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AVALIAÇÃO DAS EMISSÕES ORIUNDAS DA DEGRADAÇÃO TÉRMICA DE PNEUS Viviane José Menezes Dissertação em Ciência e Tecnologia de Polímeros, submetida ao Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências, em Ciência e Tecnologia de Polímeros, sob orientação da Professora Elen Beatriz Acordi Vasques Pacheco. Rio de Janeiro 2005

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AVALIAÇÃO DAS EMISSÕES ORIUNDAS DA DEGRADAÇÃO TÉRMICA DE PNEUS

Viviane José Menezes

Dissertação em Ciência e Tecnologia de Polímeros, submetida ao Instituto de

Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em

Ciências, em Ciência e Tecnologia de Polímeros, sob orientação da Professora Elen

Beatriz Acordi Vasques Pacheco.

Rio de Janeiro

2005

Livros Grátis

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ii

Dissertação de Mestrado: Avaliação das emissões oriundas da degradação térmica de pneus

Autor: Viviane José Menezes

Orientador: Elen Beatriz Acordi Vasques Pacheco

Data da defesa: 1 de Março de 2005.

Aprovada por:

______________________________________________________

Elen Beatriz Acordi Vasques Pacheco, D.Sc. – Orientador UFRJ/IMA

______________________________________________________

Ricardo Cunha Michel, D.Sc. - UFRJ/IMA

______________________________________________________

Regina Sandra Veiga Nascimento, D.Sc. - IQ/UFRJ

______________________________________________________

Maria Inês Bruno Tavares, D.Sc. – UFRJ/IMA

Rio de Janeiro

2005

iii

FICHA CATALOGRÁFICA

Menezes, Viviane José.

Avaliação das emissões oriundas da degradação térmica de pneus/Viviane José Menezes. – Rio de Janeiro, 2005. Xi,f.110:il. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Polímeros) – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA, 2005.

Orientador: Elen Beatriz Acordi Vasques Pacheco. 1. Pneus . 2. Degradação térmica 3. Emissões – Teses. I. Pacheco, Elen Beatriz Acordi Vasques (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano. III. Título.

iv

Esta Dissertação de Mestrado foi desenvolvida

nos Laboratórios do Instituto de Macromoléculas

Professora Eloisa Mano da Universidade Federal

do Rio de Janeiro, com apoio da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –

CAPES.

v

Dedico esta tese à minha mãe – Tania José

Menezes – por todo amor, carinho, paciência

e dedicação em todos os momentos da

minha vida.

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por sempre ter estado ao meu lado, mostrando-me o

caminho e dando-me forças para prosseguir.

Aos meus avós Olga e Sayde (em memória) por todo amor durante a

minha caminhada.

Ao meu querido e amado noivo Roberto por todo amor em todos os

momentos.

Ao meu pai Osmar e minha família pela torcida constante pelo meu

sucesso.

A orientadora Elen Acordi Vasques Pacheco por toda paciência, amizade e

grande dedicação na realização desse trabalho.

A querida professora Eloisa Mano por ser uma constante inspiração para

os jovens e todos os professores, alunos e funcionários do IMA/UFRJ que de alguma

maneira participaram dessa conquista.

Aos amigos do meu grupo de pesquisa do IMA/UFRJ em especial a amiga

Eliane Rodrigues da Silva por toda amizade, incentivo e ajuda.

Ao amigo Joel da COPPE/UFRJ pelas fotografias.

Ao querido professor Cláudio Costa Neto por ser uma grande inspiração e

por ter dado o primeiro passo para a fundação do Pólo Piloto de Xistoquímica do

IQ/UFRJ, meu primeiro lar profissional.

Aos amigos e funcionários da Xistoquímica Edmundo, Luzeli, Eduardo,

Salvadora, Luciane, Denise, Sebastião, Antônio Carlos Luciano e Rangel por todo

carinho durante todos esses anos.

Aos professores do Pólo de Xistoquímica Maria Cristina Pereira, João

Francisco Cajaíba e Cláudio Mota por todas as dicas, amizade, empréstimos de

livros e equipamentos.

Aos professores da Xistoquímica, Regina Sandra Veiga Nascimento, Vera

Lúcia Pereira Soares e Marcus Vinícius de Araújo Fonseca por terem confiado na

minha capacidade e formado de maneira incansável e com muito carinho toda a

minha base profissional.

A amiga da Xistoquímica Simone Pereira da Silva pelo carinho, amizade e

todas as análises térmicas do presente trabalho.

vii

A amiga da Xistoquímica Luciana Moura Estevão pelo incansável carinho,

amizade e milhões de dicas e explicações durante todos esses anos.

A amiga da Xistoquímica Débora Prado pela amizade e grande ajuda com

as análises de CG/MS.

Aos amigos Antônio Carlos Menezes e Ayr do NUCAT/COPPE pela ajuda

com as análises de CG/FID-TCD.

Ao amigo Luiz Henrique de Souza Lucio e todos os amigos e funcionários

da Empresa de Tratamento de Resíduos e Efluentes de Belford Roxo Tribel pelo

estágio e pelas análises nos equipamentos.

A CAPES pelo apoio financeiro para a realização da pesquisa.

A Petroflex Indústria e Comércio pela amostra de borracha utilizada nesse

trabalho.

A empresa 3B-RIO pelas amostras de pneu utilizadas nesse trabalho.

A todos os meus amigos que de alguma maneira participaram de maneira

direta ou indireta na realização desse trabalho.

viii

“Que eu não perca a vontade de ser grande, mesmo

sabendo que o mundo é pequeno”.

(Chico Xavier)

ix

Resumo da dissertação apresentada no Instituto de Macromoléculas Professora

Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (MSc), em Ciência e

Tecnologia de Polímeros.

AVALIAÇÃO DAS EMISSÕES DA DEGRADAÇÃO TÉRMICA DE PNEUS

Viviane José Menezes

Orientadora: Elen Beatriz Acordi Vasques Pacheco

Emissões provenientes da degradação térmica de borrachas e aditivos presentes na

banda de rodagem dos pneus, normalmente causam danos ao meio ambiente e à

saúde dos seres vivos. Para avaliar algumas dessas emissões, foram realizadas

degradações térmicas em analisador termogravimétrico (TGA) na presença de N2

(pirólise), O2 e ar sintético (queima) do copolímero de butadieno-estireno (SBR) não

vulcanizado, de quatro misturas à base de SBR com percentuais diferentes de

agente de vulcanização (enxofre), da banda de rodagem de pneu e de pneu moído.

As principais degradações observadas ocorreram nas temperaturas de 350, 450 e

650ºC. Os efluentes captados nessas temperaturas foram analisados em

equipamentos de cromatografia gasosa (CG/MS e CG/FID-TCD). As emissões

gasosas encontradas foram: gás carbônico, metano, hidrocarbonetos de C2 a C4; e

as emissões líquidas: mistura de compostos orgânicos de C5 a C10, butadieno e

isopreno. Também, fez-se captações com a queima conduzida num forno através de

um analisador de gases (Testo 350) de análise de emissões que quantificou os

gases: monóxido e dióxido de carbono, monóxido e dióxido de nitrogênio e dióxido

de enxofre. Concluiu-se que a queima de pneus deve ser conduzida com tratamento

adequado dos gases, pois apresentam-se em quantidades bem acima das

permitidas pela legislação. Esses gases são nocivos à saúde humana e causam

mudanças climáticas.

Rio de Janeiro

2005

x

Abstract of Dissertation presented to Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa

Mano of Universidade Federal do Rio de Janeiro, as partial fulfillment of the

requirement for the degree of Master in Science (MSc), Science and Technology of

polymers.

EVALUATION THE EMISSION FROM OF THE THERMAL DEGRADATION OF TIRES

Viviane José Menezes

Advisor: Elen Beatriz Acordi Vasques Pacheco

Emissions from the thermal degradation of rubber and additives present in the tread

tires wheel usually cause damages to the environment and to the health of beings.

Those emissions where evaluated by thermal degradations in a termogravimetric

analyzer (TGA) in N2 (pyrolysis), O2 and synthetic air (incineration) of the butadiene-

styrene copolymer, SBR, not vulcanized, four mixtures to the base of SBR with

different percentile from vulcanized agent (sulfur), wheel band and and tire. The main

observed degradations happen in the temperatures of 350, 450 and 650ºC. The

emissions captured in those temperatures were analyzed in two equipments of

gaseous chromatography (CG/MS and CG/FID-TCD). The most relevant gaseous

emissions found were: carbonic gas, methane, hidrocarbonics of C2 – C4; and the

liquid emissions: mixture of composed organic of C5 – C10, butadiene and isoprene.

Also, it was made receptions with incineration conducted in an oven through gaseous

analyser (Testo 350) of emissions analysis that quantified the gases: carbon

monoxide and dioxide, nitrogen monoxide and dioxide and sulfur dioxide. We can

conclude that the incineration of tires should be conducted with appropriate treatment

of the gases, because they came in amounts much above the allowed by legislation.

Those gases are dangerous to human health and they cause climatic changes.

Rio de Janeiro

2005

xi

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3

2.1 Componentes dos pneus 3

2.2 Degradação térmica 9

2.3 Degradação oxidativa 11

2.4 PROCESSOS TECNOLÓGICOS DA DEGRADAÇÃO TÉRMICA DE PNEUS 13

2.4.1 Pirólise 13

2.4.2 Co-processamento 21

2.4.3 Incineração 22

2.5 EMISSÕES DOS PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO TÉRMICA 24

2.5.1 Dioxinas 25

2.5.2 Furanos 25

2.5.3 Hidrocarbonetos poliaromáticos 26

2.5.4 Dióxido de enxofre 27

2.5.5 Óxidos de nitrogênio 27

2.5.6 Dióxido de carbono 28

2.5.7 Padrões de emissões 28

2.6 IMPACTOS DAS EMISSÕES 29

2.6.1 Danos à saúde humana 30

2.6.2 Efeito estufa 32

3 OBJETIVOS 344 METODOLOGIA 35

4.1 MATERIAIS 35

4.2 EQUIPAMENTOS 36

4.3 MÉTODOS 37

4.3.1 Processamento das misturas preparadas em laboratório 37

4.3.2 Determinação dos tempos ótimos de vulcanização 39

4.3.3 Ensaio de resistência à tração 39

4.3.4 Ensaio de dureza 39

4.3.5 Determinação do poder calorífico 40

xii

4.3.6 A Degradação térmica (forno) 41

4.3.6 B Degradação térmica (TG) 42

4.3.7 Caracterização das emissões 43

4.3.7 A Espectrofotômetro de massas (CG-MS) 43

4.3.7 B Cromatografia gasosa (CG/FID-TCD) 44

4.3.7 C Análise de gases (Testo 350) 45

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 485.1 MISTURAS PREPARADAS NO LABORATÓRIO 48

5.1.1 Reometria 48

5.1.2 Resistência a tração e dureza 50

5.1.3 Degradação 52

5.1.3 A Pirólise 52

5.1.3 B Incineração 55

5.2 OUTRAS AMOSTRAS 58

5.2.1 Determinação do poder calorífico 58

5.2.2 Degradação térmica 60

5.2.2 A Pirólise 60

5.2.2 B Incineração 64

5.3 ANÁLISE DOS GASES DA DEGRADAÇÃO 70

5.3.1 Misturas preparadas no laboratório 70

5.3.1 A Espectrometria de massas 71

5.3.1 B Cromatografia gasosa FID-TCD 78

5.3.2 Outras amostras 79

5.3.2 A Espectrometria de massas 80

5.3.2 B Cromatografia gasosa FID-TCD 83

5.3.3 Análise dos gases com monitoramento das emissões (TESTO 350) 86

5.3.3 A Misturas I, II, III e IV 88

5.3.3 B Outras amostras 94

6 CONCLUSÕES 1017 SUGESTÕES 1028 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 103

1

1 INTRODUÇÃO

A utilização inadequada e indiscriminada dos recursos naturais tem gerado

situações de desequilíbrio ambiental, temporárias ou de caráter irreversível. Os

rejeitos produzidos pela sociedade são exemplos desses desequilíbrios: a

quantidade gerada é maior que a capacidade de absorção e ou regeneração pela

natureza.

Visando eliminá-los ou pelo menos minimizá-los, as políticas de gestão

ambiental em diversos países, bem como as lutas de entidades ambientalistas e de

organizações não-governamentais, vêm priorizando suas ações na direção de um

desenvolvimento sustentável. Entre as políticas mais importantes tem-se a dos três

R’s, que correspondem a três ações básicas: Redução (redução na geração de

resíduos ao mínimo possível), Reutilização (reutilização do resíduo gerado) e

Recuperação (reprocessamento físico e (ou) químico do resíduo para retorná-los ao

ciclo de utilização) (GRIPP, 1998).

Os pneus são um dos rejeitos urbanos que mais preocupam a sociedade. A

ausência de informações precisas sobre a destinação de pneus inservíveis, no

Brasil, não permite determinar o passivo ambiental existente desse artefato. Estima-

se que são geradas mais de 500.000 t/ano de pneus inservíveis e que existem mais

de 100 milhões de pneus abandonados em todo o País (MORAIS, 2002).

Esses pneus não são apenas um problema ambiental, mas também de saúde

pública, pois, quando abandonados em locais inadequados, servem para a

procriação de mosquitos, como o Aedes aegypti, transmissor da dengue e da febre

amarela urbana, e de outros vetores de doenças (MORAIS, 2002; SANTOS, 2002;

GOBBI, 2002; BERTOLLO, 2002; FANG, 2001; ANDRADE et al, 2000; BERTOLLO,

2000; SHARMA et al, 2000; CIMINO, 2000; ODA, 2000; RESCHNER, 2000;

ADHIKARI et al, 2000; JANG et al,1998; HOLST,1998).

A conseqüência desses impactos negativos gerados pelos pneus foi a criação de

leis para minimizá-los, entre elas a Resolução 258/99 do Conselho Nacional de Meio

Ambiente, CONAMA, que obriga em seu artigo 2º as empresas fabricantes e as

importadoras de pneumáticos a coletar e dar destinação final, ambientalmente

adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, estabelecendo

uma proporção de coleta relativa às quantidades fabricadas e (ou) importadas (artigo

2

1º). Fica proibido, a partir da data de publicação da Resolução, 2 de dezembro de

1999, o descarte de pneus inservíveis em aterros sanitários, mar, rios, lagos,

terrenos baldios e a queima a céu aberto. A Resolução estabelece, por fim, que o

não cumprimento do disposto implicará as sanções estabelecidas na Lei de Crimes

Ambientais (CONAMA,1999).

A borracha contida nos pneus descartados necessita de um longo tempo para

sua degradação natural devido às ligações cruzadas da sua estrutura molecular e a

presença de estabilizantes e outros aditivos. O descarte desses artefatos em aterros

ou a incineração não são alternativas econômicas e ambientalmente sustentáveis. A

reutilização e a reciclagem são as soluções para o pneu (ADHIKARI, 2000).

No Brasil, as empresas fabricantes de pneumáticos apostam no co-

processamento de pneus em fornos para a produção de clínquer1 como uma das

melhores alternativas para equacionar o problema desses resíduos no País. Com

isso, atualmente, os fabricantes e importadores estão utilizando o pneu,

principalmente, como fonte de energia e matéria-prima para a produção de cimento.

As emissões gasosas provenientes da queima de pneus normalmente geram

poluentes, como partículas de óxidos de carbono (CO e CO2), óxidos de enxofre

(SOx), óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis (volatile organic

compounds - VOCs). Também incluem nessas emissões outros gases perigosos

como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (polynuclear aromatic hydrocarbons -

PAHs), dioxinas, furanos, ácido clorídrico, benzeno e metais semivoláteis e voláteis,

entre eles cádmio e chumbo. Essa situação pode representar um enorme risco à

saúde para as pessoas expostas. Os efeitos nocivos incluem irritação na pele, nos

olhos e nas membranas mucosas, depressão do sistema nervoso central, efeitos

respiratórios e câncer (REISMAN, 1997).

3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 COMPONENTES DOS PNEUS

Simples na aparência, o pneu é, na realidade, um produto complexo com uma

variedade de materiais, tais como: reforços metálicos e têxteis, borracha natural e

sintética, elementos de reforço, agentes de vulcanização e de proteção etc. É um

conjunto de quase duzentos componentes (MICHELIN, 1997).

Considerando os principais e mais abundantes tipos de pneus, examinam-se

suas composições químicas médias (Tabela 2.1 e 2.2) e os materiais neles contidos

(Tabela 2.3). No mercado, existe uma variedade de pneus para carros de passeio,

ônibus, caminhão, trator e avião com composições diversas.

Tabela 2.1 Composição química do pneu (LUND,1993)

Componente % Massa

C 83

H 7

O 2,5

S 1,2

N 0,3

Cinzas 6

Tabela 2.2 Metais pesados presentes nos pneus (SOUZA, 2000)

Componente ppm

Cr 97

Ni 77

Pb 60-760

Cd 5-10

TI 0,2-0,3

4

Tabela 2.3 Materiais típicos presentes nos pneus (ANDRIETTA, 2002)

Material Automóvel (%) Caminhão (%)

Elastômeros 48 45

Negro de fumo 22 22

Aço 15 25

Aditivos 8 5

Tecido de nylon 5 -

Óxido de zinco 1 2

Enxofre 1 1

Segundo essa informação, o pneu de automóvel tem 2 phr de enxofre

(ANDRIETTA, 2002). Porém, outras fontes verificaram que os pneus de carro de

passeio possuem entre 5-10 phr de enxofre em suas formulações (MIRMIRAN,

1992; MARWEDE, 1992).

São usadas formulações típicas para cada tipo de pneu, que variam

principalmente em função das características, propriedades e aplicações que se

desejam obter.

As partes mais importantes dos pneus são: banda de rodagem, carcaça, flanco,

napas de topo, napa de carcaça e aros ilustrados na Figura 2.1.

Figura 2.1 Partes de um pneu (MICHELIN, 1997)

5

Uma formulação de borracha para pneu contém elastômeros, natural e

sintéticos, destacando-se o copolímero de butadieno e estireno (SBR), o

polibutadieno (BR), o poliisopreno (IR), o copolímero de isobutileno e isopreno (IIR),

o copolímero de butadieno e acrilonitrila, o policloropreno e o copolímero de etileno,

propileno e dieno (EPDM) (MARK, 1971).

A Tabela 2.4 mostra os principais elastômeros utilizados na indústria de

pneumáticos, bem como suas características e aplicações.

Tabela 2.4 Principais elastômeros utilizados na indústria de pneus (EASTERBROOK

e ALLEN1987)

Elastômero Principais características Aplicação no pneu

Copolímero de butadieno-

estireno (SBR)

-Elevada resistência ao

envelhecimento

-Boa resistência ao desgaste

-Banda de rodagem

(automóveis)

Polibutadieno (BR) -Elevada resistência à abrasão

e ao desgaste

-Ótima resistência à

propagação de rachaduras sob

condições dinâmicas

-Ótima resistência à fadiga por

flexão

-Ótima histerese

-Banda de rodagem

(automóveis) e flancos

Poliisopreno (Borracha

natural – NR)

-Alta flexibilidade

-Baixa histerese

-Baixa geração de calor

-Ótima adesividade a cru

-Carcaça (automóveis

e caminhões)

-Flancos

-Banda de rodagem

(caminhões)

Copolímero de isobutileno-

isopreno (Borracha butílica

– IIR)

-Baixa permeabilidade a gases

-Resistência a altas

temperaturas

-Ótima resistência à flexão

-Revestimento interno

de pneus sem câmara

-Câmaras de ar

Copolímero de etileno-

propileno-dieno (EPDM)

-Excelente resistência ao

envelhecimento por ozônio

-Flancos ou lateral

6

Os aditivos utilizados nos pneus compõem-se principalmente de ativadores de

vulcanização, agentes de proteção, plastificantes, cargas, auxiliares de

processamento, agentes e aceleradores de vulcanização, agentes de pegajosidade

e expansão, pigmentos, corantes, odorantes e desidratantes. Esses estão listados

com suas respectivas funções na Tabela 2.5 (BEZERRA, 2000).

Tabela 2.5 Aditivos de pneus e suas funções (MARK, 1971)

Aditivo Função na formulação

Cianoalcanos halogenados Preservantes de

borrachas

Enxofre; 4,4’-ditiomorfolina Agentes de vulcanização

Negro de fumo; sílica e resinas Cargas

Óleos (cadeia de carbono de aproximadamente C20), ésteres e

álcoois.

Auxiliadores de

processamento,

plastificantes e extensores

Aminas (dimetilamina; para-fenilenodiamina; fenóis substituídos

e dissulfeto de dibenzila.

Antioxidantes

2-morfolino-tio-benzotiazol-sulfenamida (MBS); N-oxidietileno-

benzotiazol-sulfenamida; ziram (ditiocarbamatos); 1,3-

difenilguanidina; N,N’-difeniltiouréia; 2,2’-ditiobis (benzotiazol);

N-terciário-butil-benzotiazol-sulfenamida (TBBS).

Aceleradores

Óxido de zinco e ácido esteárico Ativadores

2,5-di-terc-pentihidroquinona; 4,4’-ditiodimorfolina Protetores de

descoloração

Ácidos orgânicos (por exemplo, ácido salicílico); N-ciclohexil-

tioftalimida (CTP)

Retardadores

Parafina de cadeia carbônica C18-50 Ceras

Produtos polimerizados, com cadeia carbônica de comprimento

maior que C500.

Resinas de aderência

Derivados de Fenóis Endurecedores

Óxido de cálcio Dessecantes

2,2’-dibenzamidadifenil dissulfeto; dibenzamidadifenil dissulfeto

de zinco; diciclohexil carbodiimida.

Peptizantes

Óxido de ferro; pentassulfeto de antimônio Pigmentos

Metaborato de zinco dihidratado; borato de sódio Retardantes de chama

7

O negro de fumo é uma carga reforçadora importante que aumenta a resistência

mecânica dos pneus (BOMMARAJU, 1991). É um tipo de material carbonáceo,

finamente dividido, de tipo não poroso produzido nas condições de um processo

petroquímico precisamente controlado (SHREVE, 1997).

Através da geoquímica do carvão, observou-se que estão presentes em sua

composição a maioria dos elementos da tabela periódica, ora nos minerais, ora na

matriz orgânica, ou em ambas, dependendo de suas propriedades e dos processos

físico-químicos desenvolvidos antes ou após a maturação do carvão. Sulfetos têm

sido verificados na maioria dos carvões, porém em níveis baixos ou traços. Os

elementos As, Cd, Co, Cu, Hg, Mo, Ni, Pb, Se, Sb e Zn são reportados como sendo

associados a sulfetos (TEIXEIRA, 2002).

Comparando-se alguns tipos de carvões por DTG (Figura 2.2) observou-se que

o grafite tem a mais alta temperatura de ignição (~800ºC), seguido pelo coque

(~590ºC) e finalmente negro de fumo (~540ºC). Este último tem a mais baixa

temperatura de ignição por causa de sua maior área superficial e reatividade

intrínseca (SOARES et al, 1997).

Na fabricação dos pneus também utilizam-se arames de aço, especialmente os

aços 1070 e 1080 (Tabela 2.6) (SOUZA, 2000). O aço também é uma fonte de

metais, entre eles Cr, Pb, Ni e Sn (PORTO et al, 2000; SOUZA, 2000).

Figura 2.2 Curvas de DTG de amostras com 5% de fonte de carbono em alumina. A

- negro de fumo, B - coque, C - coque de petróleo, D - carvão vegetal, E – grafite

(SOARES et al,1997)

8

A Tabela 2.6 apresenta formulações típicas utilizadas em banda de rodagem de

um pneumático. Essa formulação pode variar significativamente de fabricante para

fabricante (MARWEDE, 1992).

Tabela 2.6 Formulação típica da Banda de rodagem de pneus (MARWEDE, 1992)

Ingrediente Automóvel (phr) Caminhão (phr)

SBR 1712 89,0 -

BR 35,0 -

NR - 100,0

Óxido de zinco 3,0 5,0

Ácido esteárico 2,0 2,0

Antioxidante - 0,5

Antiozonante 2,0 0,5

Cera 2,0 2,0

Resina 2,5 -

Óleo aromático 15,0 5,0

Negro de fumo N-330 67,0 -

Negro de fumo N-339 - 50,0

Sílica - -

Acelerador (CBS) 1,5 1,0

Enxofre 1,8 2,0

Total 220,8 168,0

As principais matérias-primas para a fabricação do SBR são o butadieno e o

estireno. Também são utilizados em pequenas quantidades: emulsificantes (sabões

de ácidos graxos e (ou) sua mistura com sabão resinoso), modificadores,

catalizadores, inibidores, agentes coaguladores (sal ácido), antioxidantes

(manchante) e antiozonantes (PETROFLEX, 1994).

O SBR 1712, utilizado para a confecção de pneus, possui 23,5 % de estireno

combinado na sua composição. É obtido por polimerização a frio e é comercializado

sob formulação mostrada na Tabela 2.7. As especificações são mostradas na Tabela

2.8 (PETROFLEX, 2004).

9

Tabela 2.7 Formulação do SBR 1712 (PETROFLEX, 1994)

Ingrediente Composição (phr)

Polímero estendido 100,0

Negro de fumo EPC 40,0

Óxido de zinco 5,0

Enxofre 2,0

MBTS* 2,8

Total 149,8 *MBTS = 2-2’-Ditiobisbenzotiazol

Tabela 2.8 Especificação do SBR 1712 (PETROFLEX, 1994)

Borracha crua Mínimo (%) Máximo (%)

Matéria volátil - 0,8

Cinzas - 1,5

Ácido orgânico 3,9 5,7

Sabão - 0,5

Estireno combinado 22,5 24,5

Viscosidade, ML-4 a 100ºC 41,0 55,0

Óleo 24,0 31,0

2.2 DEGRADAÇÃO TÉRMICA

O material polimérico, quando submetido ao calor, pode ter muitas respostas

com alterações de suas propriedades. Essas alterações são evidenciadas pela

diminuição na massa molar com evolução de produtos voláteis. Dependendo das

condições de temperatura e da presença de outros elementos (como oxigênio, tipo

de catalisador e outros produtos químicos) as ligações moleculares poderão quebrar

mais ou menos e de diferentes formas. Os produtos da quebra molecular, ou seja

da degradação, podem reagir e formar outros, que podem ser perigosos

(PACHECO, 2001).

A resistência térmica dos materiais poliméricos é influenciada por diversos

fatores, os quais podem ser classificados como químicos e físicos. Os fatores

químicos estão relacionados a forças de ligação primária, secundária ou de van der

10

Waals e ligações hidrogênio; mecanismo de clivagem da ligação; simetria molecular

(regularidade da estrutura); rigidez da estrutura intramolecular e grau de ligações

cruzadas. Os fatores físicos compreendem massa molar e distribuição de massa

molar; empacotamento molecular (cristalinidade); interações moleculares (efeito

dipolar) e pureza (LUCAS, 2001).

Polímeros diferentes devem gerar produtos voláteis diferentes, em

concentrações variadas, quando submetidos a determinadas variações de

temperatura. No processo de degradação térmica, os polímeros podem sofrer um

processo de redução do peso molar envolvendo despolimerização ou não, ou ainda

sofrer um processo de degradação química, através de reações intra- e

intermoleculares (LUCAS, 2001).

Para os polímeros que despolimerizam, o processo de degradação ocorre

através de clivagem aleatória da cadeia, seguida de despolimerização. Esse

processo é caracterizado por rendimentos elevados de monômero nos produtos de

degradação e decréscimo lento na massa do polímero. É um processo via radicais

livres sendo essencialmente, o inverso da reação de polimerização (SAWADA,

1986).

Sendo o SBR um dos elastômeros constituintes dos pneus e um polímero de

estireno, este sofrerá despolimerização via reações de radicais livres tendo como

produto volátil principal o monômero estireno.

Para os polímeros que não despolimerizam, a degradação ocorre por meio da

clivagem aleatória da cadeia, seguida por outras clivagens ao acaso, que levam a

uma produção baixa de monômeros e a um rápido decréscimo na massa molar. O

mecanismo principal de degradação é a cisão homolítica da cadeia e as reações de

transferência ocorrem mais rapidamente nos átomos de hidrogênio ligados a átomos

de carbono terciários. A cisão inicial envolve ligações carbono-carbono, pontos de

ramificação ou outras ligações fracas que podem ter sido formadas durante o

processo de polimerização. Esse tipo de degradação produz quantidades muito

pequenas dos respectivos monômeros (SAWADA, 1986).

No caso de polímeros que sofrem reações intra- e intermoleculares, ocorre

uma reação química intramolecular, seguida por uma reação de reticulação e

clivagem aleatória da cadeia com geração de alto teor de voláteis.

A análise dos produtos da degradação térmica de um polímero, indicando a

natureza química e a quantidade relativa desses produtos, revela se houve uma

11

degradação aleatória ou se predominou o mecanismo de despolimerização. A

Tabela 2.9 indica a porcentagem de monômero resultante da degradação térmica de

alguns polímeros presentes nos pneus (AGNELLI, 1996).

Tabela 2.9 Porcentagem de monômero resultante da degradação térmica de alguns

elastômeros, em ausência de oxigênio (Pirólise) (AGNELLI, 1996)

% de monômero Polímero

% em peso %molar

Copolímero de butadieno-estireno 12 52

Polibutadieno 14 57

Poliisopreno 11 44

No caso dos pneus, o estudo da degradação térmica é complexo, devido ao

seu grande número de constituintes.

2.3 DEGRADAÇÃO OXIDATIVA

A reação de degradação de polímeros iniciada pelo ataque direto do oxigênio

molecular é chamada auto-oxidação. Devido a algumas condições de uso e

somando-se o fato da maioria das borrachas apresentarem dupla ligação em sua

cadeia molecular principal, essas são susceptíveis a reações de oxidação.

A termoxidação é o processo auto-catalítico, que ocorre através de reações

em cadeia via radicais livres, quando em presença de oxigênio e calor. Os

macrorradicais formados são rapidamente convertidos a macrorradicais peróxido,

através da reação com o oxigênio. O macrorradical peróxido propaga a reação,

abstraindo átomos de hidrogênio de outras cadeias (reação intermolecular) ou da

própria cadeia (reação intramolecular), produzindo um novo macrorradical que pode

reagir com outras moléculas de oxigênio. A característica autocatalítica desse

processo é devido à formação do macrorradical e à formação de moléculas de

hidroperóxido, que podem se decompor, originando macrorradicais alcóxido (RO.) e

radicais hidróxido (HO.). Esses radicais podem atacar outras moléculas de polímero

e completar o ciclo das reações de termoxidação (TORRES, 2000).

A fase de iniciação do processo oxidativo resulta, principalmente, do ataque

direto do oxigênio nos pontos mais vulneráveis das diferentes estruturas químicas

12

poliméricas, como as vizinhanças dos pontos de insaturação e os carbonos terciários

(AGNELLI, 1996).

A Figura 2.3 demonstra o mecanismo de oxidação térmica desenvolvido no

estudo da borracha.

Iniciação

R --- R → 2R.

Propagação

R. + O2 → ROO.

ROO. + RH → ROOH + R.

ROOH → RO. + .OH

RO. + RH → ROH + R. .OH + RH → HOH + R. Terminação

2R. → R ---R

2RO. → ROOR

ROO. + .OH → ROH + O2

2R3COO. → R3COOCR3

R3CO. → R2C=O + R.

Figura 2.3 Mecanismo geral de oxidação térmica de borrachas

Na composição dos pneus existem aditivos, cujos processos de degradação

podem ser explicados através de mecanismos químicos específicos. A degradação

de antioxidantes de aminas (Ex: dimetilamina; para-fenilenodiamina; fenóis

substituídos e dissulfeto de dibenzila.), por exemplo, envolve a quebra das ligações

químicas primárias. Após a reação com aproximadamente 10 cm3 de oxigênio por

grama de polímero, as propriedades desse aditivo são destruídas (BAIR, 1981).

13

2.4 PROCESSOS TECNOLÓGICOS BASEADOS NA DEGRADAÇÃO TÉRMICA DE

PNEUS INSERVÍVEIS

Atualmente, dentre os processos industriais de destinação de pneus que

utilizam a degradação térmica como forma de reciclagem, têm-se a pirólise e o co-

processamento. A pirólise (reciclagem química) baseia-se na quebra da macromolécula

constituinte, cujos produtos poderão ser utilizados como matéria-prima em outro

processo (CUNLIFFE, 1998). No co-processamento, a energia proveniente da queima dos pneus é

aproveitada em fornos de cal e cimento. Entretanto, existem dificuldades no

tratamento dos efluentes gasosos que têm sido o motivo de atraso na obtenção de

licenças ambientais em alguns estados brasileiros. Geralmente, tais instalações não

estão equipadas para a limpeza de gases e, quando muito, têm somente

equipamentos simples de despoeiramento (SALOMON e SILVA, 2001).

A incineração consiste num processo de oxidação térmica que visa a

destruição de resíduos orgânicos para a redução de volume e de toxicidade. Porém,

existe a incineração criminosa, aquela que ocorre aleatoriamente e sem tratamento

dos efluentes emanados.

2.4.1 PIRÓLISE

Desde meados da década de 1990, o processo da pirólise tem sido o mais

implementado na reciclagem de pneus no mundo. A pirólise, considerada uma

destilação destrutiva, visa reaproveitar componentes do pneu como matérias-primas

e (ou) combustíveis (ANDRIETTA, 2002). Define-se o processo de pirólise

genericamente como sendo o de decomposição química por calor na ausência de

oxigênio.

Os pneus podem prover uma fonte recuperável de hidrocarbonetos (óleo e

gás) para combustível ou cargas químicas e uma mistura rica de carvão como carga

inerte para substituir alguns tipos de negros de fumo (NOVICKI e MARTIGNONI,

2003).

O processo consiste, primeiramente, na trituração dos resíduos previamente

selecionados. Após esta etapa, são levados ao reator pirolítico onde, através de uma

14

reação endotérmica, ocorrerá a degradação e os produtos gerados serão separados

em cada etapa do processo. Processos de pirólise já são utilizados não só no

exterior, mas no Brasil também (ANDRIETTA, 2000).

A pirólise de borrachas forma resíduos sólidos, líquidos e gasosos, em que o

óleo pode ser separado num fracionador e os gases são usados para aquecimento

do reator pirolítico. O negro de fumo é separado ao final do processo e peletizado

após retirada de contaminantes como: aço, fibra de vidro dentre outros (MARK,

1971).

Pirólise de pneus com xisto (Petrobrás, Brasil)

Desde 1998, em sua unidade de São Mateus do Sul-PR, onde há anos

explora o xisto betuminoso, a Petrobrás instalou uma usina de reprocessamento

conjunto de xisto e pneus descartados para a produção de óleo e gás combustíveis,

por meio de tecnologia desenvolvida pela própria empresa (Figura 2.4). Os pneus

são cortados em pedaços, misturados ao xisto e a mistura é levada a um reator

cilíndrico vertical (retorta) para ser aquecida a aproximadamente 500ºC. Sob alta

temperatura, o mineral e o pneu liberam matéria orgânica em forma de óleo e gás.

Em seguida, os produtos da degradação passam por resfriamento, resultando na

condensação de parte dos vapores de óleo na forma de gotículas, que então

constituem o óleo pesado. Após retirado o óleo pesado, os gases remanescentes

passam por outro processo de limpeza para produção do óleo leve. O restante é

encaminhado para outra unidade, onde são obtidos o gás combustível e o gás

liquefeito, além de ser realizada a recuperação do enxofre. O que sobrou da mistura

do pneu com o xisto é, então, levado para as cavas da mina e recoberto por uma

camada de argila e solo vegetal. O arame de aço é reciclado na indústria siderúrgica

(SILVA, 2003).

15

Figura 2.4 Processo Petrosix (NOVICKI e MARTIGNONI, 2003)

16

Os produtos da produção de xisto e suas utilizações estão listados na Tabela

2.10.

Tabela 2.10 Utilização dos produtos oriundos da produção de xisto (SANTOS, 2002)

Gás Nafta Óleo Enxofre

Gás combustível industrial

para consumo local

Combustível

industrial

Combustível

industrial

Indústria farmacêutica

Gás liquefeito

doméstico/industrial

Combustível

industrial

Combustível

industrial

Indústria alimentícia e

petroquímica

Insumo petroquímico Diluentes Derivados de

refino

Indústria de

fertilizantes e de

ácido sulfúrico

Pirólise em outros países

Nos Estados Unidos, a empresa Svedala/Matso comercializa usinas de

pirólise de pneus. A produção típica de uma usina que processa 100 t/dia de pneus

é de 28 t de carvão, 12 t de aço, 22 t de óleo e 30 t de gás. Entre os materiais

básicos de um pneu, o tecido de nylon é consumido na pirólise, como também parte

dos aditivos, representando cerca de 14% do pneu. A planta é toda encapsulada, ou

seja, não permite a saída de gás para o meio ambiente e o processo é considerado

"limpo" (ANDRIETTA, 2003).

Uma inovação patenteada pelo Departamento de Combustível e Energia da

Universidade de Leeds, procurou agregar mais valor ao óleo obtido a partir de

pneus. Esse produto produzido pela pirólise contém valiosos componentes químicos

como benzeno, tolueno, xileno e limoneno que são largamente usados na indústria

química, em particular na manufatura de borracha, inseticidas, farmacêuticos e

explosivos. A inovação consiste em fazer o gás obtido da pirólise passar por um

reator catalítico secundário, reduzindo a quantidade de óleo obtida, mas

aumentando a concentração de certos compostos químicos, em alguns casos em

mais de 40 vezes (ANDRIETTA, 2003).

17

A tecnologia alemã da PKA é baseada num sistema de pirólise e gaseificação

para o tratamento de diversos resíduos sólidos, incluindo pneus, plásticos e solo

contaminado, todos processados na forma triturada. Os produtos obtidos são gases

combustíveis sem a presença dos gases hidrogênio e monóxido de carbono, de

metais ferrosos e não-ferrosos e de carvão. Outra vantagem do processo PKA é que

as emissões de dioxinas, NOx e SOx para a atmosfera são substancialmente mais

baixas (menos de 0,1 mg/Nm3) que outros tratamentos convencionais de resíduos

sólidos (ANDRIETTA, 2003).

Trabalhos Acadêmicos

Trabalhos acadêmicos na área de pirólise de pneus enfocam o estudo da

degradação térmica através de termogravimetria (TGA), em forno e autoclave cujas

emissões gasosas geradas são analisadas por cromatografia gasosa (CG) acoplada

ou não ao espectrofotômetro de absorção no infravermelho (FTIR) ou de massas

(MS). Alguns trabalhos estão resumidos na Tabela 2.11 (CHIEN, 2003; NAPOLI,

1997; RODRIGUEZ, 2000; RODRIGUEZ, 2001).

Um outro trabalho acadêmico que vale ser ressaltado foi o desenvolvido por

Juan F.González et al. Eles propuseram a decomposição isotérmica (um estágio)

para avaliar a energia liberada pelos produtos da pirólise fundamentalmente das

fases sólida e gasosa; e a não-isotérmica (3 estágios), a fim de avaliar produtos

sólidos, líquidos e gasosos dos resíduos de pneus. As decomposições isotérmicas

foram realizadas por termogravimetria em atmosfera inerte (N2) no intervalo de

temperatura de 350 a 700 ºC com a razão de aquecimento de 5 a 20 K min-1.

Obtiveram como resultados 37 a 40% de carvão (∆H = 28 MJKg-1), que pode ser

usado na manufatura de blocos pequenos para combustíveis (briquettes);

aproximadamente 55% de óleo (∆H = 39,7 MJKg-1), constituído de hidrocarbonetos

alifáticos e aromáticos; e 4 a 11% de gás (∆H = 34MJN-1 m-3), constituído de H2 ,

CO, CH4 , CO2 , C2H4 e C2H6. Os compostos hidroxilados foram os mais encontrados

no óleo que se decompôs de 550 a 575ºC (GONZÁLEZ, 2001).

18

Tabela 2.11 Trabalhos acadêmicos com enfoque na pirólise de pneus

Técnica utilizada

Vazão de N2

ou Hélio na pirólise

Técnica de análise do gás

resultante

Resultados das análises

Referências

TGA

(330ºC) 10ml/min

CG-MS/180ºC

Compostos aromáticos,

cetonas, monômeros,

aditivos etc.

(CHIEN, 2003)

Forno (380,

450 e

550ºC)

20ml/min CG e FTIR

Hidrocarbonetos: CH4,

C2H4, C2H6 e CO2.

Fase oleosa: limoneno,

p-xileno, o-xileno,

CHCl3, etanol.

(NAPOLI,

1997)

Autoclave

(400 a

700ºC)

3,5dm3 CG (TCD e

FID)

Gases: CO, CO2, H2S;

hidrocarbonetos como:

CH4, C2H4, C3H6.

Fase oleosa: limoneno,

p-xileno, o-xileno,

CHCl3, etanol.

(RODRIGUEZ,

2000)

Autoclave

(300 a

700ºC)

3,5dm3

Cooled gas-

liquid

separators,

CG/MS e CHN

Líquidos, mistura de

compostos orgânicos

C5-C20, aromáticos.

Gasosos; NOx, SOx e

hidrocarbonetos de C1

a C4 , CO, CO2, SH2;

Sólidos: cinzas e

impurezas.

(RODRIGUEZ,

2000)

A pirólise de pneus pode produzir um óleo com propriedades e valores

percentuais de nitrogênio e enxofre similares aos óleos leves. O óleo pirolisado

contém ainda concentrações significantes de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos

19

(PHA) que são cancerígenos. A concentração desses é de 1,5 a 3,4 % em peso no

óleo obtido na temperatura pirolítica de 450 a 600ºC. A formação dos PAH é

atribuída a um tipo de mecanismo (Diels-Alder) envolvendo ciclização de alquenos,

obtidos a partir da desidrogenação de hidrocarbonetos (Tabela 2.12). Também foram

identificadas concentrações significativas de hidrocarbonetos voláteis no óleo

(CUNLIFFE, 1998).

Tabela 2.12 Etapas da reação Diels-Alder de formação de hidrocarbonetos

aromáticos policíclicos na pirólise pneus (CUNLIFFE, 1998).

Etapa Descrição Reação

1

Desidrogenação de alcanos para

alquenos / dienos

1,3 - Butadieno

2

Ciclização

Ciclohexeno

3

Aromatização

Benzeno

4

Exemplo do caminho da formação de

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos

Naftaleno

Alguns produtos da pirólise

O limoneno é um material de interesse industrial que é produzido em altas

quantidades durante a decomposição pirolítica dos pneus inservíveis. Esse

20

composto pode ser usado em formulações industriais de solventes, resinas,

adesivos e também como agente dispersante para pigmentos. É usado na produção

de fragrâncias, essências e aromatizantes. Também é biodegradável, considerado

ambientalmente seguro como solvente, possui altas propriedades de penetração à

umidade e propriedades detergentes (HANSON, 2000).

A concentração de limoneno, em particular, alcança 3,1% em peso no óleo. A

reação da formação do limoneno via despolimerização de borrachas de pneus

inservíveis pode ser verificada através da rota de formação do próprio limoneno. A

altas temperaturas esse é degradado termicamente gerando hidrocarbonetos

aromáticos voláteis mostrados na Figura 2.5 (CUNLIFFE, 1998).

Partição do o- Limoneno racêmico Vinilciclohexeno

Limoneno Diradical bialílico Allo-ocime

Exemplos da formação de aromáticos

Trimetil benzeno

Xileno

Figura 2.5 Degradação térmica do Limoneno com formação de hidrocarbonetos

aromáticos voláteis (CUNLIFFE, 1998)

21

Outro método de obtenção do limoneno através da pirólise de pneus

inservíveis foi desenvolvido e patenteado nos Estados Unidos. O processo consiste

na degradação térmica de raspas de pneus, em particular do poliisopreno contido na

formulação dos pneus, por meio de um reator cilíndrico aquecido eletricamente e

resfriado por uma serpentina externa.

É produzida uma grande quantidade de limoneno nas temperaturas mais altas

do processo (700-900ºC) após rápida expansão do gás de isopreno formado a partir

da degradação e posterior condensação do mesmo dentro do reator. Essa obtenção

dá-se pela redução no tempo de residência do gás isopreno dentro do forno a altas

temperaturas e pela dimerização do isopreno, que é convertido a limoneno. Outros

compostos também são obtidos no processo: entre 700 e 900ºC têm-se 30% de

hidrocarbonetos e de 500 a 700ºC, 40-50% de óleos olefínicos. A temperaturas

inferiores a 500ºC produz-se uma mistura viscosa de alta massa molar ( C10 a C20)

com altas proporções de carbono em relação ao hidrogênio e hidrocarbonetos

aromáticos policíclicos. Esses últimos compostos reduzem a eficiência do processo

pirolítico afetando a degradação térmica (HANSON, 2000).

Na pirólise dos pneus, a quebra molecular dos seus compostos também

geram gases como: monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), sulfeto

de hidrogênio (SH2), metano (CH4), etano (C2H6), eteno (C2H4), propano (C3H8),

propeno (C3H6), butano (C4H10), buteno (C4H8) e butadieno (C4H6), que possuem

valores de poder calorífico entre 30-40 MJ N/m3. Essa energia é suficiente para

sustentar os reatores do próprio processo de pirólise. O poder calorífico também

pode estar relacionado com a temperatura pirolítica, isto é, quanto mais alta a

temperatura do reator maior a quantidade de COX (CO2 + CO) presente aumentando

assim a energia gerada (LARESGOITI, 2000).

2.4.2 CO-PROCESSAMENTO

Atualmente, o co-processamento está sendo muito utilizado para a destinação

de resíduos, que entram em substituição de parte do combustível (economia de

energia) e parte da matéria-prima na produção de cimento. A temperatura de queima

nos fornos processa-se em torno de 1450ºC (ARAÚJO, 2002). A queima de resíduo

de borracha como combustível tem um custo mais alto em relação à queima de gás

natural, óleo combustível ou carvão. O processo torna-se mais caro pelo tratamento

22

das emissões provenientes de sua combustão e pela moagem do pneu. O valor

comburente é bastante atrativo, 32,6 MJ/kg, comparando com o valor do carvão de

18,6 a 27,9 MJ/kg (PACHECO, 2001).

Para a produção do cimento existe a necessidade de fornecimento de grande

quantidade de calor, através da queima de combustíveis. As maiores quantidades de

energia são consumidas durante a produção de clínquer, constituinte principal do

cimento. Os fornos de clínquer necessitam de 3200 a 5000 KJ por quilo de clínquer

produzido (AKGUN, 2003).

O cimento é um aglomerante hidráulico, um composto cristalino finamente

dividido. Resulta da mistura de clínquer com outras substâncias, tais como gesso ou

escórias silicosas, em quantidades que dependem das carcterísticas do cimento

desejado. O cimento normalmente é formado por 96% de clínquer e 4% de gesso.

A utilização de pneus pós-consumo como fonte alternativa de combustível é

uma opção que tem gerado muita controvérsia, principalmente nos países europeus

e Estados Unidos, onde essa prática é comum. Uma das razões se deve aos

elevados investimentos em equipamentos (filtros e fornos) para tratamento e

monitoramento contínuo das emissões atmosféricas (BERTOLLO, 2002), que podem

ser negligenciadas pelas cimenteiras. Essa atividade é normatizada pela Resolução

CONAMA número 264 de 26 de agosto de 1999. Os estados podem criar suas

próprias normas para licenciamento ambiental, desde que mais restritiva do que a

legislação federal.

O uso do co-processamento vem crescendo no Brasil, entretanto, em

cimenteiras, o volume de gases gerados é imenso e quaisquer limites medidos em

termos de conteúdo percentual, muitas vezes acaba tornando-se imperceptível para

os instrumentos de controle (alta diluição). A quantidade efetivamente lançada na

atmosfera, aparentemente dentro dos padrões legais, é nociva à saúde humana e ao

meio ambiente (MARINEIDE, 1999).

2.4.3 INCINERAÇÃO

A incineração consiste num processo de oxidação térmica à alta temperatura,

normalmente variando de 800 a 1300oC, utilizada para a destruição de resíduos

orgânicos, para a redução de volume e de toxicidade. Independente do objetivo com

23

que se efetua a queima, o tratamento das emissões deve ser obrigatoriamente o

mais eficiente possível, como exige a legislação (DEMPSEY e OPPELT, 1999).

O processo de queima de um material polimérico divide-se em diferentes

etapas, como mostra a Figura 2.6.

Figura 2.6 Etapas do processo de queima de polímero (GALLO e AGNELLI,1998)

Na etapa de aquecimento, o calor de uma fonte externa é fornecido ao

material, que, progressivamente, tem a temperatura aumentada. Na etapa de

pirólise, diferentes componentes do material polimérico atingem suas temperaturas

de decomposição e começam a liberar uma ou mais das seguintes substâncias:

gases combustíveis, como alcanos, alcenos, formaldeído e monóxido de carbono;

gases não-combustíveis, como vapor de água e dióxido de carbono; gases

corrosivos, como ácido clorídrico; líquidos, que são fragmentos de cadeias

poliméricas; partículas sólidas, como fuligem e cargas minerais; e substâncias com

radicais livres. À medida que se difundem a partir da superfície do material, os

produtos da pirólise encontram-se com o oxigênio (ignição), se as condições de

temperatura e concentração de gases combustíveis e de oxigênio atingirem níveis

tais que permitam a ignição por intermédio de uma fonte externa de calor ou, se a

temperatura for suficientemente alta, por auto-ignição. Os radicais livres formados

durante o processo de pirólise desencadeiam reações de combustão altamente

exotérmicas na etapa de combustão e propagação. Nesse estágio, o fogo se

propaga, tornando o processo da queima absolutamente irreversível. A extinção

desse processo ocorre quando o material combustível e(ou) o oxigênio vão

diminuindo até o ponto em que o calor gerado pelas reações de combustão não se

mostra suficiente para sustentar o processo (GANN et al e PEARCE, 1981).

24

É fundamental que, no processo de incineração, algumas variáveis sofram

rigoroso controle: temperatura de combustão, tempo de residência no forno,

turbulência (indica o grau de mistura entre o resíduo e o oxigênio, o qual deve ser

maximizado para aumentar o teor de destruição das moléculas), diâmetro da

partícula e teor de oxigênio.

Durante a decomposição térmica, os tipos de produtos formados e seus

rendimentos dependem muito da quantidade de oxigênio livre. Sob temperatura

elevada, torna-se possível diferenciar faixas de concentração de oxigênio: entre 5 e

12%, a chama ainda não é possível, mas se observam produtos complexos.

Dependendo da temperatura utilizada, pode haver uma incorporação significativa de

oxigênio nos produtos decompostos, o que resultará, por exemplo, em espécies

orgânicas irritantes. Acima de 12%, ocorre à combustão com chama, o que ocasiona

a simplificação da faixa de produtos obtidos, com significativo rendimento de dióxido

de carbono. A combustão completa gera menos produtos tóxicos, característica da

presença de oxigênio (FARDELL,1993).

O processo de incineração não pode existir sem estar interconectado a um

sistema tecnologicamente avançado de depuração de gases, tratamento e

recirculação dos líquidos do processo. Os gases efluentes de um incinerador

carregam grandes quantidades de substâncias, em concentrações muito acima dos

limites das emissões legalmente permitidas, conseqüentemente necessitam de

tratamento físico e (ou) químico para remover e neutralizar poluentes provenientes

do processo térmico.

2.5 EMISSÕES DOS PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO TÉRMICA A empresa que incinerar artefatos elastoméricos, sejam eles pneus ou não,

deverá usar métodos bastante modernos para impedir os mais variados tipos de

emissões devido à grande variedade e ao teor de aditivos usados nessa classe de

polímeros. Os gases oriundos da queima de elastômeros produzem espécies de alto

grau de toxicidade, logo os produtos da combustão requerem tratamentos. As

dioxinas, os furanos e os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos são produtos de

combustão que requerem cuidados especiais devido aos sérios danos à saúde

humana e ao meio ambiente por eles provocados (FARDELL,1993).

25

A queima do negro de fumo é considerada uma das principais fontes

emissoras, senão a principal, de poluentes atmosféricos (material particulado, SOx,

NOx e CO2, elementos-traço, compostos orgânicos voláteis e não voláteis, entre

outros) (TEIXEIRA, 2002).

2.5.1 DIOXINAS

As dioxinas têm recebido grande atenção da mídia por seu elevado potencial

de toxicidade. Apresentam uma estrutura de dois anéis benzênicos ligados por dois

átomos de oxigênio. Os átomos de hidrogênio do anel aromático são substituídos

por cloro ou bromo, resultando em um grande número de dioxinas. As dioxinas

cloradas são dibenzo-p-dioxinas policloradas (PCDD) e as bromadas chamam-se

dibenzo-p-dioxinas polibromadas (PBDD). Teoricamente, existem 75 possíveis

formas de dioxinas cloradas. Não há dúvidas de que esses compostos revelam-se

altamente tóxicos, em particular a 2,3,7,8 tetraclorodibenzo-p-dioxina (TCDD),

representada na Figura 2.7, a mais conhecida e a mais tóxica (CONNELL, 1997 e

TAYLOR, 2001).

Cl

Cl

Cl

Cl

O

O

Figura 2.7 A molécula 2,3,7,8 tetraclorodibenzo-p-dioxina (TCDD) (CONNELL, 1997

e TAYLOR, 2001)

As dioxinas encontram-se presentes como subprodutos de processos

industriais cujos produtos químicos envolvidos apresentam cloro em sua

composição.

2.5.2 FURANOS

Os furanos têm estrutura similar à das dibenzo-p-dioxinas. As numerações de

sua fórmula estrutural mostram as posições possíveis da presença do cloro.

Teoricamente, são possíveis 135 congêneres de furanos clorados. Os sintomas de

efeitos tóxicos para dioxinas e furanos são cloracne, desordens digestivas e

26

nervosas. Efeitos crônicos observados incluem deficiências reprodutivas e

carcinogênicas (CONNELL, 1997 e TAYLOR, 2001).

O

1

2

346

7

8

9

Figura 2.8 Fórmula estrutural geral do dibenzofurano (CONNELL, 1997 e TAYLOR,

2001)

2.5.3 HIDROCARBONETOS POLIAROMÁTICOS

Os hidrocarbonetos poliaromáticos são formados por dois ou mais anéis

aromáticos condensados. O mais simples deles é o naftaleno. O composto 3,4

benzopireno é um dos mais perigosos. A Figura 2.9 mostra sua fórmula estrutural

(CONNELL, 1997 e TAYLOR, 2001).

Figura 2.9 Fórmula estrutural do benzopireno (CONNELL, 1997 e TAYLOR, 2001).

Podem ser obtidos da queima de combustíveis fósseis, celulose, tabaco,

polietileno ou outros materiais poliméricos. Esses compostos mostram-se estáveis

aos processos de degradação natural, conseqüentemente persistem e acumulam-se

no ambiente.

É um forte produto carcinogênico. Essas substâncias são amplamente

distribuídas na hidrosfera, litosfera e atmosfera por processos industriais de

incineração, de combustão, e de geração de energia. Mesmo em regiões não

poluídas, a fauna marinha pode-se apresentar contaminada por esses elementos.

27

Alimentando-se desses animais contaminados, o homem acaba ingerindo tais

substâncias perigosas (CONNELL, 1997 e TAYLOR, 2001).

2.5.4 DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2)

O dióxido de enxofre é menos reativo do que o NO2 frente a moléculas

orgânicas. Entretanto, o SO2 possui a capacidade de absorver radiação UV,

formando espécies excitadas que o tornam um agente oxidante muito forte para os

polímeros, sob condições naturais de envelhecimento. As moléculas de SO2 em seu

estado excitado podem reagir com oxigênio e umidade atmosféricos, formando

ozônio, em especial para borrachas, e o ácido sulfúrico, para os poliésteres,

suscetíveis à hidrólise ácida (GRASSIE, 1985 e JELLINEK, 1978).

O dióxido de enxofre, em seu estado excitado, também pode reagir com

moléculas de hidrocarbonetos presentes na atmosfera, formando ácidos sulfônicos,

ou ainda reagir com hidrocarbonetos insaturados, iniciando processos via radicais

livres, incluindo oxidação através da reação com oxigênio atmosférico (GRASSIE,

1985 e JELLINEK, 1978).

Os óxidos de enxofre, denominados genericamente SOx, produzidos pela

queima do negro de fumo são compostos essencialmente de SO2 e de pequenas

quantidades de SO3, 1 a 4% do total. O enxofre orgânico ligado à matriz do negro de

fumo é oxidado totalmente a SO2 durante a combustão (TEIXEIRA, 2002).

2.5.5 ÓXIDOS DE NITROGÊNIO (NOx)

Os NOx são gases que contribuem para aumentar a acidez das águas,

formando as chuvas ácidas. São os principais componentes requeridos para a

formação de smog fotoquímico.

A contaminação fotoquímica acontece como conseqüência da aparição na

atmosfera de agentes oxidantes, originados pela reação química entre os óxidos de

nitrogênio, os hidrocarbonetos e o oxigênio em presença da radiação ultravioleta dos

raios solares. A formação desses oxidantes é favorecida em situações de altas

pressões associadas a uma forte insolação e poucos ventos, que dificultam a

dispersão dos contaminantes primários. A mistura resultante de todas essas

substâncias dá origem ao smog fotoquímico, cujo aspecto é o de uma névoa

28

acinzentada que recobre as regiões contaminadas. A contaminação fotoquímica

também produz danos à vegetação em concentrações que já estão sendo

alcançadas em algumas cidades (MACÊDO, 2002).

2.5.6 DIÓXIDO DE CARBONO (CO2)

As emissões dos óxidos de carbono, sobretudo do CO2, reveste-se de grande

importância devido ao principal papel desse gás nos fenômenos de mudanças

climáticas globais em curso no planeta. Dentre esses fenômenos o efeito estufa tem

trazido grande apreensão devido a suas catastróficas conseqüências preconizadas

em diversos estudos.

A combustão de combustíveis fósseis é a principal fonte antropogênica do

CO2 emitido à atmosfera. A queima do carvão é uma das principais fontes desse

poluente.

2.5.7 PADRÕES DE EMISSÕES

As emissões residuais de poluentes, lançadas para a atmosfera pela chaminé

dos incineradores ou fornos devem apresentar valores abaixo daqueles

estabelecidos pela Resolução CONAMA 316 e a Norma NBR 11.175 da associação

Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, como mostra a Tabela 2.13. Os padrões

americanos, estipulados pela Environmental Protection Agency, EPA, são mais

restritivos que os brasileiros, também apresentados na Tabela 2.13, com exceção

para a emissão de dioxinas e furanos totais (CONAMA, 2003; GRIPP, 1998).

Os sistemas de tratamento das emissões em incineradores devem ser

projetados e instalados de forma a garantirem que as emissões para a atmosfera

sejam feitas bem abaixo dos níveis de exigência das leis ambientais. Os sistemas de

tratamento constituem-se basicamente de resfriador, lavagem ácida de halogênios,

lavagem alcalina e remoção final com lavador de aerossóis ou filtros de manga

(MARINEIDE, 1999).

29

Tabela 2.13 Emissões de poluentes padrões do EPA, da Resolução CONAMA 316 e

da norma NBR 11.175

POLUENTE

Padrões EPA

Padrões

CONAMA 316

Padrões NBR 11.175

Material

particulado

34 mg/Nm3 70mg/Nm3 70mg/Nm3

Dióxido de

Enxofre

80% redução

ou 30 ppm

280mg/Nm3 280mg/Nm3

Monóxido de

Carbono

100 ppm 100ppm 100ppm

Ácido Clorídrico 95% redução

ou 25 ppm

80mg/Nm3 até

1,8Kg/h

1,8Kg/h ou 99% de remoção

para resíduos com mais de

0,5% de Cl

Ácido Fluorídrico - 5mg/Nm3 5mg/Nm3

Óxidos de

Nitrogênio

180 ppm 560mg/Nm3 560mg/Nm3

Dioxinas e

Furanos Totais

30 ng/Nm3 0,50 ng/Nm3 -

2.6 IMPACTOS DAS EMISSÕES

O problema da poluição do ar é intenso nas grandes cidades, especialmente

naquelas localizadas nos países em desenvolvimento (LORA, 2002).

Os efeitos principais da poluição do ar são:

Danos à saúde de seres humanos e animais;

Danos à vegetação;

Danos ao solo;

Danos aos materiais;

Alterações do clima, visibilidade e radiação solar.

30

2.6.1 DANOS À SAÚDE HUMANA

Uma pessoa ativa inala entre 10.000 e 20.000 litros de ar por dia, o que dá

aproximadamente 7-14 litros por minuto. Durante o exercício físico essa quantidade

aumenta até 30.000 litros por dia. Junto com o ar entram no organismo os

particulados e outros poluentes gasosos, o que podem afetar os pulmões e outros

órgãos do sistema respiratório. Os efeitos ambientais dos poluentes dependem do

tipo e quantidade de poluentes, da duração, da exposição, do estado de saúde,

idade e nível de atividade da pessoa exposta. Alguns poluentes provocam dor de

cabeça, cansaço, náuseas, irritação nos olhos, nariz e garganta. Os poluentes

podem fazer com que o sistema respiratório fique mais sensível à asma. A taxa de

mortalidade por asma aumentou em 40-60% nos últimos 10 anos em países como

Austrália, Canadá, França, Grã-Bretanha e Estados Unidos (LORA, 2002).

Apresentam-se, a seguir, os efeitos dos poluentes mais importantes.

A) DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2)

Os óxidos de enxofre são altamente solúveis e por isso são absorvidos pelo

sistema respiratório superior. Concentrações de 1 ppm provocam constrições no

sistema respiratório (brônquios).

Os asmáticos apresentam estes sintomas em concentrações de SO2 na faixa

de 0,25-0,5ppm. Geralmente, quando observa-se a presença de altas concentrações

de SO2 e de particulados, o efeito de SO2 verificado é de 3 a 4 vezes maior,

provavelmente em conseqüência do arraste de SO2 junto com os particulados até o

fundo dos pulmões (TEIXEIRA, 2002).

B) PARTICULADOS

A deposição dos particulados em diferentes partes do sistema respiratório

depende de suas dimensões. Os particulados também podem concentrar na sua

superfície outras substâncias tóxicas como SO2, arsênio, selênio, etc (LORA, 2002).

Segundo dados epidemiológicos, altas concentrações de particulados

provocam:

Aumento da incidência de doenças respiratórias;

31

Bronquite crônica;

Constrição dos brônquios;

Diminuição da função pulmonar;

Aumento da mortalidade.

Estudos realizados pela Escola de Saúde Pública da Universidade de São

Paulo mostram que, quando o teor de particulados no ar passa de 70 µg/Nm3 (valor

médio), para 170 µg/Nm3, as internações nos hospitais por problemas respiratórios

aumentam em 20 a 25% e as mortes por insuficiência respiratória aumentam em 10

a 11% (LORA, 2002).

C) MONÓXIDO DE CARBONO

Quando entra nas vias respiratórias o CO se difunde rapidamente através da

membrana alveolar, chegando à corrente sangüínea onde se une a hemoglobina das

hemácias, formando carboxihemoglobina. Tal fato tem interferência imediata no

suprimento de oxigênio para a atividade celular, pela impossibilidade da

carboxihemoglobina transportar o oxigênio.

A hemoglobina tem uma grande afinidade pelo CO, cerca de 200 a 300 vezes

maior do que pelo oxigênio; em conseqüência, pequenas quantidades da substância

no ar são suficientes para que seus efeitos tóxicos se manifestem (MARIANO,

2001).

D) ÓXIDOS DE NITROGÊNIO

Alguns estudos indicam que os óxidos de nitrogênio aumentam a

suscetibilidade a infecções bacterianas nos pulmões. A exposição por longo tempo

em concentrações de 1 ppm provoca irritação dos alvéolos pulmonares com

sintomas semelhantes ao enfisema pulmonar (LORA, 2002).

E) COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS

O que se conhece como compostos orgânicos voláteis (COV) é um conjunto de

substâncias orgânicas que incluem: hidrocarbonetos (alcanos, alquenos e

aromáticos), oxigenadores (álcoois, aldeídos, cetonas, éteres) e espécies que

32

contém halógenos (por exemplo o metilclorofórmio e o tricloroetano). Alguns COV

provocam irritação dos olhos e da pele, tosse, etc. Outros, como o benzeno e o

butadieno são cancerígenos e provocam leucemia. O benzeno e o benzopireno são

considerados cancerígenos genotóxicos, já que afetam o material genético das

células (DNA) (LORA, 2002).

2.6.2 EFEITO ESTUFA

É chamado de efeito estufa o acréscimo constante da temperatura da terra

devido à absorção de radiação infravermelha terrestre por alguns gases, tais como o

CO2, o metano (CH4), os clorofluorcarbonos (CFCs) etc.

As contribuições relativas dos diferentes gases estufa ao aquecimento global

são mostradas na Figura 2.10. Observa-se que a maior contribuição corresponde ao

CO2, seguido do metano CH4 e o N2O.

Figura 2.10 Contribuições relativas dos diferentes gases estufa ao aquecimento

global (HEVENGELD, 1995)

A quantidade de carbono na atmosfera aumentou aproximadamente de 590 a

755 Gt (1Gt=109 t) durante os 225 anos transcorridos entre 1765 e 1991, devido à

queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento (MOORE e BRASWELL, 1994).

No período de 1980-1989 uma média de 5,4 Gt de carbono por ano foi jogado

na atmosfera como resultado da queima de combustíveis fósseis. A Figura 2.11

mostra a evolução das emissões antropogênicas de CO2 desde 1800 até o momento

atual.

33

Figura 2.11 Evolução das emissões antropogênicas de CO2 (MOORE e

BRASWELL, 1994).

Um recente documento das Nações Unidas prevê um aumento da

temperatura média global em 2,8ºC para o ano 2100 (INDUSTRY NEWS, 1998).

Uma das conseqüências mais discutidas do efeito estufa é a elevação do

nível do mar, o desaparecimento de algumas nações insulares e o sofrimento de

enormes perdas para outras nações.

34

3 OBJETIVOS

O objetivo da tese foi analisar as emissões da degradação térmica de

amostras de misturas à base de SBR simulando uma banda de rodagem de pneu de

passeio. Foi variado o teor de enxofre nessas misturas a fim de correlacioná-lo às

emissões provenientes da degradação.

A partir desse estudo, é possível avaliar se as emissões das destinações

(pirólise, co-processamento ou incineração), hoje, realizadas para os pneus estão de

acordo com a legislação brasileira.

35

4 METODOLOGIA

Esse trabalho focará o estudo da degradação térmica e das emissões do

copolímero de butadieno e estireno (SBR), pois é o elastômero sintético presente

em maior quantidade nos carros de passeio. Além disso, o SBR é a borracha

sintética mais utilizada na produção de pneumáticos (PETROFLEX, 1994).

Esse trabalho consistiu na análise dos produtos da degradação térmica de

sete amostras à base de elastômero SBR em equipamento de análise

termogravimétrica. No equipamento, foram captadas emissões para análise por

cromatografia em fase gasosa e espectrometria de massas. Essas técnicas são

bastante utilizadas para análises piloto.

4.1 MATERIAIS

As sete amostras estudadas estão listadas na Tabela 4.1:

Tabela 4.1 Amostras utilizadas no trabalho

Amostras Origem Característica Observações Denominação nessa tese

1 a 4

Formulações

preparadas e

vulcanizadas no

laboratório

Picotadas

As amostras foram

preparadas a partir

do SBR virgem,

não vulcanizado.

Misturas I, II, III

e IV.

5

Empresa

Petroflex

SBR 1712, não

vulcanizado

Copolímero de

butadieno (75%)-

estireno (25%)

SBR

6

Banda de

rodagem

Em pedaços

(lascas)

Obtida de um carro

de passeio

Firestone

Banda de

rodagem

7

Empresa 3B-Rio

Amostra moída

Obtida da moagem

de pneus de

passeio de várias

marcas, sem o aço

Pneu moído

36

A Tabela 4.2 mostra as matérias-primas utilizadas nas formulações.

Tabela 4.2 Matérias-primas utilizadas nas misturas preparadas no laboratório

Matéria-prima Função Origem

Borracha SBR 1712 Elastômero Petroflex

Enxofre Vulcanizante Vetec

Ácido esteárico Ativador Padrão ASTM 372

Óxido de zinco Ativador Uniroyal Química LTDA

Aminox* Antioxidante Uniroyal Química LTDA

Negro de fumo Carga Padrão NBS - ASTM 382

Óleo mineral Plastificante Petroflex

CBS** Acelerador Bann Química LTDA

TMTD*** Acelerador Monsanto

*Aminox (produto da reação entre difenilamina e acetona)

**CBS (N-ciclohexil-2-benzotiazil sulfenamida)

***TMTD (dissulfeto de tetrametil tiuram)

4.2 EQUIPAMENTOS

Os equipamentos utilizados para o desenvolvimento dessa tese estão listados

na Tabela 4.3.

37

Tabela 4.3 Equipamentos utilizados no trabalho

Equipamento Modelo / Marca Localização

Misturador de

rolos

Berstorff IMA/UFRJ

Reômetro de disco

oscilatório

TI-100 IMA/UFRJ

Prensa Caver laboratory IMA/UFRJ

TG 7e Perkin Elmer Pólo Xistoquímica/IQ/UFRJ

CG/MS Mass Selective Detector (FID)

HP-5MS Agilent Technologies

5973 Network

Pólo Xistoquímica/IQ/UFRJ

CG/FID-TCD CP-d Q Detector FID-TCD

Varian

NUCAT/COOPPE/UFRJ

Calorímetro IKA-Calorimeter C4000

adiabatic

Tratamento de Resíduos de

Belford Roxo,TRIBEL

Forno Fornaço Indústria e comércio

LTDA

Pólo Xistoquímica/IQ/UFRJ

Máquina Universal

de Ensaio

Instron Modelo 4202 IMA/UFRJ

Analisador de

gases

Testo 350 Tratamento de Resíduos de

Belford Roxo,TRIBEL

4.3 MÉTODOS

Os métodos empregados no estudo estão resumidamente apresentados na

Figura 4.1. O desenvolvimento de cada etapa encontra-se descrito nos itens

posteriores.

38

Borracha e aditivos

Analisador TESTO Processamento

Forno

Pneus inservíveis

Misturas preparadas no

laboratório Amostras

Propriedades mecânicas

TG

CG-FID/TCD

CG-MS

Figura 4.1 Fluxograma das etapas dos procedimentos experimentais executados

4.3.1 PROCESSAMENTO DAS MISTURAS PREPARADAS EM LABORATÓRIO.

Quatro misturas foram preparadas no laboratório em misturador de rolos

Berstorff na temperatura de 50ºC segundo a Norma ASTM D 3182 nas composições

mostradas na Tabela 4.4.

A Mistura I e a II preparadas com 1 e 2 phr de enxofre respectivamente são

as formulações mais próximas da composição de uma banda de rodagem (MARK,

1971; MARWEDE, 1992). As outras composições serviram para avaliação do

aumento do teor de enxofre nas emissões das misturas.

Foi preparada uma mistura correspondente a cada formulação, com duplicata

apenas da Mistura II.

Para uma melhor comparação também fez-se uma mistura do SBR 1712 com

o negro de fumo (sem vulcanização) nas mesmas proporções das formulações.

39

4.3.2 DETERMINAÇÃO DOS TEMPOS ÓTIMOS DE VULCANIZAÇÃO

Os tempos ótimos de vulcanização (t90 ) das Misturas I a IV foram avaliados

em reômetro de disco oscilatório com arco de 1º segundo a Norma ASTM 2084-1.

Para a realização do teste foram utilizados 10g de cada amostra.

As misturas foram vulcanizadas a 150ºC e com 15000 lb de força na prensa

nos seus tempos ótimos de vulcanização.

Tabela 4.4 Formulações das misturas preparadas no laboratório

Componente Mistura I (phr)

Mistura II (phr)

Mistura III (phr)

Mistura IV (phr)

Borracha SBR

1712

100 100 100 100

Enxofre 1 2 3 5

Ácido esteárico 2 2 2 2

Óxido de zinco 4 4 4 4

Acelerador Aminox 1 1 1 1

Negro de fumo 30 30 30 30

Óleo mineral 5 5 5 5

Ativador CBS 1 1 1 1

Ativador TMTD 0,5 0,5 0,5 0,5

4.3.3 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

A resistência à tração das amostras preparadas nos laboratórios do IMA

foram executadas segundo a Norma ASTM D 412. A partir dessa análise, obteve-se

o alongamento na ruptura e o módulo de elasticidade.

4.3.4 ENSAIO DE DUREZA

Os ensaios de dureza das amostras preparadas nos laboratórios do IMA

foram executadas segundo a Norma ASTM D 2240.

40

A dureza mede a resistência à penetração ou ao risco (MANO, 2000). Mediu-

se a dureza Shore A após condicionamento do corpo de prova em 5 pontos da

amostra previamente vulcanizada dando como resultado final a mediana dos valores

medidos.

4.3.5 DETERMINAÇÃO DO PODER CALORÍFICO

A determinação do poder calorífico das amostras foi realizada nos

laboratórios da empresa Tratamento de Resíduos Industriais de Belford Roxo –

TRIBEL.

A capacidade calorífica do sistema é determinada através da combustão

completa de uma substância padrão de ácido benzóico em calorímetro.

Uma quantidade padrão de ácido benzóico (~0,1g) é prensada, pesada e

colocada em um recipiente sob pressão em bomba calorimétrica. O padrão é

colocado em contato com um dispositivo de ignição. A bomba é preenchida com

30bar de oxigênio puro e colocada imersa em um recipiente com água, que absorve

o calor de combustão liberado pela ignição da amostra. O aumento de temperatura

foi medido e utilizado no cálculo da capacidade calorífica do sistema segundo as

equações mostradas na Figura 3.2.

1) Qf = (Ho cap x m cap + Ho alg + Ho met) 2) Ho = (C x ∆T – Qf) / ma 3) Hu = Ho – [19,296 x (H2O a – H2O br) x Vb/ma] 4) %Erro= [(Ho exp x 100) / Ho pad] – 100

Onde: Qf = somatório do calor externo, J Ho cap = poder calorífico bruto, J/g m cap = massa da cápsula, g Ho alg = poder calorífico bruto algodão, J/fio Ho met = poder calorífico bruto fio de metal, J/fio Ho = valor calorífico bruto, J/g Hu = valor calorífico líquido, J/g C = capacidade calorífica do sistema (9355,68 J/K) ∆T = variação de temperatura, K %H2Oa = % água por análise de Karl Fisher na amostra Vb = volume do balão, mL ma = massa da amostra, g %Erro = % erro encontrado na análise Ho exp = poder calorífico bruto encontrado na análise do padrão, J/g Ho pad = poder calorífico bruto teórico do padrão, J/g

Figura 4.2 Fórmulas para determinação do poder calorífico de resíduos industriais

41

4.3.6 DEGRADAÇÃO TÉRMICA

As degradações térmicas das amostras foram realizadas em forno e em

equipamento TG.

A) Forno

Para a simulação do processo de incineração, utilizou-se primeiramente um

forno retangular conforme mostrado na Figura 4.3.

Amostras de pneus moídos de aproximadamente 1 g em cadinho de

porcelana foram submetidas a isotermas de 350 e 800ºC, cujas temperaturas foram

mantidas por 5 min por um controlador digital.

O interior do forno recebeu fluxo de ar comprimido por meio de um

compressor. Uma bomba à vácuo estava conectada no orifício na parte lateral do

forno, por onde saiam as emissões. Para a captação dos gases, utilizou-se uma

seringa com válvula de três vias (Figura 4.4) acoplada a saída dessa bomba a

vácuo.

Compressor de ar

Forno

Figura 4.3 Forno utilizado para incineração das amostras

42

A partir da seringa com válvula de três vias, alíquotas de 8 mL eram retiradas

por seringas próprias para cromatografia e injetadas em CG/MS em atmosfera de H2

(20mL/min), detector e injetor a 300ºC, com isoterma de 28ºC por 20min e 0,8 mL de

amostra gasosa.

Seringa para CG/MS

Seringa com válvula de três

vias

Figura 4.4 Seringa com válvula de três vias e para CG/MS

B) Analisador termogravimétrico (TG).

A degradação térmica das amostras elastoméricas também foi realizada em

analisador termogravimétrico (TG), onde foram avaliadas a variação da massa em

função da temperatura e do tempo.

Na termogravimetria (TG), o parâmetro medido é a massa, isto é, detecta-se,

utilizando-se uma termobalança, o ganho ou a perda de massa que ocorre na

amostra em função de uma variação de temperatura ou tempo (a temperatura

constante).

O sensor utilizado nessa análise é uma balança registradora. Também na

termogravimetria derivada (DTG), o instrumento empregado é uma balança

registradora, porém, neste caso, o parâmetro medido é a variação de massa em

função do tempo, que também pode ser descrito como taxa de variação de massa

(LUCAS, 2001).

43

Os ensaios em TG realizaram-se em duas etapas distintas:

Primeira etapa: todas as amostras apresentadas na Tabela 3.1 foram conduzidas

sob fluxo de nitrogênio, oxigênio e ar sintético a 20 cm3/min com alíquotas de

aproximadamente 5 mg, razão de aquecimento de 10ºC/min e em cápsula de

platina.

Segunda etapa: as análises de TG, obtidas na primeira etapa, mostraram que as

temperaturas de 350, 450 e 650ºC foram as máximas de degradações e, dessa

forma, foram escolhidas como isotermas para captações das emissões. Durante dois

minutos conectou-se na exaustão do equipamento de TG uma seringa com válvula

de três vias para cada amostra conforme a Figura 4.5.

Apenas uma análise para cada amostra pode ser concluída, pois não havia

disponibilidade do equipamento utilizado.

Figura 4.5 Captações no equipamento de análise térmica TG

4.3.7 CARACTERIZAÇÃO DAS EMISSÕES

As emissões provenientes tanto do forno quanto do equipamento TG foram

analisadas por duas formas de cromatografia:

A) Cromatografia gasosa com espectrometria de massas (CG-MS).

44

As emissões, obtidas das degradações térmicas, foram analisadas em CG-MS,

que consiste em um cromatógrafo usualmente com coluna capilar, uma interface

para ligação dos dois sistemas, uma câmara de ionização (onde os íons são

formados), uma câmara mantida sob vácuo (onde ocorre a separação dos mesmos)

e um sistema para detecção dos íons e interpretação de dados obtidos.

Nesse estudo, utilizou-se o equipamento com detector FID em atmosfera de H2

(20mL/min), detector e injetor a 300ºC, com isoterma de 28ºC por 20min e 0,8 mL de

amostra gasosa com injeções das mesmas.

Dois procedimentos foram utilizados para injeção conforme a Tabela 4.5:

No primeiro, fez-se as captações na exaustão do TG conforme explicado e a

seguir injetou-se a amostra gasosa no CG/MS a temperatura ambiente (Tamb).

No segundo, as amostras foram levadas a condicionamento a –22ºC por 24 h e,

então, injetadas após estabilização na Tamb.

Tabela 4.5 Condições de análises de CG/MS e amostras analisadas

Temperaturas de

Captação (ºC)

Temperaturas de

Condicionamento (ºC)

Temperatura

de injeção (ºC)

Pneus moídos

inservíveis

Borracha SBR

Mistura I

Mistura III

Tamb x - x - 350

-22 - x x x

Tamb x - x - 450

-22 x - - -

Tamb x - x - 650

-22 x x x x

800 Tamb

30

x - - - (-) Análises não realizadas

B) Cromatografia gasosa (CG - FID/TCD)

As análises de CG (FID/TCD), cujo equipamento está na Figura 4.6, foram

realizadas em atmosfera de H2 (5mL/min), detector TCD a 200ºC, FID a 230ºC e

45

injetor a 180ºC, com isoterma de 50 min. As amostras foram condicionadas a –22ºC

e injetadas a Tamb como mostra a Tabela 4.6.

Figura 4.6 Injeção de amostra em CG/FID-TCD

Tabela 4.6 Condições das análises de CG-FID/TCD e amostras analisadas

Temperaturas de Captação

(ºC)

Temperaturas de Condicionamento

(ºC)

Temperaturade injeção

(ºC)

Pneus moídos

inservíveis

Borracha SBR

Mistura I

Mistura III

350 -22 - x - x

450 -22 x - x -

650 -22

30

x x x x

(-) Análises não realizadas

Todas as amostras foram condicionadas a –22ºC para mantê-las mais

estáveis por 24 horas, pois não foi possível a realização da análise de cromatografia

CG-FID/TCD logo após a captação das emissões em TG.

C) Análise de gases com monitoramento de emissões (TESTO 350)

46

O equipamento (Figuras 4.7 e 4.8) consiste num conjunto de células

eletroquímicas capazes de detectar diretamente em forma digital gases provenientes

das queimas de diversos tipos de resíduos através de um sensor resistente a altas

temperaturas. É feita uma calibração anterior à análise.

Detector

Figura 4.7 Equipamento de monitoramento das emissões (TESTO 350)

Figura 4.8 Leitura digital para Testo 350

Primeiramente pesou-se 1 g das seguintes amostras: pneus moídos, banda

de rodagem, SBR e Misturas I a IV.

47

Isotermas foram realizadas em forno (mesmo forno do item 4.2.6) a 350, 450

e 650ºC com leituras das emissões de dez em dez segundos. A amostra de pneu

moído também foi submetida à temperatura de 800ºC.

Anteriormente a introdução da amostra no forno, injetou-se ar através de um

compressor (mesmo do item 4.2.6) com o objetivo de aumentar a proporção de

oxigênio e simular o processo de incineração (15% de O2 dentro do incinerador)

(LORA, 2002).

Nas temperaturas de 650 e 800ºC, a leitura das emissões foi periódica, isto é,

de seis em seis segundos (tempo necessário para leitura de todos os gases

registrados pelo equipamento).

Os gases analisados foram: oxigênio molecular (O2), monóxido de carbono

(CO), dióxido de carbono (CO2), dióxido de enxofre (SO2), óxido de nitrogênio (NO) e

dióxido de nitrogênio (NO2). Sendo os gases O2 e CO2 analisados em v/v e os outros

em ppm.

As leituras dos gases O2 e CO2 são expressas em termos de percentual (%) e

dos gases CO, SO2, NO2 e NO em unidades de ppm podendo ser convertidas em

mg/Nm3 através de fatores de conversão do próprio equipamento mostrados na

Tabela 4.7.

Tabela 4.7 Fatores de correção dos gases analisados para conversão para mg/Nm3

Gás Valor em ppm x Fator de conversão

CO ppm x 1,25

SO2 ppm x 2,86

NO2 ppm x 2,05

NO ppm x 1,34

48

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As misturas preparadas em laboratório (Misturas I a IV) foram vulcanizadas e,

posteriormente, submetidas a testes mecânicos para avaliação da influência da

concentração de enxofre nas propriedades mecânicas. Essas amostras com

formulações totalmente conhecidas, como também aquelas à base de pneu, foram

degradadas termicamente (pirólise ou incineração) e suas emissões foram avaliadas

por cromatografia.

5.1 MISTURAS PREPARADAS NO LABORATÓRIO

As quatro misturas com formulações conhecidas foram avaliadas em função

do aumento do agente de vulcanização (enxofre).

5.1.1 REOMETRIA

As Misturas I, II, III e IV foram preparadas segundo formulações apresentadas

na Tabela 4.4 (item Metodologia) em misturador de rolos abertos. A avaliação do

tempo de vulcanização foi realizada em reômetro de disco oscilatório.

O reômetro de disco oscilatório fornece informações completas e rápidas. É o

equipamento mais utilizado para medição dos estágios de cura. Nesse aparelho,

mediu-se o torque necessário para oscilar o rotor, o qual estava embebido em uma

amostra de borracha confinada em uma cavidade sob pressão e temperatura

conhecidas. À medida que a vulcanização ocorreu, o torque necessário para cisalhar

a borracha aumentou gerando uma curva de torque em função do tempo de cura

(MANO, 2000).

A Tabela 5.1 mostra os tempos de cura (t90) obtidos no reômetro de disco

oscilatório para as Misturas I, II, III e IV.

Observou-se que o tempo de cura diminuiu com o aumento da concentração

de enxofre nas formulações. O aumento da quantidade de enxofre provavelmente

conduziu ao acréscimo da formação de ligações cruzadas (vulcanização) em tempo

menor de reação.

49

Tabela 5.1 Tempos de cura (t90) das misturas preparadas no laboratório

Misturas Concentração de enxofre (phr) t90 (min)

I 1 13

II 2 10

III 3 9

IV 5 8

Como já visto na literatura, quando, numa formulação, há aumento da

concentração de enxofre em relação ao acelerador, um número maior de ligações

polissulfídicas são formadas e mais átomos de enxofre se combinam com as cadeias

do elastômero como mostra a Figura 5.1 (CORAN, 1994).

Ac = acelerador

S = átomos de enxofre

X = nº de átomos de S

Figura 5.1 Tipos de ligações cruzadas nas cadeias elastoméricas com a adição de

enxofre (CORAN, 1994)

A reticulação é efetivada a partir da combinação do ácido esteárico com o

óxido de zinco (ativadores do sistema de vulcanização), obtendo-se um sal que pode

promover a formação de complexos com o acelerador, que reagem com o enxofre.

Então, o anel do enxofre (S8) é quebrado, formando as reticulações na molécula do

elastômero (CORAN, 1994).

50

No SBR e no BR, as ligações cruzadas monossulfídicas são favorecidas tendo

a característica de quebrarem com mais dificuldade (Energia de ligação = 280

KJ/mol) que as polissulfídicas (Energia de ligação < 262 KJ/mol). Já, a borracha

natural apresenta maior formação de ligações polissulfídicas em conseqüência dos

grupos metila existentes na cadeia do poliisopreno que são ausentes no

polibutadieno e no copolímero de butadieno-estireno (CORAN, 1994). Assim, a NR

degrada termicamente a temperaturas mais baixas que o SBR ou BR.

5.1.2 RESISTÊNCIA A TRAÇÃO E DUREZA

As propriedades mecânicas não são apenas funções da densidade de

ligações cruzadas, mas também podem ser afetadas pela quantidade de carga, pelo

tipo de ligação cruzada e de polímero (CORAN, 1994).

As misturas conhecidas foram prensadas nos tempos indicados na Tabela 5.1

e submetidas ao teste de resistência à tração, que foi avaliado pela carga aplicada

ao material por unidade de área no momento da ruptura. Geralmente, os polímeros

têm valores abaixo de 10 MPa, relativamente baixos comparados aos metais

(MANO, 2000).

A Tabela 5.2 mostra os resultados dos testes mecânicos das misturas

conhecidas e do SBR (dados de literatura) presente nos pneus (ADHIKARI, 2000).

Essa informação da literatura foi a mais próxima de uma banda de rodagem

encontrada.

A vulcanização causa profundas modificações químicas nas moléculas dos

polímeros. Os efeitos da vulcanização foram observados nas propriedades

mecânicas (CORAN, 1994). Observou-se que a formulação com a menor

concentração de enxofre (1 phr) foi a que apresentou o resultado de resistência de

tração na ruptura (5,8 MPa) mais próximo ao da borracha SBR presente nos pneus

para os carros de passeio (6,9 MPa) (ADHIKARI, 2000). Em relação ao alongamento

e a dureza, a amostra com maior concentração de enxofre mostrou resultados

semelhantes ao da borracha SBR presente nos pneus. Vale ressaltar que no pneu

encontram-se mais aditivos que aqueles presentes nas misturas preparadas nos

laboratórios, que repercutem em resultados diferentes. A real formulação utilizada na

indústria pneumática não é divulgada e é desenvolvida para fornecer aos pneus

51

excelentes propriedades mecânicas com baixo alongamento. O pneu deve suportar

o peso do automóvel, sem apresentar riscos de acidentes.

Tabela 5.2 Propriedades mecânicas das misturas preparadas no laboratório

Amostra Módulo a 100% (MPa)

Tração na ruptura (MPa)

Alongamento na ruptura (%)

Dureza (Shore A)

Mistura I 0,6 5,8 650 40

Mistura II 0,9 4,4 310 48

Mistura III 1,4 4,2 250 51

Mistura IV 2,0 4,7 200 57

SBR no pneu de

passeio**

nd* 6,9 280 60**

*nd = não disponível

**ADHIKARI, 2000

Observou-se um aumento do módulo a 100% e da dureza e decréscimo da

tração e do alongamento na ruptura com o acréscimo do teor de enxofre nas

misturas. Esses resultados mostraram claramente que o aumento na concentração

de enxofre conduziu ao aumento da quantidade de ligações cruzadas com o

aumento da concentração de enxofre.

O acréscimo do número de ligações cruzadas aumenta a dureza (MANO,

2000) confirmando, dessa forma, que houve aumento das ligações cruzadas na

ordem crescente das Misturas I para a IV.

Os resultados de dureza corroboram os de módulo, tração e alongamento na

ruptura. O aumento das ligações cruzadas nas amostras conduziu ao aumento do

módulo, pois as amostras tornaram-se mais rígidas. A mistura com o menor número

de ligações cruzadas permitiu um maior alongamento.

A Mistura I foi utilizada na tese como referencial de comparação com a banda

de rodagem, pois é a formulação que, segundo a literatura (MARK, 1971)

(MARWEDE, 1992) mais se aproxima dessa parte do pneu como já justificado no

item 4.1 da Metodologia.

52

5.1.3 DEGRADAÇÃO

A estabilidade térmica e a volatilidade dos componentes básicos de uma

mistura elastomérica podem ser estudadas por TG. Essa técnica fornece resultados

efetivos e relativamente rápidos da composição básica (óleo, polímero, carga etc.)

(MAURER, 1981).

Quando a amostra é submetida somente à altas temperaturas na ausência de

oxigênio, ocorre o processo de pirólise, e em meio oxidante, o processo de queima,

ou incineração. As amostras foram analisadas primeiramente em atmosfera inerte

(pirólise) e em atmosfera oxidante (incineração). Posteriormente, foram analisadas

conjuntamente a fim de comparar os resultados.

A) Pirólise

Avaliando-se as curvas de TG (degradação térmica) em atmosfera inerte

(Figura 5.2), verificou-se que quanto maior a concentração de enxofre das quatro

formulações preparadas nos laboratórios do IMA menor foi a perda de massa, ou

seja, mais estáveis termicamente foram as amostras.

Nas Misturas III e IV, não foram observados picos acima de 500ºC como

observados nas Misturas I e II (~550ºC e ~650ºC). Esse não aparecimento pode ser

atribuído à maior reticulação do elastômero em virtude da maior concentração de

enxofre, impedindo a ocorrência das mesmas degradações em relação às Misturas I

e II (Figura 5.2) – materiais menos termorrígidos.

Observou-se também uma menor inflexão nas curvas referentes às Misturas III

e IV entre 200 e 500ºC, ou seja, as degradações sofridas foram menos acentuadas

do que as ocorridas nas outras duas. As perdas de massa nas Misturas III e IV foram

em torno de 20% menores.

Pode-se afirmar que a partir de 3 phr de enxofre nas composições estudadas,

as misturas preparadas tornaram-se mais estáveis em atmosfera de nitrogênio.

53

Figura 5.2 Curvas de TG e DTG das misturas conhecidas em atmosfera de N2

Em atmosfera de N2, todas as misturas apresentaram picos que podem ser

referentes ao desprendimento do óleo da formulação da própria borracha SBR 1712

(~260ºC) e à degradação do elastômero (~430ºC), como também observado na

literatura (SHIMADZU, 1988).

Observou-se que nas misturas preparadas nos laboratórios do IMA, o óleo e o

elastômero proporcionaram picos distintos, facilitando a análise. Como o óleo tinha

alta volatilidade saiu antes do polímero. Na maioria dos casos, o óleo volatiliza na

mesma faixa de temperatura de degradação do polímero dificultando a análise

(MAURER, 1981).

Maurer (MAURER, 1981) e Shimadzu (SHIMADZU, 1981) constataram que a

degradação do negro de fumo ocorre somente após introdução de ar durante a

análise. As Misturas I e II tiveram comportamentos térmicos não condizentes com os

da literatura. Nessas duas misturas, houve o aparecimento do pico de degradação a

partir de 500ºC. Todas as misturas foram preparadas com a mesma quantidade de

negro de fumo, e apresentaram comportamentos diferentes na degradação. A única

diferença nas misturas foi o teor de enxofre que está diretamente ligado ao grau de

reticulação das amostras.

Comparando-se a curva de TG (Figura 5.3) do negro de fumo com as outras

análises observou-se que apesar da perda de massa de aproximadamente 40% a

partir de 500ºC, o negro de fumo até 1000ºC não degrada em atmosfera inerte.

54

Figura 5.3 Curva de TG do Negro de Fumo em atmosfera de N2

Para uma melhor comparação também fez-se a análise térmica do SBR 1712

com o negro de fumo (sem vulcanização) (Figura 5.4), onde também observou-se

que o negro de fumo não degrada em atmosfera inerte.

Figura 5.4 Curvas de TG e DTG do SBR 1712 com Negro de Fumo (sem

vulcanização) em atmosfera de N2

55

B) Incineração

Observou-se perdas de massa próximas a 100% na degradação térmica

conduzida na presença de ar sintético (Figura 5.5) e oxigênio (Figura 5.6) para todas

as misturas. Essas perdas podem ser atribuídas à volatilização do óleo estendido do

SBR 1712 (até 300ºC), a degradação do elastômero (até 500ºC) e degradação do

negro de fumo (até 620ºC). A pequena quantidade de resíduo (cinzas), pode ser

atribuída a materiais inertes como também verificado pela literatura (SHIMADZU,

1988). Os resultados mostraram que o SBR comportamento bastante semelhante em

atmosfera pouco ou muito oxidante. Vale ressaltar, que a atmosfera de ar sintético é

a real dos incineradores e fornos de co-processamento (LORA, 2002).

Estudos mostraram que quando a amostra for aquecida em atmosfera de N2 a

uma taxa constante ou isotérmica na temperatura de até 500ºC, haverá degradação

total do polímero e dos outros materiais orgânicos da formulação. A oxidação do

negro de fumo a CO2 somente será promovida após introdução de ar a partir dessa

temperatura (~550ºC) e a perda de massa indicará claramente a oxidação do

mesmo. O resíduo será de cinzas ou cargas minerais inorgânicas (MAURER, 1981).

Figura 5.5 Curvas de TG e DTG das Misturas I a IV em atmosfera de ar sintético

56

Figura 5.6 Curvas de TG e DTG das Misturas I a IV em atmosfera de oxigênio

A Tabela 5.3 mostra, com mais detalhes, os valores das temperaturas de

degradação de todas as misturas preparadas nos laboratórios do IMA.

Todas as amostras apresentaram um pico na faixa de 250ºC que sugere ser da

volatilização do óleo tanto em atmosfera inerte como oxidante. Os picos entre 300 e

550ºC podem corresponder à degradação do elastômero SBR utilizado nas

formulações, sendo que em meios oxidantes mais picos foram observados,

provavelmente devido às reações de degradação termoxidativas características do

elastômero.

Todas as misturas contêm as mesmas quantidades de negro de fumo como já

sabido, porém apresentaram temperaturas de degradação distintas a partir de 500ºC,

o que pode confirmar a influência da quantidade de enxofre nas degradações, isto é,

corroborar o aumento do grau de reticulação.

Para comparações, conforme mencionado no item 4.3.1 da metodologia, a

análise termogravimétrica da Mistura II (repetição) apresenta-se em anexo (Anexo A).

57Tabela 5.3 TG das Misturas I a IV em atmosferas oxidante e inerte

MISTURA I MISTURA II MISTURA III MISTURA IV

N2 N N N Ar O2 2 Ar O2 2 Ar O2 2 Ar O2

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

Picos

T(ºC)

Perda

de

massa

(%)

254 14 240 10 243 9 262 20 260 15 256 14 274 25 258 17 248 10 268 25 243 14 242 16

- - 369 366 - - 366 - - - - - - 367 51 - - 363 365

- - 390

50

381

52

- - 386 383 - - - - - - - - 387

49

399

49

429 56 457 16 458 15 439 51 428

55

406

53 429 53 417 52 478 15 423 53 - - - -

- - - - - - - - - - 489 10 - - - - - - - - 496 12 488 10

528 5 530 19 526 20 546 8 505 6 - - - - 506 7 556 20 - - - - - -

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 601 19 589 19

641 20 - - - - 679 19 611 20 605 19 - - 620 20 - - - - - - - -

Perda

total

de

massa

(%)

95 95 96 98 96 96 78 96 96 78 94 94

58

5.2 OUTRAS AMOSTRAS

Também foram estudadas as amostras do elastômero SBR 1712 não

vulcanizado, da banda de rodagem e de pneus moídos de carro de passeio.

5.2.1 DETERMINAÇÃO DO PODER CALORÍFICO

O poder calorífico do pneu é um parâmetro importante para processos que o

utilizem como fonte de energia.

A incineração dos rejeitos sólidos, acoplada à recuperação de calor com o

tratamento adequado das emissões, pode ser uma alternativa atrativa para os

métodos convencionais de tratamento do lixo, devido ao grande acúmulo de detritos

com alto poder calorífico disponíveis (SHREVE, 1997). Deve-se dar uma atenção

especial às emissões oriundas dessa reciclagem energética.

A Tabela 5.4 mostra os poderes caloríficos obtidos experimentalmente das

amostras analisadas na tese, de alguns materiais presentes nos pneus de carros de

passeio e emitidos através da queima deles.

Tabela 5.4 Poderes caloríficos de resíduos sólidos e gases combustíveis

Materiais Poder calorífico

(MJ/Kg)

Mistura I 38,7

Mistura IV 38,3

Banda de rodagem (carro de passeio) 36,9

Pneu moído (carro de passeio) 36,4 *Borracha 33,9 *Náilon 31,7 **Carvão 18,6-27,9 **Butano 29,0 *Metano 8,9 *Monóxido de carbono 2,8

*(SHREVE,1997) ; **(ADHIKARI, 2000) ; nd = não disponível

59

Em uma composição elastomérica, a borracha é o ingrediente que apresenta

maior calor de combustão comparado com os outros aditivos (cargas, aceleradores,

antioxidantes etc) (SHREVE, 1997).

Os resultados das amostras analisadas no laboratório da Tribel demostraram

que em comparação aos combustíveis normalmente utilizados pelas indústrias (óleo

combustível = 41 MJ/Kg, querosene = 46 MJ/Kg, carvão = 18,6 a 27,9 MJ/Kg etc) e

pelo próprio consumidor (gasolina = 44 MJ/Kg, diesel = 46 MJ/Kg, gás natural = 14

MJ/Kg etc) (GOULART et al, 1999), o resíduo sólido em questão, o pneu, possui

elevado poder calorífico (36,4 MJ/Kg) podendo ser usado para a geração de energia,

porém é necessário o tratamento dos gases provenientes da queima.

A Tabela 5.5 mostra os resultados, calculados através do TG, dos teores dos

resíduos não degradados pela pirólise de algumas amostras dessa tese. O pneu

moído apresenta uma grande quantidade de aditivos inorgânicos na sua formulação.

Esse resultado corrobora o apresentado na Tabela 5.4. A Mistura I (teor de

resíduo = 5%) tem poder calorífico maior do que a Mistura IV (teor de resíduo =

22%). De um modo geral, quanto maior a quantidade de resíduo que não pirolisa,

menor será o poder calorífico para amostras com mesmos componentes.

Também pode-se relacionar esses resultados ao aumento da concentração

de enxofre. A Mistura I (1 phr) e a banda de rodagem (1-2 phr) (MARK, 1981)

(MARWEDE, 1992) que tem menores concentrações de enxofre, têm menos

resíduos da pirólise que a Mistura III (3 phr) e o pneu (5-10 phr) (MIRMIRAN, 1992)

que possuem maiores quantidades de enxofre. As Misturas III e IV e o pneu são

amostras mais reticuladas.

Tabela 5.5 Percentual de resíduo inerte (cargas e aditivos inorgânicos) calculado

através do TG das amostras em N2

Amostras Teor de resíduo (%)

Mistura I 5

Mistura IV 22

Banda de rodagem 2

Pneu moído 28

60

5.2.2 DEGRADAÇÃO TÉRMICA

As amostras do elastômero SBR, da banda de rodagem e de pneus foram

degradadas em TG. O processo de degradação foi conduzido em atmosfera inerte e

oxidante.

A) Pirólise

Na presença de nitrogênio, N2, que é um gás inerte, a amostra de pneu moído

apresentou-se termicamente mais estável que as outras, e isto pode ser observado

através das curvas da análise de TG (Figura 5.7) e DTG (Figura 5.8). Também deve

ser considerado o fato dos pneus apresentarem em sua formulação uma quantidade

maior de aditivos que não degradam em N2, tornando-o mais estável a temperatura.

Figura 5.7 Curvas de TG do SBR, das Misturas I e III, da banda de rodagem e dos

pneus moídos em N2

61

Figura 5.8 Curvas de DTG do SBR, das Misturas I e III, da banda de rodagem e dos

pneus moídos em N2

Observou-se que há uma grande semelhança nas degradações das misturas

com maior percentual de enxofre (III e IV) com os pneus moídos. Provavelmente, o

pneu apresenta um nível de teor de reticulação semelhante ou maior ao das

Misturas III e IV, o que o torna mais estável a temperatura.

Nas amostras do SBR não vulcanizado e da Mistura I que contém 1 phr de

enxofre na formulação, as perdas de massa foram praticamente 100%.

A curva de TG do SBR mostrou dois mecanismos diferentes de perdas de

massa (~280ºC e ~430ºC) (Anexo B). O primeiro pico é referente a volatilização do

óleo e o segundo a degradação da borracha.

A Mistura I e a banda de rodagem apresentaram três mecanismos de

degradação bastante semelhantes; atribuiu-se ao fato da Mistura I apresentar uma

formulação próxima à de uma banda de rodagem.

As pequenas diferenças encontradas nos resultados da Mistura I e da banda

de rodagem, podem estar na presença de polibutadieno (BR) na composição da

banda que apresentou três picos na faixa de 350 a 430ºC. O BR se decompõe em

62

dois estágios entre 370 e 470ºC (Anexo C) (APPLICATIONS LAB – PERKIN

ELMER).

A Tabela 5.6 mostra detalhadamente os valores correspondentes aos picos

máximos das degradações das amostras do SBR não vulcanizado, da Mistura I, da

banda de rodagem e de pneus moídos em atmosfera de N2.

Todas as amostras apresentaram picos em torno de 250ºC e 450ºC, que

podem representar a volatilização do óleo ou de aditivos voláteis (ceras e resinas) e

a degradação do elastômero SBR, respectivamente. Esse resultado foi também

obtido na degradação do SBR cru.

No caso do pneu, as regiões que apresentaram maior quantidade de picos

estão entre 340ºC e 450ºC, sendo os picos a 345 e 428ºC, com perdas de massa de

61% atribuídos às degradações dos elastômeros SBR e BR, respectivamente,

principais componentes da formulação dos pneus. Maurer (MAURER, 1981) também

observou esse estágio de degradação entre 340 e 450ºC no pneu que pode indicar a

presença de alguns elastômeros, entre eles copolímero de butadieno-estireno,

polibutadieno e poliisopreno (borracha natural), encontrados normalmente em

pneus. Estudos mostram que os elastômeros presentes nos pneus degradam até

500ºC em atmosfera inerte, sendo o poliisopreno (borracha natural) a 370ºC e o

polibutadieno entre 350 e 460ºC (MAURER,1981). A degradação do SBR ocorre

entre 280 e 450ºC, valores obtidos experimentalmente nessa tese. Apesar de se ter

essas informações, é difícil a identificação de cada um dos elastômeros presentes

nos pneus através de TG.

Outro estudo também confirma o resultado obtido nessa tese em que verificou-

se que a pirólise de pneus, através de TG, se processa em três estágios distintos

(200-350ºC, 350-450ºC e 450-550ºC) e diz-se que a pirólise está completa a 550ºC.

Os picos presentes na primeira faixa (200-350ºC) podem ser atribuídos à

volatilização da mistura de óleos, plastificantes e outros aditivos. Os picos da

segunda e terceira faixa, podem representar a decomposição térmica da borracha

natural, do polibutadieno e do copolímero de butadieno-estireno, respectivamente,

principais componentes dos pneus (DÍEZ, 2003). O resíduo restante pode

corresponder a outros aditivos inorgânicos da formulação ou carvão,

hidrocarbonetos sólidos e óxidos metálicos (CUNLIFFE, 1998). Porém, outro autor

atribuiu parte da segunda faixa de degradação à decomposição térmica da borracha

natural e a terceira faixa a decomposição do BR e do SBR simultaneamente

63

(SENNECA, 1999). Chen e colaboradores (CHEN, 2003) observaram os mesmos

produtos da degradação térmica a partir de TG.

Tabela 5.6 TG do SBR não vulcanizado, da Mistura I, da banda de rodagem e de

pneus em N2

Gás de purga (N2)

SBR Mistura I Banda de rodagem Pneu moído

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

279 28 254 14 270 18 242 11

- - - - 357 6 345 30

- - - - - - 397

- -

427 71 429 56 427

33

428 31

- - 528 5 - - - -

- - 641 20 - - - -

Perda total

de massa

(%)

99 95 98 72

Segundo a literatura (SHIMADZU, 1988) (MAURER, 1981), o material não

degradado do pneu é composto basicamente de negro de fumo e substâncias

inorgânicas.

Outro fato importante que deve ser considerado é que os elastômeros

utilizados nos pneus possuem tipos de negros de fumo diferentes daquele utilizado

nas formulações preparadas no IMA e do usado no elastômero cru. Esses também

podem ser responsáveis pelas diferentes temperaturas das degradações (MAURER,

1981).

A Mistura I foi a única que apresentou dois picos a partir de 500ºC. Segundo a

literatura, como já mencionado, o negro de fumo não degrada em atmosfera inerte

(MAURER, 1981). Porém, observou-se através da análise do próprio negro de fumo

64

utilizado nessa tese que o mesmo a partir de 500ºC sofre algum processo de pirólise

perdendo massa. A Mistura I e a banda de rodagem apresentam em suas

composições 30 phr e 67 phr (MARWEDE, 1992) de negro de fumo,

respectivamente, porém observou-se a pirólise quase total desses.

B) Incineração

Na presença de oxigênio, observou-se perdas de massa, através de TG,

próximas a 100% para todas as amostras. As perdas de massa verificadas

apresentaram (Figura 5.9) picos com temperaturas semelhantes aos verificados na

pirólise apesar de consistirem de mecanismos de degradação bastante distintos.

Esses picos (Figura 5.10) foram atribuídos a materiais voláteis e óleo (até 300ºC),

elastômeros (até 500ºC) e negro de fumo (a partir de 500ºC) mais os processos de

oxidação. Novamente, os elastômeros degradam na faixa de 350-500ºC, sendo

difícil a identificação de cada um deles.

As curvas de análise térmica do SBR podem ser referentes a volatilização do

óleo (~250ºC), a degradação do próprio polímero (~400ºC) e do negro de fumo

(~450ºC), materiais presentes no polímero comercial.

A banda de rodagem perde toda a massa em três estágios (de 200 a 250ºC)

que pode corresponder à perda de óleo, (de 300 a 330ºC) e (de 330 a 350ºC) que

podem corresponder, respectivamente, às degradações dos polímeros BR e SBR

presentes na formulação. O polibutadieno pode sofrer degradação termoxidativa a

temperatura mais baixa que os outros materiais estudados, como também

observado na literatura (DÍEZ, 2003). O polibutadieno é um polímero bastante

susceptível à oxidação devido ao seu grande número de duplas ligações.

Provavelmente, por essa razão a banda de rodagem degrada antes que o SBR. O

mesmo foi observado para o pneu moído, que apresenta BR em sua composição e

degradou a temperaturas mais baixas que a Mistura I, composta de um único

elastômero, SBR.

65

Figura 5.9 Curvas de TG do SBR, da Mistura I, da banda de rodagem e de pneus

moídos em atmosfera de O2

Figura 5.10 Curvas de DTG do SBR, da Mistura I, da banda de rodagem e de pneus

moídos em atmosfera de O2

66

Segundo Pearce e colaboradores, o polibutadieno decompõem-se em ar a

380ºC e o SBR a 370ºC (PEARCE et al,1981) corroborando que suas faixas de

degradação são muito próximas.

Todas as temperaturas de degradação dos produtos do pneu apresentaram

valores maiores que aquelas do SBR não vulcanizado.

A Tabela 5.7 mostra comparativamente os valores correspondentes aos picos

máximos das degradações das amostras de SBR, Mistura I, banda de rodagem e

pneus moídos em atmosfera de O2.

Tabela 5.7 TG do SBR não vulcanizado, da Mistura I, da banda de rodagem e dos

pneus em atmosfera de O2

Gás de purga (O2)

SBR Mistura I Banda de rodagem Pneu moído

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

251 16 243 9 233 8 242 11

- - 366 332 91

372 13

386 70 381

52

344 - - -

- - 458 15 - - 419 32

492 13 - - - - 481 40

- - 526 20 - - - -

- - - - - - 542 3

Perda total

de massa

(%)

99 96 99 99

Com exceção da banda de rodagem, todas as outras amostras apresentaram

maior número de picos referentes às degradações dos elastômeros em atmosfera

oxidante (entre 350 e 450ºC) em comparação a atmosfera de N2. A banda de

67

rodagem (67 phr de negro de fumo) também não apresentou o pico correspondente

ao negro de fumo, diferentemente da Mistura I e da amostra de pneu (>500ºC).

Pautrat e colaboradores (PAUTRAT, 1976) observaram diferentes

temperaturas de decomposição em atmosfera oxidante (ar) dos diferentes tipos de

negros de fumo utilizados em misturas elastoméricas (PAUTRAT, 1976). O tipo de

negro de fumo é importante, pois influencia de maneiras diferentes na decomposição

térmica (MAURER, 1981).

As curvas de TG na Figura 5.11 e as de DTG da Figura 5.12 do SBR da

Mistura I, da banda de rodagem e do pneu apresentaram comportamentos

semelhantes em relação as perdas de massa na degradação em atmosfera

extremamente oxidante (O2).

O pneu foi o que apresentou maior diferença, provavelmente devido à grande

variedade de aditivos presentes em sua composição que o tornam mais instável em

atmosfera mais oxidante. Esse resultado é bastante promissor para a reciclagem

energética, pois a temperaturas abaixo de 500ºC, já é possível queimar 96% do

pneu.

Figura 5.11 Curvas de TG do SBR, da Mistura I, da banda de rodagem e dos pneus

moídos em atmosfera de ar sintético

68

Figura 5.12 Curvas de DTG do SBR, da Mistura I, da banda de rodagem e dos

pneus moídos em atmosfera de ar sintético

Como já esperado, em ar sintético (Tabela 5.8) as amostras comportaram-se

termicamente um pouco mais estáveis que em oxigênio. Em presença de O2, as

amostras degradaram com formação de mais picos, que podem ser provenientes

de rearranjos entre os ingredientes das formulações e também com o oxigênio.

Quanto às perdas de massa, também houve degradação quase total de

todas as amostras em ar.

Comparando-se a Mistura I e a banda de rodagem observou-se que em ar

sintético, houve o aparecimento de mais picos em temperaturas mais elevadas para

a banda de rodagem, resultado que corrobora os encontrados: a banda de rodagem

apresenta em sua composição BR, polímero bastante susceptível a termoxidação.

69

Tabela 5.8 TG do SBR não vulcanizado, da Mistura I, da banda de rodagem e dos

pneus em atmosfera de ar sintético

Gás de purga (ar sintético)

SBR Mistura I Banda de rodagem Pneu moído

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

Picos

T(ºC)

Perdas de

massa (%)

271 18 240 10 261 16 - -

357 369 - - 342

385 390

50 380 -

27

-

395

68 - - 412

36

413 17

- - 457 16 - - - -

524 13 530 19 513 508 10

- - - - 584

45

588 26

Perda total

de massa

(%)

99 95 97 80

A avaliação das temperaturas de degradação dos pneus inservíveis moídos

novamente mostrou que quanto mais oxidante o meio, maior o percentual de perda

de massa (Figura 5.13).

70

Figura 5.13 Curvas de TG e DTG dos pneus moídos em atmosferas de N2, O2 e ar

sintético

5.3 ANÁLISE DOS GASES DA DEGRADAÇÃO

Como o objetivo principal desse trabalho foi avaliar as emissões oriundas da

queima dos pneus (incineração), buscou-se qualificar e quantificar as emissões das

captações ocorridas em ar sintético através de TG em cromatografia e equipamento

de análise de emissões (Testo).

5.3.1 MISTURAS PREPARADAS NO LABORATÓRIO

Primeiramente, fez-se a avaliação dos gases emitidos nas queimas das

Misturas I e III através de cromatografia gasosa. As emissões provenientes da

Mistura I foram injetadas no cromatógrafo a temperatura ambiente, e também foram

condicionadas a –22ºC e posteriormente injetadas a temperatura ambiente. Todas

as emissões da Mistura III foram apenas condicionadas a baixa temperatura.

A Mistura I foi escolhida por conter a quantidade de agente de vulcanização

próximo ao real da formulação da banda de rodagem do pneu como mostrou a

71

literatura (MARK, 1971), e a Mistura III por conter um excesso do mesmo para

avaliação nas modificações das emissões.

A) Espectrometria de massas

Fez-se análises qualitativas das amostras por indisponibilidade de padrões e

perda de amostra nas captações, requisitos principais para uma análise quantitativa.

Essas perdas foram ocasionadas por indisponibilidade dos equipamentos no

momento das captações, havendo necessidade de armazenamento das seringas a

baixa temperatura.

Através das análises de CG/MS conduzidas em atmosfera de H2 dos gases

efluentes captados de forma isotérmica (em ar sintético) em equipamento TG,

observou-se a presença de gases como óxidos de carbono, COx (CO2 + CO), óxidos

de nitrogênio NOx (NO2 + NO), metano (CH4), hidrocarbonetos, compostos cíclicos e

alguns monômeros provavelmente oriundos do copolímero de butadieno-estireno,

polibutadieno e poliisopreno (borracha natural), principais elastômeros utilizados na

produção dos pneus.

As Figuras 5.14, 5.15 e 5.16 mostram, respectivamente, as análises da

Mistura I com captações a 350 e 450ºC (injeções na temperatura ambiente) e, a

650ºC com condicionamento a –22ºC. Os picos assinalados correspondem aos

encontrados com maiores probabilidades (50%), sendo assim, os picos que não

estão identificados apresentaram proporções abaixo de 50% e serão detalhados na

Tabela 5.9.

72

Figura 5.14 Curvas de CG/MS das emissões provenientes da Mistura I degradada a

350ºC

Figura 5.15 Curvas de CG/MS das emissões provenientes da Mistura I degradada a

450ºC

73

Figura 5.16 Curvas de CG/MS das emissões provenientes da Mistura I degradada a

650ºC (condicionada a –22ºC)

Observou-se que, na temperatura de injeção a 650ºC (Figura 5.16) com

condicionamento a –22ºC, houve o aparecimento de um número maior de picos não

verificados nas emissões sem condicionamento (Tabela 5.9). Esse comportamento

pode ser atribuído ao abaixamento da temperatura que faz com que a pressão de

vapor diminua, dificultando o escape de gases mais voláteis e facilitando a

identificação dos produtos emitidos na degradação. Porém, pode-se afirmar que

todos os produtos presentes nas emissões de pneus captados e injetados a

temperatura ambiente são encontrados nos processos de incineração de pneus.

Os polímeros, quando submetidos a um tratamento térmico, podem

apresentar mudanças estruturais caracterizadas por ruptura de ligações químicas

(LUCAS, 2001). Essas modificações químicas são evidenciadas pela diminuição na

massa molar com evolução de produtos voláteis conforme se observou nas análises

de TG e cromatografia gasosa.

Através da análise de espectrometria de massas das emissões da Mistura I

com condicionamento a –22ºC, observou-se uma grande quantidade de compostos

gerados (Tabela 5.9) na sua queima.

74

As emissões obtidas a 650ºC e condicionadas a –22ºC mostraram a presença

de compostos mais voláteis. O condicionamento permitiu verificar esses compostos,

não perceptíveis quando captados e injetados a temperatura ambiente.

A Tabela 5.10 mostra detalhadamente as substâncias encontradas nas

análises das Misturas I e III. Foram listadas na mesma tabela tanto as substâncias

encontradas em altas proporções (95%) como as de menores proporções (5%).

Observou-se que o dióxido de carbono e o óxido de nitrogênio foram gases

encontrados em quase todas as análises, como o metano. Hidrocarbonetos com

cadeias pequenas (até cinco átomos de carbono) também foram observados em

praticamente todas as análises. Hidrocarbonetos aromáticos foram verificados em

temperatura mais elevada juntamente com clorados, nitrogenados e o metal titânio.

A variedade de produtos nas emissões é grande.

O número de constituintes obtidos a partir da Mistura III é menor que o da

Mistura I a 650ºC, cujas emissões foram condicionadas a –22ºC. O fato da Mistura

III estar mais reticulada pode ter dificultado a sua degradação, como já observado

nos resultados de análise térmica por TG.

Observou-se que com o aumento da temperatura de degradação, aumenta-se

a complexidade dos compostos, isto é, a 350ºC obteve-se maior número de

compostos cíclicos e a 650ºC observou-se também compostos aromáticos.

Essas simulações demonstraram a diversidade dos gases gerados e

emanados para o ar atmosférico a partir da queima dos pneus. Normalmente esses

gases causam danos a saúde e ao meio ambiente. Verificou-se também o

aparecimento de gases de efeito estufa, principalmente (CO2 e CH4), nessas

análises.

76Tabela 5.9 Substâncias encontradas nas emissões da Mistura I a 350ºC, 450ºC e 650ºC e seus pesos moleculares condicionadas

a –22ºC ou não Captações

Substâncias Pesos moleculares (g/mol)350ºC 450ºC 650ºC

650ºC com condicionamento (-22ºC)

Metano 16 X

Amônia 17 X X

Vapor d’água 18 X

etano 43 X

Dióxido de carbono 44 X X X

Dióxido de nitrogênio 46 X X

ciclobutadieno 52 X X

Butadieno 54 X X X

isopreno 54 X

butino 55 X

Propanonitrila 55 X

buteno 56 X

Ciclobutano 56 X

ciclobutadieno 58 X

Propanona 58 X

butano 58 X

penteno 64 X

Pentadieno 68 X

pentano 72 X

Furano 82 X

diclorometano 85 X

hexano 86 X

heptano 100 X X

ciclohexanodiona 112 X

octeno 112 X

Ácido hexanóico 116 X

deceno 140 X

decano 142 X

77

Tabela 5.10 Análises de CG/MS das emissões provenientes das Misturas I e III T(ºC)

de queima

(TG)

T(ºC) de

Condicionamento

Mistura I

Mistura III

350

30

Gases: óxido de nitrogênio; dióxido de carbono;

amônia

Hidrocarbonetos: ciclobutadieno; ciclobutano;

butadieno.

Cetona: propanona

-

350

-22

Gases: dióxido de carbono e dióxido de

nitrogênio

Gases: metano,

dióxido de carbono e

óxido de nitrogênio;

Hidrocarbonetos:

isopentano, butano

propanonitrila e

oxetanona.

450

30

Gases: COS.

Hidrocarbonetos: butadieno;

buteno; butileno; butino; pentadieno; isopreno;

decano; heptano; ciclopentil.

Amina: piperidina

-

650

30

Gases: dióxido de carbono; vapor d’água;

propanonitrila

-

650

-22

Gás: dióxido de enxofre;

Hidrocarbonetos: butano, pentano, penteno,

hexano, heptano, octeno, cilohexano, metano,

etano, deceno, ciclo octano, butadienil,

butadieno.

Cetonas: ciclohexanodiona, acetona, furanona,

ciclobutanona, furano.

Aldeídos: propanal, hexanal, formaldeído.

Álcool: butanol, pentanol, tetradecanol, decanol.

Aromáticos: benzeno, tolueno, pirrol;

Outros: titânio, cloroetano, nitrometano,

vinilmetiléter, oxirano, silano, diclorometano,

etanamina, piperidina, ácido hexanóico, ácido

butanóico e clorofórmio.

Gases: metano,

dióxido de carbono e

óxido de nitrogênio;

Hidrocarbonetos:

benzeno e

cicloheptatrieno;

outros: ácido

propenóico

78

B) Cromatografia gasosa FID-TCD

As análises de cromatografia indicaram as quantidades percentuais em % p/v

dos gases analisados. Primeiramente, buscou-se fazer quantificações das emissões

oriundas das captações a 350ºC com condicionamento a –22ºC e injeções a

temperatura ambiente (Tabela 5.11).

Observou-se a presença, em maior proporção, de compostos de seis a sete

átomos de carbono nas emissões da Mistura I degradada e compostos de quatro a

cinco átomos de carbono, na Mistura III.

Tabela 5.11 CG-FID/TCD em atmosfera de H2 das emissões provenientes das

Misturas I e III degradadas a 350ºC (Condicionadas a –22ºC)

Substâncias Tr

(min) Mistura I

(%p/v) Mistura III

(%p/v)

Metano 1,6 0,2 1,5

CO2 1,9 1,4 1,3

NOx 2,7 - 0,2

C2 – C3 3,6 – 8,3 2,5 5,2

C3 – C4 8,3 – 13,8 16,0 11,5

C4 – C5 13,8 – 22,7 7,0 60,5

C6 – C7 27,7 – 34,5 67,0 15,2

C7 – C10 34,5 – 45,8 5,8 -

Como observado nas análises de propriedades mecânicas, a Mistura III (3 phr

de enxofre) está aparentemente mais reticulada que a Mistura I (1 phr de enxofre).

Quando se tem uma quantidade maior de enxofre, mais eles se combinam com o

elastômero, ou seja, a Mistura III terá mais ligações do tipo C-S (Energia de ligação

<262 KJ/mol). Tais ligações são mais prováveis de romperem que ligações C-C

(Energia de ligação = 344 KJ/mol), assim, a Mistura III terá mais compostos de

menores pesos moleculares que a Mistura I, como confirmado na Tabelas 5.10 e

5.11.

Também analisou-se as emissões com captações a 650ºC, mostradas na

Tabela 5.12.

79

Comparando-se as emissões a 350 e 650ºC, observou-se que as

provenientes da degradação da Mistura I não variaram em função da temperatura de

degradação. Porém, a Mistura III apresentou aumento das emissões de compostos

entre C6 e C7 a 650ºC e decréscimo das emissões entre C4 – C5. Permite-se a

quebra de mais ligações C-C com o aumento de temperatura.

Pode-se comparar esses resultados aos de estudos que mostram que os

hidrocarbonetos voláteis gerados na decomposição térmica em atmosfera inerte do

SBR são formados principalmente de compostos com quatro átomos de carbono em

diante e são provenientes da despolimerização do elastômero. Esses compostos

presentes em maiores concentrações são formados primeiro, isto é, a temperaturas

mais baixas (350ºC). Essa diferença de formação primeiro dos compostos maiores

pode ser atribuída a quebras moleculares diretamente na cadeia do SBR

(LARESGOITI, 2000).

Tabela 5.12 CG-FID/TCD em atmosfera de H2 das emissões provenientes das

Misturas I e III degradadas a 650ºC (Condicionadas a –22ºC)

Substâncias Tr (min)

Mistura I(%p/v)

Mistura III (%p/v)

NOx 2,7 - 13,4

C2 – C3 3,6 – 8,3 2,6 3,3

C3 – C4 8,3 – 13,8 16,1 4,5

C4 – C5 13,8 – 22,7 7,1 55,2

C6 – C7 27,7 – 34,5 68,1 23,6

C7 – C10 34,5 – 45,8 6,0 -

5.3.2 OUTRAS AMOSTRAS

Fez-se a avaliação através de cromatografia gasosa dos gases emitidos pelas

queimas em TG das amostras do SBR não vulcanizado e de pneus nas

temperaturas das queimas a 350, 450 e 650ºC a temperatura ambiente e com

condicionamento a –22ºC, conforme descrito no item 4.2.9 A da Metodologia.

Também, avaliou-se os gases provenientes da queima dos pneus em forno

nas temperaturas de 350 e 800ºC com injeções sem condicionamento.

80

A) Espectrometria de massas

Emissões analisadas sem condicionamento obtidas em TG

Observou-se a formação de picos (Figuras 5.17 e 5.18) correspondentes

principalmente a gases como dióxido de carbono, óxidos de nitrogênio, metano,

hidrocarbonetos, compostos cíclicos e alguns monômeros provavelmente oriundos

dos elastômeros SBR, polibutadieno e poliisopreno (borracha natural), utilizados na

produção dos pneus.

Figura 5.17 Curvas de CG/MS de emissões provenientes da degradação de pneus

a 350ºC

81

Figura 5.18 Curvas de CG/MS de emissões provenientes da degradação de pneus a

450ºC

A Tabela 5.13 mostra detalhadamente as substâncias que evidenciam os

picos encontrados através das análises gráficas (encontrados com mais de 50% de

probabilidade) e também os encontrados em menores proporções.

Observou-se que houve um maior número de emissões entre 350 e 450ºC,

principalmente de compostos com cadeias maiores.

Apesar das captações nessa fase da tese terem sido feitas em atmosfera de

ar sintético, houve uma grande semelhança entre esses resultados e os da literatura

(CUNLIFFE, 1998) em atmosfera inerte (pirólise) para os pneus. Compostos como:

CH4, C4H6 e CO2 dentre outros hidrocarbonetos gasosos em menores concentrações

foram verificados. O butadieno também foi encontrado tanto nessa tese como nos

resultados literários, podendo ser atribuído a degradação do SBR. Williams e Taylor

sugeriram que o H2, o CH4 e o eteno são derivados de reações secundárias de

aromatização produzindo hidrocarbonetos aromáticos (WILLIAMS e TAYLOR, 1993).

82

Tabela 5.13 - CG/MS em atmosfera de H2 das emissões provenientes da

degradação do SBR não vulcanizado e de pneus inservíveis T(ºC)

de queima

(TG)

SBR

Pneus moídos

350

Gases: dióxido de carbono.

Hidrocarbonetos: butano

Gases: Óxido de nitrogênio; dióxido de carbono;

Hidrocarbonetos: butadieno; isopreno; ciclobutano;

ciclobuteno; ciclopropano.

Aldeídos e cetonas: propenal; propanona; furanodiona.

fenol; oxirano.

450

_

Hidrocarbonetos: estireno; propeno; isobuteno

isobutileno; isopreno; butadieno; ciclopropano; ciclopentadieno;

ciclopenteno; vinilciclopenteno;

etilvinilacetileno;buteno;isopenteno.

Aromáticos: benzeno

650

Gases: metano. Gases: dióxido de carbono, metano.

Hidrocarbonetos: butano e buteno.

Furano

A grande semelhança entre os trabalhos da literatura conduzidos em

atmosfera inerte (pirólise) e os do presente trabalho (ar sintético) pode ser atribuída

a grande quantidade de nitrogênio presente no ar sintético e também a reações que

ocorrem tanto em meio inerte como oxidante, pois são características de

degradações térmicas.

A 450ºC pode-se observar o aparecimento do composto aromático benzeno

que pode ser atribuído a reações de aromatização Diels-Alder. A complexidade dos

compostos aumenta com o acréscimo das temperaturas de degradação que permitiu

arranjos moleculares: a 350ºC observou-se compostos cíclicos, em 450ºC, já se

notou aromáticos; e em 650ºC em especial o furano. Também foi verificado que o

percentual de alifáticos diminui, acompanhando o crescimento do percentual de

aromáticos (benzeno) com o aumento da temperatura a partir de 450ºC (CUNLIFFE,

1998).

83

Emissões analisadas sem condicionamento obtidas em Forno

As análises realizadas no forno teoricamente são mais completas, isto é, um

maior número de emissões podem ser verificadas, pois uma maior quantidade de

amostra é utilizada nessa avaliação. Porém, houve perdas na maioria das tentativas

de captações em virtude do tamanho do forno (gases poderiam escapar pelas

laterais) e por indisponibilidade de equipamentos no momento das captações foi

necessário o armazenamento em freezer (item 4.3.6 A metodologia).

Optou-se em utilizar o analisador termogravimétrico nessa tese em virtude

das perdas durante as análises das captações feitas no forno a 350ºC e 800ºC

terem sido grandes para a maioria das amostras.

Na captação a 800ºC, apenas o pico correspondente ao dióxido de carbono

pode ser verificado. Esse fato pode ser atribuído a um erro experimental na captação

da amostra, pois a queima na referida temperatura foi extremamente rápida.

Observou-se, na captação a 350ºC, a formação de picos (Anexo C) que

podem corresponder a substâncias como: dióxido de enxofre, penteno, pentano,

eteno, ciclopentanometanol, pirano, furano, dodecadieno, trifluoroetano, titânio,

pirrol, acetona, vanádio, propanal, ácido 1,2-benzenodicarboxílico etc. A maioria

desses compostos não foram observados nas análises com captações em TG.

Verificou-se que as análises captadas em TG e no forno diferem

provavelmente pela quantidade de amostra queimada e o tamanho do forno, sendo

complementares para uma análise real das emissões oriundas da queima dos

polímeros do presente estudo.

Emissões analisadas com condicionamento a –22ºC obtidas em TG.

O condicionamento continua sendo um fator importante na captação dos

gases oriundos da queima, sendo que nesse caso não promoveu diferenças

significativas em relação à temperatura ambiente. As emissões provenientes das

misturas e das amostras de pneus injetadas, a temperatura ambiente, mostraram

picos de degradação semelhantes.

As Figuras 5.19 e 5.20 demonstram as análises dos picos com

condicionamento a baixas temperaturas das amostras de pneus a 450 e 650ºC.

84

Figura 5.19 Curvas de CG/MS das emissões provenientes da degradação de pneus

a 450ºC em TG (condicionamento a –22ºC)

Figura 5.20 Curvas de CG/MS das emissões provenientes da degradação de pneus

a 650ºC em TG (condicionamento a –22ºC)

Na decomposição do SBR também foram encontrados gases como: dióxido e

monóxido de carbono, butano, isopentano etc, mostrados na Figura 5.21 e na

Tabela 5.14.

85

Figura 5.21 Curvas de CG/MS das emissões provenientes da degradação do SBR a

350ºC em TG (condicionamento a –22ºC)

A Tabela 5.14 mostra detalhadamente os picos verificados (tanto acima de

50%, quanto abaixo desse valor de percentual) através das análises de CG/MS do

SBR e dos pneus com condicionamento a baixas temperaturas.

As emissões do pneu e do SBR apresentaram picos correspondentes aos

óxidos de carbono e hidrocarbonetos provenientes das quebras moleculares. A

450ºC observou-se o aparecimento do composto furano.

O furano forma-se normalmente entre 400 e 700ºC (CONNELL, 1997)

(TAYLOR, 2001), resultado confirmado como verificado. Vale lembrar, que o furano

é um composto que causa sérios impactos à saúde humana.

86

Tabela 4.14 CG/MS das emissões provenientes da queima do SBR e dos pneus

moídos com condicionamento a –22ºC

Temperatura de queima

SBR Pneus moídos

350

Gases: monóxido de carbono;

metano; dióxido de carbono.

Hidrocarbonetos: butano;

isopentano

-

450

-

Gases: dióxido de carbono

Hidrocarbonetos: propeno; 1,2-

pentadieno; 1,3-butadieno

Cetona: propanona

Furano

650

Gases: monóxido de carbono Gases: dióxido de carbono

Hidrocarbonetos: butano,

isobutano, pentano

B) Cromatografia gasosa FID-TCD

Através das análises de cromatografia gasosa FID-TCD, efetuadas nas

captações a 350ºC para o SBR e 450ºC para os pneus, observou-se (Tabela 5.15)

principalmente picos que evidenciam a presença de gás carbônico, metano, óxido de

nitrogênio (gases de efeito estufa) e hidrocarbonetos entre C1 e C10. As emissões da

borracha SBR foram mais intensas e relevantes para moléculas de C4 a C5,

resultado atribuído ao fato do SBR não apresentar ligações cruzadas, facilitando

dessa forma as quebras das ligações intermoleculares.

Na análise dos pneus, observou-se emissões a partir de C2 com maior

presença de compostos de C6 a C7. Esses compostos também foram observados

nas análises de CG/MS.

Laresgoiti e colaboradores (LARESGOITI, 2000) também verificaram

compostos semelhantes ao dessa tese: CO, CO2, H2S, C2 (etano e eteno), C3

87

(propano e propeno), C4 (butano e buteno, etc), C5 (pentano e penteno, etc) e C6

(hexano e hexeno) etc.

Tabela 5.15 CG/FID-TCD das emissões oriundas da degradação do SBR a 350ºC e

dos pneus inservíveis a 450ºC (condicionamento a –22ºC)

Substâncias Tr (min)

Borracha SBR(%p/v)

Pneus moídos (%p/v)

Metano 1,6 2,2 -

CO2 1,9 1,2 -

NOx 2,6 0,1 -

C1 – C2 2,7 10,0 -

C2 – C3 3,6 – 8,3 9,8 5,6

C3 – C4 8,3 – 13,8 24,2 12,2

C4 – C5 13,8 – 22,7 42,1 5,9

C6 – C7 27,7 – 34,5 10,3 63,8

C7 – C10 34,5 – 45,8 - 12,4

Observou-se que os resultados das análises de CG/FID-TCD apresentaram

compostos semelhantes (metano, dióxido de carbono, óxido de nitrogênio,

hidrocarbonetos, etc) aos encontrados nas análises anteriores (CG/MS).

Foi verificado que para os pneus moídos as emissões captadas em GC/FID-

TCD mais detectadas foram de compostos de seis a sete átomos de carbono, e para

a borracha as emissões captadas a 350 e 650ºC no mesmo equipamento mais

observadas, foram os compostos de quatro a cinco átomos de carbono.

A Tabela 5.16 mostra os resultados das análises do SBR e dos pneus moídos

com captações a 650ºC. As emissões oriundas da queima dos pneus são

semelhantes as da Mistura III nas mesmas condições.

Nessa temperatura, houve uma uniformização dos produtos emitidos a partir

dos pneus obtendo-se quase 90% de compostos entre C4 e C7. O resultado é

excelente, pois podem ser gerados combustíveis de interesse comercial.

88

Tabela 5.16 CG/FID-TCD das emissões oriundas da degradação a 650ºC do SBR e

de pneus moídos (condicionadas a –22ºC)

Substâncias Tr (min)

Borracha SBR(%p/v)

Pneus moídos (%p/v)

Metano 1,6 0,1 -

CO2 1,9 - -

C1 – C2 2,7 0,3 -

C2 – C3 3,6 – 8,3 11,2 0,9

C3 – C4 8,3 – 13,8 9,9 8,2

C4 – C5 13,8 – 22,7 61,1 48,2

C6 – C7 27,7 – 34,5 17,4 38,7

C7 – C10 34,5 – 45,8 - 4,0

5.3.3 ANÁLISE DOS GASES COM MONITORAMENTO DAS EMISSÕES

O monitoramento das emissões também foi feito através da queima de todas

as amostras (Misturas I a IV, banda de rodagem, SBR e pneus moídos) em forno,

porém avaliadas digitalmente através do equipamento TESTO 350.

Essas análises no equipamento testo vem complementar as caracterizações

da cromatografia. Essa análise é bastante segura para avaliação de gases de baixo

peso molecular, como o monóxido e dióxido de carbono, monóxido e dióxido de

nitrogênio e dióxido de enxofre oriundos da queima que muitas vezes perdem-se nas

captações.

Muitos dos gases citados são geradores do efeito estufa, daí a importância do

teste. Aparentemente não houve perda dos gases oriundos da degradação de

material, já que o sensor do equipamento esteve em contato direto com cada

amostra.

A) Misturas I, II, III e IV.

89

A Figura 5.22 mostra a quantificação de monóxido de carbono presente nas

emissões provenientes da queima das Misturas I a IV. As emissões de CO

apresentaram o mesmo comportamento, nas temperaturas analisadas, em todas as

amostras, sendo que a Mistura III apresentou valores distintos a 350ºC e 650ºC.

A Mistura III mostrou, de forma não esperada, menor teor de CO na queima a

350ºC. Todas as misturas apresentaram mais altas quantidades de emissões de

monóxido de carbono a 650ºC.

O nível de CO, juntamente com fuligem e NOx, pode ser aumentado pela

redução drástica do ar que leva a formação de grandes quantidades de carvão

incombusto. O excesso de ar está diretamente ligado à eficiência global da queima

(TEIXEIRA, 2002). Grandes quantidades de fuligem foram observadas nas

presentes análises até 650ºC, concluindo-se que a combustão se processou

incompletamente.

(a)

0100020003000400050006000

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

Mon

óxid

o de

car

bono

(p

pm)

(b)

0100020003000400050006000

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

Mon

óxid

o de

car

bono

(p

pm)

(c) (d)

Figura 5.22 Emissões de monóxido de carbono em

queima das a) Mistura I b) Mistura II c) Mi

010002000

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

Mon

óx(p

função da temperatura da

stura III d) Mistura IV

010002000

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

3000

Mon

óxid

o de

car

bono

(p

pm)

30004000

pm)

50006000

ido

de c

arbo

no

400050006000

90

A Mistura I apresentou as maiores concentrações de dióxido de carbono a

50 e 650ºC como mostra a Figura 5.23. As Misturas II, III e IV foram as que

ro e, verificou-

e que quanto mais reticulada é a amostra, menor a quantidade de CO2 emitida.

função da temperatura da queima

a III d) Mistura IV

3

emitiram menos dióxido de carbono em todas as temperaturas.

A emissão de CO2 demonstra combustão completa do elastôme

s

Assim, as amostras mais reticuladas são aquelas que têm mais dificuldades de

completarem a combustão nessas condições de análises.

(a) (b)

5

0

15

20

(c)

15

20

0

5

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

10

1

2

Dió

xido

de

carb

ono

% (v

/v)

(d)

0

5

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

15

20

Dió

xido

de

carb

ono

(%v/

v)

10

350 450 650 350 450 650

Figura 5.23 Emissões de dióxido de carbono em

de a) Mistura I b) Mistura II c) Mistur

5

Temperatura de queima (ºC)

0

5

Temperatura de queima (ºC)

Dió

xido

de

carb

ono

(%v/

v)

0

10

Dió

xido

de

carb

ono

(%v/

v)

10

91

Observou-se um percentual mais

emissões da Mistura I em todas as temper

um modo geral, decresceram as emiss

aumento da temperatura.

Conforme mencionado anter

combustão incompleta. Observou-se dec

aumentava-se a reticulação das misturas.

decrescente da combustão pode ser proporci

nas amostras, isto é, quanto mais reticu

processo completo de combustão e menor

assim, da Mistura I a IV, o processo de combustão é decrescente. O resultado de

O está concordante com o obtido das emissões de CO2.

Verificou-se emissões de NO2 apenas na queima da Mistura I a 650ºC de 1

pm. Pode-se afirmar, que os óxidos de nitrogênio emitidos para a atmosfera a partir

a queima incompleta de elastômeros a base de SBR são todos monóxido de

(b)

a) Mistura I b) Mistura II c) Mistura III d) Mistura IV

alto de monóxido de nitrogênio nas

aturas de queima (Figura 5.24), porém de

ões de monóxido de nitrogênio com o

iormente, as emissões de NO também indicam

réscimo da quantidade de NO à medida que

Com isso, verificou-se que a eficiênica

onal a quantidade de ligações cruzadas

lada a amostra mais difícil torna-se o

será a quantidade de NO formado. Sendo

N

p

d

nitrogênio.

(a)

150200250

650Mon

óxid

o de

nitr

ogên

io

m)

(c) (d)

050

100150200250

Mon

óxid

o de

ni

trogê

nio

(ppm

)

Temperatura de queima (ºC)350 450 650

050

100

200250

350 450 650

(ppm

)

050

100

350 450

(pp

50

100

150

Mon

óxid

o de

nitr

ogên

io

(ppm

)

0

200

250

Temperatura de queima (ºC)

150

Mon

óxid

o de

nitr

ogên

io

Figura 5.24 Emissões de monóxido de nitrogênio em função da temperatura da

queima das

350 450Temperatura de queima (ºC)

650

Temperatura de queima (ºC)

92

Em relação ao dióxido de enxofr

altas com tendência de crescimento com

A Mistura I foi a que apres

temperaturas de 350ºC e 650ºC. Também se

facilitando a degradaç

de enxofre (1 phr ), foi a que emitiu

(c) (d)

Figura 5.25 Emissões de dióxido de enxofre em função da temperatura da queima

das a

e, todas as misturas apresentaram emissões

o aumento da temperatura (Figura 5.25).

entou as maiores emissões de SO2 nas

atribui esse fato a menor reticulação

ão térmica. Porém, a Mistura I, que tem a menor quantidade

gases em maior quantidade a 350 e 650ºC.

(a) (b)

0

500

1000

1500

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

Dió

xido

de

enxo

fre (p

pm)

Dió

xido

de

carb

ono

(ppm

)2000

0

500

1000

1500

2000

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

(d)

0

Temperatura de queima (ºC)350 450 650

) Mistura I b) Mistura II c) Mistura III d) Mistura IV

500

1000

350 450 650

Dió

xido

de

enxo

fre (p

pm)

1500

2000

1500

2000

0

1000

Temperatura de queima (ºC)

Dió

xido

de

enxo

fre (p

pm)

500

93

Observou-se durante a realizaç

foram detectadas com o maior consumo de O

O2.

As Tabelas 5.17, 5.18 e 5.19 mostram,

emissões da queima das misturas preparadas no laboratório.

Tabela 5.17 Emissões oriundas

Testo

Emissões Mistura I Mistura II

ão das análises que as maiores emissões

2, isto é, as menores quantidades de

com mais detalhes, os resultados das

da queima isotérmica a 350ºC em equipamento

Mistura III Mistura IV

O2 (% v/v) 10,9 17,4 17,9 20

CO2 (% v/v) 9,4 3,2 2,6 0,9

CO (ppm) 3088 843 1264 2720

SO2 (ppm) 123 9 19 28

NO (ppm) 120 66 80 51

0 0 0

da queima isotérmica a 450ºC em equipamento

Mistura III Mistura IV

15,3 15,9

5,1 4,5

NO2(ppm) 0

Tabela 5.18 Emissões oriundas

Testo

Emissões Mistura I Mistura II

O2 (% v/v) 16,5 11,6

CO2 (% v/v) 4,2 8,2

CO (ppm) 2433 >5000 2663 2635

SO2 (ppm) 7 420 21 194

NO (ppm) 43 92 61 43

NO2(ppm) 0 0 0 0

94

Tabela

Emissões Mistura I Mistura II Mistura III Mistura IV

5.19 Emissões oriundas da queima isotérmica a 650ºC em equipamento

Testo

O2 (% v/v) 0,3 12,2 14,3 13,3

CO2 (% v/v) 18,3 7,3 6,2 7

CO (ppm) >5000 >5000 >5000 >5000

SO2 (ppm) 1737 633 778 708

NO (ppm) 205 42 40 28

NO2(ppm) 1 0 0 0

B) Outras amo

elastômero não vulcanizado utilizado (SBR) se decompõe completamente

l realizar a sua análise a 650ºC.

Com e O 2 as na Figura

5.26 tiveram g vo n lores o aum da temperatura de

incineração. T ou em es de

A Tabe st s de en emiss o elastômero SBR

em todas as t queima

Tabela 5.20 o ndas d queima odas as

temperaturas de queima no equipamento Testo

Emissões 350ºC 450ºC

stras

O

até 500ºC, como também observado por Maurer (MAURER, 1981). Assim, não foi

possíve

xceção do N e do CO todas as outras emissões mostrad

aumento si nificati os va com ento

ambém se observ issõ NO2 a 450ºC de 1 ppm.

la 5.20 mo ra mai talhadam te as ões d

emperaturas de .

Emissões riu a isotérmica do SBR em t

O2 (% v/v) 17,2 15,2

CO2 (% v/v) 3,4 5,3

CO (ppm) 1179 5712

SO2 (ppm) 18 135

NO (ppm) 26 20

NO2 (ppm) 0 1

95

(d)

misturas como mostra a Figur

As maiores emissões d a da rodagem foram observadas a

350ºC como mostra a Figura

(a) (b)

0

5

10

15

20

3

(c)

0100020003000400050006000

350 450

Temperatura de queima (ºC)

Mon

óxid

o de

car

bono

(p

pm)

50 450

Temperatura de queima (ºC)

Dió

xido

de

carb

ono

(%v

/v)

05

Temperatura de queima (ºC)

0

50

350

Figura 5.26 Emissões dos gases a) monóxido de c

monóxido de nitrogênio e d) dióxido de enxofre provenientes

Observou-se que as

bruscamente na queima da banda de rodagem

Figura 5.27 (a e b). As emiss ra

As emissões de monóxido de nitrogênio são semelhantes as obtidas nas

arbono b) dióxido de carbono c)

do SBR em função da

a partir de 450ºC como mostra a

m tes as misturas.

temperatura da queima

emissões de dióxido de carbono aumentaram

ões de CO fo m se elhan

a 5.27 (c).

e SO2 para ban de

5.27 (d).

10

25

350 450

1520

30

Mon

óxid

o de

nitr

ogên

io

(ppm

)

150

100

450Dió

xido

de

enxo

fre (p

pm)

Temperatura de queima (ºC)

96

(a) (b)

(c) (d)

de pneu de carro de passeio em função da temperatura da queima

Figura 5.27 Emissões dos gases a) monóxido de c

monóxido de nitrogênio e d) dióxido de

050

100

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

Mon

óxid

o de

nitr

(ppm

)

arbono b) dióxido de carbono c)

enxofre provenientes da banda de rodagem

0

10

20

30

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

Dió

xido

de

enxo

fre (p

pm)

A Tabela 5.21 mostra detalhadamente as

rodagem em todas as temperaturas de queima.

Tabela 5.21 Emissões oriundas da queima isot

das as temperaturas de queima no equipamento Testo

Emissões 350ºC

emissões provenientes da banda de

érmica da banda de rodagem em

450ºC 650ºC

17,8 12,1

to

O2 (% v/v) 17,5

CO2 (% v/v) 3,2 3,0 153

CO (ppm) 1472 739 4728

SO2 (ppm) 35 3 8

NO (ppm) 48 32 40

NO2(ppm) 0 0 0

0100020003000400050006000

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

Mon

óxid

o de

car

bono

(p

pm)

0

50

100

150

200

350 450 650

Temperatura de queima (ºC)

Dió

xido

de

carb

ono

(%v/

v)

200ogên

io

250 40

150

97

mais elevadas como mostra a Figura 5.28

).

COx a altas

mperaturas (700ºC) mais precisamente entre 663 e 701ºC que corresponde ao CO

CO2 derivados de componentes inorgânicos presentes nos pneus como: CaCO3,

nO, CaSiO3, etc; que sofrem decomposição e ou reações a altas temperaturas.

e pneus o COx

(CO2 + CO) e compostos com enxofre. O COx pode ser derivado da oxigenação de

compostos orgânicos dos pneus como: ácido esteárico, óleo estendido, etc

(LARESGOITI, 2000).

As quantidades de CO2 diminuem e as de CO aumentam com o aumento da

temperatura de 350 à 650ºC, provavelmente em conseqüência de reações

secundárias durante o processo de degradação em que o CO é formado por reações

na fase gasosa entre o CO2 e hidrocarbonetos ou por reações de craqueamento

ÍEZ, 2003).

Em comparação com as amostras de pneus, a banda de rodagem queimada

ante do pneu.

Esse fato pode ser atribuído aos elastômeros BR e SBR que sofrem

despolimerização emitindo grande quantidade de dióxido de carbono dentre outros.

As emissões de monóxido de nitrogênio tiveram um comportamento quase

constante para os pneus moídos mostrados na Figura 5.28 (c). Também verificou-se

a presença de NO2 na queima a 650ºC.

O dióxido de enxofre apresentou seu maior valor de emissão na temperatura

de 650ºC com decréscimo a 800ºC como mostra a Figura 5.28 (d).

Observou-se que o monóxido de carbono foi a substância que apresentou os

maiores valores nas emissões para todas as temperaturas nos pneus moídos com

decréscimo a 800ºC como mostra a Figura 5.28 (a).

As emissões de dióxido de carbono tiveram um comportamento crescente até

650ºC com decréscimo a temperaturas

(b

Estudos verificaram que há um aumento na produção de

te

e

Z

Também verificou-se como principais gases provenientes da queima d

(D

separadamente emite 14 vezes mais dióxido de carbono que o rest

98

(a) (b)

0350

0350 450 650 800

5

0

20

450 650 800

Temperatura de queima (ºC)

10002000

4000500

Temperatura d )

Mon

óxid

o de

car

bono

1

15

Dió

xido

de

carb

ono

(%v/

v)

3000

0

(ppm

)

6000

(c) (d)

Figura 5.28 Emissões dos gases a) monóxido de carbono b) dióxido de carbono c)

monóxido de nitrogênio e d) dióxido de enxofre provenientes de pneus em função da

Os compostos sulfurados provêm da decomposição das ligações cruzadas da

A oxidação do enxofre foi observada a partir das degradações das ligações

carbono-enxofre do polímero reticulado. As quebras foram favorecidas com o

aumento da temperatura como também verificado pela literatura (DÍEZ, 2003).

Nas emissões provenientes dos pneus todos os gases analisados

apresentaram decréscimo das emissões quando a amostra esteve submetida à

temperatura de 800ºC. Atribui-se esse fato a combustão ter sido mais completa e os

5

100

150

200

250

Mon

óxid

o de

nitr

ogên

io

(ppm

)

temperatura da queima

estrutura da borracha vulcanizada (LARESGOITI, 2000).

0

0

350 450 650 8000

500

1000

500

350 450 650 800

Dió

xido

de

enxo

fre (p

pm)

1

2000

e queima (ºC

Temperatura de queima (ºC) Temperatura de queima (ºC)

99

produtos voláteis pequenos como CH4 por exemplo, acrescidos com o aumento da

temperatura. Não se descartou a possibilidade de emissões de produtos aromáticos

voláte

Tabela

Emissões 350ºC 450ºC 650ºC 800ºC

is estarem presentes, pois o equipamento não é sensível aos mesmos.

Sugere-se a partir desses resultados que a borracha seja um dos maiores

contribuintes para as emissões gasosas oriundas dos pneus.

A Tabela 5.22 mostra detalhadamente as emissões provenientes dos pneus

em todas as temperaturas de queima.

5.22 Emissões oriundas da queima isotérmica de pneus em todas as

temperaturas de queima no equipamento Testo

O2 (% v/v) 17,1 14,7 8,7 12,2

CO2 (% v/v) 3,6 5,7 11 8,2

CO (ppm) 981 2540 >5000 2965

SO2 (ppm) 24 29 207 10

NO (ppm) 57 56 66 26

NO2 (ppm) 0 0 1 0

Através dos dados obtidos a 650ºC no equipamento Testo 350 da

queima das amostras com 1 g de pneu, fez-se a estimativa quantitativa das

emissões provenientes da incineração de um pneu de carro de passeio com peso

aproximado de 10Kg, e também comparou-se as mesmas com os padrões do

CONAMA 316 como mostra a Tabela 5.23. Observou-se que se não houver um

tratamento adequado para as emissões provenientes da queima de pneus nas

aídas dos fornos e incineradores, uma quantidade de gases acima do permitido

ela legislação e, nocivos à saúde humana e ao ambiente serão lançados para a

tmosfera.

s

p

a

100

Tabela 5.23 Estimativa das emissões provenientes de um pneu de carro de passeio

com peso de 10Kg

Emissões da queima de um pneu de carro de passeio

Concentrações obtidas experiment

Padrões almente (Testo 350) CONAMA 316

CO 5 x 107 ppm 100 ppm

CO2 11,0 x 104 % p/v 280 mg/Nm3

NO 88,4 x 105 mg/Nm3 560 mg/Nm3

SO2 59,2 x 104 mg/Nm3 280 mg/Nm3

101

6 CONCLUSÕES

As conclusões referentes aos resultados dessa tese são:

Quanto maior a reticulação do SBR mais dificultada é a degradação térmica.

Os processos termodegradativos do pneu foram semelhantes ao das misturas

com maiores percentuais de enxofre (3 e 5 phr). Já, a degradação da banda de

rodagem procedeu-se de forma análoga às misturas com menores percentuais de

enxofre (1 e 2 phr).

A partir da queima de misturas à base de SBR e de pneus é possível observar

principalmente emissões de: gás carbônico, metano, óxido de nitrogênio (gases de

efeito estufa) e hidrocarbonetos entre C4 e C10.

A partir da queima de pneus, obteve-se quase 90% (p/v) de materiais de C4 a C7

(estreita faixa de peso molecular) excelente para fabricação de produtos

combustíveis.

Nas temperaturas de queima de 450 e 650ºC de pneus foram encontrados maior

número de aromáticos e compostos cíclicos, como por exemplo, o benzeno e o

furano.

A queima de pneus inservíveis e de elastômeros geram gases, que segundo a

literatura causam danos à saúde do ser humano e ao meio ambiente. A

quantificação desses gases pôde comprovar que as emissões de CO2, CO, NO e

SO2 nas condições experimentais usadas na tese estão muito acima dos permitidos

pela Norma NBR 11.175.

Pode-se afirmar, que os óxidos de nitrogênio emitidos para a atmosfera a partir

da queima incompleta de elastômeros a base de SBR são na maioria monóxidos de

nitrogênio.

Quanto mais reticulada estava a amostra à base de SBR, menor a quantidade

de CO2 emitida. As amostras mais reticuladas foram aquelas que tiveram mais

dificuldades de completarem a combustão nas condições das análises dessa tese.

Amostras menos reticuladas à base de SBR emitem mais SO2, nas temperaturas

estudadas.

102

7 SUGESTÕES

Utilização de processo de criogenia nas captações das emissões a fim de

melhorar as quantificações dos gases gerados pela queima de polímeros.

Quantificação dos gases obtidos a partir de pirólise de pneus.

Avaliação das emissões de outros polímeros, usados comercialmente, como o

poli(tereftalato de etileno), o poliestireno, etc.

Estudo da degradação de todos os elastômeros presentes nos pneus.

Estudo das interações entre o negro de fumo e os outros ingredientes das

formulações.

103

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADHIKARI, B.; MAITI D.D.S. Reclamation and recycling of waste rubber. Progress in polymer science, 25, 909-948, 2000.

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LEMIEUX, P.; STEWART, E.; REALFFB, M.; MULHOLLAND, J.A. Emissions study of co-firing waste carped in a rotary kiln. Journal of Environmental Management.

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vol. 9.01. Philadelphia, 1986.

___________. ASTM D 412 Section 9, vol. 9.01. Philadelphia, 1986.

___________. ASTM D 2240 Section 9, vol. 9.01. Philadelphia, 1986.

___________. ASTM 2084-1 Section 9, vol. 9.01. Philadelphia, 1986.

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