autor do mês fernando pessoa

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“Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.” Pessoa, F. (1966). Páginas íntimas e de auto-interpretação. Lisboa: Edições Ática, p.94.

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Biblioteca da Escola Secundária Homem Cristo

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Page 1: Autor do mês  Fernando Pessoa

“Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos

fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade

que não está em nenhuma e está em todas.”

Pessoa, F. (1966). Páginas íntimas e de auto-interpretação. Lisboa: Edições Ática, p.94.

Page 2: Autor do mês  Fernando Pessoa
Page 3: Autor do mês  Fernando Pessoa

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Fernando António Nogueira Pessoa, mais

conhecido como FERNANDO PESSOA, nasce a 13

de junho de 1888, dia de Santo António, num prédio

em frente do Teatro de São Carlos, filho de Maria

Madalena Nogueira e de Joaquim Pessoa. O pai

morre de tuberculose em 1893, aos 43 anos. Dois

anos mais tarde, a mãe volta a casar-se, agora com

João Miguel Rosa, que seria cônsul português em

Durban, na que era então colónia inglesa de Natal.

Em 1986, viaja com a mãe para Durban, onde fará

toda a sua instrução primária e secundária. Na

primeira década do século XX, começa a escrever em inglês e já sob o nome de outro-

Alexander Search.

Em 1908 começa a escrever poesia em português e publica-a na revista A Águia.

Nesse mesmo ano, conhece Mário de Sá Carneiro e inicia com ele uma correspondência

através da qual se trocam ideias literárias e artísticas que hão de estar na base dos «ismos» de

referência da geração Orpheu.

Uma carta a Adolfo Casais Monteiro escrita em 1935 situará o aparecimento dos

heterónimos - Alberto Caeiro, o camponês sensacionista, Ricardo Reis, o médico

neoclássico, e Álvaro de Campos, o engenheiro extrovertido- com precisão excessiva, no dia

8 de março de 1914. No ano seguinte, saem em março e junho os dois números da revista

Orpheu, que na altura provocam escândalo e gargalhada mas hão de transformar o século XX

português. Aí apresenta Pessoa a peça O Marinheiro e os poemas de Chuva oblíqua

assinados com o seu nome e, principalmente, «Opiário», «Ode Triunfal» e «Ode Marítima» de

Álvaro Campos.

Em 1917 colabora na redação do Portugal Futurista, revista central do Modernismo

português.

No ano de 1918, publica dois opúsculos de poemas em inglês.

Em 1919 conhece Ofélia Queirós, primeira e única namorada do poeta. Este namoro é

caracterizado por duas fases distintas. De 1 de maio a 29 de novembro de 1920 e de 11 de

setembro de 1929 a 11 de janeiro de 1930, embora o contacto entre os dois se mantenha

cordial, mas esporádico, até à morte de Pessoa.

Page 4: Autor do mês  Fernando Pessoa

Bernardo Soares aparece pela primeira vez publicamente em 1929 e é, dentro da

ficção de seu próprio Livro do Desassossego, um simples ajudante de guarda-livros na

cidade de Lisboa. Conheceu Fernando Pessoa numa pequena casa de pasto frequentada por

ambos. Foi aí que Bernardo deu a ler a Fernando seu livro, que, mesmo escrito em forma de

fragmentos, é considerado uma das obras fundadoras da ficção portuguesa no século XX.

Bernardo Soares é, muitas vezes, considerado um semi-heterónimo porque, como seu próprio

criador explica:

"Não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples

mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afetividade."

O seu único livro de poemas em português, Mensagem, sai a 1 de dezembro de 1934.

Alberto Caeiro surge como o Mestre, aquele que traz a verdade - a verdade da

sensação. Os outros dois são os seus discípulos, inclusive o próprio Fernando Pessoa se

considera seu discípulo.

No dia 29 de novembro de 1935, Pessoa é internado no Hospital de São Luís dos

Franceses e morre no dia seguinte.

Adaptado de: Martins, F. C. (2010). Fernando Pessoa, Centro Virtual Camões. Consultado em 01 de novembro de 2013,

em: http://cvc.instituto-camoes.pt/component/content/article/962-seculo-xx/1408-fernando-pessoa.html

NNOOTTAA CCRRÍÍTTIICCAA::

Pode-se dizer que a vida do poeta foi dedicada a criar e que, de tanto criar, criou outras

vidas através dos seus heterónimos, o que foi a sua principal característica e motivo de

interesse pela sua pessoa, aparentemente muito pacata. Alguns críticos questionam mesmo se

Pessoa realmente teria transparecido o seu verdadeiro eu ou se tudo não teria passado de um

produto, entre tantos, da sua vasta criação.

O poeta e crítico brasileiro Frederico Barbosa declara que Fernando Pessoa foi "o

enigma em pessoa". Escreveu sempre, desde o primeiro poema aos sete anos, até ao leito de

morte. Importava-se com a intelectualidade do homem, e pode-se dizer que a sua vida foi uma

constante divulgação da língua portuguesa: nas próprias palavras do semi-heterónimo

Bernardo Soares, "a minha pátria é a língua portuguesa".

Segundo António José Saraiva, o leitor tem em Fernando Pessoa uma matéria ilimitada

para se deleitar, quer o seu gosto se incline para a musicalidade do verso, quer para o

imprevisto das metáforas ou para qualquer outra das seduções que oferece a literatura.