avaliação da implantação do conceito de gestão da cadeia de

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Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de Abastecimento na Indústria da Construção em Portugal Ricardo Jorge Ferreira Braz da Silva Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Orientador: Prof. Amílcar José Martins Arantes Júri Presidente: Prof. Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa Orientador: Prof. Amílcar José Martins Arantes Vogal: Prof. António Morais Aguiar da Costa Outubro 2014

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Page 1: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da

Cadeia de Abastecimento na Indústria da Construção em

Portugal

Ricardo Jorge Ferreira Braz da Silva

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientador: Prof. Amílcar José Martins Arantes

Júri

Presidente: Prof. Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa

Orientador: Prof. Amílcar José Martins Arantes

Vogal: Prof. António Morais Aguiar da Costa

Outubro 2014

Page 2: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

II

Page 3: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

III

RESUMO

Portugal atravessa uma grave crise económica, o que obriga a uma diminuição dos custos, a uma

redução das margens de lucro e à internacionalização do setor da construção para este conseguir

sobreviver. Por conseguinte, a avaliação da implantação da gestão da cadeia de abastecimento na

indústria da construção portuguesa é de extrema importância, uma vez que esta permite melhorar o

desempenho da indústria em termos de custos, a par de facilitar a respetiva internacionalização.

Neste estudo efetuou-se uma revisão bibliográfica por forma a caraterizar a cadeia de abastecimento

da construção e identificar as melhores práticas de gestão desenvolvidas para a mesma. Em seguida,

elaborou-se um guião para a realização de entrevistas a cinco empresas portuguesas, de diferentes

dimensões (cinco casos de estudo), para avaliar a forma como a gestão da cadeia de abastecimento

é entendida, e praticada, pelas empresas de construção portuguesas.

Dos resultados concluiu-se que, apesar do setor da construção em Portugal estar preocupado com o

seu desempenho, tem um conhecimento muito limitado acerca da gestão da cadeia de abastecimento

e apresenta um baixo nível de integração na cadeia de abastecimento da construção.

Assim, implementar a gestão da cadeia de abastecimento na construção em Portugal é um processo

moroso, uma vez que a opinião generalizada é de que a gestão da cadeia de abastecimento é de

difícil aplicação na indústria da construção devido às particularidades observadas neste setor. A

aplicação da gestão da cadeia de abastecimento à indústria da construção portuguesa implica assim

uma mudança de paradigma.

Palavras-Chave: Indústria da construção; Gestão logística; Gestão da cadeia de abastecimento;

Gestão da cadeia de abastecimento na construção.

Page 4: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

IV

Page 5: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

V

ABSTRACT

Portugal is experiencing a serious economic crisis which requires a reduction in costs, a reduction in

profit margins and the internationalization of the construction sector in order for it to survive. Thus, the

evaluation of the implementation of the supply chain management (SCM) in the Portuguese

construction industry is extremely important, since it allows the improvement of the performance of this

industry in terms of cost and, moreover, facilitates its internationalization.

In this study, a literature review was conducted in order to characterize the supply chain of the

construction industry and identify the best management practices developed for it. Following this, an

interview script was drawn and five Portuguese companies, with different sizes (five case studies),

were interviewed with the purpose of evaluating how the Portuguese construction companies

understand and practice SCM.

From the results it was concluded that, although the Portuguese construction sector being concerned

about its performance, it has a have a very limited knowledge about SCM and has a low level of

integration of the supply chain of construction.

Therefore, the implementation of SCM in construction in Portugal is a time consuming process since

there is a widespread view that SCM is difficult to apply in the construction industry due to the

peculiarities observed in this sector. The application of SCM to the Portuguese construction industry

thus entails a paradigm shift.

Key Words: Construction Industry; Logistics Management; Supply chain management; Supply chain

management in construction.

Page 6: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

VI

Page 7: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

VII

AGRADECIMENTOS

Para a realização desta tese de mestrado foi imprescindível a colaboração e o apoio de diversas

pessoas e empresas. Os meus agradecimentos são dirigidos a todos aqueles que contribuiram para a

sua conclusão, e em especial:

- Ao meu orientador, Professor Doutor Amilcar Arantes que, mesmo em situação pessoal muito

delicada, sempre demonstrou a máxima disponibilidade para me ajudar;

- Aos profissionais das empresas que participaram nas entrevistas e deram o seu contributo como

casos de estudo;

- À minha família e aos meus amigos que sempre me concederam todo o apoio nos momentos mais

críticos.

Page 8: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

VIII

Page 9: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

IX

ÍNDICE GERAL

Resumo .............................................................................................................................................. III

Abstract................................................................................................................................................ V

Agradecimentos ................................................................................................................................. VII

Índice geral ......................................................................................................................................... IX

Índice de figuras ................................................................................................................................. XI

Índice de tabelas ............................................................................................................................... XII

Acrónimos ......................................................................................................................................... XIII

1. Introdução ........................................................................................................................................ 1

1.1 – Enquadramento ...................................................................................................................... 1

1.2 – Objetivos ................................................................................................................................. 2

1.3 – Metodologia de investigação .................................................................................................. 2

1.4 – Organização do trabalho ........................................................................................................ 2

2. Gestão logística e gestão da cadeia de abastecimento .................................................................. 5

2.1 – Introdução ............................................................................................................................... 5

2.2 – Evolução da logística.............................................................................................................. 5

2.3 – Conceitos relacionados com a gestão logística e gestão da cadeia de abastecimento ........ 7

2.3.1 – Definições de gestão logística e gestão da cadeia de abastecimento ......................... 7

2.3.2 – Dimensões da gestão logística ................................................................................... 11

2.3.3 – Avaliação do sistema logístico .................................................................................... 11

2.3.4 – Teoria de custos de transação e teoria de redes ........................................................ 12

2.3.5 – Integração e coordenação ........................................................................................... 13

2.4 – Seleção dos parceiros e da empresa líder ........................................................................... 13

2.5 – Modelos de relacionamento na cadeia de abastecimento ................................................... 14

2.6 – Sistemas de informação e comunicação.............................................................................. 17

2.7 – Planeamento da cadeia de abastecimento .......................................................................... 17

2.8 – Configuração da cadeia de abastecimento .......................................................................... 19

2.8.1 – Modelos “push” e “pull” ................................................................................................ 20

2.8.2 – Centralização/descentralização da produção ............................................................. 21

2.8.3 – Centralização/descentralização da distribuição .......................................................... 22

Page 10: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

X

2.8.4 – Diferenciação retardada dos produtos (postponement) .............................................. 22

2.9 – Tipologias genéricas de cadeias de abastecimento ............................................................ 23

2.10 – Metodologias para melhoria da gestão da cadeia de abastecimento ................................ 24

2.11 – Gestão de risco e resiliência das cadeias de abastecimento ............................................ 27

2.12 – Conclusão ........................................................................................................................... 29

3. Gestão da cadeia de abastecimento na construção ..................................................................... 31

3.1 – Introdução ............................................................................................................................. 31

3.2 – Conceitos relacionados com a gestão da cadeia de abastecimento da construção ........... 31

3.3 – Caraterísticas da cadeia de abastecimento na construção ................................................. 33

3.3.1 – Principais caraterísticas diferenciadoras ..................................................................... 33

3.3.2 – Integração das cadeias de abastecimento na construção .......................................... 34

3.3.3 – Interdependência nas cadeias de abastecimento da construção ............................... 35

3.4 – Relacionamentos na cadeia de abastecimento da construção ............................................ 37

3.5 – Building information modeling .............................................................................................. 39

3.6 – Desempenho da cadeia de abastecimento da construção .................................................. 40

3.7 – Conclusão ............................................................................................................................. 43

4. Os casos de estudo ....................................................................................................................... 45

4.1 – Introdução ............................................................................................................................. 45

4.2 – Estudo de caso ..................................................................................................................... 45

4.3 – Entrevistas com questionário ............................................................................................... 46

4.4 – Indústria da construção portuguesa ..................................................................................... 47

4.5 – Apresentação das empresas ................................................................................................ 48

5. Resultados ..................................................................................................................................... 49

5.1 – Introdução ............................................................................................................................. 49

5.2 – Análise ao relacionamento ................................................................................................... 49

5.3 – Análise da gestão da cadeia de abastecimento ................................................................... 53

5.4 – Análise de desempenho ....................................................................................................... 58

6. Conclusões .................................................................................................................................... 61

Referências bibliográficas ................................................................................................................. 63

Anexo I............................................................................................................................................... 73

Page 11: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

XI

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – A evolução da logística (adaptado de Carvalho (2010)) ........................................................ 6

Figura 2 – A gestão logística (adaptado de Carvalho (2010).................................................................. 8

Figura 3 – Os macro-processos da cadeia de abastecimento (adaptado de Carvalho (2010)) ............. 8

Figura 4 - Gestão logística: integradora de fronteiras (adaptado de Carvalho (2010)) .......................... 9

Figura 5 – As dimensões da gestão logística (adaptado de Carvalho (2010)) ..................................... 11

Figura 6 – Flexibilidade e fiabilidade do sistema logístico (adaptado de Carvalho (2010)) .................. 12

Figura 7 – Grau de integração/colaboração e rentabilidade da relação (adaptado de Carvalho (2010))

............................................................................................................................................................... 15

Figura 8 – Planeamento estratégico, tático e operacional (adaptado de Carvalho (2010)) ................. 19

Figura 9 – Configuração da cadeia de abastecimento (adaptado de Carvalho (2010)) ....................... 20

Figura 10 – Ponto de desacoplamento (adaptado de Carvalho (2010)) ............................................... 21

Figura 11 – Potencial de centralização da produção (adaptado de Carvalho (2010)) ......................... 22

Figura 12 – Tipologias genéricas de cadeias de abastecimento (adaptado de Carvalho (2010)) ........ 24

Figura 13 – Matriz de avaliação do risco (adaptado de Carvalho (2010)) ............................................ 29

Figura 14 – Cadeia de valor de Porter (adaptado de Carvalho (2010)) ................................................ 33

Page 12: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

XII

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Estratégia de investigação: estudo de caso ........................................................................ 45

Tabela 2 - Resumo das questões colocadas nas entrevistas ............................................................... 46

Tabela 3 – Nível de relacionamento dos empreiteiros com fornecedores e subempreiteiros .............. 50

Tabela 4 – Parcerias: sua análise e evolução....................................................................................... 50

Tabela 5 – O género de relacionamento das empresas com os fornecedores e subempreiteiros ...... 51

Tabela 6 – Os critérios de seleção dos fornecedores e subempreiteiros ............................................. 52

Tabela 7 – Estratégia, planeamento e métodos de comunicação utilizados ........................................ 53

Tabela 8 – Conhecimento de metodologias relacionadas com a gestão da cadeia de abastecimento 54

Tabela 9 – Integração da cadeia de abastecimento ............................................................................. 54

Tabela 10 – Gestão do transporte e dos stocks de materiais de construção ....................................... 55

Tabela 11 – Modelos de gestão logística que influenciam a configuração da cadeia de abastecimento

............................................................................................................................................................... 56

Tabela 12 – Classificação das cadeias de abastecimento ................................................................... 57

Tabela 13 – Conhecimento de metodologias de melhoria da cadeia de abastecimento ..................... 58

Tabela 14 – Desempenho da cadeia de abastecimento ....................................................................... 59

Tabela 15 – Desempenho de áreas associadas à gestão da cadeia de abastecimento ...................... 60

Page 13: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

XIII

ACRÓNIMOS

APS – Advanced Planning & Scheduling

BSC – Balanced Scorecard

CBPP – Construction Best Practice Programme

ERP – Enterprise Resource Planning (Sistema de Gestão Integrado)

FMEA – Failure mode and effect analysis

GCA – Gestão da Cadeia de Abastecimento

GCV – Gestão da Cadeia de Valor

GL – Gestão Logística

JIT – Just-in-Time

KPI – Key Performance Indicator (indicador chave de desempenho)

MFV – Mapeamento do fluxo de valor

RC – Rethinking Construction

SCM – Supply Chain Management

SCOR – Supply Chain Operations Reference

TI – Tecnologias da Informação

TQM – Total Quality Management

VMI – Vendor Managed Inventory

Page 14: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

XIV

Page 15: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

1

1. INTRODUÇÃO

A dissertação apresentada é o resultado de um trabalho de investigação sobre o conhecimento e a

implantação da gestão da cadeia de abastecimento na indústria da construção, em Portugal. De

facto, esta é uma área ainda pouco estudada, mas de interesse relevante, uma vez que é essencial

para a sobrevivência e o crescimento das empresas no setor da construção. Atualmente, devido à

grave crise económica que atingiu a Europa, e sendo Portugal um dos países mais lesados, existe

uma competitividade crescente que obriga as empresas a reduzirem os custos e a aumentarem a

qualidade, o que é possível obter graças a uma boa gestão da cadeia de abastecimento.

1.1 – Enquadramento

O setor da construção, sendo um dos maiores e produzindo uma variada oferta, engloba vários

negócios e possui múltiplos intervenientes, tendo por isso, um forte impacto na economia mundial.

Porém, devido à internacionalização deste setor (que conduz ao aparecimento de cadeias de

abastecimento cada vez maiores) e à crescente pressão para a execução de obras a prazos e custos

reduzidos, verifica-se ser extremamente importante para a competitividade das empresas de

construção, a boa gestão de todas as atividades até ao produto final (Halpin & Woodhead, 1998).

Assim surge, em meados da década de noventa, a gestão da cadeia de abastecimento da

construção, de forma a garantir qualidade, rapidez, organização, integração, eliminação de atrasos e

desperdícios e, consequentemente, acréscimo de valor ao produto final.

A gestão da cadeia de abastecimento é hoje um conceito com provas dadas na melhoria do

desempenho de várias indústrias, como por exemplo, na indústria automóvel. Deste modo, é

importante estudar a cadeia de abastecimento da construção, identificando os seus principais atores,

a forma como se organizam, como se relacionam, como trocam informação e como fluem os

materiais. Importa também estudar as melhores práticas de gestão da cadeia de abastecimento, quer

na indústria da construção, quer noutras que porventura estejam mais desenvolvidas nesta área.

Já houve várias iniciativas, tais como “Key Performance Indicator” (KPI´s) (Fairclough 2002),

“Construction Best Practice Programme” (CBPP) (Barker, 2004) e “Rethinking Construction” (RC)

(Egan, 1998; Egan, 2002), promovidas pela Suécia e pelo Reino Unido, com chamadas de atenção

para o fraco desempenho das cadeias de abastecimento na construção, evidenciando a preocupação

em melhorar essas cadeias através da remoção de ineficiências dentro das mesmas. Não obstante,

continua a verificar-se um insuficiente progresso na inovação e na qualidade da construção, a par

duma falta de estratégia da respetiva cadeia de abastecimento (Latham, 1994).

Por um lado, na literatura consultada não existem evidências de estudos sobre a cadeia de

abastecimento na indústria de construção portuguesa, por outro lado, os vários estudos existentes

consideram que as realidades analisadas determinam, de algum modo, os resultados e as

conclusões obtidas. Assim, a realização desta dissertação assume relevância para a indústria da

construção portuguesa.

Page 16: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

2

1.2 – Objetivos

O principal objetivo da presente dissertação é perceber como é que a indústria da contrução

portuguesa compreende, e aplica, a gestão da cadeia de abastecimento. Assim, os objetivos

operacionais da investigação são:

Caraterizar as cadeias de abastecimento da construção;

Identificar as melhores práticas de gestão da cadeia de abastecimento;

Avaliar a forma como a gestão da cadeia de abastecimento é entendida e praticada pelas

empresas de construção portuguesas.

1.3 – Metodologia de investigação

A metodologia de investigação, utilizada para o desenvolvimento deste estudo, baseou-se nas

seguintes etapas:

1. Pesquisa Bibliográfica – Foi desenvolvida uma pesquisa aos estudos já existentes sobre

as temáticas: “gestão logística”, “gestão da cadeia de abastecimento” e “gestão da cadeia

de abastecimento na construção”.

2. Casos de Estudo – Foram realizadas entrevistas, com guião, a cinco empresas de

construção portuguesas, englobando questões acerca da forma como a gestão da cadeia

de abastecimento se processa dentro das suas estruturas organizacionais.

3. Análise de Resultados – Analisou-se os resultados das entrevistas e respetivos inquéritos

com base no nível de relacionamento, integração, gestão e desempenho da cadeia de

abastecimento da construção, em Portugal.

4. Conclusões – Tendo por base a pesquisa bibliográfica e a análise dos resultados,

compilaram-se as principais conclusões daí resultantes.

1.4 – Organização do trabalho

A presente dissertação foi estruturada em seis capítulos:

Capítulo 1 – Aborda o campo de ação respeitante a este trabalho, assim como o âmbito do

seu enquadramento. Em sequência são apresentados os objetivos principais deste tema de

estudo, bem como a organização do mesmo.

Capítulo 2 – Engloba toda a pesquisa sobre estudos, já divulgados, a respeito de: “gestão

logística” e “gestão da cadeia de abastecimento”.

Capítulo 3 – Reune uma pesquisa de estudos, já existentes, sobre a temática: “gestão da

cadeia de abastecimento na construção”.

Capítulo 4 – Desenvolve a metodologia de investigação utilizada e descreve as entrevistas,

com o respetivo questionário, efetuadas a cinco empresas de construção portuguesas sobre

Page 17: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

3

a forma como a gestão da cadeia de abastecimento é entendida e praticada, em Portugal,

pelas respetivas empresas.

Capítulo 5 – Analisa os resultados das entrevistas e respetivos inquéritos com base no nível

de relacionamento, integração, gestão e desempenho da cadeia de abastecimento da

construção, em Portugal.

Capítulo 6 – Explana as principais conclusões resultantes da interligação entre a pesquisa

bibliográfica e a consequente análise de resultados dos casos estudados.

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4

Page 19: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

5

2. GESTÃO LOGÍSTICA E GESTÃO DA CADEIA DE ABASTECIMENTO

2.1 – Introdução

Este capítulo é dedicado à análise da Gestão Logística (GL) e da Gestão da Cadeia de

Abastecimento (GCA), ferramentas fundamentais para as organizações se tornarem rentáveis e

competitivas e, portanto, essenciais para o desenvolvimento desta dissertação.

A GCA surgiu como uma evolução da GL, pois enquanto a GL se limita a uma determinada

organização, a GCA atua já sobre um conjunto de organizações, onde cada empresa afeta direta e

indiretamente o desempenho de todos os outros membros da cadeia de abastecimento, e em última

análise, o desempenho da cadeia de abastecimento geral (Cooper et al., 1997; Russel, 2007).

2.2 – Evolução da logística

A logística surgiu, há milhares de anos atrás, nas primeiras formas de comércio organizado, apesar

de, só no século XX, aparecer como uma área de estudo individualizada, contribuindo para o

desenvolvimento de estratégias de negócio e para a criação de utilidade temporal e espacial (Lambert

& Stock, 1999).

A gestão logística, na vertente militar, foi decisiva para várias vitórias, ao possibilitar o transporte de

homens e equipamentos com enorme eficácia e eficiência.

Nos anos setenta, o facto de ocorrer um forte desenvolvimento nas tecnologias de informação

permitiu uma maior ligação entre todos os intervenientes (fornecedores, empresa e clientes) e uma

maior integração entre as diferentes atividades da empresa, o que contribuiu para a implementação

da gestão logística (Lewis & Talalayevsky, 1997).

Na transição dos anos setenta para os anos oitenta, a possibilidade dos vários modos de transporte

concorrerem entre si, originou uma oferta de serviços de transporte mais competitiva, proporcionando

uma maior flexibilidade e uma maior orientação, para o cliente, a custos cada vez mais reduzidos

(Gourdin, 2001).

A partir do início da década de noventa “nasceu” a GCA, onde a procura pela competitividade se faz,

não através de empresas isoladas mas através de cadeias de abastecimento, onde é possível

partilhar os recursos e as competências entre empresas que constituem a cadeia de abastecimento, e

desta forma conquistar os clientes recorrendo às utilidades logísticas (ver figura 1) (Christopher,

1992).

Page 20: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

6

Figura 1 – A evolução da logística (adaptado de Carvalho (2010))

Devido ao aumento crescente da exigência dos clientes e ao ambiente competitivo das empresas,

cada vez mais exigente e complexo, a obtenção de vantagens competitivas resulta de recursos

únicos (armazéns, frotas de transporte, equipamentos, pessoas, sistemas de informação) ou de

competências únicas (saberes, know-how, formas de fazer, processos que possibilitam às empresas

alcançar níveis de competências nucleares - core competences).

Nessa sequência, surgiu a preocupação com a qualidade dos produtos, o nível de serviço e o

aumento da pressão sobre os custos, pois os custos com a logística cresceram substancialmente,

tornando-se na segunda parcela mais alta do custo total, devido à globalização e internacionalização

da indústria que tem, como consequência, cadeias de abastecimento longas, caras e complexas de

gerir (Ballou, 1999; Foster, 1999; Gourdin, 2001). A obsolescência e a indisponibilidade dos produtos

correspondem a vendas perdidas, a espaço desperdiçado nas prateleiras e a perda de clientes, o que

implica elevados custos (Carvalho, 1993).

Assim, torna-se importante minimizar os custos com a logística (eliminando as operações

redundantes e o efeito de amplificação da variação da procura), que tem como consequência a

possibilidade de diminuição do preço dos produtos e consecutivamente o aumento das vendas

(Ballou, 1999; Gourdin, 2001). Passa a ser igualmente importante a redução do tempo de resposta e

o aumento da qualidade de serviço, assim como a construção de sólidas relações com os clientes e

uma melhor utilização dos ativos (fazendo uma correta colocação dos recursos), sendo para isso

fundamental gerir a cadeia de abastecimento como um todo (Ferguson, 2000; Bowersox et al., 2003).

Na GCA a qualidade dos produtos ou serviços, depende de várias empresas, cada qual especializada

em determinada atividade, o que obriga a haver uma excelente integração e coordenação de fluxos

de informação, de materiais e de recursos financeiros, ao longo da cadeia de abastecimento (Foster,

1999). A menor fiabilidade dos sistemas de previsão de vendas devido ao ciclo de vida dos produtos,

Page 21: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

7

que é cada vez mais curto, e à propagação de novos produtos cuja procura é muito volátil, aliado a

uma redução das margens de lucro, leva a que seja importantíssimo que as organizações promovam

a cooperação entre a produção, o marketing, as compras, a logística e a função financeira (Gooley,

1999) de forma a entregar os produtos ao cliente com rapidez, nas quantidades requeridas e a um

custo reduzido. Deste modo, há também uma exigência crescente na escolha dos fornecedores,

impondo-se que tenham, cada vez mais, uma grande capacidade e qualidade de produção, bem

como uma elevada flexibilidade, conseguindo entregar os produtos em pequenos lotes e com alta

frequência (Carvalho, 1993; Stevenson, 1999).

Em suma, a gestão da cadeia de abastecimento tornou-se numa variável estratégica e competitiva

muito importante, pois afeta todas as componentes de valor para o acionista: o custo, o serviço ao

cliente, a rentabilidade dos ativos e os rendimentos (Beth et al., 2006).

2.3 – Conceitos relacionados com a gestão logística e gestão da cadeia de

abastecimento

2.3.1 – Definições de gestão logística e gestão da cadeia de abastecimento

Segundo a maior organização mundial de profissionais e académicos da área, o Council of Supply

Chain Management Profissionals:

- A Gestão Logística é definida como “a parte da cadeia de abastecimento que é responsável por

planear, implementar e controlar o eficiente, e eficaz, fluxo direto e inverso e as operações de

armazenagem de bens, serviços e informação relacionada entre o ponto de origem e o ponto de

consumo de forma a ir ao encontro dos requisitos/necessidades dos clientes. Inclui as atividades de

sourcing e de procurement, planeamento e programação da produção, a embalagem, a assemblagem

e o serviço ao cliente. Está envolvida em todos os níveis de planeamento e execução (planeamento

estratégico, tático e operacional). É integradora e coordenadora, procurando melhorar as atividades

logísticas e integrar a logística com as demais funções da empresa, entre elas o marketing, as

vendas, a produção, a área financeira e as tecnologias de informação” (CSCMP, 2010).

A gestão logística tem como “entradas” (inputs) os recursos humanos, naturais, financeiros e

informacionais, sendo responsável pela gestão dos respetivos fluxos (fluxos físicos e de informação)

ao longo da cadeia de abastecimento, desde a fase de planeamento, passando pela implementação e

terminando no controlo. Os materiais excedentes, defeituosos, quebrados, fora de prazo, obsoletos,

entregues com erro, percorrem o ciclo inverso (fluxo inverso). No final, a gestão logística tem como

“saídas” (outputs) a aquisição de vantagens competitivas, ou seja, a aquisição de atributos logísticos

para os produtos (utilidade de tempo e utilidade de lugar) que fazem aumentar o seu valor, e uma

movimentação eficiente dos produtos, oferecendo assim um elevado nível de serviço ao cliente (ver

figura 2).

Page 22: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

8

Figura 2 – A gestão logística (adaptado de Carvalho (2010)

A rede de organizações envolvidas em processos e atividades ligadas entre si, a montante e a

jusante, produzindo valor na forma de produtos ou serviços, designa-se por Cadeia de Abastecimento

(Guedes, 2000).

Já a cadeia logística (pipeline logístico), corresponde aos processos, às atividades e aos recursos

logísticos essenciais para a materialização da cadeia de abastecimento (Guedes, 2000).

Segundo a maior organização mundial de profissionais e académicos da área da logística, o Council

of Supply Chain Management Professionals:

- “A Gestão da cadeia de abastecimento envolve o planeamento e a gestão de todas as atividades de

sourcing e procurement, conversão e todas as atividades logísticas. Envolve, igualmente, a

coordenação e a procura de colaboração entre parceiros de cadeia ou de canal, sejam eles

fornecedores, intermediários, prestadores de serviços logísticos ou clientes. Em essência, a gestão

da Cadeia de Abastecimento integra as componentes de abastecimento e procura, dentro e entre

empresas” (ver figura 3) (CSCMP, 2010).

Figura 3 – Os macro-processos da cadeia de abastecimento (adaptado de Carvalho (2010))

Page 23: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

9

Assim, a GCA não possui paradigma e lógica própria, partilhando o conhecimento que provém de

diferentes escolas e paradigmas (tais como a logística, o marketing, a teoria das organizações e a

investigação operacional), tentando gerir as ligações e criar consensos entre as várias áreas

funcionais da empresa.

A logística é integradora de fronteiras, permitindo a compatibilização entre diversas entidades e

departamentos e uma gestão colaborativa, ou seja, uma gestão em rede onde há colaboração e

partilha de soluções entre todos os intervenientes, de modo a reduzir ao máximo as descontinuidades

existentes entre eles (ver figura 4).

Figura 4 - Gestão logística: integradora de fronteiras (adaptado de Carvalho (2010))

As atividades logísticas são definidas como “Incluindo a gestão do inbound e do outbound em termos

de transporte (transporte de entrada e transporte de saída), gestão da frota, gestão da armazenagem,

gestão de materiais e seu manuseamento, gestão da resposta a encomendas, desenho da rede

logística, gestão de inventários, planeamento do abastecimento e da procura e gestão dos

prestadores de serviços logísticos” (CSCMP, 2010).

Quer as atividades diretas, quer as inversas, devem ser planeadas e executadas o mais

eficientemente possível, ou seja, com o mínimo número de recursos e ao mínimo custo, alcançando-

se assim os melhores resultados.

As atividades logísticas mais relevantes são:

Page 24: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

10

- O transporte e a gestão do transporte, na medida em que se trata da movimentação de fluxos

físicos de materiais. O modo e o tipo de transporte utilizado para os produtos tem uma forte influência

nos custos das cadeias de abastecimento e na capacidade destas reagirem à procura. O transporte

tem de ser tanto mais económico quanto maior for o tamanho da encomenda e a distância a

percorrer, e menor for a respetiva densidade de valor. A cadeia de abastecimento tem evoluído no

sentido dos custos de transporte aumentarem devido à globalização, à redução da dimensão das

encomendas e à utilização de transportes rápidos com elevada frequência, enquanto que há uma

diminuição de custos com os stocks e armazéns, tornando mais ágil a cadeia de abastecimento. O

elo da cadeia de abastecimento que controla os transportes é aquele para o qual o nível de serviço

tem mais importância. No entanto, a externalização do transporte tem aumentado para que seja

possível uma melhor utilização dos ativos, uma diminuição do retorno em vazio e uma melhor

qualidade do serviço de transporte uma vez que é entregue a especialistas nesta matéria. Assim, têm

surgido operadores que integram múltiplos modos de transporte, conseguindo entregar a mercadoria

porta-a-porta. Isto é possível graças à existência de uma maior interligação entre as redes dos

diferentes modos de transporte, que permitem a integração entre os mesmos, obtendo-se o melhor

de cada modo e a otimização da carga, quer a montante quer a jusante.

- A armazenagem, a gestão da armazenagem, o controle e gestão de stocks, na medida que têm

um forte relacionamento com o transporte, elevando-se o nível de stock quando há uma diminuição

do fluxo de transporte e vice-versa. Também a opção por um determinado tipo de transporte

influencia o nível de stock a armazenar. Os armazéns além de serem utilizados para guardar os

stocks ao menor custo possível e no ambiente mais adequado, também permitem a consolidação de

cargas, o cross-docking e a realização de atividades de valor acrescentado que consistem em

atividades de personalização, pequenas montagens e desmontagens, e também devoluções. O

desenvolvimento destas atividades levou à modificação da configuração dos armazéns, passando a

haver uma otimização dos fluxos físicos em vez da otimização da utilização do espaço.

- A embalagem (industrial) e a gestão de embalagem, na medida que protege os produtos (na fase

de transporte e de armazenagem), sendo na embalagem que se coloca o código de barras, ou tags

de leitura por rádio-frequência, de forma a possibilitar o “track and trace”.

- O manuseamento de materiais e a gestão de materiais, na medida que envolve o manuseamento

dos materiais, recorrendo a diversos tipos de equipamentos mecânicos para esse fim, e que é

relevante pelo facto de exercer uma forte influência na organização da produção, no desenho da

armazenagem e na eficiência da armazenagem.

- A previsão de vendas, na medida em que (apesar da sua natureza mais comercial) está

profundamente ligada à previsão de stocks, sendo por isso bastante importante.

- O planeamento da produção, na medida que tem graves consequências para a gestão do fluxo

dos produtos e gestão dos stocks (caso não haja um correto planeamento), sendo fundamental a

ligação entre as encomendas, a previsão de encomendas e a produção.

Page 25: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

11

2.3.2 – Dimensões da gestão logística

Na gestão logística deseja-se obter a melhor conjugação possível entre o tempo de resposta, o custo

e o nível de serviço, originando as três variáveis seguintes (ver figura 5):

A variável agilidade (agility) - baseia-se numa boa combinação entre o tempo e o custo,

permitindo que o sistema logístico reaja rapidamente, e de forma eficiente, quando surja um

estímulo externo;

A variável magra (leanness) - consiste numa boa combinação entre o custo e a qualidade de

serviço, permitindo fornecer um elevado nível de serviço ao cliente associado a um sistema

eficiente;

A variável capacidade de resposta (responsiveness) - reside numa boa combinação entre o

tempo e a qualidade de serviço, permitindo que o sistema logístico seja capaz de reagir

rapidamente e com elevado nível de serviço, ao cliente.

Figura 5 – As dimensões da gestão logística (adaptado de Carvalho (2010))

2.3.3 – Avaliação do sistema logístico

O sistema logístico pode ser avaliado em termos de flexibilidade e fiabilidade (ver figura 6):

- A flexibilidade do sistema corresponde ao nível de adaptação, e à velocidade com que o faz, a um

novo contexto (variações de consumo, alterações económicas, sociais, políticas, ambientais e

tecnológicas). Assim, o sistema logístico deve ser flexível, por forma a responder às solicitações do

mercado com os produtos certos e na quantidade correta.

Page 26: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

12

- A fiabilidade do sistema corresponde à confiança que se pode depositar na capacidade do sistema

entregar as mercadorias, no tempo e nas quantidades, acordadas com o cliente. Assim, o sistema

deve ser fiável para disponibilizar os produtos na quantidade e no tempo desejado pelo cliente.

Figura 6 – Flexibilidade e fiabilidade do sistema logístico (adaptado de Carvalho (2010))

2.3.4 – Teoria de custos de transação e teoria de redes

Inicialmente as empresas internalizavam as atividades, pois assim, além de evitarem os custos de

transação, conduziam ao aumento da dimensão da empresa, tornando-a mais pesada e mais forte no

setor em que se inseria, o que lhe permitia obter maior poder específico no mercado, sendo que

quanto maior fosse a dimensão da empresa mais ela lucraria (Teoria de custos de transação).

Posteriormente as empresas abandonaram os processos de internalização e adotaram estratégias de

“outsourcing”. Mais recentemente, assistiu-se a um aprofundamento dos relacionamentos criando-se

parcerias, de médio e longo prazo, vantajosas para as empresas. Desta forma, as empresas

deixaram de ser vistas de uma forma isolada para passarem a ser vistas de uma forma global, como

um conjunto de empresas em que cada uma possuía um conjunto de atividades. Assim, surgiram as

cadeias de abastecimento a par duma preocupação com a análise das consequências que as

atividades desenvolvidas, por cada uma das empresas, poderia ter nas restantes (Teoria de redes).

Cada atividade deveria ser executada pela empresa que tivesse mais apta a desempenhar essa

função, ou seja, pela empresa que tivesse o “core business” adequado. Deste modo, desenvolveram-

se mais redes, assim como mais relações e mais partilha entre empresas, havendo mais jogos de

soma não nula.

A adoção da teoria de custos de transação pode não ser a melhor estratégia, uma vez que a logística

passa a funcionar apenas internamente à empresa e as actividades podem não ser adequadas ao

“core business” da mesma. Assim, a adoção da teoria de redes é o melhor caminho, uma vez que as

atividades são desenvolvidas pela empresa que tiver o “core business” indicado e a logística pode

funcionar externamente à empresa, ficando a cargo de prestadores de serviços logísticos, que estão

mais habilitados para realizar essa tarefa, o que contribui, consequentemente, para a

profissionalização da logística.

Page 27: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

13

2.3.5 – Integração e coordenação

As empresas da cadeia de abastecimento são legalmente independentes mas são economicamente

interdependentes, na medida que para haver estabilidade é essencial a existência de situações de

“win-win” (“ganho-ganho”), ou seja, é fundamental que todas as empresas ganhem.

Desta forma, é essencial haver:

- A integração da rede de empresas, através do estabelecimento entre si de parcerias de longo prazo,

ajudando-se mutuamente no fabrico e na disponibilização dos produtos, com o fim de tornarem a

cadeia de abastecimento mais competitiva;

- A coordenação dos fluxos de informação, materiais e financeiros, ao longo da cadeia de

abastecimento, através da utilização de tecnologias de informação que têm cada vez mais

capacidade de cálculo, de armazenamento de informação e que permitem o processamento de

informação em diferentes locais da cadeia de abastecimento, com maior qualidade e menores custos.

No entanto, os sistemas tecnológicos de informação e comunicação, por si só, não conseguem

assegurar uma boa integração e colaboração das empresas da cadeia de abastecimento, sendo

também necessário que os processos, a organização, a “agenda” e a cultura organizacional dessas

mesmas empresas o permitam.

A cadeia de abastecimento integrada possui vantagens tais como, a capacidade de adaptação rápida

da sua estrutura (de acordo com as necessidades do mercado) e a repartição das atividades pelas

empresas mais competentes (Christopher, 1998).

Deste modo, verifica-se uma forte relação entre a integração na cadeia de abastecimento e o

respetivo desempenho, sendo essencial integrar e partilhar informação, bem como haver

sincronização e coordenação, na execução das atividades, para se alcançar o desempenho desejado

(Stank et al., 2001b).

2.4 – Seleção dos parceiros e da empresa líder

Para se selecionar os parceiros, que irão constituir a cadeia de abastecimento, é necessário passar

por uma fase inicial de pesquisa acerca das atividades necessárias para a produção e

disponibilização de um determinado produto. Em seguida, essas atividades serão repartidas pelos

parceiros de acordo com as suas competências centrais. As atividades que desenvolvem produtos

standards, ou seja, que não criam diferenciação nos produtos, devem ser atribuídas a empresas

exteriores à cadeia de abastecimento. A seleção dos parceiros não se deve basear somente no

custo, mas também na sua capacidade de tornar a cadeia de abastecimento mais competitiva, uma

vez que podem ter conhecimentos referentes a processos de produção, a novos produtos e ao seu

aproveitamento e desenvolvimento, ou vantagens, tais como localização, isenção de impostos e

benefícios cambiais. No entanto, se um dos parceiros permitir que os seus conhecimentos e

capacidades sejam apropriados pela cadeia de abastecimento, esse parceiro pode deixar de ter

interesse para a cadeia de abastecimento e ser, como consequência, substituído.

Page 28: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

14

Na cadeia de abastecimento há sempre uma empresa líder, que é a empresa da cadeia de

abastecimento com maior poder (maior capacidade financeira, maior conhecimento do produto e dos

processos, maior aptidão em acrescentar valor) e que, regra geral, deu origem à cadeia de

abastecimento; ou então há um comité de direção, constituído pelos representantes das várias

empresas da cadeia de abastecimento, que lidera (Maloni & Benton, 2000).

2.5 – Modelos de relacionamento na cadeia de abastecimento

Na gestão da cadeia de abastecimento pode-se adotar um relacionamento confrontacional ou um

relacionamento colaborativo.

Uma relação confrontacional, entre os intervenientes da cadeia de abastecimento, implica uma falta

de sincronização e colaboração o que origina ineficiências, operações redundantes e sem valor

acrescentado, aumento de stocks, lógicas de lotes de dimensão elevada e lógicas oportunistas,

levando a uma amplificação da variabilidade e imprevisibilidade da procura ao longo da cadeia (efeito

“bullwhip” ou “Forrester”).

Uma relação colaborativa, entre os elementos da cadeia de abastecimento, implica um

relacionamento de médio a longo prazo, havendo estabilidade de vínculos contratuais, integração e

partilha de informação, nomeadamente sobre o planeamento, gestão, execução e avaliação de

performance, desenvolvimento de planos estratégicos e sincronização das operações (Anthony,

2000; Bowersox et al., 2003).

Quanto maior a colaboração entre as empresas, maior é a rentabilidade das mesmas (ver figura 7),

sendo essencial haver uma partilha de benefícios entre as várias partes envolvidas, porém, isso

conduz a uma dependência mútua, isto porque há uma diminuição do número de parceiros de

negócio.

Assim, reduzir o número de fornecedores para o mínimo possível gera vulnerabilidade em eventuais

problemas de abastecimento, já que fornecedores alternativos são excluídos. A melhor maneira de

prevenir esta situação é selecionar cuidadosamente os fornecedores e arranjar uma forma de avaliar

a credibilidade dos mesmos, de modo a assegurar a qualidade e confiabilidade do fornecimento

(Cheng et al., 1996).

Page 29: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

15

Figura 7 – Grau de integração/colaboração e rentabilidade da relação (adaptado de Carvalho (2010))

O estabelecimento de uma relação colaborativa tem os seguintes benefícios:

- Redução do número de ruturas de stock; aumento das vendas e das margens; melhoria da

qualidade de serviço ao cliente e da imagem da empresa; uso mais eficiente dos recursos humanos e

maior rapidez na colocação de novos produtos; redução dos ciclos e dos custos de processamento

de encomendas; maior concentração nas competências base da empresa; maior partilha de ideias,

informação e conhecimento; vantagem competitiva sobre outras cadeias logísticas (Robins, 1998;

Koloszyc, 1998; Mentzer et al., 2000; Barratt & Oliveira, 2001; Pires et al., 2005).

Os factores que mais contribuem para o estabelecimento de uma relação colaborativa são os

seguintes:

- Envolvimento da gestão de topo; interesses comuns; resolução dos problemas em equipa;

capacidade de discutir abertamente as práticas e processos; compromissos evidentes e atividades

claramente definidas; liderança, confiança e partilha, quer de informação, quer de benefícios e

problemas; sistemas de avaliação capazes de identificar os benefícios da colaboração;

disponibilidade de tecnologias de informação e comunicação; reconhecimento de dependência mútua

entre os parceiros (Mentzer et al., 2000; Cooke, 2003; Pires et al., 2005).

As dificuldades mais comuns ao estabelecimento de uma relação colaborativa são as seguintes

(Mentzer et al., 2000; Barratt & Oliveira, 2001; Cooke, 2003; Pires et al., 2005):

- Contabilidade convencional e leis fiscais que tendem a esconder as sinergias e as reduções de

custos indiretos; falta de confiança nos parceiros; resistência à mudança, por parte das pessoas que

sentem que a sua influência pode ser ameaçada pelos novos paradigmas; organizações pouco

Page 30: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

16

habituadas a trabalhar em colaboração e a partilhar informação com outras; objetivos diferentes das

organizações em relação ao que pretendem obter com a colaboração; a necessidade de um

investimento significativo de tempo; comunicação inadequada; traição; partilha não equilibrada de

custos e benefícios; não existência de uma plataforma tecnológica.

Em termos de relacionamento colaborativo, os mais relevantes para esta dissertação são os

seguintes:

VMI (Vendor Managed Inventory) - neste caso o fornecedor é o responsável pela gestão de

stocks, baseando-se na informação recebida do cliente (sobre os movimentos de stock e eventos

extraordinários) afim de monitorizar os níveis de stock dos seus artigos no cliente e repô-los, de

modo a garantir os níveis de stock mínimo e os serviços contratados. O cliente está a entregar a

responsabilidade da gestão ao fornecedor e a libertar recursos, no entanto, esta informação tem

de ser passada atempadamente. Para efeitos contabilísticos e transacionais, periodicamente,

transformam-se os consumos em compras.

Desta forma os stocks totais, ou seja, os stocks do fornecedor mais os stocks do cliente, são

inferiores, uma vez que não há duplicação de stocks e há visibilidade dos consumos.

A localização, bem como a posse do stock, depende do processo negocial e do poder relativo dos

parceiros. Geralmente, quando os clientes têm mais poder, o stock fica armazenado nas suas

instalações, ou a curta distância, e à consignação (os produtos só são pagos quando são

vendidos eliminando assim os custos e os riscos associados à sua posse).

A intensidade com que se troca informação entre o fornecedor e o cliente depende dos níveis de

stocks estabelecidos, pois quanto menores forem os stocks mais frequentes terão de ser as

trocas de informação.

Neste género de relacionamento colaborativo, o fornecedor pode ajustar melhor o planeamento

da produção, ter melhor visibilidade sobre os consumos, detetar as reduções de consumo sem

aumentar os stocks, criar laços mais fortes com o cliente fidelizando-o, e ganhar flexibilidade para

balancear a produção e otimizar cargas, dentro dos limites máximos e mínimos de stock

acordados. Tal requer que o fornecedor faça um maior esforço e tenha um maior “know-how”

logístico, uma vez que tem de gerir stocks avançados em vários pontos da cadeia.

JIT (Just-in-Time) - neste caso, que se baseia numa filosofia do tipo “Pull”, há um excelente

planeamento da produção, havendo a eliminação total do desperdício e a entrega dos materiais,

na área de produção, nas quantidades exatas e no momento preciso em que são necessárias.

Assim, é normal utilizar-se o Kamban, que consiste em pequenos lotes de material entregues na

zona de produção com elevada frequência o que implica, por um lado, uma redução de custos

devido à diminuição dos stocks, mas por outro lado, um aumento de custos devido às entregas

frequentes. Para reduzir ao máximo os custos com o transporte é essencial que haja proximidade

geográfica dos fornecedores (mesma co-localização) e que haja a consolidação de cargas,

recorrendo por isso a operadores logísticos.

Page 31: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

17

É também importante que haja uma grande cooperação, colaboração e parceria com um número

restrito de fornecedores, de modo a que façam entregas de pequenos lotes na frequência desejada e

sem materiais defeituosos, já que os mesmos só chegam quando são necessários.

2.6 – Sistemas de informação e comunicação

Os sistemas tecnológicos são fundamentais para a identificação e rastreabilidade dos produtos ao

longo da cadeia de abastecimento, permitindo a passagem de informação de uma forma fácil, rápida

e transparente entre todos os intervenientes (independentemente da sua localização geográfica). O

recurso a potentes programas de cálculo automático permite, igualmente, uma melhor gestão do fluxo

de produtos conseguindo otimizar as rotas, os níveis de stock, a sua localização e distribuição.

As tecnologias de informação e comunicação tais como, os sistemas de leitura automática (leitura

ótica, código de barras e RFID), os sistemas de transferência/tradução automática de documentos

entre empresas (EDI), os sistemas de posicionamento global (GPS, Galileo), os sistemas ERP

(Enterprise Resource Planning) e APS (Advanced Planning & Scheduling) ao proporcionarem

respostas mais rápidas e com menores custos revolucionaram a gestão da cadeia de abastecimento,

tornando-a mais eficaz e eficiente (Carvalho & Dias, 2000).

Graças às tecnologias de informação disponíveis, foi possível:

O aumento do uso do transbordo (“cross-docking”), ou seja, a passagem da carga de um

meio de transporte maior para um mais pequeno, por forma a obter-se uma distribuição mais

fina da mercadoria, tornando esta distribuição mais eficaz e eficiente (ELA, 1994);

O desenvolvimento de estratégias e técnicas mais evoluídas para a recolha de produtos de

forma a satisfazer a encomenda;

O conhecimento em tempo real das existências no armazém;

A existência de comunicações contínuas no armazém.

Em última análise, os sistemas tecnológicos de informação e comunicação promovem o aumento da

produtividade e da competitividade da cadeia de abastecimento, no entanto, somente constituem

parte da resposta para a melhoria do desempenho da cadeia de abastecimento (Cauthen, 1999;

Chandrashekar & Schary, 1999; D’Amours et al., 1999; Humphreys et al., 2001; Rutner et al., 2001;

Manetti, 2001; Narasimhan & Kim, 2001).

2.7 – Planeamento da cadeia de abastecimento

O planeamento é um dos principais macroprocessos da gestão da cadeia de abastecimento, através

do qual essa cadeia traça um rumo que lhe permite, tendo em conta as contingências exógenas, os

seus recursos internos e as suas competências, atingir os seus objetivos. A complexidade do

planeamento é devida ao facto deste processo ser interativo, dinâmico, ter várias soluções e ser de

difícil avaliação, pelo que se torna importante haver monitorização de modo a verificar se há desvios

Page 32: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

18

entre o planeado e o observado (Carvalho & Carvalho, 2001). Caso ocorram desvios é necessário

rever o planeamento e arranjar soluções alternativas.

O planeamento da cadeia de abastecimento é um planeamento integrado, ou seja, é transversal,

integra o planeamento da procura, o planeamento dos stocks, o planeamento da produção e o

planeamento dos materiais numa equipa única (envolvendo os fornecedores e clientes) com o intuito

de alcançar a melhor afetação de recursos disponíveis.

Um grau adequado de implementação do planeamento não é de fácil “importação”, requer elevado

esforço, só tem resultados a médio prazo e implica o compromisso da gestão de topo.

O planeamento da cadeia de abastecimento incorpora três horizontes temporais, dando origem ao

planeamento estratégico, ao planeamento tático e ao planeamento operacional (ver figura 8):

Planeamento estratégico: É um planeamento a longo prazo, com um horizonte temporal mínimo

de 5 anos, sendo essencial que a estratégia da gestão da cadeia de abastecimento esteja

alinhada com a estratégia das organizações que compõem a cadeia de abastecimento, de forma

a aumentar a rentabilidade e o crescimento destas organizações e, consequentemente, ter

impacto na posição competitiva da cadeia de abastecimento. A estratégia deve alcançar o

máximo lucro para a cadeia de abastecimento, utilizando-se para isso elevados recursos

económicos (Hamel & Prahalad, 1996). Este planeamento está relacionado com as decisões

sobre a conceção de produtos, o que se produz internamente e se subcontrata, a selecção de

fornecedores, a realização de parcerias estratégicas, a localização e capacidade dos armazéns e

os fluxos físicos e informacionais (Simchi-Levi et al., 2008).

Planeamento tático: É um planeamento que está num patamar intermédio entre o planeamento

estratégico e o planeamento operacional, sendo o seu horizonte temporal de um a cinco anos

(Ballou, 1999), conforme a instabilidade das envolventes internas e externas da organização. É

neste planeamento que a organização decide a quantidade e a forma como se utilizam os

recursos disponíveis. Engloba as decisões acerca da localização de inventários, do planeamento

da procura, da selecção de mecanismos de sincronização da cadeia de abastecimento, do

planeamento da produção e das compras.

Planeamento operacional: É um planeamento de curto prazo (horizonte temporal inferior a um

ano), em que se planeiam, otimizam e monitorizam as atividades do dia-a-dia, tais como as rotas

de distribuição, a receção de produtos, a satisfação e a expedição de encomendas (Simchi-Levi

et al., 2008).

Em súmula, é no planeamento estratégico que a organização define a sua eficácia, enquanto no

planeamento tático e, principalmente, no planeamento operacional, se define a eficiência da

organização (Darnton & Darnton, 1997). No entanto, não se pode considerar a eficácia e a eficiência

independentes uma da outra, pois uma opção tomada no planeamento estratégico associada a uma

determinada eficácia, delimita automaticamente o grau de eficiência que se pode atingir no

planeamento tático e operacional, sendo no planeamento operacional onde se pode maximizar a

eficiência.

Page 33: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

19

Figura 8 – Planeamento estratégico, tático e operacional (adaptado de Carvalho (2010))

2.8 – Configuração da cadeia de abastecimento

Encontrar a configuração da cadeia de abastecimento que mais se adapta a um determinado tipo de

indústria é uma tarefa difícil, uma vez que envolve numerosos e complexos “trade-offs” de modo a

obter o custo mínimo para a cadeia.

Para realizar esta tarefa é necessário criar um modelo da cadeia de abastecimento (representação da

realidade) onde está representada a procura dos produtos, a qualidade do serviço ao cliente e os

gastos e competências dos intervenientes da cadeia. Em seguida o modelo é testado para verificar se

ele representa corretamente a realidade, procedendo-se a melhorias de curto-prazo para atingir o

modelo de referência que servirá para comparar com outros modelos, que apresentam diferentes

estratégias, e consequentemente, diferentes configurações para a cadeia de abastecimento (ver

figura 9). Esta comparação permite escolher o modelo mais indicado para a atividade industrial em

causa. No entanto, para a cadeia de abastecimento se tornar competitiva, é essencial adaptar-se às

diversas mudanças que se dão ao longo do tempo. Assim, devido às alterações no mercado, à

mudança no modo de transporte, à modificação dos produtos ou dos sistemas tecnológicos utilizados,

é preciso várias vezes redesenhar a cadeia de abastecimento.

Page 34: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

20

Figura 9 – Configuração da cadeia de abastecimento (adaptado de Carvalho (2010))

A configuração da cadeia de abastecimento está dependente:

Do seu funcionamento, ou seja, se funciona de acordo com o modelo “push” ou “pull”, tendo

isto influência nos níveis de stock e na sua localização;

Da decisão sobre uma maior ou menor centralização da produção, consoante o valor do

produto e a frequência de transporte;

Da opção pela centralização ou descentralização das operações de distribuição, consoante a

intensidade e a variabilidade da procura;

Da existência, ou não, da diferenciação retardada dos produtos.

2.8.1 – Modelos “push” e “pull”

No modelo “push” é fundamental uma estimativa dos consumos correta, um bom planeamento das

atividades e uma eficaz movimentação dos stocks, pois o abastecimento é efetuado com base na

antecipação da procura. Assim, deve haver um planeamento das necessidades dos produtos de

procura dependente (matérias-primas), de acordo com a previsão dos produtos de procura

independente (produtos finais) obtida no ponto de venda.

No modelo “pull” é fundamental haver uma passagem rápida e correta da informação, sobre a procura

final, aos vários elos da cadeia de abastecimento a montante do ponto de venda, e em seguida uma

rápida produção e entrega do produto ao cliente, pois o abastecimento é efetuado com base na

resposta imediata à procura. Deste modo, a cadeia de abastecimento funciona apoiando-se no

conceito JIT, impondo uma produção flexível e sincronizada com uma grande flexibilidade dos

recursos disponíveis e a consolidação de cargas, uma vez que a distribuição acontece com elevada

frequência e em pequenas quantidades.

No entanto, uma cadeia de abastecimento pode ser uma mistura destes dois modelos, ou seja,

algumas partes da cadeia funcionarem de acordo com um modelo e as restantes partes funcionarem

Page 35: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

21

de acordo com o outro modelo. A decisão sobre onde colocar o ponto de passagem de “push” para

“pull”, designado por ponto de desacoplamento (decoupling point), é muito importante do ponto de

vista estratégico, por isso, na configuração da cadeia de abastecimento é preciso ter em

consideração a adequada localização deste ponto de stock (ver figura 10).

Figura 10 – Ponto de desacoplamento (adaptado de Carvalho (2010))

2.8.2 – Centralização/descentralização da produção

Existe maior potencial de centralização da produção para os produtos de alto valor e baixa frequência

de entregas (custos de transporte baixos). No entanto, mesmo para os produtos de baixo valor,

constata-se que as economias de escala na produção favorecem a centralização (ver figura 11).

A região coberta por uma unidade industrial depende do custo fixo da respetiva produção, sendo que

quanto maior for o investimento fixo, maior deverá ser o raio de cobertura.

Page 36: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

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Figura 11 – Potencial de centralização da produção (adaptado de Carvalho (2010))

2.8.3 – Centralização/descentralização da distribuição

Na escolha pela centralização, ou descentralização, da distribuição há que ter em conta as vantagens

de uma e outra opção.

A centralização da distribuição tem as seguintes vantagens: stocks com menores custos e maior

rotação, maior disponibilidade dos produtos, investimento e custos fixos mais baixos com

possibilidade de ter economias de escala, nível de serviço consistente para todos os clientes e reação

rápida às alterações de mercado, assim como, oportunidade para a consolidação de cargas com a

consequente redução dos custos unitários de transporte.

A descentralização da distribuição tem outras vantagens: custo total de transportes mais baixo e

prazos de entrega mais curtos, adaptação dos produtos aos requisitos dos mercados locais, melhores

tecnologias de informação e a custo mais baixo (permitindo coordenação central com

descentralização física) e maior visibilidade física no mercado local (ocasionando maior conforto

“psicológico” à área comercial e de marketing).

2.8.4 – Diferenciação retardada dos produtos (postponement)

A diferenciação retardada dos produtos, que começou a ganhar relevo a partir dos anos noventa,

consiste em atrasar o máximo possível as atividades de personalização tais como pequenos

acabamentos, pequenas montagens, embalagem e inclusão de manuais, fornecendo aos produtos as

características que os diferenciam. Estas atividades devem ocorrer no ponto mais eficaz e eficiente

da cadeia de abastecimento e somente após o conhecimento dos requisitos do cliente. O

“postponement” permite, desta forma, dar resposta às exigências do mercado que pretende grande

variedade e personalização dos produtos a um custo reduzido e, simultaneamente, dar resposta às

Page 37: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

23

cadeias de abastecimento que estão inseridas em ambientes com previsões de vendas pouco fiáveis

(Alderson, 1950; Bowersox & Closs, 1996).

2.9 – Tipologias genéricas de cadeias de abastecimento

As cadeias de abastecimento que têm comportamentos e problemáticas semelhantes podem ser

agrupadas, criando-se desta forma tipologias genéricas de cadeias de abastecimento.

Assim, as cadeias de abastecimento podem ser classificadas de acordo com o ponto onde se dá o

maior acréscimo de valor (ver figura 12), sendo as seguintes, as de maior relevo para esta tese

(Gupta, 1997):

Cadeias intensivas na produção - são cadeias em que a capacidade produtiva é

extremamente importante para alcançar o sucesso, tentando ao máximo rentabilizar os ativos

industriais. Estas cadeias, afastadas do consumidor final e com uma produção contínua ou

discreta, estão inseridas num meio muito competitivo, sendo necessário reduzir o ciclo de

encomenda-entrega, ter um elevado nível de serviço, compreender as limitações da

capacidade produtiva e promover a colaboração da produção com os fornecedores e clientes,

de modo a proporcionar operações bastante eficientes.

Cadeias intensivas no sourcing - são cadeias onde o custo dos materiais adquiridos aos

fornecedores tem um peso elevado, sendo necessária uma boa gestão dos materiais de

forma a possibilitar gerir as falhas das entregas e os defeitos dos componentes, a par de

stocks reduzidos. Estas cadeias (próximas do consumidor final e com uma produção discreta)

estão inseridas num meio onde se verifica “montagem sob encomenda” de módulos e

componentes, integridade dos compromissos com fornecedores e encomendas de urgência

(devido à falta de artigos, à necessidade de substituição de componentes e/ou de redirecionar

materiais para outras encomendas).

Page 38: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

24

Figura 12 – Tipologias genéricas de cadeias de abastecimento (adaptado de Carvalho (2010))

As cadeias de abastecimento também podem ser classificadas de acordo com o tipo de problemática

competitiva que enfrentam, sendo as mais relevantes para esta tese, as seguintes:

Cadeias eficientes - são cadeias de abastecimento extremamente fiáveis, bem sincronizadas

e com uma grande preocupação em maximizar a eficiência, reduzindo custos.

Cadeias eficazes - são cadeias de abastecimento que têm uma produção muito flexível e

certo nível de subcontratação, permitindo desta forma maximizar a capacidade de resposta

após a encomenda.

Muitas vezes é fundamental a cadeia de abastecimento mudar de tipologia para se adaptar à

evolução do negócio e às novas tendências do mercado (Guedes et al., 2010). No entanto, é de

referir que estas tipologias de cadeias de abastecimento são bastante diferentes entre si, logo não é

aconselhável que coexistam na mesma empresa, mesmo estando associadas a produtos diferentes.

2.10 – Metodologias para melhoria da gestão da cadeia de abastecimento

A avaliação da cadeia de abastecimento é extremamente importante visto que permite identificar as

atividades que têm um fraco desempenho e que por isso tornam o funcionamento da cadeia logística

menos eficaz e eficiente. Assim, existem várias metodologias para melhorar o desempenho da cadeia

de abastecimento, sendo as seguintes consideradas as mais importantes:

Page 39: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

25

1) Failure mode and effect analysis (FMEA): O modo de falha e a análise de efeitos foi uma das

primeiras técnicas para a análise de falhas, sendo desenvolvido por engenheiros na década de

1950. Consiste num estudo, principalmente qualitativo, sistemático e estruturado, das potenciais

falhas que podem ocorrer em qualquer parte de uma cadeia de abastecimento, determinando o

efeito provável de cada uma das falhas sobre a cadeia de abastecimento e o sucesso

operacional.

O FMEA é especialmente usado no processo de fabricação e montagem, daí se rever todos os

componentes, montagens e subsistemas, com o objetivo de identificar as possíveis falhas, as

suas causas e os seus efeitos.

Esta análise tem como objetivo a melhoria na gestão da cadeia de abastecimento, permitindo a

redução da probabilidade de aparecimento das falhas e a atenuação do seu grau de severidade,

com a eliminação das causas (Rausand & Hoylan, 2004).

2) Six Sigma: O Seis Sigma promove mudanças nas organizações, levando ao aumento de

qualidade dos produtos e serviços, para a satisfação dos clientes, bem como ao aumento das

margens de lucro das organizações (Boarin Pinto et al., 2006).

Para isso é essencial haver uma avaliação e análise dos processos, produtos e serviços, para

depois haver a implementação de um conjunto de práticas que permita melhorá-los, através da

redução contínua da variação nos processos, eliminando defeitos ou falhas nos produtos e

serviços (Linderman et al., 2003).

3) Balanced Scorecard (BSC): É uma metodologia de medição e gestão de desempenho

desenvolvida por professores de Harvard Business School, em 1992. Assim, para a gestão das

organizações, é necessário definir e implementar variáveis de controle (os indicadores de

desempenho) e metas para que a organização apresente um bom desempenho e que seja

crescente ao longo do tempo.

O desempenho organizacional é medido sob quatro perspetivas (financeira, clientes, processos

internos, aprendizagem e crescimento) que se interligam entre si. Desta forma, as empresas

acompanham o desempenho financeiro, monitorizando, em simultâneo, o progresso na

construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis necessários para o crescimento

futuro (Kaplan & Norton, 1997).

4) Mapeamento do fluxo de valor (MFV): Este método descreve visualmente as principais etapas

de um processo de execução de produtos/serviços, ou seja, baseia-se na elaboração de um

“mapa” que mostra o fluxo de materiais ou informações, permitindo assim avaliar e analisar a

cadeia de abastecimento de modo a identificar os desperdícios no fluxo de valor e definir ações

de melhoria para construir um novo processo com produtividade, qualidade, rapidez e um menor

custo.

No mapeamento do fluxo de valor, os processos são divididos de três maneiras: aqueles que

efetivamente geram valor, aqueles que não geram valor (mas são importantes para a manutenção

Page 40: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

26

da qualidade), e os que não geram valor e que devem ser evitados ou eliminados (Rother et al.,

1999).

5) Modelo SCOR (Supply Chain Operations Reference): Este modelo, desenvolvido pelo SCC

(conselho das cadeias de abastecimento), é utilizado para analisar as cadeias de abastecimento,

medindo o seu desempenho e identificando oportunidades de melhoria no fluxo de trabalho e de

informação, conduzindo a um melhor desempenho das respetivas cadeias de abastecimento

(Stewart, 1997).

Apoiando-se nas melhores práticas de gestão de cadeias de abastecimento, nos seus processos-

padrão e nas suas métricas, proporciona orientação “do que medir”, “por que medir”, “como

medir”, bem como a possibilidade de visualizar e comparar os indicadores de desempenho de

uma empresa (com valores médios) frente a um conjunto expressivo de empresas que compõem

a sua base de dados. Assim, uma empresa pode atuar nos seus indicadores de uma forma

estratégica, tendo como referência os melhores do mercado, o que origina, de forma eficiente,

melhorias contínuas nos processos logísticos da cadeia de abastecimento.

Assim, o modelo SCOR baseia-se em três conceitos: reengenharia, benchmarking e melhoria dos

processos (adoção das melhores práticas de gestão, conducentes a melhorias no desempenho),

sendo uma ferramenta útil para descrever, medir e avaliar o desempenho, para qualquer

configuração de uma cadeia de abastecimento (Guimarães, 2006).

Este modelo, composto por cinco áreas de decisão (planeamento, abastecimento, produção,

distribuição e devolução), fornece um quadro para caraterizar as práticas de gestão e os

processos que resultam num melhor desempenho da cadeia de abastecimento (Pinto, 2006).

Algumas destas metodologias recorrem aos indicadores chave de desempenho (KPIs - Key

Performance Indicators) para descrever o desempenho atual dos processos e para estabelecer metas

futuras, a nível de desempenho, relativas a cada um dos processos. Isto porque permitem medir e

monitorizar as variações do desempenho das diferentes atividades da cadeia de abastecimento,

desde o nível operacional até ao nível estratégico. Estes indicadores correspondem a uma

classificação quantitativa dos critérios que são críticos para o desempenho, sendo conveniente

apoiar-se em vários indicadores para se obter conclusões válidas. Os indicadores de desempenho

chave mais utilizados, são os seguintes:

Nível de entrega - data de entrega comparada com a data de entrega prometida ao cliente.

Nível de satisfação de encomendas - tempo médio a satisfazer completamente uma

encomenda.

Capacidade de resposta - mede a flexibilidade da cadeia de abastecimento, ou seja, mede a

capacidade da cadeia de abastecimento em responder rapidamente a alterações.

Flexibilidade na produção - mede a flexibilidade de produção de determinado produto.

Custo total de gestão logística - a eficiência logística é essencial para o sucesso da cadeia de

abastecimento.

Page 41: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

27

Custos com garantias - indicador da qualidade dos produtos, ou serviços, produzidos e

disponibilizados.

Ciclo de caixa - tempo entre a saída de caixa para comprar matérias-primas (e suportar os

custos de funcionamento) e a entrada de caixa correspondente à venda de produtos ou

serviços.

Rotação do inventário - inventário médio anual de um determinado produto a dividir pelas

vendas anuais.

Rotação de ativos - indicador financeiro, alcançado através da divisão dos resultados obtidos

pelos ativos empregues.

Algumas das melhores práticas, propostas como mecanismos para melhorar o desempenho global da

gestão da cadeia de abastecimento, podem não ter o grau de impacto muitas vezes apresentado na

literatura, uma vez que somente ajudam a melhorar o desempenho da cadeia de abastecimento em

áreas específicas, ou são adequadas apenas para determinado tipo de indústria com “configuração”

específica.

2.11 – Gestão de risco e resiliência das cadeias de abastecimento

O que desencadeou o interesse e o desenvolvimento da análise, avaliação e gestão do risco, assim

como de estratégias que incrementassem a resiliência das cadeias de abastecimento, foi o ataque

terrorista de 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos da América. Isto na medida em que era

um acontecimento muito pouco provável de ocorrer, com o qual não se sabia lidar, e que ao ter

grandes repercussões em múltiplas cadeias de abastecimento alertou para a necessidade de

aprofundar esta questão.

O risco consiste na possibilidade de perda, ou de não ganho, enquanto a resiliência consiste na

capacidade para ultrapassar os contratempos.

As cadeias de abastecimento muito eficientes são mais vulneráveis, uma vez que a redundância e a

flexibilidade diminuem, devido à eliminação de desperdícios, havendo simultaneamente um aumento

da complexidade e da interdependência das atividades, logo, as práticas “Lean” e “Just-in-time”

apresentam um maior risco e uma menor resiliência.

Quando acontece uma perturbação num ponto de uma cadeia de abastecimento que tem uma grande

integração e sincronização, esta perturbação poderá espalhar-se com muita facilidade para outras

zonas.

A internacionalização gera cadeias de abastecimento compridas e complexas, o que tem como

consequência o aparecimento de múltiplos obstáculos, tais como o controlo, a segurança, as

operações aduaneiras e cambiais, acarretando por conseguinte um maior risco.

A opção pela centralização implica um maior risco e uma menor resiliência uma vez que existe um

maior distanciamento ao cliente final, o que provoca uma redução na flexibilidade da cadeia de

Page 42: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

28

abastecimento, passando esta a ter dificuldades em lidar com a mudança repentina da conjuntura do

mercado local.

A decisão de diminuir o número de fornecedores tem a desvantagem de aumentar o risco de

abastecimento, uma vez que no caso de haver falhas, há menos soluções alternativas. Por outro

lado, o aumento da subcontratação apresenta também um maior risco na medida que há falta de

controlo sobre as operações subcontratadas, podendo estas dificultar o bom desempenho da cadeia

de abastecimento.

A determinação dos stocks necessários também acarreta um risco elevado devido à insegurança

económica e financeira que se atravessa (tornando a procura e a oferta variáveis) e também à

obsolescência dos produtos, em virtude da diminuição do ciclo de vida dos mesmos e a uma

evolução tecnológica bastante veloz (Christopher, 2005).

A implementação de um sistema de gestão de risco compreende duas etapas (Mullai, 2009):

- A primeira etapa reside na avaliação do risco que se baseia na identificação e caraterização dos

riscos, bem como na medição de risco que requer a utilização de metodologias qualitativas e/ou

quantitativas para medir e hierarquizar os riscos em questão, havendo a determinação da

probabilidade de ocorrência, e do grau de impacto de cada risco que está usualmente associado ao

nível de perdas financeiras que cada risco poderá originar (ver figura 13).

- A segunda etapa reside na gestão do risco que abrange a conceção de estratégias alternativas, a

respectiva análise de custos e benefícios que permite saber se o investimento associado à

implementação de determinada estratégia alternativa compensa face à potencial perda, procurando

sempre o melhor “trade-off” entre vulnerabilidade e fiabilidade da cadeia de abastecimento, a seleção

de uma ou mais estratégias alternativas e o respetivo planeamento, implementação, seguimento e

monitorização.

Uma cadeia de abastecimento, de acordo com o tipo de estratégias de gestão de risco

implementadas, pode ser:

Robusta - quando a estratégia consiste em criar mecanismos de redundância na cadeia de

abastecimento, sem alterar o seu rumo normal, isto é, quando consiste em haver stocks de

segurança, capacidade produtiva excedentária e vários fornecedores para o mesmo produto;

Flexível - quando a estratégia consiste em modificar o rumo da cadeia de abastecimento em

direção a um novo estado, adaptando-se desta forma às alterações exteriores;

Resiliente - quando a estratégia consiste em recuperar rapidamente o rumo original da cadeia de

abastecimento com o mínimo de perdas.

Assim, a gestão de risco na cadeia de abastecimento corresponde à procura do melhor equilíbrio

possível entre redundância, flexibilidade e resiliência, para cada situação de risco identificada. Sendo

que as estratégias de redundância aumentam as ineficiências do negócio, enquanto as estratégias de

flexibilidade e resiliência aumentam, geralmente, a vantagem competitiva da cadeia de

abastecimento.

Page 43: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

29

Figura 13 – Matriz de avaliação do risco (adaptado de Carvalho (2010))

2.12 – Conclusão

Neste capítulo abordou-se a temática da gestão logística e gestão da cadeia de abastecimento,

dando a conhecer o seu significado, as suas caraterísticas, a sua evolução (o respectivo percurso

desde o seu nascimento até à atualidade), bem como a sua influência. Fez-se referência às suas

condicionantes e às suas mais-valias para as organizações, ou seja, o aumento da competitividade

devido ao aumento da eficiência (redução de custos) e da eficácia (melhoria da qualidade do serviço

ao cliente e redução do tempo de resposta).

Falou-se ainda sobre o planeamento, a gestão do risco e a resiliência da cadeia de abastecimento,

bem como sobre os modelos de relacionamento existentes, nomeadamente sobre os benefícios, as

dificuldades e as respetivas estratégias de relacionamento. Não se pôde deixar de referir a grande

importância dos sistemas tecnológicos, dos transportes e dos armazéns, para o bom desempenho da

cadeia de abastecimento.

Page 44: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

30

Page 45: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

31

3. GESTÃO DA CADEIA DE ABASTECIMENTO NA CONSTRUÇÃO

3.1 – Introdução

Tal como referido anteriormente, a gestão da cadeia de abastecimento (SCM) é uma área que tem

ganho muita importância, uma vez que permite aumentar a produtividade e a rentabilidade, diminuir

os custos, cumprir com os prazos de entrega e acrescentar valor aos produtos, levando ao aumento

da competitividade e da eficiência organizacional (Hatmoko & Scott, 2010; Christopher, 1992; Elumti,

2002; Giannakis & Croom, 2004). Como tal, tem havido um interesse crescente pela gestão da cadeia

de abastecimento na construção, no sentido de compreender e caraterizar as deficiências, assim

como propor soluções, de forma a melhorar a coordenação dos muitos subempreiteiros e

fornecedores da cadeia de abastecimento da construção civil (Latham, 1994; Egan, 1998; Strategic

Forum, 2002).

Por conseguinte, pretende-se com a implementação da gestão da cadeia de abastecimento na

construção, reduzir o armazenamento de matérias-primas e equipamentos, realizar compras mais

vantajosas, racionalizar transportes, eliminar desperdícios e adicionar valor ao produto final (obra), ou

seja, tornar a cadeia de abastecimento da construção mais eficiente e eficaz. É adicionado valor ao

produto final quando os prazos são confiáveis, quando há atendimento em caso de emergência,

facilidade de colocação de pedidos e qualidade no serviço pós-venda, o que só acontece se existir

um bom relacionamento e confiança entre os empreiteiros, fornecedores e subempreiteiros.

3.2 – Conceitos relacionados com a gestão da cadeia de abastecimento da

construção

Para a implementação da gestão da cadeia de abastecimento na construção é necessário

compreender e aplicar os seguintes conceitos (Egan, 1998; CBPP, 2001; Lindfors, 2001; O'Brien et

al., 2002):

Total Quality Management (TQM) - consiste numa estratégia de gestão que engloba

fornecedores, distribuidores e os restantes parceiros de negócios, focada na procura da

qualidade de todos os processos organizacionais, havendo reavaliações periódicas e onde a

comunicação organizacional se torna fundamental. Assim, a busca da qualidade e o

reconhecimento da sua importância, tornou a certificação dos sistemas de gestão da

qualidade indispensável, uma vez que levam ao aumento da satisfação e da confiança dos

clientes, ao incremento da produtividade, à diminuição dos custos internos, ao melhoramento

da imagem e dos processos (de modo contínuo) e à possibilidade de acesso mais fácil a

novos mercados. Desta forma, a gestão da qualidade total leva a uma maior competitividade,

assegurando a sobrevivência das empresas.

Lean Construction (Construção Lean) - basea-se no “lean thinking” (pensamento lean) e

engloba três objectivos principais - a entrega do produto, a maximização do valor e a redução

Page 46: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

32

do desperdício. Assim, propõe uma melhor organização dos processos, eliminando a mão-de-

obra ociosa e otimizando os recursos disponíveis, levando ao aumento da eficiência na

construção. Na “construção lean” os processos consistem em atividades de conversão, que

agregam valor ao produto final (execução de parede em alvenaria e execução de

revestimento, por exemplo) e atividades de fluxo, que não agregam valor ao produto final

(transporte, comunicação, espera e inspeção de materiais, pessoas e equipamentos),

devendo as primeiras ser otimizadas e as de fluxo minimizadas, ou mesmo eliminadas,

quando possível (Kostela, 1992). O "pensamento lean” não foi ainda amplamente adotado na

indústria de construção civil (comparativamente a muitos outros ambientes industriais) como

meio de melhorar o desempenho da cadeia de abastecimento da construção.

Re-engineering (Reengenharia) - é um sistema de gestão utilizado pelas organizações para

se manterem competitivas no mercado e alcançarem as suas metas, reformulando o seu

modo de fazer negócios, as suas atividades e tarefas. Implica um redesenho de processos,

uma readequação dos processos empresariais, das estruturas organizacionais, dos sistemas

de informação e dos valores da organização (Stair & Reynolds, 2002). A focalização no

aumento da eficiência dos processos e na obtenção de mais-valias a curto prazo, implica

melhorias em três níveis a destacar: redução de custos, redução de tempo e melhoria da

qualidade dos serviços. Os princípios básicos desta “filosofia” de gestão passam por

reinventar e não evoluir, através do desenvolvimento de processos que promovam o “corte”

com a organização existente. O primeiro passo é a definição de uma estratégia global, com

recurso à recolha de informação e dados factuais sobre as necessidades e expectativas dos

clientes, assim como identificação das alterações a efetuar. A partir destes pressupostos

estão criadas as condições para identificar a nova rede de processos da organização e

otimizar a mesma, através da análise de valor de cada processo e eventual eliminação de

atividades que não tragam mais-valias para a organização e/ou cliente. A reengenharia vem

modificar o perfil do processo empresarial, proporcionando mudanças importantes para a

estrutura organizacional, os valores organizacionais e os sistemas de informação. Contudo,

essas mudanças encontram resistência por parte dos colaboradores que já se consolidaram

numa forma de trabalho. Daí resulta a grande dificuldade para a organização, eliminar essa

resistência, fazendo com que os colaboradores entendam os benefícios deste novo sistema.

Benchmarking - é um processo pró-ativo por meio do qual uma empresa examina o modo

como outra realiza uma função específica, a fim de melhorar a forma como realiza a mesma

função ou uma função semelhante, ou seja, consiste num processo de comparação do

desempenho. Assim, o Benchmarking procura as melhores práticas na indústria que

conduzam a um desempenho superior.

Partnering (Parceria) - a parceria é o desenvolvimento de relações de sucesso, de longo

prazo e estratégicas, entre clientes e fornecedores, obtendo-se com isso vantagens

competitivas.

Page 47: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

33

Gestão da Cadeia de Valor (GCV) - a gestão da cadeia de valor (ver figura 14) consiste na

gestão das atividades que acrescentam valor ao produto (à medida que este se desloca ao

longo da cadeia de abastecimento), desde o relacionamento com o fornecedor até à entrega

do produto ao cliente final, eliminando todos as operações que não adicionem valor (Porter,

1985; Braga, 2010).

Figura 14 – Cadeia de valor de Porter (adaptado de Carvalho (2010))

3.3 – Caraterísticas da cadeia de abastecimento na construção

A cadeia de abastecimento da construção apresenta um peso económico cada vez maior, associado

a um mau desempenho e a uma fraca qualidade do produto final, o que origina uma baixa satisfação

do cliente e um declínio da produtividade e da eficiência, enquanto a competição neste setor aumenta

(Egan, 2002; Gardiner & Theobald, 2003). Isto deve-se aos constantes atrasos em obra por causa

das entregas tardias, à falta de gestão integrada e de colaboração entre os vários intervenientes

envolvidos no projeto, levando à necessidade de uma profunda análise da cadeia de abastecimento

da construção (Vrijhoef & Kostela, 2000).

3.3.1 – Principais caraterísticas diferenciadoras

As caraterísticas mais importantes que diferenciam a cadeia de abastecimento do setor da

construção dos restantes setores, são as seguintes (Pryke, 2009):

Constrói-se por encomenda (make-to-order), ou seja, não se faz stocks pois cada projeto

corresponde à conceção de um novo produto (obra) que é sempre especial pois cada obra tem as

suas particularidades, tornando-a única (unicidade dos projetos). No entanto, o processo de

construção pode ser semelhante em casos particulares, tais como a construção de moradias em

banda ou a construção em altura de um edifício que possui todos os pisos iguais. Desta forma, a

construção privada acaba por ser mais semelhante às tradicionais indústrias de manufatura

porque tem um certo grau de repetição nos materiais e nos processos, logo as oportunidades de

Page 48: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

34

transferência de conhecimento são maiores neste caso (Nicol & Hooper, 1999; Barlow, 1999;

Hooper & Nicol, 2000; Barker & Naim, 2004).

A “fábrica” da construção surge em torno de um único produto (projeto), que é erigido no local da

construção (produção local) a partir dos materiais que são encaminhados para o estaleiro da obra

(Vrijhoef & Koskela, 2000). Assim, a cadeia de abastecimento da construção converge no local de

construção, pretendendo realizar os fluxos de forma tão eficiente como na fabricação (Koskela,

1992).

É instável uma vez que cada obra é temporária, imóvel e única, exigindo uma reconfiguração

organizacional do projeto anterior (Vrijhoef & Koskela, 2000), devido ao facto do mercado da

construção ser altamente volátil (a procura varia drasticamente ao longo do tempo), à elevada

durabilidade do “produto” da construção, acrescido do facto do mercado ser local (Crespin-Mazet

& Ghauri, 2007; Claycomb & Frankwick, 2010). Além disso, as empresas de construção são

móveis na sua cadeia de abastecimento, isto porque nalgumas obras os empreiteiros são

subempreiteiros, e noutras vice-versa (Lambert et al., 1998; London & Kenley, 2000; Vrijhoef &

Ridder, 2005). O ciclo de negócios, tal como a taxa de emprego e desemprego na indústria da

construção, têm maiores amplitudes do que noutras indústrias, dependendo da economia estar

em recessão ou em crescimento (Eccles, 1981). Para combater este problema os governos

estimulam a construção, criando subsídios e regulamentos nacionais que protegem a indústria da

construção civil da concorrência global, quando a economia se encontra em recessão (Kalbro et

al., 2009).

É fragmentada uma vez que recorre bastante à subcontratação e aluguer de equipamento caro, o

empreiteiro apenas executa uma pequena parte do projeto, deixando a maior parte da obra a

cargo dos fornecedores e subempreiteiros (Dubois & Gadde, 2000). Este comportamento é uma

forma de mitigação do risco, associado à instabilidade na construção, para as empresas deste

setor. Assim, a seleção de subempreiteiros apropriados e a respetiva gestão é muito importante

para um desempenho eficiente da cadeia de abastecimento, sendo que o preço e a confiança são

fatores que têm um elevado peso nessa decisão (Anders Segerstedt & Thomas Olofsson, 2010).

3.3.2 – Integração das cadeias de abastecimento na construção

A integração da cadeia de abastecimento deve ser o objetivo central da SCM na construção, pois o

desenvolvimento de efetivos sistemas de integração é vital para a disseminação de informação

(Fabbe-Costes & Jahre, 2006). O trabalho coordenado, o envolvimento precoce dos atores

(empreiteiros, subempreiteiros e engenheiros) e o desenvolvimento de relações estreitas, baseadas

na mútua compreensão, e não necessariamente em contratos formais, é essencial para a troca de

informação e comunicação ao longo da cadeia de abastecimento (Vordijk, 1999; Nicolini et al., 2001;

Saad et al., 2002; Love et al., 2004; Titus & Brochner, 2005; Xue et al., 2007).

Não é suficiente assegurar a integração de atividades nas cadeias de abastecimento, nem é

suficiente coordenar atividades somente no local da construção. Em vez disso, a atenção precisa ser

Page 49: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

35

prestada a todo o conjunto, tendo em consideração que o melhor desempenho é obtido fazendo a

integração mais eficiente (Vrijhoef & Koskela, 2000; Fabbe-Costes & Jahre, 2008).

Todavia, verifica-se que se tem dado pouca atenção às relações a montante do local da construção,

isto é, entre os empreiteiros e os seus subempreiteiros e fornecedores (Agapiou, Flanagan, Norman &

Notman, 1998; Dainty et al., 2001a, b; Humphreys et al., 2003). Assim, apesar do aumento da procura

de várias formas de parceria (quer formais quer informais) é necessária uma mudança na gestão dos

relacionamentos, com vista a melhorar a eficiência e a eficácia das cadeias de abastecimento na

construção (Fearne & Fowler, 2006). No entanto, o desenvolvimento de relações estreitas e a

integração de processos é difícil devido aos seguintes factores (Green et al., 2005; Briscoe & Dainty,

2005):

Foco dominante nos projetos de construção.

Fragmentação do processo de construção.

Separação entre os processos de planeamento e os de produção, ou seja, a separação

existente entre a elaboração do projeto e a execução da obra origina um vazio na interface

projeto/execução da obra o que cria problemas nas obras, resultando em ineficiência e

ineficácia para a cadeia de abastecimento da construção (Anumba et al., 2000). Torna-se

essencial promover a integração entre o empreiteiro e o projetista (Winch, 1998).

Ausência de coordenação e comunicação entre os participantes, devido às relações

contraditórias, à falta de transparência na troca de informação e ao ineficaz uso da

tecnologia. Na indústria de construção há a reticência geral em adotar novos métodos,

processos e tecnologia (Humphreys et al., 2003; Love et al., 2004; Briscoe & Dainty, 2005).

Existência de diferentes interdependências na construção.

Existe assim, um longo caminho a percorrer para se alcançar uma boa integração e coordenação

entre a cadeia de abastecimento na construção e a empresa construtora, sendo essencial um melhor

sistema de comunicação, objetivos comuns e a adoção de um apropriado sistema de avaliação de

desempenho (Ho et al., 2002). Também é recomendado o uso de soluções de construção baseadas

em pré-montagem para aumentar a respetiva integração (Gann, 1996; Elliman & Orange, 2000; Gibb,

2001; Gibb & Isack, 2003; Briscoe & Dainty, 2005; Sanchez-Rodriguez et al., 2006; Vordijk &

Mejboom, 2006).

3.3.3 – Interdependência nas cadeias de abastecimento da construção

A construção é uma indústria altamente complexa, devido a todas as interdependências entre tarefas,

partes e unidades envolvidas no processo, e que necessitam de ser coordenadas (Winch, 1989;

Gidado, 1996). Existem três tipos de interdependência (Thompson, 1967):

1. A interdependência agrupada corresponde a um baixo nível de interdependência, havendo

pouca necessidade de uma comunicação ou coordenação ativa e contínua. Acontece entre

as cadeias de abastecimento nas quais as atividades utilizam recursos comuns, como é o

Page 50: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

36

caso de dois especialistas que partilham um equipamento (Shiraziet al., 1996). Os problemas

do especialista A não afeta diretamente, nem imediatamente, o especialista B. Não há

necessariamente uma dependência operacional direta entre as partes, mas a falha de uma

parte pode ameaçar o todo e as outras partes envolvidas (Walker, 2007).

2. A interdependência sequencial é mais complexa do que a interdependência agrupada, sendo

o fluxo de trabalho, ou de materiais, sequencial e unidirecional. Refere-se a situações onde

existe a interdependência direta entre as atividades, em termos do fim de uma atividade ser o

princípio da próxima, como por exemplo, o estucador (A) que executa a estucagem de uma

parede de alvenaria, a qual serve de entrada para o pintor (B) (Thompson, 1967; Shirazi et

al., 1996). Os problemas em “A” afetam direta e imediatamente “B”. Assim, a comunicação e

a coordenação entre “A” e “B” são essenciais para garantir o fluxo de trabalho. A

interdependência sequencial na construção é típica na produção tradicional de materiais e

componentes (Winch, 1989).

3. A interdependência recíproca é a mais complexa e difícil de gerir, surgindo entre atividades

empreendidas no local da construção. A coordenação, o controle e o planeamento são

difíceis porque todos os membros da rede são iguais no processo de decisão e qualquer

participante pode afetar os restantes. Refere-se à situação na qual as saídas de cada parte

tornam-se as entradas de outras, significando que cada unidade apresenta contingência para

as restantes (Thompson, 1967). (A) afeta e é afectada por (B) e (C). Isto conduz à

necessidade de altos níveis de cooperação e coordenação.

É inquestionável, os benefícios ganhos com a redução dos prazos de entrega de uma cadeia de

abastecimento, no entanto, é a combinação das diferentes interdependências, que define o resultado

final (Arbulu et al., 2003).

A aplicação dos modelos de SCM, desenvolvidos para outros contextos industriais, levanta problemas

se usados na indústria da construção. Isto porque estes modelos, de forte integração de atividades,

têm interdependências sequenciais, enquanto na construção existem sobretudo interdependências

recíprocas, o que requer uma interação mais frequente e direta entre os agentes envolvidos, no

sentido de efetuar contínuos ajustamentos às atividades e aos recursos envolvidos, fazendo face a

acontecimentos imprevistos que afetam o prazo do projeto de construção (Walker, 2007).

Consequentemente, estes ajustamentos afetam todas as atividades a montante na cadeia de

abastecimento, o que explica a necessidade de stocks nas várias fases da cadeia de abastecimento e

de atividades de extenso intercâmbio.

Quando os materiais são entregues no local de construção, nem tudo está sempre de acordo com o

plano. Mesmo com materiais altamente estandardizados ocorrem contingências, em qualquer parte

do processo, e os efeitos tornam-se generalizados devido ao complexo conjunto de

interdependências (Dubois & Gadde, 2010). As interdependências recíprocas entre atividades no

local da construção, em combinação com a necessidade de sincronização das entregas e da

coordenação das cadeias de abastecimento em relação ao local, é uma situação complexa e

Page 51: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

37

complicada de gerir com consequências para a gestão das interdependências “sequencial” e

“agrupada” dentro da cadeia de abastecimento de cada material (Dubois & Gadde, 2010)..

Para o produtor de um determinado material de construção, a interface da respetiva cadeia de

abastecimento com a instalação da produção é considerada especialmente relevante. Aqui, o

principal desafio reside na coordenação de todos os pedidos de clientes para permitir uma utilização

eficiente dos recursos de produção relacionados, tanto de pessoal como de equipamento (Dubois &

Gadde, 2010). Relativamente à produção de material personalizado, este não pode ser usado para

cumprir ordens de outros clientes, afetando assim a flexibilidade relacionada com as entregas

pendentes. Uma forma de aumentar a eficiência da personalização é através de uma melhor

utilização dos recursos na cadeia de abastecimento, ou seja, ser o produtor a personalizar,

recorrendo ao equipamento adequado para tal, em vez do empreiteiro no local de construção.

Contudo, para o distribuidor há todo um conjunto de cadeias de abastecimento a considerar, por isso

deve ser capaz de lidar de uma forma eficiente com as necessidades de diferentes coordenações de

produtores e de projetos de construção.

Em relação ao empreiteiro, há um foco sobre as atividades executadas no local da obra, o que o

obriga a saber lidar tanto com a interdependência “sequencial” como com a “recíproca”.

3.4 – Relacionamentos na cadeia de abastecimento da construção

Nesta indústria, constata-se falta de vontade para o estabelecimento de um claro objetivo comum,

para a troca de informações e de partilha de conhecimento. A confiança, que é um requisito

importante para o sucesso da implementação, somente agora está a ser ativamente cultivada pela

indústria (Bildsten, 2014).

A falta de compromisso da gestão de topo, a falta de estruturas de apoio adequado e o

desconhecimento generalizado da filosofia da gestão da cadeia de abastecimento, devem ser

abordadas e ultrapassadas. Para isso é necessário uma formação e educação adequadas, em todos

os níveis da indústria (Bildsten, 2014).

Habitualmente, as empresas de construção recorrem à internet para a comunicação e transferência

de informação, tendo sido incentivada a parceria como forma de melhorar a comunicação entre as

equipas da cadeia de abastecimento (Anders Segerstedt & Thomas Olofsson, 2010).

O processo de construção é um processo interativo e interdependente, onde a parceria fornece um

ambiente amigável e livre para a comunicação, permite eliminar muitas barreiras de comunicação e

tem um impacto positivo na colaboração. Assim, deve-se concentrar os esforços nas comunicações

entre os parceiros da cadeia de abastecimento, de forma a resultar numa alta colaboração e numa

melhoria da qualidade da construção, no entanto a sobrecarga de comunicação pode ocorrer se não

for estabelecido um adequado protocolo de comunicação (Anders Segerstedt & Thomas Olofsson,

2010).

Page 52: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

38

O uso de parceria influencia positivamente o processo de arquitetura, minimiza erros, produz um

projeto eficiente e económico, e possibilita ao cliente alterar requisitos, havendo uma passagem

dessa informação em tempo oportuno. O envolvimento insuficiente ou tardio do empreiteiro e

subempreiteiro tem um impacto negativo sobre a precisão da comunicação, causando alterações

indesejadas no projeto.

Desta forma, uma parceria de longo prazo é a chave para ganhos substanciais de produtividade na

indústria, sendo importante o processo de seleção dos parceiros e do líder da cadeia de

abastecimento. Por isso, a indústria da construção está a mover-se em direção a mais inter-

relacionamentos de colaboração e processos integrados que são essenciais para o sucesso da SCM.

De facto, nos últimos anos, na generalidade do setor da construção, o número de parcerias tem

aumentado.

A abertura de concurso público é considerada cada vez mais obsoleta, havendo uma preferência por

se construir relações de parceria entre os empreiteiros e os clientes.

Devido à mentalidade agressiva do negócio da construção e ao clima de desconfiança, os

empreiteiros têm tendência a prestar mais atenção aos clientes, havendo mais acordos e uma maior

proporção de relacionamentos contratuais com estes do que com os fornecedores e subempreiteiros

(Håkansson & Ingemansson, 2013).

Os empreiteiros dispensam os fornecedores e subempreiteiros quando o desejam, por isso, a

parceria tem que ser estendida às partes das cadeias de abastecimento a montante do empreiteiro

(Håkansson & Ingemansson, 2013).

Assim, os problemas mais relevantes associados à forma como se processam os relacionamentos na

cadeia de abastecimento na construção, são os seguintes:

A instabilidade no relacionamento entre os intervenientes da cadeia de abastecimento na

construção, devido à procura ser inconstante e os intervenientes envolvidos na cadeia de

abastecimento variarem de projeto para projeto (Anumba et al., 2000).

As relações contratuais adversas, ou seja, o relacionamento concorrencial existente entre os

intervenientes da cadeia de abastecimento da construção leva a situações de tensão e conflito,

uma vez que cada interveniente tenta alcançar o máximo lucro sem se importar com as

consequências para os restantes intervenientes. Isto compromete bastante o desempenho da

cadeia de abastecimento (Anumba et al., 2000).

A existência de poucos abastecimentos de grande quantidade de material, o que vai contra a

tendência da maioria das outras indústrias, onde se verifica a existência de multi-abastecimentos

mas de pequena quantidade de material.

A selecção do empreiteiro com base no preço. Os concursos para selecção do empreiteiro,

responsável pela execução da obra, baseiam-se unicamente no critério preço o que implica uma

perda de qualidade do produto final uma vez que os projetos são realizados ao menor preço

possível (Anumba et al., 2000). O nível de satisfação do cliente de construção civil pode ser

Page 53: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

39

definido em termos de tempo, custo e qualidade. Assim, para se alcançar a boa qualidade a um

custo razoável e em tempo útil, deve ser seguido um método de seleção do empreiteiro baseado

em três critérios - serviço, qualidade e custo total de aquisição – o que permite selecionar o

melhor empreiteiro e não o que apresenta o valor mais baixo (Barlow, 1998b).

Não existência de uma verdadeira parceria. Apesar das iniciativas governamentais encorajarem o

envolvimento com os fornecedores e subempreiteiros, a parceria baseia-se numa cultura muito

contratual (contratos muito rígidos) com preços baixos (Latham, 1994). Isto porque, apesar de

haver uma alta confiança e comprometimento no relacionamento com os fornecedores e

subempreiteiros, a transparência do custo, a investigação, o desenvolvimento e o envolvimento

precoce são baixos. Ainda há construtores civis que pensam na parceria como um

relacionamento de curto prazo, em vez de a verem como um relacionamento estratégico devido à

natureza variável do trabalho.

Uma forma de medir, e melhorar de forma contínua, as inter-relações da cadeia de abastecimento na

construção civil, é recorrendo ao quadro de apreciação dos inter-relacionamentos das cadeias de

abastecimento, na construção. Esta ferramenta permite descrever o inter-relacionamento da cadeia

de abastecimento em termos de diferentes critérios de avaliação e de diferentes níveis de inter-

relacionamento. Assim, são avaliados os inter-relacionamentos a jusante (tais como os inter-

relacionamentos entre o cliente e o empreiteiro) e os inter-relacionamentos a montante (tais como os

inter-relacionamentos entre o empreiteiro e os subempreiteiros e fornecedores).

Em suma, a gestão dos relacionamentos da cadeia de abastecimento na construção é especialmente

problemática devido à descontinuidade da procura de projetos, à exclusividade de cada projeto em

termos técnicos, financeiros e sócio-políticos, bem como à complexidade de cada projeto em termos

de número de agentes envolvidos (Skaates et al., 2002).

Em virtude disto, é essencial que haja um relacionamento pro-ativo, colaborativo e de longo prazo

entre os diversos intervenientes, para se alcançar o sucesso com a implementação da gestão da

cadeia de abastecimento na construção. Ou seja, para a realização de uma obra é importante que

haja um relacionamento de colaboração, de confiança e de forte empenho entre o dono da obra, o

empreiteiro e os respectivos subempreiteiros e fornecedores, assim como uma aprendizagem

contínua e partilhada.

3.5 – Building information modeling

As tecnologias da informação (TI) são benéficas para a indústria da construção, vinculando o

empreiteiro geral com os seus subempreiteiros, reduzindo o tempo de resposta e permitindo que as

empresas expandam as suas atividades em novo local e nos mercados internacionais.

Para a gestão da cadeia de abastecimento na construção, a utilização da metodologia BIM (Building

Information Modeling) é uma excelente aposta pois permite fazer o planeamento e gestão da obra,

desde a fase de conceção até ao fim da vida útil (Seminário sobre BIM – Building Information

Modeling, 09/05/2013 no IST).

Page 54: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

40

Para isso é necessário recorrer a um software específico (tipo “revit” ou “archicad”) que possibilita

fazer a ligação dos diversos projetos da construção (projeto de arquitetura, projeto estrutural, projeto

térmico, projeto das águas residuais e pluviais, etc.), reunindo assim toda a informação das diferentes

especialidades num só ficheiro, ao qual todos os intervenientes (arquiteto, projetista, dono de obra e

diretor de obra) têm acesso, facilitando a integração e, consequentemente, reduzindo a “separação”

entre eles.

Desta forma, é possível aos vários intervenientes da obra trabalharem em simultâneo, o que reduz

consideravelmente o prazo de execução da obra.

A metodologia BIM fornece informações úteis, tais como medições (de áreas e volumes), prazos e

evolução da obra, orçamentos, que apoiam as tomadas de decisão dos vários atores da cadeia de

abastecimento da construção.

No entanto, as tecnologias de informação são menos usadas na indústria da construção do que em

outros tipos de indústria, uma vez que existe uma grande dificuldade em alterar a mentalidade dos

intervenientes que são, na sua maioria, avessos à mudança.

3.6 – Desempenho da cadeia de abastecimento da construção

A indústria da construção civil tem sido relativamente lenta a adoptar o SCM como uma estratégia de

gestão, devido à natureza única do processo de construção civil, aos produtos sob medida com várias

partes interessadas e uma variedade de objectivos (Fernie & Tennant, 2013). Consequentemente,

obtém uma reduzida eficiência, uma baixa rentabilidade, um fraco desempenho por parte dos

intervenientes e uma pobre qualidade do produto final (Meng, X., 2012).

Os clientes estão cada vez mais descontentes com a falta de qualidade na construção, que se

evidencia no aparecimento de patologias na construção após a finalização das obras, originadas pela

utilização de mão-de-obra e materiais fracos (Barker, 2004). Além disso, o serviço do construtor civil

declina progressivamente ao longo do processo de aquisição, piorando acentuadamente no serviço

pós-venda.

O fraco desempenho da cadeia de abastecimento da construção é devido (Egan, 1998; Vickery et al.,

1999; Olsson, 2000; Dainty et al., 2001; Dainty et al., 2001a, b; Elumti, 2002; Dubois & Gadde, 2000,

2002a; Cox & Ireland, 2002; Cooper et al., 2003; Love et al., 2004; Briscoe & Dainty, 2005):

À existência de desperdício, à falta de eficácia, à baixa produtividade, aos elevados custos, à

deficiente comunicação, à baixa utilização de procedimentos formais para avaliar o desempenho

da cadeia de abastecimento (tais como os KPI’s) e à fraca aplicação do Benchmarking, havendo

um grande potencial de melhoria. São poucos os construtores que recorrem aos indicadores de

desempenho chave (KPIs) para avaliarem o desempenho da cadeia de abastecimento (Pryke,

2009; Anumba et al., 2000).

Ao facto da SCM e os conceitos relacionados estarem baseados em pressupostos que não se

ajustam bem às especificidades do setor da construção, havendo a crença de que os modelos e

Page 55: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

41

conceitos teóricos são inapropriados para a indústria da construção (Fernie & Tennant, 2013), ou

que a indústria tem a culpa de não ser capaz de implementar as práticas que resultam bem

noutros setores (Winch, 2003; Green et al., 2005; Fearne & Fowler, 2006). A indústria da

construção civil é tão diferente das outras indústrias, especialmente em relação à fabricação, a

partir da qual a transferência de tecnologia não é possível, que deve encontrar outras soluções e

conceitos para melhorar o seu desempenho e eficiência (Fernie & Tennant, 2013; Koskela, 1992).

À baixa integração, pois o setor da construção é o menos integrado da maioria dos setores

industriais.

Aos problemas associados à forma de relacionamento entre os intervenientes da cadeia de

abastecimento da construção referidos anteriormente.

Ao deficiente entendimento dos conceitos de SCM, à falta de um compromisso de gestão de topo,

à resistência a novas ideias, à ausência de objetivos comuns, à repartição de benefícios e dos

riscos de uma forma desleal, à adopção de abordagens contratuais tradicionais entre o

empreiteiro e os subempreiteiros, à ignorância acerca das necessidades dos clientes, ao aumento

da exigência dos mesmos e à variedade de produtos disponíveis (Fernie & Tennant, 2013;

Akintoye et al., 2000).

À falta do mapeamento da cadeia de abastecimento e de estratégias (Barker & Naim, 2004).

Deste modo, surgiram pressões nas organizações do setor da construção, no sentido de melhorar o

seu desempenho e produtividade (Pryke, 2009; Anumba et al., 2000). As empresas e, em última

análise, as cadeias de abastecimento para se tornarem competitivas é fundamental alcançarem a

excelência na logística, tornando as atividades logísticas mais eficientes e eficazes (Gourdin, 2001).

A SCM e os conceitos relacionados, tais como “parcerias” e “construção lean” (lean construction) têm

sido propostos como soluções para os problemas na construção, provocando por isso um crescente

interesse na prática e investigação da construção (Latham, 1994; Egan, 1998).

Com a implementação dos conceitos de gestão da cadeia de abastecimento (SCM) consegue-se

reduzir custos (aumento da eficiência), aumentar a produtividade e a rentabilidade, levando a um

desenvolvimento da inovação e melhorando a competitividade organizacional, o que é essencial para

o setor da construção poder crescer (Elumti, 2002). Assim, a SCM pode ajudar a construção a

superar a sua fragmentação e cultura contraditória, melhorando os seus inter-relacionamentos e

integrando melhor os seus processos.

Deste modo, para melhorar o desempenho da cadeia de abastecimento na construção é essencial

que a aplicação do SCM na construção tenha sucesso, e para isso é importante que haja (Tan et al.,

1998; Kumaraswamy & Matthews, 2000; Ho et al., 2002):

Investimento na formação dos intervenientes da construção para a utilização dos seguintes

conceitos, que são ferramentas que permitem uma melhor gestão da cadeia de

abastecimento da construção: Lean Construction, Re-engineering, Benchmarking, Partnering

e Value Chain Management.

Page 56: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

42

Integração dos processos da cadeia de abastecimento da construção, uma vez que permite

ultrapassar os problemas causados pela fragmentação, melhorando assim o desempenho da

respectiva cadeia (Latham, 1994; Egan, 1998; Lambert & Copper, 2000; Strategic Forum,

2002). Na “Interface entre o Local da Construção e a Cadeia de Abastecimento” importa

diminuir os custos e a duração das atividades no local da obra, o que é possível se o fluxo de

material e de mão-de-obra não tiver interrupções, não havendo assim desperdício de tempo

(atrasos). Para isso é essencial promover a colaboração entre o empreiteiros, fornecedores e

clientes como forma de melhorar a produtividade na construção (London & Kenley, 2001). O

empreiteiro deve concentrar-se nesta vertente, pois é ele o responsável pelas atividades

desenvolvidas na obra. Na “Cadeia de Abastecimento” propriamente dita, importa diminuir os

custos logísticos, os prazos de entrega e as existências, pelo que os fornecedores de

materiais e componentes devem concentrar-se nesta vertente. Na “Transferência de

Actividades do Local da Construção para fases anteriores da Cadeia de Abastecimento”,

importa diminuir o custo total e a duração da obra, o que se obtem ao impedir que se

executem determinadas atividades no local da construção, transferindo-as para estágios a

montante da cadeia de abastecimento, devido às más condições de trabalho na obra ou para

aumentar a rentabilidade de atividades realizadas em paralelo na mesma. Assim, os

empreiteiros e os fornecedores devem focar-se nesta vertente. Na “Gestão Integrada da

Cadeia de Abastecimento e Local da Construção”, pretende-se obter uma maior eficiência e

eficácia que é conseguida apostando numa gestão integrada e melhoria contínua da cadeia

de abastecimento e local da construção. Todos os intervenientes da cadeia de abastecimento

(clientes, fornecedores e empreiteiros) devem focar-se nesta vertente, na medida que todos

têm a ganhar com esta situação (Vrijhoef e Kostela, 2000).

Criação e revisão regular de estratégias de SCM, melhoria no planeamento, medição e

melhoria contínua do desempenho da cadeia de abastecimento (Housing Forum, 2001).

Adoção de parcerias, havendo uma estratégia na realização dos respetivos contratos e um

envolvimento precoce e de longo prazo com os subempreiteiros e fornecedores chave, bem

como uma partilha de benefícios e de informação sensível entre os participantes da SCM,

enfase num risco equitativo, metas e objetivos partilhados, e existência de confiança mútua

(Latham, 1994; Egan, 1998; Housing Forum, 2001; Egan, 2002; Fairclough, 2002).

Racionalização da base de abastecimento, ou seja, uma redução do número de fornecedores

e o estabelecimento de um programa de garantia de qualidade para o processo de produção

(Agapiou et al., 1998).

Adequação de tecnologias de informação e uma boa comunicação (Anders Segerstedt &

Thomas Olofsson, 2010).

Recomendação de pré-montagem, pré-fabricação, cadeias de abastecimento lean e ágil, pois

o progresso na construção poderá estar na construção modular, acabando com as

particularidades da construção local e organização temporária, e eliminando os fluxos

desorganizados no estaleiro da obra (Ballard & Howell, 1998b).

Page 57: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

43

A pré-fabricação tem potencial para ser utilizada na indústria de habitação, uma vez que pode

ser uma forma de aumentar a flexibilidade e a eficiência, conseguindo reduzir os custos de

produção e os prazos de entrega. Assim, é necessário haver variedade de produtos

modulares para atender à procura dos clientes, a par duma cooperação entre o projetista e o

diretor da obra, funcionando o projetista como vendedor (Christopher, 2001; Bergstrom &

Stehn, 2005;). Porém, a conceção de projetos de construção, recorrendo à pré-fabricação

personalizada, fica mais dispendiosa do que a tradicional construção no local (Andersson et

al., 2009).

Atendendo aos padrões de interdependência existentes na construção, as cadeias de abastecimento

não podem ser muito problemáticas face aos desafios de coordenação de atividades dentro do

projeto de construção, pois pode acontecer que os custos associados com o alcance de um melhor

planeamento (e maior integração) superem os benefícios dessa integração. Assim, um melhor

planeamento de atividades pode não ser a solução para o aumento do desempenho da cadeia de

abastecimento, mas sim o aumento da flexibilidade dos recursos envolvidos, indo contra a sugestão

de mover atividades do local para a fábrica, a qual tem sido recomendada como uma forma de tornar

as condições mais favoráveis para a aplicação dos princípios da SCM (Vrijhoef & Koskela, 2000). Por

isso, quando se consideram os benefícios da pré-montagem, devem ser tomados em consideração

os custos da flexibilidade reduzida e da utilização mais pobre de recursos (Anders Segerstedt &

Thomas Olofsson, 2010).

Em conclusão, há ainda um grande potencial para melhorar o desempenho da cadeia de

abastecimento na construção. Não obstante, a dificuldade de se classificar os critérios qualitativos, a

diferença do “out-put” produzido, do tamanho da empresa e do uso de tecnologia entre as empresas

da construção, torna complicado caraterizar e medir o desempenho da indústria da construção civil

(Barker, 2004; Huang et al., 2009).

3.7 – Conclusão

Neste capítulo abordou-se a temática da gestão da cadeia de abastecimento na construção, dando a

conhecer o seu significado e os conceitos associados, as suas características, os relacionamentos

existentes entre os diversos intervenientes, o respetivo desempenho e as tecnologias de informação

específicas para esta cadeia.

Deste modo, dos estudos analisados, verifica-se que as cadeias de abastecimento da construção são

extremamente complexas devido à presença, em simultâneo, de vários tipos de interdependência e,

para além disso, apresentam um baixo nível de integração e de relacionamento, o que conduz a um

fraco desempenho. Assim, a implementação da gestão da cadeia de abastecimento na construção

resulta, na maior parte dos casos, problemática e os benefícios esperados dificilmente são obtidos,

apesar das sugestões presentes nos diversos trabalhos de investigação e relatórios sobre as formas

de melhoria da produtividade na indústria da construção civil (Winch, 2003; Green May, 2003; Green

et al., 2005). Assim sendo, a realização do presente trabalho é importante para dar a conhecer a

Page 58: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

44

realidade nacional, em termos de adoção das práticas de gestão da cadeia de abastecimento pela

indústria de construção portuguesa.

Page 59: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

45

4. OS CASOS DE ESTUDO

4.1 – Introdução

Para avaliar a implantação do conceito da gestão da cadeia de abastecimento na indústria de

construção portuguesa consideraram-se cinco casos de estudo, nomeadamente cinco empresas de

construção portuguesas, entre as quais, três de grande dimensão. Por motivo de sigilo as empresas

são designadas por A, B, C, D e E.

4.2 – Estudo de caso

As estratégias de investigação mais comuns são a experimentação, os inquéritos, a análise histórica,

a análise de arquivos e o estudo de caso, sendo que nesta dissertação a estratégia de investigação

adotada foi o “Estudo de caso” (ver tabela 1) (Yin, 2003).

Tabela 1 - Estratégia de investigação: estudo de caso

A metodologia de “Estudo de caso” consiste numa vasta pesquisa bibliográfica e na realização de

entrevistas a várias empresas de construção. A pesquisa bibliográfica permite definir a gestão

logística, a gestão da cadeia de abastecimento e, mais concretamente, a gestão da cadeia de

abastecimento na construção. Com a realização de entrevistas, envolvendo diferentes empresas de

construção, pretende-se perceber como os resultados da pesquisa bibliográfica (teorias existentes) se

defletem na realidade e se não haverá aspetos relevantes a acrescentar.

Os apologistas desta metodologia defendem que uma análise profunda de apenas um, ou de um

conjunto restrito de casos, pode levar a um conhecimento e à deteção de determinadas atividades,

problemas ou respostas que se repetem sistematicamente, tornando possível alguma generalização,

com algum sentido (Stake, 1995; Yin, 2003). No entanto, a estratégia de “Estudo de caso” tem sido

criticada por não se adequar como base para generalizações, baseando-se no argumento de que um

conjunto de casos únicos não consegue traduzir uma tendência geral.

ESTRATÉGIA OBJETIVO NATUREZA DA INVESTIGAÇÃO

Estudo de caso

Apreensão e contextualização da

realidade.

Determinação dos parâmetros mais

relevantes.

Qualitativa – Exploratória: quando se

pretende, relativamente a um dado

acontecimento, ou conjunto de

acontecimentos, saber “quanto”, “o quê”,

“qual”, “onde”, “como” ou “porquê”.

Page 60: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

46

4.3 – Entrevistas com questionário

No âmbito desta dissertação foram realizadas entrevistas, com uma duração média de 60 minutos, a

gestores de cinco empresas de construção portuguesas (designadas por A, B, C, D e E). Da empresa

A e da empresa C, foram entrevistados os responsáveis pelo aprovisionamento e logística, da

empresa B foi entrevistado um dos administradores, e das empresas D e E foram entrevistados os

diretores de obra. Ao longo das entrevistas foi essencial entender o funcionamento e a estrutura das

cadeias de abastecimento das respetivas empresas. Como tal, estas entrevistas basearam-se num

guião (Anexo I) que elencava um conjunto de questões, desde informações gerais, passando pelos

relacionamentos com os principais fornecedores e subempreiteiros até à gestão da cadeia de

abastecimento e aos respetivos processos de melhoria (ver tabela 2). O guião foi elaborado tendo por

base diversos artigos científicos consultados (Akintoye et al., 2000; Saad et al., 2002).

Tabela 2 - Resumo das questões colocadas nas entrevistas

Género de

Questões Questões

Informações gerais da empresa

Qual a classe de Alvará?

Qual a faturação em 2012?

Qual o número de colaboradores em 2012?

Atua fora de Portugal?

Questões relativas aos

relacionamentos

Qual o tipo de relacionamento com os principais fornecedores e subempreiteiros?

Qual a natureza dos relacionamentos com os principais fornecedores e subempreiteiros?

Qual a duração média dos relacionamentos com os principais fornecedores e subempreiteiros, nos últimos 5 anos?

Qual a evolução do número de fornecedores e subempreiteiros, nos últimos 5 anos?

Qual a ordem de importância dos critérios de selecção dos fornecedores e subempreiteiros?

Como classifica as parcerias existentes?

Qual a evolução do número de parcerias, nos últimos 5 anos?

Questões relativas à gestão

da cadeia de abastecimento

Há uma estratégia de gestão da cadeia de abastecimento? Se sim, qual a estratégia utilizada?

Existe alguma forma de planeamento da cadeia de abastecimento?

Qual é o seu conhecimento relativamente às metodologias relacionadas com a gestão da cadeia de abastecimento?

Qual o grau de integração da cadeia de abastecimento?

Quais os métodos de comunicação e transferência de informações usados com os fornecedores e subempreiteiros?

Existe a consolidação de cargas e cross-docking no transporte de materiais de construção e de equipamentos?

Quem é o responsável pelo transporte de materiais de construção e de equipamentos?

Quem é o responsável pela gestão de stocks dos materiais de construção e de equipamentos?

Quem suporta com os custos dos stocks dos materiais de construção e de equipamentos?

Quais os modelos de gestão logística adotados?

Como classifica as cadeias de abastecimento na construção de acordo com o ponto da cadeia de abastecimento onde se dá o maior acréscimo de valor?

Como classifica as cadeias de abastecimento na construção de acordo com o tipo de problemática competitiva que enfrentam?

Page 61: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

47

Tabela 2 (cont.) - Resumo das questões colocadas nas entrevistas

Género de

Questões Questões

Questões relativas

à gestão da cadeia

de abastecimento

Existe alguma estratégia para a gestão do risco das cadeias de abastecimento na construção? Se sim, quais são as estratégias adotadas?

Questões relativas

a melhorias na

gestão da cadeia

de abastecimento

Como classifica as cadeias de abastecimento na construção de acordo com o tipo de estratégias de gestão de risco implementadas?

Qual é o seu conhecimento relativamente às metodologias de melhoria da gestão da cadeia de abastecimento?

Há comunicação aos principais fornecedores/subempreiteiros de dados relativos ao seu desempenho?

Há reuniões de acompanhamento com os principais fornecedores/subempreiteiros para se analisar e discutir em conjunto oportunidades de melhoria?

Dispõe de outros procedimentos formais para avaliar o desempenho da sua cadeia de abastecimento?

Quais os indicadores chave de desempenho que utiliza?

Deseja efetuar algum comentário relativamente à gestão da cadeia de abastecimento e possíveis contributos para a melhoria global do setor?

Qual é o desempenho em diversas áreas associadas à gestão da cadeia de abastecimento?

4.4 – Indústria da construção portuguesa

Paralelamente ao que sucede em muitos outros países, também em Portugal a indústria da

construção tem um papel significativo na economia nacional, não só pelo volume de negócios

efetuados como pelo número de postos de trabalho associados ao setor. Contudo, a grave crise

económica vigente no país, tem provocado uma acentuada recessão na indústria da construção

nacional. A estagnação do mercado habitacional, associada a uma substancial quebra nas obras

públicas, tem conduzido vários indicadores a mínimos históricos (FEPICOP, 2012).

Um exemplo disso é o consumo de cimento a nível nacional que atingiu, em 2013, um mínimo

histórico, sendo necessário recuar no tempo mais de 4 décadas para encontrar um ano com valores

de consumo tão reduzidos (FEPICOP, 2013).

O mesmo sucede com a empregabilidade na indústria da construção portuguesa, cujos numeros têm

vindo a decrescer ao longo da última década representando, no ano de 2013, cerca de 300 mil

trabalhadores (6,5% do total de empregados em Portugal), ou seja, cerca de metade dos

trabalhadores da indústria da construção em 2002 e que eram representativos de 12,4% da

população empregada (FEPICOP, 2014).

Em suma, a produção da atividade da construção registou, em 2013, uma queda de 15%

relativamente ao ano de 2012, decrescendo assim pelo 12º ano consecutivo (FEPICOP, 2014).

A evidência desta crise, na indústria da construção, foi a falência de inúmeras empresas do setor.

Contudo, e tendo em conta a reduzida dimensão nacional, ainda existe um número significativo de

empresas no mercado. Isto provoca necessáriamente um aumento da competitividade no setor, com

Page 62: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

48

as empresas a canalizarem o máximo de esforços na melhoria constante das respostas às exigências

do mercado, tentando assim sobreviver à crise instalada em Portugal.

4.5 – Apresentação das empresas

Empresa A - É uma empresa especializada em obras públicas que pertence a um dos maiores

grupos da América Latina, com atividades nos setores de engenharia e construção,

concessões, telecomunicações, energia e serviços de saúde. É a empresa responsável pela

atividade do grupo na Europa, África e Ásia, contando com mais de 8.000 colaboradores e um

volume de negócios de 506 milhões de euros, ocupando o 3º lugar entre as maiores empresas

no setor da construção em Portugal. Tem alvará de classe 9 na 1ª categoria (edifícios e

património construído), na 2ª categoria (vias de comunicação, obras de urbanização e outras

infra-estruturas) e na 3ª categoria (obras hidráulicas).

Empresa B - Esta empresa, fundada em 1980, tem vindo a prestar um serviço, ao longo de mais

de 30 anos, em estudos e projetos de engenharia e em gestão de empreendimentos. Com cerca

de 200 colaboradores opera em quatro continentes e detém escritórios em Portugal, Angola,

Argélia, Brasil, Colômbia, Moçambique e Timor Leste, facturando cerca de 18 milhões de euros.

Desde 1989 que tem consolidado a sua experiência internacional, repartindo a atividade pelos

projetos e gestão de empreendimentos em Cabo Verde, Angola, Moçambique, Macau, Timor,

Argélia, Emirados Árabes Unidos, Roménia, Brasil, Malawi, Venezuela e Colômbia.

Empresa C - Com uma experiência de mais de 66 anos, esta empresa é líder nacional e uma

referência internacional, reunindo competências técnicas nas áreas de engenharia e construção,

ambiente e serviços, concessões de infraestruturas de transportes e mineração. Presente em 20

países e 3 continentes, concentra as suas operações em três polos geográficos (Europa, África e

América Latina). Tem aproximadamente 4000 colaboradores e apresenta uma faturação de cerca

2 243 milhões de euros.

Empresa D - É uma empresa com mais de 50 anos na construção civil, promoção imobiliária e

hotelaria, tendo cerca de 120 colaboradores. Com uma estrutura sólida e vasta experiência, tem-

se afirmado no mercado nacional pela qualidade dos seus projetos, respetiva execução e

materiais utilizados, optando por não atuar fora de Portugal.

Empresa E - É uma jovem empresa de geotecnia e fundações especiais, formada por uma

equipa de 120 colaboradores, que presta serviços de reconhecimento geotécnico e de

construção, em obras públicas e particulares, de construção civil. Tem alvará de classe 3 na 1ª

categoria (edifícios e património construído), de classe 5 na 2ª categoria (vias de comunicação,

obras de urbanização e outras infra-estruturas) e 3ª categoria (obras hidráulicas). Apresenta uma

faturação de cerca 2 milhões de euros, atuando dentro e fora de Portugal.

Page 63: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

49

5. RESULTADOS

5.1 – Introdução

Através da análise dos casos de estudo, referidos no capítulo anterior, quer a nível do relacionamento

e integração, quer a nível da gestão e do desempenho da cadeia de abastecimento, obtiveram-se os

resultados que a seguir se descriminam.

5.2 – Análise ao relacionamento

Da análise dos resultados obtidos, referentes ao relacionamento do empreiteiro com os principais

fornecedores e subempreiteiros (tabela 3), conclui-se que em termos médios:

Os parâmetros nível de confiança e nível de compromisso, são relativamente elevados,

apresentando valores próximos de 4, o que contrasta com o existente na literatura

(Vrijhoef & Kostela, 2000; Briscoe & Dainty, 2005), mas que poderá ser explicado pela

necessidade de haver compromisso com os parceiros para sobreviverem à crise

económica neste setor, levando a posteriori ao desenvolvimento de confiança nos

parceiros;

Por outro lado, a transparência nos custos e o grau de envolvimento dos seus parceiros

na fase de projeto apresentam níveis de relacionamento intermédios. Em certa medida, o

observado está de acordo com a conclusão anterior - maior confiança e compromisso

levam a maior transparência e envolvimento. No entanto o nível agora é menor, o que se

justifica pela existência de outros fatores, como a existência de concorrência, que

condicionam a plena implementação do conceito de GCA;

Por último, tal como referenciado na literatura (Humphreys et al., 2003; Love et al., 2004),

os níveis de I&D conjunta são muito reduzidos.

Comparando o nível de relacionamento com fornecedores e subempreiteiros, os resultados

demonstram um nível de relacionamento superior com os subempreiteiros (embora com diferenças

reduzidas). Os entrevistados explicaram este facto pelo maior envolvimento entre empreiteiro e

subempreiteiro, na fase de projeto e na I&D, o que permite por exemplo, escolher a melhor solução

construtiva, e que é favorável para ambas as entidades. Por outro lado, as características do produto

(projeto específico) e o facto de noutros projetos o empreiteiro desempenhar o papel de

subempreiteiro, e vice-versa, fazem com que haja o conhecimento mútuo dos custos envolvidos.

Page 64: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

50

Tabela 3 – Nível de relacionamento dos empreiteiros com fornecedores e subempreiteiros

Empresa Confiança Compromisso

Transparência dos custos

I&D conjunta Envolvimento

na fase de projeto

Forn Sub Forn Sub Forn Sub Forn Sub Forn Sub

A 4 4 3 3 3 4 1 2 5 5

B 4 4 4 4 2 3 1 2 3 3

C 5 5 5 5 4 4 3 3 2 3

D 4 4 4 4 3 3 1 1 2 2

E 3 3 3 3 3 3 2 2 2 2

Média 4 4 3,8 3,8 3 3,4 1,6 2 2,8 3

* Forn - fornecedores; Sub - subempreiteiros; escala de 1 a 5 (em que: 1 - inexistente e 5 - existente)

Da análise dos resultados obtidos referentes ao desenvolvimento de parcerias entre o empreiteiro os

fornecedores/subempreiteiros (Tabela 4) conclui-se que em termos médios:

São utilizados, por vezes, procedimentos formais para gerir as parcerias, no entanto as

parcerias não são classificadas como acordos estratégicos e nos últimos cinco anos o

número de parcerias tem diminuído ligeiramente. Estes maus resultados mostram que as

parcerias não estão a ser implementadas na cadeia de abastecimento da construção em

Portugal, contrariamente ao que acontece noutros países da Europa (Fearne & Fowler,

2006; Anders Segerstedt & Thomas Olofsson, 2010) onde há uma procura crescente por

parcerias. Esta situação deve-se ao clima de desconfiança e de falta de interesse na

mudança de mentalidade deste setor em Portugal, sendo que a crise pela qual o país

está a atravessar acentua estes problemas.

Comparando o grau de parceria com fornecedores ou com subempreiteiros, verifica-se que em

ambos os casos os resultados são francamente maus, não havendo diferenças a apontar.

Tabela 4 – Parcerias: sua análise e evolução

Empresa São utilizados procedimentos formais para gerir as parcerias

As parcerias são classificadas como acordos estratégicos

Evolução do número de parcerias nos últimos 5 anos

Forn Sub Forn Sub Forn Sub

A 4 4 3 3 3 3

B 1 1 1 1 3 3

C 5 5 1 1 3 3

D 4 4 1 1 1 1

E 1 1 1 1 4 4

Média 3 3 1,4 1,4 2,8 2,8

* análise das parcerias, numa escala de 1 a 5 (em que: 1 - nunca e 5 - sempre) e sua evolução, numa escala

de 1 a 5 (em que: 1 - redução 25% e 5 - aumento 25%)

Page 65: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

51

Da análise dos resultados obtidos referentes ao género de relacionamento do empreiteiro com os

principais fornecedores/subempreiteiros (Tabela 5) conclui-se que em termos médios:

O relacionamento com os fornecedores e subempreiteiros é muito contratual,

apresentando valores elevados (3,6 e 4 respetivamente), o que está de acordo com a

bibliografia consultada (Latham, 1994). Isto deve-se ao facto de os empreiteiros

necessitarem de se defender legalmente caso os parceiros não respeitem o que ficou

definido em contrato;

Estes relacionamentos apresentam uma duração média de 5 a 10 anos, tendo sofrido ao

longo dos últimos 5 anos uma redução inferior a 25%, em grande parte devido à

insolvência de muitos fornecedores e subempreiteiros;

Fazendo a comparação do género de relacionamento com fornecedores ou com subempreiteiros,

verifica-se que, apesar das diferenças serem reduzidas:

O relacionamento com os subempreiteiros é mais contratual, tendo os entrevistados

explicado este facto pela existência de maior envolvimento entre empreiteiro e

subempreiteiro, devido às razões expostas anteriormente, o que leva a que seja

necessário o desenvolvimento de procedimentos para maior controle desse

relacionamento;

Por outro lado o número dos subempreiteiros tem vindo a diminuir numa percentagem

superior à dos fornecedores, possivelmente e segundo os entrevistados, por os

subempreiteiros terem falido em número superior ao dos fornecedores (uma vez que essa

diminuição não se deve ao aumento de parcerias). Aliás, como se verificou

anteriormente, em termos de parcerias aconteceu precisamente o contrário, havendo

redução em ambos os casos.

Tabela 5 – O género de relacionamento das empresas com os fornecedores e subempreiteiros

Empresa Natureza Duração média Evolução do número de fornecedores/

subempreiteiros nos últimos 5 anos

Forn Sub Forn Sub Forn Sub

A 3 5 3 3 3 3

B 5 5 2 2 4 4

C 5 5 3 3 4 4

D 3 3 2 2 5 5

E 2 2 1 1 1 2

Média 3,6 4 2,2 2,2 3,4 3,6

* Forn - fornecedores; Sub - subempreiteiros; escala de 1 a 5 (em que: 1 - informal e 5 - contratual)

para a natureza; escala de 1 a 3 (em que: 1 - ≤ 5 anos e 3 - 10 anos) para a duração média; e

escala de 1 a 5 (em que: 1 - aumento 25% e 5 - redução 25%) para a evolução do número dos

fornecedores/subempreiteiros

Page 66: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

52

Da análise dos resultados obtidos referentes à ordem de importância dos critérios de seleção dos

fornecedores/subempreiteiros (Tabela 6) conclui-se que em termos globais:

A seleção dos fornecedores e subempreiteiros não se baseia exclusivamente no critério

do preço, o que não está de acordo com o referido na literatura (Anumba et al., 2000).

Esta situação poderá explicar-se pelo facto de existir uma grande competição entre os

empreiteiros devido à grave crise portuguesa. Por uma questão de sobrevivência têm de

se tornar cada vez melhores, apostando por isso, cada vez mais, na qualidade e no nível

de serviço ao cliente;

A ordem de importância dos critérios de seleção varia de empreiteiro para empreiteiro,

sendo que para alguns o critério preço é o mais importante, para outros é a qualidade e

ainda para outros é o nível de serviço;

Observa-se que não há nenhuma tendência na ordem de importância dos critérios de

seleção que seja transversal à maioria dos empreiteiros.

Assim, verifica-se que há ainda um longo caminho a percorrer no sentido de se atribuir menos

importância ao preço, uma vez que ainda existem empreiteiros que consideram o critério preço como

o mais importante.

Tabela 6 – Os critérios de seleção dos fornecedores e subempreiteiros

Empresa Ordem de importância dos critérios de Seleção dos fornecedores/ subempreiteiros

Forn Sub

A N>Q>P N>Q>P

B Q>N>P Q>N>P

C P>N>Q P>N>Q

D Q>P>N Q>P>N

E P>Q>N P>Q>N

Em termos globais

Não há uma ordem que seja transversal à maioria das empresas

Não há uma ordem que seja transversal à maioria das empresas

* P - preço do produto/serviço; Q - qualidade do produto/serviço; N - nível de serviço (ordenados por ordem

decrescente de importância)

Page 67: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

53

5.3 – Análise da gestão da cadeia de abastecimento

Da análise dos resultados obtidos referentes à estratégia, planeamento e métodos de

comunicação/transferência de informação da GCA da construção (Tabela 7) conclui-se que:

Não existe qualquer tipo de estratégia ou planeamento, o que mais uma vez está de

acordo com a literatura consultada (Latham, 1994; Egan, 1998; Fairclough 2002; Egan,

2002 &Barker, 2004). Esta situação poderá ser explicada pela existência de uma

mentalidade avessa à mudança a par da falta de interesse deste setor em adotar a GCA,

como forma de se tornar mais competitivo através do aumento da eficiência e da eficácia.

A Web é o meio de comunicação/transferência de informação mais utilizado por esta indústria, tal

como é referido na literatura (Anders Segerstedt & Thomas Olofsson, 2010), havendo no entanto o

despoletar de interesse pelo BIM e pelas ferramentas colaborativas.

Tabela 7 – Estratégia, planeamento e métodos de comunicação utilizados

Empresa Existe alguma estratégia?

Existe algum planeamento?

Quais os métodos de comunicação/ transferência de informações utilizados?

A Não Não Web

B Não Não Web, BIM, Aconex

C Não Não Web, BIM; presencial

D Não Sim Web

E Não Não Web

Em termos globais Não Não Web

Da análise dos resultados obtidos referentes ao conhecimento das metodologias relacionadas com a

GCA, (Tabela 8) conclui-se que em termos médios:

O conhecimento acerca da construção lean, do mapeamento do fluxo de valor (MFV), do

vendor managed inventory (VMI), do JIT e da diferenciação retardada dos produtos

(postponement) é extremamente baixo, praticamente desconhecido (inferior ou igual a

2,2);

A pré-montagem/pré-fabricação é um conceito que os entrevistados conhecem

perfeitamente e que aplicam por vezes (3,8).

A existência desta grande lacuna, tal como é referido na bibliogafia consultada (Humphreys et al.,

2003; Love et al., 2004; Briscoe & Dainty, 2005) revela, uma vez mais, o desinteresse do setor da

construção por esta matéria. Os entrevistados pensam que a gestão da cadeia de abastecimento não

se adequa à construção devido às particularidades desta (o que dificulta a sua implementação),

nomeadamente o facto de cada produto (obra) desta indústria ser sempre diferente e estar sempre

numa localização diferente, não podendo ser produzido em série, numa linha de montagem.

Page 68: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

54

Tabela 8 – Conhecimento de metodologias relacionadas com a gestão da cadeia de abastecimento

Empresa Construção

Lean MFV VMI JIT Postponement Pré-fabricação

A 3 2 3 5 3 4

B 1 1 1 3 1 3

C 1 1 1 1 1 4

D 1 1 1 1 1 4

E 1 1 1 1 1 4

Média 1,4 1,2 1,4 2,2 1,4 3,8

* escala de 1 a 5 (em que: 1 - desconhecido; 3 - conhecido mas não utilizado; 5 - utilizado).

Da análise dos resultados obtidos referentes à integração da CA, (Tabela 9) conclui-se que em

termos médios:

Há alguma partilha de metas e objetivos no seio da cadeia de abastecimento, e poucas

reuniões acerca dos caminhos a escolher. Estes parâmetros são os que apresentam os

valores mais baixos (3,2 e 2,8 respetivamente), justificando-se o facto por estarem

relacionados com a parceria que, como se viu anteriormente, não está a ser devidamente

implementada;

Há alguns mecanismos formais para resolver conflitos e uma compreensão das

particularidades do negócio dos parceiros. Estes parâmetros já apresentam valores mais

elevados (3,6 e 4 respetivamente) pelo facto de, por um lado haver mais conflitos devido

à crise económica o que obriga à criação de mecanismos para gerir estes conflitos e, por

outro lado, o facto de muitas vezes os empreiteiros desempenharem o papel de

subempreiteiros.

Tabela 9 – Integração da cadeia de abastecimento

Empresa

Partilha de metas e objetivos no seio

da cadeia de abastecimento

Reuniões regulares acerca dos caminhos a

escolher

Mecanismos formais para

resolver conflitos

Compreensão das particularidades do

negócio dos parceiros

A 1 3 5 4

B 5 4 1 4

C 5 1 5 5

D 4 4 4 4

E 1 2 3 3

Média 3,2 2,8 3,6 4

* escala de 1 a 5 (em que: 1 - nunca e 5 - sempre)

Page 69: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

55

Da análise dos resultados obtidos referentes à gestão do transporte e dos stocks de materiais de

construção, (Tabela 10) conclui-se que em termos globais:

Existe consolidação de cargas e raramente há cross-docking o que já indica uma

preocupação em tornar o transporte mais eficiente. Por outro lado, alguns entrevistados

mostraram-se pouco preocupados com o transporte, preocupando-se apenas que os

materiais de construção se encontrassem na obra na altura acordada, o que demonstra

uma falta de preocupação com o que acontece a montante da cadeia de abastecimento;

O responsável pelo transporte é o fornecedor, no entanto por vezes é o operador

logístico, o que revela mais uma vez que está a despoletar a preocupação pela eficiência

no transporte por parte do fornecedor que contrata este serviço;

Para o serviço dos subempreiteiros, o responsável pelo transporte de materiais algumas

vezes é o fornecedor, outras vezes é o subempreiteiro, havendo nesta situação uma

despreocupação por aumentar a eficiência do transporte;

A gestão dos stocks fica a cargo do empreiteiro, sendo por vezes partilhada com o

subempreiteiro quando se trata da gestão dos materiais que são utilizados no seu

serviço;

Quem suporta o custo dos stocks é o fornecedor e o subempreiteiro, o que significa que

geralmente o empreiteiro não tem este tipo de custos.

Tabela 10 – Gestão do transporte e dos stocks de materiais de construção

Empresa Consolidação de cargas Cross-

docking

Responsabilidade do transporte Stocks

Empreiteiro Subempreiteiro Empreiteiro Subempreiteiro Gestão Custo

A Sim (>50%) Sim (>50%) Sim

(>50%) F, O F, S E F, S

B Por vezes

(<50%)

Por vezes

(<50%) Não F F, S E F, S

C Sim (>50%) Sim (>50%) Sim

(>50%) F F, S E F, S

D Por vezes

(<50%)

Por vezes

(<50%) Não F F E, S E, S

E Por vezes

(<50%)

Por vezes

(<50%) Não O S E, S E, S

Global Por vezes

(<50%)

Por vezes

(<50%) Não F F, S E F, S

* F - fornecedor, S - subempreiteiro, O – operador logístico

Page 70: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

56

Da análise dos resultados obtidos referentes à adoção de modelos de gestão logística, que têm

impacto na configuração da cadeia de abastecimento na construção (Tabela 11) conclui-se que em

termos gerais:

Há adoção do modelo Pull e não há diferenciação retardada dos produtos. Isto mostra

que a construção se baseia na resposta imediata à procura, havendo uma produção

flexível e sincronizada com uma grande flexibilidade dos recursos disponíveis. Por outro

lado, verifica-se que não está adaptada da melhor forma para a construção por módulos,

no entanto, esta situação não é grave porque, por enquanto, não é comum haver

construção baseada em módulos/pré-fabricação;

Relativamente à centralização ou descentralização da produção, não é possível adotar

sempre um ou outro modelo, uma vez que essa opção está condicionada pelos materiais

definidos em projeto, que se têm de ir buscar onde quer que sejam produzidos;

Em relação à centralização ou descentralização da distribuição, verifica-se que na

maioria das vezes opta-se pela descentralização, havendo o armazenamento dos stocks

no estaleiro das obras. Raramente se dá a centralização da distribuição, pois isto implica

ter que arranjar um armazém situado num ponto central para guardar os stocks, o que

acarreta custos adicionais.

Tabela 11 – Modelos de gestão logística que influenciam a configuração da cadeia de abastecimento

Empresa Modelo Push/ Modelo Pull

Diferenciação Retardada dos

Produtos (Postponement)

Centralização/ Descentralização

da Produção

Centralização/ Descentralização da

Distribuição

A Modelo Pull Não Centralização Descentralização (estaleiro)

B Modelo Pull Não Depende do projeto Descentralização (estaleiro)

C Modelo Pull Não Depende do projeto Descentralização (estaleiro)

D Modelo Pull Não Depende do projeto Descentralização (estaleiro)

E Modelo Pull Não

Descentralização quando existe

essa possibilidade

Centralização (armazém)

Em termos globais Modelo Pull Não Depende do

projeto Descentralização

(estaleiro)

Page 71: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

57

Da análise dos resultados obtidos referentes à classificação das cadeias de abastecimento na

construção em Portugal, de acordo com o ponto da cadeia onde se dá o maior acréscimo de valor, o

tipo de problemática competitiva que enfrentam e o tipo de estratégias de gestão de risco

implementadas, (Tabela 12) conclui-se que em termos gerais:

As cadeias de abastecimento na construção, de acordo com o ponto da cadeia de

abastecimento onde se dá o maior acréscimo de valor, são cadeias de produção

intensiva, uma vez que a capacidade produtiva é extremamente importante, sendo

essencial reduzir o ciclo de encomenda-entrega, ter um elevado nível de serviço,

compreender as limitações da capacidade produtiva e promover a colaboração da

produção com os fornecedores e clientes de modo a proporcionar operações bastante

eficientes;

As cadeias de abastecimento na construção, de acordo com o tipo de problemática

competitiva que enfrentam, são cadeias eficazes, uma vez que têm uma produção muito

flexível e recorrem à subcontratação, permitindo desta forma maximizar a capacidade de

resposta após a encomenda. Porém, algumas vezes são cadeias eficientes, ou seja, são

cadeias extremamente fiáveis, bem sincronizadas e com uma grande preocupação em

aumentar a eficiência, reduzindo ao máximo os custos;

As cadeias de abastecimento na construção, de acordo com o tipo de estratégias de

gestão de risco implementadas, são cadeias resilientes, uma vez que a estratégia

consiste em recuperar rapidamente a direção inicial da cadeia de abastecimento com o

mínimo de perdas.

Tabela 12 – Classificação das cadeias de abastecimento

Empresa Cadeias de produção intensiva/Cadeias de

“outsourcing” intensivo

Cadeias eficientes/Cadeias

eficazes

Cadeias robustas/Cadeias

flexíveis/ Cadeias resilientes

A Cadeias de produção intensiva Cadeias eficazes Cadeias flexíveis

B Cadeias de produção intensiva Cadeias eficazes Cadeias resilientes

C Cadeias de produção intensiva Cadeias eficientes Cadeias resilientes

D Cadeias de produção intensiva Cadeias eficazes Cadeias resilientes

E Cadeias de produção intensiva Cadeias eficientes Cadeias resilientes

Em termos globais

Cadeias de produção intensiva Cadeias eficazes Cadeias resilientes

Page 72: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

58

Da análise dos resultados obtidos referentes ao conhecimento das metodologias de melhoria da

cadeia de abastecimento, (Tabela 13) conclui-se que em termos médios:

O conhecimento acerca do Modelo SCOR, Six-Sigma, FMEA, e GCV é praticamente

inexistente, uma vez que apresentam valores inferiores a 2;

Relativamente ao TQM, Reengenharia e BSC, já existe algum conhecimento (embora

muito pouco utilizados) apresentando valores compreendidos entre 2 e 3;

Os conceitos KPI’s, Mapeamento de processos e Benchmarking são conhecidos, no

entanto são pouco aplicados, apresentando valores superiores a 3, mas inferiores a 4.

Estes resultados revelam, uma vez mais, a falta de interesse da indústria da construção em apostar

na mudança com vista à obtenção de melhorias no seu desempenho. Impera o comodismo e,

consequentemente, a resignação. Este setor pensa que a solução para os seus problemas passa

apenas pela internacionalização, não querendo alterar a sua forma de pensar e/ou de agir.

Tabela 13 – Conhecimento de metodologias de melhoria da cadeia de abastecimento

Empresa Modelo SCOR KPI’s BSC

Mapeamento de

processos

Six-Sigma FMEA TQM Benchmarking Reengenharia GCV

A 3 5 5 5 3 1 3 4 4 3

B 3 5 3 5 3 3 5 5 4 1

C 1 5 5 5 1 1 1 5 1 1

D 1 1 1 1 1 1 1 4 3 3

E 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Média 1,8 3,4 3 3,4 1,8 1,4 2,2 3,8 2,6 1,8

* escala de 1 a 5 (em que: 1 - desconhecido; 3 - conhecido mas não utilizado; 5 - utilizado).

5.4 – Análise de desempenho

Da análise dos resultados obtidos referentes ao desempenho dos fornecedores e subempreiteiros da

cadeia de abastecimento na construção em Portugal, (Tabela 14) conclui-se que em termos globais:

Existe comunicação, aos principais fornecedores e subempreiteiros, de dados relativos

ao seu desempenho;

Realizam-se reuniões de acompanhamento com os principais fornecedores e

subempreiteiros para analisar e discutir, conjuntamente, oportunidades de melhoria; (iii)

Na maioria dos casos os empreiteiros recorrem aos KPI’s, Mapeamento do fluxo de valor,

Benchmarking e avaliação do desempenho dos fornecedores para avaliar o desempenho

da cadeia de abastecimento;

Os indicadores de desempenho utilizados são normalmente: o nível de entrega, o nível

de satisfação de encomendas e a capacidade de resposta.

Page 73: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

59

Desta forma, é nítida a preocupação dos empreiteiros em melhorar o desempenho da cadeia de

abastecimento na construção. No entanto, ainda há muito para evoluir neste aspeto, devendo

apostar-se fortemente em procedimentos formais para se avaliar o desempenho da cadeia de

abastecimento.

Tabela 14 – Desempenho da cadeia de abastecimento

Empresa

Comunica aos principais fornecedores/

subempreiteiros dados relativos ao seu desempenho?

Realiza reuniões de acompanhamento com

os principais fornecedores/

subempreiteiros para analisar e discutir em

conjunto oportunidades de melhoria?

Quais os procedimentos formais utilizados para avaliar

o desempenho da cadeia de

abastecimento?

Quais os indicadores de desempenho que

utiliza?

A Sim Sim

KPI’s, BSC, Mapeamento do fluxo

de valor, Benchmarking, Avaliação dos

fornecedores; Pré-qualificação dos

fornecedores

Nível de Entrega; Nível de satisfação de encomendas; Capacidade de

resposta

B Sim Sim

KPI’s, Mapeamento do fluxo de valor, Benchmarking, Avaliação do

desempenho dos fornecedores

Nível de Entrega; Nível de satisfação de encomendas; Capacidade de

resposta

C Sim Não

KPI’s, BSC, Mapeamento do fluxo

de valor, Benchmarking, Avaliação do

desempenho dos fornecedores

Nível de Entrega; Nível de satisfação de encomendas; Capacidade de

resposta

D Sim Sim Benchmarking Não

E Não Por vezes Não há Não

Em termos globais

Sim Sim

KPI’s, Mapeamento do fluxo de valor, Benchmarking, Avaliação do

desempenho dos fornecedores

Nível de Entrega; Nível de satisfação

de encomendas; Capacidade de

resposta

Page 74: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

60

Da análise dos resultados obtidos referentes ao desempenho em áreas associadas à gestão da

cadeia de abastecimento na construção em Portugal, (Tabela 15) conclui-se que em termos médios:

As entregas incompletas de material, a falta de informação, os custos de reparações no

final da obra, os defeitos nos módulos, os tempos de entrega dos módulos e os tempos

de entrega de material são as áreas com pior desempenho (apresentando valores

inferiores a 4) uma vez que não há uma verdadeira integração e colaboração devido ao

número reduzido de parcerias, o que acarreta, consequentemente, uma falta de

comunicação e de coordenação;

A gestão de stocks, os defeitos no material e os pedidos de novas alterações são as

áreas que apresentam melhores desempenhos (apresentando valores iguais a 4), uma

vez que a gestão de stocks e a resposta aos pedidos de novas alterações por parte do

cliente depende apenas, na maioria das vezes, do empreiteiro (o entrevistado), e os

defeitos de material raramente acontecem porque as fábricas produzem os materiais de

construção com mecanismos cada vez mais sofisticados.

De uma forma geral, nenhuma área apresentou um mau desempenho uma vez que se obtiveram

valores superiores a 3, ao contrário do que é referido na bibliografia consultada (Latham, 1994; Egan,

1998; Fairclough 2002; Egan, 2002; Barker, 2004). Esta situação poderá ser explicada pelo facto de

os entrevistados não quererem assumir o fraco desempenho do setor da construção em Portugal.

Tabela 15 – Desempenho de áreas associadas à gestão da cadeia de abastecimento

Empresa A B C D E Média

Custos de reparações (no final da obra) 4 3 4 3 4 3,6

Gestão de stocks 5 4 5 3 3 4

Entregas incompletas de material 2 3 3 4 4 3,2

Defeitos no material 3 4 5 4 4 4

Tempos de entrega de material 4 4 4 4 3 3,8

Defeitos nos módulos 3 4 5 3 3 3,6

Tempos de entrega dos módulos 3 4 5 3 3 3,6

Falta de informação 3 3 5 4 3 3,6

Pedidos de novas alterações 4 4 5 4 3 4

* escala de 1 a 5 (em que: 1 - desempenho baixo e 5 - desempenho alto).

Page 75: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

61

6. CONCLUSÕES

O principal objetivo da presente dissertação é compreender o modo como a indústria da construção

portuguesa trata, e aplica, os conceitos relativos à gestão da cadeia de abastecimento. Existem na

literatura vários exemplos de estudos semelhantes que apontam (paralelamente a uma deficiente

compreensão e utilização de práticas de gestão da cadeia de abastecimento) para a influência do

contexto nos resultados e, consequentemente, nas respetivas conclusões.

Da análise dos resultados obtidos neste trabalho é possível traçar as seguintes conclusões:

O relacionamento do empreiteiro com os fornecedores e subempreiteiros assenta num bom

nível de confiança e de compromisso, embora a transparência dos custos, o envolvimento na

fase de projecto e a I&D conjunta, apresentem níveis reduzidos;

Os relacionamentos são relativamente duradouros (5 a 10 anos) e apresentam uma natureza

contratual relativamente formal. Observa-se uma redução do número de parcerias, não sendo

estas classificadas como estratégicas, nem sendo frequente adotar procedimentos formais

para as gerir;

Os critérios de seleção (dos fornecedores e subempreiteiros) não são consensuais entre os

empreiteiros. E, contrariamente à literatura consultada, o preço nem sempre é considerado o

critério mais importante, caminhando no sentido de se desvalorizar o preço, valorizando a

qualidade do produto/serviço bem como o nível de serviço;

O meio de comunicação mais utilizado na indústria de construção é a internet, com um

crescente interesse pelo BIM e pelas ferramentas colaborativas. Verifica-se, neste campo,

que há um interesse acentuado na adoção de formas de comunicação e transferência de

informação, mais eficientes e eficazes;

O nível de integração da cadeia de abastecimento na construção em Portugal é reduzido,

existindo pontualmente alguma partilha de objetivos e caminhos a percorrer, o que comprova

o facto de as parcerias não estarem a ser devidamente implementadas. Contudo, já existem

alguns mecanismos formais para resolver conflitos (acentuados com a crise económica) e

uma compreensão das particularidades do negócio dos parceiros (pelo facto de diversas

vezes os empreiteiros desempenharem o papel de subempreiteiros);

Na gestão do transporte dos materiais de construção verifica-se a existência de consolidação

de cargas, havendo casos em que esta é desempenhada pelo operador logístico, o que

revela a preocupação pelo aumento da eficiência do transporte;

O facto de não haver diferenciação retardada (postponement) dos produtos, leva a concluir

que este setor não está adaptado, da melhor forma, para a construção modular;

Não é notório qualquer tipo de estratégia, ou de planeamento, na cadeia de abastecimento da

construção em Portugal. Tal reflete a falta de motivação deste setor em mudar, e adotar a

GCA, como forma de se tornar mais competitivo;

Existe um conhecimento reduzido das metodologias relacionadas com a gestão da cadeia de

abastecimento que poderiam ser aplicadas no setor da construção, bem como um fraco

Page 76: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

62

conhecimento das metodologias de melhoria. Esta situação revela como os agentes desta

indústria são, regra geral, resignados e pouco recetivos à mudança;

Apesar dos pontos acima mencionados os empreiteiros facultam, aos principais fornecedores

e subempreiteiros, dados relativos ao respetivo desempenho e realizam reuniões de

acompanhamento para analisar e discutir oportunidades de melhoria. Não obstante, ainda há

muito para evoluir neste aspeto, nomeadamente em procedimentos formais de avaliação. A

não existência de uma verdadeira integração e colaboração (devido ao número reduzido de

parcerias) origina uma falta de comunicação e de coordenação que afeta negativamente o

desempenho.

Concluíndo, nos tempos que decorrem em Portugal, a implementação da gestão da cadeia de

abastecimento na construção suscita, ainda, uma reduzida atenção por parte dos seus agentes.

Trata-se de um processo moroso, que implica mudança de mentalidade e que só dará frutos a médio

e longo prazo. Atualmente existe o pensamento generalizado que a solução para todos os problemas

passa exclusivamente pela internacionalização, e que a gestão da cadeia de abastecimento não se

adequa à construção devido às particularidades que dificultam a sua implementação, nomeadamente

o facto de cada produto (obra) desta indústria ser, regra geral, diferente e com uma localização

espacial diversa. Na realidade, e em termos práticos, as empresas de construção portuguesas estão

únicamente concentradas na sua sobrevivência a curto prazo como forma absoluta de ultrapassar a

crise, que assolou o país em geral e a indústria da construção nacional muito em particular.

As conclusões desta dissertação confirmam, de certa forma, que a realidade da indústria da

construção portuguesa não é muito distinta, em termos da gestão da cadeia de abastecimento, frente

aos diversos estudos existentes na literatura. Contudo, apresenta particularidades que se justificam

pelo contexto em que o presente estudo se insere: a natureza própria da construção portuguesa e a

actual crise económica que a mesma atravessa.

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- VRIJHOEF, R. & Ridder, H. (2005), “Supply chain integration for achieving best value for

construction clients: client-driven versus supplier-driven integration”, Proceedings QUT

Research Week, 4-6 July 2005, Brisbane.

Page 86: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

72

- WALKER, A. (2007), “Project Management in Construction”, 5th ed., Blackwell Publishing,

Oxford.

- WINCH, G.M. (1989), “The construction firm and the construction project: a transaction cost

approach”, Construction Management and Economics, Vol. 7, Nº. 4, pp. 331-345.

- WINCH, G. (1998), “Zephyrs of creative destruction: understanding the management of

innovation in construction”, Building Research & Information, Vol. 26, Nº. 5, pp. 268-279.

- WINCH, G.M. (2003), “Models of manufacturing and the construction process: the genesis

of re-engineering construction”, Building Research & Information, Vol. 31, Nº. 2, pp. 107-118.

- XUE, X., Wang, Y., Shen, Q. & Yu, X. (2007), “Coordination mechanisms for construction

supply chain management in the internet environment”, International Journal of Project

Management, Vol. 25, Nº. 2, pp. 150-157.

- YIN, R.K. (2003), "Case Study Research - Design and Methods", SAGE Publications, California.

Page 87: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

73

ANEXO I

Identificação:

Empresa: _________________________________________________________________________

Nome: ___________________________________________________________________________

Posição/função: ____________________________________________________________________

Informações Gerais da Empresa

Classe de Alvará: __________________________________________________________________

Facturação em 2012: ________________________________________________________________

Número de colaboradores em 2012: ____________________________________________________

A sua empresa actua fora de Portugal? _________________________________________________

Questões relativas aos relacionamentos

Nota: Nas perguntas seguintes (da pergunta 1 até à pergunta 4) marcar nos quadrados respectivos

as letras “F” (fornecedores) e “S” (subempreiteiros)

1) Qual o tipo de relacionamento da sua empresa com os seus principais fornecedores e subempreiteiros, em relação a:

1 (Inexistente) ………………. 5 (Totalmente existente)

- Nível de confiança que eles depositam na sua empresa? □1 □2 □3 □4 □5

- Nível de confiança que a sua empresa deposita neles? □1 □2 □3 □4 □5

- Nível de compromisso deles para com a sua empresa? □1 □2 □3 □4 □5

- Nível de compromisso da sua empresa para com eles? □1 □2 □3 □4 □5

- Transparência nos custos? □1 □2 □3 □4 □5

Page 88: Avaliação da Implantação do Conceito de Gestão da Cadeia de

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- Investigação e desenvolvimento realizado em conjunto? □1 □2 □3 □4 □5

- Grau de envolvimento dos seus parceiros na fase de projecto?□1 □2 □3 □4 □5

2) A natureza dos relacionamentos com os fornecedores e subempreiteiros é:

□ 1 – Informal □ 2 □ 3 □ 4 □ 5 - Contratual

3) Qual a duração média dos relacionamentos com os principais fornecedores e subempreiteiros?

□Até 5 anos □Entre 5 a 10 anos □Mais que 10 anos

4) Indique a evolução do número de fornecedores e subempreiteiros (nos últimos 5 anos):

□Aumento sup. a 25% □Aumento até 25% □0% □Redução até 25% □Redução sup.a 25%

5) Ordene por ordem decrescente de importância, os seguintes critérios de selecção dos

fornecedores? □Preço do produto □Qualidade do produto □Nível de serviço

6) Ordene por ordem decrescente de importância, os seguintes critérios de selecção dos

subempreiteiros? □Preço do serviço □Qualidade do serviço □Nível de serviço

7) De modo a classificar as "parcerias" (compromissos de longo prazo que envolvem níveis elevados de confiança e de trabalho conjunto, para benefício mútuo) existentes na sua empresa, indique se:

1 (Nunca) …………………..……5 (Sempre)

- São utilizados procedimentos formais para gerir as parcerias: □1 □2 □3 □4 □5

- As parcerias são classificadas como acordos estratégicos: □1 □2 □3 □4 □5

8) Indique a evolução do número de parcerias (nos últimos 5 anos):

□Aumento sup. a 25% □Aumento até 25% □0% □Redução até 25% □Redução sup.a 25%

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Questões relativas à gestão da cadeia de abastecimento

1) A sua empresa tem uma estratégia de gestão da cadeia de abastecimento (gestão integrada dos fluxos de materiais, activos e informação, desde as matérias-primas até ao consumidor final, incluindo fornecedores e clientes, de modo a prestar um nível de serviço superior, ao menor custo possível)?

□ Não □ De alguma forma □ Sim □ Não sei

2) Se respondeu “sim” ou “de alguma forma”, qual a estratégia utilizada para a gestão das cadeias de abastecimento da construção? _________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3) Existe alguma forma de planeamento? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4) Indique, em geral, o seu conhecimento relativamente às seguintes metodologias/técnicas relacionadas com o tema da gestão da cadeia de abastecimento:

1 (Desconhecido)…3 (Conhecido mas não utilizado)...5 (Utilizado)

- Construção Enxuta (LeanConstruction): □1 □2 □3 □4 □5

- Mapeamento do fluxo de valor (Valuestreammapping): □1 □2 □3 □4 □5

- Vendor Managed Inventory (VMI): □1 □2 □3 □4 □5

- Just in Time (JIT): □1 □2 □3 □4 □5

- Postponement: □1 □2 □3 □4 □5

- Pré-montagem / Pré-fabricação: □1 □2 □3 □4 □5

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Nota: Nas perguntas seguintes (pergunta 5 e 6) marcar nos quadrados respectivos as letras “F”

(fornecedores) e “S” (subempreiteiros)

5) Como indicador do grau de integração da cadeia de abastecimento, indique qual a situação da sua empresa relativamente aos seguintes pontos:

1 (nunca)…………………5 (sempre)

- Partilhamos metas e objectivos no seio da cadeia de abastecimento: □1 □2 □3 □4 □5

- Temos reuniões regulares relativamente aos caminhos a escolher: □1 □2 □3 □4 □5

- Dispomos de mecanismos formais para resolver conflitos: □1 □2 □3 □4 □5

- Compreendemos as particularidades do negócio dos nossos Parceiros:□1 □2 □3 □4 □5

6) Quais os métodos de comunicação e transferência de informações usados com os fornecedores e subempreiteiros?

□Web □BIM (Building Information Modeling) □Outro.Qual?_____________________

Nota: Nas perguntas seguintes (da pergunta 7 até à pergunta 17) marcar nos quadrados respectivos

as letras “E” (equipamentos) e “M” (materiais de construção)

7) No transporte de materiais de construção (tijolos, betão, varões de aço, etc) e de equipamentos (cozinhas, eletrodomésticos, sanitários) verifica-se a existência de:

- Consolidação de cargas (que consiste em receber as mercadorias das diferentes origens e

posteriormente realizar as entregas com um único carregamento) □Sim (superior a 50%) □Por vezes (inferior a 50%) □Não

- Consolidação de cargas entre subempreiteiros

□Sim (superior a 50%) □Por vezes (inferior a 50%) □Não

- Cross-docking(que consiste em desagregar e fraccionar uma grande quantidade de carga em

quantidades menores para entregas a clientes)

□Sim (superior a 50%) □Por vezes (inferior a 50%) □Não

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8) O transporte de materiais de construção e de equipamentos fica a cargo do:

□Empreiteiro □Fornecedor □Operador logístico

No caso de ter marcado mais de uma opção:

- Qual a razão? □Diferente tipos de produtos □Outra. Qual?_______________

- Qual a opção que acontece mais de 50% das vezes?

□Empreiteiro □Fornecedor □Operador logístico

9) O transporte de materiais de construção e de equipamentos necessário para o serviço dos subempreiteiros fica a cargo do:

□Empreiteiro □Fornecedor □Subempreiteiro □Operador logístico

10) O responsável pela gestão dos stocks é o:

□Empreiteiro □Fornecedor □Subempreiteiro

11) Quem suporta com o custo dos stocks é o:

□Empreiteiro □Fornecedor □Subempreiteiro

12) Na configuração das cadeias de abastecimento da construção (cadeias de abastecimento dos materiais de construção e dos equipamentos) que interagem com a sua empresa são considerados os seguintes modelos de gestão logística:

- Modelo Push (o abastecimento é efetuado baseando-se na antecipação da procura, através de previsões e constituição de stock. Neste modelo é fundamental uma estimativa dos consumos correcta, um bom planeamento das actividades e uma movimentação eficaz dos stocks dos materiais de construção)

□Sim. Em que zona da cadeia?________________________________________________□Não

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- Modelo Pull (o abastecimento é efetuado baseando-se na resposta imediata à procura. Neste modelo é fundamental haver uma passagem rápida e correcta da informação sobre a procura final dos materiais de construção aos vários elos da cadeia de abastecimento a montante do ponto de venda e em seguida uma rápida produção e entrega dos respetivos materiais ao empreiteiro)

□Sim. Em que zona da cadeia?________________________________________________□Não

- Postponement (diferenciação retardada dos produtos) (reside em atrasar o máximo possível as actividades de personalização tais como pequenos acabamentos, pequenas montagens, embalagem e rotulagem, que fornecem aos materiais de construção as características que os diferenciam, devendo estas actividades ocorrer no ponto mais eficaz e eficiente da cadeia de abastecimento e somente após se ter conhecimento dos requisitos do cliente)

□Sim. Em que ponto da cadeia?________________________________________________□Não

- Centralização da produção (Os materiais de construção são produzidos centralmente e

posteriormente distribuídos pelas obras) □Sim □Não

- Descentralização da produção (As fábricas dos materiais de construção estão perto, ou localizadas nas obras)

□Sim □Não

- Centralização da distribuição (Os materiais de construção são armazenados centralmente e

posteriormente distribuídos pelas obras) □Não

Sim: □Fornecedor □Subempreiteiro □Armazém. Onde?___________

- Descentralização da distribuição (Os stocks dos materiais de construção são constituídos

nas/perto das obras)

□Não Sim: □Estaleiro da obra □Fornecedor □Subempreiteiro □Armazém.

Onde?______________

13) Como classifica, as cadeias de abastecimento na construção (cadeias de abastecimento dos materiais de construção e dos equipamentos), de acordo com o ponto da cadeia de abastecimento onde se dá o maior acréscimo de valor?

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□ Cadeias de produção intensiva (São cadeias que se apoiam em grandes unidades de

produção com o objetivo de obtenção de economias de escala, minimizando assim os custos de produção)

□ Cadeias de “outsourcing”intensivo (São cadeias onde há “montagem sob encomenda” de

módulos e componentes, podendo em alguns casos o custo dos materiais adquiridos aos fornecedores ser mais elevado, pelo que é necessário uma boa gestão dos materiais que possibilite gerir as falhas das entregas e os defeitos dos componentes, assim como ter stocks reduzidos)

14) Como classifica as cadeias de abastecimento na construção(cadeias de abastecimento dos materiais de construção e dos equipamentos), de acordo com o tipo de problemática competitiva que enfrentam? Nota: podem existir as várias possibilidades

□ Cadeias eficientes (São cadeias de abastecimento extremamente fiáveis, bem sincronizadas e

com uma grande preocupação em maximizar a eficiência, reduzindo custos)

□Cadeias eficazes (São cadeias de abastecimento com grande capacidade de resposta, pelo que

têm uma produção muito flexível e recorrem à subcontratação)

15) Existe alguma estratégia para a gestão do risco das cadeias de abastecimento na construção (cadeias de abastecimento dos materiais de construção e dos equipamentos)?

□ Sim □ Não

16) Se sim, indique quais são as estratégias de gestão de risco utilizadas:

□Evitar (avoid) (Estratégia pró-activa que impossibilita determinado acontecimento)

□ Transferir (transfer) (Estratégia pró-activa que passa o risco para a responsabilidade de outra

entidade)

□Mitigar (mitigate) (Estratégia pró-activa que minora o impacto financeiro de um determinado

acontecimento)

□ Minimizar (minimize) (Estratégia pró-activa que diminui a probabilidade de ocorrência de

determinado acontecimento)

□Reagir (respond) (Estratégia que reduz o impacto de determinado acontecimento)

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□ Monitorizar (monitor) (Estratégia que se baseia no controlo das condições e caso sejam

detectadas alterações dessas condições são accionadas medidas)

□Aceitar (accept) (Estratégia que consiste em consentir a exposição a determinado risco sem

haver qualquer medida de protecção)

17) Como classifica as cadeias de abastecimento na construção (cadeias de abastecimento dos materiais de construção e dos equipamentos), de acordo com o tipo de estratégias de gestão de risco implementadas?

□ Robustas (Quando a estratégia consiste em criar mecanismos de redundância na cadeia de

abastecimento, sem alterar o seu rumo normal, isto é, quando consiste em haver stocks de segurança, capacidade produtiva excedentária e vários fornecedores para o mesmo produto)

□Flexíveis (Quando a estratégia consiste em modificar o rumo da cadeia de abastecimento em

direcção a um novo estado, adaptando-se desta forma às alterações exteriores. Assim, a estratégia passa por haver normalização de materiais e processos, compatibilidade entre sites produtivos, postponement de tarefas de personalização, sistemas de track& trace e cultura de pró-actividade)

□Resilientes (Quando a estratégia consiste em recuperar rapidamente o rumo original da cadeia

de abastecimento com o mínimo de perdas)

Questões relativas a melhorias na gestão da cadeia de abastecimento

1) Indique o seu conhecimento relativamente às seguintes metodologias/técnicas de melhoria:

1 (Desconhecido)…3 (Conhecido mas não utilizado)...5 (Utilizado)

- Modelo SCOR (Supply Chain Operations Reference): □1 □2 □3 □4 □5

- Indicadores Chave de Desempenho (Key Performance Indicator): □1 □2 □3 □4 □5

- BalancedScorecard: □1 □2 □3 □4 □5

- Mapeamento de Processos: □1 □2 □3 □4 □5

- Six-Sigma: □1 □2 □3 □4 □5

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- Failure mode and effect analysis (FMEA): □1 □2 □3 □4 □5

- Total Quality Management (TQM): □1 □2 □3 □4 □5

- Benchmarking: □1 □2 □3 □4 □5

- Reengenharia (Re-engineering): □1 □2 □3 □4 □5

- Value Chain Management: □1 □2 □3 □4 □5

2) A sua empresa:

- Comunica, regularmente, aos principais fornecedores/subempreiteirosdados relativos ao

desempenho do fornecedor/subempreiteiro: □Sim □Por vezes □Não

- Realiza, regularmente, reuniões de acompanhamento com os principaisfornecedores/subempreiteiros para analisar e discutir em conjuntooportunidades de melhoria:

□Sim □Por vezes □Não

- Dispõe de outros procedimentos formais para avaliar o desempenho da sua cadeia de abastecimento, além dos enunciados na pergunta anterior:

□Sim. Quais? ________________________________________ □Não

3) No caso de recorrer aos Indicadores Chave de Desempenho (KPI’s) indique os que utiliza:

□ Nível de Entrega □ Nível de Satisfação de Encomendas □ Capacidade de Resposta

□ Flexibilidade na Produção □ Custo Total de Gestão Logística □ Rotação de Activos

□ Custos com Garantias □ Ciclo de Caixa □ Rotação do Inventário

□ Outro. Quais?__________________________________________________________________

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4) Identificação do desempenho em áreas associadas à gestão da cadeia de abastecimento

para a empresa:

1 (Desempenho Baixo) …………5 (Desempenho alto)

- Custos associados a pequenas reparações (no final da obra)? □1 □2 □3 □4 □5

- Gestão de stocks? □1 □2 □3 □4 □5

- Entregas incompletas de material ? □1 □2 □3 □4 □5

- Defeitos nos materiais? □1 □2 □3 □4 □5

- Tempos de entrega de materiais? □1 □2 □3 □4 □5

- Defeitos nos módulos/conjuntos? □1 □2 □3 □4 □5

- Tempos de entrega de módulos/conjuntos? □1 □2 □3 □4 □5

- Falta de informação? □1 □2 □3 □4 □5

- Pedido de novas cotações/alterações? □1 □2 □3 □4 □5

- Outros……………………………………………………………….. □1 □2 □3 □4 □5

5) Deseja efectuar algum comentário relativamente à gestão da cadeia de abastecimento e possíveis contributos para a melhoria global do sector?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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