avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

107
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL AVALIAÇÃO DAS EMISSÕES E DO DESEMPENHO DO MOTOR DE UM VEÍCULO UTILIZANDO BIOMETANO, GÁS NATURAL VEICULAR, ETANOL E GASOLINA COMO COMBUSTÍVEL VEICULAR Roger Luiz Wagner Júnior Lajeado, novembro de 2014

Upload: tranthuy

Post on 08-Jan-2017

216 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DAS EMISSÕES E DO DESEMPENHO DO MOTOR DE

UM VEÍCULO UTILIZANDO BIOMETANO, GÁS NATURAL

VEICULAR, ETANOL E GASOLINA COMO COMBUSTÍVEL

VEICULAR

Roger Luiz Wagner Júnior

Lajeado, novembro de 2014

Page 2: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

Roger Luiz Wagner Júnior

AVALIAÇÃO DAS EMISSÕES E DO DESEMPENHO DO MOTOR DE

UM VEÍCULO UTILIZANDO BIOMETANO, GÁS NATURAL

VEICULAR, ETANOL E GASOLINA COMO COMBUSTÍVEL

VEICULAR

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Centro de Ciências Exatas e

Tecnológicas do Centro Universitário

UNIVATES, como parte dos requisitos para

a obtenção do título de bacharel em

Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Odorico Konrad

Lajeado, novembro de 2014

Page 3: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

Roger Luiz Wagner Júnior

AVALIAÇÃO DAS EMISSÕES E DO DESEMPENHO DO MOTOR DE

UM VEÍCULO UTILIZANDO BIOMETANO, GÁS NATURAL

VEICULAR, ETANOL E GASOLINA COMO COMBUSTÍVEL

VEICULAR

A banca examinadora abaixo aprova o trabalho de conclusão de curso apresentado

ao Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, do Centro Universitário UNIVATES,

como parte da exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia

Ambiental:

Prof. Dr. Odorico Konrad - orientador

Centro Universitário UNIVATES

Prof. Dr. Eduardo Rodrigo Ramos Santana

Centro Universitário UNIVATES

Prof. Ms. Gustavo Reisdörfer

Centro Universitário UNIVATES

Lajeado, novembro de 2014.

Page 4: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

Dedico este trabalho aos meus

pais pelo incentivo e apoio

durante esta jornada.

Page 5: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Roger e Vivien por todos os ensinamentos, pelo

apoio e pela confiança.

A minha namorada Manuela, pelo amor e carinho, além de sua compreensão

e ajuda durante o trabalho.

A minha tia Débora, pelo auxílio nas questões relacionadas a física.

Ao meu orientador, Dr. Odorico Konrad, pela orientação no desenvolvimento

do trabalho, ao colega Cezar pela sua contribuição durante os testes.

A equipe da Columbia Racing Parts, em especial ao proprietário Jaime.

A equipe do Laboratório de Termodinâmica e Mecânica Automotiva da

Univates, em especial ao professor Edson.

Aos meus colegas que de alguma forma contribuíram ao projeto.

Muito Obrigado!

Page 6: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

RESUMO

A frota de automóveis, leves e pesados, em um número cada vez maior rodando pelas cidades e rodovias tem lançado cada vez mais poluentes na atmosfera, consumindo, assim, mais combustíveis fósseis. Assim, torna-se necessário buscar alternativas para a mitigação de tais impactos. Com isso, surgem propostas para redução destas emissões atmosféricas e entre essas alternativas, destacam-se o gás natural, pois, ainda que seja um combustível fóssil, tem uma redução significativa nas emissões atmosféricas; e o biometano, um combustível renovável, mas ainda se buscam mais informações quanto a suas emissões e seu desempenho. Além da questão ambiental, a questão econômica se faz sempre presente quando se avalia uma alternativa a ser usada em larga escala, visto que o desempenho é uma questão fundamental a ser avaliada. O presente trabalho visou analisar, utilizando o equipamento Discovery G4, as emissões emitidas por um mesmo veículo abastecido com quatro diferentes combustíveis: a gasolina, o etanol, o gás natural e o biometano. Além disso, objetivou-se, utilizando o equipamento Dinamômetro Hardwarecar 1200, determinar o desempenho gerado por cada um dos quatro combustíveis acima mencionados. Após essas análises, avaliou-se a viabilidade ambiental e econômica dos combustíveis utilizados. Palavras-chave: Gás Natural. Biometano. Viabilidade ambiental.

Page 7: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

ABSTRACT

The growing number of light and heavy automobile fleet running through cities and highways has launched increasingly pollutants in the atmosphere, thus consuming more fossil fuels. Because of this, it becomes necessary to search alternatives to mitigate such impacts. So, proposals for reducing these atmospheric emissions arise and among these alternatives, stands out the natural gas because, although being a fossil fuel, it has a significant reduction in atmospheric emissions; and the biomethane, a renewable fuel; but more information has still been searching about its emissions and its performance. Besides of the environmental issue, the economic question is always present when evaluating an alternative to be used on a large scale, whereas performance is a fundamental issue to be assessed. This study aimed to analyze, by using the Discovery G4 equipment, the emissions issued by the same vehicle fueled with four different fuels: gasoline, ethanol, natural gas and biomethane. Furthermore, there was aimed, by using the Dynamometer Hardwarecar 1200 equipment, to determine the performance generated by each of the four above-mentioned fuels. After these analysis, there was evaluated the environmental and economic feasibility of the fuel that were used. Keywords: Natural Gas. Biomethane. Environmental Feasibility.

Page 8: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Derivados do petróleo após o refino (2013) ............................................. 24

Figura 2 – Gasoduto Bolívia-Brasil ............................................................................ 26

Figura 3 – Gasoduto Bolívia-Brasil ............................................................................ 27

Figura 4 – Diagrama P-V/T-S ciclo Otto .................................................................... 48

Figura 5 – Demonstrativo ciclo Otto quatro tempos .................................................. 50

Figura 6 – Sistemas de componentes do kit GNV ..................................................... 51

Figura 7 – Veículos utilizados nos testes .................................................................. 61

Figura 8 – Analisador de gases Discovery G4 .......................................................... 63

Figura 9 – Software do analisador de gases Discovery G4 ....................................... 64

Figura 10 – Sensor de temperatura e pinça indutiva ................................................. 65

Figura 11 – Sonda coletora de gases do escapamento ............................................ 66

Figura 12 – Sonda coletora de gases no escapamento do veículo ........................... 67

Figura 13 – Dinamômetro de chassi .......................................................................... 70

Figura 14 – Veículo sobre o dinamômetro ................................................................ 70

Figura 15 – Veículo com o conta giro ........................................................................ 71

Figura 16 – Software utilizado para leitura ................................................................ 72

Figura 17 – Software determinando os resultados do desempenho do motor .......... 75

Figura 18 – Resultados de potência média no motor do veículo (CV) ...................... 76

Figura 19 – Resultados de potência média na roda do veículo (CV) ........................ 78

Figura 20 – Resultados de torque médio do veículo (kgf/m) ..................................... 79

Figura 21 – Resultados de velocidade máxima média (km/h) ................................... 80

Figura 22 – Resultados de tempo médio do teste (s) ................................................ 81

Page 9: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

Figura 23 – Software determinando resultados de emissões .................................... 82

Figura 24 – Resultado de emissões de Hidrocarbonetos (HC) ................................. 83

Figura 25 – Resultados de emissões de Monóxido de Carbono (CO) ...................... 85

Figura 26 – Resultados de emissões de Dióxido de Carbono (CO₂) ......................... 86

Figura 27 – Resultados de emissões de Oxigênio (O₂) ............................................. 87

Figura 28 – Comparativo dos resultados das emissões do biometano com os demais

combustíveis ............................................................................................................. 91

Page 10: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – As dez maiores reservas de petróleo e a posição do Brasil (2014) ......... 25

Tabela 2 – As dez maiores reservas de gás natural e a posição do Brasil (2013) .... 28

Tabela 3 – Fases do processo de formação do biogás ............................................. 30

Tabela 4 – Produtores mundiais de etanol em 2013 ................................................. 32

Tabela 5 – Tipos de radiação ultravioleta em função do comprimento de onda ....... 39

Tabela 6 – Limite Máximo de Emissão de Poluentes para Veículos Leves de

Passageiros ............................................................................................................... 44

Tabela 7 – Especificações dos Veículos (GOL/CROSSFOX). .................................. 62

Tabela 8 – Limites máximos de emissão (%) de Monóxido de Carbono (CO) corrigido

.................................................................................................................................. 68

Tabela 9 – Limites máximos de emissões (ppm) de Hidrocarbonetos (HC) corrigido

.................................................................................................................................. 68

Tabela 10 – Consumo médio da gasolina e do GNV ................................................ 94

Page 11: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANP: Agência Nacional de Petróleo

C₅H₁₁: Pentano

CFC: Clorofluorcabono

CO: Monóxido de Carbono

CO₂: Dióxido de Carbono

CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente

CRI: Certificado de Registro do Instalador

CV: Cavalo vapor

DETRAN: Departamento Estadual de Trânsito

GNV: Gás Natural Veicular

H₂O: Água

H₂S: Ácido Sulfídrico

H₂SO₄: Ácido Sulfúrico

HC: Hidrocarbonetos

HCO: Aldeídos

IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IL: Índice de Lucratividade

INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

IPEM: Instituto Pesos e Medidas

Page 12: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

kW: Kilowatt

MP: Material Particulado

NBR: Norma Brasileira Regulamentadora

NOx: Óxidos de Nitrogênio

PDV: Ponto de venda

PET: Pelitereftalato de etileno

PGQP: Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade

PLANGÁS: Plano Nacional de Gás

PMI: Ponto Morto Inferior

PMS: Ponto Morto Superior

PROALCOOL: Programa Nacional do Álcool

PROCONVE: Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos

Automotores

PTS: Partículas totais em Suspensão

RBMLQ: Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade

RPM: Rotações por Minuto

RTQ: Regulamento Técnico da Qualidade

S.I.: Sistema Internacional

SNI: Sistema Nacional Interligado

SO₂: Dióxido de Enxofre

SULGÁS: Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul

TIR: Taxa Interna de Retorno

VPL: Valor Presente Líquido

W: Watt

Page 13: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 19

2.1 Objetivos Gerais ................................................................................................ 19 2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 19

3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 20

3.1 Matriz energética ............................................................................................... 20 3.1.1 Matriz energética brasileira ........................................................................... 21

3.2 Combustíveis Fósseis ....................................................................................... 21 3.2.1 Gasolina .......................................................................................................... 22

3.2.2 Gás Natural Veicular - GNV ........................................................................... 25

3.3 Combustíveis renováveis ................................................................................. 28 3.3.1 Biogás/Biometano .......................................................................................... 29

3.3.1.1 Purificação do Biogás para Biometano ..................................................... 30

3.3.2 Álcool hidratado/Etanol ................................................................................. 31

3.4 Poluentes atmosféricos .................................................................................... 33 3.4.1 Poluição atmosférica gerada por veículos automotores ............................ 34

3.4.1.1 Monóxido de carbono (CO) ........................................................................ 34

3.4.1.2 Hidrocarbonetos (HC) ................................................................................. 35

3.4.1.3 Óxidos de nitrogênio (NOx)......................................................................... 35

3.4.1.4 Dióxido de enxofre (SO2) ............................................................................ 35

3.4.1.5 Aldeídos ....................................................................................................... 36

3.4.1.6 Material particulado (MP) ............................................................................ 36

3.4.1.7 Dióxido de carbono (CO2) ........................................................................... 37

3.5 Impactos causados pelos poluentes atmosféricos ........................................ 37 3.5.1 Efeito estufa .................................................................................................... 38

3.5.2 Degradação da camada de ozônio ................................................................ 39

3.5.3 Chuva ácida .................................................................................................... 40

3.5.4 Inversão térmica ............................................................................................. 40

3.6 Legislação de emissões de poluentes em automóveis ................................. 41 3.6.1 Legislação brasileira ...................................................................................... 41

Page 14: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

3.6.2 PROCONVE ..................................................................................................... 42

3.7 Emissões dos veículos ..................................................................................... 45 3.8 Funcionamento dos automóveis ..................................................................... 46 3.9 Motores e kits .................................................................................................... 46 3.9.1 Conversão de motores para gás natural ...................................................... 47

3.9.2 Motores de combustão interna ..................................................................... 47

3.9.3 Ciclo Otto – Teoria da combustão ................................................................ 49

3.9.4 Kits de gás natural veicular ........................................................................... 51

3.9.5 Potência .......................................................................................................... 54

3.9.5.1 Unidades da Potência ................................................................................. 55

3.9.5.2 Potência em veículos que utilizam kit GNV .............................................. 55

3.9.6 Torque do motor ............................................................................................. 56

3.9.7 Desgaste excessivo de componentes .......................................................... 57

3.10 Relevância do trabalho ................................................................................... 58

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 60

4.1Veículos utilizados no teste .............................................................................. 60 4.2 Combustíveis utilizados no teste ..................................................................... 62 4.3 Metodologia para verificar emissões .............................................................. 62 4.4 Metodologia para determinação do desempenho do motor .......................... 69 4.5 Avaliações .......................................................................................................... 73

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 74

5.1 Resultados de desempenho de cada combustível analisado ....................... 74 5.1.1 Resultados de potência do motor ................................................................. 75

5.1.2 Resultados de potência na roda ................................................................... 77

5.1.3 Resultados de torque do motor .................................................................... 78

5.1.4 Resultados de velocidade do veículo ........................................................... 79

5.1.5 Resultados do tempo do teste ...................................................................... 80

5.2 Resultados das emissões geradas pelos combustíveis analisados ............ 81 5.2.1 Resultados de Hidrocarbonetos (HC) ........................................................... 83

5.2.2 Resultados de Monóxido de Carbono (CO) ................................................. 84

5.2.3 Resultados de Dióxido de Carbono (CO₂) .................................................... 85

5.2.4 Resultados de Oxigênio(O₂) .......................................................................... 86

5.3 Resultados de desempenho de cada combustível analisado ....................... 87 5.3.1 Etanol .............................................................................................................. 87

5.3.2 Gasolina .......................................................................................................... 88

5.3.3 GNV.................................................................................................................. 88

5.3.4 Biometano ....................................................................................................... 89

5.4 Comparativo do biometano com os demais combustíveis testados ............ 90 5.5 Avaliação ambiental dos resultados obtidos .................................................. 93 5.6 Avaliação econômica dos resultados obtidos ................................................ 93

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 95

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 97

Page 15: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

ANEXOS ................................................................................................................. 103

Page 16: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

16

1 INTRODUÇÃO

Com o ecossistema cada vez mais sobrecarregado em função do aumento no

número de veículos e de indústrias, além do crescimento populacional, tornam-se

necessários, cada vez mais, o desenvolvimento e a utilização de sistemas

produtivos e produtos que resultem na sustentabilidade do nosso planeta (ANEEL,

2008).

A escassez de combustíveis fósseis sempre foi uma preocupação mundial,

surgida no final da década de 1960, devido à elevação do preço do petróleo, o que

obrigou os governantes a buscarem novas fontes energéticas (RODRIGUES, 2005).

Nesse contexto, profissionais do ramo da ciência desenvolvem pesquisas e projetos

buscando analisar alternativas energéticas, como é o caso do uso de Gás Natural

Veicular (GNV) em ônibus urbanos (SILVA, 2006).

Conforme Rodrigues (2005), o gás natural produz uma energia menos

poluente e com um maior custo benefício. É considerado uma alternativa satisfatória

visto que o metro cúbico de gás rende mais que o litro da gasolina e do álcool, além

de ser comercializado por um valor mais baixo. Segundo o autor, no Brasil as

atividades com o uso de gás natural começaram em meados de 1980 com o Plano

Nacional de Gás (PLANGÁS) para uso no transporte. O plano tinha como objetivo

substituir a utilização de óleo diesel, que correspondia a 52% do consumo

energético do país, mas a falta de infraestrutura para abastecimento inviabilizava o

plano. Como ponto de partida, em 1991 foi liberada a utilização de GNV para táxis e

frotas de veículos de empresas. Já em 1996 foi liberado o uso para qualquer veículo.

Houve um crescimento acelerado, e, no ano de 2002 eram mais de 740 mil veículos

adaptados; em 2006, eram 1,2 milhões.

Page 17: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

17

O GNV possui em sua maior parte o metano, assim como biometano, que

pode substituir o GNV sem qualquer prejuízo ao potencial de geração de energia e

sem modificações nos equipamentos utilizados atualmente na transformação de um

automóvel normal para um automóvel apto a utilizar o GNV/biometano como

combustível (RUTZ & RAINER, 2008). O biometano é oriundo de matéria orgânica

degradada. Esse gás tem um aspecto “limpo”, pode ser obtido através de esgotos

cloacais e resíduos orgânicos urbanos, que geralmente têm sua matéria orgânica

com alta demanda química de oxigênio (KAPDI et al., 2005).

O funcionamento dos motores com o uso do GNV e biometano é idêntico ao

funcionamento dos motores movidos a diesel e a gasolina, e a transformação de um

veículo movido a gasolina/etanol para a utilização do GNV/biometano é baseada no

monitoramento do sistema de alimentação e ignição, além da taxa de compressão

(SOUZA et al., 2012). Os motores movidos a gás, que utilizam ignição por centelha,

têm uma menor eficiência volumétrica se comparados a motores que utilizam

combustíveis fósseis, pois, quando o gás é adicionado, ocorre a redução do volume

aspirado. Isso, no entanto, geralmente é compensado devido a motores movidos a

gás funcionarem com taxas de compressão elevadas (SOUZA et al., 2007).

Tratando-se de combustíveis fósseis ou biocombustíveis, é necessário

também avaliar uma questão fundamental: os poluentes atmosféricos emitidos pelos

motores dos automóveis. Os poluentes lançados na atmosfera são oriundos do

processo de combustão completa ou incompleta dos motores dos veículos, ou seja,

o combustível injetado no cilindro acaba encontrando ou não o ar necessário para

sua queima. Estes poluentes, denominados poluentes primários, entre os quais o

dióxido de enxofre (SOx), os óxidos de nitrogênio (NOx) e monóxido de carbono

(CO), alcoóis, material particulado, aldeídos e hidrocarbonetos (HC). São emitidos

pelo escapamento do veículo e podem sofrer fotólise, interações entre si, e formar

novos poluentes, denominados poluentes secundários. Ambos os poluentes,

primários e secundários, são nocivos ao meio ambiente (GUARIEIRO et al., 2011).

Além das emissões de poluentes lançados pelos veículos, é importante

analisar o desempenho do motor, fator importante a ser estudado, pois cada

combustível tem suas características particulares, o que faz com que gere

potências/torque de motor diferentes. Este fator, além de retratar a perda ou não de

Page 18: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

18

potência/torque, serve como parâmetro para determinar um rendimento diferenciado

quando utilizados os combustíveis.

O trabalho foi estruturado em seis capítulos. O primeiro é introdutório,

enquanto o segundo capítulo apresenta os objetivos do trabalho. No terceiro capítulo

foram abordados os conceitos teóricos sobre os processos relacionados com o tema

proposto. Em seguida no quarto, fez-se uma descrição da metodologia experimental

e testes práticos realizados e no quinto capítulo, os resultados obtidos. Por fim, o

sexto e último capítulo, a conclusão do trabalho.

Page 19: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

19

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivos Gerais

Determinar e avaliar as emissões e o desempenho do motor de um veículo

que utiliza como combustíveis a gasolina, o etanol, o gás natural veicular e o

biometano, bem como a viabilidade ambiental e econômica deste veículo.

2.2 Objetivos Específicos

Determinar as emissões de HC (hidrocarbonetos), O₂ (oxigênio), CO

(monóxido de carbono), CO₂ (dióxido de carbono), lançadas por um veículo com os

combustíveis: gasolina, etanol, gás natural veicular e biometano;

Determinar a potência gerada pelo motor, a potência de roda e o torque

gerado pelo motor utilizando gasolina, etanol, gás natural veicular e biometano;

Avaliar a questão ambiental, com base nas emissões geradas, e a

questão econômica dos combustíveis estudados, através dos dados obtidos pela

determinação de desempenho do motor utilizando os combustíveis mencionados.

Page 20: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

20

3 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo, foram abordados combustíveis fósseis, gasolina e gás natural

veicular, além de renováveis como etanol e biometano, com uma breve descrição da

sua definição e características, bem como uma descrição da parte mecânica do

automóvel. Após, foi realizada a análise de emissões e desempenho do motor

utilizando os combustíveis.

3.1 Matriz energética

Fundamental para o desenvolvimento em todas as áreas, como

desenvolvimento de cidades, indústrias, saúde, a energia é indispensável. Os

vetores energéticos modernos são o petróleo, o carvão, gás natural,

hidroeletricidade e energia nuclear. Destas fontes energéticas, apenas a

hidroeletricidade é considerada uma energia renovável, enquanto as demais são

consideradas não renováveis. As energias renováveis começam cada vez mais a se

tornar uma alternativa para a matriz energética, porém os combustíveis fósseis ainda

são a base do atual modelo energético mundial (BARROS, 2007).

Os combustíveis fósseis ainda são a base da energia, mas questiona-se por

quanto tempo ainda estarão disponíveis. Estimativas relatam que teríamos petróleo

disponível por 40 anos (ROSA & GOMES, 2004). Assim, pressupõe-se que a

produção aumentará até um certo patamar, mantendo-se por alguns anos e,

posteriormente, haverá um declínio rápido (BARROS, 2007).

Page 21: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

21

3.1.1 Matriz energética brasileira

O Brasil, que nos últimos anos passou por algumas mudanças na sua

economia e produção de energia, a partir de 2006 inverteu a balança de importações

de petróleo, ou seja, atualmente tem a possibilidade de se tornar um grande

produtor de petróleo e gás natural. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo

(ANP), o país tinha uma reserva de 16 bilhões de barris no ano de 2005; deste valor,

91,6% se encontravam no mar, e o restante em campos terrestres. Quanto ao gás

natural, cerca de 75% das reservas nacionais se encontram no mar e o restante em

campos terrestres (MME, 2006).

Ainda na questão de energia, o Brasil tem um grande potencial não só de

produção de combustíveis, como também de produção de energia elétrica, na sua

maioria proveniente de usinas hidroelétricas. Estas usinas respondem por cerca de

93% da energia requerida no Sistema Interligado Nacional (SIN), ainda que esse

percentual possa aumentar, dependendo da qualidade e da eficiência das

hidroelétricas e redes. O Brasil ainda tem um grande potencial de exploração de

Urânio; porém, por se tratar de um processo muito complexo, devido a questões

ambientais, alto custo de investimento, necessidade de tecnologia importada, esta

não se constitui umas das principais fontes de energia nacional (BRONZATTI, 2008).

É evidente que, no Brasil, o novo quadro de matriz energética sofrerá

algumas mudanças com o aumento da contribuição de fontes renováveis, como as

energias eólica e solar. A energia eólica vem sendo muito utilizada nos litorais do

Nordeste, Sudeste e Sul, mudando um pouco a fisionomia do ambiente. Já a energia

solar ainda não tem seu real potencial utilizado devido aos investimentos

necessários em tecnologia e aos altos custos de implantação, que atualmente ainda

são inviáveis para a grande maioria da população brasileira (BRONZATTI, 2008).

3.2 Combustíveis Fósseis

Os combustíveis fósseis são produzidos a partir do gás natural, carvão e

principalmente do petróleo. Essas fontes de energia são hidrocarbonetos resultantes

Page 22: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

22

da decomposição de organismos vivos durante eras geológicas, que sofreram com

mudanças climáticas, pressão exercida sobre eles e bactérias, para que se

tornassem fontes de energia. O grande problema dos combustíveis fósseis é a

finitude das reservas. Dentre os combustíveis fósseis, a gasolina e o gás natural são

muito utilizados atualmente, principalmente como fonte de energia para automóveis

(PIVA, 2010).

3.2.1 Gasolina

A gasolina é um combustível que se origina do petróleo. Muito utilizado

atualmente em veículos com motores a explosão de ciclo de Otto, especificamente

no nosso país é o derivado de petróleo mais utilizado. A gasolina encontrada nos

postos possui compostos oxigenados na sua composição, normalmente álcool

etílico. Dependendo da época, pode ocorrer uma redução na produção de álcool, e,

assim, outros compostos oxigenados, como MTBE (Metil, Terc-Butil-Éter) e metanol

(álcool metílico) podem ser utilizados (BRITO, 2005).

Existem diversos tipos e diversas denominações para cada tipo de gasolina

encontrada no mercado nacional. Entre os citados pelo Departamento Nacional de

Trânsito, atualmente conhecido como DENATRAN, para automóveis, motocicletas,

entre outros, há gasolina Tipo A, Tipo A Premium, Tipo C e Tipo C Premium (BRITO,

2005).

Gasolina Tipo A: produzida pelas refinarias de petróleo e repassada

para as companhias de distribuição, constitui-se basicamente de misturas de naftas

(derivado de petróleo, utilizado como matéria-prima na indústria petroquímica), numa

proporção que se enquadre nas especificações previstas.

Gasolina Tipo A Premium: apresenta uma formulação diferente dos

demais tipos, pois sua mistura ocorre a partir de naftas de elevada octanagem (nafta

craqueada, nafta alquilada, nafta reformada). Assim, este tipo de gasolina possui

uma maior resistência à detonação se comparada à do Tipo A. A gasolina Tipo A

Premium é a base da gasolina Tipo C Premium nos postos de revenda.

Page 23: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

23

Gasolina Tipo C: o tipo de gasolina mais utilizado pelos consumidores

que possuem automóveis e outros veículos automotores, é a gasolina tipo comum,

ou seja, este tipo de gasolina recebe, nas companhias de distribuição, álcool etílico

anidro em sua composição. O teor de álcool encontrado no produto final, conforme

legislação, atinge 21 a 23 por cento em volume.

Gasolina Tipo C Premium: é composto gerado a partir da gasolina

Tipo C, a qual contém 21 a 23 por cento de álcool etílico anidro e gasolina Tipo A

Premium. Este composto gerado pelos dois tipos de gasolina foi desenvolvido com o

objetivo de atender tanto veículos nacionais quanto importados, por ser um

combustível de elevada resistência à detonação.

Como existem diversas distribuidoras de gasolina, também existem diversos

tipos de gasolinas, ou seja, cada distribuidora cria uma denominação específica para

seu produto. Estes diferentes tipos de gasolina são oriundos dos tipos acima citados,

mas com algumas características próprias e com alguns produtos específicos

adicionados, como, por exemplo, detergentes e dispersantes (FERNANDES, 2009).

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) usa as seguintes definições para os

tipos de gasolina:

Gasolina A: Conforme Portaria ANP Nº 309, de 27/12/2001, é a

gasolina produzida no país, importada ou formulada pelos agentes econômicos

autorizados para cada caso, isenta de componentes oxigenados e que atende ao

regulamento técnico.

Gasolina Automotiva: Conforme Portaria ANP Nº 72, de 26/04/2000,

compreende os tipos de gasolinas especificados pela ANP, exceto a gasolina de

aviação e a gasolina utilizada em competições automotivas.

Gasolina C: Conforme Portaria ANP Nº 309, de 27/12/2001, é

constituída de gasolina tipo A e etanol anidro, nas especificações e proporções

definidas pela legislação em vigor, e que atende ao regulamento técnico.

Gasolina de Aviação: Conforme Resolução ANP Nº 18, de

26/07/2006, é o derivado de petróleo utilizado como combustível em aeronaves com

motores de ignição por centelha.

Gasolina Natural: Conforme Portaria ANP Nº 9, de 21/01/2000, é a

mistura de hidrocarbonetos em fase líquida, em determinadas condições de pressão

Page 24: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

24

e temperatura, obtida normalmente do processamento do gás natural rico em

hidrocarbonetos pesados. Sua composição basicamente são pentano (C₅H₁₁) e

outros hidrocarbonetos superiores em pequenas quantidades.

Além da gasolina, existem outros derivados do petróleo produzidos

atualmente. É possível avaliar a importância da gasolina expressa na fração. Na

Figura 1, é possível avaliar os produtos derivados do petróleo após o refino do

mesmo.

Figura 1 – Derivados do petróleo após o refino (2013)

Fonte: EPE, 2014.

Por estar havendo um aumento do consumo e por ser a gasolina um

combustível não renovável, é imprescindível questionar o quanto ainda resta de

petróleo nas reservas mundiais além de 2014 (TABELA 1). Entretanto, com as

descobertas recentes, como é o caso do pré-sal brasileiro, entre outras em países

diversos, espera-se que o petróleo continue sendo utilizado por um período

significativo.

42%

4%21%

7%

6%

3%

10%

7%

Óleo Diesel

Óleo Combustível

Gasolina

GLP

Nafta

Querosene

Outras Secundárias de Petróleo

Produtos Não-energéticos de Petróleo

Page 25: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

25

Tabela 1 – As dez maiores reservas de petróleo e a posição do Brasil (2014)

Posição País Bilhões de barris % das reservas totais

1 Venezuela 298,3 17,7

2 Arábia Saudita 265,9 15,8

3 Canadá 174,3 10,3

4 Irã 157,0 9,3

5 Iraque 150,0 8,9

6 Kuwait 101,5 6,0

7 Emirados Árabes Unidos 97,8 5,8

8 Rússia 93,0 5,5

9 Líbia 48,5 2,9

10 Estados Unidos da América 44,2 2,6

15 Brasil 15,6 0,9

Fonte: BP, 2014.

3.2.2 Gás Natural Veicular - GNV

O Gás Natural Veicular (GNV) é composto de hidrocarbonetos resultantes da

decomposição de matéria orgânica durante milhões de anos, ou seja, esta matéria

orgânica, durante o processo de decomposição, gera o petróleo e, nos seus últimos

estágios de decomposição, acaba gerando o gás natural. Por isso encontra-se gás

natural juntamente com reservas de petróleo (ANEEL, 2008).

O gás natural é composto basicamente por moléculas de hidrocarbonetos

(átomos de hidrogênio e carbono), de baixa densidade e estado volátil. No gás, o

elemento predominante é o metano e, em seu estado bruto, o gás não tem cheiro e

é mais leve que o ar. Por isso, quando se comercializa o gás natural, adiciona-se

uma substância odorizante para que se possa sentir o cheiro em caso de

vazamento. Por ser mais leve que o ar, o gás natural é mais seguro que outros tipos

de combustíveis (ANEEL, 2008).

Pode-se estabelecer seis etapas na cadeia produtiva do gás natural, segundo

ANEEL (2008). São os seguintes:

1. Exploração, em que pode ou não ser encontrado o gás natural;

Page 26: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

26

2. Explotação, instalação de infraestrutura necessária para extração,

perfuração, entre outros aspectos necessários na parte inicial do processo;

3. Produção, separação do petróleo e transporte até onde se encontra a

base de armazenamento;

4. Processamento, em que ocorre a retirada das frações pesadas e

também a realização da compressão do gás para a estação de tratamento;

5. Transporte e Armazenamento, prática não comum no Brasil, mas muito

utilizada em países que sofrem com invernos rigorosos;

6. Distribuição, em que o gás é levado para o consumidor final.

O transporte do gás pode ser feito de diferentes formas. Uma forma muito

utilizada atualmente são os gasodutos, através dos quais todo o gás explorado é

canalizado até seu destino final. É o que ocorre na exploração de gás da Bolívia, o

qual chega ao Brasil através de gasodutos, como se pode observar na Figura 2.

Figura 2 – Gasoduto Bolívia-Brasil

Fonte: Aneel, 2008.

Caso o gás não possa ser canalizado através de gasodutos, outra alternativa

é o transporte por navios e por caminhões para que ele chegue a locais de difíceis

acessos. Para isso, o gás necessariamente passa por um processo de liquefação,

em que atinge a temperatura de 106°C abaixo de zero e tem seu volume reduzido

Page 27: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

27

em 600 vezes, o que facilita seu transporte (ANEEL, 2008), o que pode ser

evidenciado na Figura 3.

Figura 3 – Gasoduto Bolívia-Brasil

Fonte: Aneel, 2008.

O gás natural, por ser um combustível fóssil, ou seja, não se renovar, ao

menos em um período curto de tempo, entra na mesma classe dos derivados do

petróleo, uma classe que tem sua vida útil limitada. Por isso é importante não

depender de um único combustível, e sim de vários para poder suprir de forma

confiável a sua demanda (ANEEL, 2008). A Tabela 2 apresenta as maiores reservas

de gás natural e a posição do Brasil.

Page 28: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

28

Tabela 2 – As dez maiores reservas de gás natural e a posição do Brasil (2013)

Posição País Trilhões (m³) % das reservas totais

1 Irã 33,8 18,2%

2 Rússia 31,3 16,8%

3 Catar 24,7 13,3%

4 Turcomenistão 17,5 9,4%

5 Estados Unidos da América 9,3 5,0%

6 Arábia Saudita 8,2 4,4%

7 Emirados Árabes Unidos 6,1 3,3%

8 Venezuela 5,6 3,0%

9 Nigéria 5,1 2,7%

10 Argélia 4,5 2,4%

32 Brasil 0,5 0,2%

Fonte: BP, 2014.

No Brasil, o emprego de GNV teve início em 1992, em táxis e, em 1996, em

carros de passeio. Com o início da utilização do GNV, iniciaram também as

regulamentações para a utilização dos kits de conversão. A Resolução nº 291/02 –

CONAMA, estabelece critérios para a certificação ambiental destes aparatos

(ANEEL, 2008).

O GNV é uma alternativa para quem necessita percorrer grandes distâncias e

ou rodar com o automóvel quase constantemente, como é o caso de taxistas e

empresas que prestam suporte. Assim, mesmo se tratando de um combustível fóssil,

o GNV é responsável por uma grande parcela da matriz energética de combustíveis

utilizados atualmente por veículos (ANEEL, 2008).

3.3 Combustíveis renováveis

Os combustíveis renováveis surgem como alternativa à utilização de

combustíveis fósseis e derivados do petróleo. Sua utilização plena não será

imediata, mas sim gradativa devido à falta de tecnologia e à grande demanda de

combustíveis no mercado, tanto nacional quanto internacional. Mesmo assim, são

excelentes alternativas para contribuir com a redução de combustíveis não

renováveis e de custo elevado.

Page 29: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

29

3.3.1 Biogás/Biometano

O biogás é um combustível gerado a partir da fermentação anaeróbia de

matéria orgânica, geralmente oriunda de resíduos de animais, resíduos de

atividades agrícolas, decomposição de resíduo urbano, entre outros. Na sua

composição, contém metano (CH₄), dióxido de carbono (CO₂), água (H₂O), sulfeto

de hidrogênio (H₂S) e azoto (N₂). Quanto maior a quantidade de metano encontrada

no gás, equivale melhor a qualidade do gás gerado. Vale ressaltar que o biogás

pode ser utilizado para a geração de energia elétrica, além de aquecimento das

instalações de aves e de suínos. No entanto, sua utilização depende da sua

qualidade, ou seja, a quantidade de metano presente na sua composição (COSTA,

2006).

O processo de formação do biogás (TABELA 3) ocorre com o armazenamento

do substrato, ou seja, dejetos suínos, por exemplo. Depois disso, o substrato deve

ser preparado, pois, dependendo do caso, ele deve ser triturado ou homogeneizado.

Na sequência, o substrato é incorporado a um reator ou digestor e é adicionado o

inóculo, um subproduto oriundo de outro reator já utilizado, que serve como um

“start” para o substrato começar a fermentar. No final deste processo, com a

decomposição do resíduo, tem-se a formação do biogás. O rejeito gerado pelo reator

pode ser utilizado em compostagem e, dessa forma, não há perdas no processo

(BACKES, 2011).

Mesmo após sua formação, o biogás, para se tornar utilizável, depende de

outros processos, como dessulfuração e secagem, pois o gás bruto tem

características corrosivas, ou seja, contém ácido sulfídrico (H₂S) na sua composição

(BACKES, 2011).

Page 30: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

30

Tabela 3 – Fases do processo de formação do biogás

Fases Processos Produtos Tipos

químicos intermediários bactérias

1 Hidrólise

açúcares simples, Bactérias anaeróbias

aminoácidos e facultativas

ácidos graxos (bactérias hidrolíticas)

2 Acidogênese

ácidos graxos da Bactérias formadoras

cadeia curta, de ácido

CO₂, H₂ e alcoois (bactérias fermentativas)

3 Acetogênese

ácido acético, Bactérias formadoras

CO₂ e de ácido acético

H₂ (bactérias acetogênicas)

4 Metanogênese

CH₄, Bactérias formadoras

CO₂, H₂O de metano

H₂S e N₂ (bactérias metanogênicas)

Fonte: Moura, 2011.

Falando especificamente da utilização do biogás em automóveis, existem

exemplos reais da utilização do gás em ônibus e caminhões, como acontece na

Suíça e Suécia. Para tanto, o gás necessita ser purificado, retirando-se totalmente o

ácido sulfídrico, dióxido de carbono e vapor de água, além de um aumento de

pressão do biogás a ser injetado (BACKES, 2011).

Assim, o biogás vem se tornando importante na composição da matriz

energética nacional e mundial, podendo num futuro contribuir ainda mais e diminuir

constantemente a dependência de petróleo. Além disso, o biogás contribuiu muito

com o reaproveitamento de resíduos que seriam descartados na natureza sem

nenhuma utilidade (BACKES, 2011).

3.3.1.1 Purificação do Biogás para Biometano

A transformação de biogás em biometano ocorre em duas etapas. A primeira

consiste no processo de limpeza do gás, para remoção de componentes nocivos; a

segunda é o ajuste do poder calorífico e densidade relativa através de um processo

Page 31: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

31

de remoção do CO₂. Esta transformação é necessária a fim de atender às normas

de uso do biometano como combustível de um veículo (RYCKEBOSCH et al., 2011).

São usados diferentes métodos para a purificação do biogás. Eles diferem no

seu funcionamento, condições de qualidade de entrada do gás, além da eficiência.

Métodos como o de condensação e de secagem são utilizados para remover a água

presente no gás. Quanto à remoção do sulfeto de hidrogênio (H₂S) durante a

digestão, aplica-se dosagem de ar e adição de cloreto de ferro no tanque digestor.

Já para a remoção após a digestão, técnicas como adsorção em pastilhas de óxido

de ferro são utilizadas. Após estes processos, podem ser necessárias etapas de

remoção extra, ou seja, alguma etapa de remoção para remover traços de alguns

componentes, como hidrocarbonetos, amônia, oxigênio, monóxido de carbono e

nitrogênio. Por fim, o metano (CH₄) deve ser separado a partir do dióxido de carbono

(CO₂), utilizando processos de pressão oscilante, separação por membrana

(RYCKEBOSCH et al., 2011).

Após estas transformações, o produto final é o biometano, o qual contém

tipicamente 95-97% de CH₄ e 1-3% de CO₂ (RYCKEBOSCH et al., 2011). .

3.3.2 Álcool hidratado/Etanol

O álcool hidratado, também conhecido como etanol, é uma forma de

combustível renovável, obtido através da fermentação de açúcares. No Brasil, que

se encontra nas primeiras posições da produção mundial de etanol (TABELA 4), a

cana-de-açúcar é a principal fonte de açúcares que origina o etanol, mas também

pode-se utilizar a fermentação de cereais, como cevada e malte. Mesmo sendo um

combustível renovável, devido ao grande número de automóveis que utilizam o

álcool, ele merece uma maior explanação (MENDES, 2004).

Page 32: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

32

Tabela 4 – Produtores mundiais de etanol em 2013

País Milhões de Galões

Estados Unidos da América 13.300

Brasil 6.267

Europa 1.371

China 696

Índia 545

Canadá 523

Resto do Mundo 727

Fonte: Renewable Fuels Association, 2013.

O consumo do álcool aumentou gradativamente. Em 1931, obrigou-se a

utilização do álcool etílico anidro acima comentado juntamente com a gasolina, com

um percentual de 5%; aproximadamente trinta anos, depois um percentual de 10%.

Essa adição de álcool na gasolina teve sua real importância na década de setenta,

com a crise do petróleo, fazendo com que o Governo Federal e empresas privadas

desenvolvessem o Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL, programa que

teve o objetivo de incentivar o uso do álcool como combustível para automóveis

leves (MENDES, 2004).

Esse programa sofreu alguns problemas por causa da instabilidade nos

preços do açúcar no mercado externo e também por causa da grande quantidade de

carros movidos a álcool na década de oitenta. Alguns problemas encontrados na

produção do álcool decorreu de uma produção não constante, ou seja, a produção

depende de fatores físicos e preço de mercado que viabilize sua produção

(MENDES, 2004).

O PROÁLCOOL pode ser dividido em três fases, na primeira, o governo

buscou expandir a produção de açúcar no país e equiparar os valores pagos pelo

mercado internacional; na segunda, buscou-se triplicar a produção de álcool e

aumentar em 50% a frota nacional de veículos; na terceira, tentou-se desenvolver

ainda mais o programa, o que não ocorreu devido à queda do preço internacional do

petróleo, ocasionando, assim, um questionamento da necessidade do programa

(MENDES, 2004).

Page 33: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

33

Devido aos problemas com as variações de preço no mercado internacional

de açúcar, o Governo Federal implantou a Lei nº 8.723 de 1993, Artigo 9°, que

estabelece o teor de álcool etílico anidro na gasolina em 22%, podendo variar de 20

a 24%, o que ocasionou um controle no preço da gasolina, o principal combustível

para automóveis leves. Posteriormente, em 2000, o Decreto n° 3.552 reduziu o teor

de álcool etílico anidro para 20% e, no ano de 2001, o Decreto n° 3.824 determinou

um percentual de 22% para adição de álcool etílico anidro na gasolina (MENDES,

2004).

A estagnação do uso do álcool e a pouca produção de automóveis que

utilizavam somente este combustível determinaram que este ficasse “esquecido” por

certo período. Esse panorama mudou completamente em 2002, com a introdução de

veículos “Flex-Fuel”, ou seja, veículos capazes de rodar tanto com gasolina quanto

com álcool, ou até mesmo os dois combustíveis, dependendo da tecnologia

empregada no automóvel (MENDES, 2004).

Estes veículos dominam o mercado atual e, dessa forma, o álcool se torna

uma alternativa viável à utilização da gasolina. Infelizmente isto não acontece em

todo o território nacional, pois, como referido anteriormente, o álcool/etanol depende

de fatores físicos para sua produção, que ocorre principalmente no centro do país;

consequentemente seu preço mais elevado dependendo da região (MENDES,

2004).

3.4 Poluentes atmosféricos

Segundo Resolução nº 03/90 CONAMA, entende-se que um poluente

atmosférico pode ser qualquer matéria ou energia que esteja em desacordo com

níveis estabelecidos e/ou que possam tornar o ar:

I. Impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;

II. Inconveniente ao bem-estar público;

III. Danoso aos materiais, à fauna e à flora;

IV. Prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades

normais da comunidade.

Page 34: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

34

Além disso, os poluentes são classificados como poluentes primários e

secundários. Primários são aqueles emitidos diretamente de fontes antropogênicas

(indústrias, automóveis) e naturais (emissões vulcânicas). Já os poluentes

secundários são aqueles que se formam através de reações químicas na atmosfera

a partir dos poluentes primários (BRITO, 2005).

3.4.1 Poluição atmosférica gerada por veículos automotores

A poluição gerada pelos veículos automotores cresce de forma constante e

contribui negativamente com a qualidade do ar que respiramos. Essa poluição

ocorre predominantemente pela combustão incompleta do motor do veículo. Com

essa queima incompleta, emitem-se diversos contaminantes à atmosfera, entre os

quais o monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio

(NOx), dióxido de enxofre (SO₂), aldeídos (HCO) e material particulado (MP). O

dióxido de carbono (CO₂) não é considerado poluente, mas sim um gás de efeito

estufa (SORDI, 2012).

3.4.1.1 Monóxido de carbono (CO)

O monóxido de carbono é um gás resultante da queima incompleta de

combustível, geralmente de origem fóssil; é incolor e inodoro. Encontra-se em maior

concentração em grandes centros urbanos, devido à maior quantidade de veículos

automotores em circulação (SORDI, 2012). O grande problema da emissão de

monóxido de carbono na atmosfera é que ele pode ser prejudicial à saúde humana,

pois compete com o oxigênio na combinação de hemoglobina no sangue, ou seja,

pode acarretar problemas de transporte de oxigênio no sangue e, posteriormente,

graves problemas à saúde humana (SORDI, 2012).

Page 35: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

35

3.4.1.2 Hidrocarbonetos (HC)

Hidrocarbonetos são constituídos basicamente por átomos de hidrogênio e

carbono e podem se apresentar em diversas formas, como cadeias simples ou

ramificadas, cíclicas ou associadas a compostos cíclicos, além de serem saturados

ou insaturados. Na atmosfera, os hidrocarbonetos podem ser encontrados em três

diferentes fases: líquida, sólida e gasosa. Essa diferença de fases se explica com a

quantidade de carbonos presente na cadeia de cada elemento. Além disso, os

hidrocarbonetos reagem ou podem reagir com outras substâncias, como nitrogênio e

enxofre, e formar uma nova variedade de compostos, como o ozônio (CAVALCANTI,

2010).

3.4.1.3 Óxidos de nitrogênio (NOx)

Óxidos de nitrogênio são representados pela mistura entre monóxido de

nitrogênio (NO) e dióxido de nitrogênio (NO₂). São formados a partir da queima do

combustível em altas temperaturas. Sua produção se dá no cilindro do automóvel

em função do aquecimento do ar. Quanto à preocupação com a saúde humana, o

NO₂, dependendo de sua concentração, pode ser prejudicial, pois, devido à sua

baixa solubilidade, pode penetrar profundamente no sistema respiratório, originando

nitrosaminas, que podem ser carcinogênicas (CAVALCANTI, 2010).

3.4.1.4 Dióxido de enxofre (SO2)

Os óxidos de enxofre são resultantes da queima de combustíveis fósseis.

Esse poluente pode se oxidar, resultando no ácido sulfúrico (H₂SO₄), que contribui

para uma deposição ácida, a qual pode ser seca ou úmida. A úmida é conhecida

como “chuva ácida”. O gás do enxofre é acre, corrosivo e tóxico, mas só se torna

uma ameaça com a combinação de vapor d’água, as doenças respiratórias pré-

existentes podem ser agravadas com o contato do dióxido de enxofre no sistema

Page 36: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

36

respiratório. Sem a combinação desses elementos, pode produzir somente irritação

no sistema respiratório, além de danos ao pulmão (CAVALCANTI, 2010).

3.4.1.5 Aldeídos

Os aldeídos podem ser gerados tanto por combustíveis fósseis, como por

renováveis, que é o caso do álcool/etanol. É qualquer classe de compostos

orgânicos que contém o grupo R-CHO (carbonila), entre o estado de oxidação dos

álcoois primário e ácidos carboxílicos. Os aldeídos (HCO) estão associados a

doenças no aparelho respiratório e irritação na mucosa (BRITO, 2005).

3.4.1.6 Material particulado (MP)

O material particulado resulta também da queima incompleta dos

combustíveis, desgaste de pneus e freios. São poluentes constituídos basicamente

de qualquer material sólido e líquido, que, pela baixa granulometria, se mantêm

suspensos na atmosfera. Geralmente estes materiais particulados são encontrados

em grande parte em virtude da fumaça emitida por veículos movidos a óleo diesel e

chaminés de indústrias (SORDI, 2012).

Devido à dificuldade de se classificar esses materiais particulados, utilizam-se

parâmetros associados ao tamanho das partículas: partículas totais em suspensão

(PTS), material particulado em que as partículas têm seu tamanho menor que 100

µm; material particulado inalável (MP-10), com partículas de tamanho menor que 10

µm; outras categorias compreendem partículas inaláveis finas (MP-2,5), partículas

com tamanho inferiores a 2,5 µm; e partículas com tamanho inferior a 1 µm (MP-1)

(BRITO, 2005).

Os efeitos causados por esses materiais particulados encontrados na

atmosfera dependem muito da natureza química e de suas dimensões. Assim,

dependendo do tamanho de partícula sólida, menor que 10 µm, ela pode se

Page 37: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

37

acumular no pulmão, ocasionando doenças com a pneumoconiose, ou seja,

doenças causadas pela inalação de poeiras (BRITO, 2005).

3.4.1.7 Dióxido de carbono (CO2)

O dióxido de carbono é gerado a partir da queima de combustíveis fósseis, da

queima de madeira oriunda do desmatamento e queima de biomassa, dentre outros.

É um subproduto encontrado nas combustões, respiração de animais e plantas, e

serve de matéria-prima para a fotossíntese. Sua fórmula básica é a combinação de

uma molécula de carbono com duas de oxigênio (BRITO, 2005). O dióxido de

carbono (CO2) contribui muito para o efeito estufa, pois a emissão desse gás na

atmosfera faz com que ele se acumule na mesma, tornando assim a camada de

gases de efeito estufa mais isolante, e, por consequência, retendo o calor (FÉRIS,

2004).

A quantidade de CO2 encontrada na saída do escapamento do veículo indica

se o motor está ou não trabalhando bem, ou seja, quanto maior a concentração

detectada, melhor é o desempenho do motor. Qualquer redução neste valor de

leitura de CO₂, indica uma queima incompleta do combustível (BRITO, 2005).

3.5 Impactos causados pelos poluentes atmosféricos

O constante aumento na frota de veículos, o crescimento populacional e do

uso de recursos como fonte de energia acarretam diversos problemas relacionados

à poluição atmosférica, entre eles o efeito estufa, a degradação da camada de

ozônio, a chuva ácida e a inversão térmica (FÉRIS, 2004). Esses impactos serão

abordados na sequência.

Page 38: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

38

3.5.1 Efeito estufa

O calor emitido pelo sol aquece a superfície da Terra. Parte desse calor vai

para o espaço e parte fica presa na atmosfera devido aos gases de efeito estufa. O

efeito estufa ocorre com o aumento da emissão destes gases, por veículos,

queimadas, fábricas, entre outros (FÉRIS, 2004).

Em função do aumento na concentração de gases como CO2, CH4, CFC e

N2O, os quais provocam a retenção da radiação infravermelha na atmosfera, a

temperatura do planeta Terra está aumentando. Este aumento pode ser explicado

por um fenômeno conhecido como efeito estufa. O efeito estufa é um processo

natural, ou seja, sem este seria impossível a vida no planeta Terra, pois, uma

temperatura que possibilita a vida no planeta (CAVALCANTI, 2010).

Entretanto, com o aumento na concentração dos gases referidos, que

absorvem radiação, a temperatura no planeta está aumentando, podendo ocasionar

diversos danos ao meio ambiente, tais como aumento no nível dos oceanos em

função do derretimento das calotas polares, aumento no regime de chuvas em

certas regiões, secas em outras, ou seja, mudanças climáticas em diversas regiões

(CAVALCANTI, 2010).

O gás mais significativo para o aumento do efeito estufa é o CO₂, gás

absorvido e liberado por plantas e animais na superfície terrestre. Sua concentração

pode ser sazonal, ou seja, ocorre absorção de plantas em crescimento na primavera

e sua liberação no outono, processos naturais que sempre ocorreram na Terra.

Porém, por ações antrópicas, o aumento da concentração de CO₂ na atmosfera é

uma das causas do efeito estufa (FÉRIS, 2004).

Uma maneira de diminuir o aumento no efeito estufa seria reduzir a emissão

de CO₂ na atmosfera, por exemplo, substituindo combustíveis causadores do

aumento destas emissões por outros que não contribuam tanto para o efeito estufa

(BRAGA et al., 2005).

Page 39: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

39

3.5.2 Degradação da camada de ozônio

Apesar de os veículos não serem os causadores diretos da degradação da

camada de ozônio, a sua destruição é causada por poluentes atmosféricos. Essa

camada está situada na estratosfera, entre 15 km e 50 km de altitude e tem a função

de bloquear radiação solar, principalmente os raios ultravioleta. A insuficiência em

bloquear estes raios pode ocasionar diversos problemas ao meio ambiente e à

saúde, tais como aumento na incidência de câncer de pele, inibição do crescimento

de espécies vegetais (CAVALCANTI, 2010).

Os raios ultravioletas podem ser divididos em três classes, dependendo do

seu comprimento de onda: UVA, UVB e UVC (TABELA 5).

Tabela 5 – Tipos de radiação ultravioleta em função do comprimento de onda

Tipo de

radiação

ultravioleta

Comprimento de

onda (nm)

Observações

UVA 320-400

Radiação com comprimento de onda muito próximo à

luz visível (violeta), não é absorvida pela camada de

ozônio.

UVB 280-320

Efeitos: podem causar danos ao DNA, são causa do

melanoma e câncer de pele, a camada de ozônio

protege a Terra da maior parte da radiação UVB.

UVC < 280 É extremamente prejudicial, mas é completamente

absorvida pela camada de ozônio e pelo oxigênio.

Fonte: Braga et. al., 2005.

O ozônio presente na estratosfera está sendo eliminado, principalmente pelo

cloro presente nos clorofluorcarbonetos (CFC), que, por serem estáveis,

permanecem na atmosfera por dezenas de anos. Além disso, também contribuem

para a destruição da camada de ozônio as erupções vulcânicas, o óxido nitroso,

entre outros. Assim, deve-se, cada vez mais, buscar alternativas que contribuam

com a preservação do ambiente (CAVALCANTI, 2010).

Page 40: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

40

3.5.3 Chuva ácida

Os óxidos de enxofre e de nitrogênio, conforme mencionado anteriormente,

quando combinados com o vapor de água na atmosfera, acabam por se tornar

ácidos. Esses ácidos, ao precipitarem, acabam por deteriorar produções agrícolas,

prédios, monumentos. Outros problemas causados pela chuva ácida ocorrem na

acidificação da água, causando diversos danos, tanto na parte estrutural como em

canos e no concreto – quanto na morte de milhares de peixes (BRAGA et al., 2005).

O controle da chuva ácida só é possível com a redução das emissões dos

gases antes citados. Além disso, neste caso, problemas regionais, em grandes

centros urbanos, acabam por se tornar problemas globais, ou seja, emissões em

certa região podem gerar deposições ácidas em outras, como, por exemplo, no

Canadá, onde 50 % da chuva ácida do país provém do país vizinho, os Estados

Unidos (BRAGA et al., 2005).

3.5.4 Inversão térmica

A inversão térmica ocorre em situações críticas de poluição do ar, diminuindo,

assim, a capacidade de dispersão de poluentes e ocasionando uma alta quantidade

de compostos na atmosfera. Em casos extremos, a temperatura aumenta com a

altitude, ou seja, ocorre uma inversão térmica. Essa inversão térmica pode ocorrer

de duas formas: por radiação ou por subsidência. No caso da inversão por radiação,

ela ocorre na grande maioria no inverno, em dias sem nuvens, quando, no decorrer

do dia, o solo sofre um aquecimento e à noite um resfriamento; entretanto, a uma

altitude de 100 m, permanece quente. Essa inversão ocorre no decorrer dos dias. Já

a inversão por subsidência ocorre nas altas altitudes e tem duração de alguns dias,

sendo formada por diferença na pressão existente entre grandes massas de ar que

se deslocam na atmosfera (BRITO, 2005).

Esses processos de inversão térmica, geralmente acontecem em grandes

centros urbanos, com relevos propícios para isso, devido à ação do homem. No

entanto, também podem ocorrer de forma natural, por exemplo, em regiões

Page 41: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

41

costeiras, onde a brisa do mar pode resfriar o solo durante a noite e,

consequentemente, nas primeiras horas da manhã, há existência massas de

temperatura mais alta em altitudes elevadas; essa inversão desaparece ao longo do

dia (BRITO, 2005).

3.6 Legislação de emissões de poluentes em automóveis

Como grande parte da emissão dos gases é oriunda dos automóveis e causa

grandes impactos à qualidade de vida da população e a degradação do ambiente,

buscou-se regulamentar as emissões geradas pelos automóveis (BRITO, 2005).

3.6.1 Legislação brasileira

Todas as legislações nacionais de emissões de poluentes provenientes de

automóveis são baseadas nas legislações já existentes na Europa e nos Estados

Unidos. Pode-se destacar duas resoluções que foram importantes na evolução das

legislações vigentes para as emissões dos automóveis: A Resolução CONAMA nº

18, de 1986, que introduz o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos

Automotores (PROCONVE), e a Resolução CONAMA nº 07, de 1993, que

estabelece limites de emissões por veículos em circulação (BRITO, 2005).

A legislação nacional sobre emissões de veículos é recente, visto que até

1979 as indústrias automotivas não se preocupavam com as emissões ou consumo

de combustível, ou seja, seus projetos apenas buscavam desenvolvimento da

potência e eficiência. Este pensamento começou a mudar no período de 1980 a

1987, quando a preocupação com o consumo e as emissões se tornou parte dos

projetos de desenvolvimento de automóveis, o que se justifica, pois as indústrias

automotivas precisavam atender aos limites de emissões do PROCONVE (BRITO,

2005).

Page 42: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

42

3.6.2 PROCONVE

O Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores surgiu

em 1986, instituído pela Resolução CONAMA nº 18. Passou por diversas fases de

regulamentações para os veículos; no início, apenas veículos novos eram obrigados

a cumprir tal legislação (CAVALCANTI, 2010).

Os objetivos da PROCONVE, segundo a Resolução CONAMA nº 18, são:

Reduzir os níveis de emissões de poluentes por veículos automotores

visando ao atendimento aos Padrões de Qualidade do Ar, especialmente nos

centros urbanos;

Promover o desenvolvimento tecnológico nacional, tanto na engenharia

automobilística, como também em métodos e equipamentos para ensaios e

medições da emissão de poluentes;

Criar programas de inspeção e manutenção por veículos automotores

em uso;

Promover a conscientização da população com relação à questão da

poluição do ar por veículos automotores;

Estabelecer condições de avaliação dos resultados alcançados;

Promover a melhoria das características técnicas dos combustíveis

líquidos, postos à disposição da frota nacional de veículos automotores, visando à

redução de emissões poluidoras à atmosfera;

Como mencionado acima, o PROCONVE estabeleceu fases de limites de

emissões (TABELA 6) e, consequentemente, teve a sua implantação de forma

gradativa. Essas fases foram divididas conforme a característica do veículo, ou seja,

veículos definidos como leves (com massa total igual ou menor que 3.856 kg e

capacidade máxima de 12 passageiros) tiveram as seguintes fases (MELO, 2011):

Fase L-1: gradativamente, de 1988 a 1991, com o objetivo de

incentivar o aprimoramento de projetos que visam à redução de emissões, entre elas

as emissões evaporativas;

Page 43: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

43

Fase L-2: a partir de 1992, devido aos limites estabelecidos, foram

verificadas aplicações de novas tecnologias, como injeção eletrônica e conversores

catalíticos para redução de emissões. Em 1994, tem início o controle de ruído;

Fase L-3: introduzida em 1997, os fabricantes automotivos implantaram

novas tecnologias para a formação da mistura e controle eletrônico do motor;

Fase L-4 e L-5: iniciou em 2009 com o objetivo de reduzir as emissões

de HC e NOx. Ocorreram melhorias na otimização da câmara de combustão e bicos,

e a injeção eletrônica. Devido à falta de tempo para o desenvolvimento e da

indisponibilidade de diesel adequado, não foi possível ocorrer a comercialização de

veículos a diesel; então a Fase L-5 foi substituída pela Fase L-6;

Fase L-6: Como forma de compensar o atraso, o CONAMA adotou

uma fase mais severa, que teve seu início em janeiro de 2013;

Page 44: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

44

Tabela 6 – Limite Máximo de Emissão de Poluentes para Veículos Leves de

Passageiros

Poluentes Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5 Fase 6

Monóxido de Carbono (CO em g/km)

24,0 12,0 2,0 2,0 2,0 1,3

Hidrocarbonetos (HC em g/km)

2,1 1,2 0,3 0,3⁽²⁾ 0,3⁽²⁾ 0,3⁽²⁾

Hidrocarbonetos não NE NE NE 0,16 0,05 0,05

metano (NMHC em g/km)

Óxidos de nitrogênio (NOx em g/km)

2,0 1,4 0,6 0,25⁽³⁾ ou 0,12⁽³⁾ ou

0,08 0,6 ⁽⁴⁾ 0,35 ⁽⁴⁾

Material particulado (MP em g/km)

NE NE 0,05 0,05 0,05 0,025

Aldeídos (CHO em g/km) NE 0,15 0,03 0,03 0,02 0,02

Emissão evaporativa (g/ensaio)

6,0 6,0 2,0 2,0 2,0 1,5⁽⁶⁾ ou

2,0 ⁽⁵⁾⁽⁶⁾

Emissão de gás nula nula nula nula nula nula

no cárter

¹ Em 2014 para todos os novos lançamentos, a partir 2015 para todos os veículos comercializados.

² Aplicável somente para veículos movidos a GNV.

³ Aplicável somente para veículos movidos a gasolina ou etanol.

⁴ Aplicável somente a veículos movidos a óleo diesel.

⁵ Aplicável aos ensaios realizados em câmara selada de volume variável.

⁶ Aplicado a todos os veículos a partir de 1°/1/2012.

(NE) não exigível.

Fonte: Ibama 2011.

Vale ressaltar que os veículos considerados pesados, ou seja, com massa

superior a 3.856 kg, também tiveram suas fases definidas (MELO, 2011). Porém

estes valores não serão detalhados aqui, já que o trabalho não tem como principal

propósito veículos pesados e movidos a diesel.

Desde sua implantação, o PROCONVE teve um papel fundamental na

redução das emissões de poluentes atmosféricos de automóveis, pois, em 1988, um

veículo gerava em torno de 54 g/km de CO; já em 2010, a emissão caiu para 0,7

g/km. Isso ocorreu porque, com estes parâmetros estabelecidos, os fabricantes

Page 45: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

45

automotivos cada vez mais buscaram tecnologias para se adequar aos parâmetros

estabelecidos pelo PROCONVE (MELO, 2011).

3.7 Emissões dos veículos

As emissões veiculares são um ponto importante nas emissões de poluentes

atmosféricos, por se tratar de emissões de difícil controle e de grande dispersão,

além de variarem constantemente, seja por aumento na frota dos veículos, seja pela

escolha de combustível (AZUAGA, 2000).

Os veículos geram de diferentes formas poluentes para a atmosfera. Entre

elas, podem ser citadas a emissão evaporativa de combustível, emissão de gases

do cárter do motor, a emissão de gases e partículas do escapamento. Além disso,

pode-se considerar a emissão de partículas como poeira, desgaste de pneus e

freios, entre outros (SORDI, 2012).

Entre os tipos de poluentes gerados, as emissões evaporativas de

combustível são evaporações de hidrocarbonetos presentes nos combustíveis.

Ocorrem quando o veículo apresenta vazamentos em conexões, nas mangueiras,

em veículos mais antigos, que contêm carburadores. Essa evaporação ocorre

quando o veículo se encontra parado, e com temperaturas elevadas (GOMES et al.,

1994).

A respeito das emissões de gases do cárter, novamente os hidrocarbonetos

aparecem na grande maioria dos gases gerados; esses gases são oriundos da

passagem do gás por anéis de segmento do motor e também por vapores do óleo

lubrificante (GOMES et al., 1994).

Por fim, há as emissões dos escapamentos, que são subprodutos da

combustão do motor. Pode-se explicar a presença de CO₂, H₂O e N₂ quando o

motor tem sua combustão completa; já quando ocorre a combustão incompleta, são

também gerados o CO, HC, aldeídos, NOx, material particulado e SOx

(BALASSIANO, 1991).

Page 46: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

46

3.8 Funcionamento dos automóveis

Conforme o Manual Técnico do DETRAN (2003), o conjunto composto por

vários sistemas que utiliza um motor, tanto elétrico como de combustão interna para

transformar energia em movimento, denomina-se automóvel.

O motor de combustão interna é o mais utilizado em automóveis e funciona a

partir de outros sistemas. Entre os principais, pode-se citar sistema de ignição,

alimentação, arrefecimento, escapamento e lubrificação. A velocidade e o sentido de

deslocamento são controlados pela rotação do motor e pela caixa de marchas.

Ainda englobam outros sistemas eletrônicos e comandos de indicação ao sistema de

segurança do veículo, variando de acordo com cada modelo (DETRAN, 2009).

Como toda máquina, seu funcionamento necessita de manutenção para seu

melhor desempenho.

3.9 Motores e kits

Na conversão do veículo para GNV, o motor é o principal envolvido na

mudança. É a partir dele que são feitas todas as modificações necessárias para a

utilização do novo combustível. O kit GNV envolve todo o veículo desde o

acondicionamento dos cilindros de combustível até os acionamentos eletrônicos

para o sistema funcionar.

Para poder instalar kit GNV em um veículo, a oficina mecânica deve ser

credenciada pelo INMETRO. Segundo Oficina Brasil (2009), as oficinas

credenciadas são verificadas pela Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade

(RBMLQ), de acordo com critérios do RTQ 33 e do INMETRO (Portaria nº102/2002).

Além desses, a oficina precisa estar em conformidade com o Instituto de Pesos e

Medidas (IPEM). O credenciamento é autorizado através do Certificado de Registro

do Instalador (CRI). O não cumprimento destas medidas pode levar a oficina a

multas e processos civis e criminais.

Page 47: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

47

3.9.1 Conversão de motores para gás natural

De acordo com Barbosa (1997), o gás natural e o biogás são compostos

principalmente pelo gás metano e podem ser empregados tanto para acionar

motores do ciclo Diesel como do ciclo Otto. Entretanto reforça que, para cada caso,

a alimentação de combustível e as taxas de combustão da mistura ar-combustível

são diferentes.

Barbosa (1997) explica ainda que a conversão do motor ciclo Otto para operar

como veículo bicombustível é a mais simples, sendo realizada mediante a

incorporação de um sistema de alimentação de gás junto ao motor.

3.9.2 Motores de combustão interna

Segundo Oliveira Junior (1997), motores de combustão interna são

dispositivos que convertem energia térmica em trabalho mecânico. Usualmente são

empregados de forma veicular e de forma estacionária. Na forma veicular, aplicada

em carros, caminhões, máquinas agrícolas, entre outros; e de forma estacionária,

em bombas, geradores, compressores.

Seu princípio parte da combustão da mistura básica de combustível e ar, que

se pode observar principalmente nos ciclos Diesel e Otto. Ainda existem os motores

tipo Wankel e a turbina a gás, pouco explorados. No ciclo Diesel, a mistura é feita

com a admissão de ar e a injeção de combustível. A mistura é pressurizada na

câmara de combustão, e a explosão se dá pela sua compressão. A força gerada

pela explosão empurra o pistão para baixo, promovendo o movimento do conjunto

da árvore de manivelas que propulsiona o sistema de transmissão do veículo ou

equipamento. O ciclo Otto funciona da mesma maneira, utilizando o princípio da

centelha para explodir a mistura de ar com combustível.

Os motores de combustão interna são a fonte de energia mais utilizada em

veículos automotores. Geram energia através da conversão química contida no

combustível em calor e, desse, em trabalho mecânico. A conversão de energia

química em trabalho se dá por meio da combustão, enquanto a conversão

Page 48: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

48

subsequente em trabalho mecânico é realizada permitindo-se que a energia do calor

aumente a pressão dentro de um meio, que então realiza trabalho na medida em

que se expande. O conjunto árvore/manivela converte o serviço gerado neste

processo em torque (BOSCH apud SILVA, 2006, p. 24).

Motores de combustão interna utilizados em veículos leves, como é o caso da

frota analisada, são do tipo ciclo Otto, ou ignição por centelha. Esse tipo de motor

possibilita uma adaptação simples para o kit GNV, se comparado a motores do ciclo

diesel.

Os motores ciclo Otto operam em quatro tempos, como pode ser observado

através dos diagramas P-V e T-S (FIGURA 4).

Figura 4 – Diagramas P-V/T-S ciclo Otto

Fonte: Silva, 2006.

Segundo Silva (2006), no diagrama P-V (pressão e volume) e T-S

(temperatura e entropia), pode-se observar que, no momento 1-2, acontece uma

compressão isoentrópica do ar quando o pistão do motor sai do ponto morto inferior

(PMI) para o ponto morto superior (PMS), ou seja, há uma diminuição no volume da

câmara de combustão e aumento da pressão, ao passo que a temperatura aumenta.

No momento 2-3, a temperatura continua aumentando junto com a entropia. No

Page 49: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

49

momento 3-4, acontece uma expansão isoentrópica, em que o pistão do motor vai

do PMS para o PMI, ocorrendo um aumento de volume e diminuição da pressão. E,

em 4-1, ocorre a rejeição do ar pelo escapamento do motor.

3.9.3 Ciclo Otto – Teoria da combustão

Segundo Oliveira Junior (1997), Beau de Rochas propôs uma sequência de

operação em quatro tempos no ano de 1862, ciclo que até hoje é utilizado nos

motores de ignição por centelha. Mais tarde, em 1876, Nikolaus August Otto, a partir

das ideias de Beau de Rochas, construiu um motor que funcionou perfeitamente.

Em um motor de ignição por centelha convencional, o combustível e o ar são

misturados no sistema de admissão e admitidos através da válvula de entrada do

cilindro, sendo misturados com o gás residual e então comprimidos. Sob

circunstâncias de operação normais, a combustão é iniciada durante o curso da

compressão por uma descarga elétrica da vela. A seguir, desenvolve-se uma chama

turbulenta, propagando-se através da mistura ar mais combustível, até alcançar as

paredes da câmara de combustão para então extinguir-se (WILDNER, 2010).

Page 50: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

50

O sistema funciona em quatro estágios (FIGURA 5).

Figura 5 – Demonstrativo ciclo Otto quatro tempos

Fonte: Silva, 2006.

De acordo com Silva (2006), no primeiro estágio temos a admissão dos

gases, ao mesmo tempo em que o pistão se desloca do PMS para PMI, permitindo

que a mistura ar-combustível entre na câmara de combustão. Em seguida inicia-se a

compressão, em que a válvula de admissão se fecha, ao passo que o pistão se

desloca do PMI para o PMS, comprimindo, dessa forma a mistura. Um pouco antes

de o pistão chegar ao PMS, a combustão é iniciada por meio de uma centelha. A

partir disso, começa o processo de expansão, em que o pistão é impulsionado para

o PMI pela força da explosão da mistura. Depois disso, a válvula de escape de

gases é aberta, e o pistão se desloca do PMI até o PMS, expulsando os gases

gerados pelo processo.

Esse ciclo é repetido milhares de vezes por minuto dentro do motor de

combustão interna a fim de gerar o trabalho necessário para que o veículo possa se

deslocar.

Page 51: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

51

3.9.4 Kits de gás natural veicular

Os kits instalados em veículos são compostos por diversos itens que

modificam a sua estrutura original (FIGURA 6).

Figura 6 – Sistemas de componentes do kit GNV

Fonte: Mecânica do Beto, 2014.

Na figura acima, pode-se observar o acondicionamento dos componentes no

veículo de acordo com seus respectivos sistemas. O sistema de entrada de GNV

serve para controlar e dosar todo o combustível que entra na câmara de combustão,

e se localiza junto ao motor do veículo. O sistema de controle manda um sinal para o

sistema de entrada de GNV para que possa fazer a dosagem; localiza-se no painel e

na região do motor. Cada componente tem uma função específica para o perfeito

funcionamento do veículo. O cilindro é instalado geralmente no porta-malas e serve

para armazenar todo o combustível. Abaixo estão listados todos os possíveis

componentes necessários para a instalação do kit GNV no veículo. Cada tipo de kit

é aplicado em veículos compatíveis; sendo assim, nem todos utilizam todos os itens

da lista. De acordo com COMPAGÁS (2009), os itens que compõem os kits GNV

são os seguintes:

Page 52: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

52

Redutor: Reduz a pressão de gás no cilindro regulando-a em uma

faixa de 200 bar até a pressão atmosférica; funciona baseado na diferença de

pressão entre os meios.

Válvula de Abastecimento: Tem múltiplas funções, além de impedir

que o gás retorne à fonte de abastecimento; possibilita o corte do gás para o redutor

em um possível caso de emergência ou manutenção.

Misturadores e Injetores: O misturador de GNV influencia diretamente

no bom funcionamento do veículo. Se ocorre a aplicação correta para cada tipo de

veículo, pode-se evitar a perda de potência e o consumo excessivo, proporcionando

um excelente funcionamento com GNV ou com combustível líquido.

Válvula do Cilindro: é uma válvula que serve para reter o gás no

cilindro, e controla a saída de gás através de uma conexão ligada à linha de alta

pressão. Possui dois dispositivos de segurança, um para controlar um possível

excesso de fluxo de gás, e outro para controlar um possível excesso de pressão no

cilindro.

Barra de Aterramento: Descarrega ao solo a energia estática gerada

no momento do abastecimento do veículo.

Tubulações: Para as tubulações, existem peças de aço para alta

pressão e peças mais simples para baixa pressão.

Manômetro: O manômetro tem a função de indicar e enviar sinais do

nível de pressão do gás à chave comutadora instalada no painel. É instalado entre a

válvula de abastecimento e o redutor de pressão.

Chave Comutadora: Possui dois estágios de funcionamento, podendo

ser manual ou automático; seleciona qual o combustível que será utilizado.

Eletroválvula: Utilizada somente em veículos carburados, tem a

função de abrir e fechar a passagem do combustível líquido. Possui sistema de

fechamento manual para o caso de emergência.

Suporte e Cilindro: O cilindro tem a função de armazenar o GNV a

aproximadamente 200 bar e é fixado através de suporte, geralmente no porta-malas

ou embaixo do carro, em local que seja adequado, conforme NBR 11353.

Simulador de Bico: Faz a comunicação do kit com o sistema original

do veículo. Interrompe o funcionamento dos bicos, evitando a entrada dos dois

combustíveis simultaneamente.

Page 53: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

53

Simulador de Sonda Lambda: É um dispositivo utilizado em alguns

casos que não usam módulo eletrônico; envia sinal de lambda (sinal que informa se

a mistura está rica ou pobre para o módulo de injeção), sinal que simula o

funcionamento original da sonda.

Variador de Avanço: Mantém o perfeito funcionamento do veículo,

dosando a relação AR/GNV, evitando contra-explosão, problema que pode acabar

danificando componentes (como coletores e filtros de ar), e evita a perda de

potência, reduzindo o consumo e a poluição ambiental.

Módulo Eletrônico: Corrige a mistura ar/combustível, controla os

atuadores e sensores, dosando a mistura enriquecendo-a ou empobrecendo-a.

Motor de Passo: Também chamado atuador de linha, recebe sinal do

circuito eletrônico ou sonda lambda para enriquecer ou empobrecer a mistura,

mantendo o veículo com a dosagem de mistura ideal, evitando consumo excessivo e

poluição.

Segundo Machado et al., (2007), os kits de conversão dividem-se em cinco

gerações, sendo que, com o passar do tempo, aconteceram avanços tecnológicos.

Assim eles foram separados por gerações:

1ª Geração de kit GNV é produzido para veículos carburados. O

acionamento é feito por sistema pneumático para liberação de gás, e a regulagem é

feita mecânica ou manualmente. A vazão do gás acontece por chave comutadora de

três estágios.

2ª Geração de kit GNV é fabricado para veículos carburados e com

injeção eletrônica. Um mesclador faz a função de alimentação do gás. Possui

emuladores de bicos injetores e uma sonda lambda que serve para enviar sinais

eletrônicos para o sistema de injeção.

3ª Geração de kit GNV é produzido para injeção eletrônica. Conta com

controle eletrônico da mistura AR/GNV em função da sonda lambda, rotação e carga

do motor; um motor de passo faz o acionamento eletrônico da alimentação.

4ª Geração de kit GNV também é produzido para injeção eletrônica e

trabalha no coletor de admissão com bicos injetores de forma paralela, um redutor

de pressão de dois estágios e possui dispositivo que elimina o retorno de chama.

Page 54: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

54

5ª Geração de kit GNV foi produzido para injeção eletrônica. Conta com

injeção por bicos de forma sequencial no coletor de admissão, e com redutor de

pressão em dois estágios, dispositivo para eliminar o retorno de chama e possibilita

o melhor desempenho do motor.

De acordo com Machado et al., (2007), os kits da 1ª e 2ª gerações são os

mais utilizados, mas não atendem aos limites de emissão de poluentes. Estas

opções são encontradas no mercado para conversão de veículos para utilização de

GNV.

3.9.5 Potência

A potência pode ser definida como o trabalho realizado em uma unidade de

tempo, ou seja, quanto maior for o trabalho realizado no menor intervalo de tempo,

maior será a potência. Quando se fala em automobilismo, se dois veículos são

iguais, mas com potências diferentes, o mais potente realizará o mesmo trajeto em

menos tempo. Claro que isso não é o único fator, porém é um fator que ajuda a

compreender a importância da potência (CEPRA, 2000).

Equação para definir potência:

(1)

Onde:

P = Potência (W = Watt)

W = Trabalho (J = Joule)

F = Força aplicada (N = Newton)

d = Deslocamento (m = Metros)

t = Tempo (s = Segundos)

Page 55: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

55

3.9.5.1 Unidades da Potência

Pelo Sistema Internacional (S.I.), define-se potência utilizando a unidade

Watt, representado pelo W. Normalmente é utilizado o kiloWatt, representado por

kW (1 kW = 1000 W). Outra unidade muito utilizada para medir potência é o Cavalo

Vapor (CV), que pode ser relacionada com a unidade Watt, e 1 CV equivale a 735,5

W (CEPRA, 2000).

3.9.5.2 Potência em veículos que utilizam kit GNV

A potência do veículo convertido para GNV está diretamente relacionada com

a eficiência volumétrica do motor. O veículo convertido tem perda de potência com a

utilização GNV, pois não foi projetado para trabalhar com tal combustível. Entretanto

por ser muito semelhante com combustíveis líquidos, o GNV pode ser utilizado como

combustível alternativo.

Segundo Maxwell (1995) apud Barbosa (1997), a potência é afetada

diretamente nos motores bi combustíveis convertidos para uso de gás natural,

podendo ocorrer redução da potência de até 30%; destes, 10% são decorrentes da

baixa densidade do combustível gasoso.

A mistura estequiométrica do álcool é de aproximadamente 8,5 partes de ar

para uma de combustível; a da gasolina, 13,5; e a do GNV, de 17 partes de ar para

cada uma de combustível. Dessa forma, o gás tem maiores dificuldades em relação

aos combustíveis líquidos, pois ele necessita de uma maior taxa de compressão

para atingir parâmetros semelhantes aos dos combustíveis líquidos. Precisa também

de um sistema mais eficiente de ignição para condução da centelha até a combustão

do combustível. Em relação aos líquidos, o GNV é considerado uma mistura pobre,

pois suas moléculas estão mais diluídas no ar admitido para a mistura, o que

compromete a velocidade de propagação da combustão já que sua velocidade de

queima é inferior, podendo chegar a ser setenta vezes menor (OFICINA BRASIL,

2009).

Page 56: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

56

Para suprir algumas deficiências do combustível, foram criados componentes

que aceleram e melhoram o seu desempenho. Segundo Oficina Brasil (2009),

fabricantes de kits oferecem soluções, como misturadores mais eficientes, que

possibilitam uma maior homogeneidade de entrada de combustível, e módulos

eletrônicos que fazem a variação de avanço do gás e adiantam mais o momento da

centelha.

De acordo com Maxwell (1995) apud Barbosa (1997), superalimentadores e

turboalimentadores podem suprir a perda de eficiência volumétrica dos motores a

gás por alterarem a pressão de admissão da mistura.

Barbosa (1997) ainda salienta outra possibilidade aplicada em veículos

comerciais, que consiste em enriquecer o conteúdo de oxigênio do ar empregado.

Maxwell (1995) apud Barbosa (1997) afirma que, se a injeção de combustível

for feita de forma direta no cilindro do motor, a perda de potência devido à queda de

eficiência volumétrica pode ser eliminada por completo nos motores a gás. Este

método é muito semelhante à 5ª geração de kits GNV, mas, para isso, seria

necessário que o motor fosse preparado somente a trabalhar com GNV.

3.9.6 Torque do motor

O torque do motor pode ser explicado como, o momento em que forças geram

as rotações do motor. Ele aumenta proporcionalmente com a rotação do motor até

seu nível máximo. O cálculo do torque é feito com a força gerada pela expansão dos

gases da câmara que empurram os pistões para baixo, multiplicando essa força pela

distância existente entre a linha do centro do eixo de manivelas e o centro do

diâmetro da biela. O torque do motor normalmente é medido utilizando um

dinamômetro, tanto de bancada quanto de rolo. O torque pode ser caracterizado

como mecânico, eletromagnético ou hidráulico (SILVA e COSTA, 2012).

Em motores de ciclo Otto, o torque de volante é o resultado do processo de

combustão, reduzido pelo atrito dos componentes do motor, pelo torque gasto em

acionamentos de acessórios e pela perda na mudança de carga em função do

Page 57: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

57

bombeamento. Já o torque de combustão é produzido no tempo de trabalho,

podendo ser determinado pela massa de ar disponível para combustão, massa de

combustível disponível e pelo instante em que a centelha da ignição induz a

combustão da mistura de ar (SILVA, 2006).

3.9.7 Desgaste excessivo de componentes

Segundo Takayama (2008), quando se projeta um produto, todas as suas

características são previstas, e prováveis situações testadas ou simuladas,

entretanto algumas inadequações se tornam evidentes somente quando o produto é

submetido a situações reais de uso. Todo desgaste excessivo de um componente se

dá pelo uso incorreto do equipamento, ou por algum meio externo que possa estar

atuando sobre o componente potencializando o desgaste.

De acordo com Seeling (2000), é preciso que ações sejam tomadas para

conservar e restabelecer características construtivas, regulagens devem ser feitas

para garantir que as características originais do equipamento sejam mantidas,

visando a um nível de desempenho adequado. Para assegurar tais níveis de

desempenho, a correta manutenção é essencial para o bom funcionamento do

veículo convertido para GNV. Devido a diferenças entre os combustíveis gasosos e

líquidos, alguns componentes merecem atenção especial.

O GNV, por ter uma taxa estequiométrica maior do que os combustíveis

líquidos, tem sua ignição por centelha comprometida. De acordo com Oficina Brasil

(2009), o retardo na ignição pode tornar a queima do combustível mais lenta, o que

compromete o funcionamento do motor. Com a queima mais lenta, o processo fica

comprometido, visto que o motor pode estar partindo para um novo ciclo, e o

combustível ainda estar em processo de queima, havendo, portanto, um cruzamento

dos volumes dentro da câmara de combustão. Essa ocorrência pode acarretar o

fenômeno “back fire”, que é uma explosão no coletor de admissão. Conforme Oficina

Brasil (2009), os itens que mais influenciam no “back fire” são as velas e cabos de

velas. Empresas especializadas estão fabricando esses componentes de forma

específica, a fim de prolongar sua necessidade de reposição.

Page 58: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

58

Barbosa (1997) explica que o gás natural tem sua velocidade de chama

laminar menor que os outros hidrocarbonetos, o que prejudica o processo de

combustão, mas pode ser corrigido com o avanço do ponto da ignição

proporcionando operações com maior eficiência.

O GNV proporciona uma queima mais limpa, gerando menos resíduos na

queima, que contaminam o sistema de lubrificação do motor. De acordo com

Machado et. al. (2007), o óleo lubrificante não sofre contaminação por resíduos de

fuligem, e os períodos de troca de óleo podem ser aumentados com base de

acompanhamento laboratorial. Cita também que o GNV possui poder antidetonante,

possibilitando a obtenção de maiores rendimentos sem detonação na câmara de

combustão.

Da mesma forma, Barbosa (1997) destaca que o poder antidetonante do gás

natural possibilita o uso de maiores taxas de compressão para se alcançar um

melhor rendimento do motor, e a queima do gás natural reduz a formação de

resíduos de carbono, prolongando a vida útil.

3.10 Relevância do trabalho

A importância deste trabalho reside no fato de que se aplica em algumas

questões importantes atualmente, como a reutilização de rejeitos, alternativas para a

matriz energética e inovações tecnológicas. Com isso, é possível entender a

relevância de um trabalho que seja inovador e abra portas para novos trabalhos que

visam aprimorar o anterior.

Atualmente o principal combustível utilizado em veículos é a gasolina.

Contudo, devido à sua fonte finita, uma ideia que vem ganhando força é o

biometano, combustível que se enquadra juntos com os combustíveis renováveis.

Sua característica renovável faz com que seja uma alternativa à utilização de

combustíveis fósseis, se encaixe nessa nova visão de meio ambiente, onde o rejeito

que no passado apenas seria descartado, atualmente pode se tornar uma alternativa

de combustível.

Page 59: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

59

Por ser um combustível novo, ou seja, não estar disponível em postos de

abastecimento de combustível ou não haver um número significativo de trabalhos

científicos que abordem o assunto, o biometano quando comparado com a gasolina,

o etanol e o GNV, reforça a importância deste trabalho, pois os testes e os

parâmetros aqui apresentados foram inovadores. Esta inovação permite que futuros

trabalhos possam utilizá-lo como base ou como referência, podendo, assim, além de

melhorar seus testes, complementar suas avaliações e os dados obtidos.

Além disso, o presente trabalho apresenta um número significativo de dados

obtidos através dos testes realizados esses dados, quando comparados os quatro

combustíveis analisados, se tornam dados de base e também podem ser utilizados

como parâmetros quando se busca uma alternativa ou uma opção de combustível

veicular.

Page 60: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

60

4 METODOLOGIA

Para a determinação de emissões de gases, foram realizados testes no

laboratório da Univates com o equipamento, o analisador de gases Discovery 4G

(ALFATEST, 2011), que quantifica a quantidade de gases que o veículo gera na

dissipação de calor proveniente da queima do combustível utilizado.

Já para a determinação do desempenho do motor do veículo utilizando cada

um dos combustíveis analisados, foi necessário realizar testes particulares em uma

mecânica localizada na cidade de Lajeado – RS, uma vez que a universidade em

que o autor está concluindo sua graduação, não possui equipamentos necessários

para a realização desses testes. Nesses testes foi utilizado um dinamômetro de

chassi, da marca Hardwarecar, modelo 1200, que permite simulação em condições

semelhantes às reais, assim determinando o desempenho do motor com os quatro

combustíveis analisados.

4.1 Veículos utilizados no teste

Para a realização dos testes necessários, foram utilizados dois veículos: um

contendo o kit gás instalado, enquanto o outro foi utilizado somente para o teste de

emissões utilizando o etanol como combustível. A introdução do segundo veículo foi

necessária porque o automóvel que contém o kit gás instalado, quando testadas as

emissões utilizando o etanol, gera valores totalmente fora dos padrões. Esses

resultados podem ser explicados porque o veículo utiliza raríssimas vezes o etanol

Page 61: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

61

como combustível. Assim, para testar os quatro combustíveis, foram escolhidos um

Volkswagen Gol 1.6 Mi Power Total Flex 8v 4 portas, ano 2009, e um Volkswagen

Crossfox 1.6 Mi Power Total Flex 8v 4 portas, ano 2009(FIGURA 7).

Figura 7 – Veículos utilizados nos testes

Fonte: Elaborado pelo autor.

As especificações do veículo utilizado no teste (TABELA 7) foram

importantes, pois foi possível fazer a comparação com os valores obtidos nos testes

realizados.

Page 62: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

62

Tabela 7 – Especificações dos Veículos (GOL/CROSSFOX).

Especificações Gol Crossfox

Fabricante: Volkswagen Volkswagen

Número de Cilindros: Quatro (4) Quatro (4)

Cilindrada: 1.598 m³ 1.598 cm³

Potência máxima com Gasolina em CV: 101 101

Potência máxima com Etanol em CV: 104 104

Torque máximo com Gasolina em kg/Nm: 15,4 14,3

Torque máximo com Etanol em kg/Nm: 15,6 15,6

Fonte: Volkswagen do Brasil, 2008.

4.2 Combustíveis utilizados no teste

Os testes foram realizados utilizando quatro diferentes combustíveis:

biometano, o GNV, a gasolina e o etanol.

4.3 Metodologia para verificar emissões

Para as análises de emissões utilizando os quatro diferentes combustíveis, foi

utilizado um analisador de gases, aprovado pelo INMETRO, possibilitando uma

confiabilidade aos dados obtidos.

Com o objetivo de ter um comparativo das emissões de gases gerados por

veículos movidos por gasolina, etanol, GNV e biometano, foram realizados testes no

laboratório da Univates usando o analisador de gases Discovery G4 (FIGURA 8),

equipamento homologado pelo INMETRO e também utilizado na Inspeção Veicular

Ambiental (NETO, 2009).

Page 63: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

63

Figura 8 – Analisador de gases Discovery G4

Fonte: Elaborado pelo autor.

As faixas de leitura suportadas pelo analisador de gases Discovery G4 são as

seguintes:

a) HC: 0 até 2000 ppm vol (Hexano).

b) HC: 0 até 4000 ppm vol (Propano).

c) CO: 0 até 15% vol

d) CO₂: 0 até 25% vol

e) O₂: 0 até 25% vol

O analisador Discovery G4 foi conectado a um microcomputador, e se utilizou

o software Discovery G4 (FIGURA 9), que auxilia na realização da leitura de quatro

gases (ALFATEST, 2011):

a) HC: Hidrocarboneto, composto amplamente por hidrogênio e carbono,

representa o combustível que não é queimado pelo motor.

b) O₂: Oxigênio, por não se tratar de um gás tóxico, a medição de

oxigênio se faz presente somente para indicar a qualidade da mistura.

c) CO: Monóxido de Carbono, gás formado pela queima incompleta do

carbono presente no combustível, é um gás perigoso à saúde humana e indica se

ocorre ou não uma mistura rica.

Page 64: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

64

d) CO₂: Dióxido de Carbono indica a eficiência do motor. Trata-se de um

dos gases causadores do efeito estufa, mas, em termos de eficiência, quanto maior

sua presença, melhor o desempenho do motor.

Figura 9 – Software do analisador de gases Discovery G4

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para a realização da medição, primeiramente foi colocado um sensor de

temperatura no compartimento onde se localiza o óleo do motor. Esse procedimento

foi necessário para a medição da temperatura do óleo. Posteriormente, se colocou

uma pinça indutiva no cabo de vela do motor (FIGURA 10), possibilitando a medição

das rotações do motor.

Page 65: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

65

Figura 10 – Sensor de temperatura e pinça indutiva

Fonte: Elaborado pelo autor.

Com os equipamentos conectados no motor, este foi ligado, para que o

software do analisador de gases fizesse as leituras preliminares, como estabilização

do motor e a medição da temperatura. Seguindo os passos dados pelo software, foi

necessário fazer verificações da sonda coletora de gases do escapamento (FIGURA

11), como verificar vazamentos e a limpeza interna (VILANOVA, 2009).

Page 66: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

66

Figura 11 – Sonda coletora de gases do escapamento

Fonte: Elaborado pelo autor.

Feitos os procedimentos na sonda coletora de gases do escapamento, foi

necessário acelerar o veículo, para a descontaminação do escapamento do veículo.

Todos esses procedimentos foram anteriores ao início da coleta dos dados de

emissões do veículo. O software indicou os procedimentos seguintes: colocar a

sonda coletora de gases no escapamento do veículo (FIGURA 12) e aguardar por

aproximadamente um minuto, para que o software realizasse as leituras de

emissões de gases com o veículo em marcha lenta. Posteriormente o software

indicou a necessidade de acelerar o veículo até 2500 rpm e, assim, realizou as

leituras com dois parâmetros diferentes, em marcha lenta e a 2500 rpm. O

analisador de gases Discovery G4 e outros analisadores seguem o padrão brasileiro

de análises de gases, ou seja, na realização do teste, deve-se deixar o veículo em

marcha lenta e a 2500 rpm para simular uma condição do veículo em movimento

(MELO, 2011).

Page 67: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

67

Figura 12 – Sonda coletora de gases no escapamento do veículo

Fonte: Elaborado pelo autor.

O analisador de gases, com os dados obtidos nos procedimentos acima

citados, gera resultados. Além dos resultados medidos, o software informará os

valores de HC e CO corrigidos e o fator de diluição. Com estes valores, foi possível

avaliar se o veículo está ou não dentro dos parâmetros de emissões conforme

resolução CONAMA 418/2009 (TABELA 8 e 9) (VILANOVA, 2009). Por se tratar de

um combustível novo, o biometano ainda se encontra em fase de regulamentação

na ANP; assim, foram utilizados os parâmetros do GNV nas tabelas abaixo. É

importante ressaltar, que os testes de emissões seguem a resolução CONAMA

418/2009 e a Instrução Normativa IBAMA n. 06/2010.

Page 68: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

68

Tabela 8 - Limites máximos de emissão (%) de Monóxido de Carbono (CO)

corrigidos.

Ano de Fabricação Gasolina Álcool Flex GNV

Todos até 1979 6,0 6,0 - 6,0

1980-1988 5,0 5,0 - 5,0

1989 4,0 4,0 - 4,0

1990-1991 3,5 3,5 - 3,5

1992-1996 3,0 3,0 - 3,0

1997-2002 1,0 1,0 - 1,0

2003-2005 0,5 0,5 0,5 1,0

2006 em diante 0,3 0,5 0,3 1,0

Fonte: Resolução CONAMA 418/2009.

Tabela 9 - Limites máximos de emissão (ppm) de Hidrocarbonetos (HC)

corrigidos.

Ano de Fabricação Gasolina Álcool Flex GNV

Todos até 1979 700 1100 - 700

1980-1988 700 1100 - 700

1989 700 1100 - 700

1990-1991 700 1100 - 700

1992-1996 700 700 - 700

1997-2002 700 700 - 700

2003-2005 200 250 200 500

2006 em diante 100 250 100 500

Fonte: Resolução CONAMA 418/2009.

O fator de diluição foi necessário, pois, por haver o gás oxigênio no ar

atmosférico em alguns casos, o escapamento do veículo não está bem vedado,

assim, este fator de diluição é importante para corrigir os valores obtidos (MELO,

2011):

Page 69: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

69

(2)

Com esta equação acima, é possível então determinar os valores de HC e CO

corrigidos, levando em consideração os dados obtidos pela leitura do software do

analisador de gases:

(3)

(4)

4.4 Metodologia para determinação do desempenho do motor

Para determinação da potência do motor e potência de roda do automóvel

utilizando diferentes combustíveis, foi utilizado um dinamômetro de chassi da marca

Hardwarecar, modelo Dinamômetro 1200 (FIGURA 13), além de um software de

mesma marca que gera resultado de potência do motor, potência de roda, torque do

motor, a velocidade máxima alcançada no teste, o tempo do teste e a distância

percorrida, gerada por cada combustível.

Page 70: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

70

Figura 13 – Dinamômetro de chassi

Fonte: Elaborado pelo autor.

As determinações acima citadas, geradas pelo veículo utilizando os quatro

diferentes combustíveis, foram feitas da seguinte forma: o veículo foi colocado sobre

o dinamômetro de chassi (FIGURA 14), com as rodas dianteiras sobre os rolos do

dinamômetro.

Figura 14 – Veículo sobre o dinamômetro

Fonte: Elaborado pelo autor.

Page 71: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

71

Com o veículo sobre o dinamômetro, foi necessário instalar um conta giro da

marca Auto Meter – Sport Comp II (FIGURA 15), pois o veículo não conta com

medidor de giros do motor, além de sensor para medição da pressão negativa ou o

vácuo no motor, e o sensor lambda, que mede a quantidade de oxigênio na

descarga do veículo. Após a instalação do conta giro no veículo, foi preciso calibrar

as rotações do motor do veículo com as rotações do dinamômetro; desse modo,

ambos tiveram a mesma rotação de 3.000 rpm usada no software utilizado no teste.

Figura 15 – Veículo com o conta giro

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após a calibragem do software (FIGURA 16) com a rotação do veículo, ele teve

seus pneus calibrados a 28 libras, e foi preso à estrutura do dinamômetro por

motivos de segurança. No software, determinou-se que teria seu início quando o

motor do veículo alcançasse 2.500 rpm. Todos os testes foram realizados com o

veículo em terceira marcha e utilizando o mesmo condutor.

Page 72: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

72

Figura 16 – Software para determinação de potência

Fonte: Elaborado pelo autor.

É importante ressaltar que houve variação nos resultados obtidos nos testes

com o conjunto mecânico do veículo frio, ou seja, quando o veículo permaneceu

estático sobre o dinamômetro por um período de aproximadamente 30 minutos. O

conjunto mecânico antes mencionado se refere ao motor do veículo, pneu, roda,

câmbio, escapamento, enfim, praticamente todo o veículo Em função disso, foram

realizados testes com o conjunto mecânico frio e quente, com os quatro

combustíveis, para uma melhor comparação dos combustíveis.

Feitos todos os ajustes, o automóvel foi ligado, acelerou-se até a terceira

marcha e o teste iniciou quando o veículo atingiu 2.500 rpm e foi até o ponto de

corte dos giros do motor. Esse ponto variou entre 6.000 rpm e 6.100 rpm. Após isso,

o software gerou os resultados dos parâmetros anteriormente mencionados.

A potência de um motor pode ser definida como a energia que será gerada por

unidade de tempo, ou seja, energia dividida pelo tempo. Geralmente usa-se a

unidade Watt, mas, por se tratar de um veículo, a unidade utilizada é os cavalos

vapor (CV). Dessa forma, obtém-se um melhor entendimento de como é

determinada a potência do veículo.

Page 73: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

73

4.5 Avaliações

Por fim, após realizar todos os testes propostos, foi feita uma avaliação

comparativa quanto aos resultados obtidos nos testes. Essa avaliação foi feita

atendendo à questão ambiental e econômica, pois, além de buscar uma alternativa

que reduza as emissões atmosféricas, a proposta do trabalho também contempla a

parte econômica. Nesse sentido, o desempenho do veículo é importante, pois a

pouca potência/torque gerada pode não ser vantajosa quando comparados os

quatro diferentes combustíveis, uma vez que uma baixa potência/torque consome

mais combustível.

Page 74: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

74

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante a realização dos testes, tanto para determinação de potência quanto

para a determinação das emissões, a metodologia utilizada foi similar para que os

resultados obtidos não sofressem alterações. Entretanto, por motivos mecânicos, foi

necessário utilizar um automóvel diferente nos testes de emissão utilizando o etanol

como combustível. A fim de que o trabalho não perdesse sua confiabilidade,

resolveu-se utilizar um veículo com um motor e ano de fabricação idêntico ao do

veículo utilizado nos demais testes.

Todos os testes foram realizados no período de duas semanas, no início do

mês de outubro. Por se tratar de quatro diferentes combustíveis a serem avaliados,

os testes foram divididos de forma que, num primeiro momento, foram analisados

dois combustíveis, um líquido e o outro gasoso, e, posteriormente, os outros dois

combustíveis, novamente um líquido e outro gasoso.

5.1 Resultados de desempenho de cada combustível analisado

Os resultados obtidos através dos testes realizados utilizando o dinamômetro

de chassi, não foram inesperados quanto ao desempenho dos combustíveis

utilizados comumente nos postos de abastecimento, que é o caso do etanol,

gasolina e o GNV. Entretanto, o etanol obteve os melhores resultados em todos os

parâmetros analisados. Mas o inesperado ficou por conta do biometano, que obteve,

em alguns parâmetros, resultados melhores que o GNV. Esse resultado positivo

Page 75: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

75

mostrou a importância de se buscar alternativas aos combustíveis comumente

utilizados, obtendo não só uma alternativa ao abastecimento dos veículos, mas

também um combustível de qualidade, em alguns parâmetros superior aos pré-

existentes.

Além da potência gerada pelo motor do veículo utilizando diferentes

combustíveis, foi possível determinar, utilizando um software de mesma marca do

dinamômetro, a potência gerada na roda do veículo, o seu torque, além do tempo e

velocidade máxima atingida pelo veículo durante as avaliações (FIGURA 17).

Figura 17 – Software determinando os resultados do desempenho do motor

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os testes foram realizados de forma que todos os combustíveis avaliados

tivessem o mesmo número de testes e posteriormente fosse utilizado o mesmo

número de resultados para que se obtivesse um valor médio de cada resultado, ou

seja, foram utilizados quatro resultados de cada combustível, descartando os

melhores e os piores resultados, o que gerou uma média de cada combustível.

5.1.1 Resultados de potência do motor

A potência gerada no motor com cada combustível (FIGURA 18) mostrou um

excelente desempenho do etanol, pois, diferentemente dos outros combustíveis

Page 76: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

76

testados, conseguiu manter uma similaridade nos resultados de potência de motor,

mesmo com o aquecimento do conjunto mecânico do veículo. Esse aquecimento

ocorreu por causa da sequência de testes realizados. Por isso optou-se por deixar o

veículo resfriar por certo tempo, aproximadamente trinta minutos, e realizar

novamente os testes, buscando melhores resultados.

Com o aquecimento do conjunto mecânico, a gasolina, o GNV e o biometano

tiveram em seus resultados valores inferiores quando comparados aos primeiros

testes realizados. Foi possível detectar essa diferença quando comparados os

resultados aos do etanol, que, mesmo com o aquecimento do conjunto mecânico,

obteve resultados praticamente iguais durante todos os testes.

Figura 18 – Resultados de potência média no motor do veículo (CV)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quando comparados os resultados de potência gerada no motor, o

biometano, teve um desempenho muito similar ao do GNV, o que surpreendeu

positivamente sua avaliação. É importante ressaltar que os resultados obtidos

utilizando o etanol e a gasolina ficaram dentro dos padrões encontrados no manual

do veículo, fato importante, pois mostrou uma coerência nos resultados obtidos.

O desempenho superior do etanol, quando comparado aos outros

combustíveis testados, explica-se devido à sua alta octanagem, ou seja, a

capacidade de queimar misturas ricas, além do seu calor latente de vaporização

79,95

92,67

81,25

106,50

BIOMETANO GASOLINA GNV ETANOL

Potência Média do Motor (CV)

Page 77: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

77

superior, o que possibilita uma maior geração de potência, explicando, assim, o

porquê do desempenho superior do etanol nos testes (OWEN e COLEY, 1995).

Para os resultados do GNV e do biometano, foram buscadas referências de

testes que utilizaram o GNV como combustível. Essa falta de referências quanto ao

biometano se explica por ser um combustível inovador e de desenvolvimento

recente. Assim, as referências do GNV foram a base para o biometano.

Quanto aos resultados do GNV e biometano, o seu baixo desempenho nos

resultados pode ser explicado devido à baixa velocidade de sua queima, falhas na

sua combustão, menor eficiência volumétrica em relação aos combustíveis líquidos

e combustão incompleta quando o combustível apresenta uma mistura pobre

(KALAM e MASJUKI, 2011).

5.1.2 Resultados de potência na roda

Os resultados da potência gerada na roda do veículo (FIGURA 19)

mostraram-se, na proporção de porcentagens dos resultados, idênticos aos

resultados da potência do motor. Esse resultado é importante não só para um

comparativo entre os combustíveis, mas também para a confiabilidade do teste, que

se manteve honesto nos resultados, quando foram comparados os resultados de

potência do motor e da roda.

Page 78: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

78

Figura 19 – Resultados de potência média na roda do veículo (CV)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os parâmetros de potência e torque testados com os diferentes

combustíveis, os quais tiveram o etanol obtendo os melhores resultados, podem ser

explicados como mencionado anteriormente, devido à sua octanagem elevada

quando comparada aos outros combustíveis testados, e também ao índice

antidetonante do etanol superior à gasolina, ao GNV e ao biometano. Este índice faz

com que o motor possa variar a taxa de compressão, tempo de avanço de ignição,

entre outros, e o motor tem ganhos na sua pressão interna, resultam em maiores

valores de torque e pressão (CARVALHO, 2011).

5.1.3 Resultados de torque do motor

Em outro parâmetro analisado durante o teste, o torque do motor do veículo

(FIGURA 20) novamente revelou o etanol com o melhor desempenho, além de

mostrar também o bom desempenho do biometano, que teve um resultado superior

ao do GNV. Esse resultado foi realmente visível durante os testes, pois, quando o

automóvel utilizou o GNV, houve muita dificuldade na aceleração, diferentemente do

biometano, que teve uma aceleração compatível com os resultados.

Os resultados obtidos pelo etanol nos testes de torque do motor podem ser

explicados porque a taxa de queima do etanol é mais rápida quando comparada aos

60,42

71,95

62,67

88,77

BIOMETANO GASOLINA GNV ETANOL

Potência Média na Roda (CV)

Page 79: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

79

outros combustíveis (CARVALHO, 2011). Uma base para isso foram os dados

obtidos por Sheghua et al. (2007), que determinou que o torque do motor do veículo

diminuiu conforme a adição de gasolina na mistura de etanol.

Figura 20 – Resultados de torque do veículo (kgf/m)

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.1.4 Resultados de velocidade do veículo

Os resultados anteriores são fundamentais para um comparativo dos quatro

combustíveis testados. Mas, além desses dados, foi possível determinar também a

velocidade média máxima (FIGURA 21) exercida pelo veículo durante os testes.

Essa velocidade foi uma média da velocidade que o veículo obteve durante o tempo

em que foi realizado o teste.

Nos resultados de velocidade média do veículo durante o teste, novamente o

etanol teve o melhor resultado dos quatro combustíveis. Esses resultados servem

como mais um dado obtido durante os testes, assim, utilizado apenas como

comparação entre os combustíveis.

12,74

15,20

11,78

16,67

BIOMETANO GASOLINA GNV ETANOL

Torque Médio do Motor (kgf/m)

Page 80: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

80

Figura 21 – Resultados de velocidade máxima média (km/h)

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.1.5 Resultados do tempo do teste

Além disso, foi possível determinar o tempo necessário (FIGURA 22) pelo

veículo para realizar o teste. Esse foi o tempo necessário em que o veículo, em

terceira marcha, atingiu uma média de 6.000 rpm e finalizou o teste. Ele tem a sua

importância como parâmetro, visto que mostra novamente o desempenho superior

do etanol quando comparado aos outros combustíveis, e também o desempenho

superior do biometano quando comparado ao GNV. Isso corrobora novamente o que

foi constatado na prática: o biometano se mostrou mais consistente durante os

testes, sem que o motor necessitasse de mais tempo para realizar o teste.

118,55 118,42

117,90

121,02

BIOMETANO GASOLINA GNV ETANOL

Velocidade Máxima Média do Teste (km/h)

Page 81: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

81

Figura 22 – Resultados de tempo médio do teste (s)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Esse parâmetro analisado foi relevante para constatar a diferença entre os

combustíveis líquidos, gasolina e etanol, e os gasosos, o GNV e o biometano. A

diferença anteriormente explicada ficou evidenciada quanto ao tempo necessário

pelo veículo para realizar o teste. Esse tempo foi a combinação de todos os

parâmetros anteriormente analisados, ou seja, o torque e a potência foram

fundamentais para o tempo do teste, e o melhor desempenho de potência e torque

resultou no menor tempo para realizar o teste.

Quanto aos resultados obtidos nos testes de desempenho do veículo, a

potência no motor, potência na roda e torque do motor, os resultados foram

coerentes, uma vez que, conforme Carvalho (2011) – que testou diferentes tipos de

combustíveis, entre eles o etanol, a gasolina e o GNV, utilizando um dinamômetro

de bancada – o etanol obteve os melhores resultados nos testes de potência e

torque. A gasolina obteve resultado inferior ao do etanol, enquanto o GNV teve o

pior resultado quando comparados os três combustíveis testados.

5.2 Resultados das emissões geradas pelos combustíveis analisados

Para a determinação das emissões geradas pelos quatro combustíveis

analisados, foi utilizado um analisador de gases, aprovado pelo INMETRO, no qual

16,97

12,90

17,70

11,92

BIOMETANO GASOLINA GNV ETANOL

Tempo Médio do Teste (s)

Page 82: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

82

foram realizados testes em duas fases: com o motor do veículo em marcha lenta e

com o motor do veículo a 2.500 rpm. A realização dos testes em duas fases foi

fundamental pois se obteve um valor similar ao que se encontra no dia a dia da

utilização do veículo, visto que, no trânsito, há uma variação na utilização do veículo,

parado ou em movimento.

Os parâmetros analisados (FIGURA 23) durante os testes foram de

Hidrocarbonetos (HC), Monóxido de Carbono (CO), Dióxido de Carbono (CO₂) e

Oxigênio (O₂). Assim, foi possível determinar o combustível que obteve o melhor

desempenho dentre os analisados. É importante ressaltar que os resultados obtidos

após a realização dos testes se mostraram muito coerentes para os quatro

combustíveis, ou seja, os resultados para os combustíveis líquidos, gasolina e

etanol, tiveram seus valores semelhantes, na maioria dos testes. Essa similaridade

ocorreu também para os resultados dos combustíveis gasosos, o biometano e o

GNV. É importante ressaltar que, em todos os testes realizados com o analisador de

emissões, os combustíveis foram aprovados, ou seja, estão dentro dos padrões

permitidos pela Resolução CONAMA n. 418 de 2009.

Figura 23 – Software determinando resultados de emissões

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para as emissões lançadas pelo veículo, é importante avaliar os resultados

obtidos com o processo de combustão completa ou não. O processo de combustão

completa é definido quando todo o combustível encontra a quantidade

Page 83: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

83

estequiométrica de ar necessária para sua queima, ou seja, a quantidade exata de

reagentes necessária para se obter um produto. Quando esta quantidade não é

estequiométrica, ocorre a combustão incompleta, resultando em emissões de

poluentes (LOUREIRO, 2005).

5.2.1 Resultados de Hidrocarbonetos (HC)

Os resultados obtidos no teste de emissões de hidrocarbonetos (FIGURA 24)

demonstraram o etanol com o melhor resultado entre os combustíveis analisados.

Seu resultado foi similar ao obtido pela gasolina. Já os resultados obtidos pelos

combustíveis gasosos também foram similares. Essa similaridade é importante para

o combustível biometano, pois suas características são praticamente as mesmas do

GNV, e os testes realizados ajudam a comprovar estes resultados.

Figura 24 – Resultados de emissões de Hidrocarbonetos (HC)

Fonte: Elaborado pelo autor.

A figura acima combina os dois testes realizados, com o motor a 2.500 rpm e

em marcha lenta. É relevante observar os valores obtidos com biometano e com

GNV. Estes valores, Loureiro (2005), deveriam ser menores se comparados aos da

gasolina, pois teoricamente deveria ocorrer uma queima limpa, uma vez que estes

combustíveis são constituídos de moléculas pequenas e leves, proporcionando uma

diminuição de hidrocarbonetos.

66

11

62

7

33

9

44

4

BIOMETANO GASOLINA GNV ETANOL

HC(ppm) - 2500 rpm HC(ppm) - marcha lenta

Page 84: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

84

Ainda sobre os resultados das emissões de hidrocarbonetos, segundo Melo e

Silva (2011), o GNV e o biometano deveriam apresentar índices menores nas

emissões quando comparado as emissões da gasolina e etanol, isso se explica pelo

fato dos combustíveis gasosos oxidarem de maneira mais eficaz os hidrocarbonetos

presentes nos gases, resultando em uma queima mais limpa e menos índices de

hidrocarbonetos.

A emissão de hidrocarbonetos pode ser explicada por uma combustão não

completa do combustível, o que pode ser consequência de algum problema

mecânico ou na instalação do kit gás do automóvel Gol testado. Essa queima não

completa é também uma característica dos hidrocarbonetos, assim, o resultado

elevado nos ensaios de emissões dos combustíveis gasosos explicando os

resultados elevados, e os diferenciando dos resultados de outros autores

anteriormente mencionados.

5.2.2 Resultados de Monóxido de Carbono (CO)

Para os resultados de emissões de monóxido de carbono (FIGURA 25), o

biometano, o GNV e o etanol revelaram excelentes resultados, pois tiveram valores

praticamente nulos, enquanto a gasolina teve um resultado muito superior se

comparado aos demais combustíveis, uma diferença em termos de porcentagem na

casa dos milhares.

Page 85: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

85

Figura 25 – Resultados de emissões de Monóxido de Carbono (CO)

Fonte: Elaborado pelo autor.

A emissão de monóxido de carbono ocorre por causa da queima incompleta

do combustível, ou da combustão incompleta. Estes resultados são muito

significativos do ponto de vista ambiental, pois, dos quatro combustíveis avaliados,

os dois renováveis estão entre os três que obtiveram os melhores resultados.

Segundo Manzoli (2009), o etanol reduz em cerca de um terço a emissão de CO,

comparado com a emissão da gasolina.

5.2.3 Resultados de Dióxido de Carbono (CO₂)

Talvez fosse o resultado dos testes de emissão, o do dióxido de carbono

(FIGURA 26), o mais aguardado dentre os ensaios realizados, já que este é o gás

de feito estufa mais relevante.

0,01

0,13

0,020,01

0,02

0,08

0,01 0,01

BIOMETANO GASOLINA GNV ETANOL

CO(%) - 2500 rpm CO(%) - marcha lenta

Page 86: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

86

Figura 26 – Resultados de emissões de Dióxido de Carbono (CO₂)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quanto aos resultados obtidos, nota-se uma diferença considerável na

redução de dióxido de carbono emitido entre os combustíveis gasosos e os líquidos,

principalmente entre a gasolina e os demais combustíveis. A gasolina teve

resultados similares tanto com o motor a 2.500 rpm quanto em marcha lenta,

diferentemente do etanol, que teve um resultado idêntico ao dos combustíveis

gasosos com o motor a 2.500 rpm; entretanto seu resultado com o motor em marcha

lenta foi superior ao dos combustíveis gasosos.

A redução na emissão de CO₂ dos combustíveis gasosos pode ser explicada

pois o biometano e o GNV apresentam uma relação de hidrogênio por carbono

maior que a gasolina. Isso representa, durante a combustão do combustível, um

aumento na emissão de vapor d’água em vez de CO₂ (MELO e SILVA, 2011).

5.2.4 Resultados de Oxigênio(O₂)

O último parâmetro testado foi o oxigênio lançado (FIGURA 27) na atmosfera

pelos quatro combustíveis. Estes resultados não têm grande importância na parte

ambiental, pois a emissão é somente de oxigênio, o que não traz nenhum prejuízo

ao meio.

12,0

15,3

12,1 12,012,1

15,3

12,0

15,3

BIOMETANO GASOLINA GNV ETANOL

CO₂(%) - 2500 rpm CO₂(%) - marcha lenta

Page 87: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

87

Figura 27 – Resultados de emissões de Oxigênio (O₂)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para estes resultados, todos os combustíveis tiveram resultados similares.

Somente o etanol, quando o motor estava a 2.500 rpm, apresentou resultados muito

elevados quando comparado com o próprio etanol com o motor em marcha lenta.

Este resultado pode ser efeito de algum problema mecânico do motor, que está

provavelmente consumindo mais combustível do que o ideal, pois, segundo

Carvalho (2011), misturas de ar e combustível consideradas não ideais são oriundas

de altos percentuais de oxigênio emitidos pelo veículo.

5.3 Resultados de desempenho de cada combustível analisado

Após realizar todos os testes referidos na metodologia e tabelá-los, foi

possível avaliar o desempenho dos quatro combustíveis testados separadamente,

facilitando uma melhor compreensão dos resultados.

5.3.1 Etanol

O etanol, ao final dos testes, teve um resultado muito superior aos demais

combustíveis quando avaliado o desempenho do motor do veículo; em todos os

0,330,17

0,35

4,59

0,28 0,19 0,31 0,24

BIOMETANO GASOLINA GNV ETANOL

O₂(%) - 2500 rpm O₂(%) - marcha lenta

Page 88: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

88

parâmetros avaliados, o etanol obteve o melhor resultado. Esses resultados já eram

esperados, tanto em função da bibliografia consultada quanto de conversas

informais com mecânicos, que sempre colocaram o etanol como o melhor

combustível ao se buscar um melhor desempenho de motor.

Na questão ambiental, este combustível obteve resultados satisfatórios nos

testes só que avaliaram as emissões do veículo. Esses resultados positivos

comprovam que o etanol é uma excelente opção de combustível, por ser renovável e

obter resultados positivos na maior parte dos testes. Uma questão frequentemente

mencionada quando se avalia a utilização do etanol é o seu custo: em certas regiões

do Brasil, como o nosso Estado, seu preço se torna inviável quando comparado ao

dos outros combustíveis disponíveis no mercado.

5.3.2 Gasolina

A gasolina obteve resultados de desempenho do motor dentro do esperado

para este combustível. Sua avaliação foi positiva e teve somente resultados

inferiores ao etanol. Já para os resultados de emissões, a gasolina obteve o pior

resultado entre os combustíveis testados. Esse desempenho preocupa, pois, além

de a gasolina ser um derivado de petróleo que tem sua reserva limitada, é o

combustível mais utilizado entre os avaliados, o que demonstra a grande quantidade

de emissões poluentes na atmosfera.

5.3.3 GNV

Na avaliação do GNV, nos testes de desempenho do motor, ele teve seus

resultados inferiores aos resultados obtidos pelos combustíveis líquidos. Nesses

mesmos testes, foi possível observar muita dificuldade do veículo realizar seus

testes, o que pode ser explicado pela instalação do kit ou até mesmo sua

manutenção.

Page 89: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

89

Já para os resultados de emissões, o GNV, juntamente com o biometano,

obteve os melhores resultados. A sua combustão mais limpa se comprovou nos

resultados, que permitem constatar a importância do GNV como fonte alternativa de

combustível veicular, pois conta com bons resultados de emissões e resultados

satisfatórios de desempenho de motor, além de um custo mais baixo quando

comparado aos combustíveis líquidos testados.

5.3.4 Biometano

O último combustível avaliado foi o biometano, o que teve os resultados mais

significantes, pois até então não existiam muitas referências quanto ao seu

desempenho no motor de um veículo e de suas emissões.

Os resultados de desempenho de motor obtidos foram muito similares e, em

alguns, casos até melhores que os resultados do GNV. O biometano e o GNV foram

comparados, pois ambos são combustíveis gasosos e têm em suas composições

praticamente as mesmas características. Assim, quando comparados os resultados

de desempenho de motor, é possível confirmar essa constatação, que é

fundamental para um maior investimento neste combustível.

Para os resultados das emissões lançadas pelo veículo utilizando o

biometano como combustível, eles foram, juntamente com o GNV, os melhores

obtidos quando comparados os quatro combustíveis testados. Novamente estes

resultados são extremamente importantes para um maior desenvolvimento do

biometano quando se há resultados praticamente idênticos aos de um combustível

muito utilizado e já comercializado, como é o caso do GNV, esses resultados

indicam que o biometano pode se tornar mais do que uma alternativa aos

combustíveis fósseis: pode se tornar uma realidade como um combustível renovável,

com características suficientes para ser utilizado no dia a dia de um veículo

automotor.

Page 90: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

90

5.4 Comparativo do biometano com os demais combustíveis testados

O biometano, juntamente com o etanol, foi o combustível renovável utilizado

nos testes. Foi interessante esta comparação com os combustíveis não renováveis,

o caso da gasolina e GNV, pois os resultados obtidos permitem as seguintes

constatações: o biometano e o GNV obtiveram resultados similares tanto nos testes

de desempenho de motor quanto nos de emissões (FIGURA 28), o que demonstra

que, além de o biometano ser um combustível renovável, ele teve o mesmo

desempenho do GNV. Portanto em uma hipótese de o biometano entrar no mercado

de combustíveis, ele poderá competir com qualquer combustível já existente no

mercado.

Page 91: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

91

Figura 28 – Comparativo dos resultados das emissões do biometano com os

demais combustíveis

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na figura acima é possível observar as porcentagens de aumento ou

diminuição nas emissões veiculares emitidas pelo biometano quando comparadas

as emissões dos demais combustíveis. Fica claro na figura a similaridade dos

resultados do biometano e GNV, além disso, é possível observar a redução das

emissões nos parâmetros de CO e CO2. É importante ressaltar que, o analisador de

gases emite seus resultados com duas casa decimais, isso explica muitos resultados

nos quais houve uma diferença de 100% entre os combustíveis.

50

0,0

0

26

6,6

7

-12

00

,00

-30

0,0

0

-27

,50

-26

,45

94

,12

47

,37

6,4

5

-33

,33

-10

0,0

0

10

0,0

0

-0,8

3

0,8

3

-6,0

6

-10

,71

84

2,8

6

72

5,0

0

0,0

0 10

0,0

0

0,0

0

-26

,45

-12

90

,90

16

,67

-1500,00

-1000,00

-500,00

0,00

500,00

1000,00

HC

-2

50

0 r

pm

(%

)

HC

-m

arch

a le

nta

(%

)

CO

-2

50

0 r

pm

(%

)

CO

-m

arch

a le

nta

(%

)

CO

₂ -

25

00

rp

m (

%)

CO

₂ -

mar

cha

len

ta (

%)

O₂

-2

50

0 r

pm

(%

)

O₂

-m

arch

a le

nta

(%

)

Co

mp

araç

ão d

o b

iom

eta

no

co

m o

s d

em

ais

com

bu

stív

eis

(%

)

GASOLINA

GNV

ETANOL

Page 92: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

92

Para o etanol, é possível identificar os mesmos parâmetros utilizados para o

biometano; porém, levando em conta que o etanol não obteve resultados similares

aos da gasolina, mas sim resultados superiores, mostra que, além de renovável, o

etanol é superior à gasolina em todos os parâmetros testados.

Portanto, o biometano, juntamente com o etanol, obteve os melhores

resultados entre os quatro combustíveis testados. Para definir o melhor combustível,

é necessário não só avaliar as questões acima mencionadas, mas também outras

questões importantes, como preço de produção, preço final, transporte, pontos de

abastecimento, produção, consumo de combustível, entre outros fatores.

Entre os fatores de avaliação acima mencionados, não se pode definir a

melhor opção, pois o biometano ainda não apresenta dados suficientes para ser

comparado com o etanol, que é um combustível utilizado há muito mais tempo que o

biometano.

Ao final desses resultados, é possível constatar o grande potencial disponível

no biometano, um combustível que, diferentemente do etanol, não utiliza grandes

áreas para a sua produção, áreas que poderiam ser usadas para plantio de

alimentos. O mais interessante é o ciclo de produção do biometano, que o diferencia

dos demais combustíveis, pois os testes comprovaram suas características

semelhantes às dos demais combustíveis. No entanto o seu diferencial é o

reaproveitamento de material orgânico, que era geralmente descartado, e agora

torna-se matéria-prima para a produção de um combustível veicular.

Então, analisados todos os resultados, acredita-se que o biometano pode vir a

se tornar uma ótima alternativa para a matriz energética dos combustíveis

disponíveis atualmente, o que foi provado em seus resultados de desempenho de

motor e, principalmente, nos resultados de emissões, demonstrando que é um

combustível inovador e vai ao encontro das preocupações com o ambiente.

Page 93: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

93

5.5 Avaliação ambiental dos resultados obtidos

A partir dos resultados obtidos, foi possível fazer uma avaliação geral do

desempenho de cada combustível nos testes de emissões veiculares. Os resultados

comprovaram que os combustíveis gasosos obtiveram os melhores resultados,

seguidos dos líquidos, o etanol e a gasolina. É possível constatar, assim, que o

biometano é sem dúvida o combustível que obteve o melhor resultado na visão

ambiental, ou seja, analisando não somente os seus resultados, mas sim o seu

processo de produção e a sua matéria-prima, que é o reaproveitamento de resíduos

orgânicos que geralmente são encaminhados para aterros sanitários onde se juntam

a outros tipos de resíduos, sem gerar nenhum benefício ao ambiente.

Este reaproveitamento e o fato de não necessitar de grandes áreas de plantio

diferenciam o biometano do etanol, que, embora tenha obtido excelentes resultados

nos valores de emissões, necessita de grandes áreas de plantio, por exemplo, da

cana de açúcar. Esta grande área atualmente não é vista como ambientalmente

correta, pois poderia ser usada para o plantio de alimentos.

5.6 Avaliação econômica dos resultados obtidos

É possível determinar ao final de todos os testes, que os resultados estiveram

dentro de padrões existentes em bibliografias. Com esse padrão também e possível

determinar a questão econômica dos combustíveis testados. O biometano, por não

estar disponível em postos de abastecimento de combustíveis, não ter um valor de

mercado disponível e não estar regulamentado, acaba ficando fora da comparação

econômica, todavia este combustível tem semelhança com o GNV, tanto pelos seus

resultados similares quanto por sua composição.

A questão econômica pode ser avaliada considerando a frequência com que o

condutor necessita do veículo no dia a dia. Por exemplo, se o condutor necessita

utilizar o veículo diariamente, percorrer muita quilometragem, geralmente em

trânsitos congestionados, pelos resultados de desempenho, o melhor combustível a

utilizar seria um combustível gasoso, pois, apesar de ter resultados inferiores de

Page 94: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

94

desempenho de motor, é combustível menos poluente e que tem o menor consumo.

Assim, essa perda de potência pode ser equiparada com o menor consumo e menor

valor gasto por litro ou m³ de combustível.

Para ilustrar esse exemplo, utilizando dados obtidos com condutores que

utilizam o GNV e gasolina como combustíveis diários (TABELA 10), é possível

comparar o desempenho de um combustível líquido com um combustível gasoso.

Nessa tabela é possível observar uma redução de 69% no custo do quilômetro a ser

rodado utilizando o GNV quando comparado com a gasolina.

Tabela 10 – Consumo médio da gasolina e do GNV

Combustível Média de quilômetros rodados por litro ou m³ (km/l ou km/m³)

Valores médios do litro

ou m³ (R$)

Valor médio do quilômetro com cada

combustível (R$)

Gasolina 13,80 3,00 0,22

GNV 17,75 2,28 0,13

Fonte: Elaborado pelo autor.

Vale ressaltar que o valor médio do m³ do GNV utilizados na tabela anterior,

pode ser comparado com o preço do GNVerde, denominação comercial utilizada

para o biometano, este que tem o mesmo valor de mercado do GNV, ou seja, essa

comparação de valores pode ser utilizada tanto para o GNV quanto para o

biometano.

Page 95: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

95

6 CONCLUSÃO

É possível constatar que atualmente ainda vivemos na dependência do

petróleo e seus derivados, o que é comprovado na hora do abastecimento do

veículo: a grande maioria da população opta por abastecer seus veículos com

gasolina, um combustível fóssil e derivado do petróleo. Essa procura pela gasolina

não é uma opção para a população; é uma realidade, uma realidade financeira,

principalmente na nossa região, pois o custo benefício da gasolina é superior ao do

etanol. Já para o GNV, o veículo necessita de estar equipado com um kit conversor

de combustível para rodar. Assim a população acaba por escolher a opção de

combustível mais acessível, levando em conta o seu valor por litro e seu consumo

por quilômetro rodado.

Convém ressaltar, ao término do trabalho, que, embora a gasolina ainda seja

o combustível mais utilizado, existem pesquisas e produtos sendo desenvolvidos em

busca da redução do consumo de combustíveis fósseis. Essa busca por novas

alternativas é muito relevante para o desenvolvimento sustentável, tão comentado

atualmente. Nesse viés se encaixa perfeitamente o biometano, um combustível

benéfico ao ambiente. Suas características são incrivelmente similares às do GNV e,

com o término de todos os testes realizados durante o trabalho, foi possível

comprovar isso na apuração dos resultados.

O biometano não substituirá totalmente os combustíveis fósseis, nem se

tornará o principal combustível utilizado no mundo. Todavia, o biometano surge para

se agregar à matriz energética de combustíveis automotores. Este é o aspecto

interessante de se buscar novas alternativas: não é preciso que as novas ideias se

Page 96: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

96

tornem o principal combustível, mas é necessário que novas ideias surjam para que

no futuro existam opções aos combustíveis já existentes atualmente.

Conclui-se, ao final deste trabalho, que, ele será de grande importância para

outros trabalhos que busquem uma base para a utilização dos combustíveis

atualmente disponíveis no mercado e outros combustíveis que possam surgir.

Assim, acredita-se que, ao final deste trabalho, foi possível atingir os objetivos

traçados anteriormente e concluir que o novo é sempre bem-vindo, e a inovação

tecnológica se faz sempre necessária na busca por alternativas que visam a

melhorar o meio que vivemos.

Conclusões com os resultados obtidos através da metodologia de testes

utilizada:

O etanol obteve os melhores resultados nos testes realizados,

principalmente nos resultados de desempenho do motor do veículo.

A gasolina obteve os resultados mais insatisfatórios de todos os

combustíveis avaliados nos testes de emissões veiculares, isso chama a atenção e

preocupa pelo fato deste combustível ser o mais utilizado atualmente.

O GNV obteve resultados satisfatórios nos resultados de desempenho

do motor, mas em compensação obteve excelentes resultados nas avaliações de

emissões de poluentes.

O biometano obteve resultados semelhantes aos do GNV, isso

demonstra que ambos são muito similares, assim, esse resultados comprovam que

o biometano pode vir a se tornar uma alternativa à matriz energética dos

combustíveis veiculares.

São necessários mais estudos e investimentos para um maior

desenvolvimento do biometano, assim, num futuro próximo, esse combustível se

torne uma realidade e uma alternativa para sua utilização como combustível

veicular.

Page 97: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

97

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Atlas de energia elétrica do Brasil. 3 ed. Brasília, 2008. 236 p. ALFATEST. Discovery G4 - Analisador de Gases. Manual de Instruções. São Paulo, 2011. 46 p. AZUAGA, D. Danos Ambientais Causados por Veículos Leves no Brasil. 2000. (Tese de Mestrado), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2000. BACKES, G. M. Avaliação do Processo de Digestão Anaeróbia na Geração de Energia a partir de Dejetos Suínos e Bovinos de Leite com Suplementação de Glicerina Residual Bruta Oriunda da Produção de Biodiesel. 2011. 108 p. (Dissertação de Pós-Graduação), Centro Universitário Univates, Lajeado, 2011. BALASSIANO, R. Alternativas Tecnológicas para o Ônibus Urbano: Avaliação do Ônibus a Gás Natural Comprimido, do Tróleibus e de seus Impactos Ambientais Atmosféricos. (Tese de Mestrado), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1991. BARBOSA, Cleiton Rubens Formiga. Desempenho de Um Motor Ciclo Otto com Injeção Direta de Gás Natural. p.197, São Paulo, 1997. BARROS, Evandro Vieira de. A matriz energética mundial e a competitividade das nações: Bases de uma nova geopolítica. Engevista, v. 9, n. 1, p. 45-56, junho 2007. BP STATISTICALREVIEW OF WORLD ENERGY. BP Statistical Review of World Energy 2014. p. 48, London, UK, 2014. BRAGA, Benedito et. al. Introdução à Engenharia Ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 318 p.

Page 98: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

98

BRASIL, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural Biocombustíveis – ANP. Resolução 18/2006. Regula o exercício da atividade de revenda de combustíveis de aviação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 jul. 2006. BRASIL, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural Biocombustíveis – ANP. Portaria 309/2001. Estabelece as especificações para a comercialização de gasolinas automotivas em todo o território nacional e define obrigações os agentes econômicos sobre o controle de qualidade do produto. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 dez. 2001. BRASIL, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural Biocombustíveis – ANP. Portaria 72/2000. Regulamenta os procedimentos a serem observados pelo distribuidor de combustíveis derivados de petróleo, álcool combustível, biodiesel, mistura de óleo diesel/biodiesel especificada ou autorizada pela ANP e outros combustíveis automotivos para aquisição de gasolina automotiva e óleo diesel do produtor. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 abr. 2000. BRASIL, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural Biocombustíveis – ANP. Portaria 9/2001. Estabelece conforme tabela anexa, os preços mínimos dos petróleos produzidos no mês de dezembro de 2000, nos campos das áreas concedidas pela ANP para o exercício de atividades de exploração e produção e gás natural, a serem adotados para fins de cálculo das participações governamentais. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 jan. 2001. BRASIL, Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução 03/1990, Dispõe sobre padrões de qualidade do ar, previstos no PRONAR. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 ago. 1990, p. 15937-15939. BRASIL, Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução 18/1986, Dispõe sobre a criação do Programa de Controle de Poluição do Ar por veículos Automotores. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 jun. 1986, p. 8792-8795. BRASIL, Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução 418/2009, Dispõe sobre critérios para a elaboração de Planos de Controle Veicular – PCPV e para a implantação de Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso – I/M pelo órgãos estaduais e municipais de meio ambiente e determina novos limites de emissão e procedimentos para a avaliação do estado de manutenção de veículos em uso. Diário Oficial da União, n. 226, Brasília, DF, 26 nov. 2009, p. 81-84.

BRITO, H. P. Análise das Emissões Atmosféricas Geradas por Veículos Automotores em Natal – RN. 2005. 166 p. (Dissertação Pós-Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2005. BRONZATTI, F. L.; NETO, A. L., Matrizes Energéticas no Brasil: Cenário 2010-2030. XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Rio de Janeiro, outubro 2008. CARVALHO, M. A. S. Avaliação de um motor de combustão interna ciclo Otto utilizando diferentes tipos de combustíveis. 2011. 168 p. (Tese de Mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011.

Page 99: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

99

CAVALCANTI, P. M. P. S. Modelo de Gestão da Qualidade do Ar – Abordagem Preventiva e Corretiva. 2010. 269 p. (Tese de Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. CEPRA – Centro de Formação Pessoal da Reparação Automóvel, Cálculos e curvas características do motor. Lisboa, Portugal: Ed. CEPRA, 2000. 79 p. COMPAGÁS. Manual do mecânico – Gás Natural. Disponível em: <http://www.fiepr.org.br/sindicatos/sindirepa/gnv/uploadAddress/folderFIM%5b17161%5d.pdf>. Criado em: 20 nov. 2009 Acesso em: 14 set. 2014. COSTA, D. F. Geração de energia elétrica a partir do Biogás do Tratamento de Esgoto. 2006. 194 p. (Dissertação de Pós-Graduação), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. DETRAN. O veículo. Disponível em <http://www.detran.pr.gov.br/arquivos/File/habilitacao/manualdehabilitacao/manualdehabparte3.pdf>. Acesso em: 14 set. 2014. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (BRASIL). Balanço Energético Nacional 2014: Ano Base 2013. Rio de Janeiro, 2014. FÉRIS, L. A. Introdução à Engenharia Ambiental. Canoas: Ed. Ulbra, 2004. 73 p. FERNANDES, C. S. Análise Estatística das Emissões de CO e HC Produzidas por Gases da Exaustão Veicular Oriundos de Gasolina, GNV e Mistura Álcool/Gasolina. 2009. 112 p. (Tese de Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009. GOMES, S-M. D.; SILVA, M. A.; FIGUEIREDO, M. A. G. Estudo do Impacto da Utilização dos Oxigenados na Redução das Emissões Veiculares. (Programa de Planejamento Energético), Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1994. GUARIEIRO, L. L. N., VASCONCELLOS, P. C., SOLCI, M. C., Poluentes Atmosféricos Provenientes da Queima de Combustíveis Fósseis e Biocombustíveis: Um Breve Revisão. Revista Química Virtual, 2011. Data de Publicação na Web: 16 de novembro de 2011. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA). PROGRAMA DE CONTROLE DA POLUIÇÃO DO AR POR VEÍCULOS AUTOMOTORES. Brasília, 2011. 584 p. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA). Instrução Normativa n. 06/2010. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 jul. 2011. INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLÓGIA (INMETRO). Carta de Serviços. Brasília, 2012.

Page 100: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

100

KAPDI, S. S., VIJAY, V. K., RAJESH, S. K., PRASAD, P. – Biogas Scrubing, Compression and Storage: perspective and prospectus in Indian context. Renewable Energy – Science Direct, Renewable Energy – Centre for Rural Development and Technology, Indian Institute of Technology, New Dehlhi 110016, India – 2005. LOUREIRO, L. N., Panorâmica sobre Emissões Atmosféricas. Estudo de Caso: Avaliação do Inventário de Emissões Atmosféricas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro para Fontes Móveis. 2005. 171 p. (Tese Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Rio de Janeiro, 2005. MACHADO, Guilherme B.; MELO, Tadeu C. Cordeiro; Lastres, Luiz F. Martins. Utilização de Gás Natural em Motores e Cenário do Uso no Brasil. p.89, mai. 2007. MANZOLI, A. Análise das emissões veiculares em trajetos urbanos curtos com localização por GPS. (Tese Doutorado) – Universidade de São Carlos, SP, 2009. MECÂNICA DO BETO. Itens comuns a qualquer tipo de carro. Disponível em <http://www.mecanicabeto.com.br/gnv/kit-gnv#.UpcJ1MRDty6>. Acesso em: 14 set. 2014.

MELO, A. F. A.; SILVA, S. N. A. Emissões em Sistemas Tetracombustíveis. 2011. 111 p. (Monografia) – Centro Paulo de Souza, Santo André, 2011. MENDES, F. E. Avaliação de Programas de Controle de Poluição Atmosférica por Veículos Leves no Brasil. 2004. 189 p. (Tese de Pós-Graduação), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004. Ministério de Minas e Energia – Brasil. BIODIESEL. O NOVO COMBUSTÍVEL DO BRASIL. Brasília, 2004. 7 p. Ministério de Minas e Energia – Brasil. Plano Decenal de Energia Elétrica 2006-2015. RJ: MME, 2006. MOURA, J. P., Estudo do Dimensionamento da produção de Biogás a partir de resíduos residenciais, industriais e de matrizes suínas a partir de Uma Revisão de Literatura. Revista Educação Ambiental em Ação, n. 38, 2011. NETO, R. V.; et. al. O analisador de gases e a inspeção veicular ambiental. Oficina Brasil, São Paulo, n. 225, p. 64-65, 2009. OLIVEIRA JUNIOR, D. P. Motores de combustão interna. p. 129, 1997. PIVA, R. B. Economia Ambiental Sustentável: Os Combustíveis Fósseis e as Alternativas Energéticas. 2010. 80 p. (Trabalho de Conclusão de Curso), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. RENEWABLE FUELS ASSOCIATION, 2013. 2013 World Fuel Ethanol Production. Disponível em < http://ethanolrfa.org/pages/World-Fuel-Ethanol-Production>. Acesso em: 06 out. 2014.

Page 101: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

101

RYCKEBOSCH, Eline et. al. Techniques for Transformation of Biogas to Biomethane. Journal of Biomass and Bioenergy, n. 35, p. 1633-1645, 2011.

RODRIGUES, Douglas. O Mercado de Gás Natural Veicular em Curitiba: Visão dos Taxistas. p.108, Porto Alegre, 2005. ROSA, S. E. S.; GOMES, G. L., O pico de HUBERT e o futuro da produção mundial de petróleo. Revista do BNDES. Rio de Janeiro, v. 11, n. 22, p. 21-49. Dezembro 2004. RUTZ, D., & RAINER, J. – BioFuel Technology Handbook – WIP Renewable energies Sylvensteinstr. 281369 München – Germany – February, 2007. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE). BIODIESEL. Porto Alegre, 2007. 64 p. SILVA, N. R. Metodologia para Determinação da Potência Indicada em Motores de Combustão Interna. 2006. 176p. (Tese Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2006. SILVA, S. N. Uso do GNV em Ônibus Urbano para Operar em Linha Comercial – PROJETO PILOTO GASBUS – p.160, 01 nov. 2006. SILVA, E. P., COSTA, W. R. Conceitos Básicos Aplicados em Sistemas de Transmissão Veiculares. 2012. 71p. (Monografia) – Faculdade de Tecnologia Santo André, Santo André, SP, 2012. SORDI, D. C. Diagnóstico de Emissões Veiculares no Campus do Centro Universitário Univates. 2012. 64 p. (Monografia) – Centro Universitário Univates, Lajeado, RS, 2012. SOUZA, J; BORBA, A. P., CARDOSO, M. L., COELHO, M. A. A., SCHAEFFER, L., Planta para compressão e tratamento de biometano. 3º Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente. – Bento Gonçalves/RS – 2012. SOUZA, J; SOUZA, S. N. M; MACHADO, P. R. M – Desempenho de um motor ciclo otto utilizando biogás como combustível – UFSM-DEM – Santa Maria/RS – 2007. VILANOVA, C.; et. al. Emissões sob controle. O Mecânico, São Paulo, n. 118, 2009. VOLKSWAGEN DO BRASIL, Manual de instruções, Novo Gol. 325 p. São Bernardo do Campo, SP, 2008. VOLKSWAGEN DO BRASIL, Manual de instruções, Crossfox. 325 p. São Bernardo do Campo, SP, 2008. WILDNER, Fabiano Disconzi. Análise Experimental da Velocidade de Combustão em Motores de Combustão Interna. 144 p. Porto Alegre, dez. 2010.

Page 102: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

103

ANEXOS

Page 103: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

104

ANEXO A - RESULTADO TESTE EMISSÕES BIOMETANO

Page 104: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

105

ANEXO B - RESULTADO TESTE EMISSÕES GNV

Page 105: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

106

ANEXO C - RESULTADO TESTE EMISSÕES GASOLINA

Page 106: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

107

ANEXO D - RESULTADO TESTE EMISSÕES ETANOL

Page 107: avaliação das emissões e do desempenho do motor de um veículo

BD

U –

Bib

liote

ca D

igita

l da

UN

IVAT

ES

(htt

p://w

ww

.uni

vate

s.br/

bdu)

108

ANEXO E - RESULTADO ANÁLISE PLÁGIO