automação em celulas de fundição de aluminio por gravidade
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AUTOMATIZAÇÃO EM CÉLULAS DE FUNDIÇÃO DE ALUMÍNIO POR GRAVIDADE
Valdeci Genuino1
Fabiano André Trein 2
RESUMO
Com a chegada da Revolução Industrial, ocorreu uma evasão de mão-de-obra do
campo para a indústria, as quais sentiram necessidade de melhorar a produtividade.
Juntamente com isso apareceu a necessidade das empresas em melhorar seus
processos, sem mudar a qualidade e as características de seus produtos, para que num mundo
competitivo possam se manter no mercado.
A introdução de novas tecnologias implica geralmente na adaptação das
competências profissionais e de uma reorganização do trabalho. Por vezes são suprimidos
postos de trabalho e ao mesmo tempo criados outros novos.
Este artigo visa relatar o aumento da produtividade em uma célula de fundição por
gravidade, utilizando a tecnologia de automação com robôs como estudo de caso real na
empresa Andreas Stihl Moto-Serras3.
O estudo do caso Stihl mostra um levantamento de dados coletados durante o
processo de vazamento de peças em alumínio em uma das células piloto que utiliza os robôs.
A partir da análise destes resultados será possível demonstrar o real aumento de eficiência e
produtividade e posteriormente, levar este conceito para o restante das células de trabalho da
empresa.
Palavras-chave: Produtividade, Tecnologia de automação, Robôs, Estudo de caso.
1 Acadêmico do Curso de Gestão da Produção no Centro Universitário Feevale. 2 Professor orientador do Centro Universitário Feevale, Mestre em Engenharia de Produção/PPGEP-UFRGS. 3 Andreas Stihl Moto-Serras é uma empresa do ramo metal mecânica em São Leopoldo –RS.
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ABSTRACT
With the arrival of the Industrial Revolution, an evasion of man power of the field for
the industry occurred, which had felt necessity to improve the productivity.
Together with this it appeared the necessity of the companies in improving its
processes, without changing the quality and the characteristics of its products, so that in a
competitive world they can be remained in the market.
The introduction of new technologies implies generally in the adaptation of the
professional abilities and a reorganization of the work. By times work ranks are suppressed
and at the same time created other news.
This article aims at to tell to the increase of the productivity in a cell of casting for
gravity, using the technology of automation with robots as study of real case in the company
Andreas Stihl Moto-Serras.
The study of the Stihl case it shows a data-collecting collected during the process of
emptying of parts in aluminum in one of the cells pilot who uses the robots. From the analysis
of these results it will be possible to later demonstrate to the real increase of efficiency and
productivity and, to take this concept for the remain of the cells of work of the company.
Key words: Productivity, Technology of automation, Robots, Study of case.
3
INTRODUÇÃO
Devido ao aumento da competitividade no mercado, é imprescindível diminuir o
tempo e os custos de produção sem modificar a qualidade das peças. Aliado a isso, soma-se o
desenvolvimento de novos materiais e novas tecnologias.
Para CASTRCCI (2001), a necessidade das empresas em buscar reorganizar seu
processo de produção de maneira cada vez mais flexível para, num processo de inovação
permanente, estarem afinadas com as demandas atuais, exige estratégias cada vez mais
precisas para manterem sua posição no mercado como também a satisfação de seus clientes.
Neste trabalho, se atuará em um processo importante e estratégico para a empresa,
onde será estudada a influência da automatização em células de fundição de Alumínio (Al)
por gravidade através da utilização de robôs no vazamento de Alumínio (Al) liquido.
Os resultados obtidos com este trabalho, desenvolvido a partir de um estudo de
caso, poderão comprovar que é possível aumentar a produtividade destas células com a
automatização.
1. Revisão Bibliográfica
1.1 Fundição
Segundo SILVA (2001), a fundição é o processo de vazamento de um material na
fase líquida em um molde.
A base de todos os processos de fundição consiste em alimentar o metal líquido na
cavidade de um molde com o formato requerido, seguindo-se um resfriamento, a fim de
produzir um objeto sólido resultante da solidificação.
Os tipos de fundição diferem-se principalmente, na maneira de formar o molde, em
alguns casos, como no da moldagem em areia, constrói-se um molde para cada peça a ser
fundida e, subseqüentemente, ele é rompido para remover-se o fundido, ou seja, desmoldá-lo.
Em outros casos, como por exemplo, na fundição sob pressão, usa-se um molde permanente e
repetidas vezes, para uma sucessão de fundições, removendo-se o fundido após cada fundição,
sem danificar o molde. Em ambos os casos, entretanto, é necessário uma provisão de metal
líquido que preencha todas as partes do sistema e permaneça no local até que sua solidificação
termine.
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Usualmente o molde é feito em duas partes: uma superior e outra inferior. A
superfície do modelo é tratada para facilitar sua remoção após a moldagem. Se o fundido deve
possuir regiões ocas, são feitos modelos separados denominados machos que são colocados
no interior da cavidade deixada pelo modelo fundido. O espaço entre a cavidade e o macho
será então preenchido pelo metal líquido, que solidifica, formando-se a peça fundida.
O metal entra no molde por meio de um sistema de canais de alimentação. São
abertos canais alargados para permitir que o metal escoe para fora da cavidade do molde após
seu preenchimento, mantendo assim uma cabeça metalostática durante a solidificação. Esses
canais são conhecidos como massalotes ou montantes.
Terminada a solidificação, a peça fundida é removida do molde por um processo
conhecido como desmoldagem. Em seguida, os machos são extraídos por impacto e os
alimentadores são cortados. A areia restante é removida e a peça esta pronta para as operações
de rebarbação.
No processo de molde permanente são usados normalmente moldes metálicos que
possuem os requisitos necessários para os sistemas de vazamento e alimentação. As
dificuldades que envolvem a produção de moldei metálicos são responsáveis pelo alto custo
dos processos que utilizam moldes permanentes. (BRECIANI FILHO, 1978).
1.2 História do Processo de Fundição por Gravidade.
Ao longo de toda a história, temos depoimentos da utilização deste tipo de molde,
que na maioria dos casos possuem buracos na sua parte superior para a saída de borbulhas de
ar. Nesta parte, igualmente, encontramos uma abertura para a entrada de metal. Na França
foram utilizados entre os séculos XI e XVI servindo fundamentalmente para a fundição de
chumbo em pequenos relevos. Ainda que evidentemente estes moldes apresentem algumas
vantagens por permitir vazamentos consecutivos até verdadeiro número de vezes. Sua
realização quando se tratava de moldes em pedra era muito complexa pela execução de uma
gravura em negativo. A partir daí iniciou-se um grande mercado para peças fundidas, e com a
revolução industrial em expansão teve inicio a produção em larga escala para a indústria
automobilística (BRECIANI FILHO, 1978).
O maior desafio para estas empresas de fundição foi à escolha do tipo de liga
(material) a utilizar. O zinco e o alumínio foram largamente utilizados e grandes avanços
foram obtidos até a década de 30. Durante o período da guerra, a fundição teve grande
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desenvolvimento principalmente na indústria aeronáutica. Mas foi na década de 50 e 60 que
esta indústria teve seu grande apogeu, principalmente nos EUA e Japão, entrando na década
de 70 com grande competitividade e equipamentos cada vez mais sofisticados. A década de
80 foi à época da grande transição, de empresa de arte (ensaio e erro) para a indústria de alta
tecnologia, com grande investimento em pesquisas (FONSECA, 2001).
1.3 Aplicação da Fundição por Gravidade
Pode-se fundir peças com geometria mais complexa, peças com partes ocas, etc.
Nos anos recentes, a fundição evoluiu de tal maneira que não existe peça que não possa ser
fundida. Deve-se sempre, porém, dirigir-se o projeto da peça às vantagens e limitações de
cada processo de fundição.
O fator material mais importante na escolha do processo de fundição é a temperatura
de fusão.
Os processos que utilizam material refratário para os moldes (por exemplo, fundição
em areia) podem ser usados em uma variedade ilimitada de ligas. Por outro lado, aqueles que
requerem molde metálico permanente, ou matriz, devem ser usados normalmente para as ligas
de baixo ponto de fusão (liga à base de alumínio, cobre, magnésio, etc.). Tal limitação é
necessária para assegurar uma vida útil aceitável da matriz.
Para SILVA, (2001), os processos de fundição são extremamente flexíveis quanto
ao tamanho e peso das peças, sendo que fundidos com menos de um grama até multas
toneladas encontram-se em produção normal. Os fundidos maiores usam, invariavelmente, o
processo de fundição em areia ou uma de suas variantes. Os fundidos menores são produzidos
mais adequadamente pelo processo em matriz ou por cera perdida, dependendo da liga.
Segundo Fonseca (2001) a indústria de Fundição por Gravidade tem hoje um
variado campo de aplicação para seus produtos. Podemos citar como principais peças para
indústrias:
a) Automobilística;
b) De equipamentos eletroeletrônicos;
c) De material bélico;
d) De brinquedos;
e) De eletrodoméstico.
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1.4 Tipos de fundição
1.4.1 Fundição em Areia
Utiliza-se a areia como material de moldagem. A areia deve ser previamente
preparada através de homogeneização. A gravidade é usada para vazamento do metal líquido.
O método mais simples de se conformar o molde é construí-lo manualmente. Esta é
uma prática ainda comum para moldes grandes, ou quando estão sendo produzidas amostras
de fundidos.
Para produção em larga escala são adotados processos automáticos ou semi-
automáticos, utilizando máquinas de moldagem.
O processo básico de fundição em areia apresenta muitas vantagens. Possui grande
flexibilidade como processo e é simples, econômico e pode ser usado na produção de peças
fundidas de grande variedade de tamanhos, desde alguns gramas até várias toneladas. As
perdas de material do molde são pequenas, já que a areia pode ser recuperada. Por outro lado,
a fundição em areia não pode ser empregada para seções finas, pois a precisão dimensional e
o acabamento superficial são geralmente pobres. Em muitos casos e particularmente com
peças fundidas muito grandes, a erosão da face do molde pelo metal líquido traz sérias
dificuldades. Para superar tais problemas, a maior parte dos desenvolvimentos em fundição
em areia tem sido feita no tocante ao aumento da rigidez dos moldes e machos.
1.4.2 Fundição em Casca (Shell Molding)
Para peças precisas usa-se resina fenólica para recobrir a areia. Pode ser usada onde
haja necessidade de melhor acabamento superficial. Neste caso pode-se aplicar a moldagem
manual ou mecanizada (SILVA, 2001).
1.4.3 Fundição em Moldes Permanentes
O processo é particularmente adequado para a produção em larga escala de peças
fundidas pequenas e simples, sem rebaixos complexos ou partes internas intrincadas. Com
moldes permanentes obtém-se bom acabamento superficial e alta definição de detalhes
(SILVA, 2001).
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1.4.4 Fundição com cera perdida
Onde o modelo é feito de cera ou de plástico, que se desintegra quando da confecção
do molde em sua etapa de queima para endurecimento (SILVA, 2001).
1.4.5 Fundição com molde cheio
Em que o modelo é feito de material combustível sólido ou material vaporizável
(normalmente poliestireno expandido). O molde é conformado em tomo deste e o metal
líquido é vazado sem a retirada do modelo, o qual vai se decompondo progressivamente até
que o metal preencha totalmente o molde (SILVA, 2001).
1.4.6 Fundição em Coquilha (Sob Pressão)
A fundição sob pressão em matriz metálica difere da fundição em molde permanente
por ser mantida uma pressão positiva sobre o metal no interior do molde e durante a
solidificação. A tolerância dimensional e a rugosidade superficial desse processo são
melhores que em todos os outros.
As matrizes são construídas de aço ferramenta de médio carbono, e com refrigeração
interna a fim de prolongar sua vida. Podem ser obtidas peças com seções bastante finas,
devido à injeção sob pressão (SILVA, 2001).
1.4.7 Fundição em Coquilha (por gravidade)
Este tipo de fundição é o objeto de estudo deste trabalho e está descrito a seguir com
maior detalhamento. A fundição por gravidade, também conhecida como coquilha, é um
processo no qual o metal, é fundido e conduzido, através da força da gravidade, para dentro de
um molde de aço, que possui uma pequena camada de tinta em suas paredes a qual tem a
função de controlar o fluxo de material, assegurando que este atinja todas as partes da
coquilha com quantidade de calor adequada para que não ocorram defeitos de enchimento, a
tinta também tem a função facilitar a extração da peça e promover um bom acabamento
superficial e aumentar a vida útil do molde metálico, sendo que, nesse tipo de molde o
processo de solidificação da peça e mais lento pelo fato de o molde não possuir um sistema de
refrigeração. Decorrido algum tempo, geralmente na ordem de minutos o molde é aberto e a
peça é retirada em condições de acabamento praticamente finais.
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As peças obtidas por fundição por gravidade reproduzem com precisão os detalhes
da superfície do molde e mantém as tolerâncias. (BRECIANI FILHO, 1978).
Segundo Breciani Filho (1978), de um modo bastante simplificado, as etapas de um
ciclo de vazamento são as seguintes:
a) Aquecimento da coquilha;
b) Fechamento da coquilha;
c) Vazamento da liga metálica;
d) Abertura da coquilha;
e) Extração da peça.
1.5 Conceito de Célula de Produção.
Segundo Ohno (1997), o arranjo físico ou layout é um dos fatores diretamente
relacionado ao aumento da produtividade nas empresas, trata-se do estudo da distribuição
espacial ou do posicionamento relativo dos diversos elementos que compõem o posto de
trabalho. O arranjo físico denominado células de produção é obtido quando se agrupam as
máquinas ou postos de trabalho de forma que cada grupo (célula) fabrique os produtos
totalmente (preparação, montagem e acabamento). Na célula são produzidos produtos de uma
determinada família que apresentem alguma semelhança no processo produtivo. As células de
produção dependem essencialmente da multifuncionalidade dos operadores, ou seja, todos
devem ser capazes de operar as várias máquinas que compõe a célula.
Conforme Onho (1997), estes são alguns benefícios alcançados a partir da
configuração das células de produção:
a) Melhor comunicação entre os operadores;
b) Operadores necessitam ser mais capacitados (multifuncionais);
c) Eliminação de estoques intermediários;
d) Movimentação dos produtos é facilitada;
e) Menor ocupação de áreas na fábrica;
f) Menor nível de material em processo;
g) Ampliação do conhecimento pela troca de experiências;
h) Redução do tempo de preparação das máquinas;
i) Aumento de produtividade.
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1.6 Produção em Células
A utilização de células de produção é um sistema diretamente ligado ao conceito just
in time. Vale a pena observar que o trabalho na forma de células tem as máquinas de produção
utilizadas de maneira mais dedicada do que no sistema tradicional. Assim, o conceito de
trabalho em célula demanda um sistema de manutenção de máquinas bastante eficiente, pois
estas não são mais compartilhadas. Com as máquinas em uma disposição voltadas para
atender às necessidades de uma seqüência lógica de processos, e não mais por produtos ou
família de produtos, as novas disposições das células de fabricação são uma alternativa para o
incremento da produtividade conforme o conceito da Produção Enxuta. É a substituição do
conceito da produtividade individual pelo da produtividade global (OHNO, 1997; SLACK,
1997).
1.7 Automação
Normalmente quando são abordados temas relacionados à Robótica e Automação, é
gerada uma reação que desperta desconfiança e medo no que se refere ao "desemprego", e não
com o objetivo maior que seria a melhoria da qualidade de nossas vidas, que esta diretamente
ligada à utilização de tecnologia para amenizar ou solucionar problemas ligados à sociedade.
A automação é uma necessidade e cabe aos dirigentes, vislumbrarem as crescentes
necessidades de inovações tecnológicas e da globalização, e fornecer a capacitação necessária
à população para absorver e desfrutar essas novas tecnologias.
A Robótica é uma ciência que atualmente encontra-se em constante e acelerado
crescimento, pois situações que no passado não muito distante do presente em que vivemos
foram consideradas ficções científicas, hoje são perfeitamente possíveis, graças ao avanço de
pesquisas em áreas como a da eletrônica, mecânica, informática e também da Inteligência
Artificial (FELDMANN, 1988).
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1.8 Conceito de Robótica:
De acordo com a definição adotada pelo Instituto de Robôs da América, o robô é um
equipamento multifuncional e reprogramável, projetado para realizar tarefas com eficiência e
precisão. Possuem grande aplicação na indústria de modo geral, além disto, destacam-se com
eficiência para realizar tarefas em lugares onde a presença humana se torna difícil, arriscada e
até mesmo impossível, como o fundo do mar, a imensidão do espaço, locais com temperaturas
adversas às condições humanas. E é na realização dessas tarefas, que se faz cada vez mais
necessária a presença de equipamentos automatizados (robôs), que as realizam sem colocar
em risco a vida humana. A Robótica é a área que se preocupa com o desenvolvimento de tais
dispositivos, constituindo uma área multidisciplinar altamente ativa que busca o
desenvolvimento e a integração de técnicas e algoritmos para a criação de robôs. A formação
em Robótica envolve o conhecimento de matérias como Engenharia Mecânica, Engenharia
Elétrica, Inteligência Artificial, entre outras, com uma perfeita harmonia, que se faz
necessária para se projetar essas maravilhosas tecnologias (FELDMANN, 1988).
1.9 Vantagens da Robótica:
A indústria certamente tem sido a grande beneficiada com a utilização da automação
e da robótica. A automação possibilita grandes incrementos na produtividade do trabalho,
possibilitando o atendimento das necessidades básicas da população. Os equipamentos
automatizados além de aumentar a produção, possibilitam uma melhora na qualidade do
produto, padronizando a produção, eliminando perdas e refugos. A automação também
permite que sejam eliminados tempos mortos, ou seja, possibilita que a produção possa
trabalhar sem interrupções para descansar, pois os robôs não cansam, isto leva a um grande
crescimento na rentabilidade dos investimentos. A automação e a microeletrônica permitem
flexibilidade ao processo de fabricação, ou seja, auxiliam para que os produtos sejam
produzidos conforme as tendências do mercado, evitando que se produzam estoques de
produtos invendáveis. As características citadas acima mostram que a automação possibilita
que não haja nem escassez nem desperdício, com melhor qualidade de vida e de produção,
aliadas a um menor esforço do homem (FELDMANN, 1988).
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2 ESTUDO DE CASO
O presente estudo de caso foi realizado na empresa Andreas Stihl Moto-Serras do
ramo de atividades metal-mecânico, situada em São Leopoldo-RS, no período de março a
abril de 2006.
2.1 Histórico da empresa
Os dados utilizados para a elaboração do histórico da empresa foram obtidos junto à
área de Recursos Humanos e no site da empresa, endereço: www.stihl.com.br/hit.htm.
A Stihl é uma empresa alemã, fundada e constituída em outubro de 1973. Produz e
comercializa 73 modelos de máquinas e equipamentos. Destes, 25 são produzidos em sua
fábrica estabelecida em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, sob a razão social de Andreas
Stihl Moto-Serras Ltda.
A Stihl fabrica equipamentos portáteis e motorizados, servindo principalmente para
as atividades de silvicultura e jardinagem, divididos da seguinte forma:
a) Moto-serras – utilizadas no manejo florestal;
b) Roçadeiras – para atividades na manutenção de áreas públicas, silvicultura e
jardinagem;
c) Motobombas portáteis – equipamentos de múltipla aplicação utilizados no
bombeamento de água;
d) Lavadoras de alta pressão – para serviços de limpeza em geral;
e) Cortadores a disco – usados para fazer corte de concreto, granitos em geral e
aços;
f) Podador – para poda de árvores frutíferas e cafezais;
g) Derriçador – para a colheita de café;
h) Pulverizador – serve para pulverizar líquidos e granulados na agricultura e na
fruticultura.
O grupo Stihl foi fundado há mais de 76 anos pelo engenheiro Andreas
Stihl, inventor da moto-serra. A participação do grupo no Brasil iniciou em 1948. Em 1973,
foi fundada a subsidiária brasileira no RS.
O relacionamento institucional entre a Stihl Brasil e o Grupo Stihl é estreito e se
evidencia em processos como o de planejamento e desenvolvimento de novos produtos. Tanto
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no primeiro, quanto no segundo, a organização define o escopo que a subsidiária deve seguir e
esta adapta a estratégia de ação ao perfil de seu país.
Especificamente, em relação ao desenvolvimento de novos produtos a matriz alemã é
responsável por esta atividade, sendo que a produção é distribuída entre as filiais de acordo
com a conveniência gerada pelo processo de globalização.
A matriz se destaca ainda como fornecedora de know-how e tecnologia para as
demais subsidiárias, servindo de modelo para os sistemas da qualidade, informática e
produção, entre outros.
A Stihl está sediada em mais de 16 hectares do Distrito Industrial de São Leopoldo
(RS), com área construída de mais de 21.275 m². Sua capacidade de produção é superior a
218 mil motores por ano.
O grupo Stihl atua em 3 mercados: Brasil, América Latina e empresas coligadas. A
Stihl Brasil tem uma atuação marcante na América Latina, onde é responsável por 2/3 do
faturamento total do grupo neste mercado, no segmento de moto-serras.
A subsidiária brasileira é formada por aproximadamente 1.020 colaboradores entre
eles 4 diretores, 18 gerentes e 998 funcionários. Este número representa 13% do total do
Grupo.
A empresa é líder no segmento de moto-serras, detendo 30% do mercado mundial e
71% do brasileiro. Nas roçadeiras, detém 10% do mercado mundial e 44% do brasileiro. A
Stihl firmou algumas parcerias estrategicamente importantes para alcançar seus objetivos.
Entre elas, está a Blount, que provê correntes de corte com a marca Stihl, que por sua vez,
fornece sabres com as marcas Oregon e Husqvarna.
Em 1997, a Stihl iniciou a implantação do software R/3, da SAP, para gerenciamento
empresarial. A adoção deste software de gestão empresarial, com todos os módulos já
implantados, possibilita a gestão integrada das informações nas atividades de planejamento,
controle, avaliação do desempenho organizacional, e de todo o processo da cadeia logística
(Compras, Produção e Vendas), com a disseminação de informações atualizadas e acesso
rápido, direto e em tempo real pela matriz na Alemanha, pelos funcionários, clientes e
fornecedores.
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2.2 Metodologia
O tipo de pesquisa que será utilizado para a realização deste trabalho é o estudo de
caso.
O estudo de caso é apenas uma das muitas maneiras de se fazer pesquisa em
ciências sociais [...] Em geral, os estudos de caso representam a estratégia
preferida quando se colocam questões do tipo ‘como’ e ‘por que’, quando o
pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em
fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. (YIN,
2001, p.18).
O trabalho será desenvolvido na área de fundição de alumínio por gravidade na
fábrica de cilindros da empresa Andreas Stihl Moto-Serras Ltda.
A técnica de coleta de dados utilizada para a realização deste trabalho será a de
documentação direta utilizando meios como:
a) Observação, do tipo direta realizada na célula de fundição de Al com o
objetivo de coletar dados, entender e avaliar o processo.
b) Entrevista, do tipo despadronizada, realizada com os funcionários da célula
de produção e com os analistas de métodos e processos da engenharia, totalizando
aproximadamente sete pessoas.
c) Relatórios, tais como índices de produtividade, capabilidade e sucata.
Os dados obtidos durante a pesquisa serão tabulados em planilhas eletrônicas para
serem analisadas através de gráficos.
2.3 Análise dos dados
A análise dos dados foi realizada considerando as duas possíveis situações existentes
na fábrica, que são: processo de vazamento manual, e vazamento com a utilização do robô,
conforme identificado a seguir.
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2.4 Processo de Injeção de Alumínio por Gravidade sem robô.
A Stihl utiliza o processo de coquilha por gravidade e atualmente possui duas
coquilhaderas horizontais banco fixo, as quais foram produzidas pela empresa Calende. Na
confecção dos machos de areia utiliza uma maquina de sopro pelo processo Shell Moldin.
A Stihl trabalha com o conceito de célula, e no processo de fundição de alumínio
por gravidade, parte-se de lingotes de liga de Alumínio até que a peça esteja pronta para a
usinagem que é a próxima etapa do processo.
O molde é pintado nas partes onde há o contato com alumínio, essa pintura tem por
finalidade lhe dar proteção evitando o desgaste prematuro, além de promover uma menor ou
maior velocidade de resfriamento durante o processo. Este processo também tem por
finalidade criar uma barreira entre a peça e o molde, facilitando assim a sua extração.
O molde ou coquilha, que tem a função de dar forma à parte externa da peça, deve
ser pré-aquecido a uma temperatura de aproximadamente 300°C. Para o pré-aquecimento são
utilizados queimadores que envolvem o molde e após se atingir a temperatura ideal é iniciado
o ciclo produtivo. O controle rigoroso desta temperatura é essencial para o sucesso do
processo.
O macho de areia, que tem a função de dar a forma interna da peça, e colocado em
um flange central o qual tem por finalidade garantir o posicionamento do macho, além disso o
flange e responsável pelo controle do resfriamento para que haja uma perfeita solidificação.
Após o posicionamento, o operador dá início ao processo produtivo, a coquilha
então é fechada, e o alumínio é transferido do forno até a coquilha pelo forneiro.
A etapa de transferência ou vazamento é de fundamental importância por isso o
responsável deve ter um cuidado especial, para que a velocidade seja uniforme. Caso essa
velocidade seja muito rápida, pode ocorrer o derramamento do metal liquido não havendo
preenchendo da cavidade e podendo ate causar acidentes. Se for lento pode ocasionar falhas
no preenchimento, por entrada de ar.
O alumínio liquido e vazado na coquilha e vai dando forma à peça, solidifica e
contrai, quando então a máquina pode ser aberta. Esse tempo de solidificação e de
aproximadamente 2,2 min podendo variar, dependendo do tamanho da peça. O controle do
tempo que o molde permanece fechado e feito pelo CLP.
Como a construção do molde e feita de maneira a que a peça e o canal de injeção
sejam expulsos progressivamente isto facilita a sua extração.
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Após a injeção o conjunto injetado é resfriado e em seguida e feito o corte do canal
e massalote. Após o corte a peça e colocada em uma maquina, que por meio de vibração retira
o macho de areia de dentro da peça, em uma próxima operação a peça e rebarbado em prensa
e ferramenta de cisalhamento, é dado um acabamento final nas peças com a utilização de
limas rotativas e as peças estão prontas para a usinagem.
O ciclo básico de produção pode ser resumido nas seguintes etapas:
a) Aquecimento da coquilha;
b) Fechamento da coquilha;
c) Vazamento da liga metálica;
d) Abertura da coquilha;
e) Extração da peça.
As coquilhas são desmontadas após um número de ciclos para sofrer novo
revestimento (pintura). Este número de ciclos depende da qualidade da tinta, do cuidado na
aplicação e dos cuidados na produção. Além da pintura quando desmontada a coquilha todos
os itens que dão forma a peça são avaliados, havendo algum tipo de trinca e imediatamente
feito o conserto.
2.4.1 - Processo de Injeção Alumínio por Gravidade com utilização do robô
As etapas do processo de injeção com a utilização do robô são as mesmas já
descritas anteriormente, porém a atividade de aplicação de vazamento passa a ser realizada
por um robô ABB Robotics - Robô IRB 2400 Foundry (10 Kgf), conforme figura 1.
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Figura 1: robô ABB Robotics - Robô IRB 2400 Foundry (10 Kgf).
Fonte: catálogo ABB Robotics, 2006.
Esta etapa já havia sido identificada anteriormente por um grupo de trabalho da
engenharia, como sendo uma das etapas de maior importância no processo e onde a
automatização com a utilização de robôs traria melhores resultados.
Com esta alternativa de automação, que já está em funcionamento em uma das
células de fundição pretende-se comprovar alguns prováveis benefícios como:
a) Redução do tempo do tempo de ciclo;
b) Afastar operador de área de risco;
c) Redução dos problemas de LER;
d) Aumento da estabilidade de processo;
e) Melhora no acabamento das peças;
f) Redução do custo da peça.
2.4.2 Comparativo tempo de vazamento: operador x robô
A tabela a 1 mostra o comparativo dos tempos de vazamento, realizada pelo
operador ou com a utilização do robô.
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Tabela 1: Comparativo de tempos de vazamento: manual x robô.
Fonte: Dados coletados na empresa, elaborado pelo pesquisador, 2006.
Com os dados relacionados no quadro acima, pode-se verificar que, os tempos de
vazamento através do processo manual são significantemente mais altos do que os tempos
com a utilização do robô. Sendo necessário um número de horas 19,03 % a menos para
realizarmos a produção anual.
Com este resultado há uma redução de 788 horas/ano para a mesma produção, se
considerarmos o custo hora de coquilha R$ 336,86 obteremos uma econômia anual de R$
265.534.415.
2.4.3 – Investimento necessário para implantação do bobo.
A tabela 2 lista os investimentos necessários para a implantação do sistema com a
utilização do robô, o investimento é de US$ 56.890,00 por célula de injeção.
Comparativo de tempos totais de ciclo: manual x robô. Horas necessárias
Modelo peça
Tempo ciclo Manual
(min/peça)
Tempo de ciclo com
Robo (min/peça)
Produção 2006 Atuais Robô
% Redução
1128-022 2,146 1,749 65.000 2.324,833 1.894,750 22,70 1135-022 2.168 1.765 36.000 1.300.800 1.059.000 18,59 1138-022 2.165 1.715 42.000 1.515.500 1.200.500 20,79 1121-022 2.185 1.946 58.000 2.112.167 1.881.133 12,28 201.000 4.930.792 4.142.528 19,03 Total de horas economizadas / ano 788.263
Custo hora máquina R$ 336,86
Economia anual R$
265.534.415
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Tabela 2: Investimentos para implantação sistema robô.
Fonte: Orçamentos com fornecedores, elaborado pelo pesquisador 2006.
Se o investimento necessário for comparado com o retorno obtido, pode-se concluir
que é totalmente viável, pois para um investimento de US$ 56.890,00 obten-se um retorno
anual de aproximadamente US$ 148.425,94. Isto mostra que o investimento se pagará em
menos de meio ano após sua implantação, tornando-o totalmente viável.
Descrição US$
Robô 40.000,00
Despesas importação 7.600,00
Cabeçote Concha 2.000,00
Despesas importação 5.440,00
Base robô 400,00
Grade robô 450,00
Instalação 1.000,00
TOTAL 56.890,00
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Independente do tipo e do tamanho da empresa, soluções tecnológicas, são bem
vindas nos dias de hoje. A agilidade em se atender um cliente, verificar posições de produção,
fazer o melhor seqüenciamento, controlar as finanças, elaborar projetos de produtos, ter um
ótimo tempo de ressuprimento de matérias-primas e capacidade de produção bem definida,
são fatores que podem ser decisivos na competitividade das empresas. A questão
produtividade está em evidência, e hoje pode ser questão de sobrevivência das empresas, pois
quanto mais produtivas, menores são os custos fixos e maiores são as margens de lucro. O
aumento da lucratividade de uma empresa está diretamente ligado à eficiência desta. Quanto
mais produtiva ela for, mais serão diluídos os custos fixos. Isto permitirá à empresa obter uma
margem de lucro maior, ou mesmo, repassar parte da redução dos custos para os preços dos
produtos, aumentando a competitividade e alavancando o crescimento do volume
comercializado.
Com a realização deste estudo de caso, tornou-se possível identificarmos o quanto é
viável a utilização de robôs para automatizar células de injeção de alumínio por gravidade. O
uso da tecnologia relacionada à robótica gerou grandes benefícios no caso descrito, a
automação possibilitou incrementos na produtividade decorrentes da redução do tempo de
ciclo de produção em torno de 19%, permitindo desta forma utilizar estas horas disponíveis
para aumentar o número de peças produzidas. Além do aumento de produção, observaram-se
também outros benefícios com o uso de robôs, como a melhora na qualidade do produto, a
redução do esforço físico do operador.
Os aspectos citados acima mostram que a automação possibilita a redução do
desperdício, com uma maior produtividade e melhor qualidade de vida, aliadas a um menor
esforço. Desta forma torna-se viável o investimento em automação, bem como a implantação
do mesmo conceito nas demais células da fábrica.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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São Leopoldo, junho de 2006.