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AVALIAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE ACOPLAR UM
MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA AO VEÍCULO LEVE
SOBRE TRILHOS (VLT)
Rafael de Almeida Rodrigues
Rio de Janeiro
Julho de 2017
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro Mecânico.
Orientador: Albino José Kalab Leiroz
AVALIAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE ACOPLAR UM
MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA AO VEÍCULO
LEVE SOBRE TRILHOS (VLT)
Rafael de Almeida Rodrigues
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU
DE ENGENHEIRO MECÂNICO.
Examinado por:
Prof. Albino José Kalab Leiroz, PhD.
Prof. Flávio de Marco Filho, D. Sc.
Prof. José Luis Lopes da Silveira, D. Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
JULHO DE 2017
i
Rodrigues, Rafael de Almeida
Avaliação da possibilidade de acoplar um motor de
combustão interna ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) /
Rafael de Almeida Rodrigues – Rio de Janeiro:
UFRJ/ESCOLA POLITÉCNICA, 2017.
xiii, 65 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Albino José Kalab Leiroz
Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /
Curso de Engenharia Mecânica, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 57-59.
1. Motor de Combustão Interna 2. Veículo Leve sobre Trilhos 3.
Gerador Elétrico 4. Ciclo Diesel I. Leiroz, Albino José Kalab II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, curso
de Engenharia Mecânica. III. Estudo de possibilidade de acoplar
um motor de combustão interna ao Veículo Leve sobre Trilhos
(VLT)
ii
Agradecimentos
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos meus pais, Marisa e Antonio José,
por acreditarem que uma base familiar forte, aliada com uma educação justa, me ajudaria
a colher frutos lá na frente. Obrigado por sempre investirem em mim, não importando o
esforço. Gostaria de agradecer também a minha irmã, Juliana, por ser um exemplo de
pessoa, profissional e cidadã, inspirando muito o meu crescimento pessoal. Obrigado a
todos os parentes, que próximos ou não do dia a dia, contribuíram para a finalização dessa
etapa, cada um com o seu jeito.
Em segundo lugar, gostaria de agradecer ao professor Albino Leiroz, pelo
excepcional mestre que foi quando fui seu aluno, e por ter aceitado o desafio de me
orientar em mais essa etapa da minha vida. Agradeço também aos professores Flávio e
José Luis por terem aceitado o convite para integrar a banca.
Não poderia deixar de agradecer aqueles que não são de sangue, mas que sempre
estiveram presentes na minha formação, aqueles que nunca tinha tempo ruim. Obrigado
Felipe, Venicius e Mariana, por todas as horas de apoio, zoação e muita, muita felicidade.
Aos meus primeiros amigos da faculdade, Daniel, Lucas, Luca, Leonardo, Giulia
e Marcella, por dividirem todos esses anos comigo, entre aflições, medos, mangues e tudo
que esta faculdade traz a nós. Agradeço também Jamylle e Victor Hugo por todo o apoio
durante a construção deste projeto.
Não poderia deixar de agradecer a todos os colegas que fiz dentro da
Concessionária do VLT Carioca e que se tornaram grandes amigos, por toda a paciência
desde o início, por todos os momentos de descontração e por todos os momentos sérios,
que com toda certeza farão a diferença na minha carreira profissional. Em especial,
gostaria de agradecer por todo o apoio na época do projeto final, obrigado Engenheiros
Daniel Machado, Martin Piccirilli, Diego Cortes, Douglas Adade, Debora Araujo,
Guilherme Esteves e Ricardo Pérsico. Obrigado a Paula Silveira pelo grande apoio.
Por último, mas não menos importante, obrigado Associação Atlética Acadêmica
Escola Politécnica, ou para os íntimos, AAAEP. Tudo que eu vivenciei dentro dessa
instituição vai ficar guardado na mente e no coração, tempos de atleta ou de presidente,
cada momento compartilhado com cada membro foi de suma importância para o meu
crescimento como pessoa, sendo impossível quantificar a importância que você teve e
tem para mim. Só resta agradecer.
iii
Por fim, lembre-se que:
1,01365 = 37,8
0,99365 = 0,03
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
AVALIAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE ACOPLAR UM MOTOR DE
COMBUSTÃO INTERNA AO VEÍCULO LEVE SOBRE TRILHOS (VLT)
Rafael de Almeida Rodrigues
Julho/2017
Orientadores: Albino José Kalab Leiroz
Curso: Engenharia Mecânica
O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) é apenas mais um integrante da revitalização
da área do Porto do Rio de Janeiro, uma mudança que altera diretamente com a
mobilidade das pessoas que trabalham ou moram pelo centro da cidade. Concebido como
um transporte de integração, o VLT tem como missão interligar os mais diversos modais:
ônibus, barca, aeroporto, metrô e o teleférico, por esse motivo, o serviço do VLT deve
ser contínuo, sem interrupções.
O VLT se locomove por um sistema de alimentação pelo solo (APS) que retira
energia diretamente de subestações que são alimentadas pela Concessionária local.
Invariavelmente esbarramos em alguns problemas de fornecimento e o serviço do VLT é
suspenso.
O traçado do bonde conta com alguns trechos em que o sistema APS não foi
instalado por ter um custo muito alto. Então, a proposta foi criar zonas de autonomia,
onde o bonde seria energizado a partir de um banco de capacitores, com energia suficiente
para chegar até a parada mais próxima, seja ela anterior ou posterior ao ponto em que o
bonde parou.
O presente projeto almeja dimensionar um motor de combustão interna (MCI), o
qual funcionará independente do motor elétrico já embarcado no bonde. O MCI estará
acoplado a um gerador que carregará o banco de capacitor suficientemente para que o
VLT termine sua viagem até o fim da linha.
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Mechanical Engineer
AVALIATION OF JOIN AN INTERNAL COMBUSTION MOTOR AND
VEÍCULO LEVE SOBRE TRILHOS (VLT)’S POSSIBILITY
Rafael de Almeida Rodrigues
July/2017
Advisor: Albino José Kalab Leiroz
Course: Mechanical Engineering
The Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), also known as tram, is part of the Rio de
Janeiro’s marine area revitalization – which will change how people move around in
business downtown area. Proposed as integrated means of transportation, the VLT has
the responsibility to connect different transportations such as bus, ferry, subway and cable
cars – it also has a direct link to one of Rio’s airports. And that is why, it must be a
continuous service – without any kind of interruption.
The VLT uses a new system named “Ground Feeding” (Alimentação pelo solo – APS
in portuguese) which receives energy directly from the substations. It is sourced by
Brazilian State Electricity company and quite often the provision is cut off and VLT
service has to be interrupted.
The APS wasn’t installed in the whole route of the tram due the high cost of it. In
order to avoid the high expenses, the solution was to create some free autonomy zones -
where the tram receives energy from several capacitors. These equipments have enough
energy to sustain the arrival of VLT until the next stop.
This actual project hopes to scale out an internal combustion motor that is going to
work independently from the electrical motor that is already in the tram. The IMC is
going to be attached to an electricity generator which will charge the capacitors to
manage the VLT to arrive at the last stop of the line.
vi
SUMÁRIO
Índice de Ilustrações …………………………………….……………………………………................................... viii
Índice de Tabelas …………..…………………………………..……………………………………………………………….… xi
Abreviações …………..……..…………………………………..………………………………………………………………… xii
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
2. DEFINIÇÕES DE PROJETO .......................................................................................... 13
2.1. Distância das Paradas .............................................................................................. 13
2.2. Velocidade do VLT ................................................................................................. 15
2.3. Capacitor ................................................................................................................. 16
2.3.1. Curvas de Desempenho .................................................................................... 18
2.3.2. Potência do Motor ............................................................................................ 20
2.3.3. Carga e Descarga ............................................................................................. 22
3. SELEÇÃO DO MOTOR ................................................................................................. 24
3.1. Cummins ................................................................................................................. 25
3.1.1. ISL .................................................................................................................. 25
3.2. Ciclo Diesel ............................................................................................................. 27
3.3. Carga e Descarga ..................................................................................................... 29
3.4. Tanque de Combustível ........................................................................................... 31
3.5. Outros Parâmetros ................................................................................................... 34
4. SELEÇÃO DO GERADOR ELÉTRICO ......................................................................... 35
4.1. WEG ....................................................................................................................... 35
4.1.1. Industrial ......................................................................................................... 35
4.1.2. Velocidade de Rotação ..................................................................................... 37
4.1.3. Fator de Potência ............................................................................................. 37
4.1.4. Interfaces ......................................................................................................... 38
4.1.5. Seleção do Retificador ..................................................................................... 39
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 41
5.1. Peso......................................................................................................................... 41
5.2. Probabilidade de Tombamento ................................................................................. 43
5.3. Lógica de Controle .................................................................................................. 50
5.4. Instalação ................................................................................................................ 52
6. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 54
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 55
vii
8. ANEXO I – Demonstração Fórmula de Brina .................................................................. 58
9. ANEXO II – Catálogo Motor .......................................................................................... 61
10. ANEXO III – Catálogo Alternador .............................................................................. 63
viii
Índice de Ilustrações
Figura 1 – Mapa do traçado. Fonte:
http://www.portomaravilha.com.br/artigosdetalhes/cod/13 ........................................... 1
Figura 2 – VLT divido em módulos [7] .......................................................................... 2
Figura 3 -Trilho APS. Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/aniversario-do-
rio/2016/noticia/2016/02/vlt-carioca-resgata-memoria-de-bondes-com-
sustentabilidade.html . ..................................................................................................... 4
Figura 4 – Trecho condutor de energia.Fonte:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1245391&page=216 ..................... 5
Figura 5 – Parte inferior do VLT, onde podemos ver as sapatas coletoras ..................... 6
Figura 6 – Sistema de Catenárias .................................................................................... 7
Figura 7 – Zona de autonomia ......................................................................................... 8
Figura 8 - Grupo de Capacitores ...................................................................................... 9
Figura 9 – VLT em Lisboa (Portugal). Fonte:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=351673 ......................................... 10
Figura 10 -VLT em Dublin (Irlanda) Fonte:
http://victoryguy.smugmug.com/Dublins-Luas-Tramway/i-WvkcMDK ........................ 10
Figura 11 – VLT em Dubai (Emirados Árabes) Fonte:
http://viatrolebus.com.br/2015/03/semana-via-trolebusalstom-por-dentro-do-vlt-de-
dubai/.............................................................................................................................. 11
Figura 12 – VLT em Bordeaux (França) Fonte:
https://veiculolevesobretrilhos.wordpress.com/fotos/ ................................................... 11
Figura 13 – VLT em Sevilla se preparando para começar a carga do capacitor [8] ...... 12
Figura 14 – VLT em Sevilla carregando o capacitor [8] ............................................... 12
Figura 15 – Em verde, o traçado de Ida do VLT Carioca ............................................. 14
Figura 16 – Em vermelho, o traçado de Volta do VLT Carioca ................................... 14
Figura 17 – Fases do comportamento do grupo de capacitores [5] ............................... 16
Figura 18 – Gráfico do comportamento dos capacitores para várias velocidades [7] ... 17
Figura 19 – Gráfico do comportamento dos capacitores para 10 km/h ......................... 18
ix
Figura 20 – Comportamento 1 em laranja (quadrado) e comportamento 2 em azul
(círculo) ........................................................................................................................ 20
Figura 21 Desenho esquemático do tempo gasto para o motor carregar o grupo de
capacitores por completo ............................................................................................... 24
Figura 22 – Motor ISL da Cummins [26] ...................................................................... 26
Figura 23 – Curvas de Potência e Torque para diversas velocidades de rotação do motor
ISL [26] .......................................................................................................................... 27
Figura 24 – Descritivo dos 4 tempos de um Ciclo Diesel Real. Fonte:
http://www.culturamix.com/cultura/curiosidades/invencoes/por-dentro-dos-motores
-de-combustao-interna-alternativos/ ............................................................................. 28
Figura 25 – Gráficos PxV e Txs característicos do Ciclo Diesel Ideal. Fonte:
http://slideplayer.com.br/slide/361263/ ......................................................................... 29
Figura 26 – Desenho esquemático do tempo gasto para o motor carregar o grupo de
capacitores por completo, com a nova potência ............................................................ 31
Figura 27 – Localização das Balizas em um cruzamento [19] ...................................... 33
Figura 28 – Alternador Síncrono da Linha Industrial. Fonte:
http://www.weg.net/catalog/weg/BR/pt/Gera%C3%A7%C3%A3o%2C-
Transmiss%C3%A3o-e-Distribui%C3%A7%C3%A3o/Geradores/Alternadores-para-
Grupos-Geradores/c/GLOBAL_GENSET ..................................................................... 37
Figura 29 – Acoplamento direto Fonte: WEG ............................................................... 39
Figura 30 - Linhas de retificador da Secheron. Fonte:
http://www.secheron.com/Products/Transformer-Rectifier-group ............................... 41
Figura 31 (a) – Desenho esquemático do teste de pesagem [11] ................................... 43
Figura 31 (b) - Resultado do teste de pesagem para o trem 122 [11] ............................ 43
Figura 32 – Curvas com os menores raios do traçado ................................................... 45
Figura 33 – Localização de algumas curvas de menor raio de curvatura do traçado .... 46
Figura 34 – Planos de simetria para o trem ................................................................... 47
Figura 35 – Planos de simetria para o motor/alternador ................................................ 47
Figura 36 – Desenho esquemático do MCI, Alternador e Trem ................................... 48
Figura 37 – Lógica de Controle atual do VLT .............................................................. 52
Figura 38 – Proposta de lógica de controle com a inserção do grupo gerador .............. 53
x
Figura 39 – Desenho esquemático da instalação dos equipamentos no teto do NP ...... 54
Figura 40 - Desenho esquemático da instalação do motor e do alternador ................... 54
Figura 41 - DCL do Trem fazendo uma curva .............................................................. 60
xi
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Distâncias reais entre paradas de ida ........................................................... 14
Tabela 2 – Distâncias reais entre paradas de volta ........................................................ 15
Tabela 3 – Principais Características do motor ISL [26] ............................................... 26
Tabela 4 – Interpolação entre Potência e Autonomia de motores Diesel ...................... 34
Tabela 5 – Interpolação entre Potência e Autonomia de motores Diesel ...................... 34
Tabela 6 – Principais Características do alternador Industrial ..................................... 37
Tabela 7 – Características do Retificador ...................................................................... 41
Tabela 8 - Características dos equipamentos ................................................................. 48
Tabela 9 - CM dos equipamentos .................................................................................. 48
Tabela 10 - Valores para VMÁX para diferentes valores de coeficientes de segurança .. 49
Tabela 11 - Valores para VMÁX para diferentes valores de coeficientes de segurança .. 51
xii
Abreviações
VLT Veículo Leve sobre Trilhos
APS Alimentação pelo Solo
MCI Motor de Combustão Interna
PPP Parceria Público Privada
PFM Parada Praia Formosa
RDV Estação Rodoviária
EQD Parada Equador
CDG Parada Cordeio da Graça
PRE Parada Pereira Reis
GMB Parada Gamboa
SCT Parada Santo Cristo
CDS Parada Cidade do Samba
UTP Parada Utopia
PNV Parada dos Navios
PMS Parada dos Museus
SBT Parada São Bento
CDL Parada Candelária
SST Parada Sete de Setembro
CRC Parada Carioca
CNL Parada Cinelândia
ACL Parada Antônio Carlos
SDU Parada Santos Dumont
M1 M2 Módulo Motor
C1 CC C2 Módulo Suspenso
NM Nacela Motorizada
NP Nacela Portadora
CIOM Centro Integrado de Operação e Manutenção
CCO Centro de Controle Operacional
AMV Aparelho de Mudança de Via
MP Motor de Partida
SSV Sistema de Sinalização Viária
Ba Baliza de Aproximação
xiii
Abreviações (cont.)
Bc Baliza de Confirmação
Bp Baliza de Presença
Bl Baliza de Liberação
CM Centro de Massa
CCP Caixa de Comutação Principal
1
1. INTRODUÇÃO
O projeto Porto Maravilha [1] veio para remodelar o centro do Rio de Janeiro e a Zona
Portuária. Ele conta com obras de infraestrutura, investimento social e mobilidade urbana
na área. Foram muitas as mudança por lá: a perimetral foi derrubada, o Museu do Amanhã
foi construído, assim como o Túnel 450 e Túnel Prefeito Marcello Alencar. O projeto do
Veículo Leve sobre Trilhos, ou para os íntimos VLT, vem para agregar neste projeto.
O VLT Carioca foi concebido [2] através de uma PPP (Parceira Público Privado)
avaliada em torno de R$625 milhões, divididos entre a Prefeitura do Rio e os Acionistas
da Concessionária. Outros R$532 milhões são advindos de recursos federais do Programa
de Aceleração do Crescimento da Mobilidade, totalizando um montante de R$ 1,6 bilhão
investidos.
O traçado total do VLT é composto por 3 linhas (Linha 1: Praia Formosa até Santos
Dumont, Linha 2: Praia Formosa até Praça XV e Linha 3: Central até Santos Dumont).
Ele compreende 28 km entre todas as 31 paradas e estações, onde os passageiros podem
embarcar para sua viagem. Na data que o presente trabalho se iniciou, 8 km (Linha 1) e
17 paradas/estações se encontravam em operação.
Figura 1 – Mapa do traçado
2
O trem é composto por sete módulos de 6 metros de comprimento que, somados às
junções dos módulos, totalizam 44 metros [3]. Cada um deles tem a sua característica
para que a viagem seja executada com sucesso. Eles são nomeados como M1, C1, NM,
CC, NP, C2 e M2. Em resumo, o M1, o NM e o M2 carregam os equipamentos de tração,
o C1, o CC e o C2 levam o grupo de ar condicionado e o NP conduz as alternativas de
tração: o grupo de capacitores e o pantógrafo. [4]
Figura 2 – VLT divido em módulos
3
A título de curiosidade, as paradas ativas até o presente momento são: Rodoviária,
Equador, Cordeiro da Graça, Pereira Reis, Santo Cristo, Gamboa, Cidade do Samba,
Utopia, Parada dos Navios, Parada dos Museus, São Bento, Candelária, Sete de Setembro,
Carioca, Cinelândia, Antônio Carlos e Santos Dumont.
O bonde do futuro, como é conhecido, não foi pensado como um meio de transporte
de massa [1], mas sim para se tornar um agente integralizador dos diversos modais já
existentes no centro da cidade do Rio de Janeiro. Não é à toa que conta com estações em
lugares estratégicos, onde o passageiro pode embarcar em outra modalidade de
locomoção (Porto, Barcas, Teleférico, Metrô, Aeroporto e Rodoviária). Ele tem a
capacidade de transportar um máximo de 420 pessoas de uma só vez e, quando ativo 24
horas por dia, consegue levar 300 mil pessoas por dia.
O projeto ainda conta com dois centros estratégicos: o Centro Integrado de Operação
e Manutenção (CIOM) e o o Centro de Controle Operacional (CCO). O primeiro é
responsável por guardar os trens que não estão em serviço e para eventuais manutenções,
além de outros serviços, como por exemplo a lavagem externa. Já o segundo, é
responsável por auxiliar a operação com informações de todo os setores em tempo real,
onde existem diversos aparelhos que influenciam direta ou indiretamente na viagem de
cada trem (sonorização das plataformas, monitoramento eletrônico, sinalização etc).
O VLT Carioca se locomove usando energia elétrica, e diferente de outros vistos ao
redor do mundo, por uma exigência da prefeitura na época da licitação, o projeto prevê
que não seja utilizada nenhuma fiação aérea para a captação da energia elétrica. A
inovação se trata de uma alimentação pelo solo, onde um terceiro trilho é instalado no
meio dos dois rolantes, e a energia é coletada através de equipamento instalados na parte
infeiror do bonde. Esse terceiro trilho é alimentado por 12 subestações (até então, 9 em
funcionamento) espalhadas pelo traçado, fazendo com que cada uma fique responsável
por um trecho, e caso haja uma queda de energia em uma delas, a operação não fique
completamente suspensa.
4
Pensando na adaptação do carioca ao novo meio de transporte, que cruzaria boa parte
do coração do centro da cidade, a questão de como seria a transmissão de energia do trilho
APS para o trem sem que nenhum acidente acontecesse foi levantada. A solução adotada
[5] foi dividir o traçado em vários trechos de 11 metros, onde 8 deles conduzem energia
e 1,5 metro de cada lado é isolante. Com isso, garante-se que somente um trecho que está
abaixo do bonde é energizado, fazendo com que as pessoas possam transitar sobre as
linhas sem risco de choques ou acidentes mais graves.
Figura 3 – Trilho APS
5
Essa solução só é possível pela forma que a energia é captada para o trem [5]. Abaixo
do NP, são instalados dois equipamentos, chamados sapatas coletoras que são as únicas
responsáveis pela transferência de energia do trilho para o bonde. Assim, tem-se que, no
máximo, só dois trechos de 11 metros estão energizados por vez, pois elas distam um
pouco mais de 3 metros.
Figura 4 – Trecho condutor de energia
6
Figura 5 – Parte inferior do VLT, onde podemos ver as sapatas coletoras
7
Existe uma parte desse projeto que contempla a rede aérea para energizar o trem,
trata-se do interior do CIOM, e essa decisão foi tomada pensando na segurança dos
trabalhadores. Essa rede aérea é conhecida como sistema de catenárias e necessita de um
pantógrafo para funcionar. O pantógrafo serve como uma chave on/off [6] para fechar o
circuito entre trem e fios energizados. Assim que ele levanta e mantém um contato
contínuo com os cabos, o condutor liga o disjuntor principal do VLT e então, ele é
energizado. Esta é uma opção mais econômica aos trilhos APS, principalmente dentro do
CIOM, por contar com muitas curvas, zonas de manobra e AMV, formatos em que os
trilhos APS são mais caros.
Aliado ao expansivo custo de alguns formatos de trilhos APS, uma exigência
contratual determinou a inserção de zonas de autonomia ao longo do traçado. Entende-se
como zona de autonomia [7], um trecho de 45 metros , aproximadamente, onde o trilho
APS não está presente e, portanto, não há fornecimento de energia via subestações. A
energia provém de um sistema de capacitores instalado acima do teto do VLT, cuja
capacidade é de 1,23 kWh e está dimensionado para conduzir o VLT por 62 metros,
Figura 6 – Sistema de Catenárias
8
mesmo que testes recentes mostrem que ele é capaz de andar cerca de 300 metros
utilizando os capacitores.
O sistema de capacitores vem para somar ao projeto, visto que ele é recarregado tanto
quando está em trechos com APS (ou Catenária) e também enquanto o trem utiliza a
frenagem [5]. Ele permite continuar a viagem quando há cessão no fornecimento de
energia – mesmo que por poucos metros. A mudança entre um modo e outro é automática,
Figura 7 – Zona de Autonomia
9
apesar do condutor também poder acioná-lo manualmente, procedimento usado somente
em condições extremas.
O traçado do VLT possui um equipamento muito importante para o fornecimento de
energia, tanto no modo APS, quanto no modo de autonomia. Trata-se da power box,
responsável por enviar um comando ao trem, que faz com que as sapatas recolham energia
do trilho ou que haja a mudança para o sistema de autonomia.
Ao redor do mundo existem diversos exemplos quando o assunto é o fornecimento
de energia para o trem. O mais comum é que o sistema de catenária esteja presente durante
o traçado inteiro, como acontece em Dublin e Lisboa. Já em Bordeaux e Dubai, o sistema
utilizado é o de alimentação pelo solo, o mesmo do Rio.
Figura 8 – Grupo de Capacitores
10
Figura 9 – VLT em Lisboa (Portugal)
Figura 10 – VLT em Dublin (Irlanda)
11
Figura 11 – VLT em Dubai (Emirados Árabes)
Figura 12 – VLT em Bordeaux (França)
12
Em Sevilla há uma inovação [8] onde não existe nem APS e nem catenária: a carga
do trem funciona a cada parada. Durante o desembarque dos passageiros, o pantógrafo do
bonde é levantado até um ponto energizado, carrega seu capacitor e começa sua viagem
até a próxima parada, onde o ciclo se repete.
Figura 13 – VLT em Sevilla se preparando para começar a carga do capacitor
Figura 14 – VLT em Sevilla carregando o capacitor
13
2. DEFINIÇÕES DE PROJETO
Motivado em resolver um dos problemas da operação do Veículo Leve sobre Trilhos
no Rio de Janeiro, foram levantadas e analisadas algumas propostas de soluções. A
primeira foi inspirada pelo recurso implementado em Sevilla e, para que não houvesse
rede aérea de eletricidade no centro da cidade, optou-se em colocar um motor de
combustão interna em cada uma das paradas do traçado do VLT. A ideia se baseava em
carregar o grupo de capacitores enquanto os passageiros desembarcavam do bonde. A
dificuldade operacional, o ruído na parada e o resfriamento do motor foram os principais
obstáculos.
A segunda opção foi embarcar o motor no trem e a dúvida era se seria dentro ou no
teto do VLT. A primeira opção logo foi descartada, pois, por contrato, o VLT é obrigado
a transportar 420 pessoas por viagem, e colocando o motor dentro de um dos módulos,
essa cláusula não seria atendida. Então, a opção que foi eleita e que será tratada neste
projeto é utilizar o MCI no teto do VLT, e para isso, é necessário ter algumas
preocupações para que a operação comercial não seja impactada.
Como trata-se de um projeto de concepção em um cenário que não existe na realidade,
é preciso levantar algumas hipóteses com a finalidade de simplificar o entendimento da
ideia principal. A seguir são tratados os principais pontos de se embarcar um motor de
combustão interna no VLT.
2.1. Distância das Paradas
Como visto anteriormente, o trajeto do VLT é composto por várias linhas distribuídas
em 28 quilômetros e 31 paradas. Por motivos contratuais, no momento que esse estudo
foi iniciado, somente 8 km e 18 paradas estavam em funcionamento, fazendo com que
ele fosse reduzido e não abrangesse o traçado inteiro.
Observando o trajeto que começa em Praia Formosa e termina em Santos Dumont e
o sentido inverso, nota-se que o caminho não é o mesmo. Assim, os trajetos devem ser
tratados separadamente. Considerando de PFM até SDU como ida e de SDU até PFM
como volta, a distância real entre as paradas está destacada abaixo:
14
PFM-RDV 447,54 m CDS-UTP 747,90 m CDL-SST 432,17 m
RDV-EQD 301,36 m UTP-PNV 268,50 m SST-CRC 385,83 m
EQD-PRE 285,04 m PNV-PMS 695,52 m CRC-CNL 279,72 m
PRE-GMB 494,13 m PMS-SBT 309,75 m CNL-ACL 581,32 m
GMB-CDS 592,02 m SBT-CDL 389,03 m ACL-SDU 603,01 m
Tabela 1 – Distâncias reais entre paradas de ida
Figura 15 – Em verde, o traçado de Ida do VLT Carioca
Figura 16 – Em vermelho, o traçado de Volta do VLT Carioca
15
SDU-ACL 603,01 m CDL-SBT 389,03 m CDS-SCT 433,06 m
ACL-CNL 581,32 m SBT-PMS 309,75 m SCT-CDG 322,41 m
CNL-CRC 279,72 m PMS-PNV 695,52 m CDG-RDV 471,04 m
CRC-SST 385,83 m PNV-UTP 268,50 m RDV-PFM 447,54 m
SST-CDL 432,17 m UTP-CDS 747,90 m
Com a finalidade de alcançar uma isometria na distância entre uma parada e outra e
simplificar a análise posterior, será considerado que as paradas são equidistantes entre
elas (considerando a anterior e a posterior) e esse valor seria a média da distância real
entre elas.
Para a Ida, o valor total da distância entre as paradas terminais foi de 6812,84 metros.
Como há 15 valores nesse sentido, a média foi de 454,19 metros. Para a Volta, a distância
total foi de 6366,80 metros e sua média foi de 454,77 metros, considerando 14 trechos.
Sendo assim, para simplificar a situação, a distância entre uma parada e outra foi definida
como 450 metros gerando, consequentemente, um erro de aproximadamente 1% sobre a
distância total e entre paradas, para ambos os sentidos.
2.2. Velocidade do VLT
Ao longo do traçado, os limites de velocidade são diferentes dependendo da
particularidade de cada trecho: curvas, subidas, trechos com alta ocupação de pedestres e
grandes cruzamentos rodoviários são só alguns exemplos. É fácil chegar à conclusão que
o panorama atual de operação do VLT não permite que ele alcance sua velocidade
máxima em nenhum trecho. Esse cenário é conhecido como operação degradada, onde as
velocidades empregadas são reduzidas em comparação às calculadas no projeto inicial.
Após deliberar com os especialistas em material rodante da Concessionária do VLT
Carioca e refletir em relação ao comportamento do capacitor em diversas velocidades,
chegou-se à conclusão que o bonde andando à velocidade constante de 10 km/h não foge
de um cenário onde as condições normais ainda não estão todas implementadas. Desta
forma, essa velocidade foi a escolhida para o projeto.
Tabela 2 – Distâncias reais entre paradas de volta
16
2.3. Capacitor
O comportamento do capacitor é um ponto crucial para que todo o projeto seja viável.
Basicamente, ele é composto por duas fases [5], onde uma consome energia mais
rapidamente que a outra. Isso se deve porque quanto menos energia armazenada no
capacitor, alguns auxiliares, não tão necessários, são desligados no VLT, como por
exemplo o ar condicionado da cabine do condutor. A evolução desse desligamento pode
ser observado na figura abaixo, onde SOC significa o nível de carga restante no capacitor:
Abaixo nota-se o comportamento do capacitor para diversas velocidades. A fase de
uso se divide em duas retas com coeficientes angulares diferentes [7], mostrando o
desligamento de alguns equipamentos auxiliares, como explicado anteriormente. É
importante lembrar que o sistema de autonomia é calculado para suportar um trecho de
até 62 metros sem o sistema APS. Por isso, no gráfico, as curvas de carga começam a
aumentar quando passam desse valor, exemplificando que o VLT entraria em zona com
APS e a carga do capacitor começaria.
Figura 17 – Fases de Comportamento do Grupo de Capacitores
17
O capacitor foi inserido no projeto para auxiliar o VLT a operar nas zonas de
autonomia. Caso haja interrupção no fornecimento da Concessionária, ele pode atuar
como a principal fonte de energia. Sendo assim, em velocidades maiores, o trem utiliza
menos carga do capacitor, por se entender que o trem atingiria o trecho com APS mais
rapidamente e esse gasto contrabalançaria com o necessário para se chegar a mesma zona
em velocidades mais baixas.
A ideia de acoplar um motor de combustão interna e um gerador aos capacitores é que
eles tenham carga suficiente para que a viagem, interrompida em qualquer trecho, possa
ser finalizada. Assim, o acionamento do sistema de autonomia mantem-se automático,
como já acontece no VLT. Para estabelecer em que momento o motor deve ser acionado,
é necessário estudar um pouco mais a fundo o comportamento do capacitor.
Figura 18 – Gráfico do comportamento dos capacitores para várias velocidades
18
2.3.1. Curvas de Desempenho
Observando a figura 18, destaca-se a linha relacionada à velocidade de 10km/h
(amarela), a qual foi escolhida como velocidade de operação.
A situação contempla dois comportamentos lineares diferentes para o capacitor, onde
são conhecidos 3 pontos (A, B e C), sendo um deles comum aos dois. O próximo passo é
descobrir as equações para estudar mais a fundo a potência necessária para o motor.
Para isso, será utilizado o recurso de sistema linear [9] e de função afim, pois como
temos apenas dois pontos para cada comportamento, teremos uma equação de primeiro
grau para cada um. Neste método, precisamos substituir os pontos conhecidos na equação
geral de primeiro grau: 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏.
Como podemos ver na figura 19, temos os pontos A = (0 ; 1,23), B = (31 ; 0,65) e
C = (62 ; 0,3) e assim, podemos inferir:
Figura 19 – Gráfico do comportamento dos capacitores para 10 km/h
1
2
19
Para 1:
y = ax + b
1,23 = 𝑏 (1)
0,65 = 31a + b (2)
Substituindo (1) em (2), teremos:
0,65 = 31𝑎 + 1,23 (3)
E assim:
a = −0,0187 (4)
Por fim:
Y = − 0,0187x + 1,23 (5)
x y
0 1,23
31 0,65
Para 2:
y = ax + b
0,65 = 31𝑎 + 𝑏 (1)
0,3 = 62a + b (2)
Fazendo (1) x 2 – (2), teremos:
1 = 𝑏 (3)
Substituindo em (1):
0,65 = 31a + 1 (4)
E assim:
a = −0,0113 (5)
Por fim:
Y = − 0,0113x + 1 (6)
x y
31 0,65
62 0,3
20
Então, como é possível notar no gráfico abaixo:
• 1 (quadrado laranja): y = - 0,0187x + 1,23
• 2 (círculo azul): y = - 0,0113x + 1
2.3.2. Potência do Motor
Com essas informações, pode-se calcular a potência mínima que o motor de
combustão interna deve ter para recarregar corretamente o capacitor e assegurar que a
energia armazenada nunca acabe. É possível também calcular a taxa de descarga de cada
comportamento do capacitor, que nada mais é que os coeficientes angulares de cada reta.
Sendo a velocidade do VLT:
V = 10 𝑘𝑚/ℎ = 10 ∗ 1000
3600= 2, 7778 m/s
Para 1:
• 𝑉1’ = ቚ(1,23−0,65)
(0−31)ቚ = 0,0187 kWh/m
Para 2:
• 𝑉2’ = ቚ(0,65−0,3)
(31−62)ቚ = 0,0113 kWh/m
Figura 20 – Comportamento 1 em laranja (quadrado) e comportamento
2 em azul (círculo)
21
Temos, para 1:
𝑉1 = 0, 0187 kWh/m ∗ 2,7778 m/s = 0,0519 kWh/s
É sabido que, no comportamento 1, a variação de energia é de 1,23 kWh até 0,65 kWh
– onde o capacitor muda de comportamento. Assim, com essa velocidade de descarga e
para essa quantidade de energia (1,23 - 0,65 = 0,58 kWh), o capacitor gasta 11,1753 s.
Para 2:
𝑉2 = 0,0113 kWh/m ∗ 2,7778 m/s = 0,0314 kWh/s
O comportamento 2 varia de 0,65 kWh até 0 kWh, assim, com a velocidade de
descarga destacada no início da página e para essa quantidade de energia (0,65 - 0 = 0,65
kWh), o capacitor gasta 20,7006 s.
A potência depende da energia e do tempo gasto – traduzido pela fórmula E = Pot x t
– calcula-se a potência necessária para cada comportamento.
Após esse estudo, fica definido que o motor de combustão deve ter no mínimo 187
kW para garantir que o capacitor não chegue ao nível zero de energia e o bonde pare sua
viagem. Pensando em uma margem de segurança confortável de 10% para suprir
eventuais desvios que o cenário real traz, fica definido que a potência do motor de
combustão interna será de 205 kW.
Para 1:
• 𝑃𝑜𝑡1 = 0,58 ∗ 3600
11,1753
• Pot1 = 186,8406 Kw
Para 2:
• 𝑃𝑜𝑡2 = 0,65 ∗ 3600
20,7006
• Pot2 = 113,0402 Kw
22
2.3.3. Carga e Descarga
Aprofundando um pouco mais na situação de carga do capacitor, em questões
quantitativas, deve-se levar em conta as duas hipóteses que foram feitas: paradas
equidistantes e distantes 450 metros, e velocidade de 10 km/h (2,7778 m/s). Com isso, o
VLT demora 450
2,7778 = 162 segundos para ir de uma a outra.
Pensando na pior hipótese de onde o motor deve ser acionado: a situação em que o
fornecimento de energia tem uma interrupção assim que o VLT sai de uma parada,
fazendo com que ele tenha que percorrer os 450 metros somente com o sistema de
autonomia.
Para 2 (Situação entre 0,65 kWh e 0 kWh):
Carga
o Pot = 205 kW
Descarga
o V2 = 0,0314 kWh/s
o V2’ = 0,0113 kWh/m
Em 1 segundo:
• Carga: Ec = Pot * t = 205
3600 = 0,0569 kWh
• Descarga: Ed = V2 * 1s = 0,0314 kWh
• Fluxo de Energia: ET = 0,0569 - 0,0314 = 0,0327 kWh (positivo)
• VCARGA2 = 0,0327 kWh/s (positivo)
Tempo gasto para carregar 0,65 kWh:
• t = 0,65
𝑉𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴2 =
0,65
0,0327 = 19,8777 s
Para 1 (Situação entre 1,23 kWh e 0,65 kWh):
Carga
o Pot = 205 kW
Descarga
o V1 = 0,0519 kWh/s
23
o V1’ = 0,0187 kWh/m
Em 1 segundo:
• Carga: Ec = Pot * t = 205
3600 = 0,0569 kWh
• Descarga: Ed = V1 * 1s = 0,0519 kWh
• Fluxo de Energia: ET = 0,0569 - 0,0519 = 0,0070 kWh (positivo)
• VCARGA1 = 0,0070 kWh/s (positivo)
Tempo gasto para carregar 0,58 kWh:
• t = 0,58
𝑉𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴1 =
0,58
0,0070 = 82,8571 s
Agora, é necessário aferir em qual momento o motor deve ser acionado e como isso
acontecerá. Os motores a combustão interna necessitam de um motor de partida [10]
(também conhecido como motor de arranque) para que a inércia de seus equipamentos
seja vencida e ele comece a trabalhar normalmente.
O motor de arranque será acionado por uma das baterias embarcadas no VLT e dará
a rotação inicial necessária para o MCI partir e começar a gerar energia. Utilizando um
embasamento conservador, foi estipulado o tempo de 10 segundos para o motor de partida
conseguir acionar o motor de combustão interna corretamente. Assim, a linha de tempo
de todo o trabalho pode ser observada abaixo.
Como é utilizada uma potência fixa do motor, uma capacidade fixa de armazenamento
de energia e uma velocidade constante, entende-se que esse ciclo sempre vai se repetir. É
possível ter uma ausência de qualquer umas das fases assim que o VLT sai da parada, o
MP é acionado
MCI começa a carga
MCI acaba a carga
VLT chega no destino
21 s 10 s 20 s 82 s 29 s
Figura 21 – Desenho esquemático do tempo gasto para o motor carregar o grupo de
capacitores por completo
VLT inicia a viagem
24
que não influencia as contas sobre a potência do motor. A única consequência é que o
motor pode ser acionado nas seguintes situações: VLT parado na estação, VLT no meio
do caminho, VLT saindo de uma das paradas e VLT chegando no seu destino.
Assim, as definições básicas do projeto foram estabelecidas, fazendo com que seja
possível analisar a hipótese de se colocar um motor de combustão interna em cima do
VLT. São elas:
Velocidade do VLT constante de V = 10 km/h
16 paradas equidistantes entre si e com distância entre elas igual a 450 metros na Ida
15 paradas equidistantes entre si e com distância entre elas igual a 450 metros na
Volta
Potência do MCI igual a 200 kW
Capacitor com dois comportamentos diferentes que dependem da quantidade de
energia armazenada
o y = - 0,0187x + 1,23 (Im(y) = [1,23;0,65] e Dm(x) = [0;31])
o y = -0,0113x + 1 (Im(y) = [0,65;0] e Dm(x) = [31;88])
O MCI é acionado quando a capacidade de energia do capacitor chega em 0,2782
kWh (quando restam 10 segundos de carga)
3. SELEÇÃO DO MOTOR
No capítulo 2, após cálculos iniciais sobre a potência necessária (item 2.3.2) e estudo
sobre como funciona a carga e a descarga do capacitor (item 2.3.3), foi visto que é
possível utilizar um motor de combustão interna como fonte de energia para o VLT.
Sendo assim, rumou-se para o segundo passo do projeto: selecionar o motor que será
utilizado. Após breve pesquisa e conversas com especialistas nessa área, o nome da
Cummins foi levantado e selecionado, por ser uma empresa tradicional no setor e por se
tratar de um projeto de concepção.
25
3.1. Cummins
Desde a década de 70 atuando no Brasil, a Cummins [11] não investe só na produção
de motores. Eles oferecem uma gama de outros equipamentos, tais como filtros, turbos e
geradores de energia. Sua filial no Brasil se encontra em Guarulhos, São Paulo e no
mundo ela está presente em mais de 190 países.
Em 2012, a Cummins lançou a linha Euro V que emite três vezes menos poluentes
que as normas anteriores. Também neste ano, a região da América do Sul começou a ser
tratada de forma integrada e no começo de 2016 foi formada a Cummins América Latina,
mostrando maior integração.
A Cummins separa seus motores por potência. Há aqueles com potência média (18-
360 HP) usados basicamente em caminhões e ônibus; aqueles de potência pesada (381-
600 HP) usados em grande parte em equipamentos agrícolas e de construção, e aqueles
de alta potência (601-5000HP), usados em máquinas de mineração. Seguindo nossas
definições, o motor que procuramos está no primeiro grupo.
3.1.1. ISL
A Cummins conta com uma gama de motores: ISC, ISBe 6, QSB, ISL, ISF etc. Após
análise das características principais e informações disponíveis, um bom concorrente para
a vaga no projeto foi eleito: Motor ISL. Com características totalmente compatíveis com
o esperado, se trata de um motor com ignição por compressão, quatro tempos e ciclo
Diesel. As características completas se encontram no item 9 – ANEXO II.
Figura 22 – Motor ISL da Cummins
26
Potência (máxima) 238 kW (400 CV) @ 2100 rpm
Torque (máximo) 1700 Nm @1100 rpm
Velocidade de Rotação 900 ~2100 rpm
Número de Cilindros 6 (em linha)
Diâmetro do Cilindro 114 mm
Curso do Pistão 144,5 mm
Cilindrada 8,85 l
Massa seca 706 kg
Altura 1157 mm
Comprimento 1124 mm
Largura 763 mm
O motor escolhido supre todas as necessidades levantadas pelo projeto inicial.
Escolhendo como velocidade de operação 1800 rpm, resulta em um torque de 1400 N.m
e uma potência de aproximadamente 350 CV, a qual é suficiente baseada nos cálculos
anteriores. Agora será possível estudar as diferenças que esse aumento de potência irá
gerar, em questão da recarga do capacitor.
Tabela 3 – Principais Características do motor ISL
Figura 23 – Curvas de Potência e Torque para diversas velocidades de rotação do
motor ISL
27
3.2. Ciclo Diesel
Quando o assunto é ciclo termodinâmico, as primeiras referências são Otto e Diesel,
mas apesar de ambos tratarem de ciclos de potência, os dois tem algumas diferenças. Para
entender suas peculiaridades, é preciso, primeiro, entender o que é um ciclo ideal ou
padrão.
As análises necessárias dos ciclos reais são muito complexas e para que estude-se o
fenômeno de uma maneira mais simplificada, foram criadas aproximações que tornam
essa análise possível. O ciclo ideal, ou padrão, deve compartilhar o mesmo
comportamento em relaçao às variações de parâmetros importantes e cumprir algumas
hipóteses para que o modelo seja válido [12]. São elas:
• Ciclo Fechado - Massa constante de ar circulando em todo o ciclo e moléculas
sempre com a mesma composição
• Fluido de trabalho se comporta como gás ideal
• Combustão substituída por adição de calor
• Exaustão substituída por uma rejeição de calor que faz o fluido de trabalho
retornar ao estado inicial do ciclo
• Processos reversíveis
Figura 24 – Descritivo dos 4 tempos de um Ciclo Diesel Real
28
O motor escolhido trabalha com o ciclo Diesel (quatro tempos) e por isso, é necessário
entender um pouco mais como esse equipamento funciona. Em primeiro lugar,
elucidando o que são os quatro tempos [13]: essa expressão se refere aos quatro estágios
que compõem a combustão em motores desse tipo - admissão do ar, compressão do ar
(início da injeção de combustível), expansão do pistão após a combustão e exaustão dos
produtos.
O descrito anteriomente faz referência ao ciclo real, porém, o estudo focará no ciclo
ideal, onde a admissão e a exaustão são substituídos por trocas de calor, e a compressão
e a exaustão são isentrópicas [12]. Abaixo estão exemplificadas essas aproximações em
forma de gráficos.
Os processos mostrados na figura 25 são:
• 1→2 Compressão Isentrópica
• 2→3 Adição de Calor a Pressão Constrante
• 3→4 Expansão Isentrópica
• 4→1 Rejeição de Calor a Volume Constante
Figura 25 – Gráficos PxV e Txs característicos do Ciclo Diesel Ideal
29
Após entender a base de como funciona termicamente um motor diesel, é necessário
focar nas condições operacionais. Este funciona com ignição de compressão [13], ou seja,
em nenhum momento há uma faísca que faz com que a mistura de combustível e ar entre
em combustão. O que acontece é que a razão de compressão com que o motor trabalha é
tão alta que faz com que a temperatura da mistura suba à um nivel maior do que a
temperatura de auto-ignição, entrando em combustão.
Outro fator a se destacar é a mistura de combustível e ar [13]. Em motores que
funcionam com o ciclo Otto, há uma pré-mistura entre o ar e o combustível antes de eles
serem injetados na câmara de combustão. Isto faz com que a combustão se desenvolva
mais facilmente. Já nos motores a ciclo Diesel, o ar é captado e jogado na câmara de
combustão e, somente quando a compressão é iniciada, o combustível é injetado. A forma
como o processo é feito justifica a pré-compressão que o ar sofre para ajudar a combustão
acontecer mais rapidamente dentro da câmara. O fato de não haver uma mistura
homogênea de combustível e ar, torna a combustão nos motores Diesel mais complexa.
3.3. Carga e Descarga
Retomando os cálculos do item 2.3.3, página 23, nota-se que ter uma potência maior
que a calculada tem como consequência um tempo menor de recarga dos capacitores.
Assim:
Para 2 (Situação entre 0,65 kWh e 0 kWh):
Carga
o Pot = 350 CV = 257 kW
Descarga
o V2 = 0,0314 kWh/s
o V2’ = 0,0113 kWh/m
Em 1 segundo:
• Carga: Ec = Pot * t = 257
3600 = 0,0714 kWh
• Descarga: Ed = V2 * 1s = 0,0314 kWh
• Fluxo de Energia: ET = 0,0714 - 0,0314 = 0,0400 kWh (positivo)
• VCARGA2 = 0,0400 kWh/s (positivo)
30
Tempo gasto para carregar 0,65 kWh:
• t =0,65
𝑉𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴2=
0,65
0,0400 = 16,2500 s
Para 1 (Situação entre 1,23 kWh e 0,65 kWh):
Carga
o Pot = 257 kW
Descarga
o V1 = 0,0519 kWh/s
o V1’ = 0,0187 kWh/m
Em 1 segundo:
• Carga: Ec = Pot * t = 257
3600 = 0,0714 kWh
• Descarga: Ed = V1 * 1s = 0,0519 kWh
• Fluxo de Energia: ET = 0,0714 - 0,0519 = 0,0195 kWh (positivo)
• VCARGA1 = 0,0195 kWh/s
Tempo gasto para carregar 0,58 kWh:
• t =0,58
𝑉𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴1=
0,58
0,0195 = 29,7436 s
Logo, com a nova definição de potência, o MCI é capaz de carregar os capacitores
em 77 segundos. Como a viagem entre uma parada e outra demora 162 segundos, esse
ciclo de recarga se repetirá durante esse trajeto, independente de qual seja a carga do
capacitor quando ele sair de uma parada.
MCI começa a carga MCI acaba a carga
MP é acionado VLT chega no
destino
10 s 21 s 16 s 30 s 85 s
Figura 26 – Desenho esquemático do tempo gasto para o motor carregar o grupo de
capacitores por completo, com a nova potência
VLT inicia a viagem
31
3.4. Tanque de Combustível
No cenário em que o VLT está inserido, o fornecimento da energia proveniente da
Concessionária Local não pode ser considerado estável. Desta forma surge o problema de
dimensionar um motor de combustão interna para o trem: uma maneira que ele não pare
no meio do trajeto quando não tiver energia elétrica à disposição.
Sendo assim, é razoável colocar um tanque de combustível tão grande quanto a pior
situação em que o motor tenha que entrar em ação: quando o motor é acionado assim que
ele começa a viagem comercial, na estação Praia Formosa, e é utilizado até o final da
linha, na estação Santos Dumont (o sentido Ida é maior que o sentido Volta). Não seria
necessário mais do que isso, pois quando acabasse a viagem, o tanque seria reabastecido.
Assim, o motor será utilizado durante todo o percurso de 6812,84 metros que liga
Praia Formosa ao Santos Dumont, e considerando uma velocidade constante de 10 km/h
do VLT, que demoraria 40 minutos e 52 segundos, não havendo parada.
A hipótese de realizar a viagem completa sem parada não é utópica. O projeto do VLT
[14] contempla os cruzamentos rodoviários com um sistema que se chama Sistema de
Sinalização Viária. Basicamente, o SSV é composto por vários sensores espalhados pela
via (4 por trecho de cruzamento) que seguem uma lógica que faz com que o VLT tenha
prioridade no cruzamento com os carros.
Os 4 sensores são concretados na via, ao lado dos trilhos, e sua ordem é Baliza de
Aproximação, Baliza de Confirmação, Baliza de Presença e Baliza de Liberação. Cada
uma tem uma função para que a prioridade consiga ser feita. A BA tem como objetivo
avisar que o VLT está vindo, a BC de confirmar que não houve nenhum imprevisto no
meio do caminho e que o VLT está mais perto do cruzamento. A BP é o elemento final
que realmente confirma que o VLT vai passar o cruzamento e a BL é uma resposta para
que a liberação dos carros seja feita com a certeza que o VLT já passou pelo cruzamento.
Abaixo é elucidada a disposição delas na via.
32
Sendo assim, deve-se calcular um tanque de combustível que dure 40 minutos e 52
segundos, além do tempo de desembarque dos passageiros em cada parada,
aproximadamente 20 segundos. Como o trecho é composto por 16 paradas no sentido de
Ida, isso acresce um tempo de 5 minutos e 20 segundos, consequentemente 46 minutos e
12 segundos para o trajeto completo.
Quando contatada, a Cummins relatou que a autonomia dos seus motores depende
da aplicação para qual serão utilizados e não deram maiores informações. Sendo assim,
foram procuradas mais informações em outras fontes e foi encontrada uma empresa que
faz locação de grupos geradores a diesel. Por falta de informações reais da Cummins,
serão utilizados os valores que se aproximam da realidade.
Segundo a empresa A Geradora [15], a autonomia de um conjunto gerador depende
de certas características, como a potência e o tipo do motor, além do seu regime de uso.
Os valores de autonomia apresentados são consequência de análise dos próprios produtos
alugados. A Geradora não possui motor com potência de 257 kWh, porém possui de 180
kVA e 260 kVA. Com isso, fazendo uma interpolação:
Figura 27 – Localização das Balizas em um cruzamento
300 m 120 m 10 m 0 m 10 m 450 m
33
Na tabela encontrada no site, o valor de autonomia relacionado a potência de 170 kVA
é de 40 l/h, já a encontrada para 180 kVA é de 37 l/h. Deduziu-se que se tratava de um
erro de digitação e foi corrigido com uma interpolação entre os valores de 170 kVA e 260
kVA.
Potência (kVA) Autonomia (l/h)
170 40
180 X
260 59
X = 40 + (59 − 40)
(260 − 170)∗ (180 − 170) = 42 l/h (2)
Agora, é possível encontrar, pelo mesmo método de interpolação, o valor de
autonomia para o nosso motor com potência de 257 kWh. Considerando que o fator de
potência é um, o motor escolhido tem 257 kVA. Assim:
Potência (kVA) Autonomia (l/h)
180 42
257 X
260 59
X = 42 + (59 − 42)
(260 − 180)∗ (257 − 180) = 58 l/h (3)
Assim, como o deslocamento total demora 2772 segundos, necessita-se de um tanque
que comporte 44,7 litros. Pensando em possíveis atrasos no desembarque dos passageiros
ou em alguns cruzamentos, será adotado um tanque com 50 litros, perfazendo um
aumento de cerca de 10%, suficiente para operar por mais 4 minutos e 35 segundos. Como
a densidade do diesel é 0,853 kg/l [16], o combustível do tanque representa uma carga de
0,853 x 44,6 = 38,13 quilogramas a mais. Somando-se a massa do tanque, teremos uma
carga de extra de no máximo 60 kg. A fim de distribuir o peso extra, optou-se por colocar
o tanque de combustível no módulo NM. Discutiremos melhor esse assunto no Capítulo
5.
Tabela 4 – Interpolação entre Potência e Autonomia de motores Diesel
(correção dos valores do site)
Tabela 5 – Interpolação entre Potência e Autonomia de motores Diesel
34
3.5. Outros Parâmetros
Além da potência e do tanque de combustível acoplado ao motor, deve-se levar em
consideração a captura e exaustão do ar, bem como sua refrigeração. A aspiração do ar
para a câmara de combustão conta com um turbo que acelera o ar, o que já faz com que
haja uma pequena transferência de calor, elevando a temperatura do ar. A exaustão conta
com uma certificação Conama P7, que data de 2012, e estabelece [17] que os
combustíveis Diesel produzidos a partir da sua homologação deveriam reduzir a
quantidade de poluentes. Não há registros de resoluções posteriores. O motor também
conta com o seu próprio sistema de refrigeração [18] para que não haja temperaturas
muito elevadas, comprometendo os equipamentos próximos do motor.
35
4. SELEÇÃO DO GERADOR ELÉTRICO
Para a escolha do fornecedor do alternador que será acoplado ao motor de combustão
interna, foram utilizados os mesmos critérios para a seleção da Cummins. Foi procurada
uma empresa tradicional e que pudesse cobrir as definições técncias que o projeto impõe.
Assim, após conversa com pessoas do ramo e uma breve pesquisa, foi escolhida a WEG.
4.1. WEG
Fundada no final de 1961 com o nome de Eletromotores Jaraguá [19], a WEG tinha
como principal produto os motores elétricos. Com o passar do tempo, ampliou seu leque
de opções e hoje é reconhecida como uma das maiores frabricantes de equipamentos
elétricos do mundo.
A WEG separa seus geradores por sua aplicação, as linhas que eles trabalham são:
Industrial; G Aircraft, usado para manutenções prolongadas de aeronaves; G Rail, usado
em aplicações ferroviárias e rodoviárias e G Truck, usado para alimentação do sistema
elétrico da bomba de gás criogênico em caminhões. Há também os usados no ramo naval,
para geração principal, auxiliar ou de emergência e os Alternadores Fechados, usados em
indústria pesada (mineração, petróleo e gás).
4.1.1. Industrial
Por mais que o nome G Truck e G Rail levem a crer que são os mais indicadas para
o propósito do projeto, a WEG garante que a linha Industrial é a mais correta, por contar
com um número maior de varíaveis que podem ser modificadas a gosto do cliente. A
tensão de saída se destaca na seleção deste alternador. O VLT é alimentado por 750 V
pelo APS e, para dimensionar um alternador que tivesse essa tensão de saída, a operação
envolveria custos da engenharia. A própria WEG orientou a utilizar este
dimensionamento por não apresentar riscos operacionais. O catálogo produzido pela
WEG se encontra no item 10 – ANEXO III, onde encontram-se todas as informações do
modelo GTA252AI49 que será utilizado neste projeto.
36
Tabela 6 – Principais Características do Alternador Industrial
Número/Tipo de polos 4 / saliente
Passo do enrolamento do estator 2/3
Grau de Proteção IP21
Tensão de Saída (V) 220/380/440/480
Massa (kg) 725
Velocidade de Rotação (rpm) 1800
Fator de Potência 0.8 à 1.0
Comprimento (mm) 1017
Altura (mm) 695
Profundidade (mm) 500
Figura 28 – Alternador Síncrono da Linha Industrial
37
4.1.2. Velocidade de Rotação
Como é sabido, a velocidade de rotação do motor de combustão interna e do
alternador síncrono dever ser a mesma para que tenha-se um acoplamento sem defeitos.
Como dito no item 3.1.1, (página 27), a velocidade de rotação para operação do motor foi
escolhida em 1800 rpm. Será escolhido este valor a partir do alternador, visto que o motor
tem uma gama maior de velocidades que podem ser escolhidas.
𝑓 =𝑝 ∗ 𝑛
120
A fórmula acima refere-se à frequência de operação das máquinas. Como esta é fixa
em 60 Hz, tem-se parâmetros suficientes para descobrir qual deverá ser a velocidade de
rotação (n).
𝑛 =𝑓 ∗ 120
𝑝=
60 ∗ 120
4= 1800 𝑟𝑝𝑚
4.1.3. Fator de Potência
Toda máquina tem uma eficiência diferente de 1, isto quer dizer que os cálculos que
são realizados em relação aos seus parâmetros operacionais são apenas ideais e que não
correspondem fielmente à realidade.
Para consertar isso e ter uma previsão que mais se aproxime da situação real, visando
dimensionar todos os parâmetros que envolvem uma operação de engenharia, foram
criados coeficientes que fazem essa correção. No presente trabalho, o parâmetro que mais
deve ser estudado por esta perspectiva é a potência do motor e a do alternador.
Para o motor, não houve essa preocupação pois o catálogo já possuía o valor corrigido,
porém para o alternador não era esta a situação. Para o alternador dimensionado pela
WEG [20], o fator de potência varia entre 0,8 e 1,0 e sua potência nominal é de 300 kW.
Em 3.1.1, (página 27), também nota-se que para a velocidade de rotação de 1800 rpm,
o valor da potência do motor ISL é de aproximadamente 350 CV ou 257 kW. Comparando
com o valor nominal de 300 kW, chega-se em 257
300= 0,8567 e assim, certifica-se que os
cálculos de carga e descarga feitos no item 3.3 (página 30) são válidos.
38
4.1.4. Interfaces
Para que todo o projeto seja bem sucedido, é necessário ter um cuidado especial com
a ligação entre todos os equipamentos. Entre o motor e o alternador, existe uma interface
mecânica que pode ser um acomplamento direto ou elástico. No presente projeto, será
utilizado o primeiro através de discos flexíveis e flange, conforme imagem abaixo.
Ao calcular o valor do acoplamento, são estabelecidos os critérios mínimos para a
aquisição das peças corretas. A potência pode ser calculada da seguinte forma em
equipamentos acoplados [28]:
𝑃𝑜𝑡 = 2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑛 ∗ 𝐶
Onde Pot é a potência do motor, dado em Watt, n é a rotação do motor em rps e C é
o conjugado nominal do motor em Nm, o qual está sendo calculado. De acordo com o
material consultado, elaborado pela WEG, o acoplamento direto tem 100% de
rendimento, fazendo com que não seja necessária uma correção no valor de C. Assim:
𝐶 =𝑃𝑜𝑡
2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑛
Figura 29 – Acoplamento direto
39
Como visto no item anterior, tem-se n = 1800 rpm = 30 rps e Pot = 257 x 10³ W,
resultando em:
𝐶 =257000
2 ∗ 3,1415 ∗ 30= 1363,4676 𝑁𝑚
Outra interface que deve ser levada em consideração é entre o alternador e o banco de
capacitores. Aqui será necessário um novo equipamento: um retificador. O propósito do
retificador é transformar e estabilizar, com ajuda de filtros, a corrente alternada produzida
pelo conjunto motor-gerador em corrente contínua, utilizada pelo VLT para energizar
todos os seus equipamentos. A ligação entre eles é bem simples e feita com plugs dos
cabos em seus terminais.
4.1.5. Seleção do Retificador
Como feito para o alternador e o motor de combustão interna, foi procurado um
fornecedor tradicional quando o assunto é retificadores. A empresa que fornece um
sistema parecido com o explicado acima para as subestações do projeto do VLT é a
Secheron e assim, foi utilizada como referência. Entretanto, por se tratar de uma empresa
internacional sem filial no Brasil, não foi possível entrar em contato e pedir o
dimensionamento de um retificador para este projeto. Mas é possível ver em qual classe
o retificador se encaixa, segundo a Secheron. Conforme figura abaixo, nota-se que a linha
apta ao nosso projeto é a “Tramways Trolleybus”.
Figura 30 – Linhas de retificador da
Secheron
40
Após isso, a WEG foi contatada, por se tratar de uma fornecedora de equipamentos
eletrônicos. Todavia, ela não possui um retificador de prateleira que possua as
características necessárias – como, por exemplo, tensão de saída de 750V para energizar
os equipamentos auxiliares e motores de tração do trem. Sendo assim, foi solicitado um
dimensionamento especial para este trabalho, porém o mesmo não foi elaborado pois
envolvia custos da equipe de engenharia.
Com isso, para o objetivo final ser alcançado, o contato com a equipe da França da
Secheron deve ser estabelecido ou deve-se desembolsar uma quantia para que a equipe
da WEG elabore uma ficha técnica do equipamento. Com isso, é listada abaixo as
informações técnicas que o retificador necessita ter para que o funcionamento do grupo
gerador não seja dificultado.
Tensão de Entrada (V) 440
Tensão de Saída (V) 750
Número de pulsos 12
Correnta máxima (A) 350
Tabela 7 – Características do Retificador
41
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1. Peso
Um dos maiores problemas em se colocar um motor, um alternador, um retificador e
um tanque de combustível em cima do VLT é a preocupação estrutural dos módulos.
A análise de tensões deveria levar em consideração as tensões provenientes da
interação entre VLT e as cargas extras que estão sendo colocadas em seu teto,
principalmente considerando o cenário dinâmico. Como se trata de um projeto de
concepção, uma análise mais simples será realizada, muito devido à baixa velocidade que
o VLT viajará.
A fornecedora de material rodante, Alstom, faz um teste de pesagem onde ela
confere quais os limites de peso para cada módulo [21]. Os módulos CC, C1 e C2 não são
considerados, por serem suspensos e, assim, só aguentarem o seu próprio peso e de seus
passageiros.
O teste é feito em uma via de testes idêntica a via operacional onde o VLT
trafegará. Em um trecho de aproximadamente 10 metros são instalados 4 sensores na
posição onde as rodas serão estacionadas. Assim tem-se a leitura de quanto peso cada
roda está aguentando, e é comparado com o valor que o fornecedor indica. Além disso,
cada eixo é numerado de 1 à 8 para identificação. Abaixo observa-se o desenho
esquemático do teste e seus resultados.
42
Figura 31 (a) – Desenho esquemático do teste de pesagem; (b) - Resultado do teste
de pesagem para o trem 122
(a) (b)
43
Como é possível notar acima, os resultados são muito claros [22]. Cada eixo consegue
suportar mais 1000 kg aproximadamente, ou seja, cada módulo pode suportar, no
máximo, mais 2000 kg. Aliando os resultados do teste à baixa velocidade de operação do
VLT, conclui-se que não haverá problemas estáticos em incluir um motor de combustão
interna, um alternador, um motor de arranque e um retificador – que juntos somam
aproximadamente 1800 kg - em cima do módulo NP do bonde.
5.2. Probabilidade de Tombamento
Outra grande preocupação do projeto é quanto a possibilidade de tombamento do VLT
ao entrar em uma curva fechada, por conta da carga extra, consequência de todos os
equipamentos que serão instalados em seu teto. Com isso, será necessário estudar a parte
dinâmica do projeto, visto que a parte estática já foi superada.
Ao se procurar na literatura de ferrovias e trens não foi possível achar nenhum
trabalho com características similares ao VLT, como inserção urbana e trilhos
concretados. Assim, serão utilizados conceitos de ferrovias, extrapolando seus detalhes
para o cenário do VLT.
A preocupação com o tombamento de um trem precisa ser estudada a partir da
velocidade em que ele opera. Esta é, basicamente, a tese de mestrado de Leonardo Souza
Soares [23], aluno do IME, que estudou a velocidade máxima autorizada em uma ferrovia
de transporte de carga, com o objetivo de aumentar a produtividade da M.R.S. Logística
S.A. Soares se apoia em uma literatura clássica, uma das principais quando o assunto é
ferrovia: trata-se de Helvécio Brina [24].
Brina correlacionou a velocidade máxima permitida em um trecho com a bitola e
a superelevação da via, e o centro de gravidade do veículo. É sabido que em ferrovias, as
curvas são projetadas para que o trilho externo fique um pouco mais alto que o trilho
interno, com o objetivo de aliviar a força centrípeta e o trem não descarrilar, além de
garantir o conforto para o passageiro. Como o VLT é inserido no meio urbano, isso fica
impossibilitado, pois os cruzamentos devem manter o nível da rua, prezando pela sua
homogeneidade. Isso justifica a enorme diferença das velocidades de operação do VLT e
de trens de minério, por exemplo. Brina considera a bitola da via como a distância entre
os dois trilhos e a superelevação como a diferença de altura entre eles.
44
𝑉𝑀Á𝑋 =√
127 ∗ (ℎ𝑚á𝑥
𝐵 +
𝐵2
− 𝑑
𝐻 ∗ 𝑛) ∗ √𝑅 (1)
A fórmula acima é a que Brina descreve em “Estradas de Ferro 1”, onde B é a bitola
da via, h é a superelevação, H é o centro de gravidade, d é o deslocamento do centro de
gravidade, n é o coeficiente de segurança e R é o raio da curva. A dedução completa desta
fórmula pode ser encontrada na seção 8 – ANEXO I. Com isso, foram mapeadas as curvas
com menores raios do traçado. Ao todo, o projeto tem 18 curvas que precisam ser
estudadas com mais cautela. Abaixo é possível observar a relação das curvas e o mapa
com algumas delas destacadas.
Figura 32 – Curvas com os menores raios do traçado
45
Como é visto na figura 32, o menor valor para o raio da curva no traçado do VLT é
de 25 metros. Adotando o valor de projeto para a bitola de 1,435 m e considerando que
a superelevação do trilho seja zero, como explicado anteriormente, é preciso apenas do
valor do centro de gravidade do trem com o motor e o alternador em cima. A literatura
aconselha a utilização de 0,10 m como valor aproximado para d.
Como o VLT está inserido em um cenário onde o campo gravitacional pode ser
considerado como constante, o centro de gravidade coincide com o centro de massa [25].
Assim como essa, serão assumidas outras hipóteses para este cálculo.
Para um corpo com volume V e densidade ρ, seus elementos infinitesimais tem massa
dm = ρdV e sendo assim, as coordenadas do centro de massa (x’, y’ e z’) do objeto são
dadas por:
𝑥′ = ∫ 𝑥 ∗ ρ𝑑𝑉
∫ ρdV 𝑦′ =
∫ 𝑦 ∗ ρ𝑑𝑉
∫ ρdV 𝑧′ =
∫ 𝑧 ∗ ρ𝑑𝑉
∫ ρdV
Os objetos de estudo nesse tópico serão o trem, o motor de combustão interna e o
alternador, pois entende-se que os outros elementos tem uma massa pequena quando
comparadas com as desses elementos, podendo ser desprezada para este cálculo.
Figura 33– Localização de algumas curvas de menor raio de curvatura do traçado
1
2
3
4
46
Sendo assim, a densidade ρ dos três elementos será assumida como constante e que
eles podem ser representatos por paralepípedos no espaço, mantendo suas dimensões
reais. Por simetria, é fácil descobrir o centro de massa dos três objetos: ele será a
intersecção dos planos simétricos em cada direção. As figuras abaixo elucidam essa
questão.
Figura 34 – Planos de simetria para o trem
Figura 35 – Planos de simetria para o motor/alternador
47
Utilizando as figuras acima e as dimensões dos equipamentos como referência [26],
é facil inferir as coordenadas do centro de massa de cada um, separadamente.
Dimensões Trem (1) Motor (2) Alternador (3)
Comprimento (x) 44000 mm 763 mm 500 mm
Largura (y) 2650 mm 1124 mm 1017 mm
Altura (z) 2770 mm 1157 mm 695 mm
Massa (kg) 59220 706 725
Centro de Massa Trem (1) Motor (2) Alternador (3)
x’ 22000 mm 29465 mm 28068,5 mm
y’ 1325 mm 1325 mm 1325 mm
z’ 1385 mm 3348,5 mm 3117,5 mm
Agrora, para descobrir as coordenadas do centro de massa do conjunto inteiro, será
aplicado o princípio dos momentos [25], que diz:
(𝑚1 + 𝑚2 + 𝑚3) ∗ 𝑋 = 𝑚1 ∗ 𝑥1′ + 𝑚2 ∗ 𝑥2′ + 𝑚3 ∗ 𝑥3′
(𝑚1 + 𝑚2 + 𝑚3) ∗ 𝑌 = 𝑚1 ∗ 𝑦1′ + 𝑚2 ∗ 𝑦2′ + 𝑚3 ∗ 𝑦3′
(𝑚1 + 𝑚2 + 𝑚3) ∗ 𝑍 = 𝑚1 ∗ 𝑧1′ + 𝑚2 ∗ 𝑧2′ + 𝑚3 ∗ 𝑧3′
x
y
z
A M
Figura 36 – Desenho esquemático do MCI, Alternador e Trem
Trem
Tabela 8 – Características dos equipamentos
Tabela 9 – CM dos equipamentos
48
Onde o índice 1 representa o trem, o índice 2 representa o motor e o índice 3 representa
o alternador e assim:
(59.220 + 706 + 725) ∗ 𝑋 = 59.220 ∗ 22.000 + 706 ∗ 29.465 + 725 ∗ 28.068,5
60.651 ∗ 𝑋 = 1.343.991.951
𝑋 = 22.159,4 𝑚𝑚
(59.220 + 706 + 725) ∗ 𝑌 = 59.220 ∗ 1.325 + 706 ∗ 1.325 + 725 ∗ 1.325
60.651 ∗ 𝑌 = 80.362.575
𝑌 = 1.325 𝑚𝑚
(59.220 + 706 + 725) ∗ 𝑍 = 59.220 ∗ 1.385 + 706 ∗ 3.348,5 + 725 ∗ 3.117,5
60.651 ∗ 𝑍 = 86.643.928
𝑍 = 1.428,6 𝑚𝑚
A coordenada Z do centro de massa do conjunto trem-motor-alternador é o parâmetro
que faltava – H, altura do centro de gravidade - para calcular a velocidade limite para a
circulação do trem. Então, voltando a (1) e substituindo os valores de B, d, h e H:
VMÁX = √127 ∗ 25 ∗(1,435
2 − 0,1)
1428,6 ∗ 𝑛
Para valores de n entre 1 e 5:
n VMÁX (m/s) VMÁX (km/h)
1 37,05 133,37
2 26,20 94,30
3 21,39 77,00
4 18,52 66,68
5 16,57 59,64
Tabela 10 – Valores para VMÁX para diferentes valores de coeficientes de segurança
49
Como a velocidade do bonde para este projeto é de 10 km/h, constata-se que para o
coeficiente de segurança mais cauteloso, ainda está muito abaixo do limite máximo para
a prevenção de acidentes na via, como tombamentos.
Os cálculos feitos acima levam em consideração a massa do VLT vazio, sem
transportar nenhum passageiro. Para obter um resultado mais fiel ao panorama de
operação, é necessário fazer uma alteração no valor de m1. O VLT consegue transportar
no máximo 420 pessoas ao mesmo tempo, assumindo que cada pessoa possui 70 kg, a
carga extra é de 420 x 70, ou seja, 29400 kg, perfazendo um total de 88620 kg. Sendo
assim, refazendo os cálculos:
(88.620 + 706 + 725) ∗ 𝑋 = 88.620 ∗ 22.000 + 706 ∗ 29.465 + 725 ∗ 28.068,5
90.051 ∗ 𝑋 = 1.990.791.953
𝑋 = 22.107,4 𝑚𝑚
(88.620 + 706 + 725) ∗ 𝑌 = 88.620 ∗ 1.325 + 706 ∗ 1.325 + 725 ∗ 1.325
90.051 ∗ 𝑌 = 119.317.575
𝑌 = 1.325 𝑚𝑚
(88.620 + 706 + 725) ∗ 𝑍 = 88.620 ∗ 1.385 + 706 ∗ 3.348,5 + 725 ∗ 3.117,5
90.051 ∗ 𝑍 = 127.362.929
𝑍 = 1.414,3 𝑚𝑚
Voltando a (1) e substituindos os valores de B, d, h e o novo H, temos:
VMÁX = √127 ∗ 25 ∗(1,435
2 − 0,1)
1414,3 ∗ 𝑛
50
Para valores de n entre 1 e 5:
n VMÁX (m/s) VMÁX (km/h)
1 37,23 134,03
2 26,33 94,78
3 21,50 77,38
4 18,62 67,02
5 16,65 59,40
Após realizar um breve estudo dinâmico do projeto de instalação de um grupo gerador
como principal fonte de energia para o VLT, conclui-se que, mesmo com a carga mínima
ou com a máxima de passageiros, não há possbilidades paupáveis de tombamento. Como
previsto, a velocidade de operação escolhida está muito abaixo dos limites, até para o
coeficiente mais cauteloso.
A título de curiosidade, para atingir o limite de velocidade de 10 km/h, o valor do
coeficiente de segurança deveria ser de 178 para a situação de VLT vazio e de 180 quando
trafega com ocupação de passageiros no seu limite.
5.3. Lógica de Controle
Após analisar todos os parâmetros que interferem na ligação do grupo gerador ao
banco de capacitores, surge a necessidade de implantar uma lógica de controle adicional
que execute as manobras necessárias para a energização correta. É importante citar que o
trem possui um equipamento que se chama Caixa de Comutação Principal, onde já existe
uma lógica de controle adequada para o cenário atual.
Como dito anteriormente, o Trem pode ser energizado por 3 vias: catenária, APS ou
capacitor, porém somente uma de cada vez. Atualmente, os contatores eletrônicos C1, C2
e C3 fazem este serviço de alternância entre as fontes de energia. Como mostrado na
figura 37, as setas indicam o sentido que a energia trafega: do APS/Catenária para a CCP
e dela para a tração, auxiliares e recarga do capacitor.
Tabela 11 – Valores para VMÁX para diferentes valores de coeficientes de segurança
51
Quando o Capacitor está ativo, ele só transfere energia para os auxiliares e motores
de tração do trem, não energizando a catenária/APS.
Com a inserção do grupo gerador, será necessário adicionar mais um – C4 – para que
ele controle, exclusivamente, a recarga do capacitor e não deixe essa energia se espalhar
para os demais equipamentos antes de completar a carga do capacitor. Ou seja, o C4 só
pode ser ativado se C1 e C2 estiverem abertos.
Por conta de como é feito a comutação entre as fontes de energia do trem, chega-se a
conclusão que o contator C4 tem características iguais ao C3. Isso se deve ao fato de os
dois controlarem a carga do capacitor, um pelo APS/Catenária e o outro pelo Grupo
Gerador.
Ao entrar em contato com o fornecedor do trem, ele não disponibilizou informações
sobre os equipamentos ligados à CCP, explicando que envolve uma tecnologia própria.
Porém, é possível deduzir que os parâmetros mais importantes para um contator são a
tensão e a corrente que passam por ele [29]. Sendo assim, para conseguir o contator extra
de classe de trabalho AC2, é necessário que ele suporte uma tensão de 750V e uma
corrente de 350 A.
Pensando que a interrupção do fornecimento de energia da concessionária local é
apenas uma fase do panorama geral, sensores ( ) podem ser instalados nas sapatas e no
pantógrafo e ligados à lógica de controle. Assim, o sistema ativaria automaticamente o
banco de capacitores quando não houvesse energia nem no trilho APS e nem na catenária,
como informado no item 1.
Capacitor
Auxiliares Tração
Caixa de
Comutação
Principal
Catenária
APS
C1
C2
C3
Sapata Sapata
Figura 37 – Lógica de Controle atual do VLT
52
5.4. Instalação
O último parâmetro a ser tratado é a instalação física de todos esses equipamentos no
teto do VLT. Como visto no item 3.4 (página 35), o tanque de combustível será instalado
no módulo NM para não haver uma sobrecarga de peso no módulo do supercapacitor,
pois este já receberá o motor e o gerador.
Para que seja possível colocar o motor de combustão interna e o alternador no módulo
NP, deve-se retirar o pantógrafo, que mede 2028 mm de comprimento e 1410 mm de
largura, para aumentar o espaço disponível. Com isso, será possível colocar o motor, que
tem dimensão 1124 mm de comprimento e 763 mm de largura, e o alternador, que mede
1017 mm de comprimento e 500 mm de largura, nesse espaço vazio. Vale lembrar que o
NP mede 4578 mm de comprimento por 2650 mm de largura. Assim, deve-se instalá-los
como a figura abaixo.
Capacitor
Auxiliares Tração
C3
Grupo
Gerador
C4C1
C2
Caixa de
Comutação
Principal
Catenária
APS
Sapata Sapata
Figura 38 – Proposta de lógica de controle com a inserção do grupo gerador
53
2650 mm
4578 mm
2028 mm
MOTOR &
ALTERNADOR
1410 mm
2550 mm
CAPACITOR
Figura 39 – Desenho esquemático da instalação dos equipamentos no
teto do NP
1410 mm
2028 mm
1124 mm
763 mm
MOTOR
1017 mm
500 mm
ALTERNADOR
Figura 40 – Desenho esquemático da instalação do motor e do alternador
NP
54
6. CONCLUSÃO
O presente trabalho teve como motivação um dos maiores empecilhos da operação do
VLT Carioca: a variação no fornecimento de energia ao bonde. Assim, foram levantadas
possíveis soluções e geradas novas dificuldades, que foram estudadas e também
solucionadas.
Por se tratar de um projeto de concepção, a parte aprofundada foi a que envolvia, em
qualquer parâmetro, o dimensionamento e seleção dos equipamentos necessários. Os
demais assuntos foram tratados superficialmente e devem ser estudados com mais
profundidade para que o projeto seja factível.
Mesmo assim, foi possível estudar o cenário dinâmico, mesmo com uma baixa
velocidade, e chegar à conclusão que é possível colocar um grupo motor-gerador em cima
do teto do VLT sem maiores consequências operacionais. Foi feito o dimensionamento
do tanque de combustível levando em consideração prováveis perdas de prioridade
semafórica do VLT, além de outras causas. Um possível problema de peso foi descartado,
graças aos resultados do teste de pesagem realizado pela fornecedora.
Uma forma de aprofundar a análise dinâmica, seria elaborar e resolver as equações de
movimento, possivelmente com a ajuda de um software, por se tratarem de equações
diferenciais não lineares. Neste caso, um recurso que poderia ser implementado a nível
de segurança é o uso de sensores de distância instalados no próprio eixo ou roda do VLT.
Eles mediriam a distância do eixo à via e, quando atingisse um determinado limite, os
freios de emergência seriam ativados, com a preocupação de um possível tombamento.
Infelizmente, por utilizar equipamentos de grandes fornecedoras, algumas
informações ficaram aquém, por conta de uma difícil comunicação com os responsáveis
técnicos das empresas. Obviamente, o projeto poderá sofrer alterações, principalmente
com o adendo dos estudos técnicos das áreas não abordadas por este trabalho e novas
informações advindas dos fornecedores.
Por fim, o projeto apresentado acima é viável e poderia ser implementado levando em
consideração as hipóteses levantadas anteriormente. Com isso, seria possível dar
prosseguimento a uma viagem do VLT interrompida por problema no fornecimento de
energia da Concessionária Local.
55
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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<http://www.portomaravilha.com.br/portomaravilha>
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<http://www.portomaravilha.com.br/veiculolevesobretrilhos>
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dowload em: <http://www.portomaravilha.com.br/veiculolevesobretrilhos>
4 " Layout da cobertura do VLT " Documento da Concessionária do VLT Carioca
<VLT1-1.0-D400-AMR-L000-DES-0070-A0>
5 "Explicação básica do Sistema de Autonomia" Documento da Concessionária do
VLT Carioca < VLT1-3.2-D200-AMR-L000-APR-0577-A0>
6 "Como funciona uma locomotiva elétrica?" [Online]. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=euYvTvFkJDY>
7 " Informações Básicas Sistema de Autonomia" Documento da Concessionária do
VLT Carioca <VLT1-1.0-D400-AMR-L000-ESP-0068-C0>
8 "Sevilla Tram T1 - CAF ACR wire free demonstration line" [Online].
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10 "Motor de Partida" [Online]. Disponível em:
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11 "Cummins" [Online]. Disponível em: <http://www.cummins.com.br/nossa-
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12 VAN WYLEN, G. J. et al. Fundamentos da Termodinâmica Clássica. 6 ed.
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56
13 HEYWOOD, J. B. Internal Combustion Engine Fundamentals. 1 ed. Estados
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14 Design Review Documento da Concessionária doo VLT Carioca
15 "A Geradora" [Online]. Disponível em: <http://www.ageradora.com.br/quanto-
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16 "Diesel" [Online]. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Diesel>
17 "Resolução da Conama" [Online]. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=591>
18 "Catálogo do motor ISL com dimensões"
19 "WEG" [Online]. Disponível em:
<http://www.weg.net/institutional/BR/pt/history>
20 "Catálogo do Alternador Industrial"
21 "Procedimento do teste de tipo e série de pesagem" Documento da
Concessionária do VLT Carioca <VLT1-1.0-T200-AMR-L000-PRT-0298-B0>
22 "Resultado Teste de Pesagem" Documento da Concessionária do VLT Carioca
23 SOARES, L. S., Procedimento para determinação da velocidade máxima
autorizada. Monografia para Curso de Especialização em Transporte Ferroviário
de Carga, IME, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2006
24 BRINA, H. L., Estradas de Ferro 1. 1 ed. Rio de Janeiro, LTC - Livros
Técnicos e Científicos Editora S.A., 1983
25 MERIAM, J.L. et al. Mecânica - Estática. 5 ed. Rio de Janeiro, LTC - Livros
Técnicos e Científicos Editora S.A., 2004
26 "Cortes Transverssais" Documento da Concessionária do VLT Carioca <VLT1-
1.0-D400-AMR-L000-DES-0223>
27 "Catálogo do Motor ISL" [Online]. Disponível para dowload em:
http://www.cummins.com.br/produtos/motores/mid-range-18-380-hp/isl
57
28 "WEG_Modulo1_Comando_e_Protecao_Capitulo2_Especificacao" [Online].
Disponível para dowload em:
<http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/nied/materiais/WEG_Modulo1
_Comando_e_Protecao_Capitulo2_Especificacao_de_MI_.pdf>
29 “Como especificar corretamente um contator?” [Online].
<http://www.schneider-electric.com.br/pt/faqs/FA291108/>
58
8. ANEXO I – Demonstração Fórmula de Brina
Dentro do assunto velocidade máxima permitida em uma ferrovia, encontramos
diversos critérios que podemos usar como base na nossa análise. Eles se dividem em
critérios empíricos e racionais.
Para o presente trabalho, foi escolhido o critério da segurança e como dito
anteriormente, ele consiste em dar à superelevação para a velocidade máxima, um valor
menor do que o teórico (ht). Desse modo, parte da força centrífuga não é equilibrada, mas
a estabilidade é garantida por conta de um coeficiente de segurança. A figura abaixo
elucida a situação abordada.
Critérios Empíricos
• V = 0,67* VMÁX
• V = 0,75* VMÁX
• 𝑉 = ට𝑡1∗𝑉1+𝑡2∗𝑉2+⋯
𝑡1+𝑡2+𝑡3+⋯ ; onde
ti = tonelagem do trem na
velocidade Vi (Bélgica)
• hp = 0,7*h e V = 0,836* VMÁX
• 𝑉 = ට𝑉2𝑀𝐴𝑋+𝑉²𝑀𝐼𝑁
2(Itália)
• 𝑉 = ට𝑉2𝑀𝐴𝑋
2= 0,71 ∗ 𝑉2𝑀𝐴𝑋
Critérios Empíricos
• Critério de Segurança ou estabilidade do
veículo na curva
o Consiste em dar à superelevação
para a velocidade máxima, um valor
menor do que o teórico.
• Critério do Conforto
o A superelevação prática é dada de
modo que o valor da aceleração
centrífuga não equilibrada não cause
desconforto ao passageiro.
FC → Força Centrífuga
F’ → Componente do peso, na direção de FC
H → Altura do centro de gravidade em
relação ao trilho
G → Centro de gravidade (CG)
G’ → Centro de gravidade deslocado
d → deslocamento do CG, devido à maior
contração das molas de um lado
α
G G’
d
hp
B
P
FC F’
P*cosα
P*senα
H
Figura 41 – DCL do Trem fazendo uma curva
59
Lembrando que para ângulos α pequenos, podemos considerar cosα = 1. Nesta
situação, podemos considerar o ângulo da superelevação pequeno pois se trata de uma
medida na esfera das dezenas de milímetros. As equações que modelam nossa situação
são:
𝐹𝑐 = 𝑚 ∗ 𝑣²
𝑅=
𝑃 ∗ 𝑣²
𝑔 ∗ 𝑅=
𝑃 ∗ 𝑉²
127 ∗ 𝑅
𝐹′ = 𝑃 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝛼 = 𝑃 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 𝑃 ∗ℎ𝑝
𝐵
Então, (1) – (2):
∆𝐹 = 𝐹𝑐 − 𝐹′ = 𝑃 ∗ 𝑉
2
127 ∗ 𝑅− 𝑃 ∗
ℎ𝑝𝐵
Tomando-se os momentos em relação ao trilho externo (mais elevado):
𝑀𝑟 = ∆𝐹 ∗ 𝐻 = (𝑃 ∗ 𝑉2
127 ∗ 𝑅− 𝑃 ∗
ℎ𝑝𝐵
) ∗ 𝐻
𝑀𝑒 = 𝑃 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝛼 ∗ (𝐵
2− 𝑑) = 𝑃 ∗ (
𝐵
2− 𝑑)
Fazendo (5) = (4)*n, onde n é o coeficiente de segurança contra tombamento,
teremos:
𝑃 ∗ (𝐵
2− 𝑑) = 𝑛 ∗ (
𝑃 ∗ 𝑉2
127 ∗ 𝑅− 𝑃 ∗
ℎ𝑝𝐵
) ∗ 𝐻
𝐵
2− 𝑑 = 𝑛 ∗ 𝐻 ∗ (
𝑉2
127 ∗ 𝑅−
ℎ𝑝𝐵
)
1
𝑛 ∗ 𝐻∗ (
𝐵
2− 𝑑) =
𝑉2
127 ∗ 𝑅−
ℎ𝑝
𝐵
ℎ𝑝
𝐵=
𝑉2
127 ∗ 𝑅−
1
𝑛 ∗ 𝐻∗ (
𝐵
2− 𝑑)
ℎ𝑝 =𝐵 ∗ 𝑉
2
127 ∗ 𝑅−
𝐵𝑛 ∗ 𝐻
∗ (𝐵
2− 𝑑)
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
60
Como nosso objetivo é achar a velocidade máxima permitida na via para que não haja
tombamento, devemos considerar a superelevação máxima também. Elucidando a
velocidade no ítem 5.2:
𝑉𝑀𝐴𝑋 = √127 ∗ (ℎ𝑚𝑎𝑥
𝐵 +
𝐵2
− 𝑑
𝑛 ∗ 𝐻) ∗ √𝑅
(7)
61
9. ANEXO II – Catálogo Motor
62
63
10. ANEXO III – Catálogo Alternador