avaliaÇÃo da atividade cicatrizante de …livros01.livrosgratis.com.br/cp059003.pdf · estas...
TRANSCRIPT
-
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS DA SADE
AVALIAO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE DE FORMULAO
CONTENDO ARGILA MEDICINAL SOBRE FERIDAS CUTNEAS EM
RATOS.
GIORDANA MACIEL DRIO
CRICIMA (SC), MARO DE 2008
-
Livros Grtis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grtis para download.
-
1
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS DA SADE
GIORDANA MACIEL DRIO
AVALIAO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE DE FORMULAO
CONTENDO ARGILA MEDICINAL SOBRE FERIDAS CUTNEAS EM
RATOS.
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-
Graduao em Cincias da Sade da
Universidade do Extremo Sul Catarinense, para
obteno do ttulo de Mestre em Cincias da
Sade.
Orientador: Prof. Dr. Eldio Angioletto
CRICIMA (SC), MARO DE 2008
-
2
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao
Bibliotecria: Flvia Cardoso CRB 14/840
Biblioteca Central Prof. Eurico Back UNESC
D218a Drio, Giordana Maciel.
Avaliao da atividade cicatrizante de formulao
contendo argila medicinal sobre feridas cutneas em ratos
/
Giordana Maciel Drio; orientador: Eldio Angioletto. --
Cricima: Ed. do autor, 2008.
76 f. : il. ; 30 cm.
Dissertao (Mestrado) -
Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Ps-Graduao em Cincias da Sade, 2008.
-
3
Somos o que repetidamente fazemos.
A excelncia portanto,
no um efeito, mas um hbito
Aristteles
-
4
-
5
Este trabalho dedicado a toda a
minha famlia, em especial a meu marido e meu filho
que souberam compreender a minha ausncia
em vrios momentos.
-
6
AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus, por sempre guiar meus passos, me iluminar, abenoar
e me dar foras para alcanar mais este objetivo.
Agradeo aos meus pais, Dlcio e Iraides, pois sempre me incentivaram,
apoiaram e me deram coragem em todos os momentos da minha vida,
agradeo pelo imenso carinho, ateno e enorme amor.
Ao meu filho Victor, que mais uma vez conseguiu suportar a minha
ausncia e a falta de nossas brincadeiras.
Ao meu marido, companheiro e amigo, Adilson, pelo amor, carinho,
apoio e pela ajuda em vrias etapas prticas que dedicou a este
trabalho, mesmo em momentos de extremo cansao.
Ao meu orientador Eldio, agradeo pela ateno e pela dedicao ao
decorrer desse trabalho.
As bolsistas Gisele e Luana que caram de pra-quedas no final dos
experimentos.
Aos vigilantes Jefferson, Marcos, Ademir e Luciano pela compreenso
nos momentos de sufoco.
A colega de mestrado, Geovana pelo auxlio na parte histolgica e ao
colega Paulo pelo auxilio com os animais, pois sem ele as coisas teriam
sido bem mais difceis.
Aos meus colegas de trabalho que souberam suportar meu mau humor
em alguns momentos.
Ao colega Silvio, um anjo que me socorreu nos ltimos minutos.
-
7
RESUMO
O desenvolvimento de uma nova formulao envolve vrias etapas
importantes que englobam desde o conhecimento das caractersticas dos insumos
utilizados, at comprovao que a aplicao segura para posterior
comercializao. Sendo assim, neste trabalho, avaliou-se o produto em diferentes
etapas. Quanto a avaliao das caractersticas fsicas e qumicas da argila
observou-se a presena de silicatos de Ca, Mg, Al, Fe, Si, que indicaram
inicialmente que a mesma possua potencial para utilizao teraputicas. Anlises
das fases minerais constituintes indicaram a presena de ilita, caolinita, calcita e
quartzo. As fases como a ilita e a calcita possibilitam a realizao da troca de
ctions, importante caracterstica para disponibilizar esses ons na aplicao do
produto. Quanto a avaliao microbiolgica, constatou-se a necessidade de
esterilizao para posterior incorporao na forma farmacutica. A forma por sua vez
quando submetida a testes de estabilidade acelerada a 50C durante 3 meses
manteve-se estvel, obtendo o prazo de validade provisrio de 2 anos. A mesma foi
submetida avaliao quanto o poder de cicatrizao de feridas provocadas em
ratos. Observou-se que o tratamento efetuado com a formulao contendo argila
obteve o melhor resultado ao longo do tempo, porm no obteve valor significativo
quando comparados aos demais grupos.
Palavras-chaves: Argila Medicinal, Estabilidade Fsico-Qumica, Queimadura,
Cicatrizao.
-
8
ABSTRAT
The development of a new formulation involves several important steps that
begins at the knowledge from the characteristics of the insumes used to the
affirmation that the application is save to future commercialization. This way, at this
work, the product has been evaluated at different steps. Related to the evaluation of
the physical and chemical characteristics of the clay it has been noticed the presence
of Ca, Mg, Al, Fe, Si, which initially indicated that it had a potential for therapeutic
use. The constituents mineral analysis steps indicated the presence of Ilit, caolinit,
Calcite and Quartz. The steps as ilit and the calcite make the change of cations
easier to be done, an important characteristic to make these ions available at the
application of the product. Talking about the microbiological evaluation, a necessity
of sterilization has been noticed for future incorporation in the pharmaceutical
formula. The formula when used in tests of stability accelerates to 50C during
three months it has kept stable, having a provisory expiring date up to 2 years. It
has gone under an evaluation which is related to the scar healing of wounds made in
rats. The treatment taken with the formulation containing clay got the best result
along the time, therefore it hasnt gotten the meaningful value when comparing to
the other groups.
Key words: Medicinal Clay, Physic-chemical Stability, Burning, Scar healing.
-
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
m micrmetro
% - porcento
meq miliequivalente
g gramas
CO2 dixido de carbono
RDC resoluo da diretoria colegiada
pH potencial hidrogeninico
mL mililitro
n - nmero
mm milmetro
cm2 centmetros quadrados
cm centmetros
C graus centgrados
h hora
d densidade
m massa
V volume
-
10
SUMRIO
INTRODUO..................................................................................................
11
OBJETIVOS..................................................................................................... 26
Objetivo Geral................................................................................................... 26
Objetivos Especficos........................................................................................
26
ARTIGO............................................................................................................ 27
DISCUSSO GERAL....................................................................................... 61
REFERNCIAS.............................................................................................. 65
ANEXOS ................................................................................................
75
-
11
1 INTRODUO
Para a utilizao de produtos farmacuticos ou cosmticos necessrio um
estudo prvio da formulao a ser produzida. Este estudo envolve, dentre outros
fatores, o conhecimento dos processos de preparo, avaliaes relacionadas e dos
insumos empregados e, a este ltimo relacionam-se todos os materiais que faro
parte do produto sejam eles matrias primas ou recipientes de acondicionamento.
A Real Farmacopea Espaola (2005) relata que as substncias para uso
farmacutico so orgnicas ou inorgnicas e podem ser utilizadas como princpio
ativo ou excipientes para a produo de medicamentos, podendo ser obtida de
fontes naturais ou no. Estas substncias podem, ainda, ser utilizadas como tais ou
como parte de uma formulao posterior medicamentosa.
Para Loyola & Nario (2001), cerca da metade dos medicamentos utilizados
na atualidade so de origem natural e muitos deles encontram-se ainda
inexplorados. No entanto, segundo argumentado por Ansel et al (2000), antes de
transformar um princpio ativo em uma forma farmacutica, essencial que se
verifique sua pureza e que seja caracterizado biolgica, qumica e fisicamente.
Entre os produtos de interesse dermatolgico, merecem particular destaque,
os de ao tpica incorporados nas formas farmacuticas, estes por sua vez podem
permitir o restabelecimento da integridade da pele posterior a possveis agresses.
Diante disso necessrio o restabelecimento das condies normais e para tanto o
processo de cicatrizao de fundamental importncia.
O processo de cicatrizao envolve a migrao de clulas inflamatrias, a
sntese de tecido de granulao, a deposio de colgeno e de proteoglicanos e a
maturao da cicatriz, estando associada intensa remodulao. A medicina
-
12
complementar vem sendo utilizada como alternativa para o seu tratamento
(Mendona, 2006; Rocha Junior et al, 2006; Santos et al, 2002).
Vrios insumos naturais vm sendo usados em produtos dermatolgicos,
dentro deste grupo encontram-se as argilas teraputicas (Mello; Debacher, 2004;
Mandelbaumi; Disantis; Mandelbaumi, 2003). As argilas so compostas por
partculas de silicato aluminimizado (ou silicato de alumnio), alm de diversos
oligoelementos. De acordo com o local de extrao a constituio pode sofrer
variaes, porm esta diferenciao entre os tipos de argilas no modificam suas
principais atuaes, promovendo a ao absorvente, cicatrizante e anti-sptica. Os
minerais encontrados nas argilas funcionam como potencializadores de
determinados efeitos, conforme a sua concentrao (Santos, 1992).
Para a utilizao da argila (pelides ou fangos) com finalidade teraputica e
cosmtica, necessrio que estes cumpram com determinados requisitos fsicos,
fsico-quimicos e microbiolgicos (Loyola; Nario, 2001). Neste sentido, o estudo da
estabilidade de formas farmacuticas e cosmticas de fundamental importncia
para a segurana de quem as consumir. Para que estas formulaes se enquadrem
nos padres de qualidade impostas por rgos reguladores, necessrio avaliao
da mesma, atravs de testes de estabilidade (Leonardi; Campos, 2001; Lachman et
al, 2001; Ansel et al, 2000).
Levando em considerao a importncia que a argila medicinal vem
adquirindo e que a complexidade dos diferentes componentes presentes em
preparaes cosmticas, podem interferir na eficcia de seus princpios ativos e
estes na estabilidade do veculo, se faz necessrio avaliar a real atividade que o
princpio incorporado ter frente a cicatrizao de feridas cutneas, para que desta
forma a formulao proposta seja vivel para comercializao e uso.
-
13
1.1 Medicina Alternativa
Nos ltimos anos se tem apreciado um aumento na utilizao das medicinas
complementares em todos os pases do mundo, e estas, so consideradas as
diferentes prticas e modalidades teraputicas que no fazem parte do sistema
mdico tradicional ou dominante (Quintero, 2002). A fangoterapia (aplicao
teraputica de argila ou lama) faz parte da medicina complementar e tem sido
utilizada na busca da sade e beleza (Bristschka, 2006; Loyola; Nario, 2006).
Pases como a Alemanha, Cuba, Rssia, Israel e Itlia possuem centros de
tratamento de inmeras enfermidades: dores musculares, lombalgia e na reidratao
e infeces da pele. No entanto, a maior aplicao se faz como adjuvante na terapia
de doenas como osteoartrites, osteoartrose e artrite reumatide (Brasil, 2004;
Parra; Sologuren, 2002).
1.2 Argila
A argila um material natural, terroso, de granulao fina, que geralmente
adquire, quando umedecido com gua, certa plasticidade. Designa ainda o nome
argila um grupo de partculas do solo cujas dimenses se encontram entre uma
faixa especfica de valores, geralmente inferior a 2m, alm de possuir a capacidade
de troca de ctions entre 3 e 150 meq/100g de argila (Daz, 2005, Mello; Debacher,
2004).
um material natural, composto por partculas extremamente pequenas de
silicato aluminizado (ou silicato de alumnio), alm de diversos oligoelementos,
destacando entre os minerais encontrados, o silcio - segundo elemento mais
-
14
abundante na natureza. As diferentes fontes de extrao produzem silicatos
aluminizados de diferentes tipos e concentraes, como, por exemplo, o Titnio,
Magnsio, Cobre, Zinco, Alumnio, Clcio, Potssio, Nquel, Mangans, Ltio, Sdio
e Ferro. Porm, as diversas constituies das argilas no modificam suas principais
atuaes, promovendo a ao absorvente, cicatrizante e anti-sptica. Os minerais
encontrados nas argilas funcionam como potencializadores de determinados efeitos,
conforme a sua concentrao. Quando estes minerais esto em doses nfimas, so
chamados de oligoelementos, mas seu efeito remineralizante se faz notar mesmo
nestas quantidades (Nunes, 2004; Neumann et al, 1999; Santos, 1992).
As argilas esto, portanto, formadas por mesclas de muitos minerais dos
quais alguns deles podem ser predominantes. As argilas puras no existem na
natureza, a no ser quando isoladas em laboratrio e as propriedades da cada argila
se traduzem no efeito de cada um de seus componentes (Renau, 1994).
1.2.1 Histria e Atualidade
A argila uma das substncias mais antigas manipuladas pelo homem,
existindo indcios que o uso teraputico desta aplicado aproximadamente h uns
3000 anos (Bourgeiois, 2006). A utilizao desta se reporta as antigas civilizaes
do Oriente, como os egpcios, depois os gregos e romanos e posteriormente os
rabes (Langreo, 1999).
No Egito, os mdicos dos faras, usavam material argiloso mesclado com
xido de ferro com a finalidade principal de curar as feridas da pele, bem como para
tratar inflamaes e enfermidades internas (Bourgeiois, 2006). Os embalsamadores
utilizavam tambm este material para a mumificao de corpos, devido aos poderes
-
15
de purificao e anti-sepsia da argila (Bourgeiois, 2006; Dextreit; Abehsera, 2006;
Langreo, 1999). Muitos anos mais tarde os Gregos continuam utilizando-a para
combater as diversas afeces cutneas, como as queimaduras ou as eripselas,
tambm contra mordedura de serpentes e contra a peste (Bourgeiois, 2006).
Os mdicos da antiguidade no vacilavam em utiliz-la, e muitos deles,
como por exemplo, o grego Dioscrides, atribuam um extraordinrio vigor as
propriedades vitais da argila e a utilizava para uso externo contra inflamaes da
pele (Dextreit; Abehsera, 2006; Langreo, 1999). Muito antes, o Prncipe dos
Doutores, o rabe Avicena, e Galeno, o famoso anatomista grego, a empregavam
com liberdade e dedicavam palavras de elogio (Dextreit; Abehsera, 2006).
A reputao da argila est novamente em destaque em decorrncia do
trabalho de grandes mdicos alemes Kneipp, Kuhn, Just, Felke e outros do sculo
passado contriburam para este ressurgimento da argila nos tratamentos naturalistas
(Dextreit; Abehsera, 2006). Hoje a argila utilizada em vrios produtos cosmticos e
em vrios centros termais e balnearios-terapia (Bourgeiois, 2006). Uma nova
gerao de mdicos tem contribudo para o avano das possibilidades de cura que
oferecem as terapias naturais, incluindo a geoterapia (Langreo, 1999).
As experincias cientficas tm demonstrado tambm a utilidade de
empregar substncias anteriormente desprezadas no lodo no fundo de rios. Quase
todos os tipos de barros ou lodos contem ingredientes muito ativos, capazes de
provocar uma reconstruo celular e de acelerar todos os processos orgnicos
(Dextreit; Abehsera, 2006).
1.2.2 Formas de obteno
-
16
Devido s diferentes origens, a argila pode ser encontrada em diversas
alturas e profundidades. Habitualmente so extradas de jazidas a cu aberto e so
encaminhadas s indstrias para posterior manipulao e processamento. Aps a
extrao a argila, retira-se outros compostos indesejveis (diferentes rochas, pedras
e outros materiais grosseiros), selecionada, e analisada atravs de culturas
microbiolgicas para verificar a presena de fungos, leveduras e bactrias que esta
possa conter para evitar qualquer tipo de contaminao. Posteriormente
transportada a uma rea de secagem (Langreo, 1999).
1.2.3 Propriedades fsicas e qumicas
Os barros, fangos, lodos e os minerais de argila podem estar constitudos
por um nico mineral ou um conjunto de vrios. Para identificar as argilas estas
podem agrupar-se vrios e distintos pontos de vista: aspecto, origem, como se
encontram na natureza, e rocha me, entre outros (Framis, 2007).
A argila possui uma qumica muito complexa, pode catalisar reaes
qumicas, e devido capacidade de armazenar hmus pode dar lugar a vida vegetal
(Langreo, 1999). Segundo Agostini et al (1996), a composio da frao orgnica da
argila depender do vegetal e do local de obteno da argila. A frao inorgnica
depender da forma de obteno relacionada ao tipo de rocha de origem.
A frmula da argila varia segundo os tipos, a procedncia e a especificidade,
mas seus componentes essenciais sempre se encontram presentes (Carretero;
Lagaly, 2007). O Centro Nacional para os Estudos Cientficos da Itlia estabelece a
composio da argila medicinal conforme descrita na tabela 1 (Anexo 1) (Bourgeiois,
-
17
2006). O mesmo autor diferencia composio e porcentagens encontrada na argila
verde (tabela 2, Anexo 1)
Segundo Bourgeiois (2006), a quantidade de xido de ferro hidratado
(limonita) que se encontra presente na argila pode diferenciar as cores da mesma
em amarela, roxa, branca, marrom, azul, cinza ou verde. Segundo Langreo (1999) a
argila negra contm muito carbono e a mais desconhecida e a menos usada nos
tratamentos teraputicos porque, de acordo com diversos autores, de escasso
valor medicinal. Porm estudo realizado por Britschka (2006) sobre a argila negra
encontrada na cidade de Perube, no estado de So Paulo demonstrou que esta
possui ao antiinflamatria em diferentes modelos experimentais de artrite.
1.2.4 Propriedades teraputicas
Segundo Lpez-Galindo et al (2006) a argila possui diversas aplicaes, no
entanto, para uma aplicao especfica necessrio o conhecimento da estrutura e
composio qumica da argila. De acordo com Aguzzi et al (2006) e Carretero
(2001), a argila j usada h muito tempo, principalmente como excipientes de
vrias formas farmacuticas. Carretero & Lagaly (2007) afirmam o interesse no uso
teraputico da argila cresceu grandemente e atualmente utilizada em Spa e
terapias de beleza, bem como em aplicaes clnicas e farmacuticas, sendo assim
as diferenas de cada argila pode direcion-la ao uso correto.
Para fins curativos e teraputicos, pode utilizar-se a argila tanto interna como
externamente, misturada em gua ou na forma de emplastos ou compressas. Pode
curar feridas e as lceras e contribuir para a reconstruo de clulas e tecidos
-
18
ntegros (Dextreit; Abehsera, 2006; Carretero, 2001), incluindo ossos e vrtebras
fraturadas (Dextreit; Abehsera, 2006).
Conforme descrito por Carretero (2001) a argila tem diversas utilidades,
dentre elas destacam-se como protetores gastro-intestinal; laxativos; anti-diarreicos;
protetores dermatolgicos. Em cosmticos pode ser usado ainda, em mscaras
faciais para adsoro de material graxo e como antiinflamatrio nos casos de acne,
lceras, entre outros, podendo ser usado na forma de cremes ou ps.
Argila na Cicatrizao e Processos inflamatrios
Devido elevada quantidade de silicato de alumnio, a argila possui
destacvel poder de cicatrizao. As feridas, nas quais aplicada a argila,
cicatrizam mais rapidamente e se tornam menores (Bourgeiois, 2006).
Levando em considerao o que descreve Irion (2005), onde cita que no
processo inflamatrio reside uma flora microbiana, a qual pode dificultar o processo
de cicatrizao, a argila pode se tornar uma aliada da reduo deste processo, uma
vez que segundo Dextreit & Abehsera (2006), capaz de eliminar com os
microrganismos desta flora, incluindo os germes patognicos, no qual perdem o
poder de reproduzir-se. Para Fonseca & Prista (1993), a argila como p, favorece a
desidratao e, portanto, a desinflamao, que conseqncia do
desengorduramento da superfcie cutnea. Com esse efeito, as partculas de argila
adsorvem a gordura quando se fixam a superfcie da pele.
Uma ferida purulenta, tratada com a argila, se cura com uma velocidade
surpreendente. Constata-se que argila age precisamente no local afetado.
(Bourgeiois, 2006).
-
19
A durao da aplicao pode variar e depende da patologia que se tem que
tratar e de sua gravidade. Outro fator que se deve levar em considerao a
sensibilidade de cada pessoa. normal que as pessoas que utilizem argila tenham
que ir testando as diferentes variedades que melhor se adapta a elas, a temperatura
e a durao das aplicaes, e decidir qual a forma tima de utiliz-la (Bourgeiois,
2006).
Contra-indicaes
Em relao questo sobre o uso da argila importante saber que ela no
pode ser utilizada para tudo e para todos. Segundo Gomes & Silva (2007) a argila
no um produto neutro, precisamente devido riqueza de seus componentes e a
suas mltiplas propriedades. A argila no uma panacia e seria prejudicial
consider-la como tal, conforme afirma Abeshsera (1999), como tambm seria um
erro, segundo Bourgeiois (2006) privar-se de tratamentos mdicos quando estes so
capazes de levar a cura, simplesmente para demonstrar o quanto so naturalistas
convencidos. Mesmo que a argila no seja perigosa, como qualquer outro
medicamento com certa eficcia, apresenta algumas contra-indicaes, porm
apesar de no serem muitas necessrio conhece-las.
melhor evitar uma terapia interna a base de argila se a pessoa padece de
hipertenso, priso de ventre muito forte, tendncia obstruo intestinal ou depois
de algumas sesses de raio X. Outra contra-indicao pode surgir se houver a
ingesto de leo mineral ou de oliva nos vinte dias que antecede o tratamento ou
caso tenha dieta rica em gordura, j que o excesso de gordura ou destes tipos de
leos provoca a coagulao da argila com conseguinte obstruo dos rgos.
-
20
sempre aconselhvel a mxima prudncia ao iniciar um tratamento alternativo;
portanto, essencial consultar um mdico antes de submeter-se a uma terapia a
base de argila, tanto para interno como externo (Bourgeiois, 2006).
1.3 Estabilidade de produtos farmacuticos
A estabilidade de um produto definida como o perodo em que mantm,
dentro dos limites especificados e dentro do perodo de armazenagem e de uso as
propriedades e caractersticas que possua no momento de sua fabricao ou
manipulao (Montagner; Corra, 2004).
importante assegurar que uma formulao particular, quando embalada
em um frasco especfico, mantenha suas especificaes fsicas, qumicas,
microbiolgicas, teraputicas e toxicolgicas por um perodo de tempo especfico.
Para isto, necessita-se conduzir um programa rigoroso com o objetivo de testar e
garantir a estabilidade do produto a ser comercializado (Camargo; Fisher, 2005;
Florence; Attwood, 2003).
Os testes de estabilidade compreendem o conjunto de testes projetados
para obter informaes sobre estabilidade de produtos farmacuticos, nas variadas
condies a que possa estar sujeito, desde sua fabricao at o trmino de sua
validade, visando definir seu prazo de validade e perodo de utilizao em
embalagens e condies de armazenamento especificadas (Barbosa, 2006; Santos
Junior; Moretto, 2005). Para isso, amostras devem ser armazenadas em condies
que acelerem mudanas passveis de ocorrer durante o prazo de validade. Isso
permite que mais dados sejam coletados em um tempo curto, permitindo, por
-
21
exemplo, que formulaes no satisfatrias sejam eliminadas nas etapas iniciais de
um estudo, reduzindo gastos (Aulton, 2005).
A avaliao da estabilidade das formas farmacuticas pode ser realizada
atravs do teste de estabilidade preliminar, ciclos de temperaturas, teste de
estabilidade acelerada e teste de estabilidade de longa durao (Baby et al, 2006).
1.4 Ferimentos e cicatrizao
1.4.1 Pele e estruturas
A pele apesar de ser um rgo de proteo e eliminao tambm um
rgo sensorial, que recebe e conduz estmulos (Charlet, 1996). Apresenta
mltiplas funes, entre as quais, protege o organismo contra a perda de gua por
evaporao (dessecao) e contra o atrito (Stevens; Lowe, 2001). Atua fazendo a
manuteno da temperatura corporal, pois atravs das suas terminaes nervosas,
est em comunicao constante com o ambiente; por meio dos seus vasos,
glndulas e tecido adiposo. Possui a capacidade de impedir invaso de
microorganismos, regular a presso sangunea e proteger contra raios ultravioletas
(Sampaio; Rivitti, 2001). Suas glndulas sudorparas participam da termorregulao
e da excreo de vrias substncias (Irion, 2005).
Anatomicamente, a pele humana pode ser descrita como um rgo
estratificado com duas camadas principais de tecido, a epiderme e a derme e uma
terceira camada varivel, a subcutnea (Stevens; Lowe, 2001).
A epiderme a camada mais externa da pele, que abrange as clulas
epiteliais escamosas estratificadas (Remington, 2004; Stevens; Lowe, 2001), sendo
-
22
elas o estrato crneo, basal, camada espinhosa e a camada granulosa (Irion, 2005).
O estrato crneo por ser o mais superficial o mais importante para a cosmtica
(Remington, 2004).
A derme apresenta funo protetora e de sustentao, sendo o local onde se
formam as glndulas sebceas e folculos pilosos. Apresenta ainda fibras colgenas,
elsticas e reticulneas (Junqueira; Carneiro, 2004). A derme tem a importante
funo de nutrir a epiderme, pois esta exige uma constante reposio de nutrientes
necessrios para manter a atividade mittica (Irion, 2005). Descrevem-se na derme
duas camadas, de limites pouco distintos, que so a: papilar, superficial, e a
reticular, mais profunda (Junqueira; Carneiro, 2004).
A hipoderme que tambm chamada de camada subcutnea de gordura,
serve como amortecedor para a derme e a epiderme. Nesta camada se encontram
fibras colgenas provenientes da derme que cruzam entre as clulas gordurosas
acumuladas, fornecendo uma conexo entre as camadas superficiais da pele e da
camada subcutnea (Remington, 2004; Sampaio; Rivitti, 2001; Stevens; Lowe,
2001).
1.4.2 Feridas
As feridas so interrupes da integridade cutneo-mucosa e resultam dos
desequilbrios e agravos da sade das pessoas (Irion, 2005).
Podem ser classificadas quanto ao agente causador em incisa ou cortante;
contusa; lacerada; perfurante; penetrante; escoriao; trmica ou queimadura;
patolgica; iatrognica, amputao. Quanto etiologia so classificadas em ferida
aguda ou crnica (Irion, 2005).
-
23
1.4.2.1 Queimadura
Queimaduras so leses trmicas resultantes da transferncia de energia de
uma fonte de calor resultante da ao direta ou indireta sobre o organismo humano
para o corpo (Vale, 2005; Barbosa et al, 2003). Os principais fatores que determinam
a sobrevivncia aps queimaduras so: a porcentagem da superfcie queimada, a
profundidade das leses, a localizao, o tipo do agente causal, leses por inalao,
a idade do paciente, o estado nutricional e doenas metablicas pr-existentes
(Barbosa et al, 2003).
Nestes casos ocorre o comprometimento da integridade funcional da pele,
responsvel pela homeostase hidroeletroltica, controle da temperatura interna,
flexibilidade e lubrificao da superfcie corporal. Portando, a magnitude do
comprometimento dessas funes depende da extenso e profundidade da
queimadura (Vale, 2005), por sua vez a profundidade depende da intensidade do
agente trmico, se gerador ou transmissor de calor, e do tempo de contato com o
tecido. o fator determinante do resultado esttico e funcional da queimadura e
pode ser avaliada em graus (Quadro 1, Anexo 2).
A injria trmica provoca no organismo uma resposta local, traduzida por
necrose de coagulao tecidual e progressiva trombose dos vasos adjacentes num
perodo de 12 a 48 horas. A ferida da queimadura a princpio estril, porm o
tecido necrtico rapidamente se torna colonizado por bactrias endgenas e
exgenas, produtoras de proteases, que levam liqefao e separao da escara,
dando lugar ao tecido de granulao responsvel pela cicatrizao da ferida, que se
caracteriza por alta capacidade de retrao e fibrose nas queimaduras de terceiro
grau (Vale, 2005).
-
24
1.4.3 Cicatrizao
A cicatrizao um processo orgnico de restaurao da leso induzida por
agresso local (Araujo et al, 1998). uma resposta complexa e organizada do
organismo leso dos tecidos com perda de sua integridade. Costuma ser
classificada como de primeira, segunda ou terceira inteno.
Muitos eventos bioqumicos e celulares, dos quais depende a qualidade da
cicatriz formada, esto envolvidos neste processo, que resulta da resposta tecidual
leso. O processo de reparao tecidual dividido em fases, de limites no muito
distintos, mas sobrepostas no tempo: hemostasia; fase inflamatria; formao do
tecido de granulao com deposio de matriz extracelular (como colgeno, elastina
e fibras reticulares); e remodelao como ilustrado na Figura 1 (Mendona et al,
2006; Rocha Junior et al, 2006; Branski et al, 2005, Shimizu, 2005).
Logo aps o tecido ser lesionado, uma cobertura primria composta por
fibrina restabelece a hemostase e fornece um ambiente para que as plaquetas
secretem fatores de crescimento (FCs), citocinas e elementos da matriz extracelular
(MEC). Estes mediadores do processo inflamatrio recrutam macrfagos e
neutrfilos, os quais secretam diversos fatores especficos que orquestram as fases
seguintes do processo de reparao tecidual (Irion, 2005).
-
25
-
26
Nas feridas abertas, que cicatrizaro por segunda inteno, como as
queimaduras, vrios fatores entram em ao, contribuindo invariavelmente para
prolongar a cura das leses, resultando quase sempre em inflamao, edema e
cicatrizes hipertrficas e antiestticas. A produo excessiva de matriz extracelular
pelos fibroblastos presentes nas feridas, tem sido responsabilizada pelo
desenvolvimento das deformidades ps-queimaduras. A cicatriz com deformidade
uma complicao comum na cicatrizao de queimaduras de segundo e terceiro
graus (Medeiros et al, 1999).
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Verificar a ao teraputica de produto contendo argila com propriedades
medicinais.
Objetivos Especficos
Caracterizar as propriedades qumicas, fsicas e microbiolgicas da
argila estudada;
Desenvolver um produto farmacutico com a argila estudada;
Avaliar a estabilidade (teraputica; microbiolgica; fsica e qumica) do
produto;
Avaliar a propriedade teraputica do produto.
-
27
2 ARTIGO
AVALIAO DA ATIVIDADE CICATRIZANTE DE FORMULAO CONTENDO
ARGILA MEDICINAL SOBRE FERIDAS CUTNEAS EM RATOS.
aGiordana Maciel Drio, aElidio Angioletto; aGeovana Gomes da Silva; bPaulo
Silveira, cAdilson Teixeira Junior.
aLaboratrio de Desenvolvimento de Biomateriais e Materiais Antimicrobianos,
Programa de Ps-Graduao em Cincias da Sade, Unidade Acadmica de
Cincias da Sade, Universidade do Extremo Sul Catarinense, 88806-000, Cricima,
SC, Brasil.
bLaboratrio de Fisiopatologia e Fisiologia do Exerccio, Programa de Ps-
Graduao em Cincias da Sade, Unidade Acadmica de Cincias da Sade,
Universidade do Extremo Sul Catarinense, 88806-000, Cricima, SC, Brasil.
cLaboratrio Ativo - Laboratrio de apoio de exames de mdia e alta complexidade,
88930-000, Ararangu, SC, Brasil.
Autor correspondente: Eldio Angioletto
Endereo: Av. Universitria, 1105 Bairro Universitrio, Cricima SC CEP 88806-000
Tel. 55 48 34312639 / Fax. 55 48 34312750
Email: [email protected]
-
28
Abstract
O uso de argilas com finalidades teraputicas prtica difundida em
praticamente todas as regies do mundo. Neste trabalho fez-se avaliao de argila
utilizada popularmente com finalidades teraputicas, proveniente da localidade de
Ocara, quanto as caractersticas fsicas e qumicas da argila. Observou-se a
presena de Ca, Mg, Al, Fe, Si, que indicaram inicialmente que a mesma possua
potencial para utilizao teraputica. Durante a avaliao microbiolgica, constatou-
se a necessidade de esterilizao da argila para posterior incorporao na forma
farmacutica. O teste de estabilidade acelerado a 50C durante 3 meses da
forma farmacutica mostraram que a mesma manteve-se estvel. Constatando-se a
estabilidade da formulao, a mesma foi submetida a avaliao quanto o poder de
cicatrizao de feridas provocadas em ratos. Observou-se que o tratamento
efetuado com a formulao contendo argila obteve o melhor resultado quando
comparado entre os diferentes dias, no entanto quando comparado entre os demais
grupos, no se percebeu dados significativos.
Introduo
Embora o uso da argila com finalidade medicinal seja um fato com indcios
pr-histricos, e esta prtica esteja largamente difundida e abordada por muitos
autores (Framis, 2007, Tateo; Summa, 2007, Veseras, et al, 2007, Dextreit,
Abehsera, 2006, Lagreo, 1999,), para a utilizao em produtos farmacuticos ou
cosmticos necessrio um estudo prvio que envolve, dentre outros fatores, o
conhecimento dos processos de preparo, avaliaes relacionadas e os insumos
empregados. Para Loyola & Nario (2006), cerca da metade dos medicamentos
utilizados na atualidade so de origem natural e muitos deles encontram-se ainda
inexplorados. No entanto, segundo argumentado por Ansel e colaboradores (2000),
antes de transformar um princpio ativo em uma forma farmacutica, essencial que
se verifique sua pureza e que seja caracterizado biolgica, qumica e fisicamente.
-
29
Entre os produtos de interesse dermatolgico, merecem particular destaque,
os de ao tpica incorporados nas formas farmacuticas, estes por sua vez podem
permitir o restabelecimento da integridade da pele posterior a possveis agresses.
Diante disso necessrio que restabelea as condies normais e para tanto o
processo de cicatrizao de fundamental importncia.
O processo de cicatrizao envolve a migrao de clulas inflamatrias, a
sntese de tecido de granulao, a deposio de colgeno e de proteoglicanos e a
maturao da cicatriz, estando associada intensa remodulao. A medicina
complementar vem sendo utilizada como alternativa para o seu tratamento
(Mendona et al, 2006; Rocha Junior et al, 2006; Santos et al, 2002).
Vrios insumos naturais vm sendo usados em produtos dermatolgicos
(Mello; Debacher, 2004; Mandelbaum et al; 2003a), dentro deste grupo encontram-
se as argilas teraputicas (Mello; Debacher, 2004). As argilas so compostas por
partculas de silicato aluminimizado (ou silicato de alumnio), alm de diversos
oligoelementos, que promovem a ao absorvente, cicatrizante e anti-sptica
(Santos, 1992). Para a utilizao da argila (pelides ou fangos) com finalidade
teraputica e cosmtica, necessrio que estes cumpram com determinados
requisitos fsicos, fsico-quimicos e microbiolgicos (Loyola; Nario, 2001).
O estudo da estabilidade de formas farmacuticas e cosmticas de
fundamental importncia para a segurana de quem as consumir, sendo assim para
que estas formulaes se enquadrem nos padres de qualidade impostas por
rgos reguladores, necessrio avaliao da mesma, atravs de testes de
estabilidade (Leonardi; Campos, 2001; Lachman et al, 2001; Ansel et al, 2000).
Levando em considerao a importncia que a argila medicinal vem
adquirindo e que a complexidade dos diferentes componentes presentes em
-
30
preparaes cosmticas, podem interferir na eficcia de seus princpios ativos e
estes na estabilidade do veculo, se faz necessrio avaliar a real atividade que o
princpio incorporado ter frente a cicatrizao de feridas cutneas, para que desta
forma a formulao proposta seja vivel para comercializao e uso.
Materiais e Mtodos
1 Aquisio da amostra (argila)
A amostra, denominada argila negra, oriunda de uma lagoa situada no
municpio de Ocara no Estado do Cear a 120Km de Fortaleza.
2 Caracterizao fsica, qumica e microbiolgica da argila estudada
As avaliaes fsicas e qumicas foram realizadas pelo CTCmat-Senai-
Cricima e a avaliao microbiolgica foi realizada no LADEBIMA UNESC. Os
testes realizados foram: troca de ctions, difrao de raios X; fluorescncia de raio
X, plasticidade e reologia. Os testes microbiolgicos foram: difuso em agar
determinao de bactrias, fungos e leveduras.
a) Fluorescncia de raios x (FRX): foi utilizado o equipamento de fluorescncia de
raios-x - marca PHILIPS - para determinar a composio qumica da argila sob
anlise. As amostras foram perolizadas e posteriormente analisadas.
b) Anlise Granulomtrica: utilizou-se um granulmetro - marca Cilas 1064 - para
anlise do tamanho das partculas, com 14% de obscurecimento.
-
31
c) Difrao de raios x (DRX): utilizou-se um difratmetro de raios X - marca
SHIMADZU X-RAY DIFFRACTOMETER LAB X XRD-6000, UDESC/CCT- Joinville,
sendo que, os espectros de raios X foram obtidos atravs de um tubo de cobre,
utilizando um ngulo de varredura de 2/min.
d) Anlise de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR): utilizou-se um
infravermelho com transformada de Fourier - marca IR Prestige 21, Shimadzu -
UNESC-LAMAT 2, com uso de pastilhas de KBR e faixa entre 400 4000 cm-1.
3 Desenvolvimento de uma formulao contendo a argila estudada.
O processo de preparo da emulso e incorporao do ativo foi realizado
conforme os preceitos das Boas Prticas de Manipulao RDC n67 (Brasil, 2007).
Inicialmente, as preparaes foram avaliadas quanto estabilidade atravs do teste
preliminar/acelerado.
3.1 Produo de emulses com e sem argila medicinal
Para a produo da emulso e da emulso/argila, baseou-se na formulao
conforme descrita na tabela 2. Utilizou-se como creme base o polawax cuja
formulao e os procedimentos de preparao das formulaes esto descritos por
Batistuzzo (2002). A produo de uma emulso sem adio da argila, teve a
finalidade de avaliar possveis interferentes relacionados a emulso base.
-
32
Tabela 2: Emulso com e sem argila medicinal
Fase
Matrias Primas
Emulso/Argila
Matria Prima
Emulso
INCI Quantidade
1 Talco neutro Talco neutro Talc 40g
1 Argila medicinal - - 75g
2 Glicerina Glicerina Glycerin 112,5g
2 Creme Polawax qsp Creme Polawax qsp - 500g
Fonte: Batistuzzo, 2002
3.2 Testes de estabilidade acelerada e determinao do prazo de validade
As amostras foram submetidas ao teste de estabilidade preliminar/acelerada
(T = 50C), sendo que as amostras foram retiradas e avaliadas nos tempos (em
dias), (0) zero, (5) cinco, (10) dez, (15) quinze, (30) trinta, (60) sessenta e (90)
noventa. Avaliaram-se as caractersticas organolpticas, efeito da centrifugao,
reologia, densidade, pH e caractersticas microbiolgicas (Brasil, 2004; United States
Pharmacopeial Convention, 2001).
Avaliao dos Produtos
a) Caractersticas organolpticas: avaliaram-se os produtos segundo o descrito
por Ferreira (2002), sendo que a para verificao da aparncia homogeneizou-se
uma pequena quantidade da amostra em recipiente transparente e, observou-se
contra um fundo branco, a presena ou no de resduos, o grau de turvao e se
houve ou no a separao de fases; para determinao da cor os produtos foram
avaliados por identificao visual; e para o odor, foi utilizado o olfato como sentido.
-
33
b) Caractersticas fsicas
Densidade: Determinou-se a densidade relativa da amostra utilizando
picnmetro devidamente calibrado, a 20C e com capacidade de 25mL
(Brasil, 2007). Os clculos foram realizados segundo descrito por Ansel et al
(2000).
Reologia: a anlise foi realizada atravs de um remetro Micronal 2000.
Teste de centrifugao: para a realizao deste teste uma pequena amostra
das emulses foi colocada em tubos e estes encaminhados a uma centrifuga
(Fanem
BL 206 - baby I), a uma velocidade de 3.000 rpm durante um
perodo de 30 minutos (Brasil, 2004).
Determinao do pH: utilizou-se peagmetro Quimis
Q400 A, devidamente
calibrado, utilizando para as verificaes diluies de 1:10 (Farm.Bras., 1998).
c) Avaliao microbiolgica da argila e emulses preparadas: as amostras
foram diludas em caldo BHI (Brain Heart Infusion), na proporo de 1:9. Realizaram-
se 3 diluies seriadas. Para cada diluio, foram feitas inoculaes em duplicata,
sendo utilizados os meios de cultura PCA (Plate Count Agar), para bactrias, e o
gar sabouraud-dextrose, para fungos. Nas amostras contendo conservantes
utilizou-se 1% de tween 80 (Monooleato de polioxietilenossorbitano) para a
inativao, adicionando-o ao caldo BHI (Carturan, 1999).
Utilizou-se placas de Petri, e quantidade de meio para alcanar espessura
de 4 mm. Foram distribudos 0,1mL de cada diluio considerada, espalhando-se
com o auxlio da ala de Drigalski. As placas foram incubadas durante 24 horas
35 C para bactrias, e durante 7 dias 25C para fungos. Aps esse perodo,
-
34
procedeu-se a leitura das placas e a contagem das colnias (Pinto, Kaneko, Ohara,
2000).
A contagem das colnias foi realizada conforme descrito pela Farmacopia
Brasilleira (1988). Os resultados foram expressos em Unidades Formadoras de
Colnia (UFC) por grama da amostra (Pinto et al 2000), sendo que estes foram
avaliados quanto ao enquadramento em duas categorias: tipo I com limite de 5 x 102
UFC/g e tipo II com limite de 5 x 103 UFC/g, sendo que para ambos observou-se
tambm a ausncia de Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e
Coliformes totais e fecais em 1g de produto.
d) Determinao do prazo de validade provisrio: segundo Ansel et al
(2000), o mtodo Q10 para estimativa do prazo de validade permite ao farmacutico
calcular rapidamente o prazo de validade para uma formulao que est sendo
avaliada. A frmula deste mtodo est representada no Quadro 2.
Quadro 2. Frmula do mtodo Q10.
Frmula T90 (T2) = t90 (T1)
Q10 ( T/10)
Fonte: Ansel, Popovich e Allen Junior (2000).
Onde: T90 (T2) representa o prazo de validade estimado, t90 (T1) o prazo de
validade em uma determinada temperatura, e T a diferena entre as
temperaturas T2 e T1. Os valores comumente utilizados para o Q so 2, 3 e 4 e
relacionam-se com as energias de ativao das reaes para temperaturas
prximas da temperatura ambiente (25 C). Em geral, possvel fazer estimativas
razoveis utilizando-se o valor 3 (Ea =19,4 kcal/mol). Foi utilizada a temperatura de
-
35
25 C para T2, que representa a temperatura no qual se quer estimar o prazo de
validade.
3.3 Avaliao da atividade cicatrizante
A pesquisa foi realizada, aps aprovao do comit de tica e pesquisa da
Unesc e, procedeu-se de acordo com as normas internacionais para biomdica em
animais (1990) conforme a lei federal n 6638 de 08 de maio de 1979
a) Modelo animal: foram utilizados 45 ratos machos da linhagem Wistar de idade
adulta e peso corpreo mdio de 300g (variao: compreendido entre 250 e 350g).
Os animais foram mantidos em gaiolas apropriadas com rao e gua ad libitum, em
macroambiente semi-controlado, em temperatura ambiente de 21C, sendo que a
luminosidade, intensidade de rudo e umidade sero as do ambiente geral
(Mendona et al, 2006; Noronha et al, 2004; Rahal et al, 2001).
b) Queimadura Procedimento: Aps anestesia intramuscular, composta por
Rompun na dose 0,04mL / 100g que possui efeito relaxante, sedativo e anestsico e
por Ketamina Agener 10% na dose de 0,08mL/100g que possui efeito anestsico, foi
realizada a tricotomia da regio dorsal e foi provocada queimadura com chapa de
alumnio de 2,5cm2 aquecida a 130C, pressionada na pele do dorso por 20
segundos. Este procedimento foi adaptado de Medeiros et al (2001).
Para o estudo os animais foram divididos aleatoriamente em 3 grupos,
conforme o tratamento a ser realizado, totalizando 15 ratos para cada grupo, como
segue (Medeiros et al, 1999): Grupo AQ (controle) - tratamento com soluo
-
36
fisiolgica; Grupo BQ - tratamento somente com veculo (emulso); Grupo CQ -
tratamento com a mistura emulso/argila
As letras A, B, C esto relacionadas aos subgrupos que recebero diferentes
produtos e a letra Q que precede referente ao tipo de procedimento executado
(queimadura).
Cada grupo foi redistribudo em subgrupos conforme a data de eutansia
(guilhotina), sendo esta realizada nos dias 7, 14 e 21 do experimento (Amorim et al,
2006).
c) Tratamento: os ferimentos foram tratados e avaliados diariamente, sendo
protegidos com bandagem, composta de compressa de gaze (primeira camada) e
atadura de crepe (2 camada) (Rahal et al, 2001). O tratamento de cada grupo ser
administrado por via tpica, na regio lesionada, sempre no mesmo horrio do dia
(20:00h) (Santos et al, 2002), com os produtos designados para cada grupo. As
feridas foram limpas com soro fisiolgico 0,9% a cada nova aplicao dos produtos
em anlise (Santos et al, 2002; Rahal et al, 2001)
d) Avaliao macroscpica: para este estudo, os animais anestesiados, com uso de
ter etlico, foram acompanhados diariamente atravs de observaes clnicas do
reparo da leso, referindo-se s alteraes fenotpicas manifestadas, tais como:
presena ou no de edema, exsudado e crosta, colorao da ferida. Todas as
variveis foram registradas em protocolos especficos (Martins et al, 2003). Em
seguida, conforme Amorim et al (2006), as leses foram medidas com auxilio de um
paqumetro digital e transferidas para planilha para dados estatsticos, para
posteriormente os produtos de tratamento serem reaplicados de acordo com os seus
-
37
respectivos grupos.
e) Avaliao histolgica: amostras cirrgicas foram retiradas e encaminhadas para
estudos histolgicos e morfomtricos. Um fragmento retangular com 0,5 x 2,0 cm foi
ressecado de cada animal, sendo que cada segmento ter rea central lesada e rea
perifrica da pele no-lesada para servir como controle (Noronha et al, 2004). Todas
as amostras das leses cutneas obtidas foram fixadas em uma soluo contendo
formalina (soluo Karnosvisk) (Goes et al, 2005; Rocha et al, 2005; Noronha et al,
2004) por perodo mnimo de 48 horas. Aps a fixao as amostras foram
desidratadas gradativamente em concentraes crescentes de lcool etlico (70 a
100%), diafanizadas em xilol, embebidas e includas em blocos de parafina, de modo
que a face dermoepidrmica ficasse voltada para a superfcie de corte do bloco
(Rocha Junior et al, 2005; Noronha et al, 2004). Os fragmentos includos em parafina
foram cortados utilizando-se micrtomo, obtendo-se sees de 5 m de espessura
(Rocha Junior et al, 2005). As lminas histolgicas foram mantidas em estufa para
secagem, e os cortes posteriormente submetidos colorao por hematoxilina e
eosina (H-E), Tricrmico de Gmore para a anlise histolgica (Rocha Junior et al,
2005; Noronha et al, 2004; Rahal et al, 2001). A leitura foi realizada em microscpio
ptico, magnitude de 100 vezes (x), visando observar o processo inflamatrio e
cicatricial (Goes et al, 2005).
f) Anlise estatstica dos resultados: para a anlise estatstica utilizou-se o
programa SPSS verso 12, sendo contemplado o teste t de Student e Dunett,
considerando-se significativa a diferena entre as mdias quando p
-
38
Resultados e Discusses
Caracterizao qumica, fsica e microbiolgicas da argila estudada
Anlise qumica
Conforme visualizado na tabela 3 nota-se predominncia da SiO2, e quando
comparado composio qumica apresentada por outros autores (Bourgeiois,
2006), constata-se que este valor est acima dos valores mdios. Este material
no recomendado a matrias primas farmacuticas, principalmente se estiver
presente como slica livre, devido a baixa absoro. A quantidade de alumnio, da
mesma forma, est alm dos valores preconizados (40 a 48 %) para xidos de
alumnio para as argilas medicinais. Como oligoelementos h presena de Mg, Ti, P
(como xidos) e conforme observado por Nunes (2004) e Santos (1992), a presena
destes podem induzir diversas aes teraputicas, entre elas a cicatrizao.
Tabela 3 Anlise qumica por FRX da argila negra de Ocara.
Constituintes % em massa
Constituintes % em massa
SiO2 68,63 MgO 0,28
Al2O3 7,85 Na2O 0,27
Fe2O3 2,36 K2O 1,43
TiO2 0,82 P2O5 0,04
CaO 6,48 Perda ao Fogo 7,44
OBS: a anlise no fecha 100 %.
Segundo Santos (1989) a perda ao fogo esta relacionada s guas
intercaladas, de coordenao e zeoltica, e de hidroxilas dos argilominerais e
-
39
tambm de hidrxidos existentes. Todavia, os componentes volteis de matria
orgnica, sulfetos, sulfatos e carbonatos, quando presentes, so includos nesta
determinao. Diante do exposto pode-se associar os resultados obtidos na tabela
3, com a presena de matria orgnica e gua de constituio.
Distribuio Granulomtrica
Conforme visualizado na figura 2, constata-se grande frao com partculas
com dimenses em torno de 10 m, porm com dimetro mdio de 26,33 m,
estando em desacordo com as definies dadas por diversos autores (Daz, 2005,
Mello; Debacher, 2004) para argilas. Porm, em trabalho realizado por Poensin et al
(2003), o uso de argila com tamanhos em torno de 74 m, deram resultados
significativos em relao a microcirculao da pele, uma vez que foi capaz de
incrementar fluxo sanguneo e a estimulao vasomotora.
Figura 2: Distribuio granulomtrica da argila negra de Ocara.
Difrao de raios-X
-
40
Na figura 3 observa-se as fases constituintes da argila negra de Ocara,
estando presentes a ilita (carto JCPDS 00-009-0343 e frmula geral
K0.5(Al,Fe,Mg)3(Si,Al)4O 10(OH)2), caolinita (carto JCPDS 01-0782110 e frmula
geral Al4(OH)8(Si4O10)); quartzo (carto JCPDS 01-07-3755 e frmula geral SiO2),
calcita (carto JCPDS 01-071-3699 e frmula geral Ca(CO3)), e a dolomita (carto
JCPDS 00-009-0343 e frmula geral K0.5(Al,Fe,Mg)3(Si,Al)4O 10(OH)2).
1 44 7 -0 8
01 -0 71 -3 69 9 ( * ) - C a lc ite , s yn - C a(C O3 ) - Y : 5.6 6 % - d x by : 1. - W L : 1.5 40 6 - R ho m b o.H .a xes - a 4 .9 9 10 0 - b 4.9 9 10 0 - c 1 7.0 62 0 0 - a lp ha 90 .00 0 - be ta 9 0.0 00 - ga m m a 1 2 0.0 00 - P rim it ive - R -3 c (1 67 ) - 6 - 3 68 .07 5 01 -0 73 -2 36 1 ( * ) - C a lc iu m M ag n es iu m C arb o na te - C a M g (C O3 )2 - Y : 6 .68 % - d x b y : 1 . - W L: 1 .54 06 - R h om bo .H .axe s - a 4.8 10 40 - b 4 .81 0 40 - c 16 .05 5 00 - al ph a 9 0.0 00 - b eta 90 .00 0 - g a m m a 1 20 .00 0 - P ri m it iv e - 01 -0 78 -2 11 0 ( * ) - K ao lin ite - Al 4( OH )8 (S i4O 1 0) - Y : 1 2.6 9 % - d x by : 1. - W L : 1.5 40 6 - T r ic li nic - a 5 .1 4 97 1 - b 8 .9 3 50 7 - c 7 .38 5 49 - al ph a 9 1.9 28 - b eta 1 0 5.0 44 - ga m m a 8 9 .7 9 2 - P ri m it iv e - P 1 ( 1) - 1 - 3 2 7.9 91 - I / Ic P00 -0 09 -0 34 3 ( D ) - I ll ite, t ri oc ta he dr al - K0 .5( Al ,F e,M g )3 (S i,A l)4 O 10 (O H ) 2 - Y : 12 .37 % - d x b y : 1 . - W L: 1 .5 4 06 - O rtho rh o m b ic - a 5 .25 0 00 - b 9 .18 00 0 - c 20 .00 00 0 - al ph a 9 0.0 00 - b eta 9 0 .0 0 0 - g am m a 90 .00 0 - Pr im i t
01 -0 70 -3 75 5 ( * ) - Q u artz - S iO 2 - Y: 1 00 .00 % - d x b y: 1 . - W L: 1.5 4 06 - H e xa g on al - a 4 .91 58 0 - b 4 .9 1 58 0 - c 5 .40 9 10 - al ph a 9 0.0 00 - b eta 90 .00 0 - g a m m a 12 0 .00 0 - P ri m it iv e - P 3 12 1 ( 15 2) - 3 - 1 1 3.1 99 - I / Ic P D F 2Op e ra ti on s : Im po rt14 47 -0 8 - F ile : 1 4 47 -0 8. ra w - Type : 2T h /T h l ocke d - Sta rt : 2.0 00 - E nd : 7 2 .0 0 0 - S tep : 0.0 10 - Ste p t im e: 2 . s - T em p.: 2 5 C - T i m e S ta rted : 70 23 s - 2 -T h eta : 2 .00 0 - T he ta: 1.0 00 - C h i: 0.0 0 - P h i: 0.0 0 - X : 0 .
Lin
(Co
unts
)
20
10 0
20 0
30 0
40 0
50 0
60 0
70 0
80 0
90 0
2 -The ta - Sc ale
2 10 2 0 30 40 5 0 60 7 0
Cal
cita
Dol
omita
Q ua rtzo
Illita C ao lin ita
Figura 3: Difratograma de raios-X da argila negra, indicando a presena das fases ilita,
caolinita, calcita, dolomita, e quartzo.
Salienta-se que algumas propriedades da argila decorrem diretamente do
tipo das fases presentes. As que possuem alumnio e magnsio em sua formulao
podem substituir esses ctions por outros, fazendo com que efeitos cicatrizantes, por
exemplo, possam ocorrer durante o tratamento. Para Langreo (1999) a caolinita tem
propriedades bactericidas, enquanto que a ilita, que tem grande concentrao de
clcio, apropriada para traumatismos e contuses, diminuindo o inchao quando
-
41
aplicado cataplasmas e a esta frao, pode ser associada tambm ao grande poder
de absoro de resduos, impurezas e pus.
Anlise de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)
Na figura 4 apresentada a anlise da argila por FTIR. Percebe-se a
presena de picos que ocorrem em 3699 e 3626 cm1, referentes a estiramentos OH.
Segundo Hunt, a banda em 3431 cm-1 est relacionada com ligaes de hidrognio
HOH. A banda em 3626 cm-1 est relacionada hidroxila octadrica interna. H
picos de estiramento assimtrico Si-O em 1042 cm-1, vibraes de deformao Al-
OH em 912 cm-1 e vibraes Si-O-Al em 794 e 692 cm-1, respectivamente.
Figura 4: Espectro na regio de infravermelho da argila negra
Microbiolgica
A avaliao microbiolgica referente argila em estudo apresentou
resultados acima do limite estipulado por Carturan (1999) para fungos. Para
continuar o experimento foi necessria a esterilizao da mesma (Poensin et al,
-
42
2002), pois como relata Pinto et al (2000), a carga microbiana elevada pode
comprometer a estabilidade de um produto, causando perda da eficcia teraputica,
por degradao do princpio ativo ou por alterao de parmetro fsico fundamental
para a sua atividade, como o pH. Matrias primas contaminadas podem levar
tambm a prejuzos a sade do consumidor.
2 Produo de emulses com e sem argila medicinal
Testes de estabilidade acelerada e determinao do prazo de
validade
a) Caractersticas organolpticas
Em todos os tempos avaliados, as amostras apresentaram-se com as
mesmas caractersticas iniciais, indicando a estabilidade das frmulas. A emulso
contendo a argila em estudo apresentou colorao acinzentada, odor
caracterstico das matrias primas, aspecto homogneo e sem presenas de
bolhas. As mesmas caractersticas puderam ser observadas na base, porm a
colorao permaneceu branca em todo o momento.
A cor e o odor, embora no possam ser caracterizados como medidas
analticas contribuem de forma significativa para a garantia da qualidade. Esses
critrios so fatores que exercem grande efeito psicolgico no paciente (Gomes;
Reis, 2001).
b) Caractersticas fsicas
-
43
Densidade
Os valores de densidade obtidos sofreram uma leve oscilao com o
passar do tempo de teste (tabela 4).
Tabela 4. Avaliao da densidade em funo do tempo (dias)
Tempo 0 Tempo 5 Tempo 10 Tempo 15
Base
com
argila
0,9344 0,9342 0,9289 0,9291
Base 1,0400 1,0254 1,0358 1,0374
Tempo 30 Tempo 60 Tempo 90 Mdia
Base
com
argila
0,9286 0,9301 0,9296 0,9307
Densidade
(g/mL)
Base 1,0371 1,0368 1,0366 1,0355
Analisando-se a frmula da densidade (m/v), relatada por Pradeau (2001),
verifica-se que a massa diretamente proporcional densidade, ento uma
diminuio da densidade, neste caso, pode estar relacionada a uma diminuio da
massa, j que o volume se manteve constante durante as anlises. Esta diminuio
de massa pode ser atribuda incorporao de ar emulso, este fato segundo
Pezzini et al (2004), um parmetro crtico para a manuteno da estabilidade fsica
de uma emulso e conforme Antunes Junior (2002) pode facilitar o crescimento de
microrganismos e oxidao afetando a estabilidade das preparaes.
Viscosidade
-
44
Foi realizada anlise do comportamento reolgico do produto emulso e
emulso/argila, sendo o resultado observado na figura 4. Inicialmente a emulso
possua viscosidade de 38Pa*S e esta cai rapidamente para valores menores que
5Pa*S quando aplicado taxa de cisalhamento em torno de 25 (1/s). Essa diminuio
rpida com aplicao da tenso uma importante caracterstica quando o produto
aplicado sobre a pele e ainda sobre ferimentos, pois evita o efeito de remover
camadas celulares que esto em recuperao.
Figura 5: Representao grfica do comportamento da viscosidade em funo da tenso de
cisalhamento da emulso mais argila.
Teste de centrifugao
Lachman et al (2001) afirmam que a centrifugao, se usada
cuidadosamente, constitui uma ferramenta bastante til na avaliao na previso da
estabilidade das emulses. Este produz estresse na amostra simulando um
aumento na fora de gravidade, aumentando a mobilidade das partculas e
antecipando possveis instabilidades. Estas podero ser observadas na forma de
-
45
precipitao, separao de fases, coalescncia, formao de exsudados, cremao,
floculao, entre outras (Brasil, 2004). Levando em considerao que as amostras
no apresentaram nenhuma anormalidade quando comparadas ao preconizado,
estas foram aprovadas neste quesito.
Determinao do pH
Conforme Antunes Junior (2002) o pH para emulses deve estar entre 5,0 e
6,5, uma vez constatado que o pH da base ficou superior ao preconizado, realizou-
se correo da mesma utilizando soluo de cido ctrico a 10%, com a finalidade
alcanar a reduo necessria e continuao dos experimentos.
Tabela 5: Resultados do pH da emulso de argila e base em funo do tempo (dias).
pH
Tempo 0 Tempo 5 Tempo 10 Tempo 15
6,30 6,30 6,5 6,18 6,25 6,42 6,24 6,26 6,46 6,22 6,24 6,4 Emulso argila
6,36* 6,28* 6,32* 6,31*
6,40
6,39
6,60 6,45 6,42 6,57 6,45 6,43 6,59 6,44 6,41 6,6 Emulso
6,46* 6,48* 6,49* 6,48*
pH
Tempo 30 Tempo 60 Tempo 90 Mdia geral
6,25 6,27 6,51 6,22 6,25 6,49 6,21 6,28 6,47 Emulso argila
6,34* 6,32* 6,32*
6,32
6,42
6,38
6,58 6,39 6,42 6,58 6,43 6,45 6,59 Emulso
6,46* 6,46* 6,49*
6,47
*Mdia dos resultados de pH
-
46
Na tabela 5, pode-se constatar que valores de pH, mdio e valores
individuais (tabela 5), com o passar do tempo no sofreram alteraes significativas
tanto para emulso/argila quanto para base. Em relao aos valores individuais, se
observou pequenas variaes, no entanto levando-se em considerao o que afirma
Ewing (2001), que pequenas oscilaes na temperatura podem influenciar no
resultado final deste tipo de anlise, resolveu-se ento no considerar estas
pequenas diferenas.
c) Avaliao microbiolgica da argila e emulses preparadas
A qualidade microbiolgica de produtos constitui um dos atributos essenciais
para o seu desempenho adequado, principalmente em relao segurana, eficcia
e aceitabilidade destes produtos (Yamamoto et al, 2004).
As amostras analisadas nos tempos estipulados permaneceram dentro dos
limites estabelecidos por Carturan (1999), tanto para produtos do tipo I (para uso
infantil, rea dos olhos, e contato com mucosas) quanto do tipo II (demais produtos
susceptveis contaminao), desta forma considera-se que a forma farmacutica
em estudo pode ser usada com segurana. Normalmente, nveis baixos de
contaminao microbiana so inevitveis e no representam ameaa significativa.
No entanto, crescimento microbiano exacerbado pode causar deteriorao e outros
problemas formulao e ao usurio (Schueller, 2002).
d) Determinao do prazo de validade provisrio
-
47
Segundo descrito na RDC n 210 (Brasil, 2003) produtos submetidos ao
teste de estabilidade acelerado, que suportem as condies estipuladas no teste
durante o tempo de trs meses, possuem o prazo de validade provisrio de dois
anos. Desta forma, conforme resultados obtidos o produto se enquadra neste
quesito, porm para avaliao complementar, aplicou-se clculo sugerido por Ansel
et al (2000), conforme descrito no item 3.2 (Quadro 2), obtendo-se prazo de validade
provisrio de aproximadamente 1402 dias ou 3,8 anos.
importante salientar que preciso dar continuidade aos estudos,
realizando-se os testes de estabilidade de longa durao (em condies normais de
armazenamento) para a confirmao dos resultados obtidos inicialmente, com
durabilidade de dois anos ou mais. Dando-se continuidade s avaliaes, ser
possvel complementar as informaes obtidas sobre a estabilidade do produto,
confirmar o prazo de validade estimado e recomendar as condies de
armazenamento da formulao (Brasil, 2004).
3 Avaliao da atividade cicatrizante
a) Avaliao macroscpica e estatstica dos resultados
As leses avaliadas nos tempos pr-determinados indicaram que os animais
observados durante ao longo do experimento apresentaram feridas de colorao
marrom amarelada e poucos apresentaram exudado/pus e formao de edema. A
formao de crosta foi observada no final da primeira para segunda semana de
avaliaes e estas foram se deslocando das leses ao longo do tempo.
-
48
No decorrer do tempo percebeu-se a formao de pequeno halo em torno da
leso, indicando a reduo da extenso do ferimento. A colorao do halo era de
colorao mais clara que a pele no lesada, isso porque segundo Irion (2005),
queimaduras profundas podem levar a despigmentao da pele.
Visualmente observou-se uma reduo lenta em relao ao tamanho das
feridas, no entanto, as queimaduras provocadas nos animais foram profundas,
atingindo todas as camadas da pele e msculos, desta forma estas foram
consideradas queimaduras de terceiro grau, segundo preceitos de Vale (2005).
Pode-se observar uma recuperao da leso em relao profundidade,
principalmente no grupo dos animais tratados com a emulso/argila, onde se
percebeu tambm feridas mais secas.
Levando-se em considerao todos os animais avaliados durante o
tratamento, somente dois do grupo emulso, apresentaram a formao de edema
interno agregado leso, com formao de uma bolsa extensa com preenchimento
de lquido. Para Irion (2005), a presena de substncias qumicas no interior das
bolhas pode retardar o processo de cicatrizao. Para este mesmo autor, ferimentos
associados a queimaduras, devem ser protegidos contra traumas mecnicos e
contra possveis contaminantes, no entanto a gaiola onde os animais estavam
presentes possibilitavam as duas situaes, tornando-se um fator negativo para o
teste em questo.
Observando as figuras 6, 7 e 8 constata-se que a reduo das leses no
foram significativas (p > 0,05) quando comparadas entre os diferentes tratamentos.
Desta forma, apesar da argila estuda apresentar indcios qumicos que pudesse
apresentar ao teraputica, a mesma aparentemente no apresentou atividade
cicatrizante, isso pode ser devido a falta de cuidados na coleta da mesma, pois pode
-
49
ter possibilitado uma maior concentrao de slica e diluio dos constituintes
minerais.
Salina Emulso Emulso X Argila0
25
50
75
mm
Figura 6: Comparao entre os tratamentos Grupo 7 dias
Soluo Emulso Emulso X Argila0
15
30
45
mm
Figura 7: Comparao entre os tratamentos Grupo 15 dias
Soluo Emulso Emulso X Argila
0
15
30
45
mm
Figura 8: Comparao entre os tratamentos Grupo 21 dias
L
E
S
O
L
E
S
O
L
E
S
O
-
50
Na figura 9 e 10, constatou-se diferenas significativas na evoluo da
cicatrizao entre os animais do grupo de 7 e 15 em relao ao de 21 dias, porm
resultado no significativo foi observado para o grupo de 7 para 15 dias.
Soluo
Dia 7 Dia 15 Dia 21
0
25
50
75m
m
** ##
Figura 9: Evoluo da cicatrizao Soluo Fisiolgica
Dia 7 Dia 15 Dia 21
0
15
30
mm
** ##
Figura 10: Evoluo da cicatrizao Emulso
Na figura 11, percebeu-se uma evoluo linear e gradativa no grupo
submetido ao tratamento emulso/argila, sendo que o mesmo no foi observado
com os demais, como visto na figura 8 e 9. Isto pode ser associado a alguns
Emulso
L
E
S
O
L
E
S
O
** Desvio significativo do 21 dia em relao ao 7 dia
## Desvio significativo do 21 dia em relao ao 15 dia
** Desvio significativo do 21 dia em relao ao 7 dia
## Desvio significativo do 21 dia em relao ao 15 dia
-
51
constituintes da argila, que conforme Langreo (1999), esta absorve o sangue das
feridas, bem como substncias estranhas, que possam estar presentes.
Emulso Argila
Dia 7 Dia 15 Dia 21
0
10
20
30
40
50
mm
**** *
Figura 11: Evoluo da cicatrizao Emulso/Argila
a) Avaliao histolgica
Conforme observado na tabela 6, torna-se evidente a evoluo da
cicatrizao das leses provocadas nos modelos animais. Pode-se perceber que os
animais tratados com o produto emulso/argila obtiveram resultado mais expressivo
que os demais, mesmo que os resultados estatsticos de reduo de leso no
tenham demonstrado esse fato.
Conforme Irion (2005) um processo de cicatrizao passa por algumas
etapas, sendo que a primeira ocorre nas primeiras horas (hemostasia), neste
processo ocorre ativao das plaquetas, com conseqente agregao plaquetria
e cascata de coagulao. Na segunda fase, que ocorre em dias, o processo
inflamatrio esta presente, sendo que h o recrutamento de neutrfilos e
macrfagos, que dentre outras coisas auxiliam a degradar o tecido desvitalizado.
L
E
S
O
** Desvio significativo do 15 dia em relao ao 7 dia
*** Desvio significativo do 21 dia em relao ao 15 e 7 dia
-
52
Alm disso, os macrfagos estimulam o crescimento de tecido novo, como
observado nos animais do 7 dia, pela presena de pequenas fibras de colgeno. O
terceiro estgio da cicatrizao, que ocorre em torno de dias a semanas, temos o
processo de reepitelizao mais intensificado e contnua formao de tecido de
granulao, tal fato pode ser percebido nos animais relacionados ao 14 dia. A
presena de macrfagos nesta fase estimula a produo interna de fibroblastos e
deposio de tecido conjuntivo frouxo, enquanto que os fibroblastos migratrios
produzem colgeno. Percebeu-se que no grupo dos animais do 21 dia, o terceiro
estgio continuou presente, isso se explica pela profundidade da leso, que pode
ser fator limitante para a evoluo da cicatrizao.
Tabela 6: Caractersticas histolgicas dos grupos frente ao dia do sacrifcio e tipo de
tratamento
Tipo de Tratamento Grupo de
Animais Soluo Fisiolgica Emulso Emulso/Argila
7* Raros fibroblastos com
pequenas quantidades
de fibras colgenas
Poucos fibroblastos
com poucos
polimorfonucleares
Poucas fibras de
colgeno com moderada
quantidade
polimorfonucleares
14* Moderada quantidade
de fibras colgenas,
presena de
macrfagos.
Moderado nmero
de fibras colgenas,
presena de
macrfagos.
Epitlio recobrindo a
leso. Numerosos feixes
de fibras colgenas
Presena de
macrfagos.
21* Organizao das fibras
colgenas
Organizao das
fibras colgenas
Espessos feixes de fibras
colgenas, regenerao
da derme profunda.
* Esta numerao correspondem aos dias que foram realizados os sacrifcios dos animais
-
53
Concluses
De acordo com os resultados encontrados no estudo, conclui-se que a argila
estudada precisa ser avaliada quanto forma de coleta e submetida a novas
anlises, uma vez que apresentou grande carga microbiana e quantidade
exacerbada de slica, sendo que este ltimo fator pode ter sido fator negativo ao
poder de cicatrizao. Outras anlises qumicas e fsicas realizadas com a amostra
demonstram que esta precisa passar por processo prvio de beneficiamento, com a
finalidade de melhorar sua qualidade. No entanto, quando incorporada a uma forma
farmacutica, a mesma no foi capaz de modificar negativamente a estabilidade da
formulao, permitindo desta forma que o produto emulso/argila adquirisse um
prazo de validade de 2 anos. Esta formulao quando testada em modelos animais
demonstrou atividade cicatrizante, mesmo que a reduo das leses no tenha sido
significativa entre os demais grupos. Porm, a avaliao histolgica foi capaz de
demonstrar diferenas entre a recuperao da derme profunda entre os diferentes
grupos, associando melhor resultado ao grupo tratado com emulso/argila.
-
54
Referncias
AMORIM, E et al. Efeito do uso tpico do extrato aquoso de Orbignya phalerata
(babau) na cicatrizaode feridas cutneas - estudo controlado em
ratos. Acta Cirrgica Brasileira - Vol 21 (Suplemento 2) 2006 6. Disponvel
em: Acesso em: 26 Set 2006.
ANSEL, H; POPOVICH, N.G; ALLEN, L. Farmacotcnica. Formas farmacuticas e
sistemas de liberao de frmacos. 6 ed. So Paulo: Premier, 2000, 568p.
ANTUNES JUNIOR, Daniel. Farmcia de manipulao: noes bsicas. So
Paulo: Tecnopress, 2002. 140p.
ARAJO, C.F. R.; SOUZA Fo
Z.A.; GRECA, F. H.; GUERREIRO, M. H. C. P. M.;
LEITE, A. L., MANSUR, A. E. C.; KANTOR, D. C.; NASSIF, A .E. Efeitos do
Agarol e do Trigliceril sobre a cicatrizao de pele: estudo experimental em
ratos. Acta Cir.Bras., 13(4):232-7, 1998.
BARBOSA, R.C.C; GUIMARES, S.B; VASCONCELOS,I P.R.C; CHAVES, C.R;
VASCONCELOS, P.R.L. Efeitos metablicos da glutamina em ratos
submetidos queimadura por gua fervente (escaldadura). Acta Cir.
Bras. 18(6), Nov./Dec, 2003
BARBOSA, C. M. B. Fabricao de cosmticos e a legislao sanitria. CETEC.
Dossi tcnico, p. 1-31, nov. 2006. Disponvel em: <
www.sbrt.ibict.br/upload/dossies/sbrt-dossie32.pdf >. Acesso em: 15 ago.
2007.
BATISTUZZO, J. A. de Oliveira; ITAYA, Masayuki; ETO Yukiko. Formulrio Mdico-
Farmacutico. So Paulo: Tecnopress, 2000. 421p.
BOURGEOIS, Pierre. El Extraordinrio poder curativo de la Argila. Barcelona: De
Vicchi, 2006. 85 p.
http://www.scielo.br/scielo>http://www.sbrt.ibict.br/upload/dossies/sbrt-dossie32.pdf
-
55
BRASIL. ANVISA. Resoluo RDC n 67, de 8 de outubro de 2007. Anexo I Que
Institui As Boas Prticas De Manipulao Em Farmcias. Disponvel em <
http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=28806&word= >
em: 05 maro 2007. (a)
BRASIL. Resoluo 210, de 4 de agosto de 2003. Regulamento Tcnico das boas
prticas de Fabricao de medicamentos. Agencia nacional de Vigilncia
Sanitria. Dirio Oficial da Unio. Braslia DF de 14/08/2003. Disponvel em:
< http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/210_03rdc.pdf > Acesso em:
05 maio 2006.
BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. RE n 1, de 29 de julho de 2005.
Autoriza ad referendum, a publicao do Guia para a Realizao de
Estudos de Estabilidade. Braslia, 2005. Disponvel em: < http://e-
legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=18109&word=>. Acesso em:
15 maio. 2007 (b).
BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Guia de Estabilidade de
Produtos Cosmticos. Braslia: ANVISA, 2004. Disponvel em: <
http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/series/cosmeticos.pdf>. Acesso em:
14 jun. 2007.
BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Guia de controle de qualidade
de produtos cosmticos. Braslia: ANVISA, 2007. Disponvel em: <
http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/material/guia_cosmetico.pdf>. Acesso
em: 27 jun. 2007.
BRITSCHKA, Z.M.N. Efeito aninflamatrio da lama negra de Perube em diferentes
modelos experimentais de artrite. Tese de doutorado: USP, 2006.
CARTURAN, G. F. Guia ABC de microbiologia: controle microbiolgico na
indstria de produtos de higiene pessoal, cosmticos e perfumes. So Paulo:
ABC, 1999. 78 p.
http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=28806&word=http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/210_03rdc.pdflegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=18109&word=>http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/series/cosmeticos.pdf>http://www.anvisa.gov.br/cosmeticos/material/guia_cosmetico.pdf>
-
56
DEBACHER A. Nito; MELLO, C. A. Dian de. Efeito nas Propriedades Reolgicas
da Argila com Adio de um Polmero. Sociedade Brasileira de Qumica,
Florianpolis, dez. 2004. Disponvel em: . Acesso em:
09 dez. 2006.
DUTRA, R.P.S et al. Avaliao da pontencialidade de argilas do Rio Grande do
Norte Brasil. Cermica Industrial. V.11. n. 2, maro/abril. 2001. p.154-157
EWING, G. W. Mtodos instrumentais de anlise qumica. So Paulo: E. Blcher,
2001. 296 p.
FARMACOPIA BRASILEIRA. 4.ed. So Paulo: Atheneu, 1988.
FLORENCE, A. T.; ATTWOOD D. Emulses, Suspenses e outras Disperses. In:
Princpios Fsico-Qumicos Em Farmcia. So Paulo: Edusp, 2003. 345-
411p.
FERREIRA, Anderson de Oliveira. Emulses orais. In: Guia prtico da farmcia
magistral. 2 ed. Juiz de Fora: Pharmabooks, 2002. 299-308p.
GOES, Annya Costa Arajo de Macedo et al . Anlise histolgica da cicatrizao da
anastomose colnica, em ratos, sob ao de enema de Aroeira-do-serto
(Myracrodruon urundeuva fr. all.) a 10%. Acta Cir. Bras., So Paulo, v. 20,
n. 2, 2005. Disponvel em: Acesso em: 04 Out
2006.
GOMES, J.B.V. et al. Anlise de componentes principais de atributos fsicos,
qumicos e mineralgicos de solos do bioma cerrado. Rev. Bras. Cinc. Solo.
Viosa, v.28, n.1, jan./fev.2004. Disponvel em:
Acesso em: 20 abr 2007.
GOMES, M. J. V.; REIS, A. M. M. Cincias farmacuticas: uma abordagem em
farmcia hospitalar. So Paulo: Atheneu, 2001. 237, 253-255 p.
http://www.scielo.br>http://www.scielo.br/scielo>http://www.scielo.br/scielo>
-
57
JUNQUEIRA LC; CARNEIRO J. Histologia Bsica. 9 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, pp.427. 2004.
LACHMAN, L. LIEBERMAN, H.A. KANIG, J.L. Teoria e prtica na indstria
farmacutica. Vol.2. Lisboa: Fundao Caloust Gulbenkian, 2001. 1517p.
LEONARDI, G.R.; CAMPOS, P.M.B.G. Estabilidade de formulaes cosmticas.
International Journal of Pharmaceutical Compounding. V.3. n. 4, jul/ago.
2001. p.154-157.
LOYOLA, M.P; NARIO, S.R.S. Utilizacin de recursos termales en la bsqueda de
salud y belleza. Rev Cubana Farm. [online]. set.-dez. 2001, vol.35, no.3
[citado 26 Setembro 2006], p.207-211. Disponvel na World Wide Web:
Acesso em: 04 Out 2006.
MARTINS, Maria de Ftima et al . Avaliao macro e microscpica da cicatrizao
de leses experimentalmente provocadas em pele de coelhos tratadas com
secreo mucoglicoproteica do escargot Achatina fulica. Braz. J. Vet. Res.
Anim. Sci., So Paulo, v. 40, 2003. Disponvel em:
Acesso em: 04 Out 2006.
MANDELBAUM, Samuel Henrique; DI SANTIS, rico Pampado; MANDELBAUM,
Maria Helena Sant'Ana. Cicatrizao: conceitos atuais e recursos auxiliares -
Parte I. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v. 78, n. 4, 2003a. Disponvel
em: Acesso em: 04 Out 2006.
MEDEIROS AC, RAMOS AMO, DANTAS FILHO AM, AZEVEDO RCF, ARAJO
FLFB. Tratamento tpico de queimaduras do dorso de ratos com cido
hialurnico. Acta Cir Bras [serial online] 1999 Oct-Dec;14(4). Disponvel em:
Acesso em: 26 Set 2006.
http://scielo.sld.cu/scielo>http://www.scielo.br/scielo>http://www.scielo.br/scielo>http://www.scielo.br/acb>
-
58
MELLO, C.A.D; DEBACHER, N.A. Efeito nas propriedades reolgicas da argila com
a adio de um polmero. Sociedade Brasileira de Quimica. 2004.
MENDONCA, Adriana Clemente et al . Efeitos do ultra-som pulsado de baixa
intensidade sobre a cicatrizao por segunda inteno de leses cutneas
totais em ratos. Acta ortop. bras., So Paulo, v. 14, n. 3, 2006. Disponvel
em: Acesso em: 26 Set 2006.
NORONHA, Lcia de et al . Estudo morfomtrico e morfolgico da cicatrizao aps
uso do laser erbium: YAG em tecidos cutneos de ratos. J. Bras. Patol. Med.
Lab., Rio de Janeiro, v. 40, n. 1, 2004. Disponvel em:
Acesso em: 26 Set 2006.
PEZZINI, B. R.; BAZZO, G. C.; ZTOLA, M. Controle de qualidade na farmcia
magistral. Anfarmag, ano X, n. 51, p. 2-10, out./nov. 2004.
PINTO, T. de Jesus Andrioli; KANECO, M. Telma; OHARA M. Taba. Mtodos de
Anlise. Controle biolgico de qualidade de produtos farmacuticos,
correlatos e cosmticos. So Paulo: Atheneu, 2000. 79-95p.
PRADEAU, D. Anlises qumicos farmacuticos de medicamentos. Mxico:
Limusa, S.A., 2001. 1130 p.
POENSIN, D. et al. Effects of mud pack treatment on skin microcirculation. Joint
Bon Spine 70 (2003) 367 370. Disponvel em
Acesso em: 10 mai 2007.
QUINTERO, G.R. Medicina alternativa em la tratamiento de la osteoartritis de
cadera, rodilla y mano. Revista Colombiana de Reumatologia. V.9. n.1,
marzo. 2002. p.51-55.
RAHAL, Sheila Canevese et al . Pomada orgnica natural ou soluo salina
isotnica no tratamento de feridas limpas induzidas em ratos. Cienc. Rural.,
http://www.scielo.br/scielo>http://www.scielo.br/scielo>http://www.scielo.br/scielo>
-
59
Santa Maria, v. 31, n. 6, 2001. Disponvel em:
Acesso em: 04 Out 2006.
REAL Farmacopea Espaola. 3.ed. Espanha: Imprensa Nacional Del Boletin Oficial
del Estado, 2005 (cd-room)
ROCHA JUNIOR, Adeir Moreira et al . Modulao da proliferao fibroblstica e da
resposta inflamatria pela terapia a laser de baixa intensidade no processo de
reparo tecidual. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v. 81, n. 2, 2006.
Disponvel em: . Acesso em: 26 Set 2006.
SANTOS, P.S. Cincia e Tecnologia de Argilas. Vol.1-2. So Paulo: Ed. Edgard
Blucher, 1992.
SANTOS, Luciana de Oliveira Marques dos et al . Efeito da somatotropina sobre a
cicatrizao de feridas cutneas, em ratos. Acta Cir. Bras., So Paulo, v.
17, n. 4, 2002. Disponvel em: . Acesso em: 26
Set 2006.
SCHUELLER Handy; ROMANOWSKI Perry. Entendendo Emulses. In: Iniciao
qumica cosmtica. So Paulo: Tecnopress, 2002. 51-58p.
UNITED STATES PHARMACOPEIAL CONVENTION. The united states
pharmacopeia - USP 25 - NF 20 - the national formulary. Rockville: United
States Pharmacopeial Convention, 2001. 2675 p.
VISERAS, C. et al. Uses of clay minerals in semisolid health care and therapeutic
products. Applied Clay Science 36 (2007) 37-50. Disponvel em:
. Acesso em: 15 fev. 2007.
TATEO, F; SUMMA, V. Elements mobility in clays for healing use. Applied Clay
Science 36 (2007) 64-76. Disponvel em: .
Acesso em: 15 fev. 2007.
http://www.scielo.br/scielo>http://www.scielo.br/scielo>http://www.scielo.br/scielo>http://www.sciencedirect.com>http://www.sciencedirect.com>
-
60
YAMAMOTO, C. H. et al. Controle de Qualidade Microbiolgico de Produtos
Farmacuticos, Cosmticos e Fitoterpicos Produzidos na Zona da Mata, MG.
Anais do 2 Congresso Brasileiro de Extenso Universitria. Belo
horizonte, set. 2004. Disponvel em: <
http://www.ufmg.br/congrext/Desen/Desen7.pdf >. Acesso em: 20 out. 2007.
http://www.ufmg.br/congrext/Desen/Desen7.pdf
-
61
3 DISCUSSO GERAL
Neste estudo foi avaliou-se a argila negra, obtida na cidade de Ocara, na
cidade de Cear. Esta amostra quando submetida a testes de avaliao das
caractersticas fsicas, qumicas e microbiolgicas, apresentou dados positivos e
negativos. Em relao as caracterizao fsica e qumica, a mesma apresentou
caractersticas na composio qumica e mineralgica que indicavam possibilidade
do uso da argila para finalidades teraputicas. Entretanto a argila apresentava
constituintes que estavam fora das faixas recomendadas para argilas medicinais
como a quantidade de silcio e a quantidade de alumnio que estava muito aqum do
recomendado. Em relao avaliao microbiolgica esta se apresentou mais
contaminada do que o permitido por rgos reguladores, necessitando passar por
processo de esterilizao. Este fato pode ter ocorrido devido ao processo de
amostragem inadequado, sendo que este deve ser revisto e a amostra reavaliada
neste quesito.
Posterior ao conhecimento das caractersticas da argila, foi desenvolvida
formulao de emulso, onde a mesma foi incorporada, e a formulao por sua vez
foi submetida a teste de estabilidade acelerada a 50C, onde foram avaliados
parmetros como: caractersticas organolpticas, pH, viscosidade, densidade, teor
de microrganismos durante os tempos pr-determinados. Ao final do teste,
constatou-se que a frmula manteve as caractersticas iniciais, obtendo assim o
prazo de validade provisrio de 2 anos, devendo ser confirmado atravs de testes de
longa durao.
Uma vez constatada a estabilidade da formulao a mesma foi testada quanto ao
seu poder cicatrizante em modelos animais. Na avaliao macroscpica leses
-
62
avaliadas nos tempos pr-determinados indicaram que os animais observados
durante ao longo do experimento apresentaram feridas de colorao marrom
amarelada e poucos apresentaram exudado/pus e formao de edema. A formao
de crosta foi observada no final da primeira para segunda semana de avaliaes e
estas foram se deslocando das leses ao longo do tempo.
Ao longo do tempo percebeu-se a formao de um halo em torno da leso,
indicando a reduo da extenso do ferimento. A colorao do halo era de colorao
mais clara que a pele no lesada, este fato pode estar relacionado ao tipo de
queimadura, j que as mais profundas podem levar a despigmentao da pele.
Visualmente pode-se observar uma reduo lenta em relao ao tamanho
das feridas, no entanto, as queimaduras provocadas nos animais foram profundas,
sendo consideradas de terceiro grau, uma vez que atingiu todas as camadas da pele
e msculos. Pode-se observar uma recuperao acentuada da leso em relao
profundidade, principalmente no grupo dos animais tratados com a emulso/argila.
Levando-se em considerao todos os animais avaliados durante o
tratamento, somente dois do grupo emulso, apresentaram a formao de edema
interno agregado leso, com formao de uma bolsa extensa com preenchimento
de lquido. A presena de substncias qumicas no interior das bolhas, traumas
mecnicos e possveis contaminantes, podem retardar o processo de cicatrizao.
No entanto a gaiola onde os animais estavam presentes possibilitavam situaes
adversas, tornando-se um fator negativo para o teste em questo.
Os dados estatsticos confirmaram as avaliaes visuais em relao
melhora das leses, sendo que quelas nas quais os animais foram submetidos ao
tratamento com emulso/argila tiveram melhores resultados, seguido pela em