avaliação da redução dos teores de acidez no óleo da polpa de macaúba (acrocomia aculeata)...
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AVALIAÇÃO DA REDUÇÃO DOS TEORES DE ACIDEZ NO ÓLEO DA POLPA DE 1
MACAÚBA (Acrocomia aculeata) UTILIZANDO RESINAS DE TROCA IÔNICA 2
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PEDRO PRATES VALÉRIO¹; SALVADOR CARLOS GRANDE¹; ANDRÉ DE MIRANDA 4
SILVA¹;1ÉRIKA CRISTINA CREN¹; MARIA HELENA CAÑO ANDRADE¹ 5
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INTRODUÇÃO 7
Popularmente conhecida como macaúba, a palmeira Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex 8
Mart é considerada a de maior dispersão em território brasileiro. Ocorrendo durante todo o ano, sua 9
frutificação apresenta estádio ótimo de maturação entre os meses outubro e março. À medida que 10
seus frutos maduros se desprendem dos cachos o contato com o solo potencializa contaminações 11
por fungos produtores de enzimas lipolíticas, favorecendo a liberação de ácidos graxos e elevação 12
dos índices de acidez. A presença de água na polpa oleaginosa do fruto também favorece a hidrolise 13
de triglicerídeos, diglicerídeos e monoglicerídeos (PIMENTA et al., 2012; SILVA, 2010; FARIAS, 14
2010). 15
A macaúba se destaca em rendimento oleico (22 % da massa do fruto), ao tempo em que 16
apresenta potencial científico, tecnológico e industrial. Em termos de composição de elementos 17
minoritários, além de fosfolipídios, os óleos da macaúba contêm vitaminas, tocoferóis e 18
carotenoides. Estudos envolvendo a macaúba, sob a ótica alimentícia e potencial nutracêutico, têm 19
se mostrado cada vez mais relevantes (PIMENTA et al, 2012; FARIAS, 2010; SILVA, 2010). 20
Neste sentido, e na busca por fortalecer e aperfeiçoar ações futuras de aproveitamento 21
sustentável da macaúba, este trabalho objetiva avaliar a influência do tempo de armazenamento dos 22
óleos sobre a hidrólise de triglicerídeos, diglicerídeos e monoglicerídeos, bem como o emprego de 23
resinas de troca iônica para redução dos teores de acidez. 24
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MATERIAL E MÉTODOS 26
As amostras consistiram em óleos extraídos das polpas e amêndoas de frutos da macaúba. 27
A extração foi realizada em prensa mecânica contínua tipo Expeller. Os frutos foram coletados com 28
no máximo 10 dias pós-queda, tendo sido provenientes de macaubais nativos da região 29
metropolitana de Belo Horizonte (safras 2011/2012 e 2012/2013). Os óleos foram armazenadas sob 30
refrigeração (T < 10º C) até o momento dos ensaios analíticos, que ocorreram entre os meses março 31
e abril de 2013. Os índices de acidez dos óleos foram determinados conforme descrito na 32
metodologia AOCS Cd 3d-63 (AOCS, 2009). 33
1 Universidade Federal de Minas Gerais - Departamento de Engenharia Química – [email protected]
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As resinas de troca iônica avaliadas consistiram em dois tipos: aniônica (PA306s, 34
Mitsubishi Inc.) e catiônica (PK208, Mitsubishi Inc.), condicionadas com solução de NaOH e HCl, 35
respectivamente. Os ensaios foram realizados em reatores de equilíbrio. Reagentes empregados ao 36
longo das análises apresentaram grau de pureza P.A. 37
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RESULTADOS E DISCUSSÃO 39
Os índices de acidez encontrados para os óleos prensados e não refinados podem ser 40
observados na Tabela 1, os quais variaram entre 2,11 e 8, 12 mg KOH/g (óleos extraídos da polpa), 41
e entre 0,39 e 5,71 mg KOH/g (óleos extraídos da amêndoa). Destaca-se que, para a utilização como 42
óleo alimentício, prensado e não refinado, a ANVISA estabelece por meio da RDC 270, de 22 de 43
setembro de 2005, valor máximo de acidez igual a 4 mg de KOH/g (BRASIL, 2005). 44
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Tabela 1: Índices de acidez encontrados para os óleos prensados e não refinados 46
Identificação Tipo de Óleo Data Índice de Acidez (mg KOH/g) 1 Polpa 12/01/2012 3,54 2 Polpa 09/02/2012 2,11 3 Polpa 27/04/2012 8,01 4 Polpa 17/08/2012 4,78 5 Amêndoa 24/08/2012 5,71 6 Amêndoa 28/08/2012 3,63 7 Amêndoa 31/08/2012 2,15 8 Amêndoa 17/01/2013 1,24 9 Polpa 05/03/2013 4,24 10 Polpa 12/03/2013 4,04 11 Polpa 13/03/2013 3,83 12 Polpa 18/03/2013 4,42 13 Polpa 20/03/2013 6,96 14 Amêndoa 15/04/2013 0,39 15 Polpa 22/04/2013 4,49 16 Polpa 22/04/2013 3,46 17 Polpa 24/04/2013 6,79 18 Polpa 22/04/2013 8,12 19 Polpa 24/04/2013 4,33
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Os valores encontrados para acidez indicam a necessidade de tratamento visando redução 48
dos teores. Assim sendo, o uso de resinas de troca iônica pode ser uma opção. 49
Para os testes de remoção de acidez, por resinas de troca iônica, optou-se por utilizar óleos 50
de maior acidez, obtidos da polpa de frutos coletados com tempos de pós-queda entre 10 e 20 dias. 51
Conforme resultados mostrados na Tabela 2, pode-se afirmar que a resina aniônica apresenta 52
melhor desempenho para remoção da acidez inicial dos óleos, nas duas faixas de teor inicial de 53
avaliadas (9% e 27%). Destaca-se que o uso do etanol na solução não propicia melhoria na 54
capacidade de redução da acidez. 55
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Tabela 2 – Teor de acidez inicial e final na solução após equilíbrio. 56
Identificação do Óleo Resina Utilizada
Acidez Inicial do Óleo (%)
Acidez Final do Óleo (%)
Óleo Polpa A1 Catiônica 9,08 7,31 Óleo Polpa A1 + 10% etanol Catiônica 9,16 7,62 Óleo Polpa A2 Catiônica 27,36 23,55 Óleo Polpa A2 + 10% etanol Catiônica 27,46 23,43 Óleo Polpa B1 Aniônica 8,97 3,89 Óleo Polpa B1 + 10% etanol Aniônica 9,09 4,82 Óleo Polpa B2 Aniônica 27,05 19,49 Óleo Polpa B2 + 10% etanol Aniônica 27,32 20,55
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CONCLUSÕES 59
Verificou-se a influência do tempo de armazenamento sobre a hidrólise de 60
triglicerídeos, diglicerídeos e monoglicerídeos, e, consequentemente, a elevação da acidez atrelada 61
a fatores físicos e fisiológicos. Para estudos futuros, recomenda-se considerar a homogeneidade dos 62
graus de maturidade e umidade dos frutos, assim como o tempo decorrido entre colheita e 63
processamento. Quanto à utilização de resinas de troca iônica, os resultados deste trabalho indicam 64
ser possível reduzir o teor de acidez do óleo da polpa de macaúba, ampliando, assim, sua aplicação 65
e utilização industrial. Estudos que avaliem a competição por sítios ativos destas resinas, bem como 66
suas regenerações, são recomendados. 67
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AGRADECIMENTOS 69
Os autores agradecem a CAPES, ao CNPq, ao Projeto PROPALMA (FINEP/EMBRAPA) e 70
ao Departamento de Engenharia Química da Escola de Engenharia da UFMG pelas Bolsas 71
concedidas e pelo apoio prestado. 72
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REFERÊNCIAS 74
AOCS – American Oil Chemists' Society. Official Methods and Recommended Practices 75
of the American Oil and Chemists’ Society: Cd 3d-63. 6th ed. Champaign, Illinois, 2009. 76
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. 77
Resolução RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005. Regulamento Técnico para Óleos Vegetais, 78
Gorduras Vegetais e Creme Vegetal. Diário Oficial da União. Brasília, p.1, 23 de setembro de 2005. 79
PIMENTA, T. V. Metodologias de Obtenção e Caracterização dos Óleos do Fruto da 80
Macaúba com Qualidade Alimentícia: Da Coleta à Utilização. Escola de Engenharia. Departamento 81
de Engenharia Química. Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. Belo Horizonte, MG. 82
Brasil. v.1, p.102, 2010. 83
84 3
PIMENTA, T. V.; ANDRADE, M. H. C.; ANTONIASSI, R. Extração, Neutralização e 85
Caracterização dos Óleos do Fruto da Macaúba (Acrocomia aculeata). In: XIX Congresso 86
Brasileiro de Engenharia Química, 2012 – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 87
v.1, p.4031-4040, 2012. 88
FARIAS, T. M. Biometria e Processamento dos Frutos da Macaúba (Acrocomia sp) para a 89
Produção de Óleos. Faculdade de Engenharia Química. Escola de Engenharia. Universidade Federal 90
de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG. Brasil. v.1, n.1, p.93, 2010. 91
SILVA, G. C. R.; Processo Industrial de Extração dos Óleos do Fruto da Macaúba: 92
Proposição de Rota, Simulação e Análise de Viabilidade Econômica. Departamento de Engenharia 93
Química. Escola de Engenharia. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, n.1, v.1, 94
p.217, 2010. 95
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