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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO VICTOR BORGES BARBIRATO AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO INTERARCOS EM PACIENTES COM FISSURAS LABIOPALATINAS SUBMETIDOS À ORTOPEDIA PRECOCE SÃO PAULO 2012

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

VICTOR BORGES BARBIRATO

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO INTERARCOS EM PACIENTES

COM FISSURAS LABIOPALATINAS SUBMETIDOS À

ORTOPEDIA PRECOCE

SÃO PAULO

2012

VICTOR BORGES BARBIRATO

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO INTERARCOS EM PACIENTES

COM FISSURAS LABIOPALATINAS SUBMETIDOS À

ORTOPEDIA PRECOCE

Dissertação apresentada ao Programa

de Mestrado em Ortodontia da

Universidade Cidade de São Paulo,

como requisito exigido para obtenção do

título de Mestre.

Orientadora: Profª. Drª. Karyna Martins

do Valle-Corotti.

SÃO PAULO 2012

Ficha elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID

B237a

Barbirato, Victor Borges. Avaliação da relação interarcos em pacientes com fissuras labiopalatinas submetidos à ortopedia precoce / Victor Borges Barbirato --- São Paulo, 2012. 45 p. Bibliografia Dissertação (Mestrado) - Universidade Cidade de São Paulo. Orientadora Profa. Dra. Karyna Martins do Valle-Corotti. 1. Fissura palatina. 2. Fenda labial. 3. Oclusão dentária. I. Valle-Corotti, Karyna Martins. II. Titulo.

D4

VICTOR BORGES BARBIRATO

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO INTERARCOS EM PACIENTES

COM FISSURAS LABIOPALATINAS SUBMETIDOS À

ORTOPEDIA PRECOCE

Dissertação apresentada ao Programa

de Mestrado em Ortodontia da

Universidade Cidade de São Paulo,

como requisito exigido para obtenção do

título de Mestre.

Orientadora: Profª. Drª. Karyna Martins

do Valle-Corotti.

Área de concentração: Ortodontia

Data da Defesa:

Resultado: __________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dra. Karyna Martins do Valle-Corotti _________________________________

Universidade Cidade de São Paulo

Prof. Dra. Rívea Inês Ferreira _________________________________

Universidade Cidade de São Paulo

Prof. Dra. Thais Marchini _________________________________

Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais – USP

Aos meus pais e porto seguro EEDDSSOONN e HHÉÉLLIIAA pelo eterno apoio que sempre me

deram em toda minha vida.

A meu irmão GGUUSSTTAAVVOO por sempre estar ao meu lado torcendo e vibrando por

minhas conquistas.

A minha noiva CCAATTHHAARRIINNAA por estar sempre ao meu lado nos momentos felizes e nos

momentos difícies sempre me incentivando e torcendo por mais esta conquista.

AGRADECIMENTOS

Aos professores da Unicid pelo carinho e dedicação ao ensinamento de

todas as diciplinas.

A todos os amigos de turma pelo companherismo e carinho ao longo do

curso.

Ao meu amigo Rodrigo San’t Anna pelo carinho e companheirismo nesta

etapa de nossas vidas.

RESUMO

O objetivo deste trabalho consistiu em avaliar a relação interarcos no sentido

transversal de pacientes com fissura labiopalatina submetidos ao uso de Ortopedia

precoce para reposicionamento maxilar por meio de placas oclusoras de palato. A

amostra foi composta de seis pacientes com fissuras labiopalatais transforame

unilateral com idade de cinco a sete anos, de ambos os sexos sendo tratadas no

serviso de pacientes fissurados do Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto do

Rio de janeiro (HMNSL). Na amostra avaliada observou-se cinco pacientes com bom

relacionamento interarcos sem mordida cruzada e um com mordida cruzada total.

Desse modo, sugere-se que o uso da ortopedia pré-cirúrgica se mostrou eficiente

sem interferência no crescimento craniofacial.

Palavras-chave: Fissura Palatina; Lábio Leporino; Oclusão Dentária.

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the transverse direction interarch The

relationship of patients with cleft palate who underwent early use of Orthopedics to

reposition the jaw by oclusor plate. The sample consisted of 6 patients aged 5-7

years. The analysis of the occlusion was performed in pairs of models of each

patient. In the sample studied was observed five patients with good relationship

interarch without crossbit. Thus, this study suggested that the use of pre-orthopedic

surgery was efficient without interfering at the craniofacial growth.

Keywords: Cleft Palate; Cleft Lip; Dental Cast.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Quadro sinóptico representativo do sistema de classificação usado no Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais (HRAC/USP). Este sistema parte do forame incisivo como ponto de referência anatômico para diagnosticar os três principais tipos de fissura: fissura pré-forame incisivo, fissura transforame incisivo e fissura pós-forame incisivo ....................................... 14

FIGURA 2 - O desenho esquemático representa uma vista oclusal do lábio superior e da maxila, colocando o forame incisivo como ponto focal e estratégico do sistema de classificação das fissuras lábio-palatais. As denominações pré-forame incisivo e pós-forame incisivo estão na dependência da localização da fissura, se à frente ou posteriormente a esta estrutura. As fissuras completas de lábio e palato (transforame incisivo) iniciam-se no lábio e acabam no palato mole, atravessando o forame incisivo ............................. 14

FIGURA 3 - “Estimuladores de crescimento”: caso de fissura unilateral e de fissura bilateral ............................................................................................ 28

FIGURA 4 - Caso de fissura labiopalatina completa unilateral: 4 dias de idade; com terapia ortopédica pré-cirúrgica antes da cirurgia de lábio; com terapia ortopédica pré-cirúrgica antes da cirurgia de palato ................. 28

FIGURA 5 - Modelos de estudo de recém-nascidos demonstrando as variações de gravidade das fissuras mensuradas em milímetros ................ 30

FIGURA 6 - Paciente V.A.M.R.; gênero masculino; 5 anos; ausência de mordida cruzada .......................................................................................... 35

FIGURA 7 - Paciente M.L.A.; gênero masculino; 7 anos; ausência de mordida cruzada ........................................................................................................ 35

FIGURA 8 - Paciente J.S.R.; gênero feminino; 5 anos; ausência de mordida cruzada ........................................................................................................ 36

FIGURA 9 - Paciente M.R.; gênero masculino; 6 anos; presença de mordida cruzada ........................................................................................................ 36

FIGURA 10 - Paciente M.N.; gênero masculino; 5 anos; presença de mordida cruzada ........................................................................................................ 37

FIGURA 11 - Paciente I.A.M.; gênero masculino; 6 anos; ausência de mordida cruzada ........................................................................................................ 37

LISTA DE ABREVIATURAS

ERM Expansão rápida da maxila

FBCLP Fissura bilateral completa de lábio e palato

FLP Fissura labiopalatina

HMNSL-RJ Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto – Rio de Janeiro

HRAC-USP Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais – Universidade

de São Paulo

min Minuto

ml Mililitro

mm Milímetros

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 12

2.1 Fissura Labiopalatina ................................................................................. 12

2.2 Alterações dimensionais das arcadas em indivíduos fissurados ............... 17

2.3 Ortopedia pré cirúrgica .............................................................................. 26

3 PROPOSIÇÃO ...................................................................................................... 32

4 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 33

4.1 Critérios de inclusão .................................................................................. 33

4.2 Obtenção dos elementos de diagnóstico ................................................... 33

4.3 Caracterização dos métodos sob estudo ................................................... 33

4.4 Avaliação ausência de mordida cruzada ................................................... 34

4.5 Análise estatística ...................................................................................... 34

5 RESULTADOS ...................................................................................................... 35

6 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 38

7 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 41

8 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 42

10

1 INTRODUÇÃO

As fissuras labiopalatinas (FLP) são más-formações congênitas que

acometem o terço médio da face, normalmente comprometendo a estética e boa

parte das funções orofaciais, o que implica na necessidade de uma equipe

multiprofissional para que se possam estabelecer as bases de um tratamento

reabilitador (Rodrigues et al., 2005).

Há duas teorias que procuram explicar a ocorrência das FLP. Uma dessas

teorias considera a falta de fusão dos processos faciais, enquanto a outra sugere

que a falta da penetração mesodérmica acarretaria no aparecimento da fenda

(Rodrigues et al., 2005).

O conhecimento dos diversos tipos de fissura e do comportamento das

respectivas estruturas envolvidas é imprescindível para o profissional que se habilita

a trabalhar com pacientes fissurados. Essas anomalias são chamadas de fissuras

labiais quando abrangem o palato primário, unilateralmente ou bilateralmente;

recebem a denominação de fissuras palatais quando comprometem o palato

secundário duro e/ou mole, e fissuras labiopalatais na combinação de ambas.

O indivíduo com essas fissuras apresenta, devido a alterações anatômicas e

funcionais, diversos distúrbios relacionados, principalmente, às áreas médica,

odontológica e fonoaudiológica. Sabe-se, hoje, que o sucesso do tratamento dos

pacientes com fissuras labiopalatinas está relacionado ao trabalho de uma equipe

multidisciplinar especializada e integrada. Dentro desta equipe, o Ortodontista

deverá atuar na correção dos desvios do crescimento facial e dos distúrbios oclusais

(Melgaco et al., 2002). A principal característica das fissuras bilaterais completas de

lábio e palato (FBCLP) é a projeção ântero-superior lateralizada da pré-maxila,

envolvendo a parte basal e principalmente a parte alveolar, presente a partir de 45

dias de vida intra-uterina. Embora não constitua opinião unânime na literatura, essa

projeção pré-maxilar tende a se agravar no início da vida pós-natal devido: 1) ao

crescimento alveolar associado à odontogênese; 2) à ausência de força restritiva do

lábio superior fissurado, e 3) à adaptação da musculatura adjacente às funções

bucais, principalmente na amamentação. Acredita-se que como resposta secundária

ao deslocamento pré-maxilar ocorre aposição condrogênica gradual na sutura

vômer-pré-maxila. A partir de então, essa projeção mantém-se ao longo de toda a

11

vida pós-natal se o paciente não for submetido ao tratamento, sustentada

unicamente pelo osso vômer, o que lhe confere diferentes graus de mobilidade (Silva

Filho et al., 2001). Pares de dentes em diferentes estágios de formação (assimetria

de desenvolvimento) são encontrados mais freqüentemente em crianças com fenda

labial e/ou palatina do que na população em geral. Também é mais prevalente em

tais indivíduos hipodontia, especialmente de segundo pré-molares, parecendo a

etiologia da hipodontia estar associada à da assimetria de desenvolvimento. No

planejamento de um tratamento ortodôntico para esse tipo de paciente, é importante

ter em mente estas possíveis alterações no desenvolvimento dos demais dentes da

arcada, não tão somente daqueles associados à fissura (Gerlach et al., 1996).

A meta de tratamento é obter equilíbrio morfo-funcional entre os tecidos mole

e ósseo. Entre os meios cirúrgicos a nossa disposição está o enxerto de osso

alveolar (Precioso, 1999). O tratamento e subseqüente recuperação morfológica e

funcional das estruturas anatômicas lesadas exige intervenções cirúrgicas

indispensáveis em idade precoce e que podem a longo prazo interferir

negativamente na relação e posição dos maxilares (Simionato et al., 2003). A

reabilitação integral dos pacientes com fissuras tornou-se meta principal de todo o

tratamento realizado por uma equipe de saúde, buscando sempre total compreensão

das causas destas anomalias de forma a serem eliminadas como ameaça à saúde

dos indivíduos (França, Locks, 2003).

Na busca de avaliar o protocolo de tratamento realizado no Hospital Nossa

Senhora do Loreto, na cidade do Rio de Janeiro, o objetivo deste trabalho consiste

em avaliar a presença de comprometimentos transversais na maxila em pacientes

com fissuras labiopalatinas transforame unilateral que submeteram-se ao uso das

placas oclusoras de palato para proporcionar uma melhor condição às cirurgias

primárias de queiloplastia e palatoplastia.

12

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Fissura labiopalatina

Definidas como a falta de coalescência entre os processos faciais

embrionários e entre os processos palatinos, as FLP representam um desafio à

integração social do indivíduo, pois quando acometem o lábio, estampam na face

suas marcas inexoráveis e, quando acometem apenas o palato, deixam suas

seqüelas no mais importante processo da comunicação: a fala. O processo de

reabilitação das FLP é complexo e lento, portanto, deve ser formulado com

prudência e coerência. Foi dada ênfase à participação da Ortodontia e da cirurgia

ortognática no abrangente contexto de reabilitação do paciente fissurado, filosofia

esta adotada pelo Hospital de Pesquisas e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais –

USP (HRAC). Um paradoxo inevitável salta aos olhos do profissional reabilitador: as

cirurgias plásticas reparadoras (queiloplastia e palatoplastia), responsáveis pela

reconstrução do lábio e palato fissurados, também mutilam. Mutilam por restringirem

progressivamente o deslocamento anterior normal e espontâneo da maxila ao longo

do crescimento craniofacial e mutilam por reforçarem a tendência natural ao

deslocamento medial dos processos palatinos individualizados pela fissura. Em

conseqüência deste paradoxo tão verdadeiro quanto irrefutável, surgem as mordidas

cruzadas e um variável retrognatismo maxilar – traços comuns do paciente fissurado

adulto que submeteu-se às cirurgias plásticas reparadoras em tenra idade. Por isso,

impedem que o processo reabilitador das FLP se restrinja às cirurgias primárias,

valorizam o trabalho em equipe e despertam a apreensão dos Ortodontistas. O

planejamento ortodôntico envereda pelo caminho da cirurgia ortognática quando a

discrepância esquelética inviabiliza a possibilidade de compensação dentária (Silva

Filho et al., 1998a).

Foram demolidos mitos sobre o tratamento ortodôntico do paciente fissurado

e trouxe a tona a mecanoterapia expansionista que visa minorar o lento, porém

implacável, efeito restritivo indesejável das cirurgias precoces de lábio e palato sobre

o crescimento da maxila e do arco dentário superior, em pacientes com FLP. A

localização e extensão anatômica da fissura estabelece o protocolo terapêutico, bem

como o tempo e o prognóstico de tratamento. Na concepção teórica, a classificação

13

empregada no HRAC - USP entrevê um método de classificação (FIG. 1) elaborado

numa ótica morfológica, o qual elege o forame incisivo como referência anatômica,

mas mantém-se coerentemente calcado nos padrões embriológicos de fusão dos

processos faciais embrionários, já que nos primórdios da vida intra-uterina o forame

incisivo divide o palato primário do palato secundário (FIG. 2) (Spina et al., 1972;

Silva Filho et al., 1998b). Os procedimentos terapêuticos iniciam cedo, com a

reconstituição do lábio (queiloplastia) a partir dos três meses de idade e do palato

(palatoplastia) a partir dos 12 meses. Existe uma tendência dos segmentos palatinos

aproximarem-se e, com a passagem do tempo, essa morfologia inicial alargada vai

dando lugar a um arco dentário mais estreito, influenciado principalmente pela

cirurgia de lábio. Esta forma atrésica evolui também nos pacientes não operados,

porém em menor grau. Essas alterações morfológicas, principalmente as atribuídas

às cirurgias, conduzem a uma má oclusão típica dos pacientes fissurados: as

mordidas cruzadas de diferentes magnitudes, o que prenuncia a mecânica

expansionista. A bandeleta de Simonart está presente em quase 20% das fissuras

transforame incisivo unilateral, e consiste em adesões de tecido mole localizadas na

base do nariz, que unem parcialmente os segmentos labiais separados, na ausência

de tecido ósseo alveolar. As cirurgias primárias realizadas no HRAC incluem

manipulação apenas de tecido mole: queiloplastia e palatoplastia, o que significa que

após as cirurgias reconstrutoras persiste a ausência de tecido ósseo entre os

processos palatinos. Esse aspecto ganha importância clínica na área do rebordo

alveolar cuja deficiência óssea impede a movimentação ortodôntica dos dentes

adjacentes e limita o alinhamento dentário aos segmentos alveolares separados.

Visando concepções alternativas e mais eficientes de tratamento, o HRAC deu um

passo adiante quando importou de Oslo e introduziu em seu protocolo de tratamento

das fissuras com defeito ósseo alveolar o projeto de “enxerto ósseo alveolar

secundário” na dentadura mista, preferencialmente antes da irrupção do canino

permanente, na faixa etária compreendida entre 9 e 11 anos (Silva Filho et al.,

1998b).

14

Forame incisivo

Lábio superior

Rebordo alveolar

Palato mole

FIGURA 1 - Quadro sinóptico representativo do sistema de classificação usado no Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais (HRAC/USP). Este sistema parte do forame incisivo como ponto de referência anatômico para diagnosticar os três principais tipos de fissura: fissura pré-forame incisivo, fissura transforame incisivo e fissura pós-forame incisivo.

FONTE: Silva Filho et al., 1998b.

FIGURA 2 - O desenho esquemático representa uma vista oclusal do lábio superior e da maxila, colocando o forame incisivo como ponto focal e estratégico do sistema de classificação das fissuras lábio-palatais. As denominações pré-forame incisivo e pós-forame incisivo estão na dependência da localização da fissura, se à frente ou posteriormente a esta estrutura. As fissuras completas de lábio e palato (transforame incisivo) iniciam-se no lábio e acabam no palato mole, atravessando o forame incisivo.

FONTE: Silva Filho et al., 1998b.

15

A meta de tratamento é obter equilíbrio morfo-funcional entre os tecidos mole

e ósseo. Após as cirurgias primárias de lábio existem influências negativas ao longo

do crescimento facial da criança o que conduz ao desequilíbrio dento-facial. Entre os

meios cirúrgicos a nossa disposição está o enxerto de osso alveolar, a genioplastia

funcional e a cirurgia ortognática, as quais possuem a meta de melhoria da oclusão,

respiração nasal e harmonia facial (Precioso, 1999).

Graziosi et al. (2000) realizaram uma investigação epidemiológica na

ocorrência das FLP em pacientes atendidos na Faculdade de Odontologia de São

José dos Campos – SP num período correspondente a 2 anos. A etiologia das FLP

ainda não está bem esclarecida, porém muitos pesquisadores afirmam que o fator

hereditário é o de maior importância. A teoria multifatorial é a mais aceita e resume-

se na interação de fatores genéticos-ambientais sobre a epidemiologia. Pode

concluir que a malformação labial e/ou palatal comprometeu os homens e as

mulheres, em aproximadamente 60% e 40% respectivamente. Quanto à ordem de

nascimento dos afetados, o primogênito foi o mais freqüente, sendo os outros de

maneira seqüencial. A incidência maior de nascimento de filhos portadores de FLP

ocorreu entre 21 a 30 anos de idade das mães e entre 21 a 40 anos dos pais,

prevalecendo pacientes do gênero masculino. A recorrência familiar foi evidenciada

em 34% dos casos, enquanto que a presença de fatores teratogênicos foi

relacionada em 21,3% dos pacientes. A Ortodontia não foi avaliada neste trabalho,

apesar de oito pacientes terem passado por terapia ortodôntica antes do exame pré-

operatório e 13 pacientes entre a cirurgia e o exame pós-operatório.

Foi avaliada a influência da queiloplastia sobre a morfologia craniofacial em

FLP bilateral, através de um estudo comparativo entre 2 grupos de pacientes adultos

com fissura bilateral completa de lábio e palato, sendo um grupo operado somente

de lábio até o segundo ano de vida eoutro não-operado. O protocolo de cirurgias

(HRAC-USP), para as FLP bilaterais indica: 1- queiloplastia em dois tempos a partir

dos três meses de idade; 2-palatoplastia, em um único tempo cirúrgico, a partir de

um ano de idade; 3- cirurgias secundárias de lábio e columela, a partir da idade

escolar e 4- enxerto ósseo secundário no final da dentadura mista, entre nove e 12

anos de idade. Concluiu-se que a queiloplastia exerce uma importante função

imediata de reconstrução da morfologia facial alterada. Mas, no caso da FLP

bilateral, a queiloplastia realizada na primeira infância ainda exerce um efeito lento,

16

porém progressivo e favorável, sobre o crescimento da face média,

retroposicionando principalmente a parte alveolar da pré-maxila e inclinando os

incisivos para lingual. Esse efeito tardio da queiloplastia não se estende para a base

do crânio e mandíbula (Silva Filho et al., 2001).

Foi realizado um trabalho determinando o número de crianças nascidas com

FLP, sem síndromes associadas na cidade de Joinville – SC no período de 1994 a

2000. Constatou-se uma incidência de 1,24 por 1000 nascidos vivos. A reabilitação

integral dos pacientes com de fissuras tornou-se meta principal de todo o tratamento

realizado por uma equipe de saúde, buscando sempre total compreensão das

causas destas anomalias de forma a serem eliminadas como ameaça à saúde dos

indivíduos (França, Locks, 2003).

Por meio de uma análise clinica no HRAC - USP em 74 pacientes com FLP

unilateral completa na faixa etária de 3 a 5 anos operados de lábio e palato em

épocas convencionais, revelou-se que alterações interarcos ocorreram

precocemente nestes pacientes, principalmente algum tipo de mordida cruzada. O

tratamento e subseqüente recuperação morfológica e funcional das estruturas

anatômicas lesadas exige intervenções cirúrgicas indispensáveis em idade precoce

e que podem a longo prazo interferir negativamente na relação e posição dos

maxilares (Simionato et al., 2003).

Liou & Tsai (2004) sugeriram um novo protocolo para protação maxilar, onde

realiza-se a Expansão Rápida de Maxila (ERM) de forma alternada entre semana de

expansão e semana de contenção, por um período de nove semanas. Seguido a

este período faz uso de máscara facial. O uso combinado de ERM e máscara facial

é uma técnica contemporânea para protação maxilar em pacientes fissurados. A

ERM é usada para facilitar a protação com o uso da máscara facial. Supõem-se que

as suturas inter-maxilares são desarticuladas após a expansão. Remanesce

controverso a respeito da largura que a expansão deve alcançar ao desarticular as

suturas intermaxilares. Entretanto, expandir mais de 15 mm não é uma prática

clínica aceitável aos pacientes. A resposta mecânica à tração inclui alargamento da

sutura, mudança no direcionamento das fibras periodontais, aumento de

osteoblastos, e deposição osteóide na sutura palatina. Por esta razão, a ERM é

reconhecida como expansão osteogênica sutural, assemelhando-se a distração

osteogênica.

17

2.2 Alterações dimensionais das arcadas em indivíduos fissurados

Pruzansky (1955), em um estudo longitudinal, pesquisou os fatores que

poderiam alterar as dimensões das arcadas dentárias dos pacientes acometidos por

fissuras labiopalatinas, desde o formato alterado do palato até a constrição do

segmento maxilar acometido pela fissura. Considerou que a diminuição das medidas

do arco maxilar não deveria ser atribuída às cirurgias reparadoras em todas as

situações. O autor relatou que o correto posicionamento das bases ósseas na

infância é fundamental para a erupção dos dentes permanentes e para ocrescimento

e desenvolvimento maxilo-facial.

Subtelny (1966), em seu trabalho com indivíduos fissurados, afirmou que a

cirurgia de reconstrução de lábio exerce pressão sobre os segmentos maxilares,

iniciando uma ação moldadora. Justificou que as forças exercidas pela musculatura

podem deslocar um ou ambos os segmentos maxilares medialmente, ao qual pode

criar um arco alveolar da maxila distorcido e constrito. Uma influência continuada

dessas forças, e uma influência constritora adicional exercida pela cirurgia de palato,

podem levar ao desenvolvimento de uma mordida cruzada na dentição decídua. O

autor abordou outro aspecto, verificando que ajustes compensatórios da língua

podem desenvolver uma configuração anormal da cavidade oral, devido a esforços

dos pacientes fissurados em produzirem uma fala inteligível na presença de um

palato desproporcional e destorcido.

Maisels (1967) realizou um estudo sobre a influência da época das cirurgias

reparadoras no crescimento facial. O retrognatismo e a hipoplasia maxilar eram sempre

atribuídos às cirurgias reparadoras, principalmente às de lábio, pois as técnicas

utilizadas em outros tempos promoviam uma tensão na região dos segmentos

alveolares, contribuindo para o colapso desta estrutura, consequentemente alterando

as suas dimensões. Com a evolução das técnicas cirúrgicas, esta consequência

praticamente não acontecia, o que permitiu concluir que o tipo e não o tempo em que a

cirurgia era realizada influía nos resultados estéticos e funcionais. Afirmou ainda ser

provável que a diminuição do potencial de crescimento da maxila fosse uma parte

integrante da deformidade da fenda.

Mazaheri et al. (1971) estudaram modelos de arcadas dentárias de pacientes

com fissuras de lábio e palato, fissuras de palato isolado e de um grupo controle,

desde o nascimento até os 5 anos de idade. As mudanças nas dimensões de ambas

18

as arcadas dentárias e da região da fissura, as alterações de velocidade de

crescimento e a relação ântero-posterior e transversal dos segmentos

maxilaresforam o foco do estudo. Notaram que, de um modo geral, tanto as medidas

ânteroposteriores quanto as transversais apresentaram um padrão de velocidade de

crescimento menor imediatamente após o tratamento cirúrgico, e que tendiam

atenuar-se após os quatro anos de idade. As medidas transversais da maxila foram

mais afetadas do que o seu comprimento. Os autores verificaram que o grupo

fissurado apresentou medidas menores do que o grupo controle nesta fase, mas que

houve um aumento destas medidas ano após ano. Verificaram neste trabalho, que

as medidas mandibulares foram menores em fissuras de palato isolado em relação

às fissuras labiopalatinas e ao grupo controle, sugerindo uma hipoplasia mandibular

para este tipo de fissura.

Wada & Miyazaki (1984) compararam, através de modelos em gesso, as

mudanças de crescimento da maxila de crianças com de fissura de lábio e palato

unilateral com a maxila de crianças sem deformidades craniofaciais. Os pacientes

em questão foram avaliados na fase de dentição decídua, sendo obtidos modelos de

estudo aos 6 meses, 2 anos, 3 anos e aos 4 anos de idade. Os resultados obtidos

nos indivíduos sem fissura mostraram que as dimensõesanteriores da maxila não

apresentaram mudanças expressivas nos quatro estágios, mas a região posterior

aumentou gradativamente. O comprimento da arcada não aumentou durante o

período de dentição decídua. Os pacientes fissurados não mostraram alterações

expressivas nas suas dimensões anteriores da arcada nestamesma fase, somente

uma leve diminuição, notando-se um sutil colapso da maxilla no sentido antero-

posterior, entre os 3 e 4 anos de idade, sem que o comprimentodo arco fosse

afetado nitidamente. Mesmo assim, os valores obtidos foram menores do que

aqueles obtidos no grupo controle.

Robertson & Fish (1975) investigaram as primeiras alterações dimensionais

sofridas pelas arcadas dentárias de pacientes que apresentavam fissure

labiopalatina unilateral, e que foram submetidos à ortopedia precoce pré-cirúrgica. O

grupo de fissurados foi dividido em dois subgrupos, onde o primeiro

apresentavamaior proximidade das bordas da fissura, denominado “sem deficiência”,

e o segundo com as bordas mais distantes, denominado “com deficiência”, e então

comparados a uma amostra de crianças normais. Todos os grupos foram avaliados

19

do nascimento aos 3 anos de idade. Quando a dentição decídua já estava

estabelecida, foram medidas as distâncias intercaninos, as distâncias entre as faces

distais dos segundos molares decíduos, e o comprimento dos arcos. Constataram

que em ambos os subgrupos os valores dessas mensurações foram menores em

relação ao controle, e que o subgrupo com deficiência apresentou o menor valor.

Com relação à arcada inferior, as dimensões apresentaram-se similares às do grupo

controle, ou seja, sem alterações.

Hellquist & Skoog (1976) realizaram um estudo sobre o impacto da

periosteoplastia alveolar no crescimento da maxila. Avaliaram 3 grupos, onde o

primeiro foi submetido à periosteoplastia associada a apenas uma das cirurgias

reparadoras (queiloplastia ou palatoplastia), o segundo associou a periosteoplastia

às duas cirurgias, e o terceiro onde não houve periosteoplastia. Foram medidas as

distâncias intercaninos, intermolares e comprimento dos arcos dentários. Concluíram

que apenas pequenas diferenças foram encontradas tanto nas distâncias como no

comprimento dos arcos entre os grupos, sendo as distâncias intercaninos e

intermolares levemente menores no grupo em que a periosteoplastia foi associada

às duas cirurgias reparadoras.

Hellquist et al. (1978) averiguaram a influência da palatoplastia e da extensão

da fissura nas alterações dimensionais ocorridas na maxila de crianças com fissura

de palato secundário, divididas em palato mole e palato duro e mole. Foram obtidos

modelos antes da palatoplastia e aos 5 anos de idade, e então mensuradas as

distâncias intercaninos, inter-primeiros molares e inter-segundosmolares, além do

perímetro do arco. Verificaram que antes da cirurgia as distâncias transversais eram

maiores em pacientes com fissura de palato secundário completa. Neste grupo, a

distância intermolares e o comprimento do arco diminuíram após a palatoplastia,

sendo ainda mais visível aos 5 anos de idade. Nesta faixa etária a mandíbula

também foi incluída no estudo, e as suas dimensões apresentaram poucas

diferenças entre os grupos.

Capelozza Filho et al. (1978) em um estudo com pacientes com fissura

labiopalatina unilateral, afirmaram que o potencial de crescimento destes indivíduos

é normal, mas a intervenção cirúrgica pode influenciar no aparecimento de sequelas,

cuja gravidade pode estar diretamente relacionada a fatores como a técnica e a

época da cirurgia, a magnitude da fissura, o ambiente sócio-econômico, além de

20

fatores individuais como a bagagem genética. Analisando as dimensões dos arcos

dentários até a fase adulta, constataram que existem alterações de crescimento

tanto no maxilar superior quanto no inferior, entretanto de menor magnitude na

mandíbula do que na maxila, já que esta é acometida diretamente pela fissura.

Jonsson & Thilander (1979) analisaram o desenvolvimento da estrutura

maxilo-mandibular em pacientes com fissura de palato isolado. Realizaram um

estudo longitudinal investigando a oclusão, as dimensões das arcadas e a

morfologia craniofacial. As 55 crianças da amostra foram avaliadas dos 4 aos 6

anos, depois entre 7 e 9, e finalmente entre 10 e 11 anos de idade. A amostra foi

dividida em fissura de palato mole e fissura de palato duro e mole, e destes grupos

foram comparadas as distâncias intercaninos e intermolares, além do comprimento

do arco de ambas as arcadas. Os resultados obtidos foram comparados com valores

de padrões de normalidade. Na fase de dentição decidua houve poucas diferenças

entre os dois grupos nas dimensões transversais da maxila, sendo ambos menores

do que o padrão normal. Já o comprimento do arco maxilar mostrou-se menor em

fissuras de palato secundário completa do que em fissuras só de palato mole, sendo

este bem próximo do normal nesta faixa etária. Quando foram avaliadas as

dimensões da mandíbula, a diferença entre os grupos era pequena, com exceção do

comprimento do arco que se apresentou maior em portadores de fissura de palato

mole, maior inclusive do que o padrão de normalidade.

Jonsson et al. (1980) avaliaram a oclusão e as dimensões das arcadas de

dois grupos de crianças com fissura de lábio e palate unilateral, diferenciados pela

técnica e o tempo cirúrgico da palatoplastia. O estudo compreendeu desde o período

que antecede as cirurgias reparadoras até os 5 anos de idade. Foi constatado que a

distância intercaninos manteve-se relativamente sem alterações nos dois grupos

desde a época da cirurgia de palato até os 5 anos. A dimensão na região da

tuberosidade começou a aumentar em ambos os grupos desde a cirurgia de lábio,

mas com mais expressividade após a palatoplastia. Os autores enfatizam que

somente as primeiras alterações decorrentes da queiloplastia aparecem nesta fase,

e que as alterações provocadas pela palatoplastia podem se desenvolver até o final

do crescimento, período no qual elas devem ser avaliadas.

Jorgerson et al. (1984) através de modelos em gesso, puderam analisar as

distâncias intercaninos e intertuberosidades das arcadas dentárias de crianças

21

fissuradas. Foram comparados pacientes que efetuaram a palatoplastia até 18

meses e os operados tardiamente, aos seis anos de idade. Concluíram que há

menos alterações dimensionais dos maxilares nos pacientes operados tardiamente,

entretanto consideraram que desvantagens quanto às funções de alimentação,

respiração e fonação estão presentes nestes casos.

Wada & Miyazaki (1984) compararam em seu estudo as mudanças de

crescimento da maxila em três tipos de fissura: lábio e palato unilateral, lábio e

palato bilateral, e palato isolado. O trabalho avaliou 45 crianças (15 de cada) em três

fases distintas: aos 5 meses, aos 19 meses e aos 4 anos de idade, além de um

grupo controle com 10 crianças, que foi comparado ao grupo fissurado apenas nesta

última fase. Verificaram que os atrasos de crescimento eram inerentes aos tipos de

fissura, e que as dimensões avaliadas eram menores nos grupos com fissura do que

no grupo controle, principalmente na região anterior da maxila. Na região posterior, a

menor média de valores ocorreu em fissuras de palato isolado. O estudo também

avaliou o papel do septo nasal no conjunto desta estrutura, e pôde concluir que em

pacientes com fenda de palato isolado, há uma incompleta união entre este e o

processo palatino, mostrando uma tendência de subdesenvolvimento da arcada

superior, mesmo sem terem sido submetidos à palatoplastia. Foi demonstrado que,

em virtude disso, houve um atraso de crescimento na região anterior da maxila.

Blijdorp & Egyedi (1984) avaliaram as relações dentoalveolares de pacientes

já adultos, que tinham realizado a palatoplastia aos 3 anos (Grupo A), e aos 6 anos

(Grupo B), para pesquisar a influência desta cirurgia reparadora sobre

odesenvolvimento dos maxilares. Compararam o tamanho das arcadas dos dois

grupos através de modelos em gesso, medindo as distâncias inter primeiros

présmolares e intermolares. Foi verificado que as medidas não apresentaram

diferenças que poderiam ser observadas clinicamente.

Huddart & Huddart (1985) realizaram um estudo longitudinal com crianças

com fissuras labiopalatinas unilaterais, desde o nascimento até a fase de cinco anos

de idade. Verificaram que, ao longo do estudo, somente a distância intermolares não

teve alterações significantes quando comparada com a de pacientes normais, mas o

tamanho das arcadas em geral ficou menor. A distância intercanino apresentou-se

menor em fissurados, o que levou os autores a concluir que é esta a medida mais

responsável pela dimensão diminuída.

22

Athanasiou et al. (1987), em um estudo longitudinal questionaram os

resultados em longo prazo das cirurgias reparadoras, avaliando as dimensões de

ambas as arcadas dentárias em pacientes com fissura de palato primário e

secundário. O grupo fissurado não foi comparado a um grupo controle, mas sim a

padrões de normalidade, e as medidas avaliadas foram as distâncias intercaninos,

intermolares e comprimento do arco. Concluíram que quase todas as dimensões de

maxila e mandíbula do grupo com fissura foram menores do que o normal, tanto na

dentição decídua completa quanto nos outros períodos, com exceção da distância

intercaninos da mandíbula na fase de dentição decídua e dadistância intermolares

da maxila na dentição mista. Mesmo assim, houve um crescimento harmonioso das

medidas com o aumento da idade. Salientaram que a mandíbula foi afetada pelas

mudanças da maxila, tendo sido reflexo da sua constrição.

Nyström & Ranta (1992) avaliaram o crescimento e as dimensões das

arcadas em pacientes com fissura de palato isolado, comparando-os com um grupo

sem fissura em duas idades diferentes, aos 3 e aos 6 anos. As medidas

determinadas foram o comprimento do arco, a distância intercaninos e a distância

intermolares em ambos os maxilares. Concluíram que todas as medidas

apresentaram-se menores em crianças com fissura, independente da idade.

Suzuki et al. (1993) realizaram um estudo em pacientes que portavam fissura

de palato secundário e fissura de palato primário e secundário, averiguando a

relação entre a largura da fissura na época da palatoplastia, a morfologia craniofacial

e as condições de oclusão presentes aos 4 anos de idade. Foram medidas as

distâncias intercaninos e intermolares em ambos os maxilares, e verificaram que o

diâmetro da fissura tem relação de proporção com a distância intermolares nas

crianças com fissura de lábio e palato completa, tanto na arcada superior quanto na

inferior. Já o grupo que apresentava fissura de palato isolado não mostrou nenhuma

relação de medidas das arcadas com o tamanho da fissura.

Friede et al. (1993) realizaram um estudo longitudinal em pacientes com

fissura de palato primário, palato secundário e crianças sem fissura, avaliando

dimensões como o comprimento do arco e as distâncias intercaninos e intermolares

na maxila. As medidas mostraram-se menores em fissurados, com 3 anos e 5 anos

de idade, em relação ao grupo controle, concluindo que a redução é a mesma tanto

para fissuras de palato primário quanto para fissuras de palato secundário.

23

Tomanová & Mullerova (1994), em um estudo longitudinal direcionado a

pacientes com fissura unilateral completa, investigaram o desenvolvimento das

arcadas dentárias de indivíduos que realizaram a palatoplastia aos 5 anos de idade,

e compararam a pacientes de um grupo controle. A amostra de crianças na dentição

decídua completa encontrava-se com idade média de 4 anos e 8 meses, ou seja,

antes da cirurgia reparadora de palato. Foi constatado que na arcada superior, a

distância intercaninos e o comprimento do arco apresentaram-se menores nas

crianças do grupo fissurado, ao contrário da distância intermolares. Na arcada

inferior as três medidas apresentaram-se similares ao grupo controle.

Honda et al. (1995) estudaram as alterações maxilares em crianças

japonesas portadoras de fissura labiopalatina. Avaliando vários tipos de fissura,

concluíram que por volta dos 4 anos de idade as dimensões maxilares em

portadores de fissuras de lábio e alvéolo e de palato isolado são maiores do que as

de fissuras transalveolares, tanto unilaterais como bilaterais. Foi verificado que a

distância intercaninos é menor em fissuras completas bilaterais, e que o

comprimento do arco em fissuras de lábio e rebordo é o mais longo.

Gomide & Abdo (1996) analisaram quantitativamente o crescimento da

maxilla em pacientes com fissura pré-forame incisivo. Os modelos em gesso para

estudo foram obtidos em três fases distintas, sendo a primeira delas antes da

cirurgia de lábio, a segunda após a cirurgia (por volta de 2 anos de idade), e a

terceira com a dentição decídua completa. Diversas medidas foram eleitas para o

presente estudo, inclusive a distância intercaninos, distância intermolares e

comprimento do arco (ou distância antero-posterior). Os autores comprovaram que

as fissuras mais simples, que não comprometem muito a estrutura óssea, estão

pouco sujeitas às influências lesivas intrínsecas a este tipo de malformação. As

medidas referenciadas aumentaram em todas as fases, onde o aumento mais

significativo foi da fase I para a fase II, justificado pela erupção dos dentes. Como na

maior parte da literatura, o sexo masculino apresentou medidas maiores do que o

feminino, só não sendo significante no caso do comprimento do arco.

Kramer et al. (1996) analisaram as mudanças sofridas na maxila de crianças

com diversos tipos de fissura, comparando-as com um grupo controle. Os autores

questionaram o quanto o tipo de cirurgia e a época da sua realização poderiam

influenciar no desenvolvimento da arcada superior. Foram acompanhados pacientes

24

desde a primeira cirurgia de palato até os 4 anos de idade. Estas crianças foram

moldadas em seis fases diferentes, quando as medidas do comprimento do arco e a

distância intercaninos foram avaliadas. Concluíram que o comprimento do arco

interrompe o seu desenvolvimento bem antes do tempo normal em portadores de

fissuras completas, além de apresentarem uma maior atresia de palato, quando o

mesmo é operado em um só tempo. A distância intercaninos não sofre alteração

pelo tipo de cirurgia, e sim pela gravidade da fissura.

Heidbuchel & Kuijpers-Jagtman (1997), em um estudo longitudinal

comportadores de fissura de lábio e palato bilateral, compararam as dimensões das

arcadas dentárias desta amostra com as de um grupo controle. Foram obtidos

modelos em gesso para 8 fases diferentes dos mesmos indivíduos, desde os 3 atéos

17 anos de idade, e mensuradas as distâncias intercaninos, intermolares e

comprimento do arco. Na fase da dentição decídua, o comprimento do arco maxilar

não mostrou diferenças significantes entre os gêneros, nem mesmo quando

comparados com o grupo controle, e no arco mandibular as diferenças encontradas

foram consideradas pequenas. O mesmo não aconteceu em relação às distâncias

intercaninos e intermolares, onde a arcada superior mostrou medidas menores em

todo o período do estudo, quando comparadas ao grupo controle, salientando que a

maior discrepância acontece na região dos caninos. A arcada inferior só apresentou

uma alteração considerável aos 12 anos de idade, o que leva a crer que esta se

adaptou às medidas menores da maxila. Os autores afirmaram que aos sete anos as

diferenças começam a parecer mais óbvias, e o aumento da idade tende a acentuar

as alterações de qualquer das medidas mencionadas.

Melissaratou & Friede (2002) relataram um estudo da oclusão de pacientes

com fissura de lábio e palato bilateral, considerando este o tipo mais difícil de

reparação cirúrgica. Foram comparados dois diferentes tempos cirúrgicos para a

palatoplastia, um ao longo do primeiro ano de vida e o outro tardio, por volta dos 8

anos de idade, observando quais resultados apresentariam maiores alterações das

dimensões das arcadas. Foi feito um estudo longitudinal, e na fase da dentição

decídua os valores obtidos foram comparados a valores de normalidade pré

estabelecidos por Moorrees (1959). Constatou-se que nesta fase, por volta dos 3

anos de idade, as distâncias intercaninos em ambas as arcadas e a distância

intermolares na maxila apresentavam-se diferentes entre os dois grupos, tendo

25

medidas melhores nos pacientes que foram operados tardiamente, vindo a tornarem-

se semelhantes com o evoluir da idade. O comprimento do arco superior

apresentou-se um pouco melhor em crianças operadas tardiamente, mas o seu

desenvolvimento foi basicamente o mesmo em ambos os grupos.

Di Biase et al. (2002) estudaram crianças com fissuras de lábio e palato

unilateral, com 5 anos de idade, para averiguar os efeitos das cirurgias nas arcadas

afetadas pela fissura. Foi medido o comprimento do arco, a distância intercaninos e

a distância intermolares. Concluíram que todas as dimensões da maxila eram

menores em fissurados do que no grupo controle, e que a única diferença que

poderia ser ressaltada é entre os sexos, onde a distância intermolares maxilar

apresentou-se menor em meninas do que em meninos, tanto para fissurados quanto

para não fissurados. Na mandíbula, todas as medidas avaliadas apresentaram-se

menores no sexo feminino, não havendo diferença entre o grupo com fissura e sem

fissura.

Heliövaara & Rautio (2005), no intuito de averiguar os efeitos das cirurgias

reparadoras no crescimento, compararam as alterações das arcadas de 68 crianças

com fissuras de palato isolado (todas operadas) com 61 crianças com fissuras de

palato submucoso. A idade da amostra era de 6 anos, e as medidas efetuadas em

ambos os maxilares foram: distâncias intercaninos, distâncias intermolares (1os e

2os molares) e comprimento do arco. Foi verificado que as cirurgias são associadas

com a diminuição de ambas as distâncias intermolares, em crianças com fissura

submucosa de palato, especialmente após a cirurgia de palato. As crianças com

fissuras isolada de palato apresentaram as menores medidas das arcadas, e não

houve diferenças entre o comprimento da maxila e as distâncias intermolares da

mandíbula em ambos os grupos de fissurados.

Garrahy et al. (2005), em um trabalho que comparava as arcadas dentárias

de crianças portadoras de fissura de palato primário unilateral, fissura depalato

primário e secundário unilateral e crianças de um grupo controle, verificaram que as

dimensões dos arcos do grupo com fissura unilateral complete a diferenciavam-se

das do grupo controle. O mesmo já não foi verificado entre os portadores de fissura

incompleta e o grupo sem fissura. A amostra era constituída de crianças com 3 anos

de idade, onde foram medidas as distâncias intercaninos e intermolares, o perímetro

e o comprimento do arco. A distância intermolares foi a única que não se mostrou

26

diferente entre os três grupos, já a distância intercaninos apresentou-se menor no

grupo com fissura completa do que nos outros dois grupos, assim como o

comprimento e o perímetro da arcada. Nesta última medida, o lado direito e o

esquerdo da região anterior foram avaliados separadamente, para que o lado

acometido pela fissura pudesse mostrar o quanto esta contribuiu para a alteração da

medida. Não foram encontradas diferenças entre os arcos mandibulares de qualquer

um dos grupos.

Foi sistematizado um novo índice para avaliação da condição oclusal em

pacientes com fissura labiopalatina bilateral, compreendendo uma escala de 1 a 5

com grau crescente de severidade considerando a relação interarcos, a forma do

arco dentário superior e a inclinação dos incisivos superiores. Índice 1 – trespasse

vertical e horizontal positivos; incisivos superiores com inclinação lingual; ausência

de mordidas cruzadas; boa forma do arco dentário superior e da abóbada palatina;

Índice 2 – trespasse vertical e horizontal positivos; incisivos superiores com

inclinação normal ou inclinação lingual; mordida cruzada posterior uni ou bilateral;

boa forma do arco dentário superior e da abóbada palatina; Índice 3 – mordida topo

a topo anterior ou mordida cruzada anterior; incisivos superiores com inclinação

normal ou inclinação lingual; mordida cruzada posterior uni ou bilateral; arco dentário

superior atrésico, com pouca profundidade do palato; Índice 4 – mordida cruzada

anterior; incisivos superiores com inclinação normal ou inclinação vestibular; mordida

cruzada posterior uni ou bilateral; arco dentário superior atrésico, com pouca

profundidade do palato; Índice 5 – mordida cruzada anterior de grande magnitude;

incisivos superiores com inclinação normal ou inclinação vestibular; mordida cruzada

posterior uni ou bilateral; arco dentário superior atrésico, com pouca profundidade do

palato (OZAWA et al., 2011).

2.3 Ortopedia pré cirúrgica

Embora os bons resultados oclusais tenham sido demonstrado na dentição

primária, como descrito por Huddart em 1972, os estudos a longo prazo não

confirmam o mesmo na dentição permanente. O efeito da ortopedia pré-cirúrgica

sobre o alinhamento dental vem sendo considerado uma conseqüência lógica da

melhora da simetria alveolar (O`Donnell et al., 1974).

27

Huddart & Grabb (1977) demonstraram que, de fato, com a ortopedia pré-

cirúrgica não ocorria crescimento adicional de tecido. Porém que era de

conhecimento geral que este tratamento destinava-se ao realinhamento dos

elementos ósseos do maxilar, também incentivando o crescimento da prateleira

palatina lateral quando possível.

O tratamento do paciente com fissura labiopalatina inicia-se na infância, com

as cirurgias plásticas primárias. Os protocolos de tratamento são inúmeros e nada

consensuais. Com intuito de facilitar as queiloplastias primárias, alguns centros

utilizam terapias alternativas prévias com a intenção de reduzir a projeção da pré-

maxila. As condutas terapêuticas mais comuns comentadas na literatura são o

reposicionamento ortopédico da pré-maxila (Gnoinski, 1982).

Foi considerado que o tratamento pré-cirúrgico proporcionava não só uma

forma mais normal ao arco, mas também que o processo estimulava o crescimento

tecidual (McNEIL, 1984).

Consegue-se proporcionar algumas alterações posturais através da utilização

de aparelhos pré-cirúrgico, como a manutenção da língua fora do espaço da fenda

permitindo assim o crescimento sem obstáculos. Além disto a ortopedia pré-cirúrgica

pode resultar em melhor angulação das prateleiras palatinas, porque descendem em

posição mais horizontal, contribuindo para o estreitamento da fenda. O

realinhamento dos elementos ósseos da fenda alveolar proporcionou uma base mais

normal para a cirurgia (Hochban, Austerman, 1989).

Um estudo observou e discutiu o uso da ortopedia pré-cirúrgica em pacientes

com fissuras. Vários autores abordaram com suas opiniões assuntos relacionados

aos diversos protocolos de tratamento. O Dr. Berkowits em uma visita a

Schisiscentrum Rotterdam em novembro de 1986 acompanhou um método

multidisciplinar de atendimento aos pacientes com fissura labiopalatina, onde eram

tratados com uso de “estimuladores de crescimento” objetivando proporcionar uma

ótima forma anatômica maxilar e situação funcional. Durante sua visita, ele percebeu

uma maior aproximação dos segmentos maxilares em muitos destes pacientes

(FIG. 3 e 4 ). (Trenité et al., 1990).

28

FIGURA 3 - “Estimuladores de crescimento”: caso de fissura unilateral e de fissura bilateral.

FONTE: Trenité et al., 1990.

FIGURA 4 - Caso de fissura labiopalatina completa unilateral: 4 dias de idade; com terapia ortopédica pré-cirúrgica antes da cirurgia de lábio; com terapia ortopédica pré-cirúrgica antes da cirurgia de palato.

FONTE: Trenité et al., 1990.

O crescimento maxilar se mostrou de forma relativamente normal, em um

estudo no Siri Lanka com pacientes sem cirurgias ou alguma outra forma de

tratamento. Comprovou-se então que a influência com o maior potencial de

perturbação do crescimento no tratamento de fissura labial e fenda palatina é a

natureza da cirurgia (McCance et al., 1993).

Baseado na escala de Goslon foi demonstrado em um estudo que os

desenlaces clínicos do tratamento cirúrgico de Sommerlad obtiveram melhores

resultados oclusais do que os dos melhores centros de estudo Eurocleft utilizando a

técnica de Di Biase de ortopedia pré-cirúrgica. E mais recentemente não foi

constatado diferenças na estética facial de 40 pacientes com fendas / fissuras

29

bilaterais de lábio e palato, todos tratados pelo mesmo cirurgião, metade dos quais

se submeteu a ortopedia pré-cirúrgica e metade, não (Ross, MacNamera, 1994).

Realizou-se um teste randomizado sobre alimentação em um grupo que

usava “placas de alimentação”, verificando-se que as placas não eram necessárias

para estabelecer a alimentação bem sucedida, e elas foram abandonadas no início

do estudo. Muitos centros em todo o mundo, que produzem resultados excelentes a

longo prazo, não usam as chamadas “placas de alimentação”, e os lactentes

crescem na preparação da cirurgia com apoio minucioso e experiente para a

amamentação (Shaw et al., 1999).

Realizou-se um estudo retrospectivo no Instituto de Cirurgia Plástica da New

York University Medical Center, com objetivo de examinar possíveis associações

entre a gravidade da fissura em lactentes e o crescimento maxilarem crianças com

fissura labiopalatina completa unilateral. Foram feitas medições em bebê através de

modelos de estudo. A amostra consistiu em 24 casos não sindrômicos de fissura

labiopalatina completa unilateral tratados durante os anos de 1987 a 1994. Todos

os pacientes receberam tratamento uniforme (ortopedia pré-cirúrgica seguida de

gengivoperioplastia para fechar a fenda alveolar combinada com a reparação do

lábio e do nariz em uma única etapa, com a idade de 3 a 4 meses. O fechamento do

palato foi realizada com a idade de 12 a 14 meses). Realizaram-se medidas através

dos modelos em recém-nascidos com idade de dois a seis dias e posteriormente aos

5 a 6 anos. Os resultados demonstraram a grande variação na gravidade da fissura

labiopalatina no nascimento. Pacientes com fissuras extensas e circunferência ou

comprimento do arco pequeno demostraram um crescimento maxilar menos

favorável do que aqueles com fissuras pequenas e circunferência ou comprimento

do arco grande ao nascimento (FIG. 5). (Peltomamaki et al., 2001).

30

FIGURA 5 - Modelos de estudo de recém-nascidos demonstrando as variações de gravidade das fissuras mensuradas em milímetros.

FONTE: Peltomamaki et al., 2001.

Carvalho et al. (2004) descreveram um estudo sobre a ortopedia pré-cirúrgica,

mostrando sua finalidade: 1) proporcionar nutrição adequada; 2) manter ou levar os

segmento maxilares à posição anatômica correta; 3) diminuir os problemas

respiratórios e auditivos; 4) prevenir a irritação do septo nasal; 4) orientar a posição

anatômica da língua; 5) estimular o crescimento ósseo nas bordas da fissura; e 5)

servir de apoio psicológico a família. Porém a terapia encontra problemas quanto ao

uso desses aparelhos por falta de colaboração da família. O sucesso deste

tratamento precoce depende muito da retenção e estabilidade da placa ortopédica e,

naturalmente a confecção é extremamente dependente da qualidade da moldagem

maxilar. O molde inicial é obtido com moldeiras de estoque e, a partir do primeiro

modelo, confeccionam moldeiras individuais de resina acrílica e perfurada. A melhor

posição da criança é o decúbito ventral, de preferência no colo da mãe que lhe

passará maior apoio psicológico e proporcionará maior conforto. A conclusão deste

estudo é de que realmente o recém-nascido fissurado, inquestionavelmente,

representa o jovem paciente que desafia a imaginação e capacidade diária de todo

ortodontista, e que o tratamento ortopédico/ortodôntico é de importância primordial

para se obter melhores resultado nos pacientes com fissura labiopalatina.

Um estudo retrospectivo avaliando a relação da severidade da fissura

labiopalatina unilateral com o crescimento maxilar foi realizado em um grupo de 29

crianças não sindrômicas, onde seguiu-se um protocolo de tratamento utilizando as

placas oclusoras de palato, queiloplastia de 3 à 6 meses de idade e palatoplastia

aos 12 meses de idade. Nos moldes utilizados para fabricação da placa oclusora de

palato realizados nos bebês foram mensurados a gravidade da fissura labiopalatina,

31

e aos 9 anos de idade através de Cefalometrias avaliado o grau de

comprometimento no crescimento maxilar. A conclusão deste estudo sugeriu uma

influêcia positiva entre a severidade da fissura e o crescimento maxilar (Chiu et al.,

2011).

32

3 PROPOSIÇÃO

O objetivo deste trabalho foi avaliar as relações interarcos no sentido

transversal de pacientes com fissura labiopalatina que se submeteram ao uso de

ortopedia precoce para reposicionamento maxilar por meio de placas oclusoras de

palato.

33

4 MATERIAL E MÉTODOS

Foram selecionados modelos ortodônticos de gesso de 6 pacientes com idade

entre 5 e 7 anos, de ambos os sexos. A amostra compreendeu pacientes em

tratamento no Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto – RJ.

4.1 Critérios de inclusão

Foram incluídos na amostra pacientes que apresentarem:

1. termo de consentimento livre e esclarecido assinado, atestando

anuência pesquisa sem qualquer tipo de remuneração;

2. fissura lábio-palatal transforame incisivo unilateral;

3. uso da ortopedia precoce para reposicionamento maxilar por meio de

placas oclusoras de palato;

4. tratamento precoce através das cirurgias primárias de queiloplastia e

palatoplastia em tempo único e

5. antes da cirurgia de enxerto ósseo alveolar secundário.

4.2 Obtenção dos elementos de diagnóstico

Os pacientes foram submetidos à moldagem com silicona de condensação

para confecção de modelos de gesso. A verba para as despesas relativas a esta

modalidade de documentação foi provido pelo autor deste projeto.

4.3 Caracterização dos métodos sob estudo

Foram obtidos modelos ortodônticos de gesso pedra branco zocalado,

recortados e polidos, dos arcos superior e inferior, com registro em cera da máxima

intercuspidação habitual. Os modelos foram isentos de bolhas ou fratura. Ademais,

as regiões anatômicas em estudo apresentaram devidamente reproduzidas.

34

Os modelos de gesso forma avaliados por um examinador previamente

orientado e calibrado. O examinador realizou a avaliação dos modelos duas vezes

em um intervalo de 7 dias – erro intra-examinador (repetibilidade).

4.4 Avaliação ausênsia de mordida cruzada

Na avaliação dos modelos foi observada a presença de mordida cruzada

posterior, podendo ser uni ou bilateral. Foram desconsideradas a relação topo a

topo, com isso apenas os casos em que as cúspides vestibulares dos molares

superiores ocluíram no sulco central dos molares inferiores atenderam o padrão,

caracterizando com isso a mordida cruzada.

4.5 Análise estatistica

Neste estudo foi realizada uma análise estatística descritiva. E o coeficiente

de correlação de Pearson teve valor r=1; p < 0,0001.

35

5 RESULTADOS

Após a análise dos modelos, foi constatado uma boa relação interarcos da

grande maioria dos pacientes, havendo comprometimento transverso, ou seja,

mordida cruzada posterior em dois dos seis modelos avaliados (FIG. 6 a 11).

FIGURA 6 - Paciente V.A.M.R.; gênero masculino; 5 anos; ausência de mordida cruzada

FONTE: Clínica de Ortodontia HMNSL – RJ.

FIGURA 7 - Paciente M.L.A.; gênero masculino; 07 anos; ausência de mordida cruzada.

FONTE: Clínica de Ortodontia HMNSL – RJ.

36

FIGURA 8 - Paciente J.S.R.; gênero feminino; 5 anos; ausência de mordida cruzada.

FONTE: Clínica de Ortodontia HMNSL – RJ.

FIGURA 9 - Paciente M.R.; gênero masculino; 6 anos; presença de mordida cruzada.

FONTE: Clínica de Ortodontia HMNSL – RJ.

37

FIGURA 10 - Paciente M.N.; gênero masculino; 5 anos; presença de mordida cruzada.

FONTE: Clínica de Ortodontia HMNSL – RJ.

FIGURA 11 - Paciente I.A.M.; gênero masculino; 6 anos; ausência de mordida cruzada.

FONTE: Clínica de Ortodontia HMNSL – RJ.

38

6 DISCUSSÃO

O tratamento de fissurados tem sido um constante desafio, e deve ser iniciado

desde o nascimento, visando a melhor adaptação da cavidade oral a todas as

demandas funcionais. O crescimento craniofacial deficiente destes indivíduos,

resultado natural da presença da fissura, promove mudanças na morfologia dos

ossos maxilares e, consequentemente, nos arcos dentários. O tratamento do

paciente com fissura labiopalatina inicia-se na infância, com as cirurgias plásticas

primárias. Os protocolos de tratamento são inúmeros e nada consensuais. Com

intuito de facilitar as queiloplastias primárias, alguns centros utilizam terapias

alternativas prévias com a intenção de reduzir a projeção da pré-maxila. As condutas

terapêuticas mais comuns comentadas na literatura são o reposicionamento

ortopédico da pré-maxila (Gnoinski, 1982).

O primeiro fator considerado são as cirurgias reparadoras primárias, que têm

como objetivo restabelecer a estética facial e permitir o desenvolvimento correto das

funções orais: a sucção, a deglutição, a mastigação, a fonação e a respiração.

Contudo, nota-se alterações dimensionais nos arcos decorrente dessas cirurgias,

comprometendo o padrão de velocidade de crescimento nos sentidos tranversais e

antero-posterior (Mazaheri et al., 1971).Espera-se com isso que fatores como o

conhecimento e a habilidade do cirurgião plástico também tenham que ser

considerados para minimizer este comprometimento. Além disso, a técnica cirúrgica

e o número de intervenções sofrem influência da gravidade da fissura. Para

Athanasiou et al. (1987) e Jonsson et al. (1979) a mandíbula de pacientes fissurados

também sofre alterações na sua morfologia, principalmente no que diz respeito ao

seu comprimento, posicionamento e direção de crescimento, mais é a distância

intercanino maxilar que mais sofre influência, apresentando-se mais constrita na

grande maioria dos casos de crianças fissuradas comparada a grupos de crianças

não-fissuradas (Huddart, Huddart, 1985; Nystrom, Ranta, 1992; Tomanova,

Mullerova, 1994; Honda et al., 1995; Heidbuche, Kuijpers-Jagtman, 1997; Garrahy et

al., 2005).

39

Acredita-se que existe uma melhora na assimetria alveolar quando se realiza

uma ortopedia pré-cirurgica, tendo um efeito no alinhamento dental e crescimento

maxilar (O’Donnell et al., 1974; Huddart, Grabb, 1977, McNeil, 1984; Trenité et al.,

1990). Alguns autores (Gnoinski, 1982; Hochban, Austerman, 1989; Trenité et al.,

1990; Carvalho, 2004) relataram vantagens deste tratamento proporcionando uma

melhor base para as cirurgias reparadoras primárias. Também para McNeil (1984) o

tratamento pré-cirúrgico proporciona não só uma forma mais normal ao arco, mas

também estimulava o crescimento tecidual.

Os pacientes do HMNSL – RJ são submetidos a moldagem com moldeiras

individuais em acrílico e material do tipo silicona de condensação pasta pesada,

proporcionando assim uma moldagem de excelência. A placa oclusora de palato é

então confeccionada com acrílico auto-polimerizável e sua retenção na boca da

criança é auxiliada por materiais fixadores utilizados em prótese total.

Apesar da utilização da ortopedia pré-cirúrgica proporcionar inúmeros

benefícios como realinhamento dos elementos ósseos da maxila, estímulo de

crescimento da prateleira palatina quando possível e uma base mais normal para as

cirurgias (O`Donnell et al., 1974; Gnoinski, 1982; Hochban, Austerman, 1989),

permanece nos pacientes com fissura labiopalatina a falta de continuidade do

rebordo alveolar, instabilidade ortopédica, fístulas oronasais persistentes além de

apoio ósseo inadequado para a base alar sendo assim necessário nestes pacientes

o enxerto ósseo alveolar (Turvey, 1984; Kalaaji, 1996; Silva Filho, 1998a, b).

A amostra inicial proposta a este estudo seria de 20 pacientes, baseada em

estudos anteriores com número aproximado (Graziosi et al., 2000; Peltomamaki et

al., 2001). No entanto, Heidbuchel et al. (1998) já observou a dificuldade em uma

amostra homogênea. O presente estudo baseou-se em 300 prontuários. Após um

rigoroso critério de inclusão, o estudo foi realizado com uma amostra de seis

pacientes, que nos permitiu chegar a uma conclusão por se tratar de um estudo

descritivo, não havendo a necessidade de um maior numero de amostra, outros

grupos ou grupo controle.

Não podemos, com este estudo, afirmar benefícios da ortopedia pré-cirúrgica

no crescimento maxilofacial destes pacientes, porém durante nossa experiência na

unidade percebemos o grande beneficio funcional e psicológico promovido pela

técnica. O sucesso no prognóstico dos pacientes avaliados neste estudo não pode

40

ser relacionado apenas a sua utilização e sim a diversos outros fatores não

abordados neste estudo como o protocolo de cirurgias primárias, o tipo de fissura e

padrão facial.

A análise de modelos mostra-se de grande interesse terapêutico no

tratamento dos pacientes com fissura labiopalatina, pois o mesmo esclarece ao

cirurgião dentista todas as alterações dimensionais ocorridas nas arcadas dentárias

destes pacientes, além da sua classificação em índices favorecer a interação

multiprofissional no entendimento com relação ao prognóstico de tratamento (Mars

et al., 1987; Atack et al., 1997; Ozawa et al., 2011).

41

7 CONCLUSÃO

O alto índice de ausência de mordida cruzada neste estudo, sugere que o uso

da ortopedia pré-cirúrgica foi eficiente sem interferência no crescimento craniofacial

desses pacientes.

42

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