autora: viviane santalucia maximino, terapeuta ocupacional ... · chamaremos de grupo de atividade...

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A CO:\'STITUIÇÃO DE GRUPOS DE ATIVIDADE COM PACIENTES GRAVES Autora: Viviane Santalucia Maximino, terapeuta ocupacional do Hospital-Dia do Butantã e do Insti- tuto "A CASA", doutorando em Saúde Mental-UNICAMP. Endereço: Rua Caraçá, ]]9 05447-130 São Paulo. RESUMO Considerando a grande extensão do uso de grupos em terapia ocupacional e o pouco que foi escrito sobre eles, este trabalho se propõe a abordá-]os, principalmente no que diz respeito à sua constitui- ção quando os sujeitos participantes destes são pacientes graves. Utilizando pressupostos básicos da terapia ocupaciona], o grupo foi descrito como recurso econômico de atendimento, como "caixa de ressonância" e como "espaço potencial". Foram considerados, entre outros aspectos, a função das atividades em um contexto grupa], a importância da continência do terapeuta, da manutenção do setting e dos apontamentos à respeito das associações entre elementos que surgem nas atividades realizadas neste contexto. ABSTRACT This article discusses aspects of occupational therapy groups with psychiatric patients. The group was described as an economical resource, as "resonance box" and as "potential space". The author also considered the therapist and the activities' functions in the group constitution processo PALAVRASCHAVE Saúde mental, abordagem grupal, tratamento das psicoses. A CONSTITUIÇÃO DE GRUPOS DE ATIVIDADE COM PACIENTES GRAVES 1. Introdução Grupos de atividade sempre foram um recurso muito utilizado na terapia ocupacional, principalmente no campo da psiquiatria. DUCOMBE; HOWE (1985) realizaram uma pesquisa nos Es- tados Unidos para determinar a exten- são do uso de grupos em diversos cam- pos de atuação em nossa área, mas não encontramos nada semGlhante com re- lação à extensão desta prática no Bra- sil. Apesar de não tennos dados numé- ri...:, ,s que sustentem esta afirmação, sa- re:",' -{u..:1?1'11983. a Secretaria de Saúde do Governo do Estado de São Paulo publicou um documento com di- retI1zes na área de Saúde Mental (co- nhecido como "cartilha"), onde privi- legia o uso dos grupos como recurso terapêutico. Também encontramos o atendimentoem grupos como indicação preferencial nos textos oficiais publica- dos em 1989que contém a propostapara um trabalho em Saúde Mental da então Secretmia Municipal de Saúde da cida- de de São Paulo. Além das indicações oficiais, conhecemos muitas terapeutas ocupacionais que trabalham com gru- pos de pacientes, principalmente em instituições, sejam estas públicas ou particulares. Considerando a grande extensão de seu uso e o pouco que foi escrito sobre eles, este trabalho se propõe a abordá- -; Página 27 ;- los, principalmente no que diz respeito à sua constituição quando os sujeitos participantes destes são pacientes gra- ves (psicóticos e neuróticos graves). Chamaremos de grupo de atividade aquele cuja consigna principal é "estamos aqui para fazermos ativida- des". o que implica em ação e uso de materiais I. Exemplos de atividades uti- lizadas são as artesanais, plásticas, grá- ficas, teatrais, etc.., dependendo bastan- te do material e espaço disponíveis as- sim como da escolha e/ou necessidade do paciente. BENETTON (1991) definiu assim dois tipos de dinâmica, ligadas direta- mente ao LISO das atividades em grup :', o primeiro no qual cada paciem..: :~;..; sua atividade e mant;r~~ '" ~

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Page 1: Autora: Viviane Santalucia Maximino, terapeuta ocupacional ... · Chamaremos de grupo de atividade ... "estamos aqui para fazermos ativida-des". o que implica em ação e uso de materiais

A CO:\'STITUIÇÃO DE GRUPOS DE ATIVIDADE COM PACIENTES GRAVES

Autora: Viviane Santalucia Maximino, terapeuta ocupacional do Hospital-Dia do Butantã e do Insti-tuto "A CASA", doutorando em Saúde Mental-UNICAMP.

Endereço: Rua Caraçá, ]]9 05447-130 São Paulo.

RESUMO

Considerando a grande extensão do uso de grupos em terapia ocupacional e o pouco que foi escritosobre eles, este trabalho se propõe a abordá-]os, principalmente no que diz respeito à sua constitui-ção quando os sujeitos participantes destes são pacientes graves. Utilizando pressupostos básicos daterapia ocupaciona], o grupo foi descrito como recurso econômico de atendimento, como "caixa deressonância" e como "espaço potencial". Foram considerados, entre outros aspectos, a função dasatividades em um contexto grupa], a importância da continência do terapeuta, da manutenção dosetting e dos apontamentos à respeito das associações entre elementos que surgem nas atividadesrealizadas neste contexto.

ABSTRACT

This article discusses aspects of occupational therapy groups with psychiatric patients. The groupwas described as an economical resource, as "resonance box" and as "potential space". The authoralso considered the therapist and the activities' functions in the group constitution processo

PALAVRASCHAVE

Saúde mental, abordagem grupal, tratamento das psicoses.

A CONSTITUIÇÃODE GRUPOS DEATIVIDADE COMPACIENTES GRAVES

1. Introdução

Grupos de atividade sempre foramum recurso muito utilizado na terapiaocupacional, principalmente no campoda psiquiatria. DUCOMBE; HOWE(1985) realizaram uma pesquisa nos Es-tados Unidos para determinar a exten-são do uso de grupos em diversos cam-pos de atuação em nossa área, mas nãoencontramos nada semGlhante com re-

lação à extensão desta prática no Bra-sil. Apesar de não tennos dados numé-ri...:,,s que sustentem esta afirmação, sa-re:",' -{u..:1?1'11983. a Secretaria de

Saúde do Governo do Estado de SãoPaulo publicou um documento com di-retI1zes na área de Saúde Mental (co-nhecido como "cartilha"), onde privi-legia o uso dos gruposcomo recursoterapêutico. Também encontramos oatendimentoem gruposcomo indicaçãopreferencial nos textos oficiais publica-dos em 1989que contéma propostaparaum trabalho em Saúde Mental da então

Secretmia Municipal de Saúde da cida-de de São Paulo. Além das indicaçõesoficiais, conhecemos muitas terapeutasocupacionais que trabalham com gru-pos de pacientes, principalmente eminstituições, sejam estas públicas ouparticulares.

Considerando a grande extensão deseu uso e o pouco que foi escrito sobreeles, este trabalho se propõe a abordá-

-; Página 27 ;-

los, principalmente no que diz respeitoà sua constituição quando os sujeitosparticipantes destes são pacientes gra-ves (psicóticos e neuróticos graves).

Chamaremos de grupo de atividadeaquele cuja consigna principal é"estamos aqui para fazermos ativida-des". o que implica em ação e uso demateriais I. Exemplos de atividades uti-lizadas são as artesanais, plásticas, grá-ficas, teatrais, etc.., dependendo bastan-te do material e espaço disponíveis as-sim como da escolha e/ou necessidade

do paciente.

BENETTON (1991) definiu assimdois tipos de dinâmica, ligadas direta-mente ao LISOdas atividades em grup :',o primeiro no qual cada paciem..: :~;..;sua atividade e mant;r~~ '" ~

Page 2: Autora: Viviane Santalucia Maximino, terapeuta ocupacional ... · Chamaremos de grupo de atividade ... "estamos aqui para fazermos ativida-des". o que implica em ação e uso de materiais

terapeuta uma relação individual chama-do de grupo de atividades; e o segundo,quando os pacientes resolviam fazer umaúnica atividade em conjunto e o terapeutapoderia manter o grupo nessa relação detrabalho conjunto chamado de grupo deatividade grupal.(p. 29).

MOSEY (1973) propõe uma classi-ficação para os grupos de terapiaocupacional onde o chamado grupo deatividades é nomeado como "grupo pa-ralelo" e o grupo de atividade grupal é"grupo de projeto,,2. Preferimos usaresta nomenclatura para denominar di-ferentes momentos de um mesmo gru-po. Estes dois tipos de funcionamentovão estar incluidos no que aqui deno-minamos "grupos de atividade", cujaorganização pode ser paralela ou comogrupo de projeto.

Acreditamos que a escolha do uso degrupos como recurso terapêutico na prá-tica clínica se deva em parte às vantagenseconômicas que este tipo de abordagemoferece - o grupo parece ser uma manei-raviável de se tratar várias pessoas, nãosó ao mesmo tempo, mas também comeconomia de recursos humanos.

Por outro lado, nem todos estão con-

vencidos de que o grupo ofereça condi-ções ótimas de tratamento, sendo mui-tas vezes considerado como o "primopobre" das possibilidades terapêuticas."Faz-se grupo porque não é possíveltratar individualmente", pensam alguns.Este tipo de pensamento aparece em di-versas correntes da psicologia, como odemonstra SAIDON et alli (1983). Emterapia ocupacional, apesar deste ser umrecurso muito recomendado, falta-nos

pesquisa e avaliação crítica de seu uso.Sendo a terapia ocupacional um conjun-to de procedimentos resultante de diver-sas áreas do conhecimento, necessita-mos de constante avaliação e adaptaçãodas técnicas que empregamos. I

INa nossa prática clínica diversas ve-

zes fazemos "traduções" e adaptações deteorias e descobertas fotjadas em disci-plinas correlatas. Com relação ao estudodos grupos, encontramos inúmeros fenô-

menos que não cabem em uma ou outraárea isolada, mas sim constituem um cam-po que se enriquece com diversas abor-dagens. Digamos que cada disciplina,usando suas ferramentas, ilumina facetas

deste objeto, traça seu próprio recorte.

E quais são as ferramentas teóricasque a terapia ocupacional geralmenteusa para construir um conhecimentosobre seus grupos? Por enquanto, fer-ramentas emprestadas, compartilhadas,que às vezes devem ser adaptadas. Po-demos dizer que as principais adapta-ções que temos feito no campo dos gru-pos, na tentativa de entender seu funci-onamento, são: 1- o uso de conhecimen-

tos adquiridos a respeito do funciona-mento de grupos verbais, nos grupos deatividade e 2- aplicação de descobertasfeitas em grupos terapêuticos de neuró-ticos, aos grupos de psicóticos, defici-entes físicos e mentais, e outros queprocuram nossa ajuda.

Além de ser um recurso econômico,usamos grupos devido às suas "carac-terísticas intrínsecas", ou seja, aquiloque parece ser o específico desta abor-dagem mas que, na realidade, é o quese ilumina a partir de cada concepçãoteórica que tenta deles se aproximar.

Concepções teóricas determinamnoções de saúde e doença, apontam te-rapêuticas e seus objetivos, e propõemmodelos de compreensão do paciente edos fenômenos que acontecem duranteum tratamento. Cada concepção teóri-ca vê a abordagem em grupo de umamaneira. Sendo assim, a terapiaocupacional, circundada de teorias pro-vindas não só do campo da psicologia,mas também da pedagogia, da políticae da sociologia,e da medicina, tem usa-do grupos para mobilizar, estimular,educar, treinar para o trábalho, treinarpara a vida em sociedade,recriare abor-dar problemas de relacionamento,conscientizar, etc...

Como variam as concepções teóri-cas, variam as "características intrínse-cas" que são percebidas, valorizadas eutilizadas como ferramenta terapêutica

o' Página 28 '.

em um grupo. Alguns autores, p::-exemplo, valorizam os grupos pela scapacidade de reproduzir ambientesociais, familiares e de trabalho, pos'bilitando o treinamento de papéis SOLais e o desenvolvimento de habilidade

profissionais (HEINE,1975; VERSLUYS, 1980),enquanto que outrasCC"cepções teóricas advogam que os gn.pos, servindo como "disparadores"mobilizadores,proporcionammaispcsibilidades de relação, criação e prod~ção, sendo por isso instrumec,.terapêutico eficiente. (O'DONNEL:'"1977; FRYDLEWSKY; PAVLO'.SKY , 1982).

2. Outros motivos para o uso do...gru pos

Para nós a escolha do uso de grulY'"de atividade como um dos recursos u.

tratamento de pacientes graves se deaos motivos que citamos a seguir:

2.1. O grupo como "caixa deressonância".

A primeira razão é a crença de q~_para alguns pacientes, o trabalho de ter-1pia ocupacional em setting grupal ~ser eficaz. Se considerarmos que em b ~parte do tempo, principalmente no ini.. :1do atendimento, vamos como G~='tateando, tentando vários caminhos u.=:

mobilização, o grupo pode funcioP~1como uma caixa de ressônancia, amp -Iando as possibilidades de intervenção. r: .:.O'DONNELL (1977)" En este senti~j

-

sueloinsistirenque Iapsicoterapiagruren su función de "roda dentad_-1Icompuesta por nueve o diez personas, Cf"'.Ia caleidoscópica variedad de emociolle'-cuerpos, texturas, muecas, can-guraciones sociométricas, etc., imph~uma mayor oferta transferencial que I.~psicoterapia individual,.." (p.42). e ai~"el hueco facilitador o no que el gri.:,:~externo ofrece aI interno para que éstedeslice en su interior. Es innegable quedinamica grupal, con su proteifoIT'"sucesión e intricación de pIar:interaccianales, ofrece una variedad c...ilimitada de escenas externas imant

que atraen imagos y catexias."(pA3 -

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QuanJ. \ um grupo e"tá constituído, inte-graJ,). J.' mt~r. enç&s que são feitas paraum J.:I.:nninaJo paciente ecoam e atin-gem n grupo como um todo. (MELLOr'. 19~)9).

2.2. O grupo como EspaçoPotencial

o grupo de atividades deve ser umambienteconfiÜve1o suficienteparaque° paciente possa arriscar estabekcerrdações e usar objetos. Usando a ter-minologia d~ WINNICOTT,isto signi-fica que o grupo pode ter uma funçãoJ~ Espaço Potencial.

Para que o espaço grupal cumpraesta função. este deve ter duas caracte-rí~ticas básicas. A primeira. j~lcitada, éa confiabilidade. A segunda é o ofere-cimento de um ambiente facilitador da

exploração do mundo de maneira gra-dual. O que surge neste espaço devecontrihuir para estimular a experimen-{.II,;ão.Por outro lado os estímulos nãodevem ser tão intensos a ponto de pro-\ lH:ar uma rea\'ão (no sentido que\\INNICOTT dá a este termo) e um

l:onseqÜente aumento das defesas.

Acreditamos que os grupos assimL'onstituidos podem criar aquilo queWlNNICOIT chama de Espa\'o Poten-cial. A existência do Espaço Potencial e apossibilidade do grupo funcionar em cli-ma de liberdade, favorece o desenvolvi-

mento de múltiplos processos decriatividade no sdting. A presença de umEspaço-Potencial-Cultural e de fenÔme-nos transicionai" intragrupais estimula acriatividade de cada um e do grupo comoum todo. (MELLO pl, 1089).

2.3. Representação interna dogrupo como unidade c seus efl'itoste ra pêu ticos.

t' m outro motivo para o uso dos gru-11()'"é também de ordem teórica. Acre-,fitamos quc a vivência de uma real ex-r,,'ri~I1L'iagrupal. isto é, uma \'i" ência\.jlk'r\ '''.i nurcar o paciente e fOljar umIilt.'.lrJ,-' r,['r':"I..'f1tação interna de gru-ri). r' "'.1 iL'I"um efl..';1OLL'rapêutico.Em

primeiro lugar, digamos que o grupo sópode acontecer, isto é, só produz efei-tos grupais de acontecimento emultiplicidade, quando ele passa a exis-tir enquanto representação interna(PICHONRIVIÉRE. 1977),

Construir uma representação de gru-po implica em poder ver aquele conjuntode pessoas como uma unidade, da qualse faz pal1e.A partir do momento em queo gl11poexiste, ele pode ser usado parafins diversos. Mas para que este possaexistir é necessâlÍo uma espécie de "tra-balho pré-grupal", uma e~pécie de "pre-paração", Isto é importante porque o per-curso de um grupo nào é linear: digamosque o grupo é algo que se perde e que seacha. que se constrói e que desmancha,que temos certeEa que está lá, mas que derepente não conseguimos mais encontrar,l'vlasa representação intema deve sobre-viver às mudanças do grupo concreto.

2.4. Mais duas razões

Além das razões teóricas para a es-colha dos grupos como nosso recursoterapêutico prderencial. achamos im-portante desenvolvermos e utilizarmostécnicas econômicas de tratamento,principalmente em nosso país com suaescassez de recursos.

E por fim, outro moti\'o que contlÍbuipara nossa oP\'ão é que os grupos podemser interess:mtes. Quase todo terapeuta depsicóticos passou por fases, em um aten-dimento individual "onde nada acontece".

ou onde tudo o que se faz pareceser emvão. Não que no grupo não tenhamos mo-mentos de marasmo ou angústia. momen-tos onde também temos a impressão deque nada cabe. mas a existência de váriaspessoas que tentam se relacionar ofereceuma gama de sitLlal,'õese mobilizaçõesmaior. São mais idéias, conexões inédi-tas, OOafetamcntos",

3. O campo da terapiaocupacional e os grupos

Um dos pressupostos IxÍ<.,ico~da te-rapia ocupacional é que o fazer. a aç:io,

pode exercer um efeito terapêutico so-bre seu agente.

o outro pressuposto bÜsico é que"fazer junto" (em princípio com oterapeuta, que pode indicar a ação, en-sinar. interpretar, etc.., também depen-dendo de sua concepção teórica) facili-ta a ação e/ou lhe dá outros sentidos4.Sendo assim, podemos dizer que o "fa-zer em grupo", podendo ser usado parafacilitar ou transformaro fazer,tamhémdeve ter características terapêuticas.

o campo da terapia ocupacional estálocalizado exatamente na interseção in-terno-externo, indi víduo-sociedade

(grupo), pensar-fazer, aquilo que é psí-quico-aquilo que é corporal. Nosso focoestá neste encontro que se dá sempreatravés de uma ação. O que nos inte-ressa nào é exatamente nem o queijo,nem a faca, mas o ato mesmo de cortar.

É sobre este campo que incide nossoolhar. A terapia ocupacional é iminen-temente social pois o fazer é sempre umato social. Os homens se juntam parafazer coisas e o fazer junto cria um tipoespecial de relação, um identificar-sepela ação ou por seus objetivos em co-mum. Aquilo que é feito, o é em ummundo compartilhado.

O fazer se dá em um campo inter-mediário, nem interno, nem externo,

pele e material se confundem. A mãoque modela e a massa sendo modelada- por um momento não se sabe quemfaz e quem está sendo feito. Como po-demos ver em Camille Claudd, o queacontece é que a primeira concepção daobra - a imagem prévia - vai sendosuhs-tituída pelo que \ ai aparecendo neste en-contro com o material.

C.)ncordamos L'om \VINNlCOTT

( 1(75) quando L te diz que existe umadi fcren,;a entre compreender (J brincarinfantil - ou o fazer - como uma tcntati-

\a de elaboração de \ ivências emocio-nais. de pura r...:peti\'ãoc treinamento depapéis sociais que deverào ser desem-penhados na \ ida adulta. e o brincarcompreendido como a maneira própriada criança viver; o próprio brincar pro-

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