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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E GRADUAÇÃO CURSO DE DIREITO
RAMÂNI HORTÊNCIO DE LIMA NÓBREGA MEDEIROS
AUMENTO DOS ÍNDICES DOS ATOS INFRACIONAIS NA CIDADE DE NATAL/RN
NATAL 2007
RAMÂNI HORTÊNCIO DE LIMA NÓBREGA MEDEIROS
AUMENTO DOS ÍNDICES DOS ATOS INFRACIONAIS NA CIDADE DE NATAL/RN
Monografia apresentada à Universidade Potiguar – UNP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Direito.
ORIENTADORA: Profº BRUNA DANIELA CORTE REAL DE SOUZA LEAO
NATAL 2007
RAMÂNI HORTÊNCIO DE LIMA NÓBREGA MEDEIROS
AUMENTO DOS ÍNDICES DOS ATOS INFRACIONAIS NA CIDADE DE NATAL/RN
Monografia apresentada à Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos para obtenção do título Bacharel em Direito.
Aprovado em: ____/____/_____
BANCA EXAMINADORA
____________________________________ Profº BRUNA DANIELA CORTE REAL DE SOUZA LEAO
Orientadora Universidade Potiguar – UnP
_________________________________ Profº Drª. ANA MARIA ROCHA Universidade Potiguar – UnP
__________________________________
Universidade Potiguar – UnP
Dedico este trabalho as pessoas que eu mais
amo na vida e todos que de forma direta ou
indireta me ajudaram na conclusão deste
trabalho.
De modo especial às meus pais (Tásia e
Inamar), minha irmã (Ina), e meu cunhado
(André) e a minha namorada Daniele (Dani) pelo
incansável subsídio, compreensão e apoio.
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora professora Bruna, que através da sua competência e
capacidade me ensinou o universo cientifico.
A todos na Delegacia Especializada no Atendimento ao Adolescente infrator.
A Deus o único responsável pela minha existência, por permitir e me dar
ânimo em toda esta longa caminhada.
À minha família, à professora Ana Rocha, aos meus amigos e colegas de
curso que estiveram juntos por toda essa jornada.
Não preciso me drogar para ser um gênio; Não preciso ser um gênio para ser humano; Mas preciso do seu sorriso para ser feliz.
(Charles Chaplin)
RESUMO
A presente pesquisa objetiva analisar os motivos do aumento dos atos infracionais ocorridos na cidade de Natal/RN, no período compreendido entre janeiro de 2000 a agosto de 2007. Abordando inicialmente os aspectos históricos do Estatuto da Criança e Adolescência, as Doutrinas de Proteção Integral, o Conselho Tutelar e o ato infracional. Para aplicação desse estudo selecionou-se como amostra 40 adolescentes, de ambos os sexos com idades compreendidas entre 12 a 17 anos e que tiveram passagem pela DEA. Este é um estudo qualitativo descritivo. Para o instrumento de coleta de dados foi formatado questionários individuais, estruturado em perguntas fechadas dividido em partes: 1ª) informações sobre o início do ato infracional; 2ª) uso e drogas mais freqüentes; 3ª) informações socioeconômicas. Foram realizadas análises descritivas. Os índices do uso do álcool, da maconha, do tabaco e do crack são elevados e ocorrem concomitantemente com idade média de 12 anos. A associação dessas variáveis demonstrou que existe uma correlação significativa entre o uso do álcool, da maconha e do crack e os infracionários. Os resultados do presente estudo nos apontam indicadores para o desenvolvimento de programas educacionais, preventivos do uso de drogas entre adolescentes, e que podem contribuir para o desenvolvimento de programas para uma redução a escalada para outros comportamentos de riscos. Portando, o Estado estaria acoplado aos diversos seguimentos sociais e assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, ao direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Palavras-chave: Estatuto da Criança e Adolescente. Proteção Integral. Ato
Infracional.
ABSTRACT
This study intends to analyze the reasons to the increase of the illegal acts occurrences in the city of Natal/RN, in the period understood between January of 2000 to August of 2007. It approach the historical aspects of the Statute of the Child and Adolescence, the Doctrines of Integral Protection, the tutor counsel and the illegal acts. For application of this study it was selected as sample 40 adolescents, both of the gender with ages understood between 12 to 17 years, who had passed to the DEA. This is a descriptive qualitative study. For the instrument of collection of data it was formatted individual questionaires, structuralized in closed questions divided in parts: 1ª) information on the beginning of the illegal acts; 2ª)most frequent drugs use; 3ª) social-economic information. They had been accomplish analysis descriptive. The index of the use of alcohol, marijuana, tobacco and crack are raised and usually occur in the average age of 12 years. The association of these variable demonstrated that a significant correlation there is among the use of the alcohol, marijuana, crack and the adolescents in infractor. The results point out to the development of educational, preventive programs of the use of drugs between adolescents, when they can contribute to the development of programs to a reduction of the scale to other behaviors of risks.So the State would be connected to the several social sequence and to assure the child and to the adolescent, with absolute priority, the right to the life, the health, the feed, the education, the leisure, the professionalizing, the culture, the dignity, the respect, the freedom and the family and communitarian convenience, beyond put them save of all form of recklessness, discrimination, exploration, violence, cruelty and oppression.
Key words: Statute of the child and the adolescent. Integral protection. Illegal acts.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Procedimentos instaurados e índices
Tabela 2 Divisão por sexo
Tabela 3 Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2000
Tabela 4 Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2001
Tabela 5 Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2002
Tabela 6 Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2003
Tabela 7 Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2004
Tabela 8 Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2005
Tabela 9 Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2006
Tabela 10 Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2007
LISTA DE SIGLAS
ECA Estatuto da Criança e Adolescência DEA Delegacia Especializada do Atendimento ao Adolescente Infrator BOC boletim de Ocorrência Circunstanciado PI Procedimento Investigatório CF Constituição Federal IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística VIJ Vara da Infância e Juventude ITEP Instituto Técnico de Policia
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 12
2. ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCÊNCIA ............................................... 15
2.1. ASPECTOS HISTÓRICOS............................................................................ 15
2.2. A DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL .................................................. 18
2.3. COMPREENSÃO DO CONCEITO DE ADOLESCENTE.............................. 19
3. CONSELHO TUTELAR...................................................................................... 21
3.1. CONSELHEIROS TUTELARES.................................................................... 22
4. ATO INFRACIONAL........................................................................................... 23
4.1. PROCEDIMENTO NA APREENSÃO DO ADOLESCENTE ......................... 23
4.2. PROCEDIMENTO DA PROMOTORIA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE ...... 25
5. AUMENTO DOS ÍNDICES DOS ATOS INFRACIONAIS .................................. 28
5.1. AUMENTO DOS PROCEDIMENTOS TOMBADOS ..................................... 29
5.2. AUMENTO DOS ATOS INFRACIONAIS COMETIDOS PELO SEXO
FEMININO ..................................................................................................... 31
5.3. TIPO DE ATOS INFRACIONAIS PRATICADOS POR ANO......................... 37
6. RESULTADOS.................................................................................................... 42
6.1. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................................... 42
CONSIDERAÇÔES FINAIS ..................................................................................... 49
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 51
ANEXO .................................................................................................................... 53
INTRODUÇÃO
Este trabalho está sendo produzido na busca pelo aprofundamento de um
tema que é um elemento importante da pratica do autor: O Estatuto da Criança e
do Adolescente.
O estágio na Delegacia Especializada do Atendimento ao Adolescente
Infrator – DEA, na cidade de Natal/RN, que desempenhou durante um período de
dois anos, destacou uma grande preocupação dos altos índices de atos
infracionais.
O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069 de 13 de julho de
1990, destacou-se como verdadeira ruptura com o modelo até então vigente e
orientador do antigo Código de Menores – Lei nº 6.697/79.
O ECA é um tema que sugere um grande estudo e sensibilidade, já que
envolvem crianças e adolescentes em formação. O Estatuto da Criança e do
Adolescente tem o dever de dar Proteção Integral que se baseia no
reconhecimento de todos os direitos da criança e do adolescente e tem por base a
satisfação dos interesses e necessidades das pessoas com até dezoito anos de
idade, vislumbra as questões civis que esteja envolvendo crianças e adolescentes
e de caráter penal, observando a prática de atos infracionais por adolescentes.
A proteção do adolescente infrator estabelece direitos e garantias, postas
na Constituição Federal, destacando desta forma a sustentar a inimputabilidade
dos adolescentes menores de dezoito anos de idade, conforme esta descrito no
artigo 228 da Constituição Federal Brasileira,
A motivação pessoal por este estudo, foi originada pelo elevados índices de
adolescentes em conflito com a lei brasileira, buscando algumas soluções e os
motivos levados ao aumento dos atos praticados relacionados ao uso de droga.
Esta motivação pelo aprofundamento deste tema que é um elemento
importante da pratica do autor, deu-se inicio na Delegacia Especializada do
Atendimento ao Adolescente Infrator – DEA, na cidade de Natal/RN, destacou
uma grande vontade de ampliar os conhecimentos em referência ao Estatuto da
Criança e do Adolescente, que é uma Lei Federal sob n° 8.069, de 13 de julho de
1990.
No mesmo tempo buscou-se no Estatuto da Criança e Adolescência
objetivo da proteção integral, de tal forma que cada brasileiro que nasce possa ter
assegurado seu pleno desenvolvimento, desde as exigências físicas até o
aprimoramento moral e religioso.
Do ponto de vista acadêmico, este estudo pretende acrescentar
literatura jurídica e servir como fonte para futuras pesquisas acadêmicas sobre o
tema administrado, contribuindo para a conscientização no que concerne o
aumento dos atos infracionais na cidade do Natal/RN.
Perante a problemática apresentada, encontram-se vários
doutrinadores que explanam acerca deste tema, não só analisando a Lei Federal
sob n° 8.069, de 13 de julho de 1990, como também adequando o direto à
realidade social mostrando os motivos levados a pratica de atos infracionais.
O principal referêncial teórico está intrínseco na nossa Constituição
Federal1, onde os direitos das crianças e adolescentes estão expressos
relacionados de forma direta.
Portanto, há vasto campo de pesquisa no que se refere ao estudo do
Estatuto da Criança e Adolescente. Existe varias citações doutrinárias sobre os
adolescentes em conflito com a lei. Dentre elas, conveniente citar algumas
conclusões de SIMONS e CAREY (2003), onde afirmam que No Brasil, o álcool, o
tabaco, e a maconha são as drogas mais usadas pelos adolescentes e entre os
adolescentes infratores, o consumo de álcool é a maior incidência, seguido pela
maconha, o Crack, o mesclado “maconha com o Crack”, cola de sapateiro e loló.
1 Constituição Federal Art. 227 “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
O doutrinador Storr (2007) no estudo realizado revela os problemas
graves de comportamentos que podem estar vinculados o maior risco de uso de
todas as drogas, mas o comportamento adolescente em conflito com a lei parece
ser o mais importante fator para o uso de maconha do que para o uso de álcool ou
de tabaco.
O Estatuto da Criança e Adolescente é um tema de extrema
importância para a sociedade, pois traz subsídios com o intuito de construir uma
consciência não só nos operadores do direito, mas acima de tudo, na sociedade,
acerca da pertinência de se inserir minorias sociais na esfera da juridicidade.
Este presente trabalho está abordado sobre dois eixos. O primeiro, destaca
o estudo do aumento dos índices dos atos infracionais na cidade de Natal/RN,
cometidos entre janeiro de 2000 a agosto de 2007 e o segundo eixo deste trabalho
consiste nos motivos que levam a praticar o ato infracional, dando ênfase uso de
droga.
Neste trabalho foram aplicados dois tipos de pesquisas: em primeiro lugar,
a pesquisa bibliográfica, dando ênfase nas analises de varias referências de
diversos doutrinadores, e em seguida a pesquisa descritiva, dando destaque às
pesquisas documentais, focalizando os aumentos dos índices de atos infracionais
cometidos pelos adolescentes infratores na cidade de Natal/RN, os principais atos
infracionais cometidos em cada ano e os números de atos cometidos pelo sexo
masculino e pelo sexo feminino.
2 ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCÊNCIA
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS
O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA é uma Lei Federal sob n°
8.069, de 13 de julho de 1990. Estabelece um sistema que assegura os direitos e
interesses individuais fundamentais das crianças e dos adolescentes. Sendo o
principal a Proteção Integral, a qual é descrita pela Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, formalmente sintetizada nos artigos 227 e 228 em
conjugação com o disposto na parte final, do artigo 5°, parágrafo 2°, dessa mesma
Magna Carta. Desta forma, os adolescentes que praticarem atos infracionais com
a lei, de acordo com os artigos 103 e posteriores, da Lei n° 8.069, estarão sujeitos
à aplicação de medidas protetora e sócio-educativa.
O Estatuto, em seus 267 artigos, garante os direitos e deveres de cidadania
a crianças e adolescentes, determinando ainda a responsabilidade dessa garantia
aos setores que compõem a sociedade, sejam estes a família, o Estado ou a
comunidade. Ao longo de seus capítulos e artigos, o Estatuto discorre sobre as
políticas referentes à saúde, educação, adoção, tutela e questões relacionadas a
crianças e adolescentes autores de atos infracionais.
Antes o que havia no Brasil era o Código de Menores, criado em 1927, para
lidar com as chamadas “crianças em situação irregular”, conceito que tem uma
história antiga no país.
O surgimento do Código de Menores de 1927 propor-se legislar sobre
crianças e adolescentes de 0 (zero) a 18 (dezoito) anos, em estado de abandono
e delinqüência, quando não possuíssem moradia certa, possuíssem pais falecidos
ou que fossem declarados incapazes, estivessem presos há mais de dois anos,
fossem mendigos, vagabundos, exercessem trabalhos proibidos, fossem
prostitutos ou economicamente incapazes de suprir as necessidades de seus
filhos. O Código de Menores classificou os menores de 7 (sete) anos como
expostos, que seriam as crianças enjeitadas pelos entes familiares e os menores
de 18 (dezoito) como abandonados. Dessa forma, os meninos moradores de rua
passaram a ser classificados como vadios.
O Código de Menores só teve uma preocupação na denominação do menor
delinqüente, somente no artigo 682, diferenciando os menores de 14 (catorze)
anos daqueles com idades entre 14 (catorze) completos e 18 (dezoito)
incompletos, evidenciando a competência do juiz para determinar todos os
procedimentos em relação a eles e a seus pais. Estabeleceu ainda a
obrigatoriedade da separação dos menores delinqüentes dos condenados adultos.
A mudança do Código de Menores de 1927 para o de 1979, caracterizou-se
pela criação da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor – FUNABEM. As
Fundações Estaduais de Bem-Estar do Menor - FEBEMs e a FUNABEM foram
criadas a fim de terem autonomia financeira e administrativa, incorporando todas
as estruturas do Serviço de Assistência ao Menor dos estados, incluindo aí o
atendimento tanto aos carentes e abandonados quanto aos infratores.
Com o surgimento e promulgação da Constituição de 1988, que se iniciou
no fim do Regime Militar que durou de 1964 a 1985, o país voltou à discussão dos
direitos humanos, sobretudo no que diz respeito à proteção à mulher, à família, à
criança e ao adolescente. No entanto, a partir do artigo 227 se fez necessária à
criação de uma lei específica, surgindo daí o ECA.
Importantes diferenças existem entre os Códigos de Menores e o Estatuto
da Criança e do Adolescente, em destaque os Códigos de Menores de (1927 e
1979) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Na Visão do conceito de
criança e do adolescente em relação ao Código de Menores de 1927, a criança e
o adolescente seria o menor abandonado ou delinqüente, objeto de vigilância da
autoridade pública do juiz. No Código de Menores 1979 nota-se uma mudança em
relação à visão da criança e adolescente, sendo menor em situação irregular,
objeto de medidas judiciais. Já com a criação da Lei Federal nº. 8.069/90 as
crianças e os adolescentes tiveram uma nova idealização, sendo sujeito de
2 Códigos de menores Art. 68. O menor de 14 anos, indigitado autor ou cúmplice de facto qualificado crime ou contravenção, não será submetido a processo penal de, espécie alguma; a autoridade competente tomará somente as informações precisas, registrando-as, sobre o facto punível e seus agentes, o estado físico, mental e moral do menor, e a situação social, moral e econômica dos pais ou tutor ou pessoa em cujo guarda viva.
direitos e pessoa em condição peculiar de desenvolvimento. O mecanismo de
participação existentes no Código de Menores de 1927 seria a existência do
Conselho de Assistência e Proteção aos Menores, desta forma uma associação
de serventia pública. E suas funções seriam a nomeações dos conselheiros, pelo
Governo, que caracterizava como auxiliador do Juízo de Menores, sendo os
Conselheiros denominados Delegados da Assistência e Proteção aos Menores. O
Código de Menores promulgado pelas Leis nº. 6.697/79 e 4.513/64 limitava os
poderes da autoridade Policial Judiciária e Administrativa. Já o ECA possui
participação de Conselhos de Direitos, Estado e Sociedade e criação nos
municípios dos Conselhos Tutelares, formado por membros escolhidos pela
sociedade local e encarregados de zelar pelos direitos das crianças e
adolescentes.
A Lei Federal 8.069/90 foi um importante passo na luta pelos direitos e
deveres da criança e do adolescente. O ECA criou normas para que se respeitem
os direitos instituídos pela lei e considerou também a criança e o adolescente
como prioridade absoluta, sobretudo no que diz respeito à elaboração e
implementação de políticas públicas em todo território nacional.
2.2 A PROTEÇÃO INTEGRAL
O ECA, ao contrário do Código de Menores, preocupa-se com a Proteção
Integral das crianças e dos adolescentes até 18 (dezoito) anos e, em alguns
casos, com jovens até 21(vinte e um) anos, dando as condições de exigibilidade,
ou seja, o poder de exigir através das leis. Garantir os direitos escritos no ECA
tornou-se dever da família, do Estado e da Sociedade.
A Proteção Integral caracteriza-se pelo fato de a criança e o adolescente
serem alçados à uma posição de sujeito de direitos, independentemente de
estarem em uma situação de irregularidade em relação à Lei. A doutrina da
proteção integral aplicada no ECA inspirou-se em tratados e convenções, dentre
os quais destacam-se a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da
Criança, Regras Mínimas das Nações Unidas para Administração da Justiça da
Infância e da Juventude. Portanto, desde 1988 o Brasil adotou tal concepção ao
inseri-la no art. 227, da Constituição da República Federativa do Brasil, nos
seguintes termos:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, ao direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão3. Neste sistema de idéias, que norteia o Estatuto da Criança e do
Adolescente em destaque, se assenta no princípio de que:
Todas as crianças e todos os adolescentes, sem distinção, desfrutam dos
mesmos direitos e sujeita-se à obrigações compatíveis com a peculiar condição de
desenvolvimento que desfrutam, rompendo, definitivamente com a idéia até então
vigente de que os Juizados de Menores seriam uma justiça para os pobres, posto
que, analisada a doutrina da situação irregular, constatava-se que para os bem-
nascidos, a legislação baseada naquele primado lhes era absolutamente
indiferente.4
2.3 COMPREENSÃO DO CONCEITO DE ADOLESCENTE
3 Artigo 227 da Constituição Federal de 1988 4 SARAIVA, João Batista da Costa. Adolescente e Ato Infracional – Garantias Processuais e Mediadas Sócio-educativas. op. cit. p. 25.
A denominação adolescência deriva do latim adolescentia, 5 o qual é
composto pelos prefixos latinos “ad” (para frente), mais “dolescere” (crescer, com
dores) expressando a idéia de que se trata de um período de transformações e,
portanto, de crise.6 Levando-se em conta o Estatuto da Criança e do Adolescente,
a adolescência é o período de vida de uma pessoa que dura entre os doze e os
dezoito anos de idade. Segundo Zimermam, “a adolescência é dividida em três
fases: inicial ou pré-adolescência, dos 12 aos 14 anos; intermediária ou
adolescência propriamente dita, dos 15 aos 17 anos; e, adolescência tardia, dos
18 aos 21 anos”.
A adolescência, tal como é concebida atualmente pela ciência e pelo
senso comum, “refere-se a uma fase de transição entre a infância e a idade
adulta, marcada por profundas alterações no desenvolvimento biológico,
psicológico e social”.7
Amaral e Silva anotam que o novo direito da criança e do adolescente “traz
normas e institutos exclusivos, não de alguns, mas de todas as crianças e
adolescentes. Consagra na ordem jurídica a doutrina da proteção integral; reúne,
sistematiza e normatiza a proteção preconizada pelas Nações Unidas”8.
É, portanto, a doutrina da proteção integral a base configuradora de todo
um novo conjunto de princípios e normas jurídicas voltadas à efetivação dos
direitos fundamentais da criança e do adolescente, assegurando às crianças e aos
adolescentes todas as facilidades e oportunidades a fim de ajudar no seu
desenvolvimento físico, mental, moral, social e espiritual com liberdade e
dignidade. A Doutrina da Proteção Integral traz em sua essência a proteção e a
garantia do pleno desenvolvimento humano reconhecendo a condição peculiar de
5 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa: versão eletrônica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 6 ZIMERMAN, David E. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica – uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed, 1999. P. 95. 7 KAPLAN, Harold I.; SADOCK, Benjamin J.; GREEB, Jack A. Compêndio de psiquiatria;
ciências do comportamento e psiquiatria clínica. 7ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. p. 61.
8 AMARAL E SILVA. O Estatuto, o novo Direito da Criança e do Adolescente e a Justiça da Infância e da Juventude. São Paulo: Malheiros/UNICEF, 1994 p. 37.
pessoas em desenvolvimento e a articulação das responsabilidades entre a
família, a sociedade e o Estado para a sua realização por meio de políticas sociais
públicas.
3 CONSELHO TUTELAR
O Estatuto da Criança e Adolescente descreve nos artigos 112 a 125, Título
II, Capítulo IV, Seção I, da Lei n° 8.069, que nenhuma criança menor de 12 (doze)
anos que se tornem autoras de atos infracionais, seja qual for o ato infracional
cometido e independentemente de sua seriedade, aplicam-se tão somente
medidas específicas de proteção, através do competente Conselho Tutelar que é
um órgão público municipal de caráter autônomo e permanente, existente em
quatro regiões da cidade, que são o Conselho Tutelar zona sul, Conselho Tutelar
zona norte, Conselho Tutelar zona oeste e Conselho Tutelar zona leste, que
ambos atendem as ocorrências de cada zona de domicilio, portanto diminuindo
assim a distancia da família ao Conselho Tutelar e melhorando o acesso dos
conselheiros no acompanhamento, cuja função é zelar pelos direitos da infância e
juventude, conforme os princípios estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente. Haja vista que criança não responde por ação sócio-educativa.
Portando, à criança autora de ato infracional nunca se pode atribuir nenhum tipo
de medida sócio-educativa, mas serão aplicadas nestes casos medidas de
proteção, como encaminhamento aos pais ou responsáveis mediante Termo de
Responsabilidade, orientação, apoio, acompanhamento temporário, matrícula e
freqüência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino fundamental, inclusão
em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao
adolescente, requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico em
regime hospitalar ou ambulatorial, inclusão em programa oficial ou comunitário de
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos e abrigo em entidade.
No Código de menores, quem decidia, investigava, julgava, era o juiz, que
tinha quase um poder absoluto. Hoje, os juizes da 1º VIJ, 2º VIJ e 3º VIJ e os
promotores da infância, são obrigados a compartilhar esse poder com os
Conselhos Tutelares, feitos por pessoas escolhidas pela sociedade, que
participam e zelam pelo direito da criança.
Dentre as inovações estabelecidas pela Lei nº. 8.069/90, para a sistemática
de atendimento à criança e ao adolescente, está sem dúvida à previsão de
criação, em todos os municípios brasileiros, de pelo menos um Conselho Tutelar.
O Conselho Tutelar através da Lei nº. 8.069/90 passou a assumir uma
função determinante na defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Na
verdade, o conselheiro tutelar, na condição de agente político investido de
mandato popular possui poderes e atribuições equiparados ao do Juiz da Infância
e Juventude, cujas funções substitui, nesse sentido, vide art. 262 da Lei nº.
8.069/90.
3.1 CONSELHEIROS TUTELARES
Os Conselheiros Tutelares são pessoas que têm o papel de porta-voz das
suas respectivas comunidades, atuando junto a órgãos e entidades para
assegurar os direitos das crianças e adolescentes. São eleitos através do voto
direto da comunidade, para mandato de 3 (três) anos. Suas competência e
organização estão previstas no ECA, nos artigos 131 a 140. Sendo suas principais
atribuições do Conselho Tutelares atender às crianças e adolescentes que tiverem
seus direitos ameaçados por ação ou omissão da sociedade ou do Estado,
omissão ou abuso dos pais ou responsáveis, atender e aconselhar os pais e
responsáveis, podendo aplicar algumas medidas, tais como encaminhamento a
cursos ou programas de orientação. Na Lei nº. 8.069/90, em seu art.132
estabelecer que o Conselho Tutelar, cuja criação e manutenção é obrigação do
município, deve ser invariavelmente composto de 05 (cinco) membros, é deverar
elementar o que desejou o legislador que todos exercessem as mesmas funções,
em absoluta igualdade de condições.
4 ATO INFRACIONAL
O ato infracional é a conduta análoga como tipo ou contravenção penal,
cuja designação se sobrepõe aos inimputáveis. Na maioria das vezes ocorre que
esses adolescentes em conflito com a lei não praticam atos infracionais
condizentes com a sua condição legal de incapacidade, quando surge então os
altos índices de atos infracionais, por isso, que segundo diversos doutrinadores
pesquisados possuir devesas apreciações, apresentando várias causas, alguns
doutrinadores enxergam o fato dos aumentos dos índices de adolescentes em
conflito com a lei, como sendo situação de abdicação dos adolescentes pelos
entes familiares, sendo assim o adolescente estará exposto, já outros
doutrinadores pesquisados possuem um distinto entendimento, como um modo de
viver escolhido pelo próprio adolescente.
Os adolescentes em ações conflitantes praticadas, ou seja, por pessoas
com idade entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos completos, descrito na Lei n° 8.069
no artigo 2° combinado com os artigos 103, 104 e 105, serão encaminhados para
uma delegacia especializada no atendimento ao adolescente, que na nossa
cidade é a Delegacia Especializada no Atendimento ao Adolescente Infrator –
DEA, localizada na Rua Sampaio Correia, s/n, no bairro Cidade da Esperança.
4.1 PROCEDIMENTO NA APREENSÃO DO ADOLESCENTE
Na Delegacia Especializada no Atendimento ao Adolescente Infrator o
adolescente apreendido na pratica de ato infracional, será encaminhado ao CIAD,
com isto ficará aguardando a sua oitiva e a comunicação de seus familiares, no
Pronto Atendimento. Ao iniciar Procedimento Investigatório, a vitima e o condutor
relatam o fato ocorrido e dependendo do ato infracional, se cometido mediante
violência ou grave ameaça, será lavrado um Auto de Apreensão em Flagrante,
que deverá haver comunicação ao juiz, ao familiar para propiciar a presença de
advogado, cientificar ao infrator do por que ele está sendo apreendido e por fim
será encaminhado ao representante do Ministério Público e ao Defensor Público.
E se o ato infracional não tiver sido cometido de nenhum tipo de violência ou
ameaça será feito um Boletim Circunstanciado de Ocorrência, que é um
Procedimento especial previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, neste
caso, lavra-se o BOC, apenas se fazendo à entrega do adolescente aos pais ou
responsável. No caso de não comparecimento de seus responsáveis será
nomeado um curador. Após os tramites legais se iniciará as oitivas das vitimas e
testemunhas e dos condutores, posteriormente será apreendido o material
subtraído pelo adolescente infrator ou encontrado em seu poder. E logo após será
ouvido o adolescente infrator na presença de seus responsáveis ou do curador
nomeado na delegacia. Ao iniciar a ouvida do adolescente será indagado se ele
sofreu algum tipo de ameaça ou lesão corporal e se o adolescente mostrar a
necessidade, ele será encaminhado ao Instituto Técnico de Policia – ITEP, com a
guia de exame de lesão corporal. Se o ato do adolescente necessitar de perícias
será feito imediatamente, alguns atos infracionais são essenciais às perícias, de
acordo com o artigo 158 do Código de Processo Penal, a perícia criminal é
obrigação do Estado. A atividade consiste no levantamento de provas ou indícios
de crimes, basicamente nos próprios locais de delito, além de pesquisas e outros
procedimentos em laboratório.
Abrange áreas como crimes contra o patrimônio (roubos, estelionatos e
outras fraudes), contra a pessoa (homicídios e lesões corporais), ambientais,
fiscais, de informática, de natureza sexual e adulterações diversas (de chassis de
veículos, documentos e papel-moeda).
Nos atos infracionais não cometidos de nenhum tipo de violência ou
ameaça, no caso do BOC, o adolescente após a lavratura do ato infracional e com
o comparecimento de seus pais ou responsável, deverá ser liberado pela
autoridade policial, sob Termo de Compromisso e Responsabilidade, com o dia
agendado de seu comparecimento na Promotoria da Infância e da Juventude e
Adolescência, no mesmo complexo que foi lavrado auto de apreensão, ficando
indispensável à presença de um responsável legal. O não comparecimento de
nenhum responsável do adolescente na DEA, o mesmo será conduzido pelos
policias a sua residência, mas mesmo assim não sendo possível a localização de
responsáveis, será encaminhada para a Casa de Passagem, localizada na rua do
Carbono, no bairro de Potilândia. Esta casa tem como objetivo promover os
direitos de cidadania de crianças e adolescentes, em situação de vulnerabilidade
social, buscando como resultado a reestruturação da identidade, a inserção na
família, na escola, na comunidade e na sociedade.
Se o ato infracional for cometido mediante violência ou grave ameaça, o
adolescente ficará custodiado no Pronto Atendimento e será encaminhado a
Promotoria no prazo de 24 (vinte e quatro) horas na presença dos seus
responsáveis. As possíveis causas da não-liberação do adolescente acusado da
prática de ato infracional pela Autoridade Policial seria Flagrante de ato infracional
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa – arts. 173 e 175, da Lei nº.
8.069/90, o ato infracional que provoque repercussão social, a necessidade do
adolescente de proteção ou segurança pessoal, em decorrência da conduta
infracional, necessidade de manutenção da ordem pública.
4.2 PROCEDIMENTO DA PROMOTORIA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
A promotoria analisará cópia do Auto de Apreensão em Flagrante, e
analisará a hipótese de liberação do adolescente, nesta analise deverá ser
questionada o grau de reincidência e a oitiva informal do adolescente.
A oitiva informal do adolescente conflitante com a lei é a chance que o
Ministério Público tem de obter subsídios acerca das circunstancias da prática do
ato conflitante, bem como o grau de participação e a personalidade do infrator,
podendo ser ouvidos os pais ou responsáveis e testemunhas, além da vítima. No
termo de oitiva o Promotor de Justiça já indicará a providência a ser tomada9, que
poderá ser: arquivamento, remissão simples ou cumulada com medida sócio
educativa, representação com ou sem pedido de internação provisória.
O Arquivamento é forma do representante ministerial, posteriormente
seguida à oitiva informal, pedir o arquivamento do procedimento quando fica claro
que o ato exposto inexistiu ou não é descrito como crime ou contravenção penal e,
ainda, quando o adolescente não houver participação na prática delituosa. Nesse
caso a liberação do adolescente deverá dar-se imediata.
A Remissão será concebida quando o Promotor de justiça levar em conta
os artigos seguintes 12610 e 12711 do ECA. Caracterizando o ato infracional
praticado em condições de reduzida violência ou gravidade e limitada repercussão
social, e o adolescente não apresentar antecedentes, deverá o Promotor de
9 ECA. Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, o representante do Ministério Público poderá: I - promover o arquivamento dos autos; II - conceder a remissão; III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educativa.
10 ECA. Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.
11 ECA. Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi -liberdade e a internação.
Justiça conceder remissão, que poderá ou não, de acordo com o caso, vir a ser
cumulada com medida sócio educativa em meio aberto, que poderá ser
advertência, reparação de danos, prestação de serviço à comunidade ou liberdade
assistida. Portanto o promotor de justiça conceder à remissão ela deverá ser
acompanhada de homologação judicial. Neste caso o adolescente apreendido
deverá ter sua liberdade concebida imediatamente. Portando o promotor
encaminhará um Oficio para a DEA, comunicando a liberação do adolescente.
A representação e o pedido de internação provisória só será concedido
quando não ocorrer o arquivamento ou remissão, o Promotor de Justiça
representará à autoridade judiciária em face da conduta do adolescente.
Normalmente são os casos das situações nas quais ocorrem mediante violência
ou grave ameaça contra a pessoa, com intensa repercussão social ou pondo em
cheque a segurança pública ou do próprio jovem, levando a autoridade policial a
não liberá-lo.
Os requisitos do pedido de internação provisórios, em determinadas
condições, fazem necessária a cumulação da Representação, nestes casos
deverá haver indícios suficientes de autoria e materialidade do ato infracional,
necessidade imperiosa da medida, ato infracional praticado mediante violência ou
grave ameaça à pessoa, reincidência na prática de atos infracionais graves, ato
infracional que provoque repercussão social, necessidade de segurança pessoal
do jovem e de resguardo da ordem pública.
5 AUMENTO DOS ÍNDICES DOS ATOS INFRACIONAIS
Vale ressaltar que a violência entre os adolescentes tem aumentado nos
últimos anos. Além disso, o número de adolescentes infratores que debanda ao
mundo dos atos infracionais vem aumentando de devesas classes sociais.
No inicio da pesquisa buscou-se o principal significado para o aumento dos
índices dos atos infracionais cometidos pelos adolescentes infratores, e as
principais causas apontadas pelos adolescentes foram às razões econômicas,
familiares, sociais e uso de droga. Conforme dados obtidos junto a Delegacia
Especializada ao Atendimento ao Adolescente Infrator – DEA e a 3ª Vara da
Infância e Juventude da Comarca de Natal. Os dados colhidos foram proveitosos
para indicar uma linha de pesquisa a ser seguida, portanto os dados obtidos
deram uma idéia quantitativa referente aos Índices dos Atos Infracionais praticado
na cidade do Natal.
A maior parte dos atos infracional em Natal são, em sua maioria, oriundos
de famílias com renda de um salário mínimo, são do sexo masculino e com idade
acima de 15 anos. Sendo o uso de drogas o principal fator para o cometimento do
delito.
Na doutrina não há uma opinião uniforme a cerca das possíveis causa de
um adolescente estar conflitante com a lei. O que ocorre são presunções,
possivelmente de caráter social. A família sempre foi colocada como a principal
responsável por levar um adolescente a praticar ato infracional.
5.1 AUMENTO DOS PROCEDIMENTOS TOMBADOS
Os dados obtidos na Delegacia ao Atendimento ao Adolescente Infrator –
DEA mostram um crescimento no total de Procedimentos tombados, com um
aumento significativo em relação aos anos pesquisados.
No ano 2000, ano inicial da pesquisa, teve 379 Procedimentos Instaurados
e encaminhados Vara da Infância e Juventude, no ano subseqüente houve uma
pequena queda 29 procedimentos, dando um índice na ordem de -7,65%. No ano
seguinte, um aumento em percentual de 14,28%, em relação ao ano anterior, e
um aumento de 50 procedimentos.
Pode se perceber que no ano de 2003 existiu uma nova redução nos
procedimentos tombados, em relação ao ano anterior de 51 procedimentos, isso
significa uma redução de –12,75%. No ano seguinte um novo acréscimo de
20,34%, sendo 420 Procedimentos Instaurados.
Os atos infracionais praticados pelos adolescentes infratores registram um
alto índice referênte ao ano de 2000 e ao de 2006 na ordem de 85,75%, dando
destaque à diferença dos procedimentos tombados do ano 2000 à 2006 de 325
Procedimentos Investigatórios. Um índice em percentual de 1,85 vezes menor em
relação ao ano de 2006.
O ano de 2005 destaca-se pelo alto índice dos atos praticados em relação
ao ano anterior na ordem de 55,47% e um aumento dos procedimentos
instaurados de 233.
Em 2006 percebe-se novo aumento significativo de 7,81% em relação ao
ano anterior. No ano de 2006 teve 704 Procedimentos Instaurados, sendo 454
Procedimentos Investigatórios e 250 Boletins de Ocorrência Circunstanciados. Um
dos motivos deste acréscimo foi à implantação de um novo Complexo Integrado
ao Atendimento ao Adolescente, localizado na Avenida capitão-mor Gouveia. Este
complexo busca a união dos órgãos de atendimento ao adolescente à Promotoria
da Infância e Juventude, Defensoria Pública, Centro Integrado de Atendimento ao
Adolescente acusado de Ato Infracional – CIAD e a Delegacia Especializada ao
Atendimento ao Adolescente Infrator – DEA, dando mais agilidade ao
cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Em Junho de 2006, os procedimentos instaurados foram divididos em PI e
BOC, tornando um meio mais ágil de encaminhar os procedimentos para a Vara
da Infância e Juventude, dividindo em Procedimentos Investigatórios para os
crimes de violência e grave ameaça, que precisam de maiores detalhes e relatório
e dos Boletins de Ocorrência Circunstanciados, que são os atos infracionais sem
violência e grave ameaça, portanto necessita de menos detalhes na investigação,
conseqüentemente desta forma diminuiu o tempo de investigação nos atos
infracionais de menor gravidade, com isso possuiu uma diminuição
circunstancialmente do período de investigação e conseqüentemente aumentando
os índices de atos praticados no decurso de cada ano. As Queixas Crimes estão
sendo substituídas pelos Boletins de Ocorrência Circunstanciado, dando mais
agilidade no procedimento e encaminhando a vara competente com mais
celeridade.
Neste ano de 2007 até o mês de agosto, já possui registrado 513
Procedimentos Instaurados, como sendo 179 – PI e 334 – BOC. Com estes dados
podemos caracterizar o ano de 2007, sendo um ano com aumento significativo
dos atos infracionais.
Os resultados foram computados e analisados, sendo demonstrados
através de tabela.
Tabela 1 – Procedimentos instaurados e Índices
Ano Procedimentos instaurados
Índice %
2000
Janeiro a Dezembro 379 -
2001 Janeiro a Dezembro
350 - 7,65
2002 Janeiro a Dezembro
400 +14,28
2003 Janeiro a Dezembro
349 -12,75
2004 Janeiro a Dezembro
420 +20,34
2005 Janeiro a Dezembro
653 +55,47
2006 Janeiro a Dezembro
PI 454 e BOC 250 = 704 +7,81
2007 Janeiro a agosto
PI 179 e BOC 334 = 513 -
Fonte: DEA, Natal/RN
5.2 AUMENTO DOS ATOS INFRACIONAIS COMETIDOS PELO SEXO FEMININO
Nos anos analisados de janeiro de 2000 a agosto de 2007, notou-se um
significativo aumento dos índices dos atos infracionais cometidos pelo sexo
feminino. O percentual do sexo masculino ainda é bem superior ao sexo feminino.
Mas este indicie das adolescentes, em conflito com a lei vem aumentando
gradativamente. No ano de 2000, que foi o inicio da investigação foi de 88% o
percentual do sexo masculino, em relação ao sexo feminino, um percentual de
11% e 1% para os atos infracionais contendo ambos os sexos.
Os dados obtidos na DEA demonstram uma estatística do crescente
número do sexo feminino, na conduta da pratica dos atos infracionais. No ano de
2006 teve instaurado 704 procedimentos, sendo 653 do sexo masculino, 45 do
sexo feminino e 6 comedidos por ambos sexos. Isso demonstra que 7,2% dos atos
infracionais são comedidos pelo sexo feminino.
O ano de 2004 possuiu o maior acréscimo da porcentagem no número do
sexo feminino de 10,71%.
Já no ano de 2005 foi o maior índice obtido na pesquisa de ato infracional
cometido pelo sexo masculino de 94% e o sexo feminino de 6%.
Os resultados foram analisados, sendo demonstrado através de tabela.
Tabela 2 – Divisão por sexo
ANO SEXO
MASCULINO
SEXO
FEMININO
AMBOS
SEXOS TOTAL
2000 335 42 02 379
2001 316 27 07 350
2002 351 44 05 400
2003 321 25 03 349
2004 275 44 01 420
2005 611 40 02 653
2006 653 45 06 704
Agosto 2007
448 57 08 513
5.3 TIPO DE ATOS INFRACIONAIS PRATICADOS POR ANO
A maioria dos atos infracionais são de menor potencial ofensivo, causados
em função do uso de entorpecentes. Um elemento importante a ser observado foi
o número elevado de adolescentes que desistiu de estudar. Portando, nos mostra
que ocorrem graves falhas em manter estes adolescentes estudando. Por este
motivo muitos não tem expectativa de vida, seja da escola, da família e da
sociedade. É importante a contribuição dos Conselhos Tutelares para manter
crianças e adolescentes nas escolas e dando uma expectativa melhor de vida. Os
dados colhidos nos mostra que 55% dos adolescentes não freqüenta a escola,
este é uma um dado muito preocupante, pois o nível educacional de uma da
população é considerado um dos indicadores chaves na determinação do grau de
desenvolvimento social e econômico de um país.
Os dados da pesquisa mostram que os furtos que são delitos de menor
poder ofensivo, lideram os delitos praticados pelos adolescentes, em percentual
na ordem de 30,33%, seguidos pelo roubo na ordem de 21,31%, porte de arma
13,05%, lesão corporal 7,51%, ameaça 2,60%, e homicídio 3,92%.
Os atos infracionais mais praticados no ano de 2000 à 2002 foram: furto,
roubo, porte de arma de fogo, lesão corporal, homicídio, porte de drogas e
ameaças. Se tomarmos como referência apenas esses atos, os cinco primeiros
delitos juntos, representa um montante de 78,41% de todos os atos praticados.
Nos anos de 2003 e 2004 teve-se uma mudança na ordem dos atos
praticados, ficando o roubo, furto, porte de arma de fogo, lesão corporal, como os
atos mais cometidos pelos adolescentes em conflito com a lei, com isto,
pressupõe o maior uso de violência.
Em relação aos homicídios, o ano de 2003, tive o maior índice em
porcentagem de 7,7%, cerca de 27 homicídios, em seguida o ano de 2000 com
cerca de 21 homicídios.
Os resultados foram analisados e serão demonstrados através de tabelas.
Tabela 3 – Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2000
ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DESCRITO NO ANO 2000 TOTAL
Art. 155 do CPB (furto) 134
Art. 157 do CPB (roubo) 64
Art. 12, 14, 16, da lei 10.826/03 (Porte de arma de fogo) 41
Art. 129 do CPB (lesão corporal) 33
Art 121 do CPB (homicídio) 21
Art 16 da Lei 6.368/76 (porte de drogas) 21
Art 147 do CPB (ameaça) 12
Art 309 da Lei 9.503/97 (dirigir sem habilitação) 09
Art 12 da Lei 6.368/76 (tráfico ilícito de drogas) 08
Art 121 c/c art 14, II, ambos do CPB (homicídio tentado) 07
Art 163 do CPB (dano) 06
Art 157, § 3º, do CPB (latrocínio) 04
Art 213 do CPB (estupro) 04
Art 157, § 3º, c/c art 14, II, ambos do CPB (latrocínio tentado) 03
Art 214 do CPB (atentado violento ao pudor) 02
Art 304 do CPB (uso de documento falso) 02
Art 331 do CPB (desacato) 01
Art 171 do CPB (estelionato) 01
Art 150 do CPB (violação de domicilio) 01
Art 180 do CPB (receptação) 01
Art 139 do CPB (difamação) 01
Art 220 do CPB (rapto consensual) 01
Art 21 da Lei 3.688/41 - LCP (vias de fato) 01
Art 42 da Lei 3.688/41 - LCP (perturbação do trabalho ou do sossego alheio) 01
TOTAL 379
Tabela 4 – Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2001
ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DESCRITO NO ANO 2001 TOTAL
Art 155 do CPB (furto) 128
Art 157 do CPB (roubo) 62
Art 12, 14, 16, da lei 10.826/03 (Porte de arma de fogo) 42
Art 129 do CPB (lesão corporal) 31
Art 121 do CPB (homicídio) 19
Art 16 da Lei 6.368/76 (porte de drogas) 13
Art 147 do CPB (ameaça) 04
Art 309 da Lei 9.503/97 (dirigir sem habilitação) 09
Art 12 da Lei 6.368/76 (tráfico ilícito de drogas) 13
Art 121 c/c art 14, II, ambos do CPB (homicídio tentado) 10
Art 163 do CPB (dano) 03
Art 157, § 3º, do CPB (latrocínio) 01
Art 213 do CPB (estupro) 03
Art 157, § 3º, c/c art 14, II, ambos do CPB (latrocínio tentado) 03
Art 214 do CPB (atentado violento ao pudor) 03
Art 171 do CPB (estelionato) 01
Art 150 do CPB (violação de domicilio) 02
Art 180 do CPB (receptação) 02
Art 333 do CPB (corrupção ativa) 01
TOTAL 350
Tabela 5 – Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2002
ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DESCRITO NO ANO 2002 TOTAL
Art 155 do CPB (furto) 130 Art 157 do CPB (roubo) 71 Art 12, 14, 16, da lei 10.826/03 (Porte de arma de fogo) 58 Art 129 do CPB (lesão corporal) 28 Art 121 do CPB (homicídio) 18 Art 16 da Lei 6.368/76 (porte de drogas) 10 Art 147 do CPB (ameaça) 14 Art 309 da Lei 9.503/97 (dirigir sem habilitação) 02 Art 12 da Lei 6.368/76 (tráfico ilícito de drogas) 24 Art 121 c/c art 14, II, ambos do CPB (homicídio tentado) 13 Art 163 do CPB (dano) 08 Art 157, § 3º, do CPB (latrocínio) 02 Art 213 do CPB (estupro) 02 Art 157, § 3º, c/c art 14, II, ambos do CPB (latrocínio tentado) 01 Art 214 do CPB (atentado violento ao pudor) 04 Art 304 do CPB (uso de documento falso) 01 Art 331 do CPB (desacato) 01 Art 171 do CPB (estelionato) 02 Art 150 do CPB (violação de domicilio) 01 Art 180 do CPB (receptação) 04 Art 139 do CPB (difamação) 02 Art 129, § 3º, do CPB (lesão corporal seguida de morte) 01 Art 233 do CPB (atos obscenos) 01 (fraude) - PI 268 Alexandre Augusto da Silva 01 PI 075 = SEM EFEITO 01 TOTAL 400
Tabela 6 – Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2003
ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DESCRITO NO ANO 2003 TOTAL
Art 155 do CPB (furto) 96
Art 157 do CPB (roubo) 100
Art 12,14, 16, da lei 10.826/03 (Porte de arma de fogo) 34
Art 129 do CPB (lesão corporal) 26
Art 121 do CPB (homicídio) 27
Art 16 da Lei 6.368/76 (porte de drogas) 08
Art 147 do CPB (ameaça) 10
Art 309 da Lei 9.503/97 (dirigir sem habilitação) 03
Art 12 da Lei 6.368/76 (tráfico ilícito de drogas) 12
Art 121 c/c art 14, II, ambos do CPB (homicídio tentado) 08
Art 163 do CPB (dano) 01
Art 157, § 3º, do CPB (latrocínio) 01
Art 213 do CPB (estupro) 01
Art 214 do CPB (atentado violento ao pudor) 05
Art 331 do CPB (desacato) 01
Art 171 do CPB (estelionato) 01
Art 150 do CPB (violação de domicilio) 01
Art 180 do CPB (receptação) 02
Art 139 do CPB (difamação) 01
Art 21 da Lei 3.688/41 - LCP (vias de fato) 02
Art 129, § 3º, do CPB (lesão corporal seguida de morte) 01
Art 288 do CPB (quadrilha ou bando) 01
Art 168 do CPB (apropriação indébita) 01
Art 176 do CPB (outras fraudes) 01
Art (crime ambiental) 01
Art 354 do CPB (motim de presos) 02
PI - 308 SEM EFEITO e PI - 317 SEM EFEITO 02
TOTAL 349
Tabela 7 – Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2004
ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DESCRITO NO ANO 2004 TOTAL
Art. 155 do CPB (furto) 95
Art. 157 do CPB (roubo) 104
Art. 12, 14, 16, da lei 10.826/03 (Porte de arma de fogo) 53
Art. 129 do CPB (lesão corporal) 27
Art. 121 do CPB (homicídio) 12
Art. 16 da Lei 6.368/76 (porte de drogas) 28
Art. 147 do CPB (ameaça) 07
Art. 309 da Lei 9.503/97 (dirigir sem habilitação) 02
Art. 12 da Lei 6.368/76 (tráfico ilícito de drogas) 25
Art. 121 c/c art 14, II, ambos do CPB (homicídio tentado) 11
Art. 163 do CPB (dano) 11
Art. 157, § 3º, do CPB (latrocínio) 01
Art. 214 do CPB (atentado violento ao pudor) 05
Art. 304 do CPB (uso de documento falso) 01
Art. 331 do CPB (desacato) 04
Art. 171 do CPB (estelionato) 02
Art. 150 do CPB (violação de domicilio) 01
Art. 180 do CPB (receptação) 07
Art. 139 do CPB (difamação) 01
Art. 21 da Lei 3.688/41 - LCP (vias de fato) 07
Art. 168 do CPB (apropriação indébita) 02
Art. (crime ambiental) 02
Art. 299 do CPB (falsidade ideológica) 01
Art. 233 do CPB (atos obscenos) 03
(crime contra o ordenamento urbano) 01
Art. 158 do CPB (extorsão) 01
Art. 169, § único, II, do CPB (apropriação de coisa achada) 01
Art. 15 da Lei 10.826/03 (disparo de arma de fogo) 01
Art. 351 (fuga) 01
PI - 190 SEM EFEITO e PI – 148 e PI – 371 FALTA REGISTRAR 03
TOTAL 420
Tabela 8– Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2005
Nº ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DESCRITO NO ANO 2005 TOTAL
Art. 155 do CPB (furto) 142
Art. 157 do CPB (roubo) 130
Art. 12, 14, 16, da lei 10.826/03 (Porte de arma de fogo) 110
Art. 129 do CPB (lesão corporal) 58
Art. 121 do CPB (homicídio) 16
Art. 16 da Lei 6.368/76 (porte de drogas) 37
Art. 147 do CPB (ameaça) 17
Art. 309 da Lei 9.503/97 (dirigir sem habilitação) 03
Art. 12 da Lei 6.368/76 (tráfico ilícito de drogas) 23
Art. 121 c/c art 14, II, ambos do CPB (homicídio tentado) 25
Art. 163 do CPB (dano) 32
Art. 213 do CPB (estupro) 01
Art. 214 do CPB (atentado violento ao pudor) 05
Art. 304 do CPB (uso de documento falso) 02
Art. 331 do CPB (desacato) 05
Art. 150 do CPB (violação de domicilio) 07
Art. 180 do CPB (receptação) 04
Art. 139 do CPB (difamação) 01
Art. 21 da Lei 3.688/41 - LCP (vias de fato) 07
Art. 333 do CPB (corrupção ativa) 01
Art. 168 do CPB (apropriação indébita) 01
Art. 140 do CPB (injúria) 01
Art. 250 do CPB (causar incêndio) 01
Art. 330 do CPB (desobediência) 01
Art. 286 do CPB (incitação ao crime) 01
Art. 24 da Lei 3.688/41 - LCP (instrumento de emprego usual na prática de furto) 01
Art. 40 da Lei 3.688/41 - LCP (provocação de tumulto. Conduta inconveniente) 01
Art. 329 do CPB (resistência) 02
Art. 65 da Lei 9.605/98 (pichar, grafitar edificações ou monumentos) 02
Adulteração de sinal de identificação de veículo 01
PI's SEM EFEITO POR CONSTATAR A IMPUTABILIDADE DO AUTOR 03
PI’s SEM EFEITO 12
TOTAL 653
Tabela 9 – Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2006
ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DESCRITO NO ANO 2006 TOTAL
Art 155 do CPB (furto) 216
Art 157 do CPB (roubo) 178
Art 12, 14, 16, da lei 10.826/03 (Porte de arma de fogo) 97
Art 129 do CPB (lesão corporal) 48
Art 121 do CPB (homicídio) 23
Art 16 da Lei 6.368/76 (porte de drogas) 27
Art 147 do CPB (ameaça) 19
Art 309 da Lei 9.503/97 (dirigir sem habilitação) 04
Art 12 da Lei 6.368/76 (tráfico ilícito de drogas) 42
Art 121 c/c art 14, II, ambos do CPB (homicídio tentado) 07
Art 163 do CPB (dano) 11
Art 213 do CPB (estupro) 04
Art 214 do CPB (atentado violento ao pudor) 02
Art 304 do CPB (uso de documento falso) 01
Art 331 do CPB (desacato) 04
Art 150 do CPB (violação de domicilio) 12
Art 180 do CPB (receptação) 02
Art 21 da Lei 3.688/41 - LCP (vias de fato) 03
Art 42 da Lei 3.688/41 - LCP (perturbação do trabalho ou do sossego alheio) 01
Art 286 do CPB (incitação ao crime) 01
Art. 184 do CPB (violação de direitos autorais) 01
Art. 211 do CPB (ocultação de cadáver) 01
TOTAL 704
Tabela 10 – Atos infracionais cometidos agrupados por espécie no ano 2007
ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO CRIME DESCRITO NO ANO 2007 ATÉ O MES DE AGOSTO TOTAL
Art 155 do CPB (furto) 202
Art 157 do CPB (roubo) 94
Art 12,14, 16, da lei 10.826/03 (Porte de arma de fogo) 57
Art 129 do CPB (lesão corporal) 32
Art 121 do CPB (homicídio) 12
Art 16 da Lei 6.368/76 (porte de drogas) 23
Art 147 do CPB (ameaça) 15
Art 309 da Lei 9.503/97 (dirigir sem habilitação) 02
Art 12 da Lei 6.368/76 (tráfico ilícito de drogas) 17
Art 121 c/c art 14, II, ambos do CPB (homicídio tentado) 03
Art 163 do CPB (dano) 11
Art 157, § 3º, do CPB (latrocínio) 02
Art 213 do CPB (estupro) 03
Art 214 do CPB (atentado violento ao pudor) 02
Art 304 do CPB (uso de documento falso) 02
Art 331 do CPB (desacato) 03
Art 171 do CPB (estelionato) 01
Art 150 do CPB (violação de domicilio) 03
Art 180 do CPB (receptação) 03
Art 139 do CPB (difamação) 04
Art 21 da Lei 3.688/41 - LCP (vias de fato) 04
Art 42 da Lei 3.688/41 - LCP (perturbação do trabalho ou do sossego alheio) 01
Art 129, § 3º, do CPB (lesão corporal seguida de morte) 01
Art 168 do CPB (apropriação indébita) 01
Art 299 do CPB (falsidade ideológica) 01
Art 233 do CPB (ato obsceno) 01
(crime contra o ordenamento urbano PI – 136) 01
Art 15 da Lei 10.826/03 (disparo de arma de fogo) 03
Art 286 do CPB (incitação ao crime) 01
Art 24 da Lei 3.688/41 - LCP (instrumento de emprego usual na prática de furto) 02
Art 40 da Lei 3.688/41 - LCP (provocação de tumulto. Conduta inconveniente) 01
Art 65 da Lei 9.605/98 (pichar, grafitar edificações ou monumentos) 01
Art 17 da Lei 10.826/03 (portar munição) 02
Art. 184 do CPB (violação de direitos autorais) 01
Art. 211 do CPB (ocultação de cadáver) 01
TOTAL 513
6. RESULTADOS
6.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Na pesquisa realizada na DEA, através de questionário, participaram deste
estudo os adolescentes que praticaram atos infracionais de janeiro de 2000 a
agosto de 2007. Durante este período foram entrevistados 40 (quarenta)
adolescentes infratores aleatoriamente. O questionário foi aplicado pessoalmente,
sendo o instrumento utilizado, na busca de uma média dos anos que os
adolescentes em conflitos com a lei iniciaram na prática delituosa, seus principais
motivos levado ao uso de drogas e suas drogas mais utilizadas.
A coleta de dados foi obtida através de um questionário com perguntas
fechadas (anexo). Sendo dividido em duas partes; 1ª) Contendo 12 (doze)
perguntas com relação às informações sociais e a 2ª) contendo 06 (seis)
perguntas com informações em relação ao motivo principal para praticar o ato
infracional, sua inicialização no ato infracional e no uso de entorpecentes.
Os adolescentes participantes deste estudo possuíam idade entre 12 a 18
anos. Os dados revelaram que dos 40 (quarenta) adolescentes entrevistados: 03
(três) possuíam menos de 14 (catorze) anos, sendo 7 (sete) com 15 (quinze) anos,
11 (onze) com dezesseis anos e 19 (dezenove) com dezessete anos.
Os dados revelaram que a maioria dos adolescentes são de cor negra,
portanto, 21 (vinte e um) dos adolescentes são de cor negra, 14 (catorze) de cor
parda e 05 (cinco) de cor branca. Outro dado relevante é que mais de 50% se
autodenominam católicos, um montante de 26 (vinte e seis) adolescentes, 04
(quatro) são evangélicos e 10 (dez) não possuem religião alguma. Em relação à
religião foram perguntados se eram praticantes e se freqüentavam, cerca de 63%
revelaram que não freqüentam regulamente. Mas, apesar de quase 63% dos
jovens relatarem afastamento em relação à religião, suas famílias se mostram
bem mais interessadas. A principal tendência religiosa presente nestas famílias é
a evangélica, seguida pela católica.
Em relação à escolaridade, mais da metade dos adolescentes não estudam
e os que estudam, ou melhor, que diziam estar estudando, na verdade só estavam
matriculados. Cerca de 22 (vinte e dois) adolescentes não freqüentavam a escola
e 18 (dezoito) dos adolescentes freqüentavam a escola. Sendo o grau de
escolaridade dos adolescentes em conflitos com lei correspondente ao ensino
fundamental incompleto, o que demonstra alta defasagem escolar. Cerca de 13
(treze) não possui nenhuma escolaridade, 23 (vinte e três) possuíam o ensino
fundamental incompleto, 03 (três) ensino fundamental completo, 01 (um) ensino
médio incompleto. Portanto o perfil do adolescente infrator, traz um ponto de
reflexão, para o aumento dos atos infracionais, pois se os adolescentes não
estiverem na sala de aula, desta forma estaria com bastante tempo desocupado e
acabariam se envolvendo em conflitos com a lei.
Segundo a assistente social da DEA, a pesquisa do grau de escolaridade
serve para demonstrar a urgência da implementação de políticas públicas voltadas
aos adolescentes. Portanto estes fatos contribuem para o envolvimento dos
adolescentes com a violência. As crianças e os adolescentes não possuem escola
pública de qualidade em tempo integral para ocupar essa criança e esse
adolescente, que estimulem a freqüentar e também não têm um programa de
políticas públicas que combatam essa situação de abandono. Sendo um fato
importante para o aumento da violência, e conseqüentemente o aumento da
pobreza, que contribui para uma desagregação da família, que traz no seu bojo
problemas com o álcool e as drogas. O aumento do uso de drogas e a falta de
programas de tratamento são fatores preponderantes para o aumento da prática
de atos infracionais.
A maioria dos adolescentes vivem na companhia de sua mãe, 18 (dezoito)
dos casos pesquisados, 08 (oito) na presença dos pais e mães biológicos, 11
(onze) dos adolescentes vivem na presença de uma madrasta ou padrasto e 03
(três) na presença de parentes. Outro dado relevante e que confirma a
desagregação familiar que é 42,5%, 17 (dezessete) dos casos pesquisados não
possuir nenhum contato com seus pais. Este fato demonstra o grande numero de
adolescentes que não possuem o nome do pai declarado na certidão de
nascimento. Isso confirma a desagregação familiar, formando adolescentes sem
referênciais na estrutura familiar paterna, com isto o pré-adolescente elege outros
modelos com os quais se identifica levando a pratica de conflitos com a lei. Os
adolescentes com pais desconhecidos, mesmo os que são registrados, muitos não
tiveram referenciais na estrutura familiar paterna, e alguns que tiveram contato
com pai ou padrasto, muitos não possuem estrutura alguma de transmitir um
referencial paterno para os adolescentes, em muitos casos o pai ou padrasto é
alcoólatra e sem estrutura familiar, o pré-adolescente elege nas ruas os modelos
com os quais se identifica.
Com relação à situação da renda familiar, 17 (dezessete) dos
adolescentes pesquisados tem renda familiar de até um salário mínimo. Um fato
que comprova a situação de pobreza das famílias dos adolescentes infratores é
que ao chegar na DEA, as famílias dos adolescentes apreendidos necessitam tirar
3 (três) fotocópias de um documento de identificação para o procedimento
investigatório e na sua maioria seus entes familiares não têm condições
financeiras de tirar e nem de dirigir-se aà delegacia para assinar o Termo de
Responsabilidade por falta de condições financeiras para a condução. 12 (doze)
adolescentes possuem renda familiar de até 02 (dois) salários mínimos, 6 (seis) de
2 (dois) aà 4 (quatro) salários mínimos, 3 (três) com 5 (cinco) à 6 (seis) salários
mínimos,1 (um) de 7 (sete) a 10 (dez) salários mínimos e 1 (um) acima de 12
(doze) salários mínimos. O que foi demonstrado que existem adolescentes de
classe media e media alta, mas estes índices são bem menores. E na sua maioria
estão ligados ao uso de drogas, lesão corporal e vias de fato.
Em relação à moradia, os adolescentes infratores 23 (vinte e três) mora
em casa própria e 17 (dezessete) não possuem casa própria. Em virtude da falta
de uma habitação, a solução encontrada pela maioria das famílias de baixa renda
é ir para áreas sem infra-estrutura e longe de políticas publicas, aproximando
ainda mais os adolescentes da violência.
Os adolescentes foram indagados se possuíam filhos, o número de
adolescentes infratores que já possuem filhos é de 09 (nove) e 31 (trinta e um)
não possuem filhos.
A segunda etapa do questionário abordado, contém informações com
relação aos motivos principais levados aos adolescentes a praticarem atos
infracionais, sua inicialização e o uso de entorpecentes.
Em relação ao motivo principal de praticar o ato infracional, os dados
apurados demonstram que o motivo principal seria o uso de drogas, sobretudo as
ilícitas, formadas por substâncias que alteram as funções do sistema nervoso.
Apresentando como um agente motivador dos cometimentos de atos infracionais.
Cerca de 27 (vinte e sete) dos casos abordados, quando indagado qual o motivo
de se encontrar praticando atos infracionais, 67,5% adolescentes responderam
que esta é a única forma de manter o seu vicio, e por este motivo tem que praticar
pequenos delitos. Em segundo lugar seria a falta de dinheiro para o convívio com
os amigos, os exemplos mais abordados seriam saídas para festa e comprar
roupas, esta característica é mais encontrada nos atos infracionais cometidos pelo
sexo feminino e geralmente cometido por pequenos furtos em supermercados,
cerca de 08 (oito), uma porcentagem de 20%. Em terceiro motivo seria a compra
de comida. Neste caso, na maioria dos casos, se dão através dos furtos e roubos
de adolescentes apreendidos pela primeira vez.
O retrato dos indicadores de quantos anos os adolescentes iniciam sua vida
na prática de atos infracionais, nos mostra um dado alarmante que 11 (onze) dos
adolescentes iniciaram a prática de atos conflitantes com menos de catorze anos,
09 (nove) com quinze anos, 07 (sete) com dezessete anos e 13 (treze) com
dezessete anos.
As drogas mais utilizadas pelos adolescentes em conflitos com a lei seriam
o álcool e o tabaco, estes dos tipos de drogas foram citadas por 96% dos
adolescentes, como algo normal do cotidiano que só tem característica de
diminuição de sua inibição. A maconha foi citada por 63% dos adolescentes, como
uma droga relaxante, o mesclado, uma mistura de maconha com o crack, por
44%, crack por 37%, cola de sapateiro é utilizada pelos adolescentes com a faixa
etária entre 12 e 14 anos e foi utilizada por 38%, o loló no relato obtido pelos
adolescentes na DEA, demonstram que este tipo de droga tem mais incidência no
sexo feminino, cerca de 41% e a lança-perfume é um produto desodorizante com
aroma aproximado do perfume L'Air Du Temps de Nina Ricci em forma de um
spray. O líquido, que é à base de cloreto de etila, é acondicionado sob pressão em
ampolas de vidro. Esta droga tem uma grande incidência na classe de um maior
potencial econômico, cerca de 8% e a cocaína não foi citada como droga utilizada.
Em relação ao uso de drogas, os dados apurados demonstram uma parcela
significativa dos adolescentes infratores usuários de drogas nas praticas de atos
infracionais. Na pesquisa realizada, aplicado aos adolescentes em conflito com a
lei indicam que, em media, 83% dos adolescentes já haviam experimentado
álcool, tabaco e maconha. E possuíam uma idade media de 14 (catorze) anos
quando experimentaram o álcool pela primeira vez, e 73% relataram que,
experimentaram por vontade própria e pelo convívio de seus amigos.
No Brasil, o álcool, o tabaco, e a maconha são as drogas mais usadas
pelos adolescentes SCHENKER e MINAYO, (2005). Entre os adolescentes
infratores, o consumo de álcool é a maior incidência, seguido pela maconha, o
Crack, o mesclado “maconha com o Crack”, cola de sapateiro e loló12.
A droga é um multiplicador da violência entre os adolescentes, precisa ser
evitada entre as crianças e adolescentes, e os que já são usuários devem passar
por um programa de tratamento, deste modo sua família deverá ser assistida
garantido atendimento psicológico e de assistência social.
Desta forma, as pesquisa demonstra que vem aumentando
significativamente o número de adolescentes a cometerem atos infracionais
ligados ao tráfego de droga e ao consumo. Além disso, vale ressaltar que a
12 SCHENKER, M.; MINAYO, M.C.S., Fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na adolescência. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, Supl. 3, p. 707 – 717, 2005.
adolescentes em conflitos com a lei não é exclusivo das classes econômicas mais
carentes.
Segundo SIMONS e CAREY, (2003), os usuários de maconha têm a maior
probabilidade de assumir comportamento de risco e levando a prática de atos
infracionais13. A pesquisa realizada por BUI et al. (2000) sugere que o uso de
drogas pode induzir o adolescente a se envolver com a pratica dos atos
infracionais, como o tráfego de drogas, ou diminuir a inibição, levando o
adolescente a praticar atos conflitantes com a lei14.
As apreensões de adolescentes ligado ao uso de drogas nas classes
sociais mais favorecidas vêm aumentando o amplo indicie de adolescentes
debandado os atos infracionais. Podemos citar a pesquisa realizada por Duncan et
al (2001) que demonstra os períodos das transformações biopsicossociais das
crianças e adolescentes, pois aumentam a vulnerabilidade do adolescente e o
predispõem a comportamentos de risco, como o inicio do uso de drogas15.
Demonstrando a facilidade dos adolescentes em transformações biopsicossociais
na pratica de atos em conflito com a lei, pela fase de transição entre a infância e a
idade adulta, marcada por profundas alterações no desenvolvimento biológico,
psicológico e social.
Na pesquisa foram presenciadas apreensões de adolescentes com uma
renda media familiar de 2.500 a 4.500 reais. Este número de adolescentes de
classe média e media alta, estão envolvidas com furto em supermercados, lesões
corporais, roubos, vias de fato e principalmente uso de drogas. O número de
adolescentes infratores destas classes passaram a freqüentar a DEA com mais
freqüência e se intensificou nos últimos anos. As causas da elevação dos índices
13 SIMONS, J.S.; CAREY, K.B., Personal strivings and marijuana use initiation, frequency and problems. Addictive Behaviors, Oxford, v.28, 2003 14 BUI, K.T.; ELLICKSON, P.L.; BELL, R.M. Cross-lagged relationships among adolescent problem drug use, delinquent behavior and emotional distress. Journal of Drung. New York, v. 30, p. 283-304, 2000. 15 DUNCAN B. C.; KEVIN G. L.; JOHN E. D.; GEOFFREY D. B.; Health Problems in adolescents With Alcohol Use Disorders: Self-Report, Liver Injury, and Physical Examination Findings and Correlates. Alcoholism: Clinical And Experimental Research, New York, v. 25, n. 9, p. 1350 – 1359, September 2001.
entre os adolescentes das classes sociais mais favorecidas são o uso de drogas,
embora eles não reconheçam as más companhias, embriaguez, irreverência
religiosa ou moral e vontade dirigida para o crime, configuram-se como as
principais. Um fato marcante do adolescente apreendido das classes favorecidas,
é sem duvida o medo da comunicação aos seus pais ou responsáveis do ato
delituoso, e com isso deixa de lado o seu ato praticado, pois na mente de vários
adolescentes passa uma idéia de que aquele ato não acontecerá nada de sério, e
que será liberado.
Nas classes sociais menos favorecidas, com uma renda familiar de 200 a
700 reais, demonstram alta incidência da pratica de atos delituosos em destaque
com mais de 75% dos procedimentos instaurados. Os adolescentes praticantes
destes atos infracionais mostram um pensamento bem oposto dos adolescentes
de classes mais privilegiadas. O seu pensamento é da não internação e a
comunicação de sua família é tida como facilitador de sua saída da DEA. Estes
adolescentes possuem grave problema de comportamentos, e com isto estão
vinculadas suas maiores incidências no uso de drogas e principalmente o roubo.
Segundo o estudo realizado por Storr et al. (2007), os problemas graves de
comportamentos podem estar vinculados a maior risco de uso de todas as drogas,
mas o comportamento adolescente em conflito com a lei parece ser o mais
importante fator para o uso de maconha, do que para o uso de álcool ou de
tabaco16.
O estudo abordado TIFFER SOTOMAYOR (1997), relata que o
envolvimento de jovens de 12 a 18 anos com comportamentos de risco, por
exemplo, uso de álcool e de outras drogas, pode ser considerado como conduta
normal, como conseqüência do período da adolescência e da falta de maturidade,
16 STORR, C.L.; ACCORNERO, V. H.; CRUM, R.M.; Profiles of disruptive behavior: Association with recent drug consumption among adolescents. Addictive Behaviors, Oxford, v.32, p.248-264, 2007.
já que se encontram em uma etapa transitória e em dificuldade de se adaptarem
as mudanças17.
Agnew (1992) apresenta dados significativos para explicar a delinqüência,
destacando vários fatores, a saber: o estresse; o fracasso em alcançar seus
objetivos; a perda de reforços positivos e a presença de reforços negativos18.
Os dados do IBGE de (1992 a 2001) e os mais recentes do Departamento
da Criança e do Adolescente da Secretaria Especial dos Direitos Humanos
apontam que, do total da população brasileira, o percentual de adolescentes
infratores em conflito com a lei, entre 12 e 18 anos, representa 15%, ou seja, 0,2%
de toda a população responsável pela prática de infrações.
Foram pesquisados os meios dos adolescentes se sustentarem, com isso
revelou que 09 (nove) dos adolescentes se sustentam com seu trabalho, 07 (sete)
se matem com pequenos furtos e roubos, 19 (dezenove) com o dinheiro de sua
família e 05 (cinco) se matêm pela venda de pequenas quantidades de drogas e
nos transportes, mais conhecidos de mulas.
No mesmo questionário foi indagado aos adolescentes usuários de drogas,
se eles queriam deixar o uso de entorpecentes, 32% responderam que não, pois
não era viciado e que deixaria de usar entorpecentes quando sentirem vontade.
Outros 15% responderam que não deixaria, pois a droga é tudo na vida. Um
adolescente pesquisado que é usuário de mesclado uma mistura de maconha com
o crack, a cerca de três anos respondeu: “o mesclado é minha vida e a única
felicidade que eu tenho, sem ela não sou nada”. Os 53% restantes deixariam de
ser usuário de droga se tivessem alguma ajuda.
17 TIFFER SOTOMAYOR, C. Levantamento sobre adolescentes de sexo masculino privados de liberdades. Local: ILANUD, 1997. 18 AGNEW, R. Theory of crime and delinquency; Criminology, London, v.30, p. 47-85, 1992.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao fazer uma análise sobre o aumento dos índices dos atos infracionários
na cidade de Natal-RN, no período de janeiro de 2000 a agosto de 2007,
constatou-se os motivos de tais atos. Esse método de análise forneceu
indicadores de que a maior incidência de atos infracionais são entre os
adolescentes de15 e 17 anos, do sexo masculino, de cor negra ou parda, que não
freqüentam nenhum tipo de religião, atualmente não freqüentam escola, seu grau
de instrução é o ensino fundamental incompleto, fazem uso de drogas, sendo as
mais freqüentes o tabaco, álcool e maconha, têm renda familiar entre um e dois
salários mínimos, em sua maioria moram com a mãe, não tem muito contato com
a estrutura paterna e em sua maioria moram em casa própria.
Ainda com relação a pesquisa às infrações mais cometidas por esses
adolescentes infratores foram furtos, roubo, porte de arma, lesão corporal, e que
os anos de 2005 e 2006 foram os que registraram o maior número de atos
infracionais.
Entretanto, o que se identificou, foi que 50% dos adolescentes
entrevistados iniciaram dos 15 aos 17 anos e a droga mais utilizada seria o álcool,
maconha e o crack. Os dados apurados demonstram uma parcela significativa de
dos adolescentes infratores usuários de drogas nas praticas de atos infracionais. E
que 83% dos adolescentes já haviam experimentado álcool, tabaco e maconha.
apresentando uma idade media de 14 (catorze) anos quando experimentou o
álcool pela primeira vez, e 73% relataram que experimentaram por vontade própria
e pelo convívio de seus amigos.
A implantação de projetos objetivando conhecer os motivos que levam a
maioria dos adolescentes praticarem os atos infracionais, ou melhor, a natureza
dos atos praticados pelos adolescentes e suas circunstâncias como as condições
socioeconômicas dos adolescentes, familiares, as drogas mais consumidas, seria
o primeiro passo para a construção de políticas públicas nesta área.
O que se questiona é a ausência no estado do Rio Grande do Norte
acoplado aos diversos seguimentos sociais, a sua omissão em relação às
condições das crianças e adolescentes usuárias de drogas. Atualmente o Estado
não possui programas de recuperação de drogados, os adolescentes dependentes
de álcool, maconha e crack, não tem nenhuma casa que propicie sua
recuperação. Portanto os adolescentes que são dependentes dessas drogas têm
maior facilidade de reincidir na pratica delituosa e conseqüentemente ampliando
ainda mais os índices de atos infracionais.
No sistema de idéias que norteia o Estatuto da Criança e do Adolescente
constata-se que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança
e ao adolescente, com absoluta prioridade, ao direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
Com base nestas análises, nos apontam indicadores para o
desenvolvimento de programas educacionais, preventivos do uso de drogas entre
adolescentes, e que podem contribuir para o desenvolvimento de programas para
uma redução a escalada para outros comportamentos de riscos. Portando, o
Estado estaria acoplado aos diversos seguimentos sociais e assegurar à criança e
ao adolescente, com absoluta prioridade, ao direito à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão. Nessa investida, acreditamos que temos às condições necessárias para
alcançar tal meta. É nesse caminho que queremos acreditar nas mudanças e que
em poucos anos iremos presenciar na cidade de Natal-RN.
REFERÊNCIAS
AGNEW, R. Theory of crime and delinquency; Criminology, London, v.30, p. 47-85, 1992.
AMARAL E SILVA, Antonio Fernando do. O Estatuto, o novo Direito da Criança e do Adolescente e a Justiça da Infância e da Juventude. In: SIMONETTI, Cecília,
BLECHER, Margaret, MENDEZ, Emilio Garcia (Orgs.). Do avesso ao direito. São Paulo: Malheiros/UNICEF, 1994.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988.
BRASIL. Estatuto da Criança e Adolescente (Lei nº. 8.069/90). 1990.
BUI, K.T.; ELLICKSON, P.L.; BELL, R.M. Cross-lagged relationships among adolescent problem drug use, delinquent behavior and emotional distress. Journal of Drung. New York, v. 30, p. 283-304, 2000.
CURY, Munir; et al. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado: comentários jurídicos e sociais. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2002.
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FERIGOLO, M.;BARBOSA, F.S.; ARBO, E. MALYSZ, A.S.; STEIN A.T.; BARROS M.T.; Prevalência do consumo de drogas na FEBEM – Porto Alegre, Revista Brasileira de psiquiatria; São Paulo, v.26, p. 10-16, 2004.
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IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Criança e Adolescente, 2006. Disponível em: http://www.ibge.gov.br>Acesso em: 20 de agosto 2007.
KAPLAN, Harold I.; SADOCK, Benjamin J.; GREEB, Jack A. Compêndio de psiquiatria; ciências do comportamento e psiquiatria clínica. 7 Ed.Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
LIBERATI, Wilson Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2002.
SARAIVA, João Batista da Costa. Adolescente e Ato Infracional – Garantias Processuais e Mediadas Sócio-educativas. Porto Alegre. Livraria do Advogado. 1999.
SCHENKER, M.; MINAYO, M.C.S. Fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na adolescência. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 10, Supl. 3, p. 707 – 717, 2005.
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VOLPI, Mario. O adolescente e o ato infracional. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2002.
ZIMERMAN, David E. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica – uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed, 1999.
Anexo
QUESTIONARIO:
1. Idade:
1) 12 anos 2) 13 anos 3) 14 anos 4) 15 anos 5) 16 anos 6) 17 anos
2. Cor:
1) Branca 2) Parda 3) Negra 4) Indígena
3. Religião:
1) Católica 2) Evangélica 3) Não possui religião 4) Outras
4. Se possuir religião, você freqüenta?
1) Sim 2) Não
5. Qual a religião de seus pais ou parentes?
1) Católica 2) Evangélica 3) Não possui religião 4) Outras
6. Esta matriculado em alguma escola?
1) Sim 2) Não
7. Qual o seu nível de instrução?
1) Sem escolaridade 2) Ensino fundamental (1º grau) incompleto 3) Ensino fundamental (1º grau) completo 4) Ensino médio (2º grau) incompleto 5) Ensino médio (2º grau) completo
8. Mora com quem:
1) Mãe 2) Pai/mãe 3) Madrasta ou padrasto 4) Parentes
9. Possui contato com seu Pai:
1) Sim 2) Não
10. Assinale a renda familiar mensal de sua casa:
1) ATÉ 380,00 2) DE R$ 380,00 a R$ 760,00 3) DE R$ 761,00 a R$ 1.140,00 4) DE R$ 1.401,00 a R$ 1.800,00 5) DE R$ 1.801,00 a R$ 2.600,00 6) DE R$ 2.601,00 a R$ 3.900,00 7) DE R$ 3.901,00 a R$ 5.200,00
11. Em relação à moradia:
1) Mora em casa própria 2) Não tem casa própria
12. Possua filhos, quanto são?
1) Não possuo filhos 2) Um 3) Dois 4) Três
13. Qual o motivo principal de praticar o ato infracional?
1) Comprar droga, pois é usuário 2) Ter dinheiro para sair festas ou comprar roupa 3) ajudar família
4) Comprar comida
14. Quantos anos você iniciou a praticar ato infracional?
1) menor 14 anos 2) 15 anos 3) 16 anos 4) 17 anos
15. Quantos anos iniciou a usar entorpecentes?
1) menor 14 anos 2) 15 anos 3) 16 anos 4) 17 anos
16. Qual a substancia que usa regulamente ou já usou?
1) Maconha 2) Álcool 3) Cigarro 4) Mesclado 5) Crack 6) Loló 7) Lança Perfume 8) Cocaína 9) Cola
17. Como se sustenta:
1) Trabalha 2) Roubos/furtos 3) Trafego de drogas 4) Dinheiro da renda familiar
18. Você pretende deixar de ser usuário de entorpecentes?
1) Não 2) Sim
TERMO DE AUTORIZAÇÃO
Eu, Ramâni Hortêncio de Lima Nóbrega Medeiros, Brasileiro, solteiro, estudante, residente e domiciliado na Rua Cel. Auris Coelho, 280, na cidade de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, portador do documento de Identidade: 1.731.455 – SSP/RN, CPF: 047.299.884-69, na qualidade de titular dos direitos morais e patrimoniais de autor da obra sob o título: aumento dos índices dos atos infracionais na cidade de Natal/rn, sob a forma de Monografia, apresentada na Universidade Potiguar – UnP, em 30/11/2007, com base no disposto na Lei Federal nº 9.160, de 19 de fevereiro de 1998. Sob a orientação da Profª Bruna Daniela Corte Real de Souza Leão:
1. ( ) AUTORIZO, disponibilizar nas Bibliotecas do SIB / UnP para consulta a OBRA, a partir desta data e até que manifestações em sentido contrário de minha parte determina a cessação desta autorização sob a forma de depósito legal nas Bibliotecas, bem como disponibilizar o título da obra na Internet e em outros meios eletrônico."
2. ( ) AUTORIZO, disponibilizar nas Bibliotecas do SIB / UnP, para consulta e eventual empréstimo, a OBRA, a partir desta data e até que manifestações em sentido contrário de minha parte determina a cessação desta autorização sob a forma de depósito legal nas Bibliotecas.
3. ( ) AUTORIZO, a partir de dois anos após esta data, a Universidade Potiguar - UnP, a reproduzir, disponibilizar na rede mundial de computadores - Internet e permitir a reprodução por meio eletrônico, da OBRA, até que manifestações contrária a minha parte determine a cessação desta autorização.
4. ( ) CONSULTE-ME, dois anos após esta data, quanto a possibilidade de minha AUTORIZAÇÃO à Universidade Potiguar - UnP, a reproduzir, disponibilizar na rede mundial de computadores - Internet - e permitir a reprodução por meio eletrônico, da OBRA.
Natal, 30 de novembro de 2007.
______________________________ Ramâni Hortêncio de Lima Nóbrega Medeiros
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