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1 AUTOMAQUIAGEM: A INFLUÊNCIA NA AUTOESTIMA DAS MULHERES 1 Fernanda Flores Silva 2 Siegried Xavier Pontes 3 Resumo: A autoimagem é uma representação interna e psíquica capaz de destruir a autoestima, podendo ter como consequência prejuízos emocionais como quadros de depressão e distúrbios alimentares. A autoestima é a avaliação que o sujeito faz de si em termos de valores; é a forma como nos sentimos acerca de nós mesmos, afetando crucialmente todos os aspectos da nossa experiência. A presença de uma autoestima positiva leva o indivíduo a sentir-se confiante, adequado à vida, competente e merecedor, sendo assim, indispensável para uma vida satisfatória. Essa autovalorização não é sinônimo de narcisismo, portanto faz se necessária a busca constante de formas de exprimi-la positivamente. Diante disto o mercado da beleza dispõe de diversos instrumentos que auxiliam nessa busca da aceitação e autovalorização. Um instrumento disponível é a automaquiagem aliada ao Visagismo, que quando utilizada de forma correta e com produtos adequados ao biotipo pessoal, pode contribuir positivamente nesse aspecto. Objetivo: Analisar a influência da automaquiagem na autoestima das mulheres. Metodologia: Pesquisa exploratória, descritiva, quase experimental e qualitativa, que ocorreu através da análise da escala de autoestima de Rosenberg, entrevista e escala de satisfação pessoal, com um grupo de 7 mulheres, com idade acima dos 18 anos, participantes de dois dias de workshop prático de automaquiagem. Resultados: Melhora na visão positiva de si mesmas nas voluntárias. O aumento positivo no nível de autoestima ocorreu, pois a utilização correta das técnicas de automaquiagem aliadas ao Visagismo levou às participantes a momentos de reflexão e análise sobre si mesmas, tornando o processo de identificação de imagem mais claro e eficaz. Priorizando as belezas individuais e desmistificando as técnicas de maquiagem de forma coerente com a personalidade e gostos das voluntárias. Conclusão: A prática da Automaquiagem pode ser o passo inicial que impulsionará a busca por diversas outras ferramentas para a manutenção de uma autoestima positiva e saudável, levando assim a um aumento na qualidade de vida do sujeito. Palavras-chave: Automaquiagem. Autoestima. Mulheres. 1 Artigo apresentado como trabalho de conclusão do Curso de Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Cosmetologia e Estética. 2 Acadêmica da 5ª fase do curso de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL. E-mail: [email protected] 3 Professora Orientadora do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL 5º semestre de 2017-2

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AUTOMAQUIAGEM: A INFLUÊNCIA NA AUTOESTIMA DAS MULHERES1

Fernanda Flores Silva2

Siegried Xavier Pontes3

Resumo: A autoimagem é uma representação interna e psíquica capaz de destruir a autoestima, podendo ter como consequência prejuízos emocionais como quadros de depressão e distúrbios alimentares. A autoestima é a avaliação que o sujeito faz de si em termos de valores; é a forma como nos sentimos acerca de nós mesmos, afetando crucialmente todos os aspectos da nossa experiência. A presença de uma autoestima positiva leva o indivíduo a sentir-se confiante, adequado à vida, competente e merecedor, sendo assim, indispensável para uma vida satisfatória. Essa autovalorização não é sinônimo de narcisismo, portanto faz se necessária a busca constante de formas de exprimi-la positivamente. Diante disto o mercado da beleza dispõe de diversos instrumentos que auxiliam nessa busca da aceitação e autovalorização. Um instrumento disponível é a automaquiagem aliada ao Visagismo, que quando utilizada de forma correta e com produtos adequados ao biotipo pessoal, pode contribuir positivamente nesse aspecto. Objetivo: Analisar a influência da automaquiagem na autoestima das mulheres. Metodologia: Pesquisa exploratória, descritiva, quase experimental e qualitativa, que ocorreu através da análise da escala de autoestima de Rosenberg, entrevista e escala de satisfação pessoal, com um grupo de 7 mulheres, com idade acima dos 18 anos, participantes de dois dias de workshop prático de automaquiagem. Resultados: Melhora na visão positiva de si mesmas nas voluntárias. O aumento positivo no nível de autoestima ocorreu, pois a utilização correta das técnicas de automaquiagem aliadas ao Visagismo levou às participantes a momentos de reflexão e análise sobre si mesmas, tornando o processo de identificação de imagem mais claro e eficaz. Priorizando as belezas individuais e desmistificando as técnicas de maquiagem de forma coerente com a personalidade e gostos das voluntárias. Conclusão: A prática da Automaquiagem pode ser o passo inicial que impulsionará a busca por diversas outras ferramentas para a manutenção de uma autoestima positiva e saudável, levando assim a um aumento na qualidade de vida do sujeito.

Palavras-chave: Automaquiagem. Autoestima. Mulheres.

1 Artigo apresentado como trabalho de conclusão do Curso de Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Cosmetologia e Estética.

2 Acadêmica da 5ª fase do curso de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. E-mail: [email protected] 3 Professora Orientadora do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e Estética da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – 5º semestre de 2017-2

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1 INTRODUÇÃO

A imagem corporal pode ser definida como uma síntese das vivências

humanas refletidas em seu corpo, Freud (1980) compreende que a percepção de si

mesmo é o que dá a identidade e o reconhecimento do self, levando em consideração

que o ego inicialmente, é totalmente corporal.

A autoestima é o aspecto avaliativo do self, ou seja, a avaliação que o

sujeito faz de si em termos de valores; é a forma como nos sentimos acerca de nós

mesmos, afetando crucialmente todos os aspectos da nossa experiência (DA SILVA

et al, 2013).

A imagem que construímos de nós mesmos é baseada naquilo que vemos

e apropriamos do nosso corpo. Entretanto, podemos percebê-lo como defeituoso,

indesejado e fonte de grande sofrimento (FERRAZ, SERALTA, 2007).

Veiga (2006) acrescenta que a autoimagem é uma representação interna e

psíquica capaz de destruir a autoestima, podendo ter como consequência prejuízos

emocionais como quadros de depressão e distúrbios alimentares, ou seja, sofrimento.

Pessoas que não se sentem atraentes são mais propensas a avaliações negativas de

si mesmas.

Ao encontro deste aspecto Floriani et al (2010) cita que o conceito de

autoestima tem sido considerado um indicador importante da saúde mental, pois é

através desta capacidade que o ser humano percebe o seu valor, consegue traçar

metas e objetivos e reconhece também suas potencialidades. E que a autoestima,

resumidamente, refere-se a auto aceitação ou não em relação a si mesmo, aprovando

ou desaprovando a própria imagem, atitudes, princípios, crenças e valores.

Por isto, é notório que a manutenção de uma autoestima positiva

proporciona o equilíbrio geral da saúde mental, dessa forma as relações pessoais e

interpessoais são favorecidas e alimentadas de formas saudáveis e consistentes. Ao

encontro disto, Branden (2000) enfatiza que a presença de uma autoestima positiva

leva o indivíduo a sentir-se confiante, adequado à vida, competente e merecedor,

sendo assim, indispensável para uma vida satisfatória.

Desenvolver uma autoestima positiva através de uma vaidade saudável

não é sinônimo de narcisismo, Tornambe (2010) sugere que a este aspecto da

vaidade, quando cultivada saudavelmente, eleva o grau de confiança e traz uma

sensação de conforto de estar na sua pele e uma visão positiva de si mesmo ao

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indivíduo, possibilitando assim a capacidade de enxergar e trabalhar seus pontos

fortes e fracos da melhor maneira possível.

Tendo em vista estes aspectos faz se necessária a busca constante de

formas de exprimir positivamente a autoestima. Cezimbra (2014) apresenta que, entre

as várias formas de expressar a autoestima da mulher, destaca se o culto a beleza e

bem-estar que supõe se que já venha de 400 a.c. aproximadamente. Diante disto o

mercado da beleza dispõe de diversos instrumentos que auxiliam nessa busca da

aceitação e autovalorização e um instrumento disponível é a Automaquiagem aliada

ao Visagismo.

Na etiologia da palavra, AUTO: (do grego autós, -ê, -ó, eu mesmo, ele

mesmo, mesmo) exprime a noção de próprio, de si próprio, por si próprio.

MAQUIAGEM: Substância usada para ficar mais bonito(a). Geralmente usada no

rosto. Pode ser um conjunto de itens: base, pó, lápis de olho, batom, brilho labial,

máscara de cílios, delineador, sombra, etc. (FERREIRA, 1988). Portanto auto

maquiagem refere-se ao ato de “se maquiar”.

Molinos (2010) defende que a maquiagem não é um nicho reduzido a

profissionais, e enfatiza que o próprio indivíduo tem ampla capacidade para saber e

fazer a sua maquiagem, afirmando seu estilo pessoal e evidenciando o que acredita

que tem de melhor, sendo um recurso que existe para expressar suas ideias e

personalidade independente de modismos, padrões de beleza e protocolos prontos.

O termo Visagismo, derivado da palavra francesa visage, que significa

“rosto”, foi criado em 1936 pelo cabeleireiro e maquilador francês, Fernand Aubry,

surgiu no final dos anos 30, e segundo Hallawell (2008) com o objetivo de valorizar a

beleza individual e da não padronização como uma regra geral de beleza. Refere-se

à arte de criar uma imagem pessoal, revelando as qualidades de uma pessoa,

utilizando de recursos como o corte, delineamento de sobrancelhas, maquiagem,

cosméticos, coloração de cabelos e penteados entre outros.

Ao encontro de Hallawell, Molinos (2010) ressalta que a maquiagem não

serve apenas para embelezar, é um poderoso acessório que reforça seu estilo, a

personalidade ou atitude. Porém não se trata de se encaixar em uma máscara, e sim

em explorar diversas possibilidades do uso desta ferramenta.

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Diante destes aspectos é possível compreender que a Automaquiagem

aliada ao Visagismo pode propiciar ao praticante, o aumento do autoconhecimento e

das técnicas que evidenciam os pontos positivos de suas feições faciais que deseja

destacar. Levando assim a oportunidade de revelar melhores versões dela mesma, e

o não encaixe de uma máscara, que a transformará em outra pessoa.

Nesse sentido o objetivo deste artigo foi de averiguar através da escala de

autoestima de Rosenberg, qual a influência sobre a autoestima, com a prática da

automaquiagem em dois dias de workshop, em mulheres adultas.

2 METODOLOGIA

A presente pesquisa teve como natureza exploratória, descritiva, quase

experimental e qualitativa e ocorreu através da análise da escala de autoestima de

Rosenberg, entrevista e escala de satisfação pessoal, com um grupo de 7 mulheres,

acima dos 18 anos, participantes de dois (2) dias de workshop prático de

automaquiagem.

As voluntárias foram escolhidas através da divulgação dos workshops

dentro da Unisul, bem como nos canais de mídias sociais da internet. O presente

estudo foi realizado na Clínica Escola de Cosmetologia e Estética da UNISUL,

localizada na Avenida Pedra Branca, 25, Cidade Universitária Pedra Branca, CEP

88137- 270, Palhoça, SC.

Após o projeto ser aprovado pelo Comitê de Ética da Unisul, sob o protocolo

de número 74394417.8.0000.5369, a coleta dos dados foi realizada nos dias

20/10/2017 e 27/10/2017. Foram utilizados como critérios de inclusão: mulheres com

idade entre 18 e 60 anos, que tivessem interesse em participar dos workshops de

automaquiagem. Estas, aceitaram participar da pesquisa através da assinatura do

Termo de consentimento Livre e Esclarecido e do Termo de autorização de uso de

imagem.

Foram utilizados como critérios de exclusão: Pessoas alérgicas a algum

cosmético e maquiagens, o não comparecimento aos dois dias de workshop de

automaquiagem e profissionais integrantes da área da Estética.

As voluntárias foram enumeradas de 01 a 07 aleatoriamente e então foram

coletadas as respostas da escala de auto estima, desenvolvida originalmente por

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Rosenberg (1965), intitulada Rosenberg self-esteem, baseada na adaptação de Hutz

(2000) para o Brasil. Possuindo dez itens, sendo seis referentes a uma visão positiva

de si mesmo e quatro referentes a uma visão autodepreciativa/negativa.

As voluntárias responderam dois questionários idênticos, antes e depois

dos workshops, em uma escala tipo Likert de cinco pontos da seguinte forma: 1 =

Discordo totalmente, 2 = Discordo, 3 = Nem concordo, nem discordo, 4 = Concordo 5

= Concordo totalmente. Foi realizada a soma dos valores das questões positivas bem

como das negativas, sendo que quanto maior o valor das somas das positivas e mais

baixo o das questões negativas, considera-se mais alto o nível de autoestima da

participante, levando assim a comparação das pontuações entre as fichas.

Objetivando uma maior consistência dos resultados, foi adotado também a

realização de uma entrevista pessoal, sobre aspectos relacionados ao workshop, bem

como uma escala simples de avaliação de satisfação pessoal que foi respondido ao

final do segundo dia.

Foi solicitado para as voluntárias que respondessem o mais rapidamente a

todos os protocolos de investigação, transcrevendo o que surgia como resposta de

imediato sobre a questão, para que realmente pudesse apresentar um resultado

fidedigno às emoções e sentimentos de cada uma. Foram utilizados os aspectos

éticos que permeiam o trabalho com seres humanos, realizado uma explicação dos

objetivos, metodologia e garantia de confidencialidade e sigilo do seu nome. Todas as

voluntárias foram previamente informadas sobre a desistência voluntária e

espontânea a qualquer momento da pesquisa.

A coleta dos procedimentos de escalas e entrevistas foram realizadas

após uma explicação audiovisual, através de slides, perante a todo grupo. Os

conteúdos dos workshops ocorreram com 6 dias de intervalo entre um e outro, com o

objetivo de que as voluntárias já implementassem os novos hábitos da maquiagem

durante o experimento.

As voluntárias aprenderam a se maquiar utilizando o seu próprio material,

porém foi disponibilizado um material completo de apoio da pesquisadora, que atua

como Maquiadora Profissional e instrutora de Cursos da área há 7 anos. O conteúdo

ministrado foi apresentado com auxílio de slides, foi disponibilizado também apostila

contendo todos os conteúdos ensinados para cada participante e o mesmo foi dividido

da seguinte forma:

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Dia 1: História da Maquiagem; Visagismo e Maquiagem; Cuidados pré maquiagem;

Tipos de Pele; Formatos de Rostos; Máscara da Beleza; Preparação de pele (primer,

base, corretivos, pó facial, contornos, blush e iluminador)

Dia 2: Correção de Sobrancelhas; Estruturas dos olhos; Delineado correto aplicado;

Aplicação de Batom; Cores corretas para cada tom de pele.

Inicialmente contou-se com o número de 10 participantes, porém três

voluntárias contaram com problemas pessoais, duas não compareceram no primeiro

dia e uma não pode estar presente no segundo dia de workshop, levando assim à

perda da amostra inicial para 7 participantes.

Foram feitas fotos das participantes antes e depois de maquiadas com

câmera profissional da marca NIKON, modelo D-5100, as fotos foram tiradas com

iluminação direta em forma de anel (ring ligth), possibilitando uma foto sem sombras,

com fundo escuro, e a câmera posicionada há 60 cm da participante na altura dos

olhos, sem utilização de zoom. As montagens das fotos foram feitas com o programa

de computador PICASA, e não foi feita nenhuma edição de imagem afim de averiguar

e comprovar os resultados.

Os resultados das pontuações das Escalas de Autoestima de Rosenberg

foram apresentados em forma de gráficos, e as entrevistas de satisfação pessoal

transcritas de modo geral em forma de texto, como seguirão descritas abaixo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com o gráfico geral das pontuações da escala de autoestima de

Rosenberg (Gráfico 1), o grupo obteve um aumento de 26 pontos nas questões

positivas e uma diminuição de 11 pontos nas questões autodepreciativas/negativas.

Levando em consideração que, quanto menor a pontuação nas questões negativas,

maior é o nível de autoestima, podemos afirmar que a pesquisa proporcionou uma

melhora na visão positiva de si mesmas nas voluntárias.

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Gráfico 1 – Gráfico da soma geral da Escala de Rosenberg.

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Ao avaliar individualmente (Gráfico 2) podemos perceber um aumento mais

significativo nas pontuações das questões positivas nas voluntárias V1, V2 e V6, estas

apresentando também uma diminuição nos pontos das questões negativas (Gráfico

3), evidenciando que a prática da automaquiagem aliada ao Visagismo é uma

possibilidade para praticar a vaidade de forma saudável.

Gráfico 2 – Soma das Questões Positivas Antes e Depois da Escala de Rosenberg.

Fonte: Elaboração da Autora, 2017.

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Gráfico 3 – Soma das questões Negativas Antes e Depois da Escala de Rosenberg

Figura 3. Dados coletados pela pesquisadora, 2017.

De uma forma geral, é possível observar que houve um aumento dos

pontos nas questões positivas de seis (6) voluntárias e houve diminuição nas

pontuações das questões negativas de cinco (5) das participantes. Apresentando que

mais da metade das voluntárias obtiveram um impacto positivo na autoestima,

produzindo resultados de importância relevantes.

Através análise da escala de satisfação pessoal, onde obteve-se 100% de

satisfação e pelas entrevistas pessoais, pudemos perceber que todas as participantes

relataram que vivenciaram uma oportunidade de se conhecer melhor e de se sentirem

belas, independentemente de estarem maquiadas ou não.

A experiência proporcionou às voluntárias um momento único em que

precisaram se analisar frente ao espelho, pois reproduziram técnicas adequadas ao

seu biotipo com o objetivo valorizar suas belezas já existentes.

Seis (6) dos sete relatos descritos, informam que os conhecimentos e

técnicas adquiridos do workshop trouxeram a possibilidade do autoconhecimento e

aceitação, corroborando com o fato de que a automaquiagem trouxe mais confiança

para enfrentar o dia a dia, valorizando os pontos fortes das suas feições

proporcionando assim, um resultado visivelmente mais harmônico e o aumento da

admiração por si mesmas.

A voluntária nº 5 relatou que o workshop proporcionou um aumento

significativo dos conhecimentos das técnicas de maquiagem, pois apesar de já fazer

o uso da maquiagem na sua rotina, percebeu que utilizava alguns produtos e técnicas

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de forma inadequada para o seu biotipo. Essa falta dos conhecimentos das técnicas

de maquiagem aliadas ao Visagismo, pode ser um dos fatores que levam muitas

mulheres a desistirem de usar a maquiagem no seu dia-a-dia. Outro fator que pode

levar a este abandono seria a projeção de uma imagem distorcida de si mesmas que

é resultante de uma má execução da automaquiagem, levando ao não

reconhecimento de sua imagem perante ao espelho.

Outra discussão relevante e necessária na atualidade é a

despadronização da beleza imposta, e por isso, a importância do Visagismo ao

reproduzir técnicas de maquiagem. Esse processo proporciona ao praticante a

utilização correta para executar em suas feições, dando-lhe liberdade para evidenciar

e focar nos aspectos que tem de positivo de sua imagem. Molinos (2010) ressalta que

não se trata de se mascarar/esconder seus defeitos atrás da maquiagem e sim, buscar

em si, diversas versões de você mesmo evitando assim a padronização da figura

feminina.

Ao encontro deste aspecto, o Visagismo, conforme Hallawel (2009), se

propõe à despadronização da imagem, exaltando que cada beleza é única e singular.

Um dos aspectos dessa despadronização é o sistema de avaliação temperamental

apresentado dentro do estudo do Visagismo, que surgiu há cerca de dois mil e

quinhentos anos e foi criado por Hipócrates.

Os temperamentos humanos foram divididos em quatro categorias:

sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático, sendo que todas as pessoas

apresentam características das quatro categorias, mas em graus diferentes. Essas

características têm aspectos positivos, chamados de forças, e outros negativos,

chamados de fraquezas. Existem pessoas que revelam pertencer essencialmente a

uma única categoria, e outras que se mostram uma mistura de dois ou até três tipos.

Há também aquelas que têm suas forças concentradas em uma categoria e suas

fraquezas em outra, salienta Hallawell (2009).

Uma das dinâmicas utilizadas no último dia de workshop foi o

questionamento sobre o uso do batom vermelho, que pode trazer um maior

entendimento das características pessoais da personalidade de cada voluntária

através da identificação dos quatro temperamentos. Como por exemplo: apenas as

mulheres com características do temperamento colérico afirmaram que usariam ou

usam o batom vermelho.

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Hallawel (2008) salienta que pessoas com temperamento colérico

expressam atitude, são determinadas, emotivas, dramáticas, passionais, muitas vezes

explosivas e são motivadas pelo desafio. As características físicas do temperamento

colérico se apresentam com o formato do rosto mais quadrado, com queixo forte e

pronunciado. É marcado pelas linhas retas e horizontais, como podemos perceber na

foto da Voluntária 6 (Figura 1).

Figura 1 - Voluntária 6, com características Coléricas (que relatou usar batom vermelho).

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Para Resina (2009) o batom vermelho é um item clássico na maquiagem e

ressalta a imagem da mulher ousada. Porém o seu uso é relacionado por algumas

pessoas, com uma conotação negativa influenciada por diversos fatores

emocionais/temperamentais e pela falta de representação/ identificação.

A Voluntária nº 3 (Figura 5), que possui características do temperamento

Melancólico, relatou se sentir muito exposta ao utilizar o batom vermelho. Para

Hallawell, 2008 os melancólicos costumam ser organizados, disciplinados, sensíveis,

pacientes, elegantes, introvertidos e competentes. Não gostam de enfrentar coisas

novas, preferem a rotina. Ou seja, reportam uma tendência a não ousar. As

características físicas apresentadas pelos melancólicos tendem a ter o físico magro e

longilíneo, o rosto oval, a testa, alta, e o queixo frequentemente retraído. É guiado

pelas linhas curvas, que expressam lirismo, sensibilidade e delicadeza.

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Figura 5: Voluntária 3 com características físicas do temperamento melancólico.

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Os resultados visuais das imagens realizadas antes e depois apresentou um

efeito suave, pois o maior objetivo com o ensinamento das técnicas foi de introduzir

sutilmente as participantes nesse universo amplo e possibilitar a reprodução das técnicas

posteriormente na rotina diária das voluntárias.

(Voluntária 1)

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(Voluntária 2)

(Voluntária 4)

(Voluntária 5)

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(Voluntária 7)

A utilização correta das técnicas aliada a personalização da imagem

através do Visagismo proporcionou às participantes momentos de reflexão e análise,

tornando o processo de identificação de imagem mais claro e eficaz, priorizando as

belezas individuais e desmistificando as técnicas de maquiagem de forma coerente

com a personalidade e gostos das voluntárias. ANDRADE et all (2009) afirma que

depois de resolvidas as questões ligadas a autoimagem, os indivíduos podem

construir um autoconceito mais saudável e positivo.

Brandem (2000) relata que a função da autoestima não é somente trazer

uma sensação positiva sobre si mesmo, mas também de que se viva melhor. O

aprendizado das técnicas de automaquiagem, proporcionou a essas mulheres a

oportunidade de experimentar uma nova perspectiva sobre a sua imagem pessoal,

aprendendo a reconhecer e realçar suas características positivas, que,

consequentemente desencadeará uma série de mudanças e situações positivas em

outros aspectos da sua vida.

Uma vez que toda mudança exterior provoca reações e mudanças internas

(HALLAWELL, 2008), o trabalho realizado com esse grupo de mulheres proporcionou

um acréscimo positivo na autoestima considerado significativo e que proporcionou

conhecimentos que serão lembrados para o resto da vida pelas voluntárias, bem como

momentos de autoconhecimento e aceitação.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Além de buscar entender qual influência que a automaquiagem tem sobre

a autoestima das mulheres, um dos principais objetivos da realização desta pesquisa

foi fomentar, por parte dos profissionais da área a necessidade de mais estudos neste

ramo. Muitas foram as dificuldades de encontrar referências relevantes para a

execução do presente trabalho, e poder contribuir para o eixo da maquiagem em nível

científico tornou-se motivação para a execução deste, mesmo perante todas as

dificuldades em encontrar referências teóricas da área.

Porém, para que se possa trazer mais reconhecimento como

pesquisadores, necessita-se que mais profissionais da área de Maquiagem e Estética

se proponham a investigar e a pesquisar cada vez mais. Para obter resultados mais

satisfatórios sugere-se também a repetição de estudos como este, com amostragem

maior e em mais dias de workshop, afim de aprofundar os conteúdos e conhecimentos

adquiridos.

O presente estudo proporciona o acesso a um aprendizado técnico de

Automaquiagem através do Visagismo, também demonstra que são técnicas que

podem apresentar resultados significativos e efetivos na promoção da saúde.

Conforme o conceito da Organização Mundial da Saúde (2011), a saúde não é apenas

ausência de doença, mas também um completo bem-estar físico, social e mental.

Cabe ressaltar que a análise do Visagismo, feita nos resultados e discussão

do presente trabalho, foi executada de forma rápida e literal necessitando de mais

vivências com as voluntárias para exprimir com consistência um diagnóstico mais

preciso acerca dos temperamentos explicados anteriormente.

A maquiagem não é o único dos recursos existentes para o resgate de uma

autoestima positiva. Todas as ferramentas que proporcionam um aprofundamento no

autoconhecimento (preferências individuais, tipos de roupas, terapias diversas,

consultorias e etc.) são maneiras de se priorizar, que buscam um olhar para dentro de

si mesmo. A prática da Automaquiagem pode ser o passo inicial que impulsionará a

busca por diversas outras ferramentas para a manutenção de uma autoestima positiva

e saudável, levando assim a um aumento na qualidade de vida do sujeito. Ou seja,

aprender técnicas de valorização personalizadas, não padronizadas e que busquem

o conceito da beleza única e especial de cada um pode ser a chave para abrir portas

de múltiplas felicidades.

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SELF MAKE UP: THE INFLUENCE IN THE SELF-ESTEEM OF WOMEN

Abstract: Self-image is an internal and psychic representation capable of destroying self-esteem, which can lead to emotional losses such as depression and eating disorders, that is, suffering. Self-esteem is the evaluation that the subject makes of himself in terms of values; is how we feel about ourselves, affecting crucially all aspects of our experience. The presence of a positive self-esteem leads the individual to feel confident, fit for life, competent and deserving, and thus indispensable for a satisfactory life. This self-valorization is not synonymous with narcissism, so it is necessary to search for ways of expressing it positively. In front of this the beauty market has several instruments that help in this search for acceptance and self-valorization. An instrument available is the Self-Make-up, combined with Visagism, which, when used correctly and with products suitable for the personal biotype, can contribute positively in this aspect. Objective: To analyze the influence of self-makeup on women's self-esteem. Methodology: The present study was exploratory, descriptive, quasi-experimental and qualitative, and it was performed through the analysis of the Rosenberg self-esteem scale, interview and personal satisfaction scale, with a group of 7 women, aged over 18 , participants of two (2) days of practical workshop of self-makeup. Results: We can affirm that the research provided an improvement in the positive view of themselves in the volunteers. The group obtained a positive increase in the level of self-esteem after the workshops, because the correct use of the techniques as well as the deepening in techniques of self-knowledge led the participants to moments of reflection and analysis, making the image identification process more clear and effective. Conclusion: The practice of Automaquiagem can be the initial step that will drive the search for several other tools to maintain a positive and healthy self-esteem, leading to an increase in the quality of life of the subject.

Keeywords: Self-makeup. Self-esteem. Women.

REFERÊNCIAS

AURÉLIO, Buarque de Holanda Ferreira. Dicionário Aurélio básico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. BERTIM, Fernanda Raquel Silva; DA SILVA BRUM, Lucimar Filot; MARAVIESKI, Silvinha. Influência do Visagismo e da maquiagem na autoestima de adolescentes institucionalizadas. FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA,13., 2013, Canoas/RS. Anais Eletrônicos... Disponível em: http://www.conferencias.ulbra.br/index.php/fpu/xiii/paper/view/1534. Acesso em: 01 jun. 2016. BORGES FERRAZ, Sabrina; BARCELLOS SERRALTA, Fernanda. O impacto da cirurgia plástica na autoestima. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 2007, 7.3.

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Apêndice A – FOTOS

(Pesquisadora com as voluntárias ao final do workshop)

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(A Pesquisadora)