avaliaÇÃo da qualidade sanitÁria da lagoa do mondubim

3

Click here to load reader

Upload: ana-deborah-nunes

Post on 24-Jul-2015

37 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE SANITÁRIA DA LAGOA DO MONDUBIM

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE SANITÁRIA DA LAGOA DO MONDUBIM(1) França, Ana Deborah Nunes(2)

Resumo: Neste trabalho é analisada a água da lagoa do Mondubim, a partir de parâmetros físicos e químicos que indicam a qualidade sanitária de uma amostra de água. Os parâmetros abordados foram pH, cor verdadeira, turbidez, DBO e sólidos totais. Os valores obtidos nas análises foram comparados aos valores máximos estabelecidos pela Resolução n°357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional de Meio Ambiente(CONAMA), que dispõe sobre as classificações dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Os parâmetros cor verdadeira, DBO e sólidos totais excedem o valor máximo permitido e designado pela legislação.

Palavras-chave: Ecossistema; Sanitarismo; Amostragem. INTRODUÇÃO

A lagoa do Mondubim localiza-se no bairro do Mondubim, zona urbana do município de Fortaleza, Ceará. Geralmente utilizada para recreação e lazer, tanto no ambiente aquático quanto em seu entorno, com campos de futebol instalados próximos às suas margens.

A formação de grandes aglomerados urbanos e industriais, com crescente necessidade de água para o abastecimento doméstico e industrial, além de irrigação e lazer, faz com que, hoje, a quase totalidade das atividades humanas seja cada vez mais dependente da disponibilidade das águas continentais (ESTEVES, 1998).

A ocupação desordenada das áreas no entorno dos corpos hídricos, ocasionada pela urbanização descontrolada, provoca um ciclo que compromete a qualidade das águas. Pois pela falta de saneamento básico e de uma política educacional e ambiental firme ocasiona a degradação do ambiente aquático, comprometendo também os seus diversos usos.

Todas as atividades impactantes são refletidas direta ou indiretamente na qualidade da água dos mananciais, razão pela qual o monitoramento de variáveis bióticas e abióticas pode ser utilizado como eficiente ferramenta para se avaliar a extensão e a magnitude de cada atividade antrópica poluidora. Cada uso da água, incluindo captação e descarga de resíduos, leva a um impacto específico e, quase sempre, previsível, sobre a qualidade dos corpos hídricos (VIDAL, 2011).

Uma avaliação de qualidade sanitária pode detectar, a partir de análises químicas, físicas e biológicas o nível de contaminação de um corpo hídrico, e até mesmo quais substâncias estão provocando a degradação daquele ambiente.

O trabalho objetiva avaliar a qualidade físico-química da lagoa do Mondubim, corpo hídrico urbano, comparando os parâmetros obtidos nas analises com os valores máximos estabelecidos pela Resolução n°357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).

MATERIAL E MÉTODOS

A lagoa do Mondubim localiza-se no bairro do Mondubim, no município de Fortaleza, capital do Ceará. Suas coordenadas geográficas são 3°48’14.75’’S /

(1)

Este artigo é resultado de pesquisa realizada em fevereiro de 2012 para a disciplina de Tratamento de Água de Abastecimento do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental;

(2) Estudante; Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará; Av. do Contorno Norte, 10 - Parque Central - Distrito Industrial - Maracanaú – CE - CEP:61.925-315; (85)3878-6315; [email protected]

Page 2: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE SANITÁRIA DA LAGOA DO MONDUBIM

38°34’48.23’’O), obtidas a partir do software Google Earth, como mostra a Figura 1 abaixo:

Figura 1: imagem de satélite da lagoa do Mondubim.

A coleta das amostras foi realizada no dia 8 de fevereiro de 2012. As amostras foram coletadas na superfície, em uma profundidade entre 30cm e 50cm, em frascos adequados para cada parâmetro e acondicionadas em caixas isotérmicas. Para garantir a salubridade e melhor deslocamento do coletor, utilizaram-se luvas e botas impermeáveis, já que a condição ambiental do local era precária.

Em seguida foram encaminhadas ao Laboratório de Química e Águas Residuárias do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, no município de Maracanaú, para que fossem imediatamente processadas e analisadas, segundo diretrizes de APHA et al., 2005.

Foram analisados os parâmetros físico-químicos de qualidade da água: pH, cor, turbidez, DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e sólidos totais, de acordo com APHA et.al. (2005, 21ª ed.). O quadro 1 apresenta as metodologias analíticas adequadamente referenciadas. Quadro 1 – Parâmetros analisados, metodologias analíticas e referência.

Parâmetro Metodologia analítica Referência

pH Potenciometria

APHA et.al. 2005

Cor verdadeira (mg Pt/L) Espectrofotometria

Turbidez (UNT) Turbidimetria

DBO (mg O2/L) Diluição e incubação a 20°C e 5 dias

Sólidos totais (mg/L) Gravimetria

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A lagoa do Mondubim não possui enquadramento funcional legal em relação à classificação de sua água. A Resolução Nº 357/05 do CONAMA, no artigo 42, estabelece que: “Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão consideradas classe 2, as salinas e salobras classe 1, exceto se as condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinara a aplicação da classe mais rigorosa correspondente.” Portanto, os resultados obtidos a partir dos parâmetros analisados foram comparados com os padrões estabelecidos no artigo 4, para águas doces, classe 2, resolução Nº 357/05 do CONAMA. Os resultados das análises estão dispostos na tabela 1 a seguir: Tabela 1: Valores obtidos dos resultados dos parâmetros obtidos na lagoa do Mondubim em 8 de fevereiro de 2012

Parâmetro Valores obtidos

pH 8,55 Cor verdadeira (mg Pt/L) 80,78 Turbidez(UNT) 25,25

Page 3: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE SANITÁRIA DA LAGOA DO MONDUBIM

DBO(mg O2/L) 31,75 Sólidos totais (mg/L) 1016

Os valores obtidos demonstram que o pH está em conformidade com o padrão legal, que estabelece um valor médio entre 6 e 9, ideal em relação a critérios de conservação e proteção da vida aquática.

Para o padrão de cor verdadeira, o valor obtido ultrapassou o valor máximo legal permitido, que é de 75mg Pt/L. A cor de uma amostra está associada à capacidade que a luz tem de atravessar a água. Devido à presença de sólidos dissolvidos provenientes de matéria orgânica em estado coloidal, a água perde a capacidade de absorver a radiação eletromagnética da luz.

O valor de turbidez obtido atende o padrão legal, que exige até 100UNT como valor máximo permitido.

O parâmetro químico DBO ultrapassou consideravelmente o valor exigido pela legislação, que estabelece o máximo de 5 mg O2/L. Esse alto valor indica que há presença elevada de matéria orgânica, induzindo o esgotamento de oxigênio na água, provocando desequilíbrio dos organismos aquáticos.

O valor de sólidos totais obtido excedeu o valor máximo permitido, que é de 500mg/L. Por reter resíduos orgânicos e microrganismos, a quantidade excessiva de sólidos pode provocar decomposição anaeróbia e alterações no meio aquático.

CONCLUSÕES

Com base na avaliação dos resultados pode-se concluir que: 1) O valor de pH muito próximo ao limítrofe demonstra que há indício de

excessivo crescimento fitoplanctônico com consumo elevado das espécies carbônicas;

2) Há presença excedente de matéria orgânica, possivelmente devido a despejos domésticos e efluentes têxteis clandestinos;

3) Existe a necessidade de se realizar análises microbiológicas com o fim de caracterizar e monitorar os microrganismos presentes na lagoa;

4) A ação antrópica pode ocasionar a eutrofização da lagoa do Mondubim; 5) O processo de eutrofização pode ser confirmado a partir do monitoramento

sistemático dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos da lagoa.

REFERÊNCIAS APHA – AWWA – WEF. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 21 th ed.Washington, D. C. Americam Public Health Association. 2005. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Dispõe sobre as classificações dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Resolução n° 357, de 17 de março de 2005. Ministério do Meio Ambiente. ESTEVES, F. Fundamentos de Limnologia. 2. ed. Rio de Janeiro. Interciência. 1998. GOOGLE EARTH. Mapas de localização 2009. Fortaleza: GOOGLE EARTH, 2012. VIDAL, T. F. Balanço de macronutrientes no açude Gavião/CE – uma nova abordagem. Dissertação de Mestrado em Saneamento Ambiental – Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2011.