade

exploratória no país;

2. Companhias internacionais ligadas exclusivamente à atividade de

refino – Idem.

3. Formuladores (blenders) – Portaria ANP n.º 316 (2001);

4. Importadores (traders) – Portaria ANP n.º 311 (2001);

Tais agentes se apresentam como potenciais interessados no

mercado atendido pelas refinarias nacionais, com perspectivas para disputar

uma possível participação a partir de investimentos em instalações industriais

no país.

Vale ressaltar, entretanto, que em função da extensão das

atividades da PETROBRAS, tendo em vista sua característica de empresa

integrada, participante de atividades à montante e à jusante do refino, é

possível identificar barreiras à entrada de agentes que porventura se

interessem pela oportunidade do processamento de óleo no país: experiência,

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113

economias de escala, facilidade ao acesso à matéria-prima, além de posição

favorável no que concerne à negociação com clientes.

Vale ressaltar, entretanto, que ao se considerar os atuais objetivos

da política regulatória para o segmento, mostra-se conveniente mencionar que

a iniciativa à entrada é incentivada. Nesse sentido, retaliações relacionadas à

guerra de preços de derivados ou outras atitudes hostis estariam descartadas.

Analisando a possibilidade de participação de multinacionais nesta

indústria, percebe-se que, sobretudo, aquelas ligadas a atividades de upstream

no país (concessionárias) estariam mais propensas a desenvolver interesse,

devido à elevada probabilidade dessas empresas se tornarem (a curto e médio

prazos) produtoras de petróleo, o que justificaria um eventual movimento de

integração para frente, que se concretizaria na instalação de refinarias próprias

ou na participação da atividade via parcerias eventualmente formadas com a

PETROBRAS (HENZ, 2001).

Para dar suporte a este raciocínio, cabe ressaltar que a grande

maioria dessas são verticalmente integradas, dispondo de competências nos

diversos elos da cadeia produtiva (inclusive no refino), nas suas matrizes ou

em outras regiões do mundo.

Segundo NICHOLLS (2002), grandes descobertas com potencial de

aproveitamento comercial irão catalisar os investimentos no refino e, apesar do

ceticismo a respeito da espontaneidade dos investimentos do setor privado

(haja vista a necessidade de incentivos fiscais por parte do governo para

reforçar tal interesse), é bastante provável que as companhias mencionadas

(quando da disponibilidade de óleo) invistam nas suas próprias unidades de

processamento ou procurem parceiros locais (como a PETROBRAS) para este

tipo de empreitada.

Uma outra possibilidade seria o estabelecimento de refinadores

independentes que tenderiam a se interessar pela atividade devido à projeção

de déficit na produção de derivados com relação à demanda nacional. Esta

opção, todavia, não será discutida neste estudo, assumindo-se a hipótese que

o desinteresse da PETROBRAS em participar de eventuais projetos de

construção de novas refinarias e o risco regulatório protelariam tais

investimentos.

No que se relaciona à atividade de importação, observa-se que

apenas algumas empresas apresentam-se desenvolvendo atividades no país

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(ainda que as quantidades de produtos transacionadas tenham sido pequenas,

sobretudo devido à crise cambial).

Com vistas à atividade de formulação, até o momento não há

evidências de interesse ou qualquer pedido de autorização para eventual

atuação futura.

Dentro desse raciocínio, classifica-se (principalmente devido à

possibilidade de integração para frente) o poder de atuação dos potenciais

entrantes como 5 – forte (FIGURA 6.1) no modelo de atratividade da referida

indústria.

6.2.2.3 – FORNECEDORES

A partir da aplicação da definição de indústria de PORTER (1980)

ao refino, pode-se classificar como Fornecedores o conjunto de empresas à

montante da atividade de processamento de óleo cru. Dessa maneira,

estariam nesse grupo a estatal brasileira, fornecedores internacionais de óleo,

como empresas estatais de países-membros da OPEP ou multinacionais

detentoras de reservas, além de fornecedores de equipamentos/empresas de

engenharia.

Com relação à possibilidade de integração para frente desses

agentes, salienta-se que apesar da existência de um mercado promissor com

uma demanda por derivados parcialmente insatisfeita, um movimento

estratégico dessa natureza teria maior justificativa caso a atividade de

exploração ocorresse no país (o que recairia no caso dos potenciais entrantes).

Nesse sentido, procurou-se classificar a magnitude do seu

posicionamento como 3 - moderada (FIGURA 6.1), na medida em que, pelo

menos até o momento, tais agentes não representam uma grande ameaça

para os atuais concorrentes da indústria em questão.

6.2.2.4 – COMPRADORES

Com relação aos Compradores (clientes do refino) destacam-se,

principalmente, as CMP´s (devido à necessidade de nafta – matéria-prima

petroquímica) e as distribuidoras de combustíveis, sendo que, particularmente,

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as primeiras apresentam-se em posição mais confortável com relação ao

poder de negociação com as refinarias do parque nacional. Atentando-se para

o fato de que, em termos práticos existem apenas dois grupos no negócio de

petroquímicos básicos no país (Odebrecht/Mariani através da Braskem S.A. e

PETROBRAS, via Petroquisa, através da PQU) e que a iniciativa privada

controla mais de dois-terços da produção (Braskem e COPESUL), certamente,

a pressão no que se refere a preços e contratos apresenta-se maior no

negócio de petroquímicos do que no negócio de combustíveis, onde cerca de

168 distribuidoras (Anuário Estatístico da ANP, 2002) disputam o mercado em

todo o país.

Aliando-se a isso o movimento de integração para trás das

CMP´s (produção de gasolina, GRÁFICO 5.8), caracteriza-se uma visível

disposição desses agentes em disputar uma fatia no mercado de combustíveis

com as refinarias, até então, as únicas unidades com autorização legal para

explorar o negócio. Entretanto, partindo do princípio de que grandes

investimentos visando ao aumento exponencial na produção de gasolina (além

de serem extremamente caros em função do custo do capital) tenderiam a

comprometer a quantidade de matéria-prima necessária à produção de eteno e

propeno (uma vez que a composição química da nafta e da gasolina é

bastante semelhante), principal atividade dessas empresas, é provável que o

interesse pelo fornecimento de combustíveis automotivos (também há

interesse na fabricação de diesel) se restrinja a mercados locais, não

representando, assim, grandes perdas de faturamento para a indústria do

refino.

Classifica-se, então a magnitude do posicionamento dos

compradores como 4 – potencialmente forte (FIGURA 6.1), salientando-se

ainda que uma maior amplitude nos movimentos de integração para trás (uma

CMP vir a investir numa unidade de refino própria) se apresenta pouco

provável em função das carências financeira e tecnológica (considerando a

falta de competências) desses agentes, as atividades correntes de produção

de derivados leves representam ainda que em pequeno grau concorrentes com

aquelas desenvolvidas pelos refinadores nacionais clássicos.

6.2.2.5 – PRODUTOS SUBSTITUTOS

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Conforme abordado na introdução deste estudo, a indústria carece

de combustíveis ou produtos substitutos economicamente viáveis que venham

a desempenhar a função dos derivados de petróleo no curto ou médio prazos.

Com relação a este raciocínio, vale a pena comentar que, apesar da

utilização do gás natural ter se difundido consideravelmente nos últimos anos

(expandindo-se até mesmo para o uso em automóveis na forma de Gás

Natural Veicular – GNV), sua aceitação com relação à utilização em motores a

combustão ainda se apresenta pequena no país. Os custos de adaptação dos

motores dos veículos nacionais (fabricados para funcionar com álcool, gasolina

ou diesel), a extensão da rede de abastecimento (restrita basicamente aos

Estados do Rio de Janeiro e São Paulo) e à deficiência de performance (em

relação aos combustíveis líquidos) relatada pelos usuários têm postergado,

dessa forma, uma maior adesão à alternativa.

Nesse sentido, apesar da sua utilização para fins industriais

(geração de vapor, geração de energia elétrica por via térmica e em fornos)

registrar aumento considerável, em detrimento, principalmente, do óleo

combustível, o uso automotivo (maior fatia do mercado de combustíveis) é

ainda restrito, apesar de apresentar considerável tendência de crescimento.

Quanto às fontes renováveis de energia, o país ainda carece de

tecnologia (e interesse) para seu aproveitamento comercial ficando a

exploração desses recursos momentaneamente postergada para um futuro

distante.

Tendo em vista a situação geral dos substitutos dos derivados do

petróleo com ênfase numa utilização eficiente (em matéria de custos),

classifica-se sua magnitude de posicionamento como 1 – extremamente fraca.

(vide legenda da FIGURA 6.1).

6.2.2.6 – COMPLEMENTADORES

Considerando a extensão do modelo das Forças Competitivas, no

caso da indústria de refino nacional, classifica-se como agente

Complementador, o governo (através da ANP), na medida em que, mediante a

alteração da política regulatória do setor, possibilita variações na influência dos

demais agentes, aumentando ou diminuindo a pressão exercida por estes

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sobre os concorrentes, o que tende a acarretar na variação nas suas margens.

Exemplos clássicos são a permissão da entrada de novos players na referida

indústria (Importadores e Formuladores) ou a autorização concedida às CMP´s

para a fabricação de gasolina ―A‖, em decorrência dos dispositivos previstos na

lei n.º 9.478.

Dado o caráter complementar da sua atividade, não se atribuiu peso

à influência relacionada ao agente mencionado (valor ―?‖ na legenda da

FIGURA 6.1), entretanto, afirma-se que seu caráter decisório em relação à

organização do segmento de refino se apresenta deveras relevante.

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6.3 – ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS

A partir da análise da estrutura da indústria de refino no país,

pôde-se perceber que os prováveis futuros produtores de óleo representam os

agentes de maior ameaça à atual (e cômoda) posição dos concorrentes na

situação do monopólio de fato existente. Como abordado, existe uma

tendência lógica no interesse por investimentos no refino por parte das atuais

concessionárias na atividade de E&P, uma vez que produzir destilados no país

representaria a instalação do único elo ausente (FIGURA 6.2) na cadeia

produtiva (muitas dessas empresas atuam nos dois extremos: E&P e

distribuição/marketing), promovendo a integração vertical (no Brasil) de

empresas como Esso (Exxon – Mobil), Shell, Texaco, etc.. Some-se a isso a

isenção da necessidade de exportação ou envio (a custos de frete

consideráveis) do óleo aqui produzido para suas matrizes ou refinarias

localizadas ao redor do mundo, o que aumentaria a atratividade do negócio.

Matéria-Prima Produtos

Legenda:

FIGURA 6.2 – Movimento de integração na cadeia produtiva de produtos energéticos Fonte: Elaboração própria com base no Anuário Estatístico da ANP (2002). Obs

1.: O percentual citado está relacionado ao fato de apenas a estatal ter atividades de

produção de óleo em níveis comerciais.

E&P/(Transporte)

PETROBRAS

(100%)1

Concessionárias

REFINO

PETROBRAS (98,2%)

Manguinhos (1,0%) RPI (0,8%)

DISTRIBUIÇÃO

BR Distribuidora

(37,85%)

Outras distribuidoras

“NOVOS

PARCEIROS”

Realidade atual:

Tendência possível:

Movimento de Integração

D

esco

bert

a d

e ó

leo

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119

6.3.1 – SUPORTE TEÓRICO

A partir do estudo da estrutura da indústria do refino no país, torna-

se possível tentar explicar o aparecimento de um ambiente favorável para o

movimento de integração das concessionárias atuantes em E&P citadas

anteriormente. Vale ressaltar que, apesar do universo de análise considerado

pela abordagem utilizada estar relacionado com a indústria, dentro da clareza

da definição abordada anteriormente, nada impede que se busquem subsídios,

na particularidade do ambiente da empresa, para se concluir sobre possíveis

tendências da atividade.

Com relação à competição, partindo-se da premissa que os padrões

de produto e serviço são mutáveis, torna-se necessário (para uma empresa)

desenvolver um conjunto de habilidades e tecnologias que permitam oferecer

determinados benefícios ou soluções aos seus clientes no futuro

(Competências Essenciais, cf. PRAHALAD e HAMEL, 1990). Dentro desse

raciocínio, tomando por base a revisão do planejamento estratégico da

PETROBRAS83

e o trabalho de ARNOLD (2000) a respeito das novas

dimensões da terceirização (combinação de custo de transação econômico

com o conceito de Competências Essenciais), existe uma teoria que suporte a

decisão sobre a extensão da terceirização (subcontratação) de acordo com o

posicionamento de uma determinada atividade em relação ao foco

(competência) de uma companhia. O referido trabalho atesta a possibilidade

da terceirização (que pode ser encarada como a criação de uma joint-venture)

de atividades de importância estratégica ou especificidade medianas.

83

Deu-se destaque ao planejamento da estatal dada a importância marginal das refinarias privadas no ambiente do refino nacional, muito embora represente a evidência de alguma competição, no sentido da referida indústria não ser totalmente dominada pela PETROBRAS.

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120

6.3.2 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA PETROBRAS

A partir da leitura da proposta presente na “Visão 2010”84

do

planejamento estratégico da PETROBRAS, pode-se observar que, apesar da

atividade de refino ser encarada como um meio para a manutenção do status

de companhia de petróleo integrada, havendo ainda intenção da manutenção

do posicionamento da empresa como líder no mercado nacional de

derivados85

, pode-se perceber que a atenção fundamental é despendida às

atividades de E&P (conforme demonstrado pelo seu percentual nos

investimentos da companhia no GRÁFICO 6.1), mostrando a convicção de que

o processamento de cru se apresenta numa faixa de menos nobre de

especificidade/importância estratégica86

.

Nesse sentido, a preocupação da empresa é caracterizada pela

garantia do crescimento do suprimento de óleo, principalmente via produção

offshore (em águas profundas), certamente refletindo uma das competências

essenciais da estatal (desenvolvimento de tecnologia de produção em bacias

oceânicas), justificando-se a possibilidade da opção estratégica da

terceirização externa, com o desenvolvimento de parcerias, joint-ventures ou

operações de swap na atividade de refino.

84

―A PETROBRAS será uma empresa de energia, com forte presença internacional, líder na América Latina, com liberdade de atuação de uma corporação internacional e foco na rentabilidade e responsabilidade social. A empresa tem como missão atuar de forma rentável nas atividades da indústria de óleo, gás e energia, tanto no mercado nacional quanto internacional, fornecendo produtos e serviços de qualidade, respeitando o meio ambiente, considerando o interesse dos seus acionistas e contribuindo para o desenvolvimento do país‖ (Planejamento Estratégico PETROBRAS, 2001). 85

Inclui a preocupação com a meta de custo do refino no patamar de US$ 0,80/barril (Planejamento Estratégico PETROBRAS 2001). Os custos nos anos de 2000 e 2001 foram, respectivamente, US$ 1,06/barril e US$ 0,98/barril (Relatório Anual PETROBRAS 2000; 2001). 86

O que, de certa forma, pode ser explicado pelo fato de a atividade se apresentar como necessária para estruturar a ponte entre a exploração e a venda de derivados, apesar de agregar margens reduzidas para a empresa (talvez as menores com relação a todos os outros elos da cadeia produtiva), dados os custos operacionais envolvidos.

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121

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

1998 1999 2000

Ano

Pe

rce

ntu

al d

e In

ve

sti

me

tos

E&P e PE (Obs.1) Refino Outros (Obs. 2)

GRÁFICO 6.1 – Investimentos PETROBRAS

Fonte: Relatórios Anuais 2000 e 1999. Obs. 1 – Investimentos relacionados às áreas e exploração, desenvolvimento da produção e projetos estruturados - PE (que apesar de não representarem investimentos diretos da empresa, estão relacionados à atividade de E&P, nos diversos campos de produção). Obs. 2 – Inclui as atividades de transporte e empreendimentos em negociação.

6.4 – CONSISTËNCIA DE UMA ANÁLISE COMPARATIVA

ENTRE REFINARIAS

Assumindo a hipótese de que as incertezas associadas a eventuais

investimentos na atividade (situação político-econômica indefinida e risco

regulatório) e o particular desinteresse da estatal na participação na construção

de novas refinarias protelariam a construção de nova capacidade de refino,

apesar dos déficits na produção de derivados nas regiões N/NE e S (FIGURA

6.3), torna-se possível justificar o interesse de concessionárias de E&P no

aumento ou na adequação da capacidade das refinarias existentes. Aponta-

se, nesse sentido, como uma possível tendência, a estruturação de eventuais

acordos entre as referidas concessionárias e os atuais atores do segmento de

refino no país.

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FIGURA 6.3 – Fluxos regionais totais de derivados Fonte: ANP(2002a).

A partir desse raciocínio, mostra-se razoável analisar o parque de

refino ao nível da unidade produtiva (refinaria), dentro de uma abordagem de

unidades estratégicas de negócios (UENs), com resultados apuráveis e

passíveis de comparação, tal qual sugere a PETROBRAS em seu

planejamento estratégico. Assim, haja vista a situação atual do segmento,

com respaldo nos objetivos da política regulatória vigente, tornaram-se

possíveis investimentos, operações de compra, venda ou swap de ativos entre

empresas nacionais (estatais ou privadas) e companhias estrangeiras e fazem

maior sentido quando consideram oportunidades (de investimento)

discriminadas.

Dessa forma, aos olhos de empresas estrangeiras ou grupos

nacionais, uma comparação entre as unidades do parque se apresenta

conveniente, na medida em que a propensão a investimentos (ou parcerias)

deverá se verificar em plantas de maior conveniência (mais competitivas) o

que, para o caso específico do refino, se traduziria em produzir, numa escala

rentável, derivados de maior valor agregado com menor dependência de óleo

importado.

Legenda:

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6.5 – CONCLUSÕES SOBRE A ESTRUTURA DA INDÚSTRIA DE

REFINO NO PAÍS

Torna-se possível observar o aparecimento de novos agentes (tal

qual sugerido no Capítulo III) no recém-desregulamentado setor nacional de

óleo e gás. O seu poder de penetração ou a relevância em termos de

concorrência relacionada ao mercado de combustíveis são, entretanto, ainda

incipientes, tornando as análises referentes à atratividade na indústria do refino

um tanto quanto preliminares. Mesmo assim, considerações relacionadas a

uma possível tendência de organização foram justificadas, motivando a

discussão sobre a consistência de uma análise comparativa entre refinarias.

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CAPÍTULO VII

METODOLOGIA DE ANÁLISE

7.1 – OBJETIVOS DO CAPÍTULO

O presente capítulo tem como principal objetivo descrever as etapas

constituintes no desenvolvimento da análise comparativa das unidades de

refino do parque brasileiro, discutindo suas considerações e apontando as

limitações envolvidas.

7.2 – MOTIVAÇÃO E ASPECTOS GERAIS

A partir da análise da estrutura da indústria do refino no país frente

aos objetivos do cenário legal presente (aumento da competição entre os

agentes do segmento) e sua potencial possibilidade de reorganização

(movimentos de integração por parte de futuros fornecedores de óleo), uma

discussão a respeito da competitividade no nível da refinaria torna-se

pertinente.

Atentando para os objetivos do presente trabalho (Cap. I, p. 34),

tornar-se-ia demasiada pretensão buscar os elementos necessários para a

maximização da competitividade (Cap. IV, p. 84, EQUAÇÃO 4.4) de cada uma

das refinarias objeto do estudo, no intuito de sugerir modificações estruturais

(nos esquemas de refino) ou organizacionais pertinentes.

Dessa maneira, a busca da posição relativa destas unidades, a

partir de análise estatística de um conjunto de variáveis que permita inferir seu

desempenho e, conseqüentemente, favoreça procedimentos de agrupamento

se apresenta mais condizente com o proposto. Possibilitar-se-ia, assim, a

partir dos resultados obtidos, identificar que unidades estariam mais propensas

a investimentos externos (caso os movimentos de integração se verificassem)

e quais seriam as menos favorecidas pela política de liberação das

importações no segmento, findo o período de transição.

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7.2.1 – NECESSIDADE DE UMA PROPOSIÇÃO

Haja vista a carência de abordagens específicas e com um caráter

técnico-gerencial para analisar o segmento de refino no Brasil, no nível da

unidade produtiva (a refinaria) dentro da nova realidade legal, tornou-se

necessária propor uma nova metodologia. Salienta-se, entretanto, que

preconizou-se um desenvolvimento com base num arcabouço teórico

conveniente e na opinião de profissionais e pesquisadores do setor, no intuito

de diminuir um possível grau de subjetividade associado.

7.2.2 – ETAPAS NA CONSTRUÇÃO DA METODOLOGIA

Assumida tal premissa, propõe-se, uma Metodologia (empírica) de

Análise e Comparação de Refinarias (MACRE) brasileiras cujos esforços

foram concentrados nas seguintes etapas:

1. Escolha das variáveis pertinentes ao desenvolvimento de

uma análise comparativa das refinarias do parque brasileiro,

com relação ao seu desempenho;

2. Agrupamento das unidades investigadas de acordo com a

similaridade observada, com relação às variáveis

analisadas;

3. Proposição de uma tipologia de refinarias (Classes I, II, III e

IV) para fornecer subsídios a discussão das suas

características, apontando possíveis tendências associadas

ao seu desempenho (Cap. VIII).

7.2.3 – OBJETIVO DA METODOLOGIA

O desenvolvimento da metodologia proposta prevê como principal

produto uma classificação empírica de unidades de refino87

, apoiada no

tratamento estatístico de variáveis que levem em consideração elementos

técnicos e gerenciais.

87

Estendida a todas as refinarias instaladas no parque brasileiro, incluindo as unidades privadas de Manguinhos e RPI.

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7.3 – ESCOLHA DAS VARIÁVEIS

Partindo-se da premissa de que os principais objetivos regulatórios

para o segmento estão relacionados à ampliação do grau de competição entre

os seus agentes tendo em vista o benefício dos consumidores finais, mostra-se

conveniente analisar a competitividade das refinarias do parque nacional.

Desta maneira, procurou-se eleger variáveis representativas da

atividade, buscando-se subsídio no referencial teórico conveniente, assim

como na experiência de pesquisadores e profissionais atuantes no segmento

entrevistados ao longo da pesquisa.

7.3.1 – BASE TEÓRICA

Com relação ao referencial teórico sobre gestão da atividade de

refino, pôde-se observar que apenas POMPÉI (2001) fornece (ainda que de

maneira abstrata) os elementos gerais para descrever o conceito de

competitividade aplicada à atividade.

Dessa maneira, orientou-se, a escolha das variáveis a serem

analisadas nas dimensões de Posição Tecnológica (1), Aspecto

Humano/Organizacional (2) e Localização Geográfica (3). Utilizaram-se ainda,

quando pertinentes, os conceitos de complexidade e CDE (NELSON, 1976;

JOHNSTON, 1996).

7.3.2 – OPINIÃO DE PESQUISADORES/PROFISSIONAIS DO SEGMENTO

Tendo em vista o objetivo de buscar subsídios para a comparação

no âmbito do conhecimento de profissionais da indústria investigada,

desenvolveu-se um total de oito entrevistas semi-estruturadas88

, no Brasil e no

exterior89

com pesquisadores, membros de agências reguladoras, consultores,

além de funcionários de empresas privadas ou da PETROBRAS.

88

Os entrevistados não foram submetidos ao preenchimento de questionários, entretanto, o assunto deveria discorrer dentro de pontos de interesse. 89

Intercâmbio de curta duração (20/05/2002 a 02/07/2002) na Universidade de Oklahoma, Norman, OK, USA, sob a orientação do Prof. Gordon Atkinson, Ph.D, para discussão das tendências da atividade de refino no mundo, além do desenvolvimento de entrevistas com pesquisadores do setor.

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Com relação à Dimensão 1, pôde-se perceber, a partir de

entrevistas com profissionais e pesquisadores atuantes no segmento, a

existência de uma preocupação constante no relacionado à capacidade efetiva

de processamento (como uma expressão das economias de escala

produzidas) e ao conjunto de unidades instalado em cada refinaria, como uma

representação da capacidade de produção de cortes mais leves e nobres (que

foram ainda levados em consideração numa variável à parte).

Relata-se também a questão da adequação das unidades de

processamento ao petróleo nacional, podendo-se dizer que, de uma maneira

geral, refinarias que processam grandes quantidades de óleo importado o

fazem pela incapacidade de tratar, de maneira eficiente, os óleos nacionais

mais pesados. Por esse motivo, tais unidades apresentariam performance

questionável, por exemplo, para processar quantidades eventualmente

crescentes de petróleos da região do Rio de Janeiro.

Identificou-se ainda uma preocupação relacionada à capacidade

ociosa de cada planta industrial, como uma medida indireta do aproveitamento

da economia de escala gerada pelo processamento de volumes mais próximos

dos valores de projeto.

Para a Dimensão 2, registrou-se uma preocupação com relação ao

aproveitamento do capital humano (definido aqui como o conjunto de

funcionários de cada refinaria). Dentro dessa perspectiva, aspectos

relacionados à produtividade por empregado se apresentariam como

indicativos indiretos, por exemplo, do grau de automação de uma determinada

unidade.

Para a Dimensão 3, observou-se uma preocupação relacionada à

localização das unidades industriais em mercados deficitários ou

superavitários. Nesse raciocínio, regiões de demanda não satisfeita estariam

mais propensas a investimentos futuros.

7.3.3 – VARIÁVEIS COMPONENTES DA ANÁLISE

Tendo sido apresentadas as dimensões explícitas (associadas aqui

ao aspecto teórico relacionado) e tácitas (relacionadas à opinião de

profissionais do segmento, sob a forma não codificada), apesar da existência

de algum grau de subjetividade na consideração (utilizar ou não a base teórica,

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aceitar ou não as opiniões e fazer uma elaboração própria das variáveis),

salienta-se que foram levados em consideração problemáticas inerentes à

atividade de refino. Dentre estas, observam-se a questão da escala e da

diversidade dos processos90

/grau de automação, assim como o fator mercado.

Sugerem-se, portanto, como componentes da análise:

7.3.3.1 – Dimensão 1 (Posicionamento Tecnológico)

1. Capacidade de Destilação Equivalente – CDE

(bpd, Calculada no ANEXO IV, segundo o Cap. IV)

Possibilita a comparação de refinarias com diferentes unidades

instaladas (layouts distintos) e faixas de capacidades,

fornecendo, ainda, um valor indireto do capital imobilizado de

cada planta industrial (vide Cap. IV, item 4.3.1), viabilizando

considerações sobre densidade tecnológica (e de capital91

) a

partir do conceito de complexidade, e dos valores de capacidade

efetiva.

2. Dependência de Óleo Importado – DOI

(base percentual, GRÁFICO 5.4):

Demonstra a capacidade da refinaria em processar óleos

segundo a origem92

e traduz uma maior ou menor exposição da

refinaria a alterações no cenário econômico internacional como

variações na cotação do petróleo, efeitos sazonais de preço ou

flutuações abruptas no câmbio.

3. Produção de Cortes Nobres

93 – PCN

(base percentual, TABELA 5.2)

Demonstra a capacidade da refinara em produzir derivados de

maior valor agregado.

4. Capacidade Ociosa – CO

(base percentual, TABELA 5.4)

90

Várias dezenas de unidades de processo, dependendo da refinaria. 91

Assume-se, nesse sentido, uma dependência linear entre capital e tecnologia. 92

Os óleos nacionais, por serem pesados requerem, em geral, mais unidades do tipo ―fundo de barril‖ para a produção de cortes mais leves e nobres. 93

Definidos conforme TABELA 5.2.

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Possibilita levar em consideração o aproveitamento da economia

de escala inerente à atividade de refino, fundamental para

unidades de escala reduzida e a existência de alguma

flexibilidade no caso da necessidade de aumento da carga a ser

processada (para o caso de unidades de escalas maiores).

7.3.3.2 – Dimensão 2 (Aspecto Humano/Organizacional)

1. Produtividade (por empregado) – P

Calculada com base no ANEXO IV (valores de cargas

processadas) e TABELA 5.1 (distribuição da mão de obra).

Relação entre a carga processada e o número de empregados da

refinaria. Além de possibilitar uma comparação com relação ao

aproveitamento da mão de obra no parque nacional, fornece uma

medida indireta do grau de automação de cada unidade.

7.3.3.3 – Dimensão 3 (Localização Geográfica)

Caracterização do mercado – M

(natureza binária)

Leva em consideração o posicionamento da refinaria em mercados

deficitários (D) ou superavitários (S), de acordo com análise entre a

oferta e a demanda de derivadas desenvolvida pala ANP (FIGURA

5.4).

7.3.4 – NECESSIDADE DE NORMALIZAÇÃO

Devido às escalas das unidades das variáveis analisadas diferirem

(ordem de grandeza representada por valores percentuais, bpd ou

bpd/empregado), houve a necessidade de normalizá-las para que se

obtivessem resultados mais consistentes. Optou-se por utilizar a variável

normal padrão, definida como o quociente entre a diferença da variável e a

média observada para todas as refinarias e o desvio padrão associado.

Salienta-se que, muito embora se tenha optado por utilizar este

recurso para efeito de normalização, não há qualquer relação entre esta

estratégia e a necessidade de as variáveis estudadas precisarem apresentar

uma distribuição normal (o que seria muito pouco razoável, dado que a

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performance, não deveria apresentar esta conotação). Nesse sentido outras

normalizações (divisão pelo total observado de cada variável, divisão pelo

maior valor encontrado, dentre outras) seriam pertinentes, oferecendo os

mesmos resultados comparativos.

7.4 – AGRUPAMENTO DAS REFINARIAS POR SIMILARIDADE

Dentro da perspectiva de avaliação (de performance) das refinarias

do parque nacional, optou-se por identificar, numa segunda etapa, que

refinarias apresentariam características comuns, levando em consideração as

variáveis eleitas para a análise.

7.4.1 – TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Numa tentativa de investigar semelhanças e diferenças entre

refinarias, considerando o conjunto de variáveis proposto, buscou-se agregá-

las em grupos (Clusters) sucessivos de tamanhos crescentes. Dentro desta

perspectiva, o grau de similaridade entre os elementos analisados decresce

com o tamanho do grupo, até que se tenha apenas um conjunto, representado

pelo parque de refino brasileiro, com suas doze unidades de processamento,

razoavelmente distintas entre si.

Utilizou-se para tal o programa Statistica 5.0® como plataforma,

valendo-se da ferramenta Tree Clustering, optando-se pela escolha da medida

das distâncias Euclidianas (como representativo da similaridade entre as

refinarias) devido ao fato de ser a alternativa mais indicada (STATSOFT, 1995)

para o tratamento de problemas de agrupamento multi-variável.

Finda esta etapa, cada elemento (refinaria) representa seu próprio

cluster, sendo que sua similaridade é definida de acordo com a opção

escolhida (no caso, medida das distâncias Euclidianas). Entretanto, uma vez

que diversos objetos tenham sido agrupados (por estarem próximos uns dos

outros em relação às variáveis analisadas), determinar, sucessivamente quão

próximos são esses grupos (para reagrupá-los) é um problema criterioso.

Com relação ao critério de agrupamento utilizou-se o Método de

Ward (WARD, 1963 apud STATSOFT, 1995).

7.5 – PROPOSIÇÃO DE TIPOLOGIA

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Finda a etapa de investigação da similaridade entre refinarias com

relação às variáveis eleitas para a análise a partir da obtenção do diagrama de

árvore (dendrograma) para o parque de refino brasileiro, propôs-se agrupar

estas unidades num número reduzido de conjuntos.

7.5.1 – GRUPOS

Devido à pequena dimensão do universo analisado (12 refinarias),

buscou-se dividir o parque de refino num número reduzido de grupos (clusters),

para que suas características fossem avaliadas sob a perspectiva de conjunto.

Optou-se, dessa maneira, pela conveniência da proposição de

quatro grupos distintos (Classes I, II, III e IV), com o intuito de apresentar um

antagonismo mais claro entre as características das refinarias constituintes das

Classes I e IV e posições intermediárias para aquelas da Classe II e III.

7.5.2 – TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Novamente, utilizou-se o mesmo programa, valendo-se desta vez da

ferramenta K-means clustering para dividir o parque de refino brasileiro em 4

grupos (K = 4).

A lógica computacional embutida nesta etapa do desenvolvimento

da análise estatística jaz no compromisso de minimizar a variabilidade dentro

dos grupos, maximizando a variabilidade entre eles. Dentro desta perspectiva,

são efetuados testes ANOVA94

, onde sua significância avalia diferenças dentro

e entre os grupos analisados, partindo da hipótese de que estes são diferentes

entre si. Dessa maneira, com o objetivo de conseguir resultados significativos,

a ferramenta move os elementos (no caso, as refinarias) para dentro e para

fora dos grupos, até que o compromisso seja atingido.

7.6 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A MACRE

Conforme descrito nos objetivos do capítulo, torna-se necessário

apresentar as limitações relacionadas à proposição da metodologia descrita,

para que seus resultados não sejam tomados de maneira absoluta.

Identificam-se assim:

94

Do inglês Analisys of Variance.

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1. Teor preliminar;

2. Caráter estático e

3. Pequeno rigor no tratamento do fator mercado.

Pode-se caracterizar a metodologia proposta por um caráter

preliminar, principalmente, com relação às variáveis eleitas. Salienta-se, nesse

sentido, que a falta de informações (principalmente devido ao seu caráter

confidencial) relacionadas a outros elementos técnicos e gerenciais pertinentes

como eficiência na utilização de energia ou na manutenção; margem

operacional ou custos de processamento discriminados por refinaria dificulta

quaisquer estudos que se proponham a desenvolver análises baseadas em

dados de acesso público.

Com relação ao elemento tempo, cabe discutir que apesar do

objetivo do trabalho estar relacionado com o momento pós-abertura do

mercado, o tratamento dos dados no período imediatamente anterior (ano de

2001) apesar de registrar as características mais recentes é empobrecido se

comparado com análises que considerem séries históricas das variáveis

propostas. Cabe no entanto afirmar que a possibilidade de proceder a uma

análise no tempo pressupõe o acesso às informações pertinentes o que, mais

uma vez, pode representar problemas de privilégio.

Finalmente, com relação ao tratamento do balanço oferta/demanda

de derivados, assume-se uma simplicidade na abordagem, considerando

apenas características gerais na classificação dos mercados atendidos pelas

refinarias do parque nacional. Vale salientar, todavia, que uma análise mais

estruturada dependeria da determinação das áreas de atuação de cada

unidade (o que na prática difere do modelo de macro-regiões proposto pela

ANP), para que se desenvolvessem balanços nesses mercados específicos (o

que demandaria análise no nível de bases de distribuição). Quaisquer outras

formas de tratamento dessa questão embutem uma arbitrariedade na região de

incidência dessas unidades, tornando questionável a viabilidade do

atendimento de uma determinada área pelo crescimento (ou até mesmo pela

implantação – que não é abordada nesse estudo) de uma refinaria, dado que

suas respectivas malhas dutoviárias foram projetadas para suprir as

necessidades logísticas das suas áreas específicas de atuação.

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CAPÍTULO VIII

ANÁLISE DOS RESULTADOS

A partir da interpretação dos resultados previstos no

desenvolvimento na MACRE (capítulo anterior), torna-se possível iniciar uma

discussão sobre as semelhanças entre as refinarias analisadas (GRÁFICO 8.1)

e diferenças entre as quatro classes propostas (TABELAS 8.2, 8.3, 8.4 e 8.5),

atentando para a comparação dos clusters obtidos (GRÁFICO 8.2).

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GRÁFICO 8.1 – Gráfico de árvore (dendrograma) do parque de refino brasileiro Fonte: Elaboração própria.

Pôde-se observar que o produto do agrupamento dos elementos

analisados refletiu a criação de conjuntos distintos, com relação às dimensões

inversas (distância de ligação e similaridade) investigadas pela ferramenta

utilizada.

Constata-se, primeiramente, a criação de dois conjuntos bastante

distintos (A e B) envolvendo refinarias componentes com características

semelhantes.

Dentro de cada um desses conjuntos, revelaram-se alinhamentos

entre REMAM, RECAP e REFAP (mais proeminente para as duas primeiras);

MANGUNHOS e RPI; RLAM, REDUC, REGAP e RPBC (com as duas

primeiras e as duas últimas se apresentando mais próximas entre si) e,

finalmente, REPLAN, REVAP e REPAR (sendo que, no seu respectivo grupo,

as duas últimas se apresentaram com mais características em comum).

Conforme sugerido na Seção 7.5, procedeu-se o agrupamento das

refinarias em quatro classes, de acordo com as variáveis analisadas.

Distância de ligação

Similaridade

A

B

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Apresenta-se, a seguir uma discussão das características gerais de cada um

dos clusters, com base nos valores médios observados (GRÁFICO 8.2).

GRÁFICO 8.2 – Comparação entre as classes propostas Fonte: Elaboração própria. Obs. 1 – A letra N ao final de cada variável é apenas um indicativo da sua normalização; Obs. 2 – Devido à natureza binária da variável mercado, ela não está representada neste gráfico.

8.1 – REFINARIAS CLASSE IV

TABELA 8.1 Refinarias Classe IV Fonte: Elaboração própria.

Variação n

orm

al padrã

o

Classes

I

II

III

IV

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Representantes do status mais desfavorável, as refinarias Classe IV

(MANGUINHOS e RPI – TABELA 8.1) devem ser observadas como os

agentes que, provavelmente, serão mais afetados pela flexibilização do

monopólio, no que concerne à liberação da importação de derivados, nos

atributos da lei n.º 9.478 e da portaria ANP n.º IV.

Estas unidades apresentam os menores valores observados com

relação à Capacidade de Destilação Equivalente sendo, conseqüentemente

caracterizadas por um conjunto de unidades de processo pouco complexo (o

que reflete uma incapacidade de processar petróleos pesados no sentido de

maximizar a produção em cortes mais nobres, numa escala mais rentável);

pouca incidência de capacidade ociosa que, longe de ser um fator de melhor

aproveitamento das economias de escala, por ventura, geradas, reflete sua

―condição de existência‖; elevada dependência de petróleo importado,

evidenciando a incapacidade das suas unidades em processar óleos nacionais

pesados e caracterizando sua exposição a eventuais flutuações na cotação da

commodity no mercado internacional ou ainda a variações no câmbio

(particularmente desfavorável em momentos de elevada volatilidade, como

crises econômicas internacionais ou perspectivas de conflitos), além de

reduzida produtividade por empregado com relação à carga processada, o que

evidencia um grau de automação incipiente.

Salienta-se ainda que ambas se apresentam próximas das áreas de

atuação de concorrentes que produzem gasolina (seu principal produto) em

grande quantidade (no caso de Manguinhos, a REDUC) ou recentemente e

com perspectivas promissoras (no caso da RPI, a COPESUL).

Nesse sentido, as refinarias privadas apresentar-se-iam como as

unidades menos competitivas do parque (pior performance), estando menos

susceptíveis a investimentos estrangeiros (com relação à integração das

atividades de E&P e refino) e mais sensíveis (em função da sua baixa

competitividade) à importação de derivados por parte de empresas

distribuidoras.

Vale ainda ressaltar que o interesse externo no que concerne uma

política de investimentos nas refinarias privadas se mostra menos provável

dado que, em virtude do seu porte e importância (estratégica) para suas

empresas controladoras (Grupo Peixoto de Castro/Repsol-YPF e Grupo

Ipiranga), a atividade se caracteriza como chave para sua manutenção e

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perspectiva de crescimento no mercado de derivados, ficando descartada,

dessa forma, a possibilidade de desenvolvimentos de eventuais parcerias.

8.2 – REFINARIAS CLASSE III

TABELA 8.2 Refinarias Classe III Fonte: Elaboração própria.

Representantes de um status intermediário de baixa performance,

as refinarias Classe III (REMAM, RECAP e REFAP – TABELA 8.2) são

caracterizadas por uma associação de baixa complexidade dos seus

processos e pequena escala (CDE pequeno). Apresentam-se ainda

razoavelmente dependentes de óleo importado (o que poderia explicar uma

produção concentrada em cortes mais nobres), trabalhando com valores

consideráveis de capacidade ociosa (o que tende a ser desfavorável em

plantas de baixa CDE) num grau de automação intermediário.

Nesse sentido, tornam-se expostas às ameaças externas

(particularmente no caso da REMAM, no tocante à importação de derivados,

em princípio pelo, interesse e proximidade da área de atuação da PDVSA) ou

à concorrência interna, no caso da RECAP pela proximidade da área de

atuação da Petroquímica União, SP, no que concerne ao mercado de gasolina.

É possível esperar, portanto, uma ausência de interesse de

eventuais grupos privados nacionais ou estrangeiros na aquisição ou troca de

ativos (swap) dessas refinarias. Em contrapartida, no que diz respeito à

PETROBRAS, enquanto proprietária da RECAP, existe alguma possibilidade

de investimentos, uma vez que apesar dos problemas ressaltados

anteriormente, a tendência crescente da ampliação do mercado de São Paulo

pode justificar desembolsos futuros. Em relação à REMAM, investimentos

semelhantes só se apresentariam justificáveis caso o descobrimento de novas

reservas terrestres, principalmente nas proximidades das regiões de Urucu ou

Coari, AM, fossem anunciadas.

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Com relação à recente operação de troca de ativos entre a

PETROBRAS e a REPSOL-YPF no caso da REFAP, salienta-se, entretanto

que a proximidade das áreas de atuação dessas companhias e o particular

interesse da estatal brasileira na expansão das suas atividades na Argentina

(Planejamento Estratégico PETROBRAS, 2001) foram muito mais influentes na

tomada de decisão do que um eventual interesse da companhia argentina na

refinaria gaúcha em função da sua performance.

Vale a pena registrar que muito embora REMAM e REFAP estejam

localizadas em mercados deficitários em relação à produção de derivados

(FIGURAS 5.4 e 8.1), provavelmente sua performance tenderia a se

apresentar como fator limitante no aproveitamento de oportunidades

relacionadas à ampliação da oferta de derivados. Estudos posteriores

apresentar-se-iam valiosos no sentido de avaliar (quantitativamente) seu grau

de exposição à opção de importação por parte de empresas distribuidoras

atuantes nas suas respectivas regiões.

8.3 – REFINARIAS CLASSE II

TABELA 8.3 Refinarias Classe II Fonte: Elaboração própria.

Representantes de um status intermediário, as refinarias Classe II

(RLAM, REDUC, REGAP e RPBC – TABELA 8.3) devem ser observadas

como os agentes que, a princípio tenderiam a ser interessantes candidatos a

propostas de ampliação financiadas por acordos bilaterais entre a

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PETROBRAS e eventuais grupos internacionais participantes das rodadas de

licitação de blocos de exploração e produção, num momento em que a

produção de óleo no país se concretize.

Este grupo apresenta elevados valores de Capacidade Destilação

Equivalente e pequena incidência de capacidade ociosa, que pode ser

interpretado como um elevado grau de aproveitamento da escala. Entretanto,

uma capacidade reduzida de produção de cortes nobres e a baixa

produtividade por empregado representam necessidade de adequação futura

às características do óleo nacional.

Com relação à dimensão localização geográfica, observa-se que

todas as refinarias se apresentam instaladas próximas a áreas produtoras

(REGAP, RPBC e REDUC, ao Estado do Rio de Janeiro; RLAM à região do

recôncavo), apesar de apenas a refinaria baiana fazer parte de um mercado

deficitário em derivados.

8.4 – REFINARIAS CLASSE I

TABELA 8.4 Refinarias Classe I Fonte: Elaboração própria.

Em posição de destaque na tipologia proposta, as refinarias Classe

I (REPLAN, REVAP e REPAR, TABELA 8.4) se apresentam como unidades

eficientes na produção de derivados, seja em relação ao binômio escala –

conjunto de unidades instaladas (CDE), ou no que concerne à produção de

cortes nobres, mediante uma elevada produtividade por empregado. Salienta-

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se ainda sua elevada capacidade de processamento de óleo nacional (pesado)

e a presença de alguma capacidade ociosa (principalmente na REPLAN) para

absorver uma eventual necessidade de aumento no processamento de óleo.

Pode-se observar que o grupo formado pelas três refinarias citadas

apresenta-se promissor no que concerne à superação dos desafios da

atividade de refino (maximização da produção de cortes nobres a partir de

óleos pesados a custos competitivos) dada sua posição com relação às

dimensões mensuradas.

Assim sendo, é de se esperar que eventuais investimentos por parte

de empresas concessionárias da atividade de E&P se dirijam a este grupo de

unidades, caso se verifique o movimento de integração descrito anteriormente.

A própria estatal tem concentrado esforços (e recursos) no

desenvolvimento ou na importação de tecnologia para essas refinarias, uma

vez que as mesmas, como evidenciado, representam o destaque da atividade

no país, apresentando características favoráveis ao alcance dos objetivos da

empresa no que tange aos aspectos relacionados ao downstream da indústria

de petróleo no Brasil.

Por fim, numa tentativa de resumir os resultados da análise

comparativa, procurando integrar as dimensões relativas à competitividade

(tipologia), susceptibilidade a eventuais parcerias por parte das

concessionárias de E&P e localização geográfica, construíram-se a TABELA

8.5 e a FIGURA 8.1.

TIPOLOGIA

PROPOSTA

Liberação da

importação de

derivados

Susceptibilidade a

parcerias

CLASSE IV

Altamente

sensíveis

Não susceptíveis

CLASSE III Sensíveis Baixa

CLASSE II Pouco sensíveis Moderada

CLASSE I Indiferentes Elevada

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TABELA 8.5 Dimensões investigadas pela tipologia proposta Fonte: Elaboração própria.

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142

`

FIGURA 8.1 – Tipologia Fonte: Elaboração própria.

REPAR (1977)

175.491 bpd

RLAM (1950)

283.710 bpd

REFAP (1968)

175.491 bpd

REDUC (1961)

222.289 bpd

MANGUINHOS

(1954) 14.500 bpd

REGAP (1968)

140.393 bpd

RPBC (1955)

157.942 bpd

RECAP (1954)

42.118 bpd

RPI (1937)

12.581 bpd

REPLAN (1972)

304.184 bpd

REVAP (1980)

210.589 bpd

REMAM (1956)

42.703 bpd

Legenda:

REFINARIA (Partida) Carga

Processada (2001)

Classe IV

Classe III

Classe II

Classe I Mercado deficitário N/NE

Mercado deficitário S

Mercado superavitário CO/SE

Propensão a movimentos de

integração

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143

CAPÍTULO IX

CONCLUSÕES

Com relação à atividade de refino, tendo em vista a nova realidade

da política regulatória para o setor de óleo e gás no país (sedimentada pelo

modelo de abertura do mercado de derivados), findo o período de transição,

espera-se, dentro dos objetivos de promover uma maior competição entre os

agentes participantes (Importadores, Formuladores, Refinarias e CMPs) que a

diversidade de alternativas quanto à origem dos suprimentos seja ampliada a

partir da flexibilização do monopólio (Capítulo III). Pôde-se observar,

entretanto, que em função da extensão da atuação da PETROBRAS no

segmento de refino no país, eventuais pressões por parte dos participantes

descritos se apresentariam, a princípio, marginais (Capítulos V e VI).

Mostrou-se ainda que, a partir da análise da estrutura da indústria

de refino brasileira (Capítulo VI), provavelmente, empresas multinacionais da

indústria do petróleo concessionárias de atividades de E&P e atuantes na

distribuição de derivados apresentar-se-iam como os potenciais entrantes de

maior peso, haja vista, principalmente, a possibilidade de um eventual

movimento de integração para frente que consolidaria uma atuação integrada

em território nacional.

Dentro dessa perspectiva, assumindo o refino como uma atividade

de importância estratégica mediana para a estatal brasileira e levando-se em

consideração a atual situação político-econômica do país (elevação do risco

Brasil e o risco regulatório associado a uma eventual intervenção do Estado no

mercado de derivados de petróleo), torna-se possível levantar a hipótese de

que investimentos por parte de empresas nacionais ou estrangeiros na

construção de novas plantas seriam protelados. Assim, demonstrou-se (ao

longo do capítulo VI) que a solução mais provável para o atendimento da

escalada da demanda nacional por produtos oriundos da referida atividade

estaria relacionada ao desenvolvimento de acordos entre os entrantes

mencionados e a PETROBRAS.

A partir do desenvolvimento de uma metodologia de comparação

entre as refinarias do parque brasileiro, mediante adoção de variáveis

pertinentes (Capítulo VII), pôde-se verificar, com vistas à análise da tipologia

(Capítulo VIII) dela proveniente – refinarias Classe I a IV – uma propensão

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diferencial por parte destas unidades quanto à possibilidade de estruturação

destes acordos. Ressalta-se, desta maneira que o grupo formado por

REPLAN, REVAP e REPAR (Classe I) se apresentaria como o representante

da vanguarda da atividade de refino no país, constituindo-se, provavelmente,

como um alvo em potencial de investimentos por parte das multinacionais

concessionárias das atividades de upstream.

Em contrapartida, observou-se a posição desfavorável ocupada

pelas refinarias privadas (Manguinhos e RPI – Classe IV) caracterizada,

principalmente, pela sua escala reduzida e pelo conjunto de unidades de

processamento pouco complexo que, associadas à elevada dependência de

petróleo importado, tendem a diminuir a sua competitividade.

Ressalta-se ainda, que o conjunto formado por RACAP, REMAM e

REFAP (Classe II) apresenta-se representante de um perfil intermediário

(embora de baixa performance) no âmbito do parque nacional, sendo REGAP,

RPBC, RLAM e REDUC (Classe III) exemplares de refinarias com boas

perspectivas de incremento de competitividade.

Por fim, respeitadas as limitações da metodologia proposta,

observou-se a possibilidade de integração de elementos técnicos numa análise

de cunho gerencial da indústria do refino. Nesse sentido, comenta-se que,

apesar da particular dificuldade em justapor esferas tradicionalmente

estanques, contribuições dessa natureza, no âmbito de outros segmentos da

indústria do petróleo, apresentar-se-iam demasiadamente úteis no

entendimento mais amplo de atividades estratégicas da indústria nacional.

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SUGESTÕES

Tomando por base o estudo desenvolvido nesta dissertação, é

possível afirmar que o entendimento do setor nacional de óleo e gás seria em

muito favorecido, caso houvesse interesse e incentivos no sentido da

orientação de outros trabalhos que cobrissem com algum grau de detalhe os

demais elos ou atividades afins (logística e regulação) de sua cadeia produtiva.

Dessa maneira, contribuições investigativas nas atividades de E&P e

distribuição tornar-se-iam de grande valia no mapeamento dos acontecimentos

e inovações ou no desenvolvimento de avaliações técnico-gerenciais mais

amplas, tendo como pano de fundo o panorama nacional do setor.

Fugindo um pouco da idéia fechada de indústria do petróleo e

buscando horizontes mais holísticos, certamente seria interessante atentar

para metodologias que buscassem comparações entre CMPs, na tentativa de

integrar a petroquímica numa análise conjunta. Dados, profissionais

competentes e um rico campo para estudos, de certo, não faltariam.

Havendo suporte de Agências (ANP, ANEEL, etc.) ou de

organismos de fomento competentes (CNPq, CAPES, FAPERJ, FAPESP,

dentre outros), disposição e massa crítica para a atividade de gerenciamento,

poder-se-ia pensar na direção de um projeto integrado, com teses, trabalhos

de pós-graduação (e por que não projetos de fim de curso?) partindo de uma

data acertada pelas referidas partes, no objetivo (ou utopia) de traçar

tendências (com algum rigor e confiabilidade) para o futuro das atividades da

indústria nacional.

Saliento ainda que, apesar da tentativa referente à abordagem do

segmento de refino ter sido apresentada no presente trabalho, não faz parte

das minhas pretensões (nem da falsa modéstia própria) o objetivo de esgotar o

assunto, devido às limitações do estudo desenvolvido (caráter estático,

dificuldade na aquisição de dados, etc.), minha experiência (estritamente

acadêmica) no setor e à complexidade do assunto.

Por fim, espero que a tentativa tenha se mostrada fortuita e que, se

interessante, venha a despertar o interesse e disposição na confecção de

contribuições afins.

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―O País foi capaz de formular estratégias que o aproximam cada vez

mais da auto-suficiência em petróleo e certamente encontrará (na experiência

e na pesquisa) métodos semelhantes que apontem os melhores caminhos

para aproveitar este importante recurso natural (SEIDL e MAGALHÃES,

2001)‖.

Críticas ao presente trabalho ou tentativas na elaboração de outros,

certamente contribuirão neste sentido.

A sociedade agradece.

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management, Strategic Management Journal, vol 18:7 (1997).

THE ECONOMIST, Beyond carbon, Energy Survey, 10/02/2001.

TOLMASQUIM, M. T., SCHAEFFER, R., SZKLO, A. S., TAVARES, M. E. E.

Liberação das importações de derivados no Brasil, COPPE/U.F.R.J,

Rio de Janeiro (2000).

TOLMASQUIM, M. T. e SZKLO, A. S. A matriz energética brasileira na

virada do milênio, COPPE/U.F.R.J; ENERGE: Rio de Janeiro (2000).

TOWNSEND, D., Environmental concerns take centre stage – THE

MILLENNIUM, Petroleum Economist, December (1999).

______________, The ojectives of change are ambitious, but clear,

Petroleum Economist, February (2000).

WARD, J. H. Hierarchical grouping to optimize an objective function,

Journal of the American Statistical Association, 58, 236 (1963)

WERNERFELT, B. A resource-based view of the firm, Strategic

Management Journal 5, (1984).

WETUSKI, J. PETROBRAS looking for more U.S. Gulf acquisitions, Oil &

Gas Investor, Denver, February 2002.

WILLIAMSON, O. E. Operationalizing the new institutional economics: The

transaction cost economics perspective, Walter A. Haas School of

Business Working Paper, Berkley, University of California (1989).

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154

ANEXOS

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155

ANEXO I – CONCESSÕES DA ANP NA TERCEIRA RODADA DE

LICITAÇÕES (2001)

EMPRESA

(PARTICIPAÇÃO)

BLOCO95

BACIA

(UF)

Área

(Km2

)

Pan Canadian (100%) BM-PAMA-2 Pará-Maranhão (PA/MA) 2.308

Phillips (100%) BM-PAMA-3 Pará-Maranhão (PA/MA) 1.667

PETROBRAS (100%) BM-BAR-1 Barreirinhas 2.435

PETROBRAS (100%) BM-CE-1 Ceará (CE) 1.281

PETROBRAS (100%) BM-CE-1 Ceará (CE) 1.153

Ranier (100%) BT-POT-5 Potiguar (RN) 459

Koch (100%) BT-POT-6 Potiguar (RN) 128

Koch (100%) BT-POT-7 Potiguar (RN) 499

Samson (55%)/Ipiranga (45%) BT-REC-4 Recôncavo (BA) 347

Petroserv (100%) BT-REC-5 Recôncavo (BA) 451

Samson (55%)/Ipiranga (45%) BT-REC-6 Recôncavo (BA) 358

PERTROBRAS (45%)/Queiroz Galvão (18,34%)/Petroserv

(18,33%)/El Paso (18,33%) BM-CAL-5 Camamu-Almada 1.119

PERTROBRAS (45%)/Queiroz Galvão (18,34%)/Petroserv

(18,33%)/El Paso (18,33%) BM-CAL-6 Camamu-Almada 1.117

PETROBRAS (100%) BM-J-1 Jequitinhonha 1.115

PETROBRAS (65%)/El Paso (35%) BM-ES-5 Espírito Santo (ES) 1.087

El Paso (100%) BM-ES-6 Espírito Santo (ES) 1.091

Wintershall (100%) BM-ES-7 Espírito Santo (ES) 1.090

Esso (40%)/PETROBRAS (30%)/Kerr-McGee (30%) BM-ES-9 Espírito Santo (ES) 2.165

Esso (40%)/PETROBRAS (30%)/Kerr-McGee (30%) BM-ES-10 Espírito Santo (ES) 2.158

Phillips (100%) BM-ES-11 Espírito Santo (ES) 2.159

PETROBRAS (100%) BM-ES-12 Espírito Santo (ES) 121

Total Fina Elf (30%)/PETROBRAS (25%)/Enterprise

(22,5%)/Shell (22,5%) BM-C-14 Campos (RJ) 1.882

Ocean (65%)/Amerada Hess (35%) BM-C-15 Campos (RJ) 1.999

PETROBRAS (100%) BM-C-16 Campos (RJ) 1.768

Wintershall (100%) BM-C-19 Campos (RJ) 1.077

PETROBRAS (70%)/Queiroz Galvão (30%) BM-S-12 Santos (SP) 2.059

El Paso (100%) BM-S-13 Santos (SP) 1.400

Wintershall (100%) BM-S-14 Santos (SP) 1.407

Maersk (100%) BM-S-15 Santos (SP) 1.411

PETROBRAS (50%)/Enterprise (25%)/Statoil (25%) BM-S-17 Santos (SP) 1.611

YPF (50%)/Enterprise (25%)/Statoil (25%) BM-S-19 Santos (SP) 2.075

PETROBRAS (80%)/Petrogal (20%) BM-S-21 Santos (SP) 2.075

Amerada Hess (80%)/Ocean (20%) BM-S-22 Santos (SP) 2.769

PETROBRAS (100%) BM-S-34 Santos (SP) 2.788

Bloco operado por empresa multinacional

Fonte: GAZETA MERCANTIL – Balanço Setorial (2002).

95

BT: Bloco terrestre; BM: Bloco marítimo.

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156

ANEXO II – LEGISLAÇÃO DE PREÇO PARA GASOLINA COMUM

Gasolina Comum96

Descrição Parcelas

A. Custo da Gasolina ―A‖ no produtor A

B. Custo do transporte dutoviário e/ou cabotagem

97

B

C. (CIDE) C

D. Preço de faturamento da Gasolina ―A‖, sem ICMS, no produtor

D = A + B +C

E. ICMS98

no produtor E = [(D/(1-ICMS%)] – D

F. ICMS distribuição e revenda a menos da substituição tributária (ST)

F = [(A+C)/(1-ICMS%)]-[(A+C)*(1+ICMS%ST)] - E

G. Preço de venda da Gasolina ―A‖ no produtor

G = D + E + F

H. Custo do álcool etílico anidro combustível (AEAC)

H

I. Frete de coleta de álcool I

J. Custo do AEAC com frete J = H + I

L. Custo da Gasolina Comum ―C‖ L = G*(1-AEAC%) + J*AEAC%

M. Fretes (transferência e/ou entrega) M

N. Margem de distribuição N

O. CPMF na distribuição O = (L + M + N)*CPMF%

P. Preço de faturamento da distribuidora P = L + M + N + O

Q. Margem de revenda Q

R. CPMF na revenda R = (P+Q)*CPMF%

S. Preço da Gasolina Comum ―C‖ ao consumidor (final)

S = P + Q + R

Fonte: Estrutura da formação dos preços, ANP (2002b).

96

A gasolina comum, vendida nos postos revendedores, consiste em uma mistura composta por gasolina ―A‖ e álcool etílico anidro combustível (AEAC). De acordo com a portaria n.º 589, de 10/12/2001, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o atual percentual de AEAC é de 24% em base volumétrica. 97

Transporte naval. 98

Alíquotas e margens de valor agregado estabelecidas pelos governos estaduais.

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157

ANEXO III – ESTIMATIVA DE DESPESA COM IMPORTAÇÃO DE

ÓLEO

1999

Processamento de Petróleo Estimativa de Gastos

REFINARIA Importado(bep) Nacional(bep) Total(bep) CP c/Importação (US$)

REMAM 1.007.356 19,36% 4.195.257 80,64% 5.202.612 0,90% 16.933.646

RLAM 13.447.220 19,11% 56.910.879 80,89% 70.358.099 12,15% 226.047.769

REGAP 868.103 1,75% 48.656.691 98,25% 49.524.794 8,55% 14.592.816

RPBC 3.398.549 5,79% 55.340.273 94,21% 58.738.822 10,15% 57.129.613

RECAP 634.098 4,81% 12.548.809 95,19% 13.182.906 2,28% 10.659.183

REPLAN 31.179.628 28,99% 76.380.220 71,01% 107.559.848 18,58% 524.129.547

REVAP 13.664.022 18,96% 58.386.473 81,04% 72.050.495 12,44% 229.692.207

REDUC 38.493.010 48,15% 41.444.324 51,85% 79.937.335 13,81% 647.067.506

MANGUINHOS 4.055.120 99,02% 40.298 0,98% 4.095.419 0,71% 68.166.574

REPAR 20.596.958 29,37% 49.542.737 70,63% 70.139.695 12,11% 346.234.868

REFAP 31.831.390 72,76% 11.916.464 27,24% 43.747.854 7,56% 535.085.670

RPI 3.927.443 88,84% 493.541 11,16% 4.420.983 0,76% 66.020.310

Privadas 7.982.563 93,73% 533.839 6,27% 8.516.402 100,00% 134.186.884

PETROBRAS 155.120.335 27,19% 415.322.126 72,81% 570.442.461 2.607.572.825

TOTAL 163.102.898 28,17% 415.855.966 71,83% 578.958.863 2.741.759.710

Brent(US$/Barril) 16,81

Cotação média do ano Fonte: Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Refinarias do Sistema PETROBRAS e particulares, conforme Dados Estatísticos Mensais, ANP (2002c); CP: Capacidade de processamento em relação à capacidade efetiva (processada) no parque. Obs. 1 – O preço do petróleo do tipo Brent é FOB (free on board) em dólares no valor corrente; Obs. 2 – Os gastos com importação por refinaria são aproximados, dado que os petróleos importados, na grande maioria das vezes não são do tipo Brent, mas mixes de tipos distintos e as variações de cotação dos diferentes tipos no mercado internacional podem causar diferenças nos valores totais.

2000

Processamento de Petróleo Estimativa de Gastos

REFINARIA Importado(bep) Nacional(bep) Total(bep) CP c/Importação (US$)

REMAM 1.319.763 11,46% 10.200.985 88,54% 11.520.748 1,95% 39.012.183

RLAM 10.136.943 16,14% 52.655.347 83,86% 62.792.290 10,62% 299.648.028

REGAP 292.938 0,60% 48.309.298 99,40% 48.602.236 8,22% 8.659.238

RPBC 1.800.554 3,05% 57.261.642 96,95% 59.062.195 9,99% 53.224.363

RECAP 974.204 6,41% 14.217.634 93,59% 15.191.838 2,57% 28.797.465

REPLAN 23.062.685 19,05% 97.974.999 80,95% 121.037.684 20,46% 681.732.965

REVAP 9.670.415 11,69% 73.023.068 88,31% 82.693.483 13,98% 285.857.459

REDUC 35.799.047 52,60% 32.265.242 47,40% 68.064.289 11,51% 1.058.219.815

MANGUINHOS 4.242.791 98,42% 68.003 1,58% 4.310.794 0,73% 125.416.891

REPAR 24.743.935 35,70% 44.558.131 64,30% 69.302.066 11,72% 731.430.727

REFAP 29.626.396 66,68% 14.803.611 33,32% 44.430.007 7,51% 875.756.274

RPI 4.401.052 98,04% 87.804 1,96% 4.488.856 0,76% 130.095.085

Privadas 8.643.842 98,23% 155.808 1,77% 8.799.650 100,00% 255.511.976

PETROBRAS 137.426.878 23,58% 445.269.956 76,42% 582.696.834 4.062.338.518

TOTAL 146.070.720 24,70% 445.425.764 75,30% 591.496.484 4.317.850.494

Brent(US$/Barril) 29,56

Cotação média do ano

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158

ANEXO III – ESTIMATIVA DE DESPESA COM IMPORTAÇÃO DE

ÓLEO (CONTINUAÇÃO)

2001

Processamento de Petróleo Estimativa de Gastos

REFINARIA Importado(bep) Nacional(bep) Total(bep) CP c/Importação (US$)

REMAM 1.317.333 7,94% 15.275.132 92,06% 16.592.465 2,74% 34.250.655

RLAM 4.375.208 5,66% 72.930.938 94,34% 77.306.146 12,75% 113.755.409

REGAP 533.254 1,09% 48.480.542 98,91% 49.013.796 8,08% 13.864.611

RPBC 2.587.327 4,48% 55.144.719 95,52% 57.732.046 9,52% 67.270.502

RECAP 2.989.508 17,59% 14.006.059 82,41% 16.995.567 2,80% 77.727.210

REPLAN 29.365.329 24,60% 89.989.845 75,40% 119.355.174 19,68% 763.498.557

REVAP 11.576.419 13,94% 71.457.009 86,06% 83.033.427 13,69% 300.986.888

REDUC 36.090.280 51,73% 33.680.535 48,27% 69.770.815 11,50% 938.347.286

MANGUINHOS 4.363.949 92,50% 353.722 7,50% 4.717.672 0,78% 113.462.680

REPAR 20.388.171 29,10% 49.684.689 70,90% 70.072.861 11,55% 530.092.458

REFAP 27.962.419 73,88% 9.883.801 26,12% 37.846.220 6,24% 727.022.896

RPI 4.038.510 100,00% - 0,00% 4.038.510 0,67% 105.001.257

Privadas 8.402.459 95,96% 353.722 4,04% 8.756.181 100,00% 218.463.936

PETROBRAS 137.185.249 22,95% 460.533.269 77,05% 597.718.517 3.566.816.471

TOTAL 145.587.708 24,01% 460.886.991 75,99% 606.474.699 3.785.280.408

Brent(US$/Barril) 26,00

Cotação média do ano Fonte: Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Refinarias do Sistema PETROBRAS e particulares, conforme Dados Estatísticos Mensais, ANP (2002c); Obs. 3 – Todas as observações e fontes relativas ao ano de 1999 se aplicam aos anos de 2000 e 2001.

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159

ANEXO IV – UNIDADES INSTALADAS NO PARQUE DE REFINO NACIONAL

Capacidade de Carga (bpd) Capacidade de Produção (bpd) 2001/2002

Destilação Destilação Coqueamento Operações Craqueamento Reforma Hidrocraq. Hidrotrat. Alquilação Pol./Dimeriz. Aromáticos Isomerização Lubrificantes Oxigenados Hidrogênio Asfalto

(Atmosférica) (vácuo) Retardado Térmicas Catalítico Catalítica Catalítico Catalítico (Mcfd)

Complexidade 1 2 6 3,8 6 5 6 2 10 10 15 15 10 10 1 1,5

REMAM 42.703 14.624 2.925 1.100

% Processamento 100,00% 34,25% 0,00% 0,00% 6,85% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,58% ICN CDE %CDE

Complexidade 1,0 0,7 0,0 0,0 0,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,1 91.151 1,25%

RLAM 283.710 91.834 29.249 5.724 1.000 2.300

% Processamento 100,00% 32,37% 0,00% 0,00% 10,31% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,02% 0,00% 0,35% 0,81%

Complexidade 1,0 0,6 0,0 0,0 0,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0 2,5 704.562 9,67%

REGAP 140.393 70.781 19.012 35.098 35.682 8.000 6.000

% Processamento 100,00% 50,42% 13,54% 0,00% 25,00% 0,00% 0,00% 25,42% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 5,70% 4,27%

Complexidade 1,0 1,0 0,8 0,0 1,5 0,0 0,0 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 5,0 694.979 9,53%

RPBC 157.942 83.028 30.418 55.572 10.529 29.249 2.925 30.000

% Processamento 100,00% 52,57% 19,26% 0,00% 35,19% 6,67% 0,00% 18,52% 1,85% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 18,99% 0,00%

Complexidade 1,0 1,1 1,2 0,0 2,1 0,3 0,0 0,4 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2 0,0 6,4 1.010.331 13,86%

RECAP 42.118 21.059 18.870

% Processamento 100,00% 50,00% 0,00% 0,00% 44,80% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Complexidade 1,0 1,0 0,0 0,0 2,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,7 197.456 2,71%

REPLAN 304.184 140.393 29.249 90.670 29.249 2.057 28.000 4.000

% Processamento 100,00% 46,15% 9,62% 0,00% 29,81% 0,00% 0,00% 9,62% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,68% 9,20% 1,31%

Complexidade 1,0 0,9 0,6 0,0 1,8 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,0 4,7 1.417.552 19,45%

REVAP 210.589 102.370 70.196 76.046 1.516 10.000 2.600

% Processamento 100,00% 48,61% 0,00% 0,00% 33,33% 0,00% 0,00% 36,11% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,72% 4,75% 1,23%

Complexidade 1,0 1,0 0,0 0,0 2,0 0,0 0,0 0,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 4,8 1.017.657 13,96%

REDUC 222.289 75.480 46.798 10.529 29.921 12.806 1.234 10.000 2.300

% Processamento 100,00% 33,96% 0,00% 0,00% 21,05% 4,74% 0,00% 13,46% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 5,76% 0,56% 4,50% 1,03%

Complexidade 1,0 0,7 0,0 0,0 1,3 0,2 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,6 0,1 0,0 0,0 4,1 920.374 12,63%

MANGUINHOS 15.372 12.000 3.000 3.000

% Processamento 100,00% 0,00% 0,00% 96,00% 0,00% 24,00% 0,00% 24,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Complexidade 1,0 0,0 0,0 3,6 0,0 1,2 0,0 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,6 79.100 1,09%

REPAR 175.491 87.191 54.402 29.249 1.710 5.000

% Processamento 100,00% 49,68% 0,00% 0,00% 31,00% 0,00% 0,00% 16,67% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,97% 0,00% 2,85%

Complexidade 1,0 1,0 0,0 0,0 1,9 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 4,3 759.383 10,42%

REFAP 175.491 35.098 17.549 2.600

% Processamento 100,00% 20,00% 0,00% 0,00% 10,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 1,48%

Complexidade 1,0 0,4 0,0 0,0 0,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0 354.881 4,87%

RPI 12.581 5.500 3.000

% Processamento 100,00% 43,72% 0,00% 0,00% 23,85% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

Complexidade 1,0 0,9 0,0 0,0 1,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,3 41.581 0,57%

Parque Brasileiro 1.782.863 727.328 78.679 12.000 424.329 24.058 232.396 2.925 18.530 6.517 87.000 25.900

% Processamento 100,00% 40,86% 4,42% 0,67% 23,84% 1,35% 0,00% 13,06% 0,16% 0,00% 0,00% 0,00% 1,04% 0,37% 4,89% 1,46%

Complexidade 1,0 0,8 0,3 0,0 1,4 0,1 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 4,1 7.288.947 100,00%

Fonte: Elaboração própria a partir de Oil & Gas Survey (2001), NELSON (1976) e JOHNSTON (1996).

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