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AVAAZ E A PROMOÇÃO DD

Resumo: Este artigo analisa line da campanha contra a Medida Primeiramente, os objetivos e o contexto social da campanha são brevemente apresentadosEm seguida, procede-se a elucidação teórica da metodologia selecionada, listamcategorias da estrutura analítica espaço; (6) ação (atos do discurso); (7) atos locutórios; (8) atos ilocutóperlocutórios – e parte-se para o estudo de casoda campanha, na totalidade dos textos divulgados Palavras-chave: ciberativismo, meio ambiente,

Abstract: This article mainly campaign against the Provisional Measure 458, promoted by the international NGO Avaaz. First, the objectives and the social context of the campaign are briefly work elucidates the theoretical methodology selected, framework – (1) presuppositions(speech acts), (7) locutionary parts to the case study. The practical of thewith all the published texts Keywords: cyberactivism, environment

Introdução

O objeto de estudo

Avaaz, que conseguiu êxito na campanha contra a

razão, o método escolhido foi o de análise do discurso

e-mails e site. Observou-se que as mensagens eram construídas de forma semelhante

objetivo plausível de conclamar os

pela campanha. Assim, para que o texto não fo

a análise em nove categorias d

1 Mestranda em Tecnologias da Comunicação e Cultura PPGCOM/Uerj Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Entretenimento e Cognição (CiberCog). Estudante [email protected] . 2 Graduada em Jornalismo pela FCS/Uerj. Licencianda em Letras/Literatura pela UFF.

Práticas Interacionais em Rede

Salvador - 10 e 11

AVAAZ E A PROMOÇÃO DE CIDADANIA NA REDE: ANÁLISE DO DISCURSO DA CAMPANHA CONTRA A MP 458

Este artigo analisa prioritariamente o discurso verbal dos e-mails e das páginas oncontra a Medida Provisória 458, promovida pela ONG

s objetivos e o contexto social da campanha são brevemente apresentadosse a elucidação teórica da metodologia selecionada, listam

categorias da estrutura analítica – (1) pressupostos; (2) implícitos; (3) sujeito; (4) tempo; (5) espaço; (6) ação (atos do discurso); (7) atos locutórios; (8) atos ilocutó

se para o estudo de caso. A prática do trabalho considera as sete peças da campanha, na totalidade dos textos divulgados e das imagens ilustrativas.

ciberativismo, meio ambiente, política, Amazônia.

mainly analyzes the verbal speech of e-mails and campaign against the Provisional Measure 458, promoted by the international NGO Avaaz. First, the objectives and the social context of the campaign are briefly

the theoretical methodology selected, it lists the categories of the analytical presuppositions, (2) implicits, (3) subject, (4) time, (5) space, (6) action locutionary acts, (8) illocutionary acts and (9) perlocutionary acts

to the case study. The practical of the work considers the seven pieces of the campaign and the illustrative images.

cyberactivism, environment, politics, Amazon.

bjeto de estudo desta pesquisa é o discurso construído pela ONG internacional

que conseguiu êxito na campanha contra a Medida Provisória (MP) 458. Por esta

razão, o método escolhido foi o de análise do discurso, aplicado em sete peças distribuídas via

se que as mensagens eram construídas de forma semelhante

conclamar os interlocutores a participarem da performance engendrada

, para que o texto não fosse repetitivo e enfadonho, optou

nove categorias discursivas, a saber: (1) pressupostos; (2)

Mestranda em Tecnologias da Comunicação e Cultura PPGCOM/Uerj – bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – , pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Comunicação, Entretenimento e Cognição (CiberCog). Estudante de Relações Públicas e graduada em Jornalismo pela FCS/Uerj.

Graduada em Jornalismo pela FCS/Uerj. Licencianda em Letras/Literatura pela UFF. [email protected]

Práticas Interacionais em Rede

1 de outubro de 2012

ANÁLISE DO DISCURSO

Alessandra Maia1 Clarissa Higgins2

mails e das páginas on-a ONG internacional Avaaz.

s objetivos e o contexto social da campanha são brevemente apresentados. se a elucidação teórica da metodologia selecionada, listam-se as

(1) pressupostos; (2) implícitos; (3) sujeito; (4) tempo; (5) espaço; (6) ação (atos do discurso); (7) atos locutórios; (8) atos ilocutórios; e (9) atos

A prática do trabalho considera as sete peças e das imagens ilustrativas.

mails and websites of the campaign against the Provisional Measure 458, promoted by the international NGO Avaaz. First, the objectives and the social context of the campaign are briefly presented. Then, the

the categories of the analytical , (3) subject, (4) time, (5) space, (6) action

and (9) perlocutionary acts – and it work considers the seven pieces of the campaign,

esta pesquisa é o discurso construído pela ONG internacional

rovisória (MP) 458. Por esta

em sete peças distribuídas via

se que as mensagens eram construídas de forma semelhante, com o

da performance engendrada

sse repetitivo e enfadonho, optou-se por dividir

; (2) implícitos; (3) sujeito;

bolsista do Conselho Nacional de , pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Comunicação, Relações Públicas e graduada em Jornalismo pela FCS/Uerj.

[email protected] .

(4) tempo; (5) espaço; (6) ação (atos do discurso); (7) atos locutórios; (8) atos ilocutórios; e

(9) atos perlocutórios.

A estrutura do discurso desenvolvida para este paper ordenou-se da seguinte maneira:

apresentação dos objetivos da campanha; definição do método utilizado e explicitação das

categorias selecionadas. E, por fim, análise do discurso desenvolvido pela ONG Internacional

Avaaz para a campanha contra a MP 458.

A campanha

Em junho de 2009, o então presidente Luís Inácio Lula da Silva teve a missão de

avaliar e sancionar a Medida Provisória 458, que regularizaria a posse de terras na Amazônia

Legal. A MP já havia sido publicada no Diário Oficial da União desde fevereiro do mesmo

ano e objetivava facilitar o trabalho de órgãos fiscalizadores quanto à identificação e à

punição dos crimes ambientais na região amazônica.

Os partidos foram tomados, grosso modo, da seguinte forma: ruralistas a favor e

ambientalistas contra a medida. Os primeiros apoiavam o desenvolvimento econômico da

região e a formalização jurídica da posse das terras pelos usuários. Os segundos condenavam

a MP 458 como um prêmio àqueles que haviam se apropriado ilegalmente de terras públicas,

administradas pelo INCRA, que haviam sido arrecadadas com a finalidade de promoção de

Reforma Agrária na Amazônia.

A Avaaz tomou posição intermediária, com tendência ambientalista. Lançou uma

campanha internacional pedindo o veto presidencial a três provisões da MP, que favoreciam o

agronegócio na Amazônia. Porém, admitiu a legitimidades dos interesses dos pequenos

agricultores da região.

O texto explícito da campanha acusava as grandes empresas de serem as maiores

responsáveis pelo desmatamento e pelas queimadas na floresta, e pedia ao presidente Lula que

fizesse diferença entre os direitos dos pequenos agricultores e os dos grandes proprietários.

Para isso, as sugestões da ONG eram: (a) veto aos incisos II e IV do artigo 2º, (b) veto ao

artigo 7º, (c) impedimento da comercialização das terras regulamentadas durante 10 anos, em

vez dos três anos propostos no texto original.

As explicações para as mudanças sugeridas eram: o veto aos dois incisos do artigo 2º

garantiria que apenas as pessoas que já moravam nas terras em questão teriam direito ao título

de posse; o veto ao artigo 7º impediria empresas privadas de regularizarem posse de terras

amazônicas; e o aumento do prazo mínimo para a comercialização evitaria a especulação

comercial das terras.

Após 20 dias de comunicações intensas a respeito do assunto, 14 mil pessoas haviam

ligado e 25 mil haviam enviado e-mails para o Gabinete Presidencial, todos endossando a

proposta da Avaaz. Por fim, o presidente vetou o artigo 7º e parte do artigo 8º, que só fazia

sentido ante ao artigo anterior.

Apesar de Lula só ter acolhido uma das três propostas da ONG, a Avaaz divulgou em

e-mail para seus apoiadores que dois dos vetos solicitados haviam sido atendidos.

O método: análise do discurso

Entende-se que a análise do discurso envolve a construção da mensagem no interior de

um diálogo e é concretizada em um ato. “A técnica consiste em desmontar para perceber

como foi montado” (MANHÃES, 2011, p.306), porque assim é possível identificar a

apropriação da linguagem e a ação do sujeito social de uma forma mais clara e precisa. O

presente estudo irá se apoiar na escola inglesa, uma vez que ela:

caracteriza-se pela ênfase no papel ativo do sujeito, daquele que utiliza pragmaticamente as palavras para fazer coisas, embora ela não descarte o fato de o sujeito estar obrigado a obedecer a imperativos linguísticos, o que implica um relativo assujeitamento (Ibid., p. 306 – grifo do autor).

Vale ressaltar que a análise do discurso inglesa busca identificar quem conduz a

narrativa dos acontecimentos e quais proposições (pedidos, ordens, etc.) são formuladas para

os interlocutores alcançarem os objetivos. Já a análise francesa, identifica os discursos já

estabelecidos e incorporados pelo sujeito – acredita-se que o seu uso limitaria

consideravelmente esta pesquisa, pois o que de melhor se pode extrair do objeto selecionado é

o padrão argumentativo bem-sucedido de uma estratégia de mobilização em rede. Como

Eduardo Manhães afirma “é a eficácia na obtenção da finalidade que constitui a ação

pragmática” (Ibid., p. 306), mais uma razão para a escola inglesa ter sido eleita para esta

análise.

O discurso desenvolvido pela ONG Avaaz na criação da campanha contra a MP 458

será estudado por meio das instâncias conversacional (conversação), indexical (marcas do

discurso) e acional (ação).

A primeira determina que a mensagem seja inteligível, ou seja, é preciso que a

mensagem seja compreendida por quem a recebe. Ainda de acordo com Manhães, “embora o

discurso indique a presença de um sujeito que fala, de uma subjetividade, a significação

construída deve ser intersubjetiva, deve fazer sentido na situação e no contexto social [...]”

(Ibid., p. 307 – grifos do autor). O discurso precisa fazer sentido na situação e no contexto

social em que se realiza, para que seja compreendido pelo interlocutor e faça parte de sua

consciência coletiva, por meio de implícitos ou pressupostos.

Para que o discurso seja apreendido com base nos pressupostos, as relações de sentido

devem ser “consagradas por determinados grupos sociais que se incorporam em sua

linguagem e se tornam elementos constitutivos de significação” (Ibid., p. 307 – grifos do

autor), enquanto que, para os implícitos atuarem, vigoram

os processos interlocutivos, instrumentos que viabilizam a interação, consagrados por determinados grupos sociais que se incorporam em sua linguagem e se tornam elementos constitutivos de significação em determinadas situações sem que sejam explicitamente colocados (Ibid., p. 307-308 – grifos do autor).

Manhães também indica que a interpretação dos sentidos depende das circunstâncias,

o que nos remete à instância indexical. Ela determina que “ao se apropriar da linguagem e

construir um discurso, o sujeito deixa pegadas que nos permitem identificar sua presença e

o modo como foi construindo o enunciado: os indicadores de pessoa, de lugar e de tempo,

ou a voz ativa e passiva” (Ibid., p. 308 – grifos do autor).

Os indicadores de pessoa ajudam na identificação de quem assumiu a posição de

locutor e se apropriou da linguagem. Segundo o autor: “o ‘eu’ não é necessariamente nem o

indivíduo físico, biológico, o autor do texto, nem o sujeito do ponto de vista gramatical. É a

pessoa que assume a posição de sujeito do discurso no texto” (Ibid., p. 309 – grifos do

autor), uma vez que “‘eu’ e ‘tu’ são funções ou posições decorrentes do ato de apropriação da

linguagem” (Ibid., p. 309 – grifos do autor), além de ajudar na identificação do interlocutor.

Os indicadores de tempo e de espaço fazem referências imaginadas que vão além do

sentido gramatical e apresentam passado, presente e futuro também como funções discursivas,

“definidas pelo momento indicado pelo locutor como sendo ‘agora’, assim como as noções

discursivas de lugar são indicadas pelo locutor como ‘aqui’” (Ibid., p. 310 – grifos do autor).

Manhães ainda afirma “que as regras e os procedimentos que o sujeito utiliza para

expressar sua voz e construir seu discurso materializam intenções e visam a efeitos sociais

que extrapolam o universo estrito da linguagem” (Ibid., p. 311), apontando, assim, para a

terceira instância analítica: a acional.

Os Atos de Fala, Atos Locutórios, Atos Ilocutórios e Atos Perlocutórios compõem a

instância acional. Segue breve explicação sobre cada ato: (a) "o sujeito interage com o locutor

por meio de proposições linguísticas e sociais" (Ibid., p. 312 – grifos do autor), frases para

indicar as suas intenções imediatas como: pedidos, ordens, etc.; (b) são as regras internas de

uma frase, ou seja, "aquilo que viabiliza às pessoas articularem locuções" (Ibid., p. 312). As

frases são constituídas por intenções que podem ser exclamativas ou declarativas

(afirmativas), por exemplo; (c) "é o domínio do ato de fala articulado à situação social, ao

contexto" (Ibid., p. 312), desta forma pode-se dizer que a fala sempre está associada a um

contexto, porque "[...] ao expressar o ato locutório, o enunciador agrega à estrutura lógica

expressões que dão a dimensão de tempo ou de espaço, ênfase, emoção e pessoalidade à

interlocução, como advérbios, pronomes, vocativos" (Ibid., p. 313). Ou seja, os atos de fala

também são atos ilocutórios; (d) "é o domínio do ato de fala articulado à performance" (Ibid.,

p. 313 - grifos do autor).

Nas palavras de Manhães, “a instância acional define que toda comunicação é uma

ação simbólica e social, concomitantemente” (Ibid., p. 310 – grifos do autor), porque, ao se

comunicarem, os sujeitos aliam o diálogo às representações de seus papéis sociais, para darem

sentido à mensagem que intencionam transmitir.

Explicitação das categorias

As nove categorias selecionadas para esta pesquisa são: (1) pressupostos – convenções

de linguagem de determinados grupos; (2) implícitos – contextos aos quais se aplicam os

elementos do discurso; (3) sujeito – enunciador, locutor; (4) tempo – advérbios de tempo,

tempos verbais (passado, presente, futuro); (5) espaço – advérbios de lugar, identificação do

ambiente interativo (espaço público, ciberespaço, ambiente privado, etc.); (6) ação (atos do

discurso) – ordens, pedidos, conselhos, etc.; (7) atos locutórios – frases com estrutura lógica

universal (afirmação, interrogação, exclamação, etc.); (8) atos ilocutórios – posicionamento

do sujeito diante do interlocutor (proximidade, intimidade, solenidade, intimidação,

ordenança, gozação, perturbação, provocação, autoritarismo, etc.); e (9) atos perlocutórios –

relações sociais retratadas (conversa de bar, aula universitária, sessão parlamentar, almoço em

família, reunião de trabalho, etc.).

Estudo de caso

Observa-se que os e-mails da campanha buscam aproximar os interlocutores do

locutor, a ONG Avaaz. Isso se evidencia pelo uso das expressões “Caros Amigos”, “Amigos”

ou “Conseguimos!” no início de cada e-mail. Tais expressões são pressupostos que retomam a

associação do destinatário à Avaaz. Simultaneamente, estão imbuídas do implícito: os

participantes do diálogo se uniram em prol de um objetivo comum, que é atuar socialmente

com vistas a uma sociedade global mais igualitária, inclusiva e justa.

O texto do discurso desenvolvido nas peças, de modo geral, foi construído com a

intenção de tornar o receptor da mensagem parte integrante da ação a ser desenvolvida.

O ato locutório predominante é o declarativo direto, com algumas interposições

exclamativas, para efeito de impacto e ênfase. Exemplifica-se esta estruturação na primeira

peça comunicativa. O discurso apresenta a seu interlocutor, sem rodeios, a informação de que

"quarta-feira passada o Senado brasileiro passou a Medida Provisória (MP) 458 que regulariza

terras ocupadas de forma ilegal na Amazônia". No decorrer do parágrafo, explica as

consequências de tal ação do Senado e grifa alguns pontos, como “67 milhões de acres de

terra da Amazônia”, “privatizados” e “mãos de grileiros” para explicitar quais serão os

resultados, se a MP 458 for aprovada. O parágrafo seguinte continua a expor os efeitos da

medida, para não deixar nenhuma sombra de dúvidas no leitor: “o governo brasilieiro [sic]

está deixando entender que aqueles que ocupam a Amazônia de forma ilegal e violenta serão

recompensados”.

Antes de continuar o exame do discurso, é importante destacar que o e-mail foi

enviado no dia 8 de junho de 2009, uma segunda-feira, com o assunto “Amazônia em risco -

ligue para o Lula!”. Contudo, apenas no terceiro parágrafo o texto chega ao propósito

explicitado no assunto, quando afirma “nós só temos até esta quarta-feira para pedir para o

Presidente Lula vetar estes pontos da MP, garantindo assim a proteção da Amazônia”.

A tentativa de envolvimento e conquista do locutor para o interlocutor apresenta-se

como ponto dominante do ato ilocutório. Para tanto, todo o texto é tecido em tom informal,

com proximidade, hipérboles ou atenuações – conforme o objetivo específico da frase – e

privilegiando as funções apelativa e referencial da linguagem, numa mistura de linguagem

publicitária e jornalística.

A pessoalidade é obtida pelo uso do pronome pessoal da primeira pessoa no plural,

“nós”. No fim do parágrafo, consta: “só dependemos de um pequeno esforço de cada um

de nós – [sic] ligue para o gabinete do Presidente Lula agora mesmo [...]”, detalhe: todo

o período foi grifado. O propósito é “pedir” para que o receptor “ligue” para o gabinete do

presidente e “leia” algumas informações relacionadas com os dois primeiros parágrafos, mas

que foram ordenadas abaixo do chamamento em negrito.

Logo após os dois números de telefone do gabinete, há o retorno ao conteúdo do

segundo parágrafo, para reforçar a importância da ligação (o locutor se apresenta perplexo

diante da situação) e finaliza exclamando que “nós só temos 2 dias! Ligue para o Gabinete

do Lula hoje, depois encaminhe este e-mail para todos os seus amigos e familiares!”. Os

verbos “ligue” e “encaminhe” denotam conselhos enfáticos, que sinalizam a urgência da

tomada de atitude por parte do receptor. Após realizar a ação, ainda resta mais um passo a ser

seguido: “depois de ligar clique no link para registrar o seu nome, para que possamos

acompanhar o número de participantes desta campanha”. Neste ponto, nota-se um

distanciamento, pois o interlocutor deverá se registrar para que a ONG possa monitorar e

relatar quantos apoiadores participaram do ato. A ação é realizada na internet e por meio de

ligações para o Gabinete Presidencial.

Onze membros da ONG Avaaz são identificados com o primeiro nome e se despedem

com a expressão “Com esperança”. O primeiro nome confere pessoalidade e intimidade,

enquanto a expressão de despedida denota a expectativa de que o propósito seja alcançado.

Notícias referentes ao assunto do e-mail são listadas, por meio de links, para conferir mais

credibilidade à ação. E, para finalizar, um breve resumo da história da ONG, em seção

denominada “SOBRE A AVAAZ”, que se repete em todas as mensagens enviadas pelo grupo.

A segunda peça comunicativa enviada pela Avaaz continha o link “Não privatize a

Amazônia” e solicitava dos leitores a confirmação da ligação para o Gabinete Presidencial. O

link levava a uma página de agradecimento, com texto em português e em inglês, e convidava

o colaborador a informar seu nome e descrever o telefonema3, para que houvesse a

contabilização das pessoas que participaram da campanha, além do registro qualitativo da

recepção por parte dos funcionários do gabinete.

3 A ferramenta para registro é aberta a todo o público. Por esta razão, é possível conferir os nomes e os comentários de quem participou da ação. Disponível em: <<http://www.avaaz.org/en/nao_privatize_a_amazonia/?cl=248918737&v=3451>>, acesso: 03 de agosto de 2012.

Nesta passagem, a frase “nós registraremos o número” não contém um “nós”

inclusivo, que representa locutor e interlocutor, mas o pronome destaca apenas o enunciador

do discurso, o efetivo da Avaaz. E finaliza com “não se esqueça de usar a ferramenta embaixo

da página para divulgar esta campanha para seus amigos”. No entanto, ao observar a

ferramenta, é possível notar que a ONG permite que a mensagem seja enviada do próprio e-

mail do usuário, o que lhe confere mais liberdade e mantém a sua intimidade, caso não confie

na informação de que nenhum e-mail será registrado pela ONG.

Como é costume nas campanhas da Avaaz, foi oferecido um texto padrão aos

apoiadores, para que apenas inserissem seu e-mail (assinatura eletrônica) e enviassem ao

presidente. Antes do e-mail padronizado, a introdução: “Olá - veja o alerta importantíssimo

abaixo, temos só hoje para agir e salvar a Amazônia. Estamos inundando as linhas telefônicas

do Lula. Participe desta importante campanha! Leia mais abaixo.”. Abaixo, como indicava a

mensagem introdutória, havia o e-mail aqui referido como a primeira peça deste estudo.

Cabe frisar que o parágrafo transcrito acima afirma que “só temos hoje para agir e

salvar a Amazônia”, o que é uma falácia, pois esta fase inicial da campanha, convocando os

cidadãos a ligarem para o gabinete, vigorou de 08 a 23 de junho de 2009.

Dia 24 de junho a Avaaz retomou o tema, propondo a assinatura de uma carta ao

presidente Luís Inácio Lula da Silva, que seria entregue a ele em mão, por um representante

da ONG. Como é possível observar, a chamada da mensagem é “Lula: seja um exemplo,

proteja a Amazônia”, com o propósito de pedir para que o público assi

enviada ao presidente.

A carta em questão mantém o caráter informal do

campanha, pois emprega o vocativo

pronome de tratamento “Vossa Excelência”. Todavia,

do tratamento solene adequado,

O texto para o presidente remete ao

agradecer seu veto às provisões da MP 458. O propósito da carta é e

primeiro parágrafo, com a seguinte frase: “p

legislações [sic] seja implementada de forma adequada com transparência e monitoramento

Esta frase ainda denota que o enunciador (

possuem uma relação de proximidade. O segundo parágrafo mantém

entretanto, nota-se certo tom de ameaça

Dia 24 de junho a Avaaz retomou o tema, propondo a assinatura de uma carta ao

presidente Luís Inácio Lula da Silva, que seria entregue a ele em mão, por um representante

Como é possível observar, a chamada da mensagem é “Lula: seja um exemplo,

proteja a Amazônia”, com o propósito de pedir para que o público assi

A carta em questão mantém o caráter informal do e-mail enviado aos participantes da

emprega o vocativo “Prezado”, quando na verdade o certo seria usar

“Vossa Excelência”. Todavia, no desenvolvimento

do tratamento solene adequado, mesmo que mesclado a referências informais.

residente remete ao e-mail da primeira peça da campanha para

agradecer seu veto às provisões da MP 458. O propósito da carta é explicitado logo no fim do

com a seguinte frase: “pedimos agora que você garanta que esta

seja implementada de forma adequada com transparência e monitoramento

Esta frase ainda denota que o enunciador (comunidade avaaziana) e o receptor (

uma relação de proximidade. O segundo parágrafo mantém

se certo tom de ameaça em “não serão aceitáveis”.

Dia 24 de junho a Avaaz retomou o tema, propondo a assinatura de uma carta ao então

presidente Luís Inácio Lula da Silva, que seria entregue a ele em mão, por um representante

Como é possível observar, a chamada da mensagem é “Lula: seja um exemplo,

proteja a Amazônia”, com o propósito de pedir para que o público assine a carta que será

enviado aos participantes da

quando na verdade o certo seria usar o

desenvolvimento do texto há o uso

mesmo que mesclado a referências informais.

da primeira peça da campanha para

xplicitado logo no fim do

edimos agora que você garanta que esta

seja implementada de forma adequada com transparência e monitoramento”.

ziana) e o receptor (presidente)

uma relação de proximidade. O segundo parágrafo mantém a lógica do anterior,

Abaixo da foto do presidente Lula, aparece a seguinte frase: “5,165 assinaram a carta

do Lula. Nos ajude a conseguir 10,000”, que permanece inalterada desde o dia 14 de julho de

2012, indicando que o êxito da campanha e o fim do disparo de e-mails relacionados ao tema

contribuíram para a estagnação das adesões à causa.

Decorridas 24 horas da terceira comunicação, no dia 25 de junho a ONG lançou o

mote “Prazo Final”, atentando para a proximidade da decisão presidencial. Na quarta peça

veiculada pela Avaaz, um e-mail enviado a toda a sua base de cadastrados, os resultados das

ações anteriores são evidenciados logo no primeiro parágrafo e retomados ao longo do texto.

Também aparece a frase de efeito “Mande uma mensagem pro Lula agora!”, isolada em um

parágrafo, para ter destaque visual ao longo da mensagem. As três metas da mobilização

aparecem mais abaixo, mas antes de ser enunciado o endereço eletrônico disponibilizado para

a adesão à campanha.

O ato discursivo, como nos demais casos, é uma convocação. Como a Avaaz usa as

tecnologias de informação para promover cidadania, suas campanhas sempre visam à

informação, ao aconselhamento, ao engajamento e à dispersão das informações por parte dos

participantes.

Os verbos “clique”, “mande” e “leia”, no imperativo, elucidam o caráter convocatório

e aconselhador do texto. Já a inclusão de dados, como números resultantes das campanhas

anteriores; prazo previsto para o término do apelo; consequências geradas pela atuação da

comunidade virtual; conteúdo da MP 458; propostas da Avaaz; e links de outras fontes

idôneas de informação, que se ocuparam do assunto em questão aludem ao objetivo de manter

o público-alvo informado sobre temas concernentes à política pública. O endereço eletrônico

para o leitor assinar virtualmente a petição é um convite ao engajamento. Esses dados

evidenciam o ato perlocutório da campanha, que retrata um contrato social voluntário de

mobilização e engajamento de cidadãos no ciberespaço.

O sujeito do texto é coletivo. Representa não só a equipe funcional da Avaaz, mas

também fala em nome do próprio leitor, já que é um apoiador da ONG e se afiniza com suas

preocupações sociais. A assinatura do e-mail, os verbos na primeira pessoa do plural

(“vamos”, “temos”, “poderemos”) e a ocorrência dos pronomes “nós”, “nosso” e “nossa”

provam este argumento.

Quanto ao tempo discursivo, existem menções ao passado, ao presente e ao futuro. O

primeiro está presente na explicitação do conteúdo da MP 458, que “foi concebida” para

regularizar a situação de pequenos agricultores e “foi manipulada” por agronegociantes.

Também aparece nas ações promovidas pela ONG: “Em 24 horas mais de 13.000 pessoas

enviaram mensagns [sic] para o Presidente Lula” e “Duas semanas atrás a Avaaz enviou um

alerta...”. O segundo elemento temporal é usado para alertar o leitor quanto ao momento atual,

propício à ação, e quanto ao conflito vivido pelo então presidente Lula. Aparece no uso do

advérbio “agora”, empregado, inclusive, com letras maiúsculas, nos imperativos e nas

referências ao líder político: “o presidente tem sofrido uma forte pressão”, “Lula está

decidindo o que vetar”. O terceiro projeta as expectativas da comunicação: “vai vetar”, “irá

privatizar”, “serão os maiores beneficiários”.

O espaço da interação é o ambiente virtual, com ações mediadas pela Internet. Não

existe solicitação de comparecimento a nenhum lugar geográfico. Entretanto, mesmo com a

comodidade de poder aderir à campanha em qualquer lugar e a qualquer momento, já que não

está vinculada a nenhum local ou horário específico, o locutor demonstra preocupação de

facilitar o máximo possível o engajamento do receptor ao fornecer o endereço eletrônico de

participação no corpo da mensagem.

A imagem da página intitulada “Lula: sua chance de proteger a Amazônia” apresenta a

floresta desmatada e abandonada. Acredita-se que seja uma forma de pressionar os apoiadores

da campanha a passarem a mensagem para um número maior de amigos ou contatos.

Após a vitória da campanha,

MP 458, um e-mail de agradecimento e incentivo

ainda continha um link que

assunto da mensagem: “Conseguimos! Lula veta 2 provisões da MP”

teor do texto. O primeiro parágrafo inicia

alcançados com a campanha.

Após a vitória da campanha, que contribuiu para o veto presidencial do artigo 7º da

de agradecimento e incentivo foi enviado a todos os apoiadores. A peça

um link que direcionava o leitor à página de adesão à carta ao presidente.

onseguimos! Lula veta 2 provisões da MP” prepara

teor do texto. O primeiro parágrafo iniciava-se com informações referentes aos números

alcançados com a campanha.

que contribuiu para o veto presidencial do artigo 7º da

a todos os apoiadores. A peça

adesão à carta ao presidente. O

preparava o leitor para o

se com informações referentes aos números

No parágrafo seguinte, a ONG mencionava que antes de a campanha ser iniciada o

presidente indicava estar do lado de empresas que desmatam a Floresta Amazônica – e a

imprensa noticiava o mesmo –, fato confirmado pelos adjetivos “bandidos” e “mentirosas”

proferidos por Lula durante seu discurso direcionado aos fazendeiros do Mato Grosso:

“desmatadores não são ‘bandidos’ e as ONGs são ‘mentirosas’”. O enunciador aproveitou a

virada do discurso de Lula para destacar que a mobilização massiva dos avaazianos (como são

chamados os apoiadores em e-mails da própria ONG) “nos últimos momentos antes do

prazo para veto” foi decisiva.

O texto também acrescenta: “a opinião pública superou a influência política do

agronegócio que queria proteger os seus interesses” e inclui, no terceiro parágrafo, uma

mensagem enviada à ONG, assinada pela senadora Marina Silva, parabenizando a Avaaz pelo

engajamento social que promoveu e solicitando a continuação da luta, a partir daquele

momento em favor do cumprimento da regularização fundiária. Nesta peça, mais uma vez o

“nossa” aparece como uma forma de explicitar o valor da participação de cada um.

O êxito da campanha não encerra os convites à mobilização do público. A ONG

apropria-se do discurso de Marina Silva e chama seus interlocutores a continuarem

fiscalizando a medida, pois essa mobilização foi apenas o primeiro passo para manter a

Floresta Amazônica protegida.

É interessante observar que o objetivo da ação não era apenas vetar algumas provisões

da MP 458, mas também permitir que a sociedade civil pudesse monitorar de forma

consciente a implementação da medida. Por esta razão, a ONG indicou mais uma vez o link à

carta endereçada ao presidente. A página voltou a ser ilustrada com a foto que estava na

terceira peça analisada.

Na página atual da Avaaz, a campanha contra a MP 458 consta entre os destaques

mundiais da área Mundo Natural:

Considerações Finais

A partir da análise do discurso da campanha contra a Medida Provisória 458,

promovida pela organização não-governamental de atuação internacional Avaaz, desde o dia

08 ao dia 29 de junho de 2009, é possível perceber o sucesso da estratégia argumentativa em

prol da promoção de cidadania a partir do ciberespaço.

A mobilização dos cidadãos a favor do veto de três disposições da medida começou na

internet e atingiu o centro político das decisões do Brasil: o Gabinete Presidencial, em

Brasília. Tal resultado merece a análise que aqui se empreende, pois pode iluminar outras

campanhas de engajamento, já que os dados que possibilitaram o vulto da campanha estão

sendo convertidos em conhecimento acessível e reaproveitável, útil ao ativismo na rede.

Formalizam-se, portanto, as categorias da escola inglesa de análise do discurso, no

discurso mobilizador da Avaaz, da seguinte forma:

(1) pressupostos – expressões indicativas de amizade e afinidade, que destacam a

associação voluntária do apoiador à Avaaz;

(2) implícitos – o discurso se engendra no contexto comunitário, ressaltando que os

membros da ONG têm um objetivo comum, que é atuar socialmente com vistas a uma

sociedade global mais igualitária, inclusiva e justa;

(3) sujeito – o enunciador do texto é coletivo e está predominantemente expresso no

plural inclusivo “nós”. Representa a equipe executiva e associada da Avaaz, fala em nome do

remetente e do próprio receptor;

(4) tempo – existem referências ao passado, ao presente e ao futuro no texto. O

passado predomina nas descrições informativas, quando impera a função referencial da

linguagem. O presente é usado para mostrar ao interlocutor sua responsabilidade e empossá-lo

na função de ator social; aparece amparado da função apelativa da linguagem. E o futuro

congrega ambas as funções, prometendo recompensas ao destinatário da mensagem, por meio

dos benefícios que serão alcançados com sua participação na campanha;

(5) espaço – a interação ocorre em ambiente virtual, no ciberespaço, lugar simbólico.

Não há solicitação de comparecimento a nenhum lugar geográfico, o que garante a

comodidade de aderir à campanha em qualquer lugar e a qualquer momento, sem grandes

esforços;

(6) ação (atos do discurso) – a Avaaz faz uma convocação, por meio das novas

tecnologias de informação, para promover cidadania, conscientização, prestar um serviço de

utilidade pública, aconselhar aqueles que já manifestaram interesse nas causas que a ONG

defende, engajar e incentivar a dispersão das informações por parte dos próprios receptores,

transformando-os em reemissores de sua mensagem;

(7) atos locutórios – predominam as estruturas lógicas afirmativas, declarativas,

diretas, com consideráveis proposições exclamativas e apelativas, em tom incisivo;

(8) atos ilocutórios – o sujeito posiciona-se ante ao receptor com proximidade e

informalidade, buscando envolvê-lo em seu discurso e em sua causa, com o propósito de

conquistar sua parceria;

(9) atos perlocutórios – a campanha retrata um contrato social com motivação política,

que gera uma relação virtual, com pouca ou nenhuma troca de experiências, de acordo com a

disposição voluntária do participante em comentar suas atitudes. Apesar disso, não cria-se um

clima distante e frio. Pelo contrário, é o acolhimento encontrado e a identificação percebida

que levam o interlocutor à participação ativa.

Sendo assim, este trabalho desvenda as artimanhas de um discurso de sucesso e

coloca-as à disposição de outros atores sociais, não para tão-somente mimetizá-las, mas para

se apropriarem de uma base padrão e desenvolveram-na de acordo com o contexto, o público-

alvo e os novos enunciadores que se apresentarem à promoção de cibercidadania.

Esta análise proporciona algumas premissas para a atuação pública e convida seus

próprios interlocutores a interpretaram-na e reconstruírem-na com estratégias comunicativas

criativas, que valham a pena os esforços dos produtores e a aceitação dos que se dispuserem a

participar de mais campanhas interativas.

Referências

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008. MANHÃES, Eduardo. Análise do discurso. In: DUARTE, Jorge & BARROS, Antonio. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: ed. Atlas, 2011.