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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE DE FORMULAÇÃO CONTENDO ARGILA MEDICINAL SOBRE FERIDAS CUTÂNEAS EM RATOS. GIORDANA MACIEL DÁRIO CRICIÚMA (SC), MARÇO DE 2008

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  • UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS DA SADE

    AVALIAO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE DE FORMULAO

    CONTENDO ARGILA MEDICINAL SOBRE FERIDAS CUTNEAS EM

    RATOS.

    GIORDANA MACIEL DRIO

    CRICIMA (SC), MARO DE 2008

  • Livros Grtis

    http://www.livrosgratis.com.br

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  • 1

    UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS DA SADE

    GIORDANA MACIEL DRIO

    AVALIAO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE DE FORMULAO

    CONTENDO ARGILA MEDICINAL SOBRE FERIDAS CUTNEAS EM

    RATOS.

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

    Graduao em Cincias da Sade da

    Universidade do Extremo Sul Catarinense, para

    obteno do ttulo de Mestre em Cincias da

    Sade.

    Orientador: Prof. Dr. Eldio Angioletto

    CRICIMA (SC), MARO DE 2008

  • 2

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao

    Bibliotecria: Flvia Cardoso CRB 14/840

    Biblioteca Central Prof. Eurico Back UNESC

    D218a Drio, Giordana Maciel.

    Avaliao da atividade cicatrizante de formulao

    contendo argila medicinal sobre feridas cutneas em ratos

    /

    Giordana Maciel Drio; orientador: Eldio Angioletto. --

    Cricima: Ed. do autor, 2008.

    76 f. : il. ; 30 cm.

    Dissertao (Mestrado) -

    Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Ps-Graduao em Cincias da Sade, 2008.

  • 3

    Somos o que repetidamente fazemos.

    A excelncia portanto,

    no um efeito, mas um hbito

    Aristteles

  • 4

  • 5

    Este trabalho dedicado a toda a

    minha famlia, em especial a meu marido e meu filho

    que souberam compreender a minha ausncia

    em vrios momentos.

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus, por sempre guiar meus passos, me iluminar, abenoar

    e me dar foras para alcanar mais este objetivo.

    Agradeo aos meus pais, Dlcio e Iraides, pois sempre me incentivaram,

    apoiaram e me deram coragem em todos os momentos da minha vida,

    agradeo pelo imenso carinho, ateno e enorme amor.

    Ao meu filho Victor, que mais uma vez conseguiu suportar a minha

    ausncia e a falta de nossas brincadeiras.

    Ao meu marido, companheiro e amigo, Adilson, pelo amor, carinho,

    apoio e pela ajuda em vrias etapas prticas que dedicou a este

    trabalho, mesmo em momentos de extremo cansao.

    Ao meu orientador Eldio, agradeo pela ateno e pela dedicao ao

    decorrer desse trabalho.

    As bolsistas Gisele e Luana que caram de pra-quedas no final dos

    experimentos.

    Aos vigilantes Jefferson, Marcos, Ademir e Luciano pela compreenso

    nos momentos de sufoco.

    A colega de mestrado, Geovana pelo auxlio na parte histolgica e ao

    colega Paulo pelo auxilio com os animais, pois sem ele as coisas teriam

    sido bem mais difceis.

    Aos meus colegas de trabalho que souberam suportar meu mau humor

    em alguns momentos.

    Ao colega Silvio, um anjo que me socorreu nos ltimos minutos.

  • 7

    RESUMO

    O desenvolvimento de uma nova formulao envolve vrias etapas

    importantes que englobam desde o conhecimento das caractersticas dos insumos

    utilizados, at comprovao que a aplicao segura para posterior

    comercializao. Sendo assim, neste trabalho, avaliou-se o produto em diferentes

    etapas. Quanto a avaliao das caractersticas fsicas e qumicas da argila

    observou-se a presena de silicatos de Ca, Mg, Al, Fe, Si, que indicaram

    inicialmente que a mesma possua potencial para utilizao teraputicas. Anlises

    das fases minerais constituintes indicaram a presena de ilita, caolinita, calcita e

    quartzo. As fases como a ilita e a calcita possibilitam a realizao da troca de

    ctions, importante caracterstica para disponibilizar esses ons na aplicao do

    produto. Quanto a avaliao microbiolgica, constatou-se a necessidade de

    esterilizao para posterior incorporao na forma farmacutica. A forma por sua vez

    quando submetida a testes de estabilidade acelerada a 50C durante 3 meses

    manteve-se estvel, obtendo o prazo de validade provisrio de 2 anos. A mesma foi

    submetida avaliao quanto o poder de cicatrizao de feridas provocadas em

    ratos. Observou-se que o tratamento efetuado com a formulao contendo argila

    obteve o melhor resultado ao longo do tempo, porm no obteve valor significativo

    quando comparados aos demais grupos.

    Palavras-chaves: Argila Medicinal, Estabilidade Fsico-Qumica, Queimadura,

    Cicatrizao.

  • 8

    ABSTRAT

    The development of a new formulation involves several important steps that

    begins at the knowledge from the characteristics of the insumes used to the

    affirmation that the application is save to future commercialization. This way, at this

    work, the product has been evaluated at different steps. Related to the evaluation of

    the physical and chemical characteristics of the clay it has been noticed the presence

    of Ca, Mg, Al, Fe, Si, which initially indicated that it had a potential for therapeutic

    use. The constituents mineral analysis steps indicated the presence of Ilit, caolinit,

    Calcite and Quartz. The steps as ilit and the calcite make the change of cations

    easier to be done, an important characteristic to make these ions available at the

    application of the product. Talking about the microbiological evaluation, a necessity

    of sterilization has been noticed for future incorporation in the pharmaceutical

    formula. The formula when used in tests of stability accelerates to 50C during

    three months it has kept stable, having a provisory expiring date up to 2 years. It

    has gone under an evaluation which is related to the scar healing of wounds made in

    rats. The treatment taken with the formulation containing clay got the best result

    along the time, therefore it hasnt gotten the meaningful value when comparing to

    the other groups.

    Key words: Medicinal Clay, Physic-chemical Stability, Burning, Scar healing.

  • 9

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    m micrmetro

    % - porcento

    meq miliequivalente

    g gramas

    CO2 dixido de carbono

    RDC resoluo da diretoria colegiada

    pH potencial hidrogeninico

    mL mililitro

    n - nmero

    mm milmetro

    cm2 centmetros quadrados

    cm centmetros

    C graus centgrados

    h hora

    d densidade

    m massa

    V volume

  • 10

    SUMRIO

    INTRODUO..................................................................................................

    11

    OBJETIVOS..................................................................................................... 26

    Objetivo Geral................................................................................................... 26

    Objetivos Especficos........................................................................................

    26

    ARTIGO............................................................................................................ 27

    DISCUSSO GERAL....................................................................................... 61

    REFERNCIAS.............................................................................................. 65

    ANEXOS ................................................................................................

    75

  • 11

    1 INTRODUO

    Para a utilizao de produtos farmacuticos ou cosmticos necessrio um

    estudo prvio da formulao a ser produzida. Este estudo envolve, dentre outros

    fatores, o conhecimento dos processos de preparo, avaliaes relacionadas e dos

    insumos empregados e, a este ltimo relacionam-se todos os materiais que faro

    parte do produto sejam eles matrias primas ou recipientes de acondicionamento.

    A Real Farmacopea Espaola (2005) relata que as substncias para uso

    farmacutico so orgnicas ou inorgnicas e podem ser utilizadas como princpio

    ativo ou excipientes para a produo de medicamentos, podendo ser obtida de

    fontes naturais ou no. Estas substncias podem, ainda, ser utilizadas como tais ou

    como parte de uma formulao posterior medicamentosa.

    Para Loyola & Nario (2001), cerca da metade dos medicamentos utilizados

    na atualidade so de origem natural e muitos deles encontram-se ainda

    inexplorados. No entanto, segundo argumentado por Ansel et al (2000), antes de

    transformar um princpio ativo em uma forma farmacutica, essencial que se

    verifique sua pureza e que seja caracterizado biolgica, qumica e fisicamente.

    Entre os produtos de interesse dermatolgico, merecem particular destaque,

    os de ao tpica incorporados nas formas farmacuticas, estes por sua vez podem

    permitir o restabelecimento da integridade da pele posterior a possveis agresses.

    Diante disso necessrio o restabelecimento das condies normais e para tanto o

    processo de cicatrizao de fundamental importncia.

    O processo de cicatrizao envolve a migrao de clulas inflamatrias, a

    sntese de tecido de granulao, a deposio de colgeno e de proteoglicanos e a

    maturao da cicatriz, estando associada intensa remodulao. A medicina

  • 12

    complementar vem sendo utilizada como alternativa para o seu tratamento

    (Mendona, 2006; Rocha Junior et al, 2006; Santos et al, 2002).

    Vrios insumos naturais vm sendo usados em produtos dermatolgicos,

    dentro deste grupo encontram-se as argilas teraputicas (Mello; Debacher, 2004;

    Mandelbaumi; Disantis; Mandelbaumi, 2003). As argilas so compostas por

    partculas de silicato aluminimizado (ou silicato de alumnio), alm de diversos

    oligoelementos. De acordo com o local de extrao a constituio pode sofrer

    variaes, porm esta diferenciao entre os tipos de argilas no modificam suas

    principais atuaes, promovendo a ao absorvente, cicatrizante e anti-sptica. Os

    minerais encontrados nas argilas funcionam como potencializadores de

    determinados efeitos, conforme a sua concentrao (Santos, 1992).

    Para a utilizao da argila (pelides ou fangos) com finalidade teraputica e

    cosmtica, necessrio que estes cumpram com determinados requisitos fsicos,

    fsico-quimicos e microbiolgicos (Loyola; Nario, 2001). Neste sentido, o estudo da

    estabilidade de formas farmacuticas e cosmticas de fundamental importncia

    para a segurana de quem as consumir. Para que estas formulaes se enquadrem

    nos padres de qualidade impostas por rgos reguladores, necessrio avaliao

    da mesma, atravs de testes de estabilidade (Leonardi; Campos, 2001; Lachman et

    al, 2001; Ansel et al, 2000).

    Levando em considerao a importncia que a argila medicinal vem

    adquirindo e que a complexidade dos diferentes componentes presentes em

    preparaes cosmticas, podem interferir na eficcia de seus princpios ativos e

    estes na estabilidade do veculo, se faz necessrio avaliar a real atividade que o

    princpio incorporado ter frente a cicatrizao de feridas cutneas, para que desta

    forma a formulao proposta seja vivel para comercializao e uso.

  • 13

    1.1 Medicina Alternativa

    Nos ltimos anos se tem apreciado um aumento na utilizao das medicinas

    complementares em todos os pases do mundo, e estas, so consideradas as

    diferentes prticas e modalidades teraputicas que no fazem parte do sistema

    mdico tradicional ou dominante (Quintero, 2002). A fangoterapia (aplicao

    teraputica de argila ou lama) faz parte da medicina complementar e tem sido

    utilizada na busca da sade e beleza (Bristschka, 2006; Loyola; Nario, 2006).

    Pases como a Alemanha, Cuba, Rssia, Israel e Itlia possuem centros de

    tratamento de inmeras enfermidades: dores musculares, lombalgia e na reidratao

    e infeces da pele. No entanto, a maior aplicao se faz como adjuvante na terapia

    de doenas como osteoartrites, osteoartrose e artrite reumatide (Brasil, 2004;

    Parra; Sologuren, 2002).

    1.2 Argila

    A argila um material natural, terroso, de granulao fina, que geralmente

    adquire, quando umedecido com gua, certa plasticidade. Designa ainda o nome

    argila um grupo de partculas do solo cujas dimenses se encontram entre uma

    faixa especfica de valores, geralmente inferior a 2m, alm de possuir a capacidade

    de troca de ctions entre 3 e 150 meq/100g de argila (Daz, 2005, Mello; Debacher,

    2004).

    um material natural, composto por partculas extremamente pequenas de

    silicato aluminizado (ou silicato de alumnio), alm de diversos oligoelementos,

    destacando entre os minerais encontrados, o silcio - segundo elemento mais

  • 14

    abundante na natureza. As diferentes fontes de extrao produzem silicatos

    aluminizados de diferentes tipos e concentraes, como, por exemplo, o Titnio,

    Magnsio, Cobre, Zinco, Alumnio, Clcio, Potssio, Nquel, Mangans, Ltio, Sdio

    e Ferro. Porm, as diversas constituies das argilas no modificam suas principais

    atuaes, promovendo a ao absorvente, cicatrizante e anti-sptica. Os minerais

    encontrados nas argilas funcionam como potencializadores de determinados efeitos,

    conforme a sua concentrao. Quando estes minerais esto em doses nfimas, so

    chamados de oligoelementos, mas seu efeito remineralizante se faz notar mesmo

    nestas quantidades (Nunes, 2004; Neumann et al, 1999; Santos, 1992).

    As argilas esto, portanto, formadas por mesclas de muitos minerais dos

    quais alguns deles podem ser predominantes. As argilas puras no existem na

    natureza, a no ser quando isoladas em laboratrio e as propriedades da cada argila

    se traduzem no efeito de cada um de seus componentes (Renau, 1994).

    1.2.1 Histria e Atualidade

    A argila uma das substncias mais antigas manipuladas pelo homem,

    existindo indcios que o uso teraputico desta aplicado aproximadamente h uns

    3000 anos (Bourgeiois, 2006). A utilizao desta se reporta as antigas civilizaes

    do Oriente, como os egpcios, depois os gregos e romanos e posteriormente os

    rabes (Langreo, 1999).

    No Egito, os mdicos dos faras, usavam material argiloso mesclado com

    xido de ferro com a finalidade principal de curar as feridas da pele, bem como para

    tratar inflamaes e enfermidades internas (Bourgeiois, 2006). Os embalsamadores

    utilizavam tambm este material para a mumificao de corpos, devido aos poderes

  • 15

    de purificao e anti-sepsia da argila (Bourgeiois, 2006; Dextreit; Abehsera, 2006;

    Langreo, 1999). Muitos anos mais tarde os Gregos continuam utilizando-a para

    combater as diversas afeces cutneas, como as queimaduras ou as eripselas,

    tambm contra mordedura de serpentes e contra a peste (Bourgeiois, 2006).

    Os mdicos da antiguidade no vacilavam em utiliz-la, e muitos deles,

    como por exemplo, o grego Dioscrides, atribuam um extraordinrio vigor as

    propriedades vitais da argila e a utilizava para uso externo contra inflamaes da

    pele (Dextreit; Abehsera, 2006; Langreo, 1999). Muito antes, o Prncipe dos

    Doutores, o rabe Avicena, e Galeno, o famoso anatomista grego, a empregavam

    com liberdade e dedicavam palavras de elogio (Dextreit; Abehsera, 2006).

    A reputao da argila est novamente em destaque em decorrncia do

    trabalho de grandes mdicos alemes Kneipp, Kuhn, Just, Felke e outros do sculo

    passado contriburam para este ressurgimento da argila nos tratamentos naturalistas

    (Dextreit; Abehsera, 2006). Hoje a argila utilizada em vrios produtos cosmticos e

    em vrios centros termais e balnearios-terapia (Bourgeiois, 2006). Uma nova

    gerao de mdicos tem contribudo para o avano das possibilidades de cura que

    oferecem as terapias naturais, incluindo a geoterapia (Langreo, 1999).

    As experincias cientficas tm demonstrado tambm a utilidade de

    empregar substncias anteriormente desprezadas no lodo no fundo de rios. Quase

    todos os tipos de barros ou lodos contem ingredientes muito ativos, capazes de

    provocar uma reconstruo celular e de acelerar todos os processos orgnicos

    (Dextreit; Abehsera, 2006).

    1.2.2 Formas de obteno

  • 16

    Devido s diferentes origens, a argila pode ser encontrada em diversas

    alturas e profundidades. Habitualmente so extradas de jazidas a cu aberto e so

    encaminhadas s indstrias para posterior manipulao e processamento. Aps a

    extrao a argila, retira-se outros compostos indesejveis (diferentes rochas, pedras

    e outros materiais grosseiros), selecionada, e analisada atravs de culturas

    microbiolgicas para verificar a presena de fungos, leveduras e bactrias que esta

    possa conter para evitar qualquer tipo de contaminao. Posteriormente

    transportada a uma rea de secagem (Langreo, 1999).

    1.2.3 Propriedades fsicas e qumicas

    Os barros, fangos, lodos e os minerais de argila podem estar constitudos

    por um nico mineral ou um conjunto de vrios. Para identificar as argilas estas

    podem agrupar-se vrios e distintos pontos de vista: aspecto, origem, como se

    encontram na natureza, e rocha me, entre outros (Framis, 2007).

    A argila possui uma qumica muito complexa, pode catalisar reaes

    qumicas, e devido capacidade de armazenar hmus pode dar lugar a vida vegetal

    (Langreo, 1999). Segundo Agostini et al (1996), a composio da frao orgnica da

    argila depender do vegetal e do local de obteno da argila. A frao inorgnica

    depender da forma de obteno relacionada ao tipo de rocha de origem.

    A frmula da argila varia segundo os tipos, a procedncia e a especificidade,

    mas seus componentes essenciais sempre se encontram presentes (Carretero;

    Lagaly, 2007). O Centro Nacional para os Estudos Cientficos da Itlia estabelece a

    composio da argila medicinal conforme descrita na tabela 1 (Anexo 1) (Bourgeiois,

  • 17

    2006). O mesmo autor diferencia composio e porcentagens encontrada na argila

    verde (tabela 2, Anexo 1)

    Segundo Bourgeiois (2006), a quantidade de xido de ferro hidratado

    (limonita) que se encontra presente na argila pode diferenciar as cores da mesma

    em amarela, roxa, branca, marrom, azul, cinza ou verde. Segundo Langreo (1999) a

    argila negra contm muito carbono e a mais desconhecida e a menos usada nos

    tratamentos teraputicos porque, de acordo com diversos autores, de escasso

    valor medicinal. Porm estudo realizado por Britschka (2006) sobre a argila negra

    encontrada na cidade de Perube, no estado de So Paulo demonstrou que esta

    possui ao antiinflamatria em diferentes modelos experimentais de artrite.

    1.2.4 Propriedades teraputicas

    Segundo Lpez-Galindo et al (2006) a argila possui diversas aplicaes, no

    entanto, para uma aplicao especfica necessrio o conhecimento da estrutura e

    composio qumica da argila. De acordo com Aguzzi et al (2006) e Carretero

    (2001), a argila j usada h muito tempo, principalmente como excipientes de

    vrias formas farmacuticas. Carretero & Lagaly (2007) afirmam o interesse no uso

    teraputico da argila cresceu grandemente e atualmente utilizada em Spa e

    terapias de beleza, bem como em aplicaes clnicas e farmacuticas, sendo assim

    as diferenas de cada argila pode direcion-la ao uso correto.

    Para fins curativos e teraputicos, pode utilizar-se a argila tanto interna como

    externamente, misturada em gua ou na forma de emplastos ou compressas. Pode

    curar feridas e as lceras e contribuir para a reconstruo de clulas e tecidos

  • 18

    ntegros (Dextreit; Abehsera, 2006; Carretero, 2001), incluindo ossos e vrtebras

    fraturadas (Dextreit; Abehsera, 2006).

    Conforme descrito por Carretero (2001) a argila tem diversas utilidades,

    dentre elas destacam-se como protetores gastro-intestinal; laxativos; anti-diarreicos;

    protetores dermatolgicos. Em cosmticos pode ser usado ainda, em mscaras

    faciais para adsoro de material graxo e como antiinflamatrio nos casos de acne,

    lceras, entre outros, podendo ser usado na forma de cremes ou ps.

    Argila na Cicatrizao e Processos inflamatrios

    Devido elevada quantidade de silicato de alumnio, a argila possui

    destacvel poder de cicatrizao. As feridas, nas quais aplicada a argila,

    cicatrizam mais rapidamente e se tornam menores (Bourgeiois, 2006).

    Levando em considerao o que descreve Irion (2005), onde cita que no

    processo inflamatrio reside uma flora microbiana, a qual pode dificultar o processo

    de cicatrizao, a argila pode se tornar uma aliada da reduo deste processo, uma

    vez que segundo Dextreit & Abehsera (2006), capaz de eliminar com os

    microrganismos desta flora, incluindo os germes patognicos, no qual perdem o

    poder de reproduzir-se. Para Fonseca & Prista (1993), a argila como p, favorece a

    desidratao e, portanto, a desinflamao, que conseqncia do

    desengorduramento da superfcie cutnea. Com esse efeito, as partculas de argila

    adsorvem a gordura quando se fixam a superfcie da pele.

    Uma ferida purulenta, tratada com a argila, se cura com uma velocidade

    surpreendente. Constata-se que argila age precisamente no local afetado.

    (Bourgeiois, 2006).

  • 19

    A durao da aplicao pode variar e depende da patologia que se tem que

    tratar e de sua gravidade. Outro fator que se deve levar em considerao a

    sensibilidade de cada pessoa. normal que as pessoas que utilizem argila tenham

    que ir testando as diferentes variedades que melhor se adapta a elas, a temperatura

    e a durao das aplicaes, e decidir qual a forma tima de utiliz-la (Bourgeiois,

    2006).

    Contra-indicaes

    Em relao questo sobre o uso da argila importante saber que ela no

    pode ser utilizada para tudo e para todos. Segundo Gomes & Silva (2007) a argila

    no um produto neutro, precisamente devido riqueza de seus componentes e a

    suas mltiplas propriedades. A argila no uma panacia e seria prejudicial

    consider-la como tal, conforme afirma Abeshsera (1999), como tambm seria um

    erro, segundo Bourgeiois (2006) privar-se de tratamentos mdicos quando estes so

    capazes de levar a cura, simplesmente para demonstrar o quanto so naturalistas

    convencidos. Mesmo que a argila no seja perigosa, como qualquer outro

    medicamento com certa eficcia, apresenta algumas contra-indicaes, porm

    apesar de no serem muitas necessrio conhece-las.

    melhor evitar uma terapia interna a base de argila se a pessoa padece de

    hipertenso, priso de ventre muito forte, tendncia obstruo intestinal ou depois

    de algumas sesses de raio X. Outra contra-indicao pode surgir se houver a

    ingesto de leo mineral ou de oliva nos vinte dias que antecede o tratamento ou

    caso tenha dieta rica em gordura, j que o excesso de gordura ou destes tipos de

    leos provoca a coagulao da argila com conseguinte obstruo dos rgos.

  • 20

    sempre aconselhvel a mxima prudncia ao iniciar um tratamento alternativo;

    portanto, essencial consultar um mdico antes de submeter-se a uma terapia a

    base de argila, tanto para interno como externo (Bourgeiois, 2006).

    1.3 Estabilidade de produtos farmacuticos

    A estabilidade de um produto definida como o perodo em que mantm,

    dentro dos limites especificados e dentro do perodo de armazenagem e de uso as

    propriedades e caractersticas que possua no momento de sua fabricao ou

    manipulao (Montagner; Corra, 2004).

    importante assegurar que uma formulao particular, quando embalada

    em um frasco especfico, mantenha suas especificaes fsicas, qumicas,

    microbiolgicas, teraputicas e toxicolgicas por um perodo de tempo especfico.

    Para isto, necessita-se conduzir um programa rigoroso com o objetivo de testar e

    garantir a estabilidade do produto a ser comercializado (Camargo; Fisher, 2005;

    Florence; Attwood, 2003).

    Os testes de estabilidade compreendem o conjunto de testes projetados

    para obter informaes sobre estabilidade de produtos farmacuticos, nas variadas

    condies a que possa estar sujeito, desde sua fabricao at o trmino de sua

    validade, visando definir seu prazo de validade e perodo de utilizao em

    embalagens e condies de armazenamento especificadas (Barbosa, 2006; Santos

    Junior; Moretto, 2005). Para isso, amostras devem ser armazenadas em condies

    que acelerem mudanas passveis de ocorrer durante o prazo de validade. Isso

    permite que mais dados sejam coletados em um tempo curto, permitindo, por

  • 21

    exemplo, que formulaes no satisfatrias sejam eliminadas nas etapas iniciais de

    um estudo, reduzindo gastos (Aulton, 2005).

    A avaliao da estabilidade das formas farmacuticas pode ser realizada

    atravs do teste de estabilidade preliminar, ciclos de temperaturas, teste de

    estabilidade acelerada e teste de estabilidade de longa durao (Baby et al, 2006).

    1.4 Ferimentos e cicatrizao

    1.4.1 Pele e estruturas

    A pele apesar de ser um rgo de proteo e eliminao tambm um

    rgo sensorial, que recebe e conduz estmulos (Charlet, 1996). Apresenta

    mltiplas funes, entre as quais, protege o organismo contra a perda de gua por

    evaporao (dessecao) e contra o atrito (Stevens; Lowe, 2001). Atua fazendo a

    manuteno da temperatura corporal, pois atravs das suas terminaes nervosas,

    est em comunicao constante com o ambiente; por meio dos seus vasos,

    glndulas e tecido adiposo. Possui a capacidade de impedir invaso de

    microorganismos, regular a presso sangunea e proteger contra raios ultravioletas

    (Sampaio; Rivitti, 2001). Suas glndulas sudorparas participam da termorregulao

    e da excreo de vrias substncias (Irion, 2005).

    Anatomicamente, a pele humana pode ser descrita como um rgo

    estratificado com duas camadas principais de tecido, a epiderme e a derme e uma

    terceira camada varivel, a subcutnea (Stevens; Lowe, 2001).

    A epiderme a camada mais externa da pele, que abrange as clulas

    epiteliais escamosas estratificadas (Remington, 2004; Stevens; Lowe, 2001), sendo

  • 22

    elas o estrato crneo, basal, camada espinhosa e a camada granulosa (Irion, 2005).

    O estrato crneo por ser o mais superficial o mais importante para a cosmtica

    (Remington, 2004).

    A derme apresenta funo protetora e de sustentao, sendo o local onde se

    formam as glndulas sebceas e folculos pilosos. Apresenta ainda fibras colgenas,

    elsticas e reticulneas (Junqueira; Carneiro, 2004). A derme tem a importante

    funo de nutrir a epiderme, pois esta exige uma constante reposio de nutrientes

    necessrios para manter a atividade mittica (Irion, 2005). Descrevem-se na derme

    duas camadas, de limites pouco distintos, que so a: papilar, superficial, e a

    reticular, mais profunda (Junqueira; Carneiro, 2004).

    A hipoderme que tambm chamada de camada subcutnea de gordura,

    serve como amortecedor para a derme e a epiderme. Nesta camada se encontram

    fibras colgenas provenientes da derme que cruzam entre as clulas gordurosas

    acumuladas, fornecendo uma conexo entre as camadas superficiais da pele e da

    camada subcutnea (Remington, 2004; Sampaio; Rivitti, 2001; Stevens; Lowe,

    2001).

    1.4.2 Feridas

    As feridas so interrupes da integridade cutneo-mucosa e resultam dos

    desequilbrios e agravos da sade das pessoas (Irion, 2005).

    Podem ser classificadas quanto ao agente causador em incisa ou cortante;

    contusa; lacerada; perfurante; penetrante; escoriao; trmica ou queimadura;

    patolgica; iatrognica, amputao. Quanto etiologia so classificadas em ferida

    aguda ou crnica (Irion, 2005).

  • 23

    1.4.2.1 Queimadura

    Queimaduras so leses trmicas resultantes da transferncia de energia de

    uma fonte de calor resultante da ao direta ou indireta sobre o organismo humano

    para o corpo (Vale, 2005; Barbosa et al, 2003). Os principais fatores que determinam

    a sobrevivncia aps queimaduras so: a porcentagem da superfcie queimada, a

    profundidade das leses, a localizao, o tipo do agente causal, leses por inalao,

    a idade do paciente, o estado nutricional e doenas metablicas pr-existentes

    (Barbosa et al, 2003).

    Nestes casos ocorre o comprometimento da integridade funcional da pele,

    responsvel pela homeostase hidroeletroltica, controle da temperatura interna,

    flexibilidade e lubrificao da superfcie corporal. Portando, a magnitude do

    comprometimento dessas funes depende da extenso e profundidade da

    queimadura (Vale, 2005), por sua vez a profundidade depende da intensidade do

    agente trmico, se gerador ou transmissor de calor, e do tempo de contato com o

    tecido. o fator determinante do resultado esttico e funcional da queimadura e

    pode ser avaliada em graus (Quadro 1, Anexo 2).

    A injria trmica provoca no organismo uma resposta local, traduzida por

    necrose de coagulao tecidual e progressiva trombose dos vasos adjacentes num

    perodo de 12 a 48 horas. A ferida da queimadura a princpio estril, porm o

    tecido necrtico rapidamente se torna colonizado por bactrias endgenas e

    exgenas, produtoras de proteases, que levam liqefao e separao da escara,

    dando lugar ao tecido de granulao responsvel pela cicatrizao da ferida, que se

    caracteriza por alta capacidade de retrao e fibrose nas queimaduras de terceiro

    grau (Vale, 2005).

  • 24

    1.4.3 Cicatrizao

    A cicatrizao um processo orgnico de restaurao da leso induzida por

    agresso local (Araujo et al, 1998). uma resposta complexa e organizada do

    organismo leso dos tecidos com perda de sua integridade. Costuma ser

    classificada como de primeira, segunda ou terceira inteno.

    Muitos eventos bioqumicos e celulares, dos quais depende a qualidade da

    cicatriz formada, esto envolvidos neste processo, que resulta da resposta tecidual

    leso. O processo de reparao tecidual dividido em fases, de limites no muito

    distintos, mas sobrepostas no tempo: hemostasia; fase inflamatria; formao do

    tecido de granulao com deposio de matriz extracelular (como colgeno, elastina

    e fibras reticulares); e remodelao como ilustrado na Figura 1 (Mendona et al,

    2006; Rocha Junior et al, 2006; Branski et al, 2005, Shimizu, 2005).

    Logo aps o tecido ser lesionado, uma cobertura primria composta por

    fibrina restabelece a hemostase e fornece um ambiente para que as plaquetas

    secretem fatores de crescimento (FCs), citocinas e elementos da matriz extracelular

    (MEC). Estes mediadores do processo inflamatrio recrutam macrfagos e

    neutrfilos, os quais secretam diversos fatores especficos que orquestram as fases

    seguintes do processo de reparao tecidual (Irion, 2005).

  • 25

  • 26

    Nas feridas abertas, que cicatrizaro por segunda inteno, como as

    queimaduras, vrios fatores entram em ao, contribuindo invariavelmente para

    prolongar a cura das leses, resultando quase sempre em inflamao, edema e

    cicatrizes hipertrficas e antiestticas. A produo excessiva de matriz extracelular

    pelos fibroblastos presentes nas feridas, tem sido responsabilizada pelo

    desenvolvimento das deformidades ps-queimaduras. A cicatriz com deformidade

    uma complicao comum na cicatrizao de queimaduras de segundo e terceiro

    graus (Medeiros et al, 1999).

    OBJETIVOS

    Objetivo Geral

    Verificar a ao teraputica de produto contendo argila com propriedades

    medicinais.

    Objetivos Especficos

    Caracterizar as propriedades qumicas, fsicas e microbiolgicas da

    argila estudada;

    Desenvolver um produto farmacutico com a argila estudada;

    Avaliar a estabilidade (teraputica; microbiolgica; fsica e qumica) do

    produto;

    Avaliar a propriedade teraputica do produto.

  • 27

    2 ARTIGO

    AVALIAO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE DE FORMULAO CONTENDO

    ARGILA MEDICINAL SOBRE FERIDAS CUTNEAS EM RATOS.

    aGiordana Maciel Drio, aElidio Angioletto; aGeovana Gomes da Silva; bPaulo

    Silveira, cAdilson Teixeira Junior.

    aLaboratrio de Desenvolvimento de Biomateriais e Materiais Antimicrobianos,

    Programa de Ps-Graduao em Cincias da Sade, Unidade Acadmica de

    Cincias da Sade, Universidade do Extremo Sul Catarinense, 88806-000, Cricima,

    SC, Brasil.

    bLaboratrio de Fisiopatologia e Fisiologia do Exerccio, Programa de Ps-

    Graduao em Cincias da Sade, Unidade Acadmica de Cincias da Sade,

    Universidade do Extremo Sul Catarinense, 88806-000, Cricima, SC, Brasil.

    cLaboratrio Ativo - Laboratrio de apoio de exames de mdia e alta complexidade,

    88930-000, Ararangu, SC, Brasil.

    Autor correspondente: Eldio Angioletto

    Endereo: Av. Universitria, 1105 Bairro Universitrio, Cricima SC CEP 88806-000

    Tel. 55 48 34312639 / Fax. 55 48 34312750

    Email: [email protected]

  • 28

    Abstract

    O uso de argilas com finalidades teraputicas prtica difundida em

    praticamente todas as regies do mundo. Neste trabalho fez-se avaliao de argila

    utilizada popularmente com finalidades teraputicas, proveniente da localidade de

    Ocara, quanto as caractersticas fsicas e qumicas da argila. Observou-se a

    presena de Ca, Mg, Al, Fe, Si, que indicaram inicialmente que a mesma possua

    potencial para utilizao teraputica. Durante a avaliao microbiolgica, constatou-

    se a necessidade de esterilizao da argila para posterior incorporao na forma

    farmacutica. O teste de estabilidade acelerado a 50C durante 3 meses da

    forma farmacutica mostraram que a mesma manteve-se estvel. Constatando-se a

    estabilidade da formulao, a mesma foi submetida a avaliao quanto o poder de

    cicatrizao de feridas provocadas em ratos. Observou-se que o tratamento

    efetuado com a formulao contendo argila obteve o melhor resultado quando

    comparado entre os diferentes dias, no entanto quando comparado entre os demais

    grupos, no se percebeu dados significativos.

    Introduo

    Embora o uso da argila com finalidade medicinal seja um fato com indcios

    pr-histricos, e esta prtica esteja largamente difundida e abordada por muitos

    autores (Framis, 2007, Tateo; Summa, 2007, Veseras, et al, 2007, Dextreit,

    Abehsera, 2006, Lagreo, 1999,), para a utilizao em produtos farmacuticos ou

    cosmticos necessrio um estudo prvio que envolve, dentre outros fatores, o

    conhecimento dos processos de preparo, avaliaes relacionadas e os insumos

    empregados. Para Loyola & Nario (2006), cerca da metade dos medicamentos

    utilizados na atualidade so de origem natural e muitos deles encontram-se ainda

    inexplorados. No entanto, segundo argumentado por Ansel e colaboradores (2000),

    antes de transformar um princpio ativo em uma forma farmacutica, essencial que

    se verifique sua pureza e que seja caracterizado biolgica, qumica e fisicamente.

  • 29

    Entre os produtos de interesse dermatolgico, merecem particular destaque,

    os de ao tpica incorporados nas formas farmacuticas, estes por sua vez podem

    permitir o restabelecimento da integridade da pele posterior a possveis agresses.

    Diante disso necessrio que restabelea as condies normais e para tanto o

    processo de cicatrizao de fundamental importncia.

    O processo de cicatrizao envolve a migrao de clulas inflamatrias, a

    sntese de tecido de granulao, a deposio de colgeno e de proteoglicanos e a

    maturao da cicatriz, estando associada intensa remodulao. A medicina

    complementar vem sendo utilizada como alternativa para o seu tratamento

    (Mendona et al, 2006; Rocha Junior et al, 2006; Santos et al, 2002).

    Vrios insumos naturais vm sendo usados em produtos dermatolgicos

    (Mello; Debacher, 2004; Mandelbaum et al; 2003a), dentro deste grupo encontram-

    se as argilas teraputicas (Mello; Debacher, 2004). As argilas so compostas por

    partculas de silicato aluminimizado (ou silicato de alumnio), alm de diversos

    oligoelementos, que promovem a ao absorvente, cicatrizante e anti-sptica

    (Santos, 1992). Para a utilizao da argila (pelides ou fangos) com finalidade

    teraputica e cosmtica, necessrio que estes cumpram com determinados

    requisitos fsicos, fsico-quimicos e microbiolgicos (Loyola; Nario, 2001).

    O estudo da estabilidade de formas farmacuticas e cosmticas de

    fundamental importncia para a segurana de quem as consumir, sendo assim para

    que estas formulaes se enquadrem nos padres de qualidade impostas por

    rgos reguladores, necessrio avaliao da mesma, atravs de testes de

    estabilidade (Leonardi; Campos, 2001; Lachman et al, 2001; Ansel et al, 2000).

    Levando em considerao a importncia que a argila medicinal vem

    adquirindo e que a complexidade dos diferentes componentes presentes em

  • 30

    preparaes cosmticas, podem interferir na eficcia de seus princpios ativos e

    estes na estabilidade do veculo, se faz necessrio avaliar a real atividade que o

    princpio incorporado ter frente a cicatrizao de feridas cutneas, para que desta

    forma a formulao proposta seja vivel para comercializao e uso.

    Materiais e Mtodos

    1 Aquisio da amostra (argila)

    A amostra, denominada argila negra, oriunda de uma lagoa situada no

    municpio de Ocara no Estado do Cear a 120Km de Fortaleza.

    2 Caracterizao fsica, qumica e microbiolgica da argila estudada

    As avaliaes fsicas e qumicas foram realizadas pelo CTCmat-Senai-

    Cricima e a avaliao microbiolgica foi realizada no LADEBIMA UNESC. Os

    testes realizados foram: troca de ctions, difrao de raios X; fluorescncia de raio

    X, plasticidade e reologia. Os testes microbiolgicos foram: difuso em agar

    determinao de bactrias, fungos e leveduras.

    a) Fluorescncia de raios x (FRX): foi utilizado o equipamento de fluorescncia de

    raios-x - marca PHILIPS - para determinar a composio qumica da argila sob

    anlise. As amostras foram perolizadas e posteriormente analisadas.

    b) Anlise Granulomtrica: utilizou-se um granulmetro - marca Cilas 1064 - para

    anlise do tamanho das partculas, com 14% de obscurecimento.

  • 31

    c) Difrao de raios x (DRX): utilizou-se um difratmetro de raios X - marca

    SHIMADZU X-RAY DIFFRACTOMETER LAB X XRD-6000, UDESC/CCT- Joinville,

    sendo que, os espectros de raios X foram obtidos atravs de um tubo de cobre,

    utilizando um ngulo de varredura de 2/min.

    d) Anlise de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR): utilizou-se um

    infravermelho com transformada de Fourier - marca IR Prestige 21, Shimadzu -

    UNESC-LAMAT 2, com uso de pastilhas de KBR e faixa entre 400 4000 cm-1.

    3 Desenvolvimento de uma formulao contendo a argila estudada.

    O processo de preparo da emulso e incorporao do ativo foi realizado

    conforme os preceitos das Boas Prticas de Manipulao RDC n67 (Brasil, 2007).

    Inicialmente, as preparaes foram avaliadas quanto estabilidade atravs do teste

    preliminar/acelerado.

    3.1 Produo de emulses com e sem argila medicinal

    Para a produo da emulso e da emulso/argila, baseou-se na formulao

    conforme descrita na tabela 2. Utilizou-se como creme base o polawax cuja

    formulao e os procedimentos de preparao das formulaes esto descritos por

    Batistuzzo (2002). A produo de uma emulso sem adio da argila, teve a

    finalidade de avaliar possveis interferentes relacionados a emulso base.

  • 32

    Tabela 2: Emulso com e sem argila medicinal

    Fase

    Matrias Primas

    Emulso/Argila

    Matria Prima

    Emulso

    INCI Quantidade

    1 Talco neutro Talco neutro Talc 40g

    1 Argila medicinal - - 75g

    2 Glicerina Glicerina Glycerin 112,5g

    2 Creme Polawax qsp Creme Polawax qsp - 500g

    Fonte: Batistuzzo, 2002

    3.2 Testes de estabilidade acelerada e determinao do prazo de validade

    As amostras foram submetidas ao teste de estabilidade preliminar/acelerada

    (T = 50C), sendo que as amostras foram retiradas e avaliadas nos tempos (em

    dias), (0) zero, (5) cinco, (10) dez, (15) quinze, (30) trinta, (60) sessenta e (90)

    noventa. Avaliaram-se as caractersticas organolpticas, efeito da centrifugao,

    reologia, densidade, pH e caractersticas microbiolgicas (Brasil, 2004; United States

    Pharmacopeial Convention, 2001).

    Avaliao dos Produtos

    a) Caractersticas organolpticas: avaliaram-se os produtos segundo o descrito

    por Ferreira (2002), sendo que a para verificao da aparncia homogeneizou-se

    uma pequena quantidade da amostra em recipiente transparente e, observou-se

    contra um fundo branco, a presena ou no de resduos, o grau de turvao e se

    houve ou no a separao de fases; para determinao da cor os produtos foram

    avaliados por identificao visual; e para o odor, foi utilizado o olfato como sentido.

  • 33

    b) Caractersticas fsicas

    Densidade: Determinou-se a densidade relativa da amostra utilizando

    picnmetro devidamente calibrado, a 20C e com capacidade de 25mL

    (Brasil, 2007). Os clculos foram realizados segundo descrito por Ansel et al

    (2000).

    Reologia: a anlise foi realizada atravs de um remetro Micronal 2000.

    Teste de centrifugao: para a realizao deste teste uma pequena amostra

    das emulses foi colocada em tubos e estes encaminhados a uma centrifuga

    (Fanem

    BL 206 - baby I), a uma velocidade de 3.000 rpm durante um

    perodo de 30 minutos (Brasil, 2004).

    Determinao do pH: utilizou-se peagmetro Quimis

    Q400 A, devidamente

    calibrado, utilizando para as verificaes diluies de 1:10 (Farm.Bras., 1998).

    c) Avaliao microbiolgica da argila e emulses preparadas: as amostras

    foram diludas em caldo BHI (Brain Heart Infusion), na proporo de 1:9. Realizaram-

    se 3 diluies seriadas. Para cada diluio, foram feitas inoculaes em duplicata,

    sendo utilizados os meios de cultura PCA (Plate Count Agar), para bactrias, e o

    gar sabouraud-dextrose, para fungos. Nas amostras contendo conservantes

    utilizou-se 1% de tween 80 (Monooleato de polioxietilenossorbitano) para a

    inativao, adicionando-o ao caldo BHI (Carturan, 1999).

    Utilizou-se placas de Petri, e quantidade de meio para alcanar espessura

    de 4 mm. Foram distribudos 0,1mL de cada diluio considerada, espalhando-se

    com o auxlio da ala de Drigalski. As placas foram incubadas durante 24 horas

    35 C para bactrias, e durante 7 dias 25C para fungos. Aps esse perodo,

  • 34

    procedeu-se a leitura das placas e a contagem das colnias (Pinto, Kaneko, Ohara,

    2000).

    A contagem das colnias foi realizada conforme descrito pela Farmacopia

    Brasilleira (1988). Os resultados foram expressos em Unidades Formadoras de

    Colnia (UFC) por grama da amostra (Pinto et al 2000), sendo que estes foram

    avaliados quanto ao enquadramento em duas categorias: tipo I com limite de 5 x 102

    UFC/g e tipo II com limite de 5 x 103 UFC/g, sendo que para ambos observou-se

    tambm a ausncia de Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e

    Coliformes totais e fecais em 1g de produto.

    d) Determinao do prazo de validade provisrio: segundo Ansel et al

    (2000), o mtodo Q10 para estimativa do prazo de validade permite ao farmacutico

    calcular rapidamente o prazo de validade para uma formulao que est sendo

    avaliada. A frmula deste mtodo est representada no Quadro 2.

    Quadro 2. Frmula do mtodo Q10.

    Frmula T90 (T2) = t90 (T1)

    Q10 ( T/10)

    Fonte: Ansel, Popovich e Allen Junior (2000).

    Onde: T90 (T2) representa o prazo de validade estimado, t90 (T1) o prazo de

    validade em uma determinada temperatura, e T a diferena entre as

    temperaturas T2 e T1. Os valores comumente utilizados para o Q so 2, 3 e 4 e

    relacionam-se com as energias de ativao das reaes para temperaturas

    prximas da temperatura ambiente (25 C). Em geral, possvel fazer estimativas

    razoveis utilizando-se o valor 3 (Ea =19,4 kcal/mol). Foi utilizada a temperatura de

  • 35

    25 C para T2, que representa a temperatura no qual se quer estimar o prazo de

    validade.

    3.3 Avaliao da atividade cicatrizante

    A pesquisa foi realizada, aps aprovao do comit de tica e pesquisa da

    Unesc e, procedeu-se de acordo com as normas internacionais para biomdica em

    animais (1990) conforme a lei federal n 6638 de 08 de maio de 1979

    a) Modelo animal: foram utilizados 45 ratos machos da linhagem Wistar de idade

    adulta e peso corpreo mdio de 300g (variao: compreendido entre 250 e 350g).

    Os animais foram mantidos em gaiolas apropriadas com rao e gua ad libitum, em

    macroambiente semi-controlado, em temperatura ambiente de 21C, sendo que a

    luminosidade, intensidade de rudo e umidade sero as do ambiente geral

    (Mendona et al, 2006; Noronha et al, 2004; Rahal et al, 2001).

    b) Queimadura Procedimento: Aps anestesia intramuscular, composta por

    Rompun na dose 0,04mL / 100g que possui efeito relaxante, sedativo e anestsico e

    por Ketamina Agener 10% na dose de 0,08mL/100g que possui efeito anestsico, foi

    realizada a tricotomia da regio dorsal e foi provocada queimadura com chapa de

    alumnio de 2,5cm2 aquecida a 130C, pressionada na pele do dorso por 20

    segundos. Este procedimento foi adaptado de Medeiros et al (2001).

    Para o estudo os animais foram divididos aleatoriamente em 3 grupos,

    conforme o tratamento a ser realizado, totalizando 15 ratos para cada grupo, como

    segue (Medeiros et al, 1999): Grupo AQ (controle) - tratamento com soluo

  • 36

    fisiolgica; Grupo BQ - tratamento somente com veculo (emulso); Grupo CQ -

    tratamento com a mistura emulso/argila

    As letras A, B, C esto relacionadas aos subgrupos que recebero diferentes

    produtos e a letra Q que precede referente ao tipo de procedimento executado

    (queimadura).

    Cada grupo foi redistribudo em subgrupos conforme a data de eutansia

    (guilhotina), sendo esta realizada nos dias 7, 14 e 21 do experimento (Amorim et al,

    2006).

    c) Tratamento: os ferimentos foram tratados e avaliados diariamente, sendo

    protegidos com bandagem, composta de compressa de gaze (primeira camada) e

    atadura de crepe (2 camada) (Rahal et al, 2001). O tratamento de cada grupo ser

    administrado por via tpica, na regio lesionada, sempre no mesmo horrio do dia

    (20:00h) (Santos et al, 2002), com os produtos designados para cada grupo. As

    feridas foram limpas com soro fisiolgico 0,9% a cada nova aplicao dos produtos

    em anlise (Santos et al, 2002; Rahal et al, 2001)

    d) Avaliao macroscpica: para este estudo, os animais anestesiados, com uso de

    ter etlico, foram acompanhados diariamente atravs de observaes clnicas do

    reparo da leso, referindo-se s alteraes fenotpicas manifestadas, tais como:

    presena ou no de edema, exsudado e crosta, colorao da ferida. Todas as

    variveis foram registradas em protocolos especficos (Martins et al, 2003). Em

    seguida, conforme Amorim et al (2006), as leses foram medidas com auxilio de um

    paqumetro digital e transferidas para planilha para dados estatsticos, para

    posteriormente os produtos de tratamento serem reaplicados de acordo com os seus

  • 37

    respectivos grupos.

    e) Avaliao histolgica: amostras cirrgicas foram retiradas e encaminhadas para

    estudos histolgicos e morfomtricos. Um fragmento retangular com 0,5 x 2,0 cm foi

    ressecado de cada animal, sendo que cada segmento ter rea central lesada e rea

    perifrica da pele no-lesada para servir como controle (Noronha et al, 2004). Todas

    as amostras das leses cutneas obtidas foram fixadas em uma soluo contendo

    formalina (soluo Karnosvisk) (Goes et al, 2005; Rocha et al, 2005; Noronha et al,

    2004) por perodo mnimo de 48 horas. Aps a fixao as amostras foram

    desidratadas gradativamente em concentraes crescentes de lcool etlico (70 a

    100%), diafanizadas em xilol, embebidas e includas em blocos de parafina, de modo

    que a face dermoepidrmica ficasse voltada para a superfcie de corte do bloco

    (Rocha Junior et al, 2005; Noronha et al, 2004). Os fragmentos includos em parafina

    foram cortados utilizando-se micrtomo, obtendo-se sees de 5 m de espessura

    (Rocha Junior et al, 2005). As lminas histolgicas foram mantidas em estufa para

    secagem, e os cortes posteriormente submetidos colorao por hematoxilina e

    eosina (H-E), Tricrmico de Gmore para a anlise histolgica (Rocha Junior et al,

    2005; Noronha et al, 2004; Rahal et al, 2001). A leitura foi realizada em microscpio

    ptico, magnitude de 100 vezes (x), visando observar o processo inflamatrio e

    cicatricial (Goes et al, 2005).

    f) Anlise estatstica dos resultados: para a anlise estatstica utilizou-se o

    programa SPSS verso 12, sendo contemplado o teste t de Student e Dunett,

    considerando-se significativa a diferena entre as mdias quando p

  • 38

    Resultados e Discusses

    Caracterizao qumica, fsica e microbiolgicas da argila estudada

    Anlise qumica

    Conforme visualizado na tabela 3 nota-se predominncia da SiO2, e quando

    comparado composio qumica apresentada por outros autores (Bourgeiois,

    2006), constata-se que este valor est acima dos valores mdios. Este material

    no recomendado a matrias primas farmacuticas, principalmente se estiver

    presente como slica livre, devido a baixa absoro. A quantidade de alumnio, da

    mesma forma, est alm dos valores preconizados (40 a 48 %) para xidos de

    alumnio para as argilas medicinais. Como oligoelementos h presena de Mg, Ti, P

    (como xidos) e conforme observado por Nunes (2004) e Santos (1992), a presena

    destes podem induzir diversas aes teraputicas, entre elas a cicatrizao.

    Tabela 3 Anlise qumica por FRX da argila negra de Ocara.

    Constituintes % em massa

    Constituintes % em massa

    SiO2 68,63 MgO 0,28

    Al2O3 7,85 Na2O 0,27

    Fe2O3 2,36 K2O 1,43

    TiO2 0,82 P2O5 0,04

    CaO 6,48 Perda ao Fogo 7,44

    OBS: a anlise no fecha 100 %.

    Segundo Santos (1989) a perda ao fogo esta relacionada s guas

    intercaladas, de coordenao e zeoltica, e de hidroxilas dos argilominerais e

  • 39

    tambm de hidrxidos existentes. Todavia, os componentes volteis de matria

    orgnica, sulfetos, sulfatos e carbonatos, quando presentes, so includos nesta

    determinao. Diante do exposto pode-se associar os resultados obtidos na tabela

    3, com a presena de matria orgnica e gua de constituio.

    Distribuio Granulomtrica

    Conforme visualizado na figura 2, constata-se grande frao com partculas

    com dimenses em torno de 10 m, porm com dimetro mdio de 26,33 m,

    estando em desacordo com as definies dadas por diversos autores (Daz, 2005,

    Mello; Debacher, 2004) para argilas. Porm, em trabalho realizado por Poensin et al

    (2003), o uso de argila com tamanhos em torno de 74 m, deram resultados

    significativos em relao a microcirculao da pele, uma vez que foi capaz de

    incrementar fluxo sanguneo e a estimulao vasomotora.

    Figura 2: Distribuio granulomtrica da argila negra de Ocara.

    Difrao de raios-X

  • 40

    Na figura 3 observa-se as fases constituintes da argila negra de Ocara,

    estando presentes a ilita (carto JCPDS 00-009-0343 e frmula geral

    K0.5(Al,Fe,Mg)3(Si,Al)4O 10(OH)2), caolinita (carto JCPDS 01-0782110 e frmula

    geral Al4(OH)8(Si4O10)); quartzo (carto JCPDS 01-07-3755 e frmula geral SiO2),

    calcita (carto JCPDS 01-071-3699 e frmula geral Ca(CO3)), e a dolomita (carto

    JCPDS 00-009-0343 e frmula geral K0.5(Al,Fe,Mg)3(Si,Al)4O 10(OH)2).

    1 44 7 -0 8

    01 -0 71 -3 69 9 ( * ) - C a lc ite , s yn - C a(C O3 ) - Y : 5.6 6 % - d x by : 1. - W L : 1.5 40 6 - R ho m b o.H .a xes - a 4 .9 9 10 0 - b 4.9 9 10 0 - c 1 7.0 62 0 0 - a lp ha 90 .00 0 - be ta 9 0.0 00 - ga m m a 1 2 0.0 00 - P rim it ive - R -3 c (1 67 ) - 6 - 3 68 .07 5 01 -0 73 -2 36 1 ( * ) - C a lc iu m M ag n es iu m C arb o na te - C a M g (C O3 )2 - Y : 6 .68 % - d x b y : 1 . - W L: 1 .54 06 - R h om bo .H .axe s - a 4.8 10 40 - b 4 .81 0 40 - c 16 .05 5 00 - al ph a 9 0.0 00 - b eta 90 .00 0 - g a m m a 1 20 .00 0 - P ri m it iv e - 01 -0 78 -2 11 0 ( * ) - K ao lin ite - Al 4( OH )8 (S i4O 1 0) - Y : 1 2.6 9 % - d x by : 1. - W L : 1.5 40 6 - T r ic li nic - a 5 .1 4 97 1 - b 8 .9 3 50 7 - c 7 .38 5 49 - al ph a 9 1.9 28 - b eta 1 0 5.0 44 - ga m m a 8 9 .7 9 2 - P ri m it iv e - P 1 ( 1) - 1 - 3 2 7.9 91 - I / Ic P00 -0 09 -0 34 3 ( D ) - I ll ite, t ri oc ta he dr al - K0 .5( Al ,F e,M g )3 (S i,A l)4 O 10 (O H ) 2 - Y : 12 .37 % - d x b y : 1 . - W L: 1 .5 4 06 - O rtho rh o m b ic - a 5 .25 0 00 - b 9 .18 00 0 - c 20 .00 00 0 - al ph a 9 0.0 00 - b eta 9 0 .0 0 0 - g am m a 90 .00 0 - Pr im i t

    01 -0 70 -3 75 5 ( * ) - Q u artz - S iO 2 - Y: 1 00 .00 % - d x b y: 1 . - W L: 1.5 4 06 - H e xa g on al - a 4 .91 58 0 - b 4 .9 1 58 0 - c 5 .40 9 10 - al ph a 9 0.0 00 - b eta 90 .00 0 - g a m m a 12 0 .00 0 - P ri m it iv e - P 3 12 1 ( 15 2) - 3 - 1 1 3.1 99 - I / Ic P D F 2Op e ra ti on s : Im po rt14 47 -0 8 - F ile : 1 4 47 -0 8. ra w - Type : 2T h /T h l ocke d - Sta rt : 2.0 00 - E nd : 7 2 .0 0 0 - S tep : 0.0 10 - Ste p t im e: 2 . s - T em p.: 2 5 C - T i m e S ta rted : 70 23 s - 2 -T h eta : 2 .00 0 - T he ta: 1.0 00 - C h i: 0.0 0 - P h i: 0.0 0 - X : 0 .

    Lin

    (Co

    unts

    )

    20

    10 0

    20 0

    30 0

    40 0

    50 0

    60 0

    70 0

    80 0

    90 0

    2 -The ta - Sc ale

    2 10 2 0 30 40 5 0 60 7 0

    Cal

    cita

    Dol

    omita

    Q ua rtzo

    Illita C ao lin ita

    Figura 3: Difratograma de raios-X da argila negra, indicando a presena das fases ilita,

    caolinita, calcita, dolomita, e quartzo.

    Salienta-se que algumas propriedades da argila decorrem diretamente do

    tipo das fases presentes. As que possuem alumnio e magnsio em sua formulao

    podem substituir esses ctions por outros, fazendo com que efeitos cicatrizantes, por

    exemplo, possam ocorrer durante o tratamento. Para Langreo (1999) a caolinita tem

    propriedades bactericidas, enquanto que a ilita, que tem grande concentrao de

    clcio, apropriada para traumatismos e contuses, diminuindo o inchao quando

  • 41

    aplicado cataplasmas e a esta frao, pode ser associada tambm ao grande poder

    de absoro de resduos, impurezas e pus.

    Anlise de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)

    Na figura 4 apresentada a anlise da argila por FTIR. Percebe-se a

    presena de picos que ocorrem em 3699 e 3626 cm1, referentes a estiramentos OH.

    Segundo Hunt, a banda em 3431 cm-1 est relacionada com ligaes de hidrognio

    HOH. A banda em 3626 cm-1 est relacionada hidroxila octadrica interna. H

    picos de estiramento assimtrico Si-O em 1042 cm-1, vibraes de deformao Al-

    OH em 912 cm-1 e vibraes Si-O-Al em 794 e 692 cm-1, respectivamente.

    Figura 4: Espectro na regio de infravermelho da argila negra

    Microbiolgica

    A avaliao microbiolgica referente argila em estudo apresentou

    resultados acima do limite estipulado por Carturan (1999) para fungos. Para

    continuar o experimento foi necessria a esterilizao da mesma (Poensin et al,

  • 42

    2002), pois como relata Pinto et al (2000), a carga microbiana elevada pode

    comprometer a estabilidade de um produto, causando perda da eficcia teraputica,

    por degradao do princpio ativo ou por alterao de parmetro fsico fundamental

    para a sua atividade, como o pH. Matrias primas contaminadas podem levar

    tambm a prejuzos a sade do consumidor.

    2 Produo de emulses com e sem argila medicinal

    Testes de estabilidade acelerada e determinao do prazo de

    validade

    a) Caractersticas organolpticas

    Em todos os tempos avaliados, as amostras apresentaram-se com as

    mesmas caractersticas iniciais, indicando a estabilidade das frmulas. A emulso

    contendo a argila em estudo apresentou colorao acinzentada, odor

    caracterstico das matrias primas, aspecto homogneo e sem presenas de

    bolhas. As mesmas caractersticas puderam ser observadas na base, porm a

    colorao permaneceu branca em todo o momento.

    A cor e o odor, embora no possam ser caracterizados como medidas

    analticas contribuem de forma significativa para a garantia da qualidade. Esses

    critrios so fatores que exercem grande efeito psicolgico no paciente (Gomes;

    Reis, 2001).

    b) Caractersticas fsicas

  • 43

    Densidade

    Os valores de densidade obtidos sofreram uma leve oscilao com o

    passar do tempo de teste (tabela 4).

    Tabela 4. Avaliao da densidade em funo do tempo (dias)

    Tempo 0 Tempo 5 Tempo 10 Tempo 15

    Base

    com

    argila

    0,9344 0,9342 0,9289 0,9291

    Base 1,0400 1,0254 1,0358 1,0374

    Tempo 30 Tempo 60 Tempo 90 Mdia

    Base

    com

    argila

    0,9286 0,9301 0,9296 0,9307

    Densidade

    (g/mL)

    Base 1,0371 1,0368 1,0366 1,0355

    Analisando-se a frmula da densidade (m/v), relatada por Pradeau (2001),

    verifica-se que a massa diretamente proporcional densidade, ento uma

    diminuio da densidade, neste caso, pode estar relacionada a uma diminuio da

    massa, j que o volume se manteve constante durante as anlises. Esta diminuio

    de massa pode ser atribuda incorporao de ar emulso, este fato segundo

    Pezzini et al (2004), um parmetro crtico para a manuteno da estabilidade fsica

    de uma emulso e conforme Antunes Junior (2002) pode facilitar o crescimento de

    microrganismos e oxidao afetando a estabilidade das preparaes.

    Viscosidade

  • 44

    Foi realizada anlise do comportamento reolgico do produto emulso e

    emulso/argila, sendo o resultado observado na figura 4. Inicialmente a emulso

    possua viscosidade de 38Pa*S e esta cai rapidamente para valores menores que

    5Pa*S quando aplicado taxa de cisalhamento em torno de 25 (1/s). Essa diminuio

    rpida com aplicao da tenso uma importante caracterstica quando o produto

    aplicado sobre a pele e ainda sobre ferimentos, pois evita o efeito de remover

    camadas celulares que esto em recuperao.

    Figura 5: Representao grfica do comportamento da viscosidade em funo da tenso de

    cisalhamento da emulso mais argila.

    Teste de centrifugao

    Lachman et al (2001) afirmam que a centrifugao, se usada

    cuidadosamente, constitui uma ferramenta bastante til na avaliao na previso da

    estabilidade das emulses. Este produz estresse na amostra simulando um

    aumento na fora de gravidade, aumentando a mobilidade das partculas e

    antecipando possveis instabilidades. Estas podero ser observadas na forma de

  • 45

    precipitao, separao de fases, coalescncia, formao de exsudados, cremao,

    floculao, entre outras (Brasil, 2004). Levando em considerao que as amostras

    no apresentaram nenhuma anormalidade quando comparadas ao preconizado,

    estas foram aprovadas neste quesito.

    Determinao do pH

    Conforme Antunes Junior (2002) o pH para emulses deve estar entre 5,0 e

    6,5, uma vez constatado que o pH da base ficou superior ao preconizado, realizou-

    se correo da mesma utilizando soluo de cido ctrico a 10%, com a finalidade

    alcanar a reduo necessria e continuao dos experimentos.

    Tabela 5: Resultados do pH da emulso de argila e base em funo do tempo (dias).

    pH

    Tempo 0 Tempo 5 Tempo 10 Tempo 15

    6,30 6,30 6,5 6,18 6,25 6,42 6,24 6,26 6,46 6,22 6,24 6,4 Emulso argila

    6,36* 6,28* 6,32* 6,31*

    6,40

    6,39

    6,60 6,45 6,42 6,57 6,45 6,43 6,59 6,44 6,41 6,6 Emulso

    6,46* 6,48* 6,49* 6,48*

    pH

    Tempo 30 Tempo 60 Tempo 90 Mdia geral

    6,25 6,27 6,51 6,22 6,25 6,49 6,21 6,28 6,47 Emulso argila

    6,34* 6,32* 6,32*

    6,32

    6,42

    6,38

    6,58 6,39 6,42 6,58 6,43 6,45 6,59 Emulso

    6,46* 6,46* 6,49*

    6,47

    *Mdia dos resultados de pH

  • 46

    Na tabela 5, pode-se constatar que valores de pH, mdio e valores

    individuais (tabela 5), com o passar do tempo no sofreram alteraes significativas

    tanto para emulso/argila quanto para base. Em relao aos valores individuais, se

    observou pequenas variaes, no entanto levando-se em considerao o que afirma

    Ewing (2001), que pequenas oscilaes na temperatura podem influenciar no

    resultado final deste tipo de anlise, resolveu-se ento no considerar estas

    pequenas diferenas.

    c) Avaliao microbiolgica da argila e emulses preparadas

    A qualidade microbiolgica de produtos constitui um dos atributos essenciais

    para o seu desempenho adequado, principalmente em relao segurana, eficcia

    e aceitabilidade destes produtos (Yamamoto et al, 2004).

    As amostras analisadas nos tempos estipulados permaneceram dentro dos

    limites estabelecidos por Carturan (1999), tanto para produtos do tipo I (para uso

    infantil, rea dos olhos, e contato com mucosas) quanto do tipo II (demais produtos

    susceptveis contaminao), desta forma considera-se que a forma farmacutica

    em estudo pode ser usada com segurana. Normalmente, nveis baixos de

    contaminao microbiana so inevitveis e no representam ameaa significativa.

    No entanto, crescimento microbiano exacerbado pode causar deteriorao e outros

    problemas formulao e ao usurio (Schueller, 2002).

    d) Determinao do prazo de validade provisrio

  • 47

    Segundo descrito na RDC n 210 (Brasil, 2003) produtos submetidos ao

    teste de estabilidade acelerado, que suportem as condies estipuladas no teste

    durante o tempo de trs meses, possuem o prazo de validade provisrio de dois

    anos. Desta forma, conforme resultados obtidos o produto se enquadra neste

    quesito, porm para avaliao complementar, aplicou-se clculo sugerido por Ansel

    et al (2000), conforme descrito no item 3.2 (Quadro 2), obtendo-se prazo de validade

    provisrio de aproximadamente 1402 dias ou 3,8 anos.

    importante salientar que preciso dar continuidade aos estudos,

    realizando-se os testes de estabilidade de longa durao (em condies normais de

    armazenamento) para a confirmao dos resultados obtidos inicialmente, com

    durabilidade de dois anos ou mais. Dando-se continuidade s avaliaes, ser

    possvel complementar as informaes obtidas sobre a estabilidade do produto,

    confirmar o prazo de validade estimado e recomendar as condies de

    armazenamento da formulao (Brasil, 2004).

    3 Avaliao da atividade cicatrizante

    a) Avaliao macroscpica e estatstica dos resultados

    As leses avaliadas nos tempos pr-determinados indicaram que os animais

    observados durante ao longo do experimento apresentaram feridas de colorao

    marrom amarelada e poucos apresentaram exudado/pus e formao de edema. A

    formao de crosta foi observada no final da primeira para segunda semana de

    avaliaes e estas foram se deslocando das leses ao longo do tempo.

  • 48

    No decorrer do tempo percebeu-se a formao de pequeno halo em torno da

    leso, indicando a reduo da extenso do ferimento. A colorao do halo era de

    colorao mais clara que a pele no lesada, isso porque segundo Irion (2005),

    queimaduras profundas podem levar a despigmentao da pele.

    Visualmente observou-se uma reduo lenta em relao ao tamanho das

    feridas, no entanto, as queimaduras provocadas nos animais foram profundas,

    atingindo todas as camadas da pele e msculos, desta forma estas foram

    consideradas queimaduras de terceiro grau, segundo preceitos de Vale (2005).

    Pode-se observar uma recuperao da leso em relao profundidade,

    principalmente no grupo dos animais tratados com a emulso/argila, onde se

    percebeu tambm feridas mais secas.

    Levando-se em considerao todos os animais avaliados durante o

    tratamento, somente dois do grupo emulso, apresentaram a formao de edema

    interno agregado leso, com formao de uma bolsa extensa com preenchimento

    de lquido. Para Irion (2005), a presena de substncias qumicas no interior das

    bolhas pode retardar o processo de cicatrizao. Para este mesmo autor, ferimentos

    associados a queimaduras, devem ser protegidos contra traumas mecnicos e

    contra possveis contaminantes, no entanto a gaiola onde os animais estavam

    presentes possibilitavam as duas situaes, tornando-se um fator negativo para o

    teste em questo.

    Observando as figuras 6, 7 e 8 constata-se que a reduo das leses no

    foram significativas (p > 0,05) quando comparadas entre os diferentes tratamentos.

    Desta forma, apesar da argila estuda apresentar indcios qumicos que pudesse

    apresentar ao teraputica, a mesma aparentemente no apresentou atividade

    cicatrizante, isso pode ser devido a falta de cuidados na coleta da mesma, pois pode

  • 49

    ter possibilitado uma maior concentrao de slica e diluio dos constituintes

    minerais.

    Salina Emulso Emulso X Argila0

    25

    50

    75

    mm

    Figura 6: Comparao entre os tratamentos Grupo 7 dias

    Soluo Emulso Emulso X Argila0

    15

    30

    45

    mm

    Figura 7: Comparao entre os tratamentos Grupo 15 dias

    Soluo Emulso Emulso X Argila

    0

    15

    30

    45

    mm

    Figura 8: Comparao entre os tratamentos Grupo 21 dias

    L

    E

    S

    O

    L

    E

    S

    O

    L

    E

    S

    O

  • 50

    Na figura 9 e 10, constatou-se diferenas significativas na evoluo da

    cicatrizao entre os animais do grupo de 7 e 15 em relao ao de 21 dias, porm

    resultado no significativo foi observado para o grupo de 7 para 15 dias.

    Soluo

    Dia 7 Dia 15 Dia 21

    0

    25

    50

    75m

    m

    ** ##

    Figura 9: Evoluo da cicatrizao Soluo Fisiolgica

    Dia 7 Dia 15 Dia 21

    0

    15

    30

    mm

    ** ##

    Figura 10: Evoluo da cicatrizao Emulso

    Na figura 11, percebeu-se uma evoluo linear e gradativa no grupo

    submetido ao tratamento emulso/argila, sendo que o mesmo no foi observado

    com os demais, como visto na figura 8 e 9. Isto pode ser associado a alguns

    Emulso

    L

    E

    S

    O

    L

    E

    S

    O

    ** Desvio significativo do 21 dia em relao ao 7 dia

    ## Desvio significativo do 21 dia em relao ao 15 dia

    ** Desvio significativo do 21 dia em relao ao 7 dia

    ## Desvio significativo do 21 dia em relao ao 15 dia

  • 51

    constituintes da argila, que conforme Langreo (1999), esta absorve o sangue das

    feridas, bem como substncias estranhas, que possam estar presentes.

    Emulso Argila

    Dia 7 Dia 15 Dia 21

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    mm

    **** *

    Figura 11: Evoluo da cicatrizao Emulso/Argila

    a) Avaliao histolgica

    Conforme observado na tabela 6, torna-se evidente a evoluo da

    cicatrizao das leses provocadas nos modelos animais. Pode-se perceber que os

    animais tratados com o produto emulso/argila obtiveram resultado mais expressivo

    que os demais, mesmo que os resultados estatsticos de reduo de leso no

    tenham demonstrado esse fato.

    Conforme Irion (2005) um processo de cicatrizao passa por algumas

    etapas, sendo que a primeira ocorre nas primeiras horas (hemostasia), neste

    processo ocorre ativao das plaquetas, com conseqente agregao plaquetria

    e cascata de coagulao. Na segunda fase, que ocorre em dias, o processo

    inflamatrio esta presente, sendo que h o recrutamento de neutrfilos e

    macrfagos, que dentre outras coisas auxiliam a degradar o tecido desvitalizado.

    L

    E

    S

    O

    ** Desvio significativo do 15 dia em relao ao 7 dia

    *** Desvio significativo do 21 dia em relao ao 15 e 7 dia

  • 52

    Alm disso, os macrfagos estimulam o crescimento de tecido novo, como

    observado nos animais do 7 dia, pela presena de pequenas fibras de colgeno. O

    terceiro estgio da cicatrizao, que ocorre em torno de dias a semanas, temos o

    processo de reepitelizao mais intensificado e contnua formao de tecido de

    granulao, tal fato pode ser percebido nos animais relacionados ao 14 dia. A

    presena de macrfagos nesta fase estimula a produo interna de fibroblastos e

    deposio de tecido conjuntivo frouxo, enquanto que os fibroblastos migratrios

    produzem colgeno. Percebeu-se que no grupo dos animais do 21 dia, o terceiro

    estgio continuou presente, isso se explica pela profundidade da leso, que pode

    ser fator limitante para a evoluo da cicatrizao.

    Tabela 6: Caractersticas histolgicas dos grupos frente ao dia do sacrifcio e tipo de

    tratamento

    Tipo de Tratamento Grupo de

    Animais Soluo Fisiolgica Emulso Emulso/Argila

    7* Raros fibroblastos com

    pequenas quantidades

    de fibras colgenas

    Poucos fibroblastos

    com poucos

    polimorfonucleares

    Poucas fibras de

    colgeno com moderada

    quantidade

    polimorfonucleares

    14* Moderada quantidade

    de fibras colgenas,

    presena de

    macrfagos.

    Moderado nmero

    de fibras colgenas,

    presena de

    macrfagos.

    Epitlio recobrindo a

    leso. Numerosos feixes

    de fibras colgenas

    Presena de

    macrfagos.

    21* Organizao das fibras

    colgenas

    Organizao das

    fibras colgenas

    Espessos feixes de fibras

    colgenas, regenerao

    da derme profunda.

    * Esta numerao correspondem aos dias que foram realizados os sacrifcios dos animais

  • 53

    Concluses

    De acordo com os resultados encontrados no estudo, conclui-se que a argila

    estudada precisa ser avaliada quanto forma de coleta e submetida a novas

    anlises, uma vez que apresentou grande carga microbiana e quantidade

    exacerbada de slica, sendo que este ltimo fator pode ter sido fator negativo ao

    poder de cicatrizao. Outras anlises qumicas e fsicas realizadas com a amostra

    demonstram que esta precisa passar por processo prvio de beneficiamento, com a

    finalidade de melhorar sua qualidade. No entanto, quando incorporada a uma forma

    farmacutica, a mesma no foi capaz de modificar negativamente a estabilidade da

    formulao, permitindo desta forma que o produto emulso/argila adquirisse um

    prazo de validade de 2 anos. Esta formulao quando testada em modelos animais

    demonstrou atividade cicatrizante, mesmo que a reduo das leses no tenha sido

    significativa entre os demais grupos. Porm, a avaliao histolgica foi capaz de

    demonstrar diferenas entre a recuperao da derme profunda entre os diferentes

    grupos, associando melhor resultado ao grupo tratado com emulso/argila.

  • 54

    Referncias

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  • 61

    3 DISCUSSO GERAL

    Neste estudo foi avaliou-se a argila negra, obtida na cidade de Ocara, na

    cidade de Cear. Esta amostra quando submetida a testes de avaliao das

    caractersticas fsicas, qumicas e microbiolgicas, apresentou dados positivos e

    negativos. Em relao as caracterizao fsica e qumica, a mesma apresentou

    caractersticas na composio qumica e mineralgica que indicavam possibilidade

    do uso da argila para finalidades teraputicas. Entretanto a argila apresentava

    constituintes que estavam fora das faixas recomendadas para argilas medicinais

    como a quantidade de silcio e a quantidade de alumnio que estava muito aqum do

    recomendado. Em relao avaliao microbiolgica esta se apresentou mais

    contaminada do que o permitido por rgos reguladores, necessitando passar por

    processo de esterilizao. Este fato pode ter ocorrido devido ao processo de

    amostragem inadequado, sendo que este deve ser revisto e a amostra reavaliada

    neste quesito.

    Posterior ao conhecimento das caractersticas da argila, foi desenvolvida

    formulao de emulso, onde a mesma foi incorporada, e a formulao por sua vez

    foi submetida a teste de estabilidade acelerada a 50C, onde foram avaliados

    parmetros como: caractersticas organolpticas, pH, viscosidade, densidade, teor

    de microrganismos durante os tempos pr-determinados. Ao final do teste,

    constatou-se que a frmula manteve as caractersticas iniciais, obtendo assim o

    prazo de validade provisrio de 2 anos, devendo ser confirmado atravs de testes de

    longa durao.

    Uma vez constatada a estabilidade da formulao a mesma foi testada quanto ao

    seu poder cicatrizante em modelos animais. Na avaliao macroscpica leses

  • 62

    avaliadas nos tempos pr-determinados indicaram que os animais observados

    durante ao longo do experimento apresentaram feridas de colorao marrom

    amarelada e poucos apresentaram exudado/pus e formao de edema. A formao

    de crosta foi observada no final da primeira para segunda semana de avaliaes e

    estas foram se deslocando das leses ao longo do tempo.

    Ao longo do tempo percebeu-se a formao de um halo em torno da leso,

    indicando a reduo da extenso do ferimento. A colorao do halo era de colorao

    mais clara que a pele no lesada, este fato pode estar relacionado ao tipo de

    queimadura, j que as mais profundas podem levar a despigmentao da pele.

    Visualmente pode-se observar uma reduo lenta em relao ao tamanho

    das feridas, no entanto, as queimaduras provocadas nos animais foram profundas,

    sendo consideradas de terceiro grau, uma vez que atingiu todas as camadas da pele

    e msculos. Pode-se observar uma recuperao acentuada da leso em relao

    profundidade, principalmente no grupo dos animais tratados com a emulso/argila.

    Levando-se em considerao todos os animais avaliados durante o

    tratamento, somente dois do grupo emulso, apresentaram a formao de edema

    interno agregado leso, com formao de uma bolsa extensa com preenchimento

    de lquido. A presena de substncias qumicas no interior das bolhas, traumas

    mecnicos e possveis contaminantes, podem retardar o processo de cicatrizao.

    No entanto a gaiola onde os animais estavam presentes possibilitavam situaes

    adversas, tornando-se um fator negativo para o teste em questo.

    Os dados estatsticos confirmaram as avaliaes visuais em relao

    melhora das leses, sendo que quelas nas quais os animais foram submetidos ao

    tratamento com emulso/argila tiveram melhores resultados, seguido pela em