automatizaÇÃo do certificado de calibraÇÃo da …...certificado de calibração de uma máquina...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
AUTOMATIZAÇÃO DO CERTIFICADO DE
CALIBRAÇÃO DA MÁQUINA DE ENSAIO
UNIVERSAL
MATHEUS TERRA ALVES
NATAL- RN, 2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
AUTOMATIZAÇÃO DO CERTIFICADO DE
CALIBRAÇÃO DA MÁQUINA DE ENSAIO
UNIVERSAL
MATHEUS TERRA ALVES
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de Engenharia
Mecânica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Engenheiro Mecânico, orientado pelo
Prof. Me. Igor Lopes de Andrade.
NATAL - RN
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
AUTOMATIZAÇÃO DO CERTIFICADO DE
CALIBRAÇÃO DA MÁQUINA DE ENSAIO
UNIVERSAL
MATHEUS TERRA ALVES
Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso
Prof. Me. Igor Lopes de Andrade ___________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Orientador
Prof. Me. Rommel Soares de Araújo ___________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno
Prof. Dr. Ulisses Borges Souto ___________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno
NATAL, 03 de dezembro de 2019.
i
Agradecimentos
A Deus pelo dom da vida, por ter me proporcionado saúde, força para superar
as dificuldades e ter guiado os meus caminhos.
Aos meus pais, Ana Carla e Marcos Almir, por todo amor e suporte, onde
propiciaram ótimas condições de estudo durante toda a graduação.
A minha irmã, Ana Beatriz, pela convivência diária, incentivo e atenção
dedicada quando precisei.
Ao meu orientador prof. Me. Igor Lopes de Andrade, pelo suporte, paciência na
orientação e apoio na elaboração desse trabalho.
A toda minha família avós, tios e primos que me incentivaram em toda trajetória
da graduação.
A todos meus amigos da graduação e do ensino médio, pois estavam sempre
presentes compartilhando momentos felizes e de estudos comigo.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte pela oportunidade de
realização do curso de Engenharia Mecânica.
Por fim, agradeço a todos os professores da graduação pelo convívio,
aprendizado e compartilhamento de experiências.
ii
Alves, M. T. AUTOMATIZAÇÃO DO CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO DA
MÁQUINA DE ENSAIO UNIVERSAL. 2019. 67 p. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal-RN, 2019.
Resumo
Os instrumentos de medição de indústria e laboratórios necessitam
proporcionar resultados confiáveis, e para ter essa garantia é fundamental que os
instrumentos sejam calibrados periodicamente. A cada calibração realizada é
emitido um certificado de calibração, e nesse deve conter os requisitos conforme
as normas estabelecidas para o instrumento especificado.
A fim de obedecer essas normas e proporcionar uma plataforma intuitiva
para o usuário, elaborou-se uma interface para automatizar a criação de um
certificado de calibração de uma Máquina de ensaio universal. Para atingir esse
objetivo foi usado o Excel em conjunto com a linguagem Visual Basic for Application
(VBA).
Essa junção de ferramentas possibilitou alcançar o objetivo do projeto.
Para demonstrar esse sucesso foi realizado um teste com as informações de uma
calibração já realizada no Laboratório de Metrologia da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. A operação de automatização ocorreu com êxito e o
certificado saiu conforme os requisitos das normas NBR ISO/IEC 17.025 e NBR
ISO/IEC 7.500-1.
Com o desenvolvimento da plataforma em Excel, pôde-se emitir o
certificado da Máquina de ensaio universal de forma mais rápida e padronizada.
Esse projeto foi restringido apenas para a Máquina de ensaio universal, mas ele
serve de base para o aprimoramento e construção não só de pesquisas com esse
tema específico, mas também voltadas para outros instrumentos de medição.
Palavras-chave: Certificado de calibração, automatizar, Máquina de ensaio
universal, Excel, VBA.
iii
Alves, M. T. Automation of Universal Testing Machine Calibration Certificate.
2019. 67 p. Conclusion work project (Graduate in Mechanical Engineering) -
Federal University of Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2019.
Abstract
Measurement instruments from labs and industry need to provide reliable
results, to be able to offer this degree of guarantee to be true, there is a need for
periodic calibration. After each calibration, it has issued a calibration certificate,
which should contain the requirements according to the established standards for
the specific instrument.
It was created an interface in order to follow standards and provide an
intuitive user platform, to automate the Universal Testing Machine calibration
certificate’s creation. Excel was used to achieve this goal, along with Visual Basic
for Application (VBA) language.
Combining these tools made it possible to achieve this project’s goal. It was
performed a test to demonstrate the success, with information from a calibration
already performed at Laboratório de Metrologia from Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. It was issued a certificate after a successful automation operation
according to standards NBR ISO/IEC 17.025 and NBR ISO/IEC 7.500-1 requisites.
From this Excel platform, it was possible to issue the Universal Testing
Machine document faster and standardized. This project was restricted only by the
Machine, but it works as a base for improvement and building not only on
researchers for this particular topic but also for other measurement instruments.
Keywords: Calibration certificate, automate, Universal Testing Machine, Excel,
VBA.
iv
Lista de Ilustrações
Figura 1 - Máquina Universal de Ensaios Mecânicos .................................................. 4
Figura 2 - Fluxograma da calibração direta ................................................................. 5
Figura 3 - Calibração Indireta ...................................................................................... 6
Figura 4 - Distribuição Retangular ............................................................................... 7
Figura 5 - Distribuição Triangular ................................................................................ 8
Figura 6 - Distribuição Normal ..................................................................................... 8
Figura 7 - Tela inicial do Visual Basic for Applications .............................................. 17
Figura 8 - Iniciando gravação de uma macro ............................................................ 18
Figura 9 - Concluindo a gravação de uma macro ...................................................... 18
Figura 10 - Exemplo de ‘MsgBox’ .............................................................................. 20
Figura 11 - Exemplo de InputBox .............................................................................. 20
Figura 12 - Opções de controle do ‘UserForm’.......................................................... 21
Figura 13 - Visualização do certificado de calibração do software TGM 4 ................ 22
Figura 14 - Software MET/CAL ................................................................................. 24
Figura 15 - Planejamento da automação .................................................................. 25
Figura 16 - Fluxograma de funcionamento do projeto ............................................... 26
Figura 17 - Planilha Menu ......................................................................................... 27
Figura 18 - Formulário Aba 01 ................................................................................... 28
Figura 19 - Formulário Aba 02 ................................................................................... 28
Figura 20 - Formulário Aba 03 ................................................................................... 29
v
Figura 21 - Mensagem apresentada após Certificado de Calibração ser gerado...... 30
Figura 22 - Trecho da planilha ‘CERTIFICADO’ ........................................................ 31
Figura 23 - Aplicação da função “CONCATENAR” usada na planilha de certificado 31
Figura 24 - Planilha de Procedimento e Avaliação .................................................... 32
Figura 25 - Cálculo da media e desvio-padrão para medidas de cada ponto ........... 34
Figura 26 - Contribuição das fontes de incerteza ...................................................... 34
Figura 27 - Valores característicos do Sistema de medição de força ........................ 36
Figura 28 - Valores característicos do Sistema de medição de força na planilha
“Classe” ..................................................................................................................... 36
Figura 29 - Alerta de conclusão da limpeza dos dados ............................................. 39
Figura 30 - Parte 01 do formulário preenchido .......................................................... 41
Figura 31 - Parte 02 do formulário preenchido .......................................................... 41
Figura 32 - Parte 03 do formulário preenchido .......................................................... 42
Figura 33 - Confirmação do sucesso na operação de inserir dados ......................... 42
Figura 34 - Página 01 do Certificado de Calibração .................................................. 44
Figura 35 - Página 01 do Certificado de Calibração .................................................. 45
Figura 36 - Tabela de resultados emitida pelo Laboratório de Metrologia da UFRN . 46
vi
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Tabela com informações do cliente ......................................................... 39
Tabela 2 – Dados do instrumento ............................................................................. 39
Tabela 3 – Condições ambientais, padrão utilizado e responsáveis pela calibração 40
Tabela 4 – Dados obtidos durante a calibração ........................................................ 40
vii
Sumário
Agradecimentos ............................................................................................... i
Resumo .......................................................................................................... ii
Abstract ......................................................................................................... iii
Lista de Ilustrações ........................................................................................ iv
Lista de Tabelas ............................................................................................ vi
Sumário ........................................................................................................ vii
1 Introdução .................................................................................................... 1
1.1 Objetivo geral ........................................................................................ 2
1.2 Objetivos específicos ............................................................................ 2
2 Revisão Bibliográfica ................................................................................... 3
2.1 Estrutura do Trabalho ........................................................................... 3
2.2 Máquina de Ensaio Universal................................................................ 3
2.2.1 O instrumento ................................................................................. 3
2.2.2 Método de calibração ..................................................................... 4
2.3 Calibração de um sistema de medição ................................................. 5
2.3.1 Tipos de Calibração ........................................................................ 5
2.2.2 Distribuição de probabilidade na estimativa da incerteza de medição
............................................................................................................................. 6
2.2.3 Certificado de calibração .............................................................. 10
2.3.3 Etapas para elaboração do certificado de calibração ................... 12
2.4 Visual Basic for Applications ............................................................... 16
2.4.1 Macro............................................................................................ 17
2.4.2 Funções e sub-rotinas .................................................................. 18
2.4.3 Objetos ......................................................................................... 19
2.5 Interface do Excel com o Usuário ....................................................... 19
2.5.1 InputBox e MsgBox ...................................................................... 19
viii
2.5.2 Userform ....................................................................................... 20
2.6 Sistemas computacionais aplicados a calibração ............................... 21
2.6.1 Mylogical Calibração .................................................................... 22
2.6.2 Software de calibração TGM 4 ..................................................... 22
2.6.3 MK – Software de calibração e metrologia ................................... 23
2.6.4 Software MET/CAL ....................................................................... 23
3 Metodologia ............................................................................................... 24
3.1 Arquitetura de construção do projeto .................................................. 24
3.1.1 Menu............................................................................................. 26
3.1.2 Certificado .................................................................................... 30
3.1.3 Procedimento e Avaliação ............................................................ 32
3.1.4 DADOS e SAÍDA_DOC ................................................................ 33
3.1.5 CÁLCULOS .................................................................................. 33
3.1.6 SAÍDA_RES ................................................................................. 35
3.1.7 PADRÕES .................................................................................... 35
3.1.8 CONVERSÃO ............................................................................... 35
3.1.9 CLASSE ....................................................................................... 35
3.1.10 OPÇÕES .................................................................................... 37
4 Resultados e Discussões .......................................................................... 38
4.1 Projetar e preparar dados para caso teste .......................................... 38
4.2 Resultado do teste .............................................................................. 43
5 Conclusões ................................................................................................ 47
6 Referências ............................................................................................... 48
7 Anexos ....................................................................................................... 51
ANEXO A – Tabela de t-student para determinar o Fator de Abrangência
............................................................................................................................... 51
ANEXO B – Representação de parte da planilha ‘SAIDA_RES’ ............... 52
ix
ANEXO C – Representação de parte da planilha de padrões .................. 53
Fonte: Elaborada pelo autor ...................................................................... 53
ANEXO D – Representação de parte da planilha de conversão ............... 54
ANEXO E – Representação de parte da planilha Classe .......................... 55
ANEXO F – Representação de parte da planilha Opção .......................... 56
1
1 Introdução
A necessidade de medição não é algo recente e pode ser visualizado em
diversos locais no dia a dia, seja no velocímetro do carro, na balança do
supermercado, na temperatura da geladeira e em diversas áreas da indústria. Porém
com a evolução da ciência e indústria, também vem a necessidade de esses
proporcionarem resultados cada vez mais precisos. Por isso necessita-se de um
sistema de medição confiável se faz necessário.
Um sistema de medição confiável é um conjunto de dispositivos
desenvolvidos para fornecer informações, com o intuito de obter os valores medidos
dentro de intervalos especificados para grandezas de naturezas especificadas. A
grande utilização desses instrumentos faz com que seja necessário que eles forneçam
informações com qualidade de medição. A falta de qualidade pode acarretar em
diversos danos e despesas na área em que está sendo utilizado, como por exemplo,
um paquímetro impreciso em uma empresa de usinagem pode proporcionar descarte
ou necessidade de retrabalho de peças.
Com intuito de contornar situações como essa, é necessário que esses
instrumentos de medição sejam calibrados periodicamente. Calibração é a operação
que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por
um instrumento de medição e os valores correspondentes das grandezas
estabelecidos por padrão (VIM, 2012). Essa operação pode ser realizada por um
laboratório que seja acreditado pela Rede Brasileira de Calibração (RBC), ou a um
laboratório que tenha padrões rastreados (ABNT, 2017).
No caso da Máquina de Ensaio Universal a sua calibração periódica é
fundamental para a obtenção de resultados reais das propriedades mecânicas do
material a ser analisado (Ferro, et al., 2013). Após a calibração, é necessário que seja
observado o Certificado de Calibração, o qual consiste de um documento emitido pelo
laboratório onde o instrumento foi calibrado, contendo informações do procedimento
realizado, seus resultados e informando se ele está apto para uso.
2
1.1 Objetivo geral
Automatizar o processo da elaboração de certificados de calibração da
Máquina de ensaio universal por meio do desenvolvimento de uma planilha em Excel
com o auxílio da linguagem VBA.
1.2 Objetivos específicos
Visando alcançar o objetivo geral desse trabalho, alguns objetivos específicos
podem ser listados.
Aumentar a padronização dos laboratórios de metrologia ao elaborar o
certificado de calibração de uma Máquina de Ensaio Universal;
Garantir um documento de qualidade, com todas as informações
necessárias apresentadas de forma clara o que acaba por facilitar a
interpretação do resultado da calibração;
Proporcionar uma plataforma intuitiva, de fácil utilização pelo usuário,
sem a necessidade de ficar navegando entre planilhas para inserir os
dados necessários.
Conter macro para limpar dados de calibrações antigas e também a de
gerar o arquivo do novo certificado em um Formato Portátil de
Documento, PDF.
Ter um formulário para o usuário inserir todos os dados necessários
nesse ambiente, sem precisar ficar mudando de planilha.
3
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Estrutura do Trabalho
Esse trabalho obedece uma estrutura tradicional de trabalhos de conclusão
de curso, em que no primeiro capitulo é apresentado a introdução do trabalho, fazendo
uma imersão no tema do projeto. Já o segundo capítulo trata da revisão bibliográfica,
abordando tópicos pertinentes para a realização do projeto, como: Calibração de um
sistema de medição, métodos para calibração, máquina de ensaio universal,
abordagem sobre a utilização do Excel e da linguagem Visual Basic Application para
a construção desse projeto. Nos capítulos três e quatro são abordados os métodos
para a construção e funcionamento do projeto, além de apresentar simulação para
evidenciar o seu funcionamento. E, por fim, no capitulo cinco é apresentada a
conclusão do trabalho.
2.2 Máquina de Ensaio Universal
2.2.1 O instrumento
A Máquina de Ensaio Universal tem por objetivo realizar de maneira rápida,
eficaz e precisa ensaios mecânicos de tração, micro tração, compressão,
cisalhamento, flexão e entre outros (Biopdi, 2015). Ela pode ser observada na figura
1.
Graças a sua versatilidade, ela pode ser utilizada em vários tipos de
seguimentos: metal-mecânica, construção civil, polímeros, plásticos, têxtil, madeira,
médico-odontológico e automotivo, por exemplo (Biopdi, 2019).
No mercado existem várias marcas e modelos, e suas principais
especificações são capacidade de carga e tamanho. Sua função é proporcionar
carregamentos tanto compressivos quanto de tração. Para tal ela geralmente possui
uma trave fixa e outra móvel, nas quais se movimentam de maneira controlada
efetuando medições precisas de força e posição (Nakazato, 2019).
4
Figura 1 - Máquina Universal de Ensaios Mecânicos
Fonte: Biopdi, 2015
2.2.2 Método de calibração
Antes do procedimento de calibração seja executado, de acordo com a NBR
7500 (2016), devem ser realizadas as seguintes etapas até se chegar ao experimento
de fato:
1) O alinhamento do instrumento de medição de força é verificado para
minimizar os efeitos de flexão. Já no caso de um instrumento de
medição de força de compressão devem ser adicionados apoios com
calotas esféricas, caso ele não já tenha cavidade esférica incorporada.
2) A temperatura durante o procedimento deve ser ambiente,
compreendida entre 10°C e 35°C e ela deve ser registrada no
certificado de calibração.
3) Imediatamente antes do procedimento de calibração ser iniciado, o
instrumento de medição de força deve ser carregado ao menos três
vezes entre zero e sua força máxima a ser medida.
Em seguida, realiza-se o experimento, no qual se aplica uma força nominal (Fi)
mostrado pelo indicador de força da máquina; registra-se a força de referência (F),
5
indicada pelo padrão. São realizadas no mínimo três séries de medições com forças
crescentes.
2.3 Calibração de um sistema de medição
O momento da calibração é questionado por diversas pessoas, pois não
sabem do que se trata e nem da sua importância. Segundo a norma DIN 1319, a
calibração é a operação que determina os desvios entre o valor lido em um
instrumento e o valor verdadeiro convencional. Esse processo é indispensável, pois
garante a confiabilidade dos resultados de medição e proporciona qualidade no
processo desempenhado.
Durante o processo de calibração o laboratório deve fornecer algumas
garantias como a qualidade das medições realizadas, a eficácia do seu Sistema de
Qualidade e a rastreabilidade dos seus padrões (Lira, 2006). Esses fatores são
importantes, pois devem garantir a confiabilidade do instrumento.
2.3.1 Tipos de Calibração
A calibração é dividida em dois tipos: direta e indireta. Na calibração direta, o
padrão utilizado é medido diretamente pelo instrumento de medição a ser calibrado.
Posteriormente, o valor obtido é comparado com o padrão. Por exemplo, no caso de
uma balança, para realizar a sua calibração é necessário um conjunto de massas
padrão. Essas devem percorrer toda faixa mensurável do aparelho. Coloca-se um
padrão por vez sobre a balança para comparar o valor do padrão com o valor indicado
(Silva Neto, 2012). Na figura 2 é demonstrado um fluxograma da calibração direta.
Figura 2 - Fluxograma da calibração direta
Fonte: Metrologia e Controle Dimensional, 2012
6
Com relação a calibração indireta, também existe o instrumento a ser
calibrado e o padrão, porém a grandeza a ser medida é fornecida indiretamente por
um gerador de grandeza. Em seguida, ocorre a comparação das indicações no
instrumento a ser calibrado com os valores fornecidos pelo instrumento padrão. Um
exemplo desse tipo de ocorre na calibração da Máquina de Ensaio Universal (Silva
Neto, 2012). O fluxograma da calibração indireta pode ser observado na figura 3.
Figura 3 - Calibração Indireta
Fonte: Metrologia e Controle Dimensional, 2012
2.2.2 Distribuição de probabilidade na estimativa da incerteza de medição
A distribuição de probabilidade de uma variável aleatória é a função que
determina a probabilidade de uma variável aleatória apresentar qualquer valor ou
estar inserida em um intervalo de valores (ISO GUM, 2008).
A escolha da distribuição de probabilidade de cada variável aleatória depende
das informações que tem disponíveis de cada componente de incerteza. Os tipos de
distribuição mais utilizados são retangular, triangular e normal.
Na distribuição retangular é usado quando se conhece apenas os valores
máximos e mínimos de variação. Ou seja, em um instrumento quando só tem
conhecimento do erro máximo admissível dele (Jornada, 2009). O formato dessa
distribuição é demonstrado na figura 4.
7
Figura 4 - Distribuição Retangular
Fonte: (Link, Metrologia Mecânica - Expressão da incerteza de medição, 1999)
Já na distribuição triangular além dos valores máximos e mínimos de variação
também é necessário ter conhecimento do valor mais provável. Por exemplo, quando
é realizado a leitura de um instrumento com indicador analógico (Jornada, 2009). Essa
distribuição é exibida na imagem 5.
8
Figura 5 - Distribuição Triangular
Fonte: (Link, Metrologia Mecânica - Expressão da incerteza de medição, 1999)
Por último, para a distribuição normal a incerteza de medição deve ser
herdada de padrões e calibrações de equipamentos (Rede Metrológica RS, 2013). A
aparência dessa distribuição é exibida na figura 6.
Figura 6 - Distribuição Normal
Fonte: (Balbinot & Brusamarello, 2010)
Com relação à Máquina de ensaio universal, além da análise das distribuições
de probabilidade na estimativa da incerteza de medição, também é possível calcular
a incerteza do sistema de medição de força no momento da calibração, seja baseado
9
nos limites especificados, ou a partir dos valores obtidos. Serão abordados a análise
de três tipos desse erro que colaboram para a incerteza de medição, conforme a ABNT
ISO/IEC 7.500 (2016), alguns deles são: Erro de temperatura, erro de indicação, erro
de repetibilidade.
1) Erro de temperatura
Durante a calibração a temperatura inicial e final do ambiente são registradas,
ela deve ser realizada em temperatura ambiente entre 10°C e 35°C. A
temperatura do instrumento de medição não pode variar mais do que 2 °C,
durante a calibração. Se essas temperaturas forem diferentes de 22°C deve
ser calculado a contribuição dessa incerteza.
2) Erro de indicação
Para cada faixa de indicação do padrão registrado é calculado o erro de
indicação relativo, ‘𝑞𝑖’, e posteriormente com a média do erro de indicação
relativo de cada leitura é obtido o erro de indicação para a faixa analisada, ‘𝑞’
que é alcançado através das seguinte equações 01 e 02.
𝑞𝑖 =
𝐹𝑖 − 𝐹1
𝐹1 𝑥 100
(1)
𝑞 =
𝑞1 + 𝑞2 + ⋯ + 𝑞𝑛
𝑛
(2)
𝐹𝑖: Força indicada pelo indicador de força da máquina de ensaios sob
verificação, sob força de medição crescente.
𝐹1: Força de referência indicada pelo instrumento de medição de força sob força
de medição crescente.
𝑞𝑖: A i-ésima medição do erro de indicação relativo do sistema de medição de
força da máquina de ensaio.
𝑞: Erro de indicação relativo do sistema de medição de força da máquina de
ensaio.
𝑛: Número de leituras realizadas.
10
3) Erro de repetibilidade
Nesse momento é avaliado a concordância entre resultados de medições
sucessivas de uma mesma faixa de medição, que no caso é o erro de indicação
relativo ‘𝑞𝑖’, realizada sob as mesmas condições de medição. Para determina-
lo, é feita a subtração do erro de indicação relativo máximo pelo mínimo de um
mesmo ponto, demonstrado na equação 03.
𝑏 = 𝑞𝑀𝐴𝑋 − 𝑞𝑀𝐼𝑁 (3)
𝑏: Erro de repetibilidade relativo do sistema de medição de força da máquina
de ensaio
𝑞𝑀𝐴𝑋: Valor máximo de ‘q’ para cada ponto de calibração
𝑞𝑀𝐼𝑁: Valor mínimo de ‘q’ em cada ponto de calibração
2.2.3 Certificado de calibração
O certificado de calibração é o documento final fornecido ao requisitante em
que contém as condições, meios de calibração, bem como os resultados e os decisões
(Gonçalves Jr., 2002). Dessa forma, para permitir essa análise ele deve seguir a
norma NBR/ISO 17.025, onde nela há informações sobre as exigências em que esse
documento seja enquadrado.
Segundo a ABNT NBR/ISO IEC 17.025, de 2017, o certificado de calibração
deve conter alguns requisitos, são eles:
a) Um título, ou seja, Certificado de Calibração acompanhado do código
do certificado;
b) Nome e endereço do laboratório;
c) Local das realizações das atividades do laboratório, inclusive quando
são realizadas nas instalações de clientes ou em locais fora das
instalações permanentes do laboratório;
d) Nome e informações do cliente;
e) Identificação do método analisado;
f) Uma identificação ou descrição do instrumento quando necessário;
g) Data da realização da calibração;
h) Data de emissão do certificado de calibração;
11
i) Uma declaração de que os resultados se referem somente aos itens
calibrados;
j) Resultados com as unidades de medidas, quando apropriados;
k) Identificação da (s) pessoa (s) que autorizam o certificado;
l) Incerteza de medição do resultado da medição, apresentada na mesma
unidade do mensurando, ou de um termo relativo ao mensurando, por
exemplo, percentual;
m) Condições sob as quais a calibração foi realizada que tenha influência
sobre o resultado de medição, por exemplo, temperatura e umidade
relativa;
n) Uma declaração identificando como os resultados das medições são
metrologicamente rastreáveis;
o) Resultados obtidos antes e depois de qualquer ajuste ou reparo, se
disponível.
Além desses requisitos, quando se trata de Máquina de ensaio também há
outros referentes a NBR/ISO 7.500-1, nos quais complementam as exigências citadas
acima. De acordo com a NBR/ISO 7.500-1, essas são:
“a) Referência a esta Parte da ABNT NBR ISO 7500, ou seja, ABNT
NBR ISO 7500-1;
b) Identificação da máquina de ensaio (fabricante, tipo, ano de
fabricação, se possível, número de série) e, se aplicável, identificação
específica do indicador de força (fabricante, tipo, número de série);
c) Localização da máquina;
d) Tipo, classe e número de referência do instrumento de medição de
força utilizado, número do certificado de calibração e data de validade
do certificado;
e) Temperatura de calibração;
f) Data da verificação;
g) Nome ou marca do organismo que realizou a verificação (ABNT
NBR/ISO 7500-1, 2016).”
Portanto, na calibração é realizada uma análise de qualidade do instrumento,
e através do certificado, contendo as incertezas de medições e as tendências,
12
expresso devido a esse experimento, pode inferir se o instrumento está apropriado
para o uso ou é o momento de enviar para a manutenção e ajuste (Silva Neto, 2012).
2.3.3 Etapas para elaboração do certificado de calibração
As instruções a serem descritas tem como objetivo aumentar a padronização
ao elaborar o certificado de calibração e também aumentar a confiabilidade dos
resultados. Dessa forma, foram elaboradas etapas baseadas no trabalho
desenvolvido por Ruama (2016, p.28) para a realização desse processo que são
apresentadas a seguir:
1ª etapa: Identificação do cliente
Nela será perguntada nome da empresa, CNPJ, endereço, solicitante e
CRIECE, com objetivo de cadastrar as informações do cliente.
2ª etapa: Descrever o sistema de medição a calibrar
Nesse momento é especificado o instrumento a ser calibrado, e informações
dele. Por exemplo: Modelo, número de série e fabricante.
3ª etapa: Escolher sistema de medição padrão
Deve existir uma lista com os padrões contidos no laboratório, os dados de
cada padrão estão contidos nela, e será selecionado o padrão adequado para o
experimento.
4ª etapa: Projetar o experimento
Nesse momento é necessário especificar temperatura e umidade, inicial e
final, do local onde está sendo realizado a calibração, materiais utilizados e a
sequência de operação.
5ª etapa: Escolha dos pontos de medição a calibrar
Nessa etapa ocorre a escolha e registro dos pontos selecionados a serem
efetuados as leituras, ou seja, forças de referências nas quais são indicadas pelo
mensurando para a realização da calibração.
13
6ª etapa: Realizar a medição do sistema a calibrar.
Nela ocorre o registro dos pontos analisados, indicados pelo padrão.
Repetindo a operação quatro vezes para cada ponto calibrado.
7ª etapa: Identificar fontes de incerteza da calibração
A identificação é baseada na ISO GUM, na análise das fontes de incerteza
inseridas no experimento que caracteriza a incerteza de medição. Essa por sua vez é
um parâmetro não-negativo que demonstra a dispersão dos valores atribuídos a um
mensurando (VIM, 2012).
As fontes de incertezas podem ser classificadas em tipo ‘A’ ou tipo ‘B’, de
acordo com a ISO GUM. A distribuição do tipo ‘A’ é representada por uma distribuição
estatística proveniente de uma série de medições e podem ser caracterizadas por
desvios-padrão. Já a do tipo ‘B’, ela é estimada a partir de um julgamento científico,
baseado em informações importantes do instrumento e também do processo de
medição (Silva Neto, 2012).
Incerteza Tipo A
Esse tipo de incerteza é realizado o método através de uma análise estatística
de uma série de medições, obtendo o desvio padrão experimental da média amostral,
caracterizado como incerteza padrão de medição (Faruolo & Fernandes, 2005). Para
determina-la é aplicada as equações 4 e 5 demonstradas.
𝑠2(𝑞𝑘) =
1
𝑛 − 1∑(𝑞𝑗 − 𝑞)̅̅ ̅
𝑛
𝑗=1
² (4)
s é o desvio-padrão;
n o número de testes;
�̅� é a média aritmética de n valores observados.
𝑠2(�̅�) =
𝑠²(𝑞𝑘)
𝑛
(5)
𝑠(�̅�) é a incerteza padrão tipo ‘A’.
Incerteza Tipo B
14
A avaliação de incertezas desse tipo é diferente da incerteza abordado
anteriormente. Nesse caso a análise é baseada na informação, conhecimento
científico. Podendo ser analisado a partir de manuais, de dados vindos de calibrações
e certificados anteriores, especificação do fabricante, experiência ou comportamento
dos instrumentos e materiais (Faruolo & Fernandes, 2005).
8ª etapa: Identificação das fontes de incerteza
Essas fontes de incerteza podem estar associadas a indicação do
instrumento, resolução do instrumento e do padrão utilizado, repetibilidade,
temperatura do ambiente e entre outras incertezas possíveis.
9ª etapa: Classificar cada incerteza associada
A classificação ocorre na atribuição de cada incerteza ser do Tipo ‘A’ ou ‘B’,
baseado no método de orientação da ISO GUM (2012, p. 24). Posteriormente a
classificação deve ser determinada a contribuição de cada incerteza padrão (𝑢𝑛).
10ª etapa: Calcular a incerteza combinada
Tendo obtido todas as incertezas padrões, a lei de propagação de incertezas
indica que elas precisam ser propagadas para obter uma incerteza combinada 𝑢𝑐
(Jornada, 2009). Ela representa a soma quadrática das incertezas padrão individuais
associadas as grandezas de entrada de um modelo de medição, como é demonstrada
na equação 6.
𝑢𝑐 = √𝑢1
2 + 𝑢22 + 𝑢3
2 + ⋯ + 𝑢𝑛2
(6)
𝑢𝑐 : Incerteza combinada
𝑢𝑛 :Incerteza padrão individual
11ª etapa: Calcular o número de graus de liberdade efetivos
Em geral, a distribuição de t-student não vai descrever a distribuição da
variável, porém essa pode ser aproximada por um distribuição t com um número de
graus de liberdade efetivo calculado pela fórmula de Welch-Satterthwaite (Donatelli &
Konrath, 2005), demonstrada na equação 07.
15
𝑣𝑒𝑓 =
𝑢𝑐4
∑𝑢𝑖
4
𝑣𝑖
𝑛𝑖=1
(7)
𝑣𝑒𝑓: Número de graus de liberdade efetivos.
𝑢𝑐: Incerteza de medição combinada.
𝑢𝑖: A incerteza de medição para a i-ésima fonte de incerteza.
𝑣𝑖: Número de graus de liberdade para a i-ésima fonte de incerteza.
Quando não for possível identificar o número de medições realizadas para
obter a incerteza padrão, então o grau de liberdade será ∞ (infinito).
12ª etapa: Obtenção do fator de abrangência
O fator de abrangência (𝑘) é um número maior do que 1 (um), pelo qual
a incerteza padrão combinada é multiplicada para determinar o a incerteza de medição
expandida (VIM, 2012). Esse fator é obtido pela tabela de distribuição t-student
(localizada no Anexo A) para um grau de liberdade determinado e um nível de
confiança (probabilidade de abrangência). Porém de acordo com a ISO GUM (2012),
para calibração o fator de abrangência adotado é 2 (dois).
13ª etapa: Calcular a incerteza expandida
Em aplicações comerciais e industriais é necessário declarar a incerteza como
um intervalo em torno do resultado da medição no qual ele deve compreender uma
considerável parcela dos valores que podem ser atribuídos as mensurando, essa
métrica referida ao resultado da medição é denominada de incerteza expandida (U)
(Martins, et all., 2010). A equação 08 representa essa incerteza.
𝑈 = 𝑘 ∗ 𝑢𝑐 (8)
14ª etapa: Emitir o certificado de calibração
Após todas essas etapas é necessário registrar o resultado obtido nesse
processo. Dessa forma, é emitido um certificado de calibração, que contém as
informações que descrevem o que foi utilizado nesse experimento e os seus
resultados descrito por tabela.
16
2.4 Visual Basic for Applications
O “Visual Basic for Applications”, VBA, é uma linguagem de programação na
qual permite que o usuário codifique macros. Dessa forma é possível automatizar
atividades repetitivas ou complexas dentro do Excel (Walkenbach, 2013). Essa
linguagem além de estar presente no Excel também existe em outros membros do
pacote office, sem custo adicional.
O VBA tem seu uso justificado quando se quer automatizar uma atividade, por
exemplo, formatar células, gerar certificados, criar botões especializados, mandar e-
mail para clientes, dentre outras funções. Essa automação é feita com a criação de
macros, ajudando a evitar erros de cálculos, comparando com a realização desses a
mão, caso a programação esteja correta. Além de obter os resultados desses cálculos
com rapidez.
Apesar de todos esses benefícios, também há os pontos negativos. Um de
bastante relevância é que seus códigos após funcionamento da automação da
planilha não se transformam em um software (Walkenbach, 2013). Ou seja, ele
continua dependente do Excel. Todo usuário deve ter o Excel instalado para visualizar
e modificar suas planilhas.
Para ter acesso ao VBA, o usuário deve entrar no Excel pressionar o atalho
“Alt + F11”, posteriormente ele será direcionado a página semelhante a imagem 7,
onde nela é possível observar a barra de ferramentas, a barra de menu e algumas
janelas, por exemplo, a de códigos, de verificação imediata e a de propriedades.
17
Figura 7 - Tela inicial do Visual Basic for Applications
Fonte: (Walkenbach, 2013)
Para existir a comunicação do VBA com o Excel é necessário a criação de
Macros, funções, objetos e entre outras ferramentas (Zamboni, et all. 2011). Essas
são responsáveis pelo processo de automação de tarefas e serão descritas nos
tópicos a seguir.
2.4.1 Macro
Uma macro é um conjunto de instruções que são possíveis serem agrupadas
com o único comando para realizar uma tarefa automaticamente, e ele é gravado em
um módulo VBA (Microsoft, 2019). Essa pode ser criada através do gravador de macro
ou realizando a digitação do código utilizando a janela do VBA, para que o computador
interprete as tarefas contidas na macro. Essa linguagem deve ser o Visual Basic for
Application.
18
A opção utilizando o gravador de macro é bastante utilizada, devido a
facilidade de operação, pois é iniciado selecionando a opção ‘Gravar Macro...’,
localizado na aba ‘desenvolvedor’, apresentada na figura 8, após esse momento todas
as tarefas que o usuário realizar serão gravadas e armazenadas em linguagem VBA.
Para finalizar a gravação, basta clicar em ‘parar gravação’, apresentada na figura 9, e
com isso a operação será concluída.
Figura 8 - Iniciando gravação de uma macro
Fonte: Support Office
Figura 9 - Concluindo a gravação de uma macro
Fonte: Support Office
O outro modo de criação é inserindo o código da macro, dessa maneira o
usuário deve inserir a sequência de tarefas que a macro deve realizar, na linguagem
VBA, na janela de código dessa plataforma, indicada na figura 7.
2.4.2 Funções e sub-rotinas
São formadas por um conjunto de instruções para executarem ações, porém
a principal diferença é que as funções retornam um valor, já sub-rotina não (Cinto &
Góes, 2015).
19
Um procedimento do tipo função é um grupo de declarações as quais realizam
um cálculo ou um procedimento e retornam um único valor (Walkenbach, 2013).
Já a sub-rotina é um grupo de códigos digitadas em um módulo (espécie de
arquivo de armazenamento de macros), os quais executam uma determinada tarefa
(Otsuka, 2012).
2.4.3 Objetos
Objeto é uma unidade de dados no qual representa determinado elemento da
sua planilha ou do Excel, ou seja, é um objeto que permite uma referência. Por
exemplo, uma planilha, células, gráficos, janelas, dentre outros (Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial - SENAC RS, 2010).
Esses contêm propriedades e podem ter métodos e argumentos e eles tem
uma hierarquia, isto é, um objeto pode conter outros objetos. Por exemplo, o próprio
aplicativo Excel é um objeto e ele contém ‘window’ (Janela), ‘Workbook’ (pasta de
trabalho) e ‘Add-in’ (suplementos) e entre outros que também são objetos
(Walkenbach, 2013).
2.5 Interface do Excel com o Usuário
2.5.1 InputBox e MsgBox
Durante a execução de uma operação em uma planilha é necessário haver
uma comunicação da macro com o usuário, buscando que ele execute ações
adequadamente visando o sucesso do procedimento. Para auxiliar em situações como
essa existe o ‘InputBox’ e ‘MsgBox’.
O ‘MsgBox’ exibe mensagem ou resultados, ela recebe pelo menos um
argumento que é a mensagem que ele pretende informar, é exemplificado na imagem
10. Porém tem dois argumentos que são opcionais, que são um botão de indicação e
o título da caixa (Otsuka, 2012).
20
Figura 10 - Exemplo de ‘MsgBox’
Fonte: Otsuka, 2012
Já o ‘InputBox’ é uma interface de entrada de dados, é demonstrada na
imagem 11. Ele exibe um aviso em uma caixa de diálogo e aguarda até que o usuário
insira um texto ou clique em uma opção que retorne uma informação do tipo ‘string’
(Cinto & Góes, 2015).
Figura 11 - Exemplo de InputBox
Fonte: Otsuka, 2012
2.5.2 Userform
O UserForm é um objeto janela ou caixa de diálogo, no qual faz parte da
interface do usuário com o aplicativo (Microsoft, 2019). Nele é possível inserir caixas
de textos, caixa de combinação, caixa de seleção e entre outras maneiras de controle
de informação para auxiliar o usuário, evitando que ele navegue por inúmeras linhas
das planilhas para inserir informações necessárias. Na imagem 12 é apresentado uma
série de opções de controle usadas no UserForm e o que eles realizam.
21
Figura 12 - Opções de controle do ‘UserForm’
Fonte: Walkenbach, 2013
Para a sua criação é necessário elaborar sua parte gráfica com suas
funcionalidades de forma que fique prático e de fácil entendimento para o usuário
adicionar as informações de maneira adequada (Otsuka, 2012).
2.6 Sistemas computacionais aplicados a calibração
Atualmente, é visível a influência de sistemas computacionais no cotidiano.
Nos supermercados há caixas automáticos, pegar um elevador, realizar uma
transferência bancária ou pagamento de conta, são exemplos de tarefas
automatizadas que já caíram no hábito de muitas pessoas.
22
Na metrologia também há essa necessidade de automatizar atividades, pois
envolve cálculos extensos e a necessidade de armazenar informação, um exemplo é
na hora de realizar uma calibração e emitir o certificado desse. Para isso, existe
software voltados para essa área. A seguir serão apresentados alguns desses
sistemas computacionais e suas principais funcionalidades.
2.6.1 Mylogical Calibração
O primeiro software abordado é o MyLogical Calibração. Ele faz a gestão dos
instrumentos, padrões, orçamentos e controle de clientes, registro de ordem de
serviços, execução da calibração e emissão do certificado. Ele foi elaborado para
cumprir as normas internacional de qualidade como a ISO/IEC 17.015 (2005), ISO
9001:2015 e os documentos normativos do INMETRO (PATRICIO, 2016).
2.6.2 Software de calibração TGM 4
Este contribui com o usuário na gestão metrológica através de ferramentas
como filtro de vencimento, assinatura de validação do certificado de calibração por
meio eletrônico e com senha, e entre outras funções (Calibração CEIME, 2019). A
visualização do certificado de calibração dessa ferramenta pode ser observada na
figura 13.
Figura 13 - Visualização do certificado de calibração do software TGM 4
Fonte: Calibração CEIME, 2019
23
2.6.3 MK – Software de calibração e metrologia
Esse é um software de calibração e metrologia no qual compreende desde
controle dos instrumentos, calibrações, cálculos avançados, controle de padrões,
históricos e também a geração de certificado de calibração (Leão consultoria e
desenvolvimento de sistemas, 2019). Ele conta com algumas características
específicas da parte de calibração, algumas dessas são:
Cadastra e administra os instrumentos do laboratório;
Calcula erros, incertezas, desvios e coeficientes de correção,
conversões e entre outros;
Emite certificado de calibração;
Administra a data de validade para calibração;
2.6.4 Software MET/CAL
O software MET/CAL, ilustrado na figura 14, dispõe de diversas
ferramentas, nos quais ajudam a automação dos processos de calibração e na
gestão e relatório dos ativos de medição (Fluke Calibration, 2019). Algumas
dessa são:
Realiza a calibração automatizada em ferramentas e
equipamentos de medição;
Cria, edita, realiza testes e documenta os procedimentos de
calibração;
Configuram e informam parâmetros de incerteza de medição;
Produz certificados;
Ajudam a compreender os requisitos das normas de qualidade,
por exemplo, a ISO/IEC 17.025, ISO 9.000, NRC 10 CFR e entre
outras.
24
Figura 14 - Software MET/CAL
Fonte: Fluke Calibration, 2019
3 Metodologia
3.1 Arquitetura de construção do projeto
Durante o planejamento dessa plataforma foi estipulado o objetivo principal,
na qual é automatizar a criação de um certificado de calibração de uma máquina de
Ensaio Universal. Porém, para alcança-lo, foi necessário estipular funções que essa
ferramenta deva ter para que o sucesso dessa operação seja alcançado. Foram elas:
Limpeza de dados de calibrações anteriores, armazenamento de novas informações,
tratamento dos dados e gerar certificado, exibidas na imagem 15.
25
Figura 15 - Planejamento da automação
Fonte: Elaborada pelo autor
Dessa forma, o arquivo do Excel, aliado com a linguagem Visual Basic,
possibilita essa automação para a construção do certificado de calibração. Ela é
realizada graças a criação de macros, formulários e também das onze planilhas
existentes, nomeadas da seguinte forma:
1. MENU
2. CERTIFICADO
3. PROCEDIMENTO E AVALIAÇÃO
4. DADOS
5. SAÍDA_DOC
6. SAÍDA_RES
7. PADRÕES
8. CONVERSÃO
9. CLASSE
10. CÁLCULOS
11. OPÇÕES
Dessas planilhas apenas a nomeada de “MENU” fica visível, as outras estão
ocultas, com o objetivo de proteger as informações e tornar a plataforma o mais
simplificada possível, a fim de facilitar o trabalho do usuário. Cada planilha acima tem
26
sua função, seja de armazenamento ou tratamento de dados e cálculos a serem
inseridos no certificado.
As planilhas, que são consideradas como objetos no VBA, buscam
informações de outras planilhas e esse processo de comunicação entre elas ocorre
após o processo de conclusão de “adicionar informações”, como pode ser observado
no fluxograma exibido na figura 16. Nos próximos tópicos será abordada a importância
de cada planilha para o funcionamento do sistema, e dentro deles também será
apresentado as macros e o formulário.
Figura 16 - Fluxograma de funcionamento do projeto
Fonte: Elaborada pelo autor
3.1.1 Menu
A planilha inicial do arquivo em Excel é “MENU”, figura 17. Ela aparece no
momento em que a Pasta de Trabalho é aberta, é apresentada no modo de tela cheia,
“Full Screen”. Nela o usuário é capaz de gerar o certificado, não havendo a
necessidade de mudança de planilha.
27
Figura 17 - Planilha Menu
Fonte: Elaborada pelo autor
A planilha “MENU” apresenta instruções para o uso adequado da plataforma,
além disso, no lado esquerdo são exibidas opções para a operação da mesma. Essas
opções devem ser usadas de acordo com a sequência de orientações de uso da
planilha. As opções exibidas para o usuário são:
1. Limpar Informações;
2. Adicionar Informações;
3. Alterar procedimento;
4. Gerar certificado.
É necessário descrever a importância de cada uma delas, iniciando pela
opção de “Limpar Informações”. Trata-se de uma macro que irá eliminar todas as
informações inseridas de calibrações anteriores, o que possibilita a elaboração de um
novo certificado. Esse procedimento é necessário para não ocorrer a mescla de dados
de calibrações diferentes.
A segunda opção a ser abordada é a de “Adicionar Informações”. Esse tópico
é fundamental, pois ele recebe os dados inseridos e transmite para as planilhas
adequadas. Quando essa aba é selecionada, é executada uma macro, nomeada de
“abrir_formulario”. Ela apresenta o formulário em que os dados serão inseridos. Esse
é composto por três abas, a imagem de cada aba é apresentada nas figuras 18, 19 e
20.
28
Figura 18 - Formulário Aba 01
Fonte: Elaborada pelo autor
Na aba representada pela figura 18, é necessário inserir o número do
certificado de calibração a ser gerado, dados do cliente, e informações do instrumento
a ser calibrado.
Figura 19 - Formulário Aba 02
Fonte: Elaborada pelo autor
29
Na segunda aba, os dados a serem inseridos correspondem à condições
ambientais durante a calibração, ao padrão utilizado e à identificação dos
responsáveis do laboratório por esse experimento.
Figura 20 - Formulário Aba 03
Fonte: Elaborada pelo autor
Na última aba são adicionados os dados extraídos da calibração. Na primeira
coluna do lado esquerdo são indicadas as informações dos pontos a serem
analisados, faixa nominal. Já nas quatro colunas seguintes, cada coluna representa
uma sequência de leituras, totalizando quatro leituras para cada ponto analisado.
Dessa forma, para inserir os dados nessa parte do formulário, deve ser observado
qual a “ordem” da sequência de leituras está sendo feita e também o ponto observado.
Por exemplo, na imagem da figura 20, o quadro em azul representa que está sendo
realizada a segunda leitura e registrando o terceiro ponto dessa.
Só após inserir todos esses dados deve-se clicar no botão ‘CADASTRAR’, para
que os dados sejam exportados para as planilhas correspondentes e
consequentemente o certificado seja gerado de forma correta. Por trás desse botão
30
há um código em VBA, que direciona as informações de cada caixa de texto para a
planilha e célula adequada.
A etapa seguinte à de cadastrar os dados é a de ‘Alterar Procedimento”, ao
selecioná-la o usuário é direcionado para a planilha ‘PROCEDIMENTO E
AVALIACAO’, nela será possível alterar o texto do certificado que fala sobre
procedimento de calibração e avaliação de incertezas.
A última opção da planilha de Menu, é a de “Gerar Certificado”, nela após todas
essas etapas o certificado irá ser gerado. Para a realização desse procedimento existe
uma macro nomeada de “GerarCertificado()”, que vai capturar as células da planilha
“Certificado”, a ser abordada no tópico seguinte. Depois disso, as células são
exportadas para o arquivo modelo em formato “.Docx” e aberto no programa Word.
Nesse arquivo constam apenas o nome do laboratório de metrologia da UFRN e o seu
endereço. É fundamental que esse arquivo esteja salvo na mesma pasta do projeto
em Excel para que esse processo ocorra com sucesso.
Após essa etapa, o certificado de calibração será salvo com o nome
“CERTIFICADO_DE_CALIBRACAO” concatenado com o código de calibração e data
em que o certificado foi gerado. Além disso, a mensagem exibida na figura 21 é
apresentada para o usuário, confirmando o sucesso do procedimento e indicando
onde o documento foi salvo.
Figura 21 - Mensagem apresentada após Certificado de Calibração ser gerado
Fonte: Elaborada pelo autor
3.1.2 Certificado
Essa planilha, mostrada na figura 22, corresponde ao corpo do certificado. Ela
tem o layout de página, pois facilita na hora de exportar essas informações para um
documento no formato de folha A4, mas os dados de grande parte das suas células
31
são buscados de outras planilhas. Isso que faz a automação e proteção do formato
do documento a ser gerado.
Figura 22 - Trecho da planilha ‘CERTIFICADO’
Fonte: Elaborada pelo autor
Na construção dessa planilha, foi usada basicamente funções do tipo “SE” e
“CONCATENAR”. Sua utilidade está em verificar se na célula da planilha que ela vai
buscar o dado está vazia, caso esteja vai exibir um travessão, caso contrário, irá
apresentar a informação que a célula contém. Como a figura 22 foi gerada quando
não tinha dados digitados os travessões apareceram nas células.
Já na função “CONCATENAR” tem como objetivo juntar um texto com algum
dado inserido, por exemplo no trecho que tem o nome “CERTIFICADO DE
CALIBRAÇÃO” na parte superior da figura 22. Nela ocorre a junção desse pequeno
texto com o número do certificado de calibração, como é demonstrado na figura 23.
Figura 23 - Aplicação da função “CONCATENAR” usada na planilha de certificado
Fonte: Elaborada pelo autor
32
Na figura 23, é exibido o que foi descrito no parágrafo anterior, se a célula B20
da planilha ‘SAÍDA_DOC’ não estiver vazia, vai aparecer na célula a junção do texto
“CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO N° “ com o número do certificado de calibração
que está armazenado na célula “B1” da planilha “DADOS”.
Posteriormente, com o preenchimento de todas as células necessárias dessa
planilha, ocorre a cópia de todos esses dados para o documento modelo no word para
gerar o certificado de calibração.
3.1.3 Procedimento e Avaliação
Nesse ambiente aparece a opção de alterar os tópicos de Procedimento de
Calibração e Avaliação das Incertezas existentes na planilha “certificado”, a imagem
dessas opções são exibidas na figura 24. Essa planilha existe para não ocorrer essa
alteração diretamente na planilha de “certificado” e evitar que essa seja
desconfigurada. Então, nesse ambiente o texto é adicionado e será exportado para a
célula correspondente da planilha “certificado”.
Figura 24 - Planilha de Procedimento e Avaliação
Fonte: Elaborada pelo autor
A transmissão do texto dela para a planilha de certificado também é através
da função “SE”. Desse modo, qualquer alteração existente na célula dessa planilha
será transmitida para a célula correspondente do certificado.
33
3.1.4 DADOS e SAÍDA_DOC
Essas duas planilhas são responsáveis por armazenar as informações vindas
do formulário e configura-las para exibir no certificado. Na planilha “DADOS”, são
armazenadas a maioria das informações digitadas no formulário, por exemplo
informações do cliente, do instrumento, condições ambientais no início e no fim da
calibração, além dos pontos a serem analisados e as indicações do padrão.
Já na planilha “SAÍDA_DOC” ocorre um tratamento de algumas informações
presentes na parte de “DADOS” para serem inseridas de forma adequada no
certificado. Por exemplo, nessa é calculada a média entre a temperatura no início e
fim da calibração. Tendo obtido esse resultado, ele é posteriormente apresentado com
seu desvio associado. Para a realização desse procedimento foi necessário utilizar as
seguintes funções:
MÉDIA;
MÁXIMO;
MÍNIMO;
ARREDONDAR.PARA.CIMA;
CONCATENAR.
3.1.5 CÁLCULOS
Nessa planilha é obtida várias informações fundamentais para a elaboração
da tabela de resultados, contida no certificado de calibração. Iniciando pelo cálculo da
média e desvio-padrão das indicações do padrão, como pode ser observado na figura
25. Todos os valores inseridos na parte 03 do formulário da indicação do padrão,
representada na figura 20, são calculados sua média e o desvio padrão para cada
ponto analisado. Esse procedimento é realizado, pois na determinação da
contribuição de algumas fontes de incerteza essas informações são necessárias.
34
Figura 25 - Cálculo da media e desvio-padrão para medidas de cada ponto
Fonte: Elaborada pelo autor
Posteriormente são analisadas as fontes de incerteza para cada faixa de
indicação. Sendo observadas as contribuições dos erros de temperatura, de
indicação, de repetibilidade, nos quais foram aboradados no tópico 2.2.2, e também
das outras fontes de incerteza observadas na imagem 26.
Figura 26 - Contribuição das fontes de incerteza
Fonte: Autoral
Na tabela acima é possível observar as fontes de incerteza, a distribuição de
probabilidade delas e a contribuição de cada uma determinada para o ponto 20 tf de
um processo de calibração específico. Para determinar a incerteza combinada é
necessário buscar os valores da contribuição de cada incerteza e aplicar a equação
6. Por fim, para obter a incerteza expandida desse ponto é necessário multiplicar o
fator de abrangência pela incerteza combinada, como foi demonstrado na equação 8.
35
3.1.6 SAÍDA_RES
Nessa planilha é feita a preparação da tabela de resultado, fornecida pela
planilha de “Cálculos”, deixando somente as informações necessárias para serem
enviadas para a planilha “Certificado”. Uma representação dessa planilha pode ser
observada no Anexo B.
3.1.7 PADRÕES
Nesse ambiente é apresentada uma lista com os padrões existentes e
informações desses. Essa lista de padrões é disponibilizada no formulário, onde
ocorre a busca da opção que foi usada no experimento. Dessa forma, não é
necessária a descrição de todas as informações do padrão, pois com a escolha do
modelo do padrão ocorre a leitura de todas os dados associados a ele que estão
contidos nessa planilha. Por exemplo, dados do código de calibração, a data e a sua
validade. A imagem de parte dessa planilha é representada no Anexo C.
3.1.8 CONVERSÃO
A conversão de unidades é necessária, caso a unidade de indicação do
mensurando seja diferente da unidade exposta no padrão. Desse modo, com objetivo
de facilitar a utilização da planilha pelo usuário é disponibilizada essa planilha para
realizar a conversão de maneira automática após a indicação das unidades utilizadas.
Essa operação é feita graças a planilha de conversão de unidades está disponibilizada
no Anexo D e a utilização da função “PROCV”.
3.1.9 CLASSE
Na tabela de resultados é exibido a classe da faixa nominal da máquina de
ensaio, ela é determinada conforme a tabela existente na NBR ISO/IEC 7.500-1,
demonstrada na figura 27. Nela é fornecido os valores máximos permitidos para os
diferentes erros relativos do sistema de medição de força, dessa forma é classificado
a faixa nominal da máquina de acordo com a classe apropriada.
36
Figura 27 - Valores característicos do Sistema de medição de força
Fonte: NBR ISO 7500-1
Essa mesma tabela foi montada no Excel na planilha “CLASSE”, representada
na figura 27. De acordo com os cálculos dos erros obtidos, proveniente da planilha
“CÁLCULOS”, a classe da faixa da máquina é selecionada. De modo que o erro
relativo para cada componente de incerteza específico é analisado e sua classe é
selecionada baseada nas informações da tabela exibida na figura 28.
Por exemplo, o erro relativo de indicação obtido nos cálculos foi de ±1,49 ,
então dessa forma ele irá pertencer a classe 2 (dois), pois é a menor classe em que
esse erro pode ser inserido. Essa análise é feita através de um conjunto de funções
“SE” uma dentro da outra, analisando se o erro calculado de uma determinada
incerteza for menor do que o erro máximo permitido para essa mesma incerteza, então
ele pertence a aquela classe.
Figura 28 - Valores característicos do Sistema de medição de força na planilha “Classe”
Fonte: Elaborada pelo autor
37
Essa análise é feita para cada ponto, e nele avalia-se cada incerteza. A maior
classe obtida, dentre as incertezas analisadas, será a classe atribuída para aquele
ponto. Essa análise é feita com uso da função “MAXIMO”. Um exemplo da operação
citada acima é demonstrado no Anexo E, e também pertence a essa mesma planilha.
3.1.10 OPÇÕES
Essa é uma planilha para organizar algumas informações a serem
apresentadas no formulário como conteúdo dentro da caixa de combinação, por
exemplo, lista de técnico e coordenador responsável pelo laboratório e tipo do
instrumento utilizado. A imagem dela é representada no Anexo F.
38
4 Resultados e Discussões
Nesse capítulo será proposta uma situação em que um cliente solicitou a
calibração de sua Máquina Universal de Ensaios Mecânicos, e para conclusão do
serviço é necessário emitir o certificado de calibração, esse processo será realizado
através da planilha desenvolvida nesse trabalho e posteriormente será demonstrado
o resultado para análise.
4.1 Projetar e preparar dados para caso teste
Com objetivo de comparar os resultados emitidos ao final do processo, o
cliente selecionado será de um caso de um cliente real que fez o pedido de calibração
da Máquina Universal de Ensaios Mecânicos no laboratório de metrologia da UFRN e
teve seu certificado emitido, isso antes do surgimento da nova planilha. Para proteger
dados do cliente as informações de dados pessoais serão preservadas.
Para a realização desse processo, os dados foram inseridos e divididos em
algumas etapas:
1. Limpar informações da planilha;
2. Dados do cliente;
3. Informações do instrumento;
4. Condições ambientais durante a calibração;
5. Padrão utilizado;
6. Responsáveis pela calibração;
7. Dados obtidos na calibração;
8. Analisar se o procedimento de calibração e a avaliação de incerteza
precisam de modificações no texto;
9. Gerar certificado.
O primeiro passo será a limpeza das informações das planilhas, conforme tem
figura 29 desse documento, localizada do lado esquerdo, após essa etapa será
enviada uma mensagem informando que a limpeza foi concluída.
39
Figura 29 - Alerta de conclusão da limpeza dos dados
Fonte: Elaborada pelo autor
Os dados do cliente a serem inseridos para esse teste são os representados
na tabela 1, lembrando que eles são fictícios.
Tabela 1 – Tabela com informações do cliente
Cliente: João Premoldados Ltda.
CNPJ: 10.777.888/0020-40
Endereço: Av. dos Lagos, 2008, Parque das Nações, CEP:59.999-000, Parnamirim-RN
Solicitante: João Borges
CRIECE: 120-2019
Fonte: Autoral
Após o pedido do cliente o instrumento foi analisado e foram registradas as
seguintes informações expostas na Tabela 02.
Tabela 2 – Dados do instrumento
Instrumento: M. DE ENSAIO UNIVERSAL Tipo: DIGITAL
Identificação: PR 01 Número de série: 597
Fabricante: CONTENCO Modelo: I.3001
Faixa de indicação: 0 a 100 tf Valor de uma divisão: 0,01 tf
Data da calibração: 28/10/19 Data de emissão: 30/10/19
Local da calibração: Laboratório de controle da qualidade da empresa em Parnamirim/RN.
Fonte: Autoral
Os próximos passos são cadastrar informações das condições ambientais
durante o experimento, padrão a ser utilizado e os responsáveis pela calibração.
Essas informações são apresentadas na tabela 03.
40
Tabela 3 – Condições ambientais, padrão utilizado e responsáveis pela calibração
Condições Ambientais
Temperatura inicial: 25,6 °C Temperatura final: 25,4 °C
Umidade inicial: 61,4 % Umidade final: 61,6 %
Padrão utilizado
C18/1MN
Responsáveis pela calibração
Técnico Responsável: João Henrique
Coordenador: Igor Lopes de Andrade
Fonte: Elaborada pelo autor
Posteriormente, é necessário anotar os pontos escolhidos e os valores obtidos
de cada ponto durante a calibração, demonstrando os pontos de indicação do
mensurando e o valor correspondente expresso no padrão com suas unidades,
conforme a tabela 4.
Tabela 4 – Dados obtidos durante a calibração
Indicação do
mensurando
Indicação do padrão
tf kN kN kN kN
0,00 0 0 0 0
20,00 9.960 9.913 9.967 9.964
40,00 19.937 19.910 19.979 19.921
60,00 29.790 29.861 29.873 29.833
80,00 39.563 39.657 39.709 39.654
90,00 44.514 44.696 44.626 44.596
0,00 0 0 0 0
Fonte: Elaborada pelo autor
Após a reunião de todos esses dados é necessário coloca-los no formulário
presente na planilha para dar continuação ao processo, como é demonstrado nas
imagens 30, 31 e 32.
41
Figura 30 - Parte 01 do formulário preenchido
Fonte: Elaborada pelo autor
Figura 31 - Parte 02 do formulário preenchido
Fonte: Elaborada pelo autor
42
Figura 32 - Parte 03 do formulário preenchido
Fonte: Elaborada pelo autor
Posteriormente ao preenchimento dos dados das três partes do formulário
devem ser cadastradas as informações, no botão “Cadastrar”, como é representado
na figura 32. Após isso, aparece uma mensagem de confirmação demonstrando o
sucesso da operação, é demonstrado na figura 33.
Figura 33 - Confirmação do sucesso na operação de inserir dados
Fonte: Elaborada pelo autor
43
A próxima etapa, antes de observar o resultado do certificado de calibração, é
verificar a necessidade de alterar a descrição do Procedimento de Calibração ou da
Avaliação das Incertezas.
4.2 Resultado do teste
Com as informações todas cadastradas nas planilhas, é possível gerar o
certificado conforme foi explicado no final do tópico 3.1.1, onde fala sobre as funções
do menu. Após realizar essa operação é possível visualizar o arquivo gerado na
mesma pasta que consta o documento do Excel.
O resultado dessa operação está representado nas figuras 34 e 35, nas quais
está reproduzida a imagem do arquivo gerado.
44
Figura 34 - Página 01 do Certificado de Calibração
Fonte: Elaborada pelo autor
45
Figura 35 - Página 01 do Certificado de Calibração
Fonte: Elaborada pelo autor
Na tabela de resultado de calibração, contida nesse documento, é
apresentado os pontos nos quais foram realizados a leitura, e para cada ponto é
apresentado o erro de indicação relativo (𝑞), o erro de repetibilidade relativo (𝑏),
resolução relativa do indicador de força da máquina de ensaio (𝑎), a classe
pertencente, o fator de abrangência (𝑘) e a incerteza expandida (𝑈).
Após ser emitido o certificado de calibração é observado que ele apresenta
os requisitos necessários, conforme a norma NBR/ISO IEC 17.025, de 2017, e a
46
NBR/ISO 7.500-1, nas quais foram apresentadas no tópico 2.2.3, em que o tema é
certificado de calibração. Também foi analisado a tabela de resultados, comparando
essa com a emitida pelo Laboratório de Metrologia da UFRN para o cliente,
apresentada na figura 36, observando que elas são compatíveis numericamente.
Figura 36 - Tabela de resultados emitida pelo Laboratório de Metrologia da UFRN
Além disso, é verificado o êxito desse processo, pois a automação ocorreu
sem apresentar erros até o momento em que o certificado foi emitido.
47
5 Conclusões
A utilização da união do Excel com o Visual Basic for Application proporcionou
a automação de operações nessa interface, viabilizando a construção de uma
plataforma que propicia produzir certificados de calibração conforme as exigências
contidas na NBR/ISO 17.025 e NBR/ISO 7.500-1, contendo um layout intuitivo e
instruções para que essa operação seja realizada com êxito.
Esse conhecimento de organização e manipulação de dados em forma de
planilha é importante para um estudante de engenharia, pois o uso de planilha Excel
com VBA traz conceitos e aplicação que envolvem computação, algoritmo e
programação e contribui para melhoria de habilidades matemáticas, científicas e
tecnológicas (Zamboni, Cymrot, Pamboukian, Tsan Hu, & Barros, 2011).
Além do benefício do fortalecimento do conhecimento pessoal, a
pesquisa proporciona para a academia um projeto de automação de certificado de
calibração de uma prensa hidráulica, no qual direcionado nesse tema, podem surgir
novas pesquisas nessa área voltada a outros instrumentos de medição.
48
6 Referências
ASSOSSIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7500:
Materiais metálicos — Calibração e verificação de máquinas de ensaio estático
uniaxial Parte 1: Máquinas de ensaio de tração/ compressão — Calibração e
verificação do sistema de medição da força. 1 ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2016. 19 p.
BALBINOT, A.; BRUSAMARELLO, V. J. Instrumentação e Fundamentos de
Medidas. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
BIOPDI (Org.). Máquina Universal de Ensaios: Equipamentos médicos e
odontológicos. São Carlos: Biopdi, 2015.
BIOPDI. Máquina Universal de Ensaios. Biopdi, 15 nov. 2019. Disponivel em:
<https://biopdi.com/ensaios-mecanicos/maquina-universal-de-ensaios/>.
CALIBRAÇÃO CEIME. Software de Calibração. Calibração CEIME, 17 nov.
2019. Disponivel em: <http://www.calibracaoceime.com.br/site/software-de-
calibracao/>.
CINTO, A. F.; GÓES, W. M. Excel Avançado. São Paulo: Novatec, 2015.
DONATELLI, G. D.; KONRATH, A. C. Simulação de Monte Carlo na Avaliação
de Incertezas de Medição. Revista de ciência & tecnologia, V. 13, Nº 25/26,
Florianópolis, p. 15, 2005.
FARUOLO, Luciano Bruno; FERNANDES, José Luiz. A importância do ensino
de Metrologia, com foco na incerteza de medição, na formação de engenheiros. In:
COBENGE, 33., 2005, Campina Grande. Artigo. Campina Grande: Cobenge, 2005.
p. 1 - 12.
FERRO, Fabiane Salles et al. Comparação entre resultados determinados
para propriedades mecânicas da madeira a partir de duas máquinas universais de
ensaios. Madeira Arquitetura & Engenharia, São Paulo, v. 14, n. 34, p.9-22, jan.
2013.
FLUKE CALIBRATION. Software MET/CAL. Fluke Calibration: Brazil, 17
nov. 2019. Disponivel em: <https://br.flukecal.com/products/calibration-software/met-
cal%C2%AE-software>.
49
FLUKE CALIBRATION (Org.). Versão 9 do software de gerenciamento de
calibração MET/CAL. Disponível em: <https://br.flukecal.com/products/calibration-
software/met-cal%C2%AE-software/vers%C3%A3o-9-do-software-de-
gerenciamento-de-calibra%C3%A7%C3%A3o->. Acesso em: 17 nov. 2019.
GONÇALVES JUNIOR, Armando Albertazzi. Metrologia. Santa Catarina: Lab
Metro Ufsc, 2002. 159 p.
ISO GUM. Guia para a expressão de incerteza de medição - ISO GUM. Rio
de Janeiro: 2012, 2008.
JORNADA, Daniel Homrich da. Metrologia - LAB METRO UFSC. 2009. 155
f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia de Produção, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.
LEÃO CONSULTORIA E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS. MK Software
de calibração e metrologia para instrumentos de medição. Leão consultoria e
desenvolvimento de sistemas, 17 nov. 2019. Disponivel em:
<https://www.lcds.com.br/mk.asp>.
LINK, W. Metrologia Mecânica - Expressão da incerteza de medição. Rio
de Janeiro: INMETRO, 1999.
LIRA, F. A. D. Metrologia na Indústria. São Paulo: Editora Érica Ltda., 2006.
MARTINS, Márcio A. F.; NERY, Gesner A.; GONÇALVES, Guilherme A. A.;
TEIXEIRA, Lucas Aguiar; KALID, Ricardo A. COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS
LINEAR E NÃO LINEAR PARA A AVALIAÇÃO DA INCERTEZA DE
MEDIÇÃO. Revista Controle & Automação, [s. l.], ano 6, v. 21, p. 557-576, 2010.
MICROSOFT. Criar ou executar uma macro. Microsoft, 15 nov. 2019.
Disponivel em: <https://support.office.com/pt-br/article/criar-ou-executar-uma-macro-
c6b99036-905c-49a6-818a-dfb98b7c3c9c>.
MICROSOFT. Objeto UserForm. Docs Microsoft, 16 nov. 2019. Disponivel
em: <https://docs.microsoft.com/pt-br/office/vba/language/reference/user-interface-
help/userform-object>.
MOURA, L. F. D. Excel para engenharia. Santa Catarina: EdUFSCar, 2007.
50
NAKAZATO, Anderson Zenken. Desenvolvimento de máquina universal de
ensaios mecânicos portátil de baixo custo para fins didáticos utilizando o
conceito open-source. 2019. 136 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia
Mecânica, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2019.
NBR ISO/IEC 17025. Requisitos Gerais para a competência de ensaios de
calibração. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.
OTSUKA, Tatiana Suemy. Tutorial sobre modelagem em VBA. 2012. 47 f.
Projeto Supervisionado (Graduação) - Curso de Matemática, Universidade Estadual
de Campinas, Campinas, 2012.
PATRICIO, Ruama Santos. Plataforma computacional WEB para
calibração de sistemas de medição. 2016. 146 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia Industrial, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.
REDE METROLÓGICA RS (Org.). RM 68 – INCERTEZA DE MEDIÇÃO:
GUIA PRÁTICO DO AVALIADOR DE LABORATÓRIOS: PROCEDIMENTO DO
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE. Porto Alegre: Rede Metrológica Rs, 2013.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAC RS.
Programação VBA para Excel. Porto Alegre: SENAC RS, 2010.
SILVA NETO, J. C. Metrologia e controle dimensional. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2012.
VIM. Vocabulário Internacional de Metrologia. Rio de Janeiro: INMETRO,
2012.
WALKENBACH, J. Programando Excel VBA para leigos. Rio de Janeiro: Alta
Books, 2013.
ZAMBONI, Lincoln Cesar et al. PLANILHAS EXCEL E USO DA LINGUAGEM VBA EM
APLICAÇÕES PARA AS ENGENHARIAS. In: COBENGE, 39., 2011,
Blumenau. Artigo. Blumenau: Cobenge, 2011. p. 1 - 10.
51
7 Anexos
ANEXO A – Tabela de t-student para determinar o Fator de Abrangência
Fonte: ABNT/Inmetro(2013)
52
ANEXO B – Representação de parte da planilha ‘SAIDA_RES’
Fonte: Elaborada pelo autor
53
ANEXO C – Representação de parte da planilha de padrões
Fonte: Elaborada pelo autor
54
ANEXO D – Representação de parte da planilha de conversão
Fonte: Elaborada pelo autor
55
ANEXO E – Representação de parte da planilha Classe
Fonte: Elaborada pelo autor
56
ANEXO F – Representação de parte da planilha Opção
Fonte: Elaborada pelo autor
57